Pecado Imensurável Charles Haddon Spurgeon
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“Quem pode entender os seus erros?”
– Salmo 19:12 —
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Algumas Citações deste Sermão
“Não sabemos nada sobre as coisas, senão superficialmente. Se eu falar com você sobre Deus,
de Seus atributos, de Cristo, de Sua Expiação, ou de nós mesmos e do nosso pecado, devo con-
fessar que ainda não conhecemos nada, senão o exterior; que não podemos compreender o com-
primento, a largura, a altura de qualquer um desses assuntos!”
“[...] cada profissão da perfeição humana surge da perfeita ignorância! Qualquer noção de que
somos livres do pecado deve ao mesmo tempo ensina-nos que abundamos no mesmo. Pois ao
justificar a minha vangloria de perfeição, devo negar a Palavra de Deus, esquecer a Lei e exaltar a
mim mesmo acima do testemunho da Verdade de Deus!”
“Nossos olhos ficaram tão cegos e sua visão tão arruinada pela queda, que a absoluta tenebro-
sidade do pecado nós podemos detectar, mas os tons de sua escuridão somos incapazes de
discernir. E ainda assim a menor sombra de pecado é perceptível a Deus e cada sombra nos
separa do Perfeito e nos faz ser culpados de pecado.”
“Tal qual a multidão de faíscas de uma fornalha, assim são inumeráveis as iniquidades de um
único dia. Podemos antes contar os grãos de areia da praia do mar, do que as iniquidades da vida
de um homem. Uma vida mais purificada e limpa é ainda tão cheia de pecado como o mar é cheio
de sal; e quem é aquele que pode pesar o sal do mar, ou pode detectá-lo, uma vez que se mistura
com cada partícula de água?”
“Até que uma iniquidade seja lavada com sangue, Deus não pode aceitar a alma e levá-la ao Seu
coração como Seu próprio filho.”
“O pecado, como o inferno, é um poço sem fundo!”
“Senhor tenha misericórdia de seus ministros, pois, mais do que todos os outros homens, nós
precisamos de misericórdia!”
“Aí vem o pai; senhor, os seus pecados serão imitados por seus filhos! Você não pode, portanto,
compreender os seus erros, porque são pecados contra sua própria prole, você peca contra as
crianças que procederam de suas próprias entranhas!”
“Aquele velho romano que disse que gostaria de ter uma janela para o seu coração, para que todo
homem pudesse ver seu interior, não se conhecia, pois se ele houvesse tido tal janela, ele logo
teria implorado por um par de persianas e ele as teria mantido fechadas, tenho certeza que ele
nunca teria visto o seu coração, pois ele teria sido levado à loucura delirante! Deus, portanto,
poupa todos os olhos, exceto os Seus próprios desta visão desesperadora: um coração humano
desvelado.”
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“„O teu mandamento é amplíssimo‟ [Salmos 119:96]. Pense em seguida, por um momento na
espiritualidade da Lei, em sua extensão e rigor.”
“Quando pensamos na Lei de Deus, podemos com razão ficarmos sobrecarregados com horror, e
nos sentando dizer: „Deus, tem misericórdia de mim, pois guardar esta Lei está totalmente fora do
meu poder; até mesmo conhecer a plenitude do seu significado não está dentro da capacidade
finita. Portanto, grande Deus, purifique-nos de nossas falhas secretas, salve-nos por Sua Graça,
pois pela Lei nunca poderemos ser salvos‟.”
“Para se ter uma ideia completa de como o pecado é sombrio, você deve saber como Deus é
brilhante.”
“Antes que você possa conhecer a sua própria corrupção, os olhos devem olhar para a glória
inexprimível do caráter Divino. Perante ele nem os céus são puros, que encontra loucura nos
anjos, você deve conhecê-lO antes que você possa conhecer a si mesmo! Não espere, então, que
você alcance um perfeito conhecimento das profundezas do seu próprio pecado!”
“Deus não submeterá suas criaturas a uma dor maior do que a justiça absolutamente demanda.
Não existe tal coisa como tortura soberana ou inferno soberano. Deus não tortura sua criatura
como um tirano; Ele vai dar a ela, somente o que ela merece e, talvez, até mesmo quando a ira de
Deus é mais feroz contra o pecado, Ele não pune o pecador, tanto quanto o seu pecado poderia
merecer, mas apenas o quanto ele exige. De qualquer forma, não haverá um grão a mais de
absinto no copo dos perdidos do que a pura Justiça absolutamente requer! Então, oh meu Deus,
se Tuas criaturas devem ser lançadas no lago que arde com fogo e enxofre, se é para um poço
sem fundo que as almas perdidas devem ser conduzidas, então que coisa horrível o pecado deve
ser! Eu não posso entender esta tortura, por isso eu não consigo entender a culpa que a merece.
No entanto, estou consciente de que a minha culpa a merece, ou então Deus não teria me
ameaçado com ela, porque Ele é justo e eu sou injusto. Ele é santo, justo e bom, e Ele não me
puniria por meus pecados mais do que os meus pecados absolutamente merecem.”
“Você tem que ver Cristo, suando, por assim dizer, grandes gotas de sangue! Você precisa ter
uma visão dEle com o cuspe escorrendo pelo Seu rosto, com as costas rasgadas pelo chicote
amaldiçoado. Você deve vê-lO indo em Sua jornada dolorosa por Jerusalém. Você deve com-
templá-lO a desmaiar sob o peso da cruz. Você deve vê-lO como os cravos são conduzidos
através de Suas mãos e através de Seus pés. Seus olhos cheios de lágrimas devem assistir a
agonia das sombrias agonias da morte. Você deve beber da amargura do absinto misturado com
fel. Você deve estar na escuridão com sua própria alma triste até à morte. Você deve gritar
terrivelmente assustando a terra: „Lama Sabactâni‟, você também, deve, como Ele fez, sentir toda
a pesada ira do Deus Todo-Poderoso. Você deve ser moído entre as mós superiores e inferiores
de ira e vingança; você deve beber o cálice até às últimas borras e como Jesus bradar: „Está
consumado‟, ou de outra forma você nunca poderá conhecer todos os seus erros e entender a
culpa do seu pecado. Mas isso é claramente impossível e indesejável. Quem quer sofrer como o
Salvador sofreu; suportar todos os horrores que Ele suportou? Ele, bendito seja o Seu nome,
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sofreu por nós! O cálice está vazio! A Cruz ergue-se não mais para nós morrermos nela! Extinta
está a chama do inferno para sempre para o verdadeiro crente! Deus não mais está irado com o
Seu povo, pois Ele aniquilou o pecado pelo sacrifício de Si mesmo! No entanto, eu digo nova-
mente, antes que possamos entender o pecado, devemos conhecer toda aquela terrível ira de
Deus, que Jesus Cristo suportou! Quem, então, pode entender os seus erros?”
“Ah, Alma, se você nunca pudesse ser salva até que você conhece toda a sua culpa, você nunca
seria salva, pois jamais pôde conhecer isso! Eu lhe mostrei a absoluta impossibilidade de ser
capaz de descobrir as alturas e profundidades inteiras de seu próprio estado perdido. Oh homem,
não tente ser salvo por seus sentimentos! Venha tome a Cristo como Ele é, venha a Ele assim
como você está!”
“É o dever sagrado de cada homem confiar em Cristo, e não por causa de qualquer coisa que o
homem é ou não é, mas porque ele é ordenado a fazê-lo! „E o seu mandamento é este: que
creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo‟ [1 João 3:23].”
“Oh, eu sei que os meus pecados vão desde o leste até o oeste, buscando elevarem-se até aos
céus eternos como montanhas apontam para o Céu. Mas, então, bendito seja o nome de Deus, o
sangue de Cristo é maior do que o meu pecado! Essa inundação sem limites do mérito de Jesus é
mais profunda do que as alturas das minhas iniquidades! Meu pecado pode ser grande, mas o
Seu mérito é ainda maior. Eu não consigo conceber a minha própria culpa, muito menos expres-
sá-la, mas o sangue de Jesus Cristo, Filho amado de Deus, nos purifica de todo pecado! Há
infinita culpa, mas há infinito perdão! Iniquidades sem limites, mas méritos ilimitados a ultrapas-
sam totalmente! E se os seus pecados foram maiores do que a largura do céu, Cristo é maior do
que o Céu! O céu dos céus não pode contê-lO.”
“Deus te ajude a crer! Que o Espírito agora lhe capacite a confiar em Jesus! Você não pode salvar
a si mesmo. Todas as suas esperanças de auto-salvação são ilusórias. Desista delas agora;
venha e tome a Cristo! Justamente como você está, caia em Seus braços. Ele vai levá-lo. Ele te
salvará. Ele morreu para fazer isso e Ele vive para realizá-lo. Ele não lançará fora o espírito que
se lança em Suas mãos e faz dEle seu tudo em Todos.”
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Pecado Imensurável (Sermão Nº 299)
Pregado na manhã de Sabath, 12 de fevereiro de 1860.
Por C. H. Spurgeon, em Exeter Hall, Strand.
“Quem pode entender os seus erros?” (Salmo 19:12)
O que sabemos é como nada em comparação com o que nós não sabemos. O mar de
sabedoria lançou de si uma concha ou duas sobre a nossa praia, mas as suas vastas
profundezas nunca foram conhecidas a cada passo do pesquisador. Mesmo as coisas
naturais que conhecemos são apenas matérias superficiais. Aquele, que mais tem viajado
o vasto mundo e decido às suas minas mais profundas, ainda assim deve estar ciente de
que ele tenha visto, somente uma parte da mera crosta deste mundo; que, em relação ao
seu vasto centro, seus fogos misteriosos e segredos de fundição, a mente do homem não
os tem ainda concebido! Se você vai olhar para cima, o astrônomo irá dizer-lhe sobre as
estrelas não descobertas, que a grande massa de mundos que formam a Via Láctea e as
massas abundantes de nebulosas, que esses grandes grupos de mundos desconhecidos,
infinitamente excedem o pouco que podemos explorar, como uma montanha excede um
grão de areia! Todo o conhecimento que os homens mais sábios podem, eventualmente,
atingir em toda uma vida não é mais do que aquilo que a criança pode retirar do mar, com
sua pequena xícara, em comparação à imensidão das águas que enchem os seus canais
até a borda. Pois, quando nos tornamos mais sábios, temos que vir para o limiar do co-
nhecimento, que não demos, senão um passo nessa corrida da descoberta que vamos ter
de perseguir por toda a eternidade. Este é igualmente o caso no que diz respeito às coi-
sas do coração e às coisas espirituais, que diz respeito a este pequeno mundo chamado
homem. Não sabemos nada sobre as coisas, senão superficialmente. Se eu falar com
você sobre Deus, de Seus atributos, de Cristo, de Sua Expiação, ou de nós mesmos e do
nosso pecado, devo confessar que ainda não conhecemos nada, senão o exterior; que
não podemos compreender o comprimento, a largura, a altura de qualquer um desses
assuntos!
O assunto desta manhã: nosso próprio pecado e o erro dos nossos próprios corações, é
aquele que às vezes pensamos que conhecemos, mas do qual podemos sempre ter a
certeza de que só começamos a conhecer, e que, quando nós aprendermos o máximo
que alguma vez conheceremos na terra, a questão ainda será pertinente: “Quem pode
entender os seus erros?” Agora, nesta manhã me proponho em primeiro lugar, muito bre-
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vemente, de fato, a explicar a questão; em seguida, em maior extensão impressioná-la
em nossos corações; e, finalmente, vamos aprender as lições que ela nos ensina.
I. Primeiro, então, deixe-me EXPLICAR A PERGUNTA: “Quem pode entender os seus
erros?”
Todos nós reconhecemos que temos erros. Certamente não somos tão orgulhosos a
ponto de imaginarmos que somos perfeitos. Se pretendemos perfeição, somos completa-
mente ignorantes, pois cada profissão da perfeição humana surge da perfeita ignorância!
Qualquer noção de que somos livres do pecado deve ao mesmo tempo ensina-nos que
abundamos no mesmo. Pois ao justificar a minha vangloria de perfeição, devo negar a
Palavra de Deus, esquecer a Lei e exaltar a mim mesmo acima do testemunho da Verda-
de de Deus! Por isso, eu digo, nós estamos dispostos a confessar que temos muitos er-
ros, mas quem de nós pode entendê-los? Quem sabe com precisão o quanto uma coisa
pode ser errada mas, nós imaginamos ser uma virtude? Quem entre nós pode definir o
quanto de maldade está misturado com a nossa retidão, o quanto de injustiça com a
nossa justiça? Quem é capaz de detectar os componentes de cada ação, de modo a ver a
proporção de motivo que a constituiria certa ou errada? Seria realmente um homem as-
tuto aquele que é capaz de desmascarar uma ação e dividi-la nos motivos essenciais que
são seus componentes. Onde achamos que estamos certo, quem sabe, não estejamos
errados? Mesmo onde com o escrutínio mais rigoroso, chegamos à conclusão de que
fizemos uma coisa boa, quem entre nós pode ter certeza de que não foi enganado? Não
pode a boa aparência estar tão desfigurada com motivação interna, a ponto de se tornar
um mal real?
Quem pode entender os seus erros, de modo a sempre detectar uma falha quando é
cometida? As sombras do mal são perceptíveis a Deus, mas nem sempre perceptíveis
para nós. Nossos olhos ficaram tão cegos e sua visão tão arruinada pela queda, que a
absoluta tenebrosidade do pecado nós podemos detectar, mas os tons de sua escuridão
somos incapazes de discernir. E ainda assim a menor sombra de pecado é perceptível a
Deus e cada sombra nos separa do Perfeito e nos faz ser culpados de pecado. Quem
entre nós não tem esse método apurado de julgar a si mesmo, de modo que ele deve ser
capaz de descobrir o primeiro traço de mal? “Quem pode entender os seus erros?” Certa-
mente ninguém reclamará uma sabedoria tão profunda como esta. Mas passemos às
questões mais comuns por que, talvez, nós possamos entender melhor o nosso texto.
Quem pode discernir o número de seus erros? A mente mais poderosa não poderia contar
os pecados de um único dia! Tal qual a multidão de faíscas de uma fornalha, assim são
inumeráveis as iniquidades de um único dia. Podemos antes contar os grãos de areia da
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praia do mar, do que as iniquidades da vida de um homem. Uma vida mais purificada e
limpa é ainda tão cheia de pecado como o mar é cheio de sal; e quem é aquele que pode
pesar o sal do mar, ou pode detectá-lo, uma vez que se mistura com cada partícula de
água? Mas se ele pudesse fazer isso, ele não poderia dizer quão grande quantidade de
mal satura toda a nossa vida e quão inúmeras são as ações, pensamentos e palavras de
desobediência que nos afastam da Presença de Deus e fazem com que Ele abomine as
criaturas que Suas próprias mãos fizeram!
Mais uma vez, mesmo se pudéssemos contar o número de pecados humanos, quem,
então, poderia estimar sua culpa? Perante a mente de Deus a culpa de um pecado é
indescritível e nós estupidamente chamamos de coisa pequena, a culpa de um pecado
mereça Seu desprazer eterno! Até que uma iniquidade seja lavada com sangue, Deus
não pode aceitar a alma e levá-la ao Seu coração como Seu próprio filho. Embora Ele
tenha feito o homem e seja infinitamente benevolente, ainda assim o Seu senso de justiça
é tão forte, severo e inflexível, que para fora Sua presença, Ele lançará o Seu filho que-
rido, se um único pecado permanecer sem perdão! Quem, então, entre nós pode dizer a
culpa da culpa, a hediondez da ingrata rebelião que a homem iniciou e continuou contra o
seu Criador sábio e compassivo? O pecado, como o inferno, é um poço sem fundo! Oh,
irmãos e irmãs, jamais viveu um homem que realmente soube como ele era culpado! Se
tal ser pudesse estar plenamente consciente de toda a sua culpa, ele carregaria o inferno
em seu coração. Não, penso muitas vezes que dificilmente os condenados ao inferno
podem conhecer toda a culpa de sua maldade, ou então até mesmo o seu forno seria
aquecido sete vezes mais do as chamas de Tofete, seria ampliado para uma profundida-
de imensurável! O inferno que está contido em um único mau pensamento é indescritível
e inimaginável! Só Deus conhece a escuridão, o horror das trevas, que está condensado
em um mau pensamento!
Outrossim, eu penso que o nosso texto queria transmitir-nos esta ideia. Quem pode en-
tender o agravamento peculiar de sua própria transgressão? Ora, respondendo à pergun-
ta por mim, eu sinto que, como ministro de Cristo eu não consigo entender os meus erros.
Colocado onde multidões ouvem a Palavra através de meus lábios, minhas responsabili-
dades são tão tremendas que no momento em que eu penso nelas, uma montanha cai
sobre a minha alma! Houve momentos em que eu quis imitar Jonas e tomar um navio e
fugir para longe da obra que Deus tem confiado a mim, porque sou consciente de que eu
não sirvo como devo. Quando eu tenho pregado mais sinceramente, eu vou para o meu
quarto me arrepender por eu ter pregado de maneira tão fria. Quando eu choro por
vossas almas e quando eu agonizo em oração, eu ainda estou consciente que eu não
lutei com Deus, como eu deveria ter lutado e que eu não tenho sentido pelas vossas
almas como eu deveria sentir. Os erros que um homem pode cometer no ministério são
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incalculáveis! Não há inferno, eu penso, que deve estar quente o suficiente para o homem
que é infiel aqui! Não pode haver uma maldição horrível demais para ser arremessada
sobre a cabeça do homem que leva os outros a se desviarem quando ele deveria guiá-los
no caminho da paz, ou que lida com as coisas sagradas como se fossem coisas que não
têm peso e são de pequena importância. Traga aqui qualquer ministro de Cristo que vive
e se ele está realmente cheio do Espírito Santo, ele irá dizer-lhe que quando ele está aba-
tido pela solenidade de seu ofício, ele desistiria da obra, se ele se atrevesse; que se não
fosse por algo superior, impulsos misteriosos que o impulsionam para a frente, ele tiraria a
mão do arado e abandonaria o campo de batalha. Senhor tenha misericórdia de seus
ministros, pois, mais do que todos os outros homens, nós precisamos de misericórdia!
E agora eu tomo qualquer outro membro da minha igreja, e qual é a sua posição na vida,
qualquer que seja sua educação, ou as providências peculiares através do qual vocês
passaram, eu vou insistir nisso de que há algo de especial sobre o seu caso, que faz seu
pecado um tal pecado que não se pode entender como é vil! Talvez você tenha tido uma
mãe piedosa que chorou por você na sua infância e te dedicou a Deus, quando você
estava em seu berço. Seu pecado é duplamente pecado! Há nisso uma tonalidade escar-
late que não pode ser encontrada em um criminoso comum. Você tem sido dirigido desde
a tua mocidade no caminho da justiça e tem se desviado, cada passo que você deu não
foi um passo para o inferno, mas um passo lá! O seu pecado é mais grave do que o dos
outros. Outras dezenas de homens correm apressadamente, mas onde há um centavo
depositado para outros pecadores, há libras colocadas em sua conta, pois você conhece
o seu dever, mas você não o cumpre. Aquele que rompe do seio de uma mãe para o
inferno, vai para as suas profundezas! Não há no inferno nenhum grau de tortura ou
profundeza que deva certamente ser reservado para o homem que pisoteia as orações de
uma mãe, para sua própria perdição. Ou você pode nunca ter de prestar conta por isso;
mas você pode ter um agravamento igual. Você que tem estado no mar, senhor, Muitas
vezes você este em perigo de naufragar. Você teve livramentos milagrosos. Agora, cada
um desses naufrágios foi um aviso para você. Deus te trouxe até as portas da morte e
você prometeu que se Ele salvasse a sua alma miserável você levaria uma vida nova, que
você começaria a servir ao seu Criador. Você mentiu para o seu Deus! Seus pecados
antes de proferir esse voto foram malignos o suficiente; mas agora você não apenas
quebra a Lei, mas a própria aliança que voluntariamente você fez com Deus na hora da
aflição! Talvez alguns de vocês, tenham caído de um cavalo, ou tenham sido atacados
por febre, ou de outras formas foram levados até às portas da morte, que solenidade está
ligada à sua vida agora! Ele que vestiu a balaclava1 e ainda voltou vivo, aquele que teve
------------------
[1] Balaclava: (palavra ucraniana) Peça de malha feita para aquecer ou defender a cabeça, que a cobre toda até o pescoço, com uma abertura
apenas para os olhos (Dicio.com.br). Aqui provavelmente faz referência à cobertura de cabeça que usavam aqueles que estavam prestes a
serem executados por um determinado motivo.
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sua vida poupada, onde centenas morreram, deve a partir desse momento se considerar
um homem de Deus, salvo por uma providência singular para fins singulares! Mas, tam-
bém, tiveram seus escapes, se não são tão surpreendentes, ainda assim casos certâmen-
te tão especiais da bondade de Deus! E agora, a cada erro que você cometer torna-se in-
descritivelmente mau e sobre você eu posso dizer: “Quem pode entender os seus erros?”
Mas eu poderia esgotar a congregação, trazendo um por um. Aí vem o pai; senhor, os
seus pecados serão imitados por seus filhos! Você não pode, portanto, compreender os
seus erros, porque são pecados contra sua própria prole, você peca contra as crianças
que procederam de suas próprias entranhas! Aqui está o magistrado; senhor, os vossos
pecados são de uma cor peculiar, pois, estando em sua posição, seu caráter é visto e
conhecido, e faça o que você fizer se tornará a desculpa de outros homens. Trago um
outro homem que não possui nenhum ofício no Estado e que, talvez, é pouco conhecido
entre os homens, mas, senhor, recebemos a graça especial de Deus; você teve rico gozo
da luz do semblante de seu Salvador. Você tem sido pobre, mas Ele te fez rico, rico em
fé! Agora, quando você se rebelou contra Ele, os pecados dos favoritos de Deus são
pecados de fato! Iniquidades cometidas pelo povo de Deus tornam-se tão grandes como o
alto Monte Olimpo e alcançam as próprias estrelas! Quem de nós, então, pode entender
os seus erros, seus agravos especiais, seu número e sua culpa? Senhor, sonda-nos e
conhece os nossos caminhos!
II. Tenho, portanto, tentado brevemente explicar o meu texto; agora eu buscarei
IMPRESSIONÁ-LO NO CORAÇÂO, como Deus, o Espírito Santo me ajudar.
Antes que um homem possa entender os seus erros existem vários mistérios que ele
deve saber. Mas cada um desses mistérios, em minha opinião, está além de seu conheci-
mento e, consequentemente, a compreensão de toda a profundidade da culpa do seu
pecado deve estar muito além do poder humano. Agora, o primeiro mistério que o homem
deve entender é a Queda. Até que eu saiba o quanto todos os meus poderes estão degra-
dados e depravados, quão completamente a minha vontade está pervertida e meu juízo
desviou-se da retidão, quão real e essencialmente ímpia minha natureza se tornou, não
pode ser possível que eu conheça toda a extensão da minha culpa. Aqui está um pedaço
de ferro colocado sobre a bigorna. Os martelos são brandidos sobre ela vigorosamente.
Milhares de faíscas estão espalhadas por todos os lados. Suponha que seja possível
contar cada centelha, que cai da bigorna; ainda que pudéssemos adivinhar o número de
faíscas produzidas, quantas ainda se encontram latentes e escondidas na massa de
ferro? Agora, irmãos e irmãs, a sua natureza pecaminosa pode ser comparada com a
barra de ferro aquecida. As tentações são os martelos; seus pecados as faíscas. Se você
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pudesse contá-los (o que você não pode), ainda assim quem poderia contar a multidão de
iniquidades em gestação, ovos do pecado que jazem adormecidos em suas almas? No
entanto, você deve saber isso antes de saber toda a pecaminosidade de sua natureza!
Nossos pecados visíveis são como pequena amostra que o fazendeiro traz para o
mercado. Há celeiros cheios em sua casa. As iniquidades que vemos são como as ervas
daninhas sobre a superfície do solo; mas foi-me dito, e de fato o tenho visto, que se você
cavar seis pés na terra e revolver o solo fresco, ali será encontrada no solo a seis pés de
profundidade, as sementes das ervas daninhas nativas à terra.
E assim, não devemos pensar apenas nos pecados que crescem na superfície, mas se
pudéssemos revolver o nosso coração até seu núcleo e cerce, iríamos encontrá-lo como
totalmente envolvido com o pecado como cada pedaço de podridão está com vermes e
putrefação! O fato é que o homem é uma massa cheirando a corrupção. Toda a sua alma
é, por natureza, tão degradada e tão depravada, que nenhuma descrição pode ser dada a
ela, pois nem mesmo línguas inspiradas podem dizer plenamente quão vil e infame ele é!
Um antigo escritor disse uma vez da iniquidade interior como sendo um aquífero que está
escondido nas profundezas da terra, Deus já rompeu as fontes do grande abismo e,
então, eles cobriram as montanhas vinte côvados para cima. Se Deus retirasse Sua Gra-
ça restringidora e abrisse em nossos corações todas as fontes do grande abismo da
nossa iniquidade, seria uma inundação tão espantosa que cobriria os mais altos cumes
das nossas esperanças e todo o verme dentro de nós seria afogado em temor e deses-
pero! Nenhuma coisa viva poderia ser encontrada neste mar de mal. Isso cobriria tudo e
engoliria toda a nossa humanidade! Ah, diz um velho provérbio: “Se o homem tivesse que
usar seus pecados na testa, ele puxaria o chapéu por sobre os olhos”. Aquele velho roma-
no que disse que gostaria de ter uma janela para o seu coração, para que todo homem
pudesse ver seu interior, não se conhecia, pois se ele houvesse tido tal janela, ele logo
teria implorado por um par de persianas e ele as teria mantido fechadas, tenho certeza
que ele nunca teria visto o seu coração, pois ele teria sido levado à loucura delirante!
Deus, portanto, poupa todos os olhos, exceto os Seus próprios desta visão desespera-
dora: um coração humano desvelado. Grande Deus, aqui nós fazemos uma pausa e cla-
mamos: “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe. Eis
que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria. Purifica-me
com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve” [Salmos 51:5-7].
A segunda coisa que será necessária entendermos, antes que possamos compreender os
nossos erros é a Lei de Deus. Se eu apenas descrever a Lei, por um momento, você
muito facilmente verá que você nunca pode esperar, por qualquer meio compreendê-la
totalmente. A Lei de Deus, como lemos nos Dez Grandes Mandamentos, parece muito
simples, muito fácil. Quando chegamos, no entanto, a colocar até mesmo seus preceitos
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expostos em prática, descobrimos que é quase impossível para nós mantê-los plena-
mente. A nossa surpresa, no entanto, aumenta, quando descobrimos que a lei não signifi-
ca apenas o que diz, mas que tem um significado espiritual, uma profundidade oculta na
letra que à primeira vista nós não descobrimos. Por exemplo, o mandamento: “Não
cometerás adultério”, significa mais do que o simples ato, ele se refere à fornicação e a
impureza de qualquer forma, tanto no ato, quanto na palavra e no pensamento. Não, para
usar a própria exposição de nosso Salvador: “Qualquer que atentar numa mulher para a
cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela” [Mateus 5:28]. É assim, com cada
Mandamento – a letra nua não é nada comparada com todo o significado grandioso e
rigidez severa da regra. Os Mandamentos, se assim posso dizer, são como as estrelas,
quando vistas a olho nu, parecem ser pontos brilhantes, mas se pudéssemos nos apro-
ximar deles, veríamos que eles são mundos infinitos, maiores até mesmo do que o nosso
sol, de tão grandiosos que são. Assim é com a Lei de Deus: parece ser somente um
ponto luminoso, porque a vemos à distância, mas quando chegamos mais perto onde
Cristo permaneceu e estimou a Lei, como Ele a via, então nós encontramos que ela é
grande, incomensurável! “O teu mandamento é amplíssimo” [Salmos 119:96]. Pense em
seguida, por um momento na espiritualidade da Lei, em sua extensão e rigor. A Lei de
Moisés condena por ofensa, sem esperança de perdão e o pecado, como uma pedra de
moinho, é amarrado ao redor do pescoço do pecador e lançado nas profundezas. Porém,
muito mais a Lei trata de pecados de pensamento, imaginar o mau é pecado! Do fluir do
pecado através do coração sai a mancha de impureza por trás dele. Esta Lei, também,
estende-se a cada ato, nos acompanha ao nosso quarto de dormir, vai conosco para a
nossa Casa de Oração, e se descobre mesmo o menor sinal de hesitação do estreito
caminho da integridade, ela nos condena! Quando pensamos na Lei de Deus, podemos
com razão ficarmos sobrecarregados com horror, e nos sentando dizer: “Deus, tem
misericórdia de mim, pois guardar esta Lei está totalmente fora do meu poder; até mesmo
conhecer a plenitude do seu significado não está dentro da capacidade finita. Portanto,
grande Deus, purifique-nos de nossas falhas secretas, salve-nos por Sua Graça, pois pela
Lei nunca poderemos ser salvos”.
Nem mesmo ainda se você soubesse dessas duas coisas, você seria capaz de responder
a essa pergunta; pois para compreender os nossos próprios erros, devemos ser capazes
de compreender a perfeição de Deus. Para se ter uma ideia completa de como o pecado
é sombrio, você deve saber como Deus é brilhante. Vemos as coisas por oposição. Você
terá em um momento que apontar para uma cor que parece perfeitamente branca; ainda é
possível que algo seja ainda mais branco; e quando você acha que já chegou à própria
perfeição de brancura, você descobre que ainda há nela uma sombra e que algo pode ser
encontrado para branqueá-la elevando sua pureza. Quando nos colocamos em compara-
ção com os Apóstolos, descobrimos que não somos o que deveríamos ser. Mas se pu-
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déssemos nos colocar, lado a lado com a pureza de Deus, oh que manchas! Oh quantas
contaminações encontraríamos em nossa superfície! O Deus Imaculado está diante de
nós e como o fundo brilhante revela a escuridão de nossas almas iníquas! Antes que você
possa conhecer a sua própria corrupção, os olhos devem olhar para a glória inexprimível
do caráter Divino. Perante ele nem os céus são puros, que encontra loucura nos anjos,
você deve conhecê-lO antes que você possa conhecer a si mesmo! Não espere, então,
que você alcance um perfeito conhecimento das profundezas do seu próprio pecado!
Mais uma vez, aquele que quer entender os seus erros em toda a sua hediondez deve
conhecer o mistério do Inferno. Devemos caminhar até aquele monte queimando, ficar no
meio da chama ardente; não, senti-lo! Devemos sentir o veneno da destruição, pois faz o
sangue ferver em cada veia. Temos de ter os nossos nervos convertidos em estradas de
fogo, ao longo do qual os pés quentes da dor devem viajar, correndo como relâmpagos.
Devemos conhecer a extensão da eternidade e, em seguida, a agonia indescritível da ira
eterna de Deus, que habita nas almas dos perdidos, antes que possamos conhecer o
caráter terrível do pecado! Você pode mensurar melhor o pecado pela punição. Depen-
dendo disto, Deus não submeterá suas criaturas a uma dor maior do que a justiça absolu-
tamente demanda. Não existe tal coisa como tortura soberana ou inferno soberano. Deus
não tortura sua criatura como um tirano; Ele vai dar a ela, somente o que ela merece e,
talvez, até mesmo quando a ira de Deus é mais feroz contra o pecado, Ele não pune o
pecador, tanto quanto o seu pecado poderia merecer, mas apenas o quanto ele exige. De
qualquer forma, não haverá um grão a mais de absinto no copo dos perdidos do que a
pura Justiça absolutamente requer! Então, oh meu Deus, se Tuas criaturas devem ser
lançadas no lago que arde com fogo e enxofre, se é para um poço sem fundo que as
almas perdidas devem ser conduzidas, então que coisa horrível o pecado deve ser! Eu
não posso entender esta tortura, por isso eu não consigo entender a culpa que a merece.
No entanto, estou consciente de que a minha culpa a merece, ou então Deus não teria me
ameaçado com ela, porque Ele é justo e eu sou injusto. Ele é santo, justo e bom, e Ele
não me puniria por meus pecados mais do que os meus pecados absolutamente merecem.
Ainda outra vez, um último esforço para impressionar essa questão do meu texto em
nossos corações. George Herbert diz mui docemente: “Aquele que quiser conhecer o
pecado, deixe-o olhar para o monte das Oliveiras, e ele verá um Homem tão espremido
com a dor que toda a Sua cabeça, Seu cabelo, Suas vestes estavam ensanguentadas. O
pecado era aquela força e impiedade que infligiu dor para perseguir seu sustento através
de cada veia.” Você tem que ver Cristo, suando, por assim dizer, grandes gotas de san-
gue! Você precisa ter uma visão dEle com o cuspe escorrendo pelo Seu rosto, com as
costas rasgadas pelo chicote amaldiçoado. Você deve vê-lO indo em Sua jornada dolo-
rosa por Jerusalém. Você deve contemplá-lO a desmaiar sob o peso da cruz. Você deve
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vê-lO como os cravos são conduzidos através de Suas mãos e através de Seus pés.
Seus olhos cheios de lágrimas devem assistir a agonia das sombrias agonias da morte.
Você deve beber da amargura do absinto misturado com fel. Você deve estar na escu-
ridão com sua própria alma triste até à morte. Você deve gritar terrivelmente assustando a
terra: “Lama Sabactâni”, você também, deve, como Ele fez, sentir toda a pesada ira do
Deus Todo-Poderoso. Você deve ser moído entre as mós superiores e inferiores de ira e
vingança; você deve beber o cálice até às últimas borras e como Jesus bradar: “Está
consumado”, ou de outra forma você nunca poderá conhecer todos os seus erros e
entender a culpa do seu pecado. Mas isso é claramente impossível e indesejável. Quem
quer sofrer como o Salvador sofreu; suportar todos os horrores que Ele suportou? Ele,
bendito seja o Seu nome, sofreu por nós! O cálice está vazio! A Cruz ergue-se não mais
para nós morrermos nela! Extinta está a chama do inferno para sempre para o verdadeiro
crente! Deus não mais está irado com o Seu povo, pois Ele aniquilou o pecado pelo
sacrifício de Si mesmo! No entanto, eu digo novamente, antes que possamos entender o
pecado, devemos conhecer toda aquela terrível ira de Deus, que Jesus Cristo suportou!
Quem, então, pode entender os seus erros?
III. Espero ter a sua atenção paciente, apenas mais alguns momentos enquanto eu faço a
aplicação prática, passando às lições que são tiradas de um assunto como este.
A primeira lição é: eis a loucura de toda a esperança da salvação pela nossa própria
justiça. Venham aqui, os que confiam em si mesmos. Olhem para o Sinai, completamente
em chamas, tremor e desespero! Vocês dizem que têm boas obras. Infelizmente, suas
boas obras são más, não têm vocês sido maus? Vocês negam que já pecaram? Ah, meu
ouvinte, você está tão obcecado a ponto de declarar que todos seus pensamentos foram
castos, todos os seus desejos celestiais, todas as suas ações puras? Oh, homem, se tudo
isso fosse verdade, se você não tivesse pecados de comissão, ainda que seria de seus
pecados de omissão? Você já fez tudo o que Deus e que seu irmão poderiam requerer de
você? Oh estes pecados de omissão! O faminto que você não tenha alimentado, o nu que
você não tenha vestido, os doentes e os que estão na prisão, que você ainda não visitou,
lembre-se que era por pecados como estes que os bodes foram encontrados na mão
esquerda, finalmente! Não pelo que fizeram, mas pelo que não fizeram, pois pelas coisas
que eles deixaram de fazer esses homens foram lançados no lago de fogo! Oh, meu
ouvinte, acabe com sua jactância! Retirem as plumas de vossos capacetes, vós rebeldes,
e venham com a vossa glória arrastando na lama, e com sua roupa brilhante manchada, e
agora confessem que vocês não têm nenhuma justiça própria, que vocês são todos
imundos e cheios de pecado!
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Se apenas uma lição prática fosse aprendida, seria suficiente para compensar a reunião
desta manhã e uma bênção seria transmitida para todo o espírito que tivesse aprendido.
Mas agora chegamos a outra: quão vãs são todas as esperanças de salvação por nossos
sentimentos. Temos um novo legalismo contra o qual lutar em nossas Igrejas cristãs. Há
homens e mulheres que acham que não devem crer em Cristo até que eles sintam seus
pecados até um ponto demasiado angustiante! Eles acham que devem sentir um certo
grau de tristeza, um alto grau de senso de necessidade, antes que possam vir a Cristo.
Ah, Alma, se você nunca pudesse ser salva até que você conhece toda a sua culpa, você
nunca seria salva, pois jamais pôde conhecer isso! Eu lhe mostrei a absoluta impossibili-
dade de ser capaz de descobrir as alturas e profundidades inteiras de seu próprio estado
perdido. Oh homem, não tente ser salvo por seus sentimentos! Venha tome a Cristo como
Ele é, venha a Ele assim como você está! “Mas, senhor, posso ir? Eu não sou convidado
para ir”. Sim, você é: “Quem quiser, venha”. Não acredito que os convites do Evangelho
são dados apenas para alguns. Eles são, alguns delas, convites ilimitados. Este é o dever
de todo homem crer no Senhor Jesus Cristo. É o dever sagrado de cada homem confiar
em Cristo, e não por causa de qualquer coisa que o homem é ou não é, mas porque ele é
ordenado a fazê-lo! “E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho
Jesus Cristo” [1 João 3:23]:
“Oh, acredite na promessa verdadeira,
Deus para você, Seu Filho deu”.
Confie agora em Seu precioso sangue, e você será salvo e você verá Sua face no céu!
Não espere ser salvo pelo sentimento, pois sentimentos perfeitos são impossíveis e um
perfeito conhecimento da nossa própria culpa está muito além do nosso alcance! Venha,
então, a Cristo, de coração duro como você está, e tome-o como para ser o Salvador do
seu coração duro. Venha, pobre consciência de pedra, pobre alma gelada, venha como
você está! Ele vai aquecê-la, Ele derreterá você:
“A verdadeira crença e o verdadeiro arrependimento,
Toda Graça que nos traz para perto;
Sem dinheiro,
Venha a Jesus Cristo e compre.”
Entretanto, novamente, há outra doce inferência, e certamente esta poderia muito bem
ser a última, que graça é esta que perdoa o pecado, o pecado tão grande que a maior
capacidade não pode compreender sua atrocidade? Oh, eu sei que os meus pecados vão
desde o leste até o oeste, buscando elevarem-se até aos céus eternos como montanhas
apontam para o Céu. Mas, então, bendito seja o nome de Deus, o sangue de Cristo é
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maior do que o meu pecado! Essa inundação sem limites do mérito de Jesus é mais
profunda do que as alturas das minhas iniquidades! Meu pecado pode ser grande, mas o
Seu mérito é ainda maior. Eu não consigo conceber a minha própria culpa, muito menos
expressá-la, mas o sangue de Jesus Cristo, Filho amado de Deus, nos purifica de todo
pecado! Há infinita culpa, mas há infinito perdão! Iniquidades sem limites, mas méritos
ilimitados a ultrapassam totalmente! E se os seus pecados foram maiores do que a
largura do céu, Cristo é maior do que o Céu! O céu dos céus não pode contê-lO. Se os
seus pecados eram mais profundos do que o inferno sem fundo, ainda assim a Expiação
de Cristo é ainda mais profunda, pois Ele desceu mais profundo do que jamais nenhum
homem mergulhou, nem mesmo os homens condenados em todo o horror de sua agonia,
pois Cristo foi até o fim da punição e mais profundo seus pecados nunca poderão
mergulhar! Ah, o amor sem limites, que cobre todos os meus defeitos! Meu pobre ouvinte,
creia em Cristo agora. Deus te ajude a crer! Que o Espírito agora lhe capacite a confiar
em Jesus! Você não pode salvar a si mesmo. Todas as suas esperanças de auto-
salvação são ilusórias. Desista delas agora; venha e tome a Cristo! Justamente como
você está, caia em Seus braços. Ele vai levá-lo. Ele te salvará. Ele morreu para fazer isso
e Ele vive para realizá-lo. Ele não lançará fora o espírito que se lança em Suas mãos e
faz dEle seu tudo em Todos.
Eu penso que não devo detê-lo por mais tempo. O assunto demanda uma mente muito
maior do que a minha e melhores palavras do que eu possa reunir agora. Mas se tiver lhe
atingido, eu sou grato a Deus. Deixe-me repetir uma e outra vez o sentimento que eu
desejo que todos vocês recebam, é apenas este: somos tão vis que nossa vileza está
além da nossa própria compreensão, mas, no entanto, o sangue de Cristo tem infinita
eficácia, e quem crê no Senhor Jesus é salvo, sejam seus pecados muitíssimos, ainda
assim aquele que crê não será perdido, sejam seus pecados mui poucos.
Deus abençoe a todos vocês, por amor de Cristo.
[Adaptado de The C. H. Spurgeon Collection, Version 1.0, Ages Software. Veja todos os 63 volumes de sermões
CH Spurgeon em Inglês Moderno, e mais de 525 traduções em espanhol, acesse: www.spurgeongems.org]
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Glorioso Deus! Oramos para que, pelo Teu Espírito Santo aplique o que de Ti há neste sermão aos
nossos corações e nos corações daqueles que lerem estas linhas, por Cristo para a glória de Cristo.
Ore para que o Espírito Santo use estas palavras para trazer muitos
ao Conhecimento Salvador de Jesus Cristo, pela Graça de Deus. Amém.
Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christus!
Soli Deo Gloria !
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Fonte: SpurgeonGems.org | Título Original: Sin Immeasurable
As citações bíblicas desta tradução são da versão ACF (Almeida Corrigida Fiel)
Tradução e por William Teixeira │ Revisão Capa por Camila Almeida
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Uma Biografia de Charles Haddon Spurgeon
Charles Haddon Spurgeon (1834 – 1892)
Charles Haddon Spurgeon (19 de junho de 1834 – 31 de janeiro de 1892) foi um pregador Batista
Reformado, nascido em Kelvedon, Essex na Inglaterra. Converteu-se ao cristianismo em 6 de
janeiro de 1850, aos quinze anos de idade.
Sobre a sua conversão, afirma-se de 1848 a 1850, Charles Spurgeon teve um período de muitas
dúvidas e amarguras. Esteve sob grande convicção de pecado. Ficou convicto que não era um
cristão de fato, mesmo sendo criado em todo o ambiente religioso de sua família e região, e sobre
forte influência puritana e não-conformista.
Tal era seu amor por Cristo que, apesar de ainda estar com apenas quinze anos de idade, não
pôde ficar esperando para depois fazer alguma coisa por Ele, mas teve que procurar os meios
pelo qual pudesse servi-lo, e servi-lo imediatamente.
Aos dezesseis, pregou seu primeiro sermão; no ano seguinte tornou-se pastor de uma igreja
batista em Waterbeach, Condado de Cambridgeshire (Inglaterra). Em 1854, Spurgeon, então com
vinte anos, foi chamado para ser pastor na capela de New Park Street, Londres, que mais tarde
viria a chamar-se Tabernáculo Metropolitano.
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Desde o início do ministério, seu talento para a exposição dos textos bíblicos foi considerado
extraordinário. E sua excelência na pregação nas Escrituras Bíblicas lhe deram o título de O
Príncipe dos Pregadores e O Último dos Puritanos.
Com o passar do tempo, Charles Haddon Spurgeon tornou-se célebre, e recebia convites para
pregar em outras cidades da Inglaterra, bem como em outros países. Ele pregava não só em
reuniões ao ar livre, mas também nos maiores edifícios de 8 a 12 vezes por semana.
Casou-se em 20 de setembro de 1856 com Susannah Thompson e teve dois filhos, os gêmeos
não-idênticos Thomas e Charles. Fazíamos cultos domésticos sempre; quer hospedados em um
rancho nas serras, quer em um suntuoso quarto de hotel na cidade. E a bendita presença do
Espírito Santo, que muitos crentes dizem ser impossível alcançar, era para nós a atmosfera
natural. Vivíamos e respirávamos nEle, relatou, certa vez, Susannah. Thomas Spurgeon chegou a
pastorear o Tabernáculo Metropolitano 2 anos após a morte de seu pai.
Os sermões pregados por Spurgeon domingo de manhã, eram publicados na quinta-feira
seguinte, (e revisados pelo próprio Spurgeon) e os sermões pregados domingo à noite e quinta-
feira à noite eram reservados para futura publicação: isso e mais alguns sermões escritos por
Spurgeon quando doente formaram um tal acervo que garantiu a publicação semanal até o ano da
morte de Spurgeon, (até essa data, 2241 publicados) e dos outros até 1917, totalizando 3.653
sermões publicados divididos em 63 volumes (maior que a Enciclopédia Britânica e até hoje
considerada a maior quantidade de textos escritos por um único cristão em toda a história da
cristianismo).
Muitos sermões de Spurgeon eram enviados via telegrafo aos Estados Unidos e republicados lá:
depois de 1865, muitos deles foram censurados, pelo fato de Spurgeon ser totalmente contra a
escravidão dos negros africanos. Também escreveu e editou 135 livros durante 27 anos (1857-
1892) e editou uma revista mensal denominada A Espada e a Espátula. Seus vários comentários
bíblicos ainda são muito lidos. (O seu “Tesouro de Davi”, uma compilação de comentários sobre
os Salmos, levou mais de 20 anos para sua conclusão).
Spurgeon enfrentou muita oposição no fim de seu ministério; pelos idos de 1887-1888, ele foi
envolvido na que se chamou “A controvérsia do declínio”, quando Spurgeon criticou duramente
muitos membros da União das Igrejas Batistas da Inglaterra (do qual ele era afiliado) que estavam
afrouxando a sua pregação diante do liberalismo teológico e da Alta crítica ( movimento que
invocava a ideia de ser uma acurada investigação da historicidade da Bíblia, mas que na prática
negava a Infalibidade e a Inerrância da Palavra de Deus).
Até o último dia de pastorado, Spurgeon batizou 14.692 pessoas. Nesse meio tempo, Spurgeon
teve sua saúde grandemente debilitada. Desenvolveu, por volta dos 25 nos, Gota e Reumatismo,
e grandes ataques de depressão, principalmente depois de 1857, quando um culto realizado em
Surrey Garden foi organizado para cerca de 10.000, e devido a um tumulto provocado por um
falso alarme de incêndio, levou a morte de 6 pessoas.
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Quanto mais a idade avançava, mais essas enfermidades o debilitavam. Pelo que registrado em
suas Biografias, ele teve uma melhora da Gota, mas mesmo dessa forma, nunca esteve em pleno
vigor novamente. Sua mulher também tinha graves problemas de saúde, e isso agravava mais
ainda a situação. Por diversas vezes, Charles teve que se ausentar de seu púlpito por
recomendação médica. Chegou a passar um período de férias em 1864 (quando viajou até a
Itália), e depois, muitas vezes, sempre no fim do ano, se hospedava em Menton, Sul da França,
pelo clima mais quente que na Inglaterra, e também por recomendação médica. Depois de 1887,
foram cada vez mais constantes essas viagens, chegando a passar meses em retiro.
Nessa época, foi diagnosticado com doença de Bright, uma doença degenerativa e crônica, sem
cura. Muitos sermões seus eram lidos, e outros escritos e enviados ao Tabernáculo para leitura,
para suprir a falta do pastor. Em 1891, sua condição se agravou mais, forçando Spurgeon a
convidar o pastor presbiteriano Arthur Pierson dos Estados Unidos para assImir temporariamente
a função principal no Tabernáculo; e Spurgeon ficou em Menton até 31 de janeiro de 1892,
quando, depois de alguns dias de melhora de seu estado, houve uma grande deterioração de sua
saúde, levando ao óbito nessa data, aos 57 anos.
O corpo de Spurgeon foi trasladado da França para Inglaterra. Na ocasião de seu funeral – 11 de
fevereiro de 1892 – muitos cortejos e cultos foram organizados em Londres, e seis mil pessoas
leram diante de seu caixão o texto de sua conversão. Spurgeon está sepultado no cemitério de
Norwood, com uma placa que diz: “Aqui jaz o corpo de CHARLES HADDON SPURGEON,
esperando o aparecimento de seu Senhor e Salvador JESUS CRISTO”.
______________________
Esta biografia é baseada nas seguintes fontes:
♦ Site ProjetoSpurgeon.com.br
♦ DALLIMORE, A. Arnald. Spurgeon – Uma Nova Biografia. Editora PES.
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10 Sermões – Robert Murray M’Cheyne
Agonia de Cristo – Jonathan Edwards
Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a Doutrina
da Eleição
Cristo É Tudo Em Todos – Jeremiah Burroughs
Cristo, Totalmente Desejável – John Flavel
Doutrina da Eleição, A – Arthur Walkington Pink
Eleição & Vocação – Robert Murray M’Cheyne
Excelência de Cristo, A – Jonathan Edwards
Gloriosa Predestinação, A – C. H. Spurgeon
Imcomparável Excelência e Santidade de Deus, A –
Jeremiah Burroughs
In Memoriam, A Canção dos Suspiros – Susannah Spurgeon
Jesus! - Charles Haddon Spurgeon
Justificação, Propiciação e Declaração – C. H. Spurgeon
Livre Graça, A – C. H. Spurgeon
Paixão de Cristo, A – Thomas Adams
Plenitude do Mediador, A – John Gill
Porção do Ímpios, A – Jonathan Edwards
Quem São Os Eleitos? – C. H. Spurgeon
Reforma – C. H. Spurgeon
Reformação Pessoal & na Oração Secreta – R. M. M'Cheyne
Salvação Pertence Ao Senhor, A – C. H. Spurgeon
Sangue, O – C. H. Spurgeon
Semper Idem – Thomas Adams
Sermões de Páscoa – Adams, Pink, Spurgeom, Gill, Owen e
Charnock
Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de Deus) –
C. H. Spurgeon
Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A – J. Edwards
Tratado sobre a Oração, Um – John Bunyan
Verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo, O – Paul D. Washer
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divulgar traduções de escritos de autores como os Puritanos e também de autores posteriores
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2 Coríntios 4 1
Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não
desfalecemos; 2
Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à
consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3
Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4
Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. 5
Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos
vossos servos por amor de Jesus. 6
Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7
Temos, porém, este tesouro
em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8
Em tudo
somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. 9
Persegui-
dos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; 10
Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se
manifeste também nos nossos corpos; 11
E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
nossa carne mortal. 12
De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13
E temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos
também, por isso também falamos. 14
Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos
ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15
Porque tudo isto é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de
graças para glória de Deus. 16
Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem
exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. 17
Porque a nossa leve e
momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18
Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.
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