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1 Foto: Cerezo Barredo: Mural da Igreja de Ribeirão Cascalheira (Santuário dos Mártires) - Prelazia São Félix do Araguaia - MT Formação e Informação para animadores Diocese de São José dos Campos - SP - Informativo das CEBs - Ano VII - Abril de 2011 - Nº 66 2 - Palavra do Assessor 3 - Arte na Caminhada 4/5 - Leitura Orante da Bíblia 6 - Religiosidade Popular 7 - Aconteceu 8 - Grito dos Excluídos INDICE

Informativo das CEBs - Diocese de São José dos Campos SP

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Formação e Informação para animadoresLá vem o Trem das CEBs...

Diocese de São José dos Campos - SP - Informativo das CEBs - Ano VII - Abril de 2011 - Nº 66

2 - Palavra do Assessor3 - Arte na Caminhada

4/5 - Leitura Orante da Bíblia6 - Religiosidade Popular

7 - Aconteceu8 - Grito dos Excluídos

INDICE

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CEBs - Informação e Formação para animadores2

cumprida, para construir a casa sobre a rocha (leitura proposta do dia em nossa reunião nas CEBs) não permitindo que a natureza (morte) nos surpreenda en-quanto temos ainda tempo.

Sentimos o fascinante gosto da emo-ção em servir na liberdade evangélica. Com a presença de Jesus, carinhosa e transcendente, nossa comunidade teve a oportunidade de ser providência divi-na para um irmão.

Obrigado Senhor por esse momento de graça em nossa comunidade, te lou-vamos e agradecemos, bendito os olhos que enxergam além do que vêem.

Maria Helena da Costa MansoComunidade da Av. Ouro Fino - Setor 13

Paróquia Coração de Jesus

oftalmológico, por iniciativa da comuni-dade também levamos uma cesta básica e encaminhamos a família para os Vicen-tinos. Fomos muito bem recebidos pela família do Sr. José. Nossa colaboração foi emocionalmente e muito agradecida, finalizando com as palavras: “Deus lhes pague a todos”.

Para realizar o nosso gesto concre-to foram necessários dois momentos importantes: ouvir a Palavra de Deus colocando-a em prática e conhecer a ne-cessidade do outro.

Unimo-nos na solidariedade ao sa-ber da necessidade e quisemos fazer a diferença com amor e temor, ouvindo o grito silencioso do nosso coração que dizia: o maior deve ser aquele que serve e honra na alegria. Amar a Deus e ao próximo, uma ordem que precisa ser

PALAVRA DO ASSESSOR

ESPAÇO DO ANIMADOR

Animador(a) das CEBs, olá!

Chama-nos a atenção as Orações Eucarísticas que a Igreja faz neste tem-po de quaresma, que ilu-mina nosso modo de ser e agir em prol à construção de um mundo mais justo e fraterno. A Campanha da Fraternidade vivida na liturgia e nos en-contros diversos é reflexão/resposta ao convite de conversão. Eis dois exemplos destas orações: “Para renovar, na santi-dade, o coração dos vossos filhos e filhas, instituístes este tempo de graça e salva-ção. Libertando-nos do egoísmo e das outras paixões desordenadas, superamos o apego às coisas da terra”, e ainda, “O

Sou participante das CEBs da Paró-quia Coração de Jesus há muitos anos, e já vivenciei muitas experiências de fé e compromisso.

Com a realização do quinto encontro das CEBs, com o tema “Ser discípulo de Jesus é colocar em prática sua Palavra”, no dia 2 de março de 2011, na casa do Sr.José, concluímos a primeira fase de cinco encontros do tempo comum, no qual meditamos e partilhamos as leitu-ras do evangelho de São Mateus refe-rente ao “Sermão da Montanha”.

Concretizamos nosso compromisso assumido de juntos ajudarmos nosso irmão Sr. José que está precisando de quem lhe dê a mão. Com a colaboração de nossa comunidade arrecadamos um valor em dinheiro, que contribuiu no pagamento de seu tratamento médico

jejum e a abstinência que pra-ticamos, quebrando nosso or-gulho, nos convidam a imitar vossa misericórdia, repartindo o pão com os necessitados”.

Se vivermos verdadeira-mente estas orações, torna-remo-nos mais responsáveis pelo bem de todos (seres hu-manos, animais, elementos

naturais, seres viventes - a natureza, a ecologia). Somos convocados a sermos mais humanos, ou seja, humanos de ver-dade, no respeito e na defesa da criação. Destaco a expressão “outras paixões de-sordenadas”. De fato, impulsos humanos egoístas e desmedidos levam à desor-dem da convivência humana e cósmica, e quem sai perdendo é toda a criação, que

geme e sofre dores de parto. Façamos nossa parte com gestos sim-

ples e diretos, diminuindo práticas que destroem a vida em todos os sentidos... Participemos de iniciativas em defesa da natureza e do ser humano... Busquemos mudança de mentalidade e de atitudes diante da realidade de morte que encon-tramos dentro e ao redor de nós...

Sobriedade é a palavra chave: ser só-brio no modo de usar os bens naturais e materiais, de consumir, de vestir-se, de comprar, de relacionar-se com os outros, de comer, de cuidar de si e do outro...

Assim a Páscoa de Cristo se faz Pás-coa em nós e no universo!

Pe. Ronildo Aparecido da Rosa

Assessor Diocesano das CEBs

“A Palavra de Deus na Vida do Povo”Enxergando com os olhos da Fé e da Vida

Foto: Bernadete Mota

Fotos: Bernadete Mota

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CEBs - Informação e Formação para animadores 3

Arte nA cAminhAdA dAs comunidAdeseclesiAis de bAse: desAfios e propostAs

*Zé VicentePoeta e cantor

No dia 28 de janeiro de 2011, estive presente na Ampliada das CEBs reunida no Centro de Expansão da Diocese de Crato, Ceará, para organizar os passos rumo ao 13º Intereclesial planejado para acontecer, em janeiro de 2014, em Crato e Juazeiro. Fui convidado pelo Secretaria-do do 13º, para uma tarefa bem específi-ca: motivar a discussão sobre a importân-cia de um Projeto de Arte na Caminhada das CEBs, tema sentido, como urgente, por muitos de nós, principalmente da área artística e sempre recorrente por ocasião dos grandes eventos.

Durante pouco mais de uma hora, conduzimos nossa conversa, temperada com músicas e testemunhos em três ní-veis:

• Nossa percepção do que é a Arte para nós;

• Memória e Missão da Arte na Cami-nhada das Comunidades;

• Projeto de Arte na Caminhada – de-safios e possibilidades.

O QUE É ARTE PARA NÓS?Iniciei com um breve testemunho,

em que compartilhei com as pessoas da Ampliada, um pouco de minha história, desde os primeiros passos na comuni-dade onde nasci, o Sítio Aroeiras, muni-cípio de Orós/CE, bebendo nas tradições das novenas e benditos de Mãe Suzana e, quando na década de 1970, criamos o primeiro Grupo do Dia do Senhor, para celebrações da Palavra aos domingos, já recorrendo à arte,através das dramatiza-ções do evangelho, histórias populares e músicas, passando pelo período em que morei na cidade de Iguatu, onde funda-mos o TAI (Teatro de Amadores de Igua-tu), ensaiando os primeiros passos com a literatura de Cordel.

Contei do tempo em que morei em Crateús e Estudei Teologia em Recife, quando entrei no campo das composi-ções musicais (entre 1981 a 1990).

Neste ano de 2011, estou celebran-do os 30 anos da primeira música: “Povo Novo”, espalhada pela PJMP (Pastoral da Juventude do Meio Popular). Atualmen-te, além das viagens, temos o Projeto Ser-tão Vivo, na roça de Orós, que por quase

15 anos estamos apostamos na arte,nos cuidados com a saúde e na sensibilização e educação ambiental.

Após esse relato, perguntei para as pessoas presentes o que é arte, nas suas experiências de vida e missão. “Beleza, encanto, mística, inspiração da alma, for-ça de animação das lutas, cultura, dança, pintura, poesia, alegria, expressão de nossa identidade...” foram algumas das palavras vindas dos corações presentes.

Seguindo a reflexão, procurei resumir minha percepção e experiência com arte em suas dimensões:

a) Arte-educação – quantas belas experiências existem por aí, sensibili-zando e capacitando pessoas para um olhar contemplativo e de encanto sobre o mundo e a história, para a criação da beleza, para novos comportamentos pro-féticos, abertos ao diálogo e convívio nas diferenças, para construção de Culturas de Vida e Paz;

b) Arte-profissão – quando em 1988, fiz a opção de sobreviver da música e da poesia, não foi fácil, não era conhecido e fui alertado, por Dom Fragoso, então bispo de Crateús, com quem convivia e trabalhava, de que poderia enfrentar di-ficuldades. Fui descobrindo que o artista pode sim, viver do suor de sua arte. Aqui relembro uma frase do poeta nicaragüen-se, Carlos Fonseca, impressa numa nota de dinheiro: “não somos peixes para vi-ver da água, não somos aves para viver no ar, somos homens para viver da terra”, aqui vale a adaptação: “somos artistas, para vivermos da arte”.

Na época em que criamos o MARCA – Movimento de Artistas da Caminhada, um desafio pouco trabalhado foi exata-mente a diferença entre artistas de pro-fissão e artistas com outras profissões. Chamávamos de “artistas militantes” e “militantes artistas”. Hoje é possível e ne-cessária uma melhor abordagem, incluin-do aí nas leituras de conjunturas e estu-dos, o tema das produções e do mercado de arte, em todos os campos: música, moda, culinária, feiras, festas, produções visuais etc.

Como esse tema se faz presente na chamada Economia Solidária? Temos la-mentado, quando nos reunimos, sobre as dificuldades encontradas; não raras

vezes, quando aconte-ce algum convite para criarmos ou apresen-tarmos nossas artes em Igrejas ou outros espa-ços coordenados por pessoas vindas das Co-munidades e Movimen-tos Populares, que tudo parece mais exigente e difícil. Há situações em que nos pedem para atuar voluntariamente, em eventos beneficen-tes, mas nos mesmos eventos, contratam artistas ou bandas co-merciais e pagam seus cachês.

Há situações mais graves em que paga-mos pra trabalhar, pois nem somos perguntados(as) se tivemos alguma despesa de viagem. Vale fazer-mos uma alusão ao descaso com a me-mória dos nomes e dos direitos autorais, nas obras postas e circuladas entre nós. Não será essa uma questão de justiça, im-portante e em sintonia com tema do pró-ximo intereclesial a estarmos atentos?

c) Arte-terapia – muitas experiências, em muitos lugares, nesse campo do cui-dado e até da cura de graves problemas de saúde, através da arte que desperta, motiva, eleva o ser humano, para a sua vocação e missão holística! Tais experi-ências – dança,teatro,hip-hop,pintura... estão notadamente nas periferias das cidades, onde a arte está oferecendo al-ternativas de vida e saúde humana para as crianças e jovens em situação de risco, pelo tráfico de drogas e a cultura da vio-lência.

d) Arte-sacra, celebrativa –está pre-sente com todas as suas linguagens, des-de os tempos mais remotos, nos templos e nos mais diferentes rituais. Quantos(as) artistas e movimentos, existiram, que mesmo tendo que sobreviver com as cha-madas encomendas e censuras, deixaram as suas marcas proféticas na Caminhada da humanidade.

Hoje, nas celebrações populares, ro-marias, liturgias, como estamos perce-bendo e refletindo sobre o papel das ar-

NO PRóxiMOiNFORMAtivO iREMOS PuBliCAR A SEguNDAPARtE DESSE ARtigO.

tes e seus (as) artistas?Como encaramos a dicotomia impos-

ta pelos setores mais reacionários entre o que classificam como “arte sacra”, aquela criada e usada dentro das Igrejas, versus “Arte mundana ou, profana”,a que circula no âmbito da sociedade civil?

Como estamos percebendo os mo-vimentos do mercado crescente e lucra-tivo nesse campo da arte sacra? Assim como existe hoje o agro-hidro-negócio, estamos vendo crescer também o “sacro--negócio”. Temos estudado muito pouco o fenômeno dos padres cantores e outras expressões, infladas pela grande mídia.

As CEBs, a meu ver, vem mantendo certo retraimento sobre construção de um projeto de arte, não ocupando um espaço importante, para trazermos a discussão sobre os conteúdos, a nossa relação com Teologia da Libertação, com as Culturas atuais e com as categorias ar-tísticas.

*Zé vicente é natural de Orós,Ceará, poeta, lavrador,

compositor, cantor.Contato: [email protected]

Foto Divulgação

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FORMAÇÃO PARA ANIMADORES DE COMUNIDADES

Leitura Orante e o*Maristela Tezza

A Leitura Orante é uma metodologia (um caminho) que nos ajuda a aprofun-dar a oração a partir do texto bíblico. Compreende os seguintes passos: LEITU-RA (Verdade: o que diz a Palavra?), ME-DITAÇÃO (Caminho: o que a Palavra diz para nós hoje?), ORAÇÃO (Vida: o que a Palavra nos leva a dizer a Deus?) e CON-TEMPLAÇÃO (Missão e compromisso: qual nosso olhar a partir da Palavra? Qual nossa missão para esta semana, a par-tir da Palavra? O que podemos assumir como compromisso?).

Um dos desafios dessa metodologia se encontra no primeiro passo: a leitura do texto e de seu contexto. Deste passo depende todo o restante da oração. É necessário, pois, fazer uma leitura atenta

do texto, uma, duas, três vezes. Observar os personagens, as palavras que mais se repetem, a forma como o texto foi cons-truído e a sua estrutura. Depois, trazer à memória o que sabemos sobre a realida-de da comunidade que está por trás das palavras: quando foi escrito o texto, quais os conflitos a enfrentar, qual a proposta de superação.

Conhecendo melhor a comunidade que escreveu o texto, é possível perceber

o seu objetivo e o que representava para a realidade daquela época. Só depois de compreender o sentido do texto na época em que foi escrito é que podemos atualizá-lo, ou seja, perguntar o que quer dizer nos dias de hoje. Se não respeitar-mos esse passo, corremos o risco de fazer uma leitura fundamentalista ou “espiritu-alizante” do texto. Consequentemente, nossa ação e nossa oração seguirão na mesma direção.

Para entendermos melhor o primei-ro passo da Leitura Orante, vamos fazer a experiência com o texto de Mateus 25, 31-46.

Em Mt 25,31-46 temos o discurso so-bre o dia do julgamento final. Este discur-so só aparece no evangelho de Mateus. Isto já nos chama a atenção: Por que esta comunidade teve a necessidade de

escrever sobre o julgamento? Quais os critérios que ela estabelece para o dia do julgamento?

A comunidade de Mateus escre-veu seu evangelho provavelmente nos anos 80/85 d.C. na região de Antio-quia-Síria. A comu-nidade é formada em sua grande maioria por judeus

cristãos e por pessoas pobres (Mt 5,1-11. 47), que estão sofrendo a expulsão gra-dativa das sinagogas (Mt 10,17-23) por interpretarem a Lei e toda a tradição de forma diferente (Mt 5-7). Além isso, pro-fessam que Jesus é o Messias (Mt 1,22-23).

Após os anos 70 d.C., quando a cida-de e o templo de Jerusalém foram des-truídos no desfecho da Guerra Judaica, as sinagogas tornaram-se espaço privile-

giado de encontro e oração, uma espécie

de centro comunitário. Um bom número das sinagogas fora de Jerusalém era co-ordenado pelos fariseus, que passaram a exigir com mais rigor o cumprimento de todas as Leis para ser aceito nas mesmas e ter direito à participação plena. A co-munidade dos seguidores de Jesus vivia as Leis de forma diferente (Mt 5, 17-19). Com isso, o conflito entre os seguidores de Jesus e os fariseus tornou-se mui-to forte na comunidade de Mateus (Mt 23,1-36).

O texto de Mt 25,31-46 foi escrito em meio a este conflito. No conjunto do evangelho, ele está inserido no bloco maior chamado de “discurso escatológi-co”, que compreende os capítulos 24 e 25. O tema destes capítulos é a expectati-va da Segunda Vinda de Jesus – a Parusia. Desde as primeiras comunidades, a Se-gunda Vinda de Jesus era aguardada para breve (ITs 4,15-17; 5,1-11). Como Jesus tardava em voltar, cresceram as dúvidas e a descrença. Então, passou-se a pregar que Jesus voltaria sem hora marcada. Alguns acontecimentos poderiam ser-vir de aviso, mas o importante era estar preparado/a, pois ele poderia chegar a qualquer momento. A espera precisava

ser ativa e constante (ITs 5,1-11; Mc 13, 1-37; Lc 21,5-38).

Os capítulos 24 e 25 apresentam como deve ser a “espera ativa”. Ob-servem como o texto se estrutura: introdução (24,1-2); guerras e perse-guições (24,4-14); juízo sobre Judá (24,15-22); adver-tências contra fal-sos profetas (24,23-28); sinais cósmicos (24,29-31); sinal do

fim (24,32-44) e três parábolas (24,45-25,30). O bloco termina com a visão do julgamento final (25,31-46). Em Mt 25,31-47, a comunidade descreve como será o julgamento e qual será o critério de Jesus para separar “ovelhas de cabri-tos”.

Na primeira cena, Jesus recebe o tí-tulo de Filho do Homem, que, descendo com toda a sua glória e com seus anjos,

Fotos: Bernadete Mota

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FORMAÇÃO PARA ANIMADORES DE COMUNIDADES

sentará num tro-no e dali proferirá o julgamento de todos os povos e nações. A comuni-dade descreve este julgamento usando imagens apocalíp-ticas e memórias de outros textos do Antigo Testamento. Por exemplo, Filho do Homem é um atributo que apa-rece em Dn 7,9-14, e representa o pró-prio Daniel e sua comunidade em condi-ções de lutar contra as forças do opressor Antíoco IV. Em nosso texto, Jesus, compa-rado à figura do Filho do Homem, é o juiz, ou seja, aquele que tem o poder de fazer o julgamento porque foi fiel ao Reino.

Na segunda cena, temos a imagem do pastor que separa o seu rebanho: à direita as ovelhas e à esquerda os cabri-tos. Da mesma maneira acontecerá com os homens: os que estiverem à direita,

serão chamados de benditos porque “de-ram de comer, deram de beber, vestiram o nu, acolheram o estrangeiro, visitaram o preso e o doente”. Mas parece que as pessoas justas (“ovelhas da direita”) não entendem as palavras de Jesus e pergun-tam: Quando foi que fizemos isso? Jesus responde: “cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos pequeninos, a mim o fizestes”.

A comunidade de Mateus apresenta o critério do julgamento: “cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos pe-queninos, a mim o fizestes”. Este critério aparece duas vezes (v.40.45), revelando a sua importância em nosso texto.

Para os judeus deste período o que lhes garantia um bom julgamento final era o cumprimento das práticas e dos preceitos da Lei. Isso lhes dava o atribu-to de pessoas justas. O problema é que a fidelidade à Lei não implicava a prática da solidariedade, da justiça e da miseri-córdia (Mt 5,20-6-18), como já denuncia-vam os profetas (Is 58). A comunidade de Mateus utiliza os mesmos critérios que o profeta Isaías utilizou para questionar a religião de sua época (400 a.C): uma re-ligião marcada pelo cumprimento da Lei, mas sem ações de justiça, misericórdia e solidariedade. Mero formalismo no cum-primento de leis e normas.

A realidade vivida pela comunida-de de Mateus não é muito diferente da época de Isaías: empobrecimento, fome, sede, nudez, exclusão. E mais: pessoas são expulsas das sinagogas e presas por acreditarem em Jesus e seguirem as leis de forma diferente. Então, os/as exclu-ídos/as e marginalizados/as se tornam o critério do julgamento. “As exigências para estar do lado do Filho do Homem são éticas, e quem receber qualquer ne-cessitado, crente ou não, recebe o Filho do Homem” (PIXLEY). Essas pessoas pas-sam a representar o próprio Juiz.

Ser fiel à lei, às tradições, ao Reino é ter práticas de inclusão que podem até nem estar nas leis ou serem proibidas por elas, “ser fiel é a solidariedade com os mais necessitados” (PIXLEY). Estar vigi-lante para a espera da Vinda do Filho do Homem é reali-zar obras de justiça que superam a dos escribas e fariseus (Mt 5-7).

Quanto mais inclusão geramos, quanto mais que-bramos preconcei-tos, quanto mais destruímos os fun-d a m e n t a l i s m o s , mais tornamos o Filho do Homem vivo em nosso meio. Pois são essas pessoas que serão juízes/as no julgamento.

A comunidade de Mateus rompe com o formalismo da lei, o ritualismo vazio e

propõe como critério de julgamento prá-ticas concretas que modifiquem realida-des opressoras e construam uma socie-dade justa (Mt 13,1-33).

Aprofundamos somente o primeiro passo da Leitura Orante, e podemos per-ceber muitas coisas novas. Conhecer a realidade que está por trás do texto nos permite ampliar nossa capacidade de di-álogo. Preparação, leitura, estudo, tudo isso, à primeira vista, pode parecer difí-cil, mas, aos poucos, nos familiarizamos com o método. Rezando sozinhos/as po-demos até desanimar, mas se rezarmos em comunidade crescemos ainda mais, nos fortalecemos e consolidamos nosso compromisso com as pessoas mais ne-cessitadas de um modo mais coerente, audacioso e fiel a Jesus e toda a sua vida.

O Espírito nos ajuda, mas também conta conosco. E de nossa parte, no primeiro passo da Leitura Orante, cabe-nos apro-fundar os estudos bíblicos.

Referências: CARtER, Warren. O Evangelho de Mateus: comentário sociopolítico e religioso a partir das margens.

São Paulo: Paulus, 2002. CNBB. Ele está no meio de nós!: o semeador do Reino.São Paulo: Paulinas, 1998. PixlEY, Jorge. O Fim do Mundo Mt 24-25. Revista de Estudos Bíblicos

latino-Americana- RiBlA. Petrópolis: vozes, no. 27/1997, p.84-97.

*Maristela tezza possui graduação em Filosofia pelo Centro universitário Assunção- uNi-FAi (2004), graduação em teologia pelo instituto teológico São Paulo - itESP (1998) e Mestrado em Ciências da

Religião pela universidade Católica de goiás - uCg (2006). Atualmente é coordenadora do instituto de teologia da Região Sé - itElSÉ, assessora do Centro Bíblico verbo - CBv.

Evangelho de Mateus

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VOCAÇÃO

“Que os homens nos considerem, pois, como simples operários de Cristo.” (1Cor 4, 1). É assim que me vejo em mi-nha vida pastoral por onde passei e onde estou. Nada mais do que um simples operário do Se-nhor, como todo o povo de Deus é. O fato de ser seminarista, não me torna melhor, nem superior a alguém, mas sim, uma pessoa com maiores respon-sabilidades, pelo exemplo de vida que devo dar e mais trabalhos, já que de certa forma sou um líder junto da comunidade, o que me faz ter que trabalhar mais e não menos do que os outros.

Minha experiência pastoral como se-minarista se iniciou na Paróquia Nossa Senhora do Bonsucesso, em Monteiro Lobato, onde fiquei por dois anos (2009 – 2010). Creio que algumas das maiores preocupações que bate na gente quando se chega num novo lugar é a de saber se vamos nos adaptar bem ao novo ambien-te, se vamos fazer boas amizades e se va-mos conseguir desempenhar bem o nos-so trabalho. Confesso que em Monteiro Lobato foi um pouco difícil no começo, pela timidez e pelo fato de ter que me acostumar com uma realidade pastoral diferente da minha paróquia de origem, São Bento. Contudo, o carinho do povo sempre faz a gente se sentir em casa. Também, um pároco que se faz nosso

amigo ajuda bastante. É o que foi o Pa-dre Dirceu, um amigo e um pároco que me deu a liberdade de trabalhar em qual-quer pastoral e de ser também amigo dos paroquianos.

Na paróquia Nossa Senhora do Bonsuces-so pude estar mais próximo da juventude, do grupo de co-roinhas, da cate-quese e pastoral vocacional, mas sempre à dispo-sição de quem precisasse. Po-rém, o que mais me marcou fo-

ram as procissões. Momentos em que podia fazer festa com o povo, além das pregações, sempre oportunas e carrega-das do contentamento das pessoas que elogiavam e incentivavam a fazê-las.

Por dois anos que estive como semi-narista na paróquia de Monteiro Lobato, pude ter um crescimento espiritual e pessoal, e a aprendizagem de que mui-to mais do que um simples seminarista na comunidade é preciso ser um amigo presente na vida das pessoas. A resposta positiva desse “ser um amigo” é as pes-soas fazerem da gente mais um membro de suas famílias, concretizando assim a promessa que o Senhor nos faz: “Quem deixa casas, irmãos, mães, pais, filhos e campos por causa de mim e do evange-lho, recebe cem vezes mais estas coisas durante esta vida.” (Mc 10, 29-30).

Afirmo, sem receios, que fui muito fe-

“O amor de Cristo nos impulsiona” cf. 2Cor 5, 14

liz na paróquia Nossa Senhora do Bonsu-cesso, e agradeço a Deus por tudo que lá vivi, pude ser, e também puderam ser por mim. Uma paróquia, um povo e amigos “tops de linha”.

Hoje estou na paróquia São José Ope-rário em Jacareí, junto com o Padre Afon-so, amigo e companheiro. Onde também sou muito feliz, podendo ser o mesmo que fui em Monteiro Lobato, carregado de boas expectativas para este ano e o próximo em que estarei por lá. E pelo pouco tempo em que estou na Cidade Salvador/Jacareí, já posso dizer: é uma paróquia e um povo, “muito jóia, de pri-meira qualidade”.

A experiência pastoral é muito importante na vida de nós seminaristas, pois podemos estar mais próximos da-queles que um dia serão confiados ao nosso pastoreio, além do impulso, incen-tivo dado à nossa vocação pelo carinho e amizade do povo de Deus. Somos muito gratos pelas orações das pessoas, pois é uma das bases que sustentam a nossa caminhada. Con-tinuem rezando pela gente, e por novas vo-cações, já que estas são frutos de um povo oran-te, e contem sempre com as nossas preces.

Aproveitando o espaço, quero escre-ver sobre o encontro da CEBs das Regiões Pasto-rais 6 e 7, realizado na capela São Francisco de Assis, no Jardim Califór-nia/Jacareí, no dia 27 de

fevereiro. Estive presente, junto com o Padre Afonso, para a celebração da Euca-ristia, que abriu o encontro. Estava tudo muito bonito e com uma significativa participação das paróquias. Era visível no rosto das pessoas a alegria, característica das CEBs, estampada no sorriso de cada um. Foi uma manhã muito importante de formação sobre a leitura orante da bíblia, que com certeza terá um reflexo positivo nos encontros com as famílias em nossas comunidades.

Parabenizo as CEBs das regiões 6 e 7 pela participação e empenho na evan-gelização do povo e construção de uma Igreja viva, orante e atuante na socieda-de. Deus abençoe e fortaleça a todos.

“Tamo junto!”

Seminarista Rogério S. lemes3º ano de filosofia

Paróquia São José Operário - Jacareí.

de Rogério S. Lemes

Dia 1º de maio de 2011 - Horário: 15 horasLocal: Pavilhão Gaivotas - Parque da Cidade - São José dos Campos - SP

30 ANOS DA DIOCESE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Faça sua caravana paroquial, traga suas faixas e venha participar deste momento delouvor a Deus pelos 30 anos de caminhada da Diocese de São José dos Campos!

A Diocese de São José dos Campos convida todos diocesanos paraa Missa em Ação de Graças pelos 30 anos de sua criação:

Foto: Bernadete Mota

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CEBs - Informação e Formação para animadores 7

Formação nas regiões PastoraisLeitura orante da BíBLia

RP 5

Via Sacra naS comunidadeS - Comunidade São Francisco de Assis - Paróquia N. Sra. Perpétuo Socorro

RPs 3 e 4

RPs 1 e 2Foto: Celso Correia

Foto: Bernadete Mota

Foto: Bernadete Mota

Foto: José Hamilton

ACONTECEU

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CEBs - Informação e Formação para animadores8

Sugestões, críticas, artigos, envie para Bernadete.Av. Ouro Fino, 1.840 - Bosque dos Eucalíptos CEP 12.233-401 - S. J. Campos - SP

E-mail do informativo: [email protected]

Fale com a Redação...

Expediente: Publicação Mensal das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Diocese de São José dos Campos – Diretor: Dom Moacir Silva – Diretor Técnico: Pe.Ronildo Aparecido da Rosa - Jornalista Responsável: Ana Lúcia Zombardi - Mtb 28496 – Equipe de Comunicação: Coordenador: Luis Mario Marinho - Inte-grantes: Celso Corrêa e Maria Aparecida Matsutacke - Colaboradora: Madalena das Graças Mota - Diagramação: Maria Bernadete de Paula Mota Oliveira - Cor-reção: Sandra Memari Trava - Revisão: Pe. Ronildo - Arte Final, Editoração e Impressão: Katú Editora Gráfica - Tiragem: 6.200 Exemplares

Esperamos seu contato!

ACONTECEU

Aconteceu no dia 13 de março, na Pa-róquia Coração de Jesus, um encontro de formação para os futuros líderes da Pas-toral da Pessoa Idosa, em parceria com as CEBs. Estavam presentes os animadores (as) das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), Catequese e outras pastorais.

Essa capacitação foi ministrada pela

Formação Pastoral da Pessoa Idosa e CEBs

GRITO DOS EXCLUÍDOS 2011

Reunião no dia 02 de maio (segunda--feira), às 19h30, ao lado da Igreja Cate-dral, em preparação para o Grito dos Ex-cluídos que acontecerá em nossa Diocese no dia 07 de setembro, 2011.

As CEBs contam com a presença de todos que compõem a Comissão Dio-

O TEMA SERá “PELA VIDA, GRITA A TERRA.POR DIREITOS, TODOS NÓS”!

coordenadora diocesana Wânia de Arau-jo Coelho, que explicou qual é a missão da Pastoral da Pessoa Idosa.

“Para a Pastoral acontecer na Paró-quia Coração de Jesus, o caminho são as CEBs”, disse Padre Rogério Felix, que pas-sou pelo encontro.

Estar diante da imagem milagrosa da Virgem Aparecida encontrada nas águas do Rio Paraíba, acender uma vela ou ofe-recer um objeto em forma de agradeci-mento.

Não importa o motivo que leva o ro-meiro à Aparecida, o que importa é a fé.

São nesses pequenos gestos, nas lágri-mas derramadas durante as celebrações ou no silêncio de uma oração que o devo-to exprime sua devoção.

É a piedade popular, a devoção de tantas pessoas que enchem o Santuario Nacional. Estamos na 11ª Romaria Estadu-al das CEBs do Estado de São Paulo, são várias comunidades de todo o estado, que se organizam para irem em romaria à Apa-recida. São pessoas de inúmeros lugares e com objetivos comuns, para agradecer e pedir as bênçãos de Deus, por meio da intercessão de Nossa Senhora.

Animadores(as) organize a sua comu-nidade e vamos juntos participar desse momento tão forte das Comunidades Eclesiais de Base em Aparecida.

DIA 15 DE MAIO, XI ROMARIA ESTADUAL DAS CEBsREGIONAL SUL 1

Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida

VOCê ORGANIZA A ROMARIA ESTADUAL DAS CEBs?

Você animador e animadora das CEBs, que organiza sua romaria, nos con-te como é visitar a Casa da Mãe Apareci-da! Se tiver foto de sua romaria, envie--nos por carta: Av. Ouro Fino, nº 1840, CEP 12233-401, ou mande para o e-mail: [email protected].

Estamos aguardando!

Maria MatsutackeEquipe de Comunicação das CEBs

Padre Comblin morre aos 88 anosno interior da Bahia

dades”, lamenta padre Beozzo.Nascido em Bruxelas, na Bélgica, em

1923, Comblin foi ordenado padre em 1947. Fez doutorado em teologia pela Universidade Católica de Louvaina e che-gou ao Brasil em 1958. Em Recife, a con-vite de dom Helder Câmara, foi professor no Instituto de Teologia do Recife.

Expulso do Brasil em 1971 pelo regi-me militar, padre Comblin exilou-se no Chile durante oito anos, de onde também foi expulso, em 1980, pelo general Pino-chet. Voltando ao Brasil, passa a morar na Paraíba, em Serra Redonda. É autor de uma vasta obra.

Padre Comblin morava, atualmente, em Barra, na Bahia. “Comblin dedicou praticamente toda sua vida ao povo e à Igreja da América Latina, no Brasil, no Chile e no Equador e em centenas de as-sessorias por todos os países”, recorda padre Beozzo.

Fonte:CNBB

O teólogo pa-dre José Comblin, de 88 anos, mor-reu na manhã des-te domingo, 27, no interior da Bahia onde assessorava grupos de base. Segundo padre José Oscar Beo-zzo, padre Comblin levantou-se cedo,

tomou banho, aprontou-se, mas não apareceu para a oração da manhã. Pro-curam-no e o encontraram-no sentado no quarto e já morto.

“Perdemos um mestre e um guia inquieto e exigente como os velhos pro-fetas, denunciando sempre nossas inco-erências na fidelidade aos preferidos de Deus: o pobre, o órfão, a viúva, o estran-geiro. Trabalhou por uma Igreja profética a serviço destes últimos nas nossas socie-

Foto: Bernadete Mota

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Foto Divulgação

cesana da Caridade, Justiça e Paz, e das pastorais diocesanas da Acolhida, Juven-tude, Liturgia, Comunicação, além da Rá-dio Mensagem e do Conselho de Leigos.

Pe. RonildoAsessor Diocesano das CEBs

PROGRAMAÇÃO:6h - Concentração no Porto de Itaguaçu, partilha e oração

6h30 - Caminhada rumo ao Santuário Nacional7h30 - Chegada à Basílica

8h - Celebração Eucarística no Santuário Nacional,com transmissão ao vivo pela TV Aparecida e TV Cultura