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Curitiba, segunda-feira, 12 de maio de 2008 | Ano IX | nº 377 | [email protected] | Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo DIÁRIO d o B R A S I L Páginas 4 e 5 Cresce percentual de heterossexuais com Aids Shopping Palladium é inaugurado sem o alvará da prefeitura Robertson Luz/ LONA Templo mórmon de Curitiba é aberto ao público Página 3 Página 7 Espetáculo “Natureza”, do Circo Nacional da China, encanta o público do Teatro Positivo Página 8 Elaine Mendes/ LONA Taise Verdério/ LONA A Aids, conhecida nos Aids, conhecida nos Aids, conhecida nos Aids, conhecida nos Aids, conhecida nos anos 1980 como uma doença anos 1980 como uma doença anos 1980 como uma doença anos 1980 como uma doença anos 1980 como uma doença de homossexuais, tem muda- de homossexuais, tem muda- de homossexuais, tem muda- de homossexuais, tem muda- de homossexuais, tem muda- do de perfil nos últimos dez do de perfil nos últimos dez do de perfil nos últimos dez do de perfil nos últimos dez do de perfil nos últimos dez anos. anos. anos. anos. anos. De acordo com o mais re- De acordo com o mais re- De acordo com o mais re- De acordo com o mais re- De acordo com o mais re- cente boletim epidemiológi- cente boletim epidemiológi- cente boletim epidemiológi- cente boletim epidemiológi- cente boletim epidemiológi- co do Ministério da Saúde, co do Ministério da Saúde, co do Ministério da Saúde, co do Ministério da Saúde, co do Ministério da Saúde, que monitora e cadastra no- que monitora e cadastra no- que monitora e cadastra no- que monitora e cadastra no- que monitora e cadastra no- vos casos de vos casos de vos casos de vos casos de vos casos de Aids no Brasil, Aids no Brasil, Aids no Brasil, Aids no Brasil, Aids no Brasil, o número de homens heteros- o número de homens heteros- o número de homens heteros- o número de homens heteros- o número de homens heteros- sexuais atingidos pela doen- sexuais atingidos pela doen- sexuais atingidos pela doen- sexuais atingidos pela doen- sexuais atingidos pela doen- ça em 2006 representou ça em 2006 representou ça em 2006 representou ça em 2006 representou ça em 2006 representou 42,6% do total, registrando 42,6% do total, registrando 42,6% do total, registrando 42,6% do total, registrando 42,6% do total, registrando um aumento de 17% em 10 um aumento de 17% em 10 um aumento de 17% em 10 um aumento de 17% em 10 um aumento de 17% em 10 anos. Entre os homossexu- anos. Entre os homossexu- anos. Entre os homossexu- anos. Entre os homossexu- anos. Entre os homossexu- ais, o número se manteve es- ais, o número se manteve es- ais, o número se manteve es- ais, o número se manteve es- ais, o número se manteve es- tável, e foi responsável por tável, e foi responsável por tável, e foi responsável por tável, e foi responsável por tável, e foi responsável por 27,6% dos casos no período. 27,6% dos casos no período. 27,6% dos casos no período. 27,6% dos casos no período. 27,6% dos casos no período. ENSAIO FOTOGRÁFICO ENSAIO FOTOGRÁFICO

LONA 377- 12/05/2008

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JORNAL- LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, segunda-feira, 12 de maio de 2008 1

Curitiba, segunda-feira, 12 de maio de 2008 | Ano IX | nº 377 | [email protected] |Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

DIÁRIO

do

BRASIL

Páginas 4 e 5

Cresce percentual deheterossexuais com Aids

Shopping Palladium éinaugurado sem oalvará da prefeitura

Robertson Luz/ LONA

Templo mórmon deCuritiba é aberto aopúblico

Página 3

Página 7

Espetáculo “Natureza”,do Circo Nacional da China,encanta o público doTeatro Positivo

Página 8Elaine Mendes/ LONA

Taise Verdério/ LONA

AAAAA Aids, conhecida nosAids, conhecida nosAids, conhecida nosAids, conhecida nosAids, conhecida nosanos 1980 como uma doençaanos 1980 como uma doençaanos 1980 como uma doençaanos 1980 como uma doençaanos 1980 como uma doençade homossexuais, tem muda-de homossexuais, tem muda-de homossexuais, tem muda-de homossexuais, tem muda-de homossexuais, tem muda-do de perfil nos últimos dezdo de perfil nos últimos dezdo de perfil nos últimos dezdo de perfil nos últimos dezdo de perfil nos últimos dezanos.anos.anos.anos.anos.

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co do Ministério da Saúde,co do Ministério da Saúde,co do Ministério da Saúde,co do Ministério da Saúde,co do Ministério da Saúde,que monitora e cadastra no-que monitora e cadastra no-que monitora e cadastra no-que monitora e cadastra no-que monitora e cadastra no-vos casos de vos casos de vos casos de vos casos de vos casos de Aids no Brasil,Aids no Brasil,Aids no Brasil,Aids no Brasil,Aids no Brasil,o número de homens heteros-o número de homens heteros-o número de homens heteros-o número de homens heteros-o número de homens heteros-sexuais atingidos pela doen-sexuais atingidos pela doen-sexuais atingidos pela doen-sexuais atingidos pela doen-sexuais atingidos pela doen-ça em 2006 representouça em 2006 representouça em 2006 representouça em 2006 representouça em 2006 representou42,6% do total, registrando42,6% do total, registrando42,6% do total, registrando42,6% do total, registrando42,6% do total, registrando

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ENSAIO FOTOGRÁFICOENSAIO FOTOGRÁFICO

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Curitiba, segunda-feira, 12 de maio de 20082

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo daUniversidade Positivo – UP

Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000

“Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos ge-rais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo eempreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade so-cial que contribuam com seu trabalho para o enriquecimentocultural, social, político e econômico da sociedade”.

Missão do curso de Jornalismo

Expediente

Reitor:Reitor:Reitor:Reitor:Reitor: Oriovisto Guima-rães. VVVVVice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor: José PioMartins. Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Admi-Admi-Admi-Admi-Admi-nistrativo:nistrativo:nistrativo:nistrativo:nistrativo: Arno AntônioGnoatto; Pró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor deGraduação:Graduação:Graduação:Graduação:Graduação: José Pio Mar-tins; Pró-Reitora de Ex-; Pró-Reitora de Ex-; Pró-Reitora de Ex-; Pró-Reitora de Ex-; Pró-Reitora de Ex-tensão:tensão:tensão:tensão:tensão: Fani Schiffer Du-rães; Pró-Reitor de Pós-Pró-Reitor de Pós-Pró-Reitor de Pós-Pró-Reitor de Pós-Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa:Graduação e Pesquisa:Graduação e Pesquisa:Graduação e Pesquisa:Graduação e Pesquisa:Luiz Hamilton Berton; Pró-Pró-Pró-Pró-Pró-

Reitor de Planejamento eReitor de Planejamento eReitor de Planejamento eReitor de Planejamento eReitor de Planejamento eAAAAAvaliação Institucional:valiação Institucional:valiação Institucional:valiação Institucional:valiação Institucional:Renato Casagrande; Coorde-Coorde-Coorde-Coorde-Coorde-nador do Curso de Jorna-nador do Curso de Jorna-nador do Curso de Jorna-nador do Curso de Jorna-nador do Curso de Jorna-lismo: lismo: lismo: lismo: lismo: Carlos Alexandre Gru-ber de Castro;Professores-orientadores:Professores-orientadores:Professores-orientadores:Professores-orientadores:Professores-orientadores:Elza Oliveira e Marcelo Lima;Editores-chefes:Editores-chefes:Editores-chefes:Editores-chefes:Editores-chefes:Erich Zolnier e KarollynaKrambeck

A moda de verdadeCássia Morghett

O mundo da moda é algodeslumbrante. A gente ficaimaginando como é glamouro-so estar em uma passarela,vestir aquelas roupas feitaspelos melhores estilistas, ouaté mesmo assistir a esse es-petáculo. Mas muita gente sepergunta: será que alguém usaisso na rua? Os desfiles demoda sempre vêm com roupase detalhes carregados, quemuitas vezes não condizemcom a moda do dia-a-dia.

No mês passado aconteceuo 18º Crystal Fashion, que jáé considerado o maior eventode moda do sul do país. Comuma estrutura no valor dedois milhões, o desfile teve apresença de mais de 50 milpessoas. Todo o universo queenvolve a realização da sema-na de moda conta com a cola-boração de mais de 600 pesso-as. Outro número expressivopode ser visto nas passarelas:

cerca de 450 modelos, entre ho-mens, mulheres e crianças, fo-ram contratados para os desfi-les. Mas o que dá para tirardesse grande evento para a nos-sa vida real?

A moda não é algo que serveapenas para incentivar nossolado consumista. Ela tambémé arte e é história. Todos os des-files carregam algo de cunhoartístico, seja sobre pinturas,músicas ou a própria cultura.Primeiramente, deve-se apren-der a analisar as roupas queestão nas passarelas, pode-sepensar nelas como algo bruto,deixando de lado os exageros,analisando uma peça aqui comoutra dali e, no final, vamos per-cebendo que as roupas das pas-sarelas dão para ser usadas nodia-a-dia, sim!

Todos os estilistas homena-geiam algo (igual às escolas desamba) e alguns se concentramde tal forma na homenagemque as roupas ficam em segun-do plano. É nessa hora que vocêpensa se alguém vai usar aqui-

lo. Mas moda também é arte enem tudo que está na passare-la é para ser vestido e sim ana-lisado, como uma verdadeiraobra. É o caso de Ronaldo Fra-ga, que fez toda uma coleçãode papel na edição do São Pau-lo Fashion Week de 2004. Asroupas eram perfeitas tama-nho foi o cuidado nos detalhesque pareciam reais. Ao final dodesfile, todas as modelos ras-garam as roupas a mando doestilista, o que surpreendeu opúblico, que aplaudiu de pé aRonaldo.

A moda é vista por muitoscomo algo de gente fútil que gas-ta rios de dinheiro em roupasde marca, porém é uma indús-tria que movimenta muito aeconomia do país. Toda pessoaque coloca sentimento no quefaz é um artista. Vai chegar odia em que as pessoas vão fre-qüentar os desfiles assim comouma galeria para apreciar o tra-balho de desenhistas sobre te-cidos. Mas isso quem vai deci-dir é a posterioridade.

Aline Rakko

A internet gratuita já é ofe-recida para a população curi-tibana por meio do Farol doSaber e dos laboratórios de in-formática das escolas da redemunicipal. Mas esses são pri-vilégios ultrapassados. Agoraa prefeitura incorporou umanova maneira moderna de ofe-recer esse serviço através darede sem fio, conhecida comowireless (Wi-Fi).

É um sistema que pode sercomparado ao do celular, pois,através de uma antena numponto central, ligada à redelocal de um provedor, emite si-nais de freqüência que che-gam até o seu computador.Por esse processo o computa-dor acessa a internet sem anecessidade de usar um cabo.

No início de abril foi inau-gurado o novo sistema em trêsprincipais pontos da cidade:Parque Barigui, Mercado Mu-nicipal e na Praça Rui Barbo-sa. Em matéria divulgada pelaprefeitura, uma pessoa felizcomenta a alegria de usar seu

laptop num lugar agradável.Alguns dizem que o novo sis-tema é uma inclusão social,outros arriscam questionar:esse sistema é realmente ne-cessário?

Será que não existem ou-tras pessoas que vivem na mi-séria precisando muito de umlugar “mais agradável” paraviver do que em meio ao lixoprocurando o que comer? Amedida de implantar a inter-net gratuita, e ainda sem fio,sugere que exista alguma ca-rência desse gênero na socie-dade. Mas qual carência teri-am os curitibanos que têm apossibilidade de comprar umlaptop? A carência está em con-ferir nesses lugares “públicos”se entrou mais dinheiro naconta? Ou de selecionar qualgrupo social deve freqüentaresses espaços?

A inversão de valores é umfato corriqueiro na sociedadeatual. O valor dado à vida nãoé mais tão importante quantoo valor material. Isso porqueas necessidades vitais para asobrevivência (comida e bebi-da) parecem estar sanadas

para todos.No entanto, não é porque

essa realidade de desigualda-de não aparece nos meios decomunicação que ela deixa deexistir. No texto “O Consumis-mo”, de Mário Quilici, a ma-neira com que a população con-some distancia ainda mais aspessoas sem poder aquisitivodo que seria o “ideal”.

Roupas novas, carro novo,o novo sabão em pó que lavamais branco. As pessoas aca-bam querendo bens materiaisque não condizem com a reali-dade na qual estão inseridas.

O atual prefeito afirma: “Éum importante serviço paraa população”. Pode até ser,mas para quais moradores dacidade? Novos projetos sur-gem a cada dia, normalmen-te dentre os objetivos estão:melhorar a qualidade de vidada população.

As novas idéias vêm de to-dos os lados para tornar Curi-tiba um modelo, mas definiti-vamente não beneficiam a to-dos. Aliás, quanto está o preçode um laptop novo? Precisomuito de um.

Mais privilégios para quem já temErich Rodrigo Zolnier

O abandono de animais noscentros urbanos é um dos fa-tores que agravam a prolife-ração de doenças.

Um dos exemplos típicosda capital paranaense são ospombos do centro da cidade.O animal, visto como símbo-lo de paz, adaptou-se à regiãodevido à farta quantidade dealimentos jogada pelas pesso-as. Os pombos acabam co-mendo restos de refeição, pãoe lixo.

Do alto dos centros urba-nos, torres de igreja, forros decasas ou beirais, o animal viveum papel de antagonista dasaúde pública, resultado deum processo que não ajudanem os animais, nem os mo-radores de Curitiba. As doen-ças transmitidas pelas suasfezes causam febre, tosse, dortorácica, podendo ocorrer tam-bém cefaléia, sonolência, rigi-dez da nuca, diminuição daacuidade visual, agitação econfusão mental.

A criptococose, por exem-plo, é transmitida pela poei-ra das fezes e é uma doençasoportunista. O indivíduopode ou não desenvolver adoença, dependendo de seuestado de saúde.

Biólogos registram que ospombos podem trazer mais de26 doenças para os humanos,

entre elas a toxoplasmose, aornitose e a samonelose. Emsua maioria, trazem proble-mas respiratórios.

O poder público manifes-tou algum interesse em con-ter o avanço das doençastransmitidas por pombos. Oprefeito de Beto Richa sancio-nou no ano passado uma leique institui em Curitiba acampanha educativa sobre osmalefícios gerados pela infes-tação de pombos em áreas ur-banas. A proposta, aprovadapela Câmara Municipal emoutubro, é de autoria do vere-ador Aldemir Manfron. Masseria o suficiente?

A impressão que dá é quea saúde pública tornou-se umagrande peteca de problemas.Ninguém quer tomar uma de-cisão firme a respeito e proporuma solução que não seja umrepasse para diferentes órgãosresolverem.

Há necessidade de discutirsobre as doenças trazidas pe-los animais na rua e estendero debate em todas as esferassociais.

O aumento da populaçãode pombos não se restringe aum caso pontual. A saúde pú-blica é do interesse de todos. Asolução é mais complexa doque decidir se alguém irá ali-mentar ou não esses animaisapropriadamente e controlaros agravantes de doençastransmitidas por eles.

As pombas da guerra

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Geral

Glaucia Canalli e Camila Vida

A II Conferência Munici-pal dos Direitos da Pessoacom Deficiência, realizada naUniversidade Positivo,terminou na última sexta-feira. O evento teve porobjetivo discutir os problemase necessidades de avançospara o cumprimento dainclusão dos portadores dedeficiência na sociedade, bemcomo propor suporte paramelhorias na cidade, garan-tindo a acessibilidade dosdeficientes.

Nesse segundo encontro,foram votadas em plenáriafinal as propostas visandouma melhor qualidade devida às pessoas com defici-ência. Estas sugestõesforam levantadas no encon-tro anterior pelos gruposformados também porpessoas portadoras dasdiversas formas de deficiên-cia. As equipes foram

divididas em três eixos: Saúdee Reabilitação Profissional,Educação e Trabalho, Trans-porte e Cidades. As propostasserão encaminhadas parauma conferência estadual.

A maioria delas é referenteao cumprimento das leis jáexistentes que tratam dosdireitos das pessoas comnecessidades especiais. Osparticipantes do encontroavaliaram que, mesmo algu-mas conquistas já sendo leis,elas não são cumpridas pelosdiversos segmentos da socie-dade, impedindo que osdeficientes possam desfrutarde seus direitos enquantocidadãos.

Segundo o presidente doConselho Municipal dos Direi-tos dos Portadores de Deficiên-cia, Mauro Nardini, as suges-tões apresentadas pelos gruposforam coerentes e de extremaimportância para a inclusão epromoção do respeito à pessoacom deficiência.

Além das propostas, os

participantes da conferênciaelegeram os delegadosmacrorregionais, sendo deznão-governamentais eoutros dez governamentais,que fazem parte de diferen-tes áreas do serviço público,como saúde, educação,trabalho e transporte.

Para Nardini, eventoscomo esse são de granderelevância para multiplicar oconhecimento sobre o univer-so dos portadores de deficiên-cia: “Essas ações servem paracolocar a pessoa com deficiên-cia num degrau igualitário”.E enfatiza a importância dointeresse dos jovens nessaquestão, fazendo com quehaja uma conscientizaçãopara a promoção da qualidadede vida, dignidade e respeitoao portador de deficiência.

A conferência deste anocontou com a presença derepresentantes de diferentessetores da área pública e dasociedade, além de portadoresde deficiência.

Várias pessoas se empurram na abertura do novo shopping

Antonio Senkovski/ LONA

Antonio Carlos Senkovski

Na última sexta-feira foiaberto ao público o shoppingPalladium, em Curitiba. O es-tabelecimento começou a operarmesmo sem possuir laudo doCorpo de Bombeiros e alvará daprefeitura.

Para tentar impedir que omaior shopping de Curitibaabrisse as portas, o MinistérioPúblico entrou com um pedidode interdição. Mesmo assim, namanhã nublada que trazia o arde dúvida para a pequena mul-tidão que esperava em frente aoprédio, o novo ponto de consu-mo e lazer começou a funcionarna Capital.

Enquanto o aglomerado depessoas esperava, discussõessobre o abre ou não abre nãofaltaram. O estudante AndréLuiz Gebur, integrante do gru-po que aguardava a liberação doprédio para a entrada dos visi-tantes, disse não achar certo oshopping abrir sem alvará e,principalmente, pelo fato de es-tar em obras. “Isso só aconteceporque ‘rola’ muito dinheiro. Senão fosse isso o shopping nemabriria”, palpita Gebur.

A aposentada ClaudinaraConceição também arriscou umcomentário sobre os culpados dasituação e defendeu a diretoriado Palladium. Momentos antesde ser liberada a entrada, Clau-dinara disse: “Eu acho que vaie deve abrir. Houve falha daprefeitura, do governo, não seide quem, mas houve uma fa-lha muito grande. Acho que adiretoria não marcaria a aber-tura sem estar com o alvará”.

Alguns mais informados,outros nem tanto, o fato é queno momento previsto para aber-tura, 11 horas da manhã, che-gou um caminhão do Corpo deBombeiros e por um momento adúvida voltou ao ar. Logo se des-cobriu: os Bombeiros estavamali por outro motivo. E foi a basede gritos de “abre, abre, abre...”,misturado a uma chuva de ba-lões coloridos, que todos pude-ram conhecer o interior quaseconcluído do empreendimento.

Em pouco tempo, o povo se

Abertura ocorreu sem alvará, sem laudo dos bombeiros, mas com muitos curiosos

Clima de dúvida acompanhou aabertura do Shopping Palladium

dispersou pela imensa estrutu-ra e o que se tornou evidente ládentro foram as obras. Operári-os trabalham nos últimos deta-lhes, enquanto as pessoas cami-nham entre a poeira típica deambientes em reforma. Muitosreclamavam e achavam perigo-sa a presença das obras. Umadelas é o trabalhador da cons-trução civil Paulo Moisés Ribei-ro. “O pessoal circulando por aíé muito perigoso pois em obranão terminada tudo ocorre. Temque tomar muito cuidado”.

Já para Luiz Bier, fornece-dor de automação comercial,não existem riscos para os visi-tantes. Para ele, as obras influ-enciarão muito mais na ima-gem do estabelecimento. “Elesdeveriam ter se preparado me-lhor. Eu não esperava essa ati-tude, porque pelo padrão daobra deveria ter muito maisorganização”.

Com riscos ou sem riscos,Lucimara Fernandes dos San-tos, que trabalha com serviçosde limpeza, achava complicadotrabalhar em meio às obras. “Oshopping nem está pronto ain-da. O nosso trabalho fica péssi-mo. Estamos sofrendo para lim-par esse negócio porque temmuito pó, está muito desorga-nizado... horrível”, desabafa.

Mesmo assim, as pessoasacham que o ambiente do shop-ping será muito agradávelquando estiver pronto. Alémdisso, Laudinei Azevedo, quetrabalha com vendas, destacaa localização da estrutura que,segundo ele, é privilegiada. “Oshopping está muito adequadoe com certeza vai ganhar daconcorrência”, prevê o vendedor.

O eletricista João ZeferinoCardoso conta que passou pormuitos shoppings em todo o Bra-sil, e que o Palladium é impor-tantíssimo para os curitibanos.Apesar de tudo Cardoso achaque a inauguração foi antecipa-da demais. “Deviam ter aguar-dado mais um pouco, mas tudobem. Todo mundo está se movi-mentando bem, as lojas que es-tão montadas estão bem organi-zadas e está tudo muito legal”.

Apesar das mais diversasimpressões causadas pelas

obras, Mário Michel, um dosresponsáveis pelo ar condicio-nado, explicou que o fato da es-trutura não estar totalmenteacabada não interfere na ima-gem do Palladium. “Isso é umacoisa que acontece em pratica-mente todos os shoppings. Ge-ralmente ele tem o start-up (iní-cio do funcionamento) dos equi-pamentos e depois é que ocor-rem os ajustes. As lojas estãoabrindo agora e sempre apare-cem novas configurações paraserem feitas, e estes serão fei-tos conforme as coisas foremacontecendo”. Ele ressalta quenão existe nenhum risco paraquem visita o shopping e finali-za: “Não existe nada que estejafora do procedimento normal deuma obra de engenharia noShopping Palladium”.

Documento cobra maior rigor emaplicação de leis que beneficiam deficientes

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O novo perfil da AidsEspecial

Ednubia Ghisi

Michel Prado

Aids e homossexualidade.Desde o início da década de1980, quando a doença começoua ser diagnosticada, esses doistermos andam juntos. Os pri-meiros casos foram identifica-dos em homossexuais masculi-nos, em grandes cidades dosEstados Unidos.

Não levou muito tempo atéque a Aids deixasse de ser ex-clusiva a um único estilo de vidae a doença passasse a ser nota-da também em homens e mu-lheres heterossexuais e até nosrecém-nascidos.

Anualmente, o Ministérioda Saúde produz o boletim epi-demiológico, que monitora ecadastra novos casos de Aids noBrasil. O último levantamen-to, divulgado em fevereiro, re-vela que o número de heteros-sexuais atingidos com a doen-ça em 2006 representou 42,6%do total de homens, um au-mento de 17% em dez anos.Entre os homossexuais, o nú-mero se manteve estável, e foiresponsável por 27,6% dos ca-sos no período.

“A coisa está bem geral. Nãoexistem mais perfis de risco.Todos estão suscetíveis à doen-ça”. Essa é a opinião de quematua diretamente no atendi-mento a soro-positivos: Fe-lomena S. Fu-lon é diretorado Centro dePrevenção eRecuperação– Precavida, eestá na insti-tuição desde1992, quandoa incidênciada doença ain-da era ligada à homossexuali-dade.

O infectologista Jaime Ro-cha, do laboratório FrischmannAisengart, confirma, na suaprática diária, os dados e o tra-balho de Felomena. Ele desta-ca o crescimento proporcionalno número de casos entre ho-mens e mulheres heterossexu-ais, e também nas zonas ruraise pobres da cidade.

Aids e as situaçõesde vulnerabilidade

O uso de drogas e a situa-ção de rua são fatores facilita-dores do contágio pelo vírusHIV: reflexo disso é o perfil daspessoas atendidas pela Preca-vida. A instituição faz um tra-balho diferente e atende “asduas coisas ao mesmo tempo”,como diz um dos secretários daong, Otávio Raibolt, para expli-car o trabalho feito com usuá-rios de drogas que vivem comAids, entre eles, ex-moradoresde rua.

A casa funciona desde 1992,e faz atendimento psicológicoe acompanhamento com a fa-mília dos internos. Entre asatividades que ocupam o dia-a-dia dos moradores, estão cur-sos de informática, violão, can-to, inglês, filosofia e pintura empano de prato. Estas práticas,segundo Raibolt, agradammuito os rapazes, e tambémajudam no processo de reabili-tação.

Além de ocupar o cargo desecretário da Precavida e daraulas de inglês para os internos,Raibolt participa de encontros ecampanhas preventivas. Dassuas experiências em projetosde orientação sobre HIV/Aids,ele lembra da dificuldade emabordar casais: “Tinha genteque eu tentava falar de preser-vativo e ouvia ‘se eu aparecer

com essa ca-misinha emcasa minhamulher vaiachar muitoestranho’”.

Para ex-plicar essa re-jeição ao usodo preservati-vo, Raiboltfala “daqueletípico pensa-

mento de que isso só acontecena casa do vizinho, com outros,nunca comigo”.

Na instituição só moramhomens, atualmente, sete. Nãoexiste impedimento caso um dosinternos queira sair, já que fun-ciona no modelo semi-aberto.Visitas também são liberadas.Para a diretora da instituição,“a recuperação dos assistidosque vieram de uma situação de

rua é muito baixa, eles têm aliberdade da rua, gostam dis-so, mesmo sabendo dos riscosque estão correndo”.

Felomena lembra: “Nós te-mos o caso de um rapaz que veiopara a casa nove vezes, indo evoltando. A última vez foi em2002. A gente achava que elenão ia passar deste ano, porqueestava até com pneumonia.Mas ele está vivo até agora, efoi morar com a família de umapessoa da instituição”.

HIV e a Igreja CatólicaFalar de prevenção de Aids

exige o incentivo ao uso de pre-servativo. Logo, pode-se con-cluir que os católicos não fa-riam esse tipo de trabalho, jáque a Igreja se posiciona con-trária ao método.

Mas, diferente do que seriaa regra, a Pastoral de DST/Aidsfunciona dentro da Igreja Cató-lica há oito anos, com o traba-lho central na assistência a por-tadores da vírus e na prevençãoda doença, no intuito de contera propagação. De acordo com osecretário Nacional da Pastoral,

Osmã Miguel Bernardi, das 271dioceses presentes do Brasil, 118realizam o trabalho.

“Até o final de 2007, já tínha-mos 3146 agentes formados”,conta otimista o secretário. Osagentes são os que mantêm con-tato direto com a população. EmCuritiba, as visitas são feitas porum grupo de 40 pessoas. Eles vãoàs comunidades onde haja inte-resse pelo tema, além de hospi-tais e escolas.

Para o coordenador da Pas-toral da Aids no Paraná, FreiPedrinho, a demanda das ati-vidades desenvolvidas pelaequipe exigiria mais pessoasenvolvidas.

A diferença no trabalho fei-to pela Igreja Católica, segun-do o frei, está na forma como seincentiva o uso da camisinha.Ele explica que “quando se falade preservativo, se fala do cui-dado com o corpo, do cuidadocom própria saúde e a saúde doparceiro”.

O combate ao preconceito eà discriminação também estãona linha de ação da Pastoral:“Diferente da proposta da Pas-

toral são as campanhas publi-citárias exibidas na época docarnaval, que fazem sim o ape-lo ao sexo seguro, ao uso da ca-misinha, mas não para o sexoconsciente”. E dispara: “A dife-rença é que nossa ótica é fami-liar, e não de carnaval”.

Para Cléber de OliveiraMendes, coordenador dos tra-balhos da Pastoral de DST/Aidsda Região Sul, um dos maio-res desafios ao se trabalharcom o acompanhamento da do-ença é a questão estética. Eleafirma que as mudanças naaparência provocadas pela me-dicação, desmotivam muitaspessoas a tomarem os coque-téis, uma vez que a perda depeso é acentuada. Esta marcafísica é temida também peloque Mendes chama de efeitomoral: “A aparência demonstraa doença, e a partir daí, a dis-criminação começa”.

Outro entrave para a conten-ção da epidemia apontado é odiagnóstico tardio: “As pessoasnunca pensam que podem terAids, não se preocupam comisso”, disse.

Pesquisas revelam aumento proporcional nos casos de Aids entre as mulheres

“A coisa está bemgeral. Não há maisperfis de risco. To-dos estão susce-tíveis à doença”FELOMENA FULON, DIRETORADA PRECAVIDA

Fotos: Ednubia Ghisi/LONA

Ong Precavida: reabilitação de dependentes químicos portadores do vírus HIV

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To d aestatísti-ca que sefaz sobreo núme-ro de so-ropositivosleva em con-sideração ape-nas as pessoas quevivem com Aids,ou seja, portado-res do HIV, nãosão contabilizadosnas pesquisas.Não bastasseisso, ainda há ca-sos em que o in-divíduo sequersabe que é porta-dor do vírus.

Cléber de Olivei-ra Mendes, coordenadorda Pastoral da Aids, enten-de que há uma motivação paraque os portadores assintomá-ticos não entrem nos índicesda doença: “Vendemos o sexolá fora. Qual turista vai visi-tar o Brasil sabendo do núme-ro real de portadores doHIV?”A falta de cuidado do por-tador do vírus é apontada porMendes como um fator deagravamento na incidência.

Para o infectologista JaimeRocha, isso não significa que osnúmeros possam estar errados,e esclarece que se trata de “umaquestão técnica em que optou-se por notificar [os casos da do-ença] desta forma”.

Números positivos?“Há uma diferença entre in-

cidência (novos casos ocorren-do em um determinado períodode tempo) e prevalência (núme-ro total de casos em determi-nada data). Houve uma redu-

ção importante na incidên-cia nos últimos anos, o

que não tem sido tãoexpressivo recen-

temente. Poroutro lado,

a preva-l ê n c i aaumen-ta, prin-c i p a l -m e n t ep o r q u e

os pacien-tes estão recebendo tratamen-to efetivo e, portanto, deixan-do de morrer e vivendo com

qualidade”, explica o médico.O sintoma de imunidade

baixa faz o portador do vírus serfrágil a outras doenças. Mendesreforça que “a Aids chega e vaiabrindo portas” para outrasenfermidades, e relaciona issoao aumento dos registros dehanseníase do Estado. Ele acre-dita que alguns casos são resul-tado desta baixa imunidade dossoropositivos, mas que acabamsendo notificados como outrasdoenças, fazendo com que os nú-meros da Aids fiquem abaixo doque realmente representam.

Outra doença na lista das“maquiadoras” dos números daAids, segundo o membro da

Pastoral, é a tuberculose. Deacordo com o documento Un-gass: Resposta Brasileira àEpidemia de Aids 2005-2007,apesar da existência de uma nor-ma nacional para a realizaçãode teste de HIV nos pacientescom tuberculose, apenas 53%dos doentes realizaram o testeem 2006. Entre os novos casosde tuberculose, 15% dos que re-alizaram o teste HIV apresen-taram resultado positivo.

No mundo, estima-se queexistam 33,2 milhões soroposi-tivos, de acordo com o relatóriodo Unaids, programa da Orga-nização das Nações Unidas(ONU) que monitora e auxiliaos países no combate à Aids. Se-gundo o relatório, foram regis-tradas aproximadamente 2,5milhões de novas infecções sóem 2007, ano em que morrerammais de dois milhões de pesso-as em decorrência do HIV.

O continente mais afetadopelo vírus é a África, os paísesdo sul, também chamados sub-saarianos, são responsáveis por68% dos casos de HIV em todoo mundo. A região também re-presenta 76% do total de mor-tes provocadas pela Aids.

De 2006 para 2007, o relató-rio aponta uma queda no nú-mero de casos da doença, pro-vocada, segundo o Unaids, pelamelhoria no banco de dados re-ferentes ao HIV.

No Brasil, o acompanha-mento aos casos de Aids passoua ser feito após a década de 1980.Até junho do ano passado, o to-tal de casos notificados ao Mi-nistério da Saúde foi de quase475 mil. Em 1985, a proporçãodos casos de Aids era de 15 ho-mens para cada mulher, masessa diferença vem diminuindo.Atualmente, a razão entre os se-xos é de 1,5 caso em homenspara cada uma mulher.

No início da década de 1980,quando a Aids começava a repre-sentar um risco em potencial, oshomossexuais compreendiamum grupo de risco para a conta-minação pelo vírus HIV. Com opassar do tempo, esse quadro foise modificando, de modo que hojenenhum grupo de pessoas é con-siderado de risco.

Números do Brasil e do mundo• No mundo, existem cerca de 33,2 milhões de pessoascom Aids;• Todos os dias, 5,7 mil pessoas morrem vítimas da Aids,enquanto 6,8 mil são infectadas pelo vírus;• A África subsaariana responde por 68% dos casos deHIV positivo e 76% das mortes por Aids no mundo;• No Brasil, a proporção de Aids entre os gêneros é de1,5 homem para cada mulher;• Historicamente, já foram registrados no Brasil 314.294casos de Aids entre os homens e 159.793 em mulheres.

Boletim Epidemiológico, Ministério da Saúde, 2008.

Por quer motivos alguém normalmente é impedidode entrar em um país? Bom, exemplos plausíveis sãoproblemas na documentação ou com a polícia.

Em alguns países ser portador de Aids/HIV pode de-cidir se um estrangeiro vai entrar ou não no país. Aotodo 12 países não aceitam visitantes soropositivo: ArábiaSaudita, Armênia, Brunei, Catar, China, Colômbia,Coréia, Estados Unidos, Iraque, Líbia, Moldova e Sudão.

Restrições ao direito de ir e vir

No mundo, estima-se que existam33,2 milhões soropositivos.

Foram registradas cerca de 2,5milhões de novas infecções só em

2007, ano em que morreram maisde dois milhões em decorrência do

HIV.

Questão estética pode prejudicar no tratamento da Aids

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Educação

Diana Axelrud

Germano Weniger Spelling,de 28 anos, é a prova de que adeficiência não significa falta decapacidade ou de garra.

Curitibano, nascido no dia1º de março de 1980, teve umproblema neurológico logo quenasceu.

A conseqüência foi uma sur-dez bilateral e uma hemipara-lisia no braço direito. Germanomorou em São Paulo, até queaos cinco anos mudou-se paraCuritiba. Estudou em escolasregulares.

Segundo ele, a alfabetiza-ção foi difícil. Na escola, quemmenos acreditava no potencialdo menino eram os professores.Com a ajuda de seus pais emuita determinação, tornou-se, para os colegas de sala, umexemplo de inteligência.

“Ninguém queria sentarao meu lado durante a pro-va. Mas depois que viram queeu era inteligente, passarama se sentar perto de mim”,comenta.

Os frutos de tanta dedicaçãoe estudo foram colhidos em2005, quando Germano se for-mou em Biologia pela Univer-sidade Positivo (UP). A escolhado curso ocorreu por ele gostarmuito de plantas e ciências.Para auxiliar na compreensãodas aulas, o biólogo utilizava-se de um gravador.

Dessa maneira, sua mãe,Florise, podia passar para opapel o conteúdo que o filho ha-via aprendido.

Hoje em dia, Germano temdois empregos: um na Pastoralda Criança, onde trabalha cominformática, e na rede de far-mácias Droga Raia, na qualrepõe produtos.

O jovem conquistou recen-temente outra vitória: passouem um concurso para ser pro-fessor de ciências de criançascom deficiência auditiva. “Acheique não iria passar”, afirma.

Outra especialidade de

Exemplo de dois jovens prova quea deficiência não é uma barreira

O apoio da família e a força de vontade são fundamentais para alcançar os objetivos

Germano é cinema. Incenti-vado pelos pais, desde peque-no, ele assiste todos os dias aum filme.

Durante os almoços de famí-lia, Gê, como é chamado cari-nhosamente, dá dicas para os fa-miliares de qual filme devemassistir. Porém, não pode assis-tir aos filmes nacionais, poisestes não têm legenda.

Esse fato é, para ele, umexemplo da falta de estrutura dasociedade para atender os defi-cientes auditivos.

Para se comunicar bem,Germano faz leitura labial e fezfonoaudiologia por 15 anos. Tam-bém faz sessões de fisioterapiaa cada duas semanas para me-lhor seu problema físico.

O menino ativoRicardo Fisbein, 19 anos, é

outro exemplo de luta e forçade vontade. Após diversas ten-tativas de saber qual problema

possuía, descobriu há dois anosque era portador da Síndromede Worster Drought, algo tãoraro que apenas 100 indivíduosno mundo a possuem. “Acho quesou o único do Brasil”, afirmaRicardo.

Esta síndrome cuja causapensa-se ser genética é uma for-ma de paralisia cerebral queafeta os músculos controladospelo bulbo, parte cerebral res-ponsável pela comunicação en-tre o cérebro e a medula cere-bral. As conseqüências são pro-blemas na língua, na boca e nosmúsculos encarregados de en-golir.

Desde pequeno, Ricardonunca parou quieto. Lutoujudô, jogou tênis e participaaté hoje de um movimento ju-venil. Há pouco mais de umano trabalhou como revende-dor da marca de cosméticosAvon. Trabalhou também noSupermercado Condor comoauxiliar de escritório, e há setemeses trabalha na loja Bala-roti.

Com o seu salário, Ricardojá comprou um computador epretende visitar a irmã, queestá fazendo intercâmbio deum ano em Israel. Em julhode 2007, o jovem concluiu oensino médio, mas não preten-de continuar estudando.

Para se comunicar, ele fazsinais com as mãos, mas quan-do as pessoas não entendem,escreve. No trabalho gasta umbloco de papel por dia para po-der se expressar. Ricardo co-menta que o preconceito é algomuito presente em sua vida:“Sofro preconceito todo dia, emtodos os lugares. As pessoasriem, apontam e ficam olhan-do para mim. Eu finjo que nãome importo, apesar de que àsvezes fico triste”.

DiferenteDeficiência é a falta ou a

disfunção de alguma estrutu-ra. Pode ocorrer geneticamen-te, por acidentes ou por outrasmaneiras. Segundo o censo de

2000, no Brasil existem 34milhões de deficientes. Apesarde representar um grandenúmero, os deficientes brasi-leiros não possuem a estrutu-ra que necessitam.

Para Germano, as escolasdeveriam ter professores maisbem instruídos para lidar comdeficientes, para lhes darmais atenção. Ricardo defen-de que, se algumas pessoassoubessem a linguagem dossinais, já melhoraria.

Ambos os jovens sentem-sechateados quando a comunica-ção é falha. “Fico triste quan-do as pessoas não entendem oque quero dizer”, desabafa Ri-cardo.

Germano afirma que há olado positivo e o negativo de vi-ver em um mundo silencioso.“O lado positivo ocorre quandotiro os aparelhos analógicos enão preciso escutar o barulhodos carros que passam na ruae os latidos dos cachorros navizinhança. E as desvantagensseriam estas: gostaria de enten-der como é ouvir uma boa mú-sica - eu não ouço, só sinto amúsica através das vibrações -ouvir sem precisar ler os lábiosde alguém, diferenciar sons epronunciar certas palavras semprecisar me esforçar muito.Então não me importo de viverdos dois mundos, o mundo si-lenciosos e dos ouvintes.”

Germano e Ricardo sãoduas exceções. Venceram asdificuldades da deficiência e,principalmente, as barreirasque a sociedade lhes impõe.Ambos concordam que a basepara esse sucesso é a família,que os incentiva e auxilia. Oavô de Germano, o pediatraJosé Weniger, confirma: “ OGermano foi muito bem orien-tado desde pequeno”.

Outro fator é a força de von-tade. O objetivo do biólogo émelhorar cada vez mais paraajudar os outros deficientes.Ricardo dá um conselho paratodos: “Não trate as pessoas pelorosto, e sim pela cabeça”.

Em 2005, Germano Weniger Spelling se formou em Biologia

Germano Spelling/ arquivo pessoal

Germano e Ricardosão duas exceções.Venceram asdificuldades dadeficiência e,principalmente, asbarreiras que asociedade lhesimpõe

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Geral Templo Mórmon de Curitiba é o 126° do mundo e está aberto para vistação

Templo recebe comunidade paraapreciar o luxo da “Casa do Senhor”Taise Verdério

No último sábado foi aber-to para visitação pública oTemplo Mórmon de Curitiba.No alto da torre, a exatos38,15 metros, está uma está-tua do anjo Moroni, que anun-ciou a restauração do evange-lho no Livro de Mórmons. 19degraus separam o chão daentrada da igreja. Na parteexterna avista-se concreto ar-mado moldado “in loco” comrevestimento de granito natu-ral e 30 janelas em art-glasscomposta por 654 painéis nasfachadas criadas pelo artistaJurgen Dzierzon. “Só não épermitido tirar fotos lá dentro,é um local sagrado”, afirmaPedro Moraes, um dos presi-dentes dos mórmons.

Dentro do templo o luxo pre-domina em 26ambientes. Osdetalhes fazem adiferença e dei-xam a constru-ção parecidacom uma casade família rica:vários quadroscom a figura deJesus Cristo, ori-ginalmente pin-tados por Ale-xandre Reider;sofás trabalha-dos com madei-ra do tipo Ipê do Brasil; pedrasdo piso importadas da Espanha;balcões e divisórias em granitotrazido do Espírito Santo. Nacozinha uma pia de mármore,com uma geladeira brancafrost-free, nas salas bebedourosmodernos nas paredes, lustresde cristais, cortinas douradasque lembram os grandes teatrosdo passado, outros quadros compaisagens locais.

Tudo é escolhido a dedo edigno de ser apresentado ao Se-nhor, como revela Angela Mo-reira César, membro da igreja:“Nós oferecemos tudo o que há

de melhor para Deus, e tudo épago com o dinheiro dos dízimos,nenhum integrante do clero épago, todos são voluntários”.

Ulisses Soares, segundo con-selheiro da igreja, afirma que otemplo é importante para a co-munidade curitibana, até mes-mo como um ponto turístico. “ACasa Santa ao Senhor é umaatração turística pela sua ar-quitetura e grandiosidade e,como a igreja atende as regiõesdo Paraná e Santa Catarina,daremos oportunidade às pesso-as para conhecerem por dentroe saberem um pouco mais dosmórmons, é um convite à soci-edade”. A partir de primeiro dejunho, o local somente estarádisponível aos membros, por serexatamente um lugar sagrado,afirma.

Antes de entrar no recin-to, os visitantes colocam sapa-

tilhas de plás-tico por cimados calçadospara ajudar naconservação doambiente, umavez que tudo émuito limpo ecuidado. A igre-ja contrataempresas etambém recebeajuda de volun-tários para amanutenção dalimpeza e do

cuidado com as flores e com asnove araucárias que forampreservadas em volta da estru-tura de 2.587,53 metros qua-drados.

Lugar SagradoMarcelo de Lucca, um dos

membros da igreja, considerao templo como um lugar sa-grado. “O presidente de esta-ca é como se fosse um pastorda igreja evangélica ou o bis-po da católica. Para pertencerao grupo é preciso estudar osprincípios e doutrinas, parti-cipar das entrevistas e pales-

tras dos missionários, não temnenhum tipo de restrição, bas-ta a pessoa se identificar comos ensinamentos”.

Segundo Marcelo, a promo-ção da união da família emtoda a eternidade é o princi-pal objetivo dos mórmons. Avida, para eles, continua apósa morte e todos devem estarmais preparados espiritual-mente para se reunirem nova-mente com o Pai.

Durante o tour, os visitan-tes assistem ao vídeo de noveminutos, que conta o históricodas construções dos templosdesde o antigo testamento elembra a passagem bíblica dequando o Senhor pediu a Moi-sés que construísse um templomaravilhoso para seus filhos.Depois de conhecerem as duassalas de ordenanças, a capela,o banheiro feminino, a sala ce-lestial, as salas de selamentos,onde ocorrem as uniões dos ca-sais para todo o sempre, a piabatismal e outros cômodos, sãoconvidados a tirar suas dúvi-das e a um buffet de doces esalgados. No final, ganhamum cd com músicas que cele-bram a dedicação do Temploem Curitiba, revistas e folderscom várias informações sobreos mórmons.

“Na sala de selamento o ho-mem e a mulher são eternospara o Senhor, o casamento nãoé feito até que a morte os sepa-re, mas para todo o sempre.Não é apenas um relaciona-mento social, é espiritual; e nasala celestial, nenhuma pala-vra é pronunciada, nós busca-mos a presença de Deus e doEspírito Santo, é uma paz euma pureza que nos trazemmuita alegria e felicidade”, afir-ma Yatyr Moreira Cesar, mem-bro da igreja em Curitiba.

Os noivos ficam numa salacom lustres de cristais, poltro-nas e espelhos que brincam coma noção de eternidade. Coloca-dos frente a frente, ao olhar paraum, vê-se o reflexo bem longe,

como se representassem o infi-nito.

Moreira explica que o livrodos mórmons é companheiro dabíblia e a principal diferençaentre eles é que o livro foi escri-to por profetas das Américas ea bíblia escrita por profetas doOriente. “Dentro do templo po-demos estabelecer uma relaçãointrapessoal ou com nossos an-tepassados”.

E vocês têm consciência deque não conseguirão alcançartoda a verdade na Terra? “Sim,sabemos disso, mas o que pro-curamos saber são os princípi-os básicos, mínimos para alcan-çarmos a evolução, queremossempre crescer em espírito parareencontrarmos nosso Pai.”

Na pia batismal, com umapiscina de água quente sobredoze bois formados em fibra devidro, que representam asdoze tribos de Israel, os mem-bros e oficiantes, através deum representante da família,batizam pessoas mortas, seusantepassados.

Segundo Yatyr Moreira,muitas pessoas não tiveramacesso à palavra de Deus, aoevangelho, então, através deum integrante de sua árvore ge-nealógica, são batizados, se o es-pírito aceitar e confirmação, eleserá um novo membro. E ilus-

Arquivo templo

Batistério do templo

tra uma passagem bíblica:“Doutra maneira, que farão osque se batizam pelos mortos, seabsolutamente os mortos nãoressuscitam? Por que se bati-zam eles então pelos mortos?”(I Coríntios 15 : 29)

A convidada Daniela SaadTatit, advogada, conheceu aestrutura e refletiu sobreDeus: “Aproveitei e senti umaelevação espiritual total, émuito lindo o templo”. Danie-la considera que as pinturasprovocam uma sensação dife-rente: “Parece que eles estãosaindo do quadro, ou melhor,parece que estamos entrandonos quadros, uma interaçãoincrível”.

“O homem e amulher são eternospara o Senhor, ocasamento não éfeito até que amorte os separe,mas para todo osempre.”YATYR MOREIRA CESAR,MEMBRO DA IGREJA

Serviço

Atualmente, a igreja con-ta com 25 mil adeptos emCuritiba, 37 mil no Paranáe 1 milhão no Brasil. O perí-odo de visitação é de 10 a 24de maio de 2008, das 9h às21h00, exceto aos domingos.A entrada é gratuita. A par-tir do dia primeiro de junho,o templo ficará dedicado aosmembros e não será permi-tida a entrada da comunida-de. O endereço é Rua Depu-tado Heitor Alencar Furtado,3641, no Campo Comprido.

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Texto: Evelise Toporoski

O Circo Nacional da Chi-na esteve no último fim desemana em Curitiba, paraquatro dias de apresenta-ções no Teatro Positivo. Naturnê 2007/2008, o Circo jápassou por 11 capitais bra-sileiras e chegou a Curitibapara apresentar o espetácu-lo “Natureza”.

O cenário de uma flores-ta sombria serviu de fundopara sapos, libélulas e ara-ras imitados pelos artistas.A apresentação dos 13 atosfoi inspirada em elementosda natureza, misturando ocolorido da cultura orientalcom dança, acrobacia e ma-labares.

Nos bastidores era visívelo clima de descontração dosintegrantes, que tem emmédia 20 anos. As meninasse ajudavam na maquia-gem, em um camarim comluzer e roupas coloridas.

Circo milenarImagine levar seu filho para escola com três anos e ele já expe-

rimentar fazer acrobacias de circo. Mais tarde, aos 17, vê-lo via-jar pelo mundo fazendo apresentações. Isso acontece na China, nachamada Escola de Circo, em que, além das aulas convencionais,os jovens aprendem a dançar, fazer acrobacias e malabares.

Fotos: Robertson Luz

Um circo da ChinaUm circo da China