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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA GERENCIAMENTO INTEGRADO EM SEGURANÇA PÚBLICA JOÃO IRINEU DOS SANTOS A CRIMINOLOGIA E SUAS CAUSAS NA ÓTICA BIBLICA CURITIBA 2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

GERENCIAMENTO INTEGRADO EM SEGURANÇA PÚBLICA

JOÃO IRINEU DOS SANTOS

A CRIMINOLOGIA E SUAS CAUSAS NA ÓTICA BIBLICA

CURITIBA

2012

  

 

JOÃO IRINEU DOS SANTOS1

A CRIMINOLOGIA E SUAS CAUSAS NA ÓTICA BIBLICA

Artigo Científico apresentado à Disciplina de Metodologia da Pesquisa Cientifica como requisito parcial à conclusão do Curso de Pós Graduação Latu Sensu especialização em Gerenciamento Integrado em Segurança Pública, da Universidade Tuiuti do Paraná.

Prof. Orientador: Vladimir Luiz de Oliveira2.

                                                            1 Funcionário Público na área de Segurança Pública há vinte e um anos, 1° Sgt. QPM 2‐0, Setor de Finanças,  Curso  Superior  em  Tecnologia  em  Gestão  Pública  pelo  Instituto  Federal  do  Paraná, Cursando Teologia pela Escola de Treinamento Ministerial. E‐mail: [email protected]

 

2  Professor  de  pós‐graduação  do  Núcleo  de  Pesquisa  em  Segurança  Pública  e  Privada  da Universidade Tuiuti do Paraná. 

  

 

RESUMO O presente trabalho tem por objetivo, através de um breve passeio sobre as origens do

crime nos povos da antiguidade e as causas e soluções da criminalidade nos dias atuais, demonstrar

que o homem embora esteja sujeito a caminhar por caminhos tortuosos, influenciado por fatores

externos, alheios a sua vontade é um ser perfeitamente capaz de aprender com seus erros. É dotado

do livre arbítrio e inteligência superior desde seu nascimento, com um poder de aprendizado

extraordinário, que o diferencia dos demais seres viventes, bastando para tanto alguém que o

direcione para bom caminho. Já nasce conhecedor do bem e do mau, dono de suas escolhas e

perfeitamente capaz de viver em harmonia com todos os seres vivos e principalmente com seus

semelhantes.

Palavras-Chave: Origens do crime. Criminalidade. livre arbítrio.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

Abstract

This work has an objective, through a small trip about the root of de crimes in the antiquities

people and the causes and solutions of the criminality nowadays. To show that the man even though

be it subject to walk through tortuous way, influenced for external factor, strange at your will He is a

human perfectly able to learn with your mistakes. He is endowed with free will and superior

intelligence since his birth, with an extraordinary potency of learn who become his different of the

others breathing living, to be enough someone show his the great way. Even born knowing the good

and the bad way, is owner of your own chooses and is perfectly able to live harmonically with all live

human and especially with his similar person.

Keywords: root of crimes. Criminality. free-will.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

SUMARIO

 

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6 2. CULTURA E HUMANIZAÇÃO ................................................................................ 7 

2.1 A Comunidade dos Homens ..................................................................... 7 

2.2 Os povos da antiguidade (origens do crime) ............................................ 8 

2.3 Direito Romano ....................................................................................... 11 

2.4 A Lei Mosaica ......................................................................................... 13 

3.0 CRIMINOLOGIA ................................................................................................. 15 3.1 A Criminologia atualmente ...................................................................... 18 

4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 22 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 24  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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1. INTRODUÇÃO  

Atualmente define-se crime, como toda ação ou omissão, típica, antijurídica

e culpável. Portanto, entende-se que o crime é um ato uno e indivisível, como nos

ensina o Prof. Luiz Alberto MACHADO: “Não significa que os elementos encontrados

na sua definição analítica ocorram seqüencialmente, de forma cronologicamente

ordenada; em verdade acontecem todos no mesmo momento histórico, no mesmo

instante, tal como o instante da junção de duas partículas de hidrogênio com uma de

oxigênio produz a molécula da água. (MACHADO, 1987, p. 21) 

O homem não possui nenhum mecanismo de defesa, como outros animais,

portanto necessita desde o momento em que nasce e por um período muito longo,

que sua mãe ou pai lhe dê o máximo de cuidados e proteção, tornando-se assim o

mais frágil dos animais; porém ao atingir a idade adulta pode vir a ser o mais

perigoso deles. 

O animal não necessidade desta proteção por muito tempo, nasce aprende

com seus pais o necessário para sobreviver e em pouco tempo está preparado para

seguir seu caminho na vida selvagem. /assim, o animal, quando resolve problemas

possui inteligência concreta, já o homem possui inteligência abstrata.

O homem detém o poder de transformar e ser transformado pela natureza

aprende desde o nascimento a seguir o caminho da retidão, o que é bom e o que é

ruim; sendo oferecido para ele na vida adulta o “livre arbítrio”, onde este escolhe o

caminho que irá trilhar, se estiver inserido no seio de uma família cristã temente a

Deus, a probabilidade de que ele escolha seguir o mesmo caminho de seus pais e

ser temente a palavra de Deus, é inúmeras vezes maior, do que a probabilidade de

ele vir a seguir o caminho inverso, ou seja, descumprindo as leis de Deus, causando

dor ao seu próximo, roubando, matando, em fim trilhando o caminho ao qual foi

delegado aos descendentes de Caim, após este ter matado seu irmão Abel.

Discorremos ao longo deste trabalho da importância nos dias atuais de uma

formação Eclesiástica, entendendo está como sendo um elo de unificação familiar,

podendo dentro de seus ensinamentos, tornar com certeza num primeiro momento o

homem num individuo melhor, num segundo momento com um individuo melhor

teremos uma comunidade melhor; e seguindo adiante, dentro desta linha de

raciocínio, teremos uma cidade melhor, um país melhor, uma vez que os índices de

violência tendem a baixar. 

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2. CULTURA E HUMANIZAÇÃO 

 

O animal permanece mergulhado na natureza, enquanto o homem consegue

transformá-la, tornando possível a cultura. A ação humana transforma a natureza. A

palavra cultura possui vários significados: cultura de terra, do homem letrado, etc.

Em antropologia é tudo que o homem produz ao construir sua existência (práticas,

teorias, instituições, valores materiais e espirituais). O contato do homem com o

mundo é intermediado pelo símbolo. A cultura é um conjunto de símbolos

elaborados por um povo em determinado tempo e lugar. Assim, as culturas são

múltiplas e variadas. 

A cultura é um processo de autoliberação progressiva do homem, que se

caracteriza pela mutação calcada em projetos. “O homem não é o que é, mas é o

que não é” (GUSDORF, 1964), ou seja, o homem não é o passado e o presente,

mas define-se pelo lançar-se ao futuro numa ação consciente e planejada sobre o

mundo. Nada é absolutamente certo e inquestionável. O que pode parecer uma

fragilidade é, na realidade, a característica mais nobre e perfeita: a capacidade do

homem produzir sua própria história. 

 

 

2.1 A Comunidade dos Homens  

O homem fala e trabalha, por meio do trabalho transforma a natureza e a si

mesmo. Porém, a ação humana é coletiva e não individual. O trabalho é uma tarefa

social e a palavra toma sentido pelo diálogo: duas idéias = dialética. 

Até mesmo o ermitão se comunica: rejeitando a sociedade e seus valores, a

partir da própria sociedade: a negação da sociedade pelo que ela é. Ao nascer, a

criança depara-se com um mundo inteiramente codificado por símbolos: a língua, a

maneira de se alimentar, vestir, sentar, andar, tom de voz, brincadeiras, relações

familiares, emoções (masculinidade: choro feminino x masculino). 

Os comportamentos modelados em sociedade resultam da maneira como os

homens organizam-se entre si, estabelecem suas regras e valores de conduta que

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nortearão a vida social, econômica e política. O filósofo alemão Heidegger3

pergunta: o homem perde sua liberdade e autenticidade frente aos valores sociais?

O mundo do se: veste-se, come-se, pensa-se como a maioria o faz e não como

gostaria? Os sistemas de controle da sociedade aprisionam o indivíduo? Se a

aceitação dessas regras e valores ocorre sem crítica, ocorre a massificação, porém,

como a verdadeira vida ocorre na sociedade e a partir dela, quando existe a crítica,

o conflito e a contradição a consciência de si emerge e a resolução é forma de

evoluir-se continuamente. 

                                                           

Deve-se manter viva a dialética: contradição que se opõem, mas não se

separam pela qual o homem é, ao mesmo tempo, um ser social e pessoa/indivíduo,

que o distingue dos demais. Assim há uma dicotomia, a sociedade é ao mesmo

tempo alienante e libertadora, lhe fornece condições de se perder, mas também de

se encontrar. 

Para que o homem desencadeie sua força criativa é fundamental proceder

ao “estranhamento” (parar para refletir; idéias que parecem óbvias; novo olhar sobre

o embaçado pelo costume; nova hipótese, etc.). Esse “sair de si” resolve questões

de preconceito, dogmas, convicções inabaláveis que paralisam o homem e a

sociedade. 

Aristóteles, já afirmava que o homem é um animal social (ROMÃO, 2003, p.

32). Pode-se, portanto, concluir que sociedade é um conjunto de grupos sociais que

se inter-relacionam e estão em transformação constante, seja ela lenta ou

acelerada. 

 

 

2.2 Os povos da antiguidade (origens do crime)  

Nota-se então que no seio destas relações sociais, o estado de associação é

o único primitivo do homem; nele a própria lei natural o colocou desde o instante de

 3 MARTIN HEIDEGGER, nascido na pequena  cidade de Mebkirch, distrito de Baden, no  interior da Alemanha em 1889;  faleceu em Friburgo a 26 de Maio de 1976,  foi um  filósofo alemão. É um dos pensadores fundamentais do século XX, ao lado de Bertrand Russell, Wittgenstein, Adorno e Michel Foucault  – quer pela  recolocação do problema do  ser  e pela  refundação da Ontologia, quer pela importância que atribui ao conhecimento da tradição filosófica e cultural. 

 

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sua criação. Destaca-se que muito embora seja um ser sociável, desde os

primórdios o homem violou as regras de convivência, ferindo semelhantes e traindo

a confiança de seus pares no meio onde vivia, tornando inevitável a aplicação de

uma punição. 

Pela crença em vários deuses, acreditavam também nas forças

sobrenaturais, e na maioria das vezes os fenômenos da natureza como o raio, o

trovão ou a chuva eram vistos como resultado da ira dos deuses; diante de tais

crenças deduziam que com a aplicação da punição ao infrator, os deuses teriam sua

ira apaziguada. O vínculo existente entre os membros do grupo era dado pelo totem,

que na visão Pessagno e Bernardi diz NUCCI (2009, 24-25): 

 

“era um animal, uma força sobrenatural (ou uma planta, mas, preferencialmente, um animal) e se considerava vinculado, de modo particular, aos indivíduos integrantes de uma tribo, uma família, uma casta ou um setor da comunidade, que poderiam, ou não, ser transmitidos hereditariamente, quando individualizados. Isto porque, ao lado dos totens individuais, existiam os de grupo, de membros da comunidade, do clã a estabelecer-se entre eles uma hierarquia e graduação”. 

 

Na seqüência tem-se a vingança privada, meio pelo qual passa agora a

reagir à comunidade contra o infrator. Esta fase da vingança privada passa a permitir

que uma gama de pessoas se engajasse dentro do aparato punitivo. Esta vingança

privada desencadeou diversas guerras grupais, violentas e sangrentas em que

vários grupos foram levados ao extermínio. Em verdade a prática de justiça pelas

próprias mãos nunca obteve uma grande aceitação, por tratar-se de uma autêntica

forma de agressão. Assim culminava invariavelmente gerando a indesejada contra-

reação e o círculo vicioso poderia levar as tribos ou clãs à extinção. 

Para por um fim a vingança privada, surgiu o que se convencionou

denominar vingança pública, momento este no qual somente ao chefe do grupo ou

do clã é permitido exercer a tarefa punitiva. Com o desenvolvimento da economia de

escambo, com o transporte pelos comerciantes de gêneros, que eram abundantes

em uma região, para outras onde eram raros ou escassos; fez com que em certas

sociedades arcaicas ou feudais surgissem cidades, uma vez que pequenos grupos

de comerciantes geralmente abrigavam-se em locais onde poderiam defender-se e

ao mesmo tempo encontrar proteção suficiente, estes lugares tinham uma

localização geográfica que favorecia a construção de um porto ou de um mercado.

 

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A prisão por dívida surge na antiguidade, e num primeiro momento apresentou caráter de servidão humana, pois o devedor se tornava servo do credor, devendo para este trabalhar, com sua família, até que o débito fosse completamente quitado. (COULANGES, 2005, p. 147)

 

Com o passar do tempo esta prisão por dívida assumiu um caráter de

aprisionamento, que poderia ser privado ou público, de pena imposta ao devedor

pela quebra da promessa de pagamento. 

Com a evolução, esse arresto tornou-se simples experiência de solvência do

devedor. O indivíduo também poderia tornar-se escravo por um determinado

período, até que sua dívida ou pena tivesse sido paga, ou ainda para os mais

abastados, era possível colocar um escravo para trabalhar e quitar sua divida, ou,

ainda dá-lo em pagamento. 

A primeira redação unificada de um corpo de leis, de concepção racional e

humana, foi o Código de Hamurabi (Khamu-rabi), que se trata de uma pedra de

basalto na qual estão inscritas 21 colunas, 282 cláusulas, escrito no ano de 1700

a.C. aproximadamente, na Babilônia em caracteres cuneiformes, foi encontrado na

cidade de Susa (uma antiga cidade do Próximo Oriente, capital do Elão e que fez

também parte dos Impérios Babilônio, Persa e Parto, localizada cerca de 250

quilômetros a oriente do Rio Tigre, no que é hoje o sudoeste do Irã), e hoje se

encontra no museu do Louvre em Paris.  

Segundo Almeida Prado (2007, p. 09-10), dispõe: 

 

As determinações inseridas no código referem-se às três classes sociais então existentes: a classe do awelum, - dos homens livres, ou seja, a classe mais alta, que era merecedora de maiores compensações por injúrias – retaliações – mas que por outro lado arcava com as multas mais pesadas por ofensas -; a classe do mushkenum, - no estágio imediatamente inferior, cidadão livre, mas de relevância social inferior e com obrigações mais leves; por último, - a classe do wardum, escravo marcado que, no entanto, podia ter propriedade. O Código referia-se também ao comércio (no qual o caixeiro viajante ocupava lugar importante), à família (inclusive o divórcio, o pátrio poder, a adoção, o adultério, o incesto), ao trabalho (precursor do salário mínimo, das categorias profissionais, das leis trabalhistas), à propriedade. 

  De acordo com o disposto no § 117 deste código: “se alguém tem um débito

vencido e vende por dinheiro a mulher, o filho e a filha, ou lhe concedem descontar

com trabalho o débito, aqueles deverão trabalhar três anos na casa do comprador

ou do senhor, no quarto ano este deverá libertá-los”. 

 

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Quando o alto Anu, Rei de Anunnaki e Bel, Senhor da Terra e dos Céus, determinador dos destinos do mundo, entregou o governo de toda humanidade a Marduk [...] quando foi pronunciado o alto nome da Babilônia; Quando ele fez famosa no mundo e nela estabeleceu um duradouro reino cujos alicerces tinham a firmeza do céu e da terra – por esse tempo de Anu e Bel me chamaram, a mim, Hamurabi, o excelso príncipe, o adorador dos deuses, para implantar a justiça na terra, para destruir os maus e o mal, para prevenir a opressão do fraco pelo forte [...] para iluminar o mundo e propiciar o bem-estar do povo. Hamurabi, governador escolhido por Bel, sou eu, eu o que trouxe a abundância aos seus habitantes; [...] o que tornou bela a cidade de Barsippa; [...] o que enceleirou grãos para a poderosa Urash; [...] o que ajudou o povo em tempo de necessidade; o que estabeleceu a segurança na Babilônia; o governador do povo, o servo cujos feitos são agradáveis a Anunit. (Almeida Prado 2007, p. 13). 

 

2.3 Direito Romano 

Pierangeliapud Guilherme de Souza Nucci (2009, p. 25-26), narra que: 

 

O direito romano, dividido em períodos, contou de início, com a prevalência do poder absoluto do pater famílias, aplicando as sanções que bem entendesse ao seu grupo. Na fase do reinado, vigorou o caráter sagrado da pena, firmando-se o estágio da vingança pública. No período republicano, perdeu a pena o seu caráter de expiação, pois se separaram o Estado e o culto, prevalecendo, então, o talião e a composição. Havia, para tanto, a possibilidade de entregar um escravo para padecer a pena no lugar do infrator, desde que houvesse a concordância da vítima – o que não deixava de ser uma forma de composição, [...]. A Lei das XII Tábuas teve o mérito de igualar os destinatários da pena, configurando autentico avanço político-social. Durante o Império, a sanção penal tornou-se novamente mais rigorosa, restaurando-se a pena de morte e instituindo-se os trabalhos forçados. Se na República a pena tinha caráter predominantemente preventivo, passou-se a vê-la com o aspecto eminentemente intimidativo. 

 

Se não pudesse adimplir sua dívida o devedor poderia ser vendido como

escravo, era o princípio da execução pessoal no direito romano, que garantia assim

que com o dinheiro ou produtos arrecadados com a venda, fosse efetuado o

pagamento da dívida. 

A prisão por dívida se dava através do nexum, que era uma espécie de

escravidão, diante do não pagamento da dívida. O próprio devedor era quem

estabelecia sua situação de nexum, muito embora em liberdade, mas ficava

obrigado pelo nexuma trabalhar para o credor até o saldo total da dívida, em uma

situação que poderia hoje ser chamada de análoga à escravidão. 

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Quando o caso era levado à presença de um magistrado, e na presença do

mesmo o devedor confessasse sua dívida, passava então a responder por addictus,

e assim era submetido à classe de escravo de fato e de direito. 

Por volta do século V a.C., a execução pessoal passou a ser gradativamente

substituída pela execução patrimonial, através da Lex poteliapaperia. 

Com a execução patrimonial, os bens do devedor eram vendidos em praça

pública, e os valores arrecadados dados em pagamento ao credor, ou aos credores,

na proporção de sua cota parte. 

Durante o Império, a sanção penal tornou-se novamente mais rigorosa,

restaurando-se a pena de morte e instituindo-se os trabalhos forçados. Se na

República a pena tinha caráter predominante preventivo, passou-se a vê-la com o

aspecto eminentemente intimidativo. Mas também a época de significativos avanços

na concepção do elemento subjetivo como crime, diferenciando-se o dolo de ímpeto

do dolo de premeditação, entre outras conquistas. Continuavam a existir, no entanto,

as penas infamantes, cruéis, de morte, de trabalhos forçados e de banimento. 

Já O direito Germânico, de natureza consuetudinária, caracterizou-se pela

vingança privada e pela composição, havendo, posteriormente, a utilização das

ordálias ou juízos de Deus. Eram provas que submetiam os acusados aos mais

nefastos testes de culpa – caminhar pelo fogo, ser colocado em água fervente,

submergir num lago com uma pedra amarrada aos pés – e caso sobrevivessem,

seriam considerados inocentes; do contrário, a culpa estaria demonstrada, não

sendo preciso dizer o que terminava ocorrendo nessas situações. 

O intuito corretivo, com vista à regeneração do criminoso, só vem a ocorrer

com o Direito Canônico, que predominou durante toda a Idade Média, perpetrando o

caráter sacro da punição, que continuava severa. Neste período era difícil separar a

religião do Estado, uma vez que estavam profundamente ligados e a heresia

implicava em crime contra o próprio Estado. Surgiram então os manifestos excessos

cometidos pela Santa Inquisição, que se valia, inclusive, de tortura para extrair a

confissão e punir, exemplarmente, com medidas cruéis e públicas, os pretensos

culpados. Não existia uma proporcionalidade entre a infração cometida e a punição

aplicada, uma vez que o objetivo da pena era a intimidação pura, o que terminou

saturando muitos filósofos e juristas, até que, com a obra de Cesare Beccaria (1764),

nascia à corrente de pensamento denominada escola clássica. 

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Contrário a pena de morte e às penas cruéis, pregou Beccaria o princípio da

proporcionalidade da pena à infração praticada, dando relevo ao dano que o crime

havia causado à sociedade. O caráter humanitário presente em sua obra foi um

marco para o Direito Penal, até porque se contrapôs ao arbítrio e à prepotência dos

juízes, sustentando que somente leis poderiam fixar penas, não cabendo aos

magistrados interpretá-las, mas somente aplicá-las tal como postas. 

Mostrou-se contra a tortura como método de investigação criminal e pregou

o principio da responsabilidade pessoal, buscando evitar que as penas pudessem

atingir os familiares do infrator, o que era fato corriqueiro até então. A pena, segundo

defendeu, além do caráter intimidativo, deveria sustentar-se na missão de regenerar

o criminoso. 

Passou-se a considerar que a responsabilidade penal fundava-se na

responsabilidade moral, justamente porque se deu ênfase ao livre-arbítrio. O crime

passa a ser tratado como ente jurídico e não como simples fato do homem. O

escopo da pena era retribuir o mal do crime com o mal da sanção, embora pudesse

haver – e até fosse desejável que ocorresse – a emenda do infrator. 

Essa situação, no entanto, não concernia ao Direito Penal. E diz Nucci

(2009, p. 27) citando Carrara: 

 

“O espetáculo de um delinqüente emendado é edificante, é utilíssimo à moral pública: nisso convenho. E por isso abomino e me oponho à pena de morte; porque acredito firmemente na força moralizadora do espetáculo de um delinqüente emendado; e não acredito, absolutamente, na força, que com temerário cinismo ouvi chamar moralizadora, do espetáculo de uma cabeça decepada, exibida ao povo. Nessa cena de circo eu vejo, ao invés, todos os embriões da depravação do povo. Um criminoso emendado, porém, ao preço da atenuação da pena merecida é uma excitação à delinquência; é um escândalo político  

 

2.4 A Lei Mosaica  

O chamado direito dos Hebreus está na Bíblia. O Antigo Testamento é o

equivalente a Bíblia judaica, sendo o Torá (Pentateuco) a parte mais importante; a

Lei é composta por cinco partes: Gênese, Êxodo, Levíticos, Números e

Deuteronômio (ou segundas Leis). A teocracia imposta ao Estado Hebreu, mantida

dentro dos preceitos de Iavé e fiscalizada pelos membros das doze tribos (Moises

p.7-232) o que vinha a impedir que o rei se afastasse dos livros sagrados. Esta

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limitação não era total, uma vez que alguns soberanos dos hebreus muitas vezes

agiram com extrema crueldade. 

Os cinco livros de Moisés (ou Pentateuco), durante o período de Cristo

foram chamados de A Lei, pois continham os preceitos judaicos morais e legais,

assim como os ensinamentos relativos ao culto. Esta divisão em cinco partes data

de 200 a.C., ocasião de sua tradução do original hebraico para o Grego. 

O conjunto de histórias encontradas nestes cinco livros foi durante muito

tempo passada oralmente de geração para geração. Assim a ocasião de sua

escritura não ocorreu pelas mãos de um único homem, este complexo conjunto de

textos foi escrito por um longo período de tempo, apenas se completando por volta

de 400 a.C. 

 

“O Direito na Lei Mosaica, é concebido como de origem divina. Deus é a última fonte e a sanção de toda a regra de comportamento; todo crime é um pecado, pelo qual a comunidade é responsável perante Deus e não perante o governo humano. As prescrições jurídicas, morais e religiosas estão confundidas”. (ROMÃO, 2003. P. 71)  

O termo Deuteronômio é uma palavra de origem grega, tendo como

significado segundas leis; é o ultimo dos cinco livros do Pentateuco, e na verdade se

trata de uma junção dos outros quatro livros que o antecedem, que ao passarem

pelo crivo de Moisés, deles extraiu o que lhe parecia mais adaptável, acrescentando

normas mais positivas. Este texto fixa os princípios basilares de conduta, as normas

a serem seguidas e as sanções a que ficavam sujeitas as suas transgressões.

Moisés é o grande legislador Hebreu, embora tenha sido criado como egípcio, era

judeu e foi o grande salvador de seu povo, livrando-os do poder do faraó, e

consequentemente da escravidão, após atravessar o Mar Vermelho, conduzindo o

povo por 40 anos pelo deserto, em busca da Terra da Promissão (terra de Canaã,

prometida por Deus aos Hebreus), até o Monte Sinai, onde Deus lhe entrega os Dez

Mandamentos. Moisés jamais pisou a terra da promissão (Canaã), morreu com 120

anos e seus ensinamentos e leis transformaram-se no transcorrer do tempo na Lei

Mosaica (Derivada de seu nome Moisés). A pena de talião estava presente na Lei

Mosaica: o falso testemunho era punido rigorosamente, o filho desobediente era

apedrejado, o divórcio era permitido, o casamento com estrangeiros era proibido, a

usura (empréstimos a juros) a patrícios era proibida, mas para estrangeiros era

permitida; tratava ainda de locação, direito de vizinhança, indenizações, da pena de

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morte por blasfêmia, idolatria e adultério, proibia as filhas de herdarem, admitia o

usufruto etc.

 

“O Direito hebraico é um direito religioso, de cunho monoteísta. O direito é “dado” por Deus ao seu povo, e, por conseguinte, imutável; só Deus pode modificá-lo. Aos intérpretes – os rabinos - cabe interpretá-lo para adaptá-lo à evolução social, contudo em hipótese alguma podem alterá-lo. Não obstante, durante um largo período de tempo, a poligamia representou a regra do regime matrimonial, bem como o levirato, forma de união em que se determinava o dever do homem de contrair núpcias com a viúva do irmão que falecesse sem deixar filho varão. Porém, depois do cativeiro a que foi submetido o povo hebreu pelos babilônios (587-537 a.C), o regime matrimonial passou a ser o monogâmico, sendo abolidos a poligamia e o levirato”. (ROMÃO 2003, p. 72)  

A Bíblia, como o grande livro de sabedoria humana que é, fala de um dos

maiores juízes dos hebreus (os juízes eram, então, uma casta social) chamado

Sansão, que em seu tempo foi célebre e temido pela sua força. Traz-nos a Bíblia

que a força de Sansão estava em seus cabelos, uma vez que foi abençoado por

Deus ao nascer, e seus cabelos não poderiam jamais ser tocados por navalha.

Ocorre que Sansão se enamora de Dalila, e esta o traiu, vendendo-o aos inimigos

(Filisteus), exigindo-lhe, por isso, a cabeleira como presente de amor. Sansão, cheio

de medo, recusou-se a satisfazer-lhe o pedido, pois bem sabia que toda a sua força

estava na cabeleira, e que, perdendo-a, passaria a ser um joguete nas mãos dos

seus inimigos. Mas o amor foi mais forte que Sansão. E Dalila, como todos sabem,

cortou, traiçoeiramente, o cabelo a Sansão adormecido, provavelmente depois do

amplexo de amor, e Sansão foi, por isso, feito prisioneiro, e, como qualquer carneiro,

levado para o templo, onde os cabelos lhe cresceram de novo. Então, com a forçada

castidade, readquiriu a força perdida e pôde vingar-se, derrubando o Templo.

(Sansão 13-16, p. 184-187) 

Por isso, a Igreja católica, que é uma instituição com larga experiência

humana e grande sabedoria prática, ordenou que seus soldados, os sacerdotes,

guardassem castidade, a qual, se nem sempre é absolutamente observada. 

 

 

3.0 CRIMINOLOGIA  

A criminologia envolve a antropologia criminal (estudo da constituição física

e psíquica do delinquente) – inaugurada por Lombroso (1876) com a obra O Homem

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delinquente -, bem como a psicologia criminal (estudo do psiquismo do agente da

infração penal) e a sociologia criminal (estudo das causas sociais da criminalidade).  

A política criminal é definida por Roberto Lyra, como sendo a “ciência que

estuda: a) as causas e as concausas da criminalidade e da periculosidade

preparatória da criminalidade; b) as manifestações e os efeitos da criminalidade e da

periculosidade preparatória da criminalidade; c) a política a opor, assistencialmente,

à etiologia da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade, suas

manifestações e seus efeitos” (LYRA, 1964, p. 39). E arremata, afirmando que,

enquanto a criminologia “considera, verticalmente, a criminalidade (conceito

criminológico)”, o direito penal “considera, horizontalmente, o crime (conceito

jurídico)” (LYRA, 1964, p. 51).

Já nas palavras de Sérgio Salomão Shecaria:

“criminologia é um nome genérico designado a um grupo de temas

estreitamente ligados: o estudo e a explicação da infração penal; os meios

formais e informais de que a sociedade se utiliza para lidar com o crime e

com atos desviantes; a natureza das posturas com que as vítimas desses

crimes serão atendidas pela sociedade; e, por derradeiro, o enfoque sobre o

autor desses fatos desviantes”. (SHECAIRA, 2004, p. 31)

 

A criminalidade violenta, em especial os delitos de agressão e homicídio

(relacionados ou não aos crimes patrimoniais), é chamada de criminalidade visível,

sendo facilmente descoberta e reportada, constando, portanto, das estatísticas

oficiais. 

Apesar das parcas condições de vida, olhando-se pelo prisma da sociedade

moderna, quase não havia desigualdade entre as pessoas. Em virtude disso,

também a criminalidade quase não existia. 

A partir dessa observação, a criminologia pôde concluir que não é a pobreza

por si só que constitui um fator criminológico, mas sim, a desigualdade social. 

Na Idade Média a França e a Inglaterra eram os países nos quais se

encontravam uma maior gama de dados referentes à criminalidade. A realidade

Inglesa na época, no que tange à criminalidade, difere bastante da realidade

brasileira atual. Naquela época, a maioria esmagadora dos crimes violentos

(agressões e homicídios) devia-se a brigas de vizinhos.  

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Crimes familiares quase não existiam e, da mesma forma, ao contrário do

que se imagina, poucos envolviam estrangeiros. A existência destes crimes estava,

na verdade, ligada a uma ausência de restrição à utilização da violência e ao pouco

controle do homem sobre seus próprios impulsos. 

O século XIV, no entanto, na virada da Idade Média para a moderna, pode

ser entendido como um século atípico, em que as taxas de crimes violentos

estiveram em níveis bem superiores aos do restante do período. A explicação para

isso reside na Guerra dos Cem Anos, bem como nos efeitos da peste negra, que

dizimou quase que um terço da população européia. A superveniência destes dois

fenômenos causou uma enorme desorganização social, bem como uma grave crise

econômica, o que propiciou um aumento anormal da criminalidade. 

Já na Idade Moderna, a criminalidade violenta passou a cair de forma

relativamente estável. Não se pode negar a influência do movimento civilizatório na

queda da criminalidade violenta observada na Idade Moderna. O processo

civilizatório marca a emergência de ideais cavalheirescos. Valores como o

autocontrole, a primazia da intelectualidade sobre a força bruta, a crença na disputa

política como forma de resolução de conflitos, dentre outros, passaram a estar cada

vez mais arraigados na população. Diante disso, houve uma diminuição considerável

nas taxas de violência. Outro aspecto importante do processo civilizatório, no que se

refere à diminuição da criminalidade, foi à centralização do poder. A partir daí,

aumentaram a vigilância e o controle, exercidos muitas vezes através de uma

urbanização que propiciava um controle visual (panóptico) sobre as chamadas

“classes perigosas”, os extratos mais baixos da sociedade. 

Na Idade Contemporânea, a desigualdade social, a emersão de valores

individualistas, a falta de acesso à educação, a concentração exagerada de

população em áreas urbanas, as migrações, a ineficácia das instituições

encarregadas do combate ao crime, o crime organizado, dentre outros vários

fatores, contribuíram para o avanço na taxa de criminalidade violenta. A Idade

Contemporânea, ou Pós-Moderna, está marcada por um novo aumento da

criminalidade.

 

 

 

 

18  

3.1 A Criminologia atualmente  

Atualmente, tem-se que é muito difícil traçar um parâmetro geral para a

criminalidade no mundo. Não existe fórmula mágica. Cada região deve traçar sua

própria estratégia de combate à criminalidade violenta de acordo com as suas

próprias peculiaridades. 

Como se observa, da Idade Média até os dias atuais, as taxas de

criminalidade violenta sofreram alterações. A criminalidade, ao contrário do que

muitas vezes se pensa, não veio aumentando uniformemente com o passar dos

séculos. Muitos sociólogos, inclusive, analisando as taxas da criminalidade violenta

concluíram que um gráfico sobre o tema ao longo dos séculos teria a forma de um

U: mais alta na Idade Média; caí durante a Idade Moderna; volta a subir na Idade

Contemporânea, mormente a partir da década de sessenta do século passado. 

Diante do exposto pode-se assim dizer que o controle social, ainda é o

melhor caminho a se seguir, como disse Garcia Pablos de Molina (2000, p. 90) tem

que haver um conjunto de instituições, estratégias e sanções sociais, para colocar o

ser humano dentro das normas de convivência.  

Os cristãos vêm-se colocando a favor dos presos e dos condenados pelos

tribunais de administração da justiça, desde os primeiros séculos. O fundador da

Companhia de Jesus (jesuítas), Ignácio de Loyola, já no primeiro documento escrito,

descreve quais serão as coordenadas dos jesuítas, a fórmula do Instituto, aprovada

por Júlio III e inserida nas Letras Apostólicas Exposcit debitum, de 21 de julho de

1550, escreve: “E também é instituída para pacificar os desentendidos, para socorrer

e servir com obras de caridade aos presos dos cárceres e aos doentes dos

hospitais” (BARISTAIN, 2000, p. 150).

Poucos historiadores estudaram, de maneira expressa e com seriedade,

algo que, para muitos, tem relevância capital: como e em que grau, ao longo dos

séculos e atualmente, a religião incide, positivamente e negativamente, no direito

penal, e também este naquela. Intuímos que a religião permeabilizou toda a cultura,

sem deixar de lado sua parcela jurídico-punitiva, e é fato que a cultura remodela a

religião.

Cita-se aqui o Islamismo, que criou uma civilização nova comum acima de

todas as diferenças raciais, econômicas e geográficas; como exemplo de que,

crenças novas forjam uma nova cultura. O mesmo se deu com o budismo. Ao nos

19  

atermos sobre a história da vitimação própria e alheia, entrevemos o que o ser

humano proíbe e perdoa em cada direito, mito e credo.

“As ambivalentes influências da religião estática ou dinâmica (na terminologia de H. Bergson) brotam inseparáveis das três funções que costumam designar esta: impor: (mais que oferecer) uma cosmovisão, ministrar alguns imperativos morais e auxiliar ou alienar os desvalidos. A pessoa “ao relento”, desmoralizada, desiludida, pode entrar na catedral ou na capela campestre e falar a um círio aceso e a um báculo que dêem sentido e força ao seu peregrinar. Também pode a religião ser o ópio dos marginais”. (BARISTAIN, 2000, p. 158)

O sociólogo Joseph Fitzpatrick constata que os programas religiosos de

prevenção são eficazes se influenciarem séria e intensamente no clima da

comunidade. Ao contrário, surtem pouco efeito, ou efeito contrário, porque se limitam

à mera informação catequética e a atividades de mais ou menos breve duração.

A religiosidade só consegue evitar a delinqüência em indivíduos de

convicções profundas, as quais também a comunidade professe publicamente, sem

cair em fanatismos e fundamentalismos.

A melhor forma de se chegar a um controle eficaz da criminalidade é através

da família, religião, escola, valores éticos e princípios, há a necessidade de se dar

maior credibilidade a educação, não pura e simples, mais de todas as formas e em

todos os seguimentos da vida, para se diminuir os índices alarmantes da

criminalidade. Para que haja esse progresso o controle informal deve trabalhar

integrado ao formal, composto pelas instituições públicas, quer seja o Ministério

Público, polícias e demais órgãos envolvidos, no sentido de alcançar os objetivos

que se almeja. 

Há essa necessidade de o ser humano optar pelo caminho certo, aprender o

bom caminho, a Bíblia Sagrada, o manual da ética e dos princípios, segundo o Livro

de Romanos, todo ser humano já nasce pecador, ou seja, desobediente justamente

pela descendência de Adão, que transgrediu a Lei dada por Deus no Jardim do

Éden (Paulo 5.19), mas também diz que pela obediência de um só homem Jesus

todos podem se tornar justos. Embora o homem tenha o livre arbítrio para escolher o

que fazer, necessita de ensinamentos de normas, para aprender os valores éticos

de convivência, quer sejam familiares, religiosos, entre outros. 

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Desde a fundação do mundo anos e anos atrás a criminalidade em todas as

épocas parece incontrolável, com tantos mecanismos para se refrear, parece

impossível de se chegar a uma solução. 

O que realmente falta à sociedade são o amor e o temor a Deus, a palavra

diz: “ensina a criança no caminho em que deve andar e ainda quando for velho não

se desviará dele”. (Provérbios 22.6) 

A falta de comprometimento dos pais com seus filhos trazem grandes

problemas ao futuro destes; pais ausentes filhos delinqüentes, na ânsia de dar vida

melhor à família, os filhos tem ficado abandonados, em seus lares, em mãos de

babás, vizinhos e até mesmo sozinhos. Estudam pela manhã ou à tarde e na maioria

do tempo ficam à mercê da sociedade normalmente companhias de garotos mais

velhos os quais os arrastam para uma vida desregrada de erros sucessivos não que

todas as pessoas sejam ruins, mas como diz o ditado: cabeça desocupada e oficina

do diabo. 

Os pais precisam estar presentes, educando, acompanhando-os, auxiliando-

os no que for necessário, e principalmente levando-os a igreja, para aprenderem a

palavra de Deus, de nada adianta uma vida rica em bens materiais, sem o

crescimento espiritual, fundamental ao ser humano.

Não parecem necessárias pesquisas científicas para provar que as pessoas

que vivem em “comunidades eclesiásticas” infringem menos as leis penais que o

resto dos cidadãos. Basta visitar as instituições penitenciárias e folhear as

estatísticas judiciais para constatar que a porcentagem de pessoas consagradas em

comunidades clericais condenadas pelos tribunais é muitíssimo menor que a das

pessoas laicas. Mas também tem havido, e há de haver, delinqüentes entre as

pessoas “consagradas”.

Tampouco resulta difícil provar que os jovens que vivem com pais de

equilibradas convicções e práticas religiosas se lhes imitam nesse campo,

delinqüem menos. Parece lógico, pois a sana religiosidade fortalece o superego, a

consciência, na luta contra os impulsos e os instintos tendentes à infração.

Entretanto, quando falta, quando falta esse equilíbrio ou essa sanidade, os

especialistas mostram que o religioso pode ter efeitos contrários à prevenção geral,

e à prevenção especial; pode contribuir para que a criminalidade aumente e para

que os delinqüentes reincidam. A cada dia se constata mais a necessidade de levar

a cabo trabalhos acerca das “luzes e sombras” que o direito penal tem recebido da

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religião, não em geral, mas em campos concretos, como a eutanásia, a delinqüência

relacionada com as drogas, a ecologia, a criminalidade feminina, as instituições

penitenciárias ou a servilidade política de certas hierarquias religiosas. (BASISTAIN,

2000, p. 160)

Por motivos de limitação espacial, omitimos comentar atentamente como as

ciências jurídico-penais têm influído beneficamente nesses temas sobre a teologia e

sua hierarquia. Basta uma referência aos livros de Beccaria, no século XVIII (Dos

delitos e das penas), e de Michael Foucault (Vigiar e punir) em nossos dias.

Doutrinas e crenças eclesiásticas fomentam, pré-cientificamente, uma

tendência excessiva a castigar, e mesmo a fazer sofrer, para que o delinqüente

expie sua ofensa à divindade, seu pecado, que na política teocrática primitiva (e não

tão primitiva) coincide com o delito, com a marginalização e, também, com a simples

enfermidade. Mais ainda se é contagiosa, como a lepra.

Diante do cego de nascimento, os apóstolos perguntam a Jesus: “Mestre,

quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem

ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus”.

(João 9.3). 

Inspirado pelo espírito de Deus o apóstolo nos diz: “Buscai, pois em primeiro

lugar o seu reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão

acrescentada”. (Mateus 6.33).

Segundo Davi “o homem bom e justo, seguidor de seus caminhos tem

crédito diante de Deus, pois ele é o refúgio dos quebrantados de coração, não lhes

falta coisa alguma, a atenção do Senhor esta voltada ao seu clamor e ele os livra de

todas as aflições...” (Salmo 34.8-22) 

Neste interim, emanados em um só pensamento e causa, a sociedade, os

Estados e Municípios em parceria com o setor privado, devem trabalhar juntos,

alguns para criação, outros para execução, outros para direção e todos para a

fiscalização. É preciso criar mais e melhores creches e escolas, extensão da família,

há a necessidade de melhores projetos, estudo e empenho, no sentido de criar

novas e modernizar as já existentes, transformando-as em integrais visando

crianças em que pai e mãe trabalham, no intuito de tirá-las das ruas. Porém é

impossível de se realizar tais coisas sem a capacitação de professores e

principalmente sem melhorar salários e condições de trabalho, que são

22  

insustentáveis, se olhar-mos a importância que tem o professor na educação das

crianças, jovens e adultos. 

Incluir na escola o ensino bíblico em todos os níveis escolares, sem impor

esta ou aquela religião, ensinando através das Sagradas Escrituras, tendo em vista

a maioria absoluta são católicos ou evangélicos, objetivando alcançar principalmente

as crianças, que por falta de quem os acompanhe, de incentivo não podem ir à

igreja.  

A Bíblia Sagrada diz que o homem erra não conhecendo as escrituras nem o

poder de Deus (Mateus, 22.29-33). Se a humanidade conhecesse e obedecesse aos

preceitos bíblicos o mundo seria muito melhor, pois conheceria os dois maiores

mandamentos do Senhor que é amar primeiramente a Deus e em seguida o seu

próximo como a si mesmo. O amor é o vinculo da perfeição. Aqui esta a causa e a

solução para todos os problemas da sociedade, sejam eles sociais, econômicos,

criminais ou qualquer outro que uma pessoa possa estar enfrentando. 

Vislumbrando que daqui a alguns anos haverá adultos melhores, instruídas

no caminho de Deus, que é o remédio para a humanidade, pois as crianças de hoje

são os adultos de amanhã.

4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Analisando a história do comportamento do homem, sua grande capacidade

de adaptação e aprendizado, a história e evolução dos crimes e suas penas,

começando por Moisés na lei mosaica, o qual tinha uma das doze tribos somente

para cuidar dos assuntos religiosos, ou melhor, da não transgressão das leis,

combatendo o crime, ou seja, o pecado pode observar que as principais causas da

criminalidade, foram e é a falta de controle do homem sobre seus impulsos e

principalmente os fatores aleatórios, fatores externos, como a situação econômica, a

grande concentração da população nos centros urbanos, ou seja, sempre foram as

desigualdades sociais, as maiores vilãs de todo esse processo. 

É nesse ponto que os órgãos, sejam públicos ou privados devem trabalhar,

ampliando, melhorando os projetos nas áreas urbanas, segurança pública e

educação visando melhorar a vida da população, essa é a chave de acesso a uma

vida melhor diminuindo os crimes nos grandes centros urbanos. Visando bairros e

23  

famílias mais carentes, dando igualdade de condições, facilitando o acesso a

educação de qualidade, dando ênfase à educação familiar e religiosa, que são os

pilares que encaminham o homem em sua trajetória dando a ele sabedoria para

escolher o melhor caminho. 

Desde a fundação do mundo a humanidade vem lutando contra a

criminalidade, sempre houve e sempre haverá, pode-se simplesmente minimizá-la

criando eficientes mecanismos de combate. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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REFERENCIAS BÍBLIA. Português. BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. BÍBLIA. Português. BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Brasília – DF: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969. BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. 10. Reimpressão. Tradução: Torrieri Guimarães. São Paulo: Ed. Martin Claret, 2010. BERISTAIN, Antonio. Nova criminologia à luz do direito penal e da vitimologia / Antonio Beristain; tradução de Cândido Furtado Maia Neto. – Brasília: Editora Universidade de Brasília: São Paulo: Imprensa Oficial do estado, 2000. CÓDIGO de Hamurabi, Lei das XII Tábuas, Manual dos Inquisidores, Lei de Talião. Antônio Orlando de Almeida Prado (Organizador) – Florianópolis: Conceito Editorial, 2007. COULANGES, Fustel de. A cidade Antiga. (“La citéantique”, 1864). Tradução: Jean Melville. São Paulo: Martin Claret, 2005. LYRA, Roberto. Criminologia. Rio de Janeiro: Forense, 1964. MACHADO, Luiz Alberto. Direito Criminal. Parte Geral. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1987. MOLINA, Antonio García-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos. 3. ed. rev., atual. eampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. ROMÃO, Jacqueline Moura; CAVALCANTI, Valquíria Soares; KOGAN, Flávia. História do Direito: uma breve viagem do Direito na História. Rio de Janeiro: Ed. Rio, 2003. SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo: RT, 2004.