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EEA GRANTS – UM MOTOR PARA PORTUGAL MIF – FEIRA INTERNACIONAL DE MACAU DIA MUNDIAL DA DIABETES - BOEHRINGER - PORTUGAL CPLP E DUAS DéCADAS DE CRESCIMENTO DE UMA PLATAFORMA DE DIáLOGO MULTILATERAL AO SERVIçO DA ESTABILIDADE, DO CRESCIMENTO ECONóMICO E DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL DOS SEUS ESTADOS-MEMBROS MURADE MURARGY, SECRETáRIO EXECUTIVO DA CPLP, EM GRANDE ENTREVISTA Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público a nível nacional e não pode ser vendido separadamente NOVEMBRO 2015 / EDIÇÃO Nº 50 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros DE OZ ENERGIA SEMPRE NA VANGUARDA ROYAL CANIN ® EM BRAGA: PAIXÃO POR GATOS E CÃES

Revista Pontos de Vista Edição 50

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CPLP e duas déCadas de CresCimento de uma PLataforma de diáLogo muLtiLateraL ao serviço da estabiLidade, do CresCimento eConómiCo e do desenvoLvimento soCiaL dos seus estados-membros

murade murargY, seCretário exeCutivo da CPLP, em grande entrevista

publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de palavras Edições, lda.Suplemento distribuído em conjunto com o jornal público a nível nacional e não pode ser vendido separadamente

NOVEMBRO 2015 / EDIÇÃO Nº 50 - Periodicidade MensalVenda por Assinatura - 4 Euros

de

OZ ENERGIA

SEMPRE

NA VANGUARDA

roYaL Canin® em braga: PaixÃo Por gatos e CÃes

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fiCHa téCniCa

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proi-bida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autoriza-ção do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anun-ciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico.Propriedade, Edição, Administração e Autor

Horizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda

Administração – Redação – Depº GráficoRua Rei Ramiro 870, 5º A4400 – 281 Vila Nova de GaiaTelefone/Fax +351 220 926 879

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ImpressãoLidergraf - Sustainable PrintingDistribuição Nacional / Periodicidade MensalRegisto ERC nº 126093NIF: 509236448ISSN: 2182-3197Dep. Legal: 374222/14Distribuição Nacional gratuitacom o Jornal Público

DIRETOR: Jorge AntunesDIR. INFORMAÇÃO: Ricardo AndradePRODUÇÃO DE CONTEÚDOS:Andreia Azevedo | Sara Soares | Rita DuarteColaboração especial: Sandra Arouca

GESTÃO DE COMUNICAÇÃO:João Soares | Nuno Alves | José MoreiraMiguel Beirão | Nelson Luiz | Pedro Paninho | Elisabete Marques

AssinaturasPara assinar ligue +351 220 926 877 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda - Rua Rei Ramiro 870, 5º A, 4400 – 281 Vila Nova de GaiaFax 220 993 250E-mail: [email protected]ço de capa: 4,00 euros (iva incluído a 6%)Assinatura anual (11 edições):Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%),Europa: 65 euros, Resto do Mundo: 60 euros

em destaque Índice de TeMAS

16 COUTO, GRAÇA & ASSOCIADOS Liderança. Reputação. Profissionalismo. É assim que a CGA (Couto, Graça & Associados) se apresenta ao público. Pedro Couto, Managing Partner da CGA, Couto, Graça e Associados, lembra que 2015 foi o ano da consolidação da CGA

24 MIF – FEIRA INTERNACIONAL DE MACAUCom 133 expositores, cerca de 250 empresários e 44 protocolos assinados, assim se traduziu a presença portuguesa na 20.ª edição da MIF – Feira Internacional de Macau. Vítor Sereno, Cônsul-Geral do Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, aborda a importância deste evento

64 DIA MUNDIAL DA ESTATÍSTICAMaria Eduarda Silva, Presidente da SPE - Sociedade Portuguesa de Estatística, lembra o Dia Mundial da Estatística, comemorado a 20 de outubro e a importância da mesma na sociedade. O lema é: Melhores Dados, Melhores Vidas

76 EEA GRANTS - PORTUGALConheça as áreas onde estão a ser aplicadas as verbas dos EEA Grants em Portugal: Mar; Saúde Pública; Sociedade Civil; Energias Renováveis; Conservação e Revitalização do Património Natural e Cultural; Integração da Igualdade de Género na Promoção do Equilíbrio entre o Trabalho e a Vida Privada e Promoção da Diversidade nas Artes

4 – Propriedade Industrial

6 – Melhores Marcas 2015

8 – CPLP – Estratégias de Expansão

10 – Grande Entrevista

37 – Horizonte 2020

38 – Direito & Justiça

40 – Gestão Documental

42 – Expo Animal 2015

44 – Inovação - Setor Têxtil

48 – Vistos Consulares

50 – Dia Mundial da Diabetes

52 – Saúde em Portugal

58 – Segurança e Saúde no Trabalho

59 – Arquitetura e Reabilitação

62 – Dia mundial dos Materiais

66 – Digital Signage

69 – Liderança no Feminino

78 – Segurança rodoviária

81 – Gestão de frotas

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III – A CARTA DE LEI DE 21 DE MAIO DE 1896

1 = A proteção das marcas de comércio e indústria por classes já se fazia desde a publicação do Regulamento para a execução do decreto nº 6, de 15 de dezembro de 1894, em 28 de março de 1895 – então com 91 classes, em que a primeira dizia respeito a “cereais, farinha, amidos” e a última, como sempre, a “diversos”.Esta classificação foi melhorada em 1 de março de 1901, apenas com 80 classes, com os produtos divididos por nove grupos.

2 = As marcas, como foi já referido, começaram a registar-se com a entrada em vigor da Carta de Lei de 4 de junho de 1883, mas o Boletim da Propriedade Industrial só começou a ser publicado em janeiro de 1885, ainda sem reprodução das marcas, mas apenas com uma descrição e a indicação do destino.

A primeira marca registada que foi publicada no Boletim nº 1, de janeiro de 1885, foi a nº 76, em nome de Lanman & Kemp., Dro-guistas por atacado, de New York, para “involucro das garrafas do seu preparado medicinal denominado “pectoral de anacahuita”, com a seguinte descrição:

“Uma etiqueta em papel bronzeado com 18 X 14 ½ centímetros, divi-didos em três corpos; o do centro com as palavras “pectoral de anacahuita compuesto de Kemp, nuevo descubrimiento, cuya infalibilidad está pro-bada en la curacion de las enfermidades seguientes: afecciones pulmo-nares, tos, asma, bronquites, dolores de pecho, tisis incipiente, y que es el mejor anódino, que se conoce en los últimos períodos de esta terrible enfermedad. Preparado solamente por Lanman & Kemp, droguistas pormayor, Nueva York.” No corpo direito as palabras “Pectoral de ana-cahuita composé par Kemp. Recemment decouvert et usé avec grand succes pour la guérison de toutes les maladies des poumons, la toux, las-thme, la bronchitis, douleurs dans la poitrine, les premiéres ataques de consomption, et comme une anodine superieure dans l ’etat avancé de cette maladie terrible ». Na da esquerda as palavras « Composição pei-toral anacahuita de Kemp. É um novo descobrimento que se tem pro-vado infalível para a cura de toda a classe de enfermidades pulmonares, tosses, asma, bronchite, dores de peito e tisica. E é o melhor anodyno nos ultimos momentos d ’esta terrivel enfermidade”.

Obtiveram o registo e depósito nos termos do artigo 28º da lei de 4 de junho de 1883, conforme consta da publicação.

A primeira marca registada que foi reproduzida no Boletim da Propriedade Industrial foi a nº 1.730, em 28 de dezembro de 1895, sendo a nº 1 da classe 41,desse mês:

CONCEITO DE IMITAÇÃO DE MARCA REGISTADA

3 = A Carta de Lei de 21 de maio de 1896 deu enorme contribu-to para o desenvolvimento da propriedade industrial em Portugal: na verdade, não só tratou de três importantes direitos ainda sem lei – os modelos e desenhos industriais e o nome industrial ou comercial – como se ocupou, também, da concorrência desleal e do Boletim da Propriedade Industrial.

4 = Relativamente às marcas, completou certos aspetos da Carta de Lei de 4 de junho de 1883, parecendo importante destacar os seguintes artigos:

a) O artigo 60º define a marca comercial ou industrial da seguinte forma:

“É considerada marca industrial ou commercial qualquer signal que sirva para distinguir os productos de uma industria ou os objetos de um commercio.”

b) O artigo 61º é igualmente importante :

“Para que uma marca possa considerar-se propriedade exclusiva é essen-cial que tenha sido registada.” c) O § único do artigo 62º limita o direito de propriedade às clas-ses e com o respetivo registo:

“O direito de propriedade de uma marca é limitado á classe de objetos para que foi registada.”

d) O artigo 67º acabou com o registo perpétuo :

“Artigo 67.º A duração do privilegio exclusivo, que deriva do facto do registo, é de dez annos.

§ único. Este registo pôde renovar-se indefinidamente por períodos de dez annos, mediante pedido de renovação, feito durante o ultimo anno.”

e) O artigo 78.º manda publicar os pedidos de registo no Boletim da Propriedade Industrial:

“Dos pedidos para o registo de marcas far-se-há aviso no Diario do

Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial

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PROPRIEDADE INDUSTRIAL

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Governo e no Boletim da propriedade industrial.

f ) O artigo 80.º é importantíssimo:

“Os registos são feitos por classes, segundo a natureza dos productos”

g) O artigo 90.º mantem a prioridade da marca usada por prazo inferior a 6 meses, tal como o artigo 6º, §§ 1º e 2º, da Carta de Lei de 1883:

“Artigo 90.º O que primeiro tiver usado de uma determinada marca, embora a não haja depositado e registado, poderá, todavia, reclamar contra o deposito e registo que, em nome de outrem, se pretenda fazer, ou se haja feito, de marca idêntica, ou que com aquella se possa confundir.

§ único. Nenhuma reclamação poderá ser admitida quando tiverem de-corrido mais de seis mezes, a contar da data do deposito e registo, que se houver feito, ou quando o reclamante houver usado da sua marca por mais de seis mezes, sem, durante esse tempo, haver requerido o respetivo deposito e registo.”

h) O artigo 92.º esclarece as consequências da falta de renovação do registo :

“Quando, findo o praso do registo, não haja renovação, a marca cae no domínio publico”.

5 = Mas vejamos o artigo 91.º, que é o mais importante para o nosso estudo:

“Entende-se por imitada a marca que, sendo destinada a objetos da mesma classe, é total ou parcialmente similhante a outra registada, e tão pouco que só por confrontação se podem facilmente distinguir as duas.”

Esta disposição, que define o conceito de imitação de marca regis-tada, é de uma infelicidade única :

a) Está errada, ao estabelecer que a marca a registar possa ser imi-tada pela que está efetivamente registada;

b) A marca deve ser “total ou parcialmente semelhante a outra registada” – mas a seguir diz : e tão pouco que …

c) Mas não explica como sendo tao pouco só por contrafação po-dem distinguir-se. É, na verdade, uma autêntica desgraça …

A necessidade de confrontação para distinguir as duas marcas pa-rece um erro enorme, que foi também adotado pelo Código de 1940 (artigo 94º), quási meio século mais tarde – embora com algumas alterações – e pelos Códigos que se seguiram, de 1995, 2003 e 2008!

Dizer que para haver imitação é preciso que as marcas sejam

tão pouco diferentes

que só por confrontação se podem facilmente distinguir, é quasi dizer que só há imitação quando as marcas são iguais!

É certo que o “Parecer” da Camara Corporativa aconselhava a eliminar esse artigo da Proposta do Código, mas a Assembleia Nacional, pela insistência de dois Professores de Direito, decidiu manter a disposição.

É o que veremos, com mais pormenor, ao tratar do Código de 1940.

“A necessidade de confrontação para distinguir as duas marcas parece um erro enorme, que foi também adotado pelo Código de 1940 (artigo 94º), quási meio século mais tarde – embora com algumas alterações – e pelos Códigos que se seguiram, de 1995, 2003 e 2008!”

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A OZ ENERGIA posiciona-se entre os quatro maiores distribuidores de gás embalado em Portugal e gera ativos distribuídos por quatro áreas de negócio. An-tes de abordarmos outras questões, de que forma tem a OZ Energia conquistado o mercado nacional e quais as características da marca que fazem da mes-ma um importante “parceiro” dos consumidores?A OZ Energia ambiciona ser reconhecida e perce-cionada pelos seus clientes e parceiros como uma marca de Confiança. Contudo, reputação e credi-bilidade apenas serão valorizadas se, a montante, a empresa preparar toda a sua atividade ao longo da cadeia de valor para que todos os processos sejam rigorosamente monitorizados e cumpridos. A título de exemplo, não basta afirmar que somos a empresa com maiores preocupações de segurança, na prática é preciso garantir que a segurança está presente em todos os momentos. Todas as nossas garrafas estão equipadas com uma válvula de segurança, e somos a única marca no mercado a disponibilizá-la em todas as taras. Os consumidores estão cada vez mais aten-tos e informados pelo que na OZ Energia só anun-ciamos o que possa ser claramente cumprido.Em particular, nos últimos dois anos e meio o foco passou do negócio para o cliente. Começámos por arrumar a casa – definiu-se uma Missão, Visão e Va-lores que fossem transportadas para o cliente final. Os valores foram partilhados por toda a nossa rede e consolidados num serviço ao cliente cada vez mais cuidado e personalizado. O nosso crescimento, num mercado maduro e fortemente competitivo, é a prova do reconhecimento dos clientes.

De que forma têm a inovação e a tecnologia sido fun-damentais para que consigam elevados níveis de de-sempenho e confiança?A utilização mais intensiva das novas tecnologias tem permitido obter uma customização que no passado não era nem uma preocupação da gene-ralidade das empresas, e muito menos economi-camente viável. Este desenvolvimento tecnológico dá-nos mais in-centivo para encontrar soluções de negócio num cur-to espaço de tempo cada vez mais personalizadas às diferentes características dos nossos clientes.

O que marca a diferença entre a OZ ENERGIA e os res-tantes concorrentes? Qual o atual posicionamento da marca em território luso?A OZ Energia tem a ENERGIA que os outros não têm. A nossa dimensão permite-nos outro tipo de aptidões: versatilidade, flexibilidade, resposta à mu-dança são uma constante no nosso dia a dia. Mesmo crescendo, estas características têm-se mantido, en-

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Reputação, credibilidade e prestígio! São três pilares que perpetuam determinadas marcas como as melhores do mercado. Este é um «trilho» que não é fácil de realizar e somente apostando em pilares de excelência se consegue atingir esse patamar. A

OZ Energia é o exemplo claro de uma marca que chegou ao topo, mas que não pretende ficar por aqui, pois quer continuar a promover a qualidade, a transparência e a confiança perante o mercado e os seus clientes/parceiros. A Revista Pontos de Vista

conversou com Emanuel Freitas, Presidente do Conselho de Administração da OZ Energia, uma marca de referência no mercado e que, de entre os principais players deste setor, é o único com identidade e capitais 100% portugueses. Nesta conversa, foram

diversos os pontos abordados, sem esquecer que a OZ Energia voltou a ser líder na satisfação do cliente em gás de garrafa, segundo o ECSI Portugal – Índice Nacional de Satisfação do Cliente (ECSI Portugal), um sistema de medida da qualidade dos

bens e serviços disponíveis no mercado nacional, por via da satisfação do cliente. Saiba mais.

“TEMOS A AMbIÇÃO DE SER UMA empresa líder no setor em que atuamos”

AS MELHORES MARCAS 2015

raizadas numa equipa coesa e numa rede de Parceiros forte onde privilegiamos as relações de confiança. A OZ Energia é uma empresa que acredita no espí-rito e tradições da Portugalidade e tem orgulho em ser Portuguesa. Sobretudo no Gás Embalado, somos reconhecidos pela segurança, proximidade ao cliente e por proporcionarmos um serviço diferenciado.

Gerem ativos em quatro áreas de negócio: OZ ENER-GIA Gás, OZ ENERGIA Fuels, OZ ENERGIA Jet e OZ ENERGIA Canalizado. Quais as mais-valias de cada

segmento de negócio e existe alguma vertente que tenha maior preponderância, comparativamente com as outras, no volume de negócios da marca?A OZ Energia surge no mercado em 2009 com esta identidade por via da aquisição de parte dos ativos da operação da Esso Portuguesa. Uma operação insta-lada no mercado português há cerca de 40 anos per-mitiu que estes ativos nos proporcionassem a conti-nuidade dos negócios do GPL (garrafa e granel) e combustíveis para a aviação. Posteriormente, numa perspetiva de desenvolvimen-to e consolidação dos ativos existentes, optou-se por um crescimento horizontal que incluiu o desenvolvi-mento de negócios nas áreas da comercialização de combustíveis líquidos, e GPL Canalizado.Mais recentemente, e para responder às crescentes preocupações de sustentabilidade ambiental, estamos a implementar novas áreas de negócio.Naturalmente o GPL é a área de negócio mais de-senvolvida mas, as mais importantes, serão sempre aquelas que contribuírem para a sustentabilidade da OZ Energia a longo prazo.

Foram criados com base num projeto sólido e de va-lor acrescentado, assente em valores diferenciado-res, que vos permitam desenvolver a vossa posição no mercado e assegurar um crescimento sustentado. De que forma têm promovido um compromisso com os vossos clientes e parceiros assente em valores de proximidade, confiança e inovação? O complemento das várias ofertas potencia o alarga-

“A oZ Energia é percecionada como marca de referência junto do público-alvo, consumidor de gás em garrafa. A qualidade do serviço que norteia a nossa atividade está replicada na distribuição de outros produtos e serviços, mas não é ainda plenamente reconhecida por clientes de outros segmentos de mercado”

EmANuEl FREITAS

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mento, a diferenciação e o crescimento do negócio da OZ Energia em diferentes segmentos de mercado.A aposta na biomassa, concretamente na distribuição e comercialização de Pellets certificados, com dife-renciação através do serviço de entrega, é um fator de conveniência e comodidade reconhecido pelos clien-tes. Apresentámos à nossa rede de parceiros outras valências que complementam a sua atividade: pel-lets, equipamentos de queima e serviços associados. Adicionalmente, trata-se de uma fonte de energia limpa, sem pegada ecológica e estamos a contribuir positivamente para a eficiente exploração da fileira nacional.

O facto de terem nascido no panorama energético com um posicionamento assente numa identidade 100% portuguesas aporta-vos outro nível de exigên-cia perante o mercado português? Sem dúvida! Dos players de referência do merca-do somos o único com identidade e capitais 100% portugueses. Competimos com multinacionais que operam à escala mundial, contudo temos valências e vantagens que são reconhecidas pelo nosso público--alvo. No atual ambiente económico, acabamos por ter a vantagem da nacionalidade.Ainda que o Gás seja importado, todo o restante pro-cesso de incorporação de valor no produto é desen-volvido em Portugal, por parceiros portugueses.Para exprimirmos a nossa Portugalidade, fomos pio-neiros na criação de uma inovadora e moderna lin-guagem iconográfica que nos distinguiu dos nossos concorrentes. A estratégia passou por comunicar nas próprias garrafas o Orgulho de sermos Portugueses (entretanto seguida por mais alguns players). Usamos a garrafa como veículo de comunicação, tratando-a como uma embalagem e não apenas como “dispen-sadora” de gás.

A OZ ENERGIA possui um terminal independente para a importação e armazenamento de GPL, Fuels e Lubrificantes, cujas instalações oferecem suporte aos restantes negócios do Grupo OZ. Este elemento dife-renciador tem sido essencial na dinâmica da marca?A OZ energia dispõe de uma rede de distribuição e infraestruturas sólidas com cobertura a nível na-cional. O terminal marítimo, localizado numa zona privilegiada a Sul de Lisboa, proporciona condições estruturantes para o nosso desenvolvimento. Consideramos este ativo fundamental para a perse-cução da nossa estratégia de crescimento e conso-lidação. Portugal sempre obteve sucesso quando se vira para o mar!

O ECSI Portugal – Índice Nacional de Satisfação do Cliente (ECSI Portugal) é um sistema de medida da qualidade dos bens e serviços disponíveis no mer-cado nacional, por via da satisfação do cliente. A OZ Energia volta a ser líder na satisfação do cliente em gás em garrafa. Que importância tem este reconhe-cimento? Trata-se de uma distinção que nos é atribuída pelos consumidores pelo segundo ano consecutivo. Este reconhecimento é partilhado com a rede de Parceiros OZ Energia que todos os dias trabalha com com-petência, integridade e transparência aproveitando a distribuição domiciliária do gás como um ponto de contacto essencial que contribui para a retenção e fidelização dos clientes. Esta proximidade dá-nos muita informação sobre expectativas, necessidades e inovações a implementar.

Alcançaram uma pontuação superior a 8 pontos, numa escala de 0 a 10, na esmagadora maioria dos

Quais são os principais desafios e priorida-des da OZ ENERGIA de futuro? O que pode-mos esperar da marca em 2016? É expectável aparecermos com uma nova di-mensão OZ Energia. Estamos a desenvolver diferentes gamas de produtos e novas formas de comercialização associadas a uma oferta integrada de energia. Estes modelos estão mais ajustados às necessidades e disponibilidades financeiras dos Clientes. Queremos inovar, quer nos produtos/serviços quer no próprio modelo de distribuição e comercialização. Em 2016, al-guns dos projetos em curso irão ser materializa-dos e alavancados numa logica de sustentabili-dade ambiental, um tema que nos desafia.

Que mensagem gostaria de deixar a todos os parceiros e clientes da OZ ENERGIA? O nosso reconhecimento e sucesso enquanto atores no mercado é diariamente construído pelas nossas práticas de boa gestão. A atuação está focada na sustentabilidade, com uma preo-cupação acrescida na atividade dos nossos par-ceiros e na vida e bem-estar dos nossos clientes. Pretendemos que mantenham a confiança na OZ Energia e para isso continuamos a procurar as melhores soluções e serviços, que pela sua comodidade, se adeqúem a diferentes estilos de vida. A nossa rede de parceiros, pela sua ca-pilaridade, alcança todos quantos pretendam beneficiar de um serviço único e personalizado.A nossa vocação tem de ser ir mais além, temos de fazer melhor e oferecer um serviço de exce-lência. Por isso, a nossa atuação é pautada por valores como a Integridade e Transparência, Competência, Proximidade ao cliente, Seguran-ça e Ambiente. A confiança dos nossos Clientes e Parceiros é o ativo mais valioso que temos à nos-sa guarda, o único verdadeiro tributo ao nosso desempenho e aquele que nos motiva perma-nentemente.

“A oZ Energia é uma empresa que acredita no espírito e tradições da portugalidade e tem orgulho em ser portuguesa. Sobretudo no Gás Embalado, somos reconhecidos pela segurança, proximidade ao cliente e por proporcionarmos um serviço diferenciado”

indicadores avaliados. Que significado tem este nível de aceitação por parte das entidades responsáveis e pelo consumidor? Com estes níveis de recetividade, o que ainda falta para que a OZ ENERGIA seja ainda mais reconhecida?A OZ Energia é percecionada como marca de refe-rência junto do público-alvo, consumidor de gás em garrafa. A qualidade do serviço que norteia a nos-sa atividade está replicada na distribuição de outros produtos e serviços, mas não é ainda plenamente reconhecida por clientes de outros segmentos de mercado. Estamos a desenvolver um plano de comu-nicação integrado para ganharmos maior visibilidade enquanto marca junto do publico em geral.

Estes resultados revelam que a aposta pela fideliza-ção dos clientes atuais e a conquista de novos clien-tes, foi o rumo mais acertado?Claro! Os processos de liberalização dos mercados conduzem sempre a um maior dinamismo e trans-parência, muitas vezes com a consequente redução significativa de margens. Os consumidores são os principais beneficiados e têm também acesso a cada vez mais informação. É um desafio constante, num mercado tão sensível ao preço, angariar e manter os clientes. Na OZ Energia tentamos usar a criatividade para melhorar o serviço e a proximidade ao cliente acaba por ser o fator determinante e diferenciador. Os clientes confiam, escolhem-nos, mantêm-se e recomendam-nos.

Que análise perpétua do setor em que atuam, que, como sabemos, é sempre alvo de um grande escru-tínio? A energia é um bem de primeira necessidade e com um uso cada vez mais intensivo nas sociedades mo-dernas. Tem sido algo populista proporem-se medi-das reguladoras, num mercado liberalizado, em que ele próprio se auto regula pelas regras da oferta e da procura. A nova regulamentação proposta pelo executivo introduz estrangulamentos operacionais ao funcio-namento do processo de distribuição e denota um afastamento da realidade, pela simples impossibilida-de da aplicação razoável de várias medidas propostas. A faze-lo temos mais Estado, mais organismos pú-blicos, mais custos. Do lado das operadoras, teremos custos de implementação e um processo moroso. Naturalmente a qualidade do serviço será afetada, sobretudo na distribuição domiciliária. Antecipa-se a perda de pequenos pontos de distribuição de gás. A dificuldade de implementação dos procedimentos e falta de recursos desmotivará muitos pequenos agen-tes e o acesso fácil a este bem essencial para muitas famílias. Estas medidas, ao invés de aumentar a competitivi-dade, acrescentam carga administrativa e desincenti-vam a realização de investimentos. O consumidor é sempre e em última instancia o mais prejudicado. Os custos de implementação de procedimentos desajus-tados oneram o produto e repercutem-se ao longo da cadeia de valor.

O caminho da OZ ENERGIA é alcançar a liderança no mercado português do setor da Energia? O que ainda falta?Temos a ambição de ser uma empresa de referên-cia no setor em que atuamos. Por via da satisfação do cliente estamos também a crescer em novas áreas que estamos a implementar. Queremos ser líderes na inovação, na apresentação de soluções diferenciado-ras, levando o incremento tecnológico até aos nos-sos clientes. Não somos seguidores, temos definida a nossa própria estratégia e seguimo-la mas sempre atentos às mudanças e alterações de mercado. Queremos ser mais aspiracionais, queremos ser a Energia dos bons momentos, queremos pro-porcionar momentos de bem-estar e felicidade, queremos ser a marca de energia preferida pelos portugueses.

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AS SOCIEDADES DE PROPóSITO ESPECÍFICO NO bRASIL

O tema em causa trata-se de uma especificidade societária muito em voga apenas no regime jurídico Brasileiro, pelo que, o que se propõe é uma pequena perspectiva deste regime e como pode ser vantajoso em situações pontuais para alguns empresários que

queiram entrar no mercado Brasileiro.

A opINIÃo DE Manuel Teixeira Gomes, Advogado na Sociedade “Gameiro e Associados”

Para compreender as Sociedades de Propósito Específico (SPEs) constituídas por micro, pequenas e médias empresas (PMEs ou MPEs no Brasil designado) é preciso destacar a evolução legisla-tiva, que depois de uma série de tentativas de desenvolvimento e

modificação de legislação relativamente à criação de consórcios no Brasil, em dezembro de 2008, foi promulgada a Lei Complementar nº 128, eli-minando a figura do Consórcio Simples na Lei Geral, e introduzindo a Sociedade de Propósito Especifico constituída exclusivamente de PMEs. A Lei Complementar nº 128 alterou o artigo 56 da Lei Geral das PMEs (LC nº 123/06), introduzindo a figura da Sociedade de Propósito Específico, constituída exclusivamente de microempresas e empresas de pequeno porte. A SPE, é uma sociedade com personalidade jurídica, com contabilidade própria bem como todas características comuns às sociedades por quotas ou anónimas mas criada para situações específicas tendo em vista um único projeto, bem como as necessidades que gravitam à volta desse mesmo proje-

to, sendo que tradicionalmente, as SPEs são utilizadas em projetos de enge-nharia e construção, com ou sem a participação do Estado. É também uma sociedade patrimonial que, ao contrário dos consórcios, pode adquirir bens móveis, imóveis e participações. O conceito de Sociedades de Propósito Es-pecífico já está presente na prática das grandes empresas, principalmente por se tratar de uma modalidade de joint venture (equity ou corporate joint venture), mas também pode ser utilizado pelas micro e pequenas, também conhecida no Brasil como Consórcio Societário, devido às suas semelhanças com a tradicional forma de associação denominada Consórcio Contratual. Porém, as SPE apresentam características especiais que as tornam mais se-guras e práticas nas relações entre as empresas. No Brasil, assistimos nos últimos anos ao aumento de renda da população, em especial das denominadas classes c e d, o que conferiu uma certa estabilidade e crescimento económico, gerando condições favoráveis para o desenvolvimen-to das empresas. Com este desenvolvimento e com esta alteração legislativa,

CPLP -ESTRATÉGIAS DE EXPANSÃO

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verificou-se também um florescimento deste modelo societário, e nesse con-texto, a cooperação entre as empresas tem-se destacado como um meio capaz de torná-las mais competitivas. Fortalecer o poder de compra, compartilhar recursos, combinar competências, dividir o ónus de realizar pesquisas tecno-lógicas, partilhar riscos e custos para explorar novas oportunidades, oferecer produtos com qualidade superior e diversificada são estratégias cooperativas que têm sido utilizadas com mais frequência, demonstrando novas possibili-dades de atuação no mercado. Várias dessas estratégias cooperativas ganham um carácter formal de organização e caracterizam-se como “Empreendimen-tos Coletivos”. A legislação brasileira possibilita várias modalidades de forma-lização desses empreendimentos, entre os quais se destacam as Associações, as Cooperativas, as Centrais de Negócios, os Consórcios de Empresas, as Em-presas de Participação Comunitárias, as Sociedades de Propósito Específico, a Sociedade Garantidora de Crédito, entre outras. Ora, nos dias que correm, num processo por exemplo de expansão de um negócio através da entrada no mercado Brasileiro, os desafios são muito grandes mas oportunidades também. Perante tais desafios e com o intuito de mitigar os riscos para as micro, pequenas e médias empresas é cada vez mais óbvia a conclusão de que as empresas que se mantiverem isoladas, agindo sozinhas, terão maiores dificuldades em enfrentá-los e em manterem a sua competitividade. Isso é particularmente acentuado para as PMEs, que

acessam com mais dificuldade as linhas de crédito e apresentam carências por culpa da sua pequena estrutura. Então, aprender a trabalhar em con-junto, estabelecendo e mantendo relações de parceria, passa a ser uma nova fronteira para ampliar a competitividade das PMEs.Assim, através da criação de uma SPE se retira que unindo forças as PME podem, sem perder a sua individualidade, criar vantagens em relação aos concorrentes, como por exemplo na redução de custos com seguros; pos-sibilidade de armazenamento em conjunto e regularidade na logística de entrega; participação em processos com volumes mínimos de aquisição re-dução de custos com o processo de exportação; maior competitividade nas licitações; etc. A minimização de diferenças entre empresas grandes e pe-quenas é a grande vantagem da criação de uma SPE, que permite ao mesmo tempo entrar no mercado em força, e com a devida segurança jurídica que é dada pelo inovador modelo societário assim como a postura do mercado perante este mesmo modelo cada vez mais usado e aceite.Concluindo, cumpre apenas reforçar que, devidamente conhecida toda a realidade jurídica existente que envolve as SPE, o empresário que pondere um investimento no mercado Brasileiro (ou mesmo aquele que já estando inserido nesse tecido empresarial) vê-se munido de mais uma ‘ferramenta’, para enfrentar um mercado gigantesco e retirar para si o maior sucesso pos-sível dentro das opções disponíveis.

“Devidamente conhecida toda a realidade jurídica existente que envolve as SpE, o empresário que pondere um investimento no mercado Brasileiro (ou mesmo aquele que já estando inserido nesse tecido empresarial) vê-se munido de mais uma ‘ferramenta’, para enfrentar um mercado gigantesco e retirar para si o maior sucesso possível dentro das opções disponíveis”

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Por fim, lançar-lhe-ia um desafio. Para si ser parceiro da CPLP é…?É caminhar de mãos dadas, ao encontro da alma que ainda falta ao corpo que é a CPLP.

Assumiu o cargo de Secretário Executivo da CPLP em setembro de 2012, sucedendo na altura a Domingos Simões Pereira. Decorridos sensivelmente três anos, que balanço é possível “desenhar” deste período? Que cunho tem procurado deixar nesta entidade?A CPLP é uma obra em progressão, uma Comuni-dade em construção com alicerces que já eram bas-tantes sólidos quando assumi funções, aos quais pro-curei dar continuidade e acrescentar solidez. Porém, continuamos a ambicionar mais e a procurar evoluir com a experiência institucional adquirida nestes quase 20 anos. Duas décadas que, paulatinamente e progressivamente, vão dando consistência e credibi-lidade à CPLP.

Nesta tarefa que considera “hercúlea” e que abraçou no início destas funções, comprometeu-se a construir uma Comunidade voltada para os interesses dos Estados-Membros e dos seus cidadãos. Diariamente, que obstáculos tem de enfrentar para cumprir este desígnio?A CPLP está limitada, ou seja, apresenta algumas barreiras estruturais, como por exemplo, a exigui-dade de recursos ou a capacidade do Secretariado Executivo não ir além de determinadas balizas. No entanto, insistimos buscar formas de ajudar no cres-cimento económico e no desenvolvimento social dos Estados-membros. Intensificamos novos espaços de atuação, como a cooperação empresarial, o reforço do potencial da Língua Portuguesa e a criação de redes de conhecimento, ao mesmo tempo que queremos apostar na mobilidade de pessoas e na formação de recursos humanos. Ambicionamos ser sentidos pelos Estados e pelos seus cidadãos, ser uma Organização Internacional mais útil, pelo que estamos a desenhar uma Nova Visão Estratégica para submeter aos Che-fes de Estado e de Governo, em julho de 2016.

Nos três pilares considerados estratégicos para a Co-munidade, nomeadamente a concertação-política--diplomática, a cooperação para o desenvolvimento e a promoção e difusão da Língua Portuguesa, o que tem sido possível fazer?Temos feito muito mais do que parece, mas menos do que queríamos. Não obstante, a nossa Organi-zação posiciona-se, cada vez mais, como um ator global: “CPLP e Globalização” foi o lema eleito por Timor-Leste, pela presidência em exercício da nossa Comunidade.Na generalidade, a CPLP está mais credível e, nos úl-timos três anos, foram adotados Planos Estratégicos nas áreas da Segurança Alimentar e Nutricional, na Cultura, no Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, para além da Educação. No âmbito da cooperação para o desenvolvimento, em particular, temos dado passos sólidos e produzido um importante norma-tivo, ao longo destes anos. Institucionalizamos a di-

“Temos de ir mais além. A CPLP pode intensificar a cooperação para o desenvolvimento de setores cruciais, das mobilidades do cidadão, do conhecimento científico, da arte e do desporto e para a facilitação dos fluxos de comércio e investimento. Se concretizarmos estes aspetos nos próximos anos, será notável e eficazmente fundador, finalmente, de uma verdadeira Comunidade”, afirma Murade Murargy, Secretário Executivo da CPLP, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Uma grande

entrevista com o principal rosto da CPLP desde 2012 e que muito tem contribuído para que esta instituição tenha evoluído e crescido, porque a CPLP é uma «camisola» difícil de despir.

“PREOCUPAMO-NOS COM O desenvolvimento sustentável”

GRANDE ENTREVISTA

mensão da Energia e empenhamo-nos na coopera-ção económica, estreitando ainda mais os laços com a Confederação Empresarial da CPLP. No corrente mês de novembro, reúne-se em Díli o CONSAN – Conselho de Segurança Alimentar e Nutriional da CPLP, um encontro de governos e sociedade civil em torno da segurança alimentar. Sublinho, ainda, a cooperação que a CPLP tem vindo a tentar erguer em matéria de Oceanos, Juventude ou Saúde, entre outras, existindo planos estratégicos multilaterais. No campo da concertação, muito há a destacar mas

vou realçar a nossa capacidade mobilizadora para co-locar cidadãos dos nossos países em importantes car-gos do Sistema Internacional, onde somos ouvidos nos grandes palcos internacionais. Desempenhámos um papel relevante no apoio à estabilidade na Gui-né-Bissau, em conjunto com os Estados-membros, e partilhamos sempre a preocupação com a estabili-dade, com a Defesa da Democracia e do Estado de Direito, uma com merecida evidência, onde incluo as nossas missões de observação eleitoral.Ao nível da concertação politica, Igualmente, admi-timos um nono Estado-membro de pleno direito, a Guiné Equatorial, e mais quatro Estados como ob-servadores associados.

Acredita que não é por acaso que o Japão, Turquia, Namíbia, Geórgia, Maurícias e Senegal quiseram tor-nar-se Observadores Associados da CPLP, existindo já vários outros candidatos. Estamos perante o gigante CPLP que finalmente tem despertado interesse?A CPLP - e o espaço geográfico englobado - gera apetência e desperta interesse, tanto económico como sócio cultural. Enquanto organização Internacional, é conhecida e credível apesar de enfrentar a necessi-dade de ser munida com instrumentos e mecanismos capazes de estimular uma atuação mais dinâmica no processo de desenvolvimento dos Estados-membros. Por ser pluricontinental, pelos Estados-membros pertencerem a blocos de integração económica, as estruturas orgânicas e o posicionamento da CPLP têm beneficiado de alguma evolução desde a sua fun-dação, tendo-se verificado uma sólida abertura insti-tucional ao exterior. Por parte dos nossos observadores associados, es-tamos satisfeitos porque têm participado em parte dos trabalhos da CPLP: Em julho, Japão, Turquia e Geórgia participaram no XX Conselho de Ministros, relatando os enormes avanços registados em matéria de disseminação da Língua Portuguesa e da Cultura dos nossos países nestes Estados. No passado mês de junho, por exemplo, o Japão participou e esteve muito empenhado na nossa conferência internacio-nal sobre Energia.

O tema da energia é uma questão estratégica funda-mental para o desenvolvimento económico e social dos Países de Língua Portuguesa. Todos têm um con-siderável potencial energético. Está a ser bem apro-veitado?Os nossos Estados abordam a questão energética com empenho. Evidentemente, podemos otimizar com a cooperação. A abordagem da dimensão ener-gética da CPLP tem em linha de conta a matriz do conjunto de países, nomeadamente, as suas principais fontes de energia não renováveis e as suas principais renováveis. Considera-se os chamados “novos” re-cursos: petróleo ultraprofundo/não convencional,

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“Com esta partilha a fortalecer o espaço da Cplp, a ação coletiva no panorama internacional pode influenciar a definição e concretização de políticas relevantes na energia, alterações climáticas e no desenvolvimento sustentável, grosso modo, e quem sabe, no futuro, nos mercados de energia”

muRADE muRARGY

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gás natural xistoso/não convencional. Consequen-temente, olhamos para a indústria transformadora associada: upstream e downstream de petróleo, de gás natural, e a produção, transporte e distribuição de eletricidade. Se falamos de Energia, observamos ainda os serviços de eficiência energética e a gestão integrada da procura e, particularmente, a relação do setor da energia com o desenvolvimento económico e social. Então, podemos melhorar o aproveitamento neste setor com a cooperação da CPLP consubstan-ciada na partilha de recursos energéticos, humanos, financeiros e de conhecimento científico em Língua Portuguesa, para além do estreitamento das relações empresariais.Com esta partilha a fortalecer o espaço da CPLP, a ação coletiva no panorama internacional pode influenciar a definição e concretização de políticas relevantes na energia, alterações climáticas e no de-senvolvimento sustentável, grosso modo, e quem sabe, no futuro, nos mercados de energia.

A direção da CPLP vai no sentido de traçar uma linha de cooperação vantajosa para todos, desenvolvendo esta capacidade energética nas suas várias vertentes. Que trabalho tem sido promovido?Na presidência moçambicana, em 2014, decidiu-se institucionalizar a reunião de Ministros da Energia. Ainda em 2014, o Conselho de Ministros da CPLP apro-vou a proposta de Timor-Leste para criação de um “Grupo Técnico de Estu-do”, aberto à participação dos Estados membros, para a exploração e produ-ção conjuntas de hidrocarbonetos no espaço da CPLP e o estabelecimento de um consórcio para a exploração pe-trolífera no onshore de Timor-Leste, aberto à participação das várias em-presas da Comunidade. Em 2015, ti-veram lugar a I Reunião de Ministros da Energia da CPLP, realizada em Cascais, e a I Conferência Energia para o Desenvolvimento da CPLP, realizada no Estoril. Lançámos o livro “Energia na CPLP” e estamos quase a lançar na Internet uma base de dados e estatísticas. Em tempo recorde, o potencial geoes-tratégico está reconhecido e procura-mos, agora, incrementar e melhorar as parcerias, o ambiente de negócios e o investimento, tal como os modelos de cooperação, a partilha e o reforço da produção de conhecimento e a sua aplicação no espaço da CPLP.

A queda do preço do petróleo criou dificuldades a alguns países da CPLP mas, na sua opinião, esta situ-ação poderá também trazer vanta-gens e mudanças. Tem havido essa reflexão? Há cada vez mais a cons-ciência de que é premente diversi-ficar as economias?Sim, há a perfeita consciência do desafio da transformação, da diversificação económica. Quere-mos ser úteis aos Estados-mem-bros na busca de opções para a expansão da base produtiva, dando sustentabilidade e crescimento à economia dos países. Pretendemos

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ajudar nas sinergias para a expansão da base eco-nómica nos domínios do turismo, do agronegócio e da pesca, da agricultura, dos transportes, comu-nicações, energia, entre outros setores económicos potencialmente dinâmicos.Pelo contexto geográfico, a CPLP pode ajudar ci-dadãos, empresas e Estados a encontrar comple-mentaridades e mais-valias de interligação na res-petiva integração regional de cada um dos nossos Estados-membros. A esta capacidade de projetar a CPLP, a língua portuguesa, os negócios, a política, o conhecimen-to e a cultura de todos e de cada um em diferentes comunidade económicas regionais, junta-se a re-cetividade por parte de outras estruturas interna-cionais, como no potencial existente de parcerias com outras organizações, como é o caso do Fórum Macau e da Organização dos Estados Ibero-Ame-ricanos, entre outras possibilidades.

A energia é um elo que liga os Estados da CPLP mas existem outras potencialidades, por exemplo ao ní-vel dos recursos marítimos. Quais são os principais desafios e oportunidades para os países da CPLP?Neste enquadramento da cooperação multilateral da CPLP, a gestão adequada dos recursos vai con-tribuir para a economia e a estabilidade das nações e para o fortalecimento das relações entre os paí-ses. A estratégia conjunta contempla a diversidade de realidades existentes nos Estados-membros, a nível económico-social e geográfico. Há uma ampla oportunidade para a cooperação interna-cional concertada em domínios essenciais para o desenvolvimento sustentável das atividades ligadas ao mar. Com a estratégia dos oceanos tornou-se fundamental o tratamento transversal e integrado dos diversos assuntos e atividades. A Estratégia da CPLP para os Oceanos está assente nos pilares do princípio do desenvolvimento sustentável, a nível ambiental, social e económico. Promovendo os princípios estabelecidos na Con-venção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, podemos contribuir para melhorar a gestão e desenvolvimento sustentável dos oceanos: temos uma abordagem multissetorial, onde se incluem as abordagens de defesa, ambiental, científica, tecnológica, social e económica. Com a extensão das plataformas continentais, maiores serão os re-positórios de recursos e o potencial generalizado do mar sob soberania e jurisdição dos Estados--membros da CPLP.

Apesar das potencialidades, foram já demonstra-das várias preocupações sobre o desenvolvimento sustentável das atividades ligadas ao mar com im-pacto ambiental, económico e social. No seu enten-der, de que preocupações podemos estar a falar?Preocupamo-nos com o Desenvolvimento Susten-tável, lato sensu. Foi o posicionamento assumido entre os nove países e no contexto internacional, nomeadamente, no final de setembro do ano cor-rente, na 70ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Subscrevemos e es-tamos em perfeita harmonia com os objetivos da ONU, os Objetivos de Desenvolvimento Susten-tável (ODS) para o horizonte 2030. Tal como no compromisso da CPLP com os Objetivos de De-senvolvimento do Milénio (ODM), firmado pela cimeira da CPLP em Bissau, em 2006, os Che-fes de Estado e de Governo da CPLP afirmaram em Díli, em 2015, a importância do crescimento sustentável no combate à pobreza e no desenvolvi-mento social e económico.

A coordenação entre Estados deve também pas-sar pelas políticas de Defesa e Segurança. O que deve ser feito a estes níveis?Nunca nos esquecemos das atribuições de coo-perar na Defesa. Mas, destaco também a indisso-ciável Segurança, a tranquilidade pública. Nestes domínios, realço o papel da CPLP na relação de-senvolvida com os Estados-membros para garan-tir o respeito pelas instituições, a independência nacional e a integridade do território, a liberdade e a segurança das populações. Em matéria de Segurança, destaco as decisões do último encontro de ministros desta tutela, no fi-nal do passado mês de outubro, em Díli. Reforçar a cooperação entre as Forças e Serviços de Segu-rança dos Estados-membros da CPLP, especial-mente nos domínios da prevenção da criminali-dade e policiamento de proximidade, proteção da natureza e do Ambiente, Gestão Civil de Crises, Armas e Explosivos, Investigação Criminal, Pre-venção e Combate à Imigração Ilegal e Tráfico de Seres Humanos, é agora uma prioridade. Pretende-se, atualmente, assegurar a interope-rabilidade e fomentar a capacitação, designada-mente, pela participação em formações e exercí-cios conjuntos com outras forças. A cooperação ao nível da administração interna está cada vez

mais substancial, tendo sido já lançadas plata-formas eletrónicas para dinamizar ações de co-operação no âmbito do Conselho de Chefes de Polícia e no âmbito da plataforma da redução de riscos e desastres da Proteção Civil e Bombeiros da CPLP. A Segurança merece destaque, eventualmen-te, grande destaque, pela estreita relação que tem com a mobilidade de pessoas no espaço da CPLP. Asssim, os ministros do Interior fixaram, em Díli, encetar os trabalhos de definição duma proposta de estratégia comum de segurança dos documentos de viagem e estabelecer a meta pre-ferencial para a introdução do passaporte eletró-nico nos Estados-membros da CPLP, até final de 2016, e a ratificação, por quem ainda não o fez, da convenção de isenção de vistos para estudantes.Este espírito de cooperação está, igualmente, pa-tente na dimensão da Defesa, onde evidencio os Exercícios Militares Conjuntos e Combinados da Série “Felino”, desenvolvidos no âmbito da cooperação técnico-militar, os quais têm a finali-dade de permitir a interoperabilidade das Forças Armadas dos Estados-membros da CPLP e o treino para o emprego das mesmas em operações de paz e de assistência humanitária, sob a égide da ONU, respeitadas as legislações nacionais. O

GRANDE ENTREVISTA

“pelo contexto geográfico, a Cplp pode ajudar cidadãos, empresas e Estados a encontrar complementaridades e mais-valias de interligação na respetiva integração regional de cada um dos nossos Estados-membros”

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ciclo 2014-2015 realizou-se em Timor-Leste e Portugal, respetivamente. Na reunião de Chefes de Estado-Maior-General das Forças Armadas da CPLP, decorrida em 2014,  ficou definido que o próximo ciclo 2016-2017 se realizará em Cabo Verde e Angola, respetivamente. 

Tal como foi referido na 42ª Sessão do Comité de Segurança Alimentar Mundial, a CPLP está a me-lhorar a segurança alimentar e nutricional muito graças ao reforço da coordenação sectorial e da participação social. Que trabalho tem sido feito?Cinco dos nove países da CPLP já estabeleceram conselhos nacionais de Segurança Alimentar e Nutricional. No final do corrente mês de novem-bro, vamos realizar uma reunião do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP (CONSAN-CPLP) enquanto plataforma de diálogo entre Governos, Sociedade Civil, Uni-versidades ou Instituições de Ensino Superior, Setor Privado, Parlamentares e Poder Local para a coordenação das ações desenvolvidas nesta área. Sublinho, por outro lado, a cooperação com a FAO, onde realço a implementação do programa de cooperação técnica de apoio à CPLP, seus go-vernos, parlamentos e atores não-governamen-tais na implementação da estratégia de Seguran-ça Alimentar e Nutricional da CPLP, aprovada em 2012.

De que forma a promoção dos pequenos agri-cultores tem sido fundamental para melhorar a segurança alimentar e nutricional em todos os países?A promoção dos pequenos agricultores é crucial porque aumenta a contribuição da economia ru-ral para o combate à pobreza, reforçando a se-gurança alimentar e nutricional. Para conseguir apoiar mais, a CPLP lançou uma campanha, “Juntos contra a Fome”, a qual já concretizou financeiramente dois projetos nos nossos países, em populações mais vulneráveis.

De que forma a CPLP tem sido um pilar funda-mental para questões sociais e de trabalho?Recordo que Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe estabeleceram normas para regular as relações entre os Estados--membros em matéria de Segurança Social, as-sinando a Convenção Multilateral de Segurança Social da CPLP em julho do ano corrente, no Conselho de Ministros, em Díli. Aplica-se às prestações referentes às eventualidades de invali-dez, velhice e morte, ampliando a proteção social aos trabalhadores que migram entre os países da CPLP.Temos de estar conscientes do papel da CPLP, enquanto organização intergovernamental. Como referi anteriormente, outra questão fun-damental é a mobilidade. E, de maneira derra-deira, a Educação e a ciência e tecnologia. Sem a capacitação de homens e mulheres não temos desenvolvimento, não há criação de emprego nem bem-estar social generalizado, não existe sustentabilidade.

Ao nível do ensino superior e da educação, é ne-cessário promover uma política que garanta a equidade de acesso a estudantes provenientes de diversas regiões? O que é urgente fazer?Tenho afirmado que, tal como na Alimentação, a Educação, onde incluo o ensino técnico profis-sionalizante, é um direito humano e uma neces-

sidade fundamental para o exercício da cidadania plena e a promoção da paz. Com Educação, to-dos e cada um de nós podemos ser agentes de Desenvolvimento nos nossos países.Com este posicionamento, em 2015, em Díli, a CPLP aprovou o seu plano estratégico multilate-ral até 2020, um documento orientador em torno de cinco eixos: Informação e Avaliação, Acesso, Capacitação, Qualidade e Língua Portuguesa. Complementando o plano estratégico, foram aprovadas duas resoluções, sobre o «Relatório de Estatísticas da Educação da CPLP» e sobre o «Ensino Técnico profissionalizante na CPLP». São instrumentos para conhecer os sistemas edu-cativos e para um melhor planeamento de proje-tos ou programas de âmbito de cooperação mul-tilateral na CPLP e a segunda resolução é central para a inclusão dos jovens no sistema educativo, a sua capacitação técnica e a promoção da sua empregabilidade.

“A construção do Espaço de Ensino Superior da CPLP é um desafio singular e deverá contar com todas as comunidades académicas que têm a língua portuguesa como instrumento de traba-lho”. Este repto foi lançado por si. Por parte das entidades competentes, tem havido esta consci-ência?Naturalmente. É um esforço de todos, multi-lateral. Está a acontecer: no final deste mês de novembro, vamos reunir responsáveis de cada ministério, Educação e Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, para programar ações concretas. A edificação do «Espaço de Ensino Superior, Ci-ência, Tecnologia e Inovação da CPLP» é uma prioridade para a articulação de sinergias ao ní-vel dos Estados-membros da CPLP. Evidente-mente, laços similares devem ser assinados com as organizações internacionais nestas dimensões, produzindo mais pensamento e conhecimento em Língua Portuguesa, consolidando a coopera-ção académica, científica e tecnológica.É uma cooperação multilateral para ajudar nas políticas estruturante dos processos de transfor-mação social há pouco referidos, potenciadora de soluções sustentáveis para problemas associados às condições e qualidade de vida das populações e para o crescimento económico. O investimento na formação de recursos humanos qualificados é a essência do desenvolvimento.

A título externo à CPLP, a nível profissional, o que é que ainda lhe falta realizar? Enquanto profis-sional, quais são as bases do sucesso de Murade Murargy?Enfim, a título profissional vou sair da CPLP enquanto reformado da carreira de Embaixador, de Moçambique. Não me compete, a mim, julgar o meu sucesso. Agradeço…mas, se porventura tive alguns momentos de sucesso devo devê-los a quem apostou e confiou nas minhas capacida-des e em quem me apoiou, com lealdade. Talvez a minha ponderação venha da formação jurídica obtida na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, antes das independências. Servi o meu país como Embaixador em inúme-ras capitais mundiais e representei Moçambique em algumas organizações do sistema das Nações Unidas. Sempre defendi os valores do Estado de Direito, da Soberania e da Democracia. Acredi-to no desenvolvimento económico para alcançar maior bem-estar social. Acredito na CPLP, uma aposta nesse sentido.

A Comunidade cresceu e está hoje num patamar que obriga a novas exi-gências e gera novos desafios. Na ado-ção de uma nova visão estratégica da CPLP para o futuro, o que podemos continuar a esperar de si e desta co-munidade?Termino o meu mandato em julho do pró-ximo ano. Até essa altura, estarei a cumprir o meu mandato. Depois disso, estarei sem-pre a acompanhar a CPLP…é uma “cami-sola” difícil de despir. A CPLP será o que os Estados-membros desejarem. Na próxima cimeira de julho, no Brasil, deve ser apresentada uma Nova Visão Estratégica, idealmente com uma agenda bem definida e objetivos claros, or-ganigrama e orçamento adequados para a nossa atuação ser relevante e útil para os Estados-membros e os seus cidadãos. Temos de ter outras ferramentas para ga-nhar maior consistência enquanto Comu-nidade.Temos de ir mais além. A CPLP pode in-tensificar a cooperação para o desen-volvimento de setores cruciais, das mo-bilidades do cidadão, do conhecimento científico, da arte e do desporto e para a facilitação dos fluxos de comércio e inves-timento. Se concretizarmos estes aspetos nos próximos anos, será notável e eficaz-mente fundador, finalmente, de uma ver-dadeira Comunidade.

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A PROTEÇÃO SOCIAL no contexto dos sistemas alimentares

A opINIÃo DE Hélder Muteia, Responsável do Escritório da FAO em Portugal e junto da CPLP

CPLP -ESTRATÉGIAS DE EXPANSÃO

O s sistemas alimentares são preferencialmente analisados em função da sua capacidade de garantir a disponibilidade de alimentos, atra-vés da sua produção primária na agricultura,

pecuária, pesca, aquacultura, apicultura, etc.Essa aceção restritiva tem vindo a sofrer mudanças, à medida que os sistemas alimentares se tornam mais complexos, e à medida que se aprofunda o conhecimen-to e compreensão sobre os mesmos.Embora a abordagem da proteção social, como hoje a conhecemos, seja muito recente, e só nas últimas dé-cadas alguns dos seus instrumentos tenham sido ado-tados como prática generalizada nos sistemas políticos e governativos no mundo desenvolvido, na sequência da revolução industrial e da instituição do chamado Estado Social, a ideia da solidariedade é milenar e in-trínseca à natureza humana. A solidariedade familiar e comunitária sempre esteve presente desde as sociedades primitivas, e sempre foi e será um elemento essencial do processo organizativo e evolutivo da natureza humana.Olhando para as principais caraterísticas dos sistemas alimentares modernos, nota-se que algumas delas são surpreendentes, chocantes e, por vezes, contraditórias entre si. Uma dessas realidades é que a produção mun-dial de alimentos atingiu índices recordes. Isto é, mesmo tendo em conta a explosão demográfica, não é deficitária. Se os alimentos atualmente produzidos fossem equitati-vamente distribuídos, bastariam para alimentar a todos, e não haveria 795 milhões de pessoas passando fome. Outras caraterísticas que vale a pena destacar são: o facto de os sistemas alimentares se terem tornado mais diversificados, complexos, globalizados e com novos procedimentos e etapas na cadeia de valor, para respon-der às necessidades da crescente urbanização e explosão demográfica; o elevado índice de desperdício alimentar que acontece ao longo de toda a cadeia, como resultado de hábitos de consumos inadequados e ausência de tec-nologias e infraestruturas de transporte e conservação; e a crescente agressão que os métodos de produção con-vencionais fazem à base de recursos naturais que sus-tentam a vida no planeta (solos, água, florestas, fauna, atmosfera etc.).Paralelamente, o mundo está marcado por índices ina-ceitáveis de pobreza absoluta; desastres naturais fre-quentes e severos; choques económicos generalizados; clivagens políticas e sociais violentas; disputas e guerras sangrentas e destrutivas; movimentação desusada de

populações vulnerabilizadas e relegadas à condição de deslocados, refugiados e emigrantes; desigualdades de género e intolerâncias; urbanização desorganizada e descontrolada; e diversos fenómenos demográficos que carecem de solução urgente.Assim, a proteção social, como instrumento social e po-lítico, vê-se obrigada a adequar-se à grandeza e comple-xidade desses desafios. Sabendo que uma das faces mais expressivas da pobreza e da vulnerabilidade é a fome, re-quer-se uma atenção especializada que passa pela iden-tificação de alvos concretos no âmbito dos sistemas ali-mentares, a adoção de um plano estratégico pragmático, e uma abordagem à escala global. Deve ter a capacidade de, sem perder de vista os restantes problemas sociais ligados à saúde e educação, gerar oportunidades para os mais vulneráveis no meio rural predominantemente agrícola, melhorando simultaneamente o rendimento e a situação alimentar e nutricional.Contudo, o crescente entusiasmo sobre as potencia-lidades da proteção social esbate-se com a realidade aflorada por um estudo recente da OIT (Organização Internacional do Trabalho), segundo o qual cerca de 73% da população mundial está excluída dos serviços de proteção social. A mesma organização projetou que seriam necessários apenas 2% do Produto Interno Bruto mundial para organizar um sistema de proteção social que garanta cobertura a todos. Conscientes dessa necessidade, muitos países estabe-leceram programas de apoio monetário ou em espécie (por exemplo, cesta básica), com ou sem contrapartidas, tais como comida por trabalho, (cash for work) – di-nheiro por trabalho – entre outros. Outros países optam por alargar o espectro dos programas de seguro social e de trabalho, e há ainda países que estabelecem redes

de apoio e assistência a segmentos sociais específicos (como idosos, crianças, mulheres grávidas, deficientes físicos, doentes crónicos, refugiados etc.).A experiência demonstra que até 2013 estas medidas retiraram 150 milhões de pessoas da pobreza extrema e, longe de serem assistencialistas e de criarem dependên-cia, conferem as alavancas necessárias para a sua inte-gração e dignificação, estimulando atividades agrícolas e não-agrícolas, fortalecendo os meios de subsistência, aumentando os rendimentos e melhorando as infraes-truturas e o património das comunidades.Curiosamente, perto de 70% das pessoas pobres no mundo são pequenos produtores rurais (maioritaria-mente agricultores) que se veem secundarizadas pelos sistemas políticos e económicos vigentes. Se não forem apoiadas, permanecerão reféns da subsistência e da in-digência, recolhidas no medo e na incerteza de investir em tecnologias, para aumentar a sua produtividade, e na saúde e educação dos seus filhos.Daí a crescente necessidade de olhar para as realidades específicas destas populações, definir políticas claras para o seu apoio, e apostar na integração da proteção social com as estratégias de desenvolvimento agrícola. Estas não devem ser apenas políticas e estratégias secto-riais ou localizadas, mas também outras de índole ma-croeconómica e caráter transversal, que podem ter um potencial coadjuvante ou retardador, como as políticas monetárias, aduaneiras e comerciais, e políticas sociais para fortalecer o emprego, seguro social, responsabilida-de social, infraestruturas sociais etc.O setor público tem naturalmente grandes responsabili-dades, por serem os mais ativos nos países com situações económicas e políticas mais estáveis. Os organismos da sociedade civil também desempenham um papel fun-damental para complementar esses esforços e, em situ-ações de crises de governabilidade, estes podem ser os únicos no terreno para garantir assistência às popula-ções vulneráveis.Para além do compromisso global para erradicar a po-breza e a fome, importa também contar com lideranças destemidas e progressistas, com capacidade para pro-mover o diálogo, gerar sinergias, e abordar os desafios com frontalidade. Urge despertar os valores mais nobres da humanidade, ajustando os paradigmas de desenvol-vimento para dar primazia à dignidade e solidariedade, frente à rispidez do mercado, dinheiro, lucro, tabelas e gráficos.

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A 23 de setembro do presente ano constituía-se a LusNIC, Associação de ccTLDs de língua portu-guesa. É possível fazer um balanço do que foi já estruturado nesta primeira etapa?O processo de constituição da LusNIC foi moroso e difícil, não por falta de interesse dos players que tinham sido convidados a juntar-se à iniciativa, mas pelas questões associadas às for-malidades inerentes à constituição de uma orga-nização internacional onde apenas um dos cinco fundadores é português. Neste momento ainda estamos numa fase inicial e só depois da Assembleia Geral, que irá decorrer no início do ano em São Tomé e Príncipe, defini-remos em concreto o nosso plano de ação. Antes disso qualquer balanço seria precoce.

As expectativas são muitas e têm bem delineado o plano de trabalhos no sentido de promover os domínios de Topo de língua portuguesa. No en-tanto têm encontrado obstáculos na missão de desenvolver esta área de atuação em que se in-serem?Ainda não encontrámos grandes obstáculos, o que não quer dizer que os não devamos antecipar. A considerável dispersão geográfica dos associa-dos e o desequilíbrio, que obviamente tentare-mos diminuir, em termos de recursos ao dispor de cada associado podem vir a constituir-se como obstáculos. Porém, estamos aqui para ultrapassar barreiras e criar valor, é nisso que apostaremos.

A LusNIC surge como uma composição de dife-rentes entidades de importância clara no contex-to de ccTLDs, nomeadamente a Associação DNS.PT, a AGER, a ANAC, entre outras instituições. De que modo esta união será uma mais-valia na pro-moção e defesa dos domínios de Topo de língua portuguesa?A LusNIC será uma mais-valia no sentido da partilha de conhecimento entre todos os asso-ciados, de estreitar laços, de estabelecer políticas comuns e de ser uma voz ativa nos fóruns in-ternacionais para, designadamente, fomentar e promover a utilização dos conteúdos e da língua portuguesa na Internet.

Novos associados são bem-vindos, segundo afir-mam, e têm vindo a trabalhar no sentido de criar parcerias com entidades públicas e privadas de modo a desenvolver esta área. Qual é a importân-cia de sensibilizar estas entidades, nomeadamen-te os próprios Governos?A promoção da língua portuguesa é uma questão global. Acresce o facto de se um conjunto de pa-íses tem uma identidade comum, o que é o caso, ela deva ser explorada e, se possível, potenciada. Existem entidades ou simples iniciativas que atu-am nesta área e que são importantes para nós e que são já hoje encabeçadas por movimentos ati-vos oriundos da academia, da sociedade civil, do estado e de outras associações como por exemplo

CPLP – ESTRATÉGIAS DE EXPANSÃO

A presença da língua portuguesa na Internet é já uma realidade clara. Contudo, é premente continuar a trabalhar no sentido de promover a utilização de domínios de Topo na língua de Camões e é neste contexto que surge a LusNIC, Associaçao de ccTLDs

de língua portuguesa. A Revista Pontos de Vista conversou com Marta Moreira Dias, Presidente do Conselho Diretivo da entidade, que nos falou sobre as expectativas de uma equipa que pretende promover os conteúdos e a língua portuguesa na internet.

EM DEFESA DA LÍNGUA PORTUGUESA

a ARCTEL. É importante para nós estabelecer parcerias com entidades que têm experiência na troca e partilha de conhecimento nestas áreas em que nos movemos e a ideia de base é colaborar para crescer, para competir e ter voz ativa no mercado global.

Pretendem, enquanto LusNIC, fomentar a utiliza-ção da língua portuguesa no universo cibernau-ta. Existem ainda lacunas neste sentido? Como caracterizam a presença da língua portuguesa na Internet?Na minha opinião não se trata de uma lacuna e a prova disso é que a língua portuguesa tem apro-ximadamente 280 milhões de falantes, o portu-guês é a quarta língua mais falada no mundo e a mais falada no hemisfério sul. Dados recentes revelam que na Internet o português já é a quinta língua mais utilizada e nas redes sociais – Face-book e Twitter – é a terceira. Existem cerca de 32 milhões de falantes de língua portuguesa fora dos países de origem.Não é novidade que sobretudo o Brasil tem contribuído muito para a divulgação da língua portuguesa na Internet e, segundo estatísticas re-centes, existem 1.074.116 domínios em .pt e .br, 1.308.306 sites alojados em Portugal e no Brasil e 1.013.460 sites em língua portuguesa, não são números despicientes.

A partilha de conhecimentos é um aspeto funda-mental no sucesso do vosso desempenho. Desta forma, planeiam a organização de formações e workshops que fomente o conhecimento. Este é um conceito importante para a evolução da pró-pria CPLP?A intervenção da CPLP nesta área é muito re-levante e amplamente conhecida. Esperamos, dentro daquilo que é a nossa área de interven-ção, orientada sobretudo para a promoção e co-laboração na defesa dos interesses dos ccTLDs de língua portuguesa, fomento da utilização da língua e dos conteúdos portugueses na Internet e cooperação e partilha de conhecimento nas áreas de intervenção dos ccTLD’s em matérias de ca-riz técnico, segurança, legais e de boas práticas, poder vir a contribuir para o trabalho da CPLP.

De um modo geral, como encaram o vosso papel integrado no desenvolvimento da CPLP? Que benefícios trazem à comuni-dade e ao seu progresso?Podemos afirmar que as nossas expectativas são elevadas. Es-peramos poder trabalhar em conjunto e contribuir para a concretização da missão de uma organização tão credível e sedimentada, tanto na nossa so-ciedade como nos restantes países que têm o português como uma das línguas oficiais, como é a CPLP.

Como idealizam o futuro da LusNIC enquanto as-sociação que pretende promover os domínios de Topo de língua portuguesa e, consequentemente, a própria CPLP?Estamos bastante otimistas quanto ao futuro da LusNIC. Estamos neste momento a trabalhar com particular empenho, desde logo porque esta é uma iniciativa que já vinha a ser pensada há alguns anos, mas que só foi possível concretizar neste momento. É uma responsabilidade acres-cida da qual não largaremos mão. Refira-se que as organizações similares (por exemplo AFNIC, LACNIC) têm por base uma área geográfica co-mum e na LusNIC o elemento diferenciador é a língua portuguesa, ou seja, também aqui fomos inovadores. Quanto ao futuro na CPLP e sobretudo quanto ao impacto que a criação da LusNIC aqui pode ter, é prematuro, ou melhor, demasiado ambicio-so fazer essa análise neste momento. Certos po-rém de que esperamos vir a ser reconhecidos pela CPLP, como por outras organizações e, acima de tudo, pelas comunidades que queremos servir como uma organização que trabalha, age e tem resultados.

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mARTA moREIRA DIAS

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“ESTE ANO foi de consolidação para a Cga”

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CPLP -ESTRATÉGIAS DE EXPANSÃO

Liderança. Reputação. Profissionalismo. É assim que a CGA (Couto, Graça & Associados) se apresenta ao público. No entanto, esta posição de referência não surge por mero acaso. Ao longo da história da CGA, que obstáculos tiveram de ultrapassar para se darem a conhecer?A CGA como sociedade de advogados é bastante jovem, no entanto é um escritório de referência pelo nível de profissionalismo e capacidade téc-nica, posicionamo-nos como parceiros dos nos-sos clientes, o que acredito que faça a diferença. Definimos objetivos anuais e políticas inter-nas que nos permitem trabalhar alinhados com a nossa missão, visão e valores. Os obstáculos? Formação, o nosso investimento nestes primeiros anos de atividade centrou-se no desenvolvimento de relações nacionais e internacionais com par-ceiros e na capacitação humana, o que me leva a concluir que estamos no caminho certo.

Seguindo uma política ativa e criteriosa de participação em redes e associações de sociedade de advogados, a CGA tem já um vasto leque de relações de associações e networking. De que forma estas cooperações têm permitido prestar um melhor serviço ao cliente, dando-lhe uma assistência jurídica internacional? Quais são estas parcerias?As parcerias firmadas são essenciais para a CGA, não só pela projeção da nossa marca a nível na-cional como internacional, como pela própria co-laboração em si. Estas parcerias permitem a troca de experiências, formação, e com toda a certeza consolida as relações com os nossos clientes. São também importantes para Moçambique, pois estas parcerias acabam por estabelecer ou fortalecer relações entre os países. Na Europa temos parcerias com a sociedade Cuatrecasas Gonçalves Pereira, RL em Portugal e com a Iberian Law Firm em Inglaterra. Somos membros da “Lex África”, um agrupamento ím-par formado pela mais antiga e ampla rede de escritórios de advogados, líderes de mercado no continente africano e fazemos parte da IsFin, rede de advogados líder mundial em Finanças Islâmicas.

Mesmo num setor visto frequentemente como tradicional ou conservador, como é o direito, de que forma se consegue ser inovador? Apesar de inovação ser um conceito amplo, tudo passa pela estratégia e pela visão que se tem do mercado?Ser inovador passa por saber acompanhar a evo-lução da sociedade e adaptarmo-nos à evolução da tecnologia. Passa por ser um parceiro e não um prestador de serviços, precisamos conhecer o negócio dos nossos clientes, compreender as suas necessidades e saber acompanhá-los rumo ao sucesso.

A cooperação entre instituições de ensino superior e a CPLP é um importante instrumento

“Este foi um ano difícil, pela conjetura económica nacional e mundial. No entanto foi um ano de consolidação para a CGA. Desenvolvemos algumas áreas importantes para nós, como a nossa área de relações internacionais, comunicação, a área de formação de advogados, as nossas bases de dados”. Quem o afirma é Pedro Couto, Managing Partner da CGA, Couto, Graça e Associados, que em entrevista à Revista Pontos de Vista, revelou o crescimento que a marca tem tido, e que faz da mesma um

dos principais players em Moçambique. Conheça mais.

de consolidação do papel da educação na sociedade. No que respeita à formação na área do direito, que falhas ainda existem no mercado moçambicano que poderão ser colmatadas com um reforço desta cooperação com outros países?A descoberta nos últimos anos de reservas de Pe-tróleo, Gás, Energia e Minérios, obrigou a que muito rapidamente precisássemos de profissio-nais especializados nestas áreas vindos de diver-sos setores. Moçambique tem feito um grande investimento no que se refere ao ensino, à for-mação e capacitação de profissionais. Os laços de cooperação entre os países da CPLP têm sido fundamentais para Moçambique no que respeita à educação e formação.

Além de Moçambique, a CGA não está presente noutro país da CPLP. No entanto, faz parte de uma rede de escritórios africanos, denominado por Lex África, o que vos permite ter uma presença, ainda que indireta, noutros mercados. Sabendo disso, como têm visto a atual crise vivida no mercado angolano, em consequência da redução do preço do petróleo, a principal fonte de receita do país?Temos assistido com preocupação. A crise em

mercados players de petróleo, como o mercado angolano e o nigeriano não deixa de ser uma preocupação para nós. Moçambique está a entrar nos players de Gás e Petróleo e é importante que estas situações sirvam de lição, de como é im-portante não concentrar a economia num único setor. É um risco muito elevado, sofrer as conse-quências da Dutch Disease, traduz-se numa que-bra na economia do país. Precisamos saber ba-lancear todos os setores económicos de um país. Para Moçambique é fundamental o investimento na agricultura e a diversificação do investimento.

Olhando para o panorama global da CPLP, a cooperação económica e empresarial entre os Estados Membros é uma realidade mas a verdade é que ainda não tem a expressão que corresponde ao potencial das economias. Na sua opinião, que constrangimentos ainda existem?Não olho numa perspetiva negativa, mas sim de forma positiva, acredito num desenvolvimento cada vez maior nas relações entre os países e nas partilhas de experiências e Know How de cada um. É mais do que evidente a partilha e envolvi-mento destes países unidos pela língua. Acredito que os constrangimentos a existirem serão ultra-

pEDRo CouTo

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“A descoberta nos últimos anos de reservas de petróleo, Gás, Energia e minérios, obrigou a que muito rapidamente precisássemos de profissionais especializados nestas áreas vindos de diversos setores. moçambique tem feito um grande investimento no que se refere ao ensino, à formação e capacitação de profissionais. os laços de cooperação entre os países da Cplp têm sido fundamentais para moçambique no que respeita à educação e formação”

Para concluir, lançar-lhe-ia um pequeno desafio. Para si ser parceiro da CGA é…?É apostar no seu próprio sucesso. É apostar numa relação duradoura, sólida. É uma parceria de dois sentidos, em que cliente e sociedade contribuem para o sucesso mútuo. E fundamentalmente é acreditar que por esta via se consegue maximizar as capacidades de cada um, procurando o melhor.

passáveis pela vontade clara dos países membros da CPLP em fortalecer a sua capacitação interna através da troca de experiências.

A CGA disponibiliza um vasto serviço de assessoria jurídica na área do imobiliário, tendo, por isso, um intenso conhecimento deste mercado. Aproveitando o crescimento do mercado da venda e arrendamento em Moçambique, por que é que este é o grande momento para investir em imobiliário nesta região?A procura da qualidade é cada vez maior e a oferta é ainda menor que a procura. O país tem taxas de crescimento na ordem dos 6% ou 7%, e a capacidade de endividamento da classe média tem vindo a aumentar, assim, acreditamos que a procura não diminuirá mais sim continuará a crescer. Se considerarmos os investimentos que se perspetivam nos próximos anos em Petróleo, Gás, Energia e outros setores críticos, tudo apon-ta para uma necessidade de maior oferta de habi-tação e escritórios.

Enquanto especialista em Direito Marítimo, o mar é, inquestionavelmente, um elemento que liga os Estados Membros da CPLP, tendo sido já demonstradas várias preocupações sobre o desenvolvimento sustentável das atividades ligadas ao mar com impacto ambiental, económico e social. No seu entender, de que preocupações estamos a falar?O mar é inquestionavelmente um elemento que liga os Estados Membros da CPLP, tendo em conta que todos são países costeiros. Deste modo, o mar apresenta-se como um fator de desenvol-vimento destes países. Na verdade, é através do mar que se realiza o comércio internacional de mercadorias. O mar oferece ainda uma série de outras oportunidades, nomeadamente os recur-sos vivos e os recursos não vivos, aliado à recente descoberta de novas tecnologias de geração de energia com base no mar. Neste sentido, a ten-dência atual é o aumento de atividades no mar independentemente do tipo das aludidas ativida-des. Enquanto especialista em Direito Marítimo, a salvaguarda de vidas humanas no mar, constitui a primeira, preocupação. A segunda preocupação consiste em assegurar que a intervenção humana no mar prime pelo respeito do meio ambiente. Do ponto de vista económico, é importante que os países costeiros percebam que o mar é um recurso imprescindível que pode gerar mais riqueza comparativamen-te aos recursos minerais atualmente em foco. A recente criação em Moçambique do Ministério de Mar, Águas Interiores e Pesca não é alheia ao facto. Obviamente que se olharmos para o mar como um recurso, temos que pensar nas diversas formas de exploração deste importan-te recurso de uma forma equilibrada para que a sua exploração beneficie a todos, desde aqueles

que usam o mar como uma via para o transpor-te marítimo de mercadorias, passageiros e suas bagagens até aqueles que o usam para apanhar amêijoas. Resumindo, as preocupações são tantas quanto as vantagens de investir no mar. Assim, enquanto especialista em Direito Marítimo po-deria referir-me ainda à segurança marítima, ao combate à pirataria, à fiscalização da pesca, pre-venção e combate à poluição marinha. Por fim, faço a interligação das preocupações supra, com o cumprimento, melhoramento, a adoção de ne-cessários instrumentos jurídicos que assegurem o alcance do exposto.

Moçambique tem-se sabido afirmar como um player marítimo competitivo a nível global? O que deve ser feito para nortear o país e os seus agentes no que respeita aos seus recursos marinhos e respetivo aproveitamento económico?Moçambique apesar de ser um Estado costeiro por excelência, com cerca de 2.700 km de cos-ta marítima, infelizmente, não se tem afirmado como um player marítimo a nível global. Moçambique é rico em recursos marinhos e está numa situação geoestratégica muito privilegiada na Região Austral de África (SADC) o que lhe permite servir de trampolim para as importações e exportações dos países encravados no Conti-nente também conhecidos por países do “hin-terland”. Neste sentido, a adoção de adequadas políticas para o desenvolvimento das indústrias (i) pesqueira e de (ii) transporte marítimo de ca-botagem nacional e regional dinamizará outros serviços, nomeadamente a logística que assegu-rará o trânsito de mercadorias para os referidos países vizinhos de Moçambique.

Na sua opinião, num futuro próximo, quais são as oportunidades que o mar guarda para Portugal e Moçambique? As grandes políticas de coesão e do mar serão para continuar?É inquestionável a crescente importância econó-mica que o mar assume para os países costeiros, incluindo Portugal e Moçambique. Pois:

-O comércio internacional de mercadorias é feito através do mar; -Cerca de 20% da extração dos recursos mine-rais ocorre no mar;-A pesca dos recursos marinhos faz-se no mar; -O ressurgimento da pirataria nos nossos dias;

Deste modo, sou de opinião que as grandes po-líticas de coesão e do mar entre Portugal e Mo-çambique não só devem continuar como devem ser constante e permanentemente aperfeiçoadas e aprofundadas.

Com 2015 a terminar, que balanço é possível fazer da atuação da CGA? O que foi possível concretizar e o que ainda falta fazer até ao final do ano?Este foi um ano difícil, pela conjetura económica nacional e mundial. No entanto foi um ano de consolidação para a CGA. Desenvolvemos al-gumas áreas importantes para nós, como a nossa área de relações internacionais, comunicação, a área de formação de advogados, as nossas bases de dados. O que leva a dizer que de certa for-ma atingimos maior parte dos nossos objetivos que passavam maioritariamente por desenvolver a nossa capacidade interna de forma a propor-cionar aos nossos clientes em Moçambique os mesmos serviços com igual qualidade a qualquer outra parte do mundo.

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CPLP –ESTRATÉGIAS DE EXPANSÃO

PROTECTOR - a sua segurança em 1º LugarO setor de segurança privada em Angola tem vindo a crescer exponencialmente, em diversos domínios, sendo um

mercado extremamente competitivo, onde somente os melhores e aqueles que são capazes de fazer a diferença conseguem ter sucesso. A Protector - Sistemas de Proteção e Vigilância Lda, é uma dessas marcas de enorme credibilidade

e prestígio e que, paulatinamente, tem vindo a conquistar a sua parte no mercado angolano. A Revista Pontos de Vista conversou com Ana Carvalho, Diretora Geral da Protector, Lda, que revelou as valias da marca e os desafios que se

apresentam de futuro, sem esquecer a relevância de uma liderança no feminino.

Desde 1991 a atuar no mercado, a Protector, Lda. foi o primeiro capítulo na história da Progroup, S.A. e fornece atualmente serviços a algumas das principais empresas, instituições e individualidades do País. Neste domínio, que balanço faz da atuação da marca no mercado e quais as vossas principais potencialidades? A Protector - Sistemas de Proteção e Vigilân-cia Lda, é uma empresa legalmente constituída desde 15 de setembro de 1991, prefazendo no próximo ano 25 anos de atividade no mercado angolano com uma política de gestão que acom-panha a globalização. Temos uma missão bem definida – “prestar aos seus Clientes, serviços e soluções que garantam a segurança que neces-sitam, proporcionando-lhes paz de espírito para que possam concentrar-se nos seus negócios” – e defendemos um plano de ação baseado numa Vi-são ambiciosa e valores credíveis, partilhados por todos os nossos funcionários e colaboradores, no cumprimento das suas tarefas. Desenvolvemos um Sistema de Gestão da Qua-lidade, assente no estabelecimento das atividades por processos, mediante fluxogramas bem defini-dos, de acordo com os padrões internacionais que englobam os diferentes serviços prestados pela Protector, conforme a alínea a), b), c), d), e) e f )

do artigo 3º da Lei das Empresas de Seguran-ça Privada – n.º 10/14 de 30 de julho. Estamos presentes em todas as 18 províncias de Angola e aceitamos os desafios de crescer com os nossos Clientes, seja na forma de criação de áreas de ação ou geograficamente.

Sendo a Protector, Lda, uma empresa de referência no setor da proteção e segurança de organizações, indivíduos e bens, que análise perpetua deste setor de mercado no país? A atividade de segurança privada tem vindo a assumir uma inegável importância em Angola, quer na proteção de pessoas, bens e informações, na segurança de executivos e dignitários, na se-gurança bancária e no transporte de valores, bem como, na prevenção e dissuasão da prática de atos ilícitos num mercado competitivo. De acordo com informações da Polícia Nacional - departamento do Ministério do Interior que supervisiona as empresas de segurança privada, existem em Angola cerca de 456 empresas au-torizadas, que empregam em média 52.000 efe-tivos. A Protector detém cerca de 6% da quota de mercado com cerca de 3000 trabalhadores. Ter segurança é uma necessidade básica, e é essencial para o crescimento das empresas, das pessoas e de todos os cidadãos em geral. O nosso lema é “A sua Segurança em 1º Lugar” e é isso que faze-mos todos os dias, literalmente 365 dias por ano e 24/24 horas.

Diria que a personalização que colocam no relacionamento com cada cliente/parceiro, é

a vossa mais-valia? O que vos distingue da concorrência?

De acordo com a realidade competitiva e do crescente nível de exigência dos

clientes, a credibilidade, confiança, fi-delização, recomendação a outros e

satisfação alcançadas permite-nos referir instituições públicas, par-ticulares, grupos industriais entre outros, que fazem da Protector uma das empresas de referên-cia na prestação dos serviços de segurança privada, fortemente influenciados pela qualidade e competências dos trabalha-

dores que asseguram estes serviços.

A competitividade su-porta um caráter feri-no e os métodos que muitas vezes se ado-tam, assumem con-tornos irregulares, fraudulentos e desleais onde a jurisprudência

aparece com nuances de desequilíbrio. A Protec-tor é a única empresa de segurança privada certi-ficada ao abrigo da ISO 9001:2008, ocupando lu-gar de destaque no ranking nacional das empresas de segurança privada.

É líder numa empresa que tem quase três mil homens colocados nas 18 províncias do país, sendo portanto uma tarefa dura e ambiciosa. O facto de ser Mulher valoriza a sua função? A valorização da nossa função, independente de ser Mulher ou Homem tem a ver com a nossa capacidade de liderança, a forma como se desper-ta nos outros a vontade de fazer, a empenharem--se voluntariamente, nos objetivos da empresa e, desta forma a minha função é valorizada. O facto de ser mulher, só por si, não me traz mais valias, pois na minha área é preciso ser rápida, sagaz, inteligente e muito profissional. Estudar muito, ter opiniões próprias, decidir e relacionar factos são algumas das capacidades que eu tento desen-volver para poder servir melhor os interesses da Empresa que lidero.

Já sentiu, pelo facto de ser mulher e ocupar uma posição de liderança, qualquer género de dificuldades na gestão da empresa? Na sua opinião, o que difere de uma liderança no feminino e masculino?A gestão é dinâmica tal como eu! As diferenças entre os estilos de liderança feminino ou mascu-lino não são necessariamente positivos ou nega-tivos no que diz respeito à construção dessa lide-rança, mas é necessário que se tenha consciência do estilo de líder que somos e de como ele é per-cebido pelos demais fora e dentro da organização para que os objetivos se cumpram. Com o conhecimento vem a sabedoria, aprendi que essa preocupação é um estigma que vai sendo ultrapassado, confesso que num primeiro mo-mento, quando aceitei o desafio de vir liderar esta Empresa, cheguei a criar um e-mail que era total-mente misterioso, algo do género “acarvalho@.” Assim não se saberia se eu era mulher ou homem, pois pensei que no mundo da Segurança só os ho-mens seriam bem-vindos, mas algum tempo de-pois reparei que o mundo aceita quem tem mérito e por isso arquivei o meu receio.Felizmente estou a viver um tempo de grandes Mulheres, mulheres fortes e determinadas que dão belíssimos exemplos de valor. As dificuldades existem ao mesmo nível para os dois géneros.

Acredita que atualmente o panorama mudou e as Mulheres são hoje vistas como tão ou mais capazes que os homens para liderar um qualquer projeto? Sim, sinceramente acredito que a perceção do valor da Mulher na sociedade e no mercado de trabalho mudou muito, não só na cabeça dos ho-

ANA CARVAlHo

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mens mas também no das mulheres. Na liderança, as diferenças entre os sexos exis-tem mas entre as pessoas também, na minha vida profissional tenho-me deparado com diversas situações e posso concluir que as pessoas não se importam se são liderados por homens ou por mulheres, desde que o comportamento do Líder ser firme e esteja alinhado à estratégia organiza-cional.O meu método de liderança assenta num código de normas básicas e procedimentos específicos para que o favoritismo e a discricionariedade não tenham lugar na Empresa e todos possam ter as mesmas oportunidades, por outro lado o simples facto de termos regras plasmadas por escrito de abrangência transversal e transparente que são amplamente divulgadas é facto essencial para que não surjam dúvidas quanto ao comportamento profissional a seguir.

As Mulheres têm, nos últimos anos, assumido um papel recorrente na liderança do universo empresarial, fenómeno que acontece a nível mundial. Em Angola este cenário também se verifica? Quais as dificuldades que uma Mulher ainda tem, em Angola, para assumir um papel de destaque? Ainda existe o denominado «machismo empresarial»?

A sociedade angolana tem sido o palco de várias mudanças políticas, culturais, sociais e eco-nómicas. A entrada da mulher no mercado de trabalho está cada vez mais visível, vemos que a crescente participação das mulheres no mer-cado de trabalho corresponde à afirmação dos seus direitos de cidadania, económica e social. Este crescimento tem sido associado à necessi-dade do governo angolano e das associações e organizações de defesa dos direitos das mulhe-res de fazer valer os direitos destas na sociedade, e à própria situação atual de ‘reconstrução social do país’ que tem tido como tema de debate a urgência do Estado em diminuir as disparidades sociais.Tive a felicidade de crescer ao lado de Mulheres fantásticas com quem aprendi a ser o que sou hoje. Tive belíssimas professoras universitárias, tenho fortes concorrentes-mulheres e posso di-zer que conheço muitas senhoras que dão cartas nas mais diversas áreas profissionais, por isso concluo que com as mesmas hipóteses e garan-tias e sem preconceitos é fácil verificar a tomada de posse de muitas mulheres no campo dos ne-gócios com força e mestria. As mulheres estão habituadas a ter foco e a ser organizadas o que dá uma força enorme e uma vantagem fortíssima. Temos de dar tempo para que as mentalidades mais preconceituosas se atualizem. O caminho é inevitável, usando as nossas capacidades naturais de comando de-monstraremos que a feminilidade e liderança fazem uma combinação perfeita.

Quais são as principais prioridades de futuro da Protector, Lda? O que podemos esperar da marca em 2016? O ano de 2016 antevê-se um ano de desafio, será um ano para “bons gestores” que têm de fazer valer, e trazer para o dia a dia, as melhores práticas, usando todas as armas de gestão ao seu alcance, para elevar ou manter o seu lugar no mercado. As principais prioridades de futuro da Protector fo-ram já formalizadas no nosso documento interno de-nominado “Plano de Ações” que visa gizar medidas práticas, que envolvem todas as Direções, com o fito de conseguir concretizar os objetivos para um perío-do, que pode ser de um ou dois anos, e que no nosso caso, para mencionar os principais metas serão:

- Garantir a nossa sustentabilidade económica;- Acompanhar os efeitos da globalização e a econo-

mia de mercado;- Apostar cada vez mais nas políticas de qualidade

e ambiente reduzindo cada vez mais os desper-dícios;

- Garantir a motivação dos nossos trabalhadores, praticar políticas remunerativas que garantam o poder de compra, bem como as práticas sociais;

- Continuar na senda da melhoria continua dos serviços para que possamos diferenciar-nos da concorrência;

- Manter espaço na organização para a inovação;- Acreditar na capacitação profissional dos seus

colaboradores e no seu desenvolvimento dentro da sociedade garantindo assim a satisfação dos nossos clientes;

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PEGADO MOTOR - viva a sua vida

[email protected] www.grupobmp.com

CPLP -ESTRATÉGIAS DE EXPANSÃO

OGrupo Bruno Miguel Pe-gado, Lda. é uma empresa 100% Angolana, com ser-viços a pensar em si e na

sua instituição. Vimos, desta forma, oferecer aos amigos, colaboradores e público em geral, em suma à grande família Angolana, serviços de grande utilidade pública, de modo a corres-ponder com as exigências e expecta-tivas de modernização do nosso mer-cado. Temos disponíveis os seguintes serviços: -Distribuição e gestão de correspon-dência, através de Courier/Mensa-geiros, de forma rápida, eficaz e se-gura. -Serviços de Mediação Imobiliária, onde faremos a mediação da com-pra/venda ou arrendamento do seu imóvel. -Serviços de alojamento e constru-ção de Web Sites, lojas on-line (com pagamentos rede VISA) e Soluções internet em Angola. -Serviço de Fornecimento de unifor-mes e equipamentos desportivos para todas as áreas e atividades com story-board para pré avaliação. -Serviços de Consultoria e Viabili-dade de Negócios. -Serviços Comerciais, onde poderá adquirir os melhores Quadriciclos de marca Angolana, Motorizadas e Bi-cicletas de qualidade a nível mundial. Para além de estarmos equipados com meios informáticos e técnicos, pomos à disposição dos nossos clien-

tes e amigos, uma eficiente e moti-vada equipa de profissionais para garantir o seu melhor atendimento. Se tem dificuldades na entrega de correspondência aos seus clientes e parceiros bem como na gestão in-terna da sua correspondência, na mediação do seu imóvel, ou na cons-trução de uma página Web para a sua empresa ou negócio; um estudo no seu negócio bem como no auxílio da viabilidade do mesmo; uniformizar a sua empresa ou clube. Adquirir a me-lhor bicicleta ou carros para ativida-des recreativas e não só? Não hesite, contacte-nos, os nossos profissionais estarão sempre disponíveis para o ajudar e efetuarão uma visita per-sonalizada nas suas instalações para uma avaliação de serviços, em Luan-da. Conte Connosco Para o [email protected] www.grupobmp.com

APRESENTAÇÃO MARCA PEGADO

O Grupo Bruno Miguel Pegado, Lda, vem por este intermédio apresentar a sua Marca Pegado e o seu objetivo no mercado. O Grupo BMP, a pensar no desenvolvimento de Angola e no setor turístico, lazer, vida alternativa e di-versificação no setor produtivo, criou uma linha de produtos como: Bicicle-tas, Motorizadas e Quadriciclos (estes últimos com motores de 50, 125, 200, 300, 400, 500, 800, 1100 e 1500 centí-metros cúbicos).

De forma a oficializar a marca Pega-do no mercado Angolano e Mundial, foi feita a apresentação em Angola dos nossos modelos e Show Room. Poderão visitar-nos na Centralidade do Kilamba, no Bloco W, edifício 15, loja 326/A, ou obter informações através dos terminais 923 130 100 / 992 130 100 e ainda pelo e-mail [email protected] para informa-ções adicionais. Poderá ainda visitar a nossa página no Facebook.com/pegadomotors, fa-cebook.com/lojagrupobmp ou ainda assistir os vários vídeos no youtube.com e pesquisar por pegadomotors. Todos os nossos modelos foram criados e desenvolvidos de acordo ao nosso clima e terreno, de forma a fornecer equipamentos resistentes e sofisticados para Africa e o Mundo.

Todos os nossos modelos passa-rão por testes internacionais tendo obtidos os certificados necessários (CCE e EEC) para circulação em todo mundo mediante as especifi-cações solicitadas pelas autoridades locais. Em Angola contamos com uma loja de vendas, armazém, linha de mon-tagem e assistência técnica pós ven-das. O nosso principal objetivo é de fornecer, a todos os angolanos, equi-pamentos com a garantia de um ano e assistência técnica garantida, bem como os melhores preços no mercado uma vez tratando-se de equipamen-tos angolanos que numa primeira fase estão a ser produzidos na China. Com o programa de desenvolvimen-to e diversificação da economia an-golana, estamos a envidar esforços no sentido de expandir os nossos servi-ços para as demais províncias de An-gola, criando e promovendo parcerias com outros empreendedores, bem como ajudar a criar novos empreen-dedores com o objetivo de criar mas postos de empregos e oferecer novos produtos e serviços ao mercado. Esta Parceria que o Grupo Bru-no Miguel Pegado, Lda. tem com empreendedores Chineses, inclui a formação de quadros para estarem capacitados a manusear com os equi-pamentos da linha Pegado Motors. Contamos consigo para a divulgação e o sucesso da nossa marca que é de todos os Angolanos.

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Enquanto marca reconhecida pela dedicação que presta aos produtos e equipamentos de saúde, a Labconcept tem promovido o crescimento e progresso nesta área em Angola. Como definem este vosso papel, crucial num país em pleno desenvolvimento?A Labconcept aposta, desde o início, em marcas de qualidade reconhecida, numa equipa de profissionais compe-tentes e em formação contínua. Pres-tamos assistência técnica imediata com uma equipa técnica residente.

A inovação é o pilar na produção de medicamentos e equipamentos destinados à área de saúde. Neste sentido, o que podemos esperar dos produtos Labconcept?A Labconcept procura estar em bus-ca contínua de produtos inovadores na área da saúde, de modo a trazer para Angola meios de diagnóstico e tratamento de ponta, contribuindo assim para o crescente desenvolvi-mento das técnicas dos nossos clien-tes, bem como para a formação dos quadros integrantes.

Apesar de produzirem e distribuírem para a saúde no âmbito global, dão especial ênfase aos Bancos de Sangue e Diagnóstico Laboratorial. Porquê estas duas especialidades? De que modo a presença da Labconcept permitiu uma evolução mais evidente nestas áreas específicas?Os Bancos de sangue têm sido a nos-sa grande preocupação, ao quais te-mos dedicado grande parte do nosso trabalho. Uma transfusão exige segu-rança e qualidade e com os equipa-mentos da marca Abbott temos con-seguido passar essa segurança para os profissionais da área, garantido um serviço de excelência.O Diagnóstico Laboratorial é o pon-to principal e exato para um bom diagnóstico e consequente trata-mento por parte do profissional de saúde. A aposta nesta área permite antecipar e agir de acordo com o necessário, permitindo ao doente um tratamento adequado e ajustado. Também nesta área temos contado com marcas de topo como a Abbott Diagnóstico e Molecular, Analyticon e R-Biopharm.

De forma a permitir um acompanhamento integral aos vossos clientes, a Labconcept dedica-

A Labconcept, enquanto empresa dedicada à saúde, tem promovido um desenvolvimento notório e claro neste contexto em Angola. A sua postura inovadora permite a criação de medicamentos e equipamentos únicos e imprescindíveis a uma evolução contínua no país. Para melhor compreender esta realidade, falámos com Ana Vicente, Diretora-Geral da Labconcept, que aproveitou a ocasião para falar

sobre a presença da marca na 2ª Semana da Farmácia Angolana e na III ExpoFarma 2015.

LAbCONCEPT, na vanguarda da inovação

se, ainda, às áreas de formação, consultoria e assistência técnica. O que podem dizer-nos sobre estes serviços?A assistência técnica e formação dos nossos clientes foram sempre os nos-sos objetivos principais. Assumimos cada projeto como um todo e faze-mos um acompanhamento muito próximo ao cliente após a instalação dos equipamentos. As marcas que representamos apostam também na formação, o que nos permite, muitas vezes, proporcionar formação para os utilizadores, no estrangeiro, nas ins-talações das próprias marcas.

Atualmente têm direcionado as vossas atenções para uma nova área de negócio, dedicada à formação especializada na área da saúde. Em que consiste esta vertente da Labconcept?Ao longo do nosso trabalho verifi-cámos que há uma grande carência na formação especializada na área da saúde. Como tal criámos a Cle-training – Formação Especializada, que aposta fortemente nesta área de formação. Temos, na nossa bolsa de formadores, profissionais com larga experiência e que muito têm con-tribuído para o sucesso destas ações contínuas. A Cletraining – Formação

A 2ª Semana da Farmácia Angolana e III ExpoFarma 2015 aconteceram recentemente. De que modo esteve a LabConcept presente neste evento? Qual a importância destes momentos para a saúde e inovação?A Labconcept marcou presença nestes dois eventos, apresentando uma linha de artigos para farmácias e dando continuidade aos projetos de formação para farmacêuticos, nomeadamente ações sobre Logística Farmacêutica, Gestão de Stocks em Farmácias e Farmácia Comunitária. Este tipo de encontros são muito importantes para dar a conhecer a um maior número de profissionais de saúde os novos serviços e artigos que estão disponíveis.

CPLP -ESTRATÉGIAS DE EXPANSÃO

Especializada, enquanto unidade de negócio da empresa Labconcept, é a primeira em Angola, certificada pelo INEFOP, dedicada inteiramente ao setor da saúde.

O que reserva o futuro à Labconcept? De que modo continuarão a promover a inovação junto dos diferentes players da saúde em Angola? A internacionalização passa pelos planos vindouros?A aposta na inovação será sempre um dos nossos pontos de honra. Para 2016 temos planeadas algumas novi-dades no que respeita ao diagnóstico precoce, ajudando assim a contribuir para o desenvolvimento e crescimen-to da saúde em Angola. A internacionalização poderá ser uma das nossas apostas para o pró-ximo ano, levando a outros países o

sucesso, a inovação, a aposta no ser-viço e formação e o crescimento que temos vindo a desenvolver em Ango-la. Temos já desenvolvido contactos nesse sentido, sendo no entanto pre-maturo o anúncio dos mesmos.

ANA VICENTE

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CPLP –ESTRATÉGIAS DE EXPANSÃO

PORTUGAL - um parceiro incontornável de angola

A opINIÃo DE, paulo Varela, presidente da Direção da Câmara de Comércio e Indústria portugal-Angola

A realidade económica e financeira vivida em Angola desde meados de 2014 devido à acentuada diminuição do preço do petróleo nos mercados internacionais trouxe grandes limitações ao país: a redução para menos de 50% no preço do barril do petróleo

afundou as receitas de exportação e fiscais oriundas do sector, obrigando o Executivo a conter a despesa pública, nomeadamente através da suspensão/adiamento/cancelamento da implementação de grandes projetos em curso, mantendo apenas, os projetos

considerados inadiáveis de acordo com o Plano de Desenvolvimento Económico 2013 – 2017.

Apesar de as autoridades angolanas te-rem intervindo desde os primeiros sinais de crise, o panorama pioraria em 2015: produtores de petróleo até então sob em-

bargo internacional regressaram aos mercados; a OPEP manteve a decisão de não restringir a pro-dução de petróleo e o preço do crude continuou a baixar, o que obrigou as autoridades angolanas a reverem o OGE para o corrente ano, tendo a base de cálculo das receitas baixado de uma perspeti-va de USD 80,00 por barril para USD 40,00 por barril; estabeleceram-se prioridades de pagamento das importações, tendo sido privilegiados os bens alimentares, os produtos de saúde e os equipamen-tos destinados ao sector petrolífero em detrimento, por exemplo, da prestação de serviços às empresas; adotaram-se medidas diversas de contenção da despesa e de procura de fontes de financiamen-to, interno e externo, que apoiassem o Executi-vo na continuação do processo de reabilitação e construção de infraestruturas, de diversificação e crescimento da economia, nomeadamente não pe-trolífera, e da satisfação das necessidades dos seus habitantes.A situação interna teve, também, impacto negativo a nível externo: as limitações e os atrasos registados na liquidação de compromissos com os fornecedo-res do país prejudicaram, entre outros, os empresá-rios portugueses que trabalham com e no mercado, pois Portugal é o principal fornecedor de merca-dorias a Angola (sem incluir o sector petrolífero) e, logo, os empresários portugueses são os primeiros a ressentirem-se, e mais, com esta situação. Não obstante a criação, pelo Governo português, de uma linha de crédito de € 500 milhões com o objetivo de apoiar as empresas com dificuldades de tesouraria derivadas do atraso nos pagamentos vindos de Angola, a pesada burocracia envolvida, a taxa de juro e os spreads praticados, o prazo dos documentos exigidos não ser compatível com a tramitação dos processos e o facto de a operacio-nalização da linha depender de bancos em ambos os mercados, obrigaram muitas empresas, nos di-versos sectores económicos, a terem que suspender os seus fornecimentos a Angola e procurar merca-dos alternativos de exportação.Pesem embora as dificuldades sentidas, o cenário pouco atrativo e a quebra registada, entre janeiro e agosto do corrente ano, nas trocas bilaterais –as exportações portuguesas para Angola caíram cerca de 26,9% e as exportações angolanas para Portu-gal contraíram cerca de 12,5% -, o mercado an-golano continua a ser o segundo maior mercado de destino das exportações portuguesas no espa-ço extracomunitário, imediatamente a seguir aos E.U.A.. As exportações de Portugal para Angola, essencialmente, máquinas e aparelhos, produtos alimentares, produtos químicos e metais comuns (estes dois grupos de produtos alternam entre si

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o 3º lugar nos principais grupos de mercadorias exportadas), atingiram, neste período, cerca de € 1,4 mil milhões e Portugal reocupou o lugar de principal fornecedor de mercadorias a Angola, po-sição que havia perdido para a China no início do ano. Já as importações portuguesas provenientes de Angola assentam em mais de 99% no crude e registaram, no mesmo período de 2015, cerca de € 861 milhões.Ainda que prevaleça, ao final de um ano e meio de dificuldades, um cenário macroeconómico desfa-vorável para o desenvolvimento de Angola, é unâ-nime o reconhecimento internacional dos esforços que o Executivo angolano tem desenvolvido no sentido de atenuar os efeitos dos baixos preços de venda do crude, que são tão mais perversos, por-quanto não é possível vislumbrar-lhe o termo.Em 2008 – 2009, uma crise financeira internacio-nal afetou as contas públicas e o preço do petróleo, “abanando” a estrutura económica de Angola: a característica do país enquanto (essencialmente) monoprodutor e monoexportador, cuja econo-mia assenta no petróleo enquanto principal fonte de receitas de exportação e fiscais, torna-o, como acontece com todas as economias com caracterís-ticas idênticas, muito dependente e volúvel face às oscilações do preço do crude nos mercados inter-nacionais.A crise de finais da primeira década do século XXI criou grandes dificuldades de pagamentos, a nível interno e externo, a empresas e aos parceiros in-

ternacionais, o que levou as autoridades angolanas a percecionarem a necessidade de promover uma mudança rápida no modelo económico em vigor até então: tornou-se premente o apoio ao setor não petrolífero, o incentivo ao seu crescimento e ao peso detido no PIB; a promoção do investimento nas Províncias; o aumento da produção e a imple-mentação da política de substituição das importa-ções por produtos obtidos localmente, que permi-tiria atenuar problemas diversos, nomeadamente a dependência face ao exterior e a permanente saída de divisas, cuja disponibilidade oscilava, também ela, em função das oscilações do petróleo.As dificuldades que Angola atravessava na época levaram o Executivo a estabelecer um acordo de ajustamento estrutural com o FMI, por um prazo de 4 anos, visando reestabelecer o equilíbrio da ba-lança de pagamentos. Em abril de 2013, no termo do programa, o Fundo reconheceria que Angola tinha condições para perseverar no caminho da diversificação das atividades económicas, assegu-rando o peso crescente do setor não petrolífero no PIB (a taxas superiores às do setor petrolífero) e reduzindo desta forma os perigos da exposição direta às oscilações do valor internacional do pe-tróleo. Mais do que um reconhecimento das capacidades internas de Angola, o Fundo estava, com esta con-clusão, a conceder aos investidores internacionais uma prova de confiança no Governo angolano. E o Governo angolano soube aproveitar o momento pelo que, no decurso dos seis anos subsequentes ao início da crise, procurou desenvolver as infraestru-turas do país e iniciar o processo de diversificação da economia.Considerando que a necessidade mais premente de Angola era a reabilitação/construção das infra-estruturas básicas, desde o saneamento, à produção e distribuição de energia, ao acesso a água potá-vel, à reconstrução de estradas, aeroportos, pontes, ferrovias, barragens, ou seja, grandes investimentos em obras públicas, eventualmente em regime de parcerias público-privadas, a lei de investimento privado de 2011 definiu que o valor mínimo dos projetos a apresentar doravante seria de USD um milhão. Acima deste valor, negociar-se-iam, entre os representantes do Estado angolano e os investi-dores, as condições em que se implementariam os projetos, incluindo a atribuição de benefícios fis-cais e isenções aduaneiras, condições preferenciais na obtenção de vistos e repatriamento de capitais, entre outros aspetos.Se a Lei de 2011 estabeleceu condições para sa-tisfazer as necessidades do país em termos de grandes projetos (o que viria a acontecer graças aos financiamentos chineses, a par das verbas dis-poníveis no Programa de Investimentos Públicos consagrado no Orçamento Geral do Estado e dos acordos de financiamento bilaterais) a implemen-

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tar em áreas de atividade prioritárias e três zonas geográficas pré-definidas, que serviriam de base ao crescimento da estrutura produtiva nacional, é igualmente verdade que tais projetos não eram, de per se, geradores de desenvolvimento: eram alicer-ces, é certo, mas não o objetivo final.Assim, a partir de dada altura, a legislação em vigor limitou o aparecimento de projetos de pequena e média dimensão, de valor inferior a um milhão de dólares, que, embora não tão impactantes, eram de importância vital para os projetos mais ambiciosos; a reabilitação do tecido industrial; a transformação dos abundantes e diversificados recursos em pro-dutos de consumo final, nomeadamente na agricul-tura e nas pescas, e em matérias-primas para, por exemplo, o setor dos materiais de construção; a di-minuição da taxa de desemprego; a redução da po-breza e da fome, enfim, a prossecução dos objetivos do Governo angolano conforme o Plano Nacional de Desenvolvimento 2013 – 2017 e a tão necessária – e desejada - diversificação da economia.Em simultâneo, o desenvolvimento de um sector empresarial local, privado, ampliou o número e a tipologia de áreas de investimento, com o surgi-mento de novos nichos de mercado, contribuindo para a multiplicação das parcerias com empresá-rios portugueses, há muito presentes em Angola, dotados de meios tecnologicamente avançados, mão-de-obra qualificada e partilhando muitos tra-ços da identidade cultural angolana. Com efeito, houve uma tomada de consciência de que a diversificação na economia angolana seria tanto mais rápida e eficaz se fosse promo-vido o cruzamento das mais-valias dos parceiros, da transferência de tecnologia e know how (neste caso, de Portugal para Angola), com uma aposta especial na formação e qualificação profissional dos trabalhadores angolanos, no sentido de assegurar o desenvolvimento do sector produtivo nacional –a indústria em geral – e promover o emprego dos nacionais, em substituição dos trabalhadores expa-triados, mais onerosos para as empresas.Neste cenário de rápido crescimento da atividade empresarial no país, o Estado manteve a sua função enquanto legislador, delineador de estratégias e fis-cal do bom cumprimento das regras estabelecidas. Mais ainda: o Executivo angolano entendeu que tinha que se manter atento à evolução do contexto económico e financeiro mundial, no qual Angola se integrava, de forma a garantir que os resultados advenientes da legislação adotada e implementada iam ao encontro daquilo que os parceiros interna-cionais esperavam na sua ligação com o país, fator fundamental para a consolidação da sua presença, por via dos investimentos efetuados.É assim que o legislador do investimento em An-gola transforma a aplicação do conceito “estrangei-ro” no conceito “privado”, permitindo-lhe abarcar investidores estrangeiros e nacionais, investimento em capital e também em espécie, a criação de algo novo e a renovação e reestruturação do que já exis-tia, na economia em geral (a atividade petrolífera obedece a legislação própria).Tão importante quanto a adoção das medidas re-feridas desde meados de 2014, é o novo enquadra-mento legislativo que alterou as regras anterior-mente em vigor, procurando definir um panorama mais atrativo para o investidor, levando, em agosto de 2015, à publicação da nova Lei de Investimento Privado de Angola, no âmbito de uma estratégia de investimento pré-definida e envolvendo a cria-ção de novos órgãos com capacidades de avalia-ção e decisão sobre os projetos, como é o caso da

APIEX – Agência para a Promoção do Investi-mento Estrangeiro e das Exportações de Angola – e da UTIP – Unidade Técnica do Investimento Privado.É de destacar que, apesar do impacto das medi-das adotadas na economia real não ser, ainda, to-talmente quantificável, segundo a edição de 2016 do estudo Doing Business, elaborado pelo Banco Mundial, Angola melhorou duas posições na faci-litação de negócios face a 2015, em consequência da redução dos encargos com a constituição de empresas e das medidas facilitadoras adotadas para o seu registo.As expetativas que os empresários depositam no “pacote” legal de enquadramento do investimento em Angola são muitas e grandes, porquanto e en-tre outras medidas, com a nova Lei:- desaparece o limite mínimo para que os projetos sejam considerados investimento privado e é per-mitido o repatriamento de capitais em geral, ainda que o valor a repatriar esteja sujeito à aplicação de uma taxa suplementar de imposto sobre a aplica-ção de capitais, visando estimular o seu reinvesti-mento local ;- os benefícios fiscais e as isenções aduaneiras são atribuídas casuisticamente a projetos estrangeiros, no valor mínimo de USD um milhão, e nacionais, no valor mínimo de USD 500 mil, de acordo com critérios objetivos de avaliação e atribuição;- são definidos setores prioritários para o investi-mento - eletricidade e água; hotelaria e turismo; transportes e logística; construção civil; telecomu-nicações e tecnologias de informação; meios de co-municação social -, nos quais se torna obrigatória a participação de um sócio angolano que será titular de pelo menos 35% do capital social e deterá uma participação na gestão da sociedade. Esta medi-da parece-nos muito importante, porquanto não só define uma regra uniforme de atuação no que concerne à formação de parcerias como assegura o envolvimento dos empresários angolanos na im-plementação de projetos em áreas fundamentais para o desenvolvimento do país;- a aprovação dos projetos de investimento privado passa a estar a cargo do Órgão da administração direta ou indireta, a quem o Titular do Poder Exe-cutivo delegue tal função.Mas não só a nova LIP foi importante nos pas-sos tomados em 2015 pelo Executivo angolano para procurar colmatar as consequências nefastas derivadas da crise, da profundidade que a mesma alcançou e da imprevisibilidade do seu termo.Foi, também:- atualizada a Pauta Aduaneira dos Direitos de Importação e as taxas do regulamento do Imposto de Consumo, de forma a aumentar a tributação da importação dos produtos considerados de luxo e desonerar os produtos considerados essenciais para a população (no primeiro caso) e passar a onerar a gasolina e o gasóleo produzidos em Angola (no segundo caso, com uma taxa de 5%);- terminada a subvenção do Estado ao preço da gasolina, estando previsto, para breve, também ao do gasóleo;- aprovado o novo Código dos Valores Mobiliá-rios;- aprovada uma nova Lei Geral do Trabalho (re-vogou a de 2000), que introduz alterações signifi-cativas no direito laboral angolano, nomeadamente no que concerne ao âmbito de aplicação; aos con-tratos de trabalho por tempo determinado; aos procedimentos obrigatórios de resolução alterna-tiva de litígios laborais; à definição de um prazo

de prescrição para pedido de reintegração pelos trabalhadores em caso de despedimento.Urge perguntar: como estão os empresários por-tugueses a dar-se nesta conjuntura? Sabemos que a resposta não é a mas desejada: se, por um lado, as condições económicas e financeiras em Portu-gal ainda não permitem a definição e implemen-tação rigorosa de projetos de internacionalização, nomeadamente para países de risco elevado como Angola, por outro lado, e enquanto principal for-necedor de mercadorias ao mercado angolano, os exportadores portugueses estão mais expostos aos atrasos nos pagamentos. Por outro lado, a suspensão e o adiamento de pro-jetos diversos no setor das obras públicas acarretou problemas diversos para as empresas do setor, que se viram obrigadas a reduzir a sua força de traba-lho. Acresce, neste domínio, o facto de a desvalo-rização do Kwanza face ao Dólar estar a obrigar as empresas a quem haviam sido adjudicadas obras públicas em moeda nacional se verem na contin-gência de terem que procurar financiamentos para colmatar o hiato entre os valores adjudicados e os valores reais dos trabalhos.Também a resposta do Governo português às di-ficuldades de tesouraria das empresas portuguesas com créditos sobre Angola não produziu os resul-tados esperados: em setembro, dos € 500 milhões disponíveis, apenas € 121 milhões estavam atribuí-dos a 23 empresas, o que não corresponde de todos às expectativas criadas.Um dos maiores problemas da presente crise é o facto de não se vislumbrar o seu termo: se segundo o FMI, Angola começará a recuperar em 2017, já segundo diversas outras previsões só daqui a algum tempo o preço do barril de crude voltará aos USD 80,00. Em qualquer dos casos, 2016 será mais um ano de contenção económica e financeira, refle-tindo a proposta de Orçamento Geral do Estado precisamente um cenário de dificuldades, com um défice de 5,5% do PIB, uma taxa de crescimento da economia de 3,3% e receitas assentes no pressu-posto do barril de petróleo a USD 45,00.Acresce o problema dos “atrasados”: Angola não dispõe de divisas suficientes para respeitar os com-promissos assumidos com as empresas presentes no mercado, seja no âmbito de projetos de investi-mento direto ou de comércio externo.A CCIPA acredita que Angola ultrapassará esta crise. Mas a CCIPA também acredita que, uma vez ultrapassada esta crise, as características do mercado angolano serão diferentes das atuais, será necessário alterar o paradigma das relações eco-nómicas e empresariais entre Portugal e Angola e, aproveitando as sinergias e a identidade cultu-ral existentes entre os dois Povos, passar de uma condição de exportador para o mercado angolano, para uma nova realidade em que se torna produtor.É certo que este desiderato não se atinge da noi-te para o dia e muito trabalho ainda há por fazer, pelo que será do interesse de todos os envolvidos, desde o Governo e os consumidores angolanos até aos empresários e às autoridades portuguesas, que a transição para uma maior aposta na produção lo-cal seja feita de forma gradual, criando incentivos para tal.As empresas e os empresários portugueses já pro-varam ser capazes e estar à altura dos desafios e das necessidades de Angola, encontrando-se dispersos por todas as Províncias e atuando em todos os se-tores de atividade, pelo que Portugal dispõe de to-das as condições para continuar a ser um parceiro incontornável e sempre presente de Angola.

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Ocorreu entre os dias 22 e 25 de outubro a 20ª Feira Internacional de Macau, que visa promover o comércio e o investimento entre nações. Que ba-lanço é possível fazer deste evento que marcou o mês de outubro em Macau?A MIF é o principal evento multissetorial na área de promoção do comércio e investimento que se realiza em Macau, com uma área total de 37 mil metros quadrados, cerca de dois mil stands e mais de 950 expositores, de uma grande diversidade de mercados. A nível dos países lusófonos, Portugal tem contado com a maior participação de empresas. Tendo em atenção os crescentes esforços de inten-sificação de relacionamento entre China, Macau e os PLP, este ano a MIF introduziu o conceito de “exposição dentro da exposição”. Assim, concen-trou a participação dos PLP numa área de 2.241 metros quadrados, o que totalizou 249 stands com 150 expositores dos PLP. Igualmente, nesta área expositiva foram integrados os serviços pro-fissionais bilingues. Claramente saiu reforçada a visibilidade e notoriedade da oferta, quer de bens quer de serviços, dos PLP em geral, e claro muito em especial de Portugal. Em termos de números de que dispomos, a presença portuguesa na 20.ª edição da MIF foi muito positiva: 133 expositores, cerca de 250 empresários e 44 protocolos assina-dos. O número de empresas portuguesas presentes na MIF tem crescido de forma sustentável, o que é um indicador da importância desta iniciativa para o nosso tecido empresarial. As empresas portu-guesas, em especial do setor agroalimentar, con-sideram que Macau tem elevado potencial, quer pelo mercado interno existente quer na lógica de triangulação com os mercados de Hong Kong, da China Continental e dos restantes países do su-doeste asiático. Durante, e paralelamente à MIF, decorreram di-versos fóruns, conferências e outras atividades que possibilitaram o intercâmbio de conhecimento, intenso networking e reforço da cooperação entre as diversas organizações presentes. Portugal, atra-vés da AICEP,  participou ativamente em eventos como o Fórum dos Jovens Empresários entre a China e os PLP, a mesa redonda com dirigentes das províncias e municípios da China e PLP, o Fórum internacional de investimento, sessão de intercâmbio económico e comercial entre PLP, Fujian e Macau, sessão de apresentação dos seto-res das pescas e de transformação do pescado nos PLP, reunião do Grupo de Promoção de Trabalho de Educação. Todas estas iniciativas revelam-se de grande interesse para a promoção do nosso país na China e Macau, possibilitando reforçar a ma-rketing intelligence e branding do país e organiza-ções bem como estabelecer e sedimentar parcerias. Por todas estas razões, o balanço que efetuamos desta iniciativa é muito positivo.

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Com 133 expositores, cerca de 250 empresários e 44 protocolos assinados, assim se traduziu a presença portuguesa na 20.ª edição da MIF – Feira Internacional de Macau. Estes números têm crescido de forma expressiva ao longo dos anos, o que apenas demonstra que este se trata cada vez mais de um certame de referência para o tecido empresarial português. Macau concentra potencialidades infinitas, quer “pelo mercado interno existente, quer na lógica de triangulação com os mercados de Hong Kong, da China Continental e dos restantes países do sudoeste asiático”, tal como explicou em conversa com a Revista Pontos de Vista Vítor Sereno, Cônsul-Geral do Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, uma entidade que tem procurado mostrar

“a melhor face” do nosso país nestes mercados.

“Cada vez mais a MIF se reinventa”

MIF – FEIRA INTERNACIONAL DE MACAU

De um modo geral, e enquanto Cônsul-Geral, como caracteriza as relações bilaterais entre estes dois pontos geográficos tão distantes? As relações eco-nómicas são um importante aspeto para ambos?Num contexto de globalização parece-me estra-nho falar em distâncias. Cada vez menos, com o nível existente e crescente de infraestruturas e co-municações, a distância se constitui como um tão grande obstáculo nas relações económicas entre países. O mundo é efetivamente gigante pois as oportunidades são imensas. Mercados como Ma-cau, com um elevado potencial, em que a nossa presença tem séculos, em que as nossas culturas, história e gentes se misturam, são pela sua nature-za estratégicos, nomeadamente a nível económico. As relações económicas entre Portugal e Macau têm-se intensificado. Em termos estatísticos, e de acordo com o INE – Instituo Nacional de Esta-tística, Portugal exportou em 2014 para a RAEM 23,7 milhões de euros de mercadorias. No ano anterior, o valor das exportações tinha-se cifrado em 18 milhões de euros, o que se traduziu num crescimento record de 32%. Aqui permita-me pôr em perspetiva a importân-cia de Macau no contexto do nosso relaciona-mento com o Extremo Oriente/Sudoeste Asiáti-co. Portugal exporta quase tanto para a RAEM como para a Indonésia, o quinto país mais popu-loso a nível global. Alias, no contexto do Extre-mo Oriente/Sudoeste Asiático, que compreende 19 economias, Macau posiciona-se como o nosso

oitavo principal cliente, à frente da Tailândia, Ma-lásia e Vietname.É ainda importante referir que a RAEM, com apenas 0,05% da população total da República Popular da China representa 2,4% das exporta-ções portuguesas para este país. Estes dados evi-denciam claramente a importância da pequena Região Administrativa de Macau.A estrutura das exportações de Portugal para Macau, por grandes grupos de produtos, é muito concentrada. Segundo o INE, a primeira posição é ocupada pelo grupo dos produtos alimentares (com 39,7% do total em 2014), seguindo-se as máquinas e aparelhos (28,4%), os produtos agrí-colas (14,8%) e os produtos químicos (10,8%). Estes quatro primeiros grupos representaram, em conjunto, quase 94% das nossas vendas para o mercado. Destaque-se que face a 2013, houve um incremento significativo do peso das máquinas, da ordem dos 17 pontos percentuais. O ranking dos principais produtos portugueses exportados para Macau (a quatro dígitos) é lide-rado pelo vinho (mais de um quarto das expor-tações), seguido dos fios e outros condutores elé-tricos, medicamentos, quadros e painéis elétricos. Estes quatro produtos são responsáveis por quase 60% das nossas exportações.As estatísticas locais indicam que a venda de pro-dutos alimentares lusos a Macau representa quase metade (49%) do total que Portugal comerciali-zou com a RAEM (cerca de 121 milhões MOP). Os produtos com maior peso nas importações de Macau são as bebidas, peixes e crustáceos, prepa-rações de carnes, de peixes ou de crustáceos, os leites e laticínios e as gorduras e óleos.Um destaque para os vinhos, a principal bebida portuguesa importada por Macau. Embora Ma-cau seja um mercado pequeno, tem um potencial interessante na área dos vinhos, nomeadamente em resultado da indústria dos casinos e atividades turísticas conjugadas com a crescente utilização do vinho nas diversas e frequentes celebrações lo-cais. O consumo de vinho tem ganho dimensão em todo o mercado chinês, estando associado a status. A RAEM importou, em 2014, vinhos no valor de 1.461 milhões de MOP corresponden-tes a cerca de 5,5 milhões de litros. Em volume, Portugal, com uma quota de 31%, é o segundo fornecedor do mercado e o terceiro em valor, com uma quota de 4%.Estas relações económicas correm a par de uma estreita colaboração nas áreas da ciência, da cultu-ra e da educação. A criação de uma subcomissão mista dedicada exclusivamente à língua portugue-sa e à educação espelha o forte empenho colocado pelos dois lados no estreitamento da cooperação em matérias como o reconhecimento de habilita-ções e o desenvolvimento de programas de mobi-lidade científica e académica. Apoia essa aposta

VÍToR SERENo

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o crescimento da cooperação entre instituições de ensino superior da RAEM e de Portugal, já com uma longa tradição e que vem conhecendo novos e importantes desenvolvimentos. Macau é, para as universidades e institutos portugueses, um objetivo em si e também um parceiro no acesso a esse grande espaço de cooperação científica e académica que são as universidades na China continental.A língua portuguesa ocupa, nesta estratégia, um papel central. Estando outorgado à RAEM, por determinação das autoridades chinesas, o papel de plataforma de ligação aos países de língua portu-guesa e sendo desígnio do Executivo da RAEM afirmar Macau como um centro de ensino e de formação em língua portuguesa para a região Ásia-Pacífico, abrem ambas decisões muito boas perspetivas para a língua portuguesa, em primeiro lugar, mas também para a cooperação entre os dois países nesta matéria – onde incluímos a ação do IPOR – e para as instituições de ensino superior portuguesas.

Qual tem sido o papel do Consulado-Geral de Por-tugal em Macau e Hong Kong no sentido de estrei-tar relações e possibilitar uma união cada vez mais indestrutível? São estes eventos, como a MIF, pon-tos importantes nesta vossa missão?Nos últimos anos, Macau alterou o seu paradigma, procurando afirmar-se como um “Centro Mun-dial de Turismo e Lazer” e uma plataforma privi-legiada entre a China e os Países de Língua Ofi-cial Portuguesa e não apenas um centro de jogo. Está a ser incentivada e promovida a criação de indústrias emergentes locais, nomeadamente do setor de convenções e exposições, das indústrias culturais e criativas, bem como da indústria de medicina tradicional chinesa. No enquadramento atual de queda nas receitas do jogo, a diversifica-ção da economia de Macau tem ganho crescente relevância. Para Portugal, cada vez mais a dinâmica de inter-nacionalização assume uma importância crucial para a competitividade, sendo que a diversificação de mercados é uma prioridade. Neste âmbito, o mercado asiático, e em particular a China, Macau e Hong Kong, possuem uma elevada atratividade e devem ser cuidadosamente trabalhados.Portugal e Macau têm cooperado ativamente na busca de soluções conjuntas, reforçando um re-lacionamento que já tem mais de cinco séculos.

Atualmente existe um conjunto de iniciativas e projetos em curso que partilhamos e que são do máximo interesse para o fortalecimento desta par-ceria.Portugal participa desde 2003 no Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os PLP, em que Macau desempenha o papel de plataforma de ligação para a China e PLP. Desde a criação do Fórum de Macau, que os diversos países participantes têm implemen-tado um plano de ações, que contribui para o incremento da cooperação no âmbito da econo-mia, comércio e investimento. O plano de ação 2014-2016 inclui medidas de cooperação numa grande diversidade de domínios, como a agricul-tura, pescas e pecuária, infraestruturas, ambiente, educação, energia, finanças, transportes, turismo e cultura. O fórum tem um intenso programa de atividades, em que Portugal permanentemente se envolve e para as quais contribui proactivamente. Destacam-se seminários, visitas e missões em-presariais e institucionais aos PLP e China, ações de formação, que são do máximo interesse para o estreitar de relacionamentos quer com a China quer com Macau quer com os outros PLP.Colaboramos de forma intensa no projeto “Uma Plataforma, Três Centros” que é uma iniciativa promovida pela R. P. da China e que está a ser de-senhada e operacionalizada pela RAE de Macau. Este projeto, acarinhado pela R. P. China e do má-ximo interesse, visa facilitar a entrada de empresas dos PLP no mercado chinês, tendo Macau como plataforma privilegiada. Para as empresas portu-guesas, em especial da área alimentar e também da prestação de serviços profissionais, representa um novo canal de promoção e acesso ao merca-do da China. Também a nossa presença crescente na MIF, com novas empresas e novos produtos, a nossa participação como país convidado da Hong Kong Wine & Spirits, com 44 entidades presen-tes, são instrumentos que possibilitam o fortaleci-mento da relação entre Portugal e as RAE. Por outro lado, diariamente o Consulado, através da AICEP, é contactado e dá resposta a empresas, associações e outras entidades que buscam infor-mação e acesso a players no mercado de Macau. Igualmente, e já no que respeita a empresas e enti-dades das RAE e da China, procuramos facilitar--lhes todos os elementos que os apoiem na sua abordagem do mercado português. Temos também trabalhado intensamente no

sentido de consolidar as relações culturais entre a RAEM e Portugal, através de intervenções a diversos níveis. Em primeiro lugar, promovendo e apoiando ativamente a apresentação em Macau de expressões da contemporaneidade artística, científica e cultural portuguesa. A um tempo, visa esta intervenção mostrar o que faz em Portugal nestes domínios, a qualidade que marca muita da nossa criação intelectual, tecnológica e artís-tica, trazendo-a ao conhecimento alargado, em estreita colaboração com associações de matriz portuguesa, com instituições da RAEM e com patrocinadores locais. Promovemos, desse modo, a internacionalização de conteúdos portugueses, ao mesmo tempo que cimentamos um diálogo entre duas culturas – a portuguesa e a chine-sa – que constitui um importante legado que à RAEM também interessa preservar.Apoiamos fortemente, por outro lado, a criação de pontes institucionais que fortaleçam esse diálogo entre o ocidente e o oriente de que portugueses e chineses foram pioneiros. Estão, nesse âmbito, em curso vários projetos de cooperação no domínio da museologia ou dos arquivos históricos, para citar alguns.Mas, para além dos Governos, são as pessoas que tornam os laços indestrutíveis. Temos aí dirigi-do um importante apoio à valorização da nos-sa comunidade portuguesa e ao papel que tem desempenhado no desenvolvimento da RAEM, ao mesmo tempo que temos estimulado um forte diálogo intercultural, abrindo os espaços de Por-tugal em Macau – o Consulado-Geral e a Resi-dência oficial – ao encontro da nossa comunida-de com os nossos amigos de Macau, reforçando as relações do presente e abrindo novos caminhos de futuro. Em conclusão, há muito trabalho que já foi feito, que está a ser feito, e que irá ser feito, e que passa pela consistente e coerente promoção das nossas potencialidades como país nas verten-tes comércio e investimento, pela divulgação das nossas empresas e produtos, pelo networking e estabelecimento de parcerias institucionais. Te-mos procurado ser um intermediário, um facili-tador de relacionamentos, com alguns inputs em termos de conhecimento e cobrindo eventuais falhas de mercado. Claro que ainda temos um longo caminho pela frente pois a nossa ambição é grande.

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Nasceu em 1864 como Banco Emissor para as ex-colónias portuguesas mas é hoje, mais de um século depois, uma instituição bancária global que acompanha os seus clientes desde o primeiro contacto. Á margem da Feira Internacional de Macau,

a Revista Pontos de Vista conversou com Pedro Cardoso, CEO do Banco Nacional Ultramarino (BNU) e conheceu o seu posicionamento estratégico nas relações entre os Países de Expressão Portuguesa, China e Macau. Com o mercado bancário

macaense a crescer a um ritmo alucinante, atuar num segmento tão competitivo exige muito. Mas, pelo conhecimento que tem e pelo papel que assume como facilitador de contactos, o BNU tem afirmado a sua posição.

“O bNU FAz PARTE DA vIDA FINANCEIRA DO TERRITóRIO”

MIF – FEIRA INTERNACIONAL DE MACAU

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O BNU – Banco Nacional Ultramarino foi o primei-ro banco comercial em Macau, isto ainda no início do século 20. Que análise perpetua da atividade da instituição e de que forma tem contribuído para a evolução do sistema financeiro e económi-co de Macau?O BNU está presente em Macau há mais de 113 anos. É um banco de direito local desde 2001. Continua a ser o banco emissor da Pataca e Cai-xa do Tesouro da Região Administrativa Especial de Macau. É, também, um dos principais bancos comerciais de Macau. Tem presentemente mais de 200.000 clientes, aproximadamente um terço da população de Macau. Ao longo da sua his-tória foi contribuindo para o desenvolvimento económico e social de Macau, quer no seu pa-pel de banco emissor, quer no apoio aos grandes projetos de infraestruturas de Macau. O BNU continua cada vez mais empenhado neste papel, com equipas especializadas no apoio às pequenas e médias empresas locais, consideradas um pilar no desenvolvimento da economia de Macau.

De que forma tem o BNU promovido a coopera-ção para oportunidades de negócio de Macau, como plataforma económica e comercial, bem como no intercâmbio entre a China e os Países de Língua Portuguesa? O BNU tem promovido diversas iniciativas pro-curando enfatizar as excelentes condições de ne-gócio que Macau aporta às empresas que estejam a operar nestes mercados, através do intercâmbio entre os diversos atores do setor económico e co-mercial. A título de exemplo, o BNU tem promo-vido diversos encontros entre responsáveis polí-ticos portugueses, entre os quais o Presidente da República, o Secretário de Estado da Economia e o Presidente da AICEP, com diversos empresários locais. Organização e/ou receção de delegações de empresários para encontros com estruturas empre-sariais locais; Participação em colóquios na China com o objetivo de apresentar o Grupo CGD e o BNU a um conjunto de empresários chineses; Apoio na deslocação de empresários macaenses a países de expressão portuguesa.Temos igualmente participado ativamente nas iniciativas do IPIM-Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau e da AICEP, sendo que este ano participámos em alguns dos eventos promovidos por estas entidades em Ma-cau. A título de exemplo apoiámos recentemente o IPIM na divulgação da plataforma de serviços para a cooperação económica e comercial entre a China e os PLP junto aos Bancos do Grupo CGD presentes nos PLP num fórum em Lisboa, organizado pela CGD.Não podemos ainda deixar de destacar o proto-

colo que o BNU assinou em junho com o Banco da China com o objetivo de promover a coope-ração entre a República Popular da China e os países de língua portuguesa, tendo Macau como plataforma privilegiada.

Ao longo de mais de um século, o BNU tem apoia-do as atividades empresariais locais. De que for-ma o fazem e qual a relevância desse apoio para essas empresas?Desde sempre que o BNU se foca no apoio às empresas, procurando estar próximo a estas, per-cebendo a sua atividade e participando ativamen-te na construção dos seus projetos. Um exemplo claro foi o papel pioneiro no suporte aos novos casinos estabelecidos em Macau após a liberali-zação do setor do jogo em 2002. Previamente a esta fase, o BNU foi um dos principais pontos de apoio do desenvolvimento da indústria manufa-tureira nos anos 70 e 80, tendo ainda financiado algumas das principais infraestruturas públicas existentes em Macau. No entanto, como já refe-ri anteriormente, atualmente a nossa prioridade principal é o apoio às pequenas e médias empre-sas do território.

O investimento externo é fundamental para qual-quer região, sendo que Macau não é exceção. Desta forma, que estratégias e instrumentos utili-za o BNU no sentido de captar maior investimen-to estrangeiro e assim contribuir para o desenvol-vimento económico de Macau? O BNU apoia no estabelecimento de empresas em Macau, tendo nos últimos anos facultado in-formação referente às condições necessárias para a abertura de empresas no território. Em particu-lar e através da CGD em Portugal, procuramos estabelecer um contacto logo que haja intenção da empresa se estabelecer em Macau, facultan-do naturalmente a informação necessária para a abertura de conta no banco mas também infor-mando e destacando as condições fiscais favorá-veis ao investimento no território. Aproveitamos igualmente o nosso conhecimento do mercado local para identificar potenciais parceiros, forne-cedores e/ou potenciais clientes para estas em-presas. Na sua opinião, quais são as verdadeiras poten-cialidades de Macau ao nível de oportunidades para empresas de outros mercados? Quais são os principais riscos que as mesmas enfrentam?Macau pode ser utilizado por estas empresas como uma plataforma de preparação e adaptação de produtos e serviços e formas de negociação ao enorme mercado chinês, através de parcerias, alianças estratégicas e contactos privilegiados com as empresas estabelecidas no Delta do Rio das Pérolas.A banca tem um papel crucial no apoio à im-plementação de empresas dos países de expres-são portuguesa no território, quer facilitando os contactos, quer prestando serviços financeiros,

pEDRo CARDoSo

“o BNu tem prosperado num ambiente muito competitivo, sendo já conhecido pela sua agilidade operacional. Essa característica, aliada à excelência dos serviços, permitiu ao BNu navegar com segurança em tempos menos favoráveis”

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nomeadamente na área do trade finance.Julgo que o maior desafio que se pode enfrentar serão as diferenças culturais e linguísticas entre os mercados chinês e lusófono. O BNU está particularmente bem posicionado, pelo conheci-mento que tem de ambos, para fazer a ponte e assumir um papel de facilitador desses contactos.

Para se apostar num mercado como Macau, é fun-damental conhecer a região? Ter um parceiro como o BNU pode marcar a diferença entre uma aposta de sucesso e aposta de resultados negativos?Há mais de um século que o BNU faz parte da vida financeira do território, mantendo um pa-pel ativo no desenvolvimento social e económico de Macau e no apoio às atividades empresariais locais. O conhecimento e a experiência adquiridos têm sido, ao longo da história de Macau, fundamen-tais para o sucesso das empresas e dos projetos dos nossos clientes, em setores como o imobiliá-rio, o comércio a retalho, o turismo, as indústrias transformadoras, os transportes, a construção, os serviços públicos e o comércio internacional.

Fazem parte do Grupo CGD, uma das maiores ins-tituições financeiras da Europa e o maior grupo financeiro de Portugal. Com uma extensa rede global presente em 23 países distribuídos pela Europa, Ásia, África e Américas, o BNU combina o conhecimento local com experiência interna-cional para lhe oferecer soluções bancárias com-pletas e inovadoras. O facto de pertencerem ao Grupo CGD aporta maior confiança por parte da-queles que vos procuram?Conforme anteriormente referido, o BNU faz parte do Grupo CGD, presente em 23 países e em todos os Países de Língua Oficial Portugue-sa, à exceção de um. O nosso banco tem estado, assim, extremamente ativo no apoio ao comércio entre a China e os países de expressão portugue-sa, quer em termos de fluxos de comércio como de investimento. O Grupo CGD está diretamente presente em sete países de expressão portuguesa, tendo uma posição de liderança em cinco destes. Está ainda presente em Macau, Zhuhai e Xangai e prevê-se ainda a abertura de uma sucursal do BNU em Hengqin, constituindo-se assim uma plataforma ainda mais forte na ligação dos Países Lusófonos à China.Concretamente em relação à sua questão, sim aporta, pois uma instituição como a CGD com a sua vasta presença em mercados tão dispersos e com diferentes níveis de estágio de desenvolvi-mento é uma fonte de conhecimento e experiên-cia que se pode partilhar com os nossos clientes.

Na sua opinião, o que ainda falta para que as re-lações bilaterais económico/comerciais entre Por-tugal e Macau sejam ainda mais consolidadas? Qual tem sido o contributo do BNU para que esta «parceria» seja ainda mais forte? Com o eclodir da crise económico-financeira, a Europa no geral e Portugal em particular passa-ram por um reajustamento económico. Em Por-tugal, ainda que em período de contração econó-mica, deve-se destacar o excelente desempenho do setor das exportações. Na sua relação com a República Popular da Chi-na, ao nível do investimento por PIB, Portugal foi um dos principais mercados europeus em que a República Popular da China investiu nos últimos

anos. Este facto por si só demonstra a excelente confiança que a China deposita em Portugal e no seu potencial de desenvolvimento.Gostávamos de ver mais produtos portugueses no mercado chinês, e Macau pode desempenhar um papel importante no estabelecimento de re-lações comerciais de empresas portuguesas com a China, aproveitando não só as afinidades cultu-rais mas também as excelentes condições fiscais que o território proporciona.Com a abertura da sucursal em território chinês no próximo ano, o BNU para além de acompa-nhar mais de perto os seus clientes e ter uma postura mais ativa na promoção dos negócios entre a China e os Países de Língua Portuguesa, irá reforçar o leque de serviços aos nossos clien-tes que possuem cada vez mais ligações à China continental.

De que forma tem o BNU apostado fortemente na inovação e em produtos diferenciadores? Existe essa preocupação, no seio da instituição, em ofe-recer aos vossos clientes e parceiros produtos e serviços personalizados? Essa é a grande marca distintiva do BNU?A estratégia seguida pelo BNU tem sido a de reestruturar para crescer. Criar as condições ne-cessárias para gerar valor num ambiente cada vez mais competitivo; formar e agilizar a estrutura para melhor responder às exigências do mercado e para surpreender a concorrência e, obviamente, estar muito atento para poder antecipar às suas necessidades. Permita-me destacar alguns dos projetos que, de facto, demonstram a nossa capacidade de inova-ção e diferenciação perante a concorrência local: o lançamento em janeiro deste ano do primeiro cartão de crédito de Milhas; em abril, a dispo-nibilização de requisição de moeda estrangeira através do serviço de Internet Banking, garantin-do assim toda a comodidade e conveniência ao cliente. Mais recentemente, em setembro, lançá-mos o primeiro cartão de crédito de tripla moeda (Hong Kong Dólar, Yuan da China e a Pataca de Macau), etc. Estas e outras iniciativas mereceram inclusivamente alguns prémios internacionais em que destacamos os atribuídos pela Visa e pela Mastercard, assim como pela Capital Finance International, que classificou o BNU como me-lhor banco de retalho em 2014 e ainda pela In-ternational Finance Magazine que classificou o

BNU não apenas como melhor banco de retalho, mas também o banco com melhores práticas ao nível da Responsabilidade Social Corporativa.

Quais são as principais prioridades e desafios do BNU de futuro? O que podemos esperar do mesmo? Nos últimos anos o volume de negócio do mer-cado bancário de Macau tem vindo a crescer a um ritmo muito rápido. No entanto, é um merca-do muito competitivo. A Região Administrativa Especial de Macau conta com cerca de 600.000 habitantes e existem já 29 bancos a operar no território.A média da margem financeira líquida anda à volta de um ponto percentual. Ou seja, a dife-rença entre o que os bancos recebem de juros dos empréstimos e o que pagam nos depósitos, é das mais baixas do mundo. Ora isto implica que de-vido a este esmagamento da margem financeira teremos que ser criativos; vamos ter que ser ca-pazes de fornecer mais e melhores serviços com forte controlo dos custos. Durante o ano passado, além de continuar com o processo de reestrutu-ração interna, ampliámos as oportunidades de formação para os nossos colaboradores. Esta tem sido uma peça fundamental para otimizar a qua-lidade dos nossos serviços.Os resultados têm sido encorajadores pois cres-cemos expressivamente no número de clientes e ainda no número médio de produtos por cliente. O nosso rácio cost to income é já inferior a 30%, um valor alinhado com as melhores práticas in-ternacionais. Nos primeiros nove meses de 2015 o contributo do nosso resultado líquido para os resultados da CGD ascendeu a cerca de 46 mi-lhões de euros, aproximadamente o dobro do re-gistado há três anos. O BNU tem prosperado num ambiente muito competitivo, sendo já conhecido pela sua agili-dade operacional. Essa característica, aliada à ex-celência dos serviços, permitiu ao BNU navegar com segurança em tempos menos favoráveis. E em relação ao futuro, o BNU está extremamente bem preparado para colher o máximo benefício do crescimento económico .Com esta postura, e a par de um balanço robusto, o BNU tem mantido uma política de crescimen-to sustentado, refletindo a confiança na nossa capacidade de criar valor para todos os nossos clientes e acionistas nos próximos anos.

“os resultados têm sido encorajadores pois crescemos expressivamente no número de clientes e ainda no número médio de produtos por cliente. o nosso rácio cost to income é já inferior a 30%, um valor alinhado com as melhores práticas internacionais. Nos primeiros nove meses de 2015 o contributo do nosso resultado líquido para os resultados da CGD ascendeu a cerca de 46 milhões de euros, aproximadamente o dobro do registado há três anos”

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Ao longo da existência da AJEPC, no âmbito do tra-balho de aproximação, desenvolvimento e investi-mento nos dois mercados (Portugal e China), que balanço é possível fazer?Pode se fazer um balanço positivo, tendo em conta os vários contatos estabelecidos, missões empresa-riais e inversas realizadas, projetos concretizados e as diversas oportunidades que ainda estão a ser exploradas, quer no eixo Portugal - China, quer nas triangulações entre os países de língua portuguesa, Macau e China a nível empresarial. No entanto, te-mos consciência que devido ao nosso caráter como voluntários temos muitos pontos fortes, mas tam-bém algumas lacunas que temos vindo a aprender e a melhorar dentro da nossa organização. Com a experiência, humildade, dignidade e força de vonta-de dos nossos membros temos conseguido superar diversos desafios e realizado diversas ações que ini-cialmente pareciam muito mais difíceis mas que em conjunto conseguimos realizar. Entendemos que temos feito um trabalho insti-tucional interessante junto ao AICEP, IPIM, HK Invest, Beijing Invest e CCPIT de várias regiões da China, sendo que temos realizado diversas ações conjuntas, desde sessões de esclarecimento a orga-nização de missões empresariais e eventos setoriais. A AJEPC apoiou o nascimento de diversas associa-ções, sendo também fundadora da Federação Sino--PLPE, que foi criada no início de 2015 em Macau e que promove as relações entre os diversos países de língua portuguesa, espanhola e a China, promo-vendo triangulações comerciais e de investimentos através do fomento da cooperação empresarial e institucional, troca de contactos e validação de in-terlocutores de parte a parte.

A Associação utiliza a plataforma Macau  para a organização e promoção de eventos na China, tal como a China e Macau podem contar com AJEPC para os mesmos fins no mercado europeu e nos PA-LOP. Efetivamente, como descreveria este trabalho de parceria? O que tem sido possível fazer?A AJEPC tem diversos acordos de colaboração entre associações de Macau, China, dos PLP e de alguns países da União Europeia. Estes acor-dos permitem uma maior interação entre as várias associações e uma maior dinâmica entre os seus membros. Existe partilha de agendas de trabalho, calendários de eventos e maior transparência na in-formação passada entre todos. Este tipo de trabalho permite também identificar entre os diversos mem-bros os que têm projetos ou produtos que podem complementar os pedidos de outros empresários de associações distintas. Acaba por ser uma rede de networking com benefícios mútuos, que permite juntar mais-valias e pessoas interessadas da mesma área sempre que surja uma oportunidade. Deste modo temos crescido cada vez mais em termos de membros honorários (grande parte presidentes de associações homólogas), o que nos permite trazer

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Todos os dias surgem novas e aliciantes oportunidades que devem ser agarradas. Criada em 2012, a Associação de Jovens Empresários Portugal-China (AJEPC) tem protegido os interesses dos seus associados, fortalecendo as relações entre estes dois

países. Estar presente em mais uma edição da MIF- Feira Internacional de Macau era, por isso, incontornável. Foi à margem deste evento que a Revista Pontos de Vista conversou com Alberto Neto, Presidente da AJEPC.

PORTUGAL E ChINA, uma relação sem distâncias

MIF – FEIRA INTERNACIONAL DE MACAU

mais “experiência” ao nosso grupo de membros! Como aconteceu no Fórum Empresarial dos PLP e da China que se realizou entre 20 a 22 de outu-bro em Macau, pode-se ver uma grande dinâmica e entreajuda entre diversas associações portugue-sas, macaenses, chinesas e dos restantes PLP que estiveram presentes. Foram apresentados conceitos, ideias, projetos que envolvem Macau e China, mas que por vezes existe um trabalho conjunto de mais que um PLP! É neste tipo de trabalho que Portugal e Macau acrescentam valor! É nas relações e coope-ração nas diversas áreas que nos distinguimos pela diferença, criando “links” entre os diversos povos e culturas e acrescentando serviços, know-how e cultura fundamentais para tornar possível a trian-gulação.

Da cultura à gastronomia, são muitas as caraterísti-cas que distinguem estes dois povos. De um modo geral, o que aproxima e o que afasta Portugal e a China?Existem diversas características culturais que dis-tanciam os dois povos, mas essas mesmas diferen-ças, bem trabalhadas podem ser transformadas em pontos positivos. Existem diferentes métodos de trabalho e de negociação e criar uma oportunidade de negócio depende muito da capacidade de des-poletar curiosidade e interesse no potencial par-ceiro! De uma forma geral, o setor agroalimentar acaba por ter uma grande oportunidade que deve ser explorada ao máximo pois desta forma esta-mos a exportar “gastronomia e cultura”, que se bem promovida poderá apoiar também o turismo e os investimentos em Portugal, pois estamos a dar a co-nhecer o nosso país. 

Nesta aproximação dos países lusófonos à China e a Macau, tanto a nível económico como cultural, o que continua a ser premente fazer? Em contrapar-tida, o que falha?Falha a realização prática de projetos concre-tos. Por vezes não há um rumo, uma estratégia. Já não estamos no tempo das caravelas em que entramos no barco e vamos à procura de algo que ainda “não existe”! Devemos sim, continuar a entrar nas caravelas, mas saber exatamente para onde queremos ir! Mudar constantemente de estratégia não é estratégia! Indecisão não é uma oportunidade nem mais-valia! Como tal temos vir à China com ideias bem concebidas e planea-mento a médio-longo prazo. Temos de entender que nesta caravela temos de estar dispostos a via-jar em conjunto com os nossos “irmãos” de Cabo Verde, Angola, Moçambique... Desta forma te-mos maior força e podemos fazer a diferença.Acredito que Macau seja uma porta de entrada, e que está a trabalhar exatamente para isso. É agora necessário inovar nos eventos, ser mais dinâmico, nomeadamente para poder ser o trampolim para os PLP para a China, e mesmo da China para os PLP.  Existem fundos de investimento para a co-operação que não estão a ser usados e que podem ser canalizados através de Macau. Como tal, Ma-cau tem de promover a formação e a passagem de conhecimentos, promover sessões de esclareci-mento mais profundas em matérias que poderão fazer a diferença num futuro próximo! O mesmo na área de trading, a relação com Zhuhai e Han-gqin deve ser de aproximação! O ideal seria que no futuro os produtos importados dos PLP para Macau possam transitar para a China continen-tal, estimulando o comércio tradicional de Ma-cau e criando mais uma oportunidade de mer-cado aos PLP, senão continuará a ser feito por HK ou diretamente para a China Continental, onde historicamente e culturalmente perdemos a nossa vantagem. Por isso, é do nosso interesse apoiar sem hesitações a plataforma Macau. Te-mos conhecimento de algumas iniciativas muito interessantes no âmbito online, no entanto está tudo ainda no campo dos planos e não existe uma plataforma online que funcione efetivamente.

Em termos promocionais, a estratégia de Macau tem passado, sobretudo, pela divulgação do seu património histórico e por um fortíssimo impulso à indústria do lazer e do turismo de negócios. Que potencialidades existem e que podem ser aprovei-tadas pelos empresários portugueses, em particu-lar pelos mais jovens?Penso que neste âmbito Macau tem algum po-tencial no mercado local, mas deve ser visto como um trampolim para novos mercados. Logicamen-te ainda se pode fazer muito em Macau, nomea-damente a nível de eventos, mercado agroalimen-tar através de aproximação dos grandes centros

AlBERTo NETo

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de consumo, desenvolvimento de plataformas de  high tech  e  e-commerce. Acredito que as agências de viagens de Portugal devem estreitar relações com as de Macau e criar parcerias para criar rotas específicas e mais interessantes para um mercado chinês cada vez mais exigente e competitivo. Mas é preciso ter atenção que o pro-cesso de internacionalização deve ser visto como um processo complexo e que se deve dar um pas-so de cada vez. Caso contrário damos crédito ao nosso vizinho, também não o devemos fazer a um recém contato, que não temos muita infor-mação sobre o mesmo! Como tal, Macau por ser um meio pequeno, pode ser também uma mais--valia para quem quer entrar no mercado, pois entra com alguma segurança e pode procurar o apoio institucional quer do IPIM na apresenta-ção de contatos válidos, como pode contar com a AICEP para validação e acompanhamento dos mesmos.

Para investir é importante conhecer o sistema legal e a realidade nacional. O que é imperativo saber antes de avançar para o mercado chinês?Esta questão é extramente importante e debatida em praticamente todas as sessões de esclarecimen-to que realizamos em Portugal, Macau e China. São essencialmente sessões de trocas de experiên-cia que podem ajudar e muito a perceber determi-nadas realidades. É importante percebermos como funciona, como nos protegermos, o que fazer em situações difíceis, como resolver. Para tal, é im-portante estarmos esclarecidos! Envolver a ban-ca, advogados, contabilistas e em casos concretos empresas de logística, para sabermos mais. Quanto melhor a qualidade da informação, melhores ferra-mentas teremos para tomar boas decisões.

Acredita que Portugal e a China, sendo dois países com culturas tão distintas, estão a atravessar um período próspero em termos relacionais? De que forma Portugal pode sair deste período conturba-do com a ajuda da China, um país já com um lugar cativo no cenário económico internacional? Em termos relacionais Portugal e China têm de-mostrado serem parceiros estratégicos, não ape-

nas no papel mas sim em ações e desenvolvimen-tos concretos. Portugal pode beneficiar e muito deste novo ciclo económico, nomeadamente com a relação com a China, sem pôr em causa os inte-resses e as gerações futuras, antes pelo contrário. Creio que nos devemos valorizar não só pelo po-tencial que temos como nação, pelos recursos hu-manos, o clima ou a localização estratégica, mas também pela capacidade de interação com outros povos e capacidade de acrescentar valor nas rela-ções humanas. Saber aproveitar os investimentos estrangeiros para recuperação da nossa economia e do nosso património e direcioná-los para áreas estratégicas que beneficiem ao máximo o interes-se nacional é um desígnio nacional. É importante continuar a atrair grandes empresas a investirem em Portugal, mas também o é atrair empresários estrangeiros a investirem em projetos menores que precisam de se alavancar ou de algum apoio inicial, como são os projetos de muitas start-ups, que têm ideias brilhantes e só precisam de um empurrão. A crise que se sentiu obrigou-nos e bem a arranjar soluções, a sair da zona de conforto e não ter medo de arriscar ou procurar oportuni-dades. O mesmo acontece com algumas empresas mais maduras que estejam a passar dificuldades económicas e necessitam de investimento externo

“Com a experiência, humildade, dignidade e força de vontade dos nossos membros temos conseguido superar diversos desafios e realizado diversas ações que inicialmente pareciam muito mais difíceis mas que em conjunto conseguimos realizar”

sem o conseguirem obter na banca. Muitas vezes a injeção de capital resolve o problema do fecho iminente dessas empresas enquanto a abertura aos mercados de origem do investimento estran-geiro resolve o problema da sustentabilidade das respetivas indústrias. Não devemos esquecer que algumas destas empresas têm até grandes res-ponsabilidades sociais, nomeadamente os traba-lhadores que empregam e famílias que garantem o seu sustento. O investimento nas empresas e mercado português, seja nacional ou estrangeiro, deve ser sempre incentivado, através das reformas estruturais que se demonstrem necessárias para competirmos internacionalmente pela captação de investimento estrangeiro com outros países. 

Para o futuro, sob a bandeira do relacionamento entre Portugal e a China, o que se pode continuar a esperar da atuação da AJEPC? Que objetivos pre-tendem ver brevemente concretizados?Como associação continuaremos a apoiar a relação económica, social e cultural de Portugal - Macau - China, desenvolver acordos e aproximarmo-nos de outras associações homólogas, desenvolver e realizar missões empresariais, missões inversas, ações de spe-ed dating, eventos paralelos e marcar presença em diversas feiras e exposições que tragam visibilidade aos produtos portugueses. Continuaremos a apoiar os jovens, que são o nosso futuro e serão os próximos líderes e tomadores de decisões, e que quanto melhor estiverem preparados e melhores relações tiverem com outros países melhor poderão apoiar os seus países e relações internacionais. Quanto aos objetivos mais imediatos gostaríamos de ter um consulado portu-guês inaugurado até final deste ano e um voo direto entre a China e Portugal durante o ano de 2016. É igualmente necessário maior intercâmbio de estudan-tes e professores entre as universidades portuguesas e chinesas, nomeadamente nos cursos ministrados em inglês. Será interessante reforçar a posição de Portu-gal como país premium no turismo, mas não apenas no tradicional como alavancar o EnoTurismo, turismo rural e turismo de saúde onde reunimos todas as con-dições para dar cartas e sermos bem-sucedidos.

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A existirem lacunas na área contabilística, em 2010 nasceu uma empresa portugue-sa de serviços de contabilidade, auditoria e consultoria fiscal que veio colmatá-las. “A

BTOC distingue-se no mercado pelo contributo que dá ao cliente com informação útil, atempada e com-preensível. De nada serve termos uma contabilidade bem elaborada se chegar tarde ou se tiver uma lingua-gem de tal forma técnica que ninguém a compreende e hoje em dia a decisão deve ser tomada tendo como base a informação dos números”, explicou em conver-sa com a Revista Pontos de Vista José Pedro Farinha, Partner da empresa, à margem da 20ª edição da Feira Internacional de Macau. Assim, fortemente vocacio-nada para as áreas de atuação referidas, fruto de mais de duas décadas de experiência dos seus consultores, a BTOC surgiu para responder aos desafios lançados pela entrada em vigor do Sistema de Normalização Contabilística (SNC). E, numa área tão sensível e de vital importância como esta, conquistaram clientes que “davam e dão muito valor ao facto de receberem todos os meses informação sobre os seus números”. Isso permitiu que esta empresa crescesse não só em termos geográficos (estando hoje em quatro conti-nentes), como no que diz respeito às áreas de negócio. Consultoria fiscal, consultoria financeira e consul-toria na área da formação são áreas prioritárias que disponibilizam ao cliente para que ele tenha acesso a quadros capacitados e conhecedores do mercado e da legislação em vigor. No acompanhamento ao cliente, esta equipa pode exercer funções em escritórios próprios ou integrada nas instalações das empresas clientes e este foi, du-rante muito tempo, o grande segredo do sucesso da BTOC. Seguindo todas as normas contabilísticas e todo o rigor que a profissão exige e assumindo uma linguagem simples e percetível, a BTOC vai a casa do cliente e passa-lhe a informação. Se em Portugal são muitas as empresas que recorrem a esta prática, noutros países esta característica era totalmente des-conhecida e, como tal, era encarada como uma tre-menda mais-valia. “Em países como Angola, Brasil, Moçambique, Macau ou Cabo Verde era um modus operandi pouco conhecido e conseguimos acrescentar valor ao introduzir esta nova forma de relacionamen-to entre a contabilidade e as empresas e que tira um maior proveito não só da comunicação como da se-gurança da informação”, revelou José Pedro Farinha.Quebrando por completo com a linguagem tradi-cional entre as empresas e os escritórios de contabi-lidade, a BTOC assumiu-se como uma alternativa mais eficaz, que maximiza todo o processo, deixando de existir redundâncias ou ineficiências. “Esta nossa forma de trabalhar só é possível graças à tecnologia e ao facto de os sistemas serem cada vez mais comuni-cativos entre eles. Hoje as empresas têm os seus pró-prios sistemas de faturação e de gestão administrativa.

UMA EMPRESA ONDE O TRADICIONAL não ocupa espaço

Concentre-se na gestão do seu core business, adapte-se de uma forma mais rápida às possíveis conjunturas do negócio e tire o máximo proveito do conhecimento e profissionalismo de uma equipa de “consultores de gestão”. Com um conjunto alargado e multifacetado de serviços, a BTOC, uma “vendedora de conhecimento e não de mão-de-obra simples”, acompanha o cliente,

aumenta os seus lucros, sempre com o máximo de eficiência e organização. Para ser líder de mercado e ser a melhor empresa a nível mundial na sua área de atuação, é preciso dar-se a conhecer e não ser esquecido. Por isso, estar em Macau, na MIF 2015, vai ao

encontro desse objetivo. Foi lá que a Revista Pontos de Vista conversou com José Pedro Farinha, Partner na BTOC Consulting.

MIF - FEIRA INTERNACIONAL DE MACAU

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JoSÉ pEDRo FARINHA E HERNÂNI DuARTE

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A BTOC capitaliza isso e integra a informação dos clientes no nosso sistema que está constantemente em evolução. Aliás, na nossa equipa temos pessoas totalmente dedicadas ao desenvolvimento tecnológi-co de apoio a todos os escritórios e trabalhamos ainda com parceiros tecnológicos muito importantes que nos dão o apoio necessário”, sintetizou o responsável. Este modo de atuação é, aliás, o espelho do nome da empresa: BTOC – Business Technology Outsour-cing Consulting. Mas mais do que fornecedores de uma mão-de-obra simples, a BTOC assume-se como uma “vendedora de conhecimento”.

UMA EMPRESA QUE “RESPIRA” FORMAÇÃO

Como o conhecimento não pode nem deve ficar guardado a sete chaves dentro de um armário, esta é também uma empresa empenhada em formar, em ensinar e em partilhar tudo o que sabe com os mais jovens, sejam portugueses ou não. A aposta clara na formação é outra característica que desde sempre fez parte do ADN da BTOC, tal como evidenciou José Pedro Farinha. “Os recursos humanos são o nos-so principal ativo. Procuramos sempre os melhores alunos de faculdades com cursos muito específicos dentro destas áreas. Depois disso, esforçamo-nos em capacitar estes técnicos para que possam crescer e é hoje um enorme orgulho vê-los em cargos de chefia de equipa ou a liderar projetos importantes. É como um filho nosso que cresce”, partilhou o responsável. Mas esta preocupação trespassa as fronteiras do terri-tório nacional. “Temos protocolos com universidades de vários países com esse mesmo objetivo. Neste mo-mento queremos receber estagiários de Macau que falem português nos Países de Língua Portuguesa para que assim consigamos aumentar a nossa com-petência no que diz respeito a clientes asiáticos que estão a investir nesses mercados. Da mesma forma levamos estagiários portugueses para esses países. No fundo, a BTOC compra e vende horas e têm definiti-vamente de ser horas competentes”, acrescentou José Pedro Farinha, colmatando a sua ideia com uma ex-pressão bastante popular: “não somos beneméritos ao ponto de dar o peixe mas tentamos ensinar a pescar”.Também assim a BTOC tem procurado contribuir para o desenvolvimento económico dos países onde marca presença. Apoiando jovens empresários em Moçambique, Portugal, Cabo Verde ou Angola, a empresa assume como missão capacitar os recursos disponíveis para que, no futuro, possam vestir a ca-misola da BTOC e contribuírem todos juntos para a evolução das economias. A presença nesta feira é a prova viva desta estreita relação com as associações lo-cais uma vez que foi a ligação à Associação de Jovens Empresários Portugal-China que os levou a Macau.

“QUEM NÃO PENSAR GLOBAL PODE FECHAR A PORTA”

O enfoque que a empresa tem dedicado ao mercado internacional tem trazido o reconhecimento expec-tável e, para José Pedro Farinha, esta capacidade de

Por onde andam estes consultores de gestão?- Portugal (Lisboa, Porto, Cascais, Faro e Funchal);- Angola (Luanda);- Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro);- Moçambique (Maputo);- Cabo Verde (Praia).

Tesouraria Atuar com pragmatismo e determinação;

ContabilidadeContribuir para melhorar os resultados dos clientes;

Recursos HumanosDescobrir e valorizar talentos;

Gestão de ativos fixosPromover a satisfação e a fidelização de clientes;

FiscalidadeGarantir o cumprimento das normas legais em vigor;

Sistemas de informaçãoPensar estrategicamente e imaginar o futuro;

Reengenharia de processosOtimizar fluxos e tecnologias;

FinanceirosConhecer para determinar o justo valor;

FormaçãoInvestir no desenvolvimento pessoal e profissional.

Tendo em consideração a ambição de par-ticipar na evolução social, o que mudou em Portugal desde que se tornaram presença assídua neste nicho de mercado?José Pedro Farinha – Despertamos o interesse de jovens que se querem tornar contabilistas certi-ficados, contribuindo assim com informação útil e atempada para os clientes. Assumem-se como médicos das empresas. Não falo de médicos que curam doenças mas sim daqueles que dão vaci-nas e previnem as desgraças atempadamente. Contribuímos para que a nossa profissão não esteja associada à imagem de um cobrador de impostos. Contribuímos para que a profissão seja mais digna e possa servir como um instrumento útil à gestão das empresas. Acreditamos que so-mos uma boa empresa para trabalhar e que tem formado jovens profissionais. Com os colegas de profissão, que não são concorrentes, acredito que vamos contribuir para um futuro melhor das empresas portuguesas, seja em Portugal, seja pelo mundo fora. Esse é o nosso bem social.

internacionalização foi muito aperfeiçoada pelas em-presas portuguesas nos mais recentes períodos de cri-se económico-financeira. Fazendo alusão a uma tre-menda herança deixada pelos nossos antepassados, o responsável acredita que o facto de hoje a língua por-tuguesa estar dispersa pelos quatro cantos do Mundo é um elemento facilitador. A língua promove negó-cios e cria oportunidades sem dúvida. Mas é preciso saber “jogar” com os elementos que se tem ao alcance e, na visão de um dos partners da BTOC, “quem não pensar global pode fechar a porta”. Além de hoje estar presente em Portugal, Angola, Cabo Verde, Brasil e Moçambique, a BTOC já se “aventurou” por África do Sul onde tem um escritório em modo standby, esteve já em Espanha e Polónia e acredita ainda que Macau tem condições especiais até por ser uma extraordinária plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Certamente seguir-se-ão outros destinos mas sempre partindo de um pressuposto fundamental. “A entrada num novo mercado deve ser sempre feita com uma empresa portuguesa. Depois disso surgem novos contactos e clientes”, explicou. Não tendo uma escala gigante, a BTOC ambiciona ser a melhor empresa a nível mundial na sua área de atuação. “Podemos não ser os maiores mas queremos claramente ser os melho-res”, assegurou. E ser o melhor trará também mais--valias para Portugal uma vez que, pelo mundo fora, a BTOC ergue a bandeira portuguesa com orgulho e torna o nosso país apelativo e atrativo ao olhar atento do investidor estrangeiro.

A CASA SERÁ SEMPRE PORTUGALA BTOC assume-se como uma empresa portuguesa que tem feito com que o nosso país tenha um lugar cativo no cenário económico internacional. Lado a lado com empresários, a BTOC apoia-os nesta aventura da internacionalização, auxiliando-os num momento que para muitos é completamente desco-nhecido. “Precisam de ter segurança na informação, segurança nos impostos que pagam, precisam de au-ditar as empresas com as quais se vão associar, elabo-rar estudos acerca da sua própria empresa e avaliações que possam eventualmente apresentar a investidores externos”, exemplificou José Pedro Farinha. E para tudo isso está lá a BTOC, uma empresa que conti-nuará a apostar no mercado nacional com o reforço da sua presença no norte e centro do país e que nunca esquece que “Portugal é o centro do Mundo, o melhor país para viver”.

“Em países como Angola, Brasil, moçambique, macau ou Cabo Verde era um modus operandi pouco conhecido e conseguimos acrescentar valor ao introduzir esta nova forma de relacionamento entre a contabilidade e as empresas e que tira um maior proveito não só da comunicação como da segurança da informação”

SERVIçOS PRESTADOS PELA BTOC:

www.btoc.com.pt

Av. 24 de Julho, 54, 3º Direito, 1200-868 LisboaPhone:+351 218 045 580Fax:+351 218 041 121

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Segurança, qualidade, rapidez na entrega e preço competitivo em todos os produtos comercializados são as garantias deixadas pela Lifeway, uma empresa que quer contribuir para o desenvolvimento sanitário, social e económico das populações dos mercados onde

atua. Crescer e estar entre as cinco principais exportadoras de medicamentos e produtos de saúde para o mercado dos PALOP são duas das principais visões de futuro e para lá chegar o caminho está a ser feito. Conhecendo bem os constrangimentos do mercado

português, a Lifeway “piscou o olho” aos mercados externos e tem conquistado a sua posição. Foi, aliás, à margem da 20ª Feira Internacional de Macau (MIF) que a Revista Pontos de Vista conversou com Pedro Guimarães, Diretor Geral, e Rui Calçada, Diretor

Financeiro da Lifeway.

“JUNTOS NA SAúDE”. esta é a Lifeway

MIF – FEIRA INTERNACIONAL DE MACAU

A edição de 2015 da Feira Internacional de Macau foi a maior de sempre. Este evento cresceu e é hoje o mais impor-tante encontro de trocas comerciais e de

investimento entre Macau, a República Popular da China e o Mundo, com especial incidência nos mercados lusófonos. Para a Lifeway este é, por isso, o local ideal para estar. Com qualidade e sentido de adequação às necessidades dos mer-cados onde atua, a empresa quis marcar presença e sabe que estar num evento que é hoje um dos mais importantes encontros comerciais do Mun-do é de extraordinária mais-valia. Atualmente, em termos internacionais, o volume de negócios da Lifeway ronda os 95%, o que apenas demostra que esta é uma empresa que adotou, desde a sua génese, uma estratégica visão de negócio global. “A Lifeway é claramente uma empresa com visão de internacionalização e de exploração de mer-cados lusófonos. Começamos com os PALOP, sendo que em Angola já temos uma posição con-solidada. Conseguimos entrar em Cabo Verde e em Moçambique temos feito alguns contactos”, explicou Rui Calçada, Diretor Financeiro da Lifeway. E Macau? “É um mercado que quere-mos conhecer, testar e ver como poderemos ser um player competitivo localmente”, acrescentou o responsável. Na sequência desta informação, para Pedro Guimarães, Diretor Geral da empre-sa, não importa esquecer outro dado importante. “Macau é uma possível porta de entrada para o mercado chinês”, colmatou. Esta “ponte” é cada vez mais encarada como crucial para o sucesso das abordagens a este enorme e potente mercado mundial e tal consciência não é de todo esqueci-da pela Lifeway.Para lá chegar, a empresa continuará a man-ter os mesmos valores que sempre a nortearam. Qualidade e segurança são dois pontos fulcrais em qualquer atividade e na área da saúde de um modo muito particular. Como tal, “importa criar relações de confiança com todos os clientes, quer

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“Angola é dos países a nível mundial com maior taxa de mortalidade infantil até aos quatro anos de idade. Esta é, por isso, uma linha (Festivit) muito funcional”

RuI CAlÇADA E pEDRo GuImARÃES

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sejam de Portugal ou de outro país. Damos todas as respostas na área da saúde, quer com a nossa linha de produtos Festivit, quer com outro tipo de solicitação que nos chegue, como sejam medi-camentos, suplementos alimentares, cosméticos, entre outros”, explicou Pedro Guimarães. Esta é hoje a Lifeway. Uma empresa dinâmica e jovem mas que não deixa que esta “juventude” seja sinó-nimo de pouca experiência. Aliando um serviço rápido e competitivo a nível de preço à extrema qualidade, a Lifeway trabalha com produtos eu-ropeus e registados em Portugal.

PRODUTOS INOVADORES E FUNCIONAISA um preço justo e com boas margens comer-ciais, a Lifeway, atenta às necessidades dos seus clientes, desenvolveu uma linha de suplementos alimentares na área da nutrição tendo em vista as carências mais básicas a este nível tanto de crian-ças como de adultos. A linha Festivit “apresenta--se quer com formulações sólidas para adultos, quer com formulações líquidas para crianças ou para pessoas com dificuldades de deglutinação, por norma mais idosas”, explicou Pedro Guima-rães. Esta foi também uma linha desenvolvida com o objetivo de suprir necessidades de popu-lações específicas. Desde sempre que a principal atividade da Lifeway é a comercialização de pro-dutos de saúde, medicamentos hospitalares, ge-néricos e de marca para os PALOP, com especial incidência para Angola. E foi também a pensar na população angolana que nasceu a linha Fes-tivit. “Angola é dos países a nível mundial com maior taxa de mortalidade infantil até aos quatro anos de idade. Esta é, por isso, uma linha muito funcional”, rematou Pedro Guimarães.

ATUAÇÃO NOS PALOPContribuir para a evolução sanitária, social e eco-nómica em todos os mercados onde se encontra é um dos grandes alicerces desta empresa e dia-riamente, para atingir este desígnio, são alguns os muros a derrubar. Por exemplo, no caso de Ango-la. “Uma das principais exigências deste mercado é a acessibilidade ao produto, especificamente ao medicamento. A nossa posição naquele país é de forte apoio na satisfação das necessidades da

“A lifeway é claramente uma empresa com visão de internacionalização e de exploração de mercados lusófonos. Começamos com os pAlop, sendo que em Angola já temos uma posição consolidada. Conseguimos entrar em Cabo Verde e em moçambique temos feito alguns contactos”

PARCERIAS NO MERCADO PORTUGUêSPara conseguir responder de forma rápida e comercialmente competitiva aos clientes, a Lifeway estabeleceu várias parcerias com em-presas de renome a operar em Portugal, nome-adamente a Atral Cipan, Bayer, Baxter, B. Braun, Cinfa, Labesfal, Medinfar, Novartis, Sandoz, en-tre outras.

ATIVIDADE DA LIFEWAyA sua atividade centra-se na distribuição por grosso de medicamentos de uso humano (in-clusivamente substâncias estupefacientes e psi-cotrópicas) e outros produtos da área da saúde, nomeadamente dispositivos médicos, suple-mentos alimentares, reagentes, testes de diag-nóstico, cosméticos, biocidas, entre outros).

20ª MIFA 20ª edição da Feira Internacional de Macau, organizada pelo Instituto de Promoção do Co-mércio e Investimento de Macau (IPIM), reali-zou-se entre os dias 22 e 25 de outubro no Cen-tro de Convenções do Hotel Casino Venetian, em Macau. Contou com mais de 150 exposito-res dos países de língua oficial portuguesa, sen-do que a maioria era proveniente de Portugal.

população, seja através do simples fornecimento do produto, seja através da capacidade financeira que aportamos ao apoio e às relações que mante-mos com os clientes”, defendeu o Diretor Geral. Assim sendo, assumindo sempre o risco inerente a qualquer operação, a Lifeway consegue suprir estas necessidades num país onde a procura por este tipo de produtos supera largamente a oferta. “Dentro das nossas capacidades e admitindo as restrições, a Lifeway tenta ao máximo colmatar as necessidades que encontra”, assegurou o res-ponsável. Neste percurso pela internacionalização, em 2013 iniciaram a comercialização da linha de produtos de produção europeia para o mercado português e africano (PALOP). Pelo caminho encontra-ram as dificuldades intrínsecas ao lançamento de qualquer produto novo. “Conquistar a confiança dos nossos clientes, do consumidor final e ade-quar o produto ao mercado, nunca descurando a qualidade e sempre a um preço competitivo são os desafios”, partilhou Rui Calçada. Este é natu-ralmente um caminho que não se constrói por acaso. “É um trabalho que está a ser feito a médio e longo prazo. Mas já atingimos números bastan-te interessantes”, revelou o Diretor Financeiro. Em traços gerais, em 2014 e 2015 a Lifeway já ultrapassou as 200 mil unidades para o mercado dos PALOP. Para Rui Calçada, o investimento em países lusófonos é claramente um caminho que uma empresa deve seguir mas apenas se se sentir confortável para arriscar. Foi o que acon-teceu nesta casa. Na Lifeway esta é uma caracte-rística presente desde o início. “A direção para os mercados lusófonos está associada à nossa génese e à origem da empresa”. A rota está traçada. É preciso tempo para que se consiga atingir os objetivos propostos. Mas a ambição está lá. O desejo de voar está presente. Crescer. Estar entre as cinco principais empre-sas exportadoras de medicamentos e produtos de saúde para o mercado dos PALOP é a visão de futuro desta equipa. Com quatro anos de exis-tência, a Lifeway está a consolidar a sua posição à velocidade que é permitida, nunca perdendo o foco e o compromisso que sempre assumiu: “Jun-tos na saúde”.

CONTACTOS:Morada: Rua Cidade de Bolama, nº 14E, sala 40.6, 1800-079 LisboaNIPC: 507753763Telefone: +351 218943181 Fax +351 218948990Informações: [email protected]; [email protected]: www.lifeway.pt

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MIF – FEIRA INTERNACIONAL DE MACAU

Rural Futuro, uma marca que assume, desde a sua génese, e como estratégia, uma aposta clara e concreta na qualidade, tudo para cumprir as expectativas e exigências dos clientes e consumidores. “Assumimos o compromisso de fornecer

produtos de qualidade e seguros”, revela Fernando Pais, Administrador da Rural Futuro, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde foi também abordada a participação da marca na MIF – Feira Internacionald e Macau. Conheça mais.

COMPROMISSO REAL com a qualidade

A Rural Futuro assume-se como “uma empresa criada a pensar em si”. Qualidade é, aliás, um conceito desde sempre integrado na cultura desta entidade. Em que principais aspetos têm manifestado esta total e consistente preocupação com a pessoa que vos procura?Na Rural Futuro, a qualidade é assumida como objeti-vo estratégico e desde o início os responsáveis e cola-boradores da empresa têm desenvolvido um trabalho permanente e sistemático no sentido de integrar os conceitos de qualidade na cultura da empresa. A nossa permanente focalização nas necessidades e expectativas do mercado permite identificar como fatores essenciais para o cliente o fornecimento de produtos seguros e o cumprimento de requisitos legais e regulamentares aplicáveis, que sejam evidenciados pelos elevados pa-drões de qualidade apresentados. Nesse sentido a Rural Futuro; Lda tem um comportamento pró-ativo e rigo-roso no que respeita à qualidade e segurança alimentar, procurando manter uma imagem assente na elevada qualidade e segurança dos nossos produtos e na total satisfação dos nossos clientes e consumidores. Nes-se sentido, a filosofia de gestão da Rural Futuro, Lda, baseia-se na satisfação dos seus clientes e consumido-res, na segurança dos seus produtos, na satisfação dos colaboradores e numa relação de confiança com os seus fornecedores, assumindo o compromisso de fornecer produtos de qualidade e seguros que proporcionam to-tal confiança ao nosso cliente e consumidor. Com base nos requisitos deste referencial, a Rural Futuro, Lda.; garante a conformidade dos processos e procedimentos que contribuem para a qualidade e segurança alimentar dos produtos por si comercializados, desde a sua ori-gem, procurando através de relações de parceria com os seus clientes estender esses níveis de qualidade até ao consumidor final. Aspeto fundamental para a qualida-de dos nossos produtos são os nossos fornecedores com os quais mantemos uma relação de grande proximidade e confiança. Desta forma garantimos a elevada quali-dade de produtos por nós fornecidos, reforçada por processos controlados com base em critérios de elevada exigência ao nível da qualidade e segurança alimentar e em total conformidade com requisitos legais e regula-mentares aplicáveis.

Para a qualidade extrema do leite, é feito um exaustivo e rigoroso controlo das explorações. Passo a passo, que procedimentos são tomados para que nada falhe?

Explorações - O controlo nas explorações é um dos fatores determinantes para a qualidade deste produ-to-leite. Assim temos um controlo rigoroso desde a sanidade dos rebanhos, frio dos tanques, alimentação e todos os fatores que de uma forma ou outra nos ga-rantam a inocuidade do produto. Para isso possuímos uma equipa nos domínios da Zootecnia e Veterinária que faz o controlo rigoroso nas explorações. Antes de ser retirado o leite das explorações é verificada a acidez, ph, temperatura, odor e aspeto físico do lei-te. Após este procedimento é retirada uma amostra individual por produtor a fim de ser enviada para o laboratório.Recolha e transporte - No centro de recolha antes da descarga do leite são retiradas amostras para as análi-ses físico-químicas do mesmo:

- Deteção de antibiótico- Mistura de outras espécies- Acidez- Temperatura- Ph

Para uma maior fiabilidade e transparência das aná-lises, alem das anteriores são enviadas outras para um laboratório interprofissional. Este centro de recolha permite um controlo rigoroso de toda a restabilidade desde as explorações até ao consumidor final.Entrega - Com uma frota de viaturas com ATP, ou seja certificados e homologados para transporte de produtos alimentares, podemos deslocarmo-nos a qualquer lado com pontualidade e eficiência de servi-ço. Aquando da entrega verificamos novamente algu-mas características químicas do leite, principalmente ph e temperatura ou seja conseguimos através de um rigoroso controlo todo a rastreabilidade do Produto desde a origem ate ao consumidor final

Se o leite de cabra possui propriedades mais benéficas para a saúde do que o leite de vaca, o leite de ovelha, por sua vez, é de todos o mais aceitável pelo sistema digestivo humano. Quais são as principais diferenças entre estes dois produtos que importa dar a conhecer ao nosso leitor? O leite de cabra tem propriedades mais benéficas para a saúde do que o leite de vaca, nomeadamente na prevenção da falta de ferro e da desmineralização óssea. Uma boa opção para as mães que não conseguem amamentar é dar leite de cabra ao bebé.Para além disso, este tipo de leite:

- favorece a utilização digestiva e metabólica de minerais como o ferro, cálcio, fósforo e magnésio.

- ajuda a prevenir doenças como a anemia e a des-mineralização óssea.

- é especialmente ativo na neutralização da acidez gástrica, contribui para a cicatrização das paredes do estômago.

- causa menos alergias.- é mais fácil de ser digerido.- tem menos colesterol, mais cálcio e menos açúcar.

O leite caprino não é o substituto ideal do leite ma-terno, mas, dentro das outras opções, é o que mais se aproxima em relação aos benefícios que traz ao bebé.O leite de ovelha é tanto nutritivo quanto saboroso. Possui uma coloração branca intensa e homogénea. O seu sabor é levemente adocicado e suave, com aro-ma próprio. Contém glóbulos de gordura, conferindo uma cremosidade única ao leite e seus derivados, te-mos que ver este produto como futuro alimento na dieta humana. O leite de ovelha é mais aceitável pelo sistema digestivo humano em comparação aos leites de vaca e cabra. Comparado ao leite de vaca, o iogurte feito com leite de ovelha tem o dobro de quantidade de cálcio e proteínas e 50% mais de ferro. É também mais rico em vitaminas A,D,C,E e complexo B e contém menos sal. O queijo de ovelha contém alta concentração de nutrientes essenciais, em particular proteínas e cálcio de alta qualidade, assim como ou-tros nutrientes como fósforo, zinco, vitamina A, ribo-flavina e vitamina B12.A lactose é o maior carboidrato no leite de ovelha, é um nutriente valioso porque favorece a absorção in-testinal do cálcio, magnésio e fosforo e a utilização da vitamina C.O leite de ovelha contem ácido lático, uma forma conversora de lactose, tornando-a mais facilmente aceite pelas pessoas intolerantes à lactose.

As empresas lusófonas procuraram na MIF novos parceiros de negócios chineses para relações sustentáveis e a longo prazo. Foi também este o propósito da Rural Futuro? Que balanço é possível fazer da vossa passagem pela Feira Internacional de Macau?Sim, sem dúvida. Fazemos um balanço positivo, uma vez que só em termos da comunidade lusófona existem cerca de 250 milhões de pessoas que falam a língua de Camões; e possível trocar ideias, defi-nir estratégias, entre países que embora com cultura muito diferentes tem muitas afinidades Por outro lado, mostrarmos que apesar de sermos um país pe-queno, somos um país com uma riqueza endógena de produtos de alta qualidade. Estes produtos po-dem ser utilizados para um nicho de mercado dife-renciado.

FERNANDo pAIS

Estrada Nacional 221 | 5200 – 543 Santiago - PortugalTel-Fax – 279 569 261 |Tel – Fax -Fábrica – 279 348 139

[email protected] | www.ruralfuturo.pt

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A EDIGMA quer ser líder na implementação de projetos de digital signage em Portugal no prazo de cinco anos, anunciou hoje o CEO da empresa, Miguel Fonseca, na conferência “Sinalética Digital e o Futuro da Comunicação” em Lisboa.Enquanto one-stop-shop, a EDIGMA tem como objetivo crescer na instalação de projetos de comunicação digital na área do retalho, em particular nos setores da moda, restauração, telecomunicações e banca. Para a companhia, há uma oportunidade de comunicação integrada, existindo assim um longo caminho a percorrer ao nível da estratégia a implementar, por exemplo, em locais públicos. “O mercado está em processo de mudança e a EDIGMA tem o know-how e a experiência necessárias para ajudar as empresas a implementar soluções fiáveis e adequadas ao seu modelo de negócio”, concluiu Miguel Fonseca. A EDIGMA apresentou as expectativas e o impacto que o digital signage pode ter junto do mercado, com a implementação de um novo modelo de comunicação mais dinâmico, fluído e integrado.  “Até aqui, o que mais impedia as empresas de optarem por este modelo de comunicação eram os custos dos equipamentos, algo que hoje em dia não acontece – os equipamentos são mais baratos, mais compactos e mais fiáveis”, afirmou Miguel Fonseca, CEO da EDIGMA. A conferência “Sinalética Digital e o Futuro da Comunicação”  juntou representantes de algumas das mais reputadas empresas nacionais e teve como oradores Jorge Teixeira da Silva, da Digital Transformation Senior Manager da Accenture Digital, David Quinta, Chief Technology Officer da BBDO Lisboa e Ricardo Rosa, Head of Strategic Marketing da Sonae Sierra.

O BPI, em parceria com Braga da Cruz Joalharia Contemporânea, apresenta mais uma joia única, Cruz de Tau, desenvolvida por Eduardo de Souto Moura em exclusivo para o BPI. Braga da Cruz desafia Eduardo Souto de Moura para desenhar uma Cruz e nela espelhar a sua perspetiva pessoal. “Horizontalidade e verticalidade. As duas linhas: Céu e Terra! Temos o símbolo de TAU riscado nas cavernas do humano primitivo. Nos objetos do Faraó Achenaton no antigo Egito e na arte de civilização Maia. Francisco de Assis atualizou-o e imortalizou-o.

Cruz de tau edigma quer ser LÍder em ProJetos de digitaL signage em PortugaL

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BREVES

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O Portugal 2020 é, nada mais, nada menos que o programa que en-quadrará a aplicação dos fundos comunitários em Portugal para o período de 2014-2020. Durante este período Portugal vai receber cerca de 25 mil milhões de euros que serão canalizados para a

economia nacional sob a forma de estímulo ao crescimento e à criação de emprego. Com uma regulamentação que, no seu essencial, é semelhante à que vigorava no antigo programa 2007-2013 (que ficou conhecido com o QREN – Quadro de Referência Estratégica Nacional), foram definidos como prioritários, quatro domínios de intervenção para a implementação do programa Portugal 2020: I) Competitividade e Internacionalização; II) Inclusão Social e Emprego; III) Capital Humano; IV) Sustentabilidade e Eficiência no uso dos recursos.Constituindo algumas novidades face ao programa do QREN, o Portugal 2020 destaca-se do seu antecessor devido ao maior número de atividades económicas envolvidas, na introdução de métodos de custeio mais simples e na introdução de processos de reembolso de despesas bastante mais facili-tados. Contudo, o processo de candidatura permanece bastante semelhante. Considerando a maior exigência técnica do Portugal 2020, este programa também faz uso de um processo concursal, no qual terão de ser submeti-das as candidaturas até uma data determinada pelo mesmo. As datas em questão são apresentadas nos calendários previsionais que são publicados com bastante antecedência (mas que, até ao momento, pouco foram res-peitados). Relegando para segundo plano as polémicas com a suspensão dos Vales Simplificados na zona de Lisboa devido a um elevadíssimo número de can-didaturas rececionado pelas Autoridades de Gestão dos Programas Opera-cionais, o Portugal 2020 reúne as condições indicadas para ser, não apenas um instrumento catalisador de uma maior proficiência técnica e humana na economia interna, mas também uma plataforma de oportunidades de apoio à internacionalização dos produtos e serviços das empresas portuguesas.Já ninguém duvida que Portugal possui uma economia recheada de bens e serviços de qualidade elevada, com características diferenciadoras e capa-cidade de incorporação nos mercados internacionais. Todavia, a imutável condição de player periférico, associada a uma carga fiscal altíssima e a uma recente situação macroeconómica deveras desfavorável, tem travado o crescimento da economia e abafado, consideravelmente, o ímpeto em-

preendedor do povo português. A emigração em massa registada nestes últimos anos foi apenas uma das inúmeras consequências deste cenário!O Portugal 2020 surge então como uma lufada de ar fresco junto da co-munidade empresarial nacional ao permitir que as empresas vejam diversos tipos de despesas comparticipadas por Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEDER, Fundo de Coesão, FSE, FEAMP e FEADER) geridos pela Comunidade Europeia, mediante a apresentação de um pro-jeto futuro bem fundamentado e alinhado com os princípios-base de um Sistema de Incentivo entre as dezenas existentes. Para este programa, salvo algumas exceções, mantém-se o princípio de que o pagamento dos custos previstos na candidatura, por parte destas instituições à empresa candidata, apenas terá efeito mediante a justificação dos mesmos através de faturas pagas ou outros documentos contabilísticos de valor probatório equivalente.Os agentes económicos nacionais ficam, desta forma, com acesso a uma ferramenta financeira que lhes permite promover a sua competitividade, através do aumento das próprias capacidades técnicas, humanas e opera-cionais, contribuindo diretamente para o aumento e aperfeiçoamento da capacidade de produção. Por outro lado, as portas da internacionalização também ficam entreabertas com a disponibilização de diversos Sistemas de Incentivo que permitem a comparticipação das elevadas despesas inerentes a uma campanha de internacionalização de uma marca ou empresa e que no passado tantas vezes inviabilizaram esse ‘sonho’ aos empresários portugue-ses. Na atualidade, com todos estes processos significativamente mais ágeis e as comparticipações a fundo perdido para a internacionalização a ascen-deram aos 45%, as empresas portuguesas encontram no programa Portugal 2020, a oportunidade perfeita para iniciarem a exportação dos seus bens ou serviços e aumentarem os seus volumes de negócios para níveis impensáveis para a realidade interna.Em clima de retoma económica previsional, o programa Portugal 2020 pro-põe-se assim a contribuir significativamente para a estabilização do tecido empresarial nacional, apoiando-o financeiramente na sua internacionaliza-ção e contribuindo para que o mesmo possa almejar níveis de receitas muito superiores. No que diz respeito às consequências tanto no curto, como no médio-longo prazo, as mesmas são imensas e diversificadas. Não obstante, destacamos a consequência principal das economias em crescimento sus-tentado: a necessidade imensa de indivíduos para trabalhar!.

COMO PODE O PORTUGAL 2020 catapultar as empresas de uma economia periférica?

Foi no final de março deste ano que, finalmente, o Portugal 2020 abriu a sua porta às empresas através de um manancial de instrumentos de apoio financeiro designados de ‘Sistemas de Incentivo’. Desde esse momento, nenhum stakeholder da economia

portuguesa ficou indiferente a este programa, desde empresas-estrela do setor das Tecnologias de Comunicação sediadas em Lisboa, às fábricas de bens de consumo sediadas nas regiões beirãs, passando pelo entrepreneur-to-be que há muito que estuda o mercado

e a melhor forma de iniciar o seu pequeno projeto.

A opINIÃo DE João Machado, Gestor de Projetos da Up to Start

PORTUGAL 2020

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resolução alternativa de Litígios de Consumo: NOvAS REGRAS E NOvAS COIMAS

A opINIÃo DE Margarida Roda Santos, Advogada da F. Castelo Branco & Associados

DIREITO & JUSTIÇA

A possibilidade de resolução alternativa de lití-gios de consumo via centros de arbitragem, no que diz respeito a litígios nacionais, bem como a utilização dos mecanismos de reso-

lução alternativa de litígios de consumo transfrontei-riços, via Centro Europeu do Consumidor, não são novas para a realidade portuguesa. Mas também não foi a inovação objetivo, mas sim uma maior harmoni-zação entre os Estados-Membros, introduzindo uma organização à escala comunitária, em rede, atribuindo competências transfronteiriças às entidades de RAL, e impondo uma muito maior divulgação destes meios junto dos consumidores.Um consumidor, independentemente do seu Estado--Membro de residência, poderá mais facilmente recor-rer a RAL para procurar ver resolvido um qualquer lití-gio que o oponha a um comerciante localizado noutro Estado-Membro, sendo que para compras na Internet o próprio procedimento passa a ser iniciado através de um formulário online – a via RLL – que é posterior-mente remetido a uma entidade de RAL nacional.Relativamente à solução adotada no direito nacional é importante salientar que o novo Decreto-Lei permite que as entidades de RAL cobrem aos consumidores uma taxa “de valor reduzido” para assegurar um proce-dimento de RAL. Esta solução vem ao encontro da re-cente realidade em Portugal, uma vez que o Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo de Lisboa que, historicamente, sempre assegurou a gestão dos litígios de forma gratuita, em março de 2015 implementou uma taxa inicial de € 10 para a fase de medicação e, não sendo obtido acordo na fase de mediação, uma taxa de arbitragem para montantes acima de € 200, variável em função do valor do litígio, entre € 20 e € 40.Há ainda que referir que o novo Decreto-Lei também permite às entidades de RAL recusar o tratamento de um litígio caso o consumidor não tenha tentado pre-

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Entrou em vigor no passado dia 23 de setembro o Decreto-Lei n.º 144/2015, de 8 de setembro, relativo à resolução alternativa de litígios de consumo (RAL) não obstante estabelecer um período de seis meses para que as entidades visadas se possam adaptar.

Transpõe-se assim a Diretiva 2013/11/EU a qual, e bem assim a legislação nacional, deve ser interpretada e aplicada em conjugação com o Regulamento 524/2013, sobre a resolução de litígios de consumo em linha (“online”) (RLL), que entrará em vigor em janeiro

de 2016, e que introduz também mais uma sigla ao direito do consumo, para além da sigla RAL.

viamente contactar o fornecedor ou prestador de ser-viços em questão, para expor a sua reclamação e pro-curar resolver o litígio, pelo que é recomendável que os consumidores procurem sempre contactar primeiro as empresas com vista à resolução dos problemas que possam surgir.Em teoria, todas estas medidas servem para reforçar a confiança dos consumidores no mercado único, espe-cialmente no comércio eletrónico, mas em nossa opi-nião, só teriam efetivo efeito se a RAL fosse obrigató-ria e não apenas facultativa como já sucedia, o que não foi alterado pelo novo Decreto-Lei, antes complicando e introduzindo mais obrigações aos comerciantes que já voluntariamente aderiam ou que pretendam agora aderir. Com este novo regime, os comerciantes que pretendam transmitir confiança aos consumidores, aceitando vincular-se à partida a entidades de RAL,

ficam agora obrigados a informar os consumidores re-lativamente às entidades de RAL disponíveis ou a que se encontram vinculados por adesão ou por imposição legal decorrente de arbitragem necessária, devendo ainda informar qual o sítio eletrónico na Internet das mesmas.Estas informações devem ser prestadas de forma cla-ra, compreensível e facilmente acessível no site dos comerciantes, caso exista, bem como nos contratos de compra e venda ou de prestação de serviços entre o comerciante e o consumidor, quando estes assumam a forma escrita ou constituam contratos de adesão, ou ainda noutro suporte duradouro. O não cumprimento desta obrigação acarreta uma coima de valor entre € 5.000,00 e € 25.000,00.A experiência diz-nos que os comerciantes que pre-tendem dificultar a resolução de litígios com consu-midores, optam por não se submeter a entidades de RAL, ou seja quanto a este ponto nada vem o regime alterar pois a submissão a entidades de RAL continua a não ser obrigatória. Para aqueles cuja ética comercial passava já por normalmente se submeter a centros de arbitragem, e que queiram apresentar essa sua política aos consumidores como uma vantagem, esta lei gera apenas novas obrigações e coimas pelo incumpri-mento, ou seja pode até ter o efeito perverso de de-sincentivar a submissão às entidades de RAL, o que é claramente contra o que deveria estar na mente do legislador quando transpôs a Diretiva.Seria de muito maior importância e relevância – e a Diretiva permite margem para tal – que se estabele-cesse, para o comércio eletrónico, a submissão obriga-tória dos comerciantes a entidades de RAL, mantendo o direito de recorrer aos tribunais para pôr em causa decisões desfavoráveis. Esta opção traria efetiva me-lhoria da confiança dos consumidores no comércio eletrónico.

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Em termos de custos, sabe quanto representa os gastos com recursos utilizados na pesqui-sa de informação? De acordo com a agência Datamonitor, 10%. E, por ano, quanto tempo

pensa que é necessário para encontrar informação mal arquivada? A IDC (International Data Corpo-ration) respondeu: são necessárias seis semanas por ano. Se informação é poder, o que é necessário fazer para que, com esse conhecimento, se tenha vantagem competitiva? A gestão documental, por muitos encarada como uma forma de equilíbrio administrativo, financeiro e produ-tivo, é a solução para as perdas de tempo e de recursos, financeiros e humanos e, como tal, a Revista Pontos de Vista foi conhecer a empresa pioneira em Portugal na implementação deste modelo. Tudo começou em 1995, tal como recordou Manuel Amorim, Presidente da ANO, Sistemas de Informática e Serviços. “Nes-se momento a gestão documental era ainda um em-brião em termos de ideia e de soluções que existiam no mercado, sendo que uma das primeiras entidades públicas a implementá-la foi a Câmara Municipal de Castelo Branco, num evento que contou com a pre-sença da ANO”, recuou o responsável. A tecnologia evoluiu mas não sozinha. Também as necessidades e os negócios sofreram autênticas revoluções e no setor das tecnologias da informação vinte anos são sinónimo de profundas transformações. Daí que, a partir do arran-que, há duas décadas, inovação e atenção às tendências do mercado tenham sido as linhas matrizes que têm regido a atuação desta equipa e no campo da gestão documental muito trabalho tinha de ser feito. A ANO é das empresas com uma carteira de clientes com os mais altos padrões de exigência em termos de gestão documental e gestão de processos. Com cerca de 70% de clientes do setor público, esta equipa tem plena consciência da complexidade destes ambien-tes e abraçou o desafio. “Revolucionamos a forma de olhar a informação. Colocamos dois atores no cen-tro da gestão documental e de processos: o cidadão ou cliente (no caso de ser uma entidade pública ou privada respetivamente) e o decisor que poderá ser o Administrador ou um Presidente de Câmara, por exemplo. Quem está no centro do circuito é um co-laborador que deve ter a informação, a agilidade e as ferramentas que facilitem o seu trabalho. De um lado está o cidadão que tem de ter a informação que pre-cisa em cada momento, do outro lado está o decisor que tem de ter acesso a todo o conteúdo para poder tomar as decisões mais corretas”, explicou Manuel Amorim.

FUTUREDOC É “O PRIMEIRO DE UMA NOVA GERAÇÃO”

Inovação faz parte do ADN desta empresa e, res-peitando essa filosofia, a ANO apostou numa nova geração de produtos e soluções na área da gestão

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“Há os que fazem o presente, nós fazemos o futuro”. Com esta filosofia, a ANO abraça um desafio que nem todos conseguem concretizar. Mas apostando num crescimento sustentado pela procura permanente de novas tendências tecnológicas e pelo

lançamento de novos produtos, aqui a palavra “impossível” não tem espaço. Com vocação para a conceção, desenvolvimento e comercialização de software e respetivos serviços de implementação e consultoria, a Ano apresenta-se à Revista Pontos de Vista, assumindo o estatuto de empresa portuguesa mais antiga na área da gestão documental, a pioneira. Nesta área como em todas

as outras vertentes de negócio, poderiam existir muitas palavras e frases feitas para descrever o percurso desta entidade mas, para Manuel Amorim, Presidente da ANO, os 21 anos desta empresa falam por si.

AqUI AS NECESSIDADES são transformadas em resultados

GESTÃO DOCUMENTAL

documental que respondem à necessidade de des-materialização do papel. Assim nasceu o FutureDoc, “uma nova e inovadora solução que dá um salto para o futuro”. Assumindo-se como “o primeiro de uma nova geração”, o FutureDoc passa pela simplicidade do interface, às novas funcionalidades e à aposta na personalização do ambiente.

PORTUGAL COMO REFERêNCIAGraças a empresas como esta, Portugal é um exemplo a seguir na área da gestão documental e do governo eletrónico. O “eGovernment Factsheets”, publicado em março último, assim o comprova. Portugal não está aquém, pelo contrário. Fica na linha da frente, muito acima da média dos países europeus, no cam-po da prestação nacional no domínio do governo ele-trónico. Mas falha, como tantos outros países, numa vertente em particular: as pessoas, a formação e a visão delas sobre a informação. “Desmaterialização pode ser visto por uns como uma evolução mas pode também ser encarada como uma perda de poder”, ressalvou Manuel Amorim. E, como tal, na hora de implementar um projeto de gestão documental, im-porta dar um especial tratamento às pessoas. “Elas são o centro de tudo”, acrescentou o Presidente da ANO, recordando um episódio vivido em Pernam-buco, no Brasil: “há quatro anos implementámos lá este sistema e, curiosamente, nos dias de formação as pessoas desapareciam. Tivemos de colocar uma car-rinha a fazer a recolha pela cidade porque havia mui-to receio. Os chefes tinham medo de perder poder e os funcionários tinham receio de mostrar as suas deficiências”. Importa, por isso, concentrar energias

e recursos na formação das pessoas uma vez que o sucesso ou insucesso de um projeto dependerá sem-pre delas.

GESTÃO DOCUMENTAL É VISTA COMO UMA “COMMODITy”

Se, por um lado, a principal dificuldade consiste em transmitir a ideia de que a desmaterialização é uma oportunidade para a empresa se reinventar, por ou-tro lado, as vantagens saltam bem à vista. Fugindo ao senso comum, Manuel Amorim não acredita que a primeira mais-valia esteja associada ao ROI (Retor-no sobre o Investimento), uma vez que nem sempre é possível fazer essa análise exata e correta. Para um gestor importa sobretudo levantar duas principais questões: “se tenho, quais são as vantagens? Se não tenho, quais são as desvantagens?” A gestão docu-mental como uma ferramenta transversal a todas as profissões, setores de atividade ou departamentos é sinónimo de rapidez e de competitividade. “Se os meus concorrentes adotaram, eu estou em desvan-tagem porque eles consultam informação, têm um contexto dos documentos de uma forma mais rápida e, portanto, estão posicionados à minha frente para poderem agir contra mim”, contextualizou o respon-sável. Rapidez no acesso à informação e nas respostas ao mercado são, por isso, os dois principais chavões. E é com confiança que a ANO tem conseguido dar es-sas respostas. Mais uma vez, se informação é poder, os clientes têm de depositar nesta entidade total e integral confiança. E a confiança não se compra, conquista-se. Não se descreve em palavras mas traduz-se em ações. A nível empresarial ou estatal, a ANO tem nas suas mãos informações muito sensíveis e protege-las é uma missão diária que se interliga, em primeira instância, com as práticas internas da organização, a começar pela certificação ISO 27001, o padrão e a referência in-ternacional para a gestão da Segurança da Informação. “Esta norma criou uma maior consciência na equipa do quão importante é a informação. Temos um auditor interno e outro externo e é ainda feita anualmente uma auditoria por parte de uma entidade estrangeira que verifica se o conjunto de práticas está de acordo com a norma”, descreveu. Desde muito cedo que a ANO in-vestiu na qualidade e na segurança dos seus processos e procedimentos e é essa garantia que tem procurado passar em todas as suas ações, tendo ainda, além desta, a Certificação de Qualidade ISO 9001.

EXIGêNCIA NA CONTRATAÇÃODesde o cuidado na seleção de perfis até aos pa-râmetros obrigatórios ao nível técnico e pessoal, a ANO é uma das empresas mais exigentes ao nível da contratação de pessoal. Mas há desde logo uma tendência. “Para mais de 60% das pessoas que cá tra-balha este foi o seu primeiro emprego. Damos pre-

mANuEl AmoRIm

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ferência a jovens licenciados, porque permite fazer uma seleção mais criteriosa das pessoas, das atitudes e do seu desenvolvimento técnico”, explicou Manuel Amorim. Apesar de não ser regra, esta tem sido uma forte aposta da ANO, marcando presença em feiras especializadas nesta área, como por exemplo a Feira Internacional de Emprego da Universidade do Porto (FINDE.UP). A exigência em termos técnicos é também crucial, não estivéssemos numa empresa que, tecnologica-mente falando, caminha muito rápido. “Os nossos colaboradores têm de ter uma capacidade de não acomodação, o que nas áreas de desenvolvimento e programação não é muito fácil. A pessoa adapta-se a um programa e vai ficando fora do mercado sem ter consciência disso”, ressalvou o responsável. A par disso, e ao mesmo nível do desempenho, a ANO va-loriza as atitudes. “A falha numa vertente é a falha nas duas”, reforçou Manuel Amorim. Depois disso, cabe à organização acarinhar os seus recursos huma-nos e apostar neles, tal como comprova o plano de investimento em formação que terminou em 2013 e cujo valor rondou os 200 mil euros. No momento, além de estar a ser moldado um novo plano de formação interna, são ambiciosos os “céus” por onde a ANO se quer aventurar. Não falando do futuro mas de algo que já está a acontecer, Manuel Amorim mencionou o Projeto e-Freguesias. “Im-plementamos a gestão documental, de processos e os portais de atendimento em mais de 1200 fregue-sias. Trata-se de uma ideia que será potenciada para outras áreas dentro do mesmo conceito que consiste em trabalhar com organizações que, por si só, são pequenas e têm poucos recursos mas, num ângulo mais macro, têm uma grande dimensão”, evidenciou.

PRINCIPAIS PRODUTOS E SERVIçOS:- FutureDoc (Gestão Documental);- GSP (Gestão e Seguimento de Processos);- anoGov (Plataforma eletrónica de contratação pública);- inovAqua (Gestão comercial de água e resíduos);- anoBi (Business Intelligence);- SGA (Software de gestão de atas e reuniões);- SMOT (Sistema de monotorização do terreno);- Software de contraordenações;- Portais;- Cartão de Munícipe.

PRINCIPAIS CERTIFICAçõES E DISTINçõES:- ISO 9001:2008;- ISO 27001:2013;- CMMI;- PME Líder;- Prémio “Melhor software de produtividade” para o STC – Software de Trânsito e Contraor-denações (2002).

NO DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS A ANO CONTA COM O APOIO DAS SEGUINTES ENTIDADES:- INOV (Projeto SMOS – Sistema de Monitorização de obras via satélite);- INESC-ID (Projeto SiTAF: Software de transcrição de voz);- UTAD (Projeto interoperabilidade e usabilidade da Plataforma Eletrónica de Contratação Pública anoGov e Catálogos Eletrónicos no âmbito do PEPPOL).

Mensagem do Presidente da ANO, Manuel Amorim

“Orgulhamo-nos do percurso da ANO, com mais de duas décadas de existência. Agradecemos aos nossos clientes a confiança que em nós depositam, reafirmo que é por eles que mantemos vivo o nosso dinamismo e a nossa capacidade de inovação e, por isso mesmo, posso também reafirmar que: os pro-blemas dos nossos clientes são os nossos desafios!”

“ENCONTRO DE UTILIZADORES” – ISTAMBUL Istambul é considerada a “cidade onde o ocidente e o oriente se encontram e que sempre soube acompanhar os tempos, reno-vando e reinventando-se”. Este foi, por isso, o palco escolhido para um encontro onde a ANO deu a conhecer a sua aposta numa nova geração de produtos e a estratégia da empresa para o futuro no passado mês de abril (18 a 21). Durante o evento, houve lugar ao lançamento oficial do primeiro produto desta nova geração: o FutureDoc, “o primei-ro de uma nova geração”. Paralelamente, o encontro ficou marcado pela promoção e partilha de informação entre todos os inter-venientes.

Desburocratizar, desmaterializar e simplificar são os três eixos deste ambicioso projeto com a assinatura ANO.Se estes 21 anos de existência foram construtivos, os próximos serão promissores. “Os nossos objetivos passam pelo fortalecimento da nossa presença no mercado nacional, pela aposta na disponibilização de serviços em SaaS (Software as a Service) e pela consolidação no mercado internacional, sobretudo nos países lusófonos e em alguns países europeus na área da contratação eletrónica, nomeadamente em Madrid com a abertura para breve de um escritório”, concluiu Manuel Amorim. Depois disso, a ANO se-guirá naturalmente o seu rumo consoante a evolução do mercado.

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Milhares de pessoas acorreram a esta im-portante exposição e o entusiasmo era sentido quer por concorrentes e seus treinadores, quer pelo público em geral

que pôde, de igual modo, viver esta adrenalina, natu-ral em qualquer competição. No final, todos são vencedores. Mesmo não garan-tindo o troféu, os concorrentes de quatro patas mos-traram, durante os diferentes concursos, o empenho e a determinação de um trabalho de equipa prolon-gado e contínuo entre treinador e cão ou gato. Além dos concursos, diferentes expositores permi-tiram dar a conhecer esta área tão abrangente, onde era possível contactar com profissionais ligados à saúde, alimentação, bem-estar, higiene e alimenta-ção animal e entidades especializadas – e apaixona-das – pelas mais diversas espécies. Isto porque cães e gatos não eram os únicos convidados do certame. Um espaço dedicado a animais exóticos convidava todos os visitantes a conhecer mini pigs, corujas, águias, sardões, dragões barbudos, cobras, entre mui-tos outros. Miúdos e graúdos, ainda que por vezes receosos, combatiam medos para ver de perto estas espécies, que tão impressionam como fascinam. No final, o balanço era positivo, porque o que efetiva-mente interessava era conhecer profundamente estas espécies. Missão cumprida! Flashes vinham de todo o lado para eternizar os momentos. A organização da Expo Animal é já uma realidade anual e um dos eventos mais relevantes do setor. O ano de 2015 foi já a 10ª Exposição Canina Nacional de Braga e a 7ª Exposição Canina Internacional de Braga. Este evento mostrou ainda a sua grandiosida-de ao contar com a presença de cães e gatos no mes-mo espaço, algo inédito em Portugal. Aliás, impor-ta, neste contexto, referir o papel determinante da ROYAL CANIN®, que se empenhou em conjugar as duas espécies num só certame. E o resultado tem

sido um sucesso. Braga já não consegue imaginar um evento sem a participação destes que são os animais de companhia mais comuns entre as famílias por-tuguesas.

O COMPROMISSO DA ROyAL CANIN “Querem mais um motivo para visitar a cidade da Porta Aberta e das Catedrais?” O repto foi lançado pela ROYAL CANIN® e a verdade é que foram muitos os que não quiseram perder esta oportu-nidade especial e aproveitaram um fim de semana de sol para passarem pelo Parque de Exposições de Braga. E lá estava a ROYAL CANIN® de braços abertos para recebe-los, com uma equipa de sorriso constante no rosto e pronta para fazer com que esta experiência fosse única.Este foi um evento especial, não só para o visitante. Mais do que um momento ideal para toda a família, a Expo Animal é o ponto de encontro entre os apai-xonados pelos fiéis amigos de quatro patas. “Esta é uma oportunidade única para as pessoas consegui-rem conviver tanto com cães como com gatos. Tive-mos cerca de 200 gatos e 800 cães por dia, de varia-das raças. Além disso, foi possível o contacto entre criadores e proprietários desses animais”, explicou em conversa com a Revista Pontos de Vista Rodrigo Abreu, Delegado Técnico Comercial do Canal de Criadores da Royal Canin Portugal. Daí que, para uma marca como esta, deixar de se associar a eventos desta natureza é algo impensável. E estar em Braga é também especial, sendo este já um evento marca-do no calendário. “A Expo Animal é uma referência em Braga e é das exposições com maior afluência de público. A cada ano que passa a organização é melhor e é cada vez mais atraente para as pessoas. É uma referência em Braga e todos já sabem que nesta data podem ver os animais”, reforçou o responsável. Pelo Parque de Exposições de Braga passaram pes-

Nos dias 7 e 8 de novembro, Braga foi convidada a participar na Expo Animal 2015, um dos eventos mais relevantes da área. Numa aliança entre a Invest Braga, o Clube Português de Canicultura e o Clube Português de Felinicultura, sem esquecer o apoio incondicional da ROyAL CANIN® como patrocinadora oficial, o Parque de Exposições da cidade acolheu cerca de 800 cães e 200

gatos por dia, que desfilaram em concursos que elegiam as suas características únicas de estética, comportamento e postura. Todas as raças foram bem-vindas e os participantes chegaram de diferentes países para dar a conhecer os seus companheiros.

ExPO ANIMAL CONvIDOU bRAGA a conhecer animais de todas as espécies

EXPO ANIMAL 2015

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“Noto precisamente o contrário. Cada vez há uma maior procura por informação e uma crescente preocupação com o animal e o seu bem-estar. Acredito que o público está hoje mais informado e sabe que a alimentação é preponderante para a saúde do animal e, por isso, há uma aposta muito grande nesse sentido.”Sara Jorge, Royal Canin Portugal

“No que respeita à alimentação, esta ajuda a não ter problemas mais tarde e é importante na prevenção. O alimento é a base para uma vida saudável e uma maior longevidade e os donos dos animais estão conscientes disso, preocupando-se com a alimentação. Nestas exposições, por expemplo há sempre um cuidado grande com a qualidade do pêlo, diretamente relacionadas com a qualidade da alimentação.”Rodrigo Abreu, Royal Canin Portugal

SARA JoRGE E RoDRIGo ABREuRoYAl CANIN poRTuGAl

IMPaCTo da CRISE NoS CuIdadoS a TER CoM aNIMaIS dE ESTIMação

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soas com gostos, interesses, idades bastante díspares mas com algo em comum: a paixão pelos animais. A Revista Pontos de Vista conversou com uma em particular. Sara Jorge, membro da equipa de Telesales da Royal Canin Portugal, tem um gosto especial por eventos como este e estar ali durante aqueles dias não foi de todo um sacrifício. Porquê? “Quero partilhar o meu entusiasmo com o público. Este tipo de eventos são uma ótima oportunidade para a marca contactar com os donos e transmitir a nossa filosofia. Faz parte da nossa missão educar e permitir aos nossos clien-tes contactarem com os nossos criadores de cão e de gato”, respondeu entusiasticamente a responsável. Das dúvidas que chegam, a questão da obesidade animal tem ocupado uma atenção especial. Este dis-túrbio nutricional tem merecido a preocupação dos donos que chegam à equipa da Royal Canin com um conjunto de perguntas: “o alimento que estou a fazer é o mais adequado? Tenho de controlar a dose diária? Posso fazer complemento com alimento hú-mido? Estou a cometer algum pecado com as gulo-seimas?”, descreveu Sara Jorge. Para todas as dúvi-das, há uma resposta pronta e esclarecedora de uma equipa de profissionais, de apaixonados, de pessoas que vestem diariamente a camisola e que assumem uma filosofia espontaneamente: “o animal em pri-meiro lugar”.

O QUE FOI POSSÍVEL ENCONTRAR NO STAND DA ROyAL CANIN?

- Espaço de aconselhamento: foram promovidas sessões de escla-recimento e aconselhamento nutri-cional para todos os donos de cães e gatos para que saibam qual o alimen-to mais adequado para o seu animal;

- Espaço de animação infantil: o público mais pequeno deu asas à sua imaginação, aderindo com entu-siasmo às diversas atividades lúdico--pedagógicas;

- Passatempos: Roda do conheci-mento (foram testados os conheci-mentos do público com questões relacionadas com a nutrição e alimen-tação do animal) e Jogo das chaves, a partir do qual o participante se habi-litou a um, dois ou três meses de ali-mentação gratuita.

póDIo Do CoNCuRSo JoVENS pRomESSAS FêmEA póDIo Do CoNCuRSo JoVENS pRomESSAS mACHo

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Estar na vanguarda é um conceito com uma carga de responsabilidade elevadíssima. É estar à frente do seu tempo, antecipar necessidades e surpreender diariamente. Para a Fortiustex, Comércio de Têxteis, este é um desafio que espelha a confiança e a

liberdade que qualquer empresa deve ter para apostar na sua melhoria contínua e ser cada vez melhor. Vanguarda é apresentar soluções surpreendentes e alternativas às solicitações deixadas pelos clientes. A existirem segredos neste negócio, José Guimarães, Administrador da Fortiustex, desvendou os seus: “colaboradores motivados, fornecedores comprometidos e confiança dos clientes”.

Só assim uma empresa conseguirá assumir esta posição de liderança e destacar-se das demais.

“O qUE NÃO PODE FALhAR é O qUE DEPENDE DE NóS”

INOVAÇÃO NO SETOR TêXTIL

Depois de longos anos de sufoco provoca-dos pela crise de 2008 e pelo manifesto interesse do mercado europeu à China, o setor têxtil português está finalmente

a reemergir como uma indústria tecnologica-mente inovadora e competitiva. Estas expectati-vas são, aliás, encorpadas pelo Plano Estratégico do setor para o horizonte de 2020. Neste longo cenário espera-se que existam cinco mil empre-sas, cem mil trabalhadores diretos e um volume de negócios na casa dos 6,5 mil milhões de euros, mas o grande motivo de esperança está no cam-po das exportações, prevendo-se um aumento para cinco mil milhões de euros. Mais ou menos otimistas, há quem acredite que o pior já passou. É o caso de José Guimarães, Administrador de uma marca que tem procurado acrescentar valor a todos os agentes envolvidos em todas as fases do ciclo produtivo. A Fortiustex nasceu em 2004 e, com dinamismo e um forte espírito de equipa que caracteriza os atuais 105 funcionários, tem procurado aliar-se a parceiros fortes, incluindo fornecedores e clientes, para que “todos” benefi-ciem com o projeto. Desconstruindo a origem do nome da empresa que foi inspirado no provérbio latino “Altius, Fortius, Citius” (mais alto, mais forte, mais rápido), na Fortiustex esta designação é vista diariamente como “uma filosofia interna de evolução permanente: sermos mais fortes e mais rápidos do que éramos ontem. Compara-mo-nos connosco próprios numa lógica de me-lhoria contínua”, explicou o responsável. Esta empresa localizada em Leça do Balio, no Porto, prima de igual modo por estabelecer um intenso e rigoroso acompanhamento de todas as fases do ciclo produtivo. Esta vontade concre-tizou-se, aliás, na criação de um departamento interno de research e desenvolvimento e no au-mento dos recursos humanos (tanto no que res-peita às pessoas como à estrutura) na fase final de acabamentos e controlo de qualidade. A par disso, além de todo o controlo rigoroso efetuado pelos parceiros que fazem questão de enviar os seus próprios controladores para que nada fa-lhe, a Fortiustex tem, “durante o ciclo produtivo, equipas técnicas destacadas a cada fase e con-troladores que são mais aliados do que fiscais”, acrescentou José Guimarães. No seguimento de uma constante preocupação com a inovação, desde 2013 que a Fortiustex investiu numa estrutura própria para o desen-volvimento e produção de artigos Wear Fitness e artigos de banho, nomeadamente ao nível de equipamentos técnicos e pessoal qualificado. Esta opção foi consequência do encerramento de outra empresa e, perante o fantasma do de-semprego que pairava sobre aqueles trabalhado-res, José Guimarães entendeu que podiam alocar

na Fortiustex essas pessoas, criando um negócio complementar ao já existente. Além disso, “este alargamento ao nível da capacidade e oferta de produtos foi uma resposta à evolução do mercado e, comercialmente, foi uma estratégia como por-ta de entrada em novos clientes”, explicou. As-sumindo que o investimento em equipamentos e pessoas tem sido bastante elevado, José Gui-marães não tem dúvidas quanto ao balanço que, decorridos dois anos, se pode fazer deste passo tomado com “conta, peso e medida”: “hoje so-mos mais capazes, eficientes e temos uma maior flexibilidade produtiva”. Esta estrutura, que hoje emprega mais pessoas do que as iniciais, vai ainda de encontro à filosofia que sempre fez parte do ADN desta empresa. Mais do que uma bandeira que é erguida nos momentos de maior conveni-ência, na Fortiustex há uma genuína preocupação humana e social, tal como podem comprovar es-tas 15 pessoas que viram os seus postos de traba-lho assegurados.

CONSCIENCIALIZAÇÃO HUMANA E AMBIENTAL

“São as pessoas que fazem a empresa avançar e evoluir”. É um desafio permanente. A atividade empresarial é exigente mas a preocupação com os seus recursos humanos deve fazer parte da identidade de qualquer empresa. É por aqui que tudo começa. Criando laços fortes com as “suas” pessoas, a Fortiustex atingiu em 2015 um nível recorde no campo da formação técnica e no re-forço das competências pessoais da sua equipa.Além desta consciencialização humana, a For-

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tiustex, fugindo a qualquer tipo de frase feita ou chavão, orgulha-se de ser uma empresa “amiga do ambiente”, sendo esta uma preocupação que se materializou há cerca de um ano na contratação de uma técnica com a responsabilidade de “im-plementar e formalizar os processos de certifica-ção (de produto, processo, social e de qualidade interna), também como resposta às exigências dos nossos clientes de segmento premium”, con-tou José Guimarães em conversa com a Revista Pontos de Vista. Como consequência, a nível in-terno, todas as práticas adotadas estão em conso-nância com as referidas certificações. A par disso, outras decisões são tomadas com consciência, nomeadamente: “aposta em máqui-nas e processos mais eficientes energeticamente; monitorização dos consumos de água e energia; controlo das emissões gasosas; separação de re-síduos e encaminhamento para reciclagem em detrimento da deposição em aterro; recurso a produtos amigos do ambiente e matérias-primas alinhadas com a ecologia humana; fibras orgâni-cas (oko-tex)”, exemplificou o responsável. Res-ponsabilidade ambiental é isto e muito mais.

JoSÉ GuImARÃES

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O QUE CONTINUA A FALHAR?

Internamente, tudo é feito para orgulhar este setor e fazer com que o nome “Fortiustex” seja ouvido no mercado. Mas como uma empresa que está no fi-nal da fileira têxtil, o grau de dependência de outros agentes impede que tudo corra como é expectável e desejável. “Era determinante que existissem na ca-deia parceiros que se identificassem com os nossos objetivos e ambições. Queremos ser diferenciadores no sentido de aportar qualidade ao que fazemos e cumprir escrupulosamente os prazos. Mas temos dificuldades porque a fileira não tem esse entendi-mento e não está sensível a cumprir os compromis-sos que assume”, criticou José Guimarães. Este aspe-to, muito mais do que uma consequência da crise, é uma questão estrutural das empresas. “Há uma falta de compromisso e disponibilidade para ir ao encon-tro e superar os desafios dos clientes”, acrescentou o responsável. Num setor tão fatigado pela crise, por que é que não existe uma maior solidariedade entre todos? Para José Guimarães, com 30 anos de experiência neste

setor, esta é uma questão para a qual não consegue encontrar resposta. “Tenho conversado com alguns parceiros, tento sensibilizá-los para estas dificul-dades, mas não tenho tido sucesso. A Fortiustex cumpre escrupulosamente todos os compromissos que assumimos, solicitamos atempadamente as en-comendas, pagamos muitas vezes antecipadamente para motivá-los, estamos disponíveis 24 horas por dia mas existem sempre lacunas”, asseverou o Adminis-trador. Também estas preocupações se refletirão nas escolhas do decisor final que é sempre o consumidor. “Uma maior consciencialização do consumidor exi-girá às marcas garantias de produções responsáveis”, concluiu. Ser responsável passa precisamente pelo cumprimento dos compromissos selados.

PERSPETIVAS PARA O SETORNas últimas décadas assistiu-se ao desapareci-mento de um elevado número de empresas que, com as vicissitudes impostas pelo mercado na-cional, muito devido à retração no consumo de mercados tradicionais de exportação, como Es-panha, França ou Alemanha, viram-se obrigadas a fechar portas. Mas como setor resiliente que é, a indústria têxtil soube reinventar-se e dar a volta por cima. Como? “Apostando a montante (research, desenvolvimento e design), acompa-nhando os clientes ‘ao colo’ em todo o processo com transparência e no cumprimento dos prazos que são uma variável crítica para a distribuição e venda das marcas”, respondeu José Guimarães. A aposta em mentalidades mais jovens tem sido também uma opção acolhida. Com ideias criati-vas e novas formas de abordagem ao mundo dos têxteis, os mais jovens “acrescentam muito valor às empresas e é importante que se envolvam se-riamente num setor que é tradicional mas que é moderno e trabalha com um nível tecnológico elevadíssimo”, explicou José Guimarães, acres-centando que “a juventude poderá e deverá ajudar a melhorar a produtividade, permitir uma gestão mais racional, melhorar os recursos existentes, quer humanos, quer materiais”. Esta é, por isso, uma cultura acarinhada pela Fortiustex uma vez que “o setor em muito beneficia com esta filosofia orientada para as soluções e não para os proble-mas”. E é com confiança que tudo se consegue. “Confiança em pessoas cada vez mais evoluídas” e “confiança a longo prazo dos clientes” que só será conquistada com o aumento do rácio de cumpri-mento, tanto no que concerne aos prazos como à qualidade assumida desde o princípio.

ALGUNS DADOS SOBRE O “PLANO ESTRATÉGICO TêxTIL 2020”, REALIZADO PELA ATP ( Associação Têxtil e Vestuário de Portugal):

- Existem sete eixos considerados estruturan-tes da mudança: -Capitalização das empresas e financiamento da atividade;-Melhoria da gestão das organizações;-Competitividade para ser concorrencial a uma escala global;-Inovação;-Valorização dos recursos humanos;-Imagem e visibilidade do setor;-Empreendedorismo.- Os indicadores apontam para cinco mil em-presas, cem mil trabalhadores diretos, 6,5 mil milhões de euros de volume de negócios e cinco mil milhões de euros de exportações.

A Fortiustex tem conduzido a sua atividade por padrões de alta qualidade nos materiais, acabamentos e no serviço. Que cuidados são considerados desde o início? O que é que não pode falhar?O processo produtivo é muito longo e envolve infi-nitas variáveis e pessoas. O que não pode falhar é o que depende de nós, as variáveis que nós contro-lamos têm que ser efetuadas com zelo e eficiência, minimizando os riscos do que não controlamos. Só a excelência em cada passo dado poderá re-sultar na excelência final. Temos que ajudar os parceiros e todos os envolvidos devem ter espírito crítico e sentido de compromisso.

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D epois de longos anos de sufoco, a indús-tria têxtil encara hoje números bem mais animadores. De janeiro a agosto do pre-sente ano, as exportações do têxtil e ves-

tuário aumentaram 3,5%, relativamente ao período homólogo de 2014, alcançando os 3,25 milhões de euros. Face a 2013, as exportações cresceram qua-se 8%, ultrapassando os 4,6 mil milhões de euros. Para a Associação Têxtil e do Vestuário de Portugal (ATP), este crescimento só agora começou, preven-do-se que as exportações atinjam os 5 mil milhões de euros até ao final da década. Estamos a falar de um setor que emprega atualmente 120 mil traba-lhadores, dispersos por cerca de cinco mil empresas que se reinventaram em tempos de dificuldades, deram a volta à crise, apostaram na modernização do seu parque industrial, apostaram na tecnologia e inovação e, perante o convite do Grupo OFFE para marcarem presença no renascimento daquela que já foi e continua a ser uma das feiras de maior re-ferência do setor no universo da Península Ibérica, disseram prontamente “sim”! Foi o caso da Gerber Technology, uma multinacional que tem ajudado empresas de todo o mundo a desenvolverem, fabri-carem e levarem os seus produtos ao mercado de uma forma mais inteligente, eficaz e rápida. Da necessidade de ouvirem permanentemente as solicitações dos seus clientes e parceiros, nasce a importância de marcarem presença em eventos como a Maquitex, que apesar de ter uma escala mais local, assume-se como uma opção estraté-gica para a empresa, tal como explicou em con-versa com a Revista Pontos de Vista, Yvonne Heinen, Responsável de Marketing da Gerber para a região EMEA (Europa, Médio Oriente e África). “A Maquitex desapareceu por onze anos e revitalizou-se para uma nova edição. Quando a Gerber foi contactada pela organização, ficámos muito satisfeitos porque acreditamos que esta in-dústria está a recuperar e continua a ser necessário que exista uma plataforma onde todos os agentes possam estar reunidos para ouvir os clientes, as suas necessidades, dando a conhecer o que cada

INOVAÇÃO - SETOR TêXTIL

Depois de alguma expectativa, a Maquitex voltou ao calendário da Exponor – Feira Internacional do Porto. De 5 a 7 de novembro, este espaço foi o ponto de encontro entre os principais players que atuam na fileira têxtil num momento

considerado como o mais oportuno para o setor. Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, 2014 foi um dos melhores anos da última década para a indústria do têxtil e do vestuário. A Feira de Máquinas, Tecnologia e Acessórios para

a Indústria Têxtil, de Confeção, Vestuário e Bordados renasceu, assim, pelas mãos do Grupo OFFE em parceria com a Exponor com a ambição de recuperar o estatuto de uma das feiras de referência que se realizam na Europa.

MAqUITEx de regresso à exponor

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YVoNNE HEINEN E FRANCISCo AGuIAR (DIREToR REGIoNAl DE VENDAS)

“A realização simultânea e no mesmo espaço da maquiShoes visa reforçar as sinergias existentes decorrentes do facto de muitas empresas serem fornecedoras da indústria têxtil e do calçado, permitindo igualmente por esta via aos visitantes profissionais uma melhor gestão do tempo”. (Exponor) pEDRo mENDoNÇA

DA SIlVA

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um pode oferecer. Por isso, o mo-mento para recuperar a Maquitex não poderia ser o mais oportuno”, explicou. Assumindo ser um evento de elevada relevância para o setor a nível nacional, Yvonne Heinen olha para esta feira como estratégica para as atividades da Gerber e para, mais uma vez, a marca se comunicar com o seu mercado. Num momento em que Portugal se tornou mais competitivo aos olhos externos, não só pelos custos de produção mas também pelo mais alto nível de qualidade que impri-me no seu desempenho nesta área, a responsável acredita que a Ma-quitex chegou no momento certo. Quanto à sua ausência durante 11 anos, Yvonne Heinen não acredita que o desaparecimento tenha sido muito sentido uma vez que o setor se encontrava “adormecido”. “Estes eventos são importantes para comu-nicar com os clientes, mas implicam também um forte investimento por parte das empresas e, ao longo dos últimos anos, não houve grande po-tencial de investimento”, ressalvou, acrescentando: “não esperamos ven-der diretamente na feira mas temos expectativas de retorno”. “Optimize-se”. Esta é a mensagem central que a Gerber quer comu-nicar. No final desta 16ª edição da Maquitex, Yvonne Heinen deixou um apelo especial aos parceiros e clientes desta multinacional: “fique ainda melhor connosco. Muitos dos nossos clientes já são muito bons mas têm sempre potencial para se-rem ainda melhores. Se assim qui-serem, juntem-se à Gerber e terão mais produtividade e uma capaci-dade mais rápida de responder ao mercado. Nós estamos aqui para ajudá-lo a ser melhor, seja qual for o desafio que nos coloque”.

A REAFIRMAÇÃO DE UMA FEIRA DE REFERêNCIA

Além da Gerber Technology, pelo Pavilhão 6 da Exponor estiveram cerca de 50 expositores, entre os quais os principais fabricantes e dis-tribuidores de equipamentos para a fileira têxtil a operar em Portugal, que apresentaram as soluções técni-cas mais recentes de cerca de duas centenas de marcas. Organizada pelo Grupo Offe, em parceria com a Exponor, recuperar a Maquitex não foi mero fruto do acaso. Houve um intenso trabalho de preparação que durou largos meses e que foram resumidos por Pedro Mendonça da Silva, do Departamento Comercial do Grupo Offe: “ao longo do tempo fomos recebendo alguns convites por parte de empresas que manifestaram interesse no relançamento da Ma-quitex. Falámos com diversas enti-dades do setor para perceber a visão delas, as suas necessidades, os obje-tivos que queriam ver concretizados e fomos anotando essas sugestões. E hoje aqui estamos na 16ª edição de uma das feiras mais antigas da Ex-ponor”. Este foi “mais um evento que funciona”, com a assinatura de uma empresa vocacionada para a organi-zação de eventos e feiras e que há muito tempo tinha esta ambição de fazer renascer a Maquitex. “Dentro do segmento das feiras profissio-nais, a Maquitex é a primeira feira que estamos a organizar e queremos continuar a apostar neste formato”, afirmou Pedro Silva. Num setor que vive melhores mo-mentos, mais um passo firme foi dado. 5, 6 e 7 de novembro foram, assim, três dias enriquecedores ao longo dos quais foi possível conhecer o que de melhor existe no mercado ao nível de máquinas, tecnologias e acessórios.

É uma multinacional que disponibiliza soluções integradas de hardware e software a mais de 25 mil clientes em 130 países, entre os quais estão mais de cem incluídos na lista Fortune 500, nos setores moda e vestuário, aeroespacial, construção, embalagem, energia eólica, estofos, interiores de meios de transporte e têxteis técnicos.

SETORES EM EXPOSIÇÃO:- Máquinas e equipamentos; corte; estendimento; acabamento; borda-

dos; costura; transporte; acessórios para máquinas de costura e outras máquinas para a indústria do vestuário; máquinas auxiliares e disposi-tivos para acabamento; máquinas de costura e outras máquinas para a indústria do vestuário; máquinas de estampar para têxteis; tecnologias de produção; agulhas, fios e etiquetas; impressão e estamparia; packa-ging; CAD CAM; Software; Componentes e acessórios; matéria-prima; serviços.

PERFIL DO VISITANTE:- Empresários; Diretores; Designers; Técnicos especializados;

engenheiros de produção.

Paralelamente realizou-se a primeira edição da MaquiShoes – Feira de Máquinas, Tecnologia e Acessórios para a Indústria do Calçado. Trata-se da única feira profissional dedicada a equipamento e maquinaria para o setor do calçado, uma das indústrias nacionais que tem vivenciado um substancial crescimento ao longo dos últimos anos. Estiveram presentes 20 expositores e um total de 50 marcas representadas.

Trata-se de um “sistema de corte automatizado controlado por compu-tador, sendo a solução ideal para corte de uma folha ou poucas folhas de uma vasta gama de materiais, como compósitos, mobiliário e têxteis técnicos complexos”.É um sistema adequado para “maximizar a sua produtividade e rentabi-lidade, reduzir o trabalho em curso, reduzir os tempos de preparação e assegurar que as peças são cortadas com precisão”.

QUEM É A GERBER TECHNOLOGy?

INFORMAçõES SOBRE A MAQUITEx

ESTREIA DA MAQUISHOES

O QUE É O GERBERCUTTER® Z1?

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A CRISE NO SECTOR DO PETROLÍFERO e o seu reflexo nos movimentos migratórios em Portugal

A opINIÃo DE Gilda Pereira, partner da Ei! Assessoria ao e(i)migrante

VISTOS CONSULARES

Quando iniciamos a atividade da Ei!, em Maio de 2014, acompanhávamos muitos processos de Portugueses que queriam emigrar para Angola (a maioria) e para o

Brasil. Assegurávamos que deixavam tudo tratado em Portugal antes de saírem, sobretudo no que res-peita a assuntos que envolvem finanças, segurança social e gestão de património e assessorávamos na obtenção dos respetivos vistos e documentos para serem utilizados nos países de destino.No entanto, desde o início do ano que praticamen-te deixamos de ter esse tipo de solicitações para Angola e Brasil, o que para nós é considerado um forte indicador de que a emigração para esses dois países sofreu, e continua a sofrer, um elevado decrés-cimo. Note-se que a escassez de divisas em Ango-la, a desvalorização do kwanza e a dificuldade em transferir dinheiro para o estrangeiro, têm sido um forte inibidor para quem tenciona emigrar para esse país. Neste momento temos, inclusive, sentido que muitos portugueses têm regressado de Angola para Portugal, sobretudo os que já la residiam há cerca de 5/6 anos e que deixaram de conseguir manter o nível de vida a que se haviam acostumado nesse país. Por outro lado, verificamos também que alguns dos Portugueses que deixam Angola, não têm como ob-jetivo voltar para Portugal, mas antes rumarem a no-vos destinos, fixando-se em países como Canadá ou Austrália, pretendendo contratar os nossos serviços para estes processos de emigração estruturada. No que respeita ao Brasil, a insegurança e a instabilidade política são habitualmente apontadas como os fato-res motivadores do desejo de mudar de país. Estas circunstâncias refletem-se ainda, ao nível dos nossos serviços, no aumento da procura por parte de Brasileiros e Angolanos de serviços de instalação em Portugal, sobretudo a partir do segundo trimes-tre de 2015.Os cidadãos angolanos têm sobretudo optado por instalar em Portugal grande parte do seu agregado familiar. “Mandar” para Portugal a mulher e filhos em idade escolar, tornou-se prática comum para estes, sendo que, geralmente, os homens continuam em Angola, mantendo lá o seu emprego ou a sua atividade comercial. Procura de habitação, inscrição de jovens em estabelecimentos de ensino, registo nos serviços básicos de saúde e questões ligadas a autori-zação de residência são os serviços mais procurados.Já os cidadãos brasileiros optam por se mudar para Portugal em família sendo que, em muitos casos, verifica-se realmente a mudança de toda a família: avós, tios, pais e irmãos com respetivos cônjuges e filhos. Os serviços que mais procuram são acom-panhamento presencial em serviços públicos, con-sultoria fiscal, processo de equivalência de estudos e também questões referentes a autorização de re-sidência. São, maioritariamente, empresários, que mantêm os seus negócios no Brasil, profissionais

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Angola e Brasil são dois dos países mais afetados pela crise no sector Petrolífero cujos fluxos migratórios maior impacto provocam em Portugal. Com o preço do barril a oscilar entre os 45 USD e os 60 USD nos últimos meses, o que reduz bastante a margem de

lucro das petrolíferas, afetando os contratos com as prestadoras de serviços e diminuindo a receita dos respetivos estados, as consequências não se fizeram esperar: desvalorização da moeda (Real e Kwanza), aumento do desemprego, aumento da inflação e

aumento da instabilidade socio-economica.

Av. Visconde de Valmor, n.º 20 D, 1000-292 Lisboa+351 217960436+351 [email protected]

liberais que procuram integração no mercado de trabalho em Portugal e recém reformados à procura de um país onde possam gozar tranquilamente esta nova fase da sua vida.A realidade subjacente a esta crise petrolífera reper-cutiu-se, assim, em grande escala, nas alterações mi-gratórias acima descritas. Estas novas circunstâncias, por sua vez, determinam que Portugal passe a ser encarado como um novo destino europeu de imigra-ção formada por novos imigrantes que esperam aqui encontrar excelentes condições de vida que já não se encontram reunidas nos seus países de origem. Por-tugal está na moda… Ninguém o pode negar!Fruto destas alterações migratórias, os serviços prestados a esta nova imigração em Portugal, re-presentam já mais de metade da nossa atividade, sendo que prevemos que até ao final do ano estes valores aumentem consideravelmente, desvirtuan-do-se assim a logica que nos levou a criar a Ei!: prestação de serviços aos emigrantes e assessoria à emigração.

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Todos os dias cerca de 160 portugueses ficam a saber que têm diabetes, um problema que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, é a quarta principal causa de morte na maior parte dos países desenvolvidos. Que espaço esta doença tem ocupado na “agenda” da Boehringer Ingelheim?A incidência e prevalência da diabetes têm au-mentado consideravelmente nas últimas décadas, constituindo-se como um importante problema de saúde pública, com um significativo impacto na morbilidade e mortalidade da população.Apesar dos progressos significativos no campo da prevenção, do seguimento e do tratamento desta doença, continuam a existir muitas necessidades médicas por satisfazer.Por esse motivo é extremamente importante in-vestir na investigação e desenvolvimento de novas moléculas e tecnologias com potencial impacto na modificação da história natural da doença. Esta tem sido uma das prioridades da Boehringer In-gelheim enquanto companhia focada na inovação e nos cuidados à pessoa com diabetes. O combate à diabetes é uma prioridade da nossa companhia e continuará a sê-lo no futuro.

Acreditam que a Investigação e o Desenvolvimento têm ditado o sucesso da empresa. O elevado nível de investimento em I&D é um dos vossos elementos diferenciadores? Na área da diabetes o que tem sido possível fazer?A investigação e o desenvolvimento de novas tec-nologias e fármacos inovadores é uma das marcas da nossa companhia. Diariamente milhares de co-laboradores da Boehringer Ingelheim dedicam-se às atividades de R&D em áreas tão importantes como a doença cardiovascular, as doenças respira-tórias, do foro oncológico, do metabolismo, neuro-ciências e imunologia.Em Portugal, a Boehringer Ingelhem é líder em investigação clínica. Este facto tem permitido que muitos dos nossos doentes e profissionais de saúde possam participar em ensaios clínicos com moléculas inovadoras, numa fase inicial do seu desenvolvimento. Na última década fizemos um grande esforço em termos financeiros e de recur-sos humanos para podermos formar profissionais de saúde e unidades de investigação clínica com a excelência que hoje todos podem comprovar.Na diabetes, nos últimos seis anos foram alocados seis ensaios clínicos com novas moléculas, sendo que alguns destes estudos tiveram uma duração superior a cinco anos. Foi também nesta área que

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DIA MUNDIAL DA DIABETES

Criado em 1991 pela International Diabetes Federation (IDF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Dia Mundial da Diabetes comemora-se a 14 de novembro e esta data tem como objetivo dar resposta ao aumento alarmante de casos de

diabetes no mundo. Assim, interessa dar a conhecer as iniciativas que têm sido criadas no âmbito da luta contra esta doença e de que forma tem a inovação sido fundamental neste domínio. A Revista Pontos de Vista quis saber mais e conversou com quem

sabe e com quem muito tem feito no domínio do desenvolvimento e das áreas de investigação, a Boehringer Ingelheim, que mantém como principal objetivo o compromisso na descoberta e desenvolvimento de medicamentos que representem elevado

valor terapêutico para os doentes, médicos e serviços de saúde. Ana Filipa Penha e Hugo Martinho, respetivamente Medical Manager Diabetes Portugal e Medical Manager Diabetes Região Europa, da Boehringer Ingelheim, abordaram a temática do Dia

Mundial da Diabetes e sobre o que deve continuar a ser realizado neste domínio.

“o objetivo é melhorar a qualidade de vida DA PESSOA COM DIAbETES”

a Boehringer Ingelheim se afirmou como a pri-meira companhia farmacêutica com ensaios clíni-cos nos cuidados de saúde primários em Portugal. Para termos uma ideia dos números, só em ensaios clínicos na área da diabetes foram envolvidos mais de duzentos doentes e cerca de trinta investiga-dores.

Muitos estudos têm sido avançados e a investigação em saúde, em qualquer vertente, centra-se num objetivo: a cura. Num futuro muito próximo poderíamos falar da cura para a diabetes? A diabetes é uma doença crónica, sendo a sua história natural bastante complexa. Os novos me-dicamentos permitem controlar melhor a doença, atrasando o aparecimento das complicações cró-nicas. De acordo com o conhecimento atual que temos, a obtenção da cura ou da resolução clínica de uma patologia como a diabetes, ainda não é possível. Contudo, as moléculas que têm vindo a ser dis-ponibilizadas têm permitido uma significativa melhoria dos cuidados prestados ao doente, im-pactando a sua perceção sobre a doença, a gestão das complicações e a sua qualidade de vida.

Segundo dados de 2013, o número de amputações cresceu, ao mesmo tempo que se conseguiu que mais pessoas fossem seguidas pelo médico

de família. Apesar de existirem cada vez mais diabéticos acompanhados nos centros de saúde, por que é que aumentam, paralelamente, as complicações provocadas por esta doença?

Em Portugal, o combate à diabetes é uma prio-ridade de saúde pública e os cuidados de saúde primários representam muitas vezes a porta de en-trada do doente no sistema de saúde. Claramente que hoje existe uma maior organização do nosso sistema de saúde para diagnosticar e prestar cui-dados diferenciados à pessoa com diabetes. Talvez por esse motivo, a par do aumento do número de pessoas seguidas pelo médico de família, tenha-mos igualmente um maior registo das compli-cações associadas à doença, uma vez que muitas vezes aquando do diagnóstico, as complicações da doença já estão instaladas. É por isso importante que o diagnóstico seja efetuado o mais precoce-mente possível de forma a atrasar ou prevenir o aparecimento destas complicações.

A diabetes é considerada uma doença silenciosa e, como tal, se não forem feitos exames regulares, nem sempre se conhece esta condição. Para que sinais se deve estar mais alerta? Importa apostar mais na consciencialização das pessoas para que fiquem mais cientes dos sintomas?Como referi, um diagnóstico precoce é absoluta-

ANA FIlIpA pENHA

“De acordo com o conhecimento atual que temos, a obtenção da cura ou da resolução clínica de uma patologia como a diabetes, ainda não é possível. Contudo, as moléculas que têm vindo a ser disponibilizadas têm permitido uma significativa melhoria dos cuidados prestados ao doente, impactando a sua perceção sobre a doença, a gestão das complicações e a sua qualidade de vida”

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A propósito do Dia Mundial da Diabetes, que se celebra no próximo dia 14 de novembro, que mensagem importa deixar?Apesar do flagelo de saúde pública que a dia-betes representa, continuamos cada vez mais empenhados, em articulação com a sociedade civil, a comunidade médica e os nossos parcei-ros institucionais, em combater esta epidemia silenciosa. Podem contar com o nosso trabalho, esforço e total dedicação na educação, preven-ção e tratamento, de forma a melhorar a quali-dade de vida da pessoa com diabetes.

mente fundamental para um melhor controlo da doença e das suas complicações. A diabetes tipo 1 é aquela que aparece maioritariamente em crian-ças e jovens, de forma rápida e com os sintomas característicos (sede, fome, urinar muito e emagre-cimento); a diabetes tipo 2 aparece geralmente na idade adulta tardia, associada ao excesso de peso, obesidade e a pouca atividade física com hábitos alimentares pouco saudáveis – as pessoas com diabetes tipo 2 não têm geralmente sintomas e só serão diagnosticadas porque fizeram rastreio, por análises de rotina ou porque já têm complicações da diabetes.Portanto, sendo a diabetes tipo 2 essencialmente assintomática torna-se relevante uma maior cons-ciencialização dos profissionais de saúde para a identificação e rastreio de doentes com risco de diabetes.

Esta é uma patologia que anda de mãos dadas com a obesidade e com o sedentarismo. No campo da prevenção nesta área da alimentação e do desporto ainda há um longo trabalho a ser feito?O combate à diabetes passa por uma educação para a saúde e prevenção eficaz. Este não é só um desafio para os profissionais e sistema de saúde, mas também para a sociedade e a forma como se organiza e responsabiliza pela saúde individual e coletiva. É necessário melhorar e fazer mais pela promoção da atividade física através da disponibi-lização de espaços nas cidades que permitam a re-alização de práticas desportivas, pela promoção do desporto escolar nas escolas, do aconselhamento alimentar nas crianças e nos adultos, do apoio ao comércio local para um maior consumo de frutas e legumes.

Numa análise generalista, no campo da investigação e da prevenção da diabetes, que imagem tem do que tem sido feito em Portugal? Relativamente a outros congéneres europeus, o nosso país ainda está aquém das expectativas?No nosso país, foram feitos muitos progressos nos cuidados prestados à pessoa com diabetes, parti-cularmente com a implementação do programa nacional para a diabetes da DGS, que estabeleceu claramente as prioridades e as metas a atingir com vista à diminuição do fardo da doença. Portugal tem sido, aliás, pioneiro na implementação de algumas medidas, projetos e atividades que nos colocam ao nível do melhor que se faz na Euro-pa. Pela excelência e dimensão, destaca-se, por exemplo, o projeto “Não à Diabetes!”, apresentado pela Fundação Calouste Gulbenkian em 2014 e coordenado pela APDP e SPD. Este projeto tem dois objetivos: evitar que 50 mil pré-diabéticos desenvolvam a doença nos próximos cinco anos e identificar, no mesmo período, 50 mil diabéticos que desconheçam ser portadores da doençaNo campo da investigação, temos excelentes exemplos de projetos epidemiológicos (estudo PREVADIAB e Observatório Nacional da Dia-

betes) e clínicos que demonstram a importância que um melhor conhecimento tem no combate à doença.

Quais os principais desafios que se colocam atualmente ao setor farmacêutico e de que forma os mesmos se refletem no medicamento e na saúde pública? Qual tem sido a estratégia da Boehringer Ingelheim para responder às atuais exigências?Nos últimos anos a área da saúde e, por conse-quência, o setor do medicamento têm passado por muitas transformações, quer em termos de respos-ta do sistema de saúde, quer ao nível do seu finan-ciamento e acessibilidade. Hoje ainda estamos em fase de consolidação dessas mudanças que levaram a uma necessidade de adaptação rápida às novas exigências e desafios. Apesar destes constrangimentos externos, a Bo-ehringer Ingelheim conseguiu consolidar e po-tenciar a sua liderança em investigação clínica. Tivemos, também, oportunidade de lançar com sucesso fármacos inovadores em várias áreas tera-pêuticas, nomeadamente na diabetes.Acreditamos que o nosso empenho e a relação de parceria que construímos com os stakeholders do sistema de saúde, as associações de doentes e as sociedades científicas contribuem para melhorar o tratamento das pessoas com diabetes e a sua qua-lidade de vida.

No caminho da prevenção e do tratamento de pessoas com diabetes, qual continuará a ser a linha de atuação da Boehringer Ingelheim? Que objetivos pretendem ver brevemente concretizados?A investigação e disponibilização de novas molé-culas na diabetes, que configurem valor terapêuti-co acrescentado, é uma prioridade presente e futu-

HuGo mARTINHo

Apesar destes constrangimentos externos a Boehringer Ingelheim conseguiu consolidar e potenciar a sua liderança em investigação clínica. Tivemos também oportunidade de lançar com sucesso fármacos inovadores em várias áreas terapêuticas, nomeadamente na diabetes”

ra da Boehringer Ingelheim. A nossa estratégia é continuar a investigar e desenvolver medicamen-tos inovadores e disponibilizá-los aos doentes que deles necessitam em todo o mundo. Mas para que mais doentes possam ser tratados com fármacos inovadores é fundamental que, findo o processo de aprovação, os mesmos possam ser disponibilizados no mercado em tempo útil e razoável. Na área da diabetes, a BI está a lançar duas novas moléculas em diversos países da Europa, estando as mesmas, em Portugal, a aguardar aprovação do pedido de comparticipação.Um desses novos antidiabéticos orais apresentou recentemente resultados de segurança que de-monstram, pela primeira vez, um impacto único e clinicamente relevante na morbilidade e mortali-dade associadas à doença. Estamos a trabalhar no sentido das novas alternativas terapêuticas pode-rem estar disponíveis, muito brevemente, para os doentes diabéticos.

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SAÚDE EM PORTUGAL

UMA “SOLUÇÃO DE SAúDE” integrada e ÚniCa

Acessibilidade, disponibilidade e proximidade, é assim que se posiciona o Hospital Privado de Alfena, unidade hospitalar do Grupo Trofa Saúde. A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com o Administrador Bruno Silva e o Diretor Clínico José

Vilarinho, que nos mostraram a razão deste Hospital ser uma aposta de sucesso do Grupo Trofa Saúde.

O Hospital Privado de Alfena, unida-de hospitalar do Grupo Trofa Saúde, assume-se como uma unidade de saú-de privada de referência na cidade de

Valongo e na região Norte, disponibilizando um conjunto variado de valências médicas, cirúrgicas e de diagnóstico. A cada mês são mais de 13.500 atendimentos de consulta externa, mais de 3.500 atendimentos de serviço de urgência geral e pe-diátrico, e mais de 400 diárias de internamento, números avançados pelo Administrador Bruno Silva.Em funções administrativas há cerca de dois anos, Bruno Silva deixou patente que a priorida-de foi transformar Alfena num local de paragem, com as pessoas a terem agora solução de saúde na sua zona geográfica de circulação. Foi a constante aposta na acessibilidade e na disponibilidade que fizeram do Hospital Privado de Alfena um local de paragem; acessibilidade conseguida através dos acordos com a maioria dos Seguros e Sub--sistemas de saúde, e disponibilidade com o alar-gamento do agendamento de exames e consultas (pós-laboral), destaque para o serviço de urgência adultos e pediátrico 24 horas/365 dias. Este que é um dos hospitais mais recentes do Grupo Trofa Saúde é já o segundo Hospital do Grupo com o maior número de consultas no momento, o que para muito contribuiu a sua qualidade clínica e administrativa.

UM CONCEITO INOVADOR DE ORGANIZAÇÃO, CENTRADO

NO CLIENTE/DOENTEInaugurado em janeiro de 2012, fomos encontrar em Alfena um edifício de sete pisos construído de raiz, com uma capacidade atual de 97 camas, 55 consultórios, 6 salas de bloco operatório, uma estrutura pensada de forma a facilitar os procedi-mentos clínicos. Aliado a isso, em Alfena encon-tramos uma equipa de especialistas experientes, com capacidade técnica e diagnóstica, e jovem, com entusiamo e capacidade de trabalhar a pen-sar no futuro. Ademais, verifica-se aqui uma pro-ximidade às populações locais, diferente da lógi-ca de centralização dos outros grupos de saúde privados. É esta proximidade às populações que leva a que em Alfena se constituam equipas e se construam serviços para reforçar a autonomia do Hospital, possibilitando assim que as pessoas en-contrem ali respostas às suas necessidades.O Hospital Privado de Alfena, à semelhança de todo o Grupo Trofa Saúde, está apostado em tra-balhar com equipas coesas e em subespecializa-

ção, com uma cobertura e presença diária muito constante. As consultas especializadas dentro das especialidades são disso exemplo. Depois de uma carreira de 18 anos na função pública, o Diretor Clínico José Vilarinho mostrou ter uma grande confiança no projeto do Hospital Privado de Al-fena e no Grupo Trofa Saúde. “É este pensamen-to de trabalho em equipa e de solidariedade que lhes permite transferir doentes entre médicos, no sentido de dar o melhor atendimento possível”, adiantou o Diretor Clínico José Vilarinho. Para isso, todo o processo clínico é informatizado, o que permite que a informação clínica dos doentes circule internamente de Hospital para Hospital.

“SOLUÇÃO DE SAÚDE” INTEGRADA E ÚNICA, QUE VAI AO ENCONTRO DAS NECESSIDADES

A filosofia do Hospital Privado de Alfena, e a

maior preocupação do Administrador Bruno Sil-va, é perceber aquilo que as pessoas necessitam a cada momento. Foi neste sentido que, e confron-tados com a necessidade de comunicar melhor ao nível da saúde, introduziram este ano a figura de gestor de cliente, um interlocutor que ajuda em todo o processo, dando até apoio ao nível da estimativa de valor a pagar pelos atos médicos. Em Alfena há a preocupação de retirar comple-xidade à linguagem médica, preferindo-se uma linguagem mais acessível. “O nosso discurso e a nossa atitude tem de se adaptar a pessoas muito diferentes”, reforçou o Diretor Clínico José Vila-rinho. Há também uma tentativa de que a expe-riência administrativa seja o mais harmonizada e padronizada possível entre as unidades, patente na colocação de um balcão de atendimento único em todos os hospitais.O Hospital Privado de Alfena pretende ser uma

BRuNo SIlVA E JoSÉ VIlARINHo

uNIDADE DE CuIDADoS NEoNATAIS

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BloCo DE CIRuRGIA REFRATIVA

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“solução de saúde” integrada e única, disponível para as necessidades de qualquer família. Foi nes-se sentido que lançaram, por exemplo, as aulas de desenvolvimento pediátrico para bebés a partir dos seis meses, respondendo às solicitações dos pais que pretendiam o desenvolvimento físico e cognitivo do bebé, bem como fortalece os laços entre mãe/pai e o bebé.

UNIDADE HOSPITALAR COM EQUIPAMENTO E TECNOLOGIA DE PONTA

A nível clínico tem havido um esforço grande para introduzir a diferenciação no Hospital, contando com ferramentas de diagnóstico bas-tante evoluídas. Recentemente introduziram a possibilidade de cirurgia refrativa (Lasik), sen-do o único Hospital do grupo com essa cirur-gia. Trata-se de uma cirurgia oftalmológica feita com o objetivo de melhorar o estado refrativo do olho e diminuir ou eliminar o uso de óculos ou lentes de contacto, efetuada com uma tec-nologia laser muito avançada, com um índice geral de satisfação superior a 95%. A destacar também o equipamento de ressonância cardía-ca, uma novidade para o estudo cardíaco através de ressonância magnética cardíaca, que permite realizar uma avaliação morfológica e funcional das estruturas cardíacas. O Hospital Privado de Alfena está equipado com os meios tecnológicos mais avançados, com capacidade de realizar todo o tipo de exames necessários a complementar o diagnóstico clínico. Neste momento o Grupo Trofa Saúde está a trabalhar num projeto na área da oncologia, numa tentativa de encontrar solu-ções para o aumento dos números deste tipo de patologia.

No seu quarto ano de atividade, Alfena tem-se revelado uma aposta de sucesso do Grupo Trofa Saúde. Tendo em atenção que a maior parte dos clientes do setor privado são convencionados, seja por Seguros ou Sub-sistemas de saúde, têm-se apercebido que no geral as pessoas ficam surpreendidas com os valores acessíveis que ali en-contram. De realçar ainda o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido por António Vila Nova, atual presidente do Grupo Trofa Saúde, que levou a que o Grupo fosse considerado marca de eleição dos consumidores na categoria “Hospitais Privados” do Grande Porto e zona Norte, num estudo realizado pela Consumer Choice em 2013.O Grupo Trofa Saúde, com Hospitais presentes em Gaia, Alfena, Boa Nova, Trofa, Braga, Famalicão, Maia, Braga--centro, apresenta um plano de expansão em que todas as unidades estão próximas entre si, sendo o objetivo criar uma série de hospitais geograficamente situados em zonas estratégicas, constituindo eixos de passagem. Imbuído no prestígio da marca Trofa Saúde, o Hospital Privado de Alfena tem como ambição transformar-se numa referência de saúde privada. Conscientes de que há sempre problemas, tal como em todos os hospitais, a ideia é crescer de forma progressiva, organizada e realista.

TRANSFORMAR ALFENA NUMA REFERêNCIA DE SAúDE PRIVADA

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pISICNA TERApêuTICA

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O III Congresso Internacional do CINEICC realiza-se de 17 a 21 de novembro na Universidade de Coimbra. Quais são as expectativas para este evento que se subdivide entre Workshops e o próprio Congresso? Este Congresso engloba o III Congres-so Nacional da APTC e pretende que investigadores e profissionais troquem experiências e reflitam sobre a forma como a investigação e intervenção se

SAÚDE EM PORTUGAL

O Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) surgiu em 2003 e, desde esse momento, tem vindo a promover o desenvolvimento investigativo e a consciencializar a sociedade civil e médica para a importância

da saúde mental e psicologia. Neste contexto, e por ocasião do III Congresso Internacional do CINEICC, a Revista Pontos de Vista conversou com José Pinto Gouveia, Coordenador da instituição, que nos falou sobre as expectativas para o evento.

“A ORGANIzAÇÃO ESPERA CONTRIbUIR para a partilha e discussão de conhecimentos”

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influenciam e enriquecem mutuamente e como os resultados das investigações influenciam as práticas de intervenção. Para além dos dias de Congresso, haverá dois dias de workshops com uma com-ponente formativa e prática. A organização espera contribuir para a partilha e discussão de conhecimentos junto de estudantes e profissionais na área da saúde mental e neurociências.

Qual a importância deste acontecimento no sentido de alavancar as áreas cogniti-vas e comportamentais e fomentar o seu desenvolvimento?Desejamos promover a discussão sobre a relação existente entre as três áreas que dão o mote ao tema do Congresso - “Investigação, Avaliação e Intervenção: Que ligações?”. Pretende-se sublinhar a importância da articulação e interliga-ção entre as três dimensões, fomentar o desenvolvimento de novas diretrizes de intervenção, refletir sobre processos bá-

sicos ao nível das neurociências e, assim, promover conhecimento empiricamen-te sustentado que conduza a uma prática rigorosa.

O Congresso contará com a presença de oradores nacionais e internacionais, que abordarão temas como psicologia, psi-copatologia, neurociências, terapias de 3ª geração, entre outros. Que nomes da área que importa referir? De que modo esta partilha de conhecimentos promo-ve o progresso desta área da saúde? Eventos como este, alargados à comuni-dade profissional e não apenas circuns-critos ao meio académico, permitem--nos apresentar e partilhar resultados que ajudam a guiar e orientar práticas de saúde mais rigorosas.Neste Congresso, contamos com a par-ticipação de convidados internacionais, nomeadamente o Professor Paul Gilbert (Universidade de Derby), o Professor Cristiano Gomes (Universidade Federal de Minas Gerais) e o Professor Stirling Moorey (King’s College).

O CINEICC foi fundado em 2003 com o propósito de incentivar e promover a investigação nas áreas comportamen-tais e cognitivas. Qual tem sido o vosso papel nesta década dedicada ao estudo e investigação?O CINEICC foi criado por um grupo de docentes/investigadores da Faculda-de de Psicologia e Ciências da Educa-ção da Universidade de Coimbra e pos-teriormente alargado, tendo atualmente 22 membros integrados, 38 colaborado-res e acolhendo 50 doutorandos finan-ciados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Foi reorganizado para o período 2015-2020 em três gru-pos de investigação: 1) Processos Cog-nitivos e Comportamentais e Mudança; 2) Relações, Desenvolvimento e Saúde; 3) Neurociência, Neuropsicologia e Avaliação Cognitiva.Na última década, o CINEICC tem tido como principais objetivos promover a saúde e a qualidade de vida e prevenir a doença; estudar processos psicológicos envolvidos no desenvolvimento e ma-nutenção de psicopatologia; desenvolver instrumentos de avaliação (neuro)psico-lógica; e desenvolver e aplicar programas de intervenção.

Numa era em que os profissionais estão mais atentos à saúde mental, quer no

âmbito clínico, quer no contexto inves-tigativo, como descrevem a importância que o CINEICC tem junto da sociedade civil e médica?Temos tido a preocupação de estabelecer protocolos com entidades com responsa-bilidade civil (Ministério da Justiça, Mi-nistério da Saúde) e entidades de saúde, serviços hospitalares, entre outros, com os quais temos partilhado conhecimen-to especializado que advém das investi-gações realizadas. Sublinhamos alguns projetos desenvolvidos e que têm sido úteis quer na área da saúde pública (BE-free, KgFree, Promoção de saúde públi-ca em mães adolescentes seropositivas, Ageing@Coimbra), quer ao nível da justiça e promoção do comportamento próssocial (GPS - Growing Pro-Social).

De que modo o facto de o CINEICC ser uma entidade da Universidade de Coim-bra (UC) traz uma maior responsabili-dade, mas também uma prova de con-fiança? Qual é o peso desta ligação? De que modo, no futuro, continuarão lado a lado no sentido de promover a investi-gação cognitivo-comportamental?O CINEICC é uma unidade I&D da UC e, como tal, está alinhado na sua vi-são estratégica para a investigação, a qual visa contribuir para o progresso cientí-fico e tecnológico enquanto promotor do conhecimento e, consequentemen-te, da melhoria da vida das pessoas. Para além disso, a UC tem apostado na promoção da excelência e numa maior ligação com a sociedade, for-necendo recursos essenciais para que estes objetivos sejam cumpridos. Neste sentido, o CINEICC não só se identifica com a estratégia e objetivos da UC, como tem tentado correspon-der a estas diretivas. Recentemente a nossa Unidade I&D foi avaliada com classificação de Excelente no âmbito da avaliação das Unidades de I&D, promovida pela FCT, o que parece ser um bom indicador desta ligação e da qualidade da investigação realizada no CINEICC.

JoSÉ pINTo GouVEIA

Profissionais de psicologia e saú-de mental, investigadores, estu-dantes e público em geral podem inscrever-se no Congresso em https://congressocineicc2015.wordpress.com/

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SAÚDE EM PORTUGAL

Com vista a criar uma gestão mais ágil e benéfica para utentes e profissionais, surgiu o FisioZero, um software criado pela Clinoud. Neste momento, fisioterapia e osteopatia são as duas áreas onde o programa se tornou uma mais-valia fundamental para o bom funcionamento dos serviços. Contudo, Eduardo Luís, CEO da marca, adiantou à Revista Pontos de Vista que, num futuro próximo,

poderemos ver o software alargado à psicologia.

A TECNOLOGIA COMO INSTRUMENTO fundamental de trabalho

O FisioZero é um software que pro-move uma maior organização da in-formação em clínicas de fisioterapia e osteopatia. Em que consiste exata-mente este programa? Quais são as suas mais-valias no dia-a-dia de con-sultórios dedicados a estas duas espe-cialidades?O FisioZero consiste numa ferra-menta de trabalho fundamental para quem deseja ter o seu gabinete/clínica mais organizado e funcional. Num único software, estão disponíveis para consultas e registos: calendário de marcações, anamneses, avaliações aos pacientes, envio de ficheiros de apoio às consultas (raios-x, fotos, relatórios médicos...), gestão de pagamentos, envio automatizado de mensagens de texto, entre outras ferramentas úteis e indispensáveis. O software possui ainda campos personalizáveis para ajustar o mesmo às necessidades do utilizador.

Aquando da conceção deste software, por que motivo optaram pela fisio-terapia e osteopatia especificamen-te? Existia ainda uma lacuna nestas áreas? No futuro poderemos ver este programa adequado a outras especia-lidades?O Fisiozero, tal como o nome indica, nasceu em virtude da ausência de sof-tware na área dos registos exclusivos para Fisioterapia – corria o ano de 2012. O recurso habitual era o registo escrito em papel ou folhas de Excel, que estão longe de trazer a dinâmica e as ferramentas que o Fisiozero ofe-rece. Este ano foi ainda introduzido o módulo de Osteopatia e prevemos que em 2016 seja inserido um outro módulo, a psicologia, numa tentativa de ir alargando o software a outras es-pecialidades.

O Multi Terapeuta é uma outra fer-ramenta que permite a partilha de conhecimentos e opiniões entre pro-fissionais. De que modo esta solução permite uma maior qualidade no tra-tamento de doentes?Esta é sem dúvida uma funcionalida-de bastante importante para que o pa-ciente seja bem acompanhado. Exis-tem clínicas com vários terapeutas e nem sempre é possível o paciente ser seguido pelo mesmo terapeuta. Neste contexto, é necessário que todos os

terapeutas possam aceder ao histó-rico do paciente de forma a que este seja avaliado de forma consistente e contínua. Outra vantagem desta fer-ramenta é a possibilidade de partilha da agenda de marcações.

O software proporciona uma melhor gestão em ambiente de consultório e maior qualidade médica, mas contém ainda uma componente direcionada para os pacientes. O envio de SMS aquando da aproximação da data de consulta é um exemplo desta ques-tão. Assim, de que forma os pacientes saem beneficiados com o FisioZero?O envio automatizado de mensagens de texto traz grandes vantagens a to-dos os seus intervenientes e é já uma prática comum em centros hospita-lares privados e públicos. A clínica beneficia com uma menor taxa de absentismo dos seus pacientes e há, consequentemente, um melhor fluxo das marcações. Outra vantagem é a questão de proximidade e cumplici-dade que se gera entre todos os inter-venientes, principalmente através das mensagens de aniversário.

A nível tecnológico, este software tem ainda mais-valias que beneficiam os seus utilizadores, nomeadamente a facilidade de utilização e a não obri-gatoriedade de atualizações. O que podem dizer-nos sobre este programa num contexto mais técnico?O Fisiozero, desde o primeiro dia que nasceu, foi desenvolvido com dois objetivos centrais: ser simples - neces-sitando de poucos minutos para ficar a conhecer globalmente o software; e ter uma linguagem de acesso universal e comum a todos os dispositivos ele-trónicos – através de linguagem web. Este tipo de linguagem permite-nos criar novas funcionalidades que ficam disponíveis imediatamente para os nossos clientes, sem qualquer necessi-dade da sua intervenção. Outra vanta-gem é libertar por completo o cliente das cópias de segurança de ficheiros informáticos que possam ter de exe-cutar - no caso de usarem qualquer outra base de dados de pacientes ou registos - essa passa a ser uma respon-sabilidade do Fisiozero.

Fazendo um balanço do que tem sido a atuação do FisioZero nos consultó-

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rios médicos, o que mudou desde a sua entrada no mercado? O que pode-rá ainda mudar no futuro?O feedback obtido dos nossos clien-tes é muito positivo e motivador. Referem que adquiriram uma maior dinâmica interna nas suas clínicas, maior rapidez e facilidade na gestão das marcações, acesso imediato a todo o histórico do paciente, uma gestão simples e facilitada de pagamentos e a possibilidade de consulta de estatís-ticas. Referem ainda uma maior ren-tabilidade proporcionada com o envio automatizado de mensagens de texto e com a rápida consulta das fichas dos pacientes.

O que podem os vossos clientes contar com o Fisiozero hoje e no futuro?As nossas principais premissas são o respeito pelos dados dos clientes e, por isso, temos de os manter salva-guardados através do uso de tecnolo-

EDuARDo luÍS

gia de ponta. Uma outra premissa é a inovação contínua através da imple-mentação de novas funcionalidades que proporcionem uma maior renta-bilidade.

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São pioneiros na Telemedicina adaptada à Medicina no Trabalho em Portugal. Que obstáculos enfrenta-ram e ainda enfrentam para promover esta tecnolo-gia na vossa área de atuação?A utilização de novas tecnologias traz sempre algu-mas preocupações e renitências por parte das pesso-as ou dos grupos mais conservadores, que compõem ainda grande parte das nossas Autoridades Admi-nistrativas. A telemedicina pode ser definida como o conjunto de tecnologias e aplicações que permitem a reali-zação de ações médicas à distância e já se encontra hoje aplicada a praticamente todos os ramos da ci-ência médica, desde os mais complexos e minucio-sos como a cirurgia ou cardiologia, como aos mais frequentes ou simplesmente de rastreio.Reconhecendo as valências da mesma, o poder le-gislativo tem vindo a regulamentar com normativos legais, tanto da União Europeia, como em legisla-ção nacional ou mesmo em diretrizes emanadas por Autoridades Administrativas Portuguesas.No entanto, e mesmo reconhecendo as mais-valias do uso das novas tecnologias, ou mesmo estando regulamentada legalmente, existe ainda muita re-sistência. Sendo pioneiros nesta área em Portugal, temos vindo a desbravar um terreno árduo, contra mentalidades conservadoras, havendo necessidade de apelar muitas vezes à legislação nacional e eu-ropeia ou aos tribunais para ultrapassar obstáculos que se levantam diariamente.

Que mais-valias trouxeram à Medicina no Trabalho ao introduzirem a Telemedicina? Para o leitor que ainda não conhece esta fase evolutiva da medicina, como definem este vosso serviço?A telemedicina veio solucionar alguns problemas práticos com que, por exemplo, empresas de recur-sos humanos em Portugal se deparam, por forma a conseguirem cumprir a legislação no âmbito da medicina do trabalho, sobretudo quanto aos exames de admissão que devem ser realizados antes da in-tegração dos trabalhadores.As grandes empresas de recursos humanos ou de trabalho de temporário que têm uma grande rotati-vidade de admissão de colaboradores em todo o ter-ritório nacional, sempre com um prazo de resposta muito curto, tinham uma dificuldade muito grande para realizar os exames médicos antes de ceder o trabalhador na empresa cliente.Estas empresas tinham que contratar dezenas de prestadores de serviços de medicina do trabalho, que lhes pudessem dar uma cobertura nacional e ainda contar com a disponibilidade dos mesmos para a realização dos exames médicos de admissão antes do início das funções dos trabalhadores.Neste processo aconteciam atrasos, adiamentos, faltas aos exames e horas perdidas nas deslocações às clínicas, que nem sempre eram conseguidas no espaço temporal desejável.Através da telemedicina, a Born2Score veio revolu-cionar a realização dos exames de admissão nestas empresas. Desenvolvemos um software que permite fazer a gestão dos mesmos e receber antecipada-mente a avaliação de riscos a que cada colaborador

SAÚDE EM PORTUGAL

É já uma certeza inequívoca que a Telemedicina veio alterar paradigmas até então tidos como certos na área da saúde. Contudo, ainda pouco se fala sobre as mais-valias desta solução tecnológica no âmbito da medicina no trabalho. Foi no sentido de

compreender este campo que a Revista Pontos de Vista conversou com Pedro Henriques, Diretor Executivo da Born2Score (B2S).

AS MAIS-vALIAS DA TELEMEDICINA

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estará exposto. Através de equipamentos médicos preparados para a telemedicina, que são levados às empresas clientes, é possível realizar exames com-plementares de diagnóstico a partir do escritório das mesmas e transmiti-los eletronicamente ao de-partamento médico, que, com o recurso a uma cha-mada de videoconferência, realiza a consulta, como se presencialmente se encontrassem.Com este método, além da nossa capacidade de res-posta praticamente imediata, eliminámos as faltas aos exames, deslocações e horas de trabalho perdi-das, podendo o trabalhador no dia em que vai assi-nar o contrato, realizar de imediato o exame médico de admissão e receber imediatamente a ficha de ap-tidão para ser assinada quer pelo trabalhador, quer pelo responsável de recursos humanos.Tudo isto se traduz num aumento de produtivida-de que tanta falta faz ao nosso tecido empresarial,

resolvendo um dos problemas com que se têm que deparar diariamente.

Através deste método tecnológico, realizam consul-tas a partir de Portugal para todo o mundo e, assim, promovem a admissão ao trabalho a cidadãos que não se encontrem em território luso. Esta é a grande vantagem da telemedicina?Efetivamente as novas tecnologias permitem ultra-passar barreiras que até então eram intransponíveis, nomeadamente pela distância ou horários, poden-do mesmo realizar exames a trabalhadores que se encontram destacados por empresas portuguesas noutros países.

A modernização constante das tecnologias é uma mais-valia fundamental na área da saúde e, nome-adamente, neste vosso setor de intervenção? O que mudou e mudará com esta evolução tecnológica?Ao contrário do que se possa imaginar, a Telemedi-cina não é um conceito recente, fruto da imaginação de criadores de filmes de ficção científica. Concetu-almente é uma técnica antiga e que se tem vindo a desenvolver na sua forma de aplicação e alcance, a par da evolução dos meios tecnológicos de teleco-municação à disposição.A primeira referência a cuidados de saúde prestados à distância aparece no século XIX, numa altura em que o principal meio de comunicação era o correio. Nessa altura, o médico trocava informações com os seus doentes ou outros médicos através de carta. Como se pode imaginar, a velocidade com que a informação se propagava nessa altura não era ideal. Alguns autores reportam-se a épocas mais longín-quas, considerando que a comunicação da existên-cia de um surto de peste numa povoação através de fogueiras ou outro tipo de sinais também se pode considerar telemedicina.Atualmente, e com as mais recentes tecnologias de comunicação, é possível desenvolver sistemas de Te-

“As novas tecnologias permitem ultrapassar barreiras que até então eram intransponíveis, nomeadamente pela distância ou horários, podendo mesmo realizar exames a trabalhadores que se encontram destacados por empresas portuguesas noutros países”

pEDRo HENRIQuES

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lemedicina com maior qualidade e versatilidade. É de registar, por exemplo, a utilização de sistemas de transmissão de ECG e vídeo entre ambulâncias e o hospital para a prestação de cuidados em situações de emergência e catástrofe. Sistemas de TeleRadio-logia e TeleCardiologia que permitem a realização de exames em locais remotos do planeta e a sua vi-sualização e análise de exames por especialistas em centros de referência.A massificação da utilização da Internet tornou-a um meio poderoso de disseminação da informação clínica. Tornando possível o desenvolvimento de sistemas de informação e sistemas de educação e sensibilização da comunidade.Não conseguimos, portanto, prever o futuro, mas sabemos que o mesmo continuará a trazer evolu-ções tecnológicas que permitirão a melhoria contí-nua da ciência médica.

No âmbito dos serviços prestados, a Born2Score não se foca apenas na Telemedicina. Em que outras áreas a marca utiliza as novas tecnologias no sentido de melhor exercer as suas funções?De facto, a B2S não se limita apenas à prestação de serviços de telemedicina. Além deste departamen-to, temos várias áreas de ação, como por exemplo, a contratação pública com serviços especializados para dar resposta à necessidade do cumprimento no âmbito da medicina do trabalho aos Organismos Públicos e a medicina do trabalho convencional, (idêntica às restantes empresas certificadas), onde já prestamos serviços a cerca de um milhar de em-presas.

Afirmam adequar os vossos serviços às necessida-des práticas de cada ramo de atividade e especifica-mente de cada cliente. De que modo se comprome-tem com este objetivo?Este é um dos nossos lemas, de que cada cliente é um cliente com especificidades próprias. E como tal, devemos apresentar uma solução personaliza-da às necessidades de cada um. Esta é a visão de trabalho partilhada por todos os colaboradores da Born2Score, que tem permitido a garantia de sa-tisfação de cada um dos nossos clientes e, simulta-neamente, a motivação de cada pessoa que colabora connosco.

O vosso trabalho é suportado por profissionais ex-perientes e altamente qualificados. Como definem a vossa equipa?A nossa equipa é realmente composta por profis-sionais altamente qualificados e extremamente motivados no trabalho que têm vindo a desenvol-ver, tendo sido selecionados quer pela componente prático-científica que apresentam, quer pela moti-vação para ingressar numa empresa jovem, dinâmi-ca e inovadora, quer pela disponibilidade que apre-sentam na aposta de uma constante melhoria dos serviços que a B2S vai oferecendo. Cada um dos profissionais que colabora com esta empresa tem contribuído para um crescimento sustentado e ino-vador e sem eles não seria possível termos chegado onde chegamos nem almejar chegar onde todos pretendemos chegar.A Born2Score conta com uma equipa de profis-sionais com provas dadas em vários ramos, desde médicos do trabalho altamente experientes a um departamento de enfermagem exigente, mestres e engenheiros em segurança no trabalho, técnicos de segurança alimentar, gestores, advogados, formado-res, etc. Todos com intensa paixão pelo trabalho que têm vindo a desenvolver, transmitindo essa alegria aos clientes.

São estas questões, abordadas ao longo da nossa entrevista, que possibilita o fator diferenciador re-lativamente a outras empresas ligadas a esta ativi-dade?Julgo que sim. O nosso fator diferenciador é a apos-ta em profissionais que acreditam na potencialidade das novas tecnologias e se esforçam diariamente para que, por meio destas, possamos responder com qualidade às especificidades de cada cliente.

Que planos têm delineados para a Born2Score no sentido de continuar a fazer parte da evolução da Medicina no Trabalho? A internacionalização é já uma realidade no âmbito da Telemedicina, mas será integrada no contexto de outros serviços da marca?Temos objetivos bem delineados para a Medici-na do Trabalho e para toda a componente que envolve estes serviços, como a sensibilização para hábitos saudáveis no ambiente de trabalho, a er-gonomia, a segurança e higiene no trabalho, a

Neste momento há ainda quem duvide da le-galidade da Telemedicina nesta área da saúde. Esta questão cria constrangimentos no desen-volvimento do vosso trabalho? Enquanto em-presa especializada nesta área, o que podem dizer a futuros clientes no sentido de assegu-rar a legitimidade deste método?Respondemos quase diariamente a esta pergunta, suscitada quer por empresas que pretendem con-tratar os nossos serviços, quer por empresas concor-rentes nesta área, quer mesmo por autoridades que questionam os nossos serviços e já tivemos mesmo que apurar responsabilidades das mesmas junto dos tribunais portugueses.A telemedicina está regulamentada no seio da União Europeia, que solicitou aos Estados Membros que se adaptem às novas tecnologias no âmbito da saúde. Por forma a cumprir as recomendações europeias, em 2012 foi criado um grupo de trabalho em Portugal com vários ilustres representantes da medicina. Em 2013 e 2014, o Ministério da Saúde português emitiu despachos, decretando a utilização da telemedicina nas Instituições de Saúde. A Direção-Geral de Saúde emitiu já este ano uma norma orientadora para as Instituições do Serviço Nacional de Saúde que pretendem adaptar a telemedicina e até mesmo a Ordem dos Médicos dedicou um capítulo (Capítulo XII) ao mesmo assunto, atribuindo aos médicos a liberdade completa e independência de decidir se usa ou recusa a telemedicina (n.º 1 do art.º 95.º do Código de Deontologia da Ordem dos Médicos).Face ao exposto, podemos afirmar a total legalidade da prestação destes serviços por meio da telemedicina.

segurança alimentar, entre outros.Temos vindo a dar passos seguros quanto à inter-nacionalização dos nossos serviços, assim como à criação de outras valências no âmbito nacional, que permitirão revolucionar outras áreas que não só a medicina do trabalho e que brevemente se tornarão públicas.

Num balanço final, um dos vossos objetivos é sen-sibilizar para a importância da saúde no trabalho. Esta tem sido uma missão facilmente concretizável? Nunca é demais a sensibilização das empresas e dos empresários para a importância da saúde no traba-lho e para fazer entender o fundamento que está por trás das prerrogativas legais que levaram à cria-ção deste instituto (a medicina do trabalho). A nos-sa tarefa nunca é fácil, tendo em conta que não nos conformamos com o facto do cumprimento destes serviços apenas porque é legalmente obrigatório. Mas, fazendo um balanço final, julgo que estamos no caminho certo, continuando esta luta diária de sensibilização empresarial e, nalguns casos institu-cionais, tem trazido resultados positivos.

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LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

“O empregador tem um papel ativo na prevenção dos acidentes de trabalho através da implementação de planos para prevenir/reduzir os riscos resultantes da sua atividade profissional”. Quem o refere é Paulo Pereira, Diretor Geral da Workview®, em entrevista à

Revista Pontos de Vista. De salientar que a Workview®, sustenta o seu sucesso na aposta no capital humano.

“a Workview® tem como objetivo AJUDAR AS EMPRESAS”

Assumindo-se como uma empresa que introduz no mercado uma nova visão na área da Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho, Consultoria e Formação, a Workview posiciona-se atualmente como uma das líderes. Ser uma entidade credível, com ser-viços de qualidade e focada no clien-te é o segredo do vosso sucesso?

do stresse e dos riscos psicossociais? O que ainda falha?Tem ocorrido uma grande cons-ciencialização da sociedade a todos os níveis para a importância desta temática bem como o reforço da implementação de medidas de na gestão de stresse. O tecido empre-sarial necessita ter em conta o stres-se relacionado com o trabalho e os riscos psicossociais, bem como o reflexo destes, nos vários contextos interpessoais no conjunto dos seus Colaboradores. Denota-se que este esforço é transversal a empresas de grande e média dimensão. Infeliz-mente, ainda se encontram à mar-gem os negócios mais pequenos, quer seja por falta de apoios, ou ao acesso a conhecimentos especiali-zados e orientação na matéria. Por vezes até o próprio Colaborador não identifica possíveis fatores de stresse e quando os identifica não os trans-mite assim, também cabe ao Cola-borador a interiorização desta temá-tica. As empresas deverão trabalhar enquanto equipa pois todos são importantes para o reconhecimento não só deste mas de outros fatores importantes para o desenvolvimen-to das mesmas. No entanto, esta campanha é muito importante pois tem levado o conhecimento a mais pessoas, sensibilizando as empresas para a importância da gestão do stresse e do seu impacto na motiva-ção dos seus trabalhadores e produ-tividade da empresa.

Aproximadamente metade dos eu-ropeus considera o stresse uma situ-ação comum no local de trabalho, o que contribui para cerca de 50% dos dias de trabalho perdidos. O stresse continua a ser uma problemática desvalorizada e incompreendida? A crise veio agudizar estas situações?A sociedade atual está mais sensi-bilizada e consciencializada sobre a temática do stresse organizacional e sobre o seu impacto tanto na em-presa, como na vida dos trabalhado-res e sociedade em geral. Contudo, ainda existe um grande passo a dar por parte das empresas portuguesas na adoção de medidas que reduzam o stresse. Sinal de que estamos no bom caminho, tem sido a existên-cia de campanhas de sensibilização para esta problemática, que tem

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

pAulo pEREIRA

O nosso sucesso no fundo é o con-gratular do esforço individual de cada um dos nossos Colaboradores, um quadro de recursos humanos qualificado, que desempenha as suas tarefas com esforço e determinação com o objetivo de assegurar serviços de qualidade para os nossos Clien-tes. A Workview® está enquadrada num mercado muito competitivo e o nosso sucesso é sustentado na aposta no capital humano, e a diferenciação é o fator fundamental que nos tem permitido crescer continuamente ao longo dos anos.

As campanhas “Locais de trabalho seguros e saudáveis” (nas quais in-tegrou a Semana Europeia da SST 2015 que decorreu na semana de 19 a 23 de outubro) são já reconhecidas como as maiores iniciativas de SST a nível mundial. Na sua opinião, na re-alidade portuguesa, hoje as organi-zações estão empenhadas na gestão

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aumentado a consciencialização da mesma, alertando pessoas e empre-sas para a importância da gestão do stresse. As crises não são livres de consequências para a sociedade e empresas. A necessidade económica de diminuição de recursos por parte das organizações leva a uma maior sobrecarga de trabalho do seu capi-tal humano este, entre outros fato-res, podem conduzir a aumento dos níveis de stresse.

Segundo dados divulgados pela Autoridade para as Condições de Trabalho, estima-se que morre dia-riamente uma pessoa por acidente de trabalho ou doença profissional. De quem é a responsabilidade de apostar na prevenção dos acidentes de trabalho? Qual tem sido o papel da Workview?O empregador tem um papel ati-vo na prevenção dos acidentes de trabalho através da implementação de planos para prevenir/reduzir os riscos resultantes da sua atividade profissional. Os quadros dirigentes intermédios na medida em que in-teragem com os trabalhadores dia-riamente desempenham um papel essencial neste contexto. Embora os empregadores detenham a respon-sabilidade de assegurar as condições adequadas de trabalho é importante que os trabalhadores sejam envol-vidos e adotem as medidas de se-gurança adequadas sabendo, desta forma, que se estão a proteger.A Workview® tem como objetivo ajudar as empresas na prevenção de doenças profissionais e acidentes de trabalho ajudando-as a conhecer os riscos, implementar os requisitos legais e as condições de segurança adequadas para cada situação. Te-mos igualmente em conta a situação mais adequada para cada empresa, em função dos riscos existentes para os trabalhadores, avaliando caso a caso, de modo a que sejam reduzidos os níveis de sinistralidade, de doenças profissionais e de acidentes de traba-lho. Este é um trabalho que fazemos individualmente em colaboração com cada um dos nossos clientes em fun-ção das suas necessidades específicas, pois trabalhamos com realidades or-ganizacionais muito diferentes.

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ARQUITETURA E REABILITAÇÃO

“A reabilitação urbana é uma consequência da transformação estrutural da economia nacional. As cidades, como centros económicos ativos que sempre foram, para assim continuarem, sofreram as respetivas adaptações”. A Revista Pontos de Vista

conversou com Cláudia Costa Santos, Presidente do Conselho Diretivo da Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitetos, e com ela percebeu os desafios que estes profissionais têm de enfrentar diariamente num “mundo em constante mudança”.

qUAL é O PAPEL DO ARqUITETO?

Inevitavelmente ou não, a verdade é que a reabili-tação urbana entrou na ordem do dia em Portugal e veio para ficar. Qual é o papel do arquiteto neste “novo mundo”?A crise imobiliária e financeira que vivemos exigiu uma mudança de paradigmas não só na arquitetura mas em todas as outras áreas, com reflexo nas con-dições económicas, sociais e políticas. A reabilita-ção urbana é uma consequência da transformação estrutural da economia nacional. As cidades, como centros económicos ativos que sempre foram, para assim continuarem, sofreram as respetivas adapta-ções. A arquitetura sempre foi e continua a ser, uma componente vital da sociedade civil, sem a qual não é possível perspetivar um modelo de desenvolvi-mento sustentado. E como tal, o “novo” paradigma para a arquitetura portuguesa é o de contribuir para (re) fazer, para a (re) humanização da cidade e do território. O ato como ser humano integrado numa sociedade e o ato profissional (ético, social e esté-tico) são valores básicos da formação do arquiteto. É impensável o arquiteto dissociar-se de todas as áreas existentes numa sociedade pois um dos seus principais atributos profissionais advém da dimen-são cultural, social e económica ao serviço da socie-dade. O espaço como “matéria-prima” do arquiteto é trabalhado com o intuito de criar relações que se estabelecem entre ele, o tempo, a deslocação, o mo-vimento, entre o interior e o exterior desse espaço. Assim, a condição humana, em toda a sua comple-xidade, é imprescindível para o estabelecimento dessas relações. O que quero dizer é que o papel do arquiteto é, como sempre foi, o de transformação do espaço (com inteligência, racionalidade e sen-sibilidade) para o desenvolvimento qualitativo das relações sociais. O papel do arquiteto continua a ser o de encontrar respostas para um “mundo em cons-tante mudança” traduzido, formalmente, numa ar-quitetura de qualidade, forte, potenciadora de uma sociedade ativa, saudável e desenvolvida.

Há cada vez mais a noção de que a reabilitação urba-na existe com o simples motivo de melhorar a quali-dade de vida das pessoas?Inevitavelmente ou não, a verdade é que na prática a execução do que formalmente destacamos como reabilitação urbana ainda é muito direcionada para a rentabilidade económica na vertente da constru-ção civil e do imobiliário, não estando disponível a todos os cidadãos, a todos os grupos sociais.Na prática há que criar condições de organização de profissionais de uma forma pluridisciplinar, promovendo o diálogo direto com as pessoas para que seja concretizado esse propósito (a melhoria da “qualidade de vida das pessoas”). É necessário que a triangulação “capacidade financeira”, “capacidade técnica” e “vontade política” funcione em prol da sociedade. A solução poderia passar pela execução assumida de uma estratégia nacional de reabilita-ção, trabalhada no sentido da potencialização de políticas públicas e respetiva territorialização (lo-cal, regional e nacional), em diferentes domínios do ambiente urbano, que congregasse o ambiente, LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

a educação, saúde, mobilidade, habitação, energia, emprego, a emancipação e integração social e in-dividual, a qualidade de vida e produção de riqueza das populações residentes nas áreas rurais e urbanas. Com preocupação nas várias disciplinas de âmbi-to social, numa arquitetura qualitativa, na defesa da memória, na valorização do conhecimento, das qualificações profissionais, da cidadania participati-va (informada e concertada por compromissos) e da qualidade de vida como garantia prestada aos cida-dãos. Como sociedade, desejamos a melhor quali-dade de vida que envolve o nosso desejo de melhor economia, de cidades atraentes, seguras, interessan-tes e divertidas. Por isso, a reabilitação urbana tem de proporcionar a continuidade das relações entre os homens, com as coisas, com a sua memória e o seu futuro. Tem de ser encarada, não como um simples ato com foco no edifício, no quarteirão ou numa zona da cidade, não cingida apenas a facha-das, volumes, envolvências a algumas situações de cenários urbanos de qualidade ambiental a manter ou a melhorar, mas também com uma abrangência nacional, com dinâmica e coerência própria rela-cionada com a vida e as necessidades da socieda-de, as suas exigências e espectativas, garantindo a dinamização económica e social, o bem-estar e a melhoria das condições de vida futura da nossa so-ciedade. Sem esse efeito, há o receio que as áreas de intervenção culminem, futuramente, numa ruína ou em cenários para os turistas verem. E isto tam-bém é arquitetura, como disciplina intrinsecamente pluralista e diversificada, com fluxos e sub-fluxos de atividade na política, no ativismo, na história, na educação cívica, na estratégia, na comunidade, ecologia, e mais, tudo a funcionar de forma paralela.

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A arquitetura é uma síntese de valores cívicos trans-postos no ambiente construído, para que eles pos-sam continuar a manifestar-se ao longo do tempo.

Tendo em conta que o futuro da profissão passará, como tudo leva a crer, pela reabilitação urbana, o que podemos continuar a esperar da atuação des-ta entidade?A Secção Regional Norte da Ordem dos Arquite-tos possui uma relevante experiência na aproxima-ção social e cultural, na formação e apoio técnico aos seus membros, de que é exemplo a transmissão de experiências práticas no terreno.No âmbito das suas competências, de estreita rela-ção com os seus membros, para além da verificação das condições em que a arquitetura é adquirida e praticada e os efeitos significativos que estes têm sobre os resultados construídos, dedicaremos es-pecial atenção à contínua procura de soluções para as questões que se apresentam e refletem no dia-a--dia profissional dos membros e da sociedade no que toca à intervenção no ambiente construído. E para tal é importante um olhar atento sobre a valorização da profissão, no interesse em manter uma competitividade razoável e sadia, centrada na eficiência em oposição à coação na desqualificação profissional.É importante reabilitar a dignidade da profissão na sociedade e honrar a melhor tradição de excelência técnica desta entidade, atraindo a participação do público, educando-o, transmitindo que os arqui-tetos desempenham uma função social relevante. É importante insistir com o poder central e local na condução da facilitação e simplificação proce-dimental de execução de operações urbanísticas e respetiva celeridade.Igualmente importante é construir relações de co-laboração de outros profissionais fora do âmbito da arquitetura, mas cujos saberes são essenciais para uma formação completa e abrangente do Arquiteto, como profissional e como cidadão. É assim neces-sário e imprescindível, em toda e qualquer situação em que se discutam interesses com relevância ur-banística e arquitetónica, seja qual for o local e a sua natureza, a presença do arquiteto porque este é detentor de competência técnica para contribuir, de forma elucidativa, na formação esclarecida da qualidade de um futuro humano num ambiente construído. A Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitetos, à semelhança da essência da profis-são do arquiteto, atuará a partir do que existe hoje, transformando para o que pode ser o amanhã. E para isso muito contribuirão as novas instalações da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitetos, que inaugurará no início do ano de 2016. A pro-gramação funcional refletirá a promoção do edifício como um centro de diálogo aberto, de muitas vozes, conversas, muita colaboração e várias ações, com foco nos profissionais e nas relações sociais entre estes e outras profissões.

ClÁuDIA CoSTA SANToS

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“REAbILITAR é IR AO LOCAL, conhecer, cheirar, sujar-se”

Depois de terminar a licenciatura em arquitetura, Cláudia Machado sabia exatamente que caminho seguir. Conhecendo os constrangimentos que já na altura se impunham à construção nova, a reabilitação urbana seria a sua aposta, com especial enfoque

numa cidade que preserva marcas do passado mas que cada vez mais se apresenta com uma imagem cosmopolita. É no Porto que podemos encontrar a CPPM Arquitectura e foi também desta cidade que se falou, numa conversa que procurou conhecer a

perspetiva de uma profissional que se define pelo “amor e dedicação” ao trabalho.

ARQUITETURA E REABILITAÇÃO

O Porto está na moda”. Cláudia Machado, Arquiteta de formação e profissão, não se cansou de recorrer frequentemente a uma expressão que é hoje o cartão-de-visita de

uma cidade que fica na memória quer pelo ambiente acolhedor quer pela riqueza do seu património. E é esta riqueza que se pretende preservar. Com a ele-vação da zona histórica à condição de Património da Humanidade da UNESCO em 1996, pequenos passos começaram a ser dados mas apenas há cerca de oito anos se tem conhecido na íntegra o verdadeiro conceito de reabilitação urbana nesta cidade. Da Sé à Ribeira, hoje, passear por velhas ruas que outrora não eram convidativas tem um sentido diferente e, para tal, muito tem contribuído a atuação da CPPM Ar-quitectura, um atelier criado em 2006 e que assumiu desde logo como setor estratégico de desenvolvimen-to a grande temática da reabilitação urbana. Respeitando sempre, quer seja num projeto de pe-quena ou maior envergadura, a preexistência e o património edificado, a CPPM Arquitectura apos-ta num serviço completo de acompanhamento de todo o processo de licenciamento até à fase de obra, tal como explicou Cláudia Machado, fundadora do gabinete. “Muitas pessoas têm um edifício mas não conhecem o potencial do mesmo e procuram-nos. Fazemos esse estudo prévio e acompanhamos todo o processo, desde o licenciamento até à obra”, evi-denciou. Mais do que fazer um bom projeto, ir ao local é o fundamental. Não se pode correr o risco de “desenhar sobre incertezas”, importa “estudar o edifício”. “Para mim é impensável fazer um projeto sem antes realizar um levantamento. Reabilitar é ir ao local, conhecer, cheirar, sujar-se”, defendeu a arqui-teta. Só “vestindo a camisola” a CPPM Arquitectura conseguirá prestar um serviço digno a um cliente que muitas vezes desconhece o processo e tem, por isso, que encontrar um parceiro que o ajudará em todas as fases. Isso exige do arquiteto muito mais do que co-nhecimento de arquitetura. Assim, quer seja para um escritório, um empreendimento turístico, uma mora-dia ou edifícios de habitação, o processo é sempre o mesmo. “Arquitetura é uma área bastante abrangente.

Temos que conhecer a legislação e saber de constru-ção, o que exige um grande estudo não só do edifício em si mas de todo o processo de construção”, defi-niu Cláudia Machado. Em consonância, em todos os espaços com os quais trabalha há sempre uma preo-cupação: manter a identidade do edifício. Claro que tudo dependerá do estado de conservação do mesmo, mas, sempre que seja possível, a CPPM Arquitectura reaproveita elementos, o que também se traduz numa poupança na construção.

O PAPEL DO ARQUITETO NA REABILITAÇÃOInevitavelmente ou não, a verdade é que a reabili-tação urbana está hoje na ordem do dia e veio para ficar. Com a crise que se fez sentir no setor da cons-trução civil, este “renascimento dos centros urba-nos” trouxe um novo paradigma para a arquitetura portuguesa e, neste novo mundo, qual é o papel as-sumido pelo arquiteto? “A cidade é feita de arqui-tetura. O nosso principal desafio prende-se com o método construtivo. Durante muitos anos existiu a construção nova, em altura e em betão. Hoje temos que ter a noção de que não podemos fazer reabili-tação nos centros históricos da mesma forma. Deste modo, grande parte dos construtores e arquitetos há mais tempo no ativo tiveram de alterar os seus métodos de trabalho e a sua forma de construir”, partilhou Cláudia Machado em conversa com a Revista Pontos de Vista. E, apesar do boom que se

tem feito sentir nos últimos anos, a verdade é que, na perspetiva da arquiteta, tal não se tem traduzido numa diminuição da taxa de desemprego dos jovens licenciados nesta área que, de acordo com algumas estatísticas, é das mais altas da Europa. “Não acre-dito que a reabilitação tenha trazido mais trabalho, sobretudo aos mais jovens, uma vez que os clientes acabam por procurar arquitetos com mais experiên-cia. Estamos a falar de reabilitação, que exige algum conhecimento construtivo que quando acabamos um curso não possuímos. Falo por mim. Comecei há dez anos e ainda tenho muito para aprender”, defendeu. E a aprendizagem é constante numa área que ainda tem algumas lacunas ao nível da legislação em vigor. “Grande parte da nossa legislação foi feita para cons-trução nova e nos edifícios a reabilitar nem sempre conseguimos cumprir grande parte das disposições. Já houve alguns progressos com a publicação da lei da reabilitação (DL 53/2014), onde se define um regime excecional para reabilitação de edifícios, mas seria importante haver uma revisão do Regulamento Geral das edificações Urbanas, mais adaptado à rea-bilitação”, afirmou. Mesmo assim, ao nível do Porto, a arquiteta elogia a atuação da autarquia portuense que muito tem apostado na reabilitação da cidade, não só ao nível da arquitetura, destacando a reabilitação do eixo Mouzinho/Flores, “um exemplo de como o ur-banismo pode cativar e atrair as pessoas”.Saindo do cenário geral da cidade para o universo particular da CPPM Arquitetura, Cláudia Machado não esconde o carinho especial por um projeto com o cunho deste gabinete. Trata-se de uma obra na Praça de Parada Leitão, que terminou este ano mas que está a ser estudada desde 2007. “Fica na memória porque começou para ser um hotel e depois acabou por ser algo completamente diferente, sendo agora dois es-tabelecimentos de restauração e bebidas. O resultado foi bem melhor do que o previsto”, colmatou a arqui-teta. É esta “dedicação” e “amor à causa” que Cláudia Machado continuará a abraçar, porque só assim será possível afirmar-se num mercado onde todos querem entrar mas só os melhores ficam.

ClÁuDIA mACHADo

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A reabilitação de edifícios é um conceito gratificante, que permite reerguer centros históricos, alavancar a economia local e promover a regeneração urbana. António Lessa e Sónia Gomes, ambos Sócios da ASL Associados, falam sobre esta alternativa à construção tradicional e apresentam os seus serviços, altamente tecnológicos e inovadores. Conheça esta empresa, que se

encontra na vanguarda da reabilitação.

ASL ASSOCIADOS, uma empresa onde se trabalha com paixão

S empre que seja viável, António Lessa defen-de “categoricamente” a reabilitação urbana. Porque reabilitar “significa respeitar os edi-fícios e a sua originalidade, mas dotá-los de

condições de conforto, de bom desempenho acústico e térmico, entre outras valências”. Porque reabilitar significa dar uma nova vida aos centros das cidades e às zonas históricas. No Porto, cidade onde se encon-tra sediada a ASL Associados, houve um “conjunto de fatores” que promoveram a reabilitação em detri-mento da construção de raiz. Após lidar com uma situação de desertificação, foi necessário promover o regresso não apenas de habitantes, mas também de turistas. Neste contexto, os voos low-cost tiveram aqui um papel determinante. Por outro lado, a queda dos financiamentos, a crise económica e o empenho por parte dos agentes políticos permitiram um novo olhar sobre a cidade invicta. Deste modo, a reabili-tação tornou-se um conceito cada vez mais procura-do e, neste sentido, a ASL Associados apresenta-se como o parceiro ideal. António Lessa assume que, no âmbito da reabilitação urbana, se diferenciam da concorrência pela experiência neste tipo de projetos, pelo “diagnóstico” realizado aos edifícios e pela visão integrada que têm do projeto. Assim, António Lessa adianta que “nos dois últimos anos fomos respon-sáveis pelos projetos de 50 prédios só no centro da cidade do Porto”.A reabilitação pretende manter os materiais e es-truturas existentes recuperando-as e reforçando-as, para se manter os detalhes de época, aliando a in-trodução de novos elementos capazes de satisfazer e adaptar o edifício às necessidades contemporâneas de habitação.Por outro lado, assumem ainda o papel de gestores de obras, através do qual executam a fiscalização e o acompanhamento total do projeto. Um terceiro fator que coloca a ASL Associados numa posição de destaque é a realização de “projetos ao nível das várias disciplinas da engenharia”, seja “engenharia

EQuIpA DA ASl ASSoCIADoS

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ARQUITETURA E REABILITAÇÃO

civil, eletrotécnica ou mecânica”. Sónia Gomes afir-ma que a grande mais-valia é a possibilidade de o cliente “falar com um único interlocutor”. E, neste contexto, refere a importância de uma equipa or-ganizada, flexível e com condições para comunicar entre si. António Lessa reitera esta afirmação, expli-cando que “com a ASL, fala com o coordenador de projeto” e, desta forma, assegura-se a compatibilida-de de especialidades, há uma melhor comunicação e a possibilidade de se perder informação é mais reduzida”. Neste sentido, e para apresentar uma melhor qua-lidade de serviço, a empresa começou em 2012 a trabalhar com o Revit, um software BIM, direciona-do para profissionais das áreas de engenharia. Este programa permite trabalhar com as distintas enge-nharias e assegurar “total compatibilidade” entre si, explica o engenheiro.

ASL HÁ 10 ANOS SEMPRE A CRESCERA ASL Associados não se concentra apenas na re-abilitação urbana, integrando com a mesma idonei-dade projetos de construção de raiz, na área hospi-tal, industrial, escolar e em complexos desportivos. Neste sentido, a empresa divide-se em diferentes unidades de negócio: projeto, certificação energéti-ca, fiscalização de obras, laboratório de ensaios acús-ticos e check-up. Pela postura com que olham os projetos a desenvolver, uma postura íntegra, baseada na qualidade e numa aliança entre estética e con-forto, entidades públicas e privadas veem já a ASL como parceira de confiança. Recentemente proje-taram a nova sede da Santa Casa da Misericórdia do Porto, o Hotel Pestana, na Praça do Comércio, em Lisboa, a ampliação da fábrica da Imperial, em Vila do Conde, o complexo desportivo de Ramalde, a reformulação da Escola dos Castelos, entre outros projetos. Têm ainda projetos em curso em Moçam-bique, Angola e Brasil, designadamente seis estações de comboio na zona de São Paulo.

Atualmente, a ASL Associados encontra-se em processo de obtenção da certificação ISO 9001:2015, que permite garantir que todas as metodologias de trabalho estão perfeita-mente documentadas”, prestando serviços “de forma consistente e coerente”, cumprindo os requisitos legais aplicáveis e garantindo a satisfação do cliente, explica Sónia Gomes. Esta certificação permite ainda “proteger a ASL contra perda de conhecimento e me-lhorar o desempenho e a eficácia da orga-nização”, garante. Num momento em que a empresa se encontra em fase de consolida-ção, esta certificação vem promover a identi-ficação de situações a melhorar, algo que, na opinião de António Lessa, é “extremamente gratificante”.

Endereço: R. Gonçalves Zarco 1129, 4450-685 Leça da Palmeira

Telemóvel: 22 016 0464

CERTIFICAR PARA MELHORAR

CONTATOS

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No passado dia 4 de novembro, o edifício da Ordem dos Engenheiros em Lisboa deu lugar ao XV Encontro Nacional do Colégio de Engenharia de Materiais, promovido pela própria Ordem e pela Sociedade Portuguesa de Materiais (SPM). Um dia em que também se comemora o Dia Mundial dos Materiais. A Revista Pontos de Vista marcou presença e conversou com Paula Vilarinho e Manuela

Oliveira, respetivamente Presidente e Secretária-Geral da SPM.

ENGENhARIA DE MATERIAIS apresenta-se à sociedade

O objetivo fundamental do evento prende-se com a extrema necessidade de se dar a conhecer esta engenharia, essencial no dia-a-dia de qualquer ser

humano. A presidente da SPM considera ser “obrigação” da instituição divulgar esta ciência e “torna-la visível e entendível para o público em geral”. Porque “os materiais são transversais a to-das as áreas”. Desde a cadeira onde nos sentamos à roupa que usamos, refere. E sendo uma enge-nharia que nos acompanha desde a criação do Mundo, mas com papel próprio apenas desde os anos 50, o conhecimento por parte da sociedade civil é mais diminuto. Deste modo, é importan-te a organização de momentos que permitam transmitir a relevância dos materiais e, nomea-damente, do que tão bom se faz em Portugal. Académicos, profissionais da área e público em geral são convidados a participar num evento que se dedica inteiramente aos Materiais que acompanham o desenvolvimento humano, so-cial, tecnológico e económico. Por outro lado, o certame pretende também eleger e congra-tular as melhores teses de mestrado no âmbito da Engenharia de Materiais desenvolvidas nas instituições universitárias nacionais. Este ano, a SPM atribuiu o prémio a Ana Correia, do De-partamento de Ciência dos Materiais da Univer-sidade Nova de Lisboa, pela sua tese “A Second--Order ∑∆ ADC using sputtered IGZO TFTs with multilayer dielectric” [ver caixa de texto]. Esta e outras teses que estiveram igualmente a concurso pelo seu mérito e qualidade enquanto trabalhos de investigação são apreciadas durante o Encontro por um júri especializado e, de igual modo, por diferentes players da indústria. Isto porque, segundo Paula Vilarinho, esta apresen-tação de trabalhos permite “mostrar [aos indus-triais] o que de bom se faz” nas universidades e centros de investigação em Portugal, na área de Ciência e Engenharia de Materiais. Deste modo, académicos poderão conhecer aqueles que serão, provavelmente, os seus futuros em-pregadores. Manuela Oliveira concorda com a opinião da presidente da SPM e afirma que estes eventos são fundamentais “para transferir o conhecimento para as empresas. A inovação é feita nas empresas, mas é preciso que o conheci-mento chegue lá”. Esta é uma preocupação clara da SPM, que tenta aproximar estes dois mundos unidos pela engenharia de materiais. Porque este é, na opinião da presidente da SPM, um casa-mento perfeito: “a indústria tem um papel muito bem definido, produzir com a melhor qualidade e nas melhores condições”. Por sua vez, “a ciên-cia tem uma função diferente, deve apresentar soluções novas para os problemas” existentes na indústria. E neste sentido um trabalho conjunto seria o ideal, apesar de ser uma missão difícil não

JoSÉ mARIA AlBuQuERQuE E ANTóNIo SouSA CoRREIA, Do ColÉGIo DE ENGENHARIA DE mATERIAIS E pAulA VIlARINHo

DIA MUNDIAL DOS MATERIAIS

Formada em Engenharia Cerâmica e do Vidro e doutorada em Ciência e Engenharia de Materiais, Paula Vilarinho é uma profissional reconhecida na sua área não apenas em Portugal, mas a nível in-ternacional. Encontra-se entre as 100 mulheres cientistas que mais e melhor contribuíram para o desenvolvimento internacional dos Materiais Cerâmicos. Esta nomeação é-lhe atribuída por Lynnette D. Madsen, diretora do programa em Cerâmicos da National Science Foundation (NSF) dos Estados Unidos da América (EUA), no seu livro “Inspirational Profiles of Successful Women: Ceramic and Glass Scientists and Engineers”, editado em 2015.Além de Presidente da Sociedade Portuguesa de Materiais, Paula Vilarinho acumula ainda funções como Professora Associada da Universidade de Aveiro; Coordenadora do Grupo Eletrocerâmicos do CICECO – Aveiro Institute of Materials; Coordenadora Portuguesa do Programa das Tecnologias Emer-gentes no âmbito da parceria Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal (FCT) e Universidade do Texas, em Austin, EUA; Diretora de Curso de Estudos em Engenharia de Materiais da Universidade de Aveiro; Membro do Comité Científico do Programa de Doutoramento em Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade de Aveiro.

QUEM É PAULA VILARINHO?

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apenas em Portugal, mas em todo o mundo. Por este motivo é tão importante que entre a SPM e Ordem se criem parcerias e eventos, como o Dia Mundial dos Materiais e o Encontro Nacional do Colégio de Engenharia de Materiais. E Pau-la Vilarinho explica porquê: a SPM está mais próxima da investigação e desenvolvimento e a Ordem está mais próxima dos engenheiros”. E uma vez que estes “desenvolvem normalmente a sua profissão na indústria”, o casamento entre as duas entidades torna-se crucial para a evolução da área.

BALANÇO DO ENCONTROManuela Oliveira fez um balanço entusiástico sobre aquele que foi o XV Encontro Nacional do Colégio de Engenharia de Materiais e o Dia Mundial dos Materiais 2015. Além do momen-to dedicado às teses a concurso, o evento dedi-cou-se também ao debate sobre a importância na economia nacional dos materiais polímeros, cerâmicos e cortiça.. O debate contou com a

presença de profissionais do sector, investigado-res, académicos e alunos. A Secretária-Geral da SPM ressalva a interesse destes acontecimentos, pela importante partilha de conhecimentos e ex-periências entre os vários atores da área.Um dia que vale por doisSPM e Ordem dos Engenheiros coligaram-se no sentido de comemorar um dia que vale por dois, porque, desde 2003, o Encontro acontece anualmente numa organização conjunta entre as duas instituições e na data em que se comemora o Dia Mundial dos Materiais. É celebrado na primeira quarta-feira de novembro e resulta de uma ideia avançada pela FEMS – The Federa-tion of the European Materials Societies, que imediatamente teve o apoio incondicional da SPM e do Colégio de Engenharia de Materiais da Ordem dos Engenheiros. A missão deste dia passa por mostrar a nível global a importância desta área e promover uma comemoração alar-gada às diferentes sociedades e instituições liga-das à engenharia de materiais.

ANA CoRREIA

ANÁlISE DAS TESES A CoNCuRSo

luÍS GIl (VICE-pRESIDENTE DA Spm), pAulA VIlARINHo E mANuElA olIVEIRA

A edição de 2015 contou com cinco teses a concurso. Contudo, e apesar da qualidade de todos os projetos, apenas um pôde ser congratulado com o primeiro prémio da SPM: “A Second-Order ∑∆ ADC using sput-tered IGZO TFTs with multilayer dielectric” [“Um conversor analógico digital de se-gunda ordem, usando transístores de filme fino de óxido multicamada depositado por pulverização catódica”], da autoria de Ana Correia, do Departamento de Ciência dos Materiais da Faculdade de Ciência e Tecno-logia da Universidade Nova de Lisboa. Ana Correia explica que “este projeto combina Ciência dos Materiais e Engenharia Eletro-técnica para implementar, pela primeira vez, um ∑∆ ADC (conversor analógico-digital) de 2ª ordem, usando TFTs (transístores de filme fino) de óxido”. “Após otimização do circui-to, as simulações do ADC demonstraram, em relação aos principais parâmetros de desempenho dinâmicos, valores melhores que os permitidos por outras tecnologias de filme fino, como orgânicos ou mesmo silício policristalino de baixa temperatura (LTPS)”. Assim, refere a autora, este trabalho “im-plementa, pela primeira vez, TFTs de óxidos num ∑∆ ADC (conversor analógico-digital) de 2ª ordem, representado assim um forte impulso na integração desta tecnologia em circuitos e sistemas com elevado grau de complexidade” e promove “o desenvolvi-mento de novas arquiteturas adaptadas à tecnologia”. A SPM atribuiu ainda duas menções honro-sas. Bianca Castanheira Caratão, do Departa-mento de Física da Universidade do Minho, foi gratulada com a primeira menção, pelo trabalho “Desenvolvimento e fabrico de estruturas para aplicações biomédicas por electrospinning”. E Paul Grey, do CENIMAT/i3N da Universidade Nova de Lisboa foi dis-tinguido com a segunda menção honrosa pelo seu projeto “Development of Electro-chromic Thin-Film Transistors on Flexible Substrates” [“Desenvolvimento de transísto-res eletrocrómicos de filme fino em substra-tos flexíveis”].

PRÉMIO SPM

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DIA MUNDIAL DA ESTATÍSTICA

Para abandonar por completo a definição de “ciência invisível”, a estatística tem ainda um longo caminho a percorrer. Se, por parte dos mais jovens, esta tem sido uma área cada vez mais aliciante, importa, por outro lado, consciencializar o tecido

empresarial sobre a mais-valia que a estatística pode ter nas suas decisões de investimento. É esta ideia que a Sociedade Portuguesa de Estatística (SPE) tem procurado dar a conhecer, nas muitas ações que desenvolve em prol de uma maior literacia

estatística. Conheça este trabalho com Maria Eduarda Silva, Presidente da SPE.

“temos de reforçar o ensino da estatística”

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Na missão assumida desde o início pela Sociedade Portuguesa de Esta-tística de promover, cultivar e desen-volver no nosso país o estudo da es-tatística, as suas aplicações e ciências afins, quais são as limitações que vão encontrando? O que tem impedido uma maior consciencialização acerca da real importância desta disciplina?

É uma questão cultural. As menta-lidades demoram a mudar: estatís-tica são números e os números não interessam. O mundo está a mudar rapidamente e a literacia estatística será para a próxima geração o que o saber ler e escrever foi para as gera-ções passadas. O sistema de ensino é o local privilegiado para passar a

mARIA EDuARDA SIlVA

mensagem. À semelhança de outros países, temos de reforçar o ensino da estatística, em particular o ensino pós-graduado. Aqui deparamo-nos com dificuldades, porque mestrados e doutoramentos, em geral trabalhos multidisciplinares, estão dependen-tes de um sistema de investigação robusto na área. E têm-se observa-do nos últimos anos cortes gravosos e discriminatórios quer a grupos de investigação, quer em projetos e bol-sas de doutoramento em estatística, colocando em causa a formação de especialistas que uma sociedade mo-derna e desenvolvida requer.

Com a realização do congresso anu-al, de seminários, a publicação do Boletim Informativo da SPE, não esquecendo o Prémio Estatístico Júnior 2015, entregue numa sessão aberta que decorreu na FNAC de Santa Catarina no Porto, a SPE co-loca a estatística na ordem do dia. Importa promover uma maior união entre profissionais da área e não só para que exista um maior interesse por esta área?Esta é uma questão que nos tem pre-ocupado. Os nossos sócios não são apenas docentes com carreira uni-versitária ou matemáticos pois en-contram-se estatísticos em todos os setores e áreas de atividade. É neces-sário estabelecer pontes duradouras entre todos os interessados. A SPE quer potenciar estas ligações e fazer do congresso um fórum privilegiado para isso.

Num momento em que os portugue-ses atravessam um período contur-bado na procura de emprego, im-porta estimular nos jovens um maior interesse por esta área, encarando-a como um futuro caminho profissio-nal? Qual tem sido o papel da SPE neste sentido?Estamos a entrar numa época de um tremendo crescimento na procura de profissionais de estatística, dada a globalização na recolha de dados possibilitada pelas novas tecnologias. A profissão “Cientista de Dados” foi alcunhada de profissão mais sexy do século XXI. Mas também na área go-vernamental se vai sentir fortemente a necessidade de estatísticos, uma vez que a Agenda 2030 para o Desen-volvimento Sustentável vai requerer um grande esforço de estatísticos em

todo o mundo. Por exemplo, recen-temente o INE procedeu ao recruta-mento de 20 especialistas...

No passado dia 20 de outubro assina-lou-se mais uma vez o Dia Mundial da Estatística. Neste e em todos os dias do ano, que mensagem continua a ser urgente passar?Em 2013 celebrou-se o Ano Inter-nacional da Estatística e, desde então, multiplicam-se as iniciativas sobre uma ciência que faz parte do quoti-diano de todo o cidadão. Mas o poder político reconhece também a impor-tância dos dados estatísticos e da sua fiabilidade como instrumento indis-pensável à elaboração de políticas com vista ao desenvolvimento sus-tentável das nações e à erradicação da pobreza. A SPE e outras sociedades congéneres assinaram uma declara-ção que apela a que: todos os sistemas estatísticos oficiais sejam devidamen-te financiados; o investimento em in-vestigação e formação em estatística seja reforçado; o apoio à recolha de informação seja complementado com o apoio à sua transformação em in-formação útil e usável. A mensagem é sintetizada no lema: Melhores Da-dos, Melhores Vidas.

Para o futuro, qual continuará a ser a estratégia e a linha de atuação da SPE para que a estatística deixe defi-nitivamente de ser vista como uma “ciência invisível” e seja valorizada como parte integrante de todos os quadrantes da sociedade?A visibilidade da estatística requer um trabalho continuado. Por exem-plo, a iniciativa Explorística, que ganhou o prémio Best Cooperative Project Award in Statistical Literacy 2015, destina-se a promover a litera-cia estatística junto dos mais jovens. Os Prémios Estatístico Júnior pro-movem a atração de jovens talentos para a estatística. Mas queremos mais. Queremos que o tecido empresarial entenda o valor acrescentado que a estatística pode ter nas suas decisões de investimentos e que cada vez mais nos procurem. É necessário estabe-lecer pontes duradouras entre a in-dústria e a academia. Recentemente, o INE criou a carreira de especialista estatístico. Estamos, pois, a caminhar para que em Portugal a estatística ad-quira o reconhecimento social que já tem noutros países.

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Imaginem as lições que não se poderão tirar de todos os dados que vão alimentando anualmente os sistemas de informação do Ministério da Educação e Ciência: dados sobre mais de 2 milhões de alunos – idades, escolaridade dos pais, apoios e bolsas, resultados escolares; dados sobre

mais de 180 mil docentes – formação de base, horas letivas, horas para apoio e tutoria, horas para gestão. E, ainda, dados sobre percursos no ensino su-perior, percursos na investigação, níveis de publicação científica, despesa em I&D no Estado, nas Instituições de Ensino Superior e nas Empresas.É este o grande desafio para a Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência: os dados só são úteis quando se transformam em informação. E é aí que deverá entrar a Estatística enquanto “arte de fazer falar os dados”.Mas, perante bases de dados de tão grande dimensão, como agilizar o seu tratamento estatístico? Como promover a utilização de metodologias esta-tísticas mais sofisticadas que permitam revelar padrões, fazer benchmarking e tornar estes dados efetivamente úteis às escolas, às instituições de ensino superior, às famílias e a toda a sociedade?Estando o país num período de grande contensão financeira houve que apostar fortemente no desenvolvimento dos recursos internos da DGEEC: dotando as equipas técnicas de conhecimentos sobre as mais recentes ferra-mentas de exploração de bases de dados; desenhando um plano de formação que conduzisse a uma maior capacidade interna para desenvolver estudos estatísticos; organizando seminários e fóruns de discussão sobre os traba-lhos em curso. E houve também que tornar mais ágil o acesso às bases de dados por parte dos investigadores. O seu papel é absolutamente crucial nesta ambição de delas retirar o máximo possível de ensinamentos sobre o que determina a maior eficácia educativa e sobre o que estará subjacente a percursos escolares de sucesso. A investigação estatística na área da Educação debate-se com uma questão de fundo que é característica das ciências sociais: a sua principal variável de interesse – o nível de conhecimentos adquiridos pelos alunos – não é passível de ser medida diretamente, classificando-se, por isso, como variável latente. Os valores que se obtêm após aplicação dos instrumentos de me-dida (testes/exames) estarão certamente correlacionados com os da variável latente de interesse mas a identificação da forma como se estrutura essa correlação está longe de ser uma questão de resposta imediata. Perante esta dificuldade de medição do nível de conhecimentos, a avaliação de todos os alunos através de um mesmo exame é a única forma que um professor tem para comparar o nível e progresso dos seus próprios alunos com o nível e progresso dos restantes alunos do país e, assim, ajustar e aperfeiçoar as suas estratégias de ensino. Os exames nacionais têm, pois, uma importância chave na construção de in-dicadores que permitam mostrar a cada escola, não só os seus pontos fortes (por comparação com todas as outras) como, também, aqueles onde necessi-ta de um maior reforço e atenção. Exemplo de um desses indicadores é o da “progressão relativa”, disponibilizado no portal Infoescolas (www.infoesco-las.mec.pt). A “progressão relativa” foca-se nas disciplinas de Matemática e de Português e, em termos gerais, o que se calcula para cada uma das disci-plinas é a progressão dos alunos da escola, face à média nacional, entre o 4.º e o 6.º ano de escolaridade, entre o 6.º e o 9.º ano de escolaridade e entre o 9.º ano e o 12.º ano de escolaridade. A média nacional serve de fasquia, igual para todos, avaliando-se, para cada aluno, a subida ou a descida em relação a essa fasquia entre o ano de entrada e o ano de saída. Agregando para todos os alunos da escola, estabelece-se assim um indicador que reflete, de algum modo, a capacidade desta em dotar os seus alunos de conhecimentos que lhes permitam ter resultados nos exames que os coloquem numa melhor po-

A ESTATÍSTICA AO SERvIÇO DA EDUCAÇÃO

sição relativamente à média nacional que aquela em que estavam à entrada. Já para se tirar conclusões estatísticas sobre a eficácia das estratégias de ensino, uma simples comparação de médias é, em geral, insuficiente, pois há que ter em conta a diversidade dos pontos de partida dos alunos e os possíveis impactos do ambiente escolar, o que obriga ao desenvolvimento de modelos com um elevado grau de complexidade. O potencial para inves-tigação é virtualmente ilimitado e, sendo disso consciente, tem a DGEEC dado prioridade à promoção de formas ágeis que permitam o acesso seguro aos dados por parte dos investigadores, garantindo o indispensável apoio técnico. Neste momento de comemoração de mais um Dia Internacional da Estatística, fica aqui o apelo aos investigadores para que apostem nesta área de indiscutível importância para o avanço da sociedade.

A opINIÃo DE luísa Canto e Castro loura, Diretora-Geral da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência do ministério da Educação e Ciência

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Melhores Dados, Melhores Vidas! É este o lema da segunda edição do Dia Mundial da Estatística. É um facto que,

com o avanço da tecnologia, o processo de recolha de dados ficou extraordinariamente facilitado e há agora que canalizar

um maior esforço para a sua organização e interpretação, tendo sempre como objetivo último contribuir com mais e

melhor informação.

DIA MUNDIAL DA ESTATÍSTICA

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“Desde 2005 que a SEMENTE desenvolve aplicações de comunicação digital. Acreditamos que as nossas soluções ajudam a melhorar o funcionamento das empresas”, afirma Jorge Bento, Administrador da Semente, marca com dez anos de atividade e que tem vindo a

afirmar-se no panorama nacional. Saiba mais de um player importante no universo das soluções digitais.

“qUEREMOS MELhOR COMUNICAÇÃO, MAIS INFORMAÇÃO, MAIS COERêNCIA”

DIGITAL SIGNAGE

Dedicando-se a soluções de comunicação digital, a Semente nasceu em 2005. Com que missão? Como têm conseguido estar à altura dos crescentes desafios nesta área?Desde 2005 que aplicamos o nosso conhecimento em tecnologias de informação, no desenvolvimento de aplicações de comunicação cor-porativa, digital signage e interati-vidade.Acreditamos que as nossas soluções ajudam a melhorar o funcionamen-to das empresas. Porque dão respos-ta às necessidades de comunicar em tempo útil e com o impacto pre-tendido. Criámos novas soluções, acrescentámos opções para acom-panhar a crescente necessidade de resposta. O trabalho de uma década junto de diversos clientes, com ne-cessidades distintas, permitem-nos hoje afirmar que possuímos uma ampla e sólida experiência na área da Comunicação Digital.

JoRGE BENTo

Num mercado em permanente evolução, o Digital Signage apresenta-se como um novo modelo de comunicação, mais dinâmico. Qual a importância deste tipo de soluções no seio da Semente?A evolução do mercado está assente na exigência que cada um de nós, en-quanto consumidor, coloca no dia-a--dia. Queremos melhor comunicação, mais informação, mais coerência. Ao contrário de outras formas de comuni-cação, a Comunicação Digital cumpre esse designio.Permite uma distribuição dinâmica de conteúdos para uma audiência segmen-tada. Comunica no momento e local certo para informar, sugerir e auxiliar nas decisões de compra. Estes objetivos motivam-nos na procura de uma me-lhoria contínua das soluções que dese-nhamos.

Adaptabilidade é a principal definição do M Box. Este é um produto que pode

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ser usado para diferentes finalidades, mantendo a identidade empresarial do cliente. O que importa saber sobre a M Box?

Imagine a nossa solução M Box não como um produto, mas como uma caixa de ferramentas de comunicação. Para cada tarefa ou projeto de comunicação, utilizamos apenas as mais adequadas. Implementamos soluções diferenciadas e largamente testadas em aplicações de pequena e grande escala, a nível na-cional. Por exemplo, as redes de canais REN, BP, CTT, Ikea e Mar Shopping.O retorno do investimento em comu-nicação surge pela redução de custos operacionais, pela eficácia e coerência da comunicação e pela melhoria da imagem global da empresa.A performance, qualidade e fiabilidade dos sistemas de comunicação cresceram exponencialmente. Os computadores, monitores e sistemas operativos acom-panharam essa evolução. As nossas so-luções não dependem de qualquer har-dware específico, por isso adaptam-se. As primeiras aplicações M Box conti-nuam a funcionar em pleno. Agora mais rápidas e eficazes.

Encarada como uma poderosa ferramenta de comunicação que integra várias tecnologias, o Digital Signage é cada vez mais um meio necessário para responder aos atuais desafios da informação e da publicidade digital?A Comunicação Digital atravessou a fronteira que separa um produto “nice to have” de um produto “must have”. As empresas sentiram a capacidade de

converter uma audiência cativa numa sala enquanto aguarda pelo atendi-mento em clientes, ou aumentar o volume médio de compra por cliente (mais comum no setor privado). E se a comunicação é integrada com a in-formação de gestão de fila de espera, a apresentação de conteúdos torna-se vital para o bom funcionamento dos serviços. Porque ordena, distrai e in-forma. Reduz stress no atendimento e facilita a comunicação. A publicidade digital comunica o conteúdo no mo-mento adequado.

Na sua opinião, que barreiras importa derrubar para que este modelo de comunicação seja mais aceite? Qual tem sido o vosso papel?A principal barreira é explicar que a mudança para digital não é só deixar de usar o papel. Importa fazer perceber às empresas que têm muito a ganhar com uma comunicação eficaz e direcionada. Liberta recursos, melhora a imagem e gera negócio.O nosso papel tem sido explicar, de-monstrar e implementar estratégias de comunicação que atinjam os objetivos. É vantajoso ter uma rede de comuni-cação que auxilia o cliente, melhora – e reforça - a imagem da empresa.

Com as constantes evoluções tecnológicas, qual é a estratégia de atuação da Semente para continuar a sua afirmação? Podemos esperar novos serviços e produtos?Alargámos a oferta de soluções de co-municação com novos produtos. En-tre eles, uma solução de alarmística, informação e gestão de movimentos de carga e descarga em cais de mer-cadorias: a M Cais. Permite a gestão dinâmica, em tempo real, dos movi-mentos de cada porta. Identificados e sinalizados para facilitar o processo de logística. Mas a estratégia de afirmação da Se-mente passa pelo reforço do contacto com o cliente na loja de uma forma inteligente. É a comunicação que se adapta ao cliente. É ela que lhe des-perta os sentidos. E que motiva e impressiona. Oferece a experiência de “ver” além do exposto. Reconhece o género e apresenta a melhor oferta para aquela pessoa. Utilizamos “be-acons” (emissores de baixa energia Bluetooth) para promover o uso o uso das APP nos Smartphones).

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A Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos (APORMED) vai estar presente no maior evento internacional do setor dos dispositivos médicos e tecnologias médicas, entre o dia 2 e 4 de dezembro, em Bruxelas. “A edição deste ano cobrirá, entre outros temas, a convergência das indústrias de cuidados de saúde, a dinâmica atual dos acionistas e as fusões globais, a inovação, a saúde digital, os obstáculos de acesso ao mercado e os

últimos desenvolvimentos na área regulamentar”, avança João Gonçalves, Secretário-Geral da APORMED. Para aceder ao programa e conhecer os principais oradores da iniciativa consulte: http://medtechforum.eu/. O setor dos dispositivos médicos emprega cerca de 540 mil pessoas na europa. Este setor gera anualmente vendas na ordem dos 105 mil milhões de euros, dos quais investe 8 por cento em pesquisa e investigação. Existem cerca de 22.500 empresas de dispositivos médicos na Europa. A APORMED é a maior associação nacional das empresas que atuam no setor dos dispositivos médicos e tecnologias para a saúde. Para mais informações: http://www.apormed.pt/.

Com o objetivo de responder às necessidades de todas as faixas etárias dos seus clientes, a Tranquilidade passa a disponibilizar uma nova solução orientada para as necessidades dos jovens adultos, com proteção 10 vezes superior em caso de invalidez.Esta cobertura é importante para os jovens que não valorizam os seguros de vida porque a preocupação com a morte não está muito presente nesta fase da vida, sobretudo se não têm filhos. No entanto, existem outras situações que podem mudar radicalmente a vida de qualquer um, nomeadamente uma situação de invalidez ou doença grave. Nestes casos, as despesas são demasiado elevadas e para quem tem poucos anos de contribuição (menos de 15), o subsídio de invalidez da Segurança Social é muito baixo (262€/mês) e as ajudas familiares, quando possíveis, não são eternas. O “Vida Mais Cool” da Tranquilidade surge no mercado com uma abordagem inovadora, disponibilizando duas opções de capital, sendo que em caso de invalidez o valor a receber é 10 vezes superior ao do capital seguro em caso de morte. Na primeira opção, para um capital de 10 mil euros em caso de morte, a cobertura traduz-se em 100 mil euros em caso de invalidez definitiva (60 por cento) para a profissão ou atividade compatível. Na segunda opção, para um capital seguro de 20 mil euros em caso de morte, a cobertura traduz-se em 200 mil euros em caso de invalidez. Em ambas as opções pode ser acrescentada uma cobertura opcional para uma solução mais completa, com um capital que poderá ir até aos 25 mil euros em caso de doenças graves. Com preços, a partir de 7,5 euros por mês, e de subscrição simples e rápida, o “Vida Mais Cool” garante maior independência em caso de invalidez ou doença grave, e está direcionado para jovens adultos entre os 20 e os 40 anos de idade, com um ritmo de vida dinâmico, e pais de jovens adultos preocupados com o bem-estar futuro dos filhos. A seguradora oferece ainda aos seus clientes descontos especiais caso concentrem os seus seguros na Tranquilidade.

tranquiLidade Lança seguro de vida Para Jovens

emPresas Portuguesas rePresentadas em evento internaCionaL PeLa aPormed

BREVES

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Como define a presença feminina na área de atu-ação em que se encontra? Existe ainda precon-ceitos claros dirigidos a mulheres profissionais? Ser mulher no mundo dos transportes é compli-cado. Ainda mais ser mulher, jovem e em que a gestão da empresa veio por herança, não se con-quistou a pulso, como algumas pessoas que, com muito mérito, conquistam o seu lugar. E não é fácil ser-se mulher neste meio tendencialmente mas-culino, a maior parte das reuniões, seminários e fóruns têm uma presença masculina forte e é com-plicado mostrar a uma classe profissional de moto-ristas que o nosso ponto de vista está correto e que o meu ponto de vista, apesar de ser mulher, é vá-lido. O que não significa que não seja um desafio.

As mulheres terão aqui um papel determinan-te no sentido de combater opiniões que defen-dem a desigualdade?As mulheres não servem apenas para estar em casa ou em cargos intermédios e têm duas qualidades que em situações de chefia são muito importantes: o multitasking e uma visão transversal. Quantas mais formos nestas situações de chefia, mais facil-mente vamos mudando as opiniões daqueles que pensam que a liderança no feminino não vai trazer bons resultados.

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A Viúva Monteiro & Irmão é uma empresa do Sabugal especializada em transporte de passageiros. Que tipo de serviços são prestados pela marca atualmente?A Viúva Monteira & Irmão tem serviços distintos no âmbito dos transportes. Tem os expressos entre o Sabugal e Lisboa e entre Sabugal e Coimbra e as carreiras, que se enquadram no âmbito de transpor-te público, no qual está incluído o transporte escolar. Atualmente é responsável pelo transporte dos alunos do concelho do Sabugal e de parte do concelho da Guarda. Tem ainda algumas carreiras no concelho de Almeida e presta serviços no contexto dos alugueres ocasionais. Estamos, aliás, neste momento a desenvol-ver esta área de negócio em Lisboa. Em último lugar, temos o serviço regular especializado para o transporte de colaboradores para fábricas.

O serviço de transportes coletivos pode, portanto, destinar-se a pessoas que, a título individual, preten-dam alugar uma viatura? Neste sentido, os motoristas acompanharão o serviço?O transporte de passageiros divide-se em duas áreas de atuação: temos alugueres ocasionais, direcionados para pessoas individuais e coletivas que pretendam alugar uma viatura e somos responsáveis pelo transporte pú-blico do Sabugal, que, até 2019, é condicionado pelo IMT – Instituto da Mobilidade e dos Transportes -, que concede alvarás às empresas do setor que cum-pram os requisitos obrigatórios.Os nossos motoristas estão aptos para todo o tipo de serviços, seja carreiras, expressos, aluguer ocasional nacional ou internacional. Na época alta do turismo, entre maio e outubro, trabalhamos em subcontratação para outras empresas e procedemos aos alugueres entre Portugal e Espanha para o mercado asiático.

Relativamente ao vosso serviço entre países, podemos dizer que a Viúva Monteiro & Irmão tem já uma presen-ça internacional forte?Não é internacionalização como todos conhecem, por-que nesta área é muito difícil, mas temos conseguido passar fronteiras através de várias parcerias.

A empresa pretende não apenas inovar e desenvolver a sua área de negócios através da expansão de servi-ços, mas também baseando-se num aperfeiçoamento dos veículos e da própria qualidade prestada. De que modo têm evoluído nesse sentido?Apesar de ser uma empresa familiar que já existe há 90 anos com os expressos para Lisboa – eu sou a quarta geração -, temo-nos empenhado em renovar a fro-ta, em comprar autocarros recentes, modernizá-los e adaptá-los às exigências dos nossos clientes. A par dis-so, estamos a dar formação e especialização necessárias para que os motoristas consigam prestar um serviço cada vez melhor. Tentamos perceber as necessidades deles para conseguirmos fornecer-lhes as ferramentas indispensáveis para que prestem um serviço profissio-nal e de qualidade. Todos os restantes colaboradores recebem formação,

A Viúva Monteiro & Irmão é uma empresa dedicada ao transporte de passageiros, que tem como objetivo principal a aposta na qualidade e na formação dos seus colaboradores. Por este motivo, tem sido anualmente distinguida pelo IAPMEI como

PME Líder. Conheça este exemplo de sucesso pelas mãos de Ana Luísa Monteiro, Diretora-Geral da entidade.

“O qUE NOS DISTINGUE é a qualidade do serviço que prestamos”

no entanto damos mais enfoque aos motoristas, por-que são eles a imagem da empresa em cada serviço que fazem.

O interior dos veículos é igualmente um aspeto que merece toda a atenção da equipa da Viúva Monteiro & Irmão. Em que sentido? Que cuidados têm no sentido de promover uma viagem aprazível a quem vos procura?Temos apetrechado os autocarros com DVD’s para

ser possível o visionamento de filmes, temos tentado escolher os assentos mais confortáveis e a suspensão é também um aspeto importante para proporcionar uma viagem agradável. Temos ainda concedido formação aos motoristas no âmbito da condução, porque é igual-mente um aspeto importante para o conforto.Neste contexto, importa também referir que vocacio-námos uma viatura da nossa frota para o transporte de passageiros com mobilidade condicionada. Esse autocarro tem uma plataforma elevatória e pode trans-portar até 12 cadeiras de rodas. Os passageiros que têm capacidade para se deslocarem no interior do autocar-ro poderão igualmente viajar connosco e deixar as suas cadeiras de rodas no porão.

São estes aspetos, referidos anteriormente, que vos distinguem de outras empresas integradas no mercado dos transportes? A vossa aposta no conforto tem sido, deste modo, a chave do sucesso?Há muitas empresas da área no país, todas têm auto-carros como os nossos, portanto temos que escolher os nossos fatores de diferenciação. E o que nos distingue é a qualidade do serviço que prestamos. Para isso é im-portante garantir o conforto do passageiro, que implica o serviço do motorista e as condições já referidas, a atuação do escritório e do backoffice.

Neste sentido, podemos afirmar que foi esta aposta na qualidade que permitiu à empresa ser distinguida pelo IAPMEI como PME Líder desde 2009, exceto no ano de 2011, em que foram considerados PME Excelência. O que significa esta distinção para a marca?Nos primeiros anos em que fomos distinguidos não havia condições mais vantajosas por sermos PME Lí-der. Era, no entanto, uma questão de reconhecimento, uma forma de mostrar aos nossos parceiros, fornece-dores, clientes e colaboradores que efetivamente tínha-mos cumprido uma série de requisitos.Atualmente, a banca começa a olhar para as PME Lí-der de outro modo. Há cerca de dois anos, os bancos, na minha opinião, dão uma maior atenção a estas si-tuações e oferecem, obviamente, condições mais van-tajosas. Sabemos que o passado e o presente têm sido de suces-so, tornando-vos um parceiro de confiança reconhecida. Mas o que reserva o futuro da Viúva Monteiro & Irmão?O futuro da Viúva Monteiro e Irmão passa por con-solidar a sua presença em Lisboa, melhorar a rede de transportes públicos do Sabugal e avançar com um projeto para novas instalações, como novas oficinas e escritórios, que proporcionarão outro desenvolvimento da empresa. Obviamente que é sempre objetivo a qua-lidade de serviço e a formação dada aos colaboradores é primordial. Sendo a empresa uma entidade pequena, queremos consolidar o que temos e melhorar as viatu-ras, conseguir aumentar serviços, mas não com o obje-tivo de aumentar a dimensão. Pretendemos consolidar a área de negócio no Sabugal e em Lisboa, criar raízes e melhorar o serviço prestado.

ANA luÍSA moNTEIRo

LIDERANÇA NO FEMININO

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A FranklinCovey atua em Portugal com a missão de promover um tecido empresarial mais confiante, bem-sucedido e focado em objetivos claros. Pretendem, deste modo, mudar comportamentos errados que influenciem o sucesso das organizações. Para

melhor compreender esta dinâmica, conversámos com Maria Pantaleão, Managing Partner da marca, que aproveitou para falar sobre o papel da mulher na sociedade empresarial.

“na franklinCovey acreditamos no valor intrínseco de cada pessoa”

LIDERANÇA NO FEMININO

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Afirmam ter como missão “promover a grandeza em pessoas e organizações em todo o mundo”. De que modo concretizam, de forma bem-suce-dida, este objetivo tão ambicioso?Na FranklinCovey acreditamos no valor intrín-seco de cada pessoa. Acreditamos que todo o ser humano aspira grandeza e tem o poder de esco-lher – este é um dos nossos valores, o primeiro.Portanto, a nossa missão consiste em ajudar as pessoas a reconhecerem o seu valor e gerar a in-quietação e o desejo de se transcenderem para além do que conhecem de si num dado momento. O ser humano tem a capacidade de se “repro-gramar” e transformar continuamente. Reside em nós a escolha da nossa própria criação e isso é, por si, extraordinário e poderoso.

Com o foco nos resultados, pretendem alterar os comportamentos humanos, sociais e coletivos que prejudicam o sucesso das empresas. Que soluções apresentam neste sentido? Qual é, em média, a duração de todo o processo?Neste momento, as áreas estratégicas para nós são: liderança, produtividade, confiança e exe-cução. As soluções incluídas em cada uma de-las passam sempre por três fases: preparação, implementação e sustentabilidade. O processo pode incluir ferramentas de pre assessment, workshops, webinars, conteúdos on demand, coaching e pos assessment. A duração varia con-soante o design do processo, mas, entre o pre assessment e o pos assessment, estamos a falar, em média, de um periodo entre seis e oito meses.

Através da vossa experiência, que erros podem identificar como mais comuns no comportamen-to humano dentro das empresas? Como caracte-rizam a vossa atuação neste sentido?Diria que o primeiro “erro” mais comum é o de se pensar que o problema está no compor-tamento dos “outros” e que são os “outros” que precisam ser intervencionados para mudar. Mas existem outros: ser produtivo significa andar muito ocupado e acelerado; faço aquilo para que me pagam ou aquilo que me mandam; para uns ganharem, outros têm de perder; dizer uma coisa e fazer outra… Enfim, a lista pode ser longa.Os nossos comportamentos – errados ou cer-tos - resultam dos nossos paradigmas, as lentes pelas quais nos vemos e vemos o mundo à nossa volta. A nossa abordagem – inside out - inci-de exatamente ao nível da análise e transição de paradigmas que, alinhados por princípios de eficácia, conduzem-nos a comportamentos ca-pazes de gerar os resultados desejados.

Que nichos de mercado e empresas procuram com mais frequência os vossos serviços? Este

acompanhamento pode ser feito a título presen-cial e online?Os nossos clientes situam-se nas mais diver-sas áreas de atividade - financeira, automóvel, farmacêutica, retalho e distribuição, indústria transformadora, etc. Não podemos falar pro-priamente de “nichos”, porque estamos a falar de empresas multinacionais e empresas nacio-nais de pequena e média dimensão.As nossas práticas – áreas de conhecimento – e a nossa presença global permitem-nos desenhar soluções à medida da dimensão e das necessida-des de cada cliente.As soluções Online Learning da FranklinCovey funcionam como suporte e acelerador do proces-so de mudança e transformação, mas a compo-nente presencial continua a ser muito valorizada pelos nossos clientes como ponto de partida.

Finalizado o processo de consultoria e acompa-nhamento, que alterações veem na empresa e pessoas com quem trabalharam?Maior clareza e alinhamento estratégico; uma linguagem comum; atitudes mais abertas, dis-poníveis e construtivas; maior foco no que é importante; maiores índices de confiança, o que facilita os processos e as interações entre as pes-soas e as equipas; mais entusiasmo e orientação para a ação e para os resultados.O resultado final depende de vários fatores pre-existentes e dos objetivos propostos.

Diferenciando-se de outras empresas atuantes no mesmo mercado, a FranklinCovey opta por aliar consultoria, workshops e ferramentas de sustentabilidade. Podemos afirmar que esta aposta num acompanhamento integral permite sucesso e resultados positivos?Sim, é um dos fatores. A mudança de compor-tamentos e de cultura não acontece por decreto, nem de um dia para o outro. Implica, em pri-meiro lugar, a vontade, o compromisso e o en-volvimento firmes dentro da própria organiza-ção – tal como nas pessoas, nas organizações, a mudança acontece “de dentro para fora”; em se-gundo lugar, é preciso ajudar as pessoas a conso-lidar esta mudança de atitudes e práticas, através de mensagens coerentes, de reforço e orientação.

Com a crise económica que abalou Portugal, as empresas retraíram-se e a desmotivação recaiu sobre os colaboradores. Sentiram que, nesta fase, as entidades portuguesas procuraram de forma mais significativa a vossa ajuda? Sim. Em tempos de crise, como a que vivemos, é natural haver uma retração no mercado. As em-presas que, mesmo assim, decidiram ou tiveram condições para investir no desenvolvimento das pessoas revelaram-se mais criteriosas na escolha

das soluções e fornecedores, a sua credibilidade e perspetiva de retorno. Outro fator interessante a que assistimos foi o de empresas que, mesmo em ambiente de crise, se reinventaram e cres-ceram e procuraram a nossa ajuda para equipar os seus colaboradores com novos paradigmas, competências e ferramentas que os preparem para novos contextos de ação. O nosso enfoque é contribuir para o sucesso dos nossos clientes, pois sabemos que esse é o ponto de partida para a FranklinCovey Portugal ser bem-sucedida. Tem sido assim em todo o mundo.

A FranklinCovey Portugal atua não apenas em território luso, mas também em projetos inter-nacionais através da FranklinCovey. Como defi-nem a vossa presença no contexto mais global?Essa é obviamente uma das vantagens de traba-lhar numa empresa verdadeiramente global. Ao longo destes dois anos temos tido a oportunidade de estar envolvidos em projetos nos países de ex-pressão portuguesa – colaborando com os colegas locais-, mas também em diversos projetos inter-nacionais, quer no desenvolvimento, quer na im-plementação. Do mesmo modo, temos contado também com a participação de colegas de outros países em projetos nacionais.O mundo é inequivocamente global. Os merca-dos são globais e os clientes também, pelo que a nossa resposta está alinhada com esta realidade.

Abordando agora, de um modo mais concreto, o seu percurso profissional, de que modo 20 anos de experiência na área contribuem para uma maior confiança por parte dos clientes?Sabe que a “quantidade” de experiência pode ser enganadora… podem ser 19 anos a come-ter os erros do primeiro ano. Mas acredito que, à partida, 20 anos de experiência são um fator que gera confiança, até por ser diversificada e a desempenhar diferentes papéis. Mas a confiança constrói-se todos os dias, em cada interação.A pergunta fez-me pensar em quem confiou em mim, quando o meu curriculum era uma pági-na em branco. Gosto de pensar que esse foi um momento de liderança.

Participou e colaborou com distintos projetos nacionais e internacionais. Em algum momento sentiu, em Portugal ou em outros países, discri-minação pelo facto de ser mulher?Em Portugal não. Pelo menos, que fosse expres-sado e eu me tenha apercebido. Mas também nunca encarei o facto de ser mulher como van-tagem ou desvantagem em termos profissionais. Quando estou a trabalhar em países com traços de cultura diferentes dos nossos, procuro infor-mar-me e estar atenta para não ser protagonista de situações constrangedoras. Em algumas si-

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tuações pode ser um exercício de diplomacia e equilíbrio desafiante. Mas aprendemos sempre.

De que modo reagem os seus clientes quan-do veem que será uma mulher a acompa-nhar o desenvolvimento da sua empre-sa e equipa? Creio que não há uma reação espe-cial pelo facto de ser mulher nem pela positiva, nem pela negativa. O que procuramos sempre é que o perfil dos consultores se en-quadre na cultura do cliente e nos objetivos propostos para o projeto. A este nível, fala-mos de experiência, exper-tise, por vezes até idioma, características enquanto consultor, mas, até agora, o género nunca fez parte da equação.

Enquanto especialista na área comportamental no âmbito empresarial, como define a postura da mulher em Portugal? O que deve ser mudado de forma a conceder--lhes mais confiança e sucesso?Se pensarmos numa perspetiva histórica, creio que as mulheres têm alcançado conquistas muito relevan-tes, numa perspetiva de manifestar a sua versatilidade e diversidade e de expandir a sua influência e protagonismo.No futuro, creio que precisamos de aprender a confiar (ainda) mais em nós e nas nossas capacidades para construir os nossos sucessos. Não por comparação aos homens. Por comparação é sempre mau – significa que já estamos, à parti-da, a olhar para as diferenças em vez de olharmos para o que temos de único. Mas isto tanto é aplicável a mulheres, como a homens. Acredito, acima de tudo, que, enquanto pessoas, temos de reconhecer em nós o valor que temos e agir.

Como vê o futuro das empresas no contexto feminino? O que mudará na nossa sociedade?A diversidade é importante nas sociedades, nas empresas e nas famílias. O ideal é que deixe de haver uma realidade classificada entre “mundo feminino” e “mundo masculi-no”. No dia em que estas classificações deixa-rem de fazer sentido, ganhamos todos.

E na FranklinCovey, como acompanharão esse futuro empresarial? O que têm planeado para os próximos anos?Atualizando permanentemente a nossa oferta e trazendo para Portugal as soluções e ferra-mentas mais pertinentes para o nosso contexto empresarial. A FranklinCovey tem uma área de Inovação e Desenvolvimento muito ativa, rodeia-se de excelentes profissionais, colabo-ra com universidades conceituadas e experts nas suas áreas de atuação para que a sua oferta se mantenha atual e global num contexto em constante mudança.

“As nossas práticas e a nossa presença global permitem-nos desenhar soluções à medida da dimensão e das necessidades de cada cliente”.

mARIA pANTAlEÃo

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LIDERANÇA NO FEMININO

Focada numa arquitetura sustentável e ecológica, baseada em materiais provenientes da natureza, a Zen Arquitectura pretende mudar conceitos e mentalidades. Recorrendo a filosofias orientais, os espaços criados pela marca transmitem felicidade e

harmonia. Conheça este modo de estar de Anabela Macieira, Arquiteta e Gerente desta empresa inovadora.

TRANSFORME A SUA CASA num ambiente de paz

Em todos os projetos idealizados e concretizados pela Zen Arquitectura existe sempre originalidade e natureza, mesmo que em zonas mais citadinas. São estes os conceitos que definem a marca e que pro-movem os espaços zen que procuram desenvolver?A minha inspiração vem muitas das vezes da na-tureza. Adoro viajar, conhecer novas culturas, des-cobrir o que têm de novo, materiais, hábitos, com-binação de cores, tradições, etc. Adoro tradições, especialmente as portuguesas.Em Portugal temos 1860 horas de sol por ano, é o país com mais sol da Europa, porque não aproveitar o que temos sem custos e desenhar casas de baixo consumo com piscinas biológicas, sem químicos, uma construção que respeita a natureza, utilizando materiais adequados por forma a criar um modo de vida sustentável e saudável? A escolha de materiais recai sobre os materiais naturais, provenientes da natureza, tais como o barro para o reboco, a ma-deira para a estrutura do telhado, cobertura ajardi-nada, aquecimento solar, alto desempenho a nível do isolamento. Combinados estes materiais, cria-se um ambiente equilibrado, com baixos custos de ma-nutenção e de despesas correntes.

As filosofias orientais estão bem presentes na vossa forma de ser e de estar enquanto empresa de arqui-tetura. O que significa este modus vivendi para os projetos?Nos meus projetos, uma das grandes preocupações é a preservação do meio ambiente e a utilização de energias renováveis. Fascinada pelas outras culturas, encontrei no feng shui uma ferramenta adicional que permite compreender o segredo da influência dos materiais sobre os humanos. Esta fusão entre a ciência e o conhecimento antigo sobre o fluxo de energia ajudou a criar a Zen Arquitectura, Lda.

A construção ecológica e sustentável é um dos vos-sos objetivos quando integram um projeto. Neste contexto, aliam o referido anteriormente feng shui à arquitetura baseada na ecologia. Qual é a impor-tância destes fatores para a empresa e clientes?O Feng Shui é uma ancestral, milenar, filosofia oriental que estuda a interação humana com o am-biente. O objetivo é criar nos edifícios uma atmos-fera motivante e rejuvenescedora.O gabinete Zen Arquitectura aplica princípios de Feng Shui do mesmo modo que a acupunctura é usada na medicina. Pela ativação de canais energéti-cos bloqueados, libertamos energias dinamizadoras, maximizando o potencial do espaço.

Esta influência é feita pelo desenvolvimento do conceito de: cores (quentes, claras, suaves...); mate-riais (texturas/tecidos, mobiliário, objetos decorati-vos...); formas (padrões, modelações...); iluminação (indireta, sombreamentos, luz solar...); aromas (re-frescantes, relaxantes...); temperatura (adequada ao uso…); sons (relaxantes, motivantes...).Criamos pontos focais e encaminhamos a energia revitalizada através destes. Para que os clientes en-contrem em cada divisão da sua casa a energia cor-reta a interagir com eles.

Prova deste “pensar fora da caixa” é o prémio atri-buído pelo programa EU Wilder pelo projeto de uma “casa extensível”. O que significa este reconheci-mento para a Zen Arquitectura? Neste contexto, em que consiste exatamente este projeto galardoado?A casa gaveta surge com a necessidade de criar uma casa flexível, com princípios tanto a nível físico, como a nível de eficiência energética. O seu design foi criado para tentar incorporar as alterações climatéricas, com eficiência energética elevada, pois tem a capacidade de reduzir os consu-mos de aquecimento no inverno e de arrefecimento no verão, respeitando uma relação ideal entre área e volume do edifício. Pretendia-se tambem servir as rápidas alterações da nossa sociedade, isto é, adaptação do espaço ao crescimento ou diminuição dos membros da família na habitação. Estas transformações são fáceis de manusear, através de um sistema hidráulico e elétrico, podendo a mesma ser usada até por pessoas idosas. Assim, permite ao proprietário da casa a liberdade de ajustar o espaço consoante as suas necessidades. Em suma, a casa gaveta tem como objetivo oferecer uma proposta alternativa de viver.Como arquiteta é sempre bom ver as nossas ideias ganharem forma. Ganhar o prémio Wider da ino-vação foi muito importante, este projeto estava na “gaveta” já há algum tempo, pelo facto de a casa vir de encontro às necessidades de muitas pessoas e Portugal é o país ideal para este tipo de construção. A casa necessita de muito pouco espaço, basta um terreno de 50 m2, tornando-se um produto acessí-vel a todos.

Pela vossa postura perante a arquitetura, e como é possível verificar, são reconhecidos não apenas em Portugal, mas também a nível internacional. De que modo está a Zen Arquitectura presente nesses pa-íses?Os nossos clientes são maioritariamente estrangei-

ros, temos projetos em vários países, inclusive na Índia. Estudei e iniciei a empresa em Berlim, ainda mantenho muitos contatos nesse país e desenvolvo projetos de consultoria para clientes que pretendem o meu tipo de arquitetura.

Que futuro tem idealizado para a Zen Arquitetura e para si, Anabela Macieira, a mulher por trás deste sucesso?O futuro, de momento, não é o meu foco principal. Importante para mim é criar uma cultura de cons-trução sustentável não como opção, mas sim como um sistema standard. Eu acredito que todos os ar-quitetos deveriam projetar de forma sustentável e utilizar os recursos disponíveis que temos no nosso país, que é fantástico para este tipo de construção. Se na Alemanha, que é um país tão frio, este tipo de construção já é standard, aqui então deveria ser muito mais.

Em algum momento sentiu o seu trabalho posto em causa pelo facto de ser mulher? A arquitetura ainda vive esse preconceito de uma forma relevante?Não, pelo contrário. Muitas vezes as esposas dos clientes preferem uma arquiteta feminina porque consideram que estas desenvolvem o projeto mais prático em função da melhor utilização da casa. Relativamente às empresas de construção, quan-do é o primeiro contacto, sinto a necessidade de provar que sei sobre o que falo, mas depois de os convencer com o minha competência tudo corre naturalmente.

ANABElA mACIEIRA

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A marca Fitness UP tem vindo a expandir-se rapida-mente. O que leva a este sucesso numa área de negó-cio que aparentemente está esgotada?A marca Fitness UP é muito mais do que um con-junto de ginásios onde as pessoas fazem o seu exer-cício físico. Como costumamos dizer: “Ser UP é ser FELIZ” e, por isso, temos várias estratégias para que os nossos clientes sintam que fazem parte de uma família e não apenas de um negócio de saúde e bem--estar. A nossa preocupação com a qualidade das nossas instalações, com o serviço personalizado que os nossos colaboradores prestam aos nossos sócios, com um preço realmente competitivo e que permita a qualquer cidadão ter capacidade financeira para fazer exercício físico em segurança e em ginásios equipados com equipamento topo de gama, são os nossos objetivos principais. O mercado está “satura-do” de ginásios e/ou estabelecimentos desportivos e o Fitness UP quer ir mais além. Estamos constan-temente insatisfeitos porque queremos sempre mais e melhores condições para os nossos clientes e isso sente-se, está no ADN da empresa e de todos os elementos do staff.

É Diretora de Operações de uma cadeia de Giná-sios, tem o seu próprio ginásio, Atleta de alta com-petição e Formadora. Como consegue conciliar a sua vida tão preenchida e ter sucesso em todas as áreas?Tudo depende em primeiro lugar de ter as pesso-as certas em todos os projetos onde estou inseri-da, quer seja profissionais e/ou pessoais e depois, conseguir cumprir um bom planeamento. Não con-sidero que tenha sucesso em todas as áreas, aliás, penso sempre que posso fazer melhor e talvez por isso, por essa busca constante em querer melhorar em tudo o que faço, me faça ter a “sorte” em obter sucesso nos projetos onde estou inserida. Acima de tudo, considero-me uma pessoa com muita sorte porque tenho o privilégio de trabalhar com pro-fissionais muito competentes, que me ajudam a ser melhor e desenvolver os meus skills de forma na-tural e gradual. As pessoas são o mais importante, quero que todos os que me rodeiam possam ter a possibilidade de ter sucesso, de crescer e desenvol-ver os seus skills. Este é um dos meus grandes focos.Um dos livros que está sempre presente comigo e na forma como trabalho é “GOOD TO GREAT, Jim Collins”. Este livro é uma filosofia de vida porque se foca nas pessoas e na sua realização. Tento ser sempre muito objetiva e este livro conseguiu mos-trar-me através de factos, que o sucesso de qualquer empresa/organização está nas pessoas que a cons-tituem.

Na sua opinião, o que é liderar?Liderar é fazer com que os outros façam aquilo que pretendemos de forma motivada, natural, sem

Quem conhece Cristina Coutinho sabe que onde ela estiver o sucesso está lá garantidamente. Esta mulher de 33 anos é conhecida como sendo uma líder exemplar. Além de Diretora de Operações da cadeia de Ginásios Fitness UP & Eugénios,

é atleta de alta competição na modalidade de atletismo, formadora e tem o seu negócio próprio, o seu ginásio num segmento de mercado específico – feminino. Pelos amigos, colegas de trabalho e por todos os que a rodeiam, é vista como

uma inspiração. Conheça-a!

“RESULTADOS SÃO APENAS A CONSEqUêNCIA…”

pressão e com sucesso. Liderar é fazer aos outros o que gostávamos que nos fizessem a nós de for-ma a evoluirmos como profissionais e, mais impor-tante, como pessoas. Todos querem fazer parte de algo que funcione, que tenha sucesso, que seja uma mais-valia para si e para os que o rodeiam. Liderar é dar o exemplo, sempre que solicito a um dos meus colaboradores, alunos, colegas, alguma coisa, em primeiro lugar tenho que dar o exemplo que já a fiz e que é possível de ser executada. Para além disso é muito importante as pessoas sentirem que são ouvi-das no processo e não são apenas meros executantes. Somos pessoas, fomos feitos para pensar e esse é um dos desafios que coloco a todos os que me rodeiam porque também o faço comigo própria…pensar. Numa sociedade atual onde o tempo é precioso, temos que pensar, é fundamental pensar para que consigamos ser mais eficazes e rentabilizar todos os meios que temos ao nosso dispor.

Se tivesse de numa frase apenas descrever a cadeia de Ginásios Fitness UP, como o faria?O Fitness UP é a família profissional e isto diz tudo sobre a empresa. O Fitness UP é muito mais do que uma cadeia de ginásios, “nós” e digo nós por-que realmente a empresa é o resultado de todos os seus colaboradores, queremos marcar pela diferen-ça, pretendemos ser diferentes não pela diferença em si mas pela qualidade que proporcionamos aos nossos clientes mas também aos nossos colabora-dores. Quem trabalha no Fitness UP tem que ser feliz no seu local de trabalho e esse é um dos nossos principais focos. Fazemos muitos eventos para que os nossos clientes se sintam verdadeiramente parte integrante da empresa mas fazemo-lo de igual for-ma internamente para com o nosso staff.

Hoje em dia ainda vivemos um certo preconceito em

ter líderes femininas em funções de chefia. Sente que isso é um entrave ou considera um desafio?Parece-me que, felizmente, a evolução faz com que preconceitos se transformem em soluções que anteriormente eram impensáveis. Da forma como vejo o mercado, os números mostram-nos que as mulheres estão cada vez mais em qualquer cargo de destaque, seja ele de liderança ou não. Isto é muito positivo porque o equilíbrio entre homens e mulheres é absolutamente fundamen-tal para uma sociedade evoluir e crescer de forma justa e com os valores da igualdade perfeitamente transparentes para todos. Liderar é um desafio constante, por isso o que considero mais impor-tante não tem a ver se a pessoa é mulher ou ho-mem, ou seja, o género, mas sim com os valores, skills e o know how que são fundamentais para fazer um trabalho/função de forma autêntica, ho-nesta e com sucesso.

A sociedade está preparada para a liderança femi-nina?Se não está, tem que passar a estar. Qualquer socie-dade que pretenda ser evoluída tem que ter como base o princípio da igualdade de oportunidades. Acredito que as mulheres foram ganhando o seu espaço nas organizações e hoje em dia conseguimos verificar que há uma tendência para a igualdade, embora ainda não seja uma situação perfeita, temos que ter a consciência de que o caminho está a ser traçado e que o processo em si não acontece “da noite para o dia”. Não tenho dúvidas que a igual-dade de oportunidades está cada vez mais saliente nas organizações porque já se aperceberam que as vantagens são diretas na sua eficácia, produtividade e por consequência…resultados.

No seu início de carreira, achava que aos 33 anos de idade iria ter o sucesso profissional que já tem?Talvez por defesa mas não penso muito nisso por-que acho sempre que não alcancei nada de especial. Vejo pessoas à minha volta com muito mais sucesso do que eu, por isso só tenho que continuar a tentar ser melhor todos os dias e proporcionar isso a quem trabalha comigo. No início da minha carreira lem-bro-me de pensar que um dia gostava de ter o meu negócio próprio e, hoje em dia, isso é uma realidade. No entanto, no momento já estou a pensar em evo-luir noutros projetos. Parece-me que os nossos obje-tivos vão sendo alterados conforme o nosso estado de evolução, ou seja, o que antes parecia impossível ou muito difícil, agora já faz parte do passado e quere-mos passar para o próximo patamar. Esta é a essência de quem quer evoluir e, como já disse anteriormente, tenho muita “sorte” porque estou sempre rodeada de pessoas que na minha opinião são melhores do que eu e, por isso, tenho que estar constantemente a pro-curar melhorar-me.

CRISTINA CouTINHo

LIDERANÇA NO FEMININO

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O NOvO REGIME JURÍDICO DO PROCESSO DE INvENTáRIO

- Lei n.º 23/2013, de 5 de março –

A opINIÃo DE, Regina Santos, Advogada da Regina Santos – Advogada Rl

De início, foi publicada a Lei n.º 29/2009 de  29 de Junho que introduziu o Regime Jurídico

do Processo de Inventário, objetivando a retirada destes processos dos Tribu-nais; porém, esta Lei não veio a produ-zir efeitos, exceto quanto ao seu n.º2 do art.º 87º. A Lei n.º 23/2013 de 5 de Março, entrada em vigor a 1-9-2013, vem então aprovar o NRJPI, retirando a competência dos tribunais para a res-petiva tramitação, transferindo-a para os cartórios notariais. Estes processos, contudo, apresentam uma natureza processual civil complexa, litigante, com possibilidade de dedução de incidentes processuais, de apresentação de abun-dante prova documental e testemunhal que implicam apreciação e decisões fun-damentadas, funções que até então sem-pre foram conferidas a um Juiz de direi-to, e que, são agora transferidas para os notários, que receberam preparação téc-nica e específica em matérias diferentes. Assim, o que vem acontecendo na prática é que, a pretendida agilização e celeridade não resultaram, pois na verdade, para além da complicada di-namica processual interna, o Tribunal é chamado a intervir, quando a complexi-dade das matérias discutidas o exijam; bastará um requerimento do advogado a impugnar a validade de um testa-mento, para provocar a suspensão do

A regulamentação do processo especial de Inventário constante do artigo 1326º e seg. do CPC, há muito que vinha contribuindo para o congestionamento dos tribunais. Para desbloquear o problema, o legislador, visando garantir uma gestão racional do sistema

de justiça e libertar meios judiciais, optou pela desjudicialização do processo de inventário.

LIDERANÇA NO FEMININO

inventário, até que as partes resolvam a questão perante um Juiz, o que poderá levar anos. Apenas após a prolação da sentença judicial, provavelmente passsí-vel de recurso, é que as partes poderão requerer o prosseguimento dos termos do inventário. Poder-se-ia aqui ficio-nar à exaustão, diversas situações que conduziriam a resultados semelhan-tes. Irrefutávelmente, verifica-se que, processos de inventário entrados em cartórios notariais em áreas geográficas distintas como Parede, Oeiras, Sintra e Barreiro apresentam até a presente data, uma tramitação exageradamente lenta, pois, um inventário por óbito entrado a 28-01-2014 (21 meses), não tem con-ferência preparatória designada; outro entrado a 30-01-2014 não tem confe-rência preparatória designada (21 me-ses), outro entrado a 27-02-2015 não apresenta citação do cabeça de casal (8 meses); inventário por divórcio entra-do a 29-01-2014 não tem conferência preparatória designada (21 meses); in-ventário subsequente a divórcio entrado a 21-05-2015 apenas apresenta relação de bens (5 meses). Quer pela complexi-dade processual civil quer pela natureza litigiosa do processo de inventário, me-lhor teria sido que o legislador tivesse mantido a competência judicial para a tramitação dos inventários, criando sim, tribunais de competência especializada na matéria.

“Assim, o que vem acontecendo na prática é que, a pretendida agilização e celeridade não resultaram, pois na verdade, para além da complicada dinamica processual interna, o Tribunal é chamado a intervir, quando a complexidade das matérias discutidas o exijam; bastará um requerimento do advogado a impugnar a validade de um testamento, para provocar a suspensão do inventário, até que as partes resolvam a questão perante um Juiz, o que poderá levar anos”

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A atual Unidade Nacional de Gestão, criada em março de 2012, assegura a gestão técnica, administrativa e financeira dos EEA Grants 2009-2014 no nosso país. O que são os EEA Grants? Os EEA Grants resultam do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu, através do qual três dos países da Associação Europeia de Livre Comércio – a No-ruega, o Listenstaine e a Islândia – passaram a bene-ficiar das vantagens do Mercado Interno da União Europeia (UE) e por outro lado a serem “Doadores” através de apoio financeiro, a alguns Estados Mem-bros da UE, para desenvolvimento de projetos e ini-ciativas com vista à redução das disparidades sociais e económicas no âmbito do Espaço Económico Euro-peu. Através do atual mecanismo financeiro, Portugal recebe verbas dos EEA Grants pela quarta vez, num total de cerca de 58M€, que estão a ser aplicadas nas áreas do Mar; Saúde Pública; Sociedade Civil; Ener-gias Renováveis; Conservação e Revitalização do Pa-trimónio Natural e Cultural; Integração da Igualdade de Género na Promoção do Equilíbrio entre o Tra-balho e a Vida Privada e Promoção da Diversidade nas Artes. Cada área financiada é concretizada através de um programa que é gerido por uma entidade que assume funções de Operador de Programa (Direção Geral de Políticas do Mar; Administração Central do Sistema de Saúde; Fundação Calouste Gulbenkian; Eletrici-dade dos Açores; Direção Regional de Cultura do Centro; Agência Portuguesa do Ambiente; Comis-são para a Cidadania e Igualdade de Género e Di-reção Geral das Artes). Cada programa foi aprovado e contratado com os países Doadores com base nos resultados concretos que se propõem alcançar através do desenvolvimento de projetos, a maioria dos quais selecionados através de concursos públicos.

Que balanço é possível fazer, hoje, da implementação do atual mecanismo financeiro dos EEA Grants em Portugal? Qual o nível de financiamento dos projetos?A implementação deste mecanismo em Portugal ini-ciou-se apenas em março de 2012, com a assinatura do Memorando de Entendimento com os países Do-adores. Considerando que, de acordo com as regras de aplicação dos EEA Grants, os programas devem regra geral estar concluídos em 2017, a verdade é que o prazo de implementação sempre foi um desafio, que obriga todas as entidades envolvidas na gestão destes fundos a fazer exercícios de controlo e monitorização regulares com vista a minimizar o risco de não con-clusão atempada dos programas e de não absorção da totalidade das verbas. Não obstante, em Portugal tem-se feito um trabalho significativamente positivo estando uns programas mais avançados do que outros, podemos nesta fase antecipar que no total os programas vão financiar cer-ca de 212 projetos, alguns dos quais já estão em fase de conclusão. Ao total dos projetos somam-se ain-da várias iniciativas financiadas por verbas dos EEA Grants especificamente dedicadas ao fortalecimento das relações bilaterais entre entidades portuguesas e

Conheça os EEA Grants e saiba o que tem vindo a ser realizado pela atual Unidade Nacional de Gestão, criada em março de 2012, e que assegura a gestão técnica, administrativa e financeira dos EEA Grants em Portugal. A Revista Pontos de Vista quis dar a conhecer

este tema e conversou com Madalena Callé Lucas, Coordenadora da Unidade Nacional de Gestão dos EEA Grants.

EEA GRANTS – um «motor» para Portugal

EEA GRANTS – PORTUGAL

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entidades dos países Doadores e às chamadas ações complementares. O financiamento dos EEA Grants traduz-se na maioria dos casos num apoio ao nível dos programas de 85% das despesas elegíveis, corres-pondendo os restantes 15% à componente de cofi-nanciamento nacional. Estas percentagens podem variar ao nível dos projetos, sendo que há casos que os 85%-15% são replicados, outros há em que os pro-motores dos projetos recebem um financiamento de 100% das despesas elegíveis.

Qual a especialidade dos EEA Grants? Que áreas de projeto são normalmente apoiadas?Distintos dos fundos estruturais da UE quanto ao funcionamento e aplicação, os EEA Grants, orien-tados para a redução de disparidades sociais e eco-nómicas e fortalecimento das relações bilaterais, têm possibilitado apoiar áreas e projetos que de alguma maneira tinham menos acesso a financiamento, pú-blico ou privado (ex.: no âmbito das Iniciativas em Saúde Pública, nomeadamente nutrição e saúde mental e do Fundo para as ONGs ou Cidadania Ati-

va que disponibilizou cerca de 8.7 milhões de euros para fortalecer a sociedade civil em Portugal). Além disso, em vários casos financiam projetos que depois de implementados têm o potencial de ganhar esca-la através de outras fontes de financiamento (ex.: no âmbito das Energias Renováveis, com a construção de uma central geotérmica piloto e do AdaPT através da sensibilização e capacitação em matéria de adap-tação às alterações climáticas). Finalmente, muitos dos projetos apoiados são de facto inovadores e be-neficiam da troca de experiência e conhecimento que advém de parcerias entre entidades nacionais e entre estas e outras dos países Doadores.

Foi referida a existência de 212 projetos apoiados fi-nanceiramente pelos EEA Grants em Portugal. Quais os programas que têm maior número de projetos apoiados? Podemos destacar logo dois dos programas que refe-ri, Cidadania Ativa, gerido pela Fundação Calouste Gulbenkian, que com uma dotação de cerca de 8,7 milhões de euros selecionou 113 projetos em domí-

“Em portugal tem-se feito um trabalho significativamente positivo estando uns programas mais avançados do que outros, podemos nesta fase antecipar que no total os programas vão financiar cerca de 212 projetos, alguns dos quais já estão em fase de conclusão”

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“Cidadania Ativa, gerido pela Fundação Calouste Gulbenkian, que com uma dotação de cerca de 8,7 milhões de euros selecionou 113 projetos em domínios como o reforço da eficácia da ação das oNGs, a participação na conceção e aplicação de políticas públicas e o apoio à empregabilidade e inclusão dos jovens”

Num possível próximo quadro dos EEA Grants, quais são as oportunidades para a área do Mar em Portugal? O Mar representa uma área de cooperação na-tural entre Portugal e os países Doadores, com particular destaque para a Noruega. Partimos de um contexto semelhante e com desafios comuns, incluindo ao nível da investigação. O atual programa do Mar beneficiou de parcerias entre entidades portuguesas e norueguesas que existiam há mais tempo, o que permitiu construir um programa de financiamento mui-to focado e com elevadas garantias de sucesso. Por sua vez, as parcerias que se criaram com os projetos e os resultados do atual programa, in-cluindo ao nível da melhoria da capacidade de gestão e da quantidade e qualidade dos dados disponíveis ao setor, criam um contexto propício a que este setor possa vir a continuar a ter desta-que nos EEA Grants.

nios como o reforço da eficácia da ação das ONGs, a participação na conceção e aplicação de políticas públicas e o apoio à empregabilidade e inclusão dos jovens. O programa Iniciativas em Saúde Pública, gerido pela Administração Central do Sistema de Saúde com uma dotação de cerca de dez milhões de euros financia 27 projetos com o objetivo geral de re-duzir desigualdades no acesso à saúde, em particular nas áreas da nutrição, saúde mental, doenças trans-missíveis e melhorar os sistemas de informação. O programa Gestão Integrada das Águas Marinhas e Costeiras tem a maior dotação financeira, cerca de 19 milhões de euros, é gerido pela Direção Geral de Po-lítica do Mar e prevê financiar 37 projetos destinados a melhorar o estado ambiental das águas marinhas e costeiras.

Que tipo de resultados se espera alcançar com o pro-grama “Gestão Integrada das Águas Marinhas e Cos-teiras”?Este programa, o maior em termos de fundos EEA

Grants neste período, está direcionado para a gestão e investigação marinha e o resultado-chave do progra-ma é aumentar a capacidade nacional de monitoriza-ção ambiental marinha e o nível de disponibilidade de dados obtidos. Como grande projeto do programa destaco a aquisição pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e transformação de um na-vio para investigação, nomeadamente oceanográfica e para pesquisa de recursos relevantes no setor da pes-ca. O navio – Mar Portugal - chegou a Portugal no passado mês de outubro e pode vir a acomodar cerca de 30 investigadores em simultâneo, além da tripula-ção. Destaco ainda dois projetos relevantes: Projeto SNIMar, da responsabilidade da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental, que está a desenvolver um geoportal para acesso a informa-ção sobre o ambiente marinho em Portugal, reunin-do informação que se encontrava dispersa por várias instituições, e o projeto BIOMETORE, também do IPMA, que irá mapear e monitorizar os fundos mari-nhos e respetivos habitats.

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Constituída em 1999, a Scutvias – Autoestradas da Beira Interior tem como missão a gestão eficiente da infraestrutura rodoviária concessionada, garantindo que a mesma seja segura e fluída. Com este compro-misso assumido, de que forma esta entidade tem sido fulcral no desenvolvimento económico, social e cultu-ral da região da Beira Interior?A Scutvias tem como missão prestar aos seus clientes um serviço de qualidade, através da gestão eficiente da infraestrutura rodoviária, garantindo a fluidez, o conforto e a segurança da mesma, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região da Beira Interior. Representou no passado e representa ainda uma oportunidade de desenvolvimento de uma re-gião marcada pela interioridade, esbatendo frontei-ras dentro do nosso país, ligando regiões distantes, contribuindo assim para que a economia regional se desenvolva, atraindo a indústria e os serviços para os grandes centros populacionais, e facilitando o desen-volvimento dos negócios entre as micro e pequenas empresas, de cariz local.Este papel de “facilitador” do desenvolvimento eco-nómico, acentua-se pelo facto de ter sido concebida com um grande número de nós (28), que permite li-gar diretamente quase todas as povoações relevantes ao longo do seu traçado, facilitando o alargamento da malha de negócios na região.O simples facto de permitir uma ligação rápida de Lisboa à fronteira com Espanha, em Vilar Formoso, vem complementar o seu papel crucial a nível econó-mico, reduzindo os tempos de transporte no tráfego de pesados que se destina à Europa.O desenvolvimento social, sendo uma consequência do desenvolvimento económico da região, beneficia na mesma medida, da presença desta infraestrutura, para além da preocupação permanente da empresa em criar condições para a redução da sinistralidade rodoviária (possuindo índices de sinistralidade abai-xo da média das autoestradas portuguesas).Culturalmente, a Scutvias sempre fez questão, no âmbito da execução da sua política de responsabi-lidade social corporativa, de integrar esta forma de ligação à região, apoiando e promovendo o ensino da música erudita, dirigido aos jovens alunos de música. De entre os vários eventos destacamos o Festival de Música da Beira Interior – de periodicidade anual e vertente de música erudita – que já terá a sua XI edição, em 2016, integrando sete escolas de música e uma associação da Região da Beira Interior.

Para este ano letivo, a Scutvias, apoiada pela Autorida-de Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), retomou o Projeto SEGURARTE. Trata-se de um projeto de segu-rança rodoviária que abrange crianças dos seis aos dez anos de idade e que decorre nas escolas do Ensino Bá-sico na área de concessão da Beira Interior (A23). Por que é que decidiram retomar esta iniciativa?O Projeto foi retomado com a direção do nosso Di-

“o Projeto segurarte, pela sua configuração e o tema que aborda será sempre atual”

SEGURANÇA RODOVIÁRIA

O projeto SEGURARTE, financiado, organizado e coordenado pela Scutvias é uma coprodução do Teatro das Beiras e Quarta Parede que desenvolvem as atividades nas salas de aula, onde é montado um Jogo de Tabuleiro gigante. O jogo pedagógico é aliado a uma competição saudável, potenciando todas as capacidades cognitivas da criança, facilitando o processo de ensino-

aprendizagem. Isabel Amaral, Responsável pelo Serviço de Comunicação e Imagem da Scutvias, deu a conhecer um pouco mais deste projeto, SEGURARTE.

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retor Geral atual, Dr. Pinho Martins, em 2013, que ao ter conhecimento do envolvimento e interesse que despertava nas crianças da faixa etária em causa, não teve qualquer dúvida em devolver-lhe vida. Tanto mais que a ANSR – Autoridade Nacional de Segu-rança Rodoviária é nossa parceira, no Apoio Institu-cional, porque confluímos para os mesmos objetivos, com destaque para um dos objetivos operacionais previstos na revisão da Estratégia Nacional de Se-gurança Rodoviária (ENSR) para o período 2013-2015 (RCM nº5/2014, 13 de janeiro), que consiste em “Programas e Iniciativas de Educação e Forma-ção para o desenvolvimento de uma cultura de Segu-rança Rodoviária”. As ações propostas neste âmbito – um espaço de intervenção alargado – abrangem não só as crianças, como docentes, famílias, técni-cos municipais, dirigentes, etc… Importa destacar igualmente, que em finais de 2013 a ANSR produ-ziu uns pequenos filmes e uma publicação do “Guia do Peão”, os quais a SCUTVIAS se congratula em divulgar e promover nas escolas onde desenvolve o Projeto SEGURARTE.Existia vontade, existiam apoios e a ideia de desen-volver a cultura de segurança rodoviária era demasia-do importante para que não retomássemos o Projeto.

É nestas idades que se formam personalidades e se demarcam normas de conduta e de comportamento que acompanham o jovem para o resto da vida. Ao di-recionarem este projeto para crianças em idades tão prematuras, qual é o vosso objetivo?A personalidade é um conjunto de características psíquicas do individuo que definem o seu padrão

cognitivo, emocional, comportamental, atitudes e hábitos. A formação da personalidade é um processo de evolução ao longo do ciclo vital do individuo, no entanto, as primeiras etapas são cruciais para a sua estrutura e posterior desenvolvimento e enriqueci-mento, daí a SCUTVIAS apostar nas faixas etárias mais jovens. Nestas idades os cérebros das crianças são como “esponjas”, absorvem e registam tudo o que as rodeiam, daí os comportamentos dos seus edu-cadores serem cruciais. A criatividade, na infância, também ela tem um papel de extrema importância. Outro fator de grande valor na formação da persona-lidade é a movimentação física da criança, sobretudo quando praticada com prazer, onde se encontram fracassos e sucessos, mas, com certeza, também a ampliação dos limites, da real capacidade em todos os sentidos, assim é no desporto e também no jogo SEGURARTE. O nosso último objetivo: queremos que aprendam e apliquem as Boas Práticas, no am-biente rodoviário a curto, a médio e a longo prazo, assim como despertarem o interesse nos adultos.

É nas crianças que focam a vossa atenção e têm depo-sitado esperanças. Sentem que este público está cada vez mais desperto para as questões de segurança ro-doviária? Sentimos que está, mas todos os anos se acrescen-tam outras crianças ao leque dos candidatos a esta formação pelo que este trabalho nunca está conclu-ído. Por isso insistimos, pois com mais informação e sensibilização resulta que as crianças estarão cada vez mais despertas para as Boas Práticas na via pública. A atuação sobre o comportamento faz-se também através do sistema educativo, desenvolvendo compe-tências e capacidades nas crianças e jovens para uma integração, mais segura, no ambiente rodoviário. As crianças têm que ser estimuladas de forma a poder e a saber interpretar as experiências que vivem, quer com os seus familiares (pessoas mais próximas e que elas imitam de forma espontânea), quer no contexto escolar, cultural e social.

Por outro lado, o que é premente fazer para que eles desempenhem um papel crucial de influenciadores do processo de prevenção rodoviária? Dentro desta temática, em que assuntos continua a ser necessário apostar numa maior sensibilização?É muito importante não esquecermos que “influen-ciadores” não significa “fazedores”, assim como não confundirmos o papel de um “educador” com o de um “educando”. Os pais/encarregados de educação podem e devem ajudar a reduzir a vulnerabilidade do seu filho na via pública, criando-lhe mais confiança, demonstrando comportamentos seguros, acompa-nhando-os, porque afinal as crianças fazem aquilo que veem fazer e não aquilo que lhe dizem que deve fazer, Os pais/encarregados de educação têm um pa-pel muito importante, diria mesmo crucial, pelo que,

ISABEl AmARAl

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não se devem demitir. No entanto, acreditamos que as crianças podem contribuir como influenciadoras do processo da Prevenção Rodoviária, mas por si só, não terão força perante um adulto que seja adverso à mudança, para nós é muito importante que as crian-ças interiorizem e verifiquem que o que lhes damos a conhecer, é uma mais valia para o resto da sua vida. No final do Jogo Didático, que desenvolvemos nas escolas é pedido às crianças que aceitem um desa-fio, quando chegarem a casa conversem com os seus educadores e familiares e falem de tudo o que recor-darem sobre o jogo.Durante o jogo insistimos sempre em assuntos tais como: atravessar nas passadeiras após certificarem--se que o podem fazer em segurança; não atraves-sar a correr e esperar que os veículos se afastem, e a seguir atravessar; explicar-lhes que as estradas são para os veículos e os passeios para os peões; sair dos veículos sempre do lado do passeio; verificar se os sistemas de retenção e cintos de segurança estão co-locados corretamente, e explicar o que pode acon-tecer quando não são colocados ou mesmo quando colocados incorretamente. O jogo aborda também os sistemas de retenção (cadeirinha/banco elevató-rio), a correta colocação do cinto de segurança, que deverá passar pelo ombro, esterno (meio do peito) e anca, pois quando colocado incorretamente passan-do no pescoço aumenta o risco de morte por sufo-camento e o risco de fratura do osso e lesão da me-dula, originando, na maioria dos casos, paraplegia ou tetraplegia; vestir roupas claras e peças retrorre-fletorizantes em saídas noturnas, sobretudo fora das localidades, quando se deslocam a pé; caminharem nos passeios, ou nas estradas sem passeio na berma, sempre virados de frente para o sentido de marcha dos veículos, de forma a que vejamos os veículos e os condutores nos possam ver, o lema “ver e ser visto”; quando viajarem de autocarro respeitar os lugares prioritários, referente às pessoas mais vulneráveis, como pessoas que apresentem alguma deficiência, idosos, grávidas, pessoas que transportam crianças ao colo, incutindo desta forma o civismo, tão neces-sário num ambiente rodoviário; brincar só em luga-res seguros, indicados pelos adultos, como poderão ser os parques; entre outras situações e tarefas que desempenharam durante o Jogo.

O objetivo passa por educar a criança para a questão da prevenção rodoviária, disponibilizando o aces-so às regras de segurança rodoviária de uma forma artística e divertida. Na prática, em que consiste o projeto e de que forma a coprodução do Teatro das Beiras e Quarta Parede tem sido imprescindível?A SCUTVIAS como Concessionária de uma Auto-estrada não pode deixar de ser sensível aos números e estatísticas da sinistralidade, que são diariamente apresentados pelos órgãos de comunicação social, quer a nível nacional, quer a nível internacional. Em 2008, a SCUTVIAS desafiou a Companhia de Te-atro Profissional, Teatro das Beiras e a Estrutura de Artes Performativas, Quarta Parede, entidades se-diadas na cidade da Covilhã, a desenvolverem uma atividade, para uma faixa etária dos 6 aos 10 anos, que além de didática também tivesse uma compo-nente lúdica e artística, de forma a atrair e motivar as crianças, no processo de ensino-aprendizagem cujo tema era a Segurança Rodoviária. Deste trabalho em equipa resultou o Projeto SEGURARTE, Arte e Segurança, dois termos que encerram conceitos tão díspares e que encontraram um ponto de união que os fez concorrer para um mesmo objetivo: A Preven-ção Rodoviária. A ideia não poderia ter sido melhor, a SCUTVIAS aceitou-a de imediato e convidou

a ANSR a juntar-se com o Apoio Institucional. A ANSR aceitou, após revisão de todos os termos téc-nicos utilizados no Projeto, e agradou-lhes muito toda a apresentação e desenvolvimento da atividade. De ressalvar que da revisão apenas surgiram duas pe-quenas retificações, o que demonstrou o cuidado e empenho na sua criação. Um Jogo de Tabuleiro Gi-gante feito de tecido (fácil de transportar e inócuo), com muitas cores e ilustrações, um dado gigante e o tamanho ideal para montar numa sala de aula de 1º Ciclo. O tradicional jogo de casas numeradas, onde cada equipa, através do lançamento do dado, vai calhar numa casa à sorte onde terá que ultrapassar uma determinada prova em que a prevenção e arte são linhas orientadoras. As provas das casas nume-radas consistem em situações quotidianas da vida da criança, como utente da via pública, e revestem-se de uma forma artística pluridisciplinar: provas de dan-ça; de voz; de movimento corporal; de improvisação; expressão plástica; manipulação de objetos… Esta foi a escolha do Teatro das Beiras e da Quarta Parede, pois a brincadeira e o jogo são atividades inatas na criança, são a forma mais simples e imediata de ope-rar no seu mundo, de o apreender e compreender. O jogo pedagógico, aliado a uma competição saudável,

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA

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potencia todas as capacidades cognitivas da crian-ça, facilitando o processo de ensino-aprendizagem. Além do mais, o facto deste jogo se basear em ati-vidades do tipo artístico, apresenta-se como uma mais valia para as crianças que o irão jogar, uma vez que se encontram na faixa etária dos 6 aos 10 anos, na faixa da inteligência simbólica. Segundo Piaget, as crianças adquirem a capacidade de substituir um objeto ou um acontecimento por uma representação. Aquela é a idade ideal para os iniciar nas áreas ar-tísticas, na perceção dos sinais (de trânsito), onde o símbolo adquire a sua expressão máxima. O espaço do jogo é composto por 4 partes distintas: um per-curso a pé (peão), de casa até à paragem do autocarro; o 2º percurso numa viagem (passageiro) da paragem do autocarro até à escola; o 3º percurso (condutor) da escola ao parque, em bicicleta. Cada percurso é composto por 9 casas, perfazendo um total de 27 casas. Para finalizar, o jogador, no 4º e último per-curso, irá testar os conhecimentos adquiridos, numa maquete, de uma cidade, onde irá manipular os peões e veículos respeitando as regras e sinais de trânsito, não descurando os comportamentos de civismo bem destacados no decorrer do jogo.Como se pode ver, tudo isto só seria possível fazer com o empenho e o profissionalismo de pessoas da área da representação e com a formação necessária para o fazer com crianças. Por isso mesmo o Projeto vive através desta coprodução de duas companhias de teatro da região.

Entre os concelhos de Gavião, Mação, Castelo Branco, Fundão, Covilhã e Guarda, no total estarão envolvi-dos 252 alunos. No final deste projeto, como espera ver estes jovens? Qual o melhor feedback que pode-ria ter? Para nós, SCUTVIAS, o melhor feedback seria estas crianças interiorizarem as Boas Práticas que executaram no jogo e que as venham a reproduzir, melhorando-as, durante o percurso da sua vida, assim como, falarem delas ao maior número de pessoas, em casa, aos amigos, na escola…

A Scutvias sempre primou a sua atenção por uma especial atenção ao público mais jovem, tal como de-monstra este Projeto SEGURARTE. Até ao momento atual, que balanço é possível fazer desta iniciativa? O que foi permitido concretizar e o que falta concluir?Nos seis anos, em que a SCUTVIAS realizou a ativi-dade (de 2008 a 2010 e de 2013 a 2015), abrangemos cerca de 1500 crianças. Deslocámo-nos às escolas do Ensino Básico do 1º Ciclo nos Concelhos de Abrantes, Mação, Gavião, C. Branco, Fundão, Covi-lhã, Belmonte, Seia, Sabugal e Guarda, pertencentes aos Distritos de Santarém, Portalegre, C. Branco e Guarda. Fizemos muito, mas temos sempre a sen-sação e convicção que temos ainda muito para fazer nesta área da Segurança Rodoviária, sobretudo com as crianças que estão sempre disponíveis e ávidas por

aprender. O Projeto SEGURARTE, pela sua confi-guração e o tema que aborda será sempre atual. Caso a legislação se venha a alterar numa ou noutra situ-ação mais específica, também o jogo se adapta e se atualiza. Todos os anos há novas crianças a frequen-tarem o ensino e nunca é demais repetir.

De acordo com um alerta deixado recentemente pela Prevenção Rodoviária Portuguesa, o uso de novas tecnologias está a matar mais nas estradas. Neste projeto, têm também procurado focar este ponto? É necessário que, desde muito novos, se tenha consci-ência de que aliar o uso de tecnologias ao ato de con-dução traz consequências?Neste Projeto são abordados os sentidos, com des-taque para o de audição (telemóveis, walkmans). Fa-lar do uso de tecnologias, no processo de condução, requer muita reflexão e também algum cuidado. Se falarmos do uso do telemóvel, os walkmans (mp3) ou passagem de imagens num visor interno de um automóvel entendemos que possam ser fatores de distração e conduzir a acidentes. Mas, ao falarmos de tecnologia no geral, sabemos que bem pensada e aplicada é uma mais valia, exemplo disso: assistência inteligente de velocidade (ISA), a travagem de emer-gência autónoma (AEB) e os sistemas de aviso de falta de cinto de segurança são alguns exemplos, já estão disponíveis no mercado e o seu uso pode ajudar e até minimizar a sinistralidade rodoviária. Também a tecnologia utilizada, em plena via e em túneis, nos sistemas de iluminação e informação são muito úteis, como são exemplo os sistemas de semáforos ou de leds dentro de túneis, painéis de mensagem variável, sistema de megafonia, entre outros. Por estas razões focamos neste Projeto os dois lados da tecnologia, o que pode determinar comportamentos inseguros do condutor e o que pode proteger o condutor, às vezes de si próprio e dos seus próprios comportamentos em condução.Na verdade é necessário que desde muito novos se tome consciência das consequências do uso das tec-nologias na condução. Não esqueçamos que também as tecnologias estão cada vez mais ao dispôr dos mais novos. Por isso é muito necessário.

Numa política de orientação para as necessidades do utente, para o futuro, qual continuará a ser a estratégia da Scutvias – Autoestradas da Beira In-terior? Que objetivos pretendem ver brevemente concretizados?A SCUTVIAS continuará a apostar na inovação e na tecnologia, em todo o seu sistema de vigilância instalado nos 178 Kms, incluindo túneis, da área Concessionada por contrato com o Estado Por-tuguês, de Abrantes à cidade da Guarda. Mas não chega vigiar melhor e por isso continuaremos a me-lhorar também as condições de circulação na auto-estrada, através de uma manutenção cada vez mais eficiente e que proporcione melhores pavimentos, melhor sinalização vertical, mais segurança na cir-culação dentro dos túneis, entre outros… Quanto à sinistralidade rodoviária, que não descuramos, te-mos consciência que é um fenómeno físico e social, das sociedades desenvolvidas e em desenvolvimen-to, com fortes implicações políticas, económicas e sociais. Considerando tratar-se de um problema de Saúde Pública, classificado como tal pela Organi-zação Mundial de Saúde (OMS, 2004), em virtude de resultar da ação humana, torna-se necessário corrigir atos humanos que dão origem a tão grave flagelo, mesmo sabendo que o sistema rodoviário é um sistema complexo, que funciona pela interação contínua e entrelaçada de múltiplos fatores hete-rogéneos. Continuaremos por isso a desenvolver atividades de sensibilização e prevenção nas cama-das mais jovens. Prevenção, prevenção e prevenção. Prevenir significa antever, prepararmo-nos para possíveis riscos, daí o nosso público preferencial serem as camadas mais jovens, pois as crianças e jovens também eles estão em formação, também eles estão a preparar-se para a vida e serão os nossos futuros utentes.

Com a época de Natal a chegar, as preocupações re-lativamente à segurança rodoviária aumentam. Que mensagem deve ser deixada para diminuir a sinistra-lidade nas estradas portuguesas?Sejamos ou não crentes do que o Natal representa, estejamos ou não em deslocação para junto da fa-mília, devemos, todos nós, promover uma condução mais segura, sem ingestão de álcool, uma velocida-de mais adequada e manobras mais bem avaliadas. Uma certeza temos, na quadra natalícia, assim como na passagem do ano, o número de veículos a circu-lar é muito maior, aliado à euforia que representa a época, a probabilidade de ocorrer um conflito rodo-viário é maior. Um outro conselho que gostaríamos de deixar a todos os pais, encarregados de educa-ção e condutores: “ A criança não é um adulto em miniatura, a criança confia nos adultos, cabe-nos a todos nós adultos protegê-la, e a melhor forma de o fazer é ter comportamentos de segurança, dando o exemplo, e explicando, de forma calma, o porquê da adoção desses comportamentos”.

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GESTÃO DE FROTAS

Com o objetivo de promover uma gestão de recursos mais eficiente e aumentar a produtividade e os resultados das empresas, a Escrita Digital desenvolveu as aplicações XRP, “vocacionadas para a gestão de processos de negócio nas organizações”. Quem o diz é Tomé Gil, CEO da empresa, que, em entrevista à Revista Pontos de Vista, falou de um modo mais específico sobre a gestão de frotas.

UMA EMPRESA qUE NASCEU para promover a evolução empresarial

Através da sua experiência e missão, a equipa da Escrita Digital assume o compromisso de desenvolver estra-tégias para melhorar a presença das empresas na Internet, gerir a carteira de clientes e aumentar a produtivi-dade. De que modo cumprem estes objetivos?A Escrita Digital nasceu para colocar as empresas e organizações na inter-net. O primeiro produto que desen-volvemos, o ed-Portal é um gestor de sites e, com ele, asseguramos a gestão de alguns sites de empresas de refe-rência. Com o objetivo de crescermos, desenvolvemos as aplicações XRP, vocacionadas para a gestão de proces-sos de negócio nas organizações.

Na prática, em que consiste exata-mente estas aplicações xRP? Em que áreas são aplicáveis?As aplicações XPR estão divididas em dois grupos: as dedicadas ao de-senvolvimento dos recursos humanos (XRP |Avaliação de Desempenho; Gestão por Competências, Gestão da Formação, Recrutamento, entre ou-tras) e as dedicadas à gestão de frotas.No âmbito das aplicações direciona-das para a gestão de frotas, que ser-viços fazem parte desta ferramenta? A aplicação XRP |Gestão de Frotas assegura a gestão operacional da frota: controlo de custos, contratos, seguros, sinistros, multas, cartões de combustí-vel, vias verdes e todo o processamen-to contabilístico associado.A XRP |Pool assegura a gestão em car-sharing.A XRP |Gestão de Oficina assegura a gestão de oficinas internas.

Afirmam que estas ferramentas be-neficiam as empresas no contexto operante e económico e, até, o pró-prio ambiente. Em termos práticos, que mais-valias efetivas trazem es-tas aplicações?As mais-valias sentem-se na redução de custos e aumento de produtivi-dade, quer por eliminação direta de custos, quer pela eliminação de tarefas sem valor acrescentado. Os conduto-res passam a ter conhecimento dos custos da viatura e dos consumos (em comparação com a média dos cole-gas), levando a uma condução mais cuidada com benefícios no custo por quilómetro. Destacamos também que

os clientes com frotas maiores conse-guem apurar o TCO real das viaturas (fornecido pela aplicação e resultado da utilização diária), que nem sempre coincide com o anunciado. Este dado permite-lhes orientar as próximas compras para veículos com TCO´s reais mais baixos.Destacamos ainda o módulo de utili-zação partilhada que, ao permitir uma maior utilização dos veículos, permite uma diminuição de custos significati-va, especialmente em locais com boa concentração de viaturas.

A utilização destes instrumentos de trabalho é fácil e intuitiva, sendo des-necessário recorrer a formações. De que forma esta é uma questão impor-tante para as empresas?Se as ferramentas forem de utilização complexa, criam dificuldades no tra-balho diário, aumentam os custos de formação e dificilmente cumprem os objetivos que levaram à sua compra. Hoje, nas empresas, todos temos pou-co tempo.Também para nós é importante que as nossas ferramentas sejam fáceis e intuitivas de usar, pois só assim con-seguimos aumentar a produtividade quer do desenvolvimento, quer no apoio a clientes.

De que modo a Escrita Digital con-tinuará a desenvolver métodos que melhor permitam a evolução empre-sarial de um modo geral e, nomea-damente, no contexto da gestão de frotas?É a nossa missão. Sabemos que os clientes só continuam a confiar em nós e nos nossos produtos se os con-tinuarmos a desenvolver, melhorando funcionalidades atuais ou dotando--os das funcionalidades necessárias à contínua evolução da sociedade e dos processos de negócio.Por exemplo, este ano, ao escutarmos os nossos clientes, percebemos que alguns tinham equipamentos com necessidades de manutenção e inspe-ção, em tudo semelhantes a veículos, e que era importante que a aplicação de gestão de frota permitisse essa gestão de forma tão fácil e intuitiva como para veículos. Lançámos assim um conjunto de funcionalidades para a incorporação deste tipo de equipa-mentos na aplicação, o que até nos

permitiu alargar o mercado potencial da aplicação.Outra área em que procurámos res-ponder foi em disponibilizar algumas das funcionalidades das aplicações nos telemóveis. Cada vez mais, os utiliza-dores precisam de agir no momento e em qualquer dispositivo. Por isso, lan-çámos este mês a aplicação Android e nos próximos meses lançaremos as versões iOS e Windows Phone.Finalmente, sentimos que a utilização partilhada de viaturas vai crescendo, mas, para que resulte, é necessário ter processos simples para controlar os danos (não se pode entregar um veí-culo a um utilizador que não esteja a funcionar corretamente), para registar o levantamento e a devolução de via-turas com os recursos de que dispõe e da forma que pretende. Também aqui melhorámos a nossa aplicação, introduzindo múltiplas formas de cada utilizador assinalar quando ini-

TomÉ GIl

cia e termina a utilização da viatura, comunicação dos Kms, danos e proce-dimentos a adotar nas situações ines-peradas, utilizando as potencialidades abertas pelos smartphones.

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Neste Natal, ofereça muito mais do que um presente, ofereça uma experiência única no DoubleTree by Hilton Lisbon – Fontana Park, o primeiro hotel da cadeia Hilton em Lisboa e também o primeiro ‘Design Hotel’ da cidade, com assinatura de Nini Andrade e Silva. Uma noite na fantástica Suite Fontana, uma experiência gastronómica japonesa no Restaurante Bonsai ou uma viagem pelos sabores portugueses no Restaurante Saldanha Mar. As possibilidades são infinitas e a escolha será sua. Para oferecer um Voucher DoubleTree by Hilton Lisbon – Fontana Park apenas terá que dirigir-se à receção do hotel e indicar qual o valor de carregamento pretendido para o cartão. Um presente perfeito para oferecer a amigos, familiares ou até colegas, e no qual está sempre incluída a oferta da imagem de marca do hotel, uma deliciosa Cookie com pepitas de chocolate

A Enor foi escolhida para integrar a reabilitação da Reitoria da Universidade do Porto, cuja intervenção iniciou em 2014 e terminou recentemente. A empresa de elevadores contribuiu para o projeto com a instalação de um equipamento de transporte vertical com capacidade para 13 pessoas e decoração única, de forma a poder ser integrado de uma forma harmoniosa naquele espaço de características singulares. Com vasta experiência no mercado da reabilitação e com soluções específicas para cada projeto, o desafio neste caso foi conseguir colocar um equipamento que, a nível de capacidade, pudesse responder da melhor forma à área disponível para o efeito, bem como utilizar uma solução muito eficiente do ponto de vista do consumo de energia. Recorde-se que, além desta obra, a Enor concluiu também o projeto no primeiro Hotel Geriátrico de Viana do Castelo, uma obra de reabilitação de um edifício do século XVIII.

enor esCoLHida Para reabiLitar reitoria da universidade do Porto

neste nataL, ofereça uma exPeriÊnCia no doubLetree bY HiLton Lisbon

merCado asiátiCo rendido aos vinHos de LisboaO mercado asiático está rendido à qualidade dos Vinhos de Lisboa, revelam os resultados do ‘Asia Wine Trophy 2015’, a mais importante competição do setor naquele continente. Dos 109 vinhos portugueses, e num total de 30 distinções – uma de Grande Ouro, 17 de Ouro e 12 de Prata –, Lisboa foi assim a região portuguesa mais medalhada. Com a distinção de Grande Ouro, o tinto ‘Opaco Red 2012’, da Casa Santos Lima, foi a estrela de Lisboa na competição asiática. Na lista dos produtores da Região que foram galardoados neste concurso estão ainda a DFJ Vinhos; a Quinta do Gradil; a Tapada das Gaeiras; a Adega Mãe; a Casa Agrícola das Mimosas; e a Sociedade Agrícola Quinta do Conde. Na edição de 2015 do Asia Wine Trophy 2015 foram avaliadas um total de 3900 amostras de vinhos provenientes de dezenas de países.Recorde-se que a Região Vitivinícola de Lisboa produz cerca de 100 milhões de litros de vinho por ano e exporta cerca de 65% dos vinhos que certifica, sendo o continente asiático um dos grandes destinos.

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