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Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 ANÁLISE DOS CUSTOS ECONÔMICOS DO PROGRAMA DO BIODIESEL NO BRASIL [email protected] Apresentação Oral-Comercialização, Mercados e Preços GERALDO SANT’ANA DE CAMARGO BARROS; LUCÍLIO ROGÉRIO APARECIDO ALVES; MAURO OSAKI. ESALQ/USP, PIRACICABA - SP - BRASIL. ANÁLISE DOS CUSTOS ECONÔMICOS DO PROGRAMA DO BIODIESEL NO BRASIL [email protected] Apresentação Oral-Comercialização, Mercados e Preços GERALDO SANT’ANA DE CAMARGO BARROS; LUCÍLIO ROGÉRIO APARECIDO ALVES; MAURO OSAKI. ESALQ/USP, PIRACICABA - SP - BRASIL. ANÁLISE DOS CUSTOS ECONÔMICOS DO PROGRAMA DO BIODIESEL NO BRASIL Grupo de Pesquisa: Comercialização, Mercados e Preços Resumo O objetivo deste trabalho é calcular custos financeiros do biodiesel no Brasil, converter custos financeiros em custos econômicos, avaliar a necessidade de apoios e o trade-off entre eficiência econômica e inclusão social. A base de análise é o período 2006/07, para cada uma das macrorregiões brasileiras (Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste). Também são realizadas projeções para o período entre 2007 e 2017. Utilizou-se da Análise de Cadeia de Valor, que permitiu uma avaliação sistemática de custos decompostos em suas várias categorias. Em seguida, empregou-se o método da Programação Linear de forma a maximizar a Receita Total Líquida. Concluiu-se que apenas na região Norte a alternativa do biodiesel (de palma) é financeiramente viável e nos demais casos a importação do diesel seria mais barata. No intuito de oferecer alguma perspectiva ao programa, avaliou-se que o diesel teria de estar a acima de US$ 740/t para que o biodiesel se viabilizasse. Desta forma, haveria necessidade de apoios para as demais regiões. O emprego diminuiria no Centro-Sul com o avanço do biodiesel e nas regiões Norte e Nordeste poderia haver aumentos, desde que os investimentos em infra-estrutura fossem efetuados. Palavras-chaves: biodiesel, custos financeiros, custos econômicos, cadeia de valor, inclusão social Abstract

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ANÁLISE DOS CUSTOS ECONÔMICOS DO PROGRAMA DO BIODIE SEL NO

BRASIL

[email protected]

Apresentação Oral-Comercialização, Mercados e Preços

GERALDO SANT’ANA DE CAMARGO BARROS; LUCÍLIO ROGÉRIO APARECIDO

ALVES; MAURO OSAKI.

ESALQ/USP, PIRACICABA - SP - BRASIL.

ANÁLISE DOS CUSTOS ECONÔMICOS DO PROGRAMA DO BIODIE SEL NO

BRASIL

[email protected]

Apresentação Oral-Comercialização, Mercados e Preços

GERALDO SANT’ANA DE CAMARGO BARROS; LUCÍLIO ROGÉRIO APARECIDO

ALVES; MAURO OSAKI.

ESALQ/USP, PIRACICABA - SP - BRASIL.

ANÁLISE DOS CUSTOS ECONÔMICOS DO PROGRAMA DO

BIODIESEL NO BRASIL

Grupo de Pesquisa:

Comercialização, Mercados e Preços

Resumo O objetivo deste trabalho é calcular custos financeiros do biodiesel no Brasil, converter custos financeiros em custos econômicos, avaliar a necessidade de apoios e o trade-off entre eficiência econômica e inclusão social. A base de análise é o período 2006/07, para cada uma das macrorregiões brasileiras (Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste). Também são realizadas projeções para o período entre 2007 e 2017. Utilizou-se da Análise de Cadeia de Valor, que permitiu uma avaliação sistemática de custos decompostos em suas várias categorias. Em seguida, empregou-se o método da Programação Linear de forma a maximizar a Receita Total Líquida. Concluiu-se que apenas na região Norte a alternativa do biodiesel (de palma) é financeiramente viável e nos demais casos a importação do diesel seria mais barata. No intuito de oferecer alguma perspectiva ao programa, avaliou-se que o diesel teria de estar a acima de US$ 740/t para que o biodiesel se viabilizasse. Desta forma, haveria necessidade de apoios para as demais regiões. O emprego diminuiria no Centro-Sul com o avanço do biodiesel e nas regiões Norte e Nordeste poderia haver aumentos, desde que os investimentos em infra-estrutura fossem efetuados. Palavras-chaves: biodiesel, custos financeiros, custos econômicos, cadeia de valor, inclusão social Abstract

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The objective of this paper is calculate the financial costs of biodiesel in Brazil, converting financial costs into economic costs, assess the need for compensatory subsidies and trade-off between economic efficiency and social inclusion. The analysis is based on the period 2006/07, for each Brazilian Regions (South, Southeast, North, Northeast and Center-West). Are also made projections for the period between 2007 and 2017. To calculate costs along supply chains, we follow Porter’s Value Chain method. Then, was used the method of linear programming in order to maximize the Net Total Income. The result show that only in the northern region of the alternative biodiesel (from palm oil) was financially viable and in other cases the import of diesel would be cheaper. To offer some perspective to the program, estimated that the diesel would be over US$ 740/t for the biodiesel is feasible. Thus, it’s necessary support for other regions. The employment decrease in the Center-South to the advancement of biodiesel and in the North and Northeast could be increased, provided that investments in infrastructure were made. Key Words: biodiesel, financial costs, economic costs, value chain, social inclusion 1 INTRODUÇÃO

Este trabalho objetiva calcular e aprofundar as informações sobre custos financeiros do biodiesel no Brasil, converter custos financeiros em custos econômicos para avaliar as necessidades e a conveniência econômica do programa, avaliar a necessidade de apoios (subsídios) para alavancar a produção, avaliar o trade-off entre eficiência econômica e inclusão social, como analisar as possibilidades de cumprir as metas estabelecidas com participação de produtores de pequena escala, criando emprego e aliviando a pobreza no meio rural, particularmente no Norte e no Nordeste. A base de análise é o período 2006/07, para cada uma das macrorregiões brasileiras (Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste). Também são realizadas projeções para o período entre 2007 e 2017.

Em especial desde 2005, há uma série de esforços do Governo brasileiro para promover o biodiesel como uma fonte renovável de energia em substituição ao óleo diesel do petróleo. A base para a produção é a ampla gama de matérias-primas produzidas pela agricultura brasileira. A iniciativa é justificada com base no princípio da busca pela diversificação de fontes energéticas para reduzir riscos de dependência excessiva do instável mercado internacional de petróleo e derivados. O biodiesel também oferece prospectos ambientais favoráveis: melhor qualidade do ar face à redução de poluentes, como material particulado. Pretende-se ainda através do programa viabilizar benefícios econômicos e sociais a pequenos agricultores, aliviando a pobreza rural.

Além dos questionamentos sobre o volume de recursos necessários para compatibilizar tais metas, outras se relacionam mais com a forma de implementação do programa. Há a necessidade de produzir energia alternativa em bases competitivas – fundamento da integração econômica alcançada pelo País – e ao mesmo tempo controlar possíveis impactos concentradores de renda diante das conhecidas vantagens econômicas e tecnológicas da produção com métodos modernos e em grande escala, tanto na produção primária como na fase industrial e na logística.

Outro desafio é assegurar a concretização de ganhos ambientais, pois, se, de um lado, busca-se a melhor qualidade do ar, de outro, uma possível intensificação das práticas agrícolas pode levar a riscos relacionados à qualidade da água, erosão de solos, desmatamento e a problemas de disposição de subprodutos e resíduos do processo industrial.

Em relação aos custos financeiros para a produção de biodiesel, um dos primeiros trabalhos desenvolvidos relacionando diversas matérias-primas é o de Barros, et al. produzindo extenso material sobre custos financeiros, considerando variadas matérias-primas de sorte a explorar possibilidades de produção e consumo de biodiesel nas cinco grandes regiões brasileiras. Entretanto, dado o status hoje atingido pelo programa em termos de

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prioridade governamental e interesse despertado por investidores, faz-se necessário obter estimativas mais precisas de custos financeiros – essenciais para tomada de decisão por parte de investidores e produtores em geral – do programa, assim como estimar os custos econômicos da alternativa energética para cada região do País. Os custos econômicos – ao excluir a incidência de impostos, tributos e contribuições e subsídios e considerando o custo de fronteira de insumos – são as medidas corretas para tomada de decisão por parte do setor público para avaliar os custos e examinar a necessidade de concessão de subsídios tendo em vista metas sociais, ambientais e de desenvolvimento.

Quanto à questão ambiental, o Brasil ainda carece de muita pesquisa para uma quantificação dos efeitos da produção e consumo de biodiesel sobre o ambiente. Predominam evidências pontuais e/ou qualitativas, no mais das vezes discordantes entre si, o que dificulta a mensuração objetiva dos impactos de um programa da extensão do aqui considerado. Mesmo assim, é possível aferir impactos possíveis associados a algumas questões mais objetivas, como as decorrentes dos ajustes no uso da terra sobre o uso de agroquímicos. Tais impactos devem ser colocados numa lista de custos e benefícios ambientais a ser completada à medida que evidências sobre outros impactos – sobre o solo, vegetação, fauna, água e ar – se tornem disponíveis.

Quanto ao aspecto social, mais especificamente às possibilidades de que o programa seja instrumental para alcance de metas de distribuição de renda e redução de pobreza, dois aspectos devem ser ponderados. Pensada num contexto de produção de um insumo de alta relevância para a competitividade do País, a meta social deve orientar-se, por um lado, pela maximização de atendimento da demanda por benefícios existente e, por outro, pela minimização do impacto sobre a eficiência alocativa do programa. Existe um potencial para tal tipo de programa, particularmente no Norte e no Nordeste?

2 METODOLOGIA 2.1 Custos Financeiro e Econômico

A análise será conduzida distinguindo-se os conceitos de custo financeiro e econômico de produção do biodiesel, seguindo as metodologias de análise “custo-benefício” desenvolvidas por Harberger (1972), Gramlich (1981), Gittinger (1982) e outros. Enquanto o custo financeiro é rotineiramente calculado baseado no mercado, avaliados de acordo com preços pagos pelos produtores; no caso dos custos econômicos, os insumos não-comercializáveis terão preços que refletem custos de oportunidade ou “preços-sombra”: valores necessários para atrair recursos do seu corrente uso para a produção de biodiesel. Preços de fronteira mais custos de transporte e margens serão empregados para os comercializáveis. Impostos, taxas e contribuições são excluídas dos custos econômicos por representarem transferências entre grupos da sociedade. Como taxa real de juros será empregada a média de 10% observada nos últimos 5 anos. Quanto à taxa de câmbio serão considerados níveis alternativos acima e abaixo do valor (R$ 2,15/dólar) à época da análise.

Os custos do biodiesel (mão-de-obra, insumos e bens de capital) deverão incluir a produção agrícola, transporte, esmagamento e processamento em biodiesel e a mistura ao óleo diesel. Os subprodutos obtidos (farelo e glicerina) no processamento serão avaliados a preços de mercado considerando as possíveis expansões de oferta que decorram do programa do biodiesel. O custo do biodiesel será dado pelo valor necessário para que as cadeias produtivas consideradas decidam produzi-lo nas quantidades programadas. Esse custo – sob as formas financeira e econômica – será comparado ao preço de paridade internacional do diesel de petróleo em nível de atacado nas regiões definidas.

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Objetivando calcular os custos financeiros e econômicos ao longo das cadeias produtivas, utiliza-se o método da “Cadeia de Valor”, introduzido por Porter (1985). Nesta análise, está envolvido o conjunto de firmas/empresas que aparecem ao longo da cadeia produtiva que vai da produção ou importação de insumos agrícolas ou seus componentes até a colocação do biodiesel misturado ao diesel ao atacado. Podem ser destacadas analiticamente etapas como: (a) frete internacional, tarifas e demais custos de importação de insumos; (b) transporte de insumos até unidades processadoras ou misturadoras, armazenagem e transporte até o varejo nas regiões de produção agrícola; (c) transporte de insumos até as fazendas ou estabelecimentos agropecuários; (d) custos das atividades agrícolas, do preparo do solo à colheita, atividades pós-colheita, inclusive transporte e armazenamento, até chegada da matéria-prima às unidades esmagadoras, (e) esmagamento, armazenamento e transporte do óleo vegetal até à planta de biodiesel, (e) custos de transformação do óleo em biodiesel 100%. Keyser (2006) preparou um conjunto de planilhas pré-programadas especialmente para coleta e análise de dados de cadeias de valor.

Ao longo da cadeia, são calculados custos operacionais ou variáveis (CO) em cada etapa, que incluem matéria-prima, insumos e mão-de-obra. São os custos necessários para colocar os ativos das empresas (agrícola ou industrial) em operação. Terra e capital (máquinas, construções, e rebanho), por outro lado, são contabilizados ao custo de capital. Este é calculado de acordo com o método do custo anualizado de reposição do capital (CARP). Uma fórmula apresentada para cálculo de CARP de um item i de capital por Monke & Pearson (1989) e Gittinger (1982) é dada por:

iCRifrciCARP =

com: 1)1(

)1(

−+

+=vr

rvrifrc

onde: frc é o fator de recuperação de capital e inclui tanto o custo de oportunidade do capital (r ), como a reserva de depreciação considerada uma vida útil de v anos. CR é o custo de reposição do capital (representado pelo valor do bem novo ou do mercado de segunda-mão, conforme o caso). Ao fator terra e no caso do rebanho, é atribuído o custo de oportunidade do capital.

Todos os custos de insumos de produção e de capital referentes a cada estágio (produção agrícola, transporte, armazenamento, esmagamento e processamento) e custos agregados resultantes são classificados em seus componentes: custos privados, de um lado, e impostos e tributos menos subsídios de outro. O custo econômico corresponde ao financeiro subtraído dos impostos e tributos e acrescido dos subsídios e insumos avaliados a custo de fronteira. Com isso, obtém-se o custo unitário do biodiesel de cada fonte alternativa. Resta saber quais matérias-primas serão utilizadas em cada região.

Na figura 1 ilustram-se resultados de custos financeiros até a produção de óleo de soja (comestível) para o Centro-Oeste. Notar que se trata de custos totais (CO + CARP) por tonelada de grão. Cada estágio adquire o produto da etapa anterior e incorre em outros custos operacionais variáveis (além das compras da matéria-prima) e em custo de capital (CARP). Ver que o custo agrícola por tonelada de grão foi avaliado em R$ 527, dos quais R$ 371 correspondiam a custos operacionais (CO) e R$ 156 a custos de capital (CARP). Uma tonelada de grão alcança um valor de R$ 554 após transporte e armazenamento. Com uma tonelada de grão, obtém-se um valor de R$ 604 de óleo e farelo (incluindo, além das compras do estágio anterior de R$ 554, R$ 40 de CO e R$ 10 de CARP).

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- 50,00

100,00 150,00 200,00 250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00 650,00

Custo agrícola Transp e Armaz Processamento

Compra do estágio anterior Outros Custos Operacionais

CARP

Figura 1. Custos financeiros do grão ao óleo de soja (R$/t grão) – Centro-Oeste, 2006*. *Câmbio: US$ 1=R$ 2,15 Fonte: Dados da pesquisa

A figura 2 sintetiza a composição do custo do óleo de soja produzido no Centro-Oeste:

seu custo financeiro é de R$ 1.420,00 por tonelada, sendo R$ 404,00 (28,5%) impostos e contribuições, enquanto gastos em moeda estrangeira montam a R$ 138,00 (9,7%). Logo o custo privado doméstico é R$ 1.282/t. O custo econômico chega a R$ 1.016,00, que é inferior à paridade econômica de exportação (FOB-porto internalizado para o Centro-Oeste) de R$ 1.160,00.

2.2 Otimização das Cadeias Produtivas

Apesar de não ser apresentado neste trabalho, no processo de decisão quanto à produção de biodiesel, para cada região será necessário escolher a combinação de matérias-primas a ser utilizada. Neste estudo, tal escolha foi considerada para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Para o Norte e Nordeste, apenas a atividade de produção de biodiesel a partir de uma matéria-prima pré-definida foi considerada, em razão da falta de alternativas claras à produção de palma (dendê) no Norte e de mamona no Nordeste para os sistemas observados nessas regiões. Além disso, sobre a produção de biodiesel a partir do cultivo dessas matérias primas apóiam-se expectativas de cunho social - de alcance de melhorias de emprego e renda e, portanto, de alívio da pobreza nas regiões.

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-100200300400500600700800900

1.0001.1001.2001.3001.4001.500

Financeiro Econômico Paridade de exportação

Custos domésticos Taxas e tributos Gastos adicionais Custos externos Figura 2. Custos financeiros e econômicos do óleo de soja (R$/t de óleo). 2006 Obs.: US$ 1=R$ 2,15. Fonte: Dados da pesquisa

Considere-se um empreendimento já em andamento. A análise do custo de produção relacionado ao preço de mercado de um produto não é suficiente para a inferência quanto a se deverá ser ou não produzido. Dado um conjunto de matérias-primas alternativas, será escolhida aquela combinação que maximiza a receita liquida operacional da cadeia produtiva – isto é, oferece a melhor remuneração ao capital. É possível que no curto prazo determinada matéria-prima seja produzida apesar de seu preço cobrir apenas os custos operacionais (e não os de capital) se esta for a melhor alternativa. Por outro lado, mesmo que todos os custos sejam cobertos, a matéria-prima pode não ser produzida se uma outra alternativa também o fizer e em melhores condições (maior retorno por unidade capital).

Num empreendimento em análise, porém, é importante que a decisão de implantá-lo baseie-se na expectativa de que não só os custos operacionais sejam cobertos, mas também que os investimentos necessários tenham perspectiva de ser remunerados pelo custo de oportunidade dos recursos graças à receita líquida operacional que será proporcionada.

Um modelo de Programação Linear para cada uma das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, considerando conjuntamente diversas cadeias de valor (desde as atividades desenvolvidas na fazenda, armazenamento, esmagamento da matéria-prima para obtenção do óleo vegetal, até o processamento deste para confecção do biodiesel) é empregado para definição das culturas que darão origem ao biodiesel em cada região. No modelo, o custo total é a soma do custo operacional com o custo anualizado de reposição do patrimônio (CT=CO+CARP). As simulações revelarão, porém, que preços de biodiesel serão necessários para que ocorra a produção nas necessidades desejadas.

Entre as K atividades consideradas, encontram-se diversas que podem total ou parcialmente ser destinadas para biodiesel (soja, mamona, girassol, amendoim, palma, algodão) e outras não destinadas à produção de biodiesel, tais como gado de corte, cana-de-açúcar, milho, conforme seja a fazenda representativa da região. Nestas últimas considera-se também o processamento. Dessa forma, fica evidenciada a interdependência entre as cadeias e dentro delas (entre seus elos) e avalia-se a competitividade da produção das matérias-primas para biodiesel e de outras alternativas encontradas nas regiões analisadas.

A função-objetivo – que mede a receita líquida total do conjunto de cadeias produtivas – é maximizada monitorando-se as restrições de capacidade de armazenamento, esmagamento (produção de óleo e farelo) e processamento (produção do biodiesel) disponíveis na região, ficando aberta a possibilidade de venda de matéria-prima sem

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processamento. Os impactos de criação de capacidade para essas facilidades, tanto para biodiesel, especificamente, como para outras atividades, são então avaliados comparando-se a disponibilidade no período-base de 2003-2006 como aquelas necessárias em 2011 e 2017. Exceto para as facilidades necessárias para o biodiesel, as restrições de capacidade são ampliadas de acordo com o padrão histórico de crescimento e ampliadas também quando necessário para atender as tendências de consumo alimentar e de fibras. No caso específico da capacidade de processamento do biodiesel, ela é ajustada de acordo com as metas de 2%, 5% 10% e 20% de mistura ao diesel de petróleo.

Para alimentar o modelo de otimização, previamente se procede a análise de cadeia de valor para cada região e para cada matéria-prima ou produto com ela concorrente ou complementar adrede escolhidos. A otimização do conjunto das cadeias produtivas representativas da região indicará qual, ou quais, matérias-primas serão produzidas e em que proporção da área disponível. Custos financeiros e econômicos do biodiesel são calculados para a solução ótima. É fundamental o entendimento de que a produção do biodiesel pelo mercado só se dará se a transformação do óleo vegetal em biodiesel for pelo menos igualmente vantajosa à alternativa de exportá-lo. Por essa razão, o preço do óleo vegetal – e, a bem dizer, de todas as formas de produção consideradas a partir do estoque de fatores de produção disponibilizados – é obtido pela internalização do valor FOB-exportação. O custo financeiro do biodiesel é comparado com os custos financeiros do diesel nacional e importado colocado na região para examinar o possível interesse privado na sua produção local. Seu custo econômico é comparado com a paridade econômica da importação do diesel de petróleo para examinar a conveniência econômica da produção local do biodiesel.

As possibilidades de comércio inter-regional são examinadas. Os impactos sobre emprego e renda são avaliados em cada caso.

3 DADOS E PRESSUPOSTOS

Os dados necessários para as análises de cadeia de valor foram obtidos em entrevistas diretas com produtores de insumos e bens de capital, agricultores e empresários já estabelecidos no mercado – como industrial ou comerciante –, além de técnicos e especialistas dos setores privado e público.

No caso específico dos dados agrícolas, recorre-se a procedimento largamente testado, que é o de entrevistas coletivas com grupos de produtores cujas fazendas são consideradas representativas de certa região. Esta técnica é denominada de “painel”. Os produtores são selecionados com base em informações secundárias e por indicação de técnicos regionais. As entrevistas focam em planilhas contendo coeficientes técnicos e fluxo de caixa de uma fazenda que corresponda aproximadamente àquelas dos produtores presentes. Durante a entrevista os dados das planilhas são discutidos e atualizados.

Para análise do processo de produção de biodiesel com base em metodologia de custo/beneficio naturalmente considera-se determinada tecnologia como dada. Neste caso, coeficientes técnicos somente foram empregados se compatíveis com processos em uso na atualidade em escala comercial.

Duas variáveis macroeconômicas são muito importantes para cálculos de rentabilidade econômica e financeira: taxa de juros e taxa de câmbio. Dentro do mesmo espírito que levou ao uso apenas de coeficientes técnicos observados, optou-se pelo emprego da taxa real de juros de 10% ao ano, média ex-post aproximada no Brasil durante grande parte dos anos

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20001. Para a taxa de câmbio, empregou-se o valor de R$ 2,15 por dólar, em vigor no período a que se refere a análise. Impactos de variações da ordem de 16% dessa taxa para cima (para R$ 2,50) e para baixo (para R$ 1,80) foram examinados. Não foi feito esforço para cálculo da taxa de câmbio de equilíbrio: como se sabe, o Brasil, apesar de ter aumentado o grau de liberalização comercial, ainda possui barreiras tarifárias para produtos industriais; além disso, o Banco Central brasileiro tem-se mostrado bastante atuante tanto para conter as altas (com possíveis conseqüências inflacionárias), como as baixas (que prejudicariam os setores exportador e industrial).

Para cada região foram pré-definidas as matérias-primas que teriam seus custos avaliados e sua viabilidade analisada. A seleção recaiu sobre aquelas culturas que na ocasião do estudo eram vistas como mais promissoras pelos especialistas e que já contavam com iniciativas implementadas quando do início do estudo. Assim definiram-se:

a) Região Norte: Palma ou Dendê; b) Região Nordeste: Mamona; c) Região Centro-Oeste (ou cerrado): Soja, Algodão e Girassol (2a cultura); d) Região Sudeste: Soja, Girassol, Algodão e Amendoim; e) Região Sul: Soja e Girassol.

Na região Centro-Oeste as atividades gado bovino de corte e milho foram incluídas nas simulações. No Sudeste incluíram-se a cana-de-açúcar e gado de corte e no Sul, o milho e gado de corte. No Norte e no Nordeste, onde não foram consideradas alternativas de matéria-prima, não se aplicou programação linear; foram, sim, calculados os custos financeiros e econômicos do biodiesel. 3.1 O Modelo no Contexto Internacional

As estimativas de custos neste trabalho serão efetuadas com base na programação linear e considerando também o período até 2017. As bases projetadas de preços, áreas, produções são as simulações efetuadas pelo FAPRI (Food and Agricultural Policy Research Institute). O FAPRI faz projeções para o setor agrícola – explorando suas relações com a indústria – dos Estados Unidos e para os mercados internacionais. O modelo tem mais de 3.000 equações detalhando relações entre preços, produção (área e produtividade), demanda, estoques e outras variáveis. São modelos para análise de políticas e não para previsão (WISNER, 2002).

Assim, nas análises do programa do biodiesel brasileiro, parte-se de uma solução próxima do uso atual (2006/07) de recursos. Vale-se, então, das projeções de preços no mercado internacional (inclusive do petróleo2) efetuadas pelo FAPRI e consideram-se suas projeções de produção e uso da terra no Brasil para avaliar os impactos do programa do biodiesel para 2011 e 2017. Mudanças positivas e negativas na taxa cambial brasileira são consideradas. Correções nos níveis de preços previstos pelo FAPRI deverão ser efetuadas somente se as produções de grãos e subprodutos divergirem daquelas projetadas em decorrência da consideração do programa de biodiesel no Brasil no caso das metas superiores a B2.

Na Tabela 1 aparecem os índices de preços calculados com base nas projeções (em dólares) do FAPRI, as quais foram ajustadas em proporção às alternativas de câmbio consideradas3. As maiores altas previstas são para o algodão e derivados; óleo de soja,

1 De Janeiro de 2000 a Dezembro de 2005, a taxa real de juros, deflacionada pelo IPCA, medida oficial de inflação, foi 9,7%. 2 A previsão do FAPRI indica quedas de 4% (até 2011) e 13% (até 2017) no preço internacional do petróleo em relação ao valor em 2007. 3 O FAPRI utilizou para 2006 a taxa cambial de R$ 2,10 e supôs depreciação média de 3,8% ao ano até 2016.

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girassol e amendoim; e carne de boi. As quedas mais expressivas são para os farelos em geral. Tabela 1. Índices de preços projetados para três taxas de câmbio, 2011 e 2017

Produtos 2006 2011

R$ 2,15 2011

R$ 1,80 2011

R$ 2,50 2017

R$ 2,15 2017

R$ 1,80 2017

R$ 2,50

Algodão em pluma 100 119 99 138 122 102 142 Caroço de algodão 100 119 100 139 125 104 145 Óleo de algodão 100 124 104 144 127 106 148 Farelo de algodão 100 99 83 115 86 72 100 Soja em grão 100 112 94 131 104 87 121 Óleo de soja 100 124 104 144 127 106 148 Farelo de soja 100 99 83 115 86 72 100 Girassol em grão 100 106 89 123 94 78 109 Óleo de girassol 100 116 97 135 119 100 139 Farelo de girassol 100 98 82 113 88 73 102 Amendoim em grão 100 100 84 116 95 80 110 Óleo de amendoim 100 109 91 127 114 95 132 Farelo de amendoim 100 93 78 108 89 74 103 Milho em grão 100 107 90 125 101 84 117 Açúcar 100 110 92 128 103 86 120 Carne de boi 100 103 87 120 113 95 132

Fontes: FAPRI (2007) 4 RESULTADOS

Apesar de não ser apresentado neste trabalho devido aos objetivos aqui tratados, a

definição dos níveis de custos do biodiesel passou pela análise de programação linear. Em outro artigo busca-se descrever especificamente os resultados do processo de maximização da receita líquida pela programação linear.

4.1 Custos do biodiesel

Apresentam-se a seguir os resultados das diversas alternativas de cálculo do custo do biodiesel. Os resultados estão sumarizados na Tabela 3,considerando-se as diversas regiões e taxas de câmbio. Antes, porém, na Tabela 2 faz-se uma detalhada caracterização dos procedimentos que levam aos custos do biodiesel; o exemplo utilizado é o do Centro-Oeste para 2011, com câmbio de R$ 2,15 por dólar.

Na Tabela 2 se estabelece que o custo financeiro total do biodiesel em 2011, no Centro-Oeste é de R$ 2.208,21, assim determinado:

a) Custo do óleo vegetal de soja posto na planta (inclusive de imposto) = R$ 1.703/t; b) Imposto de 26,2% já incluso no valor acima = R$ 453,26; c) Custo do óleo vegetal na planta necessário para 1 t de biodiesel = R$ 1.730/0,98 = R$

1.756,31; d) Custo de processamento do biodiesel = R$ 293,55/t; e) Imposto de 21,5% incluso no valor acima = R$ 63,05; f) Custo de produção da planta por tonelada de biodiesel = R$ 1.756 + 293,55 = R$

2.058,85; g) Custo do biodiesel (corrigido pelo custo da glicerina) = R$ 2.058,85 x 0,949 = R$

1.953,85; h) Receita líquida da venda de glicerina por tonelada de biodiesel = R$ 0,55; i) Imposto de 25,6% incluso no valor acima = R$ 0,41; j) Custo do biodiesel menos receita da glicerina = R$ 1953,85 – R$ 0,55 = R$ 1953,30; k) Custo de Oportunidade (preço-sombra do biodiesel) = R$ 1.963,21;

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l) Imposto sobre a venda do biodiesel (não incluso no valor acima) = R$ 245,00; m) Custo Total Financeiro do biodiesel = R$ 2208,21;

Nota-se ainda que o Custo Econômico do Biodiesel (R$ 1.461,93/t) advém do custo financeiro subtraído dos impostos sobre vendas do óleo, sobre o custo de processamento do óleo em biodiesel, da venda da glicerina e da venda do biodiesel.

Tabela 2. Valor e composição do custo financeiro de biodiesel, Centro-Oeste, 2011 (US$

1=R$ 2,15). DESCRIÇÃOCUSTO DO ÓLEO NA PLANTA DE BIODIESEL (DEPOIS DOS IMPOSTOS DE VENDA) 1730,00 1276,74(INCLUI 26,2% DE IMPOSTOS NA VENDA DO ÓLEO) 453,26CUSTO DO ÓLEO NA PLANTA DE BIODIESEL (CORREÇÃO POR COEFICIENTE TÉCNICO = 0,98) 1765,31 1302,80CUSTO DE PROCESSAMENTO DO BIODIESEL 293,55 230,50(INCLUI 21,5% DE IMPOSTOS SOBRE PROCESSAMENTO) 63,05CUSTO DA PLANTA DE BIODIESEL 2058,85 1533,30CUSTO BIODIESEL (CORRIGIDO PELO CUSTO DA GLICERINA) 1953,85 1455,10RECEITA LÍQUIDA DA GLICERINA 0,55 0,41(INCLUI 25,6% DE IMPOSTOS SOBRE VENDA DE GLICERINA) 0,14CUSTO DO BILODIESEL ( CORRIGIDO PELA RECEITA LÍQUIDA DA GLICERINA) 1953,30 1454,55CUSTO DE OPORTUNIDADE DO BIODIESEL ( OTIMIZAÇÃO) 1963,21 1461,93(INCLUI SOBREPREÇO SOBRE CUSTO DO BIODIESEL) 9,91IMPOSTO SOBRE A VENDA DO BIODIESEL 245,00CUSTO TOTAL DO BIODIESEL 2208,21 1461,93

CUSTO FINANCEIRO CUSTO ECONÔMICO

Fonte: Dados da pesquisa

Sobre o procedimento, vale observar que, nas soluções de otimização da renda total

liquida das cadeias produtivas, a venda do biodiesel se dá simultaneamente à venda de óleo vegetal desde que ao primeiro seja oferecido o preço indicado na Tabela 2 (R$ 1.963,21) e não R$ 1.953,30 correspondente à alternativa de utilizar o óleo exportável para fabricação do biodiesel. Sobre esse mesmo ponto, notar que o valor de R$ 1.953,30 pressupõe o rateio do custo de processamento na planta de biodiesel com base nas parcelas das receitas advindas de cada derivado (biodiesel e glicerina), um procedimento criticável por criar uma interdependência entre custos e receitas.

Na Tabela 3 apresentam-se os resultados para as demais regiões e taxas de câmbio. Resultados para o Norte e Nordeste são reportados sem consideração do custo de oportunidade decorrente de outras alternativas para os recursos produtivos dessas regiões; ou seja, neste caso, não tendo havido análise de otimização, o custo do biodiesel leva em conta estritamente o valor internalizado do óleo vegetal exportável acrescido dos custos e impostos.

A primeira coluna da Tabela 3 apresenta o custo financeiro do biodiesel, ou seja, aquele que deve ser pago ao produtor para induzi-lo à produção. Esses valores – para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul – correspondem aos preços-sombra do biodiesel advindos do processo de otimização; são os valores que viabilizam a produção privada nos volumes demandados, levando em conta as várias alternativas que poderiam ser dadas aos recursos produtivos. Nos casos do Norte e do Nordeste, são custos de utilizar o óleo vegetal (de palma ou mamona) para fabricar biodiesel ao invés de exportá-lo.

A segunda coluna apresenta os custos econômicos: a primeira coluna subtraída dos impostos acima delineados. A terceira coluna relata o custo financeiro do diesel importado, seguido – na quarta coluna – do custo econômico desse produto.

Tabela 3. Custos Financeiros e econômicos do biodiesel e paridade do diesel importado,

2007, 2011, 2017

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IndicadoresRegião

ANOTAXA DE CÂMBIO

CUSTO FINANCEIRO DO

BIODIESEL

CUSTO ECONOMICO DO

BIODIESEL

PARIDADE FINANCEIRA DO DIESEL

PARIDADE ECONÔMICA DO

DIESEL

1,80 2.159 1.427 1.563 1.182

2,15 2.208 1.462 1.800 1.368

2,50 2.479 1.661 2.038 1.553

1,80 2.208 1.463 1.563 1.182

2,15 2.263 1.502 1.800 1.368

2,50 2.549 1.713 2.038 1.5531,80 2.145 1.496 1.399 1.082

2,15 2.416 1.709 1.637 1.268

2,50 2.622 1.872 1.874 1.453

1,80 2.560 1.823 1.399 1.082

2,15 2.665 1.905 1.637 1.2682,50 2.700 1.933 1.874 1.453

1,80 2.125 1.401 1.424 1.097

2,15 2.308 1.535 1.661 1.283

2,50 2.600 1.751 1.899 1.468

1,80 2.615 1.766 1.424 1.097

2,15 2.673 1.806 1.661 1.283

2,50 2.735 1.851 1.899 1.4681,80 1.439 949 1.809 1.332

2,15 1.628 1.089 2.046 1.518

2,50 1.818 1.229 2.283 1.703

1,80 1.604 1.071 1.809 1.332

2,15 1.826 1.235 2.046 1.5182,50 2.048 1.399 2.283 1.703

1,80 2.518 1.746 1.645 1.232

2,15 2.918 2.040 1.882 1.418

2,50 3.317 2.335 2.120 1.603

1,80 2.639 1.835 1.645 1.232

2,15 3.062 2.147 1.882 1.418

2,50 3.485 2.459 2.120 1.603

SUDESTE

SUL

2011

2017

2011

2017

2011

2017

NORTE

CENTRO-OESTE

NORDESTE

2011

2017

2011

2017

CENTRO-OESTE 2007 1,80 2.193 1.528 1.863 1.414

SUDESTE 2007 1,80 2.308 1.708 1.683 1.304

SUL 2007 1,80 2.289 1.603 1.707 1.319 Fonte: Dados da pesquisa

A análise da Tabela 3 leva às seguintes conclusões:

a) Os custos financeiros do biodiesel excedem os custos financeiros do diesel importado em todas as regiões, com a exceção do Norte; assim, com exceção desta última região não haveria demanda para o biodiesel uma vez aberta a possibilidade da importação do diesel;

b) Os custos econômicos também indicam que a sociedade seria prejudicada com a produção do biodiesel ao invés de importar o diesel; novamente a exceção é o Norte;

c) Com exceção do Norte mais uma vez, os custos financeiros do biodiesel são superiores aos preços do diesel cobrados pela Petrobrás (R$ 2.022 nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul; R$ 2.135 no Nordeste e R$ 2.534 no Norte), configurando-se, assim, a Petrobrás como primeira alternativa ao diesel importado;

d) Especificamente com relação a 2007, os preços do diesel da Petrobrás considerados foram: Centro-Oeste: R$ 2.359,55/t; Sudeste: R$ 2.168,54/t; Sul: R$ 2.134,83/t; Nordeste: R$ 2.247,19/t, Norte: R$ 2.471,91. Caracteriza-se, assim, para 2007, a Petrobrás como ofertante alternativa de diesel para as regiões Sul, Sudeste e Nordeste, ficando o biodiesel com o Centro-Oeste e Norte.

Na Tabela 4 indicam-se as magnitudes dos subsídios que poderiam ser necessários para viabilizar o programa do biodiesel. Assim, por exemplo, no Centro-Oeste, considerando as bases do período 2003/06, ao câmbio de R$ 1,80 seria necessário um subsídio de R$ 596/t (primeira coluna) para viabilizar o biodiesel, porque seu custo financeiro seria R$ 2.159/t, enquanto o diesel importado entraria por R$ 1.563/t (ver Tabela 3). Esse subsídio representa

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28% do custo financeiro (coluna 2). Já o subsídio econômico corresponderia a 17% do custo econômico do biodiesel. Finalmente, indica-se que 34% dos custos financeiros do biodiesel devem-se aos impostos sobre a venda do óleo, sobre os insumos de processamento, sobre a venda da glicerina e do próprio biodiesel. Em outras palavras, neste caso, a arrecadação fiscal supera o subsídio financeiro: ou seja, não fora pelos impostos, o biodiesel seria financeiramente viável. Evidentemente, se as importações também fossem isentas de impostos (paridade econômica), a vantagem do biodiesel desapareceria novamente.

Tabela 4. Subsídios e custos fiscais (B2) – 2011/2017.

IndicadoresRegião

ANOTAXA DE CÂMBIO

SUBSIDIO FINANCEIRO

(R$/t)

SUBSIDIO FINANCEIRO

(%)

SUBSIDIO ECONÔMICO

(%)CUSTO FISCAL

(%)

1,80 596 28 17 342,15 408 18 6 342,50 441 18 7 331,80 645 29 19 342,15 462 20 9 342,50 511 20 9 331,80 746 35 28 302,15 779 32 26 292,50 748 29 22 291,80 1.161 45 41 292,15 1.028 39 33 282,50 826 31 25 28

1,80 701 33 22 342,15 647 28 16 33

2,50 701 27 16 331,80 1.191 46 38 32

2,15 1.012 38 29 322,50 836 31 21 321,80 -370 -26 -40 342,15 -418 -26 -39 332,50 -465 -26 -39 321,80 -204 -13 -24 332,15 -220 -12 -23 322,50 -235 -11 -22 321,80 873 35 29 312,15 1.035 35 31 302,50 1.197 36 31 301,80 994 38 33 302,15 1.180 39 34 302,50 1.365 39 35 29

2011

2017

2011

2017

NORTE

2011

2017

2011

2017

SUDESTE

2011

2017

NORDESTE

SUL

CENTRO-OESTE

CENTRO-OESTE 2007 1,80 330 1.528 7 30SUDESTE 2007 1,80 625 1.708 24 26SUL 2007 1,80 581 1.603 18 30

Fonte: Dados da pesquisa

Com relação ao Norte, conclui-se que a produção de biodiesel a partir da palma é financeira e economicamente viável, não sendo necessário subsidiar sua produção. Nas demais regiões, a produção de biodiesel a partir das matérias-primas analisadas não é recomendável sob as condições tecnológicas atuais. Nesses casos, a exportação do óleo vegetal aparece como alternativa financeiramente mais rentável.

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4.1.1 A Relação Câmbio / Diesel Importante examinar o “trade-off” existente entre câmbio e preço do diesel importado.

Espera-se, em tese, que dólar mais alto eleve o custo do biodiesel, por aumentar o valor das suas matérias-primas. Um dólar mais alto, igualmente, pode significar um encarecimento do valor doméstico do diesel importado. Na Tabela 5, se o câmbio for de R$ 1,80, o custo financeiro do biodiesel será R$ 2.159/t no Centro-Oeste. Então, pergunta-se: qual o preço do diesel (FOB4 – país de origem) que resultará num preço de diesel no Centro-Oeste de R$ 2.159? A resposta é US744/t5. Este é o preço acima do qual o biodiesel fica rentável financeiramente ao câmbio de R$ 1,80. Analogamente, ao valor de R$ 2.159 do biodiesel corresponde um custo econômico de R$ 1.427. Qual o preço FOB do diesel que resulta num valor econômico do diesel de R$ 1.427 no Centro-Oeste? A resposta é US$ 617. Ou seja, o preço do diesel acima de US$ 617 tornaria desejável o biodiesel do ponto de vista econômico.

Da análise apresentada nesta parte, conclui-se que o diesel teria de estar acima de US$ 740/t para que o biodiesel se viabilizasse no Centro-Oeste financeiramente na faixa de câmbio (R$ 1,80). Para o Sul e Sudeste, o diesel teria que chegar a US$ 750-800/t. Para o Nordeste o valor seria de US$ 870/t. Caso o câmbio voltasse à casa do R$ 2,15, no Centro-Oeste o limite do diesel cairia 22% a US$ 609/t, no Sul, Sudeste e Nordeste, o limite cairia para algo entre 7% e 12%. Tabela 5. Efeitos da relação câmbio (R$/US$) e diesel (US$/litro) sobre a economicidade do

biodiesel (R$/t) – (base 2003-2006)

REGIÃOCÂMBIOR$/US$1

BIODIESELFINANC (R$/t)

BIODIESELECON (R$/t)

IMPORT FINANCDE DIESEL (US$/t)

IMPORT ECONDE DIESEL (US$/t)

1,80 2.159,00 1.427,00 744,00 617,00 2,15 2.208,00 1.462,00 609,00 505,00 2,50 2.479,00 1.661,00 581,00 490,00 1,80 2.145,00 1.496,00 796,00 701,00 2,15 2.416,00 1.709,00 743,00 665,00 2,50 2.622,00 1.872,00 685,00 620,00 1,80 2.125,00 1.401,00 778,00 642,00 2,15 2.308,00 1.535,00 695,00 576,00 2,50 2.600,00 1.751,00 669,00 563,00 1,80 2.518,00 1.746,00 870,00 535,00 2,15 2.918,00 2.040,00 838,00 519,00 2,50 3.317,00 2.335,00 814,00 507,00 1,80 1.439,00 949,00 344,00 284,00 2,15 1.628,00 1.089,00 311,00 262,00 2,50 1.818,00 1.229,00 288,00 248,00

NORTE

CENTRO-OESTE

SUDESTE

SUL

NORDESTE

Fonte: Dados da pesquisa

4.2 Impostos e Empregos 4.2.1 Impactos Fiscais

A tributação sobre as cadeias agropecuárias é relativamente alta. Na Tabela 6 ilustra-se a incidência percentual dos impostos, tributos, contribuições sobre o valor de venda em cada

4 Os dados se referem ao valor do produto no país de origem. Este é o valor registrado na balança comercial. A estes dados, acrescentou-se o valor do frete e seguro marítimo, despesas portuárias, frete entre porto e região de destino e tributação incidente sobre a comercialização do óleo diesel no varejo. À título de comparação, na média de 2003 e 2006, o valor médio de compra do óleo diesel, FOB país de origem, foi de US$ 0,39/l. Já a média dos meses de maio, junho e julho de 2007, dados disponíveis no período de análise, chegou à US$ 0,57/l. 5 Em média, custos domésticos representam 9% do valor do diesel importado; impostos chegam a 24% e os custos de importação a 67%.

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etapa da cadeia da soja visando a produção de biodiesel. Estão incluídos FUNRURAL, ICMS, IPI, CSLL, IRPJ, IRPF, PIS/COFINS, CPMF e Encargos Sociais sobre Mão-de-Obra. Assim, o grão ao sair da unidade agrícola terá contribuído com 15,5% sobre o custo de produção e sua comercialização. Ao sair do armazém a incidência alcançará 18,8% do seu valor. Com isso, o biodiesel ao ser comercializado após processamento terá contribuído com quase 50% de seu valor ao setor público6. Na análise dos custos econômicos apresentada acima não foram considerados os impostos sobre a produção da matéria-prima (grão, por exemplo), seu armazenamento e esmagamento, mas somente os que incidem sobre a venda do óleo, sobre o seu processamento (do óleo), e sobre a venda do biodiesel. Tabela 6. Incidência de impostos sobre a cadeia do biodiesel de soja

ATÉ % SOBRE VALOR DE VENDA UNIDADE AGRÍCOLA (GRÃO) 15,5 ARMAZENAMENTO (GRÃO) 18,8 ESMAGAMENTO (ÓLEO VEGETAL) 28,6 PROCESSAMENTO (BIODIESEL) 49,8

Fonte: Dados da pesquisa Uma síntese dos impactos fiscais do programa do biodiesel é apresentada na Tabela 7,

onde se apontam os valores dos impostos arrecadados a partir do óleo vegetal, os subsídios necessários para viabilidade financeira e os saldo fiscal caso tais subsídios fossem concedidos, apesar de não serem justificados do ponto de vista econômico.

Verifica-se na Tabela 7 que o programa teria uma arrecadação variando – conforme a taxa cambial fosse de R$ 1,80 ou R$ 2,50 – de R$ 527 milhões a R$ 621 milhões em 2011 e entre R$ 675 milhões e 739 milhões em 2017 com a produção de B2. Caso os subsídios financeiros fossem implementados, os recursos fiscais do programa quase sempre seriam suficientes: haveria um saldo positivo para o programa exceto à taxa cambial de R$ 1,80 e R$ 2,15 em 2017. O Sudeste e o Nordeste seriam, como regras, deficitários: teriam de receber recursos transferidos de outras regiões.

Além disso, considerando-se que, com a correspondente redução no consumo de diesel, deixa-se de arrecadar anualmente R$ 200 milhões7, conclui-se que o programa tem impacto fiscal entre R$ 327 e R$ 421 milhões, que empregados em subsídios acabariam por resultar em déficit anual entre R$ 124 e R$ 192 milhões. 4.2.2 Impactos no Emprego de 2003/06 a 2011/17

No que respeita ao emprego na agropecuária (setor primário) considerada, o total de horas empregadas foi de aproximadamente 3,9 bilhões em 2006, sendo 45,5% no Sudeste, conforme a Tabela 8. A Tabela 9 mostra os impactos das mudanças nas cadeias produtivas sobre o emprego. Em 2011, por exemplo, com câmbio a R$ 2,15 e B2, o emprego nas atividades primárias consideradas cai de 4,25 bilhões de horas (com B0) para 4,22 bilhões (com B2), uma queda de 0,6%. À medida que a percentagem de biodiesel aumenta, a tendência é o emprego diminuir, posto que se associa ao aumento na área de soja.

6 A consideração do aproveitamento real do crédito fiscal nas várias etapas da cadeia é bastante complexa. Em muitos casos, pode ocorrer de o aproveitamento apesar de possível não ser realizado por dificuldades (custos) burocráticas. Nos cálculos apresentados, quando o agente relatou o uso do crédito a incidência foi devidamente reduzida. 7 Considera-se uma taxa média de 23% sobre 2% do consumo de diesel ou (586 milhões de litros).

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A Tabela 10 sintetiza os resultados para as três regiões conjuntamente. Calcula-se que cerca de 2 milhões de trabalhadores estejam envolvidos na agropecuária considerada, número que chegaria a 2,22 milhões em 2011 e 2,4 milhões em 2017, sempre com B0. Com B2 e câmbio de R$ 2,15, o emprego cairia 0,6% em 2011 e 0,3% em 2017. Com B20 haveria quedas de 4%.

Salienta-se ainda que com o desenvolvimento do programa no Norte e no Nordeste poderá haver aumento bem mais expressivo no emprego na medida em que podem se envolver cerca de 24 mil famílias no Norte e mais de meio milhão no Nordeste. Entretanto, tais famílias não se encontram necessariamente desempregadas, talvez subempregadas. Na verdade, o maior impacto deverá recair sobre a renda dessas pessoas, na suposição de serem realizado os investimentos de infra-estrutura e no agronegócio requeridos. Tabela 7. Impacto fiscal: impostos e subsídios financeiros (B2) – 2011/2017

REGIÃO ANO CÂMBIO IMPOSTOS SUBSIDIOS SALDO FISCAL 1,80 67.291.501 54.791.500 12.500.001 2,15 68.641.022 37.484.343 31.156.679 2,50 75.173.342 40.550.771 34.622.572 1,80 71.925.583 62.306.765 9.618.818 2,15 73.483.119 44.665.959 28.817.160 2,50 80.726.386 49.356.009 31.370.378 1,80 225.704.759 259.320.283 (33.615.525) 2,15 245.707.953 270.991.790 (25.283.837) 2,50 260.906.753 260.057.578 849.175 1,80 306.139.922 481.966.712 (175.826.790) 2,15 315.358.726 426.969.942 (111.611.216) 2,50 318.407.666 342.905.111 (24.497.445) 1,80 114.890.662 111.266.751 3.623.911 2,15 122.636.051 102.626.744 20.009.307 2,50 134.789.672 111.285.796 23.503.876 1,80 152.284.045 213.604.193 (61.320.148) 2,15 155.386.704 181.424.121 (26.037.417) 2,50 158.580.879 149.961.394 8.619.486 1,80 34.459.947 34.459.947 2,15 37.959.885 37.959.885 2,50 41.459.282 41.459.282 1,80 53.312.083 53.312.083 2,15 59.131.499 59.131.499 2,50 64.950.414 64.950.414 1,80 85.508.478 96.655.162 (11.146.683) 2,15 97.105.070 114.587.181 (17.482.111) 2,50 108.701.379 132.519.201 (23.817.822) 1,80 91.689.775 113.349.541 (21.659.766) 2,15 104.338.360 134.501.728 (30.163.367) 2,50 116.986.711 155.653.914 (38.667.203) 1,80 527.855.347 522.033.696 5.821.651 2,15 572.049.981 525.690.058 46.359.922 2,50 621.030.428 544.413.345 76.617.083 1,80 675.351.408 871.227.210 (195.875.803) 2,15 707.698.408 787.561.749 (79.863.342) 2,50 739.652.057 697.876.428 41.775.629

CENTRO-OESTE

SUDESTE

SUL

NORTE

2011

2017

2011

2017

2011

2017

2011

2017

2011

2017

TOTAL

2011

2017

NORDESTE

Fonte: Dados da pesquisa Tabela 8. Horas trabalhadas e número de pessoas (mil)* em 2006

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REGIÃO HORAS PESSOAS %CO 1,215,818 633 31.6SE 1,751,392 912 45.5SUL 884,906 461 23.0TOTAL 3,852,116 2,006 100

*Só Agropecuária; 1 pessoa = 1920 h/ano Fonte: Dados da pesquisa Tabela 9. Número de horas trabalhadas na agropecuária considerada (milhares) – Centro-

Oeste, Sudeste e Sul. 2011/2017. CAMBIO BIODIESEL

2011 2017 2011 2017 2011 2017 2011 20170% 1324 1373 1930 2211 1000 1033 4254 46172% 1324 1373 1905 2200 998 1029 4227 46025% 1315 1373 1905 2180 992 1020 4212 4573

10% 1315 1373 1875 2147 979 1007 4169 452720% 1315 1373 1819 2080 955 981 4089 4434

0% 1330 1366 1922 2203 1018 1033 4270 46022% 1330 1366 1923 2192 1015 1029 4268 45875% 1330 1366 1906 2172 1007 1020 4244 4558

10% 1328 1366 1878 2139 995 1007 4202 451220% 1315 1370 1822 2072 972 981 4109 4423

0% 1324 1372 1941 2202 924 1018 4189 45922% 1324 1372 1932 2189 924 1014 4180 45755% 1315 1372 1913 2168 924 1006 4152 4545

10% 1315 1372 1882 2131 924 992 4122 449520% 1315 1372 1830 2069 924 966 4069 4407

2.15

1.8

2.5

CO SE SUL TOTAL

Fonte: Dados da pesquisa Tabela 10. Número de trabalhadores na agropecuária considerada (milhares)* – Centro-

Oeste, Sudeste e Sul. 2011/2017

2006 2011 2017 2011 20170% 2,006 2,216 2,405 2% - 2,202 2,397 -0.6 -0.35% - 2,194 2,382 -1.0 -0.9

10% - 2,172 2,358 -2.0 -2.020% - 2,130 2,309 -3.9 -4.00% - 2,224 2,397 2% - 2,223 2,389 -0.1 -0.35% - 2,210 2,374 -0.6 -0.9

10% - 2,188 2,350 -1.6 -2.020% - 2,140 2,304 -3.8 -3.90% - 2,182 2,392 2% - 2,177 2,383 -0.2 -0.45% - 2,163 2,367 -0.9 -1.0

10% - 2,147 2,341 -1.6 -2.120% - 2,119 2,296 -2.9 -4.0

CENÁRIO TOTAL VAR % sobre B0

2.15

1.80

2.50

*Considera-se que uma pessoa trabalha 1920 horas/ano. Fonte: Dados da pesquisa 4.3 Norte e Nordeste

No Nordeste – onde o interesse no biodiesel recai sobre a mamona – e no Norte – onde se preocupa basicamente com as possibilidades da palma –, não foi realizada simulação

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quanto à decisão do produtores, face à inexistência de atividades alternativas economicamente reconhecidas. Certamente serão iniciativas que dependerão da indução do poder público, principalmente na mobilização de investimentos de infra-estrutura (energia e transporte), capacitação e organização de produtores, além de provavelmente virem a envolver mecanismos de redistribuição de renda e alívio à pobreza. Aqui, portanto, diferentes tipos de perguntas serão feitas. Assim, tratou-se de examinar os custos atuais do biodiesel nessas regiões, verificar seu potencial produtivo e as possibilidades de vincular o programa a objetivos sociais. No caso da mamona, no cálculo de seu custo consideraram-se receitas e custos do feijão com que se consorcia no primeiro dos 2 anos de cultivo.

A produção das matérias-primas em ambas as regiões não se acham estruturadas comercialmente e há um longo caminho a ser percorrido em termos de adoção de tecnologias, geração de outras e, principalmente, organização das cadeias produtivas, o que demanda investimentos em infra-estrutura e capital humano.

A Tabela 11 mostra que a necessidade de área para produção local de biodiesel B2 a partir de mamona é de 271 mil hectares e se a área média for de 2 hectares – módulo observado no Piauí – serão necessárias 135 mil famílias. Para B5, 338 mil famílias teriam de ser envolvidas em 667 mil hectares. De acordo com o IBGE havia no Nordeste 146 mil hectares plantados com mamona em 2006. Assim, para B2 há necessidade de ampliação de 86% na área.

Em termos de processamento, em 2006 havia excesso de capacidade autorizada em cerca de 40% para B2. Entretanto, para atingir o B5 seria necessário um aumento de 50% (multiplicar por 1,5 a capacidade existente), sem contar as centenas de milhares de agricultores familiares que deveriam ser mobilizados. Para B8, a capacidade deveria se multiplicada por 2,4; para B10 por 3; para B20 por 6; e, para B50, por 15 vezes. Tabela 11. Metas, área de produção de mamona e número de famílias – Nordeste Tabela 34 . Metas, Área de Produção de Mamona e Número de Famílias - Nordeste

50% 20% 10% 8% 5% 2%

Mil famílias 68 27 14 11 7 3 100

Mil famílias 135 54 27 22 14 5 50

Mil famílias 451 180 90 72 45 18 15

Mil famílias 677 271 135 108 68 27 10

Mil famílias 135541 271 217 135 54 5

Mil famílias 338135677 541 338 135 2

Mil ha 676270135108677 271 Área 50% 20% 10% 8% 5% 2%

Mil famílias 68 27 14 11 7 3 100

Mil famílias 135 54 27 22 14 5 50

Mil famílias 451 180 90 72 45 18 15

Mil famílias 677 271 135 108 68 27 10

Mil famílias 135541 271 217 135 54 5

Mil famílias 338135677 541 338 135 2

Mil ha 676270135108677 271 Área

Fonte: CEPEA -

Fonte: Dados da pesquisa

Já se mostrou na Tabela 3 que ao câmbio de R$ 2,15, por exemplo, o custo financeiro

do biodiesel de mamona é de R$ 2.918/t e o econômico é de R$ 2.040/t. Além disso, R$ 2.135/t é o preço do diesel da Petrobrás e R$ 1.882/t a paridade financeira de importação; ou seja, do ponto de vista financeiro não é vantajoso o biodiesel, assim como não o é economicamente, pois o custo econômico da importação é R$ 1.418/t. A exportação do óleo é, pois, altamente vantajosa. Essa é a razão pela qual cerca de 80% da produção brasileira de mamona destina-se ao mercado externo (PAULA NETO & CARVALHO, 2006). Trata-se evidentemente de um (bom) problema a ser resolvido: como – que mecanismo usar – para aumentar a renda do produtor agrícola diante de um mercado exportador tão promissor? Face às limitadas alternativas de recebimento da matéria-prima devidas à monumental falta de

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infra-estrutura, o produtor de mamona recebe R$ 640/t quando poderia receber até R$ 1.024/t, considerando a composição de custos da cadeia produtiva numa estrutura competitiva.

Fica aqui, portanto, a conclusão de que, sim, há possibilidade de aprimorar os ganhos do produtor de mamona no Nordeste; essa possibilidade, no entanto, não deveria envolver necessariamente o biodiesel, mas o mercado de óleo vegetal. Como fazê-lo? Da mesma forma que seria feito sob o biodiesel: investindo em infra-estrutura e criando condições mais competitivas de comercialização e industrialização do produto, gerando tecnologia adequada à região e disponibilizando-as aos produtores de mamona.

No Norte, a produção de biodiesel a partir da palma demanda as áreas e as famílias indicadas na Tabela 12. Para B2, considerada a produtividade agrícola atual, demandam-se 24,4 mil hectares, que, em módulos de 10 hectares, correspondem a 2,44 mil famílias. Entretanto, tal meta ainda demandaria mais do que quadruplicar a capacidade de processamento existente em 2006, o que representa um desafio significativo a curto prazo. A meta de B20 demandaria reproduzir 44 vezes o investimento já realizado, envolvendo dezenas de milhares de famílias a serem mobilizadas, sem menção aos obstáculos ambientais decorrentes dos objetivos concorrentes de preservação de recursos naturais.

Se as metas quantitativas para o programa do biodiesel no Norte se afiguram altamente desafiadoras, por outro lado, as condições técnico-econômicas mostram-se favoráveis para desenvolvimento a longo prazo da iniciativa. A produtividade da palma é mais alta do que outras alternativas: 22 toneladas por hectare de matéria-prima com rendimento em óleo de 20%. Por isso, conforme Tabela 3, enquanto o custo financeiro do biodiesel é de R$ 1.628/t (e o econômico R$ 1.089/t) o diesel importado chega à região a R$ 2.045/t com um sobre-preço de R$ 417/t (26%). Ainda mais: o valor econômico do diesel importado (R$ 1.518/t) é R$ 429/t mais alto do que o custo econômico do biodiesel.

Tabela 12. Metas, área de produção de dendê e número de famílias – Norte 50%20%10%8%5%2%

Mil famílias1.22 0.49 0.24 0.20 0.12 0.05 500

Mil famílias2.44 0.98 0.49 0.39 0.24 0.10 250

Mil famílias8.14 3.26 1.63 1.30 0.81 0.33 75

Mil famílias12.21 4.88 2.44 1.95 1.22 0.49 50

Mil famílias30.53 12.21 6.11 4.88 3.05 1.22 20

Mil famílias61.06 24.42 12.21 9.77 6.11 2.44 10

Mil ha610.59244.24122.1297.6961.0624.42 Área (ha)

50%20%10%8%5%2%

Mil famílias1.22 0.49 0.24 0.20 0.12 0.05 500

Mil famílias2.44 0.98 0.49 0.39 0.24 0.10 250

Mil famílias8.14 3.26 1.63 1.30 0.81 0.33 75

Mil famílias12.21 4.88 2.44 1.95 1.22 0.49 50

Mil famílias30.53 12.21 6.11 4.88 3.05 1.22 20

Mil famílias61.06 24.42 12.21 9.77 6.11 2.44 10

Mil ha610.59244.24122.1297.6961.0624.42 Área (ha)

Fonte: Dados da pesquisa

5 CONCLUSÕES

Este estudo visou a analisar os aspectos financeiros, econômicos e sociais do Programa

de Biodiesel lançado pelo governo brasileiro. Para tal, foram consultados – com a finalidade de coletar dados que espelhassem o estado tecnológico e econômico das iniciativas implementadas ou em implementação – produtores agropecuários, agentes das várias cadeias produtivas que direta e indiretamente se envolvem com a produção do biodiesel, além de técnicos do setor público e privado. A análise se assenta sobre estudo mundial do FAPRI, que elaborou baselines, a partir das quais se pôde examinar impactos de programas nos muitos países envolvidos. Assim, no presente estudo vale-se dessas projeções até 2017 e verificam-

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se os ajustes dentro do agronegócio brasileiro compatíveis com as projeções mundiais e nacionais do FAPRI.

Utilizou-se da Análise de Cadeia de Valor, que permitiu uma avaliação sistemática de custos – agrícolas, de armazenagem, esmagamento, processamento – decompostos em suas várias categorias, inclusive impostos e contribuições. Em seguida, empregou-se o método da Programação Linear de forma a maximizar a Receita Líquida Total (RLT) do conjunto de cadeias produtivas relacionadas (mas não necessariamente destinadas) ao biodiesel nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Para o Norte e Nordeste esse método não foi aplicado face à falta de claras alternativas regionais à palma e à mamona. Para produtos e insumos foram considerados preços reais médios para o período de 2003/2006. O mesmo se deu com relação ao câmbio e juros. Quanto ao biodiesel, considerou-se em cada caso que seu preço seria aquele necessário para induzir a produção dos volumes estipulados no programa oficial. Esse preço pode evidentemente estar abaixo ou acima do custo de oportunidade dos recursos envolvidos.

A partir deste ponto, procedeu-se ao confronto do custo financeiro do biodiesel (aquele valor que precisa ser pago para que sua produção se dê) com a alternativa de importar o diesel do mercado internacional. Concluiu-se que apenas na região Norte a alternativa do biodiesel (de palma) é financeiramente viável (10% a 20% mais barato); nos demais casos a importação do diesel seria mais barata, sendo a opção que seria adotada pelo mercado: no Centro-Oeste o biodiesel é entre 20-40% mais caro que diesel importado; no Sudeste e no Sul, de 35% a 80%; no Nordeste, de 50% a 65%.

Confrontaram-se também os custos econômicos (excluindo-se os impostos) das duas alternativas. Novamente no Norte o biodiesel foi de 18% a 30% mais econômico; nos demais casos, o biodiesel é 6% a 20% mais caro no Centro-Oeste; de 30% a 50% no Sudeste; de 20% a 60% no Sul e de 40% a 55% no Nordeste. Verifica-se, pois, que apenas no Norte o biodiesel é economicamente viável.

Caso, com base em outras considerações (não financeiras ou econômicas), pretenda-se implementar o programa do biodiesel no Brasil em outras regiões além do Norte, é importante verificar a magnitude do apoio (subsídio) que poderia estar envolvido. É interessante enfatizar, desde o princípio, que de 30% a 35% do custo financeiro do biodiesel no Brasil são impostos cobrados sobre a venda do óleo, sobre os insumos de processamento, sobre a venda da glicerina e do próprio biodiesel. No Centro-Oeste, o montante de subsidio necessário (18% a 30% do custo financeiro) seria inferior, portanto, aos impostos coletados. No Sudeste e no Nordeste o programa seria deficitário; no Sul o balanço fiscal dependeria de situações específicas do câmbio.

No intuito de oferecer alguma perspectiva ao programa, avaliou-se que o diesel teria de estar a acima de US$ 740/t para que o biodiesel se viabilizasse no Centro-Oeste financeiramente na faixa de câmbio de R$ 1,80. Para o Sul e Sudeste, o diesel teria que chegar entre US$ 750 e R$ 800/t. Para o Nordeste, o valor seria de US$ 870/t. Caso o câmbio estive na casa dos R$ 2,15, no Centro-Oeste o limite do diesel cairia 22%, a US$ 609/t. No Sul, Sudeste e Nordeste, o limite cairia para algo entre 7% e 12%.

Sob o ponto de vista fiscal, o programa do biodiesel para B2 geraria entre R$ 530 e R$ 620 milhões/ano de receita. Porém, deve-se ter em conta que o diesel a ser substituído deixaria de proporcionar impostos de cerca de R$ 200 milhões, caindo a arrecadação líquida para algo entre R$ 330 e R$ 420 milhões. Deste valor, seriam necessários entre R$ 522 e R$ 544 milhões a serem despendidos como subsídios com o programa B2, com o que os impostos líquidos de subsídios levariam a um déficit entre R$ 124 e R$ 192 milhões/ano.

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Quanto ao potencial de emprego, calcula-se que as cadeias consideradas empreguem cerca de 2 milhões de trabalhadores nas atividades primárias, número que chegaria a 2,22 milhões em 2011 e 2,4 milhões em 2017, sempre com B0. Com B2 e câmbio de R$ 2,15, o emprego cairia 0,6% em 2011 e 0,3% em 2017. Possibilidades interessantes de criação de emprego ou redução do desemprego devem ser melhor examinadas no Norte e no Nordeste. Nestas regiões as metas ambiciosas do programa podem gerar centenas de milhares de empregos desde que os investimentos necessários sejam feitos. O Norte tem alta vantagem de custos no biodiesel de palma e o Nordeste no óleo vegetal de mamona; porém, seus agronegócios são incipientes e a infra-estrutura muito deficiente.

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