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1 ADVOCACIA & CONSULTORIA José Wellington Coutinho Campelo – OAB/CE 6.441 Francisco Osmidio Brigido Bezerra de Lima – OAB/CE 5.091 EXMO(A) SR(A) DR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA.......VARA CÍVEL DE FORTALEZA (CE). NESTA PEÇA NÃO SE DISCUTE A QUESTÃO DA LIMITAÇÃO DOS JUROS EM 12% AO ANO (Emenda 40) SABEMOS QUE O DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL FOI REVOGADO. JOSE LEVY DE PAULA MORAES, brasileiro, solteiro, estudante, inscrito no CPF com o nº 625.284.753-49 e RG nº 97002324086 SSP- CE, residente e domiciliado na Rua: Teodomiro de Castro, nº 6588 Bairro: Álvaro Wayne, Fortaleza- CE, CEP: 60.336-010, através de seus procuradores signatários, com endereço constante no rodapé desta, à presença de V. Exa., propor AÇÃO DE NULIDADE DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS ABUSIVAS COM Avenida da Universidade, 2365 – Benfica – Fortaleza (CE) – CEP: 60.020-180 Fone: 85-3032-7672 e 3023-7975

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ADVOCACIA & CONSULTORIAJosé Wellington Coutinho Campelo – OAB/CE 6.441

Francisco Osmidio Brigido Bezerra de Lima – OAB/CE 5.091

EXMO(A) SR(A) DR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA.......VARA CÍVEL DE FORTALEZA (CE).

NESTA PEÇA NÃO SE DISCUTE A QUESTÃO DA LIMITAÇÃO DOS JUROS EM 12% AO ANO (Emenda 40) SABEMOS QUE O DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL FOI REVOGADO.

JOSE LEVY DE PAULA MORAES, brasileiro, solteiro, estudante, inscrito no CPF com o nº 625.284.753-49 e RG nº 97002324086 SSP-CE, residente e domiciliado na Rua: Teodomiro de Castro, nº 6588 Bairro: Álvaro Wayne, Fortaleza-CE, CEP: 60.336-010, através de seus procuradores signatários, com endereço constante no rodapé desta, à presença de V. Exa., propor AÇÃO DE NULIDADE DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS ABUSIVAS COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA “ INAUDITA ALTERA PARS”, com pedidos sucessivos (declaratórios, constitutivos/ desconstitutivos e condenatórios) pelo rito ordinário, com pedido de tutela antecipada, em desfavor do BANCO BRADESCO FINANCIAMENTO S.A. – pessoa jurídica de direito privado, com sede principal na Cidade de Osasco/SP, Nuc Cidade de

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Deus, 4º andar – Pred Prata – Vila Yara, CEP: 06.029-900, inscrito no CNPJ 07.207.996/0001-50, pelos motivos que passamos a aduzir:

DA JUSTIÇA GRATUITA

A Constituição Federal, em seu art. 5.º, inciso LXXIV, determina que “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”. A Carta Magna veda, assim, que o acesso do cidadão à justiça seja cerceado por motivo de não suficiência de recursos. Em nosso ordenamento, o diploma legal que regula a assistência jurídica aos necessitados é a Lei n.º 1.060, de 5 de fevereiro de 1950 – Lei da Justiça Gratuita. Nas formas do seu art. 2.º, parágrafo único, “considera-se necessitado, para os fins legais, todo aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar à custa do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família”. E o art. 4.º do mesmo diploma legal determina que, para gozar dos benefícios da justiça gratuita, basta simples afirmação, na própria inicial, de que não está em condições de arcar com a custa judicial sem que isso prejudique o sustento de sua família, presumindo-se júris tantum a veracidade de tal declaração.

Como se observará no decorrer dessa vestibular, a situação financeira do requerente – imerso em dívidas sufocantes oriundas de contratos abusivas – expressas notoriamente não poder o mesmo arcar com as custas processuais e os honorários advocatícios sem que seu sustento e de sua família fique prejudicado. É exatamente essa afirmação que o autor faz na presente, declarando-se necessitado na forma da Lei 1.060/50 e pleiteando, assim, a justiça gratuita.

O suplicante, estudante, em razão de fato por cujas consequências a instituição ré é responsável, e, não tendo como arcar com as custas e despesas relativas ao processo sem o comprometimento do seu sustento e

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família. Requer, pois, lhe seja concedido, o benefício da assistência judiciária gratuita, para cujo exercício, como lhe faculta o art. 2° da Lei 1060 de 05/02/1950, indica o advogado Dr. José Wellington Coutinho Campelo, inscrito na OAB/CE sob o n. 6.441, o qual assinando a presente, declara aceitar o "munus" em apreço.

De standard, Predita súplica é assaz plausível, senão vejamos:

Ementa: CIVIL E PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE JUDICIÁRIA. - Para a obtenção do benefício da gratuidade judiciária, é necessário apenas, em princípio, que a parte declare nos autos que não está em condições de arcar com as custas processuais, sendo dispensada a comprovação do estado de pobreza até prova em contrário. – Havendo prova de que a parte não dispõe de meios para fazer face às despesas do processo sem prejuízo próprio ou de sua família, impõe se a concessão do benefício da Justiça gratuita. - Agravo conhecido e provido (AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO 2003.0004.5630-1/0 , 2ª CÂMARA CÍVEL, Relator(a).: Des. ADEMAR MENDES BEZERRA, DJ EM 06-10-2009) gn

FATOS JURIDICAMENTE RELEVANTES

A instituição ré firmou com o autor Contrato de Financiamento Direto ao Consumidor, para aquisição de um veículo automotor, Marca VW/GOL 1.0, PLACA NUQ-9779-CE, ANO 2011/2011, COR CINZA, CHASSI 9BWAA05U0BT222946, RENAVAM 283022817, da importância de R$ 34.900,00 em 60 prestações de R$ 937,97 perfazendo o total absurdo de R$ 56.278,20

Ocorre Excelência que, referida avença, ressumbra eivada de cláusulas abusivas, desde a taxa anual de juros cobrada, assim como a forma de cálculo capitalizada, consoante se vê da Planilha Financeira em anexo, atestando cobrança de juros anuais discrepante do pactuado ao mês, ou seja, ao invés de se aplicar a taxa anual de 22,08% (juros simples) vem o Banco de aplicar a taxa anual de 24,45% (juros sobre

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juros/anatocismo), causando ponderáveis prejuízos, aumentando consideravelmente o seu saldo devedor.

Vejamos como abordou tema idêntico o sábio desembargador FERNANDO LUIZ XIMENES ROCHA, nos autos da apelação n. 97985-80.2007.8.06.0001/1:

“Sucede que os fólios não comprovam a existência de cláusula específica prevendo a cobrança do encargo financeiro em tela (fls. 50- 50v), muito embora esta se verifique na prática, porquanto à taxa de juros mensais de 2,06% não corresponde a taxa anual de 24,72% (resultado da multiplicação da taxa mensal por 12 meses), mas sim percentual superior, equivalente a 27,72% ao ano (fl. 20).”gn

Outra, a cumulação da comissão de permanência com correção monetária, juros remuneratórios e de mora, multa, honorários e demais encargos moratórios previstos no contrato (cláusula 7) são abusivos e ilegais, vedados pelo ordenamento jurídico pátrio.

Todavia, a interpretação do aludido Contrato deve ser feita à luz do Direito moderno, encontrando-se a solução no atual Código de Defesa do Consumidor, que assim dispõe:

"Capítulo VI - Da proteção contratual SEÇÃO II - Das cláusulas abusivas 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vontade que:

I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;

II - restringe direito ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;

III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo

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do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.

“2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.” (sublinhei) De igual forma, já preceitua o Novo Código Civil Pátrio em seu art. 122, in verbis:

"São lícitas, em geral, todas as condições, não contrárias a lei, a ordem publica ou aos bons costumes. Entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo o efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao arbítrio de uma das partes."

Apontadas às normas legais que servirão de fundamento para a anulação de cláusulas consideradas abusivas, desnecessária se torna a análise dos contratos firmados serem de adesão, uma vez que para invocar a proteção contratual que a lei outorga basta a ocorrência de "ônus excessivo a qualquer das partes", não havendo no Código de Defesa do Consumidor exigência quanto ao tipo de contrato celebrado.

Insurgimos em relação aos seguintes aspectos contratuais: cobrança abusiva e capitalização de juros; cobrança abusiva de multa contratual; utilização de expressões com falta de clareza nos contratos ferindo o disposto no art. 46 do CDC.

Aderiram em tais contratos, taxas de juros capitalizados a cada período de trinta dias, além de acrescidos em caso de mora, de juros moratórios de 1% a.m. e da famigerada comissão de permanência "a taxa do mercado do dia do pagamento”. (em aberto) Não previu o contrato qualquer índice de cobrança de encargos, para o caso de inadimplemento, deixando em aberto e de FORMA UNILATERAL o percentual a ser cobrado.

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Típico, portanto, o contrato como sendo de adesão, sujeito, assim às regras básicas do CDC, bem como a moderna doutrina da relatividade dos contratos, que afasta a dureza do princípio do pacta sunt servanda, dando lugar a formação da teoria da boa-fé objetiva e da preservação da comutatividade dos laços contratuais.

Diante de tais arbitrariedades, alarmou-se ao analisar a evolução do respectivo financiamento, defrontando-se com os seguintes aspectos, assim escalonados:

a) capitalização com periodicidade mensal de juros;

b) correção monetária cumulada com comissão de permanência;

c) juros moratórios e remuneratórios sem previsão contratual

Tais ilegalidades são consequências exclusivas da conduta pérfida e abusiva do requerido, conforme se constata.

Todavia, infrutíferas foram as tentativas para que se efetuasse a revisão dos valores, bem como o modo pelo qual é cobrado a Correção Monetária cumulada com Comissão de Permanência, sendo que tal revisão deveria ser feita desde o início do financiamento.

Das tentativas de acordo extrajudiciais o requerente conseguiu obter apenas respostas dúbias e evasivas da parte adversa, em nada surtindo efeito, acarretando ao mesmo uma verdadeira penalidade, visto que, atualmente, encontra-se impossibilitada de saldar a dívida caracterizando-se como inadimplente; razão única, que o levou a atrasar o pagamento do encargo mensal, cujos valores vinham desembolsando ilimitadamente.

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Efetuado Recalculo (de acordo com planilha elaborada) constatou o autor da presente que, os valores devidos, se revisados consoante os parâmetros legais, que proíbem a ABUSIVIDADE DE CERTAS CLAUSULAS CONTRATUAIS, perfazem a quantia de R$ 20.051,45 (Vinte mil, cinquenta e um reais e quarenta e cinco centavos) em vez de R$ 35.642,86 (Trinta e cinco mil, seiscentos e quarenta e dois reais e oitenta e seis centavos) como pretendido pelo Banco Requerido.

Logo, nada mais resta ao postulante, senão bater às portas do Poder Judiciário, para consignar em pagamento as prestações obrigacionais (consignatório, pelo rito especial, conexa), de forma revisionada, consoante os critérios apresentados nos autos desta Ação Revisional, respaldada em parâmetros legais, objetivando a continuidade do pagamento do débito e consequentemente decreto de extinção da mora.

Requer a Manutenção de Posse, pois, se os veículos não forem mantido na posse e junto ao patrimônio laborativo do autor imediatamente, a atividade desenvolvida, bem como a sua função social, estarão seriamente comprometidas, podendo até mesmo manifestar-se um estado de insolvência!, à vista disso, invoca-se a tutela jurisdicional, face ao perigo iminente de lesão ao seu patrimônio, que se não suprido "in oportune tempore", tornar-se-á ineficaz a prestação jurisdicional, ferindo, desse modo, o princípio da boa-fé, somando-se à mácula da nulidade absoluta do contrato.

DOS PRECEITOS LEGAIS AUTORIZADORES DA REVISÃO JUDICIAL DO CONTRATO ORA EM EXAME .

Preceitua o Código Civil em seu artigo 421 que;

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“ A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”

Como Função Social é clausula geral, o juiz poderá preencher os claros do que significa “função social’, com valores jurídicos, sociais, econômicos e morais”. A solução será dada diante do que se apresentar, no caso concreto, ao juiz.

Neste contrato em espécie, manifesta-se uma unilateralidade no estabelecimento dos percentuais de encargos de mora, pois não existe previsão no bojo destes limites nem valores especificados, não é desarrazoada a pretensão de ver incidir a norma do art. 122 do Código Civil.

Na hipótese vertente há plena incidência da regra estatuída no art. 122 do Código Civil brasileiro:

"São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem publica ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negocio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes".

Logo, por tratar-se de ato ilícito, existem cláusulas contratuais nulas de pleno direito e, outras, anuláveis.

Do cotejo das quaestio facti com as alegações jurídicas ora expendidas é que irá transparecer a ilegalidade, objeto de irresignação do postulante.

DA LESÃO AO CONTRATO DE CUNHO ADESIVO

Os dois grandes princípios embasadores do CDC são os do equilíbrio entre as partes

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(não igualdade) e o da boa-fé. Para a manutenção do equilíbrio temos dispositivos que vedam a existência de cláusulas abusivas, por exemplo, o art. 51, IV, que veda a criação de obrigações que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada. A definição de vantagem exagerada esta inserta no § 1º do artigo supramencionado.

Esta excessiva onerosidade, tratada no inc. III, diz respeito a uma verdadeira desproporção momentânea à formação do contrato, como ocorre na clássica figura da lesão, especialmente porque mencionado, no texto do CDC, a consideração às circunstâncias peculiares ao caso (2). Dentro deste parâmetro, a lesão é uma espécie da qual o gênero são as cláusulas abusivas. Espécie tão complexa que individualmente é capaz de ensejar a revisão dos contratos.

A cláusula abusiva é considerada nula, justamente por isto é que não podemos falar em sua sanação, característica da anulabilidade, devendo ser do contrato retirada. Aplica-se nesta situação o brocardo utile per inutile non vitiatur, o qual permite que se mantenha sadio o contrato em tudo aquilo que restar.

A abusividade de uma cláusula pode ser decretada pelo juiz ex officio, pois se trata de interesse de ordem pública, não sendo suscetível de prescrição.

A disposição do art. 51 do CDC não deixa dúvidas quando à cominação de nulidade (de pleno direito), às cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: (...) IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; (...).Na mesma linha segue o escólio do sempre preciso PONTES DE MIRANDA: "No sistema jurídico do CPC/73, tal como antes, há distinção que está à base da teoria das nulidades: nulidades cominadas, isto é nulidades derivadas da

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incidência de regra jurídica em que se disse, explicitamente, que, ocorrendo a infração da regra jurídica processual, a sanção seria a nulidade (...) Nulidade cominada, pois, vem a ser aquela decorrente de infração à regra, onde, expressamente foi prevista como consequência.

A abusividade de uma cláusula é detectada pela análise do conteúdo contratual, à luz da boa-fé, sob o ponto de vista objetivo. Vale transcrever os ensinamentos de CLÁUDIA LIMA MARQUES: "Na visão tradicional, a força obrigatória do contrato teria seu fundamento na vontade das partes... A nova concepção de contrato destaca, ao contrário, o papel da lei... Aos juízes é agora permitido um controle do conteúdo do contrato”. (...) Assim também a vontade das partes não é mais a única fonte de interpretação que possuem os juízes para interpretar um instrumento contratual. A evolução doutrinária do direito dos contratos já pleiteava uma interpretação teleológica do contrato, um respeito maior pelos interesses sociais envolvidos, pelas expectativas legítimas das partes, especialmente das partes que só tiveram a liberdade de aderir ou não aos termos pré-elaborados”.

A atuação do juiz nesta situação deve seguir o disposto no art. 51, § 2º, do CDC, ou seja, ele deverá procurar utilizar-se de uma interpretação integradora da parte saudável do contrato. Tal exegese será norteada pelo princípio da boa-fé como norma de conduta. Aqui não existe uma vinculação, ou uma busca, da vontade das partes, e, sim, objetivamente, procura-se aquilo que se pode esperar como ideal dentro de um ajuste similar.

O EQUILÍBRIO CONTRATUAL, QUE DEVERÁ SER ASSEGURADO ATRAVÉS DO PRESENTE PEDIDO DE TUTELA JURISDICIONAL (REVISÃO) .

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A concepção de contrato, modernamente, é uma concepção social, em que avultam em importância os efeitos do contrato na sociedade e onde são levadas em consideração mais as condições sociais e econômicas das pessoas nele envolvidas do que o momento da manifestação de vontades.

À procura do equilíbrio contratual, a vontade manifestada pelos contratantes perde sua condição de elemento fundamental do ajuste para dar lugar a um elemento estranho às partes, mas básico para a sociedade como um todo: o interesse social. Merece destaque a reflexão feita pelo Exmo. Sr. Min. MARCO AURÉLIO, do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, ao relatar a AOE 13-0-DF, publicada na ADV JUR 1993, p. 290: "Como julgador, a primeira coisa que faço, ao defrontar-me com uma controvérsia, é idealizar a solução mais justa de acordo com a minha formação humanística, para o caso concreto. Somente após recorro à legislação, à ordem jurídica, objetivando encontrar o indispensável apoio".

Como já asseverado amplamente na exordial, trata-se de contrato de adesão com cláusulas leoninas, mais a caracterização de usura e anatocismo. Logo, para o restabelecimento do equilíbrio contratual, deve sofrer o pacto a revisão judicial, inclusive, para que se tenha certeza jurídica, quanto às efetivas prestações obrigacionais, se é que existentes e diga-se mais, se é que o suposto débito não é inverso.

DAS CLÁUSULAS NULAS E ABUSIVAS IMPOSTAS AO AUTOR- CONSUMIDOR NO CONTRATO DE ADESÃO.DA VEDAÇÃO DA CUMULAÇÃO DA COMISSÃO DE PERMANENCIA COM JUROS MORATÓRIOS OU MULTA CONTRATUAL; ESTIPTLUAÇÃO EM ABERTO.

É cediço em nosso ordenamento que em face dos dispositivos contidos nos arts. 6º e 51 do CDC as cláusulas contratuais não podem se constituir como

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prestações desproporcionais, que estabeleçam obrigações iníquas, de modo a se tornarem excessivamente onerosas ao devedor, impondo a sua nulidade. No contrato objeto da lide, está previsto a cumulação da comissão de permanência, acrescida com juros de mora estipulados em aberto e multa de 2% (dois por cento) sobre o montante. Com efeito, tal cumulação não é permitida em razão do veto contido na Resolução nº 1.129/86 - BACEN, que editou decisão do Conselho Monetário Nacional, proferida com suporte na Lei nº 4.595/64. O tema já foi pacificado pelo col. STJ, verbis:

"PROCESSUAL CIVIL E COMERCIAL. AGRAVO NO AGRAVO DEINSTRUMENTO.COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.CUMULAÇÃO. NÃO É VÁLIDA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA QUANDO CUMULADA COM CORREÇÃO MONETÁRIA, JUROS

MORATÓRIOS OU MULTA CONTRATUAL. PRECEDENTES. (AGRG NO AGI Nº 436.301-RS,TERCEIRA TURMA, REL. MINISTRA NANCY ANDRIGHI, UNÂNIME)"

Em suma, referida cláusula contratual deve ser anulada por sua ilicitude, ensejando a exclusão da comissão de permanência, quando prevista concomitantemente com juros de mora e multa (Resp 400984-RS, Quarta Turma, Rel. Min. Aldir Passarinho, unânime).

Como se não bastasse, previu que o pacto, em outras palavras, que a comissão de permanência será calculada dia a dia com base na taxa de juros que a instituição estiver praticando. Ou seja, impôs a chamada "taxa em aberto", sendo manifestamente ilegal, uma vez que se apresenta como condição potestativa, ao que prescreve o art.115 do Código Civil, ipsis litteris:

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"Art.115. São lícitas, em geral, todas as condições, que a lei não vedar expressamente. Entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o ato, ou sujeitarem ao arbítrio de uma das partes."

“EMENTA - DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL”. AÇÃO MONITÓRIA. CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA CORRENTE. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA ESTIPULADA EM ABERTO. ARBITRARIEDADE E ABUSIVIDADE. AFRONTA AO ART. 115 DO CC. FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS. APLICAÇÃO DO ART. 20, parágrafo 4º, DO CPC. POSSIBILIDADE. 1 - É pacífica a jurisprudência no sentido de que não é possível a previsão da referida comissão de permanência com taxa em aberto, a ser definida pelo mercado financeiro, como na hipótese em julgamento, uma vez que tal estipulação traduz uma condição potestativa, vedada por nosso ordenamento jurídico, conforme o disposto no art. 115, do Código Civil, que preleciona serem defesas todas as condições que privarem de todo efeito o ato,ou o sujeitarem ao arbítrio de uma das partes. 2 - É perfeitamente possível a aplicação do art. 20, parágrafo 4º, do CPC, no rito especial monitório, se acolhidos os embargos, ainda que parcialmente, eis que sua natureza não é condenatória. (“APC 7752/2000-DF, 3ª Turma Cível, rel. Des. VASQUEZ CRUXÊN, unânime)”

Por consequência, a regra potestativa imposta na cláusula também deve ser declarada nula. O pacto não previu a cumulação de comissão de permanência com a correção monetária, o que também é vedado pela Súmula 30 do STJ.

DA VEDAÇÃO DO ANATOCISMO

Verifica-se também que no contrato NÃO ESTÁ EXPRESSAMENTE PREVISTA a contagem de juros sobre juros, caso em que não pode ser aplicada a famigerada MP 1.963-17/2000 de 31/3/2000, pois, não está expressamente pactuada a mal fadada cobrança.

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A Medida Provisória 1.963-17, de 30 de março de 2000, atualmente reeditada sob o número 2.170-36, de 23 de agosto de 2001, em seu artigo 5º (acompanhar Adin 2316), criou uma celeuma a respeito da capitalização dos juros que, até então, seguindo a regra geral, somente poderiam ser capitalizados anualmente nas hipóteses definidas no artigo 4º do Decreto 22.626/33. Fora dessa situação, apenas se admitia a capitalização semestral dos juros nos créditos rurais (Decreto-lei 167/67), industriais (Decreto-lei 413/69) e comerciais (Lei 6.840/80).

Entretanto, o novo Código Civil, que é posterior à referida norma, em seu artigo 591, somente permitiu a capitalização anual dos juros. Assim, seguindo a regra da Lei de Introdução ao Código Civil, de que a lei posterior revoga a anterior quando for com ela incompatível, é de se reconhecer a revogação do artigo 5º da citada MP, não surtindo atualmente qualquer efeito, ressalvados, é claro, os créditos rurais, industriais e comerciais que continuam com sua disciplina própria e específica.

Ressalte-se que o artigo 28, § 1º, I, da Lei 10.931, de 02 de agosto de 2004, que permite a capitalização dos juros nas cédulas de crédito bancário em geral, deve ser interpretado em consonância com o novo Código Civil, somente se permitindo, nessa hipótese, a capitalização anual, porquanto referida Lei apenas ressalvou que poderá ser contratada a capitalização de juros e sua periodicidade, sendo certo que a periodicidade já estava regulada na Lei de Usura (Decreto 22.626/33) e, agora, está disciplinada no novo Estatuto Civil (anual, portanto).

Por outro lado, ficou um período legislativo entre a edição da MP em questão e o advento do novo Código Civil.

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Ocorre, no entanto, que o artigo 5º da referida Medida Provisória, no período em discussão, somente se aplica às operações realizadas pelas instituições financeiras integrantes do Sistema Financeiro Nacional relativas à administração de recursos de caixa (conta única) do Tesouro Nacional.

Portanto, o disposto no artigo 5º da Medida Provisória em questão somente permite a capitalização dos juros nas operações disciplinadas nessa própria norma (administração dos recursos do Tesouro Nacional), sob pena de vir de encontro ao regramento da mencionada Lei Complementar, que veio cumprir um mandamento constitucional.

Ao seu turno, mesmo se assim não fora, após o advento do novo Código Civil, conforme visto, apenas se cogita de capitalização anual nos mútuos em geral, salvo casos específicos (créditos rurais, industriais e comerciais).

DA CORREÇÃO MONETÁRIA

Não prevendo o contrato expressamente um indexador para o cálculo da correção monetária, prevalece o INPC, Índice Nacional de Preços ao Consumidor, por melhor refletir a realidade inflacionária.

DA MORA

Na hipótese dos autos, visa a parte autora, a revisão de cláusulas abusivas, resultando em exigência excessiva de pagamento, que levará à diminuição do valor das prestações, não estando em mora, segundo o art. 963 do Código Civil:

"Art. 963. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora".

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O col. Superior Tribunal de Justiça assim tem decidido, vejamos:

"(...) 4. A cobrança de valores excessivos nos contratos, segundo jurisprudência firmada pela 2ª Seção, afasta a mora do devedor, não sendo cobrável a multa respectiva. 5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido.(Resp 323172/RS,Terceira Turma, rel (“. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, unânime)”.

A questão, como citada no v. Acórdão acima, foi pacificada pela 2ª Seção, em Embargos de Divergência em sede de Recurso Especial, cujo voto condutor do eminente Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, relator designado, no ERESP 163884/RS, merece ser transcrito, pois elucidador do tema, remédio e antídoto para os que sofrem de miopia jurídica, verbis:

(...) A mora somente existe, no sistema brasileiro, se houver fato imputável ao devedor, conforme reza o art. 963 do CCivil, isto é, se a falta da prestação puder ser debitada ao devedor. Se o credor exige o pagamento com correção monetária calculada por índices impróprios, com juros acima do permitido, capitalização mensal, o devedor pode não ter condições de efetuar o pagamento do que se lhe exige, e fica frustrada a oportunidade de purgar a mora. A exigência indevida é ato do credor, causa da falta de pagamento, que por isso não pode ser imputada ao devedor, nos termos do art. 963 acima citado. Por isso, mantenho o entendimento da egrégia Terceira Turma: 'Se o banco pretendia mais do que tinha direito, essa atitude constitui obstáculo ao pagamento. E não estava obrigado o devedor a ajuizar consignatória, que constitui direito seu, mas não dever. A atitude contrária ao direito era do credor'.(...)".No caso em tela, manifesta a capitalização mensal de juros, a comissão de permanência em aberto etc.

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Daí porque, não se pode cogitar por ora, em mora do devedor, como obstáculo à concessão da antecipação dos efeitos da tutela.

Assim, se o credor cobra do devedor quantias estratosféricas, por exemplo, não teria direito o devedor, caso quisesse, a consignar parcelas que entende devidas, porque estaria em mora? É claro que não. A lição do nobre Ministro serve para muitos assimilarem a interpretação contemporânea do dispositivo de direito material.

CONCLUSÕES .

Após a sintética discriminação dos contornos atuais dos juros, e em sede conclusiva, resta apresentar a importância de uma correta aplicação do instituto, máxime em se tratando de uma economia potencialmente em estabilização.

Admitir que sejam utilizadas as elevadas taxas que as instituições financeiras estão fazendo incidir sobre os contratos de financiamento, além de ilegal (face aos preceitos analisados) e anulável, é servir de conduta geradora de ilícito perfeitamente reparável e com fundamento no art. 1.531 do Código Civil e o CDC(arts. 39 e 51).

Está autorizada, até mesmo, a revisão das cláusulas pactuadas. Abusivamente, conformando-as à realidade pelo desaparecimento das circunstâncias objetivas que conferiam suporte à relação jurídica de equivalência (teoria da imprevisão). Assim é que o Judiciário deve aplicar as regras jurídicas corretamente interpretadas em sua teleologia e no contexto social inserido, alheio aos azares do Poder Executivo e aos temores de uma sociedade viciada na ciranda financeira de usura.

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As empresas, ao contrário do que entende o Prof. FÁBIO KONDER COMPARATO (33) têm uma função social a cumprir, aliadas à produção e seus consectários de projeção na sociedade.

Contudo, a especulação disfarçada obliquamente nos juros, defendida por muitos doutrinadores e julgadores, é o perfeito reconhecimento de conversão do capital produtivo em capital exclusivamente especulativo, causando a quebra da atividade produtiva.

DA PREMENTE NECESSIDADE DE ANTECIPAÇÃO PARCIAL DOS EFEITOS DA TUTELA JURISDICIONAL .

Quais os efeitos do presente pedido de tutela jurisdicional que pretende a autora seja objeto de antecipação parcial?

São justamente aqueles inerentes à POSSE DOS VEÍCULOS objeto dos contratos ora revisados .

É que a parte adversa poderá ingressar com ação específica, obtendo liminar no sentido da reintegração de posse ou busca e apreensão do veículo (periculum in mora, ou perigo de superveniência de danos de dificílima ou impossível reparação).

A verossimilhança do direito invocado, ou fumus boni juris da Teoria Geral das Cautelares, pode ser encontrada no conjunto das alegações efetuadas pela autora para a revisão do pacto, sobretudo no que pertine à existência de cláusulas abusivas, leoninas e inconstitucionais.

O fumus boni iuris, são afirmações feitas pelas partes que possuam fundamentos jurídicos que levam a acreditar serem verdadeiros e, neste caso, decorre dos argumentos expendidos na inicial em conjugando-os com os fundamentos esposados acima e, em especial, a aplicação dos preceitos contidos no Código de Defesa do

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Consumidor, de caráter público, possibilidade do hipossuficiente /consumidor discutir revisão do contrato, prevenção de danos, facilitação de defesa e a salutar regra ínsita no art. 83 do CDC e ainda mais o disposto no art. 5º, XXV, da CF/88 – "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito." CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO, cuja autoridade como maior cientista do direito processual civil brasileiro ninguém pode colocar em dúvida, preleciona que: " convencer-se da verossimilhança (fumus boni juris), não poderia significar mais do que imbuir-se do sentimento de que a realidade fática pode ser como a descreve o autor" (41).

A doutrina hoje é pacífica, não sendo mais cambaleante sobre o tema, já deixou externado que "analisa-se situação do autor e exclusivamente ela, para, em razão dos fatores objetivos, se concluir pela necessidade ou não da antecipação e essa necessidade só se verificará quando houver o fundado receio de que os danos ocorrerão.

Veja, Exa., que inexiste perigo de irreversibilidade da medida, posto que poderá a autora ficar como fiel depositária do bem. Tratando-se de tutela antecipatória urgente, deve ser possível o sacrifício, ainda que de forma irreversível, de um direito que pareça improvável em benefício de outro que pareça provável. Do contrário, o direito que tem maior probabilidade de ser.Definitivamente reconhecido poderá ser irreversivelmente prejudicado. Em resumo, se não há outro modo para evitar um prejuízo irreparável a um direito que se apresenta como provável, deve-se admitir que o juiz possa provocar um prejuízo irreparável aodireito que lhe parece improvável. Nestes casos deve ocorrer a ponderação dos bens jurídicos em jogo, aplicando-se o princípio da proporcionalidade, pois quanto maior for o valor jurídico do bem a ser sacrificado, tanto maior deverá ser a probabilidade da existência do direito que justificará o seu sacrifício.

O juiz poderá, a qualquer tempo, revogar ou modificar, em decisão fundamentada, a tutela

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antecipada. De qualquer modo, haja ou não liminar, prosseguirá o feito até final julgamento.

DOS BANCOS DE DADO DE CONSUMO

Requer, ainda a título de antecipação de tutela, seja deferida liminar, inaudita altera pars, para o fim de obstar a inscrição da empresa requerente, e dos avalistas do contrato, nos órgãos de proteção de crédito, ou, acaso já tenha efetuado o cadastro, o retire, sob pena de multa diária.

Não ofende direito do credor a concessão de liminar obstativa da inscrição do nome da agravante em banco de dados de consumo enquanto pendente demanda que tenham por objeto a definição da existência do débito ou seu montante. Sobre a matéria, extraia-se da revista eletrônica Juris Plenum ;

AÇÃO REVISIONAL CONTRATUAL. INSCRIÇÃO. ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO.

A inscrição do nome dos devedores junto aos órgãos de proteção ao crédito causa dano de difícil reparação, por isso que não procedente tal inscrição especialmente quando está em revisão o contrato que a originou.

Portanto, presente o risco de dano irreparável ou de difícil reparação, decorrente da limitação ao crédito e, por via de consequência um aumento de sua dificuldade de capitalizar-se e manter as suas próprias atividades. Já a verossimilhança do direito decorre da grande probabilidade de que a parte autora obtenha sucesso em sua pretensão, o que é real, em vista da jurisprudência predominante em nosso tribunal.

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Assim, requer, nos termos do art. 273 do CPC, seja deferida liminar, inaudita altera pars, para o fim de impedir à parte autora efetue o registro do nome da requerente e dos avalistas nos contratos junto aos órgãos de proteção de crédito, ou acaso já o tenha feito cancelo os registros, sob pena de multa diária pelo descumprimento.

(1)- É possível a cumulação entre revisional de contrato e consignação em pagamento, uma vez adotado o rito ordinário pelo autor. Inteligência do art. 292, § 2.º, do CPC.

(2)- Cabível a tutela antecipatória para fins de determinar o depósito das parcelas contratuais em valor que o demandante entende devido, ainda que inferior ao efetivamente pactuado com a instituição financeira, porquanto a consignação não se reveste de caráter liberatório, não advindo disso qualquer prejuízo ao credor. Se, eventualmente, na sentença, encontrar-se diferença, em favor do credor, este poderá executá-la, somando-se lhe juros de mora e correção monetária.

(3)- O depósito das parcelas impede a constituição em mora dodevedor, bem como o ajuizamento de ações que o compilam àdevolução do bem financiado.

(4) - Consoante entendimento firmado pelo STJ, nas causas de revisão de contrato, por abusividade de suas cláusulas, cabe conceder-se antecipação de tutela ou medida cautelar para impedir a inscrição do nome do devedor no SERASA/SPC, quando o autor deposite o valor relativo ao montante incontroverso, ou preste caução idônea, ao prudente arbítrio do juiz.

(5) - No caso, o próprio automóvel sub judice serve de caução para

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eventual diferença em favor do credor fiduciário, pois a carta dedesalienação somente poderá ser entregue ao devedor quando a situação contratual estiver definida por força do trânsito em julgado da sentença da revisional.

Com efeito, o STJ, em seus mais recentes julgados, vem admitindo tal medida condicionando-a ao aperfeiçoamento de alguns requisitos, especificados no precedente abaixo transcrito, in verbis:

Ementa: CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAl. AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA PARA CANCELAMENTO DE REGISTRO EM CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. ART. 535, II, CPC. INOCORRÊNCIA DE VIOLAÇÃO. SÚMULAS 282 E 356 DO STF. SÚMULA 211 DO STJ. INCIDÊNCIA. 1. omissis. 2. omissis. 3. omissis. 4. Conforme orientação da Segunda Seção desta Corte, nas ações revisionais de cláusulas contratuais, não cabe a concessão de tutela antecipada para impedir o registro de inadimplentes nos cadastros de proteção ao crédito, salvo nos casos em que o devedor, demonstrando efetivamente que a contestação do débito se funda em bom direito, deposite o valor correspondente à parte reconhecida do débito, ou preste caução idônea, ao prudente arbítrio do magistrado. Precedentes: REsps. 527.618-RS, 557.148-SP, 541.851-SP, Rel. Min. CESAR ASFOR ROCHA; REsp. 610.063-PE, Rel. Min. FERNANDO GONÇALVES; REsp. 486.064-SP, Rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS). 5. omissis. 6. Recurso não conhecido (RESP 522282/SP; Relator(a): Ministro JORGE SCARTEZZINI, Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA, Data do Julgamento: 23/11/2004, Data da Publicação/Fonte: DJ 17.12.2004)

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O depósito das parcelas em quantia ainda que inferior ao efetivamente pactuado entre as partes, já que a importância definitiva do débito somente será conhecida quando da prolação da sentença, além do que consoante entendimento do STJ -"A insuficiência do depósito permite o reconhecimento de procedência, em parte, da ação de consignação, liberados os devedores do que foi depositado e reconhecido o crédito do credor, que pode ser executado nos autos (art. 899, § 2.º, do CPC)". (4.ª T, RESP 194530/SC, Rel Min. Ruy Rosado, DJ 17.12.1999).

Assim, mesmo que o valor ofertado em depósito pelo autor na ação revisional, seja menor que o devido, não haverá qualquer prejuízo ao credor, posto não revestir aludida prestação caráter liberatório. Seguindo a esteira deste entendimento, o eg. TJDFT assim dispôs - "Havendo questionamento sobre o valor das prestações, nada impede o depósito conforme os cálculos apresentados, o que, por si, não importa em quitação, desde que sua exatidão com o ajuste será averiguada na sentença" - (ACÓRDÃO: 165745 ÓRGÃO JULGADOR: 4a Turma Cível, RELATOR: ESTEVAM MAIA, PUBLICAÇÃO: DJ: 11/12/2002).

Noutro julgado, assim ementou o mesmo Tribunal, ipsis litteris:

"Admite-se o depósito das parcelas vencidas e vincendas no curso da ação de revisão de cláusulas contratuais uma vez que, tramitando sob o rito ordinário, e constatado que o montante consignado é inferior ao valor total da dívida, não terá o depósito força liberatória, não trazendo, portanto, qualquer prejuízo ao credor. Precedentes do colendo STJ e desta egrégia Corte de Justiça". (TJDFT, QUARTA TURMA CÍVEL - AGI 2005 00 2 000161-9,Relator(a) Des.: HUMBERTO ADJUTO ULHOA, j.: 11 de abril de 2005)

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O próprio STJ já encampou a orientação aqui adotada, como se constata abaixo:

"Nas ações em que o autor pretenda revisar o valor da prestação devida, é cabível o pedido de tutela antecipada que tenha por escopo o pagamento ao credor das parcelas vincendas, porque busca antecipar efeito da sentença de procedência, qual seja, o de autorizar o pagamento ao credor nas condições em que, desde já, o autor se propõe a cumprir". (STJ, 3.ª Turma, RESP 382904/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ: 21.10.2002)

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRATO DE FINANCIAMENTO PARA AQUISIÇÃO DE VEÍCULO. AÇÃO REVISIONAL C/C CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.SERASA/SPC. EXCLUSÃO DO CADASTRO. (1)- É possível a cumulação entre revisional de contrato e consignação em pagamento, uma vez adotado o rito ordinário pelo autor. Inteligência do art. 292, § 2.º, do CPC. (2)- Cabível a tutela antecipatória para fins de determinar o depósito das parcelas contratuais em valor que o demandante entende devido, ainda que inferior ao efetivamente pactuado com a instituição financeira, porquanto a consignação não se reveste de caráter liberatório, não advindo disso qualquer prejuízo ao credor. Se, eventualmente, na sentença, encontrar-se diferença, em favor do credor, este poderá executá-la, somando-se-lhe juros de mora e correção monetária. (3)- O depósito das parcelas impede a constituição em mora do devedor, bem como o ajuizamento de ações que o compilam à devolução do bem financiado. (4) - Consoante entendimento firmado pelo STJ, nas causas de revisão de contrato, por abusividade de suas cláusulas, cabe conceder-se antecipação de tutela ou medida cautelar para impedir a inscrição do nome do devedor no SERASA/SPC, quando o autor deposite o valor relativo ao montante incontroverso, ou preste caução idônea, ao prudente arbítrio do juiz. (5) - No caso, o próprio automóvel sub judice serve de caução para eventual diferença em favor do credor fiduciário, pois a carta de desalienação somente poderá ser entregue ao

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devedor quando a situação contratual estiver definida por força do trânsito em julgado da sentença da revisional.

DO PEDIDO

Ante o exposto e com base na fundamentação legal e jurídica retro expendida, tudo combinado com o art.273 do CPC, requer a Vossa Excelência o seguinte:

a) A citação do réu, na pessoa de seu representante legal, para, querendo, contestar a presente ação, sob pena de lhe serem imputados os efeitos previstos no art. 319 do CPC;

b) CONSIGNAÇÃO DOS PAGAMENTOS: medida liminar para que o Autor deposite mensalmente em juízo o valor realmente devido de R$ 527,67 (Quinhentos e vinte sete reais e sessenta e sete centavos), nas mesmas datas originalmente pactuadas no contrato, a partir da parcela de n. 23 até a última de n. 60.

c) Que a Ré suspenda qualquer ação de busca e apreensão eventualmente proposta em face da parte autora, que tenha por objeto qualquer um dos fundamentos fáticos e jurídicos debatidos e combatidos nessa ação, e, concomitantemente, seja deferido à parte Autoral a Manutenção Judicial da Posse do bem em apreço;

d) Oficiar ao Setor de Distribuição deste Fórum para distribuir qualquer ação judicial promovida pelo Réu em que figure como acionado o Promovente;

e) Que o Banco demandado se abstenha de encaminhar o CPF/MF da parte requerente à SERASA, SPC, SCI, CENTRAL DE RISCO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL e congênere, em restrições

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comerciais/financeiras, por débito proveniente do contrato em apreço.

Deferidos os pedidos antecipatórios, requer:

f) Que, na forma do art. 461, parágrafo 4° do CPC, seja cominada a pena de multa de R$ 300,00 (trezentos reais) diários a serem pagos ao requerente em caso de descumprimento da ordem judicial, eventualmente havidos durante a discussão judicial.

g) Na hipótese de contestação pelo Requerido da Planilha Financeira anexa, seja determinada, às expensas do Réu, a realização de todos os cálculos, diligências e perícias “ex vi legis” na inversão do ônus probatório, consoante determina o Art. 6º,VIII, do Código de Defesa do Consumidor.

h) A condenação do demandado nas custas judicial e honorária advocatícia, estes na base de 20% sobre o valor da causa;

i) A admissão dos documentos anexos como meio de prova pré-constituída, assim como protesta por todos os meios de prova admitidos em direito, em especial a documental, ajuntada posterior de documentos, o depoimento pessoal do representante do réu e quaisquer outras providências que Vossa Excelência entender necessárias ao deslinde da presente ação, ficando tudo desde já requerido;

j) Requerendo ainda ao final, a total procedência da presente ação revisional para que sejam definitivamente anuladas as cláusulas contratuais de todo o contrato que importem em:

a) CAPITALIZAÇÃO DE JUROS por inexistência de permissão legal;

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b) COMISSÃO DE PERMANÊNCIA, por ofensa ao sistema protetivo;

c) INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR;

d) JUROS REMUNERATÓRIOS, face à se impresso, para conferência acesse o site nova concepção social do contrato cuja dimensão alberga a institucionalização da defesa do consumidor, haja vista configurar-se a abusividade e a lesividade no contrato revisando, consoante o disposto no artigo 51, inciso IV, do Código de Defesa do Consumidor;

e) que o contrato seja recalculado, passando a observar taxa mensal de juros adotada no contrato em regime DE JUROS SIMPLES, PELO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE.Com atualização monetária com base da TAXA SELIC, devolvendo-se tudo o que o réu pagou, em dobro, de acordo com a lei, devendo douto Juízo, na forma do art. 461, parágrafo 1° do CPC, converter a Obrigação de Fazer em Perdas e Danos a serem apuradas na faseinstrutória e oportunamente liquidadas a título de repetição de indébito e demais consequências pelo descumprimento do Contrato de que se trata.

f) Protesta pela produção de todos os meios de provas em direito admissíveis, principalmente perícia técnica contábil.

Dar-se-à-causa o valor de R$ 34.900,00.

Nestes termos,Pede deferimento.

Fortaleza (CE), 19 de abril de 2013.

Dr. WELLINGTON CAMPELO

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OAB/CE 6.441

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