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1 PONTOS DE VISTA JAN. 2011 ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL PÚBLICO Descurar a importância da Enfermagem nos cuidados de saúde é negar uma evidência enorme e cometer um erro crasso”, garante ARCTEL - CPLP POR FILIPE BATISTA REABILITAÇÃO URBANA IMPERATIVO NO NOSSO PAIS JANEIRO ‘11 / EDIÇÃO 5 MARIA AUGUSTA DE SOUSA, BASTONÁRIA DA ORDEM DOS ENFERMEIROS

Revista Pontos de Vista Edição 5

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1 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

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Descurar a importância da Enfermagem nos cuidados de saúde é negar uma evidência enorme e cometer um erro crasso”, garante

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MARIA AUGUSTA DE SOUSA, BASTONÁRIA DA ORDEM DOS ENFERMEIROS

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ORDEM DOS ENFERMEIROS Enfermeiros que Futuro?

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proi-bida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autoriza-ção do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos con-teúdos, não são da responsabilidade do editor.

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Impressão Lisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, SA |Distribuição Nacional | Periodicidade Mensal - Distri-

buição Nacional gratuita com o Jornal Público

SSUMÁRIO

JANEIRO 2011EDIÇÃO Nº 5

4

Saúde Oral Direcção Geral de Saúde em destaque

9

Entrevista a JOÃO GOULÃO, IDTInstituto da Droga e da Toxicodependência, I.P.

23

Resort Monte Santo A melhor e única escolha para o Dia dos Namorados

24

Residências Montepio Qualidade no âmbito do sector da Terceira Idade

28

ARQUILEDA Marca da Iluminação LED

33

InternacionalizaçãoCasos de sucesso de entidades nacionais

42

OPINIÃO António Flores de Andrade, Presidente do Conselho Directivo doInCI RESPONSABILIDADE URBANA em destaque

49

43ª Edição da NauticampoNOVO CONCEITO A MESMA QUALIDADE

30

UNIVERSIDADE DOS AÇORESAvelino de Freitas de Meneses, Reitor, lembra a importância da ligação Universidade/Em-presas

40

Teresa Amador, Coordenadora do Legis-PALOPBase de Dados Jurídica Legis-PALOP já disponível

37

TÚLIO ARAÚJO, Sócio da Túlio M Araújo, Filipa Comibra & AssociadosCÓDIGO CONTRIBUTIVO

38

ARCTEL- CPLPUma plataforma para a Globalização

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4 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

SAÚDE ORAL

Revista Pontos de Vista - A introdução da iniciativa «Cheque-dentista» deu--se em 2008, com cerca

de um milhão de «Cheques-den-tista» já emitidos. Neste sentido e dois anos passados, qual o ba-lanço que se pode realizar desta iniciativa? Catarina Sena – O balanço é extre-mamente positivo, principalmente ao nível de cobertura e de abran-gência, que consideramos bastante satisfatórias, excepto na cobertura do grupo dos idosos beneficiários do complemento solidário. Ainda não estamos a conseguir fazer che-

gar a mensagem a este grupo par-ticularmente vulnerável. Estamos a tentar delinear novas estratégias para tornar o cheque mais acessível a estas pessoas. Realidade inver-sa verificamos nas grávidas e nas crianças, em que a cobertura, rela-tivamente a crianças com 7, 10 e 13 anos, é praticamente universal.

RPV – Acredita que o sucesso do «Cheque-dentista» passa pelo aproveitamento que foi realizado ao nível da rede existente, ao invés de se ter apostado na criação de raiz de uma rede? A aposta numa parceria entre o sector privado e

o sector público foi fundamental?CS – A lógica desta iniciativa teve por base a adesão do médico den-tista/médico estomatologista e não a adesão da clínica prestadora de cuidados. Os médicos aderen-tes, como sabemos, prestam nor-malmente cuidados de saúde oral em diversos locais. Desta forma potenciamos a nossa capacidade – a nossa rede de aderentes conta actualmente com 3668 profissio-nais de medicina dentária e 5778 locais dispersos por todo o país, o que significa uma cobertura de to-dos os concelhos, com consequente liberdade de escolha por parte dos

utentes. O utente pode optar pelo local onde pretende ser tratado e pelo profissional prestador de cui-dados entre os existentes na lista de médicos aderentes que pode ser consultada no site www.saudeoral.min-saude.pt.

RPV - No passado, a Saúde Oral foi quase considerada como o «pa-rente pobre» da Saúde Pública em Portugal, inúmeras vezes contem-plada de uma forma diminuída no Serviço Nacional de Saúde, uma vez que existem muitos hospitais onde não existe qualquer serviço de Estomatologia e, em outros,

A Revista Pontos de Vista conversou com a equipa da DGS – Direcção Geral de Saúde, onde foram reveladas as principais mais-valias do Pro-grama Nacional de Promoção da Saúde Oral e das diversas iniciativas, mais concretamente do «Cheque Dentista». Rui Calado, Coordenador do Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral, Catarina Sena, Subdirectora-Geral da Saúde, Margarida Jordão e Ana Margarida do Céu, respectivamente, Técnica Superior e Médica Dentista, ambas responsáveis pelo Sistema de Informação de Saúde Oral e Cristina Cádima, Mário Rui Araújo, ambos Higienistas Orais e Luciana Rio Branco, Médica Dentista, responsáveis pelos projectos de Saúde Oral de Prevenção Primária revelaram a importância que este dinamismo tem tido na melhoria da Saúde Oral dos portugueses.

“A SAÚDE ORAL NÃO PASSA SÓ PELO CHEQUE-DENTISTA”

Direcção Geral da Saúde em destaque

EQUIPA DA DGS

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5 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

ele existe, mas não é suficiente para as necessidades, assim como acontecia nos centros de saúde. Esta intervenção mais directa, dos «Cheques-dentista» vem permitir aos portugueses, nomeadamente aos mais desfavorecidos, efectuar as intervenções mais urgentes?Rui Calado – Gostava de reforçar que existe aqui uma vertente mais orientada para a promoção e pre-venção, que é bastante antiga na DGS e que tem vindo a ser traba-lhada sistemática e regularmente. Nos últimos anos assistimos a um certo abrandamento, pois direccio-namos a nossa atenção para outras áreas, também elas fundamentais. No entanto, neste momento, existe na DGS uma equipa suficientemen-te alargada e competente para no-vamente realizarmos um processo de desenvolvimento acentuado nestas matérias, pois entendemos que muitos dos problemas de saúde oral podem ser evitados – por isso esta aposta seguindo uma lógica de intervir para que esses problemas não aconteçam, oferecendo às pes-soas mecanismos que permitam a prevenção, como suplementos de flúor, formas de escovagem cor-recta, higiene oral, entre outros. O nosso objectivo é que as pessoas tenham bocas saudáveis e para que isso seja uma realidade é necessá-rio anteciparmos os procedimentos de intervenção e de prevenção para obter melhores resultados. Por isso não comungo dessa ideia de que a Saúde Oral é o “parente pobre” da Saúde em Portugal. Estou nesta área desde 1986 e os projectos fo-ram acontecendo mediante a nossa capacidade de os executar e não em função das ineficiência e lacunas do sistema, ou seja, se tivermos boas iniciativas e projectos que sejam uma mais-valia, haverá quem os aprecie e apoie.

RPV – Mas o facto deste projecto ter começado a dar os primeiros passos ao nível de cuidados de saúde primários em 2000 não representa uma ineficiência do sistema? Não estamos atrasados? RC - É necessário abordarmos es-tas temáticas de uma forma mais profunda. Em 1995, existia um número reduzido de profissionais de medicina dentária em Portu-gal. Foi necessário formá-los. Para que um projecto tenha sucesso, é necessário possuir recursos hu-manos qualificados e capacitados. Isso só foi uma realidade a partir de 2000. Hoje são mais de seis mil médicos dentistas no país. Houve um esforço enorme no domínio da formação para termos actualmente profissionais de medicina dentária

disponíveis – porque sem eles não há políticas de saúde que tenham êxito. Hoje podemos afirmar que temos profissionais de saúde em número suficiente para realizar um projecto que não abranja apenas a prevenção. Em dois anos emitimos, nos Cen-tros de Saúde, mais de um milhão de «Cheques-dentista», o que sig-nifica que convidamos, selectiva e objectivamente, cerca de 700 mil portugueses a «visitar» o dentista gratuitamente, integrados no Ser-viço Nacional de Saúde. Realizamos dois milhões e meio de tratamen-tos. Conseguimos colocar à disposi-ção da população portuguesa quase 3700 profissionais de medicina dentária sem despender de qual-quer recurso financeiro em infraes-truturas, apostando na maximiza-ção e rentabilidade das estruturas existentes e que o país possuía, sen-do uma prova cabal que demonstra que o sector público e privado não estão de costas voltadas. Não poderíamos apostar em criar uma rede de raiz quando temos consultórios equipados com tecno-logia de vanguarda e que estavam subaproveitados. Convidamos os médicos dentistas a rentabilizar os seus espaços e os seus materiais. Não foi necessário adquirir uma única cadeira para realizar cerca de dois milhões e meio de tratamentos aos utentes do SNS. Este é o gran-de segredo de toda esta estratégia. É uma estratégia acessível para o país em termos económicos e que rentabiliza os recursos existentes, sendo perfeitamente sustentável pelo SNS e tendo a mais-valia de oferecer uma resposta imediata às necessidades das pessoas. Se optás-semos por uma estrutura pesada e demasiado burocrática, com insta-lação de consultórios de medicina dentária nos Centros de Saúde, não teríamos tanto sucesso e seríamos acusados de desperdício de recur-sos.

RVP – A importância desta ini-ciativa é sem dúvida de louvar e os resultados alcançados são in-questionáveis. No entanto, ainda subsiste a ideia de que existem muitos consultórios que não re-únem as condições necessárias para «servir» com qualidade os utentes? Que comentário lhe me-rece esta dúvida? RC – É importante lembrar que não fazemos isto de ânimo leve, nem se-guindo lógicas facilitadoras. Quan-do admitimos os médicos aderentes para o grupo de pessoas que con-nosco colabora, estes profissionais têm de assumir um compromisso em que se responsabilizam por pos-

suir um consultório com determi-nadas condições de qualidade, exe-cutar práticas adequadas e a nunca estigmatizar os nossos utentes, que são tratados em situação de equida-de como outros utentes. Luciana Rio Branco – Demos iní-cio recentemente a um processo que se prende com a construção de um suporte documental e instru-mental para a prática das acções de vigilância higino-sanitária. Esse processo está sendo desenvolvido com base em legislação publicada há pouco tempo. As condições de licenciamento das clínicas e consul-tórios dentários foram modificadas, o que significa obrigatoriamente uma mudança na forma de efectuar a vigilância hígio-sanitária. Existem parâmetros que foram delineados, agora com força legal – de obrigato-riedade – que devem ser cumpridos por esse tipo de Unidades Privadas de Saúde. Isso não significa que até agora não tenha havido cumpri-mento dessas normas, mas antes que elas não se encontravam tão definidas.

RPV – Segundo alguns dados, no início de 2010 ainda existiam cer-ca de 400 mil portugueses sem médico de família. De que forma

é que estes valores podem fazer perigar o acesso ao «Cheque-den-tista»? RC – Nenhum utente do SNS fica-rá sem acesso ao Cheque-dentista pelo facto de não ter médico de fa-mília. Dou o exemplo das grávidas. Se alguma grávida não tiver médico de família pode chegar a um qual-quer Centro de Saúde e relatar essa mesma informação, sendo passado um cheque ao nível dos cuidados de saúde oral. Além disso, os Cen-tros de Saúde têm a obrigação de encontrar uma alternativa para que seja realizada a vigilância a esse público-alvo.

LER NA ÍNTEGRA EMWWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT

EQUIPA DA DGS

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6 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

Reputado profissional des-ta área, Fernando Almeida iniciou a sua actividade profissional em 1981, ten-

do a Clínica de Medicina Dentária dos Carvalhos sido edificada em 1989, mais concretamente há 21 anos, tendo surgido fruto da visão de um homem e profissional de medicina dentária que olha a saú-de oral dos seus utentes atendendo às suas necessidades e urgências tratando-os de uma forma persona-lizada, atenta e coerente, para que estes se sintam bem quando visi-tam alguém da sua confiança, o seu médico dentista. Profissional reconhecido e de enor-me prestígio, Fernando Almeida assume-se hoje, mais do que um médico dentista, como um gestor, apostando na qualidade dos seus serviços médicos e na fidelização dos utentes que, por esta ou aque-la razão, preferem entregar as suas necessidades orais a profissionais de qualidade ímpar. Neste senti-do, a Clínica de Medicina Dentária dos Carvalhos é hoje um espaço conhecido por todos, a nível local e nacional, pois antes de qualquer característica, a grande mais-valia passa por uma actuação extrema-mente profissional, pois além de possuir equipamentos de vanguar-

da, apresenta profissionais de enor-me gabarito e reconhecimento na praça pública, facto que permite ao cidadão comum ter uma enorme confiança nos mesmos. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Fernando Almeida, mentor, proprietário e profissional de me-dicina dentária revelou as princi-pais mais-valias do seu espaço, as dificuldades existentes nesta ver-tente da saúde em Portugal, sem esquecer que em 2011 irão surgir novos desafios, como a abertura de um novo espaço de medicina oral, alocado ao espaço actual, ou ainda a expansão da clínica localizada em Lisboa. Projectos ambiciosos e ou-sados, que fazem jus, sem sombra de dúvida, à velha máxima, «Inves-tir é em momentos de crise» e que demonstram que a Clínica de Medi-cina Dentária dos Carvalhos é hoje uma marca de enorme reconheci-mento.

Aposta na distinção

A distinção no tratamento dos uten-tes da Clínica de Medicina Dentá-ria dos Carvalhos é de facto uma realidade intrínseca e visível, onde cada utente é visto como “um ser humano”, afirma o nosso entrevis-tado, lembrando ainda que nenhum

profissional de saúde que se preze pode perder a noção do que repre-senta a medicina, ou seja, devem ser arredados desideratos economicis-tas para que “não se perca a dimen-são humana da verdadeira essência da medicina”, assegura o nosso in-terlocutor.Pensando nesta vertente humana e pela necessidade em incrementar a capacidade de resposta, o nosso entrevistado decidiu que este era o momento adequado para realizar uma aposta que, sendo ambicio-sa, é extremamente necessária, ou seja, aumentar o espaço da actual clínica. Neste sentido, foi adquirido um espaço contíguo ao actual, que além da importância orgânica que terá no futuro, apresenta ainda ca-racterísticas históricas, pois é um edifício que apresenta uma fachada datada do século XIX, recuperado agora e uma nova em betão bran-co para manter o realce do edifi-co antigo. “Estava fora de questão desperdiçar este espólio histórico e iremos conservar a mesma e irá ser integrada na união com a clini-ca actual”, explica satisfeito o nosso interlocutor. Neste sentido, a nova clínica terá cerca de 1500 metros quadrados de área destinados á prática da clínica dentária, estando apetrechada com

15 gabinetes, laboratório, auditório, entre outros espaços de relevo. Mas quais as razões que levaram a esta aposta num novo espaço? Segundo Fernando Almeida, esta necessidade surgiu da exiguidade do actual edifício face às exigências e necessidades, pois a Clínica de Medicina Dentária dos Carvalhos tem conhecido um incremento bas-tante acentuado de utentes, facto demonstrado e sustentado por um crescimento de cerca de 30 por cen-to ao ano. O antigo edifício, com três pisos, também será alvo de uma reformu-lação, facto que, aquando da união com o novo espaço, proporcionará na totalidade cerca de 2200 metros quadrados dedicados exclusiva-mente à prática da medicina dentá-ria. “Este projecto de reformulação do edifício actual surge por neces-sidade óbvias, ou seja, temos por exemplo umas escadas que, segun-do os normativos legais actuais, não são os mais adequados ao nível da acessibilidade. Esta aposta vem no sentido de melhorar as condições para receber os nossos utentes e para que os nossos profissionais tenham ainda melhores condições de trabalho”, afirma o nosso inter-locutor, lembrando que a lotação deste espaço está completa. “Temos

Onde o utente é visto como um amigo, é desta forma que ficamos a conhecer a Clínica de Medicina Dentária dos Carvalhos que ao longo da sua existência tem percorrido um trajecto de seriedade, transparência, rigor e profissionalismo para que os seus utentes saibam que podem confiar a sua saúde oral nestes profissionais e saibam cada vez mais cuidar de si.

DISTINÇÃO COMO MARCA DO SUCESSO

Clínica de Medicina Dentária dos Carvalhos

SAÚDE ORAL

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7 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

conhecido um desenvolvimento bastante elevado e actualmente possuímos dez equipamentos em pleno funcionamento, de segunda a domingo, feriados inclusive, das 9 às 22 horas”.

Investir em momentos de crise

Num momento de crise e recessão económica, o mais natural é apos-tar na contenção dos custos e dos investimentos, realidade sobre a qual Fernando Almeida não acredi-ta. “Creio que os melhores momen-tos para se investir devem ser estes. Até porque, estamos a dar um sinal claro à sociedade de que estamos com uma boa «saúde» financei-ra e que propiciamos serviços de saúde oral de qualidade”, assevera, lembrando que as existe um núme-ro elevado de clinicas congéneres que, nos últimos tempos, cerraram portas porque não apostaram na modernização e na inovação. “Isso está a acontecer com bastante fre-quência no nosso país. Nós preten-demos inverter esse cenário e por isso apostamos no efeito de atrac-ção positiva, valores controlados e qualidade máxima de um corpo de profissionais de excelência que é o que possuímos nas duas clínicas, no Porto e em Lisboa, que em 2011 também ser alvo de uma reformula-ção e expansão”. Profissional reconhecido e de cré-ditos firmados, Fernando Almeida apoia e congratula-se pelo facto do actual Executivo governativo estar a apoiar afincadamente a vertente da saúde oral, através da inclusão do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral ou através da medida

do «Cheque Dentista», iniciativa à qual a Clínica de Medicina Dentária dos Carvalhos também aderiu. “Na-turalmente que são medidas im-portantes e relevantes no apoio aos mais carenciados e necessitados, embora não compreenda algumas críticas realizadas por alguns pro-fissionais de medicina dentária que criticam esta medida. Não podemos ter a veleidade de achar que só vive-mos com a classe média/média alta. Todos fazemos parte da sociedade e àqueles que não poder ter cuidados de saúde oral devemos proporcio-nar medidas que os auxiliem a tal acto”, assume o nosso interlocutor, lembrando que na Clínica de Me-dicina Dentária dos Carvalhos, os utentes providos do «Cheque Den-tista» são poucos, não tendo um impacto significativo no volume de facturação da clínica, que é actual-mente cerca de 2,5 milhões anuais. A terminar, o nosso entrevistado lembrou que o projecto da nova clinica e a reformulação do espaço actual, bem como do espaço loca-lizado em Lisboa são as principais prioridades para 2011, lembrando que o principal factor que tem leva-do ao sucesso da Clínica de Medici-na Dentária dos Carvalhos “são os nossos profissionais, a quem lhes é incutido, desde a sua entrada, um espírito assente na dedicação e em dar o máximo pelos utentes, rea-lidade que se reflecte numa mairo agregação e atracção por parte dos novos utentes, pois sabem que aqui, são tratados por profissionais de qualidade e com condições de ex-celência”, conclui o nosso entrevis-tado.

DISTINÇÃO COMO MARCA DO SUCESSO

“Esta aposta vem no sentido de melhorar as condi-ções para receber os nossos utentes e para que os nossos profissionais tenham ainda melhores condi-ções de trabalho”

Fernando Almeida

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8 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

As doenças orais, como a cárie dentária e as doen-ças periodontais, são um sério problema de saúde

pública, uma vez que afectam gran-de parte da população, influenciam os seus níveis de saúde, de bem--estar, de qualidade de vida e são vulneráveis a estratégias de inter-venção conhecidas e comprovada-mente eficientes.Para combater esta problemática e, sobretudo, permitir o acesso a tratamento dos mais necessitados, surgiu o Programa Nacional de Pro-moção da Saúde Oral, que está in-cluído no Plano Nacional de Saúde 2004-2010. Dentro deste programa surgiu em 2008 a iniciativa “Che-ques-Dentista”, que disponibilizou a milhares de mulheres grávidas e idosos com menores rendimentos três cheques no valor de 120 euros, para os primeiros, e 80 euros por ano, para os segundos.O quadro conceptual do progra-ma corresponde a uma estratégia global de intervenção assente na promoção da saúde e na prevenção primária e secundária da cárie den-tária. Este processo tem permitido prestar cuidados médico-dentários a grupos de crianças escolarizadas integradas em programa de saú-de oral e que desenvolveram cárie dentária; a mulheres grávidas em vigilância pré-natal no Serviço Na-cional de Saúde (SNS) e a pessoas

idosas beneficiários do comple-mento solidário que sejam utentes do Serviço Nacional de Saúde.“Os resultados obtidos até agora pelo programa são excelentes, quer no envolvimento conseguido pelo número de pessoas que participa-ram, já ultrapassa tudo o que no passado foi efectuado pelo Serviço Nacional de Saúde junto da popu-lação”, afirmou Paulo Melo, secre-tário-geral da Ordem dos Médicos Dentistas, que no entanto lamenta que o programa não esteja a ter tanto sucesso junto dos idosos: “O programa tem vários grupos alvo, tendo começado com as mulheres grávidas e idosos que beneficiam do complemento solidário. É pre-cisamente neste segundo grupo que nos debatemos com a proble-mática da aderência, porque ainda há alguma dificuldade em chegar junto destas pessoas, que são uma população que apresenta bastante carência a nível de tratamentos de saúde oral e reabilitação”.No sentido de combater esta pro-blemática, Paulo Melo adianta que a Ordem “está a desenvolver um conjunto de estratégias, juntamente com a Direcção Geral de Saúde para que a informação chegue a este grupo da população de uma forma mais efectiva e eficaz”. Paulo Melo salientou ainda que as dificuldades em chegar aos seniores “está rela-cionado muitas vezes com a falta

de autonomia destas pessoas, que necessitam sempre de apoio para chegar aos consultórios. Neste sen-tido queremos chegar aos médicos de família, para que sejam estes a passar a mensagem directamente, quer aos idosos, quer às próprias famílias que assumem também um papel preponderante no combate a esta problemática”. Por outro lado, no segmento das mulheres grávidas seguidas no Ser-viço Nacional de Saúde a taxa de co-bertura ascendeu já a 43 por cento do total previsto, sendo que mais de 92 mil mulheres usufruíram da possibilidade de fazerem tratamen-tos nos estomatologistas e médicos dentistas que assinaram protocolo com o Ministério da Saúde. “Neste grupo a adesão tem sido bastante boa, o que nos deixa satisfeitos com o trabalho desenvolvido embora, também aqui é possível fazer mais”, considera Paulo Melo.No grupo das crianças e jovens (com 7, 10 e 13 anos e que frequentam escolas públicas e instituições de solidariedade social), a adesão foi significativa, com mais de 627 mil dos 900 mil beneficiários previstos a receberem os cheques. O segredo deste sucesso está relacionado com o facto de os vales serem neste caso distribuídos directamente nas es-colas e não nos centros de saúde. A partir deste ano lectivo passaram a ser disponibilizadas também bolsas

de saúde oral nas escolas, contendo escovas e pastas de dentes, em mais uma medida no sentido de aumen-tar ainda mais a taxa de sucesso do programa junto das crianças.“Este é um grupo que estrategica-mente, deve, pode e tem que ser trabalhado, porque as crianças re-presentam o futuro e se forem bem educadas do ponto de vista da saú-de oral e acompanhadas nas suas necessidades de tratamento mais facilmente podem, no futuro, dar seguimento ao trabalho desenvol-vido nas primeiras idades”. Paulo Melo defende esta premissa por considerar que “se a criança e ado-lescente perceber que tem maior qualidade de vida se mantiver cui-dada a sua saúde oral, vai no futuro transmitir esta ideia à sua família, contribuindo para um futuro me-lhor neste âmbito”.Mais recentemente foram também abrangidas pessoas portadoras do VIH, mas o Ministério da Saúde já avisou que não está previsto o alar-gamento do programa para outros grupos. “Esta fase começou recen-temente e tem já vários pacientes atendidos, a principal dificuldade apresentada é gerir a confidenciali-dade, mas a Direcção Geral de Saú-de está a ter um extremo cuidado nesta gestão e este aspecto irá ficar sempre salvaguardado”.

A distribuição de cheques-dentista a grupos de maior risco de desen-volverem problemas de saúde oral permitiu o acesso a tratamentos dentários a quase 737 mil portugueses e um total de 2,5 milhões de tratamentos dentários. Os dados referem-se ao balanço dos últimos três anos do Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral apre-sentado esta mês pela Ministra da Saúde, Ana Jorge. A Pontos de Vis-ta entrevistou Paulo Melo, Secretário-Geral da Ordem dos Médicos Dentistas, que faz um balanço positivo do programa e lança as bases a trabalhar no futuro.

PROGRAMA É UM SUCESSO, MAS PODEMOS FAZER MAIS

Ordem dos Médicos Dentistas – Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral

LER NA ÍNTEGRA EMWWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT

Paulo Melo, Secretário-Geral da Ordem dos Médicos Dentistas

SAÚDE ORAL

Page 9: Revista Pontos de Vista Edição 5

9 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

É legítimo afirmar que a toxicodependência tem perdido lugar na agenda política e mediática? Que

justificação encontra para este facto, sabendo que a saúde um é direito básico e as consequências desta problemática serem tão transversais aos diferentes secto-res da sociedade?Não sendo, obviamente, um pro-blema resolvido, são inegáveis os progressos alcançados; existe ac-tualmente um consenso bastante alargado sobre as políticas prosse-guidas, reforçado pelo seu enorme reconhecimento internacional. Nor-

malmente, em Portugal, só o que corre mal é puxado para o topo da agenda mediática… Contudo, diria que há consciência, nomeadamente por parte do Go-verno, de que a conjuntura social e económica actual é predisponente a um recrudescimento do fenómeno, e que seria muito perigoso desin-vestir de forma significativa nesta área.

As principais orientações para o Plano de Acção contra as Drogas e a Toxicodependência - Horizon-te 2008 foram estabelecidas pelo Plano Nacional contra a Droga e a Toxicodependência 2005-2012, em consonância com a Estratégia da União Europeia de Luta Contra a Droga e respectivo Plano de Ac-ção para 2005-2008. Quais são os principais desideratos deste mo-delo e de que forma têm sido os mesmos concretizados?O Plano Nacional deu a sequência lógica à Estratégia de 1999, com as inflexões necessárias ao acom-panhamento da evolução do fenó-meno; o consumo de drogas deixou de ser apanágio das camadas mais desorganizadas e marginalizadas da sociedade; passou a haver uma preponderância dos consumos as-sociados a contextos de diversão, e um aumento do policonsumo. Es-tabeleceu novos princípios, como o da Territorialidade, a Centralidade no Cidadão, a Integração das Res-postas e a Melhoria da Qualidade, passando pela Certificação. Os Pla-nos de Acção que o operacionali-zam (Horizonte 2008 e 2009-2012) assentam num equilíbrio entre a Redução da Oferta e a Redução da Procura e estabelecem objectivos, responsabilizando as entidades executoras. De uma forma geral, têm excelentes níveis de execução.

Actualmente quais são os núme-ros associados ao consumo de substâncias viciantes em Por-tugal? Qual a situação do nosso país, comparativamente a outros congéneres europeus? Portugal sempre esteve abaixo da média europeia, no que diz respei-to à prevalência de consumos em

geral; a nossa situação tornou-se dramática quando esses consumos eram, na sua maioria, passíveis de ser considerados problemáticos (por via injectável ou preenchendo critérios diagnósticos de depen-dência), o que já não acontece actu-almente.

Pelas percentagens de diferentes relatórios existentes, os jovens parecem insensíveis às mensa-gens e consequências das novas e diferentes drogas - das estimulan-tes às psicadélicas... Uma geração perdida ou ainda passível de re-cuperação?Pelo contrário, os jovens estão cada vez mais informados e usam menos substâncias ilícitas; o grande de-safio, actualmente e entre os mais jovens, tem a ver com o uso nocivo do álcool.

O consumo de drogas é hoje um flagelo relevante na sociedade portuguesa, contudo, começam a existir dados concretos que per-petuam o consumo desregrado de álcool, principalmente nas faixas etárias mais jovens, como o pró-ximo tormento em Portugal. Que medidas devem ser colocadas em prática para combater este pro-

blema? O tema do álcool foi recentemente incluído no mandato do IDT; já foi aprovado um Plano Nacional para os Problemas Ligados ao Álcool que está em execução, contando com contributos de variados parceiros, incluindo os ligados à produção e distribuição de bebidas contendo álcool. Contamos que seja possível estancar a tendência de subida des-tes problemas, sendo fundamen-tal alterar a enorme complacência existente na nossa sociedade (no-meadamente entre Pais e educa-dores) face aos abusos cometidos pelos jovens. Entre estes, é necessá-rio trabalhar para mudar a “moda”; complementarmente, poderá ser necessário produzir legislação que dê um sinal claro de desaprovação social desses consumos.

Quais as principais prioridades e desafios do IDT para o futuro?Aperfeiçoar e aumentar cada vez mais a eficiência e eficácia das res-postas nas diversas áreas de inter-venção; diria que as questões do abuso do álcool, no contexto cul-tural português, são actualmente o nosso grande desafio.

O consumo de drogas e outras substâncias não é, ainda um problema completamente re-solvido em Portugal, embora seja legitimo afirmar que nos últimos anos foram dados passos firmes e sustentados, através de políti-cas contínuas e direccionadas. O IDT assume-se como o «bastião» nesta «luta», promovendo inicia-tivas e medidas essenciais. A Re-vista Pontos de Vista conversou com João Goulão, Presidente do Conselho Directivo do IDT - In-stituto da Droga e da Toxicode-pendência, I.P. que nos deu a con-hecer o panorama do consumo de drogas em Portugal.

“SERIA MUITO PERIGOSO DESINVESTIR NESTA ÁREA”

Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P.

DEPENDÊNCIAS

LER NA ÍNTEGRA EMWWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT

João Goulão

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10 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

A filosofia da Casa Monte da Lua acredita no suges-tionando e direccionan-do do cliente para que o

próprio possa então percorrer o seu caminho, com liberdade de de-cisão e responsabilidade pelas suas acções, para que o paciente se sinta em casa no Monte da Lua e que gos-te da sua passagem pelo respectivo programa de tratamento. Aqui nada é deixado ao acaso, mesmo a loca-lização da Casa Monte da Lua, que situada em São Pedro de Sintra, em Sintra, beneficia de uma envolvente geográfica, paisagística, histórica e cultural de uma vila pertencente ao património mundial, quase que adaptado ao ambiente que se pre-tende na Casa Monte da Lua.Além das diferenças sentidas aquando do primeiro impacto, pois existe o cuidado para tornar o es-paço da Casa Monte da Lua, como algo bastante aproximado a uma habitação comum a cada um de nós, é importante referir o projec-to Sober House, que promove uma proposta terapêutica na área da prevenção, tratamento e reinserção social para pacientes com proble-mas de Dependência Química e/ou Alcoolismo, e na generalidade das perturbações da Personalidade Aditiva como o Jogo Patológico, as Desordens de Comportamento Ali-mentar, as Compras Compulsivas, entre outros. O projecto Sober House tem como objectivo principal o de propor-cionar um espaço devidamente es-truturado e supervisionado, com a devida segurança e suporte neces-sários a todos os clientes que ver-dadeiramente procuram um novo modo de vida e um compromisso de manutenção da recuperação a longo prazo.

Com capacidade máxima de resi-dentes internos de dez camas, a Casa Monte da Lua tem como parti-cularidade e filosofia não trabalhar com mais do que cinco pacientes de cada vez. “Colocamos forte enfâse no aconselhamento individual pro-porcionando uma atenção e cuida-dos especiais que por vezes não são possíveis de providenciar com gru-pos mais numerosos. Acreditamos que o tratamento eficaz é aquele que vai ao encontro das necessi-dades de cada indivíduo, como tal não temos um programa, pois este é feito individualmente para cada um dos nossos clientes”, explica, em entrevista à Revista Pontos de Vista, José Pedro Vieira, Director Executi-vo da Casa Monte da Lua.

Modelo assente num regime aberto

Com uma vasta experiência e cur-rículo, o nosso entrevistado tem conhecimento das vicissitudes des-te trabalho, sempre envolvido com sentimentos e questões pessoais e sociais que levam o paciente, inú-meras vezes a não reconhecer o pro-blema. Uma das principais caracte-rísticas do consumo de substâncias deste género passa pela possibili-dade de recaídas, principalmente nos primeiros 12 a 18 meses depois de realizado o tratamento. Assim, se em Portugal existe um número as-sinalável de entidades preparadas para responder a estes pacientes numa fase de tratamento primário, ou seja, o modelo básico existente a nível nacional, pós desintoxicação, existia também uma enorme lacu-na no apoio ao trabalho designado secundário, promovendo assim a reinserção na vida social. A solução é dada pela Casa Monte da Lua, que

potencia um modelo próximo com a vida real, promovendo uma rede de suporte com o paciente indivi-dualmente, “diminuindo o nível de dificuldades que eventualmente o paciente recuperado possa ter no seu contacto com a comunidade”, explica, lembrando as diferenças óbvias relativamente a outros es-paços de tratamento e recuperação. “Este modelo adoptado assume-se como um regime aberto, onde a pessoa tem um constante contacto com o exterior, dando-lhe um senti-mento de segurança e confiança no mesmo”.

“O IDT foi bastante receptivo”

Tudo o que é novo ou diferente in-voca sempre nas pessoas um certo cepticismo e descrença, algo que, segundo José Pedro Vieira, a Casa do Monte da Lua não foi alheia, princi-palmente quando assistimos a um modelo de tratamento e recupera-ção que tem na liberdade de cada um a sua essência. “Isso acontece frequentemente, principalmente por parte das famílias e de outros

profissionais. Acreditamos piamen-te neste modelo. Se as pessoas real-mente pretenderem recuperar não necessitam de estar trancadas 24 horas. Sentimos que os modelos ac-tuais estão ultrapassados”, advoga, asseverando no entanto que pela liberdade e autonomia existente na Casa Monte da Lua, “se acharmos que o paciente não tem a mínima motivação e o equilíbrio necessário para se recuperar, não arriscamos e é enviado para um regime mais fechado”, afirma, lembrando que a Casa Monte da Lua possui parcerias com clinicas e centros de tratamen-to, através de programas de 28 dias para a desintoxicação e estabiliza-ção da pessoa. “No final desse perí-odo transita para as nossas instala-ções”.De salientar ainda que, apesar da suspeição relativamente ao méto-do e sucesso deste modelo, a Casa Monte da Lua teve no IDT – Insti-tuto da Droga e da Toxicodepen-dência, IP um importante parceiro. “Foram bastante receptivos e abra-çaram imediatamente este modelo, facilitando o processo, pois os mes-

Projecto único e pioneiro em Portugal, A Casa Monte da Lua surgiu há cerca de três anos, tendo aportado um modelo vanguardista e inovador, denominado por Sober House, através de uma proposta terapêutica na área da prevenção, tratamento e reinserção social destinado a pa-cientes com problemas díspares, sendo actualmente um modelo de actuação bastante reconhecido a nível internacional, mas que em Portugal ainda evidencia algum cepticismo, mentalidade que pode mudar depois de conhecermos as mais-valias deste espaço.

PARA QUEM PROCURA UM NOVO MODO DE VIDA

A Casa Monte da Lua – Sober House

DEPENDÊNCIAS

José Pedro Vieira

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mos identificaram as mais-valias deste processo e na necessidade de continuar a trabalhar a prevenção”.

Taxas de recuperação de 90 por cento

Com uma equipa de profissionais credenciados na vertente do alco-olismo e dependência química, to-dos os pacientes passam por uma minuciosa avaliação antes da sua admissão na Casa Monte da Lua, sendo que as palavras-chaves para esse ingresso passa pela motiva-ção e vontade de mudança, entre outros aspectos. “Após as devidas avaliações, o plano de tratamento é concebido prevendo um mínimo de 12 semanas, e pode ir até as 24 semanas, consoante o perfil do pa-ciente e das suas necessidades, bem como a evolução em tratamento. Numa fase posterior, o paciente po-derá frequentar os grupos terapêu-ticos, sessões de acompanhamento individual para manutenção da sua recuperação e prevenção da recaída ou curtas estadias de internamen-to com programas especificamente pré-definidos”, afirma José Pedro Vieira.Manter as pessoas ocupadas é tam-bém uma forma de tratamento e

auxílio, sendo que na Casa Monte da Lua esta é uma das principais ca-racterísticas de quem escolhe este espaço para se reabilitar. Assim, do processo terapêutico fazem parte diversas actividades como sessões de Yoga, Medicina e Massagem Ayurvédica, “diferentes actividades terapêuticas lúdicas para além das administradas por uma equipa de-vidamente certificada e qualificada, nomeadamente Palestras, Psicote-rapia Individual e de Grupo, Sessões de Arte Terapia e Músico Terapia”Com taxas de recuperação a rondar os 90 por cento, contrastando com o trabalho dos centros de recu-peração, que não deixando de ser meritório, aporta taxas de retoma na ordem dos 40 por cento, segun-do o nosso interlocutor, as famílias são pilares fundamentais para que o utente consiga alcançar os seus objectivos, embora estas, em alguns casos, também necessitem de orien-tação. “Actualmente temos cada vez mais famílias disfuncionais, e por vezes estas representam até um facto de desequilíbrio nos próprios pacientes, embora saibamos que pretendem o melhor para o seu fa-miliar. Assim, prestamos um apoio de aconselhamento e orientação às mesmas, porque sem as famílias,

o nosso trabalho é drasticamente mais difícil”. A terminar, o nosso entrevistado revelou que as principais priorida-des de futuro passam pro continuar a divulgar a Casa Monte da Lua e o conceito Sober House, bem como continuar a desenvolver um pro-grama ao nível ambulatório para outros públicos e incrementar a ligação com as empresas, no senti-do de auxiliar os funcionários que infelizmente enveredaram por este caminho. “Desejamos continuar a evoluir, com novos métodos, novos

modelos e para isso temos de estar atentos às mudanças sociais que vão ocorrendo para podermos dar uma resposta capaz a quem nos procura. Desejo que no futuro deixemos de ser os únicos a apostar no modelo Sober House e novos players sur-jam com capacidade para efectuar um trabalho meritório e de enorme relevância para a sociedade portu-gues0a”, conclui José Pedro Vieira, Director Executivo da Casa Monte da Lua.

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É assim a «cegadora», seja qual for a dependência, nunca o admitimos, e portanto é vital que os que mais nos rodeiam nos auxiliem nesse mo-mento de dar o passo, aquele passo que nos permitira viver a vida de uma forma positiva e desprovida de qualquer elemento viciante e pro-fundamente danoso e nocivo para o nosso corpo, para a nossa sanidade. Felizmente que actualmente a oferta no sentido de promover a reabilitação e a recuperação é hoje superior, existindo portanto um conjunto de players especializados nesta dinâmica, actuando de uma forma concreta e direccionada, em prol de todos aqueles que, por esta ou aquela razão, escolherem um ca-minho infeliz para continuar com o resto das suas vidas. Conversamos com Luís Sottomayor, Administrador do R12 – Centro de Recuperação de Doenças de Adic-ção, Lda, que edificado em 1996, tem vindo a perpetuar um trabalho cujo desiderato passa pelo trata-mento de indivíduos com doenças de adicção, nomeadamente alcoo-lismo, toxicodependência e farma-codependência. Localizado nos arredores de Ovar, na Reserva Natural de S. Jacinto, entre a ria, os extensos pinhais e o mar, uma zona que se distingue pelo ambiente calmo, pela plena harmonia com a natureza, o nosso entrevistado deu-nos a conhecer o actual panorama da vertente das dependências, a forma como pode-mos reduzir este nefasto problema, sem esquecer que o papel das famí-lias na reabilitação do individuo.

Satisfeito com o trababalho realiza-do ao longo destes 14 anos, uma das principais mais-valias do R12 passa pela abordagem multidisciplinar realizada através da qualidade e profissionalismo dos técnicos do R12, que “são, sem qualquer dúvi-da, a nossa grande mais-valias”, ex-plica o nosso interlocutor. Com capacidade para receber 22 pacientes, para possibilitar um tra-tamento efectivamente persona-lizado, o R12 – Centro de Recupe-ração de Doenças de Adicção, Lda é reconhecido pela metodologia imposta, denominada por Modelo Minessota, que se tem notabilizado pelos excelentes resultados obti-dos, tendo sido implementado, pela primeira vez, no serviço de Psiquia-tria do Hospital Estatal de Wilmar, no estado do Minnesota, nos E.U.A., pelo Dr. Dan Anderson, no final dos anos 40 e que permite, entre outros factores positivos, apostar numa grande flexibilidade e numa abor-dagem multidisciplinar, permitindo a combinação entre diversas técni-cas de intervenção, mais concreta-mente a Terapia Cognitiva-Compor-tamental. Segundo o nosso interlocutor, é im-portante “olharmos para esta pro-blemática como uma doença pri-mária, ou seja, o R12 evoluiu para uma abordagem global que trata todo o género de doenças, em que dividimos em dois módulos distin-tos: a dependência de substâncias, heroína, álcool, cocaína, cannabis, entre outros, e uma dependência de comportamentos, propícios ao nível do jogo, sexo, depressões, en-

tre outros”, explica Luís Sottomayor, lembrando que simultaneamente e porque actualmente é muito recor-rente existirem pacientes que, além de possuírem o problema da de-pendência, “sofrem também de pa-tologias do foro psiquiátrico como esquizofrenia, bipolaridade, entre outros”.Ao contrário do expectável e co-mum, segundo o nosso entrevista-do, o primeiro passo para ser inicia-do o tratamento não tem de partir do reconhecimento por parte do paciente da sua doença e dependên-cia. “Discordo dessa dinâmica e da nossa experiência, cerca de 90 por cento das pessoas que recebemos, fazem-no forçados pela família, pela profissão, por questões sociais, entre outros. São condicionalismos exteriores que pressionam a pessoa a tratar-se. Um das principais ca-racterísticas desta doença é levar as pessoas a acreditar que conseguem controlar o vício e a dependência. Nada mais errado, pois as pessoas dependentes criaram hábitos de consumo e não conseguem sair des-se círculo vicioso sem ajuda”, asse-gura convicto, esclarecendo que o

papel das famílias é “fundamental, bem como da própria sociedade em reconhecer e detectar estes indiví-duos e encaminha-los para centros de tratamento adequados”.

<ENT>Taxas de sucesso positivasExistem dois vocábulos que carac-terizam a forma como os residentes são tratados no R12: dignidade e respeito, assente numa filosofia de tratamento desenvolvido no sen-tido de utilizar tudo o que se co-nhece para auxiliar dependentes químicos, nomeadamente, através da combinação de técnicas pro-fissionais especializadas com as experiencias recolhidas junto dos grupos de auto-apoio. “No processo de admissão do doente é recolhida toda a informação sobre o seu pas-sado clínico, onde se incluem a ver-tente psicológica, legal e de uso de substâncias químicas. O processo de desintoxicação começa no pri-meiro dia, que varia dependendo dos tipos de químicos consumidos, onde é elaborado o programa de medicação, entre outras técnicas. A nossa forma de estar não passa pela confrontação directa com os nossos

A expressão mais comum passa pela interrogativa exclamativa: «Agarrado?!Eu?!», que serve apenas como primeiro impacto da realidade sentida, mas dificilmente reconhecida por quem não se permite vislumbrar o problema e o efeito maléfico que aporta à sua vida e à daqueles que o rodeiam o uso de substâncias químicas.

ONDE RECUPERAR É POSSÍVEL

DEPENDÊNCIAS

R12 – Centro de Recuperação de Doenças de Adicção, Lda

“salvar pessoas que vivem vidas desestruturadas e ajudá-las a encontrar uma forma de viver que lhes permita ser felizes’’

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pacientes, mas pela compreensão e por sensibilizar essas pessoas a perceberem o seu problema, levan-do-as a olhar para o seu interior e para o seu problema. É desta forma que temos alcançado taxas de su-cesso ao nível de recuperação de cerca de 67 por cento, nos últimos dois anos, o que nos deixa extrema-mente satisfeitos”.

<ENT>Plano Terapêutico completoMunido de um plano terapêutico individualizado e determinado à medida que a equipa do R12 moni-toriza em pormenor os progressos de cada residente, o tratamento pri-mária tem a duração de 12 e 14 se-manas, sendo que a após essa fase de transição, “que nem todos ade-rem, ou porque não o pretendem ou porque não querem”, existe ainda uma fase que vai até 12 meses, “em que os pacientes são «obrigados» a visitarem-nos, nos primeiros três meses, todas as semanas, nos três meses seguintes, com um hiato de duas semanas, e nos três meses fi-nais, uma vez por mês. É um plano de cuidados continuados, com o ob-jectivo de ajudar o ex-residente no regresso a casa e na integração na comunidade”. Assegurando que no futuro o R12 continuará a promover a sua fun-ção, ou seja, aquilo que é a razão da sua existência, “salvar pessoas que vivem vidas desestruturadas e ajudá-las a encontrar uma forma de viver que lhes permita ser felizes. Além disso, pretendemos continuar a investir no desenvolvimento de abordagens que sirvam os interes-ses dos nossos pacientes, buscando soluções que permitam metodolo-gias eficazes, tendo sempre como orientação o respeito pelos direitos humanos de cada pessoa que nos procura”, conclui o nosso interlocu-tor.

Luís Sottomayor

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Em que moldes é que se ba-seia o Programa Terapêu-tico da Associação Minha Casa e de que forma tem

aportado uma taxa de sucesso e recuperação eficaz? Que géneros de instrumentos terapêuticos são utilizados no auxílio dos pacien-tes? Na Comunidade Terapêutica da Associação Minha Casa, prestar ajuda significa permitir aos utentes sentirem-se mas tranquilos con-sigo próprios, modificar os seus comportamentos na linha de uma melhor adaptação. Onde a reabili-tação significa tratar o indivíduo na sua totalidade; orgânica, psíquica e socialmente. As curas de desintoxi-cação continuaram a ser inúteis se não forem acompanhadas da ne-cessidade de compreender profun-damente a problemática. Um dos primeiros aspectos do tratamento consiste na exploração que o utente faz em torno dos diferentes aspec-tos do seu problema, deslocar a sua atenção para torno de si próprio:A pessoa centra-se na necessidade de sentir que o seu crescimento pessoal está sobre o seu controlo, sentir-se unificado e esclarecido in-teriormente, assim com esclarecer os seus objectivos e afins. Progres-sivamente consegue o equilibro à medida que o processo continua. Este tipo de abordagem garante uma percentagem elevada de suces-

so. Os instrumentos Terapêuticos passam por reuniões que têm ob-jectivos diferentes, dependendo do ciclo de actividades e das necessi-dades imediatas do grupo: reuniões de organização e avaliação; grupos de evolução; de responsabilidades; grupos de encontro; grupos Psico-terapêuticos.Actividade de grupo - a varieda-de das actividades dependerá em grande parte das motivações e especialidades dos elementos po-dendo ser; ateliês de carpintaria, serralharia, artesanato, expressão artística, jardinagem. Formação profissional - pretende-mos implementar um conjunto de acções de intervenção educativa, tendo em vista prevenir o fenóme-no de marginalização e de exclusão social.Actividades desportivas - são acti-vidades que convidam os utentes a apreciar a prática desportiva como uma competição saudável e aprazí-vel; Natação, futebol, pesca, ténis, etc.Actividades de lazer - o funciona-mento da comunidade terapêutica nem sempre é pautado pelo ritmo de actividades estruturadas e obri-gatórias, existem outras de carácter mais lúdico e recreativo. Que vai desde os tempos livres, a dinâmicas de animação.

Terminado o processo de trata-

mento e consequente recuperação do paciente, qual o acompanha-mento que a Associação Minha Casa perpetua na vertente da in-tegração do individuo na socieda-de? Pretende-se desenvolver um pro-jecto de reinserção dinâmico e flexí-vel adequado às necessidades diag-nosticadas em que as várias acções propostas se devem articular entre si, a filosofia deste projecto reside na convicção da eficácia dos resul-tados do programa terapêutico. A reinserção comporta, indubitavel-mente, repensar todo o processo de recuperação, mas pensá-lo como um todo e não só como uma supos-ta etapa final estanque. No fundo, a pessoa tem de saber utilizar a sua carga afectiva, moral, física e social para se afirmar como elemento vá-lido no interior da sociedade, orga-nizando-se e encetando projectos viáveis.

Qual a importância da família na recuperação do paciente? O reco-nhecimento do problema por par-te do paciente é o primeiro passo para a recuperação total? Tendo consciência das dificuldades e adversidades que a toxicodepen-dência e todos os problemas que lhe estão associados causam, cabe--nos, a todos, promover um esforço contínuo na procura das melhores soluções, com o envolvimento per-

A Associação Minha Casa – Comunidade Terapêutica é um projecto abraçado por muitos desde a sua génese em 1996, que nunca mais parou de conquistar os seus objectivos e metas o que têm mantido de pé a sua missão e sobretudo, o têm tornado realidade, tendo como objectivo principal, ir às raízes de muitos conceitos e valores que facilitem uma mudança completa e acentuada do indivíduo como ser humano, moti-vando homens e mulheres a “caminhar suavemente pela vida, gerando uma revolução silenciosa à medida que o fazem”. A REVISTA Pontos de Vista conversou com Sandra Tello, Directora da Associação Minha Casa que nos deu a conhecer este espaço de ímpar importância.

“CAMINHAR SUAVEMENTE PELA VIDA”

manente de todos os intervenien-tes. É fundamental a aproximação e a intervenção da família ao longo do processo terapêutico, pois a experi-ência partilhada permite o fortale-cimento e consolidação do próprio processo. A intervenção da família condiciona o sucesso do tratamento é a própria motivação do toxicode-pendente para resolver o seu pro-blema. Assim, são organizadas pe-riodicamente as “ portas abertas”, dia de reunião com a equipa técnica e as famílias, num espaço de par-tilha e onde se apontam formas e estratégias para melhorar as redes de comunicação, dotar a família de competências que favoreçam o pro-cesso de reabilitação/ reinserção da pessoa, motivar a família para que se envolva e responsabilize no processo de reabilitação. Da mesma forma que constituem ocasiões fun-damentais para avançar uma rela-ção de confiança entre o terapeuta, a família e o toxicodependente.

Quais as principais prioridades da Associação Minha Casa para o futuro? As prioridades da Associação cen-trar-se-ão nas necessidades de in-tensificar, ampliar e diversificar as acções orientadas para prevenção, promoção da saúde, formação pro-fissional e reinserção social.

LER NA ÍNTEGRA EMWWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT

DEPENDÊNCIAS

Associação Minha Casa - Espaço único

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Quando foi edificada a Clínica Senhor da Serra e de que forma proporciona cuidados de saúde diferenciados e apropriados ao utente?Carlos Alcântara (CA) - Desde a sua fundação em 1962, a CSS congre-gou sócios e colaboradores, pres-tigiados psiquiatras, enfermeiros e profissionais de saúde de reconhe-cida competência no meio. A estri-ta observância da satisfação dos padrões de qualidade previamente definidos faz com que a CSS pos-sua uma estrutura multidisciplinar (Médicos, equipa de Enfermagem, Serviços Farmacêuticos e Serviços de Psicologia Clínica), composta por profissionais com elevada com-petência, vocacionados e orienta-dos para prestar cuidados de saúde diferenciados, com eficiência e qua-lidade, de forma a servir melhor o utente através de um acompanha-mento personalizado desde o seu primeiro contacto no tratamento ao acompanhamento em ambulatório e pós alta.

Que tipo de tratamentos existem na área das dependências na CSS?CA - A CSS possui um programa de desintoxicação de dependência de álcool e drogas com a duração de 5 a 7 dias em regime de internamen-to. Este programa permite efectuar uma desintoxicação física indolor baseada no método tradicional por via medicamentosa. Após a conclu-são deste processo. O utente, está fisicamente liberto da substância consumida, e preparado para ini-ciar a recuperação/reabilitação a nível bio-psico-social. Após esta fase, o utente, com base num pare-cer médico, poderá ser encaminha-do para um tratamento de média ou longa duração noutra institui-ção (comunidade terapêutica) ou

seguido em regime de ambulatório pelos técnicos da Clínica em horá-rio pós-laboral. A crescente vonta-de manifestada pelos utentes, em continuar o tratamento na Clínica Senhor da Serra, pelo conforto das instalações, pelo profissionalismo dos técnicos e pela falta de tempo para programas de longa duração, levou a CSS, conjuntamente com Domingos Neto, a desenvolver um programa de internamento psico-terapêutico de álcool e drogas que fosse ao encontro das necessidades manifestadas. Assim, foi desenvol-vido o Programa de Desabituação/Reabilitação de Dependência de Ál-cool e Drogas que permite conciliar, no mesmo tratamento, a desintoxi-cação física e a reabilitação Psico--social, através de uma intervenção intensiva num período aproximado entre 21 a 28 dias.

Como se realiza o tratamento de toxicodependência e ou alcoolis-mo na CSS?Domingos Neto - O modelo tera-pêutico do tratamento é uma adap-tação do Modelo Minnesota que inclui psicoterapia emocional. Este pretende criar um novo projecto de vida, feliz e saudável, com abstinên-cia total de dependências e recurso a movimentos de auto-ajuda. O tra-tamento funciona de acordo com três áreas de intervenção:Área médica, em que os profissio-nais médicos se ocupam do trata-mento medicamentoso e da desin-toxicação física do álcool e drogas. Netse caso, os médicos estão em presença por um período adequa-do durante cinco ou seis dias por semana, ficando em regime de con-tacto nos intervalos; Área de enfer-magem, com uma equipa de serviço 24 horas por dia; Área Psicossocial que se ocupa das actividades tera-

Para quem tem um problema com drogas e/ou álcool, apresentamos de se-guida a Clínica Senhor da Serra, uma unidade privada de saúde de referência no país, quer pela eficiência e eficácia da utilização dos recursos, quer pela qualidade técnica e humana dos seus profissionais. A Revista Pontos de Vista conversou com Carlos Alcântara, Administrador da Clínica Senhor da Serra (CSS) e com Domingos Neto, Coordenador do Programa Desabituação/Rea-bilitação de Dependência de Álcool e Drogas da CSS, que nos apresentaram as mais-valias deste espaço bem como dos tratamentos e procedimentos efectu-ados no tratamento de reabilitação de comportamentos aditivos.

Clínica Senhor da Serra em destaque

pêuticas do internamento nomea-damente na realização e orientação dos grupos terapêuticos, psicotera-pia emocional de grupo, palestras educativas, leituras e trabalhos te-rapêuticos, conferências e sessões de informação com famílias e ses-sões de relaxamento. O programa prevê também o acompanhamento e transporte às reuniões de alcoó-licos e narcóticos anónimos. Após o período de internamento o per-curso terapêutico tem continuidade

através do Programa de Prevenção de Recaídas, com uma duração mí-nima de seis meses, podendo ir até dois anos. Esta fase do tratamento pretende dar continuidade e con-sistência ao trabalho de recupera-ção iniciado no internamento em ambiente de dia a dia, através de um acompanhamento em consultas regulares, grupos pós alta, grupos de auto-ajuda e toma medicamen-tosa com supervisão.

DEPENDÊNCIAS

UM FIM, UM RECOMEÇO…

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A política da Saúde que a nossa lei decreta de acordo com o princípio constitucional obriga o Estado a promover e garantir o acesso de todos os cidadãos aos cuidados de saúde, concebendo um serviço universal, geral e tendencialmente gratuito.A Enfermagem e os seus profissio-nais olham as pessoas como seres totais, indivíduos que possuem família, cultura, um passado, pre-sente e futuro, bem como valores e crenças que influenciam nas expe-riências de saúde e doença, sendo portanto um pilar fundamental na prossecução de cuidados de saúde de qualidade. A Revista Pontos de Vista conver-sou com a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Maria Augusta de Sou-sa, que num estilo directo e frontal, abordou os mais diversos temas inerentes à profissão do enfermei-ro, dando a conhecer as principais dificuldades com que estes profis-sionais se deparam em Portugal, tendo sempre como elo central do seu discurso a importância do en-fermeiro no domínio dos cuidados de saúde, lembrando que o futuro próximo augura-se repleto de vi-cissitudes e desafios aos quais os enfermeiros saberão dar resposta. “De facto, estou convicta que é nes-ta turbulência das dificuldades que se geram oportunidades e temos de ser capazes de encontrar formas de oferecer respostas eficazes. Acre-dito que os enfermeiros serão ca-pazes de o fazer”, afirma convicta a

nossa entrevistada. Criada em 1998, a Ordem dos En-fermeiros (OE) tem como principal desígnio a promoção de cuidados de Enfermagem de qualidade, e por essa razão visa garantir a regula-mentação e desenvolvimento da profissão, no respeito pelos princí-pios da ética e deontologia profis-sional. Neste sentido, a forma como a OE intervém, no domínio da qua-lidade dos cuidados de saúde, im-plica, obrigatoriamente, condições nos serviços onde os enfermeiros desenvolvem a sua actividade que garantam o respeito da dignidade profissional e da qualidade dos cui-dados.

Condições melhoraram, mas…

A questão que se coloca está em compreender se essas condições existem actualmente para que os profissionais de Enfermagem pos-sam promover práticas profissio-nais de qualidade em prol dos cida-dãos. Segundo a Bastonária da OE, é justo e meritório reconhecer-se uma clara e substancial evolução ao nível das condições das diversas unidades de saúde, embora ainda haja um longo caminho a percorrer, principalmente em determinados «nichos» do sistema de saúde que têm sido remetidos para segundo plano na organização/estrutura do SNS (Serviço Nacional de Saúde) e que apresentam carências e lacunas bastante graves. “De facto, existem disparidades em determinados

serviços de saúde, principalmente no âmbito da distribuição dos re-cursos disponíveis. Isto leva a que nem sempre estejam asseguradas as condições necessárias para ga-rantir cuidados de saúde providos de segurança, continuidade e qua-lidade”, assegura Maria Augusta de Sousa. Esta é uma das principais preocupações no seio da OE. “Inter-vimos continua e seriamente pelo acompanhamento do exercício pro-fissional juntos dos profissionais de Enfermagem e de quem tem a responsabilidade no domínio da or-ganização da saúde”, afirma, dando a conhecer um dado relevante, ou seja, com a intervenção e a dinâ-mica da OE nestes assuntos, temos assistido a uma melhoria significa-tiva em algumas situações menos positivas.

“Em saúde o que não se despende hoje, gasta-se a

dobrar no futuro”

Em 1998, estavam inscritos na Ordem dos Enfermeiros cerca de 34.600 enfermeiros, número que aumentou exponencialmente, ron-dando actualmente os cerca de 60 mil. Apesar de ainda estarmos num estado longínquo do ideal ao nível do número de enfermeiros existen-tes no país, comparativamente com outros países congéneres europeus, é legítimo afirmar que nesta última década “tivemos um boom da ofer-ta formativa, facto que culminou numa evolução positiva do número

de enfermeiros existentes”. Apesar de tudo, o documento que aborda a temática dos recursos humanos de saúde para o Plano Nacional de Saúde 2011/2016 identifica cla-ramente o número de enfermeiros necessários para colmatar as lacu-nas existentes. O cenário é portanto de escassez ao nível de enfermeiros e de desequilíbrio na dotação dos recursos humanos necessários e assim “possuímos um conjunto de necessidades que continuam a não ser abrangidas ou são mesmo mal cobertas”. O cenário atrás descrito pode ser comprovado através do sistema, em termos hospitalares, de identificação das horas necessárias de cuidados da autoria da Adminis-tração Central dos Sistemas de Saú-de, onde é identificado uma escas-sez de cerca de 3 mil enfermeiros. Paralelamente, a reforma efectuada nos Cuidados de Saúde Primários “veio tornar evidente o que todos sabíamos, ou seja, uma carência enorme ao nível dos recursos hu-manos nestas áreas”. “Isso é o para-digma evidente do desinvestimento que está a ser perpetuado na saúde em Portugal. Se não invertermos esse cenário, existem indicadores de saúde a nível do país, classifica-dos a nível internacional, que sofre-rão uma diminuição da qualidade”, explica a nossa entrevistada. Sabendo desta escassez de meios humanos, como se explica o facto de actualmente um número eleva-do de enfermeiros se encontrar no desemprego? Para Maria Augusta

É incontornável. Quando abordamos a temática do estado do sector dos enfermeiros temos necessariamente que fazer um ligeiro périplo sobre o estado da saúde em Portugal, até porque esta deve ser não apenas uma reflexão política, mas também uma meditação de todos para todos, para que as actuais e as futuras gerações possam ter direito a um sistema de saúde mais eficaz, justo e humano, onde os enfermeiros têm e terão um papel fundamental.

“ACREDITO NO VALOR DOS ENFERMEIROS”

Maria Augusta de Sousa, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, afirma

ENFERMEIROS – QUE FUTURO

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de Sousa, esta incoerência apenas se explica pela ausência de uma es-tratégia para a saúde e por medidas meramente baseadas em situações e leituras economicistas. “Nada mais errado”, advoga, “porque em saúde o que não se despende hoje, gasta-se a dobrar no futuro. A po-pulação actual, fruto do desenvolvi-mento científico e tecnológico, en-contra-se mais propensa a doenças crónicas, facto que obriga à existên-cia de cuidados de suporte perma-nentes e isso envolve um número e distribuição de recursos radical-mente distinto do actual. Isto leva--nos à estupefacção quando assisti-mos a enfermeiros em situação de desemprego e em constantes mu-danças, pois não existe actualmente uma estratégia de fixação nem uma distribuição equitativa pelo país de acordo com as reais necessidades dos cidadãos”.

Reforçar o que tem vindo a evoluir

Então que medidas são necessárias tomar no sentido do enfermeiro se perfilar como um «pivot» na gestão e no encaminhamento para outros profissionais nas situações que ul-trapassem as suas competências? “É necessário continuar a reforçar o que tem vindo a evoluir nos últimos tempos, sendo exemplo claro desse desenvolvimento o serviço denomi-nado por «Saúde 24». É uma res-posta positiva, em que são os enfer-meiros que assumem essa resposta ao cidadão e o encaminham, depois de avaliado o problema. Além dis-so, “temos dezenas de enfermeiros que realizam o acompanhamento sistemático de utentes acamados em suas casas, onde é possível esta-belecer um plano terapêutico tanto para os cuidadores como para as pessoas que necessitam desses cui-dados”, garante a nossa interlocuto-ra, assegurando que a existência de um plano concertado e estratégico permitiria outra vertente essencial. “Não faz sentido «obrigar» as pes-soas portadoras de, por exemplo, doenças crónicas, a deslocar-se às consultas médicas apenas para re-novar uma receita médica, porque quem avalia os efeitos do medica-mento é o enfermeiro. É possível, no futuro, melhorarmos a acessibilida-de e o conforto tanto do profissio-nal de saúde, neste caso o enfermei-ro, como da pessoa cuidada”, afirma a Bastonária da OE.

Cuidados de saúde são cuidados médicos? “Não”

O reconhecimento dos enfermeiros

assume-se, para a nossa entrevis-tada, como uma questão sensível e de contornos relacionados com mudanças culturais no nosso país, embora jamais se imagine a prática de cuidados de saúde sem a existên-cia de enfermeiros, realidade devi-damente comprovada pelo facto de estarmos perante o grupo maio-ritariamente presente no Sistema Nacional de Saúde e, em termos in-ternacionais, segundo indicadores da OMS, representarem cerca de 80 por cento dos profissionais de saúde. O «cerne da questão» passa por, inúmeras vezes, tanto no nosso país como em outros, relacionar-mos cuidados de saúde a cuidados médicos, sendo portanto usual ou-virmos regularmente notícias que abordam a escassez de médicos em Portugal, lamento que raramente se ouve relativamente a tantos outros profissionais de saúde. “É portan-to este discurso fácil, na medida em que entendemos a saúde como ausência de doença, que conduz ao «alimentar» desta cultura que desvaloriza, sob o ponto de vista social, o reconhecimento que é fei-to. Descurar a importância da En-fermagem nos cuidados de saúde é negar uma evidência enorme. Isto só acontece porque esta cultura é direccionada para as vertentes da consulta, transplantes, cirurgias, entre outros, e todos sabemos que o volume dos cuidados de saúde não passa apenas por estas questões. Continua a existir uma cultura, hoje em menor evidência, fortemente «médico-cêntrica», sendo obrigató-rio passarmos para outro patamar e dar o devido reconhecimento aos diversos prestadores de saúde”, lembra a nossa entrevistada.

“É possível poupar na área da saúde”

A distribuição dos enfermeiros em Portugal ainda é algo desequilibra-da, sendo necessário criar condi-ções para que esta problemática seja colmatada. Em conjunto com o Ministério da Saúde, a OE elabo-rou um documento orientador na vertente do cálculo das dotações necessárias dos enfermeiros no âmbito da tipologia dos serviços “Este documento está finalizado, do ponto de vista técnico e estamos a aguardar o aval da Ministra da Saú-de, Ana Jorge, para promovermos a sua divulgação e distribuição”, refe-re a nossa interlocutora.Questionámos Maria Augusta de Sousa sobre se este documento se-ria a solução que falta? “É apenas um instrumento, embora seja uma

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18 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

ferramenta importante para termos uma visão do mapa de Portugal e assim termos uma perspectiva de consenso sobre o que deve ser feito ao nível da distribuição equitativa dos recursos humanos, neste caso dos enfermeiros”, explica. Criticado por uns, elogiado por ou-tros, o papel do Ministério da Saúde não tem sido pacífico. Acreditamos que o Ministério da Saúde não tem tido a força suficiente junto do Mi-nistério das Finanças para se impor e criar condições para a existência de mais recursos na área da saúde. Um Governo não pode «olhar» para a vertente da saúde como olha para um serviço meramente administra-tivo, pois isso significa que não está a pensar no desenvolvimento social e do próprio país, porque quanto mais pessoas doentes tivermos, menos o país se pode desenvolver. Não podemos pactuar com a lógica de «cortes cegos» que atingem o co-ração do que garante o suporte dos cuidados de saúde e isso é gravís--simo para a saúde dos cidadãos”. Ainda neste âmbito, a Bastonária da OE lembra momentos em que quando foram promovidas medidas drásticas na área da saúde, “na fase seguinte foram criadas medidas excepcionais, o que ficou mais dis-pendioso. Cortes financeiros sim, mas com um critério definido, até porque é possível poupar na área da saúde, embora estes cortes não devam ser apenas à custa dos enfer-meiros”.

Modelo de Desenvolvimento Profissional

Uma das primeiras discussões des-de a génese da OE passou pela orga-nização e estruturação do Modelo de Desenvolvimento Profissional dos enfermeiros, principalmente no domínio de como se efectuava a transição da formação académi-ca para a responsabilidade profis-sional, nunca colocando em causa a qualidade da formação de cada recém-licenciado. “A Ordem dos En-fermeiros atribui dois títulos profis-sionais – Enfermeiro e Enfermeiro Especialista numa área clínica. O que queremos é que no futuro estes sejam atribuídos com base num sis-tema de certificação de competên-cias que e não apenas na formação graduada e pós-graduada. Ser por-tador de um título profissional é ser responsável, perante os cidadãos, pelas decisões que toma, com auto-nomia, no que aos cuidados de en-fermagem, gerais e especializados diz respeito. É por isso que defen-demos a necessidade de um sistema que permita mais segurança”.

O actual modelo “permite que um jovem que termina a sua formação num dia possa estar sozinho no dia seguinte a tomar todas as decisões que decorrem das necessidades em cuidados de Enfermagem. Estes têm uma envolvente cada vez mais complexa e fazem apelo ao conhe-cimento, mas também à segurança da sua aplicação em situações di-versificadas que se alicerçam no desenvolvimento das competências profissionais”.Segundo Maria Augusta de Sousa, o novo modelo implica, no período de um ano, o exercício da activida-de profissional obrigatoriamente tutelada por um supervisor clínico. “Desta forma, o jovem enfermeiro pode consolidar as suas compe-tências ao nível da prestação dos cuidados. Terminado esse período e avaliado positivamente, ser-lhe-á atribuído o título de Enfermeiro.

“Acredito no valor dos enfermeiros”

2011 afigura-se como um ano difícil e repleto de vicissitudes, em todos os quadrantes da vida social e eco-nómica portuguesa, facto a que a Enfermagem não é alheia.Assim, interessa referir dois gran-des desideratos desta entidade, pois é necessário que os enfermei-ros sejam agentes activos “no que entendemos que deve ser o com-promisso para a saúde dos cida-dãos. Sobre este tema, a OE iniciará brevemente um trabalho com agen-tes sociais distintos, para criarmos plataformas e bases sustentadas para promovermos um papel acti-vo dos enfermeiros no domínio da saúde, pois esta questão reporta a um patamar macro que a OE deve desenvolver”, refere a nossa inter-locutora. A desmotivação, as contrariedades e as dificuldades que os enfermei-ros enfrentam resultam também do contexto onde estão inseridos, embora a Bastonária da OE assegu-re que é necessário contrariar esse sentimento de desilusão e frustra-ção. “Sei que não é uma tarefa fácil, mas acredito no valor dos enfermei-ros para fazer face a esses desafios, mesmo com a desigualdade de tra-tamento diariamente sentida, onde há um sentimento de que a desvalo-rização de uns é feita pela valoriza-ção de outros. Estou absolutamente convicta que os enfermeiros serão capazes de encontrar respostas para que os cuidados de saúde se-jam de qualidade, em prol de todos os cidadãos”, conclui a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Maria Augusta de Sousa.

A saúde é o bem mais precioso para qualquer ser humano. A

prestação de cuidados de saúde envolve a participação de diversos profissionais, destacando-se os en-fermeiros pela presença e proximi-dade ao longo de todo o ciclo vital das pessoas. Em Portugal, os enfermeiros são o único grupo profissional que as pessoas encontram disponível em qualquer ponto de contacto com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) — nos centros de saúde, hospitais, Cui-dados Continuados Integrados e na Emergência Pré-hospitalar — mas também nas empresas, nas escolas, no domicílio dos que necessitam.Os cuidados de Enfermagem cons-tituem a centralidade na gestão dos processos de saúde / doença que todos vivenciamos. No entanto, pela sua natureza, nem sempre são valorizados na exacta dimensão do seu contributo para os resultados em saúde, nem pela sua importân-cia para a melhoria do estado de saúde das pessoas. O próprio finan-ciamento dos cuidados não reflecte esse real contributo. Hoje, há evidência disponível para afirmar que é possível prestar cui-dados de saúde mais custo-efectivos em Portugal, se forem aproveitadas todas as competências detidas pe-los enfermeiros. Este pressuposto atinge particular importância nos Cuidados de Saúde Primários. Aliás, estamos convictos que a sustenta-bilidade do SNS dependerá, deci-

sivamente, da aposta determinada nesta área de prestação de cuida-dos e na potenciação dos cuidados de Enfermagem. Actualmente, o SNS está fortemente manietado e condicionado por uma oferta medicalizada e centrada nos hospitais que urge modificar. O SNS necessita de centrar a sua oferta na promoção da saúde e na prevenção da doença, em contraponto com o que acontece hoje, em que a oferta se centra na resposta à doença. É, justamente, nesta ruptura para-digmática do SNS que os enfermei-ros e os cuidados de Enfermagem assumirão um papel decisivo na construção de respostas que se ade-qúem às necessidades de saúde das pessoas, próximas dos seus contex-tos de vida. Estamos em crer que a adequada valorização dos cuidados de Enfermagem acrescentará valor ao SNS, contribuindo para a sua sustentabilidade e, tão importante quanto isso, melhorará a qualida-de de vida dos portugueses. Assim haja vontade e coragem política para concretizar este desiderato!

Porque as políticas têm a ver com a sua saúde:Dos cuidados de Enfermagem e o seu valor no SNS

ENF.º JACINTO OLIVEIRA, VICE-PRESIDENTE DO CONSELHO DIRECTIVO DA OE

OPINIÃO

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19 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

OPINIÃO

Os cuidados de saúde, a sua ade-quação, inovação e qualidade

são indissociáveis de políticas de desenvolvimento integrado e sus-tentável, entre as quais se destacam as políticas de ensino e investiga-ção.A consistente evolução do ensino de Enfermagem em Portugal – a sua integração no Ensino Superior; a consolidação da formação inicial, em 1999, com uma licenciatura de ciclo longo (ou seja, de 4 anos, as-pecto que o processo de Bolonha não alterou); a criação de doutora-mentos em Enfermagem, em três destacadas universidade portugue-sas; a existência de unidades de investigação em Enfermagem — é, para além de marcas indeléveis das últimas décadas, avanços reconhe-cidos internacionalmente, determi-nantes na relevância e adequação dos cuidados de Enfermagem às necessidades da sociedade. O Ensi-no Superior, na área da Saúde, tem de qualificar, desde a formação pré--graduada, para um exigente, vasto e multidisciplinar campo de inter-venção profissional: participação na definição das políticas globais e sectoriais; organização da interven-ção em Saúde e prestação dos cui-dados. O atrás referido exige, como a OE tem vindo a defender, não só uma rede de oferta formativa mais racionalizada, como a necessidade de olhar o Ensino no domínio da Saúde de um modo mais integrado, encontrando modelos de formação, em contexto universitário, assentes

Porque as políticas têm a ver com a sua saúde: Do sistema educativo – a Saúde e a Enfermagem

ENF.ª TERESA OLIVEIRA MARÇAL, VICE-PRESIDENTE DO CONSELHO DIRECTIVO DA OE

OPINIÃO

ENF.ª LUCÍLIA NUNES, PRESIDENTE DO CONSELHO DE ENFERMAGEM DA OE

Saiba que pode contar com os Enfermeiros pe-las suas competências profissionais

A Enfermagem é uma profissão centrada nas pessoas, assen-

te na relação interpessoal que se estabelece entre o enfermeiro e a pessoa, a família ou o grupo – e no estabelecimento dessas relações terapêuticas, os enfermeiros pro-curam proteger a saúde, prevenir a doença, promover os processos de readaptação após a doença e acom-panham os processos de morrer. A finalidade central da nossa acção é promover o bem-estar das pessoas, respeitando os projectos de saúde que cada pessoa tem.

OPINIÃO

Os enfermeiros, enquanto profis-sionais do cuidado, estão sujei-

tos a um agir ético determinado por um conjunto de deveres deontoló-gicos. Estes deveres assentam no respeito pelos direitos das pessoas em geral e, em particular, pelos di-reitos dos cidadãos que recorrem aos cuidados de Enfermagem. Na origem desse agir encontra-se o direito de cada pessoa receber cui-dados de Enfermagem, consagrado no Artigo 83º da lei nº 111/2009, de 16 de Setembro. É nele que se baseiam os deveres profissionais dos enfermeiros, contemplados no seu Código Deontológico. Entre eles destacamos o dever de respeitar os direitos humanos, de guardar sigilo sobre toda a informação de saúde e o dever de excelência de exercício. À Ordem dos Enfermeiros compete a promoção dos deveres deontoló-gicos, no sentido de que se consti-tuam, enquanto regras de conduta profissional, como um elemento principal para a garantia da quali-dade dos cuidados de Enfermagem. Por tudo o que aqui foi dito, pode-mos afirmar que, em Portugal, os cidadãos podem ter a máxima con-fiança na sua relação com os enfer-meiros, uma vez que a protecção dos seus direitos se encontra con-sagrada na ética e deontologia da profissão.

em dinâmicas multidisciplinares de formação e investigação, só possí-vel se articulado com instituições prestadoras de cuidados de saúde e de investigação. Os doutoramentos, nomeadamente os doutoramentos clínicos, são essenciais à produção de conhecimento e orientações para as práticas de cuidados. Correctas políticas de ensino e uma formação altamente qualificada darão supor-te à valorização da intervenção dos enfermeiros tanto na prestação de cuidados, como na gestão dos servi-ços de saúde, como nas funções de assessoria.

“Pode contar com os enfermeiros, pelas suas competências profissio-nais” expressa a confiança e o com-promisso profissional quer dos en-fermeiros de cuidados gerais, quer dos enfermeiros especialistas. Por-que as competências que possuem e desenvolvem no seu quotidiano permitem mobilizar um conjunto de recursos, de conhecimentos, de diversos tipos de saberes, aptidões e atitudes para fazer face aos pro-blemas e às necessidades de saúde que as pessoas, famílias e grupos apresentam. Os enfermeiros identificam as necessidades, diagnosticam, pla-neiam, realizam e avaliam sistema-ticamente os cuidados que prestam, tendo em vista responder eficaz-mente às necessidades das pessoas e às mudanças dos contextos e situ-ações. Considerando os contextos e a actual realidade, nos processos de prestação de cuidados, confron-tamo-nos com situações de grande complexidade, seja pelas caracte-rísticas particulares de cada caso, seja pelo desenvolvimento científi-co e tecnológico e pela própria or-ganização dos cuidados de saúde.Pode contar com as nossas com-petências profissionais, visíveis nos cuidados que prestamos, in-tencionais, fundamentados em co-nhecimentos, concebidos a partir das boas práticas, imprescindíveis, às vezes feitos de gestos discretos, mas sempre dirigidos a cuidar de Si.

ENF.º SÉRGIO DEODATO, PRESIDENTE DO CONSELHO JURISDICIONAL DA OE

Saiba que pode contar com os Enfermeiros pela sua responsabilidade deontológica

“Os enfermeiros iden-tificam as necessida-des, diagnosticam, planeiam, realizam e avaliam sistemati-camente os cuidados que prestam, tendo em vista responder eficazmente às ne-cessidades das pes-soas e às mudanças dos contextos e situ-ações”

ENF.ª LUCÍLIA NUNES

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20 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

A qualidade em Saúde é tida actu-almente não só como uma ne-

cessidade, mas como um imperati-vo, um dever das organizações, um direito dos cidadãos. Neste sentido, a qualidade dos cuidados de En-fermagem prestados à população é uma das grandes preocupações da Ordem dos Enfermeiros (OE). É nesta perspectiva que a Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da OE entende que o futuro da Enfermagem na região deverá assentar em três pilares:-Adopção de metodologias organi-zativas de trabalho assentes na res-ponsabilização de um enfermeiro pelo plano de cuidados a prestar a cada cliente/família. Em contextos hospitalares, deverá existir a figura

A aposta na qualidade ao nível hospitalar, centros de saúde e Cuidados Continuados

ENF.ª MARGARIDA REGO PEREIRA, PRESIDENTE DO CONSELHO DIREC-TIVO REGIONAL DA SECÇÃO REGIONAL DA R.A. DOS AÇORES

A Região Centro de Portugal – com as suas instituições de

saúde, de formação e investigação – tem-se afirmado como um pólo dinamizador do conhecimento em Saúde, fomentando muitas das di-nâmicas que permitiram ao País alcançar resultados positivos em saúde e para os quais os enfermei-ros deram um contributo muito re-levante. Assumindo os sistemas de saúde como instrumentos promotores de justiça social, garantindo aos cida-dãos equidade no acesso aos cuida-dos, consideramos que tal desígnio só poderá ser concretizado por um Serviço Nacional de Saúde (SNS)

do «Enfermeiro de Referência», que se responsabiliza pelo plano de cui-dados, desde a admissão até à alta clínica. Em contextos comunitários (Cuidados de Saúde Primários), a aposta é feita no «Enfermeiro de Família», que assegura a prestação de cuidados globais a um grupo de famílias, assumindo-se, em qual-quer dos dois contextos e perante o cliente, como o «seu» enfermeiro. -Implementação de programas de melhoria contínua da qualidade dos cuidados de Enfermagem, com produção de indicadores que dêem visibilidade ao contributo dos en-fermeiros para os ganhos em Saúde da população.-Maior intervenção dos enfermei-ros (reconhecidos como detento-

sustentável, marcado por uma cul-tura de eficiência, políticas de ac-countability (prestação de contas) e de qualidade dos cuidados. No contexto actual de crise socioeco-nómica e financeira, aumentarão as necessidades em cuidados, exigin-do maior investimento num cenário de menos recursos, o que implicará um maior cuidado ético nas toma-das de decisão. Será necessário conceber um modelo de respostas integradas de saúde e suporte so-cial, em proximidade e conformida-de com os padrões de qualidade e bem-estar exigidos pela sociedade actual, sensível à evolução sócio--demográfica da região e das neces-sidades em saúde – associadas aos novos padrões de morbi-mortalida-de, estilos de vida, envelhecimen-to, índice de dependência, doença crónica, solidão, desertificação, po-breza e exclusão social. Atentos a esta realidade, os enfermeiros têm ajustado os seus percursos de de-senvolvimento profissional, o que lhes permitiu serem hoje os pro-fissionais melhor habilitados para cuidar da pessoa nas transições ao longo do ciclo vital. Sendo o contri-buto dos enfermeiros fulcral para a garantia das respostas em Saúde na região e no País, é indispensável a admissão de mais enfermeiros para o Centro e o seu envolvimento na concepção, implementação e gestão das políticas de saúde. No presente e no futuro, a região, os seus enfer-meiros e a sua Secção Regional do

Consigo pela Enfermagem, no Centro da qualidade

VOZ ÀS SECÇÕES REGIONAIS DA OE

res de saberes científicos, técnicos e humanos indispensáveis a uma intervenção segura e de qualidade) na Rede de Cuidados Continuados Integrados, na medida em que as necessidades dos utentes aí refe-renciados são, predominantemen-te, sensíveis aos cuidados de Enfer-magem. Acreditamos que os enfermeiros compreenderão esta necessidade de mudança em prol dos clientes e, por isso, saberão incorporar nos seus objectivos profissionais e or-ganizacionais as melhores práticas que subjazem a estes três eixos, res-pondendo a todos os desafios que a qualidade impõe, qualquer que seja o contexto da prática clínica.

ENF.º MANUEL OLIVEIRA, PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL DA SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO

Centro da OE empenhar-se-ão na li-derança da construção de respostas inovadoras em Saúde, fomentando a capacidade para fixar as brilliant minds geradoras do conhecimento e inovação. Queremos contribuir

para a construção de um futuro que permita afirmar a Região Centro como um exemplo, uma referência a nível nacional dos cuidados de En-fermagem. Esta é a visão do nosso projecto.

ENF.º ÉLVIO JESUS, PRESIDENTE DO CONSELHO DIRECTIVO REGIONAL DA SECÇÃO REGIONAL DA R. A. DA MA-DEIRA

Uma intervenção proactiva

O Arquipélago da Madeira, com-posto pelas ilhas da Madeira,

Porto Santo, Desertas, Selvagens e seus ilhéus, constitui uma Região Autónoma da República Portugue-sa, dotada de Estatuto Político-ad-ministrativo e de órgãos de governo próprio: a Assembleia Legislativa

Regional e o Governo Regional.No âmbito da Ordem dos Enfer-meiros (OE), a Região Autónoma da Madeira (RAM) constitui uma das cinco Secções Regionais que a compõem, prosseguindo as suas atribuições num contexto externo de descentralização, administrativa e política, regionais, designadamen-te, o poder legislativo e fiscalizador da acção governativa (Assembleia Regional - órgão representativo da população da RAM) e o Governo Regional - o órgão executivo de con-dução da política regional e o órgão superior da administração pública regional. Neste sentido, a Secção Regional (SR) da RAM exerce as suas compe-tências estatutárias num ambiente de algum modo distinto das secções regionais situadas no território continental, relacionando-se direc-tamente com os órgãos de sobera-nia e de governo próprio da

AÇORES

CENTRO

MADEIRA

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região. Entre essas, destacamos as de representar a Ordem a nível re-gional, pronunciar-se sobre todos os assuntos que lhes sejam come-tidos, velar pela qualidade dos ser-viços de Enfermagem à população, promover as medidas que conside-re pertinentes, velar pela dignidade dos enfermeiros e assegurar o res-peito pelos seus direitos, liberda-des e garantias a nível regional. No presente mandato, a equipa diri-gente dos cincos órgãos da SRRAM da OE, sob o lema “Melhor Saúde, com os Enfermeiros!”, desenvolve o programa de acção sufragado em 2007 pelos enfermeiros, exercendo a sua actividade nas ilhas da Madei-ra e Porto Santo. Damos particular destaque à formação e ao desenvol-vimento profissional, assim como à autonomia, responsabilidade e con-dições do exercício profissional dos enfermeiros, pugnando por uma Ordem proactiva, apta a encarar o futuro, forte no cumprimento dos seus desígnios!

Pensar o futuro em conjunto com os enfermeiros e os cidadãos

VOZ ÀS SECÇÕES REGIONAIS DA OE

A Secção Regional do Norte (SRN) da Ordem dos Enfermei-

ros (OE) procura, diariamente e de forma incisiva, trabalhar os eixos mais importantes da Saúde e da En-

fermagem no Norte e, consequente-mente, em Portugal. Exemplo disso é o contínuo acompanhamento do exercício profissional que efectua-mos a diferentes tipologias de insti-tuições de saúde (hospitais, centros de saúde, lares, entre outros), com o objectivo de proximidade com os enfermeiros e cidadãos. Durante o ano 2010 realizámos 30 visitas onde pudemos constatar os diversos constrangimentos viven-ciados diariamente pelos enfermei-ros, verificando-se ser prevalente a existência de contextos caracteriza-dos por dotações inadequadas des-tes profissionais. Em paralelo, convive-se com a ele-vada taxa de desemprego que atin-ge a classe de Enfermagem, fruto, por um lado, de políticas de forma-ção desajustadas do mercado de trabalho e, por outro, da não satis-fação dos requisitos de recursos hu-manos necessários à prestação de cuidados de saúde seguros aos ci-dadãos. Estima-se que só na Região Norte do País existam cerca de 29% de enfermeiros recém-licenciados desempregados ou a exercer uma outra profissão, os quais não são de maneira nenhuma excedentários, mas sim necessários, fazendo falta nos diversos contextos de trabalho para construir uma melhor saúde dos cidadãos. Questionamos qual será o futuro desta sociedade que hipoteca a saúde dos seus cida-dãos? A intervenção regional social e política, em parceria, é também preocupação da SRN da OE. A adesão ao Fórum Regional Norte das Ordens Profissionais (FORNOP) possibilitou a integração num espa-ço livre de conotações político-par-tidárias, que privilegia o debate nas questões de índole ética e deontoló-gica, profissional e cultural. Pensar o amanhã é uma das nossas orientações. Inscrevem-se nesta orientação vários projectos, dos quais salientamos o Espaço Social do Enfermeiro do Norte, local onde os enfermeiros poderão desenvol-ver a sua vertente lúdica e artís-tica, ter um espaço residencial e uma área formativa privilegiada. O futuro da sociedade portuguesa, a saúde dos cidadãos que vivem em Portugal não poderá ser a melhor sem o contributo dos enfermeiros. A Enfermagem é um pilar insubsti-tuível na Saúde dos cidadãos.

ENF.º GERMANO COUTO, PRESIDENTE DO CONSELHO DIRECTIVO REGIONAL DA SECÇÃO REGIONAL DO NORTE

Os enfermeiros são essenciais na promoção da Saúde

ENFº ROGÉRIO GONÇALVES, PRESI-DENTE DO CONSELHO DIRECTIVO RE-GIONAL DA SECÇÃO REGIONAL DO SUL

A prestação de cuidados de saú-de na comunidade tem sido

desenvolvida pelos enfermeiros que desempenham um papel im-portante na promoção da saúde e na prevenção da doença. Esta área de intervenção redimensiona-se pela necessidade de dar resposta à comunidade que possuiu alguma vulnerabilidade. A prestação de cui-dados realiza-se em complementa-ridade com outros profissionais de saúde, no entanto, os enfermeiros assumem um papel que é capaz de alicerçar a sua intervenção em práticas científicas, identificando as reais necessidades, bem como integrar a promoção da saúde e na prevenção das doenças. Por outro lado, os enfermeiros promovem a participação activa dos cidadãos nas decisões sobre a sua saúde.As Unidades de Cuidados na Co-munidade (UCC) foram criadas com o objectivo de contribuir para a melhoria do estado de saúde da população da sua área geográfica de intervenção, visando a obtenção de ganhos em Saúde. Estas mesmas unidades são coordenadas por en-fermeiros, embora o trabalho seja desenvolvido por equipas multidis-ciplinares. Estes cuidados de saúde têm reforçado e valorizado a práti-ca da Enfermagem na comunidade, além de que, e o mais importante, tem contribuído para melhorar o acesso das populações aos cuidados de saúde. Exemplo disso mesmo é o

Alentejo, em que as limitações ge-ográficas que levam ao isolamento da população são rebatidas através dos cuidados de saúde prestados pelos enfermeiros. A criação das UCC é uma medida que faz parte da reforma dos Cui-dados de Saúde Primários e que teve um forte impacto na zona Sul do País, tendo em conta o número de unidades criadas durante 2010. Os números do Ministério da Saúde revelam que na Região de Lisboa e Vale do Tejo, foram criadas 22 UCC, no Alentejo 6 e no Algarve 7, o que contabiliza no total 35 unidades. Podemos então concluir que as UCC são encaradas com optimismo e são de facto necessárias porque trazem mais ganhos para os utentes. Es-tas mesmas unidades assentam no princípio da proximidade, principio esse que é assegurado pelos enfer-meiros.

NORTE

SUL

“As Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC) fo-ram criadas com o objecti-vo de contribuir para a me-lhoria do estado de saúde da população da sua área geográfica de intervenção, visando a obtenção de ga-nhos em Saúde. Estas mes-mas unidades são coor-denadas por enfermeiros, embora o trabalho seja desenvolvido por equipas multidisciplinares”

ENFº ROGÉRIO GONÇALVES

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23 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

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ENTRE OUTROS MIMOS PARA OS CASAIS APAIXONADOS

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Se as condições climatéricas o permitirem, os casais românticos poderão ainda usufruir gratuitamente dos jacuzzis nas Açoteias e admirar o mar no limiar do horizonte.

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24 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

As Residências Montepio - Servi-ços de Saúde SA, do Grupo Monte-pio assumem-se hoje como espa-ços de referência ao nível do apoio à terceira idade. Qual a filosofia que tem sido colocada em prática para que os «residentes» destes espaços tenham as melhores co-modidades?A nossa filosofia é muito simples, está baseada em três pilares bási-cos: boas localizações, nos núcleos urbanos das grandes cidades, uma boa e funcional distribuição dos es-paços interiores das residências e procedimentos próprios para todas as actividades a desenvolver nas unidades, com formação continua-da para o pessoal.

O plano de edificação e expansão das Residências Montepio – Ser-viços de Saúde SA iniciou-se em 2008, existindo actualmente sete espaços com a chancela Monte-pio: Breiner no Porto, Vila Nova de Gaia, Coimbra, Parede, Monti-jo, Montepio Expo e Braga. Quais foram os principais desideratos na criação destes espaços? Na realidade neste momento temos cinco unidades em funcionamento, pois tivemos alguma alteração so-bre os planos iniciais, fundamen-talmente no relativo ao projecto da Expo, que neste momento encon-tra-se suspenso, e que substituímos por um projecto de ampliação da residência da Parede, com mais 60 suites, e um projecto de Cuidados Continuados no centro de Lisboa, em Benfica. A residência de Braga, estamos confiantes que será inau-gurada no primeiro semestre do ano 2012.

Como é que descreveria e caracte-rizaria as Residências Montepio existentes? Na sua opinião quais são as mais-valias deste projec-to e de que forma pode fomentar uma melhoria concreta da oferta existente neste sector? Não pretendemos ser arrogantes, mas parece evidente que os nossos projectos estão acima da média de

qualidade das unidades em fun-cionamento, o que, em si mesmo, trata-se de uma mais-valia para os potenciais utilizadores, pois pelo mesmo preço podem optar por um empreendimento de maior qualida-de e com mais e melhores serviços, o que, sem dúvida, irá obrigar a concorrência a aumentar a qualida-de dos seus serviços, e portanto, os utentes terão mais oferta de quali-dade.

Dois anos depois do início deste trajecto, qual o balanço que pode ser realizado ao nível das sete Re-sidências Montepio – Serviços de Saúde SA? Superou as suas expec-tativas? Que lacunas ainda são identificadas? O projecto já tem praticamente cin-co anos, ainda que certamente a nossa primeira unidade apenas te-nha dois anos e meio de vida. O ba-lanço das Residências não pode ser mais positivo, cada uma das unida-des, depois do seu primeiro ano de funcionamento, encontram-se com uma taxa de ocupação do cem por cento. A nossa ultima unidade inau-gurada na Parede (Cascais) já esta, após três meses de actividade, nos 50 por cento da taxa de ocupação, isto tendo em conta que, como o resto das nossas residências, o nú-mero de camas está acima das 110 camas.

A aposta nestes sete projectos obedeceu a um investimento na ordem dos 55 milhões de euros, sendo uma aposta de enorme en-vergadura económica e financei-ra. Em função dos resultados ob-tidos nas primeiras residências, existe a possibilidade de alargar o número de residências assistidas a outras zonas do país? Se sim, qual será a localização e os timin-gs previstos para as mesmas? As Residências Montepio preten-dem ser identificadas com a co-bertura de qualidade, de qualquer necessidade no âmbito do sector da terceira idade em Portugal. Assim, a ideia é alargar o número de uni-

“Parece evidente que os nossos projectos estão acima da média de qualidade das unidades em funcionamento, o que, em si mesmo, tra-ta-se de uma mais-valia para os potenciais utilizadores”, afirma José Transancos, Vice-presidente da Residências Montepio – Serviços de Saúde, SA, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde deu a co-nhecer as potencialidades dos espaços «made in» Grupo Montepio, assentes em pilares como a excelência e a qualidade, como se de um lar incrustado numa unidade hoteleira se tratasse.

“SOMOS LÍDERES DO SECTOR DA TERCEIRA IDADE EM PORTUGAL”

José Trasancos, Vice-presidente da Residências Montepio – Serviços de Saúde, SA afirma

José Trasancos, Vice-presidente da Residências Montepio – Serviços de Saúde, SA

RESIDÊNCIAS MONTEPIO

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25 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

que estão nesta indústria, nome-adamente ao nível de responsabi-lidade social? Existem programas específicos para utentes com ca-rências económicas? O projecto tem a marca da seguran-ça e do conforto, e constitui uma aposta forte na área da saúde que, porventura, virá a emparelhar em prestígio com a área da Previdência, de que o Montepio, como mutualidade já goza. No âm-bito da responsabilidade social as Residências Montepio contam com acordos de cessão de camas de for-ma gratuita para utentes reencami-nhados por diferentes Fundações, protocolo de cessão de camas com 50 por cento de desconto com algu-mas Câmaras Municipais onde es-tão situadas as nossas residências e oferta de terminais gratuitas de tele-assistência a algumas outras IPSS. Além do citado, o Grupo Montepio pretende ir de encontro das neces-sidades da população relativamen-te aos cuidados continuados. Por esta razão, a maioria das nossas re-

sidências estão preparadas para o acolhimento de pessoas necessita-das destes cuidados e, deste modo, um grande número de pessoas com carências económicas poderão usu-fruir dos nossos serviços através de parcerias com o Estado, tendo em conta os projectos disponíveis e mobilizáveis.

Quais os serviços oferecidos pela Residências Montepio que têm registado maior procura? A tele--assistência tem sido bem aceite pelos utentes seniores? Quais as mais-valias da mesma?O nosso produto base são as resi-dências, mas estamos a comercia-lizar um cartão com serviços de saúde e sociais, que está a ter um sucesso espectacular, chamado Vi-talidade +, onde além de serviços de apoio domiciliário, médicos de urgência ao domicílio, fisioterapeu-tas e enfermeiros gratuitos também no domicílio, ajudas técnicas e tele--assistência. Iincorporamos, desde Fevereiro, dois novos serviços em exclusiva para os aderentes aos

Qual a taxa de ocupação regista-da actualmente nas Residências Montepio? São taxas de ocupação que superam as vossas expectati-vas? Como já foi referido anteriormente, a nossa taxa de ocupação é do cem por cento, após um ano de funcio-namento de cada unidade, o que nos deixa muito satisfeitos, pois entendemos estas taxas como o resultado do serviço de qualidade prestado todos os dias do ano, nas 24 horas do dia, e onde os utentes podem sair a qualquer altura da unidade se não estiverem de acordo com os serviços recebidos ou fazer uma outra escolha de unidade que possa responder às suas expec-tativas. Felizmente isto não esta a acontecer nas nossas unidades, sem dúvida pelo grande e esforça-do trabalho realizado pelas equipas das mesmas com os directores na liderança.

O que diferencia o Grupo Monte-pio de outros grupos económicos

dades, numa segunda fase, a outros locais de Portugal. Naturalmente ainda não o posso revelar

A Residência Montepio – Serviços de Saúde SA tem como principal fito centrar a sua acção no cuida-do com cada utente. De que forma é que têm vindo a favorecer a inte-gração dos utentes no seu meio e consequentemente na comunida-de da vida da Residência? Para nós o fundamento dos cuida-dos a prestar baseia-se no enten-dimento de cada utente como uma pessoa individual, com um conjun-to de necessidades próprias que te-mos que conseguir identificar rapi-damente e estabelecer um conjunto de cuidados individualizados, não apenas desde o ponto de vista da saúde ou actividades de lazer, mas também de integração das suas fa-mílias nas nossas unidades, com o intuito de tentar conseguir criar pe-quenas sociedades dentro de cada uma das nossas unidades. Sempre no mais estrito respeito à individu-alidade das pessoas.

“A maior honra que eu posso ter como gestor, foi ter tido a sorte de encontrar grandes profissionais e grandes pessoas, quer nos diferentes departamentos da empresa, quer na direcção das unidades, Todos eles, além da sua capacidade técnica, têm uma grande vocação de ajuda aos idosos, e assim, a excelência dos serviços resulta sendo mais fácil de implementar”

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RESIDÊNCIAS MONTEPIO

“Se o envelhecimento é uma decorrência própria da vida, já o envelhecimento sustentado, isto é, da pessoa huma-na em estado de saúde e de um mínimo de independência económica, é um direito que deve ser garantido a qual-quer cidadão, no reconhecimento da sua liberdade e dig-nidade”

nossos cartões Vitalidade + das re-sidências Montepio, que são a com-participação das Residências Mon-tepio na compra de medicamentos e consultas nas farmácias do grupo Holon, que conta com cerca de 160 farmácias em Portugal, e o serviço de segunda opinião médica e tra-tamento de doenças graves, com a possibilidade de receber tratamen-to nos melhores hospitais do mun-do com os melhores médicos espe-cialistas do mundo por um preço de adesão inacreditável.

O envelhecimento populacional assume-se como uma realidade actual que atinge Portugal, sen-do necessário que se comecem a obter soluções e respostas para que o público mais idoso seja tra-tado com a dignidade que merece. De que forma é que este conceito criado pelas Residências Monte-pio – Serviços de Saúde vem des-mistificar o cenário protagoniza-do por alguns lares dispersos pelo país, que são apenas considera-dos «depósitos de idosos»?Se o envelhecimento é uma decor-rência própria da vida, já o enve-lhecimento sustentado, isto é, da pessoa humana em estado de saúde e de um mínimo de independência económica, é um direito que deve ser garantido a qualquer cidadão, no reconhecimento da sua liber-dade e dignidade. Só pode ter sido essa a filosofia que esteve subja-cente à ideia do projecto das Resi-dências Montepio, cujo conceito de serviço, na excelência da qualidade, do atendimento e do conforto, é o de um lar incrustado numa unidade hoteleira.

A vertente económica e financeira apresenta-se como um factor de escolha preponderante por parte dos idosos e das suas famílias. Do ponto de vista financeiro consi-dera que os valores pedidos são acessíveis e que se baseiam pelo binómio qualidade/preço aquan-do do acesso às Residências Mon-tepio? A oferta de um serviço de excelen-te qualidade, mas mais acessível do que os similares existentes no mercado, é próprio da responsabi-lidade social de uma instituição que não tem o lucro por objectivo e na qual o ideal da fraternidade impli-ca, necessariamente, a solidarieda-de social e a afectividade. Os preços, que as Residências Montepio estão a praticar, são em média de 1700

euros mensais, muito abaixo dos preços praticados no mercado em unidades com uma qualidade e uma gama de serviços muito longe dos que oferece as Residências Monte-pio.

As Residências Montepio estão abertas ao público em geral ou estão apenas limitadas a associa-dos ou clientes do Montepio? Ain-da existe alguma desinformação relativamente a esta temática?As nossas residências não estão limitadas apenas a servir os as-sociados e clientes da instituição Montepio, pois estão abertas à ge-neralidade dos cidadãos mais ve-lhos que, dispondo de rendimento adequado à satisfação das suas ne-cessidades básicas, tais como habi-tação, alimentação, higiene, cuida-dos médicos e actividades lúdicas, poderão viver melhor os anos de vida que ganharam.

A sociedade contemporânea é hoje «vivida» a um ritmo aluci-nante pelas famílias, facto que as leva a abdicar da presença com as suas famílias. Qual a importância da família no conceito implemen-tado pelas Residências Montepio? Como já é conhecido toda as nos-sas residências estão situadas em núcleos urbanos, com boas comu-nicações e transportes, obviamente a maior razão para isto é facilitar o acesso das famílias às unidades apara o contacto diário com os re-sidentes.

Embora as infra-estruturas sejam absolutamente fundamentais na prestação de serviços de quali-dade e excelência, é importante

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realçar a vertente dos recursos humanos. Neste sentido que pre-ocupação tem a equipa de gestão ao nível da contratação de pesso-al técnico?Todos os aspectos revelados nesta entrevista seriam impossíveis sem uma grande equipa de profissio-nais, assim, a maior honra que eu posso ter como gestor, foi ter tido a sorte de encontrar grandes pro-fissionais e grandes pessoas, quer nos diferentes departamentos da empresa, quer na direcção das uni-dades, Todos eles, além da sua ca-pacidade técnica, têm uma grande vocação de ajuda aos idosos, e as-sim, a excelência dos serviços resul-

ta sendo mais fácil de implementar.

A finalizar, que desafios se co-locam de futuro às Residências Montepio – Serviços de Saúde SA? Neste momento as Residências Montepio são os líderes do sector da terceira idade em Portugal por volume de camas, quer de utentes privados, quer de camas de Cuida-dos Continuados, e julgo que tam-bém são reconhecidas pela qualida-de dos serviços que oferece.Eu seria capaz de resumir os nossos desafios em apenas um ponto, em-bora reconheço que extremamente ambicioso, que seria conseguir que qualquer cidadão português que

tivesse uma necessidade no âmbi-to da saúde social, identificara as Residências Montepio como a ins-tituição capaz de lhe dar a melhor solução. Aproveito a amabilidade da publi-cação para convidar a todos os lei-tores a conhecer a nossa nova resi-dência de Parede (Cascais), mesmo frente ao mar para o que podem contactar ao número de telefone 214 589 410.

“As Residências Montepio pretendem ser identifica-das com a cobertura de qualidade, de qualquer necessidade no âmbito do sector da terceira idade em Portugal”

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A ARQUILED foi fundada em 2005 impulsionada pelo desenvolvimento de soluções técnicas para o

Casino Lisboa, nomeadamente a iluminação e motorização cénica. A sua actividade centra-se na área da iluminação arquitectural, com especial incidência na aplicação da tecnologia LED (Light Emitting Dio-de), com todas as suas potenciali-dades de evolução e inovação que a caracterizam. Foi muito importante e, mesmo determinante, para o seu aparecimento no mercado, o gran-de apoio e entusiasmo de empresas conceituadas, tais como a CLIMAR e a OSVALDO MATOS. Em conjun-to com estas empresas foi criado o GRUPO IACOM, o maior grupo da área de iluminação em Portugal, de forma a dar resposta às neces-sidades do mercado, conforme nos explicou Rafael Santos: “Quando

concluímos a obra do Casino Lis-boa verificamos que acabávamos de terminar a maior obra baseada em tecnologia LED efectuada em Portu-gal, contendo um milhão e 200 mil LED’s. Nesta altura, a ARQUILED era apenas uma marca e foi aí que percebemos que havia um poten-cial enorme para se iniciar uma em-presa e então nasceu a ARQUILED como empresa em 2005 e no final do ano seguinte surge o GRUPO IA-COM , que, hoje é um grupo de pro-moção de três marcas: a ARQUILED, a ARQUISERVICE e a QUADRANT”. Após a criação da empresa até aos primeiros resultados positivos sur-girem pouco passou, uma vez que a ARQUILED inovou o mercado em Portugal ao implementar o conceito de Light Designer, que efectua o tra-tamento dos espaços através da luz, o que despertou enorme interesse por parte dos arquitectos, confor-

A Revista Pontos de Vista dá-lhe a conhecer a ARQUILED, empresa já galardoada como PME Líder por duas vezes e que centra a sua activi-dade na área da iluminação arquitectural e que está em grande expansão sendo mesmo uma das empresas de referência na sua actividade tento em Portugal, como no estrangeiro, batendo-se ao mesmo nível que as maiores entidades europeias e mundiais do sector. Em entrevista, Rafael Abelha Santos, CEO da ARQUILED traça o caminho a percorrer por esta entidade que se quer afirmar entre os melhores no seu campo de actuação.

A MARCA DA ILUMINAÇÃO LED

PME - LÍDER

“Ao introduzir este conceito, viemos em-belezar os projectos dos arquitectos em termos de iluminação, o que transforma completamente os espaços. Assim, a ARQUILED passou a ser consultor de iluminação que ajuda a personalizar um espaço, seja ele qual for, desde um Centro Comercial, até à iluminação de uma rua”

Rafael Abelha Santos, CEO da ARQUILED

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me relatou o CEO da ARQUILED: “Ao introduzir este conceito, viemos embelezar os projectos dos arqui-tectos em termos de iluminação, o que transforma completamente os espaços. Assim, a ARQUILED pas-sou a ser consultor de iluminação que ajuda a personalizar um espa-ço, seja ele qual for, desde um Cen-tro Comercial, até à iluminação de uma rua”.Sendo uma Empresa naturalmente moderna, dado que os principais sócios são jovens, cujo know-how neste domínio é sobejamente co-nhecido e reconhecido, tanto em Portugal como no Estrangeiro, a ARQUILED está apta a estudar, pre-parar e concretizar os mais diversos projectos. No entanto, para cumprir este desiderato, era necesário cres-cer, assim, com o sucesso alcan-çado ao longo dos seus primeiros anos de actividade no mercado, a ARQUILED construi em 2009 uma fábrica em Mora, no Alentejo, onde é desenvolvida toda a componente electrónica dos seus produtos. Nes-te momento, a própria fábrica está em expansão, sendo que o projecto, orçado em dois milhões de euros estará concluído em Fevereiro do próximo ano. No sentido de afirmar o nome AR-QUILED cada vez mais no mercado, a empresa adoptou uma estratégia através da qual o seu nome o pas-sasse a ser reconhecido como mar-ca comercial, Como consequência, todos os equipamentos desenvol-vidos são baptizados com nomes a partir da raiz «ARQUI», surgindo assim produtos como: ARQUILINE, ARQUIPANEL, ARQUISPOT, ARQUI-BAR, entre muitos outros. A estratégia continuou durante o corrente ano a apresentar resulta-dos positivos, com a ARQUILED a assumir-se claramente como uma da Pequenas e Média Empresas de maior futuro no nosso país o que chamou a atenção do gigante EDP, que em Novembro passado forma-lizou a compra de 40 por cento do capital da empresa alentejana. A aquisição foi concretizada através da EDP Inovação e insere-se numa estratégia de apoio a projectos na-cionais inovadores e empreende-dores, desenvolvidos no âmbito da eficiência energética e que sejam líderes de mercado. “O ano que agora termina marcou também o início do caminho para a internacionalização da ARQUILED, que começou com a presença na Light+Building, feira que decorre em Frankfurt e que reúne os prin-cipais player’s do mercado. “Antes de seguirmos para esta feira decidi-mos que queríamos estar junto dos melhores, no hall mais mediático,

mais difícil e, se quisermos, mais hostil. Assim, levamos apenas três dos nossos produtos com os quais sabíamos que íamos fazer frente aos gigantes à nossa volta. Logo na montagem do stand conseguimos a primeira vitória, que mais não foi do que receber o incentivo por par-te desses gigantes relativamente ao nosso projecto. O segundo objectivo passava por estabelecer um máxi-mo de 100 contactos e acabamos o quarto dia de feira com mais de mil e aos dias de hoje temos já negócios fechados com mais de 30”.Actualmente a ARQUILED marca já presença em países como a Le-tónia, Alemanha, Suíça, Brasil, Ho-landa, Bulgária, Espanha, Áustria e Irão, estando ainda em negocia-ções com uma empresa canadiana, que vai representar a ARQUILED no seu país, uma vez que a política de internacionalização da empresa portuguesas “passa por estabelecer parcerias e não em criar estruturas nos países onde esteja inserida,A Arquiled é também uma empresa atenta às causas ambientais, exem-plo disso é o ARQUICITY, uma lumi-nária para iluminação pública com uma tecnologia LED de acordo com o padrão europeu, que reduz o con-sumo de energia em 80 por cento e sem que seja necessário mudar a infra-estrutura existente, que em breve poderá chegar aos postes de iluminação que existem nas cida-des, vilas e aldeias portuguesas.

No sentido de afirmar o nome ARQUILED cada vez mais no mercado, a empresa adoptou uma estratégia através da qual o seu nome o passasse a ser reconhecido como marca co-mercial, Como consequência, todos os equipa-mentos desenvolvidos são baptizados com no-mes a partir da raiz «ARQUI», surgindo assim produtos como: ARQUILINE, ARQUIPANEL, ARQUISPOT, ARQUIBAR, entre muitos outros

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A Universidade dos Açores assume-se como insti-tuição de referência na vertente do ensino supe-

rior. Neste sentido, de que forma é que promovem o desenvolvimento da região em que se inserem?A principal missão da Universidade consiste na criação e na transmis-são de conhecimento, a melhor fon-te de indução de desenvolvimento. A força da globalização obriga ne-cessariamente à produção de um conhecimento universal. O sentido das circunstâncias obriga neces-sariamente à produção de um co-nhecimento específico. Assim, o maior êxito decorre da construção de um saber de aplicação geral, mas apropriado às condições físicas e culturais da insularidade. Aliás, o carácter da geografia a tanto obriga. Com efeito, em pouco mais de cinco séculos, apesar do isolamento natu-ral, as ilhas estabeleceram afinida-des entre mundos velhos e novos, contribuindo para a aproximação dos povos, das civilizações e dos continentes. Do mesmo modo, im-pera o sentido da história. De facto, logo depois do povoamento, apesar do apego à terra, uma emigração de gerações transferiu a maior comu-nidade de referência açoriana para partes da América, desde a embo-cadura do rio da Prata, a sul, até à costa da Terra Nova, a norte. Neste contexto, não admira que, por im-perativo estatutário, nos pertença o dever de elevação dos níveis edu-cativo, científico, técnico e cultural da Região. Esta função, dado o ca-rácter dos Açores, uma amálgama de parcelas muito distintas, donde sobressai a diversidade sobre a uni-dade, ainda impõe à Universidade o cumprimento de uma tarefa assaz

exigente: a promoção do avanço e a salvaguarda do equilíbrio, isto é, a edificação do progresso do todo – o arquipélago – e a redução das assimetrias das partes – as ilhas. Porém, os ditames do lugar e do tempo exigem, em simultâneo, o es-boço de um programa de interven-ção global, que demanda uma prá-tica de cooperação com instituições universitárias e culturais estrangei-ras. Nesta perspectiva, não há pro-priamente universidades regionais, detentoras de um objecto de estudo menor, que reverta na produção de uma sabedoria inferior. Pelo con-trário, o dever das universidades consiste sempre na universalização do saber, mesmo que reportado à dimensão de um qualquer local.

O ensino universitário tem sido por diversas vezes “acusado” de formar recursos humanos que não são necessários ao nível do mercado de trabalho. Como é que a Universidade dos Açores analisa este cenário?Na sociedade do futuro, a escolari-zação é o principal meio de defesa do jovem cidadão, mesmo na óp-tica da relação com o mercado de trabalho. Aliás, se a frequência uni-versitária e politécnica não resultar em ocupação útil de licenciados, de mestres e de doutores perde o essencial do seu sentido. Todavia, nas instituições de Ensino Superior, após um tempo de transição lento, e eventualmente traumático, alterou--se a missão de ensinar, pelo que urge que a comunidade entenda a nova missão das universidades e dos politécnicos no acto de ilustra-ção dos cidadãos. Ao invés de ou-trora, a Universidade já não é um centro de emprego. De facto, hoje

a Universidade é tão só um centro de formação. Isto não significa que as instituições de Ensino Superior tenham perdido utilidade social, porque se é certo que em Portu-gal, e por extensão nos Açores, um curso deixou de ser uma solução de vida, à semelhança do que há mui-to sucede na Europa e na América que pretendemos imitar, não é me-nos verdade que um curso é ainda um instrumento, cada vez mais in-dispensável, de construção de uma carreira, que depois exige uma prá-tica de formação contínua e espe-cializada.A adaptação das mentalidades ao diverso enquadramento das univer-sidades na nova sociedade do co-nhecimento avulta por prioritária. Na verdade, apesar da dificuldade da obtenção de colocações profis-sionais, pelo menos no desempe-nho de funções tidas, por tradição, como mais dignas da condição dos diplomados, há que dissipar qual-quer desconfiança sobre a utilidade da formação superior. E porque? Porque ela beneficiará sempre a colectividade, através da obtenção evidente de patamares de maior desenvolvimento, fruto do acrésci-mo da qualificação dos cidadãos.

De que forma procura a Univer-sidade dos Açores preencher as reais necessidades do mercado de trabalho, no sentido de não se for-mar alunos para o desemprego?Através do aprofundamento da cor-respondência com as empresas. De facto, se o conhecimento e a ino-vação são as molas do desenvolvi-mento, certo é que a Universidade é a casa do conhecimento e a Em-presa o albergue da inovação. Po-rém, a produção de conhecimento

exige uma boa dose de inovação e o estímulo da inovação deriva da uti-lização do conhecimento. Daí a ur-gência da inter-relação entre as uni-versidades e as empresas. Só com grande cooperação entre as univer-sidades e as empresas é possível que o conhecimento produzido pelo sistema nacional de inovação tenha impacto significativo na economia. Só com grande cooperação entre as universidades e as empresas é possível a difusão de uma cultura de inovação que contribua para o aumento com sustentabilidade da competitividade empresarial. Este encontro de posições é inadiável porque, depois de um longo perío-do de predomínio, talvez que tam-bém de liderança, da administração pública, o sector privado assume-se agora como força essencial da dina-mização e da modernização da so-ciedade. Com efeito, vai longe, quiçá infelizmente muito longe, a crença no papel milagroso da actividade do Estado, típica do século XX, pelo que agora se exige que sobretudo estabeleça uma regulação justa e permanente. Ao mesmo tempo, é cada vez mais incerto e inseguro o trabalho por conta de outrem, pelo que cada vez mais se exige o acrés-cimo da iniciativa individual.A relação entre as universidades e as empresas clama quotidiana-mente por uma relativa inversão de procedimentos, que se traduza em aprofundamento de diálogo e na concretização de medidas. Às empresas, exige-se uma maior abertura, que facilite a transferên-cia de tecnologia e a admissão de estudantes e de diplomados. Às uni-versidades, exige-se uma mudança de atitude, para que os diplomados sejam mais promotores de empre-

“Na sociedade do futuro, a escolarização é o principal meio de defesa do jovem cidadão, mesmo na óptica da relação com o mercado de tra-balho”, afirma Avelino de Freitas de Meneses, Reitor da Universidade dos Açores, em entrevista à Revista Pontos de Vista, salientando ainda o trabalho realizado pela UA no aprofundamento da correspondência com as empresas.

“A VALORIZAÇÃO DO CAPITAL HUMANO É UMA PRIORIDADE”

Universidade dos Açores em destaque

FORMAÇÃO E EMPREGABILIDADE

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31 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

endimento do que mendigos de em-pregos. No nosso caso, a criação do Centro de Empreendedorismo tem contribuído muito para a difusão de uma cultura de iniciativa. A próxima inauguração de uma incubadora de empresas contribuirá muito mais.

Qual a importância, na sua opi-nião, em apostar na valorização do capital humano? Que relevân-cia pode ter esta aposta ao nível da evolução económico-social da Região e do País?No passado, as capacidades de acesso a recursos naturais e de acréscimo de níveis de produção constituíam o sustentáculo da ri-queza das nações. Por isso, ao longo dos séculos, a construção dos impé-rios se baseou na conquista de fon-tes de matérias-primas, as mais das vezes por força das armas, e na dis-ponibilidade de uma mão-de-obra abundante, muita dela de condição escrava.No presente, a situação é muitís-simo diversa. A chave da riqueza é agora o conhecimento. Por isso, diz-se que estamos na sociedade do conhecimento, pois é nele que assenta a prosperidade dos povos no advento do século XXI. Dito de uma outra forma, a chave da rique-za é afinal o Homem, através do seu activo mais importante – o cérebro – donde brotam as ideias que ali-cerçam o processo ininterrupto da inovação. Nestas circunstâncias, a cultura, a ciência e a tecnologia são as alavancas do desenvolvimento das pessoas, das regiões, dos países e das civilizações. Aliás, historica-mente, está comprovada a existên-cia de uma correlação positiva en-tre qualificação, o mesmo é dizer escolarização, e crescimento eco-nómico. De facto, em qualquer sec-tor de actividade, os trabalhadores mais instruídos adaptam-se melhor à inovação e à competitividade, pelo que existe um nexo forte entre edu-cação, produtividade, crescimento e modernização.A valorização do capital humano é, por isso, uma prioridade. Vejamos o caso dos Açores, que possui uma aplicabilidade mais geral. Nos Aço-res, para debelar a actual crise, é preciso conhecer a História, porque nos transmite ensinamentos indis-pensáveis. Nos Açores, para debelar a actual crise, é preciso entender a nossa circunstância mais imediata, que é afinal todas as ilhas, ainda detentoras de um ambiente deve-ras singular, propício à exploração, com sustentabilidade, das poten-cialidades da terra, mas sobretudo do mar. Nos Açores, para debelar a actual crise, é preciso investir no essencial, o mesmo é dizer, na qua-

lificação dos homens e das mulhe-res, porque antes de se alicerçar na riqueza da terra ou na expectativa do mar a economia de hoje assenta no conhecimento. Daí a importân-cia da Universidade, porventura, a maior fonte de indução de desen-volvimento nos Açores das últimas décadas. Por isso, por mais que nos custe, cumpre-nos a promoção da sua reforma permanente, para que jamais os seus professores e os seus estudantes percam capacidade de transformação da sociedade.

Após cerca de dois anos de expe-rimentação, o que mudaria na recente reforma do Ensino Supe-rior, resultante da publicação do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior?Antes de mais e apesar da dificulda-de, mudaria a composição do Con-selho Geral. Aparentemente defen-sável, a imposição de uma maioria de docentes converte o órgão em espécie de parlamento das Univer-sidades, onde perante o relativo isolamento dos Reitores, amiúde prepondera o interesse individual sobre o desígnio institucional, um comportamento de todo incompa-tível com uma verdadeira instância de governo. Pelo menos na teoria, a alternativa consistiria na transição para um regime de predomínio de personalidades externas, com a van-tagem de maior familiarização com as necessidades reais, por exemplo, da administração, das empresas e das associações. Além disso, esta via até representa o melhor antí-doto contra o acesso do corporati-vismo, talvez fruto de uma louvável dedicação ao estudo, que divorcia os docentes e os investigadores das incidências do quotidiano. To-davia, uma tal inversão de proce-dimentos obrigaria a um exercício de avaliação sobre o desempenho dos membros externos dos Conse-lhos Gerais, que julgamos não ser de todo impoluto. Além disso, em Portugal, e consequentemente nos Açores, a falta de independência da sociedade civil, demasiado sujeita à vassalagem política, empresarial e corporativa, constitui o principal obstáculo do reforço, sem risco, de membros seleccionados da comuni-dade no governo da academia. Uma questão em aberto, a requerer séria ponderação!

Avelino de Freitas de Meneses

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O denominador comum en-tre estas abordagens é o facto de todas elas fazerem parte da chamada Medici-

na Natural, ou seja, de uma abor-dagem terapêutica que não recor-re a fármacos, cirurgia, ou outras formas invasivas, sendo antes pelo contrário baseadas na utilização de métodos naturais e na humaniza-ção da relação terapêutica. O mercado da prestação de cuida-dos de saúde e bem-estar está em forte crescimento nos países indus-trializados e Portugal não foge à re-gra, são vários os relatórios de ins-tituições internacionais, como por exemplo a Organização Mundial de Saúde, ou NHS (Serviço Nacional de Saúde Inglês) ou ainda o NCCAM – National Center for Complementary and Alternative Medicine (Organis-mo do Serviço Nacional de Saúde Norte-Americano dedicado ao es-

O IMT – Instituto de Medicina Tradicional é a entidade nacional de referência na formação de técnicos de terapêuticas não convencionais. En-tre estas terapêuticas estão a Osteopatia, a Naturopatia, a Homeopatia, a Acupunctura, diversas técnicas de massagem, ocidentais ou orien-tais, como a Massoterapia, a Drenagem Linfática Manual, o Shiatsu, a Reflexologia, a Auriculoterapia, entre outras abordagens terapêuticas.

IMT – RESPOSTA AOS DESAFIOS EMERGENTES

OPINIÃO Mário Rodrigues – Director do I.M.T. - Instituto de Medicina Tradicional

tudo das terapêuticas não-conven-cionais) que demonstram exacta-mente isto. Ou seja, hoje em dia este mercado já não é marginal e apenas para públicos-alvo de escolaridade obrigatória, antes pelo contrário, hoje é também uma especialização técnica de elevada valia profissional para técnicos de saúde dos mais va-riados sectores, desde o médico, ao enfermeiro, passando pelo fisiote-rapeuta, terapeuta ocupacional ou psicólogo. Hoje é comum encontrar nas ofertas de emprego de clínicas médicas privadas, centros de rea-bilitação, centros de saúde e bem--estar, spa’s, ginásios, etc., a menção à necessidade de contratar especia-listas nestas áreas.A integração no mercado de traba-lho num panorama nacional em que o desemprego continua a aumentar só pode acontecer se forem cumpri-dos alguns pressupostos, nomeada-

FORMAÇÃO E EMPREGABILIDADE

mente a qualidade da preparação técnica e humana dos profissionais e a adequabilidade às exigências do mercado. No caso específico dos cursos ministrados no IMT, estamos em condições de oferecer garantias de que os dois pressupostos são cumpridos, ou seja, os formandos saem dos nossos cursos bem pre-parados técnica e humanamente para responderem eficazmente aos desafios colocados pelo mercado actual. Outro aspecto fundamen-tal para uma eficaz integração no mercado da prestação de cuidados de saúde, além destes dois pressu-postos, é a rede de parceiros que potenciem e facilitem esta integra-ção e neste sentido, o IMT, fruto da sua longa experiencia neste merca-do tem condições para oferecer ao futuro profissional uma integração profissional de acordo com as suas expectativas.

“A integração no mercado de trabalho num panorama nacional em que o desem-prego continua a aumen-tar só pode acontecer se forem cumpridos alguns pressupostos, nomeada-mente a qualidade da pre-paração técnica e humana dos profissionais e a adeq-uabilidade às exigências do mercado”

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33 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

A expressão “Corporate Governance” (CG) é bas-tante recente entre nós, embora muito utilizada

pela literatura internacional como forma de designar o movimento de reforma do sistema de regras e práticas de governo, gestão e fisca-lização das sociedades anónimas. A governação corporativa incide sobre as relações entre agentes in-ternos e externos das empresas na sua actuação, apontando-se os ac-cionistas e administradores como os protagonistas principais. Nesta esfera de actuação podemos ainda mencionar os funcionários, bancos e outros credores, instituições e ór-gãos reguladores, podendo mesmo afirmar-se a comunidade em ge-ral, existindo, assim, uma ideia de “freios e contrapesos”. A “CG” pode ser definida como um sistema através do qual as organi-zações empresariais são dirigidas e controladas, promovendo desta forma a transparência e a responsa-bilidade das empresas, numa só ex-pressão “separation of ownership and control”.Os grupos empresariais Angolanos podem beneficiar com a implemen-tação de projectos de “CG”, quer no sector Público quer no sector Priva-do, da qual resultará um reforço da credibilidade do Governo e das ins-tituições públicas e privadas.Em Angola estão reunidas todas as condições para promover práticas de “CG”, dada a grande aposta na formação de gestores e na genera-lidade dos meios humanos. Hoje em dia já existem muitas práti-cas de gestão que se podem inserir num modelo de “CG” como pode-mos verificar na Regulamentação de Questões Éticas na Banca, atra-

vés de Códigos de Conduta. Esta matéria ainda está em desenvolvi-mento e, como tal, ainda pouco de-finida, mas é um tema a seguir para o bem dos accionistas, dos fornece-dores, dos clientes e dos bancos, em nome do bom funcionamento do Mercado, emergindo a ideia de “ac-cionistas - proprietários” (detento-res de capital mas sem capacidade para intervir na conduta da vida societária) e os “administradores - controladores” (gestores profissio-nais que gozam de autonomia e que podem actuar como fiscalizadores das condutas dos accionistas). Ac-tualmente, as Entidades Regulado-ras, quer dos Mercados de Capitais quer no sector Segurador, já têm um papel bastante activo na regulação e no desenvolvimento de práticas de “CG”. A Economia Angolana com a criação do Mercado de Capitais vai ganhar um novo dinamismo, progresso e novação, garantindo a fiabilidade da informação financei-ra das empresas e a credibilidade nos agentes económicos envolvidos no mercado. A Bolsa de Valores e Derivados de Angola (BVDA) é um excelente instrumento para ace-lerar a privatização de empresas angolanas, desenvolvendo a eco-nomia com o moderno, credível e diversificado sistema financeiro, apresentando-se como um sistema mercado livre. Relativamente ao sector segurador, este constitui um pilar decisório para o desenvolvi-mento económico angolano, já que permite a gestão dos diversos ris-cos a que os agentes económicos estão expostos (Incêndios, doenças, entre outros). Os Seguros permitem às empresas, a troca de pagamento de um valor mensal, serem, devida-mente, indemnizados caso venha

a ocorrer algum acidente. Os prin-cipais “duelos” no sector dos segu-ros são: melhorar a celeridade de resposta na resolução de sinistros enaltecendo o serviço e estimulan-do o desenvolvimento económico; expandir a oferta de seguros de forma concorrencial entre todos os ramos de seguros existentes; opti-mizar a gestão e administração das seguradoras separando negócios e instituindo grupos financeiros de modo a impulsionar a competitivi-dade neste sector. A “CG” vem introduzir uma nova estruturação das empresas, apre-sentando uma importância clara em todas as unidades empresariais, a qual pode ser decisiva para a ex-pansão do Mercado. Os grupos em-presariais angolanos na sua grande maioria são compostos por familia-res o que vem a dificultar, e a com-plexar, a reordenação de participa-ções sociais e de negócios. Em bom rigor, é complicado uma separação entre unidades patrimo-niais da família e as unidades ope-racionais nas diferentes áreas de negócio dos grupos. De facto, esta separação entre direitos e atribui-ções dos accionistas e o papel dos gestores, actuação dos gestores profissionais e independentes, as

Em Angola, os grupos empresariais são muito recentes, pelo que se encontram, na sua grande maioria num processo de reordenamento, consolidação e solidificação das suas várias áreas de comércio.

“CORPORATE GOVERNANCE” E A ECONOMIA ANGOLANA

OPINIÃO Pedro Pires da Gameiro & Associados, Sociedade de Advogados, R.L.

COOPERAÇÃO CPLP comissões de autoria independen-tes, consultores externos e as fun-ções do conselho fiscal arcam indu-bitavelmente para o bom governo das empresas. Na nossa opinião, e salvo melhor entendimento, pensamos que o im-portante é desenvolver as melhores práticas de “CG” nos grupos empre-sariais angolanos de modo a que es-tes venham a integrar e afirmarem--se nos Mercados Internacionais em que cada vez mais vão ter de actuar. Segundo o economista angolano Al-ves da Rocha, numa notícia ao An-goNotícias a 27 de Junho de 2010, a economia angolana poderá tornar--se a quinta maior do continente africano, sendo esta projecção feita com base na evolução satisfatória que se tem registado nos últimos anos na taxa de Rendimento Nacio-nal Bruto, na dinâmica da economia e no poder de compra dos habitan-tes. Tendo em conta a economia estar a crescer em Angola, e esta ter condições para se expandir, faz todo o sentido criar novas práticas para o Desenvolvimento, Inovação e Competitividade da economia atra-vés das “Corporate Governance”, e se torne numa potência regional em África.

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A criação do mercado eu-ropeu comum trouxe no-vos desafios às empresas nacionais, que dentro do

espaço comunitário entram em competição mais ou menos directa com empresas de agora 27 países membros. A concorrência extra-eu-ropeia é igualmente cada vez mais cerrada, com gastos de transporte cada vez mais reduzidos e meios de comunicação cada vez mais evoluí-dos que permitem aos agentes eco-nómicos situados fora da Europa, colocar os seus produtos e serviços nos nossos mercados a preços mui-to competitivos, bem como o inver-so. É necessário, contudo, fazer aqui uma distinção, pois se no passado eram sobretudo as empresas de maiores dimensões que regra geral possuíam as devidas capacidades financeiras, materiais e de recur-sos humanos, que lhes permitiam penetrar em novos mercados fora do país de origem, actualmente, esse cenário conheceu no mínimo uma alteração significativa. Efecti-vamente, as denominadas PME’s, conscientes da pequenez do seu espaço na Europa, começam actu-almente, e cada vez mais, a apos-

tar fortemente no seu processo de internacionalização, ultrapassando obstáculos e vicissitudes que no passado eram comuns como a in-suficiência financeira, a escassez de informação sobre os mercados de destinos pretendidos, a inexistência de colaboradores com conhecimen-tos linguísticos e culturais respei-tantes aos países em que se inserem os novos mercados, entre outros. O acompanhamento e o aconselha-mento no momento desta tomada de decisão são essenciais, sendo importante a procura de parceiros que promovam o estabelecimento de «pontes» e contactos fidedignos e potencialmente catalisadores do retorno do investimento.A sociedade de advogados Luís S. Rodrigues & Associados assume-se actualmente como um player de re-ferência nos diversos domínios da advocacia, menção essa sustentada por mais de três décadas de acti-vidade e know-how acumulados, constantemente revitalizada pelas sinergias recorrentes das suas rela-ções internacionais. A Revista Pontos de Vista deu voz a quem sabe, tendo conversado com Luís Rodrigues, o sócio fundador da Luís S. Rodrigues & Associados

e, numa conversa de cariz informal, foi relevante percepcionar os mean-dros de uma temática cada vez mais em voga, a internacionalização de empresas de génese portuguesa, onde foi ainda abordada directa-mente a expansão da sociedade de advogados Luís S. Rodrigues & As-sociados para mercados asiáticos. Não sendo isto uma novidade para o nosso entrevistado, pois deu iní-cio à sua actividade profissional em terras macaenses, nem para a so-ciedade que representa, já presente em diversos pontos do globo, a sua instalação em território asiático, mais concretamente em Macau e Hong Kong, constitui um objectivo a conseguir a curto prazo, de forma a tornar-se naturalmente um par-ceiro de empresas que pretendam investir no extremo oriente. Este fito surge porque na opinião do nosso entrevistado, e olhando à actual conjuntura nacional, não é viável nem aconselhável a centra-lização de estratégias comerciais unicamente num ponto geográfico. “É necessário procurar oportuni-dades de negócio e parcerias que permitam usufruir de um leque de opções mais diverso e variado e a experiência mostra que as mais-va-

lias surgem de forma muitas vezes inesperada”, afirma.

Obter o retorno do investimento efectuado,

mas com prudência

Mas qual deve ser a estratégia adop-tada por quem pretende enveredar pela internacionalização? Segundo o nosso interlocutor, é importante que se busquem novos destinos, mesmo que numa primeira fase seja apenas por mero conhecimento das potencialidades e características de cada um desses mercados externos, sendo que numa fase posterior, “é relevante que se realize uma prévia avaliação cuidada para que se pos-sa compreender a susceptibilidade de realização de negócios e trocas comerciais”, afirma Luís Rodrigues. Existe a ideia de que entrada em mercados desconhecidos ou novos deve traduzir-se imediatamente num retorno do investimento, facto que na opinião do nosso interlocu-tor se assume como um equívoco crasso. “Naturalmente que o gran-de desiderato passará por obter o retorno do investimento realizado, contudo, devem ser dados passos

INTERNACIONALIZAÇÃO

Sendo a globalização uma realidade indiscutível, que define a vida di-ária de indivíduos e de empresas em igual medida, torna-se cada vez mais evidente que em Portugal, justamente o país que historicamente iniciou todo este processo, existe uma forte necessidade em adaptar estruturas e processos empresariais às exigências de um mundo de negócios cada vez mais global.

PARCEIRO PRIVILEGIADO NA INTERNACIONALIZAÇÃO

Sociedade de Advogados Luís S. Rodrigues & Associados

Luís Rodrigues

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consolidados e sustentados, pois o conhecimento de outros mercados pode e deve também traduzir-se numa melhoria da qualidade dos produtos e dos serviços da empresa que pretende apostar além-fron-teiras, criando assim as bases para o estabelecimento de uma rede de contactos, fundamental para a po-tenciação de negócios com outros players”, explica, lembrando que é necessário provocar um «agitar de águas», fundamental para se sair desta letargia vivida actualmente em Portugal.

Definir prioridades é funda-mental

Neste sentido, o desenvolvimento da internacionalização da socieda-de de advogados Luís S. Rodrigues & Associados encontra-se projecta-do para ser incrementado no decor-rer de 2011, sendo que os primeiros contactos já foram realizados, “em-bora tenham de ser desenvolvidos consoantes as áreas potenciais de interesse dos clientes nessas zonas geográficas. Além disso, esse facto permitir-nos-á estabelecer limites e definir preliminares que possibi-litem uma tomada de decisão mais conscienciosa”.As diferenças linguísticas e cultu-rais são evidentes de país para país, sendo que de continente para con-tinente essas diferenças são ainda mais exponenciadas. No domínio da assessoria a negócios e empre-sas essas diferenças podem ser ain-da reportadas para o domínio fiscal, legal, laboral, social, entre outros. Mas será que o principal obstáculo concerne ao quadro legal existente nesses mercados e que difere da moldura jurídica dos países das empresas exportadoras? Para Luís Rodrigues, o principal óbice não passa pelo cenário descrito, até por-que essas são ultrapassadas com a adequação às vigências locais. “O grande passo é compreender quais são as novidades e qual a criação de valor que podemos aportar a esse mercado através de produtos ou serviços, avaliando sempre quais os riscos e os custos envolvidos nessa aposta e de que forma se pode orga-nizar, em termos de implementação física, para se obter experiência e mais-valias económicas”.

Abrindo portas…

Assim, o papel da assessoria prota-gonizada pelo escritório Luís S. Ro-drigues & Associados passa por ir «abrindo portas» aos empresários que “nos procuram e caminhar de uma forma sustentada, perceben-do e oferecendo informação sobre

a realidade e os condicionalismos desses possíveis locais de destino, legais, fiscais, laborais e sociais, numa perspectiva genérica para posteriormente se iniciar o proces-so de pormenorização em função da actividade de negócio que se pretende implementar”, assevera o nosso entrevistado. Mas será o continente asiático, mais concretamente o mercado chinês, o denominado El Dorado para as empresas que pretendem iniciar ou dar continuidade ao seu projecto de expansão? Segundo Luís Rodrigues esta ideia não é verosímil. “Desen-ganem-se os que pensam que apos-tar no mercado chinês é simples e que se traduz imediatamente em retornos económicos céleres. É ne-cessário um trabalho de base rigo-roso e paciente para que não se co-metam erros, potencialmente fatais para a continuidade das empresas”. O escritório Luís S. Rodrigues & Associados aporta uma tradição antiga de contactos a nível inter-nacional, principalmente pela dis-persão geográfica dos seus clientes, que inevitavelmente suscita um fluxo de serviços elevado. Assim, o nosso entrevistado admite que este projecto de integração no mercado asiático pode obedecer a uma pre-sença física da Luís S. Rodrigues & Associados em solo chinês, embora com uma condição, tal como explica o nosso interlocutor. “Sempre com profissionais locais, porque a ques-tão da língua é fundamental, bem como o conhecimento rigoroso dos ordenamentos próprios”, adverte Luís Rodrigues.

Mercado russo em perspectiva

Reconhecendo capacidade e ousa-dia aos empresários portuguesas para enveredar e singrar em merca-dos externos, Luís Rodrigues adver-te para os cuidados e a ponderação a ter quando se perspectiva apostas desse género. A finalizar, o nosso entrevistado referiu ainda outro projecto da sociedade de advoga-dos, Luís S. Rodrigues & Associados, ou seja, a aposta no mercado russo, mais concretamente na promoção da ligação com Moscovo, que embo-ra ainda esteja numa fase embrio-nária, começa hoje a dar os seus primeiros passos, nomeadamente na vertente do mercado imobili-ário. “Embora Portugal ainda não seja um destino de eleição dos rus-sos (a Espanha por exemplo capta uma taxa de investimento russo su-perior) acreditamos que com rigor e transparência poderemos realizar ligações importantes”, conclui Luís Rodrigues.

“É necessário procurar oportunidades de negócio e parce-rias que permitam usufruir de um leque de opções mais di-verso e variado e a experiência mostra que as mais-valias surgem de forma muitas vezes inesperada”

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INSOLVÊNCIAS 2010 EM PORTUGAL E PERSPECTIVAS PARA 2011O ano de 2010 foi marcado por notícias pouco animadoras sobre a recu-peração económica e pelo incremento do número de insolvências das em-presas, traduzindo-se num aumento do receio de incumprimento destas, perante os seus fornecedores e financiadores. Na análise realizada pela CO-SEC, companhia líder de mercado em Seguro de Créditos, com base na in-formação disponível em Diário da República, ocorreram 4.091 insolvências em 2010, um valor superior em 7% ao obtido em 2009, com destaque para o Sector de Construção (13%) e Indústria do Vestuário (7%). Os distritos de Porto, Lisboa e Braga são os que mais insolvências registam.

Insolvências 2010

Os meses de Agosto e Dezembro foram aqueles em que se registou um maior aumento percentual das insolvências (cerca de 46%) relativamente a igual período do ano passado. Este aumento foi contrabalançado por que-bras relevantes nas insolvências sobretudo nos meses de Julho (-12,7%) e Novembro (-22,1%).

Em linha com os seus parceiros Europeus, Portugal assistiu ao reani-mar da sua economia nos primeiros três trimestres de 2010, suporta-do pela procura interna e sobretudo pelo crescimento das exportações.As perspectivas de crescimento são contudo fracas, dados os planos de austeridade em vigor. Com o conjunto de ajustamentos a realizar em 2011, a actividade económica deverá abrandar, travada por uma quebra na procura interna, em particular depois das pressões inflacio-nistas causadas pelo aumento do IVA e da redução nos salários (con-gelamento dos salários do sector público, aumento da taxa de IRS para os escalões mais altos). Prevê-se assim a estabilização do número de insolvências em 2011, mantendo-se, no entanto, a níveis elevados, de-pois de um crescimento das mesmas nos últimos três anos (47% em 2008, 29% em 2009 e, 7% em 2010).

A gestão do risco de crédito

Perante este cenário de evolução de insolvências o recurso ao Seguro de Créditos ganha maior importância. Este instrumento permite gerir e cobrir o risco de incumprimento em situações tipificadas, como a insolvência ou a mora do devedor, na qual o seguro indemniza a em-presa tomadora do seguro em função dos prejuízos apurados e numa percentagem do crédito seguro. Para além da importante componente indemnizatória, o Seguro de Créditos contribui de forma significati-va para a gestão do crédito, permitindo uma acção de contacto com o cliente em dívida na fase pré-indemnizatória, o que se poderá traduzir na manutenção da relação com o cliente e na consequente cobrança do crédito. Também de relevância a vertente de antecipação do cré-dito, através da cessão do direito da indemnização a uma entidade fi-nanciadora, permitindo assim obter a liquidez necessária à tesouraria do Segurado. A situação ainda instável que se perspectiva para 2011 apela à sensibilidade das empresas em recorrer a instrumentos que permitam desenvolver o seu negócio em segurança. E nesse sentido, o Seguro de Créditos apresenta-se como uma solução sólida de proteger o seu negócio.

Os distritos que registaram maior número de insolvências foram: o Porto com 1.037 (representa cerca de 25% do total), seguido de Lisboa com 799 e o distrito de Braga com 606 casos.

OPINIÃO COSEC

Os sectores mais afectados são a Construção de Edifícios com 527 casos (13%), Indústria do Vestuário com 291 casos (7%) e Actividades especia-lizadas de construção com 232 (6%).

Perspectivas para 2011

Em 2011, a COSEC prevê uma quebra no índice global de insolvências de 5%. A grande maioria dos países da OCDE deverá ter quebras de 5% a 15%, com excepção para alguns casos, dos quais se destaca a Grécia, Rússia e Brasil, que continuarão a ter um aumento no número de insolvências.

INSOLVÊNCIAS

1.De acordo com a divisão da Classificação Económica das Actividades (CAE)

2.Exclui produtos alimentares, bebidas e tabaco, combustível para veículos a motor, equipamen-tos das tecnologias de informação e comunicação

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Como vai o Código Contribu-tivo criar miséria e como pode a classe média usar as

off shores para salvaguardar o seu património? Até aqui a Segurança Social não controlava quem passa-va recibos verdes, mas não estava inscrito naquela como trabalhador independente. Quem passava e não se inscrevia como independente, fi-cava numa situação de limbo, pois a divida não aparecia, pelo menos de imediato. Se o trabalhador indepen-dente não tinha falta de dinheiro, nesse mês pagava o supermercado e, no próximo, pagava à segurança social a sua divida.A partir do dia 1 de Janeiro de 2011, a entidade contratante passa a ser a devedora das contribuições do tra-balhador independente. Este não pode adiar o pagamento e, se a enti-dade patronal não pagar, o adminis-trador ou gerente comete um cri-me de abuso de confiança, porque reteve o dinheiro do trabalhador independente e não o entregou ao Estado. Até aqui se este trabalhador não pagasse não havia crime. Agora o Estado sabe o momento da práti-ca do crime, porque o recibo verde é emitido por via electrónica, sendo a segurança social quem vai apurar o valor de contribuição, conside-rando os serviços prestados no ano anterior. Dado que a taxa contribu-

tiva dos independentes passa a ser uma só, de 29,6 %, a somar ao IVA de 23%, temos um pagamento ao Estado de 52,6 %, pelo menos, em tudo o que fazemos.Sendo o trabalhador dependente, a situação não ficará menos feia. O trabalhador passa a ser sujeito a contribuição em: uso de viatura da empresa, despesas de represen-tação pré determinadas, prémios, bónus, fundos de pensões, PPRs, planos de acções, indemnização por despedimento, ajudas de custo, despesas de transporte, abonos de falhas e de deslocação em viatura própria que excedam o previsto para o IRS. O uso telemóvel da em-presa parece, ainda, estar excluído. Este trabalhador irá ser mais tri-butado a partir de 1 de Janeiro de 2011.Mesmo que esse impacto não se sinta de imediato, por ignorância de quem de direito, mais tarde isso aparecerá e acrescido de juros e coimas. Ora o número de trabalha-dores dependentes e independen-tes, que estão nesta situação, a so-mar aos funcionários públicos que vêm o seu ordenado reduzido em valores superiores a 5%, fará com que, a médio prazo, a classe média, nomeadamente a dos serviços, dei-xe de poder cumprir as suas obriga-ções e perca o seu património.

É aí que entram as off shores. Até ao momento as off shores eram exclu-sivas das grandes fortunas, nome-adamente dos bancos. Bastou criar um mau nome às off shores, através de publicidade falsa, denegrindo--as e isso fez com que a classe mé-dia acreditasse. Bastou fazer crer que são o diabo – para que o diabo fosse só deles. Ouviu alguém dizer que perdeu por causa de off sho-re? Já quem negociou com o Banco Privado pode dizer isso. Diabo! Afi-nal onde está o diabo? Nestes dias, quem não é tolo, começou a perce-ber que, se não quer perder a casa, que tanto está a custar pagar, talvez seja melhor pensar numa off sho-re. Claro que se justifica para uma casa e não para um carro e afinal é simples e seguro. Mesmo que ela esteja hipotecada a um Banco, esta hipoteca mantém-se, o que quer dizer que temos de continuar a ser nós a pagá-la ao nosso Banco, mas em tudo o mais a nossa casa fica no paraíso. E é seguro, porquanto só o titular a pode vender, porque só ele tem poderes para a vender e mais ninguém. Não fora assim, os bancos não colocariam fortunas, maiores que o nosso PIB, nas mãos de algu-mas dessas entidades. É certo que tem que pagar IMT – imposto muni-cipal sobre as transacções onerosas de imóveis, mas esse pagamento vai

valorizar o nosso património, o que daria para uma outra conversa…Depois há o custo da própria off shore, mas o mesmo é hoje tão re-duzido que se tornou acessível à classe média. Quanto ao receio do Estado mudar as leis, no sentido de contrariar essa solução, isso é improvável, porquanto o Estado é constituído por pessoas e foram essas as primeiras a pensar dessa forma, embora hoje usem também meios mais modernos, mas mais caros.Finalmente põe-se a questão de saber onde ir para “comprar” off shores? Porque elas estão escondi-das em alguns escritórios e socie-dades de advogados e em bancos. Todos fingem que não sabem, nem viram. A solução é procurar. Assim, a classe média chegou às off shore, que as procuraram e ao trabalhador da classe média. Não porque estes tenham contraído dívidas, mas por-que eles têm que pagar as dívidas que o Estado contraiu. E o Estado tem mais uma solução a seguir: taxar mais quem tem património, porque só quem tem é que perde, quem já nada tem, nada pode mais pagar. Infelizmente o trabalhador não fez as suas contas, quando foi publicado o Código Contributivo em 2010 e agora tem que perder o medo, de um diabo que não o é.

Quando vamos atravessar o deserto devemos preparar-nos. A crise em Portugal irá mudar de nome den-tro de dias. Para alguns isso acontecerá já no dia 31 de Janeiro de 2011, por força do Código Contributivo. As medidas de austeridade irão tornar os pobres mais pobres e vai fazer surgir fortunas inexplicáveis. Salva o País à custa dos mais fracos.

O CÓDIGO CONTRIBUTIVO E AS OFF SHORES

OPINIÃO TÚLIO ARAÚJO, SÓCIO DA TÚLIO M. ARAÚJO, FILIPA COIMBRA & ASSOCIADOS

CÓDIGO CONTRIBUTIVO

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Em Outubro de 2008, as Autoridades Regulado-ras Nacionais (ARN) das comunicações e teleco-municações de: Angola

(Instituto Angolano das Comuni-cações - INACOM), Brasil (Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL), Cabo Verde (Agência Na-cional das Comunicações - ANAC), Guiné-Bissau (Instituto das Comu-nicações da Guiné-Bissau - ICGB), Moçambique (Instituto Nacional das Comunicações de Moçambi-que - INCM), Portugal (Autoridade Nacional de Comunicações - ANA-COM), São Tomé e Príncipe (Auto-ridade Geral de Regulação - AGER) e Timor-Leste (Autoridade Regula-dora das Comunicações - ARCOM), criaram a ARCTEL-CPLP. (hoje os cargos à excepção do meu já não são estes. Acho preferível omitir)A experiência adquirida ao longo dos vários encontros técnicos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) conduziu à ideia de criar um organismo que funcio-nasse como um fórum permanente de troca de informação e partilha de experiências, ajudando a cons-truir um ambiente institucional e regulatório propício ao reforço da cooperação sectorial já desenvolvi-da ao nível da CPLP, para além de constituir um estímulo à inovação e ao desenvolvimento das comuni-cações nos Países envolvidos. Com este propósito, foi formalizado, a 9 de Outubro de 2008, o Memorando de Entendimento para a criação da Associação de Reguladores de Co-municações e Telecomunicações da Comunidade dos Países de Lín-gua Portuguesa (ARCT-CPLP), uma

vez que, no início deste século, com excepção de Portugal e do Brasil, os restantes países viam as suas enti-dades integradas nos respectivos ministérios sectoriais. Foi a partir da percepção dessa realidade e da necessidade de as tornar autóno-mas, que, no âmbito da CPLP, as diferentes entidades iniciaram uma série de reuniões técnicas, que es-tiveram na génese da criação das Autoridades Reguladoras Nacionais das comunicações de cada Estado--membro da CPLP e que possibilita-ram a criação da ARCTEL-CPLP.

ARCTEL-Uma plataforma para a Globalização

Nas palavras do nosso interlocutor “apesar de a ARCTEL não ser um projecto único, uma vez que exis-tem várias associações do género, ela destaca-se das suas congéneres por não ser de cariz tipicamente regional, uma vez que os países que dela fazem parte estão espa-lhados pelo globo”. No entender de Filipe Batista este é o principal desafio que se colocou à criação da ARCTEL: “O facto dos membros da Associação estarem separados geo-graficamente poderia ser entendido como um problema, mas encara-mos este facto como um desafio e na verdade uma mais-valia face às restantes entidades congéneres. Existe entre todos os membros, um laço comum e claramente agrega-dor e impossível de derrubar e que é a língua portuguesa. Fruto desta abrangência geográfica e do tra-balho desenvolvido pela ARCTEL, conseguimos em apenas dois anos afirmarmo-nos na cena internacio-

nal. E dou um exemplo concreto: A ARCTEL participou pela primeira vez numa Conferência Mundial de Desenvolvimento em 2010. Tinha como único objectivo propor alte-rações às Resoluções 48 da WTDC da UIT sobre “Strengthening coope-ration among telecommunication regulators” e 138 da Conferência de Plenipotenciários da UIT, sobre “Global Symposium for Regulators”, por forma a instituir formalmente as Reuniões de Associações Regio-nais de Comunicações. Para grande satisfação de todos os membros, a proposta da ARCTEL foi aceite por unanimidade e as reuniões formais instituídas no quadro da UIT. Em Outubro de 2010, estava a realizar--se em Dakar a primeira reunião deste nível.E a rão para o termos proposto é simples: entendemos que faz todo o sentido elevar o patamar do diálogo da regulação. E que faz sentido pro-mover uma maior partilha de ideias a um nível mais abrangente que o nacional, porque os problemas com que se deparam os órgãos regula-dores são os mesmos um pouco por todo o mundo, são transversais. As-sim como, muitas vezes, os actores são os mesmos, a começar desde logo pelos grandes operadores ou pelos operadores internacionais que se encontram instalados em vá-rios países”.

“Problemas globais exigem respostas ou soluções globais”

“O caminho para a globalização pas-sa obrigatoriamente pela regionali-zação”. Deste modo, Filipe Batista não tem dúvidas ao afirmar que “a

ARCTEL é um exemplo do que pode fazer a CPLP a um nível macro de relações internacionais em várias áreas”, uma vez que o fenómeno da integração é hoje inevitável. Este fe-nómeno globalizador que vivemos hoje traz também novas áreas onde é impreterível haver regulação, so-bretudo no sector das comunica-ções e concretamente nos vazios de soberania por onde cursam mi-lhares e milhares de dados, onde se assistem a situações de total mono-pólio e que o Secretário da ARCTEL define como “terra de ninguém, e que tem que ser monitorizadas, sob pena de os utilizadores em zonas do globo com menos alternativas de acessos internacionais, como é o caso do continente africano, esta-rem constantemente a ser penaliza-dos pelos tarifários de interligação praticados”.Em termos práticos, os preços das chamadas internacionais no conti-nente africano, são 2 a 3 vezes mais caros dos que os praticados na Eu-ropa, ou Estados Unidos. Isto acon-tece porque não existe qualquer controlo nos preços de interligação internacionais, que são livremente acordados entre os grandes opera-dores internacionais. A factura é naturalmente paga pe-los utilizadores. “Defendo a regu-lação desta área do negócio, mas não numa perspectiva de encaixe financeiro para quem regula ou para os Estados com a tentação de cobrarem direitos de passagem, mas sim como contrapartida para o desenvolvimento da sociedade de informação em países mais ou regi-ões mais necessitadas”.Um exemplo de como operaciona-

A Associação de Reguladores de Comunicações e Telecomunicações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (ARCTEL-CPLP) foi cria-da com o intuito de reforçar os laços históricos de amizade e cooperação existentes entre os países de expressão portuguesa e, através de um fórum permanente de troca de informação e de partilha de experiências no âmbito da regulação do sector das comunicações, pretende ser um estímulo à inovação e desenvolvimento das comunicações nos países envolvidos. Em entrevista, o Secretário Filipe Batista traça o caminho a seguir por esta instituição que considera ser “um exemplo do que pode fazer a CPLP” na defesa dos superiores interesses do mundo lusófono.

“ARCTEL É UM EXEMPLO DO QUE PODE FAZER A CPLP”

Associação de Reguladores de Comunicações e Telecomunicações da CPLP

COOPERAÇÃO CPLP

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39 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

lizar uma estratégia de benefício para o desenvolvimento da socie-dade de informação é a aplicação de uma pequena taxa de regulação a tarifas de interligação e aplicá--la num fundo de desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação. Se bem aplicado e gerido com rigor, por entidades re-gionais e em coordenação com as principais entidades financiadoras Mundiais para evitar duplicações de investimento, estou certo que os resultados seriam extremamente proveitosos, contribuindo para o aparecimento de mais utilizadores, para o aumento das comunicações, logo contribuindo para mais lucro para os prestadores de serviços, sustentando mais desenvolvimen-to, ou seja, benefício generalizado”.

Mercado da lusofonia tem potencial

Os mercados das telecomunicações são muito apetecíveis do ponto de vista do investidor externo, pois apresentam ainda grandes margens de crescimento e os números reflec-tem o potencial do espaço lusófono: 243 milhões de consumidores, 150 mil postos de trabalho directos, 17 mil milhões de euros de receitas anuais, num total de dez mil e 700 milhões de área terrestre. Valores que podem ser triplicados, caso se concretizem os pedidos de adesão de mais países à CPLP o que a con-cretizar-se, em 2020 irá perfazer um total de 680 milhões de consu-midores. Outro dos objectivos da Associação passa por promover este mercado o que, conforme a leitura dos núme-ros nos mostra, pode trazer grandes dividendos para todos os estados membros: “Procuramos fazer esta promoção a dois níveis: por uma lado através do trabalho desenvol-vido a nível inter-regulador efectu-ado no quadro da Assembleia-Geral da ARCTEL, através da troca de in-formações, do aperfeiçoando ins-trumentos e mecanismos de regula-ção, procurando implementar boas práticas, tentando criar uma base comum de harmonização legislativa entre todos os membros, em suma procurando modelos regulatórios mais perfeitos, transparentes e que sirvam as tendências e necessida-des dos investidores internacionais, sem com isto prejudicar ou expor os nossos mercados”.Paralelamente a este trabalho totalmente baseado na troca de experiências e na construção de recomendações genéricas que vi-sam a transparência regulatória, a ARCTEL procura promover o in- FILIPE BATISTA

vestimento no mercado lusófono facilitando o contacto entre os diversos agentes do sector. Uma boa experiência de cooperação entre reguladores e regulados e que visou sobretudo contribuir para a consolidação do termo de “Mercado das Telecomunicações Lusófonas”, com ideias para o desenvolvimento de um quadro e um contexto de regulação mais estável e moderno, que tenha a capacida-de de atrair e facilitar o investimento privado.O modelo utilizado é a realização de um Fórum Lusófono das Comunicações, um encontro desenvolvido em parce-ria com os operadores, prestadores de serviços e outras entidades do sector do espaço CPLP e que este ano con-tará com a sua segunda edição.Os resultados obtidos na primeira edição apontam para uma boa experiência de cooperação entre reguladores e regulados e contribuiu para a consolidação do termo de “Mercado das Telecomunicações Lusófonas”. Destes encontros esperam-se ideias para o desenvolvimento de um quadro e um contexto de regulação mais estável e moderno, que tenha a capacidade de atrair e facilitar o investimento privado, potenciando o contacto entre os diversos agentes do sector.Este ano o Fórum terá associado a si uma mostra tec-nológica, onde diversas empresas do sector terão opor-tunidade de expor os seus produtos e as suas soluções. “Será certamente uma oportunidade para realizar bons negócios”.O espaço lusófono, apesar de geograficamente descon-tinuado, é, por si só, um meio de desenvolvimento por excelência. Prova disso é o trabalho que a ARCTEL – CPLP tem desenvolvido, no âmbito da regulação do sector das comunicações, nos países de expressão portuguesa. Par-tilhando experiências, procurando respostas globais, para potencializar o mercado existente e construir o fu-turo, que se adivinha promissor.

“Existe entre todos os membros, um laço comum e claramente agregador e impossível de derrubar e que é a língua portuguesa”

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Disponível on-line desde 15 de Julho de 2009, em www.legis-palop.org/bd, o sistema per-

mite aceder para cada um dos países a todos os actos norma-tivos publicados desde as inde-pendências até à actualidade bem como à legislação anterior a 1975 ainda em vigor, dispo-nibilizando as vicissitudes dos diplomas e versões consolida-das de códigos e outros diplo-mas. Permite ainda consultar a jurisprudência das instâncias superiores e a doutrina e docu-mentos relevantes e proceder à análise jurídica comparativa entre os respectivos regimes ju-

rídicos através de um thesaurus jurídico desenhado para facili-tar a consulta do extenso acervo de cerca de 45 000 registos.Inserido no âmbito de execução do Projecto de Apoio ao Desen-volvimento dos Sistemas Judi-ciários dos PALOP e no quadro do Programa Indicativo Regio-nal PALOP II, financiado pelo 9º Fundo Europeu de Desenvol-vimento (FED) e pelo Instituto Português de Apoio ao Desen-volvimento (IPAD), o Legis-PA-LOP visa contribuir para a união dos países de língua portugue-sa, colmatando a lacuna de in-formação e conhecimento dos seus respectivos ordenamentos

jurídicos de forma sistemática e integral. A disponibilização desta plataforma de informação jurídica oficial veio dar resposta de forma uniforme e actualizada aos cinco PALOP, que até então se debatiam com incertezas que afectavam de forma considerá-vel o seu desenvolvimento: Qual a legislação em vigor? Quais as decisões das instâncias superio-res?O Legis-PALOP foi concebido e desenvolvido por um consórcio Luso-Angolano, liderado pela empresa Ecosphere - consul-tores em ambiente e desenvol-vimento, Lda, em articulação contínua com os Ministérios

A Base de Dados Jurídica Legis-PALOP constitui um projecto pioneiro de disponibilização de uma plataforma de conhecimento e partilha de informação jurídica entre os PALOP e para todos aqueles que pretendem conhecer os seus ordenamentos jurídicos.

LEGIS-PALOP – FONTE DE CONHECIMENTO E INSTRUMENTO DE CIDADANIA LUSÓFONA

OPINIÃO Teresa Amador, Directora da Ecosphere e Coordenadora do Legis-PALOP

COOPERAÇÃO CPLP

“A disponibilização desta plataforma de informação jurídica oficial veio dar re-sposta de forma uniforme e actualizada aos cinco PALOP, que até então se de-batiam com incertezas que afectavam de forma con-siderável o seu desenvolvi-mento”

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da Justiça, os financiadores e outras entidades dos PALOP. A Ecosphere vem, ao longo da úl-tima década, trabalhando nos PALOP em diversas áreas, desde a capacitação técnica e institu-cional em matéria de ambiente e desenvolvimento até à pres-tação de assistência no planea-mento, formulação de políticas e revisão da regulamentação ju-rídica, disponde de uma equipa multidisciplinar e com extensa experiência neste contexto. O recurso a consultores nacionais de reconhecido mérito cientí-fico e técnico contribuiu signi-ficativamente para o sucesso do Legis-PALOP e para a sua afirmação como fonte oficial da informação jurídica de cada PA-LOP.Desde a concepção, até à pre-sente fase de consolidação e

melhoria contínua, a equipa tem mantido uma coordena-ção estreita com o Instituto de Apoio ao Desenvolvimento, as Embaixadas de Portugal nos PA-LOP, as Delegações da Comissão Europeia e com os Ordenado-res nacionais do FED em cada país, com quem afinou critérios e discutiu soluções para a con-cretização e dinamização do Legis-PALOP nas suas várias vertentes e consolidou as rela-ções entre os diversos países na construção de um instrumento comum de informação.Para além dos Ministérios da Justiça que em cada país tute-lam a base de dados, integram o seu processo de manutenção e actualização: (1) as Imprensas Nacionais que pela sua impor-tância e natureza estruturante participaram na definição das funcionalidades do sistema e desempenham um papel fun-damental de fornecimento da informação; (2) todos os Tribu-nais Supremos e Constitucio-nais que, para além de partici-parem na concepção, fornecem regularmente os actos jurispru-denciais; (3) as Procuradorias Gerais da República que, com os seus pareceres, complementam o acervo de informação dispo-nibilizada; (4) as Ordens dos Advogados que, para além de fa-cilitadoras do processo, apoiam a sua implementação a diversos níveis em cada país; (5) as Fa-culdades de Direito e os centros de formação jurídica benefici-ários directos e que, com a sua análise critica e doutrina, con-tribuem para a consolidação do sistema.Actualizado diariamente por uma equipa de juristas e técni-

“Desde a concepção, até à presente fase de consolidação e melhoria contínua, a equipa tem mantido uma coordena-ção estreita com o Instituto de Apoio ao Desenvolvimento, as Embaixadas de Portugal nos PALOP, as Delegações da Comissão Europeia e com os Ordenadores nacionais do FED em cada país, com quem afinou critérios e discutiu solu-ções para a concretização e dinamização do Legis-PALOP nas suas várias vertentes e consolidou as relações entre os diversos países na construção de um instrumento comum de informação”

“Para além de constituir uma ferramenta de exer-cício da cidadania, per-mitindo o conhecimento dos direitos e deveres de cada um na sua esfera pes-soal, o Legis-PALOP é um instrumento de apoio ao in-vestimento, tanto nacional como internacional, facili-tando o processo de pla-neamento de acordo com os requisitos de cada país e proporcionando um investi-mento com maior seguran-ça e transparência”

cos nacionais e internacionais, a continuidade do Legis-PALOP é considerada uma prioridade tanto pela União Europeia como pela cooperação portuguesa, es-tando em curso uma análise de diversos modelos de sustentabi-lidade, incluindo a sua integra-ção na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).Para além de constituir uma ferramenta de exercício da ci-dadania, permitindo o conheci-mento dos direitos e deveres de cada um na sua esfera pessoal, o Legis-PALOP é um instrumento de apoio ao investimento, tan-to nacional como internacio-nal, facilitando o processo de planeamento de acordo com os requisitos de cada país e pro-porcionando um investimento com maior segurança e transpa-rência.Por outro lado, permite ao intér-prete, ao aplicador e ao próprio legislador encontrar soluções de direito comparado e contri-buir para o aperfeiçoamento dos regimes jurídicos em vigor nos cinco países, com base num conhecimento integral e siste-matizado do seu ordenamento jurídico, facilitado por análises comparativas entre os restan-tes ordenamentos. É também uma ferramenta extraordina-riamente útil para os magistra-dos judiciais que diariamente a consultam, constituindo fonte de inspiração para as decisões tomadas pelas instâncias judi-ciais e para o mundo académico, estando inclusivamente a ser usado como fonte de direito por algumas Faculdades dos PALOP.Com esta plataforma estão lan-çadas as bases para conhecer, comunicar, aperfeiçoar, deline-

ar políticas, desenvolver negó-cios e dar a conhecer, através de uma plataforma de fácil acesso e consulta, os ordenamentos ju-rídicos de cada PALOP, pressu-posto essencial para progredir e vencer desafios numa era global como esta em que vivemos.

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REABILITAÇÃO DO EDIFICADO

A edição deste ano contou com uma nova variante, trabalhos de produ-ção científica que tem como objecti-vo incentivar o estudo e a investiga-ção de matérias ligadas a habitação e à reabilitação urbana.Foi exactamente por esta última ca-tegoria que a entrega de prémios se iniciou, em que foram distinguidos diversas teses de mestrado em te-mas bastante distintos e fundamen-tais para a sociedade portuguesa, bem como para o sector, nas suas mais diversas vertentes, da reabili-tação urbana. Assim, foram distin-guidas teses de mestrado como a Reabilitação que incide nas zonas do Bairro Alto e do Bairro da Bica, onde cerca de 60 por cento dos edi-fícios necessitam de intervenção urgente e a recuperação do conceito de vizinhança através de modifica-ções do espaço público. Na vertente do doutoramento, foi premiado a investigação realizada sobre «Como se faz Reabilitação Urbana desde a década de 60 até à actualidade no contexto europeu».

Produção Científica fundamental

A presidir a esta mesma cerimónia esteve a Ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território, Dulce Pássaro, que revelou a sua satis-fação pela afluência aos Prémios IRHU 2010, tendo ainda revelado que “a aposta na Reabilitação Ur-bana é cada vez mais uma realidade do nosso país”. Nesta vertente da Reabilitação o Espaço Corpus Chris-ti, localizado em Vila Nova de Gaia e o Centro de Memória – Casa de São Sebastião, situado em Vila do Con-de, foram os galardoados. Dulce Pássaro afirmou ainda que todas as áreas da política devem ter preocupações ao nível da susten-tabilidade ambiental, na “medida em que permite qualificar espaços construídos, que de outra forma estarão a ser inadequadamente fruídos e portanto não continuar a utilizar recursos e materiais para realizar novas construções, quando já possuímos algumas edificadas

Decorreu no passado dia 3 de Dezembro, a entrega de Prémios IRHU 2010, que se realizou no Auditório de Lisboa, evento que tem como prin-cipal desiderato promover a distinção de empreendimentos de habitação de interesse social e obras de reabilitação urbana.

OS BONS EXEMPLOS PREMIADOS

Prémios IRHU 2010

com determinados investimentos complementares e que nos permi-tem suprir as necessidades de ha-bitação”. Como já foi salientado, premiar a categoria da Produção Científica revelou-se a grande novidade deste evento, pois pretendesse demons-trar a importância da investigação no domínio do imobiliário. “Estes estudos, bem estruturados, também são fundamentais para, à posteriori, se passar à acção e daí a relevância que a produção científica aporta a este sector”, revela Dulce Pássaro. Segundo António Baptista, Presi-dente do IRHU - Instituto da Ha-bitação e da Reabilitação Urbana, IP, este evento surge no sentido de premiar as boas práticas neste do-mínio. “Acima de tudo aquilo que se faz, mas também distinguir o co-nhecimento e portanto este prémio para a vertente dos trabalhos de produção científica. Pretendemos sinalizar uma prioridade aos inves-tigadores e premiar os bons traba-lhos, pois o seu trabalho é funda-

mental no âmbito da habitação, da reabilitação urbana, do funciona-mento dos mercados imobiliários e das questões sociais relacionadas com a habitação”, assevera. Perante a qualidade e quantidade de trabalhos apresentados, António Baptista confessou as dificuldades no momento da escolha dos melho-res. “Foi de facto uma escolha bas-tante difícil, pois as candidaturas eram de elevadíssima qualidade, in-dependentemente da categoria em que estavam inseridos: reabilitação urbana; construção; investigação científica, em que foi pedido aos dois júris constituídos um trabalho muito intenso e rigoroso”, explica o presidente do IRHU.A terminar, importa lembrar que para além da entrega de prémios, foram realizadas diversas menções honrosas, que tiveram como fito principal, premiar as boas práticas e a investigação na construção e reabilitação que se realiza em Por-tugal.

ANTÓNIO BAPTISTA

DULCE PÁSSARO

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Sem prejuízo de entender que a questão da reabilitação urbana é, antes de mais, matéria da competência do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território, certo é também que ela é do interesse dos agentes da construção e do imobiliário regulados pelo Ministério das Obras Públicas, razão pela qual ouso corresponder aos convites que me vão sendo formulados, enquanto presidente do InCI, para me pronun-ciar sobre o tema.

A REABILITAÇÃO URBANA É UM IMPERATIVO NO NOSSO PAÍS

OPINIÃOAntónio Flores de Andrade, Presidente do Conselho Directivo DO InCI

REABILITAÇÃO DO EDIFICADO

E começo por insistir aqui numa ideia que me parece determinante: a de que a necessidade de reabilitação

urbana é, em si própria, um impera-tivo no nosso país, independente-mente, pois, de a crise económica que (também) atingiu o sector da construção e do mobiliário poder ser sensivelmente amenizada com o esforço que nesse sentido deva ser empreendido, com o indispensável empenhamento do Estado central e das Autarquias.Basta constatar a deterioração da paisagem urbana das nossas prin-cipais cidades para concluir no sen-tido que defendo, isto é, da necessi-dade imperiosa de requalificação da paisagem urbana, mesmo que os agentes do sector se encontrassem no ponto máximo de sucesso das suas actividades. E não é o caso, in-felizmente. Longe disso.

Muita coisa tem, no entanto, de ser feita para que o esforço que o Estado se mostra fortemente em-penhado em desenvolver neste domínio possa mostrar resultados. Resultados que se impõe que se revelem a curto prazo, porque, sem prejuízo do que acima afirmo, a vertente das dificuldades que o sec-tor da construção e do imobiliário ora enfrenta oferece peso superior ao das considerações de ordem es-tética, ambiental e de qualidade de vida urbana que possam chamar-se à discussão.É imprescindível, desde logo, rela-tivamente aos processos de reabili-tação, que sejam categoricamente minimizadas as condicionantes legislativas e administrativas em matéria de licenciamento das obras necessárias, bem como as exigên-cias em matéria de requisitos, se-jam acústicos, de acessibilidade,

de certificação energética, de se-gurança contra incêndios ou de constituição de propriedade hori-zontal. É impensável que os prédios a reabilitar, normalmente antigos, continuem a ser tratados, a esse nível, como se fossem, fisicamente, prédios concebidos e construídos de novo. E é impraticável que um esforço geral de reabilitação, que se reconhece como urgente, esbarre com processos de licenciamento lentos, inchados de burocracia e al-gumas vezes, segundo julgo saber, verdadeiramente kafkianos.Outra nota, sem pretender, nem de perto nem de longe, esgotar o tema. Muito do património construído a reabilitar não só se encontra ar-rendado como se destinará ao ar-rendamento. E o pesado investi-mento a que os promotores serão obrigados nesse processo só se concretizará se o retorno esperado

for inquestionável. Ora, a actual lei do arrendamento não assegura esse pressuposto, bem pelo contrário. E a não ser que se entenda que deve ser o Estado a pagar todo o esforço necessário – e, neste momento, nem se saberia como – a motivação dos promotores imobiliários só poderá conseguir-se, crêem alguns, com uma radical alteração das normas legais que hoje cuidam do arrenda-mento e do despejo.Liberdade quase total neste domínio poderá ser a solução, com-petindo apenas ao Estado ajudar a resolver os problemas sociais mais prementes que a alteração legislati-va desencadeasse, esforço esse que, já de si, não seria pequeno. Mas, ainda assim, reconhece-se, provav-elmente menor do que o da liberali-zação do arrendamento.

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As áreas urbanas, de um modo geral, enfrentam situações de degrada-ção, que não se restringe

apenas aos centros históricos, em grande medida esvaziados dos seus residentes, mas progressivamente se estende a áreas periféricas, onde o edificado, bem como os espaços públicos e as infraestruturas, apre-sentam frequentemente níveis de conservação e de performance mui-to aquém do desejável.Num momento de manifestas difi-culdades nos domínios económico e financeiro, o potencial do sector da reabilitação urbana é reconheci-do – inclusivamente pelos agentes económicos bem como pelos atores sociais directamente envolvidos – enquanto gerador de emprego e motor de criação de riqueza. Algu-mas iniciativas recentes de entida-des empresariais representativas do sector da construção demons-tram as evidentes oportunidades que se abrem aos vários segmentos no mercado da reabilitação.A identificação destas oportunida-des decorre, em particular::Da prioridade que o Governo atri-bui à promoção de actividades e de investimentos empresariais com contributo forte para a criação de riqueza e de emprego;:Do reconhecimento que importan-tes agentes económicos explicitam sobre a relevância da criação do mercado da reabilitação urbana;:Das orientações em matéria de po-lítica de cidades, que privilegiam, entre outras, as operações de rea-bilitação;:Da crescente sensibilidade revela-da pelos Municípios sobre esta pro-blemática;:Do quadro legislativo propiciado pelo novo regime jurídico da reabi-litação urbana;:Da existência de importantes re-cursos financeiros no QREN, que podem ser mobilizados para estas iniciativas e da necessidade de ace-lerar o ritmo de execução global do QREN.

O envolvimento dos agentes pri-vados neste processo revela-se in-dispensável, embora dependa da conjugação de vários de factores: i) a possibilidade de desenvolver operações de grande escala e, nessa medida mais rentáveis, ii) a expec-tativa de um médio prazo para a execução da operação de reabilita-ção urbana; iii) a oportunidade de beneficiar de apoios e incentivos da parte dos poderes públicos; iv) a faculdade de dispor de mecanis-mos específicos de resolução das questões relacionadas com o regi-me de propriedade. Por seu lado, e não obstante os factores elencados anteriormente, o sucesso de uma operação de reabilitação depende da capacidade de assegurar a todos os proprietários e titulares de ónus e encargos sobre os edifícios e frac-ções, a salvaguarda dos respectivos direitos.Reconhecendo este contexto, o Go-verno, atento aos impactos signifi-

cativos que o desenvolvimento do sector da reabilitação urbana pode ter no crescimento económico e do emprego e, assim, na dinamização da economia nacional, e consciente da importância que este pode assu-mir como instrumento de promo-ção da coesão social e de dinamiza-ção cultural, e como oportunidade de requalificação ambiental das ci-dades, vem reafirmando as suas responsabilidades neste domínio, assumindo a intenção de intervir, de modo vigoroso e imediato, na di-namização da reabilitação urbana. As propostas recentemente anun-ciadas pelo Governo no âmbito da Iniciativa para a Competitividade e o Emprego e o quadro de concreti-zação das mesmas que deverá ser conhecido em breve são ilustrativos desta aposta.Por seu lado, no quadro propiciado pelo novo regime jurídico da reabi-litação urbana, os Municípios viram reforçadas as suas competências

REABILITAÇÃO URBANA: UM DESAFIO ESTRATÉGICO

REABILITAÇÃO DO EDIFICADO Opinião: Parque EXPO

nesta área, permitindo potenciar a vontade e o esforço que estes vêm desenvolvendo mas, simultanea-mente, tornando evidente que nem sempre os meios de que dispõem garantem uma resposta eficaz e atempada às vastas e exigentes ne-cessidades de intervenção.A Parque EXPO, no quadro da sua missão de promover a qualidade da vida urbana e a competitividade do território, vem reforçando a sua ac-tividade no domínio da reabilitação urbana, quer enquanto instrumen-to das políticas públicas de ambien-te, de ordenamento e de valorização do território, colocando-se ao lado do Governo no desenvolvimento de linhas de trabalho que permitam alavancar processos de reabilita-ção, quer apoiando a administração local na concepção e implementa-ção de operações de reabilitação urbana.

A reabilitação urbana emerge, hoje, como uma prioridade nacional, ganhando lugar de destaque no discurso político e na agenda pública. Durante décadas, a procura de alojamento foi garantida pela oferta de nova edificação e as iniciativas de reabilitação assumiram um carácter excepcional ou limitado a intervenções avulsas e, por isso, com um impacto relativamente reduzido

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45 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

Tenho plena consciência que Portugal está a viver uma conjuntura adversa, que obriga a um rigoroso

controlo orçamental, mas também considero que é fundamental per-ceber que, para o País ultrapassar a crise, é exigida a coragem indis-pensável para a implementação de políticas inovadoras, que nos per-mitam, rapidamente, criar emprego e estimular a economia.Todos sabemos que a fileira da Construção e do Imobiliário entrou em 2011 mergulhada na maior cri-se de que há memória. Conheceu uma quebra acumulada de produ-ção de cerca de 35 por cento, entre 2002 e 2010, prevendo-se que esta situação seja ainda mais agravada no corrente ano, com uma redução adicional de 5 por cento. As estatís-ticas oficiais evidenciam, assim, que o Sector foi o mais penalizado pela conjuntura actual, tendo perdido, nestes últimos nove anos, 190 mil postos de trabalho, não obstante re-presente cerca de um quinto do PIB e seja o maior empregador privado nacional.É esta realidade, a importância e o

peso das actividades da Construção e do Imobiliário e a sua capacidade para induzir o crescimento econó-mico, que não pode ser menospre-zada. A Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário – CPCI, apresentou uma estratégia para a dinamização do Sector, que passa pelo apoio à competitividade das empresas da fileira, pelo reforço do seu significativo processo de inter-nacionalização e pelo investimento em construção, designadamente na reabilitação urbana e nas infra--estruturas identificadas como ne-cessárias ao País, como é o caso da renovação do parque escolar, dos hospitais ou da manutenção pre-ventiva de infra-estruturas, como pontes e estradas, que o Estado não pode descurar, sob pena de colocar em causa a segurança pública.Aliás, foi na sequência das diver-sas reuniões que mantivémos com vários membros do Executivo, que o Governo reconheceu, com a “Ini-ciativa para a Competitividade e o Emprego”, um papel fundamental ao Sector e, em, particular, à Reabi-litação Urbana, enquanto estraté-

No momento em que vivemos os primeiros dias de 2011, é inevitável reflectir sobre o que foi o ano de 2010 e, sobretudo, tendo presente os desafios que teremos de enfrentar, perspectivar o novo ano, apontar soluções e traçar as metas que, a bem do Sector e do País, é impres-cindível alcançar. O futuro exige que se combata com firmeza a des-confiança, a lógica imobilista e todo o pessimismo que se instalou na nossa sociedade.

CRESCIMENTO EM 2011 DEPENDE DE APOSTA NO SECTOR

gia capaz de mobilizar os agentes económicos e, com eles, conduzir Portugal para um novo patamar de desenvolvimento.Tal como demonstrámos no estudo, não há soluções para a crise que não passem pela dinamização da Construção e do Imobiliário, pelo que, a exemplo do que foi feito na Europa e no Mundo, estou convicto que Portugal irá reconhecer esta fi-leira como um instrumento de com-bate à crise, conciliando esta orien-tação com medidas de redução da despesa pública. Para além da aposta já assumida pelo Governo em matéria de reabi-

litação urbana, uma área que neces-sita de intervenção urgente e que, simultaneamente, é capaz de rapi-damente criar emprego e dinamizar toda a economia, esperamos que a reavaliação dos grandes projectos de investimento, acordada entre o Governo e o maior partido da opo-sição, permita, de uma vez por to-das, a necessária clarificação e uma adequada calendarização das obras que têm vindo a ser sucessivamen-te anunciadas, mas que tardam em avançar.Portugal terá de ter capacidade de concretizar uma estratégia capaz de criar um novo dinamismo no Sector, que lhe permita afastar-se definitivamente do ciclo recessivo que viveu na última década e con-ferir um novo impulso ao País. Se for adoptada uma política ajustada, a Construção e o Imobiliário tem condições para desempenhar o seu papel de motor do crescimento eco-nómico e da criação de emprego e, assim, enfrentar mais um ano que se antevê difícil.É com esta visão global e com uma efectiva perspectiva de futuro que o ano de 2011 terá de arrancar.

REABILITAÇÃO DO EDIFICADO

“Portugal terá de ter ca-pacidade de concretizar uma estratégia capaz de criar um novo dinamismo no Sector, que lhe permita afastar-se definitivamente do ciclo recessivo que viveu na última década e conferir um novo impulso ao País”

OPINIÃOReis Campos, Presidente da Direcção da CPCI – Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário

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De que forma tem sido rea-lizada a evolução do gabi-nete? Que razões permiti-ram a GAPRES assumir-se

como uma empresa de referência no seu mercado?A empresa prossegue, desde a sua fundação, em 1973, valores profis-sionais, de responsabilidade social e éticos que norteiam toda a sua acção. Actua numa área de activida-de muito competitiva num mercado aberto onde é com base na qualida-de dos seus serviços que as empre-sas se afirmam. A chave é a actuali-zação de conhecimento, a formação das pessoas e a procura da qualida-de. Temos conseguido obter credi-bilidade no mercado e uma estra-tégia de associação com parceiros que respeitem os mesmos valores

pelos quais nos regemos, quando necessário para participar em tra-balhos de maior envergadura.Acautelamos também a organiza-ção das nossas equipas tanto com elementos séniores, com mais ex-periência, como com jovens que recrutamos à saída das licenciatu-ras e aos quais damos a formação que entendemos mais adequada para desenvolverem o seu trabalho connosco. O trabalho que o Gapres desenvolve é de extrema responsa-bilidade pois envolve a necessidade de garantir a segurança estrutural das construções para salvaguarda de vidas e bens. A regulamentação existente na área do projecto es-trutural é muito exigente e para a sua aplicação correcta é necessária uma formação sólida que o Gapres

procura proporcionar aos seus co-laboradores, particularmente aos engenheiros.Felizmente, estamos muito bem po-sicionados nesta matéria pois tenho tido contacto desde há muito anos com a preparação de regulamenta-ção estrutural quer a nível nacional como internacional, em particular no domínio da Engenharia Sísmica.

Dos diversos projectos realizados pelo GAPRES, quais os de maior referência?Um dos grandes projectos que rea-lizámos foi o dos Pavilhões dos Pa-íses Participantes para a EXPO98. Posteriormente realizámos os pro-jectos de muitos outros edifícios no Parque das Nações em que se des-taca o Hotel SANA Vasco da Gama,

com 25 pisos e com uma estrutura global que inclui um macro-contra-ventamento sísmico em aço fora do comum.Ainda na área dos edifícios são de referir vários grandes Centros Co-merciais como seja o Dolce Vita Coimbra, o Dolce Vita Braga, Gran Plaza Tavira e o Aqua Portimão. Na área ferroviária refiro a nossa recente intervenção na variante de Santarém na linha do Norte, com 26 km de extensão, em que o Gapres, para além de ser líder da equipa projectista global, projectou 6 gran-des viadutos e um túnel com uma extensão total de 6 km.

O GAPRES dedica-se somente a trabalhos de estruturas ou abor-da mais especialidades? De que

“A regulamentação existente na área do projecto estrutural é muito exigente e para a sua aplicação correcta é necessária uma formação sóli-da que o GAPRES procura proporcionar aos seus colaboradores, particularmente aos engenheiros”, afirma Cansado Carvalho, Administrador do GAPRES - Gabinete de Projectos, Engenharia e Serviços, SA, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde foi ainda abordado, entre outros temas, o actual estado da reabilitação do edificado em Portugal.

CONHECIMENTO, POTENCIAL HUMANO E QUALIDADE

A fórmula do sucesso do GAPRES

REABILITAÇÃO DO EDIFICADO

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47 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

forma é que a existência de equi-pas multidisciplinares é funda-mental para alcançar o sucesso dos vossos projectos?Para além dos projectos de estru-turas Gapres está capacitado para estudos de reabilitação, patologia das construções, escavações e mo-vimento de terras, fundações espe-ciais, geotecnia e geologia. Temos uma grande experiência no projec-to de grandes edifícios mas também em projectos de outras estruturas, nomeadamente, para recintos des-portivos, estruturas industriais e pontes e viadutos. Com uma visão do projecto multidisciplinar temos ainda capacidade de organizar e as-segurar a coordenação de equipas de projecto multidisciplinares des-de o início do projecto até ao final da obra.

A urgência da reabilitação do edificado é hoje consensual em Portugal. Como é que analisam o mercado da Reabilitação do edifi-cado em Portugal e quais as prin-cipais vicissitudes ainda detecta-das? Que medidas deveriam ser colocadas em prática no sentido de alterar essas dificuldades?A obra nova tem sido a vertente mais expressiva na actividade da Empresa, mas a reabilitação de es-truturas não é minimamente des-curada. Temos tido vários projectos recentes de reabilitação e remode-lação profunda de edifícios, para além de intervenções em obras de arte de várias dimensões.O mercado da reabilitação tem enorme potencial em Portugal e nesta matéria a nossa formação le-va-nos a ter uma preocupação mui-to particular com a incorporação da segurança sísmica nas intervenções de reabilitação. É fundamental tra-zer este assunto para a agenda da reabilitação pois não podemos per-der esta oportunidade para reduzir o risco sísmico no nosso País. É im-portante realçar que, na realidade, intervenções de reabilitação sem diminuição da vulnerabilidade sís-mica dos edifícios fazem aumentar o risco sísmico. De facto, nessas cir-cunstâncias está a aumentar-se

“Em Portugal temos estratégias de associação um pouco ‘ad hoc’, feitas para vários trabalhos e por razões de mercado. Pelo contrário, para o estrangeiro, estamos envolvidos num projecto permanente com várias empresas complementares”

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o valor exposto à perigosidade sís-mica pelo que as perdas esperadas futuras aumentam.As intervenções de avaliação e re-forço sísmico são delicadas e re-querem ponderação e bom senso, para além de capacidade técnica especializada. Numa primeira fase há que recolher e avaliar muita in-formação para compreender o fun-cionamento sísmico do edifício e depois, numa segunda fase, há que conceber, com muito maior cons-trangimento que numa situação de projecto novo, a melhor solução es-trutural de reforço. Resumidamen-te a dificuldade reside em não inter-vir desnecessariamente sem deixar de intervir onde necessário.

O Novo Regime da Reabilitação Urbana entrou em vigor a 22 de Dezembro de 2009, sendo um di-ploma, há muito aguardado pela indústria. Qual a sua opinião rela-tivamente a este documento? Que lacunas ainda detecta no mesmo? De que forma é importante para o sector?O parque edificado é extremamente diversificado e no presente enqua-

dramento legal, fiscal e de moroso funcionamento da justiça, muitos proprietários desinteressaram-se da conservação do seu património. Há que inverter esta situação que está a montante do Regime de Rea-bilitação Urbana.Desta forma se poderá recuperar as poupanças individuais para o investimento na reabilitação imo-biliária. Esta é uma questão-chave, valendo a pena recordar que três ou quatro décadas atrás era tradi-cional os particulares investirem pessoalmente no imobiliário, como forma de assegurar um rendimento seguro para futuro. É assim crucial recuperar a confiança neste merca-do, designadamente no mercado de arrendamento, garantindo um re-torno competitivo do investimento, o que dará sustentabilidade finan-ceira ao grande esforço de reabilita-ção urbana que o País necessita.

A crise económica em que vivem os diversos mercados mundiais tem sido um elemento perturba-dor e tem manietado os desidera-tos de diversas entidades. Neste sentido, de que forma é que o vo-lume de trabalho do GAPRES foi afectado, sabendo que a crise na construção ainda se mantem? O ano de 2010 apresentou alguma

desaceleração quanto á actividade total em comparação com 2009. No entanto, no que se refere à nos-sa produção própria, os dois anos foram semelhantes. A adaptação á conjuntura mais adversa em 2010 foi feita sobretudo pela diminuição da subcontratação, revelando a ca-pacidade de adaptação da empresa.

Qual a importância que esta apos-ta em novos mercados tem para o GAPRES? Quais as motivações que levaram à aposta em mer-cados externos? Sentiram que o mercado interno começava a ser demasiado exíguo ou passou ape-nas por uma evolução natural da empresa?O Gapres já fez trabalhos importan-tes, de forma pontual, em Macau, Venezuela e Médio-Oriente. Mais recentemente temos trabalhado em Angola, Moçambique e Cabo Verde. Estamos também a procurar entrar no mercado do Norte de África, de-signadamente na Argélia e Marro-cos. Internacionalização é a palavra de ordem nesta altura. Queremos potenciar utilização da nossa ca-pacidade, mas também contribuir para superar a crise em que o país está mergulhado. Fazemos isto por-que o mercado o exige mas também porque consideramos esta uma missão das empresas portuguesas.Em Portugal temos estratégias de associação um pouco ‘ad hoc’, feitas para vários trabalhos e por razões de mercado. Pelo contrário, para o estrangeiro, estamos envolvidos

REABILITAÇÃO DO EDIFICADO

num projecto permanente com vá-rias empresas complementares. Nesse sentido temos uma participa-ção no NEAT- Network for Engine-ering, Architecture and Technology, SA criado para funcionar como um veículo de internacionalização dos seus accionistas que assim mobili-zam a massa crítica necessária para uma intervenção mais sustentada no exterior.

Quais são as principais priorida-des do GAPRES – Gabinete de Pro-jectos, Engenharia e Serviços, SA para o futuro? Sem dúvida o mercado interno em 2011 será bastante mais difícil que em 2010. Para ultrapassar essa situ-ação, queremos reforçar a nossa ac-tividade para o exterior, esperando atingir aí cerca de 25 por cento da nossa facturação. Para além disto, no mercado interno, apostaremos na área da reabilitação estrutural e em particular na área da resistên-cia sísmica dos edifícios, pontes e viadutos, matéria para que temos particular aptidão e que foi alvo recentemente de uma recomenda-ção da Assembleia da República ao Governo no sentido de acautelar a minimização do risco sísmico em Portugal. Para o efeito utilizamos uma abordagem para o diagnóstico e a redução da vulnerabilidade sís-mica, que relaciona para cada cons-trução, a intensidade sísmica com o nível de danos que ela provoca, na situação actual e após intervenção de reforço sísmico.

CANSADO CARVALHO

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A caminho da sua 43ª edi-ção, a Nauticampo é uma vez mais o grande pólo de atracção para um pú-

blico de excelência, reunindo num só lugar uma diversificada oferta para todos os que apreciam e vivem os prazeres da natureza. Ao longo das últimas edições tem acolhido a maior e melhor oferta para a prática do turismo ao ar livre e de despor-tos que potenciem o contacto com a natureza, dando resposta aos novos estilos de vida dos jovens consu-midores, cada vez mais dinâmicos, mais aventureiros e mais exigentes, assumindo-se como um evento de referência da Feira Internacional de Lisboa, que tenta tirar partido das excelentes condições naturais que o país possui para este tipo de actividade. Os mais de 2 mil quiló-metros de costa (incluindo Açores e Madeira), 600 quilómetros quadra-dos de bacias interiores (entre rios e barragens) e 32 marinas e portos de abrigo, elevam a oferta de Portu-gal em excelentes condições para a prática de desportos náuticos e ao ar livre, não esquecendo a cultura náutica fortemente enraizada no nosso país.Assim, depois de um ano de inter-regno, a Nauticampo apresenta-se em 2011 seguindo novos conceitos que, conforme explicou Fátima Vila

Maior, pretendem cativar um pú-blico cada vez mais exigente: “Este ano retomamos o conceito da Nau-ticampo, que é uma Feira que já se realiza há vários anos e que como tal deve acompanhar os hábitos dos consumidores. Este certame tem sido um marco para os jovens, amantes da náutica e desportos de recreio e também para entusias-tas da actividade ao ar livre, neste sentido, introduzimos actividades relacionados com desportos de aventura e ligados à natureza que vão decorrer em simultâneo com o período da Feira”. Um dos grandes destaques da Nau-ticampo 2011 é o My Sport. Este espaço funcionará apenas durante o fim-de-semana e servirá as cama-das mais jovens praticantes de des-portos diversos e que pretendam vender o seu equipamento ou ma-terial desportivo em segunda mão na expectativa de angariar dinhei-ro para comprar novo. Fátima Vila Maior destaca que “habitualmente estas vendas realizam-se em sites específicos através da Internet, no entanto, on-line, não é perceptível o estado do equipamento, não se pode experimentar, não há espaço para grande margem de negociação enquanto que através de um espaço como este, tudo se torna mais fácil. O espaço vai ser constituído

Em entrevista à revista Pontos de Vista, Fátima Vila Maior, Directora de Área de Feiras da FIL, apresenta-nos a 43ª edição da Nauticampo, o maior salão de lazer em Portugal e um dos mais antigos da Europa, que vai decorrer de 2 a 6 de Fevereiro nas instalações da Feira Interna-cional de Lisboa.

NOVO CONCEITO A MESMA QUALIDADE

NAUTICAMPO 2011

NAUTICAMPO

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por pequenas boxes e animado com música, dança e algumas demons-trações”.Além do My Sport, a Nauticampo 2011 vai ainda ser alargada ao ex-terior por forma a complementar a actividade de uma feira com estas características: “Vamos por um lado tentar que as actividades de experi-mentação, como são os casos dos baptismos de vela, não fiquem con-finados às nossas instalações. As-sim, vão decorrer várias iniciativas na Marina do Parque das Nações, com algumas actividades náuticas a decorrer, bem como um circuito pedestre, com o objectivo de extra-vasar a Nauticampo para o Parque das Nações, o que acontece pela primeira vez”, conforme explicou a Directora da Área de Feiras da FIL.

Nauticampo - Ferramenta de negócio

Uma outra linha de desenvolvimen-to está relacionada com o facto de a Feira ser um espaço privilegiado onde acontecem iniciativas de re-flexão e de promoção potenciadas pelos agentes económicos dos vá-rios sectores aqui representados. Assim, no primeiro dia a Turismo

“Este certame tem sido um marco para os jovens, amantes da náutica e desportos de recreio e também para entusiastas da activi-dade ao ar livre, neste sentido, introduzimos actividades relacionados com desportos de aventura e ligados à natureza que vão decor-rer em simultâneo com o período da Feira”. Fátima Vila Maior, Directora de Área de Feiras da FIL

de Portugal organiza um seminário sobre turismo náutico e nos restan-tes dias o Fórum do Mar apresen-ta mais dois eventos relacionados com o papel das autarquias na de-nominada economia do Mar. Por último, vão realizar-se workshops nas quais serão lançados os gran-des eventos relacionado com o Mar para 20011/12. Com este caminho Fátima Vila Maior espera que a Nauticampo “se desenvolva em três linhas: a área de experimentação, aproveitando a envolvência do Parque das Nações; a linha de reflexão dos agentes económicas, que vão utilizar a fei-ra para discutir os passos a seguir para a dinamização do sector e, por outro lado, a própria exposição da Feira que alterou o seu conceito porque o público que a visita quer mais”.Mais do que um marco, a Nauticam-po é uma ferramenta de negócio construída por todas as empresas com o intuito de reunir a melhor oferta para a prática da Náutica, do Turismo ao ar livre e de desportos que potenciem o contacto com a natureza, dando resposta aos novos estilos de vida e para toda a família.

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