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DEFENDIDEIAS A CONQUISTAR ANGOLA. UM CASO DE SUCESSO DENTRO E FORA DO PAíS Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público a nível nacional e não pode ser vendido separadamente OUTUBRO 2015 / EDIÇÃO Nº 49 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros CILENE CORREIA E O AMOR POR ANGOLA CASA ERMELINDA FREITAS E A RESPONSABILIDADE CORPORATIVA EM DESTAQUE LIDERANÇA NO FEMININO MARGON INOVAÇÃO COMO FORMA DE ESTAR BANCO BIC ANGOLA E RELAÇÕES DE VALOR DE

Revista Pontos de Vista Edição 49

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DefenDiDeias a conquistar angola. um caso De sucesso Dentro e fora Do país

Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda.Suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público a nível nacionale não pode ser vendido separadamente

OUTUBRO 2015 / EDIÇÃO Nº 49 - Periodicidade MensalVenda por Assinatura - 4 Euros

cilene correia e o amor por angola

casa ermelinDa freitas e a responsabiliDaDe corporativa

EM DESTAQUELIDERANÇA NO FEMININO

margon inovaÇÃo como forma De estar

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de

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aDelino soares,Presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, afirma:

“o evento tem contribuíDo para consoliDar vila Do bispo como um importante Destino De turismo De natureza, atrainDo caDa vez mais visitantes nacionais e estrangeiros. o investimento feito nesta iniciativa, que Decorre na chamaDa época baixa Do ponto De vista turístico, tem-se refletiDo positivamente nos restantes meses Do ano”

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ficha técnica

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proi-bida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autoriza-ção do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anun-ciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico.Propriedade, Edição, Administração e Autor

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ImpressãoLidergraf - Sustainable PrintingDistribuição Nacional / Periodicidade MensalRegisto ERC nº 126093NIF: 509236448ISSN: 2182-3197Dep. Legal: 374222/14Distribuição Nacional gratuitacom o Jornal Público

DIRETOR: Jorge AntunesDIR. INFORMAÇÃO: Ricardo AndradePRODUÇÃO DE CONTEÚDOS:Andreia Azevedo | Sara Soares | Rita DuarteColaboração especial: Sandra Arouca

GESTÃO DE COMUNICAÇÃO:João Soares | Nuno Alves | José MoreiraMiguel Beirão | Nelson Luiz | Pedro Paninho | Elisabete Marques

AssinaturasPara assinar ligue +351 220 926 877 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda - Rua Rei Ramiro 870, 5º A, 4400 – 281 Vila Nova de GaiaFax 220 993 250E-mail: [email protected]ço de capa: 4,00 euros (iva incluído a 6%)Assinatura anual (11 edições):Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%),Europa: 65 euros, Resto do Mundo: 60 euros

em Destaque Índice de TeMAS

16 ADORO SER MULHER www.adorosermulher.ning.com - Todas as Mulheres Empreendedoras podem, através desta rede aberta, comunicarem-se, e encontrarem-se nos eventos, fazendo acontecer negócios, partilhando e ajudando-se mutuamente. Ana Cláudia Vaz, Community Manager da Adoro.Ser.Mulher - Comunidade de Mulheres Empreendedoras em PT, aborda esta iniciativa para Mulheres Empreendedoras

52 NORGEChristian Nordahl, Diretor da Norge, aborda as razões que levam a Norge (palavra que em norueguês quer dizer Noruega) a ser uma referência desde que todas as associações de exportadores noruegueses de peixe se fundiram numa só. Sabemos por que os portugueses procuram produtos da Noruega, mas o que leva a que vejam a Norge como referência de confiança?

116 AICCOPNReabilitação Urbana em Portugal. Saiba mais sobre um setor em franco crescimento e que é hoje fundamental para Portugal e respetivos players deste setor. Manuel Reis Campos, Presidente da AICCOPN, relembra porque é que a Reabilitação urbana deve ser uma prioridade

76 XVII CONGRESSO DA APDIO IO & BIG DAtANos dias 7, 8 e 9 de setembro, Portalegre recebeu o XVII Congresso da APDIO IO & Big Data. O evento ocorreu na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Portalegre e contou com a presença de nomes muito conceituados da Investigação Operacional (IO) e de alguns especialistas em Big Data

4 – Propriedade Industrial6 – Direito & Justiça11 – Viagens de Negócios12 – Tema de Capa16 – Liderança no Feminino31 – Obras que marcam32 – Responsabilidade Corporativa34 – Educação em Destaque48 – Evento – Birdwatching52 – Marcas de Valor54 – Setor Vitivinícola62 – Saúde em Portugal93 – Água – Responsabilidade Ambiental96 – Decreto – Lei nº 173/2015102 – CPLP – Relações de Valor108 – Universo Digital113 – PME Líder114 – Arquitetura em Destaque 116 – Reabilitação Urbana

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III – A CARTA DE LEI DE 21 DE MAIO DE 1896 1 = A evolução da Propriedade Industrial justificava, amplamente, que os vários direitos privativos que protegia fossem devidamente regulados, pois alguns –como as invenções, as marcas e os modelos e desenhos industriais – eram fundamentais para o desenvolvi-mento da industria e do comércio.

O Governo de então sentiu particularmente o problema e apre-sentou ao Chefe de Estado, que era SM o Rei Dom Carlos, um Projeto de Decreto, que justificando a necessidade de revisão das leis dos vários direitos privativos da Propriedade Industrial, não só incluía todos, como tratava de outros ainda sem lei própria, da concorrência desleal e do Boletim da Propriedade Industrial.

Este Projeto de Decreto foi acompanhado por um “Relatório” jus-tificativo, que tem o maior interesse, mas que sendo muito extenso, apenas é possível reproduzir parcialmente.

Convém lembrar que estávamos no mês de dezembro de 1894, ou seja há cerca de 120 anos.

2 = Trata-se do seguinte “Relatório”: “Senhor. – O nosso paiz atravessa um período histórico em que a agri-cultura, a industria e o commercio, pela sua maior atividade e pela mais conveniente aplicação dos seus esforços, têem realisado importantes e valiosos progressos, que são também inquestionavelmente devidos à benéfica influencia dos aperfeiçoamentos scientificos e do alargamento de relações que os novos systemas de viação mais facilitam e melhor fo-mentam.Caminhámos por muito tempo com passos incertos e vagarosos, come-çando por isso muito tarde para nós o renascimento da vida industrial. N’estes últimos anos, porém, as industrias portuguezas com uma per-sistente, infatigavel e extraordinária energia têm envidado os seus me-lhores esforços no sentido de poderem com a produção propria suprir as necessidades do consumo interno, – pretensão essa, digna dos maiores louvores, e inspirada nos mais patrióticos intuitos, que dentro de poucos anos será coroada dos mais satisfactorios resultados. ……É que a legislação de um povo tem sempre de seguir, e muitas vezes de favorecer e incitar as suas diversas evoluções sociológicas, e entre estas, a do seu progresso industrial na sua mais ampla accepção ; e por mais ténue que possa ser a iniciativa particular, como infelizmente tem sido em Portugal, haverá sempre que proteger, porque nem o movimento do progresso pode cessar, nem, se alguma vez elle é retardado, a sua lei, reagindo, deixa, por fim de dominar com um vigor mais enérgico e com um brilho mais fulgurante. ……A legislação sobre a propriedade industrial deve compreender tudo quanto se refira: ás invenções e á sua exploração; aos desenhos e modelos; ás marcas; aos nomes industriaes e commerciaes; ás recompensas; aos casos de concorrência desleal, em que se compreende a violação dos segredos de fabrica.

D’esta simples enumeração poderá parecer a esphera da legislação indus-

CONCEItO DE IMItAÇÃO DE MARCA REGIStADA

trial demasiadamente lata. A verdade, porém, é que nos diversos pai-zes, que se têem ocupado a serio dos serviços de propriedade industrial, toma-se a palavra industria na sua ccepção mais geral, incumbindo-se a mesma repartição, das marcas de fabricas, das de commercio e das invenções ou descobertas de qualquer ordem.

3 = Este “Relatório”, apresentado pelo Governo a SM o Rei Dom Carlos, em 15 de dezembro de 1894, foi acompanhado pelo respe-tivo Projeto de Decreto, imediatamente assinado, tendo dado lugar ao Decreto da mesma data, que, alguns meses mais tarde, viria a ser regulamentado pelo Regulamento de 28 de março de 1895 e, depois, transformado na Carta de Lei de 21 de maio de 1896.

4 = Este foi, verdadeiramente, o primeiro Código da Propriedade Industrial em Portugal.

E tal como previsto no “Relatório”, essa Carta de Lei tratava de todos os direitos privativos protegidos então no nosso País, dis-tribuídos por Titulos de patente, Titulos de registo e Titulos de depósito :

a) Títulos de patente

- Patente de invenção - Patente de introdução de novas industrias

b) Títulos de registo

- Marca industrial - Marca comercial - Nome industrial ou comercial - Recompensas

c) Títulos de depósito

- Desenhos industriais - Modelos industriais

Com exceção das “patentes” de introdução de novas industrias, todos os direitos foram conservados nos Códigos seguintes, com

Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial

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PROPRIEDADE INDUSTRIAL

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algumas correções e adaptações e completados por outros novos, como os modelos de utilidade, as insígnias, as denominações de origem e as indicações geográficas.

5 = As “patentes” de introdução de novas industrias nada têm a ver com a Propriedade Industrial e nunca deviam ter sido incluídas na Carta de Lei de 1896.

Em todo o caso, cerca de quatro anos antes tinha sido publicado o Decreto de 30 de setembro de 1892, com uma longa justificação, aconselhando que a “patente” de introdução de novas industrias fosse adotada – da qual se reproduzem três ou quatro parágrafos:

“Senhor. – Há muito se reconhece a necessidade de uma legislação es-pecial tendente a garantir aos introductores de novas industrias, du-rante um certo período, o fructo da sua iniciativa, dos seus esforços e da sua experiencia, tendo sido apresentada ás côrtes em dezembro de 1891 uma proposta de lei n’esse sentido, que não pôde ser discutida. Esta necessidade acentua-se de dia para dia, e a adoção de uma providencia imediata, no sentido indicado, impõe-se como meio de alargar o campo da atividade nacional, proporcionando trabalho às classes operarias e concorrendo para diminuir o desequilibrio entre a nossa importação e exportação. ……

O projeto de decreto que temos a honra de submetter à approvação de Vossa Majestade obedece, nas linhas geraes, a uma ordem de idéas ana-loga á que inspirou as providencias acima indicadas : confere ao gover-no a faculdade de conceder ao introductor de qualquer nova industria, por praso não excedente a dez anos, o direito exclusivo de fabricar os productos d ’essa industria, faculdade de que elle usará unicamente nos casos especiaes em que os interesses públicos o aconselharem, e quando se tratar de uma nova industria importante ainda não estabelecida no paiz. Para determinar o que seja nova industria e evitar que a conces-são possa lesar direitos legítimos ou prejudicar industrias existentes, o projeto estabelece regras tendentes a dar a conveniente publicidade aos pedidos de patentes de introdução, marca prasos para as reclamações dos interessados e auctorisa o recurso para o supremo tribunal administra-tivo, garantindo, por esta forma, todos os direitos e acautelando todos os interesses. …

Julga o governo que d ’esta providencia muito haverá a lucrar a indus-tria nacional, habilitada como fica a desenvolver-se pela introducção de novas industrias, que, sem as garantias especiaes agora oferecidas, só com morosidade se poderiam implantar no paiz. N’esta persuasão tem a honra de elevar á sabia approvação de Vossa Majestade o seguinte projeto de decreto.

6 = As “patentes” de introdução de novas indústrias mantiveram-se em vigor até a aprovação do Código de 1940 – ou sejam mais de 45 anos – altura em que foram devidamente apreciadas no Parecer da Camara Corporativa e discutidas na Assembleia Nacional, tendo sido, muito justamente, consideradas sem condições para integrar um Código de Propriedade Industrial.

Efetivamente, não há qualquer justificação para este tipo de “pa-tentes”, que nada tem a ver com direitos de propriedade industrial.

É possível que a sua integração na Carta de Lei de 21 de maio de 1896 tenha resultado do facto de terem sido adotadas apenas cerca de 4 anos antes (Decreto de 30 de setembro de 1892) e, possivel-mente, então aprovadas pelos mesmos Ministros que as incluíram na Carta de Lei, por entenderem que essa proteção era justificada.

Este assunto será tratado oportunamente, ao examinarmos os co-mentários feitos pela Camara Corporativa à Proposta de Lei rela-tiva ao Código de 1940.

7 = Outro direito incluído na Carta de Lei de 21 de maio de 1896 são as “Recompensas”, que têm resistido, mantendo-se, ainda, no atual Código da Propriedade Industrial de 2008 (artigos 271º a 281º).

Na verdade, quem confere as recompensas nada tem a ver com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial – é o Estado Portu-guês ou Estados Europeus, quem organiza Exposições, Feiras ou Concursos, etc – e não se entende para o que serve o registo, uma vez que quem confere a recompensa, entrega, sem dúvida, um do-cumento comprovativo a quem a recebe.

8 = Do que fica exposto, pode facilmente concluir-se que, até 1896, era modesta a proteção de direitos de Propriedade Industrial em Portugal.

Na verdade, não havia ainda qualquer lei para os modelos e dese-nhos industriais e para os nomes e insígnias de estabelecimento.

Existia, é certo, um modesto Boletim de Propriedade Industrial, que começou a publicar-se em 1895 – e que, naturalmente, apenas dizia respeito às patentes e às marcas – mas que só em 1995 tomou o formato que se manteve muitos anos.

Como é sabido, dos direitos de Propriedade Industrial que se pro-tegem, alguns não são os mesmos em todos os países : mas há três direitos que – pode dizer-se – se protegem em todo o mundo, ou sejam, as patentes, as marcas e os modelos e desenhos industriais.

Em Portugal as patentes começaram a proteger-se com o Decreto de 16 de janeiro de 1837 e as marcas com a Carta de Lei de 4 ju-nho de 1883 – e, por estranho que possa parecer, as “patentes” de introdução de novas indústrias foram as seguintes, com o Decreto de 30 de setembro de 1892.

“As “patentes” de introdução de novas indústrias mantiveram-se em vigor até a aprovação do Código de 1940 – ou sejam mais de 45 anos – altura em que foram devidamente apreciadas no Parecer da Camara Corporativa e discutidas na Assembleia Nacional, tendo sido, muito justamente, consideradas sem condições para integrar um Código de Propriedade Industrial”

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NOVA LEI DO INVEStIMENtO PRIVADO EM angola

No dia 11 de agosto do presente ano, a Assembleia Nacional aprovou um novo regime para o Investimento Privado em Angola, porquanto foi considerado que o anterior regime encontrava-se desajustado em relação à dinâmica que este importante elemento

das politicas de fomento e atracão do investimento direto estrangeiro acarreta para o desenvolvimento económico de Angola.

A OPINIÃO DE Sara Macias, Advogada na sociedade “Gameiro e Associados”

N o preâmbulo desta nova lei refere-se ain-da que o Investimento privado continua a ser uma aposta estratégica do Estado Angolano, quer seja para a captação e

mobilização de recursos humanos, financeiros, tecnológicos, quer seja para o desenvolvimento económico e social, quer seja para a diversificação e incremento competitividade da economia, quer seja para o crescimento da oferta de emprego e em resumo para alcançar a melhoria das condições de vida das populações.O presente diploma, atendendo à necessidade de se desburocratizar o procedimento de admissão do investimento, assim como adequar o sistema de incentivos económicos e benefícios fiscais e aduaneiros à atual dinâmica económica do pais, cria assim regras e procedimentos mais atrativos ao investidor.É muito importante desde já realçar que a presen-te Lei nº 14/15 de 11 de agosto revoga de forma integral a anterior lei ( Lei nº 20/11 de 20 de maio sob o mesmo nome), que entrou em vigor à data da

sua publicação, e que a sua regulamentação não se aplica aos projetos aprovados antes da sua entrada em vigor. Em relação a estes, a sua regulamentação será aferida até ao termo de implementação nos termos em que a autorização foi concedida.No entanto, caberá ao Investidor analisar cuida-dosamente os novos procedimentos legislativos e requerer ou não a submissão desses projetos aprovados pela Lei 20 / 11 de maio ao regime atual. Realçamos ainda que os projetos em fase de aprovação serão já analisados pelo atual ins-trumento jurídico e aproveitar-se-ão os tramites já observados.Este diploma, em vigor desde a sua publicação, estabelece as bases gerais do investimento privado na República de Angola e define os princípios e o regime de acesso aos incentivos e outras facili-dades a conceder pelo Estado a este tipo de in-vestimento.  Não se pretendendo realizar um estudo exaustivo do presente diploma, referem-se tão somente as principais alterações introduzidas e que podem de

facto readaptar os projetos de investimento, e po-dem fazer com que os investidores com projetos em curso, queiram ver os mesmos reorganizados. Realçamos no entanto que todos os Investidores deveriam analisar as alterações ora introduzidas e, reanalisar junto de analistas de Investimento, a submissão ou não dos seus projetos a este novo Diploma. Por muito que gostássemos de aqui elencar as vantagens da submissão, cada projeto de investimento tem as suas especificidades e apenas in casu é oportuno desenhar uma estratégia jurí-dica económica.

QUANTO AO ÂMBITO DE APlICAÇÃO A presente Lei aplica-se a investimentos privados externos de qualquer montante, e aos investimen-tos privados internos de montante igual ou supe-rior a Kz 50.000.000,00. Esta alteração representa a revogação da regra, em muitos casos inibidora da prossecução de muitos projetos, de aprovação de apenas investimentos externos superiores a usd 1.000.000,00 ( Um milhão de dólares americanos).

DIREITO & jUsTIÇA

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APlICAÇÃO DE BENEfíCIOs E INCENTIVOs AO INVEsTIMENTO

No entanto, é interessante salientar que os be-nefícios aduaneiros e incentivos tributários ape-nas serão plasmados aos Investimentos externos cujo montante global corresponda ao contra-valor em kwanzas equivalente ou superior a usd 1.000.000,00 ( um milhão de dólares americanos).Aos investimentos de montante inferior a usd 1.000.000,00 apenas concederão ao investidor o direito de repatriar Lucros, dividendos e mais valias.Este novo dispositivo legal tem ainda sobre o tema da concessão de incentivos e benefícios fiscais uma linha orientadora para a eliminação da discricio-nariedade da análise, e visar sim o alinhamento jurídico que já foi introduzido pela Nova Pauta Aduaneira. Assim cada projeto será contemplado com os benefícios e incentivos fiscais que deter-minarem cumulativamente da criação de postos de trabalho com mão de obra local, valor efetivo do investimento, localização geográfica, nível de produção agrícola, percentagem da participação de acionistas angolanos. Definitivamente este é mais um instrumento ju-rídico em prol da criação de riqueza da nação an-golana e do valor acrescentado que cada projeto de investimento poderá carrear para o povo angolano. Nesta senda, o legislador enunciou taxativamente os objetivos inerentes à atribuição dos incentivos, a saber: - Incentivar o crescimento da economia; - Promover o bem estar social, económico e cul-

tural das populações, em especial da juventude, dos idosos, das mulheres e das crianças;

- Promover as regiões do interior e mais desfa-vorecidas;

- Aumentar a capacidade produtiva nacional; - Elevar a qualidade dos bens produzidos no país; - Proporcionar e promover as parcerias entre en-tidades nacionais e estrangeiras; - Induzir a criação de novos postos de trabalho e

promover a qualidade da mão de obra angolana; - Fomentar as exportações e diminuir as impor-

tações; - Dignificar o equilíbrio da balança de pagamen-

tos;

- Dotar o mercado interno de produtos bastantes, - Reabilitar e ou modernizar as infraestruturas

destinadas à atividade económica.

Em súmula, a concessão de benefícios aduanei-ros e incentivos fiscais aos projetos aprovados no âmbito da nova Lei encontra-se dependente da análise casuística das características e âmbito do projeto de investimento.Os incentivos e os benefícios não constituem a re-gra, nem serão de concessão automática e indiscri-minada, nem tão pouco ilimitados no tempo. 

OBRIgATORIEDADE DE EsTABElECER PARCERIAs

De forma a esclarecer os mitos que ainda subsis-tiam na antiga Lei do Investimento privado, o con-ceito de empresa angolana é definido como toda e qualquer sociedade unipessoal ou pluripessoal, legal e regularmente constituída, com sede em território nacional, onde pelo menos 51% do capital social seja detido por cidadãos angolanos, e por exclusão de interpretação jurídica, toda a empresa estrangei-ra será toda aquela que não preencha os requisitos da definição taxativa anterior. Assim um dos aspetos que deverão merecer a nossa atenção nesta nova lei é a introdução do conceito de obrigatoriedade do estabelecimento de parce-rias entre os investidores estrangeiros e cidadãos angolanos, empresas de capital púbico e/ou empre-sas angolanas, cuja participação deverá ser de, pelo menos, 35% do capital social, para além de deterem uma participação na gestão da sociedade, devida-mente refletida no acordo de acionistas. Alvitramos nós da ponderada reflexão a usar aquan-do da criação do pacto de sociedade e da atribuição da gestão efetiva da nova sociedade. Esta cláusula aplica-se sempre que esteja em causa um investi-mento estrangeiro nos seguintes setores prioritários de atividade, em articulação com o disposto na nova pauta aduaneira: Eletricidade e Água; Hotelaria e Turismo; Transportes e Logística; Construção Ci-vil; Telecomunicações e Tecnologias de Informação e Meios de Comunicação Social.

OPERAÇõEs DE INVEsTIMENTO ExTERNOAo abrigo da nova LIP, a criação e ampliação de

sucursais ou de outra forma de representação so-cial de empresas estrangeiras deixam de ser quali-ficadas como operações de investimento externo.

V) REPATRIAMENTO DE lUCROs ECONóMICOs OU DIVIDENDOs CONTABIlísTICOs APROVADOs

EM DElIBERAÇÃO sOCIAl Consagra-se a possibilidade ao investidor exter-no do repatriamento de lucros económicos e/ou dividendos contabilísticos aprovados em delibe-ração social, independentemente do montante do investimento, podendo acontecer imediatamente após a implementação e prova de execução do projeto de investimento, sendo excluídas as res-trições temporárias com base na zona de imple-mentação do projeto de investimento e respetivo montante.  É criada para este efeito uma taxa suplementar de Imposto sobre a Aplicação de Capitais inciden-te sobre a distribuição de lucros e dividendos na componente que ultrapasse a participação de fun-dos próprios da sociedade, nos seguintes termos: - 15%, quando o valor excedente for até 20%; - 30%, quando o valor excedente for acima de

20% até 50%; - 50%, quando o valor excedente ultrapassar mais

de 50%.

 Esta medida visa penalizar a retirada de lucro fá-cil e também incentivar as empresas sujeiras do investimento a reinvestir os valores auferidos em território nacional, eliminando a tendência de expatriar os recursos sob a forma de lucros e divi-dendos, não sendo a taxa aplicável aos dividendos e lucros reinvestidos no País.    VI) ENTIDADE REsPONsáVEl

PElA APROVAÇÃO DOs PROjETOs DE INVEsTIMENTO PRIVADO

A aprovação dos projetos de investimento priva-do passa a estar a cargo do Órgão da administra-ção direta ou indireta a quem o Titular do Poder Executivo delegue tal função. Esta foi apenas uma primeira abordagem ao novo dispositivo legal, aguardando-se a todo o momento desenvolvi-mentos legislativos.

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O NOVO EStAtUtO DA ORDEM DOS ADVOGADOS

foi publicado em setembro deste ano o novo Estatuto da Ordem dos Advogados (EOA), que entrará em vigor no dia 9 de outubro de 2015. Desde que os advogados passaram a ter um estatuto próprio (o que ocorreu em 1984) e autónomo

(antes o seu estatuto estava integrado no Estatuto judiciário, diploma que regulava a organização dos tribunais, o estatuto dos magistrados judiciais e do Ministério Público, e, sob a epígrafe “Do mandato judicial”, o estatuto dos

advogados), que as alterações a este diploma geram acesos debates no seio da classe.

A OPINIÃO DE Manuel Ramirez Fernandes, Partner da RAMIREZ & ASSOCIADOS, Sociedade de Advogados RL

Mas o alcance de qualquer alteração ao Estatuto da Ordem dos Advogados não interessa exclusivamente aos ad-vogados e agentes judiciários. Interes-

sa ao público em geral, na medida em que o acesso à Justiça e aos Tribunais faz-se, quase exclusiva-mente, através do patrocínio das partes em juízo pelos advogados. Sem o advogado a máquina judi-cial não funciona. A Advocacia estabelece a ponte entre a Justiça e o cidadão, sem a qual este a ela não pode aceder.Mas o que se alterou com este novo estatuto? Que questões mereceram discussão e de que forma foram consagradas na sua versão final? Pela sua maior relevância, enunciamos as seguintes:1 – Relativamente à possibilidade de exercício da Advocacia em estruturas multidisciplinares, manteve-se a proibição de que as sociedades de advogados exerçam, direta ou indiretamente, a sua atividade em qualquer tipo de associação ou integração com outras profissões, atividades e entidades cujo objeto social não seja o exercí-cio exclusivo da advocacia. Com a manutenção desta proibição, continua vedado às sociedades de consultoria e auditoria a entrada no exercício da Advocacia, seja como sócias de sociedades de advogados portuguesas, seja sob qualquer ou-tra forma de associação ou integração com estas. Aplaude-se a manutenção desta proibição. Sem ela perdia-se a independência que a Advocacia deve ter no exercício da sua função de elemento essencial à administração da Justiça, missão com dignidade constitucional. Por outro lado, a supres-são desta proibição poria em perigo aquela que é a pedra basilar do exercício da Advocacia: o segredo profissional. Sem segredo profissional não pode existir a profissão de advogado.2 – Algumas questões foram debatidas e alteradas no âmbito do acesso à profissão. Lamenta-se que se tenha considerado suficiente a licenciatura em Direito pós-Bolonha para admissão ao estágio de Advocacia, sem que seja exigido o mestrado em Direito, exigência que se mantém relativamente ao acesso à profissão de magistrado. Não existe, no nosso entender, qualquer justificação para esta diferenciação de requisitos no acesso a estas pro-fissões, uma vez que o interesse público reclama igualmente que ambas venham a ser exercidas por candidatos com sólida formação jurídica de base. A Advocacia, pelo interesse público que está as-sociado à sua prática, devia ter merecido do legis-lador um sinal claro de que a candidatura ao seu exercício exige uma dedicação e vocação que vão para além da licenciatura em Direito pós-Bolonha.

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Aplaude-se, mesta matéria, a alteração que deter-mina que o tempo de estágio de Advocacia volte a ser reduzido para 18 meses. Necessário é também que desapareçam as vicissitudes administrativas e organizacionais que, só por si, originavam tempos de estágio de duração muito superior à regula-mentar.3 – Ao nível das incompatibilidades, o regime que antes só era aplicável aos presidentes de câmara municipal, passou também a aplicar-se aos vice--presidentes ou substitutos legais dos presidentes e vereadores a tempo inteiro ou em regime de meio tempo das câmaras municipais.O novo estatuto clarificou, também em relação aos vereadores sem tempo atribuído, o impedimento de patrocinar ações contra a respetiva autarquia, bem como intervir em qualquer atividade do exe-cutivo a que pertençam sobre assuntos em que tenham interesse profissional, tal como já o fazia relativamente aos membros da Assembleia da República no respeitante ao patrocínio de ações contra o Estado. No entanto os membros da As-sembleia da República continuam a ser exceciona-dos do regime de incompatibilidades, numa opção legislativa que continua a merecer as maiores crí-ticas. Não deixa de ser curioso que o organismo que representa os advogados portugueses solicite a inclusão do exercício do mandato de deputado na lista das atividades incompatíveis com o exercício da advocacia, e que seja o próprio órgão constitu-ído pelos deputados à assembleia da República a inviabilizar esta pretensão, “em causa própria”.4 – São mantidas as atuais delegações da Ordem dos Advogados com referência aos municípios onde se situam, em substituição da anterior refe-rência às comarcas judiciais, extintas pela reforma do mapa judiciário, mantendo a mesma represen-tatividade e proximidade aos advogados e popula-ções existente antes da alteração estatutária.5 – Não foi acolhida no novo estatuto a reivin-dicação de certificação, pela Ordem dos Advo-gados, dos atos próprios da Advocacia, através da utilização da chamada “vinheta jurídica”. O novo estatuto não procedeu a qualquer alteração da Lei dos Atos Próprios dos Advogados e Solicitado-res (LAPAS – Lei n.º 49/2004, de 24 de agosto). Pelo contrário, o novo “Estatuto dos Contabilistas Certificados” prevê a possibilidade de contabilistas exercerem o mandato forense nos processos tribu-tários de valor não superior a € 10.000,00. Até esta alteração só podiam representar os contribuintes numa fase administrativa e não judicial do proces-so. Trata-se de uma iniciativa legislativa, no nosso entendimento, muito infeliz e despropositada. A LAPAS reserva o mandato forense aos advogados e solicitadores, tecnicamente formados para lidar com as normas processuais envolvidas na aplica-ção do direito fiscal e na dinâmica diária destes tribunais de competência especializada. Esta alte-ração acaba por possibilitar que contabilistas in-vadam a esfera de atuação própria dos advogados, sem estarem sujeitos à disciplina deontológica da Advocacia, onde pontifica o dever (e prerrogativa) de segredo profissional e a obrigação de exercício do mandato com independência. Esta iniciativa legislativa promove a confusão e promiscuidade entre profissões jurídicas e profissões não jurídicas, que foi noutro plano evitada com a manutenção da proibição do exercício da Advocacia em estru-turas multidisciplinares, facilmente se confundin-do (ou até conflituando) o interesse próprio do contabilista com o do contribuinte representado, uma vez que grande parte dos conflitos tributários

radicam em atos materialmente praticados por estes profissionais em divergência com a adminis-tração tributária.Várias outras questões, que não mereceram qual-quer alteração com o novo estatuto, poderiam ser debatidas e apontadas como matérias a carecerem de análise e reflexão. Entre elas estão, seguramen-te, a da discussão pública de questões profissionais e da informação e publicidade na Advocacia. O EOA proíbe aos advogados a discussão pública de questões profissionais pendentes. Esta regra admi-te derrogação, sempre que esteja em causa direito de resposta considerado necessário para prevenir, ou remediar, ofensa à dignidade, direitos e interes-ses legítimos do cliente ou do próprio advogado. O fenómeno da mediatização da Justiça torna os meios de comunicação social um poderoso meio de influência sobre a ação da justiça, que deve atu-ar de forma serena e livre de qualquer pressão. A prática tem demonstrado que a exceção pode tor-nar-se a regra quando estão em causa processos de maior interesse jornalístico. Por outro lado, o atual regime da informação e publicidade na Advoca-cia não tem conseguido evitar a mercantilização massiva das formas e técnicas como algumas so-ciedades de advogados publicitam a sua prestação de serviços, contra a qual não conseguem concor-rer os advogados em prática individual e, sobre-tudo, os jovens advogados. Existem razões, que a

razão conhece, para considerar que a publicidade do exercício da advocacia não deve ser feita nos mesmos moldes e padrões que são utilizados por outros prestadores de serviços ou outras atividade económicas.Uma última palavra para o importantíssimo tema do estágio de advocacia (na suas fases inicial e complementar), da prova de agregação final e da formação contínua dos advogados, que carece de regulamentação e organização urgente. Todos os advogados portugueses devem estar disponí-veis para colaborar com os órgãos da Ordem dos Advogados no modelo de estágio e de formação contínua que deverá decorrer do novo EOA. Sem prejuízo da participação de outras entidades ou instituições, a Ordem dos Advogados não deve ab-dicar de enquadrar e dirigir o estágio e a formação dos advogados que acolhe, porque “a universida-de ensina, mas é a vida que forma” (ANTÓNIO ARNAUT, in “Iniciação à Advocacia”, 11ª edição revista, Coimbra Editora), e porque “O compro-misso dos Advogados com a Justiça e a Verdade não deve confundir-se com a busca da verdade ma-terial que, com imparcialidade, cabe ao juiz realizar. O Advogado é por definição parcial e cumpre-lhe defender a verdade relativa da parte que represen-ta” (FERNANDO SOUSA MAGALHÃES, in Estatuto da Ordem dos Advogados – Anotado e Comentado, 2012, 7ª Edição, Almedina).

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DIREITO & JUSTIÇA

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No início deste setembro, agora entrada em vigor, a lei veio fazer alterações no sentido de algumas pequenas necessidades.Comecemos pela mais popular, a Lei n.º

122/2015 de 1/9, que introduz a continuidade, de forma automática, da pensão de alimentos aos filhos até aos 25 anos. A pensão - fixada para o então me-nor - é mantida, deixando ao progenitor-pagador o encargo de dar entrada dum processo a provar o fim da educação do destinatário da pensão, terminando assim a obrigação da pensão.A lei deixa uma segurança: o progenitor que assu-me a título principal o encargo de pagar as despesas do filho, agora de maior idade, pode exigir ao outro progenitor a contribuição para o sustento e educa-ção do filho.Por falta de meios humanos a lei visa diminuir os processos em que o filho demanda o progenitor pe-dindo uma pensão, diminui os prazos de espera de uma decisão que não se coaduna com o crescimento acelerado do infante.Nas palavras de Daniel Sampaio in “O Tribunal é o Réu” fls 48 ed Caminho: “O julgamento demora, contudo neste castelo. A espera pode atingir dois anos. Este atraso em julgar tem como consequên-cia devastadora o facto de a criança ser submetida à guerra entre os pais, sem que alguém a defenda e sem que exista uma instância reguladora que res-ponsabilize os progenitores.”Por outro lado o jovem, durante toda a infância, ou-viu os pais guerriar-se entre si, mas dizendo ao filho que ele nada tinha ver com as guerras e no dia dos 18 anos de aniversário pedem-lhe para assinar uma procuração, para demandar um dos progenitores.A alteração é de louvar, mas crê-se que seria de pre-ferir uma lei que mandasse nomear, a cada criança de pais separados, um Juiz de Família – tipo médico de família – que o seguiria desde a separação dos pais, de forma automática pelo menos no divórcio. Este automatismo diminuiria conflitos e violência doméstica.A Lei n.º 137/2015 de 7/9 vem prever a situação quando um dos pais não puder exercer as respon-

AS RESPONSABILIDADES dos pais separados

A probabilidade do leitor, se tiver um filho, estar separado do outro progenitor ou vir a estar, é mais de cinquenta por cento, pelo que este artigo é para si.

sabilidades parentais por ausência, incapacidade ou outro impedimento decretado pelo tribunal. Neste caso pode agora ser atribuída a responsabilidade parental, em primeiro lugar ao cônjuge ou unido de facto de um dos progenitores do menor e em segun-do lugar a alguém da família de qualquer dos pais.A reintrodução do espirito de família, numa socie-dade monoparental parece descontextualizada, mas é uma forma de proteger o menor, que não deve ficar sozinho numa cidade onde as instituições de-moram a dar resposta às suas necessidades. Dá-se poder a uma avó, por exemplo, para ter os poderes que a tradição lhes exigia já exercer.Outra novidade é a do progenitor, a quem cabe o exercício das responsabilidades parentais dos atos da vida corrente, poder exercê-las mas poder tam-bém delegar o seu exercício. Veremos se os Juízes serão chamados a pronunciar-se sobre essa forma de delegação de poderes, que poderá ser um proble-ma com a “nova namorada do pai.”

A OPINIÃO DE Túlio Machado Araújo,Partner da Túlio M Araújo, Cristina Castro & Associados

Temos ainda a Lei n.º 141/2015 de 8/9 que veio alterar uma lei de 2009 sobre apadrinhamento civil. O apadrinhamento civil é uma relação jurídica, de caráter permanente, entre um jovem e uma pessoa singular ou uma família que exerça os poderes e de-veres dos pais e que com ele estabeleçam vínculos afetivos que permitam o bem-estar e desenvolvi-mento, constituída por decisão judicial e sujeita a registo civil.Não tem as obrigações de uma adoção mas permi-tem ao jovem o crescimento longe dos conflitos dos pais, ou do país de origem ou vir para a cidade, para junto de uma tia sem que os pais, que estão numa serra, se sintam despromovidos. Não se confunda este apadrinhamento com o que resulta dos bati-zados.Quando o compromisso de apadrinhamento civil for celebrado na comissão de proteção de crianças e jovens ou noutra instituição habilitada, é o mesmo enviado ao tribunal competente, dependendo de parecer do Ministério Público neste processo que é de jurisdição voluntária e por via eletrónica o que permite maior celeridade.Pela Lei n.º 142/2015 de 8/9 foi alterada a Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo - Lei n.º 147/99 de 1/9. A intervenção das comissões depen-de do consentimento expresso dos pais ou da pes-soa que tenha a guarda de facto. Foram introduzidas duas especificações: os dois pais estejam de acordo quanto à intervenção da comissão, mesmo que só um deles conserve o exercício das responsabilidades parentais e a possibilidade de dispensar um proge-nitor se estiver incontactável.A ideia é acudir rapidamente às situações, mas ha-verá a possibilidade de injustiças, por dar poder a quem não tem o poder jurisdicional, mas sim admi-nistrativo, do qual o recurso é lento e as consequên-cias poderão ser graves na formação do jovem, na qual um dos progenitores chegou atrasado.Chama-se também a atenção para a Lei n.º 120/2015 de 1/9 que veio dar mais direitos aos recém progenitores, pois que ser pai e mãe não é só deveres.

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Qual é o papel da Travel Gate na gestão de viagens de negócios?Atualmente as viagens de negócios têm um gran-de peso na estrutura de custos das empresas. É fácil perceber a importância que a gestão destas viagens tem e o papel que essa prática desempe-nha para se atingirem os objetivos.Otimizar os gastos das viagens e alojamentos, simplificando e conferindo conforto, para que a concentração do cliente seja unicamente o seu negócio.Distinguimo-nos pela grande experiência no mercado de viagens empresariais e pela oferta de soluções ajustadas a cada organização.Algumas das maiores empresas do país já beneficiam dos nossos programas de otimização de custos.

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teresse do cliente, conseguindo reduzir os custos sem comprometer a qualidade, o serviço ou a conveniência do mesmo.Atualmente, gerimos viagens de importantes em-presas nacionais, conseguindo reduções de custos que chegam atingir os 45%. Feito só conseguido através do estudo das necessidades individuais de cada organização e pela utilização de todas as al-ternativas disponíveis no mercado, inclusivamen-te do recente fenómeno das companhias Low Cost. Todos os aspetos de aquisição de viagens encontram-se em constante transformação, não sendo de estranhar que os responsáveis por esta gestão estejam a olhar mais atentamente para os recursos de consultoria, a que normalmente não davam muita atenção. O nosso trabalho é procu-rar responder assertivamente O nosso trabalho está orientado para a satisfa-ção desta procura. O trabalho que desenvolvemos diariamente na gestão e análise de viagens das mais exigentes empresas nacionais confere-nos capacidade para fornecer as melhores soluções disponíveis com excelentes resultados.

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falou sobre a evolução da marca e do futuro da mesma.

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Angola, Terra de encantos, contos e histórias. Um país que muito tem passado mas que, com a força dos que lá permanecem, tem sabido renovar-se e evoluir, sendo hoje um destino de enorme valia, com muito potencial e diferenciação, num país que muito tem ultrapassado e que chega a uma era contemporânea mais forte, mais capaz, mais desenvolvido.

2015 é um ano importante na história deste país. Com-pleta 40 anos de independência. Contudo, foram somen-te 13 anos de paz, pois passaram 27 anos sob uma vio-lenta guerra civil, cenário finalizado, a bem de um povo que mesmo perante as agruras tem sempre um sorriso e uma alegria genuína no saber receber. Só quem passou por estas dificuldades consegue per-petuar este legado de um país maravilhoso. De gentes fantásticas. De pessoas genuínas. De tradições e cultu-ras próprias. Enfim, um legado da marca Angola que é hoje uma marca mundial. Angola ultrapassou frontei-ras. Angola está em todo o lado. Angola é hoje um país apetecível. A Revista Pontos de Vista quis saber mais através de quem conhece. Através de quem lá vive. Através da voz de Cilene Correia, a «mulher furacão» como alguém um dia a rotulou. Mulher de fibra e força, a Administradora da Defendideias, empresa angolana de design, tem vindo a erguer um pequeno «impé-rio», um espaço «made in» Angola e que faz tudo por Angola. “É a minha terra”, diz a nossa entrevistada, emocionada quando fala dos pais e de todos aqueles que tantas dificuldades ultrapassaram num país que viveu momentos verdadeiramente dolorosos e angus-tiados. Cilene Correia tem essa «missão», ou seja, o de continuar a recontar a história do seu país, buscando em cada peça criada a verdadeira essência da alma an-golana. Quando ouvimos a nossa interlocutora, não é angústia ou tristeza que percebemos na sua voz, mas orgulho e uma vaidade positiva de e por um país que alcançou muito e que pode granjear muito mais. Assim haja união para tal. Cada qual apoia à sua maneira. Do seu jeito. Como melhor sabe e pode. Cada qual tem um desígnio e uma aspiração e Cilene Correia tem o seu. O de continuar a levar e a elevar o nome de Ango-la. Como? Através da Defendideias e dos produtos ins-pirados nos elementos nacionais, como a bandeira, o mapa do país, as esculturas locais, entre outros. Rein-ventando se necessário peças em porcelana, cristal, tapeçaria, joalharia e decoração. São formas de conti-nuar este legado angolano. De sangue vivo angolano, Cilene Correia sempre teve apetência por esta área… “veio do sangue, veio da minha mãe”, refere, lembran-do que foi ela a transmitir o gosto do saber fazer e criar coisas diferentes… “Foram serões e férias escolares a «inventar» coisas, com as roupas usadas, com acessó-rios utilizados”, salienta com saudade, lembrando que a vida naquele tempo não era fácil e esta foi uma forma de «criar» coisas novas. E foi assim, através desta sim-plicidade e singularidade que Cilene Correia deu os primeiros passos nesta, o que lhe permitiu hoje, “poder

contar a história da terra que me viu nascer”. Mas estará já a Defendideias «enraizada» na cultura e sociedade angolana? Cilene Correia não tem dúvidas, diz que sim, com orgulho e lembra que passados todos estes anos a aceitação “ultrapassou as minhas expec-tativas, na medida em que os nossos produtos estão hoje dispersos um pouco pelo mundo e na posse das individualidades e personalidades reconhecidas mun-dialmente”. É de salientar que o número 1 de todas as edições li-mitadas e numeradas da Defendideias são oferecidas ao Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, até porque as referidas peças se referem a efemérides simbólicas e marcantes de Angola, tal como os 40 anos de Independência de Angola. Mas vamos por partes. A DEFENDIDEIAS surgiu por isso mesmo. Pela tradução da essência de um desafio de vida, de uma miscelânea de emoções, onde o fluir da saudade culminou com esta marca de relevo angolano e que já ultrapassou fronteiras. Foi essa vontade de Cilene Correia, essa alma angolana, que levou a nossa entrevistada a edificar, em 2009, a DEFENDIDEIAS. E depois de um percurso de reconhecimento e prestígio, com peças de enorme valor artístico e cultural, chega-mos a 2015 e à nova coleção, apresentada no passado dia 24 de setembro, no Epic Sana, e que segue duas linhas: a vertente mais clássica e que se prende mais com a alma angolana e a vertente mais contemporânea, mais livre, onde as cores “pintam o período mais feliz da minha vida”, refere a nossa interlocutora. Importa real-çar que na DEFENDIDEIAS nada é deixado ao acaso, ou seja, a atitude e alma angolana estão sempre presen-tes. Este evento não foi exceção e foram convidadas três personalidades angolanas de relevo: Guilherme Mam-puya, artista plástico, que pintou uma tela referente às quatro décadas de independência de Angola em que, através dessa tela, foi criada uma caixa de porcelana que serve de «guarda» de um relógio personalizado alo-cado ao tema. Luís Fernando, jornalista e escritor, que foi convidado para escrever um texto que foi colocada numa galinha de porcelana, a famosa «galinha maluca» e que está relacionada com as histórias da infância de Cilene Correia. Por último, Nadir Tati, conceituada es-tilista, convidada para trabalhar os tecidos da DEFEN-DIDEIAS. “Eu queria esta coleção carregada de cor, queria-a capaz de transmitir a essência do espírito angolano através da multiplicidade de objetos delicados e elegantes. Nós somos um povo alegre, de coração quente que vive com a música entranhada na alma: Acredito que conseguimos fazer isso”, salienta satisfeita a nossa interlocutora.

Ao meu Miguel que um dia perguntou: «Ó Mãe, o que é casar?», à resposta simples de «é quando gostamos tanto de alguém que, depois de passearmos muito de mãos dadas, decidimos viver juntos na mesma casa», seguiu-se um «Já sei mamã, quero casar com a minha avó!!!»À avó Manivira, à avó Judite, à avó Isilda, à avó Celeste, à avó Idalina, à avó Alice, à avó Dite, à avó Rosa por terem netos que casariam com elas... e... também à avó que quero ser!

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EN

TR

EV

IST

A Que análise perpetua do segmento do design em Angola? De que forma tem a Defendideias promovido este setor? Em Angola começa a despertar o design na verdadeira aceção da palavra, existem bons artistas mas, a área específica que a Defendi-deias explora, ainda está um pouco adormeci-da... considero que a Defendideias é pioneira na criação de peças que falam sobre o país como as edições limitadas e numeradas.

Sente que o país, neste domínio, tem dado passos seguros e hoje pode ombrear com outros congéneres mundiais? Como já referi, o país está a despertar para essa área, embora noutras possa de facto igualar-se aos melhores do mundo, como os artistas plás-ticos, na área do estilismo e da moda temos também muita qualidade, na área da comu-nicação... quem visitou o Pavilhão de Angola na Expo Milano 2015, teve a oportunidade de constatar que em Angola há gente capaz, há artistas a fazer coisas muito boas, mostrámos ao mundo quem somos, onde estamos, o mui-to que já foi feito em treze anos de paz e o muito que queremos continuar a fazer. Todos juntos, faremos muito mais e melhor.

Na sua opinião, quão importante é colocar uma simbiose entre as raízes, a tradição e o antigo, com uma dinâmica inovadora e contemporânea de cada produto? Esse é um dos segredos da Defendideias? O segredo da Defendideias é a alma, a alma que coloca nas suas peças... e que vem dessa simbiose que é deixar que as memórias e as raízes “falem” através dos produtos mais mo-dernos, mais moda, criando assim essa dinâ-mica inovadora como diz.

Quando pensa num novo produto, em que se inspira? De onde surge a criatividade e inspiração para tal? Os novos produtos vão surgindo um pouco à medida da necessidade que sentimos de apre-sentar coisas diferentes: por vezes a ideia vem de uma das nossas designer’s, a Inês Andra-de ou a Ana Pinto, que por exemplo criaram uma linha casa, uma linha praia... Depois temos as edições especiais e essas sim, são o resultado da minha criatividade inspirada nas minhas memórias... por isso digo que as pe-ças da Defendideias têm alma e todas contam uma história ou... bocados de histórias.

Guilherme Mampuya, Luís Fernando e Nadir Tati são três personalidades angolanas de prestígio nas respetivas áreas. Porquê escolher estas três personalidades? Esta escolha assentou novamente na promoção e personalização do talento angolano?Sim, claro, ao abrir o leque das nossas inicia-tivas para este tipo de interação com outros artistas, tínhamos de unir a nossa vontade de bem fazer ao talento nato de grandes nomes do palco angolano. O Luís Fernando, amigo de outros tempos, adoro “lê-lo”, ele também põe arte em tudo o que escreve... A Nadir Tati, com o seu talento comprovado na área, era a pessoa certa para transformar os nos-sos tecidos em peças de arte... para além de que me identifico com ela no “querer”... na determinação... O Guilherme Mampuya?, o

Guilherme é o mestre das cores que com o seu traço tão característico põe a “nú” as al-mas mais escondidas...

Até onde pretende levar a Defendideias? Qual o patamar? O mercado angolano começa a ser demasiado exíguo para a marca, sendo necessário encontrar outros mercados? Se sim, quais são esses novos mercados?A Defendideias é para ir até aonde a alma nos levar... a fasquia é alta, sem dúvida!!!, mas vamos dando um passo de cada vez, de modo a que cada um deles seja firme o suficiente para não haver recuos... Mas é óbvio que queremos mais do que isso, por questões conjunturais tivemos de adiar a concretização do atelier em Lisboa. Para já, vamos apostar nos mercados africanos, va-mos internacionalizar os nossos Mussulus que esperamos, no verão de 2016, estejam já em Portugal.

Avançar as fronteiras angolanas é também uma forma de levar a história, cultura e tradições angolanas a outro patamar? Claro, exportando os Mussulus estaremos a despertar a curiosidade da origem do nome... e consequentemente, quiçá, a vontade de co-nhecer a ilha paradisíaca que dá nome aos chinelos, inteiramente feitos em Angola e pela Defendideias... Exportando os Xifutus e/ou os Kimbundus, estamos a levar além fronteiras a nossa cultura, as nossas tradições e a despertar a curiosidade sobre o país.

É legítimo afirmar que um dos pilares do sucesso da marca é a capacidade que possui em responder e corresponder às exigências dos vossos clientes? Sem dúvida, o nosso cliente é exigente, muito exigente e isso obriga-nos a ter a capacida-de de sermos exigentes com o nosso traba-lho, com o nosso desempenho e com a nossa postura, todos os dias, 24 horas por dia... Tal como diz o Joni – um dos nossos colaborado-res mais antigos. A Defendideias não é para quem quer lá estar, é para quem merece.

O que podemos esperar da Defendideias de futuro? Quais são as principais prioridades?A Defendideias quer continuar a crescer no mesmo segmento, dentro dos parâmetros de qualidade e dinâmica a que habituou o seu cliente... prioridades?? Internacionalizar os Mussulus!!!

O que significou para si o evento realizado no passado dia 24 de setembro? Foi um momento especial como são todos aqueles em que encerramos uma etapa para logo começar outra. Foi especial porque estive rodeada pela minha equipa fantástica de tra-balho, pelos meus familiares e amigos, tive o privilégio de ver o “espetáculo” ser apresenta-do por duas pessoas especiais: a minha sobri-nha e o meu filho que se mostrou estar à altu-ra do acontecimento, apesar dos seus dezoito anos... A passagem de modelos da Nadir Tati impressionou-me pelo toque especial que ela deu aos nossos tecidos. Ah! Especial também porque usei um vestido feito, há vinte cinco anos, pela costureira mais especial do mundo, a minha Mãe!

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«Por vezes digo que nasci no país errado e pensam que estou a brincar... aqui, onde estou, são demasiado racistas: “não és angolano porque és branco” ... e eu lá tenho a calma de explicar que sou uma mistura “lixada”, ter Kwanza Sul no sangue não é coisa leve! Tem poeira, tem kizomba, tem tudo, é onde estãoas minhas raízes, é o país com que me identifico, é a minha terra!!!»

Frederico Avelino (2015 – Filho de Cilene Correia)

Permitam-me que adote, aqui hoje, uma postura mais intimista e passe por cima das formali-dades habituais tratando a todos por “Meus caros amigos, meus queridos amigos” e vos fale com a voz do coração. Vou começar por dizer-vos que há 40 anos que tenho uma relação de ódio pelo mês de setembro... Foi no dia 21 de setembro de 1975 que deixei a minha terra natal, o meu Seles lá no Kwanza Sul, onde tive uma infância feliz... e parti para Coimbra, a terra do meu Pai e minha porque foi a terra que me acolheu e foi lá que me fiz mulher... Partimos... Pai e Mãe com idades avançadas e, por isso, difíceis para um recomeço de vida... enfim... deixámos uma guerra para enfrentar outras batalhas difíceis porque acumulavam à luta pela sobrevivência e pelo acesso à educação, a dor da perda e a angústia da saudade...Mas o setembro foi insistindo em ser um mês de revolta... foi também num fatídico 20 de setem-bro que o meu Senhor Pai partiu para sempre, deixando-me órfã do seu carinho, dos seus bons exemplos de verticalidade, honestidade, respeito e amor pelo próximo que foi a única herança que nos deixou...Passei anos a pedir à Senhora minha Mãe que não escolhesse o mês de setembro para morrer e ela fez-me a vontade e partiu em outubro depois de ver cumprido o sonho de voltar à sua terra e de transmitir aos netos esse amor pela sua pátria. Hoje, tenho a certeza que estão os dois, lá na minha estrelinha brilhante, felizes porque conscientes do dever cumprido. Tive o melhor Pai e a melhor Mãe do mundo: permitam-me que lhes dedique o meu trabalho pois foram eles que me ensinaram a ser a mulher que sou!!Eles estão felizes também por me verem ultrapassar o meu trauma com o mês de setembro pois consegui a coragem necessária de celebrar algo neste mês. Sobre a Defendideias e sobre o trabalho que desenvolvemos penso que já tudo foi dito, escrito e visto... por isso pouco há a acrescentar... tal-vez dizer-vos que tudo é feito com alma e com coração, desde a peça mais insignificante à maior: todas elas contam uma história ou parte da história da minha vida como a galinha de que o Luís já vos falou. a propósito, deixem-me confidenciar-vos que para hoje, dia especial, fiz questão de usar um vestido feito pela minha Mãe, que foi uma grande costureira, há 25 anos atrás, claro que teve de ser alargado mas isso não interessa agora(risos)... ao vestido feito pela Mãe, adicionei o colorido dos corações Amar Angola feitos por nós... para acrescentar ainda mais alma... e eis-me aqui, carregada de história – Nadir, amiga, far-me-ás tu o vestido do meu meio século... Agora quero deixar um agradecimento profundo à Nadir, ao Luís, ao Guilherme, por terem unido a sua sabedoria à nossa vontade de bem fazer. Bem hajam amigos. Um obrigada enorme, em letras garrafais e escrito com corações à volta como as crianças fazem, e este obrigado é para a melhor das melhores equipas de trabalho do mundo, a minha, a da De-fendideias... permitam-me que vo-los apresente:1º as minhas criativas, aquelas que fazem as minhas ideias e do grupo serem uma realidade: a enorme Inês e a grande Rita com quem tanto discuto o excesso de cor ou a falta dela, o risco a mais ou a menos... Agora os três especiais, aqueles a quem o meu filho chama de irmãos mais velhos, o Joni, o Filipe e o Paizão. Vem agora a Ruth, a Manuela, a Angelina, a Maura, o Cardoso, o Francisco que tanto têm crescido connoscoPara o fim deixei a nossa cota, a tia Tina, a tia de todos que deixou tudo para trás, fez as malas e viajou para longe acreditando no meu projeto e conseguindo ser o meu braço direito e esquerdo... Obrigado também ao meu filho e ao meu marido pela paciência de tanto ouvirem falar de tra-balho em casa. Obrigado a todos... Continuação de feliz noite, até sempre!

Epic Sana Luanda, 24 de setembro de 2015

Pela voz de Cilene Correia

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... oDIAReI SeMPRe AS DeSPeDIDAS...

Ao Joni e ao Filipe a quem as idas ao Uíge fizeram com que,

mais tarde, a nós se juntasse o Paisão e, porque fomos crescendo,

a Tina, a Inês, a Ruth e todos os outros que vieram a seguir...

Agradeço à melhor equipa de trabalho do mundo por acreditarem comigo

que podemos ser todos os dias um bocadinho melhor !!!

obrigada por se deixarem ser o melhor do meu coração.

Cilene Correia

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Apoiar e motivar o empreendedorismo feminino não só em Portugal, mas em todos os países integrantes dos PALOP e Brasil tem sido a grande missão. O que importa saber sobre a “Adoro Ser Mulher”? O que é necessário para integrar esta comunidade?O que importa saber nesta grande missão, é que todas as Mulheres Empreendedoras, podem através desta rede aberta, comunicarem-se, e encontrarem-se nos eventos, fazendo acontecer negócios, partilhando e ajudando--se mutuamente. O mais interessante é elas terem a oportunidade de mostrar os seus produtos ou serviços, sem sair do seu país, e para isso, é necessário que façam um registo gratuito no site (www.adorosermulher.ning.com), criar um perfil profissional e começar a conhecer e a partilhar com outras empreendedoras, já registadas. Esse registo pode também ser feito através da nossa aplicação móvel (App) A nível da lusofonia, a “Adoro Ser Mulher” é um genuí-no triunfo, sobretudo em Portugal com cerca de 69,9% dos registos e Moçambique com 10,8%. Na sua opinião, o que tem ditado o sucesso desta ideia? Esses números já estão diferentes, sobretudo depois do nosso lançamento em Cabo Verde, passado dia 25 de setembro, na cidade Praia, e que foi um sucesso! Pode-mos agora dizer que as Empreendedoras ASM Cabo Verdianas estão com 15 a 18% dos registos no site.Na minha opinião, o sucesso vem da vontade que elas têm de querer fazer acontecer, na paixão pelo que fazem, e sentirem-se parte de um “grupo” de uma forma tão fácil e simples, como ter internet, um computador e fazer um registo sem ter que depender de outros. Depois, é im-portante também referir que, esta comunidade está a ser construída por mulheres empresárias, iguais a todas as outras, que também passaram dificuldades e os mesmos sonhos. Assim que, sabemos o que a Mulher Empreen-dedora necessita, e tudo é criado nesse caminho, porque elas são a comunidade, têm uma voz, uma opinião, e com isso nós desenvolvemos e aperfeiçoamos o projeto. Para ganhar uma nova amplitude e criar mais eventos de networking e formação a um maior número de em-preendedoras, foi criado um protocolo de colaboração que consiste em dar oportunidade a uma gestora inde-pendente numa cidade. Que balanço é possível fazer? Hoje em dia e cada vez mais, não basta ser empresária, importa ser uma verdadeira líder? Balanço muito positivo, pois em duas semanas tivemos cerca de 50 candidatas, e ainda estamos a receber can-didaturas, que podem ser encontradas sempre que entra no site. Quando fomos ao Porto, percebi que, apesar de ter corrido bem, podia ser sido um sucesso maior. Este projeto é para dar oportunidade à Mulher Empreende-dora, certo? Esta foi mais uma forma de dar uma opor-tunidade, às que desejem um desafio maior, um pouco mais de responsabilidade e paixão para ajudar outras mulheres. Não há nada melhor do que ser uma Mulher da sua cidade, que conhece a sua cultura, já tem os seus contactos, esta em “casa”, a organizar os eventos ASM, e ainda ganha dinheiro! Temos que entender que ser lí-

“O que importa saber nesta grande missão, é que todas as Mulheres Empreendedoras, podem através desta rede aberta, comunicarem-se, e encontrarem-se nos eventos, fazendo acontecer negócios, partilhando e ajudando-se mutuamente”, afirma

Ana Cláudia Vaz, Community Manager da Adoro.ser.Mulher - Comunidade de Mulheres Empreendedoras em PT. Um projeto para dar oportunidade à Mulher Empreendedora. saiba mais.

ADORO SER MULHER uma nova oportunidade

ANA CLÁUDIA VAZ

CARL

OS SA

RGED

AS

der é inspirar e motivar os outros, não impor...isso são os chefes. A Gestora independente consegue inspirar e motivar organizando os eventos ASM, e concilia perfei-tamente com a sua atividade profissional.  Este projeto assume como principal motivação facilitar a vida profissional da mulher, ajudando-a a ter mais su-cesso nos negócios. Quais são as principais barreiras que uma líder no feminino tem que enfrentar diariamente?Sim, temos como principal objetivo, dar motivação e facilitar a vida da mulher profissional, para que tenha sucesso nos negócios e fique com mais tempo para si e para estar com a família. Hoje em dia, ter tempo é um luxo. Não existem barreiras diferentes para a mu-lher ou para o homem. Se são barreiras, temos que as resolver e avançar, ponto. Mas, como é óbvio, existem mulheres com uma “veia” mais masculina.  Depois de ser apresentada em Portugal e no Brasil, a plataforma “Adoro Ser Mulher” chega a Cabo Verde. O que significa este momento?Cabo Verde, foi um sucesso! Nunca iremos esquecer CV por várias razões e uma delas, é claro, a 1ª Inter-

nacionalização do Adoro.Ser.Mulher. Brasil será no início de dezembro, no Rio de Janeiro, organizado pela Gestora do ASM Carioca. Ainda em Cabo Verde, posso dizer que conheci mulheres muito empreen-dedoras, com vontade, mas que precisam de alguma orientação e sobretudo, formação. É uma cultura um pouco diferente, e estar numa lha tão pequena, não traz muitas vantagens. Mas, passo a passo iremos conseguir dar apoio as que estejam já registadas na comunidade. Fazendo jus à designação desta entidade, para todas as mulheres, que mensagem é importante ser deixada para que valorizem o seu género e todas as caracterís-ticas que fazem com que cada uma “adore ser mulher”?Que vivam em harmonia corpo e mente, em família, no trabalho, e com os amigos. Cuidem-se. Mesmo em tempos mais difíceis, nunca deixem de se cuidar. Não tenham receio de falhar e procurem ajudar-se umas às outras, encontrando outras soluções e conselhos, e ajudar esta comunidade a crescer, dando oportunida-de a mais outras empreendedoras. Assim crescemos e juntas seremos mais fortes! Para o futuro, que projetos e ambições pretendem ver concretizados? O que podemos continuar a esperar desta comunidade?Desta comunidade podemos esperar um crescimento contínuo e humilde, sempre concentradas nas Empre-endedoras que estão registadas e principalmente nas Empreendedoras Gold’s. Ambicionamos dar opor-tunidade a mais Gestoras ASM Independentes, para chegarmos esta comunidade a essas Mulheres Empre-endedoras por esse mundo fora!Existe também um projeto de Co-Branding e Solida-riedade que já iniciou, e irá ajudar principalmente nas vendas! Assim que, para já procuramos artesãs, criati-vas, produtoras, entre outros, que queiram unir-se a este merchandising feminino, e usar esta “montra“ Global. É só entrar em contacto! Acho que o futuro é risonho!

fINAlBUsINEssEVENT

lIDERANÇA NO fEMININO

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Num momento em que os cuidados de beleza são uma preocupação constante e um aspeto fundamental para um equilíbrio entre corpo e mente, é essencial a existência de um apoio especializado. Podemos, assim, afirmar que a Denise Ferrandini – Clínica Estética e Estética Médica é uma ótima aliada para promover o bem-estar tão ambicionado e um maior cuidado com o corpo? Promover bem-estar, saúde, beleza e a longevida-de aos nossos clientes é com certeza o meu maior compromisso e missão ao lidar diariamente com inúmeras pessoas que procuram a mim e a clínica por diversas razões. Cada vez mais, o grande públi-co torna-se mais exigente, informado e realmente ambicionam um equilíbrio entre mente e corpo devido ao estilo de vida frenético que se vive nos dias de hoje. Na esperança de poder promover este equilíbrio aos nossos clientes temos inúmeros tra-tamentos que promovem bem estar geral como, di-ferentes tipos de massagens e rituais, mas também protocolos redutores de adiposidades, celulite, fla-cidez redução de peso-me geral. Neste conjunto de tratamentos os clientes encontrarão o reequilíbrio não só no aspeto físico que se tornará mais torne-ado e harmonioso, mas também posso afirmar que o aspeto psicológico altera-se para uma forma mais assertiva uma vez que o cliente encontra-se mais satisfeito e com uma auto estima consideravelmen-te mais positiva.

Afirma que quem procura a Clínica é visto não como um cliente, mas como um amigo. Este é um aspeto importante para aqueles que esperam da vossa parte apoio, discrição e bons resultados? Será este o segredo para o sucesso que a marca tem tido desde a sua constituição?Normalmente numa primeira abordagem e du-rante a primeira consulta, são muitos os tópicos

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“sempre acreditei que o melhor para o cliente é poder ter ao seu dispor vários serviços relacionados à estética, uma vez que esses vão se complementando e auxiliando para um melhor resultado”, afirma Denise ferrandini, Administradora da Clínica Estética e Médica, em entrevista à Revista Pontos de Vista, que lembrou que o grande desiderato passa por promover o bem estar, a

saúde, a beleza e a longevidade de quem procura este espaço.

EqUILíBRIO ENtRE CORPO E MENtE

DENISE FERRANDINI

avaliados, o estado de saúde no momento presente, histórico familiar e doenças mais comuns entre os mais próximos, hábitos alimentares, dependências químicas, e ainda outros aspetos. Nessa altura, inevitavelmente há uma proximidade, pois, muito é revelado sobre a sua pessoa e normalmente um sentimento de confiança e cumplicidade acontece! A descrição de certeza faz parte da profissão e é as-sim que conseguimos manter uma relação de afei-ção. E isso é muito bom porque, imediatamente o cliente está preparado para receber os tratamentos sugeridos em total confiança, e entrega-se, e essa atitude é fulcral para a excelência nos resultados. A amizade vai sendo construída pouco a pouco conforme vamos avançando. Ainda tenho clientes desde o início da minha atividade em Portugal já há 22 anos, e isso é realmente muito gratificante.

Com um serviço complexo e integral, procuram ajudar quem vos procura não apenas em questões estéticas, mas também de saúde. Neste sentido, é possível realizar distintos tratamentos, entre aplicação de botox, peelings, massagens, depilação ou, num contexto de saúde, tratamento de varizes e má circulação sanguínea, atenuar e ocultar cicatrizes que se acreditava ser para toda a vida, entre outros. O que pode dizer-nos sobre este serviço tão completo? O facto de o cliente poder, num só espaço, tratar e cuidar um conjunto de problemas tem sido uma mais-valia?Sempre acreditei que o melhor para o cliente é po-der ter ao seu dispor vários serviços relacionados à estética, uma vez que esses vão se complementan-do e auxiliando para um melhor resultado. Tenho parcerias com vários profissionais de Dermatolo-gia, Cirurgia Plástica, Cirurgia Vascular, Medicina Dentária, Ginecologia... Todas essas áreas estão in-terligadas para o benefício da cliente, trabalhamos paralelamente para melhores resultados. Colabora-mos uns com os outros para então poder oferecer ao cliente o “Equilíbrio” entre corpo e mente.

Com o objetivo de cuidar corpo e mente, a Clínica tem os tratamentos mais especializados no âmbito da estética, estética médica e cosmiatria. Como se sente quem sai do vosso espaço, após completar uma série de tratamentos? Que sentimentos

envolvem aqueles que vos procuram com o objetivo de sair com uma atitude e apresentação melhoradas?

A Estética, Estética Médica e Cosmiatria comple-mentam-se. Cuido de cada cliente como um único indivíduo pois todos são diferentes tal como suas necessidades. Na clínica existem diferentes tipos de produtos, como linha de dermocosmética utilizo a GERnétic que é um produto de excelência e altíssi-ma qualidade. Quando diagnosticada uma situação que requer mais atenção como por exemplo rugas mais acentuadas, flacidez ligeira ou extrema, falta de tónus muscular, recorro à produtos de cosmética médica do INNO Labs. A utilização de tecnolo-gias é fundamental como tratamento coadjuvante aos cosméticos, como reposicionar músculos faciais apenas com cremes? O CACI é o melhor aliado do profissional de estética quando é preciso levantar e aumentar o volume das maçãs do rosto, redefinir o contorno do oval do rosto, é o caso para dizer com muito orgulho que fazemos um lifting facial não cirúrgico com uma duração bastante prolon-gada. A Rádio Frequência, por exemplo, diminui substancialmente as rugas e melhor ainda reforça as fibras de colagénio e elastina, e ainda, estimula o crescimento de novas das mesmas. São inúmeras as opções de tratamentos na clínica, o cliente sente-se renovado, mais jovem, mais confiante e com aquela sensação de que valeu à pena a confiança deposita-da, e para minha alegria retornam sempre para suas manutenções, o que me faz sentir que a missão foi cumprida.

Qual será o futuro da Denise Ferrandini – Clínica Estética e Estética Médica? Haverá uma aposta em novos tratamentos?O futuro da Denise Ferrandini Clínica de Estética e Médica, creio que somente o futuro saberá! Todos os dias sigo para a Clínica com a certeza de que estou a fazer o meu melhor, agradeço todos os dias pelos meus clientes e saber que ao final do dia con-segui fazer a diferença na vida de cada um e saber que minha missão foi cumprida! Durante o mês de outubro estarei fora em congresso e certamente trarei comigo novas técnicas e tratamentos... Mas isso revelarei numa próxima vez!

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lER NA INTEgRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

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Na liderança de dois projetos em simultâneo - AC Cosmetics e Black e Perry Lda. -, prova que é possível ser mulher e ter sucesso profissional. Podemos dizer que é um exemplo de vida para uma sociedade que ainda tem um longo caminho para percorrer no sentido de compreender o significado de igualdade de géneros?Não sei se sou. Há muitos exemplos de mulhe-res e todas praticam o multitasking. Existirá igualdade de oportunidades, porém uma mu-lher, para liderar, tem que provar muito mais do que um homem.

A situação profissional em que se encontra atualmente mostra que teve a ambição necessária para definir um trajeto bem-sucedido e invejável. Como conseguiu atingir um patamar de liderança em duas empresas distintas? Perante esta sua percetível capacidade de vencer, que conselho deixaria a mulheres que pretendem singrar no âmbito profissional?Tive o exemplo profissional da minha mãe, aprendi o valor do trabalho e do estudo, sei que sou capaz e acredito na perseverança. Por vezes dizem-me que tenho, e terei, muita sorte em ser

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No momento em que a AC Cosmetics está a lançar a sua primeira fragância, sENsAI THE sIlK, a Revista Pontos de Vista falou com Marta Black, Diretora-geral da sucursal portuguesa da marca. Contudo não nos limitámos a falar sobre a

empresa e deixámo-nos encantar por uma mulher que vale por muitas. Conheça Marta Black, que lidera duas empresas em simultâneo, tem habilitações e competências distintas, é campeã nacional de voo em formação e de freefly e

pretende continuar a desenvolver a escola de para-quedismo, fly4fun.

“UMA MULHER, PARA LIDERAR, tem que provar muito mais do que um homem”

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quem sou, o que alcancei deu-me muito traba-lho, muitas insónias. O melhor conselho: agar-rar as oportunidades, trabalhar muito, procurar informação, não arranjar desculpas, é possível ser uma profissional bem-sucedida e ser feliz na vida familiar.

Em algum momento, durante o seu longo percurso profissional, sentiu discriminação pelo facto de ser mulher? Qual é habitualmente a reação dos profissionais com quem contacta quando se deparam com uma líder feminina?Nunca senti discriminação direta, talvez por re-jeitar o que não me faz bem. Fui mais ostraci-zada por mulheres do que por homens. As mu-lheres deviam valorizar-se: somos polivalentes, gerimos a casa, o orçamento familiar, as empre-sas, a nossa vida e a dos nossos filhos, somos verdadeiras ‘heroínas’.

Com uma experiência que se cruza entre o aspeto académico e o trajeto profissional, apresenta habilitações em distintas áreas, como gestão, revisão de contas, finanças, marketing, vendas e indústria de beleza, nomeadamente

“Nunca senti discriminação direta, talvez por rejeitar o que não me faz bem. Fui mais ostracizada por mulheres do que por homens. As mulheres deviam valorizar-se: somos polivalentes, gerimos a casa, o orçamento familiar, as empresas, a nossa vida e a dos nossos filhos, somos verdadeiras ‘heroínas’”

MARTA BLACK

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a cosmética. O que permitiu este alargado leque de competências? Esta é uma questão fundamental no exercício das suas funções e, em última análise, no sucesso que tem obtido?Acabei a licenciatura em Gestão e trabalhei um ano como Group Treasurer numa multinacional do setor alimentar na África do Sul. Voltei com 23 anos e muita energia, foi-me proposto abrir em Portugal a sucursal para distribuir produ-tos da Kanebo SENSAI. Desconhecia a marca, mas agarrei o desafio de abrir a AC Cosmetics. Depois, fiz uma pós-graduação em Auditoria e Revisão de Contas. Trabalhei nesta área e sen-ti necessidade de ir mais longe, fiz o curso da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas para ser ROC. No fim do estágio, a AC Cosmetics convidou-me para a Direção Financeira. Man-tive a minha acividade na Black e Perry Lda., empresa de contabilidade e auditoria, que ex-pandi para Angola. Entretanto, tive uma filha, tornei-me instrutora de queda livre, sou campeã nacional de voo em formação e de freefly. Há quatro anos fui promovida a Diretora-Geral da AC Cosmetics SA. Não tenho dúvidas de que o sucesso profissional resultou do percurso acadé-mico e do alargamento dos meus conhecimen-tos e competências.

Abordando especificamente a marca que a AC Cosmetics representa, a SENSAI, posiciona-se atualmente como Diretora-Geral e encontra-se a liderar a sucursal portuguesa. É possível afirmar que este é um voto de confiança por parte da empresa, comprovando a sua qualidade enquanto profissional? É claramente um voto de confiança e é também o reconhecimento pelo trabalho feito por mim e pela excelente equipa de profissionais que tra-balham comigo.

A SENSAI é uma marca de beleza que engloba um conjunto diversificado de produtos. Num momento em que as marcas, para manter a liderança, têm de se distinguir, como caracteriza os cosméticos da empresa que representa? O que os diferencia face a outros produtos de marcas diferentes?Tenho o privilégio de distribuir uma marca do segmento super luxo com uma qualidade ini-gualável. As características orientais e particu-laridades da marca, onde se distingue a seda Koishimaru, dão-lhe uma segurança de com-petência que não é difícil diferenciar da nossa concorrência. Com largos anos de experiência, a AC Cosmetics é distribuidora da marca Kanebo SENSAI, também esta antecedida por um longo e ambicioso percurso. De que modo o facto de estas duas empresas internacionais se interligarem promove o sentimento de confiança e qualidade perante os seus clientes?A AC Cosmetics existe em Espanha há 35 anos, construiu laços de confiança com a marca SEN-SAI, da Kanebo, detida pela KAO, um grande grupo japonês que investe em I&D e desenvolve todos os anos novos produtos com ingredientes mais eficientes. Lançou agora a primeira fra-grância SENSAI THE SILK. A qualidade dos produtos é reconhecida por consumidoras fiéis. O ingrediente principal, a seda Koishimaru, an-tes utilizada apenas para tecer a seda finíssima dos kimonos imperiais, tem uma história secu-

“Tenho o privilégio de distribuir uma marca do segmento super luxo com uma qualidade inigualável. As características orientais e particularidades da marca, onde se distingue a seda Koishimaru, dão-lhe uma segurança de competência que não é difícil diferenciar da nossa concorrência”

lar: o rosto das tecedeiras desta seda envelhecia, mas as mãos mantinham-se jovens. Anos de in-vestigação descobriram o ingrediente desta seda que preservava o envelhecimento da pele e é este o ingrediente chave - a confiança na marca iniciou-se há um século.

O que reserva o futuro da AC Cosmetics? Existem atualmente planos a ser delineados no sentido de desenvolver a marca e o seu reconhecimento perante a sociedade? A Marta Black, profissional,

continuará a abraçar ‘apenas’ os dois projetos atuais ou pretende alargar os seus horizontes e aventurar-se noutros caminhos?Gostaria de desenvolver a marca noutros países. Continuarei neste projeto e fiel aos produtos SENSAI. A Black e Perry Lda. está em cres-cimento em Portugal e em Angola na contabi-lidade, auditoria financeira e RH. E continua-rei a desenvolver a escola de para-quedismo, a Fly4Fun, e a representar o país nos campeona-tos mundiais.

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“O coaching é um processo que visa apoiar o coachee a alcançar o que se propõe, ativando o seu potencial, que é inesgotável. Testemunho diariamente os benefícios,

quando se cumprem e inúmeras vezes se superam esses objetivos”. Aida Chamiça, Coach de Executivos e Equipas de gestão, assume, em entrevista à Revista Pontos de

Vista, as potencialidades do coaching e revela muito mais sobre o seu percurso até hoje. Quem é Aida Chamiça?

PASSOS “DE GIGANtE”? não dispense o coaching

Assume-se como uma profissional que aceita de-safios. É a primeira portuguesa a atingir o nível de certificação MCC (Master), o nível mais elevado de certificação da International Coach Federation, obtido por apenas cerca de 600 coaches a nível mundial. Em que é que isso a tem ajudado a evo-luir e ser uma das mais prestigiadas coaches de executivos em Portugal? Este gosto pelos desafios é um traço de persona-lidade que me coloca continuamente fora da zona de conforto e a muscular as minhas competên-cias pessoais e profissionais. Dá-me a confiança necessária para arriscar, sacudir a poeira quando caio e estar pronta para novos voos. A oportuni-dade de haver tão poucos MCC a nível interna-cional, mesmo em mercados tão maduros como os EUA, Canadá, UK, França, Austrália, era clara. Desafiei-me a fazer um programa de coaching com um MCC destes mercados, para me apoiar na ativação do meu potencial e na estruturação de um plano de ação a 5 anos, com muita formação e treino nesses países, a par de uma grande expan-são da minha carteira de clientes corporate nos targets em que trabalho. É a mesma perspetiva que tenho nos desafios diários com os coachees (indivíduos ou equipas em coaching).

“Cada desafio que enfrenta é uma oportunidade de ampliar o seu potencial e desenvolver novos recursos para o futuro. Isto é verdade para as Pessoas, para as Equipas e para as Organizações”. Que significado tem esta frase no momento de “reunir armas” a assumir um projeto/desafio?É muito inspirador para mim e para os coachees. Mudar o ponto de observação, altera completa-mente a energia e motivação para a mudança. Os obstáculos e dificuldades, tal como num jogo de entretenimento, passam a ser desafios a vencer, em vez de fontes de frustração. Saber que são fatores essenciais para passarmos “ao nível se-guinte” faz com que os enfrentemos com uma boa preparação e com a confiança de quem sabe que é apenas uma questão de tempo, empenho, criatividade e mobilização de recursos.

Faz Coaching Executivo e Team Coaching para executivos de topo em empresas de grande di-mensão, nacionais e multinacionais. Porque é o Coaching importante para as empresas? Quais os benefícios? O coaching é um processo que visa apoiar o coachee a alcançar o que se propõe, ativando o seu potencial, que é inesgotável. Testemunho diariamente os benefícios, quando se cumprem e inúmeras vezes se superam esses objetivos. Com frequência os coachees confrontam-se com obstáculos decorrentes de fatores externos (ins-tabilidade da economia mundial, contração do mercado, entrada de novos concorrentes, perda de clientes de grande escala,...) mas também de fatores internos (elevados níveis de stress e de-sânimo dos próprios gestores de topo; falta de capacidade de mobilização e motivação de equi-pas; equipas com muito talento mas disfuncio-nais; tensões internas que causam desperdício de

AIDA CHAMIÇA

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energia vital e desviam o foco dos seus clientes; impacto de indefinições estratégicas nas equipas; dificuldades de gestão de tempo e stress; compe-tências de inteligência emocional pouco muscu-ladas; capacidade de influência diminuída, para citar alguns).O coaching ajuda a reenquadrar a realidade, focar nos resultados que se querem alcançar e iniciar uma caminhada vigorosa, determinada e corajosa que permita tratar os obstáculos como desafios, superá-los e alcançar os resultados com sucesso. As empresas contratam programas de coaching para acelerar resultados e obter níveis de perfor-mance mais eficazes em contextos de mudança. O alinhamento que gera sinergias e está na base da fórmula das equipas de elevado desempenho (1+1=3). Trata-se de um trabalho totalmente dire-cionado para os objetivos que a Empresa / Equipa de Gestão / Executivo ambicionam alcançar. Em coaching o foco está no potencial do coachee e nos recursos que descobre e mobiliza para alcan-çar as suas metas. O coach é um facilitador dessa descoberta. É um ativador desse potencial. É muito frequente nos nossos dias vermos refe-rências e mais profissionais na área do coaching. Existe recetividade para o conceito? Como vê a evolução no mercado deste tipo de serviço?Existe uma recetividade muito grande e cada vez maior. O coaching é muito utilizado nas grandes empresas e multinacionais e nos últimos anos, também nas pequenas e médias empresas, preci-samente pela sua eficácia. Nem sempre o termo é corretamente utilizado e provavelmente há ser-viços designados como coaching a serem presta-dos por profissionais de outras áreas, que pode provocar alguma confusão nas empresas menos familiarizadas com o conceito. Mas à medida que caminhamos para a maturidade do mercado, será natural assistirmos ao reforço da especialização destes serviços, pelos tipos de desafio e segmen-tos de clientes que enderessam.

Da sua experiência com multinacionais, como compara os tipos de desafios dos executivos des-ses clientes com os dos executivos de empresas portugueses? Por força da fase económica em que vivemos, julgo que trabalhar a agilidade na decisão-ação e a capacidade de mobilizar equipas para uma visão são desafios mais intensos em Portugal. A progressiva internacionalização, a criação de uma cultura abertura às oportunidades da economia global, lidar com alterações dos centros de de-cisão das multinacionais, tudo isto em paralelo

com os desafios da crise financeira, têm-se senti-do de forma intensa e são claros desafios para os executivos portugueses. Mas há uma matriz comum nas economias de-senvolvidas. Saliento três aspetos. Em primeiro lugar vivemos em tempos incertos, que desafiam os nossos instintos mais básicos. Tudo é muito rápido e volátil. Há transformações marcadas pela crise financeira mas outras que são globais, estruturais e vêm para ficar. Em segundo, noto que a liderança de sucesso é hoje menos focada em protagonismos individuais e mais em unir es-forços para alcançar um objetivo comum. Maior enfoque na sustentabilidade, trabalho em rede, em colaboração, mesmo ao mais alto nível da gestão, é crucial. As empresas que têm culturas tóxicas, com níveis de competição internos de-masiado agressivos, correm o risco de perder o foco no essencial. Em terceiro, o papel dos mille-nials (geração nascida entre 1981/1996), já mais de 1/3 da população a nível mundial. Hoje são eminentemente consumidores e em início de carreira. Amanhã serão decisores. Há transfor-mações no mercado de trabalho, nas carreiras, na atratividade das empresas para os jovens...inú-meros fatores que implicam alterações profundas nos fatores críticos de sucesso da liderança das organizações. Fazer parte desta mudança, é apaixonante. Quando intervenho como speaker (gosto particularmente de fazer intervenções cirúrgicas, que incidam sobre os temas quentes e desafiantes que a empresa está a viver), partilhar experiências de outros mercados tem sempre grande recetividade e interesse.

O que a faz sentir mais realizada como coach?Comemorar as vitórias e progressos do coachee. Aquele balanço no final do programa, em que o oiço contar a sua própria evolução, os desafios que superou e as transformações que ocorreram. Emocionar-me com o brilho nos olhos de quem alcançou metas que não esperava alcançar. Gosto muito de trabalhar em empresas. Apaixonam--me os grandes desafios. Deslumbrar-me com a capacidade humana de se superar a si mes-ma. Sentir-me um instrumento bem afinado, que estimulou, encorajou e fez bem o trabalho de apoiar “o atleta olímpico”, que é o coachee, a alcançar o nível seguinte. Ser também testemu-nha de um curioso fenómeno: quando alguém se foca com determinação e vontade num objetivo, parece que “o universo conspira” para lhe trazer oportunidades e recursos que tornam tudo mais fácil. Trata-se de criar momentum e focar energia e recursos. O resto parece fluir.

“É muito inspirador para mim e para os coachees. Mudar o ponto de observação, altera completamente a energia e motivação para a mudança. Os obstáculos e dificuldades, tal como num jogo de entretenimento, passam a ser desafios a vencer, em vez de fontes de frustração”

O que podemos esperar de futuro da Aida Chamiça? Quais são as grandes prioridades/desafios de futuro? Podemos esperar muito! O potencial humano é ilimitado e eu desejo muito continuar a aceder e a expandir o meu. E quando se trata de dar passos “de gigante” também não dispenso um processo de coaching. A minha referência são os melhores a nível internacional. Gosto de pensar em mim própria como um instrumento de suporte ao desenvolvimento dos outros. As grandes prioridades são continuar a manter o meu posicionamento em coaching. Acompanhar o resul-tado das investigações nesta área e continuar a investir em formação de excelência fora do país, onde vou atualizar-me com o que de mais recente há. Estar mais disponível para ser speaker inspiracional em eventos anuais de empresas, congressos e conferências. Apoiar outros coaches no seu processo de evolução, através da supervisão. Em geral, partilhar mais o que fui aprendendo para lidar com o atual contexto, em que o que te-mos como certo é a incerteza, a ambiguidade, a complexidade e a vulnerabilidade das organizações. Ganhar novas competências para lidar com esta realidade é um desafio. Mas como sempre, com enorme potencial.

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A prestar um serviço de credibilidade e prestígio no âmbito da advocacia de vocação generalista, a Regina Santos - Advogada RL é hoje um player de renome neste setor. Que balanço é possível perpetuar ao longo de mais de duas décadas de atividade? Temos quase trinta anos de Advocacia em prá-tica isolada de exposição direta da imagem que resulta hoje numa inteira satisfação e crescente sedimentação, com alicerces sólidos dos objetivos alcançados.A Regina Santos– Advogada, RL, consubstancia um escritório de Advocacia fundado em 1986 que tem gerido toda a sua atividade na observân-cia primordial dos princípios deontológicos, livre de influências, granjeando respeitabilidade.A imagem de marca do escritório é a de uma Ad-vocacia com rosto, centrada na figura da sua fun-dadora, cuja construção e consolidação no meio jurídico do nome profissional se baliza, principal-mente, no capital inteletual próprio que, sendo o mesmo estritamente pessoal, a continua a fazer optar pela prática isolada.Abrangendo várias áreas do Direito Privado e, trabalhando com vasta clientela do tecido em-presarial, mas, sobretudo, com clientes particula-res, os escritórios da Regina Santos – Advogada, não chegaram a sentir a crise do setor empresa-rial que afetou a economia nacional.Os seus serviços jurídicos prestados na área do Contencioso Geral do Direito Civil, Direito de Família e Menores, Direito das Sucessões, Di-reito Penal, Contratos, Registos e Notariado, In-solvências são prestados na comunidade nacional mas também na internacional, nomeadamente por clientela oriunda do Brasil, Canadá, Suécia, Suíça, França, Alemanha, Angola, Noruega, Es-panha, Bélgica, Inglaterra, Holanda, EUA, Ca-nadá, Senegal, Africa do Sul, entre outros. A minha formação académica foi obtida em Direito na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, e tive o privilégio de estar presente em maio/1982, aquando da visita de Sua San-tidade o Papa João Paulo II àquela Instituição, para bênção da primeira pedra da que viria a ser a futura biblioteca desta Universidade, pelo que, sinto, também fui ali abençoada para a prática do direito.

Que análise perpetua da área do direito e da advocacia em Portugal? De que forma é que a ReginaSantos – Advogada RL tem vindo a promover um conceito de advocacia ético e transparência? Os Advogados têm consciência que a advocacia portuguesa deve lutar para se manter livre e independente e atentos às ameaças à sua funcio-nalização devidas pela crescente hierarquização, subordinação e massificação.O Advogado tudo faz para que seja feita justiça ao nível do património, da liberdade, ou da pró-pria vida do seu patrocinado, resultando daí uma inegável relevância da função social da advocacia,

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UMA ADVOCACIA com rosto“Estando a imagem de marca do escritório concentrado na minha pessoa, os meus clientes não apresentam qualquer receio por verem os seus interesses defendidos por uma mulher, porque é mesmo essa profissional

mulher que procuram”, afirma, Regina santos, rosto da Regina santos – Advogada Rl, que em entrevista à Revista Pontos de Vista falou de uma liderança no feminino e do universo da advocacia em Portugal.

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REGINA SANTOS

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essencial na administração da Justiça, atuando na defesa da ordem social e do Estado Democrático de Direito.Por outro lado, a Advocacia atual sofre golpes profundos por parte do legislador que lhe retira competências e confunde profissões jurídicas e não jurídicas, possibilitando uma ingerência na esfera profissional daqueles, cabendo aqui refe-rir as alterações operadas quanto à tramitação dos divórcios nas CRC, ao Regime Jurídico do Processo de Inventário, ao Balcão Nacional de Arrendamento, as intervenções nas arbitragens, o encerramento de vários tribunais, e o recente Estatuto dos Contabilistas Certificados, permi-tindo que estes possam representar os clientes em ações de contencioso tributário até determinado montante.Na Regina Santos- Advogada RL pautamos a nossa atividade mostrando-se digna da honra e das responsabilidades que são inerentes ao exer-cício da nossa profissão, de forma transparente e ética, pois no universo de Advogados no qual a concorrência impera, o que nos distingue é a reputação carreada pelo exercício intenso da pro-fissão, num binómio de constante aprendizagem e aplicação dessa aprendizagem, seja perante os tribunais, com os clientes ou na dinâmica interna do escritório. A marca jurídica constrói-se e re-nova-se fazendo evoluir a reputação do escritório no sentido da advocacia sustentável.

A presença que possui e o reconhecimento que tem por parte dos vossos clientes confirmam a qualidade e excelência de um escritório conceituado. O que permitiu este sucesso? De que forma os clientes contribuíram para este êxito?O nosso lema é e sempre foi baseado na força, co-nhecimento, trabalho, organização, perseverança e eficácia canalizados em primeira linha para a sal-vaguarda do interesse do Mandante, porque, para que o juiz possa bem julgar, muitas vezes tem de se servir do destemido trabalho do advogado, que lhe criva os factos e lhe prepara os argumentos. O ad-vogado aconselha, assiste, acompanha, defende e disso depende a honra, a dignidade, o património ou mesmo a vida de alguém. É pois, indiscutível a nobreza da profissão de advogado que luta contra o arbítrio e as iniquidades, pugnando por uma so-ciedade mais justa e humana, contribuindo para uma magistratura cívica.Os nossos clientes nacionais e estrangeiros sabem que esta é a nossa forma de atuação e confirmam e reiteram a vinculação ao escritório, alguns, or-gulhosamente, desde a sua fundação.

Quais são as vossas principais áreas de direito? Será legítimo afirmar que existem umas que são mais importantes na dinâmica da marca? Se sim, quais? Em concreto, o escritório define a sua dinâmica tramitando assuntos jurídicos que interferem di-retamente na esfera jurídica e pessoal do cidadão e das empresas, patrocinando ações judicias no âmbito das obrigações, responsabilidade civil, con-tratos, providencias cautelares, despejos, arrenda-mentos, regulação, alteração e incumprimento das responsabilidades parentais, divórcios sem con-sentimento do outro cônjuge, alimentos, divórcios por mútuo, casa de morada de família, revisão de sentenças estrangeiras, nacionalidade, divisão de coisa comum, insolvências, execuções, embargos, reclamações de créditos, divisão de coisa comum, direito criminal e contraordenacional.

Independente dos seus colaboradores, todos os assuntos passam pela leitura cerebral, análise e raciocínio da fundadora do escritório. Dessa circunstância, nasce a particularidade e êxito da imagem da marca, da sua dinâmica e da sua per-manência crescente no mercado concorrencial.A Regina Santos- Advogada RL pretende con-tinuar a prestar um serviço de qualidade e exce-lência com a consciência de que o sucesso desse objetivo depende diretamente e também da fide-lidade dos nossos clientes, pois é para eles que o escritório trabalha, privilegiando a comunicação direta com os mesmos.

Advogada de renome, a Regina Santos tem tido um caminho francamente positivo. O que permitiu esta caminhada tão bem-sucedida? Sentiu o preconceito em algum momento do seu percurso profissional?A caminhada nos trilhos da Advocacia foi, real-mente, sempre em ascensão. Sem qualquer estig-ma ou preconceito sentido por ser mulher, cedo percebi que singrar numa profissão tão difícil de-penderia apenas de mim própria, pelo que desde logo me obriguei a ser competente, observando muito estudo, fundamentação e atualização das matérias tratadas. Claro que isso exigiu e exige elevada organização, capacidade de harmonizar de forma metódica e funcional os diversos cola-boradores do escritório e colaboradores externos, entre eles, funcionários, advogados, agentes de execução…Não sendo uma advogada de gabinete, embora privilegie sempre o consenso, sou na essência uma advogada de barra, de litígio, de argúcia e por isso, é-me exigível prever o imprevisível.Abri o primeiro escritório em Oeiras, em 1986. Em 2003, foi aumentada a estrutura com a aqui-sição de novas instalações da qual resultou a abertura do segundo escritório, em Cascais, fun-cionando em pleno ambos os escritórios durante nove anos. Em 2012, por mera estratégia organi-zacional e otimização do fator tempo, atenta a proximidade geográfica dos mesmos, foi operada

a união entre os dois escritórios, permanecendo até hoje, as instalações em Cascais.

No exercício das suas funções, já sentiu que os clientes com quem contacta receiam que o seu trabalho seja menos qualificado apenas por ser mulher? Pelo contrário, existem determinados processos - nomeadamente no direito da família - que o cliente homem ou mulher, entende ser mais van-tajoso encontrar uma advogada que o patrocine. Pessoalmente, não concordo que as advogadas estejam mais fadadas para certos ramos do di-reito. De resto, os clientes é que procuram o escritório e não o contrário. Por isso, desde logo fica de-monstrado que estando a imagem de marca do escritório concentrado na minha pessoa, os meus clientes não apresentam qualquer receio por ve-rem os seus interesses defendidos por uma mu-lher, porque é mesmo essa profissional mulher, que procuram.Lamento porém o fato de que, sendo as mulheres que mais doutoramentos possuem no geral, con-tinuem a não ser as que melhores remunerações auferem.

Como é atualmente a advocacia no feminino? O que ainda falta mudar? Acredita que o aumento da presença de mulheres nestas profissões permitirá uma mudança de mentalidades?A liderança depende da competência, do mérito e não do género. É interessante observar a ausên-cia em Portugal, de uma mulher a liderar uma grande sociedade de advogados, apesar do eleva-do valor profissional de muitas que as integram.Admito que o crescente número de mulheres na advocacia venha permitir acabar com o precon-ceito de que as mulheres colocam a vida familiar/maternidade à frente da profissional e que isso seja impeditivo de as integrar na cúpula decisória. A progressão na carreira e a gestão da vida fami-liar é possível se houver uma inteligente estrutura de apoio no seio familiar.

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lIDERANÇA NO fEMININO

“Penso que cada artista tem o seu estilo próprio, e o meu caso não é diferente, fico muito contente quando alguém diz “esta obra é da Isabel Pinheiro, seguramente” mesmo sem ver a assinatura”. Quem o afirma é Isabel Pinheiro, uma mulher de força e luta e conceituada artista plástica que «usa» a imaginação para criar arte, a arte que perdura. Quisemos saber

mais e entrámos à conversa com Isabel Pinheiro e que bem que soube conhecer este lado da imaginação e da criatividade. Venha conhecer mais e inspire-se.

“EStA OBRA é DA ISABEL PINHEIRO, SEGURAMENtE”

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O gosto pela estética e pelos objetos bonitos acrescido de um jeito natural para as artes manuais, levou-a a dedicar-se à criação de peças decorativas. Para contextualizar junto do nosso leitor, que significado tem para si esta ligação à arte, pintura, decoração e design?Penso que tudo está interligado, afinal tudo pode ser considerado arte, o design é um arte assim como a de-coração, acho que toda a aprendizagem que tive nessas áreas e o gosto que já tinha pela pintura me levaram fácil e até inconscientemente a ir buscar pormenores de um e outro lado para aplicar nas minhas obras de pintura.

Costuma dizer que não é necessariamente obrigatório seguir uma linha artística convencionada com esta ou aquela designação para criar. Basta deixar fluir a imaginação e a inspiração para criar? Que significado tem para si a arte de imaginar para criar?Realmente considero que não é necessário seguir este ou aquele estilo para criar uma obra. A imaginação para mim, é tudo, temos que a deixar fluir, no meu caso, tendo sempre a noção do que acho bonito, coerente, esteticamente perfeito que o trabalho vai nascendo de forma natural dando origem a um conjunto harmonio-so de cores e materiais. Pode dizer-se que é imaginação passada à prática. Eu aliás, costumo dizer que “A Ima-ginação é o limite, por isso não há limite para a criação!”

Na sua área profissional, que importância tem a capacidade de personalizar cada trabalho, cada peça/obra de arte? Será legítimo afirmar que essa é a sua grande valia? A capacidade de personalizar…Penso que cada artista tem o seu estilo próprio, e o meu caso não é diferente, fico muito contente quan-do alguém diz “esta obra é da Isabel Pinheiro, segu-ramente” mesmo sem ver a assinatura. É sinal de que eu tenho o meu estilo próprio, está personalizado. Não é uma “coisa” que se faça de propósito, acontece, eu gosto de determinado tipo de trabalho, materiais, etc. que me identificam. E sim, pode ser uma mais valia, pois diferencia-me de qualquer outro artista.

Na criação de uma qualquer peça/obra de arte, qual é a sua inspiração ou por quem passa a mesma? É algo do momento? Pode caracterizar-me o seu trabalho? Onde podemos ver o mesmo?A não ser que se trate de uma obra encomendada para determinado espaço, e mesmo assim, isto só po-derá ser em termos de cores e medidas, não há um motivo específico de inspiração, há um trabalho de combinação de cores, de materiais que me vão apete-cendo misturar, texturas, entre outras que vão criando um quadro que tem de fazer todo o sentido, acima de tudo para mim. É claro que eu quero agradar aos clientes, mas eu sou a primeira pessoa a olhar para a obra, a perceber se me diz alguma coisa, se este-ticamente me agrada. Gosto das minhas obras com cor, luminosidade, e fortes, uso muitas cores quentes, vermelhos fortes, amarelos, azuis. Isto não tem de ser

inspirado em nada, mais uma vez, é na minha imagi-nação que me concentro.

No exercício das suas funções, já sentiu que os clientes com quem contacta receiam que o seu trabalho seja menos qualificado apenas por ser mulher? Não, felizmente nunca passei por essa desagradável experiência, até acho precisamente o contrario, se bem que uma obra, ou se gosta ou não se gosta, seja de um homem ou de uma mulher. Não me parece que este “mundo” das artes seja maioritariamente de homens ou mulheres, são artistas, só isso! E se alguém ainda pensa assim, essa pessoa tem um problema para resolver.

O que representa uma «Liderança no Feminino»? Na sua opinião existem diferenças na liderança de uma mulher e de um Homem?Penso que as mulheres lideram de uma forma mais suave, não são tão ostensivas na sua posição, funcio-nam mais como equipa, envolvem toda a gente no projeto, e conseguem depois os mesmos objetivos que os homens, que por vezes, gostam de vincar a sua posição de líder.

Sente que as mulheres têm de trabalhar mais para provar a sua capacidade e qualidade ou este cenário está a mudar? Este cenário está seguramente a mudar, existem imensas mulheres com cargos de chefia e direção, em todas as áreas, onde mostram todos os dias que são tão competentes como os homens. Acredito que esse problema ainda exista mas a tendência é cada vez mais para que a igualdade prevaleça.

O que podemos esperar de futuro da Isabel Pinheiro? Quais são as grandes prioridades/desafios de futuro? Para além de continuar a pintar e a fazer exposi-ções dentro e fora de Portugal, estou num proje-to completamente novo em que, mais uma vez, a ARTE se encontra com outra área, neste caso, o VINHO. VINHO e ARTE – afinal são duas formas de arte totalmente diferentes mas que se podem completar. “QUANDO O VINHO EN-CONTRA A ART.” Será o tema da campanha de divulgação. Sempre quis utilizar obras minhas em rótulos de uma marca de vinhos e, finalmente, consegui, criei a minha marca de Vinhos “ART.” by Isabel Pinheiro, que comercializa os fantásticos vinhos do Dão, e onde apresento uma das minhas obras como rótulo das garrafas. Neste momento, estamos a promover diversas provas do vinho de forma a apresentá-lo ao público, havendo também a possibilidade de adquirirem uma serigrafia assi-nada, da obra apresentada. É um projeto que, em-bora no início, já está a funcionar e, espero, ainda tenha “muitas pernas para andar” dentro e fora de Portugal.

ISABEL PINHEIRO

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“Outro fator de sucesso, cada vez mais visível, é a nossa experiência em sistemas distribuídos de informação. somos uma empresa de produto há 20 anos e isso é uma fator competitivo que nos distingue da concorrência, os nossos consultores têm um conhecimento acumulado muito consistente”. Quem o diz é jeane Zaccarão. sócio-gerente da Digitalis, que em entrevista à Revista Pontos de Vista

abordou todo o universo da marca e o percurso que a mesma fez para chegar ao atual patamar de excelência.

“A DIGItALIS ACREDItA NUMA VISÃO DE CRESCIMENtO SUStENtáVEL”

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Criada em 1994, a Digitalis é marca líder na criação de sistemas de gestão de informação do ensino superior português e de alguns dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. O que permitiu que estas duas décadas fossem marcadas pelo sucesso e liderança em que se encontram?Há sempre mais do que um ingrediente para uma receita de sucesso. Certamente que ao longos destes 20 anos as estratégias se foram modificando e ajustando, mas penso que será seguro afirmar que o principal fator de sucesso da Digitalis foi a visão modular dos seus produ-tos – mesmo numa época pejada por sistemas monolíticos e muito antes de se falar de siste-mas distribuídos e de projetos de integração. Os nossos sistemas são modulares desde o primeiro dia, e isso permitiu-nos criar ofertas com elas-ticidade, capazes de dar resposta a clientes de pequena, média e grande dimensão. Outro fator de sucesso, cada vez mais visível, é a nossa expe-riência em sistemas distribuídos de informação. Somos uma empresa de produto há 20 anos e isso é uma fator competitivo que nos distingue da concorrência, os nossos consultores têm um conhecimento acumulado muito consistente.

A Digitalis assume como objetivo principal a gestão e apoio dos sistemas informáticos das instituições de ensino superior. Como definem estas organizações quando apoiadas pelos vossos serviços? O que mudou desde a vossa entrada no mercado?O nosso ERP de gestão do ensino superior – o SIGES – é a flagship da empresa. Nasceu prati-camente no mesmo dia em que nasceu a empresa, e trata-se de um sistema modular extremamen-te vasto que não encontra paralelo no mercado nacional. Mas mais do que o software propria-mente dito, o que trouxemos às instituições de ensino superior foi o contacto com equipas de profissionais que vivem e respiram inscrições, matrículas, horários, sumários, pautas, propinas e notas. Diria que contribuímos para profissio-

nalizar um mercado muitas vezes marcado por soluções que ou são aplicações de segunda linha de grandes consultoras, ou são projetos relativa-mente académicos sem uma visão de produto e uma estratégia comercial sustentável.

O ano de 2014 assinalou a vossa entrada noutros mercados. Atualmente é possível encontrar na Digitalis um parceiro para a realização de aplicações móveis, online surveys, plataformas eletrónicas para gestão de eventos, entre outros serviços. Que balanço é possível fazer desta primeira etapa?Iniciámos o desenvolvimento de aplicações e produtos que, pese embora tenham aplicabili-dade no mercado do ensino superior, são váli-dos para outros mercados. Mercados que esta-mos a abordar, uma vez mais, a partir de uma base segura. A base aplicacional e tecnológica é comum a todos os produtos. Penso que nunca

teremos desenvolvido um produto ou aplicação que não comunique ou interaja com outro dos nossos produtos e módulos. O nosso crescimen-to é sustentável e sentimos que a partir de ago-ra podemos ser uma player importante noutros mercados que não apenas o do ensino superior.

Afirmam que “o desenho e arquitetura de soluções modulares, com capacidade de crescimento e com elevados níveis de configurabilidade estão no ADN de todos os nossos produtos”, o que comprova a preocupação constante em criar serviços inovadores, flexíveis e de complexa produtividade. Como caracterizam os produtos com o nome Digitalis?Sistemas modulares. Pontos de extensibilidade presentes em todos os vértices das nossas aplica-ções – desde o primeiro dia. Não me recordo de nenhum projeto da Digitalis que não tenha dado origem a um produto, a uma gestão de versões, manutenção evolutiva e novas funcionalidades. A forma como estamos estruturados para pro-duzir software é a nossa matriz base. Já para não falar da altíssima configurabilidade dos nossos produtos, que permite que um mesmo produto possa ser utilizador por Universidades ou Poli-técnicos, do ensino privado ou público, de ensi-no presencial ou à distância, em Lisboa, Maputo, Luanda, Praia ou São Paulo.

Que futuro têm preparado para a Digitalis? A expansão internacional e a aposta em novos produtos passará pelos planos vindouros da marca?2015 foi um ano fantástico relativamente à interna-cionalização, já que nos trouxe os primeiros clientes no Brasil. Temos um projeto importante de mobi-lidade estudantil para implementar em São Pau-lo até ao final do presente ano e acreditamos que este é apenas o primeiro de vários passos a dar na américa do sul. Continuamos a acreditar na língua portuguesa como alavanca para projetar a Digitalis internacionalmente e acreditamos que há, por essa via, muitas oportunidades para aproveitar.

JEANE ZACCARÃO

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Com competências multidisciplinares, a CMS Rui Pena & Arnaut organiza as suas equipas de trabalho de acordo com as necessidades de cada cliente, com a missão de conhecer profundamente o seu contexto específico. Com uma forte presença no mercado português, que análise é possível perpetuar da vossa atuação no mercado no que concerne ao serviço personalizado ao vosso cliente?A atuação da nossa equipa desde sempre que se caracteriza por uma grande proximidade ao cliente. No universo CMS, temos uma frase que determina o nosso compromisso com os clientes: “Your World First – O Seu Mundo Primeiro”, significando que o sucesso dos nossos clientes é a nossa prioridade. Esta proximidade ao cliente é reforçada na minha área de atuação, o Direito do Trabalho, pelo tipo de assuntos com que lidamos. Veja-se o caso das grandes restruturações, onde o departamento tem trabalhado, nos setores da banca, construção, etc., onde não iniciamos ne-nhum processo sem conhecer a cultura da em-presa, a linguagem utilizada, passando para isso, muitas vezes, temporadas nas instalações dos clientes.

Além do território nacional abrangem também diversos mercados internacionais. Como define os vossos escritórios em termos internacionais? Qual é o balanço da presença da CMS Rui Pena & Arnaut nos países onde atua?A CMS é hoje a segunda maior organização de prestação de serviços jurídicos do mundo relati-vamente ao número de advogados. Conta com cerca de 3000 advogados em 59 escritórios es-palhados por 33 países. Prestamos serviços em todas as áreas e setores. Conseguimos desta for-ma prestar um serviço de um âmbito único às empresas portuguesas que se pretendem inter-nacionalizar, uma vez que podem contar com o seu advogado habitual como interlocutor para a sua atuação, através de equipas constituídas com advogados de qualquer um dos países em que a CMS está presente.

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A CMs Rui Pena & Arnaut integra uma sociedade de escritórios que se expandem pelos cinco continentes. Neste sentido, a partilha de conhecimentos e informação, baseada numa diversidade cultural dispersa, permite um dinamismo e uma experiência imbatíveis. As empresas acompanhadas e apoiadas por este escritório de advogados têm, inevitavelmente,

um acompanhamento especializado e qualificado. Contudo, o Direito é exercido em toda a sua plenitude, pelos melhores advogados e o foco é, sempre, o cliente. Para melhor compreender esta dinâmica, a Revista Pontos de Vista conversou com

susana Afonso, Advogada, sócia responsável pela área de Direito do Trabalho.

UM EXEMPLO DE LIDERANÇA MUNDIAL

“A CMS é hoje a segunda maior organização de prestação de serviços jurídicos do mundo relativamente ao número de advogados. Conta com cerca de 3000 advogados em 59 escritórios espalhados por 33 países”

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A CMS Rui Pena & Arnaut tem tido ainda um papel determinante na relação com os escritórios parceiros dos países lusófonos, uma vez que áreas fortes de atuação dos escritórios da CMS, como a energia e infraestruturas, têm tido grandes proje-tos nestes países, com mais foco em Angola.

A presença internacional e o reconhecimento que têm por parte dos vossos clientes confirmam a qualidade e excelência de um dos mais conceituados escritórios do país. O que permitiu este sucesso? De que forma os clientes contribuíram para este êxito?Esse sucesso consegue-se não só, obviamente, com muito trabalho e dedicação, mas também com uma aposta muito forte na qualidade de quem integramos na equipa. Estamos permanen-temente atentos ao mercado, convidando advoga-dos experientes e já com elevado reconhecimento, o mesmo sucedendo na fase de recrutamento de estagiários, onde procuramos identificar os alu-nos com melhor perfil, apostando na formação ao longo da carreira. De notar que a CMS tem programas de formação específicos para cada fase da carreira, incluindo possibilidades de realização secondments em outras jurisdições.Naturalmente que os clientes são a base da nos-sa existência. Só com a confiança que o cliente deposita no nosso trabalho é que nos podemos distinguir.

“A atuação da nossa equipa desde sempre que se caracteriza por uma grande proximidade ao cliente. No universo CMS, temos uma frase que determina o nosso compromisso com os clientes: ‘Your World First – O Seu Mundo Primeiro’”

Como referiu, contam com uma vasta equipa especializada e com um conhecimento abrangente das mais distintas matérias. Como caracteriza a equipa desta empresa em termos de valores pessoais e profissionais? O que têm para oferecer aos clientes que procurem o vosso escritório?Os clientes da CMS Rui Pena & Arnaut procu-ram qualidade, proximidade com os advogados que trabalham nos seus assuntos e, como já re-feri, uma equipa internacional capaz de prestar um serviço com a mesma qualidade em locali-zações como por exemplo Moscovo, Brasil ou Dubai.

Como é atualmente a advocacia no feminino? O que ainda falta mudar? Acredita que o aumento da presença de mulheres nestas profissões permitirá uma mudança de mentalidades?Neste momento a diferença prende-se com a liderança. Há muito mais mulheres do que ho-mens na advocacia, mas, proporcionalmente, são ainda poucas as mulheres que chegam a posi-ções de liderança. As mulheres, com o papel que desempenham na sociedade e nas famílias, têm mais entraves do que os homens para vingar no mundo profissional, tendo muitas vezes, a certa altura das suas carreiras, que tomar uma opção entre a progressão na carreira ou a família. Hoje há planos de carreiras, as sociedades já regulam

as licenças de maternidade, o que permite uma menor desigualdade de oportunidades.

No exercício das suas funções, já sentiu que os clientes com quem contacta receiam que o seu trabalho seja menos qualificado apenas por ser mulher?Não. No início da minha carreira não nego que o sentia, mas, hoje, acho que essa ideia estava mais relacionada com a minha autoconfiança, própria da idade. Ultrapassada essa questão, acho que o facto de ser mulher até me ajuda no dia-a-dia, na forma como construo soluções, como formo o meu pensamento.

Qual é o futuro da Susana Afonso, advogada, sócia e membro do atual conselho de administração de um escritório com o nome como o da CMS Rui Pena & Arnaut? Quais são os projetos futuros que tem delineados para a empresa e para a sua carreira?Acho que atingi já muitos dos meus objetivos pes-soais ao nível da carreira. Sou sócia de uma socie-dade de advogados de âmbito internacional, formei um departamento que é hoje referência no mercado e reconhecido pelos diversos diretórios nacionais e internacionais. Os desafios passam agora por contri-buir para o crescimento sustentado do escritório no seu todo. O mercado está a mudar, a relação com o cliente também e aos sócios cabe a responsabilidade de assegurar o posicionamento certo para continuar-mos a crescer.

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JARDINS DE ADóNIS: do vazio ao coloridoChama-se jardins de Adónis e nasceu pelas mãos de uma mulher que, tendo crescido numa “cidade cheia de verde”, sempre

alimentou a paixão e a vocação pelo paisagismo. Marisa Dias viveu no Brasil e foi lá que decidiu tirar o curso de paisagismo, sempre com uma enorme “sede” de aprender. No momento em que regressou a Portugal sentiu que havia um nicho de mercado interessante pela falta de empresas que se dedicassem a todas as fases, do projeto à manutenção, desde pequenos espaços ao macro paisagismo

e às grandes superfícies. Assim nasceu esta empresa que assume, desde o seu início, uma filosofia sustentável e inovadora.

Começou como amadora mas rapidamente foi surgindo o desejo de aperfeiçoar a técnica, fazendo formações e alimentando, assim, a sua paixão e vocação pelo paisagismo. O que a fez seguir este caminho? Quais foram as principais motivações?Cresci numa cidade cheia de verde! Desde sempre tive interesse por paisagismo e quando fui morar para o Brasil, acompanhando o meu marido, resol-vi fazer o curso de paisagismo onde a vontade de aprender foi fundamental, enveredando assim pelo caminho que me trouxe até aqui. Dei os primei-ros passos no sul do Brasil e estamos há 15 anos no mercado nacional a concretizar os sonhos dos nossos clientes!

Como é que surgiu a ideia de criar a empresa Jardins de Adónis? Que balanço é possível fazer?Quando regressei a Portugal, verifiquei que havia a oportunidade de negócio porque, para além de jardineiros, existiam poucas empresas nesta área que desenvolvessem todas as fases, desde o projeto até à manutenção, desde pequenos espaços até o macro paisagismo e grandes superfícies.De igual modo verifiquei que o tipo de paisagismo mais comum era algo rudimentar, ou seja, envolvia relvados, algumas (poucas) árvores e pouco mais. Ainda hoje se constroem parques infantis onde as árvores são totalmente ignoradas. Onde estão as sombras tão necessárias? Além disso, destaco ainda a falta de informação técnica no que toca à utilização de plantas altamente tóxicas em parque públicos e escolas.

Desde Macro Paisagismo até pequenos espaços em varandas ou apartamentos, a Jardins de Adónis fornece serviços personalizados de design interior e exterior de jardins. Dentro dos serviços que prestam, quais são as vossas principais preocupações? A nossa empresa tem uma filosofia sustentável, pelo que privilegiamos a utilização de espécies autóctones que, por conseguinte, utiliza mais ra-cionalmente os recursos hídricos. Mas o meu principal objetivo é a utilização dos princípios apreendidos em que se procura recriar a Nature-za, utilizando o design orgânico, onde a linha reta quase não existe.

Acredita que Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer ao nível do paisagismo. No entanto defende que a ideia é “não deixar de plantar”. O que falta para que o nosso país saiba aproveitar as potencialidades deste mercado?

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“O meu principal objetivo é a utilização dos princípios apreendidos em que se procura recriar a Natureza, utilizando o design orgânico, onde a linha reta quase não existe”

MARISA DIAS

WWW.JARDINSDEADONIS.COM

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As nossas cidades, nomeadamente Lisboa, onde as espécies arbóreas foram sendo dizimadas pouco a pouco sem sequer serem repostas, são um exem-plo a não seguir. Há que repor o que foi removido, quer por doença, quer por construção desmedida. Também está na moda o “minimalismo do betão”, com todos os seus inconvenientes.

Igualmente, os hotéis mais recentes não são os melhores exemplos de espaços verdes acolhedores. Há que pavimentar só porque dá menos trabalho? As cidades estão pouco permeáveis devido ao excesso de pavimentação! Devemos plantar para evitar a desertificação!O gosto educa-se! As entidades públicas deveriam tornar o paisagismo num componente essencial de todos os novos empreendimentos. Têm sido as empresas privadas que mais têm apostado em me-lhorar a qualidade dos seus espaços.Um escritório com um bom ambiente, em que existem plantas adequadamente integradas pode aumentar até 15% a produtividade dos seus cola-boradores, para além de se tornar um espaço muito mais humanizado e agradável. E responsabiliza ambientalmente cada uma das pessoas.

Defende que em Portugal ainda existe muito “amadorismo” nesta área e que importa apostar na profissionalização das pessoas. Na sua opinião, que medidas deveriam ser tomadas?Formação! Formação! Formação! As pessoas investem 1.000.000 € numa moradia e depois não querem pagar 20 ou 30.000 € na sua envolvência e recorrem aos “amadores” para que o jardim fique “bonitinho”. Mais tarde, aparecem os problemas, mas esses, os “amadores” já estão no caso seguinte. Não dão garantias. Não repõem o que foi feito de errado. Havendo formação, há pro-fissionalização!

Existiu um momento em que as pessoas não queriam investir num profissional desta área, acreditando que não tinham de pagar pelos serviços de um paisagista. Esta ideia ainda persiste? Como é que tem procurado contrariar esta tendência?Sim, continua a existir, mas felizmente a minoria

que valoriza um ambiente de “Natureza recriada” no seu jardim tem vindo a aumentar.Costumo apresentar duas propostas: uma, mais bá-sica, mais modesta, eventualmente com relvado e alguns apontamentos coloridos; outra, mais elabo-rada em que proponho um lago aqui, uma cascata ali, zonas de sombra, com a criação de pérgolas ou gazebos, recantos para meditação ou simplesmente fruir do ambiente, zonas de serviços, onde se cobre o que ninguém quer ver. Uma panóplia de verdes com a seleção de espécies adequadas a florescer em diferentes estações para que a magia da Natureza seja diferente ao longo do ano.

Através do paisagismo, a missão desta empresa passa por integrar o Homem e a Natureza, criando ambientes harmoniosos e sustentáveis. Que desafios daqui advêm?Procuramos que a nossa intervenção contribua para uma energia de serenidade e bem-estar inte-rior que envolva toda a casa e toda a família.

Nesta área como é que se consegue aliar a procura de novas ideias à inovação, tanto no que diz respeito ao desenho como ao nível dos materiais usados?

Procuramos visitar feiras nacionais e estrangeiras, onde impere a inovação no que toca a materiais e design. Reciclamos e utilizamos materiais que a Natureza tem para nos oferecer: madeiras, pedras, entre outros.

A nível internacional, a Jardins de Adónis tem alguma representatividade? Há interesse em avançar para novos mercados?Embora tenhamos sido convidados a apresentar projetos paisagísticos em países como Angola e Moçambique, não temos ambição de internacio-nalização. Há muito para se fazer por aqui ainda. Mesmo em Portugal estamos focados na Grande Lisboa pelos aspetos ambientais envolvidos. Não compreendo como persistem empresas que pres-tam serviços a 400 quilómetros de distância, trans-portando diariamente maquinaria, pessoal, mate-riais e poluindo desnecessariamente o ambiente.

A inspiração varia de pessoa para pessoa. Nesta área, consegue estabelecer um paralelismo entre o método criativo de um homem e o de uma mulher? Quais são as principais distinções?Acredito que, como em todas as profissões, haverá bons e maus profissionais. Felizmente em Portugal os melhores exemplos estão bem equilibrados en-tre os dois sexos.

Enquanto mulher, em algum momento da sua carreira sentiu que surgiram dificuldades acrescidas na concretização de algum objetivo profissional?Nunca senti em toda a minha carreira, quer antes do paisagismo, quer agora, qualquer dificuldade nesse sentido.

Para o futuro da Jardins de Adónis, que projetos quer ver brevemente concretizados?Tal como as estações do ano, cada novo projeto traz sempre novos desafios, novas cores que se sucedem sem nunca se repetirem. Gosto de criar soluções que transformem espaços vazios e por vezes sombrios, em paisagens coloridas e tranqui-las. Gostaria de poder resgatar um grande espaço desqualificado e fazer dele um ambiente de paz e serenidade.

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Assumindo-se como uma equipa verdadeiramen-te apaixonada por Labradores Retriever, foi nesta raça que se inspiraram quando surgiu a ideia de erguer a Lab Lovers. Como nasceu este projeto? Que espaço é este?O projeto LAB LOVERS nasceu porque somos eternos amantes dos Labrador Retriever e deci-dimos criar uma oferta de produtos adequados ao temperamento e características destes cães maravi-lhosos, bem como para os seus donos. Este segmen-to de mercado pareceu-nos apetecível e o projeto um desafio interessante! Iniciámos o projeto em 2014 com uma loja on line para toda a Europa, e criámos a marca “ LAB LOVERS®”. O nosso prin-cipal objetivo é crescer, e exportar os produtos que formos criando e fabricando em Portugal. Neste momento já temos um espaço físico na baixa do Porto, na Rua do Almada 275. Este espaço está in-tegrado no “Workshops Pop Up” que já consta no Guia Michelin, e por isso é uma boa aposta.

Com qualidade assegurada, disponibilizam uma vasta gama de produtos inovadores, divertidos e adequados para os Labradores Retriever e os seus fãs. Que produtos são estes? O que se pode esperar da nova linha de têxteis e acessórios?Os nossos produtos são sobretudo acessórios com design (até ao momento sobretudo estilo inglês), com qualidade e boa resistência; ecológicos sem-pre que possível, e que permitam oferecer mais bem-estar, qualidade de vida, e diversão aos nossos cães. Tudo o que possa ajudar a melhorar os mo-mentos que o dono e o cão passam juntos, tam-bém é uma prioridade para nós. Temos ainda uma gama de artigos de decoração, com motivos alusi-vos ao Labrador (serigrafias, aguarelas, cerâmica, almofadas, mantas, relógios, entre outros), e uma gama têxtil da marca LAB LOVERS® - tshirts, aventais, chapéus, sacos, babetes, bodies de bebé, entre outros – que estamos sempre a renovar, e a diversificar. Estamos neste momento a desenvol-ver vários artigos novos, para podermos atingir o nosso principal objetivo, que é oferecer e exportar uma gama “made in Portugal”.

“Embora o País esteja a passar grandes dificuldades económicas, é interessante ver como as pessoas não deixam de cuidar bem dos seus cães, e até mimá-los bastante!”, refere Paula Campos, Administradora da lAB lOVERs®,

em entrevista à Revista Pontos de Vista. lAB lOVERs, uma marca que muito tem crescido e que faz as delícias dos amantes dos labrador Retriever.

PARA OS AMANtES dos labrador retriever

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PAULA CAMPOS

Para garantir um suporte técnico aos clientes, têm parcerias com veterinários que dão conse-lhos e esclarecimentos nas mais variadas maté-rias. Em concreto, em que consiste este trabalho de colaboração?Temos parcerias com vários veterinários, que nos esclarecem dúvidas sobre vários cuidados e trata-mentos em geral, e particulares desta raça. Desta forma podemos manter todos os nossos seguidores bem informados.

Com a atual conjuntura económica, muitas famílias, por muito que tentem, não conseguem cuidar do seu animal como desejam. Sentem que os cuidados com os animais passaram para segundo plano? Os vossos produtos são para todos os bolsos? Embora o País esteja a passar grandes dificulda-des económicas, é interessante ver como as pes-soas não deixam de cuidar bem dos seus cães, e até mimá-los bastante! Dadas as características da nossa gama de produtos, ela é mais dirigida a um segmento médio-alto. No entanto, tentamos sempre que possível, partir de uma base que seja acessível a todos os Labrador Lovers.

Antes de avançar para este projeto, como descre-veria o seu percurso a nível profissional? Enquanto empreendedora, no momento em que decidiu con-cretizar a Lab Lovers, sentiu algum constrangimento pelo facto de ser mulher? Quais foram as principais barreiras?Antes de avançar com este projeto já tinha percor-rido um grande trajeto profissional. Tenho o curso de Gestão Hoteleira, trabalhei vários anos no Porto Sheraton Hotel, nomeadamente como Sales Mana-ger, criei uma empresa de fardamento para crianças, fui responsável do Marketing e Comercial no mer-cado do Merchandising, e criei uma nova empresa do mesmo ramo em 2011. A LAB LOVERS® foi

um sonho de família que conseguimos realizar. Em-bora seja eu a operacional, tenho a acessoria técni-ca da minha filha formada em Ciências do Meio Aquático, e expert neste Mercado “Pet & Vet”, e do meu marido com grande experiência em Marke-ting, e que é um eterno Lab Lover! O facto de ser mulher nunca foi um obstáculo na minha carreira, muito que pelo contrário. Foi mesmo uma mais--valia para desenvolver todas as relações comerciais ao longo dos vários anos. Claro que para poder ter sucesso na minha carreira tive de gerir a vida fa-miliar, o que na verdade não foi fácil porque tenho três filhos e sempre viajei bastante. Tive a ajuda da minha família, que foi determinante para a minha liberdade de movimentos.

Considera que homens e mulheres são diferentes na forma como gerem os negócios? Onde se eviden-ciam essas distinções?Na minha opinião, e pela minha experiência, con-sidero que a forma como os homens e mulheres gerem os negócios e desenvolvem as relações hu-manas e comerciais, são completamente diferentes. A sensibilidade, a perceção, o instinto e a nossa capacidade de fazer mais do que uma tarefa ao mesmo tempo, é uma grande vantagem enquanto mulheres em relação aos homens. Por outro lado penso que para as mulheres é muito mais fácil trabalharem com homens, que são mais frios, de uma maneira geral mais calmos, e emocionalmen-te mais estáveis. As consequências são inevitáveis! Uma mulher consegue perceber e sentir com mais facilidade o que o seu interlocutor está a sentir ou pensar e rapidamente agir em conformidade. No caso de trabalhos em equipa quando há menos mulheres é mais fácil evitar atritos, e trabalha-se com mais harmonia e bom ambiente.

Para a Lab Lovers, que projetos quer ver brevemen-te concretizados?O objetivo que a LAB LOVERS® quer ver concre-tizado o mais brevemente possível, é ter uma gama alargada de produtos fabricados em Portugal com a nossa marca, e começar a exportá-los.

lIDERANÇA NO fEMININO

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Numa época em que muitas empresas passam por dificuldades e está generalizada a ideia de que se lê pouco, a Editora Edições Esgotadas conquistou um lugar no mercado nacional e encontra-se em fase de expansão,

projetando, para breve, a implantação da empresa em Angola, Moçambique e são Tomé e Príncipe. Teresa Adão, Diretora, e Ana Coelho, Designer, da editora Edições Esgotadas, falaram um pouco mais deste projeto.

“FAzEMOS, DE CADA LIVRO, uma obra especial”

OBRAs QUE MARCAM

A editora Edições Esgotadas só edita obras esgo-tadas? Não, também temos essa vertente, mas o nosso principal objetivo é esgotar as obras que edita-mos. É interessante que muitas pessoas associam a nossa editora a obras esgotadas e isso até pro-voca alguns episódios engraçados.

O que distingue a Editora Edições Esgotadas de tantas outras existentes no mercado?A Edições Esgotadas distingue-se das gran-des editoras pela independência em relação aos grandes grupos económicos, o que nos per-mite escolher, livremente, os livros a publicar pela qualidade dos textos e pela pertinência do tema. Desta forma, conseguimos assumir o pa-pel de agentes difusores de cultura. Quanto às pequenas editoras, orgulhamo-nos de, em ter-mos organizacionais, possuirmos uma comissão científica que convida os autores e aprecia as obras que, diariamente, nos são enviadas para análise. Fazemos, de cada livro, uma obra es-pecial e abraçamos os projetos com dedicação, acarinhando os autores, mesmo que ainda sejam principiantes.

Dedicam-se a um género editorial específico?Não, o nosso catálogo inclui obras em prosa, como romances, biografias, contos, livros infantis, cancioneiros e dicionários, mas importa salientar que a excelente qualidade da nossa coleção de po-esia a posiciona, já, como uma referência a nível nacional e internacional. Somos, também, par-ceiros de algumas câmaras municipais um pouco por todo o país, procedendo à edição de obras de luxo e de livros personalizados destinados a bibli-ófilos. Colaboramos com grandes editoras a nível internacional, estabelecendo parcerias no que diz respeito à edição de obras traduzidas.

Está nos vossos horizontes experimentarem a edição em ebook?Já produzimos ebooks, desde a nossa constituição como empresa. Há determinadas obras que edi-tamos em formato digital e em papel, outras ve-zes, optamos, apenas, pelo ebook. Estamos bem enraizados na edição de ebooks e temos clientes desde o Brasil, à Austrália, aos Estados Unidos, entre outros. Trabalhamos com as grandes dis-tribuidoras de ebooks a nível mundial, como a Amazon, a iTunes e a Kobo.

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“Já produzimos ebooks, desde a nossa constituição como empresa. Há determinadas obras que editamos em formato digital e em papel, outras vezes, optamos, apenas, pelo ebook. Estamos bem enraizados na edição de ebooks e temos clientes desde o Brasil, à Austrália, aos Estados Unidos, entre outros. Trabalhamos com as grandes distribuidoras de ebooks a nível mundial, como a Amazon, a iTunes e a Kobo”TERESA ADÃO E

ANA COELHO

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REsPONsABIlIDADE CORPORATIVA

“A Casa Ermelinda freitas nasceu de muito trabalho familiar e de uma grande luta e colaboração dos seus funcionários, assim como tem conseguido crescer porque a sociedade a tem ajudado, dando preferência a compra dos seus vinhos. Como tal a

Casa Ermelinda freitas e eu própria me sinto na obrigação de devolver a sociedade um pouco daquilo que ela me tem dado, e nesta perspetiva achamos que temos um papel social a desempenhar e temos tentado devolve-lo através dos projetos

de responsabilidade social”. Quem o diz é leonor freitas, sócio-gerente da Casa Ermelinda freitas, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Vinhos, qualidade e prestígio são alguns dos pilares desta marca…e muito mais, até porque a Casa Ermelinda

freitas é hoje um exemplo no domínio da Responsabilidade social e Corporativa. Uma marca/empresa moderna e que tem na sua orgânica uma real preocupação com a comunidade envolvente.

“tEMOS UM PAPEL SOCIAL A DESEMPENHAR

Marca de enorme relevo e prestígio, a Casa Ermelinda Freitas, desde a primeira geração, que tem vindo a apostar na qualidade das vinhas e dos vinhos, sendo hoje um player de enorme relevo a nível nacional e internacional. Que análise perpetua da intervenção da Casa Ermelinda Freitas no mercado em que atua?A Casa Ermelinda Freitas teve a sorte da sua primeira geração ter as vinhas numa boa região, e de serem pessoas simples, trabalhadoras com grande amor à terra, temos continuado a com-prar mais terrenos a plantar mais variedades de castas e assim continuamos a reforçar esse amor, criando os melhores vinhos com a melhor rela-ção qualidade preço.

Será legítimo afirmar que uma das vossas grandes mais valias passa pela capacidade que possuem em aliar a tradição às novas tecnologias e por conseguinte, produzir produtos vitivinícolas de enorme qualidade? Como conseguem perpetuar esta simbiose?Não há dúvida que o vinho é um produto tra-dicional, mas ele tem que evoluir na sociedade como os outros setores. E para isso temos que adaptar as tecnologias de hoje que são uma mais valia para a qualidade e também para a compe-titividade dos mercados onde nos encontramos inseridos.Com as novas tecnologias melhoramos logo a base do produto que é a uva, com as adegas modernas, que permitem o controlo de tempe-ratura, filtragens, ou seja, todos os controlos de qualidade das novas tecnologias permitem che-gar a um produto final que é o vinho.

A nível internacional, qual o patamar em que se encontra atualmente a Casa Ermelinda Freitas e os respetivos produtos? Que outros mercados estão na vossa mente para apostar proximamente?Para a Casa Ermelinda Freitas o mercado nacio-nal é e será sempre muito importante, mas te-mos que apostar cada vez mais nas exportações. 40% do nosso produto é vendido nos mercados Europeus, Asia, América do Sul, Países Nórdi-cos, África, enfim sempre que nos surge um a oportunidade tentamos não perder. Vamos se-meando permanentemente em todo o mundo para depois virmos a colher os frutos, é esta a nossa filosofia. Iremos continuar na luta para ganharmos novos mercados e expandir a marca Casa Ermelinda Freitas, dignificando a região da península de Setúbal, afirmando a qualidade dos vinhos de Portugal.

Sendo este um setor (o mercado vitivinícola) extremamente competitivo, que análise perpetua do mesmo? Para quem não conhecer os produtos da Casa Ermelinda Freitas, que características possuem os mesmos?O mercado vitivinícola, na minha opinião será um setor de futuro pois temos a maior varie-dade de castas, a maior diferenciação de vinhos por regiões derivado aso vários climas e terroir. O que proporciona vinhos de nicho de grande qualidade a sim como tem dimensão para quan-tidade com qualidade. A Casa Ermelinda Freitas pela sua dimensão situa-se em todo os patama-res e vai ao encontro de todos os momentos e consumidores.A Casa Ermelinda Freitas, possui uma entida-de gráfica que é transversal a toda a sua gama, logotipo da casa, as riscas patentes nas capsulas bem como a divulgação de mais de 600 prémios

ganhos a nível nacional e internacional, e será sempre uma empresa dinâmica na informação indo ao encontro das varias gerações de consu-midores com produtos diferenciadores consoan-te os momentos. Sempre com o compromisso de em todas as gamas ter a melhor qualidade ao melhor preço.

Os produtos «made in» Casa Ermelinda Freitas têm sido diversas vezes galardoados e premiados. Que significado têm esses prémios para si e respetiva equipa? Além do orgulho nos mesmos, sente que aportam consigo um nível de exigência para o futuro? Os prémios têm o valor que cada um lhe quiser atribuir, mas é para nós um grande aferimento da qualidade a nível mundial e reforça-nos na constante aposta na qualidade. Ela resulta do trabalho feito pelas anteriores gerações, pela

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LEONOR FREITAS

“Este esforço leva a que tenhamos uma empresa moderna, participativa, competitiva, produtos adaptados ao gosto dos consumidores dos vários mercados em que o nosso principal alvo é a satisfação dos mesmos. O vinho não é feito para nós mas sim para eles”

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pequena equipa, mas muito grande em compe-tência reforçando o grande trabalho do enólogo Jaime Quendera. Estes prémios são vividos por toda a equipa com muita alegria, mas também com grande responsabilidade de fazermos cada vez melhor. Cada prémio conquistado é também um marco, destacando-se de um modo particular o Syrah 2005, que foi considerado o melhor vinho tinto do Mundo na edição de 2008 do Vinailes Internacio-nales. Este ano a Casa Ermelinda Freitas foi con-siderada pela “Associação Mundial de Jornalistas e Escritores a 3ª Melhor Empresa em Portugal e a 24ª no Ranking Mundial, o Cabernet Sauvig-non 2011 foi eleito o melhor vinho de Portugal de 2015 pela “Associação Mundial de Jornalistas e Escritores de Vinhos e Licores”, este é um duplo reconhecimento uma vez que em 2014 o Moscatel Superior ganhou o mesmo prémio, o Terras do Pó Castas Branco 2014, o Dona Ermelinda Reserva 2012, o Cabernet Sauvignon 2012 entre outros, ganharam medalhas de Duplo Ouro no “China Wine & Spirits Awards 215”. O vinho Cabernet Sauvignon de 2012 foi também eleito o melhor vinho português do ano do “China Wine & Spi-rits Awards”. Em 2015 a Casa Ermelinda Freitas já arrecadou 66 medalhas de Ouro, 60 medalhas de Prata e 26 medalhas de Bronze, nos concursos mundiais mais prestigiados.

A vertente de responsabilidade corporativa das marcas procura responder à necessidade global de competências que abram portas ao emprego e oportunidades económicas. O que representa o conceito de responsabilidade corporativa para a Casa Ermelinda Freitas?A Casa Ermelinda Freitas sente uma grande responsabilidade pois dela dependem muitas fa-mílias que aqui trabalham e uma grande parte da economia da região onde se insere. Também não posso esquecer que a quinta geração os meus filhos também aqui trabalham e perpetuam esta mesma preocupação.

Comparando com outros países, as empresas e as marcas em Portugal ainda não ativam e comunicam devidamente os seus esforços de gestão, no que respeita à responsabilidade social corporativa. Como consegue a Casa Ermelinda Freitas «fugir» a este desígnio e ser uma exceção positiva?

“A Casa Ermelinda Freitas sente uma grande responsabilidade pois dela dependem muitas famílias que aqui trabalham e uma grande parte da economia da região onde se insere. Também não posso esquecer que a quinta geração os meus filhos também aqui trabalham e perpetuam esta mesma preocupação”

Não é possível evoluir sem investimento e a Casa Ermelinda Freitas tem lutado e investido permanentemente de modo a que os momentos negativos passem a ser positivos. Também temos a humildade que quando tudo esta a correr bem saber que nada é permanente e que temos que trabalhar cada vez mais e melhor para envolver todos os nossos parceiros e colaboradores como elementos fundamentais na dinâmica e evolução da Casa Ermelinda Freitas. Não temos ficado de braços cruzados a falar na crise, mas sim traba-lhado para a contornar.

De que forma é que esta aposta, na vertente da Responsabilidade Corporativa e nessa dinâmica, tem um reflexo positivo no seio da empresa ao nível de recursos humanos, gestão e aposta na inovação, bem como perante o mercado de atuação, parceiros e mesmo dinâmica internacional?Este esforço leva a que tenhamos uma empresa moderna, participativa, competitiva, produtos adaptados ao gosto dos consumidores dos vários mercados em que o nosso principal alvo é a sa-tisfação dos mesmos. O vinho não é feito para nós mas sim para eles.

De que forma é hoje a Casa Ermelinda Freitas um pilar no domínio da responsabilidade corporativa e social, mais concretamente na promoção de emprego e por conseguinte ao nível da responsabilidade social perante a comunidade local?A Casa Ermelinda Freitas nasceu de muito trabalho familiar e de uma grande luta e cola-boração dos seus funcionários, assim como tem conseguido crescer porque a sociedade a tem ajudado, dando preferência a compra dos seus vinhos. Como tal a Casa Ermelinda Freitas e eu própria me sinto na obrigação de devolver a sociedade um pouco daquilo que ela me tem dado, e nesta perspetiva achamos que temos um papel social a desempenhar e temos tentado devolvê-lo através dos projetos de responsabi-lidade social como “A Vida de um Vinho”, que consta na venda de mil e quinhentas garrafas para ajudar idosos desfavorecidos, e fazendo um hectare de vinha num centro de recuperação de jovens para que estes aprendam a ter hábitos de trabalho para no futuro poderem integrar-se na sociedade.

Quais são as grandes prioridades e desafios de futuro da marca? O que podemos esperar da mesma para 2016? Existem todas as condições para o ano de 2016 seja um ano de grande qualidade, tivemos uma vindima de ouro o que vai proporcionar grandes vinhos. Va-mos lançar o nosso primeiro Moscatel superior Roxo que pensamos que será mais um complemento e reforço do portfolio da Casa Ermelinda freitas, um reforço de um vinho único da região (Moscatel”), e temos a certeza da grande qualidade de toda a gama dos nossos vinhos.O futuro será a continuidade, o reforço, a partilha, a globalização, e a alegria de vir a receber na Casa Ermelinda freitas muitos clientes a nível nacional e internacional onde poderemos mostrar a nossa for-ma de trabalhar, a nossa empresa, e dar a provar os nossos vinhos, ao fim ao cabo uma aposta no Enotu-rismo, trazendo a cidade até ao mundo rural.

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Um dos fatores de diferenciação da Queen Elizabeth’s School é a preocupação constante em transmitir aos seus alunos valores éticos e morais, que serão fulcrais na idade adulta. Podemos dizer que do colégio saem pessoas humanas e íntegras?Um dos pilares do projeto educativo da Queen Elizabeth’s School assenta na formação do ca-ráter dos seus alunos, valorizando o desenvolvi-mento pleno da sua personalidade, capacidades e realização pessoal. Proporcionar-lhes a aquisição de sólidos conhecimentos gerais e incutir-lhes o gosto pela aprendizagem e pelo saber de for-ma a prosseguirem os seus estudos com sucesso. Prepará-los para serem cidadãos ativos e respon-sáveis, atuando sempre na defesa de uma socieda-de humanista, de cooperação e de solidariedade, numa perspetiva de globalidade, a nível local, na-cional e internacional.

Este colégio foca-se não apenas na educação base, mas também no desenvolvimento de talentos artísticos, identificando e promovendo estes dotes quando visíveis nos alunos. Acredita que esta questão trará algum progresso e uma maior apetência social para encarar novos desafios?A descoberta de vocações e de talentos é de importância primordial numa boa integração e aproveitamento escolar do aluno, promove a autoestima, a motivação e o empreendedoris-mo, estimulando o desenvolvimento de interes-ses e aptidões nas áreas das expressões plástica, dramática, musical e físico-motora. Valorizar as áreas das expressões, através da participação em projetos pessoais ou de grupo, permite à crian-ça desenvolver as suas capacidades expressivas e criativas, sensibilidade estética para compreender referências culturais, explorar o seu imaginário e destreza. A criatividade e a inovação permitem criar pontes entre a investigação científica, o pro-cesso de criação artístico e o progresso tecnoló-

EDUCAÇÃO EM DEsTAQUE

Instituição de ensino de qualidade, a Queen Elizabeth’s school promove uma educação completa, baseada não apenas nos ensinamentos escolares, mas também no desenvolvimento pessoal, onde os alunos

são estimulados e incentivados a ser indivíduos íntegros e humanistas e parte integrante de um mundo desenvolvido. Conheça esta dinâmica singular, através da nossa conversa com Conceição de Oliveira Martins, Presidente do Conselho de Administração da fundação Denise lester e Membro da Direção

Colegial da Queen Elizabeth’s school.

qES: um projeto educativo assente na formação do caráter

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gico, possibilitando encontrar novos caminhos e potenciando o desenvolvimento económico num mundo em constante mudança.

A religião continua a fazer parte do projeto educativo da Queen Elizabeth’s School, que impulsiona o catolicismo e os ensinamentos cristãos no quotidiano do colégio. Qual é a importância deste tema para os vossos alunos?A componente religiosa é um fator importante na educação integral dos alunos, os valores cristãos assentam no reconhecimento da dignidade da pessoa, na prática do bem e na responsabilidade social pela criação de um mundo melhor. Os ensinamentos do catolicismo fomentam a

tolerância, a solidariedade, o diálogo inter-religioso e intercultural, assim como o respeito por outras confissões religiosas tão importante na construção da paz e na cooperação entre os povos.A Educação Moral e Religiosa Católica faz parte da herança histórica e cultural da Europa. O conhecimento do Evangelho ajuda a encontrar respostas para causas humanitárias e valorizar o sentido da vida, tendo presente a realidade social que a escola deve dar a conhecer aos seus alunos como futuros cidadãos em fase de crescimento e formação.Não esquecendo nunca as culturas portuguesa e britânica, a Queen Elizabeth’s School tem

CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA MARTINS

SPORTS DAY 2015 GINÁSTICA NA ESCOLA

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criado parcerias internacionais, apostando numa dimensão internacional da educação. O que pode dizer-nos sobre este aspeto? O Projeto Educativo da Queen Elizabeth’s Scho-ol assenta no estreitamento dos laços históricos e culturais entre Portugal e o Reino Unido, man-tendo o culto da Aliança mais antiga do mundo e no ensino bilingue português-inglês, nas valências de Berçário, Creche, da Educação Pré-Escolar e do Currículo Oficial Português do Primeiro Ciclo do Ensino Básico, recorrendo a uma metodologia aplicada em alguns países da União Europeia no domínio da Aprendizagem Integrada de Línguas e Conteúdos (AILC), procurando assim uma crescente internacionalização do seu currículo.Ao nível do 1º Ciclo, a Queen Elizabeth’s Scho-ol introduziu “um modelo integrado de ensino bilingue, em que os alunos passaram a ter, além da disciplina de Inglês, como segunda língua, as disciplinas de Matemática e Estudo do Meio le-cionadas em português e em inglês, respeitando respetivamente o programa do currículo nacio-nal Português do 1º Ciclo do Ensino Básico e o Programa Primário Internacional da Universida-de de Cambridge, uma vez que, em outubro de 2013, lhe foi atribuído o estatuto de “Cambridge Primary School” e “Cambridge International School”, além de ser Centro de Preparação de Exames da Cambridge English, Centro de Exa-mes do Trinity College London e membro do Instituto Britânico no Programa de Parceria de Exames denominado “Addvantage”.O ensino do Inglês é validado internacionalmen-te pelos “Young Learners English Tests” da Uni-versidade de Cambridge, pelo exame de Artes Performativas “Trinity Stars: Young Performers in English Award” (Stage II e Stage III), pelo “Integrated Skills in English” (ISE 0, ISE I e ISE II) e Graded Examinations in Spoken English (GESE VII) do Trinity College London e pelo First Certificate in English da Universidade de Cambridge (FCE), correspondentes respetiva-mente aos níveis A1, A2, B1 e B2 do Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas do Conselho da Europa (QECR). Os níveis a partir do A2 destinam-se aos antigos alunos que fre-quentam os Clubes de Inglês da QES.A QES, no domínio da Educação e Expressão Musical, tem uma parceria com a empresa Foco Musical, a qual é membro da Associated Board of the Royal Schools of Music (ABRSM), líder

mundial na área de avaliações e de exames de Música. Os alunos da QES que frequentam as aulas de iniciação à aprendizagem de um instru-mento musical, piano e guitarra clássica, podem ser submetidos a um exame de música reconhe-cido internacionalmente.

O que podem esperar os alunos da Queen Elizabeth’s School para o ano letivo de 2015-2016?O corrente ano letivo será promissor para toda a comunidade escolar, uma vez que no dia três de novembro próximo será a data do 80º aniversá-rio da QES. A comemoração desta data histórica terá lugar no mês de janeiro de 2016, neste mes-mo evento celebrar-se-á também os 50 anos de existência da Fundação Denise Lester, cujo ani-

versário teve lugar no dia 5 de fevereiro de 2015. Realização dos testes Cambridge Primary Che-ckpoint, os quais foram criados para poder ava-liar os pontos fortes e fracos nas áreas curricu-lares de Matemática e Ciências das escolas que oferecem o Programa Educativo Internacional Cambridge Primary (www.cie.org.uk), como é o caso da QES.Preparação dos antigos alunos mais graduados que frequentam os Clubes de Inglês da Queen Elizabeth’s School para a realização do Certifica-te in Advanced English - CAE da Universidade de Cambridge. Abertura do Clube de Mandarim como atividade extra para os alunos da QES a partir dos 5 anos de idade.

“Valorizar as áreas das expressões, através da participação em projetos pessoais ou de grupo, permite à criança desenvolver as suas capacidades expressivas e criativas, sensibilidade estética para compreender referências culturais, explorar o seu imaginário e destreza”

EDIFÍCIO

COMUNHÃO 2015

FOTO SALA AULA ANTIGA

1ª COMUNHÃO

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O Erasmus+ aposta num ensino superior melhorado, em experiências laborais enriquecedoras, em projetos de voluntariado e em projetos inovadores na área do desporto, sem descurar o investimento nas instituições de ensino. O que podemos esperar deste programa europeu? De que modo estas apostas diferenciadas serão uma mais-valia para o ensino europeu e, em particular, para o ensino português?Entre 1987 e 2015, mais de 100,000 portugue-ses beneficiaram de financiamento para mobi-lidade no âmbito do Programa Erasmus+, nas áreas do ensino escolar, formação profissional, ensino superior, educação de adultos, juventude e desportos. Em 2014 e 2015, quase 200 institui-ções e mais de 13,000 estudantes e profissionais de educação e formação estão a beneficiar de mobilidades em todos os setores do programa. Entre 2014 e 2020, o Programa disponibilizará 14,7 mil milhões para apoiar ações de mobili-dade, parcerias estratégicas e o desenvolvimento de políticas nas áreas da Educação, Formação, Juventude e Desporto na UE. Até 2020, espera--se que mais de 4 milhões de jovens e adultos beneficiem do Programa, adquirindo compe-tências e ganhando experiência através de estu-dos, estágios ou voluntariado noutros países. O Programa apoiará mais de 125,000 instituições, promovendo a cooperação entre instituições europeias congéneres para inovar e modernizar práticas pedagógicas e o trabalho em prol da educação e formação.

Admitem colmatar lacunas na Europa com este novo programa. De que modo irão tornar as áreas em que apostam em algo mais completo e rigoroso? Podemos afirmar que a interação cultural permitirá uma visão mais global, que possibilitará corrigir problemas e constrangimentos existentes nos diferentes países-membros?O Programa promove o desenvolvimento de uma Europa do conhecimento, a todos os ní-veis da educação e formação, tornando a apren-dizagem ao longo da vida uma realidade para todos. O Programa visa contribuir para a UE alcançar os objetivos de crescimento inteligen-te, sustentável e inclusive da Estratégia Europa 2020, através do desenvolvimento do ensino pré-escolar, diminuição do abandono escolar, melhoria da formação profissional, aumento do número de licenciados na Europa e aumento da empregabilidade de jovens e adultos. A nível europeu, já sabemos que o programa tem tido impacto na empregabilidade de beneficiários: há menos desemprego entre os que frequentaram o Erasmus do que entre os que não participaram no programa.

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EDUCAÇÃO EM DEsTAQUE

O Programa Erasmus+ entrou em 2014 em Portugal para substituir a anterior iniciativa de intercâmbio. Com uma atitude mais ambiciosa, promete beneficiar o ensino e o desporto, aumentar os níveis de

empregabilidade e, acima de tudo, proporcionar experiências multiculturais. Neste contexto, as Agências Nacionais têm aqui um papel fundamental, no sentido de orientar corretamente as candidaturas e

beneficiários. A Revista Pontos de Vista falou com joana godinho, Diretora da Agência Nacional Educação e formação em Portugal, no sentido de melhor compreender esta dinâmica.

ERASMUS+, por uma “europa mais pacífica, equitativa, inclusiva, competitiva e inovadora”

JOANA GODINHO

O Erasmus+ permitirá que o ensino superior abrace uma era de mudança e modernização, onde a universidade será mais acessível à população, a internacionalização estará fortemente presente e o sistema de ensino sentirá os benefícios da diversidade cultural. É possível dizer que existem já alterações concretas e bem visíveis?Julgamos que o Programa Erasmus+, e os seus antecessores, têm contribuído significativamente para a internacionalização do ensino superior e para a cooperação para a inovação e boas práti-cas. O ensino superior é o principal beneficiário do Programa Erasmus+ em Portugal, onde ab-sorve cerca de metade dos recursos financeiros disponíveis, como aliás se verifica nos outros pa-íses da União Europeia. O feedback que recebe-mos de alunos, profissionais do ensino superior e instituições é muito positivo.

O ensino pré-escolar, básico e secundário não será esquecido, existindo também programas inovadores que promovem a interação cultural e a modernização estrutural. Existe já uma qualidade renovada nestas áreas de ensino?O ensino escolar tem sido financiado desde 1995 (inicio do programa Sócrates), com boas práticas identificadas em todas as áreas e com um feedba-

ck extraordinário por parte da comunidade edu-cativa. Há cada vez mais instituições de ensino escolar que incluem nos seus projetos educativos objetivos de internacionalização, que se consubs-tanciam em atividades de cariz intercultural e de inovação estrutural, para aumentar a qualidade do ensino e aprendizagem na Europa.

A aposta em experiências de trabalho em contexto internacional trará uma visão renovada aos profissionais do futuro e a atuais profissionais que pretendam apostar na sua formação. De que forma a sociedade em geral beneficiará destes cidadãos trabalhadores que conhecem verdadeiramente o significado de diversidade cultural? Há um reforço sistemático por parte do Progra-ma no que se refere a iniciativas que promovem a ligação entre a educação e formação, o mercado de trabalho e o tecido económico em geral. A formação profissional é o segundo setor que mais beneficia do Programa em Portugal, tendo obti-do em 2015 quase um terço dos fundos disponí-veis. Para um empregador à procura de pessoas que falem línguas e sejam capazes de trabalhar noutros contextos e em equipas multiculturais, a mobilidade e multiculturalidade é hoje muito

“Entre 1987 e 2015, mais de 100,000 portugueses benefi-ciaram de financiamento para mobilidade no âmbito dos Pro-gramas comunitários Sócrates e Leonardo da Vinci, Apren-dizagem ao Longo da Vida e Erasmus+”.

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As Agências Nacionais (AN), presentes em cada um dos países-membros do programa, possibi-litam uma interação mais adequada com os fu-turos candidatos e trabalham especificamente as iniciativas de educação e formação do Eras-mus+. De que modo o papel das Agências é fun-damental na realização do Erasmus+? As Agências Nacionais têm a responsabilidade de organizar o processo de candidatura, avaliação, se-leção e monitorização de projetos de mobilidade e parceria a tempo e horas, com transparência e com qualidade. As Agências seguem regras comunitá-rias claras, são monitorizadas e auditadas regular-mente por instituições nacionais e europeias e são alvo de escrutínio por parte das instituições candi-datas e beneficiárias. Em Portugal, a Agência Nacio-nal Educação e formação dedica muito tempo à disseminação do Programa e a assistir instituições candidatas a prepararem as suas propostas e as instituições beneficiárias a executarem os projetos financiados.

importante. Recém-graduados podem realizar estágios até um ano num dos países participan-tes no Programa, podendo desta forma aumentar a sua capacidade social, cultural e de emprego.

Não pretendendo cingir-se apenas aos estudantes europeus, o Erasmus+ pretende contribuir para a formação e troca de experiências entre profissionais. De que modo os não estudantes poderão beneficiar desta iniciativa?Todos os atores educativos ligados a organiza-ções de ensino e formação podem beneficiar do Programa Erasmus+, que financia mobilidade de profissionais de educação e formação e a educa-ção de adultos, através de atividades de forma-ção contínua noutros países. O alargamento dos projetos de parceria a todas as instituições e, em particular, às empresas, vem ao encontro da ne-cessidade de promover uma maior ligação entre o ensino e formação e o mercado de trabalho. Através de projetos de cooperação e partilha de boas práticas, organizações de diferentes países podem envolver todo o staff em intercâmbios, atividades de ensino e formação e promoção de práticas de benchmarking.

Baseado numa interligação europeia, esta iniciativa promove também programas extracomunitários, que englobam países de outros continentes. De que projetos estamos a falar? E que países estarão presentes nesta iniciativa?A nova linha de ação International Credit Mobi-lity permite receber e enviar estudantes de e para todo o mundo. Prioridade é dada a países vizinhos da União Europeia, seguidos dos países asiáticos em desenvolvimento, Países das Balcãs, América Latina, países industrializados das Américas e Ásia, e África do Sul. Em 2016, serão também incluídos os países ACP: África, Caraíbas e Pa-cífico, o que permitirá financiar mobilidades de e para os PALOP. Estes projetos visam contribuir para o desenvolvimento de países prioritários no quadro da política externa da União Europeia, e para a excelência do ensino e investigação euro-peus, procurando atrair os melhores colaborado-res e estudantes de outras regiões.

Quais são os próximos passos do Erasmus+ e, nomeadamente, da Agência Nacional?O Programa Erasmus+ será implementado até 2020. Queremos continuar a assegurar tanto quanto possível a continuidade do apoio a be-neficiários tradicionais, com inclusão de institui-ções e regiões portuguesas que têm beneficiado menos do Programa até agora. No entanto, o maior problema com que nos defrontamos con-tinua a ser o do financiamento. Apesar de ter ha-vido um aumento significativo dos recursos para o período 2014-2016, em 2015 só conseguimos financiar cerca de um terço das candidaturas com qualidade que nos enviaram. Em todas as áreas, a AN Educação e Formação recebe muito mais candidaturas com qualidade do que as que o Programa pode financiar. Neste momento, a Agência está especialmente em-penhada em melhorar a qualidade da avaliação de candidaturas e em dar mais apoio à boa execução dos projetos aprovados, garantindo 100% de execu-ção física e financeira. Está também num processo de simplificação administrativa e de desmateriali-zação de processos, não só para gastar menos papel, mas para tornar a gestão mais eficaz e eficiente.

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Estar numa candidatura aprovada como parceiro é muito interessante, mas impor-ta que as instituições nacionais tenham a ambição de liderarem candidaturas, só

assim poderemos marcar uma posição de for-te credibilidade no cenário internacional, o que acarretará novos convites e novos projetos.Neste ano ao nível do Erasmus+, o Instituto Poli-técnico do Porto (IPP) procurou apostar em can-didaturas fortes e liderar algumas candidaturas.Um primeiro projeto que é interessante referir é o projeto Blended-AIM, aprovado no âmbito das Parcerias Estratégicas. É um projeto liderado pelo Professor Nuno Escudeiro do IPP e pode ser visto como um projeto que fomenta uma so-lução sustentável para o aumento das competên-cias internacionais dos estudantes. A ideia base é substituir uma mobilidade mais longa de estu-dantes por mobilidades mais curtas, fazendo um conjunto de estudantes encontrar-se fisicamente na fase inicial do projeto, por exemplo por um período de duas semanas para acertarem os de-talhes de um projeto que irão desenvolver com estudantes de outros países, com competências e formações diferenciadas, voltando depois aos seus países de origem, onde desenvolvem o pro-jeto e interagem com os colegas de grupo com base em ferramentas colaborativas, para depois voltarem a estar juntos para a integração final e apresentação do projeto. A ideia base já tinha sido testada com sucesso num outro projeto do mesmo professor, o MUTW, em projetos de Engenharia Informática que decorreram no Ins-tituto Superior de Engenharia do IPP (ISEP), mas agora ganha uma dimensão diferente. O Blended-AIM criará a infraestrutura necessá-ria para promover e sistematizar a mobilidade internacional de alunos do ensino superior com suporte virtual. Em concreto, o projeto potencia a mobilidade internacional e a empregabilidade dos alunos através da criação e disponibilização dos recursos – incluindo formação, ferramentas de suporte e informação – para apoio aos alunos e às instituições acolhedoras de estágios e da pro-moção de práticas de ensino inovadoras com vis-ta ao desenvolvimento das competências trans-versais dos alunos em ambiente internacional.

POLItéCNICO DO PORtO APOStA na liderança de projetos erasmus+

O Programa Erasmus+ envolve três grandes ações-chave que contemplam a mobilidade para aprendizagem, a cooperação para a inovação e troca de boas práticas e o apoio para a reforma das políticas. Cada uma destas ações-chave está dividida em programas específicos. Tomemos como exemplo a ação-chave da cooperação para a inovação e troca de boas práticas.

Iremos encontrar dentro desta ação-chave programas de Parcerias Estratégias, um programa de Alianças do Conhecimento, um programa de Alianças de Competências setoriais e um programa de Construção de Capacidades. são programas nos

quais os projetos aprovados podem atingir valores na ordem de um milhão de euros, ou de algumas centenas de milhar de euros, constituindo portanto projetos apetecíveis.

A OPINIÃO DE Carlos Ramos, Vice-Presidente para a Internacionalização do Instituto Politécnico do Porto

O consórcio Blended-AIM inclui dez parceiros oriundos de Portugal, Alemanha, Reino Unido, Chipre, Itália, Bélgica, Áustria e Grécia. O pro-jeto decorre durante três anos, entre setembro de 2015 e agosto de 2018 e tem um orçamento total de mais de 392 mil euros.Blended-AIM é um dos três únicos projetos de Parcerias Estratégicas aprovados pela Agência Nacional Erasmus+, escolhido de um lote de 34 candidaturas.Outro projeto aprovado com liderança do IPP e que decorre no Instituto Superior de Conta-bilidade e Administração do IPP (ISCAP) é o projeto eFinLit, uma parceria estratégica para a formação de adultos orientada para o desenvolvi-mento de competências financeiras para cidadãos europeus com recurso a aprendizagem online e literacia digital. Este projeto coordenado pela Professora Ana-bela Mesquita foi uma das quatro candidaturas aprovadas, entre 29 apresentadas, recebendo um financiamento de cerca de 231 mil euros.No domínio do programa de Construção de Ca-pacidades será importante destacarmos o projeto VISIR+. Este projeto assenta no conceito de La-

boratório Remoto. O que é um Laboratório Re-moto? De modo simplificado pode ser descrito como um laboratório real, físico, mas no qual as experiências podem ser controladas à distância. Não devemos confundir com o conceito de La-boratório Virtual, no qual é feita a simulação de um laboratório real. Os laboratórios remotos exi-gem um grande cuidado na sua construção, pois as experiências efetuadas serão reais. O Profes-sor Gustavo Alves é o responsável pelo projeto. Também aqui o projeto é a continuação de uma experiência anterior, de um projeto designado VISIR, desenvolvido no âmbito de um programa europeu. Recentemente, o VISIR foi considera-do o melhor Laboratório Remoto do Mundo. A área da aplicação é a da implementação e teste de circuitos elétricos e eletrónicos. Para além de par-ceiros em Portugal, Espanha, Suécia e Áustria, o projeto dispõe de parceiros no Brasil e Argentina.VISIR+ é um dos dois únicos projetos liderados por Portugal que foram aprovados internacional-mente no programa de Construção de Capacida-des e recebeu um financiamento de cerca de 670 mil euros. Dois projetos com liderança portu-guesa, num programa onde mais de 140 projetos

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foram aprovados. O IPP está muito satisfeito com o sucesso que obteve nas candidaturas que liderou, de que os três exemplos citados acima são exemplificativos. Outros resultados muito interessantes foram ob-tidos pelo IPP em outros programas, tais como o projeto do programa de Mobilidade de Créditos Internacionais, quarto lugar em 27 projetos, ou os projetos de mobilidade estudantil individual e o Consórcio NOW PORTUGAL, o consór-

cio constituído pelos Politécnicos de Bragança, Cávado e Ave, Porto e Viana do Castelo, para mobilidades tipo estágio, este ano liderado pelo IPP. Isso, claro, além de uma série de projetos em que atuamos como parceiros. Logo, muito traba-lho para o Gabinete de Cooperação e Relações Internacionais e para os gabinetes das Escolas do IPP.Qual o segredo para termos um projeto aprova-do nestas ações-chave do ERASMUS+? Destaco

dois: uma forte experiência em projetos anteriores, não necessariamente do programa ERASMUS+, e a coragem para liderarmos candidaturas. Temos de compreender que liderar as candidaturas tem a capacidade de projetar o nome da instituição e do país para patamares diferenciados de reconhe-cimento. É fundamental transmitir a imagem que Portugal é bom a liderar projetos Erasmus+, mas só aí chegaremos se submetermos mais candida-turas e melhores candidaturas.Neste mês de outubro são divulgadas as novas chamadas para candidaturas a projetos Eras-mus+. Há que arregaçar as mangas e atuar rapi-damente para construir candidaturas de qualida-de e sustentáveis, lideradas por Portugal. A título de exemplo ainda não temos nenhuma Aliança de Conhecimento liderada por Portugal, mas por outro lado já temos uma Aliança de Com-petências Setoriais para o calçado. Só com uma cultura de liderança sustentada na competência é que poderemos criar uma imagem atrativa para as nossas instituições e para o país.

“Estar numa candidatura aprovada como parceiro é muito interessante, mas importa que as instituições nacionais tenham a ambição de liderarem candidaturas, só assim poderemos marcar uma posição de forte credibilidade no cenário internacional, o que acarretará novos convites e novos projetos”

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Licenciado em Biologia Aplicada pela Universidade do Minho, sempre demonstrou uma especial inclinação por questões relacionadas com o associativismo, a juventude e a Europa. O que tem significado, para si, estar à frente da Agência Nacional Erasmus + Juventude em Ação? Que trabalho tem procurado desenvolver?É verdade. Quer na minha vida pessoal e associati-va, quer na profissional, o trabalho que desenvolvi esteve intimamente ligado com as matérias da ju-ventude, da Europa e da participação informada dos jovens. É, como percebemos hoje em dia de forma muito especial, uma área onde há ainda muito traba-lho para desenvolver, apesar do imenso caminho já feito, quer na Europa quer em Portugal, e de que o Erasmus+ é um bom exemplo.Dirigir esta Agência é um desafio imenso por duas razões:- Primeiro porque o encaro como uma missão. O meu percurso de vida e as responsabilidades que ao longo dos anos fui assumindo, levam a que o nível de exigência que coloco no trabalho que desenvolve-mos, seja elevado. Temos a obrigação de fazer muito e de fazer bem para que os jovens, as associações e o País nos conheçam e aproveitem as oportunidades que estão à sua disposição;- Depois porque o Erasmus+, nomeadamente na sua dimensão de juventude e desporto, é uma extraor-dinária oportunidade de mobilidade internacional para os jovens e animadores de juventude, poten-ciando a capacidade de intervenção das associações e trabalhando, de forma muito particular, a educação não-formal e a participação ativa dos jovens no es-paço nacional e europeu. Esse é o desafio que temos estado a concretizar e que já dá frutos. Direcionado para qualquer jovem dos 13 aos 30 anos de idade, este programa é gratuito, livre, universal, desburocratizado, transparente e rigoroso. Em linhas gerais, o que importa saber sobre o mesmo?O Programa Erasmus+, que vigora de 2014 a 2020, reúne as oportunidades no âmbito da educação e da formação, da juventude e do desporto.Em Portugal é gerido por 2 agências nacionais:- Agência Erasmus+ Educação e Formação, com sede em Lisboa e que gere as áreas da educação e da formação;- Agência Erasmus+ Juventude em Ação, que eu di-rijo, com sede em Braga e escritórios em Lisboa, que gere as oportunidades do Programa para a Juventu-de e informação acerca do Desporto.De forma muito resumida apoiamos projetos de intercâmbios de jovens, serviço voluntário europeu, mobilidade de animadores de juventude, parcerias estratégicas entre organizações e reuniões de diálogo estruturado. São projetos onde o programa suporta a globalidade das despesas (dentro de um conjunto de regras definidas pelo guia do Programa) e que permite a partilha de boas práticas, o intercâmbio

“O quadro Comunitário 2014-2020 incorpora o Programa Erasmus+, e este faz parte da estratégia europeia de promoção da mobilidade de todos os jovens. Com ele foram criados vários instrumentos que promovem a igualdade de oportunidades de acesso a estas experiências internacionais, incluindo a ajuda financeira”. Quem o diz é Pedro Couto soares, Diretor da

Agência Nacional Erasmus + juventude em Ação, que em entrevista à Revista Pontos de Vista, abordou a importância desta iniciativa para o país e jovens. saiba mais.

A DEMOCRAtIzAÇÃO DO ACESSO às oportunidades

EDUCAÇÃO EM DEsTAQUE

de pessoas, a aquisição de conhecimentos e compe-tências fundamentais para os nossos dias, tudo com base em metodologias de educação não-formal. Ajudando os jovens a aperfeiçoarem as suas competências e perspetivas de emprego, o “Erasmus + Juventude em Ação” tem dado a oportunidade de participarem em atividades além-fronteiras, importantes na descoberta e no contacto com novas culturas. Este programa tem permitido fomentar um sentimento de pertença à Europa? Em que medida?Sem qualquer margem para dúvidas. Esse é um dos seus maiores objetivos. Se não repare:Quando um grupo de pessoas, jovens ou adultos, se reúnem à volta de um projeto com parceiros de diversos países diferentes, trabalhando temas em co-mum, partilhando ideias e boas práticas, conhecen-do melhor os outros, a sua cultura e os seus hábitos e permitindo que os outros o façam em relação a nós, essa é uma arma poderosíssima contra a dis-criminação, a xenofobia. A compreensão entre os povos faz-se nestas dinâmicas de aprofundamento do conhecimento mútuo e respeito pela diferença. Confesso que não conheço programa que melhor desenvolva estes processos que o Erasmus+. Aliado a isto, tem todos os processos de sensibilização para a participação ativa, para as reformas políticas, para o contacto interessado e informado dos jovens com os decisores, dizendo o que pensam, trabalhando e lutando por aquilo em que acreditam, construindo uma democracia europeia mais madura. Para a concretização deste programa, estão especialmente focados na informação e na formação. Desde já, que balanço é possível fazer?Essa é uma das grandes prioridades desta agência:

A democratização do acesso às oportunidades. E temos feito diversos eventos, inúmeras parcerias e muitos, muitos roteiros de formação e informação por todo o país, de norte a sul, do litoral ao interior, eu diria mesmo, de Bragança a Vila Real de Santo António.Dou-lhe dois exemplos:A Semana Europeia da Juventude que envolveu mais de 100 organizações parceiras e eventos que durante uma semana chegaram a mais de 5000 jo-vens com sessões de formação e informação acerca do Erasmus+;Os diversos roteiros que realizamos em parceria com inúmeras organizações, nomeadamente o Instituto Português do Desporto e Juventude, e as suas de-legações regionais, potenciando e formando multi-plicadores de informação e, desta forma, chegando mais longe, com mais qualidade na informação. Só em 2015 já ultrapassamos largamente os 9000 par-ticipantes em ações de formação e informação, em todos os distritos do País. A taxa de desemprego entre os jovens em Portugal continua a ser um número preocupante. Apesar de se encontrarem mais oportunidades no país, os números continuam a aumentar. Combater este flagelo tem sido uma prioridade da agência e deste programa em concreto?Certamente. Desta agência, como de todos os inter-venientes nas políticas públicas no país e na Europa. Apesar da taxa de desemprego estar sustentadamen-te a descer, a taxa de desemprego jovem incluída é ainda bastante alta. Com o Programa Erasmus+ estamos certos, (e os dados têm vindo a comprovar isso mesmo), que a experiência adquirida nos proje-tos desenvolvidos ao abrigo deste programa, promo-

PEDRO COUTO SOARES

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Tendo como bandeira a ambição de mudar a vida das pes-soas e potenciar os projetos dos jovens, quais são os pró-ximos objetivos que pretendem ver concretizados? O que podemos continuar a esperar de si enquanto diretor desta agência?Reforçar a proximidade com os beneficiários  e garantir o apoio ne-cessário para que os projetos sejam cada vez mais e tenham cada vez mais qualidade.Promover a acessibilidade do financiamento e a transparência dos procedimentos administrativos e financeiros, continuando a desenvolver formação e informação que leve à multiplicação das oportunidades conjugadas de aprendizagem formal, não formal e informal, num único programa que mobiliza simultaneamente os sectores da educação, da formação e da juventude e desporto.Mas a pergunta poderia ser: O que podemos esperar desta equipa que está agora na agência? Não fazemos nada sozinhos. Eu também não faço! Temos uma equipa, motivada e comprometida com o programa. Estou certo que com uma equipa assim podemos continuar a esperar um  elevado rigor no trabalho que a agência desenvolve. Estamos todos conscientes dos deveres a cumprir para com os beneficiários do programa Eras-mus+. Temos de acompanhar de perto a implementação do programa em Portugal. Quanto melhor prepara-dos estiverem os nossos beneficiários, melhores são os projetos e melhores são as atividades disponíveis para os jovens! Felizmente temos recebido candidaturas muito boas e organizações que trabalham com jovens, com um nível de compromisso muito elevado com o trabalho que com eles realizam! Mas também podem ter a certeza que não vamos parar de querer fazer cada vez mais e melhor.

ve competências altamente valorizadas pelo merca-do de trabalho. Por exemplo um jovem que por 1 ano faz um projeto de serviço voluntário europeu num outro país da Europa volta extraordinariamen-te mais rico. Porque trabalhou uma língua estran-geira, competências de gestão de equipas, resiliên-cia, gestão de projetos e tempo, gestão de conflitos, adaptabilidade. E tudo isto num ambiente externo e internacional altamente desafiante. A realidade diz-nos que os empregadores preferem jovens com estas experiências. E é isso que tentamos todos os dias oferecer. A mobilidade juvenil é uma tendência cada vez mais presente. Se, por um lado, entre 2012 e 2013, 7500 jovens portugueses participaram em programas de Erasmus, Portugal, por outro lado, foi destino de cerca de 12 mil jovens. O que faz com que a mobilidade juvenil seja um fenómeno com uma crescente importância a nível mundial?As políticas da União Europeia procuram reforçar as competências dos cidadãos, promover a mobilida-de e incentivar a cidadania ativa.  O quadro Comu-nitário 2014-2020 incorpora o Programa Erasmus+, e este faz parte da estratégia europeia de promoção da mobilidade de todos os jovens. Com ele foram criados vários instrumentos que promovem a igual-dade de oportunidades de acesso a estas experiências internacionais, incluindo a ajuda financeira. Com uma maior abrangência estratégica este programa comunitário cria oportunidades transversais para todos os jovens e estas oportunidades são cada vez mais divulgadas pelas diferentes agências. As expe-riências positivas que o Erasmus+ proporciona, e que nós divulgamos, têm um efeito multiplicador na descoberta e na vontade de agir, por parte de cada vez mais jovens. Efetivamente, os objetivos da UE 2020 impõem que se envolva e se aposte na Juven-tude. E os jovens, mais conhecedores daquilo que o mercado de trabalho valoriza, procuram a aquisição de competências essenciais para a aprendizagem ao longo da vida, através desta educação não for-mal, definidas no Quadro de Referência Europeu tais como a Comunicação na língua materna e em línguas estrangeiras, espírito de iniciativa e espírito empresarial, competências sociais e cívicas, sensi-bilidade e expressão culturais, competência digital, aprender a aprender, para além da competência ma-temática e competência em ciências e tecnologias. Há, na verdade, um conjunto muito diversificado de programas que querem apoiar e fomentar a mobili-dade dos jovens. Esta mobilidade, curiosamente, não se faz só dentro das fronteiras da União Europeia. Este programa apoia também a mobilidade para países fora da União Europeia. Portanto, não se es-tranhe que os jovens estejam a dizer que sim a todos estes programas e queiram participar neles. Ao mes-mo tempo, foram criados instrumentos que facilitam este processo. O Sistema Europeu de Transferência de Créditos é disso um exemplo, tornando possível a continuação de um ciclo de estudos que é reconheci-do depois quando voltam; a rede EURES, que faci-lita a procura de emprego noutros países; o Quadro de Qualificações Europeu, que permite quantificar os níveis de formação e as categorias profissionais de forma estável em toda a União Europeia; o You-thPass, que certifica as competências adquiridas em metodologias de educação não formal. E tudo isto foi criado para efetivamente permitir que os jovens se possam mover e ver valorizadas as suas competências, ver o seu currículo reconhecido, no seu suplemento ao diploma. E muitos outros instrumentos que continuam a permitir que tudo isto aconteça.

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De modo a que os alunos de intercâmbio se sintam bem-vindos a Portugal e principalmente ao ISEG, no dia 17 de setembro organizaram um Welcome Day, com distintas atividades e eventos. Que balanço é possível fazer deste dia? O balanço é excelente! Orgulhamo-nos de ser a Escola de Economia e Gestão com um maior número de alunos estrangeiros nas licenciaturas a nível nacional (fonte: DGEEC).Foi grande a satisfação manifestada por parte dos alunos estrangeiros. Os melhores e mais marcantes programas começam desde o primeiro momento, o Welcome Day do ISEG assinalou, desta forma, esse momento de integração que se pretende plena e que se desenrola ao longo de todo o semestre.O Welcome Day permitiu aos estudantes estran-geiros conhecerem de forma detalhada o ISEG e o seu campus, o ambiente único que nos distingue e a própria cidade de Lisboa.

Qual tem sido o papel do ISEG no sentido de apoiar não apenas os alunos estrangeiros, mas também os estudantes portugueses que se preparem para integrar o programa Erasmus+?Para além do apoio académico, o Gabinete In-ternacional de Mobilidade do ISEG faz o acom-panhamento pessoal dos estudantes, apoiando e orientando para uma rápida integração.Os constrangimentos de ordem financeira são o principal fator que restringe a participação no Erasmus+. A crise económica em que vivemos le-vou vários alunos do ISEG a desistir do sonho de realizar uma mobilidade Erasmus. As bolsas atri-buídas pela Agência Nacional têm vindo a baixar, o que só contribuiu para uma maior discriminação social.Como incentivo à mobilidade internacional o ISEG atribuiu, pela primeira vez este ano, bolsas complementares de apoio aos melhores alunos premiando assim o mérito escolar.

As experiências profissionais posteriores ao ensino superior serão, de igual modo, uma questão para a qual pretendem preparar os vossos estudantes?Os estudantes são, sem dúvida, preparados e cons-ciencializados que o impacto de uma experiência Erasmus+, em termos de carreira profissional, é

O IsEg – Instituto superior de Economia e gestão, em lisboa, vê o Erasmus+ como uma experiência enriquecedora a vários níveis e tudo faz para que esta iniciativa europeia seja alargada ao maior número de estudantes. Neste sentido, a Revista

Pontos de Vista falou com sónia Domingues, Diretora dos serviços Académicos e Coordenadora Institucional Erasmus+ do gabinete Internacional de Mobilidade, que explicou a forma como a mobilidade é vista nesta instituição.

Welcome, NEw StUDENtS!

notório e sem dúvida facilitador na sua integração profissional. São muitas as portas que se abrem para um futuro trabalho, nomeadamente no es-trangeiro. A mensagem é clara: quem estuda ou recebe formação no estrangeiro tem maiores pos-sibilidades de encontrar um emprego.

Um dos objetivos concretos desta iniciativa prende-se com a estruturação de uma Europa educativa mais coesa e semelhante, promovendo a interação entre instituições de ensino. Esta é uma missão possível? De que modo o ISEG verá o seu ensino melhorado com esta medida?A Ação-Chave 2 promove a Cooperação para a Inovação e o Intercâmbio de Boas Práticas. Esta ação apoia, por exemplo, o desenvolvimento de parcerias estratégicas nas áreas da educação, da formação e da juventude e as Alianças do Co-nhecimento. A transferência de boas práticas de-sempenha um papel fundamental para uma maior harmonização educativa. Recordemo-nos do pro-cesso de Bolonha que, em 1999, estabeleceu um Espaço Europeu de Ensino Superior. Embora não seja praticado por todos os países da UE, foi um enorme avanço na obtenção de creditação no ensino superior.O estabelecimento de Parcerias Estratégicas e de Alianças do Conhecimento é uma missão possí-vel a nível da Universidade de Lisboa. O ensino melhorará com a transferência de boas práticas e com um maior investimento na inovação. Este in-tercâmbio de boas práticas resultará numa apren-dizagem mútua e num brainstorming de ideias que melhorará a qualidade de ensino.

O ensino é uma das maiores apostas do Erasmus+, permitindo às instituições o acesso a apoios que melhorem as condições de educação e promovam um maior acesso ao ensino. Neste sentido, o que mudará na vossa instituição?O ensino e formação abrangem as três ações, no-meadamente a “Ação-chave 1” (Mobilidade indi-vidual para fins de aprendizagem), “Ação-chave 2” (Cooperação para a inovação e o intercâmbio de boas práticas) e Ação-chave 3” (Apoio à reforma das políticas).Para esta questão, é necessário salientar a impor-

tância dos diversos tipos de mobilidade, não só a nível dos alunos, mas também ao nível dos docen-tes. Um incremento da mobilidade de docentes, que é um dos objetivos do ISEG, traduzir-se-á num maior networking e numa transferência de conhecimentos que irá melhorar a qualidade, ino-vação e excelência do nosso ensino. Esta situação também é aplicável aos alunos do ISEG que, abordando certas teorias sob diferentes perspetivas, terão uma vantagem competitiva rela-tivamente aos outros alunos. Relativamente ao que irá mudar no ISEG, uma das nossas prioridades é aumentar o fluxo de mo-bilidade outgoing a nível dos docentes, alunos e staff. No entanto, a nossa maior prioridade é criar outras formas de incentivo (na linha das bolsas mencionadas na questão 2), para que alunos sem recursos financeiros consigam realizar uma mobi-lidade Erasmus+.

Atualmente o ISEG leciona duas licenciatu-ras, cinco Mestrados e um Doutoramento totalmente em língua inglesa. Quais são as expectativas para o ano letivo que está agora a iniciar? O Erasmus+ será uma força educativa presente no ISEG?O programa Erasmus+ é uma força educativa por si só. Esta força estará sempre presente na estratégia de internacionalização do ISEG, por todas as razões até aqui mencionadas.No ano letivo que agora se inicia, verificámos que houve um aumento do número de alunos, principalmente incoming. O ISEG está cada vez mais apelativo para os alunos e docentes de re-putadas universidades estrangeiras, a interna-cionalização no ISEG tem sido uma aposta forte da escola. O ISEG faz parte da maior universida-de portuguesa, a Universidade de Lisboa, uma das mais reconhecidas internacionalmente. Esta circulação de pessoas com os objetivos de ensino ou formação poderá considerar-se um dos programas de maior sucesso na coesão educativa e social da UE. É com orgulho que podemos afirmar que o ISEG pretende continuar a participar em força, no programa Erasmus+, investindo ao máximo nas suas inesgotáveis potencialidades.

SÓNIA DOMINGUES WELCOME DAY

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Acreditando que o Erasmus+ é um progra-ma que pretende “articular iniciativas que já existiam”, António Gomes Ferreira mostra--se confiante relativamente à mobilidade

esperada para o ano letivo de 2015/2016 e acredita nas enormes valias que estas experiências poderão proporcionar a estudantes, docentes e investigadores. Aos alunos, o intercâmbio permitirá, como sempre o fez, uma maior autonomia e uma visão “menos miserabilista sobre o nosso país”. Através desta ex-periência interinstitucional, os estudantes poderão conhecer outros panoramas que facilitarão a sua compreensão sobre o que de melhor se realiza em território lusitano. No entanto, o diretor da faculda-de assegura que o mais pertinente na mobilidade é a formação e a mais fácil inserção no mundo laboral. “A mobilidade é tida como muito relevante para a formação das pessoas e para a possibilidade de es-tas se sentirem mais preparadas para o mercado de trabalho”, não apenas a nível nacional, mas também internacional, acredita Gomes Ferreira. Contudo, e apesar de o programa Erasmus+ ter uma forte componente no âmbito da mobilidade estudan-til, o diretor da FPCE identifica o intercâmbio de docentes e investigadores como uma aposta impor-tante para o desenvolvimento pedagógico e investi-gativo. “Esta contaminação que provém da circula-ção de professores – e também de estudantes – leva a que muitos dos referenciais, que nós entendemos como bons ou melhores, tendam a ser incorporados nas nossas formas de organização pedagógica e cur-ricular”, afirma. E continua, explicando que “o que hoje existe é uma tendência de nos confrontarmos com realidades diferentes e, depois, verificarmos se queremos seguir essas novidades”. Reiterando a ideia de que não se pretende assumir uma visão de imi-tação, mas sim de melhoramento, António Gomes Ferreira vê a mobilidade como uma mais-valia para a instituição e acredita que será, deste modo, mais fácil atingir o objetivo do Erasmus+ de tornar a Europa num espaço educativo mais semelhante e coeso. Es-tando consciente de que esta é uma “missão ambicio-sa, mas difícil”, o diretor acredita que “estes progra-mas permitem, pelo menos, uma maior articulação e um maior conhecimento sobre a diversidade das instituições e, de certa forma, uma atenuação da des-confiança por aquilo que cada instituição faz”. Neste sentido, António Gomes Ferreira destaca a interação entre instituições e docentes, que permite uma maior partilha de conhecimentos, no âmbito da “organiza-ção dos cursos, dos procedimentos pedagógicos, da troca de informação e materiais e da circulação de pessoas”. Esta situação é proporcionada pelos pro-gramas europeus, que permitem uma maior conexão, mas também pela globalização em geral, que facilita e promove a interação intercultural.No âmbito da investigação, e sendo esta uma impor-tante aposta por parte da FPCE, o intercâmbio tem

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ERASMUS+, na busca por uma europa cada vez mais articulada e coesa

O programa europeu Erasmus+ vem promover o desenvolvimento educativo e o intercâmbio entre alunos e docentes, que muito beneficiam o sistema pedagógico e organizativo das instituições envolvidas. A interação multicultural e a partilha de conhecimentos

permitem uma maior consciencialização sobre a realidade da educação nos diferentes países europeus. Neste contexto, a Revista Pontos de Vista conversou com António gomes ferreira, Diretor da faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade

de Coimbra, que nos deu a sua opinião profissional sobre o panorama da mobilidade no âmbito do Erasmus+.

ANTÓNIO GOMES FERREIRA

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impulsionado o desenvolvimento de projetos e um maior reconhecimento pelo trabalho realizado nesta faculda-de portuguesa. O Erasmus+ vem assim promover esta interação, que beneficia as instituições universitárias e, nome-adamente, a FPCE. António Gomes Ferreira assume que toda a instituição se mostra interessada e mobilizada no sentido de “aproveitar este finan-ciamento”, uma vez que a missão da faculdade passa por “aumentar a quali-dade da nossa investigação e da nossa inserção no contexto da investigação internacional”. Desta forma, a institui-ção poderá receber investigadores que pretendam colaborar e dar o seu apoio em trabalhos investigativos desenvol-vidos no interior da faculdade, mas também enviar docentes investigado-res para universidades internacionais, que possam apoiar e “acompanhar projetos e colaborar na possibilidade de internacionalização da nossa in-vestigação”. Esta oportunidade tem-se refletido principalmente nas inves-tigações de alunos de doutoramento e já permitiu o aumento de artigos publicados em revistas científicas de prestígio.O diretor da faculdade coimbrense re-alça a importância do programa Eras-mus+ no incentivo ao intercâmbio de estudantes e docentes investigadores, que, de outro modo, teriam uma maior dificuldade em beneficiar destas expe-riências, mas não deixa de salientar a posição que a entidade sempre teve em relação à mobilidade. A FPCE sempre se mostrou recetiva em relação à inter-nacionalização e sempre se esforçou por “equacionar a expansão da mobi-lidade”, adianta.

APOIAR, PREPARAR E ACOMPANHAR

De modo a que a mobilidade seja uma experiência sem constrangimentos e mais informada, a FPCE envolve-se ativamente no acompanhamento e preparação dos intercâmbios. Docen-tes e técnicos da faculdade estruturam todo o processo da mobilidade de for-ma consciente, para que os alunos se sintam orientados e preparados para esta aventura. Conhecer a realidade da instituição e país para onde viajam é

um importante componente para que o intercâmbio seja feito de forma “me-nos arriscada e aventureira”. Por outro lado, importa referir a preocupação da faculdade no sentido de promover uma situação financeira mais adequa-da aos estudantes que se candidatam ao programa. Deste modo, a faculda-de antecipa o apoio financeiro cedido pelo Erasmus+ aos estudantes com maiores dificuldades e que não podem avançar nesta experiência pelos seus próprios meios, visto que “por vezes [o financiamento] chega tardiamente” às mãos dos candidatos, explica Gomes Ferreira. Num outro âmbito financei-ro, o diretor universitário explica que o apoio dado pelo programa europeu nem sempre é suficiente e, nesse senti-do, a “faculdade procura atenuar o pro-blema”. Esta situação é mais evidente quando os países de intercâmbio apre-sentam um significativo aumento do nível de vida quando comparada com a realidade portuguesa.Relativamente aos estudantes que pro-curem a FPCE para uma experiência de intercâmbio são recebidos de modo a que a estadia seja feita sem constran-gimentos e, no final, levem “uma boa experiência da faculdade, da univer-sidade em geral e do país”. “Há toda uma preocupação em acolher, integrar e trabalhar com esses alunos”, assegu-ra Gomes Ferreira. Assim, existe um trabalho complexo por parte dos co-ordenadores de cursos, no sentido de refletir sobre o que deve ser lecionado a estes estudantes. A faculdade cria ainda apoios que promovam a facilida-de de comunicação em língua portu-guesa, criando aulas extracurriculares, e proporciona exames em condições diferentes ou outras formas de avalia-ção, sem diminuir, obviamente, o grau de exigência esperado. Importa salientar que este esforço na integração dos alunos estrangeiros vem não apenas da faculdade, mas também do movimento associativo, e dos alunos portugueses que já expe-rienciaram o intercâmbio. O diretor da faculdade conta que existe um diálogo saudável entre a instituição e o núcleo de estudantes, propiciando uma maior força no apoio dado à integração dos alunos estrangeiros.

Como referido no texto principal, a questão económica é uma problemática que leva à desistência de intercâmbio por parte de alguns estudantes des-ta faculdade. António gomes ferreira identifica este como o obstáculo que mais afeta a mobilidade estudantil e defende a existência de mecanismos que atenuem a “desigualdade social”. De acordo com a sua experiência pro-fissional, o diretor refere que os alunos com constrangimentos financeiros optam por não avançar com as suas candidaturas ou por regressar a Portugal já no decorrer do intercâmbio. Deste modo, e discriminando “positivamente os alunos com menores capacidades económicas”, a mobilidade poderia “ter mais sucesso” e uma maior taxa de candidaturas, acredita António gomes ferreira. Esta situação é, na sua opinião, de extrema importância para os es-tudantes não só da fPCE, mas de todas as instituições universitárias, uma vez que a experiência internacional beneficia a formação académica e, também, o futuro profissional. Neste sentido, gomes ferreira incentiva à reflexão por parte das universida-des portuguesas e das entidades envolvidas na iniciativa Erasmus+, para que compreendam a necessidade de criarem condições para alunos mais des-favorecidos, principalmente quando o país de chegada tem níveis de vida mais elevados.

DIFICULDADES FINANCEIRAS IMPEDEM MOBILIDADE

A iniciativa Erasmus+ promove essencialmente a mobilidade europeia e é neste âmbito que a fPCE mais aposta, porque “existem mais apoios, é no espaço europeu que se encontram alguns dos centros universitários mais relevantes e interessantes e porque a Europa tem uma grande diversidade” cultural. Contudo, nem o programa nem a faculdade excluem a possibilida-de de os alunos poderem candidatar-se a instituições universitárias inter-continentais. Nesta faculdade, existe já um número considerável de alunos que optaram por países que não os integrantes do espaço europeu, sendo neste contexto o Brasil o país que mais interesse suscita aos estudantes.

O ano letivo de 2015/2016 começou nesta faculdade de Psicologia e Ci-ências da Educação a 14 de setembro e as expectativas relativamente à mobilidade são boas. António gomes ferreira conta “aumentar” a taxa de intercâmbios e “consolidar” cada vez mais esta tendência. Os docentes e coordenadores de curso, aliás, têm vindo a trabalhar no sentido de criar “articulações com instituições estrangeiras”, para que os alunos possam ter um leque mais alargado de oportunidades e com o apoio necessário. O cur-so de serviço social é relativamente recente na fPCE e tem já exemplos de mobilidade e um claro empenho por parte dos docentes, que se esforçam no sentido de criar mais e melhores opções de intercâmbio.

ERASMUS+ PELO MUNDO

QUAIS SãO AS ExPECTATIVAS PARA O NOVO ANO LETIVO?

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Tradição é uma palavra pesada no seio da faculdade de Direito da Universidade de lisboa. fundada em 1913, por aqui passaram figuras de relevo da vida nacional, com nomes como António Ramalho Eanes, jorge sampaio, Mário soares, francisco Pinto

Balsemão, entre muitos outros. Hoje, mais de um século depois, esta instituição conquistou ainda uma longa tradição de intercâmbio com as mais diversas entidades de ensino parceiras, acolhendo não só estudantes de mobilidade, como estudantes estrangeiros

visitantes e internacionais. Conheça esta realidade com VAsCO PEREIRA DA sIlVA, Professor Catedrático, Presidente do Conselho de Escola e Presidente do gabinete Erasmus e Relações Internacionais.

uma tradição DE RIGOR E EXIGêNCIA

Assume-se como a maior faculdade de direito na-cional, detentora da maior produção científica e com

uma biblioteca jurídica de referên-cia. A Faculdade de Direito da Uni-versidade de Lisboa, apesar do peso dos seus cem anos de história e do caráter nacional desde sempre asso-ciado ao direito, abriu as suas portas

à globalização, acolhendo estudantes estrangeiros que escolheram esta instituição para estudar. Mesmo para os alunos que não pretendam apostar numa experiência de inter-câmbio, a FDUL disponibiliza um leque muito variado de disciplinas de direito nacional e internacional, não só dadas noutra língua mas ainda lecionadas por docentes de

renome internacional. É o caso dos cursos intensivos Erasmus leciona-dos em língua estrangeira por pro-fessores de outras universidades que têm como objetivo promover o co-nhecimento de diferentes sistemas jurídicos e o contacto com metodo-logias de ensino distintas. Para Vas-co Pereira da Silva, Presidente do Conselho de Escola e do Gabinete Erasmus e Relações Internacionais, estes cursos com duração de dez ou 20 horas letivas são úteis não só para os estudantes nacionais como para os estrangeiros. “Permitimos que os alunos nacionais substituam as disciplinas opcionais por cursos intensivos lecionados por colegas europeus e americanos sobre temá-ticas da atualidade como corrupção, direito de asilo, direitos humanos, entre outros. Em alguns dos con-sórcios onde estamos inseridos, es-tes cursos são vistos como um ‘case study’. É uma realidade que nos di-ferencia e que tem sido um sucesso nesta vertente da internacionaliza-ção”, assegurou. Com o objetivo de criar peritos legais internacionais, a FDUL, no âmbito do Programa Erasmus Mundus, criou o Mestrado Con-junto em European Leagal Practice LL.M., em parceria com a Leibniz Universität Hannover (Alemanha), University of Rouen (França) e Mykolas Romeris University in Vi-lnius (Lituânia). Além das universi-dades pertencentes ao consórcio, os estudantes podem optar por fazer um semestre numa das instituições superiores parceiras, nomeadamen-te: Universidade Católica de Brasília (Brasil), Ho Chi Mihn City Faculty of Law (Vietname), Faculdade Da-mas de Instrução Cristã (Brasil) e Symbiosis International University in Pune (Índia). “Este mestrado é a menina dos nossos olhos”, partilhou Vasco Pereira da Silva que, além dos cargos que exerce na FDUL, foi ainda eleito este ano coordenador da ELPIS, uma rede europeia desti-nada à promoção do intercâmbio de estudantes, docentes e funcionários e à organização de estudos, cursos e publicações, com especial enfoque nos domínios do Direito Europeu e do Direito Comparado. Além da Elpis, ao nível das redes interna-cionais, a FDUL participa ainda

na ELFA (European Law Faculties Association), na Rotterdam Law Network, na EuropePolis e na Nan-terre Network. “A lógica de abertu-ra ao estrangeiro não era típica das Faculdades de Direito em Portugal e nós temos sido pioneiros. Hoje, participamos em muitos consórcios, procurando diversificar iniciativas académicas e científicas e intervir em diferentes domínios da Europa das Universidades”, assegurou Vas-co Pereira da Silva. Esta dimensão global era algo que não fazia parte da identidade desta instituição e não era habitual na ciência jurídica. Hoje a realidade é outra.O Programa Erasmus+ vem preci-samente potenciar a referida lógica de abertura das universidades ao estrangeiro. Com entrada em vigor em Portugal em fevereiro de 2014, o programa propõe-se a criar uma Europa mais coerente e semelhante na sua forma de educar, onde existe uma cooperação mais forte e deter-minada. No fundo, para Vasco Pe-reira da Silva, o Erasmus+ “insere--se numa lógica de continuidade em relação aos programas anteriores”, apresentando muitas novidades, mas que peca pela diminuição dos montantes disponíveis. “Houve uma limitação do número de bolsas e dos montantes, o que conduz a uma seleção de tipo “malthusiano”, que acarreta consequências que poderão ser negativas. No fundo, é uma es-trutura que funciona bem mas que, a meu entender, precisa de ser aper-feiçoada”, defendeu. Com um novo ano letivo à porta, começa para muitos uma nova aven-tura de intercâmbio. “Recebemos mais estudantes do que aqueles que saem. Este ano temos cerca de 150 alunos a chegar e 50 a sair, em todos os níveis de formação”, informou. Para o futuro, os voos continuam altos, não fosse esta uma instituição com um passado tão rico. “Ao nível do mestrado conjunto, queremos institucionaliza-lo mais, dando--lhe agora também uma dimensão convencional e multilateral, através da intensificação dos acordos com as Faculdades parceiras. Estamos em plena atividade e há uma série de projetos novos que pretendemos concretizar”, concluiu Vasco Pereira da Silva.

VASCO PEREIRA DA SILVA

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EDUCAÇÃO EM DEsTAQUE

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Assumindo-se como um programa de mobilidade “ambicioso”, o Erasmus+ está aberto a estudantes, corpo docente e não docente, estagiários, voluntários, líderes de organizações juvenis e a pessoas que trabalham em organizações de desporto não profissionais. Aqui, na realidade da Escola Superior de Comunicação Social, que balanço é possível fazer?JV - No âmbito do Programa Erasmus, a Escola tem vindo a aumentar gradual-mente o número de alunos incoming e outcoming. Saber que somos procurados por estudantes estrangeiros que chegam, por exemplo, da Eslovénia, República Checa, Finlândia, Dinamarca, Polónia, Turquia entre muitos outros, é algo que nos satisfaz muito. Todos os anos reuni-mos os estudantes, fornecemos toda a informação necessária e o GRIMA está sempre disponível para tirar qualquer dúvida. Quanto a este novo programa, o facto de o aluno poder dividir o seu período de Erasmus+, podendo frui-lo em ambiente letivo e complementá-lo, depois de diplomado, em ambiente de estágio, é muito vantajoso.

Nesse sentido, no final, ter uma experiência de mobilidade em ambiente de estágio é uma mais-valia na entrada no mercado de trabalho?JV – De acordo com o feedback, as em-presas contratam mais facilmente pesso-as com experiência internacional. Apesar de não ser um fator decisivo, é bem visto. Numa situação de empate, a pessoa que tem experiência internacional poderá es-tar em vantagem.CR – Segundo um estudo da Comissão Europeia “ The Erasmus Impact Study - Effects of mobility on the skills and employability of students and the in-ternationalisation of higher education institutions” feito a nível europeu, a em-pregabilidade dos estudantes Erasmus está 23% acima dos outros. Aqui temos a perceção das empresas e sabemos que esse fator começa a pesar.

Vindos de universidades internacionais distintas, muitos alunos veem Portugal como um bom país para usufruir das vantagens do Erasmus+. O que é que eles procuram e podem esperar da ESCS-IPL, uma referência ao nível da publicidade e marketing, relações públicas, jornalismo, audiovisual e multimédia?

Com entrada oficial em Portugal em fevereiro de 2014, o Programa Erasmus+ vem reforçar as competências e a empregabilidade através da educação, da formação e juventude. Na Escola superior de Comunicação social, unidade orgânica do Instituto Politécnico de lisboa (IPl), os alunos das

licenciaturas e dos mestrados têm aqui uma ferramenta para poderem estudar num período que varia entre os três e os 12 meses, com a possibilidade de combinarem estudos com estágio, em instituições parceiras congéneres na Europa com as quais a EsCs-IPl tem Acordos Interinstitucionais. A Revista Pontos de Vista foi conhecer a perspetiva da EsCs-IPl, com o testemunho do Presidente jorge Veríssimo e de Carla Ruivo, Responsável do gabinete de Relações Internacionais e Mobilidade Académica (gRIMA) do Instituto Politécnico de lisboa e Coordenadora Institucional Erasmus+.

ESCS: “O ENSINO PERSONALIzADO torna-nos competitivos”

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perior caso a disponibilidade de verbas atribuídas para este tipo de mobilidade fosse maior. CR – Quanto ao corpo não docente, esta é também uma vertente que nos interes-sa incrementar mas mais uma vez temos de olhar para a verba disponível. Ao con-trário do que acontece com outras insti-tuições, temos tido a preocupação de não restringir esta oportunidade ao staff do gabinete de relações internacionais. Este ano, por exemplo, realizou mobilidade um colaborador do departamento de au-diovisual para uma instituição da Dina-marca. Conheceu as tecnologias ai utili-zadas, os métodos e a forma de trabalhar. No fundo, este este tipo de mobilidade possibilita uma troca de experiências.

Para uma escola que nunca pretenderá ser “apenas uma escola”, com o início de um novo ano letivo, quais são as expetativas?

JV – A Escola é reconhecida pela sua componente de aplicação de conheci-mentos e pelo equipamento que disponi-biliza. Podemos ainda falar do ambiente e da forma como os alunos são acolhidos. Além disso, temos unidades curriculares lecionadas exclusivamente em Inglês. In-dependentemente desta oferta, a maio-ria dos estudantes opta por disciplinas laboratoriais. Outra característica é a disponibilidade dos docentes para seguir e acompanhar estes alunos, garantindo assim um ensino personalizado que nos torna competitivos.

CR – Podem esperar um acompanha-mento total, desde que chegam. Faze-mos quatro cursos de língua portuguesa durante o ano letivo, ou seja, no início de cada semestre temos um curso intensivo e, durante cada semestre, um regular. Es-tes cursos que são uma iniciativa do IPL e em sede de relatório da Agência Na-cional Erasmus+ são referenciados como uma boa prática.

Invertendo o sentido, os estudantes desta escola têm uma oferta alargada no contexto do intercâmbio académico. Quais são os medos e expectativas? Para que principais países estão mais voltados?CR – No que se refere aos estudos, cer-ca de 90% diz que quer uma experiência nova, conhecer outra realidade e contatar com diferentes métodos de ensino e tra-balho. Quanto aos destinos, por exem-plo, Istambul regista um aumento do número de estudantes em mobilidade, o que mostra que os estudantes querem experiências diferentes e a distância não é um fator decisivo na sua escolha. Mas a escolha depende do curso que frequen-tam. Dentro das nossas quatro áreas de estudo, o norte da Europa é uma refe-rência ao nível do Audiovisual, enquanto a Espanha domina na Publicidade, Ma-rketing e Relações Públicas.O Erasmus+ incentiva não apenas o intercâmbio entre estudantes, mas também a permuta de pessoal docente e não docente e o acolhimento de investigadores estrangeiros. Que importância tem esta questão?JV – Esta tem sido uma grande aposta da ESCS-IPL e que se tem revelado no crescente número de professores em mobilidade. Este número seria ainda su-

JV – A previsão de mobilidades a realizar no primeiro semestre é já superior ao número do mesmo período do ano passado. A ESCS--IPL está a ser reconhecida pelos nossos parceiros institucionais e alunos e é hoje um local apetecí-vel para estudantes estrangeiros fazerem a sua mobilidade. Porque não queremos apenas receber es-tudantes, procuramos, também, sensibilizar os nossos alunos para o enriquecimento proporcionado pela experiência de estudar num outro país.

EDUCAÇÃO EM DEsTAQUE

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Com diversas novidades e inúmeras ativi-dades, mais de duas centenas, este even-to tem vindo a crescer na sua relevância e é hoje fundamental no Algarve, em

especial para Vila do Bispo, que este ano con-quistou o prémio de «Município do Ano 2015». Uma vez mais, o certame teve a sua base no Forte do Beliche, na estrada que liga Sagres ao Cabo de São Vicente. Quem melhor do que o edil da autarquia de Vila do Bispo, Adelino Soares, para dar a co-nhecer as potencialidades e mais valias de um evento que uma vez mais foi um sucesso? “Es-tamos extremamente satisfeitos com a essência do evento, mas também porque nos tem permi-tido coisas muito positivas para o concelho. Tem contribuído para consolidar Vila do Bispo como um importante destino de turismo de natureza, atraindo cada vez mais visitantes nacionais e es-trangeiros. O investimento feito nesta iniciativa, que decorre na chamada época baixa do ponto de vista turístico, tem-se refletido positivamente nos restantes meses do ano”, afirma. Aqui nada é deixado ao acaso, ou seja, o Festival de Observação de Aves & Atividades de Natu-

reza – Sagres acontece neste período do ano para coincidir com a época alta da migração outonal, altura em que as aves migradoras abandonam o nosso país rumo às terras quentes de África. Ce-lebra-se também a nível europeu, nesta mesma altura, o fim de semana de Observação das Aves.Tudo começou em 2010, quando a Câmara Municipal de Vila do Bispo se associou à SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e à Almargem – Associação de Defesa do Pa-trimónio Cultural e Ambiental do Algarve, no sentido de se criar condições para a realização de um evento, que tivesse na observação de aves o seu grande desiderato. Assim, em 2010, foi dado o «pontapé de saída» do primeiro Festival de Birdwatching de Sagres, um evento conside-rado pioneiro em Portugal.Mas teria aceitação e sucesso? Esta era a gran-de dúvida, rapidamente desfeita pelos cerca de 600 participantes e pelo envolvimento das co-munidades envolventes. “Os dados estatísticos demonstraram que se tratou de um evento com forte capacidade de crescimento e de atração de um elevado número de participantes, particu-larmente estrangeiros. As empresas de anima-

ção turística associadas à iniciativa registaram mais atividade durante os dias em que a mesma decorreu. O facto da quase totalidade das ati-vidades propostas no programa terem esgotado constituiu mais um favorável indicador do gran-de potencial da região para o turismo de nature-za”, disse Adelino Soares. E foi assim que tudo começou e que chegamos a 2015 para a 6ª edição, que, uma vez mais, se revelou um sucesso avassalador e que promete continuar a apaixonar os aficionados e outros pela observação de aves. Foram diversas as atividades novas na edição de 2015. Não julgue que o vasto e diversificado programa de atividades ficou «apenas» pela ob-servação de aves, pois foram explorados diversos temas como faunas, a flora, a geologia, a paleon-tologia, a arqueologia, a história, a astronomia e a cultura da região de Vila do Bispo. Como vê, esta foi mais uma edição absolutamente des-lumbrante e fascinante de um evento que não tem parado de crescer e de cativar visitantes na-cionais e estrangeiros, que nesta altura do ano já não prescindem de fazer um «voo» até Vila do Bispo.

EVENTOs - BIRDwATCHINg

Um espetáculo dentro de outro espetáculo. É desta forma que se pode resumir o 6º festival de Observação de Aves & Atividades de Natureza – sagres, que se realizou de 1 a 4 de outubro, naquele que é já considerado o maior evento de

observação de aves do país e que, uma vez mais, colocou o concelho de Vila do Bispo nas «bocas do mundo».

FEStIVAL DE OBSERVAÇÃO DE AVES – um espetáculo Único

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A observação de aves – ou birdwatching – integra-se no Turismo de Natureza e é re-conhecida como uma atividade com grande potencial no nosso país, pelo facto de apre-sentar valores naturais e condições no ter-reno que podem competir com vantagem face a outros destinos semelhantes, como é o caso de Espanha. Portugal dispõe de inú-meros locais com interesse para a prática da observação de aves. Porém, existem algu-mas regiões que se evidenciam a este nível, por exemplo o Algarve e, concretamente, a região de sagres. localizada no Concelho de Vila do Bispo e integrada no Parque Natural do sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, sagres é um local de destaque para a avifau-na nacional, pois aqui podem ser observadas praticamente todas as espécies presentes no país, acolhendo ainda espécies únicas. Além disso, é palco de um fenómeno natural que, em Portugal, não encontra semelhante – a grande migração outonal de passeriformes, rapinas diurnas e noturnas, aves marinhas e, de forma mais emblemática, as grandes aves planadoras.

BIRDWATCHING – O QUE É?

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BREVEs

É já no próximo dia 31 de outubro, pelas 14 horas, que o TEDx volta a promover a reflexão, a troca de ideias e conceitos e uma visão mais alargada sobre diferentes questões sociais. Esta edição do TEDxLisboa acontece na Aula Magna e pretende falar sem tabus sobre os elefantes que incomodam nas nossas salas. “Não há elefantes grandes demais para o TEDxLisboa 2015”, afirma a organização.Oradores como Gonçalo Lopes, investigador no campo das Neurociências, Carla Fernandes, Audioblogger, Tó Romano, Arquiteto, António Brito Guterres, especialista em Política do Território, Raquel Oliveira, Bailarina e Professora de Dança, Hélio Rasteiro, Estratego e Luís Franco-Bastos, humorista já estão confirmados para apresentarem, em 18 minutos, a sua ideia para uma grande audiência.Este que é considerado por antigos participantes como o “melhor SPA de ideias” promete espalhar ideias que, pela sua força, poderão mudar atitudes, vidas e, em última análise, o mundo. O TED é um evento anual, que acontece em diferentes cidades mundiais, e que pretende, através da participação de oradores de diferentes áreas, fazer refletir e moldar o mundo. Apesar de TED significar Tecnologia, Entretenimento e Design, o evento é mais abrangente do que isso, trazendo à discussão distintas disciplinas.Bill Clinton, Bill Gates, Jane Goodall, Frank Gehry, Paul Simon, Sir Richard Branson, Philippe Starck e Bono são alguns dos covnidados que já falaram em eventos TED.Os bilhetes para este evento que se realiza na capital portuguesa têm um custo de 10 euros e podem ser adquiridos em tedxlisboa.com.

A principal experiência do vinho em Portugal estará de regresso de 25 a 28 de fevereiro de 2016, no Palácio da Bolsa. ESSÊNCIA DO VINHO – PORTO está já nesta fase a preparar a programação da 13ª edição, que promete surpreender. Entre as novidades, destaque para a maior representação de sempre de jornalistas, líderes de opinião e importadores internacionais, que aproveitarão o evento para conhecer melhor a diversidade dos vinhos portugueses e, noutros casos, estabelecer novas parcerias de negócio.Entretanto, já se iniciou o período de comercialização de espaços para expositores. A exemplo das anteriores edições, este evento conta ter representados mais de 350 produtores, portugueses e internacionais, totalizando acima de 3.500 vinhos em degustação livre. Em simultâneo decorrerá um intenso programa de atividades paralelas, que inclui provas comentadas por especialistas, jantares de harmonização enogastronómica e uma das mais significativas provas anuais de vinhos portugueses.Realizado pela primeira vez em 2004, este certame é organizado pela empresa EV-Essência do Vinho, em parceria com a Associação Comercial do Porto.

essência Do vinho – porto terá nova eDiÇÃo De 25 a 28 De fevereiro De 2016

teDxlisboa Dá que pensar

perturbaÇÃo obsessivo-compulsiva afeta 100 milhÕesHoje assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental. Estima-se que um em cada 40 adultos, a nível mundial, sofra de perturbação obsessivo-compulsiva (POC), uma doença mental que é muitas vezes ignorada pelos doentes, que evitam procurar ajuda médica, e que tende a piorar quando não é tratada. “Em cada 100 pessoas, duas sofrem ou já sofreram de POC, o que representa um total de 100 milhões de pessoas. Esta doença é reconhecida atualmente como a quarta perturbação psicológica mais expressiva na sua prevalência a nível mundial e em Portugal, de acordo com um estudo epidemiológico nacional de saúde mental, essa taxa é de 4,4%”, revela Júlia Machado, psicóloga do Hospital Lusíadas Porto.Segundo a Organização Mundial de Saúde está entre as dez maiores causas de incapacitação e atinge preferencialmente indivíduos jovens ao final da adolescência e muitas vezes começa ainda na infância sendo raro o seu início depois dos 40 anos.

No âmbito do Dia Mundial da Visão, que este ano se celebrou a 8 outubro, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) está a organizar a Primeira “Semana da Visão” em Portugal. Assim, desde o dia 8 até 15 de outubro, a SPO está a promover uma série de iniciativas que alertam para os problemas visuais dos portugueses. O principal objetivo é sensibilizar a população para as causas de cegueira que é possível prevenir, incentivando esta prevenção.Maria João Quadrado, presidente da SPO, afirma que “as pessoas preocupam-se cada vez mais com um estilo de vida saudável, mas muitas esquecem ou desconhecem a necessidade de cuidar da saúde dos seus olhos. A grande maioria das deficiências visuais podem ser evitadas e/ou tratadas. As principais, como a miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia podem ser corrigidos com óculos, lentes de contato ou cirurgia refrativa. Outros problemas como a catarata, a degenerescência macular da idade, a retinopatia diabética e o glaucoma podem levar a perda da visão quando não detetados atempadamente”.

“semana Da visÃo” alerta para os problemas Da saÚDe ocular Dos portugueses

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MARCA DE VAlOR 2015

os pescadores da noruega assumem a responsabilidade de manter

viva a tradição portuguesaEm entrevista à Revista Pontos de Vista, Christian Nordahl, Diretor da Norge, abordou o atual panorama da entidade e os desafios que se colocam à mesma. saiba mais do peixe norueguês que é conhecido e

reconhecido em Portugal pela sua qualidade e sabor.

O peixe norueguês é conhecido e reconhecido em Portugal pela sua qualidade e sabor. E a procura é ainda mais evidente quando se trata de peixe associado à Norge. Sabemos por que os portugueses procuram produtos da Noruega, mas o que leva a que vejam a Norge como referência de confiança?A Norge (palavra que em norueguês quer dizer Noruega) é uma referência desde que todas as associações de exportadores noruegueses de peixe se fundiram numa só. Desde então o trabalho da Norge (Conselho Norueguês da Pesca) tem sido o de partilhar conhecimento com os consumidores e distribuidores de modo a que estes percebam por que vale a pena escolher o peixe da Noruega.

O peixe pode ser uma surpresa ou uma enorme desilusão, quando trazidos por marcas de menor qualidade. Contudo, esse aspeto não retrata a realidade da Noruega. Como caracterizam o vosso peixe e, nomeadamente, o tão falado bacalhau?Na Noruega toda a fileira do peixe está vocaciona-da para a realidade. E essa realidade é o consumi-dor. Por isso, desde que é retirado do mar, o peixe

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é tratado da melhor forma, para que chegue em perfeitas condições a quem o vai comer

Em todo o processo que envolve o peixe da Noruega, desde a sua captura até à distribuição junto do consumidor, que cuidados têm no âmbito da segurança alimentar e qualidade? Os pescadores sabem que quanto mais fresco o peixe chegar às docas, melhor ele será embalado e preparado. Nas fábricas os processos de manusea-mento higienizaram-se há muitos anos. No trans-porte esse cuidado mantem-se. Esse é o segredo dos produtores noruegueses.

Afirmam que os vossos bacalhaus chegam até às mesas portuguesas segundo métodos tradicionais, não existindo, por exemplo, o envolvimento de aditivos. Este é o verdadeiro segredo do sucesso da Norge? Em que consiste a produção baseada em técnicas tradicionais?Efetivamente, o segredo está também na origem. A Noruega possui uma natureza propícia à pesca, com águas frias e límpidas, a que acresce o respeito pelas quotas de captura. Ou seja, quando se tem

uma boa matéria-prima não vale a pena estragá--la com aditivos. Depois, todo o processamento do bacalhau é feito segundo as técnicas tradicionais e ancestrais, sendo a modernização igual à que os portugueses utilizam. Logo temos a vantagem de ter o bacalhau à nossa porta, daí que toda a indús-tria norueguesa da pesca possa apresentar soluções competitivas

QUAlIDADE É PARTIlHAR CONHECIMENTOA Norge conhece o bacalhau como ninguém. Sabe identificar o bom peixe, levá-lo até ao consumidor de forma segura e, até, indicar qual a melhor forma de preparar uma boa refeição. De que modo esta é uma questão importante para que o produto seja de boa qualidade e o cliente confie na origem?Se porventura se fornecesse mau peixe a que é que isso levaria? A um desprezo que seria justo por parte do consumidor. Por isso o nosso envolvi-mento não é apenas o de apoiar a indústria norue-guesa, é também o de partilhar conhecimento com a indústria portuguesa de transformação e com os canais de distribuição para que os consumidores recebam sempre um produto de qualidade.

CHRISTIAN NORDAHL

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Neste sentido, a vossa associação faz a promoção do bacalhau e salmão e procura, através do conhecimento de chefs especializados e de renome, trazer as melhores receitas e os melhores métodos de confeção. Como reagem os clientes portugueses a esta vertente culinária da Norge? Há uma procura consolidada pelas receitas com o cunho da marca?Esse é um investimento que prezamos bastante. É a partilha do conhecimento com quem vai prepa-rar o nosso peixe. O nosso site (www.mardanorue-ga.com) é um mar de receitas. Apresentamos so-luções que podem satisfazer todas as situações de refeição. E contamos com o apoio de muitos chefs portugueses porque eles conhecem os sabores dos consumidores e têm confiança no peixe que lhes chega da Noruega.

Os CHEfs RECONHECEM A QUAlIDADE DO PEIxE DA NORUEgA

A Norge encontra-se habitualmente nos mais conceituados eventos de culinária, sendo o seu bacalhau e salmão utilizados frequentemente por chefs bem conhecidos da sociedade nacional e internacional. O que permitiu este reconhecimento e sucesso bem visíveis aos olhos dos agentes envolvidos nestes eventos?Os chefs de cozinha, pelo seu envolvimento com a boa comida, procuram sempre produtos da melhor qualidade. Ao longo dos tempos eles souberam que da Noruega há sempre bom peixe a chegar. E, salien-te-se, bom peixe a bom preço. Basta comparar o preço por quilo do salmão e do bacalhau com a maior parte dos outros peixes que se encontram em Portugal.

Com vista a acompanhar o gosto requintado e curioso dos portugueses, a Norge promove o seu salmão para a confeção de sushi, um prato cada

vez mais procurado em Portugal. Porquê escolher o salmão da Noruega para este prato típico japonês? O que tem este peixe de singular? A história do salmão no sushi começou há 30 anos, quando uma delegação norueguesa apre-sentou o salmão da Noruega na feira de Tóquio. Até aí os japoneses não usavam o salmão na sua mais conhecida vertente culinária, o sushi. Foram os chefs de sushi que adotaram o salmão da No-ruega, de tal forma que hoje é difícil encontrar um restaurante de sushi que não tenha salmão.

Enquanto profissionais especializados, que dicas são importantes dar aos portugueses, no sentido de confecionar o bacalhau e o salmão de forma correta e ainda mais saborosa?Assim como não se deve torrar em demasia a car-ne, o mesmo se passa com o peixe, sabendo que o peixe é ainda mais delicado. Mas esse saber, as donas de casa portuguesa têm-no. O que nós acrescentamos a esse conhecimento de séculos são

O que podemos esperar da Norge no próximo ano? De que modo continuará a assumir a liderança e qualidade reconhe-cidas até então?CN – Vamos continuar a nossa linha de cola-boração com todas as empresas portuguesas envolvidas na importação e comercialização do peixe da Noruega. Portugal é o país onde se consome o melhor bacalhau do mundo. E esse bacalhau, prato nacional português, vem da Noruega. são os pescadores norue-gueses que têm essa enorme responsabilida-de de fazer com que o bacalhau não falte em Portugal.

apenas novas soluções culinárias que possam enri-quecer a boa mesa portuguesa.

O BACAlHAU já EsTá A CHEgARA poucos meses da época natalícia, o bacalhau começa a ser procurado de uma forma mais significativa. Como veem e reagem a esta procura mais acentuada? Por que motivo devem os portugueses procurar o bacalhau da Noruega neste Natal?As importações de Bacalhau da Noruega já fo-ram agendadas entre as empresas envolvidas de modo a que nesta altura de grande procura o bacalhau esteja presente. É uma atividade que obriga a algum planeamento por parte de todos os agentes. O peixe que vai ser consumido neste Natal, foi pescado entre janeiro e abril. Houve que o salgar, secar, deixar curar e depois embalá--lo e transportá-lo para que ele chegue bem, e a tempo. E sabemos que isso vai continuar a acon-tecer por muitos anos.

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Marca de enorme prestígio e reconhecimento, a Henriques & Henriques é hoje sinónimo de qualidade e excelência, assente num caminho que perdura há 200 anos na produção dos melhores vinhos Madeira. Desta forma, quais as vossas mais-valias e que balanço é possível perpetuar da vossa atuação no mercado?A H&H distingue-se pela consistência na tradição e no estilo único dos seus vinhos. Tem uma identidade própria reconhecida internacionalmente e resulta de ter sabido transmitir os seus valores culturais de gera-ção em geração e por ter conservado um património considerável de reservas de vinho velho. “A assinatura dos vinhos no presente é feita com tinta que veio do passado”.

A evolução leva-nos a mudanças e com elas chegam as inovações tecnológicas. Neste sentido, como conseguem conciliar as apostas tecnológicas com a tradição familiar na produção dos vinhos? Essa simbiose é essencial na dinâmica da marca? As inovações tecnológicas trouxeram mais facilidade na laboração resultando num maior aproveitamento dos recursos disponíveis. A simbiose é feita pela adoção de novas tecnologias adequadas aos processos tradicionais de produção. Hoje não basta ser competitivo na quali-dade, na imagem ou mesmo no preço. Tem que se as-segurar aos clientes, que um conjunto de procedimen-tos técnicos e comportamentais foram assumidos pela organização, de forma a permitir certificar padrões de higiene e segurança ao mais alto nível de exigência. Já não se consegue vender para algumas cadeias de distri-buição, sem que as correspondentes certificações façam parte integrante da empresa. É assim fundamental dis-pormos de modernas tecnologias e conferir a adequada formação à nossa equipa de trabalho.

Que análise perpetua do setor vitivinícola em Portugal, mais concretamente na Madeira? Na sua opinião, o que ainda falta fazer para que este setor evolua mais? Na Madeira a evolução da vitivinicultura passa por um trabalho que tem que ser feito junto dos viticultores. O excesso de produção da casta Tinta Negra tem sido recorrente ano após ano e os excedentes não poderão ser continuadamente adquiridos pelo setor. A solução à vista não é consentânea com todas as vontades mas, numa primeira abordagem, passa pela reconversão de parte da casta Tinta Negra para as castas recomenda-das designadamente: Malvasia, Boal, Verdelho, Sercial e Terrantez. Será inevitável no futuro, a imposição dos limites legais de produção, devendo, no entanto, ser definidos de uma forma que o viticultor sinta que a partir de um certo limite, a rentabilidade da sua pro-dução já não se justifica.

De que forma podemos caracterizar o rumo da Henriques & Henriques a nível internacional? Que passos foram dados e que análise pode fazer do mesmo?

sETOR VITIVINíCOlA

Recentemente, o presidente do município de Câmara de lobos anunciou que a autarquia pretende preparar, com o apoio do governo Regional, a candidatura da localidade a Cidade do Vinho 2016, numa iniciativa que promete «agitar»

a região e que aportará à mesma um vasto conjunto de valias para as populações e todos os players presentes no universo vitivinícola. Humberto jardim, Managing Diretor da Henriques and Henriques – H&H, abordou este cenário e as potencialidades da mesma em entrevista à Revista Pontos de Vista, sem esquecer aquilo que tem vindo a ser criado pela

marca, ou seja, um legado assente na consistência da tradição e do estilo único de vinhos de enorme qualidade.

“PROVE UM MADEIRA H&H e vai compreender a razão”

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A H&H é uma empresa internacionalizada há já muitos anos. Mais de 80% da sua produção é dirigida para o mercado externo. Deverá manter elevada aten-ção aos mercados tradicionais de forma a não deixar espaço para a sua substituição por outros vinhos for-tificados, dada a feroz competitividade. Nos mercados não tradicionais, em particular a Ásia, deve continuar a ser vista como forte aposta pois, o consumo de be-bidas licorosas provenientes da destilação de arroz e com características de doce, são uma oportunidade a preencher com os nossos vinhos. Os Estados Unidos são, neste momento, o melhor mercado para o cresci-mento do Madeira.

O presidente do município de Câmara de Lobos anunciou que a autarquia pretende preparar, com o apoio do Governo Regional, a candidatura da localidade a Cidade do Vinho 2016. O que lhe parece esta iniciativa?Acho uma iniciativa que classificaria como brilhante! O concelho de Câmara de Lobos é o berço da produ-ção de uvas para o vinho da Madeira e deve de facto merecer uma especial relevância através dessa candi-datura.

Que mais valias pode aportar aos players do setor vitivinícola? Será este o passo que faltava para que o Vinho da Madeira e respetivos players se assumam de vez no panorama internacional?O vinho da Madeira e os seus players estão reconhe-cidos no panorama internacional, claro que, tomando em linha de conta a devida proporção face à sua exígua dimensão no contexto internacional dos vinhos. Con-sidero que a possibilidade de ver Câmara de Lobos classificada como cidade do vinho em 2016 trará uma notoriedade às pessoas e às localidades deste concelho, bem como aos viticultores, tantas vezes esquecidos

no momento em que se degustam os vinhos que no fundo resultaram do seu trabalho na terra. Espero vi-vamente que seja um primeiro passo para se definir a Rota do Vinho da Madeira, que constituiria mais uma atração turística em benefício da economia da cidade e da Madeira.

A região está preparada para garantir um reconhecimento desta importância? Está com certeza e se não estiver agora, estará nessa altura. O empreendedorismo e a capacidade de traba-lho são características das gentes desta região. O pas-sado de Câmara de Lobos é riquíssimo em nomes de famílias que deixaram uma marca indelével na história do panorama social e económico desta cidade.

Quais são os grandes desafios de futuro que se colocam à Henriques & Henriques? Os grandes desafios da H&H e de outra qualquer empresa é o de garantirem níveis de organização, ges-tão e competências, que lhes permitam responder à competitividade internacional. As margens comerciais só se manterão se de facto o negócio do Vinho Ma-deira conseguir transmitir uma mensagem que leve ao reconhecimento da sua excelente qualidade e identi-dade própria, adequando-a às características de cada mercado. Compreender os mercados é um desafio para cada um dos produtores. Raramente nos batem à porta para vendermos vinho, temos que ser nós a ir ao encontro dos potenciais clientes, mantendo constante atenção àqueles que já são nossos importadores.

Para os leitores que ainda não conhecem os produtos Henriques & Henriques, que convite deixaria? Ano após ano, os anjos deliciam-se com uma parte dos nossos vinhos. Prove um Madeira H&H e vai compreender a razão.

HUMBERTO JARDIM

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É inimaginável entrar na Quinta da Rede, em plena Região Demarcada do Douro, sem ficar deslumbrado com a paisagem. O Rio Douro perde-se no olhar e a beleza daquele espaço

convida-o a entrar e a conhecer o que de melhor ali se faz. É em Mesão Frio que podemos encontrar um espaço cuja origem remonta a 1484 mas foi em 1995 que José Alves, com experiência profissional de anos numa adega e com o saber transmitido pelos pais que dedicaram as suas vidas à viticultura, decidiu criar o seu próprio projeto com a visão de produzir vinhos diferentes e marcantes e convidar o visitante a contactar com a realidade vinícola de uma região que tem feito eco pelo Mundo. O Douro, uma das mais antigas regiões vinícolas europeias, está na moda e tem mostrado que tem merecido essa confiança pela crescente qualidade que imprime aos seus pro-dutos. Há dois mil anos que aqui se produz vinho e a Quinta da Rede não pretende desonrar o peso dessa responsabilidade. Pelo contrário. No pico das vindi-mas, foi numa ambiente acolhedor e familiar que José Alves recebeu a Revista Pontos de Vista. O espíri-to de equipa, o entusiasmo no trabalho e a extrema dedicação para que nada falhe foram características evidenciadas no curto tempo desta visita guiada pelo proprietário e pelo seu enólogo, Osvaldo Amado, re-centemente eleito enólogo do ano de 2014 pela Re-vista de Vinhos. Foi precisamente com a assinatura deste profissional que nasceu um vinho que deixou um novo brilho nos olhos de José Alves. O vinho Quinta da Rede Reserva Tinto 2012 arrecadou o Grande Arribe de Ouro no XI Grande Concurso de Vinhos Ibéricos, os Prémios Arribe 2015. Entre os 450 vinhos analisados pela equipa de jurados, entre tintos, brancos, fortificados e espumantes, tendo em conta nove categorias, este tinto totalizou 96 pontos. Para o proprietário que procura estar constantemente atualizado, conhecen-do o que de mais avançado se faz neste setor, este foi um momento ímpar na sua vida. “Foi o reconheci-mento de todo o esforço, uma enorme satisfação e um momento de alegria. Somos uma empresa fami-liar que tem vindo a crescer e saber que produzimos o melhor vinho daquele concurso, com 96 pontos, é muito bom”, partilhou. Este vinho bem estruturado e elegante é a prova do cuidado que toda a equipa tem pelo pormenor, desde a vinha, à vindima e ao está-gio em barricas de carvalho francês. E foi, também ele, um reconhecimento vivido com emoção por essa mesma equipa composta não por trabalhadores mas por colaboradores. É esta a distinção que José Alves faz questão de fazer. São pessoas que “vestem a ca-misola, trabalham com paixão, vivem o prémio que a empresa ganhou como seu”, esclareceu o responsável. Só assim se fazem vinhos com “carinho e paixão”, num cuidado intensivo que começou na plantação da vinha, na seleção das castas, na conversão da vinha, na introdução de tecnologia de topo na adega e continua

sETOR VITIVINíCOlA

A AMBIÇÃO DE PRODUzIR VINHOS que fiquem na memória

Nascido em Mesão frio, josé Alves sempre se habituou a admirar uma das propriedades icónicas do concelho – a Quinta da Rede, cujos registos da Torre do Tombo dão conta da sua existência desde 1484. Em 1995 surgiu a oportunidade de adquirir a Quinta, o que agarrou

com as duas mãos. Depois de reestruturar a vinha, que procurou manter um histórico de vinhas velhas, construiu a adega, passando a vinificar, estagiar e a engarrafar os seus próprios vinhos. Duas décadas depois, há uma certeza: os vinhos com a assinatura Quinta da

Rede têm conquistado o almejado reconhecimento, graças à qualidade do “terroir” do Douro e a uma enologia de referência. se há segredos nesta área, josé Alves acredita que a alma do negócio está na “paixão pelos vinhos e pelo Douro”.

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ano após ano no trabalho que se vai fazendo em prol de um produto cuja qualidade se afirmará inevitavel-mente, derrubando as vicissitudes impostas pela con-tração do mercado nacional. Foi a crise que fez com que José Alves olhasse para os mercados externos. Hoje, 90 a 95% da produção é di-recionada para a exportação e os destinos são os mais variados quanto possível. Em tom de brincadeira, José Alves recorreu ao ditado popular “não ponhas todos os ovos debaixo da mesma galinha” para descrever a aposta atual da Quinta da Rede, antecipando futuros riscos que possam ocorrer em cada um destes merca-dos que coloquem em causa o negócio. Holanda, Bél-gica, Suíça, Alemanha, Hong Kong, Macau, Cana-dá são algumas das atuais apostas, acrescentando-se um recente contrato de cinco anos com os Estados Unidos e uma reaproximação ao mercado francês. É além-fronteiras que os vinhos Quinta da Rede têm alcançado um maior reconhecimento mas esta é uma tendência que, para José Alves, poderá ser invertida. “Todos somos poucos e precisamos de estar unidos. Os empresários dos estabelecimentos noturnos, por exemplo, devem cada vez mais apostar num Vinho do Porto ou num copo de vinho em detrimento de um whisky. Temos de valorizar tudo o que é nosso”, asseverou. Em contrapartida, este trabalho já tem sido feito à mesa por parte dos nossos chefes de cozinha que coadunam o melhor da gastronomia com a versa-tilidade dos vinhos nacionais. E no Douro nascem vinhos com características únicas, mesmo quando crescem no mesmo terroir. “Os vinhos do Douro são como as encostas desta região. Demo-ramos a subir mas a paisagem é tão bela que não hesi-tamos em permanecer no topo a apreciar a paisagem”. Este desabafo de José Alves poderia até ser um retrato do percurso que a Quinta da Rede tem calcorreado.

A Quinta da Rede tem arrecadado prémios e reconhecimentos em concursos e revistas inter-nacionais, com vinhos premiados com meda-lhas de ouro e pontuações entre 91 e 93 pontos no wine Enthusiast.

JOSÉ ALVES

Quando se aposta na qualidade, não podem existir pressas. Tudo chegará a seu tempo e com o devido reconhecimento. Essa tem sido a postura do proprie-tário que além da Quinta da Rede tem ainda em mãos um outro espaço, onde faz o engarrafamento. A Casa de Cambres, como resultado de um serviço que José Alves pretende que seja completo, foi totalmente res-taurada em 2014 como casa de campo, respeitando-se toda a traça original. “Queremos que o nosso visitante conheça a nossa realidade, que se sinta bem e é uma forma de dizermos obrigado a quem nos ajuda”, evi-denciou. Para o futuro, o produtor pretende criar na Quinta da Rede uma sala de degustações, um posto de vendas e continuar a conquistar o consumidor pela qualidade do produto. “Queremos que todos vistam a camisola mas, mais do que isso, que a guardem com carinho, sentimento e falem da Quinta da Rede como se fosse algo que fizesse parte deles”, concluiu.

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AlIMENTAÇÃO NACIONAl

“tEMOS BONS PRODUtOS EM PORtUGAL e em especial nos açores”

“Temos muitos bons produtos em Portugal e em especial nos Açores e devemos dar prioridade a estes produtos pois facilmente sabemos o que estamos a ingerir ao contrário de produtos onde a fiabilidade e qualidade não estão garantidas”. Quem o afirma é

André ávila, Presidente da Cooperativa Celeiro da Terra, uma instituição que valoriza o tradicional e o diferente, mas sempre com um «toque» inovador. Conheça mais.

Numa era em que a produção mecanizada e massiva é uma constante, os produtores da Cooperativa Celeiro da Terra promovem a confeção dos produtos com alimentos locais e de acordo com métodos artesanais. É este o segredo para a qualidade dos vossos produtos?Este tem sido o mote, desta cooperativa desde a sua formação em 1998. Valorizar o saber fa-zer, o saber tradicional, com os sabores dos nos-sos antepassados realça a qualidade e prevalece a transmissão de sentimentos para os produtos, garantindo assim a forma tradicional e diferente.

Licores, biscoitos, compotas e artesanato são produtos com marca Cooperativa Celeiro da Terra, que permite promover, acima de tudo, a região e as suas mais-valias. De que modo os Açores e a própria Povoação estão presentes no sabor e qualidade dos vossos produtos?Tanto os Açores como Concelho da Povoação estão sempre presentes na nossa marca, quan-to mais não seja pela qualidade inigualável da nossa matéria-prima adquirida aos produtores locais e artesanais. Os Açores e em particular o Concelho da Povoação produzem dos melho-res frutos que podemos encontrar no mercado, o nosso ananás, conhecido por todo mundo, a nespra, a amora, o maracujá, a tangerina, o chá são tudo produtos plantados e colhidos nos

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campos e hortas dos Açores. Por outro lado, e porque achamos que devemos marcar posição no mercado pela diferença, queremos garantir que todos os nossos produtos são genuinamen-te Açorianos, pois a matéria-prima é plantada nos Açores, adquirimos a produtores locais e transformamos de igual forma como faziam os nossos avós.

Com uma loja nas Furnas, têm promovido os vossos produtos junto de habitantes e turistas. Podemos afirmar que este é mais um motivo para que quem visita os Açores não deixe para trás uma visita ao concelho da Povoação?Felizmente a Freguesia de Furnas, por si só, é uma atração, talvez não esteja a cometer nenhu-ma gafe se disser que é a maior atração da ilha de S. Miguel. A loja da Cooperativa Celeiro da Terra é disso prova, pois recebemos muitos dos que vão visitar a Freguesia das Furnas, a sua La-goa, as suas caldeiras, os seus parques.Mas, os produtos da Cooperativa Celeiro da Terra têm sido adquiridos por esses visitan-tes como uma recordação pela sua passagem na Freguesia de Furnas e no Concelho da Po-voação, muitos são aqueles qua ao adquirir os nossos produtos querem visitar a nossa unidade de produção e verificar ao vivo o modo de pro-dução.

A Cooperativa surge como uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) e tem como objetivo promover produtos e produtores locais, apoiar os habitantes com situações económicas mais frágeis e os jovens num mais fácil acesso à educação. De que modo têm cumprido estes objetivos? E de que forma a marca alimentar Cooperativa Celeiro da Terra tem sido benéfica nesta missão?A Cooperativa tem como missão promover o acesso à educação/formação e integração pro-fissional de grupos socialmente desfavorecidos; organizar o trabalho de artesãos e outros produ-tores locais que individualmente, ou em unida-des de produção, transformem matérias-primas ou produzem ou reparem bens e comercializar

jAR

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bens ou produtos de artesanato e outras ativi-dades locais.Neste sentido, a Cooperativa tem sido exemplar, todas as colaboradoras desta cooperativa e que neste momento são 20 senhoras, deixaram de re-ceber prestações sociais, tal como o Ex - RMG e atual RSI ou mesmo subsídio de desemprego, e passaram a auferir um vencimento fruto do seu trabalho nesta cooperativa. Este foi o grande objetivo da criação desta cooperativa aquando do projeto-piloto a nível Nacional do RMG em 1997 e convém aqui contar um pouco da história.Em 1997, foi criado no Concelho da Povoação um projeto a que deram o nome de Valorizar, projeto este que seria piloto a nível nacional com a implementação do RMG. Para que esta medida tivesse êxito, era necessário autonomi-zar os seus benificiários e gradualmente permi-tir a sua saída do RMG e passarem a auferir um ordenado. Em 1998, com a extinção deste proje-to, criou-se a Cooperativa Celeiro da Terra que passou a ser a entidade patronal de todas co-laboradoras e agora Ex-beneficiárias de RMG.

Sendo a alimentação saudável uma preocupação mundial, principalmente quando falamos de famílias carenciadas, como tem a Cooperativa, enquanto IPSS, defendido junto dos habitantes da Povoação uma alimentação mais adequada e correta? É possível afiançar que os vossos

produtos podem fazer parte de uma alimentação diária saudável? Têm tido essa preocupação na confeção dos vossos produtos?Existe todo um entendimento e consciência de que cada vez mais temos de escolher para a nos-sa alimentação, produtos saudáveis, e esta preo-cupação é diária dentro da Cooperativa Celeiro da Terra.Nós compramos a maioria da matéria prima a produtores locais, onde os métodos de cultivo e conservação são os tradicionais. Podemos fa-lar em produtos biológicos, livres de pesticidas, adubos químicos nem produtos geneticamente modificados. A nossa transformação é toda ela efetuada de forma tradicional, com os mesmos ingredientes dos nossos antepassados, manten-do os sabores dos nossos avós.

No âmbito do Dia Mundial da Alimentação, que conselho importante deixar aos leitores de forma a incentivar para uma maior preocupação à mesa?O único conselho que posso deixar é o de terem muita atenção aos produtos que se consome e tentar saber a origem dos mesmos. Temos mui-tos bons produtos em Portugal e em especial nos Açores e devemos dar prioridade a estes produtos pois facilmente sabemos o que estamos a inge-rir ao contrário de produtos onde a fiabilidade e qualidade não estão garantidas.

Teremos, no futuro, novos produtos com marca Cooperativa Celeiro da Terra? Onde poderão os futuros consumidores de Portu-gal Continental aceder aos novos e já exis-tentes produtos?Todos os anos apresentamos uma inovação, que pode ser um produto novo ou uma em-balagem nova. Ainda em 2015, mais especifi-camente em dezembro, vamos apresentar um novo licor. Muitas são as lojas no continente português, do Algarve ao Porto, que comer-cializam os nossos produtos mas destacamos a rede de lojas Açores em lisboa e no Porto.

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AlIMENTAÇÃO NACIONAl

Com mais de meio século de vida, a Tété assume-se como uma empresa moderna e que, fruto da sua qualidade, tem vindo a conquistar a sua quota de mercado. As mutações do mercado são comuns, e hoje assistimos a uma Tété com uma nova imagem, numa amostra mais inovadora e moderna da mesma, embora sem nunca esquecer que a marca não descura o seu passado. Cristina Amaro, Diretora

Comercial da Tété, falou à Revista Pontos de Vista sobre estas mudanças e muito mais.

“tété, UMA MARCA MODERNA, mas com história”

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A Tété é uma marca com mais de 50 anos de história, que veio sendo construída ao longo de gerações, atingindo a liderança e o sucesso que hoje lhe reconhecemos. Como caracterizam a Tété dos novos tempos? De que modo este meio século de existência permitiu que alcançassem esta etapa?A Tété é uma empresa moderna, apesar dos seus mais de 50 anos de história, ou por causa disso mesmo, uma vez que nesse tempo aprendemos muito, nomeadamente, que a qualidade é sempre definida pelos mercados que servimos, sendo o nosso portfólio de produtos prova disso mesmo.

Apresentam-se neste momento com uma nova imagem, que permite mostrar uma Tété inovadora e moderna, mas que não descura os tempos passados. O que pode o consumidor esperar desta nova etapa?O objetivo maior do nosso rebranding era exata-mente esse, que os consumidores conseguissem perceber que se trata de uma marca moderna, mas com história. Assim, os consumidores po-dem continuar a esperar produtos com a qualida-de de sempre, produzidos a partir de receitas tra-dicionais e adequados às suas necessidades atuais.

Assumem ter produtos de alta qualidade e nutricionalmente equilibrados, sempre de acordo com as devidas normas de segurança alimentar. O que podem os vossos clientes esperar desta junção entre sabor e saúde?Como referi anteriormente, produzimos a partir de receitas tradicionais, no entanto, essa preocu-pação de formulação é igualmente acompanha-da de um cuidado na construção de um produ-to saudável e saboroso. Uma das características transversais aos nossos produtos, por exemplo, é a baixa adição de sal. Isto porque o sal além de, em doses elevadas, não ser benéfico à saúde, é também um potenciador de sabores, o que não permite ao consumidor percecionar a verdadeira essência dos produtos.

Sendo inicialmente uma empresa dedicada ao queijo fresco, atualmente têm uma gama de produtos mais alargada, sendo possível encontrar queijo curado, requeijão e manteiga da marca Tété. O que podemos esperar destes diferentes produtos?Podem esperar o mesmo cuidado e atenção que sempre pusemos no queijo fresco. O alargar do nosso leque de produtos foi necessário para con-seguirmos chegar a mais clientes; mas este pro-cesso não foi, de todo, destituído de uma grande paixão, ou seja: não o fizemos só para aumentar a faturação, mas também para responder às exi-gências do mercado e porque, tendo carinho pela marca, pelo que somos e pelo que fazemos, quise-mos que ela fizesse parte da vida de mais pessoas.

Sabemos que terão, já no final de novembro, um produto novo com a marca de excelência e qualidade a que têm habituado os vossos clientes. O que podem dizer-nos sobre este tão próximo lançamento?Não podendo dizer muito, posso adiantar que se trata de um produto que queríamos lançar há já muito tempo e que, na sua formulação, a seleção das matérias-primas foi uma das nossas maiores preocupações, englobando-se nestas também o interesse que tínhamos em realinhar do nosso catálogo de forma, não só a ir ao en-contro das novas tendências de consumo, como a ter uma maior vocação para a exportação.

Enquanto empresa genuinamente portuguesa, como têm contribuído para valorizar os produtos nacionais? Podemos afirmar que são uma mais-valia para o reconhecimento do que é português?Por um lado temos procurado manter as carac-terísticas únicas dos nossos produtos, adotando, apenas, as melhorias que as novas tecnologias e processos nos têm permitindo; por outro, au-mentámos a nossa quota de negócio adveniente da venda para exportação, mantendo já, neste momento, relações estáveis com parceiros de negócios em Espanha, França, Bélgica, Suíça, Moçambique e E.U.A.

Temos conhecimento de que haverá um novo produto, referido anteriormente, mas que outros planos têm para o futuro da mar-ca? Acreditam que continuará a passar pelos seus obstáculos de forma a que, dentro de 50 anos, possamos continuar a ver a marca Tété nas prateleiras de lojas alimentares?É claro que o sonho maior de qualquer empre-sário é que o seu projeto se perpetue ao longo dos anos. No caso da Tété essa ambição tem ainda mais peso porque, em certa medida, esta marca narra parte da história de uma família.Quanto aos objetivos, estes passam por um crescimento sustentado e orgânico, baseado, em parte, no nosso modelo de representação e na diversificação dos mercados onde esta-mos presentes, sendo que, para reforçar essa estratégia, temos estabelecido parcerias com algumas universidades com as quais já temos projetos a decorrer.

Desta forma, juntando a excelência dos nossos produtos à maior disponibilidade e visibilida-de destes nos vários mercados em que estamos presentes, penso que sim, que a Tété é uma mais-valia para o reconhecimento do que é português.

CRISTINA AMARO

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O setor da saúde pode e deve estar junto a outros grandes segmentos do nosso país, como a educação e a segurança social e é necessário procurar soluções

inovadoras em torno de objetivos comuns. Para Orlando Monteiro da Silva, Bastonário da Or-dem dos Médicos Dentistas, a saúde oral não pode ser separada da saúde em geral e reconhe-ce que, atualmente, há uma consciencialização cada vez maior da importância da higiene oral na prevenção das doenças da cavidade oral. “Fe-lizmente que sim”. Mas basta? Não! Ainda não. é necessário promover e fomentar o acesso da população a cuidados de saúde oral. O que é es-sencial, considera o bastonário, é encontrar res-postas para satisfazer as necessidades da popu-lação ao nível da saúde oral. Necessidades que se agravaram com a crise económica e financei-ra que o país tem atravessado nos últimos anos. “É essencial encontrar respostas para satisfazer as necessidades da população ao nível da saúde oral. Necessidades que se agravaram com a cri-se económica e financeira que o país tem atra-vessado nos últimos anos”, salienta, lembrando que, recentemente, o Barómetro da Saúde Oral de 2014 da Ordem concluiu que a população tem confiança nos médicos dentistas, mas tem dificuldade de acesso à medicina dentária e tem grandes carências. Portanto, há uma procura grande dos serviços de medicina dentária que não encontra resposta com sistemas de ajuda adequados para que as pessoas possam aceder aos cuidados básicos de saúde oral.Nos últimos anos, têm sido dados alguns pas-sos rumo a este «porto seguro». Por exemplo, a iniciativa do «Cheque-Dentista», um pro-grama de saúde pública, preventivo, que ia no sentido de identificar alguns grupos especiais e oferecer-lhes algum género de acompanha-mento. A avaliação realizada demonstra que houve ganhos consideráveis ao nível da saúde em Portugal, resultantes do PNPSO - Progra-ma Nacional de Promoção da Saúde Oral, que já chegou a cerca de três milhões de utentes. Se isto é positivo, é necessário que se continue a promover este género de iniciativas, até porque uma grande parte da população não se encontra aqui coberta, como por exemplo as faixas etá-rias mais velhas, em que mais de metade dos idosos com mais de 65 anos estão totalmente desdentados. “É necessário identificar nas áreas sociais as prioridades e alocar recursos para es-tas situações”, diz o Bastonário. Mas tem Portugal bons especialistas e profis-sionais no domínio da Medicina Dentária, isto comparando com alguns congéneres europeus? Orlando Monteiro da Silva não tem dúvidas e afirma que sim. “A nossa medicina dentária e os respetivos profissionais são dos mais reconheci-

sAÚDE EM PORTUgAl

SAúDE ORAL – Desafios que nunca cessam

Além do impacto no estado nutricional, e nos efeitos adversos na fala e autoestima, as doenças orais impõem, pelo seu custo e pelo sofrimento que causam, um considerável peso financeiro e social. Daí que seja necessário apostar fortemente

na prevenção e no tratamento no âmbito da saúde oral. são vários os problemas que se colocam no âmbito da saúde Oral e por isso mesmo interessa abordar esta questão tão pertinente.

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ORLANDO MONTEIRO SILVA

“O Barómetro da Saúde Oral de 2014 da Ordem concluiu que a população tem confiança nos médicos dentistas, mas tem dificuldade de acesso à medicina dentária e tem grandes carências. Portanto, há uma procura grande dos serviços de medicina dentária que não encontra resposta com sistemas de ajuda adequados para que as pessoas possam aceder aos cuidados básicos de saúde oral”

dos não só a nível europeu, mas também a nível mundial”, salienta, lembrando que a formação de médicos dentistas em Portugal, começou nos anos 70, nesse período com um parceiro essencial, a Noruega, que é somente um dos países mais avançados a este nível. “Foi o em-brião para uma excelência que a partir daí nos permitiu acompanhar o melhor que se fazia na medicina dentária a nível mundial. O percurso foi absolutamente notável e isso é transversal-mente reconhecido”.A terminar, Orlando Monteiro da Silva, ele que foi o primeiro português eleito presidente da Federação Dentária Internacional, revela o que é desejável para o futuro da medicina den-tária portuguesa, ou seja, esta deve estar inseri-da na denominada saúde em geral. “Tem de se criar redes de colaboração entre os diferentes grupos profissionais na perspetiva de colocar a saúde pública e o doente/utente em primeiro lugar. Além disso, deve ser permitido ao doente, e este deve estar disponível também, para ter uma participação mais ativa nos diversos pro-cessos de decisão ao nível da saúde”, esclarece, assegurando ainda a importância das tecnolo-gias de comunicação e informação, bem como os recursos humanos e a educação, como fatores essenciais para a melhoria da saúde dentária e consequentemente da saúde em geral.

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A IMPORtÂNCIA Do seguro De saÚDe

Os seguros de saúde são cada vez mais uma necessidade, existindo por isso uma ampla oferta no mercado e podendo chegar a toda a população. são reconhecidos como uma alternativa de qualidade ao serviço Nacional de saúde, permitindo aceder

num espaço de tempo mais curto a consultas de especialidades médicas.

OPINIÃO AXA PORTUGAL

E xistem no mercado português várias modalidades, com diferentes planos de saúde e com diferentes condições para os clientes. Pelo que, para escolher o seguro de saúde que melhor responde às necessidades pessoais e do agregado familiar, deve existir sempre uma informação

prévia sobre as coberturas, garantias, percentagens de reembolso e períodos de carência. Para além disso será importante avaliar sempre as necessidades específicas, pelo que é importante elencar questões simples, que vão simpli-ficar o processo de decisão:

- Necessita de garantir o acesso a consultas de clínica geral, especialidades e exames? Ou apenas fazer face ao aparecimento de alguma doença súbita que possa implicar uma cirurgia?

- Gostaria de ser seguido pelo seu médico, que não tem acordo com ne-nhuma seguradora, ou não tem preferência?

- Qual a sua idade e composição do agregado familiar?

- Quanto pretende despender na aquisição deste produto?

- É importante para si que a sua comparticipação seja baixa, ou prefere um seguro de custo mais reduzido?

A experiência pessoal é o melhor indicador para a seleção do seguro que melhor servirá as necessidades próprias e familiares.Na AXA procuramos dar resposta a todas estas questões, e construímos soluções adaptáveis às necessidades de cada pessoa em cada etapa de vida.A oferta AXA dispõe de opções de cobertura mais simples para fazer face a despesas de hospitalização e ambulatório, para clientes que procurem ga-rantir o pagamento de consultas ou um internamento, assim como opções de cobertura mais alargada que podem incluir despesas de parto, muito va-lorizada por jovens casais, estomatologia, próteses e ortóteses, entre outros.Em particular para as coberturas de capital mais reduzido, como estoma-tologia, deve ser sempre avaliado se o mesmo satisfaz as necessidades ou ponderar complementar o seguro de saúde com um seguro dentário.A AXA disponibiliza ainda a todos os clientes de seguro de saúde o acesso a uma Rede de Saúde e Bem Estar, que garante serviços e vantagens espe-cíficas, tais como descontos na utilização de SPA, passando por consultas

“A oferta AXA dispõe de opções de cobertura mais simples para fazer face a despesas de hospitalização e ambulatório, para clientes que procurem garantir o pagamento de consultas ou um internamento, assim como opções de cobertura mais alargada que podem incluir despesas de parto, muito valorizada por jovens casais, estomatologia, próteses e ortóteses, entre outros”

sAÚDE EM PORTUgAl

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de medicinas alternativas, cuidados de beleza, nutrição, homeopatia e, em alguns casos, alargado inclusivamente aos animais domésticos (alimentação, hotéis, estética, entre outros).

A OfERTA AxA:VItAlPlAN SmIle é um plano de Saúde Dentária em modalidade de Assistência.

Esta modalidade permite às pessoas seguras o livre acesso a uma Rede Con-vencionada de Prestadores Clínicas Dentárias, pagando apenas uma peque-na parte (ou mesmo nada) do custo do ato médico, designada por copaga-mento. Tem a grande vantagem de não ter período de carência.Este produto pode ser utilizado na rede de prestadores.

AXA SAúde FAmílIA é um Seguro de Saúde, com grande flexibili-dade na contratação, onde é possível optar por várias soluções de planos e coberturas.

Neste produto disponibilizamos uma rede de prestadores clínicos e um vas-to leque de parceiros de elevada e reconhecida qualidade no mercado, assim como a possibilidade de optar por prestadores fora da rede convencionada, sendo garantido posteriormente o reembolso de acordo com as condições contratadas. Garante igualmente o acesso a serviços de cuidados de saúde e de bem-estar a preços preferenciais. A inclusão da família proporciona descontos.

AXA SAúde SéNIoR é um Seguro de Saúde especialmente dese-nhado para quem tem mais de 55 e menos de 75 anos com acesso a um conjunto de coberturas e vantagens em serviços de saúde e não tem idade limite de permanência. Este seguro funciona sempre dentro da rede convencionada de prestadores e dá acesso a um conjunto de ser-

A AXA disponibiliza ainda a todos os clientes de seguro de saúde o acesso a uma Rede de Saúde e Bem Estar, que garante serviços e vantagens específicas, tais como descontos na utilização de SPA, passando por consultas de medicinas alternativas, cuidados de beleza, nutrição, homeopatia e, em alguns casos, alargado inclusivamente aos animais domésticos (alimentação, hotéis, estética, entre outros)”

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VItAlPlAN: Este Seguro de Saúde pretende dar uma resposta direta e ajustada às necessidades concretas deste segmento de clientes.Tem como principais características a vantagem de poder ser contratado na modalidade Managed Care e/ou Reembolso, permitindo o acesso a uma Rede de Prestadores Clínicos de elevado reconhecimento e com cobertura nacional e internacional.Em termos de garantias, destacam-se os planos de h ospitalização que possibilitam, para além de garantir o internamento hospitalar, o acesso ao Cartão Vitalplan com preços convencionados nos prestadores clínicos, sem necessidade de contratação de mais coberturas. De igual modo são disponibilizados planos de coberturas e capitais extremamente elevados, que permitem ajustar o seguro de saúde em função das necessidades pes-soais e do agregado familiar.

NA SAÚDE DE TODOS, PROTEGEMOS MAIS.

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Edificada em 2008, a Biofisa tem vindo a percorrer um caminho assente em pilares como a qualidade, excelência e transparência. Para contextualizar junto dos nossos leitores, que balanço é possível perpetuar destes sete anos de atividade da marca no mercado nacional?Utilizando as suas próprias palavras, definimos qua-lidade, excelência, transparência e inovação como lemes e pilares estratégicos da nossa empresa.Qualquer atividade exercida na área da saúde deve, a nosso ver, respeitar princípios éticos fundamentais. Pensamos que salvaguardar para o nosso negócio, não apenas do nosso ponto de vista, mas também do ponto de vista dos nossos clientes (médicos) e dos seus pacientes, tem sido o verdadeiro motor da nossa diferenciação e crescimento.

Foram fundados como distribuidores exclusivos em Portugal da marca Osstem Implant, uma das líderes mundiais na área da implantologia. Que relevância teve esta “parceria” para o crescimento da Biofisa?Toda a relevância! Apesar de termos também ou-tras marcas e produtos importantes, a marca OSS-TEM garante-nos “per si” os nossos quatro pilares estratégicos (qualidade, excelência, transparência e inovação). A OSSTEM IMPLANT é considerada das principais marcas de implantes a nível mundial, em qualidade, dimensão e competitividade, criando constantemente ferramentas tecnológicas ímpares e opções terapêuticas topo de gama, que, por nossa vez, colocamos ao dispor dos nossos médicos den-tistas e seus pacientes. Basta entrar no site da marca e perceber que o objetivo para 2020 é atingir o nº 1 mundial.

No âmbito da saúde oral, a inovação é uma parte concreta deste segmento. Desta forma, como tem sido a inovação um elemento essencial na vossa orgânica e consequentemente na conquista do mercado? As nossas marcas inovam nos produtos e nós acre-ditamos que temos de inovar no serviço que coloca-mos ao dispor dos nossos médicos. Num mercado global, apostamos claramente em sinergias com con-géneres dentro e fora de Portugal, na formação e in-teração com os médicos e na tecnologia. Tal como a OSSTEM IMPLANT, temos uma estratégia clara e objetivos definidos para os próximos quatro anos, a que chamamos Plano 2020. A ideia forte é ter par-ceiros, mais do que clientes.

Que análise perpetua da saúde oral em Portugal? Ao nível de profissionais, acredita que estamos hoje bem posicionados se olharmos para um universo europeu e mundial?Saúde oral é uma coisa, Medicina Dentária é outra. Quanto à medicina dentária, os nossos médicos den-tistas estão ao nível dos melhores do mundo. Pode-mos afirmá-lo com segurança pois fazemos forma-ção com dentistas de todo o mundo e reconhecemos

“O grande desafio será continuar a superar as altas expetativas dos que em nós confiam e ajudar os médicos dentistas portugueses e as nossas instituições a tomarem um papel central e de charneira na odontologia mundial”, afirma filipe Osório, CEO da Biofisa, em entrevista à Revista Pontos de Vista. saiba mais de uma marca que é hoje um dos

principais players no âmbito da Medicina Dentária em Portugal e não só.

BIOFISA – apoiando a excelência na implantologia dentária

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FILIPE OSÓRIO

a excelente capacidade dos nossos. Mas, além desta opinião, há um facto objetivo que é o facto de Por-tugal ser dos países que mais exporta dentistas para clínicas e universidades estrangeiras e estamos a falar de países do chamado 1º mundo económico e social.

Sente que os portugueses têm atualmente maiores cuidados com a sua saúde oral? Acredita que ainda falta prevenção neste segmento, principalmente com as faixas etárias mais jovens?Pensamos que sim. Os médicos dentistas que estão no terreno poderão responder melhor do que nós. A nosso ver, têm-se feito progressos como o “cheque dentista”, mas acreditamos que há ainda muito por fazer, em forma, conteúdo e quantidade, mas é um tema para os médicos dentistas. Nós limitamo-nos a estar na retaguarda e a apoiar todas as iniciativas que pudermos.

A Biofisa apresenta ainda outra valia, ou seja, patrocina cursos de formação de norte a sul do país. Em que concernem estas formações e de que forma são as mesmas benéficas para as instituições que usufruem das mesmas? De que forma são estas formações promotoras de diferenciação para as clínicas que as frequentam?Sem dúvida. Este é um dos nossos pilares estraté-gicos e onde iremos continuar a inovar e investir. Temos formações nacionais e internacionais, com formadores de referência, não só na área da implan-tologia, mas da cirurgia oral em geral. Queremos aglutinar o maior número de dentistas possível (mes-mo os que ainda não são nossos clientes) e criar espa-ços de partilha, inovação e conhecimento. O desafio hoje é acompanhar o desenvolvimento tecnológico e adequá-lo aos conceitos clínicos já solidificados. Esse vai ser, seguramente, o principal fator de diferencia-ção. A nossa ideia é criar centros de referência e “cha-mar”, para o nosso país, médicos dentistas do mundo inteiro. Acreditamos que com a qualidade dos nossos

dentistas, Portugal não pode ser um país periférico na formação especializada. Temos projetos muito interessantes com formadores e clínicas por todo o país, como a CSG – Clinic, nos Açores, HPA, no Algarve, a Clínica Arcos Médica, no Seixal, a CMI, em Leiria, que muito nos honram, mas queremos envolver muitas mais clínicas e médicos no futuro próximo.

Quais são as principais prioridades de futuro da Biofisa e que desafios podemos esperar da mesma? Quando olhamos para fora, olhamos também para dentro, ou seja, queremos que os nossos colabora-dores e fabricantes se revejam na nossa filosofia e se sintam honrados e gratificados por trabalharem connosco. Como empresa, queremos continuar a crescer, numa competição exclusiva connosco pró-prios, apostando na relação, no serviço, formação e inovação. O grande desafio será continuar a superar as altas expetativas dos que em nós confiam e, como falamos há pouco, ajudar os médicos dentistas por-tugueses e as nossas instituições a tomarem um papel central e de charneira na odontologia mundial.

sAÚDE EM PORTUgAl

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O Grupo Master Dental, nascido com o intuito de sensibilizar a população para a importância da saúde oral, está há dez anos “a fazer sorrir Portugal”. Ao longo desta década de existência, “Ser Master” tem feito toda a diferença?Estamos  convictos  que sim! Temos trabalhado muito no sentido de mudar mentalidades. A saúde oral tem impli-cações muito sérias no bem estar geral das pessoas. Os portugueses já come-çam a ganhar hábito de ir ao dentista, apesar de haver uma fatia considerável da população que só vai ao dentista quando sente dor. A Master Dental tem vindo a sensibili-zar a população, com ações em eventos relacionados com a área da saúde e de-senvolvemos programas para as empre-sas e também para as escolas, no sentido de aconselhar, informar e sensibilizar para a importância da saúde oral.

Aliado a um preço mais acessível quanto possível, a Master Dental tem soluções em ortodontia, ortopedia dentofacial, implantologia e estética. De que modo o grupo tem procurado disponibilizar um serviço de qualidade superior?A Master Dental oferece uma excelente relação qualidade preço. Trabalhamos em conjunto com o agregado familiar, estipulando prioridades, fazendo a ges-tão das consultas, nunca descurando a qualidade dos equipamentos, materiais ou profissionais que trabalham connos-co. Os nossos profissionais fazem toda a diferença e dedicam-se genuinamen-te ao paciente. Nunca desistimos dos nossos pacientes.

Que importância a Master Dental dá a  prevenção na infância?A prevenção junto dos pais e das crianças até aos dez anos é muito im-portante para que as crianças cresçam com o conhecimento de como é im-portante ter uma boa saúde oral. Mui-tas vezes são elas que motivam e ensi-nam os pais. As consultas para os mais novos são preparadas nesse sentido de esclarecer e sensibilizar. O despiste de patologias ortopédicas dentofaciais é fundamental, pois podem ser corrigi-das precocemente.

Sob a bandeira da responsabilidade social, de que forma o Grupo Master Dental tem desempenhado um papel ativo e interventivo na sociedade?

“A nossa missão é sensibilizar a população portuguesa para a importância de uma boa saúde oral”, refere Inês Castelo Branco, da Direção de Marketing e Comunicação do grupo Master Dental, em entrevista à Revista Pontos de Vista. será que os portugueses já começam a

ganhar o hábito de ir ao dentista? saiba esta resposta e outras ao longo desta entrevista. Venha conhecer o grupo Master Dental.

“A NOSSA MISSÃO é SENSIBILIzAR para uma boa saúde oral”

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INÊS CASTELO BRANCO

dentária  há 20 anos. Atualmente, a ida ao dentista não é nada traumática. A medicina dentária evoluiu muito, existem protocolos, técnicas e proce-dimentos no sentido de anular a dor durante o tratamento. O “mito” de que ir ao dentista é uma experiência do-lorosa passou para os mais novos que nunca experienciaram nenhuma situa-ção traumática, mas herdaram dos pais o medo dos dentistas. Para o paciente Master Dental a ida ao dentista está completamente desmistificada, já há até quem adormeça na cadeira.

Na sua opinião, há ainda um longo caminho a percorrer na promoção da saúde oral como parte integrante da saúde em geral? Qual tem sido o vosso papel?O caminho é longo, mas estamos no caminho! O processo de sensibilização não traz resultados imediatos, porém é muito gratificante quando assistimos ao “antes” e “depois” dos nossos pacien-tes, que para além de terem melhorado a sua saúde oral e a sua autoestima, estão mais esclarecidos e informados do impacto que a saúde oral tem na saúde em geral. O papel que pretende-mos ter é um papel ativo na educação e sensibilização da importância da saúde oral. Até à data, apesar de não ser um processo imediato, temos tido sucesso

Para o futuro, o que se pode esperar da atuação do Grupo Master Dental?

A nossa missão é sensibilizar a popula-ção portuguesa para a importância de uma boa saúde oral. Em conjunto com alguns higienistas temos desenvolvido programas que incluem rastreio de saú-de oral e ateliers de técnicas de escova-gem e higiene oral junto das entidades escolares e empresas. Estamos atentos e disponíveis para as entidades que nos procuram no sentido sensibilizar.

Uma boa saúde oral é imprescindível para a saúde em geral. Que maus hábitos ainda persistem que importa derrubar? Quais são os principais comportamentos de risco?Os maus hábitos são comuns e mui-to diversificados no dia a dia de cada um. Mas o que mais persiste, sendo de longe o mais comum, é a falta de regularidade na ida ao dentista todos os anos, pelo menos uma a duas vezes, para fazer a consulta de avaliação e diagnóstico e a destartarização. Se os portugueses tivessem este hábito bem enraizado, provavelmente iria haver menos pessoas a necessitar de reabili-tação protética.

Na sociedade atual, apesar do rápido desenvolvimento das técnicas e instrumentos utilizados pelos especialistas, ainda existe medo de ir ao dentista? Quais são os principais receios?Ainda existe sim, muito medo em ir ao dentista. Este medo é fruto das técni-cas  que eram utilizadas na medicina lER NA INTEgRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

sAÚDE EM PORTUgAl

Que objetivos querem ver brevemente concretizados no terreno?O Grupo Master Dental, atualmente, conta com 70 clínicas credenciadas mais quatro clínicas próprias, nomea-damente em Lisboa, Oeiras, Corroios e Torres Vedras. Este ano foi concre-tizado um objetivo muito importante, a abertura em outubro da clínica de Faro, a quinta do grupo. Contamos começar a fazer a diferença junto da população do Algarve. O nosso obje-tivo é continuar pelo país fora a fazer toda a diferença junto dos portugueses até que todos estejam sensibilizados para a importância da saúde oral.

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UMA qUEStÃO DE estética! confronto ou conjugação de valores?

Apesar de toda a dedicação que consagro à área da reabilitação oro-facial estética na minha atividade clínica e docente, o respeito e valor que atribuo à ética que deve nortear a educação e atuação dos profissionais de saúde e dos próprios

pacientes merecem que neste artigo confira a ambas o estatuto de tema de fundo.

A OPINIÃO DE João Carlos Ramos, Diretor clínico da Clínica de Medicina Dentária de Esgueira

N um contexto socioeconómico atual, onde importa recomen-dar sensatez na priorização das nossas preocupações, conceitos

como estética, cosmética, ética e deontolo-gia, devem merecer a devida atenção e re-flexão, sob pena de serem completamente sub(pre)vertidos por muitos dos “valores” vigentes. Que papel podem e devem ter os profissionais de saúde oral para evitar ou reduzir alguma da desordem reinante na área da estética orofacial, cujo baluarte, tão evidente quanto perturbante, é por demais expresso em muita da publicidade patente em diversos meios de comunicação social e profissional? Não tenho a pretensão, a capacidade ou sequer a legitimidade para autoproclamar dogmaticamente neste ar-tigo de opinião as regras ou virtudes que devem reger integralmente a prestação de

SAÚDE EM PORTUGAL

Médico Dentista, c. p. nº 854 da Ordem dos Médicos DentistasProfessor Auxiliar da faculdade de Medicina da Universidade de CoimbraDiretor clínico da Clínica de Medicina Dentária de EsgueiraContato: [email protected]

JOÃO CARLOS RAMOS

cuidados de saúde envolvendo a estética. Procurarei apenas chamar a atenção para a necessidade de refletir e tomar posição sobre certas questões que me parecem fundamentais.Numa perspetiva institucional e pro-fissional a primeira questão prende-se de imediato com o enquadramento dos tratamentos “estritamente” estéticos nos cuidados médico-dentários do ponto de vista das nossas competências e obrigações profissionais enquanto prestadores de cui-dados de saúde. Até que ponto e em que vertente este tipo de cuidados se pode e deve integrar na nossa atividade? Se aten-dermos ao facto de que a Medicina Den-tária tem como área de intervenção pri-mordial o complexo oral que desempenha funções essenciais no desenvolvimento físico, psíquico e social do ser humano, e se entendermos a saúde segundo a definição clássica de “bem estar físico, psíquico, so-cial”, com um peso atual progressivamente crescente assumido por estas duas últimas valências, imediatamente se compreende a necessidade coerente de integrar os tra-tamentos estéticos como veículos de pro-moção de saúde, desde que aplicados de forma ponderada, evidentemente. Numa perspetiva económica e sociopro-fissional, aceitando previamente a pre-missa de que a imagem pode ser um fator de sucesso pessoal, pode questionar-se até que ponto o sucesso individual dos nos-sos pacientes afeta de forma significativa e positiva o nosso próprio sucesso profis-sional. Percebendo isto, alguns agentes do setor procuram com alguma regularidade empreender manobras de marketing nos meios de comunicação social usando fi-guras públicas ou mesmo histórias “co-moventes” envolvendo o cidadão comum. Estratégias questionáveis? Em consciên-cia, tenho pelo menos algumas dúvidas para além do razoável para uma conde-nação na generalidade! Mas não as tenho na hora de condenar veementemente alguns acontecimentos específicos que lhes possam estar associados como: a pu-blicidade enganosa camuflada no marke-ting, as estratégias comerciais encobertas por pretensas atividades de filantropismo, alguns sobretratamentos justificados por técnicas e materiais inovadores, a cosmé-tica em vez da estética.Pessoalmente entendo que a estética deve ser encarada como parte integran-

te da arte e beleza naturalmente contida em alguns dos nossos trabalhos, e não como um conjunto de meras técnicas acessórias e estereotipadas de promoção de imagem, normalmente baseadas em clichés sociais muito voláteis e frequen-temente desarticulados dos mais nobres e básicos princípios de promoção de saúde. Contudo, dependendo das nossas próprias capacidades e das condicionan-tes associadas aos pacientes, poderemos idealmente ambicionar algo mais. Em algumas situações, lograremos ser “psi-cólogos” e artistas, capazes de entender a subjetividade do ser humano e criar bele-za, e não apenas simples “engenheiros” ou “técnicos” capazes de restaurar de forma objetiva a “normal” anatomofisiologia dos nossos pacientes. Para tal, é impres-cindível perceber o paciente como um ser complexo na forma como interage física e emocionalmente com os amigos, cole-gas, familiares, com o ambiente, connos-co e consigo mesmo, tentando apreender a importância que consciente ou invo-luntariamente atribui à sua imagem e os reflexos que esta poderá, de modo efetivo, assumir na sua saúde global.Por obrigação e paixão pessoal, não posso concluir este artigo de opinião, porven-tura um pouco mordaz numa matéria muito sensível, sem realçar devidamente o papel que deve ter a educação e a for-mação dos profissionais de saúde, dos educadores, dos pais, dos gestores, dos decisores políticos e dos próprios pa-cientes na promoção de uma verdadeira saúde oral. Contudo, devido à overdose de (in)formação tóxica hoje facilmente acessível a todos os intervenientes à dis-tancia de um clique, na hora de procurar informação válida devemos ter o cuidado de selecionar fontes credíveis. Educar para a saúde é o caminho...

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Se para muitos ser careca ainda é uma ques-tão de estilo e de personalidade vincada, para outros é sinónimo de baixa autoestima e frustração. Assumindo a liderança na área

da microcirurgia capilar há sensivelmente uma dé-cada, o Centro Médico CM2C apresenta uma téc-nica cujos resultados estão à vista. Através do mé-todo FUE (Folicular Unit Extration) consegue-se chegar a um aspeto tão natural que poucos se aper-cebem. Foi com Joana Sousa Coutinho, Médica e Coordenadora Clínica da área capilar da CM2C, que a Revista Pontos de Vista ficou a conhecer melhor este procedimento simples, minimamen-te invasivo e de rápida cicatrização. Mas antes de mais, importa saber que esta posição de líder só se conquista com um imenso trabalho. “Só é possível com dedicação e estando sempre na vanguarda da técnica. O Centro Médico CM2C é o pioneiro em Portugal e, a partir daí, temos vindo a fazer um tra-balho continuado de atualização de conhecimento e aperfeiçoamento da técnica ao longo de todos es-tes anos, marcando presença em vários encontros internacionais e congressos da especialidade. Os pacientes procuram-nos porque sabem isso e têm vindo a perceber que estamos sempre à frente e te-mos um trabalho baseado na transparência, dedica-ção e profissionalismo”, garantiu. Voltando ao principal cartão-de-visita da CM2C, em palavras sucintas, quando se fala em transplante capilar, não estamos a falar da criação de novos ca-belos mas da sua redistribuição. “Sob anestesia lo-cal, o cabelo é transplantado de uma área específica na qual o cabelo não está geneticamente marcado para cair, denominada de área doadora, para a zona calva ou com diminuição de densidade, a chamada área recetora e sendo cabelo definitivo que nunca mais voltará a cair”, explicou. A microcirurgia de transplante capilar é, acima de tudo, o procedi-mento que permite aumentar a autoestima de um paciente que sofra de queda de cabelo e, de acor-do com o grau de calvície e o número de folículos necessários, o procedimento será realizado, em um ou dois dias. Todo o procedimento é efetuado pelo médico com o auxílio de um enfermeiro, não há robots que substituam o olho nem a mão humana, nenhuma máquina vem fazer com precisão um tra-balho como este.A CM2C garante o acompanhamento no pós--operatório, estando sempre próxima e disponível para esclarecer o que for necessário. Esta é uma ga-rantia de confiança e qualidade que fazem questão de transmitir e, para Joana Sousa Coutinho, “um dos nossos grandes trunfos”. “Fazemos um tra-balho diário sério e transparente, confiantes nos resultados”, explicou ainda. Como tal, e ao longo do procedimento, o paciente pode, por exemplo,

É verdade que é um assunto que preocupa mais homens do que mulheres mas a calvície pode afetar todas as pessoas, independentemente da idade ou do sexo. Ao mínimo sinal de alteração do padrão do couro cabeludo, importa procurar

aconselhamento médico, antes que seja demasiado tarde. Não há cura para o problema mas existem armas para combatê-lo. O procedimento mais comum e eficaz é o transplante capilar mas este continua a ser um passo que gera dúvidas, portanto, se ainda há quem pense que o transplante capilar deixa o cabelo com um aspeto artificial, fique a saber que nada há de mais errado. Com

um método moderno, cabelo a cabelo, o resultado final é bastante natural e é na vanguarda da técnica de transplante capilar que o Centro Médico CM2C tem a resposta que procura.

cm2c, LíDER EM MICROCIRURGIA CAPILAR

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JOANA SOUSA COUTINHO

acompanhar a contagem dos folículos, observá-los ao microscópio e aperceber-se de todo o seu seguro manuseamento.Em pós-operatório há alguns cuidados a ter, e o pa-ciente deve segui-los para assegurar a rápida cicatri-zação. “Os pacientes levam um folheto com todas as indicações e cuidados necessários que são, aliás, ex-plicados pela nossa equipa. De um modo geral, nos três dias seguintes à cirurgia, não podem lavar o ca-belo, devem hidratar com soro fisiológico, fornecido por nós, a área implantada, e não podem colocar chapéus. A partir do quarto dia, iniciam a lavagem e tudo começa a voltar à normalidade. Para conforto e segurança dos pacientes a clínica fornece sempre um contacto para o qual podem ligar sempre que necessário”, esclareceu Joana Sousa Coutinho. O risco de rejeição é praticamente nulo uma vez que os folículos são do próprio paciente. Quando se fala em outros riscos, Joana Sousa Coutinho desta-ca aqueles que estão associados a qualquer tipo de cirurgia: “O único risco é o de infeção. Mas, em dez anos de clínica, não temos qualquer caso relatado porque fazemos antibiótico em profilaxia, como forma de prevenção desde o primeiro dia e duran-te o período pós-operatório. E não nos podemos esquecer que este é um risco de qualquer ferida”, afirmou a especialista. Irá doer? Quando começam a surgir os primeiros resultados? Vou ficar sem cabelo na zona doadora? Estas são talvez as questões mais ouvidas por Joana Sousa Coutinho mas há sempre um esclarecimen-to por parte desta equipa. “Após dada a anestesia local o procedimento é totalmente indolor e os pa-

cientes estão sempre muito tranquilos, acordados e a conversar connosco”. Quanto aos resultados, “os primeiros começam a surgir ao fim de seis ou sete meses e teremos um resultado definitivo no final de dez a 12 meses. Por fim, quanto à área doadora, não vai notar qualquer diferença na densidade capilar”, explicou a especialista. Pedro Lima, Ricardo Carriço ou Pêpê Rapazote são algumas das figuras públicas que passaram pela CM2C e se submeteram a este procedimento. Mais do que dar notoriedade ao trabalho que aqui é de-senvolvido, Joana Sousa Coutinho acredita que o importante a reter nestes testemunhos é o sucesso do procedimento. “Uma vez que são figuras públi-cas, os futuros pacientes ficam a conhecer casos de êxito”, defendeu.

sENsIBIlIZAÇÃO PARA A sAÚDE CAPIlARO número de jovens na faixa etária dos 20 anos que procura ajuda é cada vez maior. A verdade é que a carga genética é o principal inimigo do nosso ca-belo, o que a par com o stress, a vida quotidiana e a alimentação vai potenciar e acelerar a queda. Mas há um trabalho de prevenção que deve começar muito cedo. “Hoje os tóxicos que se usam no cabelo, a moda do gel, da espuma e das lacas, prejudicam a saúde do cabelo. O nosso trabalho de sensibilização passa por alertar os mais jovens para o uso de bons produtos, de uma linha de queda ou fortalecimento do cabelo”, explicou. A verdade é que grande par-te já entra em contacto com a CM2C num estado avançado, cuja solução não passa pela prevenção. Os que não têm indicação imediata para trans-plante capilar são encaminhados para tratamento no sentido de abrandar e retardar a queda. Mas, para evitar que se chegue a um estado extremo, é importante conhecer os sinais que o cabelo nos dá. Qualquer mudança no padrão do couro cabeludo deve ser analisada com cautela. (tirei uma frase). A primeira queda pode ser sinal de que algo não está bem, ou seja, tem níveis de stress anormais ou má alimentação, por exemplo. É um alerta, e pode indicar que é necessário modificar alguns hábitos. Se nada fizer, a queda vai continuar”, avisou Joana Sousa Coutinho. Caso conclua que precisa de orientação médica, Joana Sousa Coutinho deixa um conselho: “não tenha medo, é muito simples e vai trazer os resulta-dos expectados”. Pelo profissionalismo e dedicação desta equipa, poderá estar seguro que é o local certo para realizar uma consulta, pedir uma opinião ou, quem sabe, avançar para o transplante capilar. Com sete blocos operatórios e 27 salas de tratamento, a CM2C tem uma estratégia traçada para o futuro, centrada na moderna cirurgia de transplante capilar, uma área na qual assume a linha da frente.

sAÚDE EM PORTUgAl

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O nascimento da Spine Clinic esteve desde logo associado à diferenciação técnica e à experiência profissional dos seus recursos humanos. Por que é que o nosso leitor deve confiar a sua saúde nas vossas mãos?A Spine Clinic nasce da dedicação ao doente, res-pondendo às necessidades de quem sofre de dores nas costas e de doenças da coluna e que vê a sua qualidade de vida diminuída. Compreendemos que cada doente é um doente e que cada situação deve-rá ser avaliada individualmente, por especialistas, de forma multidisciplinar e integrada, com o empenho e a atenção que cada qual merece.

Em que medida este centro tem conseguido acompanhar e introduzir o que de mais moderno se faz ao nível do diagnóstico e tratamento médico-cirúrgico da coluna vertebral?A Spine Clinic tem como principal preocupação dar resposta às patologias de coluna de uma forma inte-grada. Para isso temos de nos rodear dos profissio-nais mais competentes no que respeita ao tratamento conservador mas também dominar todas as técnicas para abordar os problemas mais frequentes: técnicas percutâneas para tratamento da dor (ozonoterapia, radiofrequência ou colocação de neuroestimuladores medulares), técnicas cirúrgicas minimamente invasi-vas e técnicas cirúrgicas mais complexas. Assisto com alguma preocupação ao aumento de profissionais de saúde não cirurgiões a propor tratamentos minima-mente invasivos aos pacientes sem estarem prepara-dos porque lhes faltam competências cirúrgicas, para resolver potenciais complicações decorrentes dos seus atos. É isto que pretendemos combater. Con-centramos em nós todas as valências possíveis para que possamos selecionar para cada doente, indepen-dentemente dos nossos hábitos ou preferências, a melhor opção. Dentro desta filosofia que nos orienta é evidente que temos o dever de estar sempre atuali-zados no que diz respeito às técnicas mais modernas.

As dores da coluna representam mais de 50 por cento das causas de incapacidade física e podem ser tão fortes que impedem o doente de andar ou até de se levantar. Para que principais sintomas se deve estar mais alerta?Os sintomas mais comuns das doenças de coluna passam por dor nas costas (leve ou severa) que pode ou não irradiar para os membros superiores e infe-riores, dor no pescoço, sensação de formigueiro ou perda de força dos membros superiores ou inferiores, bloqueio de movimentos e dificuldade em andar.

Tendo um impacto decisivo na produtividade e na capacidade laboral do doente, as doenças da coluna têm um forte impacto na economia do país. Como tal, estas patologias têm ocupado o devido lugar na agenda do Serviço Nacional de Saúde?Infelizmente a abordagem das doenças de coluna

sAÚDE EM PORTUgAl

Apesar dos avanços colossais da ciência e da medicina, hoje há ainda quem associe uma cirurgia à coluna a um elevado risco de morte, paralisia e a outro tipo de complicações graves. Não só a propósito do Dia Mundial da Coluna (16 de outubro) mas sempre que possível,

importa saber que são receios injustificados e diariamente há uma equipa disposta a derrubar todos estes mitos. Esta é a missão de Pedro sousa, Diretor Clínico da spine Clinic, um espaço que tem como principal preocupação dar uma resposta integrada às patologias de coluna e que desenvolve o seu trabalho nas unidades hospitalares do grupo Trofa saúde onde é neurocirugião colaborador há mais de dez anos.

“A VIDA DE HOJE é INIMIGA DA NOSSA COLUNA”

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tem sido menos preventiva do que o que deveria. O SNS está apto a resolver todas as patologias apesar dos infindos tempos de espera, mas não investe tanto quanto deveria na profilaxia de doenças que nos cus-tam tantos milhões por ano. Isso poderia passar por um maior empenho na ergonomia, responsabilidade de quem supervisiona a saúde e higiene no trabalho nas nossas empresas e que é por demais negligen-ciada, e/ou pela criação de “escolas de coluna” onde pudesse ser dada formação devida a profissionais com maior risco de desenvolver problemas de coluna.

Há ainda quem associe uma intervenção cirúrgica à coluna a um risco de morte, paralisia e outras complicações graves. No entanto, são medos injustificados. Que receios ainda existem sobre a cirurgia da coluna que devem ser desmistificados?É verdade que a cirurgia de coluna permanece envol-vida nesses mitos enraizados de que «os que sobre-vivem à cirurgia ficam em cadeiras de rodas». Tento desfazer esses mitos todos os dias. Hoje, se conside-ramos apenas a patologia degenerativa, a mais fre-quente, e não patologia tumoral, podemos afirmar com segurança que tais receios são infundados. É evidente que todos os procedimentos têm riscos, mas desde que feitos com o auxílio de microscópio, como sempre faço, e atempadamente na evolução da doen-ça, isto é, antes do doente apresentar défices neuroló-gicos graves, nada de dramático acontece e o doente poderá rapidamente retomar progressivamente as suas atividades de vida diária.

Numa altura em que se começa a pensar no

regresso às aulas, é tempo de fazer as escolhas mais acertadas na compra das mochilas das crianças. Que conselhos importa deixar para evitar que a má escolha das mochilas prejudique a saúde dos mais novos?

De modo a evitar o aparecimento de doenças da co-luna (como hérnia discal ou hiperlordose) nas crian-ças, há certos cuidados que deverão ser relembrados na hora de escolher a mochila da escola. Assim, o peso da mochila não deverá ultrapassar os 10% do peso corporal da criança e o seu tamanho deverá corresponder à largura e altura das costas de quem a transporta. Mais, a mochila deve ser carregada sem-pre com as duas alças colocadas nos dois ombros e bem junto ao corpo, não descaída.

A 16 de outubro comemora-se o Dia Mundial da Coluna. Continua a ser urgente comunicar estas efemérides no caminho de uma maior consciencialização para estas doenças? A vida de hoje é inimiga da nossa coluna. Urge es-clarecer determinados mitos sobre a dor nas costas, consciencializar a população para as boas práticas de preservação da coluna, informar acerca dos riscos das doenças da coluna e aconselhar sobre os tratamen-tos mais modernos e as melhores abordagens a cada caso. As efemérides permitem-nos estar alerta para um determinado problema pelo menos uma vez por ano.

Também em outubro assinala-se o Dia Mundial da Osteoporose, mais concretamente no dia 20. Que principais chamadas de atenção sobre os perigos desta doença devem ser levantadas? Com uma maior incidência nas mulheres, após a menopausa, que mensagem deve ser transmitida, especialmente a este público?A osteoporose atinge principalmente as mulheres em idade pós-menopausa. São inúmeros os casos de fra-turas de coluna que trato todos os anos. Saliento nova-mente que a prevenção é o melhor remédio. Prevenir esta condição é indispensável para diminuir a incidên-cia de fraturas osteoporóticas. No entanto devo dizer ainda que existem várias alternativas para o seu trata-mento, a grande maioria opções minimamente inva-sivas e que permitem um retorno rápido à atividade.

Continuando a primar pela excelência em tudo o que faz, o que se pode continuar a esperar da Spine Clinic? Que objetivos pretende ver brevemente concretizados?O objetivo da Spine Clinic mantém-se inalterado: promover o bem-estar dos doentes, educar e sensi-bilizar a população para as doenças mais frequentes, sobre como manter uma coluna saudável e para os melhores tratamentos e construir um núcleo de con-fiança e competência em torno da nossa especiali-dade.

PEDRO SOUSA

lER NA INTEgRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

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E stima-se que sete em cada dez portugueses sofrem ou já sofreram de dores nas costas, a causa mais frequente das visitas ao médico. Cerca de 85% da população mundial apresen-

ta queixas de dores ligadas à coluna pelo menos uma vez na vida. Estas doenças representam mais de 50% das causas de incapacidade física em idade laboral e são uma das principais justificações para ausências no trabalho. Há quem diga, aliás, que são ossos do ofício ou doenças relacionadas com o trabalho e a verda-de é que qualquer pessoa pode vir a sofrer de lesões músculo-esqueléticas (designadas em seguida por MSDs). No entanto, estes problemas podem e devem ser evitados. Comece logo por olhar para a sua pos-tura e é precisamente para corrigi-la e para ajudá-lo a adotar um conjunto de hábitos saudáveis, no traba-lho, a dormir, a conduzir ou a caminhar, que surgem as soluções disponibilizadas pelos centros Global Wellness (GW). Andrew Hatch, CEO e Fundador da empresa, avança, desde logo, com um exercício tão simples e que na cultura portuguesa é muitas vezes mal interpretado: “espreguiçar”. Não, não é um sinal de má educação. Sim, faz muito bem à sua saúde. Espreguiçar é uma forma de alongar e preservar a flexibilidade. “As pessoas precisam de ser educadas. Muitos simplesmente desconhecem ou foram desen-volvendo ao longo dos anos maus hábitos. Isto preci-sa de ser tratado, corrigido por nós e reforçado pela gestão”, defendeu Andrew Hatch em conversa com a Revista Pontos de Vista.

INTEREssE DOs EMPREgADOREsPor parte das empresas que, atentas ao impacto que estas doenças têm na produtividade e no sucesso dos seus negócios, tem havido uma especial atenção para a saúde dos seus colaboradores. Há uma crescente noção de que não prevenindo, os custos podem ser muito maiores. Contudo, há mais a ser feito. “Hoje há uma maior inclinação para doenças do foro psicológi-co, como o stress, ou patologias crónicas, como diabe-tes, colesterol ou doenças cardíacas. As MSDs custam mais à economia do que todas estas doenças crónicas juntas e o impacto é bem maior do que qualquer ou-tra. No fundo, existe ainda pouca informação sobre os distúrbios músculo-esqueléticos e sobre o impacto dos mesmos nos custos que vão gerar na orgnizações. Não é falta de cuidado mas de conhecimento”, refor-çou o especialista. É, por isso, missão desta equipa ensinar exercícios que melhoram a postura, ajudam a respirar melhor e a ter mais energia. Exercícios tão simples que podem mesmo ser feitos nas secretárias, sentados ou em pé, em casa, no trabalho ou duran-te a condução. Com esse efeito, a Global Wellness desenvolveu uma variedade de DVD’s para diversas situações do quotidiano. “São exercícios isométricos que irão transformar o seu posto de trabalho ou carro num ginásio”, comparou Andrew Hatch.

Analisar, corrigir e prevenir os problemas mais dispendiosos que se traduzem em colossais perdas de produtividade e custos médicos diretos e indiretos. Com esse objetivo em mente, em 2006 nascia a global wellness (gw), com um

serviço único no mercado composto por soluções de saúde para as empresas e com o recurso a tecnologia ímpar em Portugal. Colocando a saúde e o bem-estar do colaborador em primeiro lugar, a gw parte de um princípio

muito utilizado entre economistas: “uma empresa é tão saudável quanto os seus colaboradores”. se um colaborador não se sente bem, se tem constantemente dores musculares, dores de cabeça, entre muitas outras queixas, é aqui

que entra o trabalho dos centros gw. Parte da missão é educar sobre os benefícios do exercício e da nutrição. O resultado está à vista e é de tal ordem marcante que há mesmo quem compare o término da prestação dos serviços

dos centros gw a manifestações internas de grande insatisfação por parte dos colaboradores”.

“A POStURA é A JANELA DA sua coluna”

ORADOR EM CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS

fICAR sENTADO É TÃO PREjUDICIAl COMO fUMAR

Recorrendo a uma expressão frequentemente uti-lizada, “sentar é o novo fumar”. Para Andrew Ha-tch isto significa que estar muito tempo sentado é a causa de muitas condições de saúde que não se limitam a dores lombares ou dores de cabeça. “Perda de força muscular, má digestão, problemas respiratórios, obesidade e até mesmo diabetes são outros problemas agravados. Isto relaciona-se com o facto de a coluna estar no centro de tudo. É aqui que estão os nervos que controlam músculos, ór-gãos, glândulas e articulações do corpo”, explicou o especialista. Assim, adotar uma série de exercícios não é suficiente para amenizar os efeitos. Importa, primeiro que tudo, diminuir o período em que se permanece sentado.

EM QUE CONsIsTEM As sOlUÇõEs?Como começar? Como é feito o diagnóstico, a pri-meira avaliação? Tudo começa com um questionário que irá avaliar a percentagem de colaboradores com queixas de ordem músculo-esquelética. “Os recur-sos humanos nem sempre sabem o quão alta é esta

percentagem. Com um questionário anónimo, o co-laborador sente-se mais à vontade para dizer a ver-dade”, explicou. Posteriormente é analisado o local de trabalho em termos ergonómicos, analisando por exemplo a cadeira ou percebendo se existem técnicas de levantamento que podem ser prejudiciais. Em ter-ceiro lugar, são realizadas palestras formativas sobre a postura, os exercícios e as estratégias que podem ser adotadas, tendo sempre como ponto central a cor-reção postural. “A pessoa não precisa de viver com dor. Uma avaliação postural é semelhante a analisar os níveis de colesterol, de açúcar no sangue ou a pres-são arterial. São indicadores de risco para a saúde”, afirmou Andrew Hatch. Por isso, é missão da Global Wellness enfatizar que uma má postura é um sério risco para a saúde. Por muito que as empresas gastem fortunas em cadeiras ergonómicas, tudo é centrado na postura. “Os nossos trabalhos de correção postural ajudam a repor a correta postura. Quando a pessoa volta para a sua secretária sente a necessidade de se sentar mais direito. Fica até desconfortável se ficar torto. O nosso trabalho é treinar os músculos para se adaptarem à posição nova”, ressalvou. O tratamento, esse, passará por três principais fases que Andrew Hatch explicou de uma forma muito sucinta: “em primeiro lugar é feita alguma ginásti-ca para aquecer as articulações e corrigir a postura. Depois analisamos a coluna e as extremidades e, por fim, a pessoa relaxa deitada, com uma almofada especial para assim corrigir as curvas cervicais”. A Global Wellness consegue, deste modo, apresen-tar soluções para problemas que o próprio Sistema Nacional de Saúde não consegue dar resposta. “Os nossos sistemas são tão eficazes que a pessoa nem precisa de sair da empresa. Além disso, perante grande parte destas situações os especialistas não conseguem resolver, adotando tratamentos que ge-ralmente são superficiais ou químicos”, salientou o responsável. Ir ao médico de família com queixas

DADOS SOBRE OS DISTÚRBIOS MÚSCULO-ESQUELÉTICAS (MSDS):

- 21% das incapacidades mundiais são devido a MsDs;

- A maior causa da incapacidade são dores de costas;

- Estas condições são responsáveis por meta-de do absentismo no mercado de trabalho;

- 60% das incapacidades de trabalho são permanentes;

- MsDs afetam músculos, tendões, ligamentos, nervos, vasos e articulações.

fONTE: Fit for work Europe

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sAÚDE EM PORTUgAl

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TRABALHO COMUNITÁRIO - CURSO SECUNDÁRIO DE AUXILIARES DE SAúDE

de índole músculo-esquelética é visto, para muitos, como uma perda de tem-po. Daí que em muitos casos se consul-te um especialista quando é demasiado tarde. “As pessoas só levam o carro ao mecânico quando o motor gripa. Com a saúde é a mesma coisa. Quando se tem dores o problema já existe há mui-to tempo e só são procuradas soluções quando já não se consegue aguentar mais”, explicou. Nunca dando o seu trabalho por con-cluído, os cuidados e conselhos devem ser mantidos sempre. É como lavar os dentes. “Podemos lavar os dentes agora mas quando voltarmos a comer, tere-mos de os escovar novamente”, descre-veu o responsável. Os serviços presta-dos pela Global Wellness tornam-se parte integrante da organização, for-necendo prevenção e manutenção du-rante o tempo em que o contrato está em vigor. A verdade é que as pessoas sentem-se melhor, com mais energia e têm uma maior qualidade de vida. São resultados presentes em testemunhos tão simples como aquele que Andrew Hatch partilhou connosco: “um dos nossos clientes disse ‘se retirarmos a Global Wellness, teremos manifesta-ções internas de grande insastifação por parte dos colaboradores’. Apesar da crise e da contenção de custos retirar os nossos serviços está muitas vezes fora de questão porque a percentagem de colaboradores que usufrui é acima dos 60%”. Entre cuidados de beleza, aulas de ioga ou um clube de cartas, dos serviços disponibilizados pelas em-

presas em prol do bem-estar dos seus colaboradores, aqueles que têm a assi-natura da Global Wellness são muito valorizados. Daí que os planos para o futuro sejam tão ambiciosos como o percurso até hoje conquistado. Além de querer trabalhar com todas as empresas nacionais com mais de mil colaboradores, Andrew Hatch partilhou o sonho de se envolver num programa-piloto com o Governo Português em empresas e organizações públicas. “Queremos disponibilizar os nossos serviços e analisar os resultados em termos de diminuição dos custos com cuidados de saúde, absentismo e aumento da produtividade. Quando o mesmo se revelar eficaz, quero iniciar um programa para treinar profissionais de saúde numa abordagem direcionada para o tratamento, correção e prevenção das lesões músculo-esqueléticas”, con-cluiu Andrew Hatch.

Apenas um desalinhamento

pode causardécadas de má saúde.

As correcçõesposturais regulares

restauram a óptima saúde

para toda a vida.

POSTURA

JANELA

COLUNA

APOSTURA

É AJANELADA SUA

COLUNA

G L O B A LWELLNESSwww.gwcentres.com

Que mensagem é premente ser deixada ao nosso leitor para que em qualquer atividade diária, seja trabalhar ou conduzir por exemplo, adote uma boa postura pela saúde da sua coluna?A postura é a janela da sua coluna. Se tiver uma má postura, sentado, em pé, a conduzir ou a dormir, estará literalmente a prejudi-car a sua coluna e a causar sérios problemas nos músculos, ligamentos e tendões, provo-cando ainda uma prematura degeneração e

artrite. Quando sentir dor, o problema já existe há muito tempo. De-vemos todos cuidar da nossa coluna com muito cuidado tal como de-vemos escovar os dentes todos os dias, fazer exercício diário e ter uma alimentação saudável. Uma boa postura tem de ser um hábito normal. Se tiver uma má postura, até pode corrigi-la com exercícios e bons hábitos, mas a sua coluna deverá ser examinada por um especialista que irá determinar se será necessário algum tratamento. Uma coluna saudável é essencial para uma vida saudável.

ANDREW HATCH

DIA MUNDIAL DA COLUNA “Existe uma verdadeira epi-demia de distúrbios músculo--esqueléticos e está a aumentar a cada dia, atingindo, cada vez mais, pessoas muito jovens. Isto deve-se ao facto de olharem para os telemóveis e computadores du-rante o dia todo e, por isso, é preciso haver uma maior consciência”.

(Andrew Hatch)

16 OUTUBRO

ESTUDO CORPORATIVOfoi realizado um estudo com 400 pacientes ao longo de 18 meses dentro de uma das empresas. Cada colaborador foi analisado e questionado antes e depois do tratamento, sendo que as queixas mais comuns eram dores de cabeça, tonturas, dores de pescoço, dores lombares, no pulso, ombro, coto-velo, entre outras. Antes da intervenção da global wellness, cerca de 90% dos colaboradores apresentaram pelo menos uma destas queixas. Três me-ses depois o panorama era o seguinte: 87% de melhoria/eliminação de sin-tomas médicos; 93% reporta menor absentismo; 80% eliminou medicação; 90% sentiu mais energia e de uma forma mais prolongada; e, por fim, 85% sentiu os níveis de produtividade aumentarem.

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Profissional de prestígio, Pedro Nunnes, Chefe de Equipa de Intervenção e Diretor do Centro da Coluna do Hospital da lapa, aborda, em entrevista à Revista Pontos de Vista, a importância do Dia Mundial da Coluna, a 16 de outubro, e as causas potenciais das «dores

nas costas» e soluções possíveis.

AS MELHORES téCNICAS DE INtERVENÇÃO

Estima-se que 85% da população mundial apresente queixas de dores ligadas à coluna pelo menos uma vez na vida. Na maioria dos casos, estas dores são de tal modo intensas e incapacitantes que limitam a vida profissional e a qualidade de vida. Enquanto chefe de equipa de intervenção minimamente invasiva no Centro da Coluna do Hospital da Lapa no Porto, como encara estes números?As causas potenciais de “dor nas costas” são diver-sas. Contudo, na grande maioria dos casos, a dor é secundária à doença dos discos, (também denomi-nada por hérnias discais) sobretudo nos segmentos lombar e cervical da coluna vertebral. Ainda não se compreende, totalmente, as causas que estão na origem da doença dos discos. A maioria das teo-rias atribui esta situação a uma combinação dos seguintes fatores: envelhecimento do disco, fatores genéticos, má postura, sobrecarga por obesidade, esforços físicos excessivos ou após um evento trau-mático. A solução mais comum para este problema tem sido o recurso à cirurgia. No entanto, a cirurgia “convencional” suscita muitos receios nos pacientes, nomeadamente pela localização da dor, tempo pro-longado de recuperação e reabilitação física, assim como as potenciais complicações pós-cirúrgicas.

De que forma o Centro da Coluna da Lapa, através de tratamentos minimamente invasivos, tem ajudado a mitigar o sofrimento? A aposta em tecnologia moderna e em ambientes confortáveis é imprescindível ao longo deste processo? Que tratamentos disponibilizam?O Centro da Coluna do Hospital da Lapa, é uma das principais unidades hospitalares do País a dedicar-se ao tratamento minimamente invasivo “não cirúrgico” de hérnias dos discos interverte-brais, dispondo de técnicas diferenciadas e de uma experiente equipa médica. O objetivo principal do Centro da Coluna do Hospital da Lapa, é a de oferecer as técnicas de intervenção mais recentes e avançadas no mundo, para tratamento de doenças que atingem a coluna vertebral, principalmente as hérnias dos discos, o que obriga a uma constante atualização e formação internacional. Constitui centro de referência europeu no tratamento de hér-nias discais por fibra ótica, que constitui a técnica mais atual e avançada que existe, com excelentes

resultados e, rápida recuperação do paciente para as suas atividades de vida quotidianas e profissio-nal. Trata-se de uma intervenção minimamente invasiva, “não cirúrgica”, que consiste na aplicação de uma fonte de energia de plasma através de um sistema avançado por fibra ótica, numa localização muito precisa do disco herniado, sob controlo ima-giológico de alta definição. O objetivo é reduzir a tensão intradiscal, obrigando a hérnia do disco a retornar à sua posição inicial, com consequente alí-vio da tensão sobre os nervos e, consequentemente, da dor. Não implica a disseção de músculos ou da remoção cirúrgica do disco e é isenta das habituais complicações da cirurgia. A taxa de recidiva é tam-bém muito reduzida.

As dores nas costas são a causa mais frequente de ida ao médico. Quais as opções de tratamento de hérnias dos discos?

Na maioria dos casos, a dor associada a uma hér-nia discal irá melhorar gradualmente apenas com medidas de caráter geral ou tratamento farma-cológico. Quando estas medidas conservadoras não funcionam, poderá haver necessidade de tra-tamento, incluindo técnicas de intervenção mi-nimamente invasiva na coluna ou eventualmente a cirurgia.Este tratamento minimamente invasivo “não cirúr-gico” de hérnias discais, pode ser realizado em pa-cientes com queixas de dor referida à coluna (com ou sem irradiação ao braço ou à perna), com fraca resposta aos medicamentos, assim como em pacien-tes submetidos a cirurgia convencional prévia, sem melhoria sintomatológica ou com recorrência ou agravamento das queixas de dor e/ou com limitação física. Este tratamento pode não ser adequado a to-dos os pacientes com dor nas costas, sendo necessá-rio uma consulta prévia de avaliação médica.

Como se avalia as “dores nas costas”? Para um correto diagnóstico é fundamental que o médico reveja minuciosamente a história clínica e a sintomatologia, seguido por um exame físico para excluir outras doenças que possam provocar dores nas costas. Se houver dúvidas relativamente ao diagnóstico inicial e sobretudo se os sintomas persistirem ou se agravarem, pode ser recomen-dado realizar uma radiografia da coluna, uma to-mografia axial computorizada (TAC) ou uma res-sonância magnética (RM). Em casos específicos, poderá ser necessário a realização complementar de uma eletromiografia.

A 16 de outubro comemora-se o Dia Mundial da Coluna. Continua a ser urgente comunicar estas efemérides no caminho de uma maior consciencialização para estas doenças? Enquanto profissional, qual continuará a ser a sua postura?Em muitos casos não é possível evitar uma hér-nia discal. No entanto, pode-se diminuir as pro-babilidades do seu aparecimento com medidas de caráter geral, tais como praticar uma boa postura, manter um peso saudável, evitar o sedentarismo e esforços físicos excessivos e, praticar exercício físico com regularidade, particularmente a cami-nhada e a natação.

PEDRO NUNNES

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se em tempos a quiroprática era olhada com ceticismo, hoje esse preconceito foi completamente ultrapassado, pois as evidências que foram sido dadas ao longo dos anos comprovaram de facto as mais valias desta ciência. Além disso, um vasto conjunto de

profissionais de prestígio têm vindo a realizar um trabalho de enorme qualidade, tal como Hélder Prazeres, Diretor geral do Centro Quiroprático de Portugal, que em entrevista à Revista Pontos de Vista, abordou um pouco mais sobre uma ciência, a quiroprática,

que é fundamental no âmbito da manutenção da saúde

“UMA COLUNA SAUDáVEL traz força e vitalidade!”

A quiroprática é uma ciência, arte e filosofia que as-senta num olhar distinto sobre os problemas de colu-na e seu sistema nervoso, promovendo o tratamento sem medicação, a recuperação permanente e uma melhor qualidade de vida. Em que consiste exata-mente esta terapia?A quiroprática é uma ciência que consiste em de-tetar e corrigir subluxações articulares em todo o corpo. Uma subluxação provoca um mau funciona-mento das articulações levando assim a um maior desgaste estrutural ao longo da vida da pessoa. Os quiropráticos focam mais a sua atenção na coluna vertebral uma vez que subluxações nessa zona po-dem também irritar tanto a espinhal medula como as raízes nervosas alterando a comunicação entre o cérebro e o corpo, impedindo o funcionamento normal deste e até mesmo enfraquecendo-o a ponto de ficar vulnerável a dores e a doenças. Após uma avaliação cuidadosa e a realização de alguns testes é feito um ajustamento, ou seja, um impulso preciso aplicado pelo profissional no local exato da articu-lação afetada de forma a permitir o correto funcio-namento articular e neurológico.

A quiroprática é uma ciência que devia acompanhar o ser humano nas suas diferentes etapas, desde a ges-tação até à idade adulta. O que mudaria nos estilos de vida da sociedade se este conceito fosse compreendi-do como um aspeto importante no âmbito da saúde e do bem-estar?Se desde cedo todos tivessem como rotina este tipo de tratamento e pudessem experimentar os seus be-nefícios, estariam no bom caminho para atingir o seu potencial máximo a nível físico, neurológico a até mesmo psicológico.

Enquanto profissionais especializados na área, qual é a vossa opinião relativamente à forma como a socie-dade em geral encara a quiroprática? Numa perspe-tiva particular, é possível afirmar que os médicos das diferentes especialidades veem esta ciência como uma importante alternativa aos tratamentos conven-cionais? Existe já um encaminhamento dos doentes para a quiroprática?

Neste momento existem muitas pessoas que já enca-ram a quiroprática como parte da sua rotina pessoal no âmbito da manutenção da sua saúde. A quiroprá-tica não deveria ser considerada como uma alternati-va a tratamentos convencionais, tendo em conta que o nosso objetivo não é diagnosticar ou tratar doenças específicas. A quiroprática deveria ser encarada como uma parte fundamental da manutenção do corpo hu-mano. Sendo assim, contamos com vários pacientes que são outros profissionais de saúde e temos um bom encaminhamento por parte da medicina con-vencional.

Qual tem sido o papel do Centro Quiroprático de Por-tugal no sentido de divulgar esta terapia e conscien-cializar para os seus benefícios?O Centro Quiroprático Portugal tem tentado, ao longo destes anos sensibilizar o público para esta ciência. Esta profissão está representada em Portu-gal pela Associação Portuguesa dos Quiropráticos (APQ) que tem-se esforçado por direcionar o pú-blico para a necessidade de cuidados regulares de

quiroprática e aos legisladores pela necessidade de regulamentação.

Com clínicas em Lisboa, Albufeira e Portimão, quem pode procurar-vos? Que sintomas são indicadores de que o doente deve optar por um tratamento qui-roprático?Estamos disponíveis para receber todos aqueles que nos quiserem procurar porque cuidar da coluna é mui-to importante, talvez tanto quanto uma alimentação equilibrada. É de admirar quando nos apercebemos que a quiroprática não trata sintomas, doenças ou do-res. Como referido anteriormente, o objetivo é corrigir subluxações vertebrais, e isso acontece com frequência mas nem sempre de forma dolorosa ou sintomática.

Apoiando pacientes de diferentes idades e modos de vida, o Centro Quiroprático de Portugal tem influen-ciado o bem-estar da sociedade. Qual tem sido o fee-dback relativamente à vossa missão?Temos tido um feedback positivo, até mesmo tendo em conta o elevado número de pacientes que temos. Como referido antes, muitas pessoas encaram como parte da sua rotina e recomendam-nos aos amigos e familiares. Podemos dizer que temos famílias inteiras que regularmente fazem tratamento quiroprático.

Como referido anteriormente, têm atualmente três espaços em Portugal para apoiar pacientes com pro-blemas de saúde ligados à coluna. Existe o objetivo de, no futuro, alargar horizontes e permitir que ou-tras cidades portuguesas possam aceder facilmente aos vossos tratamentos? Que outros planos têm para o Centro e para a quiroprática em geral?O nosso objetivo é continuar a ajudar o maior núme-ro de pessoas, que assim o desejarem, a viver da forma mais saudável possível. Existem cerca de trinta quiro-práticos em várias partes do país representados pela Associação Portuguesa dos Quiropráticos (APQ). Aquelas pessoas que por diversos motivos não po-dem ser nossos pacientes terão sempre a opção de consultar o sítio da internet da APQ e procurar o quiroprático que se encontre na localização mais conveniente.

No contexto do Dia Mundial da Coluna, a celebrar no dia 16 de outubro, que conse-lho é premente deixar aos nossos leitores no sentido de existir uma maior preocupa-ção com a saúde da nossa coluna?O nosso conselho é no sentido de as pessoas informarem-se o melhor possível sobre o esta-do da sua coluna vertebral, e isso antes de sen-tirem dor pois nunca é cedo demais para cuidar da coluna. Uma coluna saudável traz força e vitalidade!

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Nos dias 7, 8 e 9 de setembro, Portalegre recebeu o xVII Congresso da APDIO IO & Big Data. O evento ocorreu na Escola superior de Tecnologia e gestão do Instituto Politécnico de Portalegre e contou com a presença de nomes muito conceituados da Investigação Operacional (IO) e de alguns especialistas em Big Data, temas de grande atualidade em otimização e suas aplicações nos sistemas

de apoio à decisão para a resolução dos problemas do dia-a-dia de muitas das grandes empresa industriais e de serviços. O relacionamento entre estas duas áreas que tem sido alvo de estudos recentes em matemática, engenharia e economia foi o mote

deste congresso. Resultados de investigação, métodos inovadores de ataque a problemas do mundo real e a divulgação de soluções melhoradas foram partilhados perante um vasto número de participantes

VAMOS FALAR DE INVEStIGAÇÃO operacional e big Data

Oambiente que se vivia era de compa-nheirismo e mútuo respeito. Investiga-dores e académicos de diferentes insti-

tuições procuravam, de forma humilde, beber do conhecimento que cada orador ou participante prontamente partilhava. “É importante que o grupo de investigadores troque entre si novos métodos, ideias e descobertas” porque é entre si que os profissionais aprendem, afirma Ayse Basar Bener, convidada de honra do evento e diretora do Data Science Laboratory, no Canadá. Do-mingos Cardoso, Prof. Catedrático do Departa-mento de Matemática da Universidade de Aveiro e Presidente da Associação Portuguesa de Inves-tigação Operacional (APDIO), afirma, aliás, que este é o grande objetivo da associação quando organiza eventos ligados à IO. Com um vasto número de congressos, conferências e workshops organizados, a APDIO tem um Curriculum in-vejável, na procura da partilha de informações e na aproximação da comunidade de investigado-res e utilizadores das metodologias da IO. Algo que Juan Manuel García-López, profissional da IBM no âmbito das ferramentas de otimização em problemas de decisão, felicita, uma vez que acredita que “as associações de IO dos vários pa-íses cumprem um papel importante para todos os que praticam esta disciplina, não apenas aca-démicos, mas também os que trabalham em IO aplicada ao mundo empresarial”. Separados por

instituições, cidades e, por vezes, até países, os di-ferentes investigadores procuram eventos de IO, nomeadamente este conceituado congresso bia-nual que inclui nos seus objetivos fortalecer ami-zades e facilitar novas parcerias de investigação. O congresso deste ano, com caráter nacional, não deixou, no entanto de contar com a presença de nomes internacionais de relevo e ficou marca-do pelo tema abordado. A organização decidiu dedicar este evento não apenas à Investigação Operacional, mas também ao conceito de Big Data, que começa a ter uma importância mui-to significativa entre investigadores portugueses. Deste modo, o presidente da APDIO explica que o “lema” do congresso foi IO & Big Data, “para chamar a atenção para este tópico [Big Data] e, principalmente, para que os investigadores e uti-lizadores de IO mais jovens o tenham em conta e possam redirecionar a sua linha de investigação ou atividade tendo em conta este novo aspeto de escala dos dados problemas”. Foi assim, por este motivo, que Ayse Basar Bener, enquanto orado-ra convidada, fez a sua apresentação sob o tema “Data Science e Técnicas Analíticas na Era de Big Data: Sistemas Recomendados, Mudanças e Oportunidades”. A investigadora e também aca-démica congratula a decisão de integrar esta dis-ciplina no congresso. “Como tirar proveito disso [Big Data], ter capacidade de tomar certas deci-sões, melhorar os recursos, localizá-los, tomar de-cisões de como organizar os dados de forma mais eficiente ou compreender a gestão de riscos” são algumas das questões que puderam ser abordadas neste evento, refere Ayse Bener.No entanto, a Investigação Operacional não dei-

xou de ser a anfitriã do evento, tendo sido possível acompanhar diferentes trabalhos e investigações ao longo dos três dias do congresso. Questões florestais e de saúde, otimização de recursos na-turais ou gestão de aeroportos são alguns dos muitos exemplos de trabalhos de investigação apresentados, com base em métodos e soluções, que enriqueceram oradores e participantes. Do-mingos Cardoso não deixou de se referir, no en-tanto, aos três oradores das apresentações plená-rias do congresso, Ayse Bener, da Universidade de Ryerson de Toronto, Canadá, António Pais Antunes, da Universidade de Coimbra, especia-lista na área do Urbanismo, Transportes e Vias de Comunicação, e José Fernando Oliveira, da Universidade do Porto, especialista em proble-mas de corte e empacotamento. O presidente da APDIO referiu ainda que a escolha dos oradores das sessões plenárias é sempre muito cuidada, embora quer a nível nacional quer internacional esta tarefa seja facilitada pela existência relativa-mente abundante de investigadores e especialis-tas de grande nível. Domingos Cardoso explica orgulhoso que em particular em Portugal “temos uma das comunidades mais fortes de IO”, com vários “investigadores de grande prestígio”. Por outro lado, nas sessões paralelas que se rea-lizaram nos três dias do evento, foi possível co-nhecer 93 trabalhos, previamente selecionados de acordo com a sua qualidade e relevância científi-ca. O congresso contou ainda com o EstudIO, dedicado à apresentação de cinco trabalhos de jovens desta área. Esta é a continuação de uma aposta das anteriores Comissões Diretivas de aproveitamento dos congressos da APDIO para

“DATA sCIENCE E TÉCNICAs ANAlíTIAs NA ERA DE BIg DATA: sIsTEMAs RECOMENDADOs, MUDANÇAs E OPORTUNIDADEs”, AySE BASAR BENERAyse Basar Bener, em sessão plenária, aborda a temática de Big Data, pro-vando que a computação cognitiva conjuga-se com o processamento de informação através do entendimento desta e de uma linguagem adequada. Ao longo da sessão, a investigadora referencia ainda o trabalho que tem sido desenvolvido no Data science laboratory, no qual têm dado atenção a es-tas mudanças de investigação e apoiado, com os resultados obtidos, áreas como a saúde, finanças, telecomunicações ou energia.

“TRANsPORTATION PlANNINg AND OPTIMIZATION MODElINg: OVER-VIEw AND PERsPECTIVEs”, ANTóNIO PAIS ANTUNESDe acordo com António Pais Antunes, académico da faculdade de Ciências

e Tecnologia da Universidade de Coimbra e investigador do Centro de In-vestigação do Território, Transportes e Ambiente, o transporte está entre os domínios que mais intensamente recorre às técnicas de otimização, para planeamento e isto ocorre desde os primeiros dias do aparecimento da In-vestigação Operacional. Na primeira parte da palestra foi apresentada uma visão geral dos principais modelos de transporte disponíveis na literatura e seus relacionamentos, fazendo-se a distinção entre transporte de carga e de passageiros. Com esta visão geral o orador mostrou que muitas das necessi-dades do planeamento em transportes estão bem cobertas pelos modelos já disponíveis, mas que permanecem alguns desafios, em particular em re-lação ao transporte urbano. Estes desafios foram especialmente focados na segunda parte da palestra que abordou o transporte público e os sistemas mais recentes de partilha de veículos nas grandes cidades.

DO QUE SE FALOU NO xVII CONGRESSO DA APDIO IO &BIG DATA

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EVENTOs

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“MINIMIZAÇÃO DE DEsPERDíCIOs: A CONTRIBUIÇÃO DOs PROBlEMAs DE CORTE E EMPACOTAMENTOs PARA UMA INDÚsTRIA MAIs COMPETITIVA E AMIgA DO AMBIENTE”, JOSÉ FERNANdO OLIvEIRA O Corte e Empacotamento são problemáticas que podem levar a custos desneces-sários na indústria e, consequentemente, a oscilações negativas na economia. Neste contexto, josé fernando Oliveira, académico da faculdade de Engenharia da Univer-sidade do Porto e investigador no Instituto de Engenharia de sistemas e Computa-dores – Tecnologia e Ciência, explicou os constrangimentos envolvidos nesta área de atuação. sempre que um objeto ou espaço têm de ser divididos em porções mais reduzidas, é necessária uma otimização do planeamento, de modo a evitar desper-dícios da matéria-prima ou custos supérfluos. Desta forma, acredita o investigador, o estudo e resolução destes problemas consiste num grande impacto económico e numa repercussão positiva do ambiente, uma vez que diminui a procura de recursos naturais.

“NOVOs MEIOs DE sOlUCIONAR PROBlEMAs DE OTIMIZAÇÃO: OTIMIZAÇÃO DE DECIsÃO EM ClOUD” E “O QUE Há DE NOVO EM CPlEx 12.6.1”, JUAN MANUEL GARCÍA-LóPEzNo âmbito das sessões especiais e em dois momentos diferentes, garcía-lópez, através da sua experiência profissional, abordou a temática da otimização para a decisão, baseada em diferentes ferramentas. Vindo da marca norte-americana IBM, exerce funções no contexto da IO, no campo dos métodos analíticos e, por vezes, de analítica prescritiva, com o apoio de ferramentas como CPlEx, Decision Optimization Center e DOCloud. Desta forma, e com a experiência que lhe é de-vidamente reconhecida, no âmbito da sessão sobre a ferramenta CPlEx, abordou a sua comple-xidade, descrição do seu mecanismo, aptidões, linguagens, opções de implementação, entre ou-tros fatores. No que concerne à sessão dedicada à ferramenta Cloud, o investigador refere as suas mais-valias na otimização para a decisão, pela sua flexibilidade e capacidade de desenvolvimento. Na sua opinião, a otimização em ambiente de decisão em Cloud oferece uma maior flexibilidade no desenvolvimento das decisões procuradas, com um menor custo associado.

JUAN MANUEL GARCÍA-LÓPEZ DOMINGOS CARDOSO

AYSE BASAR BENERJOÃO MIRANDA

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se estimular os investigadores mais jovens, captando a sua atenção para a IO.

O RECONHECIMENTO DA QUAlIDADE

Na abertura do evento foram galardoados os melhores trabalhos científicos de 2013 e 2014. Uma missão difícil, segundo Domin-gos Cardoso, uma vez que a qualidade dos trabalhos analisados era muito elevada. Neste sentido, foi atribuído o Prémio Isa-bel Themido, destinado a artigos científicos publicados em inglês em revistas de circu-lação internacional por sócios da APDIO. Este prémio foi recebido em ex aequo por Agostinho Agra que em co-autoria com Henrik Andersson, Marielle Christiansen, Laurence Wolsey, publicou o artigo com o título “A maritime inventory routing pro-blem: Discrete time formulations and valid inequalities”, na revista Networks em 2013, no volume 62, páginas 297 a 314 e por Luís Guimarães e Bernardo Almada-Lobo que em co-autoria com Diego Klabjan, publica-ram o artigo com o título “Pricing, relaxing and fixing under lot sizing and scheduling”, publicado no volume número 230 do Eu-ropean Journal of Operational Research, páginas 399 a 411.Pela excelência dos artigos analisados pelo júri do Prémio Isabel Themido, foram ainda atribuídas duas menções honrosas aos se-guintes trabalhos: “A filter-based artificial fish swarm algorithm for constrained glo-bal optimization: theoretical and practical issues”, publicado em 2014, no volume 60 do Journal of Global Optimization, da au-toria de Ana Maria Rocha, Fernanda Costa e Edite Fernandes e “Entropy-based opti-mization of nonlinear separable discrete decision models”, publicado no volume 60 da Management Science, nas páginas 695 a 707, por Yuji Nakagawa, Ross James, César Rego e Chanaka Edirisinghe. Para reconhecimento da melhor tese de doutoramento, defendida entre 2013 e 2014, na área de investigação operacional, foi atribuído o Prémio APDIO. Nesta edi-ção de 2015, o galardão foi recebido por Luís Guimarães, pela sua tese de doutora-mento com o título “Advanced production planning optimization in the beverage in-dustry”, no âmbito do Programa Doutoral em Engenharia e Gestão da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

“O congresso deste ano, com caráter nacional, não deixou, no entanto de contar com a presença de nomes internacionais de relevo e ficou marcado pelo tema abordado. A organização decidiu dedicar este evento não apenas à Investigação Operacional, mas também ao conceito de Big Data, que começa a ter uma importância muito significativa entre investigadores portugueses”

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EVENTOs

EM QUE CONSISTE A INVESTIGAÇãO OPERACIONAL?A Investigação Operacional pretende, através de métodos de otimização, baseados em modelos ma-temáticos e algorítmicos, apoiar a tomada de decisão para a gestão mais eficiente das grandes empresas industriais e de serviços. Apesar da matemática, a engenharia e a economia se apresentarem como as áreas de maior atuação da IO, praticamente toda a realidade que conhecemos é beneficiada por esta área interdisciplinar. As indústrias, desde o calçado ao empacotamento, bem como os serviços, desde os transportes aos hospitais, confrontam-se com pro-blemas de gestão onde a utilização do tempo, espa-ço e matéria-prima têm de ser otimizados.

EM QUE CONSISTE O TERMO BIG DATA?A volumosa concentração de informações em con-texto digital levou à necessidade de uma disciplina que apoiasse a gestão de dados. Deste modo, a disciplina de Big Data procura, através de técnicas e algoritmos específicos, lidar com quantidades massivas de informação, tornando o acesso a essa informação viável e o mais rápido possível. Por ou-tro lado, pretende atuar no âmbito de uma estrutu-ração funcional, uma vez que em geral essa infor-mação não se encontra devidamente estruturada, sendo difícil o cruzamento de dados e a obtenção de uma resposta imediata. Os investigadores de Big Data trabalham na obtenção de soluções de leitura e interpretação eficiente de quantidades de informação em larga escala.

QUAL O FUTURO DA IO?joão Miranda, Presidente da Comissão Organizado-ra, mostrou-se orgulhoso com o resultado do even-to, que não apenas beneficia a investigação e seus profissionais, mas também traz um aumento da visibilidade à Escola superior de Tecnologia e ges-tão, ao Instituto Politécnico e, até, à própria região. Quando questionado sobre o futuro da IO, e peran-te a importância crescente do Big Data, o também professor da instituição posiciona-se num âmbito mais “retrógado”. Isto é, partilhando a “opinião com outros colegas”, joão Miranda acredita que o futuro passa “por um regresso ao passado”, numa procura pelas “raízes da IO”. Apenas assim, afirma, será pos-sível promover desenvolvimento da área com os novos paradigmas que conhecemos.

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A inda que afetem biliões de pessoas em todo o mundo, estudos re-centes realizados em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS) constatam que a sua incidência tem sido conside-ravelmente subestimada pelos métodos epidemiológicos e estatís-

ticos tradicionais que se centram em rácios de mortalidade mas não de dis-funcionalidade. Com efeito, estas são doenças que resultam em perturbações de longa duração, muitas vezes de início precoce, abrupto ou insidioso, limi-tando de forma significativa o funcionamento diário e as relações familiares, sociais e profissionais. O leque de doenças neurológicas é vasto envolvendo quadros como as alterações neurodesenvolvimentais (como as Perturbações do espectro do Autismo), demências degenerativas (por exemplo, a demên-cia de Alzheimer), esclerose múltipla, lesões cerebrais adquiridas (como o acidente vascular cerebral e o traumatismo crânio-encefálico), neuroinfe-ções, doenças neurogenéticas (como a Doença de Huntington) entre ou-tras. São doenças muitas vezes incapacitantes e constituem uma das maiores ameaças à saúde pública sendo consideradas atualmente pela OMS uma prioridade no âmbito geral da saúde mental.O avanço do conhecimento nas neurociências e desenvolvimento humano tem contribuído para a compreensão da relação entre aspetos neurobiológicos e comportamentais em populações com desenvolvimento normal e atípico. Em idades precoces, alterações podem ocorrer de múltiplas formas, contribuindo para a formação de circuitos neurais disfuncionais, com importante impacto cognitivo e comportamental a curto, médio e longo prazo. As perturbações do neurodesenvolvimento apresentam na grande maioria dos casos um percurso crónico, dificultando a aprendizagem e implementação de processos essen-ciais para a integração da criança nos contextos pessoal, académico e social. Em particular, para além dos traumatismos crânio-encefálicos, epilepsias, tumores cerebrais e patologias cerebrovasculares, destacamos a prevalência crescente de crianças e jovens com perturbações do espectro do autismo, hiperatividade e défice de atenção, bem como as perturbações de aprendi-zagem. Ao longo da idade adulta, várias condições psiquiátricas e neurológicas po-dem afetar o funcionamento físico e mental dos indivíduos. No entanto, em faixas etárias mais avançadas, as demências degenerativas destacam-se

saúde mental – NECESSIDADE DE INtERVENÇÃOAs doenças neurológicas envolvem alterações estruturais, bioquímicas e elétricas no sistema nervoso central

e traduzem-se em dificuldades ao nível cognitivo (por exemplo, memória, linguagem e atenção), comportamental e emocional.

A OPINIÃO DE Selene Vicente, Marisa Filipe e Helena Moreira - Consulta de Neuropsicologia, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

como uma das principais causas de incapacidade. Caracterizam-se por uma perda neuronal progressiva e irreversível em regiões cerebrais específicas, com impacto na cognição e emoções, e limitando gradualmente uma vivên-cia autónoma. A demência de Alzheimer é a mais prevalente, estimando-se um aumento exponencial do número de casos nas próximas décadas. Neste quadro, dificuldades iniciais na aquisição e retenção de novas informações e na resolução de problemas complexos são acompanhadas por alterações ao nível do humor tais como a diminuição do interesse na realização de ativi-dades e o aumento da apatia. Demências causadas por outras patologias, tais como a demência vascular e a demência de Parkinson são também frequen-tes, assumindo-se, a par da demência de Alzheimer, como um dos maiores desafios atuais no estudo clínico do processo de envelhecimento patológico. Com a consciencialização desta realidade dramática surge o reconhecimen-to da escassez de serviços e de recursos, bem como de profissionais espe-cializados e políticas/programas de saúde mental focados na avaliação e intervenção dos quadros neurológicos. Em Portugal o caminho a percorrer é ainda longo, sendo urgente criar respostas eficazes e acessíveis à popula-ção. A Consulta de Neuropsicologia, do Serviço de Psicologia da Saúde da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, tem vindo a desenvolver investigação no domínio, com o objetivo de explo-rar novos métodos e instrumentos de avaliação e reabilitação neuropsicoló-gica. Considera-se também prioritária a aposta na divulgação de informação e sensibilização do público em geral para estas questões, bem como o com-bate ao estigma e à discriminação que lhe estão frequentemente associados. Muitos dos sintomas cognitivos, comportamentais e emocionais caracte-rísticos destes quadros neurológicos beneficiam largamente de programas de reabilitação, sendo a deteção precoce um dos melhores indicadores no prognóstico da funcionalidade dos indivíduos em contextos de vida diária. Estas estratégias, devidamente suportadas por programas de financiamen-to governamental, constituem a melhor “arma” para promover a saúde e a qualidade de vida dos pacientes e, consequentemente, dos seus cuidadores. A mensagem que emerge é clara: sem intervenção imediata, o aumento ex-pectável das doenças neurológicas nas próximas décadas transformar-se-á numa ameaça à saúde mental.

sáÚDE EM PORTUgAl

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A S.P.A. celebrou, em março deste ano, 24 anos de existência. Que balanço é possível fazer deste quase 1/4 de século e de que modo a entidade tem trabalhado no sentido de concretizar os objetivos que levaram à sua criação?A 13 de março de 1991 foi criada a Associa-ção “Sociedade Portuguesa de Aterosclero-se – S.P.A.” que tem por objetivo “promover o estudo, investigação, prevenção e tratamento da aterosclerose nos seus diferentes aspetos clínicos e manifestações clínicas, entendendo-se a ateros-clerose como uma entidade nosológica polifacto-rial e multidisciplinar”, segundo é possível ler nos estatutos da sociedade.Os seis outorgantes que compareceram no Car-tório Notarial de Lisboa para a assinatura da es-critura de criação da S.P.A. foram os Professores Doutores Polybio Serra e Silva, Martins Correia, Manuel Carrageta, Virgílio Durão, Pereira Mi-guel e Rocha Gonçalves.Neste quase quarto do século, a S.P.A. trabalhou no sentido de conquistar um espaço próprio no panorama científico nacional, procurando pon-tos de convergência com as outras sociedades científicas, de forma a atingir o desiderato de retirar a doença aterosclerótica do primeiro lugar do pódio como principal causa de mor-bimortalidade nacional. Houve significativas melhorias nos indicadores nacionais fornecidos pela Direção-Geral da Saúde e por organismos internacionais, mas ainda há muito “trabalho de casa” a fazer.

Tendo em conta os objetivos a que se propôs a S.P.A. desde início, e que referiu anteriormente, quais têm sido os vossos parceiros nesta missão?À “natureza polifactorial e multidisciplinar” da doença aterosclerótica, a S.P.A. estruturou-se com um “conceito integrador” e naturalmente a colaboração com outras associações e socieda-des científicas nacionais que visem a prevenção, o diagnóstico e o tratamento da doença vascular aterosclerótica foi-se estabelecendo, com especial

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A aterosclerose pode designar distintas doenças, nas quais se verificam o espessamento e perda de elasticidade da parede arterial, sendo a principal causa de morte em Portugal e na maioria dos países ocidentais. Neste sentido, é premente não apenas instruir

profissionais de saúde, mas também promover junto da sociedade estilos de vida saudáveis. Neste contexto, e no âmbito do xxIII Congresso Português de Aterosclerose, falámos com Alberto Mello e silva, Presidente da sociedade Portuguesa de Aterosclerose – s.P.A.

A PREVENÇÃO é da responsabilidade de todos

relevo junto dos especialistas de medicina geral e familiar.Temos tido uma colaboração ativa com as so-ciedades de hipertensão, cardiologia, medicina interna, neurologia, diabetes e medicina geral e Familiar.Internacionalmente a aproximação à Sociedade Europeia de Aterosclerose foi um corolário natu-ral pela proximidade geográfica e integração eu-ropeia, à semelhança do que acontece com outras sociedades científicas nacionais. Há que salientar que anteriores presidentes da S.P.A., o Prof. Dr. Manuel Carrageta e o Dr. Pedro Marques da Sil-va, presidiram à Sociedade Ibero-Latino-Ame-ricana de Aterosclerose. Por razões logísticas e dificuldades de apoio económico, atualmente apenas somos parceiros.

No sentido de desenvolver o conhecimento sobre a doença vascular aterosclerótica, que projetos

de investigação clínica têm definidos para o futuro?

A S.P.A. vai associar-se à Sociedade Europeia de Aterosclerose para um registo nacional de doentes com hipercolesterolemia familiar, enti-dade subdiagnosticada e subtratada não só em Portugal, mas em todo o mundo. Para que este registo tenha sucesso e uma verdadeira expres-são nacional, propomo-nos associar a outras Sociedades científicas nacionais e, de um modo geral, a todos os médicos que se interessem por essa temática.Neste sentido, gostaria de ler um texto da So-ciedade Europeia de Aterosclerose, aquando do anúncio deste importante projeto:“Announcing the EAS FH Studies Collabora-tion (FHSC)A new global initiative to tackle the unmet need of patients with Familial Hypercholesterolaemia (FH)Today the European Atherosclerosis Society an-

ALBERTO MELLO E SILVA

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nounces the launch of a major new initiative to tackle the unmet need of patients with Familial Hypercholesterolaemia (FH). The EAS FH Stu-dies Collaboration (FHSC) is a global initiative led by Prof Kausik Ray (London, UK) and an international steering committee comprising Dr Handrean Soran (UK); Prof John Kastelein, Prof G. Kees Hovingh (Netherlands); Prof Pedro Mata (Spain); Prof Gerald Watts (Australia); Prof Frederick Raal (South Africa); Prof Raul Santos (Brazil); and Prof Alberico L. Catapano (Italy).The mission of the EAS FHSC is to empower the medical/global community to seek change in their respective countries or organizations re-garding how FH is detected and managed, with a view to promoting early diagnosis and more effective treatment of this condition”.

A investigação é uma importante componente da S.P.A., sendo uma forte aposta no desenvolvimento da sua missão. Deste modo, qual tem sido a estratégia da instituição neste contexto?A S.P.A. pretende criar bolsas de estudo para in-vestigadores e clínicos que desenvolvam projetos na área da aterosclerose. Mas lembro que vive-mos num mundo em mudança e que, por vezes, é mais importante refletirmos sobre o que já sabe-mos e como o vamos aplicar! A S.P.A., em parceria com a Associação Portu-guesa de Hipercolesterolemia Familiar e com o apoio da Amgen Portugal, instituiu um prémio que promove a literacia nesta área específica, que é possível conhecer no nosso site.Vamos promover um Prémio da Sociedade Por-tuguesa de Aterosclerose para trabalhos origi-nais, realizados em Portugal, na área da Interven-ção Comunitária na DCV. O objetivo do prémio é identificar, e mesmo fomentar, intervenções populacionais sustentáveis com a indispensável avaliação de resultados que ajudem a reduzir a inatividade física, alimentação inadequada e uso de tabaco, três dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares.Neste sentido, deixo aqui uma questão para re-fletir: que melhor projeto de investigação pode existir do que aquele que pensa sobre como me-lhorar a sensibilização da população portuguesa para uma observância de estilos de vida saudáveis entre os quais a evicção tabágica, a promoção da dieta mediterrânica, a moderação na ingestão de sal e de bebidas alcoólicas, o controlo do peso e a prática regular do exercício físico?

Qual deve ser o papel da sociedade civil quando as entidades competentes introduzem no seu seio conhecimentos sobre as doenças

ateroscleróticas? De que modo a S.P.A. tem promovido um envolvimento mais ativo da população na prevenção da aterosclerose?

A prevenção da doença aterosclerótica não pode ser da responsabilidade apenas dos decisores poilíticos e dos profissionais de saúde. Impor-ta envolver e corresponsabilizar a comunidade civil. Um bom exemplo desta “cumplicidade de res-ponsabilidades” será a intervenção nas “modifi-cações do estilo de vida”. Têm de ser desejadas pelos destinatários, mas também têm de ser criadas condições para serem implementadas. A colaboração das autarquias (criação de espaços de lazer em aglomerados habitacionais, aumen-to do número de ciclovias, etc.), das associações cívicas (associações de pais que impeçam a ven-da de “fast food” nas escolas, construção de gi-násios para a prática regular de educação física nas escolas), das sociedades científicas (Socie-dade Portuguesa de Hipertensão e a aprovação de legislação que regulamenta o sal no pão) são alguns exemplos de atuação junto dos “media” e dos decisores políticos para a obtenção dos desideratos propostos. Será uma área a que nos propomos intervir. A Associação Portuguesa de Hipercolesterolemia Familiar participou com intervenções dos seus associados nas últimas edições dos nossos Con-gressos anuais. Pensamos contribuir para o alargamento do de-bate científico, referenciando as áreas de grande importância estratégica, o que acarretará uma evidente melhoria do conhecimento da doença aterosclerótica. Estaremos, sem dúvida, a apro-ximar a Sociedade Portuguesa de Aterosclerose dos cidadãos.

Falando agora no xxIII Congresso Português de Aterosclerose, quais são as expectativas? É um evento direcionado apenas para profissionais da área ou para o público em geral? Este ano o XXIII Congresso Português de Ate-rosclerose tem como Presidente o Dr. Mário Lázaro, Diretor do Serviço de Medicina II do Centro Hospitalar do Algarve. Vai decorrer nos dias 7 e 8 de novembro, no Hotel Miragem em Cascais. O Congresso da S.P.A. é uma “educação médica continuada”, através da abordagem de um con-junto de temas que, pela sua atualidade, perti-nência e idoneidade científica dos palestrantes, moderadores e membros do painel de discussão, certamente constituirá uma peça importante de aprendizagem e troca de conhecimentos. Os internos do Internato Complementar e Espe-cialistas de Medicina Interna, Clínica Geral e

Medicina Familiar, Cardiologia, Neurologia, Endocrinologia são o principal alvo de forma-ção.As comunicações livres são bem-vindas e há um prémio para a melhor comunicação.O apoio da indústria farmacêutica tem sido fundamental para a concretização dos nossos projetos e iremos ter um simpósio da Indústria Farmacêutica. O congresso da S.P.A., para além de ser uma forma de “educação médica continu-ada”, também é um espaço de convívio e isso foi tido em conta na escolha do local para a realiza-ção do congresso.Em 2012 iniciámos um Curso Avançado de Li-pidologia que tem como objetivo a criação de competências na área da Lipidologia em jovens especialistas e internos do Internato Comple-mentar. Pretende-se cumprir este objetivo atra-vés do programa científico com a duração total de dez horas e a realização de uma avaliação da aquisição de conhecimentos. Completámos três edições com assinalável êxito no número de inscritos (50/curso) e no aproveitamento. De-correram como curso pré-Congresso da Socie-dade Portuguesa de Aterosclerose. Faremos o 4º Curso Avançado de Lipidologia a 6 de novem-bro, no mesmo local onde se realizará, nos dois dias seguintes, o congresso.

Que desafios têm delineados para o futuro da S.P.A.?Continuaremos a desenvolver uma ação concer-tada com médicos das diferentes especialidades na prevenção das doenças cardiovasculares, des-de o controlo dos fatores de risco à reabilitação, como a forma mais eficiente de promover a saúde dos portugueses. Ter profissionais bem preparados é contribuir com cuidados de saúde de melhor qualidade para uma população mais saudável.Prosseguiremos o recrutamento de novos sócios e pretendemos envolver a colaboração de socie-dades científicas das ciências básicas tão impor-tantes no processo aterosclerótico num conceito abrangente de conhecimento translacional.A divulgação da S.P.A. e de conteúdos científicos através dos meios digitais no portal spaterosclero-se.org está melhorada, com um novo visual, pelo que convido a visitar. Não podemos limitar a di-vulgação da S.P.A. ao nosso congresso anual!

A terminar, quero citar Sir William Osler in Quotable Osler:

“MORE COMMONLY THE ARTERIOSCLEROSIS RESULTS FROM THE BAD USE OF GOOD VESSELS”

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A 4 e 5 de novembro o Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra será palco da segunda edição do Congresso Nacional Conversas de Psicologia, um evento com a assinatura da Associação Portuguesa Conversas de Psicologia. No envelhecimento,

nas escolas, nas alergias alimentares, na reprodução e fertilidade ou nas famílias, a psicologia, como ciência que estuda o comportamento humano, é uma área transversal à sociedade. Como novidade, além de uma forte aposta na componente

científica, o programa deste ano contará com a 1ª Conferência Internacional de Envelhecimento Ativo, um dos grandes desafios da sociedade portuguesa.

2º congresso nacional conversas de psicologia

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Com o alto patrocínio da Pre-sidência da República, o 2º Congresso Nacional Con-versas de Psicologia está a

superar todas as expectativas. Mais de 30 instituições protocoladas para a realização do congresso, cerca de 600 pessoas presentes, mais de 60 pessoas envolvidas na organização, dez conferências com 30 oradores principais, espaço para apresentação de posters e comunicação livre (30 no total), 60 comunicações nas áreas da psicologia e ciências sociais, segundo aniversário da associação assinalado com a entrega do Prémio Carreira a José Pinto Gouveia e a segunda feira de psicologia com 15 stands já con-firmados. Em números, é assim que se poderá traduzir a segunda edição do congresso organizado pela Asso-ciação Portuguesa Conversas de Psi-cologia, uma entidade que em dois anos de existência já desenvolveu 77

atividades, envolvendo cerca de seis mil pessoas. A Revista Pontos de Vista foi até Coimbra e conversou com Vítor Nuno Anjos, Presidente da APCDP e Chair do congresso, e Ricardo Pocinho, Chair da 1ª Conferência Internacional de Envelhecimento Ativo. Com um programa bastante diversificado, o evento começará por analisar a importância da Ordem dos Psicólogos Portugueses na regula-mentação do exercício da profissão em Portugal. Ao longo de dois dias, tudo será feito para que os objetivos sejam cumpridos. “Espero que to-das as pessoas envolvidas consigam sair com um espírito crítico. Este congresso tem 25 representantes da comissão científica, de seis nacionali-dades, temos uma comissão de honra composta por personalidades ilustres e uma comissão organizadora com cerca de 60 pessoas. É um evento

que se dirige não apenas a profis-sionais ou estudantes da área mas a todos os interessados porque a psi-cologia define-se como o estudo do comportamento humano e não há nada que não façamos no dia-a-dia que não se relacione com o compor-tamento”, afirmou. No total das dez conferências irão palestrar 30 orado-res principais, vindos de países como Brasil, Espanha, Holanda e Irlanda. Também neste aspeto, como tem sido habitual em todas as atividades da associação, houve um cuidado que acresce a tantos outros. “Apostamos na cientificidade, na comodidade das pessoas e na atribuição de um certi-ficado. Temos o cuidado de conhecer todos os presentes, quer seja por tele-fone, email ou pessoalmente. Quanto aos oradores, conhecemos o trabalho deles e quase todos os que vêm do estrangeiro estão, neste momento, envolvidos num projeto científico”, esclareceu Vítor Nuno Anjos.

1ª CONfERêNCIA INTERNACIONAl DE ENVElHECIMENTO ATIVO

Adotando a premissa de ser uma as-sociação dirigida à comunidade civil, este congresso trará ainda a debate a temática do envelhecimento ativo, um assunto ao qual a associação tem prestado especial atenção. Especia-lista em questões do envelhecimen-to, Ricardo Pocinho acredita que, perante uma população portuguesa bastante envelhecida, torna-se pre-mente “encontrar respostas para que envelhecer não seja um problema mas uma felicidade que advém da técnica, da evolução farmacêutica e da ciência médica e das melhores condições de salubridade e higie-ne em que vivemos”. Relembrando que envelhecemos desde o dia em que nascemos, o processo de enve-

lhecimento, segundo o especialista, é agravado pela aproximação de um marco tão importante como a idade da reforma. “As pessoas com mais tempo livre entram em pro-cessos que a psicologia dá resposta como depressão ou ansiedade que as levam a pensar mais no enve-lhecimento. Veem como algo mau e o envelhecimento ativo pretende desmistificar isso porque se a pessoa se mantiver ativa do ponto de vista de mobilidade e funcionalidade, se olhar para a condição do treino cog-nitivo e para a sua condição de saú-de perceberá que só vale a pena viver com qualidade de vida. Se assim não for está a sobreviver”, alertou Ricar-do Pocinho. Fazendo eco ao desafio lançado pela Comissão Europeia que consiste no aumento da esperança média de vida não só em termos absolutos mas so-bretudo no que respeita à qualidade, sem qualquer suporte medicamen-toso, Ricardo Pocinho acredita que, com atividades e hábitos de vida sau-dáveis, será possível atingir o desíg-nio lançado. Mas importa, mais uma vez, tocar consciências e será também esse o objetivo desta primeira confe-rência realizada em Coimbra, uma cidade que integra o conjunto de 32 regiões europeias de referência para o Envelhecimento Ativo e Saudável. Enquanto associação que se assu-me “para e das pessoas”, a APCDP, composta por profissionais de vá-rios quadrantes da sociedade, quer manter tudo o que foi feito até hoje, lançando novos desafios para o futu-ro. Desenvolver um projeto no esta-belecimento prisional de Coimbra ou dotar a associação de capacidade para formar pessoas em áreas muito específicas passará, assim, pelos pla-nos a breve prazo.

RICARDO POCINHO E VÍTOR NUNO ANJOS

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No âmbito da saúde mental, existem diferentes métodos e disciplinas que promovem o bem-estar que procuramos,

diferenciando-se apenas no tratamen-to e nos motivos pelos quais devem ser procurados. Abordando especificamen-te a psicanálise, esta pode ver-se como um “processo de investigação, uma ciência e um método de tratamento”, como disse o criador desta especiali-dade, Sigmund Freud, no final século XIX, e reiterou Seabra Diniz ao longo da sua conversa com a Revista Pontos de Vista. Neste sentido, este método de intervenção não recorre a medicamen-tos, procurando através de uma conver-sa sincera e sem tabus levar o paciente a compreender as causas do seu proble-ma, de modo a conseguir, através desta clarificação, “encontrar uma forma de equilíbrio satisfatório”. “O nosso papel é fundamentalmente ouvir e ajudar a compreender”, adianta Seabra Diniz. E apesar de os métodos da psicanálise se-rem, por vezes, criticados por não recor-rerem a medicamentos e optarem por dar tempo e espaço ao paciente, esta é uma especialidade cada vez mais procu-rada. Os pacientes veem na psicanálise a possibilidade de encontrar o bem-estar tão desejado e melhor compreender os “muitos sentimentos, medos e desejos” normais do funcionamento humano. “Por vezes, as pessoas precisam de fazer uma psicanálise”, explica o presidente do IP. Apesar da preferência pela pro-cura de ajuda médica e medicamento-sa ainda se manifestar, Seabra Diniz esclarece que a psicanálise pode ajudar muito pessoas com vários tipos de pro-blemas que perturbam o seu dia-a-dia. Mas também é procurada por pacientes com vidas sem constrangimentos, mas que “por várias razões, querem fazer um percurso de clarificação pessoal. E isso permite que as qualidades e as ener-gias psíquicas possam ser utilizadas de uma forma mais equilibrada, agradável e produtiva”. Neste contexto, Seabra Diniz reitera a importância desta espe-cialidade na vida de qualquer indivíduo e não só dos “doentes” e afirma que o trabalho de um psicanalista é “muito importante no sentido de promover o bem-estar das pessoas, de tornar as qualidades pessoais mais valorizadas e de construir um relacionamento com as outras pessoas mais agradável”. Esta relevância da psicanálise é acresci-da quando falamos da realidade atual da

Hoje, dia 10 de outubro, celebra-se o Dia Mundial da saúde Mental, mas celebra-se, acima de tudo, o compromisso com uma vida tranquila, feliz e realizada, onde a vida pessoal e profissional se interligam de forma saudável. Neste sentido, a Revista Pontos de Vista foi ao encontro de seabra

Diniz, Presidente do Instituto de Psicanálise (IP), que nos falou sobre esta prática terapêutica como um meio para atingir o equilíbrio mental.

REALIzAÇÃO PESSOAL E PROFISSIONAL como primeiro passo para o equilíbrio mental

sAÚDE EM PORTUgAl

nossa sociedade. No momento presente, como que nos confrontamos com uma série de condicionamentos, que com-prometem o equilíbrio mental de crian-ças, jovens e adultos. “Os pais, que têm um horário de trabalho excessivo, não estão em condições para chegar a casa e ter a disponibilidade necessária para os filhos. As crianças são atingidas por esta situação, sofrem e quando vão para a es-cola estão irrequietas, desconcentradas e não conseguem bons resultados. Os professores, que em geral têm uma carga horária elevada, estão sujeitos a rankings e avaliações, o que os obriga a um ní-vel e um tipo de exigências que não são favoráveis a muitos alunos com menos equilíbrio e maturidade. Ora os alunos “difíceis” são muitos. O nível de exigên-cia agrava, muitas vezes, a desadaptação destes alunos, que não conseguem cor-responder e começam a ter problemas de atenção e de adaptação”. O que se exige hoje nas escolas e nos ambientes de trabalho é, na opinião do psicanalista, por vezes desadequado e desproporcio-nado em relação às condições de vida das pessoas. E, deste modo, é premen-te “interrogarmo-nos sobre as questões práticas” e resolvê-las de modo a que o horário de trabalho não se sobreponha demasiadamente à vida privada, em que é necessário algum tempo livre para de-dicar à família e ao lazer, defende Seabra Diniz, em tom de mensagem no dia em que se celebra o Dia Mundial da Saúde Mental. O nosso entrevistado garante que o tempo livre, o silêncio e o sono são três fatores de máxima importância para o bom funcionamento mental e físico do ser humano.

A sPP NA sOCIEDADE PORTUgUEsA

A Sociedade Portuguesa de Psicanálise é uma sociedade componente da Inter-national Psychoanalytical Association. Tem como finalidade difundir a psica-nálise e promover a sua prática, explica o nosso entrevistado. Neste sentido, a SPP integra dois institutos, o Instituto de Psicanálise de Lisboa e o Instituto de Formação e Terapêutica Psicanalítica do Porto, que assumem um papel formativo e de investigação. Assim, as duas insti-tuições estão preparadas para formar e especializar médicos e psicólogos na área da psicanálise e promover a investi-gação como forma de desenvolver o sa-ber psicanalítico. A população em geral, que veja na psicanálise a especialidade

indicada para encontrar o equilíbrio e bem-estar mental, tem a possibilidade de aceder a consultas com profissionais competentes e devidamente instruídos nestes institutos.Numa perspetiva de consciencialização e divulgação, a sociedade promove ain-da congressos, workshops e colóquios, que proporcionam às pessoas interes-sadas o contacto com a teoria e o pen-samento analíticos. Com o objetivo de chegar a toda a população, a SPP orga-niza não apenas encontros destinados a especialistas, com temas relevantes da psicanálise, mas também palestras de âmbito mais abrangente. “É importan-te manter estas duas linhas, uma espe-cificamente psicanalítica, outra convi-dando pessoas de fora, como pintores, escritores e filósofos, para trazerem a sua compreensão a um determinado tema”, refere Seabra Diniz. Esta última questão é pertinente para a psicanálise, uma vez que existe uma linha de inves-

SEABRA DINIZ

tigação mais estreita, quase marginal à psicanálise que conhecemos, que tenta compreender “a dimensão inconscien-te que há no comportamento humano” no processo de realização de uma obra artística.

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Asaúde mental é uma prioridade de saúde pública ou, pelo menos, devia ser. Na Eu-ropa estima-se que 165 milhões de pesso-as são afetadas por um qualquer transtor-

no mental todos os anos e Portugal, dentro deste panorama, está longe de ter resultados animadores. Se já se sabia que a prevalência de doenças do foro mental no nosso país estava a adquirir contornos avassaladores ano após ano, com maior incidência nos tempos de crise, o estudo sobre Saúde Mental e Integração publicado pelo “The Economist In-telligence Unit” trouxe dados preocupantes uma vez que, divulgados os resultados, Portugal ocupa-va a 27ª posição, só à frente de países como Grécia, Roménia e Bulgária. Foram analisados 30 países europeus e o nosso território encontrava-se entre os que menos integra doentes mentais. Era pre-mente agir e perante estas conclusões ficava notó-ria a necessidade de implementar medidas e desen-volver soluções concretas no sentido da integração dos portugueses com perturbações mentais. Era assim que nascia o Projeto INtegra, com o cunho da conceituada farmacêutica Janssen Portugal, pertencente ao Grupo Johnson & Johnson ( J&J) e que juntou um conjunto simbólico de parceiros com o objetivo de traçar um panorama da saúde mental atual e suprir uma necessidade já há mui-to sentida: apresentar um plano de ação concreto, com objetivos claros, e responsabilidades atribuí-das para esta área da saúde.Mas a verdade é que a ligação desta empresa à área mental é já de si bastante histórica, tal como re-feriu em conversa com a Revista Pontos de Vista José António Burón, Diretor-Geral da Janssen Portugal. Assumindo este compromisso há mais de cinco décadas, o trabalho que a farmacêutica tem dedicado à saúde mental tem resultado em produtos inovadores destinados ao tratamento da esquizofrenia, do transtorno bipolar e do transtor-no esquizoafetivo, o que veio mudar radicalmente a vivência dos doentes com estas patologias. “Até à década de 50, os pacientes com esquizofrenia, do-ença bipolar ou transtornos mentais graves ficavam fechados em centros psiquiátricos para não preju-dicarem as outras pessoas”, contextualizou. Com o lançamento destes produtos, a realidade passou a ser outra. Daí que esta área da saúde mental te-nha assumido, quase desde o início da companhia, uma especial atenção. José António Burón sente, ele próprio, uma afinidade muito própria, que se explica pelo facto de os seus primeiros ensaios clí-nicos terem sido desenvolvidos na área das neuro-ciências. Além de apresentar soluções para a saúde mental, a Janssen tem outras preocupações que assume com convicção. Eliminar o estigma em todo o mundo

sAÚDE EM PORTUgAl

O consumo de antidepressivos, a evolução dos suicídios ou o consumo de substâncias psicoativas colocam Portugal numa escala preocupante. A nível europeu, o país está entre os que têm maior prevalência de doenças mentais, calculando-se ainda que mais de um

quinto da população sofra de algum tipo de transtorno. No entanto, perante este cenário, o estigma da sociedade continua pesado e as políticas implementadas nem sempre são as mais ajustadas à realidade. Em traços gerais, a doença mental não é compreendida. Esta

é a conclusão do Projeto INtegra, implementado pela janssen Portugal com o objetivo de traçar o panorama atual da doença mental no país e apresentar um caminho a seguir. Conheça esse trilho, pelas mãos de josé António Burón, Diretor geral da janssen Portugal,

empresa farmacêutica pertencente ao grupo johnson & johnson (j&j).

A DOENÇA MENtAL deve ser uma preocupação de todos

através da promoção da melhoria do acesso, edu-cação, assistência e tratamento de todas as pessoas que procuram ajuda é uma das missões. Olhando para os últimos 50 anos, perdemo-nos na imen-sidão de atividades e soluções que a Janssen tem apresentado nesta área mas José António Burón sintetizou: “Do ponto de vista educativo, temos tentado que os doentes tenham uma maior cons-ciência da saúde mental e que as famílias percebam melhor estes problemas. Criámos, para tal, um si-mulador virtual para que os familiares e médicos possam entender melhor o tipo de experiências e sensações dos pacientes com esquizofrenia e doen-ça bipolar. Esta é, aliás, uma experiência que muitos dizem ter transformado a perceção que têm. Temos facilitado a interação com os melhores profissionais de psiquiatria da Europa, nomeadamente Bélgica

ou Reino Unido, e com hospitais de primeira li-nha de Barcelona, por exemplo, que estão a parti-lhar com os nossos profissionais a melhor forma de tratar os doentes. Além disso, temos desenvolvido campanhas para combater o estigma da sociedade. Mas ainda há muito para fazer e uma empresa so-zinha não consegue. Precisa sempre de atuar em parceria com os diversos stakeholders”, esclareceu o responsável. E o trabalho a fazer é efetivamente muito, tal como demonstra o Projeto INtegra.

PROjETO INTEgRACom a colaboração de um grupo de stakeholders dispersos por várias áreas da sociedade, esta inicia-tiva, iniciada em abril passado e promovida pela Janssen Portugal, partiu de um cenário negro do panorama da doença mental em Portugal. As prin-cipais conclusões são sucintas e avassaladoras: Por-tugal é o país da Europa com maior prevalência de doenças mentais e mais de um quinto da população sofre de algum tipo de perturbação.Combater o estigma através da promoção da saúde mental. Reforçar a cooperação entre os setores da saúde, educação e segurança social. Criar cuidados de proximidade. Aproveitar melhor as potencialida-des existentes no setor público, nomeadamente ao nível das associações de utentes, familiares e organi-zações não-governamentais. Terminar a longa tare-fa da desinstitucionalização. Criar políticas de em-prego adaptadas à realidade. Obter mais e melhores dados na área de saúde mental. Estas são algumas das recomendações deixadas neste projeto, cujos

QUEM É JOSÉ ANTóNIO BURóN?É licenciado em Medicina, com uma vasta experiência em estratégia clínico-comercial e entrou para a filial espanhola da janssen em 2001, tendo desempenhado várias funções. Ao longo dos últimos quatro anos, liderou a área de Psiquiatria de global Medical Affairs nos Estados Unidos, tendo concluído recente-mente um programa de Inovação e liderança em Negócios farmacêuticos na Harvard Busi-ness school. Assumiu o cargo de Diretor-geral da janssen Portugal em maio de 2015.

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JOSÉ ANTÓNIO BURÓN

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ALGUMAS CONCLUSõES DO PROJETO INTEGRA:

PANORAMA glOBAl- 12% das doenças em todo o Mundo são de

foro mental;- 165 milhões de pessoas na Europa são afeta-

das por uma doença mental anualmente;- Apenas ¼ recebe tratamento e só 10% tem o

tratamento adequado.

PANORAMA NACIONAlPortugal é o país europeu com maior preva-lência de doenças do foro mental:- 14% são doenças cérebro-cardiovasculares;- 12% são perturbações mentais e do compor-

tamento;- 10% doenças oncológicas;- Mais de 1/5 da população sofre de algum tipo

de perturbação psiquiátrica.

As PERTURBAÇõEs PsIQUIáTRICAs MAIs PREVAlENTEs sÃO:- 16,5% ansiedade;- 7,9% perturbação do humor;- 3,5% perturbações de impulsividade;- 1,6% perturbações pelo abuso de substâncias.

áREAs PRIORITáRIAs DA jANssEN:- Neurociências, Imunologia, Hemato-Oncolo-

gia, Infeciologia, Doenças Cardiovasculares e Metabólicas.

DE ACORDO COM O PlANO DE AÇÃO PARA A sAÚDE MENTAl 2013-2020 DA OMs ExIs-TIRÃO QUATRO DEsAfIOs IMPORTANTEs:- fortalecer a liderança e promover a gestão

eficaz na área da saúde mental;- Prestar serviços integrados que deem res-

posta e que estejam inseridos nas comuni-dades;

- Implementar estratégias para a promoção e prevenção na área da saúde mental;

- Reforçar os sistemas de informação, evidên-cia científica e investigação na área.

resultados surpreenderam José António Burón. “Venho dos Estados Unidos, um país onde o con-sumo de antidepressivos é muito grande. Cheguei a Portugal, vi estes resultados e confesso que fiquei muito surpreendido. Esta é uma patologia muito associada a estes últimos anos de crise que fizeram disparar o consumo de antidepressivos e ansiolíti-cos. Não acredito que Portugal esteja numa escala maior em termos de doenças mentais, mas esta rea-lidade está associada à conjuntura atual do país, que faz aumentar a depressão e a ansiedade”, justificou. No desencadear destas situações o desemprego e o endividamento assumem um papel especialmente importante e, como exemplo disso, surge, por exem-plo, o caso da Grécia que, entre 2007 e 2009, viu o número de suicídios aumentar 17%. De acordo com o projeto, existem ainda poucos dados sobre perturbação mental e, como tal, é pre-mente criar um Plano de Dados da Doença. “É preciso possuir dados para saber o que é necessá-rio fazer. Existem bases de dados com informações como taxas de suicídio, de desemprego, mas são da-

A jANssEN NA EUROPA, MÉDIO ORIENTE & AfRICA (EMEA) TEM:- Atividade em mais de cem países;- Escritórios em mais de 30 países;- Mais de 14 000 colaboradores;- Investimento em investigação e desenvol-

vimento é superior a 1,5 mil milhões, anual-mente.

dos desatualizados e sem integração das diferentes dimensões da doença”, explicou. A questão laboral é também de extrema importância, ressalvando a necessidade de alterar a atribuição de subsídios com o intuito de estimular a contratação de pes-soas com doença mental. “A inserção no mercado de trabalho de pessoas com esquizofrenia é terrível. Importa contactar com os agentes económicos para facilitar o emprego”, evidenciou. É urgente atuar ainda ao nível das famílias uma vez que, em muitos casos, “têm de suportar os custos e abandonar os seus próprios empregos para prestar apoio domici-liário”, acrescentou José António Burón. Sucintamente, a reflexão sobre a situação atual está feita. Foram desmistificadas as condicionan-tes de uma evolução para o futuro. Agora importa agir. “Cada vez sabemos melhor o que fazer e o mundo da psicologia, psiquiatria e os serviços so-ciais estão de acordo sobre o que temos de fazer. No entanto, há ainda uma falta de recursos que nos impede de travar a evolução destas doenças”, concluiu o responsável.

No contexto da saúde, a saúde mental deverá ocupar a posição adequada, fazendo parte das agendas das entidades responsáveis para que Portugal evolua nesta área como tem evoluído em tantas outras. Se Nelson Mandela um dia disse: “não existe revelação mais ní-tida da alma de uma sociedade do que a forma como esta trata as suas crianças”, José António Burón agarra essa expressão e adapta-a àquilo que espera que seja o futuro. “Não existe revelação mais nítida da alma de uma sociedade do que a forma como esta trata os seus idosos e as pessoas com doença mental”. Da parte da Janssen, uma organização compro-metida com a saúde, poderão esperar o mesmo trabalho que tem sido feito. “Queremos continuar a ser uma empresa inovadora, transformacional, que conhece bem os desafios em sáude e apresen-ta soluções terapêuticas que fazem a diferença”, concluiu o Diretor-Geral da filial portuguesa que estará sempre lado a lado com médicos, doentes, decisores e outros intervenientes nacionais em prol do aumento da esperança de vida dos doentes por-tugueses.

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Os problemas de saúde ligados ao tubo digestivo são bastante frequentes e um dos principais motivos pelos quais os doentes procuram assistência médica ou optam por uma medicação inconsciente e sem prescrição devida. Estas questões têm sido devidamente observadas pelo Sistema Nacional de Saúde e pelos próprios profissionais de saúde? Existem atualmente as medidas necessárias para promover uma melhor atuação em casos clínicos ligados a esta especialidade?Os problemas estão identificados. Trata-se sobre-tudo de um problema de informação e educação da população. Existirá também, no global, um pequeno défice de gastrenterologistas e sobretu-do uma distribuição muito assimétrica pelo país com enorme carência nos hospitais periféricos - representados pelo NGHD (Núcleo de Gas-trenterologia dos Hospitais Distritais). Muitos estão fora dos hospitais SNS (trabalhando nas grandes unidades privadas de saúde de Lisboa e Porto) e a sua atividade não se repercute tão di-retamente nos ganhos de saúde da população em geral. A flexibilização da gestão hospitalar (hos-pitais SA/EPE) veio fragilizar os hospitais das zonas de baixa densidade populacional (hospitais menos apetecíveis para os jovens especialistas). Há necessidade de voltar a regular os concursos atribuindo as vagas áquelas instituições efetiva-mente mais carenciadas.

Num contexto mais grave, o Cancro do Cólon e Reto (CCR) é uma situação cada vez mais preocupante e que afeta membros múltiplos de uma mesma família. Aliás, estima-se que 10% da população adulta possua pelo menos um familiar de primeiro grau afetado pelo CCR, tendo deste modo uma maior predisposição para, no futuro, ter o mesmo problema. De que modo as instituições de saúde em Portugal têm olhado com o devido respeito para esta problemática? E como tem o NGHD tem apoiado esta causa?O enfoque no rastreio do CCR tem sido um dos esteios não só do NGHD como de outras so-ciedades como a SPG e a SPED. Os Cuidados de Saúde Primários vêm desde há alguns anos a fazer o rastreio através de um dos métodos pos-síveis: a pesquisa de sangue oculto nas fezes em utentes assintomáticos entre os 50 e 70 anos. O NGHD tem desenvolvido campanhas de sensi-bilização e através dos hospitais afiliados orienta e trata os doentes e famílias de maior risco. Não quero deixar de referir o rastreio efetuado há uns anos na ARS do Algarve, a 12500 utentes, no qual o Serviço de Gastro do Centro Hospitalar do Algarve teve um papel preponderante.

O NGHD surgiu pela urgente necessidade de lutar por mais e melhores condições no âmbito

No âmbito da xxx Reunião Anual do Núcleo de gastrenterologia dos Hospitais Distritais (NgHD), que se realizará no Évora Hotel a 20 e 21 de novembro, a Revista Pontos de Vista falou com joão Baranda, que se irá candidatar a Presidente deste organismo. O objetivo da conversa foi compreender as expectativas e as temáticas que serão abordadas durante o evento, mas não deixámos de querer saber

mais sobre os constrangimentos da gastrenterologia no panorama português.

NGHD NA VANGUARDA da gastrenterologia

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da gastrenterologia nos Hospitais Distritais. O que mudou nas instituições de saúde que se mostravam mais frágeis no contexto da gastrenterologia desde a fundação deste núcleo?

Através da força agregadora e motivadora que constituiu a criação do NGHD foi possível a dinamização de Serviços de Gastrenterologia nos Hospitais Distritais e o apetrechamen-to dos mesmos com Unidades de Endoscopia Digestiva capazes de oferecer serviços de qua-lidade. Como corolário do desenvolvimento da gastrenterologia nesses hospitais passaram a formar-se especialistas nesses mesmos locais, algo que até então só ocorria nos hospitais cen-trais. Mencionar aqui os médicos desse grupo original onde a ideia germinou: Vasco Trancoso, Castel Branco da Silveira, Carlos Pinho (já não entre nós) e Duarte Costa.

Pensando de um modo mais generalizado, qual tem sido o papel do NGHD nestas três décadas de existência? O que mudou nos serviços de saúde e nos tratamentos concedidos aos doentes? Podemos referir a melhoria da qualidade assis-tencial da gastrenterologia nos hospitais mais periféricos, a formação de jovens especialistas, o desenvolvimento de técnicas e, no fundo, a de-mocratização da qualidade assistencial da gas-trenterologia pelo todo nacional. O caráter mais informal da associação e a sua génese regional têm permitido uma interação mais profícua com a Medicina Geral e Familiar, nomeadamente através de reuniões conjuntas.

A partilha de informações e conhecimento é um dos objetivos da entidade, que procura, desta forma, uma interligação mais forte entre profissionais da especialidade. Podemos afirmar que esta é uma missão de máxima importância, uma vez que promove a qualidade e uma maior aprendizagem dos médicos?Sem dúvida. O momento alto para essa partilha é a Reunião Anual que já vai na trigésima edição. Trata-se de um evento científico já clássico no panorama gastrenterológico nacional para o qual são submetidos todos os anos um número cres-cente de comunicações científicas oriundas não só dos hospitais afiliados mas por vezes também dos hospitais centrais. A colaboração e intercâm-bio com a associação congénere francesa ANGH (Association Nationale des Hepato-Gastroen-terologues des Hôpitaux Generaux), nomeada-mente para a realização de estudos conjuntos, têm sido também proveitosas.

O conselho científico do NGHD procura apoiar e alavancar o desenvolvimento investigativo da área, tendo neste momento diversas publicações ligadas às mais distintas subespecialidades da

“A flexibilização da gestão hospitalar (hospitais SA/EPE) veio fragilizar os hospitais das zonas de baixa densidade populacional (hospitais menos apetecíveis para os jovens especialistas). Há necessidade de voltar a regular os concursos atribuindo as vagas àquelas instituições efetivamente mais carenciadas”

JOÃO BARANDA

sAÚDE EM PORTUgAl

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gastrenterologia. De que forma têm alterado o paradigma desta área médica, de forma a apoiar não apenas o serviço de saúde, mas os próprios doentes?

Foram publicados até ao momento sete livros ver-sando as mais variadas áreas, desde as hepatites, doença de refluxo, até aos cuidados paliativos. Há a preocupação de interagir muito com a Medicina Geral e Familiar o que é favorecido por uma maior proximidade. Essa maior interligação favorece em última análise o doente.

O NGHD marca a sua presença junto dos profissionais de saúde, mas não descura a sua missão para com os doentes. Deste modo, partilha regularmente informações com a sociedade em geral, apresentando casos clínicos concretos e explicações sobre as distintas doenças ligadas ao aparelho digestivo. Esta postura da instituição tem sido uma forte mais-valia para a população no âmbito da prevenção e, numa fase mais avançada, da procura adequada de ajuda?De facto, estão disponíveis na página do NGHD 19 brochuras informativas elaboradas em lingua-gem pouco técnica e acessível à maioria da popu-lação relativas a áreas tão diferentes como a hepa-tite C, hemorroidas, divertículos do cólon e úlcera gastroduodenal.

A xxx Reunião Anual NGHD realiza-se nos próximos dias 20 e 21 de novembro e pretende abordar a “Gastrenterologia para um Futuro Sustentável”. Quais são as expectativas para este evento? De que modo influenciará o futuro da especialidade?As expectativas são as melhores. Todos os anos temos vindo a assistir a um número crescente de trabalhos enviados obrigando a organização e a

direção do NGHD à seleção dos melhores casos. Anualmente o reavivar de conhecimentos e a dis-cussão das “novidades” científicas trazidas amiúde pelos mais novos (internos da especialidade) traz--nos fundadas esperanças na manutenção ou mes-mo melhoria dos cuidados assistenciais.

O evento contará com um programa complexo e abrangente, com oradores especializados e integrados na área. O que podemos esperar destes dois dias dedicados à gastrenterologia?Para além da discussão dos temas incontornáveis como o rastreio do CCR e a Doença Inflamatória do Intestino a reunião tem o mérito de dedicar algum espaço a doenças raras.

No mesmo mês realiza-se também o Curso Anual de Gastrenterologia e de Endoscopia Digestiva para Enfermeiros. Qual é a importância desta formação? Que benefícios trará ao dia-a-dia dos serviços de saúde?Os Serviços de Gastrenterologia e as Unidades de Endoscopia em particular são sede de um trabalho de equipa em que a colaboração entre médicos e enfermeiros é crucial. A existência de enfermei-ros motivados, treinados e atualizados redunda em benefício para os doentes e este curso parece-nos alcançar esses objetivos. É pretensão do NGHD aliciar para o seu seio estes profissionais.

Acredita que estes eventos, promovidos e orga-nizados pelo NGHD e com o intuito de melhor qualificar a gastrenterologia, mudam mentalida-des e trazem vantagens concretas para os profis-sionais e doentes? Sem dúvida que sim. Aliada à qualidade científica das reuniões assiste-se, por regra, a uma interessante discussão dos temas e partilha de experiências o que é benéfico para os

profissionais e consequentemente também para o doente.

Vai candidatar-se à presidência do NGHD, tendo a importante missão de continuar o bom trabalho dos seus antecessores e de criar uma medicina cada vez mais inovadora e benéfica para todos os intervenientes. Que planos programáticos tem já delineados?Aproveitar a dispersão pelo todo nacional dos hospitais afiliados no NGHD para promover a realização de estudos multicêntricos; manter e potenciar a colaboração com a ANGH nomeada-mente na área de estudos conjuntos; consolidar o perfil da Reunião Anual nestes moldes com a re-alização prévia do Curso Anual para enfermeiros.

Enquanto especialista, como prevê o futuro da gastrenterologia? De que modo o NGHD influenciará esses tempos vindouros?A subespecialização tenderá a manter-se mas nos centros mais pequenos (com menos médicos) será importante a existência de gastrenterologistas com uma vocação polivalente que saibam dar resposta à maioria dos casos não complexos das diferen-tes áreas da gastrenterologia. O papel do NGHD deverá continuar a ser o de pugnar por cuidados gastrenterológicos de qualidade em todo o país alertando para alguns desequilíbrios.

Numa última análise, que conselho dará aos leitores de forma a prevenir casos graves de saúde no sistema digestivo?Estilo de vida saudável incluindo o exercício físico e uma dieta equilibrada, evitando o excesso de peso (não esquecer a sopa!). Ingestão regrada de bebidas alcoólicas e evicção do tabaco. Não esquecer as visi-tas regulares ao seu médico de família.

“A subespecialização tenderá a manter-se mas nos centros mais pequenos (com menos médicos) será importante a existência de gastrenterologistas com uma vocação polivalente que saibam dar resposta à maioria dos casos não complexos das diferentes áreas da gastrenterologia. O papel do NGHD deverá continuar a ser o de pugnar por cuidados gastrenterológicos de qualidade em todo o país alertando para alguns desequilíbrios”

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A comunicação digital é, nesta era tecno-lógica em que nos encontramos, funda-mental para qualquer setor de mercado. É cada vez mais premente que as dife-

rentes indústrias criem a comunicação eficaz, cé-lere e acessível que os meios digitais podem ofe-recer. Deste modo, as farmácias não são exceção. E é neste sentido que a Lusus Group tem inves-tido. “Era evidente que as farmácias portugue-sas tinham de inovar” e, assim, “estamos a criar um produto para o retalho farmacêutico”. Este produto, cujo nome Pedro Fialho ainda não quis divulgar, será lançado até ao final de novembro e promete revolucionar este mercado. Através de uma plataforma online, a população portuguesa poderá encontrar a farmácia que, na sua locali-dade, oferece serviços de entrega ao domicílio e consultar as condições do serviço, nomeadamen-te horários, custos associados, entre outras infor-mações. A partir desse momento, basta fazer a encomenda – por mensagem escrita ou através do envio de imagens referentes à receita médica ou ao medicamento – e aguardar, no conforto de casa, o pedido realizado. Esta solução trará benefícios sociais, económicos e, essencialmente, de saúde. Na perspetiva da farmácia, esta poderá gerir de uma forma mais eficaz o seu stock, uma vez que tem acesso às encomendas. No âmbito do doente, será benéfico no sentido de ter como certo que a farmácia à qual fez o pedido enviará a encomenda, ao invés do que atualmente acon-tece, em que é necessário, por vezes, visitar mais do que um espaço na tentativa de encontrar de-terminados medicamentos. Por outro lado, esta solução digital evitará esperas em condições atmosféricas desagradáveis e “o contacto com outros doentes”, que apenas promove o agrava-mento do estado de saúde, explica Pedro Fialho, que se mostra confiante no que diz respeito às mudanças comportamentais que esta plataforma trará. O CEO da Lusus Group refere ainda como aspeto crucial a mudança que a plataforma irá proporcionar em zonas “de baixa densidade po-pulacional”. Com o problema financeiro que este setor atravessa, “muitas farmácias deslocaram-se para os centros das cidades. Esta situação deixou as aldeias e as vilas sem acesso aos medicamen-tos”. Neste sentido, este projeto aumentará “a acessibilidade ao medicamento” junto destas po-pulações onde existe carência de espaços farma-cêuticos. Apesar de compreender que este é um desafio “enorme”, uma vez que incentiva pessoas idosas a utilizar meios digitais modernos, Pedro Fialho defende que “a resultar, estaremos a resol-ver muitos problemas, tanto de isolamento, como relativos à própria terapêutica”. Através deste projeto, a Lusus Group pretende não apenas dar a conhecer este serviço de entrega domiciliar, que existe desde 2007 e “poucas pes-

sAÚDE EM DEsTAQUE

AS FARMáCIAS à distância de um cliqueO mercado farmacêutico é um setor de extrema importância para a sociedade e deve promover um serviço cada vez mais direcionado para as novas tecnologias, onde rapidez e acessibilidade são conceitos indispensáveis. Neste sentido, a lusus

group encontra-se a preparar o lançamento de um portal que alojará todas as farmácias portuguesas com serviço de entrega ao domicílio. Este projeto pretende incentivar o uso dos canais digitais, que trará evidentes mais-valias económicas e sociais. A

Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Pedro fialho, CEO da marca, que falou ainda sobre as farmácias online, um projeto que pretende que seja lançado em 2016.

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“Deste modo, quem contacte a empresa, pode esperar “informação sobre operações e sobre o mercado em que pretende entrar e um foco nos resultados”. Mas acima de tudo pode esperar um parceiro de confiança no acompanhamento personalizado e absoluto na integração da marca no comércio eletrónico, independentemente do país de destino. Desta forma, a Lusus Group promove a “redução de custos” e o aumento da “margem de lucro” de uma loja disponível 24 horas por dia, num ambiente digital”

PEDRO FIALHO

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soas conhecem”, como também tornar-se num suporte para as farmácias no âmbito publicitá-rio. Porque, afirma o CEO, “as farmácias tentam lançar novos serviços, mas torna-se muito difícil uma só farmácia divulgar os seus produtos peran-te a população em geral”.

lOjA ONlINE, UMA OUTRA fORMA DE COMUNICAR

No sentido de complementar a plataforma onli-ne que permite o acesso a entregas ao domicílio, a Lusus Group pretende que, a partir de 2016, todas as farmácias possam ter uma loja online, que sirva de “catálogo” dos produtos existentes e como “canal onde as pessoas possam encomendar e pagar no imediato”, adianta o CEO. Este pro-jeto permitirá não apenas que a população aceda aos produtos de farmácias específicas a nível na-cional, como promoverá o acesso de emigrantes e estrangeiros ao mercado português. “Temos o público brasileiro, que muito aprecia os produ-tos de cosmética europeus” e, num outro contex-to, “temos os emigrantes portugueses, que estão habituados aos nossos produtos, que confiam” no mercado farmacêutico nacional e que, por esses motivos, desejam continuar a ter a mesma aces-sibilidade e facilidade de encomenda que teriam em Portugal.

“Através deste projeto, a Lusus Group pretende não apenas dar a conhecer este serviço de entrega domiciliar, que existe desde 2007 e “poucas pessoas conhecem”, como também tornar-se num suporte para as farmácias no âmbito publicitário. Porque, afirma o CEO, “as farmácias tentam lançar novos serviços, mas torna-se muito difícil uma só farmácia divulgar os seus produtos perante a população em geral”

A lUsUs gROUPFarmacêutico por vocação, Pedro Fialho apos-tou na formação em gestão, por considerar uma componente importante não apenas no mercado farmacêutico, mas também nas indústrias dis-tintas existentes. Neste sentido, e pelo facto de o setor farmacêutico ser “um modelo de negócio muito complexo”, o CEO da Lusus Group sente que pode utilizar os seus conhecimentos em di-ferentes mercados e criar mais-valias económicas claras. Por este motivo, a empresa que representa desenvolve atualmente projetos para empresas

de qualquer setor de intervenção. Deste modo, quem contacte a empresa, pode esperar “infor-mação sobre operações e sobre o mercado em que pretende entrar e um foco nos resultados”. Mas acima de tudo pode esperar um parceiro de con-fiança no acompanhamento personalizado e ab-soluto na integração da marca no comércio ele-trónico, independentemente do país de destino. Desta forma, a Lusus Group promove a “redução de custos” e o aumento da “margem de lucro” de uma loja disponível 24 horas por dia, num am-biente digital.

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HMR – HEALtH MARkEt RESEARCHReferência Nacional em Estudos de Mercado no Setor da Saúde

A OPINIÃO DE Mário Peixoto, Country Manager HMR Portugal

AHMR, Health Market Research, Lda surge em junho de 2009, à luz do firme propósito da criação de valor acrescentado para os seus parceiros de negócio, assente no conhecimento relevante so-bre o mercado da saúde e bem-estar.

Implementou-se no mercado com uma identidade própria, com profissio-nais dotados de competências reconhecidas nas áreas de Estudos de Merca-do, Consultoria Especializada e Tecnologias de Informação.A Oferta ao mercado, consubstanciada na disponibilização de produtos e ser-viços desenvolvidos com base nos mais elevados padrões técnicos de gestão da informação e sincronizada com as novas realidades do mercado farmacêutico permite responder aos permanentes desafios que nos são colocados.Alicerçada na experiência entretanto obtida, mesmo perante um cenário de fortes mudanças e conjuntura nacional e internacional difícil, assim como na consolidação estrutural e comercial alcançada, a HMR- Health Market Research, Lda. apresenta-se hoje, em Portugal, como líder de mercado em Estudos de Mercado e Consultoria Especializada para a Indústria Farma-cêutica e outras organizações que atuam na área da saúde e bem-estar.

Dashboard ilustrativo

No que reporta aos Estudos de Mercado, baseados em informação de mais de 2400 farmácias, são trabalhados e fornecidos relatórios, de qua-lidade acrescida (compras, stocks e vendas de farmácias, regionalizados) em entregas regulares e reconhecidos como significativamente relevantes para a gestão do negócio na Indústria Farmacêutica. A oferta foi sendo enriquecida com Consultoria Especializada, de ín-dole tática e estratégica, direcionada para trabalhos com profundidade técnica, como são exemplo Profiling de Farmácias e ACEs, Realinha-mentos Territoriais, Monitorização de novos produtos, Estudos de Pre-ços e Comparticipação, previsões de vendas (forecast) ou outros estudos específicos em resposta a solicitações individuais dos nossos parceiros de negócio. Por seu turno, a aposta reiterada no desenvolvimento contínuo de so-luções inovadoras e úteis face às circunstâncias do mercado e ainda a aposta forte em outras áreas de negócio como sejam, a título de exemplo, as áreas Hospitalar; Mass Market e B2B- Plataforma de comunicação Business to Business, confirmam essa valorização.

Dashboard ilustrativo

sAÚDE EM PORTUgAl

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Assinala-se, por conseguinte, o facto de, desde a primeira hora, a nossa visão permanecer focada no alinhamento do nosso ne-gócio pelas necessidades dos nossos clientes, assegurando atra-vés dos produtos e serviços desenvolvidos a missão de garantir os mais elevados padrões de conhecimento, tecnologia e inova-ção, num mercado tão dinâmico e competitivo.Em 2014, a HMR- Health Market Research, Lda. dá os seus primeiros passos no caminho da internacionalização do negó-cio, suportado na já referida consolidação e experiência adqui-rida, assim como nas novas necessidades impostas pelo mer-cado. Hoje, com escritórios em Madrid, Barcelona e Dublin a HMR presta serviços de estudos de mercado e consultoria no mercado espanhol e irlandês. A rápida e exigente expansão internacional exigiu uma respos-ta operacional adequada às necessidades por forma a continua-rem a ser garantidos os standards de qualidade exigidos.Nesse sentido, o investimento tem-se centrado, de forma acen-tuada, no desenvolvimento do PIC – Production International Center. Esta aposta permitiu o acesso, de forma centralizada, às melhores e mais avançadas tecnologias a um ritmo elevado de produção e eficazmente flexível nas respostas às exigências colocadas pelos clientes dos diversos países.Perspetivando o futuro e não obstante a crise económica e fi-nanceira que afetou e afeta diretamente o mercado do medica-mento e da saúde e bem-estar em Portugal, a HMR - Health Market Research, Lda. continuará a desenvolver esforços de modo a garantir o desenvolvimento sustentado do seu negócio, nomeadamente na preservação da carteira de clientes através da prestação de serviços de elevada qualidade e orientados para as suas necessidades face aos desafios atuais do mercado.O caminho que temos pela frente, por mais longo que seja, será sempre mais importante do que aquele que deixamos para trás.Porventura pouco tranquilo mas merecedor do mesmo em-penho e dedicação de todos os profissionais que, diariamente, ajudam a construir e solidificar fortes e frutíferas parcerias com os nossos clientes.

A rápida e exigente expansão internacional exigiu uma resposta operacional adequada às necessidades por forma a continuarem a ser garantidos os standards de qualidade exigidos

“ O caminho que temos pela frente, por mais longo que seja, será sempre mais importante do que aquele que deixamos para trás”

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E DAqUI A 50 anos?

Este ano assinala-se um marco determinante na história da regulação farmacêutica. Passaram cinquenta anos sobre o início da construção de um edifício regulamentar memorável, com a publicação da Diretiva 65/65 do Conselho de 26 de janeiro de 1965.

A OPINIÃO DE Maria da Conceição Constantino Portela, PharmD PhD da Focus on EvolutionPharmacoeconomics & Market Access Consultants

Este diploma teve por objeto o medicamento, dada a centralidade que detém na salvaguarda da saúde pública. Foi sendo progressivamente estrutura-do ao longo de três eixos – qualidade, segurança

e eficácia – ,cujas exigências têm de ser cumpridas em conjunto para que seja concedida a autorização de in-trodução no mercado (AIM), bem como para assegurar a manutenção no mercado. Assentou na harmonização progressiva das legislações farmacêuticas nacionais, de modo a remover as barreiras que entre os Estados im-pediam o funcionamento do mercado europeu. O ob-jetivo central da promoção e proteção da saúde pública foi assegurado pela regulação efetiva, que contemplou a dinamização da inovação e o crescimento económico.O desastre da talidomida mantém-se paradigmático, como motor deste avanço legislativo. Daí que, em nome da salvaguarda da saúde pública, o medicamento seja o bem comercializado ao qual são impostas as maiores exi-gências legais.A intervenção regulamentar foi evoluindo não só ao longo do ciclo de vida do medicamento, que abran-ge as fases de investigação e desenvolvimento, como a autorização de introdução no mercado, a manutenção no mercado e a cessação da comercialização. Mas para além do medicamento, também se posicionou ao lon-go do circuito do medicamento. Aqui incidindo sobre todos os agentes que interagem com o mesmo, desde os fabricantes, armazenistas, distribuidores, farmacêuticos, prescritores e utilizadores. Naturalmente com exigências específicas, adaptadas a cada um deles. Contudo, parti-lham o objetivo comum de salvaguarda da saúde pública. A acompanhar esta evolução, surgiram as agências do medicamento, às quais foram acometidas as responsa-bilidades de regulação e supervisão do mercado farma-cêutico. São instituições públicas, inicialmente de cariz nacional, até que em 1995 foi instituída a Agência Eu-ropeia do Medicamento (EMA). Possuem vários graus de maturidade institucional e daí que também as suas atribuições não sejam completamente sobreponíveis para todos os Estados membros da União Europeia. Com o tempo têm vindo a articular-se e a assegurar o desenvolvimento de atividades em rede, nomeadamen-te destacando as atribuições subjacentes às autorizações de introdução no mercado, mas também as atividades de farmacovigilância e mais recentemente as que su-portam a avaliação da evidência científica necessária ao financiamento dos medicamentos e as que incidem so-bre a contrafação. A cooperação em rede também veio a manifestar-se em termos de partilha de perícia cientí-fica, na avaliação interpares da documentação para ob-tenção de AIM, que decorre em grupos especializados na Agência Europeia.

Contudo, chegados a este grau de desenvolvimento e maturação do sistema, é tempo de inquirir sobre o rumo que deve orientar, no futuro, a intervenção que assegure os indeclináveis objetivos referidos inicialmente e que permanecem válidos. Onde é que se pode e deve investir para que os medica-mentos continuem a incrementar o valor acrescentado em saúde pública?Acreditamos que chegou o tempo de concretizar uma abordagem holística do medicamento. Para além da intervenção no ciclo de vida, e no circuito do medica-mento, deve ser conduzida uma perfeita articulação com o sistema de saúde. É este o desafio para os próximos 50 anos. Para isso é preciso investir em três áreas: de-senvolver instrumentos de decisão em saúde, investir na formação de quadros especializados e investigar novos indicadores em saúde. Passo a explicitar.O processo de decisão em saúde possui duas vertentes: a da evidência científica e a dos juízos de valor. A primeira tem sido objeto de um profundo e contínuo desenvol-vimento técnico e científico, de pareceres e normativos de cariz regulador. Estes determinam com minúcia os critérios de aceitação e de rejeição dos dados decorrentes da evidência científica, que foi gerada por estudos cri-teriosamente delineados e cuja reprodutibilidade está assegurada, garantindo a credibilidade e fiabilidade da informação. Mas apenas é aplicada ao domínio das ciên-cias naturais, ditas exatas.Na outra face do processo de decisão, os juízos de valor, que se inserem no domínio das ciências sociais, não estão sujeitos ao mesmo escrutínio. Apresentam-se enviesados por determinantes individuais, usualmente não explici-tados. São conotados com a inerente variabilidade intra e interindividual, dificilmente são reprodutíveis, transpa-rentes, nem mesmo asseguram uma orientação consis-tente com os objetivos de saúde pública. Em resumo, a antítese do que se observa na primeira vertente. Ressalta,

demasiadamente evidente, este hiato. Por isso, há que investir promovendo a respetiva credibilidade, também aqui através da aplicação do método científico, natural-mente adequado à informação que é gerada no domínio das ciências sociais. Há que investir no desenvolvimento de instrumentos de decisão robustos, assentes na evidên-cia científica, aplicados com o mesmo grau de exigência às duas vertentes. O valor indeclinável das decisões em saúde não pode continuar a conviver com o desajustamento entre os da-dos objetivos da evidência científica, e os juízos de valor arbitrários. Ressalta assim a necessidade de investir nos profissio-nais, capacitando-os para desenvolverem e assumirem novos processos de decisão, em ordem à promoção do valor em saúde. No domínio da investigação de novos instrumentos de decisão, mas também no dos agentes que operam no sistema de saúde. Relativamente a estes, há três vias para fomentar o valor: investindo na vertente do desempenho atual, que pode ser conduzido pelo eixo da qualidade incremental; na vertente do desempenho prospetivo, através da evolução para funções diferen-ciadas; mas também na capacitação para intervenções disruptivas. Por último, aludimos ao ponto de partida. Também para o sistema de saúde, há que definir os eixos onde está ancorada a emergência de valor. Propomos a qualidade, acessibilidade e resiliência. Estes três eixos acautelam a excelência na eficácia e segurança das intervenções – em termos de prevenção e terapêuticos, a adequação a seg-mentos populacionais específicos e garantem a flexibi-lidade estrutural, processual e financeira que sustenta a salvaguarda da saúde pública em presença de condições financeiras e socioeconómicas voláteis.Na linha de cada um deles deverão ser instituídos in-dicadores específicos, sujeitos a revalidação periódica, e que constituam suporte real para os processos de decisão em saúde. A articulação efetiva entre indicadores e obje-tivos para o medicamento no sistema em ordem à saúde, é incontornável e deve ser assegurada por via dos novos instrumentos de decisão em saúde.Assim, daqui a 50 anos poderemos ter de facto motivos para comemorar a evolução para uma outra realidade, que não utopia: pelas vias elencadas os cidadãos serão agentes plenos de saúde e por isso as doenças evitáveis serão residuais; a intervenção na doença vai recair ape-nas sobre doentes com patologias inevitáveis. E os pro-fissionais assumirão a sua intervenção talvez já não num sistema, mas numa rede de saúde flexível, em sintonia com o interesse dos doentes. Tudo, porque a investigação na decisão em saúde catalisou a inovação, prevalecendo a que emergiu do crivo do valor em saúde.

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sAÚDE EM PORTUgAl

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V izela, Santa Maria da Feira, Lisboa, Paredes, Vila Real, Vila Nova de Gaia, Leiria ou Odivelas são alguns dos pon-tos do país onde podemos encontrar as

empresas que pertencem ao Grupo Acquarobot, considerado o maior a nível nacional de venda direta de sistemas de tratamento de água e que nasceu com um propósito, tal como explicou Rui Ribeiro. “A nossa missão era colmatar uma carência que existia numa área que no dia-a-dia é de extrema importância que é a qualidade da água. Colocamo-nos, por isso, numa realidade a nível nacional em que nos dispusemos a expor e disponibilizar os nossos serviços que têm mere-cido a adesão da população”, descreveu o Admi-nistrador do Grupo.Mas foi em Braga que a Revista Pontos de Vista centrou a sua atuação. Fomos conhecer a Vipur, uma empresa especializada no tratamento de água e filtração pertencente ao mesmo grupo e que, além desta loja, tem ainda outra localizada em Viana do Castelo, pretendendo, até ao início do próximo ano, alargar a sua área de abrangên-cia à região de Vila Nova de Famalicão, com a instalação de um novo espaço. Com um espíri-to inovador, não fosse esta equipa composta por cerca de 25 colaboradores comprometidos, dinâ-micos e pró-ativos (entre o universo de cerca de 250 pessoas que colaboram direta e indiretamen-te com o Grupo Acquarobot), a Vipur pesquisa constantemente novos equipamentos nos quais a componente inovação está sempre presente, oferecendo soluções definitivas aos clientes e dis-ponibilizando uma linha completa de produtos e serviços que estão na linha da frente do que de melhor se faz neste domínio. “95% do negócio da empresa consiste na comercialização de sistemas

Da necessidade de tratar e purificar as águas domésticas e industriais nasceu a Vipur, uma empresa que quer ser reconhecida no mercado pela confiança, flexibilidade e profissionalismo, através de produtos e serviços inovadores na área do tratamento de água

para residências e empresas. falar em Vipur é também falar do grupo ao qual pertence que, apesar de terem uma gestão autónoma, estão juntos no objetivo de colmatar as carências que ainda existem no mercado nacional. Chama-se Acquarobot e tem presença

nacional assegurada a partir de 17 delegações para assim estar perto do consumidor final e prestar qualquer esclarecimento. A sua água é segura para beber? De onde vem? Como chega à sua torneira? Como é que a mesma é tratada? Estas equipas estão

preparadas para responder a qualquer questão e, depois disso, melhorar a qualidade da água que consome.

BEBER áGUA 100% confiável

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destinados ao consumo humano. Ouvimos as necessidades dos nossos clientes e vamos dando resposta às solicitações”, explicou Tiago Alvadia, Sócio-Gerente da Vipur. Foi precisamente deste contacto direto com o consumidor final que nas-ceu a ideia de apostar ainda em produtos para o lar com o objetivo de tornar a vida das pessoas mais fácil. Estamos a falar, por exemplo, de ba-ses de descanso, almofadas e estrados, poltronas, artigos de fitness ou utensílios de cozinha. “Com uma carteira de clientes a chegar aos dois mil, não podíamos perder oportunidades e, assim, associando à área do bem-estar e saúde, fomos à procura de tudo aquilo que temos capacidade para dar e que no fundo nos foi sendo solicitado por parte dos clientes”, esclareceu Tiago Alvadia. Voltando ao core business da empresa, a Vipur comercializa sistemas de purificação e tratamen-to de água doméstica e industrial, comprovados

a nível internacional, nomeadamente com os certificados “Water Quality Member”. Entre os sistemas utilizados, destaca-se um em particular, aquele que é considerado, por Tiago Alvadia, “o produto cabeça”. Com sistemas de purificação de água por Osmose Inversa patenteados, eficientes e tecnologicamente avançados, é deixada a ga-rantia de que a água está apta a ser consumida no seu estado mais puro. Este é, aliás, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o sistema de purificação de água mais avançado do mundo. Para o responsável que ressalvou o facto de que as opiniões variam dentro deste assunto, “este siste-ma é o mais prático, fiável e económico”.

“VIPUR É COMO A ágUA”Além de dar a conhecer os serviços e produtos que desenvolvem, o grande objetivo da equipa da Vipur passa, acima de tudo, por ser transparente

“Vipur é como a água”. Transparente e clara, não só internamente, na relação entre os colaboradores, mas no contacto com o cliente”

ágUA – REsPONsABIlIDADE AMBIENTAl

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“Não é um foco. Temos um mercado nacional ainda com uma prospeção enorme. A Acquarobot tem um pa-trimónio inegável, com milhares de clientes a nível nacional que necessi-tam de um forte acompanhamento uma vez que se trata de um equipa-mento que exige uma visita anual”. Rui Ribeiro

ágUA – REsPONsABIlIDADE AMBIENTAl

Perspetivas de internacionalização“Estamos sempre abertos a essa possibilidade, basta que surja a opor-tunidade. Já tentámos contacto com Cabo verde e com Angola”.

Tiago Alvadia

na sua forma de atuação. Não fosse o slogan des-ta empresa um espelho dessa mesma ideia: “Vi-pur é como a água”. Transparente e clara, não só internamente, na relação entre os colaboradores, mas no contacto com o cliente. Sabendo que ain-da existe algum desconhecimento, a Vipur adota uma postura que não deixa margem para dúvidas. “Somos completamente abertos na nossa forma de trabalhar e esta tem que ser uma característica ine-rente a empresas que trabalham na área comercial. Temos de ser sérios e honestos para conseguirmos fidelizar os nossos clientes”, defendeu. Assim, para prestar todo o acompanhamento necessário, a Vi-pur tem da parte do Grupo Acquarobot todas as condições, tal como referiu Rui Ribeiro: “a Vipur é um distribuidor autorizado como outros que temos no mercado. A nossa relação é de partilha de conhecimento e apoio necessário ao dia-a-dia da empresa, nomeadamente ao nível de questões técnicas sobre equipamentos, ações de campanhas de marketing sobre a exposição da empresa a nível nacional, entre outros. Por isso a nossa proximida-de é diária”.

sENsIBIlIZAÇÃO CONTINUA A sER URgENTEAlém de vender sistemas ou produtos, a empre-sa abraça a missão de apostar na sensibilização do potencial cliente para a necessidade de seguir este caminho, um trabalho que tem evoluído ao longo dos 11 anos que Tiago Alvadia tem dedi-cado a esta área de atividade. “A preocupação tem vindo a aumentar e tem-se notado uma melhoria da qualidade de vida e do bem-estar. Queremos viver mais e, sobretudo, viver melhor e, para tal, fazemos mais exercício físico, comemos e bebe-mos melhor. Nesta área do tratamento de água, sentimos que o consumo de águas engarrafadas tem aumentado todos os dias e, como tal, há um maior interesse pela qualidade”, ressalvou. Com-pletando a ideia, Rui Ribeiro acredita que este trabalho de sensibilização acaba por complemen-tar o trabalho que desenvolvem a nível domésti-co. “A qualidade é assegurada, e muito bem, pelos serviços públicos. O que nós queremos mostrar à população é que podem ter aqui um comple-mento que permite melhorar a qualidade da água

e assegurar uma qualidade superior”, explicou o responsável. Esta é, no entanto, uma sensibilida-de que varia ao nível doméstico ou empresarial. Se, por um lado, um empresário aposta neste sistema para adquirir uma maior poupança eco-nómica porque “as empresas já preferem tratar a água do que ter os sistemas de água que obri-gam à troca regular dos garrafões”, por outro lado, quando estamos no seio de uma família as preocupações são de outra natureza. “Um agre-gado familiar tem a preocupação pela saúde da sua família e, neste sentido, há uma sensibilidade maior”, acrescentou Rui Ribeiro.

UMA EQUIPA sólIDA COM VIsÃO DE fUTURO

Com 17 delegações dispersas pelo país e mais de 250 colaboradores diretos e indiretos, o Grupo Acquarobot, do qual faz parte a Vipur, trabalha no verdadeiro sentido de parceria. Partilham-se conhecimentos, experiências e realidades, tendo em conta que cada mercado tem as suas próprias especificidades. Para Tiago Alvadia, trabalhar em equipa é o grande segredo do sucesso deste negó-cio. “São várias pessoas a pensar. Colocamos uma ideia, todos estão atentos e partilham visões que, apesar de diferentes, completam-se. Aquilo que o mercado de Lisboa pede não é o mesmo que o de Viana do Castelo precisa. Mas é esta forma de trabalhar que nos distingue”, evidenciou. Mesmo a nível interno há sempre uma preocupação ex-trema com o bem-estar do colaborador. “Temos uma preocupação sincera por aquilo que é a indi-vidualidade de cada um”, afirmou. E o sucesso está à vista. Do início até ao mo-mento atual o grupo cresceu mais de metade. A estratégia é, sem dúvida, de continuidade. Se a nível global, Rui Ribeiro não esconde o desejo de apostar na zona sul do país, “um mercado que, apesar de sazonal, tem fortes necessidades”, ao nível da Vipur, um dos objetivos passa por re-forçar a atuação a nível empresarial, um passo já dado através da disponibilização de dispensado-res de água. São objetivos comuns, assentes numa mesma filosofia: aproveitar o melhor momento que estão a atravessar.

95% do negócio da empresa consiste na comercialização de sistemas destinados ao consumo humano. Ouvimos as necessidades dos nossos clientes e vamos dando resposta às solicitações”(Tiago Alvadia)

“A nossa missão era colmatar uma carência que existia numa área que no dia-a-dia é de extrema importância que é a qualidade da água. Colocamo-nos, por isso, numa realidade a nível nacional em que nos dispusemos a expor e disponibilizar os nossos serviços que têm merecido a adesão da população” (Rui Ribeiro)

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PRODUTO BREVEMENTE lANÇADO PElA ACQUAROBOT

lOgóTIPOs E DADOs DE OUTRAs EMPREsAs PERTENCENTEs AO gRUPO.

EM QUE CONSISTE O SISTEMA DE TRATAMENTO DE áGUA POR OSMOSE INVERSA?

Considerado pela Organização Mundial de saúde como um “método prático e confir-mado”, o princípio da osmose inversa utiliza a água da torneira que passa sob pressão através de uma membrana semipermeável de poros extremamente finos. Deste modo, é possível separar as moléculas de água de todos os componentes que ela pode ter, obtendo, assim, água purificada.

SERVIÇOS | VIPUR:- Tratamento/melhoria de águas domésticas;- Tratamento de águas industriais;- fontes dispensadoras para comércio;- Análises de água químicas/bacteriológicas;- serviço de assistência pós venda;- Assistência técnica anual.

“Com uma carteira de clientes a chegar aos dois mil, não podíamos perder oportunidades e, assim, associando à área do bem-estar e saúde, fomos à procura de tudo aquilo que temos capacidade para dar e que no fundo nos foi sendo solicitado por parte dos clientes” (Tiago Alvadia)

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cÂmara De compensaÇÃo – A NOVIDADE DO DECREtO-LEI N.º 173/2015

foi recentemente publicado um novo Decreto-lei relativo a pilhas, baterias e acumuladores (Dl 173/2015, de 25 de agosto), que altera o Decreto-lei anterior sobre esta matéria (Dl 6/2009, de 6 de janeiro), sendo de destacar três temas que foram objeto

de especial atenção: circuito de recolha dos resíduos, através da “clarificação dos circuitos de recolha de resíduos de baterias e acumuladores provenientes de utilizadores particulares e não particulares”; o registo dos produtores, através da centralização do

registo dos produtores de pilhas, baterias e acumuladores numa única entidade – Agência Portuguesa do Ambiente; e o “mecanismo de compensação entre entidades gestoras”.

A opinião de FERNANDO BRUNO MOITA, Diretor Geral da GVB – Gestão e Valorização de Baterias, [email protected] / www.gvb.pt

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De entre os três temas, o terceiro – meca-nismo de compensação entre entidades gestoras – afigura-se como a grande no-vidade, em Portugal, da legislação relativa

a pilhas, baterias e acumuladores (PB&A). No entanto, importa referir que o fluxo específico de resíduos de equipamentos elétricos e eletróni-cos (EEE) foi o primeiro a prever a introdução de um mecanismo de compensação entre entidades gestoras, vulgarmente conhecido como “Câmara de Compensação”. Porém, é bem provável que a primeira “Câmara de Compensação” a funcio-nar venha a ser a do fluxo específico de resíduos PB&A.Na base da criação de uma Câmara de Compen-sação para um determinado fluxo específico de re-síduos, está a necessidade de “correção” do desvio de um indicador de atividade comum a todas as Entidades Gestoras (EG) desse fluxo específico de resíduos – o desvio da “Meta de Recolha” – mais concretamente, o desvio entre a “Taxa de Recolha”, obtida pela EG, e a “Meta de Recolha” fixada na licença. É isso que é mencionado logo no início do artigo 21.º-A do DL 173/2015: “sempre que uma entidade gestora assume a responsabilidade pela gestão de pilhas e acumuladores da compe-tência de outra entidade gestora, por referência à respetiva quota de mercado, tem direito a uma compensação”.

Podemos olhar para uma “Câmara de Compensa-ção” sob dois aspetos estratégicos: 1) Os princípios de conceção e organização; 2) Os princípios de implementação.

PRINCíPIOs DE CONCEÇÃO E ORgANIZAÇÃONo caso do fluxo específico de resíduos PB&A, es-tes princípios já estão definidos e, na nossa opinião, muito bem definidos, no n.º 2 do artigo 21.º-A do DL 173/2015, onde destacamos três caracte-rísticas muito importantes que a futura entidade que irá gerir a Câmara de Compensação terá de cumprir:o mecanismo de compensação é assegurado por uma entidade independente das entidades gesto-ras, a qual deve reunir, designadamente, os seguin-tes requisitos: a) não ter qualquer interesse, direto ou indireto, quer

no resultado da compensação quer na informação ob-tida no âmbito do mecanismo de compensação, confi-dencial ou outra a que tenha acesso;

b) não possuir qualquer interesse, direto ou indireto, nas entidades gestoras e nos operadores de gestão de resíduos;

c) não ser dependente financeira ou profissionalmente das entidades gestoras ou dos operadores de gestão de resíduos.

Trata-se de uma abordagem corretíssima por par-

te do legislador na definição da futura Câmara de Compensação do fluxo específico de resíduos de PB&A e que contrasta fortemente com a aborda-gem seguida pelo mesmo legislador há cerca de um ano atrás, quando foi publicado o modelo concep-tual e organizacional da Câmara de Compensação para o fluxo específico de resíduos EEE, no De-creto-Lei n.º 67/2014, 7 de maio (DL 67/2014).

CoNCluSãoNuma altura em que se estão a construir os ali-cerces dos mecanismos de compensação entre entidades gestoras de um dado fluxo específico de resíduos, é importante que as diferentes Câmaras de Compensação que vierem a ser criadas – neste momento já há duas em fase de “construção” – te-nham um tronco comum de princípios de conce-ção e organização.Nesse sentido, e porque os princípios definidos para o fluxo específico de resíduos PB&A dão uma garantia ao mercado de maior isenção e im-parcialidade do que os princípios definidos para o fluxo específico de resíduos EEE, é fundamental alterar cirurgicamente o DL 67/2014 para que os princípios de conceção e organização do fluxo es-pecífico de resíduos EEE sejam em tudo idênticos aos princípios definidos para o fluxo específico de resíduos PB&A.

DECRETO-lEI N.º 173/2015

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PRINCíPIOs DE IMPlEMENTAÇÃONeste caso não foram estabelecidas regras orienta-doras, pelo que os parágrafos seguintes constituem uma reflexão sobre princípios base a respeitar para a aplicação isenta e transparente do mecanismo de compensação. Em primeiro lugar, todas as EG têm de estar em pé de igualdade no que se refere ao indica-dor Meta de Recolha, ou seja, todas as EG terão de ter a mesma Meta de Recolha para o mesmo segmento ou conjunto de segmentos do fluxo es-pecífico de resíduos.

Este aspeto é importantíssimo e certamente que todos dirão que isso é óbvio. Porém, esta não foi a realidade no período 2009-2015, no qual as me-tas de recolha da GVB foram muito superiores às das restantes EG.

Dado que se está em fase de prorrogação simul-tânea das licenças das 5 EG, esta situação será certamente acautelada para o próximo período 2016-2020 de vigência das novas licenças.

Uma vez assegurado aquele requisito, importa olhar para outros requisitos mais complexos.No caso do fluxo específico de resíduos PB&A, onde atuam 5 EG, a forma mais fácil e correta de implementar um mecanismo de compensação consiste em analisar o significado do termo “por referência à respetiva quota de mercado”.Antes de se prosseguir, e tendo em consideração que há vários segmentos dentro de fluxo específico de resíduos PB&A [quanto à aplicação (portáteis;

veículos automóveis; industriais); quanto à tecno-logia (chumbo-ácido; Ni-Cd; etc.)], é importante clarificar que, genericamente, “Meta de Recolha” e “Taxa de Recolha” não são a mesma coisa. “Meta de Recolha” (m) caracteriza-se por ser igual para todas as EG e constar das respetivas licenças; “Taxa de Recolha” (t) caracteriza-se por ser dife-rente para todas as EG (EG1; EG2; etc.), isto é, t1 ≠ t2 ≠ t3, etc., e obtém-se através do quociente

ti = QRi / ( QPi x m )

em que QRi é a quantidade (Kg) de resíduos PB&A geridos pela EGi e QPi é a quantidade (Kg) de PB&A novos colocados no mercado pelos Produtores que aderiram à EGi.Se uma EG (EG1) não geriu a quantidade de resí-duos a que estava obrigada, a qual está diretamente relacionada com a quantidade de PB&A coloca-dos no mercado pelos produtores que aderiram ao respetivo Sistema Integrado de Gestão (SIG), isso significa que essa EG: 1) obteve uma taxa de recolha (t1) inferior à meta de recolha (“desvio negativo”): 2) tem “excesso” de produtores e estes colocam “demasiadas” (em peso) baterias e acumu-ladores no mercado, de tal forma que a sua capaci-dade máxima de gestão dos resíduos é insuficiente face aos objetivos a que se encontra vinculada.Essa EG deve, então, “ceder produtores” e “ceder baterias e acumuladores” à EG (EG2) que geriu, na prática, os resíduos que a primeira deveria ter gerido, obtendo dessa forma uma taxa de recolha (t2) superior à meta de recolha (“desvio positivo”). Como os produtores não devem ser “obrigados”

a mudar de EG, a forma prática disso acontecer consiste na transferência dos Ecovalores ou pres-tações financeiras de EG1 – EG excedentária em baterias e acumuladores novos – para EG2 – EG com capacidade para gerir maiores quantidades de resíduos de baterias e acumuladores.Este fluxo financeiro de EG1 para EG2 deve parar no preciso momento em que as taxas de recolha de ambas as EG atinjam os respetivos equilíbrios, ou seja, no momento em que se atinjam “desvios nulos” entre aquelas taxas de recolha (t1 e t2) e a meta de recolha (m). Isto decorre do facto de a um fluxo financeiro (€) de EG1 para EG2 corresponder igualmente, e com o mesmo sentido, um fluxo de quantidades (Kg) de baterias e acumuladores novos colocados no mer-cado, o que faz com que diminua a quantidade de resíduos a gerir pela EG1 e, inversamente, aumente a quantidade de resíduos a gerir pela EG2.

CoNCluSãoVerifica-se que, na prática, o fluxo que deverá existir de uma EG para outra é de “Ecovalores/Quantidades colocadas no mercado”, ou, de for-ma ainda mais simples, de “€/Kg”, razão pela qual será extremamente importante que o legislador, ao implementar o disposto no n.º 3 do artigo 21.º-A do DL 173/2015, tenha em conta as especifici-dades de cada modelo de gestão, designadamente os diferentes Ecovalores ou prestações financeiras aplicados pelas diferentes EG. Ou seja, uma EG nunca poderá “receber” da outra EG um fluxo em “€/Kg” inferior ao coeficiente “€/Kg” que consta da sua tabela de Ecovalores.

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A Renascimento continua a desenvolver todos os esforços no sentido de alcançar as suas metas de recolha e reciclagem de resíduos elétricos, pilhas e acumuladores para que consiga provar que todo o seu trabalho de consciencialização para a

diminuição da pegada ecológica junto dos seus clientes está a ser um sucesso.

renascimento em parceria com os seus clientes – DIMINUIÇÃO DA PEGADA ECOLóGICA

N a sua área de negócio dos REEE, a sua missão passa por assegurar a imple-mentação de um Sistema de Gestão de REEE, Pilhas e Baterias sustentável e

rentável quer para a empresa quer para os seus clientes.“Sendo a Renascimento- Gestão e Recicla-gem de resíduos Lda. uma empresa    licenciada para a Gestão e Reciclagem de toda a tipologia de Resíduos,  possui a sua  estrutura orgânica e operacional de forma segmentada e  especiali-zada por fileiras específicas de resíduos. Toda a sua estratégia assenta na prestação de um serviço de excelência para todos os clientes e para todos os tipos de resíduos, quer estejamos a tratar de encontrar uma solução para o acondicionamento e transporte, quer seja uma solução para recicla-gem ou tratamento ”, refere Elsa Nascimento, em entrevista à Revista Pontos de Vista. O modelo de gestão dos resíduos de equipa-mentos elétricos e eletrónicos durante os últimos anos assentou numa estratégia de estabelecimen-to de parcerias com os seus clientes com o objeti-vo de incrementar a recolha e a reciclagem. Esta parceria consiste num plano que contempla um conjunto de ações, que passam por ações de sen-sibilização, disponibilização de meios humanos, disponibilização de recipientes para o acondicio-namento, serviços de recolha e transporte assim como a reciclagem multimaterial e o tratamento dos materiais. Os materiais rececionados e reco-

DECRETO-lEI N.º 173/2015

“Os materiais rececionados e recolhidos são normalmente pilhas, baterias, computadores, fotocopiadoras, toda a tipologia de equipamentos elétricos, telemóveis, equipamentos de ar condicionado, entre outros. De realçar que em função das quantidades entregues estes materiais podem ser passiveis de valorização económica”

lhidos são normalmente pilhas, baterias, compu-tadores, fotocopiadoras, toda a tipologia de equi-pamentos elétricos, telemóveis, equipamentos de ar condicionado, entre outros. De realçar que em função das quantidades entregues estes materiais podem ser passiveis de valorização económica.A rede de recolha seletiva de resíduos é estru-turada a partir da conjugação das trêsunidades de receção e reciclagem da empresa situados no Norte, Centro e Sul do país, bem como das várias rotas pré-estabelecidas para recolha e transporte dos vários resíduos e pela retoma dos resíduos dos sistemas Municipais, Empresas, Comércio e Privados.Através da forte aposta neste setor, a Renas-cimento consegue na maioria dos casos atingir cerca de 93% de taxa de reciclagem (média dos grandes equipamentos e pequenos), complemen-tada com uma taxa de encaminhamento de fra-ções para valorização energética de 5,5%. Estes

valores, permitem à empresa ultrapassar as metas de gestão previstas pela nova transposição da di-retiva europeia em vigor a partir de 2015, bem como a sua capacidade produtiva no que respeita a gestão deste fluxo de resíduo.Num mercado cada vez mais competitivo, existe o compromisso de continuar, como tem vindo a ser usual, a apresentar novos produtos e serviços. Numa perspetiva de melhoria contínua, a Ino-vação é tida em consideração e posta em prática. Só assim se conseguem apresentar as melhores soluções para os clientes.Apesar desta ser uma área bastante importante no negócio, a Renascimento também aposta em outras, que são igualmente importantes. Nome-adamente, a gestão e tratamento de viaturas em fim de vida, de resíduos industriais e perigosos, de resíduos metálicos, de amianto, de papel e car-tão, de resíduos da construção, ou até de limpezas industriais.

ELSA NASCIMENTO

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BREVEs

repsol vence prémio De melhor projeto De responsabiliDaDe corporativa Do ano

cancer patient aDvocacy

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“festa da saúde” para celebrar a saúde óssea e muscular Por ocasião do Dia Mundial da Osteoporose, efeméride assinalada a 20 de outubro, a Associação Portuguesa de Osteoporose (APO) vem alertar para a importância da nutrição e hábitos alimentares saudáveis enquanto pilar elementar de prevenção da saúde óssea, a par da prática de exercício físico, promovendo uma verdadeira Festa da Saúde - um evento aberto à comunidade e que se pretende divertido e educativo. A decorrer nos dias 17 e 18 de outubro, em espaço nobre da cidade do Porto, mais precisamente na Rotunda da Boavista, o vasto programa da Festa da Saúde visa promover a nutrição, o exercício físico e os diagnósticos de saúde enquanto “guardiões” de uma estrutura óssea saudável, e que a par de outras atividades lúdicas a decorrerem durante o fim de semana celebram a saúde óssea de forma muito positiva.Agendada para a manhã de dia 18 de outubro, e assumindo-se como o ponto alto desta festa, a APO promove a 6ª edição da Corrida e Caminhada dos Ossos Saudáveis, uma iniciativa para toda a família, para todas as faixas etárias, e que visa sensibilizar para a importância de hábitos de vida saudáveis em qualquer idade, como medida de prevenção da osteoporose.

A Repsol recebeu o prémio de melhor projeto de responsabilidade corporativa do ano pela prestigiada revista Petroleum Economist. O prémio reconhece o trabalho e compromisso da Repsol na matéria da responsabilidade corporativa e, em particular, o seu projeto de estações de serviço sustentáveis e acessíveis.O júri dos Petroleum Economist Awards, formado por especialistas reconhecidos na indústria, entre os quais se encontra o Secretário-geral da OPEC, Abdalla El-Badri, enalteceu o compromisso da Repsol em fornecer um excelente serviço, preocupando-se com a sustentabilidade e com a criação de oportunidades para pessoas com deficiência.

Nos próximos dias 12 e 13 de novembro, a Liga Portuguesa Contra o Cancro realiza a Conferência Internacional em “Cancer Patient Advocacy”. O propósito é a promoção de um debate inovador no âmbito político, organizacional, comunitário e científico. Neste sentido, a entidade organizadora pretende que, no final da conferência, existam soluções concretas no sentido de melhorar a autonomia dos doentes e a sua intervenção na decisão, respeitar os seus direitos e protege-los contra erros em cuidados de saúde. O debate ocorrerá no Hotel Vila Galé, em Coimbra, e todos os interessados poderão inscrever-se em www.ligacontracancro.pt/gca/index.php?id=440.

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PROFISSÃO DE CONtABILIStAA OPINIÃO DE Manuel Patuleia e Isabel Cipriano, Diretores da APOTEC – Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade

foi publicado o novo estatuto do contabilista certificado, que transforma a Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas em Ordem dos Contabilistas Certificados e altera o respetivo estatuto em conformidade com a lei n.º 2/2013, de 10 de janeiro,

que estabelece o regime jurídico de criação, organização e funcionamento das associações públicas profissionais.

A té aqui esta profissão estava à margem da lei base, em virtude de no passa-do, aquando da passagem de Câmara a Ordem não ter sido cumprida a Lei

nº 6/2008. Aliás, as grandes alterações do novo estatuto respeitam sobretudo as regras que aqui foram nessa altura impostas pela OTOC e que agora foram totalmente chumbadas. Por imposição de diretivas comunitárias, o me-morando de entendimento sobre as condiciona-lidades de política económica de 2011 colocou na agenda nacional a aprovação da nova lei base das associações profissionais públicas, respeitante às qualificações profissionais e às profissões re-gulamentadas. E, desta forma, a profissão de téc-nico oficial de contas sofre profundas alterações.A publicação das normas que de futuro irão reger a profissão assenta em princípios que a APOTEC – Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade defende há perto de 40 anos, tendo em sede de audiência parlamentar apre-sentado várias sugestões de alteração à proposta de lei deste estatuto, de modo a que o mesmo se aproximasse o mais possível da realidade deste setor profissional em Portugal face às congéneres nacionais e europeias.

fIM DA fORMAÇÃO OBRIgATóRIA NA OTOCAs associações públicas profissionais não podem por qualquer meio, seja ato ou regulamento, esta-belecer restrições à liberdade de acesso e exercício da profissão que não estejam previstas na lei nem infringir as regras da concorrência na prestação de serviços profissionais nos termos dos direitos nacional e da União Europeia. Acaba a formação obrigatória no propósito em que era imposto pela OTOC. São assim os pro-fissionais livres de escolher a formação profissio-nal na entidade certificada que bem entendam em matérias da profissão, sendo que assiste ao profissional o livre direito de escolha, no principal interesse da qualidade formativa e da satisfação plena dos seus objetivos de aprendizagem. A Or-dem não pode solicitar outros comprovativos ou requisitos adicionais aos do Código de Trabalho. Já a Autoridade da Concorrência tinha aplicado

à OTOC uma coima por desrespeito às regras da concorrência em matéria de formação pro-fissional. Ainda assim, na proposta inicialmente apresentada ao Parlamento, a OTOC manteve as normas condenadas que rapidamente suscitaram dúvidas na respetiva comissão parlamentar.

fIM DA lIMITAÇÃO DA ATIVIDADEAo colocar um fim no sistema de pontos para limite da atividade, o novo estatuto vai garan-tir uma maior concorrência no setor. Além de se tratar de um sistema que não existia noutras profissões, configurava um entrave ao espírito de iniciativa do profissional e, acima de tudo, não motivador de progressão face ao nível de desem-penho que cada profissional possui e não contri-bui, ao contrário do que pode parecer, para um aumento de qualidade dos serviços prestados. Sujeitar a atividade dos contabilistas a limitações desta natureza, com base em critérios alheios ao próprio profissional, constituía grave atentado ao princípio da liberdade de iniciativa organização empresarial, previsto no Artº 80º, alínea c) da Constituição da República Portuguesa. Este foi também um dos aspetos em que a Autoridade da Concorrência foi chamada a pronunciar-se.

sEgURANÇA sOCIAlProcedeu-se à eliminação da responsabilidade pela supervisão dos atos declarativos para a Se-gurança Social e para efeitos fiscais relacionados com o processamento de salários.De facto, não fazia sentido (e este foi mais um

dos pontos que aquando da passagem de Câmara a Ordem foi introduzido no estatuto) responsa-bilizar os Contabilistas Certificados por condu-tas sobre as quais não têm qualquer controlo, até porque a sua área não inclui obrigatoriamente a gestão dos recursos humanos.

EsTágIOs PROfIssIONAIsEsta profissão, quer pelo grau de responsabilida-de técnica, quer pela responsabilidade subsidiária e solidária que lhe advém da Lei Geral Tributá-ria, passa a conter a obrigatoriedade de realização de estágio profissional, com a exceção de serem possuidores de experiência profissional compro-vada na área da contabilidade e da fiscalidade, no período mínimo de três anos. Deixa de existir o estágio curricular.

PUBlICIDADEOs contabilistas certificados, sociedades de profis-sionais de contabilistas certificados ou sociedades de contabilidade, desde que inscritos na Ordem, passam a poder divulgar a atividade profissional de forma objetiva e verdadeira, no rigoroso res-peito dos deveres deontológicos, do sigilo pro-fissional e das normas legais sobre publicidade e concorrência. Deixam de existir os condicionalis-mos do anterior estatuto. Outras questões como a Reinscrição após suspensão ou cancelamento voluntário; Eleições e referendos; Assembleia Re-presentativa; Criação do Contabilista Certificado Suplente são também aspetos fundamentais neste novo estatuto, assim como as alterações ao Có-digo Deontológico. Não deixa de ser preocupan-te que as profundas alterações não tenham sido propostas pela própria entidade reguladora, com a agravante de que as suas propostas iniciais foram recusadas por estarem desenquadradas da lei. Isto mostra claramente que falta ainda fazer muito por esta profissão e pelos seus profissionais, não obs-tante já terem decorridos 20 anos sobre o primeiro estatuto da profissão. Da nossa parte, acreditamos que este novo Estatuto produzirá maior transpa-rência e maior rigor ao exercício da profissão de Contabilista Certificado e da forma de funciona-mento da própria entidade reguladora.

NOVO EsTATUTO DOs CONTABIlIsTAs CERTIfICADOs

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Define-se como um Banco Português que “respira” a missão de servir o mercado nacional e colaborar no desenvolvimento das relações económicas entre Portugal e Angola. Para tal, disponibiliza um serviço global, profissional e personalizado, adaptado às

necessidades de cada cliente, seja particular ou empresa. Estamos no Banco BIC e conversamos com luís Mira Amaral, Presidente da Comissão Executiva do Banco BIC Português, um profissional que se assume como diferente daquele que era no papel de ministro de

Cavaco silva. Mas não foi de política que se falou. Com a crise financeira angolana, imposta pela quebra do preço da principal fonte de receitas do país, nomeadamente o petróleo, importa conhecer a perspetiva de um homem que conhece Angola como poucos e

que avançou, desde logo, com um desígnio: “é urgente diversificar a economia angolana”.

“A VIDA NÃO EStá para amadorismos nem improvisos”

Na última década, Angola teve um crescimen-to vertiginoso que, de certo modo, ajudou a evidenciar o poder económico da lusofonia. Todavia, crescer em conjunto traz contrarie-

dades. Assim, no momento em que a economia ango-lana tremeu, devido à redução do preço do petróleo (a principal fonte de receita do país), a economia de ou-tros países com relações comerciais com Angola não conseguiu ficar imune. O país reduziu as compras ao exterior, impondo limites para importação de produ-tos. Consequentemente, além das relações comerciais, em Portugal há uma preocupação com os mais de 200 mil portugueses que vivem em Angola. Dentro deste cenário, qual o impacto sentido por uma instituição bancária que tem primado por uma estreita colabora-ção nas relações económicas entre os dois países? Foi de uma forma clara e expositiva que Luís Mira Ama-ral, Presidente da Comissão Executiva do Banco BIC Português, falou, em conversa com a Revista Pontos de Vista, da atual situação do mercado angolano. “Devido à descida do preço do petróleo, hoje, An-gola não está no crescimento pujante que viveu nos últimos tempos e isso condiciona a nossa atividade no relacionamento com o país. Mas, sendo um banco de direito português, o Banco BIC tem conseguido relativizar a situação”, afirmou. Quando um empresário angolano vem para Por-tugal, Mira Amaral deseja que seja um cliente do Banco BIC em Angola e que, aterrando em terri-tório nacional, passe a ser cliente do BIC Portugal. Sendo uma ponte entre os negócios que se estabe-lecem entre os dois países, o Banco BIC Português naturalmente que tem sentido as dificuldades vivi-das por alguns clientes. “Neste momento, existem dificuldades de transferências e tenho sentido que as empresas portuguesas que exportavam para Angola, e mesmo as empresas ligadas ao setor da construção, têm dificuldades em converter os kwanzas e trans-ferir o dinheiro para Portugal”, explicou. Todavia, para Mira Amaral, há todo um alarido à volta de uma situação que não tem assim tanto impacto na economia portuguesa. “As exportações portuguesas representam 40% do PIB, sendo que as exportações para Angola são 7% do total das nossas exportações. Não nego que há uma série de empresas dependen-tes do mercado angolano. Não nego que há muitos portugueses que trabalham em Angola e cujas famí-lias dependem das transferências e estão a passar por sérias dificuldades. Mas tenho que chamar a atenção para o facto de que, em termos do PIB português, a nossa exposição a Angola é pouco significativa. Não se deve, por isso, criar um bicho-de-sete-cabeças”,

asseverou o gestor. Mira Amaral continua a mostrar sensibilidade para com todas as pessoas que o con-tactam diariamente, fazendo alusão à quantidade de emails que recebe diariamente de empresas e parti-culares que passam por dificuldades nas transferên-cias que querem fazer de Angola para Portugal.

CONTA sAláRIO INTERNACIONAlPara resolver os atrasos nos pagamentos das em-presas portuguesas aos trabalhadores que atuam em Angola, o Banco BIC Português, em conjunto com o Banco BIC Angola, avançou com uma solução. Chama-se Conta Salário Internacional e é uma li-nha de crédito que funciona assim: os trabalhadores expatriados abrem conta no BIC Angola, deposi-tam o ordenado em kwanzas e abrem uma conta no BIC em Portugal e aqui é-lhes dado crédito para ser convertido até 70% do depósito em euros. “De certo modo estamos a tentar minimizar situações dramáticas de famílias que dependem deste dinhei-ro”, explicou Mira Amaral. Uma vez que entramos noutra dimensão, esta linha será aplicada apenas a expatriados e não a empresas. Mas essa questão foi também atacada com uma linha de crédito nos mesmos moldes lançada pelo Governo Português para aliviar a pressão que existe sobre a te-souraria de muitas empresas com negócios em Ango-la e que não estão a conseguir receber os pagamentos por falta de divisas. “Essa linha de crédito está para as empresas assim como a nossa está para os trabalhado-res”, concluiu Mira Amaral.

BALANÇO DA ATIVIDADE DO BANCO BIC PORTUGUêS

“O Banco BIC Português arrancou em maio de 2008 como um pequeno banco ligado à banca de empresas, ao private banking, trabalhando como banco correspondente do Banco BIC Angola sem praticamente nenhuma repre-sentação no negócio de retalho. Em 2011 já tínhamos resultados muito positivos e, em tempos de crise, o banco conquistava um ma-nifesto sucesso. surgiu, então, a possibilidade de comprar o BPN. fomos a única proposta credível e, em março de 2012, tomámos conta da gestão do banco. No final do ano, quando fundimos os dois bancos, o que aconteceu? A estrutura do BPN que herdámos perdia cerca de 13 milhões de euros por ano e a estrutu-ra do BIC Português ganhava cinco milhões. Portanto, arrancámos para 2013 com um re-sultado negativo de oito milhões de euros. Em outubro desse ano já tínhamos resultados positivos de 600 mil euros. Em 2014, apesar dos episódios do grupo Espírito santo a partir dos quais o Banco de Portugal nos obrigou a aprovisionar 17 milhões de euros, voltámos a ter resultados positivos. Até ao final de 2015 esperamos atingir os 12 a 15 milhões de euros de lucro positivo”. (luís Mira Amaral)

LUÍS MIRA AMARAL

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NECEssIDADE DE DIVERsIfICAÇÃO DA ECONOMIA ANgOlANA

Há quem defenda que este é o momento ideal para a “libertação da petrodependência”, diversificando a economia do país e fazendo com que as empresas que queiram exportar para lá se adaptem ao perfil do con-sumo do país. Mira Amaral não podia estar mais de acordo. O empresário acredita que os angolanos têm de ter consciência de que têm de fazer uma diversi-ficação do petróleo para outros setores e precisam de investimento estrangeiro e esta poderá também ser uma oportunidade para as instituições financeiras. “Os empresários portugueses que exportavam para Angola devem agora investir para produzir localmente mas, para tal, necessitam de financiamento. É óbvio que precisam de ter capital próprio em Portugal, mas, posteriormente, as instituições financeiras angolanas podem financiar localmente no investimento que eles pretendam fazer em Angola”, evidenciou. Das dificul-dades surgem oportunidades e estas poderão nascer da necessidade de diversificação da economia angolana, aliada ao volume de investimentos portugueses que deverão estar direcionados, segundo Mira Amaral, para os setores primário e secundário. “Ao investirem, os empresários portugueses irão precisar de financia-mento e os bancos ganharão com isso”, concluiu. As empresas portuguesas têm aqui uma nova oportuni-dade para expandirem os seus negócios. Mas agora, tal como no início, é preciso cautela e preparação. Angola não é uma tábua de salvação para empresas fa-lidas nem é um “El Dorado”. “Ir para Angola deve fa-zer parte do projeto de expansão de uma empresa. Não é preciso ter grande formação económico-financeira, é apenas uma questão de bom senso. Só pode expan-dir quem estiver em boa forma em Portugal. Angola é uma boa oportunidade para empresas portuguesas

equilibradas financeiramente, com know-how, tecno-logia e conhecimento da realidade local”, aconselhou o responsável, acrescentando à ideia uma expressão utili-zada por Jorge Coelho, antigo ministro e ex-presidente executivo da Mota-Engil. “Se é para morrer em An-gola mais vale morrer em Portugal, porque os caixões lá são mais caros”. Um projeto de internacionalização para Angola ou para qualquer outro mercado deve ser encarado como um projeto de expansão de uma em-presa e Angola em particular é um país exigente e que sabe muito bem o que quer e com quer trabalhar. “A vida não está para amadorismos nem improvisos”, tem sido o conselho dado por Mira Amaral a todos aqueles que pedem a sua opinião antes de se lança-rem nesta aventura. É preciso ter capacidade financeira para a internacionalização e passar no mínimo 15 dias em Angola. “O Presidente do Conselho de Adminis-tração dos dois bancos, Fernando Teles, está sempre recetivo para receber quer seja em Angola, como em Portugal. Com ele, podem tirar todas as dúvidas por-que, como tenho por hábito dizer, ele sabe mais de Angola a dormir do que eu acordado”, descreveu Mira Amaral. Aterrando no mercado angolano, qualquer empresário deve adotar uma postura humilde, credível, conhecedora do mercado e respeitadora.Mesmo num cenário de dificuldades, há muito que exis-te um harmonioso entrosamento entre estas duas eco-nomias que, na perspetiva de Mira Amaral, deve con-tinuar a ser desenvolvido. “Os angolanos precisam de fazer muita coisa e existem poucos países como Portu-gal com capacidade para compreender e saber trabalhar com eles. Esta é uma oportunidade única para os por-tugueses contribuírem para a diversificação da econo-mia angolana”, rematou. Do Banco BIC terão sempre a garantia de que existe uma estrutura que está próxima e recetiva para o acompanhar onde quer que vá.

PROFISSIONAL- Engenheiro da Direcção-geral de Aeronautica

Civil (1969-72);- serviço Militar – Alferes Miliciano na Arma de

Transmissões (1972-75);- Engenheiro da EDP (1975-79);- Técnico Banco de fomento Nacional (1979-84);- Presidente do Instituto de gestão financeira

da segurança social (1984-85);- Responsável Banca de Investimentos do

grupo BfE (1996); - Administrador do Banco Português de Investi-

mento, s.A. (grupo BPI) (1998-2002);- Presidente da Comissão Executiva do Banco

de fomento, sARl (Maputo), Presidente da Comissão Executiva do Banco de fomento (luanda) e Administrador não executivo do Banco Post (Roménia) (1998-2002);

- Administrador não executivo da CIMPOR - Ci-mentos de Portugal, sgPs, sA, da UNICER, sA, da VIsTA AlEgRE - ATlANTIs, sA, da REPsOl PORTUgAl - Petróleos e Derivados, sA, da TVTEl - grande Porto, lda. (1997-2002), da ElECTRICIDADE DE PORTUgAl (2004);

- Administrador da sociedade Portuguesa de Inovação, sA;

- Membro do “supervisory Board” da “lankhorst – Euronete” (Holanda);- Vice-Presidente da Caixa geral de Depósitos

(Nov.2002-abril 2004);- Administrador não Executivo e Presidente da

Comissão de Auditoria da NOVA BAsE sgPs (1996-2015)

- Presidente Executivo da Caixa geral de Depó-sitos (abril 2004-outubro 2004).

POLÍTICO- Ministro do Trabalho e segurança social do x

governo Constitucional (1985-1987);- Ministro da Indústria e Energia do xI e xII

governo Constitucional (1987-1995);- Deputado à Assembleia da República (1995);- Membro do “Competitiveness Advisory group”

da União Europeia (1997-98).

FORMAÇãO ACADÉMICA E PROFISSIONAl- Engenheiro Electrotécnico (IsT-1969);- Mestre em Economia com Muito Bom (NOVAs-

BE 1983);- Pós-graduado em gestão – sEP (Universidade

de stanford – 2000);- “strategic Management in Banking Program” – (INsEAD 2001).

BREVE PERCURSO PROFISSIONAL E POLÍTICO

“Neste momento, existem dificuldades de transferências e tenho sentido que as empresas portuguesas que exportavam para Angola, e mesmo as empresas ligadas ao setor da construção, têm dificuldades em converter os kwanzas e transferir o dinheiro para Portugal”

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No seio empresarial, a competitividade, quan-do entendida como saudável, é uma carac-terística que auxilia as empresas a supera-rem-se e a lutarem por serem as melhores

nos seus setores de atividade. De acordo com várias fontes, a Ferpinta é, de facto, a melhor. É assumida como a maior produtora de tubo de aço em Portugal, a maior produtora independente e não independente da Península Ibérica e o caminho continua. “Somos percecionados no mercado como uma empresa que fomenta e valoriza relações de longo prazo, que pro-cura perpassar através da ética negocial a sua matriz familiar e que, ainda que não sendo, certamente, a op-ção mais barata do mercado global, somos uma opção muito considerada quando os clientes procuram equi-líbrios sustentados entre a qualidade do produto, o cumprimento dos prazos de entrega e a ampla dispo-nibilidade de stocks, a estreita colaboração técnica na pré e no pós-venda e, naturalmente, o preço”, explicou Nuno Teixeira Pires, Assessor da Administração do Grupo Ferpinta. O crescente sucesso desta empresa prende-se, por isso, com as suas estratégias de flexi-bilidade e a sua capacidade de responder aos desafios do futuro, elementos que possibilitaram a chegada do

CPlP - RElAÇõEs DE VAlOR

FERPINtA: “uma empresa que fomenta e valoriza relações de longo prazo”

A flexibilidade, a capacidade ímpar de resposta e a sensibilidade para cuidar dos seus recursos humanos são particularidades que levaram o grupo ferpinta a conquistar o seu espaço no mercado com passadas firmes. Nesta difícil missão de contribuir para o bem-estar da sociedade global, o que fez desta entidade um parceiro de primeira estirpe? Entendendo que é só através de uma convicta aposta na diferenciação e na valorização nas suas próprias vantagens competitivas que se atingem os ambicionados resultados, a

ferpinta percebeu, desde cedo, que teria de se adaptar à “aldeia global em que o mundo se tornou”. saiba como é que esta empresa é percecionada no mercado pelas mãos de Nuno Teixeira Pires, Assessor da Administração do grupo ferpinta.

negócio à terceira geração. Mas a responsabilidade é, também e de igual modo, dos recursos humanos, a “alma” de qualquer empresa. A Ferpinta, pela voz de Nuno Teixeira Pires, conta com uma equipa “de ex-ceção” que a administração tem procurado, dentro das suas possibilidades, preservar e valorizar, “dando-lhes oportunidades para crescer e desenvolverem-se pesso-al e profissionalmente”.

gRUPO fERPINTA EM ANgOlAA Ferpinta Angola, Comércio e Indústria, Lda. foi constituída em 1996 com uma atividade centrada na produção local de chapa perfilada, assim como na dis-tribuição de tubos de aço, complementados com pro-dutos longos. A entrada no mercado angolano respei-tou os mesmos moldes que caracterizam o processo de internacionalização do grupo e que replica o modelo de negócio criado em Portugal. Começou com cha-pa perfilada em Luanda, expandindo posteriormen-te a atividade para Benguela, local onde a Ferpinta abriu a sua primeira delegação comercial no país. No que respeita aos produtos siderúrgicos, o grupo quer “continuar a expandir a sua capacidade produtiva em Luanda, possibilitando assim a continuação do cres-

cimento da rede comercial própria no país”, adiantou o responsável. Já ao nível dos equipamentos agrícolas que em Portugal são produzidos sob a bandeira da marca Herculano, o grupo “comercializa toda a sua gama em Angola e iniciou já a produção e montagem de algumas das suas alfaias localmente, nomeadamen-te nas suas instalações da província de Benguela”. Apesar de Angola estar a experienciar um cresci-mento colossal desde a última década, a verdade é que continuam a existir fortes carências. Acompa-nhando a evolução do país, o Grupo Ferpinta tem procurado atuar com o máximo respeito, adaptando--se às vicissitudes atuais. “Não obstante as questões de índole conjuntural que possam ir afetando os pa-íses e os investimentos, a perspetiva de longo prazo com que a Ferpinta aborda as suas decisões de in-vestimento permitem-lhe ter a serenidade para se ir ajustando à realidade e navegar de forma atenta mas segura”, garantiu Nuno Teixeira Pires. Neste sentido, em Angola, a Ferpinta pretende con-tinuar a crescer de forma continuada e sustentada, reforçando a sua posição de liderança no mercado doméstico e entrando nos mercados externos mais próximos até porque, no que à construção diz respei-

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to, este país africano continua a ser uma oportuni-dade para quem procura um novo mercado alterna-tivo ao ocidente, nomeadamente Europa e Estados Unidos. “Se as empresas tiverem como visão para o mercado a satisfação do mercado interno, através da substituição de importações, mas também vocação exportadora, julgamos que, ultrapassada esta crise que começou por ser financeira mas que hoje se es-tende à economia, Angola pode de facto ser um mer-cado interessante como complemento aos mercados ocidentais”, colmatou Nuno Teixeira Pires. Com a redução do preço da maior fonte de receita do país, o petróleo, o mercado angolano tremeu e com ele oscilaram várias empresas com negócios locais. É, por isso, com alguma expectativa e preocupação que o Grupo Ferpinta olha para o cenário atual. “Esta nova realidade tem tido a sua expressão mais visível ao nível da escassez de divisas externas que permi-tam o processamento dos pagamentos internacionais a fornecedores nos timings acordados, situação que tem vindo a ser normalizada ao longo do semestre”, garantiu o responsável.

PROjEKTA 2015De 22 a 25 de outubro realiza-se aquela que é já considerada a maior feira dedicada à indústria da construção, obras públicas, urbanismo e arquitetura realizada em Angola. A Ferpinta marcará presença, mais uma vez, na Projekta 2015, promovendo a sua marca e os seus produtos. “Temos a expectativa de poder colaborar na demonstração da relevante capa-cidade produtiva que Angola já possui e podermos interagir com os diferentes stakeholders setoriais e institucionais que certamente marcarão presença”, partilhou Nuno Teixeira Pires. Para este evento, a Ferpinta pretende mostrar toda a gama de produ-tos siderúrgicos e tudo o que tem sido feito ao nível

da mecanização da agricultura com alfaias agrícolas “Herculano”. Sendo um certame de real importância que reúne vários agentes do setor ao mesmo tempo que promove a dinâmica do empreendedorismo ge-rado pelo tecido económico nacional, Nuno Teixeira Pires deixou um agradecimento à organização pelo “trabalho que tem vindo a realizar ao longo destes anos em prol da Indústria da Construção, Obras Pú-blicas, Urbanismo e Arquitetura”.

CREsCIMENTO sUsTENTADOEm todas as áreas de negócio em que opera, o Gru-po Ferpinta tem primado por um constante desejo de evolução e crescimento, o que tem ocorrido sem pausas nem subterfúgios desde a sua criação. Por-tanto, para o futuro as expectativas não poderiam ser mais altas. “É de esperar uma continuação do forte direcionamento para a exportação, incrementando a nossa presença atual que já conta com mais de 30 países. Será ainda expectável que se possa concretizar em algum dos destinos que hoje são apenas merca-do de exportação um movimento de investimento direto estrangeiro como no passado aconteceu em Espanha, Angola ou Moçambique”, garantiu Nuno Teixeira Pires. Com especial incidência no mercado angolano, es-pera-se que as atividades da Ferpinta nos segmentos agrícola e siderúrgico tenham um efeito multiplica-dor nas restantes economias nacionais, gerando va-lor acrescentado, criando emprego e substituindo a dependência das importações. Olhando para as duas décadas de presença em Angola, surge o peso da res-ponsabilidade. O balanço, esse, é francamente positi-vo, não só para o Grupo Ferpinta enquanto entidade investidora, como também para Angola e para os an-golanos. Isto é “algo que nos orgulha e nos responsa-biliza”, concluiu Nuno Teixeira Pires.

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“Efetivamente podemos congratular-nos pelos progressos alcançados, sendo exemplo disso a aceitação cada vez maior do nosso produto pelas principais Empresas de Construção Civil que atuam no mercado, podendo hoje afirmar-se que os atuais grandes

projetos de construção em curso em Angola estão a consumir aço produzido pela fABRIMETAl, fM TMT®”, afirma luís Diogo, Director, Commercial & strategic Projects, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Quem é a fabrimetal? saiba mais de uma marca que tem

crescido exponencialmente.

FABRIMEtAL – o melhor parceiro

Para garantir a durabilidade de uma obra, todos os projetos de construção devem estar alicerça-dos em materiais de qualidade. Esta tem sido a filosofia de trabalho da Fabrimetal, uma empresa que se assume como “o seu parceiro no aço”. Com cerca de uma década de existência, o que faz da Fabrimetal uma entidade preparada para tudo?Faz parte do nosso ADN produzir em África com padrões de qualidade Internacionais, afe-rindo-se daqui que a qualidade é um dos nossos principais bastiões. Apesar de a empresa ter sido constituída em 2006, apenas começamos a pro-duzir em finais de 2010, ultrapassado o período de construção e formação do pessoal.

Ao longo do tempo, de que forma tem sido possí-vel acompanhar as variáveis exigências da cons-trução civil, ao nível residencial, comercial e in-dustrial? O que é que estas mutações têm exigido da empresa e dos seus recursos humanos?Têm exigido da nossa parte uma constante atu-alização dos processos internos, sempre com consonância com as normas internacionais, no-meadamente a BS 4449:2009 e normas comple-mentares, assim como o cumprimento cabal da Especificação LNEC, no que respeita ao AÇO A 500 NR.Decorrente do acima referido, a aposta na for-mação contínua dos nossos colaboradores é um investimento que consideramos sempre nos pla-nos anuais.

A Fabrimetal tem sido uma marca que tem contri-buído de forma efetiva para o progresso e cresci-mento de Angola. Quais são atualmente os prin-cipais desafios impostos pelo mercado angolano da construção?Efetivamente podemos congratular-nos pelos progressos alcançados, sendo exemplo disso a aceitação cada vez maior do nosso produto pe-las principais empresas de Construção Civil que atuam no mercado, podendo hoje afirmar-se que os atuais grandes projetos de construção em cur-so em Angola estão a consumir aço produzido pela FABRIMETAL, FM TMT®.Os principais desafios neste momento prendem--se com a atual crise de divisas que o País en-frenta, pela queda abrupta do preço do petróleo, que tem vindo a colocar em causa alguns investi-

mentos que temos em curso, assim como a nos-sa credibilidade perante os nossos fornecedores de matéria-prima. Apesar de produzirmos em Angola, ainda precisamos de importar cerca de 20% de matéria-prima, essencialmente aditivos, que são imprescindíveis para que continuemos a manter os níveis de qualidade alcançados, quer ao nível do produto, quer no serviço aos nossos clientes. Entendemos que as importações para a Indústria Nacional não deveriam sofrer este tipo de constrangimentos.

De 22 a 25 de outubro realiza-se mais uma edição da Projekta e a Fabrimetal irá aqui promover a sua marca e os seus produtos. Quais são as prin-cipais expetativas?Apostar na contínua afirmação da nossa marca no mercado, enquanto produtor nacional de aço certificado.

A Projekta é a maior feira dedicada à Indústria da construção, obras públicas, urbanismo e arquite-tura realizada em Angola. Para a Fabrimetal, qual é a importância de marcar presença neste certa-me?Enquanto produtores nacionais, não podemos deixar de marcar presença neste evento, até por-

que existem ainda algumas entidades, que por desconhecimento ou ainda receio da produção na-cional, ainda não consomem os nossos produtos.

Este é um evento de vigor importância que reú-ne vários agentes do setor ao mesmo tempo que promove a dinâmica do empreendedorismo gera-do pelo tecido económico nacional. Como é que a Fabrimetal se prepara para estes encontros?Para estes encontros, tal como sucede na nossa atividade diária, tentamos passar aos nossos atu-ais clientes e aos potenciais, assim como aos de-mais operadores económicos, os nossos valores, a nossa forma de estar no mercado.

Para o futuro que objetivos querem concretizar, com especial enfoque no que respeita à vossa atuação no mercado angolano?No momento atual estamos a concluir um inves-timento que irá fazer aumentar a nossa capaci-dade produtiva para 7.500 toneladas / mês. Para o ano 2016, e caso as condições macroeconómi-cas o permitam, temos em carteira a implemen-tação de novas linhas de produção, com vista à produção de produtos complementares ao varão de aço, nomeadamente as barras, cantoneiras e perfis.

CPlP - RElAÇõEs DE VAlOR

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Publicitar é um dom. É algo quase intuitivo e que deve surgir através da inovação, singularidade e destaque. Mas é também algo que deve ser pensado. É aqui que entra a usabilidade, um conceito que nos acompanha no dia-a-dia. Mesmo

que não nos apercebamos. Por este motivo, e no sentido de melhor compreender este conceito, a Revista Pontos de Vista conversou com jacinto gonçalves, da wildCreations, e sandra Costa, que, através da InteliOffice, tem sido parceira

incondicional da agência de publicidade no âmbito desta temática.

INOVAR E DEStACAR através da usabilidade

U ma carrinha azul, ilustrada, onde humanos e tubarões interagem amigavelmen-te, encontra-se estacionada

à porta de um espaço que também, e por si só, salta à vista pelas cores que cativam quem passa. É a WildCrea-tions, em Almada. Ninguém fica indi-ferente. A informação, essa, é escassa, mas propositada. Faz pensar, aguça a curiosidade e o seu inconsciente fá-lo--á querer conhecer melhor o conceito por trás dos tubarões. Sabe o que isso é? Talvez tenha respondido marketing. Não está errado. Mas é mais do que isso. É usabilidade. Não conhece o concei-to? Pode nunca ter pensado nisso, mas é algo que o acompanha no dia-a-dia. É algo que nos permite, consciente ou inconscientemente, facilitar, sintetizar, simplificar. Na publicidade, é usado de forma permanente e pretende cativar o interlocutor, através de informação simples, mas eficaz. “É tentar simplifi-car e sintetizar a informação para que as pessoas possam olhar para um obje-to e, num primeiro instante, perceber” o contexto, o que pretende a marca transmitir e quais os serviços inerentes, explica Jacinto Gonçalves. E a carrinha provoca exatamente isso. Não tem de-masiada informação, tem, tão-somente, a indicação dos principais serviços e uma imagem que vai provocar a preten-são de investigar. Mas este é apenas um exemplo, porque a “usabilidade entra em tudo: em carrinhas, montras, sites, panfletos”, refere Sandra Costa. Entra até em reuniões, que devem ser expli-cativas, mas concisas; em atendimento ao público, que tem de apresentar uma resolução rápida e eficiente; no trânsito, onde os sinais não podem mudar, tran-sitar, confundir. E não é apenas um con-ceito, é quase uma ciência, que envolve estudos desde os anos 60. Estudos que, cientificamente, mostram como deve a publicidade interagir com a sociedade. Que explicam que a publicidade a uma marca não pode alterar os conceitos que já conhecemos – se o logótipo é habi-tualmente colocado num site no topo, à esquerda, não podemos nem devemos alterar. Que garantem que a informação é importante, mas na quantidade certa. E tantas outras regras. Uma publicida-de referente a uma empresa deve conter cerca de sete tópicos relativos aos ser-viços oferecidos – mais do que isso é

impossível de reter na memória de curta duração -; num site, não devemos clicar mais do que três vezes para chegarmos ao submenu pretendido; na criação de um novo programa ou aplicação, exis-tem paradigmas que devem ser manti-dos. Sandra Costa, neste contexto, fala sobre uma aplicação criada para uma marca específica e que não resultou apenas pelo facto de ter sido alterada a função de uma tecla. O nosso dia--a-dia causa-nos habituação e é difícil lutar contra isso. Alterar localizações da informação, funções, panoramas apenas vai provocar o insucesso e o desperdício de recursos. Um outro exemplo dado por Jacinto Gonçalves refere os cartões--de-visita, que as empresas teimam em poluir com demasiada informação. Contudo, na WildCreations incentivam a simplificação deste tão importante meio de publicidade. A colocação de informação básica levará o interlocutor a querer compreender melhor o con-ceito da marca. Nesse sentido, terá a curiosidade de visitar o espaço, o site e aprofundar o seu conhecimento sobre a empresa. O contrário apenas provocará desinteresse. Demasiada informação é, inconscientemente, colocada de parte. E é neste sentido que diariamente a equipa da WildCreations trabalha, na missão de promover esta visão junto dos clientes. Apesar de ser uma situa-ção quase rara em Portugal, a agência de publicidade incentiva as empresas a par-ticiparem em formações, que garantem uma maior competência e eficiência. No desenvolvimento dos projetos, ten-tam mostrar aos clientes os benefícios que a usabilidade traz às empresas. Além de garantir que a publicidade atinge os seus objetivos, possibilita uma redução de custos. Pensando nos utilizadores inter-nos, as empresas “não têm de promover mais formações do que o necessário” e “a resistência à utilização de software tam-bém será menor”, garante Sandra Costa. E a verdade é que, a um ritmo calmo, a WildCreations tem conseguido mudar mentalidades e transformar a usabilida-de num conceito mais frequentemente utilizado. Futuramente, continuarão “o mesmo caminho”, no sentido de “incen-tivarmos” os clientes a utilizar a usabi-lidade no seu dia-a-dia, assume Jacinto Gonçalves.

WILDCREATIONS? O QUE É?friamente podemos dizer que é uma agência de publicidade, que desen-volve projetos no âmbito da publicidade, design, web design e decoração de interiores. Mas é mais do que isso. É toda uma equipa que se esforça por pensar ‘fora da caixa’ e oferecer aos seus clientes as melhores soluções, os métodos mais inovadores e os resultados mais benéficos. Quando criam – ou recriam – uma marca, fazem-no de forma distinta, singular e chocante. “Tem que ser algo apelativo”, impensável e diferente. E esta visão renascida trouxe a confiança de a marcas reconhecidas como Visabeira, starbucks Portugal, Deco Proteste ou Cognac ferrand. Importa ainda referir que esta é a única agência de publicidade em Portugal com produção própria, o que permite a qualidade do serviço e a rápida resposta.

JACINTO GONÇALVES E SANDRA COSTA

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UNIVERsO DIgITAl

lER NA INTEgRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

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Confiança, paixão ou tradição são alguns dos elementos que caracterizam a Associação DNs.PT enquanto entidade

que tem trabalhado pela manutenção dos níveis de qualidade que o registo de nomes de domínio .pt tem. Mas a Presidente do Conselho Diretivo, luísa gueifão,

acredita que, acima de tudo, na gestão do domínio de topo correspondente a Portugal na Internet existem dois valores essenciais: segurança e fiabilidade técnicas. Com este perfil, foi lançado a 15 de setembro um novo serviço de proteção

adicional de segurança: o Registry lock service.

REGIStRy LOCk SERVICE: a segurança é a prioridade

A segurança informática é fundamental para o bom funcionamento de todos os sistemas de informação, mas a verdade é que nos últimos anos temos assistido a uma colossal vaga de

ataques informáticos. Recuemos a 2013, por exemplo, no momento em que o célebre site do New York Times foi alvo de um ataque informático, ficando inoperacio-nal durante horas a fio. Este era o momento de estar no-vamente um passo à frente dos hackers e estudar novas questões de segurança nas áreas DNS entre a comuni-dade internacional. É assim que começa a ser delineado o Registry Lock Service, um serviço premium prestado pelo DNS.PT, que disponibiliza uma proteção adicional de segurança aos dados associados aos nomes de do-mínio .pt, evitando tentativas de alterações, transferên-cias ou remoções não autorizadas. A Revista Pontos de Vista quis conhecer melhor este serviço que implicou um investimento significativo em termos técnicos, de desenvolvimento e de pessoal qualificado para fazer a verificação e, para tal, falou com Luísa Gueifão, Presi-dente do Conselho Diretivo da Associação DNS.PT. Transferência de gestão e de responsabilidade técnica de nomes de domínio, alterações da informação técnica e delegações na zona e remoção de nomes de domínio. Através da subscrição deste serviço, para a execução destas ações serão implementadas medidas de veri-ficação adicional aos dados associados a um domínio. Por outras palavras, “quem entender que o seu domínio pode, por uma ação não autorizada ou não solicitada, ser alterado, devido a uma falha de segurança que possa existir ou pelo uso indevido das credenciais de acesso ao nome de domínio, tem aqui ao seu dispor uma dupla autenticação que é feita por nós, de modo manual”, des-creveu Luísa Gueifão. Podem subscrever este serviço os titulares de domínios registados sob .pt, exceto aqueles

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LUÍSA GUEIFÃO

que se encontram registados sob o domínio de segun-do nível .gov.pt, mas sempre e apenas via Registrar ou entidade gestora. Para tal, a operação é bastante sim-ples: basta consultar e aceitar os Termos e Condições aplicáveis, preencher e, por fim, enviar o formulário de subscrição. A partir daqui, será dada a garantia de que com o Registry Lock Service os dados associados ao seu domínio .pt estão ainda mais protegidos.“A segurança é uma das nossas grandes apostas. Quer diretamente, quer via Registrar, o nosso próprio sistema de registo e gestão de domínios está imbuído de uma enorme carga de segurança que faz com que a proba-bilidade de existirem ataques seja muito reduzida. Mas sabemos que precisamos sempre de outras soluções que combatam as falhas de segurança que possam surgir”, explicou. Já em 2010 o DNS.PT disponibilizou nesta área o DNSSEC, nome dado às extensões de segurança ao protocolo DNS, desenhadas para proteger e auten-ticar o tráfego DNS, melhorando assim a confiabilida-de dos utilizadores nos serviços prestados. O Registry Lock Service surge, deste modo, como mais um serviço de segurança, sendo que é um serviço que implica o pagamento de um valor mensal adicional máximo de cinco euros, “um valor simbólico para a segurança que proporciona”, afiançou a diretora.

27 ANOs DO DOMíNIO .PT“Não ter hoje uma presença na Internet é comprometer qualquer possibilidade de negócio, não só para empresas que optam pela economia digital, mas também para os setores mais tradicionais. Todos os negócios precisam de divulgação online”, afirmou Luísa Gueifão. Porquê apostar então num domínio de topo .pt? Ao longo dos seus 27 anos de existência, o .pt tem erguido com res-ponsabilidade a bandeira de Portugal na Internet. Por-

tanto, respondendo à questão, “é um domínio de topo fiável que gera confiança e um sentimento de maior proximidade no consumidor”. Com base nisso, divulgar, personalizar e reforçar a sua presença têm sido três ali-cerces do trabalho desta associação criada em 2013 que tem ainda como missão promover projetos que incenti-vem as empresas a migrarem para a Internet. Exemplo disso é o protocolo assinado no âmbito do projeto “Em-presa na Hora” do Ministério da Justiça, no qual é atri-buído a quem crie uma empresa, associação ou sucursal na hora um pacote de serviços gratuitos, pelo período de um ano, que inclui um domínio registado sob .pt, uma ferramenta para desenvolvimento de um site e o respe-tivo alojamento técnico e caixas de correio eletrónico. A aposta no .pt está a colher os primeiros frutos. Segun-do dados recentes do CENTR, a associação europeia nos domínios ccTLD, o domínio de topo de Portugal foi o que mais cresceu na Europa no último ano. Apesar de Luísa Gueifão admitir que estes números também refletem um menor crescimento de outros países, este é também o reflexo da crescente aposta na segurança e fiabilidade técnicas e na divulgação do .pt como o do-mínio de Portugal. Continuar a crescer no número de domínios é a ambição para o futuro, mas as expectativas vão muito além disso. “Faz parte da nossa missão con-tribuir para o desenvolvimento da comunidade Internet e isso só se consegue incluindo toda a gente. Não po-demos ficar contentes quando vemos que é sobretudo nos grandes centros e nos mais favorecidos que o aces-so à Internet é mais facilitado. Cabe-nos promover a formação e os projetos de dinamização que garantam a inclusão de todos, os mais novos, os mais velhos e os menos favorecidos. A Internet tem de ser isso mesmo, uma rede global, de todos e para todos”, concluiu Luísa Gueifão.

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Made2web? Diferente! Arrojada! Preparada para responder a todas as exigências e necessidades do cliente/parceiro. O online «ganhou» ao offline e foi neste momento que nasceu a Made2web, há oito anos, tendo conquistado uma posição muito forte na área do Marketing Digital. A Revista Pontos de Vista conversou com Rute Almeida, CEO da Made2web, que abordou o percurso da marca e muito mais. fale com quem

sabe e aceite o Marketing Digital! Não vai arrepender-se.

“NÃO SOMOS «PARAqUEDIStAS». somos bons!”

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PARA QUEM AINDA NãO COMPREENDE O MARKETING DIGITAL OU ACEITA AS VALIAS ECONóMICAS DO MUNDO ONLINE, QUE CONSELHO GOSTARIA DE DEIxAR?Olhe para si e para a sua empresa. Olhe para os custos e lucros do último ano, analise a evolução. Foi um bom ano? Quanto lhe custou e rendeu cada cliente? Agora multiplique esse resultado pelo número de pesquisas diárias digitais que são feitas pelos seus produtos e serviços em Portugal e sinta o potencial à sua frente, à distância de um clique! Sim, no seu computador! E se quiser mais conselhos... fale connosco!RUTE ALMEIDA

Quando é que foi criada a Made2Web e que ba-lanço é possível perpetuar no âmbito da ativida-de e atuação da marca no mercado?Criámos a marca Made2Web em 2007, quando nos apercebemos de que as pessoas passavam mais tempo online, do que offline, especialmente em atividades sociais e de lazer. Estávamos numa década do social online muito marcada pelo Fa-cebook, que, nascido há três anos, já contava com mais de 60 milhões de utilizadores. Achámos que fazia sentido apostarmos todas as fichas na maior

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tecnologia de sempre, a Internet. E estávamos certos! Em oito anos, a Made2Web conquistou uma posição muito forte na área do Marketing Digital, sempre em parceria com as maiores em-presas do mundo na área Web: O GoogleTM e a HubspotTM. De mãos dadas com a Made2Web, cresceram e vingaram nos seus mercados mais de duas centenas de empresas nossas clientes. É o nosso orgulho e a nossa história.

Quais são as grandes potencialidades que o Ma-rketing Digital, na pele da Made2Web, apresenta aos seus clientes/parceiros?Imagine que tem uma empresa local: uma loja, um escritório ou um atelier. Agora imagine que lhe oferecem uma de duas opções para se instalar e deverá escolher entre estar fisicamente numa rua indiferenciada ou estar na mais movimentada praça comercial da sua região. O que escolhe?Essa escolha obriga a que se pergunte: “onde es-tão os meus clientes?” Pois bem, a resposta é: os seus clientes estão onde estiverem todos os seus concorrentes e onde houver maior oferta comer-cial.A melhor rua, praça ou centro de comércio da sua região é o GoogleTM e é a ele que recorrem milhões de portugueses, quer na pesquisa de pro-dutos como de serviços. Talvez por ser a zona co-mercial com mais acessos, total disponibilidade

horária e zero filas de espera. Concorda? Agora acorde deste sonho e compreenda, ninguém lhe vai oferecer um lugar de destaque neste local! Os lugares de destaque são os mais cobiçados pe-los seus concorrentes! Só os melhores podem lá chegar. E a seleção é dura. Não interessa se é uma empresa com muito dinheiro, clientes e nome no mercado. Para o GoogleTM, interessa apenas que a sua empresa se apresente em excelente forma digital, tem de estar “Super Fit”! É aí que en-tramos! Há oito anos que nos certificamos, trabalhamos e especializamo-nos em GoogleTM. Temos um programa de fitness digital que aplicamos aos websites dos nossos clientes, para que alcancem esse estado de “Super Fit”. E é então aí que se abrem as portas do maior centro de comércio. A seguir é com eles. O nosso dever foi cumprido.

De que forma é que a capacidade de personaliza-ção perante cada cliente tem sido um elemento preponderante?Como cada pessoa, cada negócio online é também ele único. É por isso que fazemos o paralelismo com os personal trainers que adequam as melho-res estratégias a cada pessoa. Nós somos os digital trainers, que avaliam as necessidades, lacunas e ob-jetivos de cada website. Traçamos um plano único e melhoramo-lo até chegarmos à meta! Em 1º, claro!

É legítimo afirmar que um dos grandes proble-mas deste setor passa pela existência de determi-nados «paraquedistas» que minam a credibilida-de do mercado? Claro que sim. O Marketing Digital é o negó-cio do presente e do futuro. Tudo vai passar pelo GoogleTM, e como tal, há muitas oportunidades e muitos abusos. Todos os dias nascem empresas digitais, há muito por onde escolher. Mas as perguntas que a sua empresa deve fazer é, “e provas dadas... têm? Quantas empresas já atingiram a meta em 1º lugar? Quantos novos clientes ajudaram a anga-riar? Em quanto tempo? E por quanto dinhei-ro? São certificadas pelo GoogleTM? São Google Partners?A Made2Web tem oito anos de provas dadas em dezenas de áreas de negócio. É 100% transparen-te na sua comunicação, apresentando estudos de caso, testemunhos e resultados online no seu site. É certificada pelo GoogleTM e é Google Partner. Não somos «paraquedistas». Somos bons!Eu aconselho que a sua empresa seja orientada neste Fitness Digital exclusivamente por parcei-ros do GoogleTM certificados, com excelentes re-sultados comprovados e, sobretudo, com muitos testemunhos, muitos mesmo!

A Made2Web foi uma das três empresas portu-guesas convidadas pelo Google, para participar no Accelerate na sua sede europeia, em Dublin, na Irlanda. É um cartão de visita importante? Bom, sentimo-nos como católicos numa mis-sa celebrada pelo Papa! Repare que recebemos know-how em primeira mão com um potencial impacto direto no sucesso dos nossos clientes! Além de termos trocado ideias com as melhores agências europeias do Marketing Digital. Voltá-mos de Dublin com um sorriso de orelha a orelha e o cérebro carregado de novas ideias.

Quais são as principais prioridades da Made2Web de futuro? Quais são os grandes desafios?A nossa prioridade é aprender. Todos os dias al-guém na empresa tem de se levantar e partilhar uma ideia ou descoberta nova, que acrescente valor para os nossos clientes. Todos os dias...

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T eresa Moreira explica o que é MPS: “Ma-naged Print Services (MPS) é uma de-signação aceite nas empresas tecnológicas como um serviço premium em gestão de

parque de impressoras multifunções. Inclui as-sistência técnica, entrega de consumíveis e uma série de serviços que visam libertar a responsa-bilidade do cliente sobre o trabalho de gerir o seu próprio parque de equipamentos, bem como reduzir custos com impressão e com o consumo de energia”. Complicado? Para a Beltrão Coelho isto é simples, pois a empresa está focada em prestar este serviço premium.O espírito que se vive na Beltrão Coelho é de confiança e paixão. Paixão por uma marca que é muito mais que um logo: é uma família, uma cultura, que vive de valores muito próprios e uma mística que envolve novos e antigos colaborado-res. Foram esses sentimentos em que a Revista Pontos de Vista se sentiu envolvida na entrevista com Teresa Moreira. Parece que todos ali se sen-tem parte do projeto, vivem intensamente o dia a dia de uma marca de sucesso. Entre todos, decidi-ram refletir sobre as palavras que melhor definem este quase mundo à parte. Respeito, experiência, confiança, comunicação – transversal a todos os elementos – e capacidade de serem indestrutíveis foram conceitos com que todos os 70 colabora-dores concordaram. Com uma imagem renovada, atualmente contam com novos departamentos, onde se destaca o de Desenvolvimento e Programação. Desenvolve-ram novos softwares e APPs. “Neste momento podemos dizer que fazemos fatos à medida”, afir-ma Teresa Moreira, “pois os nossos programa-dores conseguem criar os ajustamentos que cada cliente precisa, personalizados”. Na Beltrão Co-elho “não existem dois projetos iguais”, conclui a Diretora Comercial. Para melhorar o serviço de Managed Print Ser-vices, desenvolveram um software que coleta in-formações de qualquer dispositivo de impressão e estrutura os dados coletados, “isto permite-nos fazer a gestão de todo o parque de impressão sem que os clientes se preocupem com isto. É a IOT (Internet of Things) na sua plenitude a trabalhar para melhorar os nossos processos”. Nenhum software, no entanto, atua sozinho quando fala-mos de serviço. É preciso uma equipa por trás para dar suporte ao software. Numa época onde

PME líDER

“A especialista em MPs”. É assim que Teresa Moreira, Diretora Comercial da Beltrão Coelho, se refere a uma marca com quase sete décadas. Este é o posicionamento da Beltrão Coelho, uma marca que se rege pela qualidade e inovação,

onde o respeito pelo cliente é palavra de ordem.

a mística da beltrão coelho

quase todas as empresas do mercado de impres-são estão a cortar custos com despedimentos ou subcontratar serviços técnicos, a Beltrão Coelho segue o caminho inverso, contratando novos co-laboradores e crescendo de uma forma sustentá-vel para proporcionar a melhor experiência aos seus clientes. E, nesta perspetiva, a Beltrão Coe-lho assume-se a si própria como a empresa “que possui a maior estrutura de suporte de Portugal”, com um corpo técnico altamente especializado, experiente e com vínculo efetivo e afetivo à em-presa.No contexto da inovação, apostaram na criação de APPs para impressoras multifunções. Ao esti-lo do Google Play e APP Store, criaram a marca myapps e disponibilizaram ao mercado o primei-ro banco de APPs para impressoras multifunções criado por uma empresa tecnológica portuguesa. Para a Beltrão Coelho estes equipamentos deixa-ram de ser simples fotocopiadoras e passaram a ser “tablets”, ligados à internet e que imprimem. As APPs vieram mudar as fotocopiadoras, mas a mudança não assusta esta empresa com quase 70 anos – a única do setor com esta longevida-

de. É uma marca que se mantém jovem e ativa, que vê a mudança como um aspeto fundamental. Não é por acaso que a Revista Pontos de Vista foi recebida na Sala Camões, onde se lê, numa das paredes, os célebres versos deste poeta portu-guês “Mudam-se os tempos/Mudam-se as Von-tades/Muda-se o ser/Muda-se a confiança/Todo o mundo é composto de mudança”. Porque este é o espírito dos “beltrões”, onde parar é morrer. A equipa encontra-se já a planear a exportação dos softwares desenvolvidos dentro de portas e pretende continuar a desenvolver novas APPs e sistemas. Porque, defende Teresa Moreira, “não há limite para o que pretendemos atingir”.

BElTRõEs DE CONfIANÇAAlém de terem renovado os certificados de Qua-lidade e Ambiente ISO 9001 e 14001 para os próximos três anos, a Beltrão Coelho foi dis-tinguida pelo IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação como PME Líder 2015. Os motivos estão à vista de todos. Contudo, não é só o IAPMEI que dá vo-tos de confiança a esta empresa portuguesa. Os clientes – que a marca prefere tratar como parcei-ros – mostram diariamente que veem na Beltrão Coelho um parceiro de confiança e qualidade. Recentemente, conquistaram a conta do Insti-tuto Politécnico de Santarém com uma solução inovadora de MPS, o que mereceu reconheci-mento internacional. Os diferentes ministérios, a Presidência do Conselho de Ministros, a As-sembleia da República, a Estradas de Portugal, a Universidade Católica, entre outras entidades públicas e privadas são parceiros de décadas da empresa, que procura ter uma postura transpa-rente e verdadeira. A Xerox, empresa líder na área da tecnologia de informação e documentação, é, há cinco anos, parceira fundamental da Beltrão Coelho e que reitera esta confiança mútua e qualidade inigua-lável. “Somos o único parceiro Platinium Xerox em Portugal”, uma distinção dada pela empre-sa norte-americana por esta relação empresarial baseada no respeito, na qualidade e na partilha de valores e pelo sucesso que têm mantido em conjunto. Porque, pelo terceiro ano consecutivo, a Beltrão Coelho tornou-se o “parceiro Xerox com maior volume de compras”, o que demonstra o êxito que esta parceria tem conquistado.

TERESA MOREIRA

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A excelência e a personalização são dois vetores que caracterizam a marca. Porquê a aposta nestes dois padrões e de que forma são os mesmos sinónimo de diferenciação perante o mercado? De facto, a excelência no serviço e a personali-zação são dois vetores que caracterizam a LO-GHOMES – Portugal na criação de casas perso-nalizadas e adaptadas ao programa dos clientes, onde os conhecimentos da arquitetura são utili-zados, pois a madeira é um material muito versá-til. Para nós não existem limites! A nossa oferta é realizada através de projetos de arquitetura per-sonalizados, não sendo utilizado um catálogo de referência/modelo tipo.

Para que este projeto tenha sucesso, têm recorrido a diferentes parcerias? Sim. Temos vindo a estabelecer parcerias com alguns fabricantes nacionais e estrangeiros aos quais recorremos selecionando produtos e técni-cos especializados. Os sistemas construtivos pre-ferencialmente utilizados são o sistema maciço e o sistema aligeirado.

Quais as valias e diferenças de cada um desses sistemas? O sistema maciço de madeira direciona-se para o público que pretende uma casa com uma for-te expressão da madeira, sendo o seu âmbito de aplicação limitado a contextos especiais.O sistema aligeirado é aquele que tem um âmbi-to de aplicação mais vasto e por isso com maior aceitação no mercado português. Neste sistema o

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ARQUITETURA EM DEsTAQUE

Edificada em 2008, a marca lOgHOMEs – Portugal representa a visão do Admnistrador Pedro galvão Teles, sendo uma entidade que se dedica à elaboraçao de projetos de arquitetura e engenharia, construção e comercialização de casas de madeira. fomos conhecer a marca e conversámos com Pedro galvão Teles que desmistificou e deu a conhecer um pouco

mais da lOgHOMEs – Portugal e do universo das casas de madeira.

LOGHOMES – a marca que faz por si

grau de pré-fabricação pode ser elevado, adota-do-se o sistema de fabrico e montagem em pai-néis. Os painéis são constituídos por um núcleo de montantes de madeira maciça, com isolamen-to de lã de rocha, barreira de para-vapor, placa de gesso e material de revestimento no exterior e no interior da parede.Contudo, este permite ser revestido com qual-quer material, equiparando as casas feitas com este sistema a uma casa com um sistema cons-trução tradicional (betão) comum no nosso país.

Explique-nos este conceito para a construçao de uma casa de madeira.A madeira utilizada preferencialmente é o pinho siberiano. Usamos software BIM na conceção e produção de desenhos técnicos dirigidos à fá-brica. A preparação da casa em fábrica consome três a cinco semanas, o transporte uma semana e a construção cinco a sete semanas. As redes de eletricidade, águas, esgotos e gás levam cerca de duas semanas. Previamente fazem-se as funda-ções que são executadas em apenas uma semana. Através da racionalização de todo o processo, o preço do sistema aligeirado permite custos idên-ticos aos do sistema em madeira maciça (toros).

Assumem-se como especialistas no domínio da construção de casas de madeira. Quais as vossas mais-valias neste segmento e que análise perpetua deste setor em Portugal? Tem crescido e tido recetividade por parte dos portugueses?A utilização da madeira na construção de ha-

bitação, nomeadamente edifícios até três pisos, atinge 80% da construção feita em todo o mun-do. Portugal faz parte dos 20% onde o sistema tradicional é o betão, porém, no nosso país o uso da madeira na construção já foi maior - tendo como exemplo a reconstrução da Baixa Pomba-lina, onde foi utilizado o sistema em “Gaiola”, tornando-se, à época, um sistema inovador an-tissísmo – as estruturas dos pisos, estruturas das paredes e estruturas dos telhados.Atualmente, a introdução da madeira, como sis-tema estrutural de construção, está a crescer. Este facto deve-se à maior informação que os clientes têm e porque cada vez mais se procuram sistemas mais baratos, rápidos e economicamente viáveis. Uma casa construída com um sistema de madeira é cerca de 30% mais barata, comparando com o que custaria a mesma casa com uma classificação térmica A construída com um sistema de betão armado.

Como pretende continuar a dinamizar este setor? Acredita que esta dinamização apenas será possível perante a associação de técnicos, construtores e utilizadores de casa de madeira? Este cenário será possível?Um dos objetivos atuais da LOGHOMES – Portugal consiste na dinamização do setor através da criação de uma associação, que per-mita intercâmbios nacionais e internacionais, divulgando através das ordens dos arquitetos e engenheiros, com conferências e workshops, as características e respetivas vantagens da cons-

Espaço Recreio - Escola Conde de Oeiras - Oeiras 3

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trução em madeira aos técnicos, construtores e utilizadores de casa de madeira. Pois, Portugal tem materia-prima apropriada. O nosso pinho é ótimo para a construção, assim como a mão--de-obra especializada. O que falta no setor é maior divulgação e dinamização. No entanto, devido à crescente procura do sis-tema em madeira, a LOGHOMES – Portugal tem vindo a desenvolver a adaptação deste sis-tema construtivo à realidade de Portugal, com uma equipa de técnicos polivalentes, gerida pela GALVÃO TELES – Arquitetura e Cons-trução, sob a responsabilidade de Pedro Teles, e onde se destaca a participação da arquiteta Alexandra Negrão e o engenheiro civil Rui Branco Neves.Assim, temos estado a desenvolver protóti-pos de fundações, igualmente aligeirados, isto é, como o edifício é mais leve, as suas funda-ções podem ser igualmente mais leves, o que representa uma diminuição dos custos. Esta tem sido a maior dificuldade, porque normal-mente um edifício em betão armado precisa de fundações com 15Kn, quando um edifício em madeira precisa apenas de 5Kn. Porém, esta dificuldade foi ultrapassada quan-do começámos a colaborar com o engenheiro civil Rui Branco Neves, que tem grande co-nhecimento em estruturas aligeiradas. Com ele passámos a introduzir nos nossos projetos ele-mentos de parede com massa (pedra) para, no inverno, estas paredes que acumularam calor através de uma lareira ou salamandra, expan-dam o calor pela casa, isto porque só a madeira não chega, a madeira é um excelente isolante de frio e calor mas não produz calor quando necessário. Com esta técnica passamos a ter um maior equilíbrio térmico, o que também reduz custos de aquecimento. Outras técnicas são utilizadas, como por exemplo, um piso sa-

nitário que eleva a casa do terreno, deixando uma caixa de ar com arejamento natural, o que impede que a humidade do solo atinja o chão da habitação. A estrutura do chão nas zonas secas (salas, quartos, corredores) é de madeira, mas nas zonas húmidas (cozinhas e instalações sanitárias) a estrutura do chão é de vigotas de betão para que a humidade proveniente destes espaços não contamine a sua estrutura. É este conjunto de técnicas, que para muitas pessoas poderão ser novidade ou ecológicas, mas que na verdade são ancestrais, que faz com que a construção em madeira possa ser uma opção de construção onde se garante o con-forto, durabilidade, versatilidade arquitetónica e economia.

Que projetos tem delineados para o futuro? Que obras poderemos ver nos próximos tempos com a assinatura da LOGHOMES Portugal?Poderemos ver nos próximos tempos com a assinatura da LOGHOMES – Portugal os se-guintes projetos:- 10 moradias unifamiliares em Nacala, no norte de Moçambique – para acolher técnicos e seus familiares de uma petrolífera italiana que ali opera;- um resort constituído por um hotel com 50 quartos e 75 moradias, 10 Km a sul de Maputo;- em Angola, uma biblioteca, uma escola e um centro de dia para crianças e adultos a 1000 kmdo lado nascente de Luanda;- espaço de recreio (300 m²) de apoio aos tem-pos livres desenvolvido com a associação de pais da Escola Conde de Oeiras em Oeiras;- uma moradia unifamiliar (200 m²) em São João da Pesqueira;- um monte alentejano (145 m²) em Sousel;entre várias outras construções em fase pro-jeto.

QUEM É PEDRO GALVãO TELES?

1990 - Pedro galvão Teles inicia os seus estudos de arquitetura, em lisboa, onde teve como professores os arquitetos Pan-cho guedes, joão santa-Rita, Carlos Tamm, joão Rosado Cor-reia. fez o 5º ano em Bruxelas, tendo sido finalista num con-curso entre as escolas de arqui-tetura de Nova-Iorque, Tóquio e Bruxelas; trabalhou com os arquitetos Paul livervlau, johan Verley e Evert lagrou, seus professores. Teve como projetos de final de curso: Plano de salvaguarda de grândola; Reabilitação Urbana e Complexo Museulógico de Alvalade, lisboa. Termina o curso com média de 17 valores.1994/96 – Dá formação em Projeto, geometria Descriti-va, Desenho Técnico, Desenho geométrico, Desenho da Construção Civil, sistemas Buróticos em Desenho.1996 - Começa a trabalhar, em lisboa, no Atelier do Ar-quiteto Bartolomeu Costa Cabral, onde colaborou nos projetos da estação da Quinta das Conchas do Metro-politano de lisboa, silo automóvel da Covilhã, Biblioteca Central da Universidde da Beira Interior, edifício de enge-nharia da Universidade do Minho.1997 – A partir deste ano começa a trabalhar como inde-pendente, data em que dá início à elaboração de proje-tos em parceria e por conta própria. 1998 - Colabora com o Atelier Arquiteto luís Branco Neves, com quem realiza vários projetos de edifícios re-sidenciais, em Cascais, bem como projetos de espaços comerciais.2001/02 - Colabora com a gomes & Raposo Construções na elaboração de projetos de edifícios de habitação verti-cal, em sintra e na reabilitação de zonas de génese ilegal.2003/05 - Exerce a sua atividade com a Industrial la-borum, onde realiza vários projetos de laboratórios de investigação química, farmacêutica, fabril, engenharia, universitários, hospitalar.2005 – Reabilitação e conversão de casa de adobe em Centro de Estomatologia, no centro histórico de Arron-ches. Por encomenda da Câmara Municipal de Cascais, desenha os fontanários e duches para o Paredão do Es-toril.2006 - Colabora com a lEMO, laboratório de Ensaios de Materiais de Obra na fiscalização das obras de reabilita-ção das praias de Carcavelos, Parede, são Pedro e são joão do Estoril e ainda na edificação do Centro de Inter-pretação Ambiental da Pedra do sal. Cria a galvão Teles Arquitetura e Construção.2007/13 - Cria a marca registada logHomes - Portugal e dá início ao desenvolvimento de projetos de construção em madeira, tendo já realizado parcerias em Portugal, Holanda, são Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique. Criou um sistema de construção, o qual está a ser paten-teado.2009/10 - Projeta os edifícios tipo para as Províncias, Comunas e Municípios de Angola. Projeta também um mercado tipo.2010 – Colabora com a InPlenitus nos projetos Museu de Porto de Mós, Mercado Municipal de Mesão frio, Edifício de Apoio à praia de Ribeira de Ilhas (em madeira), Hotel Duécia em Penela.2011/12 – Projeta o estudo prévio da Escola da Chamus-ca.Atualmente está a elaborar estudos de urbanismo de novos bairros habitacionais para Angola e Moçambique, tendo nesta ex-colónia portuguesa concretizado no iní-cio de 2015 a internacionalização da sua empresa. Parale-lamente continua a desenvolver projetos de arquitetura em construção tradicional e em madeira.

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Ultrapassada a crise mais pro-longada que o setor da cons-trução já viveu, segundo da-dos divulgados recentemente,

pela primeira vez nos últimos 13 anos a construção voltou a crescer e a criar emprego. Desde 2010, a produção re-duziu 41,9%, 37 mil empresas desa-pareceram e 260 mil empregos foram

“Reabilitar o passado, construir o futuro” é o nome do projeto promovido pela AICCOPN com o apoio do COMPETE. Através de seminários, sessões de trabalho e ações que visam promover uma reflexão alargada sobre a temática da

regeneração e reabilitação do património edificado, pretende-se estudar de forma prospetiva o mercado, pesando os seus condicionalismos e as potencialidades. sob a bandeira da estratégia de reabilitação urbana no nosso país, conversámos

com Manuel Reis Campos, Presidente da AICCOPN.

reabilitação urbana deve ser uma prioridade

REABIlITAÇÃO URBANA

MANUEL REIS CAMPOS

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extintos. Dos 900 mil trabalhadores no setor, hoje temos 640 mil. Se em 2014 começaram a surgir os primei-ros sinais positivos, 2015 tem dado um fôlego mais expressivo ao setor, sobretudo em termos de investimento e de recuperação. O investimento na construção cresceu 8,5%, depois de ter caído 14,1% em 2013 e 4,3% em 2014.

Por sua vez, quando se fala em cons-trução, há uma nova tendência que tem alterado o perfil do setor. Em vez da habitação nova, aposta-se agora, e sobretudo, na reabilitação urbana nas grandes cidades, sendo que esta ver-tente representa hoje 8% da construção, uma realidade apesar de tudo ainda muito longe do que acontece a nível europeu (36,8%). Há muito tempo que o Presidente da Associação dos In-dustriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) e Presidente da Direção da Confederação Portu-guesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), Manuel Reis Campos, tem defendido a importância da reabilita-ção urbana como vetor estratégico e imprescindível para o desenvolvimento sustentável das cidades e para a conse-quente melhoria das condições de vida das pessoas. “Todos assumem o caráter fundamental que a reabilitação urba-na representa porque é uma questão suprapartidária e ultrapassa em muito o setor da construção, sendo vital para o turismo e comércio. Passou a ser de domínio estratégico primordial”, de-fendeu. Efetivamente, o turismo, o comércio e a habitação para arrenda-mento têm sido atrativos para os jovens quererem viver nas grandes cidades, o que tem dado um maior dinamismo à regeneração do património edificado. E quando se fala em património, Portu-gal deixa de estar na cauda da Europa. Segundo dados do Banco de Portugal, o valor do imobiliário ronda os 331 mil milhões de euros. Qual é, então, a realidade nacional? De uma forma bastante clara, Reis Cam-pos desenhou o panorama do país. “Em Portugal existem 5,8 milhões de habi-tações, sendo que 1,5 milhões são para reabilitar, 220 mil precisam de obras urgentes, um milhão e 100 mil prédios são segundas habitações, 450 mil estão sobrelotadas. Se olharmos para aquilo que temos, chegamos à conclusão de que a reabilitação é uma prioridade”, esclareceu. Estas foram, aliás, algumas das conclusões de um estudo minucio-so sobre as necessidades de reabilitação do país encomendado pela AICCOPN à Faculdade de Engenharia da Univer-sidade do Porto. Depois de apuradas as prioridades a nível de recuperação de edifícios de todas as freguesias, con-cluiu-se que seriam necessários 38 mil milhões de euros para reabilitar o par-que edificado de Portugal. Diagnóstico feito, importa passar à ação.

“REABIlITAR O PAssADO, CONsTRUIR O fUTURO”

Reabilitar tem de ir ao encontro das necessidades e das condições daque-les que procuram esta via de cons-trução. Quem são? “São sobretudo os mais jovens que querem mudar e viver nos centros das cidades, onde tudo acontece. É preciso dar-lhes condições e apostar numa contínua aprendizagem. O nosso imobiliário é muito competitivo e de qualida-de, mas importa tornar este tipo de construção acessível e concorrencial”, defendeu Reis Campos. É também esse o objetivo do projeto “Reabilitar o Passado, Construir o Futuro”, pro-movido pela AICCOPN com o apoio do COMPETE. Esta iniciativa tem promovido ações esclarecedoras que possibilitam o reforço das competên-cias técnicas e humanas das empresas do setor da construção e do imobili-ário, orientando-as para a reabilitação urbana, ao mesmo tempo que procu-ram consciencializar a população para a importância desta vertente na estra-tégia nacional de desenvolvimento económico do país. “Com este pro-jeto queremos concretizar as ideias, não ficando apenas pelo diagnóstico. Queremos ter um projeto de lideran-ça na construção do futuro que é im-portante para um setor que foi muito fustigado pela crise. Queremos lide-rar o segmento da reabilitação urbana para que ele se torne uma realidade”, garantiu o presidente da AICCOPN. Colocando a reabilitação na agenda prioritária das empresas, famílias e do Estado, este projeto dá ainda ao setor da construção uma imagem que nem sempre teve. Abandonando o paradig-ma de tradicionalista, este é um setor que também apaixona os mais jovens que enchem o anfiteatro da AIC-COPN nas muitas iniciativas que lá são realizadas. Esta associação, com 123 anos de história, procura ser isso mesmo: uma ponte entre o conheci-mento dos mais velhos e o arrojo dos mais jovens, pugnando pelos interes-ses de todos os associados que viveram momentos muito difíceis. A Platafor-ma AICCOPN Constru+ é uma das provas desta contínua abertura para os desafios atuais. Como centro de toda a informação relevante para o setor, o Constru+ é uma plataforma agluti-nadora de ideias e que irá aproximar ainda mais a associação dos seus asso-ciados.

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BREVEs

O Infarmed, em colaboração com a Universidade Fernando Pessoa, vai lecionar um Curso Avançado em Assuntos Regulamentares de Medicamentos e Produtos de Saúde. Este curso é dirigido a profissionais da área regulamentar dos medicamentos e produtos de saúde, bem como a outros licenciados nas áreas das Ciências da Saúde ou da Gestão. O curso é composto por cinco módulos independentes, ministrados por profissionais com larga experiência nestas matérias e decorrerá às sextas-feiras, das 14h00 às 18h00, entre 30 de outubro de 2015 e 17 de junho de 2016. Os participantes que frequentem o curso completo receberão um certificado de participação, que será valorizado em futuros procedimentos concursais realizados pelo Infarmed. As candidaturas ao curso completo (cinco módulos) podem ser efetuadas através do preenchimento de formulário eletrónico disponível em www.infarmed.pt, entre as 10h00 de 12 de outubro e as 00h00 do dia 18 de outubro. As datas para as candidaturas aos módulos individuais (condicionadas à existência de vagas) serão divulgadas posteriormente. Os candidatos serão selecionados por ordem de entrada da candidatura. O valor da inscrição é de 500 euros para a totalidade do curso, sendo o valor da inscrição em cada módulo individual de 100 euros. Mais informações poderão ser obtidas através do e-mail [email protected].

A perda auditiva pode ocorrer em qualquer momento da nossa vida, seja por fatores genéticos ou por outros motivos, como problemas de saúde, o ambiente ao qual a pessoa está exposta, traumas e alguns medicamentos. No Dia Mundial do Audiologista, celebrado hoje, dia 10 de outubro, a GAES – líder ibérica em soluções auditivas – alerta para esta realidade e para a importância da prevenção desta condição. Um dos muitos fatores responsáveis pela perda de audição é a exposição continuada a sons elevados [acima de 85 decibéis (dB)]. As células auditivas, quando expostas a elevados níveis de ruído, são destruídas e, consequentemente, perdem e capacidade de reagir ao som. Neste dia, baixe o volume e atente nos seus ouvidos. Ainda que, aparentemente, não sofra de qualquer tipo de diminuição auditiva, estar atento e fazer rastreios anualmente permite avaliar a evolução de eventuais perdas.

Dia munDial Do auDiologista: cuiDe Dos seus ouviDos

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curso avanÇaDo De assuntos regulamentares De meDicamentos e proDutos De saÚDe

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Encontram-se há dez meses no mercado en-quanto FCK, mas trazem consigo a experi-ência de largos anos em empresas ligadas à engenharia civil. Por este motivo e por todo

o conhecimento que têm adquirido, falam cautelo-sos sobre a reabilitação urbana. Admitem que este método permite trazer uma “nova vida” às cidades e que, de outro modo, “caminharíamos no sentido de termos cidades cada vez mais degradadas, desocu-padas e desinteressantes do ponto de vista turístico”. Assumem que a reabilitação “significa preservar uma grande parte dos elementos construídos, reduzindo a quantidade de demolições necessárias e das cor-respondentes construções. Significa ainda consumir menores quantidades de energia na produção e apli-cação de produtos de construção e reduzir as emis-sões de CO2”. Neste sentido, os dois engenheiros comprovam que reabilitar pode trazer mais-valias em diferentes aspetos e, acima de tudo, devolve as pessoas aos centros urbanos. Contudo, optar pela reabilitação em detrimento da construção de raiz deve ser uma decisão ponderada e partilhada com profissionais especializados. Este conceito possibilita a preservação do património e dos componentes históricos e culturais presentes, aliando a modernização, eficiência e conforto que as soluções atuais permitem. No entanto, esta pode não ser a opção mais viável financeiramente. “Depende do tipo de edifício e do tipo de reabilitação”, explica Gilberto Cardoso. Se falarmos de um edifício com lajes em betão, “é muito mais barato reabilitar do que construir” de raiz. Porém, é necessário analisar os ca-sos separadamente e compreender qual a opção mais benéfica. “Sempre que um cliente quer remodelar ou reconstruir todo o edifício, dar uma nova vida, alte-rar completamente espaços e se o edifício não está preparado para as novas funções, […] a meu ver, e desde que não exista obrigatoriedade de preservar elementos, é sempre preferível demolir e construir de novo”, afirma João Duarte. Até porque aqui, acredita Gilberto Cardoso, “mistura-se de certo modo os con-ceitos de reconstrução com reabilitação”. Além do fa-tor económico, a própria eficiência do edifício pode beneficiar com uma construção nova, uma vez que atualmente existem soluções e materiais mais ino-vadores. Os aspetos acústicos e térmicos, por exem-plo, saem bastante favorecidos com as técnicas que a engenharia civil atual nos oferece. O engenheiro afirma que, nestes casos, a construção nova consegue “dar outras garantias” e ser mais célere. João Duarte completa, afirmando que “o edifício ficará melhor e muito mais eficiente a vários níveis”.

O PROfIssIONAlIsMO CONTA Apesar de assumirem que a reabilitação nem sempre é a opção mais adequada, os dois sócios da FCK reite-ram a importância de existirem profissionais especia-lizados no decorrer de todo o processo. “Num passado

REABIlITAÇÃO URBANA

REABILItAÇÃO URBANA SIM, mas com consciência

A reabilitação urbana promove a conservação dos centros urbanos e a integração populacional nos centros das cidades. Tem mais-valias económicas, sociais e ambientais. Contudo, é necessário contrabalançar estas valias com os benefícios que a construção de raiz pode, também, trazer. É neste sentido que se torna relevante ter o acompanhamento especializado de

empresas com conhecimento e experiência. joão Duarte e gilberto Cardoso, ambos sócios da fCK – Engenharia e Construção, explicaram à Revista Pontos de Vista a importância de escolher um parceiro de confiança.

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recente, tem-se assistido em Portugal a erros e falhas gravíssimas em muitas intervenções de reabilitação urbana, em nosso entender, devido à falta de conhe-cimento técnico que ainda existe em muitas empre-sas”. “A escolha errada dos materiais a aplicar e das soluções técnicas a adotar, originando falta de com-patibilidade entre novo e existente, levam à rápida de-gradação das reabilitações”, defendem. Neste sentido, alertam as pessoas que pretendem reabilitar – ou mes-mo construir – edifícios para a importância de optar por empresas e engenheiros habilitados. Frequente-mente, existe uma tendência para optar pelas soluções mais baratas, que nem sempre se verificam como as mais adequadas. Para que existam orçamentos a baixo custo, por vezes, o trabalho não é realizado devida-mente, falham partes do processo ou o custo inicial-mente acordado é alterado no decorrer da obra. Por outro lado, João Duarte acredita que “qualidade não está associada à questão económica. A qualidade está no conhecimento de quem é responsável pelas obras e nos conhecimentos que os técnicos da empresa de construção possuem”. Porque a escolha de materiais e de técnicas utilizadas deve ser feita de forma “criterio-sa”. “Os materiais e as soluções técnicas utilizados em construção e em reabilitação” são distintos. E, neste sentido, “é preciso ter informação e conhecimentos técnicos”. Estas decisões, que não alteram os custos, podem, no futuro, trazer consequências graves aos edi-fícios reabilitados. Neste contexto, o engenheiro civil garante que a maior parte das reabilitações feitas em Portugal atualmente carecem de apoio técnico espe-cializado, sendo executadas por “pessoas sem qualquer qualificação” na área e reitera a necessidade de procu-rar empresas de qualidade.

fCK, PARCEIRO DE CONfIANÇAPerante o panorama atual, referido anteriormente, em que as reabilitações nem sempre são acompa-nhadas devidamente, é necessário conhecer empresas de construção que optem pelas escolhas acertadas, baseadas na experiência e no conhecimento. Assim, podemos referir a FCK, que oferece “aos clientes as melhores soluções”. Soluções essas que “nos defen-dem até a nós próprios”, refere João Duarte. Com o objetivo de criar no cliente a confiança de quem trabalha com base na qualidade, a FCK distingue--se por optar sempre por técnicas adequadas e que permitirão uma maior longevidade da obra. E o fee-dback é sempre positivo. “Os clientes ficam muito sa-tisfeitos com o nosso trabalho, devido à componente técnica que não se vê nos nossos concorrentes”, afir-ma João Duarte. Por outro lado, o cumprimento de prazos e de orçamentos tem sido uma mais-valia que coloca a FCK num patamar de liderança. “Os nossos principais objetivos enquanto empresa são garantir a qualidade do trabalho e a satisfação do cliente, pelo que nos regemos pela excelência, paixão, honestidade, compromisso e disponibilidade”, assumem João Du-arte e Gilberto Cardoso. No âmbito da reabilitação urbana, trabalham “com o máximo rigor e qualidade, visando aumentar a vida útil dos imóveis, o seu valor económico, bem como melhorar a qualidade de vida dos residentes”.

REABIlITAÇÃO URBANA, UM CONCEITO QUE BENEfICIOU COM A CRIsE

Há quem afirme que as crises económicas trazem mais--valias e oportunidades. Neste âmbito, a atual situação portuguesa permitiu alavancar a reabilitação urbana,

JOÃO DUARTE E GILBERTO CARDOSO

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que é já a “opção mais procurada”, garantem os sócios da FCK. “Esta foi a alternativa encontrada pelo setor para atenuar o impacto economicamente negativo que a quebra da procura por novas construções provocou”. Neste momento, e apesar de afirmarem que a reabili-tação não tem sido igualmente presente em todo país, Gilberto Cardoso e João Duarte referem as cidades do Porto e de Lisboa como exemplos a seguir. “O avanço na reabilitação urbana está a acontecer a um bom ritmo, o que nos permitirá, em alguns anos, atingir um nível aceitável de edifícios reabilitados”. Deste modo, o futuro reserva um “aumento populacional nos centros urbanos” e um “incremento do turismo”, uma vez que as cidades estarão mais apelativas e funcionais, melhor conservadas e haverá mais alojamentos para turistas. Neste contexto, os dois engenheiros da FCK alertam para o facto de a reabilitação estar a desenvolver-se “de-vido ao investimento privado e não ao investimento público”, uma vez que “nestes últimos anos, o Estado pouco ou nada investiu na área da construção”.

“Sempre que um cliente quer remodelar ou reconstruir todo o edifício, dar uma nova vida, alterar completamente espaços, […] é sempre preferível demolir e construir de novo”

OBRAS DE REABILITAÇÃO DA FCK

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A S&P - Clever Reinforcement Iberica é a única empresa em Portugal - e das poucas na Europa - a fabricar laminados de carbo-no, apostando na investigação e desenvol-

vimento de materiais inovadores no âmbito da rea-bilitação e reforço de estruturas. Atualmente produz e comercializa materiais compósitos para reforço de estruturas em betão armado, alvenarias e pavimentos rodoviários. Contudo, o objetivo é continuar a apostar num processo evolutivo, que permita um futuro base-ado em tecnologias cada vez mais avançadas e mate-riais aperfeiçoados. Filipe Dourado assume a intenção de apostar na inovação e “lançar novos produtos com aplicabilidades diversas na área do reforço estrutural”. No entanto, e mantendo o foco no presente, é impor-tante referir a sua posição de liderança no mercado nacional e com forte presença no mercado europeu e internacional, nomeadamente Brasil, África do Sul, China, entre outras nacionalidades. Esta confiança advém da qualificação dos materiais da marca, apro-vados e certificados pelas mais distintas entidades. “O nosso produto passa por várias etapas de teste até chegar ao produto final. Estamos a falar de segurança e com isso não se brinca”, refere o engenheiro, que vê ainda o facto de a empresa estar sediada na Suí-ça como mais uma prova de qualidade e confiança. “Os suíços são conhecidos pela alta qualidade. Essa mentalidade foi passada para a empresa e atualmente regemo-nos por esses princípios”, assume. Por outro lado, a empresa é também marcada pelo know-how que identifica e caracteriza os profissionais S&P - Clever Reinforcement Iberica. Neste contexto, é

REABIlITAÇÃO URBANA

A REABILItAÇÃO começa por dentroNo âmbito da reabilitação urbana, a Revista Pontos de Vista falou com o Engenheiro filipe Dourado, Administrador da s&P-

Clever Reinforcement Iberica, uma empresa que aposta na inovação e na investigação como mecanismos essenciais para manter a qualidade. Numa conversa onde se pretendia conhecer a dinâmica da empresa, falou-se ainda da visão da sociedade face à

reabilitação, do papel do governo e da importância social, económica e ambiental desta tão forte alternativa à construção de raiz.

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importante referir que a área do reforço de estrutu-ras não tinha, até à criação desta empresa, produção própria em Portugal e os conhecimentos eram escas-sos. Direcionada essencialmente para indústrias aero-náuticas e militares, a área promovia pouca partilha de conhecimentos e informação. Assim, começando praticamente do nada, a marca propôs-se desenvolver métodos de produção no contexto do reforço de es-truturas. Após cinco anos de investigação, o “processo longo” deu lugar a um orgulho imenso e à sensação de dever cumprido. Hoje têm “uma forma de fabricar muito própria”, especializada e altamente avançada. “A nossa produção segue as mais rígidas instruções e os melhores métodos de fabrico que conhecemos”, garante o administrador. Por este sucesso adquirido, consequência do esforço e empenho da equipa da S&P - Clever Reinforcement Iberica, atualmente Filipe Dourado partilha o seu conhecimento vasto com futuros e atuais engenheiros, profissionais da área da construção e investigadores. As universidades portuguesas, aliás, sempre foram e continuam a ser parceiras importantes da empresa, com as quais existe uma interação muito forte no âmbito da investigação.

REABIlITAÇÃO URBANA COMO fOCO DA MARCA

Uma vez que a S&P - Clever Reinforcement Iberica direciona a sua missão para o reforço de estruturas, a reabilitação urbana é uma prática de máxima impor-tância para toda a equipa. Confiante neste conceito, Filipe Dourado garante que têm vindo a divulgar e promover esta alternativa à construção de raiz junto

dos vários intervenientes sociais. Deste modo, orga-nizam e participam em seminários, de forma a criar uma rede de partilha de conhecimentos e a incenti-var a reabilitação e realizam formações que permitem “uma ação direta junto das universidades”. Estas últi-mas assumem um papel crucial no sentido de desen-volver a “investigação e formar futuros engenheiros”, que sairão das faculdades com uma visão mais concre-ta sobre o que significa verdadeiramente reabilitação urbana. No âmbito laboral, divulgam “novos materiais para reforço de estruturas de alta tecnologia, que pos-sibilitam a reabilitação de estruturas existentes para novas ações e utilizações”; apoiam “os projetistas” de forma a encaminhar as obras para este método; e são ainda parceiros de “uma rede de empresas especiali-zadas no setor”.O administrador da S&P - Clever Reinforcement Iberica vê a reabilitação urbana como uma impor-tante aposta, visto que esta técnica permitirá não apenas “readaptar esses edifícios a novos usos”, mas também reestruturar e reforçar para não permitir o seu degradamento. Na baixa pombalina, explica Filipe Dourado, esta é uma situação ainda mais premente, devido ao risco de os edifícios não re-sistirem a um futuro sismo. “A maior parte dos edifícios desta zona precisa de reforço e nós temos as tecnologias necessárias, com uma intrusão muito baixa”, que permitirão uma maior segurança e o seu uso continuado. Uma vez que os estudos feitos nes-ta zona lisboeta comprovam a forte possibilidade de atividade sísmica, é “urgente” trabalhar os seus edifícios. E neste contexto a S&P - Clever Iberica,

FILIPE DOURADO

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Apesar de ser certo que ainda há um per-curso a percorrer, durante a entrevista, filipe Dourado referiu a reabilitação de estruturas de utilidade pública como um aspeto positivo e em desenvolvimento, falando das estradas portuguesas como um bom exemplo. “Nos últimos dez anos quer as concessionárias, quer a Estradas de Portugal têm feito um bom trabalho nessa área”. Por outro lado, as entidades competentes têm mostrado a sua pre-ocupação relativamente às pontes, que em números “assustadores”, mostram a necessidade de serem reabilitadas. Nes-tes dois casos, o trabalho tem sido feito e, comparativamente com a Europa, “tanto no que diz respeito à investigação, como na aplicação em casos práticos”, “não esta-mos nada atrasados”, garante o engenheiro. Por estes motivos, e por tantos outros referi-dos ao longo do texto, a reabilitação em Por-tugal poderá ser “uma área em crescimento”, afirma confiante filipe Dourado. “Havendo vontade política e mudança de mentali-dades, penso que é uma área a apostar”.

O LADO BOM DA REABILITAÇãO EM PORTUGAL

além da sua capacidade técnica, tem ainda envolvi-mento em “projetos de investigação”, que permitem não apenas uma maior consciencialização acerca desta problemática, mas também um conhecimen-to mais aprofundado sobre a matéria, que se tradu-zirá num trabalho de excelência e qualidade. Por outro lado, e numa perspetiva mais global, a em-presa apoia e defende a reabilitação urbana, visto as-sumirem que esta trará impactos significativos, que se expandem ao nível social, económico e ambiental. Em primeiro lugar, Filipe Dourado refere o facto de “trazer pessoas para a baixa da cidade” como uma “política interessantíssima”, uma vez que reduziria a “construção na periferia”. No contexto económico, a “utilização de material e edifícios existentes” permi-tiria uma diminuição de custos e do desperdício de recursos. Assim, e havendo um aumento da reabili-tação urbana, em detrimento da construção de raiz, “o impacto económico seria interessante”, acredita o engenheiro civil. “A economia não pode subsistir da construção nova”. “Não é uma forma de fazer crescer a economia na área da construção”, defende. Por ou-tro lado, existe ainda a questão ambiental, que muito beneficiaria deste conceito. Mais uma vez, a reutili-zação de materiais e recursos permitiria um dimi-nuto acesso a novos materiais e, consequentemente, um aumento da qualidade do ambiente. Em tom de mensagem e de forma a promover a reabilitação, Fili-pe Dourado assume que “temos boas empresas nesta área, com know-how”, que poderão aumentar as es-tatísticas no que diz respeito à reabilitação exercida

em Portugal. O nosso país tem de “investir nos edifícios e deixar essa velha teoria de que a construção nova é o que dá mais votos”, “é uma ideia errada, que ainda subsiste e que em outros países desenvolvidos já está ultrapassada”, conclui.

EsTADO DE INTERVENÇÃONo contexto português, a reabilitação é ainda um merca-do em crescimento. Com a atual crise económica, a cons-trução nova viu os seus números reduzirem e, em contra-partida, a reestruturação de espaços existentes manteve os seus níveis. Contudo, ainda há muito a fazer no sentido de tornar a reabilitação urbana num conceito frequente. Neste sentido, as entidades responsáveis e o próprio Es-tado têm de intervir. Esta situação “não pode ser deixada nas mãos do privado como único investidor no imóvel”, defende Filipe Dourado. É premente mudar mentalida-des e eliminar por completo o panorama existente, que promove a construção nova como forma de mostrar tra-balho e interesse na sociedade. “Nós sabemos que quando há dinheiro, este é investido em obra nova. Talvez a cri-se tenha tido esse fator positivo” neste sentido. Contu-do, importa referir que as autarquias têm incentivado a reabilitação, através da criação de “programas de ajuda”, que apoiam e financiam a obra. E neste momento todo o país tem sentido os benefícios deste conceito de reestru-turação. A solução é continuar e aumentar o número de edifícios reabilitados, sem que isso se torne num negócio que promove o aumento do valor das rendas, mas sim a inclusão da população no centro da cidade, em “habita-ções condignas”.

REABILITAÇÃO COM ARMO-MESH® MALHA DE CARBONO PARA RE-FORÇO DE ALVEJARIAS, APLICADAS COM ARGAMASSAS ARMO-MUR®

REFORÇO ESTRUTURAL COM GRELHAS DE CARBONO CARBOPHALT®, NO AEROPORTO DE LISBOA, ACESSOS DO TAXIWAY

PORMENOR DO REFORÇO DE UMA LAJE COM A APLICAÇÃO DE LAMINADOS DE CARBONO S&P CFK 50 / 1.2

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A Revista Pontos de Vista, atenta a estas ma-térias, foi conhecer a Margon, marca que está presente no mercado há cerca de 55 anos, edificada em 1960, e que é hoje um

dos principais players no âmbito da qualidade ao nível de telhas. Se inicialmente a marca apostou em outros produtos, tijolo e abobadilha, foi na produ-ção de telhas de qualidade que a marca se começou a distinguir, sendo hoje uma das principais marcas neste setor. Como nestas coisas não basta perceber, é vital saber, conversámos com João Marques, Ad-ministrador da Margon – Materiais e Revestimen-tos Modernos para Edificações, S.A, que faz parte da terceira geração da empresa e que nos deu a co-nhecer os principais desafios da empresa, bem como as mais-valias de produtos «made in» Margon e que podem ombrear com as melhores marcas do setor a nível europeu e mundial. O trajeto da marca assente em três pilares: excelência, qualidade e credibilidade. Desta forma, a partir do momento em que a decisão de se apostar na verten-te da telha foi tomada, a marca soube promover os melhores produtos, buscando em cada um deles uma forte capacidade inovadora e que promovesse a dife-renciação perante outros concorrentes. Como é de conhecimento comum, a construção ci-vil em Portugal entrou em declínio em meados de 2003/2004, tendo sido ainda mais atingida aquan-do da crise económico-financeira que o país viveu e ainda vive, em que os bancos colocaram um «travão» ao crédito à habitação. Naturalmente que este novo panorama teve um impacto significativo em todas as empresas presentes e ligadas ao setor da construção.

sE NÃO ExIsTE Cá DENTRO, PROCURAMOs fORA

Foi esta a solução encontrada pelos responsáveis da Margon que, face a este panorama, apostaram na ex-portação/internacionalização da marca e dos respeti-vos produtos. “Apostámos fortemente na participa-ção em feiras e eventos do setor a nível internacional e decidimos que seria esse o caminho e assim, nos últimos dez anos, temos crescido muito no âmbito das exportações”, salienta o nosso interlocutor, lem-brando que os mercados preferenciais, para já, pas-sam pelo Norte de África, Médio Oriente e a norte do continente Sul Americano. Dificuldades? “Natu-ralmente. É complicado entrar em alguns mercados e depois temos de perceber alguns dos obstáculos que surgem devido a vicissitudes próprias da economia e respetivas alterações. Este ano, por exemplo, estamos a sentir maiores dificuldades nos países do Médio Oriente e do Norte de África que estão muito de-pendentes das receitas do petróleo e, como sabemos, estas têm vindo a cair e isso vai refletir-se em todo o ritmo do volume de negócios”, esclarece João Mar-ques, assegurando que neste momento a Margon ainda não possui um parceiro fixo nesses mercados. Porquê? “Porque construímos a nossa marca baseada num conceito de qualidade e credibilidade e gosta-

REABIlITAÇÃO URBANA

“a telha é fundamental na proteção de uma casa”

A construção de uma casa requer atenção a todos os pormenores e estes devem ser realizados com cuidado e planeamento, até porque basta um erro de conceção, colocação ou construção para afetar as restantes estruturas. Desta forma, é fundamental trabalhar com

profissionais reconhecidos e credíveis nos diferentes segmentos que obedecem a uma construção. É por isto mesmo que o telhado é uma das áreas vitais para uma habitação, até porque é uma das partes da casa que está mais exposta às agressões do dia a dia.

JOÃO MARQUES

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mos de ir com tranquilidade e certezas. É preciso namorar primeiro para depois casar”, refere. A qualidade tem vindo a tornar-se cada vez mais um fator essencial na batalha do desenvolvimen-to industrial e comercial em mercados altamente competitivos. Assim, o sucesso das marcas assenta num modelo de garantia de qualidade e inovação. A Margon tem sido esse paradigma e apresenta sempre os melhores produtos, criados com tecnolo-gias de vanguarda. “Temos três linhas de produção e duas delas utilizam um género de tecnologia de ponta: a cozedura de telhas em suportes refratários em forma de U e mais recentemente, em 2004, em forma de H. Esta última permite produzir um pro-duto de maior qualidade, porque a telha é cozida individualmente, perfeitamente apoiada e que pode ser cozida em temperaturas mais elevadas e sem risco de deformação, sendo um produto indicado para os países mais exigentes, como os do Médio Oriente e de França, que é também um mercado exigente e protecionista, com marcas de dimensão elevada, embora tenhamos argumentos para om-brear com os mesmos. Temos de compreender que os diferentes mercados obedecem a exigências dis-tintas. O mercado do Médio Oriente, por exemplo, procura, principalmente numa fase mais inicial, a questão do preço e isso torna a aposta nos países do Médio Oriente numa verdadeira «guerra», pois o grande problema deste setor é que trabalhamos com um produto, a telha, que tem no custo do transporte uma grande penalização. É uma batalha complicada mas que estamos a vencer”.

NOVOs MERCADOs, NOVAs ExIgêNCIAs

“A entrada em novos horizontes, em novos merca-dos obedece sempre a uma capacidade de adaptação perante novas exigências e necessidades, até porque cada um deles, dos mercados, aporta um vasto con-junto de diferenças ao nível de produtos, das cores, da utilização, entre outros. Temos essa flexibili-dade e capacidade e portanto vamos ajustando os nossos produtos aos hábitos e às necessidades dos mercados para que os nossos clientes fiquem com-pletamente satisfeitos”, afirma o administrador da Margon. A mutação dos mercados é uma realidade evidente e as marcas que não estiverem atentas a estas mu-danças correm inclusivamente o risco de fracassar. A Margon desde cedo percebeu uma nova tendên-cia, “que acredito ser apenas uma fase”, salienta João Marques, que passa pela denominada arquitetura contemporânea, ou seja, habitações modernas des-providas de cobertura em telha. E embora não seja alarmante, o nosso entrevistado e seus pares decidi-ram apostar na vertente de produtos para as fachadas de edifícios. “Estamos em fase de desenvolvimento desse produto, ou seja, pretendemos ir «buscar» volu-me de negócio nas fachadas para compensar algumas

das perdas nas coberturas em telha”, refere, assegu-rando convicto que isto não passa de uma fase. “Um telhado será sempre fundamental. As casas modernas são muito bonitas, mas rapidamente envelhecem. A telha é fundamental na proteção de uma casa e não estou preocupado com esta tendência. É isso mesmo. Uma tendência e neste momento há muitos milhões de telhas para substituir no âmbito da reabilitação e acredito, durante este período, que os compradores dessas habitações modernas vão aperceber-se da falta que faz um bom telhado para a conservação e manu-tenção de uma habitação”.

“REABIlITAÇÃO? TEMOs MUITA COIsA PARA RECUPERAR”

A tomada de consciência da importância da rea-bilitação dos núcleos urbanos redirecionou as po-líticas urbanas nacionais e europeias. A compul-são de nova construção no passado e a expansão dos núcleos urbanos conduziram à degradação progressiva dos tecidos urbanos existentes. Esta degradação representa uma perda não apenas ao nível do património material, mas também ao nível do património emocional, porquanto se tra-duz no enfraquecimento de valores referenciais, geradores da identidade de uma comunidade. A crescente necessidade de identificação de valores locais, diferenciadores e caracterizadores recentrou as atenções nos núcleos existentes e na necessidade da sua preservação e valorização. Além disso, com a crise financeira em 2008 e com o corte de em-préstimos por parte dos bancos, as pessoas come-çaram a apostar mais na vertente da reabilitação. A Margon não perdeu esta oportunidade e, ano após ano, tem feito deste segmento uma importan-te valia financeira para empresa. “Temos sentido crescimento no âmbito da reabilitação e a isso não será alheio os diversos incentivos, principalmen-te a nível camarário, e que as pessoas aproveitam. Temos muita coisa para recuperar, principalmente nas grandes cidades e naturalmente que estamos disponíveis para estar presentes na reabilitação, até porque uma grande parte desta reabilitação está relacionada com telhas e nisso somos nós especia-listas”, afirma o nosso entrevistado.

se a nível interno a reabilitação será o gran-de desafio para a Margon de futuro, a nível internacional o foco passa pelo aumento na vertente das exportações e pela procura de novos mercados. “Queremos estar presen-tes em mais locais, até por uma questão de sustentabilidade, ou seja, temos de procurar novos mercados, algumas vezes para com-pensar os que vão deixando de funcionar. Angola é o exemplo claro disso mesmo, pois se no ano transato chegávamos a enviar dez contentores mensalmente, este ano ainda não vendemos um. Temos de estar prepa-rados para estas mudanças e jogar na ante-cipação. Assim, estamos a reforçar a nossa equipa comercial na área internacional, pois pretendemos comercializar mais para fora e menos a nível interno”, conclui joão Mar-ques, Administrador da Margon.

FUTURO? CONTINUAR A CRESCER

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Edificada em 1991, a Azulima tem conhecido um profundo crescimento e desenvolvimento, sendo hoje um prestigiado player no seu setor de atuação. Que análise perpetua da capacidade de intervenção da marca no mercado e de que forma marca a mesma um sentido diferenciador?A AZULIMA tem tido um crescimento gradual e constante, já que o mercado da reabilitação e reno-vação tem sido um nicho de mercado de reduzida dimensão, só começando a ter algum significado nos últimos dois anos devido, fundamentalmente, a dois fatores. Em primeiro lugar, o facto de as pes-soas terem finalmente concluído que em Portugal não há condições, nem nível de vida, para a maioria ter casa própria. Os governantes deste país permi-tiram que o setor financeiro atraísse as pessoas para opções de vida insustentáveis, que adquiriram an-dares, muitos deles de qualidade duvidosa, a preços inflacionados.Foi esta política desastrosa que obrigou as pessoas, os responsáveis pelo setor da construção civil e os governantes a repensarem a forma como deveriam privilegiar a reabilitação de casas e prédios no cen-tro da cidade, outrora abandonados, por efeito de um congelamento das rendas das casas, o que obri-gou os proprietários das mesmas a rejeitar obras de conservação no seu património.Outro fator que está a contribuir para a dinamiza-ção da reabilitação, em especial na cidade do Porto, é o enorme crescimento da procura turística, fazendo com que prédios outrora abandonados e degradados

REABIlITAÇÃO URBANA

“sendo a AZUlIMA uma marca já com alguma notoriedade, junto dos gabinetes de arquitetura e empresas de construção, fruto da nossa capacidade em conseguir responder às solicitações deste mercado específico, faz com que a nossa empresa seja diferente das demais”, refere Mário Mesquita, sócio-gerente da Azulima, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Nesta conversa, ficámos a

conhecer um pouco mais de uma marca que tem tido um crescimento sustentado e seguro, numa área de enorme importância em Portugal, a Reabilitação Urbana.

“PARA NóS tODOS OS PROJEtOS SÃO IMPORtANtES”

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EQUIPA DA AZULIMA (MÁRIO MESQUITA AO CENTRO)

“O nosso contributo, para que a reabilitação continue a crescer é melhorar sempre que possível, as técnicas de confeção dos nossos azulejos e mosaicos hidráulicos e melhorar o apoio a dar aos arquitetos, engenheiros e técnicos da construção civil, através da competência e profissionalismo dos nossos colaboradores, quer no atendimento aos que visitam o nosso showroom no Porto, quer nas visitas que fazemos diariamente aos gabinetes e empresas, facultando-lhes amostras e documentação técnica”

fossem reabilitados para se transformarem em hos-tels ou mesmo em hotéis de média dimensão.Sendo a AZULIMA uma marca já com alguma notoriedade, junto dos gabinetes de arquitetura e empresas de construção, fruto da nossa capacidade em conseguir responder às solicitações deste mer-cado específico, faz com que a nossa empresa seja diferente das demais.

É legítimo afirmar que o ano de 1994 foi o período de mudança de paradigma da Azulima ao nível da diversificação da sua atuação e produtos? O ano de 1994 foi um ano importante, pela aposta que fizemos na diversificação de materiais, pois pre-víramos e não nos enganámos, quando adivinhámos a queda da procura do azulejo decorativo e artísti-co, em benefício de cerâmicos industriais de grande dimensão, material que encaixou perfeitamente no tipo de construção, que perdurou durante quase 20 anos.Foi com materiais como as mármores de fina es-pessura, com tijoleiras artesanais, com a nossa vas-ta gama de perfis, com a pastilha de vidro e outros produtos, que nos permitiu atravessar um imenso deserto, já que o momento da reabilitação, a ser vi-vido noutros países da Europa, tardava em chegar a Portugal.

A reabilitação é outra das áreas a que a Azulima tem dedicado especial atenção, sendo responsável por uma área considerável de fachadas recuperadas, em

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algumas cidades, com especial relevo para o Porto. Porquê a aposta neste setor? A reabilitação sempre foi a nossa vocação, pelo que aos primeiros sinais de que esta área iria crescer e desenvolver-se, procurámos os parceiros que nos poderiam ajudar a responder às solicitações do mer-cado, com materiais tradicionais como os mosaicos hidráulicos e a feitura de réplicas de azulejos, iguais aos que revestem as fachadas da quase totalidade das casas construídas nos anos 30, 40 e 50. Apostámos no setor da reabilitação, única e exclu-sivamente porque sempre pensámos que mais cedo ou mais tarde, alguém com bom-senso, deveria fa-zer alguma coisa para que a arquitetura e os autores destas casas, quase seculares, fossem respeitados. Felizmente o nosso pequeno contributo está a dar os seus frutos e é com enorme satisfação que con-templamos uma simples casa ou prédio com o seu esplendor e brilho recuperados, após o restauro dos azulejos, que o revestem.

Que análise perpetua da reabilitação urbana em Portugal? Acredita que estamos no bom caminho ou será necessário tomar medidas e criar iniciativas que promovam um melhor aproveitamento deste segmento?Pelo que referi anteriormente, estou certo de que a reabilitação veio para ficar. Esta afirmação faço-a porque verificamos que os profissionais da arquitetura estão sensíveis a este fenómeno e há trabalhos fantásticos em que o antigo e o moder-no convivem de forma exemplar. Depois temos as autarquias, também sensíveis ao problema, que não deixando de cumprir a legislação, apoiam as obras em zonas de interesse histórico, através de taxas do IVA a 6%. Finalmente e talvez o mais importante, é o facto de verificarmos que os pro-prietários dos edifícios a carecerem de obras per-ceberam que só a recuperação do seu património imobiliário lhes trará vantagens, não sendo uma opção inteligente deixá-lo degradar-se.Há, no entanto, ainda muitos proprietários que continuam com as suas casas e prédios degradados, quer porque não têm possibilidades financeiras para os recuperar, quer por outras razões. Neste grupo de pessoas há aqueles que não querendo ou não podendo recuperar o seu imóvel, têm a lucidez de os vender, permitindo que outros o recuperem ou o transformem num imóvel de utilidade para a ci-dade. Concluo dizendo que nos parece estarmos no bom caminho, esperando que não surjam entraves de ordem financeira ou legal que trave este proces-so. Estamos convencidos de que daqui a cinco anos existirão no mercado de arrendamento mais uns

“Outro fator que está a contribuir para a dinamização da reabilitação, em especial na cidade do Porto, é o enorme crescimento da procura turística, fazendo com que prédios outrora abandonados e degradados fossem reabilitados para se transformarem em Hostels ou mesmo em Hotéis de média dimensão”

ESCOLHER AzULIMA É…? Pensamos que escolher Azulima é ter a garantia de encontrar uma solução para as dúvidas e problemas que cada cliente tem quando quer fazer uma re-modelação ou reabilitação. Escolher a Azulima é ter garantia de um aten-dimento profissional e personalizado desde o primeiro contacto até à assis-tência dada na aplicação dos materiais. Escolher a Azulima é poder confiar numa equipa de profissionais com ex-periência, cujo o objetivo primeiro é ajudar a o cliente fazer a melhor esco-lha em função do seu gosto pessoal e da sua disponibilidade financeira para determinada obra. Escolher a Azulima é ter a certeza de que, se algo correu mal, a Azulima estará disponível para ajudar a resolver o problema.

milhares de casas e apartamentos, o que estimulará os proprietários a ver o investimento feito no seu património como a mais segura e melhor aplicação financeira.

Que mais-valias consegue aportar a Azulima ao setor da reabilitação? O nosso contributo, para que a reabilitação con-tinue a crescer é melhorar sempre que possível as técnicas de confeção dos nossos azulejos e mo-saicos hidráulicos e melhorar o apoio a dar aos arquitetos, engenheiros e técnicos da construção civil, através da competência e profissionalismo dos nossos colaboradores, quer no atendimento aos que visitam o nosso showroom no Porto, quer nas visitas que fazemos diariamente aos gabine-tes e empresas, facultando-lhes amostras e docu-mentação técnica.

A inovação é essencial para qualquer empresa e setor. Desta forma, como aportam na vossa atividade um sentido inovador forte? De que forma?A inovação nesta área, não está tanto em ter novos materiais, mas mais na forma como se pode me-lhorar a qualidade dos mesmos, tornando-os mais resistentes, procurando novas cores e indo à procura de desenhos, outrora produzidos em fábricas à mui-to desaparecidas. Como não somos uma empresa de “pronto a vestir”, estamos permanentemente aber-tos às sugestões dos nossos clientes particulares e arquitetos, que querem desenhos novos e combina-ções de cores do seu agrado.

No âmbito da atividade da Azulima no meio da reabilitação urbana, que projetos considera mais emblemáticos para a marca?Para nós todos os projetos são importantes, pois o nosso empenhamento é sempre grande, quer se trate de uma pequena reabilitação ou de uma gran-de hotel de charme. Mas é evidente que participar na recuperação de uma grande fortaleza como a do Forte de São Francisco em Luanda, com o restauro de mais de 100 painéis de azulejos pintados à mão, que ocupou três pintores a tempo inteiro, durante seis meses, nos dá uma satisfação muito especial. Creio que é neste tipo de trabalhos que melhor e maior contributo poderemos dar à reabilitação, dada a experiência dos nossos profissionais e cola-boradores.

Quais são os grandes desafios que se colocam à Azulima de futuro? A internacionalização já foi iniciada? Se sim, para que mercados? Se não, existe esse desiderato? O futuro da AZULIMA, a curto prazo, deverá pas-

sar por três decisões importantes. A primeira será criar uma estrutura fixa em Lisboa, para melhor apoiar os gabinetes de arquitetura e clientes parti-culares, já que até ao momento presente, esse apoio é dado pelo gerente da empresa, que se desloca re-gularmente a Lisboa.O segundo passo, será desenvolver o setor do azule-jo, aumentando a nossa autonomia relativamente a terceiros, para que possamos responder melhor aos nossos clientes com entregas em prazos mais curtos. Com os setores do azulejo e do mosaico hidráulico, bem estruturados, há que preparar a área comercial, com vista à internacionalização, através da expor-tação regular destas duas gamas de materiais. No entanto temos feito trabalhos para clientes particu-lares, em França, Suíça e Bélgica.

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“A reabilitação urbana é o futuro”. É este o lema e a missão da Renascimóvel. De que modo têm ajudado a mudar o paradigma atual da socieda-de portuguesa, que ainda vê a construção de raiz como uma opção mais adequada?Temos tido uma intervenção na comunidade, por duas vias. Fazendo a pedagogia do desenvolvi-mento urbano, assente na relação entre as pes-soas, o ambiente e o enorme respeito pela eco-logia e natureza. E sempre que possível, temos privilegiado as empreitadas de imóveis usados, até porque temos múltiplos recursos ajustados a esse tipo de obras.

Afirmam não promover a construção de novos edifícios, apesar de aceitarem ser um direito dos clientes. Têm assumido um papel de responsabi-lidade social junto de quem vos procura, no sen-tido de incentivar a reabilitação como alternativa mais viável?A Renascimóvel, como empreiteiro geral, não recusa empreitadas de edificações novas. Somos

Há 16 anos a perpetuar um serviço de qualidade e prestígio, a Renascimóvel, Construção e Reabilitação, Empreiteiros, lda é hoje paradigma de como se deve estar no mercado, através de uma atuação assente em pilares de excelência. A Revista Pontos de Vista conversou com César Neto, sócio-gerente e Diretor geral da empresa, que nos deu a conhecer um pouco mais de uma marca que

tem «marcado pontos» no universo da reabilitação urbana.

“A REABILItAÇÃO URBANA é o futuro”

REABIlITAÇÃO URBANA

CÉSAR NETO

polivalentes. Dizemos sim, porque nos negócios com os clientes não usamos o fator qualidade como vantagem comercial. Consideramos que é uma obrigação intrínseca de todos. À medida que podemos escolher, procuramos sempre a re-abilitação.

A reabilitação urbana seria uma forte oportuni-

dade no controlo do atual desequilíbrio do mer-cado imobiliário nacional. De que modo esta situ-ação sairia beneficiada com uma maior aposta na reabilitação?

Claro que sim. Mas se iniciativa envolvesse de forma mais coordenada e empenhada as insti-tuições públicas e privadas, os “players” particu-

“O estado poderia fazer uma maior aposta na reabilitação e manutenção do património nacional. Mas não tenhamos ilusões. Nos próximos anos não haverá grande folga orçamental para isso. Deve por isso haver uma criteriosa escolha de prioridades, não esquecendo o interior do país”

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lares e os cidadãos em geral.Um investimento de capitais localizado - somos defensores da reabilitação de proximidade - po-deria ajudar a desbloquear imóveis degradados, proporcionando locais de maior conforto e com centralidades favoráveis.

Numa outra perspetiva, apoiam e trabalham no âmbito da reabilitação histórica e de patrimó-nio, uma questão que tem vindo a preocupar os principais intervenientes dos centros histó-ricos. Qual é a importância de uma reabilitação não apenas de edifícios, mas acima de tudo de cultura? O que podem dizer-nos sobre o traba-lho que têm feito neste sentido?Quando se intervém fisicamente nos espaços urbanos, é essencial ajustar essa intervenção aos aspetos culturais, aos usos e costumes e a uma caraterização psicossocial consistente. Depois saber responder aos requisitos arquite-tónicos e paisagísticos, para que os espaços se transformem em ambientes saudáveis, úteis e economicamente viáveis.

O património e edifícios históricos continuam a assombrar a beleza do nosso território pela sua degradação. Como seria um Portugal reabilita-do na íntegra?O Estado poderia fazer uma maior aposta na reabilitação e manutenção do património na-cional. Mas não tenhamos ilusões. Nos próxi-mos anos não haverá grande folga orçamental para isso. Deve, por isso, haver uma criteriosa escolha de prioridades, não esquecendo o inte-rior do país.

Tendo em perspetiva a conjuntura económica portuguesa, de que modo a aposta mais siste-mática na reabilitação urbana seria benéfica? Existiria uma mudança drástica na economia do país e dos próprios cidadãos?A par do turismo - que não vive sem uma forte integração com o urbanismo e com a constru-ção - a reabilitação constitui um motor eco-nómico indiscutível, de enorme peso no PIB. E indiretamente, pode colocar os portugueses num melhor patamar de autoestima e de con-fiança.

Em 16 anos de existência, a Renascimóvel tem deixado uma marca no património português. Que balanço é possível fazer destas quase duas décadas? De que forma têm apoiado esta ‘luta’ por mais e melhores reabilitações urbanas?Estamos orientados para as pequenas e médias obras. Temos um elevado leque de clientes que reconhecem a diferença: o Palácio de Queluz; o Palácio da Pena; a C. M. de Cascais; a C. M. de Almada; a ANA; a ARSLVT; a FPF; a S. C. da Misericórdia Lisboa; o Ministério da Justiça; o CENFIC, a C. M. de Lisboa, etc.. E inúmeros particulares.

Falando agora do futuro, que planos têm para os tempos vindouros? Qual será o papel da Re-nascimóvel na reabilitação urbana do futuro?Existe um ajustamento e expurga de atores descontextualizados, mas as oportunidades vão crescer. Há dezasseis anos escolhemos o nome, o logo e as cores, antecipando o negó-cio. Temos Alvará da Classe IV - Empreiteiro Geral de Edifícios e Reabilitação - incluindo a Reabilitação de Bens ou Património Cultural

“A Renascimóvel, como empreiteiro geral, não recusa empreitadas de edificações novas. Somos polivalentes. Dizemos sim, porque nos negócios com os clientes não usamos o fator qualidade como vantagem comercial”

e Artístico. Pretendemos aumentar progressi-vamente o volume de negócios. Procuramos sinergias e estamos a colocar no mercado outras empresas em áreas do nosso negócio “core”. A Renascimóvel - GIP traba-lha já numa nova Gestão de Projetos. Estamos a seguir as normas do PMI - Projet Manage-ment Institute”, entidade mundial insuspeita. E queremos estar na liderança da reabilitação urbana em Portugal.

OBRA NA MEGASTORE DA ASICS NO COLOMBO

REABILITAÇÃO NO PALÁCIO DA PENA

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Quando questionado sobre se a reabili-tação urbana é o caminho mais indi-cado em qualquer situação, Francis-co Azevedo, CEO da TecReab, não

hesita na resposta. “Sem dúvida. Em termos económicos, ambientais e de conservação do nosso património”, é sempre o melhor méto-

REABIlITAÇÃO URBANA

REABILItAÇÃO URBANA, o futuro inevitável

A reabilitação urbana é um conceito cada vez mais procurado pela sociedade portuguesa no contexto habitacional e industrial. Neste sentido, é premente conhecer empresas especializadas nesta área de atuação, de modo a que a reabilitação seja um incentivo ao desenvolvimento e não à degradação. Deste modo, a Revista Pontos de Vista foi

conhecer as novas instalações da TecReab, em leça da Palmeira, que vieram trazer uma nova imagem e, acima de tudo, melhores capacidades de atuação no mercado da reabilitação.

do. E é por esta certeza que a TecReab existe há mais de uma década, onde o setor de inter-venção e único foco de toda a equipa, sempre foi a reabilitação. Neste sentido, a empresa atua nas vertentes habitacional e industrial e oferece um serviço completo, sendo prioridade conhe-cer todos os meandros da reabilitação urbana. Reabilitação interior, coberturas, fachadas, impermeabilizações, reforços de estruturas e pavimentação contínua são os vários propósi-tos da TecReab. O reforço, aliás, é um aspeto importante da reabilitação e que apenas deve ser abordado por empresas especializadas. “É, de facto, um trabalho que requer muito know--how”. E a TecReab tem condições para exe-cutar estas obras? Obviamente que sim, quer a nível de “know-how dos recursos humanos”, quer “a nível de equipamentos”, afirma Francis-co Azevedo. Quando existem garantias de que a obra está ao cuidado de profissionais qualifica-dos, o CEO da empresa defende que é impres-cindível reabilitar. E alerta para a importância de uma atuação preventiva. “A mentalidade está muito centrada nas ações corretivas” e apenas

nestas condições a sociedade aposta na reabili-tação. Contudo, é premente que ações preventi-vas sejam cada vez mais uma prioridade, princi-palmente no sentido de evitar a degradação do património edificado, garante.

TECREAB BUIlDINgs E TECREAB flOORINgs & DEsIgN

No sentido de criar um serviço completo e inte-gral, a TecReab decidiu apostar nos pavimentos contínuos, um mercado de máxima importância para os clientes industriais. Porque “estes pavi-mentos são muito mais resistentes, de maior limpeza e mais higiénicos”, o objetivo era criar novas soluções para a indústria. Contudo, mais recentemente, e tendo a arquitetura introduzi-do estes revestimentos na decoração de espaços públicos e habitacionais, a TecReab decidiu in-vestir também nesta área de intervenção. Atu-almente, conta com uma equipa especializada em pavimentos contínuos, no âmbito industrial e decorativo, que, em ambas as situações, não deixa de ser um método de reabilitação urbana.Por este motivo, a empresa compreendeu ser

FRANCISCO AZEVEDO

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DEPOIS

Quando, há dez anos, a TecReab surgiu no mercado, a reabilitação urbana ocupava cerca de 4% do setor da construção civil. Atualmente a percentagem atingiu os 8%, que, não sendo um número elevado, mostra a “tendência de crescimento”. francisco Aze-vedo acredita que o futuro passa por este caminho, uma vez que a construção de raiz tem vindo a decair. “Não prevejo nos próxi-mos anos, nem a curto nem a médio prazo, um grande crescimento na área da constru-ção. Então, devemos apostar em conservar o património que já existe”. Porque, e uma vez que “a construção civil sempre foi um motor de crescimento do país, se não for pela cons-trução, [esse crescimento] terá que se refletir por via da reabilitação”, acredita. E neste contexto, francisco Azevedo refere a importância de um Estado mais atento e centrado no investimento. “Os nossos go-vernantes deverão traçar um papel funda-mental na questão da reabilitação, através de incentivos”, que, atualmente, já são uma realidade em países vizinhos. Esse apoio fi-nanceiro seria, na opinião do CEO da TecRe-ab, um aspeto fundamental “quer para as empresas, quer para os clientes”, que seriam incentivados a reabilitar os seus edifícios. Por outro lado, todo o processo burocrático é, neste momento, “oneroso e demorado”, o que apenas dificulta o papel dos interve-nientes. Assim, francisco Azevedo alerta as entidades competentes para o papel que poderiam ter no âmbito da reabilitação ur-bana, que é “o futuro” do nosso país.

A REABILITAÇãO URBANA NO CONTExTO PORTUGUêS

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necessário separar os dois setores de atuação – pavimentos e reabilitação de infraestruturas – e criar duas empresas distintas, que “completando--se”, abraçam, por norma, clientes díspares. Foi neste sentido que, em 2012, surgiram a TecRe-ab Buildings e a TecReab Floorings & Design, como forma de melhor apoiar o cliente. São duas marcas distintas que, no entanto, mantêm os mé-todos de trabalho, soluções sempre inovadoras e uma equipa profissional especializada na reabili-tação urbana.

TECREAB PElO MUNDOMudança e crescimento são conceitos que per-feitamente caracterizam a TecReab. Apesar de há cerca de dois anos terem marcado a história da empresa com a sua divisão, a equipa não pre-tende estagnar. Deste modo, têm já em desen-volvimento um projeto estratégico no sentido de internacionalizarem não apenas a empresa, mas o know-how e os recursos pelos quais são reconhe-cidos em Portugal. Com o apoio da ANPME – Associação Nacio-nal das Pequenas e Médias Empresas, a TecReab

concorreu ao programa de incentivos Portugal 2020, no âmbito do Invest 2020, que se apresen-ta como um apoio ao investimento. Deste modo, Francisco Azevedo conta integrar, já no próximo ano, o mercado alemão. A Alemanha foi, assim, a opção da equipa, “pela proximidade a outros países em que pretendemos apostar”, adianta o CEO. Confiante neste próximo passo da empresa, Francisco Azevedo defende que a TecReab “tem todos os meios para singrar” no mercado exter-no. “Oferecemos os mesmos serviços e temos um know-how tão especializado como o de outros países mais avançados no setor da reabilitação”, reitera.A empresa não pretende, contudo, anular a sua aposta em Portugal. Pelo contrário, ponderam, neste momento, a abertura de delegações nacio-nais, que lhes permitirá uma maior acessibilidade na “atuação no mercado interno”. O futuro passa, portanto, por estas apostas e por um crescimento sustentável, baseado num reco-nhecimento cada vez mais notório ao nível na-cional e internacional.

ANTES

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