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ÁGUAS DE COIMBRA – MARCA DE CONFIANÇA DIAVERUM – SAÚDE RENAL - PREVENÇÃO ESEGUR – CONFIANÇA E INOVAÇÃO MUNICÍPIOS PORTUGUESES Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público a nível nacional e não pode ser vendido separadamente JULHO 2015 / EDIÇÃO Nº 47 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros de Vista Pontos “QUEREMOS CONTAGIAR OS NOSSOS COLABORADORES, CLIENTES E ACIONISTAS COM OS NOSSOS VALORES E VIVER A NOSSA MISSãO DE TRANSFORMAR O MERCADO DE SEGUROS ANGOLANO” CARLOS DUARTE, CEO DA NOSSA SEGUROS CLÍNICAS SÃO GONÇALO EM DESTAQUE UM EXEMPLO DE LIDERANÇA

Revista Pontos de Vista Edição 47

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Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda.Suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público a nível nacionale não pode ser vendido separadamente

JULHO 2015 / EDIÇÃO Nº 47 - Periodicidade MensalVenda por Assinatura - 4 Euros

de VistaPontos

“Queremos contagiar os nossos colaboradores, clientes e acionistas com os nossos valores e viver a nossa missão de transformar o mercado de seguros angolano”

carlos duarte, ceo da nossa seguros

CLÍNICAS SÃO GONÇALO

EM DESTAQUE

UM EXEMPLO DE LIDERANÇA

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n.s.t. aPParel e gerber - dois Parceiros Que se comPletam

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n.s.t. aPParel e gerber - dois Parceiros Que se comPletam

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ficHa tÉcnica

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proi-bida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autoriza-ção do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anun-ciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico.

Propriedade, Edição, Administração e AutorHorizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda

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ImpressãoLidergraf - Sustainable PrintingDistribuição Nacional / Periodicidade MensalRegisto ERC nº 126093NIF: 509236448ISSN: 2182-3197Dep. Legal: 374222/14Distribuição Nacional gratuitacom o Jornal Público

DIRETOR: Jorge AntunesDIR. INFORMAÇÃO: Ricardo AndradePRODUÇÃO DE CONTEÚDOS:Andreia Azevedo | Sara Soares | Rita DuarteColaboração especial: Sandra Arouca

GESTÃO DE COMUNICAÇÃO:João Soares | Nuno Alves | José MoreiraMiguel Beirão | Nelson Luiz | Pedro Paninho

AssinaturasPara assinar ligue +351 220 926 877 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda - Rua Rei Ramiro 870, 5º A, 4400 – 281 Vila Nova de GaiaFax 220 993 250E-mail: [email protected]ço de capa: 4,00 euros (iva incluído a 6%)Assinatura anual (11 edições):Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%),Europa: 65 euros, Resto do Mundo: 60 euros

em destaQue Índice de TeMAS

48 MONVERDE

Entre Felgueiras e Amarante, há um novo espaço de tranquilidade e glamour. O Monverde – Wine Experience Hotel é o resultado de um projeto da Quinta da Lixa e o primeiro hotel vínico da Rota dos Vinhos Verdes. Uma experiência enoturística imperdível

26 MENCOVAZ

Empresa de sucesso e excelência, a Mencovaz é o resultado de uma história de qualidade, compromisso, ética, sigilo e rigor. O presente e o futuro da marca estão nas mãos de duas gerações distintas que trabalham diariamente pela continuidade de uma marca de referência na Avaliação e Consultoria Imobiliária

52 CM RIBEIRA DE PENANa busca pelo que de melhor existe em Portugal, fomos conhecer Ribeira de Pena, um concelho envolvido por natureza e história. Quem por lá passa, não pode deixar de se aventurar nas várias modalidades de desporto-natureza e conhecer os marcos históricos que Camilo Castelo Branco deixou na sua passagem pelo município.

4 – Propriedade Industrial6 – CPLP – Direito8 – Investimento Estrangeiro em Portugal16 – Serviços Consulares18 – Liderança no Feminino25 – Universo Digital26 – Avaliação Imobiliária30 – Marcas que Geram Confiança34 – PME Líder38 – Saúde Renal – Prevenção40 – Investigação em Portugal41 – Telemedicina44 – Universo Animal45 – Saúde – Boas Práticas46 – Congresso Internacional de Enoturismo48 – Monverde – Wine Experience Hotel52 – Municípios Portugueses63 – Produtos Genuínos Portugueses65 – Fileira dos Pequenos Frutos

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I – A CONVENÇÃO DA UNIÃO DE PARIS, DE 20 DE MARÇO DE 1883

1 = A intensificação do comércio internacional, no século XIX, mais especialmente na segunda metade, impunha a regulamentação dos direitos de Propriedade Industrial, que deveriam ser protegidos além--fronteiras, partindo, muito embora, da proteção obtida no país de origem.

Mas a proteção dos direitos no território nacional, abria as portas aos concorrentes menos escrupulosos e sempre à procura de usufruir do esforço dos industriais e comerciantes, que nem sempre protegiam convenientemente os seus legítimos direitos, em especial no estran-geiro.

2 = A criação de uma Convenção internacional que pudesse reprimir essa concorrência foi, durante vários anos, o objetivo de um grupo de países, na sua maioria europeus, que estudaram a possibilidade de proteger os direitos além-fronteiras antes que os especialistas na concorrência desleal pudessem atacar com êxito.

3 = Desse grupo de países destaca-se, sem dúvida, a França, que se mostrou empenhada na resolução do problema e que culminou com a assinatura, em Paris, em 20 de março de 1883, da Convenção Inter-nacional para a Proteção dos Direitos de Propriedade Industrial, que ficou conhecida por Convenção da União de Paris, ou, simplesmente, Convenção de Paris.

Esta Convenção foi assinada pelos seguintes onze países: Bélgica, Brasil, Espanha, França, Guatemala, Itália, Holanda, Portugal, Salva-dor, Sérvia e Suíça, dos quais, portanto, sete europeus.

4 = Podemos considerar três aspetos essenciais na Convenção de Pa-ris: os dois direitos básicos que confere aos seus Membros e a har-monização que pretende dar às leis de Propriedade Industrial, ou seja

a) O Princípio da Assimilação ou do Tratamento Nacional; b) O Direito de Prioridade; e c) Medidas tendentes a harmonizar a proteção conferida pelos direi-tos de Propriedade Industrial.

5 = A Convenção de Paris começa por definir, no artigo 2º, o princi-pal objetivo que se propõe alcançar, ou seja o Principio da Assimila-ção ou do Tratamento nacional:

“Les sujets ou citoyens de chacun des Etats contractants jouiront, dans tous les autres Etats de l’Union, en ce qui concerne les brevets d’invention, les dessins ou modèles industriels, les marques de fabrique ou de commerce et le nom commercial, des avantages que les lois respectives accordent actuelle-ment ou accorderont para la suite aus nationaux. En conséquence, ils au-ront la même protection que ceux-ci et le même recours légal contre toute atteinte portée à leurs droits, sous réserve de l’accomplissement des formali-tés et des conditions imposées aux nationaux para la législation intérieure de chaque Etat.”

6 = Este principio é completado pelo seguinte artigo 3º, relativo aos nacionais dos países não membros da Convenção, mas domiciliados ou com estabelecimento no território de um Estado da União:

CONCEITO DE IMITAÇÃO DE MARCA REGISTADA

“Sont assimilés aux sujets ou citoyens des Etats contractants les sujets ou citoyens des Etats ne faisant partie de l’Union, qui sont domiciliés ou ont des établissements industriels ou commerciaux sur le territoire de l’un des Etats de l’Union.”

7 = E o artigo 4º determina os prazos de prioridade: “Celui qui aura régulièrement fait le dépôt d’une demande de brevet d’invention, d’un dessin ou modèle industriel, d’une marque de fabrique ou de commerce, dans l’un des Etats contractants, jouira, pour effectuer le dépôt dans lesautres Etats, et sous réserve des droits des tiers, d’un droit de priorité pendant les délais déterminés ci-après. Les délais de priorité mentionnés ci-dessus seront de six mois pour les bre-vets d’invention, et de trois mois pour les dessins ou modèles industriels, ainsi que pour les marques de fabrique ou de commerce. Ils seront augmen-tés d’un mois pour les pays d’outre-mer. »

Assim, os prazos de prioridade inicialmente concedidos pela Con-venção de Paris eram os seguintes:

Patentes de invenção – 6 mesesDesenhos e modelos industriais – 3 mesesMarcas de fábrica ou de comércio – 3 meses

Estes prazos sofreram várias alterações nas Revisões da Convenção, que se faziam com uma certa regularidade, tendo sido consideravel-mente mais alargados:

a) Revisão de Bruxelas, de 20 de março de 1900:

- Patentes de invenção – 12 meses- Desenhos e Modelos Industriais – 4 meses- Marcas de fábrica ou de comércio – 4 meses

b) Revisão de Washington, de 2 de junho de 1911:

- Patentes de invenção – 12 meses- Modelos de Utilidade – 12 meses- Desenhos e Modelos Industriais – 4 meses- Marcas de fábrica ou de comércio – 4 meses

PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial

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c) Revisão de Haia, de 6 de novembro de 1925:

- Patentes de invenção – 12 meses - Modelos de Utilidade – 12 meses - Desenhos e Modelos Industriais – 6 meses - Marcas de fábrica ou de comércio – 6 meses

d) Revisão de Londres, de 2 de junho de 1934:

Prazos de prioridade sem alteração.

e) Revisão de Lisboa, de 31 de outubro de 1958:Prazos de prioridade sem alteração.

f ) Revisão de Estocolmo, de 14 de julho de 1967:

- Patentes de invenção – 12 meses- Modelos de Utilidade – 12 meses- Certificados de autor de invenção – 12 meses- Desenhos e Modelos Industriais – 6 meses- Marcas de fábrica ou de comércio – 6 meses

A novidade, na Revisão de Estocolmo, está na prioridade conferida aos certificados de autor de invenção – usados na União Soviética – e que são referidos no artigo 4º, alínea I, 1) e 2):

1) Os pedidos de certificados de autor de invenção apresentados num país em que os requerentes têm o direito de pedir, à sua escolha, quer uma pa-tente, quer um certificado de autor de invenção, darão lugar ao direito de prioridade instituído pelo presente artigo, nas mesmas condições e com os mesmos efeitos que os pedidos de patentes de invenção.2) Num país em que os requerentes têm o direito de requerer, à sua es-colha, quer uma patente, quer um certificado de autor de invenção, o requerente de um certificado de autor de invenção beneficiará segundo as disposições do presente artigo aplicáveis aos pedidos de patentes, do direito de prioridade baseado na apresentação de um pedido de patente de invenção, de depósito de modelo de utilidade ou de certificado de autor de invenção.

8= Os restantes artigos da Convenção de Paris definiam regras que harmonizavam disposições e procedimentos para a melhor proteção dos vários direitos que protege.

9 = Poucos conheciam bem a Convenção de Paris e ninguém a co-nheceu como o meu querido Amigo Paul Mathély – francês, Ad-vogado e Professor, já falecido há pouco mais de uma dúzia de anos

(mais concretamente, no dia 15 de outubro de 2001) e que terá tido, sem dúvida, grande influência na promoção desta Convenção.

10 = O Prof. Paul Mathély, no seu livro “Le Noveau Droit Français des Marques”, depois de indicar como nasce o direito de prioridade:

- d’une première demande,- régulièrement déposée,- dans un pays de l ’Union,

refere um caso com o maior interesse, relativo à “forma” que deve revestir o primeiro pedido, que “ne peut pas revêtir une forme ar-bitraire”:

“Si le dépôt de la première demande doit être régulier, faut-il qu’il soit régulier dans le fond, ou suffit-il qu’il soit régulier dans la forme ?Par exemple, soit un dépôt d’une marque constituée par des lettres, dans un pays où les lettres ne sont pas admises á titre de marque. Le dépôt de la marque est régulier dans la forme : il va recevoir une date de dépôt. Mais, le signe n’étant pas admissible, la demande d’enregistrement sera rejetée.Un tel dépôt a-t-il cependant donné naissance à un droit de priorité ?La question a été discutée à la Conférence de révision de Lisbonne en 1958.La Conférence a estimé et décidé ce qui suit.Selon le système de l ’Union, chaque unioniste bénéficie, dans chacun des pays de l ’Union, des droits conf èrés par les lois de propriété industrielle de ce pays ; les droits ainsi conf èrés dans un pays sont indépendants de ceux qui sont conf èrés dans les autres pays. Le déposant, dans un pays, d’une première demande peut n’avoir pas droit à la protection de l ’object de cette demande en vertu de la loi nationale de ce pays : il a cependant la vocation, selon le régime de l ’Union, à obtenir une protection dans les autres pays, si la loi nationale le permet. Le défaut de protection dans le pays du dépôt est sans influence sur la vocation à la protection dans les autres pays.Il faut donc faire uns distinction entre la formalité du dépôt et la pro-tection de son object. Le dépôt, dans sa matérialité, établit et authentifie d’une part la consistance de la marque dont l ’enregistrement est deman-dé, d’autre part la date à laquelle l ’objet de cette demande a été déclaré.Ainsi, le droit à la protection dans l ’Union est ouvert au premier dépo-sant : ce droit naît du dépôt, pris dans sa seule régularité formelle.C’est ce que dit la Convention dans son article 4-A3:

«Par dépôt national régulier, on doit entendre tout dépôt qui suffit à établir la date à laquelle la demande á été déposée dans le pays en cau-se, quel que soit le sort ultérieur de cette demande.»

Ainsi :- il suffit que le dépôt soit régulier dans la forme : il n’est pas nécessaire que le dépôt porte sur un objet valablement protégeable dans le fond ;- le dépôt régulier dans la forme est suffisant, lorsqu’il apporte une certitude sur la consistance de l’objet de la demande et sur la date ou le dépôt a été effectué;- et le droit de priorité nait de la matérialité du dépôt, et demeure acquis, même si la demande déposée est ultérieurement retirée, aban-donnée ou rejetée. »

11 = A Convenção de Paris foi ratificada em 7 de julho de 1884 pelos onze países signatários, aos quais se juntaram a Grã-Bretanha, a Sérvia e a Tunísia.

As adesões à Convenção de Paris continuaram em bom ritmo, de tal modo que hoje 176 países são já membros.

Podemos considerar três aspectos essenciais na Convenção de Paris: a) O Princípio da Assimilação ou do Tratamento Nacional;b) O Direito de Prioridade; ec) Medidas tendentes a harmonizar a protecção conferida pelos direitos de Propriedade Industrial

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O CONTRATO DE TRABAlhO à luz da nova lei geral do trabalho angolana

A entrada em vigor da Lei 7/2015 de 15 de junho, e que veio revogar a antiga Lei 2/2000 de 11 de fevereiro, já muita tinta fez correr em virtude das múltiplas

alterações que introduziu no panorama jurídico-laboral Angolano.

A OPINIÃO DE Sara Subtil, Advogada da Gameiro & Associados

C om uma sistematização mais simplifica-da face à sua antecessora, a nova Lei Ge-ral do Trabalho, fomentou, conforme já oportunamente abordado, modificações

de fundo que, em tudo refletem a nova dinâmica de Angola, país em profundo desenvolvimento e em passo acelerado.As muitas  novidades decorrentes da entrada em vigor deste novo diploma legal, incidem com mais acuidade sobre as modalidades de contrato de trabalho, contrariamente ao que sucedia   no regime pretérito, em que essa incidência  apon-tava    para a duração do vinculo laboral, sendo evidente o destaque dado no epigrafado do ar-ticulado.Por isso, a regra era a de contratação por tempo indeterminado,  sendo a exceção,  os vínculos  la-borais resultantes de obras ou serviços que, por assumirem um caráter transitório    caíam num regime contratual diverso.Assim, e em conclusão, a regra era celebração de contratos sem termo, e quando tal não se veri-ficasse, a redução a escrito daqueles seria impe-rativa, bem como a introdução no contrato, de menções específicas constantes do anterior di-ploma legal.Uma outra característica da antiga Lei laboral, era a necessidade de  o empregador justificar os moldes em que o vinculo laboral se estabelecia com a indicação precisa do termo e condições a que o mesmo se encontrava sujeito, colocando um espartilho sobre a sua liberdade.De notar que, e encontrando-se verificados to-dos os requisitos que possibilitavam a celebração contrato por tempo determinado, o empregador podia escolher, no que respeitava à cessação da-quele, entre o termo certo ou incerto, sendo que este último se encontrava condicionado, não ao decurso de um lapso temporal, mas à desneces-sidade de prestação do trabalho, em virtude da cessação dos motivos que lhe deram causa.No que à duração do contrato tange, e  confor-me decorria do diploma legal que o enquadra-va,  aquela variava conforme o fundamento ine-rente à sua celebração, não podendo exceder os 36 meses, exceto verificados determinados requi-sitos legais  que, teriam que constar de requeri-mento apresentado pelo empregador à Inspeção Geral do Trabalho, devidamente acompanhada de declaração de concordância do trabalhador.O requerimento teria obrigatoriamente que ser apresentado até 30 dias antes do termo do con-trato e o período máximo de prolongamento au-torizado não podia ultrapassar os 24 meses.Com a entrada em vigor do novo regime legal, e contrariamente ao que se verificava anteriormen-

CPLP - DIREITO

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te, a nova Lei Geral do Trabalho, no articulado que ao mesmo se refere, veio  alterar  substancial-mente a redação do artigo anterior deixando na disponibilidade das partes a celebração de con-trato por tempo determinado ou indeterminado, despindo do empregador o espartilho  legal que  a anciã Lei lhe impunha.Como consequência do acabado de referir, deixa de existir uma regra rígida face ao tipo de con-trato de trabalho a adotar, podendo este variar livremente, consoante a natureza da atividade, a dimensão, e a capacidade económica da empresa, bem como as funções para as quais o trabalhador é contratado.Outra novidade introduzida pela atual Lei Geral do Trabalho, assenta na agilização  da formação dos contratos de trabalho a termo,  pela expurga da necessidade  de justificar os fundamentos que presidiam à celebração dos contratos a termo e a eliminação da forma escrita.A nova Lei Geral do trabalho, teve ainda o es-pecial cuidado de tratar os contratos de traba-

lho  por tempo determinado ou a termo certo,  de maneira diferente, quanto ao tempo da sua pror-rogabilidade.Assim, tratando-se de    empresas de grande di-mensão, a prorrogabilidade dos contratos de tra-balho a termo certo, só será possível até ao limite máximo de 5 anos. Ao invés, nas restantes, esse período    estende-se até aos 10 anos, findos os quais, o contrato convola-se para tempo indeter-minado, quer pra umas quer para outras.Nestes termos, e atendendo às alterações  su-pra  referenciadas, verifica-se em primeiro lugar uma simplificação no que se refere à contratação de trabalhadores que, se por um lado irá potenciar a criação de mais postos de trabalho, porquanto a contratação a termo se encontra deveras faci-litada, por outro lado irá aumentar a precaridade no que respeita às condições de empregabilidade.Desde logo, a não justificação da contratação a termo, bem como a não redução a escrito dos contratos irá    facilitar a discricionariedade nos despedimentos, na medida em que basta a   não

renovação do vínculo laboral, para que o traba-lhador saia da empresa, sem quaisquer constran-gimentos.Por sua vez, a duração do contrato a termo, se por um lado se justifica face à dimensão e ao volume de negócios da empresa, uma vez que aquelas com maior expressão podem incluir no seu quadro de pessoal trabalhadores com vínculo laboral de tempo indeterminado que, em caso de despedi-mento apresentam custos mais elevados, por ou-tro lado, apresenta-se, tendo em conta a ausência de qualquer motivo justificativo do termo contra-tual, como muito penosa para o funcionário que durante 5 ou 10 anos vê o seu futuro profissional na empresa como incerto.É ainda digno de nota, o distanciamento que esta nova Lei Geral do Trabalho apresenta face ao Código de Trabalho Português, algo que não se verificava com o regime anterior Angolano que, e à semelhança do que se verificava em território nacional garantia uma maior proteção do traba-lhador.

“Uma outra característica da antiga Lei laboral, era a necessidade de  o empregador justificar os moldes em que o vinculo laboral se estabelecia com a indicação precisa do termo e condições a que o mesmo se encontrava sujeito, colocando um espartilho sobre a sua liberdade”

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Inicialmente, a perceção de Stephanie e La-wrence De Los Santos, a segunda geração de CEO’s à frente do Grupo filipino de vestuá-rio e têxtil N.S.T. Apparel, era a de que tinha

chegado o momento de diversificar. No total de três unidades de produção localizadas ao redor da capital de Manila esta propriedade privada emprega atualmente cerca de 7000 pessoas. Com uma quota de 92% os Estados Unidos até agora têm sido o principal mercado de vendas para este fabricante, que produz desde roupas sob medida, até jeans, roupa casual, tshirts e mesmo tops de tecido (total de produção em 2014: mais de 14 milhões de peças). Os Esta-dos Unidos continuam a ser um mercado-chave deste fornecedor dinâmico e orientado para o crescimento de marcas de renome como é o caso de Ann Taylor, Brooks Brothers, Ralph Lauren, Abercrombie & Fitch, Anthropologie, Nords-trom e Vineyard Vines.«Se queremos crescer então este tem de ser um dos nossos mercados promissores», disse Lawrence de Los Santos, explicando as suas intenções sobre este tema. Em vez de seguir o princípio da «concorrência unicamente através do volume» perseguido por muitas empresas asiáticas, aqui os objetivos eram claros: entrar no

INVESTIMENTO ESTRANGEIRO EM PORTUGAL

...é criá-lo». Esta frase da autoria de Peter F. Drucker, um eloquente especialista em gestão, professor e autor cujo trabalho inovador transformou a teoria moderna de gestão numa disciplina séria, parece servir perfeitamente como um princípio

orientador das pessoas que estão por trás da sigla N.S.T. Esta é uma história de empreendedorismo no seu melhor, de um inteligente investimento estrangeiro e gestão de riscos, de valores corporativos e de fazer com que o sucesso aconteça

num mercado de vestuário global altamente competitivo.

N.S.T. APPAREl, PORTuGAl/FIlIPINASa melhor forma de prever o futuro...

mercado europeu. Em última análise, a aborda-gem óbvia aqui – uma exploração ou parceria foi aquela que foi o mais rapidamente descartada, como foi planeado.

COMEÇAR DO zEROPara perseguir este objetivo foi adotada uma abordagem lógica mas que em alternativa era também um desafio juntamente com um in-vestimento considerável: envolvimento direto e desenvolvimento de uma operação de fabrico localmente na Europa. A localização escolhida foi Paredes, a 12 mil quilómetros de Manila, cerca de 65 quilómetros da cidade do Porto e uma cidade que ostenta a triste estatística da maior taxa de desemprego do país. Foi aqui que a N.S.T. Apparel decidiu construir o seu local de produção na Europa. Reconhecidamente, con-dições ideais acompanharam ambiciosos planos.

PORTUGAL – PORTAL PARA A EUROPAPerguntamos aos investidores quais foram os critérios escolhidos para a entrada da empresa no mercado europeu a partir do extremo sul do continente. “Foram as pessoas”, foi a resposta mais espontânea. Lawrence de Los Santos men-cionou as excelentes competências da equipa,

aliadas a uma elevada produtividade, a custos de trabalho altamente competitivos e ao apoio do governo e das autoridades portuguesas, falando ainda das suas crenças culturais: “partilhamos a mesma moral e os mesmos valores cristãos”. Na inauguração da N.S.T. Apparel em Portugal em maio de 2014, em que também participou Luís Campos Ferreira, Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, a CEO Stephanie De Los Santos disse a uma televisão local: “quando estávamos à procura de um país para investir no seio da Europa, um dos principais critérios era fazer a diferença, não apenas no negócio, mas sobretudo na vida das pessoas porque estamos convencidos que investindo nas pessoas teremos como retorno a dedicação delas”.Falando de pessoas: o facto de terem desempe-nhado um papel principal na escolha de Portu-gal como localização também se deveu à ligação de longa data com Ana Maria Amorim, res-ponsável pelo recrutamento local da equipa de gestão que se alistou durante a fase de estabele-cimento para gerir o negócio da N.S.T. Apparel (Europa) Lda.“Entre a data de início da conversão do edifício em Paredes que ocorreu dois dias antes do Na-tal de 2013 ao desenvolvimento das operações e,

Construção e investimento a partir do zero: as instalações e produção de vestuário da N.S.T. estão em Paredes, no norte de Portugal

Imagens: Nuno S. Oliveira

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finalmente, ao início da produção em maio de 2014, nós provavelmente batemos um recorde mundial”, explicou a dinâmica mulher de negó-cios com uma risada. Através da sua rede, ela conseguiu trazer João Magalhães a bordo – um gestor de produção com uma experiência de base ampla neste negó-cio a par de todas as suas competências de ges-tão. Começou, no início de 2014, com um grupo dedicado de dez pessoas mas foi essencialmente João Magalhães quem identificou 140 operado-res de costura da região (número total de fun-cionários à data: 215) que atualmente trabalham num total de dez linhas de produção. “Foi um trabalho difícil fazer cerca de mil entrevistas, em que o mais complicado foi ter desaponta-do aqueles que não corresponderam às nossas exigências”, relembrou o simpático engenheiro.Doze meses depois a produção está totalmen-te funcional a um nível de qualidade superior. Marcas de topo de toda a Europa (com um foco claro em marcas de pronto-a-vestir de casas de alta costura francesa tal como marcas premium britânicas, mas devido a acordos de não divulga-ção não é possível mencionar nomes neste mo-mento) hoje já contam com a N.S.T. Apparel Portugal. Por exemplo, num único turno a capa-

Um total de três distribuidores assegura a colocação livre de tensão de todo o tipo de material para vestuário de homem, mulher e criança, feito pela N.S.T. Portugal

“A Gerber’s Paragon LX mantém a sua promessa: é rápido e fácil de usar, graças ao design geral do sistema e um melhor desempenho” – diz o responsável de produção, Magalhães

Montagem na linha de produção de roupa masculina …a vestuário desportivo e casual A designer russa Natalia Alaverdian na N.S.T Paredes a inspecionar vestuários de coleção

N.S.T. Portugal domina toda a gama – de roupa clássica…

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Portanto, para onde vamos agora? Depois do sucesso inicial, o foco está agora na Fase II, que apresenta um aumento do controlo do processo, em particular para prazos de entrega ainda mais curtos

cidade diária atingiu uma produção de 300 ja-quetas e 300 calças. 80 a 90 peças por ordem são a média. Em consonância com as solicitações dos clientes, o portefólio inclui 75% de roupa masculina (sob medida e de desporto), 25% de roupa feminina e 5% de roupa para criança. Os tecidos usados aqui são de um modo geral de origem portuguesa, italiana e britânica. Está previsto que tanto CMT como o pacote com-pleto façam parte do negócio da N.S.T. Apparel também na sua subsidiária europeia.

ESTRATéGIA INTELIGENTEA estratégia é tão simples quanto inteligente: a colaboração com os clientes começa de uma for-ma lenta e depois o crescimento surge através de um desempenho decisivo: qualidade consisten-te, serviço de produto, preços, prazos de entrega convincentes e flexibilidade para responder aos pedidos dos clientes. A meta definida é tornar--se numa espécie de balcão único para mais e mais interessantes entidades – no mercado eu-ropeu. “O nosso alvo é o portefólio dos clientes”, resumiu Luís Albuquerque que está a cargo das atividades de venda e marketing. “E isso funcio-na”, acrescentou Ana Maria. As descrições de processos de auditoria e defi-nições qualitativas estão em vigor, assim como eficientes e sistemáticos controlos de chão, for-mação técnica e relacionada com os tecidos para todos os operadores. Isto assegura que todos possam “perceber a qualidade de produção exi-gida” e inclui programas de formação de forma-dores mais aprofundados para ‘merchandising’ – tudo o que é certo que terá um grande impacto no sucesso da empresa. Outro objetivo é obter a certificação ISO “nos próximos 12 meses”.

QUANDO A TECNOLOGIA CONTAComo resultado de uma atenção cuidadosa em soluções automatizadas, a N.S.T. Portugal está muito comprometida com os sistemas de tec-nologia Gerber nas áreas do desenvolvimento de padrão, classificação e indicador de merca-do. Para tal, é usado o AccuMark, incluindo o modelo EasyPlan, juntamente com o AccuNest para otimização adicional dos indicadores. O fator decisivo que levou ao investimento em dois dos novos sistemas Gerber de corte Para-gon LX para médias e altas aplicações foram os sistemas de inteligência embutida que alcançam um equilíbrio entre a velocidade de corte e a qualidade das peças cortadas. Paragon analisa

INVESTIMENTO ESTRANGEIRO EM PORTUGAL

“Nós cobrimos ambos – CMT (Cut-Make-Trim, que em português significa Cortar-Fazer-Aparar) e serviços com pacotes completos”, explica Ana Maria Amorim

Responsável de Vendas da Gerber, Francisco Aguiar: “estamos satisfeitos por acompanhar o projeto ambicioso da N.S.T. Apparel Portugal para melhores soluções de tecnologia”

“Nós acreditamos numa abordagem totalmente integrada, oferecendo a indumentária completa ‘one-stop-shop’ [balcão único] para as principais marcas de vestuário”. – Luís Albuquerque

João Magalhães reconhece o risco de comprar uma nova solução de corte automatizado: “nós exigimos tecnologia de ponta e serviços de acordo com esta tecnologia e não nos sentimos desapontados com as soluções inovadoras da Gerber”

os requisitos de cada tarefa e ajusta os parâme-tros para maximizar a velocidade e otimizar a qualidade – produzindo cortes perfeitos desde o início. O total de três distribuidores Gerber da série XL alimenta as soluções de corte mais avançadas da N.S.T. de forma a garantir uma colocação livre de tensão e um perfeito alinha-mento das dobras ou dos materiais enrolados.

MAIS RáPIDO. MAIS FáCIL. MELHORJoão Magalhães resumiu: “Nós possuímos os recursos e o conhecimento para produzir peças difíceis. Portanto, precisamos das melhores so-luções quando se trata de tecnologia”.

Golden Visa2015 é um ano de eleições em Portugal (outu-bro) e o partido de Pedro Passos Coelho tem boas notícias: em 2014, o défice orçamental do país baixou mais do que o esperado. Portugal já se encontrava preparado para deixar o pro-grama de ajuda da UE e do Fundo Monetário Internacional. A reforma foi, entre outras coisas, alcançada pela execução de cortes drásticos no setor público; Portugal comprometeu-se a poupar, restruturando e privatizando empresas estatais. Em outubro de 2014 a taxa de desemprego situava-se nos 13,4% e entre os jovens com menos de 25 anos estava nos 40%. Simultane-amente, este país localizado na ponta mais me-ridional da Europa foi abalado por uma série de casos de corrupção, bem como o escândalo do Banco Espírito Santo. Neste contexto o “Golden Visa” usado por altos funcionários para garantir a livre circulação no “Espaço Schengen” gerou manchetes negativas. Ao mesmo tempo, como parte dos programas “Golden Visa”, também foram oferecidos a inves-tidores como o Grupo Filipino N.S.T. incentivos para investir no país: os critérios de atendimen-to incluem o pagamento de 1 milhão de euros, o investimento de € 500,000 em bens imóveis, bem como a criação de postos de trabalho ga-rantidos. Em linha com as estimativas, até agora do Programa Golden Visa resultou um investi-mento no valor de 1 bilião de euro.

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A NOSSA Seguros faz parte das  seguradoras pioneiras a iniciar negócios em Angola, depois da independência do país. Olhando para o passado e para estes cerca de 11 anos de existência, o que foi mudando na dinâmica da organização?A NOSSA Seguros foi criada em 2004, e em 2012 o BAI, Banco Angolano de Investimentos, entrou como o maior acionista da seguradora.Esse foi o nosso primeiro desafio: transpor a cultura BAI para a NOSSA Seguros; proceder à sua reestruturação interna, com um novo Con-selho de Administração e estrutura de gestão; e o rebranding da empresa, através de uma nova imagem e posicionamento da marca.Com esta transição, quisemos trazer maior disci-plina financeira, maior rigor, maior organização interna, com base numa cultura organizacional onde se premeia não só o mérito individual, como também elevados desempenhos das nossas equipas e os seus líderes.Tratou-se de uma grande aposta. Redefinimos a visão e missão da NOSSA Seguros, definimos o plano estratégico do triénio, com base em objeti-vos a médio e longo prazo e procedemos a inves-timentos avultados na atualização e otimização de sistemas e aplicativos internos que susten-taram uma maior eficácia nas operações. A par deste investimento e processo de mudança, os anos de 2013 e 2014 foram anos marcados pelo lançamento de novos produtos e alargamento da rede e canais de distribuição.Colocámos no mercado os produtos saúde, ges-tão de fundos de pensões e vida financeiro. Por outro lado, no alargamento da rede comercial e canais de distribuição, temos a consolidação de parcerias através de Bancassurance. Aprofun-dámos a nossa rede de mediadores, corretores e agentes. Em termos de rede própria, estamos bastante orgulhosos da nossa expansão, dado que estamos já presentes em 13 das 18 províncias Angolanas. Nestes últimos 12 meses, temos feito um grande esforço na ligação com redes inter-nacionais de corretagem, mediação e resseguro. Este posicionamento e procura de parceiros in-ternacionais é essencial para a NOSSA Seguros.

“Somos uma empresa com face humana”. No quotidiano, de que forma se sente que a NOSSA Seguros é, diariamente, uma empresa centrada nas pessoas?O desenvolvimento e capacitação dos nossos colaboradores e equipas, a par do foco nas ne-cessidades dos nossos clientes e sociedade em geral, são os princípios basilares da nossa cultura empresarial. Sabemos que apenas investindo nas nossas equipas conseguiremos atingir o sucesso

Ao longo do seu percurso a NOSSA Seguros tem trilhado a sua trajetória marcada por um sólido crescimento e pleno de sucesso e êxitos. Com uma ampla estrutura a expandir-se por todo o território nacional, oferece aos seus clientes o

profissionalismo e excelência de serviços e produtos, através de uma equipa dedicada e presente, onde a personalização é fundamental, ou seja, cada cliente é um cliente. Carlos Duarte, Presidente do Conselho de Administração da NOSSA Seguros,

em entrevista à Revista Pontos de Vista, abordou a fundo o crescimento e desenvolvimento da marca que é hoje um dos principais players deste setor, assumindo que os desafios para manter e elevar este crescimento da marca são inúmeros.

Conheça um pouco mais de uma seguradora pioneira a iniciar negócios em Angola.

“SOMOS uMA EMPRESA com face humana”

“Tal como acontece na banca, seguimos uma linha de proximidade dos nossos clientes e nesse sentido queremos estar presentes nas 18 províncias do País. A distribuição na rede bancária ainda não conhece o desenvolvimento que gostaríamos, pois ainda não existe uma clarificação e enquadramento regulamentar do bancassurance”

TEMA DE CAPA

CARLOS DUARTE

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TEMA DE CAPA

empresarial que pretendemos. Encaramos as nossas pessoas, o nosso capital humano, como o bem primordial do nosso negócio e é no seu desenvolvimento, capacitação e criação de desa-fios constantes que devemos canalizar o maior investimento.Esta não é apenas uma preocupação da NOS-SA, mas também do grupo empresarial onde nos inserimos, o Grupo BAI. A NOSSA enquadra--se precisamente num grupo com esta visão de aprendizagem e formação contínua – a Acade-mia BAI – que potencia a literacia financeira com programas internos ao grupo e acessível ao público em geral.Por outro lado, esta face humana está demons-trada na nossa preocupação em conhecer os nossos clientes, de entender e interpretar a rea-lidade socioeconómica Angolana e ir ao encon-tro das crescentes necessidades das pessoas e do país.

A NOSSA conta hoje com uma rede de mais de 20 agências instaladas em 13 províncias, além de contar ainda com a rede de agências do Banco BAI. Pretendem alargar esta área de abrangência para novas zonas?Tal como acontece na banca, seguimos uma li-nha de proximidade dos nossos clientes e nesse sentido queremos estar presentes nas 18 pro-víncias do País. A distribuição na rede bancária ainda não conhece o desenvolvimento que gos-taríamos, pois ainda não existe uma clarificação e enquadramento regulamentar do bancassurance.

Fora do território angolano, têm ou pretendem ter alguma representatividade? Que trabalho tem sido desenvolvido nesse sentido?A nossa prioridade está no desenvolvimento do

“Tratou-se de uma grande aposta. Redefinimos a visão e missão da NOSSA Seguros, definimos o plano estratégico do triénio, com base em objetivos a médio e longo prazo e procedemos a investimentos avultados na atualização e otimização de sistemas e aplicativos internos que sustentaram uma maior eficácia nas operações. A par deste investimento e processo de mudança, os anos de 2013 e 2014 foram anos marcados pelo lançamento de novos produtos e alargamento da rede e canais de distribuição”

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“O regulador deve imprimir ao setor uma dinâmica de adesão às boas práticas internacionalmente aceites, nomeadamente de corporate governance, gestão de risco, conformidade e segurança de sistemas informáticos, IAS /IFRS, entre outros. Em suma, espera-se que garanta a solidez e solvência do setor”

Para o futuro, o que podemos esperar de Carlos Duarte à frente dos destinos da NOSSA Seguros? Muito trabalho e paixão por processos de mudança estratégica. Queremos conta-giar os nossos colaboradores, clientes e acionistas com os nossos valores e viver a nossa missão de transformar o mercado de seguros angolano.

negócio doméstico. Sentimos que ainda há um caminho a percorrer antes de pensarmos na in-ternacionalização da nossa marca. No entanto, não significa estarmos alheios a oportunidades de mercado que ocorram.

A par de todas as soluções que apresentam nos segmentos Vida e Não Vida, a NOSSA iniciou recentemente uma nova atividade: a gestão de fundos de pensão. Porquê esta aposta?Foi uma aposta alinhada com um princípio de orientação que visa uma oferta completa nas linhas pessoais do negócio financeiro. A trans-ferência da gestão do fundo de pensões do BAI para a NOSSA permitiu-nos criar capacidades internas e experiência para oferecer mais este serviço aos nossos clientes.

Acredita que a entrada de novos concorrentes representa novos desafios para as atuais seguradoras para que melhorem a sua eficácia operacional e financeira e minimizem a degradação tendencial das margens técnicas. Com que postura a NOSSA tem olhado para outras empresas que atuam no mesmo setor?A entrada de novos concorrentes lança algumas dúvidas sobre a sustentabilidade e solvência do setor, sobretudo pelo contexto económico que vivemos. Estamos a viver um período de retração económica e os investidores exercitam novas for-mas de fazer negócio. As crises e os ciclos econó-

micos negativos têm esta virtude, a de reinven-tar a forma como operamos e desenvolvemos o nosso negócio. Talvez o momento que vivemos convide a um olhar para dentro da organização, mais do que para a expansão do negócio.

Cada vez mais, para um empresário, a internacionalização é o caminho a seguir, sendo Angola uma escolha cada vez mais presente. Um potencial empresário que queira entrar neste mercado pode esperar que tipo de apoio da NOSSA Seguros?Podem esperar da NOSSA aquilo que melhor sabemos fazer: mitigar os riscos que recaem so-bre o seu património e sobre as suas vidas. Po-dem esperar uma relação de longo prazo e com-petência técnica.

“Um dia todas as seguradoras serão como a NOSSA”. Este é um dos lemas de uma entidade que tem firmado a sua presença em Angola. Em que parâmetros a NOSSA pode ser vista por outras entidades concorrentes como um exemplo a seguir?

Este lema surge como resultado do nosso ADN e dos nossos valores. Somos uma empresa de matriz totalmente Angolana, com foco nas ne-cessidades do cliente e socialmente responsável. Pretendemos continuar a ser vistos como um parceiro de confiança e de futuro dos angolanos. Mantemos a aposta na valorização do nosso ca-pital humano, no desenvolvimento de técnicos e gestores angolanos para que, em conjunto, continuemos a construir uma empresa sólida e preparada para os desafios do mercado e do país.

Fruto da evolução, quais são, no seu entender, as principais tendências e desafios que se apresentam às seguradoras e entidades gestoras de fundos de pensões de Angola nos próximos anos?Em primeiro lugar, creio que ultrapassar a fra-ca cultura de seguros e poupança. É um desafio que necessitará de ações concretas e coordenadas entre todos os players do setor e dos elementos institucionais. A entrada de novos players veio aumentar a concorrência intrassectorial. No en-tanto, a efetiva supervisão regulamentar do setor tem de ser garantida, cultivando um ambiente de concorrência sã e de disciplina, de modo a preservar a solvência e solidez do setor. Por ou-tro lado, é essencial alargar a base segurável da economia, através da quebra do regime atual de cosseguro em determinadas atividades económi-cas, criar novos seguros obrigatórios e reforçar a fiscalização dos atuais (automóvel e acidentes de trabalho). Por último, temos de ultrapassar a escassez de instrumentos financeiros adequados à gestão de fundos de pensão, de forma a assegu-rarmos o matching de ativos e passivos.

O que se espera do regulador? O regulador deve imprimir ao setor uma dinâmi-ca de adesão às boas práticas internacionalmente aceites, nomeadamente de corporate governan-ce, gestão de risco, conformidade e segurança de sistemas informáticos, IAS /IFRS, entre outros. Em suma, espera-se que garanta a solidez e sol-vência do setor.

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A entrada em países desconhecidos pode ser uma verdadeira aventura quando não existe o apoio profissional de uma equipa especializada e conhecedora das diferentes legislações e sistemas burocráticos. Pessoas individuais e empresas que pretendam integrar outros mercados e territórios veem-se confrontadas com barreiras com as quais não sabem lidar. Assim

surgiu a My Simply que pretende ser um parceiro na simplificação dos processos com que os clientes se deparam, através de um serviço completo, com excelência e qualidade. Nilza Martins, CEO da empresa, recebeu a Revista Pontos de Vista no seu

escritório, em Lisboa, para explicar o conceito deste projeto.

RIGOR E ExCElêNCIA DE “um serviço exclusivo para clientes exclusivos”

SERVIÇOS CONSULARES

NILZA MARTINS, CEO DA MARCA

E migração e internacionalização empresarial são conceitos cada vez mais conhecidos e reconhecidos por uma sociedade que pre-tende criar um novo caminho, fora do seu

país. A atual crise económica, não apenas nacio-nal, mas mundial, motivou a entrada em países diferentes, com sistemas burocráticos, sociais e jurídicos distintos. É neste contexto que entra a My Simply, uma empresa cuja motivação diária é a simplificação do processo de deslocação e entra-da em qualquer que seja o país de destino a partir de Portugal ou Moçambique. Sendo o core busi-ness a obtenção de vistos, a marca oferece ainda um serviço completo que permita uma maior “co-modidade do cliente”, refere a CEO da empresa. Serviço de transfers por motoristas profissionais e com certificação de segurança, para que entra-da noutros países seja concretizada sem infortú-nios; serviços jurídicos; transporte de animais; e consultoria e organização de viagens corporativas são algumas das várias soluções que a My Simply tem para apoiar os seus clientes na aventura que é a entrada em países desconhecidos. “Um serviço exclusivo para clientes exclusivos”, afirma a res-ponsável pelo projeto. Apoiada em valores como “rigor, excelência, isen-ção, imparcialidade e discrição”, a My Simply é, segundo garante Nilza Martins, uma marca de qualidade e com sucesso garantido. Suportam os obstáculos que os clientes iriam encarar sem o apoio da empresa e aceleram o processo que, noutro contexto, iria prolongar-se por tempo in-determinado, contactando diretamente embaixa-das e serviços consulares, com quem, pelos vários anos de experiência na área, a CEO possui uma “relação de confiança”.

LEGISLAÇÃO NÃO é OBSTáCULOTrabalhando diretamente com os vários países dos cinco Continentes, a My Simply lida diariamen-te com diferentes legislações, que podem ou não facilitar a entrada, estadia e permanência dos seus clientes. Contudo, Nilza Martins aceita esses desafios de forma des-contraída. “Devido à facilidade” com que a marca resolve “todos os processos”, a CEO garante que não existem constrangimentos ou obs-táculos quer para a empre-sa quer para o cliente. A excelência com a qual enfrentam as barreiras impostas por outros paí-ses permite uma facili-

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dade extrema e invejável na resolução das diferen-tes situações com que se deparam os clientes. Questionada sobre o papel da União Europeia, que luta por condições dignas para os imigrantes e que atualmente procura encontrar um consenso entre os Estados-Membros, de forma a criar uma legislação única e voltada para o futuro, Nilza Martins ressalva a importância deste “tipo de de-cisões”. A responsável pela empresa explica que uma tomada de decisões mais consciente e refle-tida no âmbito das políticas de migração é peren-tória num momento em que se sente a “grande mobilidade” entre povos, principalmente quando pensamos na “população mais jovem”. Neste sentido, Nilza Martins refere a necessida-de de a My Simply se manter envolvida nestes assuntos, uma vez que o apoio da equipa será cada vez mais procurado, no sentido de promo-ver a entrada noutros países sem dificuldades acrescidas.

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UMA EMPRESA DE FUTURO

Com vista a promover um futuro mais aliciante a quem pretende aventurar-se por terras desconhe-cidas, a My Simply aposta, também, no próprio futuro e no alargamento dos serviços prestados. Sem adiantar informação que possa comprome-ter os projetos vindouros, Nilza Martins garante apenas que a entidade tem vindo a trabalhar no sentido de prestar um serviço com ainda mais qualidade. Até porque, assume, a função do orga-nismo é “prestar um bom serviço” a quem o pro-cura, entendendo “as suas necessidades”. Apenas assim é possível que o cliente se “concentre no mais importante”. “Nós tratamos dos pormeno-res”, defende. Assim, ao futuro do projeto estão reservadas diversas “novidades”, que se prendem nomeada-mente com os serviços de “transfers e viagens”. Contudo, e neste momento, os clientes podem fazer-se valer do profissionalismo de uma em-presa já com uma vasta gama de serviços.A expansão passa também pelos objetivos da

AS DISTINTAS VALêNCIAS DA My SIMPLy:

Obtenção de Vistos;Transfers, realizados por motoristas profissionais e com certificação de se-gurança;Consultoria de Viagens Corporativas, através da qual apresentam um plane-amento e acompanhamento total, or-ganizando todos os pontos da viagem: marcação e obtenção de passagens de avião, reserva de aviões privativos, transfer na chegada ao aeroporto, marcação da estadia, organização da agenda, entre outros serviços que se mostrem necessários à comodidade do cliente durante a estadia;Serviços jurídicos: recolha, reconhe-cimento e legislação de documentos, equivalências de diplomas escolares e traduções certificadas;Transporte de animais, serviço este que facilita e acelera o processo de docu-mentação necessário ao transporte de animais entre países;

“A função do organismo é “prestar um bom serviço” a quem o procura, entendendo “as suas necessidades”. Apenas assim é possível que o cliente se “concentre no mais importante”. “Nós tratamos dos pormenores”

marca, que pretende abrir escritórios noutras zo-nas do país, de forma a dar uma melhor resposta aos clientes que, a partir de outras cidades portu-guesas, solicitam os seus serviços.O contexto internacional é também um cenário plausível, segundo confirma Nilza Martins. Ten-do entrado recentemente em Moçambique, a My Simply procura agora integrar outros mercados, sendo o Brasil o próximo passo.

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LIDERANÇA NO FEMININO

Advogada das razões éticas, Maria da Glória Canada promove o exercício das várias disciplinas do Direito, em detrimento da especialização numa só área, pois defende que apenas assim poderá apoiar devidamente os seus clientes. é ainda apaixonada por mercados de capitais, motivo pelo qual tem uma Pós-Graduação em Direito dos Valores Mobiliários, e domina as línguas inglesa,

espanhola e francesa, de forma a melhor promover a globalização do seu projeto. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, a Advogada falou ainda sobre a presença das mulheres no Direito e na sociedade em geral.

ADVOGADA INDEPENDENTE num contexto de globalização

MARIA DA GLÓRIA CANADA

Advogada autónoma, tem atualmente dois escritórios, através dos quais trabalha as várias áreas do Direito. Onde é possível a futuros clientes encontrar a Maria da Glória Canada?Na tentativa de manter um projeto independente de globalização e dinamismo, foco o exercício da advocacia em Portugal entre os meus escritórios em Lisboa e Sintra, onde direciono o trabalho numa perspetiva nacional e internacional, crian-do pontes entre Portugal, Espanha, Itália, Fran-ça, Bélgica, Inglaterra, Angola, Moçambique e Dubai. Sempre com um padrão de perseverança, rigor e excelência.

Opta por não se associar a escritórios de advogados, tendo um projeto independente. Uma atitude de coragem em pleno momento de crise económica. O que a motivou a tomar esta decisão? Que mais-valias podemos encontrar na advocacia exercida de forma autónoma?É um preciosismo pensar na advocacia de uma forma contextualizada. Audácia em arriscar um exercício estruturalmente diferente perante uma profissão tão conservadora. Para além de ser um desafio constante, torna-se uma mais-valia numa perspetiva globalizante, pois obriga a um know –how abrangente aos vários ramos do direito, o que numa era de alterações legislativas constan-tes, possibilita de forma embrionária uma atua-ção transversal.

Direito internacional, comercial, administrativo, fiscal, societário, litígios civis e aconselhamento jurídico são algumas das várias vertentes com que trabalha diariamente. Esta é já uma prática comum entre os vários advogados em Portugal ou continua a permanecer a especialização em áreas específicas? De que modo é vantajoso para o cliente contactar com um profissional mais abrangente?A especialização é, de facto, uma tendência. No entanto, é paradigma da evolução optar pela di-ferença. Um único profissional com uma exper-tise em várias áreas premeia um conhecimento mais profundo do cliente, facilitando uma inte-gração célere nos domínios complexos perante a conjuntura sócio- económica que atravessamos; nomeadamente nas vertentes do Direito Admi-nistrativo e Fiscal.

Com um conhecimento tão aprofundado sobre as valências da sua profissão, o que pode dizer-nos sobre a Maria da Glória Canada, advogada? O que pode o cliente esperar do exercício das suas funções?Para me definir, costumo utilizar a sigla MGC, que, para além de representar as iniciais do meu nome, associo a Meticulosa, Guerreira e Compe-

“Para me definir, costumo utilizar a sigla MGC, que, para além de representar as iniciais do meu nome, associo a Meticulosa, Guerreira e Competente”

Que projetos tem para o futuro? De que for-ma continuará a impulsionar o crescimento da advocacia e da equidade feminina?Projetos para o futuro passam pela dinâmica da manutenção da visão do Direito de forma globalizante, mantendo-se o interesse numa expansão continuada, dado que o Direito é um caminho e nunca uma meta. A indepen-dência da mulher, aliada à sua ascensão em profissões como a advocacia, promove a equi-dade feminina, pois, como diz Marie Curie, “não importa o que se fez, só importa o que falta fazer”.

tente. Estas características, aliadas a proativida-de, inovação e honestidade, constituem atributos indispensáveis ao rigor no exercício da profissão.

Como vê atualmente o Direito no âmbito nacional? De que forma o seu trabalho influencia e promove o desenvolvimento desta tão importante área?Assistimos, atualmente, nesta área, a mudanças constantes, o que torna difícil fazer uma avalia-ção concreta perante um cenário de transforma-ção. Procuro, no entanto, que o meu contributo constitua um arquétipo de ética e rigor profis-sional. Parafraseando Neil Armstrong, “é um pe-queno passo para o homem e um grande passo para a humanidade”.

A atual fragilidade financeira, com a consequente perda de poder económico e a tendente emigração de profissionais, veio prejudicar os vários mercados e o Direito não foi exceção. Como vê este capítulo na advocacia? Que constrangimentos veio este momento nacional provocar?

É inegável a influência dos mercados financeiros também na área do Direito. De facto, a diminuição do poder económico doseia a atuação na justiça. Mas, apesar das dificuldades económicas sentidas, o recurso a um advogado tonou-se emergente perante os inúmeros processos que submergiram de uma instabilidade económico-financeira, salientando-se como exemplo a multiplicação dos processos de insolvência e de revitalização de pessoas singulares e coletivas. No entanto, os fundamentos do Direito dizem que deve existir uma elevação dos valores éticos face aos valores monetários.

Falando agora um pouco sobre a liderança de género, enquanto mulher e advogada, como encara o Direito no feminino? As mulheres têm já uma posição forte nesta profissão?Há, claramente, a tendência da participação ex-pressiva das mulheres na área jurídica. E, pro-va disso é que, pela segunda vez, uma mulher tornou-se Bastonária a nível nacional. Numa perspetiva histórica, no princípio do Séc. XX, a situação da mulher no seio da família era regula-da pelo Código Civil napoleónico de 1867-Có-digo de Seabra, que obrigava a mulher casada a prestar obediência ao homem e não a autorizava, sem o consentimento dele, a administrar, adqui-rir, alienar bens, publicar escritos e apresentar-se em juízo. Atualmente, a evolução da mulher tem sido célere, o que demonstra a sua supremacia, ocupando cargos de liderança mesmo em áreas tão conservadoras como o Direito.

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“Um único profissional com uma expertise em várias áreas premeia um conhecimento mais profundo do cliente”

“Há, claramente, a tendência da participação expressiva das mulheres na área jurídica”

“A evolução da mulher tem sido célere, o que demonstra a sua supremacia, ocupando cargos de liderança mesmo em áreas tão conservadoras como o Direito”

Em algum momento sentiu o preconceito consequente de uma sociedade ainda machista? Como é a reação de colegas e clientes face à presença de mulheres no Direito? De que modo contorna estas reações, que mais do que o trabalho, avaliam o género?Apesar de nos dias que correm ainda sentirmos resquícios de uma liderança marcada pelo mascu-lino, nunca senti de perto o preconceito machista. Entendo que, com a independência que as mu-lheres têm vindo a conquistar em vários sectores, bem como o reconhecimento pelas capacidades de inteligência emocional, apaziguamento, adaptabi-lidade e perspicácia, muito típicas do género femi-nino, minimizam esse preconceito que possa ainda existir face à presença de mulheres no Direito.

Numa sociedade duramente masculina, as mulheres deram passos de gigante para conquistar o equilíbrio e a justiça que outrora lhes foram negados. Qual é a importância de mulheres como a Maria da Glória Canada, com o dinamismo e empreendedorismo fundamentais para fazer a diferença? É necessário que outras mulheres deixem de se manter na sombra de sociedades de advogados lideradas por homens e procurem mostrar o que significa ser advogada no feminino?Não é em vão que se salienta o empreendedo-rismo feminino, pois até foi designado um dia comemorativo do mesmo: 19 de Novembro, Dia do Empreendedorismo Feminino. Este dia foi escolhido pela Fundação das Nações Unidas para promover o empreendedorismo das mulheres. Ora, o comportamento empreendedor de mu-lheres do qual partilho constitui uma condição necessária para o crescimento económico. Assim, associado ao empreendedorismo surge maior in-dependência, maior valorização pessoal e social, gerando dinamismo, motivação, menor assime-tria e subordinação feminina.

O que é ainda premente mudar na advocacia em Portugal e, nomeadamente, na advocacia feminina? Que conselho daria a advogadas que pretendam apoiar esta mudança de mentalidades, que só acontece através da coragem e da união das mulheres?Em Portugal, e nomeadamente na advocacia feminina, é ainda premente uma mudança que passe pela abolição de padronização vocacionada para a subordinação, substituindo-se pela dinâ-mica da independência.

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The Firm - Virtual and Shared Services é uma empresa com sete meses de existência. Qual é o balanço que faz destes primeiros passos do projeto, que surge num momento de crise económica?Os primeiros passos de qualquer projeto são os mais difíceis, mas também os mais aliciantes. Após o investimento na adaptação das instalações da sede, na Rua Passos Manuel, no Porto, e na aquisição do equipamento informático e mobi-liário indispensáveis ao desenvolvimento da ati-vidade, encontramo-nos na fase de angariação e fidelização de uma carteira de clientes, a qual re-quere empenho e determinação. Efetivamente, a conjuntura económica atual não é a mais propícia para a criação de uma empresa. Contudo, preten-do tirar partido da minha experiência profissional e da minha formação académica e, através da mi-nha empresa, contribuir para contrariar o senti-mento menos positivo face ao futuro, mediante a prestação de um conjunto de serviços de qualida-de a entidades do setor lucrativo e não lucrativo, que permitam reduzir e racionalizar significativa-mente os seus custos fixos e aumentar a sua pro-dutividade, competitividade e sustentabilidade.

Os serviços que presta permitem, de igual modo, uma maior consciencialização por parte das entidades sobre o seu estatuto social e económico e o apoio no seu crescimento. Prova disso são os serviços que presta nas candidaturas a programas de investimento e projetos de consultoria empresarial. O que pode dizer-nos sobre este aspeto? De que forma a marca proporciona a evolução das entidades, que atuam em diferentes setores e com distintos propósitos?A The Firm-Virtual and Shared Services pre-tende ser o parceiro certo no momento certo. Pretendemos contribuir para o crescimento sus-tentável dos nossos clientes, quer sejam entidades do setor lucrativo quer sejam entidades do tercei-ro setor. É nossa missão efetuar o levantamento das necessidades dos nossos clientes, identificar os seus fatores críticos de sucesso e definir em conjunto a estratégia a seguir.A diversidade de Programas Operacionais que constituem o Portugal 2020 poderá ser uma ja-nela de oportunidades para os nossos clientes no caminho da produtividade, competitividade e sustentabilidade tão desejadas.The Firm – Virtual and Shared Services con-templa ainda a mediação da relação entre os seus clientes e a Autoridade Tributária e Aduaneira e a Segurança Social. De que forma este aspeto é uma mais-valia para os particulares que a procu-ram? O que muda nos procedimentos?Este é um dos serviços que prestamos a particu-lares no âmbito do “Gabinete Facilitador”. Pre-tendemos, por um preço reduzido, minimizar os

Uma empresa que suporta outras empresas. é este o conceito da The Firm – Virtual and Shared Services, que, através dos seus serviços, promove a redução de custos e de tempo das entidades com que trabalha e “contribui para o crescimento sustentável” dos seus clientes. Conheça este projeto pelas mãos da sua Fundadora, Carla Marques, que adiantou à Revista Pontos de Vista ter como

objetivos futuros a entrada nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e o alargamento dos serviços prestados.

A MARCA quE SuSTENTA a evolução das marcas

LIDERANÇA NO FEMININO

CARLA MARQUES

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Atualmente têm uma campanha promocional que permite a quem vos contacta obter serviços a baixo custo. Quais são os serviços que gozam desta redução de preços? A campanha promocional em vigor até ao fim deste ano é de 50% de desconto em todos os serviços prestados quer a particulares quer a entidades. Os serviços prestados a particulares através do “Gabinete Facilitador” contemplam a mediação da relação jurídica--tributária com a AT e a Segurança Social; a elaboração de candidaturas junto do I.E.F.P. para a criação do próprio emprego; o apoio na procura de emprego; a consultoria fiscal e a gestão documental.Para as entidades, disponibilizamos um leque diversificado de serviços, designadamente: escritório virtual; secre-tariado virtual; apoio à constituição formal da empresa; faturação e gestão de contas correntes de fornecedores e clientes; contabilidade e controlo de gestão; elaboração, acompanhamento e gestão de candidaturas a fundos comunitários e nacionais; certificação de entidades junto da DGERT; implementação de SGQ; elaboração de planos de formação; consultoria; análise financeira de empresas; elaboração e análise da viabilidade económico-financeira de projetos de investimento; avaliação de empresas; gestão documental e organização de eventos temáticos a pedido dos clientes.Por último, disponibilizamos nas nossas instalações de uma sala de trabalho para Coworking, equipada com se-cretárias, computadores, telefone, fax, wi-fi, impressoras, fotocopiadora, scanner; sala de reuniões equipada com videoprojetor, ecrã de projeção e portátil e um coffee break point.

custos e o tempo perdido com deslocações suces-sivas, e muitas vezes infrutíferas, aos serviços da AT e da Segurança Social, substituindo os nos-sos clientes e assumindo o papel de mediadores junto destas entidades, promovendo a resolução dos problemas e das questões com que os nossos clientes se deparam. Para dinamizar este serviço, pretendemos celebrar protocolos com entidades sem fins lucrativos, tendo em vista o encaminha-mento de utentes destas para o referido anterior-mente “Gabinete Facilitador”.

Como a própria Carla Marques mencionou, a aposta na entrada no mercado, através da criação LER NA ÍNTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

de uma empresa própria, deu-se num momento de fragilidade económica. Acredita que é este sentido empreendedor que falta à sociedade, de forma a que mais mulheres possam atingir a liderança?

O sentido empreendedor é, sem dúvida, um fator relevante, mas as mulheres enfrentam um con-junto de condicionalismos que dificultam a exis-tência de um número mais significativo de mu-lheres em posições de destaque, nomeadamente: a ideia preconcebida de que a liderança está asso-ciada ao sexo masculino, a maternidade, a família, a tradicional discriminação dos sexo feminino a nível salarial, entre outros.

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é um projeto recente, mas já conquistou o reconhecimento nacional e internacional. Com base na inovação e originalidade, a Cervus cria espaços dinâmicos e únicos.

Conheça esta marca pelas mãos da Fundadora e CEO, Ana Carvalho.

“CRIATIVIDADE é a palavra que melhor me define”

Imagine-se a entrar numa loja de pronto-a-vestir, numa loja de calçado ou até numa ourivesaria. O que vê em primeiro lugar? A roupa? Os sapatos? Aquela joia que sempre desejou? Erradamente

pensamos que sim, mas o primeiro olhar é direcio-nado para o espaço global, que deve primar pelo bom gosto, glamour e criatividade. A decoração é o que nos leva a apreciar ou não a peça que procu-ramos. Damos por nós a contemplar o manequim e a imaginar quão bem a roupa nos ficará quando a vestirmos. Quando compramos um produto, esta-mos a comprar toda a exposição e disposição da loja. Foi essa parte que nos aliciou a entrar, a observar e a comprar. E não pense que isso é o típico engano ao cliente. É a decoração, beleza e charme que nós mes-mos, clientes, procuramos sempre que vemos uma loja. Ana Carvalho afirma que “a loja tem de seduzir, tem de ter dinâmica” e, consciente ou inconsciente-mente, é isso que procuramos. Mas todo este envolvente só acontece com mui-to trabalho, muita paixão, pesquisa e dedicação de quem sabe bem o que é moda. “A importância de uma loja decorada por um profissional faz crescer significativamente as suas vendas’’, garante. E foi as-sim que nasceu a Cervus, através de dois amigos em-preendedores que olharam em frente, ganharam co-ragem e combinaram o gosto pelo shopfitting com a paixão por manequins. Referência nacional em manequins e decoração, dis-tinguem-se pela diferenciação e unicidade. Saben-do que o que diferencia “é o facto de ser um espaço diferente”, a Cervus oferece uma personalização de manequins e expositores decorativos que promo-vem a originalidade. Com mais de 240 posições de manequins diferentes, 40 make-ups, pinturas e aca-bamentos em cores distintas e mais de 300 artigos de decoração para shopfitting, entre muitos outros acessórios, a empresa marca a diferença em qualquer projeto de decoração em que se aventure. “Criativi-dade é a palavra que melhor me define”, afirma Ana Carvalho, que, em 2013 fez nascer este projeto. A CEO admite que em Portugal tem concorrência na área, mas o que distingue a Cervus das outras em-presas é uma postura irreverente e não conservadora, como é o caso dos manequins cabeça de veado, que tanto chocam como seduzem. “Esse é o caminho, pois só marcando a diferença é que conseguimos crescer e, assim, acreditamos que ao oferecer solu-

MULhERES AO PODERAna Carvalho é o exemplo de que as mu-lheres estão, cada vez mais, na liderança de grandes projetos. Com um projeto que impulsiona a mudança e inovação na área de shopfitting, Ana afirma que a mulher “tem emoção, intuição e persistência” e talvez seja esse o segredo das conquistas que o género feminino tem vindo a realizar. Ciente de que a sociedade está a mudar, a fundadora da Cervus garante que a mulher tem tantas capacidades como o homem na gestão de empresas e que o modelo de gestão deve sempre assentar na motivação e liberdade criativa, bem como no exemplo e humildade. Contudo, não descora a im-portância do homem na vida de qualquer mulher gestora. Pois acredita que sem o apoio familiar, nada é possível.

COM A CERVUS, TUDO É POSSÍVELCom formação e conhecimento de alguns anos também na área da decoração de inte-riores, e através de distintas parcerias com marcas italianas e nacionais, Ana Carvalho tem, também, projetos de decoração de escritórios, habitações e stands, desenvol-vimento de expositores street food e, sem-pre que é solicitado, “os projetos chave-na--mão”, com todas as especialidades, que vão desde o layout, obra até à fase decorativa.

ções únicas e inovadoras estamos a ajudar os nossos clientes a vender mais”. As coleções de manequins marca Cervus também vieram marcar a diferença, com manequins estilizados ou mesmo articulados e, agora, também, com uma coleção infantil. Por ou-tro lado, a possibilidade de restaurar e transformar é uma faceta que a empresa proporciona. Se, nou-tros tempos da moda, o manequim era estruturado de modo a não poder ser reformulado mais tarde, atualmente, com a inovação que a fábrica apresenta, é possível que um “manequim que cai ao chão, que danifica, que está fora de moda” possa ser repara-do e transformado e esteja na moda. Deste modo, o cliente que procura esta empresa pode, com o mesmo manequim, ou até expositores, criar e recriar montras e um novo espaço comercial, sempre reuti-lizando o mesmo material.

DECORAÇÃO E FUNCIONALIDADE, UM CASAMENTO PERFEITO

Se os componentes decorativos são cruciais no su-cesso de uma loja e da sua dinâmica, a questão da funcionalidade é, do mesmo modo, um elemento fundamental. “Uma decoração com um espaço boni-to não faz sentido se o mesmo espaço não se mostrar funcional”, defende a fundadora da Cervus. Por este motivo, a marca projeta expositores com sistemas que permitam mudança. Se numa coleção, a tendência é “pendurar a roupa”, na seguinte, a moda poderá estar na “roupa dobrada”, refere Ana Carvalho. E com a Cervus tudo isso é possível. Os expositores possibi-litam a transformação, pois são desenvolvidos vários acessórios para os mesmos, o que vai permitir a mu-dança do ambiente na loja de coleção para coleção, sempre com o mesmo sistema expositivo. Um aspeto fundamental, num momento em que “há uma neces-sidade cada vez maior de mudar”. Mas a Cervus não se fica por aqui. Neste contexto, e além de todos es-tes importantes pormenores, Ana Carvalho alia toda a funcionalidade dos seus expositores e manequins, à música, escultura e tecnologia. Porquê? Porque a “tendência é, cada vez mais, o cruzamento das várias artes, sempre com o objetivo de que o espaço seja úni-co e dinâmico, este é sempre o meu principal desafio e a grande paixão”, afirma. O futuro das lojas não passa apenas pela diferente disposição decorativa, mas tam-bém pelo “movimento sonoro e o movimento visual do espaço”. Este setor está em constante mudança e, segundo a fundadora da marca, “até os próprios manequins que só eram vistos em montras de lojas de roupa, agora ganharam vida e encontramo-los na decoração de habitações, em museus, em cenários de televisão e mesmo em videoclips”. E, assim, cria-se a magia em tudo o que a Cervus faz.

A TENDêNCIA DO FUTURONuma área como a moda, o futuro deve estar sempre presente. Ana Carvalho compreende a importância dessa máxima e garante estar constantemente a par das novas tendências internacionais. Exemplo dis-so é o novo showroom, em Leça do Balio. Neste

sentido, e sendo a Cervus a sua “paixão”, pretende continuar a desenvolver a marca. Por isso mesmo, a internacionalização é o próximo passo da empresa. Barcelona terá, num futuro próximo, um showroom da marca, para que também os espanhóis possam usufruir facilmente da qualidade e excelência a que a empresa tem habituado os seus clientes nacionais e internacionais. Até porque a Cervus, desde 2014, tem estado presente na principal feira de moda, em Madrid, a Momad Metropolis, e já possui uma rede de clientes no país vizinho. Além destes projetos, e com o apoio do seu sócio, Ana Carvalho ambiciona continuar a promover no-vos projetos e novas ideias. “Há muito a fazer nesta área em Portugal e Espanha e estamos a trabalhar para marcar a diferença”, assume.

ANA CARVALHO

LIDERANÇA NO FEMININO

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LIDERANÇA NO FEMININO

Ordenamento do território e planea-mento estratégico são duas disciplinas de importância máxima quando se pretende uma boa gestão da interação

entre o Homem e o espaço, de modo a promover o desenvolvimento e evolução de ambos. Poten-ciar o território e as suas mais-valias, compreen-der as necessidades e preocupações do Homem, numa ótica de desenvolvimento sustentável, são os objetivos de quem trabalha diariamente nesta área, fundamental para o crescimento conjunto do Planeta. Neste sentido, é perentório “ter a clareza de olhar para o território, perceber quais as suas mais-valias, potenciá-las e, ao mesmo tempo, garantir e potenciar a qualidade de vida das populações”, explica Romana Rocha. É por isso recomendável e crucial para o su-cesso de um projeto de desenvolvimento ter-ritorial que o acompanhamento seja executa-do por marcas e equipas especializadas. A RR Planning é um desses bons exemplos. Empresa proativa, dinâmica e exigente, pretende delinear projetos que sejam praticáveis e proveitosos para o espaço, mas também benéficos para a sociedade e para o desenvolvimento positi-vo da região. O estudo de caso e o plano apenas são concluídos e aprovados após a verificação de todos estes pontos. “Eu posso ter um plano muito bem feito tec-nicamente, que faz todo o sentido e que

Para uma progressão humana e espacial correta e saudável, é crucial a existência de marcas que trabalhem diariamente no sentido de criar projetos de e para o futuro, com base nas preocupações sociais e económicas e na preservação ambiental. A RR Planning

destaca-se neste contexto pela qualidade e excelência da equipa, liderada por Romana Rocha, Fundadora e CEO do projeto.

A MESTRIA DE DESENVOlVER territórios com valor

depois não se ajusta as necessidades das popula-ções”, refere a fundadora da marca. Deste modo, a RR Planning, durante o desenvolvimento dos planos, promove workshops, reuniões com a população e sessões públicas, porque, como res-salva Romana Rocha, é fundamental “conhecer o território como ele é e, ao mesmo tempo, co-nhecer as pessoas que lá vivem, o que elas fazem e de que precisam no sentido de potenciar as suas atividades”. “Se não conseguirmos envolver as pessoas, os atores locais, o plano vai para a gaveta”, defende. Por outro lado, a CEO men-ciona ainda a relevância em manter uma “bom relação com o cliente”, de modo a compreender os seus objetivos. Apenas deste modo é possí-

vel que instrumentos de gestão territorial sejam concretizados com sucesso.

UMA MARCA DE VALORESRomana Rocha assume que o sucesso de uma empresa está intrinsecamente ligado aos valo-res incutidos à equipa, sendo uma importante ferramenta em qualquer que seja o projeto em mãos. A CEO garante que, na constituição da RR Planning, um dos primeiros pontos a dis-cutir prendeu-se com a definição dos valores que refletissem a identidade da empresa. Em primeiro lugar, é necessária Integridade, pois Romana Rocha acredita que este é um primeiro passo “gigante para atingir determinados pa-tamares”. Por outro lado, o Rigor e a Criativi-dade são caraterísticas que marcam a diferença numa sociedade empresarial cada vez mais for-te. Acresce ainda o Respeito, pelos colegas, pelo cliente, pelas empresas do setor. “As empresas que estão nesta área atualmente, mais do que

concorrentes, têm que ser parceiras. Não há concorrentes, há sinergias que se retiram dos

trabalhos em parceria”, defende Romana Rocha. Na atual conjuntura económica, as empresas tornaram-se cada vez mais especializadas num determinado do-mínio. “A nossa forma de trabalhar é a que tem vindo a ser até agora, baseada num posicionamento proativo, numa

ROMANA ROCHA

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abordagem multisetorial”, compreende a ne-cessidade de uma interação entre especialistas. “Terei sempre que trabalhar com outras empre-sas em áreas específicas, que a RR Planning não domina, nem quer dominar”. Destaque ainda para o Compromisso, no que concerne à neces-sidade de compatibilização das diversas ativida-des “O ordenamento do território é um com-promisso, porque ao olhar para o território, vejo determinadas atividades e valores e tenho que atingir um compromisso de entendimento entre eles”. “É nossa obrigação e função dar apoio ao território”, assevera. A RR Planning está atenta aos novos desafios da reabilitação urbana e do desenvolvimento turístico. Tal sucede porque, na opinião da CEO, o objetivo principal deve ser o “compromisso com o território”.

A ExPERIêNCIA DE UMA VIDARomana Rocha constituiu a RR Planning no final de 2013. E apesar de o projeto ser recente, a experiência da CEO vem de um longo per-curso na área do ordenamento do território e planeamento estratégico. Com um Curriculum Vitae invejável, grande parte da sua experiência vem da DHV, uma multinacional com quase um século de história. Durante 20 anos, Roma-na Rocha dedicou-se a este projeto, tendo sido responsável pela área de ordenamento do ter-ritório e recursos hídricos. Quando a empresa decidiu fechar os escritórios em Portugal, Ro-mana Rocha aventurou-se num projeto próprio. Com “um capital de conhecimento e de expe-riência na área do ordenamento do território muito grande”, um vasto saber no que concerne a “Portugal, às suas entidades e pessoas”, criou a RR Planning, que visava continuar projetos que ficaram por concluir na DHV e criar uma empresa reconhecida a nível nacional por ser “pioneira” no modo como trabalha. Da ante-rior experiência, traz consigo uma panóplia de vivências e conhecimentos. “Quando se traba-lha numa grande empresa, há um conjunto de conceitos em termos de gestão e de organiza-ção que nos ficam incutidos”, essenciais para o seu novo projeto. “Nós tínhamos noção de ges-tão de projeto, noção de clientes e de recursos muito importantes que agora, como responsável da minha empresa, consigo replicar”, assegura. Por outro lado, e uma vez que a multinacional abraçava distintas vertentes do ordenamento do território, o convívio diário “com pessoas com especialidades completamente diferentes” pos-sibilitou uma maior e mais completa aprendiza-gem e a consciência das “formas de articulação” entre setores. A marca internacional deu, assim, uma bagagem imensa a Romana Rocha, para que o seu percurso futuro fosse mais consciente e de qualidade.

“O ordenamento do território é um compromisso, porque ao olhar para o território, vejo determinadas atividades e valores e tenho que atingir um compromisso de entendimento entre eles”. “É nossa obrigação e função dar apoio ao território”

Noutra perspetiva, e durante a sua experiência como Adjunta na Secretaria de Estado do Or-denamento do Território, entre 2002 e 2005, Romana Rocha conseguiu compreender o ou-tro verso da moeda, o lado governamental do ordenamento do território. A fundadora da RR Planning afirma que esta fase da sua vida pro-fissional consentiu a perceção da “complexidade da elaboração do das leis, dos regulamentos, da forma como as matérias devem ser compati-bilizadas ao nível dos vários ministérios para o desenho do quadro legislativo”. Num outro contexto, a objetividade necessária para assumir este papel ajuda Romana Rocha nos projetos atuais e vindouros “porque quando se decide criar uma empresa, é fundamental de saber qual é o foco, o caminho a seguir, tem que se ter uma visão. E, de facto, essa experiência permitiu-me perceber que há um conjunto de questões que são objetivamente importantes e outras que não são tão importantes, no dia-a-dia temos ten-dência a ocuparmo-nos de questões que consi-deramos urgentes, por vezes deixando de lado aquelas que são realmente importantes”. A sere-nidade para fazer esta distinção, é também uma ferramenta que adquiriu nesta experiência e que se tem vindo a mostrar crucial na RR Planning.

UMA GOVERNAÇÃO PREOCUPADAPela sua vasta experiência na área do ordena-mento do território, Romana Rocha consegue afirmar que o progresso deste setor tem sido positivo. “Há uma consciência da importância destas matérias e nota-se uma evolução muito positiva nos últimos anos no que diz respeito ao ordenamento do território para o desen-volvimento e bem-estar das populações em Portugal”, ressalva. Neste sentido, quer a admi-nistração central quer as autarquias têm vindo a mostrar-se preocupadas com a continuidade deste bom trabalho. “O ordenamento do terri-tório não é algo que deve ser feito a curto prazo, tem que existir uma visão. Não sinto por parte dos autarcas com quem trabalho aquela pers-petiva dos quatro anos de mandato, nos quais é necessário mostrar obras concretizadas. Há, atualmente, uma consciência global de que as questões do ordenamento do território são im-portantes a longo prazo, semeia-se agora para se colher daqui a uns anos”, explica a fundadora da RR Planning. Numa fase em que “80% dos planos que a empresa tem em mãos é de enti-dades públicas”, Romana Rocha tem uma maior conceção do que é o presente e o futuro do or-denamento do território. Relativamente à legis-lação atual, a CEO explica que, apesar de neste momento ainda estarmos a “colmatar erros do passado”, o Governo tem mostrado preocupação em defender os interesses territoriais e popula-

cionais. A recente alteração da legislação é um bom exemplo desse esforço. “Temos uma pa-nóplia de entidades setoriais que se preocupam com determinadas situações, como conservação da natureza, florestas, agricultura ou proteção civil. O que existe é a necessidade de haver um consenso, um entendimento e uma responsabi-lização das opções tomadas entre estas entida-des”. Contudo, Romana Rocha acredita que en-tidades públicas e privadas trabalham de forma saudável no sentido de fazer progredir o territó-rio e a sua sociedade.

O PRECONCEITO AINDA ExISTE?Numa era em que as mulheres começam a assu-mir posições de poder e a criar projetos próprios, a mudança de mentalidades é notória. Romana Rocha é uma das impulsionadoras desta re-novação social, mostrando que é possível uma mulher ser bem-sucedida profissionalmente e estar na gestão da sua empresa. A CEO afirma que o preconceito não é justificável e defende que “quem trabalha com determinação, rigor e esforço acaba por conseguir os seus louros inde-pendentemente de ser homem ou mulher”.Contudo, garante que “nesta área da consultoria, onde há uma grande predominância de mulheres”, nunca sentiu “discriminação” pelo facto de ser mu-lher. “Sempre coordenei equipas mistas” sem que essa fosse uma questão problemática.

Que projetos farão parte do futuro da RR Planning?Romana Rocha, que trouxe consigo par-te da equipa com quem trabalhava na DHV, pretende continuar a construir um futuro no plural. Afirma que a RR Plan-ning é um “projeto conjunto”, feito por pessoas com uma história entre si. O foco da empresa continuará a ser o bom desempenho dos seus projetos no con-texto do ordenamento do território e do planeamento estratégico. “Cada projeto é único e cabe-nos a nós identificar, o que o carateriza, o que é único, o que deve ser valorizado no sentido da cria-ção de oportunidades enquadradas na conjuntura atual”. A proatividade será, também, um conceito imprescindível, para que o trabalho seja feito de uma forma mais espontânea, criativa e com-pleta. As parcerias continuarão a fazer parte do presente e do futuro, sendo, assim, possível, um planeamento mais rigoroso.

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TELLES ExPLICA

Fundador e gestor de uma empresa do setor industrial, António Santos (nome fictício) decidiu, no final de 2013, dar início ao processo de sucessão na sua empresa. Após uma breve reflexão António concluiu que o mais velho de dois filhos, Pedro Santos, atual

responsável de operações, seria o sucessor natural na liderança da empresa. No entanto, no decorrer de um processo que parecia natural, muitos foram os problemas com que se confrontou.

SuCESSÃO - emPresÁrios Portugueses Procuram

aPoio JurÍdico tarde demais

Desde logo, saber que poderes lhe deveria confiar e quais os que deveria reservar apenas para si, bem como aqueles que deveriam ser partilhados entre os dois.

Por outro lado, definir um calendário de saída, gradual, das funções de gestor da empresa, au-mentando, em consequência, os poderes do filho. António queria, no entanto, manter, em qual-quer circunstância, um controlo sobre as decisões mais relevantes. Em todo este processo também o preocupava não prejudicar o outro filho, Fili-pe Santos, que tinha abraçado uma carreira na docência e estava, por isso, afastado da vida em-presarial. Preocupava-o, porém, a possibilidade de uma repartição do capital da empresa 50/50 poder, em caso de desacordo, pôr em risco a ati-vidade empresarial, para mais quando um dos acionistas nem sequer teria um papel ativo na empresa. Perante a necessidade de tomar decisões, Antó-nio partilhou ter passado por dias de ansiedade e expectativa. Nesta altura surgem-lhe questões como se deveria e poderia dividir de forma desi-gual entre os filhos o capital social da empresa? Ou se haveria outras soluções que permitissem ultrapassar tais impasses, num cenário de repar-tição do capital 50/50? Face a todas essas ques-tões, optou por procurar apoio e aconselhamento jurídico.José Alves Moreira, advogado associado da TELLES, considera que “o processo de sucessão

A TELLES tem vindo a partilhar com os seus clientes o facto de não haver respostas certas mas que a reflexão sobre algumas questões sobre a Sucessão ajudam-nos a perceber até que ponto estamos preparados ou conscientes deste assunto

PEDIMOS à TELLES QUE COLOCASSE CINCO QUESTõES QUE APOIASSEM A REFLEXÃO, QUE PARTILhAMOS CONSIGO:

- Porquê preparar com antecedência a sucessão?

- Que parceiros podem ser envolvidos no processo?

- Qual o momento ideal para fazer a sucessão?

- De que forma o aconselhamento jurídico é crucial neste processo?

- Devo fazer a sucessão na liderança e a sucessão no capital em simultâneo?

- Devo necessariamente ponderar a suces-são dentro da família empresária?

- Que preocupações de natureza jurídico-fiscal devem ser relevadas?

deve ser pensado e ponderado com antecedên-cia. Se assim for, muitos conflitos serão natural-mente evitados.” O advogado, que tem vindo a aconselhar muitos empresários para este tema da sucessão, acredita que existem questões que qualquer gestor de uma empresa familiar deve-ria colocar antes de iniciar o processo, e que o ajudarão a definir os objetivos e ponderar qual o apoio necessário para uma transição o mais pa-cífica possível. “não há um momento certo para começar a pensar no assunto, mas o gestor deve, desde logo, recorrer a apoio jurídico para estar ciente das consequências de decisões que venha a tomar”, completa ainda o advogado da TELLES que tem acompanhado dezenas de gestores nesta situação. Por outro lado, no atual contexto político de pro-ximidade das eleições legislativas e as propostas que algumas importantes forças partidárias têm

em cima da mesa – no sentido de recuperar, in-dependentemente da forma que vier a adotar, o Imposto Sucessório – a questão da sucessão nas empresas familiares ganha uma ainda maior re-levância, com o urgente debate do assunto pela família empresária. A esse respeito, como recor-da José Alves Moreira, «é de realçar que no atual quadro jurídico-fiscal, as transmissões de parti-cipações sociais (nomeadamente ações) entre ascendentes e descendentes não estão sujeitas a qualquer tributação pelo que, havendo consenso quanto a esta matéria, deverá tentar aproveitar-se a atual regime, fiscalmente mais eficiente, evitan-do-se uma potencial futura tributação.» A TEL-LES tem vindo a partilhar com os seus clientes o facto de não haver respostas certas mas que a reflexão sobre algumas questões sobre a Sucessão ajudam-nos a perceber até que ponto estamos preparados ou conscientes deste assunto.

Para o apoio a estas e outras questões ou aceder a mais informações, poderá escrever para [email protected] ou visitar www.TELLES.pt

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UNIVERSO DIGITAL

O que é que um aluno pode esperar da licenciatura em Design de Jogos Digitais da Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo do IPB?Importa referir que de forma transver-sal, os alunos que optem por estudar no IPB, têm desde logo a garantia de se integrarem numa instituição que tem o reconhecimento internacional de ser consecutivamente a melhor instituição politécnica nacional e uma instituição de topo do ensino superior Português. Nesse sentido um aluno que frequen-te a licenciatura de DJD no IPB pode esperar um ensino que o tornará um profissional capaz, competente, cienti-ficamente robusto, reconhecido pelo, e orientado ao mercado de trabalho, so-lidário no trabalho de equipa, dotado de uma flexibilidade que lhe possibili-te ajustar-se às necessidades dinâmicas de uma sociedade de per si exigente, mas cuja complexidade se incrementa quando se circunscreve ao intrincado mundo dos jogos digitais e áreas co-nexas.

Para uma melhor perceção dos conteúdos, as aulas práticas são dadas com recurso a equipamentos informáticos e audiovisuais em laboratórios preparados para esse efeito. Esta componente é fundamental?Um diagnóstico permanente das ne-cessidades do mercado e das evoluções tecnológicas operadas no sentido de lhes corresponder, possibilitam uma permanente atualização dos equipa-mentos, técnicas e paradigmas a utili-zar na formação dos nossos alunos. As aulas são ministradas numa postura de ensino orientado ao projeto o que possibilita trabalho em equipa multi-disciplinar numa simulação de contex-to real de trabalho, onde os docentes monitorizam desempenhos intervindo tutorialmente na ação das equipas que, concorrencialmente, tentam resolver

problemas. A autonomia advém da decisão critica cientificamente susten-tada e tecnicamente consciente que o aluno capitaliza na sua formação.

Além das competências teóricas, que caraterísticas um profissional desta área tem de ter para vingar no mercado?Esta é uma formação muito ligada às artes e ao ambiente digital, exigente, motivadora, onde para lá das compe-tências técnicas sólidas, o dinamismo e a excentricidade criativa devem ser cultivadas. Um profissional que atue no cerne do game design deverá ser capaz de absorver a essência do en-torno e a sua transposição critica para um novo entendimento, envolvendo a integração de áreas como o game mechanics e o gameplay, artes visuais, programação, processo de produção, áudio e narrativa. Deverá dominar um vasto leque de referências utiliza-das para gerar novas ideias ou conteú-dos compreendendo aspetos técnicos e de produção e movimentar-se com um conjunto de constrangimentos interrelacionados, tomando decisões criativas na resolução de conflitos, mantendo o jogo divertido e interes-sante.

O mercado dos jogos digitais é um dos que mais cresce em todo o Mundo. É, sem dúvida, uma formação com emprego assegurado? É uma formação com presente e com futuro. Os nossos diplomados inse-rem-se com sucesso no mercado de trabalho nacional, de forma indepen-dente ou em entidades consolidadas, inserindo-se também, por opção, em mercados como o alemão, holandês, espanhol, finlandês e reino unido.

O que importa saber para que um jovem, em início de carreira, consiga vencer e ser competitivo mesmo a uma escala mundial?

“Os alunos que optem por estudar no IPB, têm desde logo a garantia de se integrarem numa instituição que tem o reconhecimento internacional de ser consecutivamente a melhor instituição politécnica nacional e uma instituição de topo do ensino superior

Português”, afirma Luís Pires, Diretor da Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo (EsACT) do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), em entrevista à Revista Pontos de Vista. Saiba o que faz desta instituição uma das melhores.

uMA INSTITuIÇÃO DE ENSINO DE TOPO

LUÍS PIRESUm projeto menos bem sucedido é uma oportunidade de aprendizagem que não pode ser desperdiçada. A vida é feita de sucessos e insucessos e o estigma da falha deve ser combatido. Um aluno deve ser incentivado a ou-sar, a empreender de forma conscien-te, com a perseverança e tenacidade de quem tem a noção de possuir uma base educacional competitiva e alinha-da com as boas práticas mundiais. A capacidade de perceber e respeitar o ecossistema em que cada um se insere e a articulação com ecossistemas fun-cionais que com ele interagem é um posicionamento que certamente con-duz ao sucesso.

Que desafios acredita que o futuro vos aguarda? Qual continuará a ser o vosso posicionamento?Neste ambiente dinâmico e volátil a enorme pressão motivada pelo desen-volvimento tecnológico, associada a custos relativamente baixos das pla-taformas digitais, são fatores que fo-mentam a divulgação de jogos e outros formatos de entretenimento digital

bem como de outras áreas mais mar-ginais mas de grande importância e significado, nomeadamente associadas ao treino e educação em contexto vir-tual controlado ou à reabilitação física. Queremos estar aí, na vanguarda das aplicações, com níveis de realismo e diversidade multimédia surpreenden-te, ajudando o país a crescer.

Que mensagem importa ser deixada a um potencial aluno?O IPB é uma realidade multicultural, com um ambiente descontraído, bai-xo custo de vida e elevada qualidade, frequentado por estudantes oriun-dos de todos os pontos de Portugal e do Mundo. Possui um programa de internacionalização envolvendo a mobilidade anual de mais de 900 es-tudantes, uma mais-valia para a for-mação e empregabilidade dos nossos alunos e diplomados. Os alunos de DJD têm ao seu dispor este ambiente bem como instalações e equipamento de vanguarda num novo edifício com uma orientação para o audiovisual e produção dos média.

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AVALIAÇÃO IMOBILIáRIA

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Além de partilharem o mesmo nome, as duas pessoas que dão hoje a cara pela Mencovaz têm em comum o mesmo brilho no olhar quando falam das suas profissões. “Quem

corre por gosto não cansa” e Jorge Ferreira Mendes, pai, é o paradigma dessa mesma expressão. é perito avaliador imobiliário desde sensivelmente 1972 e, hoje, num momento

de transição em que pretende deixar toda a obra feita para o seu filho, continua a desempenhar as suas funções com a mesma garra, criticidade e brio profissional. Numa

conversa onde juntamos estas duas gerações, a Revista Pontos de Vista conheceu duas perspetivas que, apesar de separadas por anos, têm em comum o mesmo desejo:

continuar a trabalhar para que a Mencovaz seja a melhor naquilo que faz.

MENCOVAZ: quando a mesma paixão atravessa duas gerações

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AVALIAÇÃO IMOBILIáRIA

Tal pai, tal filho, na vida, na formação e na carreira. Jorge Ferreira Mendes, sócio--gerente da empresa, é hoje o pilar da Mencovaz, uma entidade que surge como

resultado das novas exigências e da crescente con-corrência que se faz sentir nas áreas da avaliação e da consultoria imobiliária. Qualidade, compro-misso, ética, cumprimento de normas, sigilo e ri-gor são algumas das características desde sempre ligadas ao ADN de uma organização que surgiu em 2008 graças à união de três empresas com mais de duas décadas de experiência comprovada neste mercado. Elaborando avaliações imobiliárias de todo o tipo, estudos do mercado imobiliário da viabilidade económico-financeira de projetos de investimentos imobiliários, a Mencovaz foi tri-lhando um percurso consolidado, conquistando a atenção de parceiros que depositam nesta equipa total confiança. E estamos a falar de uma equipa bastante robusta. São cerca de 150 profissionais experientes de diferentes especialidades, dispersos pelo território continental e pelas regiões autó-nomas. “Só não vou para Angola ou outros paí-ses porque a idade já não permite”, brincou Jorge Ferreira Mendes. Todavia, decorridos os anos, quis as circunstâncias do dia-a-dia que os sócios se separassem, ficando Jorge Ferreira Mendes, um dos nomes mais reco-nhecidos no setor, à frente da empresa. Manteve os destinos desta marca com a mesma dignidade que o caracterizava, continuando a trabalhar com algumas das principais instituições financeiras nacionais, Fundos de Investimento Imobiliário, promotores imobiliários e proprietários de imó-veis institucionais ou privados. Mas, no momento em que decidiu tomar os lemes deste “barco”, Jor-

“A ideia do meu pai, quando me lançou este desafio, já foi a pensar nisso. Temos então um período de sobreposição em que o objetivo é tentar passar o conhecimento e a clareza de raciocínio que o meu pai tem e essa é a grande dificuldade nas avaliações”

ge Ferreira Mendes já tinha a sua atenção intei-ramente voltada para o futuro. A Mencovaz iria conhecer um novo nome e foi em conversa com os dois protagonistas desta história que a Revista Pontos de Vista ficou a conhecer esta dinâmica da transição.

DE SÃO PAULO PARA PORTUGAL Tudo aconteceu durante um almoço entre pai e fi-lho. Jorge Pedro Ferreira Mendes, o filho, também ele formado em engenharia civil, estava a trabalhar fora do país e, numa vinda a Portugal, teve um en-contro com o pai que acabaria por ditar o rumo que a sua vida viria a tomar. O progenitor recorda esse momento. “O meu filho estava a trabalhar em

São Paulo, um dia veio cá e fomos almoçar. De-pois de ter ficado sozinho como sócio, disse-lhe que, se fosse vontade dele, poderia trabalhar con-sigo. A reação foi imediata: ‘sim, começo amanhã’. E assim foi. Desde esse momento que, a passo e passo, ficou comigo e fui induzindo nele a filo-sofia da Mencovaz”, relembrou. Hoje, como sócio e procurador da empresa, Jorge Ferreira Mendes, o filho, olha para o seu mentor como um grande exemplo, sentimento que ficou bem proeminente ao longo desta conversa. Ora vejamos. Quando o pai afirma, convicto, que hoje exerce estas funções com a mesma paixão e dinamismo, mas com mais esforço, o filho lança, de imediato, uma expressão de discórdia: “o meu pai foi muito modesto nesta resposta”, acrescentou desde logo. “Quando vamos a reuniões com clientes, eles já nos dizem que a Mencovaz, nomeadamente o meu pai, é, entre todas as empresas com as quais trabalham, a que menos gosta que digam que errou. O meu pai é, sem dúvida, o que mais discute, no bom sentido e isso só demonstra que ele tem a mesma garra, em-penho e brio ou ainda mais. Continua cá com toda a força”, afirmou. Ao passar este testemunho ao filho, Jorge Ferreira Mendes espera, no final dos próximos dois anos sensivelmente, começar a atu-ar na empresa com uma postura mais consultiva. “Continuando a mandar os meus bitaites claro”, acrescentou em tom de brincadeira. Para os que fi-cam, como será esse momento? “Temos dois anos para adaptação e é um processo que já começou. A ideia do meu pai, quando me lançou este desa-fio, já foi a pensar nisso. Temos então um período de sobreposição em que o objetivo é tentar pas-sar o conhecimento e a clareza de raciocínio que o meu pai tem e essa é a grande dificuldade nas

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Jorge Ferreira Mendes e o seu primeiro contacto com a área das avaliações imobi-liárias“Sou engenheiro civil desde 1961 e comecei logo a trabalhar. Estive na América, na Alema-nha, e fiz muita coisa, desde barragens, estrutu-ras especiais a observação de obras. Entretanto, entrei para a Somague onde havia um depar-tamento de imobiliário, sempre tive muita ten-dência para aquela área e fui percebendo como é que aquilo funcionava. Quando saí fui para o Banco Fonsecas & Burnay, onde havia uma Empresa chamada Sociedade de Investimentos Imobiliários. Confesso que lá estava nas minhas ‘sete quintas’. Comprar terrenos, ir às câmaras, aprovar projetos, construir e vender era exata-mente aquilo que eu gostava de fazer. Comecei então a dedicar-me imenso a isso mas é preci-so ter noção de que naquele tempo não havia grandes informações. Não existiam os planos diretores municipais e poucos dados sobre a gestão e o ordenamento do território. Mas isto sempre me apaixonou bastante, até hoje”.

SERVIÇOS DA MENCOVAz- Consultoria;- Avaliação Imobiliária;- Certificação Energética;- Projetos de investimento;- Peritagens;- Partilhas e separações judiciais;- Avaliações de patrimónios tangíveis.

A Mencovaz é certificada pela CMVM e pelo Sistema de Gestão de Qualidade, Nor-ma ISO 9001:2008, na área da avaliação e consultoria imobiliárias.

SITE: WWW.MENCOVAz.PT

“O mais importante quando convertemos um imóvel num número é que as pessoas digam que é assim porque a Mencovaz o disse, aquilo a que chamamos confiança pública”

avaliações. Faço uma avaliação e sei que o valor é este mas tem que estar tudo muito bem explicado para que quem não conheça o mercado daquela zona consiga ver e perceber. O meu pai exige essa clareza de toda a gente”, afirmou. Assim, além de todo o conhecimento do mercado, geral e técnico, Jorge Ferreira Mendes quer ter toda a estrutura necessária para que a Mencovaz continue a ser um paradigma de sucesso, agora com o pai numa po-sição mais consultiva e não tão ativa. Com o pai, além da transmissão de conhecimentos técnicos, Jorge Ferreira Mendes tem adquirido um conjun-to de princípios orientadores. “Por exemplo, uma pessoa pode saber muito de avaliações mas depois elaborar relatórios pouco claros. O meu pai rege--se por esses princípios e é assim que continuará a ser. Temos de ser claros e assertivos quando fa-lamos e responder rápido”, explicou. Hoje, estar na Mencovaz não é algo que nunca lhe tivesse passado pela cabeça. Pelo contrário. Desde peque-no que se recorda de ver o pai a fazer avaliações e mesmo depois de terminar o curso e já a trabalhar, continuava a fazer trabalhos com o pai. Portanto, a Mencovaz, hoje uma realidade, sempre foi uma possibilidade na sua vida.

CONVERTER UM IMóVELNUM NÚMERO

Como resultado da globalização, o ato de ava-liar obedece hoje a novas exigências e a um rigor acrescido. Para Jorge Pedro Ferreira Mendes, o elemento da nova geração, avaliar ou a alquimia de “converter o valor de um imóvel num núme-ro” sempre foi um processo interessante exercido com total responsabilidade. Aludindo a uma ex-pressão usada frequentemente pelo pai, “o mais importante quando convertemos um imóvel num número é que as pessoas digam que é assim por-que a Mencovaz o disse, aquilo a que chamamos confiança pública. A partir do momento em que uma empresa ou um avaliador independente cai em descrédito, está tudo perdido”, acrescentou. Para tal, importa manter sempre uma conduta irrepreensível. Esta é uma ideia defendida pelo fundador da empresa há muito tempo e, dentro deste contexto, o filho não poderia estar em maior sintonia. Mas para descortinar esta ideia importa conhecer melhor a realidade da profissão que, para ele, tem sido desvalorizada. “Nos últimos 20 anos, os honorários das avaliações decaíram sistemati-camente. Estamos num momento em que estes valores mal pagam as deslocações, e ainda menos o conhecimento técnico e o tempo despendido a elaborar um relatório de avaliação. Por isso, é ób-vio que as pessoas tentam ter uma conduta pro-fissional irrepreensível mas são cenários complica-dos, sobretudo quando saímos das áreas urbanas, onde existem menos avaliadores com essa conduta irrepreensível”, defendeu o jovem. Para contornar estes desvios de comportamento, apesar de não existir legislação em geral, está a ser desenhada uma lei que pretende normalizar toda a atividade

de avaliação para qualquer organização de inves-timento coletivo. Para garantir que as normas são cumpridas, continuará a existir a figura do Banco de Portugal, da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) e do Instituto de Seguros de Portugal que irão reforçar os seus poderes de regulação/supervisão.

PORTUGAL COMO ATRATIVO AO INVESTIMENTO

Portugal é hoje um dos melhores países para se investir na área imobiliária, estando no mapa dos investidores internacionais. O que torna o nosso país tão peculiar neste segmento? “Se comparar o preço de um apartamento em Lisboa com o valor de um em Londres ou Madrid, irá ver que nem há comparação possível. Para um investidor, o preço é fundamental”, respondeu o filho. Mas mais do que isso, o investidor tem de ter garantias de que está a fazer um investimento com rendimento. Depois de ter atravessado um período em que, como tradicio-nalmente se diz, “bateu quase no fundo”, o setor está animado e as expetativas de futuro são reconfortan-tes. “Por isso este é um bom momento para comprar e, por outro lado, há muitas pessoas a precisar de vender, não a querer mas a precisar, e vendem a um preço abaixo do preço de mercado”, acrescentou. A sabedoria materializada na voz do pai Jorge Ferreira Mendes completou o raciocínio: “há um ditado po-pular que diz ‘quem compra sem poder vende sem querer’ e é esta a realidade de hoje”. Comprar uma habitação numa zona histórica, reabilita-la e coloca-la novamente no mercado tem sido outra das opções e a Mencovaz já tem tido contactos nesse sentido. “Já fomos contacta-dos por Fundos de Investimento estrangeiros que nos dizem que têm compradores para tudo o que exista na baixa de Lisboa para reabilitação urbana. A ideia é reabilitar não só para arrendamento mas também para o estabelecimento de hostels”, refe-riu o fundador. Se ambos, de forma distinta, foram exemplificando alguns dos fatores que tornam Portugal tão “apetecível”, há uma característica que os dois membros da Mencovaz não esquece-ram: a segurança. Portugal é um país seguro e as pessoas só não se apercebem dessa característica porque estão, efetivamente, seguras. Se um investidor tem esta garantia de segurança a partir do momento em que entra no país, um par-ceiro da Mencovaz sairá daqui exatamente com o mesmo sentimento. Com uma equipa de excelên-cia que o acompanha sempre, os objetivos desta empresa são claros. Se, para o pai, o futuro passará por “melhorar, desenvolver, crescer e ampliar as áreas de atuação para novos serviços”, para o filho, cujo objetivo passará ainda por uma contínua de-fesa da profissão, há ainda outras estratégias para a empresa mas tudo irá centrar-se em “manter o que tem e ganhar mais e, se uma empresa não vive sem clientes, a Mencovaz quer conquistar mais parceiros e isso só irá acontecer pela excelência e pela qualidade que nos caracteriza”, concluiu.

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Com uma perspetiva empreendedora, com rigor e qualidade, a ESEGUR ao longo de cerca de duas décadas de existência é cada vez mais “a solução de segurança que valoriza o seu negócio”. O que tem feito com que a ESEGUR seja, inequivocamente, uma marca que merece a confiança do seu consumidor?A atuação da ESEGUR tem-se pautado por valores como competência, confiança, eficiência, ética, excelência, lealdade, honestidade, inovação e responsabilidade social, quer no exercício da sua atividade, quer na relação com os seus acionistas, colaboradores, clientes, fornecedores, entidades públicas e parceiros.A procura das soluções mais adequadas para cada cliente, baseadas nas suas necessidades, bem como na otimização e flexibilização dos seus custos, tem permitido à ESEGUR criar relações estáveis de confiança e de parceria.A crise económico-financeira que teve como consequências a contração do mercado e a agres-sividade comercial da nossa concorrência, levou a que a ESEGUR repensasse a sua estratégia de negócio.Na verdade, era necessário analisar e estudar novas soluções anticrise na área de negócio do transporte e tratamento de valores, identificar ni-chos de mercado na área de negócio das soluções de segurança, dar foco na especialização da área de negócio das soluções back-office e fortalecer a ESEGUR internamente. Só é possível alcançar estes objetivos com a aposta que fazemos na qua-lidade dos serviços prestados, nas ações de moti-vação dos nossos colaboradores, na proximidade e ações de fidelização com nossos clientes e nas ações de divulgação e promoção da ESEGUR de forma a assinalar distintivamente a nossa presen-ça no mercado.Gerindo o presente, a ESEGUR vai criando ali-cerces para o futuro, refletindo sobre as soluções que nos diferenciam, sobre os serviços e soluções a valorizar, de forma a nos tornarmos cada vez mais competitivos.Isto é um processo contínuo e, como tal, temos vindo a desenvolver soluções específicas e dife-renciadoras, a saber: Solução Universal de Trans-porte e Tratamento de Valores para a Banca; So-lução Global para Gestão ATM; Solução Gestão Cash para o Retail; Solução Segurança Hotéis e Banca e Solução Gestão Correio.É-nos reconhecida, pelos nossos diversos in-terlocutores e parceiros uma imagem de grupo responsável, quer no que respeita à atuação no mercado em geral, assim como com os nossos clientes, e também com os nossos fornecedores e parceiros. Esta imagem resulta igualmente do empenho que os nossos colaboradores colocam no desenvolvimento das suas tarefas e responsa-

MARCAS QUE GERAM CONFIANÇA

Uma história de sucesso e confiança junto dos portugueses. é este o desígnio da ESEGUR, que, ao longo dos anos, tem vindo a promover uma relação marcada por uma postura pioneira e inovadora, acompanhando sempre a evolução e tendências do mercado

em prol da valorização da marca. A Revista Pontos de Vista conversou com Maria Da Glória Morão Lopes, Presidente Executiva da ESEGUR, que nos deu a conhecer um pouco mais de uma marca que é sobejamente conhecida e reconhecida, lembrando que o

nome ESEGUR prima pela diferenciação em todas as suas áreas de atuação procurando a melhoria contínua e a inovação.

A ExCElêNCIA TEM uMA MARCA - esegur

bilidades e que constituem o pilar fundamental do nosso sucesso.Desde 2014 que a ESEGUR tem apostado em importantes investimentos na sequência da obri-gatoriedade do cumprimento da nova Lei da Se-gurança Privada.

O que tem mudado na estrutura e dinâmica da organização? Têm sido momentos exigentes?A nova Lei da Segurança Privada constituiu

um desafio pela exigência na implementação dos novos requisitos legais, nomeadamente no que respeita a requisitos ao nível das instalações, dos equipamentos e da formação profissional. Na ESEGUR, a nova legislação implicou fortes investimentos, nomeadamente na renovação da frota, na renovação da nossa central recetora de alarmes, bem como na melhoria das medidas de segurança das nossas diversas instalações. Para este efeito, foi desenvolvido um plano de ação re-ferente às diversas matérias que foram objeto de alteração por forma a garantir a sua implementa-ção dentro dos prazos de adaptação legalmente previstos. A ESEGUR obteve, com sucesso, a renovação dos Alvarás de Vigilância, de Proteção Pessoal, Exploração e Gestão de Centrais de Receção e Monitorização de Sinais de Alarme e de Video-vigilância e de Transporte, Guarda e Tratamento de Valores, nos termos e de acordo com os novos requisitos legais.Mais, a ESEGUR, empresa certificada para mi-nistrar formação pela DGERT, foi uma das pri-meiras empresas a obter as licenças de formação, emitidas pela PSP – Departamento de Seguran-ça Privada, para ministrar as seguintes especiali-zações de segurança privada, a saber:

- Formação de Vigilante;- Formação de Operador de Central de Alarmes;- Formação de Assistente de Recinto de Espetáculos;- Formação de Assistente de Recinto Desportivo;- Formação de Vigilante de Transporte de Valores.

Em linhas gerais, a Nova Lei da Segurança Pri-vada pretende criar um maior nível de exigên-cia no exercício da atividade e, nesse sentido, apresenta-se francamente positiva. No entanto, mais uma vez, não existindo controlo sobre o seu integral cumprimento, criar-se-ão oportunidades para a concorrência desleal. Não basta legislar, é necessário garantir um urgente e eficaz controlo no cumprimento da legislação.

Para vingar num mercado competitivo, a aposta na diferenciação deverá sempre ser o caminho a seguir. Um contínuo compromisso com inovação e tecnologia tem sido o trilho escolhido pela ESEGUR para se distinguir dos demais? Em que parâmetros estas preocupações estão presentes?A inovação para a ESEGUR, mais do que um valor da empresa, tem sido uma forma de estar. Em todas as nossas áreas de negócio, quer nas atividades de Transporte e Tratamento de Valo-res, nas Soluções de Segurança ou nas atividades de Outsourcing (Gestão de Arquivos), entre ou-tros, a inovação é uma constante na história da ESEGUR. As necessidades dos nossos clientes estão em

MARIA DA GLÓRIA MORÃO LOPES

“A ESEGUR pretende aprofundar cada vez mais o investimento em relações duradouras com os clientes através de uma prestação de serviços competente, cada vez mais rigorosa e responsável, lutando por uma oferta de soluções que lhe permita reduzir custos, garantindo sempre os maiores níveis de segurança, qualidade e rigor”

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constante mudança, razão pela qual a ESEGUR aposta continuamente em soluções inovadoras que nos permitam ter uma oferta cada vez mais competitiva e diversificada face à concorrência.Todavia, inovar não pode nem deve ser um pro-cesso endógeno: é preciso ter a mente aberta e a capacidade de agregar estímulos externos que nos permitam ter uma oferta cada vez mais com-petitiva e diversificada e foi neste sentido que a ESEGUR lançou o Prémio OPEN MIND ESEGUR. Este prémio, que em 2015 conta já com a sua segunda edição, visa premiar um tra-balho académico que se destaque no âmbito da Inovação e Tecnologia, aproximando assim a ESEGUR das universidades, fontes de talento inesgotável, onde urge a aproximação ao mundo profissional, contribuindo para o desenvolvimen-to da sociedade. Adicionalmente, através do Pré-mio OPEN MIND, a ESEGUR pretende obter ideias e sugestões de estudantes universitários de todo o país para o desenvolvimento do setor da segurança em Portugal e da atividade da ESE-GUR.Acreditamos que estes aspetos, enquanto inputs externos à ESEGUR, serão extremamente rele-vantes e positivos de um ponto de vista da inova-ção do negócio, da identificação de talentos e da perceção da visão externa da empresa.

É ainda através das soluções que apresenta que a ESEGUR tem conseguido afirmar-se pela diferenciação. Quando as exigências dos consumidores estão em permanente mutação, de que forma tem sido possível antecipar as suas necessidades, disponibilizando soluções à medida?A ESEGUR prima pela diferenciação em to-das as suas áreas de atuação procurando a me-lhoria contínua e a inovação. O projeto ao nível informático de virtualização do datacenter, é um exemplo, que abrangeu 90% dos servidores aplicacionais e possibilitou, não só reforçar a ca-pacidade de processamento e storage instalada, como também obter disponibilidade, fiabilidade, redundância e segurança, e permitiu à ESEGUR suportar os serviços aos seus clientes sem quais-quer quebras.A qualidade das nossas soluções de segurança e a sua adequação às reais necessidades do cliente, permitem-nos não só manter uma parte signifi-cativa da nossa carteira, como conquistar novos contratos.A ESEGUR aposta na formação, por isso dis-põe de um centro de formação, certificado pela DGERT e licenciado para formação de profis-sionais de segurança privada, pela PSP – De-partamento de Segurança Privada. A atividade formativa da ESEGUR assenta nos seguintes pilares:- Melhorar e desenvolver as competências téc-nicas e pessoais dos colaboradores do universo ESEGUR;- Formar, qualificar e certificar pessoas, numa perspetiva de melhoria das competências e de construção de percursos de qualificação e desen-volvimento profissional.

Diferenciação passa ainda por uma promoção e comunicação eficaz e especializada. Esta tem sido, também ela, uma vertente imprescindível na atuação da ESEGUR? Recorrer a canais alternativos aos tradicionais (televisão, imprensa ou rádio) tem aproximado ainda mais a marca

do seu consumidor, nomeadamente ao nível das redes sociais?

A ESEGUR, tendo em conta o tipo de ativida-de em que atua, sempre primou por uma postura discreta, nomeadamente ao nível da comunicação externa.Todavia, a ESEGUR tem tomado ao longo dos anos consciência de que a comunicação numa organização é fundamental para demarcar a sua presença no mercado, bem como constitui o pi-lar da motivação dos colaboradores através do seu envolvimento e compromisso. O Gabinete de Comunicação e Marketing foi criado em 2013 com o intuito de melhorar a comunicação inter-na e externa da ESEGUR, nomeadamente com os colaboradores, com os media e o público-alvo, contribuindo para a consolidação e manutenção da imagem da empresa no mercado. Para a promoção de uma política de comunicação mais forte e eficaz elaborou-se, aprovou-se e implementou-se o Pla-no Integral de Comunicação, bem como a análise, proposta e execução da estratégia de marketing.Nesta medida, tem vindo a ser implementado o Plano de Comunicação Global através da reali-zação de diversas ações com a finalidade de satis-fazer as necessidades de informação dos públicos da ESEGUR, a saber:- Melhoria das ferramentas de Comunicação In-terna;- Promoção e divulgação da prática de estilos de vida saudáveis junto dos colaboradores;- Coordenação da política de patrocínios, mece-nato e donativos;- Atualização da informação no website da ESE-GUR;-Atualização da informação na Intranet;-Patrocínio de iniciativas ao nível da Setor, no-meadamente a 5.ª edição do Barómetro 2014 da Segurança, Proteção de Dados e Privacidade em Portugal;-Desenvolvimento e implementação do prémio universitário, Prémio Open Mind ESEGUR.Por outro lado, a ESEGUR tem primado por uma atuação socialmente responsável, junto das comunidades onde desenvolve a sua atividade de forma a contribuir para o seu progresso e bem--estar. Nesta medida, a ESEGUR aderiu em 2014, ao GRACE (Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial), uma associação sem fins

Que mensagem importa deixar ao nosso leitor, potencial cliente, para que olhe para a ESEGUR como uma marca de confiança?“Ser uma empresa inovadora e diferenciadora nas soluções que implementa, criando valor aos seus clientes, gerando eficiência nos seus processos e atividades, através da antecipação das suas necessida-des com o contributo de colaboradores profissionais e competentes.” é a missão da ESEGUR.A Política da Qualidade do Grupo ESEGUR assenta na busca da excelência nos serviços que presta, na antecipação das necessidades do mercado e na procura do compromisso dos seus colaboradores, atra-vés do reconhecimento do desempenho individual e coletivo. Todos estes valores e princípios têm como denominador comum o cumprimento dos normativos legais e regulamentares, e ainda a melhoria con-tínua da eficácia do seu Sistema de Gestão da Qualidade. Alcançamos os nossos objetivos através da otimização de recursos, honrando os compromissos para com os nossos colaboradores, clientes, forne-cedores e parceiros, promovendo um desenvolvimento e crescimento sustentável. Somos uma empresa com 21 anos de atividade, nacional e sólida no mercado.Num mercado fortemente concorrencial e mais recentemente num contexto económico-social desfa-vorável, termos alcançado uma posição de relevo, garantindo aos nossos colaboradores as melhores condições do setor e aos nossos acionistas os resultados da confiança que sempre em nós depositaram, só por si demonstra que somos uma empresa de confiança. Todos temos consciência que o que realizá-mos até aqui nos obriga a uma responsabilidade adicional em relação ao futuro. Temos a necessidade de ser ainda mais criativos, inovadores e sustentáveis, o que só é viável com uma parceria de trabalho construtiva, capaz de responder aos desafios que se adivinham.

lucrativos, com o objetivo de dar continuidade à sua política de responsabilidade social, através da participação ativa em campanhas de solidarieda-de social ou ambiental, em conjunto com outras empresas que partilham das mesmas preocupa-ções e canalizar os seus esforços para um projeto comum, envolvendo os seus colaboradores.A ESEGUR, no seguimento de uma política de defesa dos direitos humanos, aderiu em 2013 ao Global Compact Network Portugal, rede local do Pacto Global das Nações Unidas, e aos dez Princípios desta rede de cidadania empresarial cujas preocupações assentam em áreas como os Direitos Humanos, Práticas Laborais, Proteção Ambiental e Anticorrupção. Ao subscrever o Global Compact, a ESEGUR compromete-se a incluir em todas as suas atividades e estratégias os princípios do pacto e a impulsionar e promo-ver parcerias com vista a apoiar os objetivos das Nações Unidas.

Para o futuro, que objetivos a ESEGUR quer ver brevemente concretizados? Que novidades o consumidor pode esperar deste parceiro?Quanto ao futuro, a ESEGUR pretende apro-fundar cada vez mais o investimento em rela-ções duradouras com os clientes através de uma prestação de serviços competente, cada vez mais rigorosa e responsável lutando por uma oferta de soluções que lhe permita reduzir custos, ga-rantindo sempre os maiores níveis de segurança, qualidade e rigor.Encontrando-se grande parte dos nossos clien-tes na área de transporte e tratamento de va-lores, a ESEGUR, de modo sempre proativo e inovador, vai continuar a disponibilizar ao mercado, soluções integradas relacionadas com a gestão otimizada do numerário. Pretende-se a adequação das soluções ao mercado com ga-rantia dos níveis de serviço, minorando o risco, e com retorno para o cliente. A qualidade das nossas soluções de segurança e a sua adequa-ção às reais necessidades do cliente, derivadas de uma rigorosa análise de risco, permite-nos projetar o futuro com confiança. A ESEGUR continuará a apostar na diversificação da oferta, designadamente na prestação de serviços de de-fesa pessoal e de assistentes de recintos despor-tivos e de espetáculos.

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É uma marca de referência e de exce-lência, reconhecida não apenas pelas entidades externas que legitimam a qualidade da sua água e dos ser-

viços, mas pelos cidadãos que diariamente contactam com este bem. Com uma pre-ocupação constante com os sistemas de distribuição de água potável e recolha de águas residuais, a Águas de Coimbra tra-balha diariamente no sentido de investir e criar infraestruturas com as condições necessárias para que o resultado final seja de sublimidade. Com a gestão de um con-junto significativo de infraestruturas, a marca garante “uma taxa de cobertura de distribuição de água de 100% e uma taxa de cobertura de saneamento de 96%”, valores que se encontram dentro do que de melhor se faz “na Europa e no Mundo”, afirma Pe-dro Coimbra.

OS GALARDõES DE UMA áGUA DISTINTA

A água de Coimbra, que é considerada uma das melhores a nível nacional e inter-nacional, recebe as mais ilustres distinções. Por outro lado, o bom serviço prestado pela Águas de Coimbra e a preocupação

demonstrada pela entidade na preservação da qualidade da água não ficam esquecidos. Deste modo, apenas em 2014, foi atribuído à marca o “Prémio de Qualidade e Serviço em Água e Resíduos, na categoria de Quali-dade de Serviço de Abastecimento Público de Água” e o “Selo de Qualidade do Serviço de Abastecimento Público de Água”. Pelo segundo ano consecutivo conquistaram também o “Selo de Qualidade Exemplar de Água para Consumo Humano”. E dis-tinguiram-se, ainda, por serem a primeira e única empresa a garantir quatro vezes, três vezes consecutivamente, o primeiro lugar no ranking do Índice Nacional de Satisfa-ção do Cliente – ECSI (European Custo-mer Satisfaction Index), sendo considerada a “mais importante distinção do grau de avaliação de satisfação de clientes no setor”, afirma, orgulhoso, Pedro Coimbra.Deste modo é possível compreender a qualidade não apenas da água, mas de todo o trabalho realizado por esta enti-dade, que tem como foco a inovação e o desenvolvimento dos serviços de água e saneamento.

MARCAS QUE GERAM CONFIANÇA

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PEDRO COIMBRA

PROJETAR É EVOLUIR

Para manter a qualidade e distinção, a Águas de Coimbra encontra-se frequentemente envolvida em projetos de investigação e de desenvol-vimento, que não apenas melhoram a qualidade dos serviços prestados, como também permitem a evolução e o crescimento social, citadino e eco-nómico. Neste sentido, entre muitos outros projetos que a empresa tem em mãos, Pedro Coimbra referiu aqueles que considera mais relevantes.

Através de um projeto de investigação europeu, aprovado pelo programa comunitário de investimento horizonte 2020, a Águas de Coimbra e a Uni-versidade de Coimbra, em conjunto com outras entidades de referência dos mais diversos países, irão realizar um estudo de medição das águas pluviais. Neste sentido, pretendem encontrar soluções que permitam “di-minuir o risco de cheias e inundações” e, por outro lado, “encontrar me-canismos que possibilitem minimizar as infiltrações de águas pluviais na rede de águas residuais, diminuindo, assim, os custos associados ao trata-mento de águas residuais em ETARs. O presidente da Águas de Coimbra refere ainda que a entidade será o “laboratório” onde será realizada toda a investigação e garante que as conclusões retiradas serão mais-valias fortes para o desenvolvimento nacional e internacional.

O organismo tem, também, um projeto de telemetria para pequenos clientes que contribuirá para o combate de perdas de águas. Apesar de Coimbra ter taxas baixas neste matéria, Pedro Coimbra ressalva a impor-tância de continuarem a trabalhar no sentido de obterem números cada vez mais diminutos. Assim, e em parceria com outros municípios, a Águas de Coimbra lidera um projeto que possibilitará compreender a quantida-de de perdas de água em residências e “nos ramais de ligação à habitação do cidadão”. “Não tenho a menor dúvida de que o futuro da medição da água passa por esta tecnologia”, refere.

No contexto da simplificação no serviço ao cliente, encontra-se em fase final a criação de um balcão digital “que consentirá ao cidadão interagir connosco, resolvendo os seus problemas de uma forma muito mais eficaz, célere e à distância”, adianta o responsável.

No mesmo âmbito, a entidade está a trabalhar no sentido de alargar o espaço que possui atualmente na Loja do Cidadão de Coimbra. “Com me-lhores condições de acessibilidade, de atendimento e de espera”, o serviço permitirá atender o cliente de “forma competente e indo ao encontro das suas necessidades”.

Num trabalho conjunto com a Câmara Municipal de Coimbra e a Universi-dade da mesma cidade, a Águas de Coimbra tem um papel fundamental na abertura de uma zona há muito fechada, que liga a Baixa à Alta da Ci-dade. Para completar este projeto de âmbito cultural e paisagístico, será ainda inaugurada uma nova praça pública, a partir da qual será possível entrar num veículo que levará os turistas e habitantes de Coimbra num passeio entre a alta e a baixa da cidade. Neste percurso será disponibiliza-da água de Coimbra – da torneira, claro.

O lançamento recente de uma jarra de vidro pela Águas de Coimbra possi-bilitará que, em hotéis, cafés e restaurantes, a água da torneira da cidade possa ser usufruída pelos clientes das unidades que aceitaram o desafio. LER NA ÍNTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

quAlIDADE DA MARCA é qualidade do produto

A água da torneira de Coimbra é considerada uma das melhores do país pela sua qualidade e potabilidade. A proeza deve-se não apenas ao

Rio Mondego, mas também à águas de Coimbra, que procura manter um papel de relevância no desenvolvimento do setor. Quem o afirma é Pedro Coimbra, Presidente do Conselho de Administração da entidade,

e com quem a Revista Pontos de Vista conversou nesta edição.

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As Clínicas São Gonçalo (CSG) são, há dois anos consecutivos, consideradas PME Excelência e PME Líder. No decorrer da entrevista, compreendemos rapidamente os motivos que levaram o IAPMEI a atribuir esta distinção a um projeto que

começou nos Açores e alia a Medicina Dentária de excelência ao bem-estar e à inovação. Num momento em que são já uma referência mundial, as quatro Clínicas São Gonçalo têm vindo a impulsionar o desenvolvimento da área, através do

profissionalismo de Miguel Sousa Lima, Dentista e Diretor da marca.

quANDO uMA IDA AO DENTISTA é o auge do seu dia

PME LÍDER

A ideia surgiu quando, há uns anos, Mi-guel Sousa Lima foi a uma clínica den-tária em Boston, nos Estados Unidos da América. O espaço prezava pelo

conforto e tranquilidade. Nessa altura, em Por-tugal, o conceito ainda era algo distante e pouco referido. A ida ao dentista era um momento de ansiedade e os consultórios ajudavam a construir essa imagem. A espera era sempre feita em salas banais, que apenas antecipavam a entrada num consultório com uma longa cadeira movível, ro-deado por objetos e equipamentos intimidantes. Contudo, neste caso, algo era diferente. O espa-ço era convidativo e elevava quem o procurasse

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a um outro nível de bem-estar e conforto. En-quanto observava todo o envolvente da clínica norte-americana, uma questão apossava-se do pensamento de Miguel Sousa Lima: “por que é que os nossos consultórios são, normalmente, associados a coisas desagradáveis?”. Decidiu mu-dar mentalidades e transformar o seu consultório num espaço relaxante. Foi assim que nasceu o Lounge Dental Care, que permite aos pacientes das Clínicas São Gonçalo disfrutar de um am-biente tranquilo, envolvido em paz e comodidade, enquanto aguardam pelo momento da sua con-sulta. Um Spa dentro de uma clínica dentária. Ou uma clínica dentária no interior de um Spa. Não

sabemos bem, mas a certeza que temos é de que o medo que noutros tempos assombrava quem pro-curava os dentistas, esfumou-se e deu lugar a um bem-estar único. Com uma sala de espera com mais de 80m² - a normal dimensão total de um consultório -, as Clínicas São Gonçalo gozam de uma área que faz esquecer o motivo que o levou ate lá. Sente-se, relaxe e usufrua das mais-valias da clínica, com “uma zona com vídeo wall, um espaço para crianças, um bar e zonas com vistas panorâmicas”, que permitem “que as pessoas, en-quanto esperam, estejam num ambiente confor-tável”, explica Miguel Sousa Lima. Assim, pode aproveitar da melhor forma possí-

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MIGUEL SOUSA LIMA

vel a ida ao dentista. Nunca antes se pensaria que uma consulta de Medicina Dentária poderia estar associada ao prazer de relaxar enquanto bebe algo refrescante e usufrui das bonitas vistas verdejantes dos Açores ou da beleza única lisboeta. Já ima-ginou? Esqueça os hotéis, os espaços lounge nos Spas. A nova forma de se sentir bem é, contraria-mente ao esperado, ir ao dentista.O balanço é, claramente, positivo e quem procura os serviços das CSG tem mostrado um entusias-mo diferente do habitual. Por este motivo, Miguel Sousa Lima foi ‘obrigado’ a expandir este concei-to, que se encontra, agora, distribuído por quatro clínicas, três nos Açores e uma em Lisboa, que partilham o nome e a excelência de uma equipa que luta pelo avanço da Medicina Dentária e pelo bem-estar dos seus pacientes.

INOVAÇÃO é A PALAVRA DE ORDEMAo invés do que se possa pensar, a Medicina Dentária em Portugal encontra-se numa posição de destaque quando comparada a outros países de todo o globo. É “um case study de sucesso”, sendo atualmente um “dos países mais desenvolvidos” na área, garante Miguel Sousa Lima. A razão des-te progresso é, na opinião do dentista, a imigração em grande escala de colegas brasileiros que, du-rante vários anos, viram o território luso como um país com um potencial forte para se integrarem

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PME LÍDER

à DESCOBERTA DE PORTUGAL CONTINENTALA primeira clínica de Miguel Sousa Lima abriu em Ponta Delgada, nos Açores. O dentista, que tirou o seu curso em Lisboa, optou por voltar ao Arquipélago e aí fazer evoluir a área da Medicina Dentária, uma vez que a Implantologia era ainda um con-ceito praticamente desconhecido nas ilhas açorianas. O sucesso deste primeiro espaço levou ao nascimento de duas outras clínicas, em Ponta Delgada e na Povoação, uma vila também em S. Miguel. Quando Portugal Continental começou a mostrar-se como um forte potencial para expandir não apenas um negócio, mas todo um conceito, o dentista apostou na abertu-ra de uma nova clínica em Odivelas, Lisboa, que veio trazer serviços dentários de quali-dade e formação aos dentistas que exercem funções no Continente. Segundo Miguel Sousa Lima, este espaço foi criado essen-cialmente para dar “formação no âmbito do 3D”. Sendo este o “futuro” da Medicina Dentária, e numa época em que o analfabe-tismo é maioritariamente “informático”, o di-retor acredita ser essencial que os dentistas compreendam a importância da tecnologia nesta vertente da saúde. Questionado sobre novos espaços em Portugal Continental, Mi-guel Sousa Lima mostrou-se reservado na resposta, mas garantiu que a expansão pas-sa pelos seus projetos futuros. No entanto, acabou por admitir à Revista Pontos de Vista que, num futuro próximo, o Algarve contará com uma Clínica São Gonçalo.

RECONSTRUÇÃO DENTÁRIA EM SISTEMA 3D

enquanto profissionais. “Portugal cresceu muito com a concorrência”, que “nos obrigou a evoluir e a acompanhar a inovação”, trazida de um Brasil bem mais desenvolvido no âmbito da Medicina Dentária. Contudo, e se os dentistas brasileiros foram uma excelente alavanca na evolução desta vertente da medicina em Portugal, o mesmo se pode dizer de Miguel Sousa Lima. Através da sua investigação e dos métodos inovadores com que trabalha, tem promovido fortemente o desenvolvimento desta. Os seus colegas veem-no já como uma referência, as suas clínicas apresentam serviços, cujos equipa-mentos e procedimentos são únicos no nosso país. Por outro lado, assegura uma investigação cons-tante de forma a não apenas trazer para território português o que de melhor se faz internacional-mente, mas também de modo a contribuir para um mais rápido desenvolvimento da Medicina Dentária em todo o mundo. A título de exemplo, podemos referir a sua visão sobre a máquina CEREC, sistema de 3D, um equipamento que permite a colocação de um im-plante exatamente igual ao dente que o paciente extraiu, de forma mais rápida e eficaz. A utiliza-ção desta máquina não é, de todo, a grande novi-dade, até porque em Portugal existem outras clí-nicas a usufruir das mais-valias desta tecnologia. O que permite que o serviço prestado nas CSG seja único é a forma como Miguel Sousa Lima se fez valer deste sistema. O dentista preferiu não se limitar ao motivo pelo qual esta máquina foi desenvolvida – a reconstrução dentária – e atu-almente utiliza-a também na manipulação dos “tecidos moles”, de forma a que a implantologia seja hoje uma área mais célere, e na preservação da dentição numa cloud, o projeto Smile ID.

Deste modo, o paciente que tenha digitalizado a sua dentição pode, em qualquer momento e em qualquer parte do mundo, recorrer a esse ficheiro, podendo, assim, colocar um implante, que é tão--somente uma réplica exata do seu dente. Miguel Sousa Lima vê esta competência, que criou para a máquina, como “um seguro dentário”, que se as-semelha às células estaminais que são, de modo cada vez mais frequente, guardadas para proble-mas de saúde futuros.Esta nova ferramenta, associada à CEREC, en-contra-se registada e patenteada, provando que as CSG se encontram na vanguarda da tecnologia e da evolução na Medicina Dentária. Em setembro contam ter já uma outra valência associada a este sistema de 3D. “Estamos a in-vestir numa TAC que vai estar ligada a esta má-quina”, que permitirá uma maior rapidez na co-locação de implantes e de forma menos dolorosa, adianta o diretor das CSG.Estas competências não apenas da CEREC, mas de toda a tecnologia que tem abraçado o campo da Medicina Dentária e consentido um grande crescimento da área, tornam as clínicas dirigidas por Miguel Sousa Lima num espaço onde o ser-viço de excelência é garantido e a tecnologia de ponta acompanhará todo o processo.Quanto ao futuro mais longínquo, Miguel Sousa Lima garante que continuará a associar-se a ou-tros projetos que promovam o desenvolvimento tecnológico e afirma, sem referir pormenores, que se encontra já a pensar em novos passos não ape-nas para as suas clínicas, mas para a área em geral.Contudo, podemos ter como certo um percurso que se caracterizará pela tecnologia avançada e por um serviço de excelência e profissionalismo. Porque, acima de tudo, Miguel Sousa Lima é

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apaixonado pelo seu trabalho e sente-se aprazera-do por permitir que a Medicina Dentária renasça constantemente com o apoio do seu trabalho e da sua pesquisa.

“A SUBESPECIALIzAÇÃO é O CAMINHO”As Clínicas São Gonçalo constroem-se num ambiente de abrangência. Se referimos anterior-mente o bem-estar do Lounge Dental Care e a tecnologia cada vez mais avançada, não pode-mos deixar de referir a multidisciplinaridade das equipas. Ciente de que “a subespecialização é o caminho”, Miguel Sousa Lima garante um ser-viço completo a quem procure qualquer uma das quatro clínicas da marca. Sendo o “core business” das CSG a Medicina Dentária, e apostando nas várias especialidades desta área, o dentista não esquece outras áreas da saúde que complemen-tam o processo de recuperação dos seus pacien-tes. Deste modo, poderá encontrar nas clínicas açorianas e, até na lisboeta, terapeutas da fala, cardiologistas, cirurgiões plásticos, nutricionistas, clínicos gerais, psicólogos, médicos especialistas em acupuntura ou até cirurgiões maxilofaciais, entre outros profissionais de diferentes áreas da medicina. Porque, segundo o especialista, “tudo se cruza” e é essencial aos seus pacientes esta in-teração entre as várias disciplinas da medicina. O dentista explica que problemas dentários podem estar associados a outros constrangimentos ou provocar doenças inesperadas. Assim, Miguel Sousa Lima prefere garantir que a saúde de quem procura as suas clínicas não será, de forma algu-ma, posta em causa.Também neste ponto a tecnologia é uma mais--valia. O diretor, que se assume como um apai-xonado pela inovação, afirma que, sempre que necessário, as equipas das diferentes clínicas co-municam entre si, de modo a garantirem mais qualidade aos seus pacientes.

PME LÍDER E ExCELêNCIA, UMA CONSEQUêNCIA

Miguel Sousa Lima garante que a distinção por parte do IAPMEI – Instituto de Apoio às Peque-nas e Médias Empresas e à Inovação é uma con-sequência de um trabalho que tem sido desenvol-vido com o único objetivo de melhorar e garantir uma maior qualidade na Medicina Dentária. Contudo, os motivos que levaram a que as Clí-nicas São Gonçalo fossem, em 2013 e 2014, consideradas PME Líder e PME Excelência são rapidamente percetíveis quando nos debruçamos sobre as mais-valias desta marca. A constante procura por melhor satisfazer os seus clientes, de modo a que uma ida ao dentista seja cada vez mais uma consulta célere, eficaz e inova-dora, é um dos grandes fatores que permitiu que esta empresa fosse eleita com o galardão mais co-biçado pelas Pequenas e Médias Empresas. Por outro lado, a investigação a que estas clíni-cas estão associadas e que muito tem contribuí-do para potenciar o desenvolvimento desta área médica em Portugal é uma outra razão que levou o instituto português a considerar esta marca, orientada por Miguel Sousa Lima e por toda uma equipa multidisciplinar e profissional, numa em-presa de sucesso e de futuro.Contudo, Miguel Sousa Lima admite que esta distinção não existiria sem o apoio e a boa gestão da sócia do projeto e colega, Marta Lima, que, garante o dentista, é a “responsável pela atribuição do prémio”.

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A incidência desta doença em Portugal configura um verdadeiro problema de saúde pública, apresentando no nosso país a mais elevada taxa de novos ca-

sos por ano de toda a Europa, com 234 novos casos por milhão de habitantes, segundo dados de 2014 do Gabinete de Registo da Socieda-de Portuguesa de Nefrologia. Segundo a mes-ma fonte, no ano transato 18 703 portugueses encontravam-se dependentes de Técnicas Subs-titutivas da Função Renal, 11 350 dos quais em hemodiálise, 735 em diálise peritoneal e 6 618 transplantados. Atendendo ao enorme impacto quer pessoal, quer económico quer social desta doença e do(s) seu(s) tratamento(s), urge agir no sentido de diminuir estes números. O setor “Convencionado” da Hemodiálise representa, em Portugal como noutros países europeus, uma importante fatia do conjunto de agentes que intervêm no tratamento da doença renal crónica. Em Portugal, mais de 80% das terapias substitutivas da função renal, e com mais relevo a hemodiálise realizada em clínica, são assegu-radas por prestadores desse setor. Na perspetiva da Diaverum – uma multinacional de origem sueca, presente em Portugal, onde disponibiliza cuidados renais a cerca de 2900 doentes nas suas 25 clínicas, fazendo parte da rede de prestadores convencionados do Ministério da Saúde “é ine-rente a essa realidade uma responsabilidade so-cial, como empresa privada, nomeadamente no que diz respeito à sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde, do qual a Diaverum se vê como parceira”. Uma importante componente dessa responsabi-lidade social deve materializar-se na prevenção da doença renal crónica. No caso desta doença, a prevenção assume dois momentos cruciais:- A prevenção primária: que tem lugar antes de se ter instalado a doença renal atuando, nomea-damente, sobre os dois fatores de risco que mais conduzem à mesma – a hipertensão arterial e a diabetes – (responsáveis por mais de metade dos casos de DRC);- A prevenção secundária: que diz respeito à identificação precoce da doença renal crónica (ainda nas suas fases iniciais), podendo conduzir ao abrandamento da sua progressão, bem como a uma melhor preparação do doente e da sua família, para o tratamento e para a escolha da modalidade do mesmo.Segundo César Silva (Diretor Geral da Dia-verum Portugal) “cumpre não só ao Estado – a braços que está com o ónus do tratamento da doença renal crónica – mas também aos presta-dores convencionados, ao poder local e ao setor social, coordenarem-se no sentido de comple-mentar a atividade do Estado na área da pre-venção”. Desta feita, a Diaverum tem pautado

DOENÇA RENAl CRóNICA EM PORTuGAl: A IMPORTâNCIA DA PREVENÇÃO

SAÚDE RENAL – PREVENÇÃO

A OPINIÃO DE Margarida Gonçalves, Diretora Médica Nacional da Diaverum

A Doença Renal Crónica traduz-se pela perda, irreversível, da função renal, obrigando os doentes à substituição da sua função através da hemodiálise, da diálise peritoneal ou do transplante renal.

a sua intervenção pela ação preventiva sendo exemplos da mesma:- Os rastreios gratuitos da função renal reali-zados a nível local – quer em ações de rua quer marcando momentos de maior visibilidade, como o sejam o Dia Mundial do Rim;- A abertura de uma consulta gratuita de Ras-treio da Função Renal – a funcionar com regu-laridade trimestral em vários Centros Renais da Diaverum e aberta à população em geral;- O conjunto de protocolos firmados com Asso-ciações de Doentes Renais no sentido de levar o know-how de médicos nefrologistas e de nutri-cionistas da Diaverum a ações de formação da

população em geral sobre hábitos de vida saudá-veis e que previnam a diabetes e a hipertensão arterial, protegendo os rins;- Os protocolos firmados com Autarquias e com Agrupamentos Municipais de Escolas que tem permitido levar estas campanhas à população em idade escolar;Muito mais, é claro, haverá a fazer no âmbito da Prevenção da Doença Renal, cabendo a todos os atores (Públicos, Convencionados, Poder Local, Setor Social, Universidades e Associações Cien-tíficas) a iniciativa de se unir por forma a levar a cabo ações que, pela sua coordenação, tragam maior força ao combate a esta doença.

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“Muito mais, é claro, haverá a fazer no âmbito da Prevenção da Doença Renal, cabendo a todos os atores (Públicos, Convencionados, Poder Local, Setor Social, Universidades e Associações Científicas) a iniciativa de se unir por forma a levar a cabo ações que, pela sua coordenação, tragam maior força ao combate a esta doença”

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Os seus membros estão distribuídos pe-las várias universidades portuguesas e por muitas das grandes empresas inseridas em ambientes muito com-

petitivos, onde é necessário recorrer a modelos matemáticos que traduzam de uma forma muito aproximada o confronto entre os constrangimen-tos e virtualidades dos sistemas produtivos ou de prestação de serviços que envolvem tomadas de decisão complexas. Os investigadores da IO de-senvolvem a sua atividade focados na resolução de problemas reais com abordagens predominan-temente matemáticas que se estendem e aplicam na engenharia e economia.

A APDIO foi criada em 1978 por cerca de 140 membros fundadores, onde se incluem inves-tigadores e professores universitários e quadros superiores da indústria e serviços. Foram ainda membros fundadores institucionais, vários insti-tutos e empresas, onde se destacam a LISNAVE, PETROGAL, INESC, LNETI, PROFABRIL, CIFAG, BESCL, CESUR, CTT, CAUTL, INA e PARTEX.

Os principais objetivos da APDIO são a disse-minação dos mais recentes avanços da IO e das suas melhores práticas, promovendo a troca de resultados, experiências e aplicações da IO. A APDIO define como sua missão contribuir para o desenvolvimento da IO através da organização de cursos, seminários, workshops, conferências e publicações (jornais científicos, boletins e livros).

A APDIO é membro da Federação Interna-cional de Sociedades de IO (IFORS) e da Fe-deração Internacional de Controlo Automático (IFAC), desde o seu início e um pouco mais tarde, tornou-se membro da organização euro-peia de Sociedades de IO (EURO). Em 1982, a APDIO esteve envolvida na criação da Associa-ção Latino-Iberoamericana de Sociedades de IO (ALIO) e tem um acordo de reciprocidade com a

APDIO – ASSOCIAÇÃO PORTuGuESA

DE INVESTIGAÇÃO OPERACIONAl

INVESTIGAÇÃO EM PORTUGAL

A OPINIÃO DE Domingos Moreira Cardoso, Professor Catedrático da Universidade de Aveiro e Presidente da Comissão Diretiva da APDIO desde 2012

A APDIO é uma associação científica que agrega a comunidade portuguesa de investigadores e utilizadores das técnicas e metodologias de investigação operacional (IO).

Sociedade Brasileira de IO desde 2001. Ao longo de todos estes anos de atividade a APDIO or-ganizou 16 Congressos Nacionais nas seguintes cidades portuguesas: Lisboa em 1982, Porto em 1984, Coimbra em 1987, Lisboa em 1989, Évora em 1992, Braga em 1994, Aveiro em 1996, Faro em 1998, Setúbal em 2000, Guimarães em 2002, Porto em 2004, Lisboa em 2006, Vila Real em 2008, Caparica em 2009, Coimbra em 2011 e Bragança em 2013. O próximo congresso reali-za-se em Portalegre entre 7 e 9 de setembro deste ano. Adicionalmente, a APDIO organizou e/ou apoiou a organização de cerca de 40 Conferên-cias Internacionais das quais podemos destacar o EURO VIII – European Conference on Opera-tional Research, Lisboa 1986; IFORS 93 – XIII World Conference on Operational Research, Lisboa 1993, as Conferencias Internacionais em Otimização designadas por Optimization (que tiveram lugar em Braga em 1995, Coimbra em 1998, Aveiro em 2001, Lisboa em 2004, Por-to em 2007, Lisboa em 2011 e Guimarães em 2014); EURO XXIV – European Conference on Operational Research, Lisboa 2010.

O Jornal Científico da APDIO com a desig-nação Investigação Operacional foi publicado entre 1981 e 2008, num total de 28 volumes. Os editores chefe foram Isabel Hall Themido (1981-1983); José Manuel Viegas (1984-1985); José Pinto Paixão (1986-1987); Joaquim João Júdice (1988-2004); José Fernando Oliveira (2004-2008). Por sua vez, o Boletim da APDIO, com dois números por ano, foi publicado entre 1984 e 2005, tendo reiniciado a sua publicação desde 2010. Os editores foram José Manuel Viegas (1984-1986); António José Rodrigues (1987-1990); Jorge Pinho de Susa (1991-1992); Carlos Henggeler Antunes (1993-1999); João Paulo Costa (2000-2002); João Luis Soares (2003-2005); Ana Camanho e Bernardo Alma-da Lobo (2010-2011). Desde 20012 que a edição do Boletim é da responsabilidade de Ana Luisa

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Custódio e Isabel Correia. Em 2000 a APDIO apoiou a publicação de livro sobre casos de estudo de problemas de aplicação do mundo real da IO em Portugal que teve como editores Carlos Henggeler Antunes e Luis Vala-dares Tavares e, na mesma linha, em novembro de 2014 apoiou a publicação pela IUC de um livro que reporta aplicações de sucesso da IO editado por José Soeiro Ferreira e Rui Carvalho Oliveira com o título Investigação Operacional em Ação: casos de aplicação, com 774 páginas.

As atividades da APDIO desenvolvidas durante os mais de 35 anos da sua existência devem-se em grande parte aos seus associados que atual-mente ultrapassam os 350 e que têm dedicado muito do seu esforço para promover a IO através da APDIO. De entre todos eles, os que tiveram a maior responsabilidade, os presidentes das su-cessivas Comissões Diretivas (CD), foram Luis Valadares Tavares do IST (1978-1985 e 1997-1998); José Dias Coelho da UNL (1986-1989); Rui Campos Guimarães da FEUP (1990-1994); Isabel Hall Themido do IST (1995-1996); José Soeiro Ferreira da FEUP (1999-2001); José Valério de Carvalho da UMinho (2002-2004); Jorge Pinho de Sousa da FEUP (2005-2009); Joaquim João Júdice da UC (2010-2011).

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA PARA O DESENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO OPERACIONAL APDIO - CESUR - IST

Avenida Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa-Portugal Tel: 21 840 74 55 Fax: 21 840 98 84

[email protected] http://www.apdio.pt

“As atividades da APDIO desenvolvidas durante os mais de 35 anos da sua existência devem-se em grande parte aos seus associados que atualmente ultrapassam os 350 e que têm dedicado muito do seu esforço para promover a IO através da APDIO”

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TELEMEDICINA

A telemedicina é um conceito inovador que tem alterado o sistema de saúde em Portugal. Enquanto especialistas na área, como veem esta evolução? De que modo este serviço será uma mais-valia não apenas na área da saúde, mas também no contexto económico?A telemedicina tem sido defendida em situações em que o profissional de saúde tem pouco ou nenhum acesso à ajuda especializada, uma vez que permite aceder remota-mente a opiniões de especialis-tas de outra forma indisponíveis, proporcionando tranquilidade aos médicos e pacientes. Os programas de telemedicina conduzem direta e indiretamente a uma diminuição das consultas nos hospitais e a uma redução da necessidade de transfe-rir pacientes, com um impacto evi-dente nos custos associados.

Acreditam que Portugal tem sabido acompanhar esta nova era tecnológica, de forma a desenvolver a área da saúde? Desde o despacho 3571/2013 do Ministério da Saúde, que se tem vindo a desenvolver programas de teleconsulta e telemonitoriza-ção em áreas de implementação prioritárias como Dermatologia, Fisiatria, Neurologia, Cardiologia, Cardiologia Pediátrica e Pneumo-logia, embora a um ritmo que nem sempre é o desejado. Esperemos que os condicionalismos de ordem financeira não sejam um entrave a um mais rápido desenvolvimento e maior abrangência dos programas de telemedicina

A sociedade portuguesa tem vindo a criar um ambiente de desconfiança sobre a saúde, principalmente no contexto do serviço público. Podemos dizer que o progresso promovido pela telemedicina pode influenciar e melhorar a opinião social?Sem dúvida que a telemedicina terá uma influência positiva nessa perce-ção, pois irá diminuir os tempos de espera para uma consulta de espe-cialidade e reduzir a necessidade de os doentes se deslocarem a hospitais centrais/distritais, dois fatores que influenciam negativamente a opi-

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A telemedicina é uma área tecnológica que promove o melhor desempenho dos serviços de saúde, permitindo uma melhor e mais acessível comunicação entre hospitais e na relação médico-doente. A Distr-IT distribui, em Portugal, estes sistemas que vêm

colmatar lacunas existentes na área da saúde. A Revista Pontos de Vista conversou com o Diretor da empresa, Jaime Melancia, para melhor compreender estas ferramentas imprescindíveis para a sociedade.

uMA SAúDE MAIS MODERNA e competente

nião que os pacientes têm do Servi-ço Nacional de Saúde.

A Distr-IT oferece um conjunto de soluções que visam beneficiar o sistema de saúde português. De que equipamentos estamos a falar?Somos representantes em Portugal das soluções de telemedicina da GlobalMed, que não só fornecem a capacidade de videoconferência, mas integram também dispositivos médicos da mais moderna tecnolo-gia, que ajudam na avaliação remota do doente, nomeadamente, câmaras de vídeo, otoscópios, sondas de ul-trassons, estetoscópios eletrónicos, máquinas de ECG portáteis, sof-tware médico e carrinhos de tele-medicina totalmente equipados, bem como uma mala portátil para utilização em locais remotos.

A Distr-IT é a distribuidora da Polycom em Portugal. De que modo esta parceria traz mais qualidade e confiança aos vossos serviços, que abrangem não apenas a telemedicina, mas um conjunto de várias soluções que facilitam a interação e comunicação nas mais diversas áreas?Os profissionais da Distr-IT tra-balham há mais de vinte anos com sistemas de videoconferência, tendo sido os precursores da introdução desta tecnologia em Portugal. Sen-do a Polycom líder mundial nesta área, temos à nossa disposição a capacidade de fornecer produtos e serviços da mais avançada tecnolo-gia, que permitem, hoje em dia, a comunicação por vídeo e áudio de elevada qualidade, utilizando não só os sistemas tradicionais de vi-deoconferência, mas também PCs, laptops, tablets e smartphones.

Qual é o futuro da telemedicina? De que modo a Distr-IT acompanhará essa evolução, através de novos e melhores projetos?A relação física direta entre médico e paciente será sempre uma mais--valia, diria mais, imprescindível em muitas das situações de diagnóstico. No entanto, a evolução tecnológi-ca, tanto dos dispositivos médicos como das comunicações, permitirá novas áreas de intervenção por te-

lemedicina, abrindo novas perspeti-vas ao nível dos cuidados de saúde, quer na vertente de promoção, quer na vertente de acompanhamento da convalescença perante alta precoce de doentes crónicos ou da terceira idade.

JAIME MELANCIA

MALA PORTÁTIL PARA EXAMINAÇÃO

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Pior do que não ter, é criar a expectativa de se vir a ter e acabar por não se ter. De facto este é o sentimento que tem assola-do os Enfermeiros por este país ao longo

da última década. Podemos discutir as culpas, os erros e fatia de responsabilidade que toca a cada uma das partes e que contribuiu para o atual es-tado de coisas, mas a verdade é que de cada vez que decidimos seguir por esta via, afastamo-nos daquilo que é central e deve merecer a nossa atenção, isto é, desafiar o presente pensando o futuro. Enquanto houver quem esteja concen-trado em apontar o dedo a este ou àquele, e a semear a desunião na profissão, enquanto não decidirmos abraçar todos um mesmo desígnio, seremos sempre a corporificação da velha má-xima “dividir para reinar”, e enquanto divididos estivermos, outros tirarão proveito e nós con-tinuaremos a ser vistos como um elo fraco no setor da saúde, apesar de sermos desde sempre reconhecidos como estruturantes para o Siste-ma de Saúde de Portugal.A cada ciclo governativo que passa, da boca de cada governante que assume as pastas da saúde, seja a nível Nacional ou a nível Regional, ouvi-mos falar da imprescindibilidade dos Profissio-nais de Enfermagem, do valor acrescentado que representam para o Sistema de Saúde e Serviço Nacional/Regional de Saúde. Mas a questão permanece no ar, sem resposta ou materializa-ção daquilo que por eles nos é dito. E porque acontece isto? Porque estas mesmas pessoas que apregoam que somos isto e aquilo, também sabem que existe falta de coesão na profissão, e aproveitando esta falta de coesão, esta falta de definição de um rumo por todos assumido, mantêm os Enfermeiros num banho-maria que a todos prejudica, aos utentes acima de tudo.Mas para se estar coeso e unido, não basta abraçar um rumo, temos de possuir uma clara consciên-cia daquilo que representamos para a Saúde em Portugal. Nós somos a coluna vertebral do Siste-ma de Saúde, somos nós que a cada dia assegu-ramos o suprimento de energia vital a cada uma das células deste grande organismo que cuida de mais de dez milhões de pessoas. E desta consci-ência de escala, devemos ter também a consciên-cia de massa crítica, isto é, da mesma forma que o Sistema se mantém em funcionamento porque nós trabalhamos diariamente para que assim seja, também o podemos paralisar. Apesar de falarmos muito disto, apesar de sermos os tais profissio-nais imprescindíveis, há muitas décadas que não

ENFERMAGEM: uMA PROFISSÃO COM PASSADO, quE DESAFIA O

PRESENTE PENSANDO O FuTuRO

TELEMEDICINA

A OPINIÃO DE Luís Furtado, Enfermeiro

O exercício da profissão de Enfermeiro, em muito alicerçado no reconhecimento da Enfermagem entre as demais ciências do conhecimento, assim como a crescente expressão da vertente autónoma do nosso exercício profissional, contribuiu em larga escala

para o entendimento generalizado de que os Enfermeiros são um recurso de primeira linha, e de inestimável valor, naquilo que é assistência em saúde. Em todo o caso, deste entendimento dito generalizado à sua expressão prática vai uma grande distância, que

se traduz ainda em poucos Enfermeiros para as atuais necessidades de cuidados de saúde das nossas populações.

“Em suma, reforçar apenas que a coesão é o caminho mais seguro e proveitoso para um futuro melhor para esta que é a nossa profissão, valorizando a vertente autónoma da prática, valorizando socialmente a Enfermagem e acrescentando notoriedade à marca Enfermagem”

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“Apesar de falarmos muito disto, apesar de sermos os tais profissionais imprescindíveis, há muitas décadas que não fazemos uso deste poder para exigir aquilo que nos é devido em termos de condições condignas para exercer a nossa profissão com qualidade e segurança em prol dos portugueses”

fazemos uso deste poder para exigir aquilo que nos é devido em termos de condições condignas para exercer a nossa profissão com qualidade e segurança em prol dos portugueses.Há muito que os interesses lobistas se apodera-ram do setor da saúde e a falta de orientação e planeamento estratégico entorpeceu a visão dos nossos governantes e dirigentes políticos, passa-ram a ser tomadas medidas imediatistas e avulsas, ao invés de medidas pensadas para futuro. Ora veja-se, em Portugal temos um rácio de 4,0 mé-dicos por 1.000 habitantes, mais do que a mé-dia da OCDE que se cifra em 3,2. Em Portugal formamos 12,2 médicos por 100.000 habitantes, mais do que os 10,6 registados pela média dos países que fazem parte da OCDE. No que diz respeito aos Enfermeiros, registamos um rácio de 6,1 Enfermeiros por 1.000 habitantes, mui-to inferior ao valor médio da OCDE que é de 8,8. Na vertente da formação de novos Enfer-meiros, estamos a formar 32,1 Enfermeiros por 100.000 habitantes, contra os 42,9 registados em toda a OCDE, sendo que neste momento já se regista uma tendência decrescente no nú-mero de novos Licenciados Enfermagem, pelo que este indicador deve continuar a deteriorar-se nos próximos anos se nada for feito. Estamos na cauda da OCDE no que diz respeito ao número de Enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica e Enfermeiros especialistas em saúde mental e psiquiátrica, sendo apenas comparável a países como a Hungria, a Turquia ou a Eslovénia.Em bom rigor, um recente relatório da OCDE tece fortes críticas a Portugal, referindo que o sistema de saúde é excessivamente dependen-te do setor hospitalar, com um claro défice na aposta nos cuidados de saúde primários. Na verdade, de acordo com a OCDE, cerca de 30% da atividade hospitalar poderia ser desenvolvida em contexto comunitário, com uma poupança anual na ordem dos 20%; há que pôr fim a este modelo hospitalocêntrico e medicocêntrico. Ainda neste relatório pode ler-se que os Enfer-meiros são insuficientes e estão subaproveitados.Tudo isto é dramático por si só, mas é particu-larmente grave se a esta equação juntarmos mais parcelas. Consideremos o aumento da esperança média de vida, o aumento do número de pes-soas que vivem com condições patológicas de cronicidade, o aumento da incidência da doença mental, o evidente aumento das necessidades de cuidados de saúde – e consequentemente de Cuidados de Enfermagem – e da exigência dos utentes por qualidade e segurança na prestação destes mesmos cuidados. E agora consideremos os números anteriormente apontados e façamos o exercício, porventura simples, de verificar se com poucos Enfermeiros disponíveis, se com um desinvestimento na formação em Enfer-magem, se com uma diminuição no número de

novos licenciados, estaremos capazes, enquanto país, de dar uma resposta clara à nossa popu-lação e às suas necessidades. A reposta óbvia é não, mas apesar de óbvia, continua a esbarrar na clássica miopia dos nossos governantes.Ao mesmo tempo que o disposto no parágrafo anterior constitui uma fragilidade e um foco de apreensão em termos dos cuidados – acessibili-dade e qualidade – que poderemos prestar aos nossos utentes, pode, igualmente, ser encarado como uma oportunidade para o crescimento e desenvolvimento da profissão. Com o aumento nas necessidades de cuidados de saúde, tam-bém as oportunidades de diferenciação surgem. À entidade que regula a profissão em Portugal exige-se que monitorize cuidadosamente o se-tor da saúde e projete aquilo que quer para a profissão e para os Enfermeiros a médio e longo prazo, abandonando velhos dogmas, evitando a cristalização que nos manteve presos a algo desajustado ao longo das últimas décadas. É necessário ter presente que a profissão deve estar um passo à frente, para que outros, não Enfermeiros, não se apropriem daquilo que em circunstâncias normais deveria ser nosso por di-reito. As investidas que vamos sofrer por parte do Estado e desta Europa, no sentido de per-dermos notoriedade, autonomia e influência vão ser mais do que muitas, urge, por um lado, estar-mos preparados para estes embates e, por outro, ter as respostas adequadas para que consigamos preservar aquilo que a tanto custo conseguimos conquistar.Temos de ser capazes de exigir mais e melhor saúde para as comunidades que servimos, uma saúde centrada no cidadão e na primeira linha de atuação, a tão nossa prevenção primária. Mas para além de exigir isto, temos também de fa-zer um esforço muito significativo na melhoria da perceção dos ganhos em saúde efetivamen-te sensíveis aos Cuidados de Enfermagem, só assim poderemos justificar a intervenção dife-renciada que os Enfermeiros representam no suprimento das necessidades de saúde das po-pulações.É importante estar atento ao surgimento do dis-curso demagógico e fácil, que é também opor-

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tunista, o discurso do “tudo é possível” e do “até agora tudo o que se fez foi errado”... Chega de divisão e conflito no seio da profissão. Qualquer esperança que este discurso possa conferir é efé-mera, porque rapidamente desvanece e revela a sua verdadeira essência de vazio. Ninguém pode achar que tem a solução para todos os proble-mas da profissão, se assim se considerar então padece de uma profunda irresponsabilidade associada ao atrevimento que só a ignorância é capaz de conferir. Não existem soluções miracu-losas nem soluções fáceis, todo e qualquer rumo deve assentar na discussão alargada e na procura por bases de entendimento e de suporte o mais alargadas possível, para que falemos numa só voz. Todas as esferas onde o futuro da profis-são se joga precisam ser consideradas – muita da intervenção futura passará, inevitavelmente, pela esfera política. Devem refazer-se as pon-tes entre a entidade reguladora da profissão, os Enfermeiros e a academia. Juntos somos mais e com muito mais representatividade.A nível Regional, e porque as Regiões Autóno-mas são realidades ímpares no todo do território nacional, qualquer projeto ou intervenção deve pautar-se pelo respeito pela matriz autonó-mica e enquadrar-se naquilo que é a realidade arquipelágica. Não podemos ter a veleidade de achar que outros, que não conhecem esta nossa realidade, as singularidades do nosso exercício profissional e até mesmo os costumes e a forma de viver das nossas gentes, são capazes de dar uma resposta capaz às aspirações e às necessida-des dos Enfermeiros e dos cidadãos dos Açores. Claro que nas matérias estruturantes em termos de regulação, nas grandes opções estratégicas para a profissão, naquilo que é o essencial, te-mos de estar unidos e preparados para defender a Enfermagem o melhor que nos for possível. Há que ter presente que a diferença enriquece o todo.Em suma, reforçar apenas que a coesão é o ca-minho mais seguro e proveitoso para um futuro melhor para esta que é a nossa profissão, valo-rizando a vertente autónoma da prática, valori-zando socialmente a Enfermagem e acrescen-tando notoriedade à marca Enfermagem.

LUÍS FURTADO

Enfermeiro Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica, nasceu a 15 de maio de 1984 em Ponta Delgada. Licenciado em Enfermagem pela Universidade dos Açores (ESEnfPD) em 2007, Pós-graduado em Gestão de Empresas (2008) e Mestre em Gestão (2010) pelo Departamento de Economia e Gestão da Universidade dos Açores. Exerce no Bloco Operatório do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada EPE na qualidade de Enfermeiro de Anestesia, estando ligado à gestão daquele serviço desde setembro de 2014.

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UNIVERSO ANIMAL

A morte é sempre um momento de grande dor e a despedida digna pode ser a melhor forma de homenagear quem parte. Quando falamos de animais de estimação, as opções são escassas e nem sempre a solução é a mais justa. Foi neste sentido que surgiu a Holly Pet, que presta serviços fúnebres para o último adeus ao seu melhor amigo. Carolina Rebelo, Sócia-Gerente da marca, explica que foi

na perda do seu companheiro canino que percebeu a falta que um projeto assim fazia na sociedade portuguesa.

A DIGNIDADE na partida

Os serviços fúnebres para animais são uma forma de dignificar a vida de um ser que, não sendo humano, é uma parte fundamental da nossa vida. Através da procura que existe atualmente, sentem que Portugal já mostra essa preocupação? houve mudanças face a 2011, ano em que decidiram avançar com este projeto?Desde 2011, temos notado uma crescente aceitação e preocupa-ção por parte dos donos. Quando a Holly Pet surgiu, constatámos que tanto os donos como os pro-fissionais da área da saúde animal ficavam surpreendidos com os ser-viços oferecidos por nós. Agora, ve-rificamos que ambos veem muitas vezes as nossas opções como a sua primeira escolha.Outro aspeto que temos visto é o crescente número de cremações individuais, pelo facto de os donos poderem ficar com as cinzas do seu melhor amigo.

Se, por um lado, a sociedade ainda não vê como rotina o funeral de um animal de estimação, a própria oferta só agora começa a aumentar. Podemos dizer que a holly Pet veio colmatar uma falha existente no nosso país?Embora existisse outra solução quando a Holly Pet apareceu no mercado, penso que temos conse-guido alterar mentalidades no res-peitante ao último adeus do nosso melhor amigo. Aliás, foi por não existir nenhum serviço como a Holly Pet quando o meu primeiro cão, o Gastão, morreu que senti a necessidade e apercebi-me da im-portância de ter uma empresa de serviços fúnebres para animais. A perda do Gastão teve um impacto muito maior do que alguma vez imaginei e o facto de não ter po-dido dar um último destino digno de tudo o que significou para mim e para a minha família não fazia sentido.

Fala-se cada vez mais em dignidade animal e os protestos contra atos cruéis aumentam diariamente. Enquanto marca presente na área, sentem essa mudança de mentalidades tão apregoada?Temos visto cada vez mais essa mudança de mentalidades. E, mui-tas vezes, são as pessoas que menos esperamos que querem fazer as cremações individuais e ficar com as cinzas dos seus animais. No fun-do, esta mudança de mentalidade faz com que os donos dos animais queiram dar um último destino ao seu animal com a maior dignidade possível. Poder dizer um último adeus e um obrigado para sempre.

Em algum momento sentiram que a crise económica veio afetar a forma como as famílias tratam os seus animais não apenas em vida, mas também na morte?Temos sentido diferença e, muitas vezes, por não terem conseguido, ou pensarem que não fizeram tudo em vida, os donos não se importam de gastar mais na morte, no último adeus, do que foi possível em vida.

Quando uma família perde o seu animal de estimação, é uma mais-valia ter uma empresa que trate de todos os pormenores, principalmente quando falamos de

CAROLINA REBELO

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uma marca de referência, que atua 24 horas por dia, nos 365 dias do ano. Contudo, o aspeto psicológico continua a ser a questão mais preocupante. De que modo a holly Pet apoia as famílias destes animais a enfrentar a perda? Acreditam que o facto de oferecerem um serviço digno ajuda a ultrapassar, de forma mais positiva, este momento?O facto de tanto eu como todas as pessoas que trabalham na Holly Pet termos passado pela perda de um ou mais animais faz com que seja mais fácil identificarmo-nos com o dono naquele momento, dar o apoio necessário e, assim, prestar um melhor serviço. Muitas vezes, as pessoas ficam surpreendidas com a imensidão de sentimentos que têm na perda de um animal, que pode ser superior à de uma pessoa. Quem nunca passou por esta situ-ação não consegue entender estes sentimentos e, por vezes, julga ou condena quem os tem. Na Holly Pet, não só entendemos como, se for oportuno (e dependendo dos donos), contamos as nossas histó-rias e que formas utilizamos para minimizar a nossa perda.

A marca oferece distintos serviços, sendo possível optar por cremação individual ou coletiva, velório e recolha dos restos mortais. Para quem opte por não cremar os seus animais de estimação, ou mesmo seguindo essa opção, não pretenda levar a urna para a sua casa, a holly Pet disponibiliza algum cemitério para animais?Neste momento a Holly Pet está a oferecer uma solução, em que optando sempre pela cremação, permite aos donos plantarem uma árvore com as cinzas do seu animal através de uma biourna. Estas ur-nas têm uma semente e são 100% degradáveis. Assim, os donos ficam com uma recordação “viva” do seu animal, sendo uma alternativa a fi-car com as cinzas.

De que modo continuarão a promover atos dignos após a morte dos animais? Quais são os projetos futuros da holly Pet?Os nossos projetos futuros passam sempre pela nossa expansão como modo de dar a oportunidade a toda a gente de dizer um último adeus e um obrigado ao seu melhor amigo.

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É legítimo afirmar que a AMETIC é um des-ses paradigmas, pois encontra-se a promo-ver as boas práticas no domínio da saúde em Portugal desde março de 1998, ano da

sua criação, sendo que a sua génese está ligada à prestação de serviços de qualidade em cuidados de saúde, apoio domiciliário e colocação de equipas de pessoal especializado em instituições da área da saúde. A Revista Pontos de Vista quis saber mais e con-versou com Isabel Beltrão, Diretora Clínica da AMETIC - Complexo Santa Bárbara desde o início, uma profissional que nos deu a conhecer as mais-valias da marca AMETIC e de que forma é que a mesma tem vindo a ser um caso exemplar na promoção das boas práticas de saúde em Por-tugal. O crescimento e o prestígio alcançado pela instituição comprovam essa evolução, mas se dúvi-das existem, convém lembrar que a AMETIC foi uma das nove entidades distinguidas este mês pela Sanofi Portugal, na 4ª Edição do Prémio Saúde Sustentável. Este não é um galardão qualquer, até porque distinguiu as entidades nacionais do setor da saúde que mais se destacaram no ano passado por implementar ações de sustentabilidade com impacto na saúde. Venha conhecer mais. Venha conhecer também o Complexo de Santa Bárba-ra, um modelo de génese canadiana, com vivendas para pessoas com autonomia, mas que preferem ter todos os serviços à sua volta como os cuidados de saúde, a higienização do espaço, o atendimento médico/enfermagem, entre outros e tudo à distân-cia do clique de uma campainha ou de um tele-fone. Piscina aquecida, campos de ténis, oficinas de artes, ginásio, jacuzzi, sauna, entre outros, são outros serviços para quem pretende continuar a viver a sua vida, com qualidade.

METODOLOGIA DIFERENCIADORAA diferenciação orgânica e diária da AMETIC é evidente, mas é na metodologia aplicada que assume um pendor mais diferenciador. Porquê? A nossa entrevistada explica: “apostamos numa metodologia multidisciplinar e integrada baseada nas melhores práticas na área da enfermagem, da medicina, da psicologia, da fisioterapia e outras vertentes. Apostamos na inovação e temos uma exigência de trabalho do tipo tolerância zero. A

SAÚDE - BOAS PRáTICAS

A saúde assume-se como um dos principais pilares de uma sociedade considerada evoluída e moderna, sendo esta uma realidade imutável que deve ser fomentada diariamente pelas entidades responsáveis e pelos players que apostam diariamente na vertente

da saúde e da qualidade da mesma perante os outros. São diversos, felizmente, os casos e exemplos de entidades que assumem esse nível de preocupação na vertente da saúde em Portugal e que dignificam, cada vez mais, essa posição perante os outros.

AMETIC – onde as pessoas é que importam

nossa equipa assume a excelência e transporta isso mesmo para o tratamento dos nossos residentes, de modo a que ninguém se sinta ostracizado pelo facto de estar doente ou estar numa fase avançada da sua idade”, assume Isabel Beltrão, assegurando que na AMETIC “as pessoas são cuidadas como únicas, que são, e é por isso que temos a confiança de quem nos procura, pois esse tratamento eficaz, digno e carinhoso é de facto evidente na AME-TIC. Não sabemos estar na saúde e com as pesso-as de outra forma”.

COMPREENDER AS NECESSIDADES DAS PESSOAS

Na vida nada pode ser considerado perfeito. Exis-te sempre espaço para melhorar e a saúde é um pilar que diariamente pode ser aperfeiçoado e rea-

justado. Além de profissional de medicina, a nos-sa interlocutora tem ainda o curso de Gestão de Unidades de Saúde, competências que “me deram outra perspetiva no âmbito da gestão em saúde”, assevera. “Em Portugal, a nossa saúde é franca-mente de qualidade, mas ainda existe espaço para melhorar ao nível das práticas de gestão, nome-adamente na gestão de recursos e aqui temos de aperfeiçoar metodologias. Temos de compreender as necessidades das pessoas e adaptar os serviços e não o contrário. Em Portugal, ainda temos um caminho a percorrer neste sentido, mas acredito, cada vez mais, que os profissionais na área de saú-de estão mais sensibilizados para esta mudança”, esclarece a diretora clínica da AMETIC. No setor de atuação da AMETIC, estará Por-tugal atrasado relativamente a outros congéneres europeus? A nossa interlocutora é clara. “Estamos muito bem. Acabei de regressar de um evento em França e posso afirmar que estou bastante or-gulhosa do que temos conseguido em Portugal. Estamos no bom caminho e o desafio passa por conseguirmos atrair estrangeiros para residir con-nosco e isso revela a nossa qualidade”.

AMETIC DISTINGUIDAA Sanofi Portugal distinguiu, este mês, algumas entidades nacionais do setor da saúde que mais se destacaram no ano passado por implementar ações de sustentabilidade com impacto na saúde. A 4.ª edição do Prémio Saúde Sustentável, orga-nizada em conjunto com o Jornal de Negócios, distinguiu nove entidades e uma figura de relevo. A AMETIC foi uma das distinguidas, prémio que deixou a nossa entrevistada e respetiva equipa bastante orgulhosas. “Além da importância do ga-lardão e da motivação que aportou à nossa equipa, percebemos que tanto a Sanofi Portugal como o Jornal de Negócios se preocuparam em perceber quem funciona bem e não o contrário. Isso é im-portante. É uma forma de tornar visível o trabalho diário que fazemos, que apesar de ser muito difícil, nos dá muito prazer e orgulho em realizar. Este é o caminho da AMETIC, ou seja, continuar a melhorar para continuarmos a ser reconhecidos como uma marca de qualidade e excelência em prol dos nossos utentes, residentes e suas famílias”, conclui Isabel Beltrão.

ISABEL BELTRÃO

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Conhecer a procura de enoturismo no Mundo” foi o objetivo central do Con-gresso Internacional de Enoturismo, uma continuação do 4º Congresso

Latino-americano de Enoturismo realizado no Brasil em 2014 e que, este ano, se divide em duas grandes fases: uma na Europa e outra na Amé-rica Latina (16 a 18 de setembro no Uruguai). Da Europa, Portugal foi o palco escolhido para acolher este certame que aproximou, de 2 a 4 de julho, especialistas vindos do Brasil, Argentina, Uruguai, Itália, Alemanha, Reino Unido, Espa-nha e França. Viana do Castelo foi a cidade anfi-triã do primeiro dia do evento que percorreu cin-co outros municípios, nomeadamente Ponte de Lima, Ponte da Barca, Melgaço e Monção e, na vizinha Espanha, a espantosa vila de Cambados, na Galiza. Conhecer as principais características dos mercados emissores de turismo da Europa no que concerne à oferta de turismo do vinho, ao mesmo tempo que se lançam as primeiras pros-peções dos mercados emergentes, transmitindo aos participantes retratos muito aprofundados dos perfis dos turistas do Reino Unido, Fran-ça, Alemanha, Rússia, China, Japão, Argentina, Uruguai e Brasil, foram alguns dos principais fo-cos deste primeiro dia de trabalhos, “inaugurado” pelo Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, José Maria Costa, para quem este congresso foi o culminar de um longo processo cooperativo. “Estamos num território da vinha e do vinho em que nós, todos os autarcas, todos os agentes interessados no desenvolvimento dos nossos territórios, percebemos que o vinho tem um peso importante nas nossas economias. É um setor em franco crescimento do ponto de vista não só do consumo, mas também das exportações e é de ressalvar o enorme trabalho, de qualida-de, que os nossos vitivinicultores têm feito pelo mesmo”, destacou o edil que encara este encon-tro como uma ferramenta fundamental para que Portugal consiga captar novos mercados e turis-tas. “Este congresso vai dar-nos a visão do que são os desejos dos turistas, as suas preocupações, para que, assim, possamos apostar mais no eno-turismo”, acrescentou. Sendo este um espaço de concertação e de cooperação, José Maria Costa está convicto de que a partir daqui estão reuni-das as condições para uma maior e melhor di-vulgação dos produtos, tendo sempre em conta que uma garrafa de vinho é bem mais do que isso. “Numa garrafa de vinho temos um territó-

CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENOTURISMO

Ao longo dos últimos anos, o envolvimento entre os países produtores de vinho do novo e do velho mundo tem crescido de forma consolidada e foi, dentro deste novo cenário, que Portugal acolheu no início do mês de julho (2 a 4 de julho) o Congresso

Internacional de Turismo, organizado pela Aenotur (Associação Internacional de Enoturismo). “Conhecer a procura de enoturismo no Mundo. Estudo sobre a Europa (Alemanha, França e Reino Unido), mercados emergentes (ásia e América Latina) e Internet” foi o mote lançado para a organização de um evento que teve como palco de arranque a cidade de Viana do Castelo. Assim, se ao longo

do primeiro dia, os participantes puderam conhecer as potencialidades do mercado do enoturismo em países da velha guarda (como Reino Unido, França ou Alemanha) e emergentes (Brasil, Argentina, Uruguai, Japão, Rússia e China), nos dois dias seguintes usufruíram de visitas experimentais nos seis municípios que abraçaram este certame, nomeadamente Viana do Castelo, Ponte da

Barca, Ponte de Lima, Monção, Melgaço e Cambados (Espanha). Estavam, assim, lançados os primeiros alicerces de um congresso que ruma ao Uruguai, de 16 a 18 de setembro.

CONGRESSO INTERNACIONAl DE ENOTuRISMO: de Portugal para o mundo

rio, um património e um conjunto de emoções”, descreveu o responsável que passou a palavra à sua homóloga em Cambados, Fátima Abal. Na abertura do congresso, a alcaldesa (o mesmo que Presidente de Câmara) salientou, mais uma vez, a importância do enoturismo para a estrutura de uma economia, estando, por isso, muito motivada para os resultados e as conclusões do congresso. “É do nosso interesse optar por caminhos onde as boas práticas e as estratégias de trabalho em equipa sejam os aspetos mais importantes”, de-fendeu. Também do país vizinho esteve presente Severino Alvarez, Representante do Governo da Xunta da Galicia, que, mais do que toda a com-ponente económica envolvente, falou ao coração dos participantes. “As pessoas que se sentam à volta de uma mesa para beber um copo de vi-nho estão a desfrutar de uma experiência, de um sentimento, do trabalho de homens e mulheres que com as suas mãos elaboraram um produto que termina numa experiência sensorial”, descre-veu. Numa intervenção que contou ainda com os testemunhos de Paolo Benvenuti (Presidente da Associação Nacional Città del Vino e Presiden-te da Iter Vitis) e José Arruda (Secretário Geral da Associação dos Municípios Portugueses do Vinho) começava, assim, um encontro centrado na promoção da procura internacional, no co-nhecimento de novas tendências, novos valores e novos perfis em torno de uma temática que faz mover a economia: o enoturismo.

José Arruda não terminou a sua intervenção sem deixar uma palavra de enorme apreço a Ivane Favero, Secretária de Turismo e Cultura de Garibaldi, Vice-Presidente da Aenotur para a América Latina e uma das pessoas que “vive mais intensamente este projeto”. A Aenotur foi criada a 7 de maio de 2014 em Cambados (Es-panha) e tem como principal objetivo impulsio-nar a promoção do enoturismo a nível mundial, unindo 500 cidades do vinho em todo o Mundo. Atualmente, está representada em sete países, nomeadamente, Portugal, Espanha, França, Itá-lia, Argentina, Brasil e Uruguai e, desde o início do mês de julho, tem uma nova sede e uma nova presidência. José Maria Costa foi eleito para pre-sidir à junta diretiva da Aenotur que passa, de igual modo, a ter sede em Viana do Castelo, mais concretamente, no edifício do antigo hospital, na emblemática Praça da Erva.

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CONCLUSõES DO 4º CONGRESSOLATINO-AMERICANO DE ENOTURISMO

O enoturismo, enquanto elemento de desenvol-vimento de atividades turísticas ligadas à apre-ciação do vinho e dos territórios envolventes, é um conceito que tem vindo a sofrer ligeiras mutações ao longo do tempo. Para discutir estas mesmas alterações, foi criado, em 2010, o pri-meiro Congresso Latino-Americano de Enotu-rismo, que no decorrer dos últimos quatro anos e das suas quatro edições, tem vindo a fomentar debates consolidados em torno do universo do vinho. Foi precisamente para falar das conclu-sões do último congresso que Ivane Favero su-biu ao palanque. Em primeiro lugar, falar de enoturismo remete--nos, antes de mais, para o conceito. O que é o enoturismo? “Não é só o que temos no interior de uma garrafa. Todo o território se transfor-ma num produto enoturístico. É a vinha, são os vinhedos, as demonstrações vitivinícolas, as experiências de uma região onde a cultura da uva e do vinho está muito presente”, vinculou Ivane Favero. Definido esse conceito, era impor-tante estabelecer um balanço do que foram as edições anteriores. Se num primeiro congresso foram debatidas as bases do enoturismo, a se-gunda edição centrou-se na tradição e inovação. “Estas duas forças, quando se juntam, tornam o território mais competitivo. A tradição deve ser valorizada, mas a inovação deve ser incorpora-da”, explicou. Com a presença de países como Argentina, Portugal, Chile ou Uruguai, a partir daqui, começou a ser trabalhada a ideia de inter-nacionalizar este certame que, em 2013, se rea-lizou na Argentina. Com o tema “O composto da oferta enoturística”, no ano passado, a Serra Gaúcha mobilizou-se para a realização da quar-ta edição que envolveu cinco municípios: Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Farroupilha, Flores da Cunha e Garibaldi. Debatendo os fatores e segmentos que potenciem a competitividade e a sustentabilidade da oferta enoturística, esta edição teve como principal novidade o facto de proporcionar visitas técnicas guiadas a roteiros específicos. Com base nas conclusões deste último encon-tro, Ivane Favero lança as questões: “o que temos feito para aumentar a competitividade do eno-turismo no Mundo? O que estamos a defender?” Desde a importância da gastronomia à contínua aposta na inovação, os agentes devem apostar na diferenciação e aqui, mais do que tudo, “as vi-nhas são fundamentais para o enoturismo, mas as pessoas são o grande diferencial”, assegurou a responsável. A diferenciação é ainda possível a partir da forma como se olha para a vinha e para todo o composto envolvente. Do restaurante ao hotel, aos acessos e à própria comunicação, nada deve ser trabalhado de forma individual. O que quero promover e como? Esta é outra questão que deve ser colocada e, neste cenário, Ivane Fa-vero destacou ainda o trabalho que tem sido de-senvolvido em Portugal a propósito do projeto “O vinho dos poetas”, onde a poesia e o vinho são elementos que se sentam à mesma mesa.

REINO UNIDO, FRANÇA E ALEMANHA VS MERCADOS EMERGENTES

Para um congresso de nível global, não poderia faltar um painel internacional de oradores que voaram do Brasil, Argentina, Uruguai, Itália, Alemanha, Reino Unido, Espanha e França e

com eles trouxeram as suas experiências pro-fissionais para enriquecer este encontro dedi-cado ao enoturismo no Mundo. Dos fatores que determinam a procura deste segmento de turismo aos canais de comercialização, passan-do pela oferta de produtos de enoturismo em mercados mais consolidados, como é o caso dos europeus, a outros que estão agora a despertar para este novo mundo, como a Rússia, China, Japão ou Brasil, Argentina e Uruguai, foram algumas das temáticas trazidas à mesa de uma discussão que culminou numa outra conclusão: a internet é hoje uma ferramenta indispensável na promoção de destinos enoturísticos. Falou-se do volume de viagens feitas em média pelos tu-ristas de cada país, do perfil dos mesmos, gastos, preferências, destinos e meios, terminando com uma perspetiva, também ela profissional e pro-tagonizada por representantes de cada mercado, das motivações, fontes de informação, canais, atividades e expetativas. Assim, se a Alemanha se apresenta como cam-peã mundial em viagens internacionais, com um registo de 70,3 milhões de viagens (uma média de três por dia) e um gasto médio de 906 euros por viagem, a França, por seu turno, é o primeiro destino recetor mundial, com 83,7 milhões de turistas. Já quando se fala do turista britânico, sabe-se que um em cada quatro turistas tem em Espanha um destino de referência. Porquê? Pelo clima, pela excelente relação entre qualidade e preço e porque Espanha é um destino gastronó-mico, que alia sol, praia e cultura. Dentro des-te país, destacam-se seis grandes regiões: Ilhas Canárias, Catalunha, Andaluzia, Madrid, Ilhas Baleares e Comunidade Valenciana. Por outro lado, se os franceses confiam muito na imprensa, não só a especializada, e é lá que muitas vezes encontram os seus destinos de fé-rias, os britânicos assumem-se como “compra-dores inteligentes” e recorrem ao smartphone, por exemplo, para comparar antes de comprar. Dos alemães, foi ainda deixada uma mensagem importante, que serve como dica para os par-ticipantes: “improvisação não é o ponto forte dos alemães. 65% planeia as suas férias com seis meses de antecedência. Trata-se de um consu-midor sofisticado e exigente, que conhece muito e tem muitas experiências, mesmo ao nível do enoturismo”, referiu Rainer Brusis, profissional alemão que trabalha no setor do turismo desde o início da sua carreira e que apresentou a pano-râmica do mercado do seu país. Brasil, Argentina, Uruguai, China, Rússia e Japão estão a despertar para o mundo do eno-turismo e para toda a sua envolvência. Maria Arguelles, do Grupo Matarromera na Rioja, Wilson Torres Chavez, uruguaio que preside à Associação de Enoturismo do Uruguai, Carlos Raimundo Paviani, Diretor do Instituto Brasi-leiro do Vinho (Ibravin) ou Guillermo Barletta, Diretor do Departamento de Turismo da Bo-degas de Argentina, falaram das potencialidades destes mercados emergentes, fornecendo ainda pistas para melhorar o posicionamento destes países como verdadeiros amantes do vinho.Terminado este encontro, resta-nos esperar pelo próximo mês de setembro para, já do outro lado do Oceano Atlântico, no Uruguai, ficarmos a conhecer as novidades da nova edição do con-gresso, ao mesmo tempo que serão debatidas as principais conclusões que saíram de Portugal para os quatro cantos do Mundo.

JOSÉ MARIA COSTA PRESIDENTE DA CâMARA MUNICIPAL DE VIANA DO CASTELO“É um setor em franco crescimen-to do ponto de vista não só do consumo, mas também das ex-portações e é de ressalvar o enorme trabalho, de qualidade, que os nossos vitivinicultores têm feito pelo mesmo”

FÁTIMA ABALPRESIDENTE DA CâMARA MUNICIPAL DE CAMBADOS“Aceitamos este repto com muita emoção e pro-f i s s i o n a l i s m o , porque o setor do vinho, dentro do panorama geral, é um dos mais importantes para as economias dos povos”

SEVERINO ALVAREZ REPRESENTANTE DO GOVERNO DA XUNTA DA GALICIA“O mundo do vi-nho é complexo. Por um lado, é um produto económi-co, por outro é um produto que exis-te há séculos e que tem acompanhado culturas e modos de vida”

PAOLO BENVENUTI PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL CITTà DEL VINO“O enoturismo é um tema impor-tante na dinâmica económica e foi graças a um es-forço grande que este conceito começou a entrar nas consciên-cias. O vinho é hoje visto como um bem comum”

JOSÉ ARRUDA, SECRETÁRIO GERAL DA ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS PORTUGUESES DO VINHO – AMPV“A presença, hoje, aqui, de convi-dados vindos de França, Brasil, Itália, Uruguai, Argentina, vem demonstrar a importância deste congresso internacional de enoturismo e do trabalho desenvolvido pela Aenotur”

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MONVERDE – WINE ExPERIENCE HOTEL

A Rota dos Vinhos Verdes ganhou, no final de maio, o primeiro hotel vínico da região. Chama-se Monverde – Wine Experience Hotel, é da propriedade da produtora de vinho verde ‘Quinta da Lixa’ e representou um investimento próprio superior a €4M. O novo hotel de 4 estrelas disponibiliza 29 quartos e 1 apartamento, numa propriedade com 30 hectares, 22 dos quais vinha. À conversa com óscar Meireles, Diretor-Geral da Quinta da Lixa, fomos descobrir a nova infraestrutura,

situada na Quinta de Sanguinhedo, entre Felgueiras e Amarante.

ROTA DOS VINhOS VERDES ganha o seu primeiro hotel vínico

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A Quinta da Lixa inaugurou, há cerca de um mês, o Monverde – Wine Experience hotel. Que peso tem o enoturismo na estratégia da marca?A ideia de construir o hotel surgiu da necessida-de de criar sinergias com a Quinta da Lixa, que já recebe mais de 2.600 turistas em visitas pla-neadas, mas que não incluía, no seu serviço de enoturismo, o alojamento. Como sabemos, o enoturismo é um vínculo mui-to importante para o mercado dos vinhos, tanto em termos culturais como em termos de experi-ência para o turista. Com o aumento do turismo e a curiosidade que hoje existe no setor vitivinícola, esta era a ferramenta que nos faltava, por isso, re-abilitámos as casas que tínhamos na Quinta de Sanguinhedo e demos início a este projeto.

O que inicialmente seria apenas uma “casa grande” para amigos do vinho, com o decorrer do tempo tornou-se num projeto com outra amplitude. O que é hoje o Monverde?O Monverde é hoje tudo aquilo que a nossa evo-lução e aprendizagem o levou a ser. Continua a ser a “casa grande” para amigos do vinho, mas tornou-se também num hotel para ‘enocuriosos’ e um ponto de paragem na região dos vinhos ver-des por tudo o que oferece. Contamos com o Restaurante Monverde, com gastronomia regional assinada pelo Chef Agosti-nho Mendes e com a Adega dos Tonéis, pensada para eventos. Para além destes serviços, há ainda lugar para provas dos vinhos da Quinta da Lixa e de outras regiões do país, bem como progra-mas de enologia na nossa adega experimental. E porque um lugar como este pede momentos de grande tranquilidade, oferecemos ainda experi-ências únicas no nosso Wine Experience Spa.

O Monverde – Wine Experience é considerado o primeiro hotel vínico da Rota dos Vinhos Verdes. Foi importante ter alcançado esse marco?Muito importante, visto que a Região dos Vi-nhos Verdes precisa de mais-valias para uma maior valorização e reconhecimento. Esperamos que este novo projeto permita a criação de novas sinergias na região.

Para que nunca se apague da memória, de que forma o Monverde tem feito com que cada visita seja inesquecível e para que o visitante sinta que pode voltar sempre que assim o desejar?No Monverde, a personalização é a palavra de ordem. Acompanhamos os nossos hóspedes e

“O Enoturismo é um vínculo muito importante para o mercado dos vinhos, tanto em termos culturais como em termos de experiência para o turista”

visitantes de uma forma única, proporcionando momentos exclusivos na vasta oferta de serviços que temos. Do Restaurante Monverde ao Wine Experience Spa, tentamos que cada experiência provoque sensações que perdurem além do tem-po. Para além disso, estamos a ultimar programas de experiências enológicas para a época de vindi-mas, confiantes de que estes serão um forte atra-tivo para os clientes.

A propósito do Restaurante Monverde, a vossa carta de vinhos não se restringe a apenas uma região vitivinícola. É uma espécie de viagem pelo país, por todos os pontos onde o vinho é “rei”. Porquê esta aposta?Sendo o Monverde um Wine Hotel, achámos essencial ter esta representatividade. Portugal é muito rico em variedade vitivinícola, pelo que está sempre ao nosso alcance podermos levar os nossos hóspedes a fazer verdadeiras “viagens” pelas vinhas de todo o país. Gostamos de criar sinergias.

“Estimule e refine os seus sentidos”. à entrada do Wine Experience Spa, este é o convite deixado. Que espaço é este?É um local onde tencionamos proporcionar vá-

rias experiências de relaxamento com produtos de Spa Vínico. Aqui, o hóspede pode sentir no seu corpo todos os aromas e texturas naturais das uvas; no fundo, ir às raízes do Vinho. Esse é o desafio que lançamos no nosso spa.

Pensado e construído para ser ecológico, 40% do investimento no Monverde - Wine Experience hotel é de origem sustentável. Em que aspetos está presente esta preocupação?A sustentabilidade foi uma preocupação desde o início do projeto. Como produtores de vinho temos uma enorme ligação à terra, pelo que op-tamos sempre pelos caminhos que melhor nos permitem agir em conformidade com ela. As tintas usadas nos interiores e exteriores do hotel, por exemplo, são de reduzido impacto ambiental e 85% da pedra usada no hotel, foi reutilizada da propriedade. Para além disso, os painéis solares garantem o aproveitamento da energia solar, tal como as águas pluviais são reaproveitadas para a rega da vinha e dos jardins. No fundo, somos “verdes” por dentro e por fora.

Em média, quantas pessoas esperam que passem mensalmente pelo hotel? Contamos com uma média de 500 visitantes por

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mês, visto termos uma panóplia de ofertas que não está limitada somente à dormida.

Na sua generalidade, qual é o perfil do vosso visitante?O perfil do nosso hóspede é bastante amplo. Temos tudo para agradar aos apreciadores de gastronomia; aos ‘enocuriosos’; aos amantes da natureza, que procuram paz e harmonia; como aos que querem, simplesmente, conhecer o norte de Portugal. Temos também acessos fantásticos para os amantes do golfe, presenteados com um excelente relvado em Amarante, assim como para os caminhantes, que encontram vários roteiros pedestres na zona.

Quais os objetivos para o primeiro ano do hotel?Até ao final de 2015, esperamos atingir €1M de faturação e é nesse sentido que estamos a tra-balhar.

Sabemos que a intenção da Quinta da Lixa é, numa primeira fase, apostar em consumidores que já identifiquem a Região dos Vinhos Verdes e a marca Quinta da Lixa de forma a catalisar esse público para o Monverde. De que mercados estamos a falar?Sim, é verdade. E, por isso mesmo, Alemanha e EUA são as nossas principais apostas, uma vez que são também os melhores mercados para a Quinta da Lixa. No entanto, identificámos tam-bém como alvos estratégicos Espanha, França, China, Rússia e países nórdicos.

Numa perspetiva macro, como é que imagina o desenvolvimento do mercado do Enoturismo nos próximos anos?Temos excelentes perspetivas de crescimento do Enoturismo. O turismo em Portugal cresceu 8% e o cluster do Enoturismo representa um peso cada vez maior. Por isso, a nossa estratégia passa por fazer parte desta vaga de crescimento e con-tribuir nesse sentido. Portugal é extremamente competitivo na relação preço/qualidade e na variedade de serviços oferecidos, pelo que esta-mos certos de que este será um setor de pleno e sustentado crescimento nos próximos anos.

MONVERDE – WINE ExPERIENCE HOTEL

“O Monverde é hoje tudo aquilo que a nossa evolução e aprendizagem o levou a ser. Continua a ser a casa grande para amigos do vinho, mas tornou-se também num Hotel para ‘enocuriosos’ e um ponto de paragem na região dos vinhos verdes”

Estando o Enoturismo em pleno cresci-mento e sendo a internacionalização um tema que assume cada vez mais prepon-derância, considera que Portugal ‘vende’ bem os seus produtos no mercado inter-nacional? Na nossa opinião, os resultados verificados em 2014 são bastante positivos para o setor, com um crescimento de dormidas em 11% e um valor de receitas na ordem dos €10.4M. No entanto, pensamos que ainda estão a dar-se os primeiros passos no que concerne a uma estratégia integrada de promoção do Enotu-rismo português. Mas estamos certos de que este será um tema que merecerá a melhor atenção quer por parte dos agentes e ope-radores turísticos, quer por parte do Turismo de Portugal. Consideramos que, em conjun-to, podemos fazer do Enoturismo português uma marca de grande amplitude e reconhe-cimento internacional.

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MUNÍCIPIOS PORTUGUESES

Já conhece Ribeira de Pena? Ainda não? Então não sabe o que está a perder! Venha visitar um concelho magnífico, com um elevado potencial turístico e enoturístico pela beleza e encantos naturais das suas paisagens, retratos maravilhosos que vão perdurar na sua

memória. Saiba mais de uma terra de fascínios e deixe-se deslumbrar. Embarque nesta viagem! Não se vai arrepender. A Revista Pontos de Vista não quis perder esta oportunidade e conversou com o atual edil da Câmara Municipal de Ribeira de Pena, Rui Vaz Alves, anterior vereador da autarquia, e que decidiu apostar neste desafio em 2013. Porquê? “Porque era minha convicção que podíamos fazer mais pelos ribeirapenenses e, passo a passo, estamos a conseguir fazer mais por aqueles que muito nos têm

dado”, salienta convicto o nosso entrevistado.

RIBEIRA DE PENA - uma terra maravilhosa e com gentes genuínas

As potencialidades estão lá. As valias estão lá. O crescimento tem sido evidente. A satisfação também. Neste sentido, e sendo um conhecedor nato do território, o que é o município de Ribeira de Pena? É de facto tudo isso. É um território com bas-tante dimensão e que tem de ser gerido de for-ma rigorosa e com visão estratégica para se evitar os erros de um passado ainda recente. A própria morfologia obriga a um esforço razoável. Aliás, convém referir que o município é uma espécie de charneira entre duas grandes regiões: o Minho e Trás-os-Montes. Apresenta características de ambas. É um município fantástico, que necessita que se continue a apostar fortemente nele, porque as pessoas são fabulosas e merecem que se faça este esforço. Além disso, tem um conjunto edi-ficado bastante difundido, com as características das zonas minhotas e um povoado disperso, que aumenta as dificuldades de trabalho e de gestão neste espaço.Na minha opinião, a primeira força de Ribeira de Pena reside neste conjunto de características na-turais, que conferem uma paisagem muito variada e ao mesmo tempo repleta de possibilidades de utilização. A produção de vinho verde será um dos focos da

nossa atividade a curto/médio prazo, pro-curando apoiar os nossos produto-

res a apostarem nesta cultura, promovendo o aumento da produção e comer-

cialização do vinho verde. As culturas de mirtilo e fram-boesas, que repre-sentam pequenas produções lo-cais, estão em plena fase de expansão.Brevemente, vamos abrir

“Em agosto, vamos realizar a Feira do Linho e dos Produtos Locais, mais concretamente artesanato, vinho e mel. Vamos agregar, no seio do espaço da própria sede do concelho, um conjunto de expositores destes produtos, onde, naturalmente, o elemento central será o linho, numa estratégia orientada para a promoção diversificada dos nossos produtos locais”

a Casa Municipal do Produtor que dará um apoio mais diversificado ao setor primário, ou seja, agricultura, floresta e agropecuária, com produção do bovino, da raça maronesa, de ca-prinos, raça bravia, entre outros. O mel, que se tem afirmado pela sua reconhecida qualidade, também já representa uma atividade económica com relevância no concelho. Além disso, temos uma riqueza natural invejável, onde predomina a água, pois somos um concelho atravessado por dois rios, entre eles o Tâmega, de dimensão superior e que pode ser muito importante em futuros investimentos. Há uns anos, foi conces-sionada a construção de três barragens no nos-so território, um investimento global na ordem de 1,3 mil milhões de euros. São três enormes barragens que começam agora a ser edificadas e que irão trazer frutos à região e alterar a fisio-nomia da mesma, principalmente nestas zonas de intervenção. São estas algumas das nossas potencialidades e riquezas, em que temos uma simbiose entre o natural e o edificado pela mão do homem e que nos confere um potencial as-sinalável que temos de continuar a aproveitar.

No âmbito dessas potencialidades, qual o papel que podemos atribuir à dinâmica do Enoturismo? Existe uma aposta concreta ou ainda está numa fase em que o potencial existe, mas é um desafio que tem de ser concretizado? Ainda estamos a iniciar este projeto, mas Ribeira de Pena apresenta muito potencial para isso e te-mos, naturalmente, todo o interesse em aproveitá--lo. Até porque, na zona do Alto Tâmega, e na ligação que perpetuamos com os outros municí-pios dessa zona, somos os únicos produtores de vinho verde e, portanto, se temos o produto de qualidade e o potencial para o desenvolver, porque não realizar uma aposta forte nesta vertente? O vinho verde deve ser convenientemente promovi-do e divulgado junto dos consumidores e das pró-prias cadeias de distribuição. É isso que estamos a tentar fazer e, muito recentemente, realizámos a I Feira do Vinho e do Mel.Em agosto, vamos realizar a Feira do Linho e dos Produtos Locais, mais concretamente artesanato, vinho e mel. Vamos agregar, no seio do espaço da própria sede do concelho, um conjunto de expositores destes produtos, onde, naturalmente, o elemento central será o linho, numa estratégia orientada para a promoção diversificada dos nos-sos produtos locais.Estamos a incitar os produtores locais a nobilita-rem o seu próprio vinho, aportando-lhes qualida-de, valor e diferenciação. Também sabemos que é RUI VAZ ALVES

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importante ganhar escala ao nível da produção de vinho e, felizmente, o concelho tem registado um aumento da área de vinha que, num período de dois/três anos, começará a dar resultados e a refle-tir-se na produção. Isto num curto período, pois a médio/longo prazo o trabalho que agora estamos a desenvolver dará à região um papel de maior relevância no contexto da produção de vinho ver-de, o que nos poderá permitir criar um ponto da rota do Vinho Verde na região. O caminho ainda é longo, mas tenho a convicção de que vamos al-cançar este objetivo, pois estamos comprometidos com esse desiderato. Para que isso seja uma re-alidade, estamos a apostar em infraestruturas de acolhimento hoteleiro, em pequenas unidades de agroturismo e turismo rural, que, posteriormen-te, irão permitir o acolhimento de visitantes na região, fomentando, portanto, o turismo e a eco-nomia local.

Naturalmente que estas apostas são salutares e revelam bem o que a região ainda tem para crescer e oferecer. Contudo, Ribeira de Pena é também um espaço que dá muita atenção à vertente do desporto, como por exemplo, modalidades mais radicais como as diferentes provas de downhill que se têm realizado na região e outras. Porquê esta aposta no desporto aventura e de turismo? Portugal não é só praia e os desportos aventura e de natureza são excelentes alternativas à praia. Desta forma, decidimos apostar fortemente nes-tes segmentos, aproveitando a morfologia natural, a variedade e a beleza das paisagens do concelho, para realizarmos eventos desportivos com proje-ção nacional e internacional, aumentando a atra-tividade turística de Ribeira de Pena. O caminho é o desenvolvimento. Neste momento, temos em construção uma unidade hoteleira que terá 96 quartos e um conjunto vasto de valências e que será muito importante para a região na captação de visitantes e para a revitalização do próprio co-mércio local.Além disso, estamos a criar uma rota que irá au-mentar a ligação com outros concelhos limítrofes, através de percursos, programas e atividades mais completos, entre outros. É importante apostar no complemento, ou seja, permitir que as nossas valências complementem as desses concelhos vi-zinhos e o contrário, também, numa lógica mais global que favoreça toda a região.

Camilo Castelo Branco foi um dos grandes escritores portugueses e que será para sempre lembrado em Portugal e no mundo. Em Ribeira de Pena fica a habitação onde viveu o romancista, sendo hoje o ponto de contacto com a obra camiliana. Como tem sido aproveitada esta grande valia para o concelho?

Ribeira de Pena tem o privilégio e a sorte de ser uma terra camiliana. Isso representa uma nova oportunidade de desenvolvimento para o con-celho, mais direcionada para a dinâmica cultural. Temos muita vontade de projetar essa imagem de Ribeira de Pena, através de um dos maiores vultos da nossa literatura. Queremos dimensio-nar a imagem de Camilo Castelo Branco mais jovem, «fugindo» à imagem convencional a que estamos mais habituados de uma personalidade envelhecida, em fim de vida, mais taciturna e nas vésperas de suicídio. A sua passagem por Ribeira de Pena deixou marcas que influenciaram o de-senvolvimento da sua vida e obra. Mas Camilo também deixou marcas na memória local, per-manecendo como símbolos patrimoniais da co-munidade os espaços que lhe estão associados. É isso que tentamos preservar e dar a conhecer a todos os visitantes, através de uma exposição permanente com caricaturas do escritor. Hoje, a casa onde Camilo viveu, em Friúme, encontra-se musealizada e foi criado um Roteiro Camiliano que inclui alguns dos monumentos mais impor-tantes do concelho, constituindo a figura de Ca-milo um importante foco de atração de visitantes a Ribeira de Pena.Não queremos ficar por aqui, até porque é von-tade do município continuar a fortalecer e a projetar essa imagem, dando a conhecer o nosso concelho através da sua literatura.

A atual crise económica tem sido nefasta para Portugal, tendo como uma das principais consequências a «debandada» de recursos humanos para outros países em busca de melhores condições de vida. Ribeira de Pena, à imagem de outros concelhos, foi bastante afetada com este cenário, tornando-se urgente cessar essa «fuga» da região. Como o fazer? De facto, temos uma comunidade emigrante muito grande e, com a crise, esse cenário piorou, com muitos jovens a emigrar em busca de me-lhores condições. Temos de contrariar e inverter a tendência de perda de população e de deserti-ficação, adotando medidas promotoras da criação de oportunidades de emprego e habitação, em especial para a geração mais jovem, bem como de disponibilização de serviços públicos de proximi-dade e de qualidade, valorizando o bem-estar das populações locais. Aliás, um dos pontos impor-tantes na implementação da estratégia de criação de emprego e fixação da população passa pela re-vitalização das zonas industriais do concelho. A autarquia está a promover a ampliação da Zona Industrial e posso dizer que, fruto da nossa pos-tura dinâmica e ativa na procura de investimen-to para o concelho, já recebemos solicitações de

empresários para a instalação de novas indústrias.Mas, de facto, esse fenómeno de emigração acon-teceu e dispersou a nossa comunidade um pouco por todo o mundo, disseminando as nossas tra-dições e cultura. O regresso, ainda que seja mo-mentâneo, será realizado, maioritariamente, na altura de verão, em período de férias, e temos de os acolher da melhor forma possível, dando-lhes o carinho que merecem, porque apesar de estarem fora, a terra deles é a nossa e queremos que con-tinuem ligados a ela, mesmo estando longe, até porque um dia irão regressar.

Como vê o futuro de Ribeira de Pena? O que podemos esperar? O futuro será o resultado da nossa capacidade de aproveitar e conciliar todas as potencialidades do concelho, numa estratégia de concertação de si-nergias em prol dos ribeirapenenses. Não pode-mos desperdiçar esta oportunidade, até porque os desafios que enfrentamos são grandes e a missão que nos está confiada exigente. Temos de agregar esse conjunto de potencialidades numa sintonia perfeita e conquistar o nosso espaço ao nível da projeção regional, nacional e internacional. Foi precisamente com este objetivo de nos afirmar-mos no contexto internacional que estivemos pre-sentes na Feira do Imobiliário e do Turismo, em Paris, onde divulgámos a nossa região, município e produtos. Além disso, assumimos a prioridade de reali-zar um trabalho que permita enraizar os nossos munícipes e até de captar novos. Não existe de-senvolvimento sem pessoas. Cabe-nos criar as condições para a criação de emprego e fixação de população, através da atração de novas em-presas, da aposta na agricultura e outras ativi-dades económicas ligadas ao setor primário, no turismo, na indústria, na cultura e em outros segmentos de vital relevância para o nosso de-senvolvimento.Naturalmente que isto não é um trabalho que se faça da «noite para o dia», até porque a herança financeira da autarquia foi pesada, mas estamos a trabalhar para contrariar essa realidade e, apesar de ainda não a termos conseguido superar na to-talidade, estou certo de que vamos conseguir. O futuro exige o envolvimento proativo de todos os ribeirapenenses, a valorização dos nossos extra-ordinários recursos naturais, dos nossos produtos locais, da nossa dimensão cultural e do valor exce-cional do nosso património material e imaterial.As tarefas a empreender são exigentes e ambicio-sas, mas sei que juntos vamos alcançar o desenvol-vimento e sucesso almejados, em prol desta terra maravilhosa e com gentes genuínas.

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DADOS SOBRE MANTEIGAS

Tal como afirma frequentemente: “Man-teigas é um ginásio ao ar livre”. A ex-pressão do Vice-Presidente da Câmara Municipal, José Manuel Cardoso, reflete

todo o trabalho que tem sido desenvolvido pela região para atrair e captar miúdos e graúdos atra-vés do desporto e da prática de exercício físico em permanente contacto com a natureza. “Em qualquer canto e em todos os espaços po-demos fazer algo que nos permita desfrutar da natureza e da prática de desporto”, começou desde logo por afirmar, a partir do momento em que enumerou um sem número de fatores que faz com que Manteigas seja uma região ímpar e diferenciadora. Outro elemento de distinção é claramente a altitude. “Não existe em Portugal Continental uma estância de montanha a 1500 metros de altitude como é o caso das Penhas Douradas, onde está, aliás, instalado o Obser-vatório Meteorológico”, referiu. Para a prática de modalidades como BTT, alpinismo, escalada ou trail, esta região é exigente ao mais alto nível. Com cenários totalmente distintos consoante a época do ano em questão, existem ainda 16 percursos pedestres, aos quais se acrescentou

a Grande Rota do Zêzere e a Rota das Aldeias Históricas. Para os amantes de

parapente, desde os mais experientes aos que pretendam apenas fazer um

batismo de voo e experimentar as sensações do voo livre, têm aqui as condições ideais para apreciar

Rodeada por paisagens de cortar a respiração, Manteigas, em pleno coração da Serra da Estrela, é talvez uma compilação do melhor que a Natureza nos proporciona, sem subterfúgios nem filtros. Ar puro, cursos de água natural, animais em liberdade e, em tempos mais frios, toda a paisagem é coberta por um imenso manto branco de neve. Muito mais há a dizer de uma região rica em história, em património e paisagem. Tendo como cenário o azul do céu e o verde do vale, não há quem fique indiferente à beleza do Vale

Glaciário do zêzere, finalista das sete maravilhas naturais de Portugal. Dos desportos de natureza, à gastronomia, passando pelo bem receber tão característico dos manteiguenses, há um sem número de razões para passar por Manteigas e ficar. Com José Manuel Cardoso, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Manteigas, ficámos a conhecer um conjunto de valores naturais e culturais de

interesse inestimável que faz com que esta seja uma região que vale a pena conhecer.

MANTEIGAS: conheça o coração da serra da estrela

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MUNICÍPIOS PORTUGUESES

a modalidade e vivenciar altos níveis de adrena-lina, numa região que apresenta a maior intensi-dade de descolagens da Península Ibérica. Pra-ticada em rios de montanha, escarpados, com desníveis acentuados e caudais irregulares, o canyoning ou canionismo (transposição de obs-táculos naturais ao longo de uma linha de água, a caminhar, a nado ou em rapel) é outra moda-lidade que apaixona os mais ousados. Atenta a isso, a autarquia irá brevemente inaugurar um percurso na Ribeira de Leandres, junto ao Poço do Inferno, um espaço que reúne as três condi-ções indispensáveis para a prática deste despor-to: caudal, verticalidade e um caráter encaixado. Mais do que a atividade física e a garantia de que estará sempre a respirar ar puro, Manteigas tem ainda uma das melhores águas do Mundo: a Glaciar, para além de recursos termais de ine-gável valor. “Lamentavelmente, tanto as águas de mesa como as termas estão claramente suba-proveitadas”. Este foi o cenário apresentado por José Manuel Cardoso em jeito de retrato daqui-lo que esta região tem para oferecer a quem a visita e àqueles que lá vivem e é precisamente a esses que a autarquia tem dedicado grande parte das suas forças. “Damos tudo aos mais jovens, desde que nas-cem. Temos incentivos à fixação de residência, nupcialidade, nascimento de filhos, pagamento de manuais escolares ou atribuição de bolsas para prosseguimento de estudos para o ensino superior. Não é por falta de apoios que os jo-

Freguesias: Sameiro, Santa Maria, São Pedro e Vale de Amoreira;Localização: a vila de Manteigas fica em plena cadeia montanhosa da Serra da Estrela, limitado a noroeste por Gouveia, a leste pela Guarda, a sueste pela Covilhã e a oeste por Seia;População: em 2011 tinha 3430 habitantes;Altitude: juntamente com Covilhã e Seia, Manteigas é um dos concelhos que partilham o ponto mais alto de Portugal Continental, a Serra da Estrela;Gastronomia: um dos pratos típicos é a “Feijoca de Manteigas”, composto por feijoca guisada com carnes de porco, além da truta, o cabrito serrano, o azeite “kosher” e inúmeras doçarias.Presidente da Câmara Municipal: José Biscaia;Feriado Municipal: 4 de março.

JOSÉ MANUEL CARDOSO

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vens com menos rendimentos não frequentam a universidade. Oferecemos 35 a 40 bolsas de estudo por ano e temos níveis de abandono e in-sucesso escolar invejáveis a nível nacional. Mas, ao mesmo tempo, não temos tido capacidade de fixar os jovens”, descreveu José Manuel Cardoso em declarações à Revista Pontos de Vista. Para o responsável, o grande problema consiste no facto de as instituições de ensino não formarem os jovens para serem empreendedores na verda-deira aceção da palavra. “Temos uma enorme dificuldade em atrair os jovens até porque os va-lores da sociedade apontam para as cidades onde não vão ter a mesma qualidade de vida que têm nestes territórios, quer ao nível da proximidade com a família como da tranquilidade”, explicou. São realidades completamente díspares e, apesar de Manteigas continuar a dar tudo o que pode, viver no interior do país não é considerado um atrativo para a maioria dos jovens. A verdade é que, de 1960 até 2011, a densidade populacional nesta região baixou de 50 para 28 e, tal como é uma realidade a nível nacional, a taxa de natali-dade continua a baixar, registando-se por ano, em média, cerca de 15 nascimentos.

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MANTEIGAS SOCIAL: PORQUE AS PESSOAS VêM PRIMEIRO…

A crise entrou como uma avalanche nos lares por-tugueses, mas regiões como Manteigas têm ten-tado mitigar o melhor possível os efeitos negati-vos da atual conjuntura. Com o desenvolvimento de programas de apoios sociais imprescindíveis para que a crise não seja ainda mais grave do que seria expectável, a autarquia tem, por exemplo, um programa especial de recuperação de imóveis degradados, que visa subsidiar obras de conser-vação e/ou beneficiação de edifícios em mau es-tado, localizados nas zonas urbanas do concelho e construídos antes de 1980. “Já atingimos quase todo o universo de pessoas com menores rendi-mentos, o que nos tem permitido recuperar quase todo o parque habitacional, ao mesmo tempo que combatemos a crise que se instalou no setor da construção civil, uma vez que temos conseguido manter os postos de trabalho”, elucidou o autarca. Paralelamente, também as empresas aqui instala-das têm visto a autarquia como uma parceira. O Município, para além de disponibilizar espaços na incubadora de empresas, com rendas simbóli-cas, disponibiliza também espaços na antiga uni-

ALGUNS PONTOS DE INTERESSE:

- Vale Glaciário do zêzere;- Caldas de Manteigas;- Viveiro das Trutas;- Poço do Inferno;- Covão do Boi;- Penhas Douradas;- Covão da Ponte;- Covão d’Ametade;- Nave de Santo António;- Fonte dos Perus;- Fonte Paulo Luís Martins;- Vale de Sameiro.

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dade têxtil a preços muito competitivos. Como forma de incentivar o investimento empresarial no concelho de Manteigas, fortemente abalado pela crise que se instalou no setor têxtil, e tendo em conta a dificuldade em fixar investimento no interior do país, impunha-se que a autarquia de-finisse um conjunto de medidas de apoio e incen-tivo à atividade empresarial na região. E assim foi feito. “Disponibilizamos seis mil euros pela cria-ção de um posto de trabalho, deduzimos 5% à co-leta de IRS, temos as mais baixas taxas de IMI e não tributamos os lucros sobre as empresas. Além disso, praticamos tarifas sociais na prestação dos serviços de água, resíduos e saneamento. Julgo que não existem em Portugal muitos concelhos onde há este conjunto de benefícios para parti-culares e para empresas”, evidenciou José Manuel Cardoso. Mesmo sabendo que o turismo pode ser uma alavanca para a valorização da região, a

autarquia assumiu a responsabilidade de apostar com força na componente industrial, onde a tra-dição e a inovação devem caminhar lado a lado, como está a acontecer com a indústria de burel.

IMPORTâNCIA DO TURISMO PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Se outrora Manteigas era notavelmente conhe-cida pela sua indústria têxtil, hoje o turismo tem roubado esse protagonismo, muito pela proxi-midade à Serra da Estrela. A região prima por uma beleza natural ímpar, com paisagens absolu-tamente estonteantes que, ao longo dos séculos, têm fornecido a matéria-prima fundamental para o fabrico daqueles que hoje são os seus produtos típicos, nomeadamente as pastagens para que os rebanhos produzam a lã que dá origem aos fa-mosos têxteis e o leite para o saboreado Queijo da Serra da Estrela. Manteigas é hoje uma região

VALE GLACIÁRIO DO zêzERE

Também conhecido como “Vale em U”, é o maior vale glaciário da Europa, com 13 quiló-metros de extensão. Integrado no Parque Na-tural da Serra da Estrela e Rede Natura 2000, é uma maravilha da natureza que revela os vestígios da glaciação há milhares de anos. Daí ter sido finalista das 7 Maravilhas Naturais de Portugal.Em março de 2013, foi inaugurado em Mantei-gas o Centro Interpretativo do Vale Glaciário do zêzere, um equipamento que possibilita conhecer a deslumbrante paisagem deste vale. Os visitantes podem ter toda a informação so-bre o fenómeno da glaciação e sobre o vale, a fauna e flora locais, tendo ainda acesso a um mapa interativo com 16 percursos pedestres.

a desenvolver-se do ponto de vista turístico e as estratégias têm sido diferentes ao longo dos anos. “Durante muitos anos estivemos de costas volta-das para os cursos de água, uma vez que a água era vista como um perigo por causa das inun-dações. Mas temos que mudar isso. Não temos praias mas temos água em abundância em inú-meras ribeiras, para além dos rios Zêzere e Mon-dego. Assim, por exemplo, na Reboleira temos uma oferta grande, com um parque de campismo e um espaço enorme para a prática de desportos da natureza”, disse o responsável. Tal como já foi evidenciado pelo Turismo do Centro, é necessário aumentar a permanência dos turistas na região, que atualmente ronda a média de 1,8 noites por visitante. Também Manteigas sente esta tendência. A oferta de alo-jamento de qualidade é ainda insuficiente, mas é provável que num futuro próximo estejam dis-

VALE GLACIÁRIO DO ZêZERE

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poníveis mais 60 camas. “Nem sempre há uma grande conjugação de esforços entre os municí-pios, mas este trabalho tem vindo a melhorar”, destacou José Manuel Cardoso. Exemplo disso é a segunda edição do SKYROAD Granfondo Serra da Estrela, que decorreu nos dias 11 e 12 de julho e que teve o seu “quartel-general” instalado em Manteigas. Numa articulação com o Municí-pio de Seia, além dos mais de mil atletas inscri-tos, estas provas de ciclismo atraem centenas de visitantes às regiões. Além disso, e tendo como base este trabalho em rede, Manteigas assinou também um protocolo com Belmonte, que tem uma oferta diferente mas complementar com a de Manteigas, além de se ter associado à Rede de Judiarias uma vez que a região preserva até aos dias de hoje locais geográficos que são memória da presença judaica, e às Aldeias de Montanha.A par dos inúmeros pontos turísticos, a neve continua a ser um elemento atrativo? José Ma-nuel Cardoso partilhou uma opinião muito pessoal acerca deste assunto. “Quando há muita neve, as pessoas não conseguem subir à torre e uma família que cá venha com os filhos, se estiver quatro horas para subir, não irá certamente voltar e nesse aspeto a neve é um elemento de repulsão e não de atração. Ninguém gosta de reviver más experiências”, defendeu. É, por isso, determinan-te, na sua opinião, encontrar outras opções. “Os acessos à torre deveriam ser feitos com meios mecânicos alternativos e não julgo que isso seria uma despesa mas sim um investimento. Em ter-mos ambientais, derreter a neve não traz bene-fícios e, além disso, os gastos com determinadas estruturas como GNR, limpa-neves ou vigilância são enormes. Ao assumirmos outros mecanismos com retorno e com ganhos ambientais, atrairía-mos mais pessoas, não haveria congestionamen-tos e todos conseguiriam desfrutar da serra na sua plenitude”, afirmou José Manuel Cardoso, para quem “Manteigas vale por Natureza”. Da autarquia é deixada a garantia de que continua-rão a fazer o máximo possível para que esta seja uma região atrativa, nunca desvirtuando a sua verdadeira identidade, porque “Manteigas é qua-lidade e oportunidade”.

FESTIVIDADES LOCAIS

No penúltimo domingo de agos-to, na freguesia de Santa Maria, homenageia-se o Senhor do Calvá-rio. Segundo a história, houve uma tempestade tão intensa que levou as “barrocas” da serra a despejar conti-nuadamente águas das encostas, o que fez com que fossem arrastados pedregulhos para a vila. Em pânico, a população uniu-se em frente ao Se-nhor do Calvário, pedindo clemência e a tempestade acalmou.Na freguesia de S. Pedro, realiza-se a festa da Senhora da Graça, no dia 8 de setembro; em Sameiro, Santa Eufêmia, no domingo após o 16 de setembro e em Vale de Amoreira, Nossa Senhora da Anunciação, no segundo domingo de agosto.

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MANTEIGAS TRILHOS VERDES

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“NÃO EXISTE EM PORTUGAL CONTINENTAL UMA ESTâNCIA DE MONTANHA A 1500 METROS DE ALTITUDE COMO É O CASO DAS PENHAS DOURADAS, ONDE ESTÁ, ALIÁS, INSTALADO O OBSERVATÓRIO METEOROLÓGICO”

MANTEIGAS SOCIAL SABER MAIS

CARTÃO MUNICIPAL DO IDOSOEm vigor desde dezembro de 2002, destina-se a apoiar idosos residentes em Manteigas, com idade igual ou superior a 65 anos e economica-mente mais carenciados;

CARTÃO JúNIOR MUNICIPAL/ CARTÃO JOVEM MUNICIPALEm vigor desde fevereiro de 2007 e novembro de 2008, pretende dar-se a possibilidade aos jovens que residam, estudem e trabalhem no concelho de usufruírem de vantagens, nome-adamente ao nível da utilização de bens e ser-viços da responsabilidade do Município, como descontos em serviços e produtos a nível local, nacional e europeu;

PROGRAMAS DE APOIO à PINTURA DE FAChADAS E DE RECUPERAÇÃO DE IMóVEIS DEGRADADOSCom o objetivo de incentivar a revitalização do parque habitacional, o município subsidia obras de pinturas de fachadas e recuperação e benefi-ciação de habitações.

APOIO SOCIAL ESCOLAR E BOLSAS DE ESTUDO PARA O ENSINO SUPERIORPretende assegurar a igualdade de acesso e su-cesso escolar a todos os alunos dos ensinos bá-sico e secundário, ajudando, assim, as famílias a fazer face aos encargos com refeições, transporte escolar, prolongamento de horário na educação pré-escolar e prosseguimento da escolaridade. Anualmente são concedidas cerca de 40 bolsas de estudo para frequência do Ensino Superior, exten-sível aos três melhores alunos da Escola de Hote-

laria de Manteigas que prossigam os seus estudos.

APOIO SOCIAL E INCENTIVO à FIXAÇÃO DE PESSOAS E FAMÍLIASTrata-se de um conjunto de medidas de apoio que abrange a área da educação (apoio à aquisi-ção de manuais escolares, apoio ao transporte de estudantes do ensino superior, prémios de mé-rito escolar, deficiência, apoio à constituição da família, fixação de residência, apoio à natalidade e apoio social na prestação de serviços munici-pais).

BENEFÍCIOS FISCAISParticipação variável no Imposto sobre o Rendi-mento das Pessoas Singulares (IRS): é promovido o usufruto da dedução máxima, correspondente a 5%, na participação variável do IRS, com efeitos na dedução à coleta a partir de 2008, aos sujeitos passivos com domicílio fiscal em Manteigas;Imposto Municipal sobre Transmissões Onero-sas de Imóveis (IMT): os jovens de 18 a 35 anos de idade beneficiam de isenção na aquisição de prédio ou fração autónoma de prédio urbano situados na área do concelho, destinado exclu-sivamente à primeira habitação própria perma-nente, desde que o valor sobre o qual incidiria o imposto não ultrapassa os valores máximos de habitação a custos controlados, acrescidos de 50%.

APOIO AO EMPREGOA autarquia tem ainda um programa de incentivo à criação de emprego, com a atribuição de sub-sídios no valor máximo de 5 mil euros por cada posto de trabalho criado naquele concelho.

VALE GLACIÁRIO DO ZêZERE

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r CM

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BREVES

O Município de Guimarães e a BICMINHO ganharam a organização do maior congresso internacional em empreendedorismo e inovação. Partilhar experiências e discutir ideias para a construção de um futuro suportado na inovação e no sucesso empresarial são alguns dos objetivos.O anúncio público foi feito em Milão pela EBN – European BIC Network, na sequência de uma candidatura disputada pelos Municípios de Paris e de Guimarães, que concorreu no âmbito de uma parceria entre o BICMINHO – Centro Europeu de Empresas e Inovação e a Divisão de Desenvolvimento Económico da Autarquia.Esta é a segunda vez que o congresso se realiza em Portugal, depois da cidade do Porto ter organizado o evento em 2001, com a participação do Presidente da República, Jorge Sampaio. Galway, Lyon, Málaga, Edimburgo, Sevilha, Nantes, San Sebastian, Nápoles, Cagliari, Budapeste, Burgos e Toulon são algumas das cidades que já acolheram o Congresso Mundial de Empreendedorismo e Inovação, que em 2015, logo a seguir ao verão, se realiza em Bruxelas, pela segunda vez

No passado dia 23 de julho foi inaugurado o Terminal 1 do Porto de Leixões, numa sessão solene que contou com a presença de membros do Governo. Começa, assim, uma nova fase da economia da região norte do país: com 90 escalas de navios de cruzeiro já previstas, só até ao final de 2015 deverão chegar ao Terminal 1 do Porto de Leixões cerca de 83 mil passageiros e 42 700 tripulantes.

Viana do Castelo recebe, entre 12 e 15 de agosto o NEO – POP ELECTRONIC MUSIC FESTIVAL , considerado um dos principais eventos deste género musical do país. Junto ao Forte Santiago da Barra, a música alternativa será, pois, a anfitriã de uma festividade que contará também com uma festa hippie e expositores. Contudo, e num mês cheio de surpresas, a cidade minhota não se fica por aqui. Antes mesmo do festival, a música é outra. O Jazz na Praça da Erva realiza-se entre os dias 6 e 8 e contará com nomes importantes do jazz, sem esquecer o latin jazz e a salsa. Aos concertos – gratuitos – juntam-se exposições, colóquios, oficinas de trabalho e Jam Sessions. Se a música não é o seu forte, Viana do Castelo tem, também, uma Feira de Artesanato, que abre portas a 8 de agosto e termina a dia 23 do mesmo mês. Com verdadeiras obras-primas das várias regiões do país, os artesãos presentes trabalharão em plena feira, de forma a mostrar-lhe a verdadeira essência das suas artes. Integrada no programa da Romaria da Nossa Senhora d’ Agonia, o evento decorrerá, como habitualmente, no Jardim Público Marginal. Aberto das 16h às 24h entre os dias 8 e 19, a feira estenderá o seu horário nos últimos três dias, sendo possível visitá-la a partir das 10h. Eventos a não perder numa Viana festiva e que pretende receber o verão da melhor forma possível.

Porto de leixões inaugurou novo terminal de cruzeiros

neo – PoP electronic music festival volta a viana

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guimarães vai acolher 25º congresso mundial de empreendedorismo e inovação em 2016

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MUNICÍPIOS PORTUGUESES

Turismo. Para este que é já o seu terceiro mandato à frente dos destinos de Ponte da Barca, António Vassalo Abreu assumiu como prioridade alavancar a região como

destino turístico por excelência. Sabendo que a componente turística se tem afirmado como uma das principais fontes de riqueza e o maior fator de desenvolvimento socioeconómico, há uma convic-ção: as condições estão lá mas é preciso promovê--las da melhor forma possível. E esse trabalho tem sido feito de forma incansável. Com dezenas de casas de turismo rural e de habitação dispersas pelo território, o turismo tem agitado a economia local e tem colocado no radar esta região que está, para António Vassalo Abreu, conotada à designa-ção de “traseiras do Litoral”. O investimento em infraestruturas hoteleiras tem sido notável e só nos últimos dois anos foram licenciadas cerca de 50 casas de turismo rural e de habitação, além de que foi ainda inaugurado recentemente um hotel de quatro estrelas. Sendo o coração do Parque Nacional da Peneda--Gerês, considerado pela UNESCO Reserva Na-tural da Biosfera, Ponte da Barca, no Alto Lima, é um destino de eleição que tem apaixonado quem por lá passa e fica. Captar a atenção do visitante, quer venha de outras regiões do país ou do estran-geiro, é, por isso, e cada vez mais, um dos principais desígnios do autarca. É, portanto, da responsabili-dade de todos abraçar este trabalho de divulgação de uma região que prima pela natureza e pelo con-

Ponte da Barca é paisagem, património, natureza e gastronomia. Ponte da Barca é um “saber receber” ímpar, muito característico desta região do Alto Minho. Pisar este território exige um olhar atento para que consiga absorver toda a história,

cultura e encantos naturais que abundam numa região que é o “pulmão” do território do Parque Nacional da Peneda-Gerês, considerado pela UNESCO Reserva Natural da Biosfera. Comecemos então pela história. Sabia que o nome Ponte da Barca nasce

do facto de, no passado, a ponte não existir e, por isso, a ligação entre as duas margens ser feita com uma barca? Aventure-se nesta viagem conduzida pelo Presidente da Autarquia, António Vassalo Abreu, e delicie-se com cada paragem que fará

certamente com que tenha vontade de voltar a este paraíso à beira Lima plantado.

“EM PONTE DA BARCA há COR, SABOR E TRADIÇÃO”.

conheça o “coração palpitante” do alto minho

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tacto com o ar no seu estado mais puro e que tem na sua identidade incomensuráveis motivos para voltar. Da gastronomia sem igual, ao espírito aco-lhedor das suas gentes, às romarias, aos simbólicos “lenços dos namorados”, às desfolhadas, ao vinho verde e mel, às albufeiras e trilhos da natureza, às aldeias serranas e toda a sua envolvente, Ponte da Barca é um mundo de descobertas. Dá vontade de conhecer? Então entre nesta viagem e saiba que, do lado de lá, sentir-se-á em casa. Ao longo dos tempos, Ponte da Barca soube pre-

servar a sua cultura e os seus valores ancestrais, adaptando-os aos desafios da atualidade e man-tendo sempre a sua genuinidade. Ponte da Bar-ca foi o berço de figuras incontornáveis da nossa história. Foi aqui que nasceram D. Teresa Tavei-ra, mãe de Santo António, na casa do Paço, em Lavradas, ou Fernão de Magalhães, o navegador que abriu as portas à globalização. Ponte de Barca é verdadeira, espontânea, repleta de pessoas au-tênticas que sentem o que dizem e dizem o que sentem. A Revista Pontos de Vista foi recebida por uma delas. António Vassalo Abreu, a meio do seu terceiro mandato ao leme de Ponte da Barca, considera-se um “dinossauro autárquico”, não por uma questão de idade, mas por ser o único que está no terceiro mandato no distrito de Viana do Castelo. Oriundo de famílias humildes, Vassalo Abreu soube, desde muito cedo, o que era batalhar para ajudar os outros e em linhas gerais faz-nos uma viagem de volta à sua juventude. “Sou o irmão mais velho, o meu pai era alfaiate que mais tarde foi para a Guarda Fiscal e a minha mãe apren-deu a ler com os filhos. Fiz o antigo curso geral de comércio e comecei a trabalhar para que a minha irmã pudesse ser professora. Aos 18 anos fui para Paredes de Coura como aspirante provisório de finanças. Com a quarta classe adiantada, como eu costumo dizer, comecei a caminhar a passo e passo até onde estou hoje”, relembrou. Recorda ainda que a primeira vez que se candidatou para a presi-dência da Câmara Municipal de Ponte da Barca,

ANTÓNIO VASSALO ABREU

PONTE SOBRE O RIO LIMA

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“Como todos os territórios do interior, temos muitas necessidades. Falta fazer saneamento básico em algumas freguesias, abastecimento de água e é ainda necessário rever saneamento que foi feito há muitos anos. A par disso, há ainda estradas por fazer”

DADOS SOBRE PONTE DA BARCA:Freguesias: Azias; Boivães; Bravães; Britelo; Crasto, Ruivos e Grovelas; Cuide de Vila Ver-de; Entre Ambos-os-Rios, Ermida e Germil; Lavradas; Lindoso; Nogueira; Oleiros; Ponte da Barca, Vila Nova de Muía e Paço Vedro de Magalhães; Sampriz; Touvedo (São Lou-renço e Salvador); São Pedro de Vade; São Tomé de Vade e Vila Chã (São João Baptista e Santiago);Localização: o concelho é limitado a norte pelo concelho de Arcos de Valdevez, a leste pela Espanha, a sul por Terras de Bouro e Vila Verde e a oeste por Ponte de Lima;População: 12 061 habitantes;Altitude: o ponto mais alto do concelho é a Serra Amarela, no alto da Louriça, freguesia de Lindoso, com 1359 metros de altitude;Gastronomia: o cozido à portuguesa, o sarrabulho, as papas de sarrabulho, o ca-brito da Serra Amarela e a Posta Barrosã; a lampreia, o sável e a truta; no domínio da doçaria existem os doces à base de pão--de-ló e ovos, como o bolo branco, o leite creme queimado e as rabanadas de mel;Presidente da Câmara Municipal: António Vassalo Abreu;Feriado Municipal: 24 de agosto.

perdeu por uma margem mínima. “Tiveram azar”, rematou o edil. Isto porque, se tivesse perdido por uma larga maioria, nunca mais se teria lembrado daquilo. Assim, sabendo que o argumento da opo-sição se centrava no facto de Vassalo Abreu não residir nem trabalhar em Ponte da Barca, o atual presidente fez as malas, mudou o rumo da sua vida e embarcou nesta viagem que continua até hoje à frente dos destinos de uma região que lhe enche o coração.

O QUE FALTA FAzER?Se, no passado, noutra entrevista, dizia que não deve haver ninguém em Ponte da Barca que não saiba quem é Vassalo Abreu, a verdade é que este reconhecimento muito se deve à obra que tem re-alizado pela região. A meio do terceiro mandato, em que conquistou aliás todas as secções de voto, Vassalo Abreu sabe que ainda tem muito traba-lho pela frente, não desvalorizando tudo o que já foi feito na área da ação social, educação e de criação de atrativos para a região. O que falta fa-zer? “Como todos os territórios do interior, temos muitas necessidades. Falta fazer saneamento bási-co em algumas freguesias, abastecimento de água e é ainda necessário rever saneamento que foi fei-to há muitos anos. A par disso, há ainda estradas por fazer”, explicou o edil que tem em mãos, neste momento, a recuperação de uma estrada estraté-gica no valor de um milhão e 600 mil euros sem financiamento comunitário, uma decisão que, para Vassalo Abreu, é inexplicável devido às potencia-lidades daquela região. “Ali está um dos maiores restaurantes da zona com uma sala de eventos com capacidade para 700 pessoas, há o Mosteiro Ro-mânico de Crasto, o Centro Escolar de Crasto, o Na-Bé Lavender Lodge e Spa, que é um parque de campismo criado por investidores belgas com con-dições de exceção e tem ainda uma série de casas de turismo de habitação. Recuperar aquela estrada

é, por isso, fundamental porque tenho investidores estrangeiros interessados e tenho de lhes criar con-dições para que eles possam vir para cá”, afiançou Vassalo Abreu. Por isso, para o responsável, é in-compreensível que as entidades competentes não vejam as potencialidades daquela região e não pro-movam boas infraestruturas e acessibilidades para atração externa. Foi precisamente o que aconteceu com o casal belga responsável pelo espaço referido anteriormente, o Na-Bé Lavender Lodge e Spa, um paradigma de turismo ecológico. “Este casal deu a volta ao Mundo durante os últimos 15 anos e fixou-se em Ponte da Barca. Compraram a quin-ta, recuperaram o espaço e hoje sentem-se felizes por estarem aqui”, explicou. A cinco minutos de carro de Ponte da Barca, este espaço disponibili-za acomodações únicas com a magnífica paisagem do Minho como pano de fundo. De entre todas as casas de turismo rural e de habitação existentes na região, o difícil é mesmo escolher qual a melhor.

PONTOS HISTóRICOS COMO ATRATIVOPonte da Barca é um equilíbrio entre tradição e contemporaneidade e é de história que vamos fa-lar. Esta é a pátria de nomes notáveis mas há um que se destaca e cuja naturalidade tem gerado al-guma controvérsia. Fernão de Magalhães foi um conhecido navegador português que se distinguiu por ter organizado a primeira viagem de circum--navegação ao globo de 1519 até 1522. Fernão de Magalhães abriu as portas à globalização e, hoje, no centro dessa mesma globalização discute-se o local que o viu pela primeira vez. Nasceu em Ponte da Barca, em Sabrosa ou no Porto? Amân-dio Barros, doutorado em história pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, solucionou finalmente o enguiço. “Fernão de Magalhães é natural de Ponte da Barca”, disse orgulhosamen-te Vassalo Abreu. “Já sabíamos que a família dele era de cá. Aliás, há mesmo uma freguesia de onde

MOSTEIRO DE BRAVÃES

VISTA DE PONTE DA BARCA

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MUNICÍPIOS PORTUGUESES

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PONTOS DE PARAGEM OBRIGATóRIA:- No centro histórico deve conhecer: a Igreja Matriz (século xVIII), a Igreja da Mi-sericórdia (século xVI), a ponte medieval, o pelourinho, a Fonte de S. João, a Capela da Lapa, a Capela de S. Bartolomeu, a Ca-pela de Santo António e o Mercado Pom-balino;- Castelo e Espigueiros de Lindoso: conside-rado um dos mais importantes monumen-tos militares portugueses, pelas novidades técnicas e arquitetónicas que ensaiou, na-quela época, no país;- Museu de Cristais de Quartzo: tem a maior coleção de cristais de quartzo do país;- Mosteiro de Bravães: classificada como monumento nacional, é um dos mais bonitos exemplares de templo românico existentes em Portugal;- Pedra dos namorados: trata-se da figura de um homem e de uma mulher em bai-xo relevo, datada, ao que tudo indica, da época de plena Romanização do Noroeste Hispânico, que em 1903 foi levada para o atual Museu Nacional Soares dos Reis, regressando, em 1986, para o museu da freguesia da Ermida;- Jardim dos poetas: um espaço de tran-quilidade assim chamado em homena-gem aos dois poetas filhos da terra e vultos da poesia lírica portuguesa, Diogo Bernardes e Frei Agostinho da Cruz.

FESTIVIDADES EM PONTE DA BARCA:- Agosto: Feira de artesanato e a Romaria de S. Bartolomeu;- Páscoa: Mui Dolorosa Paixão de Cristo (quinta-feira santa);- Domingo gordo e terça-feira de carnaval: Pai Velho – Entrudo tradicional em Terras de Lindoso;- Desfolhada Minhota: último sábado de setembro;- Dezembro: Feira do Mel.

eram oriundos os Magalhães que se chama Paço Vedro de Magalhães. Os meus antecessores não se interessavam por estes dados mas eu quero sa-ber e, aliás, a arqueóloga da Câmara vai começar a fazer escavações no local onde estava a torre e que foi destruída devido a uma zanga entre os Magalhães e os Abreu e Lima”, contou o autarca. Ainda no seguimento do seu interesse, a autar-quia celebrou ainda uma parceria com a Facul-dade de Arquitetura de Lisboa que irá trazer à região no mínimo dez estudantes de pós-gradu-ação. Qual o ponto de interesse? Depois de Luís Fontes, docente e investigador da Universidade do Minho, ter publicado uma monografia sobre Lindoso e a Arquitetura Popular (“Lindoso, uma paisagem com história”), a atenção ficou voltada para a região. “Esta é a nossa identidade e são estes aspetos que temos de preservar”, garantiu Vassalo Abreu. A verdade é que, para o visitante, estes pormenores interessam. O turista, mais do que passear e com-prar recordações para levar consigo, quer conhecer a história da região onde está. Para o comprovar, Vassalo Abreu recorda um momento que o mar-cou quando tomou posse no seu primeiro manda-to. “Fomos apresentar os domingos gastronómicos a Santiago de Compostela e um senhor disse-me que o Monumento dos Poetas, que está no Jardim dos Poetas, estava lascado. Eu que morava aqui há vinte anos nunca tinha reparado mas quem nos visita capta todos os detalhes”, recordou. Para o visitante, as romarias e festividades são também os pontos altos de uma região que cativa pela autenticidade. As Festas de S. Bartolomeu, que decorrem de 19 a 24 de agosto, são o exemplo disso mesmo. “Esta é a mais genuína das romarias do Alto Minho porque consegue manter toda a tradição de uma forma espontânea. A noite de S. Bartolomeu de 23 para 24 de agosto é realmente única”, descreveu Vassalo Abreu, que nos contou ao detalhe o programa deste ano. Com um desfile e atuação de rusgas pelas ruas da vila, ao longo de toda a noite, Ponte da Barca recebe multidões em festa protagonistas de danças e cantares popula-res. Das rusgas às atuações de ranchos folclóricos locais e oriundos de outras regiões, a romaria ter-mina com as festividades religiosas em honra de S. Bartolomeu, com principal destaque para a pro-cissão. Não faltam, por isso, motivos para rumar a Ponte da Barca. Em dias de festa ou em momen-tos de maior tranquilidade, esta região de sorriso fácil está de braços abertos para o receber.

“Esta é a mais genuína das romarias do Alto Minho porque consegue manter toda a tradição de uma forma espontânea. A noite de S. Bartolomeu de 23 para 24 de agosto é realmente única”

CASTELO DE LINDOSO

ESPIGUEIROS DE LINDOSO

PARQUE NACIONAL DA PENEDA-GERêSEm que consiste ser Reserva Natural da Biosfera?São porções de ecossistemas terrestres ou costeiros onde se procuram meios de reconciliar a conservação da biodiversi-dade com o seu uso sustentável. São pro-postas pelos países-membros da UNES-CO e, preenchendo todos os requisitos, são reconhecidas a nível mundial. Esta entidade aprovou o Parque Internacional Luso-Galaico Gerês/xurês como reserva mundial da biosfera pelas suas riquezas florestais, pela relevância dos ecossiste-mas e pelo alto nível de espécies endémi-cas que contém. “Em Portugal julgo que, apesar de estar a mudar, as pessoas ainda não têm muito a noção do que significa ser Reserva Natural da Biosfera, mas bas-ta saber que estão a entrar numa região em que se pode respirar à vontade”, de-fendeu António Vassalo Abreu.

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Após um longo percurso no Ministério da Agricultura, saiu em 2007 e propôs a fundação, em 2008, da Associação Nacional de Municípios e de Produtores para a Valorização e Qualificação dos Produtos Tradicionais Portugueses (Qualifica). Porquê esta aposta?Porque percebi claramente que o Ministro da época estava completamente desinteressado dos produtos tradicionais e que estes iriam “morrer”, exceto se al-guém, de fora, os apoiasse e revitalizasse.

A Qualifica é uma associação que nasceu da complementaridade de interesses de autarquias e dos produtores, agrupamentos ou associações. Sob a bandeira da promoção, valorização, qualificação e defesa dos produtores, das empresas e dos seus produtos, quais têm sido as principais bases do vosso trabalho?Encorajar o setor produtivo, definir regras para qua-lificação dos tradicionais, obter escala e apoio para os produtores, dar visibilidade aos produtos através da organização de concursos nacionais, da edição

PRODUTOS GENUÍNOS PORTUGUESES

“A QUALIFICA /oriGIn PORTUGAL – é assim que agora nos chamamos - tudo fará para a preservação dos produtos com origem! Vamos reforçar a cooperação externa para melhorar o trabalho interno! E não

tencionamos desistir”, revela convicta Ana Soeiro, Diretora Executiva da QUALIFICA, em entrevista à Revista Pontos de Vista. O caminho está definido. Os desideratos identificados. Saiba o que é a QUALIFICA.

“TuDO FAREMOS PARA A PRESERVAÇÃO dos produtos com origem”

de Guias de Bons Produtos Tradicionais e do uso da nossa marca coletiva “ÉQUALIFICADO”, sen-sibilizar o público para a importância do consumo dos tradicionais e, por último e sem grande proveito, tentar mudar a mentalidade dos serviços públicos que deveriam apoiar o setor

No fundo, a missão desta entidade consiste em “preservar para que não desapareçam”. Para Portugal, quais seriam as consequências da perda de produtos desde sempre associados à própria identidade do país? Quantos produtos estão em risco de desaparecer?Estiveram em risco de desaparecimento centenas de produtos com origem em raças e variedades autócto-nes ou muito bem adaptadas, tal como os produzidos com base em práticas tradicionais, decorrentes do uso das madeiras, dos tachos de barro ou de cobre, das secagens na palha ou no caniço e tantas mais. Apro-veitámos muito mal as derrogações possíveis pela le-gislação comunitária e, ainda hoje, muitos produtores

produzem “com medo”! E apagaram-se fornos a le-nha e fecharam-se queijarias em granito e deixaram de se fazer produtos únicos, com tipicidade e histórias e cultura…. E perderam-se postos de trabalho e ar-deram serras!

Para o futuro, que objetivos quer ver brevemente implementados no seio da Qualifica?Agora somos também a secção portuguesa do Movi-mento Internacional oriGIn, que agrupa centenas de associações e milhares de produtores a nível mundial e que visa preservar os tradicionais com origem geo-gráfica, considerando as Indicações Geográficas – as famosas e hoje tão badaladas IGs - como alavancas de desenvolvimento e esteio de sustentabilidade. Por isso, a QUALIFICA /oriGIn PORTUGAL – é as-sim que agora nos chamamos - tudo fará para a pre-servação dos produtos com origem! Vamos reforçar a cooperação externa para melhorar o trabalho interno! E não tencionamos desistir. LER NA ÍNTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

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Criada em 2009 e hoje com cerca de dois hectares dedicados à produção de ervas aromáticas, a Aromáticas Vivas tem sabido prezar a qualidade dos seus produtos. Como é que a marca tem sido recebida pelo mercado? Que balanço é possível fazer destes seis anos de existência?A Aromáticas Vivas foi criada por uma multinacional sueca, a Spisa - líder na produção de ervas aromáticas em vaso na Europa, com a participação de sócios locais. Para além de Portugal, a Spisa está presente na Inglaterra, Suécia, Polónia e República Checa. Assim, a Aromáticas Vivas produz e comercializa ervas aro-máticas em vaso e agora uma nova gama, ervas aromáticas em corte (frescas), que

são uma forma mais prática para as pes-soas utilizarem na cozinha.Em Portugal, fomos uma empresa pio-neira na produção de ervas aromáticas em vaso e a marca foi bem recebida visto que estamos presentes nos vários grupos de super e hipermercados do país. A aposta na produção de ervas aromáticas em vaso é permitir às pesso-as terem o nosso produto em casa com a maior frescura possível e com uma durabilidade superior em comparação com alternativas existentes. Nos últimos anos notou-se um forte crescimento de consumidores de ervas aromáticas. Este crescimento creio que se deve à crescente consciencialização por parte das pessoas em ter uma alimentação mais saudável –

Edificada em 2009, a Aromáticas Vivas é hoje um dos principais players deste setor, dando uma garantia de qualidade no domínio das ervas aromáticas. A Revista Pontos de Vista conversou com Cristina Oliveira, Diretora de Marketing da marca, que nos

deu a conhecer um pouco mais deste projeto.

O VAlOR de uma marca

ervas aromáticas são um substituto na-tural ao sal. No entanto, e por estar na moda cozinhar, e em especial com ervas aromáticas, são muitas as pessoas que as procuram para enriquecer os seus pratos e bebidas.

Além das nove variedades de ervas aromáticas em vaso, produzem sazonalmente outras variedades de plantas, adaptando-se às necessidades e solicitações que vos fazem chegar. Que variedades são estas? Durante todo o ano produzimos nove variedades, sendo elas o manjericão, co-entros, salsa, orégãos, tomilho, alecrim, hortelã-menta, cebolinho e a stevia. Es-tas são as ervas aromáticas mais procu-radas e naturalmente as mais vendidas. Sendo que o manjericão predomina! Mais recentemente, começámos a pro-duzir/comercializar stevia. A stevia co-meça a ser agora mais conhecida, porque ela é um adoçante natural e já surgem muitos produtos que a usam para subs-tituir o açúcar. Ela consegue ser ainda mais doce que o próprio açúcar! No entanto, como não possui calorias nem altera os níveis de açúcar do sangue é mais saudável, e até pode ser utilizada por pessoas diabéticas.Para além destas variedades, produzimos de forma sazonal outras ervas aromá-ticas, como o manjerico (na altura dos santos populares), a salva, o poejo, o fun-cho, a manjerona, a sorrel/azeda, o cere-fólio, o aneto/endro, entre outros.

Assegurando uma agricultura sustentável, a Aromáticas Vivas cumpre uma série de regras que preservam o meio ambiente e o ecossistema onde estão integrados. De que práticas estamos a falar?A nossa produção de ervas aromáticas é biológica. Não utilizamos pesticidas, fungicidas nem herbicidas na sua produ-ção, usamos sim um controlo de pragas ecológico e recorremos ao uso de insetos auxiliares, ou seja, os insetos “bons” vão alimentar-se dos insetos “maus”. Quan-do nos deparamos com a existência de pragas, colocamos uma maior taxa de predadores que irá reduzir o número destas. É criado, então, um ecossistema dentro da nossa estufa. Também pro-duzimos estes insetos e vendemos para outras empresas de produção bio. Man-temos uma parceria com a Agrobio, As-sociação Portuguesa de Agricultura Bio-lógica e possuímos o Certificado Global Gap, que assenta no cumprimento das boas práticas agrícolas. Contudo, também as nossas infraestru-turas estão construídas de modo a ser-

mos mais eficientes mas também ami-gos do ambiente, isto porque as nossas estufas são em vidro, o que não exige a manutenção que é necessária nas de plástico (não produzindo assim material não biodegradável). O nosso sistema de aquecimento é feito através do recurso de biomassa e bombas de calor, o que origina uns recursos de aquecimento amigos do ambiente.O nosso sistema de rega é de ferti-irri-gação em circuito fechado, onde o con-sumo económico de água é a prioridade. Neste sistema fertilizamos e irrigamos as plantas simultaneamente e, em circuito fechado significa que a água de irrigação que não é absorvida pelas plantas não é perdida e entra em recirculação, sendo corrigida para ser novamente utilizada.

“Pensar global, agir local” tem sido o grande lema abraçado pela Aromáticas Vivas. No terreno, em que principais aspetos está presente esta constante filosofia? Qual tem sido o retorno?“Pensar global, agir local” resume a filo-sofia da empresa. O know-how e as téc-nicas de produção são partilhadas pelas várias empresas do grupo Spisa, mas a produção das ervas aromáticas em vaso é local. Isto porque as ervas aromáticas são um produto perecível e não podem efetuar grandes viagens, então, em cada país, é feita a sua produção e esse país é o seu mercado. Nós por questões de proximidade, vendemos também para Espanha. Assim, quando os nossos produtos chegam aos supermercados encontram-se em bom estado, com qua-lidade e frescos.” – colocar antes “Assim, é a melhor forma para assegurar que os produtos Aromáticas Vivas chegam ao supermercado em bom estado: com qua-lidade e frescos.

Para continuarem a ter produtos que se assumem como “os mais frescos da sua cozinha”, para o futuro, que objetivos querem ver brevemente concretizados? A Aromáticas Vivas está constantemente a investir de forma a manter os seus elevados níveis de produção e qualidade. Para nós é importante ter as melhores condições de produção, manter a nossa pegada ambiental pequena e dar resposta às necessidades de mercado. Assim, nestes últimos anos, as nossas infraestruturas têm sofrido várias obras e modificações, de forma a evoluirmos em relação à qualidade dos nossos produtos e necessidade do mercado. Para o futuro, a Aromáticas Vivas deseja reforçar o valor da sua marca e produto como líderes de mercado em temperos frescos. LER NA ÍNTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

PRODUTOS GENUÍNOS PORTUGUESES

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Quando é que foi edificada a Naturalbio e de que forma é a mesma tem vindo a afirmar-se como uma referência no seu sector de actuação? Quais são as mais-valias da marca?A Naturalbio foi edificada em 2007, embora se te-nha começado a afirmar no sector dos pequenos frutos a partir do ano de 2009. Desde então tem vindo a consolidar a sua atividade neste sector gra-ças à capacidade técnica que dispõe nos seus qua-dros nas várias áreas de ação em que se insere. Uma da mais valias da marca Naturalbio é a capacidade de resposta que tem para com os seus clientes sem-pre pautada, pelo profissionalismo, transparência e dedicação e sempre com uma relação de proximi-dade com o cliente, sendo esta condição obrigató-ria para o bom funcionamento e desempenho da marca na sua relação comercial.

No sentido de ser afirmar a nível nacional e internacional, um dos aspectos fundamentais passa pela relação com os clientes/parceiros. Desta forma, de que forma assumem uma resposta eficaz e com qualidade às exigências de quem vos procura?Assumimos uma resposta eficaz e com qualidade às exigências de quem nos procura pela capacidade técnica que dispomos, contudo existe um fator que assume uma grande importância e que se prende com o facto de trabalharmos com muita simplici-dade e frontalidade, como diz o ditado popular « pão, pão, queijo, queijo» não colocando aos nossos clientes e parceiros, qualquer tipo de barreira, onde estas não devam de existir.

No domínio da vossa actuação, quais são os principais obstáculos? Acredita que o apoio dado no âmbito da produção e comercialização de pequenos frutos ainda é escasso? O que deve ser feito no sentido de alterar este cenário?No domínio da nossa atuação, a Naturalbio depa-ra-se com dois obstáculos distintos: um ao nível da Produção e outro ao nível da comercialização. Começando por este último, continuamos a não ter as quantidades suficientes para conseguir satis-fazer os nossos clientes no mercado externo, que cada vez mais nos procuram pela qualidade exímia dos nossos frutos. Repito que isto é realmente um

FILEIRA DOS PEQUENOS PRODUTOS

A Naturalbio tem como missão afirmar-se como uma empresa de referência no setor agrícola, nomeadamente na área da produção e comercialização de pequenos frutos, privilegiando a relação com os seus clientes, a qualidade dos seus frutos e dos seus serviços,

produzindo riquezas para a sociedade e investidores, com qualidade de processos e tecnologias, respeitando e preservando o meio ambiente para as gerações presentes e futuras. A Revista Pontos de Vista visitou a Naturalbio e conversou com Rui Santos,

Administrador da marca, que nos deu a conhecer um pouco mais do percurso da mesma.

NATuRAlBIO – transparência e dedicação

obstáculo, pois temos a possibilidade de entrar em novos mercados e sem quantidades não é possível. Ao nível da produção, e peço perdão pela frontali-dade, mas parece-me que os produtores ainda não estão preparados e mentalizados para «aprender e querer « produzir com qualidade.

É importante na vossa orgânica uma actuação que aposte fortemente numa acção inovadora e de novas tecnologias, respeitando e preservando o meio ambiente? Como o conseguem? É conseguido através de muitas horas de pesquisa em concomitância com muitas horas de trabalho de campo e muita boa vontade por parte dos co-laboradores da empresa. O fato de a Naturalbio ser produtora, instaladora e comercializadora dá-nos alguma facilidade e versatilidade de experimentar novas tecnologias e assim inovar a vários níveis.

A Naturalbio faz parte da Direção da Associação Nacional de produtores de Pequenos Frutos. De que forma é importante para a marca esta representação? Esta representação acaba por ser importante para a marca, pois é importante que estejamos perma-nentemente integrados e atualizados naquilo que é a vida empresarial do setor que integramos.

Prestam ainda apoio e consultoria aos empresários agrícolas. Esta é uma lacuna que ainda existe neste segmento? De que forma conseguem oferecer neste

domínio soluções integradas e personalizadas? Sim. Sem dúvida que é uma grande lacuna que se verifica neste segmento. E por ter a noção desta realidade é que a Naturalbio procura informação e formação constante para os seus técnicos. Muitas vezes procuramos esta formação noutros países mais evoluídos neste setor. Só desta forma, com um eleva-do grau de conhecimento deste setor, é que podemos apresentar soluções integradas e personalizadas para cada um dos nossos clientes. Sublinho que o concei-to do projeto agrícola “chave na mão” introduzido no setor pela Naturalbio em 2009, significa a capa-cidade da Naturalbio em, pegar num terreno, muitas vezes abandonado, e fazer com que este produza produtos de valor acrescentado. Não só desenhamos o projeto em papel como também executamos todo o projeto em campo, com a garantia de que escoa-mos o produto proveniente da exploração agrícola.

A Naturalbio apostou ainda na criação da  Mundialform, que surge como uma solução adequada para desenvolver e reforçar competências individuais, empresariais e organizacionais. Que projecto é este da Mundialform e quais as suas potencialidades?A Naturalbio, ao perceber a necessidade emergente de formação na área agrícola, quer para jovens agri-cultores, quer para agricultores já instalados, acaba por criar a escola de formação Mundialform, en-tretanto certificada como entidade formadora, no sentido de orientar e formar empresários agrícolas que de facto queiram aprender e que se queiram profissionalizar neste setor. Julgo que este projeto tem um potencial enorme para todos aqueles que se queiram especializar na área agrícola e sobre-tudo na área dos pequenos frutos, aproveitando assim o know-how da Naturalbio.

Que futuro prevê para a fileira dos pequenos frutos e quais os desafios da Naturalbio?A Naturalbio continua a achar o futuro da fileira dos pequenos frutos bastante promissor, contudo enfrenta como principais desafios a falta de quan-tidade e qualidade de fruto que se produz, bem como a falta de rigor e conhecimento técnico com que ainda se trabalha.

RUI SANTOS

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Atualmente, numa época em que a agricul-tura é indústria e não apenas uma forma de sustento ou subsistência mínima, a rentabilização das pequenas áreas desta

região norte só se consegue fazer por três vias:

1- Produtos inovadores com grande qualidade2- Produtos agrícolas em que, por razões climá-ticas, a produção é feita fora de época em relação ao resto do país e da Europa, ou com culturas que não se podem cultivar na Europa.3- Produções que sejam muito exigentes em mão de obra.Os pequenos frutos e alguns sub-tropicais, em ge-ral, são muito exigentes em mão de obra, não só mas sobretudo, durante a colheita. Por outro lado, o clima do norte e centro, sobretudo litoral, per-mitem antecipar, em relação ao resto da Europa, entre outros, a produção do mirtilo, da groselha, da framboesa, do baby-kiwi e da amora, assim como permitem algumas culturas exóticas como o mara-cujá, a feijoa, o kunkuat.A conjugação destes fatores, assim como o apare-cimento de uma nova classe de empresários muito dinâmica e esclarecida, permitiu abrir os horizon-tes dos mercados europeus, resolvendo o maior problema da agricultura portuguesa, que sempre foi a comercialização, sobretudo a exportação.Portugal é um país já com uma respeitável tradição na produção de pequenos frutos, tendo-se desta-cado durantes muitos anos a baga de sabugueiro como a mais importante em área, seguindo-se o morango em valor nas exportações.O morango, durante os últimos 20, anos perdeu muita da sua importância, resultado da concorrên-cia bem sucedida proveniente de Espanha, e até a cereja, cultura de grande importância regional sen-te grandes ameaças.Recentemente a atenção centrou-se no mirtilo que, pela sua expansão, se tornou o pequeno fruto com maior área plantada e a framboesa, que com uma área aproximada de apenas e pouco mais de 200 hectares, representa um enorme valor em termos de exportações, tendo, no sub-setor dos pequenos frutos, tornado positiva a nossa balança comercial.A cultura de mirtilo existiu durante 25 a 30 anos num estado meio “adormecido” na região de Sever do Vouga, tendo nos últimos 3 anos tido um cres-cimento extraordinário, que levou a que tenham sido plantados mais de mil hectares. Crescimentos não tão acelerados, mas mesmo assim de mais de 100%, foram observados na cultura da framboesa, havendo estudos de mercado que indicam a possi-bilidade de ainda se conseguir absorver uma dupli-cação da sua área atual.Apesar do meritório trabalho de investigação fei-to durante muitos anos pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária no sudoeste Alentejano, verificou-se uma incapacidade do Ministério da Agricultura para apoiar tecnicamente os novos empreendimentos que se fizeram a Norte, sendo as culturas praticamente desconhecidas de empre-sários e técnicos.

AGRIMINhO E OS PEquENOS FRuTOS

FILEIRA DOS PEQUENOS FRUTOS

A OPINIÃO DE LURDES GONÇALVES, GERENTE DA AGRIMINHO

Historicamente o norte de Portugal sempre se caracterizou por explorações agrícolas de pequena dimensão, mas com solos de grande fertilidade, aliados a um clima benigno quer do ponto de vista térmico quer pluvial.

“A cultura de mirtilo existiu durante 25 a 30 anos num estado meio “adormecido” na região de Sever do Vouga, tendo nos últimos 3 anos tido um crescimento extraordinário, que levou a que tenham sido plantados mais de mil hectares. Crescimentos não tão acelerados, mas mesmo assim de mais de 100%, foram observados na cultura da framboesa, havendo estudos de mercado que indicam a possibilidade de ainda se conseguir absorver uma duplicação da sua área actual”

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Foi assim, sem diretrizes, sem estudos de base de adaptação de variedades, e muito menos de orientações de como produzir que arrancou a produção no norte. Por vezes com grande con-fusão.Foi neste contexto que foi fundada a AGRIMI-NHO - pequenos frutos, uma empresa especia-lizada na prestação de serviços na área dos pe-quenos frutos, desde o fornecimento de plantas a instalações chave na mão passando por insta-lações de sistemas de rega, que durante muito tempo foi, nesta área de negócio e na sua região, a única a ter agrónomos nos seus quadros, atual-mente quatro a título permanente, e a recrutar.Em complemento, a empresa dá assistência téc-nica aos produtores da região e, recentemente, verificando-se que uma das fragilidades das ex-plorações de pequena e média dimensão era o custo de transporte, a empresa investiu em ve-ículos refrigerados, a fim de, por meio de rotas, conseguir baixar significativamente os custos de produção dos seus clientes.O ponto de honra da empresa é o estabelecimen-to de laços de confiança e amizade com os seus clientes, por este motivo, o investimento tem sido sempre feito na procura das melhores e mais con-fiáveis soluções. Não existindo soluções enlata-das, iguais para todos os clientes.E como é evidente, uma empresa existe enquanto existirem clientes, pelo que o grande empenho tem sempre sido em tentar antecipar a resolução

dos problemas de modo a garantir a maior taxa de sucesso dos clientes (e até à atualidade ne-nhum cliente da empresa desistiu da atividade, contrariando os maus indicadores de projetos de instalação “abortados” prematuramente e que são uma marca negativa nos diversos quadros comunitários de apoio)O facto de apenas duas empresas portuguesas, uma delas a Agriminho, ser associada da Meio-sis, empresa corporativa inglesa que se dedica, sobretudo, à avaliação de variedades de peque-nos frutos, é reflexo do cuidado que se pretende ter a fim de manter a empresa com um serviço de qualidade e de vanguarda.Desta forma, temos trazido para Portugal a ex-periência internacional, instalando em explora-ções de alguns clientes, áreas de ensaio e adap-tação de novas cultivares que, provavelmente, ditarão a próxima geração de cultivares de pequenos frutos. Porém, como também temos trabalhado na área dos frutos sub tropicais, com destaque para o maracujá, de destacar a parceria estabelecida com a Embrapa (Brasil), para par-tilha de informação e teste de variedades.A vislumbrar-se finalmente uma boa estrutura-ção da cadeia produtiva em torno de cooperati-vas e outras organizações de produtores, ainda com espaço para crescer bastante, auspiciamos grande sucesso para uma fileira que, se estima-da, será duradoura e uma imagem de marca do país!

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