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SUPLEMENTO DISTRIBUÍDO EM CONJUNTO COM O JORNAL PÚBLICO / DISTRIBUIÇÃO NACIONAL FEVEREIRO 2013 / EDIÇÃO Nº 23 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros INOVAÇÃO É VITAL PARA O PAÍS INTERNACIONALIZAÇÃO EDUCAÇÃO FINANCEIRA – À CONVERSA COM QUEM SABE COSEC E A ATIVIDADE SEGURADORA JABA RECORDATI e o crescimento no setor da Saúde GRUPO TECNOPLANO e a aposta sustentada na Internacionalização PROPRIEDADE INDUSTRIAL – Decisões do INPI: A Revalidação de Direitos PAULO VISTAS A PRIMEIRA LINHA DE AÇÃO DESTA CANDIDATURA É A CONTINUIDADE DO DESENVOLVIMENTO QUE IMPRIMIMOS NOS MANDATOS ANTERIORES Vice-Presidente da autarquia de Oeiras e candidato à Câmara Municipal de Oeiras nas autárquicas de 2013, afirma, SUBSÍDIO DE ALIMENTAÇÃO E O CARTÃO DÁ REFEIÇÃO DA SONAE

Revista Pontos de Vista Edição 23

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Page 1: Revista Pontos de Vista Edição 23

SUPLEMENTO diSTribUídO EM cONjUNTO cOM OJORNAL PÚBLICO / DISTRIBUIÇÃO NACIONAL

FEVErEirO 2013 / EdiÇÃO Nº 23 - Periodicidade MensalVenda por Assinatura - 4 Euros

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JABA RECORdAtie o crescimento no setor da Saúde

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pROpRiEdAdE iNduStRiAL– decisões do INPI:A Revalidação de direitos

Paulo Vistas

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SUbSíDIo De alImentaçãoe o CARtãO dá REfEiçãO

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fiChA téCNiCA

os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do edi-tor. reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. a paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. o editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabi-lidade do editor.

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*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico.

Em dEstaquE

6 pROpRiEdAdE iNduStRiAL

As decisões do INPI: a revalidação de direitos na ótica de Jorge Pereira da Cruz, Agente Oficial daPropriedade Industrial

30iNtERNACiONALiZAçãO

2012 foi marcado pela expansão nacional das operações bancárias

do Moza Banco

12 A SAÚdE Em pORtuGAL

Apesar dos cortes no setor da saúde, há empresas que conseguiram atingir em 2012 níveis de crescimento. A JABA Recordati é uma delas

42 CARtãO dá REfEiçãO

Paulo Pereira, diretor Executivo dos Serviços Financeiros SONAE distribuição, explica as mais-valias deste produto

26 iNOvAçãO E COmpEtitividAdE

Através do fornecimento deinformação e Intelligence, a

Competinov ajuda os seus clientes a poupar tempo e dinheiro

22LpCC: Carlos de Oliveira falou de cancro sem qualquer tabu

27Entrevista a henrique villas-Boas, diretor da grove Advanced Chemicals

39COSEC: Seguro de Créditos é cada vez mais uma garantia

40Aimmp, a única associação empresarial com uma perspetiva de fileira

32tecnoplano, a primeira empresa lusa especializada na gestãode empreendimentos de construção

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O ACORDÃO DO TRIBUNALDA RELAÇÃO DE LISBOADE 14 DE JUNHO DE 2012

1) Em 23 de junho de 1992 foi requerido o regis-to da marca nº 283.851 –“PAINEX” – por CONFAR - Consórcio Farmacêutico, Lda., concedido por despacho do Instituto Nacional da Propriedade Industrial de 30 de dezembro de 1993. Por lapso, este registo não foi renovado até 30 de dezembro de 2003, tendo sido declarada a respetiva caduci-dade, em 30 de setembro de 2004. que levou, de-pois, o titular do registo a pedir a correspondente revalidação, em 3 de dezembro de 2004.2) O pedido de revalidação mereceu o seguinte pa-recer do Técnico que o examinou:...“Uma vez que a revalidação só poderá ser auto-rizada sem prejuízo de direitos de terceiros, foram efetuadas pesquisas de anterioridade com o intuito de dirimir qualquer possibilidade de lesão de direi-tos entretanto constituídos.Ora, neste contexto foi detetada a marca comu-nitária nº 252403 – PAINEX, cujo pedido data de 02.05.1996 e a concessão de 05.01.2000, que se des-tina a identificar, entre outros produtos, “produtos farmacêuticos”, cuja titular é Painex Pharma GmbH,

uma sociedade alemã....Consideramos então que, com a eventual aceitação do presente pedido de revalidação, poderiam advir prejuízos para os direitos adquiridos por terceiros pelo que, nos termos do nº 2 do Art.º 350º do Código da Propriedade Industrial, propomos o indeferimen-to do pedido de revalidação em apreço.”

E a revalidação não foi concedida, por decisão do diretor de Marcas, nos seguintes termos: “concor-do e indefiro”.3) A situação criada levou o titular do registo a re-correr para o Tribunal do Comércio de Lisboa, que confirmou a decisão do INPI.Desta sentença houve recurso para o Tribunal da Relação de Lisboa que, pelo seu acórdão de 14 de julho de 2012 (publicado no BPI nº 194/2012, de 9 de outubro de 2012), concedeu provimento à apelação, revogando a decisão da 1ª instância e concedendo a revalidação do registo, resumindo o problema da seguinte forma:“Portanto, o registo português é de 1993 e estava em vigor e plenamente válido em 2000, quando foi feito o registo da marca alemã. Apesar disso o segundo registo foi aceite.Os dois registos têm coexistido sem noticia de confli-

O nº 2 do artigo 350º. do Código da Propriedade Industrial não manda recusar a revalidação se houver prejuízo de direitos de terceiros: apenas diz que esta não pode ser concedida com prejuízo de direitos de terceiros, o que é inteiramente diferente.Quer dizer: desde que os direitos de terceiros sejam acautelados, deve proceder-se à revalidação.

DecISÕeS Do InPI:a revalIDação De DIreItoS (2)

tos ou choques de interesses.É certo que a Autora não deduziu oposição ao pe-dido de registo alemão, mas é igualmente certo que a marca alemã não deduziu oposição ao pedido de revalidação da marca portuguesa, formulado em 2004 – parece haver uma tolerência mutua entre os titulares das duas marcas. Por outro lado, se a Au-tora não tivesse deixado caducar o registo, as duas marcas estariam ainda hoje – desde 2000 – coexis-tindo. Em bom rigor o registo alemão não devia ter sido concedido.E não parece que a omissão de diligencia que o tor-nou possivel, por parte da entidade que procedeu ao registo, deva agora penalizar quem nessa omissão não teve responsabilidade, a Autora.”

Fazendo, a seguir, referência ao artigo 267º do Có-digo da Propriedade Industrial (Preclusão por to-lerância), concluiu de forma inteiramente correta:“A situação deste processo é algo diversa da pre-visão do art.º 267º, pois não se prova, nem sequer está aqui em causa, que os donos da marca alemã tivessem conhecimento da marca portuguesa e vice--versa – mas prova-se que as duas marcas coexisti-ram no espaço europeu durante mais de 5 anos sem qualquer conflito ou choque de interesses.

JOrge Cruz, Agente OfiCiAl dA PrOPriedAde industriAl

PROPRIEdAdE INdUSTRIAL a oPiNiÃo dE...

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Não havendo previsão expressa para a situação desenhada nos autos, parece aceitável a aplicação analógica do preceito indicado, que se dirige a situ-ações bastante próximas da deste processo, embora não totalmente coincidentes.Pelo que, salvo o devido respeito por opinião contrá-ria, o pedido de revalidação do registo nacional nº 283.851 estava em condições de ser deferido.Procedendo, assim, a aliás douta apelação.”

4) E o Tribunal da Relação de Lisboa alterou a de-cisão do INPI que tinha recusado a revalidação do registo da marca nº 283.851.Na verdade, foram devidamente considerados os direitos do titular do registo, tanto mais que a decisão do INPI não tem qualquer justificação nos nossos dias e revela, até, um inaceitável afas-tamento dos princípios mais elementares da Pro-priedade Industrial.O problema foi, portanto, bem entendido pelo Tri-bunal da Relação de Lisboa, que aplicou um racio-cínio elementar, embora desconhecendo, talvez, aspetos que o INPI tinha obrigação de saber.

5) O nº 2 do artigo 350º. do Código da Proprie-dade Industrial não manda recusar a revalidação se houver prejuízo de direitos de terceiros: apenas diz que esta não pode ser concedida com prejuí-zo de direitos de terceiros, o que é inteiramente diferente. Quer dizer: desde que os direitos de terceiros sejam acautelados, deve proceder-se à revalidação.É que a caducidade por falta de pagamento de ta-xas apenas devia resultar de uma decisão do titu-lar do direito e não – como por vezes sucede – por lapso ou esquecimento no cumprimento de uma mera formalidade legal.Por outro lado, a resolução de certos problemas da Propriedade Industrial – como a revalidação de direitos – requer maturidade, experiencia, conhe-cimentos e bom senso: mas, na decisão de recusa de revalidação do registo da marca “PAINEX”, não transparece qualquer um destes atributos.

6) Embora não se lembrando, ao que parece, do artigo 8º do Código da Propriedade Industrial (relativo ao restabelecimento de direitos), das de-clarações de consentimento (artigo 243º) e que o IHMI, de Alicante, não examina os motivos relati-vos de recusa (razão pela qual o registo da marca comunitária referido neste processo terá sido con-cedido), o Tribunal da Relação de Lisboa aplicou criteriosamente os princípios e chegou, facilmen-te, à solução correta.É que os ilustres Desembargadores que proferi-ram a decisão tinham maturidade, experiencia, conhecimentos e bom senso.

7) Conforme referi no último artigo publicado nes-ta Revista (Edição nº 21 – novembro de 2012) o

artigo 8º do Código já ensina como deve lidar-se com o prejuízo dos direitos de terceiros: o direito é restabelecido, mas – quando há prejuízos, prova-dos por quem os sofre e não pelo funcionário do INPI – não é oponível a esse terceiro.Simples e fácil.

8) A revalidação de direitos vem já tratada no ar-tigo 126º do Código de 1940 mas, nessa altura, exigia-se uma prova extremamente difícil de fazer: que justa causa impedira de apresentar o pedido de renovação do registo dentro do prazo legal. Essa obrigação terminou com o Código de 1995 (artigo 281º).Mas nunca se colocou o problema de recusar a revalidação havendo prejuízo de direitos de ter-ceiros: sempre se disse que a revalidação seria concedida sem prejuízo de direitos de terceiros – portanto, é necessário, apenas, acautelar os inte-resses de terceiros para conceder a revalidação, o que é inteiramente diferente.A decisão do INPI causou naturais prejuízos ao titular do registo, que esperou OITO longos anos para ver o seu direito revalidado. E quem o indem-niza desses prejuízos e das despesas do processo?

9) Por outro lado, as declarações de consentimen-to, em matéria de motivos relativos, transferiram o poder decisório do INPI para as partes (artigo 243º).

Ora, no processo que nos ocupa, o tal terceiro es-tava perfeitamente identificado, uma vez que o registo das marcas comunitárias fornece todos os elementos necessários.Assim, o que o Diretor de Marcas deveria ter feito era ordenar que o titular desse registo fosse noti-ficado para justificar prejuízos – se os tivesse – e decidir em conformidade: não havendo resposta à notificação ou prejuízos provados, o registo portu-guês seria revalidado sem qualquer restrição mas, se os houvesse, a revalidação seria concedida com a restrição do registo não ser oponível ao terceiro em causa.Em meu entender, a notificação ao titular do direito oposto à revalidação é essencial, por várias razões:

a ) Só ele pode dizer se a revalidação o prejudica;b ) Na verdade, a revalidação até o pode benefi-ciar se negociar uma declaração de consentimento com o titular do direito;c ) Não parece correto fazer qualquer limitação ao direito revalidado sem que o eventual prejudicado justifique prejuízos;d ) O que é assegurado pela sua intervenção obri-gatória no processo, depois de notificado pelo INPI;e ) Aproximando, também, as formalidades rela-tivas aos prejuízos de terceiros no caso das reva-lidações (artigo 350º) e do restabelecimento de direitos (artigo 8º), o que parece vantajoso.

O problema foi, portanto, bem entendido pelo tribunal da Relação de Lisboa, que aplicou um raciocínio elementar, embora desconhecendo, talvez, aspetos que o iNpi tinha obrigação de saber“

mas nunca se colocou o problema de recusar a revalidação havendo prejuízo de direitos de terceiros: sempre se disse que a revalidação seria concedida sem prejuízo de direitos de terceiros – portanto, é necessário, apenas, acautelar os interesses de terceiros para conce-der a revalidação, o que é inteiramente diferente

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É inevitável começar esta conversa com a sua candidatura à Câmara Mu-nicipal de Oeiras nas autárquicas de 2013 pelo movimento independente Isaltino Oeiras Mais à Frente. Quais foram as motivações que o levaram a dar este passo?A primeira motivação que me leva a li-derar esta candidatura do movimento Isaltino Oeiras Mais à Frente é garantir a continuidade do trabalho que temos desenvolvido nos dois últimos manda-tos. A continuidade do nosso movimento na governação do Município de Oeiras e

das suas Juntas de Freguesia é a melhor garantia que os Oeirenses podem ter de que o desenvolvimento que criámos não se vai perder nas mãos de quem não é de Oeiras ou não tem provas dadas e conhecimento suficiente da nossa reali-dade. Depois de termos colocado Oeiras no topo da excelência autárquica, como o melhor Concelho para trabalhar, estu-dar e viver, não podíamos virar as costas e correr o risco de todo esse trabalho se perder. Por outro lado candidato-me por-que toda a minha vida estudei, trabalhei e vivi em Oeiras. Sinto uma grande moti-

O município de Oeiras é hoje o paradigma em Portugal de um crescimento sustentado, tendo como linha primordial desse desenvolvimento colocar Oeiras num patamar elevado, buscando sempre a qualidade de vida de todos os oeirenses e da comunidade envolvente. Isaltino Morais tem sido o principal rosto dessa evolução, e, desde 1985, altura em que assumiu as lides da autarquia, tem promovido Oeiras no plano nacional e internacional, levando o concelho ao que é hoje, um espaço ímpar e de qualidade inolvidável, num trabalho que é reconhecido por todos. As eleições autárquicas realizam-se este ano, tendo chegado o momento do atual edil em dar o lugar a outros… E quem melhor do que aqueles que com ele têm caminhado e contribuído para um Oeiras mais forte e melhor? A Revista Pontos de Vistas conversou com Paulo Vistas, atual Vice-Presidente da autarquia de Oeiras, há dois mandatos, e futuro candidato à Câmara Municipal de Oeiras nas autárquicas de 2013 pelo movimento independente Isaltino Oeiras Mais à Frente. Nesta conversa ficámos a conhecer a rea-lidade de um homem que pretende manter o nível e a qualidade do crescimento de e em Oeiras, que sabe que o caminho é longo e que assume que esta candidatura é realizada com independência, centrando-se no essencial, ou seja, “melhorar a qualidade de vida da terra onde nascemos, decidimos criar os nossos filhos e construir o nosso futuro”, afirma convicto. Saiba mais de quem conhece Oeiras a fundo.

“SInto Uma granDe motIvação e o Dever De trabalhar ao ServIço DeSte concelho”

vação e o dever de trabalhar ao serviço deste concelho, focado no seu desen-volvimento acima de quaisquer outros interesses. Oeiras somos nós, livres dos interesses partidários. A candidatura que protagonizamos é verdadeiramente independente e centra-se no essencial: melhorar a qualidade de vida da terra onde nascemos, decidimos criar os nos-sos filhos e construir o nosso futuro.

Isaltino Morais tem sido um autarca reconhecido por todos pelo dinamis-mo e vitalidade que colocou no Muni-

cípio de Oeiras. Sente que irá ter que provar mais pelo facto de ter um an-tecessor deste calibre?O que tenho de provar na Câmara Muni-cipal de Oeiras não se deve à excelente obra realizada pelo Dr. Isaltino Morais. A satisfação das necessidades dos mu-nícipes de Oeiras, num período particu-larmente difícil do ponto de vista econó-mico e social, é que constituirá o grande desafio da minha governação nos próxi-mos anos. É claro que este desafio tam-bém inclui saber gerir o enorme legado que Isaltino Morais, com o seu espírito

PAulO VistAs, ViCe-Presidente dA AutArquiA de OeirAs, eM disCursO direCtOgRANdE ENTREVISTA

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O município de Oeiras está a cumprir um plano rigoroso de ajustamento financeiro, reduzindo no último ano o prazo médio de pagamentos aos seus fornecedores em 33%, de 63 para 42 dias. Situação inversa ao que acontece na generalidade das autarquias. Simultaneamente temos vindo a controlar o endividamento, mantendo a sustentabilidade de po-líticas que consideramos essenciais

paulo vistas

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Pontos de Vista Fevereiro 2013

visionário, nos deixa em Oeiras. Para o efeito será decisiva a experiência que adquiri nos últimos sete anos como Vice-Presidente da Câmara Municipal de Oeiras. Quais serão as principais linhas de or-dem da sua candidatura? Em que pon-tos pretende apostar mais fortemente?A primeira linha de ação desta candi-datura é a continuidade do desenvolvi-mento que imprimimos nos mandatos anteriores. Simultaneamente defende-mos a independência dos partidos polí-ticos como uma mais valia para o Con-celho, dado que somos todos de Oeiras e trabalhamos para um território que conhecemos bem e onde vivemos. Por outro lado, do ponto de vista da gover-nação futura do Município, entendemos que somos a força política com melhor conhecimento do terreno e dos dossiers da câmara municipal, ao mesmo tempo que estamos preparados e motivados para desenvolvermos políticas funda-mentais como a ação social, promoção do emprego, desenvolvimento do turis-mo, apoio à prática do desporto e polí-ticas dirigidas aos idosos, que já repre-sentam mais de 30 % da população. Caso tenha sucesso nas eleições au-tárquicas, que medidas pretende im-plementar?Para além da continuidade do excelente trabalho até aqui desenvolvido, que colo-cou Oeiras num patamar invejável face ao resto do país, considero importante dar resposta aos efeitos da atual conjuntura de crise. Importa promovermos políti-cas que levem à criação de emprego, dar a mão a quem mais precisa através do reforço da ação social, diminuir a carga fiscal das famílias e gerir bem os equipa-mentos criados nos mandatos anteriores. Ou seja, adaptar as políticas em curso ao momento difícil que o país atravessa, ge-rindo com competência uma das maiores câmaras municipais do país. Oeiras con-tinuará a ser um centro de inovação e di-namismo empresarial, mas intensificará medidas sociais como a criação de feiras de emprego, comparticipação de medica-mentos, reforço se necessário do fundo de emergência social, entre outros. De que forma será o Plano Estraté-gico Habitar Oeiras um dos projetos que assumirá maior relevância em Oeiras? O que pretende neste campo? Que desenvolvimento terá este Plano ao longo dos próximos anos?Inicialmente a política de habitação do Concelho de Oeiras visava sobretudo acabar com as barracas e realojar os seus moradores. Concretizado este ob-

o que pode prometer aos habitantes de oeiras? sente que conta com o apoio da comunidade?E experiência, dedicação, empenho e o entusiasmo. A continuidade. dedi-quei toda a minha vida a Oeiras, às diferentes coletividades e associações do concelho. Aos oeirenses, de uma forma geral. Conheço Oeiras como a palma da minha mão. Conheço os Oeirenses. Os seus anseios e desejos, aos quais o movimento independente Isaltino Oeiras Mais à Frente tem sabi-do corresponder. Os munícipes reconhecem isso e têm-nos apoiado. Acredi-to que continuarão a apoiar este movimento de cidadãos independentes de Oeiras porque também nós continuaremos a ir ao seu encontro.

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jetivo, lançámos o Plano Habitar Oeiras que reformulou o conceito de “Habitar” para uma visão mais global do que são as condições de habitabilidade. Prati-camente todas as áreas de intervenção municipal contribuem para que viver em Oeiras seja cada vez melhor, como o ambiente, trânsito, urbanismo, des-porto, cultura, atendimento ao muní-cipe, turismo. Na prática, não apenas a construção de habitações mas também o reordenamento de áreas urbanas de génese ilegal, a reabilitação de centros históricos e, igualmente, projetos como o alargamento do passeio marítimo, a recuperação de património arqueoló-gico ou a criação de um novo porto de recreio. Implica também o reforço do posicionamento de Oeiras como centra-lidade cultural, empresarial e turística. Portugal, à imagem de outros congé-neres europeus, tem sido assolado por uma grave crise financeira que tem provocado dificuldades eviden-tes em todos os setores, sendo que as autarquias não escapam a este desígnio. Que mecanismos têm sido utilizados para que o atual contexto económico não paralise a autarquia?O Município de Oeiras está a cumprir um plano rigoroso de ajustamento financeiro, reduzindo no último ano o prazo médio de pagamentos aos seus fornecedores em 33 %, de 63 para 42 dias. Situação inversa ao que acontece na generalidade das au-tarquias. Simultaneamente temos vindo a controlar o endividamento, mantendo a sustentabilidade de políticas que consi-deramos essenciais. A título de exemplo o orçamento do Município de Oeiras para 2013 é de 137.185.587€, traduzindo uma redução de cerca de 12,05% relativamen-te a 2012 (155.987.354€). No entanto, este corte é feito com sentido de justiça e equidade social, salvaguardando medidas como a redução do IMI e uma dotação de mais de 57 milhões de euros para ação so-cial, muito acima do executado nesta área em 2012 (43.234.093€). Num contexto de forte contenção orçamental, Oeiras man-tém a aposta em programas sociais fun-damentais como a comparticipação nas despesas com medicamentos (350.000€), o Cartão 65+, o serviço Oeiras Está Lá ou a Teleassistência; e aumenta a dotação em rubricas tão importantes como o Fundo

temos um leque vasto de parcerias internacionais nas várias áreas de atuação do poder local. temos apostado na cooperação autárquica, nomeadamente através da assinatura de protocolos de geminação e/ou cooperação com autarquias dos países lusófonos e não só. do ponto de vista económico a promoção da marca “Oeiras valley” conjugada com uma diplomacia económica e municipal proactiva, tem viabilizado vários casos de sucesso na atração de empresas multinacionais para o Concelho

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de Emergência Social, de 200.000€, em 2012, para 500.000€, em 2013 (um au-mento de 150%) e no subsídio para livros e material escolar, de 51.000€, em 2012, para 280.000,00€, em 2013 (um aumento de 549%). Neste contexto sublinhamos que Oeiras é das três autarquias em Por-tugal que tem fontes de receitas próprias suficientes para não receber fundos do orçamento geral do Estado. Isto acontece porque em devido tempo soubemos criar as condições para que muitas das melho-res empresas do país se instalassem em Oeiras, ao mesmo tempo que o desenvol-vimento criado permitiu aumentar recei-tas de impostos como a derrama, o IMI e o imposto de circulação automóvel. Hoje em dia é cada vez mais impor-tante, dada a conjuntura económica nacional, atuar com flexibilidade e saber encontrar oportunidades nas situações difíceis. De que forma é que a autarquia tem tido capacidade de inovar e de adotar políticas eficazes? Pode dar alguns exemplos concretos dessa filosofia?Toda a governação da Câmara Municipal de Oeiras assenta nesse pressuposto de flexibilidade e procura de oportunidades. Ao definirmos o turismo náutico e de negócios como apostas estratégicas de grande valor económico, posicionámos o Concelho no caminho do desenvolvi-mento. O sucesso desta aposta está bem patente nos em construção e outros em estudo, bem como no aumento verifica-do nos índices hoteleiros de Oeiras nos últimos anos. Por outro lado, através do Tagus Park estamos a reforçar as compe-tências de Oeiras num domínio chave para

o século XXI: as biotecnologias. Não é por caso que estamos a lançar incubadoras de empresas nesta área e que aqui se está a construir a sede portuguesa de uma das maiores empresas mundiais de biotecno-logia. Em Oeiras sabemos para onde que-remos ir e como lá chegar. Assim se expli-ca os indicadores de desenvolvimento que registamos, sem paralelo no resto do país. A título de exemplo, a taxa de desemprego nacional ronda os 17 % e em Oeiras não ultrapassa os 7 %, a taxa mais baixa de toda a Área Metropolitana de Lisboa. De que forma é que o município de Oeiras tem vindo a atrair empresas, criando sinergias que beneficiam o tecido empresarial, geradoras de em-prego e acima de tudo que favoreçam o desenvolvimento sustentado de toda a comunidade?A atração de empresas para Oeiras co-meçou com a melhoria generalizada das condições de qualidade de vida do con-celho, particularmente a eliminação das habitações degradadas. Por outro lado, criámos uma agência para a promoção de investimentos em Oeiras (AITEC) e trabalhamos ativamente no marketing territorial, promovendo internacional-mente o conceito “Oeiras Valley”, como centro de produção de conhecimento nos domínios das tecnologias de informação e biotecnologia. Um exemplo prático des-ta estratégia é construção, em curso, da nova praça do Tagus Park, onde se fica-rá instalada uma das maiores empresas mundiais de biotecnologia. Na vertente «verde», o ambiente foi desde sempre considerado como uma das áreas de intervenção prioritária no município de Oeiras. As preocupa-ções ambientais contam já mais de 30 anos e tiveram início com a problemá-tica dos resíduos, tendo sido Oeiras o município a lançar os primeiros pro-

jetos de recolha seletiva na história do País. Neste domínio quais são os desafios que se colocam em Oeiras do ponto de vista ambiental?A diminuição do consumo energético é um desafio em que estamos a traba-lhar com a substituição da iluminação elétrica municipal para equipamentos mais eficientes. A reciclagem de 10 to-neladas de resíduos por ano e a recolha diária de 200 toneladas deste material por dia, constituem outro desafio que enfrentamos na gestão da qualidade ambiental em Oeiras. Neste caso temos gerido da melhor a forma possível a fro-ta de recolha de resíduos, otimizando os seus custos. A qualidade da água é algo de que nos orgulhamos. A sustentabi-lidade ambiental, económica e social é um conceito que está há muito tempo presente nosso espírito e governação. Sem qualidade ambiental não existe de-senvolvimento económico e bem-estar social, pelo que o ambiente continuará a representar um dos pilares estratégicos da nossa ação. Oeiras é considerado atualmente um concelho verde. Neste âmbito, quais são os principais investimentos que

têm sido nesta área? Em tempos de crise sente que é possível apostar mais na responsabilidade ambiental?O esforço municipal de Oeiras na cria-ção e manutenção de espaços verdes fica bem patente na dimensão da área ajardinada, superior a 200 ha, que aju-dam a construir a identidade de Oeiras, marcando a paisagem assim que se entra no Concelho. A sustentabilidade desta mancha verde levanta algumas dificuldades em tempos de redução orçamental. No entanto, a alteração de equipamentos e sistemas de rega, bem como uma escolha criteriosa do tipo de vegetação, são fatores que estamos a oti-mizar para podermos manter qualidade verde, compatível com rigor orçamental. Seguindo uma filosofia do atual Exe-cutivo da autarquia do qual faz parte, de que forma é que têm sido realiza-dos esforços na vertente do patrimó-nio? De que forma é que esta aposta é fundamental para o desenvolvimento local e para a afirmação nacional e internacional do concelho de Oeiras?Oeiras foi pioneira na classificação e preservação do seu património cultu-ral, ambiental e construído, criando um

PAulO VistAs, ViCe-Presidente dA AutArquiA de OeirAs, eM disCursO direCtOgRANdE ENTREVISTA

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sente que, pelo facto de possuir o apoio de isaltino morais que estas elei-ções serão mais facilitadas para si?O dr. Isaltino Morais tem uma obra autár-quica notável em Oeiras, sem paralelo no país. Os oeirenses já provaram por diversas vezes que a reconhecem. diferentes entida-des que distinguem Oeiras como o melhor concelho para viver, trabalhar e estudar também a reconhecem. O movimento Isal-tino Oeiras Mais à Frente, pelo que agora me candidato, tem liderado esta revolução no Concelho sob a orientação estratégica e visionária do dr. Isaltino Morais, de quem sou vice-presidente há 7 anos. Assim sendo, e considerando também a amizade que nos une, considero natural este apoio, que me prestigia e recebo com enorme satisfação. Mais importante ainda, estou convicto de que, pela sua experiência e saber autárqui-cos, o dr. Isaltino Morais ainda tem muito para dar ao concelho.

A diminuição do consumo energético é um desafio em que estamos a trabalhar com a substituição da iluminação elétrica municipal para equipamentos mais eficientes. A reciclagem de 10 toneladas de resíduos por ano e a recolha diária de 200 toneladas deste material por dia, constituem outro desafio que enfrentamos na gestão da qualidade ambiental em Oeiras. Neste caso temos gerido da melhor a forma possível a frota de recolha de resíduos, otimizando os seus custos

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plano de salvaguarda do património municipal quando a legislação nacional apresentava grandes lacunas nessa área. O conjunto de exemplos de património recuperado em Oeiras é vasto, desde a Quinta Real de Caxias, Fábrica da Pólvo-ra de Barcarena, Castro de Leceia, até à recuperação de vários palacetes e fortes ribeirinhos. Esta aposta é importante para o desenvolvimento local enquanto promotora do turismo e dignificadora da história e identidade do concelho. Por outro lado, algum desse património recuperado tem hoje uma nova utilidade económica com a instalação de equipa-mentos de hotelaria e restauração. Quais são os passos que têm sido da-dos no domínio de um município de Oeiras «aberto» ao Mundo? De que forma é importante criar sinergias com entidades internacionais?Temos um leque vasto de parcerias in-ternacionais nas várias áreas de atua-ção do poder local. Temos apostado na cooperação autárquica, nomeadamente através da assinatura de protocolos de geminação e/ou cooperação com autar-quias dos países lusófonos e não só. Do ponto de vista económico a promoção da marca “Oeiras Valley” conjugada com uma diplomacia económica e municipal proactiva, tem viabilizado vários casos de sucesso na atração de empresas mul-tinacionais para o Concelho. O Turismo é essencial nessa lógica de abertura ao Mundo? Em que âmbito? O Plano Estratégico para o Turismo do Município de Oeiras é algo que pretende continuar a consolidar de futuro? Quais são as mais-valias des-te projeto e quais os próximos inves-timentos a realizar?O turismo é uma área fulcral para o pre-sente e futuro de Oeiras. Particularmen-te na vertente de negócios e atividades

náuticas. Oeiras tem todas as condições para liderar nesses segmentos de mer-cado, dada a sua localização ribeirinha privilegiada, baixa criminalidade, gran-de concentração de empresas competi-tivas, boas acessibilidades e qualidade ambiental. Em todas estas áreas a Câ-mara Municipal de Oeiras tem obra feita e continuará a ter. Sente que atualmente o Município de Oeiras é um exemplo a seguir no âm-bito da oferta turística, desportiva e cultural? O que representa esse cená-rio para os habitantes locais e para o próprio concelho?Sem dúvida. São muitos os grandes even-tos, organizados ou apoiados pela autar-quia, que anualmente ocorrem no nosso concelho. O Optimus Alive, a Corrida do Tejo, o Cool Jazz, a Volvo Ocean Race e as Festas do Concelho são disso um exem-plo. Por outro lado a recuperação do pa-trimónio cultural, em vertentes como a arqueologia, fortes e igrejas de interesse histórico é um facto em todo o concelho, nomeadamente na Fábrica da Pólvora de Barcarena, uma das maiores recupera-ções patrimoniais de natureza industrial em Portugal. Destaque igualmente para a reabilitação do Palácio Anjos, em Algés, que alberga hoje o Centro de Arte Manuel Brito, o Parque dos Poetas, que acredito ser um espaço único na Europa, e cuja segunda fase inauguramos neste mês de fevereiro, bem como a reabilitação do Pa-lácio do Egito, hoje uma galeria de arte e espaços de restauração. Existe alguma área na qual pretende apostar mais fortemente no futuro? Se sim, qual?Em questões anteriores tive a oportuni-dade de referir várias áreas em que va-mos continuar a apostar. A biotecnologia, ação social, emprego, turismo, captação de empresas e conclusão de projetos

estratégicos em curso como o Centro de Congressos, a terceira fase do Parque dos Poetas, o alargamento do passeio maríti-mo e construção de novas marinas. A ‘Troika’ e o Governo impuseram medidas de austeridade entre 2012 e 2013 que permitirão poupar 5,1% do PIB. Que análise perpetua da deno-minada Reforma da Administração Local? Qual a sua posição relativa-mente a esta matéria?Mais do que uma reforma do poder local julgo estarmos perante uma redução do poder local. Veja-se o caso das fregue-sias. As suas competências não se alte-ram. Apenas se reduz o número. Uma verdadeira reforma do poder local daria novas competências ao poder local, des-centralizando o Estado e diminuindo a burocracia da administração central e local, servindo melhor as populações. O governo devia preocupar-se mais em reduzir custos nos organismos e empre-sas públicas da administração central que consomem milhões e mantêm uma gestão de eficácia duvidosa. Acredita que esta reforma aportará aos cofres do Estado maior poupança ou esta é apenas uma falsa questão? Que impacto terá este redução para o cidadão?A reforma do Estado só poderá ser efi-caz se além de reduzir custos, melhorar efetivamente o seu funcionamento em áreas como a saúde, justiça, educação e poder local. Fazer uma reforma para troika ver é uma coisa. Fazer uma refor-ma que além de reduzir custos reduza o tempo que um doente espera por con-sulta ou melhore a educação que os nos-sos filhos têm na escola é outra. No caso do poder local o que é preciso é descen-tralização de competências e agilização de processos, para que se evitem situ-ações em que muitos milhões de euros

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de investimento se perdem, por causa da burocracia da administração central – em Oeiras temos alguns casos destes. É Vice-Presidente da Câmara de Oei-ras há dois mandatos, tendo sido eleito pela primeira vez em 2005, na primeira eleição de Isaltino Morais como independente, com o movimen-to que fundou, Isaltino – Oeiras Mais à Frente. Qual a sensação de «agarrar o leme» de um barco que tem sido li-derado por um dos homens mais ca-rismáticos de Portugal e que há mais tempo se encontra à frente dos desti-nos de uma autarquia, mais concreta-mente desde 1985?É uma enorme responsabilidade mas também uma grande motivação. A Câ-mara Municipal de Oeiras é de facto uma instituição de referência no poder local nacional. Aceitar suceder a um autarca com a experiência e sucesso de Isaltino Morais é um desafio para o qual estou preparado.

Espera concorrência neste ca-minho? o que espera de even-tuais candidatos à Câmara municipal de oeiras?O que espero dos outros candi-datos à Presidência da Câmara Municipal de Oeiras é elevação na defesa das suas ideias e espírito de entrega à verdadeira razão de ser do poder local: as necessida-des das pessoas. A democracia só tem a ganhar quando todos os que participam numa campanha eleitoral elevam o discurso e dão o seu melhor na defesa do inte-resse público. O cidadão eleitor depois julgará, votando em quem entende que poderá melhor servir as suas necessidades.

toda a governação da Câmara municipal de Oeiras assenta nesse pressuposto de flexi-bilidade e procura de oportunidades. Ao defi-nirmos o turismo náuti-co e de negócios como apostas estratégicas de grande valor econó-mico, posicionámos o Concelho no caminho do desenvolvimento

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na atual situação de crise, o corte na des-pesa na área da saúde incidiu com forte in-tensidade na fileira do medicamento e, por isso, para 2013, a meta acordada com a Troika

para despesa pública em medicamentos foi de 1 por cento. Um objetivo que tem sido largamente contestado pela indús-tria farmacêutica.Um estudo europeu, publicado em se-tembro do ano passado, revela que já em 2010, a despesa pública per capita com medicamentos dispensados em ambulatório a nível nacional rondava os 243 euros, ao mesmo tempo que na Gré-cia, atingia os 495 euros. Um país com a mesma população consumia, portanto, o

dobro em medicamentos.Hoje a despesa nesta área, em Portugal, já está abaixo da média europeia mas os objetivos previstos no Memorando de Entendimento e na proposta do orça-mento não têm paralelo a nível europeu. Para Nelson Pires, esta meta “ é um erro de desconhecimento de quem propôs, eu diria quase ignorância, porque com-parou com dados da OCDE mas não se lembrou que estes contemplavam ape-nas despesas de ambulatório. A despesa hospitalar, que é uma fatia importante em Portugal, uma vez que 30 por cento da despesa em medicamentos nacional é hospitalar, não está incluída. Ora, se compararmos a despesa ambulatória na OCDE, percebemos que em Portugal essa despesa corresponde a 0,87 por cento do PIB, o que nos deixa abaixo

São inúmeros os cortes que têm incidido sobre a área da saúde, com destaque para o medicamento, o que faz com que as indústrias far-macêuticas tenham de lutar mais do que nunca para conseguir manter o seu lugar. No entanto, apesar das dificuldades, há empresas no setor que conseguem manter o crescimento e os resultados positivos. Os motivos são muitos! Entre eles destacam-se o facto de ser uma das companhias mais inovadoras da área; de pertencer a um grupo multinacional; de ter um negócio diversificado no mercado português; de ter expandido a área dos negócios para os PALOP; mas, principalmente, de ter no seu seio pessoas cujo contributo é essencial ao pro-gresso. Uma dessas pessoas é Nelson Pires, diretor geral da JABA Recordati, que integrou este ano o ranking dos “Melhores gestores de Pessoas 2012” e com quem a Revista Pontes de Vista esteve à conversa.

Jaba recorDatI creSceU no anoPaSSaDo em contracIclo com o Setor

da média. Colocar uma meta de um por cento do PIB com despesa de ambu-latório e hospitalar vai fazer com que Portugal, que tem um dos melhores sis-temas de saúde da Europa, eu diria até do Mundo, regredida cerca de 50 anos. O sistema vai-se tornar insustentável para o doente, para o médico e para a indús-tria. Abaixo de nós penso que só ficará mesmo a Estónia”.A seguir-se esta trajetória, a despesa pública com medicamentos vendidos nas farmácias nacionais passará a ser, de facto, das mais baixas a nível euro-peu, em torno dos 0,6 por cento do PIB. A opção para Portugal irá, desta forma, colocar o país ao mesmo nível de alguns antigos países de leste, o que poderá originar disfuncionalidades no normal abastecimento dos medicamentos, le-

nelsOn Pires, diretOr gerAl dA JABA reCOrdAtiA SAÚdE EM PORTUgAL

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há hospitais que têm medicamentos, neste momento, graças às notas de crédito que emitimos no âmbito do acordo. No entanto, os objetivos irrealistas para 2013 certamente vão fazer com que o acordo termine

Nelson pires

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Pontos de Vista Fevereiro 2013

vando ao desaparecimento de remédios do mercado, além da destruição de toda a cadeia de distribuição e de valor do medicamento.A indústria farmacêutica tem vindo a assegurar que não será possível atingir os números propostos pelo Governo. Nelson Pires salienta essa mesma ideia. “No ano passado, para além de termos perdido dez por cento nas vendas, ainda devolvemos ao Estado 87 milhões de eu-ros, o que correspondeu a 300 milhões de euros de redução, totalmente supor-tados pela indústria farmacêutica para cumprir o acordo entre o Ministério da saúde e a APIFARMA. Não há mais in-dústria neste país que tenha esta cons-ciência de responsabilidade social e que pague para operar; eu diria até que há hospitais que têm medicamentos, nes-te momento, graças às notas de crédito que emitimos no âmbito do acordo. No entanto, os objetivos irrealistas para 2013 certamente vão fazer com que o acordo termine. O Governo não se pode esquecer que nós, apesar de perceber-mos o momento de crise que vivemos, continuamos a ser agentes económicos, a ter salários e impostos para pagar, en-fim, todo um conjunto de compromissos que temos de assumir”.

AumentAr eficiênciA nA JABA

Enquanto agentes económicos, as vá-rias empresas da área farmacêutica irão certamente ter de reduzir os seus investimentos para que se tornem sus-tentáveis, o que levará a uma diminui-ção significativa do número de postos de trabalho em Portugal e consequente aumento do desemprego, essencialmen-te de pessoas com elevado nível de qua-lificação.Este redimensionamento da indústria farmacêutica para fazer face às dificul-dades impostas já vem a preocupar o setor desde 2010, altura em que, explica Nelson Pires, “eramos 12 mil colabora-dores. Atualmente, somos apenas nove mil e estima-se que, no próximo ano, não passaremos dos sete mil. Na JABA, as medidas aplicadas foram tomadas pela circunstância do momento, mas também tendo em vista o futuro. Como tal, tivemos de reduzir parcialmente a nossa estrutura comercial na área de genéricos. Tínhamos uma estrutura de 17 pessoas que reduzimos para nove porque o modelo de negócio alterou-se. Se antes, no mercado de genéricos, visi-távamos médicos porque estes tinham a capacidade de prescrever um genérico de marca, o que faz todo o sentido por-que os genéricos não são 100 por cen-to iguais, agora a prescrição é feita por

princípio ativo e portanto só faz sentido alterar o modelo de negócio. Para além disso, o mercado de genéricos está a cair 20 por cento ao ano em euros e a cres-cer em unidades, o que significa que, claramente, vamos ter menor faturação e, como tal, não faz sentido manter uma estrutura que mais tarde ou mais cedo estaria condenada”.Para além disso, também na gestão do dia a dia, a JABA teve de entrar em con-tenção, através de melhores negociações na aquisição de viaturas e contractos de renting e emagrecendo parcialmente a área promocional, particularmente no apoio dado a ações científicas, cursos e congressos. Nesse sentido, o diretor do Grupo acredita que se tornaram “mais eficientes”.

crescimento em 2012A prová-lo está o facto de 2012 ter sido, em contraciclo com o setor, um ano de ligeiro crescimento para a JABA Recor-dati. Se 2010 e 2011 foram nulos a este nível, no ano passado, apesar de ainda pouco acentuado, já houve algum cresci-mento nas contas do grupo.As medidas de contenção implemen-tadas internamente terão, certamente, contribuído para isso mas, o grande ali-cerce em que se apoiou este crescimen-to foi sem dúvida a colocação no merca-

do de 3 produtos inovadores. “Tivemos a sorte e o benefício de ter bons produ-tos com os quais conseguimos ter reem-bolso dentro das nossas áreas core, que são a cardiologia e a urologia. Assim, lançamos em 2011 dois produtos novos, em janeiro, sendo um novo tratamento das doenças da próstata e, em junho, um produto novo de tratamento do coleste-rol. Com isto, conseguimos compensar parcialmente as quebras verificadas nos outros negócios”.O lançamento na área de urologia trata--se de um tratamento para a Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP), uma pato-logia que está associada a um aumento da próstata e que afeta cerca de 50 por cento dos homens com idades compre-endidas entre os 51 e os 60 anos e cerca de 80 por cento daqueles que têm mais de 80 anos.Outro dos fatores que contribuiu para o crescimento da JABA Recordati foi a internacionalização para os mercados PALOP. Consolidar a vertente de inter-nacionalização e exportação de inova-ção terapêutica é também uma das prio-ridades do grupo para 2013.“Tivemos a boa decisão estratégica, em 2010, de considerar que os mercados PALOP, particularmente Angola, Cabo Verde e Moçambique, seriam interes-santes para nós e, neste momento, te-

Percurso da JaBaFoi em 1927 que surgiu o grupo JABA, na Farmácia Universal em Lisboa, pelas mãos do farmacêutico José António Baptista d’Almeida, cujas iniciais deram origem ao nome da empresa.Numa primeira fase, dedicou-se à atividade de farmácia e ao comércio de especialidades farmacêuticas, ao mesmo tempo que iniciou a produção de alguns produtos que atingiram um elevado número de vendas durante a II guerra Mundial.No início da década de 80, face à crescente necessidade de modernização, surgiu a primeira fábrica da JABA, com sectores de produção específicos de sólidos e injetáveis, cremes, líquidos e supositórios, de acordo com as normas internacionais de produção.No início do novo século, com o objetivo de reforçar ainda mais a sua capa-cidade de produção, o grupo investiu 16 milhões de euros numa nova fábri-ca. Estas instalações estavam já vocacionadas para o fabrico e embalagem de comprimidos, cápsulas e saquetas, permitindo uma capacidade total de produção de 400 milhões de comprimidos/ saquetas e nove milhões de em-balagens por ano.Em 2006, com 80 anos de história, a empresa foi adquirida pela multinacio-nal Recordati, o que representou um passo decisivo para a consolidação das suas áreas de negócio, bem como de centros de I&d modernos capazes de garantir o desenvolvimento desta organização dentro de um sector vital para a saúde e qualidade de vida dos portugueses.

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mos parceiros locais e delegados de informação médica que promovem a literatura, com a informação científica com que promovem aqui”, afirma.

DesAfios nos PALoPEm termos percentuais, estes merca-dos ainda não são significativos para as contas da JABA Recordati. No entanto, representam mais de 1 milhão e 200 mil euros de negócio para a filial portugue-sa, o que é suficiente para compensar parte da quebra no negócio a nível na-cional.Trata-se, no entanto, de um grande de-safio para o Grupo. Nelson Pires explica, “a primeira grande dificuldade tem a ver com a questão logística, que à partida achávamos que estaria assegurada, por-que pensamos em Portugal, mas depois replicado a estes países tornou-se mui-to mais complicado. Tirar o produto de Portugal e fazê-lo chegar às farmácias em Luanda ou Maputo é bastante crí-tico porque é um circuito que envolve muitas unidades. No entanto, temos a sorte de ter um bom parceiro logístico, que faz tudo de acordo com as nossas normas de qualidade, permitindo que o medicamento chegue sem a mínima alteração de formulação. Assim como um conjunto de parceiros locais que nos garantem exatamente as mesmas regras quer de distribuição, quer de colocação no ponto de venda”.Por sua vez, a segunda dificuldade “tem a ver com questões culturais. Enquanto aqui se vende à embalagem, lá vende-se à lâmina e, muitas vezes até, ao compri-mido. É algo que não controlamos. Para além disso, apesar de a maior parte dos médicos terem sido formados em Portu-gal ou terem uma grande influência de cá, há muitas patologias subdiagnosti-cadas, de que é exemplo a hipertensão, que é claramente um problema agrava-do em África. O tipo de hipertensão do doente caucasiano não é tão grave e o mesmo se verifica em relação ao coles-terol. Esta falta de informação sobre as patologias não críticas – as críticas são a malária ou o HIV – daqui a uns 30 ou 40 anos vai ter uma fatura muito pesada no orçamento do Estado”, afirma.

ProtocoLo com A inoDesNo âmbito da sua responsabilidade so-cial e enquanto parceira na área da saú-de, a JABA Recordati definiu como prio-

Colocar uma meta de um por cento do piB com despesa de ambulatório e hos-pitalar vai fazer com que Portugal, que tem um dos melhores sistemas de saúde da Europa, eu diria até do mundo, regredida cerca de 50 anos. O sistema vai-se tornar insustentável para o doente, para o médico e para a indústria. Abaixo de nós penso que só ficará mesmo a Estónia

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ridade da sua política de patrocínios o desenvolvimento de atividades de in-vestigação científica e ensino numa área tão importante como a Saúde Pública.Nesse sentido, celebrou um protocolo com a Associação de Inovação e Desen-volvimento de Saúde Pública (INODES) para o desenvolvimento de um projeto de investigação, com a duração prevista de um ano, resumido ao tema “Sistemas de Saúde e Economia: Avaliar o impacto dos sistemas de saúde na economia do país”.A INODES irá, assim, durante este ano, compilar dados e tirar conclusões sobre o impacto da saúde na economia portu-guesa, pelos empregos que gera, mode-los económicos que tem por trás, enfim, “por toda a economia gerada por esta área que, através dos inúmeros cortes com que será afectada, terá um grande impacto a nível nacional”, explica o nos-so entrevistado.Embora o estudo ainda esteja a ser re-alizado e não existam para já dados a apresentar, Nelson Pires tem uma opi-nião formada sobre a forma como esse impacto económico se repercutirá na sociedade. “A continuar com este mo-delo, claramente vamos ter uma saúde que distingue pobres e ricos, o que é la-mentável porque temos uma oportuni-dade única de emagrecer as instituições sem as anular ao ponto de não tratar os doentes. Nos indicadores, já estamos a perder e, embora ainda não se veja na-quilo que é mais evidente e por isso con-tinuamos a ser um dos países da OCDE com uma menor taxa de mortalidade à nascença, por exemplo. Paralelamente, se calhar, o doente oncológico ou com HIV, que antes tinha acesso à mais re-cente terapêutica que lhe permitia vi-ver mais tempo e melhor, no momento atual, possivelmente já não terá acesso a essa inovação. Mas isso são dados que só veremos compilados dentro de três/ quatro anos”.Defensor convicto do serviço nacional de saúde na forma como ele é financia-do - via impostos - lamenta que este se esteja a tornar cada vez mais via taxa moderadora. Até porque “entrar numa urgência e ter de pagar 40 ou 50 euros para mim, à partida, não é um obstáculo, mas para a maior parte dos utentes é”, afirma.Tornar o setor da saúde sustentável é necessário, no entanto, segundo Nelson Pires, não é viável tornar esta área efi-ciente pelo meio mais rápido, que tem sido o desmedido aumento do custo da saúde para o doente e os cortes na fileira do medicamento.

A alternativa seria portanto “a gestão hospitalar. É preciso encontrar um mo-delo em que o financiamento do hospi-tal seja suficiente para a gestão do mes-mo e, se isso não acontecer, quem gere os hospitais tem de ser responsabiliza-do. Os hospitais têm de ser vistos como unidades autónomas de negócio. Se isto acontecer, provavelmente as ineficiên-cias que existem serão mitigadas e há muitas. Uma delas é clara, se for a uma urgência às 10h fazem-lhe um Raio X, se for passado umas horas a outro hospital voltam-lhe a fazer. Porquê? Porque não há articulação entre os hospitais, não há algo de tão simples como uma base de dados e uma ligação entre o software dos vários hospitais”, refere o diretor da JABA Recordati.

rAnking “meLhores gestores De PessoAs 2012”

Fruto do seu bom desempenho na di-reção da JABA Recordati, Nelson Pires integrou no ano passado o ranking

nelsOn Pires, diretOr gerAl dA JABA reCOrdAtiA SAÚdE EM PORTUgAL

Recordati quer – Projeto de Responsabilidade socialMostrar o compromisso do grupo com a construção de uma sociedade mais humana e saudável, assim como estabelecer uma ponte entre os colabora-dores e a população é um dos objetivos da Jaba Recordati.Com este intuito, surgiu, em 2012, no seio da empresa o projeto de respon-sabilidade social Recordati Quer que pretende melhorar a qualidade de vida da comunidade em geral, através de ações dirigidas à população carenciada, instituições sem fins lucrativos e do desenvolvimento de programas de for-mação e educação social.A execução do Recordati Quer é da responsabilidade das áreas comerciais e da equipa de voluntariado da Recordati – WE CARE TEAM.Em 2012, os programas desenvolvidos foram designados de “Quero Sonhar”, “Quero Partilhar” e “Quero o Meu Natal”. Entre outras coisas, permitiram re-alizar desejos de crianças e jovens doentes através da associação Make a Wish; apoiar a recuperação das instalações de instituições de apoio e so-lidariedade social do concelho de Oeiras; recolher alimentos, brinquedos e roupas junto dos colaboradores da empresa para serem entregues a institui-ções de apoio à terceira idade, de solidariedade social e centros comunitá-rios locais; e ainda promover a interação dos filhos dos colaboradores com as crianças de instituições, proporcionando uma divertida festa de natal a todos ou a visita ao Jardim Zoológico.Um projeto louvável que já tem o programa para 2013 definido e que, Nelson Pires promete ser “para continuar”!

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tivemos a sorte e o bene-fício de ter bons produ-tos com os quais conse-guimos ter reembolso dentro das nossas áreas core, que são a cardiolo-gia e a urologia. Assim, lançamos em 2011 dois produtos novos, em janeiro, sendo um novo tratamento das doenças da próstata e, em junho, um produto novo de tra-tamento do colesterol. Com isto, conseguimos compensar parcialmente as quebras verificadas nos outros negócios

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Pontos de Vista Fevereiro 2013

“Melhores Gestores de Pessoas 2012”. A atribuição resultou de uma seleção entre mais de 1000 participantes, a qual premiou 20 gestores.Para o nosso entrevistado, foi gratifi-cante a título pessoal, uma vez que a avaliação é feita a 360º o que compro-va a satisfação dos colaboradores que o reportaram de forma positiva. Para além disso, deu a perspetiva do bom trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na JABA Recordati.Para Nelson Pires, o prémio foi ganho por três motivos: “1. visibilidade de gestão, os colaboradores sabem o que podem esperar da minha atuação; 2. transparência, a informação circula e as pessoas sabem perfeitamente qual o objetivo estratégico da JABA e percebem que a companhia aposta nelas e que há um rumo para cada uma delas; e 3. aqui-lo que mais me entusiasma, que é o fac-to de pensarmos out of the box. A nossa aposta na responsabilidade social (ver caixas) mostra claramente isso. Era im-pensável de uma área financeira sair um projeto de responsabilidade social (Re-cordati Quer). Isso faz com que as pes-soas possam, cumprindo obviamente as regras de base, ter o seu próprio estilo”.Também o bom desempenho da JABA Recordati foi recompensado recente-mente com o “Trofeu de Ouro da Quali-dade” do ano 2011, que premiou o gru-po português pela inovação e qualidade. “Somos provavelmente das companhias que mais inovação farmacêutica tem trazido e que mais produtos novos tem conseguido lançar”, orgulha-se Nelson Pires.O mesmo mostra-se satisfeito pela pro-ximidade que têm conseguido manter com a casa-mãe, o grupo Recordati, per-mitindo tomar mais facilmente decisões a nível local.Para além disso, esta filosofia de proxi-midade da gestão faz com que o Grupo

Recordati continue a apostar na JABA, “porque se olhasse apenas para os in-dicadores de mercado, deixaria de o fa-zer”, garante.Tudo isto tem permitido à JABA Recor-dati crescer moderadamente e, como tal, as expectativas para os próximos tem-pos são “em termos de volume de negó-cio e retorno para os acionistas, atingir os objetivos que temos de dois por cen-to de crescimento em 2013, manter esse ritmo de crescimento em 2014 e, a par-tir daí, crescer a uma maior velocidade. Infelizmente, regredimos dois lugares no ranking, estamos atualmente em 17º lugar mas, pretendemos voltar à 16ª posição ainda este ano. Em termos de estrutura de negócio, a manutenção dos recursos humanos e a valorização dos mesmos, seja através da formação (aca-demia Recordati), da responsabilidade social (Recordati quer) ou do programa de crise que desenvolvemos -um pro-grama interno de apoio ao colaborador, para situações de maior aperto, como por exemplo em situação de desempre-go do cônjuge”, diz Nelson Pires.Por fim, em termos de inovação, o lan-çamento de dois produtos está já asse-gurado para este ano, um deles na área

alimentar por acreditarem que a pre-venção primária faz sentido, e outro na área de OTC. Em 2014, serão também lançados mais dois medicamentos den-tro das áreas core da empresa, cardiolo-gia e urologia.“Com pouco crescimento, aquilo que queremos é tornarmo-nos eficientes a todos os níveis e eficiência não é pou-pança, é maximização do que temos, é tornarmo-nos melhores. Um ano terrí-vel como 2012 não foi excecional para nós, mas foi regular, sem downsizing. Estamos a tentar passar pela crise estra-tegicamente, tomando decisões duras na altura certa e se assim continuarmos

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vamo-nos manter estáveis”, conclui.Recordati em números e aquisição da LundbeckApesar da crise, a JABA foi responsável nos primeiros nove meses de 2012 por um volume de negócios de 24,9 milhões de euros, o que a torna a quarta filial do grupo e equivale a 4,2 por cento do con-junto de receitas do grupo. Desta forma, faturou mais do que a vizinha Espanha, cuja dimensão é superior à nossa em quatro vezes.O peso das receitas internacionais do grupo farmacêutico Recordati nos pri-meiros nove meses de 2012 foi de 453,8 milhões de euros, uma variação positiva de 11%, face ao período homólogo.Já este ano, a Recordati anunciou a aqui-sição de todos os direitos relacionados com o portfólio de produtos indicados para o tratamento de doenças raras e outras doenças, comercializados nos EUA pela Lundbeck. O portfólio será comercializado pela Recordati Rare Di-seases, uma subsidiária integral da com-panhia nos EUA. São esperadas receitas em 2013, provenientes dos produtos adquiridos, na ordem dos 40 milhões de euros.

Campanha “menos sal mais sabor a Vida”No sentido de alertar a população para os riscos da hipertensão e sensibili-zar para a importância da prevenção através da alimentação, a JABA genéri-cos, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), lançou a campanha “Menos Sal Mais Sabor a Vida”.A necessidade de reduzir o consumo de sal e adotar um estilo de vida saudá-vel são as principais mensagens que a campanha pretende passar à socie-dade. Para isso tem vindo a percorrer Unidades de Saúde Familiar de todo o país, realizando inúmeras atividades, tais como workshops de culinária com chefs de cozinha e sessões de formação com nutricionistas.

Bolsa de investigação aPu/ JaBa RecordatiA Jaba Recordati tem vindo a criar parcerias com algumas Associa-ções e Sociedades Médicas, com o intuito de incentivar investigado-res a desenvolver os seus projetos científicos, através da atribuição de Prémios e Bolsas de Investi-gação que se irão traduzir numa melhoria para a saúde. Neste âmbito destaca-se a Bolsa de In-vestigação Jaba Recordati Urolo-gia, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Urologia (APU), que premeia os melhores trabalhos na área da Urologia, no valor de oito mil euros.

A continuar com este modelo, claramente vamos ter uma saúde que distingue pobres e ricos, o que é lamentável porque temos uma oportunidade única de emagrecer as instituições sem as anular ao ponto de não tratar os doentes“

Somos provavelmente das companhias que mais inovação farmacêu-tica tem trazido e que mais produtos novos tem conseguido lançar

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O Direito da Saúde é uma área que tem tido alguma relevância mediáti-ca. Encontra alguma explicação para tal facto?É verdade que se tem assistido a uma ten-dência crescente na cobertura mediática dada às questões relacionadas com o Di-reito da Saúde. Trabalho na área há vários anos e tal realidade tem-se acentuado re-centemente. Creio que tal se deve, essen-cialmente, a dois motivos. Por um lado, as questões relativas à Saúde são sempre do interesse do público em geral. As pes-soas dão importância a tudo o que tenha impacto na sua saúde. Assim, quando algo corre mal com uma intervenção médica, por exemplo, os órgãos de comunicação social estão atentos, porque há interesse do público em consumir essa informação. Por outro lado, os pacientes estão cada vez mais exigentes e conscientes dos seus direitos. A figura do médico intocável e do paciente resignado acabou, e, quando algo não corre como o previsto, os pacientes estão mais predispostos a pedir a respon-sabilização pelos danos sofridos. Quais são os tipos de processo que mais ocorrem nesta área?O Direito da Saúde tem a faceta de ser pluridisciplinar, pelo que os processos que surgem são de diferentes naturezas. Os processos de responsabilidade civil constituem a fatia mais grossa dos casos. Estamos aqui perante as situações daqui-lo que vulgarmente se designa por erro médico ou negligência médica, apesar de estas serem realidades diferentes. A responsabilidade poderá recair sobre o médico ou outro profissional de saúde, ou pode ainda recair sobre a instituição hospitalar ou, mesmo, sobre os gestores hospitalares. Depois, há processos envol-vendo, também, questões relacionadas com a autonomia do paciente, nomeada-mente com o consentimento informado. Por fim, surgem processos relacionados com a deontologia médica e, também, com a responsabilidade disciplinar, que muitas vezes extravasa a prática médica.

Também ao nível legislativo, o Direito da Saúde tem sofrido algumas evolu-ções, sendo de destacar a nova Lei do Testamento Vital. Quais são as prin-cipais novidades trazidas por este diploma?A Lei das Diretivas Antecipadas de Von-tade, ou Lei do Testamento Vital, vem consagrar legalmente o testamento vital

e a nomeação de procurador de saúde, bem como vem criar o Registo Nacional do Testamento Vital. O vulgo testamento vital consiste num conjunto de instruções dadas pelo paciente, para serem respei-tadas quando ele estiver num estado de incapacidade para decidir, por estar, por exemplo, inconsciente. Isto é fundamen-tal, porque o paciente não poderá dar o seu consentimento informado, mas assim estaremos a respeitar a sua autonomia. Através do testamento, o paciente irá decidir antecipadamente quais os trata-mentos que consente e os que não con-sente que lhe sejam administrados. Por exemplo, o paciente poderá dispor que, em certas circunstâncias, não pretende ser sujeito a tratamentos de suporte artifi-cial da vida ou a manobras de reanimação. Ou então, o paciente poderá autorizar ou recusar a participação em ensaios clínicos ou autorizar receber cuidados paliativos. O testamento vital deverá ser celebrado por escrito, junto de um notário ou do Registo Nacional, que será criado, e terá a duração de cinco anos, sucessivamente renováveis se o paciente o confirmar. Caso este fique incapaz durante aquele prazo, o testamento manter-se-á em vigor.

O testamento vital deverá ser sem-pre respeitado pelos profissionais de saúde?O médico deverá, antes da intervenção

Advogado, Professor do Ensino Superior e Presidente da Associação Portuguesa direito e Medicina, daniel Torres gonçalves fala-nos do atual estado do direito da Saúde, em particular da nova Lei do Testamento Vital.

o DIreIto Da SaúDee a creScente cobertUra meDIátIca

clínica, verificar se existe testamento vital relativo àquele paciente, seja no Registo Nacional seja no processo clínico. Caso esta verificação possa resultar numa de-mora que envolva o risco de agravar os riscos para a saúde ou a vida do pacien-te, então tal verificação não deve ocorrer. Fora destas situações, só excecionalmente o testamento não deverá ser respeitado. Tal ocorrerá quando se comprove que o paciente não desejaria manter o disposto no testamento, ou quando exista uma de-satualização da vontade do paciente face ao progresso científico. Vamos supor, por exemplo, que o paciente optou por recu-sar manobras de reanimação numa dada circunstância, devido ao facto de inexistir cura para a sua doença. Supondo que esta foi criada entretanto, podemos concluir que existe uma desatualização da vontade do paciente.

E no caso do procurador de cuidados de saúde?Neste caso, o paciente irá nomear uma pessoa que irá tomar as decisões relati-vas à sua saúde, quando ele se encontrar incapaz para decidir. Deverá ser uma pessoa próxima e que conheça bem o pa-ciente, já que, idealmente, o procurador não deverá decidir de acordo com a sua própria vontade, mas sim de acordo com aquele que ele acredita ser a vontade do paciente. As decisões tomadas pelo pro-

curador, deverão, em princípio, ser res-peitadas pelos profissionais de saúde.

Que outras reformas legislativas de-verão estar a caminho?Há diversas iniciativas que deveriam avançar, nomeadamente em articulação com a Lei das Diretivas Antecipadas de Vontade. Seria importante, por exemplo, adaptar a legislação relativa à doação de órgãos e tecidos ao novo paradigma do testamento vital, nomeadamente clarificando a possibilidade da colheita em dador vivo mas incapaz. Depois, há que recordar que em 2009 existiu uma iniciativa legislativa que juntava as ma-térias das diretivas antecipadas de von-tade e do consentimento informado. A nova Lei só contempla aquela primeira vertente, pelo que ficou por regular o consentimento informado e direito à in-formação dos pacientes, sendo que par-te da discussão está feita. É verdade que este é um tema que, tradicionalmente, causa grande polémica. Porém, curiosa-mente, a Lei das Diretivas Antecipadas de Vontade foi aprovada com os votos a favor de todas as bancadas parlamen-tares. Esta situação poderá indiciar a perspetiva de consenso noutras áreas, que seria importante explorar.

lei dO testAMentO VitAldIREITO dA SAÚdE

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O Direito da Saúde tem a faceta de ser pluridis-ciplinar, pelo que os pro-cessos que surgem são de diferentes naturezas. Os processos de respon-sabilidade civil consti-tuem a fatia mais grossa dos casos. Estamos aqui perante as situações da-quilo que vulgarmente se designa por erro médico ou negligência médica, apesar de estas serem realidades diferentes

daniel torres Gonçalves

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com a comemoração do Dia Nacional do Doen-te Coronário, a Funda-ção pretende chamar a atenção para os riscos que desencadeiam do-enças cardiovasculares e que passam por uma

alimentação inadequada, tabagismo ati-vo e passivo que, apesar das campanhas de prevenção, continua a ser um proble-ma importante de saúde pública e pela falta exercício físico.As doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte no nos-so País, sendo responsáveis por cerca de 42% do total de óbitos.

Fonte: Portal da Saúde

esPeciAListAs DeBAterAm AVc nA 7ª eDição Do congresso

Português Do AVc

Entre 31 de janeiro e 2 de fevereiro decorreu, no Centro de Congressos do Porto Palácio Hotel, a 7ª edição do Congresso Português do AVC. Encontro organizado pela Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC) juntou especialistas para debater as principais temáticas da atualidade rela-cionadas com o AVC.Ao longo dos três dias cerca de 800 profissionais de saúde, nacionais e in-ternacionais, debateram assuntos como “A evolução e incidência do AVC em Por-tugal”; “O impacto na gestão do Serviço Nacional de Saúde” e a “Influência das desigualdades socioeconómicas no ris-co vascular”.

O Congresso contou ainda com uma sessão de informação aberta e gratuita que decorreu no dia 2, que pretendeu esclarecer a população sobre aspetos fundamentais do AVC, tais como a im-portância de uma alimentação saudável e de um adequado estado nutricional em doentes que sofreram um acidente vascular cerebral.

dia Nacional do doente Coronário, iniciativa da Fundação Portuguesa de Cardiologia, comemorou-se a 14 de fevereiro. A Fundação Portu-guesa de Cardiologia tem vindo a desenvolver o projeto “Clube Rei Coração” que tem como finalidade informar e apoiar os doentes cardí-acos e seus familiares. No âmbito deste projeto institucionalizou o “Dia Nacional do Doente Coronário”, propondo, também, que este dia seja comemorado em todo o espaço da Comunidade Europeia.

DIa Do Doente coronárIoA sAúde eM POrtugAl Pontos de Vista Fevereiro 2013

dIA NACIONAL dO dOENTE CORONÁRIO

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Com a comemoração do dia Nacional do doente Coro-nário, a fundação pretende chamar a atenção para os riscos que desencadeiam doenças cardiovasculares e que passam por uma alimen-tação inadequada, tabagismo ativo e passivo que, apesar das campanhas de prevenção, continua a ser um problema importante de saúde pública e pela falta exercício físico

7º CoNGREsso PoRtuGuÊs dE HiPERtENsÃo E RisCo CaRdioVasCulaR GloBal

Local: Tivoli Marinotel - Vilamoura, Algarve

O 7º Congresso de Hipertensão Arterial vai decorrer em Vilamoura de 28 de fevereiro a 3 de março de 2013 e, pretende-se que seja o encontro para debate de ideias, de todos os que se dedicam ao estudo do doente com risco cardiovascular global, embora com um enfoque especial na vertente da hipertensão arterial. Envolverá destacados membros da nossa Sociedade e da Sociedade Europeia de Hipertensão incluindo o seu atual Presidente, o Prof. Josep Redon.

Como habitualmente, o Congresso é organizado pela Sociedade Portuguesa de Hipertensão que, à semelhan-ça do ano anterior, voltou a delegar no dr. Fernando Pinto a responsabilidade de liderar a Comissão Organiza-dora deste evento.

Vai ser, mais uma vez, dado um destaque especial no programa dos trabalhos, à participação dos colegas de Medicina geral e Familiar. O Congresso é-lhes especialmente dirigido, numa perspetiva de atualização constante através do debate de ideias, apresentação de casos clínicos e organização de um curso prático de formação pós-graduada, à imagem e na sequência do que foi feito no último Congresso.

Organizaremos Simpósios conjuntos com destacados membros da Sociedade Europeia de Hipertensão e com outras Sociedades e, esperamos poder apresentar os resultados do estudo da prevalência da hipertensão e do consumo de sal da população portuguesa, da responsabilidade da nossa Sociedade.

Mais uma vez e, apesar da crise económica que nos perturba e por vezes nos inibe, vamos ter uma presença e um apoio importantes da Indústria Farmacêutica, que torna possível cumprir os nossos objetivos de atuali-zação científica.

É nosso objetivo, delinear a melhor estratégia para tratar os nossos doentes e, ainda mais importante, pre-venir a ocorrência de eventos que tenham relação mais ou menos direta com os fatores de risco da nossa população.

José nazaréPresidente da SPH

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a tualmente a doença coronária assume uma grande prevalên-cia no nosso país, tal como na grande maioria dos países mais desenvolvidos da europa e do mundo. Apesar de ser uma im-portante causa de morte no nosso país, a mortalidade por

doença coronária tem vindo a diminuir de forma consistente, nos últimos 20 anos. Esta diminui-ção prende-se com diversos fatores como a maior acessibilidade a toda a população dos meios de diagnóstico e terapêutica médica, mas também com os enormes avanços tecnológicos no trata-mento invasivo desta doença, principalmente no que diz respeito a angioplastia coronária. Entende-se por angioplastia coronária uma in-tervenção não cirúrgica, efetuada sob controlo radiológico por um cardiologista de intervenção, com o objetivo de desobstruir uma artéria do cora-ção. Para esse fim é efetuada uma punção de uma artéria na virilha ou no pulso do doente (artérias femoral ou radial), sendo colocado um cateter que avança até ao coração e depois através deste pe-queno tubo plástico progridem outros catéteres ainda de menor calibre com um balão na ponta para dilatar a estenose que causa a obstrução ao fluxo de sangue. Geralmente é também colocado de igual forma (ou seja, montado num balão) uma pequena malha metálica, chamada Stent, para evi-tar a restenose.

A angioplastia coronária foi pela primeira vez efe-tuada por Andreas Gruentzig em 1977, num do-ente com a mesma idade que ele, que apresentava uma estenose significativa na coronária esquerda, dilatando a lesão com um balão. Na década de 80 melhorou-se significativamente a técnica e verifi-cou-se um crescimento grande no número de pro-cedimentos que se assumiam cada vez mais como uma alternativa á cirurgia clássica de revasculari-

zação miocárdica. De cerca de 1000 angioplastias efetuadas até 1980, em todo o mundo, passou-se em pouco mais de uma década para 1000 000 de angioplastias, com vários países a iniciarem a sua experiencia. Em 1984 começou também a histó-ria da intervenção percutânea em Portugal com a realização da primeira angioplastia pelo grupo do Prof. Seabra Gomes no Hospital de Santa Cruz em Lisboa. Apesar do sucesso crescente este pro-cedimento não era isento de complicações e tinha taxas elevadas de restenose (recidiva da lesão) e trombose (obstrução aguda por trombo) da arté-ria tratada. Na tentativa de fazer perdurar mais os bons resultados imediatos da angioplastia, em 1987 surgiram então os primeiros stents monta-dos nos balões, e em 2002 apareceram os stents revestidos com fármacos antiproliferativos (Drug Eluting Stents) para reduzir a restenose a longo prazo principalmente nos doentes diabéticos, nas lesões mais longas ou em artérias de calibre mais reduzido. Hoje em dia, além dos stents metálicos e dos DES, temos já disponíveis os primeiros stents reabsorvíveis com resultados clínicos muito pro-missores.

Em 2600 anos AC, papiros egípcios referiam a dor forte no peito como um pronuncio de morte, de certa forma descrevendo aquilo que se passa ainda hoje quando um doente tem um enfarte do miocárdio. A primeira descrição de angina de peito foi feita em 1768 quando William Heberden descreveu no Royal College of Physicians o angor pectoris, como uma dor forte constritiva com irradiação para o braço esquerdo que surgia tipicamente após um esforço físico ou emoção forte e que aliviava minutos depois com o repouso. Na verdade, quer a angina de esforço, característica da doença coronária estável, quer os síndromes coronários agudos (enfarte agudo do miocárdio ou angina instável) são faces diferentes da mesma doença mas com significados prognós-ticos distintos, já que os síndromes coronários agudos têm ainda uma taxa de mortalidade não desprezível, de cerca de 10%, contrastando com o melhor prognóstico da angina crónica estável.

angIoPlaStIa coronárIaMArCO COstA, CArdiOlOgistA de interVençãO dO CHuC-Hg, COiMBrA e MeMBrO dA direçãO dA APiC-sPC

dIA NACIONAL dO dOENTE CORONÁRIO a oPiNiÃo dE...

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figura 1. Colocação de um Stent na artéria coronária

Atualmente a doença coro-nária assume uma grande prevalência no nosso país, tal como na grande maioria dos países mais desenvolvi-dos da europa e do mundo. Apesar de ser uma importan-te causa de morte no nosso país, a mortalidade por doença coronária tem vindo a diminuir de forma consis-tente, nos últimos 20 anos

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Em Portugal verificou-se um aumento no núme-ro de angioplastias coronárias nos últimos anos, com cerca de 13.000 intervenções percutâneas em 2012, assumindo-se assim como o principal método de tratamento no doente coronário. Com um aumento do número de laboratórios de hemo-dinâmica (centros que efetuam angioplastias co-ronárias) e de cardiologistas de intervenção, sur-giu a necessidade de criar a APIC-SPC (Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular) em 2010. A APIC-SPC é uma associação especializada da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, dotada de autonomia científica, administrativa e finan-ceira, tendo por finalidade o estudo, investigação e promoção de atividades científicas na área da Intervenção Cardiovascular. Um dos projetos que leva a cabo é o do Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção com o qual é possível caracterizar melhor o panorama da angioplastia e da doença coronária em Portugal. Dos quase 70.000 regis-tos disponíveis é possível dizer que a idade média do doente que efetua angioplastia em Portugal é de 65 anos, 75% são do sexo masculino e que os fatores de risco mais prevalentes são a hiperten-são (63%), a dislipidemia - aumento do colesterol (52%), tabagismo (34%) e a diabetes (26%). Sa-bemos ainda que mais de 50% dos doentes pro-postos para angioplastia coronária são devido a síndromes coronários agudos (enfarte do miocár-dio e angina instável), a principal via de acesso é

a artéria radial e na maioria das angioplastias são colocados stents do tipo DES (65%). Outro projeto muito importante para a APIC tem a ver com o tratamento do enfarte agudo do miocár-dio através da angioplastia primária, ou seja aque-la que é efetuada nas primeiras 12 horas desde o início da dor no peito. Aqui “tempo é miocárdio” e por isso qualquer atraso na abertura da artéria co-ronária obstruída terá um impacto muito negativo no músculo afetado e consequentemente na função cardíaca. As atuais recomendações internacionais apontam para que, desde o momento em que seja identificado o possível enfarte até á angioplastia primária, decorram de forma ideal menos de 90 minutos e no máximo 2 horas. O projeto “Stent for Life” com início em 2011 no nosso país, é uma iniciativa da Associação Europeia de Intervenção Cardiovascular Percutânea (EAPCI), cujo principal objetivo é assegurar atempadamente e à grande maioria dos doentes, o melhor tratamento atual-mente para o enfarte agudo do miocárdio (EAM), ou seja a angioplastia primária. Portugal sendo um país pequeno e com excelentes vias de comu-

nicação, tem o dever de se organizar para que, em praticamente todo o seu território, os doentes com enfarte possam ser tratados de forma rápida por este método. Para isso estão a ser criadas redes de referenciação e protocolos com o INEM (Insti-tuto Nacional de Emergência Médica), para que os doentes sejam rapidamente transportados a um Centro de Cardiologia de Intervenção que tenha obviamente um serviço de angioplastia primária 24horas/7dias da semana. Também aqui se nota o peso da interioridade já que há uma importan-te discrepância no número destes Centros de Car-diologia de Intervenção, entre as cidades de maior dimensão no litoral, quando comparadas com algu-mas zonas da Beira Interior e de Trás-os-Montes.A angioplastia coronária em Portugal atingiu nos últimos anos um patamar de qualidade semelhante aos países europeus de maiores recursos económi-cos, e é intenção da APIC que se possa atingir nos próximos anos também um bom patamar quan-titativo, principalmente no tratamento do enfarte agudo do miocárdio, comparável a estes países que mais investem na saúde cardiovascular.

figura 2. Angioplastia coronária com colocação de um Stent Reabsorvível num doente jovem com uma lesão severa da coronária esquerda

Em Portugal verificou-se um aumento no número de angioplastias coronárias nos últimos anos, com cerca de 13.000 intervenções percutâneas em 2012, assumindo-se assim como o principal método de tratamento no doente coronário. Com um aumento do número de laboratórios de hemodinâmica (centros que efetuam angioplastias coronárias) e de cardiolo-gistas de intervenção, surgiu a necessidade de criar a APIC-SPC (Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular) em 2010

“Pontos de Vista Fevereiro 2013

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DePois De 2050, metADe DA PoPuLAção PortuguesAterá um cAncro, ALertA

soBrinho simões

Atualmente, um em cada três portu-gueses vai ter pelo menos um cancro durante a sua vida. A partir de meados do século XXI, os casos de cancro vão aumentar e então um em cada dois por-tugueses – ou seja, metade da popula-ção – desenvolverá um cancro ao longo da vida. O alerta é do cientista Manuel Sobrinho Simões, diretor do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup).Explicando melhor o alerta de Sobrinho Simões, o investigador diz que metade dos portugueses que nascerem daqui a dez ou 15 anos – por volta de 2025 a 2030 – e que em meados deste século chegarão à idade adulta vão desenvolver cancro. “Metade das pessoas que nasce-rem daqui a dez anos vai ter pelo menos um cancro. O cancro vai aumentar”, es-clarece ainda.“Já hoje estamos a ter mais gente que desenvolve o segundo e o terceiro can-cro. A ideia de que as pessoas que ti-veram um cancro safaram-se é errada”, refere ainda. “Quem teve um cancro que se curou ou que está controlado tem mais risco do que a população em geral. É uma questão de suscetibilidade ge-nética, de estilo de vida e de condições ambientais”.Procurando não criar alarmismos, So-brinho Simões diz que não devemos ficar “assustados”, porque as taxas de cura e de controlo dos cancros têm au-mentado. E também está confiante de que “não vai faltar dinheiro para a in-vestigação nesta área”. “A indústria far-macêutica sabe também que isto é uma área extraordinária do ponto de vista económico, porque, se metade da po-pulação tem cancro e se os tratamentos não são baratos, isso é um estímulo para eles. Portanto, acredito que vai haver dinheiro. Estou com medo, mas acredi-to”, acrescentou Sobrinho Simões. “Mas vamos evoluir de forma inexorável para ter mais cancro e doença neuropsiquiá-tricas, as doenças da velhice.”

Fonte: Agência Lusa

O dia Mundial de Luta Contra o Cancro celebra-se anualmente no dia 4 de fevereiro. A celebração do dia Mundial baseia-se na Carta de Paris, aprovada em 4 de fevereiro de 2000, na Cimeira Mundial Contra o Cancro para o Novo Milénio.A Carta apela à aliança entre investigadores, profissionais de saúde, doentes, governos e parceiros da indústria no âmbito da prevenção e tratamento do cancro. O cancro é uma das principais causas de morte no mundo. Estima-se que a doença será responsável por mais de 84 milhões de mortes entre 2005 e 2015. de acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 40 por centode todos os cancros podem ser prevenidos e outros podem ser detetados numa fase precoce do seu desenvolvimento, tratados e curados.

DIa mUnDIal De lUta contra o cancrocelebroU-Se no PaSSaDo DIa 4 De FevereIro

A sAúde eM POrtugAl

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associação Portuguesa de investigação em Cancrofoi lançada em 29 de outubro de 2012 no Porto

A primeira Associação Portuguesa de Investigação em Cancro foi lançada no dia 29 de outubro, no Porto, com o objetivo de ocupar “um espaço que estranhamente continua vazio em Portugal”, o da coordenação da investigação multidisciplinar em cancro.Leonor david, presidente da comissão instaladora da nova estrutura, considerou que “é muito importante que em Portugal exista uma associação deste tipo, que permitirá também fazer um diálogo europeu, ter interlocutores na discussão que se vai fazer nos próximos anos sobre investigação em cancro e na definição de estratégias para esta área”.Leonor david, que é também professora da Faculdade de Medicina do Porto e investigadora do Instituto de Patolo-gia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, salientou que a associação vai permitir que “a comunidade científica que trabalha em cancro e que vem da bioquímica, da física ou da medicina se encontrem. A ideia é cons-tituir um espaço de discussão interdisciplinar das pessoas que trabalham em cancro”.Leonor david salientou ainda um outro aspeto relacionado com o desconhecimento em relação ao investimento que se faz por ano em investigação oncológica em Portugal.“Não conseguimos saber quanto dinheiro é investido e, sendo muito complicado discutir o financiamento entre áreas, temos de perceber se estamos em níveis ridículos de financiamento ou não”, acrescentou, admitindo que, “sendo muito otimista, o total do investimento anual deve rondar os cinco ou seis milhões de euros, o que é mui-tíssimo baixo”.A Associação pretende, concretamente, desempenhar um papel central na articulação, nacional e internacional, das atividades de investigação em cancro, agregando quem trabalha nesta área independentemente da sua for-mação disciplinar e profissional.Para além de constituir um ponto de encontro para os investigadores, a associação vai contribuir para o conheci-mento e divulgação da investigação feita em Portugal, criando as condições para que a população e as agências públicas de financiamento científico e de prestação de cuidados de saúde, incorporem a necessidade de se ter em Portugal investigação científica que informe as decisões politicas e assegure a difusão do conhecimento.Para o lançamento da iniciativa, que contou com a participação de 200 investigadores de todo o país e de diversas instituições, foram convidados o investigador e oncologista português que trabalha em Cambridge, Carlos Caldas, que, “como muitos portugueses a trabalhar no estrangeiro, pode e quer contribuir para o sistema de investigação nacional” e o presidente European Association for Cancer Research (EARC), Julio Celis.A reunião para o lançamento da Associação Portuguesa de Investigação em Cancro (Membro da European Associa-tion for Cancer Research – EACR) decorreu na Fundação engenheiro António de Almeida, no Porto.Fonte: Agência Lusa

Não conseguimos saber quanto dinheiro é investido e, sendo muito complicado discutir o financiamento entre áreas, temos de perceber se estamos em níveis ridículos de fi-nanciamento ou não”, acrescentou, admitindo que, “sendo muito oti-mista, o total do investimento anual deve rondar os cinco ou seis milhões de euros, o que é muitíssimo baixo

“Sobrinho Simões

dIA MUNdIAL dE LUTA CONTRA O CANCRO

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carlos de Oliveira foi durante muitos anos Presidente da Liga Por-tuguesa Contra o Can-cro. Hoje, é responsável pelo núcleo regional do centro mas o envolvi-mento continua a ser

o mesmo. Assumindo-se como um “de-fensor dos direitos dos doentes e dos sobreviventes”, Carlos de Oliveira fala de cancro sem qualquer tabu, desmisti-ficando a ideia que ainda impera na so-ciedade portuguesa: “cancro não é igual a certidão de óbito”. Os números amedrontam. Segundo Manuel Sobrinho Simões, Diretor do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), depois de 2050, metade da população portuguesa terá um cancro. A doença vai aumentar. É um facto. De acordo com as projeções, entre 2008 e 2030, o aumento do número de cancros em Portugal será de 29 por cento. Carlos de Oliveira foi ainda mais preciso do que todas as estimativas. “Se não morrermos de um AVC ou de uma doença degenera-tiva, temos de morrer de cancro. A mor-talidade por cancro está a aproximar-se e irá ultrapassar a mortalidade por do-enças cardiovasculares”. Em contrapartida, como resultado da prevenção conferida pela vacinação, o cancro do colo do útero tende a desapa-recer. Portugal é considerado, pela Or-ganização Mundial de Saúde, o país com melhor taxa de cobertura de vacinação contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV), uma das causas do cancro do colo do útero e estima-se que, em alguns anos, iremos ter apenas 20 por cento do que temos atualmente. Mas, nem tudo são boas notícias. “Provavelmente, te-remos um aumento da incidência do cancro do endométrio”, alertou Carlos de Oliveira.Depois do choque inicial que vem com o diagnóstico, depois do impacto dos tra-tamentos, instala-se, em muitos casos, uma total incerteza relativamente ao futuro. Reaprende-se a viver, no fundo. E são estes sobreviventes que, segundo Carlos de Oliveira, podem e têm desem-

penhado um papel crucial nos processos de alerta. Tanto para quem escuta como para o próprio sobrevivente, as implica-ções desta partilha de experiências são bastante fortes. E, hoje, cancro não é si-nónimo de morte. Em termos de saúde pública, verifica-se, a nível mundial, e sobretudo nos países mais desenvolvi-dos, que a sobrevivência por cancro tem aumentado significativamente. “Há 40 anos, ter um cancro da mama era igual a morte. Hoje, com os rastreios e com todo o processo de diagnóstico precoce, conseguem-se taxas de sobrevivência deste tipo de cancro que podem atingir os 90 por cento. O mesmo acontece com

depois de 2050, metade da população portuguesa terá um cancro. Entre 2008 e 2030, o aumento deste número em Portugal será de 29 por cento. As projeções assustam. O cancro fará parte do quotidiano de todos os portugueses, direta ou indiretamente. Mas a cura tam-bém. Têm sido dados “passos de gigante” na área da investigação e a esperança poderá ser mais forte do que as estimativas.

“SoU DeFenSor DoS DIreItoSDoS DoenteS e DoS SobrevIventeS”

o cancro da próstata. Também no cancro colo-retal, embora com taxas de sobre-vivência mais baixas, tem-se assistido a um aumento muito significativo da sobrevivência”, explicou. Infelizmente, quando se fala em cancro do pulmão, a esperança continua a faltar. Segundo as estatísticas, este tipo de cancro tem uma taxa de mortalidade superior aos carcinomas colo-retal, próstata, ovário e mama juntos. O cancro colo-retal, juntamente com o da mama, o colo do útero e o da prósta-ta são os mais frequentes, em Portugal. Mas, segundo Carlos de Oliveira, existe ainda um com um impacto grande na sociedade portuguesa: o cancro gástri-co. “Estamos acima da média europeia, em termos de incidência e de mortali-dade. Mas, mesmo assim, tem vindo a decrescer, com a melhoria dos estilos de vida. Não há um rastreio para este tipo de cancro mas existem cuidados médi-cos que devem ser seguidos e formas de educar a população”, defendeu.

hAVerá cooPerAção entre toDos os ProfissionAis?

A Carta de Paris, aprovada a 4 de fe-vereiro de 2000, na Cimeira Mundial Contra o Cancro para o Novo Milénio, estabeleceu novos paradigmas de atu-ação, apelando à união entre investiga-dores, profissionais de saúde, pacientes, governos e indústrias, em torno de um único objetivo: prevenir e tratar o can-cro. Em Portugal, na opinião de Carlos

CArlOs de OliVeirA, Presidente dO núCleO regiOnAl dO CentrO dA ligA POrtuguesA COntrA O CAnCrO (lPCC)dIA MUNdIAL dE LUTA

CONTRA O CANCRO

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Se não morrermos de um AvC ou de uma doença degenerativa, temos de morrer de cancro. A mortalidade por cancro está a aproximar-se e irá ultrapassar a mortalida-de por doenças cardio-vasculares

Os doentes preocupam--se pouco com as nos-sas experiências em ratinhos, em cultura de células e com coisas que só podem ter resultados práticos daqui a 10 ou 15 anos

“Carlos de Oliveira

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Pontos de Vista Fevereiro 2013

de Oliveira, “não existe uma colaboração estruturada entre todas as entidades”. Mesmo assim, o responsável elogia o papel que o Estado tem desempenhado ao longo dos anos no apoio à investiga-ção numa área que, até há algum tem-po, apenas era apoiada pela indústria farmacêutica. Hoje, faz parte do nosso quotidiano assistir ao reconhecimento de trabalhos desenvolvidos por inves-tigadores lusos no estrangeiro, abrindo novas perspetivas ao tratamento de vá-rios cancros. Mas, para um paciente que

está, no momento atual, a lutar contra a doença, estes dados pouco interessam, defendeu Carlos de Oliveira. “Os doen-tes preocupam-se pouco com as nossas experiências em ratinhos, em cultura de células e com coisas que só podem ter resultados práticos daqui a 10 ou 15 anos. O doente quer curar-se e quer ter a sorte de encontrar uma equipa médica que o saiba tratar e nem todos os mé-dicos estão preparados para, depois de um diagnóstico, acompanhar e tratar o paciente com cancro”.

reDe De referenciAçãohosPitALAr

Devido à crescente necessidade de co-laboração entre profissionais de várias especialidades, Carlos de Oliveira consi-dera cada mais premente apostar numa rede de referenciação oncológica. A falta de oncologistas em vários hospitais foi uma questão já levantada pelos órgãos de comunicação social e tem alarmado pacientes e médicos. Existem atualmen-te cerca de 140 clínicos nesta especia-lidade, num momento em que surgem, anualmente, em Portugal, aproxima-damente 43 mil novos casos de cancro. Carlos de Oliveira acredita que deveria existir uma maior cooperação entre os hospitais de maior referência e os mais pequenos, de forma a diminuir o impac-to da escassez de oncologistas. Por im-posição da Troika, estará para breve a criação desta rede de referenciação on-cológica, que irá também estabelecer al-gumas linhas de orientação terapêutica.

“o hPV não escoLhe sexos nem iDADe. A PreVenção

tAmBém não”Este é o nome da campanha de preven-ção lançada recentemente pela Liga Portuguesa Contra o Cancro. Trata-se de uma campanha de informação sobre as doenças causadas pelo Vírus do Papilo-ma Humano e respetiva prevenção. No fundo, o HPV afeta homens e mulheres e não escolhe idades. De acordo com um inquérito realizado, pela Internet, junto de mais de 3500 portugueses, cerca de 90 por cento já ouviu falar do vírus, tem consciência de que é transmitido por via sexual e cerca de 60 por cento dos inquiridos sabe que pode afetar tanto homens como mulheres. Esta campanha de sensibilização surgiu no seguimento dos resultados do referido inquérito e contou com a colaboração da Associação para o Planeamento da Família (APF) e o apoio do Instituto Português do Despor-to e Juventude (IPDJ) e da Sanofi Pasteur MSD (SPMSD).

“internet é umA ArmADe Dois gumes”

A Internet pode ser ou não um local ade-quado para tirar dúvidas sobre cancro. Para Carlos de Oliveira, “na Internet va-mos encontrar de tudo”. Desde grupos de pessoas que se opõem à vacinação, a informação totalmente errónea sobre a doença. No fundo, é preciso saber fil-

“testemunhos: quebrar o silêncio”“desde Nelma Pimentel que conta como recorda a leucemia que lhe foi diagnosticada aos cinco anos, passando por Cristina Pereira, uma doente oncológica com nove anos, até José Neves, com 65 anos, que foi surpreen-dido depois da reforma com um cancro colo-rectal; desde António Tinoco, a quem foi diagnosticado um cancro da mama, a Pedro Lemos que teve um diagnóstico de Linfoma de Hodgkin aos 16 anos ou à história da mãe de uma adolescente com melanoma”.Para assinalar o dia Mundial da Luta Contra o Cancro, foi apresentado, em Coimbra, no dia 4 de fevereiro, um livro que reúne testemunhos e histórias de vida de pessoas que venceram um cancro. “Testemunhos: Quebrar o Silêncio”, desenvolvido ao longo dos últimos dois anos, transmite os mo-mentos de força e de coragem dos doentes, familiares e amigos. No fundo, trata-se de “um livro de autoajuda coletivo: histórias de luta, de esperança e, sobretudo, de amor, escritas na primeira pessoa por indivíduos de ambos os sexos e de várias idades”.

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trar o conteúdo a que temos acesso. “Enquanto não existir um conjunto de sites certificados por alguma entidade, a Internet é uma arma de dois gumes. Aumenta o conhecimento e é uma for-ma de cultura, mas estimula também o conhecimento errado e pode aumentar o medo”, defendeu.Neste sentido, a Liga Portuguesa Contra o Cancro disponibiliza no seu sítio na In-ternet todo o tipo de informações sobre várias tipologias de cancro. É atualizado permanentemente, é credível e, comple-mentado com uma ida ao médico, pode-rá dissipar qualquer dúvida.

mensAgem PAssA PeLA APostA nA PreVenção

Prevenção será sempre a palavra de or-dem. Para todas as mulheres que estão inseridas em zonas do país cobertas por programas de rastreio, Carlos de Olivei-ra apela à participação, tanto no que diz respeito ao cancro da mama como ao cancro do colo do útero. Caso contrário, o especialista aconselha-as a pedirem ao médico de família testes de rastreio. “A mamografia a partir dos 45 anos e a rea-lização do teste de Papanicolaou a partir dos 25 anos”, afirmou.Por outro lado, o rastreio do cancro co-lo-retal é mais complicado uma vez que apenas cerca de 50 centros de saúde da zona centro estão abrangidos pelo pro-grama. O conselho, para todas as outras pessoas, é o mesmo: “peçam ao médico um teste de rastreio”. Por fim, e de um modo geral, Carlos de Oliveira deixou ainda um repto: “fazer exercício físico é uma forma de prevenção primária de muitos dos tumores mais frequentes. Além disso, deixe de fumar e, se nunca fumou, não comece agora”, concluiu.

sobre o cancro:• Cerca de 47 por cento dos ca-sos de cancro e 55 por cento das mortes ocorrem nas regiões me-nos desenvolvidas do mundo;• Até 2030, se a tendência se mantiver, os casos de cancro irão aumentar 81 por cento nos países em desenvolvimento;• O cancro já contabiliza, a nível mundial, mais mortes que VIH/SIdA, Tuberculose e Malária juntos.

há 40 anos, ter um cancro da mama era igual a morte. hoje, com os rastreios e com todo o processo de diagnóstico precoce, conseguem-se taxas de sobrevivência deste tipo de cancro que podem atingir os 90 por cento

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Focada na produção e, sobretudo, na engenharia, gestão e projetos de edi-fícios e infraestruturas, a Exergia tem sido um aliado indispensável de par-ceiros públicos e privados na prosse-cução de vários projetos. O que tem ditado o sucesso de uma empresa que “cria e cumpre o seu futuro”?Quando é que uma empresa atinge o su-cesso? Como é que se mede? A Exergia é hoje um Grupo de empresas sustentável, que consegue financiar-se e que traba-lha em várias partes do mundo, particu-larmente no mundo que fala português.Procuramos permanentemente a ino-vação e a excelência, que se traduzem em coisas concretas, como o registo de patentes e a comercialização dos produ-tos desenvolvidos. É um Grupo com pre-ocupações sociais, financiando vários projetos. Apresenta resultados positivos e traz valor para os seus acionistas, mas para nós o verdadeiro sucesso é medido pela soma de várias coisas, e uma delas é seguramente a realização pessoal e profissional de toda a família Exergia, dos nossos clientes e amigos aos nossos acionistas e mais discretos colaborado-res, essa é, para nós, uma das principais razões da nossa satisfação e, se quiser, do nosso sucesso coletivo. Temos imen-so orgulho nas realizações do nosso pas-sado, estamos totalmente empenhados no nosso presente e não tememos mini-mamente o futuro, com a consciência de que ainda somos uma pequena abelhi-nha num mundo de elefantes...

“A Exergia está comprometida com o seu ethos”. No quotidiano da empre-sa, em que consiste esta ideologia?Não diríamos que é uma ideologia, é um código de conduta. As empresas, como as pessoas e as nações, têm a sua histó-ria, o seu caráter, o seu temperamento e o seu destino. Ethos significa ética, um código, mas também identidade, ora nós estamos comprometidos com a nossa identidade e a nossa cultura. É certo que podemos aprender e devemos aprender com todos, também podemos ensinar, mas somos o que somos e não somos nem queremos ser alemães, suecos ou quaisquer outros. Devemos desenvolver as nossas soluções, os nossos modelos adequados à nossa forma de ser e à nossa realidade. A realidade da Exergia é multicultural e multinacional com o

elo de ligação que é a língua portuguesa, nós estamos muito empenhados em for-talecer esta identidade.

Há quem defenda que “a engenharia portuguesa está um passo à frente”. As empresas lusas têm sabido apro-veitar esta posição vanguardista para melhor se fazerem ouvir em merca-dos externos estratégicos? A engenharia portuguesa sempre foi bem vista no mundo e sempre trabalhou nos mercados estrangeiros. Não pode-mos esquecer a contribuição mundial da engenharia portuguesa no domínio das pontes e das barragens. Portugal teve, entre tantas outras empresas por exemplo, a Sorefame que trabalhou em todo o mundo, no domínio das condu-tas forçadas e comportas, tendo mesmo sido uma das referências mundiais. Não nos esqueçamos também que já com Pombal, Portugal inventou o primeiro sistema construtivo antissísmico da hu-manidade – a gaiola pombalina…Todavia, devemos ter cuidado com as ideias feitas que não correspondem à realidade e nos amolecem e atrasam. A engenharia portuguesa tem, de facto, dado provas de grandes capacidades, eu diria mais, diria que a engenharia que fala português tem dado provas de gran-des capacidades (recordo que o Grupo Exergia é multicultural e multinacional), mas há muito trabalho a fazer, particu-larmente, por exemplo, no domínio da inovação tecnológica: quantas patentes

“Temos imenso orgulho nas realizações do nosso passado, estamos totalmente empenhados no nosso presente e não tememos minima-mente o futuro, com a consciência de que ainda somos uma pequena abelhinha num mundo de elefantes...”, afirma João Germano, Admi-nistrador da Exergia, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde ficamos a conhecer as mais-valias da marca, bem como a imagem que a engenharia portuguesa possui, pois “foi sempre foi bem vista no mundo e sempre trabalhou nos mercados estrangeiros”.

“não há FUtUro Sem Inovação”

e modelos de utilidade produz a enge-nharia que fala português por ano? Em Portugal quantos são por ano? Quantos têm depois tradução prática? Qual o valor dessa inovação para a economia? Que estratégias existem para promover a inovação e a proteção dessa inovação no que diz respeito á nossa engenha-ria? Como podemos impedir que ideias que saem das cabeças mais brilhantes dos nossos engenheiros, das nossas universidades não acabem patenteadas em nome de outros noutras partes do planeta? Recordam-se com certeza das guerras judiciais recentes entre grandes multinacionais a propósito do controle de empresas que detêm milhares de pa-tentes, não é por acaso, na verdade essas empresas estão a lutar pela sobrevivên-cia, pelo futuro. Precisamos de libertar o poder da imaginação e capacidade cria-tiva dos portugueses ao mesmo tempo que protegemos e estimulamos essas mesmas capacidades, isto na nossa opi-nião é absolutamente válido e essencial para a engenharia.

A empresa está ligada a projetos ino-vadores um pouco por todo o mundo. Nos vossos laboratórios, nos produ-tos e serviços que disponibilizam está sempre presente esta constante aposta em Investigação e Desenvolvi-mento? Não há futuro sem inovação, não con-seguiremos os nossos objetivos sem libertarmos a capacidade criativa e a

imaginação das pessoas que trabalham connosco. Por vezes existe uma cultura que ridiculariza a inovação, que não a leva a sério, porque inovar exige méto-do, trabalho, investigação...é um proces-so avesso ao improviso, mas hoje se não inovarmos não sobreviveremos. As van-tagens competitivas que muitas empre-sas portuguesas têm hoje vão-se esbater rapidamente no curto e médio prazo, só a inovação pode garantir o presente e o futuro. Dizer-se que já está tudo pensa-do e inventado, como já temos ouvido, é um disparate de proporções cósmicas!

A Exergia “está pronta e disponível para os desafios épicos que se adivi-nham”. De que desafios estamos a fa-lar? De que forma a empresa se tem preparado para esse futuro?Estamos convencidos que o futuro pró-ximo será uma sucessão de desafios épicos, a todos os níveis: nível político, económico, ambiental, tecnológico...en-tre outros, não será para cardíacos...mas os portugueses em particular e todos os que falam português em geral, são povos épicos, que conseguem o melhor de si, os seus melhores momentos, nas circunstâncias mais difíceis, por isso dizemos que estamos prontos e dispo-níveis, já nascemos assim, faz parte da nossa identidade, apenas precisamos de lideranças capazes!

JOãO gerMAnO, AdMinistrAdOr dA exergiA, eM entreVistA Pontos de Vista Fevereiro 2013INOVAÇÃO

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LER NA INTEgRA EMWWW.PontosDeVistA.Pt

devemos desenvolver as nossas soluções, os nossos modelos ade-quados à nossa forma de ser e à nossa reali-dade. A realidade da Exergia é multicultural e multinacional com o elo de ligação que é a língua portuguesa, nós estamos muito empe-nhados em fortalecer esta identidade

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o ritmo do desenvolvi-mento tecnológico e o crescimento do co-mércio global fazem com que os diferentes mercados assistam a transformações tam-bém elas a uma veloci-

dade crescente. Neste contexto, os em-presários já não se podem “dar ao luxo” de depender da intuição na tomada de decisões estratégicas. Como tal, a IC é, cada vez mais, necessária à tomada de decisões baseadas na compreensão do ambiente competitivo atual e futuro.Este conceito beneficiou indiscutivel-mente de práticas e conhecimentos da inteligência militar e política e os grandes pioneiros da adaptação da IC ao mundo empresarial tiveram como “escola” diferentes organizações gover-namentais.“Esta área tem a sua grande fonte em termos de know-how na área de traba-lho militar. A questão é usar técnicas de inteligência militar adaptadas à área empresarial. Estes são modelos de deci-são que podem e devem ser utilizados e que, embora às vezes se julgue que são muito teóricos, são bastante práticos. Na Competinov não fazemos mapas de via-gem sem acompanhar o cliente em todo esse percurso e sem o apoiar na deteção de oportunidades de mercado”, explica Alexandre Campos.

exPLorAr oPortuniDADesem reDe

Apoiar as organizações na exploração das oportunidades do seu ambiente é, de facto, um dos grandes desafios a que a Competinov se compromete. Para o nosso entrevistado, “ser empresário é um risco e às vezes é mais arriscado não arriscar. O importante é saber qual é esse risco e medi-lo muito bem. Para além disso, épocas de dita crise, por-que não há crise mas sim mudança, são também alturas de grandes oportuni-dades, principalmente nos mercados internacionais”.Existindo oportunidades mas também pouca liquidez para a maior parte das empresas nacionais operarem sozinhas além-fronteiras, a solução é simples para Alexandre Campos: cooperar e trabalhar em rede. “É importante que as empresas portuguesas se juntem para responder aos desafios e oportunidades que pos-sam surgir porque muitas vezes, e dou

o exemplo da área da construção, as empresas têm históricos muito interes-santes mas não têm, no momento atual, capacidade financeira para dar uma res-posta isoladamente e esta é uma área em que temos detetado inúmeras oportu-nidades porque estamos presentes em mercados com um crescimento muito elevado, de que é exemplo o Iraque, em que se tem assistido a uma construção desenfreada. Uma vez que nós já estamos nesse mercado há quatro anos, com uma presença muito sólida e uma relação de confiança com os diferentes players, te-mos capacidade de apoiar a nossa cons-trução civil nesse sentido”, explica.Na sua carteira de clientes, a Competi-nov conta, cada vez mais, com os Pólos

Muitos dos empresários nacionais baseiam as suas decisões em dados em estado bruto, com pouca informação fundamentada em análi-ses aprofundadas e quase nenhuma informação sistematizada e organizada para ação. A Competinov ajuda os seus clientes a ultrapassar essa limitação, poupando tempo e dinheiro aos mesmos, através do fornecimento da informação e intelligence que estes necessitam para tomar decisões acertadas, com menos incerteza e risco. Inteligência Competitiva (IC) é o conceito que está na base desta forma de operar que identifica tendências, desenvolve análises estratégicas dos cenários e conjunturas de mercado em que determinada empresa está inserida, descobre oportunidades para a mesma e mapeia riscos através de metodologias científicas. Numa conversa com a Revista Pontos de Vista, Alexandre Campos, diretor da Competinov, explica como se desenvolve este processo e de que forma é capaz de trazer inovação e competitividade às empresas.

“ÀS vezeS é maIS arrIScaDo não arrIScar”

e Clusters de Competitividade e Asso-ciações Empresariais. Sentar à mesma mesa conjuntos de empresas que estão na mesma cadeia de valor e que têm in-teresses complementares é algo comum no dia a dia da Competinov. Para além da complementaridade de competências, perspetivas da realidade e diferentes variáveis da envolvente externa, o pro-duto ao ser desenvolvido conta assim com o envolvimento, desde o princípio, de cliente e fornecedor o que é, certa-mente, “meio caminho andado”.

inoVAção Vs inVençãoA Competinov tem sido pioneira, no nosso país, quer no que toca à adapta-ção da IC ao mundo empresarial (uma

área em que se tem investido muito em alguns países europeus, de que é exem-plo, a Alemanha mas, principalmente, no mercado asiático, com Tóquio na linha da frente, mas que em Portugal é ainda pouco comum); quer no que toca à aposta em inovação em rede.Como nem todas as empresas têm capa-cidade para inovar de forma sistemática no valor e, em muitos casos, o conheci-mento e a tecnologia já existem no mer-cado, a Competinov apoia a transferên-cia de tecnologia entres os diferentes players. Noutras palavras, não se trata de inventar a roda mas de selecionar as tecnologias que melhor se adaptam às necessidades das empresas e acrescen-tam valor aos seus produtos. “A maior invenção do ser humano foi a invenção da inovação, como tal, inven-ção não é inovação, são coisas diferen-tes. Assim, nos últimos 14 anos, aquilo que temos feito, em regra, é ligar a inovação aos mercados porque não faz sentido falar de um, sem falar de outro”, explica Alexandre Campos.Resta dizer que quando se fala em ino-vação na Competinov fala-se, essencial-mente, em inovação de produtos, um processo que vai desde o desenvolvimen-to de novos produtos, até à fase de teste e prototipagem. Esta fase, que vai desde a conceção de ideias até à avaliação após o desenvolvimento do conceito, é designa-da no meio de fuzzy-front-end.

COMPetinOV eM destAqueINOVAÇÃO

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Alexandre de Azevedo Campos

A maior invenção do ser humano foi a invenção da inovação, como tal, invenção não é inova-ção, são coisas diferen-tes. Assim, nos últimos 14 anos, aquilo que temos feito, em regra, é ligar a inovação aos mer-cados porque não faz sentido falar de um, sem falar de outro

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Quando é que foi constituída a Grove Advanced Chemicals e de que forma é que a esta tem vindo a destacar a sua posição no mercado em que atua?A Grove Advanced Chemicals foi funda-da em 2009. Desde o início, o objetivo é a comercialização de produtos ecológi-cos para o tratamento de águas.

De acordo com o vosso compromisso com a sustentabilidade, quais são os principais produtos e serviços que disponibilizam aos vossos clientes? Temos vindo a expandir o nosso know--how e gama de produtos no sentido de disponibilizar soluções integradas que incluem os coagulantes Flox e apoio es-pecializado nas várias fases dos proces-sos de forma a atingir os objetivos técni-cos e económicos.

De entre os vários produtos e serviços disponibilizados existe algum que te-nha maior preponderância na vossa orgânica? Em que segmentos de mer-cado estão atualmente inseridos? A gama de coagulantes Flox é uma solução integral altamente competitiva ao nível técnico e económico. Como complemen-to, e de forma a fechar totalmente o ciclo da água, somos parceiros da Aquapor/Luságua, um grupo de referência que nos permite intervir em todo o tipo de águas, gestão de resíduos, e controlo analítico e processual nos mercados onde atuamos.

A internacionalização é um passo natural das empresas que atingem certo patamar no seu mercado de ori-gem. Neste sentido, onde se encontra presente a Grove e quais os mercados perspetivados num futuro próximo? A Grove Portugal SA apoia os mercados de Portugal, Angola, Moçambique. A Gro-ve Espanha SL apoia o mercado espanhol, francês, italiano e turco, e os mercados da Europa do Norte e Central são apoiados pela Grove Alemanha GmbH. Noutros mercados (região MENA, China, India e Pacífico), optámos por celebrar parcerias com agentes locais que partilham a nossa filosofia e valores.

De que forma conseguem responder aos requisitos dos diferentes mercados onde estão presentes? A flexibilidade é uma das características mais importantes da Grove. Desde o iní-cio, respondemos aos mais diversos desa-fios técnicos e comerciais. A Grove é for-necedora de alguns dos maiores players mundiais e estas relações têm-se revelado essenciais na penetração em novos mer-cados. A certificação segundo as normas

ISO 9001:2008, ISO 14001:2004 e NP 4427:2004 acresce um fator de confiança.

O conceito das Cidades Inteligentes tem vindo a crescer, sendo que esta ideia deve e pode ser interligada com as chamadas Economias Verdes. De que forma tem vindo a Grove a contri-buir para o conceito? O nosso contributo é introduzido no trata-mento da água. A divulgação de produtos ecológicos, não-contaminantes, totalmen-te biodegradáveis e produzidos em gestão de recursos florestais certificada pelo FSC (Forest Stewardship Council) para a recu-peração de um bem essencial como a água é seguramente um contributo significativo.

Num planeta urbano, acredita que é possível promover cidades inteligen-tes e sustentáveis? Como se coadjuvam estes dois elementos? Uma cidade inteligente é necessaria-mente uma cidade sustentável. Acre-

“Uma cidade inteligente é necessariamente uma cidade sustentável. Acreditamos que esta promoção inclui uma gestão ótima da água usando tecnologias ‘verdes’, como é o caso da gama de coagulantes Flox”, revela Henrique Villas-Boas, Diretor da Grove Advanced Chemi-cals, em entrevista à Revista Pontos de Vista, lembrando ainda que os desafios da marca passam, acima de tudo, por assumir-se, cada vez mais, como uma boa alternativa económica, sustentável e economicamente competitiva.

DeIxe a natUreza cUIDar Da natUreza

ditamos que esta promoção inclui uma gestão ótima da água usando tecnolo-gias ‘verdes’, como é o caso da gama de coagulantes Flox. Como exemplo, a pre-ocupação ambiental do setor industrial tem levado grandes grupos de referên-cia a associar-se à filosofia dos nossos produtos como parte dos seus progra-mas ambientais.

De que forma é que os produtos Flox são utilizados? Os produtos Flox são adicionados à água em tratamento como coagulantes de par-tículas em suspensão para posterior sepa-ração de fases. São totalmente digeríveis no tratamento biológico pois são consti-tuídos por moléculas de origem vegetal que beneficiam a fauna microbiológica, otimizando o processo. Outra vantagem acrescida é a capacidade de atuação num espectro amplo de pH, eliminando em muitos casos a utilização de produtos al-calinizantes e acidificantes perigosos.

Quais as vantagens da utilização dos produtos Flox relativamente aos coa-gulantes convencionais no tratamento de águas de consumo? Os coagulantes convencionais baseados em sais metálicos são produtos tóxicos, corrosivos, não-biodegradáveis e peri-gosos para a saúde pública em caso de sobredosagem. Um exemplo dramático é o acidente ocorrido em 2010 no sul do país, causado por um derrame de lamas provenientes do tratamento de águas de consumo que continham um elevado teor de alumínio. Os produtos Flox são consi-derados não-perigosos pela ONU e estão certificados pelo NSF, órgão do FDA ame-ricano focado nos produtos em contacto com a água. Incompreensivelmente, a certificação para utilização em águas de consumo na Europa tem vindo a sofrer sucessivos adiamentos que esperamos ultrapassar em breve. Quais são os principais desafios que se colocam à Grove para 2013? Os mesmos desafios de sempre: conti-nuar a mudar o paradigma dos produtos utilizados no tratamento de água e fazer chegar uma alternativa ecológica, susten-tável e economicamente competitiva a um crescente número de utilizadores.

grOVe AdVAnCed CHeMiCAls eM destAque Pontos de Vista Fevereiro 2013CIdAdES INTELIgENTES

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“a divulgação de produtos ecológicos, não-contaminantes, totalmente biodegradáveis e produzidos em gestão de recursos florestais certificada pelo FSC (Forest Stewardship Council) para a recuperação de um bem essencial como a água é seguramente um contributo significativo”

A gama de coagulantes Flox é uma solução integral altamente competitiva ao nível técnico e económico. Como complemento, e de forma a fechar totalmente o ciclo da água, somos parceiros da Aquapor/Luságua, um grupo de referência que nos permite intervir em todo o tipo de águas, gestão de resíduos, e controlo analítico e processual nos mercados onde atuamos

“henrique villas-Boas

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Já passaram 177 anos des-de que foi identificada, pela primeira vez, no conselho de Sintra, uma pereira diferen-te, com frutos de qualidade invulgar que deram origem à denominação “Pera Rocha do Oeste”. Uma variedade tí-pica portuguesa, concentrada na orla marítima desde Sintra

até Leiria, e que depressa se tornou a pera por excelência em Portugal. Um fruto com a epiderme de tom amare-lo-claro, polpa branca, granulosa, doce e com um perfume ligeiramente acentua-do, tão apreciado pelos portugueses.“A posição da Pera Rocha no mercado nacional é indiscutível. As pessoas, em geral, compram Pera Rocha e não outro tipo de pêras. O caso das Maças de Alco-baça é mais dúbio”, explica Carla Simões, Administradora da Frutalvor.É principalmente no Reino Unido que as Maçãs de Alcobaça têm vindo a ga-nhar peso. Carla Simões acredita que isso se deve ao facto de além-fronteiras, em particular no mercado inglês, se dar mais importância ao sabor, enquanto em Portugal se continua a pôr em pri-meiro plano a aparência.Ora, se em termos estéticos, outras varie-dades de maçãs são capazes de competir com a Maçã do Oeste. No que toca ao sa-bor, poucas são as que conseguem reunir características tão únicas. “O açúcar, o crocante e o equilíbrio entre a acidez e o açúcar do fruto é uma mais-valia que a maça de Alcobaça tem em relação às ou-tras e que quem prova nota a diferença”, assegura. Para a nossa entrevistada, “o próximo passo é conjugar aparência com sabor e aí, nós ganhamos. Até porque o que é português está na moda”.No entanto, nem tudo nesta área é “pera doce” e não basta o interesse dos con-

sumidores, é necessário também que se criem condições legais e de venda que tornem a produção frutícola competiti-va a nível nacional.

guerrA De suPermercADosPara Carla Simões, instrumentos como o QREN e o Proder têm sido essenciais, princi-palmente para que a presença dos fruticul-tores em feiras internacionais do setor seja possível, no entanto, acredita também que “o Estado, para além do dinheiro em for-ma de subsídios, poderia ter outros apoios muito mais interessantes, de que é exemplo a simplificação a nível burocrático. Não falo portanto em grandes esforços financeiros, mas pequenos esforços legislativos, que po-nham alguma ordem ‘dentro de casa’ no que diz respeito, por exemplo, a pagamentos e margens de supermercados”.Para a nossa entrevistada, os produtores estão a ser apanhados no meio de uma guerra extrema de supermercados, que numa altura de crise como a atual, tentam vingar à custa dos preços e das campanhas de promoções. No entanto, quem paga a fatura desta guerra são aqueles que produ-zem os alimentos que mais tarde vão parar

Constituída por 24 produtores associados e mais cerca de 10 produtores da região, a Frutalvor – Central Fruteira C. R. L., é uma Cooperativa de Fruticultores sedeada nas Caldas da Rainha, uma região frutícola reconhecida e com fortes tradições na produção de Pera Rocha e Maçã do Oeste. Começou por trabalhar com apenas 2000 toneladas de fruta por ano, quando surgiu há 18 anos atrás. Atualmente, nos seus 500 hectares de pomares, são produzidas 8500 toneladas de fruta por ano. Um número que deverá em breve ascender às 10 mil toneladas. Os mercados de exportação são agora a grande bolsa de crescimento da Frutalvor e representam já cerca de 40 por cento das vendas totais.

“a agrIcUltUra nacIonal Já não éo Parente Pobre Da economIa”

às prateleiras dos supermercados.“Neste momento, qualquer empresa de fruticultura que viva exclusivamente do mercado nacional arrisca-se a não sobre-viver muito mais tempo porque os preços pagos à produção muitas vezes não atin-gem sequer os custos da mesma. O marke-ting das grandes cadeias de supermerca-dos tem custos que se refletem de forma muito intensa nos produtores”, explica.

APostA nA exPortAçãoA crise que leva a este marketing agres-sivo tem também um reverso positivo por obrigar os fruticultores a refletirem melhor no caminho a seguir, o que tem feito com que muitos deles apostem na rentabilização do produto, através, por exemplo, da replantação dos pomares. Na base desta atitude está a máxima po-sitiva de que se aguentarem este ano e o próximo, investindo durante esse perío-do no setor, então este poderá ter futuro, principalmente pela via da exportação.Também com esta premissa em mente, têm apostado nos mercados externos e em feiras internacionais da área, de que é exemplo a Fruit Logistica, na Alema-nha - indiscutivelmente a mais impor-tante plataforma de negócios para o co-mércio internacional de frutas e que tem contado com a presença da Frutalvor.Crescer na exportação e diminuir a de-pendência do mercado nacional é de facto a grande aposta da Central Fru-teira neste contexto e, como tal, 40 por cento da produção de maçãs e pêras da Frutalvor tem já este fim.Os mercados alvo são essencialmente a Inglaterra, o Brasil e a França. O pri-meiro é o país por excelência de expor-tação da Frutalvor, um mercado em que já marcam presença há vários anos e onde as Maçãs de Alcobaça são muito apreciadas. O Brasil é um mercado mais

frutAlVOr – CentrAl fruteirA C. r. l.

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JCarla Simões

recente, para o qual exportam há apenas três anos, graças à criação de algumas parcerias nesse sentido. Embora recen-te, este é já o segundo mercado mais re-levante para a cooperativa. Ao contrário do Reino Unido, o produto mais expor-tável para esta área do globo é a Pera Rocha que, pelas suas propriedades, perde pouco sabor durante o período de conservação e, por isso, pode ser expor-tado durante todo o ano. As Maças de Alcobaça são também exportadas para o hemisfério sul, mas por não possuírem esta característica, a exportação é feita essencialmente em contraciclo.

PArALisAção Dos Portos nAcionAis

A greve nos portos nacionais no final do ano passado e que durou várias sema-nas não podia passar em branco nesta conversa, até porque se estima que a pera rocha, cuja exportação por parte da região do Oeste é de cerca de 80 mil toneladas por ano, terá tido perdas que rondam um milhão de euros por cada semana de paralisação dos estivadores. Para minimizar essa situação, a Frutalvor teve de encontrar alternativas mais caras como o embarque em portos espanhóis que, naturalmente, tornam o produto menos competitivo. Para Carla Simões é simples, “se as nossas pêras não estão lá, há outras que vão ocupar os lineares dos mercados e supermercados, onde podiam estar as nossas. O impacto só não foi tão elevado porque a produção este ano foi muito inferior ao esperado e, portanto, a pressão de vendas não era tão grande”, conclui a nossa entrevistada, referindo-se à quebra de produção que a Pera Rocha assistiu no ano passado, esti-mada à volta dos 50 por cento.

INTERNACIONALIZAÇÃO

LER NA INTEgRA EMWWW.PontosDeVistA.Pt

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há vários anos introdu-zidos no mercado re-talhista dos vinhos, os sistemas BAG-IN-BOX são uma solução de em-balagem inovadora que, mais recentemente, têm vindo a ser introduzi-

dos no embalamento de outro tipo de produtos. Na Flavourbox já foram, de facto, fabricadas máquinas para acondi-cionar em BAG-IN-BOX diferentes tipos de líquidos, tais como, azeite, sumos, ovo líquido para cadeias hoteleiras e mesmo óleo para carro.

em que consiste o sistemA BAg-in-Box?

O princípio tem vários séculos, uma vez que já no mundo antigo se usavam bol-sas de pele para transportar vinho. No entanto, as embalagens BAG-IN-BOX como hoje as conhecemos tiveram ori-gem em 1955, nos Estado Unidos, quan-do o investigador William R. Scholle experimentou encher bolsas flexíveis de alumínio ou plástico com líquidos, do-tando estas mesmas bolsas de torneira e acondicionando-as em caixas de cartão. Com uma capacidade que vai desde 1,5 a 20 litros, as vantagens destas caixas

A Flavourbox é pioneira em Portugal a fabricar máquinas de enchimento para BAg-IN-BOX e foi mesmo António Mira, Administrador da empresa, que implementou este sistema de embalamento no território nacional. Uma forma de embalar produtos líquidos que tem vindo a ganhar adeptos, prova disso é o facto de 80 por cento dos produtores e engarrafadores de vinho portugueses serem atualmente clientes da Flauvorbox. Mas o BAg-IN-BOX vai muito além do mercado vinícola. Molhos, sumos, água e até produtos químicos são potenciais utiliza-dores deste sistema que a Revista Pontos de Vista lhe dá agora a conhecer.

a embalagem Do SécUlo xxI

de armazenamento são mais do que muitas. Por um lado, este sistema ca-racteriza-se pela otimização do espaço e do peso na logística e transporte. Uma embalagem BAG-IN-BOX de três litros é cerca de 38 por cento mais leve do que quatro garrafas de vidro de 0,75l. “Se fosse vidro o camião transportava meta-de do seu peso numa tara perdida. Neste caso, numa palete que tenha 900kg de produto, apenas 50kg correspondem à embalagem”, explica António Mira.Por outro, fornece obviamente mais se-gurança no transporte do que as garra-fas de vidro que podem partir-se duran-te o mesmo, não havendo, desta forma, perdas de energia.Para além disso, a bolsa plástica metali-zada protege o líquido da luz e a válvu-la de dosagem agregada não permite a entrada de oxigénio, evitando a oxigena-ção do mesmo. Desta forma, o produto armazenado consegue manter as suas propriedades por muito mais tempo depois de aberto. A ideia básica reside no facto de a bolsa flexível interior se fe-char sob si mesma à medida que o pro-duto é retirado.

Vinho A coPoFoi com base nesta última premissa, que

o administrador da Flavourbox decidiu arrancar com uma ideia que promete revolucionar a forma como bebemos vinho. Este néctar tão apreciado, quando acon-dicionado em BAG-IN-BOX, consegue manter as suas características inaltera-das por um mês ou mais depois de aber-to. Ao contrário das garrafas, nas quais poucas horas ou dias após a sua abertu-ra, os vinhos perdem os seus aromas e sabores.Como tal, António Mira criou uma pe-quena máquina, visualmente atrativa e com as mesmas características das co-nhecidas caixas, a partir da qual é pos-sível servir o vinho à temperatura a que este deve ser consumido e à medida do copo, evitando que o mesmo perca as suas características entre o último con-sumidor a pedir um copo de vinho e o próximo.A grande aposta da Flavourbox para a

flAVOurBOxINTERNACIONALIZAÇÃO

a empresaA Flavourbox é uma empresa pioneira em Portugal que se orgulha de usar tecnologia de ponta e de possuir um know-how de 25 anos de experiência incomparável no nosso país.Tanto o saco como a caixa de cartão são recicláveis e o caminho para acabar com as embalagens de taras pesadas já que, com pequenas alterações no enchimento, é possível embalar praticamente todo o tipo de líquidos.A empresa tem mercado em Espanha e em França há vários anos e, só em Portugal, consomem-se já 20 milhões de bolsas por ano. do Minho ao Algarve, já foram instaladas perto de 400 máquinas, divididas entre automáticas, se-miautomáticas e manuais.Atualmente, os mercados que têm merecido maior atenção por parte da Fla-vourbox são Cabo Verde, Angola, Brasil, Chile e Argentina, nos quais já estão também a marcar presença.

máquinas de enchimento BaG--iN-BoXAs máquinas para BAg-IN-BOX da Flavourbox são das mais sofisti-cadas a nível europeu caracteri-zando-se por serem pequenas e compactas. “Toda a tecnologia é nossa. Não inventamos, porque existe noutros países tecnologia semelhante, mas também não copiamos, adaptamos ao nosso mercado. Enquanto as outras têm normalmente 10 a 15 metros, as nossas máquinas de enchimento têm apenas 3 metros e em ter-mos tecnológicos penso que são das mais avançadas”, garante An-tónio Mira. Estas são programáveis para vá-rias volumetrias e basta carregar num botão que a tecnologia en-carrega-se de puxar o saco, tirar a tampa, fazer vácuo e introduzir o lí-quido. de seguida, coloca um pou-co de nitrogénio para evitar que o oxigénio entre no saco, põe a tam-pa, solta e corta o saco, colocando--o na respetiva caixa. Numa hora, as máquinas têm capacidade de encher 600 bolsas e a apenas ne-cessitam de um operador.

comercialização deste sistema nos pró-ximos tempos será o Brasil. António Mira explica porquê: “vem aí a copa do mundo e os jogos olímpicos no Brasil por isso, nada melhor do que esta má-quina e o BAG-IN-BOX em geral para dar resposta aos inúmeros consumidores com que os comerciantes se vão depa-rar. Mesmo em termos de higiene esta é, sem dúvida, a melhor alternativa”.E não só para o vinho a copo. Máquinas semelhantes servirão também sumos, água e até cerveja.

António mira

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O Moza Banco, S.A. é uma instituição financeira universal e de enorme credibilidade que oferece uma gama completa de Produtos e Serviços aos seus clientes. De que forma é que o Moza Banco, S.A. tem vindo a assu-mir-se como um player de relevo no cenário em que atua?O Moza Banco assumiu desde o início da sua atividade um posicionamento clara-mente diferenciado face aos seus concor-rentes, não só por ter uma abordagem centrada em torno dos segmentos da so-ciedade Moçambicana que estão na pri-meira linha do crescimento económico, como também pelo facto de ser o único banco comercial participado maioritaria-mente por capitais Moçambicanos, atra-vés da Moçambique Capitais, uma socie-dade participada por investidores com grande relevo económico e social no País.

Quais foram as principais dificuldades que enfrentarem neste domínio? Que tipos de apoios são prestados aos vos-sos clientes, sejam eles empresariais ou particulares? De que forma têm conseguido acompanhar as mutações do mercado e satisfazer as crescentes necessidades dos clientes?As empresas trabalham frequentemente com várias instituições financeiras devi-do a restrições impostas pela entidade reguladora em termos de concentração de risco a grupos económicos numa só instituição financeira. Por isso, a fide-lização dos Clientes que efetuamos via um acompanhamento muito próximo e por vezes atuando mais que apenas como parceiro financeiro, é uma das traves mestras da nossa atividade. Ela passa pelo objetivo permanente de pro-porcionar produtos e serviços financei-ros que respondam de forma inovadora e eficaz às necessidades essenciais do mercado. O exemplo mais recente deste esforço de inovação e pioneirismo no panorama financeiro de Moçambique foi a emissão em novembro de 2012 de um programa de Papel Comercial. Fo-mos a primeira Instituição Financeira a lançar uma emissão deste tipo e ela registou um sucesso notável, tendo sido necessário efetuar um rateio. Destaco, igualmente o facto do centro de decisão de banco ser feito localmente, o que per-mite à nossa instituição tomar decisões estratégicas e creditícias de forma céle-

re, possibilitando desta forma, satisfa-zer os interesses dos nossos clientes em tempo útil.

Corporate Banking, Private Banking e Banca de Retalho assume-se como as principais unidades de negócio es-pecializadas do Moza Banco, S.A. De entre as três existe alguma que seja mais relevante no seio e na orgânica da instituição? Se sim, qual?O Moza Banco é uma Instituição primor-dialmente vocacionada para servir os segmentos de Clientes de maior valor: Corporate, Pequenas e Médias Empresas, Private e Afluentes. Também a área de Clientes Institucionais se revela para nós como uma área prioritária. Estas diver-sas unidades de negócio não só têm para nós uma extrema importância, cada uma de forma individual, como têm de traba-lhar de modo muito articulado e entrosa-do por forma a capturarmos as óbvias si-

“O ano de 2012 foi marcado pela expansão nacional das operações bancárias do Moza Banco, tendo sido abertas 13 agências para com-plementar a rede de sete unidades com que tínhamos iniciado o ano, para além de termos investido num upgrade da nossa plataforma tecnológica core. A nossa prioridade em termos de expansão tem assim concentrado-se na consolidação geográfica nacional”, refere Inaete Merali, Presidente da Comissão Executiva/CEO do Moza Banco, S.A., onde ficamos a conhecer as potencialidades de uma instituição de enorme mais-valia e que tem apoiado a internacionalização de empresas portuguesas em território moçambicano. Saiba mais.

“PretenDemoS Ser o bancoDe reFerêncIa em moçambIQUe”

nergias que entre elas existem. Um modo muito prático de assegura essa fluidez na interação entre elas é o facto de, num grande número de estruturas comerciais dispersas pelo País “coabitarem” equi-pas comerciais dedicadas a servir vários segmentos de Clientes. É por exemplo frequente termos na mesma localização uma equipa para servir os Clientes de Private Banking, outra para o segmento Corporate e outra para o Retalho.

Destas soluções existe alguma que irá ser alvo de maior atenção por parte da instituição no sentido de promover a sua evolução e desenvolvimento?Os vetores de crescimento do Moza Banco são precisamente aqueles que há pouco referi, devendo todos crescer com o mesmo nível de ambição e em harmonia e articulação entre si. Importa igualmente referir que as áreas comer-ciais e os serviços administrativos estão

efetivamente articulados, através dos sistemas de gestão atualizados, para a intensificação da relação financeira e para podermos proporcionar serviços com elevados padrões de qualidade aos nossos Clientes.

A internacionalização é hoje um ve-tor essencial para todas as marcas/empresas, sendo um passo conside-rado essencial para todas as entida-des que pretendem alavancar ainda mais o seu negócio. Quais são os ins-trumentos de apoio do Moza Banco, S.A. aos seus clientes empresariais no sentido de os auxiliar no passo da in-ternacionalização?O Grupo Banco Espírito Santo (BES), acionista do Moza Banco, está represen-tado na Europa, América, África e Ásia, e as suas parcerias internacionais facili-tam a internacionalização das empresas de e para Moçambique. Adicionalmente,

inAete MerAli, Presidente dA COMissãO exeCutiVA/CeO dO MOzA BAnCO, s.A., AfirMAINTERNACIONALIZAÇÃO

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O apoio do moza Banco na internacionalização tem-se refletido na entrada de um conjunto alargado de empresas portuguesas em moçam-bique. A integração das empresas internacio-nais envolve processos burocráticos pesados e o nosso conhecimento do mercado, dos trâmites legais, das entidades competentes e a nossa abertura para apoiar financeiramente são cru-ciais para a materializa-ção de sólidas parcerias de negócio

inaete merali

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esta parceria estratégica permitiu refor-çar de forma muito significativa as com-petências das equipas comerciais do Moza Banco e desenvolver um conjunto de produtos e serviços exclusivamente dirigidos ao tecido empresarial Moçam-bicano ou estrangeiro que se encontre num processo de internacionalização, em virtude do forte know-how do Gru-po BES neste domínio. A título de exem-plo, o Moza Banco tem hoje uma equipa dedicada afeta às atividades de Trade Finance, e que está em permanente con-tacto com as diferentes plataformas congéneres que o nosso parceiro BES tem espalhadas pelo Mundo.

De que forma tem sido realizada a própria internacionalização do Moza Banco, S.A.? Existe essa perspetiva de crescimento por parte da estru-tura acionista do banco? Se sim, para que mercados? Crê que escasseiam apoios estatais neste âmbito?O ano de 2012 foi marcado pela expan-são nacional das operações bancárias do Moza Banco, tendo sido abertas 13 agên-cias para complementar a rede de sete unidades com que tínhamos iniciado o ano, para além de termos investido num upgrade da nossa plataforma tecnológica core. A nossa prioridade em termos de expansão tem assim concentrado-se na consolidação geográfica nacional. Como referi, em 2012 praticamente triplicámos a nossa rede e esse investimento perma-nece em curso, em virtude da crescente atividade económica no País.

No caso específico do Moza Banco, S.A. existe algum tipo de cooperação (em termos de negócios, prossecução de objetivos, ou materialização de projetos) com a CPLP?O envolvimento do Moza Banco com a CPLP é assegurado pela presença do Gru-po BES em praticamente todos os países da CPLP, como é o caso de Portugal, An-gola, Cabo Verde, Brasil e mesmo Macau. O Moza Banco goza ainda de parcerias com bancos correspondentes da CPLP, o que facilita as operações financeiras dos seus Clientes, conferindo assim valor acrescentado aos mesmos. Importa final-mente referir neste domínio, que o Moza Banco tem igualmente um acordo com o Bank of China que nos proporciona igual-mente uma ponte complementar para os mercados do Extremo Oriente.

Que soluções o Moza Banco, S.A. ofe-rece às empresas portuguesas que queiram apostar no mercado mo-çambicano? E ao invés? Existem em-presas de génese moçambicana que pretendem apostar em Portugal e

em outros mercados? De que forma é importante para o crescimento da economia esse apoio às empresas que pretendem internacionalizar-se?

O apoio do Moza Banco na internacio-nalização tem-se refletido na entrada de um conjunto alargado de empresas Portuguesas em Moçambique. A inte-gração das empresas internacionais en-volve processos burocráticos pesados e o nosso conhecimento do mercado, dos trâmites legais, das entidades com-petentes e a nossa abertura para apoiar financeiramente são cruciais para a ma-terialização de sólidas parcerias de negó-cio. Este know-how, bem como a estreita ligação ao Grupo BES, igualmente muito vocacionado para apoiar o processo de internacionalização do tecido empresa-rial Português, traduz-se numa dinâmica muito forte de intercâmbio e de apoio aos Clientes de ambas as Instituições: temos tido inúmeras experiências, com muito sucesso, de acolhimento de empresas Portuguesas, mas o movimento oposto também tem uma expressão crescente, e que, com o crescimento da economia Moçambicana, será seguramente muito reforçado ao longo dos próximos anos.

Que medidas têm sido tomadas pelo Moza Banco, S.A. de forma a contor-nar a crise económica internacional? Esta tem afetado o crescimento e o investimento do banco?Naturalmente que o país sentiu a crise adversa internacional, visto Moçambi-que não é uma ilha isolada, e o efeito principal foi um menor fluxo de inves-timento direto estrangeiro e uma dimi-nuição das exportações dos produtos tradicionais. No entanto, o rácio de sol-vência do Moza Banco é duas vezes su-perior ao nível recomendado pelo Banco de Moçambique e o crescimento robusto dos ativos em 2012 assegurou a 5° posi-ção em África numa avaliação efetuada muito recentemente pela revista The Banker que foi apresentado há poucas semanas no World Economic Forum. O banco apresenta-se sólido e, ainda no ano transato, beneficiámos de um au-mento de capital de 50%, dotando-nos de meios para intensificarmos o apoio ao crescimento económico nacional e

igualmente para suportar o nosso pro-grama de expansão territorial em curso.

O que poderão os investidores ins-titucionais ou particulares esperar desta instituição? Quais as principais linhas de ação que Conselho de Ad-ministração do Moza Banco, S.A. tem programadas para o futuro?Para além da nossa estratégia e da nossa abordagem comercial, que já tive oca-sião de descrever, gostaria ainda de re-ferir duas frentes importantes da nossa atividade e do nosso posicionamento no seio da comunidade em que nos inseri-mos. Em primeiro lugar, o Moza Banco 31

tem elegido como uma das suas princi-pais prioridades a formação dos seus quadros, tendo criado no segundo se-mestre do ano passado o Balcão Escola. Este aspeto é para nós de elevada impor-tância e temos contado com o apoio de profissionais experientes bem como de entidades externas especializadas, que nos têm apoiado de forma decisiva nes-te domínio, que é importantíssimo para nós, enquanto instituição intimamente comprometida com o desenvolvimento nacional. Em segundo lugar, e para além do compromisso com a nossa base de Clientes e com os nossos Colaboradores, estamos igualmente comprometidos em apoiar a sociedade em geral, através do nosso programa de Responsabilidade Social, em particular através de inicia-tivas de desenvolvimento da literacia financeira, bem como o auxílio às enti-dades competentes nas recentes cheias que fustigaram parte substancial do país, deixando desalojados e com fome milhares de pessoas. Também neste do-mínio pretendemos ser o Banco de refe-rência em Moçambique!

O ano de 2012 foi marcado pela expansão nacional das operações bancárias do moza Banco, tendo sido abertas 13 agências para complementar a rede de sete unidades com que tínhamos iniciado o ano, para além de termos investido num upgrade da nossa plataforma tec-nológica core. A nossa prioridade em termos de expansão tem assim concentrando-se na conso-lidação geográfica nacional

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Com mais de 45 anos de existência, a TECNOPLANO foi a primeira empresa portuguesa especializada na Gestão de Empreendimentos da Construção. O que fez da empresa uma referência no mercado nacional e internacio-nal?Os nossos Valores definem o nosso DNA e permitem abordar o mercado com ÉTICA profissional. A atualização permanente dos conhecimentos e o de-senvolvimento de aptidões dos nossos Quadros permitem-nos corresponder à evolução do mercado e às novas solici-tações. De projetos, à consultadoria e gestão integrada, o que é que um potencial Cliente pode esperar da TECNOPLA-NO?A TECNOPLANO através da sua área de Consultadoria entra numa fase inicial do ciclo de vida de um empreendimento, apoiando os Clientes na definição estra-tégica, e viabilidade técnica e económica das oportunidades. Com técnicos nas di-versas especialidades, desde Arquitetu-ra, Engenharias, Ambiente e Segurança, à Arquitetura de Interiores, abordamos todas as fases de desenvolvimento de um Projeto totalmente integrado. As equipas de Supervisão e Fiscalização representam o Dono de Obra na correta execução do Planeado e Projetado den-tro dos Prazos e Orçamento.

Na TECNOPLANO o sentido de res-ponsabilidade está muito presente. Responsabilidade Económica, Social e Ambiental. Mais do que trabalhar no sentido de atingirem os próprios objetivos, acredita que uma empresa deve saber usar os recursos em prol de uma sociedade mais “salutar”? Com a conjuntura atual, esta filosofia de trabalho tem sido esquecida?Obviamente que a conjuntura leva a algumas empresas enveredar para um modo de sobrevivência, pondo de par-te valores que nos caracterizam como empresas e pessoas na sociedade que criamos. Na TECNOPLANO envidamos todos os esforços para que o período menos bom não nos atinja negativa-mente nos princípios empresariais que adotamos, nomeadamente, a sustenta-bilidade empresarial nas componentes, social, ambiental e económica.

A TECNOPLANO já conta com mais de 900 contratos distribuídos pela Euro-pa, África e América do Sul. A aposta na internacionalização da empresa tem sido também uma forma de con-tornar as dificuldades atuais vividas no setor da construção em Portugal?

Marca de referência, a TECNOPLANO, foi a primeira empresa lusa especializada na gestão de empreendimentos da construção, sendo atualmente um player de relevo e credibilidade no mercado em que atua. A Revista Pontos de Vista conversou com Pedro Matos de Pinho, Administrador do Grupo TECNOPLANO, com o pelouro de Consultadoria & Projeto, e empresas em mercados Africanos, onde ficamos a conhecer os principais projetos da empresa no âmbito da promoção da internacionalização.

ParaDIgma Da InternacIonalIzação

Em 2009 o Grupo TECNOPLANO tinha 75 por cento do seu volume de negócios em Portugal e 25 por cento no estran-geiro. Atualmente temos 28 por cento em Portugal e 72 por cento fora do país. A diversificação para setores diferencia-dos do core-business ajudaram ao nos-so crescimento sustentado. Atualmente podemos dizer que somos um dos gran-des players no setor elétrico em alguns dos mercados em que atuamos, desde na economia da regulação e estratégias de liberalização de mercados, ao projeto de Instalações Elétricas e Supervisão da Construção. No setor das Águas temos tido muita procura para apoio em ini-ciativas de abastecimento de Água Rural em Africa Austral e no Brasil temos de-senvolvimentos imobiliários.

O investimento nestas zonas da geo-grafia mundial, que estão a crescer acima do crescimento mundial, é um caminho que uma empresa deve se-guir se quiser consolidar-se no mer-cado?O investimento na diversificação e in-ternacionalização não poderá seguir ditames da moda. As empresas que olham a curto prazo não sobreviveram a esta conjuntura. A estratégia é visar o médio/longo prazo onde possamos ser competitivos, acrescentar valor com produtividade, traçar objetivos claros e

atingíveis. Nunca esquecer que só com esforço e perseverança se atinge o que se pretende.

De todos os projetos desenvolvidos sob a alçada da TECNOPLANO, existe algum em particular que possa ser considerado como o grande cartão de visita da empresa? Porquê?Durante quase 50 anos existência par-ticipamos em projetos emblemáticos e socialmente relevantes em cada época. Desde o primeiro, o Palácio da Justiça de Lisboa, às Sedes do Banco Espírito Santo, Fonseca & Burnay e da Caixa Ge-ral de Depósitos ao Palácio Valle Flor, Barragem de Picote, Casa da Música do Porto ou Programa “Água para Todos” em Angola é difícil a escolha.

Há quem defenda que “a engenharia portuguesa está um passo à frente”. As empresas lusas têm sabido apro-veitar esta posição vanguardista para melhor se fazerem ouvir em merca-dos externos estratégicos?Estamos um passo à frente em relação a uns e muitos passos atrás em relação a outros. Temos uma grande vantagem em relação aos que estão uns passos à frente - o português tem uma enorme resistência à mudança, no entanto é dos povos com maior capacidade de adapta-ção a diferentes ambientes.

teCnOPlAnO – MArCA eM destAqueINTERNACIONALIZAÇÃO

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Na tECNOpLANO envida-mos todos os esforços para que o período me-nos bom não nos atinja negativamente nos princípios empresariais que adotamos, nomea-damente, a sustentabi-lidade empresarial nas componentes, social, ambiental e económica

Estamos um passo à frente em relação a uns e muitos passos atrás em relação a outros. temos uma grande van-tagem em relação aos que estão uns passos à frente - o português tem uma enorme resistência à mudança, no entanto é dos povos com maior ca-pacidade de adaptação a diferentes ambientes

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tendo em conta a conjuntura económica atual, quais são os principais problemas e desa-fios que a empresa enfrenta e enfrentará? qual será o posi-cionamento da tECNoPlaNo?Em relação ao mercado Português o objetivo é manter as áreas de atuação, conservando os níveis de emprego sem perder dinheiro... já será uma grande vitória.Em relação aos mercados exter-nos, a consolidação dos setores em Angola onde operamos com quatro empresas nas áreas de Engenharia, Águas e Ambiente, Energia e Arquitetura de Interio-res. O Brasil irá continuar com o atual plano de investimentos na promoção imobiliária e no nosso “core-business” de consultadoria de engenharia. No primeiro tri-mestre de 2013, iremos forma-lizar a constituição da Tecnopla-no Moçambique para um maior apoio às iniciativas no mercado Moçambicano e Regional.

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pedro matos de pinho

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De que forma a NBC Medical consegue funcionar como uma ponte entre a Euro-pa, a África e a América Central e do Sul?Estando a Europa a atravessar uma crise sem precedentes, há aqui uma excelente oportunidade para as empresas Portugue-sas se internacionaliza rem; foi isso que a NBCmedical fez; temos hoje um conjunto alargado de empresas e empresários quer na Europa, quer na América do Sul que pretendem entrar em mercados como An-gola, Cabo Verde ou Moçambique, recor-rendo à nossa experiência e know-how.

A situação geográfica de Portugal é uma mais-valia na atuação da empresa?Há um conjunto de fatores que apontam Portugal como uma peça fundamental no panorama do comércio internacional. Por um lado a situação geográfica; olhando o mapa do Mundo (tal como nos é apre-sentado habitualmente), Portugal está no centro de um triângulo constituído pela África, Europa e Américas (particu-larmente do Centro e do Sul); por outro lado, Portugal tem uma grande tradição (à imagem de outros Países tais como a Ho-landa) de comércio com o Mundo. Isto já vem do tempo dos descobrimentos; a fa-cilidade de aculturação com os povos nati-vos, a facilidade para falar várias línguas, a disponibilidade para a aventura, etc…tudo isto nos facilitou e facilita a integração no

A internacionalização é fundamental para as empresas lusas, principalmente pela crise económica que assola a Europa e por conseguinte Portugal. Neste sentido, algumas marcas lusas apostam fortemente além-fronteiras, onde, através do seu know how e capacidade inova-dora, sobressaem face a outras congéneres. A NBC Medical é o paradigma disso mesmo, tendo apostado, principalmente, no mercado de Angola. Nuno Belmar da Costa, diretor geral da NBC Medical, revelou, em entrevista à Revista Pontos de Vista, a forma como a marca tem vindo a evoluir no âmbito da internacionalização, não esquecendo os projetos que estão a ser delineados para o futuro.

“angola é Uma DaS granDeS aPoStaS eStratégIcaS Da nbcmeDIcal”

nBC MediCAlINTERNACIONALIZAÇÃO

Mundo. A ligação a África permite-nos de-safiar parceiros quer da Europa, quer das Américas a entrarem nesses mercados (particularmente os de expressão Portu-guesa). Podemos ser a verdadeira ponte. Finalmente e a título de exemplo, Brasil e Angola são considerados dois mercados de elevadíssimo potencial de crescimento económico; falando a mesma língua, isso pode constituir uma enorme oportuni-dade para as empresas Portuguesas. E a NBCmedical obviamente não foge à regra; apresentamo-nos às empresas Europeias e Americanas como um elemento facilita-dor de negócios particularmente na África de língua Portuguesa.

Angola continua a ser a principal apos-ta da NBC Medical? Em termos de volu-me de negócio, qual a representativi-dade da atuação em angola nas contas da empresa?Angola é sem dúvida uma das grandes apostas estratégicas da NBCmedical; o mercado Europeu está algo esgotado e olhando para África, a n/ grande aposta tem forçosamente de recair nos mercados aos quais estamos historicamente mais li-gados; pessoalmente viajo a esse mercado há mais de 25 anos de forma ininterrupta; acompanhei os bons e maus momentos do País e tenho um capital de conhecimentos adquiridos ao longo de todos estes anos

que me permitem encarar esse mercado numa ótica de médio/longo prazo. Ango-la representa atualmente cerca de 40 por cento da atividade da NBCmedical.

Expandir para o mercado asiático pas-sa pelos objetivos da empresa?Não. O processo de internacionalização em curso para Angola mantém-nos muito empenhados e absorvidos não nos dei-xando grande margem para abraçarmos novos mercados.

Embora a NBC Medical seja uma em-presa 100 por cento exportadora, a cri-se económico-financeira portuguesa tem-se feito sentir na empresa através dos fabricantes e fornecedores com os quais trabalham? Nota uma crescente dificuldade por parte dos mesmos no cumprimento das suas obrigações? Sem dúvida sentimos o efeito da crise. So-mos 100 por cento exportadores, mas 95 por cento dos produtos exportados pela NBCmedical são de origem Nacional; a grande maioria dos nossos fornecedores estão com problemas e refletem-no nas condições de pagamento ou diminuição dos descontos que praticavam. Muitos dos nossos fornecedores são laboratórios de medicamentos ou outros grossistas que foram de certa forma arrastados pela situ-ação crítica das farmácias.

De que forma a NBC Medical consegue ser o grande aliado dos parceiros com os quais trabalha?Sem dúvida. A NBCmedical, com esta fortís-sima ligação ao mercado de Angola, onde investiu numa unidade logística com um elevadíssimo padrão (Farmalog), surge aos olhos dos seus parceiros como uma solução credível e de m/l prazo; as empre-sas fabricantes que espreitam o mercado de Angola, procuram soluções de entrada mais económicas (Angola é um País extre-mamente caro) e parceiros que ofereçam a componente Nacional (Farmalog no caso de Angola) e Estrangeira (caso da NBCmedical)

O que diferencia a NBC Medical da con-corrência?Essencialmente o investimento que fize-mos em Angola; somos um pequeno Gru-po a operar em dois mercados distintos, sendo que um deles é considerado um dos Países que mais vais crescer em 2013. A aposta numa equipa muito profissional em Portugal (somos hoje cerca de 30 co-

que balanço faz destes cinco anos de NBC medical e quais as expectativas para os pró-ximos tempos?Foram cinco anos de muito sacri-fício, mas de uma enorme vonta-de de vencer. Estamos todos ex-tremamente orgulhosos daquilo que realizamos; cem por cento exportadores, 95 por cento dos produtos de origem Nacional, criadores de postos de traba-lho (começamos em 2008 com sete e somos hoje quase 30, e isto em Portugal), processo de internacionalização implementa-do em Angola no espaço de um ano com enorme sucesso, cres-cimento das vendas, recebemos a visita do Ministro da Economia, dr. Álvaro Santos Pereira, patro-cinamos inúmeros Congressos e workshops. E para os próximos anos temos já uma carteira de novos projetos, sempre na ótica dos mercados externos, que nos forçaram a ter de recrutar um di-retor de Novos Projetos, cem por cento dedicado aos mesmos.

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laboradores), recheada de elementos com muita experiência, faz da NBCmedical uma empresa com quem é bom trabalhar.

Em 2010, o Infarmed concedeu à NBC medical a licença de atividade no seu próprio armazém. De que forma isso se repercutiu na empresa?Teve um efeito catalisador; durante cerca de um ano e meio trabalhávamos a logís-tica em regime de sub contratação e isso criava-nos alguns constrangimentos so-bretudo ao nível das contagens físicas dos stocks; a partir do momento em que pas-samos a concentrar no mesmo espaço o escritório e o armazém (com reflexos ime-diatos nos comportamentos e motivação dos colaboradores) a atividade cresceu exponencialmente (em 2011 a NBCme-dical cresceu nas vendas cerca de 74 por cento atingindo 19,2 Milhões de Euros)

Conseguir esta licença em tão pouco tempo de atuação é o reflexo do bom trabalho desenvolvido?Não tem qualquer relação.

Nuno Belmar da Costa

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a Câmara de Comércio e Indústria de Angola (CCIA), foi fundada em 3 de novembro de 1988, por 43 Empresas Privadas Mistas e Estatais, sendo assim a primeira associação criada na era pós In-dependência em Angola.Hoje congrega acima de 500 em-

presas e Associações Empresarias de forma direta e os seus serviços, por via das Associações filiadas, atendem um universo de mais de 3000 empresas, cobrindo os diferentes ramos da economia, tendo delegações em todas as províncias de Angola.A paz permitiu que Angola cresce-se muito e se transforma-se numa das principais economias de África, o que trouxe muitos benefícios para todos os angolanos, pois hoje Angola é hoje uma econo-mia dinâmica, com legislação moderna e favorável ao investimento, com instituições financeiras for-tes e credíveis, o que facilita o acesso ao crédito, reunindo-se assim condições atrativas aos investi-dores de todo mundo.Os diversos setores de atividade, encontram-se em franco desenvolvimento, assistimos a construção e reconstrução de muitas infraestruturas económicas e sociais relevantes, desde pontes, estradas, cami-nhos de ferro, escolas, universidades, hospitais, cen-tros e postos de saúde, habitação, energia e água. A agricultura merece uma atenção especial do Es-tado angolano e tem sido uma das apostas do Exe-cutivo, o que terá um impacto muito forte na redu-ção das importações do país, no entanto existem diversos setores, aonde se têm feito investimentos relevantes, podemos aqui destacar a industria transformadora e a industria mineira, o turismo, o comércio, sendo que todo este desenvolvimen-to tem contribuído de forma determinante para o bem estar de todos os angolanos.O incremento das relações comerciais entre Por-

tugal e Angola, e a intenção de promover o investi-mento em ambos os países, criou a necessidade da CCIA, abrir uma delegação em Portugal, o que veio a acontecer em outubro de 2010.A delegação de Portugal, tem sido um elo impor-tante entre as empresas portuguesas nossas asso-ciadas e Angola, e no âmbito das suas atribuições a Delegação da Câmara de Comércio e Indústria tem fornecido diversos serviços especializados desig-nadamente:• Assiste os seus associados e demais interessados na definição, análise e implementação de projetos direcionados à internacionalização de empresas;• Incentiva a cooperação empresarial e dinamiza a procura de parcerias;• Regista e divulga no interior e exterior do país projetos de investimento;• Em cooperação com as demais entidades estatais e privadas promove Angola e apoia todas as ações que visem atrair investimento estrangeiro;• Organiza contactos entre investidores estrangei-ros com entidades públicas e privadas no país e estrangeiro;• Assessoria e acompanha negociações para proje-tos de investimentos;• Presta informações de caráter técnico comercial sobre normas e procedimentos relativos ao co-mércio e investimento;• A promove os produtos dos seus associados em toda Angola, através do Boletim da CCIA

Angola vão continuar a crescer em 2013, prevê--se um crescimento de 7.1 por cento, com o setor petrolífero a crescer 6.6 por cento e o setor não petrolífero a crescer 7.3 por cento, a tendência da inflação é continuar a descer, sendo que para este ano esta prevista uma inflação de 9 por cento, e as perspetivas para os próximos anos é de uma infla-ção média anual ao redor dos 7 por cento.

A Comunidade De Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP), tem tido um papel importantíssimo, na promoção da lusofonia, na aproximação das politicas seguidas nos países lusófonos, a todos os níveis. No entanto, no que diz respeito às relações económi-cas e comerciais tem se feito muito pouco e este tem sido o grande bloqueio para o crescimento da CPLP enquanto organização, pois uma CPLP mais interventiva nas questões económicas proporcionaria um novo capitulo, no que diz respeito à cooperação entre os povos, pois entraríamos num outro patamar de cooperação, que iria acelerar ainda mais os fluxos económicos entre os países Lusófonos. Para tal é preciso que exista vontade dos vários Estados-Membros, que a sociedade civil pressione e, neste em particular, os empresários e as associações empresariais podem e devem desempenhar um papel muito importante.

“cooPeração PortUgal – cPlP” PerSPetIva Da Delegação Da ccIa em PortUgal

Acreditamos que o fluxo de negócios será ainda maior, pelo que no decorrer de 2013 o objetivo da Delegação da CCIA em Portugal, é continuar este auxilio as empresas nossas associadas, de forma a que se promova os negócios em ambos os países, queremos incrementar a participação de empre-sas angolanas e portuguesas na vida económi-ca dos respetivos países, e para tal é importante promover a aproximação dos agentes económicos nos dois países, é importante motivar a presença destes empresários em feiras e outros certames, a realizar tanto em Angola como em Portugal, reali-zar fóruns e debates sobre a realidade económica dos dois países, oportunidades de negócios e par-cerias, o que sem margem para aproxima ainda mais os dois países.

HOráCiO nAsCiMentO, diretOr delegAdO dA CCiA eM POrtugAl

INTERNACIONALIZAÇÃO a oPiNiÃo dE...

36

A paz permitiu que Angola cresce-se muito e se transforma-se numa das principais economias de áfrica, o que trouxe muitos benefícios para todos os angolanos, pois hoje Angola é hoje uma economia dinâmica, com legis-lação moderna e favorável ao investi-mento, com instituições financeiras fortes e credíveis, o que facilita o acesso ao crédito, reunindo-se assim condições atrativas aos investidores de todo mundo

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Este ano, o CINFU completa 32 anos. Que balanço faz destas três décadas e de que forma se tem afirmado na va-lorização do setor de fundição?O CINFU iniciou a sua atividade com a missão de valorizar o setor de fundição, nomeadamente através da formação profissional dos seus recursos huma-nos. Ao longo destes quase 32 anos mui-tas têm sido as mudanças nas respostas que podem ser proporcionadas, quer seja aos ativos do setor, quer seja aos que nele pretendem ingressar, jovens ou desempregados que encarem uma re-conversão das suas qualificações para a área da fundição ou afins. Acresce o fac-to de ser a única instituição no país que promove formação não superior na área da fundição, tendo um conjunto de ofi-cinas e laboratórios que permitem uma formação compatível com os requisitos das empresas onde se pretende integrar os formandos no final da sua qualifica-ção. Nestas últimas 3 décadas o CINFU tem sabido responder aos desafios que se lhe têm vindo a colocar, adaptando o enquadramento legal vigente àquilo que são as necessidades dos formandos e das empresas. Assim pretendemos con-tinuar.

Como avalia a evolução do setor de fundição ao longo deste trinta anos e quais os principais desafios que atu-almente se colocam?Tecnologicamente o setor evoluiu mui-tíssimo, temos empresas que fabricam para clientes de elevada exigência em termos de qualidade, como é o caso do

setor automóvel, ferroviário, máquinas--ferramenta, etc.Mas não só a evolução tecnológica me-rece relevância, as melhorias ao nível da resposta às exigências dos clientes no cumprimento de prazos de entrega, no desenvolvimento do produto, nas condições de segurança do trabalho ou ambientais, em suma, a evolução para um setor altamente competitivo a nível global, é uma realidade absoluta, que só peca por não ter conseguido passar para a sociedade essa imagem, traduzi-da na deficiente apetência para cativar jovens para este tipo de indústria. É nes-sa batalha, também, que o CINFU está diariamente envolvido, constituindo um dos seus principais desafios, dignificar a formação profissional dirigida ao setor.

A oferta formativa do Centro tem evo-luído de acordo com os desafios que se têm vindo a impor ao setor?O CINFU promove uma oferta formativa de longa duração, no âmbito do sistema de aprendizagem (dual) destinado a jovens que pretendam terminar o nível secundário de ensino, concomitante-mente com uma qualificação profissio-nal, e ingressar no setor e no âmbito dos cursos de educação e formação de adultos (EFA), em que promovemos os cursos de Técnico de Programação e Ma-quinação CNC, de CAD/CAM, de Projeto de Moldes e Modelos, de Laboratório ou de Segurança no Trabalho ou, ainda, os cursos de Operador de Fundição ou de Fundição Injetada, para adultos que pretendam completar o nível básico de ensino e uma qualificação profissional. Para além desta oferta de longa dura-ção, o Centro promove, também, uma diversificada oferta destinada a ativos das empresas, não só nas áreas técnicas e tecnológicas, mas também em áreas transversais como a qualidade, o am-biente, a segurança no trabalho, passan-do pela gestão, informática, línguas, até à área comportamental. Esta formação é na sua esmagadora maioria levada a cabo nas empresas, com formadores de reconhecida competência previamente aprovados por elas.

Adaptar os projetos educativos à rea-lidade do mercado de trabalho é um dos grandes desafios. O que é que

O CINFU – Centro de Formação Profissional da Indústria de Fundição foi criado em 1981 através de um protocolo assinado entre o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e a Associação Portuguesa de Fundição (APF). O objetivo do centro é, desde o início, valorizar o setor da fundição, nomeadamente através da formação profissional dos seus ativos e daqueles que nele pretendam integrar. Helena Oliveira, diretora do Centro, em entrevista à Revista Pontos de Vista, explica de que forma se têm empenhado nessa missão ao longo de 32 anos, respondendo aos desafios crescentes que têm surgido e adaptando o próprio enquadramento legal àquilo que são as necessidades dos formandos e das empresas.

valorIzar o SectorDa FUnDIção atravéS Da Formação

o CINFU tem feito no sentido de se adaptar a essa realidade?A formação profissional faz sentido se a aplicabilidade das aprendizagens dos formandos, sejam eles colaboradores atuais da empresa ou novos colaborado-res, resultar em proveito para a eficiên-cia dos processos e para a competitivi-dade global da empresa. A experiência do CINFU na formação dos ativos em estreita articulação com as empresas e com as necessidades demonstradas e, por outro lado, a permanente atualiza-ção de equipamentos e de formadores são a chave do sucesso.

Quais os objetivos e expectativas do CINFU para 2013?Para além da resposta às necessidades

de formação dos ativos das empre-sas que o CINFU sempre privilegia, o grande desafio coloca-se ao nível do desenvolvimento dos cursos no âmbito do já referido sistema de aprendiza-gem, objetivo de política do ministério da economia e do emprego, estando a efetivar todos os esforços para cativar jovens que farão um percurso que con-juga a formação no Centro com a práti-ca em contexto de trabalho na empresa ao longo de cerca de dois anos e meio. Pretende-se, desta forma, uma prepa-ração preferencial dos jovens para um ingresso rápido e qualificado no merca-do de trabalho.

entreVistA A HelenA OliVeirA, diretOrA dO Cinfu Pontos de Vista Fevereiro 2013EdUCAÇÃO E FORMAÇÃO

37helena Oliveira

LER NA INTEgRA EMWWW.PontosDeVistA.Pt

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t al evolução positiva no seu conjunto, não elimina aspetos que traduzem preocupação clara: os resultados desfavoráveis nos Ramos Acidentes de Trabalho e Doença, as preocupa-ções/ necessidades de cuidada aná-lise das responsabilidades de longo prazo no Ramo Vida (em especial

das suas garantias de capital e rendimento) e no Ramo Acidentes de Trabalho (responsabilidades diferidas e nalguns casos vitalícias).É ainda de salientar, pela positiva, a independên-cia total do setor segurador português face ao Es-tado, a melhoria significativa da sua reputação e imagem, a consistência do seu modelo de negócio em momentos de maior dificuldades económicas e sociais, uma estabilidade ao nível do emprego, a sua capacidade de inovação em produtos, preços, processos e nos circuitos de distribuição e uma ca-pacidade de utilização de resseguro internacional sem nenhuma dificuldade.Em resumo, o setor segurador português mantém intacta a capacidade de proteção pessoal dos cida-dãos e das empresas portuguesas, de forma cres-cente e reconhecida pelo valor apercebido pelos seus clientes, sobretudo em momentos de sinistro.Naturalmente que a melhoria da situação global europeia fruto das atuações no domínio político, secundadas e muitas vezes lideradas pelo Banco Central Europeu, melhorou o ambiente económi-co/financeiro na Europa com evidente reflexo nos países mais afetados como Portugal.São claros os sinais de dificuldade de melhorar os níveis de penetração do produto seguro. São claros os sinais de competitividade acesa no domínio dos preços. É claro o baixo nível médio de resultados nos últimos anos. São ainda visíveis algumas mo-dificações das políticas de bancassurance seguidas no passado. A necessidade de redução dos custos comerciais é uma evidência.Os critérios de solvência I estão, em meu entender, desfasados da realidade económica e financeira do setor segurador. Solvência II tornou-se um im-perativo de gestão. Mais estudos de impacto são apenas forma de adiamento que pouco acrescenta ao percurso, trabalhos e estudos realizados nos últimos dez anos.No domínio da gestão de ativos, sobretudo em Por-tugal, as seguradoras confrontam-se com o estrei-tamento claro do mercado de capitais português e com a crise no setor imobiliário. É hoje impor-tante ter muita atenção com a exposição em divida soberana (em especial dos países em dificuldade, como Portugal) e com a exposição ao setor finan-ceiro (via ações, obrigações e outros instrumentos de financiamento). A diversificação, em termos ab-

solutos e em termos relativos, impõe-se de forma muito intensa, independentemente das relações acionistas e dos problemas de financiamento da economia portuguesa. Só assim se mantém níveis de confiança e de segurança que são tradição do setor segurador português.O setor segurador é hoje uma referência positiva na gestão das poupanças dos portugueses (cerca de 40 mil milhões de euros). Os seguros PPR fo-ram, em média, nos últimos cinco anos a melhor e mais segura aplicação de poupança dos portu-gueses em comparação com outras aplicações: depósitos a prazo, certificados de aforro, fundos de ações ou obrigações. Esta faceta está também em linha com a evolução a nível mundial. Dois dos cinco maiores gestores de ativos a nível mundial são companhias de seguros. São as seguradoras as maiores e melhores gestoras de poupanças de mé-dio (3-5 anos) e longo (> 5 anos) prazo.

São já conhecidos alguns dos principais resultados obtidos pelo setor segurador em 2013: uma redução (cerca de sete por cento) menos acentuada do seu volume de prémios que em 2011, uma melhoria significativa nos seus resultados, em especial no Ramo Vida, fruto de uma valorização significativa dos seus ativos, uma clara melhoria do seu nível de solvência.

Perceber e antecIPar o FUtUroé a mISSão DoS líDereS DaS SegUraDoraS

Finalmente uma palavra sobre oportunidades para o setor segurador. Ser um instrumento cada vez mais ativo no setor das pensões, da saúde, da educação está na nossa frente. Desempenhar um papel mais significativo na proteção das catástrofes naturais (os acontecimentos recentes em Portugal demonstram a realidade do novo modelo de gestão destas situações), a participação ativa nos novos modelos de distribuição é imperiosa, também a utilização de novos modelos mais eficazes de ges-tão de clientes (nas suas necessidades, nos preços a efetuar), na gestão mais eficiente dos sinistros. Manter intacto o seu caminho de melhoria da sua reputação e imagem é um desígnio. A inovação é cada vez maior e as suas implicações no modelo de vida dos cidadãos são cada vez mais intensas. Per-ceber e antecipar o futuro tornou-se a missão mais importante dos líderes das seguradoras. Construi--lo, a sua principal atividade diária.

PedrO seixAs VAle , Presidente COnselHO direçãO dA AssOCiAçãO POrtuguesA de segurAdOres

SOLVÊNCIA E LIQUIdEZ dAS SEgURAdORAS EM 2013 a oPiNiÃo dE...

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“À medida que os negócios são mais globali-zados, é natu-ral que o segu-ro de créditos entre numa fase em que se

torna indispensável às empresas ter esse instrumento de forma a apoiar os seus ne-gócios na área internacional”. Quem o diz é Miguel Gomes da Costa, Presidente da COSEC, seguradora líder em Portugal nos ramos de crédito e caução e que reúne na sua estrutura acionista duas grandes refe-rências: o BPI (quarto maior grupo finan-ceiro português) e a Euler Hermes (maior grupo segurador de créditos do Mundo). Tal não significa que esta ferramenta apenas neste momento tenha ganho im-portância no mercado interno, pelo con-trário, as grandes empresas há muito que cobrem o risco de não pagamento. Mas, em contrapartida, “as pequenas e médias empresas começam a olhar, cada vez mais, para este instrumento não só para garan-tir a sua sustentabilidade económica e fi-nanceira como para desenvolver negócios a nível interno e externo”, explicou Miguel Gomes da Costa em conversa com a Revis-ta Pontos de Vista. Com a conjuntura económica atual, no momento de entrar em novos mercados, os empresários estão mais cautelosos e o risco é mais ponderado. O seguro de créditos e as cartas de crédito assu-mem, aqui, uma importância cada vez mais crucial no comércio internacional, certificando a segurança do negócio. No fundo, “quando quer exportar, a primei-ra coisa que o empresário pede, para sua salvaguarda, é que o pagamento da sua venda seja garantido por instrumento adequado e, neste caso, o seguro de cré-ditos ocupa lugar destacado”, explicou o Presidente da COSEC.

suPorte nA entrADAem noVos mercADos

Além de sustentar uma estabilidade dos riscos de crédito das empresas, o seguro de créditos apoia-as na entrada em no-vos mercados, dando a possibilidade de avaliar os riscos dos seus novos clientes nesses países. A forte ligação da COSEC com a Euler Hermes afigura-se, neste sentido, como uma mais valia que con-fere à empresa portuguesa um lugar de

preferência entre os players nacionais que queiram alargar a sua área de negó-cio para o exterior. “Sempre que a COSEC tem um cliente que quer exportar para um dos mais de 40 países cobertos pela rede da Euler Hermes, através de uma plataforma informática extensível a todo o grupo, é avaliado o risco de crédito des-se importador”, esclareceu Miguel Gomes da Costa. O inverso também acontece no momento em que um cliente da congé-nere decide exportar para Portugal. Em ambas as situações, a COSEC tem uma capacidade de resposta difícil de igualar.

Seguradora líder em Portugal nos ramos de crédito e caução, a COSEC, presente no mercado desde 1969, disponibiliza as soluções mais adequadas de gestão e controlo de créditos no cenário empresarial interno e externo. No momento de exportarem para novos países, os empresários estão, hoje, bem mais cautelosos, encontrando no seguro de créditos uma ferramenta cada vez mais essencial. Bem enqua-drada neste panorama, a COSEC acompanha o desenvolvimento deste instrumento.

SegUro De créDItoS é caDa vez maIS Uma garantIa

Quando se fala em novos mercados, a tendência segue para um caminho: os chamados mercados emergentes, onde Angola se assume como o quarto maior mercado para as exportações portugue-sas. Além disso, Portugal tem tido uma forte penetração nos mercados da Amé-rica Latina, com destaque para o Brasil, Colômbia, Venezuela, Chile ou México. Além da atividade comercial, a COSEC tem a responsabilidade de gerir os riscos por conta e ordem do Estado, tendo linhas de crédito para Angola e outros países fora da OCDE. As linhas de crédito de médio

e curto prazo para Angola, reabertas no final de 2004, “estão ligadas a grandes projetos de infraestruturas e têm sido de grande importância sobretudo para as construtoras portuguesas que ganham concursos nesse mercado e precisam de obter financiamento para as obras”, expli-cou o Miguel Gomes da Costa.

segurADorAs com noVos DesAfios

“As seguradoras entram em 2013 confron-tadas com vários desafios. Os riscos ineren-tes à situação económica do país – afetam o potencial de crescimento do setor”. As declarações de José Almaça, Presidente do Instituto de Seguros de Portugal, têm ser-vido como um alerta. Perante este cenário, a COSEC está na expetativa, aguardando o desenvolvimento da situação macroeco-nómica de Portugal e de todos os países mais envolvidos nos nossos processos de exportação. Como se vão comportar as eco-nomias durante 2013? Esta é, para Miguel Gomes da Costa, a grande questão que se levanta. A Europa, prevê-se que apresente, no seu conjunto, uma recessão ligeira, mas a dúvida é: “até que montante?” “Tudo isto tem uma influência decisiva na atividade das seguradoras de créditos não só em termos de procura, porque quando há re-cessão a atividade comercial diminui dras-ticamente, mas também tem uma ligação direta com o risco”, salientou o responsá-vel. É com esta postura que a COSEC entra em 2013: com expetativa de continuar a oferecer o melhor serviço aos seus clientes, e manter a expetativa de ser reconhecida, pelo terceiro ano consecutivo, como a “Me-lhor Seguradora PME ramo Não Vida”, pela Revista Exame.

Miguel gOMes dA COstA, Presidente dA COseC - COMPAnHiA de segurO de CréditOs Pontos de Vista Fevereiro 2013SOLVÊNCIA E LIQUIdEZ dAS

SEgURAdORAS EM 2013

CosEC em números:- Fundada a 29 de dezembro de 1969;- Mais de 2000 clientes;- Mais de 13 mil milhões de euros de transações seguras;- São decididas cerca de 14 500 garantias por mês;- decide, por dia, cerca de 600 pedidos de garantia;- Tem uma capacidade de resposta de dois dias no mercado externo e 1,6 dias no mercado interno;- Está presente em 52 países, através da rede internacional do grupo;

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As pequenas e médias empresas começam a olhar, cada vez mais, para este instrumento não só para garantir a sua sus-tentabilidade económica e financeira como para desenvolver negócios a nível interno e externo

miguel Gomes da Costa

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“Sou um apai-x o n a d o pelo uso da madeira”. A ex p re s s ã o surge, na-turalmente, durante a

conversa que a Revista Pontos de Vis-ta teve com Vítor Poças, Presidente da AIMMP - Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal. Foi a 29 de julho de 2011 que, na sequência de alguns desafios lançados pela direção anterior e por alguns associados, Vítor Poças assumiu esta nova responsabili-dade. Definiu como primeiro objectivo, recuperar financeiramente a AIMMP, a única associação empresarial com uma perspetiva de Fileira, isto é, representa toda a indústria de base florestal, ex-cepto a celulose e a cortiça, com mais de 50 anos de existência. Apesar de

ser um verdadeiro “cavalo de batalha” e do combate ser travado diariamente, a AIMMP já apresenta bons resultados. “Encontrei a AIMMP com um resultado anual negativo na casa dos 250 mil eu-ros, mas vou fechar o meu primeiro ano de mandato com resultados positivos, apesar de prejudicados porque tive de incorporar despesas de anos anterio-res”, explicou o responsável. Se, por um lado, equilibrar as contas da AIMMP era uma prioridade, por outro lado, outras questões mereciam igual interesse e preocupação. Desde cedo, Vítor Poças decidiu intervir na área da floresta. “Para se fazer floresta, são ne-cessárias duas coisas: plantar árvores e não destruir as que temos”. É esta a mensagem que tem funcionado como pilar do trabalho desta equipa. O pro-jeto “Savepine” veio comprovar que a indústria da madeira tem estado con-centrada em encontrar soluções para

Recuperação financeira da associação, organização do Prémio Nacional de Arquitectura em Madeira ou o lançamento do projeto “Savepi-ne” que visa combater a praga do nemátodo. Estas têm sido algumas das “batalhas” ganhas por Vítor Poças que ainda tem muito para dar ao setor. Os projetos não ficam por aqui e, no futuro, a AIMMP continuará a dar que falar.

“SoU Um aPaIxonaDo Pelo USo Da maDeIra”

a praga do nemátodo, um verme que ataca as florestas de coníferas e, em especial, os pinheiros. Liderado pela AIMMP, o projeto conta também com a participação da Confederação Es-panhola Confemadera, da associação belga dos produtores e reparadores de paletes (Belepal), das empresas Madei-poças e José Luís Madeiras e de várias entidades de I&D portuguesas, belgas, alemãs, espanholas e italianas. Para Ví-tor Poças, trata-se de “um projeto inte-ressante com resultados a médio e lon-go prazo e que pode ser histórico para a indústria portuguesa se conseguirmos melhorar o genoma do pinheiro para que ele não se deixe atacar pelo bichi-nho que o mata”.Outra das ideias que avançaram de imediato para o terreno foi a criação de um Departamento de Educação e Formação. “Sinto que as empresas esta-vam famintas de formação. Apresenta-mos uma candidatura que foi aprovada para todo o território nacional e, hoje, a AIMMP cobre todo o país no seu setor em termos de formação”, explicou Vítor Poças.

“the Best of PortugAL”Associative Design trata-se de uma marca que tem como objetivo promo-ver e representar a qualidade, o design e a inovação das fileiras portuguesas Casa e Decoração. Quando assumiu a presidência da AIMMP, Vítor Poças aca-rinhou este projeto, dando-lhe outra força. “Quero tornar o Associative De-sign uma marca associativa mesmo. Há empresas em Portugal que, pela sua di-mensão ou pouca capacidade económi-ca, têm peças de mobiliário fabulosas mas não têm marca para as promover. A ideia é criar um júri que vai selecio-nar as peças de empresas que preten-dam concorrer e a AIMMP irá criar uma etiqueta para que essas peças sejam distinguidas com o logo da Associative Design”, explicou. Depois da marca ter sido divulgada com sucesso, parte-se, então, para uma segunda etapa de for-talecimento que consiste na sua utiliza-ção prática e comercial.

reLAções com A BAncA

Para Vítor Poças, a banca, nos últimos 30 anos, esteve voltada para o financiamento do consumo, não apoiando, como deveria, empresas que pediam empréstimos para ampliar a sua estrutura, ganhar competi-tividade e melhorar as condições de so-brevivência no mercado. “É ridículo que não se tenha canalizado financiamento para a economia real, para o desenvolvi-mento das empresas e da competitividade do país”, defendeu. Sendo este um setor manifestamente industrial, o Presidente da AIMMP fala em dificuldades de finan-ciamento que tem procurado derrubar. “É injusto que os erros desses senhores estejam a ser debitados em cima dos por-tugueses com taxas de funcionamento absolutamente incomportáveis. A postura dos bancos, com a qual não colaboro, é manifestamente agiota”, defendeu.Apesar de tudo, Vítor Poças continua a elevar as expectativas, partilhando com a Revista Pontos de Vista um sonho que espera ver realizado: a criação do Museu da Floresta, da Madeira e do Mobiliário, no Porto.

VítOr POçAs, Presidente dA AssOCiAçãO dAs indústriAs de MAdeirA e MOBiliáriO de POrtugAl (AiMMP)VALOR E dIFERENCIAÇÃO

Prémio Nacional de arquitetura em madeiraA AIMMP está a organizar a 2ª edição do PNAM cujo objetivo é premiar obras que valorizem o carácter e a polivalência da madeira e promovam soluções de construção sustentável. Poderão ser candidatas todas as obras terminadas em 2011 ou 2012 da autoria de qualquer arquiteto inscrito na Ordem. O ven-cedor terá direito a um prémio monetário no valor de 10 mil euros.

40vítor poças

LER NA INTEgRA EMWWW.PontosDeVistA.Pt

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efetivamente, é este o ele-mento que diferencia a ENGENHOTEC de outras empresas que atuam no mesmo ramo de atividade. Apesar de ter consciência de que já muitas organi-zações adoptaram esta

prática, Miguel Oliveira, responsável da empresa localizada em Gondomar, acre-dita que o facto de terem colaboradores a trabalhar diretamente nas instalações dos seus clientes é um factor que joga bem a favor do sucesso da ENGENHO-TEC. “Não é nenhuma novidade mas penso que tem sido uma forma de nos diferenciarmos. No momento em que uma empresa necessita de apoio ao ní-vel do desenvolvimento de produto, su-giro logo que um colaborador vá traba-lhar para as suas instalações”, explicou o responsável em conversa com a Revista Pontos de Vista. Preparada para satisfazer as necessi-dades dos clientes nos segmentos da Engenharia de Produto, Prototipagem e Ferramentas para Produção, a equipa da ENGENHOTEC está altamente qualifica-da para responder aos pedidos nos pra-zos estipulados. Como tal, começam por elaborar um orçamento “claro e conciso”, praticando preços que respeitam a com-petitividade do mercado e adequados ao serviço prestado. Mas, ao longo de todo o processo são duas as características mais

destacáveis: qualidade e total colabora-ção com o cliente, de uma forma muito direta. “Neste momento, nove pessoas da nossa equipa estão a trabalhar nas ins-talações do cliente, como se fossem um trabalhador normal. Mas são colabora-dores externos. É muito mais produtivo ter alguém a trabalhar diretamente no cliente porque em caso de dúvida pode contactar logo as pessoas envolvidas no projeto”, evidenciou Miguel Oliveira. Para o responsável, o colaborador da ENGENHOTEC “tem os mesmos deveres e obrigações que um colaborador inter-no da empresa mas não tem os mesmos direitos. Tem que estar, pelo menos, ao mesmo nível do que um funcionário do cliente”. A experiência tem trazido bons resultados, tendo havido já duas situa-ções em que, tal era a qualidade do co-laborador em questão, que o cliente aca-bou por contratá-lo. Nesses casos, Miguel Oliveira garantiu que ambas as partes ficaram a ganhar.

exigênciAsDo mercADo AtuAL

No momento em que o cliente contrata os serviços da ENGENHOTEC, as solici-tações acabam por envolver, invariavel-mente, as mesmas exigências. Bom pre-ço, qualidade e cumprimento de prazos chegam juntamente com os pedidos. A resposta da equipa liderada por Miguel Oliveira chega também de imediato.

Aliando o know how e a experiência adquirida ao longo do tempo em que esteve a trabalhar noutra empresa, Miguel Oliveira não teve medo de arriscar e continuar a apostar na metalomecânica, criando, em 2004, a ENgENHOTEC. Hoje, com onze funcionários, a empresa está ao lado do seu cliente, no sentido mais fidedigno da expressão.

Uma emPreSa onDe Se trabalhaPara e com o clIente

“Tentamos apresentar preços competiti-vos, fazer com que o nosso técnico cor-responda aquilo que é pedido e, relativa-mente aos prazos, comprometemo-nos a cumprir as datas exigidas. Há aspectos que podem não correr como seria de esperar mas nunca assumimos um com-promisso sabendo que não vamos conse-guir cumprir os prazos”, asseverou.

fActorinternAcionALizAção

Em novembro de 2012, a ENGENHOTEC marcou presença na EuroMold, realiza-da em Frankfurt, na Alemanha. Trata-se da maior feira, a nível internacional, de-dicada ao fabrico de moldes e ferramen-tas, design e desenvolvimento de pro-duto. Aqui estão reunidos fabricantes, fornecedores e eventuais clientes e, cla-ro, a ENGENHOTEC deu o seu contributo na representação de Portugal.

Além disso, o processo de internaciona-lização da empresa tem estado ligado à estratégia de abertura aos mercados externos dos seus clientes. “Alguns dos nossos clientes em Portugal são multi-nacionais e a ideia tem sido aproveitar essa caraterística como uma mais-valia”, concluiu Miguel Oliveira. No fundo, a ideia é continuar a caminhar lado a lado com o cliente numa relação de perma-nente parceria.

Miguel OliVeirA, diretOr dA engenHOteC, engenHAriA de PrOdutO e PrOtOtiPAgeM Pontos de Vista Fevereiro 2013VALOR E dIFERENCIAÇÃO

serviços prestados pela ENGENHotEC:- Engenharia e desenvolvimento de Produto- Prototipagem- Ferramentas- Oferta produtos PTC

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“tentamos apresentar preços competitivos, fazer

com que o nosso técnico corresponda aquilo que é

pedido e, relativamente aos prazos, compromete-

mo-nos a cumprir as datas exigidas”

miguel Oliveira

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O subsídio de alimentação no IRS 2013 apresenta alterações com a tri-butação em sede de IRS a ser feita na parte em que excede o limite estipu-lado por lei, ou seja, subsídios acima de 4,27 euros. No caso dos vales de re-feição, a tributação será feita na parte que excede em 60% o valor estipulado por lei, ou seja, 6,83 euros. Que análi-se perpetua destas alterações?Parece-nos que esta alteração legislativa se enquadra na política genericamente definida de atribuição de subvenções a finalidades específicas e socialmen-te justificadas. Privilegiar a entrega do subsídio de alimentação num suporte que garanta a sua utilização em produ-tos alimentares é uma forma de garantir o objetivo social que presidiu à atribui-ção do subsídio, não o confundindo com mais uma parcela aditiva do recibo de vencimento. É nossa expectativa que esta linha de política se mantenha, asse-gurando estabilidade nas relações labo-rais que se desenvolveram para permitir a implementação desta política.

Quais serão as principais implicações existentes para trabalhadores e enti-dades patronais com estas mudanças? A reiteração, em sede legislativa, do princípio de subvenção a finalidades específicas e socialmente justificadas (iniciada já no OE 2012) originou, quer nos trabalhadores quer nas entidades patronais, a procura de soluções que permitam a concretização dos benefí-cios propostos pelo Governo. As princi-pais alterações ocorreram ao nível dos departamentos de RH das empresas, que muita das vezes tiveram neces-sidade de fazer adaptações nos seus aplicativos de processamento salarial e de adotar uma nova prática dual de pa-gamento das remunerações. Felizmente, as soluções modernas de transferência dos subsídios de alimentação baseadas em cartões vieram facilitar em muito o trabalho administrativo, evitando as anacrónicas fórmulas de dispensa de se-nhas e cheques pré-pagos. Do lado dos trabalhadores houve também uma ne-cessidade de adaptação. Por um lado de perceção que o subsídio de alimentação tem mais valor se usado para o fim que foi criado (pois tem uma maximização de benefício fiscal) e por outro adaptan-do as suas práticas de compra por forma

a contemplar este novo meio de paga-mento. Nada de muito difícil, mas ainda assim, uma alteração de hábitos.

Que medidas têm vindo a ser colo-cadas em prática pela SONAE neste domínio?Dada a dimensão empregadora do Gru-po, optamos por fazer em 2012 experi-ências piloto em algumas sub-holdings, aguardando pelo OE 2013 para obter a confirmação da linha de política do Governo nesta matéria, designadamen-te a confirmação de benefícios fiscais máximos para o pagamento do subsí-dio de alimentação através de meio de pagamento específico e restrito para a aquisição de produtos alimentares. Ob-tida essa confirmação, o Grupo Sonae colocou à disposição dos seus colabora-dores a opção de recebimento do subsí-dio através destes instrumentos. Diga-se que a adesão dos colaboradores a esta fórmula tem sido muito positiva.

Porquê a aposta no Cartão Dá Refeição? Desde longa data que temos vindo a acompanhar o tema do subsídio de ali-mentação. Num mundo cada vez mais digital não nos fazia sentido que o bene-fício fosse apenas possível de obter caso

Com as alterações ao subsídio de alimentação no IRS 2013, as empresas tiveram que realizar um exercício de adaptação, cenário ao qual a SONAE não ficou isenta. Assim, face à dimensão empregadora do Grupo, foram colocadas em prática alternativas credíveis e fiáveis, mas, acima de tudo vantajosas para quem optar pelo Cartão dá Refeição. A Revista Pontos de Vista conversou com Paulo Pereira, diretor Executivo dos Serviços Financeiros SONAE distribuição, que indicou as mais-valias deste produto, bem como a forma como o mesmo tem sido disseminado

“o cartão Dá reFeIçãoé Um cartão De vantagenS”

houvesse a atribuição dos tradicionais cheques – refeição. Investigamos por isso fórmulas alternativas e depois de as validarmos fiscalmente, ficamos aptos a poder fazer a sua ativação comercial. Não o quisemos fazer no entanto fazer sem que houvesse a confirmação da linha de política, o que aconteceu em 2012. Decidimos, por isso, lançar nesse ano o cartão Dá Refeição, enquadrado na nossa linha de cartões Dá, uma linha de cartões pré-pagos, lançada em 2007 e totalmente renovada em 2011 e que responde (inclusive com vantagens eco-nómicas) às necessidades de gifting e de rewarding dos nossos clientes particula-res e empresariais.

O Cartão Dá Refeição é a melhor op-ção para atribuir o subsídio de ali-mentação aos colaboradores? Quais são as mais-valias deste cartão e de que forma o mesmo apresenta van-tagens? Sim, em nosso entender o cartão Dá Refeição é a opção mais racional para pagamento do subsídio de alimentação. Para além de maximizar o benefício fiscal para os colaboradores e para as entidades empregadoras, esta solução é diferente das demais por possibilitar

à entidade empregadora um benefício financeiro decorrente do volume de carregamentos que efetuar na nossa plataforma. Este benefício pode atingir em 2013 os 3%, o que nos parece um excelente contributo dado o momento económico que as empresas nacionais vivem. A nossa abordagem ao produto sempre foi na ótica do negócio de reta-lho alimentar e não como mais um pro-duto financeiro. Daí a proposta de valor diferente e as vantagens financeiras que oferecemos às empresas e colaborado-res, e que são a ausência de custos para as empresas, a ausência de comissões pelo valor carregado e a ausência de qualquer tipo de anuidade ao portador do cartão.

Onde é que o cartão eletrónico e re-carregável é válido e de que forma concede benefícios fiscais e descontos por volume de compras a quem o usa? O cartão Dá Refeição é apenas (re)carre-gável através do nosso portal www.car-toesda.com devendo as empresas fazer a sua acreditação e seguir as instruções aí apresentadas. Em termos de utiliza-ção, os detentores do cartão Dá Refeição podem utilizá-los nas lojas alimentares aderentes. Neste momento todas as lojas

PAulO PereirA, diretOr exeCutiVO dOs serViçOs finAnCeirOs sOnAe distriBuiçãO, eM disCursO diretOCARTÃO dÁ REFEIÇÃO

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paulo pereira & Equipa Cartões dá

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Pontos de Vista Fevereiro 2013

da marca Continente, Continente Mode-lo, Continente Bom Dia, Continente Ice são aderentes e estamos em negociações para incluir novas lojas, designadamente a cadeia de restaurantes Bom Bocado. Não posso deixar de referir que todas as promoções das lojas Continente são cumulativas com os benefícios que o re-cebimento do subsídio de alimentação no cartão Dá Refeição faculta.

De que forma é que este método, Car-tão Dá Refeição, permite às empre-sas obter uma economia fiscal real face ao seu pagamento em dinheiro? Quanto poderá representar a pou-pança em contribuições para a Segu-rança Social por colaborador/ano? Os benefícios previstos no OE 2013 para os trabalhadores e para as empresas são sobejamente conhecidos. Os trabalha-dores podem usufruir de um subsídio de alimentação de até 6,83€/dia sem incidência de IRS, contra apenas 4,27€ se pago em dinheiro. As empresas estão isentas de pagamento de TSU sobre o va-lor pago se inferior a 6,83€/dia e pago no cartão Dá Refeição. Para um colaborador com taxa de IRS média de 20 por cento e um subsídio de alimentação de 6,83€ diário, a poupança anual será de 192€. Para a empresa a poupança anual será de 147€, ao que pode ainda acrescer um be-nefício financeiro de até 3 por cento so-bre o valor de subsídios de alimentação pago aos seus colaboradores.

O subsídio de refeição não é um direi-to universal para os trabalhadores do setor privado, como o salário base ou os subsídios de Natal e de férias e as-sim o valor do subsídio de refeição é o que a contratação coletiva estabelecer. Se a empresa quiser substituir o sub-sídio em dinheiro por vales refeição ou outra forma de pagamento, pode fazê-lo desde que o contrato não diga o contrário. Nos tempos em que vive-mos, parece-lhe que esta alternativa é fundamental para a promoção da com-petitividade do universo empresarial e para o fomento do emprego?Já o dissemos acima. A natural subs-tituição do pagamento do subsídio de alimentação de dinheiro para um meio alternativo, restrito no uso a produtos alimentares, parece-nos uma forma ade-quada de garantir o seu uso para o fim que foi previsto, evitando a sua confusão com mais uma linha da remuneração total do colaborador. Este é o nosso en-tendimento sobre o que o Governo pre-tende para as subvenções sociais e daí a nossa aposta, como retalhista alimen-tar, neste produto Dá Refeição. A forma como olhamos para esta oportunidade,

partindo da perspetiva do retalho ali-mentar, parece-nos inovadora e poten-cia ganhos para as empresas aderentes, aumentado a sua competitividade.

Apesar de possuírem um limite de isenção de imposto superior ao pa-gamento em dinheiro, o que permite uma maior poupança aos trabalha-dores e empresas, o facto é que são limitados e só podem ser usados em produtos alimentares, seja na restau-ração seja na distribuição. De que for-ma é que este modelo pode reduzir a liberdade dos trabalhadores ou esta é simplesmente uma «falsa» questão devido às mais-valias que aporta? Se concordarmos com o enquadramento que temos referido para esta subvenção social, de que ela é uma forma de garan-tir o acesso à alimentação, parece-nos adequada a restrição. Só pela restrição é atingido o propósito da sua existência. Claro que podemos entrar em discus-sões mais teóricas sobre o modelo e so-bre se o Estado se deve sobrepor à liber-dade individual de escolha. Nesse caso, todas as subvenções sociais, sejam elas subvenção-dentista, subvenção-creche, subvenção-ensino, etc., teriam que ser questionadas. O seu pagamento em di-nheiro permite o seu uso alternativo, mas não garante o seu uso no fim para que foi pensado. Vejamos o exemplo da subvenção-dentista. O seu pagamento em dinheiro permitiria o uso do dinhei-ro por exemplo em férias ou numa com-pra por impulso. A prazo, menos visitas ao dentista podem traduzir-se em mais problemas de saúde oral, como infeções ou algo mais grave, com custos elevados de tratamento para a sociedade como um todo. Ao garantir que a subvenção dentista é usada apenas no dentista, promove-se a visita e a saúde oral. Di-gamos, portanto, que as restrições são aceitáveis por permitirem um benefício maior na ótica da sociedade.

Qual é o valor máximo com que o car-tão pode ser carregado? Qual é o valor máximo que o cartão pode acumular? Qual é a validade do saldo do cartão?Os cartões Dá Refeição, por razões de se-gurança, têm um limite máximo por car-regamento de 1000€ e não podem acu-mular mais de 2500€ de valor. Também por razões de segurança aconselhamos todos os clientes a fazerem o seu regis-

to na nossa plataforma, permitindo, em caso de extravio, pedir o bloqueio do sal-do disponível e a emissão de novo cartão. O saldo do cartão Dá Refeição está ativo para uso imediato em qualquer loja ade-rente por um período de 12 meses desde a data do ultimo (re)carregamento.

Do ponto de vista de segurança, quais as vantagens do mesmo? O cartão Dá Refeição inclui um PIN para registo no portal de serviço. Ao efetuar o registo, o cliente assegura que em caso de perda ou extravio do cartão, pode solicitar o bloqueio do saldo disponível e a remissão de novo cartão. No por-tal www.cartoesda.com é facultado ao cliente a possibilidade de acompanha-mento on-line de todas as transações efetuadas com os seus cartões Dá, in-cluindo o Dá Refeição, à semelhança de qualquer moderna aplicação bancária.

Atualmente este modelo começa a fluir nas diversas entidades empresariais lusas, sendo que existem soluções si-milares ao Cartão Dá Refeição. O facto de apenas poder ser usado em espaços Continente/Modelo não é «limitativo» para quem adquire este cartão? Como tive oportunidade de referir, a nos-sa abordagem ao produto foi pelo nosso ângulo de retalhista alimentar e não de intermediário financeiro. Para nós, esta é uma oportunidade adicional de dar mais valor aos nossos clientes. Assim, conse-guimos idealizar uma proposta que com-bina as extensas vantagens e promoções de ser cliente Continente com as vanta-gens fiscais que o Governo pretende atri-buir ao subsídio de alimentação pago em instrumento de uso restrito a produtos alimentares. Os clientes que nos prefe-rem estão extremamente satisfeitos e as empresas também. Está é na verdade uma solução win-win-win-win em que todas as partes beneficiam (Estado, cola-borador, empresa e nós, enquanto gesto-res do produto).

De que forma é que este método per-mitirá também, além das benesses fis-cais, um maior controlo dos gastos com a alimentação por parte das famílias? Ainda que não seja o enfoque primário do produto, a disponibilização do sub-sídio de alimentação num instrumento separado, com registo informático das operações e consultável on-line, serve de

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restritor ao gasto, já que sinaliza quando se esgota o plafond mensal, o que de ou-tra forma seria menos controlável, pois que esse valor estaria misturado com o salário. Mas como digo, este não é o enfo-que primário do produto. O controlo dos gastos terá sempre que ser feito pelo con-sumidor, adotando hábitos saudáveis de compra, como seja o recurso a listas de compras ou aproveitamento de todas as promoções, descontos, talões e cartões...

Acredita que ainda existe algum desconhecimento por parte dos portugueses relativamente a estes instrumentos e às suas evidentes mais-valias? De que forma poderá a SONAE ser um elemento potencia-dor de esclarecimento junto dos seus clientes e colaboradores relativa-mente a esta matéria? Sim, pensamos que ainda existe uma grande oportunidade de divulgação. Não sendo um produto dito de grande consu-mo, pois que a sua colocação é feita em-presa a empresa, adotamos uma aborda-gem comercial adequada a esta forma de comercialização com uma equipa dedica-da que contacta e visita empresas. Foi um trabalho extenuante no final do ano de 2012 e neste início de ano, mas o apoio dos meios de comunicação social tem sido inestimável, ajudando a canalizar os decisores até nós. A adesão tem sido muito grande. Estamos certos que agora o passa-palavra terá a sua oportunidade e serão os nossos clientes a recomendar o nosso produto nas suas empresas.

Quais são os principais desafios para a SONAE no âmbito do Cartão Dá Re-feição? Acima de tudo queremos garantir que os clientes conhecem em detalhe o pro-duto e a sua forma de operar. Não nos cansamos de solicitar o registo no portal www.cartoesda.com para possibilitar uma comunicação fluida e proporcio-nar ajuda no momento necessário. Os desafios comerciais para nós são mais vastos, já que operamos uma gama de produtos pré-pagos que está em franca expansão, à semelhança do que acon-tece no UK e nos EUA. Cada vez mais as pessoas procuram soluções simples e com custos transparentes para as suas necessidades. É nessa simplificação com criação de valor que estamos focados.

Aos portugueses que ainda desconhe-cem este modelo ou que ainda estão céticos relativamente ao mesmo que mensagem lhe aprazaria deixar? Acreditamos que esta forma de operar subsídios sociais veio para ficar. Vale por isso a pena que os colaboradores das empresas se informem e se necessá-rio peçam aos seus empregadores para lhes dar acesso a estes benefícios extra. Como é corrente dizer-se, os tempos es-tão difíceis e não nos podemos dar ao luxo de não aproveitar as vantagens que temos à nossa disposição. O Cartão Dá Refeição é um cartão de vantagens.

Sim, em nosso entender o cartão dá Refeição é a opção mais racional para pagamento do subsídio de alimentação. para além de maximizar o benefício fiscal para os colaboradores e para as entidades empregadoras, esta solução é diferente das demais por possibilitar à entidade empregadora um benefício financeiro decorrente do volume de carregamentos que efetuar na nossa plataforma”

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mais do que fa-zer crescer uma empresa, o em-presário deve saber qual o momento cer-to para parar”. Esta expressão

era, frequentemente, proferida por Or-lando Carvalho, Administrador Judicial na OJC, durante o período em que era professor. Hoje, na sua opinião, esta é umas das principais falhas dos empre-sários portugueses. Não souberam qual era o momento de parar, gerando con-sequências difíceis de suportar. A quem se pode atribuir responsabilidades? Em conversa com a Revista Pontos de Vista, Orlando Carvalho acredita que, por um lado, o facilitismo da banca foi um dos responsáveis. Por outro lado, durante muito tempo os empresários convenceram-se de que eram bons ges-tores. “Um senhor que sabe fazer sapa-tos não tem de saber gerir todas as áre-as da sua empresa. Eles pensavam que sabiam fazer gestão financeira, gestão de créditos ou contratar os melhores seguros, mas sabem sim fazer bons sa-patos”, exemplificou Orlando Carvalho. É aqui que entra a equipa da OJC, Con-sultoria Empresarial. Criada no final de 1998, a OJC lançou--se no mercado com um grande lema: “faça o que sabe fazer. Deixe o resto para nós”. Com profissionalismo, rigor, confidencialidade e objetividade, a em-presa, formada por especialistas ligados a áreas tão distintas (jurídica, recursos humanos, informática, auditoria, en-tre outras), responde às necessidades que vão surgindo no quotidiano dos seus clientes, fazendo transparecer o ambiente quase familiar que une esta equipa. O trabalho da OJC divide-se em três grandes áreas: contabilidade e fiscalidade; consultoria financeira e formação (a empresa será brevemente acreditada como entidade formadora). A competência técnica e a sinceridade na relação com o cliente têm garantido à OJC um percurso de sucessos, com um crescimento acima do que se espera de uma organização num tempo em que muito se fala em “apertar o cinto”. Mas, ao contrário de muitas empresas, a OJC

“A primeira condição para se realizar alguma coisa é não querer fazer tudo ao mesmo tempo”. A autoria da frase é de Tristão de Ataíde mas a OJC faz desta filosofia um lema de trabalho, seu e dos seus clientes. Com uma equipa técnica especializada e todo o know how adquirido desde a sua formação, a empresa propõe soluções que respondem às necessidades de qualquer negócio. O desafio é: “concentre-se no que melhor sabe fazer”. A OJC ajuda a encontrar as melhores soluções.

“Um emPreSárIo Deve SaberQUal o momento certo Para Parar”

não baixou os braços e a atual conjuntu-ra financeira é encarada como uma fon-te de oportunidades de negócio.

“As insoLVênciAs fAmiLiAres são DoLorosAs”

A OJC tem estado lá nos bons e nos maus momentos dos seus clientes. Mas, em muitos casos, “trabalhar para o cliente é ajudar a resolver o problema do seu cliente porque nós sabemos que hoje em dia é muito complicado para uma empre-sa ou família cumprir o nível de endivida-mento que tem”, explicou Orlando Carva-lho. Assim sendo, em vez de adoptar uma postura agressiva de credor, a OJC senta, conversa e tenta resolver o problema da

melhor forma possível. Neste cenário, para Orlando Carvalho, “as insolvências familiares são as mais dolorosas”. E são, sobretudo, as insolvências de pessoas singulares as que mais têm aumentado nos últimos tempos. Para combater este cenário negro, o Governo criou o PER – Processo Espe-cial de Revitalização de empresas. Tem como objetivo ser uma alternativa ao processo de insolvência, sendo mais ágil e com menor intervenção do tribunal, com vista à aprovação de um plano de reestruturação de forma a evitar que a empresa atinja a insolvência ou, em úl-timo caso, a liquidação. Para tal, basta que o devedor e um dos credores avan-

OrlAndO CArVAlHO, AdMinistrAdOr JudiCiAl nA OJC – COnsultOriA eMPresAriAlgESTÃO E RECUPERAÇÃO dE

CRÉdITO – EdUCAÇÃO FINANCEIRA

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“instrumentos jurídico-normativos de revitalização de empresas

sireVe - sistema derecuperação de empresaspor Via extrajudicialO objetivo é recuperar empresas por via extrajudicial, através de acordos com os credores que representem, pelo menos, 50 por cento dos créditos. Quem pode recorrer? Qualquer em-presa que se encontre numa situação financeira complicada ou num processo de insolvência eminente ou atual, nos termos do CIRE.

Per - Processo especialde revitalizaçãoO objetivo é disponibilizar ao devedor a possibilidade de negociar com o credor um Plano de Recuperação, sem que preci-se de se apresentar previamen-te à insolvência e atravessar o processo ligado à recuperação de insolventes.

Persi - Procedimentoextrajudicial de regularização de situações de incumprimentoAtravés de soluções negociadas entre o cliente bancário e a ins-tituição de crédito, o objetivo é regularizar situações deincumprimento.

A OJC cria grandes laços com os seus clien-tes. Existe, atualmente, a hipótese de avançar-mos para moçambique com alguns clientes, sempre no espírito de acompanhá-los

“Orlando Carvalho

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Pontos de Vista Fevereiro 2013

cem com um mútuo acordo de iniciar o procedimento para que este se desenrole com a designação de um administrador judicial provisório. Na teoria, Orlando Carvalho atribui muito mérito ao progra-ma mas aponta um obstáculo. “A grande falha está no problema de falta de fundo de maneio das empresas. Eu posso hoje negociar com os credores para pagar em cinco anos mas não vou ter dinheiro para pagar amanhã os salários aos meus fun-cionários. É necessário haver alguma en-trada de dinheiro nas empresas para que estas possam realmente acompanhar o programa”, evidenciou. Para o responsável, no universo empresa-rial, o cenário de insolvências irá acentu-ar-se, sobretudo no pequeno comércio. A solução passa pela deslocação para novos mercados, como Moçambique, Angola, Marrocos ou América Latina. Quando se fala em internacionalização de negócio, a OJC não descarta essa pos-sibilidade. Apesar de não ser um obje-tivo, a porta não está, de todo, fechada. “A OJC cria grandes laços com os seus clientes. Existe, atualmente, a hipótese de avançarmos para Moçambique com alguns clientes, sempre no espírito de acompanhá-los”, revelou Orlando Car-

valho. Saber aproveitar todas as opor-tunidades de negócio que surgem tem sido uma das grandes alavancas ao crescimento da OJC e, por isso, se o pro-cesso de internacionalização surgir, a empresa não ficará certamente de bra-ços cruzados.

eDucAção finAnceirAAs pessoas têm de ser educadas para sa-berem poupar e aprenderem a gerir as suas prioridades. Educação financeira é isso mesmo. São conselhos que ajudam o consumidor a administrar os seus ren-dimentos, a tomar decisões conscien-tes e a estar mais alerta para possíveis fraudes. “Passa pelo consumidor saber exatamente o que precisa e o que lhe faz falta mas é também trabalho das insti-tuições de crédito que não podem estar constantemente a enviar ofertas. Tudo é uma tentação e as pessoas têm de apren-der a ter controlo”, recomendou Orlando Carvalho. No fundo, é preciso saber dizer não e ter consciência de que há consu-mos supérfluos que podem pôr em risco o seu futuro. De qualquer forma, Orlando Carvalho acredita que a mensagem tem sido recebida e os portugueses já liga-ram o botão de alerta.

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“Concentre-se no que melhor sabe fazer. Nós ajudamos a encontrar as melhores soluções”“Não estou a querer dizer que a OJC sabe fazer tudo. Mas, o recurso ao outsourcing e as empresas que possam ajudar tem de ser uma opção. As empresas têm de ser especializadas naquilo que sabem fazer de forma a aumentarem a sua produtividade e crescerem” – Orlando Carvalho

A grande falha está no problema de falta de fundo de maneio das empresas. Eu posso hoje negociar com os credores para pagar em cinco anos mas não vou ter dinheiro para pagar amanhã os salários aos meus funcionários. é necessário haver alguma entrada de dinheiro nas empresas para que estas possam realmente acompanhar o programa

“trabalhar para o cliente é ajudar a resolver o proble-ma do seu cliente porque nós sabemos que hoje em

dia é muito complicado para uma empresa ou família cumprir o nível de endividamento que tem”

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“a migos, ami-gos, negó-cios à parte”. O ditado há muito que faz parte da cultura por-tuguesa, mas

no quotidiano de muitos empresários nem sempre é seguido à risca. Quem o diz é Carlos Esteves, Diretor da biz.we, uma empresa que se assume como po-tenciadora da saúde financeira dos seus clientes, proporcionando os melhores índices na recuperação de crédito ven-cido. A biz.we, paralelamente a um de-sempenho assinalavel na recuperação de crédito bancário, depois de analisar a real situação financeira das empresas, adoptou um paradigma de atuação dis-tinto. “Numa altura em que uma empre-sa passa por dificuldades de liquidez e a banca cortou a concessão de crédito, qual é a melhor fonte de receita? É, efe-

tivamente, conseguir recuperar todos os valores que outros clientes deixaram de pagar”, explicou Carlos Esteves. A biz.we tem apostado nesse mercado mas, mais do que investir no conceito de recupera-ção de crédito, a empresa quer moldar a mentalidade dos seus clientes para que eles compreendam a necessidade e a importância da intervenção de uma organização com as caraterísticas da biz.we. Com o aumento do desemprego e a su-bida das despesas, o setor da recupera-ção de crédito vê as condições reunidas para o incumprimento dos créditos. Neste sentido, o período atual tem sido, de alguma forma, uma oportunidade de negócio para a biz.we. “A procura tem aumentado porque algumas empresas estão a chegar a um ponto de saturação em que reconhecem que sozinhas não conseguem resolver os seus problemas”, evidenciou o responsável. Todavia, o mérito é também atribuído ao trabalho

A biz.we assume-se como o player que faltava no mercado. Mais do que ser a “tábua de salvação” do cliente, a empresa quer aconselhá-los e educá-los para que evitem atingir situações limite. Com uma estrutura operacional com abrangência nacional, escritórios em Lisboa, Leiria e Viseu, a biz.we pretende estar o mais próximo possível do seu cliente, acompanhando-o e ajudando-o a atingir uma plena saúde financeira.

PotencIaDoreS Da SaúDe FInanceIraDe Uma emPreSa

que esta equipa altamente especializada e com experiência comprovada no setor da gestão e recuperação de crédito ven-cido tem demonstrado.

“temos trABALhADo numA PosturA De eDucAção”

Haverá um momento oportuno para um empresário entrar em contacto com a biz.we? Carlos Esteves acredita que sim e o mesmo deverá ser quando o cliente biz.we constata situações de incumpri-mento numa fase inicial. Para o diretor, os empresários, hoje em dia, precisam de acompanhar diariamente um cliente que comece a atrasar pagamentos. “Este acompanhamento será feito de duas for-mas: ou criam um departamento dentro da empresa que lhes faça isso, aumen-tando os custos fixos, ou recorrem a em-presas como a biz.we”, profissionalizan-do a recuperação, explicou. Mas, mais do que servir de “pronto-socorro”, como descreveu Carlos Esteves, a empresa pretende aconselhar o cliente, evitando que as situações cheguem a extremos. “Temos trabalhado numa postura de educação. As empresas devem limitar o crédito que dão aos seus clientes. Não digo que o cortem completamente, mas tem de haver um maior controlo”, defen-deu. No fundo, e dada a conjuntura atu-al, importa introduzir uma mudança de paradigma nas relações comerciais en-tre credor e devedor, alterando a postu-ra dos empresários. Se tal não acontecer, poderemos continuar a assistir “ao de-clínio do tecido empresarial”, vaticinou Carlos Esteves.

“nAcionAL Porreirismo”O tradicional “deixar andar” é, para Carlos Esteves, um dos principais moti-vos que justificam o prolongamento de muitas situações difíceis entre credores e devedores. A relação de proximidade e, em muitos casos, de amizade que os empresários estabelecem com os seus clientes é um entrave quando chega o momento da ação de cobrança. “O nos-so tecido empresarial é composto por pequenas e médias empresas com gran-de proximidade e até afinidade entre fornecedor/cliente. Tudo isto dificulta quando chega a altura de adoptar uma postura de credor”, afirmou Carlos Es-teves. A falta de preparação e estrutura de algumas empresas para fazer face a este aumento exponencial de incumpri-mento é outra das causas levantadas. “É complicado para uma pessoa que du-

rante tanto tempo esteve especializada numa área de negócio, de repente ter de abraçar outra atividade que nada tem a ver com aquilo que ela sabe fazer”, disse.

“oBJetiVos 2013”Para 2013, Carlos Esteves apenas deseja o “triplo ou quadruplo” do que esperou para 2012. As expetativas são, por isso, bastante elevadas. Alargar estrutura, aumentar escritórios (possivelmente será aberto mais um no Porto) mas, so-bretudo, manter o espírito que está hoje intrínseco à sua equipa de trabalho são as principais metas. “Somos muito uni-dos e lutamos todos para o mesmo lado, defender os interesses dos nossos clien-tes. Tento diariamente incutir esse espí-rito, o que não é difícil uma vez que es-tou rodeado de pessoas muito capazes e dedicadas”, afirmou. Portanto, quer com 40 colaboradores ou 400, “venha traba-lho que nós cá estamos”, concluiu Carlos Esteves.

CArlOs esteVes, diretOr dA Biz.we eM destAque

Serviços biz.we:- gestão e recuperação de faturação- gestão e recuperação de crédito- Assessoria à recuperação judicial de capital em dívida- Consultoria de gestão de ativos

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gESTÃO E RECUPERAÇÃO dE CRÉdITO – EdUCAÇÃO FINANCEIRA

Carlos Esteves

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Pontos de Vista Fevereiro 2013

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Vocacionada para a gestão e recupe-ração de crédito em mora, a INDebt é a melhor empresa portuguesa na ges-tão de dívidas? Em tempos de crise, em que a procura dos vossos serviços tende a aumentar, como é que a INDebt se consegue diferenciar de outras em-presas com a mesma atuação?A Indebt foi fundada em 2010 com o obje-tivo de apresentar estratégias operacionais que visem favorecer a liquidez e a seguran-ça dos nossos clientes, através da aquisição de carteiras de crédito em incumprimento e da prestação de serviços de gestão e recu-peração de créditos em mora.Temos como missão, efetivamente, ser-mos a melhor empresa na gestão de dí-vidas, através da oferta de um serviço integrado e dedicado de acordo com as características de cada cliente e de cada devedor. O nosso objetivo é o de criar uma verda-deira parceria com os nossos clientes e é para isso que trabalhamos diariamente. O grau de satisfação dos nossos parceiros é o melhor barómetro que temos em rela-ção à gestão eficaz das dívidas.

Do vasto leque de serviços que a em-presa disponibiliza, destaco o trabalho que desenvolvem na recuperação de dívidas e de créditos vencidos. Cada vez mais a sobrevivência de uma em-presa é colocada em causa devido aos constantes incumprimentos. De que forma a INDebt consegue garantir aos clientes que as suas dívidas podem ser transformadas em dinheiro?Atualmente as dívidas em incumprimen-to, para além dos efeitos nos resultados operacionais das organizações são ainda um consumidor interno de recursos.Em nosso entender, a recuperação de dí-vidas constitui uma importante mais-valia

para todo o tecido empresarial em Portu-gal, na medida em que favorece a liquidez através do aumento dos cash-flows e da diminuição dos custos operacionais. Uma gestão cada vez mais profissional e adequada da faturação, quer antes do seu vencimento, quer em situações de incum-primento contribuirá decisivamente para a diminuição dos prazos de recebimento, para a libertação de recursos para as ati-vidades críticas das empresas. Adaptamos a nossa abordagem de recuperação de dí-vidas às necessidades específicas de cada cliente. Independente do serviço imple-mentado, a Indebt tenta sempre promo-ver um serviço superior, procurando:- Nas dívidas em fase inicial recuperar o valor sem perder o potencial cliente. - Privilegiar a negociação amigável através de um contacto direto com o devedor, com vista à obtenção de uma solução.Posteriormente é essencial um controlo e seguimento rigoroso de cada processo, para obter os máximos resultados.

Dos serviços que disponibilizam, quais têm sido os mais solicitados? Sem dúvida a gestão e recuperação de dí-vidas em incumprimento de empresas na área dos serviços. Com principal enfoque nas telecomunicações, serviços financei-ros e seguros. Paralelamente, também as-sistimos ao desenvolvimento do processo de avaliação com vista à aquisição de car-teiras de crédito em incumprimento.

Com o aumento do desemprego e a subida das despesas, o setor da recu-peração de crédito vê as condições reunidas para o incumprimento nos créditos. Este período de crise tem sido uma oportunidade de negócio para a INDebt?O aumento do desemprego e a subida das despesas é sempre um mau indicador para a economia, embora esse seja um dos principais motivos referenciados para o incumprimento. Parece-me claro que o incumprimento tem tendência a aumen-tar como consequência da diminuição dos rendimentos das famílias. No nosso sec-tor também temos a necessidade de nos adaptar à nova realidade do país, ou seja, procuramos ser mais flexíveis através do alargamento do prazo e de uma redução das prestações e sempre que possível ado-tar uma postura educativa.É claro, que paralelamente, neste período de crise existem também várias oportuni-dades de negócio às quais estamos atentos. Por um lado, as empresas estão, de um

desde 2010 que a Indebt está no mercado para disponibilizar as melhores estratégias operacionais que melhorem a liquidez e segurança dos seus parceiros. No final, “o grau de satisfação dos nossos clientes é o melhor barómetro que temos em relação à gestão eficaz das dívidas”, defendeu Rita Baptista, Manager da Indebt, à Revista Pontos de Vista.

Uma emPreSa QUe QUer Ser a melhor na geStão De DívIDaS

modo geral, bastante preocupadas com os recebimentos. Por outro lado, a venda de carteiras de crédito é também uma oportu-nidade que tem vindo a ser explorada pelas instituições financeiras portuguesas.

No momento em que se deparam com casos considerados perdidos, qual é a postura da INDebt? Nós tentamos sempre recuperar o valor em dívida, tentando adaptar as exigências dos nossos clientes às reais capacidades económicas do devedor. Nas situações de prestação de serviços, como temos um prazo limitado de gestão, poderão ocorrer situações em que não seja possível o acor-do, pois o devedor poderá estar incontac-tável ou não ter qualquer possibilidade de pagar. Aproveitamos, ainda assim, para ter uma postura educativa e explicar que os consumidores têm a obrigação de se informar sobre os serviços que adquirem.

Quando são carteiras de crédito adquiri-das, a situação é diferente, nomeadamen-te porque o recurso à via judicial é sempre equacionado.

Com a atual conjuntura económica e o impacto das medidas de austeridade que levam, em muitos casos, à impossi-bilidade de suportar créditos, acredita que a INDebt terá maior procura no de-correr de 2013?Acreditamos que sim. Os motivos enu-merados antes levam-nos a acreditar no aumento da procura dos nossos serviços, não apenas para a gestão de situações de incumprimento, mas também para a ges-tão corrente da carteira de clientes, medida esta que na nossa opinião é a melhor forma de prevenção do incumprimento.

ritA BAPtistA, MAnAger dA indeBtgESTÃO E RECUPERAÇÃO dE

CRÉdITO – EdUCAÇÃO FINANCEIRA

LER NA INTEgRA EMWWW.PontosDeVistA.Pt

Rita Baptista

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Os reitores das universidades portu-guesas temem que os estabelecimen-tos de ensino superior possa chegar a meados deste ano sem dinheiro para pagar salários, devido aos cortes pre-vistos. Que medidas estão a ser deli-neadas para alterar este cenário?As negociações do CRUP com o Governo e com a Assembleia da República possi-bilitaram um reforço orçamental para 2013 que permitirá viabilizar o funcio-namento da grande maioria das univer-sidades durante o corrente ano. Esse re-forço deve ser transferido o mais breve possível do Ministério da Educação e da Ciência para as universidades, ou seja, durante o mês de fevereiro. Como já manifestei publicamente considero que a situação financeira que vivemos deve exigir um acompanhamento especial por parte do Ministério da Educação e da Ciência durante todo o ano de 2013. O CRUP está totalmente disponível para apoiar esta iniciativa facultando as in-formações que lhe forem solicitadas.

Que impacto poderá ter este facto na Educação em Portugal? Sente que a Educação e o Ensino estão neste mo-mento a ser «esquecidos» pelos po-deres do Estado? A resolução deste problema financeiro é essencial para que as universidades possam continuar a desempenhar, com qualidade, em Portugal e no estrangei-ro, as suas missões nas áreas do ensino, investigação e transferência do conheci-mento para a sociedade.Regressei recentemente da Turquia onde participei na reunião do Conselho da European University Association, en-

tidade que reúne os representantes de mais de 800 universidades europeias e que tem como Presidente a Professora Helena Nazaré, antiga Reitora da Uni-versidade de Aveiro. A atitude global dos governos europeus, incluindo o portu-guês, é de apoiar a educação e o ensino, do básico ao superior. No caso das uni-versidades se existisse “esquecimento” o preço seria enorme e nenhum governo pode correr esse risco. Por outro lado, a questão dos cortes no financiamento não pode justificar “alheamentos” às questões concretas, mas sim atenção re-dobrada e uma total transparência nas operações financeiras.

Ao longo deste processo, sente que tem havido diálogo entre as Univer-sidades e o Governo? Que conclusões foram alcançadas?As relações entre o Governo e o CRUP têm sido mais cordiais do que operacio-nais mas sempre respeitei o estilo dos governantes desde que fiquem acaute-ladas as condições essenciais ao funcio-namento do sistema. Esse desígnio tem sido conseguido mas, nalguns casos, estão ainda por viabilizar iniciativas colocadas ao Governo pelo CRUP como

Portugal vive atualmente sobre a égide de uma crise económica sem precedentes e onde são vários os setores afetados por esta conjuntu-ra. Na educação o cenário não é distinto, sendo que aquilo que se faz hoje tenha repercussões graves no futuro. A Revista Pontos de Vista conversou com António Rendas, Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), que deu a conhecer o atual panorama, pouco positivo diga-se, porque “a resolução deste problema financeiro é essencial para que as universidades possam continuar a desempenhar, com qualidade, em Portugal e no estrangeiro, as suas missões nas áreas do ensino, investigação e transferência do co-nhecimento para a sociedade”, afirma.

“a reSolUção DeSte Problema FInanceIro é eSSencIal Para aS UnIverSIDaDeS”

é o caso do “Estatuto do Estudante In-ternacional”.

Que análise perpetua relativamente ao papel do atual Ministério da Edu-cação? Quais são os principais erros que deteta nesta forma de governar?O Ministério da Educação e da Ciência deveria acompanhar mais de perto, sempre que possível presencialmente, as várias iniciativas ligadas ao ensino superior. Verifico, com agrado, que essa atitude tem sido tomada com mais fre-quência nos últimos tempos.

Como avalia os padrões de funciona-mento das Universidades em erifo-Portugal? Sente que a qualidade das Universidades está a ser colocada em causa? De que forma é que esse facto se irá refletir no ensino prestado?As universidades portuguesas fizeram um grande progresso na última década e conseguiram atingir níveis de funcio-namento que nos colocam dentro dos bons, e nalguns casos excelentes, pa-drões europeus e globais.

Apesar da evidente importância das Universidades em Portugal, de que

forma é que as mesmas poderão con-tribuir para ajudar e apoiar Portugal num momento de austeridade? As universidades portuguesas não têm dívidas a terceiros e nunca contribuíram para o aumento do défice. As nossas rei-vindicações não são salariais mas sim destinadas a viabilizar o funcionamento das instituições. Estes contributos são reconhecidos pela tutela como significa-tivos e úteis para ajudar o País a ultra-passar a crise em que vivemos

De que forma é que as Universidades portuguesas poderão deixar de cum-prir e assumir os compromissos com parceiros internacionais? Os compromissos internacionais, sobre-tudo os europeus, têm sido mantidos mas à custa de muita paciência para ul-trapassar as barreiras burocráticas que as medidas de contenção e de fiscaliza-ção, aplicadas de uma forma global às instituições públicas, têm criado às uni-versidades. Devia haver maior confiança nas universidades no âmbito da autono-mia que a constituição lhes confere.

AntóniO rendAs, Presidente dO CruP, eM entreVistAUNIVERSO UNIVERSITÁRIO

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Enquanto Presidente do CRUP, quais os principais desafios para os próximos tempos? teme um quadro de rutura na rede universitária? O principal desafio é contribuir para a revisão da rede do ensino superior português através de um estudo internacional que vai se apresentado publi-camente no próximo mês de fevereiro. O CRUP encomendou esse estudo a peritos da European University Association que estiveram em Portugal no final do passado ano tendo reunido com grande parte dos parceiros envolvidos, desde membros do governo e do parlamento até dirigentes das instituições universitárias e também representantes dos estudantes e das organizações sindicais. O estudo vai ser apresentado no Conselho Nacional de Educação prevendo-se a participação não só de especialistas nacionais mas também de peritos da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu.A crise que vivemos pode ser uma oportunidade para se tomarem medidas estruturantes de revisão da rede do ensino superior desde que baseadas em dados concretos e não em meras afirmações sem fundamento. A manuten-ção do statuos quo será grave quer para o ensino quer para a investigação científica. O risco que as instituições de ensino superior português correm é de perder o que têm de muito bom e de não conseguirem travar o que fun-ciona mal. Neste âmbito as universidades, como principal pilar do sistema, têm o maior interesse em ser avaliadas por critérios transparentes utilizados a nível internacional porque já essa a sua prática. As instituições de ensino superior fazem parte de redes essenciais para o desenvolvimento de cidades e regiões, por isso é essencial reforçar essas ligações e evitar riscos de rotura de consequências gravíssimas para o País.

As relações entre o Gover-no e o CRup têm sido mais cordiais do que operacio-nais mas sempre respeitei o estilo dos governantes desde que fiquem acaute-ladas as condições essen-ciais ao funcionamento do sistema. Esse desígnio tem sido conseguido mas, nalguns casos, estão ainda por viabilizar iniciativas colocadas ao Governo pelo CRup como é o caso do “Estatuto do Estudante internacional

“António Rendas

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v ivemos atualmente dias de verda-deira infâmia, onde as complexi-dades da atual crise que atravessa-mos têm feito de nós verdadeiros reféns e não nos têm permitido viver em sociedade, mas apenas sobreviver a um estado de coisas que diariamente nos desgasta. No-

tícias e afins sobre as dificuldades mundiais per-petuam o nosso quotidiano, a cada novo indicador negativo, mais famílias e empresas se veem à beira do colapso. Com salários reduzidos – se é que ain-da podem contar com a recompensa pelo trabalho – e privados de direitos básicos como a educação e a saúde, milhões de pessoas desmoronam diante da falta de perspetiva por dias melhores. Assim, a população vive em vigília, à espera do pior. Depois deste retrato negro, é ainda possível olhar o futuro com otimismo? Acreditamos que sim. Atenta a esse panorama, a Revista Pontos de Vista pretendeu, desde a sua génese, seguir uma lógica e dinâmica assentes em pilares como a qualidade, a excelência e acima de tudo, nos exemplos positi-vos e assertivos que vamos tendo no nosso país… e felizmente ainda são bastantes. Foi e é isso que pretendemos continuar a mostrar. A Revista Pontos de Vista surgiu para isso mesmo, para perpetuar as palavras de quem nunca é ouvido mas

que faz tanto pelo nosso país. De alguns que na solitu-de promovem ações de mérito e de enorme valia para que Portugal continue a singrar e seja o paradigma do que deve ser um país desenvolvido. Porque os Bons Exemplos nunca são demais. As dificuldades que te-mos diariamente são as mesmas que inúmeros portu-gueses sentem e não quisemos deixar de nos associar a esta causa, a um movimento que tem no universo empresarial luso um enorme capital de mais-valia e de referência para o que deve ser o nosso país, um espaço exíguo mas com uma enorme alma que conse-gue, com maior ou menor dificuldade, ultrapassar os obstáculos que diariamente vão surgindo. O futuro está aí. Dizem os entendidos que 2013 será ainda mais complicado e nefasto e assim as dificuldades vão ser maiores. Já estamos a sentir isso mesmo. A Revista Pontos de Vista pretende continuar com esta linha, onde o positivismo e o otimismo são os principais baluartes de um pro-jeto que tem vindo a solidificar a sua presença mensalmente na vida dos portugueses. Otimizar, Estimular, Iniciar, Prosseguir, Perdurar, Promover. Nada mais, nada menos. É isto que pretendemos. É isto que somos. Uma organização onde o deside-rato comum passa por sermos mais que um meio de comunicação social convencional, mas sim um promotor de testemunhos de todos aqueles que têm feito a diferença e assim contribuído para a

Foi Edmund Burke, filósofo e político anglo-irlandês, que disse que quando qualquer trabalho parece ter exigido imensa força e luta para efetivá-lo, a ideia é grandiosa. Jamais teremos a ousadia de nos compararmos a uma personalidade da história mundial, mas permitam-nos que esta frase siga o trilho que pretendemos quando demos início ao projeto da Revista Pontos de Vista, decorria o ano 2010.

“não há conhecImentoQUe não tenha valor”

RiCARdO [email protected]

mudança do atual estado de coisas em Portugal. Permitam-me uma palavra de apreço ao corpo de Jornalistas da «nossa casa», pois sem eles nada disto seria possível. São a «alma» deste projeto, são os que eternizam em papel as palavras daque-les que fazem a diferença, são eles que dia após dia perpetuam a distinção e assim possibilitam que este projeto seja cada vez mais viável. São eles que vivem os verdeiros momentos de rebuliço, tão ca-racterísticos da vida jornalística. A Eles um «bem--haja» de enorme agradecimento. A soma tem, inúmeras vezes, a conclusão de mul-tiplicar. Naturalmente que pode não ser matemati-camente exato, mas, por experiência, é de conheci-mento comum que há coisas que apenas juntas são possíveis de alcançar. Em período de escassez de recursos, é positivo que utilizemos os que temos da melhor forma, e acima de tudo, partilhando--os quando com isso alcançamos novas metas. E porque os Bons Exemplos devem ser seguidos, agradecemos ainda àqueles que decidiram dar a conhecer as suas mais-valias e verdadeiro know--how na Revista Pontos de Vista. Cá estaremos no-vamente e assim continuaremos um legado que se pretende duradouro e perdurável.E termino como comecei, com uma citação desse conceituado vulto que é Edmund Burke: “Não há conhecimento que não tenha valor”…

EditoRial

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