60
PRESIDENTE DO OSM - OBSERVATóRIO DE SEGURANçA MARíTIMA, AFIRMA SUPLEMENTO DISTRIBUÍDO EM CONJUNTO COM O JORNAL PÚBLICO / DISTRIBUIÇÃO NACIONAL DEZEMBRO 2012 / EDIÇÃO Nº 22 - Periodicidade Mensal - Venda por Assinatura - 4 Euros INOVAÇÃO COMO ESTRATÉGIA VI CONGRESSO DOS PORTOS DE LÍNGUA PORTUGUESA Henrique Gouveia e Melo SOCIEDADE PONTO VERDE E A RECICLAGEM VEJA MAIS «O OSM incide sobre os temas da segurança no âmbito marítimo-portuário, contribuindo de forma significativa para a resolução dos diferentes problemas relacionados com o uso, a gestão e o controlo dos espaços marítimos» Fotografia: Diana Quintela

Revista Pontos de Vista Edição 22

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Revista Pontos de Vista Edição 22

Presidente do osM - observatório de segurança MarítiMa, aFirMa

SUPL

EMEN

TO d

iSTr

ibU

ídO

EM

cO

NjU

NTO

cO

M O

JO

RNA

L PÚ

BLIC

O /

DIS

TRIB

UIÇ

ÃO

NA

CIO

NA

L d

EZEM

brO

201

2 / E

diÇ

ÃO N

º 22

- Per

iodi

cida

de M

ensa

l - V

enda

por

Ass

inat

ura

- 4 E

uros

INO

VAÇÃ

O C

OM

O E

STRA

TÉG

IA

V

I CO

NG

RESS

O D

OS

PORT

OS

DE

LÍN

GU

A P

ORT

UG

UES

A

Henrique Gouveia e Melo

SOCIEDADEPONTO VERDE E A RECICLAGEM

VEJA MAIS

«O OSM incide sobre os temas da segurança no âmbito marítimo-portuário, contribuindo de forma significativa para a resolução dos diferentes problemas relacionados com o uso, a gestão e o controlo dos espaços marítimos»

Foto

grafi

a: D

iana

Qui

ntel

a

Page 2: Revista Pontos de Vista Edição 22
Page 3: Revista Pontos de Vista Edição 22

FICHA TÉCNICA

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anun-ciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

Propriedade, Edição, Administração e AutorHorizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda

Administração – Redação – Depº GráficoRua Rei Ramiro 870, 5º A4400 – 281 Vila Nova de GaiaTelefone/Fax +351 220 926 879

Outros contactos +351 220 926 877/78/79/80E-mail: [email protected] @pontosdevista.pt www.pontosdevista.ptwww.horizonte-de-palavras.ptwww.facebook.com/pontosdevista

ImpressãoLisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, S.A.Distribuição NacionalPeriodicidade Mensal | Registo ERC nº 126093NIF: 509236448

Distribuição Nacional gratuita com o Jornal Público

DIRETOR: Jorge Antunes | EDITOR: Ricardo Andrade |PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Andreia Azevedo | Sara Soares | GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: João Soares | Luís Alves |José Basto | Luís Pinto

AssinaturasPara assinar ligue +351 220 926 877 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda - Rua Rei Ramiro 870, 5º A, 4400 – 281 Vila Nova de Gaia | Fax 220 993 250E-mail: [email protected]ço de capa: 4,00 euros (iva incluído a 6%)Assinatura anual (11 edições):Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%),Europa: 65 euros, Resto do Mundo: 60 euros

*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico.

EM DESTAqUE

8LEISHMANIOSEFrancisco Ferraz, Gestor de Produto da Virbac Portugal, aborda a Leishmaniose, flage-lo que tem impacto negativo tanto nos animais como nos seus donos

17VI CONGRESSO DOS PORTOS DE

LÍNGUA PORTUGUESA De 6 a 7 de dezembro de 2012 decorreu na Gare Marítima de

Alcântara o VI Congresso dos Por-tos de Língua Portuguesa. Várias

entidades e diversas personali-dades estiveram presentes num

evento único

441º FÓRUM INICIATIVAS À I&D+i

Decorreu no passado dia 22 de novembro no Polo Tecnológico

de Lisboa, Lispólis, o 1º fórum à I&D+I onde se abriu o leque de

temas a abordar, dando enfoque a questões como a inovação e as ferramentas existentes

atualmente

21INOVAÇÃO E O UNIVERSO EMPRESARIALA Inovação deve ser analisada como uma estratégia por parte das empresas sem a qual não é possível singrar nos mercados

7J. Pereira da Cruz, com mais de 60 anos de existência, é hoje uma referência nacional na consultoria em Propriedade Industrial

12Campanha da EU-OSHA: “Locais de trabalho seguros e saudáveis 2012-2013 – Juntos na prevenção dos riscos profissionais”, Emília Telo, Coordenadora do Ponto Focal Nacional da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho em entrevista

28Saiba porque a MSC Cruzeiros é o parceiro ideal no momento em que decidimos conhecer outros cantos do Mundo. Eduardo Cabrita, Diretor-Geral da MSC Cruzeiros em Portugal, em entrevista

33Volvo Car Portugal - Cada novo modelo apresenta uma Inovação

34O que é a engenharia publicitária? Saiba mais com Hugo Azevedo, Diretor da SOLIEN

40Luís Veiga Martins, Diretor-Geral da Sociedade Ponto Verde - SPV e a evolução da Reciclagem em Portugal

42Porque o Ambiente está acima de Tudo - Stanislas de Beck Spitzer, CEO & Co-Founder da Eco-Modus Lda, em entrevista

50Escola Secundária Artística Soares dos Reis - Há 128 anos a formar artistas. Veja mais sobre Educação e Formação

SUMáRIO

Page 4: Revista Pontos de Vista Edição 22

OPINIÃO

A reforma pretendia atuali-zar o valor tributário dos prédios face aos preços que eram praticados no merca-

do das transações e colmatar as dis-crepâncias existentes entre os contri-buintes adquirentes de imóveis por qualquer título daqueles não transa-cionados. Outro dos objetivos ineren-tes a tal reforma era um aumento de receitas provindas desse imposto. Para essa reavaliação é utilizada uma fórmula matemática que, aparentemen-te, será de grande simplicidade, pois que assenta num método de fatores objeti-vos e numa coerência interna por quem a aplica.Se tais princípios gerais de igualdade e de equidade se impunham, o timming imposto pelo memorando, a simples apli-cação da fórmula matemática ao arrepio da realidade física dos imóveis (a vistoria não é obrigatória), face ao atual estado da economia Portuguesa levanta sérios problemas sociais no seu desfecho.Com efeito, sendo o legislador que de-termina, de modo unilateral, através de Portarias, os denominados fatores ma-cro que enquadram e contextualizam o prédio a nível económico e urbanístico, tais como o valor base dos prédios edi-ficados (preço do m2 atualmente fixa-do em 603,00 €), assim como os coefi-cientes de zonamento, localização e de vestutez, os critérios de subjetividade e discricionariedade do avaliador ficaram arredados na atribuição do valor patri-monial tributário do imóvel.Não podendo o IMI ser considerado como um imposto novo, o certo é que a

Desde dezembro de 2003, com a entrada em vigor do CIMI (Código de Imposto sobre Imóveis), que a reavaliação de imóveis é feita em Portugal de forma progressiva. Do memorando assinado com a Troika resultou o compromisso dessa reavaliação ser efetuada de forma geral até ao final de 2012.

O Orçamento antecipado do I. M. I.

MARIA TERESA MATOS PEREIRA, ADVOGADA DA JOÃO MARCELO & ASSOCIADOS, SOCIEDADE DE ADVOGADOS, RLdirEiTO E jUSTiÇA

“Mesmo louvando-se a posição que os Tribunais,

desde os da 1ª Instância aos Superiores, têm vindo

a perfilhar quando chama-dos a prenunciarem sobre

aquelas notificações (no sentido de tal invólucro

não se encontrar devida-mente fundamentado e

como tal padecer do vicio de forma, sendo anulável),

o certo é que a grande maioria dos contribuintes não irá impugná las acei-

tando o valor tributário atribuído pela AT”

Page 5: Revista Pontos de Vista Edição 22

Somos a JMA “João Marcelo & Associados - Sociedade de Advogados, RL”, com sede em Castelo Branco (Portugal), criada em Fevereiro de 1996 sob a denominação de “João C. Marcelo & Teresa M. Pereira – Sociedade de Advogados”, alicerçada num sólido quadro de valores, que orientam a sua forma de estar no Direito e na Vida: elevados padrões de profissionalismo, ética, confidencialidade, lealdade e de defesa dos interesses de cada cliente e apostando na contínua e crescente valorização académica e profissional dos nossos advogados.Temos como objectivo oferecer uma assistência global, com prontidão, competência e rigor, em todos os casos e circunstâncias em que os nos-sos clientes necessitem de apoio jurídico quer individual, quer a nível empresarial.A JMA tem desenvolvido a sua actividade nos vários ramos de direito, com especial incidên-cia nas áreas do direito bancário, de seguros, energia, responsabilidade civil, administrativo, trabalho, fiscal e comercial. O espírito que presidiu à constituição da JMA foi o de juntar, no interior do País, um grupo de advogados de reconhecida competência,

crescentemente vocacionados para áreas de especialização, nos vários ramos de direito, de modo a poder oferecer aos seus clientes um serviço global, de qualidade, eficiência e rigor.Estamos empenhados em prestar um serviço de qualidade, rigor e eficiência, e no estabelecimen-to de uma relação personalizada e de proximi-dade com os nossos clientes, procuramos, em cada momento, conhecer e compreender os seus problemas, encontrar as soluções que melhor asseguram os seus interesses e propor-lhe as opções mais adequadas, na estrita medida das suas necessidades, com acompanhamento indi-vidualizado, desde a consultadoria até à defesa judicial, se necessária.A qualidade no trabalho profissional, a relação personalizada e de lealdade com o cliente, o res-peito pelas normas éticas e deontológicas, levou-nos a optar pela excelência dos recursos humanos

envolvidos, em detrimento de um crescimento que pudesse comprometer aqueles imperativos.É prática da JMA a interacção entre os clientes e os advogados com quem trabalham. O acom-panhamento personalizado e individualizado de cada cliente é, para nós, prioritário.Fomentamos o espírito de equipa e a troca de conhecimentos, valores e experiências, num bom ambiente de trabalho, como aquele que nos orgulhamos de ter na JMA.

Av. 1.º de Maio, n.º 12 - 2º 6000-086 Castelo Branco - Portugal

Telefone: 272 328566 / 272 329846Fax: 272 329797

E-mail: [email protected]

www.jma-advogados.com

Pontos de Vista dezembro 2012 5

maioria dos contribuintes, embora “equi-parando-o” à antiga “décima” da Contri-buição Autárquica, não tem consciência do que na realidade tal imposto implica, nem o significado do conteúdo e da re-ceção do “invólucro mensagem” emitido pela AT (Autoridade Tributária).Mesmo louvando-se a posição que os Tribunais, desde os da 1ª Instância aos Superiores, têm vindo a perfilhar quan-do chamados a prenunciarem sobre aquelas notificações (no sentido de tal invólucro não se encontrar devidamente fundamentado e como tal padecer do vi-cio de forma, sendo anulável), o certo é que a grande maioria dos contribuintes não irá impugná las aceitando o valor tributário atribuído pela AT.Falta de impugnação, essa devida não só há falta de conhecimento da sua possi-bilidade, há manutenção do espírito de que o Estado tudo pode e tudo lhe é lí-cito e, finalmente, ao condicionamento financeiro a que a mesma está sujeita. Estipulando a lei que o contribuinte está obrigado a arcar com as despesas da se-gunda avaliação caso discorde da efetu-ada e contabilizando-as no mínimo em duas UC (Unidade de Conta atualmente

fixado o valor desta em 102,00 €) se o resultado daquela avaliação se mantiver ou diminuir, tal montante, acrescido das despesas com o perito e com o tribunal, condicionará o exercício desse direito constitucionalmente garantido.Em resultado desse não exercício de re-clamação / impugnação ao valor tribu-tário atribuído pela AT, muitos imóveis irão ser sobreavaliados, seja pela não aplicação total dos elementos minora-tivos dos coeficientes, seja pela errónea área então declarada, seja, mesmo, pela própria discrepância com a realidade física existente que implicará uma afeta-ção diferente ao prédio.Avaliação, essa, que ao determinar e atribuir um valor tributário ao imóvel produzirá os seus efeitos ao longo dos anos seguintes e até que o sujeito passi-vo (contribuinte) dela reclame.Do orçamento para 2013 não se pers-petiva um agravamento das regras já existentes, isto é, o CIMI não deverá ser objeto de agravação.Embora sendo do domínio público que o resultado da reavaliação geral dos imó-veis irá implicar um agravamento enor-me no orçamento familiar, não poderá

ser imputado o pretendido efeito posi-tivo e benéfico à aprovação da alteração ao artigo que permite, atualmente, o pa-gamento do imposto, se este ultrapassar o montante de € 250, em duas presta-ções, prevendo-se que aquele possa vir a ser pago em três (ocorrendo esta em julho) se vier a ser apurada uma coleta ser superior a € 500.As já existentes cláusulas de salvaguar-da para pagamento faseado do imposto e sua limitação às famílias com rendi-mentos mais baixos (atualmente fixados em € 4898), não deverão ser mexidas sendo certo que o impacto deste impos-to será sempre sentido de forma gravosa (se atentarmos que o limite mínimo se encontra fixado em € 75) ao longo de 2013 e 2014 e, em 2015, na sua total plenitude. Sendo certo que tais bene-fícios não se aplicam, por um lado ao sujeito passivo que veja um aumento do seu rendimento (por mínimo que ele seja) e, por outro, aos prédios devolutos

há mais de um ano ou em ruínas.A necessidade de angariação de receitas a todo o custo não só levou o Governo a proceder a um aumento exponencial das diversas taxas que incidem sobre o património urbano, como o levou a criar novas fontes de receita ao nível do im-posto de selo, passando a ser tributadas as transmissões gratuitas dos bens e a ser aplicada a taxa de 1% por prédio com afetação habitacional, à proprieda-de, ao usufruto ou ao direito de superfí-cie desde que o valor patrimonial tribu-tário constante da matriz seja igual ou superior a € 100000.Os diversos agravamentos que incidi-ram sobre o Código do Imposto Munici-pal sobre Imóveis antes da apresentação e discussão do Orçamento para 2013 permitem que aquele possa ser comple-tamente omisso nesse campo.Estando concretizada e em vigor aque-las alterações, a nível orçamental ape-nas restará gerir essa receita…

“Os diversos agravamentos que incidiram sobre o Código do Imposto Municipal sobre Imóveis antes da apresentação e discussão do Orçamento para 2013 permitem que aquele possa ser completamente omisso nesse campo”

Page 6: Revista Pontos de Vista Edição 22

OPINIÃO

A receita até agora usada, de austeridade pura e dura, não resolve o problema de forma alguma e cada vez

propaga mais a doença por setores de atividade até agora intocáveis, o que provoca cada vez mais desemprego (mais despesa para o Estado com os desempregados) e menos receitas de IVA e IRC (empresas vendem menos).Será que temos governantes que co-nheçam a realidade do país, ou seja, será que temos os médicos indicados para identificar a doença e receitar os medicamentos ou a terapia neces-sária para a debelar?Só quem conhece a economia real e a realidade das PME portuguesas, a Sra.

Todos falam, tanta confusão se gera e ninguém aborda o problema de fundo do nosso país e nem tão pouco se encontra o remédio certo para debelar a "doença"...

Tanto se diz, tanto se opina e pouco se acerta...

MÁRIO COSTA, ADMINISTRADOR DA BELIEVEcOMO ULTrAPASSAr ASdiFicULdAdES (PArTE i)

Merkel não conhece de certeza, pode encontrar a fórmula certa.Impor cortes profundos, efetuar refor-mas, como por exemplo a alteração do código do trabalho, são fundamentais mas de forma alguma suficientes.O nosso Ministro das Finanças já mos-trou que é capaz de reduzir as despesas e investimentos do Estado, mas esque-ceu que há despesas e receitas que de-pendem da dinâmica e performance do tecido empresarial português.Aqui é que está o problema! O Sr. Ví-tor Gaspar é um homem de gabinete, não conhece a realidade da esmagado-ra maioria das empresas portuguesas (PME)...Se aplicar só medidas de austeridade vai ter problemas: menos receitas e mais despesas. Acham que as contas públicas portugue-sas se endireitam à custa das receitas fiscais pagas pelo tecido empresarial português, tal como o conhecemos, o qual depende por um lado do consumo das famílias, que cada vez têm menos di-nheiro ao fim do mês, e por outro dos in-vestimentos do Estado (Estado-depen-dentes) que são cada vez mais escassos?Se as empresas vendem menos, come-çam a reduzir os seus custos, sendo a redução mais rápida e com efeitos imediatos o despedimento de colabo-radores. Mais despedimentos agrava os custos com subsídios de desemprego, aumentando desta forma as despesas do Estado. Para que o Estado equilibre as suas con-tas tem que fazer o seu trabalho de casa, reduzir despesas do próprio Estado e es-

perar, entre outras coisas, que as empre-sas paguem impostos e promovam em-prego... SERIA A FÓRMULA PERFEITA. Esta fórmula falha na segunda parte, as empresas portuguesas não têm a dinâmi-ca necessária para enfrentar a conjuntu-ra atual, não só despedem como pagam menos impostos porque vendem menos.O tecido empresarial português, na sua grande maioria pequenas e médias em-presas, é frágil e depende do consumo interno (dependente do poder de com-pra dos portugueses e do consumo cor-rente do Estado) e do investimento pú-blico (estradas, escolas, entre outros). São empresas que assentam a sua com-petitividade no preço, baseado em mão de obra barata e pouco qualificada.Grande parte das empresas não tem ver-tente exportadora, uma vez que o seu produto não é competitivo nos merca-dos externos. Quando falha o consumo interno, e este falha pelos níveis de austeridade impos-tos, as empresas portuguesas não cum-prem com a sua parte para a resolução do problema. O tecido empresarial português já teve a sua oportunidade para se tornar com-petitivo nos mercados externos e não es-tar dependente do consumo interno, foi inundado de bastante dinheiro da União Europeia mas não o soube aproveitar. Como não aproveitou está a complicar a tarefa do Estado. Estes ingredientes fazem com que o problema das contas públicas portuguesas cada dia que passe se agrave mais.A receita atual não funciona. Mas há solu-ção… na próxima edição explicarei... www.believe.pt [email protected]

“Se as empresas ven-dem menos, começam

a reduzir os seus custos, sendo a redução mais

rápida e com efeitos imediatos o despedi-

mento de colaborado-res. Mais despedimen-

tos agrava os custos com subsídios de de-

semprego, aumentando desta forma as despesas

do Estado”

“O tecido empresa-rial português, na sua grande maioria pequenas e médias empresas, é frágil e depende do consumo interno (dependente do poder de compra dos portugueses e do consumo corrente do estado) e do inves-timento público (es-tradas, escolas, entre outros). São empresas que assentam a sua competitividade no preço, baseado em mão de obra barata e pouco qualificada”

O tecido empresarial português já teve a sua opor-tunidade para se tornar competitivo nos mercados externos e não estar dependente do consumo in-terno, foi inundado de bastante dinheiro da União Europeia mas não o soube aproveitar

Page 7: Revista Pontos de Vista Edição 22

OPINIÃO

JORGE CRUz, AGENTE OfICIAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIALPrOPriEdAdE iNdUSTriAL

É normal comentar decisões dos Tribunais, especialmente da Relação e do Supremo, uma vez que são definitivas relativamente aos direitos de Propriedade Industrial.

Decisões do InpI : a revalidação de direitos

Pontos de Vista dezembro 2012 7

Em todo o caso, parece impor-tante apreciar algumas deci-sões do INPI – Instituto Nacio-nal da Propriedade Industrial,

umas vezes corretas e outras mani-festamente deficientes, em conse-quência, até, de errada interpretação ou aplicação da lei.Na verdade, conservam-se, por vezes, práticas administrativas que deviam ter sido eliminadas há muitos anos e, se podiam tolerar-se há meio século – ou mais – hoje mal se entende que conti-nuem a ser aplicadas.É o caso do prejuízo de terceiros na re-validação de direitos privativos.A maior parte dos direitos privativos protegidos em Portugal deve pagar ta-

xas periódicas enquanto se mantêm em vigor.Vamos considerar o caso dos registos das marcas, que é o mais frequente e, também, aquele que mais diretamente nos interessa.O artigo 350º, relativo á revalidação de direitos, estabelece, no nº2, que:“A revalidação a que se refere o número anterior só pode ser autorizada com o pagamento do triplo das taxas em dívida e sem prejuízo de direitos de terceiros.”Convém notar, desde já, que esta dispo-sição legal não indica a forma de evitar que terceiros possam ser prejudicados pela revalidação de direitos, aplicando--se, desde 1940, uma prática adminis-trativa que nada justifica.

Na verdade, as cautelas relativas aos di-reitos de terceiros vêm já do Código de 1940 (artigo 126º):“Pode ainda ser requerida a revalidação do registo da marca dentro do prazo de um ano, a contar do termo da sua dura-ção, com o pagamento de sobretaxa, e será concedida, sem prejuízo de direitos de terceiros, provando o requerente que justa causa o impediu de apresentar o pedido de renovação dentro do prazo legal.” E para salvaguardar os direitos de ter-ceiros – por mera prática administrati-va – faziam-se umas buscas nos registos existentes, para concluir se, durante o período de tempo em que o registo este-ve sem validade, teria sido requerido ou concedido outro que pudesse ser preju-dicado pela revalidação.Em 1940 havia poucos registos e o sis-tema não causava grandes prejuízos – mas a situação atual é completamente diferente, com o aumento enorme que se verificou nestes registos e a autêntica invasão das marcas comunitárias. Por outro lado, temos agora as declara-ções de consentimento, que mudaram completamente a concessão e recusa de registos de marcas por motivos relati-vos, passando o poder decisório do INPI para as partes.Em todo o caso, o INPI continua a apli-car a mesma conceção de prejuízo de terceiros, quando o próprio Código da Propriedade Industrial já explica como o assunto deve ser tratado.Trata-se do artigo 8º do Código, cujo nº 6 é do seguinte teor:“O requerente ou o titular de um direito que seja restabelecido nos seus direitos não poderá invocá-los perante um ter-ceiro que, de boa fé, durante o período

compreendido entre a perda dos direi-tos conferidos e a publicação da menção do restabelecimento desses direitos, tenha iniciado a exploração ou a comer-cialização do objeto do direito ou feito preparativos efetivos e sérios para a sua exploração e comercialização.”Parece obvio que a forma de resolver estes eventuais prejuízos de terceiros deve ser idêntica para a revalidação e o restabelecimento de direitos, previstos nos artigos 350º. e 8º. do Código da Pro-priedade Industrial, ou seja, não sendo o direito revalidado ou restabelecido opo-nível a esse outro direito pertencente ao referido terceiro.Mas com as declarações de consenti-mento, a solução correta seria informar o terceiro eventualmente prejudicado, notificando-o para vir ao processo jus-tificar os prejuízos que a revalidação pu-desse acarretar – se os houvesse – e ado-tar a solução prevista no nº 5 do artigo 8º em caso afirmativo. Este problema foi tratado em recente Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, concedendo uma revalidação recusada pelo INPI, que será comentado no próximo artigo a publicar nesta Revista.

“Convém notar, des-de já, que esta dispo-sição legal não indica a forma de evitar que terceiros possam ser prejudicados pela re-validação de direitos, aplicando-se, desde 1940, uma prática administrativa que nada justifica”

Parece óbvio que a forma de resolver es-tes eventuais prejuí-zos de terceiros deve ser idêntica para a re-validação e o restabe-lecimento de direitos, previstos nos artigos 350º. e 8º. do Código da Propriedade In-dustrial, ou seja, não sendo o direito revali-dado ou restabelecido oponível a esse outro direito pertencente ao referido terceiro

Page 8: Revista Pontos de Vista Edição 22

São já 44 anos de história. Qua-tro décadas erguidas pelo fun-dador, Pierre-Richard Dick, Médico Veterinário, que dei-

xou o legado à família que, até hoje, continua a ser movida pela paixão pela veterinária. Fundada em 1968, em Carros, perto de Nice, a Virbac ini-ciou a sua atividade direta em Portu-gal em 2001.A partir daí, o seu percurso foi sendo erguido, “passo a passo”, como descre-veu à Revista Pontos de Vista, Francis-co Ferraz “Os nossos 40 anos foram construídos com passos muito seguros, de forma a chegarmos onde estamos hoje”, defendeu. E onde é que a Virbac está atualmente? Além de ser a maior empresa farmacêutica dedicada exclusi-vamente à saúde animal, a Virbac ocupa o oitavo lugar no ranking mundial de companhias farmacêuticas nesta área de negócio. Saber onde se quer chegar e

como lá chegar é a chave para o sucesso da empresa. O lançamento de produtos inovadores e aquisições a nível mundial permitiram alcançar este patamar. O ambiente familiar é uma das caraterís-ticas mais realçadas pelo responsável. Nascida num seio familiar, a Virbac man-tém esse cunho até aos dias de hoje. Na prevenção das doenças infeciosas dos animais de companhia, desde a década de 80, foram lançadas no mercado qua-tro inovadoras vacinas, marcos impor-tantes que colocam a Virbac como líder neste segmento de mercado. A mais re-cente foi a vacina contra a Leishmaniose Canina, recebida por Portugal, o primei-ro país europeu a comercializá-la.

VaCIna ConTRaa LeIShManIoSe CanIna

Apesar dos muitos cuidados que se to-mam, a Leishmaniose Canina continua

Depois de 20 anos de pesquisa desenvolvida por cientistas do mais alto gabarito e com recurso a tecnologias avançadas de vacinação, a primeira vacina contra a Leishmaniose Canina chegou há cerca de um ano e meio à europa e foi Portugal o país a recebê-la. a agência europeia do Medi-camento (eMa) atribuiu ao Laboratório Virbac a autorização de introduzir no mercado europeu esta vacina. e foi com Francisco Ferraz, Gestor de Produto Virbac Portugal que a Revista Pontos de Vista conversou sobre este flagelo que tem um impacto negativo tanto nos animais como nos seus donos.

“Cada vez mais o animal é tido como membro da família”

a deixar um rasto preocupante. Mas, a proteção para os cães atingiu um novo patamar no ano passado com a chegada da primeira vacina contra a doença na Europa. O plano vacinal consiste em três doses no primeiro ano e um reforço anu-

al nos anos seguintes, o que é um modo simples e conveniente para o dono, bas-ta uma visita anual ao veterinário para assegurar uma proteção durante todo o ano. Pela primeira vez, com esta vacina damos ao cão a capacidade de lutar di-

fRANCISCO fERRAz, GESTOR DE PRODUTO VIRBAC PORTUGALLEiSHMANiOSE

Resultados de um questionário realizado junto de proprietários de cães que visitaram Centros de Atendimento Médico-Veterinário em Portugal:

- 40 a 70 por cento dos donos dos cães não conhecem a Leishmaniose Canina;- 55 a 80 por cento não sabem qual o resultado do tratamento;- 60 a 75 por cento não sabem como prevenir;- 70 a 85 por cento desconhecem quais os sinais clínicos típicos;- 20 por cento considera que a Leishmaniose Canina pode ser transmiti-da ao homem;- Entre 6 a 12 por cento dos donos dos animais inquiridos demonstram ter um conhecimento satisfatório acerca da doença.

Fonte: Observatório Nacional das Leishmanioses

“É uma doença que degrada a saúde do cão mas não é exclu-siva destes animais. Pode passar para as pessoas e é uma pa-tologia que quando detetada no animal é para a vida. Podemos controlar os sintomas mas não conseguimos eliminar por completo, sendo este tratamento muito dispendioso. Esta é a altura do ano ideal para as pessoas equacionarem a pre-venção para chegarem ao verão com os cães protegidos. Quanto mais cedo melhor”

Francisco Ferraz

Page 9: Revista Pontos de Vista Edição 22

sensibilização é facilitado junto daque-les que, de uma forma direta ou não, já conviveram com casos de Leishmaniose. Quem nunca passou pelas dificuldades psicológicas e económicas a ela associa-das, tendem a desvalorizar. A todos eles, Francisco Ferraz deixou a mensagem: “é uma doença que degrada a saúde do cão mas não é exclusiva destes animais. Pode passar para as pessoas e é uma pa-tologia que quando detetada no animal é para a vida. Podemos controlar os sinto-mas mas não conseguimos eliminar por completo, sendo este tratamento muito dispendioso. Esta é a altura do ano ideal para as pessoas equacionarem a preven-ção para chegarem ao verão com os cães protegidos. Quanto mais cedo melhor”, concluiu o responsável. E os benefícios da vacinação são claros: “é muito mais económico comparado com o custo dum só tratamento, este é para a vida e não têm que assistir a todo o sofrimento que a doença carrega consigo”.

Pontos de Vista dezembro 2012 9

retamente contra o parasita Leishmania. Portugal foi o país escolhido para lançar a vacina e logo depois seguiu-se França, Grécia, Espanha e Itália, hoje a vacina já está em toda a Europa, inclusive na Eu-ropa do norte onde a doença não existe mas a vacina tem procura pelas pesso-as que viajam frequentemente para os países do sul. O lançamento teve de ser gradual porque não tínhamos capacida-de para ter todos os países ao mesmo tempo. Hoje, estimamos que 35 a 40 mil cães em Portugal já foram vacinados”, explicou o responsável.

SaúDe DoS anIMaISaFeTaDa PeLa CRISe

Com as dificuldades económicas, as fa-mílias, mesmo não sendo propositada-mente, acabam por cortar no que não consideram prioritário. “As pessoas têm uma consciência diferente do que é acessório e não consomem como dan-tes e os animais sofrem com isso. Mas também a saúde das pessoas acaba por refletir essas dificuldades porque tam-bém aí vão haver cortes. Cada vez mais o animal é tido como membro da família”, defendeu Francisco Ferraz. A prova dis-so está na boa recetividade que a vacina teve em Portugal. O cão continuará sem-pre a ser o melhor amigo do Homem, in-dependentemente da crise ter chegado ao seu bolso ou não.

DeSConheCIMenTo ConTInuaa SeR aLaRManTe

Apesar de tudo, a sensibilização conti-nua a ser fundamental. O desconheci-mento acerca da doença ainda preocupa os responsáveis que tudo têm feito para alertar a população para os malefícios de uma doença endémica, que está pre-sente por todo o país. O processo de

Na Europa existem2,5 milhões de cães infetadosA Leishmaniose canina é causada por um parasita (a Leishmania), transmitido através da picada do flebó-tomo, um inseto que é erra-damente confundido com o mosquito. pode afetar vários animais, incluindo os hu-manos, e é, na maioria dos casos, fatal para os cães. O primeiro registo da doença surgiu há mais de um século e, hoje, na Europa estima-se que existam cerca de 2,5 mi-lhões de cães infetados. Ape-sar de atingir qualquer raça, algumas são mais propensas a desenvolverem a doença, nomeadamente: o boxer, o cocker spaniel, o rottweiler e o pastor alemão.

As pessoas têm uma consciência diferente do que é acessório e não consomem como dantes e os animais sofrem com isso. Mas também a saúde das pessoas acaba por refletir essas di-ficuldades porque também aí vão haver cortes. Cada vez mais o animal é tido como membro da família

“Revista Pontos de Vista – O abandono de cães tem um risco acrescido de propagação da doença. Deveria existir um maior controlo destes casos?Francisco Ferraz – São animais de maior risco porque estão sempre ao ar livre. O cão é o hospedeiro natural mas não é o único. O Homem, o gato, os coelhos e roedores fazem parte da cadeia de alimentação do inseto vetor. no Brasil, tentaram combater esta doença, abatendo os cães seropositivos. Mas, verificou-se um aumento do número de casos da doença em humanos porque, tendo o hospedeiro natural desapare-cido, o inseto procurou outros hospedeiros para sobreviver.

“Na prevenção das doenças infeciosas dos animais de companhia, desde a década de 80, foram lançadas no mercado quatro inova-doras vacinas, mar-cos importantes que colocam a Virbac como líder neste segmento de mercado”

Page 10: Revista Pontos de Vista Edição 22

OPINIÃO

A Leishmaniose visceral (tam-bém designada por Kala-Azar) é uma das quatro manifesta-ções clínicas possíveis. Se-

gundo a OMS (2010) ocorrem mun-dialmente cerca de 600.000 infeções por leishmania/ano mas, o seu im-pacto real é subestimado. A preva-lência é de ±12 milhões de pessoas infetadas. A incidência registada é de dois milhões de casos/ano dos quais, 500.000 são Kala-Azar. A Mortalida-de é de 70.000 óbitos/ano. Apesar da sua gravidade e de ser fatal se não for tratado, o Kala-Azar foi negligen-ciado pelo que, a sexagésima Assem-bleia da Organização Mundial de Saú-de reconheceu a Leishmaniose como uma das principais doenças tropicais negligenciada. A doença é endémica na bacia medi-terrânica. As alterações climáticas al-

teraram a incidência e a distribuição mundial de zoonoses, ao modificarem o perfil epidemiológico dos seus vetores. O alastramento da doença na Europa é um problema de Saúde Pública emer-gente. O primeiro caso português foi diagnos-ticado em Lisboa em 1910. Em Portugal a doença é de notificação obrigatória desde 1948. Nos anos oitenta do século passado, no território continental, eram descritas três regiões endémicas com alta incidência (o Alto Douro, Lisboa e Vale do Tejo e o Algarve). A realidade nacional descrita em 2008 reportava um aumento da incidência da doença no canídeo e também o aumento da incidência da doença no ser humano relacionado com um novo paradigma: a coinfeção com o vírus da imunodeficiên-cia adquirida e não apenas com a capa-cidade de infeção do parasita. O mapea-

a Leishmaniose é uma doença infeciosa transmitida pela picada da fêmea de um vetor infetado (Phlebotomus perni-cious e Phlebotomus ariasi) com um protozoário (Leishmania L. donovani e Leishmania L. infantum). o principal reser-vatório da zoonose é o canídeo.

A Leishmaniose

ELISABETE SERRADA, MéDICA ESPECIALISTA EM SAÚDE PÚBLICA, CONSULTORA DA DIREÇÃO-GERAL DA SAÚDELEiSHMANiOSE

“A doença é endémica na bacia mediterrâ-

nica. As alterações climáticas alteraram

a incidência e a dis-tribuição mundial de

zoonoses, ao modifica-rem o perfil epidemio-

lógico dos seus veto-res. O alastramento

da doença na Europa é um problema de Saúde

Pública emergente”

“O primeiro caso portu-guês foi diagnosticado em Lisboa em 1910. Em Portugal a doença é de notificação obrigatória desde 1948. Nos anos oi-tenta do século passado, no território continen-tal, eram descritas três regiões endémicas com alta incidência (o Alto Douro, Lisboa e Vale do Tejo e o Algarve). A rea-lidade nacional descrita em 2008 reportava um aumento da incidência da doença no canídeo e também o aumento da incidência da doença no ser humano relacionado com um novo paradig-ma: a coinfeção com o vírus da imunodeficiên-cia adquirida e não ape-nas com a capacidade de infeção do parasita”

Em 2011, o número de casos de doença no Homem noti-ficados para esta Direção-Geral diminuiu contudo, serão necessários estudos mais aprofundados para evidenciar o impacto da vacina recentemente comercializada na Me-dicina Veterinária

Fonte ONLeish – O Observatório Português das Leishmanioses

mento dos casos no continente em 2010 apontava para um alargamento da sua distribuição territorial. Assim, a modifi-cação do perfil epidemiológico obriga à implementação de medidas adequadas de vigilância, monitorização e controlo da doença para uma preparação adequa-da da resposta dos Serviços de Saúde Pú-blica de nível local, regional e nacional. Não havendo metodologia exequível para a eliminação eficaz do vetor, a es-tratégia adotada para a prevenção da doença no ser humano consistiu no con-trolo da doença no canídeo. O desenvol-vimento de parcerias interdisciplinares nesta matéria entre a Direção-Geral da Saúde, a Direção-Geral da Medicina Ve-terinária são extremamente pertinentes. As recomendações aos proprietários dos canídeos foram: a adoção de medidas preventivas da infestação dos cães do-mésticos nomeadamente, a vacinação

do animal e a evicção dos passeios dos animais em horários propícios à picada do vetor (o amanhecer e o entardecer). Em 2011, o número de casos de do-ença no Homem notificados para esta Direção-Geral diminuiu contudo, serão necessários estudos mais aprofundados para evidenciar o impacto da vacina re-centemente comercializada na Medicina Veterinária.

Page 11: Revista Pontos de Vista Edição 22

Pontos de Vista dezembro 2012 11

Page 12: Revista Pontos de Vista Edição 22

Emília Telo, Coordenadora do Ponto Focal Nacional da Agên-cia, acredita que o número ele-vado de candidaturas reflete a

atitude adotada pelas nossas multi-nacionais, cada vez mais alerta para este tema e convictas de que “este é o melhor caminho a seguir e, por isso, querem torná-lo público”.O nome não poderia ser outro. “Locais de trabalho seguros e saudáveis 2012-2013 – Juntos na prevenção dos riscos profissionais” diz muito daquilo que está na base desta campanha. O objetivo é incentivar os gestores, trabalhadores e outros interessados na união de esfor-ços, com vista à melhoria da segurança e saúde no trabalho.A prevenção e gestão dos riscos são duas das premissas de base na campa-nha mas, mais do que isso, Emília Telo explica que “é necessário incentivar os gestores de topo, os próprios tra-balhadores e seus representantes no empenho ativo na redução dos riscos. Acreditamos que é necessário haver um envolvimento e comunicação de todos os atores do mundo do trabalho para que as condições de trabalho melhorem, sejam mais seguras, mais saudáveis e haja também maior produtividade”.Como tal, aquilo que se espera é que os gestores compreendam as vantagens de uma boa segurança e saúde no trabalho e interiorizem que o compromisso com esta questão não deve ser visto como um custo acrescido, uma vez que gera tam-bém oportunidades significativas. Por sua vez, espera-se que os trabalhadores colaborem de forma ativa com a gestão na prevenção dos riscos, até porque são eles que melhor conhecem as condições e necessidades reais do trabalho que de-senvolvem, para além de que são os mais afetados com a ausência ou fragilidade da segurança e higiene no seu posto.

PReVenção e LIDeRança

Liderança é uma das palavras-chave da campanha. Sendo a responsabilidade última pela gestão dos riscos dos em-pregadores e quadros superiores das organizações, a adoção de uma atitu-de de liderança por parte dos mesmos constitui uma condição indissociável ao êxito. Assim sendo, a entidade patronal deve dar o exemplo, dialogar com os trabalhadores sobre as preocupações relacionadas com a segurança e saúde, assumir responsabilidade, demonstrar preocupação e disponibilizar, tanto quanto possível, tempo e dinheiro. “A correlação da segurança e saúde com os lucros é cada vez mais uma certeza, pelo que já nenhuma empresa sobrevive se

está a ser um sucesso a nova campanha da agência europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (eu-oSha). a desenvolver campanhas desde 2000, este ano registou-se um número sem precedentes de candidaturas de todos os setores na primeira fase da mesma (84 candidaturas recebidas) tendo sido selecionadas 57 empresas. numa segunda fase de candidaturas, que terminou a 31 de outubro, 51 empresas apresentaram a sua candi-datura a parceiros oficiais da Campanha europeia 2012-2012. É aguardada a divulgação das selecionadas a todo o momento.

prevenir é unir esforços

pensar o contrário. O que sai caro é não investir, porque vão acontecer aciden-tes, que se traduzem em dias de traba-lho perdidos, que mais do que afetar só a vítima, afeta os colegas à sua volta, a sua equipa, a sua empresa, a sua família e os seus clientes”, explica a coordena-dora nacional da campanha.A consulta dos trabalhadores, a par de uma interação ativa com os mesmos e o incentivo na participação efetiva de to-dos os envolvidos no processo de toma-da de decisões é prevenir e prevenção é a pedra angular da abordagem europeia da gestão dos riscos.

PRÉMIoS euRoPeuSDe boaS PRáTICaS

De modo a incentivar a liderança por parte dos gestores, a atribuição dos pré-mios europeus de boas práticas na pri-mavera de 2013 constituirá um dos mo-mentos mais importantes da campanha. As candidaturas estiveram abertas até agosto e, em Portugal, concorrem 10 em-presas. Emília Telo elogiou a qualidade das candidaturas, todas elas com “enor-me potencial, evidenciando liderança e envolvimento dos trabalhadores, através de consulta, reuniões, formações e infor-mação”, afirma. Findas as candidaturas, foram identificadas duas organizações na-cionais e sugeridas à agência europeia, es-perando-se que sejam premiadas em abril

do próximo ano com este prémio europeu.A nossa entrevistada não quis deixar de referir que em Portugal existem muito boas práticas, que estão ao mesmo nível de outras que são premiadas noutras zonas do globo. O importante é tornar público esse desempenho para que pos-sam servir de exemplo.

ReSuLTaDo DaS CaMPanhaSTeM SIDo PoSITIVo

A cade três minutos e meio, morre uma pessoa na união europeia na sequência de um acidente de trabalho ou de uma doença profissional. Ainda assim, Emília Telo acredita que nos últimos anos assis-timos a melhorias significativas na segu-rança e saúde no trabalho. Para isso, têm contribuído as campanhas desenvolvidas pela EU-OSHA. “Isto leva-nos a crer que as campanhas são fundamentais, não só para alertar as consciências, como para informar sobre diversas matérias, que escapam, na leitura da legislação. Os públicos-alvo entendem melhor a lin-guagem das campanhas, nomeadamente nos seminários e workshops que temos desenvolvido. O número de iniciativas relacionadas com as campanhas não tem esmorecido ao longo dos anos e tem contado com uma afluência muito positiva. Continuamos diariamente a ser contactados para novas parcerias, daí entendermos que é muito útil que estas campanhas aconteçam”, refere.Para a nossa entrevistada, é uma ques-tão de tempo até que todos os empre-gadores adotem uma cultura de pre-venção de riscos e a crise não constitui uma ameaça a isso. Emília Telo acredita mesmo que a situação que o país atra-vessa está a levar a uma mudança de pa-radigma e a fazer “com que as pessoas se envolvam cada vez mais e sejam mais participativas”.

CAMPANhA DA EU-OShA: “LOCAIS DE TRABALhO SEGUROS E SAUDÁVEIS 2012-2013– JUNTOS NA PREVENÇÃO DOS RISCOS PROfISSIONAIS”PrEVENÇÃO NO TrAbALHO

Os acidentes e doenças profissionais em números5 500 é o número de pessoas na UE que, em média, perdem a vida anual-mente na sequência de acidentes no local de trabalho159 000 é o número de pessoas na EU que, em média, morrem anualmen-te vítimas de doenças relacionadas com o trabalhoEm 2007, o último ano em relação ao qual se encontram disponível esta-tísticas comparáveis para os 27 estados membros, 6,9 milhões de pesso-as sofreram um ou vários acidentes de trabalho450 milhões de dias de trabalho são perdidos anualmente na UE devido às baixas de trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho490 milhões de euros por ano representa o custo dos acidentes e proble-mas de saúde relacionados com o trabalho para a economia da EU

Datas da Campanha•• Lançamento da campanha: 18 de abril de 2012- Semanas europeias da segu-rança e saúde no trabalho: 22 a 26 outubro de 2012 e 21 a 25 de outubro 2013•• Cerimónia de entrega dos prémios de boas práticas: 22 de abril de 2013 (Dublin)•• Cimeira “Locais de trabalho seguros e saudáveis”: 13 e 14 de novembro de 2013 (Bilbau)

Emília Telo

Page 13: Revista Pontos de Vista Edição 22

OPINIÃO

Estamos portanto empenha-dos no sucesso da Campanha Europeia 2012/13, trabalhar juntos para a prevenção de

riscos (working together for risk prevention) através da liderança em-presarial e da participação dos tra-balhadores.Com esta campanha pretende a agência europeia de STT fazer da Europa um local de trabalho mais seguro, saudável e produtivo. Segundo Christa Seadlats-chec, diretora da agência, as “Empresas europeias de todos os tipos realizaram, ao longo das últimas décadas, importan-tes progressos em matéria de segurança e saúde no trabalho. Tais progres-sos devem-se, em parte, à tomada de consciência dos gestores relativamente à importância de um papel de liderança ativa em matéria de segurança e saúde, não só por razões legais e éticas, mas também por uma questão de boas práticas empresariais” (…)No século XXI o empenho dos gestores e administradores das empresas na se-gurança e saúde no trabalho, deve ser considerado fundamental na gestão empresarial seja qual for a dimensão da empresa. A abordagem de prevenção, a implementação de uma cultura de pre-venção, só dá frutos se for apoiada e liderada pela direção. Esta abordagem deve ter a orientação e o contributo de uma liderança forte e visível e empenha-da de todos os gestores.A participação dos trabalhadores ajuda a estabelecer uma cultura de diálogo.

Os trabalhadores e seus representantes devem ser motivados a participar no processo de decisão em matérias de SST.As empresas constituem uma parte es-sencial da sociedade e são criadoras de emprego.Hoje em dia, os empregadores devem incluir as políticas de seguran-ça e saúde como parte integrante da forma como conduzem as suas empre-sas. A CCP considera que neste esforço comum, os empresários, as suas admi-nistrações e quadros devem a explorer todas as oportunidades possíveis de se distinguirem na área da prevenção dos riscos nas matérias de SST, para se redu-zir a sinistralidade mortalidade laboral.A legislação nacional define que os em-pregadores têm o dever legal de garan-tir a proteção da segurança e saúde dos seus trabalhadores, bem como consultá--los e/ou os seus representantes legais e permitir a participação dos mesmos em discussões sobre SST.É por isso que defendemos que a Li-derança da gestão em matérias de SST contribui para esse efeito. Os sistemas de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) destinam-se a identificar e minimizar os riscos no local de trabalho. A eficácia de tais sistemas também afeta o desempe-nho das empresas, quer negativamente se estes forem pesados e burocrático quer positivamente se forem bem con-cebidos e funcionarem de maneira eficaz. Para que o seu impacto seja po-sitivo, é necessário que os sistemas de SST funcionem de forma harmoniosa, em consonancia (e não em conflito)

a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal – CCP – é um parceiro social responsável, ativo e dialogante, que tem assento no Conselho de administação da agência europeia de Segurança e Saúdo no Trabalho – SST – vulgo “agência de bilbau” e é um dos membros do Ponto Focal na-cional da agência em Portugal.

Trabalhar juntos na prevenção dos riscos profissionais

com a gestão global da empresa o cum-primento dos objetivos de produção e dos respetivos prazos. A liderança cons-titui uma condição para o êxito , para isso é preciso estar claro para todos que a segurança e saúde são questões estratégicas da empresa.Na prática, isto significa que: • A direção da empresa assume a Segurança e Saúde no Trabalho como um valor central da organização, comu-nicando-o aos trabalhadores; • Os diretores têm uma visão muito pre-cisa do perfil de risco da organização;• A direção lidera através do exemplo e demonstra integridade nessa liderança, nomeadamente, cumprindo sempre to-das as normas em matéria de segurança e saúde no trabalho; • Os papéis e as responsabilidades dos diferentes atores na prevenção e na gestão dos riscos para a segurança e saúde no trabalho encontram-se clara-mente definidos e são planeados e mo-nitorizados proativamente;

aLGuMaS queSTõeSPeRTInenTeS

Em 2010 existiam em Portugal 1.143.068 PMEs que representam 78,71% do em-prego e 60,62% do volume de negócios em Portugal (dados do INE), segundo a mesma fonte são micro e PMEs 99 % das empresas e só 0,1% destas são grandes empresas.Ou seja a ACT deve dar uma especial atenção a estas pequenas empresas,

maioritáriamente de raiz familiar, aju-dando-as a estruturar estes serviços através de ações pedagógicas e de apoio, tal como se concebem as ações de pre-venção que uma Instituiçao como a ACT deve ter como modelo.Como é que se organizam os serviços de SST numa empresa?Criando uma estrutura de SST que deve providenciar:• Serviços internos ou externos de saú-de e de segurança – prevenção de riscos - na empresa segundo a sua dimensão e de acordo com o estipulado na lei. (Le-vantamento dos riscos profissionais, medidas de prevenção a tomar, análise dos incidentes, etc.)Na empresa que empregue, no máximo, nove trabalhadores e cuja atividade não seja de risco elevado, as atividades de se-gurança no trabalho podem ser exercidas diretamente pelo próprio empregador se possuir formação adequada e permane-cer habitualmente nos estabelecimentos ou por um ou mais trabalhadores por aquele designados, que possuam forma-ção adequada e disponham do tempo e dos meios necessários para o efeito. O exercício das atividades de segurança no trabalho pelo empregador ou por trabalhador designado depende de au-torização da ACT. Nas outras empresas, os representantes dos trabalhadores para a Segurança e a Saúde no Trabalho são eleitos pelos trabalhadores por voto direto e secreto, segundo o princípio da representação proporcional. Só podem concorrer listas apresenta-das pelas organizações sindicais que tenham trabalhadores representados na empresa ou listas que se apresentem subscritas, no mínimo, por 20 % dos trabalhadores da empresa, não podendo nenhum trabalhador subscrever ou fa-zer parte de mais de uma lista. De acor-do com a Lei o empregador deve consul-tar os trabalhadores, por escrito e, pelo menos, duas vezes por ano, previamente ou em tempo útil, os representantes dos trabalhadores para a segurança e saúde ou, na sua falta, os próprios trabalhado-res. A CCP considera que na conjuntura atual as questões de SST são centrais para a competitividade das empresas. A prevenção dos incidentes e acidentes de trabalho reduz o absentismo, aumenta a produtividade e desempenha um im-portante papel no bem estar social, re-duzindo o estresse do seu trabalhador e respetiva família.

MARCELINO PENA COSTA, VICE-PRESIDENTE DA CCP – CONfEDERAÇÃO DO COMéRCIO DE PORTUGALPrEVENÇÃO NO TrAbALHO

“A legislação nacional define que os empre-gadores têm o dever legal de garantir a proteção da seguran-ça e saúde dos seus trabalhadores, bem como consultá-los e/ou os seus represen-tantes legais e permi-tir a participação dos mesmos em discussões sobre SST”

Pontos de Vista dezembro 2012 13

Page 14: Revista Pontos de Vista Edição 22

o observatório de Segurança Marítima (oSM), integrado no Departamento de Tecnologia dos Mar (DeTMaR), é uma unidade orgânica de Investiga-ção e Desenvolvimento do Instituto Superior de Ciências da Informação e da administração (ISCIa). o Comandante henrique Gouveia e Melo preside o observatório que, apesar de não ter personalidade jurídica, tem tido um papel de extrema relevância em todas as questões que se relacionam com a segurança marítima neste Portugal à beira mar plantado. as potencialidades marítimas nacionais são do conhecimento geral e podem ter no futuro a mesma importância que tiveram no passado. Mas, para isso, é preciso um espaço marítimo seguro. as ameaças, no entanto, são mais do que muitas! em conversa com a Revista Pontos de Vista, henrique Gouveia e Melo expôs os seus receios e mostrou quais as fragilidade que têm de ser combatidas, apresentado também algumas soluções de combate. Cooperação e prevenção foram as palavras que mais marcaram esta conversa.

Segurança marítima: Cooperação e prevenção

A característica mais impor-tante da globalização é, sem dúvida, o facto da economia mundial assentar no livre

tráfego. Num sistema destes, o mar ganha uma relevância acrescida que não pode ser esquecida, nem tão pou-co descurada, ou não fosse a via marí-tima responsável por cerca de 90 por cento do comércio mundial.Neste contexto, Portugal pode sair favo-recido pela sua estratégica localização geográfica, o que se traduz, entre outros aspetos, pelo facto de cerca de 53 por cento do comércio externo da União Eu-ropeia passar em águas jurisdicionais portuguesas. Desde sempre os portugueses tiveram essa noção presente e isso fez de nós grandes descobridores no passado. No presente, essa característica pode abrir outras portas e pode mesmo, quiçá, ser o grande pilar do desenvolvimento nacional. Com efeito, Portugal possui uma área terrestre de cerca de 91,763 km, o que nos coloca em 110º lugar na ordenação dos países em termos de di-mensão. No entanto, possui soberania ou jurisdição sobre uma extensa área marítima, na ordem de 1.720.560 km, incluindo águas interiores, mar territo-rial e Zona Económica Exclusiva (ZEE). Esta área marítima corresponde a cerca de 18,7 vezes a área terrestre nacional e à 11ª maior área mundial de águas ju-risdicionais, o que nos coloca à frente de países como a Índia ou a China.Esta extensão extraordinária exige que Portugal atue sobre o mar e aproveite tanto quanto possível esta potenciali-dade mas, para tal, é preciso que o uso adequado deste recurso seja também garantido.O papel do Observatório de Segurança Marítima é exatamente esse. Através da investigação aplicada, “o OSM incide sobre os temas da segurança no âmbito marítimo-portuário, contribuindo de forma significativa para a resolução dos diferentes problemas relacionados com o uso, a gestão e o controlo dos espaços marítimos”, afirma.

SeGuRança MaRíTIMa aSSenTa eM TRêS VeToReS

Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Henrique Gouveia e Melo, Presidente do

OBSERVATóRIO DE SEGURANÇA MARíTIMA (OSM)Vi cONgrESSO dOS POrTOS

dE LíNgUA POrTUgUESA

Comandante Henrique Gouveia e Melo

Page 15: Revista Pontos de Vista Edição 22

Pontos de Vista dezembro 2012 15

Observatório, começou por explicar que a segurança marítima assenta em três grandes vetores. Em primeiro, a segu-rança contra acidentes, através de ações que evitam ou combatam os mesmos; segue-se a proteção contra atos hostis e, por fim, mas não menos importante, o salvamento, através da assistência às pessoas em dificuldade no mar. “Estas três vertentes contribuem decisivamen-te para o uso do mar com fins económi-cos mas de uma forma sustentável por via da proteção dos agentes e do próprio ambiente em que operam”, acrescenta. “O objetivo último da segurança é evi-tar perdas materiais e humanas quer sejam por acidente, quer em resultado de atos hostis, preservando o ambiente e mantendo a continuidade do negócio” (conceito anglo-saxónico de “safety” e “security” respetivamente).Importa referir que sob a coordenação da Marinha, nos últimos seis anos, o sis-tema de busca e salvamento marítimo acudiu a mais de 5000 pedidos de so-corro e resgatou mais de 2000 pessoas do mar. Dois dos grandes problemas que se co-locam atualmente à segurança marítima são, inevitavelmente, o terrorismo e a pirataria. De forma indireta também o crime organizado ao fomentar a deses-truturação de países, veja-se o caso do golfo da Guiné, contribuindo para os dois problemas anteriormente identi-ficados. Convém, também, não subes-timar o elevado potencial negativo que possa resultar de conflitos regionais entre países geo-posicionados em áre-as estratégicas para o tráfego marítimo bloqueando as artérias da economia mundial. Desde 2001, a NATO tem vin-do a realizar ações contra o terrorismo no mediterrâneo através da operação Ative Endeavour onde têm participado fragatas e submarinos portugueses. No que diz respeito à pirataria, a marinha portuguesa tem vindo também a desen-volver diversas ações no Oceano Índico, no sentido de combater este flagelo, tendo já assumido o comando de duas operações internacionais (NATO, EU). Ainda assim, Henrique Gouveia e Melo é perentório, “este fenómeno está para ficar e tornar-se-á mais sofisticado. Está para ficar porque, apesar do número de

ataques não ter aumentado substancial-mente, os lucros com os resgates sim”.

“o PRobLeMa eSTá ao níVeLDa CoMunICação”

Para o Presidente do Observatório de Segurança Marítima o principal desafio que se coloca nos dias que correm diz respeito à cooperação e articulação da informação, quer a nível nacional, quer internacional. Estruturar o sistema vai além das fronteiras portuguesas e os

espaços marítimos sob jurisdição dos países da CPLP são também objeto de atenção do OSM. “O nosso papel é como portugueses, pertencentes a um país pequeno, olhar para o sistema, tentar tirar o máximo de sinergias do mesmo, e não começar a multiplicar os subsistemas, que depois face à sua pequena dimensão têm uma grande dose de desperdícios e ineficácia não sendo totalmente rentabilizados. No caso Português, não haver partilha de meios e infraestruturas, em resulta-do de interesses corporativos fortes e de uma luta por protagonismo fácil, é para mim o calcanhar de Aquiles do sistema. O problema não reside na exiguidade de meios, ou de incapacidade, mas sim na duplicação de estruturas, com res-ponsabilidades sobrepostas, associada a uma cultura avessa à partilha. Na mi-nha modesta opinião, deve fazer quem sabe fazer, quem tem tradição, experi-ência e uma cultura organizativa afim à função desejada, e quem tem os meios

e a logística para sustentar as funções do Estado no mar da forma mais racio-nal e eficiente para este. Uma vez que estamos a falar de segurança marítima importa também perceber que as prin-cipais artérias da economia integrada e globalizada atual são precisamente as grandes rotas marítimas por onde cir-culam a maioria das matérias-primas, alimentos e produtos das trocas comer-ciais. Por outro lado, e estando a falar de uma comunidade de países litorais (CPLP) estrategicamente posicionados em diversos oceanos e continentes, que também são uma comunidade intraco-munidades, faz todo o sentido que estes países cooperem de forma articulada na segurança marítima, o que implica uma grande relação entre os diversos atores, que muitas vezes parecem estar de cos-tas voltadas uns para os outros, não ha-vendo partilha de informação e conheci-mentos. Apenas através de sistemas de informação abrangentes, partilhados e em rede seremos capazes de encontrar mecanismos de segurança e proteção verdadeiramente eficazes”, explica.Cooperação é, de facto, a palavra-chave da segurança marítima, num mundo onde os indivíduos, comunidades e or-ganizações lidam, cada vez mais, com uma série de ameaças globalizadas e difusas, e como tal, o Estado, se torna incapaz de a garantir de forma isolada. Alargar o conceito de segurança como uma questão cooperativa ou coletiva torna-se assim o único caminho viável a seguir na prevenção e combate às ame-aças.

“há ReSTRIçõeS LeGaISDe InTeRVenção eM PaíSeS”

A divisão do mundo em dois grandes blocos, durante a Guerra Fria, em que o debate das questões de segurança in-cidia no âmbito da segurança nacional e do direito da não-ingerência, influen-ciou fortemente o direito internacional, que de certa forma foi ultrapassado pelos eventos e a desestruturação que se seguiu no fim desse período. “Hoje, ainda existem fortes restrições legais de intervenção em países que, embora se-jam Estados falhados e desestruturados, sem um poder político, ou estruturas que respondam pelos atos destes, dão abrigo ao terrorismo internacional, à criminalidade organizada, nomeada-mente ao tráfego de estupefacientes, e à pirataria, entre outros, o que inibe a resolução profunda desses problemas”. Ainda no que concerne às ameaças, o nosso entrevistado não pôde deixar de referir “as armas de destruição massi-va pelas consequências catastróficas que poderão ter, ou ainda as relacio-nadas com o ambiente e o aumento da

O que é o OSM - Observatório de Segurança Marítimano quadro do seu objeto estatutário, a Fundação para o Estudo e Desen-volvimento da Região de Aveiro (FEDRAVE) instituiu o Observatório de Segurança Marítima, abreviadamente designado OSM, que possui a sua sede em Aveiro.O OSM é uma instituição adstrita ao Departamento de Tecnologias do Mar (DETMAR) do Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração (ISCIA). Trata-se de um centro de investigação e desen-volvimento aplicado, que, à medida do desenvolvimento do seu trabalho em rede, congregará investigadores e profissionais do mar de várias instituições que desenvolvam atividades relacionadas com a Segurança Marítima entendida de uma forma abrangente (integrando os conceitos do safety e do security).O OSM tem por objeto o estudo aprofundado dos temas da segurança no âmbito marítimo-portuário contribuindo para o melhor entendimento das diferentes problemáticas que hoje envolvem o uso, a gestão e o con-trolo dos espaços marítimos tendo em conta princípios de preservação, exploração e aproveitamento das suas potencialidades. Os espaços ma-rítimos em geral, designadamente os sob jurisdição portuguesa, serão alvo de especial atenção. Assim como os espaços marítimos sob jurisdi-ção dos países da CpLp relativamente aos quais se desenvolverão par-cerias e protocolos de cooperação, visando a execução de atividades de interesse mútuo.Todo este trabalho em rede e na interface de várias áreas do conheci-mento científico permitirá que os alunos dos vários cursos graduados e pós-graduados do ISCIA relacionados com o mar, a segurança e a gestão, oriundos dos vários países da CpLp, possam vir a desenvolver projetos afins nas suas empresas ou instituições, consolidando, de algum modo, a segurança do mar da lusofonia.

“Estas três vertentes contribuem decisivamente para o uso do mar com fins económicos mas de uma forma sustentável

por via da proteção dos agentes e do próprio ambiente em que operam”, acrescenta. “O objetivo último da segurança é evitar perdas materiais e humanas quer sejam por acidente,

quer em resultado de atos hostis, preservando o ambiente e mantendo a continuidade do negócio” (conceito anglo-

-saxónico de “safety” e “security” respetivamente)”

Page 16: Revista Pontos de Vista Edição 22

OBSERVATóRIO DE SEGURANÇA MARíTIMA (OSM)Vi cONgrESSO dOS POrTOS

dE LíNgUA POrTUgUESA

temperatura que provocará a subida do nível médio do mar com consequên-cias graves para os países litorais como Portugal, entre elas o deslocamento de populações ribeirinhas, a perda de in-fraestruturas significativas e uma dimi-nuição do espaço territorial”.

aCIDenTeS TêM ConSequênCIa aMbIenTaIS GRaVeS

A segurança marítima poderá ser divi-dida conceptualmente em dois grandes blocos, as medidas preventivas que li-dam com as causas e as reativas que li-dam com as consequências. Sendo o mar um espaço aberto, este é por natureza um palco natural de relações interna-cionais. Sendo assim, uma componente importante da prevenção são os trata-dos e convenções internacionais para o espaço marítimo. Estes são essenciais, por exemplo, no estabelecimento de pa-drões mínimos de segurança, transver-sais a todos os operadores marítimos e que de alguma forma também permitem combater a concorrência desleal, numa economia cada vez mais globalizado. “Há players no mercado que para redu-zir os preços não dão manutenção ou utilizam tripulações pouco preparadas pondo em perigo a segurança dos outros e do próprio ambiente”, lamenta.A segurança contra acidentes e suas con-sequências ambientais tem três com-ponentes essenciais: uma atitude pre-ventiva por via de padrões elevados na construção dos navios, na manutenção, na formação, no treino dos tripulantes e na condução e estruturação do tráfego marítimo; uma capacidade reativa no combate às consequências que resultem dos acidentes; e não menos importante, uma componente de investigação das causas imediatas e contributivas que sirva para melhorar o sistema e apurar responsabilidades. A prevenção passa-rá necessariamente pela capacidade da comunidade internacional de estabele-cer padrões mínimos internacionais de segurança para a navegação mercante impondo-os aos atores do sistema. Sen-do assim, esses padrões, estabelecidos por convenções internacionais, só serão úteis se forem eficazmente impostos. Neste sentido é de crucial importância a articulação de três tipos de autoridade sobre a atividade marítima, a do Esta-do costeiro na ordenação e fiscalização dos espaços sobre sua jurisdição, a do Estado de bandeira sobre o cumprimen-to das normas internacionais por parte dos navios que utilizam o seu pavilhão e as do porto, que exercem uma atividade

intensa de fiscalização e até de punição sobre os navios que não cumpram com os padrões definidos. Embora este sis-tema esteja em aperfeiçoamento, cerca de metade dos navios que navegam no Mundo estão abaixo desses padrões, comprometendo a segurança marítima, como demostram as estatísticas dos aci-dentes que têm aumentado em termos percentuais.Um dos cancros do sistema consiste na utilização abusiva das bandeiras de conveniência como forma de fugir aos padrões referidos, criando situações de concorrência económica desleal. Exem-plos recentes de padrões baixos foram o Prestige por problemas de manutenção e o Costa Concordia por capacidade e treino dos seus tripulantes, que resul-taram em perdas materiais graves, em poluição ambiental significativa e em perda de vidas humanas.

“o hoMeM ConTInua a SeR uM nóMaDa, uM PeSCaDoR e uM

CoLeToR”

Henrique Gouveia e Melo iniciou o seu discurso no 6º Congresso dos Portos de Língua Portuguesa deixando uma questão no ar: “A maior mudança da so-ciedade humana deu-se há 10 mil anos com a mudança do paleolítico para o neolítico quando o homem se fixou na agricultura, inventou a escrita e a roda. Mas o homem continua a ser um nóma-da, um pescador e um coletor no mar. Será neste século que o homem se fixará na imensidão dos oceanos?”. No ISCIA estão convictos que sim mas, para que tal aconteça, é necessário que haja união e cooperação também nessa convicção. Saiba mais sobre aquilo que foi debati-do neste congresso nas páginas que se seguem.

no âmbito da sua atividade o OSM propõe-se:• criar grupos interdisciplinares de trabalho, quer em rede quer em intersection na interface de diferentes áreas do conhecimento;• realizar projetos de investigação, teórica e aplicada, colaborar em cursos pós-graduados e organizar con-gressos, seminários, conferências e debates;• editar textos e publicações e promover a criação de bibliotecas videotecas e mediatecas especializadas;• procurar estabelecer parcerias com instituições nacionais e estrangeiras, civis e militares, com as quais possa desenvolver projetos de I&D teórica e aplicada, de manifesto interesse estratégico para portugal ou para organizações em que portugal participe;• criar oportunidades para a realização de trabalhos de investigação de âmbito académico, devidamente orientados, para os alunos do DETMAR (ISCIA) e das Instituições com as quais existam protocolos de coopera-ção.À medida das oportunidades e das capacidades conjuntas formar-se-ão Comissões permanentes nas seguin-tes áreas: a) políticas de Segurança no Mar; b) Segurança nas Atividades Marítimas; c) Busca e Salvamento; d) Controlo e Fiscalização do Mar; e) náutica de Recreio e Lazer; f) Direito Marítimo; g) Formação e Treino; h) Ordenamento dos Espaços Marítimos; i) Segurança nas Atividades portuárias; j) Segurança Ambiental; k) Segurança das plataformas.

A Atividade do OSM - Observatório de Segurança Marítima

“Hoje, ainda existem fortes restrições legais

de intervenção em países que, embora sejam Esta-dos falhados e desestru-

turados, sem um poder político, ou estruturas que

respondam pelos atos destes, dão abrigo ao ter-

rorismo internacional, à criminalidade organizada, nomeadamente ao tráfego

de estupefacientes, e à pi-rataria, entre outros, o que inibe a resolução profunda

desses problemas”

Page 17: Revista Pontos de Vista Edição 22

“O espaço simbólico e cultural que nos une tem o cimento do passado, a energia do

presente e o otimismo que alavanca o futuro”. Foi com estas palavras que José Luís Cacho, Presidente da APLOP, deu as boas vindas aos cerca de du-zentos participantes, incluindo res-ponsáveis pelas administrações por-tuárias de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. A 6 e 7 de de-zembro, o Porto de Lisboa foi o espa-ço escolhido para ser palco de trocas de experiências, debates e, claro, um intenso convívio que formalizaram o VI Congresso dos Portos de Língua Portuguesa. Com o grande objetivo de fortalecer as relações comerciais entre os portos dos países de língua portuguesa, foram discutidos temas como a ligação dos portos à economia de cada um dos territórios, as poten-cialidades do turismo de cruzeiros, a aposta no conhecimento e nas novas tecnologias ou a importância da lo-gística nos portos da CPLP. Subordinado ao tema “A ligação dos portos à economia do Espaço CPLP”, Sandra Augusto, Diretora de Logística da Volkswagen Autoeuropa, Portugal,

deu o mote de partida, apresentando ao público o projeto logístico da em-presa, num painel moderado por Lídia Sequeira, Presidente da Administração do Porto de Sines. Por Lisender Borges, a plateia ficou a conhecer todos os deta-lhes do Porto do Lobito, o principal por-to do centro de Angola. “Com condições naturais excelentes, protegido por uma

Depois do Rio de Janeiro, Mindelo, Luanda e Maputo, foi a vez de Lisboa acolher a sexta edição do Congresso dos Portos de Língua Portuguesa. nos dias 6 e 7 de dezembro, a Gare Marítima de alcântara acolheu cerca de duzentos participantes, representativos dos oito países que constituem a CPLP. Debater o espaço lusófono marítimo-portuário e os grandes desafios que se colocam ao futuro do setor foi o grande objetivo lançado pela organizadora do encontro, a aPLoP (associação dos Portos de Língua Portuguesa.

Todos por um Cluster portuário dos portos de Língua portuguesa

língua de areia natural, com infraestru-turas de apoio nas proximidades e uma praia fantástica para a prática turística, o ideal porque aqui está muito frio”. Foi com estas ideias, algumas em tom de brincadeira, que o responsável deu a co-nhecer o projeto de reabilitação, expan-são e modernização do Porto do Lobito. Coube a Francisca Chambao, Adminis-

tradora Executiva da ENH, E.P.- Moçam-bique, a tarefa de encerrar o primeiro painel, apresentando o projeto offshore da Bacia de Rovuma para Exploração de Gás Natural em Moçambique. Com este projeto, a ENH vê reforçada a sua expo-sição à bacia do Rovuma, área de reco-nhecido potencial a nível mundial.Depois de uma pequena pausa durante a qual foi notória os intensos laços que unem estes países, foram reveladas as potencialidades do mercado do turismo de cruzeiros na rota África-Brasil-Euro-pa. De Portugal, do Brasil e de Cabo Ver-de, o público conheceu as experiências de três países que têm beneficiado com um setor de negócio em forte expansão. Para António Belmar da Costa, Dire-tor Executivo da Agepor, Portugal, “se não tivéssemos sido pró-ativos, nunca teríamos beneficiado do crescimento deste mercado que passou a ser um ne-gócio que decorre durante todo o ano e não apenas entre abril e setembro”. De acordo com um inquérito efetuado aos passageiros internacionais de cruzeiros, divulgado pelo responsável, 99,4 por cento recomendam Lisboa como desti-no de cruzeiros e 99,2 por cento como destino turístico. Está assim mais do que comprovado que Lisboa tornou-se apaixonante e, como tal, “o país tem no turismo de cruzeiros uma possibilidade muito forte de se desenvolver”, colma-tou. Foram ainda conhecidos os per-

VI EDIÇÃO DO CONGRESSO DOS PORTOS DE LíNGUA PORTUGUESA DECORREU NOS DIAS 6 E 7 DE DEzEMBRO

Pontos de Vista dezembro 2012 17Vi cONgrESSO dOS POrTOS dE LíNgUA POrTUgUESA

“Nascemos com a qualidade no nosso sangue. Prova disso é o facto de termos sido finalistas de vários prémios”

juliano Perin, diretor comercial da Portonave SA – brasil

“Este Governo tem sabido usar os portos como arma estratégica. Iden-tificamos logo nos primeiros meses que os portos eram dos poucos sítios com capacidade de investimento”

Sérgio Silva Monteiro, Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e

comunicações

“Para Cabo Verde, os portos são uma componente importante para o nosso desenvolvimento. Tiramos do mar tudo o que precisamos, incluindo a água que bebemos”

Madalena Neves, Embaixadora de cabo Verde em Portugal

Page 18: Revista Pontos de Vista Edição 22

cursos de sucesso do Porto Grande de Mindelo, por Valdemiro Tolentino, Ad-ministrador da Enapor, SA, Cabo Verde e o Caso de Fortaleza, pela voz de Paulo Holanda, Presidente da Companhia Do-cas do Ceará, do Brasil.

PRoJeToSeM DeSenVoLVIMenTo

A tarde foi dedicada à partilha de pro-jetos em curso. Colmatando a sua in-tervenção com um vídeo muito eluci-dativo, Jorge Luiz de Mello, Presidente da Companhia Docas do Rio de Janeiro, apresentou o projeto de revitalização do Porto do Rio de Janeiro.Este projeto integra um amplo progra-ma de investimentos que esperam tor-nar a cidade mais limpa e segura, até 2016, ano em que o Brasil irá acolher os Jogos Olímpicos. Também do Brasil chegou Juliano Perin, Diretor Comercial da Portonave SA, para apresentar o caso de sucesso da Iceport, SA, “uma empresa preparada para grandes negócios”. Per-tencente à Portonave, a operação da Ice-port está integrada no terminal portu-ário e facilita o trabalho de produtores, importadores e exportadores. O painel moderado por Ana Paula Vitorino, anti-ga Secretária de Estado dos Transportes e actual Diretora da Revista “Cluster do Mar”, contou ainda com a intervenção de Marta Mapilele, Administradora Exe-cutiva da CFM, E.P, de Moçambique, que apresentou os projetos de desenvolvi-mento e de construção de novos portos e linhas férreas no país. Entre muitas outras iniciativas, a responsável, que

descreveu Moçambique como “uma das pontes estratégicas para os principais mercados”, deu a conhecer alguns dos pormenores dos trabalhos de melhoria da Linha de Sena.

PaPeL Do GoVeRno naPRoMoção DaS PoTenCIaLIDaDeS

DoS PoRToS

A responsabilidade de encerrar o pri-meiro dia deste VI Congresso foi entre-gue a Sérgio Silva Monteiro, Secretário de Estado das Obras Públicas, Trans-portes e Comunicações. Para o respon-sável, o Governo Português tem sabido aproveitar, desde que tomou posse, as potencialidades dos portos como arma estratégica. Num discurso durante o qual realçou o exemplo de sucesso da Autoeuropa e de projetos como a Janela Única Portuária, Sérgio Silva Monteiro deixou um conselho aos participantes:

“é preciso desenvolver regimes espe-ciais para as trocas comerciais entre os países e baixar as barreiras à entrada e saída dos nossos produtos”. No final, esperar-se-ia que Portugal estivesse “li-vre” da crise, “e os restantes países pos-sam crescer”. A aprovação da Nova Lei do Trabalho Portuário mereceu igual-mente espaço no discurso de Sérgio Sil-va Monteiro. O novo regime jurídico está na origem das constantes greves dos estivadores que protestam contra a res-trição das funções consideradas como trabalho portuário, uma das alterações previstas, porque temem perder postos de trabalho. No dia seguinte à interven-ção do Secretário de Estado, o Parla-mento aprovou em votação final global o novo regime do trabalho portuário.

a aPoSTa no ConheCIMenTo

Francisco Venâncio, CEO do Porto de

Luanda, moderou o quarto painel, que marcou o início do segundo e último dia do congresso, subordinado ao tema “a aposta no conhecimento, tecnologias de informação e comunicação e forma-ção”. O caso da Escola Náutica Infante D. Henrique foi apresentado pelo seu Dire-tor, Abel Amorim. Com uma taxa de em-pregabilidade a rondar os 90 por cento, a escola tem apostado numa crescente abertura ao exterior, através de parce-rias com o meio empresarial, realçando projetos internacionais desenvolvidos com a CPLP. De 2008 a 2012, o número de alunos vindos do mundo lusófono au-mentou de 5,6 para 7,4 por cento, fazen-do com que cada vez mais faça sentido estabelecer acordos de cooperação com estes países, nomeadamente com a Uni-versidade de Belas em Luanda, com as Autoridades Marítimas de Moçambique, entre outros. “Portugal sempre teve su-cesso quando se voltou para o mar” foi

“Além da língua, temos em comum o facto de ter sido o mar o elemen-to que permitiu encontrarmo-nos. Apesar de todas as tecnologias, é um aperto de mão que irá selar um compromisso”

Fernando Nunes da Silva, Vereador da câmara Municipal de Lisboa

“O país tem no turismo de cru-zeiros uma possibilidade muito forte de se desenvolver. Os turistas serão os embaixadores de Portugal no estrangeiro”

António belmar da costa,diretor Executivo da Agepor, Portugal

“Os portos no Brasil passaram por recentes desafios. Mais de 90 por cento dos nossos fluxos comer-ciais passam-se através do meio marítimo”

jorge Luiz de Mello, Presidente da companhia docas do rio de janeiro

“Com os descobrimentos da Bacia de Rovuma, Moçambique coloca-se entre os principais players interna-cionais no sector do gás natural”

Francisca chambao, Administradora Executiva da ENH, E.P.- Moçambique

VI EDIÇÃO DO CONGRESSO DOS PORTOS DE LíNGUA PORTUGUESA DECORREU NOS DIAS 6 E 7 DE DEzEMBROVi cONgrESSO dOS POrTOS dE

LíNgUA POrTUgUESA

Page 19: Revista Pontos de Vista Edição 22

Pontos de Vista dezembro 2012 19

um dos reptos deixados pelo diretor.Marinho Dias da Associação dos Portos de Portugal apresentou o projeto da Janela Única Portuária (JUP), uma pla-taforma que permite simplificar proce-dimentos administrativos aduaneiros. Durante este painel, houve ainda espaço

para discutir os principais desafios que se colocam, atualmente, à segurança marítima, pela voz de Henrique Gouveia e Melo, Presidente do Observatório de Segurança Marítima. Pirataria e Terro-rismo foram os principais perigos levan-tados pelo responsável, sendo cada vez

Algumas das linhas gerais do discurso de abertura de José Luís Cacho:

“Falamos a mesma língua, a melhor das argamassas quando o Homem decide ser fraterno; representamos um imenso território, com cerca de 15 mil quilómetros de costa, distância que integra o ranking dos dez países com maiores costas do mundo. A Zona Económica Exclusiva que a ApLOp representa atinge uma área que ronda os 7,2 milhões de km2, ficando assim perto da ZEE da Rússia, a quarta maior do mundo.Temos um imenso espaço de cooperação à nossa frente, de oportunidades que importa agarrar. Cada um dos países representado na ApLOp sofre vicissitudes específicas naturais aos processos de desenvolvimento ence-tados, mas olhando ao que sabemos todos, as boas notícias suplantam, felizmente, e suplantam muito os percalços que um ou outro dos países lusófonos vai sofrendo.Vamos continuar o esforço conjunto – de organismos públicos e de entida-des privadas -, na captação de linhas regulares de transporte marítimo entre os países de Língua portuguesa.”

mais um desafio colmatar estes proble-mas de forma definitiva. Já na recta final, Daniel Santos, da Caixa Banco de Investimento, realçou algumas das principais oportunidades de investi-mento no Espaço CPLP. “Num contexto particularmente difícil, existem alterna-tivas. Angola, Moçambique e Brasil são, neste momento, o foco de muitas entida-des internacionais”, partilhou o Coorde-nador do Project Finance.A cabotagem, como arma estratégica no comércio internacional, foi o mote para a intervenção de Miguel Marques, Partner da PwC. Depois de algumas de-finições mais amplas sobre o conceito de cabotagem, o responsável lançou a questão: “por que é que ainda não são muitos os casos de cabotagem bem su-cedidos num contexto de tantas oportu-

nidades e condições geográficas favorá-veis?” Para Miguel Marques, a excessiva burocracia, a falta de confiança neste processo ou os obstáculos que se colo-cam na cadeia intermodal são alguns dos constrangimentos que se levantam atualmente. Ainda no seguimento desta temática, Vagner Costa, Representante da Secretaria de Portos do Brasil, deu a conhecer o Estado da Arte da Cabota-gem no Brasil. Terminava, assim, a sexta edição do Congresso dos Portos de Lín-gua Portuguesa. Depois de uma vasta partilha de experiência, estavam assim lançadas as bases para o fortalecimento dos laços comerciais que unem todos os países. O evento fechou com chave de ouro, com uma visita marítima ao Porto de Lisboa que tão bem recebeu todos os intervenientes deste encontro.

“Num contexto particularmente difícil, existem alternativas. Angola, Moçambique e Brasil são, neste momento, o foco de muitas entidades internacionais”

“Vamos continuar o esforço conjunto – de organismos públicos e de entidades privadas -, na captação de li-

nhas regulares de transporte marítimo entre os Países de Língua Portuguesa”

Page 20: Revista Pontos de Vista Edição 22

OPINIÃO

Este Gabinete tem por missão investigar os acidentes e inci-dentes marítimos, com o ob-jetivo de identificar as causas,

elaborar e divulgar os correspon-dentes relatórios, promover estudos, formular recomendações em matéria de segurança marítima que visem reduzir a sinistralidade marítima e assegurar a participação em comis-sões, organizações ou atividades, na-cionais ou estrangeiras.Para prosseguir a sua missão, foram es-tabelecidas para o GPIAM, entre outras, as seguintes atribuições:• Desenvolver as atividades de investi-gação técnica relativas a acidentes e in-cidentes marítimos, com vista a apurar as respetivas causas;• Assegurar que a investigação técni-ca é iniciada logo após a verificação do

acidente ou incidente marítimo, ou no prazo de dois meses após a ocorrência do mesmo; • Assegurar a elaboração, atempada e ri-gorosa, dos relatórios das investigações e promover a sua divulgação, incluindo as suas conclusões e eventuais reco-mendações no prazo de 12 meses após a data do acidente; • Divulgar todas as causas do acidente ou incidente marítimo;• Cooperar nas investigações técnicas conduzidas pelos órgãos de investi-gação de outros Estados membros da União Europeia;• Proceder à recolha e análise de dados relativos à segurança marítima;• Participar nas atividades desenvol-vidas a nível de organizações interna-cionais ou europeias no domínio da investigação e prevenção de acidentes

atendendo às exigências da Diretiva 2009/18/Ce, foi recentemente criado em Portugal o Gabinete de Prevenção e de Investigação de acidentes Ma-rítimos (GPIaM) pela Lei n.º 18/2012, de 7 de maio - que transpôs aquela Diretiva –, tendo a sua missão e atribuições sido estabelecidas no Decreto--Lei n.º 140/2012, de 10 de julho.

Mais um passo fundamental para a segurança marítima emportugal: a criação do Gabinete de prevenção e de Investigaçãode Acidentes Marítimos (GpIAM)

JOSé ANTóNIO VELhO GOUVEIA, DIRETOR DO GPIAM

marítimos;• Organizar e divulgar a informação re-lativa à investigação e prevenção de aci-dentes e incidentes marítimos;• Preparar, organizar e divulgar estatísti-cas dos acidentes e incidentes marítimos; • Notificar a Comissão Europeia dos aci-dentes e incidentes marítimos que en-volvam um navio que arvora a bandeira nacional, independentemente do local onde ocorre o acidente ou incidente, dos acidentes e incidentes marítimos que ocorram no mar territorial do Estado Português ou nas suas águas interiores, qualquer que seja a bandeira do navio ou navios envolvidos nos mesmos, e ain-da dos acidentes e incidentes marítimos que impliquem outros interesses legíti-mos do Estado Português.Deste quadro de competência, retira-se que o trabalho a realizar pelo GPIAM é da maior importância para perceber o que esteve na origem dos acidentes e para se poder atuar ao nível da prevenção. Daí que as conclusões dos relatórios das investigações realizadas devem ser ade-quadamente divulgadas assim como as recomendações de segurança produzidas.A criação do GPIAM constitui mais um passo importante para melhorar a segu-rança marítima em Portugal. A par das funções de regulação e regulamentação e do exercício da autoridade do Estado no mar atribuídas a diferentes entidades no âmbito do Sistema da Autoridade Maríti-ma, a tarefa de investigar os acidentes e incidentes marítimos com interesse para Portugal vai certamente contribuir para reduzir a sinistralidade no mar e para criar padrões de maior segurança no uso do mar, seja em atividades profissionais, seja em atividades de lazer.Para que tudo isto seja uma realidade, o GPIAM tentará criar e manter um clima de boa cooperação com as entidades que detêm responsabilidades no âmbito marítimo e que podem ajudar no cum-primento da sua missão. Esta colabora-ção passará, nomeadamente, por criar as condições adequadas para acesso ao local, para acesso a informação relevante sobre o acidente, à preservação de pro-vas que possam ser úteis ao GPIAM e à eventual análise conjunta dos dados re-colhidos. Como estabelecido no art.º 14.º da Lei n.º 18/2012, as autoridades marí-timas e policiais e os investigadores do GPIAM devem atuar em colaboração mú-tua, no sentido de assegurarem a eficácia

das investigações, e, quando presentes no local do acidente ou incidente, devem providenciar para que sejam tomadas imediatamente, sem prejuízo das opera-ções de salvamento, as medidas que en-tendam adequadas para que a investiga-ção seja levada a cabo com sucesso.Neste trabalho de cooperação, é funda-mental que todas as entidades públicas e privadas, e as autoridades com res-ponsabilidades próprias de investiga-ção, conheçam o papel umas das outras e colaborem no sentido de cada uma fazer o seu trabalho com um mínimo de interferência com as restantes. Embora a esfera de atuação do GPIAM esteja cla-ramente definida na lei, serão celebra-dos protocolos com diversas autorida-des com responsabilidade nesta matéria com vista a facilitar a ação de cada uma perante um acidente que deva ser inves-tigado. É também importante que esta cooperação seja estendida a entidades congéneres de outros Estados que par-ticipam na investigação dos acidentes.O resultado mais visível, e útil, da ação do GPIAM será a elaboração de relató-rios que serão disponibilizados a todos os que neles tenham interesse. Além disso, e a partir das conclusões resul-tantes da investigação realizada, pode-rão ser produzidas pelo GPIAM reco-mendações de segurança. Estas devem obedecer a algumas regras básicas para que possam produzir o efeito desejado. Devem ser claras, objetivas e dirigidas a uma entidade específica que deverá implementá-las no prazo estabelecido pelo GPIAM. O GPIAM deverá provi-denciar no sentido de garantir que as mesmas sejam implementadas, poden-do aplicar o regime contraordenacional previsto na Lei n.º 18/2012 se tal não suceder.A segurança dos homens do mar será proporcional ao sucesso da investiga-ção técnica de acidentes a realizar pelo GPIAM. Por isso, o GPIAM tudo fará para ser eficaz no cumprimento da sua mis-são, tentando obter resultados objetivos e rigorosos que contribuam efetivamen-te para a segurança dos que andam no mar e para a proteção do meio ambien-te marinho. Mas deverá contar com o apoio dos que, de alguma forma, possam contribuir para que tal seja possível. Ainda é cedo para mostrar resultados, mas estamos certos de que estamos no bom caminho para os obter.

Vi cONgrESSO dOS POrTOS dE LíNgUA POrTUgUESA

Page 21: Revista Pontos de Vista Edição 22

OPINIÃO

Tudo isto para dizer que “Polí-ticas de Inovação” é um mun-do sem fim. Ao nível das em-presas, cada caso é um caso.

O mesmo acontece com os Estados, quando os comparamos. E mesmo ao nível de um único Estado, quando atentamos na sua complexidade (Mi-nistérios, departamentos, eixos de intervenção).Em matérias desta natureza, em que a resposta tem de ser encontrada no do-mínio de “o que fazer”, o difícil é mesmo responder à questão do “por onde co-meçar”. Definir objetivos, caracterizar a situação, elaborar um plano de ação. E encontrar os instrumentos que nos pos-sam ajudar neste trabalho, também dito de planeamento estratégico.O que gostaria de começar por afirmar, aterrando violentamente, é que, nestes processos, podemos ser, de facto, aju-dados, de forma útil. Utilizando instru-mentos disponíveis, de forma gratuita (são bens públicos), que muito pouca gente conhece. E, no entanto, existem.Refiro-me aos instrumentos de scoring de inovação. Em Portugal, o instrumento existente (Innovation Scoring) foi desen-volvido pela COTEC, estando hoje dispo-nível na plataforma do IAPMEI. A nível europeu, temos o Imp3rove, disponibili-zado pela Europe Innova, uma entidade criada no âmbito de atuação da DG Em-

presa e Indústria da Comissão Europeia.Como é evidente, a utilização destes ins-trumentos dá algum trabalho; mas “sem trabalho, nada feito”. E, para trabalhar, são necessários recursos – nomeadamente pessoas, tempo e disponibilidade (maio-res ou menores) de algumas pessoas (não necessariamente muitas, pode até ser uma só, no limite durante apenas uma parte do seu tempo). E, é verdade, muitas das nossas empresas (a maior parte?) não tem esses recursos, sem o que não poderá proceder ao exercício, seja de Innovation Scoring, seja qualquer outro.Sou sensível, tenho de ser sensível, a todas estas dificuldades. Mas costumo responder-lhes com um pedido: “por favor, não me criem um espaço concen-tracionário, onde, porque todas as portas estão fechadas, não há finalmente saída possível – nada a fazer”. Tem de haver, no

Inovar constitui um objetivo e, antes disso, um processo – a que chamamos inovação. Cada entidade, empresa ou de outra natureza, inova de forma própria. Política é o que acontece antes, quando este processo é pensado, e concebido. Política ou políticas públicas, quando se pensa o papel do estado em matéria de inovação. Políticas empresariais, também designadas de estratégias, quando a questão é colocada ao nível das empresas.

políticas de Inovação

mínimo, uma vontade, por onde se abra uma porta, por onde possamos começar a fazer alguma coisa, procurando vencer as dificuldades, uma após outra. Sem essa vontade, nada feito: “where there´s a will, there’s a way”, num dos mais be-los provérbios que conheço sobre a ação humana, e que devemos aos ingleses; ou, como dizem os portugueses, numa ver-são mais voluntarista mas de verdade menos demonstrável, “querer é poder”.Vamos, pois, todos, proceder ao nosso exercício de Innovation Scoring. Como referi, cada caso é um caso. Eu sei, no final, todas as empresas querem vender (e para isso precisam de produtos, e de novos produtos) e ganhar dinheiro (e, para isso, estes novos produtos podem revelar-se muito úteis, desde que se en-contrem os clientes a quem os vender, do mesmo modo que se podem revelar

muito úteis todos os novos processos tendentes à redução dos custos de pro-dução). E, nada disto nasce de geração espontânea: exige processos e, mais a montante, recursos e outras condições, sem o que não vai acontecer, a não ser por um acaso absolutamente improvável.Um exercício de Innovation Scoring gasta sempre algum tempo – não tem como não gastar, envolvendo de preferência as pes-soas de maior nível de responsabilidade dentro da organização. Mas constitui um momento único de discussão interna e, sobretudo, de alinhamento de vontades e de construção de um “caminho crítico” – sem o que, peço desculpa pela sinceri-dade, não existe nem organização, nem empresa, nem coisa nenhuma.O que vale para as empresas vale tam-bém para os Governos e para os restantes níveis do poder político. Há, de novo, ins-trumentos de scoring (IUS – Innovation Union Scoring, da Comissão Europeia, para referir o mais conhecido de todos), e rankings, através de cujos processos de construção podemos tomar consciên-cia do que corre melhor e do que corre menos bem com os processos de inova-ção nos nossos países (o Barómetro de Inovação da COTEC, e o The Global In-novation Índex do INSEAD, para referir apenas dois dos mais acessíveis).A questão põe-se, em minha opinião, em termos muito próximos daqueles em que se põe para as empresas. Como as empre-sas, também os Governos têm de definir e de implementar as suas políticas de inovação – em escalas diferentes, como é bom de ver. Parece-me errado, tanto num caso como noutro, que o façam sem se socorrerem dos instrumentos disponí-veis, que organizam o trabalho e, no caso dos Governos, organizam mesmo muita da informação relevante já disponível.

DANIEL BESSA, DIRETOR GERAL DA COTEC PORTUGAL Pontos de Vista dezembro 2012 21iNOVAÇÃO

“Um exercício de Innovation Scoring gasta sempre algum tempo – não tem como não gastar, envolvendo de preferência as pessoas de maior nível de respon-sabilidade dentro da organização. Mas constitui um momento único de discussão interna e, sobretudo, de alinhamento de vontades e de construção de um “caminho crítico” – sem o que, peço desculpa pela sin-ceridade, não existe nem organização, nem empresa, nem coisa nenhuma”

“Tudo isto para dizer que “Políticas de Inovação”

é um mundo sem fim. Ao nível das empresas, cada caso é um caso. O mesmo acontece com os Estados, quando os comparamos.

E mesmo ao nível de um único Estado, quando

atentamos na sua com-plexidade (Ministérios,

departamentos, eixos de intervenção)”

Page 22: Revista Pontos de Vista Edição 22

Nanotecnologia é a aposta do futuro. Mas, para muitos, a Nanotecnologia já faz parte do presente e tem sido uma

aposta ganha. Por todo o mundo, este é já considerado um fenómeno glo-bal e, devido à intensa investigação que se tem feito nesta área, espera-se que a Nanotecnologia esteja na linha da frente da evolução tecnológica do século XXI. Países desenvolvidos e emergentes não querem ficar de par-te e, como tal, têm aumentado os seus recursos na promoção de nanociên-cia e nanotecnologias, de forma a ga-rantirem uma posição de liderança. Atualmente, em Portugal, existem vários centros que realizam investigação e de-senvolvimento em várias áreas da Nano-tecnologia, localizados sobretudo dentro das principais universidades portuguesas. A estes, haverá que juntar o INL, investi-mento de proa na área realizado através de uma cooperação ibérica estratégica. O Projeto Nanovalor, liderado pela Uni-versidade do Minho, pretende, justa-mente, mostrar ao mundo empresarial, industrial e de investimento que a Euro-região do Norte de Portugal e Galiza tem muito potencial de I&DT (Investigação e Desenvolvimento Tecnológico) na área. A partir daí, o objetivo é criar um Pólo de Competitividade para capitalização do potencial existente, tentando, assim, colmatar a falta de dimensão e experiên-cia de grande parte das empresas na ex-ploração e valorização de resultados em Nanotecnologia. O Projeto Nanovalor tem, deste modo, como principal missão reforçar os laços institucionais entre os atores chave na área da Nanotecnolo-gia. Quem são eles? Empreendedores, empresas e investigadores. São estes os três principais destinatários de um projeto em que se pretende unir todos por “uma Euroregião de excelência em Nanotecnologia”. Para Pedro Silva, Coor-

denador da Unidade de Comercialização de Ciência e Tecnologia da TecMinho, os empreendedores são essenciais para a valorização deste potencial. “Nesta área, existem poucas empresas no mercado que tenham modelos de negócio adap-tados àquilo que a nanotecnologia pode

através da criação de um Pólo de Competitividade, o Projeto

nanovalor pretende reforçar os laços institucionais entre os atores mais relevantes na área da nano-

tecnologia das regiões do norte de Portugal e da Galiza. “Todos

por uma euroregião de excelência em nanotecnologia” foi o mote

para esta conversa com Pedro Silva, Coordenador da unidade

de Comercialização de Ciência e Tecnologia da TecMinho.

“Todos por uma Euroregião de Excelência em nanotecnologia”

introduzir. Existem, sim, empresas que podem absorver essas tecnologias mas não existe quem as possa fornecer no mercado”, defendeu. Para o responsável, as empresas existentes, sobretudo dos setores tradicionais ainda predominan-tes na Euroregião, poderão ser grandes beneficiários do projeto mas, por outro lado, são aqueles que exigem uma maior sensibilização uma vez que, no contexto empresarial alvo, o número de empresas consciencializadas para os benefícios da Nanotecnologia ainda é diminuto. Por fim, os investigadores são, para Pedro Silva, outra peça fundamental uma vez

que “estão a produzir a matéria com a qual empreendedores e empresas vão poder trabalhar”, acrescentou.O projeto é financiado pelo Fundo Euro-peu de Desenvolvimento Regional (FE-DER) e representa um investimento de 1,4 milhões de euros, estando a ser de-senvolvido ao abrigo do Programa Ope-racional de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal 2007/2013.

aRRaSTaR oS aGenTeS PaRa au-TênTICaS PLaTaFoRMaS

De VaLoRIzaçãoDa nanoTeCnoLoGIa

As indústrias dos plásticos, metalome-cânica, automóvel, têxtil, são setores que já têm beneficiado da Nanotecnologia, uma área que começa a crescer no mer-cado nacional. Mesmo assim, importa continuar a promover as oportunidades desta área, que é vista como um dos cam-pos de I&D mais promissores. Ainda são poucas as empresas na Euroregião que incorporaram nanotecnologias nos seus produtos, e ainda menos, aquelas que se dedicam em exclusivo à valorização de resultados nesta área. “Na Universida-de do Minho, temos vários exemplos de start-ups apostadas em levar nanotecno-logias para o mercado, mas o potencial existente na área poderá gerar ainda mais negócios nesta e noutras Univer-sidades”, explicou. O Projeto Nanovalor ambiciona fortalecer esta tendência, orientando-se para o incremento do nú-mero de empresas criadas para explorar resultados na área da Nanotecnologia. Por outro lado, a ambição é ainda outra. “Pretendemos arrastar empresas de se-tores tradicionais para os novos negócios que podem surgir, investindo e benefi-ciando simultaneamente dos resultados,

PEDRO SILVA, COORDENADOR DA UNIDADE DE COMERCIALIzAÇÃO DE CIêNCIA E TECNOLOGIA DA TECMINhOiNOVAÇÃO

Os parceiros do consórcio estão sediados em Guimarães, Braga, Porto, Porriño e Santiago de Compostela. São eles:• Universidade do Minho;• TecMinho;• Iberian Nanotechnology Laboratory;• Fundación Empresa-Universi-dad Gallega;• Universidade do Porto;• INESC Porto;• Associación de Investigación Metalúrgica del noroeste;• Universidade de Santiago de Compostela.

“Na Universidade do Minho, temos vários exemplos de start-ups apostadas em levar nanotecnologias para o mercado, mas o poten-cial existente na área poderá gerar ainda mais negócios nesta e noutras Universidades”

Pedro Silva

Page 23: Revista Pontos de Vista Edição 22

Pontos de Vista dezembro 2012 23

tanto enquanto investidores como clien-tes/utilizadores de novos nanomateriais e nanoprodutos. Estamos a falar não só de projetos que já estão mais perto do mercado como de outros que vão come-çar de raiz”, esclareceu. Acompanhar os intervenientes desde a génese do pro-jeto até à comercialização, ajudando a ultrapassar o conhecido “vale da morte”, é o objetivo das Comunidades de I&D e Inovação lançadas no âmbito do projeto para assistência aos beneficiários. Para Pedro Silva, é o mesmo que dizer que estão a acompanhar projetos de elevado potencial “da nascente até à foz”, congre-gando, nas etapas fundamentais, as con-dições e os agentes necessários ao suces-so de cada projeto.

nanoTeCnoLoGIa CoMoCaMInho PaRa auMenTaR

CoMPeTITIVIDaDe

Apesar das dificuldades que o tecido empresarial português tem vindo a vi-

ver, começa a ser percebido nas empre-sas um espírito mais aberto e consciente de que não podem continuar a basear os seus negócios em modelos e estratégias ”ultrapassados”.“As empresas sabem que, atualmente, têm de apostar em fatores diferencia-dores que devem estar relacionados, em grande medida, com a inovação que podem introduzir nos seus produtos, processos e serviços, diminuindo cus-tos e/ou aumentando o valor e o caráter distintivo dos mesmos”, concluiu Pedro Silva.É dentro desta mudança de mentalida-de que as empresas começam a ter uma maior sensibilidade para incorporar co-nhecimentos mais avançados e é aí que entra a Nanotecnologia. Com o reforço dos laços entre portugueses e galegos, o Projeto Nanovalor pretende ganhar a massa crítica necessária para afirmar a Euroregião como Pólo de Competitivi-dade em Nanotecnologia a nível inter-nacional.

Grupos alvo prioritários do Projeto Nanovalor:• Empreendedores;• Indústria (sobretudo setores industriais predominantes na Euroregião);• Empresas de base tecnológica e start-ups;• Universidades e outras entidades públicas e privadas de I&DT;• Entidades de interface e transferência de tecnologia;• Comunidade de investimento (capitais de risco, business angels, bancos…);• Associações e redes públicas e privadas de apoio à inovação.

Quem é a TecMinho?Criada em 1990 como um interface da Universidade do Minho para a prestação de serviços de I&DT às empresas, a TecMinho é a entidade responsável pela proteção da propriedade industrial da Universidade do Minho e pela valorização do conhecimento aí produzido. O trabalho desenvolvido pela TecMinho ao longo dos seus 20 anos de existência pode ser apresentado atendendo a quatro áreas fundamentais de in-tervenção: investigação e desenvolvimento tecnológico, transferência de tecnologia, empreendedorismo e formação contínua. A TecMinho, enquanto interface responsável pela valorização do conhe-cimento gerado na Universidade do Minho, criou e gere um portfolio de propriedade intelectual constituído por 150 comunicações de invenção, das quais surgiram 70 pedidos de patentes. Desde a sua criação, a Tec-Minho envolveu 1390 empresas portuguesas em atividades de transfe-rência de tecnologia, abarcando nessas atividades 440 investigadores universitários; procedeu à valorização de 160 tecnologias inovadoras; estabeleceu 87 acordos de colaboração com a indústria e assinou 17 acordos de licenciamento de tecnologias. Desde 2005, a TecMinho ajudou a criar 40 spin-offs universitários de base tecnológica e conhecimento avançado provenientes de várias áreas científicas e tecnológicas.

Page 24: Revista Pontos de Vista Edição 22

aTuaL ConJunTuRa TeMPoTenCIaDo MáS PRáTICaS no SeToR Da SeGuRança PRIVaDa

Gostaria de começar por referir que a atual conjuntura económica, tem poten-ciado más práticas no setor da Segurança Privada. O Relatório Anual de Segurança Privada – 2011 aponta para a existência de fragilidades no quadro legal e na qua-lidade dos serviços que são prestados por alguns operadores. Este Relatório refere os principais problemas ou não conformidades que têm sido detetados nas ações de controlo da atividade.

eLeVaDaS exPeCTaTIVaS quanTo ao PLano De InSPeção ao SeToR

Da SeGuRança PRIVaDa

A Autoridade para as Condições do Tra-balho (ACT) e o Departamento da Segu-rança Privada da PSP, em articulação com os Parceiros Sociais do setor, delineou um projeto de intervenção inspetiva, que tem decorrido durante todo o ano de 2012, e que pretende contribuir para a melhoria das condições de trabalho, assegurando as garantias fundamentais associadas ao trabalho digno, visando a eliminação de concorrência desleal e ou-tras práticas empresariais desconformes à lei, tais como, a duração excessiva dos tempos de trabalho e o não pagamento das retribuições legalmente previstas.

no contexto de desenvolvimento no Setor da Segurança Privada,

trocámos impressões com o administrador-Delegado da Secu-

ritas Portugal, Jorge Couto.

“A Securitas procura estar à frente nas soluções que oferece ao mercado”

Situações irregulares têm ocorrido devi-do à adoção de práticas comerciais des-leais, nomeadamente a apresentação de preços inferiores aos do custo dos servi-ços. Convém também acautelar a even-tual fuga às obrigações fiscais e laborais. Através da resolução das principais desconformidades detetadas no Setor, é expectável um aumento considerável do volume de emprego e das receitas de Segurança Social e fiscais.Mantemos elevadas expectativas relati-vamente ao Plano de Ações Inspetivas no sentido de que possam contribuir para, de uma vez por todas, pôr fim a si-tuações que prejudicam os Trabalhado-res, o Estado e as Empresas que se recu-sam a atuar num quadro de ilegalidade, que em muito tem prejudicado o setor.

aLTeRaçõeS a PRoDuzIRna LeGISLação Da

SeGuRança PRIVaDa

A nova Lei de Segurança Privada foi re-centemente aprovada, tornando as re-gras mais apertadas para as Empresas que atuam no Setor. Entre as novas regras estabelecidas, re-fere-se a obrigatoriedade de os Agentes de Segurança Privada ficarem sujeitos a avaliações psicológicas bem como terem cartão profissional passado pela PSP. Por outro lado, será implementada uma maior fiscalização às ações de formação na área da Segurança Privada. As entida-des que infrinjam estas novas diretivas vão ficar sujeitas a sanções mais pesadas. Paralelamente a nova lei obriga algumas entidades, nomeadamente Farmácias, Estações de Gasolina e Ourivesarias a instalar câmaras de videovigilância. De realçar que o Diploma prevê a cria-ção de três novas especialidades na área da Segurança Privada – fiscal de explo-ração de transportes públicos, operador de central de alarmes e assistente de portos e aeroportos.

JORGE COUTO, ADMINISTRADOR-DELEGADO DA SECURITAS PORTUGAL iNOVAÇÃO

Tecnologia e Inovação Num mercado em que a competitividade é significativa, as empresas têm de criar soluções inovadoras que constituam um fator de diferen-ciação. Integrados numa solução global, os sistemas de segurança ele-trónica resultam em melhorias de eficácia com benefícios mensuráveis, quer em termos de qualidade, quer em termos de custo. neste contexto, a Securitas procura, como sempre, estar à frente nas soluções que ofe-rece ao mercado.Como exemplo referimos as soluções desenvolvidas para os trabalhado-res isolados e móveis, cuja atividade é desempenhada de forma isolada, sem supervisão direta. A tecnologia tem um papel muito importante na questão da segurança destes trabalhadores. Aliada a procedimentos e normas adequados, a tecnologia irá permitir identificar e agir de modo mais célere em situ-ações de emergência que afetem um trabalhador isolado, aumentando a sua segurança e produtividade. A Securitas lançou em 2012 o projeto InOVA Securitas para todos os seus Colaboradores em portugal, com o objetivo de incentivar melhorias e otimizações operacionais, novos con-ceitos de serviços e a utilização de novas tecnologias no desenvolvimen-to do negócio. Este projeto terá continuidade no ano de 2013.

“Integrados numa solução global, os sistemas de segu-rança eletrónica resultam em melhorias de eficácia com benefícios mensuráveis, quer em termos de qualida-de, quer em termos de custo. Neste contexto, a Securitas procura, como sempre, estar à frente nas soluções que oferece ao mercado”

“A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e o Departa-mento da Segurança Privada da PSP, em articulação com os Parcei-ros Sociais do setor, delineou um projeto de intervenção inspetiva, que tem decorrido durante todo o ano de 2012, e que pretende con-tribuir para a melhoria das condi-ções de trabalho, assegurando as garantias fundamentais associa-das ao trabalho digno, visando a eliminação de concorrência desleal e outras práticas empresariais desconformes à lei, tais como, a duração excessiva dos tempos de trabalho e o não pagamento das retribuições legalmente previstas”

Jorge Couto

Page 25: Revista Pontos de Vista Edição 22

Pontos de Vista dezembro 2012 25

Page 26: Revista Pontos de Vista Edição 22

OPINIÃO

Num mundo em que a veloci-dade de comunicação é feita a um ritmo absolutamente alucinante, e que num mo-

mento poderemos estar a comuni-car com países distanciados entre si de milhares de quilómetros, onde competimos numa escala cada vez mais global, a sobrevivência reside essencialmente na forma diferencia-da como o nosso produto/serviço é apresentado. São várias as inercias associadas à pa-lavra inovação: sempre se fez assim e resultou; é muito caro inovar; o nosso produto não tem por onde inovar! A ver-dade é que já todos ouvimos expressões similares, a comodidade do conhecido, o medo de arriscar, o lucro fácil em deter-minado momento pode conduzir facil-mente a este impasse. A verdade é que muito se pode fazer!

Quando se pensa em inovação, não é obrigatório que o mesmo se aplique diretamente a um produto, que o mes-mo seja completamente diferenciador no mercado, que resulte de um traba-lho exaustivo de pesquisa, por técnicos altamente qualificados! Na perspetiva de uma PME, a inovação pode resultar muitas vezes de pequenos projetos de melhoria, que conduzam por exemplo a ganhos no serviço prestado ao mercado! É fundamental estar atento, ao exterior, saber quais as tendências de mercado, qual o alvo do produto comercializado, quais as ameaças a esse produto. Todos sabemos o que aconteceu com a casse-te e o disco de vinil, ou com a revelação de peliculas fotográficas, que em deter-minado momento foram exemplos de sucesso, mas que foram ultrapassados pela evolução dando lugar a novos pro-dutos. Por outro lado, é também funda-

Inovar e exportar, todos somos bombardeados diariamente com estas duas palavras! hoje parece inquestionável que a sobrevivência de uma or-ganização passa indubitavelmente por estar associado a estas duas premissas! Mas será mesmo assim? o futuro das organizações estará mesmo definitivamente ligado à exportação e inovação? Indubitavelmente ambos estão de certa forma ligados e mais, não haja qualquer tipo de dúvida que a inovação é a verdadeira chave para o sucesso!

Inovar num segmento pouco inovador!

mental olhar para dentro! As organi-zações, crescem, sofrem crises muitas vezes motivadas por esse mesmo cres-cimento, e sobre tudo adaptam-se. O ser humano é por natureza receoso da mu-dança. Deixar a nossa zona de conforto pode ser, aparentemente doloroso, mas quantas vezes, depois de darmos esse passo, não constatamos que afinal exis-tem outras maneiras de ver os proble-mas na sua maioria bem mais simples que inicialmente supúnhamos!A verdade é que numa organização deve existir sempre espaço para a inovação. Esta deve ser cada vez mais uma ne-cessidade vivida por todos, dos níveis mais baixos, donde muitas vezes vêm as ideias mais simples, mas também mais funcionais, até ao nível de gestão de topo.Parecendo um processo simples, na ver-dade não o é, vivemos muitas vezes es-

MARCO fAUSTINO, DIRETOR DE PRODUÇÃO DE BALBINO & fAUSTINO, LDA.iNOVAÇÃO

“O ser humano é por na-tureza receoso da mu-dança. Deixar a nossa

zona de conforto pode ser, aparentemente

doloroso, mas quantas vezes, depois de darmos

esse passo, não consta-tamos que afinal exis-

tem outras maneiras de ver os problemas na

sua maioria bem mais simples que inicialmen-

te supúnhamos”

Page 27: Revista Pontos de Vista Edição 22

Pontos de Vista dezembro 2012 27

cravos do tempo, resolvendo o imediato e olhando pouco para o futuro, parando pouco para refletir. Na verdade a inova-ção precisa de tempo! Se não pararmos um pouco para pensar! Se não dedicar-mos algum do nosso tempo à análise da situação atual, se não definirmos estra-tégias para o futuro, aí não haverá segu-ramente inovação. Mais cedo ou mais tarde seremos vítimas do tempo, la-mentando como foram bons os tempos em que nem era preciso pensar muito e não precisamos de inovar….

Mesmo num setor tradicionalmente pou-co inovador, com a distribuição por gros-so, ainda mais numa área conservadora como o setor dos derivados de madeira, haverá sempre margem para inovar! Existe sempre uma maneira diferente de abordar novos e velhos problemas e for-mas diferenciadoras de chegar ao cliente, satisfazendo os seus requisitos e mar-cando a diferença, conquistando desta forma a sua vontade, objetivo ultimo de qualquer organização, pois sem clientes nenhuma organização poderá resistir.

“Mesmo num setor tradi-cionalmente pouco ino-vador, com a distribuição por grosso, ainda mais numa área conservadora como o setor dos deriva-dos de madeira, haverá sempre margem para ino-var! Existe sempre uma maneira diferente de abordar novos e velhos problemas e formas dife-renciadoras de chegar ao cliente, satisfazendo os seus requisitos e marcan-do a diferença, conquis-tando desta forma a sua vontade, objetivo ultimo de qualquer organização, pois sem clientes nenhu-ma organização poderá resistir”

A verdade é que muito se pode fazer! Quando se pensa em inovação, não é obrigatório que o mesmo se aplique diretamente a um produto, que o mesmo seja completamente di-ferenciador no mercado, que resulte de um traba-lho exaustivo de pesqui-sa, por técnicos altamente qualificados

Page 28: Revista Pontos de Vista Edição 22

Assumindo-se como uma empresa líder no mercado de cruzeiros no Mediterrâ-neo, por que é que a MSC Cruzeiros deve ser o parceiro ideal no momento em que um passageiro decide conhecer outros cantos do Mundo?A MSC Cruzeiros é líder mundial de mercado no Mediterrâneo, África do Sul e Brasil e tem navios a navegar durante todo o ano no Mediterrâneo, oferecendo também uma vasta gama de itinerários no Norte da Europa, no Oceano Atlân-tico, nas Caraíbas, nas Antilhas France-sas, América do Sul, Sul e costa oeste de

África e Mar Vermelho. A variedade de destinos é imensa, assim como a oferta de navios de várias classes. A sua mo-derna frota é atualmente composta por doze navios e em 2013 a frota será no-vamente aumentada com a chegada do MSC Preziosa, que será inaugurado em março. Desde o seu início, em 2003, a MSC Cruzei-ros teve um crescimento extraordinário e conta com as mais modernas inovações em termos de design, conforto e serviço a bordo dos seus navios. Mas o que mais se destaca na MSC Cruzeiros é a experiência

a Revista Pontos de Vista conversou com eduardo Cabrita, Diretor-Geral da MSC Cruzeiros em Portugal, marca líder mundial neste segmento e que tem vindo a percorrer um rumo de sucesso, seja pela qualidade que aporta nos seus serviços, seja pelas experiências que proporciona e que irão ficar para sempre nas memórias de quem as viveu. além disso, ficamos ainda a conhecer que a MSC Cruzeiros assume ainda um cariz de responsabilidade ambiental, pois é efetivamente uma companhia pioneira na tecnologia amiga do ambiente. Saiba mais.

“Os nossos navios acrescentam experiências de grande valor”

proporcionada pelos seus cruzeiros e o “human touch” característico da tripula-ção que são, sem dúvida, uma das grandes mais-valias da companhia.

O serviço, o distinto estilo italiano, a tecnologia de ponta e o respeito pelo meio ambiente são quatro das carac-terísticas que vos diferem. Na prática, o que é que podemos esperar da MSC Cruzeiros?A nível prático, os nossos navios ofe-recem grande variedade de opções em matéria de restauração, comércio, en-tretenimento e todo o tipo de ativida-des lúdicas, para mais e menos jovens. No dia a dia a bordo de um cruzeiro, os passageiros são surpreendidos com entretenimento constante, inúmeras atividades temáticas, impressionantes espetáculos ao vivo, música ao vivo de vários estilos nos bares e lounges, espa-ços para descansar e relaxar e uma exce-lente gastronomia. Além disso, os novos navios têm inovações que permitem usufruir de tudo isto em qualquer altura do ano. Hoje, um cruzeiro pelo Mediter-râneo no inverno é uma opção a ter em conta e assume-se como uma perspetiva de viagem mais atrativa do que outrora.

Na MSC Cruzeiros está fortemente pre-sente um sentido de responsabilidade ambiental. Daí que, no momento em que transportam os passageiros por todo o mundo, haja sempre a consci-ência de minimizar os efeitos nocivos sobre o mar. Que cuidados têm nesse sentido?

Somos efetivamente uma companhia pioneira na tecnologia amiga do am-biente, desde revestimentos de casco ecológicos a avançados sistemas de re-ciclagem. As preocupações ambientais fazem parte da política da MSC Cruzei-ros e em consequência disso, fomos a primeira empresa no mundo a receber o prémio “6 Golden Pearls” (6 Pérolas

Douradas), atribuída pelo Bureau Veri-tas, em reconhecimento ao alto nível de administração de qualidade e proteção ambiental. Este prémio único realça o CleanShip 2 Class para tratamento avan-çado de ar, água e sistema de tratamento de resíduos, assim como, a certificação ISO 14001 (para gestão ambiental), ISO 22000 (para segurança alimentar) e o OHSAS 18001 (para o seu compromisso com a saúde e segurança no trabalho). Com o navio MSC Splendida, a empresa também obteve sucesso ao respeitar as rigorosas normas requeridas pelo pro-grama voluntário Energy Efficient De-sign da Bureau Veritas. Outros reconhe-cimentos oficiais incluem o Green Planet Award, para instalações que favorecem e protegem o meio ambiente, o CIAL Award (para reciclagem de alumínio) e a qualidade e segurança alimentar de to-dos os aspetos do catering da empresa, em terra e a bordo, foram reconhecidos oficialmente através da certificação ISO 9001 e ISO 22000. A MSC Cruzeiros foi também uma das primeiras signatárias do acordo Venice Blue Flag, que visa re-

EDUARDO CABRITA, DIRETOR-GERAL DA MSC CRUzEIROS, AfIRMAiNOVAÇÃO

“Desde o seu início, em 2003, a MSC Cruzeiros teve um

crescimento extraordinário e conta com as mais moder-nas inovações em termos de design, conforto e serviço a

bordo dos seus navios. Mas o que mais se destaca na MSC

Cruzeiros é a experiência proporcionada pelos seus

cruzeiros e o “human touch” característico da tripulação

que são, sem dúvida, uma das grandes mais-valias da

companhia”

Eduardo Cabrita

Page 29: Revista Pontos de Vista Edição 22

Pontos de Vista dezembro 2012 29

duzir emissões na Venice Lagoon e des-de então tem assinado vários acordos com as autoridades portuárias de Civi-tacecchia e de Génova, na limitação de emissões de enxofre para níveis abaixo dos legalmente permitidos. Dentro dos nossos navios existem vários sistemas inovadores amigos do ambien-te e que permitem poupar energia. Por exemplo, o AWT - Advanced Water Tre-atment (Tratamento de Água Avançado) é um sistema que recicla e trata as águas residuais de acordo com os mais eleva-dos padrões legais e ecológicos. Um Sis-tema de Poupança Energética é também instalado em todos os camarotes e salas públicas, de modo a ajustar automatica-mente a utilização de eletricidade e ar condicionado de acordo com as neces-sidades dos passageiros. Este sistema reduz o consumo de combustível e as emissões de gases que são prejudiciais para o ambiente, diminuindo a capaci-dade em sistemas por utilizar. A nível de ar condicionado, a monitorização con-trola constantemente as condições de climatização nos camarotes; intervindo automaticamente sempre que haja con-sumo excessivo e, consequentemente, gere os desperdícios no sistema de ar condicionado. Estas questões são de máxima impor-tância para nós pois só isso nos permite navegar em total sintonia com o am-biente no qual a empresa opera.

A empresa já foi galardoada pelo com-promisso que desde sempre assumiu no que respeita à proteção do ecossis-tema marinho, salvaguardando ainda a saúde e a segurança das pessoas que têm a bordo dos vossos navios. Que im-pacto estes prémios e certificações têm no índice de procura pelos serviços da empresa?

Relativamente ao ambiente, considera-mos que atualmente os clientes estão mais conscientes destas questões e dão

maior importância à forma como as com-panhias lidam com o ambiente, estando atentos às certificações e prémios que recebem nestas categorias. O ambiente é uma preocupação constante da MSC Cru-zeiros e fazemos questão de comunicar ativamente todos estes critérios aos nos-sos hóspedes e de os incentivar a serem sempre ecológicos a bordo e a respeita-rem todas as regras estabelecidas.

A moderna frota da MSC Cruzeiros co-meçou, em 2003, com um programa de investimento de 5,5 bilhões de euros. O objetivo é aumentar a frota, brevemen-te. Que projetos estão em cima da mesa?Além da inauguração do MSC Divina a 26 de maio de 2012, em Marselha, Fran-ça, em 2013, vamos inaugurar mais um navio da mesma classe, o MSC Preziosa. O batismo oficial deste navio terá lugar em Génova, Itália, a 23 de março de 2013. O MSC Preziosa visitará Lisboa no dia 16 de março de 2013, após a saída do estaleiro em St. Nazaire, França. Tanto o MSC Divina como o MSC Preziosa con-tam com 1.751 camarotes, mais cem ca-marotes do que os seus ‘navios irmãos’ MSC Fantasia e MSC Splendida. A chega-da destes dois navios vem equilibrar a quantidade de navios de cada classe na nossa companhia. Além de novos navios, neste momento a MSC Cruzeiros está a apostar nos segmentos mais procurados pelos clientes e também a apostar em novas rotas, itinerários e destinos al-ternativos, que seduzam os passageiros e que os levem a escolher novamente o cruzeiro como modo de descobrir novas terras, cidades e costumes.

Os navios da bandeira MSC Cruzeiros associam conforto, design e tecnologia de ponta. Podemos dizer que os vossos navios têm revolucionado o mercado de cruzeiros? Sem dúvida que os novos navios têm revolucionado o mercado dos cruzei-

ros, pois somos uma companhia com um crescimento muito rápido e que tem introduzido navios de grande porte no mercado dos cruzeiros quase todos os anos. Os nossos navios acrescentam experiências de grande valor às escalas do itinerário que percorrem e isso é um fator muito importante no momento de escolha por este tipo de viagem.

A atual conjuntura económica impede que muitas famílias possam disfrutar dos momentos que a MSC Cruzeiros proporciona. O que têm feito para con-tornar os efeitos desta crise?Apesar da atual conjuntura económica, a MSC Cruzeiros está a crescer em Por-tugal e em termos globais, as perspeti-vas para este ano são otimistas. Acredito que vamos ter um crescimento entre os 10 e os 15 por cento face ao ano passado e penso que a aposta da MSC Cruzeiros nos portos nacionais e a vinda do MSC Divina para o Funchal em novembro re-presentam dois fatores muito positivos para o crescimento da companhia em Portugal. Além disso, o mercado por-tuguês tem vindo a despertar para as mais-valias dos cruzeiros, havendo uma maior curiosidade por este tipo de pro-duto por parte de famílias e jovens que reconhecem o seu verdadeiro “Value for Money”. Temos uma incrível variedade de opções e destinos para todas as ida-des e todas as bolsas, sendo possível numa só viagem conhecer vários desti-nos e aproveitar ao mesmo tempo todas as vantagens de viajar numa verdadeira cidade flutuante. Além disso, para as famílias existem bastantes atrativos, no-meadamente as viagens gratuitas para crianças até aos 18 anos quando parti-lhando o camarote com 2 adultos, ou as tarifas especiais para famílias com pre-ços mais atrativos nos camarotes comu-nicantes ou próprios para as crianças e tarifas mais vantajosas para maiores de 55 anos, para solteiros ou para jovens.

Qual será, num futuro próximo, a estra-tégia da MSC Cruzeiros no sentido de se manter na vanguarda no mercado de cruzeiros em todo o mundo?As previsões apontam para que o núme-ro de cruzeiristas continue a aumentar. Os 12 navios, que formam a nossa frota ultramoderna, vão transportar em 2012 mais de 1.4 milhões de passageiros e es-pera-se que este número chegue aos 1.5 milhões de passageiros em 2015. Mas é necessário continuar a trabalhar para fortalecer a confiança neste setor, ela-borando uma estratégia de promoção eficaz, apostando na inovação dos pro-dutos e apresentando constantemente novidades aos passageiros.Um cruzeiro afirma-se como uma expe-riência repleta de experiências, pelo que tudo o que o cruzeiro oferece tem de ser de grande qualidade. Um passagei-ro que realiza uma viagem deste género pode usufruir de vários produtos e ser-viços num determinado espaço, durante um determinado período de tempo. A nossa principal preocupação passa por garantir que todas essas experiências sejam positivas e memoráveis, para que o cliente aproveite ao máximo a sua via-gem e tenha vontade de repetir a experi-ência, seja que tipo de cliente for.

“Além de novos navios, nes-te momento a MSC Cruzeiros

está a apostar nos segmen-tos mais procurados pelos

clientes e também a apostar em novas rotas, itinerários

e destinos alternativos, que seduzam os passageiros

e que os levem a escolher novamente o cruzeiro como

modo de descobrir novas terras, cidades e costumes”

Um cruzeiro afirma-se como uma experiência repleta de experiências, pelo que tudo o que o cruzeiro oferece tem de ser de grande qualidade. Um passageiro que realiza uma viagem deste género pode usufruir de vários produtos e serviços num determi-nado espaço, durante um determinado período de tempo

“ “

Page 30: Revista Pontos de Vista Edição 22
Page 31: Revista Pontos de Vista Edição 22
Page 32: Revista Pontos de Vista Edição 22

OPINIÃO

Já lá vai o tempo, ou se calhar ainda não, que quando se pen-sava em proteger um laptop ou um tablet, por exemplo, au-

tomaticamente vinha-nos a ideia de algo que não é tão giro como o equi-pamento em si, mas que por um bem maior (proteger contra danos irre-versíveis) temos de ter em conta.Falamos de troleys, messengers, pastas e bolsas que se podem colocar dentro de outras malas, enfim um sem número de opções. A Targus apresenta-se neste mercado com uma gama variadíssima de soluções capazes de satisfazer as mais específicas exigências do utiliza-dor no que concerne ao transporte do seu gadget. Seja um executivo, um es-tudante, um aventureiro, quer utilize maioritariamente os seus equipamen-tos em trabalho ou em lazer, encontrará sempre a melhor solução.Hoje em dia os gadgets são definitiva-mente os nossos melhores amigos no que se refere a ajudar-nos a obter aquilo que nós queremos, falemos de trabalho ou de divertimento. E isto porque a mo-bilidade nos dias que correm – lá está “que correm, já não andam” – é tudo! A cultura laboral mudou, deslocamo-nos mais vezes em trabalho e precisamos de uma mala para transportar uma ou duas mudas de roupa, o laptop, o tablet, smartphone, entre outros documentos e acessórios. E precisamos que tudo

isto caiba dentro de algo prático, não muito grande, e bonito! Um troley com compartimentos específicos – nomea-damente para tablets (porque com a sua dimensão não se ajustam a comparti-mentos para laptops) - é a solução.E porque quando falamos em malas não estamos necessariamente a falar apenas de senhoras, o público masculino já se rendeu às evidências, mesmo que uma percentagem aponte a “desculpa” de proteção do equipamento.Bolsas para laptops, tablets, inclusive para o novo iPad Mini, que se possam transportar facilmente na mão entre reuniões ou que se possam guardar den-tro de outras malas são o must have des-ta estação tecnológica que chegou para durar. Mas não acaba aqui. Por exemplo, as bolsas para tablets e iPad Mini da Tar-gus são super práticas porque permitem transportar de forma segura o gadget, com estilo, e ainda oferecem diferen-tes modos de utilização do dispositivo (visualização horizontal, vertical e em stand alone).A Targus estudou o mercado, consul-tou os consumidores e desenvolveu um gama de acessórios de acordo com as suas necessidades, aliando design, tecnologia, funcionalidade, qualidade, conforto e valor acrescentado. Além do transporte seguro dos equipamen-to, a gama abrange os mais variados dispositivos tecnológicos, entre eles

Será que na hora de escolher a proteção para o seu equipamento novo, seja ele laptop ou tablet, falemos nós de coolers ou bolsas, escolhe com tanto entusiasmo como quando comprou o seu novo “melhor amigo”? Terá em atenção se será a melhor opção tanto ao nível da segurança contra danos, como no que se refere ao estilo? neste artigo você pergunta, a Targus responde.

Malas, para que vos quero!A proteção como catalisador para uma melhor utilização do gadget favorito.

RUI NEVES, DIRETOR-GERAL DA TARGUS PORTUGALiNOVAÇÃO

mentos e na facilitação do seu trans-porte, mas também na saúde dos seus utilizadores, ao mesmo tempo que confere uma experiência de utilização positiva, motivadora e de performance elevada.A vida é já suficientemente desgastante no seu quotidiano, há então que adotar estratégias que nos facilitem as tarefas em vez de as tornarem mais complica-das e demoradas. A nossa dica? Use e abuse da tecnologia! Esperamos que este artigo lhe tenha mostrado como proteger o seu gadget preferido pode ser divertido e recompensador. Mas...a sua atenção por favor: Faça-o sempre com estilo, o seu gadget merece!

os de última geração USB 3.0. Canetas para tablets, ratos ergonómicos, hubs (para ligação de vários dispositvos USB, screens e até carregamento do laptop), apresentadores, coolers (para arrefeci-mento dos portáteis), e privacy screens para evitar olhares alheios e precaver a privacidade do trabalho. O importante é o conforto dos nossos clientes onde quer que estejam com soluções que não comprometam a sua saúde e bem-estar, assim como o prolongamento da vida das soluções, economizando tempo, di-nheiro e paciência. Assim, quando criamos um modelo, o nosso objetivo é transversal, não se centra apenas na proteção dos equipa-

“Já lá vai o tempo, ou se calhar ainda não, que quando se pensava em proteger um laptop ou um tablet, por exemplo, automaticamente vinha-nos a ideia de algo que não é tão giro como o equipa-mento em si, mas que por um bem maior (proteger contra danos irreversíveis) temos de ter em conta”

A vida é já suficientemente desgastante no seu quotidia-no, há então que adotar estratégias que nos facilitem as tarefas em vez de as tornarem mais complicadas e demo-radas. A nossa dica? Use e abuse da tecnologia! Espera-mos que este artigo lhe tenha mostrado como proteger o seu gadget preferido pode ser divertido e recompensador. Mas...a sua atenção por favor: Faça-o sempre com estilo, o seu gadget merece!

Page 33: Revista Pontos de Vista Edição 22

OPINIÃO

InoVaR na SeGuRançaCada novo modelo que sai das nossas fá-bricas apresenta uma inovação mundial em termos de segurança: desde o cinto de segurança de 3 pontos que comemo-rou recentemente 50 anos (e que estima--se ter salvo mais de 3 milhões de vidas desde então) até aos recentes Pedestrian Detection e City Safety, sistemas que imo-bilizam a viatura por completo evitando atropelamentos e acidentes em cidade. Dizemos frequentemente que há um pouco da Volvo em todos os automóveis, isto é tão verdade quanto os sistemas de segurança que o leitor encontra no seu carro, quando pensar nos airbags, tercei-ra luz de stop, sistema ISOFIX entre tan-

tos outros, pense na Volvo e reflita sobre a miriade de inovações de segurança que ao longo dos anos desenvolvemos e par-tilhámos com toda a nossa concorrência. Na Volvo, inovação é palavra-chave, esta-mos a desenvolver um conjunto de novas tecnologias que nos permitem garantir que, a partir de 2020, ninguém fique gra-vemente ferido ou perca a vida a bordo de um Volvo.

InoVaR no TeRReno

Em Portugal, um pouco contra a corren-te, a Volvo Car continua a apostar, a acre-ditar... este ano inaugurámos três novos showrooms - um em Almada, outro nas

há 85 anos os nossos fundadores Gustav Larsson e assar Gabrielsson fizéram desta frase a pedra basilar da Volvo: “os automóveis são conduzidos por pessoas, assim tudo o que fizérmos na Volvo deverá, antes de mais, contribuir para a sua segurança.” Desde então respeitamos este desejo em cada novo projeto, cada inovação Volvo.

“Volvo” - Inovação em sueco

Caldas da Rainha e um terceiro, que inau-gura até final do ano, em Castelo Branco. Assim estimulamos o emprego, dinami-zamos a economia local e acreditamos que serão três casos de sucesso. Temos ainda instalações renovadas, mais mo-dernas e funcionais, temos feito um enor-me esforço de há 3 anos a esta parte para renovar a nossa rede de concessionários, esse trabalho começa a gora a dar frutos.

InoVaR na CoMunICação

2012 foi um ano importante para nós, conseguimos, pela primeira vez na sua história, a Volvo Ocean Race a Lisboa. Acreditamos que o evento foi importante

para a divulgação internacional da capi-tal e do país além fronteiras. Para o próxi-mo ano teremos mais e maiores desafios. Será um ano de inovação, de reinvenção. Os métodos antigos cada vez menos fun-cionam numa sociedade em mudança, retração, com um publico cada vez me-nos reativo, mais conhecedor e exigente, também aqui teremos que inovar. Estamos ainda a apostar em novas tec-nologias e media social trazendo para a marca dinamismo e modernidade, e dan-do voz ao consumidor - dotamos a rede de concessionários de ipads, hoje em dia um cliente Volvo pode conhecer o seu novo Volvo não através de um catálogo em papel mas com o apoio de uma aplica-ção interativa. Temos, entre congeneres, a terceira página de facebook em número de fãs em Portugal e a primeira em ter-mos de nivel de engagement.

aCReDITaR no FuTuRo

Sinceramente continuamos a acreditar, a trabalhar com motivação, determi-nação. Sabemos que 2013 vai ser um ano complicadissimo, sobretudo para o setor automóvel mas todos os dias trabalhamos com motivação para ultra-passar os obstáculos, um a um. Somos uma marca que acima de tudo se preo-cupa com as pessoas e por isso estamos apreensivos com as dificuldades que os portugueses atravessarão. Deixo uma mensagem de esperança e uma dica im-portante: vamos concentrar-nos, com muita força e energia, naquilo que con-seguimos controlar e esquecer aquilo que nos ultrapassa que só nos vai de-primir se for o foco da nossa atenção, precisamos lembrar-nos que um avião levanta voo contra o vento, não a favor dele, acredito que apesar de “contra o vento” vamos todos conseguir levantar voo, mais uma vez.

ThOMAS SChMUTz – DIRETOR GERAL DA VOLVO CAR PORTUGAL Pontos de Vista dezembro 2012 33iNOVAÇÃO

Na Volvo, inovação é palavra-chave, estamos a desenvolver um con-junto de novas tecnolo-gias que nos permitem garantir que, a partir de 2020, ninguém fique gravemente ferido ou perca a vida a bordo de um Volvo

Page 34: Revista Pontos de Vista Edição 22

fundado em 1989, na altura como uma empresa especiali-zada na reconstrução de má-quinas convencionais, a SIR-

MAF, ao longo dos anos, direcionou o seu core business para a construção de máquinas especiais bem como de equipamentos que permitissem oti-mizar o rendimento de máquinas já existentes para que as mesmas não se tornassem obsoletas.A necessidade de adaptação às novas exigências do mercado, levou à criação de uma nova empresa em 2005, a SO-LIEN, que rentabilizando o know how da SIRMAF, teria capacidade de prestar um verdadeiro serviço de engenharia

aos clientes. A filosofia na origem a cria-ção da mesma era então oferecer uma solução integrada de engenharia, com base em alguma investigação através, por exemplo, de parcerias com universi-dades e uma componente muito forte de desenvolvimento. Hugo Azevedo, Dire-tor da SOLIEN, explica que não se trata de um serviço de consultoria ou de tra-balho temporário porque “não nos limi-tamos a dizer aquilo que tem de ser feito mas vamos para o terreno e ajudamos a fazer. Nem se trata de colocar um tra-balhador ou uma equipa nesse terreno, porque há também um acompanhamen-to constante e um grande envolvimento de toda a equipa que está na SOLIEN”.

have balls, Don’t Peek, Mad Totem… São nomes no mínimo subjetivos! Mas afinal o que representam? um novo conceito que alia a engenharia ao marketing, com uma boa dose de sensatez e know how tecnológico, contrabalançado por alguma loucura e imaginação, estão na base. Curioso? Fique a conhecer este projeto inovador!

Engenharia: o novo aliado da publicidade

Tratando-se de um grupo dinâmico e com uma visão progressista e abrangen-te, também a atividade da SOLIEN não se limitou a este objetivo inicial e nem a cri-se em que o país mergulhou foi capaz de travar Hugo Azevedo. Citando uma frase proferida pelo seu pai, fundador da SIR-MAF, para o nosso entrevistado em épo-cas como a atual “há os que choram e os que vendem lenços de papel, nós quere-mos ser os que vendem lenços de papel”.Assim, sem medo de arriscar, na SOLIEN foi criado um novo conceito a que atribu-íram o nome de engenharia publicitária.

o que É a enGenhaRIaPubLICITáRIa?

Convictos de que as pessoas estão can-sadas da publicidade “tradicional” e que juntando humor, tecnologia e desper-tando o instinto se consegue criar expe-riencias inesquecíveis, que se associem a marcas e conceitos, decidiram colocar em causa o “estado da arte” com a ques-tão WHY? (porquê?). Da vertente sensata da empresa que deri-va da experiência nas engenharias indus-triais conquistadas ao longo dos 23 anos da SIRMAF, surge o conceito WISE (sá-bio), ao qual é adicionada uma boa dose de criatividade e irreverência, obtendo uma “sensata loucura” – MADNESS.E é da junção destas três palavras que nasce a WhyseMadness, uma controla-da mistura explosiva que alia os saberes técnicos da engenharia à criatividade do marketing e resulta na criação de máqui-nas publicitárias irreverentes, divertidas e marcantes, que podem ser utilizadas pelas diversas marcas na apresentação de novos conceito ou modelos, dos diferentes setores, nas mais variadas ocasiões.“Não sinto que esteja a inventar algo to-talmente novo, a inovação está no facto de nós conseguirmos dar uma resposta técnica e ao mesmo tempo criativa. As agências criativas precisam de procurar estas soluções de engenharia e tecnoló-gicas fora da empresa, no projeto Whyse-Madness temos capacidade de dar qual-quer tipo de resposta porque não somos uma empresa de publicidade, mas sim uma empresa especializada em engenha-ria que vai criar conceitos de publicidade disruptivos”, explica Hugo Azevedo.

WhySeMaDneSS na eMaF 2012

Na EMAF deste ano foram apresentados pela primeira vez os três primeiros pro-dutos publicitários da empresa. A ideia de agregar numa máquina de publicida-

COM A CRIAÇÃO DA WhySEMADNESS SURGE TAMBéM UM NOVO CONCEITO: ENGENhARIA PUBLICITÁRIAiNOVAÇÃO

“Convictos de que as pessoas estão cansadas da publicidade “tradi-cional” e que juntando humor, tecnologia e des-pertando o instinto se consegue criar experien-cias inesquecíveis, que se associem a marcas e conceitos, decidiram co-locar em causa o “estado da arte” com a questão WHY? (porquê?)”

Renato Vendinha, Carine Azevedo e Hugo Azevedo

Page 35: Revista Pontos de Vista Edição 22

Pontos de Vista dezembro 2012 35

de as várias valências da empresa resul-tou na Have Balls, uma máquina dispen-sadora de bolas anti-stress que levou grande parte dos visitantes a parar, ob-servar o equipamento e interagir com o mesmo, levando para casa o brinde dispensado. É certo que brindes e feiras são duas palavras quase indissociáveis, a novidade está em encontrar uma for-ma de oferecer, mais dinâmica, interati-va e apelativa, com recurso à tecnologia.Outra das máquinas apresentada foi batizada de Mad Totem. Trata-se de um luxuoso expositor de produtos, que ao aliar a sua forma cilíndrica a um jogo de luzes e à apresentação de “hologra-mas” permite apresentar produtos de forma distinta e, por isso, está orientado essencialmente para relojoarias, ourive-sarias, standes de automóvel ou outros locais de venda ao público associados ao requinte e ao luxo. Por fim, o Don’t Peek (não espreitar) divertiu os presentes na feira com uma cabine de duche onde lateralmente se podia ver uma silhueta de alguém a to-mar banho. Será real? Será ilusão? Mui-tos dos visitantes não souberam dizer. No entanto, todos eles “desrespeitaram” o sinal para “não espreitar” e tiveram oportunidade de ver uma animação “holográfica” impressionante. Neste equipamento, pretende-se brincar com a curiosidade e dentro do mesmo pode ser colocado um elemento da marca em questão no sentido de divulgar o seu conceito, produto ou marca. No final

da experiência, a máquina entrega um cartão da empresa ou alguma promoção que a mesma queira fazer.Na feira, todas as máquinas estiverem localizadas no stand da WhyseMadness porque o objectivo era, de facto, perce-ber qual a recetividade aos equipamen-tos e de que forma os visitantes intera-giam com os mesmos. O resultado foi positivo, as expetativas foram atingidas e o stand foi assunto do dia durante todo o certame.As máquinas estão agora prontas a ser comercializadas, vendidas ou alugadas para situações pontuais, como feiras,

congressos ou festivais de música, com a capacidade de serem adaptadas às várias marcas e conceitos. Mais do que isso, o projeto WhyseMadness não se resumirá a estas máquinas protótipo, qualquer ideia de uma máquina publi-citária que uma marca tenha pode ser desenvolvida por esta equipa multidis-ciplinar. Se tem um conceito ou uma ne-cessidade, a WhyseMadness pode pro-por uma solução personalizada aos seus desejos e criar uma solução exclusiva.Uma máquina ou várias máquinas, colo-cadas num stand ou espalhadas por uma feira, fazendo de certa forma o controlo

de como os visitantes a vão percorrer e encaminhando os mesmos na direção do stand. Várias máquinas espalhadas por uma cidade a fazer algum tipo de promoção! A imaginação não tem limi-tes, muito menos na WhyseMadness onde o céu é mesmo o único. Engenharia publicitária é assim um con-ceito novo, uma ramificação do marke-ting de guerrilha, direcionado para as no-vas exigências do mercado, num mundo em que a tecnologia é a “rainha-mãe” em praticamente todas as áreas.

“As agências criativas precisam de procurar

estas soluções de enge-nharia e tecnológicas

fora da empresa, no projeto WhyseMadness

temos capacidade de dar qualquer tipo de res-posta porque não somos uma empresa de publici-

dade, mas sim uma em-presa especializada em

engenharia que vai criar conceitos de publicidade

disruptivos”

Há os que choram e os que vendem lenços de papel, nós queremos ser os que vendem lenços de papel

“ “WhyseMadness apresenta-se ao mundo pela primeira vez na EMAF 2012,

acabando por ser o stand mais atrativos da feira.

Carlos Nuno Oliveira, Secretário de Estado do Empreendorismo, Competitividade e Inovação, visita WhyseMadness e SOLIEN na EMAF.

Equipamentos WhyseMadness marcam presença na EMAF, quebrando o gelo e fazendo as pessoas sorrir, superando as expectativas de toda a equipa.

Page 36: Revista Pontos de Vista Edição 22

OPINIÃO

NUNO CAMPILhO, ADMINISTRADOR DOS SMAS DE OEIRAS E AMADORAiNOVAÇÃO

Inovação pode ser, também, defi-nida como fazer mais com menos recursos, por permitir ganhos de eficiência em processos, e por

potenciar e ser motor de competitivi-dade. Neste caso, a inovação pode ser considerada um fator fundamental no crescimento económico de uma sociedade.É no crescimento económico de uma so-ciedade, da nossa sociedade, que me irei concentrar. Considerando a crise eco-nómica, política e social em que mergu-lhámos nos últimos dois anos, diria que a inovação, em Portugal, para muitos de nós, para muitas famílias e indivíduos, é uma prática diária... no campo das inven-ções! Temos a notável particularidade de ter de inventar formas de fazer mais, com menos. No orçamento doméstico (mas, também, empresarial), houve uma súbita redução de receita, para um volume inal-terado de despesa. Logo, os portugueses inovam todos os dias, pois, todos os dias têm de inventar novas formas de, pelo menos, continuar a fazer o mesmo, com menos dinheiro. Somos, neste particular, uns dignos sucessores dos grandes des-cobridores, que estiveram na origem da primeira vaga da globalização, algo que, para muitos é desconhecido e que, para outros tantos, é esquecido.As empresas, os serviços públicos e afins, estagnaram o seu processo de inovação empresarial, por via das in-venções a que têm de se dedicar diaria-mente. A descrição a que me dediquei no parágrafo anterior, não se encerra no individual, pois afeta um coletivo tão grande quanto tudo aquilo que se mexe no nosso país. Tudo o que é suposto criar riqueza, vai direto ao “aspirador” da redução do défice e do cumprimento do memorando de entendimento que o nosso governo (o anterior) assinou com a troika. Ou seja, a inovação “matou” a inovação, através da invenção.Já tive o privilégio, nas funções que de-sempenho, de liderar alguns processos de inovação. Tanto ao nível da gestão

de perdas de água, através da criação de uma modelação matemática monitoriza-dora de caudais mínimos noturnos, até à criação de duas zonas de medição e con-trolo equipadas com smart meters (“con-tadores inteligentes”); passando pelo de-senvolvimento, em parceria com o LNEC, de um simulador de redes de água e sa-neamento, tudo tem sido desenvolvido no sentido de dar seguimento ao espírito inovador que teve inicio na (já) longín-qua década de 90, com a instalação do primeiro sistema integrado de telegestão e monitorização remota de equipamen-tos e instalações. A isso, mais tarde, se vieram a associar sistemas de telequali-dade (qualidade da água) e de teleleitura (leitura, à distancia, por concentrador integrado, de grandes clientes).A inovação sustentada é imprescindível para o crescimento empresarial corpo-rativo. Geralmente, define-se a inova-ção como “aberta”, ou, utilizando um anglicismo, open innovation. O melhor exemplo é de todos conhecido e reside no desenvolvimento do projeto “Via Ver-de”, por parte da Brisa Inovação. E este processo teve uma particularidade mui-to interessante e que não pode estar ar-

Inovação significa novidade ou renovação. a palavra é deriva-

da do termo latino innovatio, e refere-se a uma ideia, método ou

objeto que é criado e que “rompe” com os paradigmas existentes.

o contexto, hoje, transporta-nos para o campo das ideias e das in-venções, assim como para aquilo

que, economicamente, lhe está relacionado. a inovação acaba

por ser a invenção que chega ao mercado.

Inovação

redada de qualquer processo de inova-ção que se preze, a mudança. Porque, se inovar é fazer de forma diferente, qual o grau de mudança que deve originar? Defendem os teóricos que, ao nível dos processos, tal nunca deverá significar menos de 47,5% de variação standard da performance habitual. Eu considero, ainda, que inovar não é só fazer dife-rente, é, também (isolada, ou cumulati-vamente), fazer melhor. Neste caso, eu corro o risco de poder ser considerado paternalista (ou corporativista), pois, fazer melhor, já entra no campo da com-petência e da produtividade.Nesse caso e usando outro anglicismo, “I rest my case”. Mas não posso deixar de considerar que a inovação é um motor de enorme potencial no crescimento económico de qualquer sociedade, quer coletiva, quer individualmente, com particular incidência, nas empresas e nos serviços, no primeiro caso; e nas pessoas e nas famílias, no segundo caso.Considero, por fim, que o nosso país não está preparado para aderir a um pro-cesso de inovação continuo. Andamos demasiado preocupados com os pacotes de açúcar nos gabinetes governamentais,

com os detergentes da equipa de limpeza das repartições públicas, com os consu-míveis das direções gerais, com as refor-mas do políticos, com o vencimento dos autarcas e com os gastos das freguesias. Só isto, deve “tirar o sono” a cinco, ou seis ministros e como eles são poucos, resta--nos uma minoria para pensar o país, para encontrar o rumo e nos indicar o caminho. Como essa minoria depende do conjunto formado por todos os outros, para tomar decisões, ficamos na mesma. É impossível inovar, quando o nosso tem-po é absorvido pela gestão quotidiana e, fora dela, a nossa preocupação é o que vai ser o jantar e quem é que vai buscar os miúdos à escola.Para inovar, em primeiro lugar, temos de identificar o quê, quando, como, onde e porquê. É preciso identificar um (ou vários) potencial candidato. E, a partir daí, perceber a importância das necessi-dades e de como criar essa necessidade ao cliente. Em segundo lugar, ter noção da criação de valor que vamos gerar. Se-quencialmente, seria importante desco-brir os “campeões da inovação”; formar equipas de inovação (onde a gestão da mudança fosse uma predominantes); e, por fim, alinhar a organização a este novo ciclo de produção.A verdadeira inovação é aquela que en-trega valor aos clientes, pois, sem ele, não há performance que resista a tanto desperdício.Por isso, também defendo que, sendo esta uma área de profunda complexidade, transversal a toda a organização, se deva impor uma certa disciplina e conjugação de forças, entre todos, para que a mesma se possa tornar uma realidade clara e ob-jetiva, sem a qual aquelas empresas que ainda vão resistindo, possam continuar a sobreviver após o fim desta crise.A essência da inovação (não só, mas, sobretudo, a empresarial) está profun-damente enraizada nos equilíbrios e nas performances económico-financeiras que urge conseguir concretizar, desde já, no seio das PME’s dos países perifé-ricos, considerando que nós, à partida, sabemos o que andamos a fazer.Como disse Paul M. Romer (2006), pro-fessor da Stanford University, “a inova-ção é, atualmente, o principal impulsio-nador do crescimento, da prosperidade e da qualidade de vida”. A importancia, de acordo com o que vem aqui escrito, é tal, que apetece perguntar de que é que estamos à espera?

“Todas as inovações eficazes são surpreendentemente simples. Na verdade, o maior elogio que uma inovação pode receber, é haver quem diga, ‘isto é óbvio. Porque não pensei nisso antes”?

(Peter F. Drucker)

Page 37: Revista Pontos de Vista Edição 22

OPINIÃO

“Cheiramos” o terreno logo na primeira hora do dia. Os nossos processos são visitados diariamente.

Esta é a forma de mostrarmos o nosso compromisso com os colaboradores, estando atentos a tudo o que por eles é executado e melhorado. Somos contra hierarquias pesadas, que não trazem valor acrescentado.Na Schnellecke Logistics, consideramos que a comunicação é fundamental para o envolvimento dos colaboradores e mantemos os canais permanentemente abertos entre chefias, colaboradores e comissões de trabalhadores. Utilizamos diferentes formas de comunicação e de escuta atenta. O “Café com a Direção” que patrocinamos mensalmente a um grupo reduzido de colaboradores esco-lhidos aleatoriamente, tem-se revelado uma fonte inspiradora para a gestão, em particular pelas novas ideias que surgem da conversa com os colaboradores. En-tendemos que inovar passa também pela constante transformação de liderar! Na Schnellecke desafiamo-nos diaria-mente a compartilhar novas formas de

fazer algo de diferente. Esta atitude já faz parte do nosso ADN. Quem melhor que os nossos colaboradores para co-nhecerem os seus processos e poderem opinar sobre eles? É verdade que nem todas as ideias sugeridas são implemen-táveis, mas valorizamos todas as inicia-tivas e partilhamos, através de uma per-centagem definida no nosso programa de sugestões, uma parte das poupanças que a empresa obterá com cada ideia implementada. Na Schnellecke Logistics a gestão diária pertence às equipas e seus Team Lea-ders. Cabe-lhes a responsabilidade de gerir os seus orçamentos e de melho-rar os seus processos, reinventando-os constantemente, sempre na busca da satisfação plena dos nossos clientes. No mundo atual, tudo fica obsoleto muito rapidamente, inclusive as inovações. Neste contexto, as empresas que não apostaram na inovação ao longo do tem-po e que nunca se desafiaram a sair da “caixa”, provavelmente já não vão a tem-po. Na Schnellecke estamos preparados para enfrentar os desafios futuros, por-que iniciámos o nosso trabalho de casa

Muitas empresas estão conscientes da importância da inovação como estratégia competitiva para a sua sobrevivência no mercado e por isso pro-piciam um ambiente favorável à criatividade, com vista ao desenvolvimento de uma cultura de constante inovação. na Schnellecke Logistics acre-ditamos que uma organização “flat”, onde o topo esteja próximo das bases, motivando toda a estrutura e incentivando-a diariamente na busca de novas ideias e na eliminação constante de desperdícios, constitui um fator diferenciador.

Inovação - Schnellecke portugal

há muito. Não foi preciso acordarmos com a crise. Tempos difíceis se adivi-nham, mas sabemos que faremos parte das empresas sobreviventes.Há uma tendência do ser humano à aco-modação. Na Schnellecke Logistics não nos permitimos ligar o piloto automáti-co sem nada questionar, porque acredi-tamos que o facto de uma coisa ser feita sempre da mesma maneira não significa que seja a melhor maneira! Para nós, co-meça aqui a gestão da inovação. No meu gabinete encontram todos os que ali en-tram uma frase que diz: “Não fique à es-pera. Faça!”. Por vezes os meus mais di-retos colaboradores são surpreendidos pela velocidade e exigência que coloco nas mudanças. O resultado é que todos se sentem estimulados a usar mais o seu potencial criativo. O facto de trabalharmos como presta-dores de serviços logísticos e na produ-ção de componentes automóveis para clientes muito exigentes, obriga-nos a melhorar diariamente. É bom traba-lhar com clientes que nos impelem à melhoria contínua. Queremos ser a me-lhor empresa do Grupo Schnellecke no

mundo! Apesar da competição saudável, as empresas do Grupo partilham entre si as boas práticas. Dada a importância que atribui à Inovação, o “Board of Di-rectors” do Grupo Schnellecke decidiu que brevemente irá eleger a melhor ino-vação deste ano, entre as 45 Business Units espalhadas pelo mundo.A qualificação profissional é outro vetor que valorizamos. Apesar da crise, nos úl-timos anos fizémos o nosso maior inves-timento em formação. Em nada estamos arrependidos. Investir no conhecimento é abrir portas, não só para um melhor desenvolvimento das carreiras dos cola-boradores, mas também para uma maior inovação de processos, sejam eles opera-cionais, administrativos ou outros. Vemos as pessoas como seres inteli-gentes e proativos, capazes de desen-volver responsabilidades, iniciativas, criatividade, dotadas de habilidades e de conhecimentos e não como recursos organizacionais que precisam ser passi-vamente administrados. A “massa cin-zenta” da nossa empresa é a riqueza do hoje e do amanhã. É a “moeda” do pre-sente e do futuro; é o recurso mais im-portante da nossa organização e faz com que encaremos com responsabilidade a constante obsessão pela “eliminação de desperdícios” que não trazem valor acrescentado. Percebemos que a criatividade está na origem de todos os processos de Ino-vação, criando corpo no pensamento estratégico de todas as pessoas que compõem a nossa empresa. Cada pessoa é o centro gerador de desenvolvimento de si mesma e da coletividade a que per-tence. Para tanto, procuramos fomentar um ambiente propício a esse desenvol-vimento, em que todos os direitos sejam respeitados e garantidos.

fERNANDO OLIVA, DIRETOR GERAL SChNELLECkE PORTUGAL Pontos de Vista dezembro 2012 37iNOVAÇÃO

Page 38: Revista Pontos de Vista Edição 22

A TIBA Portugal assume-se atualmente como um dos principais players no do-mínio dos transitários em Portugal & Despachante Aduaneiro, sendo ainda uma especialista no âmbito das impor-tações da Ásia e das exportações para Angola e América do Sul. De que forma tem vindo a ser realizado o crescimento da marca em Portugal e quais as mais--valias da mesma?

O crescimento da marca em Portugal re-sulta de vários fatores como:- Formação e a dedicação de uma equipa de trabalho vocacionada para oferecer soluções logísticas à medida das neces-sidades dos clientes sejam importado-res ou exportadores;- No know-how do Grupo Romeu acu-mulado desde 1860 no setor dos trans-portes e da logística;- Na internacionalização da marca em países estratégicos para a economia portuguesa;

- No investimento em mercados apresen-tando dificuldades a todos os níveis, des-de a constituição da empresa, a formação de colaboradores locais, sem esquecer a difícil organização do processo logístico.

Na dinâmica e orgânica da marca, exis-te um potencial bastante elevado ao nível da Inovação. De que forma é que os vossos serviços assumem um cariz inovador e revolucionador no mercado?Pretendemos ser um One-Stop-Shop para os nossos clientes, sendo que com um contacto resolvemos qualquer desa-fio logístico! Apostamos no E-commerce com soluções desenhadas pelo nosso próprio Departamento de Inovação e Tecnologia (IT) juntamente com o cliente...a nossa preocupação está na in-tegração com os clientes!

De que forma é que a inovação faz par-te do ADN enquanto marca e empresa

“a inovação é essencial mas a visão estratégica é ainda mais impor-tante. Já se sabia que a europa não podia seguir este rumo e que estávamos a caminho do abismo”, revela Sebastien Deleu, Country Manager da TIba Portugal, em entrevista à Revista Pontos de Vista. esta é uma marca onde não existem impossíveis, e assim a TIba tem vindo a promover um serviço de excelência, tendo como principal finalidade a satisfação total dos seus clientes.

“Resolvemos qualquer desafio logístico”

que atua em e para diversos pontos de mundo?A inovação passa por termos todos os es-critórios TIBA do mundo inteiro usando o mesmo software (ERP) e utilizando os mesmos procedimentos operativos sejam no México, em Moçambique ou na Algéria. Estamos on-line e por isso a informação entre todos nós é muita mais fluída...a qual beneficia o cliente. Somos uma mul-tinacional de talha humana ao serviço das empresas portuguesas com sistemas de informação de primeiro nível.

De que forma é que esta dinâmica, ino-vadora, reflete a preocupação que pos-suem com os vossos parceiros de negó-cios, mais concretamente importadores e exportadores?Estamos conscientes que temos de ser eficazes. Quanto melhor for o processo logístico, mais competitivos serão os produtos portugueses no estrangeiro. Estamos ao serviço das empresas na-cionais!

Sente que o setor marítimo ainda care-ce de um nível superior na vertente da inovação? O que considera que deve ser realizado para aumentar os níveis ino-vadores no setor? Diria que as companhias de navegação estão num nível superior de inovação, desde a parte técnica do desenho, na construção dos navios, na proposta de serviços de E-commerce, sem esquecer a preocupação ecológica. Mas infeliz-mente não é a realidade do setor em geral. Neste caso as mentalidades têm de mudar porque estamos numa modifi-cação estrutural de grande envergadura e a concorrência dos países emergentes é muito forte.

Quais são as soluções inovadoras que possuem no âmbito da exportação? De que forma é que as mesmas revelam ser fundamentais para que este processo seja realmente positivo? Somos dos poucos transitários em Por-tugal munidos com network próprio e agentes dedicados em países de primei-ro interesse para o país. E por isso pode-mos oferecer um serviço porta/porta de importação e exportação caso seja ne-cessário em países como: China, Algeria, Angola, Cabo verde, Moçambique, Brasil e Colômbia.

Sente que a Inovação é um dos princi-pais «cartões de visita» para o sucesso alcançado pela TIBA Portugal?A inovação é essencial, mas a visão es-tratégica é ainda mais importante. Já se sabia que a Europa não podia seguir este rumo e que estávamos a caminho do abismo. A experiência e a capacida-de financeira do Grupo Romeu permitiu que iniciássemos em 2006 um proces-so de investimento a cinco anos nos PALOP’s. Ao dia de hoje os objetivos são alcançados com uma rede de escritórios TIBA em Luanda, Maputo e Praia.

Quais são os grandes desafios que se colocam à TIBA Portugal para o futuro e qual será o papel da Inovação nesse vindouro? O futuro passa pela otimização dos nossos recursos com uma procura con-tínua de uma melhor produtividade. Os sistemas de informação, os IT, são fatores importantes, mas o principal de tudo é a equipa de trabalho! Por isso apostaremos na formação das nossas equipas de trabalho seja qual for a sua localização.

TIBA PORTUGAL ASSUME-SE COMO UM LíDER DE MERCADOiNOVAÇÃO

Sebastien Deleu

Page 39: Revista Pontos de Vista Edição 22
Page 40: Revista Pontos de Vista Edição 22

Desde novembro de 1996 que a Socie-dade Ponto Verde caminha no sentido de promover a recolha seletiva, a reto-ma e a reciclagem de resíduos e emba-lagens a nível nacional. Decorridos 16 anos, Portugal é um país mais amigo do ambiente?

Nos últimos 16 anos muito se evoluiu ao nível da reciclagem de resíduos de embala-gens. Portugal pode orgulhar-se da evolu-ção registada nesta área. Tem-se verificado um crescimento ao nível das quantidades de resíduos de embalagens recolhidas e encaminhadas para reciclagem.

Acreditamos que nos próximos anos a taxa de reciclagem irá continuar a au-mentar dado que este gesto passou a fa-zer parte da rotina de grande parte dos portugueses. Não podemos e não vamos retroceder nesta matéria. Temos de continuar a ter ambição para continuar-mos a escrever uma história de sucesso como até aqui. Por isso propusemos, no nosso novo caderno de encargos, atingir a meta de 70 por cento de reciclagem em 2021. O mais difícil foi alcançado e hoje são cada vez mais os que separam os resíduos de embalagem em suas ca-

“as campanhas desenvolvidas ao longo destes anos têm contribuído em muito para o aumento da consciência ambiental dos portugueses”, afirma Luís Veiga Martins, Diretor-Geral da Sociedade Ponto Verde - SPV, em entrevista à Revista Pontos de Vista. ao longo desta conversa ficamos ainda a conhecer os diversos projetos em que está envolvida a SPV, bem como a necessidade de continuar a apostar em meios e iniciativas que continuem a sensibilizar os portugueses para a necessidade da reciclagem, porque basta um pequeno gesto para mudar o Mundo.

“A evolução da Reciclagem em portugal tem tido um percurso muito positivo”

sas, graças ao empenho de todos os par-ceiros do Sistema Ponto Verde.

Existem, em Portugal, três entidades licenciadas para a gestão de embala-gens e resíduos de embalagens, sendo a SPV a entidade gestora generalista, e a VALORMED e a VALORFITO, duas en-tidades gestoras de âmbito específico. Existe um trabalho contínuo de coope-ração em prol de metas que acabam por ser as mesmas?

Não. Cada entidade gestora tem metas previstas na sua licença específica uma vez que esta se encontra associada a uma lei também especifica que transpõe di-retivas comunitárias onde se encontram definidas metas para cada fluxo de resí-duos. Existe naturalmente cooperação institucional e as três entidades têm tido uma coexistência positiva com as suas áreas de atuação bem delimitadas. A SPV tinha que atingir a sua meta de 55 por cento de reciclagem de tudo o que lhe foi declarado pelos seus embaladores. Ter-minou 2011 com 64 por cento, ultrapas-sando largamente a meta definida.

Uma das principais estratégias utiliza-das no sentido de atingir objetivos de prevenção passa pelo recurso à reutili-zação, através de ações de sensibiliza-ção. Esse trabalho deve atingir não só os operadores económicos envolvidos na chamada “cadeia da embalagem”, como toda a população. Sentem que têm conseguido fazer chegar a vossa mensagem a todos?

O processo de mudança de hábitos e ati-tudes é um trabalho que tem de ser con-tínuo e que leva o seu tempo. Estamos satisfeitos com os resultados alcançados e com a evolução verificada em termos de adesão da população. Mas o objetivo é que se evolua cada vez mais. Na área das embalagens, especificamente, é di-fícil falar de reutilização. Essa questão abrange mais outro tipo de resíduos como os Elétricos e Eletrónicos (REEE). A Prevenção na área das embalagens passa por reduzir o peso específico das embalagens sempre que isso seja possí-vel e limitar o uso de contaminantes. A SPV tem um trabalho específico a esse respeito com os seus clientes que colo-cam produtos embalados no mercado.

Os números mostram que os portugue-ses estão cada vez mais atentos e pre-ocupados com questões relacionadas com o ambiente. Qual o papel que as campanhas nacionais promovidas pela SPV têm desempenhado nestas altera-ções comportamentais?

As campanhas desenvolvidas ao longo destes anos têm contribuído em muito para o aumento da consciência ambien-tal dos portugueses. Permitiram tornar a reciclagem um hábito diário para 69 por cento dos consumidores. Em estu-dos desenvolvidos pela SPV demons-trou-se que os lares que separam em-balagens são também os lares que mais preocupações demonstram noutras áreas ambientais (poupança de energia, água, reciclagem de outros materiais, entre outros).

“Em apenas uma hora reciclamos papel suficiente para embrulhar a Ponte sobre o Tejo, plástico que daria para produzir 7500 t-shirts, embalagens equivalentes ao peso de 12 elefantes”. Esta é uma das mensagens da recente campanha publi-citária que, mais uma vez, foi protago-nizada por crianças. Porquê esta aposta nos mais pequenos para transmitir con-selhos ambientais?

Em muitas das campanhas desenvolvidas as crianças têm sido motores de mudança das consciências dos adultos em termos ambientais, ajudando a promover a reci-clagem. As crianças são muito sensíveis ao tema do ambiente e, quando motivadas para um determinado comportamento correto, conseguem ser muito persuasi-vas junto dos adultos. Têm sido os grandes embaixadores desta causa.

LUíS VEIGA MARTINS, DIRETOR-GERAL DA SOCIEDADE PONTO VERDE REVELArEcicLAgEM E MEiO AMbiENTE

“As crianças são muito sensíveis ao tema do

ambiente e, quando mo-tivadas para um deter-

minado comportamento correto, conseguem ser

muito persuasivas junto dos adultos. Têm sido os

grandes embaixadores desta causa”

Luís Veiga Martins

Page 41: Revista Pontos de Vista Edição 22

Pontos de Vista dezembro 2012 41

A legislação específica sobre gestão de embalagens e resíduos de embalagem prevê a obrigatoriedade de os emba-ladores/importadores assegurarem a existência de um sistema próprio de-vidamente licenciado de gestão dos resíduos em que se transformam os produtos embalados que colocam no mercado nacional depois de utilizados, ou, em alternativa, procederem à trans-ferência dessa responsabilidade para uma entidade devidamente licenciada para o efeito. Qual dos dois cenários predomina atualmente?

A opção que as empresas têm adotado tem sido a transferência da sua obriga-ção legal para um sistema integrado, isto é, uma entidade licenciada para ge-rir todo esse sistema que é o caso da So-ciedade Ponto Verde. Aderir ao Sistema Ponto Verde (o único sistema integrado atualmente licenciado para resíduos de embalagens) é a forma mais económica, eficaz, simples e sustentável de cumprir a legislação de resíduos de embalagens a que os embaladores/importadores estão obrigados. Apenas uma empresa tem um sistema próprio licenciado.

No momento em que uma empresa de-cide aderir à Sociedade Ponto Verde, quais são as principais questões levan-tadas? De que tipo de empresas esta-mos a falar? Uma das questões colocadas mais fre-quentemente pelas empresas tem a ver com o porquê de terem de aderir. A ade-são deve ser feita por empresas que fabri-quem ou importem produtos embalados que comercializam no território nacional com marca detida pela empresa; ou que possuam pontos de venda onde utilizam embalagens de serviço (sacos de com-pras, papel de embrulho, entre outras).

99,7 por cento da população portugue-sa; 99,3 por cento do território nacional; 97,4 por cento dos concelhos portugue-ses; 40 mil ecopontos e 30 sistemas municipais. Estes são os números do Sistema Ponto Verde. Podemos dizer que a estrutura está toda erguida, cabe apenas a cada um a responsabilidade de dar continuidade ao trabalho?

Sim, a estrutura está montada e tem pro-vas dadas. Em Portugal adotou-se o mode-lo de responsabilidade partilhada entre os embaladores e os municípios, desenvolvi-do pela primeira vez em França. Os municípios criaram as infraestru-turas com apoio de fundos europeus, criando um parque de mais de 44 mil ecopontos, três incineradoras e mais de 30 estações de triagem. Os mais de 300

municípios organizaram-se em 25 sis-temas municipais. Será importante que este sistema não seja desintegrado para dar continuidade a este trabalho. Ou seja, estamos perante uma capacitação operacional feita ao longo dos últimos anos que tem contribuído para estar-mos num patamar tão elevado ao nível da gestão de resíduos. Há que rentabili-zar este sistema e o know-how acumu-lado ao longo dos anos apesar da atual conjuntura poder levar a que sejam to-madas medidas que coloquem em causa a sua universalidade.

Que impacto a atual conjuntura finan-ceira tem tido no âmbito da gestão de resíduos? A atual conjuntura tem tido impacto em vários setores e o dos resíduos não é ex-ceção. Verifica-se, a título de exemplo, uma redução nos resíduos de papel/cartão, o que se deve em grande parte à quebra da atividade económica do pe-queno comércio da malha urbana e da

quebra do consumo. Por outro lado, há materiais que estão a ser vendidos dire-tamente por quem recolhe ilegalmente. No entanto, a manutenção desta ativi-dade paralela, se não for fiscalizada, põe em causa não só o investimento feito em infraestruturas bem como os recursos utilizados pelos sistemas municipais.

Olhando para o cenário internacional e quando se fala em gestão de emba-lagens e resíduos, qual a posição que Portugal assume? Estamos no bom ca-minho ou ainda há muito a fazer?A evolução da reciclagem em Portugal, re-lativamente a outros países, tem tido um percurso muito positivo. Portugal pode orgulhar-se de ombrear com outros paí-ses europeus nesta matéria. Estamos pe-rante uma rotina que está cada vez mais enraizada no dia a dia dos portugueses. O sucesso da recolha seletiva e da reciclagem de resíduos de embalagens tem dependido do compromisso de todas as partes inte-ressadas, nomeadamente do governo, da

indústria e dos seus fornecedores de servi-ços, das autarquias e sistemas municipais, e também dos cidadãos. Estamos no cami-nho certo para estarmos no primeiro plano dos países europeus. O país está a fazer os investimentos certos no sentido de atingir o topo. A revisão do PERSU (Plano Estraté-gico de Resíduos Sólidos Urbanos) deverá definir medidas que consolidem a estraté-gia até agora seguida.

Com 2012 a terminar, que balanço pode ser feito? As metas propostas no início do ano foram cumpridas?A atividade económica ressentiu-se em 2012 e a reciclagem reflete isso mesmo. Apesar de tudo, 2012 não foi um ano perdido. No ecoponto amarelo continu-am a crescer as quantidades encaminha-das para reciclagem, sinal de que os con-sumidores continuam comprometidos com o sucesso da reciclagem em Portu-gal. No entanto, as metas continuam a ser cumpridas e o país continua a inves-tir no sentido de progredir nas taxas de reciclagem. É com grande otimismo que enfrentamos o futuro da reciclagem de embalagens em Portugal.

Para o próximo ano, qual será a estraté-gia da SPV no sentido de continuar a fa-zer chegar a sua mensagem ambiental a casa dos portugueses? Que objetivos estão em cima da mesa?Neste momento, a Sociedade Ponto Verde aguarda pela decisão da tutela relativa à atribuição das licenças para este setor. Tendo em atenção a situação particular de Portugal, a sua dimensão, o seu modelo de responsabilidade par-tilhada e o facto de ter cumprido to-dos os objetivos a que estava obrigado em termos de metas de reciclagem, do nosso ponto de vista faz sentido que se venha a atribuir apenas uma licença, tal como até aqui e à semelhança de diver-sos países europeus onde o modelo tem sido implementado com sucesso. Caso venham a coexistir mais do que uma entidade gestora as regras e obrigações deverão ser rigorosamente iguais, a fis-calização sobre seu cumprimento deve-rá ser rigorosa, de maneira a que nenhu-ma entidade possa ter uma vantagem competitiva face à outra em virtude de diferentes licenças ou práticas. Quanto à questão da mensagem a comu-nicar continuaremos, como até aqui, a fazer um apelo à consciência dos portu-gueses para que separem cada vez mais e que contribuam para que Portugal possa continuar a trilhar e a escrever uma história de sucesso na gestão dos seus resíduos.

O processo de mudança de hábitos e atitudes é um tra-balho que tem de ser contínuo e que leva o seu tempo. Estamos satisfeitos com os resultados alcançados e com a evolução verificada em termos de adesão da po-pulação. Mas o objetivo é que se evolua cada vez mais. Na área das embalagens, especificamente, é difícil falar de reutilização

Page 42: Revista Pontos de Vista Edição 22

Existem três palavras que atu-almente são também funda-mentais, «Reduzir, Reciclar, Reutilizar», e estão já a ser in-

cutidas às crianças para que cresçam conscientes do papel que possuem na preservação do ambiente. Assim, reduzir a poluição, reciclar o lixo e reutilizar o maior número possível de objetos deve ser o lema de Todos. Para que estes desideratos sejam real-mente cumpridos e atingidos, é evidente que é necessário que surjam entidades e players neste domínio que promovam o rigor e a transparência no mercado. A Eco-Modus Lda funciona como um pa-radigma desse cenário, pois desde a sua edificação, há cerca de quatro anos, mais concretamente em finais de 2008, que tem vindo a assumir-se como um impor-tante e valioso player no domínio da re-ciclagem em Portugal e não só. A Revista Pontos de Vista conversou com Stanislas de Beck Spitzer, CEO & Co-Founder da Eco-Modus Lda, que revelou as poten-cialidades deste mercado tao caracterís-tico e fundamental para o país e mundo, bem como a forma como Portugal tem sido «um bom aluno» nesta área, pois se começou atrasado relativamente a to-das as questões em torno da reciclagem,

hoje é possível afirmar que Portugal está bastante próximo do que é feito em outros congéneres europeus.

PRoMoVeR noVaSMenTaLIDaDeS

Como já foi referido, a reciclagem assu-me uma dimensão superior nos dias que correm, sendo que a Eco-Modus faz par-te da cadeia de valorização de resíduos, buscando incessantemente as melhores soluções neste âmbito, juntamente com os gestores, “em que damos garantias que os resíduos sejam transformados no destino junto com os profissionais que respeitam a cadeia do ambiente”, refere o nosso entrevistado, a viver em Portugal há sete anos, que pode ser con-siderado como um verdadeiro cidadão do mundo, pois aliado à sua vivência e experiência em diversos países, é de origem francesa, sendo que a sua mãe é colombiana, o avô húngaro/romeno e a sua avó de nacionalidade russa. Se a sa-tisfação por parte de Stanislas de Beck Spitzer relativamente aos profissionais inseridos no setor da reciclagem é evi-dente, já no que concerne aos compor-tamentos dos portugueses o panorama é inverso, “basta um passeio nas belas

a Reciclagem e ambiente são atualmente vocábulos e conceitos que surgem no nosso quotidiano com alguma frequência, sendo necessário conti-nuar a promover medidas e iniciativas nesse sentido, ou seja, por um mundo melhor.

porque o Ambiente está acima de Tudo

praias portuguesas”, refere, revelando um sentimento de agastamento, princi-palmente nos passeios em família. “Fico revoltado, principalmente nesta altura do inverno, onde se nota mais o lixo dei-xado pelas pessoas no verão, quando ca-minho pelas praias e vejo que as pesso-as têm pouco cuidado com o que é seu. Este cenário deve ser mudado e quem melhor que as pessoas para o fazer?”, questiona o nosso interlocutor.

Mas poderá a Eco-Modus promover essa mudança de mentalidades e comporta-mentos? Segundo o nosso entrevistado a Eco-Modus tem uma palavra a dizer naturalmente, contudo, “sozinhos não conseguimos alterar nada. Esse traba-lho só alcançará resultados positivos se estivermos todos unidos e não falo apenas do setor ambiental. Desde logo temos de dar maior atenção às escolas, porque é nessas idades que as crianças começam a compreender as verdadeiras implicações de não se cuidar do ambien-te e são elas, as crianças, os principais «mensageiros» para que em casa sejam alterados comportamentos. Temos de incentivar campanhas que promovam a sensibilização desses públicos”. A crise económica em que vive atual-mente Portugal e os restantes merca-dos mundiais conheceu a sua génese em 2008, ano da criação da Eco-Modus Lda, sendo que desde esse período o negócio da reciclagem tem atravessado momentos complicados devido à crise

ECO-MODUS LDA – MARCA DE SUCESSOrEcicLAgEM E AMbiENTE

Marca que satisfaz qualquer pedidoA Eco-Modus Lda assume-se como uma marca «capaz de satisfazer qualquer pedido». Será mesmo assim? “Sem dúvida. para nós não exis-tem impossíveis, porque as principais solicitações que temos assentam em três pilares essências para nós: rigor, confiança e comunicação. São os elementos indispensáveis e sendo a Eco-Modus uma empresa cosmopolita, qualquer estrangeiro encontra um forte apoio connosco. O compromisso assumido por nós é sempre cumprido e são esses va-lores que os clientes e fornecedores apreciam e procuram. Além disso, acredito que em qualquer negócio a transparência é essencial e penso que essa palavra deveria ser mais visível não só no setor da reciclagem, como em todos, principalmente ao nível do Governo que deveria utilizar mais esse conceito e essa forma de estar na vida. Temos a confiança dos nossos clientes, fornecedores e parceiros porque atuamos dessa forma. Apesar das dificuldades que aí vêm, acredito que iremos superar esta crise e continuar a trilhar um rumo de sucesso”, afirma Stanislas de Beck Spitzer

Stanislas de Beck Spitzer

Braga

Page 43: Revista Pontos de Vista Edição 22

Pontos de Vista dezembro 2012 43

do subprime. Então quais as mais-valias que a Eco-Modus aportou ao setor com a sua entrada no mercado? “Entre outras coisas, conseguimos trazer algum su-porte financeiro ao setor, o que permitiu que diversas entidades se mantivessem ativas no mercado e navegassem em conjunto através deste período delica-do. A nossa dedicação profissional e os nossos serviços permitiram uma fideli-zação acrescida junto do mercado e dos nossos clientes”, assume sem rodeios Stanislas de Beck Spitzer.

noVoS PRoJeToS a níVeLDa InTeRnaCIonaLIzação

Marca de renome e reconhecimento em Portugal, a Eco-Modus tem vindo a apostar fortemente na internacionali-zação como uma forma de expansão do seu know how e experiência, bem como numa tentativa, até aqui bem sucedida, de levar a sua capacidade a outros paí-ses com projetos de máxima relevância. Nos primórdios de 2010, a Eco-Modus inaugurou a empresa mãe em Portu-gal, mais concretamente no Estoril, e, em junho desse mesmo ano, promoveu a abertura de uma sucursal na China “para um melhor atendimento dos clien-tes em solo asiático”. Ano de enormes mudanças, foi ainda em finais de 2010, que a Eco-Modus, junta-mente com os seus parceiros, inaugurou duas plataformas na região de Braga, onde é realizada a gestão dos resídu-os, desde coleta, triagem, embalagem, limpeza e armazenamento, sendo que foi essa capacidade de conhecimento e know-how que tem permitido a evolu-ção célere da marca, mesmo em tempos de algum retrocesso financeiro. A internacionalização de uma qualquer marca assume desde logo um caminho

difícil e repleto de obstáculos, os quais é necessário saber ultrapassar. A apos-ta na internacionalização não deve sur-gir de ânimo leve, nem deve ser uma resposta às dificuldades no mercado de origem. A Eco-Modus encontra-se numa situação bastante positiva no mercado interno luso, embora a capa-cidade empreendedora do nosso en-trevistado e seus pares tenha levado a marca a apostar fortemente na interna-cionalização, que “é fundamental. Faz parte do meu sangue e quero continu-ar a apostar nos mercados externos”, afirma convicto o CEO & Co-Founder da Eco-Modus Lda.Presente atualmente em países como o Brasil, Colômbia e Chile na América do Sul, e em África em Cabo Verde e Mo-çambique, a Eco-Modus tem diversos projetos a ser delineados para que esta expansão continue num futuro próximo. Mas porquê o continente da América do Sul e de África? “Já vivi na Venezuela e conheço perfeitamente o potencial des-ses países, que é bastante elevado. Além disso, temos relações estabelecidas em alguns desses países e assim temos vin-do a apostar nos mesmos”, assume o nosso entrevistado, revelando que neste momento a Eco-Modus possui em curso projetos em três partes do mundo, des-conhecendo-se contudo quando serão iniciados. Assumindo que Portugal está no bom caminho no âmbito da reciclagem, para Stanislas de Beck Spitzer 2013 será um ano “de enormes dificuldades. No entan-to, pretendemos continuar a atravessar esta crise junto com os nossos clientes, fornecedores e parceiros e se conseguir-mos manter o ritmo de crescimento em 2013 que temos vindo a ter até aqui, en-tão posso considerar uma vitória”, con-clui o nosso entrevistado.

“Entre outras coisas, conseguimos trazer algum suporte financeiro ao setor, o que permitiu que diversas entidades se mantivessem ativas no mercado e navegassem em conjunto atra-

vés deste período delicado. A nossa dedicação profissional e os nossos serviços permitiram uma fidelização acrescida junto do mercado e dos nossos clientes”

Estoril Xangai

Page 44: Revista Pontos de Vista Edição 22

foram cinco os temas focados no evento, sendo o primeiro dedicado ao empreendedoris-mo e a aceleração de Start Ups.

Para isso, Marta Miraldes, da Start Up Lisboa, deu a conhecer esta “incuba-dora de empresas”, que tem sido o ponto de partida de muitas start ups e que se enquadra na estratégia do Município de Lisboa de fomentar o espírito empreendedor dos cidadãos e diversificar o tecido produtivo da cidade. Assim sendo, Start Up Lisboa coloca à disposição das jovens empresas espaços onde as mesmas se podem instalar nes-te início de vida, dá apoio e monitoriza o desenvolvimento das start ups, fomenta o convívio, não só entre os empreende-dores mas também com especialistas em desenvolvimento de jovens empre-sas, e organiza ainda eventos temáticos dedicados aos problemas das start ups, para que os mesmos possam ser ultra-passados com maior facilidade. Desta forma, contribui decisivamente para, através do sucesso das empresas incu-badas, posicionar Lisboa como uma das cidades mais avançadas na promoção do empreendedorismo.Para aceder a estes apoios, as jovens empresas têm de reunir determinadas condições que Marta Miraldes passou a explicar. São elas: a oferta de produ-tos ou serviços inovadores, globais, exportáveis ou escaláveis; o elevado potencial de crescimento; a tecnologia como ponto de partida e, finalmente, a capacidade de contribuir para o objetivo que presidiu à criação da Start Up Lis-boa – fomentar uma capital competitiva e inovadora.

PRoPRIeDaDe InDuSTRIaL

Ainda enquadrada no primeiro painel da manhã, seguiu-se a apresentação de Mari-sa Luís, Project Manager do Instituto Na-cional da Propriedade Industrial (INPI).

Para a oradora, neste contexto de cri-se, é cada vez mais importante apostar na diferenciação das empresas mas, isso obriga também a que se garanta o exclusivo legal das criações das dife-rentes empresas. O Gabinete de Apoio à Promoção da Propriedade Industrial (GAPI) é um dos grandes aliados nesse

após vários eventos promovidos pela empresa F. Iniciativas no âmbito do financiamento da I&D (core business desta consultora) decorreu no passa-do dia 22 de novembro no Polo Tecnológico de Lisboa, Lispólis, o seu 1º fórum à I&D+I onde se abriu o leque de temas a abordar, dando enfoque a questões como a inovação e as ferramentas existentes actualmente e contando ainda com o testemunho de alguns casos de sucesso. entre os mais de 50 participantes presentes, grande parte eram representantes de empresas de várias áreas de actividade, que aproveitaram o evento para trocar experiências e partilhar informações.

1º Fórum F-Iniciativas à I&D+i

sentido e uma ferramenta à disposição de todos. Ainda assim, foi notório duran-te apresentação do portal do INPI, que a maior parte dos presentes desconhecia algumas das utilidades do mesmo. No entanto, certamente passarão agora a utilizá-las, já que foram várias a consi-derações positivas tecidas em relação a alguns dos serviços e ferramentas dis-ponibilizados.Entre essas ferramentas, destaque para as fichas de apoio à exportação, que co-locam ao alcance das empresas expor-tadoras portuguesas um conjunto de informações relevantes sobre proteção e defesa dos seus direitos de proprie-dade industrial noutros mercados, fa-cilitando, desta forma, os processos de internacionalização e aumentando os

SAIBA O qUE SE PASSOU NO 1º fóRUM f-INICIATIVAS à I&D+I1.º FórUM iNiciATiVAS à i&d+i

Telma Paz, Diretora Geral Ad-junta da F Iniciativas, explica o objetivo deste 1º Fórum realizado pela empresa:“na F Iniciativas temos a preocupação de divulgar as ferramentas e apoios para as empresas. nos dias de hoje, dadas as dificuldades que as empresas atravessam, torna--se ainda mais imperativo que assim o seja. Através de painéis diversificados, que não se focam apenas no financiamento, como é normal, mas em que são apre-sentadas também ferramentas e casos de sucesso, tentamos mos-trar às empresas que existem boas possibilidades e dar-lhes também alguma esperança e motivação”.

Telma Paz

Um projeto ID tem de ser “estruturado na ótica do problema e não é um projeto ID se não houver incerteza”

PEDRO CILíNIO

“ “

Page 45: Revista Pontos de Vista Edição 22

Pontos de Vista dezembro 2012 45

níveis de segurança legal nos mercados alvo; o pré-diagnóstico de mapeamen-to tecnológico que fornece o panorama de patenteamento na área técnica da invenção, através de informações como “quais os principais players nos diferen-tes setores”; os sete modelos de acordos TT e I&D que assentam em três premis-sas fundamentais – a partilha de infor-mação, a titularidade dos resultados de investigação e a definição de regras de exploração; o boletim sectorial de pa-tentes e modelos utilidade, que como Marisa Luís explicou, “permite moni-torizar aquilo que a concorrência está a fazer, através de relatórios recebidos quinzenalmente, sectorizados para a área em questão, mediante um pedido online por parte do utilizador” e, por fim, o boletim sectorial de design, se-melhante ao anterior, mas direccionado apenas para a área do design.

SISTeMa eM CaDeIaVS SISTeMa LIneaR

Sistemas de gestão IDI e processos de certificação foram o mote para a apre-sentação de Hélder Estradas, em repre-sentação da APCER, a empresa líder na atividade de certificação, com quotas de mercado entre os 53 e os 62 por cento e mais de sete mil certificados emitidos entre 1996 e 2011.Uma das normas que mereceu maior atenção por parte do orador foi a NP 4457:2007, cuja finalidade é melhorar o desempenho de IDI da organização que a adota. Nas bases desta norma, está o modelo de interações em cadeia do Pro-fessor João Caraça. Um modelo para a economia do conhecimento, de aborda-gem sistémica da gestão, claramente de-fendido por Hélder Estradas e por Paulo Reis, moderador do evento, que salien-tou o facto de este modelo servir de base para discussão no Working Group on In-novation Assessment.

“não É uM PRoJeTo ID Se não houVeR InCeRTeza”

O orador que se seguiu foi Pedro Cilínio, da Direção de Gestão de Incentivos e de Créditos do IAPMEI, convidado para fa-lar sobre o Quadro de Referência Estra-tégico Nacional (QREN), no ambito dos incentivos às empresas.Desta forma, abordou a estratégia do IA-PMEI para as PME e avisou que não vale

a pena pensar ou falar em financiamen-to “se a empresa não tiver uma estraté-gia bem definida”. Para além disso, fez questão de frisar que um projeto ID tem de ser “estruturado na ótica do proble-ma e não é um projeto ID se não houver incerteza”. Entre os aspetos mais valori-zados pelo IAPMEI na escolha dos proje-tos I&DT contam-se: o grau de inovação; a coerência e razoabilidade do mesmo; o perfil da equipa; a capacidade de pe-netração nos mercados internacionais e o contributo para a competitividade territorial, entre outros.Pedro Cilínio terminou divulgando os concursos previstos para o próximo ano e referindo quais as prioridades do pró-

ximo período de programação, para o qual, garante, “estamos bem alinhados”.

“7º PRoGRaMa quaDRo– hoRIzon 2020”

O “7º Programa Quadro – Horizon 2020” serviu de mote também às palavras pro-feridas por Miguel Ángel La Ordem, da F. Iniciativas Internacional. O 7º Programa Quadro, prestes a encer-rar mais um capítulo, ainda se apresenta como uma excelente oportunidade para aquelas empresas que queiram partici-par num projecto de I&D internacional integrado num consórcio com outras empresas europeias, cuja ligação e van-

tagens poderão ir muito mais além do que o próprio projeto em si. Ainda se-gundo Miguel La Ordem, o futuro dos apoios nacionais e europeus passa pelo grande enfoque da estratégia “Horizon 2020” em enfrentar e dar resposta à cri-se económica através do investimento em emprego e crescimento sustentável, abordando as preocupações das pesso-as sobre os seus meios de subsistência, segurança e ambiente, mas também pelo fortalecimento da posição da União Europeia no Mundo em áreas como a inovação, pesquisa e tecnologia. As prin-cipais novidades do próximo período de programação residem, segundo o mes-mo, no facto do novo programa quadro

“Assim sendo, Start Up Lisboa coloca à disposição das jovens empresas espaços onde as mesmas se podem instalar neste início de vida, dá apoio e monitoriza o desen-volvimento das start ups, fomenta o convívio, não só entre os empreendedores mas também com especialistas em desenvolvimento de jovens empresas, e organiza ainda eventos temáticos dedicados aos problemas das start ups, para que os mesmos possam ser ultrapassados com maior facilidade. Desta forma, contribui decisivamente para, através do sucesso das empresas incubadas, posicionar Lisboa como uma das cidades mais avançadas na promoção do empreendedorismo”

Page 46: Revista Pontos de Vista Edição 22

dos de revestimentos e conformação;3) e a Science4You, S.A., empresa inova-dora, com uma taxa de crescimento in-vejável e repetidamente premiada pelo seu empreendedorismo, sendo consi-derada com uma referência no merca-do dos kits, brinquedos científicos e formação, com vista a proporcionar a todos um contacto com as Ciências Ex-perimentais.

“A proteção de propriedadeindustrial assegura omonopólio legal”

Marisa LuísProject Manager do INPI

“Procuramos essencialmente projetos inovadores e escaláveis”

Marta MiraldesResponsável Empresa Incubadas da Start Up Lisboa

“A nossa credibilidade éassegurada por rigorososprocessos de acreditação”

Hélder EstradasDiretor Comercial da APCER

“Na maior parte das empresas existe um problema de otimização da produção”

Pedro CilínioDiretor de Gestão de Incentivos e de Créditos do IAPMEI

reunir em si três programas antes isola-dos, centrar-se nos principais desafios enfrentados pela sociedade europeia e facilitar o acesso a todas as empresas, institutos e universidades.Também em representação da F. Iniciati-vas Internacional, Antoine Abbatucci deu uma breve explicação sobre as diferentes tipologias de financiamentos (via subsí-dio e/ou benefício fiscal) aplicados em

Espanha, França, Brasil, Canadá e Chile – países de implantação da F-Iniciativas.A manhã terminou com a apresentação de três casos de sucesso:1) a ISA - Intelligent Sensing Anywhere, S.A. – enquanto empresa de base tecno-lógica, sendo inclusivamente a primeira empresa portuguesa a ser cotada na Euronext, com crescimento sustentado numa aposta contínua em I&D e lar-

Miguel La Ordem e Antoine Abbatucci, F-Iniciativas Internacional

Monitorizar aquilo que a concorrência está a fazer, atra-vés de relatórios recebidos quinze-nalmente, sectori-zados para a área em questão, me-diante um pedido online por parte do utilizador

MARISA LUíS

ga experiência em projetos europeus, como o 7º Programa Quadro;2) a TEandM - Tecnologia, Engenha-ria e Materiais, S.A. – com uma política de qualidade e inovação deveras dife-renciadora, sustentada em novas tec-nologias de engenharia de materiais, constituindo-se como uma indústria de elevado conteúdo tecnológico, desen-volvendo em Portugal métodos avança-

SAIBA O qUE SE PASSOU NO 1º fóRUM f-INICIATIVAS à I&D+I1.º FórUM iNiciATiVAS à i&d+i

Page 47: Revista Pontos de Vista Edição 22

Pontos de Vista dezembro 2012 47

Page 48: Revista Pontos de Vista Edição 22

OPINIÃO

A Marca é algo pela qual um grupo de pessoas manifes-ta interesse e dedicação, levando-os a transmitir aos

outros a importância de dela faze-rem parte como elementos ativos. É a soma intangível dos atributos de uma instituição: o seu nome, a sua imagem, a sua história, reputação e a maneira como é comunicada.No entanto, uma “boa marca” hoje, pode nada valer amanhã, e ser rapidamente ultrapas-sada. Só há uma forma de man-ter uma marca no topo, pensar para o FUTURO.

Tu ÉS DIFeRenTe, nóS SoMoS DIFeRenTeS

Declarar que “somos diferentes” não é suficiente para criar uma marca que se pretende que espelhe essa diferença. São as ações do dia a dia, o envolvimento e entusiasmo de todos os que nela tra-balham que fazem essa diferença.Pretendemos ser diferentes na forma e nos sentimentos que provocamos, para que aque-les que estão fora nos consi-derem credíveis na diferença que evo-camos, e aqueles que já estão dentro possam confirmar essa diferença dia-riamente de modo convincente e con--sigam transmiti-la e vivê-la de forma clara, verdadeira e objetiva. A verdadeira e duradoura lealdade para com uma marca é conseguida através das pesso-as. É a sua satisfação que as leva a continuar e a motivar os outros.A marca Eiffel tem, ao longo dos mais de 20 anos de existência, focado os seus princí-pios no seu capital humano. Dela faz parte um conjunto de pessoas inter-nas e externas, que sentem cumplicida-de umas com as outras e orgulho de dela fazerem parte. Não existem pessoas cer-tas e pessoas erradas, isso aplica-se às estratégias e aos meios utilizados, para alcançar o objetivo final: o sucesso de todos os que fazem parte da mar-ca.Aqui criamos oportunidades iguais para todos, salvaguardando sempre a indivi-dualidade de cada um. No seio do todo, cada aluno é único.Promovemos a partilha, a entrega, o sucesso, a interação com o mundo ex-terior, limamos diariamente as arestas que promovem o crescimento pessoal e a integração plena como cidadãos do Mundo. • Atualmente, ter uma profissão, mais do que uma forma de obter remunera-ção, é contribuir para a realização pes-soal e maior sentido de autoestima;

• Ter uma profissão deverá implicar uma maior e melhor aposta na qualifi-cação do potencial humano de cada um;• Ter uma profissão implica um maior compromisso para com a sociedade em geral uma vez que, melhor habilitados, poderemos contribuir para uma so-ciedade mais competitiva, igualitária e justa.Ciente da importancia de uma eficaz estratégia na consolidação da marca, a Cooptécnica Gustave Eiffel dá principal atenção à família e à comunidade envol-

numa época em que as ofertas formativas são similares, é necessário marcar a diferença pelas atitudes e compromissos assumidos na missão das instituições, zelando diariamente pelo cumprimento dos seus valores. São os desejos, as motivações e as atitudes que diferenciam as ofertas e levam à escolha da marca.

A Escola e a Afirmação da Marca

vente. Os objetivos pretendidos são dar corpo ao nosso lema “O FUTURO TEM UM ROSTO”. O rosto de todos aqueles que diariamente fazem aqui o seu cami-nho e, os que vi-rão a seguir.A maneira mais eficaz de conseguir al-cançar estes objetivos, passa por fazer com que os que já fazem parte da marca se sintam motivados a transmitir para o exterior a realidade que vivem. A paixão interna, e a sensação de pertencerem a algo diferente é a forma mais eficaz e duradoura de sustentar e credibilizar a marca. São várias as áreas de atuação da Cooptécnica Gustave Eiffel: o Ensino Profissional e o Sistema de Aprendiza-gem, o Centro Novas Oportunidades/Eiffel Mind e o Centro de Qualificação de Ativos. No entanto, existe uma linha condutora, que tem sempre presen-te a criação de uma imagem associada à marca Eiffel e à proximidade física, en-

tre os intervenientes das diversas áreas. Pretendemos que a Escola Profissional Gustave Eiffel seja uma referência não só em termos de transmissão de co-nhecimentos técnicos, mas também, na formação de jovens saudáveis, felizes e inseridos na sociedade civil. Relati--vamente às restantes valências apos-tamos na formação ao longo da vida, de forma a podermos proporcionar a aqui-sição de conhecimentos a todos os que o desejem. Cada instituição é única, e a sua identidade deriva da sua cultura, da sua organização, das suas raízes, da sua personalidade, da sua força e das suas fragilidades.Uma instituição deve ser um organismo vivo, deve:• Comunicar• Ter um estilo• Ser única• Ter uma identidade.

AUGUSTO fERREIRA GUEDES, PRESIDENTE DA DIREÇÃO DA COOPTéCNICA GUSTAVE EIffELEdUcAÇÃO E FOrMAÇÃO

A Formação como deve sernão dizemos que fazemos, mostramos como o fazemos.não trabalhamos com números, mas com pessoas.não nos focamos só em resultados qualitativos, mas acima de tudo na qualidade dos técnicos que formamos e do serviço que prestamos.

“Pretendemos ser diferentes na for-ma e nos sentimentos que provocamos, para que aqueles que estão fora nos considerem credíveis na diferença que evocamos, e aqueles que já estão den-tro possam confirmar essa diferença diariamente de modo convincente e consi-gam transmiti-la e vivê-la de forma clara, verdadeira e objetiva”

Page 49: Revista Pontos de Vista Edição 22

Orientar as empresas para que não só apostem na sua comunicação externa, com potenciais clientes, como na

comunicação interna. É neste sentido que a Koser International desenvolve a sua vertente de coaching empresarial. Assumindo-se como uma consultora de negócios internacionais, a empresa desenvolve atividades de marketing, acompanhamento linguístico, tradu-ção, criação de páginas web, organi-zação de eventos e gestão de redes sociais numa abordagem multilingue.“Recorremos ao coaching para ajudar as empresas a comunicarem eficazmente com o público em que se querem inserir mas, fundamentalmente, para que a em-presa seja entendida como um sistema dinâmico em que todas as partes têm de funcionar equitativamente e de forma oti-mizada para que o resultado seja o melhor possível”, explicou Elisabete Coutinho, em conversa com a Revista Pontos de Vista. O objetivo é ajudar a empresa a obter o máximo rendimento e a motivação do seu potencial humano, tentando solucionar problemas que à primeira vista não são detetáveis. Que problemas são esses? Es-sencialmente, questões de falta de comu-nicação e de transparência nas relações entre todos os membros de uma empresa, com consequências dramáticas na prosse-cução dos seus objetivos. E é na luta per-manente pelo cumprimento dessas metas que os líderes de uma empresa, muitas vezes, não olham para o que está mais à vista. “Existem muitos talentos escondi-dos dos quais os executivos não se estão a dar conta porque, de facto, estão pressio-nados com os resultados e os números”, revelou. No coaching empresarial, a Koser trabalha, além de outros elementos, os fa-tores emocionais associados à liderança e à gestão do tempo coletivo e individual.

CoaChInG não É eSoTeRISMo

Para Elisabete Coutinho, e apesar de ter estado muitos anos no estrangeiro e não conhecer aprofundadamente o que se pratica no mercado nacional, “o coaching em Portugal é muito oferecido na base da consultoria e do marketing”. “Eu não posso, de modo algum, oferecer coaching e reiki nem vou dizer que curo doenças ou vícios; é preciso separar os ambitos”, afiançou a diretora. Esta equipa faz uma separação total entre esta técnica e outros serviços de consultoria disponíveis atual-mente. “O coaching trabalha numa área muito específica. Recorremos às estraté-gias que os treinadores desportivos de

atletas de alta competição usam e vamos aplicá-las a pessoas que no seu quotidiano necessitam de ter um alto desempenho e rendimento no trabalho”, descreveu a res-ponsável. No final do processo, o objetivo não é que a produtividade surja como uma imposição mas sim como uma consequên-cia natural do papel que o colaborador as-sume no seio da sua empresa. A empresa que contrata este profissional deve exigir sempre conhecer a sua formação. “Tem de ter consciência de que está a colocar o seu talento humano nas mãos daquela pessoa e que é um processo demasiado sério para que não haja o mínimo de fil-tro”, partilhou. Processo esse que respeita um conjunto de normas éticas que esta profissional, enquanto membro da Inter-national Coach Federation, deve seguir. Para Elisabete Coutinho que associa o papel do coach a duas grandes caraterísti-cas, ética e perceção de que se está a lidar com seres humanos, o coaching nada tem de esotérico. Pelo contrário. “Trabalha-mos, acima de tudo, com base na razão e na parte comportamental”, garantiu. Para Henrique Ribeiro, Diretor de Marketing, “o desconhecimento leva a que as pessoas não percebam o que é o coaching e o que se pretende aqui trabalhar”.

ação e obJeTIVoS

São as duas palavras que resumem o coa-ching. Ser coach é quase como ser como o Mourinho. “Ele pega numa equipa, conse-gue motivá-la e ver o talento de cada um, colocando-o exatamente onde tem de estar. Antes de começarmos a trabalhar o desempenho das pessoas, temos que en-tender por que é que elas querem aquele desempenho. Apenas com base no equi-líbrio emocional, vamos exigir a alguém que seja produtivo e rentável no contexto empresarial”, disse Elisabete Coutinho.

o empreendedorismo está-lhe no sangue. Ser coach também. Juntando estas duas caraterísticas, elisabete Melo Coutinho criou a empresa Koser International, um projeto que coloca no centro de toda a atividade dois grandes pilares: ética e pessoas. apresentando-se como uma consultora de negócios internacionais, a Koser “vai onde quiser levar o seu negócio”.

“Sou coach por vocação”

O momento em que um empresário come-ça a perceber que existem aspetos no seio da sua empresa que têm de ser calibrados, do ponto de vista humano, é, talvez, a ala-vanca para procurar o know how de um coach. É a velha máxima: “podemos fazer mais e melhor, mas como?” A participação neste processo deve ser sempre de forma voluntária, mas, de um modo geral, “as pessoas são recetivas ao coach porque veem ali alguém que não as vai julgar”, partilhou. Trata-se exatamente disso. Sem interferir no processo de decisão, o coach orienta e ajuda o cliente a perceber qual o melhor rumo a seguir.

aPoIo à InTeRnaCIonaLIzaçãoDe benS e SeRVIçoS

Há muito que a internacionalização dei-xou de ser uma opção, sendo cada vez mais uma necessidade. A Koser conhece essa realidade e ajuda os seus parceiros

no momento em que decidem “entrar no barco”. Contudo, abraçar este desafio acar-reta uma série de implicações que devem ser previamente estudadas e é necessário ter respostas imediatas para questões como: “Para onde? Porquê? O que vamos lá vender? Como?” Assim sendo, a Koser acompanha todo o processo, ajudando a definir o target, fazendo a prospeção do mercado e trabalhando, por fim, a compo-nente do marketing internacional. “Tudo isto é importante para que o cliente não esteja a investir valores sem qualquer tipo de proveito”, asseverou Henrique Ribeiro. A par disso, o processo de internacionali-zação implica um forte suporte linguístico. Mais do que limitar-se a traduzir conteú-dos, a Koser adapta-os à realidade do mer-cado em que está inserido. Para o início do próximo ano estão já re-servados grandes desafios para a Koser. A 12 de janeiro, está prevista a inauguração das novas instalações e a apresentação de uma escola de líderes, que está a ser de-senvolvido em parceria com a EFIC (Escola de Formação Integral de Coaching), onde se formou Elisabete Coutinho, situada em Espanha, e pela mão daquele que ainda hoje considera o seu mentor e maior refe-rência profissional, o coach Pedro Marcos. Com seriedade e rigor, esta instituição esti-mula a ética que se exige a estes profissio-nais, uma filosofia desde sempre adotada pela Koser International.

ELISABETE MELO COUTINhO E hENRIqUE RIBEIRO, DIRETORA ExECUTIVA E DIRETOR DE MARkETING DA kOSER INTERNATIONAL

Pontos de Vista dezembro 2012 49EdUcAÇÃO E FOrMAÇÃO

“A Cultura do Rolex”“O coaching surge nos anos 70 no momento em que a forma como se entendia o trabalho sofreu uma grande revolução. Desenvolveu-se uma cultura empresarial na qual a parte humana do indivíduo era deixada da porta para fora. O indivíduo era como um átomo a trabalhar para aquele grande sistema. Desenvolveu-se uma cultura da imagem, aqui-lo a que habitualmente se chama de Cultura do Rolex. Quem ocupava cargos de liderança comportava-se de uma forma estandardizada que impedia que houvesse demasiada proximidade com as pessoas que ocu-pavam postos subalternos para que o poder continuasse nas mãos de quem era pago para o exercer. Defendia-se a desumanização do líder que não podia demonstrar qualquer fraqueza emocional, sendo impla-cável nas suas decisões. Isto gerou uma fricção entre as classes. no mo-mento em que surge esta tensão económica, no final da década de 90, os líderes precisaram cada vez mais do apoio da parte produtiva e estru-tural da sua empresa, não só ao nível da produção mas, acima de tudo, do apoio para manter a instituição de pé”. – Elisabete Melo Coutinho, que defende uma cultura empresarial com valores claros e orientada para a prosperidade individual e coletiva dos que a formam.

“Existem muitos talentos escondidos dos quais os

executivos não se estão a dar conta porque, de facto, estão

pressionados com os resultados e os números”

Elisabete Melo Coutinho e Henrique Ribeiro

Page 50: Revista Pontos de Vista Edição 22

“Estou seguro de que um aluno que vem a esta escola procura, sobre-tudo, uma boa forma-

ção em artes visuais e audiovisuais”. As palavras são de Alberto Martins Teixeira, Diretor da Escola Secundá-ria Artística Soares dos Reis, no Por-to. Com cerca de 900 alunos, são mui-tos os fatores que influenciam um jovem “com habilidades artísticas” a frequentar a Soares dos Reis. Se, por um lado, um familiar já passou por lá e carrega consigo boas recorda-ções, por outro lado, o papel dos profes-sores é também fundamental uma vez que, mesmo estando a lecionar noutra escola, conseguem detetar o potencial desses alunos e dão a conhecer a insti-tuição que homenageia o escultor por-tuguês António Soares dos Reis. No mo-mento de dizer “adeus” à escola que os ajudou a crescer enquanto profissionais, a saudade impera. “Depois de formados, muitos aparecem como professores para dar aulas ou como convidados para palestras de modo a falarem sobre os

seus percursos, que passam, em muitos casos, pelo estrangeiro, sobretudo pelo Reino Unido”, esclareceu o diretor. Vocacionada para o ensino e a prática das artes visuais, a Soares dos Reis oferece, atualmente, quatro cursos artísticos es-pecializados, exclusivamente direciona-dos para o nível de estudos secundários. Funcionam em dupla valência: prosse-guimento de estudos em cursos de espe-cialização tecnológica ou de ensino supe-rior e a inserção no mercado de trabalho. “Grande parte dos nossos alunos prefere

Foi em 1884 que a escola Secundária artística Soares dos Reis, outrora escola de Desenho Industrial de Faria de Guimarães do bonfim, começou um percurso que tem ajudado a formar artistas, aquém e além fronteiras. um pouco pelo mundo, é daqui que saem nomes que vingam no panorama artístico nacional e internacional, dos quais alberto Martins Teixeira, Diretor da escola, fala com orgulho. “Muitos voltam depois para matar sauda-des”, partilhou.

Há 128 anos a formar artistas

continuar a formação e aprofundar os seus conhecimentos. Hoje, o mercado é muito competitivo e sabemos que aquilo que a Soares dos Reis ensina é necessá-rio mas não é suficiente. Daí que o aluno procure mais e hoje tem ao seu dispor vários cursos especializados, alguns até com o mesmo nome dos nossos e é uma forma de continuarem o que começaram aqui”, garantiu Alberto Martins Teixeira. Da parte da Soares dos Reis, há a preo-cupação de incentivar os seus alunos a não colocarem um ponto final nas suas

formações. Para tal, a escola convida, oca-sionalmente, algumas instituições para lá deixarem o seu “cartão de visita”.

FoRMação eM ConTexToDe TRabaLho

Não se tratando de um estágio na ple-nitude, a Formação em Contexto de Trabalho (FCT) coloca o aluno numa si-mulação do ambiente laboral. Devido à pesada carga horária, uma vez que o alu-no continua a ter outras disciplinas em paralelo, a FCT realiza-se nas oficinas da escola. Mesmo assim, há ainda casos de alunos que são recebidos por empresas com total disponibilidade para ensinar. É um número ainda um pouco reduzido uma vez que “as empresas, hoje em dia, não estão muito recetivas porque enca-ram isto como uma sobrecarga e há vá-rias questões burocráticas no meio”, ex-plicou o diretor. Apesar de tudo, mesmo as que inicialmente se mostram reticen-tes, no final do processo acabam por fi-car bastante satisfeitas, colhendo bene-fícios que, para Alberto Martins Teixeira, acabam por se manifestar a longo prazo, com o retorno desses alunos, mais tar-de, para ocuparem um lugar efetivo na empresa.

“MaIS eSCoLaS,MaIS DeSCenTRaLIzaDaS”

“Entrar em escolas estrangeiras consi-deradas de renome não tem sido difícil para um aluno da Soares dos Reis por-que a formação que leva daqui permite--lhe estar ao mesmo nível ou até a um nível superior comparativamente com outros alunos de outros países”, afiançou Alberto Martins Teixeira. No domínio das artes, o ensino em Portugal que, se-gundo o diretor “melhorou significativa-mente nos últimos anos”, não é, de modo

ALBERTO MARTINS TEIxEIRA, DIRETOR DA ESCOLA SECUNDÁRIA ARTíSTICA SOARES DOS REIS EM DESTAqUEEdUcAÇÃO E FOrMAÇÃO

Revista Pontos de Vista – Em tempos económicos conturbados, o que é estar à frente e uma escola artística?Alberto Martins Teixeira – Sentimos, sobretudo, os cortes orçamentais. Temos um edifício novo desde 2008 que não foi construído de raiz uma vez que aqui era a Escola Oliveira Martins. Temos gastos energéticos superiores, mas não tivemos qualquer aumento no orçamento. Essas restrições são sempre aflitivas porque, além das contas normais, te-mos ainda os gastos com os nossos cursos. Tentamos usar materiais mais baratos, preservamos ao máximo os nossos equipamentos e faze-mos com que o aluno pague sempre o menos possível.

Alberto Martins Teixeira

“Todos os anos as escolas têm a tarefa de contratar

cerca de 30 professores entre mais de cem que se

candidatam e somos obri-gados a entrevistar todos.

Se isto não for travado, para o ano corremos o

risco de não iniciar o ano letivo a tempo e horas”

Grande parte dos nossos alunos prefere conti-nuar a formação e aprofundar os seus conheci-mentos. Hoje, o mercado é muito competitivo e sabemos que aquilo que a Soares dos Reis en-sina é necessário mas não é suficiente. Daí que o aluno procure mais e hoje tem ao seu dispor vários cursos especializados, alguns até com o mesmo nome dos nossos e é uma forma de con-tinuarem o que começaram aqui

““

Page 51: Revista Pontos de Vista Edição 22

Pontos de Vista dezembro 2012 51

algum, inferior ao que se pratica no es-trangeiro. Todavia, e uma vez que exis-tem apenas duas escolas especializadas de ensino artístico a nível nacional (So-ares dos Reis e a Escola Artística Antó-nio Arroio, em Lisboa), Alberto Martins Teixeira alertou para a urgência de res-ponder a outras necessidades. “De forma a dar resposta aos interesses de alunos de todo o país, era necessário existirem mais escolas de ensino especializado ar-tístico. Tínhamos na nossa escola alunos de todo o Norte do país e, neste momen-to, por limitações económicas das famí-lias, estamos mais restritos ao Grande Porto. Era importante termos escolas mais próximas e mais descentralizadas que pudessem absorver todos os alunos que quisessem este tipo de formação”, partilhou. Uma em Coimbra, outra em Braga poderia ser o ideal.

aCeSSo ao enSInoSuPeRIoR DIFICuLTaDo

Até ao momento, os alunos das escolas especializadas artísticas podiam candi-datar-se ao ensino superior com as no-tas da Formação em Contexto de Traba-lho e da Prova de Aptidão Artística. Mas, as regras mudaram. Agora, essa média deixa de ser valorizada. A par disso, se

antes os alunos só precisavam de reali-zar os exames que funcionavam como prova de ingresso, agora são obrigados a realizar os exames de Português e de Filosofia. Para Alberto Martins Teixeira, “se um aluno que pensa prosseguir estu-dos e sabe que a FCT e a PAA não contam para a média de acesso, vão fazer o mí-nimo possível”. Além disso, esta medida vem empo-brecer o ensino especializado artístico porque a “FCT e a PAA fazem parte das caraterísticas intrínsecas deste ensino. Se tirarmos, passa a ser um ensino regu-lar”, justificou. Quanto à obrigatoriedade de realização dos exames às duas disci-plinas, para o diretor da Soares dos Reis estão a mudar as regras a meio do jogo uma vez que há alunos que já concluí-ram a disciplina de filosofia no 11º ano e são agora obrigados a fazer exame sem se terem preparado para tal. “Se querem manter os exames, pelo menos tirem a filosofia. Quanto ao exame de português, ainda podemos fazer alguma coisa e já estamos a preparar os nossos alunos”, garantiu.

ConTRaTação De PRoFeSSoReS

Outra das lutas desta escola e de outras com o Ministério da Educação está rela-

cionada com o processo de contratação de professores. “Quando se vai ensinar cerâmica ou vídeo, não vamos buscar os nossos professores a grupos de re-crutamento, como o fazemos com os de português ou inglês. As escolas contra-tam diretamente os chamados profes-sores de técnicas especiais”, explicou. Este tipo de contratação tem causado algumas dores de cabeça aos responsá-veis das instituições. “Todos os anos as

escolas têm a tarefa de contratar cerca de 30 professores entre mais de cem que se candidatam e somos obrigados a entrevistar todos. Se isto não for trava-do, para o ano corremos o risco de não iniciar o ano letivo a tempo e horas”, de-fendeu Alberto Martins Teixeira. Para o diretor, era importante manter, por mais do que um ano, alguns destes professo-res, fundamentais para a Escola Artísti-ca Soares dos Reis.

Cursos Artísticos EspecializadosComunicação Audiovisual – dota os alunos de competências técnico--artísticas no âmbito da leitura, manipulação e produção de imagens e sons, a partir de dispositivos de tecnologia audiovisual.Design de Comunicação – dota os alunos de competências técnico-artís-ticas no âmbito da conceção e maquetização de objetos gráficos bidi-mensionais e tridimensionais, através de meios eletrónicos e manuais, associados à conceção, tratamento e difusão de informação em suportes digitais.Design de produto - dota os alunos de competências técnico-artísticas no âmbito da leitura, interpretação e conceção de projetos bidimensionais e tridimensionais, com base no conhecimento de materiais, de processos de execução, de práticas de construção e de montagem de objetos.produção Artística - dota os alunos de competências técnico-artísticas no âmbito da conceção, experimentação e realização de projetos ou ob-jetos artísticos diversificados com base no conhecimento de materiais, de processos de execução e de práticas de construção bidimensionais e tridimensionais.

Page 52: Revista Pontos de Vista Edição 22

OPINIÃO

O consumo é o maior fenóme-no económico e civilizacio-nal do mundo e sejam quais forem as direções em que

irão evoluir as sociedades dos quatro cantos da terra, a marca comum a to-das será o consumo.Cada vez mais sofisticado e alargado nas suas formas e tipologias, cada vez mais influenciador dos próprios comporta-mentos humanos, o fenómeno do consu-mo é universal e transversal a todos os estratos populacionais e etários, sejam quais forem as suas geografias, níveis de desenvolvimento, religiões, dimensões politicas ou económicas.As relações entre produtores e distri-buidores foram desde sempre objeto de conflitos de interesse e de poder. Contudo, nos últimos anos, por força do crescente aumento da dimensão critica e de quota de mercado das empresas de distribuição, estes conflitos têm vindo a assumir maior importância, traduzidos numa dialética de confronto negocial cada vez mais crispado e de acusações recíprocas entre os interessados.Não é aceitável que, nas atuais circuns-tancias de crise e de dificuldades, pro-dutores e distribuidores continuem de costas voltadas uns para os outros, digladiando-se inutilmente na praça pública e em reuniões privadas, em vez de trabalharem em conjunto para acrescentar valor para os seus clientes comuns: os consumidores. É também incompreensível que os meios universitários continuem a dedi-car tão pouco do seu tempo ao estudo e ao ensino da temática do consumo, pou-co produzindo de conteúdos científicos

sobre um fenómeno transversal, omni-presente e que a todos, de forma cres-cente, mobiliza, provoca, atinge e cada vez mais envolve.De facto, áreas como, por exemplo, a sociologia, a psicologia, a antropologia e o direito do consumo ou mesmo, o consumo sustentável, têm sido menos-prezadas, senão mesmo ignoradas pelos meios académicos, pouco ou nada se in-vestigando nem produzindo em termos de estudos individuais ou coletivos de natureza científica.Torna-se pois indispensável e imperati-vo criar uma entidade neutra que esteja comprometida com todas as empresas e os consumidores, sem contudo, estar dependente de quaisquer interesses po-líticos, corporativos ou económicos.

Tudo é consumo e o consumo é tudo. Desde os mais remotos tempos da antiguidade até aos dias de hoje e desde o nascer do sol ao pôr de cada dia, os atos da humanidade foram e são marcados por atos de consumo.

Consumo: esse continente desconhecido

Uma organização que seja um espaço neutro e aberto à livre troca de opinião, ao debate construtivo e ao estudo dos fenómenos das relações comerciais e de consumo, celebradas entre consumido-res, profissionais e empresas da produ-ção, da distribuição e dos serviços.Que se constitua como um agregador de interesses e um comunicador por exce-lência, dirigindo-se aos seus associados, às empresas e aos mercados, nos quais procurará criar o necessário envolvi-mento para que todos se sintam parte integrante do projeto.Que seja percecionada como um sinó-nimo de inovação nos processos, nas metodologias, nos projetos, de modo a conseguir energizar a sociedade portu-guesa e levá-la a acreditar que tudo é possível e que o pensamento e a atitude positiva são imprescindíveis. Que se comprometa a defender e prati-car a partilha de informação, a integra-ção de todos os agentes económicos e o seu comprometimento nas ações desen-volvidas e nos resultados pretendidos.Que não só pretenda mas que consiga gerar o clima de confiança indispensá-vel para todos os players em presença possam trabalhar em conjunto de forma

verdadeira, emocionante e, sempre que possível divertida, para conseguir criar e antecipar soluções. Que aplique na sua praxis e em todas as suas atividades o conceito de custo/benefício, de modo a aproveitar da melhor maneira possível e sem desperdícios, os escassos recur-sos disponíveis que lhe sejam afetos ou colocados à sua disposição dada a sua natureza ser associativa, independente, de inscrição livre e sem fins lucrativos.Para responder a tudo isto um grupo de profissionais ligados ao consumo criou o Fórum do Consumo, organização que tem como assinatura a expressão En-gage to win; cuja Missão é Ser, em Por-tugal e no mundo, uma organização de referência, geradora de conhecimento, consensos e soluções para o mundo das empresas e dos consumidores; que pos-sui como Valores: o Diálogo, a Neutrali-dade, a Liberdade, o Conhecimento e a Sustentabilidade; e assume como obje-tivos: A análise e o debate, em conjunto, da temática do consumo, de forma séria, profunda, transparente e construtiva para fortalecer a relação entre empresas e consumidores.Será que você leitor, não se quer jun-tar a nós?

JOSé ANTóNIO ROUSSEAU, PRESIDENTE DO fóRUM DO CONSUMO - WWW.fORUMCONSUMO.COMFórUM dO cONSUMO

“Cada vez mais sofistica-do e alargado nas suas

formas e tipologias, cada vez mais influenciador dos próprios comportamentos

humanos, o fenómeno do consumo é universal e transversal a todos os

estratos populacionais e etários, sejam quais forem

as suas geografias, níveis de desenvolvimento, reli-

giões, dimensões politicas ou económicas”

“Que se constitua como um agregador de interesses e um comunicador por excelência, dirigindo-se aos seus associados, às empresas e aos mercados, nos quais procurará criar o necessário envolvimento para que todos se sintam parte integrante do projeto.Que seja percecionada como um sinónimo de inovação nos processos, nas metodologias, nos projetos, de modo a conseguir energizar a sociedade portuguesa e levá-la a acreditar que tudo é possível e que o pensamento e a atitude positiva são imprescindíveis”

“Que não só pretenda mas que consiga gerar o clima de confiança indispensável para todos os players em presença possam trabalhar em conjunto de forma verdadeira, emocionante e, sempre que possível divertida, para conseguir criar e antecipar soluções”

Page 53: Revista Pontos de Vista Edição 22

Pontos de Vista dezembro 2012 53

Page 54: Revista Pontos de Vista Edição 22

Estacionar o carro em cima do passeio ou atravessar fora das passadeiras, muitas vezes em locais cuja visibilidade é redu-

zida, são atitudes que praticamente todos já adotámos. A maior parte das vezes sem criar embaraço de força maior. Ouvir um automobilista bu-zinar ou “sentir o coração perto da boca”, como resultado de uma para-gem brusca do condutor que conse-gue controlar o carro de modo a não embater em nós, poderá ter sido efe-tivamente o resultado máximo desta atitude para a grande parte dos lei-tores. Mas nem sempre o resultado é tão insignificante. Atitudes como estas resultam frequentemente em atropelamentos e os atropelamentos resultam muitas vezes em feridos e mortes.Os números são assustadores e dão que pensar. De acordo com os dados da Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária, em Portugal, nos primeiros oito meses do ano, registaram-se cerca

de quatro mil atropelamentos, os quais culminaram em 74 vítimas mortais e mais de 390 feridos graves. Os atropela-mentos, desta forma, resultam na morte de uma pessoa a cada três dias no nosso país, o que corresponde a 20 por cento dos óbitos na estrada. De referir ainda, que a maior parte dos atropelamentos acontece nas principais cidades, com es-pecial incidência em Lisboa, e a maioria das vítimas tem mais de 65 anos.

“InVeRTe a TenDênCIa De Se FazeR PubLICIDaDe anáRquICa”

Criada há mais de 20 anos, a Ferbrás alia rentabilidade a responsabilidade social. Assim, através das baias de segurança que tem ao dispor dos vários municípios, ajuda não só a contornar estes números, reduzindo os atropelamentos nos meios urbanos, como também coloca ao alcan-ce dos serviços e comércio locais instru-mentos de publicidade ordenada.Em termos comerciais, José Ferreira, Di-retor da empresa, acredita que se trata

a maior parte dos atropelamentos ocorre nos centros das cidades, geralmente por indisciplina e incumprimento das normas rodoviárias de segu-rança. a Ferbrás, através dos equipamentos que disponibiliza, obriga automobilistas e peões a terem uma atitude mais prudente na estrada, o que origina uma diminuição do perigo de circulação nos centros urbanos. os equipamentos estão ao dispor dos vários municípios e com uma vantagem de relevo acrescido nos dias que correm: não requer qualquer tipo de custo na instalação e manutenção dos mesmos. Prevenir uma boa parte dos atropelamentos a custo zero está assim ao alcance dos autarcas locais!

prevenir atropelamentos a custo zero para os Municípios

“de uma vantagem para o município por-que inverte a tendência de se fazer publi-cidade anárquica. Se as pessoas têm um meio onde podem anunciar, com todas as facilidades e mais-valias resultantes da localização central, isso vai afastá-las da tentação de fazer a chamada publicidade pendurada nas árvores”.Através dos lucros provenientes da pu-blicidade, a empresa consegue oferecer os equipamentos às câmaras municipais interessadas e vai mais longe. Não se trata apenas de instalar os equipamen-tos, toda a manutenção é também gra-tuita e regular.“O mais importante no nosso trabalho não é a implementação mas a manuten-ção dos equipamentos. Se estes estive-rem muito tempo sem serem mantidos, as pessoas naturalmente ganham algu-ma aversão. É péssimo passar a mão num corrimão e ficar com a mão toda suja ou ver equipamentos nos centros urbanos com qualidade precária e de-gradados. Dessa forma, as pessoas não sentem afinidade com os equipamentos

e não é isso que nós queremos. A nossa preocupação é, ao mesmo tempo que debelamos acidentes em determinadas zonas, ver que as pessoas gostam dos nossos equipamentos e entendem o por-quê deles ali estarem, sem se sentirem aprisionadas por trás de grandes grade-amentos”, explica.

“quanDo aS PeSSoaS CuMPReM aS ReGRaS, FICaM MenoS

exPoSTaS ao RISCo”

Ainda que a vontade por parte dos au-tarcas em dotar as cidades destes equi-pamentos esteja, na generalidade dos casos, presente, José Ferreira crítica o facto de haver alguma lentidão na toma-da de decisão. “Mesmo tratando-se de um serviço sem qualquer tipo de custo e trabalho para os decisores, a grande dificuldade é muitas vezes chegar até aos mesmos para apresentar o projeto. Somos bloqueados antes de conseguir chegar até eles. Para além disso, somos constrangidos por aquilo que já vem

fERBRÁS EM DESTAqUESEgUrANÇA rOdOViÁriA

“De uma vantagem para o município por-que inverte a tendên-cia de se fazer publi-cidade anárquica. Se as pessoas têm um meio onde podem anunciar, com todas as facilidades e mais--valias resultantes da localização central, isso vai afastá-las da tentação de fazer a chamada publicida-de pendurada nas árvores”

Rui Ferreira e José Ferreira

Page 55: Revista Pontos de Vista Edição 22

Pontos de Vista dezembro 2012 55

sendo um vício na nossa administra-ção pública que é protelar e deixar para depois. O problema é que o tempo não para e os acidentes continuam a aconte-cer mas, muitas vezes, só quando acon-tece um acidente grave é que se chega à conclusão de que já deveria e poderia ter sido feito algo antes”.Antes de alocados os equipamentos é feita a prospeção e o levantamento das necessidades de segurança dos peões na localidade, para que estes contribuam da melhor forma para a fluidez e segu-rança do tráfego automóvel e pedestre. Através de um estudo prévio, são assim reconhecidos os sítios mais problemáti-cos, pelo historial de acidentes ou pelas características geográficas e condicio-nalismos do trânsito, de que são exem-plo o abuso excessivo de estacionamen-tos em cima do passeio ou a dimensão dos cruzamentos. “Tudo isto é analisado de acordo com a experiência que fo-mos adquirindo ao longo destes quase 25 anos. Outras vezes, são as próprias câmaras que solicitam a colocação de equipamentos em determinados locais

que hipoteticamente nem serão muito conflituosos mas o historial de sucessi-vos acidentes leva a essa necessidade”, refere o nosso entrevistado.Para o mesmo, nestes casos, o mais gra-tificante é, “conseguir colocar um fim a situações pontuais de acidente siste-mático. Temos uma situação em que no prazo de três meses tinham acontecido três acidentes no mesmo local, foi-nos solicitada a proteção e os acidentes não voltaram a ocorrer nessa zona. Não temos a veleidade de dizer que os aci-dentes vão acabar por nós lá estarmos, mas o facto é que o risco é minimizado porque quando as pessoas cumprem as regras, ficam menos expostas ao risco”, conclui.A trabalhar atualmente com 27 municí-pios, o que faz da Ferbrás líder em Por-tugal na aplicação e gestão de mobiliá-rio urbano de segurança e proteção de peões, o objetivo de José Ferreira não é ficar por aqui, mas conseguir chegar a cada vez mais municípios, principal-mente aos maiores, em que os riscos são também eles mais acentuados.

O mais importante no nosso trabalho não é a implementação mas a ma-nutenção dos equipamentos. Se estes estiverem muito tempo sem serem mantidos, as pessoas naturalmente ganham alguma aversão. É péssimo passar a mão num corrimão e ficar com a mão toda suja ou ver equipamen-tos nos centros urbanos com qualidade precária e degradados

Page 56: Revista Pontos de Vista Edição 22

OPINIÃO

De fato, a proposta do Gover-no não atende ao reforço da colaboração e da confiança entre os atores públicos e

privados da segurança para o que em muito poderiam e querem contribuir os diretores de segurança.Embora saudemos o esforço do Governo no reforço do controlo da SP que apre-sentava já, há algum tempo, alguns pro-blemas, penalizando as práticas inde-vidas, tentando criar mecanismos para retirar de cena quem não interessa e dignificando desta forma todo o setor, a forma como o tenta fazer está hipoteca-da à partida. Porque os recursos são fi-nitos e a atividade da segurança, porque é privada, é simultaneamente complexa e por isso difícil de fiscalizar, continuar a concentrar toda a regulação, controlo e fiscalização apenas na PSP vai revelar--se um erro.A lei que Portugal precisa, à semelhança do que se passa noutros países e que é já uma realidade de sucesso em Espa-nha, deve antes apostar numa maior obrigatoriedade de cooperação e de subsidiariedade na atuação da SP pe-rante a segurança pública e numa maior responsabilização da mesma através da criação de estruturas devidamente diri-gidas no âmbito das empresas de segu-rança, nas empresas com autoproteção e sobretudo nas grandes empresas com necessidades de segurança, porque são os departamentos destas empresas que, se tiverem essa capacidade, podem mo-nitorizar e avaliar o serviço de seguran-ça que contrataram e do qual deverão ser obrigados a denunciar as más práti-cas que constatem. Esta realidade, que gostaria de ver em Portugal, amplia, muito para além da proposta do Governo, a obrigatoriedade

da existência de departamentos de se-gurança, permanentes ou temporários, de dimensão variável, da responsabi-lidade de um diretor de segurança, a todas as empresas e instituições, públi-cas ou privadas, e em eventos, que pela sua natureza ou dimensão, aconselham a adoção de medidas preventivas para evitar ou atenuar consequências graves para pessoas e/ou bens que possam até constituir alarme social, nomeadamen-te, e para além das já previstas e das in-fraestruturas criticas, já comtempladas em legislação própria mas que continua por implementar, também os tribunais, os estabelecimentos prisionais, os hos-pitais, as minas, os hotéis, os museus e demais património histórico, grandes centros logísticos e de distribuição, os espaços comerciais e de lazer, a produ-ção e transporte de água, a rede e as infraestruturas de telecomunicações, os operadores de transporte terrestre (ro-doviário e ferroviário), os operadores de transporte marítimo e aéreo, os opera-dores de infraestruturas rodoviárias, as grandes infraestruturas e eventos des-

embora a segurança continue a ser uma função soberana do estado, a sua cada vez maior multiplicidade e complexidade, em simultâneo com a crescente contensão de recursos a que os estados se veem hoje confron-tados, leva a que ela não se conceba jamais sem a participação de outros atores. neste contexto, considero que a nova regulamentação apresentada pelo Governo para a segurança privada (SP) é pouco ambiciosa.

nova Regulamentação da Segurança privada: “A proposta do Governo é um pequeno passo no caminho que é preciso percorrer”

portivos, espetáculos ou congressos, os casinos e os estabelecimentos de diver-são noturna. Tragédias como o recente incêndio do Retail Park de Portimão di-ficilmente se repetiriam.A SP não se esgota jamais nas empresas de segurança mas passou a incluir as empresas com necessidades de segu-rança onde surgem os departamentos de segurança fruto de uma nova consci-ência e de um novo conceito que hoje se designa de “segurança corporativa”.É neste sentido que consideramos que o Diretor de Segurança pode, numa pers-petiva de complementaridade e sub-sidiariedade com as forças e serviços de segurança, desempenhar um papel ímpar de interlocutor entre a SP e a se-gurança pública com uma maior respon-sabilização na gestão e direção da segu-rança, capaz de facilitar e colaborar com a PSP na fiscalização através dos cargos que ocupa nas empresas de segurança, mas também, enquanto responsável pelos departamentos de segurança das empresas que contratam segurança, na escolha e na monitorização dos serviços

que contrata. Para tal, importa também uma maior exigência e responsabili-zação do Diretor de Segurança, defen-dendo a necessidade de uma associação pública profissional representativa dos Diretores de Segurança, que controle o exercício e o acesso à profissão de Dire-tor de Segurança, elabore as normas téc-nicas e deontológicas respetivas, bem como, exerça o poder disciplinar autó-nomo sobre os seus membros e promo-va igualmente a qualificação académica, técnica, profissional, ética e social dos diretores de segurança. Neste âmbito congratulamo-nos com o fato de vermos vertida, no documento do Governo, uma das nossas propostas, a exigência do grau de licenciatura para os Diretores de Segurança mas sem deixar ninguém para trás, dando um período transitório para equiparação àqueles que tenham pelo menos cinco anos de experiência.Estranho, no entanto, que se perca igual-mente esta oportunidade para criar as condições para aproveitar os imensos recursos que diariamente a SP dispõe no terreno e que podem ser potenciados a favor da segurança dos cidadãos se for operacionalizada a colaboração entre a SP e a segurança pública, através da criação de um Centro de Apoio Policial à SP, que, com um canal de comunicação dedicado e especializado, recolha, ana-lise e faça a gestão dos incidentes que lhe sejam relatados pelos elementos habilitados da SP e que possam ser rele-vantes para a prevenção, a manutenção e/ou o restabelecimento da segurança dos cidadãos, bem como os delitos de que tenham conhecimento durante o exercício da sua atividade. Simultanea-mente o Centro promoveria a realização de protocolos comuns de atuação em situações de emergência, prestaria in-formações, assessoria e apoio policial oportuno à SP. Lamento que episódios mais ou menos graves que fizerem outros países relevar a SP, como o atentado terrorista de 11 de março de 2004 em Madrid ou os de Oslo e Utøya, em 2011, na Noruega e as tragé-dias que entre nós se vão passando, e em que o argumento do “azar” já vai estando estafado, não tenham motivado o Gover-no a fazer o caminho necessário e se te-nha ficado por um pequeno passo.

LUDOVICO JARA fRANCO, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS DIRETORES DE SEGURANÇA DE PORTUGALNOVA LEi dA VidEOVigiLâNciA

E SEgUrANÇA PriVAdA

Neste âmbito congratulamo-nos com o fato de vermos ver-tida, no documento do governo, uma das nossas propos-tas, a exigência do grau de licenciatura para os Diretores de Segurança mas sem deixar ninguém para trás, dando um período transitório para equiparação àqueles que te-nham pelo menos cinco anos de experiência

Page 57: Revista Pontos de Vista Edição 22

Este calendário conta com a colaboração de 24 ilustres figuras nacio-nais que, em conjunto com Emília Rodrigues, Presidente da SOS He-patites, se juntam neste cocktail para deixar as suas mensagens de Esperança para 2013.

As vendas do calendário revertem para a SOS Hepatites, associação não gover-namental e sem fins lucrativos, que tem como principal objetivo a divulgação e a consciencialização da população em geral e dos profissionais da área da saúde para o problema das Hepatites Virais, os seus riscos, formas de contágio, trata-mento e prevenção.

a SoS hepatites realizou, no passado dia 12 de dezembro, pelas 18h30, o Cocktail de lançamento oficial do Calendário 2013 SoS hepatites, na ordem dos Médicos, av. almirante Gago Coutinho, 151, em Lisboa.

Calendário 2013 SOS Hepatites

SOS hEPATITESEVENTOS Pontos de Vista dezembro 2012 57

FOI ESTE O PROGRAMA18h30 - Receção dos convidados19h00 – Mensagem de Boas Vindas - Emília Rodrigues, presidente da Direção, SOS Hepatites portugal19h15 – Apresentação do Calendário 2013 SOS Hepatites19h30 – Apresentação do Hino SOS Hepatites19h40 – Mensagens para 2013: - Zé pedro & Emília Rodrigues - paula peixe & Rui Unas - David Barreira & Celina pereira - António Curado & Ana Rita Clara - Rui nabeiro & Cristina Valente - Fernando Ramalho & Elisabete Jacinto - Ricardo B. Leite & Mafalda Matos - Rui Tato Marinho & Karen Gaidão - Leopoldo Matos & Serenella Andrade - Alexandre Silva & Manuela Doroana - José Manuel Silva & Fernanda Freitas - Miguel Carneiro de Moura & Marina Caldas

Para mais informações e confirmação de presença, contacte:Ana Tomás | [email protected] | 939 853 438

Page 58: Revista Pontos de Vista Edição 22
Page 59: Revista Pontos de Vista Edição 22
Page 60: Revista Pontos de Vista Edição 22