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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
Orientadora: Professora Doutora Simone Moreira de M oura
Instituição: Universidade Estadual de Londrina/UEL - Deptº. de Educação
Professora PDE: Pascoalina Aparecida Costa da Silva – Educação Especial
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Superintendência da Educação
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional
PASCOALINA APARECIDA COSTA DA SILVA
PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA CADERNO TEMÁTICO: PROBLEMATIZANDO O FRACASSO ESCOLAR
Plano de trabalho apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE–SEED/PR, sob orientação da Profª. Drª Simone Moreira de Moura, do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina – UEL.
MARUMBI – PR 2009
APRESENTAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL PDE
CAMINHOS NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR
Profª. Dr.ª Simone Moreira de Moura 1
Não há possibilidade de pensarmos o amanhã, mais próximo ou mais remoto, sem que nos achemos em processo permanente de “emersão” do hoje, “molhados” do tempo que vivemos, tocados por seus desafios, instigados por seus problemas, inseguros ante a insensatez que anuncia desastres, tomados de justa raiva em face das injustiças profundas que expressam, em níveis que causam assombro, a capacidade de transgressão da ética (Paulo Freire, 2000:117).
Louvável a iniciativa de parceria entre o Poder Público e as
Instituições de Ensino Superior na formação continuada de professores da educação
básica, especialmente na área de Educação Especial.
No lugar de professora/orientadora e reconhecendo os
professores/alunos como produtores de conhecimento sobre o processo ensino-
aprendizagem, busquei neste percurso proporcionar subsídios teórico-metodológicos
para o desenvolvimento de seus projetos e produção deste Caderno, que ora se
apresenta.
Importante salientar a dedicação, compromisso e autonomia exercida
pelas orientandas, que buscaram superar sua menoridade, falando com sua própria
boca e pensando com suas cabeças. Kant já nos convidava a deixar a tutela dos
outros e a ousar a saber.
Certamente, essas produções, fruto de trabalho árduo por parte das
professoras/alunas, trará contribuições importantes não somente para os espaços
onde atuam, mas principalmente na mudança propiciada pelo caminho trilhado que
sempre permite modificações.
Finalizando, espero que essa fecunda parceria continue espargindo
sementes de esperanças e inquietações e que esse seja apenas o começo.
Boa leitura a todos!
1 Professora do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina.
SUMÁRIO
1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO..................................................................................5
2) PROBLEMATIZAÇÃO INICIAL................................................................................6
3) ESTRATÉGIAS DE AÇÃO.......................................................................................9
4) PLANO DE AÇÃO..................................................................................................24
5) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................26
5
PRODUÇÃO DIDÁTICO - PEDAGÓGICA
1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
PROFESSOR PDE: PASCOALINA APARECIDA COSTA DA SILVA
ÁREA PDE: Educação Especial
NÚCLEO: Apucarana
ORIENTADORA: Professora Doutora Simone Moreira de Moura
IES: Universidade Estadual de Londrina
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇAO: Colégio Estadual Marumbi – Ensino
Fundamental, médio e Normal
PÚBLICO OBJETO DA ORIENTAÇAO: Alunos do Curso de Formação de Docentes
2. TEMA DE ESTUDO DA INTERVENÇÃO: Fracasso escolar
3. TÍTULO: Formação de Docentes: Problematizando o fracasso escolar
4. CADERNO TEMÁTICO: Problematizando o fracasso escolar
6
Secretaria de Estado da Educação – SEED Diretoria de Políticas e Programas Educacionais – D PPE
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE Núcleo Regional de Educação / Apucarana – NRE
2. PROBLEMATIZAÇÃO INICIAL
Nesse momento faz-se necessário uma reflexão acerca do fracasso
escolar, este fenômeno está sendo hoje um dos mais estudados e discutidos em
nosso sistema educacional. Estão sempre em busca de um culpado para este
fenômeno, virando assim um jogo, percebe-se que ora culpa-se a família, ora a
criança, classe social, sistema econômico, político e social. Será que existe um
culpado para a não aprendizagem?
Quando falamos em fracasso escolar, precisamos analisar os fatores
que contribuem e conceituar o que pode estar prejudicando o processo de
aprendizagem.
Nesta direção concordamos com Patto ao se referir ao fracasso
escolar como fenômeno que expressa a sociedade atual e que adquiri múltiplas
determinações.
As ações desenvolvidas nas escolas públicas talvez não tenham sido
suficientes, uma vez que centram-se na transmissão do saber acumulado,
esquecendo-se muitas vezes em buscar formação de cidadãos críticos.
Neste caso questionamos: porque o fracasso escolar está sendo uma
realidade que esta se perpetuando até os dias de hoje, nas escolas? Em quais mitos
o sistema educacional se baseia para explicá-lo? Quais são os seus determinantes?
7
No entanto vale destacar que ao nos referirmos aos múltiplos
determinantes é necessário considerar os variados entendimentos que acabam por
legitimar as diferenças no sistema educacional.
Nesta direção Arroyo (2000, p.17), nos fala:
falar em cultura escolar é mais do que reconhecer que os alunos e
profissionais da escola carregam para esta suas crenças, seus
valores, suas expectativas e seus comportamentos [é reconhecer
que há uma] cultura materializada [na escola que] termina por se
impor à cultura individual [e que] interage conflitivamente e leva à
construção de significados e crenças sobre o fracasso e o sucesso,
tanto nos professores quanto nos alunos. Não apenas alunos,
professores, técnicos e gestores justificam e legitimam suas crenças
e condutas nessa cultura escolar; também a pedagogia, a didática e
as ciências auxiliares legitimam suas concepções elitistas, seletivas
e excludentes dessa pesada cultura.
A educação se constitui em processo amplo e complexo, com muitas
implicações na relação e interação com os sujeitos. Sendo assim, há sucesso ou
fracasso, problemas ou soluções, podendo esses aspectos serem analisados em
seu conjunto, ou seja, desmistificando a idéia de manifestações isoladas e
considerando o entrelaçamentos das várias instâncias.
De acordo com os PCN :
os conhecimentos adquiridos na escola requerem tempos que não
são necessariamente os fixados de forma arbitrária, nem pelo ano
letivo, nem pela idade do aluno. As aprendizagens não se
processam como a subida de degraus regulares, mas por avanços
de diferentes magnitudes. Embora a organização da escola seja
estruturada em anos letivos é importante que em uma perspectiva
pedagógica a vida escolar e o currículo possam ser assumidos e
trabalhados em dimensões de tempo mais flexíveis. (BRASIL, 1996,
p.16).
8
O desafio para superar este fenômeno do fracasso escolar tem
passado por reflexões e discussões em nível institucional, buscando identificar os
condicionantes, visando encontrar alternativas para sua superação como também
planos de ações que visem à construção do sucesso escolar no âmbito de sua
comunidade.
No entanto temos várias explicações para o fracasso escolar, como
também para as dificuldades encontradas no processo de ensino-aprendizagem.
Resta-nos o desafio de buscar alternativas para termos posicionamento crítico
diante dos casos em salas de aula.
9
3. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
EENNCCOONNTTRROO -- 11
Neste encontro socializaremos o Projeto de Intervenção Pedagógica
com os alunos do Curso de Formação de Docente do Colégio Estadual Marumbi,
para que os mesmos tomem conhecimento do referido projeto a ser desenvolvido no
Colégio.
No primeiro momento será feito uma exposição do Projeto de
Intervenção com o procedimento em data show. Em seguida os alunos farão uma
reflexão sobre a problemática da qual trata este projeto.
Para finalizar os alunos refletiram sobre a importância da Formação
de Docente frente ao fracasso escolar.
EENNCCOONNTTRROO -- 22
Nesse encontro faremos uma reflexão sobre a música: Estudo Errado
de Gabriel O pensador.
REFLEXÃO SOBRE A MÚSICA “ESTUDO ERRADO” DE
GABRIEL, O PENSADOR.
A música do Gabriel, o Pensador, tem a finalidade de ressaltar a
situação educacional do nosso país, levando-nos à reflexão acerca do método
tradicional de ensino, no qual o aluno aceita as informações repassadas,
acomodando-se diante de tal situação e obedecendo as normas estabelecidas pela
escola, ou seja, o aluno tem o papel de memorizar os conteúdos transmitidos, sem
possibilidade de questioná-los, configurando-se a educação bancária.
10
Percebe-se, portanto que não há preocupação com a aprendizagem
significativa, prevalecendo as aulas expositivas, descontextualizadas, repassadas de
forma fragmentada, pautada em nos livros didáticos, pouco interessantes e sem
significado para os alunos. A situação torna-se ainda mais crítica quando a avaliação
da aprendizagem não é processual, ou seja, não existe o acompanhamento do aluno
durante todas as atividades desenvolvidas na escola e os resultados são obtidos
somente através das provas, ou seja, existe a preocupação por parte dos
professores e pais em relação às notas das crianças, desconsiderando outros
fatores que implicariam significativamente este processo.
Dessa forma, os alunos são levados à decoreba dos conteúdos para
conseguirem uma nota boa na escola e uma recompensa em casa, embora
esqueçam depois de algum tempo tudo o que estudaram, tendo em vista que a
aprendizagem de fato não ocorreu. Percebe-se ainda, que os alunos sentem falta
das brincadeiras, dos momentos de lazer, então por que não conciliá-los aos
momentos de aprendizagem através de uma educação lúdica?
Existe ainda a reivindicação de que as crianças sejam respeitadas
pelas escolas, tratando-as com mais seriedade, contribuindo na formação de suas
personalidades e respeitando suas necessidades e interesses e nunca as ignorando.
Cabe ressaltar que o nosso sistema educacional já mudou bastante,
porém ainda existem escolas que não realizam um planejamento que leve em
consideração as necessidades de seus alunos e o contexto no qual estão inseridos,
ou seja, continua a prevalecer o domínio cognitivo da informação, havendo a
necessidade de estabelecer idéias a serem alcançados e como efetivá-los para
conseguir que a escola cumpra o seu papel social e contribua para uma
aprendizagem significativa.
1111
EENNCCOONNTTRROO –– 33
Texto: Ajudando a Desmistificar o Fracasso Escolar
Collares, C. A. L. (1992). Ajudando a desmistificar o fracasso escolar . Série
Idéias, n. 6. São Paulo, FDE, pp. 24-28.
Após a leitura do texto, de Cecilia Azevedo Lima Collares Ajudando
a Desmistificar o Fracasso Escolar, faremos uma análise e discussão do
fenômeno do fracasso no âmbito escolar, Incentivando o aprofundamento teórico
metodológico, visando garantir a apropriação de novos conhecimentos e
experiências sobre o tema trabalhado.
Fio condutor: desmistificar os preconceitos que segundo a autora é
necessário que desmistifiquemos as ´famosas´ causas externas desse
fracasso escolar, pela articulação àquelas existent es no próprio âmbito
escolar, e que tenhamos clareza dos fatores que as determinam e as articulam.
( p.28 )
Ajudando a Desmistificar o Fracasso Escolar
Cecilia Azevedo Lima Collares
O fracasso escolar é, sem dúvida, um dos mais graves problemas
com o qual a realidade educacional brasileira vem convivendo há muitos anos.
Sabe-se que tal ocorrência se evidencia praticamente em todos os níveis de ensino
do País. Todavia, incide com maior freqüência nos primeiros anos da escolarização.
Estatísticas atestam que há várias décadas a taxa de perda da
primeira para a segunda série do primeiro grau manteve-se alta e inalterada.
Dentre os inúmeros fatores correlacionados com o fracasso escolar,
aparecem tanto os extra-escolares como os intra-escolares. Os extra-escolares
dizem respeito ás más condições de vida e subsistência de grande parte da
população escolar brasileira.
12
Assim, as péssimas condições econômicas, responsáveis dentre
outros fatores pela fome e desnutrição; a falta de moradias adequadas e de
saneamento básico, enfim, todo o conjunto de privações com o qual convivem as
classes sociais menos privilegiadas surge como o elemento explicativo fundamental.
Dentre os fatores intra-escolares são salientados o currículo, os
programas, o trabalho desenvolvido pelos professores e especialistas, e as
avaliações do desempenho dos alunos que são hoje, segundo Guiomar Namo de
MELLO (1983), "... mecanismos de seletividade poderosos. Sua natureza e
qualidade são de teor tal que contribuem para o fracasso escolar das crianças de
origem social e econômica desfavorecida, ainda que grande parte desse fracasso se
deva sem dúvida à pobreza material da qual essas crianças são vítimas.
Nesse sentido, essas condições escolares contribuem para
reproduzir a desigualdade social, por meio de um duplo mecanismo: o primeiro é a
exclusão dos mais pobres da escola, o segundo, a legitimação dessa exclusão na
medida em que o aparecer apenas técnico do modo de operar da escola dissimula
seu sentido político."
Atual trabalho de pesquisa, A Produção do Fracasso Escolar.
Histórias de Submissão e Rebeldia, produzido por Maria Helena de Souza PATTO,
dentre muitas e relevantes questões levantadas e analisadas, demonstra com
clareza que o "processo social de produção do fracasso escolar" se realiza no
quotidiano da escola. "... O fracasso da escola pública elementar é o resultado
inevitável de um sistema educacional congenitamente gerador de obstáculos à
realização de seus objetivos. Reprodução ampliada das condições de produção
dominantes na sociedade que as incluem, as relações hierárquicas de poder, a
segmentação e a burocratização do trabalho pedagógico, marcas registradas do
sistema público de ensino elementar, criam condições institucionais para a adesão
dos educadores à simularidade, a uma prática motivada acima de tudo por
interesses particulares, a um comportamento caracterizado pelo descompromisso
social."
Profª. do Depto. de Psicologia Educacional da Faculdade de
Educação - UNICAMP.
13
De acordo com os dados do IBGE -Anuãrio Estatístico do Brasil -
sobre a evolução da pirâmide de matriculas, o número de crianças que conseguiram
permanecer no sistema escolar se mantém no período de 1942 a 1969 (7977, p.
228).
É nas tramas do fazer e do viver o pedagógico quotidianamente nas
escolas, que se pode perceber as reais razões do fracasso escolar das crianças
advindas de meios sócio-culturais mais pobres.
Entretanto, mesmo após constatações tão sérias e evidentes, que
chegam a nós desde o final da década de 70, e que constituem os avanços teóricos
fundamentais a respeito do assunto, quando entrevistamos professores, diretores e
especialistas que diretamente atuam nas Redes de Ensino, ouvimos outra
interpretação para o fracasso dessas crianças, ou seja, o mesmo é sempre imputado
a causas extra-escolares.
Atualmente, estamos desenvolvendo em Campinas uma pesquisa
tentando diagnosticar o grau de incidência da medicalização*, um dos fatores
indicados como responsáveis pelo fracasso escolar das crianças, principalmente as
da primeira série do ensino fundamental.
Não olvidando dos aprofundamentos teóricos mais recentes que aqui
levantaras, com breves pinceladas, queremos salientar tanto na pesquisa apontada
quanto neste trabalho, em particular, que o nosso objetivo primordial é o de
desmistificar a questão da medicalização do fracasso escolar, considerada como
uma das maiores desculpas utilizadas para escamotear tal problema.
Dentro do enfoque "medicalização", privilegiamos a desnutrição por
entendermos ser ela a mais disseminada para rotular de "deficientes mentais" as
crianças oriundas dos segmentos mais pobres da população, que não apresentam
desempenho escolar desejável.
' A medicalização de uma questão consiste na busca de causas e
soluções médicas a nível organicista e individual, para problemas de origem
eminentemente social. (COLLARES 8 MOYSÉS, 7985)
No desenrolar de nossa pesquisa de campo, o que temos ouvido e
observado nas escolas visitadas reforça a afirmação anterior de que se imputa o
fracasso dessas crianças, oriundas das classes trabalhadoras, à desnutrição, às
verminoses, enfim, a uma condição adversa de saúde.
14
Ignora-se o fato de que estas estudam em escolas de periferia, onde se concentram
todos os vícios e distorções do sistema social e, especificamente, do educacional, e
tenta-se encontrar nestas crianças uma causa orgânica, inerente a elas, que
justifique seu mau rendimento.
Geralmente, estas crianças são encaminhadas a um serviço médico
ou a um serviço de saúde mental, onde são atendidas por médicos ou psicólogos
imbuídos dos mesmos preconceitos da professora - são profissionais que, embora
na maioria dos casos sem formação adequada, não hesitam em atribuir às crianças,
sem avaliação aprofundada, um retardo mental, que justificam ser conseqüência do
estado de desnutrição. Para as crianças pobres, assim, fracasso escolar é sinônimo
de deficiência intelectual.
Quais são as crianças desnutridas que estão hoje freqüentando
nossas escolas? São aquelas portadoras de desnutrição leve, a chamada pelos
especialistas de desnutrição de primeiro grau. Não estamos aqui afirmando que este
tipo de desnutrição não tem importância, ela a tem tanto que constantemente é
apontada como forte indicador da situação de penúria e miséria em que vive grande
segmento de nossa população. É a fome a principal causa da incidência de
desnutrição em crianças, e esta fome é conseqüência direta da má distribuição de
renda existente em nossa sociedade, resultado direto do modelo econômico imposto
ao País nos últimos anos.
Entretanto, o que estamos querendo enfatizar é que este grau de
desnutrição não afeta o desenvolvimento do sistema nervoso central, não o lesa
irreversivelmente e, portanto, não torna a criança deficiente mental, incapaz de
aprender o que a escola tem a lhe ensinar.
A criança portadora de desnutrição leve apenas sacrifica o seu
crescimento físico para manter o seu metabolismo. Exames clínico e laboratorial
indicam que a criança é normal, com exceção de um déficit de peso e estatura em
relação à sua idade.
Não existe controvérsia na literatura médica a respeito de que
somente a desnutrição grave (terceiro grau), no período em que o cérebro está se
desenvolvendo (no homem, do terceiro mês de gestação até os primeiros seis
meses de vida) e durante longo tempo, neste período, é que lesa a estrutura do
sistema nervoso central.
15
Através dos dados de uma pesquisa desenvolvida por mim nos anos
de 1980 e 1981, Influência da Merenda Escolar no Rendimento em Alfabetização:
Um Estudo Experimental, objeto de minha tese de doutorado em Educação,
constatei, numa população de 860 alunos matriculados na primeira série do primeiro
grau da Rede Pública de Ensino do Município de Paulínia, em 1980, após criteriosa
avaliação de seu estado nutricional, que 35,9% apresentaram desnutrição leve ou de
primeiro grau, 5,5% de segundo grau e 0,3% de terceiro grau. Este tipo de avaliação
foi repetido três vezes durante o estudo e na segunda avaliação observou-se que as
crianças portadoras de desnutrição de segundo e terceiro graus haviam abandonado
a escola durante o primeiro mês de aulas, fato lá esperado pela equipe de pesquisa
(COLLARES, 1982).
Tal constatação reforça minha afirmação de que nas escolas existem
muitas crianças portadoras de desnutrição leve. Hoje, até talvez em número maior
que o de 1980, uma vez que a situação econômica da população vem
paulatinamente se deteriorando nos últimos anos.
Entretanto, é preciso não se esquecer do tipo de deficiência de que
elas são portadoras, ou seja, desnutrição leve.
Não existem em todo o mundo trabalhos de pesquisa que obedeçam,
minimamente, a critérios de metodologia científica, que se proponham a estudar a
relação de desnutrição leve com rendimento escolar, e quando algum pesquisador
tenta encontrar tal relação, não a consegue estabelecer, como é o caso de
SCHUFTAN (1974) e POLLITT (1984), que não conseguiram encontrar significância
no resultado dessa relação e relatam ser impossível isolar a desnutrição da rede
complexa de fatores sociais da qual faz parte, ou seja, do "complexo de doença
social" que assola o meio no qual a criança escolar pobre está inserida.
Muitos e notáveis trabalhos existem tentando relacionar a desnutrição
com o desenvolvimento do sistema nervoso central, entretanto, todos eles estudam
crianças portadoras de desnutrição grave, como é o caso de KLEIN (1972), STEIN
(1972), BIRCH (1972) E RICHARDSON (1976), apenas para citar alguns.
Se a criança escolar apresenta desnutrição leve, não possui lesões no sistema
nervoso que a torne incapaz de aprender.
16
Por que então, ao entrevistarmos na escola professores, diretores e
especialistas, esta deficiência é apontada como uma das principais causas do
fracasso escolar?
Pensamos que colocar as causas desse mau rendimento nas
crianças, individualmente, é uma forma de, até inconscientemente, se tentar
minimizar ou mesmo ocultar a falha da escola, em particular, e de todo o sistema
educacional em geral.
A proposta desse artigo foi a de privilegiar na discussão a
desnutrição como um dos exemplos mais comuns da medicalização do fracasso
escolar. Entretanto, ressaltamos aqui a realidade de que o atual discurso das
professoras, diretores e especialistas também caminha para outras manifestações
ou facetas desta mesma medicalização. Assim chama muita atenção em Campinas,
o grande número de crianças repetentes testadas por psicólogos no início do ano
letivo e posteriormente encaminhadas para tratamento no Serviço de Saúde Mental.
É a "psicologização" do fracasso que encaminha rapidamente estas
crianças a outros serviços ligados ou não à área da saúde, como é o caso da
fonoaudiologia, da neurologia e, mais recentemente, da psicopedagogia, entre
outros.
Em Campinas, o canal privilegiado de encaminhamento dessas
crianças é, na atualidade, o Serviço de Saúde Mental, porque o Município decidiu
extinguir o Serviço de Saúde Escolar nas escolas, e os médicos passaram a atender
nos Centros de Saúde, não só os escolares, mas todas as crianças em idade
escolar que necessitarem de atendimento médico. Neste Município, até bem . pouco
tempo, os casos de mau rendimento escolar eram assunto discutido, analisado e
conduzido pelos médicos do Serviço de Saúde Escolar e, somente agora, na falta
deste, aparecem em primeiro lugar os psicólogos. Entretanto, o fenômeno de
medicalização continua. São outras as roupagens, mas o dano tanto às crianças
quanto ao sistema escolar continua.
A medicalização do fracasso escolar passa então a exercer um papel
fortemente tranqüilizador para a escola e para o sistema. "Tudo está indo muito bem,
pena que 50% a 70% de Joãozinhos e Mariazinhas, individualmente, tenham
problemas de saúde, sejam imaturos, desajustados, carentes... e por isso fracassem
logo na primeira série do ensino fundamental."
17
Esta medicalização cumpre um papel ideológico tão preponderante,
que temos observado que nem mesmo professores com grande compromisso
político conseguem rompê-lo.
A nosso ver o fracasso escolar é uma dura realidade com a qual
convivemos há muitas décadas, porém, é um mito, muito bem engendrado, o fato de
não conseguirmos dar conta dele.
É necessário que desmistifiquemos as "famosas" causas externas
desse fracasso escolar, pela articulação destas àquelas existentes no próprio âmbito
escolar, e que tenhamos clareza dos fatores que as determinam e as articulam.
Essa trajetória nos conduziria, por vezes, a relativizar e até mesmo a
inverter muitas das formas de se compreender este fracasso, dentre as quais
poderíamos exemplificar a atual caracterização do fracasso escolar como
"problemas de aprendizagem" e que deveria, nesta perspectiva, se configurar
também e talvez, principalmente, como "problemas de ensinagem", que não se
produzem exclusivamente dentro da sala de aula. Devemos continuar falando em
fracasso escolar como até hoje se tem feito ou assumi-lo como problema social e
politicamente produzido?
EENNCCOONNTTRROO –– 44
Neste encontro vamos assistir ao filme, PRO DIA NASCER FELIZ , a
fim de Viabilizar um espaço de estudo para reflexão sobre a importância dos fatos
ocorridos durante a exibição do filme.
Objetivo: Incentivar o aprofundamento teórico metodológico, garantindo assim, a
apropriação de novos conhecimentos e experiências.
18
PPRROO DDIIAA NNAASSCCEERR FFEELLIIZZ
titulo original: (Pro Dia Nascer Feliz)
lançamento: 2006 (Brasil)
direção: João Jardim
atores: Não divulgado
duração: 88 min
gênero: Documentário
status: arquivado
O documentário "Pro Dia Nascer Feliz", dirigido por João Jardim,
retrata a realidade do ensino no Brasil, e ao mesmo tempo serve para que nós
brasileiros e futuros educadores venhamos a refletir sobre qual caminho a educação
deve seguir.
Os sujeitos apresentados no filme são estudantes com idades entre
14 e 17 anos, ricos e pobres de escolas da periferia de São Paulo, Rio de Janeiro e
Pernambuco e também de um renomado colégio particular em São Paulo.
19
Os estudantes relatam suas expectativas em relação ao futuro
profissional, à família e ao amor. Revelam a existência de preconceito, violência e
esperança.
O foco é subjetivo, com cada adolescente relatando a sua visão e o
seu problema pessoal. Mesmo com tantos problemas, o Brasil após universalizar o
ensino fundamental no final do século XX, não conseguiu fazer da escola um local
adequado de aprendizado, apesar da estrutura que foi implantada ser boa acaba
funcionando apenas no papel, pois na execução (hora da verdade), que é o exato
momento em que o aluno ingressa no estabelecimento de ensino começando a
desilusão, as unidades de ensino não acabam reunindo as mínimas condições para
que os alunos possam desenvolver as suas capacidades intelectuais, tanto na
estrutura física como no corpo docente, isso sem contar com as diferenças sociais
que estão sempre presentes nas vidas de cada indivíduo, e por sua vez as
autoridades (governantes) não estão compromissadas com o ensino de qualidade,
situação que fica clara em suas campanhas eleitorais, quando transmitem a
população menos informada que as coisas vão bem, tudo está maravilhoso, porém
no colégio particular do Alto de Pinheiros, que não precisa dos políticos, é possível
ver que os alunos são de uma classe social privilegiada e demonstram uma
capacitação intelectual bem superior a dos alunos do ensino público, como
poderemos falar em igualdade social, se a base de tudo é o ensino, e está base é
totalmente desigual. Já os professores se sentem desestimulados, em razão do
sistema de ensino falido em nosso país, sem contar os profissionais
descompromissados que desistiram da idéia de formar futuros cidadãos, alguns
profissionais foram claros em dizer que os aluno (a)s vão a escola apenas para se
aparecer, e não estão preocupados em aprender, sem contar que muitas escolas
estão próximas de "boca de fumo", bem como os crime de homicídios que são
praticados contra os alunos no interior da escola, acabam trazendo um clima de
insegurança para todos, sendo que tais situações foram relatadas no próprio
documentário.
Através das dificuldades enfrentadas pelo sistema de ensino é
formado um enorme abismo entre professores e alunos, os quais não enxergam os
educadores como amigos, e estão sempre preparados para desafiar os professores,
desafios que de certa forma são agressivos através de palavras, gestos ou físicos.
20
Os professores por sua vez, talvez pela falta de valorização, não
estão compromissados com o ensino, situação que também ficou evidente no
documentário, quando os alunos eram dispensados por falta de professores, sem
contar com o descaso com a adolescente da cidade de Manari, Pernambuco, que é
uma verdadeira poetisa e sempre que entregava as suas redações e poesias
acabava sendo menosprezada pelos seus professores, os quais diziam que ela
havia copiado de algum lugar, demonstrando um total despreparo por parte do
docente, situação que afasta ainda mais o aluno do professor.
Diante do quadro que foi mostrado no documentário, fica difícil
acreditar não só na educação, mas no Brasil, quando entrevistados os jovens
recolhidos na FEBEM, os mesmos demonstram não acreditar em justiça, ao dizerem
que "os políticos roubam muito, e não são presos", a menina que esfaqueou uma
outra menina, disse que "matei e não estou arrependida, ficarei aqui apenas três
anos.
Se quisermos realmente que ocorram mudanças cabe a nós
promovermos tais mudanças, a fim de que possamos educar as crianças do nosso
Brasil - "Eduquem as crianças de hoje e não será preciso castigar os homens de
amanhã - Pitágoras".
O OLHAR SOBRE A ESCOLA
21
A instituição escolar ocupa um espaço peculiar no centro das
discussões ocupado por pais, educadores, pedagogos e até por personalidades no
Brasil. João Jardim com seu documentário Pro dia nascer feliz possibilitou que a
chama reflexiva a respeito desse assunto seja ainda mais avivada.
Longe de romancear a imagem da educação em nosso país, o
cineasta promove uma leitura dinâmica da realidade que permeia as escolas nos
grandes centros urbanos do Nordeste e do Sudeste. Distintos quadros se
apresentam entre as instituições retratadas, mas tal diversidade permite enxergar o
cerne em que reside o problema educacional, que é a divisão de classes atrelado à
falta de administração pública.
O contato com a obra de João Jardim revela a dificuldade que há em
avaliar o complexo labor travado pelos educadores diante da imensa carência das
escolas, tanto no âmbito estrutural como na falta de suporte psicológico. Chega-se à
conclusão de que as escolas brasileiras estão doentes, beirando a um coma, e não
há vontade política para prestar socorro ao moribundo.
Em meio a essa problemática estão os alunos, perdidos entre
questões pessoais e o envolvimento com o desvelar social. O abismo que divide as
classes sócio-econômicas se torna claro quando o espectador se depara com o
mosaico construído pelo cineasta.
De um lado estão os alunos pertencentes à elite, com conflitos
existenciais e com a “imensa” dificuldade em conciliar exigência escolar e vida
social. Por outro lado, há os marginalizados que beiram ao precipício, sofrendo
diante dos apelos da criminalidade, e os que batalham para simplesmente chegar à
escola, como no caso dos que moram no interior do Recife.
Mais que um simples convite ao lazer, o documentário revela a
educação sob uma nova perspectiva, porque se trata de uma entidade pouco
respeitada, embora possua grande valor. Graças a João Jardim, o sistema
educacional adquire status por ser discutido a partir do conceito artístico e,
independentemente do alcance de soluções permite a difusão de ricas reflexões.
22
EENNCCOONNTTRROO -- 55
Neste encontro vamos possibilitar aos alunos do Curso da Formação
de Docente do Colégio Estadual Marumbi uma palestra com a Psicóloga Marli
Ferreira Martins, graduada em Psicologia pela Universidade Estadual de Bauru
(UNESP), especializou-se nas áreas de: Educação Infantil, Educação Especial,
Avaliação Psicopedagógica, Doenças Mentais, nas áreas Clinicas e do Trabalho, a
fim de oferecer novas alternativas de conhecimentos sobre a importância das
especificidades da realidade escolar, quanto ao fracasso escolar.
Com as informações apresentadas pela palestrante, os alunos serão
convidados a fazer uma reflexão, abordando a necessidade de se ter conhecimento
para desempenhar a função de futuros professores diante da inclusão proposta pelo
Governo do Estado do Paraná.
EENNCCOONNTTRROO -- 66
Neste encontro será feito um trabalho coletivo com os alunos do
Curso de Formação de Docentes a fim de refletir e organizar as informações
recebidas sobre o tema Fracasso Escolar.
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Com as informações apresentadas no decorrer do desenvolvimento
do projeto os alunos serão convidados a fazer uma reflexão, abordando a
necessidade de se ter conhecimento para desempenhar a função de futuros
professores dando parecer ao referido projeto através de uma avaliação diagnóstica.
REFLETINDO E DISCUTINDO A PROBLEMÁTICA.
1) Quais explicações sobre o fracasso escolar estão utilizando em nossa realidade
educacional?
2) O que estamos entendendo por fracasso escolar?
3) Enquanto educadores, como iremos nos posicionar em relação ao fracasso
escolar? Como aprofundar nas questões relativas às possibilidades de sua
superação?
4) Nossas ações estão indo a favor da manutenção ou da superação do fracasso
escolar?
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4. PLANO DE AÇÃO
Este Caderno Temático será elaborado e implementado com base
nas orientações recebidas nos encontros de orientação, nas reflexões possibilitadas
pelos cursos geral e especifico oferecidos pela UEL e nas discussões pautadas nos
encontros subsidiados pela Secretaria do Estado da Educação.
A elaboração deste Caderno Temático teve inicio no ano de 2010 e
sua implementação no ano de 2010, tendo como publico alvo os alunos do Curso de
Formação de Docentes do Colégio Estadual Marumbi, no município de Marumbi.
Além da disciplina de Educação Especial, a colaboração da equipe
técnica pedagógica também será de suma importância para que o mesmo seja
implementado.
O encaminhamento metodológico para o desenvolvimento deste Caderno Temático
estará de acordo com as concepções da educação especial proposta e as atividades
a serem realizadas, serão centradas nas discussões com o objetivo de desmistificar
o fenômeno do fracasso escolar pelos sujeitos envolvidos na execução do mesmo.
Foram estas atividades que contribuíram para a definição e a delimitação da
temática de estudo.
Para o desenvolvimento deste Caderno Temático serão
desenvolvidas as seguintes ações:
� Apresentação do projeto aos alunos;
� Apresentação de produções cientifica, as quais servirão como referência
básica. Os desdobramentos de tais leituras serão feitos a partir do contato
com os alunos da Formação Docente;
� Serão organizadas palestras e seminários para os alunos da Formação de
Docentes sobre o fracasso escolar;
� Os conteúdos serão desenvolvidos de acordo com as proposições do
Projeto de Pesquisa (PDE) e contará com recursos tais como: vídeo,
dinâmicas de grupo, multimídia, música, entre outros;
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� Fazer debates sobre textos, filmes e músicas que se reportem ao fenômeno
do fracasso escolar;
� Levantar junto aos alunos da Formação de Docentes, questões que
subsidiarão as reflexões acerca da temática do fracasso escolar;
� Avaliação do trabalho será realizada após cada encontro com atividades
individual e coletiva produzida pelos alunos.
Este Caderno Temático sintetizará todas as etapas, ações e experiências
desenvolvidas e adquiridas na implementação deste projeto evidenciando as
positividades e os resultados alcançados.
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5. REFERÊNCIAS.
PATTO, Maria Helena Souza. A produção do fracasso escolar : Ed. T. A. Queiroz,
São Paulo – 1990.
Aquino, Julio Groppa. A indisciplina e a escola atual . Rev. Fac. Educ., jul 1998,
vol.24, no. 2, p.181-204.ISSN 0102-2555
GARCIA, Rosalba Maria Cardoso – UNISUL / UFSC
GT: Educação Especial / n. 15
MOYSES, Maria Aparecida Affonso e COLLARES, Cecília Azevedo Lima.
Inteligência Abstraída, Crianças Silenciadas: as Av aliações de Inteligência .
Psicol. USP, Vol.8, nº.1, p.63-89, 1997.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, Se nado Federal , 1988.
COLLARES, Cecília Azevedo; Maria Aparecida Afonso. O profissional de saúde e
o fracasso escolar: compassos e descompassos. São Paulo: Casa do Psicólogo,
1997.
SOARES, Magda. Linguagem e Escola – Uma perspectiva Social. São Paulo:
Ática.1986.
MACHADO, A.M. Crianças de classe especial : efeitos do encontro da saúde
com a educação. São Paulo: Casa do psicólogo; 1994.
Collares, Cecília Azevedo Lima (1992). Ajudando a desmistificar o Fracasso
Escolar .
CRUZ, S.H.V. A representação da escola em crianças da classe tra balhadora .
Dissertação (mestrado). São Paulo: IPUSP; 1987
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SOUZA, M.P.R. de. Construindo a escola pública democrática: a luta di ária de
professores numa escola de primeiro e segundo graus . Dissertação (mestrado).
São Paulo: IPUSP, 1991.
ARROYO, M. Fracasso-Sucesso: o peso da cultura escolar e do ordenamento da
educação básica. In: ABRAMOWICS, A. E Moll, J. (orgs.) Para Além do Fracasso
Escolar. Campinas, Ed. Papirus, 2000, 3ª edição, pp.11-26.
BRASIL, MEC. Os Parâmetros Curriculares Nacionais. Documento introdutório,
versão preliminar, Brasília, 1995.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1999.
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/22106/1/Resenha-Pro-Dia-Nascer-Feliz/pagina1.html#ixzz0r7JH3arl