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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Tiago Fernandes Tondello Recuperação por osmose inversa de águas residuais geradas na produção de leite condensado Passo Fundo, 2011

Recuperação por osmose inversa de águas residuais ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Tiago Fernandes Tondello.pdf · Ao curso de Engenharia de Alimentos pelo suporte de laboratórios

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Tiago Fernandes Tondello

Recuperação por osmose inversa de águas residuais

geradas na produção de leite condensado

Passo Fundo, 2011

1

Tiago Fernandes Tondello

Recuperação por osmose inversa de águas residuais

geradas na produção de leite condensado

Trabalho de conclusão de curso submetido à

Universidade de Passo Fundo com um dos

requisitos para conclusão do curso de

Engenharia Ambiental.

Orientador Vandré Barbosa Brião

Passo Fundo, 2011

2

Tiago Fernandes Tondello

Recuperação por osmose inversa de águas residuais

geradas na produção de leite condensado

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para a obtenção do título de

Engenheiro Ambiental – Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia e

Arquitetura da Universidade de Passo Fundo. Aprovado pela seguinte banca examinadora:

Orientador: _____________________________________

Vandré Barbosa Brião Dr. Eng.

Faculdade de Engenharia e Arquitetura (UPF)

_____________________________________

Ricardo Salami Debastiani Eng. Amb.

Faculdade de Engenharia e Arquitetura (UPF)

___________________________________

Marcelo Hemkemeier Dr. Eng

Faculdade de Engenharia e Arquitetura (UPF)

3

Dedico este trabalho à minha família.

Vocês foram os pilares deste longo

caminho trilhado. Dedico a vocês a minha

conquista.

4

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a DEUS, que nos dá o Dom da vida e forças para seguir sempre em

frente.

Aos meus pais Luiz e Elaine e meu irmão Leandro por todo o incentivo e compreensão

frente às minhas limitações.

A minha namorada Jéssica que sempre esteve ao meu lado, e me deu todo apoio

necessário.

Aos meus tios Miranda e Justina que dedicaram seus esforços sempre me apoiando em

minhas decisões.

A estagiária Taizi por toda a sua dedicação e força de vontade em apreender e

contribuir para a conclusão do trabalho.

A Universidade de Passo Fundo, em especial ao Curso de Engenharia Ambiental e a

Faculdade de Engenharia e Arquitetura;

Ao curso de Engenharia de Alimentos pelo suporte de laboratórios e dos equipamentos

utilizados;

Aos funcionários João Carlos, Audali e Marilda pelo apoio dedicado a minha pessoa.

Ao professor Marcelo Hemkemeier por ter me aberto as portas na iniciação científica.

Compartilhando jornadas de trabalho, e também dividindo seus conhecimentos técnicos.

Ao Professor Vandré Barbosa Brião pelo apoio, atenção, orientação, confiança e acima

de tudo a amizade desenvolvida neste longo período. Desta forma que abdicando parte de seus

preciosos momentos, me ajudou com criticas e sugestões.

Aos professores do curso de Engenharia Ambiental, pois foi deles que surgiu nosso

direcionamento e inspiração para a profissão.

Aos meus grandes amigos e companheiros de Engenharia que continuam comigo até

hoje:

Adriano de Gregori pelo companheirismo e força em todos os momentos, Duarte pelos

ensinamentos e colaboração.

A todos os amigos que de uma forma ou de outra me apoiaram, auxiliaram e me

compreenderam nesta caminhada. MEU AGRADECIMENTO

5

Aquele que não sabe e sabe que não sabe é

humilde. Ajuda-o!

Aquele que não sabe e pensa que sabe é

ignorante. Evita-o!

Aquele que sabe E pensa que não sabe Está

dormindo. Desperta-o!

Aquele que sabe e sabe que sabe é sábio! Siga-o.

Bruce Lee

6

RESUMO

A atividade leiteira tem grande importância tanto na geração de empregos como no

desenvolvimento econômico. A fabricação de leite condensado possui forte demanda devido

ao consumo doméstico, sendo que em 2007 o Brasil destinou cerca de 900.000.000 (milhões)

L de leite para a fabricação de leite condensado. Na fabricação, o leite é levado ao

aquecimento para a evaporação da água, no entanto alguns compostos de baixo peso

molecular também evaporam, contaminando assim a água volatilizada. Assim com a limitação

das reservas de água doce, o aumento da demanda e as restrições que vem sendo impostas ao

lançamento de efluente torna necessário a adoção de estratégias que visem racionalizar este

recurso. O processo de osmose inversa (OI) apresenta duas vantagens fundamentais na

produção de água com qualidade para reuso nas indústrias de laticínios: redução do consumo

de reagentes químicos para tratamento de água e a redução dos volumes de efluentes gerados.

Os experimentos foram realizados em um equipamento com membrana de poliamida. As

condições de operação foram: Temperatura de 30 ºC e de 40 ºC, pressão de 15 bar e 20 bar. O

permeado e o concentrado foram caracterizados quanto às análises físico químico e

biológicas. Os resultados obtidos indicaram que este processo é eficiente na remoção de

compostos presentes na água de processo de fabricação do leite condensado. Sendo que o

permeado possui grande potencial de reaproveitamento dentro da indústria. Sendo a

implementação dessa tecnologia vantajosa, minimizando impactos ambientais, além de

produzir água de elevada qualidade.

Palavras chave: osmose inversa; leite condensado; reuso de águas.

7

ABSTRACT

The dairy industry is of great importance both in job creation and economic development. The

manufacture of condensed milk has a strong demand due to domestic consumption, and in

2007, Brazil has allocated about 900 million (million) L of milk for the manufacture of

condensed milk. In manufacturing, the milk is heating led to the evaporation of water,

although some low molecular weight compounds also evaporate, thus contaminating the water

volatilized. So with the limited freshwater supplies, increased demand and the constraints that

have been imposed on the release of effluent is necessary to adopt strategies to rationalize this

feature. The process of reverse osmosis (HI) has two key advantages in the production of high

quality water for reuse in the dairy industry: reducing the consumption of chemical reagents

for water treatment and reduction of waste volumes generated. The experiments were

performed on equipment with a polyamide membrane. The operating conditions were:

temperature 30 ° C and 40 ° C, pressure of 15 bar and 20 bar. The permeate and concentrate

were characterized according to physical-chemical and biological analysis. The results

indicated that this process is efficient for the removal of water present in the process of

making condensed milk. Since the permeate has great potential for reuse within the industry.

Since the implementation of this technology advantageous, minimizing environmental

impacts, in addition to producing high quality water.

Keywords: reverse osmosis, condensed milk, water reuse.

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Fluxograma do beneficiamento dos produtos lácteos ............................................... 14

Figura 2: Fluxograma de produção do leite condensado .......................................................... 16

Figura 3: Esboço do processo de separação por membranas.................................................... 21

Figura 4: Características dos processos que utilizam diferença de pressão como força motriz

........................................................................................................................................... 24

Figura 5: Aplicação da pressão no processo de osmose inversa .............................................. 26

Figura 6: Fluxo tangencial ........................................................................................................ 27

Figura 7: Queda de fluxo permeado ocasionado com o tempo pelo fenômeno de polarização

de concentração e “fouling”. .............................................................................................. 29

Figura 8: Declínio do fluxo de permeado com o desenvolvimento da camada de entupimento

na superfície da membrana. ............................................................................................... 30

Figura 9: Diagrama das etapas experimentais .......................................................................... 34

Figura 10: Módulo usado no experimento de Osmose Inversa ................................................ 35

A Figura 11 apresenta o fluxograma de funcionamento do equipamento de osmose inversa. As

setas indicam a direção do fluxo. ....................................................................................... 35

Figura 11: Fluxograma do equipamento de osmose inversa .................................................... 36

Figura 12: Curva Fluxo 1º coleta .............................................................................................. 44

Figura 13: Curva Fluxo 2º coleta .............................................................................................. 44

Figura 14: Dados relativos a membrana utilizada no trabalho ................................................. 67

Figura 15: Relação das medidas e tamanho da membrana (3838 HR-NYV). .......................... 67

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Produção Brasileira de leite no ano de 2009 ............................................................ 13

Tabela 2: Características gerais dos processos de membranas ................................................. 23

Tabela 3: Matriz planejamento experimental 2² ....................................................................... 38

Tabela 4: Padrão de potabilidade para o consumo humano ..................................................... 41

Tabela 5: Valores estabelecidos na Alemanha para água de consumo humano Diretiva

80/778/EEC ........................................................................................................................ 42

Tabela 6: Caracterização das águas de alimentação ................................................................. 43

Tabela 7: Fatores de remoção das condições experimentais .................................................... 45

Tabela 8: Resultados dos testes de probabilidade das variáveis de resposta em relação às

variáveis independentes ..................................................................................................... 46

Tabela 9: Condições para utilização do método ....................................................................... 47

Tabela 10: Caracterização da condição 2-1 em relação às bases legais ................................... 47

Tabela 11: Testes univariados de significância para a variável condutividade em relação à

pressão e temperatura ......................................................................................................... 60

Tabela 12: Teste de Tukey para a variável condutividade ....................................................... 60

Tabela 13: Testes univariados de significância para a variável DQO em relação à pressão e

temperatura ........................................................................................................................ 61

Tabela 14: Teste de Tukey para a variável DQO ..................................................................... 61

Tabela 15: Testes univariados de significância para a variável materia orgânica em relação à

pressão e temperatura ......................................................................................................... 62

Tabela 16: Teste de Tukey para a variável materia orgânica ................................................... 62

Tabela 17: Testes univariados de significância para a variável NTK em relação à pressão e

temperatura ........................................................................................................................ 63

Tabela 18: Teste de Tukey para a variável NTK ...................................................................... 63

Tabela 19: Testes univariados de significância para a variável óleos e graxas em relação à

pressão e temperatura ......................................................................................................... 64

Tabela 20: Teste de Tukey para a variável óleos e graxas ....................................................... 64

Tabela 21: Testes univariados de significância para a variável sólidos totais em relação à

pressão e temperatura ......................................................................................................... 65

Tabela 22: Teste de Tukey para a variável sólidos totais ......................................................... 65

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11

2 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................... 13

2.1 REVISÃO BOBLIOGRÁFICA ................................................................................. 13

2.1.1 Indústria de laticínios ......................................................................................... 13

2.1.2 Reuso da água na indústria ................................................................................. 17

2.1.3 Processo de separação por membranas ............................................................... 20

2.1.4 Planejamento experimental................................................................................. 32

2.2 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 34

2.2.1 Execução dos experimentos ............................................................................... 34

2.2.2 Água de processo ................................................................................................ 34

2.2.3 Módulo de Filtração ........................................................................................... 35

2.2.4 Ensaio físico químicos ........................................................................................ 38

2.2.5 Ensaios biológicos .............................................................................................. 40

2.2.6 Parâmetros e legislações ..................................................................................... 41

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 43

2.3.1 Caracterização da água do processo ................................................................... 43

2.3.2 Testes preliminares ............................................................................................. 43

3 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 48

11

1 INTRODUÇÃO

Em termos mundiais o Brasil segue a uma taxa de 4% superior a todos os países que

ocupam os primeiros lugares no ranking. O leite está entre os seis primeiros produtos mais

importantes da agropecuária brasileira. As regiões sul e sudeste são responsáveis por 67% na

produção de leite no Brasil contabilizando um total de 18 bilhões de litros de leite, pelo fato

que nessas regiões está concentrada a maior produção, os maiores centros de consumo e a

maior parte das indústrias de laticínios. A atividade leiteira adquiriu importância tanto na

geração de empregos como no desempenho econômico.

De acordo com Milk Point (2009) Estatísticas a produção brasileira de leite atingiu

31,8 bilhões de litros no ano de 2010.

O Brasil destinou 900.000.000 (bilhões) L de leite in natura em 2007 para a produção

de leite condensado. O leite condensado é comercializado com uma porcentagem previamente

definida de gorduras e sólidos. A quantidade de sólidos é padronizada pela adição de açúcar.

Na fabricação do leite condensado o leite é levado ao aquecimento para a evaporação

da água, gerando grandes quantidades dessa água evaporada. Para cada tonelada de leite

condensado produzido, são evaporadas cerca de 1.700 L de água, (variando para cada

processo industrial). Porém na evaporação alguns compostos de baixo peso molecular são

volatilizados assim contaminando a água volatilizada, dessa forma impedindo a utilização

direta dessas águas evaporadas.

Com a limitação de reservas de água doce no planeta, o aumento da demanda de água,

e as restrições que vem sendo impostas ao lançamento de efluentes torna necessário a adoção

de estratégias que visem racionalizar este recurso. Nesse contexto a indústria de laticínios é

exemplo de atividades que sofrerão conseqüências econômicas com o uso excessivo de água.

Sistemas que busquem o reuso de água podem ser alternativas para evitar sanções que punam

atos de poluição, melhorando eficiência do processo produtivo. Logo um sistema de reciclo

que produza água com qualidade semelhante à água potável a partir de águas residuais ainda

não foi demonstrado como solução técnica e econômica bem como segura quanto à qualidade.

Por outro lado, o setor industrial prefere captar água superficial ou subterrânea, alegando

necessidade de segurança alimentar.

O processo de separação por membranas (SPM) é baseado em mecanismos físicos,

não envolvendo processos químicos, biológicos ou trocas térmicas. Refere-se, apenas, a

12

separação dos componentes de uma mistura pela rejeição daqueles que não possuem tamanho

para atravessar os poros da membrana e a eficiência deste tipo de filtração depende

inteiramente da diferença de tamanho entre o poro e a partícula a ser removida.

A osmose inversa neste enfoque permite a remoção de proteínas, gordura, lactose,

remoção de sais e um permeado com baixa condutividade, evidenciando grandes reduções na

carga orgânica efluente e apresenta potencial como tecnologia in plant para recuperação e

reaproveitamento de águas.

O objetivo do trabalho foi à redução dos passivos ambientais na indústria de laticínios

pela inclusão de um módulo de sistemas com membranas (osmose inversa) para produção de

água com qualidade para reuso.

13

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 REVISÃO BOBLIOGRÁFICA

2.1.1 Indústria de laticínios

O Brasil em termos mundiais é o sexto no ranking, e cresce a uma taxa de 4%,

superior a de todos os países que ocupam os primeiros lugares. Aos países que compõem o

MERCOSUL respondemos por 66% do volume total de leite produzido. O leite está entre os

seis primeiros produtos mais importantes da agropecuária brasileira. A região Sudeste e a

região Sul, sozinhas são responsáveis por 67% na participação da produção de leite do Brasil

contabilizando um total de aproximadamente 18 bilhões de litros de leite, pelo fato que,

nessas regiões está concentrada a maior produção, os maiores centros de consumo e a maior

parte das indústrias de laticínios, (Boletim Setorial do Agronegócio, 2010; CASTRO, 2007).

A importância que a atividade leiteira adquiriu é considerável, tanto no desempenho

econômico como na geração de empregos permanentes. A produção de leite no Brasil no ano

de 2008 é apresentada na Tabela 1 (IBGE, 2009).

Tabela 1: Produção Brasileira de leite no ano de 2009

Brasil e regiões Produção de leite

(Mil Toneladas)

Participação na produção

Nacional (%)

Brasil 27.579.383

Norte 1.665.097 6

Nordeste 3.459.205 12

Sudeste 10.131.577 37

Sul 8.268.360 30

Centro-Oeste 4.055.144 15

Fonte: Adaptado de IBGE (2009)

14

De acordo com Milk Point Estatísticas a produção brasileira de leite atingiu 31,8

bilhões de litros no ano de 2010.

O esquema apresentado na Figura 1 mostra o beneficiamento do leite em cada

unidade, apresentando detalhes e diferenças entre os processos, procedimentos e produtos. A

recepção do leite é constituída da chegada e descarregamento dos caminhões tanque, após, é

realizada a avaliação da qualidade do leite in natura. O leite passa por resfriadores que

reduzem sua temperatura acerca de 1 °C a 2 °C. O leite resfriado é armazenado em silos e

segue para o processo de pasteurização, ocorrendo também nesta etapa o desnate total e/ou

parcial, por meio de centrifugas (padronização da gordura), separando a gordura para a

produção de creme e manteiga. O leite pasteurizado com teor de gordura padronizado é

destinado para os diferentes produtos, como o leite UHT (Ultra High Temperature), leite

pasteurizado, formulados, leite em pó, sorvete, doce de leite, etc. (BRIÃO, 2007).

Fonte: BRIÃO (2007) adaptado

Figura 1: Fluxograma do beneficiamento dos produtos lácteos

2.1.1.1 Processo de fabricação do leite condensado

(AGB, 2009; VAN DEN BERG, 1962) O leite condensado é comercializado com uma

percentagem previamente definida de gorduras e sólidos. Na padronização, a quantidade de

15

sólidos deve ser padronizada pela adição de açúcar, Nesta fase de concentração de açúcares a

pressão osmótica é suficiente para impedir o crescimento de microrganismos e pode ser

determinada pela Equação 1:

100)....%.100(

)....(%.x

condensadoleitedosólidosde

condensadoleitenoaçucardeAçucar= Eq 1

O tratamento térmico é realizado em trocadores de calor onde uma quantidade de

proteínas do soro é desnaturada, ocorrendo precipitação de sais de cálcio. A natureza do

tratamento térmico determina a viscosidade do produto final. Na

evaporação/resfriamento/cristalização, ocorre em concentradores de filmes decrescentes, a

temperatura de 65º C a 70ºC sob vácuo. A adição de açúcar, quando realizada no evaporador,

é feita na segunda metade do processo. A evaporação é contínua até que se chegue a

concentração desejada de sólidos totais: densidade para leite condensado evaporado é 1,30

kg/dm2; e a densidade para leite condensado desnatado é de 1.35 kg/dm2.

Depois de evaporado, o leite condensado deve ser resfriado. Na fase aquosa a

concentração de açúcar é muito elevada cerca de 60 % a 65 % e a concentração de lactose

aumenta proporcionalmente. Quando o produto é resfriado à temperatura ambiente este

cristaliza, pois a concentração de lactose é superior a solubilidade. Para assegurar um produto

de qualidade, os cristais devem ter um tamanho abaixo de 10 micrômetros conseguindo-se

através da adição de lactose em pó a cerca de 30 °C a 33 °C e depois resfriado rapidamente a

15 °C. Por fim o leite condensado é enlatado em embalagens previamente esterilizadas (AGB,

2009).

A Figura 2 demonstra o fluxograma do processo de fabricação do leite condensado.

16

Fonte: Adaptado de AGB (2009)

Figura 2: Fluxograma de produção do leite condensado

O leite condensado possui forte demanda doméstica, mas também é um produto lácteo

de exportação, de modo que em 2009 foram exportadas mais de 30.000 t do produto. O Brasil

destinou 900.000.000 (milhões) L de leite in natura em 2007 para a produção de leite

condensado, segundo a EMBRAPA (2008).

2.1.1.2 Geração de efluente na indústria de laticínios do processo de leite condensado

Para a fabricação do leite condensado, o leite é levado ao aquecimento para a

evaporação da água, assim gerando grandes quantidades desta água evaporada. Para cada

tonelada de leite condensado produzido são evaporados cerva de 1.700 L de água (variando

para processo industrial).

O processo de evaporação, no entanto, não remove somente água. Alguns compostos

de baixo peso molecular, aminas voláteis, ácidos orgânicos, entre outros também são

volatilizados e assim contaminam a água volatilizada. Estes compostos fazem com que a

carga orgânica na água aumente, de modo que a Demanda Química de Oxigênio (DQO) fique

na ordem de 30 mg/L e a condutividade próxima de 40 µmhos.cm-1. Estes valores são baixos,

mas impedem que haja uma utilização direta dessas águas evaporadas necessitando-se da

remoção desta carga orgânica residual.

17

2.1.2 Reuso da água na indústria

A limitação de reservas de água doce no planeta, o aumento da demanda de água para

atender principalmente, o consumo humano, agrícola, industrial, a prioridade de utilização dos

recursos hídricos disponíveis para abastecimento público e as restrições que vêm sendo

impostas em relação ao lançamento de efluentes no meio ambiente, torna necessária a adoção

de estratégias que visem racionalizar a utilização dos recursos hídricos e mitigar os impactos

negativos relativos à geração de efluentes pelas indústrias (FIRJAN, 2006).

Neste contexto, as práticas conservacionistas como o uso eficiente e o reuso da água,

constituem uma maneira inteligente de se poder ampliar o número de usuários de um sistema

de abastecimento, sem a necessidade de grandes investimentos na ampliação ou a instalação

de novos sistemas de abastecimento de água (HESPANHOL, I, 1997; GONÇALVES, O. M,

2004).

O conceito do reuso da água não é novo, existem vários estudos a respeito dessa

questão. Dentre esses se destacam os de HESPANHOL, (1990) e (1997), (ASANO ; MILLS,

(1990); ASANO; (1991); ASANO e LEVINE, (1996) e de REBHUN e ENGEL, (1988),

O conceito mais antigo sobre o reuso de água veio através da WHO – Organização

Mundial da Saúde (1973) onde é definido em:

a) Reuso direto: é o uso planejado e deliberado de esgotos tratados para certas

finalidades como irrigação, uso industrial, recarga de aqüíferos e água potável.

b) Reuso indireto: ocorre quando a água já usada, uma ou mais vezes no uso

doméstico ou industrial, é descarregada nas águas superficiais ou subterrâneas

e utilizada novamente à jusante, de forma diluída.

c) Reciclagem: é o reuso da água internamente às instalações industriais, tendo

como objetivo a economia de água e o controle da poluição.

Tendo em vista que a adoção destas práticas apresenta:

Benefícios ambientais:

a) Redução do lançamento de efluentes industriais em cursos d água,

possibilitando melhorar a qualidade das águas interiores das regiões mais

industrializadas.

18

b) Redução da captação de águas superficiais e subterrâneas, possibilitando uma

situação ecológica mais equilibrada.

c) Aumento da disponibilidade de água para usos mais exigentes, como no

abastecimento público, hospitalar, etc.

Benefícios Econômicos:

a) Conformidade ambiental em relação a padrões e normas ambientais

estabelecidos, possibilitando melhor inserção dos produtos brasileiros nos

mercados internacionais;

b) Mudanças nos padrões de produção e consumo;

c) Redução dos custos de produção;

d) Aumento da competitividade do setor;

e) Habilitação para receber incentivos e coeficientes redutores dos fatores da

cobrança pelo uso da água.

Benefícios sociais:

a) Ampliação da oportunidade de negócios para as empresas fornecedoras de

serviços e equipamentos, e em toda a cadeia produtiva;

b) Ampliação na geração de empregos diretos e indiretos;

c) Melhoria da imagem do setor produtivo junto à sociedade, com

reconhecimento de empresas socialmente responsáveis.

A preocupação com o desenvolvimento sustentável levou o poder público a inserir os

conceitos do “usuário pagador” e “poluidor pagador”, inicialmente instituído no País pela Lei

Federal 9433/97. Pela interpretação da lei, dever-se-á pagar não somente pela captação da

água, mas também pelo seu descarte (BRASIL, 1997). Outras leis e resoluções estão sendo

implementadas de modo a estabelecer-se o sistema de cobrança pela água.

O sistema de cobrança ainda não foi estabelecido em todos os Estados brasileiros, uma

vez que os valores são definidos pelos Comitês de Gestão das Bacias Hidrográficas, e alguns

19

Comitês não estão totalmente estruturados. Em Passo Fundo está instalado o COAJU (Comitê

de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Alto Jacuí), estando em andamento à fase de

diagnóstico dos corpos hídricos da região. Em vista deste diagnóstico será dado o passo inicial

para que se chegue aos critérios de cobrança e outorga pelo uso da água, chegando-se às

tarifas que serão pagas pelas atividades que utilizam os recursos hídricos.

Experiências de cobranças, já instaladas por alguns comitês, demonstram que o cálculo

incluirá parcelas sobre a captação de água, sobre o uso da água em produtos (como

refrigerante, cerveja ou suco), e também pela carga despejada, punindo quem utiliza o recurso

e o devolve ao ambiente com qualidade inadequada. Podem-se citar como exemplo recente os

percentuais definidos pelos integrantes das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que

abrangem rios de domínio federal, uma vez que passam pelos Estados de São Paulo e Minas

Gerais. Os valores a serem cobrados serão progressivos, e os preços estabelecidos são de

R$0,01 (um centavo de real) por metro cúbico de água captada, R$0,02 (dois centavos de

real) por metro cúbico de água consumida e R$0,10 (dez centavos de real) por quilograma de

carga poluidora despejada (CAPITELLI, 2006). No Estado do Paraná, a taxa a ser cobrada

pelo uso da água ainda não foi definida, mas há sinalizações de que os valores sejam R$ 0,001

(um milésimo de real) por metro cúbico de água captada para uso doméstico e R$ 0,01 (um

centavo de real) por metro cúbico de água para uso industrial (FRANQUINI, 2004). Estes

valores são baixos, mas ajustados à realidade brasileira. Na Alemanha, os valores médios são

de €$ 2,50 (dois euros e cinqüenta centavos) e €$ 1,70 (um euro e cinqüenta centavos) por

metro cúbico de efluente descartado e água captada, respectivamente, constituindo uma

significativa parte dos custos de indústrias de alimentos e de bebidas (NORONHA et al.,

2002).

Neste contexto, as indústrias de laticínios são exemplos de atividades que sofrerão

conseqüências econômicas com o uso excessivo de água, e o crescimento do setor lácteo

deverá estar associado às inovações visando o desenvolvimento sustentável, permitindo sua

expansão sem prejuízos ao meio ambiente e garantindo a conservação dos recursos naturais.

Sistemas que busquem o reuso de águas podem ser alternativas para evitar sanções que

punam atos de poluição, melhorando a eficiência do processo produtivo.

A indústria de laticínios vem buscando de um modo geral reutilizar águas em sistemas

secundários, como reposição de torres de resfriamento, lavagens de pisos externos à indústria,

lavagem de caminhões, entre outras. Contudo estas atividades não utilizam mais do que 10 %

da demanda total, que se concentra na limpeza do ambiente de produção e sanitização de

maquinas e equipamentos (BRIÃO e TAVARES, 2007). Logo um sistema de reciclo que

20

produza água com qualidade semelhante à água potável a partir de águas residuais ainda não

foi demonstrado como solução técnica e econômica bem como segura quanto à qualidade. Por

outro lado, o setor industrial prefere captar água superficial ou subterrânea, alegando

necessidade de “segurança alimentar”.

2.1.3 Processo de separação por membranas

De acordo com APTEL e BUCKLEY, 1996, citado por: MANCUSO e SANTOS,

2003), membranas semipermeáveis são definidas como sendo filmes que separam duas fases,

que agem como uma barreia seletiva à passagem de algum tipo de matéria.

O processo de separação por membranas (SPM) é baseado em mecanismos físicos,

não envolvendo processos químicos, biológicos ou trocas térmicas. Refere-se, apenas, a

separação dos componentes de uma mistura pela rejeição daqueles que não possuem tamanho

para atravessar os poros da membrana e a eficiência deste tipo de filtração depende

inteiramente da diferença de tamanho entre o poro e a partícula a ser removida

(ECKENFELDER, 1989).

Segundo Mancuso e Santos (2003) a separação por membranas semipermeáveis pode

ser entendida como uma operação em que o fluxo de alimentação é divido em dois:

a) O permeável: contendo o material que passou através da membrana

b) O rejeito ou concentrado: que contém o material que não passou através da

membrana, ou seja, o subproduto do processo.

A vantagem destas tecnologias é que o rejeito pode ser reincorporado ao efluente a ser

tratado para passar novamente pela membrana. Após muitas operações desta natureza o

efluente torna-se muito concentrado, necessitando assim, de um descarte deste para que o

efluente fique com a concentração original de tratamento. A Figura 3 apresenta de forma

resumida um esboço de como ocorre o processo de separação por membranas.

21

Fonte: Adaptado de METCALF e EDDY (2003)

Figura 3: Esboço do processo de separação por membranas

2.1.3.1 Fluxo de permeado

O fluxo de permeado representa a vazão (mássica, molar ou volumétrica) de permeado

por unidade de área da membrana é determinado pela força motriz aplicada e pela resistência

apresentada pela membrana (ou pela sua permeabilidade), que em muitos casos são

proporcionais (PORTER, 1988).

O movimento de qualquer espécie através da membrana é causado pela ação de uma

ou mais forças motrizes sobre os componentes da alimentação. A maioria dos processos

utiliza como força motriz, o gradiente de potencial químico que é expresso em função do

gradiente de pressão, de concentração ou de temperatura ou ainda pelo gradiente de potencial

elétrico.

O fluxo de permeado depende das propriedades da membrana, produto a ser separado,

condições de operação tais como pressão transmembrana, velocidade de escoamento

tangencial, fator de concentração, e temperatura.

Outros parâmetros importantes que afetam o fluxo, é o pH e a força iônica; o efeito de

cada um varia em função da solução de alimentação e da membrana utilizada. Estes

parâmetros influenciam na solubilidade dos componentes da alimentação, com isso alterando

as interações entre essa solução e a membrana (BACCHIN et al, 2006).

22

2.1.3.2 Força motriz em processos de separação por membranas

As separações em processos por membranas é o resultado das diferenças nas taxas de

transporte das diferentes espécies químicas através da interface da membrana. A taxa de

transporte é determinado pela força motriz ou por forças que atuam sobre os componentes

individuais como a sua mobilidade e concentração na interface. A mobilidade é determinada

pelo tamanho molecular do soluto e da estrutura física do material da interface, enquanto a

concentração do soluto na interface é determinada pela compatibilidade química do soluto a

interface do material.

Para os processos de separação por membranas, apenas as forças motrizes que

induzem um fluxo de matéria são significativos quanto à importância prática. Estas forças

são: pressão hidrostática, concentração e diferença de potencial. Estas forças motrizes também

podem levar a separação das espécies químicas (PORTER, 1988):

a) A diferença de pressão hidrostática entre duas fases separadas por uma

membrana leva a uma separação das espécies químicas, quando a

permeabilidade hidrodinâmica da membrana é diferente para diferentes

compostos;

b) A diferença de concentração entre duas fases separadas por uma membrana

leva a uma separação das várias espécies químicas, quando a difusividade e a

concentração das espécies químicas diferentes na membrana são

c) O diferencial de potencial elétrico entre duas fases separadas por uma

membrana leva a uma separação de produtos químicos diversos

2.1.3.3 Classificação dos processos de separação por membranas

Os processos de separação por membranas incluem a microfiltração (MF), a

ultrafiltração (UF), a nanofiltração (NF) a osmose reversa (OR), a diálise (DI) e a eletrodiálise

(ED). Os processos de SPM também podem ser classificados de outras formas incluindo: (1) a

natureza da força motriz, (2) o tipo de material que a membrana é feita, (3) o mecanismo de

separação, e (4) pelo tamanho nominal com que se queira atingir a separação (METCALF e

23

EDDY, 2003). As características gerais dos principais processos de separação por

membranas, incluindo suas faixas de operação, são relacionadas na Tabela 2.

Deve-se salientar que as separações por MF, UF, NF e OI utilizam a pressão como

força motriz, enquanto na diálise o processo de transporte de constituintes ocorre através de

uma membrana semipermeável onde a força motriz resultante é a diferença de concentração.

A passagem de íons e substâncias de baixos pesos moleculares ocorre ao mesmo tempo em

que ocorre a rejeição de solutos e colóides com altos pesos moleculares (MANCUSO e

SANTOS, 2003).

Tabela 2: Características gerais dos processos de membranas

Tipo de

Processo

Força atuante

na membrana

Tipo de

mecanismo de

separação

Estrutura de

operação (tam

poros)

Faixa típica de

operação (µm)

Descrição do

permeado

Tipos de

elementos

removidos

Microfiltração

Diferença de

pressão

hidrostática ou

vácuo

Filtro Macroporos (>50

nm) 0,08 – 2,0

Água + solutos

dissolvidos

SST, Turbidez,

protozoários,

cócitos, cistos,

algumas bactérias e

vírus

Ultrafiltração

Diferença de

pressão

hidrostática

Filtro Mesoporos (>50

nm) 0,005 – 0,2

Água +

pequenas

moléculas

Macromoléculas,

colóides, a maioria

das bactérias e

alguns vírus,

proteínas

Nanofiltração

Diferença de

pressão

hidrostática

Filtro +

dissolução,

difusão+exclusão

ou separação

Microporos

(<2nm) 0,001 – 0,01

Água +

pequenas

moléculas, íons

dissolvidos

Pequenas moléculas,

dureza e vírus

Osmose

Inversa

Diferença de

pressão

hidrostática

Dissolução,

difusão+exclusão

ou separação

Denso/opaco (<2

nm) 0,0001 – 0,001

Água pequenas

moléculas, íons

dissolvidos

Moléculas muito

pequenas, cor,

dureza, sulfatos,

nitratos, sódio

outros íons

Diálise Diferença de

concentração Difusão

Mesoporos (2 –

50 nm) -

Água +

pequenas

moléculas

Macromoléculas,

colóides, a maioria

das bactérias e

alguns vírus,

proteínas

Eletrodiálise Força

eletromotriz

Troca iônica com

seleção de

membranas

Microporos (<

nm) -

Água + íons

dissolvidos

Íons de sais

ionizados

Fonte: Adaptado de METCALF e EDDY (2003).

24

A Figura 4 mostra as faixas dos tamanhos de poros das membranas utilizadas nos

processos de MF, UF, NF e OI bem como de forma ilustrativa as dimensões de algumas

espécies típicas, presentes nas correntes industriais

Fonte: Adaptado de HABERT, ALBERTO CLÁUDIO (2006)

Figura 4: Características dos processos que utilizam diferença de pressão como força motriz

2.1.3.4 Microfiltração

HABERT, (2006) A microfiltração (MF) utiliza membranas porosas com poros na

faixa de 0,1 µm a 10 µm, indicada para reter materiais em suspensão e emulsão. Como as

membranas de MF são relativamente abertas, as pressões empregadas, como força motriz para

o transporte são pequenas, dificilmente ultrapassando 3 Bar. Na membrana de MF todo

material solúvel permeia a membrana. Apenas o material em suspensão é retido.

A MF é utilizada na esterilização de líquidos e gases, aplicações na medicina,

aplicações na biotecnologia e na purificação de fluidos.

25

2.1.3.5 Ultrafiltração

A ultrafiltração (UF) é um processo de separação por membranas, utilizado quando se

deseja purificar e fracionar soluções contendo macromoléculas. Apresenta poros na faixa

entre 1 nm a 100 nm. Como os poros da membrana de UF são menores, uma força motriz

maior é necessária para obter fluxos permeados elevados o suficiente para que o processo

possa ser utilizado industrialmente. A s pressões variam de 2 bar a 10 bar. A UF é bastante

utilizada no fracionamento de solutos, na purificação do solvente e no tratamento de esgotos.

2.1.3.6 Nanofiltração

Como Reverse Osmosis, (Osmose Reversa) o mecanismo de transferência de massa na

nanofiltração (NF) é a difusão. Embora geralmente muito similar em termos químicos da

membrana, a NF permite a difusão de certas soluções iônicas (tais como: sódio e cloretos),

predominantemente íons monovalentes, bem como água. Espécies iônicas maiores, incluindo

íons bivalentes e multivalentes, e moléculas mais complexas são amplamente retidas.

Apresenta poros da ordem de 1 nm. A pressão de operação nos sistemas de NF varia de 5 bar

a 35 bar. A NF é bastante utilizada na dessalinização de alimentos, lácteos e produto ou co-

produtos da indústria de bebidas, dessalinização parcial do soro, permeado ou retentado,

dessalinização de corantes e abrilhantadores óticos, purificação dos químicos usados em

clean-in-place (CIP), redução ou alteração de cor em produtos alimentícios, concentração de

alimentos, lácteos e produtos ou co-produtos da indústria de bebidas e concentração de co-

produtos de fermentação.

2.1.3.7 Osmose inversa

A osmose inversa é um fenômeno natural, do grego “osmós”, significando “impulso”,

é de caráter físico-químico, no qual ocorre a passagem da solução de menor concentração de

sais em direção à solução de maior concentração quando estas estão separadas por uma

26

membrana semipermeável. O fluxo ocorrerá até que se estabeleça um equilíbrio e uma

diferença de níveis entre as duas soluções, a qual se dá o nome de pressão osmótica. Na

concepção de operação de módulos de osmose inversa, são utilizadas membranas sintéticas e

o processo natural da osmose é invertido por intermédio da aplicação mecânica de uma

pressão superior a osmótica do lado da solução mais concentrada, fazendo com que ocorra um

fluxo no sentido da solução de menor concentração (AMORIM, 2001; KUCERA, 2010;

NASCIMENTO, 2004).

A osmose inversa é o processo pelo qual uma pressão é aplicada, superior à pressão

osmótica, esta pressão força a água a passar através da membrana na direção inversa à da

osmose. A água move-se a partir do compartimento com a solução de alta concentração para a

solução de baixa concentração. Desta forma, a água relativamente pura passa através da

membrana para o compartimento, enquanto os sólidos dissolvidos são retidos num outro

compartimento. Assim, a água num compartimento é purificada ou "desmineralizada", e os

sólidos em outro compartimento estão concentrados ou desidratados, visto na Figura 5.

Fonte: Adaptada de (KUCERA, 2010)

Figura 5: Aplicação da pressão no processo de osmose inversa

O processo de osmose inversa utiliza uma membrana semipermeável, altamente

permeável a água e impermeável a microrganismos, colóides, sais dissolvidos e orgânicos.

27

2.1.3.7.1Vantagens

O processo de osmose inversa apresenta algumas vantagens:

a) Plantas com membranas são mais compactas

b) Baixo custo de capital inicial

c) Alta velocidade de escoamento superficial

d) Redução de efeitos de polarização

e) Maior produção de permeado

f) Aumento de rejeição de sais

g) Baixo custo de substituição

2.1.3.8 Filtração tangencial

Na filtração de fluxo cruzado, a água passa tangencialmente sobre a superfície da

membrana em vez de perpendicular a ela. Água e alguns sólidos dissolvidos passam através

da membrana, enquanto a maioria dos sólidos dissolvidos e um pouco de água não passa pela

membrana, visto na Figura 6.

Fonte: Adaptada de MILLIPORE, 2007

Figura 6: Fluxo tangencial

28

Assim é possível operar o sistema em condições de regime de transferência de

massa, em que, somente uma pequena fração de fluido escoa sobre a membrana e passa

através dela. A polarização de concentração contínua presente, mas, neste caso é possível

mitigar o seu efeito mantendo a velocidade de fluxo através da membrana, tornando-a

contínua (MOTTA, 200-, LEITE, NASCIMENTO, 2004; VAITSMAN, DUTRA, 2006).

2.1.3.9 Concentração de polarização da membrana

Polarização de concentração tem um efeito negativo sobre o desempenho de uma

membrana de Osmose inversa. Ele atua para reduzir a taxa de transferência da membrana de

três maneiras importantes. Primeiro, ele age como uma resistência hidráulica para fluxo de

água através da membrana. Em segundo lugar, o acúmulo de solutos aumenta a pressão

osmótica dentro da camada limite, reduzindo efetivamente na força motriz da água através da

membrana. Terceiro, a maior concentração de solutos na superfície da membrana do que na

solução, leva a uma maior passagem de solutos do que seria previsto pela concentração de

água de alimentação. Isso ocorre porque uma membrana RO rejeita solutos baseado na

concentração do sal que ele "vê". Se a concentração de uma espécie é maior na superfície da

membrana, como é o caso de polarização de concentração, a quantidade de soluto passando

para o permeado será maior do que a quantidade esperada de soluto baseado na concentração

em massa desse soluto.

29

Fonte: NOBREGA et al 2005

Figura 7: Queda de fluxo permeado ocasionado com o tempo pelo fenômeno de polarização

de concentração e “fouling”.

2.1.3.10 Entupimento da membrana (fouling)

O entupimento da membrana é a principal causa do declínio do fluxo de permeado e

conseqüentemente a perda da qualidade do produto em sistema de osmose reversa. A causa e

prevenção das incrustações dependem muito da água de alimentação a ser tratada, e os

procedimentos de controle adequado devem ser concebidos para cada planta (RICHARD, W,

200-).

O entupimento é o termo usado para descrever a perda de rendimento de uma

membrana que se torna química ou fisicamente alterados pelo fluido de processo (muitas

vezes por um componente ou contaminante). O entupimento é diferente da concentração de

polarização. Ambos reduzem a produção, e suas resistências são aditivos. A incrustação pode

ser pensada como o efeito que causa uma perda de fluxo que não pode ser revertida, enquanto

o processo está em execução. Um aumento na concentração ou viscosidade, ou uma

diminuição na velocidade do fluido, ou, em algumas faixas de operação, pressão, irá causar

uma diminuição do fluxo (NOBLE; STERN, 1995), mostrado na Figura 8.

30

Fonte: Adaptada de LAWRENCE, 2010

Figura 8: Declínio do fluxo de permeado com o desenvolvimento da camada de entupimento

na superfície da membrana.

Os principais fenômenos que contribuem para o fouling segundo (YOSHIDA, 2005;

BOSCHI, 2006) estão apresentados a seguir:

a) Adsorção de soluto na superfície da membrana e/ou interior de seus poros devido a

interações físico-químicas com o material da membrana;

b) Entupimento dos poros por moléculas ou partículas em suspensão: trata-se da ação

mecânica de bloqueio dos poros, que podem ocorrer tanto na superfície como no interior da

membrana, dependendo de sua morfologia;

c) Depósito de material em suspensão sobre a superfície da membrana com formação

de uma torta de filtração.

31

2.1.3.11 Processo de separação por membrana no tratamento de efluentes na indústria

de laticínios

LOBO et al (2004) Comparou duas técnicas de tratamento terciário de efluentes. A

partir de efluente de uma indústria farmacêutica, para fins de reuso em torres de resfriamento.

Foi realizado ensaio em jar-test para simular a clarificação físico química, relacionando com a

UF em escala real na indústria. Concluiu-se que as membranas de UF geram efluente tratado

de melhor qualidade e maior confiabilidade em relação a físico química que se mostrou de

difícil controlo a respeito do uso de produtos químicos utilizados e na geração de lodo.

BALANNEC, et all (2004), realizou um estudo objetivando tratamento por membrana

para concentrar os resíduos orgânicos e usar o permeado para reuso. Utilizou 1/3 de leite

desnatado diluído com DQO de 36 g O2/L para cerca de 1/1 de leite, utilizando nove

membranas de NF e OI para efetuar o tratamento. Foi selecionado como critério de qualidade

do permeado a concentração de DQO. Na remoção da DQO, foi atingido 99% de remoção. As

proteínas carregadas em pH 6,6 foram retidas em um gel maciço, observado no final do

tratamento. Este gel é removido com água da torneira. A filtração com membranas aparece

como instrumento útil no tratamento.

O desempenho da filtração e da colmatação (fouling) de membranas de NF e OI no

tratamento de água residuária de laticínios foi realizado por TURAN (2004). Foram realizadas

duas séries de experimentos. O primeiro envolveu a membrana de NF para tratar efluente das

plantas químicas e biológicas de tratamento. O segundo usou uma membrana de OI, para

tratar efluente da indústria de laticínio. As curvas de fluxo de permeado apresentaram um

aumento mais lento, enquanto a taxa de fluxo de alimentação diminuiu e aumentou a pressão.

A incrustação da membrana resultou em um declínio do fluxo de permeado com o aumento da

concentração de DQO alimentada. Além disso, a diminuição de fluxo devido ao aumento de

DQO foi encontrado para maiores pressões para ambas as membranas NF e RO .

O trabalho proposto por VOURCH (2004) tinha como pretensão o tratamento das

águas dos processos de laticínios por NF e OI para produzir água tratada para ser reutilizada

no laticínio. O estudo foi feito em dois estágios um com a utilização de NF + OI e o outro

estágio com OI + OI. Foram comparadas as características da água tratada. O tratamento

utilizado com NF + OI era conveniente para utilização como aquecimento, refrigeração,

limpeza e alimentação da água da caldeira. Com o processo de RO + RO foi atingido os

padrões de qualidade de água potável.

32

VOURCH (2007), investigou práticas de gestão da água de onze laticínios. O

tratamento da água de processo produzido na partida, e no fim das unidades de

processamento. Visando reduzir o volume de efluentes, foi realizado o tratamento com a

membrana de OI. Foram focados os desempenhos do fluxo de permeado versus recuperação

de água e na qualidade da água (COT e condutividade). O uso da OI pode ser utilizado em

processos de secagem permitindo que esta água possa ser reutilizada para aquecimento,

limpeza e fins de resfriamento. É necessária uma membrana de OI com área de 540 m² para

tratar 100m³/d de águas residuárias, com uma recuperação de 95% de água.

BRIÃO (2007) utilizando duas membranas de ultrafiltração com diferentes tamanhos

de poros. Uma membrana espiral de polietersulfona e corte de 5- 8 kDa e uma membrana

tubular de PDVF com corte de 30- 80 kDa. Na recuperação de nutrientes do efluente de

laticínios, avaliando o comportamento do fluxo e a remoção dos parâmetros de controle. Os

resultados da remoção de DQO ficaram próximos de 75%, separando proteínas numa faixa de

97% e gorduras em torno de 91% a 93%. O fluxo para a membrana aspiral foi de 18 Kg m² h

e para a membrana tubular 50 kg m² h. O estudo demonstrou que trabalhos posteriores

poderiam tornar possível o reuso destes dois nutrientes em produtos lácteos.

SARKAR, (2005) estudou o pré tratamento com diferentes coagulantes, classificando

como inorgânicos, orgânicos e biológicos. O tratamento foi realizado em diferentes pH,

utilizando diferentes dosagens. Seguido de tratamento de carvão ativado. Foi avaliado cor e

odor após o tratamento por carvão ativado. A água pré tratada foi passada por uma membrana

de osmose inversa de fluxo cruzado, a água do permeado teve uma qualidade muito boa.

Concluído que as águas podem ser recicladas e reutilizadas.

A OI, de acordo com BRANS et al. (2004), é usada na remoção de água do soro.

GIRALDO-ZUNIGA et al. (2004) indicam que a OI pode ser usada na pré concentração ou

concentração de leite e do soro, da lactose e de proteínas do soro, e também pode ser usada no

tratamento de efluentes da industria de laticínios.

2.1.4 Planejamento experimental

A atividade estatística mais importante não é a análise de dados, mas sim o

planejamento dos experimentos em que esses dados serão obtidos. Um bom planejamento

consiste em projetar um experimento de forma que ele seja capaz de fornecer exatamente o

33

tipo de informação que se procura (BRUNS et al., 2007). Todo planejamento experimental

começa com uma série inicial de experimentos, com o objetivo de definir as variáveis e o

intervalo de variação. Podem-se ter variáveis qualitativas, como tipo de equipamentos e

variáveis quantitativas como: temperatura, pressão, tempo de filtração, etc. (CALADO e

MONTGOMERY, 2003).

O planejamento de experimentos vem crescendo e sendo aplicado às variadas

atividades científicas e industriais, fase à redução de custos e de trabalho. Através do

planejamento, podem-se determinar as variáveis que exercem maior influência no

desempenho de um determinado processo, tendo como resultado: (a) redução da variação do

processo e melhor concordância ente os valores nominais obtidos e os valores pretendidos; (b)

redução do tempo de processo; (c) redução do custo operacional; e (d) melhoria no

rendimento do processo.

No entanto o planejamento experimental permite o uso de métodos estatísticos na analise dos

dados obtidos, resultando em objetividade cientifica nas conclusões (CALADO e

MONTGOMERY, 2003).

2.1.4.1 Analise de variância (ANOVA)

Os dados utilizados na análise de variância devem refletir a influência de mudanças

ocorridas nos fatores (causas) de interesse sobre a variável resposta do processo

(WERKEMA, 1996). A análise de variância pode ser usada para testar hipóteses sobre efeitos

principais dos fatores e para testar a interação entre eles, é altamente útil na seleção dos

fatores, pois permite que fatores negligenciáveis ou não significativos sejam eliminados,

resultando em um experimento mais forte nos fatores ativos ou significativos

(MONTGOMERY, 2003).

34

2.2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.2.1 Execução dos experimentos

As águas evaporadas do processo de fabricação do leite condensado foram filtradas

no modulo piloto de osmose inversa (OI), separando a corrente de concentrado da corrente

do permeado. A alimentação, o permeado e o concentrado foram caracterizados quanto às

analises físico químicas e biológicas especificadas nos métodos analíticos, (Item 2.2.4 e

Item 2.2.5).

O fluxograma abaixo mostra como se deu a seqüência do experimento.

Figura 9: Diagrama das etapas experimentais

2.2.2 Água de processo

As águas evaporadas são provindas do processo de fabricação do leite condensado de um

laticínio da região de Passo Fundo.

35

2.2.3 Módulo de Filtração

O modulo de osmose inversa (Figura 10), utilizado no experimento é composto por um

tanque de alimentação, bomba de alta pressão, membrana do modulo, trocador de calor,

controles necessários para a regulagem de pressão, vazão e temperatura, by-pass para

afinamento das pressões.

Figura 10: Módulo usado no experimento de Osmose Inversa

A Figura 11 apresenta o fluxograma de funcionamento do equipamento de osmose

inversa. As setas indicam a direção do fluxo.

36

permeado

retido

trocador

de calor

banho

termostatizado

água gelada

bomba

centrífuga

tanque

manômetro

válvula

esfera

Membrana deOsmoseinversa

alimentação

válvula

borboleta

coleta de

permeadorotâmetros

Figura 11:Fluxograma do equipamento de osmose inversa

2.2.3.1 Membrana de osmose inversa

A membrana utilizada foi uma membrana espiral de osmose inversa de alta rejeição

de poliamida (PA) marca KOCH Membrane Systems. Essa membrana foi projetada para

concentração de soro de leite, desnatado ou leite integral, e para o polimento de água para o

reuso. Tem área de 7,1 m² e o fluxo de permeado pode atingir 7,3 m³.d-1. A pressão máxima

de operação é de 44,8 Bar, mais dados são apresentados no ANEXO D.

2.2.3.2 Limpeza química

A limpeza química é dividida em duas etapas: a limpeza ácida e a limpeza alcalina. A

solução ácida é preparado com água e adição de ácido nítrico até que o pH seja ajustado a 2.

A solução alcalina é preparada com água e ajuste de pH 11 com adição de NaOH.

O procedimento de limpeza é iniciado com um enxágüe ácido, seguido de enxágüe e

logo um enxágüe alcalino tanto o enxágüe ácido quanto o alcalino é recirculado por

37

aproximadamente 30 min com temperatura de 30 ºC. Após a membrana é enxaguada várias

vezes com água até que se chegue a um pH entre 6-7 e fluxo de permeado de se estabeleça.

Antes e após os experimentos, foram realizados procedimentos de limpeza para a

remoção de possíveis depósitos sobre as membranas, pois estes podem interferir na análise de

resultados.

2.2.3.3 Experimentos no sistema de osmose inversa

Os testes de filtração no sistema piloto de osmose inversa foram realizados sob

condições controladas.

A água evaporada do processo de fabricação do leite condensado foi alimentada em

um tanque, impulsionado por uma bomba positiva através da carcaça da membrana de

poliamida (PA), separando fluxo em duas correntes: permeado e concentrado. A medida do

fluxo do permeado, foi realizada por um rotâmetro. A corrente de concentrado (rejeito) foi

recirculada para o tanque de alimentação, de onde era novamente impulsionado através da

membrana. O controle da temperatura durante este procedimento foi realizado com o auxílio

de um banho termostatizado, e por meio de um termopar era realizado o registro da

temperatura ao longo do tempo.

Além dos parâmetros que identificam a qualidade do permeado e do concentrado, uma

variável de grande importância para a análise econômica é o fluxo de permeado, pois este

avalia o tempo em que a membrana pode trabalhar sem intervalos para a limpeza da

membrana. Os testes no módulo OI consistiram basicamente na avaliação dos principais

parâmetros que possuem efeito sobre o fluxo permeado (pressão transmembrana e

temperatura da solução a ser filtrada).

Um planejamento experimental de duas variáveis independentes a dois níveis

possibilitou a combinação dos dois parâmetros para a otimização do fluxo permeado (Tabela

3).

38

Tabela 3: Matriz planejamento experimental 2²

P T Pressão (Bar) Temperatura (ºC)

2 1 20 30

1 1 15 30

2 2 20 40

1 2 15 40

As variáveis de resposta do sistema foram o fluxo de permeado e as concentrações de

Demanda Química de Oxigênio, Óleos e Graxas, Cor, Turbidez, Condutividade, Nitrogênio e

Sólidos Totais do permeado.

Utilizaram-se comparações de análise de variância dos resultados por programa

estatístico, gerando tabelas indicando a proximidade das médias e teste de TUKEY, o qual

demonstra comparações significativas quando seus valores são menores que 5%.

2.2.4 Ensaio físico químicos

Para a alimentação, corrente do permeado e do concentrado foram analisados

parâmetros que definissem sua qualidade, no intuito de reuso na indústria de laticínios. Os

parâmetros para analise foram: Matéria Orgânica (MO), Demanda Química de Oxigênio

(DQO), Nitrogênio Total Kjeldahl (NTK), Óleos e Graxas (OG), Condutividade Elétrica, pH,

Turbidez e Cor.

2.2.4.1 Matéria orgânica

A quantificação da matéria orgânica se deu pelo método descrito pela ABNT/ NBR

10739 – Set/1989, Determinação de matéria orgânica em meio ácido.

39

2.2.4.2 Demanda química de oxigênio (DQO)

A DQO foi quantificada pelo método micrométrico segundo American Public Helth

Association (APHA, 1995), por meio da digestão em refluxo fechado e quantificação

fotométrica a 420 nm.

2.2.4.3 Nitrogênio Total kjeldahl

A concentração de nitrogênio foi quantificada por meio da digestão ácida da amostra e

posterior destilação e titulação, de acordo com APHA (1995).

2.2.4.4 Óleos e Graxas

A concentração de óleos e graxas foi determinada pela acidificação da amostra,

extraindo-se as gorduras pela adição de éter de petróleo e etanol e determinação gravimétrica,

segundo os procedimentos da APHA (1995).

2.2.4.5 pH

A concentração hidrogeniônica foi determinada pelo método eletrométrico, usando o

potenciômetro (pH METER TEC-2) de marca TECNA. A metodologia de análise é baseada

nos procedimentos da APHA (1995).

40

2.2.4.6 Condutividade elétrica

A condutividade elétrica é uma medida indireta da concentração de íons na solução. A

condutividade elétrica foi determinada pelo método da resistência elétrica e da constante da

cela de condutividade. O equipamento utilizado foi o Condutivímetro TEC-4MP de marca

TECNAL.

2.2.4.7 Cor

A determinação da cor do efluente foi quantificada pelo método colorimétrico. O

equipamento utilizado foi um espectrofotômetro de marca MERCK modelo SQ 118.

2.2.4.8 Turbidez

A turbidez das amostras do efluente de estudo foi quantificada pelo método

colorimétrico e o equipamento utilizado foi um espectrofotômetro de marca MERCK modelo

SQ 118.

2.2.5 Ensaios biológicos

Para a alimentação, a corrente do e do permeado foi realizada análise dos parâmetros

que definissem sua qualidade biológica, no intuito de reuso na indústria de laticínios, sendo a

Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde estabelece que sejam determinados, na água,

para aferição de sua potabilidade, a presença de coliformes totais e termotolerantes de

preferência Escherichia coli e a contagem de bactérias heterotróficas.

Os coliformes termotolerantes e fecais foram determinados através do método dos

tubos múltiplos (FUNASA,2009).

41

2.2.5.1 Coeficiente de rejeição

Todos os parâmetros obtidos das análises acima indicadas foram avaliados tomando

como base o coeficiente de retenção ou redução (R), apresentado na Equação 2, que fornece

uma medida quantitativa da capacidade da membrana em reter, por exemplo, as moléculas

que conferem cor, sob determinadas condições de operação. Este coeficiente é determinado

em termos percentuais:

1001 ×

−=Co

CpR (2)

Co: é a concentração da macromolécula estudada no fluxo de concentrado;

Cp: é a concentração da macromolécula estudada no fluxo de permeado.

2.2.6 Parâmetros e legislações

Para a aplicação da água para o reuso foi levado em consideração a Portaria N.º 518,

de 25 de março de 2004 a qual estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao

controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de

potabilidade, e dá outras providências. A água deve estar em conformidade com o padrão

microbiológico conforme Tabela 4.

Tabela 4: Padrão de potabilidade para o consumo humano

Parâmetro Unidade VMP

Escherichia coli ou

coliformes

termotolerantes

- Ausência em 100 ml

Turbidez UT 5

Sólidos Totais mg/L 1.000

Odor - Não objetável

42

Contudo a PORTARIA 518 não estabelece alguns parâmetros de potabilidade como

DQO, matéria orgânica, nitrogênio entre outros. Assim alguns dos parâmetros foram

relacionados a normas européias.

As diretivas apresentadas abaixo são referentes a países europeus.

a) Directiva do Conselho 80/778/CEE de 15 de julho de 1980, relativa à

qualidade da água A água potável destinada ao consumo humano.

b) Directiva do Conselho 98/83/CE, de 03 de novembro de 1998, relativa à

qualidade da água potável água destinada ao consumo humano.

Foi considerado os valores estabelecidos pela 80/778/CEE para a Alemanha. Os

valores são mostrados na Tabela 5.

Tabela 5: Valores estabelecidos na Alemanha para água de consumo humano Diretiva

80/778/EEC

Parâmetro Unidade VMP

Escherichia coli ou

coliformes

termotolerantes

- Ausência em 100 ml

Cor mg l-1 Pt/Co 5

Turbidez NTU 1.000

Odor - Sem odor

pH pH 6.5-9.5

Condutividade µS/cm 20 °C 2000

Nitrogênio Kjeldahl mg l-1 1

Matéria Orgânica mg l-1 5

Sólidos Suspensos - Sem valor

Temperatura °C 25

43

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

2.3.1 Caracterização da água do processo

Os resultados obtidos na caracterização das águas de alimentação do processo de

fabricação do leite condensado são apresentados na Tabela 6. A qual tem-se as concentrações

dos parâmetros analisados.

Tabela 6: Caracterização das águas de alimentação

Coleta DQO (mg/L)

NTK (mg/L)

M.O (mg/L)

O.G (mg/L) pH Cond

(µS/cm) S.T

(mg/L) Turb (NTU)

Cor (Hazen)

1º Alimentação

96,79 3,27 3,96 0,05 7,16 11,61 0,10 1 1

2º Alimentação

40,54 3,36 3,73 0,06 6,2 19,44 0,29 1 1

Os valores demonstrados na Tabela 6 variam concentrações dos parâmetros analisados

da 1º alimentação para a 2º alimentação devido ao processo de fabricação e de operação por

partes dos funcionários na própria fábrica. Assim é esperado que haja essa variação

considerável.

Quanto à análise microbiológica as amostras na apresentaram contaminação conforme

Anexo A.

2.3.2 Testes preliminares

Ao longo dos experimentos foi medido o fluxo do permeado para avaliação de

possível colmatação da membrana. As Figuras 12 e 13 apresentam o perfil de comportamento

de fluxo de permeado em função do tempo de filtração da membrana de osmose inversa.

44

Figura 12: Curva Fluxo 1º coleta

Figura 13: Curva Fluxo 2º coleta

As Figuras 12 e 13 permitem observar que não ha acúmulo significativo de material na

membrana. Isso pode ser visto com um ponto muito positivo, pois permite prever o tempo que

uma membrana poderá trabalhar sem paradas para limpeza. As quatro condições apresentaram

fluxo contínuo durante tempo de filtração de 15 minutos, o que significa que durante esse

tempo não houve nenhum acúmulo de material que fosse significativo ao ponto de reduzir o

fluxo na membrana.

20 Bar – 40ºC

45

Como visto nas Figuras 12 e 13 á medida que a temperatura diminui o fluxo de

permeado diminui. Este fato pode estar ligado à retração das cadeias poliméricas da

membrana. Com o aumento da temperatura, deve-se esperar um comportamento contrário

sendo que a viscosidade do fluido diminui facilitando a passagem de algumas moléculas.

REKTOR e VATAI (2004); ATRA et al (2005), NASCIMENTO (2004) e

DBOLLANGI e HOSSAIN (2006) que trabalharam com membranas de microfiltração e

ultrafiltração em seus trabalhos verificaram que os fluxos da solução de soro eram mais

baixos do que os fluxos de água pura’ em todas as pressões. As possíveis causas para este

fluxo mais baixo incluem a interação entre a membrana e a solução, efeitos da viscosidade

cinemática e difusividade mássica.

BOSCHI (2006), utilizando membrana de osmose inversa, afirmou que o aumento do

fluxo é limitado pelo aumento da camada polarizada.

A Tabela 7 demonstra os fatores de remoção dos parâmetros analisados em

porcentagem de remoção das condições experimentais avaliadas.

Tabela 7: Fatores de remoção das condições experimentais

Experimento Pressão

(Bar)

Temperatura

(ºC) DQO (%) NTK (%) M.O (%) O.G (%)

Cond

(%)

S.T

(%)

2-1 20 30 62,97 (b) 85,42 (a) 42,84 (b) 75,62 (b) 85,94 (a) 82,72 (a)

1-1 15 30 51,53 (ab) 71,91 (a) 22,01 (a) 44,86 (a) 84,46 (a) 70,99 (a)

2-2 20 40 37,73 (ab) 77,51 (a) 28,43 (ab) 39,21 (a) 83,20 (a) 63,21 (a)

1-2 15 40 22,22 (a) 57,29 (a) 36,27 (ab) 48,62 (a) 84,44 (a) 68,22 (a)

*: estatisticamente significativo com α=5%

Como visto nas figuras 12 e 13 e analisando os resultados da Tabela 7 mostram que

em temperaturas baixas o fluxo de permeado diminui e que em altas temperaturas

compromete a qualidade do permeado em termos de retenção de DQO sendo que nos

experimentos com temperatura de 30º a DQO ficou entre 25 mg/L à 30 mg/L, já nos

experimentos com temperaturas maiores a concentração de DQO ficou entre 40 mg/L à 50

mg/L. Portanto este parâmetro deve ser otimizado e controlado para se obter uma relação

entre a temperatura e a qualidade do permeado.

Percebem-se que na condição 20 Bar e 30º C, se obteve as melhores eficiências, porém

estatisticamente somente a remoção de óleos e graxas foi significativa. Isso se deve ao fato de

que a membrana operando em temperaturas maiores faz com que a viscosidade do fluido

46

diminua fazendo com que as moléculas ultrapassem a membrana isso devido a alta

movimentação dessas.

VOURCH et al, (2005) estudaram águas de processo de 5 diferentes laticínios das

quais foram preparadas soluções a partir de leite integral, leite desnatado e soro de leite, com

a aplicação de dois estágios (NF+OI e OI+OI). O estudo comprovou que com aplicação de

(NF+ OI) a água pode ser reutilizada como substituto para limpeza e alimentação de caldeiras.

A aplicação de OI+OI a água se tornou altamente purificada atingindo valores menores que 6

mg/L de DQO.

A Tabela 8 apresenta os resultados do teste de TUKEY para todas as variáveis de

resposta em relação às variáveis independentes.

Tabela 8: Resultados dos testes de probabilidade das variáveis de resposta em relação às

variáveis independentes

Efeito Valor p

Condutividade DQO M.O O.G S.T NTK

Pressão 0,955 0,091 0,08 0,023* 0,583 0,092

Temperatura 0,532 0,011* 0,98 0,007* 0,119 0,215

P*T 0,538 0,759 0,007* 0,003* 0,212 0,6840

*: estatisticamente significativo com α=5%

A Tabela 8 demonstra que ambas as variáveis independentes apresentaram efeito sobre

óleos e graxas (p < 0,05), havendo ainda a interação entre a Pressão e a Temperatura.

Quando avaliada a presença de DQO, somente a temperatura apresentou efeito nesta

variável de resposta (p= 0,011), sendo que a pressão não apresentou resultados

estatisticamente significativos. Na avaliação de MO somente a interação pressão e

temperatura teve efeito na remoção.

Quanto à concentração de nitrogênio total kjeldahl, condutividade e sólidos totais no

permeado, nenhuma das variáveis independentes (pressão e temperatura) apresentaram efeito

sobre estas, o que indica que todos os experimentos removeram suficientemente estes

compostos da água alimentada.

Dessa forma a Tabela 9 apresenta todas as condições de resposta em relação aos

experimentos, para a escolha do experimento adequado para a aplicação

47

Tabela 9: Condições para utilização do método

Experimento Pressão

(Bar)

Temperatura

(ºC)

DQO NTK M.O O.G Cond S.T Fluxo

2-1 20 30 X X X X X X X

1-1 15 30 X X X X X X

2-2 20 40 X X X X

1-2 15 40 X X X X X

Analisando a Tabela 9 se percebe que o experimento 2-1 se enquadra em todos os

parametros analisados, com isso a Tabela 10 apresenta uma relação dos valores de

concentração do experimento com a legislação.

Tabela 10: Caracterização da condição 2-1 em relação às bases legais

Parâmetro Concentração média Limite

DQO (mg/L) 25,8 NR

OG (mg/L) 0,015 NR

NTK (mg/L) 0,29 1 2

MO (mg/L) 1,67 5 2

ST (mg/L) 0,035 1 1

pH (pH) 6,5 6,5-9,5 2

Cond (µS/cm) 3 2.000 2

Odor Presente Não desejável 1

1 Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004)

2 Diretiva Européia 80/778/EEC

NR: Não referenciado pela Legislação

Analisando a Tabela 10 se percebe que nenhuma legislação referencia DQO e óleos e

graxas para água de reuso, mas se leva em consideração que o valor deve ser o mais próximo

de 0 mg/L, como o odor está presente na amostra de permeado deve-se haver um pós

tratamento, para eliminar o residual de DQO e odor presente na amostra.

48

3 CONCLUSÃO

A recuperação das águas evaporadas pelo processo de membrana de osmose inversa

pode ser uma saída viável para o reaproveitamento de água dentro das próprias empresas, para

o abastecimento, para o processo produtivo e até mesmo para aplicação nas caldeiras dessas

indústrias.

As condições testadas apresentaram valores de rejeição satisfatórios, porém à pressão

de 20 bar e temperatura de 30ºC fornecem fluxo de permeado considerável, e ao mesmo

tempo uma rejeição um pouco mais elevada. Entende-se então que uma maior pressão de

filtração e menor temperatura permitem uma água final de melhor qualidade.

As águas evaporadas durante o processo de produção de leite condensado possuem um

grande potencial de reaproveitamento, pois todos os parâmetros analisados se estabeleceram

dentro dos limites permitidos pela da portaria do Ministério da Saúde, n.º 518, de 25 de março

de 2004 e da Diretiva Europeia 80/778/EEC.

Mas os resultados permitem afirmar que as águas evaporadas no processo de produção

do leite condensado podem ser reaproveitadas.

É necessária ainda a verificação de alguns parâmetros químicos e ecotoxicológicos,

antes da aplicação dessa técnica para o reuso como água para abastecimento humano, bem

como o uso de cloração do permeado.

49

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APÊNDICE A

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA

56

Análise Microbiológica

Parâmetro Unidade VMP

1º Alimentação

Contagem de

coliformes Totais NMP/100 ml Ausência

Bactérias

Heterotróficas UFC/ml Ausência

Escherichia coli NMP/100 ml Ausência

2º Alimentação

Contagem de

coliformes Totais NMP/100 ml Ausência

Bactérias

Heterotróficas UFC/ml Ausência

Escherichia coli NMP/100 ml Ausência

Contagem de

coliformes Totais NMP/100 ml Ausência

57

APÊNDICE B

CONCENTRAÇÕES NO PERMEADO

58

Experimento Pressão

(Bar)

Temperatura

(ºC)

DQO

(mg/L)

NTK

(mg/L)

M.O

(mg/L)

O.G

(mg/L)

Cond

(µS/cm)

S.T

(mg/L)

2-1 20 30 25,8 0,29 1,67 0,015 3 0,035

1-1 15 30 32,3 0,56 1,39 0,05 3,11 0,05

2-2 20 40 39,7 0,71 1,66 0,035 3,39 0,05

1-2 15 40 49,7 0,49 1,76 0,03 2,34 0,05

59

APÊNDICE C

TABELAS DE ANÁLISE DE VARIÂNCIA E TESTE TUKEY

60

Tabela 11: Testes univariados de significância para a variável condutividade em relação à

pressão e temperatura

Efeito SQ GL QM F P

Interseção 57133,84 1 57133,84 7023,823 0,00000

Pressão 0,03 1 0,03 0,004 0,95463

Temperatura 3,79 1 3,79 0,466 0,53220

Pressão x

Temperatura 3,68 1 3,68 0,452 0,53822

Erro 32,54 4 8,13

SQ: soma dos quadrados; GL: graus de liberdade; QM: quadrado médio; F: teste F; p: probabilidade *: estatisticamente significativo com α=5%

Tabela 12: Teste de Tukey para a variável condutividade

Pressão Temperatura Média Cond. a b

2 2 83,20 ****

1 2 84,44 ****

1 1 84,46 ****

2 1 85,94 ****

61

Tabela 13:Testes univariados de significância para a variável DQO em relação à pressão e

temperatura

Efeito SQ GL QM F P

Interseção 15215,15 1 15215,15 205,94 0,00013

Pressão 363,07 1 363,07 4,91 0,09093

Temperatura 1487,35 1 1487,35 20,13 0,01093

Pressão x

Temperatura 8,26 1 8,26 0,11 0,75493

Erro 295,52 4 73,88

SQ: soma dos quadrados; GL: graus de liberdade; QM: quadrado médio; F: teste F; p: probabilidade *: estatisticamente significativo com α=5%

Tabela 14: Teste de Tukey para a variável DQO

Pressão Temperatura Média DQO. a b

1 2 22,22 ****

2 2 37,73 **** ****

1 1 51,52 **** ****

2 1 62,97 ****

62

Tabela 15:Testes univariados de significância para a variável materia orgânica em relação à

pressão e temperatura

Efeito SQ GL QM F P

Interseção 8391,23 1 8391,23 533,99 0,00002

Pressão 84,39 1 84,39 5,37 0,08136

Temperatura 0,01 1 0,01 0,00 0,98039

Pressão x

Temperatura 411,07 1 411,07 26,16 0,00691

Erro 62,86 4 15,71

SQ: soma dos quadrados; GL: graus de liberdade; QM: quadrado médio; F: teste F; p: probabilidade *: estatisticamente significativo com α=5%

Tabela 16: Teste de Tukey para a variável materia orgânica

Pressão Temperatura Média Cond. a b

1 1 22,01 ****

2 2 28,43 **** ****

1 2 36,27 **** ****

2 1 42,84 ****

63

Tabela 17:Testes univariados de significância para a variável NTK em relação à pressão e

temperatura

Efeito SQ GL QM F P

Interseção 42667,62 1 42667,62 363,89 0,00004

Pressão 568,83 1 568,83 4,85 0,09239

Temperatura 253,60 1 253,60 2,16 0,21534

Pressão x

Temperatura 22,48 1 22,48 0,19 0,68409

Erro 469,02 4 117,25

SQ: soma dos quadrados; GL: graus de liberdade; QM: quadrado médio; F: teste F; p: probabilidade *: estatisticamente significativo com α=5%

Tabela 18: Teste de Tukey para a variável NTK

Pressão Temperatura Média Cond. a b

1 2 57,30 ****

1 1 71,90 ****

2 2 77,51 ****

2 1 85,42 ****

64

Tabela 19:Testes univariados de significância para a variável óleos e graxas em relação à

pressão e temperatura

Efeito SQ GL QM F P

Interseção 21693,72 1 21693,72 1060,49 0,00000

Pressão 227,88 1 227,88 11,14 0,02889

Temperatura 533,06 1 533,06 26,06 0,00696

Pressão x

Temperatura 806,89 1 806,89 39,45 0,00328

Erro 81,82 4 20,46

SQ: soma dos quadrados; GL: graus de liberdade; QM: quadrado médio; F: teste F; p: probabilidade *: estatisticamente significativo com α=5%

Tabela 20: Teste de Tukey para a variável óleos e graxas

Pressão Temperatura Média Cond. a b

2 2 39,21 ****

1 1 44,86 ****

1 2 48,62 ****

2 1 75,62 ****

65

Tabela 21:Testes univariados de significância para a variável sólidos totais em relação à

pressão e temperatura

Efeito SQ GL QM F P

Interseção 40653,62 1 40653,62 637,78 0,00001

Pressão 22,67 1 22,67 0,35 0,58307

Temperatura 248,08 1 248,08 3,90 0,11978

Pressão x

Temperatura 140,21 1 140,21 2,20 0,21219

Erro 254,97 4 63,74

SQ: soma dos quadrados; GL: graus de liberdade; QM: quadrado médio; F: teste F; p: probabilidade *: estatisticamente significativo com α=5%

Tabela 22: Teste de Tukey para a variável sólidos totais

Pressão Temperatura Média Cond. a b

2 2 63,21 ****

1 2 68,22 ****

1 1 70,99 ****

2 1 82,72 ****

66

ANEXO D

CARACTERIZAÇÃO DA MEMBRANA

67

Figura 14: Dados relativos a membrana utilizada no trabalho

Figura 15: Relação das medidas e tamanho da membrana (3838 HR-NYV).