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Curitiba, segunda-feira, 13 de setembro de 2010 - Ano XII - Número 587 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L Vidas consumidas pelo crack Pág. 2 Gordinhas deveriam desfilar ao lado das “anoréxicas” Opinião Pág. 3 Não entre pelo cano quando for reformar a casa Geral Pág. 3 A necessidade de mudanças no sistema eleitoral Política Pág. 4 e 5 O vício em crack tem crescido nas grandes cidades. Em Curitiba, embora aumente em todas as classes so- ciais, o consumo da droga provoca mais estragos na população que mora nas ruas. Segundo levantamento oficial, 1.165 pessoas vivem nessas condições – prin- cipalmente no Centro. E é essa população que sofre com as doenças potencializadas pelo vício. Em repor- tagem especial, o LONA conta a história de pessoas como Carolina Girardi, de 22 anos, que resume a con- dição de vida de meninas e mulheres que habitam as ruas. Viciada desde os 13 anos, ela fica acordada por vários dias consumindo a droga, e só consegue dormir quando o corpo está totalmente debilitado, a ponto de não conseguir mais “manguear”, ou seja, pedir di- nheiro para comprar mais crack. Exposta a todo tipo de violência, suja, com fome a maior parte do tem- po, sofre de diversos problemas de saúde. Usuário de crack no centro de Curitiba Luzimary Cavalheiro

LONA - 587 13/09/2010

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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

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Page 1: LONA  - 587 13/09/2010

Curitiba, segunda-feira, 13 de setembro de 2010 - Ano XII - Número 587Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

Vidasconsumidaspelo crack

Pág. 2

Gordinhas deveriamdesfilar ao lado das“anoréxicas”

Opinião

Pág. 3

Não entre pelocano quando forreformar a casa

Geral

Pág. 3

A necessidadede mudanças nosistema eleitoral

Política

Pág. 4 e 5

O vício em crack tem crescido nas grandes cidades.Em Curitiba, embora aumente em todas as classes so-ciais, o consumo da droga provoca mais estragos napopulação que mora nas ruas. Segundo levantamentooficial, 1.165 pessoas vivem nessas condições – prin-cipalmente no Centro. E é essa população que sofrecom as doenças potencializadas pelo vício. Em repor-tagem especial, o LONA conta a história de pessoascomo Carolina Girardi, de 22 anos, que resume a con-dição de vida de meninas e mulheres que habitam asruas. Viciada desde os 13 anos, ela fica acordada porvários dias consumindo a droga, e só consegue dormirquando o corpo está totalmente debilitado, a pontode não conseguir mais “manguear”, ou seja, pedir di-nheiro para comprar mais crack. Exposta a todo tipode violência, suja, com fome a maior parte do tem-po, sofre de diversos problemas de saúde.

Usuário de crack no centro de Curitiba

Luzimary Cavalheiro

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Curitiba, segunda-feira, 13 de setembro de 20102

OpiniãoReitor: José Pio Martins.Vice-Reitor: Arno Anto-nio Gnoatto; Pró-Reitorde Graduação: RenatoCasagrande; Pró-Reitorde Planejamento e Ava-liação Institucional: Cos-me Damião Massi; Pró-Reitor de Pós-Gradua-ção e Pesquisa e Pró-Reitor de Extensão: Bru-no Fernandes; Pró-Reitorde Administração: ArnoAntonio Gnoatto; Coor-denador do Curso deJornalismo: Carlos Ale-xandre Gruber de Cas-tro; Professores-orienta-dores: Ana Paula Mira eMarcelo Lima; Editores-chefes : Daniel Castro( c a s t r o l o n a @ g m a i l .com.br), Diego Henriqueda Silva ([email protected]) e NathaliaCavalcante ([email protected]) .

“Formar jornalistas comabrangentes conheci-mentos gerais e huma-nísticos, capacitação téc-nica, espírito criativo eempreendedor, sólidosprincípios éticos e res-ponsabilidade social quecontribuam com seu tra-balho para o enriqueci-mento cultural, social,político e econômico dasociedade”.

O LONA é o jornal-laboratório diário doCurso de Jornalismo daUniversidade Positivo –UPRedação LONA: (41)3317-3044 Rua Pedro V.Parigot de Souza, 5.300 –Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR- CEP 81280-30. Fone(41) 3317-3000

Expediente

Missão docursode Jornalismo

Uma pedra nosapato do BrasilEvelyn Bueno Betim

Na segunda vez que chega com força aos pulmões, vicia.Nos três minutos de fissura, mundos paralelos e sensação de estarfora da realidade. O corpo padece. O bolso, a casa, a conta bancária,tudo esvazia. É a vida no crack escapando por entre os dedos. Maso que é essa droga que chegou, devastou e mudou o cenário douniverso do tráfico? Bate na porta de todos, das classes A à E. Mãesprocurando filhos em cracolândias espalhadas por todo o Brasil,prostituição, mulheres grávidas dependentes, crianças, latas de re-frigerante que servem como cachimbos. É a realidade da pedra aflo-rando cada vez mais na sociedade atual.

De berço, o crack já surge com força. Nasce da cocaína, póbranco que entra pelas narinas, desliza pela corrente sanguínea echega ao cérebro em uma explosão de sensações. De matéria prima,pasta-base, um quilo que rende entre 12 e 15 mil pedras de crack. Afabricação de pó e pedra chegou ao Brasil com força, e parece quepara ficar. Esse problema é tratado com vistas grossas, não é assu-mido, declarado problemão. O primeiro passo deveria ser um ba-lanço, uma pesquisa de como o crack atinge os brasileiros, quantosusuários há no país e como resgatá-los do vício. Passar a conheceressa droga de droga que está levando tantos à morte.

O governo precisa abrir bem os olhos para o problema que éo crack. Muitas dificuldades são enfrentadas com usuários, trafi-cantes e em apreensões de tantas outras. Mas, com a pedra, tudo édiferente. A escolha de produzi-la no Brasil já é demasiadamenteassustadora. Os danos que o tráfico traz são preocupantes, dãoorigem a outros diversos crimes que envolvem cada vez mais osjovens, que caem em armadilhas quando estão em paranoia, procu-rando só mais uma pedra, e só mais uma e só mais uma.

O primeiro passo deveria ser um balanço, umapesquisa de como o crack atinge os brasilei-ros, quantos usuários há no país e como res-gatá-los do vício.

Políticos não gostam de falar sobre o crack, mas deveriam aomenos falar ou pensar; falar, pensar e criar alguma política de auxí-lio aos viciados, combate à droga, atendimento psiquiátrico em clí-nicas especializadas, entre outras tantas necessidades que irão sur-gir com a proliferação da pedra.

No Paraná, as BRs 271 e 277 servem como rotas do tráfico doestado. Do primeiro semestre do ano passado, para o mesmo perío-do de 2010 houve aumento de 150% nas apreensões de cocaína (de45,6 para 113,9 quilos) e o dobro nas de crack (118,9 para 240,6quilos), segundo dados publicados na Gazeta do Povo do mês pas-sado.

Com as eleições, certamente poderiam surgir ideias orienta-das para um início de diminuição, repressão. A droga com o poderde viciar mais rápido, de fazer a cabeça em segundos e acabar comvidas, famílias, fazer sumir a dignidade e a razão do indivíduo,está cada vez mais presente, mais próxima de todos, dia após dia,em todos os lugares. Como dizia Cássia Eler ‘esquina paranóiadelirante, eu to na paz...’. O crack pesa, pira, padece, e acima detudo, preocupa.a.

No mundo da moda cresce a discussão sobre modelos dotamanho plus size. Recentemente, a agência Ford criou um depar-tamento destinado às supostamente acima do peso (que significavestir manequim acima de 40) e trouxe, em bom momento, o assuntoà tona.

Parece que cada vez mais essas mulheres estão conseguindoseu espaço, mostrando a importância de se valorizar a diversidade,e não um padrão único de beleza. Porém, ao analisar as situaçõesem que modelos de tamanho grande ganham destaque, me pergun-to: até que ponto estamos acompanhando um processo de inclu-são?

Não deveria haver motivo para que mulherescom formas mais acentuadas não pudessemdividir as mesmas passarelas com as outrasmodelos.

Em janeiro deste ano, o São Paulo Fashion Week promoveunovamente (depois de vários casos de mortes de modelos com ano-rexia em 2006) o debate em torno da extrema magreza das mulheresnas passarelas. Dois dias após um dos maiores eventos de moda dopaís, foi feito um desfile à parte para as mais gordinhas, que obvia-mente não recebeu a mesma atenção. Portanto, as mulheres comperfil fora dos padrões pré-definidos continuam à margem da soci-edade.

A indústria da moda peca ao produzir peças de númerosgrandes apenas em cores sombrias, porque supostamente emagre-ce. As grandes lojas de varejo só apresentam roupas "da moda"voltadas para o público magro. Há pouco tempo vemos surgir aslojas especializadas em moda GG. Mas, novamente, seria isso in-clusão? As mulheres consideradas acima do peso precisam se ex-por ao entrar em uma loja como essa, porque não encontram roupasdo seu tamanho em outros lugares. Isso, para mim, é uma forma dediscriminação, de dizer "ali é o seu lugar, não aqui".

Uma pesquisa realizada por Diana Crane, publicada em2006, revelou que as mulheres prestam mais atenção no corpo dasmodelos do que na roupa apresentada nas publicidades de modaem revista. Isso mostra como não há sentido no discurso dos desig-ners de moda, quando dizem que as modelos magras não chamamatenção para seus corpos e, assim, as roupas ficam em evidência.Portanto, não deveria haver motivo para que mulheres com formasmais acentuadas não pudessem dividir as mesmas passarelas comas outras modelos.

Nós vemos sendo preparados ao longo da história para acei-tarmos o ideal magro como sinônimo de beleza, saúde e sucesso.Não quero aqui fazer apologia à obesidade. Mas é evidente queuma mulher que usa manequim 40 pode ser perfeitamente saudá-vel, muitas vezes mais do que muitas modelos por aí. Porém, o pa-drão de beleza instituído nos leva a crer que nada além do número38 é aceitável. Uma pesquisa realizada pela Dove, em 2002, com3200 mulheres de 10 países revelou que apenas 2% delas se dizembelas. O nível de insatisfação das mulheres consigo mesmas estáaumentando à medida que valorizamos mais a magreza e a joviali-dade acima de tudo. Por isso, não acredito que estamos incluindona indústria da moda mulheres consideradas acima do peso, e simas excluindo ainda mais do pré-estabelecido como “normal”.

Na passarela:

GGGiulia Lacerda

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?ou

Reforma. Seja para aquelesque acabaram de comprar umimóvel, ou para aqueles que que-rem mudar alguma coisinha emcasa. Ansiedade à parte, a pala-vra de ordem para a condução deuma boa obra é: planejamento.Cautela nunca é demais. Antes decomeçar é preciso colocar no pa-pel tudo o que você pretende fa-zer e o quanto vai gastar. Não seesqueça de guardar uma reservapara os compromissos do dia adia e para alguma eventualida-de, pois a vida não para. Feito isto,mãos à obra!

O engenheiro civil PedroHenrique Teixeira destaca pontospara que sua obra não seja ummico. “É muito importante fazeruma pesquisa de mão-de-obra.Consulte o preço de três profissi-onais diferentes, deixando bemclaro e em contrato o que você pre-tende fazer. É importante que opreço seja fechado por serviço con-cluído, e não por dia trabalhado.“Este é um dos principais moti-vos para as obras infindáveis”,afirma Teixeira.

Apesar de várias pessoasacharem o contrário, é necessáriocontratar um arquiteto, pois sãoindispensáveis nas obras. Profis-sionais com formação, experiên-cia e visão global, eles definem es-paços e especificam os materiaisadequados e a técnica construti-va pertinente, com total atençãoàs qualidades estéticas e otimi-zando os custos.

O mestre-de-obras, pintor,bombeiro e encanador Paulo Fer-nandes é um daqueles profissio-nais polivalentes cada vez maisdisputados no mercado. Depoisde aprender todas as atividadesenvolvidas numa obra, atualmen-

te comanda três equipes quefazem apenas reformas.

Com o tempo, Paulopassou a dar ainda mais va-lor ao trabalho dos especia-listas. "Quando é preciso mu-dança na estrutura do imóvel,chamo um engenheiro parafazer os cálculos. Tambémtrabalho muito bem na parce-ria com arquiteto e decora-dor".

Atualmente, Paulo ad-ministra uma obra em SantaFelicidade. A maioria dos cli-entes chega por indicação deantigos contratantes. Para ele,que realiza principalmentetrabalhos com os moradoresdentro do imóvel, o segredopara ser bem-sucedido naárea de reforma é ter um timede profissionais experientes econfiáveis.

"O cliente que contrataequipe para empreitada estácorrendo de dificuldades".Para os donos de imóveis quepensam em fazer uma refor-ma na casa, apartamento ouloja, Paulo dá dicas para re-duzir o estresse.

Escolhido o profissio-nal, verifique com cada umdeles o material que será ne-cessário para a reforma, inclu-indo todos os itens. Isso evitaque, fechado o serviço, come-cem a aparecer custos quevocê nem imaginava. Façauma boa pesquisa de preços,vários orçamentos e evite eco-nomizar demais neste ponto.Muitas vezes, o barato saicaro.

Comprar à vista aindaé o melhor negócio. O pro-con/PR, através da Divisãode Estudos e Pesquisas, reali-

za levantamentos de preços com oobjetivo de informar o consumidorpara uma melhor decisão na esco-lha de produtos ou contratação deserviços. Fique atento ao preço dom² de reforma. Por exemplo: a re-forma de uma cozinha não devecustar mais do que 15% do valortotal de sua casa.

Apesar de todo esse plane-jamento, no momento das obraspodem surgir entraves na constru-ção, até então ocultos. Dono deuma grande construtora, Alessan-dro Souza destaca que “os maio-res problemas estão nas redes elé-tricas e hidráulicas, a maioria an-tiga feita de aço galvanizado e queprecisa ser trocada. O uso de tu-bos de PVC de baixa qualidadetambém se torna um problema nahora de mudar a estrutura do imó-vel. São essas surpresas que ele-vam o custo da reforma”.

Não é fácil morar em umacasa em reforma. Sujeira, barulho,poeira. Caso a obra seja muito ex-tensa, uma solução é mudar-setemporariamente. “A melhor solu-ção é locar outro imóvel. Pelo me-nos assim você não tem a sensa-ção de estar incomodando nin-guém”, afirma o casal Marina eAntônio, que estão no meio da re-forma de uma casa que compra-ram.

Por último, o engenheiro Pe-dro Henrique ensina: “Para quesua reforma fique como você pla-nejou, é importante se transformarem um ‘fiscal de construção’. Issosignifica tirar um tempo e acom-panhar todos os detalhes, só as-sim você não corre o risco das coi-sas não ficarem a seu gosto e tudocorrerá da melhor maneira possí-vel. Vale lembrar que o olho dodono é que engorda o gado”, brin-ca Pedro.

Virgínia Vilela

Obra

Falta de planejamento em reforma causa estresse nos proprietários

problema

Morar bem

Foi realizado nos dia 9e 10 de setembro o II Congres-so da Rede de ParticipaçãoPolítica, no CIETEP, em Curi-tiba. Com o tema “Reformar eInovar: Uma Nova Política éPossível”, o congresso discu-tiu o atual sistema eleitoral dopaís e as possibilidades deuma mudança para despertaro interesse da sociedade noprocesso.

Segundo os participan-tes do painel “O sistema elei-toral brasileiro está em crise?Diagnóstico e perspectivas demudanças", a adoção do votodistrital misto garantiria umamaior aproximação do eleitorcom o seu representante. Ométodo consiste em cada elei-tor votar duas vezes para ele-ger os deputados, o primeirovoto é para um partido de suapreferência e o segundo paraum candidato de sua região.O atual modelo eleitoral dis-tribui os cargos do Legislati-vo aos candidatos mais vota-dos dos partidos com o maiornúmero de votos. Dessa for-ma, os candidatos são eleitoscom uma diferença muito pe-quena de votos e há um maiordistanciamento entre eleitor e

Congresso promoveu diálogos,propostas e análises das dificuldadespara a realização de mudançasno atual sistema eleitoral

Sofia Ricciardi

Os desafiosdo sistemapolítico

eleito.No entanto, as dificuldades paraimplementação do projeto nãoforam ignoradas, como avalioua cientista política Rachel Me-neguello, professora da Univer-sidade Estadual de Campinas(Unicamp). "A ideia de aproxi-mação da população com ospolíticos pode funcionar bem emlocalidades pequenas. Tenhodúvidas sobre seu efeito em umuniverso maior". Outros obstá-culos, como a resistência dosdeputados a qualquer iniciativade reforma, também foram ava-liados.O evento contou com a partici-pação de René Dotti, advogadoe presidente da Comissão Naci-onal da OAB de Defesa da Re-pública e da Cidadania; JoséWille, jornalista da CBN; LúcioRennó, professor da UNB; Mar-cio Rabat, consultor legislativoda Câmara dos Deputados; eRachel Meneghello, diretora doCentro de Estudos de OpiniãoPública da Unicamp.

Mais informações sobre aRede de Participação Políticapodem ser conferidas no site,que também conta com espaçopara opinião e debates sema-nais: http://www.fiepr.org.br/redeempresarial

Vida pública

“A ideia de aproximação dapopulação com os políticos podefuncionar bem em localidadespequenas. Tenho dúvidas sobreseu efeito em um universo maior”

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Especial

Luzimary CavalheiroUm levantamento realizado no ano passado, em Curitiba, constatou

que 1.165 pessoas vivem nas ruas da cidade. As condições sociais sãoprecárias e o descaso com a saúde, por parte da população de rua, é umfator predominante. Grande parte destes problemas tem envolvimento di-reto com o uso de drogas, principalmente o crack.

Juliana de Lima, de 32 anos, está na rua há dois meses. Ela e o maridosão catadores de papel. O casal morava na casa de uma conhecida, quecobrava o pagamento do aluguel, em crack. Usuária de droga, Juliana sedeparou com uma condição difícil: sustentar o próprio vício, do marido eainda conseguir droga para a dona da casa.

Com a situação insustentável, resolveu tentar deixar o vício, a soluçãoseria morar na rua. Logo que chegou foi agredida com uma barra de ferro,por um rapaz que pensava que ela estava ali para vender droga. O resulta-do: uma mão inchada com suspeita de fratura. “Estou com a mão assim hámais de uma semana, bebo para passar a dor e coloco uma faixa quandovou puxar o carrinho”, comenta.

O principal meio de acesso à saúde, moradia e internações é pela Cen-tral 156, da Prefeitura. O serviço de Resgate Social, ligado à Prefeitura, temautonomia para encaminhá-los a hospitais e postos de saúde.

O problema é que a maioria não quer essa ajuda. Muitos não sabem quepodem ser atendidos diretamente nos postos de saúde, sem a necessidadede documentos. Alguns têm problemas com a justiça e, por isso, têm medode procurar estes locais por acharem que lá serão presos.

População de rua eA droga desencadeia problemas de saúde entre morado

Trabalho voluntário

O frei Alairton Castro deLara faz parte de um projetoque toda sexta-feira leva rou-pas e alimentos para os mo-radores de rua. Para ele, a fal-ta de informação e a vergonhasão os fatores principais quelevam ao descaso por partedeles, em procurar ajuda mé-dica.

“Eles desconhecem seusdireitos, acreditam que seusproblemas de saúde não sãotão graves e se acostumamcom a dor, usam as drogascomo analgésicos. A segundaquestão é o sentimento de hu-milhação; eles se sentem mal,às vezes, escondem a doençae acham que são merecedoresdaquela situação”, relata.

A Central de Resgate Soci-al da Fundação de Ação Soci-al (FAS) atua com atendimen-to técnico a fim de encami-nhar pessoas em situação derua para o retorno familiar,acolhimento integral, docu-mentação, encaminhamentomédico e hospitalar. O localusado para pernoites é utili-zado também para atender asnecessidades básicas de higi-ene e alimentação.

Uma das psicólogas daCentral relata que é necessá-rio avaliar a situação socialdo indivíduo para prestar oatendimento de forma maiseficaz. A Central de ResgateSocial encaminha o moradorde rua de acordo com as ne-cessidades avaliadas pelaequipe técnica. “Tudo depen-de da situação de cada pes-soa. Aqueles que têm vínculocom a família são encaminha-dos para regressar ao lar e os

que não estão nessa condiçãovão para abrigosespecializados”, diz.

Reginaldo Queiroz, de 42anos, está na rua há quatroanos. Ele recorre à ajuda deuma senhora que sempre oauxilia com medicamentos,roupas e comida. Toma banhonas praças e não gosta deusar os serviços da FAS. “Nãogosto de dormir no abrigo daprefeitura, lá é para quem estánuma situação bem ruim mes-mo”, diz.

Para Carolina Girardi, de22 anos, o lugar é muito bom.“A gente costuma dizer que látem ‘banho de estrela’. Comoestamos muito sujos, eles nãocontrolam o tempo e, por issoaproveitamos. A comida tam-bém é muito boa. Mas noquarto é estranho, teve umavez que eu estava dormindo,na época não havia camas, eo colchão ficava direto nochão. Neste dia acordei comuma mulher me arrastando”,conta.

Carolina é a síntese dacondição de vida de meninase mulheres que vivem nasruas. Elas ficam sujas pormuito tempo. No caso dela,que usa crack desde os 13anos, fica acordada por diasconsumindo a droga, e so-mente quando o corpo já estábem debilitado, a ponto denão conseguir mais“manguear” (termo usadopara pedir dinheiro).

Chorando muito em umlocal da avenida Sete de Se-tembro, onde pediu ajudapara um grupo de moradoresde rua, Carolina desabafa queestava acordada há quatrodias.

“Estou mal, pedi ajuda pra

Divulgação

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e o crackcrackcrackores de rua

dormir aqui hoje porque nãotinha coberta”, lamenta.

Feridas no pé e um proble-ma no útero deixam sua loco-moção difícil. A tosse tambémnão dá trégua. Os olhos in-chados e vermelhos obscure-cem o seu rosto. O cabelo nãoescovado traz desconforto. Osdentes estão apodrecidos. E ovilão que desencadeia tudoisso, o crack, é a única razãode sua existência: nem a pró-pria saúde importa mais.

A infecção no útero já podeter se tornado um câncer, afir-ma a médica Luiza HelenaLopes, da Unidade de Saúde24 horas do Campo Compri-do. Mesmo assim, sem saber

o diagnóstico, resolve ficar narua, usar a droga em vez detratar os problemas de saúde.

Para o início do próximoano, a Secretaria Municipal deSaúde, em parceria com o Mi-nistério da Saúde, vai implan-tar o Programa Consultóriode Rua, com a utilização deuma unidade de saúde móvel.

O programa tem como ob-jetivo amenizar os danos cau-sados pelo uso de álcool e dro-gas. O trabalho será similar aorealizado hoje; estará interli-gado às redes de saúde, terá afunção de encurtar o caminhodestas pessoas aos postos desaúde e as ajudará a aderir aotratamento.

Moradores de

rua que

rejeitaram a

ajuda da Fas,

entre eles um

senhor de 75

anos

Reginaldo

Queiroz se ajeita

para mais uma

noite numa

calçada do

centro de

Curitiba

Luzi

mar

y Ca

valh

eiro

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No final de agosto tive aoportunidade de participar da4ª Conferência de ComunicaçãoInterna em São Paulo. O eventome fez refletir sobre a área nasorganizações, um mercado novo,que vejo como promissor paracomunicólogos, por isso quiscompartilhar. A comunicaçãointerna nas empresas vem sen-do enxergada como uma neces-sidade, ainda que muitas nãoconsigam medir os resultados deimediato, afinal, no quesito capi-tal tudo ou quase tudo precisaser mensurado.

A comunicação interna vaialém de informar acontecimen-tos na empresa. Ela tem que en-volver, gerar o sentimento depertencer dentro da organiza-ção. O resultado é que isso refle-te dentro e fora dela. Nota-se queas melhores empresas para setrabalhar, investem pesado emcomunicação. E por que tudoisso? Ninguém gosta de ser o úl-timo a saber das coisas. E nasorganizações esse processo nãoé diferente. Mas porque aindaas equipes de comunicação in-terna são enxutas? Não estamosfalando apenas de pequenas emédias empresas. Refiro-me aempresas grandes, com sedes emvários estados brasileiros e aténa America Latina. No geral, asequipes são compostas por trêsou cinco profissionais que aten-dem as demandas. Aí vêm duasquestões importantes: de umlado a profissão, que é recente eestá em ascensão acelerada, deoutro o trabalho árduo de con-vencer os executivos de que afunção do comunicador vaialém de trabalhar em momentosde crise organizacional e fazertextos informativos.

E tem mais. O que espera asempresas em termos de comuni-cação está à frente das tecnolo-gias de redes sociais. Tem genteque tem receio e até evita o uso

Rede social: Umatendência sem fim?

Vanessa DaskoEscreve quinzenalmente sobre Comunicação Empresarial,sempre às [email protected]

Comunicação Empresarial

dessas novas ferramentas, mastem gente que vê aí a oportuni-dade para o desenvolvimento.

Recentemente, li uma maté-ria sobre reivindicações feitaspor moradores de um bairro deCuritiba através do twitter. A no-vidade é que a solicitação narede social acabou dando resul-tado. As redes sociais estão maisvivas do que nunca. E como acomunicação é uma tendênciasem fim, elas podem ser aliadasou inimigas das organizações.

Aliás, o que vem por aí é acomunicação com interação. Ce-lulares mais modernos já apre-sentam em sua configuração ori-ginal, programas de redes soci-ais, como twitter, facebook, entreoutros. É a atualização imedia-ta de assuntos soltos pela redevirtual.

Mas em que lugar tudo issovai chegar? Todo esse “boom”que amedronta algumas empre-sas pode ser visto como algo ex-tremamente positivo. Existe orga-nização que ainda não sabecomo lidar com esse “bum” dacomunicação em rede. Sabendoou não, o que ela vai perceber éque poderá cair nas redes soci-ais através de seus clientes, co-laboradores e/ou parceiros.

A comunicaçãointerna vai além deinformaracontecimentos naempresa. Ela tem queenvolver, gerar osentimento depertencer dentro daorganização. Oresultado é que issoreflete dentro e foradela

Numa dita era digital, deacesso relativamente fácil àtecnologia e onde o modernoe o saudosista se encontrampara tomar um café e discutirsuas preferências, a velha dis-puta fotográfica permanece:colorido ou preto e branco?

Eu posso recorrer aos da-dos históricos e fotógrafos fa-mosos para citar os pontos devista, mas então seria apenasmais um texto comparativo.Posso apelar para o relativis-mo e dizer que, como tudo, de-pende. Mas vou pegar uma

Fernando MadEscreve quinzenalmente sobre fotografia, sempre às [email protected]

Sem corFotografia tangente: fotografia não de-

pende da cor. A parte “grafia” da pala-

vra significa escrita ou dese-nho. Você entende o que estáescrito aqui neste texto basea-do na forma e disposição dasletras. Se eu mudar as cores, ainformação continua a mesma.O que está escrito não perdenem tem o sentido alterado.No máximo prejudicado oubeneficiado.

O uso de cores, e quais co-res, é “apenas” um acréscimoà informação escolhida. Écomo o tempero escolhido parao arroz e feijão. Sem ele, a co-mida pode até ficar sem graça,mas ainda é arroz e feijão.

O que pretendo é que,

antes de chegar a uma dis-cussão sobre como usar ascores na fotografia, o dito fo-tógrafo deve ter um domíniodas técnicas fotográficas. Enão falo somente das técni-cas básicas, mas das técni-cas mais avançadas de com-posição e conceito. Somentedepois de estar certo do quequer dizer e de como quer di-zer, o fotógrafo pode optarsobre o “tempero” da foto.

Toda fotografia existe tantoem preto e branco quanto em co-lorido. Algumas funcionam me-lhor em um, outras em outro.Mas antes de debater sobre ouso ou não do vermelho, o me-lhor é refletir sobre o que aque-la mancha quer dizer.

Fern

ando

Mad

Fern

ando

Mad

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Empreendedorismo

Yasmin Taketani

Dois anos depois da pri-meira franquia em São Pau-lo, na rua Augusta, a Endos-sa Loja Colaborativa chegaa Curi t iba com um novomodelo de negócio: uma lojam o l d a d a p e l o p ú b l i c o .Nathalia Anring, FranciscoD e l R i o , R a i s a T e r r a eGustavo Ferriolli são os só-cios responsáveis pela lojad e 3 0 0 m ² , n a A v e n i d aVicente Machado, que con-ta com dois andares para osprodutos, um terceiro paracheck-in e jardim com wi-fipara os clientes.

A Endossa nasceu com oi n t u i t o d e s e r u m a l o j aconstruída pelo público eu m e s p a ç o p a r a n o v a sideias: a marca aluga umacaixa (espaço a partir deR$120) na loja e expõe seusprodutos. Os únicos custossão o aluguel do espaço etaxas de imposto e cartão decrédito.

A E n d o s s a e n t r a c o mtoda a infraestrutura da loja,funcionários, sacolas e umsistema online que permiteàs marcas acompanhar suasvendas em tempo real, cal-cular impostos, checar o es-toque e ter um feedback daopinião do público. E é a eleque cabe fazer a loja.

As marcas devem atingiro endosso, uma meta de ven-das que, inicialmente, é ovalor do aluguel. Ou seja,cada compra endossa a per-manência da marca na lojacolaborativa. Caso esse va-lor não seja atingido, a mar-ca tem que esperar um mês,até poder voltar a vender naEndossa.

"É uma questão de deixaras ideias que são e le i taspelo público ficarem; entãoé ele que vai moldando aloja. Ela (loja da Augusta)foi moldada de uma manei-ra que hoje, o que mais temé acessório feminino, rou-

Loja colaborativa chega a Curitiba com nova proposta para consumidores e lojistas

pas e camisetas mascul i -nas", conta Raisa Terra.

São sete caixas de tama-nhos diferentes, desde mo-delos especiais para joiasa t é c a i x a s p a r a r o u p a s .Mas, de acordo com a neces-sidade, as marcas podemmigrar para outra ca ixa ,havendo disponibilidade.

Qualquer um pode ven-der na loja, não há restri-ções. Porém, se o públiconão gos tar , a marca nãoatingirá o valor do endosso.E, esse é outro papel do es-paço: laboratório de testespara os produtos.

No caso de Curitiba, asmarcas tiveram três mesespara atingir o valor do en-dosso correspondente a esseperíodo. Assim, elas pude-ram adequar seus produtos,remarcar preços e testar ar e c e p t i v i d a d e d e s u a sideias.

De acordo com o sócio daEndossa, Francisco Del Rio,das 145 caixas da loja, 107já estão alugadas, três me-ses desde a abertura da loja.Outros dados positivos queDel Rio destaca, são que amaioria está conseguindoatingir o endosso, seja comlivros, artesanato ou rou-pas, e que o público é bemvariado, de senhoras aosc o n s i d e r a d o s " a l t e r n a t i -vos".

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ProfissionalizaçãoFoi através de um telefo-

ne sem fio que Yoko Hibinotomou conhecimento da En-dossa . Então, começou avender os acessór ios damarca Ismália Queria, nalo ja da Augusta eprofissionalizou-se. "Antesda Endossa minha produçãoera esporádica, algo parajuntar grana e comprar umlivro ou tênis. Hoje, a rendada Ismália está incorporadano meu orçamento mensal",

explica.A medida faz com que to-

dos tenham que ficar atentoscom relação ao preço, quali-dade e desejo do consumidorpara estar sempre aumentan-do o volume do negócio.Raisa viu a procura por es-paço crescer, em dois anosde loja. A fila de espera au-mentou muito, e por isso, agente teve que aumentar,além do valor do aluguel, ovalor do endosso. Então, hojeem dia, para se manter naEndossa, da Augusta, é pre-ciso vender muito mais doque se vendia", explica

A es tudante deAudiovisual em São Paulo,Luiza Miahira, de 19 anos,afirma não ter prestado aten-ção na loja, por pensar quese t ra tava de mais uma,dedicada a camisetas na ruaAugusta. Porém, quando to-mou conhecimento do con-ce i to da lo ja , mudou deideia: "Achei genial, é disso

que a cidade precisa. Aspessoas têm que entenderque não dá para fazer tudosozinho" . Luiza tambémaprova a “mistura” de pro-dutos, pessoas e estilos.

Para as marcascuritibanas que derem cer-to, a Endossa guarda umasurpresa . "Futuramente ,quem tiver firmado aqui,também poderá vender lá(São Paulo)", diz NathaliaAnr ing . O " f i rmar"corresponde a três meses deendosso.

Raisa Terra aluga espa-ços nas Endossas , e pormeio da experiência própriarevela o caminho para umresultado satisfatório. "Temgente que eu já vi entrar comum produto 'x' e sair comum produto 'y', porque vaitestando vários preços, em-balagens e produtos, até sa-ber o que vender e chegar auma receita de sucesso",conta.

conta.Ela ressalta a importân-

cia do empreendimento paranovos criadores. "A Endos-sa faz o papel de uma coo-perativa: junta os pequenosempresários, libera-os dosempecilhos e burocracias,mantém e administra o espa-ço físico de venda direto aoconsumidor, dividindo osgas tos" , re força . Umfacilitador que não trouxedificuldades à Ismália Que-ria, além de aumentar a pro-dução para manter o estoqueem dia.

Apesar de facilitar a vidade novos produtores, é pre-ciso trabalhar e crescer, poisà medida em que as vendasgerais aumentam, o valor doendosso também aumenta.

A experiência obtida porYoko na loja de São Pauloreforça este fator. "No come-ço, o endosso era o mesmovalor do aluguel da caixa,hoje é 1,8 vezes o valor dele",

A Endossa en t ra com toda ainfraestrutura da loja, funcionários,sacolas e um sistema online

Mais uma opção

Page 8: LONA  - 587 13/09/2010

Curitiba, segunda-feira, 13 de setembro de 20108

MenuJuliana Guerra

Série Internas

A Série Internas está em exposi-ção no Espaço Cultural BRDE.A exposição une desenhos deMarta Berger e poesias de ElviraFederici. Há alguns anos, asduas artistas apresentam juntassuas obras. Os desenhos de Mar-ta retratam o universo feminino,e a artista dá mais destaque aossentimentos transmitidos pelaobra, todas feitas com bico depenas. Já as poesias de Elviramisturam a língua portuguesacom a italiana. A intenção deexpor juntas é que os desenhosde Marta ilustram as poesias deElvira.

Onde: Espaço Cultural BRDE(Avenida João Gualberto, 570 -Alto da Glória)Quando: De segunda a sexta,das 12h30 às 18h30Quanto: Entrada gratuita

Carlos Bracher – Um Resistente da Pintura

As obras do mineiro Carlos Bracher estão em exposição no MuseuOscar Niemeyer. Ao todo são 79 obras que ficarão em Curitiba até odia 3 de outubro. A exposição mostra todas as fases e temáticas dopintor, além de pinturas feitas inspiradas em Van Gogh.O artista, com mais de 50 anos de carreira, é considerado um “resis-tente da pintura”, pois passou pelos anos de declínio da pinturasem aderir a nenhum movimento de vanguarda, que proponha no-vas técnicas; pelo contrário, Bracher permaneceu fiel ao uso da telae dos pincéis.

Onde: Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999, CentroCívico)Quando: Terça a domingo, das 10h às 18hQuanto: R$ 4

Divulgação

Diogo Portugal é umhumorista versátil. Ele vai dostand-up comedy — a chamadacomédia de cara limpa, semfigurinos ou personagens — àstradicionais esquetes,encarnando os tipos maishilários e diferentes. Rápido, temcomo forte característica acapacidade de improvisaçãodurante as apresentações,criando a partir de situaçõesque acabaram de acontecer, comgrande presença de espírito ejogo de cintura. Já foi finalistado primeiro Prêmio Multishowdo Bom Humor Brasileiro, aolado da comediante CláudiaRodrigues (do programa “ADiarista”). E finalista doconcurso de humoristas doFantástico, em 2005.

Diogo Portugal é criadore curador do Risorama, queacontece todos os anos duranteo Festival de Teatro de Curitiba.Em suas edições, o Risorama járeuniu uma verdadeira seleçãobrasileira de humor.Recentemente, Portugal lançoupara todo o país, pela editoraNossa Cultura, o audiolivro“Clube da Comédia Stand-Up”,o primeiro CD de humor noestilo.

Com um vasto repertóriosobre os mais variados temas,Diogo Portugal tem arrancadogargalhadas e interagido com asmais diversas plateias por todoBrasil. Veja a seguir osprincipais trechos de entrevistaconcedida por ele ao LONA.

Você sempre quis trabalharcom humor?Não. Na verdade eu queria sermúsico, mas não tinha talento.Tentei trabalhar um pouco compublicidade, mas também nãodeu muito certo e, com 25 anos,comecei meus primeirostrabalhos como humorista.

Há quanto tempo está na

profissão?Profissionalmente estou faz 15anos. Mas fazendo “graça”desde que nasci.

Qual o maior desafio, já que énecessário estar sempreinovando?É fazer com que o públicosempre te ache engraçado. Quetenha vontade de ir ver maisapresentações e que sempre sejasurpreendido. E que ospersonagens estejam cada vezmais próximos do público.

De onde surgem as ideias dospersonagens?Às vezes de uma voz de alguémque eu ouço, ou de um tipoengraçado que vejo por aí.Estou sempre reparando naspessoas e em suas atitudes. Isso

faz com que o publico seidentifique e acabe gostandomais do espetáculo.

É você quem cria ospersonagens? E os textos?Sim, tanto os textos depersonagens quanto os textosde stand-up são trabalhosautorais. Isso faz com que euconsiga improvisar mais nahora do espetáculo.

O que você gostaria de ensinarpara os iniciantes daprofissão?Que a melhor piada é semprepara o final, para sair de cenabem. E nem precisa sepreocupar em cumprir o tempo.O melhor é sempre deixar aplateia com gostinho de quero-mais.

Camila Aragão

A novacara

do humor

brasileiro

Divu

lgaç

ão

Cultura