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Michelle Caroline Bulotas Na obra Educação e Sociedade na Primeira República 1 , do autor Jorge Nagle, percebe-se que o autor trabalhou com uma grande quantidade de fontes e com uma sólida base documental, conforme a tradição do Instituto Histórico Geográfico. Nagle mostra-se também um homem de grande erudição, já que, além da interlocução com a história, circula também pela literatura, política, economia e sociologia. O autor realizou na segunda parte da obra uma importante avaliação acerca da educação na Primeira República, e que vem ainda servindo de referência para muitas pesquisas relacionadas ao período. Nagle apresenta um estudo sobre a organização da educação, suas ideias, legislação, níveis e as suas peculiaridades no decorrer do período, inclusive desenvolvendo as denominações “Entusiasmo pela Educação” e “Otimismo Pedagógico”, que ganharão bastante expressividade e referenciação em estudos sobre a história da educação do período em questão. Em suas palavras, o entusiasmo pela educação e o otimismo pedagógico, que tão bem caracterizam a década dos anos vinte, começam por ser, no decênio anterior, uma atitude que se desenvolveu nas correntes de idéias e movimentos político-sociais e que consistia em atribuir importância cada vez maior ao tema da instrução, nos seus diversos níveis e tipos. É essa inclusão sistemática dos assuntos educacionais nos programas de diferentes organizações que dará origem àquilo que, na década dos vinte, está sendo denominado de entusiasmo pela educação e otimismo pedagógico. 2 Logo, o “entusiasmo pela educação” seria devido à importância dada a escolarização, sendo sua principal característica a difusão da escola. Por sua vez, o “otimismo pedagógico” acreditava na educação como “a mais eficaz alavanca 1 NAGLE, Jorge. Educação e sociedade na primeira república. São Paulo: EPU, 1974. 2 Idem, p. 101

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Michelle Caroline Bulotas

Na obra Educação e Sociedade na Primeira República1, do autor Jorge Nagle, percebe-

se que o autor trabalhou com uma grande quantidade de fontes e com uma sólida base

documental, conforme a tradição do Instituto Histórico Geográfico. Nagle mostra-se também

um homem de grande erudição, já que, além da interlocução com a história, circula também

pela literatura, política, economia e sociologia.

O autor realizou na segunda parte da obra uma importante avaliação acerca da educação

na Primeira República, e que vem ainda servindo de referência para muitas pesquisas

relacionadas ao período. Nagle apresenta um estudo sobre a organização da educação, suas

ideias, legislação, níveis e as suas peculiaridades no decorrer do período, inclusive

desenvolvendo as denominações “Entusiasmo pela Educação” e “Otimismo Pedagógico”, que

ganharão bastante expressividade e referenciação em estudos sobre a história da educação do

período em questão. Em suas palavras,

o entusiasmo pela educação e o otimismo pedagógico, que tão bem caracterizam a década dos anos vinte, começam por ser, no decênio anterior, uma atitude que se desenvolveu nas correntes de idéias e movimentos político-sociais e que consistia em atribuir importância cada vez maior ao tema da instrução, nos seus diversos níveis e tipos. É essa inclusão sistemática dos assuntos educacionais nos programas de diferentes organizações que dará origem àquilo que, na década dos vinte, está sendo denominado de entusiasmo pela educação e otimismo pedagógico.2

Logo, o “entusiasmo pela educação” seria devido à importância dada a escolarização,

sendo sua principal característica a difusão da escola. Por sua vez, o “otimismo pedagógico”

acreditava na educação como “a mais eficaz alavanca da História brasileira3”, mas que esta

deveria ser atualizada conforme as novas necessidades de trabalho e formação do país. Assim,

fazia-se necessário remodelações que previam o fim do ensino essencialmente acadêmico e

intelectualista. Essas duas categorias demonstram, portanto, os movimentos entre as reformas e

o pensamento educacional brasileiro, revelando também como os atores educacionais daquele

período se apropriaram dos conceitos da Escola Nova em suas propostas para a educação, que,

conforme o autor, em um primeiro momento houve “certa timidez, seguido de um intenso

ânimo para alterar os padrões de ensino.”4

Assim como aponta Miriam Warde, esses pontos aqui levantados são “apenas alguns

dos aspectos da obra de Jorge Nagle (...) há muitos outros que a justificam como um ‘clássico’

da História da Educação Brasileira.5” Por isso a importância dessa leitura no diálogo com a

pesquisa educacional.

1 NAGLE, Jorge. Educação e sociedade na primeira república. São Paulo: EPU, 1974.2 Idem, p. 1013 idem, p. 1014 NAGLE, Jorge. A trajetória da pesquisa em história da Educação no Brasil. In: MONARCHA, Carlos (Org.). História da Educação Brasileira. Ijuí – RS: Unijuí, 1999, p. 1035 WARDE, Mirian Jorge. Educação e Sociedade na Primeira República. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro , n. 14, p. 161-165, Aug. 2000