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Caio Múcio Pimenta Superintendente da Onip fala sobre o setor de Petróleo e Gás STAKEHOLDERS Um setor fascinante, cujos pontos a serem debatidos são infinitos. É assim que Caio Múcio Barbosa Pimenta, superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), classifica o setor de Petróleo e Gás. Engenheiro químico pela UFMG, Caio atuou por 33 anos na Petrobras antes de ingressar na Onip, companhia sem fins lucrativos com foco na geração de emprego e renda no setor de P&G. Publicação TRANSAEX | Venda Proibida Distribuição Dirigida João Clemente TSX NEWS

STAKEHOLDERS - Caio Múcio Pimenta (Janeiro/Fevereiro - 2013)

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Caio Múcio Pimenta - Superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip)

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Caio Múcio PimentaSuperintendente da

Onip fala sobre o setor de Petróleo e Gás

STAKEHOLDERSUm setor fascinante, cujos pontos a serem debatidos são infinitos. É assim que Caio Múcio Barbosa Pimenta, superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), classifica o setor de Petróleo e Gás. Engenheiro químico pela UFMG, Caio atuou por 33 anos na Petrobras antes de ingressar na Onip, companhia sem fins lucrativos com foco na geração de emprego e renda no setor de P&G.

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Atenciosamente,Paulo Eduardo Pinto

DIRETOR CORPORATIVO

O aumento da produção de petróleo e as perspectivas positivas com rela-ção ao pré-sal tornam o setor de Petróleo e Gás ainda mais importante para o avanço da economia brasileira nos próximos anos. Para debater os caminhos e as perspectivas do setor, tivemos o prazer de conversar com o especialista Caio Múcio Barbosa Pimenta, que atuou por 33 anos na Petrobras e atual-mente é superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip). Além de falar sobre o futuro, Caio apresenta números e relembra um pouco da história do mercado de P&G. Tenham uma ótima leitura!

DEPOIMENTOS

“É natural que a agricultura ocupe um lugar muito grande na exportação e no PIB. O Brasil é líder na produção mundial de alimentos,

é um grande exportador, é muito competitivo.”

Ivan Ramalho – Presidente da Associação Brasileira de Empresas de Comércio Exterior (Abece) - STAKEHOLDERS - Setembro 2011

“O desenvolvimento de programas para esse mercado (soluções móbiles) é muito recente. Detectamos que essa novidade tem um grande

potencial de crescimento nos próximos anos.”

Rodrigo Diniz Mascarenhas - Sócio da Lalubema STAKEHOLDERS - Dezembro 2012

MATRIz: Rua Alagoas , 1000 - Conj 1001 Funcionários - Belo Horizonte / MG - 30130-160Tel: (31) 3232.4252 - www.transaex.com.br

PUBLICAÇÃO TRANSAEX • TSX NEWSFEVEREIRO/2013| Venda Proibida

A TSX News é uma publicação da TRANSAEX Comércio Internacional.Todos os direitos reservados. Os artigos assinados são de inteira respon-sabilidade dos autores e não representam a opinião do informativo ou da TRANSAEX. A reprodução de matérias e artigos somente será permitida se previamente autorizada, por escrito, pela equipe edito-rial, com créditos da fonte. Mais informações: www.transaex.com.br.

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• O senhor destacou recentemen-te que o maior desafio do setor de P&G é de gestão. Quais são os nos-sos principais problemas na área de gestão e como solucioná-los num futuro próximo?

Empreendimentos da área Petróleo e Gás são de grandes dimensões e custo elevado. Em termos de tecno-logia de construção, estamos atuali-zados, mas falta-nos mais intensida-de nos processos de automação. A Gestão Integrada entre o Planeja-mento, Compra, Execução e Con-trole usando softwares adequados é o desafio. O Programa de Mobiliza-ção da Indústria Nacional de Petró-leo e Gás Natural (Prominp), em par-ceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), realizou um gran-de trabalho visitando os principais estaleiros do Brasil e do mundo, pro-duzindo posteriormente um relatório que mostra onde precisamos atuar. Temos uma história e uma cultura de grandes obras, mas precisamos usar mais essas ferramentas propor-

cionadas pela indústria da TI para uma gestão mais eficaz.

• O senhor também afirmou que o que gera riqueza permanente não é o petróleo, mas a indústria de trans-formação que se desenvolve. Qual é o impacto desse desenvolvimento para a economia brasileira?

Dados do Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e Social (BN-DES) mostram que os investimentos em bens e serviços na área do Pe-tróleo e Gás para exploração, pro-dução, processamento e transporte, representam 29,5% de todo o inves-timento na indústria entre 2012 e 2015. O crescimento entre as previ-sões dos períodos 2011-2014 e 2012-2015 foi de 48%. As novas rodadas de licitação de áreas vão aumentar e muito esses investimentos. Esse é o impacto na economia. Segundo estudos da Onip, dois milhões de empregos serão gerados só na área de Exploração e Produção Offshore. Além disso, as exigências tecnológi-

cas e de inovação frente aos novos desafios produzem elevação da qua-lidade e da competitividade da in-dústria brasileira em âmbito mundial, pois a indústria de petróleo é guiada por parâmetros mundiais.

• Qual é a importância do pe-tróleo para a balança comercial brasileira? E qual é a expectativa para o futuro?

Temos de ver esse assunto em uma perspectiva histórica. De grande défi-cit na década de 1970, alcançamos superávits expressivos com o progra-ma de 500.000 barris por dia, que levou a Petrobras a explorar o mar. Entre os anos de 2000 e 2011 houve um expressivo aumento no consu-mo de gasolina (49%), diesel (43%)

Caio Múcio Pimenta

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“Estamos em permanente clima pré-eleitoral e tudo é visto no curto prazo. Projetos de desenvolvimento são do Estado, da Nação, e não de

um Governo. O pré-sal tem horizontes de 30 a 40 anos. Precisamos superar as divergências para que novas áreas sejam incorporadas e o

petróleo se transforme no indutor do desenvolvimento.”

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e querosene para jato (53%), contra respectivamente 15%, 29% e -2% no mundo. Esse fato levou a um dese-quilíbrio na balança, pois exportamos petróleo e importamos derivados. Mas isso é momentâneo. Com a entrada em operação das novas refinarias, estaremos reduzindo as importações de derivados e, com novas áreas entrando em produção, estaremos exportando 2.000 barris, pois temos mais de 70 operadoras trabalhando neste objetivo. Um reforço de caixa de aproximadamente 70 bilhões de dólares por ano nas exportações.

• Em sua opinião, qual seria o melhor caminho para a distribuição dos re-cursos do pré-sal?

A riqueza não é só o petróleo, mas o desenvolvimento e o crescimento da indústria nacional. O melhor caminho é que o Congresso Nacional decida essa questão para que o processo continue. A exploração do petróleo da camada do pré-sal deve estimular o crescimento de vários setores da in-dústria. São milhões de empregos de alta qualificação. Essa questão não pode se transformar em uma pedra no caminho das novas licitações e na ampliação do negocio petróleo.

• Ainda em relação ao pré-sal, o que é necessário para que o Brasil supere de vez o estigma de “País do futuro”?

Peter Drucker, na década de 1970, diante do isolamento e de confli-tos no interior das empresas, dizia: “a concorrência está lá fora. Vamos compartilhar conhecimentos e ter mais colaboração, para que o cres-cimento aconteça”. Essa visão vale para o Brasil. Estamos em permanen-te clima pré-eleitoral e tudo é visto na visão de curto prazo. Projetos de desenvolvimento são do Estado, da Nação e não de um Governo. O pré--sal tem horizontes de 30 a 40 anos. Precisamos superar as divergências

para que novas áreas sejam incorpo-radas e o petróleo se transforme no indutor do desenvolvimento.

• O senhor atua há quase 40 anos no setor de Petróleo e Gás. Se pudesse elencar as três maiores transforma-ções pelas quais o setor passou nos últimos tempos, quais citaria?

A primeira foi a criação da Petrobras e a visão dos pioneiros de tratar re-cursos humanos como fator crítico de sucesso. Desenvolver competências e buscar parecerias com as univer-sidades e centros de conhecimento do mundo serviram para alavancar a empresa mesmo em um contexto de falta de petróleo.

A segunda foi a meta dos 500.000 bar-ris por dia, que levou a Petrobras para o mar. As empresas nacionais soube-ram responder aos desafios para esse tipo de operação, até então restrita a poucas companhias. A história dos “canteiros de obra” construindo pla-taformas e os projetos do Cenpes: Procap 1.000, Procap 2.000 e agora o Procap 3.000, deram ao país uma competência em águas profundas que foi o embrião do pré-sal.

Por fim, citaria a Lei do Petróleo de 1997, que tirou muitas das amarras da Petrobras e abriu o mercado. Mui-to em função disso temos hoje mais de 70 operadoras buscando petróleo e gás no subsolo brasileiro. Os preços dos derivados eram iguais em todo o país. Existia uma infinidade de alí-quotas e ressarcimentos controlados pelo Governo e a remuneração da Petrobras era fixada por decreto. A Lei do Petróleo de 1997 liberou a Pe-trobras e, embora ainda exista uma interferência do Governo no preço dos derivados na saída da refinaria, a comercialização do petróleo é livre. Isso permitiu à Petrobras apostar na tese dos seus geólogos e das univer-sidades brasileiras e fazer um furo pio-neiro em uma desafiante - tecnologi-camente falando - camada de sal,

confirmando a existência de grandes reservatórios no pré-sal.

Estamos agora na quarta fase, produ-zindo petróleo no pré-sal, com novas áreas sendo licitadas, construindo dezenas de plataformas e sondas de perfuração para alcançar os cinco milhões de barris dia em 2020.

• Atualmente, quais são os maiores desafios da Onip?

A missão da ONIP é contribuir para o aumento da competitividade e susten-tabilidade da indústria nacional, para a maximização do conteúdo local e para a geração de emprego e renda no setor de Petróleo e Gás. Em 2010, realizamos um estudo com a partici-pação do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), da Petrobras e de associações representantes da indústria de forne-cedores de bens e serviços. Intitulado “Oportunidades e desafios da agenda de competitividade para construção de uma política industrial na área de petróleo: propostas para um novo ci-clo de desenvolvimento industrial”, o estudo foi analisado, debatido e prio-rizado por um comitê multidisciplinar de ampla representatividade. O nosso desafio atual é conseguir que essas propostas sejam implementadas.

• Muito obrigado pela participação, Caio. Para finalizar, gostaria de dei-xar alguma mensagem?

Eu é que agradeço imensamente a oportunidade. Para finalizar, digo ape-nas que a indústria de P&G é fascinan-te. Após 154 anos de consumo, desde que Edwin Laurentine Drake perfurou o primeiro poço na Pensilvânia, em 1859, estamos assistindo a inovação tecnológica fazer os Estados Unidos novamente autossuficientes em Petró-leo e Gás. A matriz energética mun-dial é 80% Petróleo, Gás e Carvão e pelos próximos 50 anos vão estar na base da matriz energética. Portanto, não há como esgotar os pontos a se-rem abordados sobre esse assunto.

Stakeholders

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