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DIA NACIONAL DO CANCRO DIGESTIVO: ENTREVISTA A MARGARIDA DAMASCENO IEFP E O EMPREGO EM PORTUGAL CLINIDOR – CONSUTóRIOS MéDICOS LIDERANçA NO FEMININO Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público a nível nacional e não pode ser vendido separadamente AGOSTO 2015 / EDIÇÃO Nº 48 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros de Vista Pontos “QUEM VISITA FIGUEIRA DE CASTELO RODRIGO SAIRá COM UMA IMPRESSãO POSITIVA DA REGIãO E DAS SUAS GENTES QUE FAZEM UM ESFORçO ENORME PARA QUE AS PESSOAS SE SINTAM EM CASA” PAULO LANGROUVA, PRESIDENTE DA CâMARA MUNICIPAL DE FIGUEIRA DE CASTELO RODRIGO CIRURGIA REFRATIVA OPHTEC MARCA A DIFERENÇA

Revista Pontos de Vista Edição 48

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Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras edições, lda.suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público a nível nacionale não pode ser vendido separadamente

agosto 2015 / ediÇÃo nº 48 - Periodicidade mensalvenda por assinatura - 4 euros

de VistaPontos

“Quem visita Figueira de Castelo rodrigo sairá Com uma imPressão Positiva da região e das suas gentes Que Fazem um esForço enorme Para Que as Pessoas se sintam em Casa”

Paulo langrouva, Presidente da Câmara muniCiPal de Figueira de Castelo rodrigo

CIRURGIA

REFRATIVA

OPHTEC MARCA

A DIFERENÇA

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FiCHa tÉCniCa

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proi-bida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autoriza-ção do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anun-ciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico.

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DIRETOR: Jorge AntunesDIR. INFORMAÇÃO: Ricardo AndradePRODUÇÃO DE CONTEÚDOS:Andreia Azevedo | Sara Soares | Rita DuarteColaboração especial: Sandra Arouca

GESTÃO DE COMUNICAÇÃO:João Soares | Nuno Alves | José MoreiraMiguel Beirão | Nelson Luiz | Pedro Paninho

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em destaQue Índice de TeMAS

12 EIMIGRANTEPara emigrantes, imigrantes e viajantes, há uma solução que responde a todas as necessidades. Chama-se Ei! e é o primeiro serviço profissional de assessoria aos e(i)migrantes. Gilda Pereira, Inês Salvo e a restante equipa irão ajuda-lo a resolver uma multiplicidade de assuntos de natureza lúdica e burocrática

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18 ISQCom 50 anos de atividade, o ISQ, entidade privada que disponibiliza serviços de inspeção, ensaio, formação e consultoria técnica, tem apoiado os seus clientes na melhoria do seu desempenho e na diminuição do risco inerente às suas atividades

4 – Propriedade Industrial6 – Direito9 – Golden Visa em Destaque14 – Formar para Empregar19 – Cheque Formação20 – Educação de Valor22 – Gestão Agrícola24 – Quem é quem no Investimento Estrangeiro em Portugal26 – Gestão de Topo28 – Tema de Capa32 – Municípios Portugueses38 – Cirurgia Refrativa – Inovação42 – Dia Nacional do Cancro Digestivo44 – Saúde – Alzheimer45 – Transplantes Capilares – Inovação46 – Saúde – Tratamento da Dor48 – Saúde – Enfermeiros 51 – Eventos Nacionais54 – Liderança no Feminino

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II – A CARTA DE LEI DE 4 DE JUNHO DE 1883

1 = A primeira lei portuguesa sobre patentes foi o Decreto de 16 de janeiro de 1837, ao qual se seguiu outro, já mais elaborado, de 31 de dezembro de 1852.

No entanto, quando foi assinada a Convenção de Paris de 20 de março de 1883, Portugal ainda não tinha uma lei exigindo o re-gisto para a proteção de marcas, que era precariamente assegurada apenas pelo uso.

2 = Mas a aplicação dos direitos básicos conferidos pela Conven-ção de Paris – o princípio da assimilação e o direito de prioridade – exigia proteção nos países de origem, para depois poderem ser extensivos aos restantes países membros.

E foi, certamente, a necessidade de proteção das marcas pelo re-gisto que levou à publicação da Carta de Lei de 4 de junho de 1883, apenas com 35 artigos, mas que tinha as disposições funda-mentais para a sua finalidade.

Para o nosso trabalho interessam especialmente o artigo 4º, o arti-go 6º e o artigo 14º, que vamos examinar seguidamente.

3 = O artigo 4º da Carta de Lei de 4 de junho de 1883 definia a marca com certo rigor, dando uma noção bastante precisa da sua função :

Artigo 4º : Consideram-se marcas de fabrica ou de commercio todos os signaes que servirem para distinguir os productos de uma industria ou os objetos de um commercio; e, como taes, se poderão adotar quaesquer denominações ou designações especiaes, cunhos, emblemas, sellos, sinetes, tarjas, desenhos, relevos, letras, divisas, e pela sua forma distinctiva, as próprias assignaturas ou firmas sociaes.§ único. Não podem, todavia, considerar-se marcas de fabrica ou de commercio, simples palavras, letras ou algarismos escriptos sem forma distinctiva, e não se admitirão marcas que contenham palavras ou de-senhos ofensivos da moral e dos bons costumes.

As marcas, nessa altura, eram designadas “de fábrica ou de co-mércio” e só mais tarde passaram a ser “industriais ou comerciais”.

Mas o ponto fundamental a considerar é que as marcas eram de-finidas para

“distinguir os produtos de uma industria ou os objetos de um comércio”

que é, na verdade, a função essencial da marca.

4 = O artigo 6º, muito importante, instituía o registo como atribu-tivo do direito ao exclusivo da marca, que se limitava, naturalmen-te, às classes designadas:

“Para os efeitos d ’esta lei só será reconhecida a propriedade das marcas de fabrica ou de commercio, que tiverem sido devidamente depositadas e registadas.”

5 = Mas para o nosso estudo, é fundamental o artigo 14º, incluído

CONCEITO DE IMITAÇÃO DE MARCA REGISTADA

nas “disposições penais” – que nos dava uma definição bastante correta do conceito de imitação de marca registada: Artigo 14º. - Incorrem na pena de prisão de quinze dias a três mezes, e na multa de 5$000 a 50$000 réis, ou só nesta ultima pena: 1º - Os que imitarem marca de fabrica ou de commercio, por forma que possa iludir o comprador; 2º - Os que fraudulentamente se servirem de marca que, imitando ou-tra se possa com ella confundir;3º - Os que de má fé venderem ou pozerem a venda objetos marcados nas condições dos números antecedentes.§ único : Para que se dê a imitação, a que se refere este artigo, não é necessário que seja completa a similhança entre as duas marcas; basta que a marca da imitação contenha indicações tendentes a enganar o comprador sobre a natureza ou proveniência dos objetos.

Portanto, o nº 1 deste artigo começava por determinar a pena de prisão ou multa, para

“os que imitarem marca de fabrica ou de commercio, de forma que possa iludir o comprador”

e o § único dava um conceito de imitação melhor do que o atual.

Além disso, considerava que a imitação da marca não se limitava à sua reprodução, mas podia, também, ser apenas parcial:

“não é necessário que seja completa a similhança”

sendo suficiente que

“contenha indicações tendentes a enganar o comprador sobre a natureza ou proveniência dos objetos.”Convém recordar que, nessa altura, ainda não havia marcas de ser-viços.

6 = É interessante notar que para facilitar a transição da proteção da marca do uso para o registo, o artigo 6º tinha dois parágrafos nesse sentido:

§ 1º O que primeiro tiver usado de uma determinada marca de fabrica

PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial

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ou de commercio, embora a não haja depositado e registado, poderá to-davia reclamar contra o deposito e registo que, em nome de outrem, se pretenda fazer, ou se haja feito, de marca idêntica ou que com aquella se possa confundir.

§ 2º Nenhuma reclamação poderá ser admitida quando tiverem de-corrido mais de seis mezes a contar da data do deposito e registo que se houver feito, ou quando o reclamante houver usado da sua marca por mais de seis mezes, sem, durante esse tempo, haver requerido o respetivo deposito e registo.

7 = O prazo de 6 meses, conferindo prioridade à marca usada em relação a um pedido de registo anterior de marca confundível, foi respeitado em todos os Códigos da Propriedade Industrial poste-riores e ainda hoje se mantém. No Código atual, de 2008, é o artigo 227º, que trata da “Marca Livre”:

Artigo 227º 1 -Aquele que usar marca livre ou não registada por prazo não superior a seis meses tem, durante esse prazo, direito de prioridade para efetuar o registo, podendo reclamar contra o que for requerido por outrem.

2 -A veracidade dos documentos oferecidos para prova deste direito de prioridade é apreciada livremente, salvo se se tratar de documentos au-tênticos. 8 = Na Carta de Lei de 4 de junho de 1883, a definição de marca, no artigo 4º, está bastante correta, o mesmo sucedendo com o já referido artigo 6º e seus parágrafos 1º e 2º.

Em todo o caso, o conceito de imitação (artigo 14º, § único) merece

uma referência especial, pois estabelecia princípios extremamente importantes:

a) Para haver imitação não é necessária semelhança completa entre as marcas;

b) Bastando a marca da imitação conter indicações tendentes a enganar o comprador sobre a natureza ou proveniência dos ob-jetos.

Quer dizer: deixava ao Examinador ou ao Juiz a liberdade de con-siderar se a marca imitadora podia enganar o consumidor, toman-do-a pela marca genuína cujos produtos pretendia adquirir.

9 = A Carta de Lei de 1883 não previa a necessidade de renovar os registos, pelo que estes tinham duração ilimitada.

O artigo 7º dessa Carta de Lei estabelecia que

“Os depósitos e registos das marcas de fabrica e de commercio deverão effectuar-se na respetiva repartição do ministério das obras publicas, commercio e industria, a requerimento dos interessados.”

E o § 2º do mesmo artigo esclarecia que os termos dos depósitos e registos seriam lavrados em livros especiais e o § 3.º acrescentava que “Por esses termos, titulos e certidões satisfarão os interessados os emolumentos que nas respetivas tabellas se designarem e um di-reito fixo de 1$000 réis por deposito e registo.”

Este sistema de não haver renovação dos registos originou o de-signado “Regimen Perpétuo”, que terminou com a entrada em vi-gor da Carta de Lei de 21 de maio de 1896.

Em todo o caso, os registos já concedidos mantiveram-se válidos quasi até aos nossos dias, ou seja, até entrar em vigor o Decreto--Lei nº 36/2003, de 5 de março, cujo nº 12, relativamente às mar-cas registadas dispõe o seguinte:

“Às marcas registadas sem termo de vigência, ao abrigo da Carta de Lei de 4 de junho de 1883 sobre marcas de fábrica ou de comércio, são apli-cáveis as disposições deste Código, contando-se o prazo para as futuras renovações a partir da entrada em vigor deste.”

Tanto quanto sei nenhum destes registos foi renovado, pelo que, finalmente, caíram no domínio público.

Aliás, creio que o próprio INPI já não tinha, sequer, uma relação dos registos do regímen perpétuo que foram efetuados, como foi já referido, entre 4 de junho de 1883 e 21 de maio de 1896.

“Em todo o caso, o conceito de imitação (artigo 14º, § único) merece uma referência especial, pois estabelecia princípios extremamente importantes: a) Para haver imitação não é necessária semelhança completa entre as marcas; b) Bastando a marca da imitação conter indicações tendentes a enganar o comprador sobre a natureza ou proveniência dos objetos”

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O CHUMBO DO ENRIQUECIMENTO INJUSTIFICADO Pelo triBunal ConstituCional

em 29 de maio de 2015, a assembleia da república aprovou o regime que institui o crime de enriquecimento injustificado, por via do decreto n.º 369/Xii.

a oPiniÃo de Catarina Vaz Gomes, Advogada na Sociedade Gameiro e Associados

S ucede que o diploma, que previa duas normas, suscitou dúvidas ao Presidente da República, que, consequentemente, apre-sentou junto do Tribunal Constitucional

o pedido de fiscalização de constitucionalidade das normas em questão, constantes do n.º 1 do seu art. 1.º, na parte em que aditava o art. 335.º-A ao Código Penal, e do seu art. 2.º, na parte em que aditava o art. 27.º-A à Lei n.º 34/87 de 16.07, que aprova o regime dos crimes de respon-sabilidade dos titulares e cargos políticos.O pedido de fiscalização de constitucionalidade teve na sua base os seguintes fundamentos.Por um lado, não estaria em causa matéria nova no ordenamento jurídico português, sendo que já durante a presente legislatura o Parlamento havia aprovado o regime do então designado “enrique-cimento ilícito”, através do Decreto n.º 37/XII, o qual havia sido objeto de fiscalização preventiva da constitucionalidade, tendo o Tribunal Consti-tucional decidido pela inconstitucionalidade das suas normas, no Acórdão n.º 179/2012, com fun-damento na indefinição do bem jurídico protegi-

do, na indeterminação da ação ou omissão con-cretamente proibida e na violação do princípio da presunção de inocência.Apresentando a sua concordância com os funda-mentos invocados no Acórdão, acrescentou que, por outro lado, o diploma violaria o princípio da proporcionalidade, na vertente da necessidade, porquanto no Direito Penal estão em risco va-lores máximos da ordem jurídica num Estado de Direito, como a liberdade, não podendo, por esse motivo, subsistir a dúvida sobre a incriminação de condutas.Com esta motivação, apresentou o Presidente da República o pedido de fiscalização preventiva da constitucionalidade do Decreto n.º 369/XII, por violação dos artigos 2.º, 18.º/2, 29.º e 32.º/2 da Constituição da República. Consequentemente, pronunciou-se o douto Tri-bunal, com a fundamentação seguinte.Em primeiro lugar, o Decreto n.º 37/XII já havia sido devolvido ao Parlamento, na sequência da pronúncia de inconstitucionalidade e retirava-se da leitura de “exposição de motivos” do proje-

to de lei n.º 798/XII que esteve na origem do Decreto n.º 369/XII que o legislador manteve a medida de política legislativa criminal análoga ao primeiro, não obstante determinadas diferenças que se expõem sumariamente, que não justifica-riam decisão diferente do Tribunal: o Decreto n.º 369/XII apenas prevê a introdução de dois tipos legais de crime, abandonando a incriminação au-tónoma do crime em questão quando praticado por funcionário; neste Decreto prevê-se o crime de enriquecimento injustificado e já não de enri-quecimento ilícito; foi eliminado o elemento re-ferente à ausência de origem lícita determinada; foi eliminada a expressão “se pena mais grave não lhe couber por força de outra disposição legal”; o conceito “bens legítimos” deu lugar ao conceito “bens declarados ou que devam ser declarados”; o legislador vem enunciar os bens jurídicos que visa proteger; já não se prevê que o Ministério Públi-co faça a prova de todos os elementos do crime de enriquecimento ilícito (agora injustificado).Também no entendimento do Tribunal, o princí-pio da necessidade da pena, sediado no art. 18.º/2

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da Constituição, é basilar, isto é, o bem jurídico protegido deverá relevar-se sempre digno de tu-tela penal e deverá revelar efetivamente carência de tutela penal, pelo que as sanções penais só serão constitucionalmente legítimas se visarem proteger bens jurídicos que se mostrem dignos de tutela penal.Igualmente ao abrigo do art. 3.º/1 da Constitui-ção, dever-se-á observar uma estrita analogia en-tre a ordem axiológica constitucional e a ordem legal dos bens jurídico-penais.Mais, toda a norma incriminatória na base da qual não seja suscetível de se divisar um bem ju-rídico-penal claramente definido, é nula, porque materialmente inconstitucional.Acresce que, o fim almejado pela criminalização – a preservação de um valor social – não poderá ser realizado por outro meio de política legislativa que não aquele que se traduz no recurso à inter-venção penal, porquanto o direito penal cumpre uma função de ultima ratio, devendo ser a inter-venção penal sempre subsidiária e fragmentária.De igual modo, o princípio da legalidade da pena, sob a veste de lex certa, previsto no art. 29.º/1 da Constituição, vincula igualmente o legislador no sentido de ter o dever de desenhar o novo tipo criminal de modo a tornar cognoscíveis para os cidadãos quais os factos voluntários que são me-recedores do juízo de desvalor jurídico-criminal.Acrescentou o Tribunal que, tanto o princípio da

necessidade da pena como o princípio da lega-lidade, integram valores nucleares do Estado de Direito na exata medida em que ambos expri-mem o valor da liberdade individual, pressupon-do ambos que, em casos de dúvida, prevaleça essa mesma liberdade: in dubio pro libertate.Defendeu ainda que o legislador não deve cons-truir as normas penais de tal modo que, através das suas formulações, possa o cometimento do crime presumir-se, ao que se opõe o princípio da presunção de inocência, previsto no art. 32.º/2 da Constituição.Em suma, num estado de Direito não poderão existir crimes e penas que não sejam previstos em lei que seja certa, bem como não se poderá presu-mir o cometimento do ilícito criminal, devolven-do-se a quem é desse cometimento acusado, todo o ónus da refutação da acusação, o que violaria o favorecimento da liberdade.Pelo exposto, decidiu-se o Tribunal, por una-nimidade, pela inconstitucionalidade das nor-mas constantes do diploma, por violação dos arts. 18.º/2, 29.º/1 e 32.º/2 da Constituição da República Portuguesa, por via do Acórdão n.º 377/2015 de 27 de julho de 2015.Atenta a decisão dos Juízes Conselheiros, é certo que o combate à corrupção ficará, de certo modo, prostrado, não obstante, conforme devidamente fundamentado pelo Tribunal, a ser aprovado, o diploma violaria a presunção de inocência cons-

titucionalmente consagrada, e fundamental no nosso Estado de Direito, por significar uma in-versão do ónus da prova relativamente à prática do ilícito criminal.Destarte, e dada a importância de criminalizar o enriquecimento injustificado, este deverá exis-tir para o conjunto da sociedade e, portanto, o comum dos cidadãos que tenha um acréscimo patrimonial injustificado deve ter o dever social de, perante os seus concidadãos, justificar esse acréscimo patrimonial, sendo que deverá haver um regime mais agravado para funcionários e ti-tulares de cargos políticos e altos cargos públicos, por estarem em causa dinheiros públicos, isto sem olvidarmos, reitera-se, o dever geral de transpa-rência que recaia sobre o conjunto da sociedade. Considerando ainda que na nossa sociedade te-mos vindo a conhecer atos de corrupção gravís-simos, tanto praticados por titulares de cargos públicos como no âmbito do setor privado, é jus-tificável que os atos praticados neste âmbito não deverão ficar impunes aquando da criminalização do enriquecimento injustificado.Assim, deverá o combate a esta forma de enri-quecimento prosseguir caminho com vista à im-plementação de um dever geral de transparência, que dissuada a prática dos mencionados crimes de corrupção, que tanto abalam a nossa sociedade como economia, mas sem nunca colocar em causa princípios basilares do estado de Direito.

“atenta a decisão dos Juízes conselheiros, é certo que o combate à corrupção ficará, de certo modo, prostrado, não obstante, conforme devidamente fundamentado pelo tribunal, a ser aprovado, o diploma violaria a presunção de inocência constitucionalmente consagrada, e fundamental no nosso estado de direito, por significar uma inversão do ónus da prova relativamente à prática do ilícito criminal”

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DIREITO

De acordo com o art. 1.º do supracitado normativo, o CPC é uma entidade ad-ministrativa independente, a funcionar junto do Tribunal de Contas, no do-

mínio da prevenção da corrupção e infrações conexas. De uma perspetiva legal, a crimina-lidade económica e financeira define-se como toda a forma de crime não violento que tem como consequência uma perda económica ou financeira, como por exemplo corrupção, tráfi-co de influências e branqueamento de capitais. A especificidade da investigação nestes crimes, contrariamente à generalidade dos restantes, é que não se parte da quase certeza da sua prática em busca do autor e das respetivas circunstân-cias, mas averigua-se a essência penal da con-duta. A temática destes crimes conduz-nos à problemática de existirem ordenamentos fiscais que isentam de tributação; falando-se por isso em Paraísos fiscais e Offshores, isto é zonas pri-vilegiadas para as quais são atraídos os investi-dores de países com uma (mais) elevada carga fiscal, onde predominam Offshores-sociedades que se localizam no exterior de um determinado país, sujeito a um regime legal diferente, consi-derando o que se aplica no país do domicílio dos seus associados. Importa salientar que pa-raísos fiscais permitem finalidades criminosas. Os paraísos fiscais sempre existiram, desde que as sociedades resolveram cobrar impostos, e a Ilha de Delos (Grécia, Séc. II,a.C), foi um dos primeiros conhecidos, dado que o comércio ali não pagava impostos. O Conselho da União Europeia criou o programa específico “Prevenir e combater a criminalidade”, no âmbito do Pro-grama Geral sobre a “Segurança e Proteção das Liberdades. Destaco que Portugal, desde a Lei--quadro da Política Criminal, aprovada pela Lei n.º 17/2006, de 23 de Maio tem definido objeti-vos, prioridades, orientações de política criminal, nunca tendo deixado de prever no leque dos cri-mes de investigação prioritária, os de branquea-mento de capitais (ora art.º 368- A do C.Penal) e os de fraude fiscal a que temos assistido. Mas, porque o homem é por natureza teimoso e sonhador, continuará sempre entusiasmado em mudar o quase impossível…

CRIMINALIDADE eConÓmiCo-FinanCeira

o crime da corrupção provoca consequências económicas e sociais nefastas, depauperando valores importantes como a democracia, cidadania, confiança e igualdade social. a relevância deste fenómeno tem sido debatida a nível global.

Portugal, também, não ficou indiferente, tentando adotar uma postura preventiva, que culminou na criação de um cPc, instituído pela Lei n.º 54/2008, de 4 de setembro.

a oPiniÃo de Maria da Glória Canada, Advogada

“os paraísos fiscais sempre existiram, desde que as sociedades resolveram cobrar impostos, e a ilha de delos (grécia, séc. ii,a.c), foi um dos primeiros conhecidos, dado que o comércio ali não pagava impostos”

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GOLDEN VISA – o momento atualas principais alterações contidas na Lei 63/2015, de 30 de Junho incidem sobre as definições de

“actividade de investimento” contidas no artº 3º da Lei nº 23/2007, de 4 de Julho.

OPINIÃO DE Natércia Rita de Mendonça, Sócia da Mendonça & Associados, Sociedade de Advogados, RL.

Assim, para além do que já esta-va estabelecido relativamente à concessão de autorização de residência em território na-

cional por um período mínimo de cin-co anos e que se mantém - i) transfe-rência de capitais no montante igual ou superior a 1 milhão de euros, ii) criação de pelo menos, 10 postos de trabalho e iii) aquisição de bens imóveis de valor igual ou superior a 500 mil euros -, foi aberto o investimento à ciência, às ar-tes, ao património cultural nacional, à reabilitação urbana e ainda em fundos de investimento e de risco, em condi-ções económicas que considero bastan-te vantajosas para o investidor.Por exemplo, os valores envolvidos no investimento em imóveis, que ante-riormente se limitavam à aquisição de um imóvel de valor igual ou superior a 500 mil euros, foram agora estendidos a novas vertentes, tais como as áreas de reabilitação urbana, com valores significativamente inferiores. Neste contexto, considera-se investimento a aquisição de imóveis com 30 anos de construção ou localizados em área de reabilitação urbana e realização de obras de reabilitação. Para estes casos é apenas necessário o investimento de montante global igual ou superior a 350 mil euros, o que reduz em € 150 mil euros a aquisição de um imóvel re-lativamente ao anterior regime.Entendemos que a introdução desta nova modalidade de reabilitação ur-bana traz significativas vantagens ao cenário urbano nacional, primordial-mente para a cidade de Lisboa e Por-to, onde o centro urbano se encontra desertificado, com imóveis degradados mas de grande valor arquitetónico, sendo agora relançado e revitalizado com evidentes vantagens para todos os intervenientes, nomeadamente para o sector da construção, peça vital de de-senvolvimento económico.No que ao investimento à ciência e a

actividades de investigação diz respei-to, veio este diploma introduzir como actividade de investimento para efei-tos de concessão de visto de residência, um investimento igual ou superior a 350 mil euros.O panorama nacional desde 2010 é de uma quebra genérica na investigação científica, seja por parte das empresas privadas e públicas, do Estado e das instituições do ensino superior. Portu-gal tem-se situado entre os países da EU15 com valor mais baixos investi-dos na investigação científica.Os cortes orçamentais têm-se man-tido nos últimos anos, pelo que esta possibilidade de investimento poderá reverter o ciclo, com inequívocas van-tagens no cenário científico nacional. Por outro lado, áreas como a produção artística e recuperação ou manutenção do património cultural nacional foram objecto alvo deste programa, através de transferência de capitais de valor igual ou superior a 250 mil euros. Este in-vestimento será efectuado através de serviços da administração central e pe-riférica, institutos públicos fundações públicas e privadas, e demais entidades qualificadas com o propósito de produ-ção artística, recuperação ou manuten-ção do património cultural nacional.Os benefícios para Portugal, do ponto de vista da ciência, cultura e preserva-ção do património nacional serão, sem dúvida, extremamente importantes, tendo em atenção a escassez de recur-sos disponíveis atribuídos a estas áreas, seja por parte do sector público, seja por atribuições privadas.A preservação do património histórico e cultural é a preservação da entidade de um povo. Do meu ponto de vista a atribuição de recursos financeiros para estas áreas é uma medida de extrema importância para Portugal e para as gerações vin-douras. Por fim, ainda foi introduzida a possibilidade de obtenção de visto por actividade de investimento, através da aquisição de unidades de partici-pação em fundos de investimentos ou de capital de risco, através de transfe-rência de capitais iguais ou superiores a 500 mil euros, os quais, por sua vez, se dedicam a capitalização e viabili-dade de pequenas e médias empresas nacionais.Foi ainda introduzida uma redução de investimento em 20%, nas modalida-des contidas nas sub alíneas ii) a vi)

da actividade de investimento, se as mesmas forem efetuadas em territó-rios de baixa intensidade, isto é, com menos de 100 habitantes por km2 ou PIB per capita inferior a 75% da mé-dia nacional. Desde a data da entrada em vigor dos chamados “vistos gold” que a moda-lidade mais escolhida para o investi-mento de candidatos foi a aquisição de bens imóveis, o qual, segundo os dados oficiais fornecidos até 30 Junho 2015, ascendiam a mais de € 1.300M.Contudo, denotou-se um decréscimo deste tipo de investimento e de soli-citações de visto no decurso do ano de 2015, pelo que as novas alternativas de investimento, com valores mais redu-zidos e diversificados, poderão contri-buir para o relançamento do programa, o qual terá repercussões económicas muito significativa no país.Em termos gerais, as alterações in-troduzidas pela Lei nº 63/2015, de

30 de Junho, visam actividades de investimentos mais abrangentes, com imputação directa de capitais e inves-timento em sectores da economia e de interesse nacional desfavorecidas e/ou carentes, o que se pode revelar de sig-nificativa importância para o País.A contrapartida para os investidores (cidadãos estrangeiros fora da EU) é a sua a entrada no País, e no espaço Sheguen, por um período mínimo de cinco anos, desde que se mantenham os requisitos de investimento enun-ciados no início deste artigo. A obri-gação de permanência em Portugal mantêm-se quase insignificante, pois os cidadãos estrangeiros abrangidos apenas terão de permanecer no país por sete dias no primeiro ano de con-cessão, e por 14 dias em cada dois anos seguintes, o que confere uma ampla liberdade de circulação, que se tem revelado ajustada e adequada ao perfil do investidor.

goLden visa em destaQue

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Para aqueles que pretendam vender um imóvel ou fazer um investimento, o que podem esperar da House & Home?Dedicação total até que todas as partes envolvidas estejam satisfeitas.

Defendem que a vossa localização oferece uma visão 360 do mercado imobiliário da Grande Lisboa. Esta foi uma decisão estratégica desde o início? Pretendem alargar a vossa área de atuação para outras zonas geográficas?Foi mais do que uma decisão estratégica. Foi condi-ção Sine qua non estar fisicamente no Monte Estoril. Estamos situados entre o Estoril e Cascais e a 20 mi-nutos da capital, o que nos dá uma visão privilegiada das movimentações e motivações do mercado de re-ferência em Portugal – Lisboa. De momento o Monte Estoril é a zona da costa do Estoril mais procurada para viver. É elegante e con-serva ainda o espírito de bairro, onde se privilegia o comércio de rua e o conceito de comunidade. Em simultâneo é montra de projetos de arquitetura mo-dernos e de referência, exemplos de excelentes inves-timentos imobiliários.De momento estamos focados apenas no mercado da Costa do Estoril e da cidade de Lisboa. No entanto temos clientes que nos confiam propriedades em ou-tras regiões, nomeadamente no Alentejo. Acabamos sempre por alargar a nossa área de intervenção, mas fisicamente, para já, estamos só no Monte Estoril.

Para uma empresa que “respira” Lisboa, no domínio do imobiliário, o que é que esta região tem para oferecer? Como atrativo ao investimento estrangeiro, a capital continua a ser vista como um polo cultural e financeiro? Lisboa continua a crescer em vários vetores enquanto cidade e região, e esses não são exceção. Não sou do tempo em que existia tão favorável conjuntura para se investir em Lisboa como a que existe hoje. Lisboa já passou o decisivo “teste” de ser apenas destino no-vidade – mesmo dentro do circuito europeu – para se afirmar como uma cidade para investir e viver em família e com segurança. Lisboa mantém-se mui-to apetecível para investimento imobiliário e com margem para crescer. O mais recente Marketbeat da Cushman & Wakefied regista e prevê crescimentos em todos os segmentos. Na componente cultural, Portugal tem uma oferta muito vasta, mas muito centralizada nas duas princi-pais cidades, Lisboa e Porto. Parece-me que a oferta da capital se destaca nesse sentido, e é alavancada bri-lhantemente pelo Turismo de Lisboa e AICEP nas estratégias de comunicação que desenha, e também por inserir nessa oferta o “pacote” Costa do Estoril.

Existem clientes com as mais diversas solicitações e a empresa tem procurado corresponder ao máximo

goLden visa em destaQue

com uma equipa sénior de consultores imobiliários, a House & Home assume-se como uma empresa de mediação e gestão imobiliária que disponibiliza todo o conforto em qualquer tipologia de transações imobiliárias. estar fisicamente no monte estoril

foi, desde o início, uma decisão estratégica para assim ter uma visão privilegiada das movimentações deste mercado. Foi com Pedro osório, sócio gerente, que a revista Pontos de vista ficou a conhecer melhor uma entidade que prima por ter um portefólio

diversificado que permite responder a diferentes solicitações.

“DA HOUSE & HOME pODEM SEMpRE esperar dedicação e resultados positivos”

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aos seus pedidos. De um modo geral, o que é que eles procuram?

A House & Home procura ter um portefólio diver-sificado de imóveis, o que nos dá possibilidade de contactar com várias tipologias de cliente. De um modo geral, os clientes que nos procuram pretendem investimentos inteligentes, bons negócios, seja para rentabilizar poupanças ou diversificar investimentos. Portugueses ou não, este é o denominador comum nas solicitações do nosso “cliente tipo”. O que nem sem-pre é fácil, quando o pulsar do mercado nos diz que a oferta está alinhada com a procura. Mas trabalhamos diariamente para encontrar e entregar bons negócios.

A crise no setor imobiliário possibilitou uma certa “limpeza” na mediação imobiliária. O que tornou possível a empresas como a House & Home permanecerem no mercado ainda mais fortes? Penso que a diversificação do negócio foi diferen-ciadora. Empresas que não tinham foco no arren-damento, férias ou longa duração, e na gestão de património por exemplo, tiveram mais dificuldades quando as vendas quebraram. Não estou certo do conceito de “limpeza” neste con-texto, mas se falamos sobre “limpar amadores” de um conjunto de profissionais, a “crise” não o possibilitou na totalidade. Sou inclusive da opinião que a atual conjuntura neste mercado, suscita interesse a muitos empreendedores – para utilizar uma definição que está na moda – que por vezes não se lembram que esta é uma atividade comercial que assenta numa relação muito próxima com o cliente - relação de aperto-de-mão e de abraços quando atingimos o ob-jetivo comum – e em que os níveis de confiança e idoneidade têm de estar no máximo.

Costumo fazer a analogia com a fotografia quando abordo este tema. Aparentemente todos têm ami-gos que são fotógrafos só porque compraram uma máquina topo de gama. O mesmo se passa no imo-biliário. Parece que todos estão aptos a aconselhar terceiros sobre investimentos imobiliários. E não é de todo assim. O pior é que os danos colaterais são muitos e talvez irreversíveis, pois esta tendência de existirem cada vez mais “freelancers” pode gerar uma especulação de mercado, fruto de um trabalho mal feito. E na verdade o mercado português nunca teve a etiqueta de especulado.

Muitos investidores estrangeiros aproveitaram as regalias dadas ao abrigo dos Golden Visa (Vistos Dourados) para apostar no mercado imobiliário nacional. Qual tem sido o impacto sentido no seio da House & Home?Na House & Home estamos atentos a este programa desde o primeiro dia. Adaptámos a nossa estrutura para essa vertente de negócio, nomeadamente na for-ma de comunicar na internet. Criámos um conjunto de parcerias em matéria de aconselhamento legal e fiscal, que permite ao nosso cliente usufruir de um processo de aquisição confortável, sendo permanen-temente esclarecido em todas as etapas.

No topo dos principais interessados estão os chineses mas também existem muitos brasileiros apostados em investir no país. Também sentem esta tendência? Na sua opinião, o que torna Portugal tão apelativo ao nível do investimento imobiliário? A Costa do Estoril é muito procurada por ambas as nacionalidades, mas também por clientes de na-cionalidade russa e sul-africana. No topo dos nossos

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clientes estão os brasileiros. Maioritariamente, e sem prejuízo do foco no retorno do investimento, são movidos por questões de segurança e bem-estar. A língua não é barreira e a porta da Europa fica aberta. Os chineses também se focam na “cidadania euro-peia” mas procuram mais o retorno do investimento e exigem rentabilidades mínimas. Sem dúvida que o acesso ao Espaço Schengen é dife-renciador para esta tipologia de investidores, mas sou da opinião que Portugal é apelativo para investimen-to imobiliário porque além de gerar retorno acima da média, é cosmopolita q.b. mas mantém-se fiel às suas tradições. Portugal está a poucas horas de voo de qualquer cidade europeia e do Norte de África, e tem para oferecer - até porque sabe receber - cidades se-guras, clima, saúde, educação, onda, tempero próprio. A capital é trendy. O Algarve continua a afirmar-se. O Douro, a Madeira e o Alentejo continuam na rota de um público muito específico e muito interessante.

Esta vaga de investimento que se faz sentir está mais relacionada com uma segunda residência ou com um investimento de grande amplitude? Penso que ambos e em proporção semelhante. Até porque não podemos dissociar dessa vaga de inves-timento, outro programa em vigor: o dos benefícios fiscais para residentes não habituais. Esse programa possibilita adicionalmente que Portugal também esteja no radar de clientes com forte capacidade de investimento, na sua maioria suíços, franceses e es-candinavos.

Não tenho cor política, mas ambos os programas, vulgo Golden Visa e benefícios fiscais, foram geniais na sua criação e sem dúvida são catalisadores para a nossa economia.

Na sua opinião, o modelo de atribuição dos Golden Visa deveria ser melhorado ou reformulado? A par disso, e com o intuito de estimular o investimento estrangeiro em Portugal em concreto ao nível do imobiliário, que outras medidas têm de ser adotadas? Reduzir a burocracia e agilizar processos deveriam ser os primeiros passos?O ideal será conseguir reduzir a burocracia, agi-lizando processos, mas manter firme a análise do detalhe. Creio que não será fácil. A pressa é inimi-ga da perfeição, e nesta matéria não devemos ter qualquer pressa. Afinal “estamos a abrir a porta da nossa casa e a apresentar os nossos vizinhos a des-conhecidos”. O melhor estímulo para qualquer investidor é existir uma ambiência harmoniosa em todas as etapas do negócio, e no imobiliário não é exceção. É funda-mental afastar desta equação cargas negativas que palavras como “corrupção” ou “branqueamento de capitais” têm.

“não tenho cor política, mas ambos os programas, vulgo golden visa e Benefícios fiscais, foram geniais na sua criação e sem dúvida são catalisadores para a nossa economia”

Têm surgido fortes sinais de recuperação do mer-cado e as expetativas para o futuro são bastante animadoras. Da House & Home, o que podemos esperar? Que projetos estão em cima da mesa e que esperam ver concretizados brevemente?Queremos continuar a fortalecer a nossa presença na comunidade do monte estoril e consolidar a nos-sa posição enquanto imobiliária de referência. da House & Home podem sempre esperar dedicação e resultados positivos.

Diretamente relacionadas com a evolução da própria economia, as perspetivas para a evolução do mercado imobiliário em Portugal vão sofrendo algumas oscilações. Com este cenário, como é que se consegue retomar a confiança neste segmento? A confiança não se perdeu. Acho que continuamos em ambiente favorável ao investimento no imobi-liário em Portugal. É crucial que ambos os progra-mas que referi acima se mantenham e que o crédito habitação volte a ser o produto estrela da banca de retalho, o que já está a acontecer.

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S egundo dados divulgados recentemente pelo Observatório da Emigração com base nas entradas de portugueses nos pa-íses de destino, nos últimos quatro anos,

pelo menos 285 mil portugueses emigraram. A imigração, por seu turno, registou uma tendência contrária, com muitos imigrantes a regressarem aos seus países de origem. A verdade é que em qualquer fluxo migratório existem questões que devem ser acauteladas de antemão para evitar que os problemas surjam. Com essa consciência, Gilda Pereira, tendo como ponto de partida a sua própria experiência enquanto emigrante em Luanda, e Inês Salvo que sempre a ajudou do lado de cá em todas as questões mais burocrá-ticas, resolveram criar aquele que é considera-do o primeiro serviço profissional de assessoria aos e(i)migrantes. Chama-se Ei! e presta todo

Basta dizer o que precisa e saberá que existe uma empresa em Portugal que resolve os seus problemas. chegou a Portugal e não sabe o que fazer? vai sair do país e desconhece por completo o destino que o irá acolher? vem a Portugal de visita e quer ocupar o seu tempo da melhor forma possível? a ei! é a solução para as suas dúvidas. este projeto que nasceu pelas mãos de gilda Pereira e

inês salvo tem conquistado a confiança dos seus clientes, disponibilizando num único espaço a resolução de uma multiplicidade de assuntos de natureza burocrática e lúdica.

EMIGRANTES, IMIGRANTES E VIAJANTES: a ei! descomplica

ines salvo e gilda Pereira

vistos consuLares

o apoio necessário ao e(i)migrante, desde ser-viços consulares (legalização de documentos, obtenção de vistos), prestação de serviços jun-to de qualquer organismo, elaboração do IRS, gestão de imóveis (rentabilização dos mesmos), agendamento de consultas de saúde ou inscri-ções no Serviço Nacional de Saúde, processos de equivalência de estudos, pedidos de reformas e representação em Portugal (assembleias de condomínio, pedidos e cancelamento de ser-viços de água, luz, gás, telefone e TV/internet, receção e reenvio de correio), compra e aluguer de veículos, enquadramento fiscal do país e um sem número de outros serviços que facilitam a vida de quem chega e de quem sai do país. Não fosse um dos lemas da Ei! precisamente este: “se não está por cá. Mas precisa de estar. Nós esta-mos”. Mesmo que solicite uma tarefa que não

faça parta do quotidiano desta equipa composta por cinco pessoas, não há qualquer problema. “Os nossos serviços são moldados consoante as necessidades. Nascem da procura”, explicou Inês Salvo, sendo completada pela sócia Gilda Perei-ra: “o acompanhamento na compra de imóveis foi algo que não tínhamos pensado inicialmente e que hoje fazemos, por necessidade dos nossos clientes”.

acomPanHamento totaLEra deste total e personalizado acompanha-mento que Gilda Pereira necessitava durante o período em que esteve a viver e a trabalhar em Luanda. “Sempre que vinha a Portugal ocupa-va muito tempo a tratar de assuntos pendentes, comecei então a pedir à Inês para ir alinhavan-do tudo e este acabou por ser um trabalho que

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ela foi fazendo para outros amigos que também estavam emigrados e que sentiam esta necessidade”, re-lembrou Gilda Pereira. Em contra-partida, se o apoio aos emigrantes é uma parte fundamental dos ser-viços prestados pela Ei!, a verdade é que uma parcela bastante signi-ficativa está centrada na assessoria aos que chegam que, até à criação desta empresa, não tinham nada direcionado para eles. Acompanhar os clientes, ir aos locais e prestar um serviço personalizado é, efeti-vamente, o que marca a diferença, tal como defendeu Inês Salvo. E é deste conforto que eles procuram e precisam quando aterram no país. Além de esperanças e objetivos, muitos deles trazem na bagagem alguns receios. “Têm medo de ser enganados. Os imigrantes que nos contactam vêm com uma pers-petiva de investimento, querem comprar casa ou arrendar mas com intenção de adquirir o imóvel mais tarde. Neste contexto, eles estão formatados com a realidade jurí-dica do país de origem, que nem sempre se assemelha à nossa”, evi-denciou Inês Salvo. Num cenário agravado pelos constrangimentos linguísticos, as práticas desleais proliferam e muitos imigrantes chegam ao nosso país já calejados com histórias negativas que ou-viram. Para que saibam que têm na Ei! um parceiro de confiança, Gilda Pereira admite que não tem sido necessário um grande trabalho de divulgação, para sua surpresa. “Muitos deles contactam-nos mes-mo antes de virem para Portugal. Penso que na pesquisa que fazem, a Ei! deverá ser o único apoio que encontram”, afirmou. E o que os faz escolher Portugal? Ser um país de sol, gastronomia e mar é, in-

questionavelmente, um apelativo. Mas existem muitos outros fatores que, para Gilda Pereira, a maioria dos portugueses não valoriza, so-bretudo os que nunca viveram fora do país. Falamos da simpatia das pessoas, da segurança e da quali-dade da educação. “Poder andar na rua descansada e levar os filhos a um parque infantil não são hábitos possíveis em todo o lado. Estamos sempre em sobressalto e em Portu-gal há, sem dúvida, tranquilidade”, asseverou Gilda Pereira. Também para os que partem, essen-cialmente por falta de valorização profissional em Portugal, o medo é o principal sentimento e, mais uma vez, a Ei! existe para dissipar essa sensação. “Fazemos uma sessão de esclarecimento sobre a saída dos emigrantes e o país de destino. Fa-lamos sobre os requisitos do país e todos os procedimentos que devem ser tomados antes de saírem”, con-tou Gilda Pereira que evidenciou ainda a crucial importância das parcerias para o sucesso da atuação da Ei! no mercado. Desde con-tabilistas até à colaboração com uma consultora que presta todo o serviço de consultoria fiscal e com o apoio de um profissional na área consular responsável pela obtenção dos vistos, a Ei! conta com uma rede de parceiros que lhe permite responder com rigor e qualidade técnica a qualquer solicitação. Juristas de formação, as duas jo-vens completam-se. Se uma é mais stressada e domina o inglês, a outra é um exemplo de tranquilidade e prefere a língua francesa. Traba-lham, como Inês Salvo descreveu, “em frentes diferentes” e é isso que tem permitido trilhar um caminho de sucesso. Para o futuro, são mui-tos os planos e uma certeza: dar

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CONTATOSRua: av. visconde de valmor, n.º 20 d, 1000-292 LisboaTelf: +351 217960436Telm: +351 962409237Mail: [email protected]

EI!passos lentos e consolidados. Abrir uma loja no Porto e visitar alguns países com uma forte comunidade portuguesa para divulgar a empre-sa (nomeadamente França e Lu-xemburgo numa primeira fase) são algumas das perspetivas para uma marca que prima pela diferença e por persistir em ser pioneira em tudo o que faz.

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Formar Para emPregar

num momento em que as taxas de desemprego começam a baixar, torna-se premente falar com quem melhor pode explicar o panorama social da atualidade. neste sentido, a revista Pontos de vista conversou com Jorge gaspar, Presidente do ieFP - instituto

do emprego e Formação Profissional - que falou sobre as medidas, responsabilidades e ambições de uma entidade pública que promove diariamente o crescimento económico de Portugal.

EMpREGABILIDADE E FORMAÇÃO como garantia de progresso

O desemprego tem sido um dos temas mais referidos na sociedade atual. Fa-la-se de taxas, estatísticas, crescimen-to e quedas, mas o cerne da questão é

exatamente o cidadão, que, pelas mais diversas razões, se tornou parte integrante do número de desempregados em Portugal. Contudo, as notícias e dados oficiais recentes provam que o panorama é cada vez mais positivo. As razões que levaram ao retrocesso dos elevados núme-ros de desempregados são diversas e complexas. Contudo, podemos referir o papel do IEFP, que tem promovido a criação de emprego, o apoio à contratação e a formação qualificada. O pre-sidente desta entidade pública ressalva a im-portância das empresas em território português para que as expectativas sejam cada vez mais de esperança e sucesso. Todavia, há que mencionar os diversos apoios que o instituto tem ofereci-do quer a trabalhadores desempregados quer às entidades patronais. Jorge Gaspar explica que a missão do IEFP não é criar postos de trabalho, mas sim impulsionar outras entidades a fazê-lo. Neste sentido, e no âmbito do Programa Vida Ativa, a formação profissional é uma das maio-res preocupações do instituto, mas, acima de tudo, a sua mais-valia na integração de cidadãos desempregados. Ao contrário do que é errada-mente referido por vezes, os cursos formativos são pensados e criados de acordo com a necessi-dade do mercado. “No IEFP, trabalhamos sem-pre e só em função da procura das qualificações e não através daquilo que é a nossa oferta. Se tivermos que trabalhar na mudança de oferta de qualificações em matéria de formação pro-fissional para satisfazer melhor a procura, é isso que fazemos”, garante o presidente do instituto. Desta forma, a entidade trabalha de uma forma estreita com as empresas – portuguesas ou alo-cadas em território nacional – com o objetivo de compreender as suas carências no âmbito de recursos humanos, para que as suas forma-ções sejam encaminhadas nesse sentido. Todo o universo IEFP, desde a direção aos Centros de Emprego, estuda o mercado laboral no sentido de compreender “em que áreas estão as empre-sas a investir, em que domínios está a ser cria-do emprego, para que o IEFP possa reorientar a sua atividade e adaptar-se internamente do ponto de vista da estrutura formativa”, continua Jorge Gaspar. A aposta na formação cria, assim, um “reforço das qualificações e das competências dos tra-balhadores desempregados”, o que proporciona um regresso ao mercado de trabalho mais célere e eficaz, nomeadamente uma entrada direta dos formandos para as empresas que solicitaram que o IEFP abordasse determinadas áreas de formação.

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Jorge gasPar

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estágio ProFissionaL, a integraÇÃo direta no mercado de traBaLHo

Um instrumento no plano das medidas ativas de emprego, os estágios profissionais “aproximam os jovens do mercado de trabalho, muitas vezes para a sua primeira experiência profissional”, adianta Jorge Gaspar. Ressalvando a “intrínse-ca importância” desta medida, o presidente do IEFP garante que “em cada 100 estagiários, 70” são integrados no mercado de trabalho após concluírem o seu estágio. Deste modo, o IEFP consegue promover um acompanhamento forte e experiente na inser-ção jovem no mercado económico, através dos seus diferentes programas, destinados às dis-tintas etapas do desempregado. “Conseguimos construir um caminho que começa com a for-mação profissional, à medida das necessidades de recrutamento da empresa […], após esta fase segue-se um período de estágio profissional e, num terceiro momento, existem apoios à con-tratação para a celebração de contratos de tra-balho”. Esta preocupação contínua por parte do Instituto de Emprego “permite trabalhar com as empresas de uma forma estratégica de médio e longo prazo, mas também conferir aos tra-balhadores desempregados uma perspetiva de empregabilidade sólida”, defende o responsável máximo desta entidade. Importa ainda referir que esse cuidado com que o IEFP lida com situações de estágio garante que nenhuma empresa receba um estagiário se a empregabilidade futura não for um objetivo. Isto é, se em cada três estagiários, a entidade patronal não contratar pelo menos um profis-sional, não terá oportunidade de se candidatar novamente. Para que receba a aprovação do instituto, a empresa terá de “comprovar que a medida estágios-emprego produziu resultados” no passado, refere Jorge Gaspar. Empreendedorismo, uma outra missão do IEFPNão sendo a “solução genérica” para o desem-prego, é uma outra mais-valia que pode apoiar o crescimento do número de pessoas emprega-das em território português. Com programas de apoio como o MicroInvest, Investe + ou Inves-tjovem, o IEFP promove o empreendedorismo e a criação do próprio emprego”. Jorge Gaspar explica que o nascimento de uma empresa tem de estar intrinsecamente ligado à criação de postos de trabalho. No sentido de apoiar esta aposta por parte de empreendedores portugueses, o IEFP criou o PAECPE – Programa de Apoio ao Empreen-dedorismo e Criação do Próprio Emprego, que,

“o ieFP consegue promover um acompanhamento forte e experiente na inserção jovem no mercado económico, através dos seus diferentes programas, destinados às distintas etapas do desempregado. “conseguimos construir um caminho que começa com a formação profissional, à medida das necessidades de recrutamento da empresa […], após esta fase segue-se um período de estágio profissional e, num terceiro momento, existem apoios à contratação para a celebração de contratos de trabalho”

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Formar Para emPregar

através de um conjunto de parcerias, concede “apoio técnico” às novas empresas. Quer na idealização do projeto, de forma a atribuir-lhe maior solidez técnica, quer na execução e acom-panhamento dos empreendimentos, o instituto assume a responsabilidade de apoiar todo o pro-cedimento. Assim, os empreendedores e novos empresários poderão defender-se de riscos ine-rentes à criação de uma empresa e atribuirá mais valor e riqueza a Portugal e à sua sociedade.Jorge Gaspar referencia ainda o papel dos apoios dados pelo IEFP em distintas empresas portuguesas que, tendo surgido como microem-presas, são atualmente multinacionais reconhe-cidas mundialmente.

área digitaL como Forte aPosta Como forma de promover a oferta em áreas de forte empregabilidade, o IEFP tem apostado de uma forma continuada na área digital, criando parcerias com empresas internacionais, como a Microsoft ou a Cisco. Com este projeto, o insti-tuto pode oferecer cursos formativos no âmbito das tecnologias de informação e comunicação e atribuir aos seus formandos “certificações internacionais” que comprovem as suas capa-cidades junto do mercado de trabalho. Aqueles que integrarem estas formações serão capazes de “responder aos standards que estas empresas [Microsoft e Cisco] colocam aos seus colabo-radores, quer internamente, quer através da sua rede” de parcerias. A instituição tem ainda nos seus Centros de Formação do Porto, Aveiro, Santarém e Faro la-boratórios Samsung, “com tecnologias da mar-ca”, que promoverão, também, o emprego nas vertentes da tecnologia e eletrónica. O IEFP avançou com estas e outras parcerias,

após compreender a necessidade que diversas empresas portuguesas tinham na área, o que permitirá uma entrada mais rápida dos forman-dos no mercado laboral.

desmistiFicar Pareceres erróneos

Com a globalização e o acesso fácil a informação mais ou menos exata, existem por vezes situações que extravasam a veracidade dos factos.Em conversa com Jorge Gaspar, compreendemos alguns dos ‘mitos’ que se associam, erradamen-te, à empregabilidade. Neste sentido, é frequente ouvirmos algumas opiniões que referem a pouca importância da formação académica e da aposta

em novas qualificações numa sociedade marcada por um passado recente com altos níveis de de-semprego. Todavia, para o responsável pelo IEFP, é importante referir que “a maior parte dos tra-balhadores desempregados inscritos no IEFP é composta por pessoas com baixas qualificações”, sendo os mais qualificados uma minoria que ra-pidamente regressa ao mercado de trabalho.Num diferente contexto, o número de licenciados que decidem emigrar é uma outra razão para dis-cordâncias. Há quem acredite que nunca houve uma situação tão dramática. Jorge Gaspar defen-de, no entanto, que, no passado, existia um baixo número de licenciados em Portugal, pelo que a taxa de emigração destes cidadãos era, inevita-velmente, mais reduzida. As profissões dirigidas a estes cidadãos “eram iminentemente reguladas e ancoradas ao Estado. Felizmente o aumento da oferta do ensino superior fez com que o núme-ro de licenciados subisse” e, consequentemente, houvesse uma maior vaga de emigração.A formação é também uma questão que suscita juízos contrapostos. A ideia de que os cursos ofe-recidos pelo IEFP são discrepantes do mercado de trabalho atual confunde quem procura saber a real importância dos mesmos. Porém, e como referido anteriormente, as formações são refleti-vas de acordo com a procura das empresas. “Não esperamos que a realidade se adapte ao IEFP, é o instituto que tem de adaptar-se à realidade”, admite o presidente. Porque, na sua opinião, esta entidade é um importante “serviço público e te-mos que encontrar respostas concretas” para a sociedade.

ieFP, um Parceiro de conFianÇaA sociedade confia, cada vez mais, no IEFP como um forte impulsionador de emprego e,

“no ieFP, trabalhamos sempre e só em função da procura das qualificações e não através daquilo que é a nossa oferta. se tivermos que trabalhar na mudança de oferta de qualificações em matéria de formação profissional para satisfazer melhor a procura, é isso que fazemos”

assinatUra da Parceria coM a cisco

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IEFP EM NúMEROS

DIMENSãO DO UNIVERSO IEFP: AS DIFERENTES MEDIDAS - apoios à contratação, que consistem na atribuição de financiamento às empresas que celebrem

contratos de trabalho; - apoios à mobilidade geográfica, temporária ou permanente, para desempregados que celebrem

contratos ou criem o seu próprio emprego numa localização distante da sua residência; - empreendedorismo, que promove a criação de empresas e de emprego próprio; - emprego Jovem ativo, que consiste no desenvolvimento de experiências práticas no contexto de

trabalho por equipas jovens compostas por jovens diferentes níveis de qualificações; - emprego-inserção, indicado para desempregados inscritos no ieFP e/ou beneficiários de subsídio

de desemprego ou subsídio social de desemprego e que compreende a realização de trabalhos no âmbito de entidades e serviços públicos;

- estágio, com o objetivo de integrar jovens desempregados no mercado de trabalho; - incentivo à aceitação de ofertas, um apoio financeiro aos desempregados que aceitem ofertas de

emprego apresentadas pelo ieFP ou obtenham, por si mesmos, um posto de trabalho a tempo com-pleto, com uma remuneração inferior ao valor da prestação de desemprego que recebiam até ao momento da integração profissional;

- Promoção das artes e ofícios, um estímulo ao empreendedorismo, à continuidade de profissionais no mercado artesanal, à contratação e à promoção e comercialização do artesanato;

- reabilitação profissional, que abrange um conjunto de medidas que promovem a qualificação e o acesso ao emprego por parte de pessoas portadoras de deficiências e incapacidades.

*o ieFP tem ainda um conjunto de medidas específicas para determinadas regiões de Portugal e setores de atividade.

consequentemente, de crescimento económi-co. Quem o garante é Jorge Gaspar, que jus-tifica esta confiança social na subida do “nível de colocações nas empresas”, no número cada vez mais elevado de “ofertas de emprego que as empresas colocam no IEFP” e na “formação profissional”, uma medida que promove não apenas a qualificação, mas também a empre-gabilidade.Neste sentido, o presidente afirma, sem receios, que “o IEFP é e continuará a ser o mais im-portante organismo da administração pública portuguesa. Porque direta ou indiretamente tem uma abrangência por todo o território por-tuguês” e, inevitavelmente, por “todo o tecido económico”. “Estado Social é também emprego e formação profissional”, pois, na sua opinião, “a melhor forma de inclusão social é o emprego”. Contudo, Jorge Gaspar assume que o IEFP não está sozinho neste percurso que promove melhor qualidade de vida a todos os cidadãos residen-tes em Portugal. E refere a importância gover-namental no contexto da empregabilidade. O nosso país “é um beneficiário líquido dos fundos estruturais [europeus] e tem sabido reorientar e canalizar, do ponto de vista das suas necessida-des”, os apoios que lhe são atribuídos. “Portugal foi um dos países promotores” do Programa Ga-rantia Jovem, tendo funcionado “como referência para outros países europeus”, assume.Através deste programa, estimulado por finan-ciamentos da União Europeia, tem sido criado “um conjunto de acordos com universidades e politécnicos, no sentido de reorientar jovens li-cenciados em áreas de baixa empregabilidade”. O objetivo passa por criar uma oferta formati-va “virada para a empregabilidade digital e para as tecnologias de informação e comunicação”. Assim, os jovens desempregados regressarão às universidades e passarão pelo IEFP, saindo com “uma habilitação que permita o regresso rápido ao mercado de trabalho”, explana Jorge Gaspar. Atualmente, o instituto trabalha com cerca de 30 instituições de ensino superior no sentido de garantir a eficácia desta medida.

“através deste programa, estimulado por financiamentos da União europeia, tem sido criado “um conjunto de acordos com universidades e politécnicos, no sentido de reorientar jovens licenciados em áreas de baixa empregabilidade”. o objetivo passa por criar uma oferta formativa “virada para a empregabilidade digital e para as tecnologias de informação e comunicação”

2012

2012

2012

2013

2013

2014

2014

57.057

25.429

91.846

43.986

137.456

70.498

162.197

2013 82.623

102.9782014

TRAbALHADORES DESEMPREGADOS REINSERIDOS

NO MERCADO DE TRAbALHO

ESTáGIOS PROFISSIONAIS PROMOVIDOS PELO IEFP

OFERTAS DE EMPREGO

assinatUra da Parceria coM a saMsUng

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“acreditamos na Formação profissional enquanto ferramenta geradora de emprego. achamos que a qualificação e a certificação das pessoas as torna mais capazes e por essa razão mais “apetecíveis” em termos de mercado”, esclarece marta Branquinho garcia, responsável pelo departamento de Formação-isQ group, em entrevista à revista Pontos de vista. num período em que o desemprego afeta um vasto

conjunto de pessoas em Portugal, é importante compreender as oportunidades e os desafios que se colocam nesta vertente.

“SOMOS A MAIOR REFERêNCIA em formação profissional nacional”

Desde a década de 70, o ISQ oferece às organizações e às empresas serviços de formação adaptados às suas necessidades. Que balanço é possível perpetuar da ação da entidade ao nível da formação?O ISQ é uma entidade privada e independente com 50 anos de atividade, que presta serviços de inspeção, ensaio, formação e consultoria técnica. Apoiamos os nossos clientes na melhoria do seu desempenho e na redução do risco das suas ativi-dades e nomeadamente em relação à formação, o ISQ tem aumentado ao longo dos anos a compe-titividade dos setores tecnológicos no nosso país, sendo que é uma entidade reconhecida como o braço tecnológico da industria portuguesa. É nes-tas áreas onde naturalmente nos diferenciamos das restantes entidades formadoras.

O Grupo ISQ tem neste momento um papel importante ligado à qualificação de pessoas e à sua empregabilidade, com o IEFP?O Grupo ISQ tem desde sempre cooperado com o IEFP tendo como objetivo a qualificação e a certificação das pessoas e o consequente aumen-to da empregabilidade em Portugal. Este acordo agora em vigor respeita à Medida Vida Ativa, ou seja a desempregados adultos que desejam a reinserção no mercado de trabalho. Além de ser entidade formadora, o ISQ, serve também como ponte de ligação com o mercado empresarial, fa-zendo o match com empresas para acolherem os formandos como estagiários e futuramente como colaboradores.

De que potencial dispõe o Grupo ISQ neste âmbito? O Grupo ISQ foi certamente escolhido pelo IEFP devido às taxas de empregabilidade conse-guidas no seguimento de Projetos de Formação para desempregados e claramente às suas capaci-dades em termos de formação prática. Dispomos de 16 laboratórios acreditados, além de laborató-rios e oficinas concebidos especificamente para formação. É o que nos diferencia.

Como vê este tipo de iniciativas  num país como o nosso, em que se fala de desemprego diariamente? Acreditamos na Formação profissional enquanto ferramenta geradora de emprego. Achamos que a qualificação e a certificação das pessoas as torna mais capazes e por essa razão mais “apetecíveis” em termos de mercado. Além disso, temos know how em áreas técnicas e inovadoras, o que acredi-tamos ser um fator diferenciador e distintivo em relação aos empregos procurados. Sentimos uma procura imensa por parte de pessoas que desejam fazer a reconversão da sua profissão porque estão no desemprego e procuram-nos pela componente tecnológica, onde continua a haver emprego. Por outro lado como somos reconhecidos pelo merca-

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Como vê este projeto em termos de mo-bilização da equipa do Grupo ISQ? E em termos pessoais representa um desfio?considero que temos a melhor equipa de trabalho do mundo para enfrentar este desafio! estamos muito à vontade para tra-balhar com esta população, conhecemos muito bem o que o nosso grupo pode ofe-recer a estas pessoas e por último, conhe-cemos muito bem o mercado. além disso trabalhamos empenhados e divertimo-nos muito pelo caminho…o que é fundamen-tal. este trabalho é muito difícil porque é muito desgastante, mas permite-me ter a veleidade de pensar que conseguimos fa-zer a diferença na vida de algumas pesso-as. se assim for, e se for obviamente para melhor, o desafio foi ganho. Pessoalmente tenho muito orgulho na equipa que lidero neste projeto e este sentimento é partilha-do com o isQ. todos nós gostamos quando um projeto corre bem e sobretudo quando temos um objetivo que nos transcende de alguma forma, que tenha no final um signi-ficado superior a nós próprios. este projeto tem naturalmente esta componente.

Marta BranQUinHo garciado, as empresas continuam a procurar-nos quando têm necessidade de pessoal qualificado nomeada-mente para profissões relacionadas com áreas téc-nicas e de engenharia.

Acredita que muitas outras instituições poderiam desempenhar um papel semelhante ao vosso em termos de qualificação?Estaria a mentir se lhe dissesse que as entidades formadoras são todas iguai. Não são. O Grupo ISQ já formou mais de 150.000 pessoas. Já minis-trou mais de um milhão de horas de formação. So-mos a maior referência em formação profissional nacional no que a privados diz respeito.

Depois destas ações de formação qualificadas, que oportunidades poderão colocar-se a estes formandos?A nossa esperança é que muitas destas pesso-as recomecem a trabalhar. Este projeto em 2014 teve uma empregabilidade a três meses de 40%. A nossa expectativa é que este ano a percentagem seja superior, com a economia a recuperar. Traba-lhamos e temos equipa para isso. Passam por nós pessoas muito capazes e muito válidas. Não prepa-ramos apenas as pessoas do ponto de vista técnico, munimo-las também de competências comporta-mentais. Cada vez mais a atitude é valorizada por quem emprega.

“o grupo isQ foi certamente escolhido pelo ieFP devido às taxas de empregabilidade conseguidas no seguimento de Projetos de Formação para desempregados e claramente às suas capacidades em termos de formação prática. dispomos de 16 laboratórios acreditados, além de laboratórios e oficinas concebidos especificamente para formação. É o que nos diferencia”

QuaLiFicar Para emPregar

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CHEQUE FORMAÇãO

CHEQUE – FORMAÇÃO? Para já, um bom começo

a oPiniÃo de olívia Passos, Presidente da acoag – associação comercial de Águeda

A ntes de mais quero agradecer a oportu-nidade que me dá enquanto Presidente da Associação Comercial de Águeda por poder participar na vossa revista

“Pontos de Vista”, dando-me a possibilidade de lhes apresentar a minha opinião sobre a mais re-cente medida do Governo para a formação atra-vés da criação do cheque formação. Tendo eu por profissão a Advocacia, e dedicando a maior parte da minha atividade ao estudo de Direito de Trabalho, não posso deixar de associar a esta medida as disposições legais constantes dos artigos 130º a 134º do Código de Trabalho. Sendo a formação uma obrigação para a enti-dade empregadora, e um direito/dever para o trabalhador, será sempre de louvar e apoiar qual-quer medida que vise incentivar e desenvolver a qualificação quer dos ativos empregados quer dos ativos desempregados. A criação do cheque-for-mação é sem dúvida um princípio/medida que pode vir a revelar-se um ótimo instrumento de modernização das políticas ativas de emprego e uma justa expetativa de se vir a melhorar o ajus-tamento entre a oferta e a procura no mercado do trabalho. É do conhecimento geral que embora a formação seja um direito, nem sempre as empre-sas proporcionam a formação adequada aos seus empregados. Também os empregados nem sem-pre querem dar uma parte da sua vida à formação as maior parte das vezes por não lhes reconhece-rem a devida importância e utilidade prática no seu posto de trabalho. Uns por ignorância, outros porque se escondem atrás da falta de condições económicas, outros ainda porque desprezam o direito seja ele qual for. É chegada a hora de implementar medidas que direta ou indireta-mente correspondam às necessidades prementes e contínuas de formação, para que a mesma nos traga instrumentos potenciadores da criação e da manutenção do emprego, para já não falar na ne-cessidade de qualificação dos nossos empregados como um meio de os fidelizar no seu emprego, o mesmo é dizer aumentar a empregabilidade. As tecnologias estão em constante mutação. Os métodos de produção cada vez mais exigentes. A Certificação da qualidade é cada vez mais uma

meta a ser alcançada, e isso só se consegue com uma formação continua e com qualidade. A me-dida do Cheque – Formação criada pela Portaria nº 229/2015 de 3 de agosto, na medida em que é apenas ainda uma medida com caráter experi-mental, não deixa de criar a expetativa em todos nós de uma promessa não só na sua manutenção, mas na sua melhoria. Tem na minha opinião de

existir uma fiscalização adequada para que esta medida seja devidamente implementada e apli-cada, com resultados práticos na qualificação e no aumento efetivo de empregabilidade, e não ape-nas mais um meio para alimentar as estatísticas que de forma alguma servem o nosso país. Tem que se começar por algum lado e esta medida é, à partida, um bom começo.

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Surgiu em 1998 como forma de transfor-mar a formação na área do desporto e de colmatar lacunas existentes nas institui-ções de ensino na época. Com licencia-

turas direcionadas exclusivamente para a Edu-cação Física, Portugal e a Europa começavam a pedir mais e melhor qualidade de ensino. A ESDRM entrou, assim, no mercado universi-tário com uma aposta forte e revolucionária em áreas alternativas de formação, como a de trei-nadores de desporto, técnicos de exercício físi-co, técnicos de desporto de natureza e gestores de desporto. “Foi um modelo arriscado porque estávamos a formar para áreas onde não havia um emprego garantido. Hoje podemos afirmar com certeza que foi uma aposta de sucesso con-siderando as taxas de empregabilidade elevadas, porque o mercado procurava técnicos especiali-zados nessas áreas”, refere João Moutão. Com formações ligadas ao treino de alto rendi-

educaÇÃo de vaLor

com o objetivo de promover uma maior qualidade de ensino, a escola superior de desporto de rio maior (esdrm), do instituto Politécnico de santarém, trabalha há 17 anos no sentido de revolucionar e inovar a formação na área do desporto. a revista Pontos de vista falou com João moutão, diretor da instituição, que nos deu a conhecer as estratégias que fazem desta uma escola líder no

âmbito do ensino superior. inovação, investigação e empreendedorismo foram as palavras-chave desta entrevista.

“O OBJETIVO pRINCIpAL é TRANSFORMAR esta escola de desporto na melhor do mundo”

mento, fitness, desporto de natureza, estilos de vida saudáveis e gestão de organizações despor-tivas, a instituição apresenta 17 anos de exce-lência, qualidade e inovação. A veia revolucionária, essa, mantém-se até aos dias de hoje. O diretor da ESDRM garante que “a nossa matriz é a inovação”, um “desafio cons-tante”, que permite que, quase duas décadas de-pois da sua abertura, a instituição continue a ser líder no ensino superior neste domínio. Com uma estratégia que promove o desporto em to-das as suas dimensões, cujo potencial enorme poderá beneficiar em grande escala a socieda-de e economia local e nacional, a ESDRM não se situa apenas no campo formativo. Sendo a única instituição superior com uma “disciplina de empreendedorismo no desporto” associado a um gabinete de inovação no desporto, a escola, e nomeadamente os seus estudantes, consegue facilmente exportar para o mercado empresarial “ideias de excelência, com potencial de venda e criação de valor”, “ideias nas quais uma marca apostaria” garantidamente. Deste modo, per-mitem aos seus estudantes a investigação e a criação de projetos inovadores, que não apenas geram o desenvolvimento da área, mas também “contribuem para a inserção [dos alunos] no mercado de trabalho”. Porque, na opinião do diretor da Escola Superior, “a visão tradicional das instituições de ensino como meras trans-missoras de conhecimento está ultrapassada. Atualmente as instituições de ensino têm cada vez mais responsabilidades com a inserção no mercado de trabalho dos seus estudantes”. De acordo com João Moutão, “um dos problemas do ensino superior universitário é o facto de

este ter feito um caminho muitas vezes des-conectado da realidade e das necessidades do mercado de trabalho. Tem que se desenvolver formação e investigação que tenham trans-ferência para empresas, clubes e associações e sejam transformadas em valor. Nota-se que há uma investigação [no ensino português], mas uma parte importante não tem utilidade prática direta para o tecido produtivo” posteriormente, acredita.Querendo contrariar o que se faz noutras insti-tuições de ensino, a ESDRM pretende mais do que investigação meramente direcionada para trabalhos científicos. Com o apoio do Centro de Negócios e Inovação de Rio Maior, uma incubadora de empresas que pode permitir aos estudantes trabalharem nas suas ideias, e do Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano (CIDESD), Con-sórcio do qual a ESDRM-IPSantarém faz par-te como instituição fundadora, as ideias podem sair das salas de aula para o mercado. Pelo apoio destas entidades e da ESDRM, que impulsiona a execução destes trabalhos, dois estudantes da ESDRM conquistaram o primeiro e segundo prémio da Fase Regional do Poliempreende, um concurso que procura ideias inovadoras e empreendedoras, por projetos relacionados com o Individual Training e o Free Wheels, respe-tivamente. Estas duas temáticas poderão, agora, ser abordadas mais seriamente, com vista a en-trar rapidamente no mercado.

inFraestruturas Que Promovem a QuaLidade e inovaÇÃo

Com vista a promover uma qualidade de ensi-

JoÃo MoUtÃo

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no de excelência, não basta aprofundar teorias e métodos de ensino. Principalmente numa área onde o desporto é rei, as infraestruturas e equipamentos devem estar integrados num sistema de ensino completo e complexo, que promove uma formação não apenas teórica, mas fundamentalmente aplicada. Tendo a ES-DRM iniciado funções em instalações provi-sórias cedidas pela Câmara Municipal de Rio Maior, que desde o início sempre apoiou este projeto, obteve o seu próprio espaço em maio de 2013, o que permite o acesso a infraestru-turas modernas e inovadoras, com as condições necessárias para os seus estudantes. Por outro lado, a direção da escola promove a utilização de equipamentos atuais, que proporcionam um ensino mais preparado e qualificado. “Todas as salas estão equipadas” com os materiais essen-ciais ao bom funcionamento das aulas e “temos um laboratório de investigação bem equipado”, afirma João Moutão. Por outro lado, “as novas tecnologias” fazem parte do dia a dia da escola, que concede um ensino “cada vez mais virtual”, acompanhado de “ferramentas de interação entre o docente e o estudante”, explica o diretor, que defende que instalações de topo, com equipamentos e ferra-mentas de excelência, “permitem ter um ensino de qualidade”.

um ensino internacionaLTendo surgido num momento em que a Educa-ção Física era a única vertente desportiva den-tro do ensino superior, a ESDRM veio retificar uma problemática não apenas nacional, mas europeia. Neste sentido, é de máxima impor-tância a mobilidade de estudantes, docentes e de métodos formativos, que permitam a parti-lha de conhecimentos e experiências, dentro de culturas distintas.Nesta perspetiva, podemos referir a licenciatura de Atividade Física e Estilos de Vida Saudá-vel, lecionada na instituição de Rio Maior - em português e inglês - e em outras universidades europeias, promovendo métodos e temáticas de ensino similares entre si. Portanto, a mobilidade é preparada de uma forma exemplar, onde os

estudantes terão uma experiência única, aliada a uma formação idêntica à que teriam na sua ins-tituição de ensino. Esta equivalência no ensino poderá ser uma mais-valia aquando da entrada dos estudantes no mercado de trabalho, que po-derão com maior facilidade aceder a mercados internacionais.

em Que consiste eXatamente este curso?

Este curso, direcionado para estudantes por-tugueses e internacionais, vem dar resposta a uma necessidade de formação que existe a ní-vel europeu, para dar resposta ao aumento das doenças das ditas “sociedades modernas”. Hoje sabemos que doenças como a obesidade, a dia-betes e a hipertensão arterial têm origem em comportamentos associados ao estilo de vida. O objetivo é formar profissionais que promovam esta mudança comportamental, fomentando hábitos de saúde e estilos de vida mais corretos numa sociedade que apresenta casos de obesi-dade preocupantes e cujos “custos associados são enormes”, explana o diretor da instituição de Rio Maior. Com uma perspetiva de futuro ambiciosa, a ESDRM pretende ainda que estes profissionais possam trabalhar em sinergia com outros profissionais de saúde, em linha com a estratégia nacional de promoção da atividade física pensada recentemente pela Direção-Ge-ral de Saúde.

QuaLidade de vida, num amBiente de ensino

Visto como um exemplo na área de ensino, o empenho da ESDRM não se resume a uma for-mação especializada e qualificada. João Moutão pretende que os estudantes da instituição que representa se desloquem para Rio Maior com o propósito de vivenciar uma experiência única no âmbito universitário e pessoal. Sendo Rio Maior uma cidade circunscrita a um perímetro urbano reduzido. Com residências bem locali-zadas e próximas da escola, “os estudantes estão todos num círculo pequeno, vêm em conjunto de manhã, saem e almoçam junto, convivem en-tre si e estão aqui em família”. “Em termos de

relações sociais”, a experiência vivida naquela que é já considerada por muitos a Cidade do Desporto “é muito forte”. Numa perspetiva diferente, mas integrada no âmbito relacional, a instituição procura pro-mover “as atividades académicas” não apenas da ESDRM, mas de todo o Instituto Politécnico de Santarém, apoiando a receção ao caloiro no início do ano letivo, a organização de festivais de tunas e a queima das fitas. Portanto, é facilmente percetível que o ambien-te que se vive em Rio Maior vai bem mais além do que um ensino de qualidade. É toda uma vivência pessoal que marcará a vida dos estu-dantes.

PLanos de FuturoNa direção da ESDRM há apenas três meses, João Moutão tem já um conjunto de estraté-gias ambiciosas que permitirão desenvolver fortemente o ensino da instituição. “O objetivo principal é transformar esta escola de desporto na melhor do mundo”. Para que este plano seja concretizado, o percurso já está traçado. “Em ter-mos de formação, queremos continuar a apostar na inovação e em novos cursos”, assume o di-retor, que garante terem já algumas formações pensadas para o futuro. “Queremos apostar na ligação à comunidade local, promover o desen-volvimento das empresas e da região e participar no desenvolvimento desportivo da região”. Estas estratégias são planeadas com vista a pro-mover uma maior qualidade de ensino aos es-tudantes, que, segundo João Moutão, “são parte fundamental da comunidade académica”, e em conjunto com todo o corpo docente e não do-cente fazem parte da “família ESDRM”. Esta forma de pensar tem tido repercussões positi-vas nos estudantes, que se tornam profissionais de excelência e atletas de qualidade máxima. O diretor conta que muitos têm sido os campeo-natos universitários, nacionais e internacionais, em que os estudantes da ESDRM têm repre-sentado brilhantemente a escola e o país, tra-zendo prémios e galardões que fomentam e au-mentam o orgulho que João Moutão tem pelos estudantes da ESDRM.

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DESAFIOS da gestão agrícola em Portugal

a gestão de empresas agrícolas reveste-se de especificidades não apenas resultantes de características intrínsecas ao processo produtivo mas, também, do enquadramento em que este ocorre.

a oPiniÃo de Isabel Dinis e Rui Amaro, Professores Adjuntos da Escola Superior Agrária de Coimbra,  Instituto Politécnico de Coimbra

A componente biológica das atividades agrárias continua a ser mais impor-tante do que a componente mecânica e a produção agrária está geralmen-

te dependente de fatores edafo-climáticos que condicionam de forma muito significativa o volume de produção anual e a rentabilidade das empresas agrárias. A maioria dos produtos são colhidos em épocas específicas e muitos deles são perecíveis, não podendo ser conservados por períodos longos de tempo, gerando desfasamen-tos entre as datas de produção e de consumo. O desfasamento temporal ocorre também entre as decisões de produção e a sua efetivação, poden-do, nalguns casos, ser de anos. Estas realidades, associadas à histórica variabi-lidade dos preços dos produtos agrícolas, fazem com que o grau de incerteza e o risco sejam bas-tante elevados, induzindo forte complexidade na gestão da produção e, também, na gestão comer-cial das empresas. Por outro lado, a especializa-ção produtiva é pouco exequível e muitas vezes contraproducente, verificando-se, na maioria das situações, complementaridade e sinergias positi-vas entre diferentes produções e atividades pra-ticadas na exploração. Em resultado, o controlo das operações é complexo e as necessidades de preparação e formação dos agricultores são ele-vadas.Relativamente ao enquadramento externo da atividade, é de salientar que quase 70% das ex-plorações agrícolas portuguesas são familiares e têm áreas inferiores a 5 hectares. Com este nível de atomização, o problema das economias de escala coloca-se de forma muito evidente. As empresas têm mais dificuldade em investir, em aperfeiçoar as suas competências e em negociar com compradores mais poderosos e exigentes. A falta de poder económico é ainda mais notória quando o produto que vendem é homogéneo e, portanto, não se diferencia daquele que é produ-zido noutras empresas ou regiões. Nestes casos, pequenas variações nos preços e o corresponden-te comportamento do consumidor podem ter efeitos muito visíveis nas receitas e lucros. Constatando-se que a área mínima para as em-presas agrárias serem viáveis é cada vez maior e que a estrutura fundiária assenta na pequena propriedade, extremamente fragmentada, a solu-ção passaria por uma dinâmica efetiva do mer-cado da terra, situação que, de facto, não ocorre. Além do mais, a agricultura é frequentemente exercida em regiões que sofrem de problemas muito sérios de erosão demográfica e desvitali-zação económica, dificultando o acesso aos mer-cados e a disponibilidade de mão-de-obra ade-quada, em quantidade e nível de especialização. Tal como aconteceu com a generalidade das em-

gestÃo agrÍcoLa

presas em Portugal, mas com maior acuidade nas empresas agrícolas, a partir da entrada de Portu-gal na CEE, começou a ser necessário incorpo-rar nas decisões de gestão, a par das tradicionais preocupações com custos de produção, prazos de entrega e concorrência direta, outras variá-veis que respondessem às exigências do mercado aberto e globalizado e aos princípios do desen-volvimento sustentável. As preocupações com a biodiversidade, a qualidade nutritiva e sanitária dos alimentos e a preservação do ambiente têm vindo a assumir uma importância crescente junto da opinião pública e das instituições, nacionais e internacionais, ligadas às questões da alimen-tação e da segurança alimentar. Esta tendência, para além de ter induzido profundas transforma-ções nos mercados agroalimentares, hoje menos centrados na produção de bens genéricos e cada vez mais orientados para a diferenciação através de atributos particulares, traduziu-se também num aumento de complexidade nos sistemas de regulação do setor e na necessidade de introduzir alterações constantes nos mecanismos de ajudas diretas e de incentivos ao investimento. Num contexto de forte mudança como é aquele que enquadra o sector agrícola, a gestão de infor-mação relativa às políticas agrícolas, ao enqua-dramento legal da atividade e ao progresso tec-nológico, incluindo os novos modos de produção, é crucial para a sustentabilidade das explorações. No caso da Política Agrícola Comum (PAC), a sua constante evolução exige dos agricultores uma atualização permanente, particularmente no que diz respeito aos apoios destinados à moder-nização das explorações, os quais poderão con-

tribuir para diminuir a dependência do crédito bancário e melhorar a estabilidade financeira das empresas.A gestão comercial ou, de forma mais abran-gente, o marketing, é também um dos aspetos cruciais para a sustentabilidade económica das empresas agrícolas. A baixa capacidade negocial face aos clientes e a fragilidade do setor na cadeia de abastecimento alimentar pode ser melhorada através da diferenciação dos produtos, de uma maior concentração da oferta e de uma maior diversificação de clientes e de mercados. Seguindo uma das estratégias indicadas no Pro-grama de Desenvolvimento Rural 2014-2020, os pequenos agricultores, que correspondem à grande maioria do tecido agrícola português, po-dem aumentar a sua competitividade mediante uma melhor integração na cadeia agroalimentar, através de sistemas de qualidade, do incremento do valor acrescentado dos produtos que comer-cializam, do seu escoamento em mercados locais e circuitos de abastecimento curtos e, ainda, por via da concentração da oferta, recorrendo para tal aos agrupamentos e organizações de produtores.Num quadro complexo como é o da produção agrícola, o futuro pode ser encarado com oti-mismo se, a par de alguma reestruturação fun-diária das explorações, se tomar consciência da relevância da formação dos intervenientes no setor, seja ao nível tecnológico, seja ao nível da gestão agrícola. Esta é uma missão que a Escola Superior Agrária de Coimbra, enquanto institui-ção de ensino superior vocacionada para o setor, está empenhada em contribuir para que se possa cumprir de forma vencedora.

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P ara isto concorreram fatores como a libe-ralização do comércio no espaço europeu, os instrumentos de gestão territorial, a excessiva carga burocrática, as negligentes

práticas de produção e a própria opinião pública.Para inverter a tendência é necessário numa pri-meira instância identificar as barreiras ao desen-volvimento da atividade, assim como os fatores limitantes ao aumento de produção. Aplicando uma análise SWOT ao macro-cenário do setor em Portugal facilmente percebemos qual deve ser o caminho:

FORçAs: A produção nacional evidencia re-sultados técnicos ao nível dos melhores produ-tores do Mundo, justificado pelo melhoramento genético animal, pela aplicação de tecnologias e equipamentos de ponta, pela qualificação dos quadros e pela investigação e desenvolvimento na área da nutrição animal.

FRAqUEzAs: Em Portugal, 77% das explo-rações suinícolas têm um efetivo inferior a 10 reprodutoras, pelo que o sub-dimensionamento das explorações constitui o principal obstáculo à competitividade. Há ainda que considerar o so-brepovoamento de pecuárias (45% situam-se na região Centro) e os problemas ambientais e terri-toriais que daí advém.

OpORTUNIDADEs: Algumas são facilmen-te identificáveis como os recursos naturais que o nosso país oferece a todo o setor primário, o preço das matérias-primas em baixa há alguns anos e a maior organização e integração da fi-leira, mas atualmente identificam-se novos dados que convidam ao investimento no setor: agiliza-ção do processo de regularização das explorações, elegibilidade do investimento nas explorações no âmbito do PDR2020 e condições facilitadas de acesso a crédito.

AmEAçAs: Desde logo o (muito) baixo pre-ço pago aos produtores pela carne, muitas vezes abaixo do custo de produção, mas salientam-se também a inexequibilidade legislativa – nome-adamente no que respeita às boas práticas am-bientais - e contínuas exigências normativas, como as constantes alterações das regras do bem--estar animal.

Nesse sentido, a Federação Portuguesa de Asso-ciações de Suinicultores (FPAS) tem defendido e desenvolvido nos últimos anos o conceito da “Segmentação de Ciclo”. Este conceito consiste em transferir a carga poluente das regiões so-brepovoadas para regiões onde o efluente é uma mais-valia.

SEGMENTAÇÃO DE CICLOa produção suinícola em Portugal representa atualmente 65% do consumo nacional, uma realidade

que tem sido progressivamente decrescente, desde os anos 80, quando o nosso país era autossuficiente em carne de porco.

a oPiniÃo de Vítor Menino, Presidente da FPAS - Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores

Para este fim, pretende-se converter as explora-ções de ciclo fechado das zonas com problemas ambientais e territoriais em maternidades e pro-dução de leitões, duplicando assim a capacidade produtiva enquanto se reduz para menos de me-tade as emissões gasosas, transferindo as engor-das para zonas como a região de Alqueva e sul do Tejo, onde o efluente será valorizado do ponto de vista agrícola, aumentando a produtividade dos solos, diminuindo as importações de adubos quí-micos e diminuindo os custos do produtor pecu-ário e do agricultor. Em suma, pretende-se tirar um problema de um sítio e instalar uma solução noutro.No entanto, todo este processo acarreta custos relacionados com a conversão e instalação das explorações que podem ser substancialmente re-duzidos através de acordos de integração com os beneficiários do subproduto (agricultor). Acresce ainda os apoios comunitários disponíveis para esta tipologia de operação que podem chegar aos

50% do total do investimento, prevendo-se uma amortização do investimento em 4,2 anos.Mas a intervenção da FPAS nesta matéria não se fica pela ideia. A Federação mantém um pro-tocolo com a EDIA e o INIAV no sentido de criar unidades experimentais e demonstrativas de subprodutos agrícolas, pecuários e agroindus-triais, de forma a melhorar a disponibilidade para o solo da matéria orgânica presente no efluente suinícola.O modelo de gestão aqui explanado tem colhido a simpatia e o apoio da tutela do setor. No entan-to, há ainda obstáculos que têm de ser debelados. Não é de todo atraente que o processo burocrá-tico para manusear efluentes pecuários seja mais exigente do que, por exemplo, para os resíduos radioativos. Sem mudanças do quadro legislati-vo no que a este aspeto concerne, não será mais atraente aplicar nos solos fertilizantes naturais ao invés de adubos químicos.Em conclusão, com a “Segmentação de Ciclo” pretende-se:Do ponto de vista da gestão agrícola, o aumento da rentabilidade das empresas, através do redi-mensionamento das explorações, da especializa-ção técnica nas mesmas e do aumento do efetivo animal numa mesma área coberta;Do ponto de vista técnico, reduzir os riscos sani-tários, aumentando a biossegurança das explora-ções, adequação da mão de obra a cada ciclo de produção, sustentabilidade do plano de gestão de efluentes, melhor gestão dos grupos de animais, dos recursos humanos e do espaço;Do ponto de vista ambiental, diminuir a carga poluente nas regiões onde representa um proble-ma e evitar a contaminação dos lençóis de água;Do ponto de vista agrícola, melhorar a produtivi-dade dos solos, diminuindo a erosão e a lixiviação dos mesmos;Do ponto de vista económico, diminuir as im-portações de adubos e cereais, diminuir custos dos agricultores e aumentar receitas dos produ-tores;Do ponto de vista social, maior ocupação do es-paço rural, criação de emprego e competitividade do agronegócio;Do ponto de vista produtivo, alcançar o desígnio da autossuficiência do setor até 2020!A “Segmentação de Ciclo” não é um conceito in-ventado, é uma prática realizada em países como EUA ou Holanda. Países em relação aos quais temos melhores características de clima e de solo e até melhores condições de financiamento. A oportunidade está aí e os produtores portugue-ses só terão uma hipótese de a agarrar. Chegou a hora de crescermos, chegou a hora de sermos competitivos, chegou a hora de voltarmos a ter jovens na atividade!

GESTãO AGRíCOLA

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Quem é Quem no investimento estrangeiro em PortugaL

“a thales é líder europeia no fornecimento de sistemas eletrónicos para as áreas aeroespacial e da defesa, sendo presentemente a principal empresa mundial no fornecimento de sistemas de controlo de tráfego aéreo, no fabrico de

satélites de telecomunicações e sonares, e um dos principais atores nas áreas de ciber-segurança, comunicações táticas militares, entre outras”, afirma João araújo, Presidente do conselho de administração da thales group, em entrevista à revista Pontos de vista, onde ficamos a perceber as principais razões que fazem desta marca uma das principais a nível

mundial, onde a inovação tem tido um papel verdadeiramente preponderante.

“A THALES é LíDER EUROpEIA para as áreas aeroespacial e da defesa”

Presente em vários pontos do mundo, a Thales Group abraça a indústria aeroespacial e de defesa, segurança e transporte. Tendo em conta os projetos em que estão inseridos, podemos dizer que as soluções apresentadas pela marca são uma forte alavanca no desenvolvimento tecnológico. Qual é o balanço que fazem deste apoio à inovação?As áreas Aeroespacial e da Defesa (ASD) são tra-dicionalmente fortes alavancas do desenvolvimen-to tecnológico, obrigando as empresas que nelas atuam a apostarem fortemente em Inovação para se manterem competitivas. A partir de Portugal, através da parceria estabelecida com o Estado Por-tuguês na Edisoft, a Thales fornece sistemas ope-rativos para satélites da Agência Espacial Europeia (ESA) e sistemas avançados de ISR (Intelligence, Surveillance & Recognaissance) para as Forças Armadas de um dos maiores países africanos. A Edisoft fornece ainda sistemas de apoio à decisão para combate ao terrorismo para a NATO desen-volvidos através de uma parceria com a Marinha Portuguesa, para além de assegurar o serviço de deteção de hidrocarbonetos no Atlântico Norte para a Agência Europeia de Segurança Marítima. Também cabe aqui referir o suporte aos lançamen-

tos espaciais da ESA a partir da Estação Espacial Terrestre sita em Santa Maria, nos Açores.

As distintas parcerias com Universidades dos quatro continentes permitem não só o crescimento da produção de novos produtos, mas também a criação de novas soluções e o investimento num maior conhecimento tecnológico. Como caracterizam este trabalho conjunto? De que forma se torna benéfico para a marca e para o próprio crescimento mundial?A colaboração com as Universidades é um dos pi-lares da Inovação e do desenvolvimento tecnológi-co na Thales. Por um lado, os desafios tecnológicos orientados ao mercado que a Thales lança, são o campo perfeito e o combustível para o desenvolvi-mento de trabalhos de investigação académica, de onde surgem novas ideias, tecnologias e conceitos que serão apresentados em papers e publicações, alimentando assim as atividades académicas.Por outro lado, o espírito livre e criativo, ávido de novas abordagens, característico da Academia, quando enquadrado pela exigência de prazos e budget para a concretização de objetivos men-suráveis, resulta numa capacidade de realização

e concretização importante para ambas as partes.Com esta parceria, tanto a Academia como a Thales satisfazem as suas necessidades de desen-volvimento de conhecimento e de surgimento de novos produtos mantendo a Thales na vanguarda tecnológica.

A qualidade e excelência que caracterizam a Thales Group permitem um reconhecimento a nível internacional. Atualmente trabalham para marcas e entidades de referência mundial e têm promovido o desenvolvimento dos vários países onde atuam. Exemplo disso é a colaboração que têm atualmente com o exército norte-americano. No Turquemenistão, impulsionaram o desenvolvimento das telecomunicações por satélite. O que permitiu que atingissem este patamar de sucesso, sendo uma marca de confiança e eficiência?A Thales é líder europeia no fornecimento de sis-temas eletrónicos para as áreas Aeroespacial e da Defesa, sendo presentemente a principal empresa mundial no fornecimento de sistemas de con-trolo de tráfego aéreo, no fabrico de satélites de telecomunicações e sonares, e um dos principais

JoÃo araÚJo

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atores nas áreas de ciber-segurança, comunicações táticas militares, entre outras. O facto de a Thales ter assumido o controlo acionista da Edisoft, com 65% do capital, criou uma oportunidade histórica para a indústria ASD portuguesa, dado que per-mitiu começar a abordar projetos de grande di-mensão, a partir de Portugal, em áreas altamente competitivas e institucionalizadas.

Em Portugal, assumem a mesma liderança de mercado e integram diversos projetos, que comprovam a qualidade de toda a equipa e, consequentemente, da própria marca. Como definem o vosso êxito em território português? De que modo o mercado nacional apoiou e impulsionou este sucesso?O êxito da Thales em Portugal deveu-se a dois fa-tores principais: O primeiro, foi a existência de um plano de in-vestimento e modernização ferroviária de longo prazo que deu visibilidade de oportunidades e do mercado, permitindo que uma multinacional como o Grupo Thales não hesita-se em abordar esse mercado emergente a partir da sua presença no País.O segundo, diretamente relacionado com o ante-rior, foi a decisão de adquirir para Portugal com-petências locais que permitissem endereçar os de-safios do País, acima referidos, a partir de dentro, com uma equipa Nacional, criando um Centro de Competências Português que permitiu maximizar a incorporação Nacional nos projetos estruturan-tes em curso;Como consequência, ao longo da implementação do plano referido, a Unidade Portuguesa da Tha-les, a Thales Portugal, desenvolveu-se, adquiriu competências particulares e realizou obra efetiva, pela qual se destacou no seio do Grupo.Tendo sido reconhecidas as suas realizações no mercado doméstico, foram-lhe lançados desafios quanto à internacionalização das suas atividades em representação do Grupo. Hoje, o mercado ex-terno representa a maior fatia das atividades da Thales Portugal.Como conclusão poderemos dizer que o merca-do Nacional foi o palco onde a Thales Portugal desenvolveu as suas competências e lhe permitiu ganhar a credibilidade para se lançar na exporta-ção. A existência de um sólido mercado Nacional é fator fundamental de sustentabilidade e conti-nuidade da unidade Nacional como medida para evitar a deslocalização das competências e skils nacionais.

A atual crise económica portuguesa influenciou e prejudicou o tecido empresarial. As empresas internacionais com presença em Portugal receavam apostar num território com um rumo incerto. Como contornaram esta situação de fragilidade económica? Continuaram a apostar na sociedade portuguesa como sempre o fizeram?Tal como já referido, a Thales em Portugal de-senvolveu competências e adquiriu know-how durante o período em que existiu investimento recorrente, tendo iniciado as suas atividades de exportação ainda durante esse período. No momento em que se iniciou a crise económica, a Thales acompanhou esta mudança reorientando as suas atividades de “dentro” para “fora”, ou seja orientando o seu foco para os mercados externos.Apesar de já estar em curso, esta mudança, ocorri-da num espaço curto de tempo, cerca de três anos, exigiu um esforço significativo, no qual tivemos

sucesso graças às sólidas competências e referên-cias já adquiridas nos projetos Nacionais.Apesar da crise, a Thales Portugal continua atenta e focada na justa medida, no mercado Nacional, o qual merece sempre a nossa principal atenção e dedicação.

A nível mundial, este gigante francês tornou-se num dos principais players na sua área de atuação. Iniciaram a vossa atividade em Portugal no início dos anos 90, mais concretamente no âmbito do Plano de Modernização da Rede Ferroviária Portuguesa. Porquê a aposta em Portugal e que balanço é possível perpetuar da vossa atuação em território luso? O Plano de Modernização da Rede Ferroviária Portuguesa foi o palco certo no momento certo que permitiu à Thales Portugal ganhar compe-tências e afirmar-se tanto no mercado doméstico como no seio do Grupo Thales, ganhado a credi-bilidade necessária para que lhe fossem atribuídos outros desafios, fundamentais para a sua sustenta-bilidade ao longo da crise económica Portuguesa.

Neste processo de entrada no mercado nacional, quais foram os principais entraves?O processo de entrada e consolidação no mercado Nacional não apresentou entraves particulares. O Grupo tinha a tecnologia e as soluções para res-ponder ao mercado. A Equipa Nacional tinha a vontade e a visão e o mercado apresentava os de-safios.Tudo se conjugou em torno de uma equipa motivada.

Sendo uma empresa que está na vanguarda da qualidade e da inovação, que novidades podemos esperar da Thales Group até ao final do ano?As atividades de Inovação têm vindo a desempe-nhar um papel cada vez mais relevante tanto no Grupo como na Thales Portugal. Em Portugal, as atividades de I&D desenvolvem-se há mais de 15 anos, orientadas para o desenvolvimento de produtos Portugueses integrados no portfolio Thales e no desenvolvimento da Inovação atra-vés de projetos cooperativos. Os projetos coo-perativos têm permitido o desenvolvimento de novos conceitos e tecnologias inovadoras com o objetivo de iniciar o aparecimento de novos pro-dutos.

Dentro do vosso segmento de atuação, em ter-mos globais, quais serão os grandes desafios para o futuro? A Thales Group está claramente apta para os enfrentar? Portugal será um mer-cado para continuar a exponenciar? em termos de mercado global os grandes desafios que se colocam ao grupo thales são principal-mente a crescente competitividade nos mercados emergentes à qual a thales responde através de forte localização e por uma aposta na inovação. outro desafio surge da instabilidade económi-ca mundial ao qual a thales responde através da adaptação permanente aos segmentos onde desenvolve atividades e pela disponibilização de novos serviços, conceitos de negócio e novas so-luções. Portugal é e continuará a ser um mercado a exponenciar. enquanto a crise económica fizer sentir os seus efeitos a thales Portugal investe no desenvol-vimento de projetos colaborativos envolvendo empresas portuguesas para o desenvolvimento de novas tecnologias e soluções, no desenvolvi-mento de módulos e periféricos para a sua gama de produtos, que serão utilizados em projetos de exportacão e na contratação de serviços especiali-zados de engenharia também para os projetos de exportaçãoneste domínio a thales Portugal assume um pa-pel de aglutinador de empresas Portuguesas para os seus projetos de exportação. um exemplo deste espírito que temos vindo a promover é o da promoção de um cluster Ferro-viário Português, que aglutine todas as empresas Portuguesas ou de base Portuguesa com forte valor acrescentado no setor ferroviário para o de-senvolvimento e implementação de projetos fer-roviários no mercado exterior, suportado por uma eficiente diplomacia económica. adicionalmente, a abertura para abordar novos modelos de negócio que respondam às limitações que a atual crise económica coloca ao mercado Português no sentido de manter uma tendência de modernização e investimento são um fator que permitirá exponenciar o mercado Português. Portugal tem-se transformado nos últimos anos, constituindo hoje e cada vez mais um País de ideias, um País seguro, um País competitivo, um País mais transparente, um País com futuro.

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gestão integrada empresarial e subcontratação de executivos seniores é o mote da eFr - executive For rent para uma modificação total das marcas com que trabalham diariamente. com um know-how invejável e uma visão futurista, Jesus Llorente e tomás cobas, ambos sócios e Fundadores do projeto, têm promovido o desenvolvimento mais que positivo

da sociedade económica nacional e internacional.

COLOQUE A SUA EMpRESA nas mãos de quem sabe

Porque “num momento de crise também se criam oportunidades”, Jesus Llorente e Tomás Cobas decidiram abraçar um novo projeto que, sendo pioneiro na

área, iria definir-se rapidamente como um su-cesso não apenas nacional, mas também inter-nacional. Transformando não apenas números e vendas, métodos e pensamentos, mas também mentalidades, surgiu em 2013 a EFR, que tem como core business a subcontratação de execu-tivos seniores. Apesar de ser uma solução pouco frequente no mercado português, que prefere trabalhar sui generis, é a opção com melhores resultados. Jesus Llorente explica que os execu-tivos da empresa que fundou são maioritaria-mente seniores, apresentando “um know-how forte, com experiência demonstrada e objetivos alcançados”, o que permitirá ao cliente uma maior “tranquilidade”. Assim, os profissionais são subcontratados “para companhias que estão com problemas de organização ou no lançamen-to de novos produtos, para substituir um diretor por um tempo determinado ou entrar em novos mercados”. Em situações mais delicadas, em que as empresas estejam a passar por situações de baixo lucro, custos desproporcionais ou riscos de falência, os executivos da EFR são, também, uma opção bastante viável para conseguir equilibrar esforços e permitir que as empresas retomem “o seu caminho”, garante o fundador da marca. Com objetivos e metas bem definidas, os exe-cutivos entram, deste modo, na empresa com a missão de desenvolver e aperfeiçoar formas de estar e agir, onde os números falam por si. O profissional “faz uma análise da empresa, apre-senta um plano de recuperação, uma estratégia” e o êxito é sempre alcançado, garante Llorente. Apesar de a flexibilidade na rescisão do contra-to ser uma garantia para o cliente que procura a EFR, os fundadores do projeto referem a im-portância de finalizar a estratégia com que se comprometem e de acompanhar a empresa após a saída do executivo. “Fazer os follow-ups, o co-aching” e o “refresh da própria equipa” é da má-xima importância para que os resultados obtidos não sejam apenas uma fase temporária. E, pelo sucesso que os profissionais EFR garantem, o natural é que a saída seja preparada na data pre-vista, não existindo casos de cessação antecipada da estratégia definida.Pelo contrário, e tendo por base a excelência dos serviços prestados, os clientes optam por manter contacto com a marca e atribuir mais responsa-bilidades a Jesus Llorente e Tomás Cobas, como alargamento de atividades e expansão internacio-nal. Tendo por filosofia aceitar todos os desafios propostos pelo cliente, a EFR acede sempre a estes pedidos e abraça os projetos dos clientes

como se fossem seus. Da EFR apenas se hou-ve um não quando há fortes probabilidades de “existirem constrangimentos que possam preju-dicar os interesses do nosso cliente” e nos quais a empresa não consiga intervir. Ou então quan-do os seus clientes pretendem contratar os exe-cutivos da EFR a título permanente. Em tom de brincadeira, Tomás Cobas afirma que “em equipa que ganha não se mexe”. E se os clien-tes considerarem o profissional subcontratado ideal para a empresa ou projeto que lideram? O não continua a ser a resposta de Jesus Lloren-te. “Porque se é ideal para as restantes empresas também é ideal para nós”. Com a crença de que os recursos humanos são a maior valia da EFR, tem como garantia que os seus profissionais são os melhores que existem no mercado. E, por isso, não cede a estes pedidos constantes dos seus clientes.

um Parceiro à aLturaUm dos erros mais comuns na expansão empre-sarial é a crença de que as sociedades possuem mentalidades e comportamentos idênticos en-

tre si. Esta falsa esperança torna-se num cancro para as empresas que, chegadas ao país onde pretendem criar negócio, veem o espetro social como um forte entrave. Neste sentido, a EFR apresenta-se como um parceiro que, através do seu know-how e de uma aprendizagem diária no saber estar nas diferentes culturas, assegura a segurança e tranquilidade necessárias nestes mo-mentos, cruciais para qualquer empresa. “Desde a criação da empresa até à abertura da conta bancária”, tudo é gerido pela EFR, esclarece Je-sus Llorente. O responsável pela empresa a ex-pandir apenas tem de estar no aeroporto à hora marcada e, em apenas um dia, vê nascer a sua nova empresa ou delegação. Uma situação que, “para o cliente, envolve um custo muito compe-titivo”, assume Cobas. O futuro da empresa fica sob a responsabilidade e agilidade empresarial dos sócios da EFR. Compromissos legais, fiscais e comerciais ficam – e muito bem – nas mãos de Jesus Llorente e Tomás Cobas, que mais do que qualquer outra mais-valia têm o dom da ex-periência, conhecimentos e um alto número de contatos preferenciais no mercado.

JesUs llorente e toMÁs coBas

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gestÃo de toPo

“os executivos da empresa são maioritariamente seniores, apresentando “um know-how forte, com experiência demonstrada e objetivos alcançados”

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RESPONSAbILIDADE SOCIALA empresa, que trabalha 24 horas por dia du-rante 365 dias para o bom desenvolvimento das empresas com que trabalha, é também uma marca que assume as suas responsabilidades para com a sociedade. Neste sentido, tem vindo a promover cursos e formações totalmente gra-tuitos que garantem a partilha de conhecimento e informação. Já em setembro darão início a uma formação no âmbito empresarial, totalmente em espanhol. No entanto, existem outros cursos no decorrer do ano que poderão ser lecionados em português ou inglês.

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“desde a criação da empresa até à abertura da conta bancária”, tudo é gerido pela eFr”

a comPLementaridade de uma marca

Com o foco na gestão integrada das empre-sas que os procuram, Tomás Cobas e Jesus Llorente apostam ainda em duas outras ver-tentes que muito têm enriquecido a EFR: su-pply chain solutions e facility services. Deste modo, no âmbito das supply solutions, e em parceria com a UPS, uma marca reconhecida no transporte de mercadorias, a EFR pos-sibilita a deslocação dos produtos dos seus clientes com a melhor qualidade. Desde as questões burocráticas ao serviço em si, tudo é resolvido pela empresa de Llorente e Co-bas. Seja por ar, terra ou mar “nós pomos à disposição dos nossos clientes o nosso know--how”, que por experiências profissionais an-teriores lhes permitem uma maior competência neste setor. “O cliente está perfei-tamente descansa-do. Só tem de dizer onde é

para carregar e descarregar”, garante Cobas.Por outro lado, os facility services oferecem um apoio total em toda a logística interna das infraestruturas empresariais. “Desde a eletricidade à água, jardinagem, serralharia ou controlo de acessos, a EFR trata de qual-quer situação” que constranja o bom funcio-namento das empresas, explica Tomás Co-bas. E desde 1 de julho esta área ganhou uma nova força, com a compra de uma empresa do setor, que permitirá à EFR melhorar as suas capacidades e competências neste cam-po da logística.Em tom de conclusão, o sócio fundador da marca explica que “nós fazemos a gestão para que o cliente não tenha que se preocupar com isso. Subcontratamos, acompanhamos

a obra”, de modo a que o cliente não necessite de contactar

diferentes empresas e profissionais para

diferentes obras e reparos.

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tema de caPa

entrar em Figueira de castelo rodrigo, o coração de ribacôa, é como recuar no tempo e viajar pelos nossos antepassados. se os campos de cereais e as árvores de fruto dão à paisagem um toque natural, com destaque para as amendoeiras em flor que nos meses de primavera preenchem o olhar com tons brancos e rosados numa apoteose de luz e cor, a verdade é que a riqueza do património e a forma inigualável como o mesmo tem sido preservado faz-nos recordar colossais episódios históricos da região, como por exemplo a Batalha de castelo rodrigo, em 1664. com igrejas e capelas de imponente beleza, paisagens únicas, ruas de uma serenidade ímpar e uma gastronomia capaz de o fazer regressar acompanhada pelo vinho produzido na região, Figueira de castelo rodrigo, entre os seus vales onde fluem os rios douro, águeda e coa, convida-o a entrar e a desfrutar de cada momento na máxima plenitude. Paulo

Langrouva, Presidente da câmara municipal de Figueira de castelo rodrigo, leva-o, assim, nesta viagem por um concelho que é claramente “abençoado por deus”. conheça as razões!

FIGUEIRA DE CASTELO RODRIGO: um exemplo na forma como cuida das suas pessoas

S egundo os princípios da ética política, um presidente, ultrapassadas as eleições, deixa de ser o presidente dos seus apoiantes e simpatizantes para passar a ser, incondi-

cionalmente, o presidente de todos os muníci-pes”. É assim, de braços abertos e de sorriso fácil no rosto, que Paulo Langrouva dá as boas-vindas a todos os que querem conhecer melhor a região de Figueira de Castelo Rodrigo, rodeada por vas-tas paisagens, planaltos e castelos junto ao vale do Coa e nos contrafortes da grandiosa Serra da Marofa, com os seus 977 metros de altitude. No topo da serra, onde no passado existiu um castro, está hoje uma imponente imagem de Cristo--Rei, “mais antiga do que a imagem de Almada” (Santuário Nacional de Cristo Rei), reforçou de imediato Paulo Langrouva. Até chegar ao mo-numento que abençoa a vila, encontramos sin-gelas capelinhas que representam os passos dos “Mistérios do Rosário”. Não podemos esquecer que estamos numa região ladeada por três princi-pais rios (Douro, Águeda e Coa) e, por isso, dada a proximidade dos rios e do Parque Natural do Douro Internacional, em termos paisagísticos, o cenário é deslumbrante. Além do permanen-te contacto com a natureza, Figueira de Castelo Rodrigo, uma fusão entre cultura, património e arqueologia, convida à prática de desportos e à realização de circuitos e de cruzeiros no Douro. Por falar em Douro, Figueira de Castelo Rodri-go está inserida na Rota do Vinho do Porto, o que é um extraordinário atrativo para a região. Este néctar dos Deuses apaixonante é o epicen-tro de um produto turístico que permite ao tu-rista percorrer diversos locais e comprar vinhos diretamente ao seu produtor. Nesta região, pode viajar ao longo do Rio Douro até chegar a Barca d’Alva, o limite da navegabilidade do Douro que tem início na sua foz no Porto. Quer seja de car-ro, de barco ou a pé, Figueira de Castelo Rodri-go é um mundo de descobertas e foi juntamente com Paulo Langrouva, figura que está na linha da frente dos destinos desta região desde 2013, que a Revista Pontos de Vista ficou a conhecer uma região dinâmica caracterizada pelas suas poten-cialidades e que não se deixa assustar pelo im-pacto causado por um “país inclinado”. Estamos numa região do interior do país sim! Mas a ver-dade é que Figueira de Castelo Rodrigo não para e tudo tem feito para segurar as suas pessoas e ser um atrativo para que, aos olhos de quem está de fora, seja um concelho onde se deseja viver. As razões, essas, são muitas.

PaUlo langroUva

Figueira de casteLo rodrigo, uma regiÃo única

Figueira tem algumas particularidades que difi-cilmente será possível encontrar noutras regiões do país. O facto de possuir uma das 12 aldeias históricas, espaços que formam um cervo único da história do país, dá automaticamente uma vi-sibilidade diferente ao concelho que, para Paulo Langrouva, “ultrapassa tudo o que seria expec-tável”. Castelo Rodrigo é uma vila fortificada que guarda vestígios de ocupação humana que remontam ao Paleolítico, completamente recu-perados ao abrigo do Programa de Recuperação de Aldeias Históricas. Com ruas irregulares, ín-gremes e num fidedigno retrato do estilo medie-val, situa-se entre um monte escarpado e a nas-cente da Serra da Marofa. Já fora da povoação encontramos um chafariz, conhecido como Cha-fariz da Casqueira, cuja importância histórica transporta-nos para 1664, no momento em que as tropas espanholas montaram o seu quartel-ge-neral junto dele. Destaca-se ainda a igreja matriz fundada pelos frades hospitalários em 1192 com o objetivo de ajudar os peregrinos que estavam a caminho de Roma ou de Santiago de Com-postela. Em suma, são assim pontos de especial interesse as velhas muralhas, o Pelourinho qui-nhentista, a igreja matriz, a cisterna medieval, as

“É dos poucos concelhos que está rodeado por três rios: Douro, Águeda e Coa. Temos uma al-deia histórica e a primeira reserva privada a nível nacional. Estamos integrados no Parque Natural do Douro Internacional. Estamos numa zona recentemente classificada pela UNESCO como reserva da biosfera. Temos duas barragens e dois monumentos nacionais. Enfim, Figueira de Cas-telo Rodrigo tem um património histórico, cul-tural e recreativo inédito a nível nacional e, com estas potencialidades, acredito que estamos a fa-zer um trabalho extraordinário”, afirmou Paulo Langrouva. Com cerca de 200 turistas prove-nientes da navegabilidade do Douro, Figueira de Castelo Rodrigo é cada vez mais um destino turístico por excelência. Se na região são inúme-ros os pontos de atratividade, sem dúvida que as características intrínsecas à população figuei-rense é outro excelente cartão de visita. “É um povo afável, que gosta de receber e de tratar bem. Quem visita Figueira de Castelo Rodrigo sairá com uma impressão positiva da região e das suas gentes que fazem um esforço enorme para que as pessoas se sintam em casa”, descreveu o edil. É um saber receber que se transmite de geração em geração e que serve de bandeira em todas as descrições que se possam fazer de Figueira de Castelo Rodrigo.

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ruínas do palácio de Cristóvão de Moura (indício da raiva da população quando, no final do reina-do de Filipe II, incendiou o palácio de Cristóvão de Moura, um dos apologistas da legitimidade espanhola em território português) e uma série de vestígios que é a prova da presença de uma importante comunidade de cristãos-novos.Mais do que história, Figueira de Castelo Ro-drigo é contemporaneidade. Na última linha do ponto de atracagem dos barcos provenientes da navegabilidade do Douro, Barca d’Alva acolhe um sem número de turistas que ficam rendidos àquele território. Ainda como exemplo de uma postura à frente do seu tempo, a autarquia tem procurado aproveitar as potencialidades desta re-gião ao máximo através, por exemplo, de um re-forço da parceria com a Associação Transumân-cia e Natureza (ATN), entidade proprietária e gestora da Reserva da Faia Brava, a primeira Área Protegida Privada do país. “São mais de oitocen-tos hectares de área protegida muito trabalhada por esta associação no sentido de promoverem a manutenção das espécies de fauna e flora da região e preservarem os animais selvagens. Aqui podemos ver águias, nomeadamente a Águia--Real ou a Águia-de-Bonelli, grifos, garranos,

raposas ou javalis. São condições únicas que dão visibilidade à região e causam um enorme im-pacto”, defendeu Paulo Langrouva. Prova dessa visibilidade é o crescente interesse demonstrado por parte de estudantes holandeses ao abrigo do Programa Erasmus que vêm a Portugal durante uma semana para ver de perto a Reserva da Faia Brava, um ponto de interesse também de jorna-listas e fotógrafos de todo o Mundo. “Estamos a conseguir marcar uma posição de referência no domínio da preservação da natureza, dos animais autóctones e das espécies em vias de extinção. Isto valoriza o território e atrai visitantes”, asse-gurou o responsável que, desde que iniciou o seu mandato, tem apostado no reforço do desenvol-vimento de projetos em domínios tão diversifi-cados como o científico, ambiental ou turístico. Paulo Langrouva tem demonstrado, desde que tomou posse, um enorme interesse em instalar um observatório de astronomia no concelho, com uma importância nacional e internacional. Pedro Russo, um “filho da terra” e investigador mundial na área da astrofísica, irá acompanhar a comis-são científica internacional que acompanhará o desenvolvimento do projeto. “O objetivo é o de proporcionar um espaço não só para investigado-

O QUE IMPORTA SAbER ACERCA DA ALDEIA HISTóRICA DE CASTELO RODRIGO?- dos principais momentos da história onde

o nome do castelo rodrigo esteve presente destaca-se, acima de tudo, um: a vitória con-seguida a 7 de julho de 1664, na Batalha de castelo rodrigo, no lugar da salgadela;

- a aldeia é um espaço de grande valor histó-rico, com monumentos de imponentes, tais como as muralhas, as ruínas do Palácio de cristóvão de moura, o Pelourinho, a igreja medieval, a torre do relógio e a cisterna;

- Quando se passa pela rua de sinagoga ainda é possível encontrar vestígios da presença dos judeus na freguesia. no reinado de d. manuel i a sinagoga foi transformada em cisterna, sendo que ainda se preservam as duas entradas, uma de estilo gótico e a ou-tra de traço mourisco.

PRINCIPAIS INFORMAÇõES SObRE O SEGURO DE SAúDE MUNICIPAL:- acesso a consultas urgentes, bem como clí-

nica geral e de especialidades, e aos meios de diagnóstico complementar num prazo de sete dias, sendo que a rede de clínicas não poderá distar mais de 160 quilómetros;

- o utilizador está isento do pagamento de taxas moderadoras ou de qualquer despesa com o transporte;

- o seguro não contempla cirurgias e interna-mentos;

- o utente tem de residir em Figueira de cas-telo rodrigo.

PONTOS DE PARAGEM ObRIGATóRIA- castelo rodrigo;- convento e igreja de santa maria de aguiar;- cais de Barca de alva;- muralhas do castelo e Palácio de cristóvão

de moura;- miradouro da marofa;- Barragem de santa maria de aguiar;- torre solar dos metelos;- miradouro do alto da sapinha.

DADOS SObRE FIGUEIRA DE CASTELO RODRIGO- Freguesias: algodres, vale de afonsinho e

vilar de amargo; almofala e escarigo; cas-telo rodrigo; cinco vilas e reigada; colmeal e vilar torpim; escalhão; Figueira de castelo rodrigo; Freixeda do torrão, Quintã de Pero martins e Penha de águia; mata de Lobos; vermiosa;

- Localização: pertence ao distrito da guarda, região centro e sub-região da Beira interior norte;

- População: 6260 habitantes em 2011;- gastronomia: o prato típico é o borrego à

marofa mas é possível ainda apreciar o ca-brito ou as orelhas de dom abade;

- Presidente da câmara municipal: Paulo Lan-grouva;

- Feriado municipal: 7 de julho.

PalÁcio cristóvÃo de MoUra

castelo rodrigo

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tema de caPa

res profissionais como para os mais amadores e disponibilizar experiências diferentes a quem nos visita, numa perspetiva não só cultural mas tam-bém lúdica”, referenciou Paulo Langrouva, que é ambicioso nos seus projetos. Alargar horizontes e abrir Figueira de Castelo Rodrigo para o Mundo tem sido o foco do trabalho para uma região que está acessível a todos. “A três horas de Madrid, a uma hora de Salamanca e de Valladolid, a 40 mi-nutos da cidade Rodrigo, a duas horas do Porto, Figueira de Castelo Rodrigo está numa centra-lidade e não nos podemos limitar ao distrito da Guarda. Temos de saber captar um público bem mais abrangente”, vaticinou o edil.

caPtaÇÃo da PoPuLaÇÃo JovemOlhando para o nosso país, do norte ao sul, do interior ao litoral, há uma verdade que salta desde logo à vista: Portugal é um território de desigualdades demográficas. É vital, é premente reverter o declínio demográfico nas regiões do interior para que, daqui a alguns anos, não seja demasiado tarde recuperar estas zonas que têm tudo, menos pessoas. Se o país não quer que o interior se desertifique, tem de se implementar uma política efetiva de fixação de pessoas e este tem sido um trabalho abraçado pelo Município de Figueira de Castelo Rodrigo. “Pela falta de

empresas e pela ausência de iniciativa empresa-rial, a desertificação é um problema transversal à maioria dos concelhos do interior. Cabe à au-tarquia incentivar os jovens para que comecem a perceber que esta região tem potencial. Como tal, fazemos campanhas de divulgação de progra-mas de apoio e outros para que eles entendam que há outros caminhos que não passam por sair daqui. Por exemplo, se há uns anos ser agricul-tor era algo depreciativo, hoje é prestigiante. Nos últimos anos, tem começado a existir ideias e vo-cação para a criação dos seus próprios postos de trabalho”, afirmou Paulo Langrouva. De forma a fixar jovens e não tão jovens a per-manecerem na região, a autarquia desenvolveu um projeto inédito no país. Devido à carência no ramo da saúde que se faz sentir no concelho, foi criado o Seguro de Saúde Municipal, “Figueira Saudável”. Numa iniciativa pioneira que procura zelar pela qualidade de vida e pelo bem-estar dos figueirenses, a ideia não é substituir o Sistema Nacional de Saúde mas ser um complemento. “Este cartão, além de cuidar das pessoas de uma forma gratuita, possibilita a fixação delas na re-gião. Mais qualidade de vida, maior segurança, conforto e acesso aos cuidados de saúde são as particularidades deste cartão que surge num mo-mento em que também será brevemente inaugu-

bREVE PERCURSO DE PAULO LANGROUVA

HaBiLitaÇÕes académicas:- Licenciatura em economia: universidade

nova de Lisboa;- mestrado em economia: universidade da

Beira interior;- doutoramento em economia: universidade

da Beira interior.

eXPeriÊncias ProFissionais:- docente da disciplina de economia na esco-

la secundária de seia e na escola Profissio-nal da serra da estrela (ePse);

- técnico superior no núcleo empresarial da região da guarda (nerga);

- técnico superior do ieFP, i.P. – centro de apoio à criação de empresas da Beira inte-rior – ninho de empresas de seia;

- responsável pelo ninho de empresas do co-nhecimento e das tecnologias de informa-ção de Figueira de castelo rodrigo;

- coordenador do núcleo de serviços de ges-tão – ieFP, i.P. – centro de emprego e For-mação Profissional da guarda – serviço de emprego de Pinhel;

- técnico superior do instituto do emprego e Formação Profissional, i.P. (ieFP, i.P.) – cen-tro de emprego e Formação Profissional da guarda – serviço de emprego de Pinhel.

rado o novo centro de saúde”, salientou o presi-dente. Quando mais de um terço dos residentes não tem médico de família, este é um serviço que envolve consultas de clínica geral, de especialida-des e também outros serviços de apoio aos mu-nícipes, como o transporte para a rede de clínicas envolvidas, a um valor totalmente gratuito.

caPtaÇÃo de emPresasTendo consciência de que a iniciativa empresa-rial é fundamental para o desenvolvimento dos territórios do interior do país, Figueira de Cas-telo Rodrigo “arregaçou as mangas”. Mas aqui o conceito de captação de investimento pode ser diferente do habitual. “Não pretendo atrair gran-des fábricas que decorrido algum tempo fecham e deixam-nos com um grave problema de desem-prego. A ideia é atrair pequenos negócios que vão crescendo e conseguindo criar sustentabilidade e manutenção de postos de trabalho. Queremos criar negócios fortes, consolidados, sedimenta-dos, que não se digladiem uns aos outros, dife-renciados e que criem potencial empregabilidade no concelho”, defendeu Paulo Langrouva. Para tal foi criado um Ninho de Empresas do Co-nhecimento e Tecnologias da Informação. Como impulso à capacidade criativa e empreendedora dos jovens figueirenses, este espaço abraça em-

cristo rei - serra da MaroFa

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RESERVA DA FAIA bRAVAsão sensivelmente 850 hectares dedicados à conservação da natureza através de ações de restauro ecológico, como a valorização dos habitats, o aumento da disponibilidade alimentar das espécies mais ameaçadas e a gestão florestal. o grifo, o abutre-do-egito, a águia-de-Bonelli ou a águia-real são algu-mas das aves nidificantes que proporcionam a este espaço um elevado interesse para a conservação da natureza. em 2010 foi classificada pelo instituto de conservação da natureza e Biodiversidade como a primeira área Protegida Privada do país e é, hoje, de igual modo, uma área-piloto do projeto europeu rewilding europe para a criação de áreas naturais silvestres e para o desenvolvimento de turismo de natureza na europa

EVENTOS QUE AGITAM FIGUEIRA DE CASTELO RODRIGO- Figueira com vida: é uma promoção e divulgação do que de melhor esta terra tem, desde os produtos

endógenos ao património, que ocorreu de 13 a 16 de agosto e trouxe ao concelho personalidades como adriana Lua, Fernando Pereira ou antónio Pinto Basto;

- marofa Folk & Blues Fest 2015: primeiro festival internacional de Folk e Blues de Figueira de castelo rodrigo que se realizou nos passados dias 31 de julho e 1 de agosto;

- aldeia natal de castelo rodrigo com um presépio natural;- amendoeiras em Flor: um mês de festa com atividades para todos os gostos, que incluem montarias,

passeios de Btt, motocross, entre outros.

presas e pró-empresas criadas por jovens com idades compreendidas entre os 22 e os 35 anos de idade, recém-licenciados ou com formação es-pecializada nestas áreas do conhecimento e das novas tecnologias da informação, em que se pode incluir call-centers, agências de viagens, web de-signer, redes e sistemas informáticos, entre ou-tras. A um passo de entrarem efetivamente no mercado, este centro funciona como uma “rampa de lançamento”. A par disso, a autarquia elaborou um regulamento de apoio à fixação de novas empresas na zona in-dustrial local, cujos incentivos se destinam a novas empresas ou a empresas já constituídas que se ve-nham a instalar na zona industrial da região, situa-da nas proximidades da aldeia de Castelo Rodrigo, dinamizando, assim, aquele espaço empresarial. Numa região que, segundo Paulo Langrouva, produz “os melhores vinhos do país”, a vertente vitivinícola tem desempenhado, de igual modo, fulcral importância para o desenvolvimento eco-nómico de Figueira. De mãos dadas com a Ade-ga Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo, a autarquia tem levado o nome dos seus vinhos bem longe. Se em Portugal conseguiram uma parceria com a Douro Azul, a nível internacio-nal, o município tem estado em contacto com a América ou França para também dar a conhecer as potencialidades deste setor. Como prova deste contínuo compromisso, foi lançada uma garrafa Magnum de Vinho Espumante Castelo Rodrigo, com 1,5 litros por unidade, numa edição limitada a 3000 garrafas que já tem feito eco nos mercados nacional e internacional.

comPromisso com as PessoasSer autarca em tempos económicos mais contur-bados não é uma tarefa cobiçável. “Um autarca é um confidente, um pai, é quase tudo. As pessoas recorrem aos autarcas para resolverem os seus problemas e para desabafarem. Os desafios são grandes, pelas restrições financeiras e pelo facto de não termos grandes margens de manobra. É tudo muito controlado e a exigência e respon-sabilidade são bem maiores”, confessou Paulo Langrouva. A par disso, é ainda necessário ter em mente uma forte distinção entre ser autarca no litoral e no interior do país. “Um autarca dos territórios de baixa densidade tem de ser criativo, puxar pela imaginação e ver formas variadas de atrair as pessoas, captar investimento e não dei-xar que a população fuja. Implica muitas horas de dedicação à causa pública, mas também é grati-ficante ver os resultados. Acabamos por perceber que desempenhamos um papel determinante na vida das pessoas”, partilhou o responsável. E é esse compromisso que Paulo Langrouva conti-nuará a assumir. Para o futuro está já no hori-zonte a abertura de um novo centro de saúde, um centro de inspeções de veículos automóveis, um centro de dia e de um centro de interpretação da Batalha da Salgadela, datada de 1664 e uma das mais importantes da independência de Portugal. Não querendo fazer obras megalómanas, Paulo Langrouva está centrado nas pessoas e na sus-tentabilidade da região, deixando, por isso, uma mensagem especial de esperança a todos aqueles que confiam em si, no trabalho profícuo que tem desenvolvido pela terra e indo mais além, deixan-do um apelo a todos os que ainda não conhecem a região: “visitem Figueira de Castelo Rodrigo! Vão ficar encantados e provavelmente até ficarão por cá”, colmatou o autarca.

alto da saPinHa - MiradoUro

reserva da Faia Brava

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Corria o ano de 1111, quando, a 9 de maio, o Conde D. Henrique e a Rainha D. Teresa de Leão cederam o foral a Sátão, tornando-a uma das vilas mais antigas

de Portugal. Um concelho que, desde cedo, se mostrou “aprazível” para viver, como afirma o próprio Alexandre Vaz. Desde cedo, esta loca-lidade teve uma grande procura populacional, havendo provas de que, no ano de 900, já existia quem preferisse a tranquilidade, o ambiente puro e as paisagens de Sátão para viver o seu dia-a-dia. E, garante o presidente do município, “se já nessa altura a região de Sátão era um lugar aprazível”, é compreensível que, atualmente, “as pessoas se sintam bem aqui”. A aposta no bem-estar, na em-pregabilidade, na agricultura e na indústria tem sido, a par das mais-valias que a própria locali-dade tem para oferecer, a chave para um conce-lho onde há prazer no viver. Alexandre Vaz tem unido esforços no sentido de criar um município com bom dinamismo e estabilidade financeira. Com a crença de que apenas assim é possível ge-rar bem-estar, o edil de Sátão tem investido em oportunidades que permitam criação de trabalho e de negócios. Por este motivo, e porque o atual parque industrial se encontra explorado na sua totalidade, até setembro, o município terá uma nova zona para fixar empresas e marcas. “Habili-tado com aquilo que de mais moderno existe”, o novo parque pretende receber pessoas do conce-lho e de outras localidades. “É um parque aberto ao mundo”, reitera Alexandre Vaz. De modo a que os habitantes de Sátão se tornem mais em-preendedores e que novos empresários se fixem na região, a Câmara Municipal cede terrenos a preços simbólicos e com isenção de pagamen-to de taxas. Uma boa oportunidade para quem pretende fazer crescer não apenas a sua empresa, mas toda uma sociedade que deseja mostrar a sua garra, excelência e qualidade a quem a procure.

a unicidade de um PovoAdulterando um pouco a expressão, poderemos dizer que nem só de trabalho vive o homem. E se a empregabilidade tem sido uma boa forma de promover o bem-estar aos satenses, também no lazer Sátão é um concelho de paragem obri-gatória. Com paisagens naturais admiráveis, uma história que se escreve há quase mil anos e um património rico, o município é das melhores lo-calidades para passear, visitar e, quem sabe, vir a habitar. Contudo, Alexandre Vaz, não esque-cendo toda a riqueza do concelho, acredita que “imperdíveis, em primeiro lugar, são as pesso-

com uma riqueza cultural imperdível, sátão é, acima de tudo, um concelho de gentes de bem, que recebem quem os procura com simpatia e amabilidade. o município, do distrito de viseu,

é um mundo para descobrir, visitar e, quiçá, habitar. a verdade é que, depois de conhecer, vontade não irá faltar-lhe. conheça este que é um dos concelhos mais antigos do país, pelas

mãos de alexandre vaz, edil do concelho.

UMA CULTURA E UM pOVO que se fundem numa beleza única

municÍPios Portugueses

aleXandre vaZ

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as”. “Pessoas de bem, que sabem receber” e que tornam Sátão num local ainda mais apetecível e inesquecível. Que têm pureza nos olhos e ama-bilidade no falar, com uma beleza invejável que vem de dentro. Mas depois de conhecer as gentes, há que visi-tar o património e deixar-se envolver na cultura, nas histórias e estórias de um concelho milenar. Com um património religioso rico, considerado um dos melhores de Viseu, é perentório visitar “a Capela da Nossa Senhora da Esperança, em S. Miguel de Vila Boa”, que “a nível de arte barroca, é a joia da coroa do distrito”, garante o edil do concelho. Pelo interior único, enriquecido pelo “azulejo e talha dourada”, a capela é um lugar de crença e tranquilidade, esplendor e magnifi-cência. “Virado mais para a natureza”, deixe-se deslumbrar, também, pelo “Santuário do Senhor dos Caminhos”, cuja romaria, celebrada no oi-tavo domingo após a Páscoa, traz ao concelho “milhares e milhares de pessoas”. As figuras re-ligiosas de “grande porte” e beleza e a presença de “figuras humanas” na procissão permitem uma maior adesão a um momento arrepiante. Pela antiguidade, deve também passar pelo Convento e Igreja de Santa Eufémia, em Ferreira de Aves, construído no séc. XII e, no âmbito cultural, não pode esquecer o Convento do Senhor Santo Cristo da Fraga. Atualmente com apenas a igreja a funcionar plenamente, devido à venda do con-vento a particulares, a visita é, contudo, obrigató-ria, porque aí viveu Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, autor do “Elucidário das palavras, termos e frases que em Portugal antigamente se usaram e que hoje regularmente se ignoram: obra indispensável para entender sem erro os do-cumentos mais raros e preciosos que entre nós se conservam”.Fora do contexto religioso, pode conhecer tam-bém a Casa da Cultura e a Biblioteca Municipal de Sátão, instalada no “antigo Solar dos Albu-querques”, cuja história remonta ao séc. XVIII.

a gastronomia tamBém se visitaA história de um povo faz-se também da gas-tronomia. Capital do Míscaro, um delicioso co-gumelo comestível, Sátão celebra anualmente a Feira dedicada a este alimento tão típico. Sem data concreta, o evento é marcado entre outubro e novembro e, desde logo, é certo que milhares de pessoas rumarão ao município para comerem o deleitoso “arroz de míscaros” ou a maravilhosa “açorda” do mesmo. Durante o resto do ano, o míscaro é preservado em conserva e, não tendo

“de modo a que os habitantes de sátão se tornem mais empreendedores e que novos empresários se fixem na região, a câmara Municipal cede terrenos a preços simbólicos e com isenção de pagamento de taxas. Uma boa oportunidade para quem pretende fazer crescer não apenas a sua empresa, mas toda uma sociedade que deseja mostrar a sua garra, excelência e qualidade a quem a procure”

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OS HOLANDESES já SE RENDERAM!Para um concelho que, mais do que qual-quer outro dom, tem a mais-valia de bem receber, o turismo é uma aposta forte da câmara municipal de sátão. com uma praia fluvial concluída no início de agosto deste ano e sem esquecer o património, história e natureza, sátão é um lugar de sonho para quem procura serenidade, beleza e cultura. e os holandeses comprovam todos estes factos. em Ferreira de aves, é possível en-contrar uma colónia com habitantes na-turais da Holanda e que aí se fixaram há algumas décadas. apaixonados por “trilhos e caminhadas”, deixaram-se encantar por uma terra rica em sentimentos e emoções. no mesmo lugar, foi ainda construído um Parque de campismo, com incidência para turistas vindos do país das tulipas, onde anualmente é possível encontrar também e sobretudo ingleses e belgas.

exatamente o mesmo sabor, para Alexandre Vaz “sabe sempre bem”. Até porque, afiança o presidente, “não há míscaro igual” em qual-quer outra região portuguesa.Além deste ex líbris da gastronomia satense, o município é conhecido também pelo “bom cabrito, o feijão vermelho com carne de por-co e couves” e, na doçaria, pelo leite creme, pelo arroz doce e pelas cavacas. Mas se quer realmente provar um bom doce da localida-de, não pode deixar escapar a prazerosa cas-tanha de ovos, doce conventual, que em Sátão é ainda confecionada com pau de urgueira, concedendo-lhe um sabor único. O segredo vem do Convento de Santa Eufémia, criado pelas freiras beneditinas que aí viveram, dife-renciando este doce dos demais confecionados em Portugal.Depois de conhecer todas estas maravilhas de Sátão, encontra outro lugar tão único para passar as suas próximas férias?

altar da caPela de nossa senHora da esPerança, localiZada eM aBrUnHosa, FregUesia de s. MigUel de vila Boa. coordenadas gPs - latitUde 40.706299º, longitUde -7.739262º

aZUleJos do sÉc. Xvii do convento de santa eUFêMia, localiZado no convento, FregUesia de Ferreira de aves. coordenadas gPs - latitUde 40.784601º, longitUde -7.675817º

interior da caPela de nossa senHora da esPerança

convento do senHor santo cristo da Fraga, localiZado na Fraga, FregUesia de Ferreira de aves. coordenadas gPs - latitUde 40.818579º longitUde -7.626951º

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Desde que tomou posse em outubro de 2013, lançou como prioridade trabalhar em equipa com todos os funcionários da autarquia para dar vida a um concelho com um sem número de potencialidades. Que balanço é possível fazer do trabalho que tem desenvolvido?O trabalho tem sido intenso e frutuoso, já que temos vindo a desenvolver uma série de inicia-tivas e esforços no sentido de colocar o conce-lho de Silves num patamar de visibilidade alto. Nesse sentido, posso dizer-lhe que prioridades como o Turismo e a Cultura, para dar apenas dois exemplos, têm projetos em franco progresso, um progresso visível e sentido pelas populações. Veja a utilização que tem sido feita do Teatro Mascarenhas Gregório, com inúmeras ativida-des, espetáculos, com uma companhia de teatro residente, que tem ganho vida e dado vida à ci-dade. E muitas outras iniciativas (Feira Medieval, Lado B, Sunset Secrets …), cujo objetivo é pro-

“a motivação são as pessoas, que nos levam a esquecer os constrangimentos financeiros resultantes de cortes de transferências do estado, as restrições na contratação de pessoal, as batalhas políticas, as dificuldades internas e externas, que nem sempre

nos permitem colocar em práticas tudo o que sonhamos. e nos levam, igualmente, a procurar soluções para resolver entraves”, esclarece rosa Palma, Presidente da câmara municipal de silves, em grande entrevista à revista Pontos de vista. conheça mais de

um município que tem vindo a ser colocado num patamar de visibilidade elevado.

“VALE A pENA CONHECER o concelho de silves, da serra ao mar!

municÍPios Portugueses

jetarem o nome do concelho: um protocolo de promoção turística com o Município de Palmela, ou a aposta no programa Odyssea. Em suma: o diálogo e a concertação, a transparência nas deci-sões, a descentralização de poder e competências, o trabalho em equipa, a objetividade, o rigor e a simplicidade no quotidiano são as nossas armas e estão a dar frutos.

Teve de abandonar a escola onde dava aulas para abraçar o desafio de comandar os destinos de Silves. Porquê esta aposta? Sentia que esta região precisava de si e do seu contributo?

“É preciso melhorar? certamente que sim. estamos a trabalhar para isso, pois temos consciência que é necessário criar atratividade ao longo de todo o ano e esse trabalho passa pela aposta em decisões que até serão menos visíveis, mas que contribuem para essa transformação: melhoria da limpeza urbana, redução de taxas de iMi, entre outras, que já aplicámos”

rosa PalMa

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A escola sempre foi uma aposta na minha reali-zação pessoal. Gosto de ser professora, de dar au-las, do contacto com os alunos, colegas e encarre-gados de educação. Mas na verdade, sempre quis dar o meu contributo ao concelho onde nasci e vivo, de forma mais empenhada e naturalmente achei que tinha possibilidades de pôr em prática, enquanto autarca, ideias que considero serem im-portante para o desenvolvimento e crescimento de Silves. Acredito que o meu trabalho poderá ser uma mais-valia para que esta região ganhe uma notoriedade significativa e as populações desfrutem de melhores condições e estou a tra-balhar intensamente para isso.

“Agora Silves da Serra ao Mar” foi o lema da sua campanha. O que é que esta mensagem nos diz sobre o trabalho que pretende fazer pela região?Silves é um concelho muito extenso, o segundo maior do Algarve. Tem freguesias com caracte-rísticas muito diferentes entre si: umas de litoral – como Armação de Pera - e outras completamen-te interiores – como São Marcos da Serra. Este nosso slogan é um mote para o nosso trabalho: pretendemos que todas as freguesias beneficiem da atenção da autarquia, de modo a poderem promover-se e dinamizar iniciativas. Esta atenção não se traduzirá, somente, no esforço direto e no investimento financeiro da Câmara, mas também no estímulo ao envolvimento dos particulares, das coletividades – trabalho que considero ser da maior relevância -, das autarquias locais. Só este esforço conjunto e o reforço da intervenção no terreno e na transferência de meios – o tal trabalho em equipa que mencionava antes, que reflete um maior espírito de cooperação e entreajuda – pode-rá promover um desenvolvimento concertado, que é o que se pretende, tornando esta região conheci-da e dinâmica, da serra ao mar.

Num período económico conturbado, no qual os detentores de cargos políticos são diariamente colocados à prova, como é estar na linha da frente de uma autarquia?Não é um trabalho fácil, mas é simultaneamente desafiante. A motivação são as pessoas, que nos levam a esquecer os constrangimentos financeiros resultantes de cortes de transferências do Estado, as restrições na contratação de pessoal, as batalhas políticas, as dificuldades internas e externas, que nem sempre nos permitem colocar em práticas tudo o que sonhamos. E nos levam, igualmente, a procurar soluções para resolver entraves, quer soluções que passem pela motivação interna dos funcionários da autarquia, que possam realizar

tarefas tão importantes como a limpeza urbana de forma mais eficiente, ou pela candidatura a todos os fundos comunitários que nos possam beneficiar e que já nos permitiram, por exemplo, a implementação de um sistema de moderniza-ção administrativa que culminará na apresenta-ção de um novo Portal Autárquico e na criação de um Balcão Único de Atendimento, o finan-ciamento da repavimentação da estrada Calçada/Vale Fuzeiros, o projeto Odyssea Sudoe 2 ou a Rota Al-Mut´amid (programas comunitários) que pretendem a valorização e promoção turís-tica do território do concelho através do recurso a modernas ferramentas tecnológicas e conceção/divulgação de roteiros. Ser autarca hoje é buscar e promover sinergias, consensos, ser aquilo que é por definição, um verdadeiro democrata.

Silves assume-se como uma região com “uma história interminável”. Em termos históricos, o que importa saber sobre esta cidade algarvia?Silves tem uma história de séculos, tendo por aqui passado povos oriundo de paragens distantes, como os fenícios, os cartagineses, os romanos, os judeus e os árabes. Fomos capital do “Reino dos Algarves”, sede de Bispado e todo esse legado é determinante para a forma como nos definimos hoje, para a nossa matriz cultural e sociológica. E, efetivamente, esta história não termina. A ligação à indústria corticeira, nos séculos XIX e XX e con-sequente envolvimento das nossas gentes no mo-vimento operário; a importância da agricultura; o peso do turismo e do património, tudo isso nos traz ao presente e nos faz projetar o futuro, de modo a garantirmos que o concelho permanece uma refe-rência no Algarve e no país. É todo este manancial patrimonial que importa conhecer e preservar.

Devido ao seu clima ameno durante todo o ano, Silves é uma das melhores regiões turísticas de toda a Europa. Qual tem sido a importância do turismo no desenvolvimento económico da região?Como sabe, o turismo tornou-se importante para o Algarve nos anos 60. Armação de Pera, freguesia deste concelho localizada no litoral e vila piscató-ria por excelência, tornou-se um polo de atração turística. Silves, pelo seu peso no que concerne ao património histórico, também se manteve como ponto fulcral de interesse, sendo, hoje, o segundo local mais visitado da região, depois de Sagres. O restante concelho também tem vindo a desen-volver atividades, quer ligadas à preservação am-biental (bird whatching, tracking, netre outras), quer ao desporto (mergulho, automobilismo todo

o terrreno, BTT), ou à gastronomia (vejam-se as inúmeras iniciativas: Feira do Folar em S. Marcos da Serra, Semana Gastronómica de São Bartolo-meu de Messines, Feira dos Frutos Secos em Al-cantarilha, Festival da Caldeirada em A. de Pera, Arraial do Petisco em Pera, entre outras). O que nos importa é que possamos desenvolver estraté-gias que permitam que o turismo se torne ainda mais decisivo e que se criem condições para que as pessoas se agarrem à sua terra, tenham gosto nela, queiram mostrá-la aos outros, potenciando os equipamentos que temos. Isto só se consegue, tal como referi anteriormente, estabelecendo as tais sinergias, pois a Câmara não pode fazer tudo sozinha e terá que contar com todos - as associa-ções, os particulares, as escolas e as autarquias lo-cais - para promover o nosso concelho e para que o nosso nome seja falado.

Tendo como principais atrativos o sol e o mar, o Algarve tem sofrido o impacto da sazonalidade. De que forma Silves tem procurado contrariar esta tendência, tornando-se num polo de atratividade ao longo de todo o ano?Temos, precisamente, fomentado aquilo que referia na questão anterior: a colaboração entre todos os agentes da comunidade, a criação de atividades que não gerem atenção somente em determinadas áreas geográficas (veja o caso de uma iniciativa nossa, a “Freguesia (com)vida”, que promove espetáculos em todas as freguesias, em locais emblemáticos, ao longo de todo o mês de setembro; ou outras que apoiamos e que tra-zem gente de fora para o concelho, como as mui-tas iniciativas desportivas, de que dou exemplo a Maratona Internacional de BTT de São bar-tolomeu de Messines), mas que possam ocorrer ao longo de todo o ano e abranger públicos dis-tintos, de modo a manter um fluxo contante de gente interessada no nosso concelho e ao longo de todas as épocas. Dou-lhe mais um exemplo de um projeto que motiva muito interesse e que tem relação direta com as preocupações deste executivo relativa-mente à promoção permanente do património e o desenvolvimento da atividade cultural e cientí-fica: a criação de uma rota turística e pedagógica associada ao lince-ibérico, que num futuro próxi-mo permitirá a criação do Centro Interpretativo do Lince-Ibérico, na encosta Norte do Castelo de Silves. Este é um projeto dos que considera-mos estruturante na promoção do património natural, cultural e cientifico do concelho e na dinamização da imagem cultural e turística do concelho de Silves, associando-o à marca “lince”.

“gostaria de ver alguns dos nossos produtos, já emblemáticos, ganharem uma dimensão ainda mais significativa, como é o caso da laranja e do medronho, que são de uma qualidade inquestionável e difícil de igualar. gostaria, ainda, de criar uma dinâmica para freguesias, como armação de Pera, que permita a criação de produtos turísticos com grande longevidade anual e que contribua, precisamente, para a quebra da sazonalidade já anteriormente mencionada”

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É preciso melhorar? Certamente que sim. Esta-mos a trabalhar para isso, pois temos consciência que é necessário criar atratividade ao longo de todo o ano e esse trabalho passa pela aposta em decisões que até serão menos visíveis, mas que contribuem para essa transformação: melhoria da limpeza urbana, redução de taxas de IMI, entre outras, que já aplicámos.

A par do turismo, que outras áreas devem ser estimuladas e que passos estão a ser dados nesse sentido para desenvolver uma região com tantas potencialidades?A nossa primeira preocupação dirigiu-se ao restabelecimento do equilíbrio financeiro do município, que estamos a conseguir atingir. A resolução desta situação permitir-nos-á direcio-nar a nossa atenção para áreas tão importantes como o ordenamento e planeamento urbanístico, indústria (fomento de parques empresariais), a renovação e requalificação dos espaços urbanos, de infraestruturas básicas (acessibilidades, água e saneamento, higiene pública), habitação, patri-mónio e cultura, educação, desporto, ação social. Nesse sentido, posso dizer-lhe que a autarquia solicitou um empréstimo bancário, que permitirá pôr em marcha pelo menos 17 projetos que são importantes para todas as freguesias, como, por exemplo a conclusão da reabilitação do centro histórico de Silves, a criação do parque de feiras e mercados de São Bartolomeu de Messines ou a criação de um amplo Parque Verde em Armação de Pera, entre outros e todos eles trarão, não só melhor qualidade de vida para os munícipes, mas potenciarão investimentos e melhorarão a atrati-vidade do nosso concelho, logo também gerarão desenvolvimento.

Seria importante criar mecanismos que cativem investidores nacionais e estrangeiros para investirem na região? Tem sido feito algum trabalho nesse sentido? Em concreto no apoio ao tecido empresarial local, que papel a autarquia tem procurado desempenhar?A autarquia tem trabalhado no sentido de atrair investimento ao concelho. Posso dizer-lhe que desde que fui eleita mantive contacto com di-versos empresários e potenciais investidores com vontade de se fixarem no concelho, que ouvi atentamente e cujas ideias e sugestões são tidas em consideração pelo executivo que lidero. Para além disso, a autarquia criou um serviço, o Ga-binete Empreendedorismo Local (GEL), que procura dar resposta rápida às necessidades dos empresários, das empresas e dos investidores em vários domínios, nomeadamente na informação, bem como no acompanhamento e aconselha-mento relacionado com fundos nacionais e co-munitários. Esta relação mais individualizada tem como objetivo dinamizar a atividade local e atrair investimento externo.

Para uma região que cada vez mais se afirma como destino turístico de excelência, quais são os objetivos que quer ver implementados no decorrer do seu mandato?Gostaria de ver alguns dos nossos produtos, já emblemáticos, ganharem uma dimensão ainda mais significativa, como é o caso da laranja e do medronho, que são de uma qualidade inquestio-nável e difícil de igualar. Gostaria, ainda, de criar uma dinâmica para freguesias, como Armação de Pera, que permita a criação de produtos turísticos

municÍPios Portugueses

Que mensagem importa deixar a todas aquelas pessoas que acreditam em si e no trabalho que quer desenvolver por esta cidade?diria a todos que o trabalho é empenha-do e que o executamos com igual dose de afinco e sensibilidade. Que a opinião de todos conta e que estamos, como é pró-prio de verdadeiros democratas, sempre abertos a ouvir e implementar sugestões que são validas e que contribuem para o desenvolvimento da nossa terra.

Localizado grosso modo no centro do distrito de Faro, o concelho de silves tem uma área total de 679 Km2, sendo o segundo maior do algarve. a norte está limitado pelos concelhos de odemira, ourique e almodôvar, a Leste por Loulé e albufeira e a oeste por Lagoa, Portimão e monchique, confrontando a sul com o atlântico. o concelho de silves é composto por oito freguesias que atra-vessam o litorial e barrocal algarvio, tendo cada uma delas gostos, cheiros e tradições distintas. visite cada uma delas e descubra o que de mais genuíno têm para lhe oferecer.

Em conclusão, lançar-lhe-ia um desafio: se pudesse levar o nosso leitor numa via-gem pela região, que pontos são impor-tantes dar a conhecer?tantos! Perder-me-ia, certamente, em inú-meras sugestões. a óbvia: silves e todo o seu património monumental (castelo, cate-dral, museu municipal de arqueologia, cruz de Portugal…). a estival, que todos gostam de aproveitar: armação de Pera, o seu belo areal e a vila, quer a parte nova, quer o cas-co antigo, na zona dos pescadores. a desco-berta do interior: são marcos da serra, s. B. de messines, a Quinta Pedagógica de silves e os produtores de medronho da região, alguns dos quais com a possibilidade de acompanhar o processo da destilaria. a fa-miliar: os parques aquáticos e de lazer exis-tentes no concelho – crazy World, aqua-land, Zoomarine. a aventura: o percurso das barragens, feito pela serra, conhecendo a barragem do arade e do Funcho. a gas-tronómica: uma visita a uma quinta de pro-dução de citrinos, a uma doceira regional, a um dos festivais gastronómicos do con-celho… Poderia sugerir tantas mais! deixo somente o convite: vale a pena conhecer o concelho de silves, da serra ao mar!

“gostaria de ver alguns dos nossos produtos, já emblemáticos, ganharem uma dimensão ainda mais significativa, como é o caso da laranja e do medronho, que são de uma qualidade inquestionável e difícil de igualar. gostaria, ainda, de criar uma dinâmica para freguesias, como armação de Pera, que permita a criação de produtos turísticos com grande longevidade anual e que contribua, precisamente, para a quebra da sazonalidade já anteriormente mencionada”

com grande longevidade anual e que contribua, precisamente, para a quebra da sazonalidade já anteriormente mencionada. Gostaria de ver os nossos espaços – Castelo, Museus, Centro de Interpretação, entre outros -, valorizados e cada vez mais visitados, promovendo iniciativas diver-sas. Gostaria que Silves ganhasse um peso ainda maior no que toca à definição das prioridades para este setor a nível regional, sendo visto pelos organismos que tutelam esta área, como é o caso da RTA, como um parceiro privilegiado. Gosta-ria que os fundos do próximo quadro comuni-tário nos permitissem implementar mais ideias. Enfim, gostaria que Silves fosse a capital turística do Algarve.

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Breves

algarve, o destino predileto dos turistasO Algarve é e continuará a ser um dos destinados mais procurados para passar umas férias calorosas e inesquecíveis. Desde o primeiro dia do ano, 46.697 artigos em todo o mundo deram destaque a esta zona do sul do país. Estes números surgem após um estudo da Cision, que apurou ainda que as escolhas editoriais dos meios de comunicação online de 116 países referenciavam o Algarve como um dos melhores destinos turísticos. Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, Espanha e Suécia são os cinco países que mais vezes abordam o tema Algarve nos seus diferentes órgãos de comunicação. O país governado por Angela Merkel tem nada mais, nada menos do que 14.548 referências a esta zona de Portugal, encontrando-se em primeiro lugar no top 5, distante dos Estados Unidos por uma diferença de 5401 referências. Se o mundo já se rendeu ao Algarve, de que está à espera para ter o merecido descansa nestas maravilhosas praias? Descubra ou redescubra a zona algarvia e aproveite o bom tempo que lá se faz!

Mais de 100.000 pessoas já visitaram a exposição “A Divina Comédia de Salvador Dalí” em menos de dois meses, no Centro Colombo, em Lisboa, mas a organização continua à sua espera até ao dia 20 de

setembro. Esta iniciativa pretende celebrar os 750 anos do nascimento de Dante Alighieri, autor da obra literária que inspirou Salvador Dalí.

São 100 gravuras do famoso pintor espanhol, pela primeira vez em exposição em

Portugal, que mostram a sua interpretação ao poema alegórico “A Divina Comédia”, escrito por Alighieri. Os

sete séculos que separam a vida destes dois artistas não coibiram Dalí de mostrar a sua reflexão sobre a conhecida obra daquele que

foi escritor, poeta e político italiano. Com um ambiente surrealista, Salvador Dalí leva-o numa viagem pelas três etapas que a vida humana

passa até atingir a perfeição: Inferno, Purgatório e Paraíso. Paulo Gomes, diretor do Centro Colombo, afirma que “além do elevado número de visitantes, tem

sido muito interessante ver o tempo de permanência da exposição; percebe-se que é um momento de introspeção, onde cada pessoa acaba por fazer a sua própria viagem às questões mais íntimas da humanidade. O facto de ser um artista muito popular a nível mundial tem atraído também a atenção do público estrangeiro que nos visita, com maior afluência nesta altura do ano. Superada a barreira dos 100.000 visitantes, estamos confiantes de que, este ano, vamos superar todas as expectativas inicialmente previstas”. A exposiçao é gratuita e pode visitá-la até 20 de setembro, das 10h às 24h na praça central do Centro Colombo. Se pretende uma visita guiada, que lhe permita uma melhor orientaçao, poderá fazê-lo de terça a quinta-feira, pelas 11h30 e mediante marcaçao prévia junto do Balcão de Informações ou através do 217113600.

A Tranquilidade acaba de lançar uma nova Campanha intitulada “Saúde DeVida” que irá estar em vigor até ao final do mês de setembro. Esta Campanha dirigida, a clientes individuais e famílias, tem especial enfoque nos produtos Vida e Saúde e irá garantir durante este período inúmeras vantagens na sua compra.Assim, ao fazer o novo seguro de Saúde Sanos Sénior da Tranquilidade, o cliente recebe de oferta 2 mensalidades. E aqueles que fizerem novos seguros de Saúde individual ou Vida Risco, para si ou para a família, beneficiam de 1 mensalidade grátis em cada um. No caso do seguro Saúde Sanos Sénior, recentemente melhorado, o cliente tem à sua disposição um serviço de assistência alargado, assistência e consultas médicas ao domicílio ilimitadas, despesas de hospitalização em caso de imprevisto, consultas de especialidade

“Continue a aProveitar a vida Com saúde”

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nas redes médica e dentária e muitas outras vantagens a partir de 12 euros por mês.Entre as várias opções do seguro de Saúde Individual Sanos, destaca-se a Essencial que, para além de situações de internamento com capital de 15 mil euros de hospitalização, garante outras necessidades de assistência médica, tais como consultas, análises e exames auxiliares de diagnóstico e a Extra Care, com capitais mais elevados, para situações específicas de hospitalização e doenças graves, com acesso a clínicas no estrangeiro. Na Tranquilidade o cliente encontra soluções de saúde flexíveis, adaptadas às suas necessidades, com preços desde 7 euros por mês.Nos Seguros de Vida salienta-se o seguro Vida Mais – Plano Proteção que disponibiliza soluções “à medida” para fazer face a situações de invalidez, morte, doenças graves e, no caso

destas, o acesso a uma segunda opinião médica. Com um capital seguro a partir de 20 mil euros, o produto p e r m i t e várias opções, standardizadas ou personalizadas. Já o seguro Tranquilidade Crédito Casa 2.0 vai permitir aos clientes pouparem na prestação do empréstimo bancário da casa. Esta solução é muito simples e inovadora, com formalidades médicas muito reduzidas e com um preço muito competitivo. A seguradora oferece ainda aos seus clientes condições especiais caso concentrem os seus seguros na Tranquilidade.

dalí em exPosição no Centro ColomBo

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cirurgia reFrativa – inovaÇÃo

com os métodos mais inovadores, baseados em mais de duas décadas de experiência e conhecimento, a oPHtec mostra-se como a melhor opção para a realização de cirurgias refrativas. com vista a corrigir erros de refração, como miopia ou astigmatismo, a

marca promove não apenas a busca por soluções cada vez mais eficazes, como também a formação de cirurgiões especializados e altamente competentes nesta área da saúde. a revista Pontos de vista conversou com sandra Bayan, general manager da marca,

para compreender os meandros deste invejável projeto, presente em quase todo o mundo.

CIRURGIA REFRATIVA pelas mãos de quem sabe

A cirurgia refrativa é, talvez, a solução mais viável para corrigir erros de refração, como miopia, hipermetropia e astigmatismo. De que modo os mais de 25 anos de experiência da OPHTEC, aliados a um conjunto de métodos cada vez mais inovadores, únicos e de extrema qualidade, permitirão o sucesso neste ato cirúrgico?Quando existe algum erro refrativo, como mio-pia, hipermetropia ou astigmatismo, e se pre-tende abandonar definitivamente a utilização de lentes de contacto ou óculos, a melhor opção é sem dúvida, a cirurgia refrativa.A nossa longa experiência nesta área permite-nos assegurar que os produtos cumprem, de facto, a função para a qual foram desenvolvidos. Repa-re que, ao contrário de outras marcas, que têm também lentes intraoculares para refrativa, nós mantemos a mesma plataforma (design) com que as lentes deste segmento foram inicialmente de-senvolvidas. Outras marcas continuam a alterar o seu design para conseguir melhorar os resultados cirúrgicos. Concluímos, ao longo de todo este tempo, que as lentes per si não induzem qualquer tipo de problema. Se a pré-seleção da lente respeitar os requisitos por nós definidos e se implantadas por um cirurgião certificado e experiente, o sucesso desta cirurgia é garantido.

Enquanto marca especializada na criação de no-vas e melhores soluções médicas na área da of-talmologia, de que forma têm promovido a evo-lução da cirurgia refrativa junto dos países onde atuam?O desenvolvimento dos nossos produtos (lentes intraoculares), que permitem a correção dos erros refrativos, implicou e implica uma colaboração contínua com cirurgiões especialistas na área. O nosso departamento de Research & Develop-ment está sempre disponível para receber, anali-sar e testar ideias e sugestões que lhe chegam de oftalmologistas de todo o mundo.O facto de produzirmos os nossos produtos dá ao Departamento de Investigação um incentivo extra, na medida em que a produção em menor escala permite produzir e experimentar novas configurações de lentes, que por vezes levam ao desenvolvimento de novas opções (lentes).Este trabalho de parceria, a par das ações que de-senvolvemos, como workshops, congressos e reu-niões científicas, permite-nos informar os profis-sionais da área acerca das vantagens na utilização das soluções que preconizamos.

A firme preocupação por parte da OPHTEC em or-ganizar os eventos e cursos formativos referidos anteriormente para os vários especialistas é, cla-ramente, uma mais-valia para o acompanhamen-

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sandra BaYan

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“a grande vantagem deste método, ao contrário do laser também utilizado na correção de erros refrativos, é o facto de ser uma cirurgia reversível, ou seja, se por qualquer razão há necessidade de retirar ou substituir a lente, as estruturas do olho mantêm-se como estavam antes da cirurgia”

to da evolução na oftalmologia. De que modo, e perante este apoio constante, os médicos e outros profissionais da especialidade têm conse-guido acompanhar a inovação e a progressão que a OPHTEC proporciona no campo da cirurgia re-frativa? Que eventos e formações têm planeados no âmbito desta especialidade para um futuro próximo?Como referi, temos a preocupação e o cuidado de certificar todos os cirurgiões que pretendam uti-lizar os nossos produtos. Esta certificação passa pelo treino das técnicas cirúrgicas em sessões que organizamos quer em Portugal quer no estran-geiro e onde os cirurgiões têm a possibilidade de simular as cirurgias em olhos artificiais.Em Portugal, estamos disponíveis para responder a qualquer solicitação que nos seja endereçada para a organização de workshops ou cursos, pois temos localmente profissionais certificados para o efeito.Também a sede da OPTHEC, na Holanda, or-ganiza vários cursos ao longo do ano, cujas datas podem ser consultadas no site da empresa. A par disto, em todos os congressos internacionais, te-mos cursos de instrução que permitem aos oftal-mologistas obter a certificação para a utilização dos produtos.Após a certificação, os cirurgiões passam a re-ceber regularmente informação científica, o que lhes permite manterem-se sempre atualizados.

Perante todos os fatores referenciados, de que forma poderemos afirmar que as soluções apresentadas na cirurgia refrativa são as opções mais eficazes no tratamento de problemas

OPHTEC NA VANGUARDA DA SAúDE OCULAR

a busca por soluções inovadoras no âmbi-to da cirurgia refrativa é apenas uma das áreas onde a ophtec pretende continuar a trabalhar. as cataratas são um outro pro-blema ocular que dificulta o dia-a-dia de quem sofre desta patologia. neste sentido, a ophtec tem ao dispor dos cirurgiões os instrumentos e materiais mais adequados. os pacientes terão acesso a lentes de con-tacto de máxima excelência, baseadas em investigações que comprovem a sua quali-dade e eficácia.num outro contexto, a ophtec desenvol-ve, também, soluções direcionadas para o trauma ocular, que pode resultar de um acidente ou problema de nascença. assim, a marca desenvolve lentes que, sendo colo-cadas ao paciente, evitam constrangimen-tos como a dor provocada pela luz.

oftalmológicos como a miopia ou o astigmatismo? Quais são as mais-valias deste método?Temos, como referiu, mais de 25 anos de expe-riência. Na verdade, a plataforma Artisan tem um design e um método de colocação no olho distinto das demais lentes. A fixação da lente é efetuada na íris (zona colorida do olho) através do ‘claw’ ou ‘pata de lagosta’ e o primeiro implan-

te deste tipo de lente foi efetuado há 37 anos. Esta plataforma (design) tem a vantagem de ser-vir para todos os olhos (por isso ‘One size fits all’ é a assinatura da nossa lente), independentemen-te do seu tamanho, pois embora todos os grupos étnicos possuam mais ou menos as mesmas me-didas, internamente ocorrem ligeiras diferenças nas dimensões do olho, que têm que ser levadas em consideração, principalmente quando fala-mos de cirurgia refrativa.As primeiras lentes para correção de miopia exis-tem desde 1986, pelo que temos um follow up de cerca de 29 anos.Em quase 30 anos, muitos e muitos milhares de lentes foram implantados em todo o mundo, o nos permite avaliar e assegurar a eficácia e segu-rança dos nossos produtos.A grande vantagem deste método, ao contrário do laser também utilizado na correção de erros refrativos, é o facto de ser uma cirurgia reversí-vel, ou seja, se por qualquer razão há necessida-de de retirar ou substituir a lente, as estruturas do olho mantêm-se como estavam antes da ci-rurgia.Outra grande vantagem é o grau de correção que as lentes permitem. Por exemplo, no caso da miopia, normalmente o limite de dioptrias corri-gido em segurança é de 6 dioptrias negativas. As nossas lentes permitem uma correção de cerca de 26 dioptrias negativas.

Toda e qualquer cirurgia está intrinsecamente associada a riscos. A cirurgia refrativa não é exceção. Contudo, é possível assumir que a experiência e qualidade às quais a OPHTEC

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a formação e experiência necessárias que lhes permitem assegurar o sucesso deste procedimen-to cirúrgico.

A OPTHEC atua em diversos países dos cinco continentes, encontrando-se presente em territórios como Portugal, Espanha, japão, EUA ou Coreia do Sul. É possível encontrar em todos estes países as melhores soluções que a marca apresenta no âmbito da cirurgia refrativa?Sim, estamos presentes em 61 países, quer direta-mente através das nossas subsidiárias, quer atra-vés de distribuidores locais. Estamos em todos os países europeus, na região da Ásia-Pacífico e nalguns países do Continente Africano e Amé-rica Latina.Em relação aos EUA, não dispomos ainda do portfólio completo de produtos, pois alguns es-tão ainda em processo de registo nas autoridades reguladoras de saúde competentes.

Que outros países poderão, no futuro, aceder às soluções OPHTEC? De que forma têm planeado a expansão de uma entidade que já hoje garante uma presença forte em todo o mundo?Na Europa, estamos diretamente presentes em Portugal, Espanha, Bélgica, Holanda e Alema-nha. A estratégia da empresa passa por alargar a distribuição direta a mais alguns países, abdican-do da distribuição por terceiros.Estamos também a trabalhar ativamente na re-gião da Ásia- Pacífico para podermos alargar a nossa distribuição à maioria dos países desta zona, dada a importância e emergência da maio-ria destes mercados.

Que outras especialidades e soluções é premente referir quando falamos da OPHTEC? Como caracteriza a marca noutros campos que não a cirurgia refrativa?Uma das áreas onde a OPHTEC constitui tam-

“Quando se fala em cirurgia, imaginam-se normalmente cenários pouco agradáveis. no entanto, este ato cirúrgico é simples, indolor e rápido. em cerca de 20 minutos, os pacientes podem ganhar grande qualidade de vida, pois deixam de depender de óculos ou lentes de contacto”

bém uma referência é na área de cirurgia trau-mática e de reconstrução. Neste segmento, dis-pomos de um conjunto de soluções que podem ser customizadas atendendo à especificidade dos casos, de acordo com as necessidades de cada pa-ciente. Falamos de próteses, que permitem a recons-trução total ou parcial da íris (parte colorida do olho), que pode estar danificada devido a acidentes vários (trauma) ou problemas con-génitos.Estas próteses possibilitam ao cirurgião e ao pa-ciente obter excelentes resultados quer a nível estético quer a nível funcional.Estamos também muito focados no segmento da catarata, em particular nas lentes premium, que são lentes que permitem eliminar a catarata (opacificação do cristalino do olho) e, em simul-tâneo, corrigir astigmatismos.Este é um segmento muito interessante, pois, com o envelhecimento da população a nível global, estima-se para este tipo cirurgia um potencial, em 2020, de cerca de 32 milhões de intervenções (dados da World Health Organi-zation).

Apresentando-se como uma marca em constan-te crescimento e inovação, que projetos têm em mãos para que, no futuro, seja possível conhecer novas e melhores soluções na oftalmologia?Neste momento, estamos a trabalhar na extensão do nosso portfolio, quer no segmento catarata, quer no segmento refrativa. Pretendemos, em breve, alargar a nossa oferta nestas duas áreas.Estamos com uma série de produtos em fase fi-nal de registo nas entidades competentes e outros em fase final de estudos clínicos, pelo que, num curto e médio prazo, estaremos em condições de apresentar algumas novidades, que certamente trarão benefícios acrescidos para os cirurgiões e seus pacientes.

está inevitavelmente associada reduzem estas situações problemáticas?

Não há cirurgias sem risco associado e esta tam-bém não constitui uma exceção. Sabemos que, por mais simples que seja o ato cirúrgico, há sem-pre um risco inerente.No entanto, este diminui drasticamente quando asseguramos que a cirurgia é efetuada com pro-dutos que foram exaustivamente estudados du-rante anos e que deram provas da sua eficácia. Também o facto de ser efetuada por profissionais credenciados e experientes na utilização dos pro-dutos traz uma segurança acrescida ao paciente e contribui para o sucesso do ato cirúrgico.A OPHTEC é, por isso, muito rigorosa na atri-buição das certificações que permitem a utiliza-ção das suas lentes intraoculares. Só desta forma podemos garantir a continuidade do nosso suces-so que passa, em última instância, pela satisfação de cada um dos pacientes implantados com as lentes.

A cirurgia está, também e especialmente, associada a medos e anseios. Que palavras importa deixar a futuros pacientes de oftalmologia que optem pelos métodos inovadores da marca? Quando se fala em cirurgia, imaginam-se nor-malmente cenários pouco agradáveis. No entan-to, este ato cirúrgico é simples, indolor e rápido. Em cerca de 20 minutos, os pacientes podem ganhar grande qualidade de vida, pois deixam de depender de óculos ou lentes de contacto.Nalguns casos, o procedimento pode ser realiza-do com anestesia local e no dia seguinte à cirur-gia já recuperaram totalmente a visão.É fundamental que optem por eleger um cirur-gião credenciado para a utilização das nossas lentes.Podem ser encontrados profissionais por nós credenciados na grande maioria das instituições públicas e privadas do nosso país. Todos eles têm

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É um reconhecido e prestigiado profissional na área da Oftalmologia, sendo que as suas áreas de interesse principal passam pela correção dos erros refrativos, como a miopia, hipermetropia, astigma-tismo por Laser ou outros métodos. Desta forma, como tem contribuído para a melhoria da visão dos portugueses?As cirurgias nesta área evoluíram de forma marca-da nas últimas duas décadas e tornaram-se muito mais eficazes e seguras. A aplicação do LASER nas cirurgias de Oftalmologia veio permitir resultados excelentes na correção dos problemas que obriga-vam as pessoas a usar óculos de forma constante. Recentemente temos ao nosso dispor o LASER de Femtosegundo, o qual associado ao LASER Excimer, veio possibilitar a correção totalmente realizada por LASER, acrescentando ainda maior segurança aos procedimentos de correção de mio-pia, astigmatismo ou hipermetropia. Como passamos também a poder a usar LENTES INTRAOCULARES PERSONALIZADAS para o tratamento de muitos casos de cataratas ou erros refrativos associados à presbiopia (vulgar-mente chamada de vista cansada - necessidade de usar óculos para perto), obtemos hoje resultados muito superiores aqueles que se imaginavam antes destas tecnologias estarem disponíveis.No âmbito do diagnóstico, temos atualmente exa-mes de elevada precisão para o estudo da Córnea, da Retina ou do cálculo de potência de lentes In-traoculares e todos os doentes têm de fazer um es-tudo pré-operatório específico. Com os modernos exames que dispomos, aumentamos efetivamente a qualidade da Medicina praticada, identificando quem pode ser operado por exemplo a cataratas, miopia ou hipermetropia e quem não vai ter bene-fício em ser intervencionado.

Conhecedor nato da especialidade de Oftalmolo-gia, que análise perpectiva do desenvolvimento da especialidade em Portugal? Que lacunas ainda identifica?Hoje estamos numa fase espetacular da Oftalmo-

“os novos métodos em cirurgia refrativa vêm dar resposta às pessoas que procuram depender menos dos óculos ou quando possível eliminar totalmente o seu uso”. Quem o afirma é Pedro menéres, médico oftalmologista da clinivis –

clínica oftalmológica, em entrevista à revista Pontos de vista. Qual a importância da inovação na oftalmologia? a análise de um dos mais reconhecidos especialistas do país.

“HOJE ESTAMOS NUMA FASE ESpETACULAR DA OFTALMOLOGIA”

cirurgia reFrativa – inovaÇÃo

Que mensagem gostaria de deixar aos nos-sos leitores sobre a importância dos erros refrativos e da prevenção na visão?Os métodos hoje disponíveis permitem tratar eficazmente muitos problemas como as catara-tas, a miopia ou o astigmatismo e possibilitam também solucionar muitos casos de hiperme-tropia ou presbiopia. Cada pessoa que deseja ser tratada para ganhar independência do uso de óculos ou diminuir a sua necessidade tem de ser estudada individualmente de forma adequada no pre operatório incluindo exames especificos detalhados. Contudo temos muitas doenças onde as cirurgias não tratam tudo e por mais tecnologias que se imaginem, a prevenção e o diagnóstico atempado são cruciais. É o caso dos problemas nas crianças bem como das patolo-gias ligadas ao aumento da esperança de vida, como o Glaucoma, a Degenerescência Macular ou a Retinopatia diabética, cada vez mais fre-quentes. Aconselho uma observação regular re-alizada por médico Oftalmologista: é fundamen-tal numa sociedade onde a visão é cada vez mais determinante.

logia. Temos acesso aos melhores equipamentos diagnósticos, os LASER’s mais recentes estão dis-poníveis para as nossas cirurguias e no capítulo da investigação de novas terapêuticas, Portugal está constantemente a participar em múltiplos ensaios clínicos internacionais. Claro que na investigação mais recursos serão sempre bem vindos.

Vários trabalhos da área da cirurgia refrativa e de catarata de Portugal têm sido premiados no estrangeiro. O Dr. Pedro Menéres faz parte da Di-reção da Sociedade Europeia de Cirurgioes de Ca-tarata e Refrativa (ESCRS). De que forma são estes reconhecimentos importantes para a Oftalmologia Nacional? A Oftalmologia já se habituou a estar entre as especialidades mais desenvolvidas em Portugal e o reconhecimento da sua qualidade pelos colegas de outros países é notório a vários níveis. Temos colegas em estágios internacionais todos os anos, Portugueses participam em vários cursos em Con-gressos Internacionas e algumas sociedades cien-tíficas escolheram o nosso país para receber o seu maior congresso anual. Foi o caso da Sociedade de Retina Cirúrgica em 2014, vai ser o caso da Sociedade Europeia de Estrabismo e da própria ESCRS em 2017. É obviamente muito motivador e fonte de orgulho para os oftalmologistas portu-gueses e tem correspondência direta com a quali-dade da Medicina praticada.

Acredita que mais do que novas metodologias e formas de tratamento na área da Cirurgia Refrati-va, o ponto fundamental no campo da visão passa pela prevenção? Crê que estamos no bom caminho neste domínio? Os novos métodos em cirurgia refrativa vêm dar resposta às pessoas que procuram depender menos dos óculos ou quando possível eliminar totalmente o seu uso. Começaram por ser apenas as pessoas com miopia a ser operadas e na década de 90 o Laser modificou-se e possibilitou tratar também o astigmatismo. A evolução dos últimos anos melhorou ainda mais a segurança e os resultados com novos LASER’s (com novas técnicas como o FEMTOLASIK) e desenvolveram-se significa-tivamente as lentes intraoculares adicionando-se também a possibilidade de correções otimizadas da hipermetropia, do astigmatismo ou da presbio-pia em muitos casos.Sobre a prevenção temos de considerar que há uma fase da vida muito importante no que diz respeito a visão. Na realidade é nos primeiros anos de vida que esta se constrói de forma crucial. Qualquer problema significativo não tratado na infância vai ter repercussões para toda a vida. É o caso da am-bliopia nas crianças. Temos muito para melhorar

neste domínio. Estou certo que no futuro todas as crianças vão ter a oportunidade de ter um rastreio de problemas oftalmológicos após completarem o primeiro ano de vida e uma observação por um Oftalmologista entre os três e os quatro anos. Só a prevenção em tenra idade evita consequências in-tratáveis mais tarde.

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Se perguntar a Margarida Damasceno, Diretora do Serviço de Oncologia do Centro Hospitalar de São João, por que é que escolheu esta especialidade, prova-

velmente não obterá qualquer resposta. Apesar de saber perfeitamente por que é que quis ser médica, simplesmente não há uma explicação para ser oncologista. Mas há uma certeza: “gosto muito do que faço porque tenho muitos doentes que vivem, estão bem e sinto que o que fiz por eles valeu muito a pena”. Oncologia é uma área da medicina “complicada”, mesmo do ponto de vista dos seus colegas mas é algo que a realiza e não tem qualquer ressentimento por estar ho-ras a fio a ver doentes, “99% deles oncológicos”. Há dias maus, com certeza. Mas, em todos eles, Margarida Damasceno sente que aprendeu algo de novo, aprendeu a lidar com os seus doentes

dia nacionaL do cancro digestivo

emagrecimento sem razão aparente, alteração persistente dos hábitos intestinais, falta de apetite, azia, perda de sangue nas fezes, tendência a engasgar-se com facilidade ou cansaço são apenas alguns dos sinais que o seu organismo lhe dá como alerta para aquilo

que poderá ser a existência de um cancro digestivo. margarida damasceno, diretora do serviço de oncologia do centro Hospitalar de são João e membro do grupo de investigação do cancro digestivo (gicd) acredita que um dos grandes problemas é que uma boa parte dos doentes tende a interpretar as alterações do seu organismo, associando os sintomas a situações que vivenciou no seu quotidiano. se apanhou mais frio, é normal que tenha tosse. se fez alguma refeição fora do comum, é normal que fique com

uma sensação de má disposição. tudo tem sempre uma explicação que aparenta ser bastante lógica e, por isso, os sinais são muitas vezes desvalorizados. mas importa estar atento a qualquer alteração fora do comum, fazer sempre os exames que são solicitados e

consultar um especialista. “não tenha medo”, ressalvou a médica. Por mais “disparatada” que seja a dúvida, encontrar um tumor numa fase inicial em nada se assemelha a descobrir um problema já num estado muito avançado.

“pERANTE QUALQUER ALTERAÇÃO no seu organismo, não tenha receio de ir ao médico”

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“Mas eu não posso dizer que se não fumar, não beber e ter uma dieta impecável não vai ter cancro. naturalmente que ajuda e descobrir um problema de saúde numa fase inicial é diferente do que saber num estado avançado e, no caso dos cancros do estômago, há um grande problema: são surdos e mudos”

de uma forma diferente. Talvez com 12 anos, altura em que decidiu que este seria o seu ca-minho, esta ideia não lhe passasse de todo pela cabeça mas é assim que hoje vive o seu dia a dia. Também com esta idade tinha a extraordinária ambição de não deixar ninguém morrer, em vir-tude do falecimento de uma pessoa próxima. Foi assim que se determinou a ser médica. Decidiu ser médica para salvar vidas. Hoje, mais do que isso, Margarida Damasceno quer dar qualida-de de vida aos seus doentes e pretende dar-lhes metas pelas quais vale e valerá sempre a pena lutar. “Eu sei que tenho doentes que vão mor-rer mas tenho que lhes dar o maior conforto e qualidade. Quer seja pelo neto que vai nascer, o filho que vai casar, a filha que vai à comunhão, há sempre uma luz ao fundo do túnel”, garantiu a especialista que é também membro do Grupo

Margarida daMasceno

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de Investigação do Cancro Digestivo e foi sobre esta temática que a médica centrou a sua con-versa com a Revista Pontos de Vista.Falar em cancro digestivo é fazer uma referência a um conjunto de tumores que envolvem o sis-tema digestivo que interferem profundamente com a qualidade de vida das pessoas e que têm uma elevada taxa de mortalidade. É o segundo mais frequente em Portugal, sendo os mais fre-quentes o cancro colorretal e o cancro do estô-mago, e em cerca de 25% dos casos o diagnósti-co é feito quando a doença já se encontra numa fase avançada. Os sinais de alerta são muitas vezes desvalorizados ou associados a situações banais do quotidiano mas o diagnóstico pre-coce da doença é fundamental e aqui importa estabelecer uma ponte entre prevenção e a pre-ocupação para que haja um diagnóstico precoce. “As pessoas normalmente confundem estes dois aspetos. Se fizermos uma dieta saudável, sem abusos, comendo muitas fibras, diminuo o risco. Contudo, mesmo tendo todos estes cuidados, é fundamental fazer uma colonoscopia a partir dos 50 anos, estar atento a qualquer alteração do trânsito intestinal, nomeadamente no que respeita à cor da fezes ou às diarreias alterna-das com o intestino preso. Todas estas situações não fazem parte de uma atitude preventiva mas são formas de estar atento para que seja possível fazer um diagnóstico precoce”, explicou Marga-rida Damasceno. Neste sentido, importa realçar a importância da colonoscopia, um exame que permite detetar com segurança as anomalias existentes no in-terior do intestino grosso ou colon até à jun-ção com o intestino delgado. “Com este exame é possível tirar pólipos benignos (um pólipo é um crescimento de tecido da parede intestinal, normalmente não canceroso, que se desenvolve dentro do intestino). Contudo, só são benignos porque são tirados naquele momento uma vez que uma grande maioria dos pólipos, se não fo-rem removidos, irá transformar-se em tumores malignos”, explicou. Apesar de continuar a ser um exame desagradável, os mais recentes avan-ços foram muito importantes, nomeadamente pelo facto de, desde o ano passado, ser possí-vel realizá-lo com recurso a sedação no Serviço Nacional de Saúde, uma medida que teve como principal objetivo aumentar o número de co-lonoscopias realizadas e, consequentemente, apostar na taxa de deteção precoce do cancro colorretal. Contudo, os receios continuam e, para Margarida Damasceno, importa desmis-tificar alguns medos que ainda perduram. “É necessário eliminar a ideia de que o risco da colonoscopia aumenta por ser com sedação. As complicações deste exame são as mesmas tanto com ou sem sedação. O risco da perfuração é muito pequeno e facilmente resolvido”, salien-tou.

“nÃo é Preciso ter 50 anos Para ir ao médico”

Perante alguns sinais, quando se decide ir ao médico, vai-se muitas vezes com uma postura de medo. Os doentes têm todo o direito de ter as suas dúvidas e, do outro lado, espera-se que haja um profissional de saúde apto para respon-der e olhar para a pessoa que tem à sua frente à luz de vários fatores. Um deles é, sem dúvida, o histórico familiar. “Se o pai, o tio ou o avô teve um tumor digestivo, as prevalências são maio-

“as pessoas normalmente confundem estes dois aspetos. se fizermos uma dieta saudável, sem abusos, comendo muitas fibras, diminuo o risco. contudo, mesmo tendo todos estes cuidados, é fundamental fazer uma colonoscopia a partir dos 50 anos, estar atento a qualquer alteração do trânsito intestinal, nomeadamente no que respeita à cor da fezes ou às diarreias alternadas com o intestino preso. todas estas situações não fazem parte de uma atitude preventiva mas são formas de estar atento para que seja possível fazer um diagnóstico precoce”

res. Temos doentes com determinada mutação genética em que removemos o estômago sem ter lá nada, só preventivamente. É uma atitu-de um pouco dramática mas se a incidência for muito elevada e se conseguirmos viver sem o órgão, vale a pena tira-lo”, ressalvou Margari-da Damasceno. Doentes com histórico familiar devem, por isso, consultar um médico mais cedo mas, segundo a especialista, “não é preciso ter 50 anos para ir ao médico”, acrescentando: “mais vale fazer uma pergunta disparatada ao médico do que pensar que não se passa nada”. Cancro é uma terminologia pesada, frequentemente as-sociada a morte mas as taxas de sobrevivência mostram-nos que de nada vale baixar os braços. “Perante qualquer alteração no seu organismo, não tenha receio de ir ao médico. As pessoas têm medo de fazer exames e quando os fazem é sempre com a ideia de que está tudo bem”, par-tilhou a médica. Mas a verdade é que, ao longo de 30 anos de trabalho nesta área, Margarida Damasceno sabe que a frase mais ouvida no seu consultório é apenas uma: “não contava nada com isto”. Beber, fumar e ter uma alimentação pouco saudável (com especial enfoque para os alimentos fumados) agrava o risco de ter uma patologia digestiva, é certo. “Mas eu não posso dizer que se não fumar, não beber e ter uma die-ta impecável não vai ter cancro. Naturalmente que ajuda e descobrir um problema de saúde numa fase inicial é diferente do que saber num estado avançado e, no caso dos cancros do es-tômago, há um grande problema: são surdos e mudos”, afirmou.

gruPo de investigaÇÃo do cancro digestivo

Tem sido com o intuito de fazer chegar à po-pulação todas as informações sobre os perigos daquela que é uma das principais causas de mortalidade em Portugal que o Grupo de In-vestigação do Cancro Digestivo (GICD) tem trabalhado desde que foi criado em 1988. Além das atividades de investigação a nível nacional, o grupo tem desempenhado um papel fulcral na luta contra esta doença, através, por exem-plo, da reunião anual que tem realizado. “Aqui são discutidos entre os pares tudo aquilo que se pode fazer para tratar melhor os nossos do-entes. Através do grupo, temos feito ainda al-guns ensaios de novas drogas e novos tipos de tratamentos”, salientou Margarida Damasceno

Uma das patologias com maior inci-dência é o cancro colorretal. Nos últi-mos anos foram desenvolvidos bio-marcadores nesta doença. Qual a sua utilidade?os grandes avanços no tratamento do cancro colo-retal têm sido na identifica-ção do perfil molecular da doença em cada doente, permitindo a escolha do tratamento mais adequado a cada do-ente, utilizando corretamente os novos fármacos biológicos.

Como diretora de um serviço de onco-logia e líder de opinião na oncologia nacional, com vasta experiência e co-nhecimento, que lacunas é que ainda identifica no serviço nacional de saúde no âmbito do tratamento da patologia digestiva?como diretora do serviço de oncologia do centro Hospitalar de s. João, tenho disponíveis todos os Fármacos aprova-dos pelo infarmed. Por vezes o infarmed não aprova fármacos em utilização no resto da europa, considerando que não acrescentam benefício clínico suficiente que justifique os gastos. esta realidade também não é a mesma para todas as instituições que tratam cancro.gostaria de ter à disposição mais ensaio clínicos Fase 3 e a médio prazo uma uni-dade de ensaios clínicos de Fase i, no meu centro Hospitalar, permitindo a al-guns doentes o acesso a novas e promis-soras drogas.

que é também membro do GICD. O dia 30 de setembro é também ele de vigor importância. Assinalar o Dia Nacional do Cancro Digesti-vo continua a ser importante para sensibilizar a população. “O cancro existe, é uma doença tratável e não acontece só aos outros. Por isso, esteja atento”, concluiu Margarida Damasceno. Para contribuir para a diminuição do número de mortes do cancro do intestino e apoiar do-entes e familiares, foi também criada, no Porto, a Europacolon Portugal – Apoio ao doente com cancro digestivo.

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MIGUEL A. R. b. CASTANHO

Professor de Bioquímica | instituto de medicina molecularFaculdade de medicina | universidade de Lisboa

No entanto, a dor tem os seus lados positivos: sinaliza estados de doença e danos, conduzindo a respostas contra o agravamento ou mesmo a cura e auxilia, desde a nascença, o processo de aprendizagem contra impulsos de risco para a nossa integrida-

de física. Evitamos queimaduras porque nos causam dor, evitamos pan-cadas fortes porque nos causam dor, recorremos a ajuda médica quando temos dores, procuramos resolver problemas quando estes nos causam dores. As doenças que não causam dores (ditas “silenciosas”) são tipica-mente de grande perigo, porque alastram até níveis em que a solução se pode tornar impraticável. Diabetes, Doença de Alzheimer ou doenças cardiovasculares são disso exemplo e constituem males terríveis.À partida parece simples: quando a dor aparece consultamos um mé-dico e, se tudo correr bem, serão tomadas medidas que contrariam a causa da doença e controlam ou eliminam a dor. Mas o que aconte-ce se o doente não conseguir expressar convenientemente a sua dor? Um doente de Alzheimer, por exemplo, sofrendo simultaneamente de outros males, como doença ou traumatismo, pode ter dificuldade em exprimir as suas sensações, incluindo a dor. Estará a dor a ser subesti-mada em doentes de Alzheimer? No caso de esta hipótese ser correta, estamos a deixar um grupo de doentes abandonados ao seu sofrimento mudo por incapacidade de perceber e avaliar a sua dor. O dilema de médicos e cientistas é óbvio: estaremos a subavaliar a dor em doentes de Alzheimer e, em caso afirmativo, que tipo de análise pode revelar a sensibilidade à dor? Responder a esta pergunta é um desafio de enorme relevância médica, ética e humanitária.Um grupo de cientistas portugueses das Faculdades de Medicina das Universidades de Lisboa e do Porto dedicou-se a esta causa comparan-do doentes com problemas articulares, uns com doença de Alzheimer, outros sem esta doença. Os resultados confirmaram o receio: a dor dos doentes de Alzheimer é subavaliada! A subavaliação é comum a pro-fissionais e cuidadores. Os mesmos investigadores estudaram ainda a possibilidade de uma molécula denominada Quiotorfina, presente no cérebro e detetável através de punções lombares, poder ser usada como parâmetro analítico objetivo para avaliar sensibilidade à dor, indepen-dentemente da capacidade de cada um de conseguir verbalizar a dor que sente ou não. Mais importante, esta descoberta abre um caminho para um melhor entendimento da relação entre analgesia e mecanis-mos de proteção contra neurodegenerescência. O reconhecimento da importância do trabalho por parte de especialistas veio com a entrega do Prémio Grünenthal de Investigação Clínica por parte da Fundação com o mesmo nome.A Ciência é feita de caminhos longos e metas transitórias. No caso de doenças ligadas ao cérebro e restante sistema nervoso, ainda mais. O grande desconhecimento do funcionamento do cérebro em si e res-tante sistema implica um grande atraso em diagnóstico e estratégias terapêuticas. Contudo, ser cientista é acreditar que para cada problema existe uma solução, encontrada ou por encontrar. Doenças neurodege-nerativas, como a Doença de Alzheimer, não são exceção. Esta doença para os pacientes é sofrimento e para as famílias é desgosto, mas para os cientistas é um desafio e uma motivação para a descoberta de so-luções. E Portugal, com a sua capacidade científica instalada, é parte desta procura incansável. É bom que todos tenhamos consciência desta nossa capacidade em Ciência e Inovação na área da Saúde e outras. A Ciência é um bem que nos deve orgulhar, não só pelo que nos propor-ciona, mas também pela capacidade que temos de contribuirmos para o seu avanço.

DOR EM DOENTES DE ALzHEIMER: um fogo sem fumo

a dor é uma das maiores limitações da qualidade de vida. dores crónicas não controláveis ou dificilmente controláveis, como enxaquecas e algumas dores nas costas, por exemplo, tornam-se uma prisão. é difícil acreditar que cerca de 20% a 30% da população

viva com algum tipo de dor persistente.

a oPiniÃo de Miguel Castanho, Investigador da Faculdade de Medicina de Lisboa e vencedor do Prémio Grünenthal de Investigação Clínica em Dor

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saúde – aLZHeimer

dr. MigUel castanHo recebe o prémio da Fundação grünenthal pelas Mãos do secretário de estado adjunto do Ministro da saúde, dr. Fernando leal da silva, e pelo Presidente da Fundação grünenthal, Professor doutor Walter osswald;

os resultados confirmaram o receio: a dor dos doentes de alzheimer é subavaliada! a subavaliação é comum a profissionais e cuidadores

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Deve ser feita uma avaliação médica prévia para ver se existem causas que sejam suscetíveis de tratamento

médico. Não obstante, quando o trata-mento médico não resolve a alopecia, o melhor tratamento é o Transplante Capilar. A proposta para cirurgia de-pende da avaliação médica do tipo de calvície, pelo que é necessário uma avaliação do estado geral do utente, história clínica completa, bem como exames auxiliares diagnóstico, que são recolhidos numa consulta diagnóstica. A utilização da técnica FUE (Folicu-lar Unit Extraction) no Transplante Capilar é a solução mais segura e efi-caz para tratar definitivamente a calví-cie e é aquela que apresenta excelentes resultados. Trata-se da técnica mais inovadora, na medida em que é a mais recente novidade da área a nível mun-dial. Algumas das suas vantagens estão relacionadas com o facto de a técnica FUE não deixar marcas ou cicatrizes visíveis na zona de extração, o risco de rejeição do transplante capilar é míni-mo ou inexistente pois a obtenção de cabelo é feita pela extração de folículos capilares das áreas doadoras do couro cabeludo do paciente, o que conse-quentemente também diminui de for-ma considerável os riscos de infeção. O procedimento é indolor e é realizado em regime de ambulatório sob anes-tesia local. A sua utilização possibilita a constatação de resultados logo após a primeira sessão, sendo recomendada para o tratamento definitivo da calví-cie e ainda para a reparação de Trans-plantes Capilares mal executados.A missão da Clínica de Transplante Capilar é proporcionar ao paciente um tratamento profissional, persona-lizado, completo e praticado de acor-do com as melhores práticas científi-cas. Para tal, a Clínica de Transplante Capilar possui uma equipa de exce-

TRANSpLANTE CApILAR E A INOVAÇÃOa oPiniÃo de MigUel de araÚJo

a calvície afeta homens e mulheres, no entanto, a sua incidência é maior no sexo masculino. a calvície feminina pode surgir em qualquer idade e é mais comum após os 40 anos de idade. são múltiplas as causas da queda de cabelo quer masculino, quer feminino, sendo que a causa mais comum está relacionada com a dependência dos androgéneos. outras das causas para este fenómeno poderão estar relacionadas com

doenças, desequilíbrio hormonal, défice alimentar ou stress.

TRANSPLANTES CAPILARES – INOVAÇãO

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lência que efetua Transplantes Capi-lares recorrendo à técnica FUE em vários pontos do norte do país (Porto, Viana do Castelo, Barcelos, Ponte de Lima e Braga). Nos casos em que os pacientes necessitem de uma inter-venção cirúrgica cujo tempo estima-do seja superior a um dia, a Clínica possui vários protocolos com entida-des que contemplam o internamento do paciente, com especial destaque para a clínica em Barcelos que possui excelentes condições neste domínio, possibilitando desta forma que o pa-ciente possa concluir a intervenção cirúrgica em dois dias sem sair do espaço físico da mesma, usufruindo assim das vantagens inerentes a este tipo de processo. Para situações em que os pacientes se encontram a residir fora do país e que pretendem efetuar o Transplante Capilar, mas, em simultâneo, usufruir de uma estadia diferenciada, a Clíni-ca possui protocolos com hotéis de referência e de qualidade superior nos locais onde são efetuadas as interven-ções. Desta forma, o paciente é acom-panhado em todos os momentos du-rante o período de intervenção, pois é recebido no aeroporto, é acompanha-do para a clínica e hotel pretendidos, e, depois de concluída a intervenção, é novamente acompanhado no seu regresso. O facto de a Clínica de Transplante Capilar possuir uma equipa experien-te e com resultados comprovados mas com uma estrutura mais reduzida é um fator diferenciador de outras clí-nicas, na medida em que permite pra-ticar preços mais reduzidos. O cresci-mento gradual e sustentado da Clínica de Transplante Capilar é um dos obje-tivos a médio prazo, pretendendo, em simultâneo, constituir-se como uma Clínica de Transplante Capilar de re-ferência na zona norte.

MIGUEL DE ARAújO

Licenciado em medicina pela Faculdade de medicina da universidade do Porto Formado em tricologia e cirurgia capilar especialidade em medicina geral Familiar Pós graduação em acupuntura pela universidade do minho

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É urgente falar da dor e desmistificar a ideia de que não há nada a fazer. Ninguém gos-ta de viver em sofrimento e quando a dor passa de passageira a crónica surgem re-

percussões físicas e psicológicas. Apesar de ser um assunto pouco abordado entre a população, a consulta da dor existe. No entanto, por falta de conhecimento, muitas pessoas recorrem aos especialistas de forma tardia. Saiba que no nosso país a dor crónica é considerada o segundo maior motivo para consultar um médico e na Clinidor – Consultórios Médicos poderá encontrar aquilo que procura. Assim o garante Elsa Soares, Di-retora Clínica do espaço. “Quando o doente sai da Clinidor sabe o que pensamos que ele tem, o que podemos oferecer para melhorar, a medi-cação que vai tomar e os tratamentos que tem ao seu dispor”. Enquanto profissionais de saúde, Elsa Soares acredita que se deve olhar para a dor crónica de duas perspetivas diferentes. Além de interferir profundamente na qualidade de vida das pessoas a diferentes domínios, importa des-tacar os custos indiretos associados ao não tra-tamento da dor crónica com impacto direto nos trabalhadores portugueses. “Falamos em con-creto do número de ausências ao trabalho por baixa médica, dos gastos com comparticipações medicamentosas, do número de tratamentos de fisioterapia, do isolamento a que estes doentes se submetem e que podem conduzir a profundas depressões com gastos enormes”, enumerou Elsa Soares. Há, por isso, uma premente necessidade de esclarecer os portugueses de que a dor crónica pode e deve ser tratada e melhorada e este é um caminho que poderá começar nos consultórios médicos. “Os doentes não podem apenas ser ouvidos, têm também de ser escutados e enten-didos e certamente que, deste modo, a dor iria diminuir”. Esta é a perceção de uma profissio-nal com cerca de 12 anos de trabalho em dor crónica. Esta postura exige dos profissionais de saúde tempo e dedicação, com prejuízos que se refletem frequentemente no agendamento das consultas. Dos consultórios da Clinidor, o utente sai com a certeza de que a dor que até então tanto o in-comodava pode e irá ser melhorada por profis-sionais que dedicam o tempo que for necessário ao seu problema, o que nem sempre acontece no setor público. “Existe um número de médicos com formação em dor crónica que poderia alocar mais horário do seu trabalho à consulta da dor, mas a verdade é que normalmente quem mais se dedica a esta área são os anestesistas, funda-mentais nos blocos operatórios. Os profissionais que trabalham na área da dor são insuficientes, mas, com muitas diferenças entre as grandes e as pequenas cidades, cada hospital vai dando

tratamento da dor

estima-se que em Portugal a dor crónica afete cerca de 30% da população ativa. as consequências são arrasadoras. se não for devidamente tratada, pode afetar gravemente a qualidade de vida do doente, conduzindo ao isolamento, à incapacidade para

o trabalho e à dificuldade na realização de tarefas que outrora eram simples. é preciso estar atento e mais do que tratar, importa prevenir. Foi com essa filosofia que a clinidor - consultórios médicos se lançou para o mercado em finais de 2012, abraçando como

prioridade responder às necessidades das pessoas que procuram aquele espaço localizado em santa maria da Feira.

A DOR CRóNICA pode e deve ser tratada

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elsa soares

“Quando o doente sai da clinidor sabe o que pensamos que ele tem, o que podemos oferecer para melhorar, a medicação que vai tomar e os tratamentos que tem ao seu dispor”

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algumas respostas”, defendeu a diretora clínica da Clinidor. Perante a falta de resposta do setor público, o segmento privado avança para estas áreas e os doentes recorrem porque, apesar das dificuldades económicas que vão sentindo, viver com dor é insustentável. “Como clínica privada tentamos dar a resposta que podemos aos nossos utentes. Sabemos que não estamos num grande centro. Estamos num meio onde há uma carên-cia económica razoável, mas estamos atentos aos nossos doentes e tentamos proporcionar-lhes os tratamentos o melhor possível”, assegurou. Des-de que foi criada em novembro de 2012, esta relação entre os doentes que recorrem à Clini-dor e a resposta que a clínica tem dado tem sido francamente positiva, num percurso que se refle-te pela aposta crescente em recursos humanos e áreas de atividade. Sentindo que continua a existir uma forte carên-cia no que respeita a consultas da dor, a Clinidor tem como ambição chegar a outros pontos do país. A dor não é convenientemente divulgada nos meios semiurbanos e rurais, pelo que as pes-soas não sabem da existência de uma consulta especializada em dor. Para Elsa Soares, importa, por isso, “dinamizar e levar o conhecimento aos doentes para que saibam que há algo mais a que podem recorrer e que não podem ir à consulta da dor porque o médico já não sabia o que fazer”, salientou. Calcorreando um caminho lado a lado com a inovação, a Clinidor, atenta ao boom das medi-cinas alternativas e complementares, introduziu no seu espaço outras opções de tratamento, como sendo a ozonoterapia, a mesoterapia ou a acu-puntura médica, com profissionais médicos com formação especializada para o exercício destes tratamentos. Associar a medicina convencional a outras medicinas alternativas e complementares traria benefícios claros para o utente, mas este não é de todo um trabalho fácil. “Melhoraria a vida do doente, mas para tal seria necessário que o médico tivesse o tempo necessário e soubesse abordar o doente do ponto de vista bio-psico--económico-social”, salientou a profissional.

uma marca distintaCom nome e patente registada, a Clinidor dis-tingue-se dos demais em quatro pontos que, para Elsa Soares, são fundamentais e fazem parte da

“como clínica privada tentamos dar a resposta que podemos aos nossos utentes. sabemos que não estamos num grande centro. estamos num meio onde há uma carência económica razoável, mas estamos atentos aos nossos doentes e tentamos proporcionar-lhes os tratamentos o melhor possível”

identidade da clínica, nomeadamente: “compe-tência dos nossos colaboradores no atendimen-to personalizado e especializado; qualidade dos serviços prestados pelos nossos profissionais que são altamente diferenciados com várias forma-ções em universidades portuguesas e estrangei-ras, o que também nos permite utilizar tecno-logias inovadoras e certificadas pela Comissão Europeia; segurança que proporcionamos quer ao nível profissional como nas instalações, uma vez que somos das poucas clínicas médicas com todo o material de reanimação cardiorrespirató-ria (que felizmente nunca foi necessário utilizar); e, por fim, comodidade das nossas instalações que primam pela simpatia das nossas assisten-tes”. Elsa Soares tem como objetivo futuro para a Clinidor continuar a apostar na dor crónica, acompanhar o avanço da medicina, investir na formação diferenciada dos seus profissionais, alargar a área de atendimento, abrindo a Clini-dor 2 noutro distrito, e obter a certificação pela ISO 9001.

“os doentes não podem apenas ser ouvidos, têm também de ser escutados e entendidos e certamente que, deste modo, a dor iria diminuir”

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ENFERMAGEM, REGULAÇÃO pROFISSIONAL,

QUALIDADE E SEGURANÇA: pERCEÇÕEStodas as gerações de enfermeiros que atualmente constituem este imenso grupo profissional em Portugal têm um entendimento, uma expectativa e uma forma de estar própria, dentro da

profissão e para com esta. Para tal terão contribuído os percursos, as vivências individuais, o conseguimento de desejos e aspirações, assim como a perspetiva de futuro da enfermagem.

A OPINIÃO DO ENFERMEIRO LUÍS FURTADO

Se o acima exposto é verdade, não será menos lícito afirmar que a Enfermagem do final do século passado é substancial-mente diferente daquela que se vive atual-

mente – sendo que do ponto de vista histórico tal ocorreu praticamente “ontem”. Foram vários os fatores que contribuíram para esta mudança. Sa-liento desde logo uma maior consciencialização por parte dos enfermeiros para a sua imprescin-dibilidade no setor da saúde, o reconhecimento do valor que a sua intervenção diferenciada re-presenta para os cidadãos e a existência de um corpo próprio de conhecimentos que ao longo

dos últimos anos foi sendo construído e disse-minado.Infelizmente, como em outras ocasiões já tive oportunidade de o dizer, toda esta evolução não se fez acompanhar do devido reconhecimento em termos da atmosfera que é atualmente a vi-gente, tendo mesmo sido criadas fortíssimas en-tropias dentro deste grupo profissional – contas de outro rosário. Mas mais grave do que isto é saber que apesar de sermos mais de sessenta e seis mil em atividade, e apesar do desemprego ser muito e a emigração um assombro no nosso quotidiano, de acordo com a OCDE, continu-

amos a ser muito menos do que os necessários, ou desejáveis para assegurar cuidados com segu-rança e qualidade.As ameaças são muitas, assim como os desafios, mas também não serão menos as oportunidades e os aspetos dignos de valorização e que emer-gem do seio deste grupo profissional. À regula-ção competirá agregar, em torno de um desígnio comum, esta massa de enfermeiros que há muito anseia por um rumo e pelo justo retorno do seu esforço. Ao longo deste texto, destacarei as ques-tões da segurança e da qualidade dos cuidados, assim como a relação que estas duas dimensões

saúde – enFermagem

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“as ameaças são muitas, assim como os desafios, mas também não serão menos as oportunidades e os aspetos dignos de valorização e que emergem do seio deste grupo profissional. À regulação competirá agregar, em torno de um desígnio comum, esta massa de enfermeiros que há muito anseia por um rumo e pelo justo retorno do seu esforço. seguidamente destacarei as questões da segurança e da qualidade dos cuidados, assim como a relação que estas duas dimensões estabelecem com a esfera da regulação profissional”

“Precisamos não esquecer que somos uma profissão autorregulada e, por via desta condição, temos uma responsabilidade acrescida para com a sociedade e os cidadãos; quando o estado Português transferiu os seus poderes de regulação para a própria profissão, fê-lo no pressuposto de que autorregulados somos capazes de proporcionar um nível superior de qualidade de cuidados”

estabelecem com a esfera da regulação profissio-nal.Neste imediato, os desafios colocados em termos da qualidade e da segurança dos cuidados serão, porventura, dos mais sérios e difíceis a que te-remos de dar resposta, fruto da atual conjuntura económico-financeira e da dificuldade em va-lorizar economicamente os resultados positivos em saúde que decorrem dos cuidados de enfer-magem. Dotar os serviços do número de efetivos necessário, não apenas para dar resposta às neces-sidades dos utentes, mas acima de tudo para dar uma resposta com segurança e qualidade, só será possível quando o Estado Português compreen-der que um número reduzido de Enfermeiros significa uma ocorrência superior de complica-ções, maior morbilidade, um reduzido suporte de proximidade aos utentes com patologia crónica, piores resultados em saúde e, consequentemente, um aumento na despesa potencialmente evitável. Esta postura míope dos governantes portugueses só pode por mim ser interpretada como ignorân-cia, porque só a ignorância é capaz de tão grande atrevimento como aquele a que assistimos, e que se traduz na delapidação sistemática do núme-ro de Enfermeiros nas instituições de saúde, ao mesmo tempo que se permite que profissionais de enfermagem altamente qualificados – nos quais depositamos milhares de euros de inves-timento em formação – vão exercer para outros países a custo zero. Na minha terra recorremos à expressão “tolos a dar, espertos a receber”... e assim acontece com Portugal e com os nossos governantes.O desafio da qualidade só poderá ser concreti-zado quando se conseguir um casamento efetivo entre a Ordem dos Enfermeiros e aqueles que estão diariamente no terreno prestando cuida-dos. E porque digo isto? Porque os enfermeiros terão de encontrar sentido na sua Ordem profis-sional, terão de sentir que ela, para além de exis-tir para eles, também existe para salvaguardar a qualidade dos cuidados. Mas para materializar este desejo, também a Ordem tem de fazer com que os Enfermeiros encontrem sentido Nela.

Esta aproximação, para além de desejada, é ne-cessária, sob pena de assistirmos à deterioração das condições do exercício e da dignidade pro-fissional a um ponto em que se torna impossível reerguer o edificado.Ainda sobre a qualidade dos cuidados de enfer-magem, enquanto entidade reguladora, deverá caber à Ordem dos Enfermeiros assumir a sua centralidade naquele que é o complexo processo de definir standards. A qualidade tem sido fre-quentemente associada aos processos de acredi-tação das organizações de saúde e, nesta vertente é difícil aos enfermeiros encontrarem um sentido intrínseco para a sua existência, na medida em que parecem apenas contribuir para o adensar das atividades de caráter administrativo, afastan-

do-os da razão de existirem, isto é, os utentes. A normalização das práticas, com normas clínicas que reúnam a melhor evidência disponível, com um efeito de convergência, é uma necessidade à qual urge tomar as rédeas e definir rapidamen-te um rumo, na medida em que contribuirá para disponibilizar aos profissionais de enfermagem um recurso valioso e pronto para ser mobilizado no seu dia a dia, ao mesmo tempo que introduz um fator de comparabilidade entre instituições e profissionais em termos de resultados. Este processo quer-se desenvolvido com os serviços e para os serviços, e nunca no isolamento e secre-tismo dos gabinetes. A regulação profissional, entenda-se, a Ordem dos Enfermeiros, para além do necessário in-vestimento na relação que estabelece com os seus membros, terá de reconhecer que é na di-versidade que está uma das maiores riquezas do nosso grupo profissional. Tal só será possível através do reconhecimento de competências es-pecíficas em várias das áreas que se constituem como únicas no exercício profissional e nas quais é por todos reconhecido que os Enfer-meiros representam uma solução diferenciada na satisfação de uma determinada necessidade em saúde. A par disto, também o reconheci-mento de novas especialidades, especialidades que não façam sentido apenas à Ordem dos Enfermeiros ou aos Enfermeiros, mas essen-cialmente especialidades que se constituam como um salto qualitativo na forma como nós perspetivamos as nossas áreas de intervenção junto dos cidadãos, também se assume como central naquilo que é a ação reguladora da Or-dem dos Enfermeiros e na sua responsabilidade de afirmação da profissão e salvaguarda da qua-lidade dos cuidados.Por fim, precisamos não esquecer que somos uma profissão autorregulada e, por via desta condição, temos uma responsabilidade acrescida para com a sociedade e os cidadãos; quando o Estado Portu-guês transferiu os seus poderes de regulação para a própria profissão, fê-lo no pressuposto de que autorregulados somos capazes de proporcionar um nível superior de qualidade de cuidados.

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eventos nacionais

D o pão tradicional aos bolos e biscoitos, de uma variada gama de enchidos às carnes fumadas, passando pelos queijos, compotas e geleias, ervas aromáticas, azeites e vinagres, mas também pe-

los chás e infusões ou, ainda, pelos vinhos, espumantes e digestivos, de tudo um pouco, - e do Minho ao Algarve, passando pelas Regiões Autónomas - se pode encontrar na Feira de Gastronomia de Vila do Conde. A abertura do evento terá lugar pelas 18 horas do dia 21 de agosto e, até 30 agosto, o ponto de encontro dos apreciadores da boa mesa é, decididamente, nos Jardins da Av. Júlio Graça!

restaurante temático – ano de 1415… rumo a ceuta

O destaque desta edição, evocando os 600 anos da Conquista de Ceuta, evento que marca o início da Expansão Marítima Portuguesa, vai para o Restau-rante Temático, que apresenta uma ementa inspirada nos pratos medievais, nomeadamente a peixota com passas de uva, a cavala grelhada com ervas e especia-rias, o cabrito assado com molho dourado, a galinha albardada, as baldroegas de carneiro, ou a tigelada de perdiz, e outras iguarias das mesas reais.

Pelo 17º ano consecutivo, de 21 a 30 de agosto, nos Jardins da av. Júlio graça, Portugal reúne-se à mesa em vila do conde, no decorrer da Feira de gastronomia, onde se encontram os melhores sabores da «cozinha à Portuguesa»,

com restaurantes e produtos gastronómicos representativos de todas as regiões portuguesas.

FEIRA DE GASTRONOMIA de vila do Conde’ 2015

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RESTAURANTES REGIONAIS PRESENTES NA FEIRA DE GASTRONOMIA

MINHO, vila verde o torresTRáS-OS-MONTES E ALTO DOURO, Bragança o académico

bEIRA LITORAL, aveiro a travessa do PeiXinHobEIRA INTERIOR, gouveia o FLorESTREMADURA E RIbATEjO, rio maior PaLHinHas goLdALENTEjO, évora o LamPiÃo AÇORES, são miguel, Lagoa casa de Pasto José do rego

Horário: sextas, sábados e domingos – das 12H00 às 24H00Restantes dias: das 17H00 às 24H00(os restaurantes abrem à hora de almoço, das 12H00 às 14H30)

17ª FEIRA DE GASTRONOMIA DE VILA DO CONDE 21 A 30 DE AGOSTO 2015

Jardins da Av. Júlio Graça | Entrada Gratuita

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Distanciando-se de qualquer seme-lhança com outras feiras medievais portuguesas, esta iniciativa da Ex-pandeconquistas Associação preten-

de criar uma ponte entre o real e a fantasia. Apesar do rigor histórico com que retratarão a época medieval, não esquecerão gentes e his-tóricas mitológicas. Nos mais de 30 000 m² que compõem o evento, não faltarão duendes e gnomos, fantasia e imaginação. Diamanti-no Soares, Presidente da Associação, explica que as crianças vão deixar-se maravilhar pelo bosque encantado, uma novidade desta edição. “Vão poder reconhecer as figuras mitológicas, divertir-se com jogos medievais, passear de pó-nei ou cavalo e ter o treino do guerreiro, com arborismo, escalada e slide”.

uma verdadeira viagem aLucinante entre o reaL e a FicÇÃo, a História e a cuLtura,

o imaginário e o sonHoAinda tem dúvidas de que será um dos melho-res eventos para toda a família que viu nos úl-timos tempos? Então, e se lhe falarmos da gas-tronomia? Baseada na época medieval – como não podia deixar de ser -, entre restaurantes de grande dimensão e tasquinhas típicas, não pode deixar de provar o “porco no espeto, o chouriço, as papas de sarrabulho, os rojões, a salsicha, as sopas de vinho com mel, a sangria artesanal e a famosa ginja, os doces conventuais e os crepes

eventos nacionais

muita animação, música, lutas e combates, canto gregoriano, danças conventuais e medievais. é apenas uma pequena parte do muito que pode esperar da segunda edição dos contos medievais – música & arte, que acontece já de 3 a 6 de

setembro no Jardim do santuário de nossa senhora da saúde, nos carvalhos, vila nova de gaia.

VOLTEMOS à MAGIA dos tempos medievais!

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VIVA O EVENTO AO MáxIMOe se lhe disséssemos que pode viver este evento da melhor forma possí-vel? Que pode fazer parte desta história? até ao final do dia de hoje, 22 de agosto, pode e deve inscrever-se na página do Facebook dos contos medievais (facebook.com/contosmedievaispt). Para participar como figu-rante e membro da animação, a expandeconquistas tem um guarda-roupa riquíssimo e deslumbrante à sua espera. Já imaginou como seria vestir-se de corpo e alma segundo os costumes medievais? um sonho tornado re-alidade! Já os feirantes, que veem esta época não como um negócio, mas como uma paixão, poderão, também, integrar esta família, que tem mer-cados e atividades para todos os gostos – medievais, claro está. e como for-ma de tornar esta experiência em algo ainda mais aliciante, a associação irá ceder aos seus feirantes rifas equivalentes ao custo da sua participação. deste modo, diamantino soares garante que os participantes vejam este evento como uma mais-valia pessoal e profissional.

em forno a lenha”. Pratos que farão as delícias de pequenos e graúdos, admite o presidente da Expandeconquistas. Deixe-se envolver por esta autêntica aventura histórica e fantasiosa. Esqueça a rotina de um sé-culo de inovação e tecnologia e experiencie uma vida de reis e gnomos, onde pode encontrar tudo aquilo com que sempre fantasiou. No último dia, acompanhe aquele que é um dos maiores cortejos medievais, com cavaleiros, gentes do povo, cle-ro e nobreza, sem esquecer a figura suprema dos Contos Medievais: o rei!

UM TRAbALHO DE EQUIPAem 2014, os contos medievais foram um sucesso surpreendente. diaman-tino soares afirma, orgulhoso, que muitos foram os feirantes que par-ticiparam no evento ‘apenas’ como visitantes e saíram com inscrições já oficializadas para 2015. o evento cor-respondeu a todas as expectativas. e este ano será um êxito ainda maior, com mais e melhores atividades, história e fantasia a dobrar. contudo, diamantino soares ressalva a impor-tância não apenas da associação, que tem trabalhado com a maior “paixão”, mas de um conjunto de en-tidades sem as quais a iniciativa não seria possível. assim, refere a Junta de Freguesia de Pedroso e seixezelo, que tem provado ser o melhor par-ceiro possível para a associação e a confraria da nossa senhora da saú-de, que recebeu de braços abertos os contos medievais no seu espaço. a animação, no papel da milícia de santa maria e da tribo ta-meri, foi em 2014 e será este ano o momen-to mais esperado, pela qualidade e excelência nos espetáculos sem igual que proporcionam. não deixe escapar este retrato de uma história longínqua!

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a música jazz volta a invadir a ilha terceira, para o 17º angraJaZZ - Festival internacional de Jazz de angra do Heroísmo, a realizar de 1 a 3 de outubro, numa edição que terá, novamente, um cartaz composto por incontornáveis figuras do jazz nacional e internacional. o angrajazz volta a revelar-se um festival de elevada importância na divulgação e promoção do jazz junto dos públicos, atravessando

a génese deste género musical até chegar às transformações e fusões que marcam a sua contemporaneidade. não pode perder.

17º ANGRAJAzz – a Festa do Jazz

eventos nacionais

A Revista Pontos de Vista conversou com José Ribeiro Pinto, Presidente da Associação Cultural Angrajazz, para quem o jazz é “arte e liberdade”,

e que nos deu a conhecer as principais expec-tativas para o 17º ANGRAJAZZ - Festival Internacional de Jazz e aquilo que o mesmo representa para a região e comunidades en-volventes.Com diversos nomes de renome do jazz nacional e internacional, o Angrajazz traz consigo três dias de concertos duplos, num evento que se prevê, novamente, de enorme qualidade e prestígio. São vários os nomes que têm passado pelo palco do Angrajazz e este ano não foge à regra. “Digamos que as prin-cipais atrações passarão por uma das figuras míticas do jazz, o saxofonista Lee Konitz, e por aquele que é um dos grandes cantores de jazz da atualidade, Gregory Porter”, afirmou o nosso entrevistado, lembrando ainda a com-ponente de músicos europeus como o francês René Urtreger e o norueguês Tod Gustavsen, “extremamente atuais e fortes”. E o jazz na-cional? Nomes como Mário Laginha, Afonso Pais, José Eduardo e outros já fizeram parte deste evento e portanto, “não faz sentido or-ganizarmos um evento desta natureza sem contarmos com a presença do jazz luso. As-sim, vamos ter nesta edição o Sexteto de Jazz de Lisboa e o grande saxofonista português Ricardo Toscano, que vai tocar com a nossa Orquestra Angrajazz”. E como se consegue «trazer» uma figura mundial como o famoso Gregory Porter? “Não é a primeira vez que trazemos um músico deste gabarito e todos os anos temos conseguido isso mesmo. Temos de perceber que o Angrajazz já tem uma vasta história e prestígio e faz parte do nosso es-pírito proporcionar um festival de grande di-mensão conhecido em todo o país e que faça parte do calendário nacional e internacional”, esclarece o nosso interlocutor. Se num passado ainda bastante recente, o jazz estava mais direcionado ou apelidado em ge-rações de maior idade, hoje esse conceito mu-

dou e as faixas etárias mais jovens assumem-se como grandes aficionadas deste estilo musical. No caso particular da Ilha Terceira, esta foi sempre um local «virado» para o jazz, até pela influência da base aérea existente, inicialmen-te com os ingleses e posteriormente com os americanos, “que facilitou essa aproximação”, reconhece José Ribeiro Pinto, lembrando também que foi sempre dada ao jazz uma atenção especial, “levando as pessoas, desde muito cedo, a possuir uma maior aptidão por este género de música. Sabemos que o Angra-jazz não é um festival de massas, nem é isso que pretendemos, mas temos um auditório com 500 lugares que está sempre lotado e isso deixa-nos muito satisfeitos, principalmente porque, ano após ano, temos um número cada vez maior de jovens a aderir”.

JaZZ como «aLavanca» da economiaSatisfeito com o desenvolvimento e cresci-mento do evento, para José Ribeiro Pinto é contudo necessário dar mais apoio ao Angra-jazz, até para promover a economia local. Isso tem sido realizado? “É a nossa grande questão. Conseguimos que o espetáculo ganhasse di-mensão nacional e mesmo internacional, mas depois sentimos que as entidades oficiais não têm tirado mais-valias suficientes desse facto. Desta forma, temos vindo a entusiasmar as entidades responsáveis, como a Câmara Mu-nicipal de Angra do Heroísmo e a Câmara do Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo, no sentido de se juntarem em torno do jazz, porque este pode ser um cartaz importante em todo o país e pode ser uma forma impor-tante para cativar visitantes e turistas à região. Estamos confiantes de que esse percurso vai ser feito”, assegura o nosso entrevistado, que , a concluir, deixou um convite aos nossos lei-tores. “Venham visitar uma ilha fantástica e de enorme beleza e juntem as sensações e emo-ções do jazz, num evento de enorme qualida-de, com um ambiente íntimo e com grandes músicos do mundo do jazz. Venham, porque não vão arrepender-se”.

JosÉ riBeiro Pinto

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Inicialmente Diehl Elastomertechnik, a Elastomer Solutions nasceu na Alemanha em 1974, tendo vindo para Portugal 20 anos depois. Como carac-teriza a presença da marca em território portu-guês? Que mais-valias o país tem para oferecer à marca? A empresa instalou-se em Portugal em 1994 com o objetivo principal de fornecer componentes em borracha para o projeto Autoeuropa. Durante este período, desenvolveu o negócio e aumentou o número de clientes em Portugal e no exterior. Promoveu emprego e desenvolveu fornecedores nacionais. Na última década, os principais clien-

“os planos são simples: prosseguir com a execução do plano estratégico estabelecido, estando atenta ao mercado e aos indicadores internos. se o que está preconizado no plano interno de negócios se concretizar, o grupo vai continuar a crescer e a consolidar a sua marca mundialmente”. Quem o afirma é Paula dias, ceo da elastomer solutions, uma marca de génese

germânica, presente em solo luso há mais de duas décadas. Qualidade, excelência e transparência são três dos vários pilares desta marca que é hoje um importante player no seu setor de atuação. conheça mais de um «parceiro» de valor, pela «voz»

de uma liderança no feminino.

“A LIDERANÇA TANTO ExISTE no feminino como no masculino”

LideranÇa no Feminino

Com base no seu percurso, que conselho daria a uma mulher que pretende alcan-çar outros patamares dentro de uma empresa, mas receia a discriminação e o preconceito? Que tenha uma boa capacidade de trabalho e seja competente no que faz. Muitas vezes são as próprias mulheres que criam barreiras ao seu desenvolvimento profissional através da forma como se posicionam no mercado de trabalho e dentro das empresas. Ao longo dos três últimos anos tenho-me cruzado profissio-nalmente com mulheres, em vários países, que me perguntam como é que uma mulher chega a CEO. Quase todas assumem que este é um patamar inatingível. A discriminação e o pre-conceito existem, mas estou convicta de que se verifica uma evolução positiva. A ascensão profissional por mérito é inquestionável e esse deve ser sempre o caminho escolhido.

PaUla dias

tes em Portugal deslocalizaram as suas produções para países emergentes, com custos mais baixos, o que levou a um aumento progressivo da quota de exportação da produção até ao valor atual de 97%. Como resposta à alteração de conjuntura, a empresa em Portugal foi transformada em centro de competência operacional, manteve a produção no país, aumentou o número de colaboradores, mantendo igualmente a compra de componentes e ferramentas a fornecedores nacionais. As ope-rações de Marrocos e do México foram lançadas por equipas de projeto multidisciplinares da fá-brica de Portugal.

A Elastomer Solutions é, desde os anos 90, marca líder no desenvolvimento e produção de mate-riais elastoméricos para a indústria automóvel.

O que permitiu este sucesso? De que forma se distinguem e distanciam de outras empresas

presentes no mesmo setor de mercado? O desenvolvimento de produto, a quali-

dade do produto fornecido, a proximi-dade e o serviço ao cliente são os prin-

cipais fatores de competitividade. A média dimensão e a especialização da empresa conferem uma flexibi-lidade e capacidade de decisão ex-pectáveis pelos clientes.

Através de um ambicioso trabalho

de investigação, desenvolvimento e produção, apresentam um leque de materiais e produtos baseados na tecnologia de ponta e na inovação. De entre os serviços que disponibilizam, o que pode dizer-nos sobre esta questão? De que modo é possível afirmar que as vossas soluções são as mais inovadoras? O grupo Elastomer Solutions é um Full Servi-ce Supplier, ou seja, desde o início do desenvol-vimento de um novo modelo de veículo que se encontra próximo dos clientes, procurando solu-ções de desenvolvimento de produto adequados às necessidades de segurança, design e evolução da tecnologia. O desenvolvimento de produto é feito na Alemanha, onde começa a inovação. A industrialização dos novos modelos, e em alguns casos a produção em série, são coordenados e realizados por Portugal. Aqui, a equipa da Elas-tomer procura o desenvolvimento contínuo dos processos de produção e materiais, recorrendo às tecnologias mais adequadas e, sempre que possí-vel, à automatização dos processos. Procuramos inovar constantemente, não significa que as nos-sas soluções sejam sempre as mais inovadoras.

Os equipamentos utilizados para a produção de materiais são, também, uma preocupação da Elastomer Solutions. Este facto, aliado à investi-gação e procura exaustiva por mais e melhores soluções, tem um papel fundamental no aumento

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da qualidade e excelência a que têm habituado os vossos clientes?

Um equipamento robusto e fiável é fundamental para garantir um processo estável e uma qualida-de de produto consistente. A Elastomer em Por-tugal renovou parcialmente o seu parque de má-quinas de injeção, substituindo-as por máquinas de última geração. Sempre que possível, a opção passa por processos automáticos com suporte de robots. Evoluir tecnologicamente é fundamental para a sustentabilidade da organização.

Findado o processo de produção, os materiais passam por uma rigorosa avaliação, efetuada por uma equipa multidisciplinar que não permi-te a entrada dos materiais no mercado sem antes comprovar a sua eficiência e qualidade. Esta é uma questão que tem promovido a confiança jun-tos dos vossos clientes? A indústria automóvel é muito exigente no que respeita à qualidade. O histórico da qualidade dos componentes que colocamos no mercado, aliado a um excecional serviço ao cliente, permitiram--nos conquistar a confiança dos nossos clientes. A fábrica de Portugal coordena a industrialização para as diversas fábricas do grupo e, com a Ale-manha, assegura a validação do produto. Durante a produção em série é executado um conjunto de controlos que permite validar a qualidade do pro-duto que é expedido.

Marcas como Audi, Opel, Ford ou Volkswagen, reconhecidas internacionalmente, confiam nos vossos serviços, comprovando, mais uma vez, a excelência da marca. O que permite que, diaria-mente, empresas multinacionais reconheçam na Elastomer Solutions o parceiro ideal?Um compromisso entre diversos fatores: qualida-de, prazo, custo e serviço. A rapidez de resposta às solicitações e colocação de novos produtos no mercado são fundamentais na conjuntura atual. O facto de a Elastomer Solutions pertencer à short list de fornecedores dos principais clientes permite um acesso privilegiado a consultas para novos projetos.

O êxito de uma marca é, inegavelmente, conse-quência do empenho dos seus recursos humanos. De que modo a Paula Dias contribuiu e contribui para o crescimento da Elastomer Solutions? A função que desempenho pressupõe uma con-tribuição obrigatória para o crescimento. Tal como qualquer outro colaborador com brio pro-fissional, procuro desempenhá-la com paixão, dedicação, motivação, competência e resiliência. Os colaboradores da Elastomer Solutions têm demonstrado elevados níveis de envolvimento e competência, que contribuem de forma decisiva para o crescimento do grupo nos últimos anos. De salientar que temos um conjunto alargado de colaboradores, atuando multidisciplinarmente em contextos multiculturais.

Na Elastomer Solutions há mais de uma década, tem crescido exponencialmente enquanto pro-fissional. Passou por diferentes cargos, tendo conquistado, por mérito próprio, a liderança do grupo. Esta é a prova de que um profissional con-segue conquistar o seu próprio sucesso, indepen-dentemente do género? Ou a luta foi ainda maior pelo facto de ser mulher? O que distingue os colaboradores de uma orga-nização e que lhes permite ascender profissio-

“a fábrica de Portugal coordena a industrialização para as diversas fábricas do grupo e, com a alemanha, assegura a validação do produto. durante a produção em série é executado um conjunto de controlos que permite validar a qualidade do produto que é expedido”

nalmente é a qualidade do seu trabalho e a sua competência, independentemente do género. Nunca senti necessidade de me esforçar mais por ser mulher. Na Elastomer Solutions, as chefias estão muito equilibradas em questão de género e existem diversos cargos de chefia ocupados por mulheres. Por exemplo, em Portugal, como na Eslováquia, as áreas operacionais e financeira são chefiadas por mulheres. O critério não é o género mas sim a adequação à função.

já conhecemos bem o homem como líder empre-sarial, mas as mulheres apenas agora começam a mostrar as suas competências nestes cargos. Quais são as mais-valias de uma empresa que aposta no profissionalismo da mulher para car-gos de máxima importância? O que é relevante para um bom desempenho são as competências técnicas e sociais da pessoa que ocupa o cargo. As mulheres e os homens têm características diferentes que, em diferentes contextos, podem ser mais ou menos adequadas ao cargo que ocupam e à equipa que lideram. A liderança tanto existe no feminino como no

masculino, o que pode variar são os estilos de li-derança.

Enquanto mulher profissional, que exerceu fun-ções em empresas distintas, como vê atualmente a sociedade empresarial? O que é premente mudar? Portugal precisa de mais indústria, mais compe-tência profissional, mais transparência nos negó-cios e mais equidade salarial. Aqui sim, os dados estatísticos apontam para diferenças salariais associadas ao género. Esta diferença é comple-tamente despropositada se a função é exercida de acordo com os requisitos e expectativas.

Que projetos futuros tem delineados para a Paula Dias, CEO da Elastomer Solutions? De que forma esses planos vindouros se interligam com o suces-so e crescimento futuro da marca que representa? Os planos são simples: prosseguir com a execução do plano estratégico estabelecido, estando atenta ao mercado e aos indicadores internos. Se o que está preconizado no plano interno de negócios se concretizar, o grupo vai continuar a crescer e a consolidar a sua marca mundialmente.

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resolver desafios, fazer a diferença, mudar o mundo, através do design? sim! ele resolve, comunica e simplifica, pode até contribuir para alterar comportamentos… a revista Pontos de vista conversou com maria Freitas sacramento, manager and creative director

da designways studio, que falou um pouco mais da evolução da marca.

“OS NOSSOS CLIENTES pROCURAM-NOS porque pretendem diferenciar-se”

LideranÇa no Feminino

É licenciada em Design de Equipamento pela Universidade de Lisboa e, a par dessa formação, tem sido incansável na busca de novos conhecimentos, nomeadamente na área do desenho técnico ou da fotografia. Quando é que sentiu que o design era a sua verdadeira vocação? Sempre tive vários interesses, no entanto o de-senho esteve sempre presente. Cresci a querer ilustrar para a Disney, desenhava as suas várias personagens. Lembro-me de quando o Fernando Azevedo (notável pintor surrealista e grande amigo de meus pais) me aconselhou a nunca deixar de de-senhar. Tudo o resto podia esperar, dizia, mas o desenho precisa de muita dedicação. Esse con-selho marcou-me, sabia que teria de seguir algo no qual o desenho fosse parte fundamental. O Design apareceu mais tarde, fruto da minha ne-cessidade de procurar soluções. Sempre quis re-solver desafios, fazer a diferença, mudar o mun-do, e o Design resolve, comunica, simplifica.

Numa apresentação para o nosso leitor, quem é hoje a Designways Studio? O que é que um potencial cliente pode esperar desta equipa?Somos uma equipa multifacetada e profissional capaz de responder aos vários desafios que nos são propostos. Prestamos vários serviços que se complementam, temos um franco know-how na área e uma rede de fornecedores que possibili-tam qualquer produção. Mais do que criativos somos trabalhadores com o sonho de fazer voar os projetos dos nossos clientes e é para isso que trabalhamos todos os dias. Cumprimos com os compromissos que assumimos e acreditamos que os grandes projetos nascem trabalhando ao lado dos nossos clientes, com quem temos uma relação próxima e honesta.

brand Design, Design Gráfico, comunicação e merchandising são alguns dos serviços prestados pela empresa. De um modo geral quais são os que têm uma maior procura? Há uma explicação para essa tendência?A par da área Editorial e do Digital (Design e Desenvolvimento Web), o Brand Design tem tido franca procura. No atual contexto, surgem vários projetos e empresas que querem con-quistar o seu lugar no mundo. O nosso papel é distingui-los, relevar a sua personalidade e auxiliar no lançamento da marca, nacional ou internacionalmente.

Têm habituado os vossos clientes a soluções criativas e diferentes. É exatamente isso que eles procuram habitualmente? Quais são as principais exigências?O Design é um fator diferenciador, que identi-

fica e distingue um determinado projeto (causa/evento/marca/serviço/produto), comunica a sua promessa e distancia-o dos seus concorrentes. Reflete a personalidade do negócio, a sua qua-lidade e atitude, influenciando as vendas e o seu sucesso. Os nossos clientes procuram-nos porque pretendem diferenciar-se e porque já conhecem a nossa dedicação, que ultrapassa os limites para os quais somos contratados.

Ser empreendedor em Portugal nem sempre é fácil. Os longos processos burocráticos e a falta de otimismo acabam por ditar o fracasso de algumas ideias, mesmo sendo inovadoras. No momento em que se avança para um projeto desta natureza, quais são as principais preocupações?Os meus pais ensinaram-me que devemos lu-tar por aquilo em que acreditamos e que nada é impossível. A vida ensinou-me que as dificulda-des são obstáculos que podem ser ultrapassados com a atitude correta. Desistir não é opção. É certo que são várias as preocupações: a respon-sabilidade de assegurar ordenados e cumprir com os compromissos assumidos com os nossos clientes, considerando as dificuldades (quando abrimos a empresa) de nos provarmos no mer-cado e conseguirmos crédito para fazer face às nossas obrigações. No entanto, com a dedica-ção e preserverança de toda a equipa (invencível quando confrontada com dificuldades), conse-guimos mostrar o nosso valor.

A forma de pensar e de observar é diferente num

homem e numa mulher. Na sua opinião, o que distingue uma liderança no feminino de uma liderança no masculino? Quais são as mais-valias de ser uma mulher à frente deste negócio?Penso que o género não influencia a capacidade de liderança. Um bom líder sabe motivar a sua equipa, mantendo-a unida e relevando as suas qualidades. Sabe que a felicidade e a capacidade de sonhar movem montanhas. É assertivo mas dedicado ao seu cliente. Uma mulher apenas o faz com mais sensibilidade e mais atenção aos detalhes. Tem por natureza características di-ferentes de um homem, como a capacidade de ouvir, de colocar-se no papel do outro (cliente ou colaborador) e de multiplicar-se por diferen-tes tarefas.

Para o futuro, que projetos quer ver con-cretizados no seio da Designways Studio?as diferentes faces do mercado obrigam a uma constante adaptação. é também funda-mental termos capacidade para nos reinven-tarmos. assim, num futuro muito próximo, teremos várias novidades. Para além de explorarmos mais outras áreas (que serão úteis aos nossos clientes), vamos avançar com alguns projetos nossos que es-tão já a ser desenvolvidos, nomeadamente a abertura de uma loja (para já online), um novo projeto na área das publicações, entre vários outros. estejam atentos!

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Maria Freitas sacraMento

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Sempre ciente de que a comunicação era o seu mundo predileto, empenhou-se nas várias áreas da comunicação, em diversas agências e marcas reconhecidas nacional e

internacionalmente. O seu know-how permitiu-lhe rapidamente ser responsável por empresas próprias, mas 15 anos depois percebeu que este não era o seu destino. Enquanto diretora criativa, sentia-se como um pássaro remetido ao curto espaço da sua gaiola. Só que a ‘gaiola’ era o seu escritório. Há cerca de um ano decidiu romper com o passado e aventurar-se por novos caminhos, apesar de não deixar esquecer que todo o seu conhecimento vem das diferentes experiências que viveu, dos projetos, marcas e pesso-as que liderou e acompanhou. Nasceu, assim, a US, que se distancia em larga escala dos formatos que encontramos habitualmente nas agências de publi-cidade. O escritório atual é o mundo. Num jardim ou esplanada, à beira-mar ou mesmo à secretária do cliente, é aqui que Ivone Machado encontra inspira-ção para os seus trabalhos, que são conhecidos pela qualidade, excelência e criatividade, trabalhos que cortam relações com o convencional e abrem espaço para novas perspetivas. “É muito mais interessan-te podermos trabalhar em locais que estimulam a criatividade”. E foi essa liberdade pela qual Ivone Machado se apaixonou, pois acredita que “permite ao criativo um contacto muito estreito com o consu-midor”, um aspeto fulcral na criação e implementa-ção de um projeto de comunicação. A partner da US acredita que apenas num contexto mais próximo da sociedade, do dia-a-dia da população é possível con-cretizar planos de comunicação mais eficazes. Aliás, como refere “os prémios pela criatividade nunca me acrescentaram motivação. Na US, o nosso foco é sempre a eficácia.”

creative & account, a FusÃo PerFeitaCompreendamos, primeiramente, a dinâmica de uma agência de publicidade. Entre outros profissio-nais, para o bom funcionamento de um projeto, tem de existir um account, que gere a relação comercial

os amigos veem-na como uma fénix, que consegue renascer das cinzas. o percurso profissional da criativa ivone machado prova isso mesmo. atualmente, e com eduardo marques, divide a gestão e direção criativa da us – united skills in creativity, um projeto

desenvolvido em parceria com a W group, que oferece uma resposta integrada na área da comunicação de marcas e na área de produção gráfica. a grande mais-valia: não há clientes mas projetos; não há empregados mas colaboradores freelancer. uma fórmula

que acredita ser ajustada à competitividade do mercado mundial.

A pAIxÃO pELA CRIATIVIDADE fê-la romper com o convencional

LideranÇa no Feminino

com o cliente e procura saber os seus objetivos quan-do decide investir na comunicação da sua marca. Por outro lado, existe o criativo, que põe, literalmente, as mãos à obra e faz nascer o projeto indicado pelo account. Contudo, e apesar de considerar este últi-mo uma peça essencial das marcas, Ivone Machado, rompendo mais uma vez com o convencional, decidiu estabelecer uma outra dinâmica na US e trazer a sua fórmula de há 15 anos: os criativos são responsáveis por reunir com os clientes e obter toda a informação necessária à gestão e criação do projeto publicitário. Aliás, essa forma de trabalhar está bem clara no site da marca, em www.usincreativity.ptE, assim, numa transversalidade de funções, a US ganha outra mais-valia, em termos de poupança de tempo e de recursos.

de PortugaL Para o mundoAqui está uma outra questão em que a US se distin-gue: a internacionalização. Ivone Machado e Eduar-do Marques não ambicionam por uma empresa com sede em Portugal e que possa, mais tarde, expandir--se a outros países. Pretendem, isso sim, ser uma marca que trabalha de e para qualquer país. Em tom de brincadeira, a diretora criativa afirma que o seu escritório é “o computador” e, assim, pode desenvol-ver projetos em qualquer parte do mundo. A título de exemplo, fala sobre dois projetos recentes cujos clientes eram de dois continentes diferentes. Sem necessitar de recorrer a deslocações entre países, a US conseguiu concretizar um projeto de sucesso e excelência, trabalhando inclusivamente com equipas de um terceiro país. O importante aqui é a experi-ência e o “think global”. Contudo, Ivone Machado não descarta a hipótese de embarcar num projeto além-fronteiras e “estar o tempo que for necessário noutro país para concretizar um plano de comunica-ção, desde o briefing à implementação do projeto”, garante. Por outro lado, a abertura que a US permite para criar parcerias com outros profissionais proporcio-na uma maior força a projetos internacionais. Sem medo de concorrências e bem ciente das suas com-petências, Ivone Machado não apenas aceita como defende o trabalho conjunto como solução para pro-jetos bem-sucedidos. “Nós queremos dar oportuni-dade a criativos seniores com muito know-how, mas infelizmente dispensados de empresas que optam por valorizar a poupança financeira”, assume. Para uma melhor abordagem e desenvolvimento dos projetos, a US interage, também, com outros profis-sionais que não os criativos publicitários. Porque na US o mais importante é pensar, é saber pensar bem. É isso que as marcas procuram. “Querem soluções estratégicas e ideias. Só depois, se justifica a presen-ça de um executante criativo. Porque, acredita Ivone Machado, “mais vale uma pessoa que pensa bem e desenha mal do que uma pessoa que desenha bem e pensa mal”.

ivone MacHado

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Permitem a quem vos procura uma redução e racionalização dos custos. Podemos afirmar que promovem uma capacidade económica mais es-tável e apta a entrar no mercado mais forte e com mais possibilidades de investir?Sim, na medida em que os serviços disponibi-lizados permitem aos nossos clientes desloca-lizarem um conjunto de procedimentos admi-nistrativos e de gestão corrente, sorvedores de recursos que podem ser canalizados para outras atividades dentro da organização, para a esfera da The Firm-Virtual and Shared Services por um preço reduzido e com garantia de qualidade, permitindo aos nossos clientes o enfoque no seu core business.

The Firm – Virtual and Shared Services contem-pla ainda a mediação da relação entre os seus clientes e a Autoridade Tributária e Aduaneira e a Segurança Social. De que forma este aspeto é uma mais-valia para os particulares que a procu-ram? O que muda nos procedimentos?Este é um dos serviços que prestamos a parti-culares no âmbito do “Gabinete Facilitador”. Pretendemos, por um preço reduzido, minimizar os custos e o tempo perdido com deslocações sucessivas, e muitas vezes infrutíferas, aos ser-viços da AT e da Segurança Social, substituindo os nossos clientes e assumindo o papel de me-

the Firm - virtual and shared services é uma empresa vocacionada para responder às necessidades de redução e racionalização de custos fixos e de flexibilização da estrutura de backoffice dos seus clientes. a sua missão é formular e disponibilizar a melhor

combinação de serviços que permitam melhorar, simplificar e reduzir os custos dos processos administrativos e de gestão corrente dos seus clientes tendo em vista o aumento da sua produtividade, competitividade e sustentabilidade. carla marques, ceo da marca,

conversou com a revista Pontos de vista e deu a conhecer um pouco mais deste conceito.

A MARCA QUE SUSTENTA a evolução das marcas

LideranÇa no Feminino

O futuro da empresa que constituiu é tam-bém o seu futuro. O que podemos esperar da marca nos tempos vindouros?A The Firm-Virtual and Shared Services preten-de ampliar o seu público-alvo aos PALOP, bem como diversificar e dinamizar os serviços dispo-nibilizados pelo “Gabinete Facilitador”.

diadores junto destas entidades, promovendo a resolução dos problemas e das questões com que se deparam os nossos clientes.

Atualmente têm uma campanha promocional que permite a quem vos contacta obter serviços a baixo custo. Quais são os serviços que gozam desta redução de preços? A campanha promocional em vigor até ao fim deste ano é de 50% de desconto em todos os serviços prestados quer a particulares quer a en-tidades. Os serviços prestados a particulares através do “Gabinete Facilitador” contemplam, para além da mediação da relação jurídica-tributária com a AT e a Segurança Social, a elaboração de candi-daturas junto do I.E.F.P. no âmbito do Progra-ma de Apoio ao Empreendedorismo e à Criação

do Próprio Emprego, a gestão de contratos de arrendamento, o apoio na procura de emprego, a consultoria fiscal, a gestão documental e serviços de contabilidade.Para as entidades, disponibilizamos um leque diversificado de serviços, designadamente: escri-tório virtual; secretariado virtual; apoio à cons-tituição formal da empresa; faturação e gestão de contas correntes de fornecedores e clientes; contabilidade e controlo de gestão; elaboração, acompanhamento e gestão de candidaturas a fundos comunitários e nacionais; certificação de entidades junto da DGERT; implementação de SGQ; elaboração de planos de formação; con-sultoria; análise financeira de empresas; elabo-ração e análise da viabilidade económico-finan-ceira de projetos de investimento; avaliação de empresas; gestão documental e organização de eventos temáticos a pedido dos clientes.Por último, disponibilizamos nas nossas instala-ções sitas à Rua Passos Manuel, no Porto, uma sala de trabalho para coworking, equipada com secretárias, computadores, telefone, fax, wi-fi, impressoras, fotocopiadora, scanner; sala de reu-niões equipada com videoprojetor, ecrã de proje-ção e portátil e um coffee break point. No nosso site www.thefirm.pt descrevemos os Planos de Serviços disponibilizados em função das neces-sidades dos nossos clientes.

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simplicidade do ambiente rural, conforto e comodidade dos dias de hoje. o que é? onde fica? como se chama? Preparado? venha já e conheça um espaço harmonioso e perfeito, o monte do Zambujeiro, localizado no alentejo, essa região tão típica e tão nossa. a revista Pontos de vista foi conhecer e conversou com mónica mcgill, Proprietária e administradora deste espaço, onde a

autenticidade o vai deliciar. não espere mais. deixe-se surpreender.

O Monte do Zambujeiro é uma aliança entre o tra-dicionalismo e a simplicidade do ambiente rural e a comodidade dos tempos modernos. No coração do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vi-centina, o que é que se pode esperar deste espaço?No Monte do Zambujeiro, mais do que receber hóspedes, recebemos amigos. Aqui, os nossos hóspedes podem encontrar tranquilidade, aco-lhimento familiar e personalizado, privacidade e um estreito contacto com o melhor que o Alen-tejo tem para oferecer. No fundo queremos que se sintam parte da nossa família e disfrutem ao máximo da sua estadia.

Com uma localização extraordinária, o visitante pode desfrutar de uma deslumbrante paisagem. Em traços gerais, qual é a oferta turística do Mon-te do Zambujeiro? O Monte do Zambujeiro oferece várias hipóte-ses de alojamento. Casinhas t1 e t2, uma suite deluxe e três suites design. Temos várias ativida-des que vão desde aulas de surf, stand up padd-le, noites de astronomia, massagens, passeios a cavalo, passeios de barco com picnic e provas de vinho. Também organizamos refeições e cestos de picnic a pedido.

Mónica Mcgill

MONTE DO zAMBUJEIRO… um refúgio surpreendente

LideranÇa no Feminino

Há quem diga que “genica e empreendedorismo” são os seus nomes do meio. Enquanto empresá-ria de sucesso, encontrou na sua mãe, Maria josé Carvalho, uma aliada para esta aventura. Pode-mos dizer que o Monte do Zambujeiro é o vosso sonho tornado realidade? Este espaço tem venci-do pela força e dedicação de duas mulheres?É verdade, dizem isso... Genica e vontade de ven-cer é coisa que não me falta, mas quando se faz o que se gosta e com paixão é tudo muito mais fácil. O Monte do Zambujeiro é mais do que um sonho. Foi aqui que passei as minhas melhores férias de infância, quando todos nos juntávamos à minha avó, Eugénia Carvalho, no verão. Eu e os meus primos adorávamos os dias de verão pas-sados aqui. Desde ajudar os caseiros a tratar dos animais às traquinices típicas de crianças e às fu-gas para o rio, tudo era fantástico. Até parece que estou a ver tudo a acontecer à minha frente outra vez... Mais tarde, por herança, esta herdade ficou para os meus pais e, em 2008, decidimos partilhar o nosso paraíso com quem nos queira visitar. Não consigo descrever o orgulho e a alegria que tenho neste projeto. Adorava que a minha avó pudesse ver o que fiz com a herdade que ela nos deixou! A ajuda da minha mãe é imensurável. Eu passo a

vida de mala aos pés da cama, é rara a semana que não viajo e com três crianças pequenas é a mi-nha mãe que assume o meu papel. Eu diria que o Monte do Zambujeiro é um espaço que venceu pela força, dedicação e paixão de três mulheres, porque, antes de nós as duas, também a minha avó tomou, sozinha, as rédeas desta propriedade.

Ser empreendedor em Portugal nem sempre é uma tarefa fácil. Quando se avança para um pro-jeto desta natureza quais são as principais preo-cupações? Que dificuldades teve de contornar? Não é fácil. O segredo é focarmo-nos no nosso objetivo, nas soluções e não nos problemas. Te-nho uma máxima: “a winner is a dreamer who never gives up”, Nelson Mandela. A minha prin-cipal preocupação era criar um negócio sustentá-vel, o mais autêntico possível, respeitando a traça e a natureza. Toda a propriedade está inserida no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, o que implica uma série de condicio-nalismos extra, mas, que fazem todo o sentido e fazem deste projeto o que ele é hoje. Não vou dizer que foi tudo fácil, mas sinceramente, o meu objetivo foi alcançado e só me recordo dos suces-sos e já esqueci as pequenas pedras que se cruza-

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ram no meu caminho. Conselhos para quem vai começar ou está a começar: uma boa preparação com consulta de todas as entidades que regulam o território, paixão e determinação.

“De manhã no Dubai, ao almoço no Fundão e ao fim da tarde a saborear uma bola de berlim na praia do Almograve”. É assim que a descrevem como empresária? É esta multiplicidade de face-tas que lhe tem permitido vingar na sua vida pro-fissional? É quase isso. Além do Monte do Zambujeiro, três filhos, Presidente da Associação Casas Bran-cas, Diretora da Rota Vicentina, sou também re-presentante da multinacional Haygrove, Ltd que, atua em cerca de 60 países pelo mundo inteiro. Passo nove meses do ano entre feiras de turismo a promover o meu espaço e a rede Casas Brancas e Rota Vicentina e em feiras agrícolas. Conhecer pessoas no mundo inteiro, realidades totalmen-te diferentes, países em situações que ninguém imagina e vê-los vingar, contra tudo e contra to-dos, fez de mim a profissional que sou e aprendi a relativizar qualquer obstáculo que apareça na minha vida. Sou uma sortuda, posso trabalhar

em qualquer lugar, desde o meu escritório até ao areal do meu Almograve a disfrutar de uma bela bola de Berlim, desde que haja internet está tudo bem. Sou feliz, sou uma workaholic apaixonada pelo meu trabalho, é este o meu segredo. Simples.

Há quem defenda que que a burocracia é a maior dificuldade do turismo rural em Portugal. No caso concreto do Monte do Zambujeiro, sentem estas barreiras? De que forma se pode contornar este obstáculo para que o setor continue a crescer? A burocracia em Portugal é transversal a qual-quer ramo de atividade. Há barreiras em todos os negócios. É certo que tem que haver regras, legislação, mas exigir de um alojamento com 10 quartos o mesmo que se exige a um hotel com 100?! A legislação devia ter em conta a dimen-são das unidades e, tal como existem níveis de classificação que obrigam a requisitos mínimos, deviam também existir valores mínimos nas tari-fas praticadas. É escandaloso ver hotéis de cinco estrelas a vender quartos a 20-30 euros, isto não devia ser permitido. O setor tem um potencial expansivo enorme. Agilizar os timings de apre-ciação também é muito importante.

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Para o futuro, o que pretende concretizar para que este espaço continue a ser o local ideal de muitas famílias portugue-sas e de turistas? Ai... tanta coisa. A minha cabeça é um turbi-lhão constante de ideias. Não quero crescer muito mais, porque isso seria desvirtuar o meu conceito. Quero requalificar, ter serviços ainda mais personalizados, tenho duas ou três ideias que espero ainda este ano concretizar. Vinhos, ervas aromáticas, chás e um novo espaço de convívio. Tudo ligado à herdade, à região e a uma outra minha paixão, a gastronomia.

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Os negócios profissionais da decoração são na Exponor. A 25ª edição da Ceranor será, uma vez mais, o ponto de encontro dos agentes diretamente ligados ao setor, promovendo a troca de experiências, a criação de sinergias e a realização de negócios. A plataforma certa para mostrar o talento do seu negócio.

Até 20 de setembro, Lisboa sai à rua e promete muita animação, arte e cultura. Entre praças, jardins, coretos, ruas e palcos ao ar livre, a programação promete fazer as maravilhas de adultos e crianças. De quinta-feira a domingo, esta que é a 7ª edição do Lisboa na Rua terá bandas de jazz, orquestras, fado, cinema, videoarte, teatro e exposições, sem esquecer a maravilhosa Orquestra Gulbenkian. O verão terá ainda mais cor e os seus dias serão preenchidos com o que de melhor se faz em Portugal e no mundo. Aproveite para conhecer esta nova Lisboa!

Breves

Com abertura prevista para outubro, este centro, localizado no Centro Académico de Medicina de Lisboa, dedicar-se-á à investigação clínica, sendo possível desenvolver ensaios clínicos nas áreas da oncologia, cardiologia, diabetes e neurologia, que são neste momento os domínios com maior necessidade para os doentes portugueses. A localização não foi pensada por acaso, uma vez que pretendem tirar o máximo proveito do Hospital de Santa Maria, do Instituto de Medicina Molecular e da Faculdade de Medicina de Lisboa. Em declarações ao Diário de Notícias, Carlos Martins, Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Norte afirma que o objetivo deste espaço será “garantir mais possibilidades de tratamento, em especial em áreas onde já não existem” e “trazer tratamentos inovadores, dar formação a profissionais e valorizar os currículos dos clínicos”.

Decorrerá entre 24 e 27 de setembro na Exponor, em Leça da Palmeira, Matosinhos, e promete dar que falar. A Portojóia – Feira Internacional de Joalharia, Ourivesaria e Relojoaria - apresenta este ano um novo formato, alicerçado no conceito de fusão entre a tradicional oferta do setor e a moda, o calçado, a marroquinaria e o packaging. “Queremos que esta edição seja uma plataforma de promoção quer do conhecimento técnico da nossa joalharia, quer de novas tendências e formas de pensar e usar a joalharia”, descreveu a diretora da feira, Amélia Monteiro.

«Uma ambição, um compromisso, um rumo» é o lema do V Congresso dos OTOC, que decorre a 17 e 18 de setembro, no Meo Arena, em Lisboa. Coincidindo com os 20 anos de regulamentação da profissão, a Ordem está a organizar aquele que espera ser o maior acontecimento do ano para os técnicos oficiais de contas. Além de debater os temas da atualidade, como sendo por exemplo a importância da contabilidade no seio das empresas e na administração pública, o evento vai ainda celebrar os mais recentes patrimónios portugueses reconhecidos pela UNESCO, nomeadamente o cante alentejano e o fado.

design e inovação na 26ª edição da Portojóia

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v Congresso otoC

Ceranor, 25 anos

arte passeia pelas ruas de lisboa

lisboa terá um megacentro de investigação clínica

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Breves

A revisão anual de preços dos medicamentos, entre 2012 e 2014, permitiu uma poupança de 91,5 milhões de euros aos utentes e de 177,5 milhões de euros ao Estado, de acordo com um estudo realizado pelo Infarmed, Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde. No mercado ambulatório (farmácias), esta medida conduziu a poupanças, para o Estado e para os utentes, de 100 milhões de euros em 2012, 80 milhões em 2013 e 26 milhões em 2014. Em 2012, as poupanças para o utente foram de 46,5 milhões de euros, enquanto o Estado poupou 53,5 milhões de euros. Em 2013, o utente poupou 32,5 milhões de euros e o Estado 47,5 milhões. Em

2014, a poupança do utente foi de 12 milhões de euros e a do Estado de 14 milhões. Os medicamentos de ambulatório que registaram maiores quebras de preços, devido a este mecanismo entre 2012 e 2014, foram os destinados a doenças do aparelho cardiovascular e a enfermidades do sistema nervoso central. Nos hospitais do SNS, cujos medicamentos são integralmente pagos pelo Estado, foram poupados 47 milhões de euros em 2013 e de 16 milhões de euros em 2014.

Se está à procura de uma oportunidade de última hora para estas férias de verão, saiba quais são, neste momento, os principais destinos turísticos mais baratos do mundo (e os mais caros também). Neste estudo divulgado pelo motor de busca trivago, destaque para a cidade do Porto que está entre as principais cidades europeias mais baratas durante o mês de agosto.Neste momento, são mais de 400 euros que separam pernoitar no destino turístico mais barato do mundo do mais caro: dormir em Hanói, no Vietname, custa em média 55€, enquanto no Mónaco, o destino mais dispendioso, o custo ponderado é de 476€.De acordo com o trivago Hotel Price Index, na Europa o local mais acessível este mês é Varsónia, na Polónia, com uma média de 61€ por noite, por quarto duplo. Seguem-se Sófia (62€), Bucareste (68€), Sevilha (73€), Belgrado (74€) e Cracóvia (79€). Acima dos 80 euros, mas ainda no top 10 dos mais baratos encontram-se Madrid (84€), São Petersburgo (85€), Dresden (86€) e, na décima posição, em ex aequo Porto e Bruxelas (93€).A cidade do Porto tem registado grandes aumentos face ao último ano – ainda este mês a Invicta protagonizou um aumento nos preços hoteleiros de 32,86% face a agosto de 2014: dormir no Porto nessa altura custava apenas 70€, quando atualmente o custo médio é de 93€. Ainda assim, e apesar destes aumentos generalizados, o Porto continua a ser das cidades mais atrativas para os turistas em termos de qualidade/preço.Ainda na Europa, Mónaco, Edimburgo, Genebra, Londres, Veneza, Berna, Copenhaga, Amesterdão, Nice e Dublin são os locais mais caros para passar a noite, apresentando valores acima dos 150€.Já para quem pretende viajar para a zona de África ou do Médio Oriente, saiba que Luxor, no Egito, e Zanzibar, na Tanzânia, são respetivamente os destinos mais barato e mais caro: passar a noite em Luxor custa em média 69€ enquanto no Zanzibar o custo é de 249€. Na Ásia, Hanói, no Vietname, é o local mais acessível (55€) e Nord Male Atoll /Kaafu–Kaaf , nas Maldivas, o mais caro, com um custo médio de 461€.Na América do Sul e Central, destaque para o Belo Horizonte, no Brasil, como destino mais barato (64€) e Palm Beach, em Aruba, como o mais caro (292€). A completar esta lista de preços do tHPI, e relativamente à América do Norte, a Cidade do México (107€) apresenta os preços mais acessíveis, ainda que com uma média superior aos 100 euros, e Boston assume-se como o destino mais caro, com um custo ponderado de 343€. 

saiba quais os destinos mais baratos do mundoe os mais caros também

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revisão anual de preços poupa 270 milhões aos utentes e ao estado

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