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Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF 4, 5 e 6 de junho de 2012 SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE E CERTIFICAÇÃO ISO 9001 NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: UMA ANÁLISE CRÍTICA Pedro de Lima Marin

Sistemas de Gestao Da Qualidade

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  • Centro de Convenes Ulysses Guimares

    Braslia/DF 4, 5 e 6 de junho de 2012

    SISTEMAS DE GESTO DA QUALIDADE E CERTIFICAO ISO 9001

    NA ADMINISTRAO PBLICA: UMA ANLISE CRTICA

    Pedro de Lima Marin

  • Painel 50/184 Modelos e sistemas de excelncia na gesto pblica

    SISTEMAS DE GESTO DA QUALIDADE E CERTIFICAO

    ISO 9001 NA ADMINISTRAO PBLICA: UMA ANLISE CRTICA

    Pedro de Lima Marin

    RESUMO O objetivo principal deste artigo provocar uma reflexo, ainda que preliminar, acerca de um fenmeno ainda pouco estudado: a adoo de Sistemas de Gesto da Qualidade (SGQ) e da certificao ISO 9001 por rgos e entidades da Administrao Pblica brasileira. Entre 2009 e 2011, cerca de 78 instituies pblicas das mais diversas instncias e reas de atuao buscaram a implementao de sistemas de gesto da qualidade baseado nos moldes da norma ISO 9001. Uma vez que a Administrao Pblica possui caractersticas e paradigmas prprios, importante compreender de que forma a adoo destes SGQs interage com o aparato organizacional dessas entidades e de que forma esses sistemas relacionam-se com o debate mais amplo em torno das propostas para a gesto pblica. Tem-se como concluso que os sistemas de gesto da qualidade baseados na norma ISO 9001 apresentam muitos pontos em comum com o paradigma burocrtico de gesto, indicando que outros approaches talvez sejam necessrios para abordar a questo da qualidade no setor pblico.

  • 2

    Nas duas ltimas dcadas, tem-se observado um fenmeno novo na

    administrao pblica brasileira, que tem passado relativamente desapercebido das

    anlises e reflexes nacionais sobre o tema. Trata-se da adoo, por parte dos mais

    diversos rgos e entidades pblicas, de sistemas de gesto da qualidade (SGQ)

    baseados na norma ISO 9001.

    O padro ISO 9001, criado pela International Organization for

    Standardization, organizao com sede em Genebra, estabelece critrios mnimos a

    serem atendidos pelas organizaes na implementao de SGQs, visando

    padronizao e garantia da qualidade nas relaes de fornecimento de

    mercadorias e servios entre organizaes.

    A norma ISO 9001 denominada Sistemas de gesto da qualidade

    Requisitos, e a nica da chamada srie 90001 passvel de certificao. Ela

    estabelece os diversos critrios que devem ser atendidos para que a organizao

    implemente um sistema de gesto da qualidade no padro estabelecido pela ISO.

    No se trata, portanto, de um processo de certificao dos bens ou servios

    produzidos, mas sim do prprio sistema de gesto implementado pela organizao.

    As normas ISO so objeto de frequentes revises. A verso atual da norma foi

    elaborada em 2008.

    Os critrios estabelecidos pela ISO so denominados requisitos e esto

    baseados em princpios gerenciais mais amplos, como foco no cliente, liderana,

    abordagem de processo e melhoria contnua. Os requisitos determinam que a

    organizao deve estabelecer sua poltica e objetivos da qualidade, sendo esses

    ltimos necessariamente mensurveis. A organizao deve ainda estabelecer um

    conjunto de procedimentos documentados que regulamentaro a conduo das

    atividades que impactam a qualidade do produto ou servio prestados, bem como as

    prprias atividades de gesto.

    1 As normas ISO esto dividas por sries numeradas, sendo que a cada srie corresponde um tema.

    A srie 9000 de normas ISO corresponde s normas que lidam com o tema gesto da qualidade.

  • 3

    Os processos devem ser planejados e constantemente monitorados, de

    forma a assegurar sua eficcia e adequao ao planejado. Eventuais desvios em

    relao aos procedimentos estabelecidos, aos objetivos traados ou aos requisitos

    da norma ISO 9001 constituem no-conformidades, e devem ser tratados mediante

    a tomada de aes corretivas. Constitui-se, dessa forma, o chamado ciclo PDCA2,

    metodologia de gesto que influenciou significativamente a constituio da norma.

    O processo de certificao na norma ISO 9001 envolve a realizao de

    uma auditoria externa por parte de um organismo certificador, que por sua vez

    acreditado por uma organizao nacional reconhecida pela ISO (no caso do Brasil,

    trata-se do INMETRO). Os certificados tm validade de trs anos, durante os quais a

    organizao ser auditada anualmente pelo organismo certificador.

    Um breve levantamento informal realizado junto a uma empresa de

    monitoramento de licitaes3 permitiu verificar que, desde 2009, pelo menos 78

    rgos ou entidades da administrao pblica brasileira buscaram a contratao de

    consultorias ou organismos certificadores com vistas implantao de SGQs

    certificados. Cerca de 45% dessas instituies fazem parte da Administrao Direta,

    sendo os outros 55% distribudos entre Autarquias, Fundaes, Empresas Pblicas

    e Sociedades de Economia Mista. Com relao rea de atuao das instituies

    pblicas que buscam a implantao de SGQs, verificou-se que 15% delas atuam na

    rea de atendimento ou pesquisa em sade, 12% na rea de produo ou

    fornecimento de energia eltrica, 9,5% na rea de Saneamento Bsico, 5% na rea

    de Defesa (Ministrio da Defesa), sendo ainda 5% no Poder Legislativo e 5% no

    Poder Judicirio. As demais instituies esto distribudas nos mais variados

    campos de atuao.

    2 O chamado ciclo PDCA, ou ciclo de Deming, uma metodologia de gesto cujo objetivo promover

    a melhoria contnua. Consiste na repetio cclica das atividades de planejar (Plan), executar (Do), verificar (Check) e correo de eventuais erros (Act). 3 Levantamento realizado junto empresa Conlicitaes (www.conlicitaes.com). Agradecimentos a

    Leonardo Baslio, por disponibilizar os dados.

  • 4

    Entre as organizaes que buscaram, ou esto buscando, a

    certificao, podemos citar: INFRAERO, Banco do Brasil, Polcia Civil de Santa

    Catarina, EMBRAPA Meio Ambiente, Fundao para o Remdio Popular do

    Estado de So Paulo, a Prefeitura Municipal de So Paulo, a Controladoria e

    Ouvidoria Geral do Estado do Cear, Cmara Municipal do Municpio de Avar,

    entre outros. Trata-se uma gama ampla de organizaes, dos mais diversos tipos

    e atuando em distintos setores.

    A busca pela qualidade no setor pblico brasileiro remonta a iniciativas

    como o Programa de Qualidade e Participao na Administrao Pblica (QPAP),

    desenvolvido e coordenado, durante o governo FHC, pelo extinto Ministrio da

    Administrao Federal e Reforma do Estado 4 . Entendido como um instrumento

    essencial para a implementao de uma nova viso para a organizao do Estado

    no Brasil, o QPAP tinha por objetivo adaptar os princpios e premissas que

    permeavam o conceito de Gesto para Qualidade Total (GQT) realidade do setor

    pblico (BRASIL, 1997), cabendo a cada organizao definir de que forma os

    princpios e diretrizes do Programa sero convertidos em aes. Princpios como

    satisfao do cliente, gerncia de processos e melhoria contnua so

    ressignificados e reinterpretados a partir da realidade objetiva da administrao

    pblica no Brasil e de cada organizao participante do Programa.

    Uma tentativa deste tipo, que adapta os conceitos abrangentes e amplos

    da GQT ao contexto pblico difere significativamente da proposta de sistema de

    gesto da qualidade apresentada pela norma ISO 9001. Nesta, a busca pela

    qualidade adquire contornos bastante especficos, materializando-se na construo

    de um edifcio de normas e procedimentos que orientam e condicionam a ao em

    nvel gerencial e operacional.

    4 O Programa sobrevive ainda hoje, de certa forma, atravs da metodologia do Instrumento Padro de

    Pesquisa de Satisfao, cujo objetivo munir as organizaes pblicas de uma metodologia que as permita monitorar a satisfao dos usurios de servios pblicos. Essa metodologia disseminada pela Secretaria de Gesto Pblica, vinculada ao Ministrio de Planejamento, Oramento e Gesto.

  • 5

    Esta simples comparao entre dois approaches diferentes na busca

    pela qualidade na atuao pblica evidencia que o debate sobre qualidade no

    campo da administrao est marcado por seu carter vago, pela impreciso dos

    conceitos e por certa dose de mistificao. As ideias e princpios da chamada

    Gesto da Qualidade Total so constantemente reinventados e reprocessados por

    tericos, gurus e administradores, de forma que o iderio GQT no facilmente

    condensvel em um receiturio nico. De fato, h bastante variao entre as

    diversas propostas de GQT (VINNI, 2007). A prpria norma ISO 9001 pode ser

    considerada um subtipo de GQT, conforme abordaremos mais adiante.

    Essa impreciso conceitual que circunda a ideia de qualidade torna-se

    ainda mais complexa quando confrontada realidade do setor pblico. No obstante

    a pretenso de universalidade do iderio GQT, embutida na prpria norma ISO

    90015, h diferenas significativas entre o setor pblico e privado que necessitam ser

    levadas em conta ao analisar a possibilidade de aplicao de tais conceitos ao setor

    pblico No se trata de negar os possveis benefcios da gesto da qualidade no

    setor pblico. De fato, h pesquisas que demonstram resultados positivos da

    aplicao da norma ISO 9001 nos balces de atendimento ao pblico de municpios

    portugueses (SOUSA, 2007) e em escolas na Indonsia (SUMAEDI, BAKTI, 2011),

    alm de outros relatos. No entanto, igualmente frequentes so relatos, por parte de

    gestores e consultores, segundo os quais a implementao da ISO 9001 esbarra em

    aspectos particulares das organizaes pblicas que emperram ou prejudicam a

    efetividade do sistema de gesto da qualidade.

    Ao se deparar com situaes desse tipo, comum que os consultores,

    auditores e tericos da qualidade critiquem os aspectos particulares das

    organizaes pblicas, como a cultura governamental (RAGO, 1994), pelos

    fracassos do SGQ. Parte-se do pressuposto que a organizao pblica deve

    adaptar-se ferramenta desenvolvida para o setor privado, nunca o contrrio.

    Conforme demonstrado por RAINEY e CHUN (2007), os setores pblico e privado

    apresentam semelhanas o suficiente para permitir que ferramentas desenvolvidas

    em um setor sejam usadas no outro, mas tambm possuem suficientes

    particularidades para que haja necessidade de adaptaes.

    5 A noo de que a norma ISO 9001 seria aplicvel a qualquer tipo de organizao est presente no

    prprio texto da norma: Todos os requisites desta Norma so genericos e se pretende que sejam aplicveis a todas as organizaes, independente do seu tipo, do seu porte e produto que fornecem (ABNT, 2008, p. 1)

  • 6

    Alm dos aspectos referentes s diferenas entre gesto pblica e

    privada, importante levar em conta que o debate acadmico mais amplo sobre

    gesto pblica possui tradies e paradigmas prprios, nos quais esto em jogo

    propostas distintas para o aparelho estatal. Mais centralidade hierarquia ou mais

    flexibilidade para os gestores pblicos? Reforar controles burocrticos de

    procedimentos ou focar na mensurao de resultados? Estas so apenas algumas

    das questes que se apresentam para os estudiosos da gesto pblica.

    fundamental compreender de que forma a norma ISO 9001 dialoga com essas e

    outras questes to prprias da esfera pblica.

    Assim, o presente artigo tem por objetivo problematizar a reivindicao de

    que a norma ISO 9001 traga benefcios idnticos e uniformes a qualquer tipo de

    organizao, tendo em vista as especificidades da gesto pblica, seus paradigmas

    e sua trajetria especfica. Vale reiterar que o objetivo no negar os benefcios da

    gesto da qualidade em organizaes pblicas, mas sim compreender em que

    contextos e sob quais condies esses sistemas tendero a gerar quais tipos de

    benefcios. Para tanto, tomaremos como ponto de partida o trabalho de VINNI

    (2007), que buscou categorizar o iderio da GQT em distintas propostas para

    trabalhar o tema qualidade nas organizaes e estabeleceu comparaes entre as

    diversas propostas e os dois principais paradigmas da gesto pblica (burocracia e

    Nova Gesto Pblica). Em seguida, partiremos da reflexo sobre um caso concreto,

    o da Assembleia Legislativa do Estado de So Paulo, para tentarmos identificar, de

    forma preliminar, pontos de contato entre a norma ISO 9001 e o pensamento sobre

    gesto pblica.

    QUALIDADE: HISTRICO E CONCEITOS

    O seguinte artigo partiu de uma necessidade de reflexo acerca da efetiva

    aplicabilidade da norma ISO 9001 ao contexto pblico. Para dar conta de uma

    reflexo dessa natureza, faz-se necessrio, inicialmente, dar um passo atrs e

    buscar uma sistematizao, ainda que de forma breve, a evoluo do tema

    qualidade no campo da administrao. Alm disso, qualquer discusso de cunho

    terico sobre qualidade nas organizaes requer algum grau de preciso conceitual.

  • 7

    Dessa forma buscaremos identificar no que constituem as diferentes abordagens

    deste tema e sua aplicao pelas organizaes, a partir do trabalho de YONG e

    WILKINSON (2001).

    Inicialmente, importante fazer meno prpria definio de

    qualidade. H um intenso debate no campo da administrao de empresas acerca

    da definio que melhor apreende o conceito abstrato de qualidade. Algumas das

    definies mais aceitas, incluem:

    Qualidade como atributo da percepo do cliente: segundo

    DEMING (1986), a qualidade de um produto definida por meio da

    percepo do cliente final daquele produto. Um produto pode atender a

    todas as especificaes tcnicas e ser vendido a um preo apropriado,

    mas se no for valorizado pelo cliente, no tem qualidade.

    Qualidade como adequao ao uso proposto: para JURAN

    (1989), a qualidade de um produto definida a partir das expectativas

    colocadas pelas necessidades dos usurios finais. Dessa forma, as

    necessidades dos clientes devem ser traduzidas em especificaes e

    incorporadas ao processo de produo.

    Qualidade como dimenso relacional: Qualidade o processo

    contnuo de construir e manter relacionamentos mediante a verificao,

    antecipao e realizao de necessidades explcitas e implcitas. 6

    (WINDER, 1993)

    Qualidade como atendimento a requisitos: para CROSBY (1979), o

    gestor no deve se preocupar com percepes subjetivas de qualidade

    como agradar o cliente, mas sim focar-se no atendimento aos

    requisitos e especificaes do produto. A satisfao do cliente seria

    consequncia direta do atendimento a esses requisitos.7

    6 Traduo livre do autor, assim como todas as demais citaes traduzidas da lngua inglesa.

    7 A definio de qualidade presente na norma ISO 9001 compatvel com a viso de GROSBY

    (1979). A norma ISO 9000:2005, que apresenta as definies da terminologia da norma ISO 9001, define qualidade da seguinte maneira: grau no qual um conjunto de caractersticas inerentes satisfaz a requisitos (ABNT, 2005).

  • 8

    Embora haja variaes significativas entre essas tentativas de definio

    do conceito de qualidade, possvel identificar caractersticas em comum entre elas,

    em especial as ideias de monitoramento constante e foco no cliente.

    A preocupao com a qualidade nas organizaes tem como ponto de

    partida a revoluo industrial e o incio da produo de bens em srie. possvel

    resumir a histria da qualidade em cinco etapas principais (SOUSA, 2007):

    inicialmente, a qualidade dos itens produzidos era aferida mediante inspees da

    qualidade, em que se buscava identificar visualmente eventuais produtos

    defeituosos que seriam reencaminhados para correo. Na segunda fase, conhecida

    como controle de qualidade, passou-se a valorizar a correta definio das

    especificaes dos produtos, fazendo uso de mtodos e controles estatsticos para

    detectar e medir desvios. Em meados da dcada de 1950, desenvolveu-se a

    chamada garantia da qualidade, em que o controle de processos e procedimentos

    ganhar maior importncia, de forma a prevenir erros e defeitos. A quarta fase, a da

    gesto da qualidade em toda a organizao, corresponde dcada de 1970, e se

    refere extenso dos mtodos de planejamento e controle ao todo da organizao,

    no apenas para a linha de montagem. Por fim, temos a fase da Gesto da

    Qualidade Total (Total Quality Management, ou TQM, em ingls), iniciada nos anos

    80 a partir dos trabalhos dos primeiros gurus da qualidade como Deming, Juran e

    Crosby e inspirada em filosofias como o kanban8, mtodo que contribua para

    justificar o sucesso comercial das grandes empresas japonesas at ento.

    Mas o que a Gesto da Qualidade Total? Conforme abordado

    anteriormente, trata-se de um conceito ambguo: h muito pouca clareza nas

    definies em torno do tema. Uma das definies mais abrangentes, e que por isso

    abarca um conjunto bastante amplo de conceitos e propostas relacionadas GQT,

    a de que ela consistiria em um mtodo abrangente e integrado de gerir uma

    organizao de forma a atender consistentemente as necessidades dos clientes e

    obter a melhoria contnua em todos os aspectos das atividades da organizao

    (JEFFREY et al, 1996, p.15).

    8 A palavra kanban significa placa. Nos sistemas Just in Time desenvolvidos por empresas

    japonesas como a Toyota, havia uma placa nas paredes da linha de produo que comunicava aos funcionrios o que, quando e quanto produzir.

  • 9

    Uma definio deste tipo no permite enxergar as mltiplas variaes de

    abordagem sobre o tema. YONG e WILLKINSON (2001) agrupa as mais diversas

    propostas que se desenvolveram sob a alcunha GQT em uma tipologia que as

    divide em 5 grandes grupos principais . So elas:

    GQT como gesto da qualidade: refere-se s tcnicas desenvolvidas

    e adotadas durante a fase histrica do controle de qualidade, ou seja,

    o uso de ferramentas estatsticas para a o controle e melhoria de

    processos no contexto de fbricas de produo em massa.

    GQT como sistema de gesto da qualidade: reconhecida como o

    approach mais duro de gesto da qualidade, este modelo de GQT

    est baseado no uso de sistemas e procedimentos sistematizados para

    controlar a qualidade. Sistemas deste tipo implicam a existncia de

    uma estrutura organizacional bem delimitada, com uma definio clara

    de responsabilidades, procedimentos documentados e instrues de

    trabalho que devem ser seguidos risca. A preocupao desse tipo de

    sistema com a padronizao dos processos e atividades, garantindo

    que cada vez que um processo for realizado, os mesmos inputs

    (materiais, metodologias, habilidades, informaes) sejam utilizados,

    garantindo assim a uniformidade dos outputs (produtos, servios). Os

    sistemas baseados na norma ISO 9001 so exemplos de um modelo

    de GQT baseado em sistemas9 (VINNI, 2007).

    GQT como gesto de pessoas: Este modelo de GQT considerado

    mais soft, uma vez que seu foco na conscientizao dos

    funcionrios para que atuem de forma mais responsvel e com mais

    foco no cliente. Para tanto, o principal objetivo a capacitao e

    envolvimento da fora de trabalho e um processo de transformao

    organizacional de tipo de baixo para cima (bottom-up).

    9 H autores das vertentes menos rgidas de GQT que defendem que os sistemas de gesto da

    qualidade baseados nas normas ISO 9001 no podem ser considerados como iniciativas de GQT, uma vez que seu foco em conformidade de requisitos seria mais restrito que o iderio da qualidade total. MAGD e CURRY (2003) se contrapem a essa viso, demonstrando os muitos aspectos semelhantes entre as abordagens.

  • 10

    GQT como reengenharia organizacional: este modelo se confunde

    com as propostas da chamada reengenharia de processos de negcio

    (Business Process Reengineering), segundo as quais a organizao

    deve atuar promovendo a descontinuidade, repensando e

    redesenhando radicalmente seus processos para alcanar melhorias

    de performance.

    GQT como um novo paradigma de gesto: ainda de acordo com

    YONG e WILKINSON (2001), a GQT tem se transformado em uma

    filosofia que incorporou os aspectos duros e leves da gesto da

    qualidade, com foco na promoo da qualidade no mais de produtos

    ou processos, mas da gesto e, por consequncia, dos gestores.

    Assim, enquanto os sistemas de gesto ISO 9001 se identificam com

    propostas de GQT como sistema de gesto da qualidade, uma iniciativa como o

    Programa de Qualidade e Participao na Administrao Pblica se assemelha mais

    a uma metodologia soft de GQT, incorporando aspectos de GQT como gesto de

    pessoas e GQT como novo paradigma de gesto.

    QUALIDADE E SETOR PBLICO

    Feita essa distino entre os diversos tipos de GQT, o debate em torno

    da qualidade no servio pblico adquire novos contornos, mais definidos. No

    entanto, esse desdobramento do conceito de qualidade das propostas para

    trabalha-la no interior das organizaes acarreta necessariamente um maior grau de

    complexidade para a anlise. No se trata mais de transplantar uma metodologia

    nica de GQT realidade do setor pblico. Conforme vimos, essa metodologia nica

    inexistente: muitos so os modelos de implantao e os approaches possveis ao

    abordar o tema qualidade, mesmo no setor privado. Sendo assim, a questo que se

    apresenta : como melhor trabalhar a questo da qualidade no setor pblico?

    Podemos buscar tentativas de resposta no debate mais geral sobre a

    gesto pblica. O avano do iderio da GQT se deu de forma concomitante ao

    surgimento e evoluo do movimento que ficou conhecido como Nova Gesto

    Pblica (New Public Management NPM). O NPM defendia que a melhoria da

  • 11

    qualidade dos servios pblicos poderia ser alcanada mediante, entre outros

    aspectos, a adoo pelo setor pblico de metodologias de gesto do setor privado.

    No , portanto, nenhuma coincidncia que diversos aspectos do iderio da GQT

    tenham sido incorporados pelos defensores do NPM, em especial o conceito de foco

    nos clientes (OSBORNE, 1993).

    No entanto, a adoo da gesto da qualidade na administrao pblica

    tem dado ensejo a crticas. SWISS (1992) defende que as metodologias de GQT

    devem ser adaptadas ao contexto da administrao pblica, uma vez que em sua

    verso no-modificada ou ortodoxa, a GQT notavelmente inadequada ao ambiente

    governamental (SWISS, 1992, p. 358), sendo inclusive incompatvel com o ideal de

    uma gesto focada nos resultados na forma proposta pelo iderio NPM. Muito

    embora o autor no faa as devidas diferenciaes entre os vrios modelos de GQT,

    suas crticas parecem bastante adequadas ao contexto dos sistemas de gesto da

    qualidade, especialmente os baseados na norma ISO 9001.

    O autor identifica quatro problemas que explicariam essa inadequao: a

    ideia de que as metodologias de GQT foram elaboradas com foco na produo de

    bens e no de servios; o problema da definio do cliente dos servios

    governamentais, processo que adquire contornos polticos em muitas organizaes

    pblicas; o foco desses sistemas em inputs e processos, o que tende a reforar a

    tendncia burocrtica a concentrar a ateno nos controles procedimentais e

    negligenciar os outputs (ou resultados); e por fim o fato de que a constituio de

    uma cultura da qualidade efetiva depende de constantes intervenes da alta

    direo, sendo que no contexto governamental, as mudanas de direo so muito

    mais frequentes do que no setor privado.

    Mas nem tudo so crticas para SWISS. O autor reconhece que a GQT

    tem aportes importantes para a gesto pblica, em especial as ideias de feedback

    do cliente, monitoramento de performance, melhoria contnua e envolvimento dos

    funcionrios. Cabe aos gestores adaptar esses conceitos amplos realidade de

    suas organizaes.

  • 12

    Com o objetivo de melhor qualificar essa discusso, VINNI (2007)

    contraps os modelos de GQT identificados por YONG e WILKINSON (2001) aos

    dois principais paradigmas da administrao pblica contempornea: a burocracia e

    o NPM (tambm conhecido no Brasil como paradigma gerencial). Seu objetivo era

    identificar pontos de semelhana e de conflito que permitissem prever de antemo a

    receptividade das organizaes pblicas a cada modelo de GQT.

    Suas concluses parecem reforar aquelas apresentadas por SWISS.

    Muito embora a ideia de um sistema de gesto da qualidade seja apresentada,

    especialmente por consultores e gurus, como uma panaceia para combater os

    problemas caractersticos do paradigma burocrtico, o autor identifica diversas

    semelhanas entre a abordagem de GQT como sistema de gesto da qualidade e

    o tipo ideal da burocracia descrito por Weber10. Ambos esto preocupados com a

    padronizao de procedimentos, a construo de rotinas de trabalho e com o

    controle centralizado (ou hierrquico) da execuo do trabalho. Em uma

    burocracia, os nveis de autoridade e as responsabilidades de cada funcionrio

    devem estar previamente definidas e aes de todos esto reguladas por regras e

    procedimentos. Por sua vez, sistemas de gesto da qualidade tambm preveem a

    existncia de controles de procedimentos que condicionam as aes individuais.

    Nas palavras do autor: GQT (ou pelo menos algumas de suas formas) e a

    burocracia tm em comum a busca pela construo de um sistema estvel e

    padronizado para a conduo e desenvolvimento de uma organizao (VINNI,

    2007, p.116).

    10

    Em sua anlise, VINNI est preocupado em identificar o grau de receptividade das organizaes aos diversos tipos de GQT. Sua concluso que organizaes em que as caractersticas tpicas da gesto pblica (como a multiplicidade de stakeholders, a interferncia de processos polticos na gesto, etc.) se apresentam com mais fora sero mais receptivas GQT do tipo sistemas de gesto, os quais compreendem os sistemas baseados na norma ISO 9001. Embora no haja discordncia com relao s concluses do autor, a presente anlise est mais preocupada com os possveis benefcios e malefcios da adoo de SGQs nas organizaes pblicas. Embora organizaes com maior grau de publicness possam ser mais receptivas a SGQs baseados na norma ISO 9001, como defende o autor, essas organizaes e suas burocracias bem constitudas so justamente as que menos tm a ganhar com a adoo de tais sistemas, conforme se demonstrar adiante.

  • 13

    Um sistema de gesto da qualidade, especialmente um baseado nas

    normas ISO, parte do pressuposto de que existem regras para todos os aspectos

    da vida organizacional, no apenas para a produo de bens ou proviso de

    servios (VINNI, 2007, p. 117). Formas no regulamentadas de ao organizacional

    so necessariamente indesejveis, muito embora a existncia e relevncia de

    mecanismos informais de vida organizacional sejam temas clssicos da teoria das

    organizaes (SELZNICK, 1943).

    Desse ponto de vista, os SGQ parecem antagonizar a proposta de que

    deve-se deixar os gerentes gerenciar (KETTL, 1997), muito embora essa ideia seja

    frequentemente associada GQT 11 . De fato, a gesto da qualidade j foi

    caracterizada como uma metodologia que, essencialmente, promove novas formas

    de controle poltico e administrativo no interior da organizao (TUCKMAN, 1995

    apud McCABE et al., 1998).

    ISO 9001: O MELHOR APPROACH PARA A PROMOO DA QUALIDADE NO SERVIO PBLICO?

    Conforme foi visto, a norma ISO 9001 constitui um subtipo de GQT

    como sistema de gesto da qualidade. Da comparao entre sistemas de gesto da

    qualidade e as caractersticas inerentes ao modelo burocrtico, tiramos uma primeira

    caracterstica desses sistemas que merece uma anlise mais aprofundada.

    Conforme argumentamos acima, h muito em comum entre a abordagem ISO 9001

    e o paradigma burocrtico de gesto pblica. A uniformidade da legislao que

    regulamenta o setor pblico no Brasil faz com que muitos dos procedimentos

    obrigatrios exigidos pela ISO 9001 j estejam definidos de antemo. o caso do

    grupo de requisitos referente aos processos de aquisio (grupo de requisitos 7.4,

    atendido em grande parte pela Lei 8.666/96), de gesto de pessoas e de controle de

    documentos e registros.

    11

    KETTL (1997) um dos autores a fazer essa associao, afirmando que a filosofia do let managers manage, que orientou a reforma do servio pblico em pases como Sucia e Austrlia, seria consequncia direta das propostas de GQT de Deming.

  • 14

    O fato de haver essa coincidncia de alguns princpios entre o paradigma

    burocrtico e os sistemas ISO 9001 um dado precioso na mo de gestores que

    buscam enveredar pelos caminhos da qualidade. A partir dessa informao,

    possvel concluir, por exemplo, que um sistema do tipo ISO 9001 pode trazer

    imensos benefcios para uma organizao em que o paradigma burocrtico no

    esteja suficientemente difundido ou quando se julgue desejvel obter um maior grau

    de centralidade gerencial.

    Em 1996, a Assembleia Legislativa do Estado de So Paulo iniciou a

    implantao de um sistema de gesto da qualidade visando certificao na norma

    ISO 9001 das atividades de suporte ao processo legislativo. poca, a organizao

    passava por uma abrangente reforma administrativa com o objetivo de modernizar

    as prticas e processos de trabalho, uma vez que, at ento, os trabalhos eram

    desenvolvidos de forma marcadamente desorganizada. O conhecimento das rotinas

    e tarefas de trabalho era individual e usado como moeda de barganha por muitos

    funcionrios.

    O processo de certificao exigiu, conforme discutido anteriormente, a

    documentao dos procedimentos e instrues de trabalho, o que obrigou os

    funcionrios que detinham consigo o conhecimento a registr-lo por escrito, abrindo

    caminho para um grau maior de profissionalizao e padronizao das tarefas.

    Essa quebra dos monoplios do conhecimento constitui apenas um

    exemplo dos potenciais benefcios da implantao de um sistema de gesto da

    qualidade ISO 9001 em uma organizao em situao semelhante. A presso e as

    demandas de certificao podem garantir que princpios burocrticos como

    hierarquia, controle de procedimentos, previsibilidade, impessoalidade sejam

    disseminados em uma organizao marcada por prticas pr-burocrticas ou

    patrimonialistas.

    Por outro lado, a gesto pblica tem evoludo justamente no sentido de

    superar o paradigma burocrtico. Valores como controle de procedimentos, rigidez

    hierrquica e departamentalizao esto sendo revisitados e adaptados a novas

    necessidades como eficincia, celeridade, qualidade e foco em resultados.

  • 15

    importante destacar que os sistemas de gesto da qualidade ISO 9001

    tambm trazem aportes interessantes nesse sentido. Gesto por processos,

    melhoria contnua, gesto baseada em fatos e monitoramento da satisfao dos

    clientes so alguns dos princpios que orientaram a elaborao dessa norma. Todos

    estes so aspectos que poderiam ser incorporados a uma tentativa de reforma do

    modelo burocrtico de gesto pblica.

    Exatamente a reside um dos principais problemas da norma ISO 9001 no

    contexto pblico: sua irredutibilidade. Em outras palavras, no possvel obter a

    certificao sem atender a todos os requisitos da norma, inclusive aqueles que

    pouco agregaro a um esforo de qualificao da gesto em uma burocracia bem

    constituda, como controle de documentos e registros. Muita energia e esforos

    sero dispendidos para garantir, por exemplo, que a organizao defina os

    controles necessrios para a identificao, armazenamento, proteo, recuperao,

    reteno e disposio dos registros12.(ISO, 2008). Os esforos para melhoria da

    gesto pblica tm advogado abordagens justamente contrrias: a diminuio dos

    controles de procedimentos e instituio de controles finalsticos, ou de resultados

    (PACHECO, 2008).

    Assim, ao optar por implantar um sistema ISO 9001 passvel de

    certificao, o gestor fica comprometido com o conjunto de requisitos previstos na

    norma, o que demandar tempo e esforos que poderiam ser direcionados aos

    aspectos mais desejveis do sistema de gesto, como monitoramento da satisfao

    do cliente, melhoria contnua, etc.

    Retomando o exemplo da Assembleia Legislativa de So Paulo,

    possvel verificar que, de 77 planos de ao13 abertos no perodo 2009 a 2011, 33

    estavam relacionadas com os procedimentos de controle de registros ou

    documentos, ou ainda com a inexistncia ou inadequao desses registros

    (ESTADO DE SO PAULO, 2012). Isso significa que quase 42% das intervenes

    do sistema de gesto na organizao tiveram que lidar com aspectos formais e de

    conformidade com as regras ISO e no com reclamaes de clientes ou problemas

    que impactassem diretamente os objetivos da organizao.

    12

    Registros, para as normas da srie ISO 9000, constituem documentos que evidenciam atividades realizadas. Eles permitem ao gestor (e aos auditores) verificarem se as atividades foram realizadas de acordo com os procedimentos pr-estabelecidos. 13

    Em um sistema de gesto da qualidade, o plano de ao o documento em que so detalhadas as aes a serem tomadas quando um problema ou uma oportunidade de melhoria so detectados.

  • 16

    Por fim, cabe uma breve reflexo acerca do prprio valor de uma

    certificao deste tipo para a administrao pblica. A ideia de certificao, cujo

    objetivo original atestar s empresas compradoras a capacidade dos fornecedores

    de prover produtos e servios conforme as especificaes fornecidas, faz pouco ou

    nenhum sentido no mundo pblico, onde a relao entre cidado e Estado possui

    contornos diversos e mais complexos do que aqueles que se desenvolvem nas

    relaes fornecedor-cliente do setor privado.

    Muitas empresas adotam as mais diversas modalidades de GQT,

    inclusive inspiradas no modelo ISO 9001, sem todavia buscar a certificao. No

    mundo privado, embora existam muitos motivos que levem as empresas a buscarem

    a certificao, em geral elas o fazem em busca de maior reconhecimento no

    mercado, seja por meio da melhoria de imagem trazida pelo certificado, seja pela

    possibilidade de contratao com outras empresas que exijam a certificao dos

    seus fornecedores.

    Trata-se de uma lgica que faz pouco sentido no mundo pblico, em

    especial naqueles setores em que o servio prestado pelo Estado se d em regime

    de monoplio, ou seja, no h nenhum tipo de disputa por fatias de mercado.

    Sendo assim, um certificado ISO 9001 significa pouco ou nada para o cidado-

    cliente receptor do servio, uma vez que ele no tem alternativa a no ser seguir

    demandando o servio da mesma organizao.

    Dado que a manuteno de um certificado deste tipo acarreta custos

    administrao pblica que variam de acordo com o tamanho da organizao, talvez

    seja razovel manter o sistema de gesto mas dispensar a certificao.

    Abandonando o af de certificar-se, o setor pblico poderia retomar iniciativas como

    os prmios de qualidade, que podem servir como elemento motivador e orientador

    das polticas de qualidade das diversas organizaes.

  • 17

    CONCLUSES

    Como vimos, o tema da qualidade no setor pblico pode ser abordado

    de diversos ngulos. A recente tendncia de busca pela certificao ISO 9001 por

    parte dos rgos pblicos brasileiros representa uma saudvel e bem-vinda onda de

    busca por qualidade no setor pblico.

    No entanto, necessrio entender de onde vem e para que serve a

    ferramenta de gesto que pretende-se adotar, de forma a poder avaliar de forma

    racional sua aplicabilidade ao contexto em pauta e os provveis benefcios e

    possveis desafios a serem enfrentados no processo de implantao. Ou seja, no

    existe uma nica ferramenta gerencial que d conta de todos os problemas

    organizacionais e que seja adequada a todos os contextos.

    Como vimos, os sistemas de gesto da qualidade baseados na norma

    ISO 9001 apresentam muitos pontos em comum com o paradigma burocrtico de

    gesto. Essa afirmao pode surpreender muitos entusiastas do padro normativo

    ISO 9001, mas no quer dizer que a ferramenta no possa trazer benefcios em

    determinados contextos e situaes, ou que os princpios gerenciais que nortearam

    sua construo no devam ser perseguidos como princpios orientadores de uma

    nova gesto pblica que atenda efetivamente as expectativas dos cidados.

    Este artigo teve como objetivo propor uma reflexo crtica acerca da

    interface entre qualidade, normas ISO 9001 e administrao pblica. Trata-se de

    uma reflexo inacabada. Novas pesquisas baseadas em dados empricos so

    necessrias para qualificar (ou refutar) as hipteses aqui discutidas. Mas parece

    inegvel que uma abordagem analtica e desapaixonada do tema qualidade, que

    invista em um maior grau de preciso conceitual, pode contribuir para o avano da

    busca por um servio pblico de maior qualidade.

  • 18

    REFERNCIAS

    ABNT NBR ISO 9000:2005. Sistemas de Gesto da Qualidade Fundamentos e Vocabulrio. Associao Brasileira de Normas Tcnicas, 2005. ABNT NBR ISO 9001:2008. Sistemas de Gesto da Qualidade Requisitos. Associao Brasileira de Normas Tcnicas, 2008. BRASIL. Ministrio da Administrao Federal e Reforma do Estado. Programa da qualidade e participao na administrao pblica: Ministrio da Administrao Federal e Reforma do Estado: Braslia: MARE, 1997. CROSBY, Phillip B. Quality is Free: The Art of Making Quality Certain. New York: McGraw-Hill Book Company, 1979. DEMING, W. Edwards. Out of the crisis. Cambridge, MA: Massachusetts Institute of Technology Center for Advanced Engineering Study, 1986. ESTADO DE SO PAULO, Assembleia Legislativa. Formulrio: controle de planos de ao. Acesso em: 5 maio 2012. JEFFRIES, D., EVANS, B. and REYNOLDS, P. Training for Total Quality Management, 2nd ed., Kogan Page Practical Training Series, Kogan Page, London, 1996 JURAN, Joseph. Juran on Leadership for Quality. New York: Free Press, 1989. KETTL, Donald F. The Global Revolution in Public Management: Driving Themes, Missing Links. Journal of Policy Analysis and Management, Vol. 16, No. 3, 446-462, 1997. McCABE, D., KNIGHTS, D., KERFOOT, D., MORGAN, G., and WILLMOTT, H. 1998. Making Sense of Quality- Toward a Review and Critique of Quality Initiatives in Financial Services. Human Relations, 51 (3): 389-411. MAGD Hesham, CURRY Adrienne. ISO 9000 and TQM: are they complementary or contradictory to each other? The TQM Magazine, Vol. 15 Iss: 4 pp. 244 256, 2003. OSBORNE, David. Reinventing Government. Public Productivity & Management Review, Vol. 16, No. 4, pp. 349-356, 1993. PACHECO, Regina S. Mensurao de desempenho no setor pblico: os termos do debate. Trabalho apresentado no II Congresso CONSAD de Gesto Pblica. Braslia, 2008.

  • 19

    RAGO, William. Adapting Total Quality Management (TQM) to Government: Another Point of View. Public Administration Review, Vol. 54, No. 1 (Jan. - Feb.), pp. 61-64, 1994. RAINEY, Hal G., CHUN, Y. Han. Public and private management compared. The Oxford Handbook of Public Management, 2007. SELZNICK, Philip. An Approach to a Theory of Bureaucracy. American Sociological Review, Vol. 8, No. 1 (Feb), 1943. SUMAEDI, Sik. BAKTI, I G. M. Yuda. The Students Perceived Quality Comparison of ISO 9001 and Non-ISO 9001 Certified School: an Empirical Evaluation. International Journal of Engineering and Technology, Vol 11, No. 1. 2011. TUCKMAN, A. Ideology, Quality and TQM In: Making Quality Critical: New perspectives on Organizational Change, eds. Wilkinson, A., Willmott, H. London: International Thomson Business Press. 1995. VINNI, Rauno. Total Quality Management and Paradigms of Public Administration. International Public Management Review. Vol. 8, Issue 1, 2007. WINDER, Richard E. Fulfilling Quality's Five Dimensions. 47th Annual Quality Congress Transactions, May 24-26, 1993 YONG, J., WILKINSON, A. 2001. Rethinking Total Quality Management. Total Quality Management, 12 (2): 247-58.

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    AUTORIA

    Pedro de Lima Marin Aluno de doutorado em Administrao Pblica e Governo. Escola de Administrao de Empresas de So Paulo Fundao Getlio Vargas.

    Endereo eletrnico: [email protected]