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Refere Isaltino Morais, Presidente do Município de Oeiras “FOI DE FACTO EXTRAORDINÁRIA A EVOLUÇÃO CÉLERE DE OEIRAS E HOJE SOMOS CONSIDERADOS O NÚMERO UM EM MUITOS INDICADORES SÓCIO ECONÓMICOS” ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL PÚBLICO /DISTRIBUIÇÃO NACIONAL - MARÇO 2011 APIA – AÇORES APOSTAM NO PROGRESSO DIA MUNDIAL DA ÁGUA

Revista Pontos de Vista Edição 6

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Refere Isaltino Morais, Presidente do Município de Oeiras

“FOI DE FACTO EXTRAORDINÁRIA A EVOLUÇÃO

CÉLERE DE OEIRAS E HOJE SOMOS

CONSIDERADOS O NÚMERO UM

EM MUITOS INDICADORES SÓCIO ECONÓMICOS”

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DIA MUNDIAL DA ÁGUA

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ÍNDICE

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proi-bida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autoriza-ção do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos con-teúdos, não são da responsabilidade do editor.

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Impressão Lisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, SA |Distribuição Nacional | Periodicidade Mensal - Distri-

buição Nacional gratuita com o Jornal Público

4 Entrevista a Gualter Couto - APIA – Agência para a Promoção do Investi-mento dos Açores.

8 CPLP – Abertura ao Universo Civil é o próximo passo. Domingos Simões Pereira, Secretário Executivo da CPLP, em entrevista.

10 Duarte Caldeira, Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, em entre-vista, revela as razões da criação da União dos Bombeiros dos Países de Língua Portuguesa.

12 Projecto.DetalheEngenharia e Gestão de Projectos. A palavra a Joaquim Neto Filipe, Administrador

14 Grupo SABSEG e mais de 250 mi-lhões de pessoas a falar português.

16 Município de OEIRAS – Uma Posição de destaque. Isaltino Morais, edil da autarquia Oeirense em GRANDE EN-TREVISTA

22 “Portugal está no caminho certo no domínio das Energias Renováveis”, re-vela Vítor Rodrigues, Business Stream Manager da TÜV Rheinland Portugal

24 Energias Renováveis em destaque - Mariana Vassalo Coimbra, responsável pelo Departamento de Soluções de Energia da TDGI

28 Jaime Melo Baptista, Presidente do Conselho Directivo da ERSAR - O PREÇO E A QUALIDADE DOS SER-VIÇOS DE ÁGUAS

30 Rui Godinho, Presidente APDA aborda E OS NOVOS DESAFIOS DA ÁGUA

32 Nuno Campilho, Administrador do SMAS de Oeiras e Amadora, e o Dia Mundial da Água na companhia do famoso SpongeBob

36 Jorge Pinto, CEO da Caetano Bus aborda apresentação do AUTOCARRO ELÉCTRICO e suas potencialidades

38 “É um trabalho bem feito a favor da indústria nacional e do País”, afirma JOSÉ SÓCRATES sobre o AUTO-CARRO ELÉCTRICO

40 “É essencial haver um reforço da consciência social e prevenção rodovi-ária”. Quem o afirma é Ana Raposo, Secretária Geral da AFESP

44 Manuel Teixeira Gomes da Gameiro e Associados, Sociedade de Advogados, R.L. – INTERNACIONALIZAÇÃO

46 GUSTAVO CUDELL – Inovação e Competitividade em destaque

48 Jacinto Oliveira, Managing Director da Jacinto Marques de Oliveira, Sucrs. Lda, em discurso directo

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4 Março 2011 Pontos de Vista

Há frente dos destinos da APIA – Agência para a Promoção do Investimento dos Açores desde Outubro de 2009, qual é o balanço que perpetua deste período?Tal como referimos na nossa tomada de posse, para aumentar a competitivida-de e a notoriedade dos Açores, iríamos pautar por uma intervenção proactiva e focalizada com o objectivo de dar a conhecer as potencialidades e captar in-vestimento externo para a Região.Sabemos que não existem soluções fá-ceis, nem serão apenas os subsídios ao investimento, mesmo que bastante aliciantes, que irão atrair os decisores externos no âmbito do processo de in-ternacionalização ou de deslocalização para os Açores. Nesse sentido, desde “Operações de Charme” a empresas/grupos económicos identificados em áreas estratégicas, até Missões Empre-sariais, Workshops e Sessões de Divul-gação dentro e fora dos Açores, temos feito um pouco de tudo e sem hesitar na Agência. Temos em carteira o acom-panhamento de diversas intenções de investimento (algumas relevantes do ponto de vista nacional), e reconheci-dos como PIR – Projectos de Interesse Regional, neste período, projectos nas áreas da saúde e bem-estar e turismo, os quais vieram enriquecer a lista de projectos PIR anteriores nas áreas da

educação, ambiente e energia.Ainda muito recentemente, fomos res-ponsáveis por introduzir o capital de risco nos Açores, para os Açores e para potenciais empreendedores que preten-dam implementar projectos nas nossas ilhas.Como agência para a promoção do in-vestimento dos Açores é esta a nossa missão.

Os Açores assumem-se como um «dia-mante em bruto», uma terra de oportu-nidades onde há estabilidade política e económica que permitem um incremento dos níveis de produção e de rendimento. Quais as razões que na sua opinião figu-ram a região dos Açores como um espaço com potencial de crescimento?Os Açores estão no centro de dois dos principais pólos de desenvolvimento mais estáveis do mundo, a Europa e a América do Norte e não muito longe também da África Ocidental nem da América do Sul, onde se encontram al-gumas economias emergentes, com um forte crescimento económico. Podere-mos ser, efectivamente, a porta de en-trada nas Américas ou uma plataforma destas para a Europa.Ao contrário daquilo que se possa pen-sar, a importância geo-estratégica dos Açores ainda tem muito para dar ao

desenvolvimento da nossa Região e do nosso País. O esgotamento dos últimos modelos de gestão com base na impor-tância da posição dos Açores no mundo são uma oportunidade para uma mu-dança de paradigma, talvez bem mais interessante do ponto de vista sócio--económico do que a anterior visão.

Os Açores alcançaram hoje o estímulo de serem hoje uma das regiões com taxas de crescimento mais elevadas do país. No entanto, ainda são das regiões mais atrasadas do país. Como explica este de-sequilíbrio?Não concordo quando refere que somos das regiões mais atrasadas do país. O desenvolvimento económico, patente sobretudo na última década, a existên-cia em todas as ilhas de uma rede viária, de portos e aeroportos e a disseminação em todo o arquipélago de tecnologias de informação e comunicação, assim como a existência de universidades, escolas profissionais, centros de empreende-dorismo e centros de investigação, têm contribuído para fazer dos Açores uma região mais moderna e diversificada nas suas fontes de crescimento.Seria necessário saber quais os indica-dores que estamos a analisar, se pura-mente económicos, financeiros, ou se também incluímos na análise indicado-

res qualitativos. Em alguns indicadores estamos acima da média, noutros ainda teremos melhorar o desempenho, à se-melhança de outras regiões do país.

Essa realidade obrigará os Açores a «cor-rer» mais do que a média das restantes regiões? De que forma deve ser feita essa aproximação da média do país?Uma das vantagens de sermos uma pequena economia é que não necessi-tamos de muito para darmos um salto qualitativo ainda maior do que aquele a que temos assistido desde a implemen-tação do processo autonómico. Preten-de-se contribuir de forma significativa para o aumento da produtividade e competitividade da economia Açoriana e, consequentemente, continuar o pro-cesso de aproximação do PIB per capi-ta gerado na Região à média nacional e comunitária. Estamos a ser bons alunos a esse respeito. De facto, tal como algu-mas teorias há muito discutem, small is beautifull!

A missão da APIA passa, entre outros, pela promoção e captação de projectos de investimento, quer de origem nacio-nal, quer internacional. Que análise per-petua dos projectos de investimento rea-lizados nos últimos anos?Pela sua juventude, dado que foi criada

Gualter Couto, Presidente da APIA, assume o grande desiderato

“Transformar as adversidades em oportunidades em prol dos Açores”

“Mesmo num cenário desfavorável a nossa actuação tem sido positiva, já que estamos a conseguir resultados concretos e a trazer inves-timento para os Açores”, afirma Gualter Couto, Presidente da APIA – Agência para a Promoção do Investimento dos Açores, em entrevista à Revista Pontos de Vista onde ficamos a conhecer os principais projectos da instituição e as razões que projectam os Açores como uma oportunidade de investimento e de mudança de paradigma em prol do futuro deste arquipélago.

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em 2006, a APIA tem condições para continuar a afirmar-se e a desen-volver trabalho em be-nefício da Região. A tarefa de captar investimento não é de modo nenhum fácil, nem a obtenção de resultados a curto prazo. Na captação de investimento externo a APIA não concorre no mer-cado açoriano, mas no mercado global, onde a concorrência é feroz e cada Esta-do ou Região coloca todo o seu potencial na captação de investimento externo.Sabemos que alguns sectores de acti-vidade, típicos de mercados de grande dimensão ou que exijam estar perto de determinados factores de produção, não serão necessariamente áreas es-tratégicas de desenvolvimento para os Açores. Também sabemos que a conjun-tura internacional, entre finais de 2008 até aos nossos dias não tem sido a me-lhor para a captação de investimento. Muitos agentes económicos vivem perí-odos de retracção e em alguns casos de encerramento de unidades produtivas em países externos, com re-concentra-ção nos países de origem.De qualquer forma, quem veio para os Açores em geral está optimista e temos excelentes exemplos na área dos lacti-cínios, das conservas e no turismo, que nos motivam e incentivam a fazer mais e melhor.

Como tem sido realizada a promoção dos Açores além fronteiras? O facto de a APIA concorrer no mercado global tem dificul-tado a captação de investimentos?Como tive oportunidade de referir, apesar de a conjuntura não ser a mais favorável, neste último ano e meio de administração realizamos diversas ac-ções de promoção e divulgação, quer individualmente, quer em parceria com entidades, organizações e demais agen-tes económicos. Neste âmbito, salienta-mos as Sessões de Divulgação nos EUA (em Massachusets) e no Canadá (em Ontário e Winnipeg), a organização de uma Missão Empresarial à Galiza, a par-ticipação em diversos eventos e feiras (na Corunha e nos EUA), para além de inúmeras reuniões e contactos com po-tenciais investidores.Com este objectivo subjacente, a Agência tem vindo igualmente a estabelecer no-vas parcerias, a reforçar as existentes e a expandir a sua rede de contactos inter-nacionais, tendo estabelecido dois no-vos Protocolos de Cooperação. As parce-

rias e s t a -b e l e c i d a s constituirão uma alavanca no trabalho a desenvolver no decurso deste ano, tendo em vista uma intervenção diversificada, com incidência nos prin-cipais mercados de exportação regional.

Os Açores são hoje uma oportunidade de investimento? De que forma têm realiza-do a divulgação junto de potenciais in-vestidores? Sente essa receptividade por parte dos mesmos? A apetência por conhecer melhor os Açores e as respectivas oportunidades de investimento é grande e a abordagem é feita quase sempre em proximidade. Qualquer evento nosso é sempre muito bem recebido e bastante participado, o que nos apraz registar, seja em missões empresariais, sessões de esclarecimen-to ou outras intervenções públicas para divulgação e promoção dos Açores no exterior, incluindo as zonas de fixação de comunidades açorianas, nas quais existem empresários de muito sucesso, potenciais investidores nos Açores.

Centros de Investigação, Inovação, Edu-cação, Energia, Agricultura, Turismo, en-tre outros assumem-se como segmentos centrais para o desenvolvimento. Quais são aqueles, na sua opinião, que repre-sentam actualmente um explanar de po-tencialidades nos Açores? Se tivesse de destacar um sector de entre os emergentes nos Açores, sem dúvida seria o das actividades rela-cionadas com a economia do mar. As especificidades geográficas dos Açores acabam por conferir à Região um papel bastante importante a nível nacional, comunitário e até intercontinental. Em termos nacionais, os Açores represen-tam uma oferta diferenciada no sector turístico e aumentam sobremaneira a área de influência de Portugal devido às condições únicas que derivam da Zona Económica Exclusiva. A nível comunitá-

rio, as condições de ultraperiferia e de dispersão conferem à Região diversos argumentos relevantes nas definições da Política da Coesão e da Política Marí-tima. Finalmente, a nível intercontinen-tal, a posição geográfica assume uma importância especial, nomeadamente no relacionamento com os países da Or-ganização do Tratado do Atlântico Nor-te (NATO), com especial destaque para as relações com os Estados Unidos da América, que ainda hoje possuem uma base aérea militar na ilha Terceira.A componente marítima é pois uma oportunidade a ressalvar, uma vez que os Açores apresentam condições únicas com imenso potencial, como já foi referi-do, quer pela Zona Económica Exclusiva, quer pela extensão do seu território ma-rítimo. Contudo, não se poderá esquecer que as virtualidades desta situação não se esgotam aí, sendo certo que o futuro económico de Portugal e, em específico, dos Açores está directamente ligado ao aproveitamento dos recursos marítimos que têm à sua disposição. Neste campo, a investigação científica, as pescas, a logística e o turismo afiguram-se como sectores onde deverá haver uma preo-cupação na promoção de um desenvol-vimento sustentável e nos quais os Aço-res têm muitos trunfos a jogar, inclusive na exploração do seu extenso subsolo marinho.

Os Açores representam actualmente cerca de 2,3% da população nacional e 2,5% do território português, bastante exíguo portanto. No entanto, na vertente da agricultura e agropecuário assumem valores excepcionais como por exemplo 30% de produção de leite do nosso país e 60% de produção de queijo. Isto repre-

senta que é necessário con-tinuar a apostar nas chamadas

áreas tradicionais e rurais? Os Açores possuem vantagens naturais excepcionais para a produção de leite e de carne. Têm reconhecido know-how na transformação do leite, centros de in-vestigação de primeira linha e sistemas fitossanitários avançados que garantem a qualidade da produção e transforma-ção animal. Será, portanto, essencial potenciar este saber e experiência na valorização dos produtos e projectos agro-pecuários. Não é por casualidade que um dos investimentos internacio-nais de sucesso na Região (Fromageries BELL) seja justamente na área dos lacti-cínios e na exploração de produtos lác-teos da marca/origem Açores. Também não será por acaso que outro projecto de sucesso, a COFACO, revele o grande potencial na transformação de peixe e conservas no arquipélago assente na vertente da internacionalização.Sem dúvida que estamos a falar de um importante cluster da economia aço-riana em que é necessário continuar a apostar.

O Agropecuário e Agricultura são duas áreas vitais como foi referido para os Açores, mas carecem actualmente de recursos humanos qualificados para as mesmas. De que forma é necessário apos-tar na atractividade de jovens para estas áreas? Que iniciativas estão a ser prepa-radas neste âmbito?Sem dúvida que o desenvolvimento económico passará sempre por mais e melhor qualificação, como forma de reforçar o nosso capital humano, pela implementação de uma cultura empre-endedora, pelo fomento da capacidade empresarial e pelo apelo a parcerias que visem o desenvolvimento susten-tável das nossas ilhas. Neste campo, a

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Universidade dos Açores tem vindo a as-sumir um papel de relevo na formação e qualificação dos recursos humanos, quer na área das ciências, quer na área das humanidades, possuindo centros de investigação direccionados para o mar, para a biotecnologia e outras áre-as, considerados de primeira linha, com publicações de prestígio internacionais e reconhecimento científico. Também existem escolas profissionais e tec-nológicas muito boas com uma oferta formativa orientada para áreas de acti-vidade mais carenciadas. Alguns alunos açorianos têm vindo a ganhar diversos prémios nacionais e internacionais, sen-do esse um bom indicador da qualidade do nosso ensino, que nunca será de-mais numa economia em crescimento. Paralelamente, existem programas de inserção na vida activa e apoios aos jo-vens empreendedores, promovidos pelo Governo dos Açores.

Os Açores depositam fundadas esperan-ças no sector do Turismo. De que forma é que tem sido desenvolvido e promovido este sector? O que ainda falta para que s Açores possam competir, por exemplo, com a Madeira, considerado um ex libris turístico mundial? O reconhecimento pela UNESCO da ri-queza cultural e patrimonial das várias ilhas e cidades açorianas, o acervo histó-rico, a apetência da população por mani-festações culturais, religiosas e festivas e, por outro lado, a existência de uma paisagem natural única e diferenciada e um clima com temperaturas amenas du-rante todo o ano, constituem elementos que proporcionam oportunidades ao ní-vel do desenvolvimento de actividades económicas no domínio do lazer, da saú-de e bem-estar e do turismo.A Região mantém uma imagem despo-luída, ambientalmente sustentável e tem capacidade de oferta de produtos naturais e ecológicos, existindo oportu-nidades ao nível do preenchimento de alguns nichos de mercado, onde o factor custo é menos importante que a origem e qualidade da matéria-prima e a auten-ticidade da sua produção.De facto, os Açores não foram afectados pelo turismo de massas nem é desejá-vel que o sejam. Estamos vocacionados para um mercado que procura turismo exótico em pequenas ilhas, com espaços naturais, traços rurais, propensos ao desporto e à aventura, sendo simultane-amente um destino com atractivos para o turismo de negócios, conferências e de saúde.Estas características resultam em vanta-gens comparativas face a destinos con-correntes. Cada ilha tem características únicas que merecem ser devidamente exploradas. Os Açores têm ainda um potencial de atractividade muito forte para a prática de Whale Watching, Desportos Náuti-cos, Big Game Fishing e para a prática de Mergulho. Trata-se de outro importante cluster ainda não devidamente explora-do, que visa captar turistas de segmento médio-alto, onde poderemos rivalizar com importantes zonas do mediterrâ-neo que não têm a qualidade e visibili-

dade das nossas águas nem a riqueza e diversidade do nosso mar.

A reformulação das obrigações de Servi-ço Público relacionados com a SATA, mais concretamente ao nível das tarifas de transporte aéreo ainda são um entrave ao desenvolvimento dos Açores? Que me-didas estão a ser realizadas para ultra-passar estas vicissitudes? O Governo Regional e a SATA têm tra-balhado no sentido de ultrapassar algu-mas vicissitudes e a própria reformula-ção das Obrigações de Serviço Público confirma a implementação de medidas nesse sentido, assim como a atenção dedicada a estas questões. Se concor-remos no mercado global temos neces-sariamente de fazer contas aos preços das passagens aéreas por comparação com outros destinos e por comparação com as durações médias de voo. Não é desejável que os preços dos transportes sejam um estrangulamento ao desenvol-vimento dos Açores, mas também não podemos deixar de ter em conta a via-bilidade e a qualidade do serviço, sobre-tudo no actual contexto internacional de subida dos preços do combustível. Este será certamente um desafio a superar nos próximos tempos.

Teme que os actuais constrangimentos económicos sentidos pelos diversos mer-cados mundiais possam fazer perigar os investimentos nos Açores? Todos conhecemos a actual situação económica e financeira do país e do mundo, em que o acesso ao crédito é cada vez mais difícil mesmo para bons investimentos. Considero pois normal que os investidores reflictam mais e por mais tempo antes de tomarem uma decisão, apesar de em alguns casos possuírem as condições necessárias de liquidez. Aqui saliento o enquadramen-to favorável ao investimento na região, através dos Sistemas de Incentivos ao Investimento Privado, de longe o me-lhor quadro financeiro disponível a to-dos os que pretendam implementar pro-jectos nos Açores, constituindo-se como um instrumento fundamental de apoio.Por isso, mesmo num cenário desfavorá-vel a nossa actuação tem sido positiva, já que estamos a conseguir resultados concretos e a trazer investimento para os Açores.

Quais são as principais prioridades de fu-turo da APIA?Uma leitura atenta da evolução do con-texto socioeconómico dos Açores sugere que se focalize o modelo económico, de modo a que este possa aproveitar cada oportunidade de crescimento. No caso da nossa Região, devemos pensar na produção de bens e serviços exportá-veis; no aumento das vantagens compa-rativas dos sectores de actividade mais competitivos; na inovação, investigação e desenvolvimento dos nossos produtos e riquezas endógenas; e em novos pro-dutos e serviços com elevado potencial de crescimento.Julgamos que estamos a trilhar o cami-nho certo. Pelo menos é essa a opinião que temos recolhido dos potenciais in-

vestidores nacionais e internacionais.Importa, assim, continuar a trabalhar com afinco e conseguir transformar as adversidades em oportunidades para a Região.

A terminar, qual a razão que o leva a considerar os Açores um «diamante em bruto» e caso seja devidamente lapidado que mais-valias retirará a região dessa realidade?Efectivamente, no que respeita à ex-ploração de oportunidades de negócio, os Açores são um diamante em bruto. Isto significa que existem sectores com um potencial de criação de riqueza para quem queira investir, promovendo ain-da um maior desenvolvimento económi-co a nível regional.De entre os sectores de actividade emer-gentes destacam-se oportunidades em diversas áreas: no Turismo (na verten-te do Golf, turismo de saúde, (termal, SPA) e religioso) podendo ainda vir a ser identificados outros importantes nichos; na Indústria (exploração dos produtos lácteos da marca Açores direc-cionados para a internacionalização); na Transformação de Carne e Peixe; na Ex-ploração de Águas Minerais, como tam-bém na Investigação relacionada com o Mar, nas Tecnologias de Informação e Comunicação; e sem dúvida nas Ener-gias Renováveis.De igual forma, a Aquicultura tem enor-me potencial neste século e os Açores, referido por especialistas, gozam de um ecossistema privilegiado. Os fundos ma-rinhos são extremamente ricos, tendo sido descobertos novos recursos no sub-solo marinho dos Açores, com potencial interesse para a indústria farmacêutica, para a cosmética e para a exploração de minerais ricos.No capítulo das Energias Renováveis, o Protocolo Green Islands desenvolvi-do com o MIT Portugal, é por si só boa oportunidade de negócio. O reforço da produção e transformação das energias renováveis não são apenas uma fonte de captação de investimento externo, como constitui também um pólo de atracção turística. Referimo-nos sobretudo à exploração da energia geotérmica, eólica e de biomassa, não des-curando o potencial de in-

vestigação da energia das ondas do mar.Até no capítulo do espaço poderemos ser um importante pólo de investimen-to. A instalação na ilha de Stª. Maria da estação de rastreio de satélites da ESA permite-nos estar integrados no mapa espacial.

Qual poderá e deverá ser o papel dos açorianos no âmbito da promoção dos Açores? De facto necessitamos da estreita cola-boração de todos. Do Governo Regional mas também de muitos outros impor-tantes parceiros, onde se incluem as Câmaras Municipais, as Câmaras de Comércio e Associações Empresariais, as instituições financeiras, a Universi-dade dos Açores e todos os centros de investigação e de promoção de empre-endedorismo, os parques empresariais, os futuros parques tecnológicos, outras instituições directa ou indirectamente ligadas ao mundo empresarial e os pró-prios empresários regionais.Todos somos importantes na defesa dos superiores interesses dos Açores e para o seu contínuo progresso. Todos temos essa missão. Mas também temos de ves-tir a camisola e arregaçar as mangas, pois só com trabalho ultrapassaremos as dificuldades e tiraremos partido das potencialidades dos Açores.

PV6 // AÇORES – SINÓNIMO DE PROGRESSO E DINÂMICA

Na captação de investimen-to externo a APIA não concor-re no mercado açoriano, mas num mundo global, onde a concorrência é feroz e cada Estado ou Região coloca todo o seu potencial na captação de investimento externo

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PV6 // COOPERAÇÃO CPLP

8 Março 2011 Pontos de Vista

O primeiro passo no processo de criação da CPLP foi dado em São Luís do Maranhão, no Brasil, em Novembro de 1989,

por ocasião da realização do primeiro encontro dos Chefes de Estado e de Go-verno dos países de Língua Portuguesa. Sete anos mais tarde, a 17 de Julho de 1996, em Lisboa, realizou-se a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo que marcou a criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, reunindo Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bis-sau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Posteriormente, em 20 de Maio de 2002, com a conquista de sua independência, Timor Leste tornou-se o oitavo país membro da Comunidade. Tal como define Domingos Simões Pe-reira, a CPLP “é uma experiência mui-to interessante e um desafio especial, porque significa que Estados que até há pouco tempo estiveram divididos por várias razões, foram capazes de encon-trar projectos comuns e reconheceram que podem desenvolver uma diplomacia coordenada, que tem evoluído positiva-mente, porque os Estados encontraram no espaço CPLP um prolongamento dos seus esforços nacionais para a sua afir-mação no âmbito internacional”.

Língua como denominador comum

A língua que é comum a todos os Esta-

dos, foi o ponto de partida para a coope-ração e, segundo o Secretário Executivo da CPLP, “continua a ser o denominador mais objectivo”, embora este conceito assuma actualmente uma outra dimen-são “que tem favorecido o crescimento económico e a afirmação dos Estados na arena internacional e tem justificado a sua aproximação”.Assim, numa altura em que a CPLP ca-minha para a celebração do seu 15º ani-versário e com a maturação da própria organização, Domingos Simões Pereira sublinha que “futuramente, a CPLP vai potenciar ainda mais as suas acções de cooperação entre os Estados, sobretudo nos domínios da Saúde e da Educação, mas também estará focada noutros sectores, como o das Comunicações, porque através das várias experiências partilhadas pelos vários Estados, será possível transformar este sector em algo bastante mais relevante para as respec-tivas economias”.Após vários anos em que a CPLP investiu sobretudo na sua estruturação e criação de laços a nível internacional entre os Estados membros, esta prepara-se ago-ra para uma maior abertura e envolvi-mento com a sociedade civil: “Durante os primeiros 14 anos da CPLP, a questão dos princípios foi muito importante, ou seja, a partilha da mesma língua e cul-tura marcou a evolução da Comunidade, mas hoje queremos partir do princípio de que este aspecto está consolidado e queremos avançar para outros pata-

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é o fórum multilateral privilegiado para o aprofundamento da amizade mútua e da cooperação entre os seus membros. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Domingos Simões Pereira, Secretário Executivo da CPLP traça o caminho a seguir por uma organização que, a cada dia, se pretende afirmar como um instrumento de cooperação, que potencie o desenvolvi-mento sustentado de todo o mundo lusófono.

Organização procura abertura à sociedade civil

CPLP - Comunidade de Países de Língua Portuguesa

Domingos Simões Pereira, Secretário Executivo da CPLP

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mares, nomeadamente em termos de abertura à sociedade civil, para que esta se inspire e reveja no espaço da CPLP e sejam os primeiros promotores desta organização e do que ela significa em termos de cooperação”.Para potenciar esta abertura à comu-nidade, a CPLP está empenhada, por exemplo, através da sua Confederação Empresarial em aproximar a legislação de cada Estado membro, para que todos possam partilhar objectivos que pro-movam o investimento e o crescimento económico dos respectivos países, faci-litando a entrada de empresários dos vários Estados: “Vamos procurar ser capazes de, através das Constituições de cada um dos Estados, criar um espaço comum a partir do qual uma legislação de base possa criar bases de funciona-mento reciproco, permitindo que um homem de negócios oriundo de deter-minado país membro da CPLP tenha facilidades de entrada e intervenção em cada um dos demais Estados”.

“Só há Comunidade quando há conhecimento”

É precisamente em iniciativas deste gé-nero, que as assimetrias existentes entre os vários Estados e a própria dispersão geográfica, representam um desafio que Domingos Simões Pereira acredita que a Comunidade seja capaz de ultrapassar: “Desde o início que todos estes factores

foram encarados pelos vários países como um desafio importante, contudo, hoje, este factor é visto como uma van-tagem porque, exactamente devido à dispersão geográfica, cada Estado acaba por ser um representante dos demais. Neste momento, Angola e Moçambique fazem parte da Comunidade para o De-senvolvimento da África Austral (SADC) e devido a este facto trazem à CPLP um conjunto de informações sobre esta zona do globo que, de outra forma, os restantes países não teriam e começa-mos a verificar que a própria SADC olha para Angola e Moçambique muito para além da respectiva posição geográfica, pois constatam aquilo que Portugal ou o Brasil lhes poderá trazer e este exemplo é válido para todos os Estados mem-bros”.A Organização tem sido ambiciosa, como prova o número crescente de re-soluções que têm sido aprovadas, e nas múltiplas manifestações de interesse por parte de outros Estados e organiza-ções, mas neste momento, assumindo o início do fim do seu segundo mandato, o Secretário Executivo irá focar a sua actuação em quatro objectivos muito concretos: “Queremos apostar em abrir o próprio espaço físico da nossa Orga-nização a uma maior interacção e, por isso, queremos ter uma nova Sede, que permita criar programas atractivos para a comunidade civil, como exposições, uma biblioteca virada para o exterior e que possa receber estudantes que quei-

É uma experiência muito interessante e um desafio es-pecial, porque significa que Estados que até há pouco tempo estiveram divididos por várias razões, foram ca-pazes de encontrar projectos comuns e reconheceram que podem desenvolver uma di-plomacia coordenada, que tem evoluído positivamente, porque os Estados encon-traram no espaço CPLP um prolongamento dos seus es-forços nacionais para a sua afirmação no âmbito inter-nacional

ram desenvolver pesquisas ligadas à nossa organização, e uma sala que per-mita ligar todos os Estados através de videoconferências periódicas. Estamos também focados na área da educação porque entendemos que temos também neste campo um importante contributo, sobretudo através do ensino à distância, permitindo que aqueles que estão em países com menos oportunidades, pos-sam ter mais acesso ao conhecimento. Outro ponto fundamental é a Comunica-ção, porque a capacidade de partilha de conteúdos sobre as informações que vão circulando nos nossos Estados é muito importante e a nossa ambição passa por criar, um dia, um canal de televisão da CPLP. Outro aspecto é a difusão cultural, pois acreditamos que só há Comunida-de quando há conhecimento das várias culturas”.

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10 Março 2011 Pontos de Vista

Bombeiros dos oito países de lín-gua portuguesa formalizaram em Outubro de 2007 a criação de uma organização visando

a cooperação científica e pedagógica, designada União dos Bombeiros dos Países de Língua Portuguesa (UBPLP), tendo a organização uma presidência rotativa, sendo assumida por um país diferente a cada dois anos. A entidade tem entre os seus objectivos a promo-ção de cooperação científica e pedagógi-ca entre os bombeiros das oito nações. A colaboração na prevenção e combate a incêndios, no salvamento de pessoas e no socorro prestado em caso de aci-dente ou catástrofes naturais são outras finalidades previstas no seu estatuto, conforme destacou Duarte Caldeira: “Efectivamente existem dois objectivos fundamentais que presidiram à criação desta entidade. O primeiro ponto visa promover a cooperação entre as estru-turas de bombeiros e protecção civil dos oito Estados nos domínios científico, pedagógico, técnico, operacional, social e cultural dos bombeiros dos vários pa-íses criando dinâmicas de promoção da cooperação. Por outro lado, pretende-se facilitar e desenvolver a troca de expe-riências, fundamentalmente no domínio

operacional no que se refere à luta con-tra incêndios e ao salvamento de vidas humanas”.No sentido de concretizar e materializar estes objectivos, têm sido desenvolvidas um vasto conjunto de acções, desde a criação de um site na Internet, através do qual é distribuída informação, bem como a partilha de relatórios, como aconteceu nos casos das inundações ocorridas em 2010 na Ilha da Madeira, através do qual os países membros ad-quirem e partilham informações úteis, que em caso de catástrofe podem assu-mir um papel decisivo. Além destas duas iniciativas, Duarte Caldeira destaca o intercâmbio nos do-mínios da formação, bem como o papel social que a União dos Bombeiros dos Países de Língua Portuguesa se preo-cupa em desenvolver e assumir: “Ainda no final de 2010 esteve na Guiné uma equipa da Escola Nacional de Bombei-ros com o intuito de promover acções de formação a bombeiros locais, numa acção articulada entre o Ministério da Administração Interna, a Escola Nacio-nal de Bombeiros e a União dos Bombei-ros dos Países de Língua Portuguesa. Na área social tenho que destacar o papel assumido pela União no caso de um ofi-

cial dos bombeiros da Guiné, que sofreu uma lesão na vista e que necessitava de uma intervenção cirúrgica em Dakar, in-tervenção que foi financiada pela UBPL e que vai permitir a completa reabilita-ção deste oficial, que de outra forma não teria condições de o fazer. Neste sentido, para além da cooperação entre os es-tados, queremos sobretudo humanizar esta cooperação”.

“Nível diferenciado de prioridade em cada um dos Estados”

Neste momento está também em dis-cussão com Angola, que detém a presi-dência executiva da União dos Bombei-ros dos Países de Língua Portuguesa, um projecto para a construção de uma escola em Luanda para os países da União, que vai ajudar a fomentar as ac-ções de formação levadas a cabo para a qualificação dos bombeiros dos vários Estados. No entanto, apesar de considerar que a UBPLP está a ser uma aposta de su-cesso, Duarte Caldeira identifica ain-da algumas lacunas que dificultam a progressão de algumas acções. “Em primeiro lugar existe um nível diferen-

Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Duarte Caldeira, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, dá-nos a conhecer a União dos Bombeiros dos Países de Língua Portuguesa, criada em 2007, com o intuito de estabelecer a cooperação científica e pedagógica entre os estados pertencentes à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) no domínio da protecção civil.

Um espaço de Partilha e Cooperação

União dos Bombeiros dos Países de Língua Portuguesa

Duarte Caldeira, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses

Ainda no final de 2010 esteve na Guiné uma equipa da Escola Nacional de Bom-beiros com o intuito de pro-mover acções de formação a bombeiros locais, numa acção articulada entre o Mi-nistério da Administração Interna, a Escola Nacional de Bombeiros e a União dos Bombeiros dos Países de Língua Portuguesa

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ciado de prioridade que estas temáticas ganharam em cada um dos Estados. Os desastres são oportunidades e pontos de viragem, na forma como os deciso-res políticos olham para este sector, e é a partir destas janelas de oportunidade que se consegue sobressaltar a consci-ência por parte de quem decide, para a necessidade de investir cada vez mais nestas estruturas. Assim, nos países onde o grau de impacto destas tragédias é menor e onde existem graves proble-mas económicos e até políticos, estas estruturas são mais precárias, ou seja, encontramos a dificuldade de nos corre-lacionar com países com dinâmicas so-ciais, políticas e económicas muito dife-renciadas, com impacto sobre o modelo e a estrutura organizativa dos serviços de protecção e socorro”.

A mudança começa a surgir

Apesar das dificuldades, Duarte Caldei-ra sublinha que “apesar de existir ainda um longo caminho a percorrer, vão--se notando sinais de uma percepção e consciência dos decisores políticos em

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Os desastres são oportunidades e pontos de viragem, na forma como os de-cisores políticos olham para este sector, e é a partir destas janelas de oportunidade que se consegue sobressaltar a consciên-cia por parte de quem decide, para a ne-cessidade de investir cada vez mais nestas estruturas

relação à inevitabilidade de olharem com mais atenção e disponibilizarem mais recursos para o desenvolvimento destas respostas que são decisivas para a minimização dos efeitos dos fenóme-nos que acontecem com mais frequên-cia, no sentido de se investir em tempo útil no que pode ser feito a montante da tragédia”.Numa altura em que a UBPLP caminha para o seu quarto aniversário, Duarte Caldeira aponta que a prioridade para o futuro mais próximo será focado no “Programa Indicativo para a Coopera-ção, aprovado na última Assembleia Geral, em Luanda, composto por três domínios dos quais se sobrepõe a for-mação, de modo a criar lógicas de coo-peração que permitam rentabilizar ao máximo as experiências de cada país nos vários domínios em que se pratica a protecção e o socorro, sobretudo atra-vés da permuta de peritos, formadores e formandos, de forma a fazer da União um espaço de partilha que beneficie os oitos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”.

Efectivamente existem dois objectivos funda-mentais que presidiram à criação desta entidade. O primeiro ponto visa promover a cooperação entre as estruturas de bombeiros e protecção civil dos oito Estados nos domínios científico, pedagógico, técni-co, operacional, social e cultural dos bombeiros dos vários países criando dinâmicas de promoção da co-operação. Por outro lado, pretende-se facilitar e de-senvolver a troca de experiências, fundamentalmente no domínio operacional no que se refere à luta contra incêndios e ao salvamento de vidas humanas

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12 Março 2011 Pontos de Vista

O Homem sonha e a obra nasce. Este bem que poderia ser o desígnio da Projecto.Detalhe – Engenharia e Gestão de Projectos que nasceu há sensivelmente 11 anos, tendo como principal desiderato colmatar as principais necessidades dos seus parceiros e clientes, acompanhando todas as evoluções tecnológicas de forma a usufruir dos serviços mais completos e modernos do mercado.

O «Detalhe» do Sucesso

Joaquim Neto Filipe, Administrador da Projecto – Detalhe, em discurso directo

Joaquim Neto Filipe A Revista Pontos de Vista foi conhecer em «detalhe» a Pro-jecto.Detalhe – Engenharia e Gestão de Projectos, tendo

conversado com Joaquim Neto Filipe, CEO da marca que revelou quais as principais prioridades daquela que é hoje considerada uma das cem maiores empresas de engenharia em Portugal e que aposta também no mercado inter-nacional como forma de elevar a marca Projecto.Detalhe, actualmente um dos principais players na área de Engenha-ria e de Gestão de projectos na área in-dustrial EM Portugal. Seguindo uma lógica de crescimento orgânico e sustentado, a perspectiva do nosso interlocutor passou pelo desen-volvimento apoiado das diversas activi-dades que a empresa possui hoje, tendo como fito primordial apostar em novas valências e acrescentar competências “de modo a que o produto global que comercializamos fosse mais apelativo e promovesse a satisfação completa do nosso cliente”, assume Joaquim Filipe Neto, lembrando que esse foi o objectivo principal até meados de 2006, período em que o nosso interlocutor, em conjun-to com os seus pares, começou a pensar na vertente da internacionalização. Congregando assim uma capacidade ins-talada assinalável e de valor acrescen-tado reconhecido da Projecto.Detalhe, bem como da capacidade empreendedo-ra do nosso interlocutor, é em 2006 que se inicia a «aventura» da marca além--fronteiras, tendo tido uma evolução cé-lere e sustentada e estando actualmente presente em quatro mercados distintos, contando com o português, embora to-dos eles com o mesmo denominador comum, a Língua Portuguesa. “Estamos actualmente presentes no Brasil, Mo-çambique, Angola e Cabo Verde”, refere o Administrador da Projecto.Detalhe e assegurando que a internacionalização não vai estagnar, “pois estamos sempre atentos a outras latitudes e longitudes que eventualmente possam ser interes-santes para as nossas diferentes áreas

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de negócio”, confirma. Actuando em diversos sectores, a Pro-jecto.Detalhe assume a sua orgânica centrada em quatro pilares de actuação: Oil and Gas, “denominado petróleo”; Energia “nas vertentes do transpor-te, produção e distribuição da mesma, tanto ao nível de matérias fósseis como renováveis, onde inclusive acabamos de adquirir uma empresa de renome, com cerca de meio século de experiência na vertente das energias renováveis; Am-biente “onde efectuamos a execução de projectos, construção e automação de ETA’s e ETAR’s e Mineração e Siderurgia, esta última área com maior enfoque ao nível internacional, tal como explica o nosso interlocutor. “Em Portugal o sec-tor das minas tem conhecido uma série de complicações e embora tenhamos tido algumas experiências com enti-dades nacionais neste âmbito foram sempre trabalhos residuais. No entanto, estas duas áreas aportam um grande enfoque em Moçambique e no Brasil e temos apostado bastante em ambos os mercados nesta área. Não é por acaso que um dos nossos clientes em termos de exploração mineira é uma das maio-res marcas mundiais neste domínio, a Vale do Rio Doce”, afirma Joaquim Neto Filipe.

«Fórmula» de sucesso para a Internacionalização

Galardoada com o estatuto de PME Líder, título atribuído pelo IAPMEI, a aposta da Projecto.Detalhe a nível ex-terno não conheceu o seu início pelos constrangimentos sentidos ao nível do volume de negócios em Portugal, nem o nosso entrevistado desistiu do mer-cado interno. “De modo algum, somos e iremos continuar a ser uma empresa portuguesa”, assegura convicto e escla-recendo as razões que levaram à inter-nacionalização da Projecto.Detalhe. “A aposta em mercados externos não se deveu a dificuldades sentidas em Por-

tugal, porque felizmente conseguimos conquistar uma posição de relevo no nosso país, onde estamos perfeitamente consolidados e possuímos um leque de clientes e de oportunidades bastante vasto que nos permite ter perspectivas positivas de futuro. Assim, esta aposta deve ser analisada como um passo na-tural de quem é ambicioso e de quem tem vindo a consolidar a marca pela qualidade dos serviços e produtos e pelo facto de termos no nosso código genético a capacidade de partilhar o que conhecemos e o que possuímos com os países onde pretendemos enveredar, sendo que a melhor forma de o fazer é através de empresas e parceiros locais”, esclarece. A internacionalização assume-se por-tanto como um passo natural do uni-verso empresarial, embora as empresas devam ter precauções quando decidem dar este passo, pois se falarmos de mer-cados lusófonos, existe sempre a tenta-ção e a ilusão para acharmos que pelas realidades culturais e linguísticas se-rem semelhantes o cenário económico--social também o é. Nada mais errado. “Esta incapacidade assumida de conhe-

cer os países para onde pretendemos caminhar pode ser perigosa e daí a re-levância dos parceiros locais, pois além de estarem preparados para colmatar os desconhecimentos que possuímos quando entramos em algo novo, são fundamentais na transição dos produ-tos que possuímos e que exportamos, bem como as necessidades do próprio mercado”, assevera Joaquim Neto Filipe.

União entre a ambição e a sabedoria

“As empresas são as pessoas”, afirma convicto o nosso entrevistado, dando a conhecer o que deveria ser um exemplo para todas as empresas em Portugal. Mantendo um protocolo com o Institu-to de Emprego e Formação Profissional, a Projecto.Detalhe foi inclusivamente reconhecida em apresentações públi-cas pela disponibilidade em empregar jovens licenciados. Nada de novo se analisarmos que em muitos casos ainda existem exemplos positivos no univer-so empresarial a fazer exactamente o mesmo. O cenário muda de figura quan-do analisamos a situação daqueles que com idades entre os 40 e os 50 anos já são considerados demasiado «antigos» para o mundo do emprego. Aqui a Pro-jecto.Detalhe assume uma capacidade extraordinária de conjugar a sabedoria e a experiência dos mais velhos com a ambição e a vontade dos mais jovens. “Temos tido resultados extremamente positivos e sabemos que é dessa for-ma que iremos mais longe no futuro, pois sabemos que é da capacidade e do know how dos recursos humanos que as empresas crescem e evoluem e se a Projecto.Detalhe é hoje considerada um caso de sucesso, devemo-lo aos nossos colaboradores”, salienta o nosso inter-locutor. Aposta consolidada a nível externo

A terminar, Joaquim Neto Filipe assegu-

rou que os principais desafios de futuro passam pela consolidação da posição da Projecto.Detalhe nos mercados onde já se encontra presente: Portugal, Mo-çambique, Angola, Cabo Verde e Brasil, embora estejam a ser perspectivados novos projectos em mercados distintos. “Iremos apostar na zona do Magrebe, embora actualmente seja uma zona do planeta que apresenta uma situação desfavorável, China, Índia e Rússia. Além disso, pretendemos entrar nos EUA, pois a área onde trabalhamos com particular destaque é o segmento do petróleo e este encontra-se em Houston. Assim, provavelmente iremos inaugurar um espaço «made in» Projecto.Detalhe em Houston ainda no decorrer de 2011”. Ainda neste âmbito, o nosso interlocu-tor assegurou que o futuro passa por consolidar os negócios que têm vindo a ser realizados e concretizados, sendo claro que se no ano transacto, 2010, o volume de negócios da Projecto.Detalhe estava algo desequilibrado do ponto de vista da aposta internacional, ou seja, “70 por cento do nosso trabalho era realizado em Portugal e 30 por cento a nível externo, para 2011 pretendemos equilibrar esses valores em 50/50 e em 2012 dar o passo rumo à senda defini-tiva internacional, onde temos como desiderato principal um nível de volume de negócios a rondar os 70 por cento em mercado externos e 30 por cento ao ní-vel interno”, conclui Joaquim Neto Filipe, CEO da Projecto.Detalhe – Engenharia e Gestão de Projectos.

Temos tido resultados extremamente positivos e sabemos que é dessa for-ma que iremos mais longe no futuro, pois sabemos que é da capacidade e do know how dos recursos humanos que as empresas crescem e evoluem

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LUSOFONIA: mais de 250 milhões de pessoas a falar português

Um dos momentos mais determinantes na vida das empresas é o processo de discussão e definição do seu plano estra-tégico. O contexto económico, social, político e cultural onde a empresa está inserida é devidamente analisado, e um dos aspectos fundamentais neste processo de planeamento é a avaliação prospectiva das tendências de crescimento dos actuais e potenciais clientes.

O Grupo SABSEG, um grupo empresarial cuja actividade se centra na Corretagem de Seguros, procurou, durante o

processo de construção do plano estra-tégico 2011-2014, não só antecipar as principais tendências de internaciona-lização das empresas portuguesas, mas também avaliar até que ponto o próprio processo de internacionalização do Grupo SABSEG iniciado em 2010 pode apoiar o processo de internacionaliza-ção dos seus clientes.

A internacionalização do Grupo SABSEG iniciou-se em 2010 com a entrada no mercado Angolano, através da parce-ria com o Grupo Mostratus, tendo sido criada a Moseg Corretor de Seguros e em Espanha através de uma parceria estratégica com a RSM Correduria de Seguros. Já em 2011 deu-se a entrada no mercado brasileiro, através da parceria com a Gripp Corretores de Seguros, ac-tuando no mercado de S. Paulo e Minas Gerais. Durante o corrente ano está em preparação a entrada no mercado de Moçambique e Cabo Verde.O processo de internacionalização do Grupo SABSEG procura ter presente 4 principais eixos estratégicos:1- definir como países alvo para a inter-nacionalização aqueles onde podem ser mais próximas as afinidades culturais com Portugal.2- nos novos mercados em que está pre-sente, ter parceiros locais com forte liga-ção e conhecimento da economia local.3- procurar mercados onde as compe-tências desenvolvidas no mercado por-tuguês possam ser aplicadas, podendo constituir vantagens competitivas nes-

ses mercados.4- procurar mercados de destino de in-vestimento directo por parte de empre-sas portuguesas procurando acompa-nhar de perto a evolução dos clientes e potenciar a conquista de novos clientes.Dos eixos estratégicos acima enuncia-dos, ressalta como evidencia que os paí-ses que compõe a CPLP, são um caminho incontornável para o processo de inter-nacionalização das empresas portugue-sas, principalmente quando esta inter-nacionalização ultrapassa o conceito de mercado alvo para venda de produtos e serviços produzidos em Portugal (pri-meira fase de internacionalização da economia portuguesa principalmente baseada na vantagem competitiva de custos de produção), e passa a integrar o conceito de investimento directo nos mercados alvo, através de exportação de conhecimento, de quadros de elevado potencial que em conjunto com os par-ceiros locais vão incorporar valor acres-centado nos respectivos mercados.A este processo chamamos a segunda fase do processo de internacionalização.Algumas das principais empresas portu-

OPINIÃO: Luis Cervantes, Administrador SABSEG SGPS SA

Em países como An-gola, Moçambique, Cabo Verde e também no Brasil, o mercado de seguros ainda está numa fase emergente. Ou porque o enquadramen-to jurídico é recente, como é o caso de Angola, ou porque o mercado viveu um longo processo de controlo por parte do Estado e o proces-so de desregulamentacão ainda é muito recente como é o caso do Brasil

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guesas já estão bastante avançados nes-ta segunda fase do processo de interna-cionalização, porém, são confrontados com um conjunto de novos desafios por ausência de oferta de serviços nes-ses novos mercado, serviços esses que em Portugal são considerados básicos e com um elevado nível de oferta. Um desses casos é o serviço de corretagem de seguros.Em países como Angola, Moçambique, Cabo Verde e também no Brasil, o mer-cado de seguros ainda está numa fase emergente. Ou porque o enquadramen-to jurídico é recente, como é o caso de Angola, ou porque o mercado viveu um longo processo de controlo por parte do Estado e o processo de desregulamenta-cão ainda é muito recente como é o caso do Brasil.Assim, o Grupo SABSEG pretende de-finir o seu posicionamento de inter-nacionalização para os países da CPLP assegurando não só o acompanhamento nos serviços de Corretagem de Segu-ros aos clientes e potenciais clientes nestes mercados mas também criando fortes sinergias e troca de experiências e competências que contribuam para a

A internacionalização do Grupo SABSEG iniciou-se em 2010 com a entrada no mer-cado Angolano, através da parceria com o Grupo Mos-tratus, tendo sido criada a Moseg Corretor de Seguros e em Espanha através de uma parceria estratégica com a RSM Correduria de Seguros. Já em 2011 deu-se a entrada no mercado bra-sileiro, através da parceria com a Gripp Corretores de Seguros, actuando no mer-cado de S. Paulo e Minas Gerais. Durante o corrente ano está em preparação a entrada no mercado de Mo-çambique e Cabo Verde

Algumas das principais empresas portuguesas já estão bastante avançados nesta se-gunda fase do processo de in-ternacionalização, porém, são confrontados com um conjunto de novos desafios por ausência de oferta de serviços nesses novos mercado, serviços esses que em Portugal são conside-rados básicos e com um eleva-do nível de oferta. Um desses casos é o serviço de correta-gem de seguros

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afirmação dos clientes como actores de referencia nestes novos mercados, reco-nhecidos por capacidade de inovação, execução, e qualidade nos produtos e serviços comercializados.Depois do movimento de internacionali-zação das Grandes Empresas Portugue-sas, no seio do Grupo SABSEG estamos convictos que se iniciou o ciclo de inter-nacionalização das principais PMEs por-tuguesas. O Grupo SABSEG posiciona-se como um parceiro estratégico nesse contexto. Contem connosco!

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Acção social, espaços verdes, educação, universo empre-sarial, habitação municipal, qualidade da água, entre ou-

tros são apenas algumas das vertentes do município de Oeiras que foram alvo de reestruturações profundas e de mu-danças positivas em prol da qualidade de vida de todos os oeirenses e não só. Os prémios acumulam-se e os galardões aglomeram-se num «carrossel» de in-deléveis mais-valias para Oeiras, onde a autarquia local tem realizado um tra-balho exemplar, demonstrativo portanto de que trabalhar em prol de algo com-pensa e pode ser concretizado, mesmo num país, Portugal, que sofre actual-mente as agruras dos constrangimentos económicos existentes um pouco por todos os mercados mundiais. Sem receio de enfrentar qualquer de-safio, Isaltino Morais tem sido o rosto dessa «batalha», delicada e duradoura, em que o principal intuito passa por al-cançar as melhores condições para que o Oeiras possa ser um Centro de Quali-dade de Vida. Neste sentido, questões como a empregabilidade, segurança, justiça, saúde, educação, entre outros,

têm sido verdadeiros «cavalos de bata-lha» para o nosso interlocutor e a sua equipa, que, apesar de desgastante, tem sido vitoriosa e frutífera, com resultados cada vez mais visíveis e fomentadores de uma boa qualidade de vida em Oei-ras. Foi numa tarde soalheira de Inverno que conhecemos melhor Oeiras. Sem sair do gabinete do nosso entrevistado ficamos a perceber qual a estratégia que tem sido adoptada em terras oeirenses, quais os projectos que devem ser priori-tários e quais aqueles que podem ou não ser representativos de uma melhoria de vida para todos os cidadãos. Sem papas na língua, como é seu apanágio, Isaltino Morais, edil da Câmara Municipal de Oeiras, concedeu uma grande entrevista à Revista Pontos de Vista. Homem de ca-risma e personalidade, o nosso entrevis-tado não representa a história de Oeiras, mas com certeza que o seu nome ficará intimamente ligado ao destino de Oeiras e ao seu passado recente, pois tem sido ele a face do progresso de um dos con-celhos com indicadores mais positivos do país, onde o desenvolvimento é ape-nas um vocábulo comum de quem sabe

o que necessita de ser feito e considera que não basta trabalhar muito para ver concretizado os desideratos e projectos, basta apenas trabalhar bem e ter a sen-sibilidade para compreender as reais necessidade do cidadão.Edil da autarquia de Oeiras desde 1986, Isaltino Morais já «leva» sete mandatos à frente dos destinos da Câmara Muni-cipal de Oeiras, tendo conhecido apenas um interregno de três anos, no quinto mandato, aquando da sua ida para o Go-verno liderado por Durão Barroso, para o Ministério das Cidades, Ordenamen-to do Território e Ambiente, onde foi Ministro dessa tutela. Sem medos nem receios, Isaltino Morais conquistou uma posição de destaque na sociedade por-tuguesa pela sua capacidade de dizer não aos poderes instalados e por saber que acima de tudo a competência con-quista grandes feitos. Se dúvidas existissem acerca do carácter e força do nosso entrevistado, relembra-mos o episódio de 2005, onde Isaltino Morais se desfiliou do PSD, por este não lhe apoiar a recandidatura à Câma-ra Municipal de Oeiras, dado o facto de ser arguido em processos de corrupção

passiva, fraude fiscal, branqueamento de capitais e abuso de poder. No segui-mento dessas acusações foi condenado a 7 anos de prisão efectiva, perda de mandato, bem como a pagar uma in-demnização de 463 mil euros ao Estado, em Agosto de 2009, a apenas dois meses das eleições autárquicas daquele ano.Não obstante recorreu da setença para o Tribunal da Relação, então vendo a sua pena ser reduzida para 2 anos de prisão, sem condenação por qualquer crime no exercício de função de presidente da Câ-mara. O processo encontra-se em recur-so para o Supremo Tribunal de Justiça.Apresentou a sua recandidatura ao Mu-nicípio de Oeiras nas eleições autárqui-cas de 2009, com a lista independente Isaltino – Oeiras Mais à Frente, reforçan-do a votação relativamente a 2005.Por isto e muito mais é que Isaltino Mo-rais conseguiu, em conjunto com o seu Executivo, transformar Oeiras num dos concelhos nacionais mais desenvolvi-dos em diversas áreas. Descurando o conforto da cadeira, é comum encontrar o nosso interlocutor nas ruas de Oei-ras, procurando analisar os problemas no terreno e acima de tudo ouvindo as

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O desenvolvimento e crescimento de um concelho são identificados pelas mais-valias que ao longo dos tempos vai aportando para si, perpetuando e propagando melhores condições de vida às populações, com novos projectos e infra-estruturas de referente im-portância. Oeiras é hoje um concelho de enorme potencialidade, sendo um espaço de enorme desenvolvimento onde a qualidade de vida é evidente e real.

Oeiras de Todos e Para TodosIsaltino Morais, edil da autarquia de Oeiras, em entrevista

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agruras e necessidades dos seus muní-cipes.

«Oeiras marca o ritmo»

Melhor concelho para trabalhar 2009 e 2010, melhor concelho para estudar 2010, as melhores escolas do país, pri-meiro concelho a terminar com o flagelo das barracas, melhores indicadores do país ao nível do emprego, uma das mais baixas taxas do país de munícipes sem nível de ensino, entre outros. Estes são apenas alguns dos galardões recebidos nos últimos anos pelo concelho de Oei-ras, existem muitos mais, sendo repre-sentativo do que é Oeiras actualmente. Com tudo isto já alcançado é legítimo perguntar. O que falta fazer ainda no concelho de Oeiras? Segundo Isaltino Morais, as mudanças, quando iniciou o seu périplo nas lides da autarquia oeirense, eram mais lentas, sendo que numa era contemporânea as exigências não se compadecem com mu-danças e ritmos lentos, e é necessário ter capacidade para assumir a celerida-de das transformações diárias, cenário existente em Oeiras na década de 80.

“Foi de facto extraordinária a evolução célere de Oeiras a partir desse período, facto que nos leva a fazer um balanço ex-tremamente positivo do que alcançamos até hoje”, refere o nosso entrevistado, lembrando que Oeiras nessa altura não «passava» de um município “entalado entre Cascais e Lisboa. Era um concelho algo descaracterizado e não apresenta-va praticamente nenhum indicador que o diferenciasse dos demais concelhos da Área Metropolitana de Lisboa. Hoje a realidade é, felizmente, outra e somos considerados o número 1 em muitos indicadores sócio económicos, como na vertente social, educação, desporto, te-cido empresarial, entre outros” afirma visivelmente satisfeito Isaltino Morais. Os municípios da área metropolitana de Lisboa são, por natureza, aqueles que possuem a obrigação de estarem mais evoluídos no contexto nacional. Por ou-tro lado, a Área Metropolitana de Lisboa deve continuar a promover a sua revi-talização e competitividade com outras áreas metropolitanas, designadamente com Espanha. “Era importante que fos-semos capazes de rivalizar com cidades como Madrid ou Barcelona, embora

mantendo as devidas distâncias, pois Madrid possui cerca de seis milhões de habitantes e Lisboa não chega aos 600 mil residentes. No entanto isso não pode ser identificado como desculpa para não continuarmos a promover o que é nos-so e felizmente temos a noção de Oei-ras estar a promover, face ao nível de desenvolvimento, essa competitividade do território e da Área Metropolitana de Lisboa”, assevera o nosso interlocutor. Apesar da evolução, Isaltino Morais não se deixa «adormecer» à sombra dos feitos conquistados, querendo, na-turalmente, mais para o seu concelho e consequentemente para o país. Assim, na sua opinião, é vital continuar a criar condições para uma maior competi-tividade, indo ao encontro de um dos principais slogans da cidade oeirense, ou seja, «Oeiras marca o ritmo». “Pre-tendemos andar sempre no pelotão da frente, se possível em primeiro lugar. Por essa razão considero que há sem-pre algo mais a fazer, porque existe um princípio económico básico, ou seja, se as necessidades das pessoas estão col-matadas, surgem imediatamente outras que é necessário salvaguardar”, afirma

o edil, lembrando que ao longo destas duas décadas o grande sonho passava pela erradicação das barracas do conce-lho, objectivo alcançado com distinção e sucesso. “Conseguimos concretizar esse desiderato e hoje possuímos uma coe-são social única na Área Metropolitana de Lisboa”.

“Temos de ser capazes de oferecer respostas às necessidades”

Mas não se pense que a autarquia ficou por aqui neste périplo em prol da com-petitividade e da distinção, pois a par da política de habitação foi realizado um trabalho ímpar ao nível de políticas am-bientais, “que realmente teve bastante resultado”, o que permitiu a promoção de um território bastante atractivo para empresas de base tecnológica. Assim, hoje podemos falar em Oeiras como uma espécie de Silicon Valley (região situada a sul de São Francisco, nos EUA, que é um ninho de empresas na área tecnológica], ou seja, “estamos a desen-volver o conceito de Oeiras Valley. Neste momento, 30 por cento das empresas de base tecnológica instaladas em Portugal

estão em Oeiras”, refere Isaltino Morais. Em diversos casos, chegar ao topo não é complicado, sendo que o problema se adensa quando chega o momento de nos mantermos no auge. Isso sim revela-se uma tarefa «hercúlea». Para Isaltino Mo-rais o caminho para manter o sucesso passa pela competitividade em termos educativos, área à qual tem sido votada uma enorme atenção por parte do Exe-cutivo da autarquia. “No ano transacto, 2010, recebemos o prémio de melhor concelho para estudar, sendo nada mais do que um estímulo positivo para con-tinuarmos esta aposta. Não é por estes prémios que iremos parar os investi-mentos que estamos a realizar na área da educação”, assegura convicto. A distinção na forma de actuar é tam-bém comprovada neste vertente, por-que enquanto alguns municípios do país procuram resolver a carência de equipamentos escolares para a popu-lação residente, em Oeiras a estratégia vai mais além, ou seja, “apostamos de facto na criação de equipamentos esco-lares para os oeirenses e residentes, mas também para a população que tem em Oeiras o seu local de trabalho. Temos os

trabalhadores com a média salarial no país mais elevada e portanto sabemos que a comodidade é superior para os pais quando os filhos estão numa esco-la próxima dos seus empregos. Por isso e muito mais, estamos a investir forte-mente nas escolas, num investimento na ordem de 30 milhões de euros em novos equipamentos educativos e tecnoló-gicos, pois consideramos que o futuro passa pela educação e pela capacidade de adaptação às novas tecnologias e à inovação”, salienta Isaltino Morais, lem-brando ainda que a dinâmica da tercei-ra idade não foi esquecida em Oeiras e tem sido feito um esforço enorme e investimentos avultados também neste sector, pois “para Oeiras não vêm ape-nas jovens, temos também um número elevado de idosos e temos de ser capa-zes de oferecer respostas às suas neces-sidades”.

Educação e Acção Social – as prioridades

Assim, a grande prioridade de Isaltino Morais neste último mandato e quando

Hoje a realidade é, felizmente, outra e somos con-siderados o número 1 em muitos indicadores sócio eco-nómicos, como na vertente social, educação, desporto, tecido empresarial, entre outros

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faltam sensivelmente dois anos e nove meses para o final do mesmo, passa pela Educação e pela intervenção na área social, sendo que no Orçamento da autarquia para 2011, 63 por cento en-contra-se direccionado para estes dois segmentos: Educação e Acção Social. As-sim, são diversas as apostas a este nível, como o programa social na área da saú-de que apoia o idoso através do medica-mento em que a autarquia comparticipa 50 por cento do custo em prol do idoso, bastando para isso que este possua o cartão do município «Oeiras 65 +». É importante referir ainda que no âmbi-to da promoção social, as empresas tam-bém possuem um papel exemplar. Não obstante do facto da maior parte dos projectos serem de âmbito municipal, a autarquia tem vindo a desenvolver um conjunto de parcerias com a misericór-dia, IPSS’s, entre outras. Além disso, a Câmara de Oeiras foi tam-bém pioneira, na vertente social, através da criação de parcerias com o universo empresarial, indo ao encontro desse

fenómeno, cada vez mais em voga, da responsabilidade social das empresas, tendo sido denominado por «Oeiras solidária», sendo um programa de ini-ciativa municipal que visa estabelecer a cooperação com entidades privadas que operam no concelho na vertente da Responsabilidade Social para com a co-munidade, promovendo o voluntariado empresarial em acções de inserção so-cial, animação sócio recreativa, bolsas de estudo, prémios de mérito, formação pessoal e social e desenvolvimento co-munitário. “É um programa que envolve actualmente um número significativo de empresas, pois há hoje um número de entidades empresariais que desenvol-vem per si programas de apoio social. O problema passa pelo facto de alguns projectos deterem uma certa dimensão e pode ser complicado para uma única empresa prestar uma acção relevante e com impacto no mesmo. Assim, te-mos vindo a criar condições para que um conjunto de empresas se associem no apoio a um determinado projecto e

tem sido notável a receptividade que temos tido”, assegura o nosso entrevis-tado, dando um exemplo meritório e demonstrativo dessa adesão. “A Casa do Parque, que é um centro de acolhimento para crianças em risco, foi das primeiras instituições neste âmbito a surgir a nível nacional, construída por nós na Outure-la, tem vindo a ter uma adesão extraor-dinária do universo empresarial, o que significa que pretendemos continuar a apostar em projectos similares porque sabemos que estamos a prestar um con-tributo enorme a quem precisa da nossa ajuda”. Neste sentido, na opinião do nosso in-terlocutor, os investimentos realizados pela autarquia oeirense ultrapassam as necessidades e a própria dimensão do território, indo assim ao encontro do crescimento da Área Metropolitana de Lisboa. “Quando decidimos construir o Centro de Congressos, Feiras e Exposi-ções, que ainda se encontra em fase de edificação, naturalmente que foi para facilitar o quotidiano das empresas do

concelho, mas não tenho a mínima dúvi-da que irá apoiar e auxiliar também em-presas da Área Metropolitana de Lisboa e do próprio país”. São diversos e vastos os projectos inicia-dos pela autarquia liderada por Isaltino Morais, tudo com o fito de continuar a promover a qualidade de vida dos cida-dãos. Na zona ribeirinha foram projec-tadas intervenções no passeio marítimo, piscina oceânica e porto de recreio, sen-do que está já a ser projectada uma nova marina. “Estamos a concluir o projecto, terceira fase, do passeio marítimo numa extensão que vai de Paço de Arcos a Ca-xias e de Caxias até Algés, o que significa que actualmente temos um percurso pe-donal nessa zona de quatro quilómetros e iremos ficar com 11 quilómetros de frente marítima”.

Erradicar o ciclo da pobreza

Como já foi salientado, um dos princi-pais sonhos do nosso entrevistado pas-sava pela erradicação das barracas no concelho de Oeiras, objectivo alcançado e conquistado. No entanto, a autarquia mantém um programa ambicioso no domínio da habitação, “porque resol-ver o problema das famílias que vivem em barracas não é a solução para o problema da habitação, pois ainda exis-tem muitas famílias que não possuem capacidade financeira para comprar ou arrendar uma casa, mesmo em Oei-ras porque as rendas são demasiados dispendiosas”, explica Isaltino Morais, assegurando ainda que as próprias fa-mílias, em tempos realojadas pela autar-quia, tendem a crescer o seu agregado familiar, “sobretudo porque temos uma percentagem forte de famílias de comu-nidade africana, havendo portanto a ne-cessidade evidente no desdobramento de habitações, o que nos «obriga» a ter uma política permanente de construção de habitação”, refere. Assim, a ideia do nosso entrevistado passa pela quebra e erradicação do ciclo de pobreza, que, segundo o nosso inter-locutor, tem vindo a ser quebrado, “pois o número de jovens licenciados nos bairros municipais/sociais tem vindo a aumentar significativamente, sendo pela via de educação que as pessoas po-dem almejar e aceder a outros patama-res sociais”. Em simultâneo, a autarquia de Oeiras tem vindo a realizar um trabalho ímpar no que resta dos denominados bairros de génese urbana ilegal. O Bairro da Pe-dreira Italiana é disso exemplo, pois sen-do em tempos um bairro clandestino, foi intervencionado no sentido de melhorar as condições do espaço público e resol-ver as anomalias verificadas ao nível da estrutura morfológica, através de, entre outros, tratamento paisagístico e inte-gração de espaços verdes com a arqui-tectura existente. “Hoje estão a ser cons-truídos lotes de moradias no Bairro da Pedreira Italiana com preços proibitivos e que em tempos eram absolutamente impensáveis. Portanto as infra-estrutu-ras que fazemos nesses bairros tradu-

No ano transacto, 2010, recebemos o prémio de melhor concelho para estudar, sendo nada mais do que um estímulo positivo para continuarmos esta aposta. Não é por estes prémios que iremos parar os investimentos que estamos a realizar na área da educação

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18 Março 2011 Pontos de Vista

Isaltino Morais

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zem-se automaticamente na valorização da renda fundiária do imobiliário. Neste momento restam-nos para intervir dois ou três espaços como o bairro do Casal das Chocas, Casal do Moinho em Queijas e um pequeno núcleo junto ao Hospital Prisão. Tenho orgulho em dizer que a maioria dos bairros ditos clandestinos em Oeiras está praticamente resolvido”

Aposta no Centro Histórico

É prioritário repensar os centros histó-ricos das cidades do nosso país, pois a ditadura de betão a que se assiste ac-tualmente é bem evidente do que não podemos continuar a promover. Em surdez, insiste-se em apostar na cons-trução de zonas habitacionais fechadas sobre si, alheia às necessidades reais dos habitantes locais, à dimensão popu-lacional e aos elevados custos ambien-tais daí resultantes. Quem beneficia ver-dadeiramente com tanta construção? A população? É pois urgente devolver à questão do urbanismo a centralidade que merece. O crescimento urbano modernamente pensado não se pode hastear somente na quantidade dos edifícios construídos, mas antes numa visão verdadeiramente estratégica e integradora dos patrimó-nios habitacional, ambiental e cultural. Não devem ser as pessoas a adaptar-

-se à massa de betão, ao invés, é o teci-do urbano que deve moldar-se às suas necessidades e ao direito de viver com qualidade, tanto nas zonas mais recen-tes como no coração histórico da cidade. Em relação ao centro histórico, é neces-sário atrair mais jovens, proporcionan-do espaços comerciais, habitacionais e culturais a custos acessíveis, ajudando a reverter o factor de envelhecimento da população e a consequente degradação das habitações. Na reabilitação há que respeitar a traça e apostar nos materiais e técnicas originais, bem como criar in-centivos fiscais para as entidades que, a título público ou privado, decidam enve-redar por esta prática.Nesta dinâmica, a Câmara de Oeiras tem vindo a promover um esforço enorme e único a nível nacional, seguindo uma lógica de atractividade de jovens. Os centros históricos são, por razões de natureza social comuns, as áreas onde o índice de envelhecimento é superior, sendo ainda as zonas que possuem habi-tações mais antigas, logo menos confor-táveis e preparadas para as exigências da vida em família. “As rendas são bai-xas, logo os senhorios advogam-se des-se facto para não apostar na reabilitação dessas habitações. Portanto começa aqui um ciclo vicioso em que chegamos à conclusão de que se pretendíamos os nossos centros históricos aprazíveis,

bonitos e agradáveis, teríamos de ser nós a realizar esse investimento. Assim, iniciamos este projecto há vários anos e tudo que é prédio degradado no territó-rio de Oeiras a autarquia adquire/com-pra”, explica o nosso entrevistado. O grande objectivo passa por, até 2016, num investimento orçado em 30 mi-lhões de euros, requalificar 300 fogos lo-calizados nas zonas históricas de Oeiras. “Até 2010 tínhamos comprado 134 fo-gos, num investimento a rondar os seis milhões de euros, ou seja, temos pratica-mente 50 por cento do objectivo global conseguido. Algumas habitações já es-tão arrendadas”, assegura o nosso inter-locutor, garantindo que o principal ob-jectivo passa por garantir a manutenção de habitações que estavam em situações precárias. “Quando compramos um pré-dio e se este tem, por exemplo, apenas uma família como moradora, realojamos a mesma, restauramos e recuperamos o prédio e voltamos a colocar essa família na habitação restaurada. Desta forma asseguramos a continuidade das pes-soas idosas nas suas casas, porque, por razões óbvias, são estas que têm mais dificuldades em desenraizar-se das suas casas. Mediante determinados critérios, como o rendimento mensal, entregamos aos jovens as restantes casas. São jovens que não possuem um escalão de rendi-mento que lhes permita alugar casa ou

possuir uma taxa de esforço que lhes admita arrendar casar aos valores do mercado imobiliário. Neste momento não temos um limite de tempo para es-tas casas estarem arrendadas à mesma família, mas como normalmente estas habitações são T1 e T2, chega a um de-terminado ponto que os jovens buscam casas maiores pois pretendem aumen-tar o agregado familiar”, afirma Isaltino Morais, lembrando ainda que a taxa de esforço no arrendamento das habita-ções da autarquia não vai além dos 20 por cento do rendimento destes jovens. Qual o nível de sucesso deste programa habitacional? Segundo o edil de Oeiras, este projecto tem de ser considerado um êxito, “pois a autarquia não tem capaci-dade para construir de acordo com a procura, que tem sido imensa. Conside-ro esta política acertada, pois estamos a comprar mais prédios do que idealizei aquando do início deste programa, há cerca de seis anos. Além disso, o actual clima económico tem provocado dificul-dades em diversos sectores e os senho-rios oferecem inúmeras vezes as suas habitações, o que nos permite comprá--las e recuperá-las, embora os fundos camarários não sejam inesgotáveis”, adverte. Assim, mantendo a traça, identidade e características dos centros históri-cos, a Câmara de Oeiras tem realizado

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um trabalho único neste âmbito, o que obriga a um esforço enorme por parte da autarquia, acentuados pela inexis-tência de uma linha de crédito estatal. “Infelizmente não existe esse apoio, mas acredito que o actual Executivo estatal e os diversos partidos políticos têm sensi-bilidade para esta questão, o problema é que não há capacidade financeira”, asse-vera, recordando que devido aos actuais constrangimentos económicos vividos, alguns destes projectos possam estar perigados, o que obriga a autarquia de Oeiras a caminhar sustentadamente e prudentemente. “É indiscutível que a instabilidade que vivemos nos afecta e alguns projectos vão ser adiados”, revela seguro.

Qualidade da água em Oeiras é inquestionável

Quando Isaltino Morais chegou à autar-quia de Oeiras, em 1986, um dos prin-cipais problemas com que inicialmente

se debateu passava pelas perdas de água existentes no concelho que rondavam os 30 por cento. Ora, como as perdas de água representam água que se paga mas que não se recebe, a autarquia decidiu ser ainda mais rigorosa para erradicar este problema. “Hoje sabemos porme-norizadamente a água consumida por todos os serviços da autarquia e cada vez que arranjamos um espaço verde, por mais pequeno que seja, colocamos um contador para assim monitorizar-mos rigorosamente os níveis de consu-mo de água. Além disso, foi realizado um trabalho de intervenção nas redes de distribuição e substituição das mesmas, onde procuramos, através de sistemas de informação, tomar medidas correcti-vas para diminuir esses problemas que eram custosos para a Câmara e conse-quentemente para o munícipe”. Mas nesta dinâmica da qualidade da água o cenário não se fica por aqui. O problema da autonomia dos serviços municipalizados, SMAS de Oeiras e Ama-

dora, considerados, pelo Great Place to Work Institute, como uma das melhores empresas para se trabalhar em Portugal em 2010, mede-se em outros aspectos. Durante os primeiros cinco anos destes sete mandatos, o município não possuía reservatórios de água, “porque se dizia que vinha aí a CREL da água”, afirma com alguma ironia o nosso entrevistado. Então, numa conversa mantida com a Administração da EPAL, Isaltino Morais questionou a mesma com uma simples pergunta: “Se houver qualquer proble-ma na conduta o concelho de Oeiras fica sem água?”. A resposta foi óbvia e não satisfez o edil oeirense. “Isso levou-me a alterar o plano estratégico que tínha-mos até então e desenvolvemos um ple-no de construção de nove reservatórios de água, de tal forma que hoje temos a maior reserva estratégica de água a se-guir à EPAL, com capacidade para três dias de autonomia”, afirma. Beber água da torneira é seguro ou não? As garrafas de água em cima da mesa

do nosso entrevistado aquando da re-alização desta entrevista não deixam dúvidas. “Só bebo água da torneira, pois é completamente segura e tem qualida-de”, assegura, lembrando contudo um episódio recente e caricato, há cerca de dois anos, que ficou na sua memória. “Existe um esforço de cada município no sentido de divulgar e fomentar o con-sumo da água da torneira que, infeliz-mente, não tem sido apoiada por outras entidades responsáveis no nosso país. Há dois anos, os SMAS de Oeiras e Ama-dora realizaram uma campanha de sen-sibilização para a qualidade da água da torneira e seu consumo que se revelou um sucesso, embora tenha estado pouco tempo nas televisões. Inexplicavelmen-te fomos obrigados a retirar essa cam-panha das televisões e não vi nenhuma reacção das autoridades públicas sobre este assunto, o que me leva a pensar que houve aqui questões relacionadas com o lobby da água engarrafada, que é um negócio que em Portugal vale milhões”,

Pretendemos andar sempre no pelotão da frente, se possível em primeiro lugar. Por essa razão considero que há sempre algo mais a fazer, porque existe um princípio económico básico, ou seja, se as necessidades das pessoas estão colmatadas, surgem imediatamente outras que é necessário salvaguardar

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20 Março 2011 Pontos de Vista

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assegura, explicando contudo que “o desiderato da campanha não era de ar-ruinar o negócio da água engarrafada. Pretendíamos apenas alertar para a qualidade da água da torneira”.´Mais recentemente o presidente da autarquia de Oeiras e também presi-dente do Conselho de Administração dos SMAS de Oeiras e Amadora Isaltino Morais viu com alguma ironia e humor um episódio também ele bastante cari-cato. Foi recomendado por um deputa-do do Parlamento que a Assembleia da República promovesse o consumo da água da torneira nas sessões plenárias. Infelizmente esta recomendação foi re-jeitada pela secretária-geral da Assem-bleia da República, Adelina Sá Carvalho, que questionava a higiene das questões relacionadas com a água. Neste sentido, Isaltino Morais enviou um conjunto de recipientes, em vidro e em plástico para provar que a higiene da água da tornei-ra não era um problema. “Infelizmente esses recipientes foram devolvidos pela senhora secretária-geral da Assembleia da República, o que considero uma de-selegância imensa, pois não pretendía-mos fazer troça, mas apenas demonstrar que existem condições de qualidade e segurança para o uso da água da tornei-ra. Não quero acreditar que seja neces-sário criar uma lei para que os deputa-dos da Assembleia da República passem a beber água da torneira. Com que moral andamos a pedir aos portugueses para beberem água da torneira, se a casa que representa a democracia em Portugal se escusa a fazê-lo?”, questiona o nosso entrevistado.

“Nunca estive condicionado pelos quatro anos de mandato”O gabinete de Isaltino Morais «serve apenas» para reuniões e tomadas de decisão, pois é nas ruas que o nosso entrevista-do gosta de estar e os oeirenses sabem-no. Assim, e quando faltam pouco menos de três anos para terminar a sua «obra» em Oeiras, o nosso interlocutor sabe que não é propriamente uma surpresa para ninguém, deixando contudo um alerta ao seu sucessor. “Em Portugal existe a ideia de que não devemos seguir a linha traçada pelo nosso antecessor. Quando regres-sei à autarquia, depois de ter estado no Governo, fi-lo com o sentido de seguir aquilo que tinha traçado antes de sair e seguindo também o que foi feito aquando da minha ausência, indo ao encontro de uma filosofia de continuidade, exemplo que infelizmente não é dado pelas altas instâncias governa-mentais. Esta realidade provoca atrasos nos projectos com todas as consequências que advêm para o país, municípios e cidadãos. Isso é um erro flagrante. Em Oeiras nunca traba-lhei assim e jamais estive condicionado pelos quatro anos de mandato, pois sempre delineei planos cuja execução ia bas-tante além de período do mandato. Quando apenas trabalha-mos para as próximas eleições então pensamos pequeno e não podemos, dessa forma, alterar o nosso território e assim oferecer melhores condições de vida aos nossos cidadãos”, conclui Isaltino Morais.

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Ao longo das últimas duas dé-cadas, os vários governos to-maram consciência da impor-tância do investimento a ser

efectuado nas energias renováveis, fa-zendo de Portugal um exemplo de boas práticas no que à exploração destes re-cursos concerne, tendo a TÜV Rheinland Portugal assumido um importante papel como parceiro de qualidade em todo o processo.Conforme afirmou Vítor Rodrigues, “Portugal sempre apostou fortemente nas energias renováveis, tendo o pro-cesso sido iniciado com a construção de várias centrais hídricas, nomeadamente no Norte do país. Após 2001 e até ao fi-nal da última década, Portugal focou a sua atenção sobretudo na energia eólica, e a prova disso são os vários parques já edificados no país, sendo que a grande vaga da energia eólica está praticamente terminada”.Assim, é importante perceber quais os principais desafios que se colocam ao País no que às energias renováveis diz respeito para os próximos anos e quais as mais-valias que um parceiro como a TÜV Rheinland Portugal pode apor-tar a todo o processo. Vítor Rodrigues considera que relativamente à energia

eólica “podemos afirmar que o grande dilema que se coloca actualmente está relacionado com a manutenção dos par-ques existentes, além de outro factor relacionado com a evolução tecnológica, que pode fazer com que os promotores desses parques optem pela substituição da tecnologia instalada inicialmente por uma outra mais rentável”. Quando questionado se Portugal con-seguiu retirar mais-valias de todo o investimento efectuado no âmbito dos parques eólicos, o nosso interlocutor não tem dúvidas do retorno conseguido, ressalvando que “desde 2008/09 que Portugal apresenta uma maior dimen-são em termos de aproveitamento do recurso eólico”. Assim, a curto prazo e no que respeita à energia eólica, a TÜV “vai poder oferecer alguns serviços inte-ressantes na óptica da certificação dos parques e da garantia do retorno aos promotores”.

Novos Desafios – Energia Solar

Após 2010, os investimentos do país, em termos de energias renováveis, en-traram numa terceira vaga, que contem-pla a exploração da energia solar. Neste domínio, Vítor Rodrigues destaca que a

exploração desta fonte de energia apre-senta complexidades distintas, “uma vez que o Sol pode ser aproveitado de diferentes maneiras: para a produção de electricidade, através das centrais foto-voltaicas; mas também para aquecer as águas sanitárias nas nossas casas, sendo que desde 2009 que o Governo definiu programas de apoio à instalação destas estruturas”.Com todo este investimento, Vítor Ro-drigues considera que “Portugal está no caminho certo no que à exploração des-tes recursos diz respeito”, frisando que neste momento, “devido à exploração que vai acontecer a partir de 2011, nos parques de mini-geração, o país assume a implementação de programas com vis-ta ao cumprimento dos compromissos assumidos com a União Europeia em re-lação à produção de energia através de fontes renováveis”. Sempre atenta a todas estas movimen-tações do mercado, a TÜV Rheinland Portugal quer continuar a solidificar o seu papel de parceiro no campo das energias renováveis e assume-se “como certificadora por natureza, quer seja de Sistemas de Gestão, quer de Produtos, com particular ênfase na área fotovoltai-ca, onde conta com mais de três décadas

“Portugal está no caminho certo no domínio das Energias Renováveis”

TÜV Rheinland PortugalParceiro fundamental

Vítor Rodrigues, Business Stream Manager da TÜV Rheinland Portugal

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A TÜV Rheinland Group assume-se como uma multinacional de origem alemã, líder na prestação de serviços de inspecções e certificações, fundada em 1872, por iniciativa da indústria e dos inspectores de recipientes sob pressão. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Vítor Rodrigues, Business Stream Manager da TÜV Rheinland Portugal, aborda os desafios que se colocam a esta multinacional de excelência e referência, no mercado das Energias Renováveis, sector fundamental para o nosso país e para o mundo.

A TÜV Rheinland Portu-gal “apoia os investidores desde o início da criação do projecto, através de aconselhamento de estra-tégias para que este se torne rentável. Auxilia na escolha da tecnologia a utilizar, com garantia de qualidade fruto da vas-ta experiência no campo do fotovoltaico e desen-volvendo um conjunto de inspecções aquando da produção, transporte e instalação desta mesma tecnologia, em qualquer parte do mundo

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de experiência, sendo ainda responsá-vel pela certificação de mais de 80 por cento dos produtos dos fabricantes de painéis fotovoltaicos em todo o mundo”.

TÜV Rheinland Portugal sempre presente

Neste campo, a TÜV oferece três grandes serviços: Avaliação de Projecto; garantia da qualidade da tecnologia adquirida e inspecção das centrais fotovoltaicas. As-sim, a TÜV Rheinland Portugal “apoia os investidores desde o início da criação do projecto, através de aconselhamento de estratégias para que este se torne ren-tável. Auxilia na escolha da tecnologia a utilizar, com garantia de qualidade fruto da vasta experiência no campo do foto-voltaico e desenvolvendo um conjunto de inspecções aquando da produção, transporte e instalação desta mesma tecnologia, em qualquer parte do mun-do. Além disso, garante que a tecnologia adquirida possui a qualidade espectá-vel, também através de inspecções nos momentos de expedição e recepção dos produtos, mostrando-se ainda disponí-vel para efectuar um conjunto de testes, nos seus laboratórios, que asseguram a qualidade da tecnologia adquirida”.

“Portugal está no caminho certo no domínio das Energias Renováveis”Vítor Rodrigues, Business Stream Manager da TÜV Rheinland Portugal

PV6 // ENERGIAS RENOVÁVEIS

Portugal está no cami-nho certo no que à explo-ração destes recursos diz respeito”, frisando que neste momento, “devido à exploração que vai acon-tecer a partir de 2011, nos parques de mini-geração, o país assume a imple-mentação de programas com vista ao cumpri-mento dos compromissos assumidos com a União Europeia em relação à produção de energia atra-vés de fontes renováveis

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PV6 // ENERGIAS RENOVÁVES

24 Março 2011 Pontos de Vista

A TDGI – Tecnologia de Gestão de Imóveis, S.A. é uma empre-sa do Grupo Teixeira Duarte, grupo amplamente reconheci-

do no sector da Construção Civil e Obras Públicas, que actua na área do Facilities Management, ou seja na Gestão Global de Edifícios, Empreendimentos, Instala-ções Técnicas e Industriais. Quando é que surge a TDGI e quais as principais mais--valias da mesma em prol da satisfação do cliente?No ano de 2000, sentido uma necessi-dade emergente do mercado, o Grupo Teixeira Duarte decidiu criar uma em-presa na área do Facilitie Management, ou seja, uma empresa que se dedicasse à gestão e manutenção de edifícios.O conceito de Gestão Global de Edifí-cios tem vindo a evoluir ao longo dos últimos anos e assim também a TDGI, foi adaptando a sua actividade às novas realidades, bem como às necessidades dos clientes. Embora a empresa tenha na Manutenção das Instalações e Equi-pamentos o seu focus principal a gestão global de serviços, como a limpeza, a segurança, espaços verdes, entre outros, foi sempre a aposta. Em nosso entendimento a grande mais--valia da TDGI, é ser acima de tudo uma empresa de engenharia, garantindo-se desta forma uma análise técnica dos problemas e uma procura constante de soluções a todos os níveis que permitam a satisfação dos nossos clientes. Mais do que prestar serviços, estudamos, apre-sentamos e implementamos soluções que ajudem os clientes a centrar-se e a desenvolver melhor o seu negócio

Os edifícios possuem hoje um conjunto de inovações tecnológicas e instalações téc-nicas, que permitem um maior grau de conforto e segurança aos seus utilizado-res. De que forma é que a TDGI promove a correcta conservação e manutenção desses equipamentos e sistemas?

A conservação e manutenção dos equi-pamentos de um edifício é conseguida de duas formas. Por um lado, uma cor-recta definição e execução do plano de manutenção preventiva dos equipamen-tos, devidamente adaptado à tipologia dos edifícios onde estes se inserem, e por outro lado a utilização de um sof-tware de gestão da manutenção nos permite não só controlar com rigor a execução dos planos de manutenção mas também ter um histórico de todos equipamentos, onde ficam registados os problemas ocorridos, as intervenções executadas, os materiais aplicados e a mão-de-obra dispendida.Assim como os edifícios, também a TDGI tem acompanhado a evolução tecnológi-ca, pelo que todos os nossos técnicos, possuem PDA’s onde é descarregado semanalmente o plano de manutenção a ser executado. Temos vindo a evoluir cada vez mais e inclusivamente numa instalação que estamos a explorar há cerca de um ano, todos os pedidos de manutenção por parte do nosso cliente, são efectuados através de uma aplicação web seguindo depois directamente por wireless para os PDA’s dos técnicos de manutenção do edifício.

Qual a importância das denominadas Energias Renováveis na orgânica quoti-diana da TDGI? Que lacunas ainda detec-ta neste domínio em Portugal? As Energias Renováveis são cada vez mais uma realidade incontornável no nosso quotidiano. Há três ou quatro anos atrás eram praticamente inexis-tentes nos edifícios e agora temos já um vasto conjunto de edifícios com painéis solares. Consideramos no entanto, que o potencial é enorme, mas que ainda nos encontramos numa fase embrionária que inevitavelmente terá de evoluir, até pelas previsões em alta, dos custos ener-géticos nos próximos anos. Um exemplo desta realidade, é que dos edifícios que

gerimos não há nenhum ainda a pro-duzir electricidade através de fontes renováveis. Pensamos que com o novo pacote legislativo da minigeração, esta situação vai evoluir e contamos obvia-mente contribuir para isso, apresentan-do soluções aos nossos clientes.

A Gestão Energética é hoje uma das ver-tentes fundamentais ao nível mundial, sendo que Portugal assume-se como um dos paradigmas nesse âmbito. Assim, de que forma promove a TDGI equipamen-tos e soluções que permitam uma correc-ta gestão de energia indo ao encontro também da redução dos custos de explo-ração do edifício? A gestão energética sempre foi uma das nossas preocupações, na medida em que uma eficiente gestão da energia consegue ter um impacto significativo nos custos de exploração. Verificamos que a sociedade em geral, está hoje bastante mais atenta a esta questão. O controlo e registo diário dos consumos e o ajuste ao longo do ano dos horá-rios e set points de funcionamento dos equipamentos são hoje, imprescindíveis na correcta condução e exploração de um edifício e é portanto uma actuação transversal a todos os edifícios que geri-mos. Além disso, consoante a tipologia, idade, regime de funcionamento e tipo de equipamentos de cada edifício, estu-damos diversas soluções que propomos aos nossos clientes. Estas soluções po-dem passar desde a instalação de conta-dores de entalpia e/ou analisadores de rede ou estudos técnico-económicos de soluções como instalação de sensores de luminosidade e substituição de ar-maduras de iluminação, retrofit de equi-pamentos de AVAC pouco eficientes, ins-talação de painéis solares, entre outros, tendo sempre como objectivo ultimo a poupança energética e consequente re-dução dos custos de exploração.Em todo o caso, entendemos também

que existe um trabalho muito importan-te a ser desenvolvido no que respeita à sensibilização e formação dos utilizado-res dos edifícios, de modo a que as prá-ticas de utilização dos mesmos se tradu-zam num menor consumo energético e desgaste dos equipamentos.

Um dos princípios que norteiam a orgâ-nica da TDGI passa pela proximidade ao cliente. Qual a importância da contigui-dade junto ao vosso cliente? De que for-ma é que isso vos permite uma gestão, manutenção e conservação eficaz do pa-trimónio do vosso cliente?A proximidade do cliente é importantís-sima. Todos os clientes são diferentes e tem necessidades e formas de estar dis-tintas. É preciso percebermos que tipo de cliente temos em cada momento, de modo a podermos adaptar a nossa for-ma de actuação à realidade dessa orga-nização. Não existe prestação mais desa-dequada que aquela que não responde às necessidades dos clientes. Assim, a proximidade é essencial para entender e sentir quais as necessidades e valores de cada organização.. Há clientes por exemplo que gostam de sentir a nossa presença, ver o que estamos a fazer e ter reuniões de acompanhamento bastante frequentes, há outros que não precisam de falar connosco regularmente e desde que não haja problemas um relatório no final do mês é suficiente.

A internacionalização assume-se como um passo natural para qualquer entida-de empresarial. Assim, de que forma se posicionam a nível internacional? Que motivações levaram à aposta em merca-dos externos? Que diferença ao nível da utilização das energias renováveis detec-ta entre Portugal e os restantes mercados onde se encontram presentes?Quando a TDGI foi criada, em 2000, o Grupo Teixeira Duarte, era já uma rea-lidade internacional, pois tinha já pre-

“A grande mais-valia da TDGI, é ser acima de tudo uma empresa de engenharia, garantindo-se desta forma uma análise técnica dos problemas e uma procura constante de soluções a todos os níveis que permitam a satisfação dos nossos clientes”, revela Mariana Vassalo Coimbra, responsável pelo Departamento de Soluções de Energia da TDGI, em entrevista à Revista Pontos de Vista onde ficamos a conhecer a importância das Energias Renováveis actualmente e o papel da TDGI neste âmbito.

“O nosso desafio continua a ser a Gestão Global do Quotidiano”

TDGI – Tecnologia de Gestão de Imóveis, S.A. – Marca da Distinção

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sença em 4 dos 5 Continentes. Assim, a TDGI foi criada simultaneamente em Portugal, em Angola e em Moçambique. Mais tarde, acompanhando a actividade do grupo, abrimos também em Espa-nha e estamos a preparar a entrada no Brasil a muito curto-prazo. A interna-cionalização é essencial para podermos continuar a crescer. Nos mercados onde estamos, excepto Espanha, as energias renováveis não têm a importância que têm na Europa, as preocupações estão ainda a outros níveis. Em Espanha te-mos vindo a sentir um comportamento muito semelhante ao de Portugal no que diz respeito à eficiência energética e energias renováveis, pelo que é um mercado onde estamos actualmente a apostar muito nesta área, estando a de-senvolver em Portugal alguns estudos para clientes da TDGI em Espanha.

Acredita que o cidadão comum tem hoje uma maior sensibilidade para a relevân-cia e dinâmica das Energias Renováveis e da sua importância na promoção da qualidade de vida? Qual deve ser a função das entidades empresariais neste âmbi-to? É neste âmbito que surge o fenómeno da Responsabilidade Social das empre-sas? A TDGI tem esse desiderato?Sem dúvida. A sociedade em geral está

hoje muito mais sensibilizada para a im-portância das energias renováveis, até pelo impacto que o preço do petróleo tem no cidadão comum. As empresas devem e têm que ter um papel funda-mental na promoção e na sensibilização dos cidadãos em geral para esta temáti-ca. A TDGI tem apostado nisso, através da apresentação e desenvolvimento de soluções associadas à eficiência ener-gética e qualidade do ar interior dos edifícios. Temos inclusivamente um projecto piloto na nossa sede com me-dição, e apresentação on-line, num mo-nitor à entrada do edifício, de diversos parâmetros de energia e qualidade de ar dos espaços. Há um conceito básico que é fundamental entender, é que nós ape-nas podemos optimizar e gerir, aquilo que conseguimos medir. Neste sentido, tem existido uma forte aposta na sen-sorização e medição de parâmetros de funcionamento, de modo a darmos a co-nhecer aos utilizadores o que a sua acti-vidade implica em termos de consumos. A tomada de consciência individual do consumo é essencial para mudar men-talidades.

Quais são as principais prioridades e de-safios da TDGI - Tecnologia de Gestão de Imóveis, S.A para 2011?

O nosso maior desafio para 2011, é a continuação do nosso trabalho na área do Facility Management com a conquis-ta de novos clientes, a nível nacional e internacional - o que se impõe cada vez mais como um desafio tendo em conta a conjuntura actual, e a consolidação e crescimento do nosso sector de serviços de energia. Pretendemos em 2011 con-solidar a nossa presença neste mercado, dando também continuidade ao que já temos vindo a fazer, desenvolvendo e implementando soluções de eficiência energética nos edifícios, que vão desde a consultadoria energética até actuações do tipo ESCO (Energy Service Compa-nies). Tal como no ano 2000, em 2011 o nosso desafio continua a ser a Gestão Global do Quotidiano.

As Energias Reno-váveis são cada vez mais uma realidade incontornável no nosso quotidiano. Há três ou quatro anos atrás eram praticamente inexisten-tes nos edifícios e agora temos já um vasto con-junto de edifícios com painéis solares

PV6 // ENERGIAS RENOVÁVES

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O preço destes serviços é natu-ralmente um tema de grande sensibilidade social, e merece ser discutido publicamente

num quadro de transparência, racionali-dade e responsabilidade, contrariando a tão conhecida tendência para esconder a cabeça na areia, o que nada resolve e se limita a adiar e agravar os problemas. Como se devem então definir os tarifá-rios destes serviços, de forma a salva-guardar simultaneamente os interesses dos consumidores e a sustentabilidade dos serviços nos curto, médio e longo prazos, ultrapassando a situação actual de dispersão e frequente irracionalida-de e falta de transparência?Temos que estar bem cientes que a sua prestação requer elevadíssimos custos de investimento na construção e na re-novação de infra-estruturas e equipa-mentos, bem como importantes custos de exploração. Estes custos têm que ser naturalmente financiados, podendo optar-se pelo recurso aos impostos de todos nós ou pela cobrança de tarifas

função do consumo de cada um. Por razões de preservação ambiental dos recursos hídricos, a legislação comuni-tária e nacional preconiza a aplicação do princípio do utilizador-pagador através da cobrança de tarifas, o que contribui eficazmente para a sensibilização do consumidor sobre uma boa utilização dos recursos. Por estas razões, a quase totalidade dos países da OCDE, incluin-do Portugal, opta pela cobrança de tari-fas. Efectivamente, o recurso aos impos-tos seria incompatível com o princípio do utilizador-pagador, não promovendo a sensibilização do consumidor para uma boa utilização da água e não re-percutindo de forma equitativa os cus-tos pelos consumidores. Estes ficariam com a falsa sensação de que os serviços eram gratuitos e consequentemente não teriam qualquer incentivo para um uso racional da água.Neste quadro, a ERSAR, entidade regu-ladora do sector, divulgou a Recomen-dação 01/2009 sobre a formação de tarifários aplicáveis aos utilizadores

finais dos serviços públicos de abaste-cimento de água para consumo huma-no, de saneamento de águas residuais urbanas e de gestão de resíduos urba-nos, que vem criar as bases para a uni-formização e uma maior transparência de procedimentos tarifários aplicados pelas entidades gestoras. Posteriormen-te, divulgou a Recomendação 01/2010 e mais recentemente a Recomendação 02/2010, que constituem instrumentos complementares do anterior, pormeno-rizando respectivamente os conteúdos das facturas dos serviços e os critérios de cálculo para a formação de tarifários.Há que ter sempre presente a necessida-de de um adequado equilíbrio entre as tarifas e a qualidade de serviço prestado aos consumidores, que desde há alguns anos é objecto de avaliação anual e di-vulgação pública pela entidade regula-dora.Tratando-se de serviços públicos es-senciais, é necessário assegurar que a totalidade da população tenha tenden-cialmente acesso a eles, nomeadamente

Os serviços de águas, entendidos como o abastecimento de água para consumo humano e o saneamento de águas residuais urba-nas, são essenciais ao bem-estar geral dos cidadãos, à saúde pública, às actividades económicas e à protecção do ambiente. Por esse facto, os consumidores devem ter direito ao acesso tendencialmente universal e à continuidade e à qualidade desses serviços, num quadro de eficiência e equidade de preços. Em contrapartida, devem pagar o preço justo por estes serviços, ou seja, que não inclua eventuais ineficiências e desperdícios.

OPINIÃO: Jaime Melo Baptista, Presidente do Conselho Directivo da ERSAR

Como se devem então de-finir os tarifários destes ser-viços, de forma a salvaguar-dar simultaneamente os interesses dos consumidores e a sustentabilidade dos ser-viços nos curto, médio e lon-go prazos, ultrapassando a situação actual de dispersão e frequente irracionalidade e falta de transparência?

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O PREÇO E A QUALIDADE DOS SERVIÇOS DE ÁGUAS

PV6 // DIA MUNDIAL DA ÁGUA

28 Março 2011 Pontos de Vista

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a população mais carenciada, através de adequados mecanismos de modera-ção tarifária. Essa moderação deve ser conseguida, sem prejuízo do recurso a outros instrumentos, através de uma permanente procura de maior eficiência na prestação do serviço, eliminando os gastos desnecessários sem prejudicar a qualidade de serviço pretendida, e as-segurando que as receitas provenientes das tarifas são utilizadas apenas para a prestação destes serviços e não para ou-tros fins. Naturalmente que é desejável a utilização de comparticipações e sub-sídios a fundo perdido, quando existam. Adicionalmente é essencial a existência de um primeiro escalão doméstico, de preço mais acessível, e um tarifário so-cial quando o agregado familiar possuir um rendimento bruto que não ultrapas-se determinado valor. Estas medidas en-quadram-se aliás no espírito da recente decisão das Nações Unidas de incluírem o acesso à água como direito humano, com as consequências e acrescidas res-ponsabilidades que isso traz para os Es-tados de todo o mundo.A preocupação com a moderação tarifá-ria levou a entidade reguladora a acom-panhar anualmente a situação tarifária através de um indicador de acessibilida-de económica, que resulta do quocien-te entre o encargo médio do agregado familiar-tipo com os serviços de águas num município e o rendimento médio disponível por agregado familiar nesse mesmo município. Nos casos em que o limite de 1% venha a ser ultrapassado considera-se recomendável e justificada

a subsidiação à exploração, por exemplo com recurso ao orçamento municipal, que naturalmente constitui um meca-nismo de moderação tarifária, devendo nesse caso ser clara e transparente para todos.Em síntese, é indispensável que se im-plemente de forma consistente uma cor-recta política tarifária para os serviços de águas, articulada com a qualidade de serviço que desejamos, adoptando em paralelo medidas de solidariedade para as famílias como maiores dificuldades. A sociedade portuguesa deve estar cres-centemente consciente e participativa neste tipo de decisões, no exercício da sua cidadania. Só assim pode aspirar a serviços de boa qualidade a preços so-cialmente aceitáveis, dando sustentabi-lidade a estes serviços e não remetendo para a próxima geração o ónus de siste-mas crescentemente degradados e sem sustentabilidade económica e financei-ra.

Há que ter sempre pre-sente a necessidade de um adequado equilíbrio entre as tarifas e a qualidade de ser-viço prestado aos consumido-res, que desde há alguns anos é objecto de avaliação anual e divulgação pública pela enti-dade reguladora

PV6 // DIA MUNDIAL DA ÁGUA

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PV6 // DIA MUNDIAL DA ÁGUA

30 Março 2011 Pontos de Vista

Em termos de modelos de gestão encontramos hoje uma grande diversidade de situações: servi-ços municipais, serviços munici-

palizados, empresas públicas, empresas municipais, concessões privadas, parce-rias público-privadas e parcerias Estado – Municípios.O desenvolvimento do sector assentou, em termos de planeamento, em dois Pla-nos Estratégicos de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais – o primeiro para o período 2000-2006 e o segundo para o período 2007-2013 –, os quais materializam as orientações e as metas para o sector definindo, três grandes objectivos:i) a universalidade, a continuidade e a qualidade do serviço;ii) a sustentabilidade do sector, impli-cando a melhoria da produtividade e da eficiência;iii) a protecção da saúde pública e do ambiente.Em 1997, Portugal passou a contar com um órgão Regulador para o sec-tor (IRAR), o qual, numa primeira fase, apenas tinha competência para regular a actividade de empresas concessioná-rias. Em 2009, as suas competências foram alargadas a todas as entidades gestoras do sector, independentemente do modelo de gestão e área de interven-ção (ERSAR).As aprovações da Directiva-Quadro da Água (2000) e da Lei da Água (2005) e a restante legislação decorrente da trans-

A APDA e os novos desafios da Água Em Portugal, o sector do abastecimento de água e do saneamento de águas residuais em Portugal conheceu uma grande evolução nas duas últimas décadas. Tradicionalmente, a gestão do sector em Portugal assentou numa base municipal. Uma Lei de 1977 impedia a entrada de capitais privados neste sector, o que deixou de acontecer em 1993, verificando-se, nos últimos anos, uma entrada crescente de operadores e de capital privado, incluindo estrangeiro.

Opinião: Rui Godinho Presidente APDA – Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de ÁguasCNAIA – Comissão Nacional da Associação Internacional da Á[email protected]

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As questões-chave pas-sam por sermos capazes de criar condições para ga-rantir que tudo isto pode ser feito, ao mesmo tempo que conseguimos alcançar e manter serviços públicos de abastecimento de água e saneamento de elevado nível, devidamente contro-lados na sua qualidade e nos seus níveis de desem-penho pela Entidade Regu-ladora

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posição da DQA, vieram alterar de modo significativo o sector, implementando a gestão por bacia hidrográfica, a criação das Administrações de Região Hidrográ-fica, a aplicação de uma taxa de recursos hídricos e o controlo da qualidade da água nas origens, entre outras medidas.Estamos, porém, em 2011 com várias in-cógnitas e equações por resolver no sec-tor da água e saneamento em Portugal. O enquadramento político, económico e financeiro, tanto nacional como interna-cional, condicionarão fortemente as de-cisões que o Sector reclama, apesar dos indiscutíveis avanços verificados princi-palmente nos últimos 15 anos em maté-ria de serviços e entidades gestoras de qualidade e planeamento e gestão dos recursos hídricos.É um factor importante a considerar, pois Portugal atingiu patamares ele-vados, mas ainda não a excelência, em praticamente todos os domínios que in-tegram o sector, pelo que caminhar para indiscutíveis níveis de sustentabilidade implica tanto a confirmação das orien-tações estratégicas antes tomadas como também a tomada de novas medidas.Se no abastecimento de água, a cobertu-ra actual do País é de 94%, em relação aos 95% apontados como objectivo, os investimentos necessários para fazer subir a taxa da cobertura de drenagem (dos actuais 80% para 90%) e de trata-mento de águas residuais (dos actuais 71% para 90%) em 2013, implica um montante de 1,2 mil milhões de euros.No tocante à obtenção dos meios de fi-nanciamento, para além do recurso ao Fundo de Coesão Europeu, o contexto de dificuldades de crédito que afecta Portu-gal e a Europa, mesmo dos tradicionais financiadores do sector da água e sanea-mento, como o Banco Europeu de Inves-timento, impõe uma reflexão clara sobre as decisões apropriadas para a execução do que há que fazer em termos de gestão para aplicação do princípio do “full cost recovery”, lutar contra os défices, consi-derar os problemas social emergentes, implementar práticas de gestão de acti-vos e fusão dos sistemas não sustentá-veis, designadamente em países como Portugal, onde continuamos a encontrar

indicadores que revelam fortes assime-trias geográficas, económicas e sociais.Assim, as questões-chave passam por sermos capazes de criar condições para garantir que tudo isto pode ser feito, ao mesmo tempo que conseguimos al-cançar e manter serviços públicos de abastecimento de água e saneamento de elevado nível, devidamente controlados na sua qualidade e nos seus níveis de desempenho pela Entidade Reguladora.Estamos portanto no limiar de ter de encarar novos modelos de gestão para o sector (precisamos de novos modelos de gestão?), pois Portugal não voltará a dispor das condições que permitiram os sucessos da última década e meia. A pretendida sustentabilidade da gestão assim o obrigará, quer se trate de opera-dores públicos ou privados.Neste contexto, há que destacar o papel da APDA – Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas. Fun-dada em 1988, é a associação portugue-sa mais representativa no que concerne a serviços de abastecimento de água e águas residuais, com membros efectivos e associados, cobrindo todo o País. A APDA é uma entidade sem fins lucrati-vos que representa e defende os interes-ses das entidades e organismos respon-sáveis pelos sistemas públicos de águas de abastecimento e de águas residuais e de todos os demais intervenientes nes-te domínio. É parceira indispensável na definição e implementação das Políticas para o sector das águas, a nível nacional e internacional. A intensa e produtiva actividade da APDA é suportada por oito Comissões Especializadas, que cobrem todas as áreas relevantes dos moder-nos conceitos da gestão estratégica da água. É objectivo da APDA a promoção do progresso dos conhecimentos, bem como o estudo e a discussão dos proble-mas relativos aos sistemas públicos de águas de abastecimento e de águas resi-duais, nomeadamente, nos domínios da gestão, do planeamento, do desenvolvi-mento, da administração, da ciência, da tecnologia, da investigação, da formação e do ensino. A APDA visa o fomento ou a participação em iniciativas que visem a cooperação de entidades singulares e colectivas interessadas em melhorar os conhecimentos técnicos, económicos, financeiros, jurídicos e administrativos e a criação de meios adequados para a resolução dos problemas existentes no âmbito dos sistemas de águas de abas-tecimento e de águas residuais.Bienalmente, a APDA organiza o Encon-tro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento, que este ano terá lugar em Santarém, entre os dias 22 e 24 de Novembro. Este evento há muito se constituiu como uma referência obriga-tória para todos os que se movimentam no sector das águas em Portugal, sejam entidades gestoras, prestadores de ser-viços e outras instituições que operem neste domínio. A cidade de Santarém foi escolhida pela sua centralidade, per-mitindo o fácil acesso a todos quantos venham de Norte ou de Sul, tendo em atenção que a APDA procura sempre assegurar a representatividade nacio-nal. No programa técnico deste grande

O sector da água está actualmente confrontado com quatro grandes desafios:

Escassez de água e menor qualidade nas origens, haven-do assim que prestar atenção especial a este problema crucial e à sua influência na saúde e na qualidade de vida das populações;

Saneamento – 2,4 mil milhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso a adequadas condições de sane-amento, o que aumenta o risco de consumirem água con-taminada e serem afectados por doenças hidricamente transmissíveis;

Contrangimentos do recurso água, implicando a necessi-dade de mais e melhor controlo da qualidade da água nas origens, superficiais e subterrâneas;

Governança, envolvendo a Sustentabilidade das Entida-des Gestoras; a gestão orientada pelo princípio do “full cost recovery”; cuidados especiais com os aspectos so-ciais e ambientais, sobretudo devido à crise económica e financeira global.

congresso, destacam-se a apresentação de comunicações, as mesas redondas e um conjunto de outras iniciativas desti-nadas à análise e debate em torno dos principais temas que interessam ao sec-tor das águas.A APDA é parceira para o sector das águas do projecto ECSI-Portugal (Eu-ropean Customer Satisfaction Index). O ECSI-Portugal é um sistema de medida da qualidade dos bens e serviços dispo-níveis no mercado nacional, por via da Satisfação do Cliente, criado com o ob-jectivo de fornecer às empresas meios que lhes permitam analisar anualmente a percepção dos seus clientes relativa-mente aos bens/serviços fornecidos, tornando-se num indicador de medida da performance.Com o objectivo de distinguir trabalhos académicos inovadores, relacionados com a temática das águas, nomeada-mente nas vertentes de distribuição de

PV6 // DIA MUNDIAL DA ÁGUA

A APDA é parceira para o sector das águas do projecto ECSI-Portugal (European Customer Satisfac-tion Index). O ECSI-Portugal é um sistema de medida da qualidade dos bens e serviços disponíveis no mercado nacional, por via da Satisfação do Cliente, criado com o objectivo de fornecer às empresas meios que lhes permi-tam analisar anualmente a percepção dos seus clientes relativamente aos bens/serviços fornecidos, tornando--se num indicador de medida da performance

água para consumo humano e de drena-gem de águas residuais, a APDA criou os Prémios Ensino Superior, que tem por objectivo distinguir trabalhos académi-cos inéditos, de carácter inovador, rela-cionados com o sector de distribuição de água e de drenagem de águas residu-ais, nas áreas temáticas curriculares de “Engenharia” e “Economia e Gestão”.Desde 1988, APDA representa Portugal na EUREAU (Federação Europeia das Associações Nacionais de Serviços de Águas e Águas Residuais), no seu Con-selho de Administração e nas três Co-missões Especializadas: EU1 (Qualidade da Água), EU2 (Águas Residuais) e EU3 (Legislação e Economia). A APDA detém neste momento a presidência rotativa da CNAIA (Comissão Nacional da As-sociação Internacional da Água) e está envolvida na organização do IWA World Water Congress & Exhibition, que terá lugar em Lisboa, em 2014.

É um factor importante a considerar, pois Portugal atingiu patamares elevados, mas ainda não a excelência, em praticamente todos os domínios que integram o sec-tor, pelo que caminhar para indiscutíveis níveis de sus-tentabilidade implica tanto a confirmação das orientações estratégicas antes tomadas como também a tomada de novas medidas.

Março 2011 Pontos de Vista 31

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Instituído pela Organização das Na-ções Unidas (ONU) há cerca de 18 anos, mais concretamente em 1993,

o Dia Mundial da Água é celebrado no dia 22 de Março, sendo que o principal desiderato desta celebração passa por

alertar e estimular Governos, empresas, instituições e as pessoas em todo mun-do para o uso correcto deste recurso tão precioso, até porque a poupança de água passa por gestos simples no nosso quotidiano.

Reconhecido como uma entidade de ex-celência no domínio da qualidade dos serviços prestados, os SMAS de Oeiras e Amadora desenvolvem a sua actividade seguindo uma lógica assente em pilares bem definidos e identificados, ou seja, elevados padrões de qualidade, respon-sabilidade ambiental, financeira e social, facto que lhe confere uma relevância fundamental em ambos os concelhos e além-fronteiras. Tendo como principal missão garantir o abastecimento de água e a prestação de serviços de saneamento básico às populações residentes nos concelhos de Oeiras e Amadora, os SMAS apostam no cumprimento de qualidade nos serviços prestados e acima de tudo na relação com a comunidade. O Dia Mundial da Água não podia passar incólume a toda a dedicação a que é vo-tado este recurso imprescindível à con-dição humana, a Água e assim os SMAS de Oeiras e Amadora prepararam um conjunto de novidades para a comemo-ração deste dia, passando, desde logo, pelo dia em que será comemorado o Dia Mundial da Água, que nos SMAS de Oei-ras e Amadora será comemorado dois dias antes da data oficial, ou seja, dia 20 de Março. A este facto já lá vamos. A Revista Pontos de Vista conversou com Nuno Campilho, Administrador dos SMAS de Oeiras e Amadora, que nos deu a conhecer as diferentes novidades deli-neadas nas comemorações do Dia Mun-dial da Água.

«SpongeBob, como nunca antes visto»

SpongeBob? Nickelodeon? Já ouviu fa-lar? Não? Os seus filhos de certeza que sim. Mas que relação existe entre as co-memorações do Dia Mundial da Água e o SpongeBob? Podemos dizer que esta personagem, famosa mundialmente, principalmente no universo juvenil, será o grande anfitrião deste dia. Assim, os SMAS de Oeiras e Amadora irão come-morar o Dia Mundial da Água no dia 20

A água é o elemento fundamental para a existência da vida na Terra. Todos os seres vivos dependem dela para sobreviver e para garantir a permanência da espécie, porque a Água sustenta a vida. Entretanto, apesar de toda a sua importância, a água é um recurso que pode acabar e por isso, exige cuidados redobrados em relação à quantidade de uso, à sua qualidade, às suas fontes, à sua distribuição desigual pelo planeta, entre outros, sendo vital que seja tratada com a devida atenção em prol da Humanidade.

«Marca de Água» numa data de referência SMAS de Oeiras e Amadora

Nuno Campilho, Administrador dos SMAS de Oeiras e Amadora

PV6 // DIA MUNDIAL DA ÁGUA

32 Março 2011 Pontos de Vista

20 DE MARÇO - 14.00HSKI SKATE AMADORA PARQUE

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«Marca de Água» numa data de referência de Março, um domingo, associando-se a uma iniciativa que a autarquia da Ama-dora celebrou com o canal televisivo Ni-ckelodeon, através da presença da míti-ca personagem SpongeBob, no Ski Skate Amadora Park. A presença do SpongeBob não se fica por aqui, pois desde 14 de Fevereiro, até ao dia 22 de Março, foi criada uma exposição nas instalações dos SMAS de Oeiras e Amadora, alocada ao tema: «SpongeBob, como nunca antes visto». Assim, em alternativa aos dias frios e sem nada para fazer, o SpongeBob promete aquecer os dias de todas as crianças e jovens com esta divertida ex-

posição, onde não faltarão gargalhadas à mistura. Literalmente como nunca antes visto, a exposição dá a conhecer a personagem adaptada «à luz» de gran-des obras de artes mundiais como «A persistência da Memória» de Dali, «A criação de Adão» de Miguel Ângelo ou o «Homem Vitruviano» de Leonardo da Vinci, entre outros, podendo ser visitada até ao dia 22 de Março, das 9 horas às 17 horas. Segundo o nosso entrevistado, estas ac-tividades direccionam-se, naturalmen-te, para as crianças e jovens, mas não só. “Condicionamos que esta iniciativa se realizasse no dia 20 de Março para

que se pudesse enquadrar nas come-morações do Dia Mundial da Água. Além disso, antecipamos a data «oficial» para reunir mais famílias e participantes, até porque estas iniciativas estão imbuídas de um carácter muito pedagógico, atra-vés da associação de uma personagem muito querida dos jovens, o SpongeBob e através do canal televisivo Nickelode-on, que como sabemos é o canal infanto/juvenil mais visto a nível mundial”, assu-me Nuno Campilho. Mas não se pense que as surpresas ficam por aqui. Muito mais está a ser prepara-do. Os petizes deliram com as traquini-ces e brincadeiras da Esponja Amarela, SpongeBob, mas os graúdos não passam incólumes às travessuras desta querida personagem. Assim, para provar que o divertido SpongeBob agrada a peque-nos e graúdos a exposição inclui ainda uma surpresa. Os músicos TT e João Só e Abandonados, o futebolista Nuno Go-mes, a jornalista Patrícia Gallo, a escri-tora Maria João Lopo de Carvalho, o es-tilista Ricardo Preto, os arquitectos Elsa Matias e Fernando Hipólito, a fotógrafa Vera Eloy e as artistas Rita Fernandes e Ana Sofia Gonçalves irão estar presentes nesta primeira exposição do SpongeBob em Portugal, tendo oferecido um contri-buto personalizado à personagem. Assim, além da aprendizagem e do co-nhecimento inserido na essência destas iniciativas, pois os mais jovens podem descobrir obras de arte de todos os tempos e diversas dicas ecológicas, vão ainda ficar extremamente surpreendi-das com a criatividade dos artistas pre-sentes.

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Clube da Água e as crianças

A criação do Clube da Água dos SMAS de Oeiras e Amadora, que tem nas masco-tes Gui Gotas e Gotas Maria os principais responsáveis pela adesão em massa das crianças, assume-se como o prestigiante «cartão-de-visita» e de ligação entre as diversas iniciativas preparadas para o Dia Mundial da Água. O Clube da Água foi edificado há cerca de três anos, em torno do qual são reunidas crianças com idades compreendidas entre os 4 e os 16 anos, tendo neste momento cinco mil sócios, onde são ainda abrangidos todos os ciclo escolares do 1º ao 3ª ciclo dos dois concelhos, Oeiras e Amadora, através da passagem regular de um roa-dshow sobre o Clube da Água nas diver-sas instituições escolares de ambos os municípios. Para Nuno Campilho, esta iniciativa, o Clube da Água, assume-se como uma estratégia feliz e das mais bem sucedidas desde que, em 2005, assumiu funções nos SMAS de Oeiras e Amadora. “É uma forma inteligente e acertada de usar a vertente infantil para a promoção da boa utilização da água”, reconhece, lembrando que “o facto de as crianças estarem ligadas ao Clube da Água proporciona às mesmas um deter-minado conjunto de benefícios impor-tantes e interessantes ligados à juventu-de, bibliotecas, aquários, equipamentos lúdicos diversificados, entre outros. Acima de tudo, pretendemos que estas crianças estejam associadas ao Clube da Água para passarem a mensagem de utilização da água com parcimónia e das melhores práticas no uso da mesma”.O Clube da Água caracteriza-se ainda por fomentar actividades mais maduras, «usando» as crianças como os principais promotores dessas boas práticas e sen-do elas os «embaixadores» das mensa-gens em direcção aos pais.

“Não me parece muito sensata a reacção

nesta situação”.

Num passado bastante recente, surgiu uma recomendação do Parlamento, por parte de um deputado, à Assembleia da República para que o uso da água da torneira nas sessões plenárias fosse uma prática comum. Infelizmente esta recomendação foi rejeitada pela secre-tária-geral da Assembleia da República, Adelina Sá Carvalho, que questionava a higiene das questões relacionadas com a água. Os SMAS de Oeiras e Amadora sen-tiram esta (in)directa e redigiram uma carta à secretária-geral da Assembleia da República, com conhecimento do presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, e do deputado promotor da iniciativa, enviando ainda um conjunto de recipientes, em vidro e em plástico, para que a questão logística pudesse ser ultrapassada. “A destinatária desta carta e dos recipientes, Adelina Sá Carvalho, não deve ter entendido o nosso esforço e a mais-valia da iniciativa e decidiu de-volver o material, revelando assim que o nosso esforço não produziu qualquer

efeito” revela Nuno Campilho, lembran-do que o principal objectivo dos SMAS passava por salvaguardar a qualidade da água no seu todo, ao nível do país, e “não só dos SMAS de Oeiras e Amadora, pois reportamo-nos ao último relatório da ERSAR - Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, que refe-re que 98 por cento da água de consumo público em Portugal é de boa qualidade. De referir ainda que a própria ERSAR re-agiu a esta situação enviando uma carta à Assembleia da República e acoplando a cópia desse mesmo relatório”, asseve-ra o nosso interlocutor.Ainda neste âmbito, Nuno Campilho acredita que a postura daquela que deve ser considerada a «Casa da Democracia» em Portugal, a Assembleia da República, deveria tratar estes assuntos com outra lisura, “e não me parece muito sensata a reacção nesta situação”. Os dados neste caso são, no mínimo, contraditórios, porque quando a secre-tária-geral da Assembleia da República se pronunciou negativamente sobre a higiene da água da torneira, pode tê-lo feito no âmbito da higiene dos recipien-tes. “Se esta celeuma está relacionada com esse facto, isso é algo que a enti-dade gestora não pode salvaguardar, porque uma pessoa em casa pode beber água de qualidade num copo sujo. São dados interessantes e importantes e

Para sermos admitidos no estudo do Great Place to Work Institute é necessário que, no mínimo, existam 65 por cento de respostas aos inquéritos realizados. Os SMAS tiveram quase 80 por cento de respos-tas, o que revela bem a satisfa-ção e disponibilidade dos nos-sos colaboradores

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PV6 // DIA MUNDIAL DA ÁGUA

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motivo de contentamento, “até porque sabemos que não podemos ter a veleida-de de competirmos com empresas mul-tinacionais como a Cisco, a Microsoft, a Mercedes Benz, entre outras. Estar presente é já motivo de orgulho e tra-balhamos diariamente nesse sentido, ou seja, merecer esta posição e reconheci-mento”, afirma convicto Nuno Campilho, dando um exemplo curto, mas claro da disponibilidade dos recursos humanos dos SMAS. “Para sermos admitidos no estudo do Great Place to Work Institu-te é necessário que, no mínimo, existam 65 por cento de respostas aos inquéri-tos realizados. Os SMAS tiveram quase 80 por cento de respostas, o que revela bem a satisfação e disponibilidade dos nossos colaboradores”. A terminar, Nuno Campilho revelou que, desde 2005, altura em que iniciou o seu mandato nos SMAS, a vertente dos recursos humanos foi aquela que mais mudanças significativas conheceu, prin-cipalmente ao nível da formação, higie-ne e segurança no trabalho, condições de trabalho, entre outras. “Temos cerca de 430 colaboradores e estamos atentos às necessidades dos mesmos, porque tenho perfeita consciência que são um pilar fundamental no sucesso alcançado pelos SMAS de Oeiras e Amadora”, con-clui o nosso entrevistado, não sem antes deixar um convite a todos aqueles que pretendam passar um domingo diver-tido e lúdico em família para visitar, no dia 20 de Março, o Sky Skate Amadora Park, e comemorar o Dia Mundial da Água. “Serão bem recebidos e tenho a certeza que no final do dia estarão ex-tremamente satisfeitos”.

parece-me relevante que uma institui-ção de referência do nosso país dê este exemplo claro. Além disso os dados indi-cam que continua a ser consumida mais água engarrafada do que da torneira, o que torna o investimento realizado por todos nós nos últimos 15 anos infru-tífero, pois a água da torneira, actual-mente, é de perfeita qualidade e segura para todos os cidadãos, mesmo para as crianças”, assegura o Administrador dos SMAS de Oeiras e Amadora, dando o exemplo de médicos pediatras, como Mário Cordeiro, que aconselham que se dê, a bebés e crianças, água da torneira, “pois a água mineral não possui deter-minadas características que a água da torneira tem, vitais e fundamentais para a vida humana”.

SMAS nas 30 Melhores Empresas para

Trabalhar em Portugal

O Great Place to Work Institute já di-vulgou o desígnio das 30 Melhores Em-presas para Trabalhar em Portugal, em que os prémios foram entregues pelos parceiros do Instituto que desde sem-pre contribuíram para o sucesso des-ta iniciativa em Portugal. Em Portugal existem dois índices de satisfação: um promovido pela Revista Exame e outro difundido pela entidade Great Place to Work Institute. Os SMAS de Oeiras e Amadora estão inseridas no grupo das 30 melhores empresas para trabalhar em Portugal, tendo ficado posicionado num excelente e meritório 23º lugar. Para Nuno Campilho a satisfação de es-tar presente neste ranking é, por si só,

Acima de tudo, pretende-mos que estas crianças es-tejam associadas ao Clube da Água para passarem a mensagem de utilização da água com parcimónia e das melhores práticas no uso da mesma

PV6 // DIA MUNDIAL DA ÁGUA

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PV6 // AUTOCARRO ELÉCTRICO

36 Março 2011 Pontos de Vista

O primeiro Autocarro Eléctrico da CaetanoBus de nova geração

Caetano 2500EL – Veículo do FuturoInfelizmente o predomínio do automóvel particular nas principais cidades mundiais é ainda um fenómeno à escala planetária, com todas consequências que advêm dessa utilização desregrada para a vida humana. Assim, a União Europeia, começou a considerar o transporte como a principal causa individual ao nível de impacte ambiental, sendo fundamental que se comece, cada vez mais, a encontrar alternati-vas que permitam um ambiente mais condizente com a qualidade de vida que se pretende para todos os cidadãos.

É importante referir que entre 2001 e 2010 a Europa conheceu um incremento de automóveis nas cidades em cerca de 20 por

cento, sendo que nas principais cidades europeias, apenas 15 por cento dos ci-dadãos utilizam regularmente o trans-porte público, contrastando portanto com os 50 por cento de cidadãos que utilizam diariamente o automóvel. Se analisarmos ainda a taxa de ocupação desses veículos chegamos a valores no mínimo despropositados, pois por cada automóvel, segundo estudos realizados, viajam apenas 1,2 pessoas. Além disso, em meados de 2002 o mundo passou a ser, na história da humanidade, conside-rado uma sociedade urbana, pois actu-almente existe um número superior de pessoas na cidade comparativamente ao mundo rural. Neste sentido, o primeiro autocarro eléctrico da CaetanoBus de nova gera-ção, Caetano 2500 EL, saiu da linha de montagem da fábrica de Vila Nova de Gaia, numa cerimónia, em Fevereiro passado, que contou com a presença do primeiro-ministro, José Sócrates, e do ministro das Obras Públicas, Transpor-tes e Comunicações, António Mendonça, entre outras individualidades. O primei-ro-ministro referiu que se tratou de um «trabalho bem feito a favor da indústria nacional e do País», acrescentando que constitui um contributo para por Por-tugal na linha da frente das energias renováveis e da mobilidade eléctrica. «O autocarro eléctrico faz parte do futuro», afirmou Sócrates, facto que releva e bem a importância a que tem sido votada a necessidade na aposta ao nível das ener-gias alternativas. Sendo este um projecto orçado em cer-ca de quatro milhões de euros, convém contudo realizarmos um regresso ao passado recente e perceber quais as razões que levaram a CaetanoBus a re-alizar esta aposta tão ambiciosa e im-portante para o país. Assim, a Revista Pontos de Vista conversou com Jorge Pinto, CEO da CaetanoBus, que revelou os principais pilares deste projecto, sem esquecer que o Autocarro Eléctri-co pode ser o elemento que escasseava numa espécie de «revolução» do am-biente nas cidades. Marca conceituada na vertente de carro-çarias e autocarros, a CaetanoBus pos-sui já experiência ao nível do Autocarro Eléctrico, pois há cerca de duas décadas,

1992, foram fabricadas cindo unidades, que numa fase posterior foram conver-tidas a diesel, depois de circularem du-rante um período de três anos. As economias mundiais têm conhecido um conjunto de constrangimentos gra-ves que têm promovido a recessão das mesmas, com todas os efeitos nocivos naturais que daí advêm. A CaetanoBus também não ficou alheia a este clima menos próspero, tendo sido «obriga-da» novas soluções e novos projectos. Assim, decorria o ano de 2009, quando, num período de três dias, se discutiu, em conjunto com os diversos parcei-ros, quais deveriam ser as estratégias da marca face ao cenário que se apre-sentava. Os resultados foram frutíferos e, além de pretender manter a área de negócio em que se celebrizou, ou seja, o fabrico de carroçarias sobre chassis ad-quiridos a terceiros, como a Mercedes, a MAN, a Scania, entre outros, foi decidida a aposta em diversos nichos, como o Au-tocarro Eléctrico. Na tomada desta decisão foi também le-vada em linha de conta o facto do actual elenco governativo, liderado por José Sócrates, possuir também uma orien-

tação muito forte para a dinâmica da mobilidade eléctrica. Por este facto, o nosso interlocutor reconhece que a Ca-etanoBus tem sido bastante acarinhada e apoiada pelo Governo, principalmente pelo Ministério da Economia. Assim, depois de reunidos os parceiros estratégicos, estavam criadas as con-dições para o desenvolvimento de um novo produto, que actualmente pode vir a ser fundamental, principalmente ao nível de circuitos urbanos.O autocarro eléctrico é vocacionado para as grandes cidades e para os aero-portos, um mercado em que a Caetano-Bus tem forte presença em todo o mun-do, através da marca Cobus.”

Parceiros de referência

Um dos principais «problemas» que se pode identificar na vertente do Auto-carro Eléctrico passa pela questão da autonomia das baterias, bem como pela sustentabilidade da própria solução ao nível do armazenamento de energia no que concerne às baterias projectadas, ou seja, iões de lítio. As baterias são de facto um ponto preponderante no

eventual êxito ou insucesso do projecto do «Autocarro Eléctrico», sendo que a China, apresentou cerca de 40 unidades do «Autocarro Eléctrico» aquando dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Numa primeira fase, o autocarro eléctri-co da Salvador Caetano vai ser alimen-tado por baterias de lítio importadas da China, mas o objectivo é vir a integrar as baterias, que serão produzidas em Por-tugal, sendo esta componente respon-sabilidade da Efacec, que é parceira da Salvador Caetano neste projecto.Neste domínio os parceiros da Caeta-noBus são fundamentais para o sucesso deste projecto e assim, em conjunto com a Efacec, que construiu todo o sistema de tracção e é ainda responsável pela vertente da gestão da energia, e com o Inegi - Instituto de Engenharia Mecâ-nica e Gestão Industrial, o sucesso do projecto está praticamente garantido. “Apostamos nestes parceiros pela sua credibilidade e qualidade” revela o nos-so entrevistado. Sendo este um projecto que envolve avultados investimentos, é fundamen-tal que existam apoios a um veículo que promete uma melhoria substancial na

Jorge Pinto, CEO da CaetanoBus

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qualidade de vida das cidades e acima de tudo dos cidadãos. “Realizamos uma submissão, não apenas da vertente eléc-trica, mas também de outros projectos associados ao chassis, ao QREN e fomos contemplados, de uma forma standard, com um milhão de euros que nos per-mite continuar a aposta neste projec-to”, afirma Jorge Pinto, lembrando que estas submissões não ficarão por aqui, até “porque vamos dar início a uma fase de testes em que vamos ser obrigados a queimar um número de baterias assina-láveis e como sabemos as baterias são extremamente dispendiosas”.

Inúmeras vantagens

As vantagens que o cidadão terá com a introdução deste veículo são diversas e fundamentais na promoção da qualida-de de vida, ou seja, o impacto directo ao nível de Co2 e ao nível do ruído. “São veí-culos que praticamente não fazem baru-lho e isso melhora o nível de qualidade de vida das pessoas”, afirma o nosso en-trevistado, assegurando ainda que o de-siderato passa também por associar os veículos «made in» CaetanoBus a trans-portes públicos de qualidade. “Normal-mente associamos os transportes públi-cos a veículos com menor conforto que os veículos automóveis ligeiros e para servir pessoas jovens com capacidade

financeira limitada e pessoas idosas que possuem pouca mobilidade. Pretende-mos associar ao Autocarro Eléctrico a imagem de veículos com qualidade e comodidade. Queremos desmistificar a ideia de que os transportes públicos são pouco confortáveis e atractivos, à ima-gem do que foi conseguido com o Metro que é um transporte público que conhe-ceu uma enorme aceitação”. Assim, neste período vai ser iniciada a fase de testes internos, “para aperfei-çoarmos os pontos menos positivos”; sendo que posteriormente será iniciada, em Abril, a segunda fase já em contexto real, mais concretamente pelas ruas de Vila Nova de Gaia. Quase em simultâneo, será colocado também em contexto real, um Autocarro Eléctrico na Alemanha, em final de Maio. O facto da cidade escolhida para «rodar» o Autocarro Eléctrico ter sido Vila Nova de Gaia deve-se à proximidade das ins-talações da CaetanoBus, em Vila Nova de Gaia, mas também pelo facto de Gaia ter sido seleccionada, a nível europeu, para o financiamento pelo BEI – Banco Europeu de Investimento, no valor de 50 milhões de euros, no sentido do de-senvolvimento de projectos ligados aos transportes eléctricos e à mobilidade. No entanto, nem tudo está ainda colma-tado e daí a preponderância dos testes que irão ser agora iniciados. Segundo nosso entrevistado e segundo cálculos

realizados, a autonomia destes veículos em condições de utilização standard rondará entre os 100 e 150 quilómetros. A questão afigura-se. Será que esta au-tonomia servirá os interesses dos cida-dãos? “Nos aeroportos esta autonomia é mais do que suficiente. Nos circuitos ur-banos sabemos que a velocidade comer-cial média nas cidades assume-se entre os 15 e os 20 quilómetros horários e por isso essa autonomia (100/150 km) é um compromisso que completará um turno de trabalho tranquilamente”, esclarece o nosso entrevistado, assegurando que os ganhos são ainda visíveis quando o veículo se encontra parado, “pois conse-gue realizar a climatização e sempre que esteja em fase carregamento de baterias podemos evitar desajustes de tempera-tura e consumos elevados. Além disso, sempre que se tira o pé do acelerador o veículo recupera energia, facto bastante positivo”.

Projecto finalizado, faltam «limar arestas»

A terminar, Jorge Pinto lembrou que a CaetanoBus tem recebido inúmeras solicitações para demonstração do Au-tocarro Eléctrico a nível internacional, como Itália, Suíça, Alemanha, entre ou-tros, sendo que o próximo passo deverá passar pela colocação do veículo em tes-

tes num dos transportadores públicos nacionais, em contexto real. “Provavel-mente em cidades mais populosas como Porto, Lisboa ou Coimbra. Pretendemos que o veículo seja colocado nessas frotas para conseguimos ter um maior retorno de informação e de críticas, pois são es-tas que nos fazem melhorar”.É ainda importante salientar que nes-te projecto nada foi deixado ao acaso e assim, dos diversos brainstorming reali-zados internamente na CaetanoBus, um dos mais importante passa pelo nível máximo de segurança aquando da fase de produção, bem como ao nível do con-texto real. “O veículo possui protecções várias e já estabelecemos diversos pro-cedimentos de segurança, inclusive ao nível de criação de equipas de seguran-ça. Além disso, iremos dar formação às equipas que lidarão directamente com o veículo quando este estiver nas ruas, porque acidentes podem acontecer e temos de estar preparados para os re-solver e minorar. Assim, estamos bas-tante satisfeitos pelo facto do protótipo e o projecto estarem concluídos, embo-ra ainda haja um caminho a percorrer até estar tudo preparado para lançar o Autocarro Eléctrico em contexto real”, conclui Jorge Pinto, CEO da CaetanoBus.

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José Sócrates mostrou-se bastante agradado com o resultado alcançado

pela Caetano Bus ao nível do Autocarro Eléctrico. “É um trabalho bem feito a fa-vor da indústria nacional e do País”, lem-brando que o Autocarro Eléctrico Caeta-no 2500EL irá contribuir decisivamente para colocar Portugal na linha da frente das energias renováveis e da mobilidade eléctrica. “O autocarro eléctrico faz par-te do futuro”, referiu Sócrates. «Não faz barulho e não tem emissões», salientou, adiantando que se enquadra na estraté-gia nacional delineada há cinco anos no âmbito das energias renováveis que tem como objectivo reduzir a dependência energética do País, o endividamento ex-terno e as emissões de dióxido de carbo-no. O governante destacou ainda o papel que o autocarro eléctrico pode desem-penhar no âmbito das energias energé-ticas, designadamente das eólicas, uma vez que a produção efectuada de noite, em horas de menor consumo, pode ser armazenada nas baterias dos veículos eléctricos, garantindo uma gestão mais eficiente da energia.O Caetano 2500EL foi concebido, desen-volvido e produzido pela CaetanoBus, em estreita parceria com a Efacec e o INEGI., tendo o projecto contado com o envolvimento de cem colaboradores da empresa, dos quais 25 estão directa-mente envolvidos na parte de desenvol-vimento.“O Caetano 2500EL é a primeira de mui-tas unidades que, com o crescimento do mercado eléctrico, vão passar a sair desta linha de produção, destinadas ao transporte colectivo em circuitos ro-tineiros e delimitados, ou seja, para o meio urbano e aeroportos”, afirmou José Ramos, presidente da CaetanoBus.Depois de conhecer as instalações onde está a ser «concebido» o Caetano 2500EL, José Sócrates foi presenteado por José Ramos com a entrega de um «mini autocarro».

Autocarro Eléctrico cem por cento português

PV6 // AUTOCARRO ELÉCTRICO

38 Março 2011 Pontos de Vista

Foi com pompa e circunstância que o primeiro Autocarro Eléctrico da CaetanoBus de nova geração, Caetano 2500 EL, saiu da linha de montagem da fábrica de Vila Nova de Gaia, numa cerimónia que contou com a presença do primeiro-ministro, José Sócrates, José Ramos, Presidente da CaetanoBus, do ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mendonça, Luís Filipe Menezes, presidente da autarquia gaiense, entre outras individualidades.

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A AFESP – Associação Portuguesa de Si-nalização e Segurança Rodoviária, foi constituída em 2002, tendo, desde essa altura a perpetuar um nobre serviço. Neste sentido, que balanço efectua destes oito anos de actividade? Um balanço extraordinariamente positi-vo. Apesar do pequeno número de em-presas do sector, nós agregamos cerca de 90% da força produtiva de empresas fabricantes e instaladoras de Sinali-zação Vertical, Sinalização Horizontal, Guardas metálicas e outros equipamen-tos e, ainda, empresas fabricantes de matérias-primas, além de personalida-des com enorme experiência, prestígio e obra feita no sector da segurança ro-doviária. A AFESP, tem defendido os interesses económicos dos seus associados en-quanto empresas que lideram o merca-do da sinalização, tendo uma interven-ção cada vez mais activa na elaboração e votação de normas portuguesas que melhor traduzam as especificidades e características técnicas corresponden-tes às necessidades do mercado compe-titivo onde as Empresas Associadas se movem;A AFESP defende o reforço do cumpri-mento da qualidade, o reforço na regula-ção da actividade neste sector, promove as melhores práticas em Sinalização e Segurança Rodoviária. Porém, não abdi-ca do seu papel social, cooperando ins-titucionalmente com todas as entidades com vista à rentabilização de esforços comuns para a Segurança Rodoviária e diminuição da sinistralidade. Como

todos sabem, muitos dos objectivos da AFESP coincidem com os do sector da Sinalização e Segurança Rodoviária, no sentido de que todos desejamos aumen-tar e melhorar o conhecimento sobre o estado da sinalização nas estradas por-tuguesas, adequando a sua performance às necessidades da circulação rodoviá-ria com segurança. Na televisão, nos jornais e outros meios de comunicação temos debatido o esta-do da sinalização em Portugal e defen-dido o necessário investimento em si-nalização para, em conjunto com outras medidas, oferecer uma estrada mais segura. Temos feitos avaliações sobre o estado de sinalização das vias e realizado me-dições de Índices de Retro - reflexão das Marcas Rodoviárias ao longo das estra-das da rede Rodoviária Nacional, para que as entidades competentes, com essa ferramenta, possa actuar e exigir um adequado cumprimento dos padrões de qualidade aplicáveis, em sintonia com as melhores práticas e recomendações europeias nesta matéria; Temos contri-buído decisivamente para ajudar a cor-rigir e ultrapassar muitos problemas da sinalização e na adopção das melhores práticas na implementação de seguran-ça rodoviária e no fabrico, colocação e manutenção de sinalização. Temos permanentemente acções de divulgação e formação em Sinalização, Responsabilidade Civil e Criminal dos entes públicos, Marcação CE, sob a co-ordenação de consultores portugueses e estrangeiros e estamos, neste momento,

em parceria com a Fundec/Instituto Su-perior Técnico, a organizar uma forma-ção a realizar em Maio, em Sinalização em meio urbano. Com o objectivo de pugnar pela defini-ção dos instrumentos de habilitação es-pecífica indispensáveis ao exercício da actividade das suas empresas, a AFESP, de forma voluntária, implementou um sistema de verificação do cumprimento das especificações específicas anterior-mente por si desenhadas e um sistema de qualificação das empresas aplicado-ras de sinalização horizontal. No fundo, substituímo-nos à fiscalização que é ineficaz e fazemos auto controlo de ac-tividade às empresas associadas ou, se quiserem, auditorias externas e audito-rias aos sistemas de gestão de qualida-de, bem como auditorias à sinalização nova fornecida, denunciando todos os casos em que não sejam cumpridas as disposições normativas em vigor ou as melhores práticas aplicáveis.Lançámos mão na criação de uma revis-ta inédita: Em Outubro de 2009 nasceu a Revista Portuguesa de Sinalização, como concretização de mais um desafio. O objectivo da publicação é divulgar es-tudos, técnicas e boas práticas em sina-lização, sem deixar de abranger outras áreas vizinhas que partilham o mesmo interesse sobre o fenómeno da seguran-ça rodoviária.

Apesar de ter sido edificada em 2002, é em 2009 que a AFESP ganha «outra vida». Que alterações surgiram no quoti-diano e na essência da organização desde

o ano passado? Muita coisa se alterou. Na verdade, a AFESP é exemplo daquilo que é uma janela de oportunidades porque renas-ceu e revigorou-se precisamente no seio de uma conjuntura e crise económica de que o país ainda não saiu. Antes de mais fizemos uma operação de cosméti-ca: mudámos o Logótipo, os Estatutos, a Designação social, a Sede; Criámos uma página no Facebook (Si-nais Vitais), renovámos e demos novas funcionalidades ao site (www.afesp.pt), onde fazemos passar mensagens sobre boas práticas em sinalização e contri-butos para combater a sinistralidade, sobretudo em alturas de maior fluxo de tráfego. Internamente, mudámos de colaboradores, criando uma equipa activa, determinada e empreendedora. Fizemos novas parcerias, protocolos de cooperação com as mais diversas entidades ligadas ao sector rodoviário, somos presença em todos os fóruns do sector. Trabalhámos arduamente para integrar a estrutura técnica da Estraté-gia Nacional de Segurança Rodoviária, realizámos estudos inéditos sobre o estado da sinalização horizontal, orga-nizámos pelo segundo ano consecutivo o Seminário em Sinalização e Segurança Rodoviária, onde pudemos contar com Ministro da Administração Interna, Rui Silva, a proceder ao seu encerramento e com a presença do Secretário de Estado da Protecção Civil, Vasco Franco, que presidiu à cerimónia de abertura.Marcámos ainda, pela primeira, vez presença indelével no 16º Congresso

“Colocámos a problemática da sinalização na Agenda e sensibilizamos todo o sector, decisores públicos e utentes das vias, para a necessidade de um maior investimento nesta área como factor decisivo para a diminuição da sinistralidade”, afirma Ana Raposo, Secretária Geral da AFESP - Associação Portuguesa de Sinalização e Segurança Rodoviária em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde ficamos a conhecer, entre outras coisas, qual o estado do mapa das estradas da rede nacional e o que tem sido realizado para re-duzir a sinistralidade rodoviária em Portugal.

“É essencial haver um reforço da consciência social e prevenção rodoviária”

Ana Raposo, Secretária Geral da AFESP, em discurso directo

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40 Março 2011 Pontos de Vista

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Internacional de Estradas e no Blog do Congresso. Começámos a assinalar o dia Europeu da Segurança Rodoviária sen-do presença constante em programas de televisão e rádio, para falar acerca da importância da sinalização enquanto medida de baixo custo para a diminui-ção da sinistralidade; no fundo; Colocá-mos a problemática da sinalização na Agenda e sensibilizamos todo o sector, decisores públicos e utentes das vias, para a necessidade de um maior inves-timento nesta área como factor decisivo para a diminuição da sinistralidade que, entre a multicausalidade de factores, tem na infra estrutura e o meio rodoviá-rio, peso significativo.Fidelizamos a estima de associados an-tigos, ganhámos novos e renovámos a confiança dos parceiros e dos utentes e cidadãos que cada vez mais nos procu-ram pela necessidade de denunciar os perigos de uma sinalização ausente e carente de conservação.Além de representantes do sector em-presarial, assumimos ser agentes de uma imensa responsabilidade social porque também trabalhamos para co-locar Portugal entre os países da Euro-pa com o menor número de vítimas na Estrada. Quais são neste momento as principais dificuldades que a AFESP e seus associa-dos enfrentam? Quais as prioridades de futuro da AFESP?Estamos a viver uma fase de grandes

constrangimentos orçamentais sob um plano de grande austeridade. Sabemos que há opções a fazer na gestão mais efi-ciente das estruturas existentes, na su-pervisão da gestão e exploração da rede rodoviária, mas a sinalização e o cum-primento da lei não pode faltar: por isso temos o papel ingrato de insistir junto das autoridades de que deve haver um rigoroso controlo do cumprimento das leis, normas e regulamentos, de modo a assegurar a realização do Plano Rodovi-ário Nacional, para garantir a eficiência, equidade, qualidade e a segurança das infra-estruturas, bem como assegurar os direitos dos utentes e contribuintes deste país que, através dos seus impos-tos, pagam a construção de estradas que deviam oferecer segurança e por isso estar bem sinalizadas.Num período em que as dificuldades financeiras impõem opções de investi-mento ainda mais criteriosas e racio-nais, gostaria de salientar a importância do investimento em sinalização como aquele que se avista menos oneroso e de resultados e retorno imediatos para a segurança rodoviária. A Sinalização cor-responde apenas a cerca de 1% do custo da construção de uma via e por isso vale o esforço se quisermos diminuir com cerca de 20 a 30% de sinistralidade que é causada por má ou falta de sinalização. Para 2011 temos quatro grandes objec-tivos: Garantir que a rede rodoviária do país esteja dotada do investimento ne-cessário à instalação e manutenção da

sinalização e equipamentos de seguran-ça adequados de acordo com a legisla-ção portuguesa e europeia e as boas prá-ticas aplicáveis, regulando o mercado e exigindo as qualificações necessárias às empresas que acedem e mantêm activi-dade nesta área; vamos alargar os pro-tocolos de cooperação com entidades ligadas à segurança rodoviária e ao en-sino superior de engenharia; Vamos re-forçar a formação e qualificação em SH e SV; Estamos a trabalhar no Sistema in-terno de qualificação como empreiteiro de SH e vamos iniciar, junto da Agência Nacional para a Qualificação, o processo de criação de CAP para os aplicadores de sinalização horizontal, para as em-presas ganharem maior performance e garantir competitividade nos mercados, interno e externo. Vamos tentar captar o maior número de associados para fortalecer este sector da indústria e diminuir, senão mesmo anu-lar, o nicho de empresas que actuam fora do cumprimento legal. O que pretende-mos é que todas as empresas do sector se juntem à AFESP para, em conjunto, tornarmos o mercado competitivo, cá e lá fora.

Que análise é que a AFESP realiza sobre o actual estado da sinalização nas estradas nacionais? O problema passa pela falta da mesma ou pela escassez na manuten-ção da sinalização nas estradas?A qualidade, conformidade e estado de conservação da sinalização rodoviária

são pérfidos. Do estudo feito pela AFESP resultou que 28% das marcas rodoviá-rias apresentavam valores abaixo do mí-nimo e quase cerca de 50% das marcas já não cumpriam a função de guiarem os condutores durante o período nocturno. O mapa negro das estradas da rede na-cional aponta para marcas rodoviárias com valores de retro reflexão abaixo do mínimo exigido, tornando a sinalização imperceptível para os condutores, espe-cialmente de noite ou em condições cli-matéricas adversas. A sinalização hori-zontal nem sempre existe, quando existe é de má qualidade e, muitas vezes, tendo sido de boa qualidade inicialmente, não desempenha as suas funções de forma adequada porque entretanto se desgas-tou e não foi alvo de manutenção. Há um número enorme de estradas, avenidas e ruas cuja sinalização é divergente, con-traditória e errónea o que também leva muitas vezes a demover os utentes da sua observação por já não valer a pena atribuir-lhe qualquer importância. Após este inverno, bem como o anterior, am-bos bastante rigorosos, as estradas fo-ram muito castigadas aumentando o seu mau estado, permitindo antever que o estado de conservação de algumas mar-cas se tenha deteriorado mais do que já estavam. Por outro lado, existem cente-nas de sinais verticais de má qualidade porque a tela ultrapassou o seu período de vida, isto é, já não possui caracte-rísticas retro-reflectoras, estão sujos e escondidos pelo meio envolvente que

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dificultam a utilização da estrada não cumprindo os seus objectivos, nomea-damente orientar o condutor. A sinaliza-ção temporária é altamente deficiente e causa de muitos acidentes: Para manter o fluxo do tráfego com a menor interfe-rência possível a sinalização temporária deveria informar os condutores da exis-tência do obstáculo e levá-los a alterar o seu comportamento, adaptando-o às circunstâncias, guiando os condutores ao longo da zona afectada e informando--os do fim da anomalia. Se os sinais são de má qualidade não servem para avisar devidamente o condutor dos obstáculos que o aguardam e ainda provocam aci-dentes.A sinalização de código é muitas vezes imperceptível, de má qualidade (porque as telas retro-reflectoras são de má qua-lidade ou porque já ultrapassaram o seu período de vida útil), mal implantada na estrada e mesmo contraditória. O já re-ferido Regulamento do código da estra-da quando entrou em entrou em vigor altera a sinalização de código da estrada e impôs a data-limite de 1 de Janeiro de 2002 para substituir toda a sinalização de código não conforme com o novo regulamento. Até à data, tal imposição legal continua por cumprir em muitos quilómetros da nossa rede rodoviária.Mas não se trata apenas de colocar ou repor a sinalização: A sinalização é a parte final da construção da estrada e durante ela surgem imprevistos e modi-ficações que requerem tempo e pressu-postos diferentes. Desde que se realiza um projecto até que se executa a obra passa muito tempo e nesse período, além de algumas normas se alterarem, podem aparecer novos materiais no mercado, designadamente retro reflec-tores e novas recomendações que deve-riam ser tidas em conta sem acréscimo significativo de custos.Outra questão que importa ao sector e à segurança rodoviária é a obrigatorie-dade de ter a sinalização actualizada e etiquetada como medida de controlo para evitar que seja ultrapassada a vida útil de um sinal. Um sinal ou uma mar-ca está exposto à degradação natural, à radiação solar, às intempéries, às gran-des diferenças de temperatura que se repercute nas propriedades e afecta a funcionalidade e eficácia da sinalização que entretanto perdeu as suas caracte-rísticas essenciais. É por isso que de-fendemos e criámos uma etiqueta que obriga a identificar, na parte traseira, o nome do fabricante, o prazo de valida-de do sinal. Estamos a desenvolver um processo segundo o qual as empresas associadas da AFESP incluam no seu lo-gótipo a marca do produto que assegura o cumprimento destes pressupostos.Temos outro problema por resolver: a fiscalização. Uma percentagem do mercado português está nas mãos de operadores que não cumprem com os requisitos técnicos e boas práticas apli-cáveis, escapando ao controlo da fis-calização que, por sua vez, é escassa e ineficaz. Isto é, faltam os meios capazes de garantir que a sinalização seja bem projectada, que inclua produtos de boa qualidade instalados por operadores

credenciados e que seja auditada ao lon-go da sua vida útil mediante inspecções periódicas. Outro problema com que a sinalização se debate é que fica de fora da jurisdi-ção da entidade reguladora que hoje é o InIR, toda a rede local que está a cargo das autarquias onde é maior a deficiên-cia em sinalização e no cumprimento de instruções técnicas, manuais e outros documentos técnicos.

Que medidas deveriam ser colocadas em prática no sentido de melhorar o número de sinalização nas estradas nacionais e continuamente a sua manutenção? Por-tugal ainda se encontra muito atrasado relativamente aos seus congéneres euro-peus? A esmagadora evolução na rede de auto--estradas contribuiu obviamente para a redução da sinistralidade e, em par-ticular, para a redução da mortalidade porquanto existem menos acidentes nas auto-estradas e as respectivas vítimas são de menor gravidade devido às me-lhores condições de segurança da infra-estrutura.Mas ao mesmo tempo que temos auto--estradas, não temos uma rede secundá-ria adequada e investimos muito pouco na conservação das que temos. Por mui-ta sinalização e repressão que exista, atingir-se-á sempre um limite abaixo do qual só a alteração de comportamen-tos e a existência de censura social aos comportamentos de risco pode fazer diminuir a sinistralidade. Infelizmente, mesmo sendo optimista, os resultados só se poderão obter após uma geração. Por isso, invista-se já nas acções que po-dem ter retorno rápido, com o é o caso da sinalização que tem efeitos imediatos sobre a sinistralidade e tem baixo valor. Coloque-se marcação rodoviária em todas as estradas onde ela não existe, repinte-se a que já não se vê ou para lá caminha, assegure-se um padrão eleva-do de retro reflexão, consoante as boas práticas em sinalização. Melhore-se a si-nalização das passadeiras e de todos os dispositivos de contenção de velocidade e amortecimento, sobretudo em zonas urbanas, junto a escolas, hospitais e jun-to a população de levado risco, como os seniores, para adequar o ordenamento do tráfego, prevenir atropelamentos e diminuir a gravidade quando ocorrem.

Do ponto de vista da sinalização sente que ainda existem demasiadas lacunas na legislação portuguesa? Mas não se está a cumprir a legislação aplicável ou falta legislação específica? Existe uma enorme carência de normas e instruções técnicas que definam a qua-lidade ou as características dos produ-tos, equipamentos ou serviços da área de sinalização e segurança rodoviárias aplicáveis de forma transversal à rede rodoviária na sua totalidade – nacional e local. Falta aprovar legislação, normas e regulamentos que definam as caracte-rísticas técnicas dos produtos e serviços desta área. Agora, com a AFESP na Pre-sidência da Comissão Técnica 155, no âmbito, do Organismo de Normalização Sectorial, vamos fazer tudo o que está

ao nosso alcance para produzir normas e instruções técnicas que definam a qua-lidade ou as características técnicas dos produtos e serviços desta área.

Num passado recente, a AFESP criou um prémio anual denominado por «Sinais Vitais», que tinha como desiderato uma entre as diversas autarquias que se dis-tinguissem na produção de mais e me-lhor sinalização. Que balanço faz desta iniciativa? Os resultados têm superado as expectativas?A primeira edição do Prémio “Sinais Vi-tais – Boas Práticas em Sinalização e Se-gurança Rodoviária”, criado pela AFESP teve como objectivo seleccionar e pre-miar o melhor município, bem como o melhor projecto, no que diz respeito ao contributo das autarquias para a melho-ria das redes rodoviárias em prol da se-gurança dos cidadãos.O prémio Melhor Município, atribuído à Câmara Municipal de Mafra, pretendeu distinguir a Autarquia que, no decurso de 2009, demonstrou manter os me-lhores níveis de sinalização e seguran-ça rodoviárias, cumprindo as normas, especificações técnicas e boas práticas aplicáveis. O Melhor Projecto, recebido pela Câma-ra Municipal de Santarém, destinou-se a premiar o projecto na área de sinali-zação e segurança rodoviárias que se distinguiu pela dimensão, impacto ou aspectos inovadores do projecto, con-tribuindo para o aumento da seguran-ça de condutores ou peões, redução da sinistralidade e suas consequências. Durante a cerimónia, a AFESP atribuiu ainda uma menção honrosa ao projecto apresentado pela Câmara Municipal do Porto e congratulou todas as participan-tes com a entrega de um Certificado de Participação.Tivemos uma boa adesão de candidatu-ras e esperamos numa próxima edição receber ainda mais. Sabemos que, inde-pendentemente do estado da sinaliza-ção das estradas municipais não ser o melhor, existem bons projectos que gos-taríamos de ver na corrida ao prémio, até para servir de exemplo e estímulo a todos os outros municípios e, sobre-tudo, para alertar a importância da in-tervenção dos Municípios na segurança rodoviária. A 1ª Edição do Prémio contou com o apoio da Autoridade Nacional de Se-gurança Rodoviária, do Instituto de Medicina Legal, do Centro Rodoviário Português e da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, apoios que prometem repetir-se embora preten-damos alargar esses apoios para novos parceiros interessados em colaborar na 2ª edição para breve a anunciar.Além dos problemas estruturais (sina-lização, piso, entre outros) das estradas portuguesas, provavelmente o principal óbice assenta no descuido dos automo-bilistas portugueses. Acredita que existe pouca sensibilidade dos portugueses ao volante? Que medidas deveriam ser co-locadas em prática?O comportamento dos condutores é muitas vezes sobrevalorizado - a atitu-de é muitas vezes potenciada pelo ina-

dequado ambiente rodoviário que dá ao condutor estímulos que depois se tentam anular com excesso de sinali-zação de sentido contrário. A alteração dos comportamentos dos condutores e da censura social é necessária e conse-gue-se por duas vias: educação - com resultados a longo prazo - e repressão, sancionando-se as infracções ao código da estrada. Mas não basta. É essencial haver um reforço da consciência social e prevenção rodoviária, designadamente em contexto escolar, junto dos mais jo-vens e também na formação dos condu-tores nas escolas de condução, introdu-zindo um capítulo sobre características mínimas exigíveis da sinalização e do ambiente rodoviário leccionado, quem e onde devem os condutores exigir res-ponsabilidades sobre o mau estado das vias.

Que mensagem gostaria de deixar a todos os automobilistas portugueses? Normalmente reservamos para o dia Europeu da Segurança Rodoviária um momento de reflexão e de oportunidade para dar visibilidade à questão da sina-lização como parte de um todo que é a infra estrutura rodoviária, chamando a atenção dos utentes da estrada para a necessidade de exigirem do ente pú-blico, Estado, concessionárias e autar-quias, um adequado investimento em sinalização e sua manutenção. O Utente tem que se manifestar insatis-feito. Segundo o Inquérito da Avaliação da Satisfação dos utentes das Auto--Estradas realizado pelo InIR no final do ano de 2008, cerca de 20,4% dos condu-tores considera que um dos principais factores de segurança é a falta de sina-lização de segurança. Não tendo recebido em momento algum da sua formação de condutor informa-ção sobre as condições de visibilidade nocturna exigíveis da sinalização, o co-mum cidadão não tem um referencial adequado para o grau de exigência que devia ter.Por isso é necessário que os cidadãos e contribuintes possam lançar mão de um direito que lhes assiste ancorado na faculdade de exigir uma indemnização por prejuízos causados por má sinali-zação, da responsabilidade de todas as pessoas colectivas públicas, seja Estado, ou demais pessoas colectivas de direito público e pessoas colectivas de direito privado que exerçam poderes de autori-dade, ou mesmo pessoas singulares titu-lares de órgãos, agentes ou funcionários de pessoas colectivas de direito público ou trabalhadores de pessoas colectivas de direito privado que exerçam poderes de autoridade. A responsabilidade des-tas entidades pela falta de sinalização e manutenção do estado das vias está prevista no Novo Regime da Responsa-bilidade Civil Extracontratual do Estado e demais Entidades Públicas. Todos os utentes devem estar bem informados de que dispõem de uma ferramenta legal para exigir o ressarcimento pelos danos e prejuízos que se venham a provar este-jam na causa de um incumprimento em manter as vias sinalizadas.

42 Março 2011 Pontos de Vista

PV6 // SEGURANÇA RODOVIÁRIA

Ler na íntegra emWWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT

Page 43: Revista Pontos de Vista Edição 6

Embora se reconheça que a sufi-ciência alimentar tem que ser conseguida sem uma drástica expansão da agricultura, a pres-

são sobre as florestas não abranda, no-meadamente em países com população em expansão, atingindo, já hoje, níveis insustentáveis em muitos lugares. De acordo com a FAO (Global forest resour-ces assessment 2005), da floresta pri-mária ainda existente, cerca de 60 000 km2 são perdidos ou modificados anu-almente pelo Homem. A pressão social, conjugada com as alterações climáticas, cria desafios sem precedentes.As tendências na região do mediterrâ-neo Ocidental, incluindo Portugal e Mar-rocos, ilustram bem o desafios que as florestas enfrentam. No Norte de África, o crescimento demográfico e a pobreza, com o consequente uso excessivo, estão a degradar as florestas (no Magreb). No sudoeste europeu, a desvalorização de alguns produtos, a recessão demo-gráfica, os incêndios e o mau estado sanitário, têm causado um crescente abandono das florestas. Os cenários de

alteração climática acentuam aumento do risco incêndio, com a inevitável inva-são por arbustos, levando à redução dos serviços do ecossistema e da biodiversi-dade, abrindo oportunidades para espé-cies invasoras. O pagamento de serviços de ecossistema poderiam gerar novos incentivos económicos e promover uma utilização sustentável destes sistemas. A crise financeira e as mais recentes alte-rações políticas no Norte de África, irão, porventura, atrasar qualquer processo.Proteger a floresta é manter a multifun-cionalidade, como se faz notar no livro verde sobre a protecção das florestas e a informação florestal na UE (2010). O desafio é tornar a gestão adaptativa – fa-zer aprendendo – e sustentável, garan-tindo o equilíbrio das funções. para isso, talvez seja necessário mudar alguns dos actuais paradigmas da silvicultura e será certamente fulcral melhorar a qua-lificação científica e técnica dos agentes.E as florestas em Portugal? O território português possui condições excelentes para a produção das plantas lenhosas. Infelizmente o clima também é muito

Os anos internacionais dedicados às várias causas da humanidade vão-se sucedendo com êxito variável e algum cepticismo. 2011 é o ano dedicado às florestas. O mote, Celebrating Forests for People, não podia ser mais oportuno. A perspectiva de chegarmos, no futuro próximo (i.e. 2050), a uma população mundial de nove mil milhões, justifica a crescente preocupação com a necessidade de produzir alimentos, matérias-primas e biocombustíveis para esta imensa população. Para além disso, as florestas, como a agricultura, produzem bens públicos, em que se incluem as paisagens e a biodiversidade, a qualidade da água e a regulação do balanço hidrológico, a funciona-lidade do solo, a mitigação das emissões de gases com efeito de estufa.

FLORESTA PARA TODOS. Celebrando as florestas no ano internacional.

bom para os incêndios. O actual coberto florestal do país, tal como na Europa de modo geral, resultou da actividade hu-mana. Esta origem não lhes tira a função de produção de bens públicos. No que toca à economia, as indústrias de base florestal (IBF), que contribuem com 2,5% para o PIB e com 3% do emprego, são fortemente exportadoras, com ele-vado valor acrescentado nacional (VAN) e praticamente auto-suficientes em energia renovável, como salienta o Prof. João Ferreira do Amaral a propósito do sector da pasta e do papel. Na situação actual representam uma contribuição importante para a “saúde” económica do país. A estratégia nacional para a floresta, tal como as entidades internacionais (UE, FAO), baseia-se no princípio da multi-funcionalidade para a preservação das florestas, tal como o CNADS também tem defendido. Nos últimos anos, tem havido progressos e recuos. Se a defe-sa contra os incêndios melhorou muito depois de 2005, os fogos continuarão a ser um factor de risco e falta uma mais

decisiva intervenção na gestão preven-tiva contra incêndios. A silvicultura das plantações melhorou no que toca aos serviços do ecossistema e à protecção do património natural e histórico, mas a produtividade da terra pode aumentar. Como o CNADS salientou nos Comen-tários de 6 de Julho de 2010, no âmbito da consulta pública sobre o Livro Verde sobre a Protecção das Florestas e a In-formação Florestal na EU: «Para que as florestas mantenham a sua importância na economia [e na produ-ção de bens públicos] (…), contribuindo para o desenvolvimento sustentável do mundo rural, tem de ser dada atenção à manutenção e ao reforço equilibrado das várias funções das florestas. As boas práticas florestais permitem combinar a produção de bens comerciais com a produção ou preservação de mais-valias ambientais.O grau de sucesso depen-derá dos níveis de envolvimento e de participação dos “stakeholders” (Asso-ciações de Produtores, Indústrias, Uni-versidades, Escolas, ONG, etc.).»

PV6 // ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS

OPINIÃO: João Santos Pereira Professor do Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa; Membro do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CNADS)

Page 44: Revista Pontos de Vista Edição 6

Com São Paulo como cidade co-losso da América Latina, ombre-ando cada vez mais com Nova Iorque pelo título de capital

financeira do continente Americano, o Brasil já é o país mais poderoso da América Latina, e o seu PIB destaca-se de longe de qualquer outro país latino -Americano. Com a maioria das econo-mias estagnadas, a economia Brasileira cresceu 7%, significando isto que se desenvolve três vezes mais rápido que a Norte-Americana, por exemplo. Este, é o país que dispõe de 14% da água po-tável mundial, é o país que outrora teve os E.U.A. como maior parceiro económi-co, hoje, apresentando-se como um dos únicos países capazes de “saciar” as ne-cessidades da China, tem agora uma par-ceria bem sucedida com estes. Recente-mente, a 240 km da costa foi encontrada aquela que pode ser a maior descoberta de petróleo nos últimos trinta e cinco anos, e pode catapultar o Brasil para o 3º ou 4º maior produtor de petróleo do mundo, arrastando a sua economia para um patamar superior.Com a convicção de que este é o momen-to para entrar no mercado Brasileiro, ressalve-se que é preciso ter em conta determinados aspectos no quadro legal que se apresentam como excessivamen-te específicos para o investidor. Para tal, têm que se ter em conta os inevitáveis formalismos inerentes ao processo de internacionalização de uma sociedade. Vejamos: Uma empresa que se queira estabelecer no mercado brasileiro tem que respeitar condições internas (quan-to aos incentivos provenientes de Portu-

gal), assim como todos os requisitos do país estrangeiro (aqui, o Brasil).Ora, se quanto aos incentivos que são possíveis encontrar em Portugal, e não obstante os estorvos burocráticos pró-prios, acrescentados à pouca variedade de incentivos, consegue-se conduzir todo o processo com uma certa facilida-de. Problemática diferente se encontra no Brasil, pois apesar de ser um país em grande progresso, e mesmo sem qualquer barreira linguística aparente, a verdade é que legalmente e sistema-ticamente o ordenamento jurídico Bra-sileiro nem em tudo pode ser ligado ao Português. Desde logo se considerando que, sendo o Brasil um sistema federal, a regularização de empresas é efectuada através de uma série de exigências pró-prias deste Federalismo. Actualmente no Brasil a abertura de uma empresa está sujeita a tramitação de corrente deste sistema, pelo que cada estado tem a sua legislação específica e própria ade-quada a cada caso. Quanto ao processo de internacionalização/investimento estrangeiro, no seu trajecto protocolar, devem ser consideradas formalidades que para o investidor português são to-talmente desconhecidas, como o registo do empresário na Junta Comercial do Estado em questão, a Receita Federal que é o responsável pela emissão do CNPJ, ou ainda as figuras do Posto Fiscal, que é a secretaria da Fazenda Estadual, e a Prefeitura Municipal de cada caso, pois cada município tem uma sistemá-tica diferente para fazer a inscrição de uma empresa. Estranheza pode causar também o facto de neste país, serem

Opinião: Manuel Teixeira Gomes da Gameiro e Associados, Sociedade de Advogados, R.L.

muitas as siglas em que se exprimem formulários de requerimento, e até as próprias leis. Vemos recorrentemente siglas como CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas), DBE (Documento Básico de Entrada), CPF (Cadastro de Pessoas Físicas), entre variadíssimas outras.No plano fiscal importa referir que os impostos, naturalmente não são os mes-mos que em Portugal, sendo que neste aspecto assume especial relevância o Imposto de Renda, na medida em que este recai sobre os rendimentos ou ga-nhos auferidos no Brasil, seja por uma pessoa singular ou por uma pessoa co-lectiva. Em matéria tributária temos necessariamente que destacar o papel da convenção destinada a evitar a dupla

PV6 // INTERNACIONALIZAÇAO

Com a convicção de que este é o momento para en-trar no mercado Brasileiro, ressalve-se que é preciso ter em conta determinados aspectos no quadro legal que se apresentam como excessivamente específicos para o investidor

44 Março 2011 Pontos de Vista

Enquanto a maioria dos países vê a sua dívida pública disparar, assim como a taxa de desemprego subir cada vez mais, no Bra-sil, pensa-se como poderá ser optimizado o boom económico e financeiro deste país, sendo, neste capítulo o último país a entrar em crise assim como o primeiro a sair desta, preparando-se para “escalar” o ranking das potências económicas mundiais.

Internacionalização de Empresas no Brasil

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Page 45: Revista Pontos de Vista Edição 6

Tendo em conta o crescen-te processo de globalização, e a necessidade das empresas Portuguesas se expandirem além fronteiras face à estag-nação económica encontrada em Portugal, juntamente com desenvolvimento incompará-vel da economia Brasileira estão reunidas as condições ideais para a internacionali-zação de qualquer grupo em-presarial

tributação e a evasão fiscal, celebrada entre a República Portuguesa e a Repú-blica Federativa do Brasil. Esta, embora padeça de uma interpretação profunda, abre o caminho ao investidor, e clarifica o modo como deve ser tributada uma empresa que tenha actividade (ou que pretenda ter) nos dois países em ques-tão.Assim, tendo em conta o crescente pro-cesso de globalização, e a necessidade das empresas Portuguesas se expandi-rem além fronteiras face à estagnação económica encontrada em Portugal, juntamente com desenvolvimento in-comparável da economia Brasileira es-tão reunidas as condições ideais para a internacionalização de qualquer grupo empresarial. Ora, por tudo isto e acres-centando ainda, que estudos de analis-tas de um dos mais prestigiados bancos de investimento do mundo (Goldman Sachs) prevêem que lado a lado com apenas três outros países estará o Brasil a dominar a economia mundial no século XXI, é sem dúvida apelativa a internacio-nalização de uma qualquer empresa em solo Brasileiro. Se por um lado é urgente encontrar soluções para dinamizar mui-tas empresas Portuguesas, pensando em investir neste mercado emergente, por outro há que ter em consideração todo o processo envolvente e toda a pla-nificação necessária para uma célere e eficaz expansão da empresa no Brasil. Contudo, note-se que por enquanto este

país necessita de importar qualificação para manter o crescimento, e “ainda há lugar para todos nesta economia”, em breve, com todos os holofotes virados para si, o Brasil será indubitavelmente uma das grandes economias mundiais, e nessa altura seria muito vantajoso para as empresas que hoje pensam em se in-ternacionalizar, já estarem devidamente enraizadas na economia Brasileira, este é o momento.

PV6 // INTERNACIONALIZAÇAO

Page 46: Revista Pontos de Vista Edição 6

PV6 // INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE

46 Março 2011 Pontos de Vista

A Gustavo Cudell, empresa portuguesa fundada em 1954, construiu uma sólida reputação em Portugal e no estrangeiro, como empresa co-mercial, de engenharia e de prestação de serviços técnicos. Destaca-se pela competência e capacidade de inovação. Para conhecer melhor esta PME Excelência, a Revista Pontos de Vista entrevistou, Gustavo Cudell, Managing Director da Gustavo Cudell, que conta na primeira pessoa uma experiência de sucesso no mundo empresarial nacional e com elevada consideração além-fronteiras.

A Gustavo Cudell foi fundada em 1954 em nome individual, por Gustavo Roberto Adolfo Cudell no dia do nascimento do nos-

so interlocutor e seu filho a quem deu a mesma denominação. Nessa altura, as instalações localizavam-se na Rua Alexandre Braga, 42-1.º na cidade In-victa, o Porto, e a actividade da empresa centrava-se no comércio de ferramentas eléctricas, correias de transmissão, con-tadores de água e máquinas de traba-lhar madeira.Interessa contudo salientar que a «chancela» Cudell em Portugal não se faz apenas desde 1954, pois os Cudell encontram-se presentes em terras lu-sas há 141 anos, onde personagens de relevância da marca fizeram a histó-ria da empresa, ou seja, Gustav Peter Cudell, Carlos Roberto Cudell e Gustavo Roberto Adolfo Cudell, bisavô, avô e pai do nosso entrevistado. Assim, segundo o nosso interlocutor, a vontade de primar pela excelência vem desde o seu bisavô, Gustav Peter Cudell, tendo esta filosofia sido transmitida pelas diferentes gera-ções Cudell, e sendo ainda aplicada por Gustavo Cudell, tendo como desiderato marcar a distinção perante o mercado e respectivos concorrentes. Hoje, passados mais de meio século, a Gustavo Cudell orgulha-se de ser uma referência nas áreas da Engenharia e Serviços e de soluções de rega para espaços verdes, encontrando-se neste momento a empresa dividida em dois grandes ramos de actividade. A divisão Outdoor Solutions (OS), que comercia-liza soluções para áreas exteriores, no-meadamente sistemas de rega, produtos para piscinas, bombas de água, bombas e lagos para jardins, iluminação de jar-dins de baixa voltagem (12V) e com-ponentes para a condução de fluidos, e a Divisão Engenharia & Serviços (E+S) que tem como actividade a engenharia, a prestação de serviços e a comerciali-zação de componentes nos domínios da óleo-hidráulica e automação industrial.Para Gustavo Cudell o factor de diferen-ciação que marca a actividade da em-presa assenta “na aposta clara ao nível da prestação de serviços, o que exige recursos humanos qualificados, mais concretamente técnicos e engenheiros, mas também mecânicos que possam prestar serviços de reparação, monta-gem e manutenção através da Divisão de Engenharia & Serviços. No domínio da Divisão de Outdoor Solutions dife-

renciámo-nos porque possuímos uma rede de dez Lojas de Rega em todo o país, com uma vasta gama de produtos de qualidade, mas também pela presta-ção de serviços pré e pós venda ao clien-te, desenvolvendo projectos e dispondo de logística que permite ter os produtos localmente”.

Readaptar objectivos face às exigências do mercado

Assim, é com uma grande aposta na diversidade de serviços que a Gustavo Cudell tem assegurado uma posição de liderança no mercado nacional, embo-ra o nosso entrevistado considere que “em Portugal, a empresa pode perfei-tamente dobrar o seu volume de negó-cios, porque existe mercado para tal”. Deste modo, e apesar de ter realizado vários projectos para o exterior, Gustavo Cudell não tem premência para chegar à internacionalização: “Na área de Outdo-or Solutions tivemos um projecto para abertura de uma Loja de Rega em Sevi-lha, mas devido às actuais condições do mercado, optamos por deixar de parte para já esta iniciativa, estando actual-mente em standby, e garanto que a Gus-tavo Cudell não está a perder tempo com esta tomada de posição. Encaramos sim a realização de projectos para o exterior, através da Divisão de Engenharia & Ser-viços, mas pontualmente e a partir de Portugal, como é recentemente o caso de um projecto concebido com a nossa chancela com software próprio para o CERN (Centre Européen pour la Recher-

GUSTAVO CUDELL, LDA em destaque

Se o mercado não esta favorável às em-presas, estas devem possuir a capacidade para redesenhar o seu modelo de negócio e adaptá-lo às novas possibilidades, mas para isso é necessário ter boas ideias e os re-cursos para as trans-formar em obra

Gustavo Cudell, Managing Director

A Competência em prol da Inovação

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che Nucléaire), em Genève na Suíça”.Esta posição de Gustavo Cudell é apoia-da pela força dos números, como aponta o responsável, uma vez que “em 2009, apesar de ter apresentado uma quebra de três por cento do seu volume de ne-gócios, a empresa conseguiu o seu ter-ceiro maior resultado de sempre em termos de lucros”. Em 2010 a empresa também obteve bons resultados. Gusta-vo Cudell defende assim que “se o mer-cado não está favorável às empresas, estas devem possuir a capacidade para redesenhar o seu modelo de negócio e adaptá-lo às novas possibilidades, mas para isso é necessário ter boas ideias, as pessoas e os recursos para as transfor-mar em obra”.

“99 por cento do sucesso de uma empresa depende das pessoas”

A implementação desta filosofia só é possível se as organizações estiverem dotadas de recursos humanos que as permitam desenvolver e crescer de forma sustentada. Gustavo Cudell está ciente deste factor e, por isso, na empre-sa trabalham mais de 75 colaboradores, dos quais aproximadamente 25 por cen-to são licenciados, e dos restantes, mais de metade são Técnicos Qualificados, possuindo alguns, certificações profis-sionais especializadas: “99 por cento do sucesso de uma empresa depende das pessoas, o restante compra-se com dinheiro. Por isso, nos últimos oito anos investimos cerca de 500 euros por pes-soa por ano em formação e realizamos

avaliações de desempenho de 6 em 6 meses para melhorar, porque a Gustavo Cudell funciona como equipa, onde to-dos fazem parte do sucesso”.O bom trabalho desenvolvido pela Gus-tavo Cudell tem sido reconhecido ao lon-go dos mais de 50 anos de presença no mercado, tendo-lhe sido atribuído, em 2010, o Estatuto de PME Excelência: “É bom sublinhar que esse estatuto nos foi atribuído, não nos candidatamos a ele, mas foi com grande agrado que recebe-mos esta distinção e fiquei até surpreen-dido com a quantidade de reacções que recebemos por parte de colaboradores, fornecedores e clientes que nos felicita-ram, dos vários pontos do mundo, desde a Austrália aos Estados Unidos e que ressalvaram as boas notícias que este galardão representa”.No sentido de cimentar ainda mais a sua posição de parceiro competente e de qualidade junto do mercado, Gustavo Cudell definiu para 2011 quatro gran-des objectivos: “Queremos desenvolver o nosso projecto de gestão de desempe-nho, porque pretendemos aumentar o desempenho dos nossos colaboradores e, por isso, o exemplo terá que ser dado por mim. Por outro lado, na Divisão de Engenharia & Serviços queremos au-mentar a prestação de serviços, sobre-tudo ao nível dos grandes clientes da indústria transformadora e na Outdoor Solutions projectamos crescer forte-mente o nível de vendas dos produtos para piscinas e bombas de água. Esta-mos também empenhados em solidifi-car a nossa posição na internet, sobretu-do ao nível das redes sociais”.

PV6 // INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE

Viatura Cudell – De Dion Bouton de 1900 (vis-à-vis, 4 cv, 1 cilindro, 410 cm3, 2 velocidades, 30 Km/h).O tio-bisavô de Gustavo Cudell, Carl Cudell foi um dos pioneiros da indústria automóvel na Alemanha no século XIX.

Page 48: Revista Pontos de Vista Edição 6

48 Março 2011 Pontos de Vista

PV6 // INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE

“É necessário um plano anual de reequipamento da Protecção Civil”

Jacinto Marques de Oliveira, Sucrs. Lda em destaque

Jacinto Oliveira, Managing Director

Se numa fase inicial a designação da empresa versava por Jacinto Marques de Oliveira, Sucrs., onde o principal core business da

empresa passava pela produção de al-faias agrícolas e montagem de bombas manuais de água. Foi já em 1968, com a revolução industrial, que a empresa cresce e é tomada a decisão de criar uma sociedade por quotas, mudando a designação da mesma para Jacinto Marques de Oliveira, Sucrs. Lda. Nesse período, de 1968 a 1974 a empresa evo-luiu bastante ao nível de construções metálicas para pavilhões industriais e coberturas. Um ano depois, 1975, e de-pois de um período conturbado pelo de-créscimo no volume de vendas, o proge-nitor do nosso entrevistado “teve uma excelente ideia, ou seja, «aproveitamos» o retorno das pessoas das ex colónias, Angola e Moçambique, e colmatamos a escassez de habitação existente na altura. Assim, o meu pai projectou um protótipo de uma habitação pré fabrica-da metálica com revestimentos em ma-deira, apresentado em Agosto de 1975, tendo iniciado o seu périplo pela pré fa-bricação ligeira para habitação, onde fo-ram edificados milhares de habitações por todo o país, realidade visível até 1986”, refere Jacinto Oliveira, Managing Director da empresa, em conversa com a Revista Pontos de Vista. Nesse ano, 1986, a Jacinto Marques de Oliveira, Sucrs. Lda. «sofre» uma revi-ravolta na sua orgânica, acima de tudo pela dedicação do nosso entrevistado e seus familiares ao voluntariado, espe-cificamente no corpo de Bombeiros de Esmoriz, onde o nosso interlocutor é bombeiro desde os 15 anos, sendo ac-tualmente o presidente da corporação local, tendo o seu pai e tio sido bombei-

ros e tendo a Corporação de Bombeiros de Esmoriz sido fundada pelo seu avô Jacinto Marques de Oliveira. “Como tí-nhamos formação e conhecimento das dificuldades dos bombeiros e do deficit de produção de equipamentos para as necessidades do país, iniciamos a linha de produção de viaturas de combate a incêndios e de salvamento”, esclarece o nosso interlocutor, lembrando que é neste momento que se inicia a «Nova História da Empresa».Apesar desta mudança significativa, a Jacinto Marques de Oliveira, Sucrs. Lda continua a apostar na vertente dos pré fabricados, embora a sua produção te-nha diminuído bastante, pois o principal core business da empresa passa, actual-mente e em grande escala, pela produ-ção de viaturas de combate a incêndio e salvamento, principalmente para mer-cados externos. “Por via do aumento das exportações de viaturas de combate a incêndios temos conseguido contactos interessantes com outros países, princi-palmente com nações mais pobres, rela-tivamente aos nossos pré fabricados. O problema é que a nossa pré fabricação não era a ideal para a exportação, pois possui um nível de mão-de-obra, monta-gem e acabamentos vastos, tornando o produto demasiado dispendioso. Assim, estamos a apostar no desenvolvimento, na antiga fábrica da Jacinto Marques de Oliveira, Sucrs. Lda, e aperfeiçoamento do nosso pré-fabricado, aprimorando e melhorando os aspectos positivos e negativos que temos neste tipo de pro-dutos, que permitirá um custo mais competitivo e uma maior simplicidade de montagem, melhorando a qualidade e tornando-o mais apelativo para o mer-cado da exportação”, assevera Jacinto Oliveira, assegurando que no espaço de

quatro meses será criada uma linha de produção estrangeira de produção de pré fabricados ligeiros.

“Oferecemos garantia do produto”

Desde 2007, a Jacinto Marques de Oli-veira, Sucrs. Lda tem vindo a apostar fortemente na vertente das viaturas de combate a incêndios e salvamento, ten-do actualmente uma quota de volume de negócios de 80 por cento e o restante para a produção de estruturas metálicas e pré fabricação. Presentes naquele que é considerado o maior evento do sector, a «INTERS-CHUTZ» na Alemanha, em 2005, foi aqui que a Jacinto Marques de Oliveira, Sucrs. Lda começou a explanar os seus horizontes, embora esse efeito tenha co-meçado em 2010, através dos contactos realizados cinco anos antes. “Desde esse momento conseguimos realizar parce-rias que estão actualmente a dar as suas mais-valias. Assim, conseguimos reali-zar sociedades com parceiros em países como o Chile, Argentina, Brasil, Mauritâ-nia, Marrocos, Senegal, França, Espanha e China, se bem que neste último tenha sido através do nosso parceiro francês, onde foram colocados seis veículos com a chancela Jacinto Marques de Oliveira, Sucrs. Lda, revela o nosso interlocutor, assegurando que o sucesso destes negó-cios depende muito da existência de um parceiro local em cada mercado. “São eles que conhecem melhor o «terreno» e sabem quais as principais necessidades do mesmo. Além disso, os empresários portugueses devem ter a consciência de que a produção de um produto é funda-mental, mas a assistência e serviço pós venda são ainda mais. Assim, através de acordos comerciais com os nossos par-

ceiros permitimos que os mesmos es-tejam presentes em concursos interna-cionais onde procedemos a todo o apoio necessário (projectos, dados técnicos, entre outros). Além disso, a formação técnica de cada produto é vital e ofere-cemos essa garantia a qualquer cliente, independentemente do local geográfico onde se encontra”, refere, assegurando que o sucesso ou insucesso do produto perante o mercado depende da garantia dada e da formação relativamente às es-pecificidades do mesmo.

“Não podemos continuar com injec-ções pontuais de equipamentos”

Uma das grandes apostas de Jacinto Oli-veira passa então por encontrar parcei-ros externos, pois, entre outras razões, o mercado interno nacional “não possui capacidade para ser competitivo nes-te domínio”. Quais as razões para que Portugal não seja apelativo? Segundo o nosso interlocutor a política neste âmbito está errada. “Conhecemos a or-gânica dos países mais desenvolvidos com quem colaboramos, como França e Espanha por exemplo, que possuem po-líticas de renovação contínua de frotas. Em Portugal ainda é necessário alterar essas mentalidades, até porque não po-demos continuar a realizar a injecção de equipamentos conforme as correntes e vontades políticas. Nos países referidos, todos os anos há um número de viaturas substituídas, ou seja, estão definidas as idades máximas e mínimas que os equi-pamentos podem funcionar a um nível superior de segurança e qualidade”, as-segura Jacinto Oliveira, lembrando ain-da que o investimento realizado, desde 1993, nos últimos anos em Portugal ao

Localizada em Esmoriz, a Jacinto Marques de Oliveira, Sucrs. Lda é uma empresa familiar cujas origens remontam à década de 50, mais concretamente em 1954, tendo tido como fundador Jacinto Marques de Oliveira, avô do nosso entrevistado, Jacinto Oliveira, que infelizmente faleceu um ano após a edificação da marca, embora esse pesaroso facto não tenha impedido a Jacinto Marques de Oliveira, Sucrs. Lda de se afirmar como referência no mercado em que actua.

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nível de viaturas de combate a incêndios e salvamentos tem sido positivo. No en-tanto, “existe um desfasamento de aqui-sições, ou seja, num ano não se compra nada e em outro compram-se um nú-mero elevado de viaturas. Essa forma de estar coloca demasiada pressão nos fabricantes, inúmeras vezes com resul-tados dúbios relativamente à qualidade das viaturas, pois como sabemos devem ser eficazes e bem preparadas para as utilizações nos contextos agressivos que enfrentam. Assim, alerto para a necessi-dade de existir um plano anual no Orça-mento de Estado de reequipamento da protecção civil (bombeiros, autarquias, entre outros). Não podemos continuar com injecções pontuais de equipamen-tos pois esse panorama não é salutar para ninguém, sejam empresas fabri-cantes, Estado e protecção civil. Inclu-sive vivemos actualmente uma situação preocupante, pois conhecemos casos de corporações de bombeiros nacionais que, por escassez económica, começam a adquirir viaturas em Espanha e França que deixaram de estar ao serviço nesses países. Ora se não existem condições para as mesmas actuarem com níveis de

segurança e qualidade elevados nesses países, porque podemos usá-las em Por-tugal?”, questiona o nosso entrevistado.

“Pretendemos aumentar a quota internacional”

A construção dos veículos «made in» Jacinto Marques de Oliveira, Sucrs. Lda é realizada em praticamente toda a glo-balidade nas instalações da empresa, excepto ao nível dos chassis, que são ad-quiridos às principais marcas europeias e mundiais deste sector como a MAN, Mercedes, Volvo, Scania, Renault, Iveco entre outras. “Posteriormente é através do nosso departamento de projecto e investigação que aliamos a qualidade das nossas matérias-primas à inovação e tecnologia, fundamental nestes veícu-los”. A SEGUREX Salão Internacional de Pro-tecção e Segurança, irá realizar-se de 16 a 19 de Março de 2011, na FIL, sendo um certame onde a Jacinto Marques de Oli-veira, Sucrs. Lda tem sido presença as-sídua, embora o nosso entrevistado re-conheça que a presença da marca neste

evento não aportará grandes novidades. “Não nos vai oferecer nada de novo, mas é uma boa oportunidade para alertar os nossos potenciais clientes dos nossos produtos e da inovação que temos im-plementado nos diversos projectos”.A terminar, Jacinto Oliveira assumiu as principais prioridades para a Jacinto Marques de Oliveira, Sucrs. Lda, ou seja, colocar a componente de pré fabrica-ção ligeira em funcionamento corrente ao nível da exportação e aumentar os níveis de exportação na vertente das viaturas de combate a incêndios e salva-mento, que desde 2010 se situa nos 20 por cento. “Pretendemos aumentar essa quota, se possível para os 40 por cento, até 2012. Sabemos que não é fácil, mas com a experiência e credibilidade al-cançada até hoje podemos consegui-lo”, conclui o nosso entrevistado.

PV6 // INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE

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A Comunicação Empresarial en-contra-se focada nos negócios da empresa, o que não significa que

apenas privilegia os lucros e os resulta-dos financeiros. Mais do que nunca, ela contribui para reforçar a evolução da marca, a ética empresarial e está com-prometida com o exercício da cidadania e da responsabilidade social. A Comuni-cação Empresarial bem planeada e con-duzida agrega valor às marcas, reforça a comercialização de produtos e serviços e representa uma vantagem competiti-va para as organizações modernas. Não tenhamos dúvidas, «abrir as portas ao mundo» é hoje o meio mais eficaz para cada empresa se posicionar perante a competitividade e vicissitudes dos mer-cados. A crise financeira não pode contudo ser considerada responsável pelo abranda-mento das empresas na aposta ao nível da comunicação rumo ao exterior, sendo portanto fundamental que se cerrem fi-losofias do século passado, embora ain-da visíveis actualmente, em que cada um vive «dentro de si e para si». Esta políti-

Em Portugal o universo empresarial ainda não se deu conta que a comunicação é fundamental para o positivo desempenho dos seus colaboradores e para a credibilidade da marca perante o mercado, em que muitos acreditam que ainda estão num passado distante na Babel ou na Torre de Babel, que em traços gerais significa na desordem e desconhecimento.

ca encontra-se absolutamente esgotada. Certamente não é essa a proposta que os comunicadores modernos defendem para as organizações do presente e do futuro, mesmo porque a não transpa-rência e a não presença já é percebida como uma desvantagem competitiva, pelo menos a médio e longo prazo.Talvez aí esteja o erro da estratégia co-municacional de um vasto conjunto de empresas, ou seja, encontram-se tão viradas e focadas na sua orgânica e con-vivem com um horizonte restrito, imagi-nando que o mundo dos negócios termi-na a um passo ou a um segundo adiante. A Comunicação Empresarial no século XXI não tolera improvisações e amado-rismo. Como instrumento de inteligên-cia empresarial, deve ser coordenada e praticada por especialistas. Hoje as em-presas não vendem apenas “coisas”, elas comercializam know-how e projectos de desenvolvimento nos mais diversos sectores. Partindo do princípio de que o trabalho humano era visto apenas como um ingrediente na geração de riquezas materiais, trabalho este mecânico, na

A «Peça» que faltava na sua Comunicação

Era da Informação a riqueza passa a ser produto do conhecimento deste mesmo homem e da capacidade de mostrar ao «Mundo» essas mais-valias, essa criação de valor. No entanto, nunca ninguém o conseguiu sozinho, sendo neste ponto de vista que «entra» a Revista Pontos de Vista, veículo de comunicação por excelência e «A Peça que faltava na sua Comunicação»!!!

JORGE ANTUNES

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PV6 // EDITORIAL

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