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CONTESTAÇÃO - REVISIONAL DE · PDF fileCONTESTAÇÃO - REVISIONAL DE ALIMENTOS ... timações e avisos, vêm, à presença de V. Exa., nos autos de ação revisional de alimentos

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JOÃO ROBERTO PARIZATTO PRÁTICA FORENSE

CONTESTAÇÃO - REVISIONAL DE ALIMENTOS

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Comarca de ....................................................

Proc. n.º ..........

“Se a tarefa é árdua fazei dela um ideal”.(GETULIO VARGAS)

(nome, qualificação e endereço), por si e assistindo (ou representando) por sua mãe ......, por seu advogado infra-assinado (doc. anexo), com escritório situado nesta cidade, à rua ......, onde recebe in-timações e avisos, vêm, à presença de V. Exa., nos autos de ação revisional de alimentos que lhe move ...., oferecer sua CONTESTAÇÃO, aduzindo o seguinte:

1. O autor propôs a presente ação revisional de alimentos contra sua ex-esposa e contra seus filhos menores, sustentando não ter condições financeiras de arcar com o pagamento das pensões alimentícias acordadas em sede de separação consensual, porquanto exerce a função de ..., não tendo renda fixa, o que estaria fazendo com que o mesmo sofresse dificuldade financeira para honrar o encargo assumido.

2. Afirma o autor que no mês de ....... do ano de ........ teria auferido rendimento na ordem de ....... e teria pago a título de pensão a quantia de ........

3. Sustenta-se, ainda, de forma absurda que a pensão que vem sendo paga aos contestantes é eleva-díssima.

4. Tais lamúrias do autor a primeira vista chegam a impressionar aquele que desconhece a verdade dos fatos, mas não impressiona quem sabe do intuito inverídico das argumentações despendidas na inicial, porquanto o autor, esquecendo-se dos ensinamentos de Edouard Couture, para quem: “Toda luta judiciária deve amparar-se sob a égide dos princípios éticos do dever da verdade”, procura dar uma roupagem diferente de sua vida, para lamentavelmente fraudar os direitos de alimentos de seus próprios filhos menores.

5. É lamentável e deplorável e é desumano que o autor tendo a situação que tem e que será demonstrado suficientemente dentro destes autos, chegue ao ridículo de fazer afirmações que não condizem com a realidade, procurando com isso fazer com que seus próprios filhos passem por maiores dificuldades financeiras.

6. Com todas as vênias possíveis, o que dito na inicial, não corresponde a verdade.

7. Em data de ... a contestante e o autor separaram-se consensualmente perante este MM. Juízo, ficando

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estabelecida pensão alimentícia à razão de ...... para cada filho menor e mais ....... para a ex-mulher, perfazendo-se um total de .............

8. Sustenta o autor que a sua ex-esposa atualmente se encontra empregada, o que lhe proporcionaria meios de subsistência própria, bem como auxílio aos filhos. Ora, porque será que a contestante está trabalhando? Evidentemente que para cumprir seu dever de mãe amantíssima, procurando com seu pequeno salário mensal propiciar a seus queridos filhos uma vida um pouco melhor, dando tudo de si para suprir as necessidades de tais crianças, porquanto o autor tudo tem feito para fraudar não um direito dos filhos a alimentos, mas a um dever seu de alimentá-los.

9. Os alimentos devidos pelo autor foram ajustados no ano de ...... Naquela época os filhos tinham menor idade, o que fazia com que recursos de menor monta pudessem satisfazer suas necessidades. Nos dias atuais, tais filhos fazem com que maiores recursos sejam necessários para suas mantenças, porquanto sem se falar no elevado custo de vida, tais menores se encontram em plena idade escolar, necessitando de maiores cuidados, uma alimentação mais reforçada, além de despesas gerais e diárias de crianças na idade em que se encontram.

10. Pretender, mercê da presente ação, reduzir uma já insuficiente pensão alimentícia, seria o mesmo que tirar o alimento da boca dos menores, dificultando mais ainda a sobrevivência dos requeridos. O que é mais grave, é que as lamúrias do autor não são verdadeiras. Caberia a esse procurar ajudar mais seus filhos e não procurar impedimentos para não ajudá-los.

11. O autor trabalha como ......... na firma ........, e aufere rendimentos mínimos de ..., posto que o mesmo exerce suas atividades desde ....... cuidando-se de profissional conhecido e conceituado, com rotativi-dade de seus serviços.

12. O fato de a contestante estar trabalhando na firma ..... situada nesta cidade, e percebendo a título de salário a quantia de ...... por mês, conforme documento incluso, demonstra tão-somente seu interesse em contribuir para a mantença dos filhos menores, não influindo de qualquer forma para a redução ou exoneração da pensão alimentícia devida pelo autor.

13. É ressabido, aliás, conforme entendimento doutrinário e juris-prudencial, que o fato de a mulher exercer profissão lucrativa, não influi no que se refere à pensão alimentícia devida pelo marido a si e a seus filhos menores, desde que tais rendimentos não sejam suficientes para a mantença do lar e dos filhos. Ora, não é crível que a contestante percebendo ...... por mês, seja obrigada a manter a casa e três filhos menores, fazendo com que o autor fique desobrigado a tanto.

YUSSEF SAID CAHALI, dos Alimentos, Ed. RT, p. 475, sustenta que: “Mesmo o exercício de atividade compatível com as condições do alimentando, não lhe retira o direito de reclamar comple-mentação do necessário para manter-se”.

14. Desse modo,“embora a esposa desquitada tenha profissão lucrativa, pelo exercício de dois empregos, é devida a pensão alimentícia pelo marido se eles são atendidos com sacrifício a fim de que os ganhos façam frente às necessidades de manutenção própria e dos filhos”. (RF 203/163). “Deve o marido con-correr com percentual complementar, a fim de contribuir para a mantença da mulher que trabalha”. (Ac. 6.ª Câm. Civ. do TJRJ, na Ap. Cív. 10.312, j. 12-02-80).

A 6.ª Câm. Civ. do TJSP, na Ap. Cív. 68.949-1, j. 20-03-86, decidiu que:

Não se considera modificação das condições estabelecidas em separação judicial, para efei-

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tos de exoneração da obrigação de alimentar, o fato de o alimentando passar a exercer alguma profissão, de acordo com sua formação e condições intelectuais, fato já previsível quando da fixação dos alimentos, não se verificando, pois, qualquer ocorrência de aconteci-mento extraordinário de modo a justificar a alteração. (RT 610/72).

15. O fato, portanto, de a contestante trabalhar e receber ...... por mês, não influencia em nada a obrigação do autor. Aliás, o TJRS, na Ap. Cív. 24.353, j. 01-07-75, decidiu que: “O dever alimentar do pai não está na dependência da necessidade da mãe em relação aos filhos que estão sob sua guarda”. (JB 31/221).

16. Segundo o art. 1.694 do Código Civil, os alimentos devem ser fixados na proporção das necessi-dades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.

YUSSEF SAID CAHALI, ob. cit., p. 591, escreveu que: “para que seja acolhido o pedido de revisão, deve ser provada a modificação das condições econômicas dos interessados”. E arremata o festejado Desembargador do TJSP: “pedida pelo devedor a redução da pensão, compete-lhe provar a redução das necessidades do credor, ou o depauperamento de suas condições econômicas”.

17. Portanto, e a teor do que dispõe o art. 333, I, do CPC, o ônus da prova é todo do autor. As hipóteses elencadas no art. 1.699 do Código Civil, constituem-se de hipóteses alternativas e não concomitantes, havendo assim necessidade de prova de qualquer destas circunstâncias para sucesso da ação revisional.

18. O autor jamais logrará provar o que vem dito em sua inicial, porquanto ao contrário se demonstrará que o mesmo continua trabalhando no mesmo local da época da separação, não tendo havido qualquer alteração em seus rendimentos para justificar uma redução da pensão devida aos requeridos. Vários negócios comerciais efetuados pelo autor e que se demonstrará na instrução, fará com que caia uma vez por terra as lamúrias do autor, para se demonstrar, isto sim, que o mesmo possui recursos amplamente suficientes para continuar a pensionar os requeridos na forma ajustada.

19. Aliás, é de se lembrar que o fato de o autor ter constituído nova família, tendo outra mulher, não o exime em momento algum sobre a dívida alimentar devida aos requeridos.

A 6.ª Câm. Civ. do TJRJ, na Ap. Cív. 11.415, j. 20-05-80, decidiu que:

A nenhum chefe de família é lícito constituir nova família ou passar a viver com outra mu-lher em prejuízo de sua família legítima. Quem o faz tem meios de fazê-lo, não podendo assim dizer-se em aperturas.

20. No caso dos autos pretende o autor reduzir a pensão dos contestantes para .......... por mês. Torna-se inadmissível tal pretensão, totalmente insuficiente à mantença dos menores.

21. Sabe-se que os alimentos se concedem não ad utilitatem ou ad voluptatem, mas ad necessitatem, no dizer de Washington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil, Ed. Saraiva, 1978, p. 293. Logo, os requeridos necessitam de receber alimentos numa justa proporção para poderem se manter. O salário da contestante, mãe dos menores, também vem sendo utilizado para tal mantença, mas de forma tam-bém insuficiente, porquanto e conforme se verifica dos inclusos documentos, tem a mesma despendido importâncias mensais a título de despesas em farmácia, reduzindo ainda mais sua apertada situação financeira.

22. Não tendo havido mudança na situação do alimentante e dos alimentandos, que pudessem justifi-

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car redução dos parcos alimentos acordados, a ação haverá de ser julgada totalmente improcedente, condenando-se o autor nos efeitos sucumbenciais.

Protesta-se por provar o alegado por todos os meios de provas admitidas pelo direito.

Pede deferimento.

(local e data)

(assinatura e n.º da OAB do advogado)