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15/10/2018 1 Quadro legal e institucional da AIA no Brasil 4 eixos na política ambiental brasileira (Monosowski, 1989): Administração de recursos naturais : 1930 a 2000 (águas, florestas, fauna, minas etc.); Controle da poluição industrial : década de 1970 (criação da SEMA e decretos sobre poluição); Planejamento territorial : 1979 a 2002 (zoneamentos) Desdobramentos da Política Nacional de Meio Ambiente : a partir de 1981 (PNMA, Estatuto das Cidades, PNRS, etc.) Atualmente a politica ambiental brasileira está marcada por grandes retrocessos: Novo Código Florestal Novo Código da Mineração Flexibilização do licenciamento ambiental Licenciamento ambiental É responsabilidade do Estado estabelecer limites aos direitos individuais em benefício da coletividade. Assim, uma licença: Não é definitiva e pode ser cassada; Tem prazo de validade; Tem condicionantes a serem cumpridos No Brasil, o licenciamento ambiental começou no final da década de 1970 no âmbito estadual. Licenciamento ambiental no Brasil Diz o Decreto Federal 99.274/1990, art. 19: O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças: I - Licença Prévia (LP), na fase preliminar do planejamento de atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo; II - Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação, de acordo com as especificações constantes do Projeto Executivo aprovado; e III - Licença de Operação (LO), autorizando, após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto nas Licenças Prévia e de Instalação.

Avaliação de Impactos Ambientais e Análise de Riscos · – Administração de recursos naturais: 1930 a 2000 ... 1979 a 2002 (zoneamentos) ... fundamentos do EIA

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Quadro legal e institucional da AIA no Brasil

■ 4 eixos na política ambiental brasileira (Monosowski, 1989):

– Administração de recursos naturais: 1930 a 2000

(águas, florestas, fauna, minas etc.);

– Controle da poluição industrial: década de 1970 (criação da SEMA e decretos sobre poluição);

– Planejamento territorial: 1979 a 2002 (zoneamentos)

– Desdobramentos da Política Nacional de Meio

Ambiente: a partir de 1981 (PNMA, Estatuto das

Cidades, PNRS, etc.)

■ Atualmente a politica ambiental brasileira está marcada por

grandes retrocessos:

– Novo Código Florestal

– Novo Código da Mineração

– Flexibilização do licenciamento ambiental

Licenciamento ambiental

■ É responsabilidade do Estado estabelecer limites aos direitos individuais em

benefício da coletividade.

■ Assim, uma licença:

– Não é definitiva e pode ser cassada;

– Tem prazo de validade;

– Tem condicionantes a serem cumpridos

■ No Brasil, o licenciamento ambiental começou no final da década de 1970 no

âmbito estadual.

Licenciamento ambiental no Brasil■ Diz o Decreto Federal 99.274/1990, art. 19: O

Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:

– I - Licença Prévia (LP), na fase preliminar do planejamento de atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo;

– II - Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação, de acordo com as especificações constantes do Projeto Executivo aprovado; e

– III - Licença de Operação (LO), autorizando, após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto nas Licenças Prévia e de Instalação.

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Licenciamento ambiental no Brasil

■ E no art. 17º. Compete ao CONAMA:

– fixar os critérios básicos, segundo os quais serão exigidos estudos de impacto ambiental para fins de licenciamento, contendo, entre outros, os seguintes itens:

■ a) diagnóstico ambiental da área;

■ b) descrição da ação proposta e suas alternativas; e

■ c) identificação, análise e previsão dos impactos significativos, positivos e negativos. julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional.

Estudos ambientais

■ De acordo com a Resolução CONAMA 237/ 1997:

– Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.

■ Para uma lista de estudos ambientais, v. Sanchez (2008), Cap. 3.2

Impacto de vizinhança

■ São os impactos locais, principalmente em áreas urbanas, como:

– sobrecarga do sistema viário;

– saturação da infraestrutura (esgoto, drenagem, redes, resíduos, etc.) e de outros serviços públicos;

– Alterações microclimáticas (insolação, sombreamento, circulação atmosférica etc.);

– Aumento da frequência e intensidade de inundações;

– Impermeabilização do uso do solo;

– Etc.

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EIV – Estudos de Impacto de Vizinhança

■ Conceito dado pelo Estatuto da Cidade (Lei Federal 10.257/2001)

■ Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privados ou públicos em área urbana que dependerão de elaboração de EIV para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público municipal.

■ Art. 37. O EIV será executado (...) incluindo a análise, no mínimo, das seguintes questões:

I. adensamento populacional;

II. equipamentos urbanos e comunitários;

III. uso e ocupação do solo;

IV. valorização imobiliária;

V. geração de tráfego e demanda por transporte público;

VI. ventilação e iluminação;

VII. paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.

■ Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação de estudo prévio de impacto ambiental (EIA), requeridas nos termos da legislação ambiental.

AIA: conceitos e características

■ O que é AIA?

– Um conjunto de procedimentos concatenados de

maneira lógica, com a finalidade de analisar a

viabilidade de projetos, planos e programas e

fundamentar uma decisão a este respeito.

■ Características da AIA:

– É um conjunto estruturado de procedimentos;

– É regido por leis e regulamentações específicas;

– É documentado;

– Envolve diversos stakeholders;

– É voltado para a análise de viabilidade ambiental

de uma proposta

Projetos, planos e programas no governo

■ PLANO: delineia as decisões de caráter geral, suas grandes linhas políticas (o que), suas estratégias (como) e diretrizes (objetivos).

– Ex: Plano Amazônia Sustentável, Plano Nacional de Combate à Fome e à Miséria, Plano de Governo

■ PROGRAMA: é um aprofundamento do Plano. Os objetivos setoriais do plano constituem os objetivos gerais do programa. O programa detalha por setor a política, diretrizes metas e medidas instrumentais.

– Ex: Programa de Desenvolvimento Sustentável da Produção Familiar Rural da Amazônia (Proambiente), PAC, Programa Fome Zero, Programa Bolsa Família,

■ PROJETO: é o documento que sistematiza e estabelece o traçado prévio da operação de uma nidade de ação. É a unidade básica do processo sistemática de tomada de decisões.

– Ex: Projeto Fome Zero, Projeto de Assentamento Florestal (PAF)

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Objetivos da AIA

Assegurar que as condições ambientais sejam explicitamente tratadas e incorporadas ao processo decisório;

Antecipar, evitar minimizar ou compensar os efeitos negativos relevantes em termos biofísicos, socioeconômicos, etc.;

Proteger a produtividade e a capacidade dos sistemas naturais assim como os processos ecológicos que mantêm suas relações;

Permitir o desenvolvimento econômico de determinadas atividades humanas que utilizam recursos naturais

Lei de Crimes Ambientais

O artigo 69-A da Lei n° 9.605/1998 (Lei de Crimes

Ambientais) estabelece que:

– “Elaborar ou apresentar, no licenciamento,

concessão florestal ou qualquer outro

procedimento administrativo, estudo, laudo ou

relatório ambiental total ou parcialmente falso

ou enganoso, inclusive por omissão:

– Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e

multa.

■ § 1o Se o crime é culposo: Pena -

detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

■ § 2o A pena é aumentada de 1/3 (um

terço) a 2/3 (dois terços), se há dano

significativo ao meio ambiente, em

decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa

Processo de AIA

1. Apresentação da proposta de empreendimento (projeto)

2. Triagem: enquadramento do projeto quanto à necessidade de estudos ambientais:

1. Aprofundamentos são necessários

2. Aprofundamentos não são necessários

3. Há duvidas sobre a necessidade ou não de aprofundamentos

3. Análise detalhada

1. Determinação do escopo do EIA

2. Elaboração do EIA

3. Análise técnica do EIA

4. Consulta pública

4. Tomada de decisão pelo poder público:

1. aprova, reprova, aprova com condições

5. Pós aprovação:

1. Monitoramento e gestão ambiental quando o projeto for aprovado

2. Acompanhamento: fiscalização, supervisão e auditoria

3. Documentação

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Etapa de triagem

■ O que é um impacto ambiental “significativo”?

– Compare: quais os impactos de uma

usina nuclear x padaria

■ Há dois principais fatores a se considerem no

dimensionamento do impacto:

– As características do projeto:

■ Pressão sobre o meio ambiente

■ Porte, supressões, emissões, dinâmica etc.

– As características ambientais:

■ vulnerabilidade

■ resiliência

Etapa de triagem

Quais

critérios?

Critérios e procedimentos de triagem

■ Classificação por TIPO DE EMPREENDIMENTO

(lista “positiva”):

– Estradas, ferrovias, portos, dutos, minas,

usinas energéticas, aterros, complexos

industriais, exploração de madeira,

projetos urbanos com mais de 100 ha ou

em locais ambientalmente sensíveis, etc.

– v. art. 2º. Res. Conama 1/86

■ Classificação por TIPO DE LOCAL (áreas

protegidas):

– Unidades de conservação, terras

indígenas, áreas costeiras, jazidas

paleontológicas, Mata Atlântica,

populações tradicionais, patrimônios

naturais e culturais etc.

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Lista “positiva”: exigem EIA/RIMA segundo a Resolução CONAMA Nº 1/1986:

■ Estradas e ferrovias;

■ Portos e aeroportos

■ Terminais de minério, petróleo e produtos químicos;

■ Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários;

■ Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;

■ Obras hidráulicas (barragens, canais, hidrelétricas, lagoas de saneamento ou irrigação),

■ Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão) e outros minérios;

■ Aterros sanitários

■ Usinas de geração de eletricidade;

■ Unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, siderúrgicos, destilarias etc.);

■ Distritos industriais;

■ Exploração econômica de madeira;

■ Projetos urbanísticos >100 ha ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental;

■ Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez toneladas/dia

OBS 1: os Estados podem ter listas mais

restritivas, ex: postos de gasolina em SP

OBS 2: financiadoras de projetos podem apresentar

requisitos próprios, ex: bancos, agências de bacias, etc

Tipo de local: Manual de normas e procedimentos do licenciamento ambiental (MMA, 2001)

■ Tipo 1: ambientes de uso antrópico intensivo

■ Tipo 2: ambientes de uso antrópico extensivo

■ Tipo 3: ambientes conservados

■ Tipo 4: tipologias especiais de ambientes

– Terrenos cársticos

– Ambientes aquáticos

– Áreas de relevante patrimônio natural e cultural

– Áreas de sensibilidade socioeconômica

– Ocorrência de populações tradicionais

Chapada Diamantina, BA

Caverna do Diabo, Vale do Ribeira, SP

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Critérios de triagem

■ Todo critério de triagem sempre possui

alguma subjetividade

■ Dispensar um projeto de EIA/RIMA não

significa nem que ele não cause impacto,

nem que controles ambientais não serão

necessários (ex: padaria)

■ Se os critérios de decisão são subjetivos,

como torna-lo menos arbitrário?

– Usar critério técnicos e políticos (no

bom sentido!)

– Por meio da consulta aos cidadãos

– Manifestação de interesse popular

– Audiências públicas

DESCRIÇÃO DA PROPOSTA:

atividade permitida seg. zoneamento ou

outras normas

- Lista negativa- Impactos negativos poucos significativo- Impactos negativos

facilmente mitigáveis

Licenciamento ambiental

convencional

- Capacidade de mitigação

desconhecida- Impactos potenciais

desconhecidos

Avaliação ambiental inicial

- Lista positiva- Impactos negativos

significativos- Ambiente sensível- Interesse público

EIA/RIMA

Avaliação ambiental inicial

■ Quando não se tem certeza sobre qual a modalidade

mais adequada de estudo ambiental para o

licenciamento (convencional ou EIA/RIMA) pode-se

realizar uma “avaliação ambiental de baixo custo a partir

de fontes secundárias” (“estudos simplificados”)

■ No Estado de SP, este estudo chama-se “Relatório

Ambiental Preliminar - RAP” (Resolução SMA 42/1994)

■ Considerando-se que a legislação ambiental é dinâmica,

é importante verificar as exigências de cada unidade da

Federação

CRÍTICAS AO RAP

1. Pode “livrar” projetos de grande impacto do EIA/RIA

2. Alonga o prazo do licenciamento

3. Podem ser caros e demorados, sem trabalho de campo e pouco detalhados

4. Dispensa a participação pública

EIA: quando são

necessários, e

suas relações

com outros

instrumentos de

gestão

ambiental

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EIA/RIMA: visão geral

■ O EIA é o documento mais importante de um processo de AIA

■ A partir dele definem-se:

– Viabilidade ambiental de um projeto

– Medidas mitigadoras e compensatórias

– Custo e prazos das estratégias adotadas

■ Há diversos estudos ambientais possíveis, como PCA, RCA, RAP, PBA, PRAD etc

– todos baseiam nos mesmo princípios e fundamentos do EIA

– Variam quando a especificidades (tipo de impacto) e aprofundamento do estudo (mais detalhado ou menos detalhado)

■ EIAs devem ter uma abordagem dirigida aos resultados, e não “exaustiva taxonomia”

O que deve conter um EIA

1. Breve descrição do empreendimento

2. Breve descrição das alternativas que

serão avaliadas

3. Localização

4. Delimitação da área de estudo

5. Caracteristicas ambientais básicas

da área

6. Principais impactos prováveis devido

ao empreendimento

7. Considerações sobre os impactos

significativos

8. Estrutura proposta para o EIA e

conteúdo de cada seção

9. Metodologia de levantamento e

análise de dados

10. Procedimentos de análise dos

impactos

11. Forma de apresentação dos

resultados (escala dos mapas, tipos

de dados etc.)

12. Compromissos de consulta pública

Como começar a fazer um EIA?

1. Identificação preliminar dos prováveis impactos ambientais

e consequências do empreendimento (formulação de

hipóteses). Compreende:

• Constituição de uma equipe interdisciplinar experiente

• Inspeções de campo

• Levantamento biblio/cartográfico inicial

2. Identificação das alternativas do empreendimento:

• Local

• Tecnologias

3. Classificação e/ou hierarquização dos impactos listados

(dos mais importantes aos menos importantes)

4. Elaboração do plano de estudos dos condicionantes

ambientais (condições: “autoriza-se desde que...”)

Reconhecimento ambiental:• Mapas topográficos oficiais

1:100k a 1:10k

• Fotos aéreas e imagens de

satélite ou drone

• Plantas do projeto (obra)

• Memoriais descritivos do

projeto

• Estudos ambientais

anteriores e bibliografia

(fontes confiáveis)

• Bases de dados

socioeconômicas (IBGE)

• Conversas com moradores

locais e suas lideranças

• Conversas com prefeitos e

funcionários municipais

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Passo-a-passo das principais etapas no planejamento e execução de um EIA

Etapa de Planejamento

•1. Atividades preparatórias

•1.1.Caracterização das alternativas do empreendimento

•1.2.Reconhecimento ambiental inicial (visita de campo)

•2. Identificação preliminar de impactos

•3. Determinação do escopo

•4. PLANO DE TRABALHO

Etapa de Execução

•5. Estudos de base

•6. Identificação dos impactos

•7. Previsão dos impactos ambientais

•8. Avaliação dos impactos ambientais

•9. Plano de gestão ambiental

•10. Conclusão do EIA/RIMA

1. Atividades preparatórias

■ 1.1.Caracterização das alternativas de empreendimento e

■ 1.2 Visitas iniciais a campo

■ Atividades típicas desta etapa:

– Levantamento e/ou aquisição de mapas, imagens e fotos da área

– Levantamento preliminar de dados socioambientais

– Levantamento preliminar de estudos sobre a região

– Compilação de dados do projeto: plantas, memoriais descritivos, etc.

– Entrevistas com principais stakeholders

– Visitas e entrevistas em empreendimentos similares

– Visita de campo

– Levantamento da legislação aplicável

– Identificação da equipe necessária

– Orçamento dos serviços

2. Identificação preliminar de impactos

1. Listar os impactos prováveis, ainda sem

classificá-los

2. Descartar impactos irrelevantes

3. Identificar impactos a partir de:

• Analogia de casos semelhantes

• Pesquisa bibliográfica

• Experiência da equipe

• Generalização indutiva

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3. Determinação do escopo

■ Empreendimentos similares em ambiente diferentes terão impactos distintos:

– São afetados por questões sociais e cientificas

■ Também é impossível conhecer ou estudar TODOS os impactos

■ Selecionar as questões prioritárias para serem aprofundadas no estudo

– Ex: num projeto de linha de transmissão, questões de uso e ocupação são mais importantes que a poluição atmosférica

■ Importância da elaboração de bons Termos de Referência ou Planos de Trabalho

4. Elaboração do Plano de Trabalho

■ Plano de trabalho também é conhecido como “Termo de Referência”

■ É elaboração pela instituição (pública ou privada) responsável pela elaboração do

EIA/RIMA

5. Estudos de base

■ Importantes para fornecer as

informações necessárias para o EIA sobre:

– Previsão de impactos

– Avaliação de sua importância

– Elaboração de planos de gestão

ambiental

■ É a atividade mais cara e demorada

de um EIA ➔ importância do planejamento

Identificação da área de coleta

Definição das coletas necessárias

Seleção de métodos e técnicas de coletas

Previsão de análises laboratoriais e de gabinete

Modelo analítico de dados

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6. Identificação e previsão dos impactos

■ Avalia a magnitude e/ou intensidade

dos impactos

■ Multi/ inter/ transdisciplinar

■ Abordagem quali e quantitativa por

meio de indicadores

■ Identificação de impactos ≠ previsão de

impactos (≠ avaliação de impactos)

– Identificar: enumerar, listar

– Prever: modelagem e outros

métodos científicos não positivistas

7. Previsão dos impactos■ A previsão dos impactos demanda um entendimento

detalhado dos processos ecológicos e das interações sociais que a simples identificação.

■ A previsão está diretamente associada à qualidade dos estudos de base.

■ Utiliza-se de métodos e técnicas como:

– Modelagem matemática e estatísticas

– Matrizes de correlação variáveis x impactos

– Simulação computacional e geoprocessamento (ex: plumas, inundações etc.)

■ Nem todos os processos ecológicos e principalmente sociais podem ser “modelados”

– Tal fato é inerente à AIA

– Importância de se utilizar também métodos qualitativos.

8. Avaliação dos impactos

■ Avalia a importância e/ou significância dos impactos

■ A avaliação é mais subjetiva que a identificação

■ Importância das consultas públicas

■ Ex: como avaliar as seguintes previsões de impacto?

(I) “Devido aos despejos de efluentes, mesmo após tratamento, a concentração de Zinco nas águas do córrego receptor deverá atingir 10mg/l nas piores condições de diluição, ou seja, com vazão mínima num período consecutivos de 7 dias e período de retorno de 10 anos (Q7,10)”

(II) “Como o empreendimento implicará a drenagem completa da área úmida conhecida localmente como Brejo do Matão , a espécie Brejus brasiliensis, recentemente descrita e considerada endêmica da região, correrá serio risco de desaparecer ”

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9. Plano de Gestão Ambiental

■ A Resolução CONAMA01/86 determina que um EIA deve incluir:

– Medidas mitigadoras dos impactos negativos

■ Na prática, diversas ações podem ser exigíveis:

– Outras medidas alternativas para melhoria ambiental

– Planos, programas e projetos: plano de gestão ambiental

– OBS: se exigida, torna-se um condicionante com o qual o empreendedor deve se comprometer

■ Plano de Gestão Ambiental é:

– Conjunto de medidas necessárias em qualquer fase do período de vida do empreendimento para evitar, atenuar ou compensar os impactos adversos e realçar ou acentuar os impactos benéficos

– OBS: quem fiscaliza é o órgão ambiental

9. Plano de Gestão Ambiental

■ É possível que nem todos os impactos sejam identificados

na ocasião da Licença Prévia. Neste caso, podem ser

exigidos outros estudos para emissão das Licenças de

Instalação ou de Operação

■ O PGA é o elo de ligação entre os estudos prévios e os

estudos posteriores ao licenciamento

■ Os estudos mais comuns no Plano de Gestão Ambiental

são:

1. Relatórios de Detalhamento de Projetos Ambientais

2. Plano de Monitoramento e Acompanhamento

Ambiental: acompanhamento dos estudos de base:

■ Verificar impactos reais do projeto;

■ Compará-los com as previsões;

■ Alertar sobre intervenções necessárias

■ Formular recomendações para futuros EIAs

similares ou no mesmo bioma

Custos do estudo e do processo de AIA

■ Todos os custos dos estudos ambientais devem ser pagos pelo empreendedor.

■ As principais despesas incluem:

– Elaboração do EIA (no máximo 1% do valor da obra)

– Consultas públicas (geralmente 0,0025% da obra)

– Despesas com estudos e atividades de Gestão Ambiental (até 1,5% da obra)

– Taxas pagas aos órgãos ambientais para avaliarem o projeto (geralmente inferior a 1% do valor do EIA)

– Custos de mitigação e compensação (custo variável)

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Identificação de Impactos

■ A identificação de impactos é mais que uma lista de possíveis

– Permite que a equipe multidisciplinar organize de modo racional e compartilhado o entendimento das relações ecológicas que serão afetadas pelo empreendimento e quais as possibilidade de alteração no projeto

■ Ponto de partida:

– Conhecimento das características técnicas do projeto, suas atividades, operações e alternativas

– Conhecimento das características socioambientais das áreas afetadas e das interrelações dos processos que nelas ocorrem

Identificação das causas antropogênicas

■ Impactos ambientais decorrem da ação humana

■ O EIA serve para evitar, reduzir ou compensar impactos

■ Importância de se reconhecer a diferença entre CAUSAS e CONSEQUÊNCIAS dos impactos

■ Listar as atividades é útil, mas não suficiente: considerar impactos

cumulativos ou sinérgicos. Ex.:

– a desativação de um empreendimento provoca impactos sociais como desemprego e queda na arrecadação tributária.

– Neste caso o EIA deve prever tais impactos e propor medidas

■ Ponto de partida: identificação detalhada das atividades associadas ao projetos em cada fase:

– Planejamento: produz impactos socioeconômicos, além de

ambientais

– Implantação: conhecer os métodos construtivos

– Operação: conhecer os processos industriais

– Desativação: conhecer os passivos ambientais e sociais

Principais atividades componentes de um empreendimento de mineração

■ Fase de pesquisa e planejamento

– contratação de pessoal temporário

– serviços topográficos

– abertura de vias de acesso

– instalação de acampamentos

– mapeamento geológico

– prospecção geofisica e geoquímica

– perfuração e coleta de

testemunhos

– retirada de material para ensaios

– realização de ensaios de

laboratório ou em escala-piloto

– elaboração de projeto de

engenharia

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Principais atividades componentes de um empreendimento de mineração

■ Fase de implantação

– aquisição de terras

– contratação de serviços de terceiros

– encomenda de máquinas e equipamentos

– construção ou serviços de melhoria das vias de acesso

– implantação de canteiro de obras

– contratação de mão-de-obra para a construção

– remoção da vegetação

– decapeamento e terraplenagem

– estocagem de solo vegetal

– perfuração de poços e galerias de acesso para minas subterrâneas

– preparação dos locais de disposição de estéreis e de rejeitos

– instalação de linha de transmissão de energia elétrica ou instalação de grupo gerador

– implantação de sistema de captação e armazenamento de água

– construção e montagem das instalações de manuseio e beneficiamento

– construção e montagem das instalações de apoio

– disposição de resíduos sólidos

– implantação de viveiro de mudas

– recrutamento de mão-de-obra para a fase de operação

Principais atividades componentes de um empreendimento de mineração

■ Fase de operação

– remoção de vegetação

– decapeamento da jazida

– abertura de vias subterrâneas

– drenagem da mina e áreas operacionais

– perfuração e desmonte de rocha

– carregamento e transporte de minério e estéril

– disposição de estéreis

– disposição temporária de solo vegetal

– revegetação e demais atividades de recuperação de áreas degradadas

– estocagem de minério

– britagem e classificação

– beneficiamento

– secagem dos produtos

– processamento metalúrgico ou químico

– disposição de rejeitos

– estocagem dos produtos

– expedição

– transporte

– estocagem de insumos

– disposição de resíduos sólidos

– manutenção

– aquisição de bens e serviços

Principais atividades componentes de um empreendimento de mineração

■ Fase de desativação

– retaludamento e implantação de

sistema de drenagem

– preenchimento de escavações

– fechamento do acesso a aberturas

subterrâneas e sinalização

– revegetação e recuperação de

áreas degradadas

– desmontagem das instalações

elétricas e mecânicas

– remoção de insumos e resíduos

– demolição de edifícios

– dispensa da mão-de-obra

– supervisão e monitoramento pós-

operacional

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Descrição das consequências: aspectos e impactos ambientais

■ Enunciados dos impactos devem ser curtos, claros, autoexplicativos e descrever o

sentido das alterações:

– perda de ...., destruição de ....., redução de ...., aumento de ......, risco de..... etc.

- Perda e alteração de habitats devido ao enchimento do reservatório

- Morte de animais por afogamento

- Proliferação de vetores

- Destruição de elementos do patrimônio arqueológico

- Desaparecimento de locais de encontro da comunidade

- Perda de terras agrícolas

- Aumento da arrecadação tributária

- Aumento da demanda por bens e serviços

- Impactos sobre a fauna

- Impactos sobre o solo

- Barramento do rio

- etc.

Descrição das consequências: aspectos e impactos ambientais

■ Maior detalhamento pode ser feito em etapas posteriores

– LEMBRE-SE: identificação ➔ previsão ➔ avaliação ➔ gestão

■ Na análise de impactos a identificação preliminar é revista

– acréscimo ou descarte de itens

■ A identificação de impactos se faz por aproximação

– diferentes níveis de detalhamento

■ Analisar também impactos cumulativos (Resol. Conama 01/86, art. 6º., II). Ex:

– Esgoto de UMA casa x esgoto de um condomínio

■ Principais técnicas de identificação e análise:

– Listas de verificação (check lists)

– Redes de interação (diagramas de rede)

– Análise matricial

Listas de verificação

■ VANTAGENS:

– Técnica prática, rápida e fácil

– Vários modelos disponíveis (v. Modelo do Banco

Mundial)

■ DESVANTAGENS:

– Listas genéricas podem ter centenas de itens

– Separam aspectos de impactos

– Técnica em desuso por ser considerada

ultrapassada e insuficiente

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Análise matricial

■ Geralmente derivam do cruzamento de duas listas: aspectos e impactos

■ Na intersecção são anotados números (0 – 10) indicando a magnitude (esq.) e a importância do impacto (dir.).

– Fácil visualização e comunicação (RIMA)

– Abordagem reducionista

■ Modelo mais utilizado: Matriz de Leopold

■ Ainda são muito utilizadas, mas tendem a ser substituídas por:

– outros tipos de matrizes (v. a seguir)

– modelos computacionais mais sofisticados

Diagramas de rede

■ VANTAGENS:

– Indicam as relações de causa e efeito

– Permitem classificar em impactos

diretos e indiretos

– Permitem ver os impactos cumulativo

em cascata

■ DESVANTAGENS:

– Podem gerar diagramas muito

complexos e difíceis de analisar

– Podem ser insuficiente para

representar cadeias complexas de

impactos