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SUPLEMENTO DISTRIBUÍDO EM CONJUNTO COM O JORNAL PÚBLICO / DISTRIBUIÇÃO NACIONAL DEZEMBRO 2013 / EDIÇÃO Nº 31 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros RESPONSABILIDADE SOCIAL – PROMOVER A INCLUSÃO O QUE É A FARMACOVIGILÂNCIA? SEGURANÇA RODOVIÁRIA TURISMO DO ALGARVE – FINAL DO ANO GERMANO COUTO NÃO VAMOS COMPACTUAR COM O ATUAL DESPERDÍCIO DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE! Bastonário da Ordem dos Enfermeiros, afirma: PROMOÇÃO DA SUSTENTABILIDADE URBANA pág. 8 AS VANTAGENS DA MEDICINA NATURAL pág. 40 BANCO BIC INICIA VENDA DE KWANZAS EM PORTUGAL pág. 26 GRUPO TECNIFAR EM DESTAQUE Fotografia: Catarina Morais

Revista Pontos de Vista Edição 31

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Page 1: Revista Pontos de Vista Edição 31

SUPLEMENTO diSTribUídO EM cONjUNTO cOM OJORNAL PÚBLICO / DISTRIBUIÇÃO NACIONAL

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Não vamos compactuar com o atual desperdício do serviço NacioNal de saúde!

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“ “PROMOÇÃO DA

SUSTENTABILIDADEURBANA

pág. 8

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pág. 26

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FicHa tÉcNica

Os artigos nesta publicação são da responsabi-lidade dos seus autores e não expressam neces-sariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se re-sponsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

Propriedade, Edição, Administração e AutorHorizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda

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ImpressãoLisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, S.A.Distribuição NacionalPeriodicidade MensalRegisto ERC nº 126093NIF: 509236448Distribuição Nacional gratuita com o Jornal Público

DIRETOR: Jorge AntunesEDITOR: Ricardo AndradePRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Andreia Azevedo| Sara SoaresGESTÃO DE COMUNICAÇÃO:João Soares | Luís Alves | Luís Pinto| José Moreira | Miguel Beirão

em destaque

20 empreeNdedorismo

Onde uns veem saúde, a Tecnifar vê vida, é desta forma que a marcasustenta a sua posição

6 coNvertiBilidadeda moeda aNGolaNa

O Banco BIC Português deu os primeiros passos no processo deinternacionalização e deconvertibilidade da moedaangolana

16 i&d - F. iNiciativas

2º Fórum Iniciativas à I&D+i decorreu no Lispólis, Pólo Tecnológico de Lisboa. Dos modelos públicos e privados de I&D+i às ferramentas de financiamento, a organização apostou na diversificação

34importÂNcia da

FarmacoviGilÂNciaNa saúde

Catarina Casimiro, Responsável de Farmacovigilância na Bayer Portugal, defende uma cultura

aberta à notificação no seio da equipa

8proJetos susteNtÁveis

em Áreas urBaNas

Conheça as potencialidades do Fundo Jessica e os diversos projetos que se enquadram

nas quatro áreas prioritárias

10António Costa Dieb, Presidente da Comissão Diretiva do INALENTEJO, em entrevista

18www.gocondominio.pt - A ferramenta online de gestão de condomínios- A forma mais fácil de gerir condomínios

13Turismo do Algarve e a maior campanha publicitária de sempre para promover o fim de ano. Desidério Silva, atual Presidente da Entidade Regional de Turismo do Algarve – ERTA, em entrevista

40Associação Portuguesa de Suplementos Alimentares desmistifica alguns dos enganos existentes sobre produtos de emagrecimento

41Na Clínica Eduardo Merino: “As pessoas sabem que lhe apresentamos sempre as melhores soluções possíveis”

52A nova legislação sobre eficiência energética dos edifícios na ótica de Jorge Fonseca, Gestor da Fracção Exacta Imobiliária

62TIRESUR: conheça esta empresa de referência na distribuição de pneus

80Ricardo Lopes Ferro, Diretor do Bureau Veritas, fala sobre o desafio da responsabilidade social empresarial

AssinaturasPara assinar ligue +351 220 926 877 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda - Rua Rei Ramiro 870, 5º A, 4400 – 281 Vila Nova de GaiaFax 220 993 250E-mail: [email protected]ço de capa: 4,00 euros (iva incluído a 6%)Assinatura anual (11 edições):Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%),Europa: 65 euros, Resto do Mundo: 60 euros

*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico.

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1 - Conforme referido no último artigo (Revista relativa a novembro), vamos examinar alguns casos concretos de contrafação com adjunção ou agregação, começando pela marca GLAMOUR, que, na última meia dúzia de anos, tem sido ví-tima de numerosas tentativas de imitação, das quais se mencionam VINTE E OITO.2 - Desses 28 pedidos de registo, 25 foram re-cusados com fundamento no registo da marca nominativa

GLAMOUR

mas os 3 últimos – relativos a marcas de composi-ção semelhante às anteriores – foram concedidos.Dada a semelhança de vários fundamentos de re-cusa, apenas se indica a parte mais relevante de alguns que parecem mais elucidativos:

a ) M. Nac. 372.704 - Recusa : 03.08.2006

CLUBE GLAMOURFundamento: Do confronto entre o sinal requerido e a marca prioritariamente registada ressalta, em nosso entender, uma forte semelhança gráfica e fo-nética, circunstância que, a nosso ver, dificilmente permitirá a sua distrinça. Em face do exposto, repu-tando-se preenchido o conceito de imitação do di-reito pertencente à sociedade reclamante, propõe--se o indeferimento do presente pedido de registo, nos termos do nº4 do artigo 237º do CPI e com os fundamentos acima indicados.

b ) M. Nac. 373.271 - Recusa : 06.10.2006

Fundamento: Ora, do con-fronto dos sinais, afigura--se-nos evidente a seme-lhança entre eles, o que gerará, na nossa opinião, suscetibilidade de con-fusão entre ambas, pelo

consumidor. Efetivamente, parece-nos que a marca “GOURMET GLAMOUR” apesar de ser uma marca mis-ta, composta por duas palavras, se caracteriza, essen-cialmente, pela presença do vocábulo “GLAMOUR”, em que consiste exclusivamente a marca prioritária.

c ) M. Nac. 401.189- Recusa : 06.09.2007

d ) Logotipo 9.819 - Recusa : 08.11.2007

GLAMOUR – CABELEIREIRO & DAY SPAFundamento: Do confronto entre o sinal requerido e as marcas prioritariamente registadas a favor da reclamante, ressalta, em nosso entender, uma forte semelhança gráfica e/ou fonética, circunstância que, a nosso ver, dificilmente permitirá a sua distrinça.

e ) M. Nac. 417.436 - Recusa : 25.11.2007GLAMOUR

f ) M. Nac. 395.494 - Recusa : 01.02.2008GLAMOUR

g ) M. Nac. 373.272 - Recusa : 15.02.2008

IMITAÇÃO DE MARCA:CONTRAFAÇÃO COM ADJUNÇÃOOU AGREGAÇÃO - CASOS CONCRETOS

Fundamento: Do confron-to entre o sinal requeri-do “GLAMOUR CAFÉ”, e a marca prioritariamente registada – “GLAMOUR” ressalta, uma forte seme-

lhança gráfica e fonética, circunstância que, difi-cilmente permitirá a sua distrinça, sendo por isso, susceptivel de induzir em erro ou confusão, fácil o consumidor e de associá-los à mesma origem em-presarial.

h ) M. Nac. 396.427- Recusa : 19.02.2009 Fundamento: Por úl-timo, os sinais em con-fronto, coincidem no vo-

cábulo que caracteriza cada um deles “GLAMOUR”, circunstancia que, a nosso ver, poderá induzir facil-mente o consumidor em erro ou confusão, ou mes-mo levá-lo a pensar que se tratam de serviços com a mesma proveniência empresarial, pois não terá forma de distinguir quais os serviços que cada uma oferece no mercado.

i ) M. Nac. 396.428- Recusa : 19.02.2009 Fundamento: O sinal

registando “GLAMOUR”, reproduz o elemento iden-tificativo dos direitos prioritariamente registados a favor da reclamante, circunstância que, dificilmen-

Jorge Cruz, Agente ofiCiAl dA ProPriedAde industriAl

PROPRIEDADE INDUSTRIAL a oPInIÃo de...

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Page 5: Revista Pontos de Vista Edição 31

te permitirá a sua destrinça, sendo por isso, suscep-tivel de induzir em erro ou confusão fácil o consumi-dor e de associá-los à mesma origem empresarial.

j ) M. Nac. 410.812 - Recusa : 19.02.2009

l ) M. Nac. 400.874 - Recusa : 25.11.2007GLAMOUR

m ) Logotipo 10.146- Recusa : 22.06.2009 Fundamento: Ora, pas-sando a tomar posição,

constatamos que o elemento verbal “GLAMOUR”, que em exclusivo, constitui a marca comunitária nº 3239001 (e que integra igualmente as outras chamadas à colação por Advanced Magazine publi-shers, Inc), corresponde exatamente ao que se des-taca no logotipo visado pelas requerentes, coinci-dência que, salvo melhor opinião, poderia conduzir a que os sinais fossem indevidamente associados à mesma entidade, tanto mais que as áreas de ativi-dade a que as litigantes se dedicam podem coinci-dir, atendendo à ampla lista de produtos e serviços abrangidos pelos registos da reclamante. Do expos-to resulta que consideramos procedente a oposição e aplicáveis os fundamentos de recusa atualmente plasmados nas alíneas b) e e) do nº1 do artigo 304º - I do Código da Propriedade Industrial, razão pela qual propomos o indeferimento do pedido de regis-to, nos termos do nº 4 do artigo 237º do mesmo di-ploma (por via do artigo 304º-G).

n ) M. Nac. 447.760 - Recusa : 06.10.2009HAIR GLAMOUR

Fundamento: Por último, do confronto entre o si-nal requerido e a marca prioritariamente registada ressalta a existência de uma grande semelhança en-tre os sinais em cotejo, não só a nível gráfico como também a nível fonético. O vocábulo GLAMOUR que imprime característica à marca registanda é pre-cisamente o sinal das marcas que se encontram na titularidade da reclamante.

o ) Logotipo 15.644 - Recusa : 10.11.2009 F u n d a m e n t o :

Ponderando os factos atrás descritos, sou de opinião de que o despacho de concessão que recaiu sobre o pedido de registo do logotipo “PORTUGALGLAMOUR” exarado em 01.04.2009, deve ser alterado, propondo--se, em consequência, a sua alteração para despacho de recusa, e o consequente deferimento do pedido de modificação de decisão solicitado.

p ) M. Nac. 452.725 - Recusa : 22.01.2010GLAMOUR SPA

q ) M. Nac. 453.420 - Recusa : 29.01.2010

r ) M. Nac. 401.895 - Recusa : 03.02.2010 Fundamento: Do con-fronto entre o sinal re-querido “GLAMOUR & CO”, e os direitos prio-

ritariamente registados “GLAMOUR”, “GLAMOUR CLUB” e “CLUB GLAMOUR”, ressalta, em nosso en-tender, uma forte semelhança gráfica e fonética, circunstância que, dificilmente permitirá a sua dis-trinça, sendo por isso, susceptivel de induzir em erro ou confusão, fácil o consumidor e de associá-los à mesma origem empresarial.

s ) M. Nac. 463.067 - Recusa : 26.08.2010GLAMOUR AMADORA

Fundamento: Por último, constata-se que o sinal proposto a registo reproduz integralmente a marca da reclamante - “GLAMOUR”, circunstância que, em nosso entender, é suscetível de induzir facilmente o consumidor em erro ou confusão, ou mesmo de levá-lo a pensar que se tratariam de serviços com a mesma proveniência, ou pelo menos, com alguma ligação.

t ) M. Nac. 461.742 - Recusa : 01.10.2010GLAMOUR NIGHT CLUB

Fundamento: Do confronto entre o sinal requeri-do “GLAMOUR NIGHT CLUB” e os sinais priorita-riamente registados “GLAMOUR”, verifica-se que a marca em análise, reproduz o elemento verbal que caracteriza a marca oponente.

u ) M. Nac. 459.748 - Recusa : 21.10.2010

Fundamento: Do con-fronto entre o sinal requerido “GLAMOUR-BRANDS” e os sinais

prioritariamente registados “GLAMOUR”, verifica--se que a marca em análise, reproduz o elemento que caracteriza as marcas oponentes.

v ) M. Nac. 452.725 - Recusa : 04.11.2010

Fundamento: Por último, pese embora as dife-renças na ver-tente figurativa,

somos de opinião que existe um elevado grau de semelhança entre os conjuntos em comparação, na medida em que o sinal cuja viabilidade ora se afere contem integralmente e de forma destacada a mar-ca da reclamante – “GLAMOUR”, circunstância que, em nosso entender, é suscetível de induzir facilmen-te o consumidor em erro ou confusão, ou mesmo de levá-lo a pensar que se tratariam de produtos e serviços com a mesma proveniência, ou pelo menos, com alguma ligação.

estes vinte e cinco pedidos de registo, representando marcas variadas, desde as simplesmente nominativas às mistas, com elementos peculiares, nominativos e figurativos, parece que definiam, claramente, uma orientação sobre o problema da contrafação com adjunção ou agregação

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Pontos de Vista Dezembro 2013

x ) M. Nac. 464.509 - Recusa : 07.02.2011

Fundamento: Ao con-frontarmos o sinal requerido e as marcas s registadas, constata-

mos que existe semelhança gráfica e identidade fo-nética entre o elemento nominativo que caracteriza as marcas da reclamante – “GLAMOUR” e o vocábulo que também predomina na marca registanda – “GLAMOUR CENTRO DE ESTÉTICA”, este vocábulo as-sume uma posição central quer nos sinais registados quer no sinal registando. É à sua volta – “GLAMOUR” que são constituídos estes sinais. Cingindo-se o sinal registando a inserir a designação CENTRO DE ESTÉ-TICA. Alteração que não é todavia idónea a imprimir--lhe o cunho distintivo exigido pela lei.

z ) M. Nac. 480.814 - Recusa : 23.08.2011GLAMORY

Fundamento: Do confronto entre o sinal requerido “GLAMORY”, e a marca prioritariamente registada “GLAMOUR”, ressalta, uma forte semelhança gráfi-ca, fonética e conceptual, circunstância que, dificil-mente permitirá a sua distrinça.

aa ) M. Nac. 487.278 - Recusa : 25.01.2012

Fundamento: Do confronto

entre o sinal requerido e a marca prioritariamente registada “GLAMOUR”, ressalta, uma forte seme-lhança gráfica, fonética circunstância que, dificil-mente permitirá a sua destrinça. Estamos perante sinais, coincidentes, no que respeita, ao elemento que confere distintividade, à marca da reclamante “GLAMOUR”, porque os restantes elementos, são de-signativos dos serviços que se pretende identificar.

ab ) M. Nac. 484.446 - Recusa : 26.01.2012GLAMOURDAYSPA

Fundamento: Do confronto entre o sinal requerido “GLAMOURDAYSPA” e a marca prioritariamente re-gistada “GLAMOUR”, ressalta, uma forte semelhan-ça gráfica, fonética, circunstância que, dificilmente permitirá a sua destrinça.

3 - Como se referiu, todas estas decisões de recusa foram fundamentadas no registo da marca nomi-nativa “GLAMOUR” e algumas merecem referência especial.Estes vinte e cinco pedidos de registo, represen-tando marcas variadas, desde as simplesmente nominativas às mistas, com elementos peculiares, nominativos e figurativos, parece que definiam, claramente, uma orientação sobre o problema da contrafação com adjunção ou agregação. Mas não: em 2012 e 2013, para marcas de composição idêntica, já foi entendido que não havia razão para recusar os registos! Parece importante analisar as razões que levaram a essas decisões, o que será feito no próximo artigo.

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O Banco BIC Português começa a dar os primeiros passos no processo de internacionalização e de convertibi-lidade da moeda angolana. Quais as principais motivações que levaram a instituição a apostar neste domínio?Fomos escolhidos para ser o primeiro banco comercial fora de Angola a poder comprar e vender Kwanzas. Tal trabalho foi feito em conjunto com o nosso irmão gémeo, o Banco BIC Angola sob a orien-tação do Banco Nacional de Angola. Tivemos pois o objetivo de prestar mais um serviço muito útil aos Angolanos e Portugueses ligados a Angola que ne-cessitam comprar ou vender Kwanzas em Portugal e isto de acordo com a nos-sa ambição de consolidarmos a nossa posição como banco de referência nas ligações Portugal-Angola. É a primeira vez que, fora de Angola, um banco comercial privado transa-ciona notas de kwanza. Que relevân-cia aporta esta iniciativa para a insti-tuição e de que forma é que foram as redes de agências do Banco BIC pre-paradas para dar início a este proces-so? Este processo foi dado em todas as Agências do Banco BIC ou apenas em algumas? Existe a perspetiva de o alargar a todas? Começámos primeiro em Lisboa na Agência da Mouzinho da Silveira e só agora progressivamente é que estamos

O Banco BIC Português deu os primeiros passos no processo de internacionalização e de convertibilidade da moeda angolana ao iniciar, no passado dia 1 de novembro, a comercialização de notas de Kwanza na sua rede de Agências em Portugal. Este poderá ser considerado um momento histórico, pois é a primeira vez que, fora de Angola, um banco comercial privado transaciona notas de Kwanza, constituindo esta iniciativa uma forte aposta do Banco BIC no serviço à comunidade luso angolana e a todos aqueles que desenvolvem uma atividade comercial e profissional em Angola e Portugal. A Revista Pontos de Vista conversou com Mira Amaral, Presidente da Comissão Executiva do Banco BIC, que revelou os desideratos deste novo desafio, as mais-valias que o mesmo aportará e de que forma é que será útil a portugue-ses e angolanos que trabalham entre Portugal e Angola.

“O OBJETIVO É PRESTAR MAIS UM SERVIÇO úTIL AOS ANGOLANOS E PORTUGUESES”

o BAnCo BiC Português e o ProCesso de internACionAlizAção e de ConvertiBilidAde dA moedA AngolAnACONVERTIBILIDADE DA

MOEDA ANGOLANA

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mira amaral

a seu tempo, no desen-volvimento do plano estratégico a três anos que elaborámos, lança-remos outros produtos e serviços inovadores, que já estão a ser pensados, e que no momento opor-tuno divulgaremos

Page 7: Revista Pontos de Vista Edição 31

Pontos de Vista Dezembro 2013

a estender para outras Agências no país. Para este serviço, foi preciso formar o nosso pessoal e comprar máquinas apropriadas para a leitura e contagem das notas de Kwanzas. Em que domínio pode este processo funcionar como um forte apoio no serviço à comunidade luso-angolana e a todos aqueles que desenvolvem uma atividade profissional e comer-cial em Angola e Portugal? O objetivo é prestar mais um serviço útil aos Angolanos e Portugueses que trabalham entre Portugal e Angola, que necessitam comprar ou vender Kwanzas e tudo isto foi feito de acordo com a am-bição de consolidarmos a nossa posição como banco de referência nas relações Portugal-Angola. Neste projeto, qual a relação de par-ceria entre o BIC Português e o seu congénere Angolano? De que forma está o mesmo posicionado numa pla-taforma de contacto, conhecimento e relacionamento financeiro com o mercado angolano?Trabalhamos em conjunto para manter este serviço. Além do nosso parceiro natural, o Banco BIC Angola, também já somos banco correspondente de outros bancos Angolanos, como o BPC, o SOL e o BDA e, nesse sentido, o Banco BIC Por-tuguês é cada vez mais uma plataforma de relacionamento com o sistema finan-ceiro Angolano e com os empresários Portugueses e Angolanos. De que forma é que o serviço de com-

pra e venda de notas de kwanza se insere numa estratégia de inovação financeira por parte do Banco BIC? Existem outros projetos neste domí-nio, ou seja, na promoção da entidade como uma marca inovadora?A seu tempo, no desenvolvimento do Plano Estratégico a três anos que ela-borámos, lançaremos outros produtos e serviços inovadores, que já estão a ser pensados, e que no momento oportuno divulgaremos. As empresas portuguesas, através deste novo processo, poderão ter maior «facilidade» para promover a sua internacionalização em Angola? Sente que é um marco importante nas relações entre Portugal e Angola?

Este processo de compra e venda de divisas angolanas fora de Angola, em que fomos pioneiros, vai naturalmente facilitar o processo de convertibilida-de da divisa angolana e a partir daí os empresários angolanos poderão co-meçar um processo de internaciona-lização, usando a sua própria moeda a partir do momento em que se torne convertível.Os empresários portugueses já tinham felizmente uma moeda credível e con-vertível à escala global, o Euro, e por isso não precisaram do Kwanza para irem de Portugal para Angola. Na medida em que o Kwanza venha a ser convertível, é óbvio que isso poderá facilitar a vida às empresas portuguesas que operam em Angola e que faturam em Kwanzas.

Quais os principais desafios que se colocam ao Banco BIC para 2014? Continuar um crescimento sus-tentado depois de termos atin-gido o “break-even” por forma a que a médio prazo possamos estar no ‘top-five’ da banca por-tuguesa, tendo este nicho espe-cializado na ligação Portugal-An-gola em que queremos continuar a ser o banco de referência até porque o Banco BIC AO (Angola) é o principal banco dos importa-dores Angolanos.

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Trabalhamos em conjunto para manter este serviço. Além do nosso parceiro natural, o Banco BIC Angola, também já somos banco correspondente de outros bancos Angolanos, como o BPC, o SOL e o Bda e, nesse sentido, o Banco Bic português é cada vez mais uma plataforma de relaciona-mento com o sistema financeiro Angolano e com os empresários Portugueses e Angolanos

“os empresários portugueses já tinham felizmente uma moeda credível e convertível à escala global, o euro, e por isso não precisaram do Kwanza para

irem de Portugal para angola. na medida em que o Kwanza venha a ser convertível, é óbvio que isso poderá facilitar a vida às empresas portuguesas

que operam em angola e que faturam em Kwanzas”

“Obviamente que pelas razões já expli-cadas, esta convertibilidade do Kwanza será mais um fator de inserção da eco-nomia angolana na economia global e portanto também num quadro bilateral fator de aprofundamento das relações entre Angola e Portugal. Na sua opinião, este passo era essen-cial para afirmar de vez o Banco BIC como um projeto bancário sólido, ambicioso e sustentável, para que o Banco BIC seja visto como o banco dos angolanos em Portugal?Não era essencial. Sem isto já atingimos o “break-even” e já somos uma marca conhecida na banca portuguesa mas, obviamente, este e outros projetos que vamos lançar consolidarão isso.

Page 8: Revista Pontos de Vista Edição 31

A iniciativa JESSICA per-mite investir, no quadro de planos integrados de desenvolvimento urbano sustentável, em quatro áreas prioritárias: reabi-litação e regeneração ur-banas, incluindo regene-

ração de equipamentos e infraestruturas urbanas; eficiência energética e energias renováveis; revitalização da economia urbana, especialmente por parte de PME e empresas inovadoras; disseminação das tecnologias da informação e da comunica-ção em áreas urbanas, incluindo redes de banda larga e sem fios.De que forma é esta iniciativa fundamen-tal para o país? “Tem uma relevância vital e é uma solução com capacidade para evoluir e deve servir de base às grandes ambições do país em termos de regene-ração urbana”, revela o Secretário de Es-tado do Desenvolvimento Regional. Mas qual o balanço possível de realizar sobre este fundo comunitário? Quais os investimentos já aplicados e apoiados? Desde a criação do fundo, em julho de

2009, já foram aplicados cerca de 70 mi-lhões de euros em 26 projetos, sobretudo nos segmentos do turismo, imobiliário, comércio e energia, panorama represen-tativo da criação de 629 postos de traba-lho direto em 19 concelhos portugueses. São diversos os projetos passiveis de se-rem apoiados pelo Fundo JESSICA. Basta «apenas» que reúnam um conjunto de especificidades e se enquadrem nas qua-tro vertentes prioritárias identificadas e inseridas em estratégias de desenvolvi-mento urbano com caracter sustentável. Desta forma, importa salientar que a via-bilidade económica dos investimentos a realizar é indispensável para a utilização deste instrumento económico, sendo ne-cessário que o projeto garanta as condi-ções de reembolso do apoio concedido, em condições de prazo que pode ir até duas décadas, e de juro mais competiti-vas do que as realizadas em termos co-merciais, precisamente por existir uma afetação de fundos estruturais, que é posteriormente alavancada pelas entida-des gestoras dos fundos JESSICA.Mas no âmbito da regeneração urbana

A iniciativa JESSICA deverá servir de base às grandes ambições do país no âmbito da regeneração urbana e não só. Foi esta certeza que ficou no testemunho de Manuel Castro Almeida, Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, relativamente às potencialidades e mais-valias do Fundo JESSICA e que promete ser essencial para Portugal nos próximos anos.

ESSENCIAL PARA O FUTURO DE PORTUGAL

será este somente um problema público? “Obviamente que não. A principal inter-venção das entidades públicas é montar uma solução com racionalidade económi-ca. O JESSICA é um bom exemplo de solu-ção e as autarquias são o perfeito exemplo dessa realidade, pois aqui pode-se con-jugar dinheiro e iniciativa privada com recursos públicos, porque as autarquias são essenciais para este desafio”, assegura. A Iniciativa Jessica apoia os Estados membros da União Europeia na utili-zação de mecanismos de engenharia financeira para financiamento de inves-timentos de regeneração urbana recor-rendo a fundos do Quadro de Referência Estratágico Nacional, através dos Pro-gramas Operacionais, alavancados pelos Fundos de Desenvolvimento Urbano e da Direção-geral de Tesouro e Finanças. O programa prevê que por cada euro do Jessica, se alavanquem cinco euros de investimento adicional.O Fundo Jessica disponibiliza 130 milhões de euros, tendo uma capacidade de inves-timento direto de 335 milhões de euros e deverá ter todo o dinheiro disponibili-zado e injetado na economia até ao final de junho de 2015. Segundo Manuel Castro Almeida esta é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada por Portugal, salientando ainda que o país vai dar con-ta da relevância deste projeto e aí, bem aí “haverá uma corrida a este programa”, finaliza o nosso entrevistado.

fundo JessiCA - mAnuel CAstro AlmeidA, seCretário de estAdo do desenvolvimento regionAlPROJETOS SUSTENTÁVEIS

EM ÁREAS URBANAS

o que É o JessICa Holding Fund Portugal - JHFPO JESSICA Holding Fund Portugal trata-se da operacionalização da iniciativa JESSICA em Portugal, através de um instrumento de engenharia financeira. Fundo de participações dotado de 130 mi-lhões de euros, 100 milhões de euros FEDER e 30 milhões de eu-ros provenientes da Direção-Geral do tesouro e Finanças.

Os Programas Operacionais que contribuíram para a constituição do JESSICA Holding Fund Portugal foram:Norte ON2:20 M, através do eixo prioritário II;

Centro Mais Centro:20 M, através do eixo prioritário II;

Lisboa:5M, através do eixo prioritário III;

Alentejo INAlentejo:10M, através do eixo prioritário II;

Algarve:5M, através do eixo prioritário III

Norte/Centro/Alentejo POVT:30 M, através do eixo prioritário IX;

eLeGIBILIdadeExistem condições de elegibilidade dos projetos e das despesas:Ao nível dos projetos, para que sejam passíveis de ser apoiados por fundos provenientes do JHFP, devem:-Fazer parte de um plano de desenvolvimento integrado de desenvolvimento sustentável;-Ter rentabilidade;-Ter capacidade para utilizar os recursos investidos até 31/12/2015Ao nível das despesas efetuadas, devem.-Respeitar os critérios de elegibilidade FEDER específicos para cada eixo de onde provém o financiamento, para a componente cofinanciada por estas verbas.

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manuel castro almeida

Page 9: Revista Pontos de Vista Edição 31

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A Estratégia Europa 2020 para um crescimento inteligente, susten-tável e inclusivo foca os proble-mas das alterações climáticas, da energia e da escassez de re-cursos, bem como a necessidade de reforçar a competitividade e melhorar a segurança energética,

mediante o aumento da eficiência dos recursos e da energia. No domínio dos transportes, apela à rutura da dependência em relação ao petróleo e fixa uma meta de 60 por cento para a redução, até 2050, das emissões de gases com efeito de estufa provenientes dos transportes. Apela ainda a um sistema de transportes competitivo e eficiente em termos de recursos.Para atingir esses objetivos é fundamental o de-senvolvimento e implantação de novos combustí-veis e sistemas de propulsão sustentáveis, como é o caso dos veículos elétricos, e das infraestru-turas de recarga necessárias à fácil adoção desta nova forma de mobilidade sustentável e amiga do ambiente. Mas será um veículo elétrico apenas uma nova for-ma de nos movermos?Uma vez que os veículos elétricos se abastecem a partir da rede elétrica, estes poderão ser reabaste-cidos em casa, na rua ou em parques de estaciona-mento, com custos de utilização muito inferiores aos veículos convencionais, e/ou tirando partido da energia produzida através de fontes renováveis, ao mesmo tempo que preservam o ambiente, re-duzindo as emissões de CO2, gases nocivos, maus cheiros e ruído nas cidades. Aliás, é de salientar, que a motorização elétrica é a única forma possí-vel de utilizar energias de origem renovável nos transportes motorizados.O uso em grande escala dos veículos elétricos irá oferecer oportunidades de armazenamento de energia de forma distribuída, permitindo uma maior proliferação das energias renováveis, e ao mesmo tempo, constituindo uma fonte alternativa de energia. Os veículos elétricos poderão vir a ser uma parte importante nas futuras redes inteligen-tes e pilar importante no desenvolvimento das ci-dades inteligentes do futuro.É exatamente a pensar na utilização dos veículos elétricos como sistemas distribuídos de armaze-namento de energia, como estabilizadores da rede elétrica e promotores de uma maior proliferação de fontes de energia renovável, que os sistemas bi-direcionais de interligação veículo/rede, ou veícu-lo/casa, V2G, tomam especial importância, sendo fundamentais para a estabilização e eficiência de todo o sistema de distribuição energética. Estas

interligações bidirecionais, permitirão que os ve-ículos elétricos possam atuar como armazenado-res de energia em períodos de elevada produção renovável, e possam atuar como fontes de energia, através da entrega de energia das baterias à rede, em períodos de pouca produção renovável e eleva-do consumo energético.O veículo elétrico, é portanto, a peça que faltava para alavancar o desenvolvimento das cidades inteligentes e redes de distribuição de energia in-teligentes, já que todos os intervenientes podem lucrar com a sua massificação, incluindo, e princi-palmente, o utilizador final, o cidadão.

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A Mobilidade Elétrica é hoje uma aposta estratégica de todos os países ditos “desenvolvidos” e que procuram liderar as gran-des mudanças Económicas e Sociais. As suas virtudes fazem com que, muito mais do que uma evolução na motorização do automóvel, seja uma revolução na forma como a mobilidade individual se integra na dinâmica diária e de desenvolvimento das cidades e da humanidade.

“SERÁ UM VEíCULO ELÉTRICO APENAS UMA NOVA FORMA DE NOS MOVERMOS?”

José Henriques, Ceo dA mAgnum CAP

PROJETOS SUSTENTÁVEIS EM ÁREAS URBANAS a oPInIÃo de...

“o veículo elétrico, é portanto, a peça que faltava para alavancar o desenvolvimento das

cidades inteligentes e redes de distribuição de energia inteligentes”

o uso em grande escala dos veículos elétricos irá oferecer oportunidades de armazenamento de energia de forma distribuída

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O INALENTEJO – Programa Operacio-nal Regional do Alentejo tem conhe-cido uma evolução positiva?Sem dúvida, em finais de 2011, a taxa era de 22 por cento e, no final de 2012, che-gou aos 42 por cento. Em 31 de outubro de 2013, o INALENTEJO atingiu uma taxa de execução de 55 por cento, o que signi-fica um grande esforço de parte de toda a equipa e também dos beneficiários do programa. Esta taxa de execução refere--se ao total das verbas previsto executar até final de 2015, e corresponde a 609,6 milhões de euros de volume de despesa realizada e a 460,3 milhões de euros de fundos comunitários validados.

De que forma é que o INALENTEJO – Programa Operacional Regional do Alentejo tem vindo a promover proje-tos e iniciativas que tenham como de-siderato primordial a dinamização, reabilitação e regeneração urbana da região? O INALENTEJO contempla no Eixo três – Coesão Local e Urbana, um regulamento específico vocacionado para a Reabilita-ção Urbana. No âmbito deste regulamen-to, tem sido possível apoiar um conjunto de projetos de reabilitação e regenera-ção urbana enquadrados nas Parcerias para a Regeneração Urbana ou nas Re-des Urbanas para a Competitividade e a Inovação, entre as quais podemos desta-car, por exemplo, a Rede Corredor Azul – Rede Urbana para a Competitividade e a Inovação, que abrange um conjunto de dez municípios promotores, mas tam-bém um vasto conjunto de organizações institucionais parceiras, rede esta inspi-rada nas oportunidades que as impor-tantes infraestruturas e equipamentos de acessibilidades, comunicações e lo-gística vão gerar nos próximos anos no eixo Lisboa – Madrid. Também tem sido possível apoiar projetos de reforço das redes urbanas, através da valorização de equipamentos, espaços públicos ou valores patrimoniais.Para além disso, temos a Iniciativa JESSI-CA, uma iniciativa conjunta da Comissão Europeia, do Banco Europeu de Investi-mento e do Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa, que apoia as Autoridades dos Estados-Membros da UE na utilização de instrumentos de engenharia financeira no investimento

em desenvolvimento urbano sustentá-vel. No Alentejo, os projetos aprovados representam já cerca de 10 milhões de euros financiados, num total de 16 mi-lhões de euros alavancados. Encontram--se já dois projetos desenvolvidos, um de requalificação de imóveis de elevado valor histórico e patrimonial e outro na área da hotelaria, e estão a ser ultima-dos mais três projetos no valor de 25 milhões de euros, dos quais 13 milhões provenientes do Fundo JESSICA.

O Programa Operacional Regional do Alentejo 2007/2013 é um instrumen-to financeiro de política regional, com uma dotação financeira global de 854 milhões de euros financiados pelo Fundo Europeu de Desenvolvi-mento Regional (FEDER). Ao longo destes seis anos o que foi feito e o que ainda falta fazer? Que tipo de proje-tos têm sido mais apoiados?Ao longo destes anos, têm vindo a ser apoiados um conjunto muito significati-vo de projetos importantes para o desen-volvimento mais equilibrado da região e a redução das assimetrias regionais, de

O INALENTEJO – Programa Operacional Regional do Alentejo 2007/2013 é um instrumento financeiro de política regional, de apoio ao desenvolvimento da região do Alentejo NUT II, que integra o QREN. Como tal, promove o desenvolvimento desta região em áreas como a inovação empresarial, crescimento e emprego, regeneração urbana, promoção da coesão social e territorial, qualificação ambiental e valorização do território. No último ano deste Programa para 2007/2013, que tem uma dotação financeira global de 854 milhões de euros financiados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), a Revista Pontos de Vista entrevistou o Presidente da Comissão Diretiva do INALENTEJO, António Costa Dieb, que é também o Presidente da CCDRA.

“ExISTE hOJE UMA VALORIzAÇÃODOS NOSSOS RECURSOS”

que podemos destacar, na agenda temá-tica Fatores de Competitividade, o apoio concedido pelo INALENTEJO a 543 em-presas beneficiárias de ajudas diretas ao investimento, no âmbito dos sistemas de incentivos, representando um investi-mento total de 580,7 Milhões de euros; na agenda temática Valorização do Ter-ritório destacamos o apoio a 68 equi-pamentos de saúde e 79 equipamentos sociais, enquanto na agenda do Potencial Humano se destaca o apoio à construção e reabilitação dos estabelecimentos da rede escolar (centros escolares do 1.º ci-clo do ensino básico e escolas dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico).

Dos quatro Eixos que perpetuam o Programa Operacional Regional do Alentejo 2007/2013 - Competitivida-de, inovação e conhecimento; Valo-rização do Espaço Regional; Coesão Local e Urbana; Assistência Técnica, qual destes foi aquele que conheceu um desenvolvimento superior e qual o que ficou aquém das expectativas? O INALENTEJO tem a sua dotação pra-ticamente comprometida na totalidade,

pelo que todos os Eixos têm tido um desenvolvimento paralelo em termos de candidaturas e aprovações; no que se refere à execução, o Eixo 1 - Competitivi-dade, Inovação e Conhecimento, revela uma taxa ligeiramente menor, mas tal deve-se, não só ao atual contexto econó-mico (de referir que se enquadram nes-te eixo todos os projetos das empresas), mas também à forma de desenvolvi-mento da grande maioria destes proje-tos, baseada em pagamentos por adian-tamento, sendo os respetivos valores de despesa realizada apenas validados e contabilizados no final.

Quais foram, ao longo deste período, as principais dificuldades encontra-das e de que forma procuraram con-trariar as mesmas? O atual contexto económico que se vive “ditou” em parte as principais dificuldades que o INALENTEJO, e também os outros programas operacionais, encontraram e que motivaram a procura de soluções para as ultrapassar. No caso do INALEN-TEJO, com a reprogramação estratégica aprovada no final de 2012, foi possível: • Reforçar os apoios ao emprego e aos desempregados, promovendo em par-ticular a empregabilidade dos jovens e assegurar o financiamento de medidas de apoio ao empreendedorismo de base local e à criação do próprio emprego, nomeadamente mediante o desenvolvi-mento das iniciativas enquadradas no Impulso Jovem;• Reforçar os recursos destinados a esti-mular o investimento das empresas, au-mentando a dotação FEDER para os in-vestimentos na modernização do tecido produtivo, em especial das PME, visando estimular a produção de bens e serviços transacionáveis, a melhoria das condi-ções de financiamento das empresas e a criação de oportunidades de emprego;• Adequar a alocação de fundos às con-dições de concretização física e financei-ra dos investimentos públicos em proje-tos de infraestruturas• Reforçar as taxas de co-financiamento, como forma de acelerar a concretização do investimento público num contexto de forte consolidação orçamental.

Dos diversos projetos financiados pela INALENTEJO alguns deles são de

entrevistA Ao Presidente dA Comissão diretivA do inAlenteJo, António CostA dieBPROJETOS SUSTENTÁVEIS

EM ÁREAS URBANAS

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António Costa Dieb

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Pontos de Vista Dezembro 2013

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grande dimensão. Isto significa que as pequenas iniciativas empresariais não foram apoiadas? Em que âmbito é que estes projetos mais pequenos são importantes? Todas as iniciativas e projetos de in-vestimento empresariais que possuam mais valia para a região Alentejo, são apoiados pelo INALENTEJO, desde que reúnam, naturalmente, as condições de acesso requeridas nos concursos. Os projetos de menor valor de investimen-to dispõem de um instrumento financei-ro mais adequado à sua dimensão, o Sis-tema de Incentivos às Microempresas, um regime de incentivos simplificado que permite apoiar quer a promoção do investimento, quer a criação de pos-tos de trabalho e se aplica a projetos de investimento inferior a 5 mil euros, ou igual ou superior a 5 mil euros, mas in-ferior a 25 mil euros nas freguesias não rurais, e à criação de até 2 postos de tra-balho durante 12 meses.Até ao momento, neste sistema de in-centivos, já foram apoiadas pelo INA-LENTEJO 72 microempresas do Alen-tejo, que permitiram a criação de 109 novos postos de trabalho, com um in-vestimento total associado de 1.238 mil euros e um incentivo FEDER de 1.147 mil euros, encontrando-se ainda um concurso em fase de decisão e a última fase do mesmo concurso está aberta até 9 de dezembro.

O atual contexto económico vivido em Portugal tem limitado de alguma forma a vossa atuação? A análise das candidaturas tem de ser mais rigoro-sa do que se estivéssemos num plano económico mais salutar? Quais os re-quisitos que uma candidatura deve reunir para ser aprovada e apoiada?O atual contexto económico tem criado alguns constrangimentos à normal exe-cução do programa, dado que os em-presários, e de uma forma geral todos os beneficiários, têm mais dificuldade nesta fase em garantir a execução dos seus projetos de acordo com o plano de investimento aprovado, e em garantir a própria contrapartida nacional dos projetos, isto é, as verbas que têm que colocar do seu bolso nos projetos para complementar o financiamento comuni-tário. No caso das empresas, as dificul-dades de acesso ao crédito tem uma sido uma constante, e alguns projetos não têm avançado por esse motivo, apesar da sua aprovação.No entanto, o atual contexto económico não interfere na análise das candidatu-ras, todo o processo está regulamenta-do. Os requisitos das candidaturas são muito diversos e diferem consoante a

tipologia de investimento, a natureza do projeto e o promotor do mesmo, o que confere o seu enquadramento no regu-lamento e no concurso em causa. Toda esta informação é objeto de divulgação no site do INALENTEJO. De qualquer modo, o essencial é tratar-se de um “bom” projeto, autosustentável, e que traga mais valia para o desenvolvimento da região.

Neste momento a taxa de execução é de cerca de 52 por cento, com uma previsão de 62 por cento ate ao final do ano. Mas no início de 2012 a taxa de execução era de 22 por cento. Por-que mudaram tanto estes valores? O que aconteceu para esta mudança?A taxa de execução já era de 55 por cen-to no passado dia 31 de outubro, e neste momento já subiu mais alguns pontos, o nosso objetivo é atingir uma taxa de execução de 62 por cento no final do ano. Efetivamente, essa taxa aumentou de 22 por cento em finais de 2011, para 42 por cento em finais de 2012, porque nesse período foi possível validar um conjunto de despesa apresentada pelos beneficiários que por diversas razões se encontrava pendente, mas também em resultado do empenho e esforço dos beneficiários na apresentação de des-pesa realizada nos seus projetos, e de toda a equipa do INALENTEJO na sua validação. Simplificaram-se os procedi-mentos, reorganizaram-se as equipas, estabeleceu-se contacto direto com os potenciais promotores estimulando-os a recorrer ao programa, partilhando prioridades de investimento, garantin-do que os promotores executam ade-quadamente as operações e a equipa do INALENTEJO apoia-os, verifica e concretiza os procedimentos com ra-pidez. O INALENTEJO está neste mo-mento com a quase totalidade das ver-bas comprometidas, envolvendo 1.977 projetos de investimento aprovados, os quais implicam um investimento total a rondar os 1.320 milhões de euros, para uma comparticipação comunitária de 856 milhões de euros.

Um dos projetos apoiado pelo INA-LENTEJO é o Sistema Regional de Transferência de Tecnologia que en-volve mais de duas dezenas de enti-dades. Qual a mais-valia deste proje-to? Porquê apoiar o mesmo? De que forma tem este projeto vindo a pro-mover o desenvolvimento? O meio académico tem sido importante nes-te domínio?A implementação do Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo é de primordial importância para a região, dado tratar--se de uma infraestrutura de excelência e inovadora que irá atuar como elemen-to aglutinador do conhecimento de base científico e tecnológico existente na região do Alentejo e proporcionar um ambiente institucional propício à trans-ferência de conhecimento, e à inovação competitiva do tecido produtivo. Faz

todo o sentido o apoio ao projeto que, ainda em instalações provisórias, já aco-lhe 15 novas empresas, a maioria das quais nas áreas da Energia e Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), num total de 45 postos de trabalho.Este projeto tem tido a virtude de mobi-lizar os interesses dos diferentes agen-tes que compõem o sistema científico, tecnológico e de inovação regional, pro-curando assim conseguir assegurar o desejado e necessário equilíbrio entre a academia e o sector produtivo, que via-bilize a transferência de conhecimento, tecnologia e inovação que sustente o in-cremento da competitividade regional com base em inovação, conhecimento e propostas de alto valor acrescentado. A parceria criada abrange os estabeleci-mentos de ensino superior da região, as infraestruturas tecnológicas, os centros de investigação e conhecimento, as as-sociações empresariais, diversas insti-tuições e outras entidades de interface, de todas as NUT III da região Alentejo.

Neste momento, sente que a região mudou com o apoio do INALENTEJO?O apoio do INALENTEJO e dos progra-mas regionais dos anteriores períodos de programação tem permitido dotar a região de um conjunto de infraestrutu-ras e equipamentos diversos que mui-to têm contribuído para a melhoria da qualidade de vida da população e para

o desenvolvimento do tecido económico empresarial. Existe hoje uma valoriza-ção dos nossos recursos patrimoniais, culturais, ambientais e económicos muito grande e importante, uma grande sensibilização da importância desses recursos e da sua potenciação para o desenvolvimento económico da região.

Quais são os principais desafios que se impõem ao INALENTEJO?Os desafios que se impõem ao INALEN-TEJO são a necessidade de continuar a promover os três vetores centrais do desenvolvimento desta região, inscritos nos eixos estratégicos “Alentejo 2015”:• Desenvolvimento empresarial, criação de riqueza e emprego• Abertura da economia, sociedade e território ao exterior• Melhoria da qualidade urbana, rural e ambiental.Ou, como se perspetiva no Programa Es-tratégico ‘Alentejo 2020’, uma estratégia de desenvolvimento para a Região anco-rada na seguinte Visão:Um Alentejo com capital simbólico e identidade distintiva, num território do-tado de recursos materiais, de conheci-mento e competências e de amenidades, aberto para o mundo e capaz de cons-truir uma base económica renovada so-bre a sua mais valia ambiental, atraindo residentes, investimentos e atividades geradoras de emprego e coesão social.

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A empresa é especializada na presta-ção de serviços de gestão de custos em projetos imobiliários. De que forma conseguem fazer o controlo dos cus-tos durante a fase de implementação?O serviço de Architecture Cost Mana-gement que desenvolvemos procura acompanhar o projeto desde a fase de estudos preliminares de investimento – sabemos que nesta fase é fulcral que o promotor imobiliário tenha o máximo de informação do seu lado quanto aos custos do projeto. Contudo, podemos entrar no projeto em qualquer uma das suas fases, sendo os objetivos sempre os mesmos: poupar o máximo de capital ao promotor, controlar os custos e sal-vaguardar o conceito arquitetónico e a qualidade final do projeto. Intervimos no levantamento exaustivo de todos os custos e condicionantes logísticas do projeto, na sua quantificação, na revisão e compatibilização de todas as especiali-dades, coordenamos as relações com os fornecedores e gerimos toda a informa-ção que diga respeito aos custos, vinda de toda a equipa de projeto. Na fase de obra, certificamo-nos que tudo é execu-tado conforme o planeado, controlando assim os custos até à finalização do pro-jeto. Todo este trabalho diminui ao míni-mo o risco de derrapagens orçamentais, através da eliminação de todo o tipo de imprevistos que se possam refletir em custos adicionais.

Mencionou que parte do vosso traba-lho é permitir uma poupança de ca-pital ao promotor. Como conseguem estes resultados?Podia dar vários exemplos de projetos nos quais participámos em que as soluções construtivas que estavam estipuladas à partida foram revistas com base no co-nhecimento que temos neste mercado. Este serviço tem-se traduzido numa pou-pança média de capital para o promotor de cerca de 28 por cento. O trabalho que desenvolvemos em conjunto com as equi-pas projetistas no sentido de otimizar o desenho de Arquitetura traz também mais-valias ao promotor neste âmbito. Hoje em dia ouvimos falar de uma série de projetos que apresentam derrapagens orçamentais bastante consideráveis, principalmente em projetos públicos.A cobertura mediática deste tipo de situações é positiva, na medida em

que potencia o debate e a mudança de mentalidades. Significa também que em Portugal se começa agora a perce-ber a importância da gestão de custos especializada dos projetos imobiliários, principalmente quando estamos a falar de dinheiros públicos. É importante que haja uma consciência de que os recursos que temos são cada vez mais escassos, e que deve ser feita uma gestão compe-tente desses mesmos recursos em todos os setores. Houve até aqui uma forma de proceder que não contemplava nem a otimização nem o controlo dos custos – recorrendo a um exemplo, concebia-se o projeto para se gastar vinte porque se tinham vinte para gastar, e acabava-se sempre a gastar trinta.

Como é composta a vossa equipa téc-nica? E como integram as equipas de projeto?Maioritariamente a equipa é compos-ta por arquitetos com experiência em gestão de projeto ou especificamente em gestão de custos, assim como expe-riência em contexto de obra e trabalho com soluções e processos construtivos. É também composta por engenheiros de várias especialidades. Quanto à inte-

“Podemos entrar no projeto em qualquer uma das suas fases, sendo os objetivos sempre os mesmos: poupar o máximo de capital ao promotor, controlar os custos e salvaguardar o conceito arquitetónico e a qualidade final do projeto”, salienta Artur Sousa, CEO e Gestor de Custos da DIMSCALE, e com formação em Arquitetura, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde ficamos a conhecer mais de uma marca de enorme relevância e que é especializada na prestação de serviços de gestão de custos em projetos imobiliários.

“EM PORTUGAL COMEÇA-SE A PERCEBER AIMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE CUSTOS ESPECIALIzADA DOS PROJETOS IMOBILIÁRIOS”

gração nas equipas de projeto, o nosso percurso começou na colaboração dire-ta com os arquitetos, num trabalho mais focado no Quantity Surveying, parcerias essas que continuamos a consolidar. Contudo, temos direcionado o nosso serviço para os promotores e investido-res imobiliários, junto dos quais temos uma proposta de valor forte. Neste âm-bito, trabalhamos diretamente para o dono de obra e gerimos toda a equipa no que diz respeito aos custos, ao colaborar estreitamente com o gestor de projeto e a equipa projetista.

Gostaria de destacar algum projeto em que estejam envolvidos? Integrámos há alguns meses as equipas de dois projetos ligados ao turismo de luxo a implementar em São Tomé e Prín-cipe. Estamos a trabalhar diretamente com o dono de obra, uma empresa de origem sul-africana, e a colaborar com duas equipas de projeto, sendo que a parte das especialidades é portuguesa e a equipa projetista é francesa – são pro-jetos verdadeiramente internacionais! São projetos extremamente interessan-tes, pela proposta de desenvolvimento económico e social que trazem à Ilha do

Príncipe. São também projetos que valo-rizam a sustentabilidade, na medida em que estamos a procurar minimizar o seu impacto ambiental.

Artur sousA, Ceo e gestor de Custos dA dimsCAle, em entrevistA

o que é que podemos esperar da dImsCaLe nos próximos anos? Estamos a explorar vários merca-dos e temos já boas perspetivas quanto à concretização de mais parcerias internacionais que se irão traduzir na presença em projetos que nos permitirão con-tinuar a potenciar o nosso know--how. Paralelamente, estamos a desenvolver um projeto paralelo – ARCH INNOVATION, uma pla-taforma de Inovação que visa a criação de novos produtos para os setores da Arquitetura, De-sign e Construção, assim como a promoção e exportação dos pro-dutos de origem portuguesa, e para o qual temos já formalizada uma parceria com a Ordem dos Arquitetos.

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artur sousa

PROJETOS SUSTENTÁVEISEM ÁREAS URBANAS

LER NA INTEGRA EM WWW.PONTOSDEVISTA.PT

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Pontos de Vista Dezembro 2013

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O verão é o que se sabe. A primavera é similar, ou seja, em maio as temperaturas podem confundir-se com as do verão, mas em mar-ço e abril variam entre os 18 e os 20 graus

(sombra) e entre os 20 e os 30 graus (sol). Temperaturas ideais de praia para muita gente que dispensa as 12 horas de Sol do verão, com temperaturas que podem atingir máximas de 35 graus e mínimas de 20 graus, a tornar as noi-tes verdadeiramente únicas. O outono é como a primavera, sendo possível en-contrar gente a banhos de Sol e de mar em outubro e em novembro, o que faz com que o Algarve possa funcionar o ano todo como destino turístico de ex-celência, eventual e naturalmente com públicos-alvos dominantes bem diferen-ciados ao longo das diversas estações do ano. Desta forma é possível confundir-se estações do ano nesse majestoso local que é o Algarve. Golfe, praia, gastronomia, unidades ho-teleiras, cultura, entre muitos outros são apenas alguns dos cartões de visita do Algarve que é hoje comparado a muitos dos destinos dispersos mundialmente, em alguns casos é até o preferido por quem procura diversão, tranquilidade, sol, boa disposição e muito mais. Mas muito mais podia ser dito sobre o Algarve. A excelência deste local turísti-co faz do mesmo o local perfeito para o seu final de ano. Foi este o principal mo-tivo que levou a Revista Pontos de Vista a entrar à conversa com Desidério Silva, atual Presidente da Região de Turismo do Algarve , onde ficamos a conhecer as mais-valias da campanha publicitária para promover o fim de ano 2013.Apelidada da maior campanha publici-tária de sempre para promover a passa-gem de ano, esta iniciativa tem como de-siderato a promoção do destino Algarve no mercado português e espanhol, sen-do que a sua duração deverá prolongar--se até ao dia 17 de dezembro. Qual a opinião do nosso entrevistado relativa-mente a este desafio? “Do que conheço do histórico da Região de Turismo, acho que nunca houve nenhuma campanha publicitária realizada com esta dimen-são. Acredito sinceramente que este é aquela que tem uma grandeza mais for-te, assinalável e diversificada”. Portugal vive, como se sabe, momentos complicados do ponto de vista económi-co e financeiro, onde projetos não saem das «gavetas», iniciativas terminam à nascença e algumas em execução ficam pelo caminho. Neste sentido, quais são

O Algarve. Esse El Dorado turístico plantado a sul de Portugal e que tantas valias aporta a Portugal e que é hoje, cada vez mais, um destino turístico de excelência em qualquer altura do ano, «ombreando» com qualquer outro destino turístico a nível mundial.

FINAL DO ANO? VENhA AO ALGARVE…

os valores investidos nesta campanha e de que forma é a mesma essencial para o Algarve? “Temos de continuar a apostar no que é nosso e o Algarve é de todos nós e é uma das nossas principais preciosidades nacionais. Naturalmente que a verba investida é considerável, mas acredito que o retorno será conse-guido, até porque estamos a promover a passagem de ano no Algarve”, afirmou o nosso entrevistado, sem especificar o montante investido.

COMO SE VAI DESENROLARA CAMPANHA?

Múpis, expositores de publicidade, auto-carros, imprensa, televisão, rádio e mul-tibanco são as formas escolhidas para que esta campanha alcance o sucesso. Assim, nos 16 dias de duração da cam-panha serão instalados, segundo o pre-sidente da Região de Turismo do Algar-ve, 1100 múpis em centros comerciais, estações de metro e de comboio, bem como 775 retaguardas de autocarros em circulação em diversas cidades do país, como Lisboa, Porto e Braga. “Se-rão emitidos 15 anúncios em revistas e jornais de Portugal e Espanha e cerca de 260 spots nas rádios nacionais e espa-

nholas. Além disso, serão preenchidos espaços publicitários em 2250 caixas de multibanco do país. Como pode ver, esta será uma campanha com dimensão e que será um sucesso”, salienta confiante o nosso entrevistado. Será demasiado redutor pensar que esta campanha aporta apenas no desidera-to da promoção da passagem de ano no Algarve. Esta promoção do fim de ano também está muito relacionada com a vertente da sazonalidade, ou seja, “é preciso que as pessoas ouçam falar do Algarve, independentemente de virem para cá ou não virem no fim de ano, para que possam ter vontade de conhecer o Algarve em outras alturas do ano”, salien-tou Desidério Silva, lembrando ainda que aliado ao fito de promoção da região, dos produtos e das atividades, “a iniciativa tem ainda a meta definida de combater a sazonalidade, estratégia na qual as entidades oficiais do turismo têm apos-tado fortemente no sentido de dinamizar economicamente o Algarve nos meses definidos de época baixa, combatendo portanto uma das principais dificuldades do país que é o desemprego e que, como sabemos, no Algarve atinge taxas dema-siado elevadas”, revela Desidério Silva.

turismo do AlgArve e A mAior CAmPAnHA PuBliCitáriA de semPre PArA Promover o fim de Ano

TURISMO DO ALGARVE– FINAL DO ANO

a iniciativa tem ainda a meta definida de comba-ter a sazonalidade, estra-tégia na qual as entida-des oficiais do turismo têm apostado fortemente no sentido de dinamizar economicamente o algar-ve nos meses definidos de época baixa, comba-tendo portanto uma das principais dificuldades do país que é o desemprego e que, como sabemos, no Algarve atinge taxas demasiado elevadas

“desidério silva

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Desengane-se quem pensa que o Algar-ve é «só» verão e praias. Nada disso. A região algarvia é um conjunto de mais--valias que vai querer conhecer por to-das as razões e mais algumas. “Com esta campanha queremos afirmar definitiva-mente o Algarve perante os potenciais visitantes que a região tem mais produ-tos e mais ofertas. Visitem-nos. Visitem o Algarve no final do ano, pois tenho a certeza que não vão ficar desiludidos”.

MUDANçA DE PRISMA Defensor acérrimo da região algarvia, De-sidério Silva enveredou por este desafio há cerca de um ano, período em que foi eleito presidente do Turismo do Algarve, ou seja, como líder da mais importante região turística do país, algo que aumen-ta o nível de exigência e dificuldade da gestão do nosso entrevistado. Como tem sido este desafio? As condicionantes eco-nómicas e financeiras têm feito mossa? “Os últimos quatro anos foram bastante complicados no que toca ao financia-mento desta entidade, daí resultando alguns problemas difíceis de tesouraria. Além disso, a estrutura tem um quadro de recursos humanos que ronda a cente-na de pessoas, 40 ligados aos Postos de Turismo e os restantes na sede, e é muito dependente das transferências de verbas provenientes do poder central. A entida-de tinha igualmente a componente da

turismo do AlgArve e A mAior CAmPAnHA PuBliCitáriA de semPre PArA Promover o fim de AnoTURISMO DO ALGARVE

– FINAL DO ANO

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promoção, mas era difícil ter uma atitu-de e projeção quando as verbas estavam condicionadas”, esclarece Desidério Silva, antigo edil da autarquia de Albufeira. Mas qual o estado das contas que encon-trou na Região de Turismo do Algarve? “É comum aqueles que chegam criticarem o

anterior executivo. Seja porque razão for. Neste caso tenho de reconhecer que as contas da entidade estavam realmente equilibradas financeiramente, fruto do trabalho meritório realizado pelo ante-rior presidente, que teve grandes difi-culdades para realizar a sua obra, pois os meios eram escassos e assim restava apenas tentar cobrir os custos com o pes-soal”, esclarece o nosso interlocutor.

APOIO DO PODER CENTRALé ESSENCIAL

Mas o que tem mudado no âmbito do Turismo nacional, mais concretamente da região algarvia? De que forma é que a atual conjuntura nacional e internacio-nal tem vindo a criar barreiras e obstá-

apostar no algarve – Produto de Valor garantidoUma das principais características do atual presidente da Região de Turismo do Algarve é a sua frontalidade. “Conheço como poucos as especificidades da região algarvia, e existem ainda questões que devem ser esclarecidas. São matérias de foro público como a cobrança de portagens na Via do Infante, a situação do Aeroporto de Faro e, mais recentemente, da possibilidade do Rali de Portugal deixar de estar sedeado no Algarve e Alentejo”, salienta, assegurando que tem tentado demonstrar, junto de diversas personalidades e entidades, “que o nosso destino turístico, até à entrada em vigor das por-tagens, tinha um forte reforço de visitantes de Espanha, graças à promoção realizada pela Região de Turismo do Algarve e pela autarquia de Albufeira. No ano passado, o turismo espanhol desceu cerca de 20 por cento e isso tem a ver com a conjuntura atual, mas também com as barreiras físicas e psicológicas que foram introduzidas. Desta forma perdemos com-petividade perante outros destinos turísticos. Temos de compreender que o nosso destino só será competitivo se estiver munido com as mesmas facilidades do turismo espanhol”.Desta forma, o nosso interlocutor garante que tem mantido um diálogo acesso e regular com outros intervenientes do outro lado da fronteira, principalmente no que versa relativamente aos custos acrescidos e pela própria burocracia que rodeia o pagamento das portagens e que tem sido responsável pela diminuição de visitantes no Algarve. Líder prático, Desidério Silva tem colocado algumas propostas em cima da mesa. “Portugal tem de compreender que o Algarve representa cerca de 40 por cento do turismo nacional. A última proposta que fiz versava sobre a possibilidade de isenção aos fins de semana, para toda a gente, num contexto de avaliação da entrada de divisas na região. Isto é fundamental”, aponta, antes de referir que um dos fatores que marca a diferença na competitividade entre mercados concorrentes é a questão do IVA. “Veja-se este quadro. O IVA na restauração em Espanha é de 10 por cento, e em Portugal de 23. O IVA no golfe de oito por cento em Espanha e de 23 em Portugal. O nosso destino é competitivo se tiver as mesmas facilidades dos vizinhos e é fundamental que estas barreiras possam ser derrubadas para se alavancar a economia regional. Temos de perceber que o Algarve representa um potencial turístico enorme e que é fundamental para o país. Não podemos continuar a desaproveitar estas oportunidades. Temos de continuar a apostar fortemente neste «produto» de valor que é o Algarve”, finaliza Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve.

culos difíceis de ultrapassar? “O cenário a nível interno e internacional é ainda uma incógnita constante e confirma que a legislação que se prepara para entrar em vigor vem impor mudanças no que concerne à promoção interna e exter-na”, salienta o nosso interlocutor, escla-recendo a atual posição da instituição que lidera relativamente ao futuro. “As entidades regionais ficam responsáveis pela promoção em Portugal e nas regiões transfronteiriças, neste caso concreto a Espanha. Em relação à promoção exter-na, o Turismo de Portugal comprometeu--se com a ATA – Associação Turismo do Algarve para a contratualização, até ao final de 2013, de financiamento até cin-co milhões de euros, que está a ser gas-

“As entidades regionais ficam responsáveis pela promo-ção em Portugal e nas regiões transfronteiriças, neste

caso concreto a espanha. em relação à promoção externa, o turismo de Portugal comprometeu-se com a ata – as-

sociação turismo do algarve para a contratualização, até ao final de 2013, de financiamento até cinco milhões de

euros, que está a ser gasto em ações muito fortes nos principais mercados emissores de turistas para a região”

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to em ações muito fortes nos principais mercados emissores de turistas para a região”, assume categórico Desidério Sil-va, que recentemente conquistou mais uma valia para o Algarve, ou seja, conse-guiu uma campanha extra para o inverno 2013/2014 e que será direcionada para os mercados tradicionais da Alemanha, Holanda, Irlanda e Inglaterra, bem como para outros mercados considerados complementares como o Canadá, Escan-

dinávia, França e Áustria. A consciência de que Portugal deve con-tinuar a apostar nas potencialidades do seu turismo é evidente. A questão pas-sa por compreender a recetividade dos governantes portugueses para que esse desiderato seja de facto cada vez mais uma realidade. Para já o cenário não é o melhor, principalmente pelo corte de verbas que foram alvo as Entidades Re-gionais de Turismo, algo que preocupa

o nosso entrevistado. “As contas ainda não estão efetuadas, mas já manifestei ao poder central a nossa insatisfação perante dois critérios de atribuição de meios financeiros que são bastante pe-nalizadores para o Algarve”, assevera. Quais são esses critérios? “Está relacio-nado com o número de dormidas e de turistas e sabemos que os valores reais, na nossa região, são bastante superiores aos dados estatísticos. Temos que de-

monstrar que, além dos 13 milhões de dormidas oficiais, temos cerca de 17 ou 18 milhões e que, além dos dois milhões e 600 mil turistas oficiais, temos perto de cinco milhões. Isso pode ser quanti-ficado através do alojamento local e do turismo residencial, bem como dos con-sumos de água, eletricidade e da recolha de resíduos sólidos, e nisto a AMAL, a CCDR e os municípios podem desempe-nhar um papel importante.

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A inda há a política de que ninguém dá nada a ninguém e que estas ajudas são só para al-guns. A nossa missão é desmistificar essa ideia”. As palavras de Telma Paz, Diretora

Geral Adjunta da F. Iniciativas abrem as hostes de um evento que vai já na segunda edição. Partindo do princípio de que a inovação tecnológica gerada pela Investigação & Desenvolvimento assume um papel vital no impulso à competitividade empresarial, Portugal, apesar de ainda ter um longo caminho a percorrer, está a dar passos sólidos nesse sentido, tal como Telma Paz co-meçou por dizer aos participantes. “De 2005 a 2008, Portugal duplicou o seu investimento em I&D, sendo hoje, tal como Espanha e a nível da União Europeia, moderadamente inovador. Existem ferramentas e meios de finan-ciamento mas é necessário adotar uma estratégia. Com base no nosso posi-cionamento internacional, prestamos todo o apoio à internacionalização. A nossa ambição é fazer mais e melhor”, garantiu. Estava, desde modo, aberto um evento que aproximou agentes de vários segmentos de atividade. Univer-sidades, Empresas, Entidades Públicas

ou Estudantes comunicaram e apro-veitaram ao máximo as condições que a F. Iniciativas criou num único espaço, Lispólis (Pólo Tecnológico de Lisboa) e num mesmo dia, 27 de novembro.Paulo Carvalho, Diretor Municipal de

Com o objetivo de promover a divulgação e disseminação de Modelos de I&D+i, Redes de Conhecimento e Instrumentos e Políticas de Financiamento que as empresas têm ao seu dispor, a F. Iniciativas realizou a segunda edição de um encontro que é já a marca desta enti-dade. Dos modelos públicos e privados de I&D+i (Investigação e Desenvolvimento e Inovação) às ferramentas de financiamento, a organi-zação apostou na diversificação, tentando trazer os peritos de cada área de abordagem. No final, foram conhecidos três casos de sucesso para que se saiba que para se ser grande é preciso começar do zero.

“É POSSíVEL COMEÇAR DE MUITO PEQUENO, EVOLUIR E FAzER GRANDES COISAS”

Economia e Inovação da Câmara Mu-nicipal de Lisboa (CML), começou por apresentar Lisboa como uma “cidade do conhecimento e inovação”. “Lisboa é uma das cidades mais criativas do Mundo e tem de adotar uma estraté-

gia para se afirmar. Neste sentido, a CML não vende produtos mas funciona como orquestrador de um conjunto de atores chave”, afirmou. O conhecimen-to centralizado em Lisboa diz tudo: 104 instituições de ensino superior,

2.º fórum iniCiAtivAs à i&d+i deCorreu no lisPólis, Pólo teCnológiCo de lisBoA

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telma paz

Vasco TeixeiraCoordenador do Projeto Nanovalor“O investimento em investigação e de-senvolvimento faz parte da solução para recuperar a economia do país. O objetivo da União Europeia é aumentar o investi-mento nesta área de forma a alinhar a despesa em I&D pela dos EUA e Japão”

Paulo CarvalhoDiretor Municipal de Economiae Inovação da CML“É necessário promover a internacionali-zação e a capacidade competitiva da eco-nomia de Lisboa. Mas, Lisboa não tem de competir nem com Oeiras nem com Sintra. Tem de competir a uma escala global”.

Carlos PiresHead of Innovation Management do Grupo Salvador Caetano“Um empreendedor social é um agente de mudança que altera a sociedade para melhor. Um intraempreendedor social, além da sua actividade normal, lança de-safios sociais e ambientais que não avan-çam por falhas no mercado”.

Pedro CilínioDireção de Gestão de Incentivos e de Créditos – IAPMEI“Investigação e Inovação, Competitivi-dade das PME e eficiência energética e energias renováveis são as principais prioridades para o FEDER 2020”.

INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

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140 mil estudantes, 30 mil licenciados ou 158 centros de I&D são alguns dos números que ilustram esta realidade. Seguiu-se Vasco Teixeira, Coordena-dor do Projeto Nanovalor que centrou a sua apresentação na transferência de tecnologia das entidades do siste-ma científico e tecnológico nacional, com enfoque em exemplos derivados da nanotecnologia. Sendo objetivo da União Europeia aumentar o investi-mento nesta área de forma a ficar ali-nhada com a despesa em I&D dos EUA ou Japão, Portugal tem ainda um longo caminho a fazer. Segundo Vasco Teixei-ra, há uma escassa articulação entre estratégias públicas de I&D e as reais necessidades das empresas. O Projeto Nanovalor tem contribuído para a alte-ração deste paradigma mas “Portugal ainda não se apercebe que já tem tan-ta competência ao nível das empresas na nanotecnologia”, defendeu o inves-tigador da Universidade do Minho. O primeiro painel terminou com o tema “Intraempreendedorismo e Redes Co-laborativas” por Carlos Pires, Head of Innovation Management do Grupo Salvador Caetano. Ao longo do seu dis-curso, foi dando exemplos, nomeada-mente: de entidades empreendedoras (3M, Apple ou Google) ou de Intraem-preendedores Sociais (Dan Vermeer da

Coca-Cola, Sam McCracken da Nike, ou Bob Annibale do Citibank), terminando a sua apresentação com o repto: “todo o processo de colaboração exige disci-plina, trabalho e preparação”.O final da manhã foi dedicado às Redes de Conhecimento para o I&D+i e Com-petitividade Empresarial com as inter-venções de Gonçalo Amorim, Diretor do Programa MIT Portugal; Vasco Lagar-to, Presidente da Comissão Executiva do TICE.pt; e João Caetano, Diretor de I&D+i do INTELI – Centro de Inovação que revelou alguns dados sobre a Rede de Living Labs. Portugal afirma-se como um dos principais promotores deste movimento europeu em torno da inova-ção aberta, alicerçado em valores como a cooperação, sustentabilidade ou em-preendedorismo. E, de facto, estes três oradores sublinharam a importância de cooperação entre os diversos parceiros para que cada um consiga atingir os seus próprios objetivos.

MODELOS DE FINANCIAMENTO

Ao longo de dois painéis, que termi-naram com chave de ouro com a inter-venção de Antoine Abbatucci, Coorde-nador Internacional da F-Iniciativas, foram abordados vários modelos de financiamento atualmente existentes e

ao dispor das empresas para que elas se tornem mais competitivas e se di-ferenciem das demais. Com o impulso da União Europeia, muitos países têm implementado sistemas de incentivos fiscais com o intuito de promover as atividades de Investigação e Desenvol-vimento. Em Portugal não é exceção. A F. Iniciativas acompanha, assim, as empresas na procura de fontes de fi-nanciamento da I&D e da Inovação, tra-zendo os melhores oradores para fala-rem dos desafios que as empresas terão de enfrentar no futuro, com a ajuda de programas como: o Quadro Estratégico Comum 2014-2020; o Horizonte 2020 (Programa Quadro de Investigação e Inovação) que uniformiza todo o finan-ciamento em investigação e inovação e pretende desenvolver uma melhor sociedade, indústrias competitivas e uma ciência de excelência; a Iniciativa EUREKA ou o Programa EUROSTARS. Do BPI, chegou ainda Lurdes Pinho, Responsável pelas Operações Especiais desta entidade, que nos traçou em con-siderações gerais os principais pontos da Linha BPI/FEI Inovação, uma linha de financiamento para empresas inova-dores com garantia do Fundo Europeu de Investimento.O evento terminou com a apresentação de três casos de sucesso. Para Telma

Ricardo MigueisNational Contact Point – GPPQ/FCT“Há uma baixa presença de entidades na-cionais nos grandes grupos europeus que influenciam os programas de trabalho europeus. Há, por isso, uma grande difi-culdade em entrar nos consórcios”.

Filipa CoelhoEUREKA National Project Officer – FCT“O Programa EUROSTARS resulta da co-laboração entre a EUREKA e a Comissão Europeia. Tem 32 países integrantes, mais dois estados associados”.

João CaetanoDiretor de I&D+i – INTELI – Centro de Inovação“O ciclo de inovação envolve três princi-pais fases: investigação, demonstração (testbeds; financiamento público e priva-do) e implementação”.

Porquê escolher a F. Iniciati-vas?- Experiência;- Reconhecimento;- Rede Internacional;- Conhecimento do negócio;- Serviços Combinados.

Principais caraterísticas do Programa Horizonte 2020:- Trata-se de um novo instrumen-to de financiamento europeu para Investigação, Desenvolvi-mento e Inovação;- Agrupa num único programa os instrumentos e procedimentos anteriores. Substitui o FP7;- Orçamento de aproximadamen-te 70 000 milhões de euros no período 2014-2020;- Financiamento único para proje-tos, podendo cobrir até cem por cento dos custos reais;- Participação em consórcio e com mínimo de três países co-munitários;- Diferentes instrumentos de par-ticipação. Projetos com dois-qua-tro anos, com orçamento entre três-cinco milhões (em função do alcance e do tópico);- Maior enfoque para a cobertura de todo o ciclo de inovação com projetos orientados para o mer-cado.

Paz, “são verdadeiros exemplos. Alguns com mais experiência e maturidade, outros mais recentes, são três casos bastante distintos a quem recorremos para mostrar que é possível começar de muito pequeno, evoluir e fazer grandes coisas”, defendeu. Falamos da Magnum Cap, uma empresa especializada no de-senvolvimento de soluções de gestão e disponibilização de energia elétrica; da Olisipo, vocacionada para o outsour-cing de especialistas de tecnologias de informação e comunicação; e da R&D Nester, o novo centro de investigação e desenvolvimento da REN e da State Grid Corporation of China.

De 2005 a 2008, Portugal duplicou o seu investimento em I&D, sendo hoje, tal como Espanha e a nível da União Europeia, moderadamente inovador. Existem ferramentas e meios de financiamento mas é necessário adotar uma estratégia. Com base no nosso posicionamento internacional, prestamos todo o apoio à internacionalização. A nossa ambição é fazer mais e melhor

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Que balanço faz do percurso que a Sopenfor tem vindo a percorrer ao longo destes quase 30 anos de exis-tência?Muito positivo. Ao longo destes anos fomo-nos adaptando e utilizando as diversas gerações de linguagens e pla-taformas de desenvolvimento de sof-tware. Criámos inúmeras aplicações em diversas áreas, nomeadamente em uni-versidades, na banca, em companhias de seguros, e outras aplicações específicas.

Especializada no desenvolvimento de software, de que forma conseguem corresponder em termos de inovação numa área em que o desenvolvimen-to é constante e acelerado?Estamos em constante atualização e adaptação a novas tecnologias graças a uma estrutura ligeira e ágil, não estan-do “amarrados” a sistemas tecnológicos pesados e tendo ainda uma equipa de desenvolvimento que alia a experiência de elementos que estão na fundação da Sopenfor a jovens informáticos.

Um dos exemplos mais recentes de aplicações desenvolvidas pela Sopen-for é a Gocondominio. Como tem sido a recetividade à mesma? A aplicação tem sido mais procurada por particu-lares ou empresas de condomínios?GOcondomínios foi lançada no início de 2013. O nosso principal objetivo é o da consolidação de uma plataforma online com a máxima qualidade. Numa pers-petiva comercial, o lançamento foi feito apenas com recurso a um investimento muito pequeno no sistema AdWords da Google. Para além disso, criámos uma página no Facebook. Atualmente o nú-mero de clientes particulares é superior ao número de clientes empresa gestão de condomínios, apesar do lançamen-to ser muito recente já temos muitos

clientes em ambos os casos. Temos tido excelente recetividade e satisfação dos nossos clientes e mantemos uma cons-tante interação, sempre na busca de melhorias e desenvolvimento de novas funcionalidades.

Como funciona a Gocondominio? Quais as principais funcionalidades desta plataforma?GOcondomínios é uma plataforma 100 por cento online. Para a utilizar, basta uma ligação à Internet e um browser (Internet Explorer; Google Chrome; Mozila; entre outros). Não é necessário qualquer tipo de instalação, está sem-pre disponível a última versão e os uti-lizadores não têm necessidade de fazer qualquer tipo de segurança de dados. Existem dois tipos de registo: condomí-nios particulares ou empresas de gestão de condomínios.Para as empresas existe uma área espe-

A GOcondomínios é uma aplicação web que inclui todas as ferramentas necessárias ao auxílio na gestão e administração de condomínios. Não precisa adquirir nem instalar qualquer tipo de software, basta ter acesso à internet para poder usar esta plataforma. Poderá ainda testá-la gratuitamente durante 30 dias sem qualquer tipo de limitação. Lançada pela Sopenfor, fique a conhecer a aplicação que veio sim-plificar a administração de condomínios através desta entrevista ao Administrador da empresa Francisco Osório de Aragão.

A FORMA MAIS FÁCILDE GERIR CONDOMíNIOS

cífica que, resumidamente, tem as op-ções: - Manutenção de tabelas comuns aos condomínios da Empresa: - Centros; Rubricas e Entidades;– Gestão de utilizadores;– Gestão de condomínios: Criação; En-trada na área do condomínio.No espaço de cada condomínio, tan-to particulares como os condomínios das empresas, temos, também muito resumidamente, as seguintes funcio-nalidades: - Tabela das Frações;– Tabela dos Condóminos. Cada condó-mino pode ter um inquilino. O inquilino pode participar no pagamento de quo-tas, neste caso tanto o condómino como o inquilino terão uma conta corrente;– Manutenção das tabelas: Centros, Ru-bricas, Contas Bancárias, Entidades; – Orçamentos do Condomínio. Os orça-mentos podem gerar plano de quotas, neste caso o sistema gera automatica-

www.goCondominio.Pt, A ferrAmentA online de gestão de Condomínios, em destAqueINOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

em plena era digital faltava uma plataforma onde fosse possível tra-tar estas questões relacionadas com os condomínios, para as quais, muitas vezes, não sobra muito tempo? Foi uma lacuna que identifica-ram no mercado para a qual deram uma resposta?Sim. Tanto para as empresas de gestão de condomínios como para os condo-mínios particulares, não existia uma plataforma online sólida e completa. No caso dos condomínios particulares pensamos mesmo que praticamente não existe o hábito de utilização de aplicações informáticas.

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Gocondomínios é uma plataforma 100 por cento online. para a utilizar, basta uma ligação à Internet e um browser (Inter-net Explorer; Google Chrome; Mozila; entre outros). Não é necessário qualquer tipo de instalação, está sempre dispo-nível a última versão e os utilizadores não têm necessidade de fazer qualquer tipo de segurança de dados. Existem dois tipos de registo: condomínios particulares ou em-presas de gestão de condomínios

“ao longo destes anos fomo-nos adaptando e utilizando as diversas gerações de linguagens e plataformas de desenvolvimento de softwa-re. Criámos inúmeras aplicações em diversas áreas, nomeadamente em universidades, na banca, em companhias de seguros, e outras aplicações específicas”

Francisco Osório de Aragão

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mente a quota associada ao orçamento. As quotas podem estar de acordo com as permilagens; – Criação de quotas de forma “manual” (não associadas a orçamento). As quotas podem ser calculadas com base na per-milagem ou introduzidas manualmente. – Recebimentos de condóminos ou in-quilinos. Todos os pagamentos incre-mentam o saldo da conta corrente. As quotas podem ser posteriormente da-das como pagas com base no saldo dis-ponível da conta corrente;– Gestão de Quotas. Permite dar as quo-tas como pagas, tendo como base o sal-do da conta corrente. Emissão de avisos de pagamento de quotas, possibilidade de envio automático por email;– Recebimentos / pagamentos do con-domínio. Diversas listagens / balanços; – Manutenção do condomínio: Acom-panhamento de obras; Tabela de zonas e equipamentos; Registo de vistorias ao condomínio;– Arquivo de documentos em formato PDF. Manutenção de minutas numa área

com hipertexto. Geração, com possibi-lidade de envio por email aos condó-minos, de documentos com base nas minutas.

E quais são as principais vantagens associadas à plataforma?São as de termos um sistema disponível em qualquer parte, acessível por todos

quais os objetivos da sopen-for para os próximos anos? que metas querem ver atin-gidas?Pretendemos uma permanente melhoria da qualidade e chegar ao mercado dos condomínios particulares. Neste momento, estamos a desenvolver uma aplicação para a plataforma An-droid. Pretendemos possibilitar, numa primeira fase, a consulta a partir dos equipamentos existen-tes com esta plataforma.

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(administração e condóminos), dispen-sar qualquer tipo de assistência espe-cializada, dispensar grande parte dos papéis (avisos de pagamentos / recibos / extratos de conta / balancetes / balan-ços que podem ser enviados por email e consultados online), assim como o mui-to reduzido custo.

“Gocondomínios foi lançada no início de 2013. o nosso principal objetivo é o da consolidação de uma plataforma online com a máxima qualidade. numa perspetiva comercial, o lançamento foi feito apenas com recurso a um investimento muito pequeno no sistema adWords da Google. Para além disso, criámos uma página no Facebook”

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A Tecnifar é uma marca que encara o mercado farmacêutico de forma dis-tinta: onde uns veem saúde, a Tecni-far vê vida. Mais do que dar resposta aos desafios da indústria, pretende apostar nas expectativas dos agentes que operam no setor e nas necessi-dades da população. De que forma é que a Tecnifar tem vindo a preconi-zar este desiderato?Somos um Grupo que nasceu para ter um papel ativo na melhoria da qua-lidade de vida das populações e que

procura incessantemente aprofundar o conhecimento e desenvolver soluções inovadoras nas suas áreas de atuação. Um Grupo que conta hoje com uma oferta alargada em três áreas chave da saúde: dos produtos de prescrição médica aos otc’s, passando pelos mais modernos meios médicos de diagnósti-co. Na Tecnifar criamos Fórmulas para a Vida.

De que forma é que o vosso posicio-namento tem levado a empresa a

A Tecnifar é uma empresa que encara o mercado farmacêutico de forma distinta: onde uns veem saúde, a Tecnifar vê vida. É desta forma que a marca sustenta a sua posição, através de papel ativo na melhoria da qualidade de vida da sociedade, buscando de uma forma con-tínua o conhecimento e o desenvolvimento de soluções inovadoras nas diferentes áreas de atuação. O universo empresarial começa, cada vez mais, a apostar fortemente na componente da responsabilidade social. A Tecnifar é também o paradigma disso mesmo, apostando em diferentes desafios no âmbito da intervenção social e que têm como desiderato primordial a promoção e o fortalecimento das relações sociais no seio da empresa, fomentando esse estado de espírito para iniciativas de entreajuda e de apoio a causas sociais meritórias. An-tónio Chaves Costa, C.E.O da Tecnifar, abordou diversos temas ao longo da conversa com a Revista Pontos de Vista, sendo percetível que esta não é uma marca qualquer. A sua orgânica e essência assenta, acima de tudo, no fazer bem aos outros e pelos outros.

“NA TECNIFAR CRIAMOSFóRMULAS PARA A VIDA”

disponibilizar uma oferta de produ-tos inovadores e a desenvolver novas soluções? É esta atitude que permite que a marca esteja numa posição ci-meira perante o mercado? Faz parte da nossa missão operar com ética, rigor e empenho, valores também reconhecidos pelos nossos parceiros. Esta consistência e coerência, tem-nos permitido trabalhar em parceria com companhias de referência na área da saúde, lançando produtos e soluções terapêuticas inovadoras, bem como re-

presentar um papel relevante na área de I&D a nível nacional.

A Tecnifar é uma referência das em-presas portuguesas na área da Saú-de, com crescente reconhecimento internacional. Como analisa o posi-cionamento da Tecnifar no âmbito externo?Apreciamos o crescente reconhecimen-to internacional, mas queremos ir mais além. É para nós estratégico alavancar-mos o nosso reconhecimento e imagem

António CHAves CostA, C.e.o dA teCnifAr, em grAnde PlAnoEMPREENDEDORISMO

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António Chaves Costa

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externa como um meio para acelerar-mos o processo de internacionalização, que se pode revestir de diversas formas, mas que passará sempre por queremos competir, através das nossas principais “marcas” de produtos ou serviços, nos mercados externos em que possamos acrescentar valor. De que forma tem sido necessário atuar de uma forma distinta do mer-cado interno, para assim singrar e conquistar o setor a nível internacio-nal? De que forma têm aumentado o vosso impacto além-fronteiras?Enquanto empresa de capitais nacionais, com claras responsabilidades na defini-ção e respeito dos códigos deontológicos da APIFARMA ou das multinacionais com as quais temos parceria, estamos forma-tados para o respeito de compromissos bastante rigorosos, que estreitam as nos-sas opções de ação promocional. Desen-volveram-se, também por isso, padrões de criatividade e flexibilidade que nos têm permitido alcançar objetivos impor-tantes também a nível internacional. No próximo triénio, o plano estratégico do Grupo privilegia, vincadamente, a aposta em novas geografias e a consolidação em países onde já temos presença importan-te. A aposta em marcas próprias, detidas pelo Grupo, será também uma linha es-tratégica a continuar de forma a garantir a presença e o crescimento de marcas portuguesas no mundo.

A inovação assume-se como um vetor essencial em todos os setores, sendo

que o da saúde não «escapa» a esse desígnio. Desta forma, de que forma é que promovem a Inovação na vossa atuação em áreas ligadas ao diagnós-tico e às terapêuticas? A Tecnifar sempre procurou estar na vanguarda da inovação terapêutica, tendo desenvolvido ao longo da sua existência, numerosos acordos de li-cenciamento com participação em ensaios clínicos, que culminaram no acesso dos portugueses a novas classes terapêuticas sendo exemplo disso, os medicamentos first-in-class – primeiro antiagregante plaquetário e o primeiro contracetivo oral de emergência. Há cerca de 7 anos decidimos arrancar, em parceria com a empresa Tecnhopha-ge, com um projeto arrojado de Investi-gação & Desenvolvimento numa área de unmet need recorrendo a um conceito terapêutico totalmente inovador – o da terapia bacteriofágica -no combate às infeções provocadas por agentes bac-terianos multirresistentes aos antibió-ticos atualmente disponíveis. TP 102 é o nome de código do Lead Project que terminou com sucesso a fase pré-clínica do Plano I & D e está na iminência de submeter à FDA o pedido de entrada em ensaios clínicos – IND.

As parcerias são fundamentais no domínio da inovação? De que forma é que assume essa rede de parceiros na área da I&D? Quem são os vossos principais parceiros neste domínio? Os Edifícios do Saber, vulgo Univer-sidades, são parceiros de excelência?

Sim, é imprescindível sermos capazes de reconhecer que, para podermos enve-redar por caminhos onde outros ainda não chegaram, é necessário estabelecer parcerias que permitam potenciar siner-gias e tirar o melhor proveito dos proje-tos. Fomos por isso a primeira empresa portuguesa a celebrar uma parceria de licenciamento com uma multinacional farmacêutica ainda na década de 70 e desde então são numerosas as parcerias estabelecidas não só com a big pharma com acesso a moléculas inovadoras mas também com empresas europeias de mé-dia dimensão e com expertise em áreas específicas no desenvolvimento de novas tecnologias farmacêuticas, sobretudo na área do Sistema Nervoso Central, onde temos vindo a ser pioneiros. Por outro lado, sem dúvida que a in-

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vestigação translacional ou “bench to bedside” que transpõe o conhecimento científico das universidades para a pro-ximidade dos clínicos e dos doentes, é o segredo para o sucesso na aplicação real dos projetos de investigação. Portugal tem já alguns polos com esta caracte-rística mas tem ainda muito a percor-rer para tirarmos o melhor proveito da excelência destas parcerias entre in-vestigadores, empresas farmacêuticas, empresas de biotecnologia e hospitais. A parceria da Tecnifar - Technophage – Instituto de Medicina Molecular - Hospi-tal Sta. Maria, no desenvolvimento do TP 102 tem-se revelado um bom exemplo dessa complementaridade.

A Política da Qualidade é parte in-tegrante das atividades a todos os níveis, assumida pela Administração e implementada com a ajuda dos vos-sos colaboradores. Em que vertentes é possível analisar a qualidade na or-gânica da marca? Que quota-parte de

Quais são os principais desafios que se colocam às três marcas de futuro? Como analisa 2014? A continuidade da expansão geográfica é para manter?Às três marcas corporativas do Grupo – TECNIFAR, WELANCE e IMAG – cumpre o papel de isolar as suas operações em termos éticos e operacionais. Contu-do, perante os utilizadores dos produtos e serviços dessas marcas, queremos uma confiança mutuamente endossada. Ou seja, qualquer consumidor de pro-dutos WELANCE pode confiar nos serviços IMAG, ou medicamentos TECNIFAR, uma vez que os padrões éticos e de Qualidade estão estandardizados dentro do Grupo.2014 será mais um ano difícil e estamos com confiança crescente na nossa equipa que, estoicamente, tem conseguido sustentar e até desenvolver novos negócios dentro do Grupo. É um ano em que o apelo à coesão vai ser reforçado e no qual serão desenvolvidos novos desafios orgânicos. Acreditamos que em 2014 a expansão geográfica será reforçada.

Com a integração da Responsabilidade Social na cultura interna da Tecnifar, fortalecem-se as relações sociais dentro da empresa e envolvem-se os colaboradores em iniciativas de entreajuda e de apoio a causas sociais meritórias

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responsabilidade possuem os vossos recursos humanos no sucesso alcan-çado pela marca? Numa indústria altamente regulada e competitiva como é a indústria farmacêu-tica, a Tecnifar, ao longo de mais de qua-tro décadas de existência, apostou sem-pre em vincular todas as suas atividades à disciplina de qualidade, conformidade, ética e rigor, só possível de alcançar com um capital humano consciente, empe-nhado, profissional e motivado.Esta abordagem - que reflete os valores, visão e missão da Tecnifar - e onde se suporta a Política da Qualidade recen-temente desenvolvida, torna a Tecnifar uma referência das empresas portu-guesas na área da Saúde, com crescente reconhecimento internacional, e a sua continuidade só é possível com o envol-vimento de todos, através de uma par-ticipação ativa pela consciencialização, adoção e aplicação intuitiva nos proces-sos diários da empresa, pelo que o en-volvimento de todos quanto trabalham na Tecnifar é o principal Fator Crítico de Sucesso.

A formação dos mesmos (recursos humanos) de uma forma constante e regular é um dos vossos fitos? Dada a natureza da dinâmica da empre-sa em melhorar continuamente o seu desempenho através da diversificação e inovação dos seus produtos e serviços, constituindo desafios contínuos à orga-nização e a quem faz parte dela, a Tec-nifar, consciente da necessidade de me-lhorar continuamente as competências/aptidões dos seus recursos humanos, promove periodicamente ações de for-mação nas áreas de marketing e vendas, técnico-científicas e comportamental, para que, com competência e eficácia, os colaboradores continuem a dar o seu melhor na realização das suas ativida-

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des. O Grupo Tecnifar está acreditado pela DGERT como entidade formadora desde 2009, para os domínios de orga-nização, promoção desenvolvimento/execução de intervenções e atividades formativas nas áreas de Ciências da Vida e Saúde. É importante referir que o Gru-po conta com a colaboração direta e re-corrente de mais de 250 colaboradores, traduzindo-se numa enorme responsa-bilidade e oportunidade de termos um papel diferente e importante na vida destas famílias.

No setor em que atuam, quais são as principais lacunas que conseguem identificar? De que forma é que as mesmas promovem dificuldades na execução dos vossos projetos? De que forma conseguem contornar esses obstáculos?A APIFARMA e as empresas suas asso-ciadas têm sido parceiros do Ministério da Saúde, contribuído com mais de 600 milhões de euros para a redução da des-pesa do Estado em medicamentos. Natu-ralmente, este esforço teve fortes reper-cussões na rentabilidade das empresas, quer pela redução do valor do mercado interno, quer pelas barreiras à entrada da inovação. A forma de contornar estes obstáculos tem sido através de uma me-lhor rentabilização do portefólio de pro-

dutos e estrutura existentes e agilização do crescimento nos mercados externos.

A Responsabilidade Social do univer-so empresarial tem vindo a aumentar nos últimos anos. De que forma é que a Tecnifar mantém e aposta numa política de intervenção social ativa e consistente? A Tecnifar mantém uma política de in-tervenção social ativa e consistente, tendo chegado, por exemplo, via Projeto SMS – Solidariedade Médica e Social - ao longo de 7 anos, a mais de 40.000 pes-soas por todo o país. Na Educação para a Saúde, na Prevenção para a Doença e noutros projetos inovadores de entre-ajuda, a Tecnifar efetua esforços con-sistentes, com efeitos práticos e muito positivos na comunidade. Com a integração da Responsabilidade Social na cultura interna da Tecnifar, fortalecem-se as relações sociais dentro da empresa e envolvem-se os colabora-dores em iniciativas de entreajuda e de apoio a causas sociais meritórias

Em que projetos inovadores e de superior valia é possível identificar essa Responsabilidade Social? Em tempo de crise sente que a responsa-bilidade das empresas neste âmbito aumenta?

A nível da comunidade, para além do nosso próprio Projeto SMS, temos as BICE – Bolsas de Investigação Clínica em Epilepsia, as BICUS – Bolsas de Investi-gação Clínica em Unidades de Saúde e as Bolsas de Investigação em Cefaleias. Apostas claras no desenvolvimento e in-

no âmbito da investigação levada a cabo pela tecnifar onde entra a dinâmica da Biotecnologia que, como sa-bemos, tem vindo a crescer exponencialmente nos últi-mos anos?Como já foi referido, a parceria que estabelecemos com a em-presa de biotecnologia portu-guesa Technophage, em 2006, permitiu-nos enveredar por pro-jetos de I & D em tecnologias de vanguarda como é a área da terapia fágica que utiliza peque-nas partículas virais – os bacte-riófagos - altamente específicas para infetar e destruir as bacté-rias responsáveis por graves in-feções clínicas. Percebemos por isso em boa hora a mais-valia de investirmos em projetos de I &D em áreas de biotecnologia.

Numa indústria altamente regulada e competitiva como é a indústria farmacêutica, a Tecnifar, ao longo de mais de quatro décadas de existên-cia, apostou sempre em vincular todas as suas atividades à disciplina de qualidade, conformidade, ética e rigor, só possível de alcançar com um capital humano consciente, empenhado, profissional e motivado

“António CHAves CostA, C.e.o dA teCnifAr, em grAnde PlAnoEMPREENDEDORISMO

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vestigação no âmbito destas patologias. A Tecnifar é ainda membro do GRACE – Grupo de Reflexão e apoio à Cidadania Empresarial, colabora com a Fundação do Gil, sendo um dos patrocinadores do Dia do Gil (visitas semanais a 28 hospitais), com a Associação Salvador e ainda com inúmeras Associações de Doentes (APDP – Associação Portugue-sa dos Diabéticos de Portugal, APDPK – Associação Portuguesa dos doentes de Parkinson, APAMCM – Associação Por-tuguesa de apoio à Mulher com Cancro de Mama) através de patrocínios, mate-rial educativo de apoio aos doentes, ras-

treios, e ações de sensibilização.A nível interno, a Tecnifar oferece aos seus colaboradores uma série de frin-ge benefits que passam por seguros de saúde, subsídios de parentalidade (para quem tem filhos), fruta fresca duas ve-zes por semana entregue no escritório, isenção de taxas moderadoras nos cen-tros de diagnóstico IMAG, entre outros.

O Projeto SMS é o paradigma claro do que faz neste domínio a Tecnifar? Quais as mais-valias desta iniciativa que teve a sua génese em 2006? O que trouxe de novo o mesmo?

O Projeto SMS nasceu na Tecnifar em 2006. Combina a capacidade profissio-nal e a vontade pessoal de muitos pro-fissionais de saúde para, em conjunto e em regime de voluntariado, partici-parem numa causa maior, dando apoio a populações carenciadas no território nacional, através da prestação de cuida-dos básicos de saúde ou de ações de sen-sibilização, exames complementares de diagnóstico (densitometrias, eletrocar-diogramas e espirometrias) e rastreios gratuitos. As equipas de profissionais de saúde que de forma generosa oferecem o seu tempo e o seu know-how, têm tido

um importantíssimo papel na disponi-bilização de assistência médica e cuida-dos básicos de Saúde a quem mais deles precisa, e que, por falta de recursos fi-nanceiros ou por dificuldades de acesso por motivos geográficos ou debilidades físicas, não lhes pode aceder. As ações no terreno (financiadas a 100 por cento pela Tecnifar) envolvem para além destes voluntários, equipamentos e recursos, e promovem um espirito de entreajuda e contacto direto com as populações, refletindo-se com grande impacto no bem-estar de todos os en-volvidos. O projeto SMS conta com a participação regular e dedicada de co-laboradores da Tecnifar, que prestam o seu apoio no desenvolvimento e na im-plementação das ações.

No âmbito da Responsabilidade So-cial existem mais projetos a ser de-senvolvidos e realizados? Se sim, quais? Para além de todos os projetos em cur-so estamos a preparar a certificação em Responsabilidade Social pela ISO 26000.

No seio do Grupo Tecnifar qual a re-levância das vossas marcas Welance e Grupo IMAG? Fale-me um pouco de ambas… A inovação é também uma das imagens de marca destas empresas?Temos hoje uma abrangência de ação com a qual estamos bastante satisfeitos e realizados. Para além da área tradicio-nal do Grupo – Fármacos de prescrição médica – desenvolvemos duas áreas que entendemos estratégicas e sinérgicas. A montante da terapêutica medicamento-sa, está o Diagnóstico e, nesse sentido, fundámos em 2010 a IMAG – Imagens Médicas pela Vida. Entendemos que o diagnóstico por técnicas de imagem – in-clui os exames de Imagiologia, Cardiolo-gia e Gastrenterologia – seria uma área interessante, uma vez que é uma das áreas com maiores inovações pelo mun-do fora e isso está no ADN do Grupo. Já em 2012 lançámos a marca WELANCE como umbrela dos nossos produtos de Equilíbrio e Bem-Estar, de forma a cor-respondermos a uma necessidade cres-cente do mercado com produtos inova-dores e que podem ser complementares com os fármacos de prescrição.

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A Welance é uma marca de referência na venda de Medicamentos Não Su-jeitos a Receita Médica, Dispositivos Médicos e Suplementos Alimentares. Porquê a aposta nestas áreas? Busca da complementaridade?Reforço o que transmiti na questão an-terior: acreditamos acima de tudo que podemos ter um papel importante na VIDA das pessoas. Nesse sentido, o nos-so trabalho pela vida e, acima de tudo, pela qualidade de vida, está expresso nas nossas opções estratégicas que se têm revelado sinérgicas e complemen-tares. A marca WELANCE é um des-ses pilares. O capital de confiança que um Grupo com mais de 40 anos deu a marcas recentes é fundamental e o re-juvenescimento dos quadros do Grupo associado à experiência de uma equipa vencedora tem dado excelentes frutos e tem deixado o Grupo indubitavelmente mais forte.

O facto de possuírem no vosso seio o Grupo IMAG serve de alguma for-ma para promover algo que é muitas vezes esquecido na saúde, que passa pela Prevenção? A prevenção é uma das chaves de racio-nalidade dos sistemas de saúde. Sabe-mos contudo que a mudança de para-digma do diagnóstico para a prevenção é um processo de grande investimento, nos primeiros anos. Todos nós sabe-mos que Portugal não está em posição de realizar ou promover essa mudança de paradigma, por via do financiamento publico. Nesse sentido, temos trabalha-do também com as empresas do setor privado para promovermos acordos

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que promovam e facilitem o caminho do acesso à prevenção e diagnóstico.Com base em estudo recente e nas esta-tísticas também recentes da OCDE, Por-tugal tem um longo caminho a percorrer para estar ao nível dos países mais de-senvolvidos em matéria de qualidade e sustentabilidade dos serviços de Saúde. Isso é irrefutável e encaramos esse gap como um claro desafio.

Qual a abrangência geográfica desta rede? Existem perspetivas de cresci-mento da mesma? A rede está ainda em construção e queremos fazê-lo de forma assertiva, sustentada e nas zonas do país em que detetamos que podemos gerar um claro valor acrescentado para as populações. Temos já oito centros IMAG, situados em Lisboa, linha de Sintra e Faro.

de que forma procuram perceber os efeitos práti-cos e positivos para a comunidade? esta aposta, na responsabilidade social, é também uma forma de envolver as próprias relações sociais no seio da empresa? Os números do trabalho feito e realizado pelo SMS, fa-lam por si:Ações no terreno: 64Pessoas que beneficiaram: mais de 40000Voluntários que participaram: 915Consultas médicas: 5284Eletrocardiogramas: 3596Espirometrias: 3350Densitometrias: 3215Avaliações nutricionais: 4600Avaliações de glicémia, colesterol e tensão arterial: 70000Rastreios visuais:3790Entre outros que seria exaustivo nomear

As ações no terreno (financiadas a 100 por cento pela tecnifar) envolvem para além des-tes voluntários, equipamentos e recursos, e promovem um espirito de entreajuda e con-tacto direto com as populações, refletindo-se com grande impacto no bem-estar de todos os envolvidos. O projeto SMS conta com a partici-pação regular e dedicada de colaboradores da Tecnifar, que prestam o seu apoio no desenvol-vimento e na implementação das ações

António CHAves CostA, C.e.o dA teCnifAr, em grAnde PlAnoEMPREENDEDORISMO

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Hoje, são muitos os profissionais que não se sentem realizados com a sua carreira ou porque ainda não encon-traram o local certo para trabalhar ou porque estão cansados do traba-lho que desempenham. São variados os motivos. Com base nesta realida-de, como é ser, hoje, enfermeiro em Portugal?Apesar de ser uma profissão tida como muito confiável por parte da população, tem vindo a ser, sem dúvida, desvalori-zada e subaproveitada pelas instituições e pelo Governo. Atualmente não se pen-

sa em todo o potencial que esta profis-são pode atingir. Há que ver mais além, há que rentabilizar o conhecimento e as competências que os enfermeiros de-têm já, neste momento. Não rentabilizar as capacidades que estes profissionais já têm, significa desperdício de recur-sos, menos saúde e menos cuidados disponíveis para a nossa população. A enfermagem registou entre nós, no de-curso dos últimos anos, uma evolução, quer ao nível da respetiva formação de base, quer no que diz respeito à comple-xificação e dignificação do seu exercício

Que ninguém tenha dúvidas. A profissão do Enfermeiro assume um cariz confiável por parte da sociedade em geral, embora do outro lado da balança estejam aqueles que, infelizmente, não têm perpetuado um serviço meritório em termos da classe, da saúde nacional e dos portugueses. O Governo e as suas instituições, nos últimos tempos, nada mais têm feito do que desvalorizar e subaproveitar esta classe es-sencial na promoção da saúde e da qualidade de vida. Que impacto tem esta desvalorização? A Revista Pontos de Vista entrou à conversa com Germano Couto, Bastonário da Ordem dos Enfermeiros - OE, há dois anos no cargo, onde ficamos a conhecer o que tem sido feito na proteção dos interesses dos enfermeiros e por consequência da população portuguesa. As formas de luta e de motivação promovidas pela própria OE, que é hoje o principal bastião no elevar da classe e da profissão do Enfermeiro. Saiba mais. Um testemunho que vale a pena ler e reter, porque a verdade é que um sistema de saúde sem os Enfermeiros pura e simplesmente não existe.

“NÃO RENTABILIzAR AS CAPACIDADESDOS ENFERMEIROS SIGNIFICA DESPERDíCIO DE RECURSOS E MENOS SAúDE”

profissional e, no que concerne à quali-dade e eficácia da prestação de cuidados de saúde. Durante as últimas décadas muitos enfermeiros obtiveram a sua es-pecialidade com o objetivo, também, de progredir na carreira de Enfermagem, não sendo, em muitos casos, a mesma colocada em prática. As instituições de saúde não reconheciam este saber es-pecífico aos enfermeiros, recorrendo aos enfermeiros generalistas para quase todos os cuidados de Enfermagem. Não há dúvida de que o País necessita de cui-dados de enfermagem especializados.

No entanto, as especialidades deveriam ser realizadas de acordo com as neces-sidades existentes. Por outro lado, não é compreensível que os enfermeiros especialistas, titulados pela Ordem dos Enfermeiros, a exercerem funções ine-rentes, não sejam reconhecidos e valo-rizados pelas instituições, sabendo de antemão que o valor acrescentado que os cidadãos vão obter são, certamente, muito superiores e de maior qualidade, promovendo-se assim a eficiência do sistema. Num país que se afirma pro-gressista, ainda se assiste a inúmeras

germAno Couto, BAstonário dA ordem dos enfermeiros, em grAnde entrevistAA ENFERMAGEM EM PORTUGAL

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Num país que se afirma progressista, ainda se assiste a inúmeras situações, graves, de unidades onde um enfermeiro fica sozinho na prestação de cuidados. Mas a falta de segurança não acontece apenas durante estados de doença. Do ponto de vista da regulação profissional o que interessa é definir padrões de qualidade para os cuidados de enfermagem e velar pelo seu cumprimento escrupuloso independentemente da tipologia de prestador

Germano couto

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situações, graves, de unidades onde um enfermeiro fica sozinho na prestação de cuidados. Mas a falta de segurança não acontece apenas durante estados de doença. Do ponto de vista da regulação profissional o que interessa é definir padrões de qualidade para os cuidados de enfermagem e velar pelo seu cumpri-mento escrupuloso independentemente da tipologia de prestador.

Uma boa relação entre o paciente e o enfermeiro é fundamental para o sucesso de um tratamento, nomea-damente quando estamos a falar de doentes crónicos que passam, na ge-neralidade dos casos, muitas horas com este profissional. Além de toda a formação indispensável, que carac-terísticas devem ser intrínsecas a um enfermeiro?O exercício profissional da enferma-gem centra-se na relação interpessoal de um enfermeiro e uma pessoa ou de um enfermeiro e um grupo de pessoas (família ou comunidades). Do ponto de vista das atitudes que caracterizam o exercício profisional dos enfermeiros, os princípios humanistas de respeito pelos valores, costumes, religiões e todos os demais previstos no código deontoló-gico enformam a boa prática de enfer-magem. Neste contexto, os enfermeiros têm presente que bons cuidados signi-ficam coisas diferentes para diferentes pessoas e, assim, o exercício profissio-nal dos enfermeiros requer sensibili-dade para lidar com essas diferenças , perseguindo-se os mais elevados níveis de satisfação dos doentes.

Quando o que é recomendado pelas instituições internacionais é 3,1 mé-dicos e 8,7 enfermeiros por cada mil portugueses, em Portugal existem 3,8 médicos e 5,7 enfermeiros. Como se poderá colmatar esta discrepância? De que forma a criação da figura do enfermeiro de família pode ajudar a corrigir este défice?A Ordem dos Enfermeiros tem vindo a alertar para esta disparidade de núme-ros e está num processo de negociação com o Ministério da saúde para a apli-cação de experiências-piloto ao nível da dotação de serviços com rácios ade-quados e seguros de enfermeiros. Em todos os países, os enfermeiros cons-tituem o maior grupo de prestadores de cuidados. São o principal grupo de profissionais de saúde a prestar cuida-dos de proximidade na comunidade.

Promovem e mantêm ligações entre os indivíduos, famílias, comunidades e o resto do sistema de cuidados de saúde, trabalhando tanto em autonomia como em colaboração para a prevenção da do-ença e da incapacidade, bem como para promover, melhorar, manter e restaurar a saúde. O seu trabalho abrange a saú-de da população, a promoção da saúde, a prevenção da doença, os cuidados de bem-estar, o primeiro ponto de contacto para os cuidados e a gestão da doença ao longo de todo o ciclo de vida. Para haver progresso e obtermos em Portugal uma dotação segura de enfermeiros, é decisi-vo que os enfermeiros – enquanto figu-ras centrais na prestação de cuidados de saúde primários – se envolvam, liderem e coordenem os cuidados, e que os seus papéis na determinação de políticas e de prestação sejam encarados como le-gítimos e essenciais em todas as áreas. E é aqui que entra a figura do Enfermeiro de Família. Ter os enfermeiros no centro significa um acesso melhorado aos cui-dados. A prevenção da doença e a pro-moção da saúde são exemplos perfeitos dos papéis e da influência crescente dos enfermeiros. Os enfermeiros fazem passar a mensagem de que um estilo de vida saudável é essencial para a manu-tenção, recuperação e melhoria da saú-de. Num relatório recente a OCDE enca-ra o reforço do papel dos enfermeiros , nomeadamente nos cuidados de saúde primários (CSP) como fator de cuidados custo-eficientes e um contributo impor-tante para a sustentabilidade do siste-ma. Dando o exemplo de países como a Finlândia, Reino Unido, Canadá e Esta-dos Unidos da América, o investimento nos enfermeiros especialistas permitiu reduzir tempos de espera, aumentou a satisfação dos doentes e reduziu custos.

A implementação do enfermeiro de família tem gerado alguma polémi-ca, nomeadamente junto da Ordem dos Médicos que acredita que a atri-buição de tarefas dos médicos de família a enfermeiros “pode não ter boas consequências”. Afinal, em que consiste o estatuto do enfermeiro de família?A OE tem defendido junto do poder polí-tico as mais-valias de um paradigma as-

sente na promoção da saúde/prevenção da doença, referindo que os enfermeiros especialistas dos CSP estão aptos a fazer o seguimento de grávidas de baixo risco e doentes crónicos, seguir o desenvolvi-mento de crianças e cidadãos com doen-ça mental no seu domicílio. Nesta nova filosofia de organização e prestação de cuidados, o enfermeiro de Família de-sempenha um papel central enquanto gestor do processo de saúde/doença das famílias. Esta mudança de paradig-ma, associada à criação de mais Unida-des de Cuidados na Comunidade (UCC) e Unidades de Saúde Familiar (USF) – aspetos fulcrais da reforma em curso nos CSP – permitirá uma efetiva refor-ma do sistema e facilitará a efetividade de outras medidas, como é o caso da anunciada redução no número de camas hospitalares.Estes profissionais podem, de facto, agir como o eixo entre a família e o médico de família, substituindo o médico quan-do as necessidades identificadas são mais relevantes para cuidados de enfer-magem, do que cuidados médicos. Tudo isto resulta numa eficiência melhorada em termos de custos.

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Ainda relativamente a este assunto, o Bastonário da Ordem dos Médicos afirmou: “ninguém deve preconizar a substituição de uns por outros, no-meadamente com o argumento de que fica mais barato ao Sistema Na-cional de Saúde”. Estamos a falar de um processo de substituição ou de complementaridade e, no fundo, um trabalho de equipa?De complementaridade, claro. As equi-pas multidisciplinares desafiam os enfermeiros a assumir novos papéis interventivos para além dos atributos socialmente aceites e esperados da sua prática, mas não inviabilizam o papel do médico. É necessário um trabalho em equipa e há desafios a superar para uma participação mais efetiva dos enfermei-ros na decisão, planeamento e coorde-nação de cuidados, a fim de reconhecer que a mudança ocorrerá consoante o papel do enfermeiro seja melhor com-preendido na equipa e entre os utentes.

Pela comunicação social são noticia-das várias “guerras abertas” entre médicos e enfermeiros. Relembro a questão da triagem dos doentes nas

Foi eleito para Bastonário da ordem dos enfermeiros para o quadriénio 2012-2015. que balanço faz destes dois anos de manda-to? que relação tem procurado estabelecer com a classe?Há que salientar alguns fatores de coesão profissional que nos fizeram evo-luir e que pretendo continuar a promover, como é o caso da proximidade, disponibilidade, liderança, respeito, apoio e reconhecimento.Para tal é necessário continuar a trabalhar em conjunto e apresentar propostas e sugerir alguns caminhos de mudança. Espera-se continuar a identificar as ineficiências do Estado, em particular da área da Saúde, e a propor soluções que não só vão ao encontro das necessidades dos cida-dãos quanto à prestação de cuidados de saúde, mas também permitam reconhecer competências aos enfermeiros e elevar o estatuto da Enferma-gem em Portugal.É notória a necessidade de devolver a Ordem aos enfermeiros através de uma política de proximidade, desenvolvendo canais de comunicação efi-cientes, dotando os seus membros de voz ativa no processo de tomada de decisão nas matérias que à profissão de enfermeiro dizem respeito.O envolvimento de todos os membros é essencial, uma vez que é do con-tributo coletivo que nascem as soluções para os crescentes desafios que sucessivamente vão surgindo. Pretende-se que a Ordem dos Enfermeiros seja um espaço que ajude na aproximação dos enfermeiros à sua entidade reguladora, onde todos se revejam, têm lugar e são bem-vindos.

Não podemos compactuar com o desperdício atual do Serviço Nacional de Saúde, onde uma parte significativa do Orçamento de Estado para o Ministério da Saúde é desperdiçado, acima de tudo em recursos humanos que não são rentabilizados, como é o caso dos enfermeiros

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urgências dos hospitais que, segundo a Ordem dos Médicos, deve deixar de ser efetuada por enfermeiros. De um modo geral, como tem sido a relação entre ambas as classes? A OE trabalha em conjunto com diver-sas instituições ligadas à classe médica, não só com a Ordem dos Médicos (OM), no sentido de definir e melhorar as boas práticas na saúde, tendo em vista proporcionar o melhor atendimento e acompanhamento de doentes. Mas a relação com a OM nem sempre tem sido fácil… Têm surgido situações em que foram feitas declarações infelizes e corporativistas pela OM à comunicação social que, por exemplo, põem em causa o sistema de triagem dos doentes que é utilizado nos hospitais e efetuado por enfermeiros, sistema que é eficiente e suportado em evidência científica. Isso constata-se através de inúmeros resul-tados de auditorias realizadas em diver-sos hospitais, como é o caso do Hospital Amadora-Sintra que indicam uma taxa de 98% de eficácia na classificação dos doentes nos seus diversos graus de ur-gência por parte dos enfermeiros, o que comprova o seu bom funcionamento. Também temos, a associar a estes, os dados internacionais que são compagi-náveis. Estas situações geram polémica

germAno Couto, BAstonário dA ordem dos enfermeiros, em grAnde entrevistAA ENFERMAGEM EM PORTUGAL

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e acabam por dificultar o trabalho con-junto que é desenvolvido com o intuito de melhorar o funcionamento do siste-ma de saúde e possibilitar ao utente o melhor atendimento possível. Acima de tudo pode explorar, ainda, a necessidade de um diálogo de convergência para que os cidadãos recebam cuidados de exce-lência dos dois grupos profissionais que asseguram, por si, o grosso dos cuida-dos. Devemos passar a mensagem pela positiva na parte final…

A Ordem dos Enfermeiros tem esta-do contra a prestação de cuidados de saúde em farmácias por farma-cêuticos e técnicos de farmácia. Não pretendendo colocar em causa o pro-fissionalismo do farmacêutico, a Or-dem acredita que estes profissionais não têm competências para o exercí-cio dessas funções. Para que tal não aconteça, basta que o Governo clari-fique o despacho de há quatro anos?A principal preocupação da Ordem dos Enfermeiros é com a segurança do uten-te. Defendemos que as farmácias pode-rão ser locais de prestação de cuidados quando têm condições estruturais e profissionais para o efeito. Algumas farmácias já são prestadoras de cuida-dos, não só ao nível da administração

de medicamentos, mas também ao nível da prestação de imensos tratamentos, independentemente de qual o profis-sional de saúde que o faz. Não estamos a por em causa o profissionalismo do farmacêutico. A questão é de quem tem

competências para prestar este tipo de cuidados de saúde, competências que o farmacêutico não tem pois não foi for-mado nesse sentido e não me parece que seja esse o seu mandato social. O Governo tem, pois, que clarificar o des-

Percurso de Germano CoutoHabilitações académicas 1994 – Bacharel em Enfermagem pela Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria. 1999 – Licenciou-se em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica pela Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria.2003 - Tornou-se Mestre em Ciências de Enfermagem pela Universidade do Porto.2007 - Doutorou-se em Ciências de Enfermagem, também pela Universidade do Porto.

Percurso profissional1994 - Enfermeiro no Centro de Saúde da Senhora da Hora, Matosinhos. 2000 - Colaborador da Linha Saúde 24 e nesse mesmo ano «transitou» para o Centro Hospitalar Póvoa de Varzim / Vila do Conde. 2000 - 2007 - Supervisor Clínico de alunos da licenciatura e especialização em diversos contextos 2003 - 2011 - Lecionou em diversas instituições de Ensino Superior.2000 - 2008 - Enfermeiro Chefe do Centro de Saúde de Vila do Conde e Mo-divas. 2008 - 2011 - Presidente do Conselho Diretivo Regional da Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros. Desde 2012 (até 2015) - Bastonário da Ordem dos Enfermeiros.

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pacho de há quatro anos, que está en-fermado de subjetividade, senão vamos continuar a assistir à realização de atos que comportam riscos para a saúde da população, pela sua indefinição e conse-quentemente arbitrariedade em termos de regulação e garantia da qualidade e segurança.

Na sua opinião, Portugal continua a não saber rentabilizar as competên-cias dos enfermeiros. Na prática, em que casos tal situação é mais “fla-grante”? Não rentabilizar as capacidades que os enfermeiros já têm, significa desperdí-cio de recursos, menos saúde e menos cuidados disponíveis para a nossa po-pulação. Temos, por exemplo, o caso da saúde materna e obstétrica, a dor crónica e os cuidados paliativos. No primeiro caso, o que está em causa é o acompanhamento feito por enfermeiros especialistas em enfermagem de saúde materna e obstétrica das gravidezes de baixo risco, o que implica a prescrição dos respetivos fármacos e meios auxilia-res de diagnóstico e terapêutica segundo o modelo habitual de comparticipação estatal. A implementação desta medida a nível nacional iria permitir aumentar a acessibilidade de grávidas a cuidados especializados com uma poupança esti-mada em 1,8 milhões de euros por ano. Os enfermeiros de família podem ajudar indivíduos e famílias a lidar com a doen-ça e incapacidade crónica, ou períodos de stress ou de maior vulnerabilidade, dedicando grande parte do seu tempo ao acompanhamento dos doentes e suas famílias nas suas habitações. Estes en-fermeiros prestam aconselhamento em áreas tão diversas como estilos de vida e fatores de risco comportamentais, bem como assistem as famílias em questões relativas à sua saúde. Através da rápida deteção, estes profissionais podem as-segurar que os problemas de saúde das famílias são tratados numa fase precoce.Não podemos compactuar com o des-perdício atual do Serviço Nacional de Saúde, onde uma parte significativa do Orçamento de Estado para o Minis-tério da Saúde é desperdiçado, acima

de tudo em recursos humanos que não são rentabilizados, como é o caso dos enfermeiros.

Apesar de uma grande percentagem dos diplomados em enfermagem em Portugal nos últimos anos estarem empregados, não tem sido Portugal a acolher estes jovens profissionais. Países como o Reino Unido, França, Dinamarca, Noruega, Finlândia e Su-íça têm captado estas competências. Na sua opinião, o que falta fazer para que Portugal saiba rentabilizar o co-nhecimento que produz nesta área?Nós formamos um grande número de enfermeiros em Portugal, e apesar de existir uma grande necessidade destes profissionais no nosso país, devido à crise em que o país se encontra não são contratados e vão para o estrangeiro, o que resulta nesse défice. Neste caso, a solução deveria passar pela admissão destes profissionais no sistema de saú-de, onde são indispensáveis, ou, na ex-petativa de reunir as condições para a sua contratação, optar temporariamen-te pela redução do número de vagas no acesso ao ensino superior. No momento atual, se estivéssemos numa situação económica mais favorável, os serviços de saúde teriam não só a capacidade, mas mais do que isso, a necessidade

de contratar o número de enfermeiros formados anualmente. É óbvio que esta avaliação deverá ser realizada ao longo do tempo, uma vez que estando assegu-rados os cuidados de Enfermagem à po-pulação, poderá haver a necessidade de reavaliar e adequar o número de vagas ao curso de Enfermagem. No entanto, este é um cenário hipotético, uma vez que nem as necessidades básicas em cuidados de Enfermagem estão assegu-radas atualmente, em alguns contextos. Esta questão já foi apresentada ao Go-verno português, mas falta estratégia e coragem política ao executivo. Já ex-pusemos o problema ao Ministério da Saúde, ao Ministério da Economia e do Emprego e ao Ministério dos Negócios Estrageiros e não percebemos qualquer preocupação sobre esta matéria. O que sentimos é que existe uma grande de-sarticulação entre políticas. Portugal investe milhões de euros em enfermei-ros e promove a sua emigração numa autêntica debandada de capital humano e intelectual.

Num país onde progressivamente existem mais dificuldades no acesso à saúde mas a capacidade de absor-ção de enfermeiros tende a diminuir, não seria importante desinvestir na formação, como aconteceu por exem-plo com o Reino Unido que começou a aproveitar ainda mais mão de obra estrangeira?Existe um claro desperdício nacional de todo o investimento na formação de enfermeiros, como já tive oportunidade de afirmar. Não existem dados concretos quanto ao valor pago pelos contribuin-tes pela formação de um enfermeiro em Portugal. No entanto, e extrapolando comparativamente com cursos simila-res da área da saúde, como a medicina dentária, considerando as característi-cas da formação em causa, o valor médio pago pela formação de um estudante de enfermagem, durante os quatro anos do curso, será aproximadamente de 20.000 euros. Por ano são licenciados cerca

de 2500/3000 enfermeiros (total dos cursos públicos e privados). A maioria dos recém-licenciados passa pelo de-semprego e, com o acumular dos anos e com o agravamento da crise, estima-se que entre 7 a 9 mil estejam sem em-prego atualmente. O rácio de enfermei-ro/1000 habitantes revela que seriam necessários cerca de 25 mil enfermeiros para atingir a média da OCDE e essa si-tuação não se verifica. Trata-se de um contrassenso. Nós formamos um grande número de enfermeiros em Portugal, e apesar de existir uma grande necessi-dade destes profissionais no nosso país, devido à crise em que o país se encontra não são contratados e vão para o estran-geiro, o que resulta nesse défice. Neste caso, a solução deveria passar pela ad-missão destes profissionais no sistema

em conclusão, que mensa-gem gostaria de deixar à sua classe como incentivo e con-fiança no futuro, com espe-cial enfoque para os jovens enfermeiros que estão a ter-minar as suas formações e só conseguem vislumbrar o desconhecido?Num momento em que estão a iniciar uma nova fase das suas vidas, tenho consciência que muitas são/vão ser as dificul-dades com que se deparam no caminho. A procura pelo primeiro emprego poderá já ter começado para alguns e nem sempre se conseguem respostas imedia-tas. Apesar do cenário não ser o mais favorável, não podem bai-xar os braços. Não podem deixar de pugnar pelo direito dos cida-dãos a uma saúde de qualidade e com segurança. E sobretudo, não devem esquecer todo o in-vestimento feito, deixando de in-vestir no futuro enquanto profis-sionais altamente qualificados.

A OE tem defendido junto do poder político as mais--valias de um paradigma assente na promoção da saú-de/prevenção da doença, referindo que os enfermeiros especialistas dos CSP estão aptos a fazer o seguimento de grávidas de baixo risco e doentes crónicos, seguir o desenvolvimento de crianças e cidadãos com doença mental no seu domicílio

“a principal preocupação da ordem dos enfermeiros é com a segurança do utente. defendemos que as farmácias poderão ser locais de prestação de cuidados quando têm condições estruturais e profissionais para o efeito. algumas farmácias já são prestadoras de cuidados, não só ao nível da administração de medicamentos, mas também ao nível da prestação de imensos tratamentos, independentemente de qual o profissional de saúde que o faz”

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germAno Couto, BAstonário dA ordem dos enfermeiros, em grAnde entrevistAA ENFERMAGEM EM PORTUGAL

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de saúde, onde são indispensáveis, ou, na expetativa de reunir as condições para a sua contratação, optar tempora-riamente pela redução do número de vagas no acesso ao ensino superior.

No Reino Unido, Portugal está no pódio dos países que fornecem en-fermeiros, depois da Roménia e da Espanha. O desempenho destes pro-fissionais é considerado de grande mais-valia e, como tal, são altamente valorizados e respeitados. Mais do que os escassos recursos financeiros do SNS, são estes valores que escas-seiam em Portugal?Não é compreensível que os enfermei-ros especialistas, titulados pela Ordem dos Enfermeiros, a exercerem funções inerentes, não sejam reconhecidos e va-lorizados pelas instituições, sabendo de antemão que o valor acrescentado que os cidadãos vão obter são, certamente, muito superiores e de maior qualidade, promovendo-se assim a eficiência do sistema. Um dos passos a tomar para alterar esta situação é este mesmo: re-conhecer o seu valor. Os gestores devem reconhecer que a Enfermagem se traduz num corpo de conhecimento, que os enfermeiros possuem a ciência e a evi-dência do que são e do que podem fazer pelas pessoas que cuidam, não esque-cendo as expectativas que estas mesmas

pessoas têm em relação aos cuidados de Enfermagem. As organizações devem dar oportunidade a que os enfermeiros possam ter um desenvolvimento profis-sional contínuo, progredindo na carrei-ra, independentemente de trabalharem em hospitais ou centros de saúde, nas grandes cidades ou no meio rural. En-quanto essa mudança não acontecer, são outros os países quecontinuarão a aproveitar essa mais-valia.

A Ordem já apresentou estes núme-ros ao Ministério da Saúde mas não sentiu nem preocupação nem von-tade de desenvolver uma estratégia a respeito deste fenómeno. De um modo geral, a relação entre a Ordem dos Enfermeiros e a tutela tem sido pautada por que principais valores?A Ordem dos Enfermeiros tem vindo a interceder junto do Ministério da Saú-de para a necessidade de os serviços de saúde serem dotados de recursos humanos adequados e que garantam a qualidade e segurança dos cuidados prestados. Desta forma combate-se o desemprego e a precariedade…. Deste modo oferecem-se melhores condições de exercício e evita-se a exportação de recursos que são necessários ao País. No que diz respeito ao Ministério da Saúde, os seus governantes têm-se de-monstrado sensíveis aos argumentos

apresentados pela Ordem. Mas isso não chega…. As políticas recentes do Gover-no têm contribuído significativamente para um clima de instabilidade e tensão nos serviços de saúde, nomeadamente através do aumento de impostos, redu-ção salarial, maior carga horária, menos recursos humanos e materiais, conge-lamento de progressões profissionais e um discurso de crescente separação entre o Estado empregador e os seus colaboradores. Estas políticas afetam os profissionais e a sua prestação, pro-movem desmotivação profissional e o absentismo laboral.

Tendo em conta o atual contexto eco-nómico e o clima de austeridade, que desafios acredita que estes profissio-nais terão de enfrentar? Qual será o posicionamento da Ordem dos Enfer-meiros?Sistemas de saúde de todo o mundo lu-tam contra custos crescentes e contra uma desigual prestação de cuidados de saúde. Líderes de saúde e decisores políticos têm intentado inúmeras cor-reções incrementais, mas sem grande impacto. É tempo de uma nova estraté-gia. Temos de maximizar o valor para os doentes, ou seja, alcançar os melho-res resultados pelo valor mais baixo, ou seja, ser eficientes. Temos de nos distanciar de um sistema de saúde sus-

tentado na prática médica e focarmos--nos num sistema de saúde centrado no utente, instituído à volta das suas reais necessidades. Temos de mudar o foco da quantidade e rentabilidade dos cuida-dos de saúde prestados pelos serviços já institucionalizados, para o resultado obtido pelo utente. Há que substituir o atual sistema fragmentado, por um sis-tema integrado de cuidados, no qual as especialidades se reúnem em unidades de saúde de todo o país, mais próximas da comunidade. Requer uma reestru-turação da forma como os cuidados de saúde são organizados, prestados, ava-liados e reembolsados. Como tal, há que continuar a debater com as principais forças da Enfermagem o estado atual da profissão, assim como estratégias e intervenções articuladas para o futuro, enquadradas nas linhas regulamentares de cada organização, tais como, com-preender, em conjunto, com todas as estruturas representantes da profissão, as forças e fraquezas da profissão de Enfermagem; preparar estratégias con-juntas e articuladas, por parte de cada estrutura, dentro das suas atribuições, no sentido do reforço da profissão de Enfermagem no enquadramento do sis-tema de saúde português e elaborar e aprovar um pacto de compromisso que promova a união, interna e externa, da profissão de Enfermagem.

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É importante realçar que as URFs que sobreviveram à fase inicial e se consolidaram estão ligadas a instituições académicas. A farmacovi-gilância, como tema de estudo, tem permitido a publicação de vários artigos científicos resultando em várias teses de mestrado/douto-ramento nas Faculdades. Este é um exemplo de como um serviço público e universal à saúde é também útil à progressão do conheci-mento científico e académico.A segurança das diferentes técnicas em saúde, incluindo os medi-

camentos, é considerada como um dos pilares da prática médica, e é fortemente monitorizada. Os medicamentos para serem comercializados têm de passar por diversos testes para que sejam conhecidos e minimizados os riscos – reações adversas (RA) - mais graves e frequentes. Como é compreensível, efeitos muito raros, que aparecem vários anos após a administração, por associação entre me-dicamentos, ou que passem despercebidos, podem não ser identificados durante a fase de desenvolvimento do produto e só são identificados durante a sua comer-cialização. E é aqui que a Farmacovigilância se torna mais importante. Medica-mentos que se acreditavam suficientemente seguros, foram retirados do mercado

O Sistema Nacional de Farmacovigilância (SNF), como o conhecemos hoje, foi criado como Centro Nacional de Farmacovigilância em 1992, articulado com a Autoridade Nacional do Medicamento - o INFARMED – no momento da sua criação em 1993. Em 2000 foi tomada a decisão de adotar um modelo descentralizado do SNF, que demonstrou ser mais eficiente em vários países da Europa. Neste contexto, foi desenvolvido um projeto de farmacovigilância na Faculdade de Medicina de Lisboa (FML), que culminou na Unidade Regional de Farmacovigilância (URF) que gerimos.

A CONTRIBUIÇÃO DA UNIDADE DE FARMACOVIGILÂNCIA REGIONAL LISBOA E VALE DO TEJO (UFLVT) PARAA SEGURANÇA EM SAúDE

meses após comercialização e outros, de modo a se manterem suficiente-mente seguros, veem impostas fortes restrições ao seu uso.As RAs de medicamentos são uma importante causa de morte nos países desenvolvidos. Este assunto foi especialmente estudado no final dos anos 90 nos EUA e alguns países da Europa. A nossa Unidade replicou o estudo de base hospitalar em 2002, confirmando a importância das RAs como causa e prolongamento do internamento e mortalidade: os resultados foram sobre-poníveis aos americanos, com cerca de 21 por cento de doentes internados a sofrer RAs (13 por cento como causa de internamento e oito por cento ocorrendo já em internamento). A mortalidade foi felizmente muito baixa.Além deste estudo, os elementos da UFLVT efetuaram outros, no âmbito da Urgência Pediátrica/Neonatalogia (2004) e Farmacoepidemiologia (2010-2012), tendo atualmente projetos em curso em articulação com o INFARMED.Desde a criação do SNF que o sistema visa os profissionais de saúde (PdS) como notificadores. A relevância dos médicos nunca foi colocada em cau-sa, já que são eles que, além de prescritores, melhor integram a sintoma-tologia da RA no contexto do doente, e a importância dos farmacêuticos foi também cedo identificada: têm maior proximidade e disponibilidade de interagir com o doente. A UFLVT promove a participação ativa dos far-macêuticos desde 2000 com ações de formação em várias Faculdades de Farmácia e na ANF e, enquanto grupo, tornaram-se os mais significativos notificadores. Os enfermeiros, embora mais tímidos, dominam na área das RA por vacinas. A qualidade das notificações é controlada desde o início e hoje somos dos países com melhor qualidade de notificadores e de de-sempenho do SNF em geral. Mas há sempre margem de melhoria: a taxa de notificação fica aquém da média europeia e o seu aumento regular é nosso objetivo prioritário.Desde junho de 2012 que a população em geral pode – e deve – notificar eventos adversos diretamente às URFs, sem necessitar de o fazer através do seu PdS. Esta novidade entrou em vigor simultaneamente em todos os estados membros da UE e vem justamente dar ao doente/utente a possi-bilidade de contribuir diretamente para o SNF. Neste momento, os utentes já são responsáveis por cinco por cento das notificações, mas pretende-mos que este número venha a aumentar significativamente. A Unidade tem programadas ações de formação dirigidas a associações de doentes, de modo a melhorar a qualidade destes novos notificadores. Os meios de comunicação social devem também ter um papel relevante na divulgação e ensino da população quanto à possibilidade de comunicar qualquer sus-peita de RA – à sua URF ou INFARMED.

mário miguel rosA, neurologistA, fArmACologistA ClíniCo e CoordenAdor dA uflvt

FARMACOVIGILÂNCIA NA SAÚDE EM PORTUGAL a oPInIÃo de...

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Equipa da Unidade de Farmacovigilância Regional de Lisboa e Vale do Tejo

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Foi junto de Jorge Polónia, Coordenador da Unidade de Farmacovigilância do Norte, que a Revista Pontos de Vista foi conhecer a atividade desta instituição. Ligada à Faculda-de de Medicina da Universi-dade do Porto, esta Unidade

Regional de Farmacovigilância do Sistema Nacional de Farmacovigilância Português, é financiada através de contratos de pres-tação de serviços com o INFARMED. Ao longo da conversa, Jorge Polónia foi re-petindo uma ideia chave: “o medicamento é um sinal de triunfo da medicina”. Mas, tal como numa moeda, existem duas faces: os riscos e os benefícios. Dizer que um me-dicamento tem risco zero é uma enorme falácia. Existem sempre efeitos secun-dários possíveis mas nesta relação entre benefícios e inconvenientes, a vitória de-verá ser do primeiro. “Há que ponderar as vantagens e as desvantagens e quando as primeiras são superiores às segundas, as opções de prescrição são óbvias. Todas as decisões da nossa vida são assim. Temos de medir os prós e os contras”, explicou o responsável. E, neste processo, como é que se avalia a relação benefício e risco de um medicamento? “Depende muito do medicamento porque, por exemplo, para uma amigdalite, a penicilina pode não ter reações adversas num milhão de pessoas, mas pode te-las em apenas cem doentes. Diferentemente, com os medicamentos para o cancro a margem de segurança é muito mais estreita e muitos mais doentes vão sofrer de efeitos adversos. Isto porque o medicamento além de destruir as célu-las más também ataca células boas, fazen-do, por exemplo, com que o cabelo caia. Mas, neste caso, vou ter mais aproximação aos benefícios”, esclareceu Jorge Polónia. A comunicação espontânea das reações adversas aos medicamentos na prática clí-nica permite chamar a atenção para várias questões de segurança associadas ao me-dicamento em causa. “Há notificações que depois classificamos como improváveis mas é importante que as tenhamos por-que precisamos de um conjunto de infor-mação significativo para selecionar aquilo que é mais e menos provável”, explicou. Existe uma responsabilidade relacionada aos riscos do medicamento. O principal detentor dessa responsabilidade é, em primeiro plano, o detentor da autorização de introdução do medicamento no mer-cado, ou seja, o laboratório farmacêutico. Mas o profissional de saúde também tem uma palavra final. “Vemos sistematica-mente antibióticos a serem usados nas vi-roses e nas gripes sem motivo. Se o doente tiver uma reação adversa grave, o profis-

sional que prescreveu pode ser responsa-bilizado”, exemplificou. Para Jorge Polónia, qualquer profissional de saúde deve co-nhecer bem o doente que tem à sua frente. Se tal não acontecer, estes profissionais apenas estão a fazer uma análise entre custo e benefício tal como apreenderam nos livros e não é isso que importa. Os profissionais de saúde têm frequen-temente dúvidas relativamente às vanta-gens e aos métodos da notificação espon-tânea. Em todos os casos, a UFN mostra-se disponível para fazer sessões de esclare-cimento nos hospitais, centros de saúde, universidades ou farmácias. O objetivo é sempre mostrar às pessoas, profissionais de saúde ou não, que elas são elementos ativos do sistema de farmacovigilância. “O utente deve ser um parceiro. É óbvio que não tem o conhecimento de um profissio-nal de saúde para fazer uma análise mas foi ele quem sentiu no corpo uma reação adversa. É, por isso, uma parte interessa-da e importante”, ressalvou Jorge Polónia. É essencial que um profissional, ao pres-crever um medicamento, dê essa informa-ção ao paciente? Claro que será sempre uma mais valia mas importa não assustar o doente. “No momento em que dispen-sam o medicamento, devem dizer que há provas científicas de que existem benefí-cios mas em alguns doentes existem tam-bém inconvenientes. Faz parte da decisão terapêutica e, nos casos em que esses efeitos surjam, é importante que o doente comunique”, explicou o responsável.

COMUNICAR COMO?De forma a facilitar e agilizar a notificação das suspeitas de reacção adversa a medi-camentos por parte de profissionais de saúde e de utentes, o Infarmed desenvol-veu uma aplicação, conhecida por Portal RAM e que surgiu no contexto da nova legislação europeia de farmacovigilância. Assim, mediante registo nesse portal, o notificador terá acesso às diferentes fun-cionalidades da aplicação. A par desta mo-dalidade, pode ainda ser feita a tradicional notificação em papel, através dos formulá-rios já existentes para os profissionais de saúde e do formulário disponibilizado no site do Infarmed direcionado para os uten-tes. A notificação de qualquer suspeita de reação adversa é, por isso, um contributo fundamental para a monitorização con-tínua da segurança dos medicamentos. No entanto, “há profissionais que apenas notificam quando têm a certeza mas não é assim que o processo funciona. A suspeita é suficiente para fazer uma notificação. Se assim não for, não conseguiremos ter um caudal suficiente de informação”, adiantou Jorge Polónia.

A vigilância de um medicamento não termina com os ensaios clínicos. Esta fase permite obter informações importantes mas por ser limita-da na quantidade de informação recolhida, é fundamental que durante o período de comercialização a sua segurança seja monitorizada. De facto, é durante a comercialização que se deteta a maioria dos efeitos adversos dos medicamentos. Aqui surgem entidades como a Uni-dade de Farmacovigilância do Norte (UFN), integrada no Sistema Nacional de Farmacovigilância Português (SNF), cuja missão é recolher e analisar toda a informação relativa à segurança do medicamento.

“O MEDICAMENTO É UM SINAL DE TRIUNFO DA MEDICINA”

Faz, por isso, parte dos objetivos da Unidade de Farmacovigilância do Norte continuar a divulgar a importância desta prática para a saúde pública. “Queremos aumentar o número de notificações por profissionais de saúde e fazer chegar a mensagem aos utentes. Queremos mais informação para podermos processá-la e reduzir ainda mais os riscos dos medi-camentos. É um trabalho que ainda está no início e estamos longe dos níveis que

queremos atingir mas esta aproximação a todos os agentes que fazem parte des-te processo é fundamental”, explicou. Como tal, Jorge Polónia deixou um úl-timo apelo: “O medicamento salva mi-lhões de vidas mas tem riscos e a forma de reduzi-los é através da identificação das situações em que os inconvenien-tes acontecem. Profissionais de saúde e utentes têm de ser partes ativas deste processo”, concluiu.

Jorge PolóniA, CoordenAdor dA unidAde de fArmACovigilânCiA do norte (ufn)FARMACOVIGILÂNCIA

NA SAÚDE EM PORTUGAL

“Há que ponderar as vantagens

e as desvanta-gens e quando

as primeiras são superiores

às segundas, as opções de

prescrição são óbvias. todas

as decisões da nossa vidasão assim”

Equipa da Unidade deFarmacovigilância do Norte

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O conceito de farmacovigilância tem vindo a tornar-se mais abrangente à medida que a sociedade e os doentes se tornam mais conscientes e mais alertas relativamente à sua saúde. Qual o papel que a Bayer tem procu-rado desempenhar na promoção da importância da farmacovigilância e da notificação espontânea?Embora a indústria tenha muitas limi-tações de caráter legal no contato com o público em geral, as ações em prol da farmacovigilância são feitas a vários ní-veis, nomeadamente, na recolha reativa da informação de segurança que nos chega através dos contatos para escla-recimento de dúvidas, na informação adequada sobre os nossos produtos, no acesso à notificação através dos digital media que promovemos, na colaboração com as autoridades de saúde, no apoio a estudos e registos de segurança e na produção de materiais educacionais en-

quadrados em planos de gestão de risco. Internamente é fundamental o treino das nossas equipas, na procura da trans-parência, rigor e de uma cultura aberta à notificação.

Na sua opinião, é positivo que exista um canal aberto ao público em que possam reportar reações adversas aos medicamentos que tomam?Os doentes de hoje têm cada vez mais acesso a ferramentas que lhes permitem uma melhor informação e estão mais empenhados na gestão da sua saúde. A segurança dos medicamentos é trans-versal a todos, pelo que uma partilha de dados com qualidade promove um maior conhecimento sobre cada medi-camento, contribuindo para a preven-ção ou a minimização dos riscos que lhe poderão ser inerentes. Assim, na nossa perspetiva, a notificação pelos utentes é muito positiva.

Presente no mercado português há mais de cem anos, a Bayer aposta fortemente na ciência e na inovação, dando contributos sólidos para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. Na vertente da farmacovigilância, um conceito cada vez mais abrangente e necessário, Catarina Casimiro, Responsável por esta área na Bayer Portugal, considera ser “fundamental o treino das nossas equipas, na procura da transparência, rigor e de uma cultura aberta à notificação”.

“A SEGURANÇA DOS MEDICAMENTOSÉ TRANSVERSAL A TODOS”

A vigilância de um medicamento não termina com os ensaios clínicos. Per-mitem obter informação importante mas é fundamental que durante o período de comercialização a sua se-gurança seja monitorizada. Porquê?Os ensaios clínicos são a primeira fon-te de reações adversas em seres huma-nos permitindo-nos delinear o perfil de segurança de cada medicamento. Mas são naturalmente limitados, tanto em termos temporais, como na dimensão e caraterísticas da população selecionada: as crianças, as grávidas, os doentes po-limedicados ou com diversas patologias concomitantes são geralmente excluí-dos dos ensaios clínicos. Daí a necessi-dade de continuar a seguir a segurança do medicamento…

Em Portugal, a taxa de notificação es-pontânea de RAM por parte dos pro-fissionais de saúde é ainda muito bai-xa e não representa a realidade dos eventos adversos que decorrem da utilização dos medicamentos. O que é que é necessário fazer para mudar este paradigma?Infelizmente a taxa de notificação es-pontânea não reflete a realidade dos eventos que ocorrem. Embora esteja-mos convencidos que a notificação por profissionais de saúde e utentes con-tinuará a ter o seu papel, cremos que virá a ser gradualmente substituída por estudos de segurança e registos de do-entes e/ou patologias prospetivos, bem como por análises de segurança a gran-des bases de dados de doentes.

As reações adversas a medicamentos são uma importante causa de morta-

lidade nos países desenvolvidos. Em Portugal, qual é a gravidade desta situação?Tanto quanto é do nosso conhecimento não existem dados robustos sobre esta situação em Portugal.

Quais os principais desafios que se colocam atualmente ao setor farma-cêutico e de que forma os mesmos se refletem no medicamento e na saúde pública?Atualmente os principais desafios con-sistem nas dificuldades de acesso dos doentes aos medicamentos inovadores, a rutura de fornecimento de alguns produtos por exportação para outros países, a instabilidade legislativa, a bu-rocracia e demora na implementação de ensaios clínicos em Portugal.

Segundo um relatório da OCDE, a cri-se financeira e económica global teve um “efeito significativo” sobre o cres-cimento da despesa farmacêutica em muitos países. Em Portugal, assistiu--se à situação inversa. Como é que tem sido o desempenho da Bayer nos últi-mos anos em Portugal e no Mundo?A Bayer investe fortemente em inovação – dois mil milhões de euros em 2012, tendo lançado nos últimos anos vários medicamentos inovadores, com impac-to muito positivo no desempenho da companhia a nível global. Em Portugal, onde estamos presentes há mais de cem anos, o nosso portfolio muito diversifi-cado tem contribuído para que consi-gamos atravessar este período de crise económica com uma queda inferior à do mercado e com uma perspetiva otimista para o futuro.

CAtArinA CAsimiro, resPonsável de fArmACovigilânCiA dA BAyer PortugAl s.A.

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Os doentes de hoje têm cada vez mais acesso a ferramentas que lhes permitem uma melhor informação e estão mais empenhados na gestão da sua saúde

“catarina casimiro

FARMACOVIGILÂNCIANA SAÚDE EM PORTUGAL

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F oi com esse intuito e no sentido de pre-venir situações como a que se verificou no início da década de 60, associada à administração de talidomida, que fo-ram criados em inúmeros países os res-petivos Sistemas Nacionais de Farma-covigilância, visando a recolha contínua de informação de segurança, nomeada-

mente RAMs com impacto num indivíduo ou na saú-de pública, e assim promovendo a implementação de medidas com vista a minimizar e/ou prevenir a sua ocorrência. Em Portugal, o Sistema Nacional de Farmacovigilância, criado em 1992 e desde então coordenado pelo Infarmed, é um Sistema recente pe-rante o panorama internacional, tendo vindo a acom-panhar as necessidades contemporâneas, evoluindo em paralelo com a legislação comunitária. De facto, a implementação da nova legislação de farmacovi-gilância no segundo semestre de 2012, veio incutir não só à Indústria Farmacêutica como às autorida-des competentes, responsabilidades acrescidas com vista a promover o acesso facilitado e global a mais e melhor informação sobre a segurança dos medicamentos comercializados.Uma das principais alterações implementadas pela nova legislação de far-macovigilância, com impacto na população em geral, foi a contemplação, em termos legais, do doente ou seu representante não profissional de saúde, en-quanto parte integrante e elemento chave na recolha de informação de se-gurança dos medicamentos. Ou seja, o doente passou, desde julho de 2012, a poder reportar diretamente às autoridades ou às empresas farmacêuticas qualquer situação relacionada com suspeita de RAMs, sem necessidade de confirmação prévia por um profissional de saúde. Numa sociedade em que os cidadãos são tendencialmente mais formados e informados esta é uma medi-da que visa promover o combate a um dos principais entraves à execução das atividades de Farmacovigilância: a subnotificação. Idealmente esta será uma medida que a longo prazo permitirá um maior acesso à informação quer por parte da Indústria Farmacêutica, quer por parte das autoridades, promovendo assim um melhor acompanhamento dos medicamentos. Atualmente, contudo, o número de notificações reportadas por utentes (doentes e/ou não profis-sionais de saúde) é ainda significativamente reduzido, totalizando apenas 16 das notificações de RAMs recebidas pelo Infarmed em 2012 (um por cento do total das notificações). Possivelmente em linha com a postura cultural a que assistimos, também a taxa de notificação espontânea de RAMs por profissionais de saúde é hoje ainda pouco significativa. O profissional de saúde, realçando médico, farma-cêutico e enfermeiro, tem aqui um papel fundamental, ao apresentar-se numa posição de destaque na identificação de possíveis suspeitas de RAMs. Com efeito, é necessário identificar e incidir sobre os pontos críticos que levam à subnotificação por estes profissionais: falta de tempo e/ou disponibilidade?, inexistência de informação quanto ao modo de notificar?, desconhecimento de que todas as suspeitas de RAMs devem ser notificadas, independentemente do grau de certeza ou gravidade?, … É certamente crucial integrar o conceito de Farmacovigilância e a sua importância desde logo na formação destes pro-fissionais, bem como no seu quotidiano, uma vez que contribuirão, também assim, para otimizar a utilização dos medicamentos, minimizando o seu po-tencial impacto secundário e indesejável no doente.Em diversas situações também a Indústria Farmacêutica é fonte de informa-ção de segurança ao Infarmed, transmitindo informação obtida através de

Qualquer medicamento disponível no mercado foi sujeito a uma autorização prévia por parte das autoridades competentes, as quais baseiam a sua avaliação na informação de eficácia e segurança, disponível ao momento. Sendo reconhecido que a informa-ção recolhida durante os ensaios clínicos, nomeadamente no que respeita à identificação de reações adversas medicamentosas (RAMs), é limitada (RAMs raras ou de aparecimento a longo prazo, por exemplo, poderão não ser identificadas nestes estudos), é essencial dispor de mecanismos que assegurem o acompanhamento contínuo do perfil de segurança dos medicamentos durante a sua comercialização.

FARMACOVIGILÂNCIA: IMPORTÂNCIA PRESENTE, IMPACTO FUTURO

contacto direto com profissionais de saúde ou utentes, ou identificando primeiramente a informação de segu-rança, por exemplo, através de estudos conduzidos in-ternamente. De facto, de acordo com o Relatório Anual 2012 do Infarmed, a Indústria foi responsável por mais de 50 por cento do total das notificações, o que repre-senta 1677 das 3104 notificações recebidas por esta instituição nesse ano.Neste sentido, há ainda um longo caminho a percor-rer no que respeita à sensibilização dos profissionais de saúde e da população em geral relativamente à ne-cessidade e importância da contínua monitorização do impacto dos medicamentos durante a sua comer-cialização. Até hoje, o conhecimento científico e tecnológico tem permitido desenvolver os mais diversos medicamentos, para os mais diversos fins, tendo permitido um claro aumento da qualidade de vida da população. Hoje cabe--nos a todos, cidadãos, contribuir para a otimização da sua utilização, minimizando os seu potenciais riscos e promovendo, assim, o seu contínuo benefício.

iris mAteus, Angelini fArmACêutiCA - PortugAl

FARMACOVIGILÂNCIA NA SAÚDE EM PORTUGAL a oPInIÃo de...

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A Boehringer Ingelheim Portugal, pertencente ao grupo internacional com o mesmo nome, está sedeada em Lisboa desde 1960, dedicando-se à comercialização e distribuição de produtos farmacêuticos. Neste domí-nio, que análise perpetua da atuação da marca em território luso?A Boehringher Ingelheim é uma empre-sa fortemente ligada à investigação e desenvolvimento de medicamentos ino-vadores, em diversas áreas terapêuticas. Em Portugal, consideramos ser líderes na investigação clínica. Nos últimos dez anos, registámos um crescimento sig-nificativo em território nacional, com aumento progressivo do número de ensaios clínicos, maioritariamente mul-ticêntricos internacionais. Este investi-mento na investigação reforça o posicio-namento da Boehringer Ingelheim em Portugal, como empresa empenhada na disponibilização de terapêuticas inova-doras na área da saúde, e perspetiva um fortalecimento da presença da marca a nível nacional.

Um medicamento só pode ser comer-cializado após a confirmação da sua eficácia, segurança e qualidade, bem como da garantia da relação favo-rável entre os benefícios e os riscos esperados. Assim, a monitorização da segurança dos medicamentos co-mercializados é da responsabilidade da Indústria Farmacêutica através da Farmacovigilância. Que análise per-petua do sistema português de Far-macovigilância?A Indústria Farmacêutica tem um papel incontornável na monitorização da se-gurança dos medicamentos comerciali-zados, através da implementação de sis-temas adequados de Farmacovigilância, que permitam identificar e avaliar todas as suspeitas de reações adversas com medicamentos. Mas, na realidade, o con-ceito inerente à monitorização da segu-rança dos medicamentos é o da partilha de responsabilidades entre Indústria Farmacêutica, Autoridades, Profissio-nais de Saúde e Doentes/Utentes. O sistema português de Farmacovigi-lância teve uma evolução substancial desde que foi implementado em 1992.

Contudo, apesar da melhoria das taxas de notificação ao longo da última dé-cada, continua a ser um sistema muito centrado na Autoridade e na Indústria Farmacêutica. Esperamos que as recen-tes alterações introduzidas pela nova le-gislação de farmacovigilância contribu-am para que o sistema evolua de modo a envolver de forma mais ativa todos os restantes intervenientes, aumentando a eficiência do sistema, e melhorando a informação sobre a segurança dos medi-camentos.

O Grupo Boehringer Ingelheim é uma das 20 principais empresas farmacêuticas mundiais. Em Portugal, está sedeada em Lisboa desde 1960 e é no mercado português que esta empresa se assume como líder na investigação clínica. “Nos últimos dez anos, registámos um crescimento significativo em território nacional, com aumento progressivo do número de ensaios clínicos, maioritariamente multicêntricos internacionais”, salientou em conversa com a Revista Pontos de Vista, Carlos Trabulo, Diretor Médico desta entidade. Procuramos conhecer junto deste responsável o papel que a Boehringer Ingelheim Portugal tem procurado desempenhar no âmbito da farmacovigilância.

“A INDúSTRIA FARMACêUTICA TEM UM PAPEL INCONTORNÁVEL NA MONITORIzAÇÃO DA SEGURANÇA DOS MEDICAMENTOS COMERCIALIzADOS”

Qual o papel que a Boehringer Inge-lheim Portugal tenta desempenhar no âmbito da farmacovigilância?A proteção dos doentes é uma priorida-de para a Boehringer Ingelheim. E por isso assumimos integralmente o com-promisso de assegurar que os nossos medicamentos são os mais seguros e efetivos possível. A Boehringer Ingelheim Portugal dispõe de uma área específica de Farmacovi-gilância, constituída por profissionais dedicados à monitorização da segu-

rança dos nossos medicamentos, cuja principal responsabilidade é identificar, analisar e comunicar quaisquer riscos potenciais de segurança. Defendendo um conceito de responsabilidades parti-lhadas em matéria de segurança, traba-lhamos em parceria com as Autoridades Regulamentares e diversos especialistas da área da saúde, de modo a assegurar que qualquer potencial risco é exaus-tivamente avaliado e comunicado aos profissionais de saúde e doentes, da for-ma mais adequada e atempada possível.

Por que razão é importante que se promova um reforço crescente do en-volvimento dos farmacêuticos no sis-tema nacional de farmacovigilância? De que forma se deve proceder a esse fortalecimento?Os farmacêuticos, e em particular os que se encontram em Farmácia Comunitá-ria, estão numa posição privilegiada, na medida em que contactam diariamente com os doentes/utentes e portanto, são confrontados com diversas situações de potenciais reações adversas a medica-mentos. É assim indiscutível o contribu-to que os farmacêuticos podem ter para a Farmacovigilância. Dados do Infarmed

CArlos trABulo, diretor médiCo dA BoeHringer ingelHeim PortugAlFARMACOVIGILÂNCIA

NA SAÚDE EM PORTUGAL

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o conceito inerente à monitorização da segurança dos medicamentos é o da partilha de responsabilidades entre indústria Farmacêutica, autoridades, Profissionais de saúde e doentes

Carlos Trabulo

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Pontos de Vista Dezembro 2013

indicam que o farmacêutico é o profis-sional de saúde que mais notifica atual-mente em Portugal.O desenvolvimento de ações de sensi-bilização, informação e formação pré e pós-graduada, no âmbito da farmacovi-gilância, é fundamental para o reforço do papel destes profissionais na notifi-cação de reações adversas. A Boehringer Ingelheim tem vindo a desenvolver cam-panhas de divulgação e sensibilização para a notificação de reações adversas nas farmácias e continuará a trabalhar neste sentido.

Que análise tem relativamente à nova legislação europeia sobre farmacovi-gilância? É positivo que exista um ca-nal aberto ao público em que possam reportar reações adversas aos medi-camentos que tomam?A nova legislação tem maior enfoque na proteção da saúde pública procurando criar condições para que o sistema euro-

peu de farmacovigilância se torne mais proativo e rápido na tomada de decisão e promove um maior envolvimento dos profissionais de saúde e consumidores. É neste contexto que é aberta a possibi-lidade de notificação direta pelo públi-co. O sucesso ou insucesso dos sistemas Farmacovigilância depende da partici-pação ativa dos vários intervenientes, incluindo os doentes e o público em geral, que também têm um papel impor-tante na monitorização da segurança dos medicamentos que tomam. Contu-do, a qualidade da informação recolhida nas notificações de reações adversas é fundamental para uma correta análise da segurança de um medicamento. As-sim, para que a notificação por parte do público se traduza num aumento efetivo do conhecimento sobre a segurança dos medicamentos, terá necessariamente que ser acompanhada de fortes campa-nhas públicas de informação e sensibili-zação em matéria de Farmacovigilância.

Em Portugal, a taxa de notificação es-pontânea de RAM por parte dos pro-fissionais de saúde é ainda muito bai-xa e não representa a realidade dos eventos adversos que decorrem da utilização dos medicamentos. O que é que é necessário fazer para mudar este paradigma?Apesar das inúmeras vantagens do sis-tema de notificação espontânea, apenas uma pequena fração das reações adver-sas ocorridas é notificada. A receita para combater a subnotificação não é nova, requer o envolvimento, sensibilização e educação dos profissionais de saúde e doentes.Em Portugal a descentralização geográ-fica do sistema permite um maior nível de proximidade aos profissionais de saúde e doentes, com resultados muito positivos. A taxa de notificação tem vin-do a evoluir de forma favorável, consis-tente e progressiva, aproximando-se do valor recomendado pela Organização 39

Mundial de Saúde. Para estes resultados também muito tem contribuído o forte compromisso que a Indústria Farma-cêutica tem vindo a assumir nesta área. Dados do INFARMED I.P. indicam que, desde 2006, a Industria farmacêutica é a principal fonte de proveniência de no-tificações de reações adversas.

As reações adversas a medicamentos são uma importante causa de morta-lidade nos países desenvolvidos. Em Portugal, qual é a gravidade desta situação?A nível nacional não foi conduzido ne-nhum estudo que permita uma avalia-ção da extensão do problema, apenas existindo dados de notificação espontâ-nea do Infarmed. No entanto é globalmente aceite que as reações adversas constituem um pro-blema de saúde pública relevante com elevados índices de mortalidade e mor-bilidade.

A nova legislação de Farmacovigilância tem maior enfoque na proteção da saúde pública (…) e promove um maior envolvimento dos profissionais de saúde e consumidores.“

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O conceito de farmacovigilância tem vindo a tornar-se mais abrangente à medida que a sociedade e os doentes se tornam mais conscientes e mais alertas relativamente à sua saúde. Qual o papel que a AstraZeneca tem procurado desempenhar na promo-ção da importância da farmacovigi-lância e da notificação espontânea?A farmacovigilância faz parte dos valo-res que constituem o código de conduta interno da AstraZeneca, sendo como tal encarada como algo que vai muito além da obrigação regulamentar. Faz parte do ADN da empresa. A promoção dos seus valores começa desde o primeiro momento em que um novo colaborador inicia as suas funções, e em que recebe treino nesta área, que é repetido anual-mente. Na AstraZeneca a área de farma-covigilância é formalmente denominada de “Patient Safety”, pois o grande obje-tivo não é apenas o recolher dados de segurança sobre os nossos produtos, o foco é garantir a segurança de qualquer doente que tome um medicamento da AstraZeneca. Outras iniciativas passam pela colaboração com grupos de traba-lhos de farmacovigilância, do qual fazem parte outras empresas do sector farma-cêutico e onde se analisam e identificam melhores práticas, áreas de melhoria, e se implementam projetos de forma coordenada, muitas vezes em estreita colaboração com o próprio INFARMED. Nestes fóruns não há concorrentes, im-perando sim um espírito de cooperação com vista à salvaguarda da saúde dos doentes, que potencialmente somos to-dos nós.

Na sua opinião, é positivo que exista um canal aberto ao público em que possam reportar reações adversas aos medicamentos que tomam?O canal de notificação de reações adver-sas aberto ao público é de extrema im-portância e é relativamente recente no sistema nacional de farmacovigilância. Este canal, aliado ao fato de hoje em dia recolhermos também informação sobre erros de medicação, faz com que pos-samos agir mais rápida e eficazmente na correção das causas destes mesmos erros. Como exemplo, podemos enume-rar a possível má interpretação das ins-truções fornecidas pelo profissional de saúde ou descritas num folheto informa-tivo. Estas situações, por norma, não são facilmente identificáveis pelo médico no

momento da prescrição, ou mesmo pelo farmacêutico no ato de dispensa, e mui-tas vezes o doente recorre a este canal para obter a clarificação da informação, ao mesmo tempo que nos fornece assim um dado valioso do ponto de vista de farmacovigilância. Facilmente podere-mos identificar a necessidade de melho-rar um folheto informativo ou de alertar os profissionais de saúde para aspetos específicos da utilização do medicamen-to que tenham que ser reforçados junto do doente, pelos mesmos.

A vigilância de um medicamento não termina com os ensaios clínicos. Per-mitem obter informação importante mas é fundamental que durante o período de comercialização a sua se-gurança seja monitorizada. Porquê?Por um lado, os ensaios clínicos decor-rem durante um determinado período de tempo e expõem um número limi-tado de doentes. Por outro lado, somos todos geneticamente diferentes, e como tal é normal que tenhamos respostas di-ferentes a um determinado medicamen-to. Há caraterísticas genéticas que são mais raras e que podem não estar pre-sentes nos doentes que são envolvidos nos ensaios clínicos, pelo que as reações adversas que daí surgem na presença do medicamento podem não ser iden-tificadas ou confirmadas durante este período de investigação. Assim, é muito importante que na fase de comerciali-zação se mantenha a monitorização da segurança. Em resumo, a investigação em matéria de segurança nunca pára, acompanhando o ciclo de vida do medi-camento.

“Somos uma empresa biofarmacêutica global, orientada para a inovação”. É desta forma que a AstraZeneca se apresenta ao seu público. Na sociedade, a empresa procura o reconhecimento dos seus medicamentos no tratamento de doenças e na melhoria da saúde das popu-lações. Para isso, o conceito de farmacovigilância assume uma importância vital. Foi em conversa com Ana Paula Rita, Regulatory Affairs, Medical Information & Patient Safety Manager, que conhecemos o trabalho que a AstraZeneca tem procurado desenvolver num domínio já integrado no código de conduta interno da organização.

“NOTIFICAR UMA REAÇÃO ADVERSA É SER CIENTIS-TA VOLUNTÁRIO POR UM BREVE MOMENTO”

Em Portugal, a taxa de notificação es-pontânea de RAM por parte dos pro-fissionais de saúde é ainda muito bai-xa e não representa a realidade dos eventos adversos que decorrem da utilização dos medicamentos. O que é que é necessário fazer para mudar este paradigma?É necessário informar todos os possí-veis intervenientes sobre os objetivos nobres desta área, sobre o caráter não punitivo do sistema e o baixo nível buro-crático que neste momento está associa-do ao ato da notificação. Contribuir com informação sobre uma reação adversa de que tenhamos conhecimento é con-tribuir para o avanço do conhecimento científico sobre o ser humano, e para a redução da probabilidade de ocorrência dessa reação no futuro. Notificar uma reação adversa é ser cientista voluntário por um breve momento.

As reações adversas a medicamentos são uma importante causa de morta-lidade nos países desenvolvidos. Em Portugal, qual é a gravidade desta situação?O sistema de farmacovigilância Nacional e Europeu evoluiu imenso nesta última década, e mais recentemente com a úl-tima alteração da legislação Europeia. Tornou-se altamente automatizado com o objectivo de aumentar a sua eficácia e rapidez de actuação, reduzindo as-sim para níveis mínimos a ocorrência de situações mais graves e que podem ser prevenidas. Um dos aspectos igual-mente relevantes foi a implementação dos planos de gestão de risco que per-mitem às empresas farmacêuticas, em colaboração com as autoridades, miti-gar ao máximo os riscos associados aos medicamentos, mantendo um elevado nível de monitorização do seu perfil de segurança. O sucesso destas ações de-pende de todos os intervenientes, ou seja, depende da medida em que todos nós contribuímos para o aumento de conhecimentos nesta área e, é claro, de-pende igualmente do respeito que todos temos pela utilização racional e correta do medicamento.

Quais os principais desafios que se colocam atualmente ao setor farma-cêutico e de que forma os mesmos se refletem no medicamento e na saúde pública?São várias as medidas que, no presen-te contexto económico do país, afetam o setor farmacêutico, nomeadamente medidas que impactam no estabeleci-mento de preços dos medicamentos, comparticipações ou mesmo proteção de patentes e que colocam em risco a viabilidade económica de algumas em-presas neste sector. No entanto, mes-mo no actual panorama económico, acreditamos que é necessário manter um espírito empreendedor, continu-ar a investir na investigação de novos medicamentos e sempre que possível cooperar com os decisores no sentido de fazer parte da solução. Mais uma vez também aqui é necessária a cooperação e responsabilização de todos os inter-venientes.

Segundo um relatório da OCDE, a crise financeira e económica global teve um “efeito significativo” sobre o crescimento da despesa farmacêu-tica em muitos países. Em Portugal, assistiu-se à situação inversa. Como é que tem sido o desempenho da Astra-Zeneca nos últimos anos em Portugal e no Mundo?A AstraZeneca continua a focar as suas prioridades no retorno ao crescimento e no atingir da liderança científica, o que está refletido no investimento contínuo nas suas plataformas de crescimento e na sua pipeline de produtos. Têm-se ve-rificado progressos muito significativos particularmente ao nível da pipeline, com três novos produtos em fase de submissão às autoridades e outros três que se encontram na sua última fase de desenvolvimento (fase III), bem como outras parcerias que foram recentemen-te realizadas. De qualquer forma, quer a nível mundial quer em Portugal a per-formance está ligada também ao contex-to económico em que nos encontramos e também à perda de exclusividade de alguns dos nossos produtos.

AnA PAulA ritA, regulAtory AffAirs, mediCAl informAtion & PAtient sAfety mAnAger dA AstrAzeneCA

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FARMACOVIGILÂNCIANA SAÚDE EM PORTUGAL

“a astraZeneca continua a focar as suas prioridades no retorno ao crescimento e no atingir da liderança científica, o que está refletido no investimento contínuo nas suas plataformas de crescimento e na sua pipeline de produtos”

ana paula rita

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Criada em 1986, que balanço faz do caminho que a APARD tem vindo a percorrer? Quais os principais avan-ços que a APARD conseguiu ao longo destes anos na defesa de um setor que teve um crescimento muito sig-nificativo nas últimas duas décadas?As apostas fundamentais da APARD, in-timamente ligadas entre si, procuraram responder às mudanças estruturais en-tretanto verificadas: por um lado, incre-mentar o nível de preparação e resposta da sua estrutura técnica e representa-tiva com meios humanos qualificados e com capacidade de resposta. Por ou-tro, acompanhar e assessorar, direta e diariamente, as empresas associadas na sua atividade industrial e comercial, cada vez mais exigente. Em três pala-vras, (in)formação, profissionalismo e responsabilidade.

De que forma tem evoluído o setor dos suplementos alimentares e pro-dutos dietéticos em Portugal? A crise veio abalar o crescimento?Desde 1998 que todo o setor alimentar nacional e o dos suplementos em par-ticular desde 2003, tem rececionado sucessivas Diretivas e Regulamentos

europeus, com patamares de exigência muito elevados aos níveis da integri-dade e segurança dos nossos produtos, bem como da defesa dos consumidores. Muito ao contrário da imagem que fre-quentemente se pretende transmitir, o setor tem sabido corresponder, ciente de que a defesa de tais valores é funda-mental para a imagem de mercado dos suplementos alimentares. É bom subli-nhar que nos últimos 15 anos, nenhum dos nossos produtos conheceu qualquer retirada compulsiva do mercado, fosse por que motivo fosse. O tipo de vida da sociedade contem-porânea, marcado muitas vezes por excessos e pelo elevado stress, leva a que seja cada vez mais importante que se recorra a este tipo de produtos? Em que situações é mais relevante que se tome um suplemento alimentar?A desgastante exigência dos tipos de vida que observamos nas sociedades modernas conduz, infelizmente com enorme facilidade, a desequilíbrios fi-siológicos com efeitos diretos na saúde das pessoas. A toma de suplementos ali-mentares - designadamente, vitaminas, minerais, oligoelementos, ervas e plan-

Fundada em 1986, a APARD – Associação Portuguesa de Suplementos Alimentares – surgiu da necessidade de representar um setor de atividade que embora exista há mais de 50 anos em Portugal, teve um crescimento muito significativo nas últimas duas décadas. Raul Maia Oliveira, Presidente da Associação, quando questionado sobre os malefícios que os produtos de emagrecimento podem ter na saúde, afirmou, nesta entrevista, que essa imagem não corresponde à realidade e apenas passa para a opinião pública por questões concorren-ciais. “A resposta parece-nos elementar: a existirem tais perigos, não deveriam já as entidades competentes ter retirado tais produtos no mercado?”, questiona.

“NÃO ExISTEM PRODUTOS MILAGROSOS”

tas diversas, ajuda efetivamente a man-ter e a repor nutrientes essenciais ao bom equilíbrio do organismo humano. E a melhor prova da sua eficácia é a sua aceitação por parte dos consumidores.

Os suplementos alimentares muitas vezes são confundidos com anaboli-zantes. Qual o papel da APARD no es-

clarecimento deste tipo de confusões?Existem produtos no mercado cuja fina-lidade é a de fornecer fontes energéti-cas suplementares a consumidores que pontual ou habitualmente, se sujeitem a esforços físicos intensos. Alguns são suplementos alimentares, outros ali-mentos especiais - tipologia legalmente diferenciada dos suplementos. Todavia e em qualquer dos casos, existe sempre uma fronteira de licitude de comércio, a qual, uma vez ultrapassada, transporta o tratamento da questão para a esfera criminal, como casos de polícia. Apenas comercializamos produtos previamente registados junto das entidades oficiais competentes e de cuja composição cons-tem ingredientes previamente autoriza-dos pela legislação nacional e europeia. Os produtos para emagrecer são cada vez mais procurados e as opiniões quanto aos perigos associados a estes mantêm-se. Estes produtos trazem ou não malefícios à saúde humana?Talvez por motivos de concorrência com outros produtos, essa imagem tem pas-sado para a opinião pública. A resposta parece-nos elementar: a existirem tais perigos, não deveriam já as entidades competentes ter retirado tais produtos no mercado?..

Que cuidados é necessário ter quan-do se toma um produto para emagre-cer? Que recomendações é importan-te deixar?Basicamente, este tipo de produtos pode agir de duas formas distintas: ou inibem o apetite, ou potenciam a elimi-nação de gorduras. A sua adequabilida-de depende de cada caso em concreto, não sendo despicienda a obtenção de aconselhamento prévio. Verdade é que, como dizia Hipócrates, a saúde começa pela alimentação. E não existem pro-dutos milagrosos que atuem aparta-damente de uma dieta alimentar ade-quadamente rica e variada. É um pouco aquela estória do consumidor que não põe açúcar no café, ao mesmo tempo que come um bolo. Ou a de saber se nos dias de hoje as pessoas têm tempo e (dinheiro) para almoçarem algo que não seja fast food. Repito o essencial: só podem estar no mercado produtos contendo substâncias previamente au-torizadas pela Agência Europeia de Se-gurança Alimentar.

rAul mAiA oliveirA, Presidente dA APArd, AlertAMEDICINAS NATURAIS

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raul maia oliveira

LER NA INTEGRA EMWWW.PONTOSDEVISTA.PT

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Pontos de Vista Dezembro 2013

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A multidisciplinaridade de conhecimentos, des-de a mais alta tecnolo-gia até à interpretação da mais básica emoção é a base do trabalho desenvolvido na Clínica Eduardo Merino Tera-

pias Manuais. Partindo do princípio que quando olhamos para grandes mestres ao longo dos tempos vemos que todos eles seguem o caminho da cientificida-de e acabam sempre por se reencontrar com os princípios básicos das emoções e da natureza, nesta unidade de saúde a resposta dada ao paciente vai além da ciência e da técnica - ainda que primem pela excelência nestes aspetos - para en-trar no campo da emoção, do contacto diferenciado, do que está além do visível e mensurável.“O essencial é invisível aos olhos e a consulta muito formal a que estávamos habituados tira pormenores que fazem a diferença. A medicina está a mudar e o profissional de saúde deixou de se sentar do outro lado da secretária para se sentar ao lado do utente, deixou de apenas receitar para começar a escutar e deixou de mandar fazer uma bateria de exames para tocar no paciente. Isso trouxe mudanças, não só a nível técnico, mas também psicológico. Desta forma, os utentes vão mais felizes ao médico, sem receios e fazem disso rotina. Muito mais do que tratar saúde, nós estamos aqui para prevenir saúde e, por isso, o chamado cuidado de saúde primário, que antes era uma utopia, agora é uma realidade. Prova disso é o facto de 60 por cento das nossas consultas diárias são com pessoas que procuram melho-rar a sua performance”, explica.Na Clínica Eduardo Merino Terapias Ma-nuais potencia-se, assim, o organismo de cada paciente através de um conjunto de ferramentas que estimulam a parte física e emocional através de profissionais de áreas tão diferenciadas como a osteopa-tia, a fisioterapia, a acupunctura, a psico-logia, a nutrição, a dermatologia, a cirur-gia vascular, estética entre outras. Para cada uma destas áreas há uma profissio-nal competente, cujo grau mínimo de for-mação é a licenciatura e, dentro de cada uma delas, há profissionais multidiscipli-nares, com formação em diferentes áreas. Todos os anos fazem reuniões científicas,

estabelecendo os planos de investigação de cada um. Este ano, uns finalizam dou-toramentos, outros iniciam, em Portugal ou por este mundo fora. “Desta forma, conseguimos ligar os vários vetores de saúde, trazendo mais equilíbrio às pes-soas. 100 por cento de saúde não existe e portanto não é isso que damos aos uten-tes, o que damos é equilíbrio e capacidade para que percebam quais as ferramentas que têm que adquirir para que se consi-gam levantar rapidamente quando caem”, afirma o terapeuta.

“A gRANDE VANTAgEM DATERAPIA MANUAL é O TOqUE”

A Ciência Médica não se pode esquecer das suas origens. É importante saber ou-vir as vozes populares, as mais antigas tradições. Só assim faz sentido. “Pegamos nessas coisas boas e transformamos em ciência”, afirma Eduardo Merino.Em relação às formas de publicidade que a unidade tem usado ao longo dos anos, afirma que “ nós não somos uma empresa que publicita em grandes out--doors, ou entrega panfletos em feiras. São as pessoas que transmitem a nossa identidade e o nosso trabalho. Sermos referências naquilo que defendemos e fazermos disso a nossa vida”

Decorria o ano 2000 quando Eduardo Merino, em duas salas de um apartamento, deu início a um conceito de clínica a que hoje dá con-tinuidade num espaço novo, de maiores dimensões, com várias salas de terapia, ginásio e profissionais de saúde das diferentes áreas. Terapeutas que nasceram a estudar a saúde, a reinventar novas áreas do conhecimento e a correr o mundo das tecnologias para descobrir a dita “cura”. É assim que Eduardo Merino, Diretor desta Unidade de Saúde e aquele que lhe dá o nome, descreve o grupo de profissionais com os quais trabalha. Consciente, satisfeito e orgulhoso dos resultados que tem alcançado, garante: “somos conhecidos no país pela competência e evolução constante, as pessoas sabem que lhes apresentamos sempre as melhores soluções possíveis”.

“A TERAPIA MANUAL VAI ASSUMIR-SE COMO REFERêNCIA DE UMA NOVA ERA NA SAúDE”

“De ano para ano temos mais formação. Há pessoas que fazem cursos de fim--de-semana e dizem que são osteopatas mas as coisas não funcionam dessa for-ma e, felizmente, com as novas normas, estou confiante que começará a haver mais critério. Eu tenho quatro anos de formação base em fisioterapia e mais seis anos de formação em osteopatia na Escola Osteopática de Madrid onde nes-te momento sou monitor”, afirma este profissional que é ainda mestre em psi-cologia da dor, master em naturopatia, pós-graduado em gestão de unidades de saúde, docente universitário e formador na área das terapias manuais.“A investigação é essencial para criar evidência. O que não é muitas vezes fácil, reproduzir tantas avaliações em-píricas, que surgiram da mescla entre a intuição e o aperfeiçoamento da técnica. A Escola Osteopatica de Madrid, que só forma Fisioterapeutas, está a pautar esse trabalho de credibilização desta profissão”, refere.Mais do que isso, Eduardo Merino tem a convicção de que “a terapia manu-al vai assumir-se como referência de uma nova era na saúde. Prova disso é a crescente procura, inclusive por uten-tes médicos que percebem que este é o

caminho e, por isso, estudam também eles estas áreas. A grande vantagem da osteopatia é o toque. Trata-se de uma disciplina com uma função generali-zada, capaz de tratar as situações que mais facilmente associamos a esta área, como as dores musculares, mas também outras, tais como problemas digestivos ou até mesmo relacionados com o parto das crianças. O segredo da osteopatia é acompanhar o crescimento do feto e transmitir-lhe equilíbrio. Por sua vez, a acupunctura estimula pontos do nosso corpo promovendo um conjunto de me-canismos fisiológicos. Mediante o ponto, conseguimos induzir determinados me-canismos que são exatamente iguais aos efeitos produzidos pelos medicamentos, com a vantagem de não ter efeitos cola-terais, não gerar dependência e poten-ciar saúde”, explica.Àqueles que ainda são um tanto ou quanto céticos face a estas disciplinas complementares da saúde, Eduardo Me-rino deixa a mensagem “ninguém sente falta daquilo que desconhece e enquan-to não conhecer não vai sentir falta por isso, escolham alguém competente e ex-perimentem porque esse momento vai mudar as vossas vidas e a partir vão daí sentir falta. A nossa vida é um conjunto de várias coisas, a dor que sentimos no ombro pode ser reflexo de uma entorse que fizemos há dez anos ou do facto de estarmos ansiosos; se estou tenso ou oprimido tenho mais dores musculares, se faço menos desporto tenho mais fragi-lidades… Aqui, na clínica, montamos uma rede para cada pessoa, com o modo de vida de cada uma delas, e damos porme-nores de diferenciação que a permitam alterar no sentido corretivo. Por que é muito mais fácil ter azar que ter sorte, a nossa estratégia está em criar ferramen-tas que ajudem os utentes a terem sorte todos os dias”, conclui.

eduArdo merino terAPiAs mAnuAis, em destAqueMEDICINAS NATURAIS

eduardo merino

eduardo merino:Licenciado em FisioterapiaOsteopataMestre em Psicologia da DorMaster em NaturopatiaFormador em Terapias [email protected]

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Foi em 2000 que a Eco-Nu-tracêuticos, uma empresa nacional vocacionada para a suplementação nutricio-nal, começou o caminho que hoje se conhece. Quando se fala no balanço destes 13 anos de existência e de

consolidação de uma imagem reconhe-cida no mercado, Custódio César, Dire-tor Geral da empresa, não hesita: “No início estávamos a representar marcas estrangeiras, tínhamos poucos produtos de marca própria e foi com muita satis-fação que conseguimos implementar uma marca no mercado e expandi-la a nível internacional”, explicou. Falamos da marca GoldNutrition que apareceu em 2004 e tornou-se a primeira insígnia portuguesa de suplementação desporti-va. Assim, e tendo como bandeira esta marca, a Eco-Nutracêuticos tornou-se numa parceira de eleição de atletas de elite, patrocinando clubes ou despor-tistas e marcando uma presença regu-lar em vários eventos da área. “A maior parte dos atletas olímpicos já tomaram ou tomam suplementos da GoldNutri-tion e sentimo-nos gratos por contribuir para a melhoria das suas performances”, esclareceu o responsável em conversa com a Revista Pontos de Vista. O passo seguinte foi ainda mais alto. Em 2009, e depois de uma vasta experiência a acompanhar atletas de elite, a Eco-Nu-tracêuticos lança a linha GoldNutrition Clinical, uma forma de ajudar os tera-peutas ligados ao desporto através de uma solução natural para problemas de saúde que possam decorrer da prática de exercício físico regular.Sendo a sua eficácia cientificamente comprovada, o sucesso desta marca deveu-se, não só ao potencial que con-centrava, mas também ao desconhe-cimento que ainda havia nesta área. “Há 13 anos falava-se muito pouco de

alternativas credíveis, cientificamente validadas para baixar o colesterol, por exemplo, ou para melhorar os níveis de serotonina que é um neurotransmissor fulcral na prevenção da depressão. A Eco-Nutracêuticos apareceu, assim, com suplementos inovadores na área clínica, que nos tem permitido restituir a saúde às pessoas sem causar danos transver-sais”, defendeu Custódio César. Ao longo de todo o processo de implementação de um novo produto no mercado e abra-çando sempre a missão de fornecer pro-dutos dotados de inovação e qualidade

Jéssica Augusto, Emanuel Silva ou Dulce Félix. Em comum têm um percurso sólido enquanto atletas de elite. Mas, nesta incansável luta por excelentes resultados olímpicos, estes profissionais têm um parceiro de nutrição em todos os seus momentos. A Eco-Nutracêuticos, através da marca GoldNutrition, é a empresa líder no mercado nacional no segmento da nutrição desportiva e foi com o seu Diretor Geral, Custódio César, que a Revista Pontos de Vista conheceu uma empresa que tem procurado implementar alternativas seguras e naturais às carências nutricionais que existem na população portuguesa na generalidade e nos atletas em particular.

hÁ 13 ANOS COMO PARCEIRADE CONFIANÇA DE ATLETAS DE ELITE

no mercado da nutrição e dietética, a Eco-Nutracêuticos assume uma filoso-fia. “Temos o cuidado de não atirar para tudo o que mexe. Através do contacto com profissionais de saúde, de um forte trabalho de pesquisa e em parceria com laboratórios selecionados, desenvolve-mos as fórmulas que, no nosso entender, são as mais adequadas para determi-nadas necessidades”, afiançou Custódio César. Só assim a Eco-Nutracêuticos tem conseguido manter a liderança nacional na comercialização de suplementos de nutrição desportiva, reforçando ainda

a sua imagem nos mercados externos. Aqui, quando se fala em internaciona-lização, a empresa tem como objetivo, além de reforçar a sua presença nos pa-íses mais apelativos nesta área (Brasil e Espanha, por exemplo), penetrar em mercados menos explorados. Estamos a falar de países como a Roménia, Eslové-nia ou Letónia. Para se fazer ouvir num mercado onde se estabeleceu com uma filial há relativamente pouco tempo, a empresa tem já prevista a presença, com um stand bastante atrativo, no Rio de Ja-neiro, em abril de 2014, na maior feira do setor: Arnold Classic Brasil, idealiza-do pelo ator, político e ex-fisiculturista, Arnold Schwarzenegger. Deste modo, estando presente em eventos de reno-me internacional, a Eco-Nutracêuticos, aliada à permanente necessidade de re-juvenescimento, conservação e culto do corpo, tem mantido uma forte aposta na inovação.

Custódio CésAr, diretor gerAl dA eCo-nutrACêutiCos, umA emPresA líder em nutrição desPortivAMEDICINAS NATURAIS

marcas:- GoldNutrition: marca líderno mercado nacional na áreada nutrição desportiva;- GoldNutrition Clinical;- GoldNutrition Slim;- Ultramax;- Kyolic.

CertificaçãoNa Eco-Nutracêuticos, todos os produtos são produzidos em la-boratórios certificados da União Europeia, onde não são produzi-dos fármacos ou substâncias do-pantes. Além disso, os produtos GoldNutrition são enviados para um laboratório internacional, creditado pelo Comité Olímpico Internacional.

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a maior parte dos atletas olímpicos já tomaram ou tomam suplementos da Gold-Nutrition e sentimo-nos gratos por contribuir para a melhoria das suas performances

“custódio césar

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ANTES DE TOMAR UMSUPLEMENTO, qUE CUIDADOS

DEVO TER?Enquanto nutricionista, Custódio César recomenda que cada pessoa, no mo-mento em que começa a tomar um su-plemento, procure o especialista mais adequado, consoante o produto em questão. Quando estamos a falar de um suplemento alimentar, o nutricionista será claramente o profissional mais apto a responder às dúvidas. Mas não podemos esquecer que dentro dos suplementos existem variadas ca-tegorias. Assim, por exemplo, quando alguém decide tomar um suplemento à base de plantas medicinais, deverá socorrer-se de quem tem, teoricamente mais informação nesta área, neste caso o farmacêutico.Recentemente, um inquérito europeu sobre “Resistência Antimicrobiana” mos-trou que os portugueses não conhecem os riscos de tomar desnecessariamente antibióticos e, como tal, ainda acredi-tam que curam constipações. Nada há de mais errado. Nestas situações, quan-do surgem os primeiros sinais de gripe, Custódio César aconselha a toma de um suplemento que irá fortalecer o sistema imunitário. Como? “Através de uma equi-nácea (planta reconhecida pelas suas capacidades terapêuticas de estimular o sistema imunitário para prevenir e aju-dar a combater infeções respiratórias) que está bem documentada nesta área e que, associada com Vitamina C e ao Ex-trato de Alho Envelhecido tem ótimos re-sultados. Claro que em casos mais graves deve-se consultar o médico. Mas na fase inicial, importa fortalecer o sistema imu-nitário”, explicou. A toma de Extrato de Alho Envelhecido por três meses, duran-te o final do outono e início do inverno, pode aumentar a capacidade de defesa imunitária e diminuir o número ou a gra-vidade das infeções respiratórias típicas desta época do ano, conforme publicado em várias revistas científicas.

TERAPêUTICA à BASE DEExTRATO DE ALHO ENVELHECIDO

Além dos produtos já mencionados, a Eco-Nutracêuticos tem uma linha à

base de extrato de alho envelhecido que é, atualmente, um dos suplementos mais investigados em todo o Mundo, com mais de 700 trabalhos científicos publicados. Trata-se de um produto com duas principais áreas de interven-ção: cardiovascular e sistema imuni-tário. “Estamos a falar de um produto envelhecido através de processos natu-rais e, ao longo desse período de longo envelhecimento, adquire uma série de propriedades que conseguem prevenir doenças cardiovasculares, reduzindo uma série de fatores de risco”, expli-cou Custódio César, para quem tal não acontece com os fármacos existentes no mercado. “Há medicamentos espe-cíficos para o colesterol, para os trigli-céridos, para a redução da inflamação mas que reduzam uma série de fatores, como acontece com o Extrato de Alho Envelhecido Kyolic, não há”, defendeu o nutricionista. Diversos estudos têm demonstrado que este produto traz benefícios para a proteção do cora-ção, desintoxica o fígado, fortalece o sistema imunitário, tem propriedades antioxidantes, auxilia no controlo do stress, diminui o cansaço, protege con-tra o cancro e tem ainda propriedades antienvelhecimento.

REDUçãO DO IVASOBRE OS SUPLEMENTOS

A lei que regula a venda de suplemen-tos alimentares foi, recentemente, al-terada, obrigando à mudança de rótu-los, muitos deles que se encontravam nas prateleiras dos estabelecimentos. Com esta medida, a Eco-Nutracêuticos, numa legislação que Custódio César apelidou de “despropositada”, perdeu mais de 50 mil euros. Para o respon-sável, muito há ainda a fazer por este setor, a começar pela diminuição do IVA sobre os suplementos alimentares. “Es-tamos a falar de produtos para a saúde que podem evitar doenças crónicas. Faz todo o sentido que as pessoas possam escolher e não serem obrigadas a to-mar um fármaco se não for essa a sua vontade. Toda a gente deveria ter direi-to a escolher a sua forma de tratamen-to”, defendeu. Contudo, o Diretor Geral da Eco-Nutracêuticos sabe ser difícil chegar a esse ponto. Porquê? “A indús-tria farmacêutica é muito poderosa”, respondeu.Apesar de irem lutando contra a maré, a Eco-Nutracêuticos tem sonhos por concretizar. “Queremos fazer da Gold-Nutrition uma marca internacional. Queremos produzir alguma coisa em Portugal uma vez que as fórmulas são desenvolvidas cá pelo nosso grupo de trabalho mas a produção é feita no es-trangeiro. Queremos que a ciência este-ja cada vez mais interligada connosco e estarmos, por exemplos, associados a uma universidade ou a um centro de alto rendimento”, enumerou Custó-dio César. São sonhos a médio/longo prazo que estes 13 anos de existência e consolidação no mercado permitem desejar.

eco-nutracêuticos em dados cronológicos2000 – Criação da empresa;2003 – Foram estabelecidos os pri-meiros contactos para a produção de uma marca própria nesta área;2004 – Surge a marca GoldNu-trition;2009 – Depois de uma vasta ex-periência a acompanhar atletas de elite, surge a GoldNutrition Clinical;2011 – Lançamento da gama Ultramax, uma marca Premium na área do anti-envelhecimento;2012 – Foi lançada a GoldNutri-tion Slim, uma gama específica de emagrecimento da GoldNutrition.

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Com mais de 40 anos de experiência, a Natiris está vocacionada para a pro-dução e comercialização de suple-mentos alimentares. Que balanço se pode fazer do percurso da empresa ao longo destas quatro décadas de existência?Obviamente que o balanço é positivo. A Natiris tem tido ao longo dos seus 42 anos de existência, um crescimento gradual e sustentado, alicerçado em elevados pa-drões de qualidade que vão desde os pro-dutos: das matérias-primas à embalagem e rotulagem; à qualidade dos fornecedo-res e todos os players do mercado, e à qua-lidade dos recursos humanos e profissio-nais que temos recrutado criteriosamente para trabalhar connosco. Há 4 anos consecutivos que a Natiris é distinguida com o estatuto de PME Lí-der atribuído no âmbito do Programa FINCRESCE que distingue empresas nacionais com perfis de desempenho superiores, também este ano (2013) a gama CEREBRUM foi eleita pelos consu-midores portugueses, como Produto Do Ano. Estas distinções são um selo de re-putação e estímulo para prosseguirmos a nossa dinâmica empresarial, que contri-bui de forma sustentável para a criação de riqueza nacional e bem - estar social.

Na Natiris têm como missão descobrir novos caminhos para uma saúde natu-ral através de uma alimentação saudá-vel. Quais os principais cuidados que se deve ter a este nível e para os quais a empresa tenta dar resposta?Quando falamos de alimentação saudá-vel, estamos a falar obviamente da in-gestão de alimentos que proporcionem ao organismo elementos vitais à nossa saúde e bem-estar.Os principais cuidados a ter relacionam--se com o sedentarismo, a rotina, a falta de tempo e a mudança para modernos hábitos alimentares que promovem défices de nutrientes, vitaminas e/ou minerais no organismo, por não serem ingeridos nas quantidades necessárias, ou que, o nosso organismo é incapaz de sintetizar ou sintetiza em menor quanti-dade por consequência, por exemplo, do avanço da idade.

Daí a importância e pertinência da su-plementação alimentar, que não subs-titui um regime alimentar variado mas responde e compensa as carências nu-tritivas no organismo.

Quais são os principais erros alimen-tares que normalmente cometemos? Quais são os melhores suplementos para colmatar os efeitos desses mes-mos erros?Atualmente são muitos e grande parte deles são, de certa forma, consequência da crise económica que atravessamos, mas os mais importantes são: não tomar o pequeno-almoço, ou substituí-lo por um café; o baixo consumo de peixe fres-co, legumes e frutas frescas, o excesso de consumo de sal, óleos e de hidratos de carbono. Estes exemplos de erros alimentares po-dem provocar obesidade, diabetes, exces-so de colesterol no sangue e hipertensão arterial que, como sabe, são as principais causas de ocorrência de eventos cardio-vasculares como AVC (acidente vascular

Numa altura em que o tempo para sentar, relaxar e fazer refeições corretas escasseia para grande parte das pessoas, com um dia a dia cada vez mais agitado e stressante, os suplementos alimentares são uma boa alternativa e, por isso, são também cada vez mais procura-dos. A Natiris é um das principais produtores de suplementos alimentares em Portugal. Criada em 1971, cria suplementos alimentares de qualidade e eficácia comprovada, podendo assumir hoje a sua posição de liderança no sector. Fique a conhecê-la, através desta entrevista ao Administrador da empresa, Alexandre Silva.

“AS PRINCIPAIS NECESSIDADESDOS CONSUMIDORES RELACIONAM-SECOM AS CARêNCIAS VITAMíNICAS”

cerebral) e enfartes do miocárdio, a pri-meira causa de morte em Portugal.A prevenção deve passar a ser, sempre, encarada como uma prioridade e neste caso em particular, temos no mercado resposta eficaz para este problema de saúde pública, as doenças cardiovascula-res, sabe-se que o suplemento alimentar feito à base de arroz vermelho fermen-tado (Monascus purpureus, de nome comercial: Colester Oil Duo) de onde se obtém uma substância chamada mona-colina K, contribui para a manutenção de níveis normais de colesterol no sangue.

Quais são os produtos normalmente mais procurados? Quais são as princi-pais necessidades que identificam nos consumidores no momento atual?Os produtos mais procurados são os multivitamínicos e os estimulantes ce-rebrais. Uma vez mais, em reflexo da conjuntura económica que Portugal atravessa, as principais necessidades dos consumidores relacionam-se com as carências vitamínicas, devido aos

entrevistA A AlexAndre silvA, AdministrAdor dA nAtirisMEDICINAS NATURAIS

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uma vez mais, em re-flexo da conjuntura económica que Portugal atravessa, as principais necessidades dos consu-midores relacionam-se com as carências vitamí-nicas, devido aos maus hábitos alimentares e à necessidade de estimu-lar o cérebro: melhorar o rendimento intelectual, o raciocínio, memória e atenção; combater a fadiga física e mental

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Pontos de Vista Dezembro 2013

maus hábitos alimentares e à necessi-dade de estimular o cérebro: melhorar o rendimento intelectual, o raciocínio, memória e atenção; combater a fadiga física e mental.

Quais são os mercados externos para os quais a Natiris está atualmente a exportar os seus produtos? Na atual conjuntura nacional, a internaciona-lização impôs-se como uma necessi-dade para a empresa?Atualmente a Natiris exporta para An-gola, Moçambique, Cabo Verde, Andor-ra, Espanha, Holanda, Escócia, Roménia, Canadá, Argélia, Emiratos Árabes Uni-dos, Azerbaijão.E sim claro, a expansão do negócio para mercados internacionais fez parte de uma orientação estratégica da Natiris de aumentar a abrangência e distribuição para novos mercados em detrimento da dependência exclusiva do mercado na-cional e foi também o agarrar de oportu-nidades que nos foram surgindo fruto da grande notoriedade das marcas que co-mercializamos, dando resposta à procura dos mercados internacionais pelos nos-sos produtos. Temos uma parceria com

os Laboratórios Sanofi de distribuição internacional de alguns produtos, como por exemplo o Cerebrum (Omnivit).

De que forma a empresa tem conse-guido responder às exigências atuais no que diz respeito à segurança ali-mentar?Para garantir o elevado nível de proteção dos consumidores e facilitar a sua escolha, a Natiris disponibiliza produtos sujeitos a uma investigação e desenvolvimento rigo-rosos, rotulados e seguros os quais se tra-duzem nas melhores formulações.Escolhemos criteriosamente os forne-cedores que garantem a mais eleva-da pureza e qualidade de produtos e matéria-prima, fabricados segundo os requisitos da FDA (Food and Drug Ad-ministration), segundo as regras HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Point) e os requisitos GMP (Good Manu-facturing Practices). Todos os produtos são notificados, e praticamente todos têm código CEDIME, atribuído pela As-sociação Nacional de Farmácias.

A legislação nesta área tem vindo a apertar, é importante que assim o

seja de modo a que haja uma sepa-ração entre o trigo e o joio? Há ainda muitas empresas a vender produtos que anunciam como milagrosos mas cujos efeitos secundários são de ele-vado perigo para a saúde?É importante haver controlo sobre as em-presas, que como refere, anunciam pro-dutos eficazes e na realidade, por falta de qualidade, inspeção e/ou informação nas embalagens, podem traduzir-se em pro-blemas graves de saúde pública, tal como é muito importante, regular produtos cujas dosagens de princípios ativos são tão reduzidas que não apresentam qual-quer benefício para o consumidor. A legislação vai ao encontro dos direi-tos e proteção dos consumidores e a regulamentação é importante em todos os mercados, é uma espécie de seleção natural das “espécies” onde (segundo Darwin) só os mais aptos sobrevivem.

Os suplementos alimentares são im-portantes no sentido a que se aporte a uma medicina mais preventiva e menos interventiva? Quais as princi-pais vantagens que identifica no con-sumo destes produtos? 47

As principais vantagens são as que refe-riu, os suplementos alimentares atuam de forma preventiva evitando, em al-guns casos, os efeitos nefastos que estão intrinsecamente associados às doenças: os sintomas; as despesas associadas ao tratamento; a abstenção do trabalho e os tratamentos invasivos que apresen-tam, quase sempre, efeitos colaterais a curto e médio prazo.

O que é que podemos esperar da Na-tiris nos próximos tempos? Têm no-vos mercados em vista? Serão lança-dos novos produtos?Temos na Natureza a nossa inspiração. O Rigor e Inovação como objetivos constan-tes, a Natiris comemoram os seus 42 anos com os olhos postos no futuro. Atenta à evolução e oportunidades do mercado. Temos muitos projetos por realizar, que sim, passam pela expansão para novos mercados e pelo lançamento de novos produtos. Podem contar com uma em-presa que irá continuar dinâmica, em-preendedora e pró-ativa.

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A FIL Diverlândia anima o Parque das Nações entre 30 de novembro e 5 de janeiro, numa iniciativa que tem entrada livre. Segundo a organização, este será o maior parque de diversões coberto do país, com os mais mo-dernos equipamentos.

Instalado no Pavilhão 1 da FIL, o evento promete anima-ção para todas as idades, num espaço de 10.000 m2, equivalente a um campo de futebol, e com entrada livre.O parque é organizado pela Fundação AIP que promove a realização deste evento em simultâneo com a Natalis – Feira de Natal de Lisboa, com o Portugal Maior - Encontro Internacional para o Envelhecimento Activo, e com a FIL OUTLET, eventos que decorrem paralelamente.

O ano 2014 começa com a 20.ª edição da ExPONOIVOS® Lisboa e Norte, a feira de referência para o setor nupcial e para os noivos que confiam no evento para organizarem o seu casamento de sonho. O evento realizar-se-á entre os dias 10, 11 e 12 de janeiro no Centro de Congressos de Lisboa e estará na Exponor (Porto) a 17, 18 e 19 do mesmo mês.Com 20 anos de história, a ExPONOIVOS é responsável pela concretização dos sonhos de milhares de casais que desde 1994 visitaram o evento.

A dieta mediterrânica foi classificada como Património Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNES-CO), em Baku, no Azerbaijão. A decisão foi tomada no âmbito da 8ª Sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO, onde está presente uma delegação portuguesa, liderada pela Câmara de Tavira, que submeteu a can-didatura conjuntamente com o Chipre, a Croácia, a Grécia, a Espanha, a Itália e Marrocos. Depois do fado, classificado com o mesmo título há dois anos, Portugal volta a integrar a lista de bens do Património Imaterial e Cultural da Humanidade, desta vez numa vertente gastronómica.

A Compal está a promover, pelo segundo ano consecu-tivo, uma iniciativa de apoio à fruticultura destinada a jovens empreendedores. Os três projetos vencedores desenvolvidos pelos formandos da Academia do Centro de Frutologia da marca ganharão 20 mil euros para se-rem postos em prática.Segundo informa o site da Acade-mia, a edição para 2013/2014 tem como destinatários “empreendedores agrícolas que pretendem instalar-se, aumentar ou reconverter a sua exploração agrícola, pro-duzindo uma das seguintes frutas: ameixa, ameixa rai-nha cláudia, baga, cereja, diospiro, maçã, maçã bravo de esmolfe, melancia, melão, meloa, marmelo, pêssego ou pera rocha”.

FIL DIVERLÂNDIA

ExPONOIVOS REGRESSA AO PORTO E LISBOA

DIETA MEDITERRÂNICA É PATRIMóNIO IMATERIAL DA hUMANIDADE

COMPAL VAI DAR 60 MIL EUROS A JOVENS FRUTICULTORES

BREVES

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Em 1977, Ana Maria Ferro concluiu a sua licencia-tura em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Por-to. Assumindo-se como uma perfecionista de raiz, a então recém licenciada

partiu para a Ilha de Santa Maria, nos Açores, com a motivação de colocar em prática os seus conhecimentos. Foi, en-tão, que chegou a frustração. Apesar da qualificação, Ana Maria Ferro não sentia que dava um efetivo contributo à melhoria da quali-dade de vida das pessoas e não estava a cumprir o seu principal desígnio que era curar. Foi então que, “porque o universo é perfeito”, Ana Maria Ferro conheceu um radioamador brasileiro que tam-bém era médico e que lhe abriu novos horizontes. Foi o momento de fazer as malas e partir para o Brasil. “Quando lá cheguei, a homeopatia era uma especia-lidade médica, integrada nos hospitais. Em Portugal, trabalhamos muito com a sintomatologia, enquanto lá se foca mais a vertente psicológica”, relembrou. O dia em que se especializou em homeopatia foi “o dia mais feliz” da sua vida e foi com esse sentimento que regressou a Portu-gal. Mas o que encontrou cá, em 1985, ficava muito aquém do que já fazia parte do quotidiano de países como o Brasil. “Não se ouvia falar nem em homeopatia nem em acupunctura. O que existia era conhecido como bruxaria e eu era um ovni em Portugal”, explicou a respon-sável. Quando chegou, a homeopatia, tal como a conhecia, não era suficiente porque as pessoas que chegavam eram extremamente patológicas. Ana Maria Ferro teve de se reajustar e, no fundo, reaprender. Demorou dez anos a adap-tar-se a esta nova realidade, a rodear-se dos profissionais mais competentes e a mudar mentalidades. “Partir pedras”

como descreveu. O resultado é hoje conhecido. Chama-se Clínica de Saúde Integral e Ana Maria Ferro é a respetiva Diretora Clínica. Ao longo dos últimos anos, a Clínica era vista como um “embrião”. Vive, hoje, um momento de transformação, onde o objetivo passa por fomentar a comuni-cação com o exterior. Aliás, não foi a pu-blicidade que fez crescer o arquivo desta entidade. “Os doentes chegam aqui boca a boca. A idoneidade do processo fala por si. Há doentes que chegam, muitas vezes, às portas da morte e sabem que de mim só terão a verdade”, defendeu. Das terapias existentes na Clínica de Saúde Integral, destaca-se a geronto-logia, cujo principal foco é valorizar a população mais envelhecida. Uma va-lorização que passa acima de tudo pela prevenção. “Temos que começar a cui-dar dos velhos aos 30 anos de idade. Aos 40 ou 45 já existem muitas ideias for-madas e não se consegue mudar muita coisa. Tudo passa por uma boa alimen-tação, por uma vida ativa e por manter o cérebro a funcionar com expetativas e motivações”, afirmou Ana Maria Ferro. A equipa foca-se num trabalho muito direcionado para o corpo uma vez que “é nas memórias celulares que está tudo

“Cada doente que nos entra, sai um amigo que entendeu as regras para não adoecer e perceber a direção a tomar para se sentir bem con-sigo próprio e com o mundo”. Se existe ingrediente para o sucesso de uma empresa, esta é, sem dúvida, a receita que a Clínica de Saúde Integral tem incrementado ao longo dos seus 18 anos de existência. Munindo-se de uma equipa conhecedora e especializada, Ana Maria Ferro tem tentado sempre cumprir o seu objetivo: curar quem a procura. Ao longo deste trabalho, não falamos de doentes ou de pacientes, mas sim de amigos.

“AS PESSOAS ChEGAM AQUI à PROCURADA VERDADEIRA CURA”

arquivado”. Ana Maria Ferro falou ainda de uma vertente nova em que a clínica tem apostado. Chama-se terapia reco-nectiva e, no fundo, inspirada pelo livro de Eric Pearl, trata-se de uma ligação do ser humano com o universo.

DESCRENçA NA MEDICINACONVENCIONAL?

A fase em que as pessoas recorriam às medicinas alternativas como resultado de uma profunda descrença nos mé-todos convencionais já passou. Neste momento, “as pessoas chegam aqui à procura da verdadeira cura”, salientou Ana Maria Ferro. A crise tem uma per-centagem de responsabilidade, claro. O risco de depressão é maior, os níveis de ansiedade estão no auge. Mas é mais do que isso. “Temos uma rapidez de conclu-são de processos fantástica. Uma amiga disse-me que eu era conhecida por curar cancros mas não é verdade. Não curo nada. A pessoa cura-se a si própria. Eu apenas facilito a cura através de uma postura correta, de bons hábitos e, de facto, temos muitos casos de remissão”, evidenciou a responsável. Para a especialista, é em tenra idade que se deve apostar na prevenção de doenças e os pais têm sempre um papel de uma importância incontornável. Não se mani-festando contra as vacinas, de todo, Ana Maria Ferro defende uma reavaliação do momento certo para vacinar uma crian-ça. “Não se devem dar tantas vacinas numa altura da vida em que as crianças ainda não têm um sistema imunológico competente”, alertou. Neste sentido, a Clínica de Saúde Integral é, atualmente, procurada por muitos pais uma vez que disponibiliza a resposta para estas preo-cupações. Através do Sistema Darkfield, é possível observar os glóbulos ao vivo e, com uma simples gota de sangue, per-ceber se aquele é o momento certo para avançar com a vacina.

“LIBERTAR AS PESSOAS DAS AMARRAS EMOCIONAIS”

Para o futuro, Ana Maria Ferro não escon-de a vontade de ter um local de interna-mento onde as pessoas pudessem, em con-tacto com a natureza, tornarem-se mais saudáveis. Trata-se de um espaço onde o objetivo passaria por “libertar as pessoas das amarras emocionais”, desprendendo--as, durante algum tempo, do seio das suas famílias que são, em muitos casos, a origem destas instabilidades. Além disso, a especialista ambiciona ainda implemen-tar um dia de atendimento gratuito por semana. Mas, para tal, não basta ter força de vontade. É necessário alcançar a renta-bilidade que permita dar esse passo. Até lá, Ana Maria Ferro deixou o repto: “qualquer pessoa é bem recebida na nossa clínica, mesmo que seja só para conhecer as nos-sas instalações e respirar o nosso ar”.

AnA MAriA FErrO, DirEtOrA ClíniCA DA ClíniCA DE SAúDE intEgrAl, AFirMOu:MEDICINAS NATURAIS

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ana maria Ferro

serviços disponíveis:Clínica Geral; Nutrição; Geronto-logia; Psicologia; Medicina Tradi-cional Chinesa.

diagnósticosComplementares:DDFAO e Darkfield.

terapias:Homeopatia, Quiroprática, Oste-opatia, Fitoterapia, Florais, Sacro craneana, Vegamed Matrix, Mas-sagens, Exercícios Respiratórios, Mesoterapia, Terapia Neural, Manipulação Visceral, Terapia Reconectiva.

Projetos:Educação para a Saúde Integral – “Aprender a pensar”, “Apren-der a amar”, “Aprender a comer”, “Aprender a escolher”.

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Em que consiste a Terapia Bowen ISBT e a que patologias é capaz de dar uma resposta eficaz?A Terapia Bowen é uma terapia manu-al que trabalha sobre o corpo, fazendo pequenos movimentos de cruzamento sobre as fibras musculares, tendões e ligamentos, por forma a promover o relaxamento das estruturas e assim ali-viar e curar os sintomas, como sejam, as dores musculares e articulares, contra-turas, tendinites, etc. As queixas mais comuns das pessoas que nos procuram são, por exemplo, ciática, ombro conge-lado, dores nas costas, dores de cabeça, dos braços ou das pernas, etc, e também por vezes dores viscerais.

Quais são as principais vantagens associadas a esta terapia? Quais os resultados que os pacientes podem esperar após uma sessão?A grande vantagem da Terapia Bowen é a sua suavidade em comparação com outras técnicas mais invasivas, nomeadamente osteopatia, quiropraxia, etc. A suavidade

e ao mesmo tempo a eficácia da Terapia Bowen permite que esta técnica possa ser utilizada em pessoas muito fragilizadas, idosos, convalescentes, em recuperações de cirurgia, e também em crianças peque-nas e até bebés recém nascidos.

A Terapia Bowen ISBT assemelha-se em alguns aspetos à acupunctura. Quais os principais fatores distinti-vos entre estas duas terapias?A acupunctura tem por base a prática da Medicina Tradicional Chinesa e o siste-ma de meridianos que permeiam todo o corpo, através de pressão exercida pelas agulhas em determinados pontos. A Terapia Bowen baseia-se na técnica desenvolvida pelo australiano Tom Bo-wen, nos anos 50-60 do século passado, e tem por base a homeostasia, ou seja, a tendência do corpo humano para se equilibrar naturalmente. Com os movi-mentos Bowen, o terapeuta dá determi-nados impulsos ao corpo, que chegam ao cérebro e promovem esse equilíbrio duma forma natural.

Desenvolvida pelo trabalho inovador do australiano Tom Bowen, a Terapia Bowen tem tido bastante sucesso e resultados muito positivos na recuperação e tratamento das mais variadas dores e quadros clínicos. Reconhecida internacionalmente como uma terapia manual efi-caz, já está em Portugal desde 2007, oferecendo grandes oportunidades de aplicação nas mais variadas áreas e queixas. Helena Quinta, Terapeuta Bowen ISBT e Formadora da International School of Bowen Therapy explica em que consiste esta terapêutica.

UMA TERAPIA SUAVE E EFICAz QUE PODE SER USADA EM PESSOAS MAIS DEBILITADAS

Onde é que os leitores podem fazer uma sessão de Terapia Bowen ISBT? Já há uma rede de terapeutas bem di-fundida no país?A Terapia Bowen ISBT está em Portugal desde 2007 e temos já bastantes tera-peutas a trabalhar a nível nacional. Atra-vés do site: www.terapiabowenportugal.com podemos encontrar os terapeutas disponíveis por região e seus contactos.

Para além de terapeuta é também formadora Bowen ISBT. Quando é que serão ministrados novos cursos de formação nesta área e a quem é que estes se dirigem?Os cursos básicos de Terapia Bowen da International School of Bowen Therapy são efetuados normalmente duas vezes por ano. O próximo inicia-se em fevereiro 2014, e as inscrições estão já abertas. Es-tes cursos são indicados para as pessoas que queiram desenvolver as suas compe-tências em terapias corporais, ajudando outras pessoas, familiares e amigos, e também em termos profissionais e de saúde. No site acima referido encontra--se toda a informação sobre estes cursos.

Como descreve a evolução desta área em Portugal nos últimos anos? O nú-mero de terapeutas e a procura desta terapia tem vindo a aumentar?Penso que, cada vez mais, as pessoas pro-curam técnicas não invasivas para tratar o seu corpo e as suas doenças. Temos tido muito bons resultados com esta terapia em Portugal (tal como acontece um pou-co pelo resto da Europa e do Mundo – em Hong-Kong existem já hospitais cujos mé-dicos trabalham já com a Terapia Bowen) e por isso, há um número crescente de pessoas que procuram este tratamento. Mesmo com doenças como a fibromialgia, artrite reumatoide, Parkinson, etc.,que não têm cura de momento, mas que dão

muito mal-estar às pessoas, temos conse-guido melhorar significativamente a qua-lidade de vida desses pacientes.

Acredita que o futuro da medicina será marcado por uma maior com-plementaridade entre a medicina tradicional e as terapias e medici-nas alternativas? Será possível que em Portugal, no médio prazo, ambas possam conviver no próprio sistema nacional de saúde?Seria ótimo para as pessoas se isso acontecesse! Hoje, esse processo está já em marcha, mas anda devagar. Há todo o interesse que essa complementaridade possa existir, para o bem de todos.

Que mensagem gostaria de deixar às pessoas que não conhecem esta tera-pia e são ainda um pouco céticas rela-tivamente aos tratamentos holísticos?A Terapia Bowen não é invasiva, é suave e ao mesmo tempo eficaz, conseguindo resolver a maioria dos problemas que afligem as pessoas. É só uma questão de experimentar e ver como se sente. Não custa nada!

terAPiA Bowen, sAiBA mAisMEDICINAS NATURAIS

Helena quinta

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A Psicoterapia Transpessoal, ainda embrionária em Portugal mas já relativamente difundida além--fronteiras, ocupa-se dos estados alterados de consciência e da ex-periência que vai “além do pesso-al”, ou seja, além da persona, da identidade rudimentar ou do ego.

O seu propósito é o de contribuir para uma visão mais compreensiva e holística do ser humano, impulsionando-o a evoluir. Estabelece uma ponte entre a dimensão pessoal da consciência, onde se inserem o ego e as suas motivações mais básicas, e a dimensão transcendente – frequentemente sina-lizada como espiritual –, que incorpora a interco-nexão com os outros seres, a natureza e o cosmos.O movimento transpessoal surgiu através dos con-tributos de psicólogos como Carl Jung, Roberto Assagioli e Abraham Maslow, sendo oficialmen-te fundado nos E.U.A. em 1969. No entanto, esta visão já se encontra presente desde há milénios no Oriente, sendo reconhecidas as experiências transcendentes como naturais e até positivas para o processo de desenvolvimento do ser humano.

ABORDAgEM EM ExPANSãOEm Portugal, contamos com o apoio da Alubrat – Associação Luso-Brasileira Transpessoal e de outras instituições onde se encontra já disponível um reduzido, mas importante, leque de formações nesta área, como a pós-graduação em Psicologia da Consciência, pelo ISPA.Embora ainda se faça conhecer de forma tímida, este ramo da Psicologia, considerado como a sua quarta força, começa a angariar a simpatia e inte-resse do público, sobretudo daqueles que são for-mados numa área terapêutica ou de saúde e que procuram integrar ferramentas mais holísticas na sua ocupação. Existe, no entanto, ainda alguma confusão entre o terapeuta transpessoal e o “guru ou guia espiritual”, sendo que o termo transpessoal tem sido adotado de forma algo generalizada para se referir a abordagens de caráter mais espiritual, o que nem sempre se traduz numa abordagem psi-

coterapêutica. Há, por isso, que ter alguma atenção na escolha do terapeuta a consultar, para se ter a certeza de que não se compra “gato por lebre”.Em parte, devido à crise, e por outro lado, devido a uma certa abertura natural que a população por-tuguesa parece ter em relação a estas temáticas, existe cada vez mais uma procura por terapias não-convencionais e complementares. Parece es-tar a surgir uma nova consciência voltada para o natural, numa espécie de regresso às origens, em que se privilegiam os métodos orgânicos e de autoconhecimento como base de um trabalho de cura pessoal mais profundo e responsável.Lá fora, a Escola Espanhola de Desenvolvimento Transpessoal (Madrid) oferece um programa for-mativo de dois anos como Terapeuta Transpesso-al. Em Inglaterra, a Universidade de Northampton possui uma pós-graduação em Psicologia Transpes-soal e Estudos da Consciência. Nos Estados Unidos, a Sofia University (Califórnia) e a Kona University (Havai) oferecem mestrados e doutoramentos na área. A Eurotas – The European Transpersonal Association é uma das associações europeias mais ativas neste âmbito. Gradualmente, a Psicologia Transpessoal começa a demarcar o seu território.

MAIS-VALIAS DO TRANSPESSOALEsta abordagem dá um salto quântico face às ante-riores abordagens psicológicas, baseadas no ma-terialismo científico. Mostra que não pode existir uma experiência de saúde e bem-estar psicológico duradouro se a pessoa não estiver conectada com o nível transcendente ou espiritual da realidade, e sobretudo, se não estiver a avançar no aprofun-damento dessa conexão. As implicações destas

Formou-se em Psicologia Social e Organizacional, pelo ISCTE, mas logo percebeu que o âmbito da Psicologia que a fascinava era outro – uma vertente mais holística e integrativa, capaz de ir além da visão racionalista do ser humano e de libertar a consciên-cia para um olhar mais abrangente da realidade. Trabalha como terapeuta transpessoal, utilizando nas suas consultas técnicas meditativas e regressivas, em busca do potencial maior de crescimento e de autocura que já reside em cada paciente.

PSICOTERAPIA TRANSPESSOAL – UMA ABORDAGEM hOLíSTICA

conclusões são radicais, pois demonstram que podemos resolver problemas pontuais e suprimir os sintomas desconfortáveis gerados pela tensão, stress, depressão, ansiedade e até pelas doenças, mas não podemos ir mais além e erradicar estes estados patológicos das nossas vidas se não existir uma abertura ao que é transcendente e que está para além da compreensão humana.A visão transpessoal reconhece, assim, uma liga-ção entre os três níveis fundamentais do ser: o físico, o mental/emocional e o espiritual. Influen-ciada pelas filosofias orientais, esta abordagem desdramatiza a importância do pessoal e sublinha a importância universal da experiência humana. De acordo com esta visão, as limitações e imper-feições que trazem sofrimento são apenas transi-tórias e necessárias, no caminho da plenitude. Em vez de se criarem obsessões por estas imperfei-ções, é mais útil desdramatizá-las e enfraquecer a ilusão de que vivemos uma existência separada. As práticas meditativas e de regressão são, por isso, comuns no trabalho transpessoal e possibilitam ao paciente avaliar a sua vida a partir de um olhar mais abrangente, compreendendo a conexão entre o que lhe sucede e o que existe no seu interior. Também as técnicas de libertação psicocorporais, técnicas res-piratórias e técnicas criativas são utilizadas, para promover a transformação pessoal e o alargamento da consciência. Esta abordagem pode, em alguns casos, promover uma reabilitação mais rápida do paciente e evitar o uso de medicação. No entanto, nem todos os casos serão para tratar sem o apoio da psicologia e psiquiatria tradicionais, e por isso, esta abordagem pode ser complementar às abordagens mais clínicas, sempre que necessário. O maior desafio desta área parece ser a dificulda-de em investigar as experiências transcendentes em laboratório pois, pela sua própria definição, estas são experiências que transcendem os limites da ciência, embora existam já avanços no seu estu-do. O Journal of Transpersonal Research apresenta semestralmente novas investigações na área.

susAnA Belo, liCenCiAdA em PsiCologiA, terAPeutA AlternAtivA e formAdorA

MEDICINAS NATURAIS a oPInIÃo de...

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LER NA INTEGRA EM WWW.PONTOSDEVISTA.PT

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Se, no passado, era obri-gatório apresentar o documento de certifica-ção energética somente aquando da transação comercial (venda ou arrendamento), a par-tir do primeiro dia do

presente mês de dezembro, o cenário é outro. Desde o momento zero, essa informação deve ser comunicada nos anúncios comerciais. Esta será uma responsabilidade partilhada entre o proprietário e o mediador imobiliário, sendo que, em caso de incumprimento, a multa poderá ir até aos 45 mil euros (aproximadamente) no caso de pesso-as coletivas. Já os certificados podem custar 200 euros ou mais, mediante a empresa que o passa e a dimensão do imóvel. Por um lado, estes certificados estabelecem até que ponto a casa é efi-ciente mas é também uma forma de se-rem propostas melhorias para aumen-tar a poupança em termos de energia. Para Jorge Fonseca, Gestor da Fracção Exacta Imobiliária, “trata-se de mais uma medida que dificulta o nosso tra-balho”, acrescentando: “trata-se de mais uma taxa que o Governo quis criar para tirar uma mais valia porque ninguém sabe para que é que isto serve. Se hou-vesse algum benefício e o cliente tivesse, por exemplo, uma redução de impostos, mas nada disso acontece. O IMI (Impos-to Municipal sobre Imóveis) é o mesmo, quer tenha uma classificação energética alta ou muito baixa”, declarou.A obrigatoriedade de apresentar este

documento no momento da escritura é completamente aceitável para Jor-ge Fonseca mas esta alteração apenas vem trazer algum “tumulto” ao merca-do imobiliário. “As empresas têm uma carteira de imóveis e a partir de agora vão ter de fazer a classificação energé-tica de todos eles para poderem passar essa informação para a publicidade. É complicado, sobretudo quando esta-mos a falar de proprietários com difi-culdades em vender a casa que vão ter de pagar por um certificado energético, sem saberem quando é que o imóvel vai ser vendido”, explicou. No caso da Fracção Exacta, surge ainda uma outra dificuldade. “O nosso principal forne-cedor é a banca que não nos dá essa informação quando nos passa os imó-veis que estão à venda”, defendeu Jorge Fonseca. O próprio cliente final não de-monstra interesse por esta questão, tal como referiu o nosso entrevistado. No momento em que uma pessoa procura uma casa para arrendar ou comprar, o desempenho energético acaba por ser colocado em segundo plano, na maioria dos casos. “Nenhum cliente questiona qual é a classificação energética de um imóvel. Aliás, muitos deles nem sabem o que isso é. Estão habituados a ouvir isso quando compram uma lâmpada ou um frigorífico”, adiantou. Como tal, para Jor-ge Fonseca, e tal como defendeu o Pre-sidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Luís Lima, este não é o momento adequado para avançar com esta medida.

Com a entrada em vigor, no passado dia 1 de dezembro, de uma nova legislação sobre eficiência energética dos edifícios que obriga a que em qualquer anúncio comercial a classe de certificação do imóvel esteja mencionada, a Revista Pontos de Vista procurou a opinião de quem “sente na pele” o impacto desta medida. Para Jorge Fonseca, Gestor da Fracção Exacta, esta é apenas “mais uma taxa criada pelo Governo para retirar outra mais valia”.

“TRATA-SE DE MAIS UMA MEDIDAQUE DIFICULTA O NOSSO TRABALhO”

EMPRESA VOCACIONADA PARA

RETOMAS DE BANCOSOrientada para valores como a transpa-rência, inovação e dedicação ao cliente, em 2008, foi criada a Fracção Exacta, uma empresa de mediação imobiliária que surgiu no pico da crise económica em Portugal. Fala-se muito em recessão económica e, no setor imobiliário, esta manifesta-se através de um incremento do crédito malparado e, como resultado, a entrega dos imóveis aos bancos quer por dações de pagamento quer por açōes judiciais. Assim, desde logo, esta equipa decidiu adotar um nome e uma vertente de negócio muito específica: RETOMA de BANCOS como resposta ao facto de a ban-ca ser, cada vez mais, a maior proprietária do país. Todavia, “os bancos não querem imóveis mas sim dinheiro. Assim, tenta-mos escoar da melhor forma possível e,

como tal, somos um grande parceiro da banca nesse sentido”, salientou Jorge Fon-seca. Assumindo como lema a expressão “um cenário de recessão origina sempre oportunidades de negócio”, a Fracção Exacta soube aproveitar uma janela aber-ta, tendo, hoje, acesso privilegiado aos imóveis resultantes do crédito malparado.Comprar imóveis da banca é, na maioria dos casos, bem mais vantajoso do que arrendar uma habitação, tal como expli-cou em conversa com a Revista Pontos de Vista, Jorge Fonseca, partindo de um exemplo. “Temos um imóvel que custa cem mil euros. Os bancos vão praticar um spread de cinco por cento, o que equivale a um encargo mensal que ron-dará os 500 euros. Já o imóvel do lado que é do banco, terá um spread de um por cento e a prestação será de cerca de 250 euros. Por outras palavras, a mesma casa tanto pode custar 500 como 250 euros e ao comprador o que interessa é o valor que terá de pagar por mês”.Apesar de ter noção de que a situação atual do país não permite que as em-presas sonhem muito alto, a Retoma de Bancos continuará a ser o “core bu-siness” da Fracção Exacta. As oscilações do mercado imobiliário continuarão a fazer parte do quotidiano, a burocracia continuará a ser um entrave (exemplo disso é a recente alteração à legislação sobre eficiência energética dos imóveis) mas a empresa continuará a assumir riscos e a proporcionar aos seus clientes outras oportunidades de negócio com-plementares. “Um cliente pode entrar aqui para comprar uma casa. Não com-pra o imóvel mas marca as suas férias”, concluiu Jorge Fonseca.

Jorge fonseCA, gestor dA frACção exACtA imoBiliáriA, soBre A AlterAção à lEgiSlAçãO DA EFiCiênCiA EnErgétiCA DOS iMóvEiS:

EFICIÊNCIA ENERGÉTICADOS IMÓVEIS

Voo exactoO Grupo Fracção Exacta decidiu apostar no segmento do turis-mo, abrindo no passado mês de Novembro, uma agência de viagens. A Voo Exacto agências de viagens aposta no conceito low cost, assegurando um preço mais baixo aos seus clientes e não cobrando a taxa de reserva. A agência de viagens estará pre-sente na rede de lojas Retomas de Bancos. “Estamos a abrir uma loja piloto mas temos como objetivo abrir cinco a seis lojas no Grande Porto durante o próxi-mo ano”, afirmou Jorge Fonseca.

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Jorge Fonseca

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Pontos de Vista Dezembro 2013

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O XXV Congresso do CDS-PP, que se vai realizar a 11 e 12 de janeiro de 2014, irá decorrer em Oliveira do Bairro, no distrito de Aveiro. Segundo António Carlos Monteiro, da Comissão Organizadora, Oliveira do Bairro foi um dos concelhos onde o partido registou um grande crescimen-to nas últimas eleições autárquicas, realizadas em se-tembro, tendo conseguido alcançar o lugar de segunda força política na autarquia liderada pelo PSD, com mais de 37 por cento dos votos, que lhe garantiram a eleição de três vereadores. O XXV chegou a estar marcado para julho deste ano, mas foi adiado e, posteriormente, des-convocado, devido à crise política, tendo, na altura, Pau-lo Portas assumido a candidatura à liderança.

A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (Polo A) irá receber, nos dias 24 e 25 de janeiro de 2014, o 2º Encontro dos Enfermeiros Especialistas em Enfermagem Médico-Cirúrgica.

O evento irá debater temas como a segurança do doente e qualidade dos cui-dados; sistemas de informação e continuidade dos cuidados; relação, comuni-cação e informação; gestão dos cuidados; formação para melhores práticas; a prática especializada à pessoa em situação crítica e a prática especializada à pessoa com doença crónica e paliativa.O Encontro irá também contar com a apresentação de trabalhos livres que po-dem ser comunicações livres ou pósteres.

A Aicep e a Embaixada de Portugal no Brasil estão a preparar o Fórum Brasil, para capacitar empresas lusas que queiram explorar oportunidades no merca-do brasileiro. O evento acontece a 18 de dezembro em Lisboa.Os principais temas a abordar serão: desafios e oportunidades; procedimentos de constituição de sociedades e parcerias; regime de vistos aplicável; regime fiscal aplicável às empresas; importação de bens e serviços; planeamento, logística e vertentes aduaneiras e o papel do BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social, no apoio ao desenvolvimento de negócios.

Segundo declarações da Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins (As-simagra), as exportações de pedra natural portugue-sa estão a crescer “a um ritmo assinalável”, podendo atingir um novo recorde. Apesar de não ter indicado valores, a Assimagra afirma que entre os meses de janeiro e setembro, comparativa-mente ao ano de 2012, só não se registou crescimento em quatro mercados: China, Bélgica, Marrocos e Líbano.Dos 30 países importadores de pedra portuguesa, destacam-se a França, Alemanha, Espanha, Itália como destinos onde se verificou maior crescimento. Também no Reino Unido, Angola e Estados Unidos se nota um crescimento significativo no setor.

xxV CONGRESSO DO CDS-PP

2º ENCONTRODOS ENFERMEIROS

ESPECIALISTAS EM ENFERMAGEM MÉDICO-CIRúRGICA

FóRUM EMPRESARIAL SOBRE O BRASIL EM LISBOA

ExPORTAÇõES DE PEDRA PORTUGUESA PODEM ATINGIR RECORDE

BREVES

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Aliás os peões passam a gozar de uma especial proteção face aos veículos motorizados, estando incluídos no novo conceito de “utilizadores vulneráveis”. Para estes, foram especialmen-te concebidas as zonas de coexistência, devidamente sinaliza-das, com o intuito de que peões e veículos possam coexistir de forma harmoniosa e em respeito mútuo, sendo inclusivamen-te permitido aos peões ocupar toda a largura da via, até para a realização de jogos, desde que tal não impeça ou embarace

desnecessariamente o trânsito de veículos. Por sua vez, os condutores de veí-culos motorizados terão de usar de especial cuidado com os peões e ciclistas, não podendo circular a velocidades superiores a 20 km/h.Por falar em ciclistas, também estes passam a integrar o conceito de “utilizado-res vulneráveis” sendo que, a título de exemplo, sempre que um automobilista pretenda ultrapassar um velocípede, deve manter uma distância lateral mínima de 1,5 m, por forma a evitar acidentes. Os direitos dos ciclistas não se ficam por aqui, passando a poder circular a par em determinadas circunstâncias, bem a como a ter prioridade onde antes não a tinham. Como é bom de ver, os auto-mobilistas terão de redobrar a sua atenção face à aproximação de velocípedes.E quem não tem histórias para contar de acidentes ou quase acidentes em rotundas? Acho que todos nós. E sempre que contamos estas histórias, ouvi-mos as mais diversas opiniões: que se deve circular sempre por “fora”, ou que isto ou que aquilo. Pois bem: com as novas alterações, é clarificado o regime de circulação em rotundas, sendo expressamente proibida a circulação pela via mais à direita da rotunda (por “fora”), exceto se se pretender sair na saída imediatamente a seguir. No entanto, não se pense que deixaremos de ver os autocarros a circular na rotunda do Marquês de Pombal “por fora”: é que segundo as alterações ao Código, os veículos pesados, os velocípedes e os veículos de tração animal, podem continuar a circular na via mais à direita, embora estejam obrigados a facilitar a saída dos outros veículos.É profissional do volante ou tem carta de condução há pouco tempo? Se sim, então leia com atenção as linhas que se seguem. A partir de 1 de janeiro, a taxa de álcool no sangue a partir da qual é considerada contraordenação, sofre uma redução significativa para condutores de veículos pesados de mercadorias ou de passageiros, de socorro ou serviço urgente, de transporte coletivo de crianças, de táxis e de veículos de transporte de mercadorias pe-

Já diz o ditado popular “Ano novo, vida nova”. Para o ano de 2014 que se avizinha, será caso para dizer também “Ano novo, Códi-go novo”. Com efeito, no próximo dia 1 de janeiro, entrarão em vigor as mais recentes alterações ao Código da Estrada, as quais terão impacto sobre todos os “atores” do ambiente rodoviário, quer sejam condutores, quer sejam simplesmente peões.

2014: ANO NOVO, CóDIGO NOVO

rigosas. Assim, os condutores deste tipo de veículos e também os condutores habilitados há menos de três anos, passam a ser autuados sempre que sejam fiscalizados com uma taxa de álcool no sangue igual ou superior a 0,20 g/l. Transporta habitualmente crianças no seu veículo? Então saiba que a partir de 1 de janeiro não carece de utilizar os sistemas de retenção de crianças, vulgo cadeirinhas, se a criança medir mais de 1,35 m de altura, podendo ser utilizado o cinto de segurança que equipa o veículo.Fique ainda a saber que a morada relevante para efeitos de notificações passa a ser o domicílio fiscal, razão pela qual terá de se fazer acompanhar sempre do respetivo cartão de contribuinte fiscal, isto se não for já titular do cartão do cidadão. Ciente do impacto que estas alterações implicarão no quo-tidiano de quem conduz, ou simplesmente é peão, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária tem vindo a fazer um périplo pelos principais eventos dedicados ao setor dos transportes ou da segurança rodoviária, sensibilizan-do para as alterações que se aproximam.Mas, enquanto as alterações ao Código da Estrada não entram em vigor, te-mos ainda uma época que suscita preocupações a quem trabalha na segu-rança rodoviária: o natal e a passagem de ano. Ainda que os dados estatísti-cos indiquem que se mantém a tendência da redução do número de vítimas mortais e de feridos resultantes de acidentes de viação, não é menos verdade que o número de acidentes ainda não acompanha esta tendência. A época natalícia que se aproxima, tem sempre associados grandes volumes de tráfe-go resultante das deslocações que, tradicionalmente, se fazem nesta altura, logo propícia à ocorrência de acidentes. Por isso, não facilite, tome todas as medidas preventivas por forma a poder oferecer a melhor prenda àqueles de quem mais gosta: chegar bem ao seu destino. Boas festas.

Jorge JACoB, Presidente dA AutoridAde nACionAl de segurAnçA rodoviáriA

SEGURANÇA RODOVIÁRIA a oPInIÃo de...

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“transporta habitualmente crianças no seu veículo? então saiba que a partir de 1 de janeiro não carece

de utilizar os sistemas de retenção de crianças, vulgo cadeirinhas, se a criança medir mais de 1,35 m de altura, podendo ser utilizado o cinto de segu-

rança que equipa o veículo”

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Quais são os principais produtos e serviços apresentados pela MAPFRE no âmbito do seguro automóvel?No segmento automóvel a MAPFRE co-mercializa dois produtos: o MAPFRE--AUTO e o Automóvel Essencial e Com-pleto. O primeiro é o nosso produto âncora disponibilizado em cinco moda-lidades, com vários âmbitos de cobertu-ra, desde a responsabilidade civil até aos danos próprios e ainda a possibilidade de contratar um leque bastante alarga-do de coberturas o que lhe confere uma versatilidade interessante e capacidade de adaptação às necessidades de cada cliente. Já o segundo é um produto mais simples e económico.

A questão do preço de um seguro é cada vez mais tida em conta pelos cidadãos no momento de escolher determinada seguradora. A MAPFRE consegue apresentar ofertas que te-nham em linha de conta esta dificul-dade por parte dos cidadãos?Com efeito, nós temos um portfolio de soluções e produtos muito abrangente. Para ter uma ideia, só para o automóvel temos as duas referidas soluções, com-postas por sete modalidades que dis-ponibilizam um total de 25 coberturas que fazem face a todas as necessidades de proteção associadas ao automóvel, desde o condutor e ocupantes até a todo o tipo de possíveis danos materiais. Neste sentido, a nossa oferta tem uma amplitude de pricing que se adapta facil-mente a todos os consumidores e à sua capacidade financeira. Podemos mesmo

A responsabilidade social tem sido uma aposta estratégica e que sempre esteve presente na atuação da Fundação MAPFRE, uma institui-ção promovida pelo grupo segurador espanhol MAPFRE, de forma a fazer chegar a sua mensagem na sociedade e junto dos consumidores e clientes. Com o Natal a chegar, as preocupações relativamente à segurança rodoviária ganham novos contornos e reforçar a prevenção faz parte dos desafios desta organização. “Esta é uma aposta de longo prazo que abrange as faixas de população mais vulneráveis e que estamos certos contribui para uma melhoria dos índices de sinistralidade rodoviária”, afirmou João Gama, Diretor dos Serviços de Estudos de Mercado e Comunicação da MAPFRE. Para a o futuro, e tendo em vista um momento de viragem na presença no mercado português, pretende-se aumentar o reconhecimento dos atuais e de novos clientes e gerar retorno, tanto para a sociedade como para os acionistas.

“A RESPONSABILIDADE SOCIALESTÁ NO NOSSO ADN”

referir que os nossos preços são muito competitivos e que temos uma relação qualidade/preço imbatível. Temos tam-bém em curso um programa de fideliza-ção que procura ir ao encontro das ne-cessidades específicas de cada cliente. A ideia é otimizar os custos para os consu-midores adotando, para tal, estratégias de cross-selling e up-selling (mais co-berturas e produtos pelo mesmo preço). O número de condutores a circula-rem sem seguro automóvel nas es-tradas portuguesas está a aumentar,

seja por descuido ou por dificuldades financeiras. Que análise perpetua deste cenário de automóveis «fora da lei»? A fiscalização deve ser mais interventiva? O Seguro de Responsabilidade Civil Au-tomóvel é obrigatório por lei para os detentores de veículos e, por esse facto, tem uma grande importância no mer-cado segurador nacional. Praticamente metade do volume de prémios do setor Não Vida pertence ao ramo automóvel.Infelizmente, a crise está a levar a que muitas famílias tenham dificuldades

João gAmA, diretor dos serviços de e. m. e ComuniCAção dA mAPfre em destAque Pontos de Vista Dezembro 2013SEGURANÇA RODOVIÁRIA

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Através da Fundação MAPFRE, o nosso programa de Responsabilidade Social reverte para a socie-dade parte das receitas geradas nas operações da empresa, contribuindo com iniciativas e campanhas que geram impactos positivos na sociedade

“João Gama

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acrescidas em pagar o preço do seguro, deixando de cumprir os pressupostos da lei. O número de veículos a circular sem seguro tem vindo a aumentar pelo que se justifica uma atenção redobrada a este fenómeno. Neste particular estão sobretudo em causa a proteção dos in-teresses de potenciais lesados por um acidente de viação de que não são res-ponsáveis e que veem assim dificulta-do, não obstante a existência do Fundo de Garantia Automóvel, o acesso a uma regularização mais rápida e simples da situação. Pensamos que é efetivamente necessária uma fiscalização mais atenta e eficiente. Para o futuro, qual continuará a ser a estratégia da empresa no sentido de cumprirem os objetivos a que se pro-puseram?Um dos nossos principais desafios, à semelhança de muitas outras empresas, será procurar o crescente reconheci-mento dos nossos clientes, chegar a um número cada vez maior de consumido-res, gerar retorno para a sociedade e para os acionistas. Neste momento esta-mos numa fase de profunda renovação estratégica que implica alterações no nosso modelo de negócio, de forma a estar mais próximos dos canais de dis-tribuição, dos nossos agentes e clientes finais. Temos uma vocação de presença forte nos mercados nos 45 países onde já desenvolvemos a nossa atividade. Es-tamos muito focados no crescimento e, a este nível, estamos num momento de viragem relativamente à nossa presen-ça em Portugal, já que vamos reforçar a aposta no mercado Português. Quere-mos investir para ser uma marca mais presente junto de um número cada vez maior de consumidores portugueses. Estamos neste momento a iniciar a im-plementação de um programa que irá permitir, estamos certos, aumentar a nossa posição no país.

quem é a maPFre?É um grupo empresarial multina-cional com cerca de 80 anos de actividade, de origem espanhola e que desenvolve actividades no setor segurador, de resseguro, imobiliário, finanças e de ser-viços. A sua origem remonta a uma entidade mutualista criada em 1933: “Mutua Agrícola de los Proprietarios de Fincas Rústicas de España”. Esta presente em mais de 40 países, nos quais conta com mais de 36 mil cola-boradores em todo o Mundo.

A nossa oferta tem uma amplitude de pricing que se adapta facilmente a todos os consumidores e à sua capacidade financeira. Podemos mesmo referir que os nossos preços são muito competitivos e que temos uma relação qualidade/preço imbatível

“João gAmA, diretor dos serviços de e. m. e ComuniCAção dA mAPfre em destAqueSEGURANÇA RODOVIÁRIA

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Segundo o ACP (Automóvel Club de Portugal), os ciclistas deveriam ser obrigados a ter um seguro de respon-sabilidade civil uma vez que as novas regras do Código da Estrada concede-ram às bicicletas direitos semelhan-tes aos restantes veículos. Concorda com esta medida?Concordo, por princípio somos favorá-veis ao aumento da proteção dos cida-dãos que os seguros proporcionam. Cla-ro que neste momento económico mais desfavorável o aumento de seguros obri-gatórios por lei tem de ser bem equacio-nado para não se cair numa situação de incumprimento generalizado. Teríamos de analisar bem as coberturas e os capi-tais para verificar que preço esse seguro teria e se seria comportável pelos portu-gueses que utilizam, de forma crescente, a bicicleta. Nos já comercializamos um seguro para bicicletas bastante acessí-vel e também oferecemos, há já alguns anos, a todos os nossos clientes que contratam o produto MAPFRE-AUTO uma cobertura de responsabilidade civil para a condução de velocípedes com um capital de 50.000 Euros. Neste sentido fomos percursores.

A Segurança Rodoviária tem sido, ao longo dos anos, uma pedra de toque na estratégia de comunicação da Fun-dação MAPFRE. De que forma é que a vossa atuação tem contribuído para uma maior sensibilização e conse-quente redução da sinistralidade?A Responsabilidade Social está no nos-so ADN em virtude da nossa história mutualista. É um dos nossos pilares es-tratégicos e sempre presente na nossa

intervenção na sociedade e junto dos consumidores e clientes. Fomentando a cultura, a educação e a cidadania, pro-movemos a inserção social de crianças, jovens, adultos e idosos e alertamos para a prevenção de riscos e para a edu-cação rodoviária. Através da Fundação MAPFRE, o nosso programa de Res-ponsabilidade Social reverte para a so-ciedade parte das receitas geradas nas operações da empresa, contribuindo com iniciativas e campanhas que geram impactos positivos na sociedade.A Sinistralidade Rodoviária consti-tui uma preocupação premente para a sociedade portuguesa, sendo uma das principais causas de morte a nível mundial. A prevalência da sinistralida-de na população mais jovem continua a ser dramática. São os utilizadores mais vulneráveis. Estima-se que haja, anual-mente, mais de 1,3 milhões de mortes e cerca de 50 milhões de feridos em todo o mundo, em consequência de acidentes de viação. As projeções indicam que es-tes números vão aumentar 65 por cen-to nos próximos 20 anos, a menos que exista uma nova aposta na prevenção. O último relatório da Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária (ANSR) revela que, por cada morto na estrada, há uma média de quatro feridos graves e 60 li-geiros, o que representa uma enorme sobrecarga para as vítimas, famílias, sis-tema nacional de saúde e sociedade em geral. Tínhamos, por isso, de atuar nesta área de forma ativa e marcante.De entre as várias iniciativas levadas a cabo destacam-se: Verão também é Prevenção! roadshow pelas praias por-tuguesas; Ao Fim de semana tu decides

e Num segundo a Tua Vida Muda…, são campanhas de choque e de interação que têm como objetivo principal aler-tar os condutores mais jovens para uma atitude de prevenção face à condução, a importância das medidas de segurança e as graves consequências de um acidente de viação. Outro projeto muito interes-sante que levamos a cabo em Portugal há já alguns anos é a Caravana de Educação Rodoviária. Esta é uma iniciativa dirigida a crianças dos sete aos 12 anos, que tem como principal objetivo fomentar atitu-des responsáveis e cívicas em relação ao trânsito rodoviário entre os mais jovens. Temos ainda ações específicas destina-das à população sénior, atendendo às novas exigências de prevenção destes ci-dadãos. Esta é uma aposta de longo prazo que abrange as faixas de população mais vulneráveis e que estamos certos con-tribui para uma melhoria dos índices de sinistralidade rodoviária.

Com a época de Natal a chegar, as pre-ocupações relativamente à segurança rodoviária aumentam. Que mensa-gem deve ser deixada para diminuir a sinistralidade nas estradas portu-guesas?A mensagem tem sempre de alertar para a prevenção nomeadamente dos comportamentos de risco. Excesso de velocidade, as manobras perigosas e o álcool são sempre causas importantes para a maioria dos acidentes que ocor-rem nas nossas estradas. A esta situação acresce a preocupação com o bom esta-do geral dos veículos e com os sistemas de segurança como travões e pneus. Cla-ro que, se ainda assim e infelizmente o acidente não se conseguir evitar, então é fundamental contar com a proteção de um bom seguro automóvel que cer-tamente minimizará as consequências do mesmo e facilitará a recuperação da situação gerada.

A mensagem tem sempre de alertar para a prevenção nomeadamente dos comporta-mentos de risco. Excesso de velocidade, as manobras perigosas e o álcool são sempre causas importantes para a maioria dos acidentes que ocorrem nas nossas estradas. A esta situação acresce a preocupação com o bom estado geral dos veículos e com os sistemas de segurança como travões e pneus

Temos uma vocação de presença forte nos mercados nos 45 países onde já desenvolve-mos a nossa atividade“

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Quais são os principais produtos dis-ponibilizados pelo Crédito Agrícola na área do seguro automóvel?Apesar da grande competitividade no seguro automóvel, além da cobertura obrigatória de responsabilidade civil, os nossos produtos são acompanhados de garantias de assistência que permitem responder às necessidades dos nossos Clientes. Temos como preocupação dis-ponibilizar produtos que promovam o serviço e a satisfação das necessidades imediatas. Outro exemplo é o que ocorre com o nosso produto de tratores e má-quinas agrícolas, o qual permite reunir numa única apólice as garantias de res-ponsabilidade civil na via pública e em laboração. Somos a única Seguradora no mercado com esta solução, com a possi-bilidade de garantir os riscos na estrada e no campo.

Quais as vantagens que o Crédito Agrícola disponibiliza na área dos se-guros para aqueles que já são clien-tes desta instituição financeira?O Cliente CA Seguros, por norma, já é Cliente Crédito Agrícola, pelo que po-derá efetuar o pagamento dos prémios por débito em conta, de forma fraciona-da, sem qualquer agravamento, o que não acontece na maioria do mercado segurador. Além disso, devido ao conhe-cimento que temos dos Clientes, pode-remos apresentar-lhes as soluções mais adequadas.

Está a crescer o número de carros a circular sem seguro como resultado das dificuldades financeiras com que muitos portugueses se deparam. De que forma a conjuntura económica foi sentida na área de seguros do Cré-dito Agrícola?

Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Jorge Parrado, Coordenador do Grupo Automóvel da Crédito Agrícola Seguros, garante: “é sempre urgente investir em sinalização onde a mesma é inexistente ou deficiente. Tão importante quanto a sinalização, são as condições das vias. Temos assistido à ocorrência de sinistros que foram potenciados pelas deficiências e más condições das vias”. Para o mesmo, as altera-ções ao Código da Estrada, poderão ter um efeito contrário ao pretendido nas regras que abrangem bicicletas e ciclistas, nomeadamente as que os equiparam aos veículos motorizados no que diz respeito à regra da prioridade.

“TEMOS REGISTADO AO LONGO DESTE ANO CRESCIMENTO DE APóLICES”

É uma realidade que não é de agora. Apesar da retração verificada no merca-do automóvel, temos registado ao longo deste ano crescimento de apólices, quer na carteira, quer em produção nova.

O ACP defende que os ciclistas sejam obrigados a ter um seguro de respon-sabilidade civil, já que as novas re-gras do Código da Estrada concedem às bicicletas direitos semelhantes aos dos restantes veículos. Concorda com esta posição?Antes de responder, parece-me impor-tante levantar outras questões.Os veículos motorizados que circulam na via pública obrigam a que o seu con-dutor seja habilitado para o exercício da condução, o que inclui o conheci-mento do Código da Estrada. No caso das bicicletas, não há obrigação de obtenção de qualquer habilitação de condução e não tem em conta a idade do condutor, o que poderá implicar o

completo desconhecimento sobre as regras do Código da Estrada, atuais ou futuras. É verdade que o ACP já veio alertar para os riscos de insegurança rodoviária que será potenciada pela alteração das re-gras de convivência entre ciclistas e con-dutores de veículos motorizados. Nesta perspetiva, é percetível a razão pela qual o ACP defende que os ciclistas ao circu-larem na via pública, com os mesmos direitos e obrigações dos condutores de veículos motorizados decorrentes das alterações do Código da Estrada, devam ter seguro de responsabilidade civil. Tal-vez todos nós tenhamos dúvidas quanto a estas alterações, pelo que apenas no futuro poderemos avaliar as suas con-sequências e necessidades complemen-tares em termos de legislação, para que seja possível proteger não só os ciclistas, mas também garantir os danos a tercei-ros. Seguro obrigatório ou não, a experi-ência o dirá.

Jorge PArrAdo, CoordenAdor do gruPo Automóvel dA Crédito AgríColA seguros, AfirmASEGURANÇA RODOVIÁRIA

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Seria pertinente se as entidades responsá-veis pelas estradas e sinalização das mesmas dialogassem com as autoridades que fazem o levantamento das circunstâncias em que ocor-reram os acidentes

Jorge parrado

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Pontos de Vista Dezembro 2013

Qual a sua opinião relativamente ao novo Código da Estrada, já aprovado e a aguardar publicação em Diário da República? Acredita que o mesmo irá contribuir para uma diminuição da sinistralidade?Tenho sérias reservas decorrentes das alterações das regras que abrangem as bicicletas e os ciclistas, nomeadamente, as que os equiparam aos veículos moto-rizados no que diz respeito à regra da prioridade. Acredito que iremos ter um efeito contrário ao pretendido, de iní-cio, onde deveremos vir a verificar um aumento de sinistralidade envolvendo ciclistas.

Em 2012 morreram atropelados 98 peões devido à sinalização deficien-te. Têm surgido muitos casos de sinis-tros de segurados do Crédito Agrícola como resultado da má sinalização? Que outras razões cuja responsa-bilidade não pode ser diretamente atribuída aos condutores costumam estar na origem de sinistros?Relativamente a sinistros resultantes especificamente de má/ausência de si-nalização, não nos é objetivamente pos-sível quantificar o nº de casos conheci-dos/participados.Quanto à existência de outras razões que possam estar na origem de sinistros com atropelamento, cuja responsabili-

dade não deva ser diretamente atribu-ída aos condutores, podemos apontar, de forma generalizada, a imprudência e falta de atenção do próprio peão, ocu-pando a faixa de rodagem, para circular ou atravessar, sem se certificar se o pode fazer em segurança.

É urgente investir na sinalização das estradas nacionais? Que outras me-didas faltam ainda tomar para que se assista a uma efetiva diminuição da sinistralidade nas estradas portu-guesas?É sempre urgente investir em sinali-zação onde a mesma é inexistente ou deficiente. Tão importante quanto a sinalização, são as condições das vias. Temos assistido à ocorrência de sinis-tros que foram potenciados pelas defi-ciências e más condições das vias. Seria pertinente se as entidades responsáveis pelas estradas e sinalização das mesmas dialogassem com as autoridades que fa-zem o levantamento das circunstâncias em que ocorreram os acidentes. Haveria ganhos de conhecimento e seriam en-contradas soluções mais adequadas nas correções a implementar, contribuindo para a diminuição dos índices de sinis-tralidade.

A área seguradora é conhecida por ser muito competitiva. De que forma

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Crédito agrícola motociclos, automóveis e Ciclomotores

Vantagens:• Qualidade nos serviços de assistência a veículos e pessoas, em caso de aci-dente ou avaria, em Portugal e no Estrangeiro;• Atribuição imediata de veículo de substituição em caso de avaria ou acidente, desde que a viatura garantida se encontre imobilizada;• Serviço de encaminhamento, transporte e acompanhamento de sinistrados e reboque do veículo para oficina escolhida por si;• Substituição ou reparação imediata de vidros;• Preços competitivos para veículos ligeiros com condutor com idade superior a 25 anos e carta de condução há mais de dois anos e para veículos ligeiros com Leasing no Crédito Agrícola;• Atribuição de bónus até 50 por cento (até 55 por cento na renovação anual das apólices);• Aumento anual do bónus em caso de ausência de acidentes no ano anterior, traduzindo-se numa redução do prémio no ano seguinte;• Em caso de acidente por responsabilidade do condutor, apenas é agravado o prémio relativo à cobertura afetada pelo sinistro;• Pagamento semestral, trimestral ou mensal, sem qualquer encargo adicional, desde que prémio pago por débito em conta no Crédito Agrícola.

“o Cliente Ca seguros, por norma, já é Cliente Crédito agrícola, pelo que poderá efetuar o pagamento dos prémios por dé-bito em conta, de forma fracionada, sem

qualquer agravamento, o que não aconte-ce na maioria do mercado segurador”

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Os veículos motorizados que circulam na via pública obrigam a que o seu condutor seja habilitado para o exercício da condução, o que inclui o conhecimento do Código da Estrada. No caso das bicicletas, não há obrigação de obtenção de qualquer habili-tação de condução e não tem em conta a idade do condutor, o que poderá implicar o completo desconhecimento sobre as regras do Código da Estrada, atuais ou futuras

esta competição afecta o setor? Como perspetiva a evolução do mesmo?

De facto, nos últimos anos, assistimos ao aumento de competitividade no merca-do segurador não vida, nomeadamente em acidentes de trabalho e automóvel, com consequências muito negativas nos rácios de exploração. Esta situação, no que diz respeito a acidentes de trabalho, motivou a atua-ção do ISP no sentido de exigir que as Seguradoras recuperem os rácios de exploração deste ramo para valores de equilíbrio técnico. Das 15 Seguradoras autorizadas a explorar o ramo de aci-dentes de trabalho, 11 foram abordadas com a necessidade de o fazerem. Nós não fomos uma destas Seguradoras, pois sempre mantivemos a preocupação de praticar tarifas adequadas à exploração dos diferentes ramos. Desta forma, acreditamos que a grande competitividade existente neste ramo poderá inverter-se no decorrer do pró-ximo ano.

O que é que o Crédito Agrícola – Segu-ros tem feito de forma a assumir-se como um player de referência e a so-bressair num setor tão competitivo? O que é que particulares e empresas podem esperar desta seguradora nos próximos tempos?Sempre nos pautámos por uma postura de serviço aos Clientes do Crédito Agrí-cola, disponibilizando produtos de va-lor acrescentado, que correspondam às suas necessidades e contribuam para a sua satisfação. Apesar da enorme com-petitividade no setor segurador, sendo exemplo disso o que acontece no ramo automóvel, os nossos Clientes poderão continuar a esperar de nós, enquanto “Sua” Seguradora, Serviço, confiança nos nossos serviços.

Crédito agrícola motociclos, automóveis e Ciclomotores

4 Planos de coberturas: Plano 1: Para quem quer garantir a responsabilidade obrigatória e ficar descansado quer em relação ao condutor e ocupantes do veículo, quer em relação à Assistência ao veículo;Plano 2: Para quem pretende resolver o incómodo de um vidro partido, no momento, onde quer que esteja; Plano 3: Para quem pretende a garantia de uma proteção total dos danos ao veículo; Plano 4: Para quem pretende garantir o investimento na aquisição de um veículo novo. Permite fixar o valor de indemnização, correspondente ao valor em novo, em caso de perda total, durante os primeiros três anos do veículo, desde que se trate de ligeiro de passageiros.

Coberturas• Responsabilidade Civil (danos causados a terceiros);• Danos Próprios (danos no veículo seguro):• Choque, Colisão e Capotamento;• Incêndio, Raio ou Explosão;• Furto ou Roubo.• Outras coberturas:• Pessoas Transportadas - Condutor e Ocupantes;• Assistência em Viagem e Proteção Jurídica;• Quebra Isolada de Vidros;• Valor de Substituição em Novo (três anos);• Veículo de Substituição por Sinistro;• Veículo de Substituição por Avaria ou Acidente;• Atos de Vandalismo e Fenómenos da Natureza.

Jorge PArrAdo, CoordenAdor do gruPo Automóvel dA Crédito AgríColA seguros, AfirmASEGURANÇA RODOVIÁRIA

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“É uma realidade que não é de agora. apesar da retração verificada no mer-cado automóvel, temos registado ao longo deste ano crescimento de apólices, quer na carteira, quer em produção nova”

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A origem da empresa leva-nos para o ano de 1934 com a designação de “Re-cauchutados Antonio Mañas. Abra-çando o lema “nos movemos contigo”, quando se deu a entrada do grupo no mercado português? Que principais lacunas vieram preencher?A Tiresur Portugal, filial no nosso país do grupo Tiresur (terceiro maior distri-buidor ibérico de pneus), iniciou a sua atividade em fevereiro deste ano, com o intuito principal de alargar a distribui-ção das marcas GT Radial e Ovation a todo o mercado ibérico.

A empresa tem apostado na quali-dade do serviço prestado, na proxi-midade e na relação pessoal com o cliente. Em que valências a TIRESUR se distingue da concorrência?A valorização do fator humano e tecno-lógico na relação com os clientes tem sido um ponto chave da nossa estratégia destacando-se de forma mais evidente o nosso departamento comercial, cons-tituído por pessoas jovens, experien-tes e com elevado reconhecimento no mercado. A conciliação destes fatores e o controlo da distribuição de marcas exclusivas facilitam a implementação e consolidação de estratégias de distribui-ção o que, por sua vez, asseguram uma fiabilidade excecional ao cliente.

Além da consolidação do negócio, a estratégia da empresa passa pela aposta em novos segmentos de mer-cado e pelo desenvolvimento da rede de oficinas CENTER’S AUTO. O que tem sido feito nestes dois sentidos?De facto, a rede Center’s Auto é um dos pilares estratégicos da Tiresur Portu-gal; em apenas dez meses de atividade a rede conta já com 25 oficinas em todo o país e na ilha da Madeira, sendo este um fator de dinamização e consolidação

da presença da GT Radial em Portugal. Por outro lado, existem diversas opor-tunidades para alargamento da oferta por parte da Tiresur, sendo que desde o início da nossa atividade em Portugal foram já incluídas na nossa oferta duas novas marcas de pneus em regime de exclusividade e deu-se início à comer-cialização de pneus pesados, pelo que a seu tempo acreditamos que mais e me-lhores opções serão colocadas à disposi-ção dos nossos clientes.

Os pneus são o único ponto de con-tacto de um veículo com a estrada e, por isso, o seu perfeito funcionamen-to determina a segurança rodoviária. De um modo geral, existe a consciên-cia de que o bom estado dos pneus

O Grupo Tiresur é, hoje, o terceiro maior distribuidor ibérico de pneus e, foi em fevereiro deste ano, que começou a sua atividade no mer-cado nacional. Os pneus são, de facto, o único ponto de contacto de um veículo com a estrada e, portanto, o seu perfeito funcionamento é fundamental para a segurança rodoviária. Mas será que o condutor tem essa consciência? Fomos conhecer a opinião de Aldo Machado, Country Manager da Tiresur Portugal.

UMA EMPRESA DE REFERêNCIANA DISTRIBUIÇÃO DE PNEUS

é fundamental para uma condução segura? Como regra geral, diria que sim. O con-dutor assume que esse ponto de contac-to é único e determinante para o contro-lo da sua viatura, levando-o por vezes a não considerar alguns outros fatores de elevada importância e atribuindo even-tuais incidentes à condição e composi-ção dos pneus.

Com a atual conjuntura económica, os consumidores são, muitas vezes, levados a utilizar pneus que têm um tempo de vida útil muito curto e não estão em condições de circular. Além das campanhas de sensibilização, im-porta que as entidades competentes reforcem as ações de fiscalização? Penso que as ações de fiscalização de-vem ser transversais, isto é, não deve-rão incidir apenas no pneu montado na viatura, passando a existir mecanis-mos de controlo rigoroso no mercado dos pneus, nomeadamente nos pneus usados. Coloco uma questão: será mais importante o pneu ter o piso mínimo obrigatório para circular ou aferir se o pneu que está montado na viatura é de origem fidedigna e não apresenta defi-ciências graves na sua estrutura (como acontece frequentemente com os pneus usados que, infelizmente, são apresen-

tados como alternativa de compra) po-dendo originar um rebentamento e/ou provocar um grave acidente? Um pneu usado tem deficiências que nem sempre são facilmente detetá-veis ao utilizador comum. Que conse-lhos devem ser deixados para que o consumidor fique mais atento a estes fatores? Enquanto utilizador, que cui-dados devo ter com os pneus do meu automóvel?Em primeiro lugar, a escolha de pneus novos é fundamental, sob pena de preju-dicar irremediavelmente a segurança da viatura. Ao escolher um pneu novo de-verá optar por uma oficina que cumpra todos os requisitos na montagem, equi-líbrio e alinhamento de direção, serviços esses que devem ser efetuados de ime-diato. Posteriormente, a verificação regu-lar da pressão e do estado dos pneus são fatores determinantes para assegurar o bom estado dos mesmos (deverá fazê--lo pelo menos uma vez por mês), assim como visitas regulares a um especialista em pneus em intervalos de 5000 kms para eventuais correções. Ao cumprir es-tes pressupostos, garante a sua seguran-ça e aumenta a vida útil dos pneus.

A TIRESUR fornece quase todas as marcas Premium. Contudo, a princi-

Aldo mACHAdo, Country mAnAger dA tiresur PortugAlSEGURANÇA RODOVIÁRIA

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As ações de fiscalização devem ser transversais, isto é, não deverão incidir apenas no pneu montado na viatura, passando a existir mecanismos de controlo rigoroso no mercado dos pneus, nomeadamente nos pneus usados

Aldo Machado

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Pontos de Vista Dezembro 2013

pal estratégia tem sido na exclusivida-de das marcas GT Radial em ligeiros e Ovation em ligeiros e pesados. De que forma a empresa tem sabido apostar na inovação dos seus produtos?Uma pequena correção: fornecemos todas as marcas Premium. A estraté-gia principal em termos de GT Radial é fundamentalmente assegurada pela rede Center’s Auto, que possui condi-ções exclusivas na comercialização do produto. Em relação à marca Ovation, serão brevemente divulgadas novas li-nhas estratégicas na comercialização do produto e que constituem uma inovação no mercado de pneus budget, podendo adiantar desde já que se aproximará da estratégia (bem sucedida) utilizada na GT Radial.

A tarefa de saber que pneus comprar nem sempre é fácil. De que forma a TIRESUR presta este apoio aos seus clientes?Toda a equipa Tiresur está formada e apta a fornecer informação aos seus clientes acerca das diversas opções a ter

em conta no momento da escolha. Numa ótica de aconselhamento ao cliente fi-nal, já no início do próximo ano a rede Center’s Auto será alvo de formação técnica específica sobre os produtos GT Radial e Ovation.

Sendo um grupo internacional de dis-tribuição de pneus a operar em oito pa-íses e três continentes, que mais valias a TIRESUR veio introduzir no negócio de distribuição de pneus em Portugal?A Tiresur, para além do enfoque na distribuição ibérica das suas marcas exclusivas, possui três pontos chave determinantes na sua operação: preço, serviço e stock. Numa perspetiva de operador global, os preços oferecidos ao mercado são reconhecidos como sendo extremamente competitivos, o serviço global tem tido uma evolução exponencial (por exemplo, a Tiresur Portugal possui atualmente distri-buição bi-diária na zona litoral entre Coimbra e Setúbal e, desde setembro, entregas quatro vezes por dia na área da Grande Lisboa) e o stock total exis-

tente nos quatro armazéns ibéricos su-pera as 150.000 unidades.

Sempre atenta às necessidades que vão surgindo e que podem motivar a abertura de novos mercados, seg-mentos, produtos e marcas em ex-clusivo, qual será a estratégia da TI-RESUR para o futuro? Que objetivos estão em cima da mesa?Todas as oportunidades serão analisa-das e, caso possuam interesse estraté-gico, incluídas no nosso business plan. O objetivo principal da Tiresur Portugal passa pela consolidação da atividade no nosso país, passando inclusive pelo incremento dos recursos humanos e do stock disponível, para além de projetos que conduzirão a melhorias no serviço prestado aos clientes, sendo este último o nosso principal target.

Com a época de Natal a chegar, as pre-ocupações relativamente à segurança rodoviária aumentam. Que mensagem deve ser deixada para diminuir a sinis-tralidade nas estradas portuguesas?

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A valorização do factor humano e tecnológico na relação com os clientes tem sido um ponto-chave da nossa estratégia

“respeito e prudência, cumprindo as regras em vigor. o natal é uma época que nos deve motivar e fazer sentir que as dificuldades vão ser superadas. Como tudo na vida, se o bom senso imperar tudo se torna mais fácil…”

Respeito e prudência, cumprindo as re-gras em vigor. O Natal é uma época que nos deve motivar e fazer sentir que as dificuldades vão ser superadas. Como tudo na vida, se o bom senso imperar tudo se torna mais fácil…

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O casamento e a união de facto são, contudo, materialmente diferen-tes, verificando-se a sua distin-ção no assumir do compromisso da vida em comum. Os casados – cônjuges – decidiram assumir esse compromisso, enquanto os membros da união, pelas mais

variadas razões pessoais e que só a eles diriam respeito, decidiram e optaram, pela não assunção desse compromisso, pela rejeição do “estatuto ma-trimonial”.É no direito de escolha desta opção que radica a distinção entre estes dois institutos de constitui-ção de família, com efeitos jurídicos próprios. No âmbito da Constituição, o art.º 36, limitou-se a reconhecer o direito à livre constituição de família, não distinguindo a escolha desse direito dos cida-dãos, logo não atribuindo mais ou menos efeitos ou direitos jurídicos à opção escolhida entre o ca-samento ou a simples união. Não equiparou, pois, a Constituição, os dois regimes, limitando-se a re-meter para a Lei a regulamentação dos requisitos e efeitos do casamento.E se a Constituição não os equiparou, o Legislador limitou-se a atribuir, à união, os efeitos jurídicos do casamento no âmbito da assistência social, do direito a alimentos e na garantia da habitação, embora sujeitando o membro da união neles inte-ressados à obtenção da declaração judicial dessa necessidade.Ora, sendo perfeitamente normal que na relação caraterizada pela união de facto (sendo certo que se passa o mesmo para o casamento) que os seus membros não reduzem a escrito (formalizem con-tratos entre si) nem questões relacionadas com a economia doméstica, nem questões relacionadas com o contributo na aquisição de bens. E tal acon-tece por se estar perante relações entre pessoas, onde a confiança e o desinteresse material são as pedras basilares da relação. Naturalmente tais questões são sempre envolvidas em grande delica-deza, evitando-se dessa forma repercussões inde-sejadas na relação amorosa.Mas uma dia... o romance acaba! E aquilo que não foi feito atempadamente – uma simples descrição da forma de comparticipação de cada um por se ter privilegiado a relação afetiva vai ser necessário equilibrar com “justiça” e “bom senso”.

Na sociedade atual cada vez mais se vive a crise do conceito tradicional de casamento, sendo este substituído progressivamente e de forma determinante por novas famílias assentes na comunhão de vida em condições análogas às dos cônjuges - as deno-minadas uniões de facto.

“A PARTILhA DE BENS NA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO DE FACTO”

mAriA teresA mAtos PereirA, AdvogAdA dA João mArCelo & AssoCiAdos, soCiedAde de AdvogAdos, rl

DIREITO E JUSTIÇA a oPInIÃo de...

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E esta necessidade de equilíbrio será feita não só para as simples despesas do dia a dia do agre-gado familiar, como para as prestações da casa morada de família, do veículo, das contas bancá-rias... Enfim de tudo o que os membros angaria-ram enquanto a união se manteve.Se é certo que a união acaba de forma ligeira-mente mais simples do que a relação onde os membros aceitaram estabelecer entre eles um compromisso, certo é que estes veem de forma mais tranquila o seu património e contributo ser partilhado.Se no casamento o Legislador regulou a forma de aquisição dos bens pelos cônjuges distinguindo--o através do regime de casamento, já na união de facto tal é inexistente.Assim, quando duas pessoas decidem unir-se e constituir família, são livres de o fazer mas, não devem deixar de pensar que, tal como no casa-mento, existem contas a pagar e se recebem bens que são vendidos e se adquirem outros com o contributo dos dois membros da união.É normal os pais ajudarem no início de vida, seja através de donativos em dinheiro para a com-participação da casa, do carro ou até mesmo dos eletrodomésticos; é normal um deles ter casa e o outro ir para lá viver; é normal os dois terem casa e estas serem vendidas e comprarem uma maior; é normal um dos membros ganhar mais do que o outro; é normal um deles ficar desem-pregado; é normal os membros da união já te-rem filhos de outras relações e, estes, auferirem pensão de alimentos por parte do seu outro pro-genitor; é normal terem um dos pais a viverem em casa e, estes, contribuírem com a sua pensão para as despesas do lar, enfim…Ora, quando o romance acaba é que as contas são feitas e, como não existe um “regime de ca-samento” legalmente imposto e que resolva par-te destes problemas, verificam-se situações de grande “injustiça” e “falta de bom senso”.Inexistindo qualquer tipo de regulamentação legal para as questões patrimoniais suscitadas pela dissolução da união de facto (seja por mor-te, seja por decisão dos membros) há que re-correr às regras gerais. Na dissolução da união por morte de um dos membros esta não produz qualquer efeito sucessório, dado não ser fonte de relações de parentesco. O unido sobrevivo

será titular de um direito real de habitação e terá acesso às prestações por morte.No caso da dissolução da união por rutura da relação, o normal é cada membro ir á sua vida, saindo de casa aquele que não é dela proprietá-rio e dividindo-se, com maior ou menor, “justiça” e “bom senso” os bens que foram adquiridos ao longo da relação. Ora, se tal procedimento pode-rá ser aplicado a algumas relações a outras está longe de aceitável, para aquelas relações cuja duração permitiu a existência da aquisição de bens em comum, de dívidas contraídas por um ou por ambos, de contas bancárias conjuntas, bens móveis.Assim, as primeiras regras a aplicar serão aque-las que foram estabelecidas pelas partes no seu contrato. E por “contrato” só vale o que estiver reduzido a escrito e assinado pelas partes. E es-tes podem ser tantos, quantas as necessidades que se enfrentem ao longo do período da união. É neles que estará a salvaguarda dos interesses do membro da união em qualquer caso de dis-solução.A inexistência do contrato, não significa que o acordo não exista entre os unidos. Na falta deste(s) contrato(s) valerão as regras do direito comum das relações reais e obrigacio-nais, pois que os unidos não tem bens comuns. Existe, sim, relações de colaboração entre duas pessoas na aquisição de qualquer tipo de bem, pelo que elas serão reguladas, eventualmente, pela existência de uma situação de comproprie-dade ou de um enriquecimento sem causa.Cada unido tem o seu património. A titularidade, o uso e a fruição da totalidade dos bens está na disponibilidade e vontade dos unidos, na sua re-gulamentação. Se um dos unidos auxiliou outro a obter (seja por contributo direto, seja indireto) os bens deverá estar bem ciente que não poderá dizer que aquele bem, também é dele se não fi-zer qualquer contrato escrito de onde tal resulte inequivocamente.As contribuições pecuniárias que um dos uni-dos dá para a aquisição da casa ou do carro e estes são registados em nome do outro (e não no nome dos dois) apenas permitirá, no futuro, àquele (que deu o contributo) intentar atempa-damente uma ação judicial com vista a obter o

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Na dissolução da união por morte de um dos membros esta não produz qualquer efeito sucessório, dado não ser fonte de relações de parentes-co. O unido sobrevivo será titular de um direito real de habita-ção e terá acesso às prestações por morte

Mas uma dia... o romance acaba! E aquilo que não foi feito atempadamente – uma simples descrição da forma de comparticipação de cada um por se ter privilegiado a relação afetiva vai ser necessário equilibrar com “justiça” e “bom senso

“Cada unido tem o seu património. a titularidade, o uso e afruição da totalidade dos bens está na disponibilidade e

vontade dos unidos, na sua regulamentação”

ressarcimento do enriquecimento sem causa ou da compropriedade da casa.E como se está perante uma relação entre duas pessoas, numa relação sentimental em que se pretende o seu êxito, contribuindo ambos os membros com o que querem e/ou podem ir-se-á discutir o empobrecimento daquele que se arro-ga ter contribuído. É que nestas relações, con-sideradas de essenciais para a satisfação do ser humano, os contributos efetuados pelos mem-bros para o êxito da relação poderão ser tidos por “liberalidades”. Logo, se são denominados de “liberalidade” não conferem a quem as praticou qualquer direito de regresso.A decisão de viver em união de facto, não tem de implicar uma situação de insegurança aos unidos. Estes devem estar conscientes que cabe a eles proceder à regulamentação das situações patrimoniais que vão ocorrendo ao longo da relação!

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O Grupo DQS – UL conta com mais de 20 mil clientes, sendo um dos líderes internacionais na área de certificação de sistemas de gestão e de processos. Com uma rede constituída

por 2400 auditores, em cerca de 65 pa-íses, coordenada a partir de Frankfurt, o grupo está ainda a dar os primeiros passos em Portugal, onde quer reforçar a sua presença. Nesse sentido, Eric Werner-Korall, Pro-ject Manager na DQS, aproveitou a sua apresentação para dar a conhecer e introduzir no nosso país o sistema de gestão de energia para empresas in-dustriais e pequenos empresários, com 20 a 250 empregados, que queiram im-plementar de forma eficiente e custos

reduzidos um sistema simplificado de gestão da qualidade, ambiente, seguran-ça e energia.Trata-se do sistema EcoStep Energie que foi desenvolvido pela DQS em con-junto com o Centro de Racionalização e Inovação da Economia Alemã (RKW) e com o Ministério de Energia e Meio Am-biente de Hesse (HMUELV) como instru-mento especialmente concebido para responder às necessidades das PME de forma a melhorar a sua organização, o seu desempenho ambiental e níveis de segurança e reduzir o consumo de ener-gia. É, por isso, uma ferramenta básica para melhorar continuamente a eficiên-cia energética e realizar os potenciais na redução dos custos.O EcoStep Energie reporta-se a sistemas de gestão existentes, nomeadamente, ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 18001

No passado dia 3 de dezembro, decorreu em Lisboa o X Simpósio Luso-Alemão de Energia sob o tema “Eficiência Energética para a Indús-tria e Grandes Consumidores – Informações, Desenvolvimento e Potencial”. Organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã, foram convidadas a marcar presença neste evento seis empresas alemãs especializadas em tecnologias inovadoras, direcionadas para a melhoria da eficiência energética e ajustadas aos setores da indústria e atividades empresarias, de forma a reduzir os custos energéticos e manter a competitividade. Estas empresas apresentaram-se no Simpósio, onde procuraram também parceiros de cooperação, para em conjunto promoverem a gestão e utilização racional de energia. Uma dessas empresas é a DQS – UL. Saiba mais sobre esta empresa alemã com uma vasta experiência em certificação e no apoio e acompanhamento de empresas na aplicação eficiente da energia!

DQS - UL APRESENTA ECOSTEP EM LISBOA

e ISO 50001. Assim, as empresas até agora não certificadas podem adotar os conteúdos mais importantes desses mesmos sistemas. Além do inventário e da determinação de um ponto de parti-da, serão igualmente definidos proces-sos individuais e medidas para poupar energia. Na sua apresentação, Eric Wer-ner-Korall fez questão de referir que existem várias pequenas medidas que podem ser implementadas nas empre-sas para reduzir os custos energéticos, sem custos elevados, sendo o EcoStep uma forma de o fazer.Outras vantagens que podem ser alcan-çadas pelas empresas que adotarem este sistema, para além do aumento da eficiência das mesmas e da competitivi-dade nos mercados, são: a implementa-ção de políticas e objetivos corporativos, a melhoria contínua do desempenho global da empresa, a prevenção de er-ros no lugar da correção, a redução dos custos resultantes das metodologias im-plementadas de forma sistemática, a re-dução de acidentes e riscos ambientais, o fortalecimento da imagem corporativa e da competitividade, a recuperação da segurança jurídica e o aumento da satis-fação do cliente.Na Alemanha já há cerca de 200 em-presas que implementaram o EcoStep Energie – um sistema vivo que está em constante desenvolvimento e que tem mesmo soluções sectoriais disponíveis, por exemplo, para a vinicultura, carpin-taria e consultórios médicos.Ainda que o orador não se tenha esque-cido das diferenças que existem entre Portugal e Alemanha no apoio a este género de investimentos, afirmando mesmo que “na Alemanha temos a sor-te de ter dinheiro para apoiar este tipo

de projetos”; em Portugal, no âmbito do Sistema de Gestão dos Consumos Inten-sivos de Energia (SGCIE) existem tam-bém possibilidades de apoio para siste-mas de gestão de energia e de medição.Se tiver interesse em adotar este siste-ma na sua empresa informe-se, a DQS também o pode ajudar elaborando uma proposta adaptada à sua dimensão e atividade económica. No processo de implementação poderão ser realizados, entre outras coisas, workshops sobre energia como ação preparatória, onde participarão, se possível, várias em-presas em simultâneo, o que resultará também num intercâmbio de experi-ências; reuniões de aconselhamento na empresa a fim de integrar aquilo que foi aprendido nos sistemas existentes e au-ditorias externas pela DQS com conces-são do Certificado Ecostep Energie. Não deixe escapar o seu!

dqs-ul mArCA PresençA no x simPósio luso-Alemão de energiADQS - UL EM DESTAQUE

Parceiros de negócio procuradosA DQS - UL está interessada em contactos com representantes de:- Empresas de consultoria ener-gética e consultores;- Agências locais de energia;- Organizações interprofissionais que queiram apoiar as suas em-presas associadas.Para mais informações aceder ao site: https://pt.dqs-ul.com/Caso esteja interessado numa reunião com o responsável da empresa, responda por e-mail para [email protected] ou telefone para +351 963038407

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eric Werner-Korall

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O mercado português da relojoaria continua em contraciclo com o resto da economia, mostrando uma inve-jável capacidade de re-sistência perante uma retração generalizada

do consumo.A SRI – Sociedade de Relojoaria Inde-pendente é uma empresa portuguesa do setor relojoeiro que representa marcas que são especialmente interessantes para o mercado nacional, dada a sua excelente relação preço/qualidade. É o caso, por exemplo, da alemã Junkers – que oferece uma garantia vitalícia em todos os seus relógios, mecânicos ou de quartzo – e da Vostok Europe, que pos-sui modelos com um conjunto de funcio-nalidades e caraterísticas que é único na sua gama de preços.Nos últimos anos, a SRI tem também encontrado outras formas de se afirmar no mercado, nomeadamente através da criação de séries especiais e de produ-ção limitada. A empresa possui um ex-celente relacionamento com diversas entidades para as quais já criou diversas séries especiais, e, mais recentemente, tem criado relógios exclusivos para as Forças Armadas, a partir de modelos Junkers e Vostok.

RUMO àS PROFUNDEzASEntre os inúmeros projetos realizados nos últimos anos, dois deles merecem referência por terem tido a sua concre-tização já no final de 2013: o relógio estanque criado para os Mergulhado-res da Armada Portuguesa; e o relógio comemorativo dos cem Anos dos Sub-marinos em Portugal. Nalguns casos, a SRI reserva também algumas unidades destas edições especiais para venda ao público, que tem assim a oportunidade de adquirir peças de grande exclusivida-de e valor.No caso do relógio para os Mergulha-dores da Armada, mais do que uma simples peça comemorativa, este reló-gio estanque (na foto) é um verdadeiro instrumento de trabalho para mergu-lhadores, resistente a pressões até 30 atmosferas – ou seja, até 300 metros de

profundidade. A escolha do relógio foi feita após a realização de vários testes de estanquidade pela própria Armada Portuguesa, que considerou igualmente como critérios de seleção a estética do relógio bem como a sua relação preço/qualidade.Das 114 unidades produzidas deste modelo exclusivo, cerca de 80 relógios foram destinados aos Mergulhadores da Armada Portuguesa, estando neste mo-mento apenas algumas unidades ainda disponíveis para venda ao público.A escolha dos Mergulhadores da Arma-da surgiu na sequência de uma série de produção limitada que desde 2010 tem provado o seu valor no pulso dos oficiais e tripulantes dos submarinos Arpão e Tridente – submarinos a bordo dos quais podemos encontrar ainda relógios de antepara criados em exclusivo e ofe-recidos pela SRI.Enquanto no caso do relógio dos Mer-gulhadores da Armada o projeto foi realizado em conjunto com a Vostok, a SRI associou-se à comemoração do cen-tenário dos Submarinos em Portugal com um relógio mecânico automático da Junkers que, tal como os submersí-veis da 5.ª Esquadrilha, é fabricado na Alemanha. Este relógio possui o mostra-dor personalizado com o logótipo dos cem anos dos Submarinos em Portugal e foi entregue com um lingote de aço gravado, retirado do casco do submari-

A Sociedade de Relojoaria Independente, representante em Portugal de marcas de prestígio como a Junkers, a Aviator ou a Vostok Europe, tem criado nos últimos anos séries especiais e de produção limitada de relógios para diversas entidades e organizações, com ênfase nos diversos ramos das Forças Armadas.

SRI: O APELO IRRESISTíVELDAS EDIÇõES ESPECIAIS

no Albacora – abatido ao serviço após a receção dos novos submarinos.Jorge Pinheiro, diretor-geral da SRI, salienta que “este é um tipo de iniciati-vas cujo desenvolvimento nos dá uma enorme satisfação e, ao mesmo tempo

que ajuda a promover as marcas que representamos, permite estabelecer a SRI como um parceiro sério e empenha-do, capaz de desenhar e implementar projetos personalizados e complexos no mundo da relojoaria.”

sri - soCiedAde de reloJoAriA indePendente em destAqueMARCAS DE PRESTÍGIO

a bordo dos submarinosA SRI ofereceu à Marinha Portuguesa dois relógios de antepara criados pro-positadamente para instalação a bordo dos submarinos N.R.P. Arpão e N.R.P. Tridente, no âmbito da comemoração do centenário da Esquadrilha de Subma-rinos, que se assinalou no passado dia 13 de abril.Os novos relógios de antepara dos submarinos portugueses são peças únicas e exclusivas e o seu mostrador foi personalizado com os logótipos identifica-tivos de cada um dos submarinos. Trata-se de relógios mecânicos com auto-nomia de cerca de 12 dias. A caixa em aço possui uma escotilha e a “corda” do movimento é dada na posição das seis horas, com a ajuda de uma chave de orelhas.

entre os inúmeros projetos realizados nos últimos anos, dois deles merecem referência por terem tido a sua con-cretização já no final de 2013: o relógio estanque criado para os mergu-lhadores da Armada Portuguesa; e o relógio comemorativo dos cem Anos dos Submarinos em portugal

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No caso específico de Portugal, os Censos de 2011 revelam que cer-ca de 18 por cento da população, com 5 ou mais anos de idade, não consegue realizar pelo menos uma das 6 atividades diárias relaciona-das com a visão, audição, locomo-ção, memória/concentração e com

a higiene e arranjo pessoal e, ainda, com a compre-ensão dos outros e fazer-se entender por eles.A realidade destas pessoas no dia a dia passa por enfrentar as barreiras que as impedem de partici-par plena e efetivamente na sociedade, em condi-ções de igualdade com as outras pessoas.É por esta razão que a Assembleia-Geral da ONU proclamou, em 1992, o dia 3 de dezembro como o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, com o intuito de sensibilizar a população mundial para a necessidade de construir uma sociedade in-clusiva e para todos.O objetivo estratégico desta efeméride é promover a compreensão da transversalidade da deficiência, em todos os domínios da vida em sociedade, mobi-lizando a comunidade internacional na defesa dos direitos das pessoas com deficiência. Assim, em 2013, “Quebrem Barreiras, Abram Por-tas: Por uma Sociedade Inclusiva para Todos”, é o tema escolhido pela ONU para chamar a atenção mundial para a situação das pessoas com defici-ência, no sentido de criar uma visão estratégica e de planificar o desenvolvimento de uma sociedade inclusiva.Neste contexto, o Instituto Nacional para a Reabili-tação, I.P., por motivo desta significativa efeméride internacional, associou-se à Casa Pia de Lisboa, I.P. na preparação das comemorações nacionais do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.Ambas instituições assinalaram esta importante efeméride e promoveram o Congresso Nacional de Apresentação do Projeto “Surdocegueira: Um Modelo de Intervenção”, nos dias 3 e 4 de dezem-bro, no Centro Cultural de Belém – Sala Almada Negreiros, sob o lema escolhido pela ONU: “Que-brem barreiras, abram portas: por uma sociedade inclusiva para todos”.No âmbito destas comemorações, em 2013, pela primeira vez, foi organizada a “Festa das Artes – crianças e jovens com deficiência”, um evento que proporcionou uma tarde de diversão para todas as

crianças e jovens com deficiência, preenchida de muita música e animação.Ao mesmo tempo, e também pela primeira vez, fo-ram nomeados, oficialmente, os embaixadores para a deficiência 2014 personalidades que conquista-ram o patamar de cidadania de excelência no com-promisso cívico pelos direitos das pessoas com de-ficiência. Os nomeados foram: Simone Fragoso, no desporto paraolímpico; José Arruda, na gestão das ONG’s; Carlos Pereira, na área das acessibilidades e Mário Augusto, na área da comunicação social.O INR, I.P., no âmbito da sua missão, visão e va-lores, norteia-se pelos princípios da garantia de igualdade de oportunidades, do combate à dis-criminação e da valorização das pessoas com de-ficiência, numa perspetiva de promoção dos seus direitos fundamentais consagrados na Convenção

Segundo informação disponibilizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 15 por cento da população mundial vive com algum tipo de deficiência.

“QUEBREM BARREIRAS, ABRAM PORTAS: POR UMA SOCIEDADE INCLUSIVA PARA TODOS”

sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, que Portugal ratificou, em 2009. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência constitui um marco histórico na ga-rantia e promoção dos direitos humanos de to-dos os cidadãos e em particular das pessoas com deficiência.Esta convenção reafirma os princípios universais (dignidade, integralidade, igualdade e não discri-minação) em que se baseia e define as obrigações gerais dos Governos relativas à integração das vá-rias dimensões da deficiência nas suas políticas, bem como as obrigações específicas relativas à sensibilização da sociedade para a deficiência, ao combate aos estereótipos e à valorização das pes-soas com deficiência.Celebrar o Dia Internacional das Pessoas com Defi-ciência, no contexto do Ano Europeu dos cidadãos, representa o imperativo de incrementar a partici-pação destes cidadãos, de criar e efetivar um sen-timento de pertença e de reforçar a proteção dos seus direitos como cidadãos. É hora de quebrar barreiras e abrir as portas por uma sociedade in-clusiva para todos!

José mAdeirA serôdio, Presidente do inr - instituto nACionAl PArA A reABilitAção, i.P.

RESPONSABILIDADE SOCIAL a oPInIÃo de...

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José Silva Peneda já por di-versas ocasiões tem vindo a demonstrar o seu descon-tentamento relativamente à intervenção da União Euro-peia em Portugal, no âmbito do Programa de Assistência Financeira. Tal como consta

do Parecer do CES sobre a Proposta do Orçamento do Estado para 2014, a es-tratégia económica seguida pela Troika em Portugal, através de um esforço de consolidação orçamental demasiado agressivo, está a colocar em causa pon-tos primordiais da economia nacional.Segundo o mesmo, “quatro erros maio-res condicionaram a elaboração do Me-morando de Entendimento e as políticas dele resultantes”. Por um lado, “uma inadequada carateri-zação da crise, subestimando a dimen-são estrutural da mesma e os elevados níveis de endividamento, não apenas do Estado, mas também das empresas e das famílias”. Por outro, “uma subavaliação do peso da procura interna e do impacte negativo da sua redução sobre o cresci-mento e o emprego, cujo reverso foi a sobrestimação da capacidade de alavan-cagem da procura externa”.O terceiro erro dá conta de um “reforma do Estado apressadamente confundida com mero combate cego ao ‘despesis-mo’ e corte de ‘gorduras’ do Estado”. Por último, é criticada a “visão minimalista das ‘reformas estruturais da economia’, assimilada a uma mera sucessão de des-valorizações internas competitivas”.Para Silva Peneda, com o modelo econó-mico que vigorou até 2011 esgotado - as-sente na construção civil, no imobiliário, no consumo ilusoriamente fácil e na ideia de que desde que se aumentasse a despe-sa pública haveria crescimento económi-co –, surge a necessidade de se criar um novo modelo, orientando para a produ-ção de bens não transacionáveis, que tire partido do nosso centros de excelência e das nossas vantagens competitivas, que aposte na diferenciação do produto e nunca num esquema de baixos salários.“As políticas públicas terão de valorizar os fatores de diferenciação positiva do País que favoreçam uma menor depen-dência do exterior”, pode ler-se no Pare-cer do CES. Um novo modelo deve perse-guir de forma coordenada três objetivos:

“equilibrar as contas públicas, reformar o Estado e pôr a economia a crescer. Se estes três objetivos estivessem represen-tados num triângulo, no centro teríamos a coesão social do país. Estes objetivos têm que ser perseguidos de forma equi-librada, não se podendo carregar no ace-lerador para um e descurar os outros, tal como aconteceu até aqui”, afirma.

“OS ACONTECIMENTOSRECENTES NãO ME DEIxAM

MUITO OTIMISTA”José Silva Peneda garante que esse modelo não pode ser criado sobre betão, como no modelo económico que vigorava antes da crise, nem com base num programa como o da Troika. Para além disso, exige tempo e compromisso político ao mais alto nível.“Primeiro é preciso ter uma visão para o País, o que implica o surgimento de um novo modelo que, para ser eficaz, exige um programa desenhado para ser apli-cado, no mínimo, por uma década, com desenvolvimento gradual, assente num alto grau de coerência entre as diferen-tes políticas setoriais, por forma a con-tribuir para mais elevados padrões de coesão social. Mas nada disto será possí-vel sem a obtenção de um elevado grau de compromisso entre as forças políti-cas representadas no Parlamento. Com o programa da Troika a terminar em meados do próximo ano, ou somos nós a apresentar um programa deste género ou será a União Europeia a dar-nos a re-ceita que será mais do mesmo”, garante.O Presidente do CES fez questão de re-alçar nesta entrevista que “junho vai ser um péssimo período em termos de União Europeia, uma vez que o Parla-mento Europeu vai a eleições, a Comis-são estará numa fase de transição e, portanto, quem vai mandar são os buro-cratas que irão pegar na receita que têm, na tabela tradicional a que já estamos habituados e se traduz em redução dos salários, cortes na despesa…”.Como tal, a necessidade de apresentar um programa alternativo para Portugal reveste-se de cariz urgente. Apesar da urgência, Silva Peneda não está confian-te. “Se a classe politica pensar pequeni-no e no curto prazo, como habitual, não vamos ter programa de médio prazo com estas características. Se forem ca-pazes de pensar em termos das neces-

José Silva Peneda dispensa apresentações. Depois de ter ocupado diversos cargos no panorama político nacional é, atualmente, Presi-dente do Conselho Económico e Social (CES), uma entidade que não podia passar em branco num especial sobre responsabilidade social. Não querendo ser protagonista, porque esse papel cabe aos parceiros sociais, Silva Peneda esforça-se por ser um agente facilitador na concertação social. Para o presidente do CES “após uma crise tão profunda como aquela que vivemos, nunca podemos esperar que no fim da crise se regresse ao ponto de partida. Estamos a atravessar um período de transição e estes são períodos em que normalmente surgem muito equívocos e muitas injustiças, mas temos que caminhar para novos equilíbrios porque o modelo que serviu de base à economia portuguesa até 2011 está esgotado”. À Revista Pontos de Vista, Silva Peneda apresentou algumas alternativas a seguir na procura desses novos equilíbrios.

“É PRECISO TER UMA VISÃO PARA O PAíS, O QUE IMPLICA O SURGIMENTO DE UM NOVO MODELO”

sidades de país, cientes de que é preciso selecionar os instrumentos que corpori-zem essa visão, então será possível. No entanto, os acontecimentos recentes não me deixam muito otimista”.Relativamente ao salário mínimo, José Silva Peneda refere que esta é uma matéria que deve ser conduzida funda-mentalmente pelos parceiros sociais, os quais já mostraram disponibilidade. Quanto à Troika, considera que a mes-

ma não tem sido colaborante. Um ajus-tamento do salário mínimo teria, para o presidente do CES, um efeito positivo na procura interna, que por sua vez contri-buiria para alguma animação do tecido empresarial mas, sobretudo, seria um sinal de que o País não quer basear a sua economia em baixos salários.Por fim, alertou que sem um crescimento da economia a taxas de, pelo menos, dois por cento, não será possível criar empre-go em Portugal. Para a criação de posto de trabalho no imediato, o Turismo e a Agri-cultura são os setores que mais rapida-mente conseguirão dar uma resposta por terem capacidade instalada. O aumento do emprego na indústria, por sua vez, só será possível com um programa estrutu-rante e de médio prazo porque obriga a investimentos que precisam de matura-ção para que sejam altamente competiti-vos no mercado globalizado.

José silvA PenedA, Presidente do Ces, em destAqueRESPONSABILIDADE SOCIAL

revista Pontos de Vista - o que é que destaca da atividade do Ces nos últimos anos?José Silva Peneda - O CES tem tido uma atividade intensa nos últimos anos procurando promover o debate e a reflexão entre os seus Conselheiros e a Sociedade sobre temas do foro económico e social. Os trabalhos preparatórios que conduziram à assinatura do acordo de concertação social sobre o “Com-promisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego” em 2012 tiveram lugar no CES. Em termos de Pareceres podem destacar-se os que o CES tem aprovado anualmente sobre Orçamentos do Estado, Grandes Opções do Plano e Documentos de Estratégia Orçamental. Salientam-se ainda alguns Parece-res de Iniciativa do Conselho designadamente sobre as “Consequências eco-nómicas, sociais e organizacionais decorrentes do envelhecimento da popula-ção”, acerca da “Competitividade das cidades, coesão social e ordenamento do território” e sobre o “Futuro da Zona Euro”.Para além de múltiplas reuniões de trabalho com as instituições e outros or-ganismos da União Europeia e com representantes dos parlamentos de vários Estados-Membros, o CES tem organizado encontros e conferências que consi-dera úteis na atual situação do país.

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José silva peneda

“Com o programa da troika a terminar em meados do próximo ano, ou so-mos nós a apresentar um programa deste género ou será a união europeia a dar-nos a receita que será mais do mesmo”

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Pontos de Vista Dezembro 2013

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Que tipo de apoio a Associação Ouvir tem dado aqueles que sofrem de defi-ciência auditiva em Portugal e que se encontram numa situação de maior carência económica?Em primeiro lugar, a OUVIR vai assina-lar no próximo dia 11 de março de 2014, o seu terceiro aniversário. Parece-nos pouco tempo, para conseguirmos dar a resposta que os deficientes auditivos merecem e devem ter, para podermos ajudá-los a ultrapassar e superar uma situação de maior carência económica. Somos ainda uma associação nova, e que carece de meios e de fundos para a nossa organização. De qualquer forma, não podemos es-quecer, que a situação económica por que Portugal está a passar, é para nós – a OUVIR -, também, uma contrariedade àquilo que poderíamos fazer. Também a OUVIR, está a ser alvo dessa mesma situação, e posso dizer-lhe que, neste momento, a associação tem me-nos pessoas para a apoiar. Infelizmente, vive-se um tempo em que as pessoas têm que pensar mais em si próprias, e assim há menos tempo para ajudar os outros. O que para nós é lamentável!O tipo de apoio que temos dado até ao momento, é o apoio logístico a quem re-corre à OUVIR, e a quem nos contacta. Foi o que fizemos no que sucedeu com a paragem de cirurgias para implante co-clear, no Centro Hospitalar de Coimbra, Hospital dos Covões, por falta de verbas para implantes. A OUVIR quis resol-ver esse problema, por se tratar de um Hospital pioneiro neste tipo de cirurgia, e fez desbloquear a situação, com uma carta que enviou diretamente ao Minis-tério da Saúde.

Quais as principais ações que têm vin-do a desenvolver?Não temos tido oportunidades para de-senvolver as ações necessárias. Todavia, temos tentado aproveitar e estar disponí-vel, para esclarecer algumas dúvidas sus-citadas por alguns deficientes auditivos, portadores de próteses e implantes. Te-mos agido mais na área da informação, e orientar quem nos procura. Estamos, ago-ra mais, a trabalhar na divulgação da asso-ciação, e na angariação de sócios e dona-tivos. No entanto, sentimos que podemos fazer muito mais, e pensamos ir mais lon-ge e ambiciosamente com o nosso projeto. Por isso, estamos a unir esforços, e neste momento, a OUVIR conta com uma rede de parceiros de grande importância.Temos um projeto bem definido a orien-tar-nos, cujo planeamento está ainda em fase de desenvolvimento, e que está aces-sível ao público através da nossa página, em: www.ouvir.pt .

O problema da deficiência auditiva afe-ta cada mil crianças e um em cada três idosos. Apesar do número elevado, há ainda algum desconhecimento em re-lação a este flagelo e aos tratamentos atualmente existentes? Um dos prin-cipais papéis da associação é dar essa informação?Não temos meios de acesso nem a respon-sabilidade de dar essa informação, mas conhecemos os dados estatísticos relati-vos ao problema da deficiência auditiva, e damo-los sempre que alguém nos pede esses dados. Mas se por algum motivo sair alguma notícia em algum órgão de comu-nicação social, também a partilhamos nos nossos meios de divulgação. A responsabilidade de se saber a razão

É uma Associação recente o que se traduz numa dificuldade acrescida na situação económica em que o país se encontra. Ainda assim, na OUVIR não baixam os braços e prometem trazer melhor qualidade de vida e apoio aos deficientes auditivos. Saiba mais sobre a Associação OUVIR através desta entrevista a António Antunes Miranda, Presidente da mesma.

SABER OUVIR É SABER ESCUTARCOM O CORAÇÃO!

deste flagelo, deve ser dada através dos órgãos de comunicação social, mas por órgãos ou pessoal competente da área da otorrinolaringologia. Falamos, com cer-teza, dos médicos em primeiros lugar, e depois dos técnicos, que também devem divulgar e debater esta situação. A origem de um problema de audição, é de grande amplitude, e pode compreender um número variadíssimo de fatores. A as-sociação conhece muitos casos de surdez, e qual a origem dela nalguns casos. Pode-mos dizer, que temos um enorme cuidado em saber qual a origem da surdez dos nossos sócios, e das pessoas que recorrem à OUVIR para solicitarem qualquer infor-mação. Pois, a forma como damos respos-ta às abordagens, deve ser diferente de caso para caso.

Tendo em conta que um terço dos ido-sos enfrentam o problema da deficiên-cia auditiva, de que forma é possível melhorar a qualidade de vida dos mes-mos? O que é que a Associação Ouvir tem feito nesse sentido?A melhor forma de lhes dar a qualidade de vida é “fazê-los ouvir”. Infelizmente, a OUVIR nem sempre chega até aos ido-sos, porque nem sempre eles têm acesso aos meios de divulgação da associação. Todavia, é muito importante que, quem cuida deles, saiba da existência da nossa associação para os apoiarmos. Estamos a estudar a melhor forma de responder a esses casos. No entanto, a OUVIR não tem a capacidade nem a responsabilidade financeira de apoiar os idosos, quando se trata de casos em que a reforma é limita-da. Antes, ajudá-los no diálogo com órgãos governamentais competentes e parceiros, e solicitar-lhes que haja facilidade de pagamento, e depois, que haja meios ou apoios técnicos na Segurança Social.

Como perspetiva o futuro da Associa-ção Ouvir?Perspetivamos uma OUVIR mais ativa, com mais membros, colaboradores, vo-luntários, e por sua vez, com mais sócios. Queremos que possa ser mais participa-tiva em diversas ações e campanhas, que possa ter o arcaboiço económico, que lhe permita organizar mais eventos e ativida-des, e que lhe permitam o maior contacto com e entre os deficientes auditivos em Portugal. Pretendemos ser uma organi-zação fundamental na procura dos melho-res direitos das pessoas com deficiência auditiva. Mais interveniente, e que possa servi-los cada vez melhor. Abraçar outras associações e organizações, nacionais e

internacionais, que nos permitam o con-tacto com outras pessoas com deficiência auditiva de outros pontos do Mundo, bem como, o descobrir de novas formas de atu-ar não existentes em Portugal.

3 de dezembro é o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Que men-sagem gostaria de deixar, em nome da Associação Ouvir, para assinalar esta data?Em nome da associação OUVIR, e como Presidente da mesma, queria pedir a to-dos os deficientes auditivos para se jun-tarem a nós. Precisamos de Todos e unir esforços, para conseguirmos chegar onde pretendemos. Mas, sobretudo, quero di-zer que nenhum deficiente auditivo está esquecido neste enorme projeto, que é a OUVIR. No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, e em particular, a Deficiência Auditiva, pedimos aos órgãos competen-tes governamentais e não governamen-tais, que deem cada vez mais valor a esta deficiência, que muitas vezes, é esquecida. Pedimos que as pessoas ligadas a esses órgãos prestem atenção e deem maior importância às dificuldades enormes e de toda a espécie com que o deficiente audi-tivo se depara. Não se olhe apenas para o surdo profundo, mas também, para aque-les que dependem de prótese e/ou im-plante auditivo. Queria ainda lembrar os custos diários que carregamos com pró-teses e implantes. Tudo é muito caro! Re-visões; reparações; substituições, porque este material tem grande desgaste; pilhas, que, têm que ser substituídas diariamen-te; etc. Há crianças implantadas que não usam os respetivos implantes porque os pais não conseguem suportar as despesas.Solicitamos que haja, cada vez mais, uma maior acessibilidade para as pessoas com deficiência auditiva, e meios que permi-tam dar garantias de boas condições de trabalho a estas mesmas pessoas. O defi-ciente auditivo é muito descriminado!

Ouvir, uMA ASSOCiAçãO quE SEguE O lEMA:RESPONSABILIDADE SOCIAL

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LER NA INTEGRA EMWWW.PONTOSDEVISTA.PT

antónio antunes miranda

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Não me lembro de ter faltado ao respeito a alguém, não me lembro de ter feito algo grave para que tenha que ser casti-gado desta forma, sem que ninguém tenha explicado primei-ro o que poderia vir a acontecer se não tivesse uma conduta dentro dos parâmetros considerados normais, no decorrer de respostas que tardam em chegar por quem de direito, encontra-se Pessoas semelhantes em que a vida lhes ensinou a serem persistentes, lutadores e acima de tudo nunca vacilar

perante o primeiro obstáculo, são deficiências congénitas em que os protago-nistas se adaptaram desde o inicio do primeiro dia de vida, em que a adapta-ção e a luta pela sobrevivência se tornou uma constante no dia a dia, procura essa que encontra uma resposta no desporto adaptado, uma porta, uma luz e é com uma dessas luzes entre tantas outras que começa um processo de reabilitação e integração na sociedade, onde demostra as suas capacidades e a deficiência começa a ter um papel secundário, embora ainda haja quem teime em dar um papel principal, o mundo fica estupefacto com a capacidade de uma Pessoa com deficiência de se exortar para uma pratica desportiva que era impensável numa pessoa com deficiência nem a comunidade estava pre-parada para tal, ainda nos dias de hoje, pleno seculo XXI a sociedade não está preparada para receber de uma forma simples a capacidade de uma Pessoa com deficiência em ser capaz, sem que ponha em primeiro lugar a deficiência, tornando-nos nuns heróis num dia e num outro dia tornando-nos vitimas de nós próprios.

O desporto tem tido ao longo dos séculos um papel determinante na constru-ção de uma sociedade para todos, vejam por exemplo mais de vinte séculos separam Hipócrates de Cós (460-377 a.C.), considerado o fundador da medi-cina científica que utilizou o exercício físico para melhorar as doenças congé-nitas e adquiridas da anca do Sir Ludwig Guttmann, médico, neurocirurgião, a quem se atribui o mérito de ter introduzido a atividade física e o desporto nos programas de reabilitação dos deficientes civis e militares vítimas da segunda guerra mundial outros exemplos de registo, do passado, que fazem referência a prática da atividade física e do desporto para pessoas com deficiência, refere--se, a título de exemplo, a existência em 1888 de um clube de praticantes de golfe de um só braço. Em Portugal com o nascimento da Federação Portuguesa de Desporto para pessoas com Deficiência data a assinalar, 7 de dezembro de 1988, veio ao encontro de procura de respostas para a competição quando se diz competição quer dizer alto rendimento, utilizando o mote do ano Interna-cional da Pessoa com deficiência, temos a consciência de ter quebrado barrei-ras aberto portas para uma sociedade inclusiva para todos.

O que acontece quando no desenrolar da vida ativa de uma Pessoa escorreita, sofre um acidente em que é confrontado com uma deficiência, cai o mundo á nossa frente, procura-se respostas e não as há, bate-se de porta em porta tentando encontrar alguém que de uma forma ou de outra consiga nos dizer, porquê Eu?

QUEM SOMOS...José PAvoeiro, Presidente dA federAção PortuguesA de desPorto PArA PessoAs Com defiCiênCiA

RESPONSABILIDADE SOCIAL a oPInIÃo de...

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missão e VisãoMotivar o desenvolvimento de atividades físicas para pessoas com defici-ência. Promover um aprofundamento em termos de conhecimentos teóri-cos e práticos relativamente ao desporto adaptado.

Objetivos:• Promoção das modalidades existentes e divulgação das novas modali-dades adaptadas;• Captação e Fidelização de novos praticantes;• Fomentar a prática desportiva para cidadãos com deficiência;• Tornar prática desportiva adaptada parte dos programas de apoio à vida ativa;• Combate à tendência para a obesidade e sedentarismo;• Combate à exclusão social;• Integração social de cidadãos com deficiência;

Em Portugal com o nascimento da Federação Por-tuguesa de Desporto para pessoas com Deficiência data a assinalar, 7 de dezembro de 1988, veio ao encontro de procura de respostas para a competição quando se diz competição quer dizer alto rendimen-to, utilizando o mote do ano internacional da pessoa com deficiência, temos a consciência de ter que-brado barreiras aberto portas para uma sociedade inclusiva para todos

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Foi com agrado que, na conferência co-memorativa do seu 25º aniversário, a 18 de outubro, a Alzheimer Portugal recebeu a notícia, transmitida pelo Dr. António Leuschner, Presidente do Conselho Nacional de Saúde Mental, de que o Plano poderia ser uma rea-lidade em 2014.

O trabalho desenvolvido neste sentido pela Dire-ção Geral de Saúde, surge na sequência do que têm sido os sucessivos convites do Parlamento Euro-peu e da Comissão Europeia aos governos nacio-nais para que criem Planos ou Estratégias Nacio-nais para as Demências e também das iniciativas realizadas a nível nacional pela Alzheimer Portu-gal e pelo próprio Parlamento Nacional .Muito recentemente, a DGS lançou a publicação “PORTUGAL, SAÚDE MENTAL EM NÚMEROS 2013”. Nas notas introdutórias desde documento, o Dr. Álvaro de Carvalho, referindo-se às demên-cias, afirma o seguinte:“Neste particular as demências são uma realidade, cuja intervenção necessária ultrapassa a compe-tência do Ministério da Saúde mas em que a Saú-de Mental tem responsabilidade inevitável. Neste sentido deram-se os primeiros passos para juntar e articular os vários parceiros nacionais com sa-ber e responsabilidade no tema, estruturando-se um plano nacional, em que a caracterização das necessidades em cuidados, o apoio domiciliário, direto e às famílias, a par da vertente residencial, se perspetiva que tenham tradução numérica e so-bretudo qualitativa diferentes, passíveis de terem expressão em próximas edições do “Portugal: Saú-de Mental em números”.Nesta publicação, no que toca ao levantamento dos dados sobre o que se passa nas estruturas pú-blicas de saúde, as figuras 18 e 19 (págs. 48 e 49), referem, respetivamente, apenas 0,29 por cento de pessoas com registo de Demência entre o número de utentes inscritos em CSP por ARS e apenas 0,48 por cento entre o número de utilizadores.Estas percentagens são bem demonstrativas do muito que ainda há a fazer no sentido da maior sensibilização dos médicos de família, das pessoas com queixas de memória e dos seus familiares.Face ao número estimado de pessoas com Demên-cia que existem em Portugal (cerca de 153 000), o sub diagnóstico continua a ser um problema grave.Na verdade, existem atualmente muitos casos de doença de Alzheimer ou outra forma de demência, por diagnosticar e que ainda há um longo caminho a percorrer no sentido da sensibilização dos profis-sionais de saúde, muito em especial dos clínicos ge-rais, bem como das famílias, para a importância de:1. Estar atento aos primeiros sinais de Demência;2. Encaminhar para especialista a fim de obter um diagnóstico preciso;3. No pós-diagnóstico:a. Assegurar a articulação entre os vários interve-nientes: o clínico geral, o especialista, a própria pessoa, os seus familiares;

b. Dar a conhecer e encaminhar para a Alzheimer Portugal e para outros serviços existentes na co-munidade;Espera-se que a criação do Plano Nacional para as Demências possa contribuir para o combate eficaz ao sub diagnóstico e que promova o diagnóstico atempado, com inegáveis ganhos em saúde.

A ALzHEIMER PORTUgALA Alzheimer Portugal é uma associação sem fins lucrativos, dotada do estatuto de Instituição Par-ticular de Solidariedade Social. Fundada em 1988, é a única organização de âmbito nacional, especi-ficamente constituída para promover a qualidade de vida das pessoas com Demência, estimadas em 153 mil em Portugal. Como membro da Alzheimer Europe, a Alzhei-mer Portugal participa ativamente no movimento mundial e europeu sobre as demências, procuran-do reunir e divulgar os conhecimentos mais recen-tes sobre a Doença de Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das suas causas, efeitos, profilaxia e tratamentos.A Alzheimer Portugal integra, também, a Platafor-ma Saúde em Diálogo, uma associação sem fins lucrativos constituída por associações de doentes, promotores e profissionais de saúde e de consu-midores, cujo principal objetivo é o de dar voz aos doentes e utentes de saúde contribuindo para a

Há vários anos que a Alzheimer Portugal defende a necessidade urgente de se criar um Plano Nacional para as Demências.

PLANO NACIONAL PARA AS DEMêNCIAS EM 2014?

evolução de um sistema de saúde cada vez mais centrado no doente.A Alzheimer Portugal promove atuações em três áreas fundamentais: • Ajuda Direta às Pessoas com Doença de Alzhei-mer ou outras formas de demência e aos seus cuidadores. Temos atendimento direto nas De-legações em Matosinhos, Pombal, Funchal, nos Núcleos em Almeirim e Aveiro e no Gabinete em Coimbra. Centros de Dia em Matosinhos, Pombal, Lisboa e Estoril, Serviço de Apoio Domiciliário em Lisboa e Estoril, um Lar de Acolhimento no Estoril e disponibilizamos vários serviços descentraliza-dos (Grupos de Suporte, Terapia Ocupacional, Fi-sioterapia, etc.).• Formação e Informação a familiares e a profis-sionais. Em 2012, realizámos 142 atividades for-mativas para 3935 participantes, onde se inclui a promoção de conferências.• Comunicação e Consciencialização Pública com a realização de campanhas, organização do Memory Walk (Passeio da Memória) e criação e disponibili-zação de conteúdos gerais para a população e con-teúdos específicos para cuidadores e pessoas com Demência (Site, Newsletter, Revista, Facebook).

Saiba mais em www.alzheimerportugal.orgContactos: Tel.: 213 610 460E-Mail: [email protected]

João CArneiro dA silvA, Presidente dA direção dA AlzHeimer PortugAl

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“Face ao número estimado de pessoas com Demência que existem em Portugal (cerca de 153 000), o sub diagnóstico continua a ser um problema grave”

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O Grupo P.I. Mabe é líder na produção de marcas para a dis-tribuição em toda a América Latina e tem duas fábricas na América.O Grupo P.I. Mabe, junto com a companhia Norteamericana líder na distribuição de Marcas Privadas de toalhitas húmi-das em EEUU, Rock-Line, forma uma sólida sociedade que potencia a distribuição e completa a Gama.O nosso crescimento demonstra a confiança que os nossos

clientes depositam na nossa capacidade para desenvolver novos produtos de qualidade e no esforço que fazemos para manter elevados níveis na qualidade de serviço.

qUALIDADE, PRODUçãO E DISTRIBUIçãOO nosso centro logístico em Espanha está situado em Toledo, onde temos ca-pacidade para armazenar e distribuir produtos para toda a Europa.Nas nossas fábricas seguimos um exaustivo procedimento de controlo de qua-lidade tanto de matérias primas como de produto acabado. Estamos certifica-dos pela AENOR com a norma ISO 9001.

OBJETIVOSO nosso primeiro objetivo é conseguir que o consumidor esteja plenamente satisfeito com a qualidade e performance do produto comprado. Pretendemos conseguir que o nosso produto se traduza numa melhoria de imagem e incremento do prestígio para os nossos clientes.Sabemos que a consecução dos objetivos anteriores só é possível se mantiver-

mos uma dedicação prioritária na investigação e desenvolvimento dos nossos fabricantes e por isso, para nós, o investimento em I&D é prioritário. Estamos conscientes de que não só devemos oferecer o melhor e mais adequado pro-duto, como também um serviço logístico que melhore os custos e o controlo dos mesmos para os nossos clientes. Queremos ser um prolongamento do de-partamento de marketing dos nossos clientes, tratando a sua marca como se fosse nossa e desenvolvendo sempre o produto e as políticas adequadas para melhorar a sua rotação e benefício.A Moltex é uma marca que tem produtos fabricados da mais alta qualidade, protegidos por patentes próprias. O nosso rigoroso controlo de qualidade está avaliado pelas normas ISO e pela confiança dos nossos consumidores, que fa-zem da Moltex uma garantia de vendas para os nossos clientes.Os produtos de incontinência para adultos estão mais focados no canal de Hos-pitais, Residências e Farmácias mas graças à sua evolução no mercado, já é usual encontrar estes produtos nos lineares de vários tipos de lojas. A Affective é uma marca testada ao longo de muitos anos, com extensa inves-tigação e desenvolvimento no campo de absorventes e tecidos nonwomen. Os produtos Affective estão protegidos por patentes próprias, certificação dos processos de controlo de qualidade e fabrico pelas normativas ISO, certifica-dos pelo Ministério de Saúde com número de registo. Affective é um produto da máxima qualidade com a garantia de uma grande companhia.

Quatro em cada cinco pais desconhecem o efeito ambiental provocado pelas fraldas dos seus filhos • Segundo um estudo elaborado por Biobaby quase metade dos pais entrevis-tados desconhece que as fraldas tradicionais contêm produtos derivados do petróleo. • Conter materiais biodegradáveis é um dos fatores mais importantes que in-fluencia os pais na escolha de uma fralda, juntamente com a qualidade e com a proteção do bebé.• Em Espanha, os resíduos das fraldas dos bebés representam 900.000 tonela-das por ano, o que equivale a encher o estádio Santiago Bernabéu duas vezes.

Valor Brands Europe S.L. está a apostar no desenvolvimento de uma fralda Bio-baby by Moltex.

SABIA qUE?Esta é a primeira fralda que, sem perder as suas qualidades, é mais amiga do meio ambiente e tem maior número de materiais naturais e biodegradáveis que as restantes fraldas. A fralda tradicional fabricada com superabsorventes feitos com 100 por cento de petróleo demora cerca de 400 anos a decompor-se.Se considerarmos que no mundo se consomem aproximadamente 93 mil mi-lhões de fraldas por ano e que a maior parte das mesmas não são biodegradá-veis, o problema torna-se preocupante e não queremos que sejam os nossos filhos a pagar, sobretudo quando ainda não podem tomar decisões.

SOLUçãO BIOBABY:Substituímos as fibras plásticas de embalagem e cobertura da fralda por materiais biodegradáveis, com isto asseguramos que num prazo inferior a oito anos estes materiais estarão decompostos e reintegrados na natureza.Todavia substituímos materiais de fontes não re-

nováveis (derivados do petróleo) como as barreiras anti fugas, coberturas in-ternas e inclusive o gelatinizante, foram substituídas por materiais de origem natural que são biodegradáveis e provêm de fontes sustentáveis.

A Valor Brands é uma companhia do Grupo P.I. Mabe que opera no mercado Europeu desde 2000 com a marca de fraldas e toalhi-tas húmidas para bebés “Moltex". Atualmente, ainda comercializa fraldas com as marcas “Baby-Up” e “Aquakids” e Incontinência para adultos com a marca “Affective”.

UMA EMPRESA COMPROMETIDA COM O MEIO AMBIENTE

vAlor BrAnds

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A Associação Salvador acredita que a ex-clusão social só pode ser combatida com políticas concretas de integração que asse-gurem as condições básicas de vida, e que apostem fortemente na valorização das capacidades de cada um. Neste sentido, de-senvolveram ao longo dos últimos dez anos projetos com o objetivo de aumentar a par-

ticipação ativa das pessoas com deficiência na sociedade. Atualmente, cada vez mais cientes das reais necessidades das pessoas com deficiência, continuam a focar o seu tra-balho nas áreas da Integração onde têm iniciativas que vão desde a organização de eventos de convívio (em 2013 tiveram 300 participantes), eventos desportivos, ações de formação profissional, e atribuição de apoios concretos que muitas vezes vêm colmatar necessidades básicas, como é o caso da maioria das 133 pessoas apoiadas através da Ação Qualidade de Vida. Para financiar os casos que não foram contemplados pelo orçamento da Ação Qualidade de Vida, relançam todos os anos a plataforma de crowdfunding (www.preenchaestavida.com).A luta pelas acessibilidades, ou pela falta delas em Portugal, continua a ser um grande desafio, tendo como principal ob-jectivo o de eliminar as barreiras físicas existentes de Norte a Sul, invisíveis aos olhos de tanta gente, mas que se tornam fatores de exclusão para tantas pessoas com mobilidade reduzida. Para isso, realizaram recentemente um evento de sensibilização de ocupação de um parque de estacionamen-to por pessoas em cadeira de rodas (Ocupe o Seu Lugar).Apostam também na área da Sensibilização, de modo a aler-tar os jovens para o perigo atrás de um acidente de mota ou de um mergulho mal dado, para além de ser importante desdramatizar a temática da deficiência. O Salvador fez o filme “Há sonhos que morrem cedo demais” que pode ser visto nas redes sociais que demonstra este empenho em campanhas de prevenção rodoviária.Obrigada pelo apoio nesta década de tanto trabalho e tão motivador!

No próximo dia 23 de Novembro, a Associação Salvador celebra 10 anos de existência. A sua missão mantém-se viva, a de pro-mover a inclusão das pessoas com deficiência motora na sociedade e a melhoria da sua qualidade de vida.

DURANTE DEz ANOS A AUMENTAR A PARTICIPAÇÃO ATIVA NA SOCIEDADE DAS PESSOAS COM DEFICIêNCIA

lArA de noronHA, gestorA de ProJetos nA AssoCiAção sAlvAdor em CeleBrAção dos dez Anos dA AssoCiAção

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“não sou eu que vivo agarrado a uma cadeira, é a cadeira que vive agarrada a mim, porque o que real-mente importa é estarmos agarrados à vida!”

Salvador Mendes de Almeida

sobre a associação salvadorFundada em 2003 por Salvador Mendes de Almeida, tetraplégico desde os 16 anos devi-do a um acidente de viação, a Associação Salvador desenvolve projetos em quatro eixos de atuação: Integração, Acessibilidades, Sensibilização e Investigação e Tecnologia. Com uma postura ativa e responsável, a Associação Salvador luta pela construção de uma sociedade mais inclusiva, com padrões de justiça e eficácia na integração plena das pessoas com deficiência motora.Para mais informações visite http://www.associacaosalvador.com

A exclusão social só pode ser com-batida com políticas concretas de integração que assegurem as condi-ções básicas de vida, e que apostem fortemente na valorização das capa-cidades de cada um

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F oram 21 as vontades que se juntaram no dia 7 de novembro de 2003 com o intui-to de apoiar a total integração do indi-víduo com síndrome de asperger na so-

ciedade”, explica a Diretora da Associa-ção, Piedade Líbano Monteiro. Na base, esteve também um repto do Pediatra Nuno Lobo Antunes “que via chegar re-gularmente, ao gabinete dele, famílias em sofrimento sem perceberem bem o problema que o filho tinha porque es-tavam sozinhas e não havia divulgação, nem informação suficiente sobre o que é a Síndrome de Asperger”.Na APSA, através dos vários projetos que têm vindo a desenvolver, é feita “uma caminhada na sociedade em geral mas, acima de tudo, na escola e no acompa-nhamento à família. “Estes projetos são também uma via para dar a conhecer à sociedade que temos um corpo de pes-soas com capacidade de ajudar os pais no encaminhamento e na melhor forma de aceitar e viver. É no fundo dar o ‘colo’ porque nunca é fácil para um pai ouvir dizer que o seu filho é diferente”, afirma.É através de workshops, seminários e ciclos de encontro para pais e profissio-nais que se realiza este trabalho. Para Piedade Líbano Monteiro, a troca de informação entre os pais é muito impor-tante, até porque é na família que está a base de todo o trabalho. “Os nossos filhos podem ter os melhores técnicos e as melhores escolas mas se não tive-rem uma família que os entenda e aceite, tudo o resto não vale a pena, porque é em nós que eles sentem o apoio total e incondicional, daí que trabalhemos mui-to com a família. Nestas reuniões há uma passagem de testemunho incalculável porque tanto estão presentes pais que

têm filhos com 40 anos com Síndrome de Asperger e, portanto, passaram uma vida inteira a educar sozinhos, como aparecem famílias que têm um filho de sete anos cuja síndrome foi diagnostica-da há oito dias atrás”, explica.

PROJETOS gAIVOTAE CASA gRANDE

A par da família, o papel da escola é pri-mordial e, por essa razão, um dos proje-tos de maior impacto da associação é o Projeto Gaivota, que pretende apoiar os professores de alunos com Síndrome de Asperger, como forma de potenciar o de-sempenho dos mesmos na forma como lecionam e se relacionam com estes alu-nos especiais, facilitando, assim, o êxito escolar. Desta forma, a APSA vai às escolas de Norte a Sul do país e ilhas num apoio descentralizado que chegue a todos.“Quando as crianças ou jovens com esta disfunção têm à sua frente professores que os entendem é meio caminho anda-do. É importante que se perceba que es-tes jovens podem ser muito inteligentes, ter inclusivamente um QI acima da mé-dia, mas se aqueles que os rodeiam não perceberem os seus comportamentos, as suas capacidades intelectuais ficam hipotecadas”, explica.Para que estas capacidades sejam sempre valorizadas, um novo projeto, que é neste momento a grande prioridade da APSA e que dá pelo nome de Casa Grande, está prestes a ser aberto ao público. Trata-se de um espaço de formação, de treino de competências sociais e de emprego tem-porário, que vem favorecer a integração social e profissional dos jovens com Sín-drome de asperger, tendo em vista a cons-trução de um projeto de vida futuro.“Até ao 18 anos é tudo mais fácil mas, quando os jovens entram no mercado de trabalho, a situação tende a piorar porque, por mais que estes possam até ter o seu

São cerca de 40 mil os portugueses que sofrem de Síndrome de Asperger - uma perturbação neurocomportamental de base genética que causa problemas de adaptação social o que faz com que estes muitas vezes sejam incompreendidos ou mal interpretados. Por essa razão surgiu, há dez anos, a APSA – Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger – com o objetivo de promover o apoio e a integração social das pessoas diagnosticadas com esta patologia.

DEz ANOS DE APSA

curso superior e serem fantásticos em de-terminada profissão, os comportamentos deles não são muitas vezes entendidos, nem adequados ao mercado de trabalho”, lamenta Piedade Líbano Monteiro.O projeto Casa Grande dará assim duas respostas sociais inexistentes em Portugal até então: por um lado funcionará como

residência autónoma temporária para os jovens de Norte a Sul do país que tenham, por exemplo, “que vir estudar ou traba-lhar para Lisboa e não tenham onde ficar”, como exemplifica a nossa entrevistada e mentora do projeto; por outro lado, fun-cionará como centro de atividades ocupa-cionais, permitindo a estes jovens desco-brir a sua vocação e adquirir competências para a futura inserção na vida ativa.Através dos espaços que funcionarão na Casa Grande, tais como lavandaria, en-gomadoria e restaurante, estes jovens poderão integrar-se profissionalmente e descobrir as suas capacidades profissio-nais. Para além disso, poderão servir a comunidade, transformando este espaço num local sustentável, que presta um ser-viço à comunidade envolvente. “Se a integração é o nosso objetivo não podemos fechar portas”, refere Piedade Líbano Monteiro que faz questão ainda de afirmar: “esta casa é sempre um ponto de partida e nunca um ponto de chegada”.

PiedAde líBAno monteiro, diretorA dA APsAfAlA soBre A AssoCiAção e A síndrome de AsPerger Pontos de Vista Dezembro 2013RESPONSABILIDADE SOCIAL

revista Pontos de Vista: Por volta de que idade se descobre asíndrome de asperger? quais os primeiros sinais?Piedade Líbano Monteiro: De forma realmente eficaz eu diria que por volta dos cinco anos, que corresponde à altura em que a criança entra para a escola e tem que mostrar o que vale individualmente mas também em grupo. É nesta altura que os primeiros problemas começam a surgir ou porque a criança se isola, ou porque é muito sensível a determinados sons ou cores, ou porque tem reações adversas, diferentes das reações dos colegas relativamente a deter-minadas situações como o simples levar um empurrão de um colega. É muito importante que quando os pais têm dúvidas não deixem passar tempo porque quanto mais cedo atuarmos melhor será o futuro da criança. Os principais sinais de alerta são: o défice no comportamento social, interesses restritos e obsessivos, os comportamentos rotineiros, as peculiaridades ao nível do dis-curso e da linguagem, as perturbações na comunicação verbal e não verbal e a descoordenação motora.

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Equipa Apsade Lisboa

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Pioneira no sistema Integrado de recolha Têxteis, esta empresa co-labora com os municípios no enca-minhamento correto dos resíduos têxteis que até então têm sido depo-sitados em aterro, permitindo, as-sim, a preservação dos recursos na-turais, a longevidade dos aterros e a

oferta ao público em geral de participar na recolha seletiva de mais um tipo resíduo. Como operador de gestão de Resíduos, a Sarah Trading, conta com o apoio de entidades como a Associação Portugue-sa do Ambiente, APEMETA, CCDR e está registada no Netresíduos, portal de referência nesta área.Esta empresa possui uma serralharia própria onde fabrica os seus equipamentos, de design ex-clusivo, recorrendo a fornecedores portugueses e a maquinaria especializada.Neste espaço a chapa toma forma com acabamen-tos personalizados de acordo com cada parceiro. Isto permite aos municípios incorporar a sua ima-gem, cores e símbolos nos equipamentos.As equipas de recolha e instalação de equipamen-tos percorrem diariamente o país para levarem até si este novo serviço. São mais de 1000 pontos de recolha instalados a nível nacional.São recolhidos diariamente entre 10 a 12 tonela-das de têxteis que são encaminhados para a sede de empresa em Vila Verde – Seia.Neste espaço, trabalham cerca de 40 pessoas na receção de roupas, pesagem, triagem e seleção das peças. Daqui saem seleções por níveis de qualida-de, tipos e faixas etárias que serão posteriormente exportadas para países como os Camarões, Mo-çambique, S. Tomé e Príncipe, India, Paquistão etc.

Numa visita às instalações, destaca-se a equipa jovem e dedicada. São, ao todo, mais de 60 traba-lhadores que se fixaram no centro do país, zona de escassas oportunidades.O projeto “InVista nO Ambiente” permitiu aliar o processo de recolhas com o apoio ao próximo. Através deste, as gestoras de projeto fazem chegar às famílias carenciadas roupa, calçado e brinque-dos em óptimas condições.Assim, estes bens chegam a IPSS’s e lojas sociais por forma a atenuar necessidades que de outra forma não seriam suprimidas de imediato.Porém, a responsabilidade social da empresa vai mais longe e já conseguiu mobilizar esforços para atuar a outros níveis como é o caso do desfibri-lador oferecido à delegação da Cruz Vermelha de Oliveira do Conde, os alimentos doados a várias instituições, os produtos de higiene entregues a diversas lojas sociais e os cuidados hospitalares proporcionados às crianças apoiadas pela Funda-ção do Gil.São mais de 400 parcerias das quais se destacam a Liga dos Bombeiros Portugueses, Aldeias de Crianças SOS, Fundação do Gil entre outras.A responsabilidade social desta empresa tem-se vincado e neste campo, a H Sarah Trading, tem feito um apoio significativo, mérito que levou a ganhar o prémio “Empresa Solidária do Ano” com

A Empresa Sarah Trading, fundada em 2006 pela mão do seu sócio Gerente Nedal Habal, dedica-se à recolha de roupa, calçado e brinquedos novos e/ou usados através de equipamentos colocados na via pública, em parceria com municípios, instituições e empresas privadas.

SISTEMA INTEGRADO DE RECOLhA DE ROUPA USADA PELA PRESERVAÇÃO AMBIENTALE RESPONSABILIDADE SOCIAL

o galardão “Os Nossos Heróis” e a “Campânula de Mérito Social”.A par disto, a empresa aposta também na cons-ciencialização cívica levando às escolas, lares e centros sociais a sua mascote “Sarah”. Com ações de sensibilização e atividades lúdicas adaptadas a cada faixa etária, coloca a reciclagem têxtil a par da recolha seletiva do papel, vidro e metal entre outros.Com perspetivas de crescimento, a empresa H Sa-rah Trading orgulha-se de manter o compromisso de colaborar para um meio ambiente sustentável.

fátimA mArques, gerente dA H sArAH trAding

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Daqui saem seleções por níveis de qualidade, tipos e faixas etárias que serão posteriormente exportadas para países como os Camarões, Moçambique, S. Tomé e Príncipe, India, Paquistão etc.

“Susana Saraiva, Fátima Mansour, Cláudia Cruz,

Fátima Marques e Nedal Habal

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Quais as principais perturbações de desenvolvimento com os quais se lida diariamente no CADIn?Nesta altura, são sobretudo as que acar-retam queixas de dificuldades de apren-dizagem e de dificuldades escolares, no-meadamente o insucesso e a integração. Cabem aqui as perturbações da atenção, as dificuldades específicas de aprendi-zagem, as perturbações da linguagem, muito mais frequentes do que julgamos, e, obviamente, as perturbações do rela-cionamento com os pares, da empatia, da socialização, e da compreensão da necessidade de adquirir objetivos na aprendizagem!

Como surgiu a ideia de começar este projeto? Faltava em Portugal uma instituição que conseguisse dar uma melhor qualidade de vida àqueles so-frem com este tipo de perturbações, aliando a área clínica à própria inte-gração socioprofissional?Eu sou Diretor Clínico do CADIn há pouco mais de um ano... Mas o pro-jeto surgiu da ideia de reunir o me-cenato de um conjunto de empresas concentrando-o num projeto original e inclusivo de apoio a crianças e jovens com problemas em várias áreas de de-senvolvimento, otimizando recursos e concentrando-os num Centro em que várias especialidades e técnicas podem, de forma integrada, avaliar, intervir e investigar os diferentes tipos de per-turbações. Na compreensão e respeito pelo ambiente em que se movem, es-cola, família e atores de aprendizagem e intervenção, e portanto no constante diálogo com todos, independentemente das suas condições socio-económicas. Isto pode parecer utópico, mas é muito inovador e meritório - sobretudo numa altura em que colapsam sem pudor as ajudas institucionais a quem mais ne-cessita, justamente os que não se con-seguem fazer ouvir.

Em que idades geralmente se dete-tam estas perturbações? Quais são os primeiros sintomas de que a crianças tem um problema ao nível do desen-volvimento? Depende do problema. Tratando-se de uma perturbação grave da socialização, da família dos autismos, isso pode ser claro nos primeiros meses de vida, pela maneira como a criança (não) olha ou interage com a mãe e a família, por exem-plo. Se se tratar de um problema de lin-guagem, só se poderá começar a pensar nisso quando, no decurso do crescimen-to, ela faltar. Perturbações da leitura e do cálculo, com uma conhecida determina-ção genética, não poderão ser detetadas normalmente antes dessas competências serem solicitadas nas tarefas escolares. Normalmente na primária, por vezes an-tes, raramente mais tarde. Mas há outras, como a angústia e a ansiedade, as dificul-dades de brincar e de dormir, que podem ser detetadas mais cedo.

Qual é a atitude que os pais devem adotar nestas situações? O CADIn, para além de dar informação aos pais

O sonho é apenas um: cuidar de crianças, jovens e adultos com perturbações do desenvolvimento, oferecendo-lhes a melhor qualidade técnica na avaliação e tratamento. Foi deste sonho que nasceu o CADin, que conta com especialistas de áreas desde a Psicologia à Psiquia-tria, da Terapia da Fala à Psicomotricidade ou da Neuropediatria à integração sócio profissional. No CADin o objetivo não é ser unicamente um centro de excelência na área clínica, mas ir mais além e ter uma missão abrangente nas áreas da Dislexia, do Autismo, da Hiperativida-de, da Integração Profissional, das Perturbações do Sono, entre outras. O Diretor Clínico do Centro, Pedro Cabral, explica como.

“hÁ MUITOS PERFIS E MUITAS MANEIRAS DE SER AUTISTA”

para que saibam lidar com o proble-ma dos filhos, disponibiliza também algum tipo de apoio psicológico às famílias?Essa, pode dizer-se, foi uma das apos-tas mais importantes. Houve sempre a preocupação de chegar junto de todos os intervenientes no ambiente onde se encontra a criança ou jovem, família, es-cola, professores e técnicos, garantindo uma aproximação coerente nas diferen-tes circunstâncias.

Qual é o perfil de uma criança autis-ta? Quais são as principais causas na origem do autismo?Há muitos perfis e muitas maneiras de ser autista, com diferentes graus de gra-vidade e de prognóstico, e diferentes perspetivas de evoluir. Na maior parte dos casos estarão os genes, que todos nós podemos ter, mas que em algumas famílias surgem em ‘constelações’ par-ticularmente patogénicas. Mas há imen-sos matizes, desde a criança que nunca falou até ao doutorado muito pouco sociável e com grande dificuldade em se ligar ao quotidiano!

Quais são as principais técnicas utili-zadas no CADIn no tratamento deste problema?No caso das perturbações do espetro do autismo a intervenção precoce e cogni-tivo-comportamental, o ‘floor time’, o TEACCH, e a comunicação alternativa e aumentativa têm dado os melhores re-sultados. Os técnicos fizeram formação em diferentes abordagens, utilizando as mais adequadas para cada caso.

Uma criança que tenha determinada perturbação no seu desenvolvimento naturalmente precisa de um acompa-nhamento sistemático e de recorrer a terapias cujos valores muitas vezes são dispendiosos. Falta apoio a nível nacional para estes casos? O que é que se sente nesta altura particularmente difícil para grande parte das famílias?Algumas perturbações devem ser trata-das cedo (como a dislexia) para serem resolvidas rapidamente e de forma, digamos, económica. Outras exigem in-tervenções muitas vezes demoradas de adequação sendo preciso intervir no jo-vem e no ambiente, como acontece nas diferentes formas de autismo. Tornar a família, sempre que possível, parte in-tegrante da intervenção é fundamental. Mas faltam apoios, e é em alturas como estas que se nota mais.

Qual é o papel que o CADIn tenta de-sempenhar a este nível?O CADIn apoia, na medida do possível, as famílias mais carenciadas de pessoas com problemas de desenvolvimento. Para isso criou uma Bolsa Social que suporta as consultas e o acompanhamento de crian-ças cujas famílias não o podem pagar. E o CADIn é tão rigoroso no acompanhamento técnico quanto na preocupação em adqui-rir recursos para a Bolsa Social, que ajuda as famílias em situação de carência.

CAdin – Centro de APoio Ao desenvolvimento infAntil, em destAqueRESPONSABILIDADE SOCIAL

Parte da equipa do Cadin

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Bureau Veritas é já um nome incontornável a nível mundial na ava-liação de conformidade e certificação. Atuando nas áreas da Qualida-de, Saúde e Segurança, Ambiente e Responsa-

bilidade Social, esta empresa presente em 140 países e que conta hoje com cerca de 60 mil colaboradores, assume--se como um parceiro ideal quando o objetivo é reduzir o risco e melhorar o desempenho com base num desen-volvimento sustentável. Num contexto de profunda e rápida mudança, muitos são os desafios que se colocam às em-presas em geral. Assim, o conceito de responsabilidade social que fazia parte de uma comunidade na década de 70, é diferente do que vivemos hoje. As empresas têm uma responsabilidade social importante que deverá integrar preocupações sociais a nível pessoal e comunitário. Devem funcionar como verdadeiros promotores do desenvolvi-mento sustentável das sociedades onde estão integradas. Nesse sentido, no Bureau Veritas estão concentrados dois tipos de posiciona-mento ao nível da responsabilidade so-cial. De um lado está tudo aquilo que a empresa faz do ponto de vista técnico no apoio ao desenvolvimento de nor-mas e guias de boas práticas nesta área. “Neste ponto, há uma participação ativa do Bureau Veritas no organismo de nor-malização setorial em Portugal, temos presidência na comissão técnica que desenvolve normas portuguesas neste

âmbito e que traduz o ISO 26000 (Nor-ma Internacional de Responsabilidade Social Empresarial) para Portugal e co-laboramos ainda com o Grace (Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empre-

Se, no passado, o conceito de responsabilidade social de uma empresa era visto como um ato de mecenato, hoje os contornos são bem diferentes. É uma área mais abrangente e desafiante, que envolve diversas partes interessadas. Colaboradores, fornecedores, clientes e comunidade são quatro pratos de uma balança que deve estar sempre equilibrada, nunca deixando que os interesses de uns prejudiquem outros. Trata-se de um conceito de partilha de risco e benefício, cuja complexidade assume novos contornos e “tudo o que é mais complexo demora mais tempo a ser apreendido”. Esse reconhecimento é, para Ricardo Lopes Ferro, Diretor do Bureau Veritas, “o grande desafio da responsabilidade social”.

“UMA POLíTICA E PRÁTICADE RESPONSABILIDADE SOCIALÉ UMA POLíTICA E PRÁTICA EMPRESARIAL”

sarial)”, explicou Ricardo Lopes Ferro, Diretor do Bureau Veritas em conversa com a Revista Pontos de Vista. Por ou-tro lado, a empresa assume a nível in-terno um conjunto de práticas em prol do bem estar dos seus colaboradores. Essa preocupação traduz-se numa dis-ponibilidade por parte da direção para com a sua equipa, numa tentativa de conciliar a vida profissional com a fami-liar. Em prol da comunidade, a empresa estimula um espírito de solidariedade entre todos, através de ações de recolha de sangue, havendo mesmo empresas do grupo com participações ativas em organizações não governamentais, so-bretudo neste período do ano em que os

pedidos de ajuda são mais enfatizados. A nível ambiental, todas as atividades do grupo estão sintonizadas com um siste-ma de gestão ambiental certificado. Numa empresa virada para o Mundo, a velha máxima “Pensar Global, Agir Lo-cal” faz todo o sentido. “Procuramos em cada país onde estamos ser uma empre-sa nacional e integrarmo-nos o melhor possível na sociedade e nos seus atores, adaptando o desenvolvimento dos nos-sos produtos com as necessidades lo-cais”, apontou Ricardo Lopes Ferro.

éTICA NA ECONOMIA:UM VALOR qUE SE PERDEU?

A 8ª edição da Semana da Responsabili-dade Social, co-organizada pelo Bureau Veritas, teve como tema central de dis-cussão um valor que deverá ser central na economia: “Ética na Economia: o caminho para construir confiança e fa-zer negócios”. Sobre a perda deste valor numa economia cada vez mais voltada para o lucro, Ricardo Lopes Ferro quer acreditar que chegará o momento em que a ética se sobreporá a outros valores menos dignos porque mesmo nos negó-cios a base está na confiança. “Quanto menos confiança houver, mais caros serão os custos de contexto. Se formos

riCArdo loPes ferro, diretor do BureAu veritAsRESPONSABILIDADE SOCIAL

Principais dados sobreo Bureau VeritasSendo hoje líder mundial em tes-tes, inspeções e certificação, o Bureau Veritas surgiu em 1828 e propôs-se apoiar os seus clien-tes a enfrentar desafios decor-rentes da qualidade, segurança, proteção ambiental e responsa-bilidade social. Mais do que cum-prir normas e regulamentações, o Bureau Veritas, reconhecido e certificado mundialmente pelos principais organismos nacionais e internacionais, reduz riscos, melhora desempenhos e é pro-motor de um desenvolvimento sustentável.

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No passado havia uma noção de comunidade e de grande responsabilidade dos bons e maus atos praticados. Hoje, nas grandes urbes, os atos são quase incógnitos

ricardo lopes Ferro

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Pontos de Vista Dezembro 2013

todos éticos, estes custos baixam, o ne-gócio é mais direto e não obriga ao en-volvimento de tantos “agentes”. É sim-ples. Para haver confiança tem de haver ética por parte dos interlocutores”, de-fendeu. Para o diretor do Bureau Veritas, a sociedade sofreu uma mudança social muito abrupta e o poder da palavra foi perdendo sentido, tal como descreveu Ricardo Lopes Ferro. “No passado havia uma noção de comunidade e de grande responsabilidade dos bons e maus atos praticados. Hoje, nas grandes urbes, os atos são quase incógnitos”, afirmou. A perda da força deste valor deve-se

a dois principais fatores. Por um lado, “não há uma cultura educacional vira-da para a importância dos valores na atuação do indivíduo”. Por outro lado, “há uma enorme desresponsabilização das ações”. Por outras palavras, Ricardo Lopes Ferro acredita que o indivíduo, com base nas mensagens que recebe da sociedade, não é fortemente responsa-bilizado pelas suas opções. Tem que se recentrar a importância no “Ser” em de-trimento do “Ter”. “Há 30 anos uma pes-soa era respeitada por aquilo que era. Hoje é respeitada por aquilo que tem”, asseverou.

PERCEçãO DO CONSUMIDORO impacto das práticas de responsabili-dade social das empresas é notório, tan-to quanto ao resultado financeiro para a organização como aos resultados para a comunidade. Mas, do lado do consumi-dor, este investimento é percebido? As preocupações sociais de uma empresa agregam, de facto, valor à imagem? Ri-cardo Lopes Ferro não hesita: “uma polí-tica e prática de responsabilidade social é uma política e prática empresarial”. Ouvindo as expetativas das partes in-teressadas, as políticas e as estratégias de uma empresa tentarão ir ao encontro

dessas mesmas expetativas. Daí que o consumidor valorize e perceba as prá-ticas de responsabilidade social quanto mais elas forem orientadas para aqui-lo que ele espera. Com isso, a empresa aumenta a sua vantagem competitiva, atraindo um tipo de público que valori-za atitudes socialmente responsáveis no momento em que escolhe uma marca.Ricardo Lopes Ferro acredita que a apreensão do conceito de responsa-bilidade social terá tudo para que as empresas sejam mais competitivas e tenham mais sucesso. Mas trata-se de um sucesso sustentável porque estas práticas são a forma de operacionalizar o conceito de sustentabilidade de que tanto se fala. “Quanto mais socialmente responsáveis forem as empresas, mais

mensagem deixada por ricardo Lopes Ferro“Apreendam o conceito de responsabilidade social do Século XXI que é pre-conizado pela ISO 26000. Atendam às expetativas das partes interessadas e, através de um diálogo coerente, regular e consistente, vamos ter muitas ideias para sermos mais inovadores. Ao sermos mais inovadores, teremos mais fa-tores de diferenciação, que nos levará a ganhar um posicionamento mais ele-vado num mercado que se espera mais global e para o qual poderão contar com o apoio do Bureau Veritas em todo o processo de internacionalização”.

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sustentáveis são e aqui falamos dos três pilares: económico, social e ambiental. Uma empresa tem de conseguir equi-librar a criação de valor entre todas as partes interessadas e é esse o conceito que deve presidir porque no momento em que uma empresa se mostra a favor de uns, tendencionalmente deixará de ser interessante para outros”, defendeu o responsável. Tendo como bandeira todo o trabalho em prol da responsabilidade social, con-tinuará a ser objetivo do Bureau Veritas ser uma empresa fortemente implemen-tada no território nacional que apoia os seus parceiros nos processos de inter-nacionalização. Processo este que se centra num principal valor: confiança, a base de tudo, mesmo nos negócios.

Quanto mais socialmente responsáveis forem as empresas, mais sustentá-veis são e aqui falamos dos três pilares: económico, social e ambiental. Uma empresa tem de conseguir equilibrar a criação de valor entre todas as partes interessadas e é esse o conceito que deve presidir porque no momento em que uma empresa se mostra a favor de uns, tendencionalmente deixará de ser interessante para outros

“ao sermos mais inova-dores, teremos mais fa-tores de diferenciação, que nos levará a ganhar um posicionamento mais elevado num mer-cado que se espera mais global e para o qual poderão contar com o apoio do Bureau Veritas em todo o processo de internacionalização”

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