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Órgão Informativo do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal Brasília - Ano VIII - Janeiro - Fevereiro / 2008 - nº 68 1000007795/2006-DR/BSB DEVOLUÇÃO GARANTIDA CORREIOS Impresso Especial CORREIOS SindMédico-DF 1000007795/2006-DR/BSB

Revista 69

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Órgão Informativo do Sindicato dos Médicos do Distrito FederalBrasília - Ano VIII - Janeiro - Fevereiro / 2008 - nº 68

1000007795/2006-DR/BSB

DEVOLUÇÃOGARANTIDA

CORREIOS

ImpressoEspecial

CORREIOSSindMédico-DF

1000007795/2006-DR/BSB

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3 Revista Médico

Editorial

2 008 é um ano muito especial para o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal e seus filiados. Ele marca nossa caminhada para alcançarmos 30 anos de serviços prestados à classe médica de Brasília. Ao olharmos para trás veremos a coleção de fatos e momentos históricos que este sindicato organizou e vivenciou. Cada um

deles constituindo uma pequena parte na construção da credibilidade e representatividade que nossa instituição detém não só em nosso meio, mas também junto à comunidade da cidade.

Tais fatos justificam o marco alcançado pelo SindMédico/DF que se tornou o maior sindicato médico do país em efetividade, com uma base de colegas sindicalizados que não pára de crescer. Orgulho? Certamente. Acomoda-ção? De maneira alguma.

Deter a confiança de uma categoria profissional formada por pessoas de elevado conhecimento e senso crítico é ao mesmo tempo uma grande responsabilidade e uma honra para nós. Para continuarmos credores dentro deste relacionamento, sabemos que o muito de hoje é o pouco de amanhã e a única fórmula para manter tal longevidade é inovar sempre.

Por conta disso, o Sindicato dos Médicos prepara uma série de ações a serem implementados ao longo de todo ano, que não estão restritas somente a comemorar os 30 anos de existência da entidade. Celebrar o momento é de fato bastante importante, já que poucas organizações – com ou sem fins lucrativos – podem se dar ao luxo de ul-trapassar esta barreira. Porém, o mais significativo para nós é assegurar as bases para as próximas três décadas ou mais.

Em busca de tal longevidade, nossa instituição se prepara para renascer, trazendo valores mais universais e metas ainda mais ousadas. Para isso, contamos com uma equipe de colegas que formam a atual diretoria da insti-tuição, incumbidas de estar cada vez mais próximas dos seus pares, fomentando o debate e implementando novos projetos, já que uma das razões do sucesso do SindMédico/DF é ter uma postura sempre pró-ativa, quase nunca reativa aos fatos. E isto, certamente não vai mudar.

A regra é nos tornarmos, no sentido mais estrito da palavra, o sindicato de todos os médicos do Distrito Fe-deral. No contexto dessa lógica, frentes de especialistas estão sendo constituídas para trabalhar a aproximação da instituição com os futuros médicos ainda nos bancos escolares, com os colegas do serviço público federal e os que labutam exclusivamente na iniciativa privada.

Para todos estes, sabemos que existem demandas a serem cumpridas e outras para serem propostas. Isso, sem deixar de lado os profissionais vinculados à Secretaria de Saúde do DF. Aos que se encontram neste grupo, estamos abrindo parênteses para dizer que muito breve, concluiremos as negociações com o Governo do Distrito Federal, para reestruturação do Plano de, Cargos Carreira e Salários (PCCS), estabelecendo patamares mais justos de remu-neração à classe médica da capital federal.

Por quase 30 anos vivemos com muito orgulho a missão de representar e defender o médico. Este é o lema que marcou a trajetória da instituição e que permanece presente ao futuro que se desenha. Certamente outros novos conceitos – trazidos principalmente pela modernidade do mercado profissional - serão associados a estes, conceben-do uma abrangência de atuação mais adequada aos anseios da classe. Afinal, modernizar é não ter medo de se des-prender de um passado que funciona bem, por uma experiência incerta, dentro de um cenário futuro almejado.

Sendo assim, convocamos cada médico dos nossos quadros e aos demais colegas que ainda não se juntaram a nós, a fazer parte deste momento de novas mudanças. Venha conosco escrever uma nova página de sucesso na história deste sindicato. Viva intensamente a oportunidade de construir uma sociedade mais forte, igualitária e coesa nos seus ideais. Vamos juntos ter a experiência de vida dos grandes desbravadores do mundo e das pessoas obstinadas, que fizeram as descobertas da sociedade, redesenharam o planeta, e trouxeram a humanidade ao momento em que se encontra.

Três décadas e um novo caminho

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Janeiro / Fevereiro 20084

Sumário Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores

Presidente

Dr. César de Araújo Galvão

Dr. Marcos Gutemberg Fialho da CostaVice-Presidente

Secretário GeralDr. Francisco José Rossi

Dr. Rafael de Aguiar Barbosa2ª Secretário

Dr. Gil Fábio de Oliveira FreitasTesoureiro

Dr. Luiz Gonzaga da Motta2º Tesoureiro

Dr. Antônio José Francisco P. dos SantosDiretor Jurídico

Dr. José Antônio Ribeiro FilhoDiretor de Inativos

Drª. Olga Messias Alves de OliveiraDiretor de Ação Social

Dr. Jomar Amorim FernandesDiretor de Relações Intersindicais

Dr. Lineu da Costa Araújo FilhoDiretor de Assuntos Acadêmicos

Drª. Adriana Domingues GrazianoDiretora de Imprensa e Divulgação

Dr. Jair Evangelista da RochaDiretor Cultural

Drª. Adriana Graziano, Dr. Antônio José, Dr. César Galvão, Dr. Francisco Rossi, Dr. Gil

Fábio Freitas, Dr. Gutemberg Fialho, Dr. Gus-tavo Arantes, Dr. Diogo Mendes, Dr. Osório

Rangel e Dr. José Antônio Ribeiro Filho.

Conselho Editorial

Alexandre Bandeira - RP: DF 01679JPEditor Executivo

Elisabel Ferriche - RP: 686/05/36/DFJornalista

Girlane de Souza LimaDiagramação e Capa

Strattegia Marketing - ConsultoriaProjeto Gráfico e Editoração

(61) 3447.9000Anúncios

7.000 exemplaresTiragem

Alpha GráficaGráfica

Centro Clínico MetrópolisSGAS 607, Cobertura 01, CEP: 70.200-670

Tel.: (61) 3244.1998Fax: (61) 3244.7772

[email protected]

SindMédico/DF

Dr. Antônio Geraldo, Dr. Cantídio, Dr. Cezar Neves, Dr. Dimas, Dr. Diogo Mendes, Dr. Martinho, Dr. Olavo, Dr. Gustavo Arantes,

Dr. Osório, Dr. Tamura, Dr. Vicente

Diretores Adjuntos

22

Vida MédicaCarros AntigosAmor sobre quadro rodas

25

SindicaisFENAM1º Encontro de trabalhadores

14

CapaJovens & MédicosDesafios da profissão

Artigo

13Dr. Gustavo ArantesUm sindicato mais universal

08

FórumO fim da CPMFO caixa da saúde é refeito

10

JurídicoPCCSReestruturação com equiparação

06

EntrevistaDeputado José Aristodemo PinottiO Brasil perde com aposentadoria compusória

17

RegionaisRadioterapiaEquipamentos vão para HBDF

18

AconteceuPSFNova coordenação no programa

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5 Revista Médico

A dedicação de um médico vai além de seu trabalho, é uma opção de vida – cuidar de pacientes. Cuidar significa promover, prevenir, atender e reabili-tar. Toda nossa vida profissional é baseada nestes preceitos norteiam o nosso

trabalho. A psiquiatria é considerada a mais humanista das especialidades médicas. Atu-almente vivenciamos questões graves em relação à forma como a assistência em saúde mental no Brasil vem sendo executada. Temos que abordar os problemas atuais do setor, sem nos eximir da nossa responsabilidade como profissionais.

Em casos críticos, o psiquiatra torna-se o principal alvo de algumas distorções ainda impregnadas na sociedade. Surgem destas fendas ideológicas criadas pela atual “refor-ma” da saúde mental no Brasil, a desagregação de especialidades que atuam nos instru-mentos de atendimento à população. E implicam também na manutenção do estigma enraizado de que o transtorno mental isola o indivíduo, removendo gradativamente suas esperanças de um convívio social inclusivo.

Representantes de várias instituições médicas, de ensino, de serviços públicos e da sociedade demonstram grande rejeição ao plano de reforma implantado pelo Ministério da Saúde, que até agora apresentou resultados poucos consolidados gerando descrença nos gestores públicos e na comunidade.

Não é de hoje que a saúde mental no Brasil sofre de inúmeros problemas. O principal deles é a desassistência cau-sada pelas políticas públicas implantadas pelo Governo Federal. Os transtornos mentais são doenças e devem ser vistos como tal e, portanto, precisam de tratamento. É necessário enxergar a doença mental como multifatorial com abordagem multiprofissional, levando em consideração também o contexto de vida do paciente e de sua família.

É imperativa a necessidade de que seja criado um modelo que atenda as expectativas de todos e que tenha o paciente como foco. As premissas adotadas pelo Governo devem ser revistas, a começar pelo nome. Não se pode reformar a Psi-quiatria (uma especialidade médica), e sim devemos reformar o “Modelo de Assistência em Saúde Mental no Brasil”.

Esta nova reforma, deverá ser aplicada em todo o país visando cinco pontos: promoção da saúde, prevenção da do-ença, atenção primária, secundária e terciária (Hospitais e Centros de Atenção Psicossociais), recuperação e reintegração do paciente, sempre levando em consideração as peculiaridades regionais de um país de tamanho continental como o Brasil, através de um sistema integral e integrado de atendimento que aprecie várias ações. Através de um plano diretor bem definido e com bases claras, sem interesses político-partidários, com foco no paciente e voltado à realidade de quem atende o portador de Transtorno Mental, nos seus diversos níveis de atendimento.

A questão não está apenas em ter o equipamento, mas ampliar sua qualidade. O atendimento integral pode superar o atual modelo de assistência em saúde mental em favor da valorização do papel do psiquiatra e da dignidade do pa-ciente. Desejamos uma psiquiatria forte, buscando estabelecer um atendimento com a melhor qualidade possível, com uma política de saúde que não resulte em desassistência, trabalhando junto à prevenção, intervenção e detecção precoce da doença com segmento especializado, prevenindo as internações e a cronificação das doenças mentais com uma visão técnica sem nenhum compromisso econômico, político-ideológico, corporativo, etc. Só assim, será possível diminuir a necessidade da procura desregrada pelos hospitais psiquiátricos, gerando uma real diminuição da necessidade de leitos, ficando os mesmos apenas para os casos de necessidade imperativa.

Fomos formados para salvar vidas, melhorar as condições de saúde dos doentes, e dar assistência médica à popula-ção. Não podemos ignorar a privatização da saúde nem fechar os olhos para a insegurança que vive uma parte de nossa sociedade formada por uma legião de cidadãos tratados como invisíveis sociais. Quando se trabalha com promoção da saúde, prevenção da doença e atendimentos primário e secundário, pouco sobrará para o atendimento terciário. A inter-venção precoce é capaz de diminuir, e muitas vezes até, acabar com a necessidade da abordagem terciária. Esta realidade pode ser vivenciada diariamente nos consultórios privados daqueles que fazem a boa psiquiatria (bom diagnóstico, bom tratamento, boa adesão, psico-educação, abordagem da família, etc).

Está passando da hora de debater o assunto com seriedade. De conclamar as autoridades em saúde, familiares e a população em geral para discutir caminhos e opções de tratamento, tendo como vínculo único o paciente. O modelo hoje, da Coordenadoria de Saúde Mental do Ministério da Saúde é um modelo antes de tudo anti-médico, que nega a doença e, portanto, destrata o paciente, não investindo na remuneração digna dos procedimentos do SUS, retirando procedi-mentos que salvam vidas como a eletroconvulsoterapia e não implantando uma política de medicamentos que atenda a necessidade real do paciente.

Estamos assistindo a uma inversão de valores, quando em detrimento do interesse público (comunidade), são leva-dos em conta interesses político-partidários, ideológicos, carreiristas, corporativistas e econômicos, onde os dogmas pre-valecem frente a evidências científicas e a necessidade real do paciente. Só quem atende na ponta sabe desta realidade.

A psiquiatria enquanto especialidade médica, não pode ser relacionada à má qualidade da assistência em saúde mental, visto que, a situação atual é resultado dos diversos programas governamentais.

Dr. Antônio GeraldoPres. da APBr e Diretor Adjunto do SindMédico

Opinião

A deformação da psiquiatria no Brasil

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Janeiro / Fevereiro 20086

“O prolongamento do trabalho médico é útil à sociedade”

Por Elisabel Ferriche

Entrevista

SindMédico - O que o senhor acha da aposentadoria compulsória aos 70 anos, num momento em que a expec-tativa de vida do brasileiro atingiu a melhor marca da história, de 71,1 anos, de acordo com o IBGE. As leis não deveriam acompanhar essa evo-lução?

Dr. Pinotti - Penso que é um desperdí-cio, daquilo que mais vale numa socie-dade, de conhecimento na qual vivemos hoje. Evidentemente para o trabalhador braçal, ou para o esportista, um homem ou uma mulher de 70 anos, tem poucas condições de continuar trabalhando competitivamente, mas para as ativida-des intelectuais e principalmente para a magistratura e para o magistério, ima-gino que não exista um momento mais frutífero e mais adequado do que a ma-turidade, para você julgar, e para você ensinar. Nesse exato momento onde as pessoas adquirem essa maturidade elas são obrigadas a se aposentar. E o Estado arca com o preço da aposenta-doria, com a ausência da contribuição e com o custo de uma nova contratação. Penso que essa questão precisa mu-dar. Por mais de uma vez, apresentei um Projeto de Emenda Constitucional

(PEC), passando para 75 anos a apo-sentadoria compulsória. Infelizmente ainda não obtivemos a aprovação. SindMédico – Existe outra proposta que também eleva o limite de idade para indicação dos ministros do Supre-mo Tribunal Federal e dos demais tri-bunais superiores para 70 anos. Como está a tramitação dessa proposta?

Dr. Pinotti - A Proposta de Emenda Constitucional (PEC 457/2005), de autoria do Senador Pedro Simon já foi aprovado no Senado e encontra-se na pauta do Plenário da Câmara dos De-putados para ser votada. Solicitei, nos termos regimentais, a inclusão com ur-gência na Ordem do Dia do Plenário da Câmara dos Deputados.

SindMédico- Qual é a perspectiva dela ser aprovada no Congresso?

Dr. Pinotti - Nesse momento existe ambiente para aprovação, por todas as razões que já expliquei. Mas na re-alidade uma das razões pela qual esse projeto nunca passou, repousa no fato de que se a PEC passar o Presidente da República ficará durante cinco anos

sem indicar nenhum membro da Cor-te Suprema e todos os Presidentes tem muito interesse em indicar esses mem-bros, pois, de certa forma, ele indica o tribunal que o julgará, se for o caso. É uma forma estranha de se compor um tribunal, mas é assim na legislação bra-sileira. E para não prejudicar as inten-ções do Presidente, as bases do gover-no acabam sendo pressionadas a votar contrariamente.

SindMédico – É uma via de mão du-pla. Se por um lado ela alivia os cofres da Previdência Social porque diminui o período de inatividade dos juízes, por outro tem um efeito complicado que é a não renovação dos Tribunais.

Dr. Pinotti - É verdade. Essa medi-da criaria dificuldade de renovação, entretanto a partir de cinco anos em diante a renovação continuaria com a mesma velocidade que ocorre hoje. Os Tribunais só ganhariam com isso. Vejo com preocupação a atuação de juízes jovens, muitas vezes sem a maturida-de necessária. Deveria haver um limite de idade para o juiz começar a julgar, uma vez que no julgamento ele tem a “vida ou a morte” das pessoas. O con-

O médico e deputado Federal (PSDB/ SP) José Aristodemo Pinotti é paulista formado em Medicina na Universidade de São Paulo em 1958. Especializou-se em câncer ginecológico e mamá-rio na Universidade de Firenze, Istituto Nazionale dei Tumori de Milão e Institute Gustave Roussy de Paris. Em 1982, no Governo Maluf, foi nomeado reitor da Unicamp permanecendo no cargo até meados de 1986, já na gestão de André Franco Montoro. Du-rante sua gestão foi instalada a Prefeitura do campus, oficialmen-te estabelecido o Instituto de Geociências e criados o Instituto de Economia e a Faculdade de Educação Física. Seu trabalho como médico o elegeu deputado federal por três vezes, além de creden-ciá-lo a disputar a prefeitura de São Paulo em 1996. Foi secretário de saúde e diretor executivo do Instituto da Mulher do Hospital das Clínicas de São Paulo e chefe do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da USP. Ele é contra a aposentadoria compulsória, responsável pela perda de nomes importantes tanto no magistério como no Judiciário e defende a extensão do tempo de trabalho.

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7 Revista Médico

Deputado Federal José Aristodemo Pinotti

curso para juízes, embora seja bastante difícil, não mede a maturidade para o julgamento. Por isso acho mais impor-tante ter um maior número de juízes mais velhos e um menor número de juizes jovens julgando, para o bem da Justiça do país.

SindMédico - O senhor não acha que é uma boa hora para retomar as dis-cussões sobre a PEC no Congresso, uma vez que o Brasil vem perdendo grandes nomes com a aposentadoria compulsória, como os ministros Ilmar Galvão e Moreira Alves do STF, por exemplo?

Dr. Pinotti - Claro que sim. Acho que essa perda é muito grande e eu co-locaria com a mesma importância, a perda de professores universitários. A cada ano estamos perdendo cabe-ças fantásticas, por causa da aposen-tadoria compulsória. Cito alguns da própria Universidade de São Paulo, a qual pertenço, Fulvio Pileggi (criador do Incor), cuja ausência sem dúvida, foi uma das causas responsáveis pela crise do Incor; Vicente Amato Neto, um das grandes cabeças da América Latina em moléstias infecciosas; Adib Jatene; Henrique Walter Pinotti; Silva-no Raia, que depois de ter sido apo-sentado compulsoriamente, o serviço de transplante de fígado teve uma de-caída, praticamente foi privatizado. E poderia continuar citar tantos outros nomes, em diferentes disciplinas Uni-versitárias em São Paulo e no Brasil.

SindMédico - Que outras categorias profissionais poderiam ser beneficia-das com essa proposta?

Dr. Pinotti - Evidentemente o magisté-rio, pois a partir dessa idade as pessoas adquirem o máximo de capacidade de transmitir conhecimentos, mas mais do que conhecimentos, transmitir atitudes, condutas éticas que no fundo são a es-sência da transferência de conhecimen-to. A tecnologia em si não é nenhum bem ou nenhum mal, o que importa é o uso que se faz dela, e esse uso precisa ser regado de humanismo e de ética que estão via de regra muito mais presentes em pessoas mais maduras do que em pessoas mais jovens.

SindMédico - Mas os professores que

têm jornadas longas e exaustivas não saíram prejudicados com o aumento da aposentadoria compulsória?

Dr. Pinotti - Não, a aposentadoria com-pulsória, é compulsória só na expulsão do cidadão e nunca na sua permanên-cia, uma vez que havendo tempo de serviço - e as pessoas quando chegam aos 70 anos tem de sobra o tempo de serviço de aposentadoria - ela só não se aposenta se não se quiser. Eu me apo-sentei na Unicamp aos 52 anos como professor, quando vim fazer meu con-curso para USP, portanto tinha tempo de serviço para isso. A aposentadoria é compulsória para retirar o cidadão, mas a permanência do cidadão no ser-viço não é compulsória, é voluntária. SindMédico - Ministros do Judici-ário, desembargadores e juízes tem atividades menos insalubres que os médicos. Eles não ficariam prejudica-dos com essa medida?

Dr. Pinotti - Os médicos ou profes-sores universitários na área medicina podem se aposentar contando o tem-po de serviço, eles não são obrigados continuar trabalhando, e continuam se quiserem.

SindMédico - No setor privado e na atividade política, por exemplo, em-presários, deputados e senadores es-tão em pleno exercício de suas fun-ções profissionais além dos 70 anos de idade. Isso não dá credibilidade e segurança para a sociedade?

Dr. Pinotti - É verdade, é um parado-xo, alguém poder presidir o país de-pois de 80 ou 90 anos de idade e essa mesma pessoa não pode, a partir dos 70 anos, julgar ou ensinar estando nes-sa carreira pela vida toda. É outro bom argumento.

SindMédico - Poucos são os governos estaduais que têm projetos de apro-veitamento de médicos inativos, que muito têm a contribuir com sua expe-riência profissional. Qual sugestão o senhor daria para o aproveitamento desses profissionais?

Dr. Pinotti - O médico enquanto pro-fessor se beneficiaria e beneficiaria a sociedade passando a aposentadoria

compulsória para 75 anos de idade, o médico enquanto profissional, na sua atividade liberal pode continuar exer-cendo a Medicina o tempo que quiser, o médico empregado público se bene-ficiaria podendo se quiser continuar a trabalhar até os 75 anos. Penso que o prolongamento do trabalho do médico seria útil para a sociedade, pois a expe-riência se acumula, e essa experiência é útil, pode e deve ser usada. SindMédico - O senhor como médico, acha que é possível conciliar a capaci-dade intelectual com a idade?

Dr. Pinotti - Eu penso que sim. A ex-periência demonstra que a capacidade intelectual se mantém naquelas pesso-as que a usam intensamente. Um dos fatores, comprovado de diminuição de riscos de Alzheimer, é uma atividade intelectual intensa. Salvo casos em que há uma arteriosclerose importante, uma doença de Alzheimer, ou outras doenças impeditivas, o cidadão pode continuar tendo uma atividade inte-lectual durante o período de velhice. Existe um número grande de exem-plos que comprovam isso, tanto que em alguns países não existe idade de aposentadoria compulsória, existe um critério, o cidadão poderá continuar trabalhando enquanto tiver condições para isso.

SindMédico - A propósito, qual é a sua idade?

Dr. Pinotti - Eu tenho 73 anos.

SindMédico - O senhor continua trabalhando tanto na sua atividade política, como médico. Qual a sua receita para ter uma vida produtiva e feliz?

Dr. Pinotti - Eu continuo com a mes-ma intensidade de trabalho que sem-pre tive e penso que o fato de eu não sentir nenhuma deficiência na mi-nha capacidade física e intelectual de trabalhar decorre exatamente disso. Penso continuar assim pelo tempo em que as minhas condições físicas e intelectuais permitirem, não vejo nenhuma diferença em minha ativi-dade de hoje, como cirurgião, como médico, como político, e da minha atividade há 10 ou 15 anos atrás.

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Janeiro / Fevereiro 20088

Fórum

O fim da CPMF e a aprovação da EC/29

Com o fim da CPMF (Contribuição Provi-sória sobre Movimen-

tação Financeira) o Governo deixará de arrecadar cerca de R$ 160 bi-lhões nos próximos quatro anos e terá que encontrar outra alter-nativa para a saúde, já que o se-tor recebia mais da metade des-ses recursos. Para o presidente da Frente Parlamentar da Saú-de, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), que participou ati-vamente das negociações, o Sis-tema Único de Saúde, que já está ruim, vai ficar ainda pior.

A proposta apresentada pelo Conselho de Secretários Estadu-ais de Saúde (CONASS), de des-tinar todo o montante de recur-sos da CPMF para a saúde de for-ma escalonada até 2010, chegou a ser aceita pelo Governo, mas o Palácio do Planalto demorou em formalizá-la e a oposição derru-

bou a prorrogação do imposto do cheque, que deixou de vigorar a partir do dia 1º de janeiro.

O deputado Darcísio Perondi está preocupado com outra vota-ção no Senado, a da PLP 01/2003, que regulamenta a Emenda Cons-titucional da Saúde (EC 29). A matéria foi aprovada na Câmara mantendo a correção do orçamen-to da saúde pela variação do PIB nominal, mas com um adicional de R$ 24 bilhões da CPMF pelos próximos quatro anos. "Temos que mudar o texto do PLP no Senado, pois a CPMF não mais existe. Vamos tentar recuperar o texto original da regulamentação e estabelecer a correção do orça-mento federal da saúde em 10% das receitas correntes", defendeu Perondi, que pretende discutir o tema com parlamentares da Frente da Saúde e de entidades ligadas ao setor, já no reinício do

trabalho parlamentar. Para o deputado gaúcho, não foi a oposição que ganhou nem o Governo que perdeu. O Brasil é que saiu prejudi-cado e vai sofrer muito nos próximos anos pela falta de recursos. "A saúde no País vive uma séria crise e não poderia ficar sem os recur-sos da CPMF. Agora o Go-verno terá que cortar gastos e promover uma reforma tributária, pois não terá re-cursos para investir no so-cial", defendeu Perondi.

Mas o governo agiu rá-pido para recuperar o rom-bo estimado em R$ 40 bi-lhões nas contas do Tesouro em 2008. Logo no primeiro dia útil do ano, os ministros

Guido Mantega, da Fazenda, e Paulo Bernardo, do Planejamen-to, anunciaram o aumento de 0,38 pontos percentuais na alíquota do IOF, o Imposto sobre Opera-ções Financeiras, e a elevação de 9% para 15% da CSLL, a Contri-buição Social sobre o Lucro Lí-quido, cobrada do setor financei-ro. Além disso, haverá corte de R$ 20 bilhões nas despesas dos três poderes, que pode incluir o cancelamento de concursos e a suspensão de reajustes previstos para servidores. No caso do IOF, o aumento — equivalente à alíquo-ta da extinta CPMF — entrou em vigor no dia 2. Segundo Mantega, a expectativa é arrecadar cerca de R$ 8 bilhões com a elevação do IOF e R$ 2 bilhões com o aumento da CSLL. Outros R$ 10 bilhões que fal-tam para o equilíbrio fiscal virão do aumento da arrecadação por conta do crescimento da economia.

Derrubada da CPMF pelo Congresso obriga o setor público a refazer as contas da saúde

Page 9: Revista 69

Artigo

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Janeiro / Fevereiro 200810

Jurídico

Jornada de 36 horas

A ASJUR e o SindMédico estão ajuizando as ações dos médicos aposentados que, detentores ante-riormente da jornada de 24 horas semanais, ao migrarem por força de determinação judicial para 20 horas, quando optaram pela jornada de 40 horas, foram prejudicados com o complemento por

parte do Distrito Federal tão somente de 16 horas semanais, quando a complementação deveria ser 20.

Manual de procedimentos médicos

Tempo de serviço insalubre estatutário

Sindicato e GDF discutem isonomia salarial

C onseguimos junto à Justiça Federal o deferimento parcial e antecipado do pedido, suspendendo os efeitos do Ma-

nual de Procedimentos Médicos do Ministério do Planejamento e Gestão, especificamente quanto ao

A ASJUR impetrará Mandado de Injunção em favor dos profissionais que ocupam cargo de médico no serviço público Federal e no Distrito Federal, sob o Regime Estatutário, objeti-vando o reconhecimento da contagem especial do tempo de serviço insalubre para efeito

de aposentadoria.O sindicato lembra que recentemente o mesmo direito foi assegurado pela instituição aos médicos

celetistas.

O Sindicato dos Médi-cos do Distrito Fede-ral espera para o dia

22, o fim das negociações com a Secretaria de Saúde para a reestru-turação do Plano de Cargos, Car-reira e Salários, em vigor desde 2004. O processo começou em ju-lho do ano passado, quando uma comissão formada por represen-tantes das Secretarias de Saúde e do Planejamento e do SindMédico foi formada para estudar o assun-to. A proposta do sindicato é a de equiparar os salários dos médi-cos da Secretaria de Saúde com os médicos legistas da Polícia Civil.

“Estamos aguardando a Se-cretaria de Planejamento forma-tar os números finais para reali-zarmos uma nova reunião e so-

lucionarmos o problema da falta de médicos nos hospitais da rede pública”, explicou o presidente do SindMédico, César Galvão. Segundo ele, a baixa remunera-ção é o principal motivo do de-sinteresse dos médicos em traba-lhar na Secretaria de Saúde. “Os que se inscrevem e passam não chegam a concluir o estágio pro-batório, depois de verificar que as condições de trabalho e os sa-lários não são compensadores”.

Em janeiro, o GDF abriu concurso para contratação de médicos, tanto para a Secreta-ria de Saúde quanto para a Po-lícia Civil. São 40 vagas para médico-legista, com salário de R$ 11.614,10, enquanto para a Secretaria de Saúde são 454 va-gas para 17 especialidades com

remuneração de R$ 3.161,00. O salário para escrivão é de R$ 6.594,30.

A isonomia salarial com os médicos legistas da Polícia Civil não é a única preocupação do sindicato que continua manten-do conversações com a Secretaria de Saúde no sentido de garantir segurança e melhores condições de trabalho em todos os hospi-tais da rede pública. A proposta faz parte da Campanha de Valo-rização do Profissional Médico, lançada em maio do ano pas-sado, com visitas aos hospitais e postos de saúde. Este ano, o sindicato vai trabalhar também em prol dos médicos residentes, que recebem uma bolsa de R$ 1.801 para uma jornada de tra-balho de 60 horas semanais.

item que estabelecia que a homologação dos atesta-dos no serviço público poderia ser feito por qualquer servidor que ocupasse a chefia, retornando a ser competência dos servidores ocupantes do cargo de Médico. Sem dúvida uma vitória da classe médica.

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11 Revista Médico

Jurídico

Horas extras sobre a gratificação natalina

A ASJUR e o SindMédico vão ajuizar ação objetivando a cobrança das à incidência das horas extraordinárias sobre a gratificação natalina. Para tanto, os interessados que receberam horas extras habituais em seus contracheques devem apresentar os seguintes documentos:

Cópia da carteira de identidade• Cópia do CPF• Cópia dos contracheques ou fichas financeiras dos últimos cinco anos• Procuração com firma reconhecida, que estará à disposição no Departamento Jurídico do SindMédico.•

TISS

As entidades médicas formaram uma Comissão com representantes da Fenam, AMB e CFM, e também da Agência Nacional de Saúde (ANS), para estudar mudanças no TISS (Troca de In-formações em Saúde Suplementar). Tão logo a Comissão conclua os trabalhos, a decisão será

divulgada à classe médica.

Sindicato convoca médicos para discutir salários e escalas

O Sindicato dos Médi-cos do Distrito Fe-deral marcou para o

próximo dia 05 de março, assem-bléia com os médicos da cidade para discutir a reformulação do Plano de Carreira, Cargos e Salá-rios (PCCS) e a exposição pública das escalas nos médicos nos hos-pitais pela Secretaria de Saúde do DF (SES/DF).

Com relação a este último fato, o sindicato recebeu com indignação a decisão da SES/DF de divulgar as escalas com o nome dos médicos de plantão, a partir do dia 1º de fevereiro, com a justificativa de facilitar o acesso de todos os usuários do SUS aos profissionais de plantão e para garantir que os horários sejam cumpridos, como se os médicos fossem profissionais irresponsá-veis e os causadores da precarie-dade dos serviços ofertados pelo governo à população.

A instituição defende que tal medida não vai melhorar o aten-dimento nos hospitais da rede pública e que o atual secretário

e os demais gestores nomeados por ele, já dispõem das ferra-mentas necessárias para punir os profissionais que não cumprem com seus horários, conforme o previsto no contrato de trabalho, tornando a medida inócua e “po-pulesca”.

Para o SindMédico/DF, mais uma vez a Secretaria está transfe-rindo a sua responsabilidade so-bre o caos da saúde pública para os ombros dos médicos e con-dena a forma como esta medida vem sendo implantada, pois ex-põe o profissional que já trabalha em clima de insegurança e com-promete ainda mais a necessária relação médico-paciente.

Por isso, a assessoria jurídica do sindicato impetrou ação ques-tionando a constitucionalidade da Lei 1.518 aprovada em 1997 pela Câmara Legislativa do DF, que permite a instalação de painéis informativos comunicando os no-mes dos médicos de plantão e os horários de atendimento. Além disso, vai entrar também com uma liminar para suspender o efeito da

medida até que a constitucionali-dade da lei seja julgada.

PCCS - No dia 22 de feverei-ro, a diretoria do SindMédico/DF vai se reunir com o Secretário de Saúde, que dará uma reposta final à reivindicação de reestruturação do Plano de Cargos, Carreira e Salários, que também será pau-ta da próxima assembléia geral marcada para o dia 5 de março, às 19h30, no salão da Loja Estrela de Brasília, no Grande Oriente do Brasil (914 sul).

O Sindicato só avisa que apesar do repudio à medida, so-licita aos colegas que continuem cumprindo à risca seus horários de trabalho, para evitarem pos-síveis represálias, uma vez que a SES/DF claramente dá sinais que está em busca de “bodes expiató-rios” para os problemas da rede pública. A instituição está alerta e acompanha o desdobrar dessa decisão, tomando todas as medi-das cabíveis necessárias para evi-tar prejuízos à classe e aproveita para solicitar a presença de todos na próxima assembléia.

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Janeiro / Fevereiro 200812

Artigo

CRM tem poder para indiciar Médico

A Lei n° 3.268/57, que dispõe sobre os Conselhos de Medicina, é clara no que diz respeito à competência dessas ins-

tituições na qualidade de órgãos supervisores, fis-calizadores e julgadores da classe médica, discipli-nando a para o bom conceito e desempenho da pro-fissão. Os membros desses órgãos, os conselheiros, são conhecidos como funcionários públicos, pois os conselhos são dotados de responsabilidade jurídica de direito publico. Assim, a desobediência a uma requisição ou decisão desses membros, além de po-der resultar no indiciamento do médico conforme o artigo 45 do Código de Ética Médica que dispõe: "é vedado ao médico: deixar de cumprir, sem, as nor-mas emanadas dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina e de atender as suas requisições admi-nistrativas, intimações ou notificações, no prazo de-terminado"; pode incidir nas sanções previstas no artigo 330 do Código Penal Brasileiro, "que tipifica crime de desobediência à ordem legal de funcioná-rio público". O Conselho Federal de Medicina e os Conselhos regionais têm a competência de julgar e punir as infrações éticas comprovadas no desempe-nho do profissional médico.

Por outro aspecto, qualquer reclamação ou quaisquer ofícios das autoridades, protocolados nos conselhos, terão uma resposta destes aos de-nunciantes. Porém, para preservar o direito de res-posta e resguardar a ampla defesa e o contraditório, tal reclamação é encaminhada ao denunciado para que este traga aos autos suas justificativas.

Nesse momento por mais absurda e descabida que o médico considere tal denúncia, deve respon-der à solicitação do Conselho no prazo determina-do. Isso não significa que o profissional seja culpa-do ou que estará assumindo a culpa por algo que não fez.

No envolvimento da instituição ou empresa de saúde, o responsável técnico, quando solicitado, deve enviar relatório circunstanciado e documenta-ção solicitados pelo Conselho.

Geralmente o setor de sindicâncias do CRM-DF envia até três solicitações de esclarecimentos ao denunciado. Se não houver resposta, retorna o

expediente à correge-doria, que irá encami-nhá-lo a um conselho para que este emita o parecer sem a respos-ta do denunciado, o qual será indiciado no mínimo, por infração ao artigo 45 do Códi-go de Ética Médica.

Na fase de proces-so ético-profissisional, o médico será citado e no-tificado conforme o arti-go 67 do Código de Pro-cesso Ético Profissional, em ordem seqüencial:

Por carta registrada, com aviso de recebimento;1.

Pessoalmente, quando frustrada a realização do 2. inciso anterior;

Por edital, publicado uma única vez, no Diário 3. Oficial e em jornal de grande circulação, quando a parte não for encontrada;

Por carta precatória, caso as partes e testemunha 4. se encontrem fora da jurisdição do Conselho;

Durante o ato processual, fica o médico proibido de mudar de endereço ou dele ausentar-se por mais de oito dias sem comunicar a autoridade processan-te do lugar onde passará a ser encontrado, conforme disposto no artigo 6° do Decreto n° 44.045/58.

Caso o médico denunciado não seja encontra-do ou notificado e não for representado por advo-gado, ele será declarado revel, o processo correrá à sua revelia e será designado um defensor dativo para prosseguimento dos tramites processuais.

Procurando-se evitar transtorno futuros, a orientação é que o médico denunciado envie seus esclarecimentos dentro do prazo solicitado, pois esses podem encerrar o assunto ainda em fase de sindicância.

Dr. Wendel dos SantosMédico Cirugião-geral do CRM/DF

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13 Revista Médico

Artigo

Por um sindicato mais universal

Quando comecei a soli-citar aos colegas apoio para a chapa encabe-

çada pelos Drs. César Galvão e Gu-temberg Fialho, que concorriam à reeleição como presidente e vice-presidente do Sindicato dos Mé-dicos, foi grande a surpresa ao sa-berem que eu também fazia parte da chapa. Mas a explicação era simples: nessa diretoria eu havia encontrado espaço para a criação de uma secretaria com o intuito exclusivo de procurar atender às reivindicações e necessidades dos médicos não pertencentes à Se-cretaria de Saúde.

Nos últimos anos, o SindMé-dico tem sido bastante atuante na defesa da melhoria das condições de trabalho dos médicos da rede pública e com conquistas sala-riais importantes. Entretanto, há muito se faz necessário dar aten-ção também às reivindicações dos médicos que trabalham na

iniciativa privada, no Executivo, Judiciário e Legislativo. Como exemplo, eu diria que por 30 anos todas as lutas que tive, junto à Se-cretaria de Saúde do Distrito Fe-deral, como médico do Hospital de Base, tiveram o apoio e o em-penho do Sindicato; no entanto, aquelas travadas junto à Câmara dos Deputados, onde atuo desde

"Não ficaremos somente no

discurso, tenham certeza disto"

1975, foram todas batalhadas por mim isoladamente.

Diante dessa realidade, a atu-al diretoria do SindMédico deci-diu criar um Grupo de Trabalho encarregado de planejar e desen-volver ações voltadas às deman-das específicas desses colegas. O

Dr. Gustavo Arantes - Gastroenterologista e Diretor Adjunto do SindMédico

Dr. Cantídio Vieira, médico do Senado Federal e da iniciativa privada, e o Dr. Diogo Mendes, professor da Fepecs, atuando também na iniciativa privada, aceitaram compor comigo o gru-po inicial que irá enfrentar esse novo desafio. Vale reforçar que o nosso objetivo é dar apoio aos médicos que não atuam na “Fun-dação Hospitalar”.

Já foram realizadas duas reu-niões, na sede do Sindicato, quan-do metas começaram a ser traça-das, sempre no sentido de atender às principais reivindicações dessa classe. Um dos primeiros proble-mas levantados foi o de como ga-rantir aos médicos do Executivo, Legislativo e Judiciário a jornada de 20 horas semanais sem prejuí-zo salarial, já que há uma decisão tomada por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal reco-nhecendo como 20 horas a carga horária dos médicos.

Outro problema observado foi o de que algumas instituições estão protelando o reconhecimen-to do direito à contagem especial por tempo de serviço daqueles profissionais que ganhavam in-salubridade trabalhando como Celetistas, antes do advento do Regime Jurídico Único.

Sabemos que a briga é gran-de, mas esperamos contar com a assistência dos advogados da Assessoria Jurídica para que a lei seja cumprida. Não ficaremos so-mente no discurso, tenham certe-za disto. Oferecer um pouco da nossa experiência no encaminha-mento das reivindicações e na solução dos problemas é a nossa meta e o nosso mais novo desa-fio. Contem conosco!

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Janeiro / Fevereiro 200814

Capa

Apesar do caminho árduo e das dificuldades da carreira, os jovens médicos sonham com uma medicina de qualidade

Jovens sonhadores: A longa jornada dos Médicos residentes

Eles se espremem em uma sala de pouco mais de seis metros quadrados no mezanino do Hospital de Base. É ali que funciona a

Associação Brasiliense de Médicos Residentes (Abra-mer) onde os residentes do Hospital de Base (HBDF) se encontram para programar cursos, discutir a Jor-nada Anual de Médicos Residentes, reclamar da falta de estrutura e fazer planos, muitos planos.... porque o jovem médico é um otimista por natureza e acredita que tudo vai melhorar.

A maioria é R2 e ainda está na fase de namo-ro com a profissão, onde o ideal é mais importante do que o econômico e a satisfação profissional su-pera quaisquer obstáculos. Apesar do idealismo, os jovens médicos que atuam no Distrito Federal, cedo convivem com as dificuldades impostas pela falta de investimento na saúde. Hamilton Franco, 26 anos, que em janeiro assumiu a presidência da Abramer, reconhece que o maior desafio de um jovem médico na Capital começa pela residência. “São 250 vagas oferecidas anualmente para mais de 2 mil candidatos. A disputa chega a 10 candidatos por vaga”, explica o presidente da entidade que há dois anos veio de Salvador, sua terra natal, para fazer residência médica em neurologia. Ele reconhece que a carreira médica é uma corrida de obstáculos interminável: o vestibular para Medicina é o mais concorrido de todas as facul-dades, são seis anos de estudo, de dois a cinco anos de residência, dependendo da especialidade; exames para residência concorridos, especializações, pesqui-sa, atualizações, estudos e mais estudos.... “O médico que pára fica desatualizado”, lembra Hamilton.

“É um investimento alto, de longo prazo para re-torno demorado”, sentencia outro jovem médico, Már-cio Almeida Paes, de 29 anos, R2 em oncologia clínica no Hospital de Base, que abriga 228 dos 580 residen-

tes existentes no Distrito Federal. Eles sabem que vida de médico não é fácil: são longas jornadas de trabalho, dificuldades de atendimento, por falta de infra-estru-tura dos hospitais públicos; limitações na residência médica, que prioriza a assistência em detrimento ao ensino e baixa remuneração. Atualmente um médico residente recebe uma bolsa de R$ 1.800, e com o fim do alojamento do Hospital de Base, que funcionou até o ano passado, eles passaram a receber da Secretaria de Saúde, mais R$ 400 como auxílio moradia. O di-nheiro é pouco para pagar um apartamento, por isso a maioria dos solteiros divide a moradia com outros residentes, como é o caso de Hamilton Franco.

Quais as outras dificuldades que o jovem médico enfrenta em Brasília? Há... “a falta de infra-estrutura dos hospitais da rede pública que compromete não só o atendimento, mas também o próprio ensino”, expli-ca Hamilton. “Somos idealistas, românticos, mas há a decepção após três anos dentro de um hospital. Pen-samos em fazer o trabalho de forma adequada, mas a realidade é bem diferente de quando saímos da fa-culdade”, conta Jefferson Fontenele e Silva, 31 anos. Ele veio do Piauí há três anos para fazer residência em pneumologia. Apesar do amor pela profissão, Je-fferson reconhece que o sistema de saúde público no Brasil está viciado. “O DF é uma das localidades com maior potencial de exercer uma saúde pública de qualidade, mas esbarramos na falta de planejamento e interesses escusos que não permitem melhorar o sistema”.

Diferente dos médicos veteranos, jovens como Hamilton, Márcio, Jefferson estão vivenciando as mu-danças pelas quais passaram a Medicina nos últimos

Márcio Almeida Paes, Hamilton Franco,Rogério Vasconcelos,

Toríbio Pereira, Jefferson Fontenele e Silva e Juliana Rodrigues

e Silva, todos R2 do HBDF (da dir. para esq.)

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15 Revista Médico 15 Revista Médico

Capa

Alheios aos problemas futuros que os médicos enfrentam no exercício da profissão, os estudantes de Medicina formaram Ligas de especialidades médicas. Todas as Faculdades têm suas ligas, criadas pelos es-tudantes de Medicina, reconhecidas como projeto de extensão. São por meio das ligas que os estudantes começam a ter o primeiro contato com a realidade dos hospitais.

As ligas têm o objetivo de capacitar seus integran-tes para atuar junto a sociedade com trabalho de cons-

Estudantes criam ligas em suas especialidadescientização e educação referentes a prevenção, com a participação de eventos comunitários; à educação, com visitas a hospitais e acompanhamento no tratamento de doentes e aos estudos, com cursos e palestras.

Só a Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) possui cinco ligas: Liga do Câncer (Lican), Liga de Hi-pertensão, de Diabetes, Liga da Dor e Liga do Trauma. Visando a educação e a informação a Lican estará pro-movendo de 12 a 14 de março, o I Mini curso de Exten-são da Lican, no auditório da Feceps.

anos. O desenvolvimento de novas tecnologias, novos recursos diagnósticos e terapêuticos, a influência da indústria farmacêutica e a crescente presença das em-presas compradoras de serviços médicos são fatores que têm produzido profundas transformações na pro-fissão médica. Com elas, perde-se autonomia, remune-ração, qualidade de vida e saúde.

Uma pesquisa publicada pela Fiocruz em 1997, intitulada “Os Médicos no Brasil: Um Retrato da Re-alidade”, orientada por M.H. Machado, mostra que é alta a prevalecência de suicídio, depressão, uso de drogas, distúrbios conjugais e disfunções profissionais em médicos. A mesma pesquisa mostra que 50% dos médicos têm entre 3 e 4 atividades e exercem função de plantonistas e jornadas de trabalho que chegam a 90 horas semanais. Não é por acaso que o excesso de trabalho, a baixa remuneração, más condições de trabalho, responsabilidade profissional, a perda de au-tônima e o desgaste das relações médico-paciente (de-corrente da promulgação de novas leis como o Código de Defesa do Consumidor e o exercício da cidadania), têm contribuído para o desgaste profissional, distúrbios emocionais e o surgimento de doenças como estresse e depressão.

É o que demonstra pesquisa realizada o ano pas-sado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pu-blicada no livro “A Saúde dos Médicos do Brasil”. A pesquisa, que ouviu 7,7 mil médicos de todas as Unida-des da Federação, revela que “51,7% manifestam dis-túrbios psiquiátricos de considerável preocupação, os quais são associados, por exemplo, com a ansiedade e a depressão”. A pesquisa indica ainda que os médicos apresentam mais fadiga que costumam fazer pesso-as de outras profissões. Também é elevado (38,7%) o percentual de médicos que fazem uso contínuo de dois ou três medicamentos sob recomendação médica, enquanto o uso de tranqüilizantes e sedativos chega a 20% dos médicos entrevistados.

Preocupado com as más condições de trabalho e as repercussões com o relacionamento com os pacientes,

que muitas vezes chegam a agredir os médicos, o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal tem atuado para reverter esse quadro. Faz visitas a hospitais e en-caminha as denúncias à Secretaria de Saúde para uma rápida solução. Também preocupado com a condição do jovem médico no mercado de trabalho, em outu-bro do ano passado, o SindMédico esteve presente na Jornada de Médicos Residentes, no HBDF. “O Sindica-to quer se aproximar dos residentes e conscientizá-los do papel político da entidade na melhoria da profis-são”, explicou Dr. Jair Evangelista, diretor cultural do SindMédico.

A despeito de tudo, a Medicina é uma profissão que oferece realização pro-fissional, intelectual e material. Aliviar a dor, reduzir o sofrimento, curar doenças, salvar vidas, receber o reco-nhecimento são algu-mas das características que motivam os médi-cos, sejam eles jovens ou veteranos. “A Me-dicina é uma forma- ção altruísta e o médico ainda tem o reconhe-cimento e o respeito da sociedade”, analisa Márcio Paes.

Ele aponta como um dos problemas, o aumento das escolas de Medicina “cujo único objetivo é bara-tear o trabalho médico”.

Mas se a rede pública paga mal, não oferece con-dições de trabalho e ainda por cima expõe o médico, porque não optar pela iniciativa privada? Porque além de otimista e altruísta, o jovem médico ainda sonha em fazer uma medicina pública de qualidade e se tor-nar doutores em excelência.

Jovens residentes acompanham os avançosda medicina

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Mudanças nos consultórios médicos

Sindicato é contra acordo que valida diploma cubano

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Tecnologia

A evolução das tecnologias na área médica requer o contínuo investimento em novos equipamentos e na qualificação dos pro-

fissionais de saúde. Observa-se porém que a qualidade dos serviços médicos extrapola em muito o ambiente da técnica médica, e invade diversas áreas que, direta ou indiretamente, tem relação com os pacientes.

Profissionais responsáveis pela administração e por todo o processo de atendimento, onde além dos médicos e equipe de enfermagem importa citar recepcionistas e atendentes, influenciam muito na percepção da qualida-de.

Uma das áreas de maior impacto junto aos pacientes é o conforto das instalações de espera e de atendimento. A espera em um ambiente confortável e organizado é hoje um pré-requisito para uma avaliação positiva do atendimento em qualquer ambiente, seja médico ou co-mercial. Todavia, na área da saúde, a influência deste ambiente sobre o bem estar do paciente é de extrema relevância.

Os profissionais da saúde com esta visão vêm in-vestindo em projetos de arquitetura, mobiliário e em equipamentos que organizam suas filas de espera e ge-ram dados estatísticos sobre o seu atendimento. Neste contexto telas de LCD e plasma invadem os ambientes de espera substituindo antigos aparelhos de TV e os tradicionais painéis eletrônicos contribuindo de forma significativa para eliminar a ansiedade dos pacientes en-quanto aguardam pelo atendimento.

Praticamente todos os grandes hospitais e redes de laboratórios privados do Distrito Federal contam com sistemas eletrônicos de gerenciamento de filas. A presen-ça destes equipamentos reforça os argumentos de que trata este artigo. De acordo com Carlos Maass, diretor

técnico da empresa SEAT Sistemas Eletrônicos de Aten-dimento, é clara a relação entre os grupos médicos preo-cupados com a qualidade do atendimento e a implanta-ção de sistemas de gestão de filas de espera. “Os grupos que mais investem em tecnologia médica também são aqueles que mais investem em sistemas eletrônicos para organização do atendimento. Observamos que buscam certificações de qualidade ou o simples reconhecimento dos seus pacientes quanto ao atendimento profissional que prestam em todos os níveis”.

A SEAT é neste momento a única empresa que ofe-rece sistemas de atendimento por senhas que operam com telas de LCD ou plasma e integram na mesma tela as senhas de espera, as imagens de TV e informativos eletrônicos de texto.

De acordo com Carlos “as unidades de saúde po-dem ser divididas em dois grupos: aqueles que necessi-tam dos sistemas de senhas devido ao grande volume de pacientes atendidos, e aqueles que buscam diferenciais tecnológicos para atingir os maiores níveis de qualidade no atendimento”.

Com 18 anos de mercado, a SEAT é uma indústria de Brasília e se destaca pelas inovações dos produtos de atendimento. “Buscamos a liderança lançando produtos inovadores. Temos uma forte política para fidelização dos clientes e tentamos nos diferenciar com uma política mais ágil de assistência técnica. Sabemos que crescemos quando nossos clientes crescem e que os equipamentos que fabricamos os ajudam neste processo”.

O investimento em novas tecnologias é essencial para modernização e melhoria na excelência do atendi-mento aos clientes. A imagem e percepção que o cliente tem do estabelecimento são pautadas na qualidade do atendimento que ele recebe.

O Sindicato dos Médicos do DF manifesta novamente a sua preocupação com a deci-são do Governo Federal de validar os di-

plomas dos brasileiros que cursam Medicina em Cuba. A medida faz parte do Termo de Ajuste Complementar ao Acordo de Cooperação Cultural e Educacional Bra-sil-Cuba, assinado pelos dois países, durante a última visita oficial do presidente da República àquele país.

A justificativa do governo brasileiro é de que a medida - que ainda precisa ser aprovada pelo Con-gresso - irá suprir cerca de mil vagas de médicos em comunidade indígenas, quilombolas e do interior do país, como se faltassem médicos no Brasil. “O que fal-

tam são políticas públicas que disponibilizem os pro-fissionais às populações desamparadas, quilombolas ou não”, questiona o presidente do SindMédico/DF, Dr. César Galvão.

A preocupação do sindicato não é nova, já que o governo vem discutindo os termos desse acordo desde 2004. Na época, o Conselho Federal de Medicina, a As-sociação Brasileira de Ensino Médico, a Federação Na-cional dos Médicos e 64 escolas médicas do Brasil, en-tregaram ao Ministério da Educação (MEC) a Proposta de Diretrizes para a Revalidação de Títulos de Medici-na no Brasil, objetivando oferecer subsídios para uma adequação do mesmo à realidade brasileira.

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17 Revista Médico

SindMédico atuou para transferir equipamentos

Atendimento precário aos aposentados

HBDF recebe equipamentos do HUBDepois de três anos de denúncias, entidades públicas e sindicato conseguem o que parecia impossível: amenizar tratamento de pacientes com câncer no DF.

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Regionais

O atendimento aos médicos aposentados está deixando a desejar. Com a mudança da Secretaria de Saúde para o anexo do Palácio do Buriti, a Gerência de Inativos foi transferida para um local provisório no Setor de Garagens. Além de contramão, os médicos aposentados reclamam da precariedade das instalações,

já que a demanda é grande em busca de informações e serviços. Faltam equipamentos adequados e melhor infra-estrutura. O diretor de inativos do SindMédico, Dr. José Antônio Ribeiro Filho visitou o local após receber reclamações dos médicos e não gostou do que viu. Além de obsoletos, os computadores instalados na gerência não são suficientes para atender os médicos, em especial àqueles que buscam a documentação necessária para a contagem de tempo de serviço para aposentadoria. A Diretoria de Inativos reclama da falta de consideração com os médicos aposentados que tanto serviram a Secretaria de Saúde e exige mais respeito.

Os pacientes de câncer do Distrito Federal vão, finalmente, ter o tratamento que mere-cem: mais humano e de melhor qualidade.

Depois de três anos encaixotados, os equipamentos de Radioterapia foram levados para o Hospital de Base do DF. Apenas os equipamentos de Braquiterapia e o Ace-lerador Linear ainda não estão em uso. A Braquiterapia de alta dose, deverá começar a funcionar em março de 2008, quando forem concluídas as reformas necessárias para receber o equipamento. Já este, o Acelerador Linear, que é um aparelho de ultima geração para o tratamento do câncer, vai passar por uma outra grande luta, para que seja instalado no H.R T.

A transferência dos equipamentos foi resultado da união entre o Sindicato dos Médicos, Promotores da 2ª. Promotoria de Saúde do Ministério Público do DF e Ter-ritórios, o Ministério Público de Contas da União e do DF, e membros do Legislativo, a exemplo do Deputado Federal, pelo DF, Augusto Carvalho. O esforço contínuo de todas as entidades permitiu ao Tribunal de Contas da União tomar decisão histórica, obrigando os gestores a colocarem os equipamentos em uso.

Graças a essa medida, as condições de trabalho dos médicos oncologistas serão melhoradas e o cálculo das marcas tumorais, que era feito em horas, vai durar minu-tos, “dando mais agilidade e, acima de tudo, precisão no tratamento”, comemorou a Procuradora-Geral do Minis-tério Público de Contas do DF, Cláudia Fernanda Oliveira Pereira, para quem a decisão do TCU, Ministro Aroldo Ce-draz, foi baseada “no princípio da razoabilidade, da pro-porcionalidade e da moralidade”.

“Além disso, as mulheres portadoras de câncer de colo de útero, não vão mais ter que se submeter a trata-mento aviltante, presas a uma maca por mais de 30 horas”, lembrou o mastologista Dr. José Antônio Ribeiro Filho, di-retor do SindMédico, que acompanhou as negociações e o primeiro a denunciar o descaso dos gestores com a não

utilização dos equipamentos. Após as denúncias, o Procurador do Ministério Pú-

blico de Contas da União, Marinus Marsico, representou ao TCU, pedindo uma solução tanto para a destinação dos aparelhos, como para a suspensão dos repasses dos recur-sos públicos para as obras do Centro de Alta Complexida-de em Oncologia (Cacon), que, na época, estavam paradas há mais de dois anos. Denúncia semelhante foi entregue em março do ano passado pelo deputado federal Augusto Carvalho (PPS-DF).

A Procuradora Geral, Cláudia Fernanda, reconhece que o trabalho do TCU e do TCDF foi importante e que o resultado “dificilmente seria conseguido na Justiça com tamanha agilidade”. Para ela, o controle externo, quando bem exercido, traz resultados positivos. “A vitória é de todos que acreditam que é possível, com união e muito trabalho, fazermos desse país um lugar melhor, solidário e justo socialmente”, disse a Procuradora.

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todas com as moderadoras, e vice-versa, num am-biente facilitador, que resulta em aprendizado mútuo e dinâmico”.

Longe de uma pediatria for-mal, os textos dão um passeio, entre a medicina e a maternidade. A autora que também é médica pediatra em Brasília especialista pela SBP, juntou em um só livro seus próprios artigos, artigos de pediatras convidadas e artigos de diversas mães colaboradoras.

Aconteceu

Primeiro transplante do HBDF faz 25 anos

Livro "Pediatria Radical"

Programa Saúde da Família tem nova coordenação

O pavilhão técnico-administrativo do Hos-pital de Base foi palco no final do ano passado para a comemoração do Jubileu

de Prata do primeiro transplante renal do HBDF, re-alizado em 1982. Foram homenageadas todos as pes-soas que contribuíram para que este fato pudesse ter acontecido, entre eles, o atual diretor do sindicato dos médicos, Dr. Gustavo Arantes, por ter sido o diretor à

D esde o dia 19 de dezembro, o Programa Saúde da Família (PSF) tem nova coor-denadora: é a médica Jacira Abranches.

Um de seus objetivos é criar mais 100 equipes para o PSF que atualmente conta com 80, sendo que apenas 42 delas estão completas. Para isso, ela vai aproveitar os profissionais que forem contratados após o concur-so público cujo edital foi publicado em janeiro deste ano, para médicos e agentes comunitários. “Vamos reestruturar a atenção primária nos Centros de Saúde, melhorando a humanização, avaliação e a integração

dos profissionais da saúde”, explicou a médica.A nova coordenadora do PSF também quer melho-

rar a resolutividade no atendimento de maior complexi-dade e criar, para isso, salas de acolhimento em todos os Centros de Saúde e Hospitais da rede, a exemplo do que hoje é feito em São Paulo. “Vamos abrir a agenda dos pro-fissionais a partir da sala de acolhimento, dando maior ra-pidez ao atendimento dos pacientes quer nos procuram. Outra meta de Jacira Abranches é a valorização do profis-sional de saúde no seu dia-a-dia, “mas sem esquecer que a satisfação do paciente é o nosso maior objetivo”.

Acaba de ser lançado pela editora Senac o livro “Pediatria Radical”. O livro, escrito pela Dra. Thelma B. Oliveira, é diferente de todos as publicações exis-tentes no mercado sobre o tema. O livro foi inspirado em uma comunidade do orkut intitulada “Pediatria Radical”.

Segundo a autora, “Pediatria, que em sentido amplo é o cuidar da criança, é exercida o tempo todo pela mãe, nos cuidados, no aleitamento, na procura incessante do melhor para seu filho. ‘Pediatria Radi-cal’ é a pediatria voltada para as mães, e é feita pela troca de experiência de umas com as outras e de

época e ter coordenado a viabilização dos transplantes. A cerimônia foi muito concorrida com representantes da Saúde do DF e do Ministério da Saúde. Na ocasião, diversas pessoas discursaram questionando o fato des-te programa, que no passado era vitorioso, estar prati-camente acabado. O Secretario de Saúde, José Geraldo Maciel, prometeu dar apoio para que o setor volte a ter recursos e retome a condição de referência.

O Sindicato dos Médicos do Distrito Fe-deral, bem como os médicos que com-põem os seus quadros, se solidarizam

com os familiares e amigos dos colegas falecidos recentemente. Nossa classe enlutada registra os pêsames pelas perdas de: Dr. Alfonso Cordova Aspilcueta, Dra. Lucelia Menezes Thome, Dr. Valter Viana Ferreira, Dr. Jarbas Torres Dantas.

Todos os colegas acima, mais o Dr. Pitanga,

Obituário e seguro descessoque faleceu no final de 2007, estavam cobertos pelo Seguro Descesso feito pelo sindicato, con-templando todos os médicos do quadro. O Sind-Médico/DF lembra que junto com este benefício, a família do médico pode contar ainda com a apólice de seguro de vida no valor de R$ 10 mil, bastando para isso, que ele vá até o sindicato preencher a devida ficha, nomeando os herdeiros beneficiá-rios.

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19 Revista Médico

Eventos

Brasília será palco de grandes congressos

Brasília será palco de gran-des eventos em 2008, e irá trazer à Capital médicos

renomados do Brasil e do exterior. A maioria dos eventos acontecerá no segundo semestre do ano, como o IV Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica, que será realizado de 12 a 15 de novembro, no Centro de Con-venções Ulisses Guimarães. Segundo o médico Ognev Kosaki, presidente da Sociedade Brasiliense de Cirur-gia Plástica, a expectativa é de que o evento irá reunir 2 mil cirurgiões plásticos e contará com a presença de convidados europeus, america-nos e asiáticos. Serão apresentados casos de cirurgias reconstrutiva e estética. Esse é considerado o maior evento da especialidade, o segundo maior do mundo só perdendo para o Congresso Americano da especia-lidade.

Outros eventos médicos que merecem destaque são a Semana de Gastroenteorologia e 8ª Semana Bra-sileira do Aparelho Digestivo, de 5 a 9 de outubro, também no Centro de Convenções. A expectativa do presi-dente da Sociedade de Gastroenteo-rologia, Columbano Junqueira, é de que 5 mil congressistas participem do evento que também contará com a presença de 20 convidados estran-geiros e mais de 250 brasileiros. Este ano o evento, que cresceu muito em

relação ao último realizado, apresen-tará novidades como a laparoscopia endoscópica, através de orifício e a eco-endoscopia. O presidente da Se-mana, lembra que o evento, é uma oportunidade de revisão e atualiza-ção para todos os médicos da espe-cialidade.

O XXVI Congresso Brasileiro de Psiquiatria, que será realizado de 15 a 18 de outubro, também no Centro de Convenções, promete ser um marco na história da psiquiatria brasileira. O presidente da Associa-ção Psiquiátrica de Brasília, Antônio Geraldo da Silva, estima a presença de 7 mil psiquiatras no evento. Pro-movido há 37 anos pela Associação Brasileira de Psiquiatria, o Congres-

so conquistou repercussão nacional e é o maior encontro psiquiátrico anual da América Latina e o 3º maior do mundo. Oferecendo importante atualização científica e profissional, o CBP recebe profissionais de todos os Estados brasileiros, além de con-gressistas de vários países.

Em novembro, no período de 5 a 7, o Centro de Convenções Ulisses Guimarães receberá o 2º Congresso Internacional de Ginecologia e Obs-tetrícia. Realizado pela Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obste-trícia, o evento tem importante pa-pel na atualização de médicos da especialidade. Portanto, marquem em suas agendas os eventos para este ano.

Congressos nacionais e internacionais movimentarão a cidade neste ano

De 29 de fevereiro e 01 de março acontece o Simpósio de Integração entre a Psiquiatria e a Neu-rologia, cuja temática tratará dos “Aspectos Psiquiá-tricos das Epilepsias”. O evento acontecerá no hotel Lake Side e tem a promoção e organização da Asso-ciação Psiquiátrica de Brasília (APBr) e da Liga Bra-sileira de Epilepsia - Capítulo Centro-Oeste e conta ainda com o apoio do Sindicato dos Médicos do Dis-trito Federal.

SindMédico apóia simpósio de integraçãoA organização do simpósio informa que as

inscrições podem ser feita na sede da APBr, que fica na SGAS 910 - Ed. Mix Park Sul - Bl. E - sala 138. Médicos sindicalizados não pagam para partici-par do evento.

Maiores informações pelo telefone (61) 3443-1623 ou no site www.apbr.org.br.

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Informes

O jejum é necessário para a realização de exames

de patologia clínica?

Esta dúvida é freqüente e é uma pergun-ta inevitável após a entrega das requi-sições dos médicos aos pacientes. Ao

longo dos anos foi se consolidando a rotina da obri-gatoriedade do jejum para a realização de exames bioquímicos. Existe realmente uma razão científica por trás desta prática? Na verdade, o jejum é pouco estudado em humanos, mas nele sabemos que as re-servas de glicose vão se esgotando e que outras fon-tes de energia, como proteínas e gorduras, passam a ser utilizadas para que o organismo se mantenha vivo. Quanto mais longo for o jejum, mais gorduras e proteínas vão sendo consumidas.

Os laboratórios alegam que vários nutrientes podem interferir nas dosagens bioquímicas. Na verdade estamos vivendo revoluções tecnológicas e avanços importantes no conhecimento da epide-miologia, que estão alterando de uma forma signifi-cativa estes conceitos.

As técnicas se tornaram mais precisas, os conta-minantes já podem ser removidos na fase pré-analí-tica e as reações das dosagens se tornaram tão espe-cíficas que os nutrientes deixaram de influenciar nos resultados finais.

A epidemiologia, por sua vez, tem dado uma significativa contribuição, ao mostrar que algumas determinações quando feitas no estado pós alimen-tar, guardam uma melhor relação com o aparecimen-to das complicações cardiovasculares. Os exemplos típicos são da glicemia pós-prandial e dos triglicérides, cujas determinações pós-prandiais, tem uma maior valor preditivo do que que as realizadas em jejum. Já com relação ao colesterol, não existe diferenças quan-do o exame é realizado em jejum ou após 12 horas de abstinência alimentar.

Estamos num período de transição, no qual muitos laboratórios de ponta, começam a mudar as suas rotinas não exigindo jejum, ou mesmo estabele-cendo períodos diferentes dependendo das análises a serem realizadas.

Vale lembrar que o exame mais solicitado, o he-mograma, não necessita de jejum e disto já sabemos nas nossas atividades de urgência.

Com a diminuição ou abolição do jejum, os nos-sos pacientes, certamente, ficarão mais agradecidos e confortáveis e terão menor resistência para a realiza-ção dos exames que necessitam realizar.

O gráfico abaixo mostra a situação atual e a evo-lução provável na solicitação dos exames pelos mé-dicos:

Regras para cada exameExames que precisam de jejum

Colesterol: 4 horas.• Colesterol HDL, LDL, •

triglicérides: 12 horasFator reumatóide: 6 horas• Fósforo: 4 horas• Glicose: 8 horas•

Leituras adicionais:O laboratório Exame/DASA realizou nos meados de dezem-bro em Brasilia, na sede do Conselho Federal de Medicina, o simpósio “Jejum, Mito ou Realidade”. As apresentações dos Drs. Luis Gastão Rosenfeld, Reginaldo Albuquerque e Geniberto Cam-pos, podem ser vistas na integra no seguinte endereço: http://www.diabetes.org.br/apresentacoes/index.php

Artigo no JAMA: Triglicérides com e sem jejum e o risco de evenos cardiovasculares em mulheres. Bansal S, Buring JE, Ri-fai N et al Jama 2007:298(3):309-316

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21 Revista Médico

EstratégiaAlexandre Bandeira

ConsultórioConsultoria&

Consultor de Estratégia e Marketing

Contato com a coluna:[email protected]

Receber ou recepcionar?

“O tempo em que os pacientes estão dispostos

a aguardar na sala de espera e de 20,6 minutos”

R esponda rápido. No seu estabelecimento de saúde você recebe ou recepciona os seus pacientes? Eles podem até parecer sinôni-

mos, mas apresentam pequenas nuances que fazem toda a diferença, tanto para sua clínica, consultório ou hospital, como também para o consumidor. Senão ve-jamos.

Segundo o Dicionário Aurélio, entre as definições associadas ao primeiro termo estão: reagir de deter-minado modo a; ser aquele ou aquilo a que é dirigido; ser alcançado ou atingido por; estar presente quando (alguém) chega; aceitar ter em casa ou junto a si (hós-pede, visita). Já para a palavra recepcionar, temos o significado de: receber com atenção ou certo aparato.

Ao compararmos o primeiro com o segundo, fica mais claro que quando falamos em receber, aquele que recebe tem uma atitude mais passiva no processo, enquanto o que recepciona um com-portamento mais pró-ativo. É como se este último estivesse mais preocupa-do com quem chega, no nosso caso, o paciente.

Essa diferenciação é muito mais presente em alguns setores da econo-mia, como nos segmentos de turismo, lazer e entre-tenimento. Ser bem recepcionado em um hotel já é o prenúncio de que sua estadia tem tudo para ser um sucesso. Em outro exemplo, ser mal recebido em um restaurante é quase certeza de comida ruim, mesmo que tecnicamente ela não seja.

É por isso que é tão forte o sentimento da expres-são “a primeira impressão é a que fica”. Simplesmen-te porque ela molda o espírito do consumidor para o que pode vir logo a seguir. E detalhe, na maioria das vezes, não existe uma segunda opção para corrigir fa-lhas ao primeiro contato entre empresa-cliente.

Curiosamente, é no setor de turismo que vemos o termo hospitalidade (qualidade de hospitaleiro, que acolhe com satisfação) mais bem associado do que ao ambiente hospitalar (relativo a hospital, onde se tra-tam os doentes). Parece que é somente no dicionário que os dois fazem algum tipo de fronteira.

Para enriquecer um pouco mais o tema, trago ao

leitor o resultado de uma pesquisa feita pela American Medical Associations que constatou que o tempo em que os pacientes estão dispostos a aguardar na sala de espera e de 20,6 minutos. O que isso quer dizer? Resu-midamente que se o tempo de espera, na maioria das vezes ultrapassar este limite, o paciente pode decidir mudar de médico. E qual a lição dessa pesquisa?

Para muitos que se colocam numa posição mais cética sobre tal resultado, por acharem que a pesqui-sa trata do mercado norte-americano, onde as pessoas possuem outra cultura e onde as variáveis de competi-tividade e opção são maiores, gostaríamos de retratar a realidade vivida por nossa consultoria em quase uma década de trabalho no segmento da Saúde.

A cada diagnóstico que fazemos, aplicamos pes-quisa junto aos usuários ponderando diversos itens, entre eles: a qualidade do atendimento recebido por

médicos, enfermeiros, recepcionistas, fatores de comodidade, higiene, segu-rança, informações recebidas, aparên-cia pessoal e do estabelecimento e tem-po de espera. Na grande maioria das vezes é ele quem determina a avaliação geral da empresa. Podem quase todos

os demais itens obterem avaliações muito altas, mas se o tempo de espera tiver nota baixa, a tendência do pa-ciente é aproximar a visão que ele tem do consultório ou clínica para próximo desta nota.

O que devemos nos preocupar com os dados apre-sentados até o momento? De que os médicos devem se esforçar para economizar o tempo de seus pacientes. Mesmo assim, podem haver aqueles que se levantem para questionar que determinado doutor Fulano ou Beltrano atende por ordem de chegada, deixa o paciente esperando horas e mesmo assim ainda tem casa cheia. Recomendo que não se adote a regra pela exceção, pois o número de fulanos que podem se dar a este “luxo” são cada vez menos numeroso em uma mercado cada vez mais competitivo. A escolha é sua!

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Vida Médica

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Por Elisabel Ferriche

Ele não é o “Herbie”, do filme “Se Meu Fusca Falasse”, de Robert Steven-son, exibido em 1968, mas se o fusca do Dr.

Laírson Rabelo falasse, certamente teria muitas histó-rias para contar, “a maioria delas impublicáveis”, segun-do o próprio dono. Mais novo do que o Herbie, o fusca do Dr. Laírson foi adquirido em 23 de março de 1977 e até hoje é mantido igual ao que saiu da concessionária: 100% original. O fusca do médico Laírson Rabelo pre-enche todas as características para ter o direito a rece-ber placa preta, ou seja, a placa que certifica a originali-dade do carro. Caso isso ocorra, o carro do Dr. Laírson será o 29º carro a receber a placa preta, dos mais de 600 carros antigos existentes no Distrito Federal.

Mas para receber o título de originalidade, o mé-dico precisa primeiro, ser sócio do Clube Carro Vetera-no, que funciona no espaço do Museu Vivo da Memó-ria Candanga, em frente à Candangolândia. É lá que ficam guardados os carros antigos e onde se reúnem os adeptos do antigomobilismo, nome que se dá a arte de restaurar e preservar automóveis antigos. O espíri-to veterano une proprietários e apreciadores de carros antigos com mais de 25 anos, de todos os modelos, marcas e nacionalidades.

O cirurgião geral Adalberto Amorim faz parte des-se clube. Ele possui um Corcel 1979, branco, totalmen-te original. Apesar dos quase 30 anos de existência, o Corcel tem apenas 63 mil quilômetros rodados. O carro veio de Maceió para Brasília transportado por uma car-reta como uma relíquia, embora não seja de natureza

religiosa, é um objeto preservado e de grande venera-ção pelo seu dono. “Foi a única herança da minha so-gra”, conta o médico, que chama o carro carinhosamente de “biscuit”. E o biscuit faz sucesso. Semanalmente ele pode ser apreciado no Clube Carro Veterano, em Can-dangolândia, ponto de encontro dos adeptos ao hobby.

Mais que um hobby, uma paixão. Assim é o antigo-mobilismo, que possui uma centena de clubes espalha-dos pelo país, a maioria se intitula o primeiro do Brasil como é o caso do Veteran Car Club do Brasil – RJ, que colabora para a preservação do patrimônio automobi-lístico nacional e mundial. O clube organiza encontros, palestras e exposições e contribui para que jovens e ido-sos possam participar ativamente do meio, ajudando e incentivando para preservação da memória antigomobi-lística do nosso país.

O que mais contribui para que esses médicos co-lecionem carros antigos é o requinte, a exclusividade e a admiração que eles provocam quando passam... são únicos. “Saio com o meu biscuit exclusivamente em eventos e muito eventualmente para passear, para cur-tir”, afirma o médico Amorim. Segundo ele, quem gosta de carros antigos é porque aprecia tudo que o veículo tem nos mínimos detalhes, tanto de motor quanto de lataria... enfim, tudo no carro interessa aos coleciona-dores.

A princípio, o biscuit só era usado nas férias, quando Dr. Amorim ia a Maceió visitar a sogra. Ao chegar à Bra-sília e que ele começou a se interessar em fazer parte

Amor sobrequatro rodas

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23 Revista Médico 23

Vida Médica

do Clube Carro Veterano, onde há uma união e inte-resses comuns. “Ali não importa a profissão, o poder aquisitivo, todos são bem recebidos e as conversas são sempre boas”, conta o médico. Manter os carros an-tigos no Clube não é caro, “custa menos do que manter uma lancha”, diz Dr. Amorim. Quando precisa, encomenda as peças, fabricadas es-pecificamente para o carro, que só possui pe-ças originais. No Clube, os carros são lavados semanalmente e ligados para que não haja fa-lhas quando houver necessidade de um desfile. Sim, porque carro antigo não passeia, desfila. “Quando saio na rua todo mundo quer comprar”. Dr. Laírson Rabelo também conta que sempre que anda com o fusca recebe propostas: “Já recusei R$ 20 mil no meu fusca”.

Para a maioria, o antigomobilismo é algo muito es-pecial na vida de qualquer colecionador ou admirador de carros antigos. Depois de viver a primeira experiência de dirigir um automóvel antigo, é difícil não se tornar um co-lecionar. Apreciar também faz parte. Por isso muitos Clu-bes de Carros Antigos fazem encontros mensais, alguns específicos como o Clube de Campinas, São Paulo, que anualmente promove o Encontro V8 Cia de Dodgers.

Seja de Dodge, Fusca, Corcel, Mercedes, Tomaso Pantera, não importa. Quem gosta de carros antigos não consegue viver sem eles, pois a identificação, o prazer são grandes e se tornam um desafio.

Dr. Amorim e seu "Biscuit"

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Casillero Del Diablo Shiraz 2004 Concha y Toro. – CAVALLE DE MAULE, R$ 23,80 (PR).Cabernet Sauvigon 2004 Baron Philippe de Rothschild – OCVALLE CENTRAL, R$ 35 (CP)Candelaria Mural Syrah 2002 Candelaria – OCColchagua R$ 34 (WS)Casillero Del Diablo Cabernet Sauvignon 2004 Concha y Toro – OCValle de Rapel, R$ 23,80 (PR).Clássico Cabernet Sauvignon 2004 Vestiquero – OCMaipo, R$ 29 (CC).Cousino Macul Merlot Reservas 2004 – OCMaipo, R$ 33,33.Paso Hondo Gran Reserva Carmenère 2002 Canata – OCBIO BIO, R$ 35 (IN).San Medim Cabernet Sauvigont 2003 Miguel Torres - OCValle de Curicó, R$ 25 (RL).Santa Carolina Reserva Cabernet Sauvignon 2003 – OCValle de Colchagua, R$ 29,60 (PA).Undurraga Cabernet Sauvignon 2004 Vestiquero – OCColchagua, R$ 34 (GZ).Bodega Vieja Tinto (Cab. Sauv. / Merlot) 2002 – BC.Valle do Rapel, R$ 19 (CF/PP).Cabernet Sauvignon Seleccion Terroir 2004 Vina Santa Ema – BCMaipo, R$ 29,60 (PA).Caliterra Cabernet Sauvignon 2003 Robert Mondavi & Eduardo Chadwick – BC Valle Central, R$ 31,07 (E).Canepa Clássico Cabernet Sauvignon 2004 – BCMaipo, R$ 25,30.Casablanca Colecion Privada Merlot 2003Maipo, R$ 30 (CF/PP).

Vinhos

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Dr. Gil Fábio

Os VinhOs ChilenOs

P odemos dizer que para degustar um bom vinho não tem hora, nem tempo e nem dia marcado. Apenas uma garrafa contendo um

vinho saboroso, uma taça adequada, de preferência uma boa companhia e uma conversa agradável.

Mas para que tudo isso seja realmente bom em to-dos os aspectos, temos pela frente um “quebra-cabeça” sobre qual vinho vamos escolher, quanto vamos ou po-demos gastar e qual será o “prato escolhido”. Pode ser de alguns milhares de reais, até menos de R$ 40,00 por pessoa, dependendo da escolha.

A escolha do vinho apro-priado para esta ocasião não é difícil, para alguém que já está há muitos anos envolvido em apreciar a incontável variedade de bons vinhos que são produzidos mundo afora. Com isso, vamos apresentar algumas sugestões – desta vez, só de vinhos chilenos, que é um dos grandes produtores do novo mundo. Para tal, consideramos o preço do produto, o custo-benefício e a região do País. É importante frisar que o preço do vinho importado é atrelado à cotação do dólar, podendo então sofrer alte-rações aos valores indicados neste artigo.

TINTOS ATÉ R$ 35,00

TINTOS DE R$ 90 A R$ 180

TINTOS DE R$ 180 A R$ 350

TINTOS Acima de R$ 350

TINTOS DE R$ 35 A R$ 90 (D)

Estampa Gold Assemblage 2003 – CAColchagua, R$ 74,80.Tabali Reserva Especial 2003 – CALimarí R$ 78 (GC)Amayna Pinot Noir 2004 – ECValle San Antonio Leyeda, R$ 85,79 (M).Cuvée Alexandre Cabernet Sauvignon 2004 Casa Lapostolle – ECColchagura, R$ 85,79 (M).De Martino Carmenère Single Vineyard 2003 – ECMaipo R$ 87,50 (D)La Arboleda Cabernet Sauvignon 2001 – ECMaipo, R$ 85 (E).Marque de Casa Concha Merlot 2003 – ECValle de Peumo, R$ 72,80 (E).Perez Cruz Cabernet Sauvignon Reserva 2004 – ECMaipo, R$ 70 (T).Santa Catarina Barrica Selection Carmenère 2004 – ECRAPEL, R$ 42,50 (CF/PP).Tabalí Syrah Reserva 2004 – ECLimarí, R$ 49 (GC).Vestíquero Gran Reserva Merlot 2003 – ECMaipo R$ 59 (CC)Winemarkes Lot 123 Carménère 2004 Concha Y Toro – ECCachopoal, R$ 63 (E)

Terrunyo Carmenère 2003 – CAPeumo, R$ 118 (E).Coyam 2002 – ECValle central, R$ 149 (Magna).EL Principal 2001 – ECMaipo, R$ 170 (CP).

Manso de Velasco Cabernet Sauvignon 2001 – ECCuricó, R$ 140 (RL).Santa Carolina VSC 2001 – ECMaule, R$ 135 (CF/PP).Ventisquero Único Luis Miguel 2002 – ECMaipo, R$ 120 (Chile Vinhos).Gilmore Cabernet Sauvignon 2000 Vina Tabontinaja – OCMaule, R$ 99 (CP).Gilmore Merlot Reserva 2001 Vina Tabontinaja – BCMaule, R$ 99 (CP).Gran Cucero Carmenère 2001 Siegel

Colchagua, 119 (WS).Almaviva 2002 – CAMaipo, R$ 2945 (T).Don Melchor Cabernet Sauvignon 2001 – ECMaipo, R$ 289 (E).Sena 2001 – ECAconcagua, R$ 348 (E).Canepa magnificum Cabernet Sauvignon 1999 – OCVale do Maipo, R$ 250 (IM).Don Maximiano Founer’s Reserve 2001 Errazuriz – OCAconcagua, R$ 260 (T).Gran Família Cabernet Sauvignon 2002 De Martino – OCMaipo, R$ 191,10 (D).

Viu Manent VIU 1 2003 – OCValle de Colchagua,, R$ 390 (H).

COMO USAR O GUIA Os vinhos são classificados da seguinte forma:

CA – Campeão Excelente Compra

EC – Excelente Compra Muito Superior

OC – Ótima CompraSuperior em sua faixa de preço

BC – Boa CompraAdequado e distinto em sua faixa

AP – AprovadoUm vinho sadio e aceitável em sua faixa

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25 Revista Médico 25

Sindicais

Fenam promove I Encontro de Trabalhadores de Sindicatos Médicos

O SindMédico/DF participou do I Encontro de Trabalhadores de Sindicatos Médicos re-alizado na sede da Federação Nacional dos

Médicos (Fenam), no Rio de Janeiro, nos dias 16, 17 e 18 de janeiro. Além de contribuir para ampliar o relaciona-mento entre os trabalhadores dos sindicatos médicos e da Federação; o encontro também discutiu e debateu políti-cas de gestão dos sindicatos sob a ótica dos trabalhadores e das entidades; possibilitou ampliar a articulação entre a Fenam e os sindicatos de base e propiciou aos traba-lhadores dos sindicatos médicos mais conhecimento da estrutura da Fenam e sua concepção política.

O I Encontro de Trabalhadores de Sindicatos Médi-cos foi aberto pelo presidente da Fenam, Eduardo San-tana, e teve como tema “Concepção e prática sindical da Federação Nacional dos Médicos”. Nele foram discutidos temas como Política de Comunicação; Estratégia de Sus-tentabilidade Financeira; Perfil Administrativo do sindi-cato e Estrutura jurídica e práticas de atuação.

De acordo com Waldir Cardoso, diretor de Relações Trabalhistas da Fenam, é de suma importância para os sin-dicatos ter sua entidade nacional forte e reconhecida pelas forças políticas da categoria médica, pelos governos e pela sociedade. "Desse entendimento surge como essencial am-pliar e fortalecer a articulação entre a base do movimento sindical médico e a entidade nacional. Para alcançarmos esse objetivo, no entanto, não basta o desejo e a determi-nação das respectivas diretorias. Todas as nossas delibera-ções são encaminhadas pelo corpo funcional das respecti-vas entidades. Além disso, esses trabalhadores detêm uma gama de informações e experiências, por isso achamos im-portante promover o encontro e intercâmbio entre repre-

Atílio falou sobre o sucesso do SindMédico

sentantes dos servidores", assinalou o dirigente.O SindMédico/DF foi representado pelo gerente

administrativo, Atílio Gregório Santana, pela funcionária Mayara Alves, pelo diretor jurídico, Antônio José Fran-cisco Pereira dos Santos e pela advogada Thais Riedel, da Assessoria Jurídica.

Há oito anos, o SindMédico/DF vem profissionali-zando suas ações administrativas de modo a tornar-se uma entidade de excelência e exemplo para outros sindicatos do país. No I Encontro de Trabalhadores de Sindicatos Médi-cos, o gerente administrativo levou como contribuição o trabalho que o SindMédico/DF desenvolveu no sentido de tornar mais transparente a movimentação financeira e con-tábil da entidade. Atílio Santana participou da mesa redon-da “Como é a administração do Sindicato”, com os repre-sentantes dos sindicatos de Minas Gerais, Pará e São Paulo.

Com o sistema de processamento de dados desenvol-vido pelo SindMédico/DF é possível o efetivo acompa-nhamento da movimentação financeira, a emissão de rela-tórios gerenciais, de contas a receber e a pagar, a aplicação

de eventuais recursos, a identificação das origens dos mes-mos e o acompanhamento orçamentário. O sistema, além de passar por auditoria externa é submetido e aprovado em assembléia geral convocada especificamente para este fim.

A seriedade do trabalho desenvolvido pela adminis-tração do SindMédico/DF garantiu os recursos necessá-rios para a quitação da sede própria, sem que para isso tenha sido necessária nenhuma outra contribuição extra e a idoneidade dos comprovantes apresentados tem sido motivo de elogio do conselho fiscal, do auditor externo e dos demais sindicalizados que anualmente aprovam, me-diante assembléia, as contas do sindicato.

Mayara do SindMédico. Terceira da fila de baixo

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Dr. Evaldo Alves de OliveiraLiterárias Dr. Evaldo Alves de Oliveira

Uma avó enfurecida

Dr. Evaldo Alves de Oliveira

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Literárias Dr. Evaldo Alves de Oliveira

Medicina em ProsaMedicina em Prosa

Uma senhora adentra em minha sala no Centro de Saúde. Era

uma avó bem vestida, tentando demonstrar elegância. Segurava uma criança de nove anos pelo braço, tendo ao lado uma moça aflita e envergonhada. A senhora esbravejava:

- Doutor, esta é minha nora, e ela passou hepatite B para o meu neto.

Eu exijo um esclarecimento, pois ela não pode continuar casa-da com o meu filho!

Com muita calma, falei:- Baseada em que a senhora

afirma que seu neto tem hepatite B?

Passando-me um papel ama-relado, respondeu enfática:

- Neste exame, doutor.O resultado do exame era

confuso, em um papel de péssi-ma qualidade, e feito em um la-boratório do entorno de Brasília. Percebendo o excelente estado geral do garoto, passei a explicar para aquela senhora, de forma professoral, os tipos de hepatite e as formas de contaminação:

- A hepatite A é a forma mais comum, e o contágio se dá por via oral, por contato com água ou alimentos contaminados, sendo a cura a regra para a grande maio-

ria dos casos. Não há relato de cronificação desta doença.

A mãe da criança escutava-me quase sem piscar os olhos.

- A hepatite B, - continuei - diferentemente, transmite-se, so-bretudo, por via sexual, e também por transfusão de sangue conta-minado, fato este raro, a partir do controle exercido nos hemo-centros. A mãe pode passar para o filho, mas somente durante a gravidez, o parto e a amamenta-ção. A cronificação acontece em cerca de 5% a 10% dos casos, mas quando ocorre durante a gesta-ção, parto ou amamentação, a chance de cronificar-se é de cer-ca de 85%. Daí a importância do pré-natal em sua prevenção.

Nessa altura a avó já estava bem mais calma e relaxada. E continuei:

- Há também a hepatite C, que ocorre mais em indivíduos que receberam transfusão de sangue antes de 1993, quando os exames para sua detecção torna-ram-se disponíveis, em usuários de drogas injetáveis e de cocaína inalada, e em pessoas com tatu-agem ou piercings feitos sem os cuidados higiênicos adequados. A maioria dos transplantes de fígado, no Brasil, é devida a esse tipo de hepatite.

Olhei para a avó e pergun-tei:

- Sua nora tem hepatite B? - Acho que não. - Se ela não tem essa he-

patite, de que forma ela conta-minaria o seu neto, que, aliás, é filho dela? É muito mais prová-vel que se trate de hepatite A, de fácil contágio, como já falamos.

Encerrando a reunião, a avó agora menos tensa, ponderei:

- O resultado desse exame é que deve estar errado. Vou so-licitar novos exames, que serão feitos no nosso laboratório, e na próxima semana nós conversare-mos.

Uma semana depois apre-sentei-lhes o resultado dos exa-mes, que confirmaram minha suspeita: era realmente hepatite A, e aquela senhora sequer se desculpou com a nora, que ria tranqüila, exibindo o cartão de vacinação, onde constavam as três doses contra a hepatite B - uma fora feita no berçário, logo após o nascimento, outra com mais um mês e a terceira de-pois de cinco meses da segunda dose.

A moça saiu abanando-se com o cartão, sem nada dizer. Estávamos no mês de junho, e fazia frio.

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Dr. Evaldo Alves de OliveiraDr. Evaldo Alves de Oliveira

Medicina em ProsaMedicina em Prosa

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Laboratório Sabin Hospital Brasília e HCB - antigo HGO

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Unidades 24 horasAs unidades 24 horas realizam exames em caráter emergencial com a liberaçãode resultados no mesmo dia.

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