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RENATA PEREIRA DA SILVA Suplementos Múltiplos em Estratégias de Produção Intensiva de Bovinos e Pasto Cuiabá MT 2013

RENATA PEREIRA DA SILVA - ufmt.br · obtenção do Título de Mestre em Ciência Animal. Área de Concentração: Nutrição de Ruminantes Orientador: Prof. Dr. Joanis Tilemahos Zervoudakis

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RENATA PEREIRA DA SILVA

Suplementos Múltiplos em Estratégias de Produção Intensiva de Bovinos e

Pasto

Cuiabá – MT

2013

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RENATA PEREIRA DA SILVA

Suplementos Múltiplos em Estratégias de Produção Intensiva de Bovinos a

Pasto

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso para

obtenção do Título de Mestre em Ciência Animal.

Área de Concentração: Nutrição de Ruminantes

Orientador: Prof. Dr. Joanis Tilemahos Zervoudakis

Co-orientadora: Profª. Drª. Luciana Keiko Hatamoto-Zervoudakis

Co-orientador: Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral

Cuiabá – MT

2013

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AUTORIZO A REPRODUÇÀO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNIC, PARA FINS

DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte

S586s Silva, Renata Pereira da.

Suplementos Múltiplos em Estratégias de Produção Intensiva

de Bovinos a Pasto./ Renata Pereira da Silva. Cuiabá: UFMT,

2013.

82 fls.

Dissertação de Mestrado em Ciência Animal (UFMT)

Orientador: Prof. Dr. Joanis Tilemanos Zervoudakis

Co-orientadora: Profª. Drª Luciana Keiko Hatamoto-

Zervoudakis.

Co-orientador: Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral

1.Coprodutos. 2.Desempenho Animal. 3.Parâmetros

Nutricionais. 4.Pasto. 5.Suplementação. I.Título.

CDU 636.2

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CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

Aluno: Renata Pereira da Silva

Título: SUPLEMENTOS MÚLTIPLOS EM ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO

INTENSIVA DE BOVINOS A PASTO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Ciência Animal da Universidade Federal de Mato

Grosso para obtenção do Título de Mestre em Ciência

Animal.

Aprovada em: 22/02/2013

Banca Examinadora:

_______________________________________

Profª. Drª. Luciana Keiko Hatamoto-Zervoudakis

PGCA/FAMEVZ/UFMT (Co-orientadora)

____________________________

Profº. Dr. Luciano da Silva Cabral

PGCA/FAMEVZ/UFMT (Co-orientador)

____________________________

Profª. Drª. Rosemary Laís Galati

PGCA/FAMEVZ/UFMT (Membro)

____________________________

Profº. Dr. Emerson Alexandrino

UFT/TO (Membro)

_________________________________

Profº. Dr. Joanis Tilemahos Zervoudakis

PGCA/FAMEVZ/UFMT (Orientador)

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EPÍGRAFE

“Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com

classe e vencer com ousadia, pois o triunfo pertence a quem se atreve... E a vida é muito

para ser insignificante.”

(Charles Chaplin)

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A Deus pela benção da vida e por iluminar meus caminhos em todos os momentos.

Aos meus pais Belchior Pereira da Silva e Marlene Ribeiro da Silva e às minhas

irmãs: Roberta e Fernanda pelo exemplo de amor, simplicidade, torcida e fundamental apoio

na realização deste;

Ao meu orientador Prof. Dr. Joanis Tilemahos Zervoudakis pela confiança e

amizade depositadas em mim, pelos ensinamentos e pela orientação e pela orientação clara e

profissional;

Aos corientadores: Profª Luciana Keiko Hatamoto-Zervoudakis e Luciano da Silva

Cabral e a todos os professores do PPGCA-UFMT, pelos ensinamentos e apoio na realização

deste;

Aos meus sobrinhos: Vitória Sofia e Ulisses pelo amor e momentos de alegria

Aos meus cunhados (Régis e Lissandro); aos meus avós João, Eva (in memorian), Ilton e

Emilia e a todos os meus familiares e amigos pelo amor, amizade e pelo apoio proporcionado

para que esse objetivo fosse alcançado.

A todos vocês dedico essa Vitória!

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a DEUS pela vida, por guiar meus passos, pela minha família,

e pelo exemplo de perfeição e bondade que me inspira em todos os momentos da minha vida.

Ao meu pai, Belchior Pereira da Silva e minha mãe, Marlene Ribeiro da Silva pelo amor

sincero, incentivo, ajuda, carinho, confiança, pelo exemplo de vida e pela minha criação e

educação “AMO VOCÊS IMENSAMENTE”.

Às minhas irmãs Roberta e Fernanda pelo amor , união, cumplicidade, amizade e

companheirismo. Aos sobrinhos, Vitória. Sofia e Ulisses, pelo amor, alegria e bagunça.

Aos meus cunhados Régis e Lissandro, meu Tio Manoel, meus avôs João Pinto, Ilton,

Emilia e demais familiares pelo exemplo de pessoas, amizade e carinho.

A Universidade Federal de Mato Grosso pela oportunidade de realizar esse curso e

desenvolver este trabalho de Pesquisa.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pela

concessão da bolsa de estudos.

Ao meu Orientador, Professor Dr. Joanis Tilemahos Zervoudakis pela competência,

atenção, humildade, apoio incondicional e pelos ensinamentos, orientação, amizade,

confiança, pelo exemplo de pessoa e profissional.

A Professora Drª. Luciana Keiko Hatamoto-Zervoudakis, pela paciência, humildade,

apoio, ensinamentos e por todas as orientações estatísticas.

Ao Professor Dr. Luciano da Silva Cabral pelos inúmeros ensinamentos, pelas sugestões

e, acima de tudo, pela humildade.

Ao Professor Dr. Emerson Alexandrino pela contribuição com este trabalho.

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal–

PPGCA/UFMT, pelos ensinamentos e pela oportunidade de aprendizado.

A todos os funcionários da Fazenda Experimental da UFMT: Miguel, Alício, Donato,

Tilão, João Leandro, Fábio, de uma forma também especial, Manoel (Sr. Manezinho) e Dona

Lu, pelo acolhimento e por bons momentos compartilhados.

A Rosemary Galati pelos ensinamentos nas análises laboratoriais e na vida acadêmica e

ao funcionário do Laboratório de Nutrição Animal Cláudio, pela atenção e confiança cedida

para o desenvolvimento das atividades.

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A secretária da Pós-Graduação em Ciência Animal: Elaine, pelas inúmeras

contribuições.

A todos os colegas de curso: Ana Paula, Ellen, Uanderson Luna, Antônio Sérgio,

Luzilene, Franciele, Jocely, Saulo, Wlademiro, Fagton, Joelson, Ricardo, Moacir, Raphael

(puff), Jefferson (“shark”), Adriano Jorge, Wagner, Daiane e aos veteranos Deivison, Karib,

Kênia, Marleide, Valéria, Caio, Edenilce, João Ênio, André (Nego), Luis Carlos (Luca), João

Marcos, Inácio (sidi), Nelcino, Rafael (Metano), Daniel Guedes, Ísis, Leonardo Assad,

Marcos Vinicius, Rafaela Zanin, Rafael Belino, Mauricio, Bruno, Walter, Allan, pelos bons

momentos, apoio convívio e aprendizado.

A todos os estagiários “Bovino de Corte”: Juliane, Alan, Ana Paula, Anna Luz, Roger,

Everton, Evandro, as Paranaenses (Caroline e Janielen), Rodrigo, Aline, Flávia, Rebeca, Linn,

Vanessa, Thiago, Alex, Flávio. E aos estagiários “Ovino de Corte-bééé”: Isabella Ceni, Lucas,

Morgana, Laurinha, Kamila, Felipe Cacite, e “Bovino de Leite- ti ti”: Ana Paula (global), Ana

Flávia, Camila Garcia e Camila Miranda, Isabela, Amanda e “Pintado de Corte- glu glu”:

Calixto

De uma forma MUITO ESPECIAL aos meus grandes AMIGOS, JEFFERSON

KOSCHECK, LILIAN RONDENA, LENI LIMA e ANTÔNIO JOSÉ NETO pela companhia,

ensinamentos apoio incondicional, discussões e risos que sempre me lembrarei. Muito

obrigada a todos vocês que sempre foram amigos.

Às minhas amigas Marcella, Géssy, Regiane Matias, Klesia, Liziane, Muriel, Bianca e

Franciele e amigos Fernando, Rodolfo, Murilo, Helder, Raphael Menezes, Marcos Zarzenon,

José Victor, João Ricardo, Uilian, Rinaldi, Luiz Henrique, Kevin e Cleiton e aos amigos de

Redenção: Stephanny, Thamires, Fanny Kelly, Érica, Aline, Jarllanny, Lara, Robson Neto,

Tarlys, Guilherme, Geovanne, Vínicius, Plinio e Victor Hugo. A todos obrigada pela sincera

amizade.

Por fim agradeço a minha GRANDE AMIGA IRMÃ LILIAN RONDENA, pessoa

escolhida por Deus para fazer parte da minha vida. Obrigada pela INFINITA paciência,

humildade, ensinamento, dedicação, atenção, conselhos e pela imensa ajuda em SERVIR A

DEUS. Enfim, por tudo. MUITO OBRIGADA MINHA MANINHA!

A todas as pessoas que, direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste

trabalho.

Meus sinceros agradecimentos!

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BIOGRAFIA

RENATA PEREIRA DA SILVA, filha de Belchior Pereira da Silva e Marlene

Ribeiro da Silva, nasceu em Redenção, Pará, no dia 09 de Junho de 1987.

Em Fevereiro de 2011, concluiu o Curso de Graduação em Medicina Veterinária pela

Universidade Federal de Mato Grosso/MT.

Em 22 de fevereiro de 2013, submeteu-se à defesa de dissertação, concluindo o

Mestrado em Ciência Animal pela Universidade Federal de Mato Grosso, desenvolvendo

estudos na área de Nutrição e Produção de Ruminantes.

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RESUMO

SILVA, R.P. Suplementos Múltiplos em Estratégias de Produção Intensiva de Bovinos a

Pasto. 2013. 82f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal), PPGCA, Faculdade de

Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso,

Cuiabá, 2013.

Três experimentos foram realizados no setor de Bovinocultura de Corte da Fazenda

Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso, localizada no município de Santo

Antônio do Leverger - Mato Grosso, objetivando avaliar o fornecimento de níveis de

suplementos múltiplos sobre os parâmetros nutricionais, desempenho e viabilidade econômica

da produção de novilhas Nelore recriadas em pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu

durante a época seca; e avaliar o fornecimento de níveis de substituição do milho pela

glicerina em suplementos múltiplos sobre o desempenho produtivo e viabilidade econômica

de novilhos Nelore em pastejo no período seco do ano. No experimento 1 foram utilizadas

20 novilhas Nelores, com idade e peso médios iniciais de 22 meses e 328,45 kg,

respectivamente, em que foram avaliados os seguintes suplementos: controle (SAL) e níveis

de suplementação de 2, 4 e 6 kg/ animal/dia, perfazendo as seguintes proporções do peso

corporal: 0,55; 1,11 e 1,66%, respectivamente. O delineamento foi inteiramente casualizado

com quatro suplementos e cinco repetições O ganho de peso médio diário apresentou

comportamento quadrático (P<0,0001) em função dos níveis de fornecimento de suplementos.

A estratégia de fornecimento de 0,55% proporcionou a melhor resposta produtiva e retorno

econômico. No experimento 2 foram utilizadas 5 novilhas Nelores, com idade e peso médios

de 22 meses e 344,00 ± 21,10 kg, respectivamente, em que foram avaliados os mesmos

suplementos do experimento 1, além do nível de 8 kg/animal/dia (2,22%PC). O delineamento

foi em quadrado latino com cinco suplementos e cinco repetições. Os consumos de matéria

seca total, proteína bruta (PB) e nutrientes digestíveis totais, e a digestibilidade aparente total

da matéria seca, PB, carboidratos totais e não fibrosos aumentaram linearmente (P<0,0001) e

o consumo de matéria seca de forragem reduziu linearmente (P<0,0001) com os níveis

suplementação. O aumento dos níveis de suplementação promoveu redução do pH ruminal

(P=0,0343) e aumento na concentração de nitrogênio amoniacal ruminal (N-NH3) (P=0,0004)

antes do fornecimento do suplemento, e após este o N-NH3 apresentou comportamento

quadrático (P=0,0023). O fornecimento de elevados níveis de suplemento múltiplo

proporciona melhores aportes nutricionais para bovinos em sistema com baixa oferta de pasto

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11

no período seco. No experimento 3 foram utilizados 40 novilhos nelore com peso corporal

médio inicial de 203, 12 ± 20,10 kg e idade média inicial de 12 meses, distribuídos em oito

piquetes de 1,6 ha cada. O delineamento foi inteiramente casualizado com oito suplementos e

cinco repetições. Foram avaliados suplementos com níveis de substituição parcial do milho

por glicerina: 0% (G0); 10% (G10); 20% (G20); 30% (G30); 40% (G40); 50% (G50) e 60%

(G60), fornecidos na quantidade de 1 kg/animal/dia na matéria natural, além de um

suplemento apenas com mistura mineral ad libitum (MM). O ganho médio diário (GMD) foi

maior (P<0,10) para os animais recebendo os suplementos G30 (0,609 kg), G 40 (0,588 kg) e

G60 (0,611 kg) em relação aos suplementos G0 (0,546 kg), G10 (0,509 kg), G50 (0,561 kg) e

MM (0,223 kg). Os animais suplementados apresentaram maior GMD (P<0,10) em relação ao

MM. Os diferentes níveis proporcionaram retorno financeiro positivo durante o período

experimental. O fornecimento de suplementos múltiplos para bovinos em pastejo no período

da seca proporciona desempenho produtivo e retorno financeiro positivo, demonstrando,

portanto o seu potencial uso em sistemas intensivos de produção de carne bovina em pastejo.

Palavras chave: coprodutos, desempenho animal, parâmetros nutricionais, pasto,

suplementação

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ABSTRACT

SILVA, R.P. Use of coproducts Crop and Biodiesel Production Strategies in Intensive

Cattle to Pasture. 2013. 82f. Thesis (MSc in Animal Science), Faculdade de Agronomia,

Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2013.

Three experiments were conducted in the sector of Cattle Cutting the Experimental Farm of

the Federal University of Mato Grosso, in the municipality of Santo Antônio do Leverger -

Mato Grosso, to evaluate the delivery of multiple levels of supplements on nutritional

parameters, yield performance, viability economic Nellore heifers recreated on Brachiaria

brizantha. Marandu during the dry season; and evaluate the delivery of replacement levels of

corn for glycerin in multiple supplements on performance and economic viability of Nellore

steers on pasture during the dry season. In experiment 1 were used 20 Nellore heifers, with

age and initial weight average of 22 months and 328.45 kg, respectively, which evaluated the

following supplements: control (mineral supplement) and supplementation levels of 2, 4 and

6 kg/animal/day, composing the following percentages of average body weight (ABW): 0.55,

1.11 and 1.66%, respectively. The completely randomized design with four replications and

five supplements. The average daily weight gain (ADG) presented a quadratic (P <0.0001)

according to the level of supply of supplements. The strategy of supply of 0.55% PCM

provided the best economic return and productive response. In experiment 2 were used

5 Nellore heifers, average weight and aged 22 months and 344.00 ± 21.10 kg, respectively,

which evaluated the same supplements of experiment 1 beyond the level of 8 kg / animal / day

(2.22% BW). The design was a Latin square design with five replications and five

supplements. Intakes of total dry matter, crude protein (CP) and total digestible nutrients, and

total apparent digestibility of dry matter, crude protein, total carbohydrates and no fiber

increased linearly (P <0.0001) and dry matter intake of forage decreased (P <0.0001) with

supplementation levels. Supplementation strategies promoted reduction on ruminal pH

(P = 0.0343) and increased concentration of ruminal ammonia nitrogen (NH3-N) (P = 0.0004)

before the supply of supplements, and after that the NH3-N presented quadratic behavior

(P = 0.0023). Providing high levels of multiple supplement provides better nutritional intakes

for cattle on systems with low supply of pasture in the dry season. In experiment 3 were used

40 Nellore steers with initial body weight of 203, 12 ± 20.10 kg and average initial age of 12

months, divided into eight paddocks of 1.6 ha each. The completely randomized design with

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five replicates and eight supplements. We evaluated supplements with levels of partial

replacement of corn per glycerin: 0% (G0), 10% (G10) 20% (G20); 30% (G30), 40% (G40),

50% (G50) and 60 % (G60) supplied in the amount of 1 kg / animal / day as fed, and control

(mineral supplement) ad libitum (MS). The average daily gain (ADG) was higher (P <0.10)

for animals receiving supplements G30 (0.609 kg), G 40 (0.588 kg) and G60 (0.611 kg) in

relation to supplements G0 (0.546 kg), G10 (0.509 kg), G50 (0.561 kg) and MS (0.223 kg).

There were differences (P <0.10) in ADG for supplemented animals when compared to MS.

The supplemented animals showed higher ADG (P <0.10) compared to MS. The different

levels gave positive financial return. It is concluded that the supply of multiple supplements

replacing the corn by glycerol in production systems of steers in the dry period provides

higher productive performance levels of 30, 40 and 60% and positive financial return to levels

of 60% of substitution, demonstrating thus its potential use for intensive systems of beef

production on pasture. The supply of multiple supplements for cattle grazing during the dry

season provides performance and positive financial return, demonstrating thus its potential

use in intensive production systems beef on pasture.

Keywords: co-products, animal performance, nutritional parameters, pasture,

supplementation...

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Lista de Figuras

Página

Capítulo 1:

Figura 1: Valores médios para a massa de forragem (MF), MS potencialmente

digestível (MSpD), MS de lâmina foliar verde (MLFV), MS de

lâmina foliar seca (MPFS), MS de pseudocolmo verde (MPCV) e

MS de pseudocolmo seco (MPCS) para a Brachiaria brizantha cv.

Marandu nos períodos experimentais.............................................. 37

Figura 2 Valores médios de oferta de matéria seca de forragem (MF), matéria

seca potencialmente digestível (MSpD), matéria seca de lamina

foliar verde (MLFV) matéria seca de lamina foliar seca (MLFS),

matéria seca de pseudocolmo verde (MPCV), matéria seca de

pseudocolmo seco (MPCS) em kg MS/100 kg de PC da pastagem

de Brachiaria rizantha, cv. Marandu durante os períodos

experimentais..................................................................................... 38

Figura 3 Proporção dos componentes bromatológicos (matéria seca de lâmina

foliar verde (MLFV) matéria seca de lâmina foliar seca (MLFS),

matéria seca de pseudocolmo verde (MPCV), matéria seca de

pseudocolmo seco (MPCS)) da massa de forragem da pastagem de

Brachiaria rizantha, cv. Marandu durante os períodos

experimentais.....................................................................................

39

Figura 4 - Ganho de peso diário em novilhas suplementada………................ 44

Capítulo 2:

Figura 1. Valores médios para a massa de forragem (MF), disponibilidades de

MS potencialmente digestível (MSpD), MS de lâmina foliar verde

(MLFV), MS de lâmina foliar seca (MLFS), MS de pseudocolmo

verde (MPCV) e MS de pseudocolmo seco (MPCS) para a

Brachiaria brizantha cv. Marandu nos períodos experimentais.... 58

Figura 2. Proporção dos componentes estruturais (MS de lâmina foliar verde

(MLFV) MS de lâmina foliar seca (MLFS), MS de pseudocolmo

verde (MPCV), MS de pseudocolmo seco (MPCS)) da massa de

forragem da pastagem de Brachiaria rizantha, cv. Marandu

durante os períodos experimentais............................................... 59

Capítulo 3:

Figura 1 Valores médios para a massa de forragem (MF), matéria seca

potencialmente digestível (MSpD), MS de lâmina foliar verde

(MLFV), MS de lâmina foliar seca (MLFS), MS de pseudocolmo

verde (MPCV) e MS de pseudocolmo seco (MPCS) para a

Brachiaria brizantha cv. Marandu nos períodos experimentais........ 74

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Lista de Tabela

Página

Capítulo 1: Tabela I- Valores médios das temperaturas máximas e mínimas, umidade

relativa do ar e precipitação pluviométrica, coletadas durante o

período experimental……………....…............................................... 32

Tabela II- Composição dos suplementos ofertado aos animais.............................. 33

Tabela III- Composição nutricional dos suplementos e da forragem .................... 39

Tabela IV- Valores médios de consumo dos suplementos, peso corporal inicial

(PCi) e final (PCf), ganho de peso total (GPT) e ganho médio diário

(GMD) de novilhas do Experimento 1................................................ 40

Tabela V- Valores médios de consumo de suplemento (CS), matéria seca

(CMS), matéria seca de forragem (CFO) proteína bruta (CPB) e

Nutrientes Digestíveis Totais (CNDT) de novilhas do Experimento

2........................................................................................................... 40

Tabela VI- Indicadores econômicos para cada estratégia de suplementação ........ 41

Tabela VII- Análise econômica em função do peso corporal adicional................. 41

Tabela VIII - Cenários dos possíveis preços pagos ao produtor na arroba da vaca

e suplemento ................................................................................... 42

Tabela IX - Análises econômicas dos resultados do experimento em função dos

cenários simulados referentes à variação nos preços da arroba da

novilha e do suplemento...................................................................

42

Capítulo 2:

Tabela 1- Valores médios das temperaturas máximas e mínimas, umidade

relativa do ar e precipitação pluviométrica, coletadas durante o

período experimental........................................................................... 53

Tabela 2- Composição alimentar do concentrado fornecido aos animais.............. 54

Tabela 3- Composição nutricional dos suplementos e da forragem ...................... 59

Tabela 4- Valores médios de consumo de matéria seca (CMS), matéria seca de

forragem (CFO), matéria orgânica total (CMO), proteína bruta

(CPB), extrato etéreo (CEE), fibra em detergente neutro (CFDN),

fibra em detergente neutro indigestível (CFDNi), carboidratos totais

(CCT), carboidratos não fibrosos (CCNF) e Nutrientes Digestíveis

Totais (CNDT) de novilhas no período da seca.................................. 60

Tabela 5- Valores médios de coeficiente de digestibilidade aparente total da

matéria seca (DMS), matéria seca de forragem (DFO), proteína

bruta (DPB), fibra em detergente neutro (DFDN), carboidratos totais

(DCT) e carboidratos não fibrosos (DCNF) de novilhas no período

da seca................................................................................................ 61

Tabela 6- Valores médios de pH e concentração de nitrogênio amoniacal (N-

NH3) (mg/dL), no liquido ruminal de novilhas nelores submetidos a

cinco dietas experimentais, nos diferentes tempos de amostragem:

antes da alimentação e 2 horas após alimentação em dois dias

consecutivos......................................................................................... 63

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Capítulo 3:

Tabela 1- Valores médios das temperaturas máximas e mínimas, umidade

relativa do ar e precipitação pluviométrica, coletadas durante o

período experimental........................................................................... 70

Tabela 2- Composição percentual dos suplementos com base na matéria natural

dos suplementos .................................................................................. 71

Tabela 3- Composição nutricional dos suplementos e da forragem ...................... 75

Tabela 4- Peso corporal inicial (PCi), peso corporal final (PCf), ganho médio

diário (GMD) e ganho de peso corporal adicional (PCA) de novilhos

na seca.................................................................................................. 76

Tabela 5- Indicadores econômicos de produção por animal para os diferentes

suplementos.......................................................................................... 77

Tabela 6- Cenários dos possíveis preços pagos ao produtor na arroba da vaca e

suplemento.............................................................................................. 78

Tabela 7- Análises econômicas dos resultados do experimento em função dos

cenários simulados referentes à variação nos preços da arroba do boi

e do suplemento..................................................................................... 78

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SUMÁRIO

Página

1. INTRODUÇÃO GERAL................................................................................. 18

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA……………………………………………… 19

2. 1.Suplementação de animais em pastejo no período seco........................ 19

2.1.1. Estratégias de suplementação para bovinos em condições de

pasto limitado........................................................................................ 19

2.2. Manejo nutricional de novilha para abate.............................................. 21

2.3. Glicerina……………………………………………………………… 23

3.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………..... 26

Capítulo 1

Suplementos múltiplos para novilhas de corte em pastejo no período seco 29

Resumo……………………………………………………..………………….. 29

Abstract…………………………………………………………………………. 30

Introdução............................................................................................................. 31

Material e Métodos……………………………………………………………... 31

Resultados............................................................................................................. 37

Discussão.............................................................................................................. 42

Conclusões............................................................................................................. 46

Referências Bibliográficas.................................................................................... 47

Capítulo 2

Suplementos múltiplos para novilhas de corte a pasto no período seco:

parâmetros nutricionais 50

Resumo................................................................................................................. 50

Abstract................................................................................................................ 51

Introdução............................................................................................................ 52

Material e Métodos............................................................................................... 53

Resultados e Discussão......................................................................................... 58

Conclusões............................................................................................................ 64

Referências Bibliográficas.................................................................................... 65

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Capítulo 3

Substituição do milho pela glicerina em suplementos múltiplos para

novilhos nelore em pastejo no período seco do ano......................................... 67

Resumo................................................................................................................. 67

Abstract................................................................................................................ 68

Introdução............................................................................................................ 69

Material e Métodos............................................................................................... 69

Resultados e Discussão....................................................................................... 74

Conclusões............................................................................................................ 79

Referências Bibliográficas................................................................................... 80

4. CONCLUSÃO GERAL 82

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1. INTRODUÇÃO

O sistema de produção de carne bovina em pastagens tem como grande desafio a

utilização de conhecimentos e alternativas tecnológicas capazes de elevar a produtividade e a

qualidade do produto de forma econômica e sustentável, com mínimo impacto ambiental.

Para tanto, potencializar o desempenho dos animais e otimizar a utilização dos recursos

forrageiros basais consistem nos principais objetivos de estratégias de manejo a serem

adotadas (Reis et al., 2012).

É imprescindível o conhecimento da fisiologia de crescimento das gramíneas ao longo

do ano, pois a produtividade e qualidade destas sofrem variação sazonal devido às condições

climáticas. Isto, não permite desempenho constante dos animais no decorrer do ano,

resultando em baixos índices zootécnicos (Paulino et al., 2008). Neste contexto, a otimização

da produtividade animal em pastagens tropicais, envolve o uso de alternativas tecnológicas

que contornem o problema de crescimento descontínuo do rebanho, resultante da oscilação

natural na disponibilidade e qualidade da forragem produzida ao longo do ano

(Zervoudakis et al., 2011).

Com o crescimento populacional a demanda mundial de carne bovina em 2050 deverá

ser quatro vezes maior que a atual. Para atender essa demanda, o efetivo do rebanho mundial

deverá aumentar em torno de 100% e triplicar o número de animais abatidos, desse modo

haverá aumento de produtividade, expresso em 50% de desfrute. Diante deste cenário, a

intensificação na utilização das pastagens torna-se vantajoso, pois permite diluir os custos

fixos, através do aumento na taxa de lotação e redução no tempo de abate. Do mesmo modo, o

manejo intensivo, associado à adubação, suplementação estratégica e potencial genético

animal, representam as práticas que promovem maior produtividade (Reis et al., 2011).

Sabe-se que a alimentação independente da atividade e/ou do produto, ainda é o item de

maior peso no custo final. Assim, as indústrias do setor têm-se preocupado constantemente

em buscar formas para diminuir os custos de produção. Desse modo, alimentos alternativos

vêm sendo estudados e avaliados quanto aos aspectos econômicos e nutricionais, para que

possam viabilizar a produção intensiva de ruminantes suplementados com menores custos de

produção (Zervoudakis et al., 2011b).

Sendo assim, objetivou-se com esse trabalho apresentar o potencial de utilização de

alguns coprodutos agroindustriais em estratégias de suplementação para bovinos em pastejo

na época seca do ano, avaliando os aspectos nutricionais, produtivos e econômicos.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Suplementação de animais em pastejo no período seco

No Brasil a produção de carne bovina é baseada na utilização de gramíneas tropicais e

estas representam a forma mais prática e econômica para produção pecuária

(Moraes et al., 2006). No entanto, a produtividade e qualidade dessas forrageiras sofrem

variação no decorrer do ano devido às condições climáticas, permitindo desempenho

inconstante dos animais, acarretando em índices zootécnicos indesejáveis

(Paulino et al., 2008).

Desta forma, a fase mais crítica do sistema de produção de bovinos em pastejo é a época

seca do ano. Neste período, os bovinos consomem forragens de baixo valor nutritivo,

caracterizadas por elevados teores de fibra indigestível, e proteína bruta inferior aos valores

crítico de 6 a 7% matéria seca (MS) (Reis et al., 2005). Em tais condições, os animais são

submetidos a carências nutricionais múltiplas, e a proteína (ou compostos nitrogenados)

assume papel prioritário. Visto que o alimento disponível ou a reciclagem endógena de

nitrogênio não atende aos requerimentos microbianos (Sniffen et al., 1993), promovendo

limitação no crescimento e atividade dos mesmos e queda na digestibilidade da parede

celular, acarretando redução no consumo de matéria seca e no desempenho animal.

Se nesta fase não houver a suplementação da dieta dos animais, a fim de suprir os

nutrientes deficientes na forragem, haverá redução do ganho de peso ou até mesmo

desempenho negativo, pois tecidos corporais serão mobilizados para mantença, resultando

assim, em aumento da idade de abate e redução da taxa de desfrute da propriedade e aumento

no custo fixo da atividade (Euclides et al., 1998).

Sendo assim, torna-se fundamental a correção destas deficiências

(Paulino et al., 2001) através do fornecimento de suplementos aos animais, para estímulo ao

consumo e à digestibilidade da forragem seca, melhorando o desempenho dos animais.

2.1.1 Estratégias de suplementação para bovinos em condições de pasto limitado

Os sistemas de pastejo estão em equilíbrio quando o homem exerce total domínio sobre

a produção de matéria seca potencialmente digestível, utilizando-se das tecnologias de manejo

para quantidade e qualidade, diferimento e suplementações visando a correção de deficiências

nutricionais. Por outro lado, sistemas de pastagens estão em não equilíbrio quando ocorrem

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grandes variações produtivas das forragens, decorrentes das limitações físico-químicas dos

solos (Paulino et al., 2004).

Nos sistemas de produção de bovinos em pastagem, existem situações em que a

produção forrageira é tão restrita, que o estoque de forragem ou reservas corporais dos

animais não são eficazes em manter a produtividade animal, o que acarreta em instabilidade

em todo o sistema. Com o intuito de manter ganhos de peso condizentes aos sistemas em

equilíbrio, recomenda-se o fornecimento de alimentos/ingredientes volumosos via

suplementos, os quais são utilizados com a finalidade de atender as deficiências quantitativas

de matéria seca, além de corrigir os déficits de nutrientes apresentados pelas forrageiras

pastejadas pelos animais (Paulino et al., 2004).

Estratégias de suplementação têm efeito positivo em termos de manejo dos animais,

uma vez que o fornecimento desses suplementos possibilita o efeito substitutivo, ou seja, a

massa de forragem pré-pastejo será utilizada por um maior número de animais, acarretando

em aumento na taxa de lotação da pastagem (Paulino et al., 2004).

Recomenda-se o fornecimento de suplementos com inclusão de coprodutos da

agroindústria com custo reduzido, que serão utilizados em maior participação em sua

formulação, objetivando maiores níveis de fornecimento da suplementação para bovinos em

pastejo restrito. Dessa forma, ingredientes como a casca de café, bagaço de cana de açúcar,

feno de feijão guandu, capulho de algodão e casca de soja são utilizados nas estratégias de

suplementação, em que se busca a manutenção no equilíbrio de nutrientes no metabolismo

dos animais (Zervoudakis et al., 2011).

A intensificação dos sistemas de produção de bovinos em pastejo envolve estratégias de

manejo que maximizem o ganho de peso no período seco de forma a manter crescimento

contínuo dos animais durante todo ano. Sendo assim, uma estratégia bastante utilizada é o

semi-confinamento, que se caracteriza pelo fornecimento de altos níveis de suplementos para

os animais (Reis et al., 2011).

Os níveis de concentrado utilizados na suplementação são determinados a partir das

questões econômicas, metas de ganho, tempo de terminação, disponibilidade de forragem e

estrutura adequada (Reis et al., 2011). O fornecimento de suplementos múltiplos de elevado

consumo durante a seca, cerca de 0,6 a 1,0% do peso corporal (PC), é realizado

principalmente para a terminação, com o objetivo de abater animais jovens entre 24 a 27

meses de idade (Paulino, 1999).

Além dessas estratégias de terminação, o confinamento em pastagens tem ganhado

destaque por permitir a terminação dos animais em fazendas desprovidas de estrutura

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tradicional de confinamentos, pois esta estratégia tem como vantagem terminar os animais em

pastejo (fonte de volumoso) com altos níveis de concentrado, porém necessita de áreas de

pastagem previamente vedadas ou massa de forragem (Reis et al., 2011).

Nesse sistema os animais são destinados a determinadas áreas de pastagem vedados e

recebem alimento concentrado no cocho nas quantidades que podem variar de 1,2 a 2,0% do

PC, onde a lotação da área é determinada de acordo com a quantidade de concentrado

fornecido, disponibilidade de forragem e o tempo de permanência dos animais para

terminação (Reis et al., 2011).

Essa estratégia melhora a eficiência nos sistemas de produção de carne bovina, tendo

em vista que permite maior taxa de ganho de peso na fase de terminação, melhor rendimento e

acabamento de carcaça e, consequentemente, carne de melhor qualidade, e ainda pode

permitir a disponibilidade de áreas para outras categorias e/ou descanso das pastagens após o

abate dos animais terminados.

2.2. Manejo nutricional de novilhas para o abate

A busca por alternativas de manejo nas diferentes categorias de bovinos de corte que

permitam maior taxa de desfrute do rebanho, além de maior produção de carne de forma

sustentável tem sido e continuará a ser a grande preocupação dos pesquisadores, pois estes

tem como objetivo, aumentar o rendimento econômico do produtor e a produtividade, além da

qualidade da carne (Coutinho Filho et al., 2006).

Segundo Euclides Filho (2004) existe interesse crescente no desenvolvimento de

estratégias que proporcionem melhores resultados no que se refere à eficiência produtiva e

qualidade dos produtos, tendo em vista que, a atividade pecuária está cada vez mais com visão

empresarial, deixando de lado o modelo extrativista e se tornando um sistema mais intensivo.

Uma das estratégias do sistema produtivo é o abate de fêmeas jovens (novilhas), as

quais possuem em termos de precocidade, eficiência alimentar na transformação de alimento

em peso de carcaça superior ao de machos inteiros e semelhante ao dos machos castrados. No

entanto, a comercialização pelos produtores é com base no rendimento de carcaça. Se o

rendimento de carcaça das novilhas for inferior ao dos machos castrados, o investimento em

alimentação dos animais será menos eficiente (Paulino et al., 2008).

Além disso, na maioria dos casos, os diferentes produtos cárneos originários de bois,

vacas, novilhas, garrotes e outros são agrupados em único grupo usualmente denominado

"carne de boi" ou "carne de vaca" (Coutinho Filho et al., 2006). Por ocasião da

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comercialização de fêmeas jovens, os produtores recebem dos frigoríficos a mesma

remuneração paga por quilograma de carcaça de vacas velhas de descarte

(Paulino et al., 2008).

A explicação para isso está no fato da escassez de informações a respeito dos

rendimentos de carcaça e de subprodutos de novilhas comparadas a machos castrados, da

mesma idade (Vaz et al., 2010). Apesar de já existir conhecimento sobre os rendimentos de

machos e fêmeas adultos (Vaz et al., 2002).

A utilização de novilhas para produção de carne deve-se ao descarte da sobra da

reposição de matrizes de um plantel. Fêmeas provenientes de cruzamentos envolvendo raças

europeias de elevado peso à idade adulta ou provenientes de cruzamentos envolvendo três

raças diferentes não são recomendadas como matrizes no sistema de produção, sendo estas

descartadas e utilizadas para a produção de carne em sistemas em pastejo ou em

confinamentos (Abrahão et al., 2005).

As novilhas submetidas a um eficiente manejo nutricional e sanitário tornam-se

fisiologicamente maduras cerca de três meses antes que os novilhos castrados

(Barbosa, 1995). Estes animais geralmente são terminados em confinamento em função do

seu menor peso de abate e acabamento precoce (Marques et al., 2000), acarretando em retorno

econômico em menor tempo.

O estudo de estratégias e fontes alimentares que proporcionem melhor eficiência

alimentar por estes animais tem sido um dos principais focos das pesquisas, entretanto, é

imprescindível, definir com clareza os objetivos do sistema de produção

(Paulino et al., 2003). É de extrema importância o uso de categorias de animais mais precoces,

que embora mais leves ao abate, apresentam benefícios no que diz respeito à melhor

precocidade dos animais. No entanto, a terminação de animais jovens exige trabalhar com

altos níveis nutricionais, o que pode ser conseguido mediante pastagens bem manejadas,

principalmente quando estas estão aliadas à suplementação (Vaz e Restle, 2000).

O confinamento é uma alternativa que permite reduzir o tempo de permanência dos

animais na propriedade, além de possibilitar a manipulação das características das carcaças

através do manejo nutricional (Gesualdi Júnior et al., 2000).

A suplementação também é uma das estratégias utilizadas na fase de terminação das

fêmeas jovens. Os suplementos fornecidos devem proporcionar ganhos de cerca de 700 g/dia

para novilhas em engorda (Paulino et al., 2003). Existe a possibilidade de utilizar

suplementos com características nutricionais, como, misturas múltiplas e suplementos

protéicos energéticos que atenderão o requerimento destes animais de acordo com os níveis de

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ganho pré- estabelecidos. Além disso, devem-se considerar as características quantitativas e

qualitativas da forragem disponível (Reis et al., 2009).

Casagrande (2010) realizou experimentos no intuito de reduzir a idade de abate de

novilhas de corte, em pastagens de capim Marandu e suplementação na recria e mantidas em

dois sistemas de terminação, confinamento e pastagem. Na recria, os animais foram

submetidos ao pastejo contínuo, com dosséis mantidos em três alturas (15; 25 e 35cm), e

suplementados com sal mineral, ou 0,3% PV de suplemento proteico- energético. Os animais

provenientes dos pastos de menor altura (15 cm) demoraram para ser abatidos em média 12

dias e 37 dias a mais do que os de 35cm de altura, respectivamente para o confinamento e

terminação em pastejo. Além disso, a suplementação proteico-energético na recria, reduziu

em 16 dias o período de confinamento e 25 dias o período de terminação dos animais a pasto

(0,5 % PV/dia de suplemento proteico-energético), no entanto, foram necessários cinco a seis

meses a mais para os animais atingirem o peso predeterminado para o abate. Portanto, manter

os animais em pastos com maior altura na recria pode diminuir o tempo de terminação, seja,

em confinamento ou em pastagem, o que reduz o custo com essas fases.

2.3. Glicerina

A glicerina é um coproduto oriundo de diversas rotas industriais, dentre elas, do

processo de transformação dos triglicerídeos em biodiesel, a partir de lipídeos derivados de

espécies de plantas oleaginosas ou gordura animal. Na produção de biodiesel, ocorre a reação

de transesterificação na presença de um catalisador (hidróxido de sódio ou hidróxido de

potássio) e de um álcool de cadeia curta (metanol ou etanol). Segundo Oliveira et al. (2011), a

glicerina resultante deste processo, denominada glicerina bruta, contém, baixos níveis de

glicerol (40 a 70%), elevados níveis de catalizadores, álcool, água, ácidos graxos e sabões e

normalmente apresenta pH elevado (> 12).

A glicerina é um líquido viscoso, higroscópico, inodoro e de sabor adocicado,

conhecida como glicerol, ou propano-1,2,3-triol de fórmula C3H5(OH)3, sendo o glicerol o

precursor energético deste alimento, pois faz parte do metabolismo normal dos animais,

podendo ser encontrado na circulação e nas células. No organismo, ele deriva da lipólise no

tecido adiposo, da hidrólise de triglicerídeos sanguíneos e da gordura dietética (Menten et al.,

2008).

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A glicerina por possuir propriedades umectantes, energéticas e alta solubilidade em

água é amplamente utilizada pela indústria farmacêutica de cosméticos, e possui grande

potencial para a utilização na alimentação animal (Donkin, 2008). Para Carvalho et al. (2011)

a produção de glicerina excede a capacidade da indústria farmacêutica e de cosmético em

processá-la, desta maneira aumentam-se as oportunidades para o uso do glicerol na dieta de

aves, suínos e ruminantes.

Na alimentação de ruminantes o glicerol proveniente da glicerina é prontamente

fermentado no rúmen em ácidos graxos voláteis (AGV’s) principalmente propionato (Rémond

et al., 1993). Os microrganismos ruminais se adaptam à dieta com glicerol a partir de sete dias

de alimentação, sendo que em bovinos adaptados que receberam 200 g de glicerol 85%

desaparece do ambiente ruminal cerca de 2 horas após o fornecimento (Donkin, 2008).

A utilização do glicerol na alimentação de bovinos é conhecida desde a década de 50

(Donkin et al., 2008) como agente medicamentoso, preventivo da cetose em vacas leiteiras,

devido as suas características gliconeogênicas, tendo assim, a maior parte dos estudos

baseados principalmente no acréscimo de pequenas quantidades na ração (Chung et al., 2007)

e não no uso como macroingrediente na ração total (Donkin et al., 2008). Entretanto,

recentemente, com o aumento da oferta de glicerina, as pesquisas têm direcionado o foco para

a utilização desse composto como alimento, objetivando incluí-lo em maior quantidade na

ração. Para isso, devem ser estudados os níveis de inclusão ideais para diferentes categorias

animais, de modo que não se restrinja o consumo, e maximize o desempenho dos animais ou

reduza os custos com a alimentação (Leão et al., 2012).

A utilização do glicerol como fonte energética tem sido relatada desde a década de 70,

em que Sauer et al. (1973) trabalhando com vacas lactantes submetidas a dietas com inclusão

de 3 e 6% de glicerol em comparação com o propilenoglicol, verificaram que a inclusão

nestes níveis não foram suficientes para evitar a cetose subclínica. Entretanto, Carvalho et al.

(2011) concluíram que o glicerol é eficiente em inclusões de 15% na MS) da dieta de vacas

leiteiras no pré e pós-parto. Deste modo, o uso da glicerina como fonte de glicerol é

importante no fornecimento de energia a vacas de alta produção leiteira.

Elam et al. (2008) avaliaram a inclusão de 0; 7,5 e 15,0% de glicerina bruta na matéria

seca para novilhas em confinamento e verificaram respectivamente o GMD de 1,64; 1,58 e

1,55 kg/dia, e concluíram que a redução no desempenho animal pode ser explicado pela

redução na ingestão de matéria seca e pela mudança no comportamento alimentar das

novilhas.

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Adicionalmente, Parsons et al. (2009) avaliaram teores de 0; 2; 4; 8; 12 e 16% de

inclusão de glicerina na dieta de novilhas mestiças em confinamento, e observaram resposta

quadrática para o GMD de 1,19; 1,34; 1,29; 1,25; 1,17 e 1,03 kg/dia, respectivamente. Estes

autores concluíram que até 8% de inclusão de glicerina com base na matéria seca melhora o

desempenho animal. Da mesma forma, Mach et al. (2009) avaliaram a inclusão de glicerina

de (0, 4, 8 e 12% de glicerina com 3,47 Mcal/kg na MS) sobre o desempenho de machos não

castrados holandeses alimentados com dieta de alto concentrado e verificara ganho de peso de

1,29 e 1,43 kg/dia para 12 e 4% de inclusão, respectivamente.

D’Aurea (2010) trabalhando com novilhas de corte confinadas suplementadas com 0; 10

e 20% de inclusão glicerina bruta na MS da dieta, verificou que a inclusão da glicerina

diminuiu o consumo de matéria seca e a digestibilidade da fibra em detergente neutro e da

hemicelulose, mas os ganhos de peso e as características de carcaça dos animais não foram

prejudicados, concluindo que o perfil de ácidos graxos (linoleico, linolênico e linoléico

conjugado –CLA) da carcaça pode ser alterado com a inclusão de glicerina a dieta.

Farias et al. (2012) avaliaram o desempenho produtivo, eficiência alimentar e

digestibilidade de novilhas (13 meses e 226 kg) recriadas a pasto de Brachiaria brizantha

cultivar Marandu suplementadas com níveis de inclusão de glicerina de 0; 2,8; 6,1 e 9,0% na

MS total na dieta, e verificaram que não houve efeito sobre a ingestão diária de MS (do

suplemento, pasto e total), coeficientes de digestibilidade da MS, PB, MO, FDN, CNF e CT.

No entanto, aumentou de forma linear a digestibilidade do extrato etéreo e reduziu

linearmente o GMD e o peso corporal final dos animais. Estes autores concluíram que a

redução no desempenho animal pode ser explicada pela qualidade da glicerina utilizada, a

qual apresentava uma coloração mais escura, pouco adocicada e adstringente ao paladar e

aspecto oleoso, o que caracteriza a glicerina de baixa pureza.

O primeiro capítulo foi elaborado seguindo as normas do Periódico Revista Tropical

Animal Health and Production, sendo que este já foi submetido.

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Suplementos múltiplos para novilhas de corte em pastejo no período seco

Resumo: Objetivou-se avaliar níveis de suplementos múltiplos para novilhas de corte em

pastejo restrito, sobre ganho médio diário (GMD), análise econômica e consumo de matéria

seca (CMS), forragem (CFO), proteína bruta (CPB) e Nutrientes Digestíveis totais (CNDT).

Para avaliação do desempenho e análise econômica foram utilizadas 20 novilhas Nelore com

328,45 ± 35.32 kg, em que foram avaliados os seguintes suplementos: controle (SAL) e níveis

de suplementação de 2, 4 e 6 kg/animal/dia, perfazendo as seguintes proporções em % do

peso corporal (PC): 0,55; 1,11 e 1,66%, respectivamente. Para avaliação do consumo de

nutrientes foram utilizadas outras 5 novilhas Nelore com 344 ± 21.10 kg, em que foram

avaliados os mesmos suplementos supracitados além do nível 2,22%PCM

(8 kg/animal/dia). O GMD apresentou comportamento quadrático; os CMST, CPB e CNDT

apresentaram comportamento linear crescente e o CMSF linear decrescente em função dos

níveis de suplementos. A estratégia de fornecimento de 0,55%PCM proporcionou o melhor

retorno econômico. A suplementação de 0,55; 1,11 e 1,66% PCM para novilhas em pastejo

restrito proporciona ganhos adicionais de peso de 608; 762 e 943 g/dia, respectivamente, os

quais são efetivos em promover desempenhos produtivos e econômicos semelhantes aos

obtidos em sistemas a pasto no período das águas.

Palavras-chave: casca de soja, Brachiaria brizantha, efeito substitutivo, ganho de peso,

suplementação

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Multiple supplements to grazing beef heifers in the dry season

Abstract The objective was to evaluate levels of multiple supplement supplied to beef heifers

on restricted grazing on average daily gain (ADG) economic analysis and intake of total

(TDMI) and forage (FDMI) dry matter, crude protein (CPI) and total digestible nutrients

(TDNI). For evaluation of performance and economic analysis, twenty Nellore heifers

(328.45 kg) were utilized. The following supplements were evaluated as fed to the animals:

control (mineral supplement) and supplementation levels of 2, 4 and 6 kg/animal/day,

composing the following percentages of average body weight (ABW): 0.55, 1.11 and 1.66%,

respectively. To evaluate the nutrient intake, additional five 344 kg Nellore heifers were used,

which were submitted to same supplements previously mentioned, in addition to the level

2.22% of the ABW (8 kg/animal/day). Average daily gain showed quadratic behavior; TDMI,

CPI and TDNI had increasing linear behavior; and FDMI showed decreasing linear behavior

in function of the supplementation levels. The strategy of supplying 0.55, 1.11 and 1.66% of

the ABW to heifers on restricted grazing provides additional weight gains of 608, 762 and

943 g/day, respectively, which are effective in promoting similar productive and economic

performance to those obtained in grazing systems in the rainy period.

Keywords soybean hulls . Brachiaria brizantha

. substitution effect

. weight gain

.

supplementation

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Introdução

No Brasil a bovinocultura se destaca pela competitividade econômica, pois a maioria do

rebanho se alimenta basicamente de gramíneas forrageiras, as quais constitui a base de

sustentação da pecuária de corte nacional (Moraes et al., 2006). No entanto, a produtividade e

qualidade dessas gramíneas sofrem variação sazonal ao longo do ano devido às condições

climáticas, não permitindo desempenho constante dos animais ao longo do ano, resultando em

baixos índices zootécnicos (Paulino et al., 2008).

O período da seca é a fase mais critica do sistema de produção de bovinos em pastejo.

Nesta época, o rebanho bovino alimenta-se de forragem de baixo valor nutritivo,

caracterizadas por elevado teor de fibra indigerível e teores de proteína bruta inferiores ao

nível crítico (7% PB na dieta basal), limitando o seu consumo e, desta forma, o atendimento

das necessidades nutricionais dos animais (Reis et al., 2005).

Na tentativa de viabilizar um plano nutricional que melhore os índices produtivos dos

rebanhos e que, ao mesmo tempo, contribua para a redução de custos, diversas alternativas

têm sido propostas, entre elas, a utilização de coprodutos da agroindústria, que em razão das

características da composição bromatológica, forma física, disponibilidade e custo,

apresentam diferenças quanto ao potencial de utilização na nutrição de ruminantes

(Souza et al., 2006).

Essas estratégias de suplementação são importantes para manutenção de níveis

produtivos mínimos em sistemas de não equilíbrio. Para isso, recomenda-se o uso de

suplementos de mínimo custo, o que pode ser obtido pela inclusão de coprodutos da lavoura,

que serão utilizados em maior participação em sua formulação, “flexibilizando” maiores

níveis de suplementação, com maior viabilidade econômica do processo. Dessa forma, são

utilizados ingredientes como a casca de café, bagaço de cana de açúcar, feno de feijão guandu

e casca de soja em estratégias em que se busca a manutenção no equilíbrio de nutrientes no

metabolismo dos animais (Zervoudakis et al., 2011).

Deste modo, objetivou-se avaliar o desempenho produtivo, análise econômica e

consumo de nutrientes de novilhas de corte a pasto suplementadas com diferentes níveis de

fornecimento de suplementos múltiplos em sistemas com pouca oferta de forragem no período

de seca.

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Material e Métodos

Os experimentos foram conduzidos no setor de Bovinocultura de Corte da Fazenda

Experimental da Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia – FAMEVZ da

Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, localizada no município de Santo Antônio do

Leverger– Mato Grosso, próximo das coordenadas de 15°47´5´´ Sul e 56°04´Oeste, com

altitude de 140 metros, no período da seca, entre os meses de agosto a novembro de 2010. O

clima da região é do tipo Aw de acordo com a classificação Köppen, ou seja, clima tropical,

megatérmico, com inverno seco e chuvas no verão (Tabela I).

Tabela I – Valores médios das temperaturas máximas e mínimas, umidade relativa do ar e

precipitação pluviométrica, coletadas durante o período experimental

Mês Temperatura média (°C) Umidade Relativa

do ar (%) Precipitação (mm)

Máxima Mínima

Agosto 35,8 15,0 54,5 0,0

Setembro 35,8 20,9 50,0 9,5

Outubro 35,1 21,7 64,5 73,2

Novembro 33,1 19,8 74,7 184,4 Fonte: Estação Agrometeorológica Padre Ricardo Remetter – Fazenda Experimental UFMT

Para avaliação do desempenho produtivo e análise econômica (Experimento 1- Exp. 1),

foram utilizadas 20 novilhas Nelores, com idade e pesos médios iniciais de

22 meses e 328,45 ± 35,32 kg, respectivamente. Os animais foram estratificados com base no

peso corporal (PC) e distribuídos em quatro lotes com pesos semelhantes. Para avaliação do

consumo foram utilizadas outras cinco novilhas Nelores (Experimento 2- Exp. 2),

contemporâneas dos animais do Exp. 1, com idade e pesos médios iniciais de e 22 meses

344,00 ± 21,10 kg, respectivamente, mantidas em área anexa aos piquetes do Exp.1.

A área experimental destinada aos animais foi constituída de quatro piquetes de 1,45 ha

cada (Exp. 1) e cinco piquetes de 0,24 ha cada (Exp. 2), ambos cobertos uniformemente com

Brachiaria brizanha cv. Marandu, providos de bebedouros e cochos cobertos (60cm/animal)

para fornecimento do suplemento.

Foram avaliados suplementos múltiplos e mineral (controle) (Tabela II), com

fornecimento de 2; 4; 6 e 8 kg/dia, perfazendo níveis de fornecimento de: 0,55; 1,11; 1,66 e

2,22% do peso corporal médio (PCM) das novilhas, respectivamente, calculados de acordo

com as exigências para fêmeas Nelore em confinamento, objetivando ganho médio diário

(GMD) de 500 g/animal/dia (Valadares Filho et al., 2006).

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Tabela II- Composição dos suplementos ofertado aos animais

Ingrediente

SM1

Suplementos2 R$/Kg

2 4 6 8*

Casca soja - 500,0 500,0 540,0 560,0 0,25

Milho grão triturado - 160,0 170,0 150,0 160,0 0,26

Farelo de girassol - 100,0 100,0 100,0 103,7 0,26

Farelo soja - 145,0 177,5 175,0 150,0 0,68

Uréia: Sulfato de Amônia

9:1 - 45,0 22,5 15,0 11,3 1,24

Mistura mineral1 1000,0 50,0 30,0 20,0 15,0 1,38

1SM- Suplemento mineral comercial: Níveis de garantia: cálcio 198g; fósforo 87g; sódio 97,6g; magnésio 5,1g;

enxofre 12g; iodo 17,7mg; ferro 280mg; selênio 18mg; cobalto 80mg; manganês 527mg; flúor 870mg; cobre

1.250mg e zinco 3.500mg.% 2

Níveis de fornecimento de suplementos de 0,55; 1,11; 1,66 e 2,22% do peso

corporal para 2, 4, 6 e 8 kg/animal/dia, respectivamente;(g/kg de matéria natural). * Suplemento 2,22%PCM fornecido somente para os animais do Experimento 2.

A variação na composição dos suplementos foi decorrente da fixação no consumo de

ureia (90g/animal/dia) e da inclusão de aproximadamente 50% de casca de soja (Tabela II),

que pelo seu elevado teor em fibra potencialmente digestível, foi utilizada como fonte

volumosa com intuito de substituir a fração volumosa da dieta dos animais, uma vez que nos

piquetes havia limitada oferta de matéria seca de forragem.

Os suplementos foram fornecidos diariamente em dois horários: 50% às dez horas da

manhã e 50% às três horas da tarde.

Os animais (Exp. 1) foram pesados no inicio (05/08) e final da adaptação (inicio do

experimento-16/08) e final do experimento (09/11) após o jejum hídrico e de sólidos de 14

horas. Após a pesagem inicial (05/08) as novilhas foram submetidos ao sorteio dos

suplementos. A adaptação teve duração de 11 dias, em que, no 1° e 2° dia todos os lotes

receberam a mesma quantidade de suplemento (2 kg/animal/dia), do 5° ao 7° dia os animais

do lote 4 e 6 kg receberam 4 kg/animal/dia e do 8° dia em diante as novilhas do lote 6 kg

receberam 6 kg de suplemento.

No Exp. 2, os primeiros nove dias de cada período foram destinados à adaptação dos

animais ao suplemento (no 1º e 2º dia todos os animais receberam 2 kg de suplemento, do 3º

ao 5º dia os animais do suplemento 4, 6 e 8 kg receberam 4 kg/dia, no 7º e 8º as novilhas do

suplemento 6 e 8 kg receberam 6 kg/dia e do 9º dia em diante os animais do suplemento 8 kg

receberam 8 kg de suplemento) e os onze dias restantes para a realização das coletas. A cada

final de período, durante a avaliação nutricional, as novilhas foram pesadas, sem jejum, para

acompanhamento do desempenho e do consumo em função do peso corporal.

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O Exp. 1 foi conduzido em três períodos de 28 dias cada (1º Período: 16/08-12/09; 2º

Período: 13/09-10/10 e 3º Período: 11/10-8/11), sendo que o ganho médio diário (GMD) e o

ganho de peso total (GPT) foram obtidos pela diferença entre o peso final e o inicial, com

jejum prévio. E o Exp.2 em cinco períodos de 20 dias de duração cada, sendo os primeiros

nove dias de cada período destinados à adaptação dos animais e os onze dias restantes para

coletas.

No primeiro dia de cada período (Exp. 1 e 2) foram realizadas coletas de amostras de

forragem nos diferentes piquetes, através do corte, a 5 cm do solo, de três áreas delimitadas

por um quadrado metálico de 0,5 x 0,5 m, escolhidos na altura média da forragem (50 pontos

em cada diagonal) para a estimação da massa de forragem e a matéria seca potencialmente

digestível (MSpD).

Após a coleta, as amostras de forragem de cada piquete foram pesadas, homogeneizadas

e retiradas duas alíquotas: para avaliação da massa de forragem/ha e fracionamento dos

componentes estruturais da planta para análise das disponibilidades/ha de matéria seca de

lâmina foliar verde (MSLFV), lâmina foliar seca (MSLFS), pseudocolmo verde (MSPV) e

pseudocolmo seco (MSPS). A amostragem da forragem consumida pelos animais foi obtida

via simulação manual do pastejo, realizada no 1º dia de cada período experimental. As

amostras foram pesadas após as coletas e congeladas a -20ºC sendo posteriormente secas em

estufa (65oC), moídas em moinho tipo Willey (peneira de malha de 1,0 mm), para posterior

análises bromatológicas.

As estimativas de oferta de massa de forragem, lâmina foliar, matéria seca

potencialmente digestível (kg MS/100 kg PC) foi calculada utilizando-se a massa de forragem

total médias dos piquetes em cada período dividido pelo total médio de peso corporal animal

mantido no piquete no mesmo período.

Das amostras destinadas à estimativa da massa de forragem (MF), foi determinado o

resíduo insolúvel em detergente neutro, obtido após incubação in situ das amostras por

240 horas (FDNi) (Casali et al. 2008), para cálculo do percentual de MSpD aos animais.

Nas amostras de pastejo simulado foram realizadas as determinações da matéria seca,

matéria orgânica, proteína bruta, extrato etéreo, matéria mineral (Silva e Queiroz, 2002). As

avaliações da fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente neutro corrigida para

cinzas e proteína (FDNcp) e fibra em detergente ácido (FDA) de acordo com

Van Soest et al. (1991).

Os carboidratos totais (CT) das amostras foram calculados segundo metodologia

descrita por Sniffen et al. (1992), em que CT(%) = 100 - (%PB + %EE + %Cinzas). A

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quantificação dos carboidratos não fibrosos (CNF) dos suplementos foi realizada de acordo

com adaptação de Hall (2000), em virtude da inclusão de uréia na composição dos

suplementos.

Os teores de nutrientes digestíveis totais (NDT) foram estimados segundo o

NRC (2001) com base na composição químico-bromatológica dos alimentos, por intermédio

da equação: NDT (%) = (PBD + CNFD + FDNpD + EED x 2,25) – 7, onde a constante 7

refere-se ao valor metabólico fecal. Os valores de proteína bruta digestível (PBD), ácidos

graxos digestíveis (AGD), fibra em detergente neutro corrigida para proteína digestível

(FDNpD) e carboidratos não fibrosos digestíveis (CNFD) foram estimados de acordo com as

equações (NRC, 2001):

Para estimar a excreção fecal (Exp. 2) foram fornecidos para cada novilha diariamente

10g do indicador externo óxido crômico (Cr2O3) acondicionado em cartucho de papel e

introduzido no esôfago dos animais às 11 horas, com auxilio de uma mangueira, entre o 10° e

16º dia de cada período experimental, sendo as amostras de fezes coletadas no reto dos

animais no 15º (16 horas), 16º (12 horas) e 17º dia (08 horas), acondicionadas em sacos

plásticos e congeladas a -20ºC. Posteriormente foram secas (65ºC) e moídas em moinho tipo

Willey (peneira com malha de 1,0 mm). As amostras dos diferentes horários de coleta

formaram uma amostra composta para cada animal.

A excreção de matéria seca fecal foi estimada (g/dia) pela relação entre a quantidade

fornecida do indicador (g) e sua concentração nas fezes (g/kg) (Burns et al., 1994). Para a

obtenção de estimativas do consumo voluntário de matéria seca (Detmann et al., 2001),

utilizou-se a FDNi como indicador interno. Para isso, amostras pastejo simulado, suplementos

e fezes foram incubadas no rúmen por meio de sacos de tecido não tecido (TNT) durante

240 horas (Casali et al., 2008).

A avaliação econômica (Exp. 1) foi realizada tendo em vista a remuneração do capital

investido, dividindo-se a margem de lucro pelo investimento total envolvido no processo de

suplementação, considerando rendimento de carcaça de 52%.

A receita foi obtida através da multiplicação do ganho em equivalente carcaça pelo

valor da arroba na região (R$ 94,79), e as despesas foram obtidas através do custo total com

pasto (15% do valor médio da arroba durante o período + custos: operacional, sanidade, mão-

de-obra (R$ 0,128/dia)); custo com suplemento (valor do kilograma) e custo com os animais

com atualização do início até o fim do Exp.1 em relação à taxa de juros (0,6%/mês). Todas as

cotações empregadas foram tomadas no Estado de Mato Grosso e no período de condução

deste experimento.

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Depois de obtidos os resultados da avaliação econômica em seguida foram gerados

possíveis cenários para estes indicadores a partir do coeficiente de variação de algumas

variáveis

Foi feita uma simulação de possíveis cenários que podem ocorrer considerando a

variação de preço da arroba da vaca de R$ 55,00 a R$ 100,00, visto que a série histórica dos

preços praticados entre os anos de 2008 a 2013 foram de R$ 65,00 a R$ 82,00; e variação no

preço do suplemento (kg) de R$ 0,40 a R$ 1,30, na região onde foi desenvolvida a pesquisa,

por ser estas as variáveis que mais impactam no resultado da avaliação econômica nesta

pesquisa.

A partir dos resultados da avaliação econômica para os suplementos em função dos

resultados das médias de desempenho dos animais submetidos a cada dieta experimental,

obtiveram-se as médias gerais, as quais foram submetidas às simulações dos possíveis

cenários, substituindo o valor da arroba e do suplemento encontrados para cada cenário

gerando assim, seis simulações de viabilidade econômica para cada cenários, sendo eles o

melhor, pior, médio, mais provável, otimista e pessimista.

O cenário melhor foi gerado considerando-se o máximo preço praticado no mercado pela

arroba do boi e o mínimo preço do suplemento (kg);

O pior cenário foi gerado considerando-se o mínimo preço praticado pela arroba e o

máximo preço do suplemento (kg);

O cenário médio foi gerado considerando-se as médias dos preços de ambas variáveis.

O cenário mais provável foi gerado considerando-se os o preço das variáveis que

ocorrem com maior frequência;

O cenário otimista foi gerado considerando-se as médias do preço da variável arroba do

boi, adicionado do percentual do coeficiente de variação (+19,53%) obtido a partir da série de

preços coletados e ainda subtraído do coeficiente de variação (-35,10%) da série de preços

referente ao suplemento.;

O cenário pessimista foi gerado considerando-se as médias do preço da variável arroba

do boi, subtraído do percentual do coeficiente de variação (-19,53%) obtido a partir da série de

preços coletados e ainda adicionado o percentual do coeficiente de variação (+35,10%) da

série de preços referente ao suplemento;

O lucro dos cenários foi obtido a partir do lucro dos animais suplementados subtraído ao

lucro dos animais controle (suplemento mineral).

O experimento 1 foi estruturado em delineamento inteiramente casualizado e o

experimento 2 em quadrado latino 5x5. Os dados foram submetidos à análise de variância

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(ANOVA). Quando constatada diferença entre as médias, foi realizada a análise de regressão

polinomial. Para as análises estatísticas, foi utilizado o programa estatístico SAS (Versão 9,2),

adotando-se nível de significância de 5%.

RESULTADOS

O pasto apresentou altura média de 15,24 cm e massa de forragem (MF) média de

1708,56 kg de MS/ha (Figura 1) nos piquetes experimentais. É possível observar que ao início

do experimento a MF de lâmina foliar verde foi de 69,06 kg de MS/ha e que ao final do

período experimental essa disponibilidade aumentou para 182,11 kg de MS/ha, representando

aumento de 163,70%.

Figura 1: Valores médios para a massa de forragem (MF), MS potencialmente digestível

(MSpD), MS de lâmina foliar verde (MLFV), MS de lâmina foliar seca (MPFS),

MS de pseudocolmo verde (MPCV) e MS de pseudocolmo seco (MPCS) para a

Brachiaria brizantha cv. Marandu nos períodos experimentais.

O manejo da pastagem foi conduzido de forma que a oferta de forragem dos piquetes

não interferisse na resposta dos suplementos, ou seja, não possibilitou que os animais controle

adquirissem ganho de peso compensatório, uma vez que, os animais permaneceram nos

mesmos piquetes do início ao final do experimento. Se houvesse rodízio dos animais entre os

piquetes, as novilhas do grupo controle seriam favorecidas, visto que as dos demais piquetes

estavam recebendo suplemento concentrado no cocho de 2, 4 e 6 kg/ animal/dia. No entanto

não foram observadas diferenças na massa de matéria seca entre os mesmos. Sendo assim, o

0

500

1000

1500

2000

2500

1º Período 2º Período 3º Período Média

Kg d

e M

S/h

a

Períodos Experimentais

MF MSpD MLFV MLFS MPCV MPCS

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38

valor médio observado para oferta de MS foi de 5,02 kg de MS/100 kg de peso corporal

(Figura 2).

Figura 2 Valores médios de oferta de matéria seca de forragem (MF), matéria seca

potencialmente digestível (MSpD), matéria seca de lamina foliar verde (MLFV)

matéria seca de lamina foliar seca (MLFS), matéria seca de pseudocolmo verde

(MPCV), matéria seca de pseudocolmo seco (MPCS) em kg MS/100 kg de PC da

pastagem de Brachiaria rizantha, cv. Marandu durante os períodos experimentais.

O acúmulo de MF (Figura 1 e 2) é acompanhado do aumento de pseudocolmos e

redução da relação folha:pseudocolmo (Figura 3).

4,30

6,38

4,39 5,02

2,83

4,09

2,88 3,27 3,40

4,22

3,26 3,63

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

1º Período 2°Período 3º Período MédiaOfe

rta

de

Forr

agem

(kg M

S/1

00 k

g d

e P

C)

Períodos Experimentais

MF MSpD MLFV MLFS MPCV MPCS

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39

Figura 3 Proporção dos componentes bromatológicos (matéria seca de lâmina foliar verde

(MLFV) matéria seca de lâmina foliar seca (MLFS), matéria seca de pseudocolmo

verde (MPCV), matéria seca de pseudocolmo seco (MPCS)) da massa de forragem

da pastagem de Brachiaria rizantha, cv. Marandu durante os períodos

experimentais.

Apesar do aumento de pseudocolmos (Figura 1 e 3), a amostra de pastejo simulado

apresentou teor de PB de 68,45g/kg de MS (Tabela III).

Tabela III – Composição nutricional dos suplementos e da forragem

Item Suplementos

1

Forragem 2 4 6 8

Matéria seca2 862,5 878,4 886,7 890,7 489,2

Matéria mineral3 45,0 47,2 49,1 49,0 97,4

Proteína bruta3 340,3 294,5 282,0 268,8 68,45

Extrato etéreo3 22,7 23,7 23,8 24,3 24,5

Carboidratos totais3 616,2 641,7 649,9 661,6 794,9

FDN3 343,5 355,0 371,6 376,0 664,4

FDA3 238,9 245,8 258,9 262,2 401,8

FDNcp3 304,1 315,2 329,2 332,4 619,9

FDNi3 63,0 64,5 65,8 67,3 225,1

Nitrogênio insolúvel em detergente neutro4 281,9 284,5 300,3 310,3 330,3

Nitrogênio insolúvel em detergente ácido4 92,1 93,2 98,6 101,8 298,7

Carboidratos não fibrosos3 283,9 298,2 290,4 297,9 180,1

Nutrientes digestíveis totais estimados3 433,8 456,1 454,3 461,1 470,29

1 Níveis de fornecimento de suplementos de 0,55; 1,11; 1,66 e 2,22% do peso corporal para 2, 4, 6 e 8

kg/animal/dia, respectivamente; 2(g/kg de matéria natural);

3(g/kg de MS);

4(g/kg de nitrogênio total);

* Suplemento 8 fornecido somente para os animais do Experimento 2.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

1º Período 2º Período 3º Período Média

Pro

porç

ão d

os

com

po

nen

tes

bro

mat

oló

gic

os

%

Períodos Experimentais

MLFV MLFS MPCV MPCS

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Pode-se constatar quantidades de FDN e FDNi da forragem de 664,4 e 225,1 g/kg de

MS, respectivamente, que implicaria em redução no conteúdo celular e redução nos teores de

nitrogênio.

O GMD apresentou comportamento quadrático (P<0,0001) (Tabela IV), com resposta

máxima estimada para a suplementação de 5,8 kg/animal, a qual propiciaria ganho de

0,741 kg/animal/dia.

Tabela IV – Valores médios de consumo dos suplementos, peso corporal inicial (PCi) e final

(PCf), ganho de peso total (GPT) e ganho médio diário (GMD) de novilhas do

Experimento 1

Variáveis Suplementos Regressão DP R

2 CV(%)

SM1 2 4 2 6

Consumo3 0,016 2,00 4,00 5,87 - -

PCi (kg) 309,6 334,8 335,8 333,6 ±7,89 10,75 PCf (kg) 294,6 370,8 384,8 397,8 ±11,60 14,36 GPT (kg) -15,0 37,2 49,0 64,2 ±7,14 95,16

GMD (kg) -0,179 0,429 0,583 0,764 Ŷ= -0,155+

0,309X-0,027X2

±0,38 0,89 95,16

1Suplemento mineral comercial;

2 Níveis de fornecimento de suplementos de 0,55; 1,11 e 1,66% do peso

corporal para 2, 4 e 6 kg/animal/dia, respectivamente; 3Consumo de suplemento (kg/animal/dia)

Os consumos de matéria seca (CMS), proteína bruta (CPB) e nutrientes digestíveis

totais (CNDT) apresentaram comportamento linear crescente (P<0,0001) e o consumo de

forragem (CFO) linear decrescente (P<0,0001) em função dos níveis de fornecimento de

suplementos (Tabela V).

Tabela V - Valores médios de consumo de suplemento (CS), matéria seca (CMS), matéria

seca de forragem (CFO) proteína bruta (CPB) e Nutrientes Digestíveis Totais

(CNDT) de novilhas do Experimento 2

Variáveis Suplementos

2 Regressão R2 CV(%)

SM1 2 4 6 8

CS3 0,05 2,00 3,54 5,32 6,41 - -

CMS3 5,30 6,48 6,92 8,99 8,31 Ŷ= 4,98+0,495X 0,54 19,00 CFO3 5,30 4,66 3,70 4,17 2,50 Ŷ=4,80-0,327X 0,44 33,32 CPB3 0,54 1,04 1,21 1,61 1,66 Ŷ= 552,38+157,287X 0,67 28,15

CNDT3 2,68 3,70 4,31 5,72 5,68 Ŷ=2560,32+434,969X 0,81 14,04 1Suplemento mineral comercial;

2 Níveis de fornecimento de suplementos de 0,55; 1,11; 1,66 e 2,22% do peso

corporal para 2, 4, 6 e 8 kg/animal/dia, respectivamente; 3 kg/animal/dia.

A suplementação de 6 kg proporcionou maior GMD e consequentemente maior ganho

em arroba produzida por hectare, no entanto apresentou menor retorno econômico no período

avaliado (Tabela VI). O melhor retorno mensal do capital investido (Tabela VI), retorno

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econômico e resposta produtiva (Tabela VII) destacaram-se para a estratégia de 2 kg de

suplemento.

Tabela VI - Indicadores econômicos para cada estratégia de suplementação

2Ganho de peso corporal*52% de rendimento de carcaça/@(15);

2Consumo*duração do ciclo(meses)*30

dias*Custo do suplemento; 315% do valor médio da @ durante o período experimental (2,8 meses) + Custo

operacional e outros custos (= 15%*81,97+(0,128* 84));4Preço da novilha aos 22 meses (IMEA) (considerado

52% de rendimento de carcaça *valor da @ de R$ 70,65)*[1+(0,6% taxa de juros/100)]^duração do ciclo; 5

Investimento pasto + investimento suplemento + atualização do preço da novilha; 6

Venda das novilhas

considerado 52% de rendimento de carcaça *valor da @ de R$ 94,79; 7

Receita –Investimento total; 8(Lucro/Investimento total*100)/duração do ciclo;

9Equivalente carcaça*número de animais/área experimental

(1,45 ha)

Além disso, verificou-se que apesar dos suplementos múltiplos apresentarem maior

custo, todos os níveis de suplementação proporcionaram retorno econômico positivo (Tabela

VII).

Tabela VII - Análise econômica em função do peso corporal adicional

Indicadores Econômicos Suplementos2

SM1 2 4 6

Custo da suplementação/animal (R$/84 dias) 1,85 69,88 129,42 180,12 Peso corporal diário adicional (PCA) (kg/dia)

3 0,61 0,76 0,94 Receita (R$) por kg de PCA

4 3,29 3,29 3,29 Retorno (R$) do PCA em 84 dias

5 167,59 210,31 260,26 Resposta produtiva (RP) (kg/kg)

6 0,30 0,19 0,16 Preço máximo do kg de suplemento (PMS) (R$)

7 1,00 0,63 0,53 Custo máximo da suplementação/animal/dia (R$)

8 2,00 2,50 3,10 Retorno econômico(R$)

9 0,00 2,40 1,63 1,44

1Mistura mineral;

2 Níveis de fornecimento de suplementos de 0,55; 1,11 e 1,66% do peso corporal para 2, 4 e 6

kg/animal/dia, respectivamente; 3Ganho diferencial em relação ao animais suplementados com mistura mineral;

4Rendimento de carcaça de 52% e preço da arroba (15 kg) de R$ 94,79, sendo RC= (94,79/15)*0,52;

5Retorno=(RC*PCA*84 dias);

6RP=PCA/consumo de suplemento;

7RC*RP;

8(Consumo de suplemento*PMS);

9Retorno do PCA/custos da suplementação.

Indicadores Econômicos Suplementos

SM 2 4 6 Peso corporal inicial (kg) 309,60 334,80 335,80 333,60 Ganho de peso médio diário (kg/dia) -0,179 0,429 0,583 0,764 Peso corporal final 294,60 370,80 384,80 397,80 Ganho de peso corporal (kg/84 dias) -15,00 36,00 49,00 64,20 Ganho em equivalente rendimento de carcaça

1 -0,52 1,25 1,70 2,23 Consumo suplemento (kg/dia) 0,02 2,00 4,00 5,87 Custo suplemento (R$/kg) 1,38 0,42 0,39 0,37 Investimento suplemento (R$)

3 2,32 69,88 129,42 180,06 Investimento pasto (R$)

3 45,19 45,19 45,19 45,19 Atualização do preço novilha (R$)

4 770,80 832,83 835,88 830,80 Investimento total (R$)

5 818,31 947,90 1010,49 1056,06 Receita (R$)

6 968,07 1218,47 1264,47 1307,19 Lucro (R$)

7 149,76 270,56 253,98 251,14 Remuneração mensal do capital investido (%)

8 6,54 10,19 8,98 8,49 Ganho total em @/ha

9 -1,79 4,30 5,86 7,67

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A partir dos resultados da avaliação econômica foi feito simulações dos possíveis

cenários, substituindo o valor da arroba e do suplemento encontrados para cada cenário

gerando assim, seis simulações de viabilidade econômica para cada cenário, sendo eles o

melhor, pior, médio, mais provável, otimista e pessimista (Tabelas VIII e IX).

Tabela VIII - Cenários dos possíveis preços pagos ao produtor na arroba da vaca e suplemento

Cenários Valores em R$

@ Novilha Suplemento (kg)

Melhor 100,00 0,40

Pior 55,00 1,30

Médio 77,50 0,83

Mais provável 75,00 0,80

Otimista 92,64 0,57

Pessimista 62,36 1,13

Tabela IX - Análises econômicas dos resultados do experimento em função dos cenários

simulados referentes à variação nos preços da arroba da novilha e do suplemento

Suplementos Múltiplos

Cenários 21 4

1 6

1

Lucro2 R$

Melhor 137,50 115,79 103,11

Pior -124,17 -310,53 -477,00

Médio 6,67 -97,37 -186,95

Mais provável 4,26 -96,79 -183,57

Otimista 89,50 35,65 -7,06

Pessimista -84,56 -247,19 -391,50 1Fornecimento de 2, 4 e 6 kg de suplemento múltiplo.

2Lucro dos animais suplementados subtraído

do lucro dos animais controle

Discussão

O acúmulo de matéria seca é acompanhado do aumento de pseudocolmos e redução de

lâminas foliares (Figura 1). A disponibilidade média de MSpD durante o experimento foi

correspondente a 65,10% da MF, o que proporcionou uma oferta média de MSpD de

3,27 kg/100 kg de PC/animal/dia (Figura 2). Deste modo, pode-se inferir que esses valores

não permitiram a seletividade animal e, conseqüentemente, proporcionaram efeito negativo no

desempenho dos animais recebendo apenas mistura mineral.

Apesar da baixa relação folha:pseudocolmo 0,22 observada na pastagem

(Figura 3), a amostra de pasto obtida via simulação manual de pastejo apresentou elevada

quantidade de PB de 68,45g/kg de MS (Tabela 3), valor considerado como alto para o período

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seco. Este valor pode ser justificado pela ocorrência de chuvas no período (Tabela 1), que

proporcionou durante os períodos experimentais aumento na matéria seca de lâmina foliar

verde (Figura 1), contribuindo assim para o aumento na quantidade de PB. No entanto, este

valor de PB está aquém do considerado como nível crítico para satisfazer as exigências

microbianas em compostos nitrogenados (7% PB na dieta basal) e permitir a fermentação dos

carboidratos fibrosos no rúmen (Reis et al., 2005).

Devido às características qualitativas (Tabela II) e quantitativas (Figura 1) apresentadas

pelo pasto, os animais responderam positivamente ao fornecimento de suplementos múltiplos

(P<0,001), o que correspondeu ao incremento médio de 770g/animal/dia em comparação

àqueles animais recebendo apenas suplementação mineral (-179 g/animal/dia) (Tabela IV).

A resposta máxima do GMD (0,741 kg/animal/dia) foi estimada com a suplementação

que corresponderia ao fornecimento de 5,8 kg/animal. A redução no desempenho à partir

deste nível pode ser explicada pela elevada fermentabilidade da FDN presente na casca de

soja associada ao pequeno tamanho da partícula da casca do grão de soja. Alguns autores

(Mertens, 1997 e Ipharrguerre et al., 2002), indicam que a casca de soja diminui a fibra

fisicamente efetiva quando fornecida em teores acima de 30% da MS, e pode elevar a

concentração de acido no rúmen e diminuir a ingestão pelos animais.

A grande quantidade de fibra facilmente fermentecível no rúmen presente na casca de

soja permite uma maior extensão de fermentação ruminal, o que favorece maior concentração

de ácidos graxos de cadeia curta no rúmen quando comparada a rações com alto teores de

forragens (Sarwar et al., 1992). De acordo com Ipharraguerre e Clark (2003) a substituição de

fontes de forragem pela casca de soja, em valores de 5 ate 25% da MS total da ração,

aumentou a proporção molar de propionato, sem afetar a proporção molar de acetato e

butirato. Por outro lado, em rações contendo menos que 50% de volumoso, a inclusão de CS

reduziu a proporção de acetato (Sarwar et al., 1992) e butirato (Cunningham et al., 1993).

Nesse contexto, a rápida disponibilização de glicose livre oriunda do processo de

fermentação aumenta a osmolaridade do conteúdo ruminal, inibindo assim a absorção de

ácidos graxos voláteis (AGV’s) e exacerbando o acumulo de ácidos no rúmen (Owens, 2007).

O acumulo dos ácidos diminuí o pH ruminal, então, várias cepas de bactérias sensíveis

a variação do pH do rúmenl, não sobrevivem. A lise bacteriana aumenta os níveis de

endotoxinas ruminais (Nocek, 1997), acarretando em aumento do Lipopolissacarídeo (LPS)

presentes na membrana das bactérias Gram-negativas. Com a liberação dos LPS na corrente

sanguínea, o organismo em resposta, desencadeia a resposta inflamatória por ativar o sistema

imune e promover a sintomatologia clínica de laminite (Ametaj et al., 2010). Além disso, a

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elevada pressão osmótica no rúmen, sentida pela parede do retículo-ruminal, inibi a ingestão

de alimentos e digestão bacteriana de fibra e de amido (Carter e Grovum, 1990).

A redução na ingestão de forragem verificada (Tabela V) por animais contemporâneos

(Exp. 2) recebendo o mesmo nível de suplementação possibilita inferências relacionadas à

baixa capacidade de tamponamento ruminal, ou seja, o elevado consumo de concentrado

provocou o efeito substitutivo, em que os animais deixaram de ingerir forragem, com isso,

comprometeu a ruminação e consequentemente a produção de saliva. Isso acarretou

posteriormente em sinais clínicos de laminite e redução no ganho de peso médio diário de

dois animais do lote de 6kg de suplementação do Exp. 1.

Além disso, a redução no consumo de forragem (Tabela V) com o fornecimento de

alto nível de suplementos é extremamente interessante, pois acarreta em redução da pressão

de pastejo, o que é desejável em condições de oferta de pasto limitada.

O melhor desempenho dos animais suplementados (Figura 4) está relacionado a maior

ingestão de suplemento, que consequentemente favoreceu o aumento no consumo de matéria

seca, de proteína bruta e NDT (Tabela V). Uma vez que o desempenho animal depende

inteiramente do consumo de matéria seca digestível, evidencia-se a importância de se

estabelecer estratégias de fornecimento de nutrientes para se viabilizar a produção intensiva

de bovinos em sistemas de pastejo restrito, ou seja, em não equilíbrio.

Figura 4 - Ganho de peso diário em novilhas suplementadas.

-0.200

-0.100

0.000

0.100

0.200

0.300

0.400

0.500

0.600

0.700

0.800

0 2 4 6

GM

D (

kg/a

nim

al/

dia

)

Suplemento (kg/animal/dia)

Ŷ= -0,15464+0,30899X-0,02664X2

R2=0,89

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Este fato está de acordo com afirmações de El-Memari Neto et al. (2003) que

trabalharam com níveis de 0,7 e 1,4% PC de fornecimento de suplementos para novilhos

Nelore em pastejo e obtiveram GMD de 0,489 e 0,645 kg/animal/dia, respectivamente, devido

a baixa oferta de forragem, de 2,6% do PC.

Tão importante quanto à observação do ganho de peso dos animais são as avaliações

econômicas, que são o referencial do pecuarista para a continuidade e difusão dessas

estratégias de suplementação. Assim, é importante ter um parâmetro entre o ganho de peso

corporal e o seu custo, ou seja, qual o investimento necessário para a produção de 1 kg de

peso corporal adicional.

Para isso, é de extrema importância considerar os preços dos ingredientes disponíveis,

visto que nem sempre o melhor retorno econômico em um sistema de produção é

proporcionado pelo melhor desempenho dos animais. Isto pode ser justificado neste estudo

em que a suplementação de 6 kg proporcionou maior desempenho e consequentemente maior

ganho em arroba por hectare, no entanto apresentou menor retorno econômico no período

avaliado. O melhor retorno relativo econômico e resposta produtiva (Tabela VII), retorno

mensal do capital investido e menor investimento com suplementação (Tabela VI)

destacaram-se para a estratégia de fornecimento de 2 kg de suplemento, sendo esta de maior

rentabilidade econômica (Tabelas VI e VII).

Além disso, ressalta-se a importância de avaliar a conversão de suplemento em

quilograma de ganho de peso adicional, obtidos em relação aos animais suplementados apenas

com mistura mineral. Apesar da suplementação acarretar em maior despesa, todos os níveis de

fornecimento de suplementos proporcionaram retorno econômico positivo, ou seja,

representam alternativas economicamente viáveis para a prática da suplementação no período

seco do ano, pois os custos totais com o fornecimento desses suplementos foram inferiores ao

preço máximo permitido, acima do qual não se viabiliza a suplementação. Deste modo, os

ganhos adicionais diários proporcionados com estas estratégias avaliadas foram efetivos em

abonar os custos diários com a suplementação.

Desta forma, o ganho proporcionado pelo fornecimento de 6 kg suplemento múltiplos

demonstra a viabilidade de produzir mais precocemente animais em pastejo restrito na seca,

ou até mesmo, possibilitando incrementos positivos na taxa de lotação e/ou produtividade das

pastagens. No entanto, estas estratégias de suplementação devem ser cuidadosamente

avaliadas quanto à sua duração, níveis de fornecimento e ingredientes utilizados, e adotadas

como medidas paliativas em situações em que há pouca oferta de massa de forragem, para que

se possa obter maior rentabilidade econômica.

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De acordo com os resultados obtidos pode-se considerar que o cenário que mais se

aproximou das médias obtidas nesta pesquisa foi o cenário Melhor, entretanto, a atividade

neste caso pode ser considerada como muito sensível a variações de preço.

Os cenários Médio e Mais provável para as estratégias de fornecimento de 4 e 6 kg de

suplemento e os cenários Pior e Pessimistas de todas as estratégias apresentaram resultados

negativos, ou seja, o lucro dos animais suplementados foram inferiores aos dos animais

controle (sal mineral). Desta forma, pode-se interpretar que a atividade apresenta incapacidade

de pagamento dos custos obtidos com o fornecimento de suplementos no período de limitada

oferta de forragem. Contudo, os cenários Melhor e Otimista apresentaram uma similaridade

em relação às médias nesta pesquisa, inferindo-se que nesta ocasião, os preços fazem com que

a atividade seja lucrativa de acordo com a avaliação econômica estabelecida.

De acordo com Simões e Moura (2005) este método de avaliação comparativa de

diferentes cenários permite fazer algumas inferências sobre possíveis situações futuras. No

entanto, não são consideradas todas as possibilidades de ocorrência dos valores para as

variáveis de entrada, bem como não se pode prever a probabilidade de ocorrência de cada um

deles, ou seja, a análise mostra o que pode ocorrer, mas não “garante” que um dos cenários vai

ocorrer.

A comparação entre os cenários mostram certa oscilação dos resultados, ou seja,

positiva quando os cenários foram o Melhor e Otimista, cobrindo os custos com o

fornecimento de suplemento com certa margem favorável à atividade, e negativa quando os

cenários foram os Pior e o Pessimista, ou seja, nestas ocasiões considera-se desfavorável a

atividade, pois os custos com o fornecimento de suplementos são superiores a receita gerada.

Porém, deve-se considerar que esta é uma avaliação econômica referente apenas aos

custos com fornecimento de suplemento, e receitas sobre o ganho obtido no período

experimental. Se avaliado em um sistema completo, a suplementação em altos níveis permite

redução na pressão de pastejo, maior ganho em arroba por hectare, aumento da capacidade de

suporte da propriedade ao tempo que os animais são retirados das pastagens,

consequentemente aumento no número de animais vendidos no ano, aumentando-se a

produtividade.

Conclusões

O fornecimento de suplementos múltiplos para novilhas em pastejo restrito no período

da seca proporciona desempenho e retorno financeiro positivo até o fornecimento de 6 kg de

suplemento. A estratégia de suplementação de 2 kg se destaca como a de melhor rentabilidade

econômica.

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47

Referências

AMETAJ, B. M.; ZEBELI, Q.; IQBAL, S. Nutrition, microbiota and endotoxin-related

disease in dairy cows. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, suplemento especial, p.433-

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Suplementos múltiplos para novilhas de corte a pasto no período seco: características

nutricionais

Resumo: Objetivou-se avaliar níveis de suplementos múltiplos para novilhas de corte em

baixa oferta de pasto, sobre consumo e digestibilidade dos nutrientes, pH e concentração de

nitrogênio amoniacal ruminal. Foram utilizadas cinco novilhas Nelore, com idade e peso

médios de 22 meses e 344,00 ± 21,10 kg. Foram avaliados os seguintes suplementos: controle

(SAL) e níveis de suplementação de 2, 4, 6 e 8 kg/ animal/dia, perfazendo as seguintes

proporções em porcentagem do peso corporal (PC): 0,55; 1,11; 1,66 e 2,22% PCM,

respectivamente. O delineamento foi em quadrado latino com cinco suplementos e cinco

repetições. Os consumos de matéria seca total, proteína bruta (PB) e nutrientes digestíveis

totais, e as digestibilidades aparente total da matéria seca, PB, carboidratos totais e não

fibrosos aumentaram linearmente (P<0,0001) e o consumo de matéria seca de forragem

reduziu (P<0,0001) com os níveis suplementação. As estratégias de suplementação

promoveram redução sobre o pH ruminal (P=0,0343) e aumento na concentração de

nitrogênio amoniacal ruminal (N-NH3) (P=0,0004) antes do fornecimento de suplementos, e

após este o N-NH3 apresentou comportamento quadrático (P=0,0023). O fornecimento de

elevados níveis de suplemento múltiplo reduz o consumo de forragem e apresenta-se como

alternativa para bovinos em sistema com baixa oferta de pasto no período seco.

Palavras-chave: coprodutos, Brachiaria brizantha, efeito substitutivo, rúmen, suplementação

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Multiple supplements for beef heifers on pasture during the dry season: nutritional

characteristics

Abstract The objective was to evaluate levels of multiple supplement supplied to beef heifers

in low supply of pasture on intake and digestibility of nutrients, pH and concentration of

ruminal ammonia nitrogen. We used five Nellore heifers, average weight and aged 22 months

and 344.00 ± 21.10 kg. The following supplements were evaluated as fed to the animals:

control (mineral supplement) and supplementation levels of 2, 4, 6 and 8 kg/animal/day,

composing the following percentages of body weight (BW): 0.55, 1.11, 1.66 and 2.22%,

respectively. The design was a Latin square design with five replications and five

supplements. Intakes of total dry matter, crude protein (CP) and total digestible nutrients, and

total apparent digestibility of dry matter, crude protein, total carbohydrates and no fiber

increased linearly (P <0.0001) and dry matter intake of forage decreased (P <0.0001) with

supplementation levels. Supplementation strategies promoted reduction on ruminal pH (P =

0.0343) and increased concentration of ruminal ammonia nitrogen (NH3-N) (P = 0.0004)

before the supply of supplements, and after that the NH3-N presented quadratic behavior (P =

0.0023). The supply of high levels of multiple supplement reduces forage intake and presents

itself as an alternative to cattle on systems with low supply of pasture in the dry season.

Keywords: coproducts, Brachiaria brizantha, substitutive effect, rumen, supplementation

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Introdução

A bovinocultura de corte no Brasil tem sido desafiada a estabelecer sistemas de

produção que sejam capazes de produzir de forma eficiente e sustentável, carne de boa

qualidade a baixo preço. Esta atividade se destaca pela competitividade econômica, pois a

maioria do rebanho se alimenta basicamente de gramíneas forrageiras

(Moraes et al., 2006).

Deste modo, o uso eficiente das forragens possibilita a redução dos custos de produção,

variável esta, de maior impacto econômico nos sistemas de produção. Segundo Van Soest

(1994) o grande desafio para os nutricionistas que trabalham com ruminantes é o de melhorar

a utilização de forragens, de modo que estes animais possam explorar seu verdadeiro

potencial genético.

No entanto, a produtividade e qualidade dessas gramíneas sofrem variações sazonais ao

longo do ano devido às condições climáticas, permitindo desempenho inconstante dos animais

ao longo do ano, resultando em baixos índices zootécnicos

(Paulino et al., 2008). No período seco do ano o rebanho bovino alimenta-se de forragem de

baixo valor nutritivo, caracterizada por elevado teor de fibra indigestível e teores de proteína

bruta (PB) inferiores ao nível crítico (7% PB na dieta basal)

(Van Soest, 1994).

Os bovinos necessitam no mínimo 6-7% de PB na dieta, para que não haja

comprometimento da fermentação ruminal, uma vez que, teores abaixo deste nível prejudicam

a reciclagem de nitrogênio via saliva, não satisfazendo os requisitos de nitrogênio dos

microrganismos (Van Soest, 1994). Bovinos ingerindo forragens com teor de PB inferior a

este limite, não são capazes de manter o nível mínimo de 10 mg/dL de nitrogênio amoniacal

(N-NH3) necessário para manter o crescimento das bactérias celulolíticas (Leng, 1990),

reduzindo assim a atividade dos microrganismos do rúmen e, em consequência, há

decréscimo nas taxas de digestão e passagem do alimento, prejudicando o consumo voluntário

e a digestibilidade dos nutrientes (Van Soest, 1994).

Diante disso, podem ser adotadas estratégias como a utilização de confinamento ou

fornecimento de suplementos concentrados de médio/alto consumo, que permitam atender

inicialmente os requisitos nutricionais da microbiota ruminal e, adiante, dos ruminantes

propriamente ditos. O conhecimento do ambiente ruminal para permitir condições favoráveis

ao crescimento dos microrganismos é fundamental para que os animais ruminantes utilizem

eficientemente os carboidratos fibrosos da forragem ingerida. Sendo assim, a determinação

quantitativa dos processos de fermentação requer mensurações da concentração de nitrogênio

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amoniacal (N-NH3), variações do pH e outras mensurações que refletem a atividade da

microflora (Reis et al., 2005).

A adoção dessas estratégias de suplementação em sistemas de não equilíbrio é essencial

para manutenção de níveis produtivos mínimos. Sendo assim, propõe-se o uso de suplementos

de custo reduzido, o que pode ser adquirido pela substituição de ingredientes tradicionais

(milho e farelo de soja) por coprodutos da agroindústria (casca de café, casca de soja, bagaço

de cana de açúcar, feno de feijão gandu), que serão utilizados em maior proporção em sua

formulação, “flexibilizando” maiores níveis de suplementação, com maior rentabilidade

econômica do sistema (Zervoudakis et al., 2011).

Deste modo, objetivou-se avaliar as características nutricionais de novilhas de corte em

pastejo suplementadas com diferentes níveis de fornecimento de suplementos múltiplos em

sistemas com baixa oferta de forragem no período de seca.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no setor de Bovinocultura de Corte da Fazenda

Experimental da Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia – FAMEVZ da

Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, localizada no município de Santo Antônio do

Leverger– Mato Grosso, próximo das coordenadas de 15°47´5´´ Sul e 56°04´Oeste, com

altitude de 140 metros, no período da seca, entre os meses de agosto a novembro de 2010. O

clima da região é do tipo Aw de acordo com a classificação Köppen, ou seja, clima tropical,

megatérmico, com inverno seco e chuvas no verão (Tabela 1).

Tabela 1 – Valores médios das temperaturas máximas e mínimas, umidade relativa do ar e

precipitação pluviométrica, coletadas durante o período experimental

Mês Temperatura média (°C) Umidade Relativa

do ar (%) Precipitação (mm)

Máxima Mínima

Agosto 35,8 15,0 54,5 0,0

Setembro 35,8 20,9 50,0 9,5

Outubro 35,1 21,7 64,5 73,2

Novembro 33,1 19,8 74,7 184,4 Fonte: Estação Agrometeorológica Padre Ricardo Remetter – Fazenda Experimental UFMT

Foram utilizadas cinco novilhas Nelores, com idade e pesos médios iniciais de

22 meses e 359,00 kg, respectivamente, destinadas individualmente a cinco piquetes de

0,24 ha cada, formados com gramínea Brachiaria brizantha cv. Marandu, contendo

bebedouro e comedouro coberto. Paralelamente aos piquetes, situava-se o curral de manejo,

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no qual foram realizadas as coletas nos animais. Ao início do experimento, todos os animais

foram submetidos ao controle de endo e ectoparasitas.

Foram avaliados suplementos múltiplos e mistura mineral (Tabela 2), com fornecimento

de 2; 4; 6 e 8 kg/dia, perfazendo níveis de fornecimento de: 0,55; 1,11; 1,66 e 2,22% do peso

corporal médio (PCM) das novilhas que receberam suplementação múltipla, respectivamente,

calculados de acordo com as exigências propostas para fêmeas Nelore em confinamento,

adotando PCM de 360 kg e almejando-se ganho médio diário (GMD) de 500 g/animal/dia

(Valadares Filho et al., 2006). Foram coletadas amostras dos suplementos utilizados durante o

preparo das misturas, para posteriores análises laboratoriais.

Tabela 2- Composição alimentar do concentrado fornecido aos animais

Ingredientes SM

1

Suplementos2

2 4 6 8

Casca soja - 500,0 500,0 540,0 560,0

Milho grão triturado - 160,0 170,0 150,0 160,0

Farelo de girassol - 100,0 100,0 100,0 103,7

Farelo soja - 145,0 177,5 175,0 150,0

Uréia: Sulfato de Amônia 9:1 - 45,0 22,5 15,0 11,3

Mistura mineral1 1000,0 50,0 30,0 20,0 15,0

Total 1000,0 1000,0 1000,0 1000,0 1000,0 1SM- Suplemento mineral comercial: Níveis de garantia: cálcio 198g; fósforo 87g; sódio 97,6g; magnésio 5,1g;

enxofre 12g; iodo 17,7mg; ferro 280mg; selênio 18mg; cobalto 80mg; manganês 527mg; flúor 870mg; cobre

1.250mg e zinco 3.500mg.% 2

Níveis de fornecimento de suplementos de 0,55; 1,11; 1,66 e 2,22% do peso corporal para 2, 4, 6 e 8

kg/animal/dia, respectivamente, (g/kg de matéria natural).

A variação na composição dos suplementos foi decorrente da fixação no consumo de

uréia (90g/animal dia para todos os suplementos) e da inclusão de aproximadamente 50% de

casca de soja (Tabela 2), que pelo seu elevado teor em fibra potencialmente digestível, foi

utilizada como fonte volumosa com intuito de substituir a fração volumosa da dieta dos

animais, uma vez que nos piquetes havia limitada oferta de matéria seca de forragem.

Os suplementos foram fornecidos diariamente em dois horários fixos: 50% da

quantidade diária a ser fornecida às dez horas da manhã e 50% às três horas da tarde.

O experimento foi composto por cinco períodos de avaliação nutricional de

20 dias de duração cada, correspondendo a um período experimental total de 100 dias. Os

primeiros nove dias de cada período foram destinados à adaptação dos animais ao suplemento

(no 1º e 2º dia todos os animais receberam 2 kg de suplemento, do 3º ao

5º dia os animais do suplemento 4, 6 e 8 kg receberam 4 kg/dia, no 7º e 8º as novilhas do

suplemento 6 e 8 kg receberam 6 kg/dia e do 9º dia em diante os animais do suplemento 8 kg

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receberam 8 kg de suplemento) e os onze dias restantes para a realização das coletas. A cada

final de período, durante a avaliação nutricional, as novilhas foram pesadas, sem jejum, para

acompanhamento do desempenho e do consumo em função do peso corporal.

Para estimar a massa de forragem e matéria seca potencialmente digestível (MSpD),

foram realizadas coletas de amostras de forragem nos diferentes piquetes no primeiro dia de

cada período experimental, através do corte da forragem a 5 cm do solo, de três áreas

delimitadas por um quadrado metálico de 0,5 x 0,5 m, escolhidos na altura média do dossel

forrageiro de cada piquete (25 pontos em cada diagonal, totalizando

50 pontos de altura mensurados por piquete), conforme recomendações do Instituto Nacional

de Ciência e Tecnologia – Ciência Animal (INCT - CA).

Após a coleta, as amostras de forragem de cada piquete foram pesadas e

homogeneizadas, e a partir dessas retiradas duas alíquotas: uma para avaliação da matéria

seca de forragem/hectare e a outra para fracionamento dos componentes estruturais da planta,

e posterior, análise das disponibilidades por hectare de matéria seca de lâmina foliar verde,

lâmina foliar seca, pseudocolmo verde e pseudocolmo seco. A amostragem da forragem

consumida pelos animais foi obtida via simulação manual do pastejo. As amostras de

forragem foram imediatamente pesadas após as coletas e congeladas a -20ºC sendo

posteriormente descongeladas e secas em estufa de ventilação forçada a 65oC, moídas em

moinho tipo Willey (com peneira de malha de 1,0 mm), armazenadas por período, em frascos

de plásticos com tampa, devidamente identificados, para posterior analises químico-

bromatológicas no Laboratório de Nutrição Animal da Faculdade de Agronomia, Medicina

Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso (FAMEV – UFMT).

Das amostras destinadas à estimativa da massa de forragem, foi determinado o resíduo

insolúvel em detergente neutro avaliado após incubação in situ das amostras por 240 horas

(FDNi) (Casali et al. 2008), para cálculo do percentual de MS potencialmente digestível

(MSpD) disponível aos animais, segundo equação proposta por

Paulino et al. (2006): MSpD = 0,98 x (100- FDN) + (FDN-FDNi);

em que: 0,98 = coeficiente de digestibilidade verdadeiro do conteúdo celular;

FDN = fibra em detergente neutro; FDNi = FDN indigestível.

As amostras dos ingredientes, suplementos, forragens e das fezes foram analisadas para

determinação dos teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), matéria orgânica

(MO), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) de acordo com Silva e Queiroz (2002). As

avaliações da fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente neutro corrigida para

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cinzas e proteína (FDNcp), fibra em detergente ácido (FDA) seguiram o protocolo descrito

por Van Soest et al. (1991).

Os carboidratos totais (CT) das amostras foram calculados segundo metodologia

descrita por Sniffen et al. (1992), em que CT(%) = 100 - (%PB + %EE + %Cinzas). A

quantificação dos carboidratos não fibrosos (CNF) dos suplementos foi realizada de acordo

com adaptação de Hall (2000), em virtude da inclusão de uréia na composição dos

suplementos :

CNF = 100 - [(%PB - %PB da uréia + %uréia) + %FDNcp + %EE + %cinzas];

onde: FDNcp = fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína.

Os teores de nutrientes digestíveis totais (NDT) foram estimados segundo o

NRC (2001) com base na composição químico-bromatológica dos alimentos, por intermédio

da equação: NDT (%) = (PBD + CNFD + FDNpD + EED x 2,25) – 7, onde a constante 7

refere-se ao valor metabólico fecal.

Os valores de proteína bruta digestível (PBD), ácidos graxos digestíveis (AGD), fibra

em detergente neutro corrigida para proteína digestível (FDNpD) e carboidratos não fibrosos

digestíveis (CNFD) foram estimados de acordo com as seguintes equações (NRC, 2001):

PBD (volumosos)= PB x EXP(-1,2 x PIDA/PB);

PBD (concentrados) = PB x [1- (0,4 x PIDA/PB);

EED = (EE -1);

CNFD = (0,98 x CNF x PAF);

FDNpD = 0,75 x (FDNp - L) x [1 – (L/FDNp)0,667

].

Em que: PIDA – proteína insolúvel em detergente ácido; PAF – fator de ajuste para

processamento físico; L – lignina; FDNp – FDN corrigida para proteína.

Para estimar a excreção fecal foram fornecidos para cada novilha diariamente 10g do

indicador externo óxido de cromo (Cr2O3) acondicionado em cartucho de papel e introduzido

diretamente no esôfago dos animais às 11 horas, com o auxilio de um aplicador de PVC, entre

o décimo e o décimo sexto dia de cada período experimental, sendo as amostras de fezes

coletadas diretamente do reto dos animais no décimo quinto dia (16 horas), décimo sexto dia

(12 horas) e décimo sétimo dia (08 horas), acondicionadas em sacos plásticos etiquetados e

posteriormente congeladas a -20ºC. Após foram secas por 72 horas em estufa de ventilação

forçada (65ºC) e moídas em moinho de facas tipo Willey equipado com peneira com malha de

1,0 mm. As amostras referentes aos diferentes horários de coleta formaram uma amostra

composta, constituída com base no peso seco para cada animal.

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A excreção de matéria seca fecal foi estimada (g/dia) pela relação entre a quantidade

fornecida do indicador (g) e sua concentração nas fezes (g/kg), segundo Burns et al. (1994).

Para a obtenção de estimativas do consumo voluntário de matéria seca (CMS), utilizou-se a

fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) como indicador interno. Para isso, amostras de

forragem, obtidas por simulação do pastejo, suplementos e de fezes foram incubadas no

rúmen por meio de sacos de tecido não tecido (TNT) durante 240 horas, conforme

metodologia sugerida por Casali et al. (2008). Para estimativas do consumo voluntário de MS

dos animais foi utilizada a equação proposta por Detmann et al. (2001):

CMS = {[(EF x CIF) – IS] / CIFO} + CMSS;

em que: CMS = consumo de matéria seca; EF = excreção fecal (kg/dia);

CIF = concentração do indicador (FDNi) nas fezes (g/kg); IS = indicador (FDNi) presente no

suplemento (kg/dia); CIFO = concentração do indicador (FDNi) na forragem (g/kg); CMSS =

consumo de matéria seca de suplemento (kg).

Para relacionar o consumo ao PC dos animais, foi utilizado como referência o peso

médio no período, estimado pela média entre os valores inicial e final de cada período.

Para determinação do pH e da concentração de amônia no líquido ruminal, as amostras

foram coletadas via sonda esofágica no 19° e 20° dia de cada período, duas horas antes da

suplementação (10h – tempo 0h) e duas horas após o fornecimento suplemento da tarde (15h-

tempo 2h). Para esta coleta foi utilizada uma mangueira acoplada a uma ponta de aço

inoxidável perfurada em forma de peneira e uma bomba manual de sucção. As leituras de pH

foram feitas imediatamente após a coleta, por intermédio de peagâmetro digital. Para a

determinação de amônia foi separada uma alíquota de 50 mL de líquido ruminal filtrada em

gaze, à qual adicionou-se 1 mL de ácido sulfúrico 1:1, acondicionada em tubo falcon,

identificada e congelada a –20°C para posterior análise laboratorial. As concentrações de

N-NH3 do líquido ruminal foram determinados pelo sistema micro-Kjeldahl, sem digestão

ácida da amostra, mediante destilação com hidróxido de potássio (KOH) 2 N, conforme

técnica descrita por Preston (1995).

O experimento foi conduzido segundo delineamento em quadrado latino 5 x 5, com

cinco animais e cinco suplementos.

A análise estatística foi realizada com auxílio do programa estatístico

SAS (Versão 9,2). Os dados foram analisados por análise de regressão com nível de

significância de 5%. Alguns dados tiveram que ser transformados para obedecerem as

premissas de normalidade. Os dados são expressos com base nos dados originais.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A massa de forragem (MF), matéria seca potencialmente digestível (MSpD) e dos

componentes da planta: lâmina foliar seca, pseudocolmo verde e pseudocolmo seco reduziram

com o avançar dos períodos experimentais (Figura 1). No entanto, a massa de lâmina foliar

verde reduziu do primeiro para o terceiro período e aumentou no quarto e quinto período,

como resultado de condições climáticas favoráveis (Tabela 1). Assim, a MF apresentou

aumento de 4,7 vezes.

Figura 1. Valores médios para a massa de forragem (MF), disponibilidades de MS

potencialmente digestível (MSpD), MS de lâmina foliar verde (MLFV), MS de

lâmina foliar seca (MLFS), MS de pseudocolmo verde (MPCV) e MS de

pseudocolmo seco (MPCS) para a Brachiaria brizantha cv. Marandu nos períodos

experimentais.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

1° Período 2° Período 3° Período 4° Período 5° Período Média

Kg d

e M

S/h

a

Períodos Experimentais

MF MSpD MLFV MLFS MPCV MPCS

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Figura 2. Proporção dos componentes estruturais (MS de lâmina foliar verde (MLFV) MS de

lâmina foliar seca (MLFS), MS de pseudocolmo verde (MPCV), MS de

pseudocolmo seco (MPCS)) da massa de forragem da pastagem de Brachiaria

rizantha, cv. Marandu durante os períodos experimentais.

Apesar da baixa relação lamina foliar:pseudocolmo (0,23) observada na forragem, a

amostra de pasto obtida via simulação manual de pastejo apresentou elevada quantidade de

proteína bruta (PB) de 78,40g/kg de MS (Tabela 3). Este valor pode ser justificado pela

ocorrência de chuvas no período, que proporcionou durante os períodos experimentais

aumento na matéria seca de lâmina foliar verde (Figuras 1 e 2), contribuindo assim para o

aumento no valor na quantidade de PB.

Tabela 3 – Composição nutricional dos suplementos e da forragem

Item Suplemento

1

Forragem 2 4 6 8

Matéria seca2 862,5 878,4 886,7 890,7 400,6

Matéria orgânica3 955,0 952,8 950,9 951,0 912,8

Matéria mineral3 45,0 47,2 49,1 49,0 87,1

Proteína bruta3 340,3 294,5 282,0 268,8 78,4

Extrato etéreo3 22,7 23,7 23,8 24,3 25,9

Carboidratos totais3 616,2 641,7 649,9 661,6 801,3

Fibra em detergente neutro (FDN)3 343,5 355,0 371,6 376,0 678,5

Fibra em detergente ácido3 238,9 245,8 258,9 262,2 401,4

FDN corrigida para cinza e proteína3 304,1 315,2 329,2 332,4 638,0

FDN indigestível3 63,0 64,5 65,8 67,3 178,3

Nitrogênio insolúvel em detergente neutro4 281,9 284,5 300,3 310,3 489,0

Nitrogênio insolúvel em detergente ácido4 92,1 93,2 98,6 101,8 395,8

Carboidratos não fibrosos3 283,9 298,2 290,4 297,9 163,3

Nutrientes digestíveis totais estimados3 433,8 456,1 454,3 461,1 496,8

1 Níveis de fornecimento de suplementos de 0,55; 1,11; 1,66 e 2,22% do peso corporal para 2, 4, 6 e 8

kg/animal/dia, respectivamente; 2(g/kg);

3(g/kg de matéria seca);

4(g/kg de nitrogênio total);

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

1º Período 2º Período 3º Período 4º Período 5º Período Média

Pro

porç

ão d

os

com

ponen

tes

bro

mat

oló

gic

os

%

Períodos Experimentais

MLFV MLFS MPCV MPCS

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A concentração de PB na forragem (Tabela 3) foi superior ao mínimo necessário para

permitir adequado crescimento microbiano e degradação da fibra. Quando a concentração de

PB da dieta é menor que 7%, o consumo de forragem reduz, em virtude da deficiência de

nitrogênio na forma de amônia para as bactérias fibrolíticas

(Van Soest, 1994). Além disso, não atende às exigências microbianas em compostos

nitrogenados e não permite adequada fermentação dos carboidratos fibrosos no rúmen

(Lazzarini et al. 2009).

As estratégias de suplementação promoveram incrementos sobre os consumos de

matéria seca (CMS), matéria orgânica (CMO), proteína bruta (CPB), carboidratos não

fibrosos (CCNF) e nutrientes digestíveis totais (CNDT), ou seja, apresentaram aumento linear

(P<0,0001) em função do fornecimento de suplementos (Tabela 4).

Tabela 4 – Valores médios de consumo de matéria seca (CMS), matéria seca de forragem

(CFO), matéria orgânica total (CMO), proteína bruta (CPB), extrato etéreo (CEE),

fibra em detergente neutro (CFDN), fibra em detergente neutro indigestível

(CFDNi), carboidratos totais (CCT), carboidratos não fibrosos (CCNF) e

Nutrientes Digestíveis Totais (CNDT) de novilhas no período da seca

Item Suplemento

2 Regressão R2 CV

(%) SM1 2 4 6 8

Kg/animal/dia CMS 5,30 6,48 6,92 8,99 8,31 Ŷ=4,98+0,496X 0,54 19,00 CFO 5,29 3,32 3,14 3,02 2,50 Ŷ=4,80-0,327X 0,44 33,32 CMO 4,82 5,91 6,41 8,31 7,76 Ŷ=2,78+0,418X 0,69 18,18 CPB 0,54 1,04 1,21 1,61 1,66 Ŷ=552,38+157,288X 0,67 28,15 CEE 0,12 0,15 0,24 0,35 0,40 Ŷ= 0,10+0,038 0,76 24,74 CFDN 0,92 1,00 1,05 1,34 1,20 ns - 22,01 CCT 4,20 4,76 4,94 6,35 5,70 ns - 24,88

CCNF 1,02 1,57 1,54 1,92 1,89 Ŷ=1,13+0,117X 0,43 21,47

CNDT 2,68 3,70 4,31 5,72 5,68 Ŷ=2560,32+434,969X 0,81 14,04

% do Peso Corporal

CMS 1,47 1,76 1,87 2,30 2,40 Ŷ=1,47+0,123X 0,38 22,90

CFO 1,47 1,27 1,00 1,07 0,72 ns - 41,34

CMO 1,33 1,61 1,73 2,13 2,24 Ŷ=1,34+0,119X 0,41 22,56

CPB 0,15 0,28 0,33 0,41 0,48 Ŷ=0,17+0,039X 0,58 29,76 CEE 0,03 0,04 0,06 0,09 0,12 Ŷ=0,03+0,010X 0,73 27,38 CCT 1,16 1,39 1,33 1,63 1,81 Ŷ=1,16+0,073X 0,32 22,01 CCNF 0,28 0,39 0,42 0,49 0,50 Ŷ=0,31+0,028X 0,37 25,23 CNDT 0,74 1,01 1,17 1,47 1,64 Ŷ=0,75+0,113X 0,68 18,88 1Suplemento mineral comercial;

2 Níveis de fornecimento de suplementos de 0,55; 1,11; 1,66 e 2,22% do peso

corporal para 2, 4, 6 e 8 kg/animal/dia, respectivamente.

Os consumos dos animais que receberam suplementos múltiplos, expressos em

kg/animal/dia ou g/kg de PC, foram superiores aos daqueles que consumiram apenas mistura

mineral, no entanto, o fornecimento de suplemento aos animais afetou o consumo de matéria

seca de forragem (CFO) em kg/animal/dia, ou seja, apresentou comportamento linear

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decrescente (P<0,0001) em função dos níveis de suplementação, indicando que houve efeito

substitutivo.

Segundo Minson (1990), o consumo de forragem no período da seca é substituído pelo

suplemento em no máximo 64%. Além disso, o efeito substitutivo ocorre quando se fornece

suplementos em quantidade superior a 0,2% do PC (Herd, 1997). Deste modo, o menor

consumo de forragem ocasionado pelo alto fornecimento de suplemento tem significativa

importância em sistemas de não equilíbrio, pois essas estratégias buscam a maximização da

digestão ruminal, consumo e desempenho animal em sistemas de produção de bovinos com

pouca oferta de forragem.

A suplementação múltipla tende a substituir o consumo de forragem em pastagens de

baixa qualidade, mas isso não prejudica o desempenho dos animais (Del Curto et al., 1990). A

redução no desempenho pode ser mais pronunciada em maiores níveis de suplementação,

sobretudo naqueles com elevados teores de carboidratos não-fibrosos (CNF) de rápida

fermentação (Dixon e Stockdale, 1999)

Os suplementos promoveram mudanças no coeficiente de digestibilidade aparente total

da MS, MO, FDN, CT e CNF (Tabela 5), ou seja, à medida que foi aumentando a quantidade

ofertada de suplemento, a digestibilidade dos nutrientes aumentou linearmente (P<0,0001), o

que comprova que o fornecimento de suplemento para bovinos em pastejo potencializa a

digestão dos nutrientes da forragem.

Tabela 5. Valores médios de coeficiente de digestibilidade aparente total (%) da matéria seca

(DMS), matéria seca de forragem (DFO), proteína bruta (DPB), fibra em detergente

neutro (DFDN), carboidratos totais (DCT) e carboidratos não fibrosos (DCNF) de

novilhas no período da seca

Variáveis Suplemento2 Regressão R

2 CV(%)

SM1 2 4 6 8

DMS 45,36 55,57 60,04 69,31 66,87 Ŷ =2428,58+325,287X 0,42 29,67

DFO 50,34 59,78 63,87 70,12 69,95 Ŷ=52,61+2,623X 0,39 14,69

DPB 51,33 70,28 74,28 74,50 74,85 Ŷ=53,69+8,245X- 0,732X2

0,59 32,84

DFDN 68,82 74,96 79,79 83,51 83,16 Ŷ=70,35+1,984X 0,40 8,72

DCT 51,10 57,72 61,60 68,02 67,27 Ŷ=52,36+2,257X 0,31 15,48

DCNF 46,60 52,84 54,89 62,31 63,27 Ŷ=36,21+4,178X 0,35 30,75 1Suplemento mineral comercial;

2 Níveis de fornecimento de suplementos de 0,55; 1,11; 1,66 e 2,22% do peso

corporal para 2, 4, 6 e 8 kg/animal/dia, respectivamente.

Resultados semelhantes em relação à melhoria da digestibilidade da matéria seca total

com a suplementação foram verificados por diversos autores (Porto et al., 2011;

Baroni et al., 2010; Acedo et al., 2007; Moraes et al., 2009) que utilizaram suplementos de

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elevado consumo (0,25 a 4 kg/animal/dia), o que permitiu um incremento de nutrientes de

maior digestibilidade.

A digestibilidade total da proteína foi maior para os animais suplementados em

comparação ao controle. Essa ampliação da digestibilidade está relacionada ao maior aporte

de nitrogênio fornecido pelos suplementos (Tabela 3). Resultados semelhantes foram

relatados por Valadares et al. (1997) que verificaram aumento na digestibilidade aparente da

proteína com o aumento no consumo de proteína bruta na dieta e atribuíram essa resposta à

diminuição da proporção de nitrogênio endógeno nos compostos nitrogenados fecais com o

aumento na ingestão de nitrogênio.

Os valores encontrados para digestibilidade da FDN (DFDN) foram de 68,82 e 80,35%

e para DCT foram de 51,10 e 63,65%, respectivamente, para o suplemento mineral e

suplementos múltiplos. O que pode ter contribuído para esta diferença foi o maior aporte de

nitrogênio e energia, devido à suplementação múltipla, suprindo a deficiência dos

microrganismos ruminais e, como consequência, incrementando de forma positiva a atividade

celulolíticas ruminal.

O valor de 46,60% para o DCNF dos animais recebendo apenas suplemento mineral

está associado à não participação de concentrado na dieta, visto que, a adição de grãos ricos

em amido à dieta, que possuem teores maiores de carboidratos não estruturais permite maior

consumo (Tabela 4) e maior digestibilidade (Tabela 5) em comparação à dietas ricas em

carboidratos estruturais, que são menos digestíveis.

Os efeitos positivos no consumo de MST, MO, PB, EE, CNF e NDT e digestibilidade

da MST, MO, PB, FDN, CT e CNF dos animais suplementados foram decorrentes do maior

aporte nutricional de nitrogênio e energia fornecidos pelos suplementos suprindo as

exigências dos microrganismos ruminais.

As estratégias de suplementação promoveram redução do pH ruminal no tempo zero

hora (antes do fornecimento de suplemento), ou seja, apresentou comportamento linear

decrescente (P=0,0343) em função dos níveis de fornecimento de suplementos (Tabela 6). Já

no tempo duas horas após suplementação, o fornecimento de suplementos não influenciou os

valores de pH ruminal (Tabela 6), este comportamento pode ser explicado pelo horário de

coleta realizado as 17:00 horas, ou seja, o tempo de duas horas não foi suficiente em

promover uma adequada fermentação ruminal e consequente redução no pH. E possivelmente

houve redução em tempos maiores após a suplementação, ou seja, após as 18:00. Além disso,

deve-se considerar que a suplementação da manhã (10:00 horas) não influenciou os valores de

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pH, pois este reduziria 4 a 6 horas após a suplementação, correspondendo respectivamente as

14 e 16 horas. Isso pode justificar a inalteração observada após a suplementação.

Tabela 6. Valores médios de pH e concentração de nitrogênio amoniacal (N-NH3) (mg/dL),

no liquido ruminal de novilhas nelores submetidos a cinco dietas experimentais, nos

diferentes tempos de amostragem: antes da alimentação e 2 horas após alimentação

em dois dias consecutivos

Suplementos Regressão R2 CV

(%) Item Tempo SM1 2 4 6 8

pH 0h 6,78 6,75 6,76 6,59 6,44 Ŷ=6,83- 0,042X 0,18 3,76

2h 6,75 6,79 6,72 6,61 6,43 ns - 4,48

N-

NH3

0h 5,09 7,26 7,45 9,10 7,52 Ŷ=0,71+ 0,028X 0,15 23,57

2h 5,90 14,15 18,31 19,27 11,80 Ŷ=0,71+0,242X- 0,026X2 0,49 19,94

1Suplemento mineral comercial;

2 Níveis de fornecimento de suplementos de 0,55; 1,11; 1,66 e 2,22% do peso

corporal para 2, 4, 6 e 8 kg/animal/dia, respectivamente. Os valores médios observados para o pH ruminal estiveram entre 6,44 e 6,78 antes da

suplementação da manhã e entre 6,43 a 6,79 duas horas após o fornecimento de suplemento

da tarde (Tabela 6). Esses valores sempre se mantiveram superiores a 6,0, visto que, quando o

pH encontra-se abaixo deste valor, verifica-se redução de forma acentuada na digestão da

fibra devido a diminuição na população de microrganismos celulolíticos, uma vez que estas

bactérias são sensíveis a pH abaixo deste valor, podendo chegar a severa inibição em pH de

4,5 a 5,0, sendo que a faixa adequada para essas bactérias seriam próximos de 6,7

(Van Soest, 1994).

A concentração de nitrogênio amoniacal ruminal (N-NH3) apresentou no tempo zero

hora comportamento linear crescente (P=0,0004) e no tempo duas horas: comportamento

quadrático (P=0,0023) em função dos níveis de suplementação (Tabela 6).

Os valores observados de N-NH3, quando os animais receberam apenas suplementação

mineral em ambos os tempos e suplementação no tempo zero, foram inferiores a 10,0 mg/dL,

valor este considerado por Leng (1990) e Lazzarini (2009) como adequado à fermentação

ruminal em animais mantidos em condições tropicais. No entanto, apenas os animais que

receberam suplementos múltiplos apresentaram, duas horas após o fornecimento,

concentração de N-NH3 dentro da faixa ideal (10 a 20 mg/dL) para garantir o máximo

crescimento microbiano e maior eficiência de utilização da energia oriunda da degradação dos

carboidratos em condições tropicais (Leng, 1990).

O efeito quadrático da quantidade de nitrogênio amoniacal após o fornecimento de

suplemento e o efeito linear crescente observado para o coeficiente de digestibilidade total da

proteína bruta indicam que o aumento nos níveis de suplementação acarretou em maior aporte

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de nitrogênio ruminal e pode ter ocasionado em maior escape de nitrogênio no rúmen até o

fornecimento de 6 kg de suplemento.

O comportamento dos dados de N-NH3 pode ser explicado pela redução no pH ruminal,

e consequentemente, diminuição dos microrganismos ruminais promovidos pelos maiores

níveis de suplementação, os quais teriam levado a uma menor proteólise ruminal. No entanto,

essa redução N-NH3 não foi acompanhada de diminuição do pH, visto que, isto pode ser

decorrente da coleta de amostras de líquido ruminal realizada por sonda esofágica, a qual

possivelmente tenha coletado fluido ruminal proveniente da porção cranial do retículo-rumen.

Sendo assim, esses valores de pH não são representativos, tendo em vista que, o líquido não

foi coletado na região de interface líquido/sólido do ambiente ruminal, e essas amostras

poderiam estar contaminadas com saliva.

Conclusões

A oferta de suplementos em níveis crescentes durante o período da seca resulta em

aumento do consumo de matéria seca e redução do consumo de matéria seca de forragem.

Essa estratégia de suplementação pode ser fornecida a bovinos durante o período da seca em

situações de pouca oferta de pasto.

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Substituição do milho pela glicerina em suplementos múltiplos para novilhos

Nelore em pastejo no período seco do ano

Resumo: Objetivou-se avaliar o desempenho produtivo e os custos de produção de

novilhos Nelore recriados em pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu durante o

período seco do ano recebendo suplemento mineral e suplementos com substituição parcial do

milho por glicerina residual bruta. Foram utilizadas 40 novilhos Nelore com peso corporal

médio inicial de 203, 12 ± 20,10 kg e idade média inicial de 12 meses, distribuídos em oito

piquetes de 1,6 ha cada. O delineamento foi inteiramente casualizado com oito suplementos e

cinco repetições. Foram avaliados suplementos com níveis de substituição parcial do milho

por glicerina: 0% (G0); 10% (G10); 20% (G20); 30% (G30); 40% (G40); 50% (G50) e

60% (G60), fornecidos na quantidade de 1 kg/animal/dia na matéria natural, além de um

suplemento mineral ad libitum (SM). O ganho médio diário (GMD) foi maior (P<0,05) para

os animais recebendo os suplementos G30 (0,609 kg), G 40 (0,588 kg) e G60 (0,611 kg) em

relação aos suplementos G0 (0,546 kg), G10 (0,509 kg), G50 (0,561 kg) e SM (0,223 kg). Os

animais suplementados apresentaram maior GMD (P<0,05) em relação ao SM. Os diferentes

níveis proporcionaram retorno financeiro positivo. Conclui-se, que o fornecimento de

suplementos múltiplos substituindo o milho por glicerina em sistemas de produção de

novilhos de corte no período da seca proporciona maior desempenho produtivo nos níveis de

30, 40 e 60% e retorno financeiro positivo até níveis de 60% de substituição, demonstrando

portanto, o seu potencial de uso para sistemas intensivos de produção de carne bovina a pasto.

Palavras-chave: bovinos de corte, custo de produção, recria, suplementação

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Substitution of corn by glycerin in multiple supplements for Nellore steers

grazing in dry season

Abstract: The objective was to evaluate the performance and production costs of

Nellore steers in growing on Brachiaria brizantha cv. Marandu during the dry season

received mineral supplements with partial replacement of corn by residual glycerin. In the

experiment there were 40 Nellore steers with initial body weight of

203.12 ±20.10 kg and average initial age of 12 months, divided into eight paddocks of 1.6 ha

each. The design was completely randomized with five replicates and eight supplements.

Supplements with levels of partial replacement of corn by glycerin were evaluated: 0% (G0),

10% (G10), 20% (G20), 30% (G30), 40% (G40), 50% (G50) and 60% (G60) provided on the

amount of 1 kg / animal / day in the natural matter, and a mineral supplement (MS). The

average daily gain (ADG) was higher (P<0.05) for animals receiving supplements

G30 (0.609 kg), G40 (0.588 kg) and G60 (0.611 kg) in relation to supplements

G0 (0.546 kg), G10 (0.509 kg), G50 (0.561 kg) and MS (0.223 kg). There were differences

(P <0.10) in ADG for supplemented animals when compared to MS. The supplemented

animals showed higher ADG (P<0.05) compared to MS. The different levels provided

positive financial return. It is concluded that the supply of multiple supplements replacing the

corn by glycerol in production systems of steers in the dry period provides higher productive

performance levels of 30, 40 and 60% and positive financial return to levels of 60% of

substitution, demonstrating thus, its potential use for intensive systems of beef production on

pasture.

Keywords: beef cattle, production cost, in growing, supplementation

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Introdução

O aumento na oferta de concentrados oriundos da agroindústria é inevitável, uma vez

que o crescente aumento da produção de biodiesel gera uma série de coprodutos passíveis de

utilização na alimentação de ruminantes. Sendo assim, na pecuária globalizada, os planos

nutricionais para bovinos de corte em pastejo são cada vez mais baseados em alternativas

suplementares para melhor ajuste da dieta fornecida às exigências nutricionais dos animais.

Sabendo-se que a alimentação, independente da atividade e/ou do produto, ainda é o

item de maior peso no custo final, as indústrias do setor têm-se preocupado constantemente

em buscar formas para diminuir os custos de produção. Desse modo, alimentos alternativos

vêm sendo estudados e avaliados quanto aos aspectos econômicos e nutricionais, para que

possam viabilizar a produção intensiva de ruminantes suplementados com menores custos de

produção (Zervoudakis et al., 2011).

Os principais coprodutos do biodiesel são obtidos após a extração do óleo de sementes

de oleaginosas, constituindo as tortas e os farelos, e após o processo de conversão de

triglicerídeos em biodiesel por meio de transesterificação (glicerina bruta), os quais, em

conjunto, representam mais de 50% da massa inicial de sementes utilizadas na cadeia

agroindustrial (Zervoudakis et al., 2011).

A glicerina tem sido utilizada com sucesso na alimentação de suínos

(Lammers et al., 2007) e aves (Cerrate et al., 2006) e tem sido considerada uma fonte

alimentar energética alternativa e promissora na produção animal. Sendo que o potencial da

glicerina na alimentação animal é baseado no fato de ser uma substância glicogênica similar

ao propileno glicol, o qual tem sido utilizado com eficiência desde 1954 na prevenção de

cetose em vacas de alta produção de leite por aumentar o suprimento de precursores da

glicose (Sauer et al., 1973). Sendo assim, a glicerina surge como potencial substituto da fonte

tradicional de energia (milho), visando redução nos custos de produção (Parsons et al., 2008).

Deste modo, objetivou-se avaliar o desempenho produtivo e os custos de produção de

novilhos de corte em pastejo no período seco do ano, recebendo suplementos múltiplos com

diferentes níveis de substituição do milho pela glicerina.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no setor de Bovinocultura de Corte da Fazenda

Experimental da Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia – FAMEVZ da

Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, localizada no município de Santo Antônio do

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Leverger– Mato Grosso, próximo das coordenadas de 15°47´5´´ Sul e 56°04´Oeste, com

altitude de 140 metros, no período da seca, entre os meses de julho a outubro de 2011. O

clima da região é do tipo Aw de acordo com a classificação Köppen, ou seja, clima tropical,

megatérmico, com inverno seco e chuvas no verão (Tabela 1).

Tabela 1 – Valores médios das temperaturas máximas e mínimas, umidade relativa do ar e

precipitação pluviométrica, coletadas durante o período experimental

Meses Temperatura média (°C) Umidade Relativa

do ar (%) Precipitação (mm)

Máxima Mínima

Julho 32,7 16,0 69,0 1,1

Agosto 35,5 17,2 58,2 10,9

Setembro 35,8 20,8 52,7 5,6

Outubro 35,4 22,5 64,5 40,9 Fonte: Estação Agrometeorológica Padre Ricardo Remetter – Fazenda Experimental UFMT

Foram utilizados 40 novilhos Nelore, com idade e pesos médios iniciais de

12 meses e 203, 12 ± 20,10 kg, mantidos em oito piquetes de 1,6 ha cada, cobertos

uniformemente com Brachiaria brizanha cv. Marandu, providos de bebedouros e cochos

cobertos para fornecimento do suplemento, cujas dimensões permitiram acesso de todos os

animais simultaneamente. Visando reduzir a influência de possíveis variações de ambiente,

cada lote permaneceu em cada piquete por 7 dias procedendo-se, ao final desse período, à

rotação entre eles. Ao início do experimento, todos os animais foram submetidos ao controle

de endo e ectoparasitas.

Os suplementos (Tabela 2) foram formulados com níveis de substituição parcial do

milho pela glicerina, com fornecimento diários de 1 kg/animal às 10 horas da manhã,

monitorando-se as sobras de suplementos e o fornecimento do suplemento mineral fornecido

ad libitum aos animais.

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Tabela 2- Composição alimentar do concentrado fornecido aos animais

Ingredientes Substituição do Milho pela Glicerina R$/kg

SMª G01 G10

1 G20

1 G30

1 G40

1 G50

1 G60

1

Milho grão triturado - 40,00 35,99 31,98 27,97 23,95 19,94 15,93 0,37

Farelo soja - 48,00 48,00 48,00 48,00 48,00 48,00 48,00 0,50

Uréia: Sulfato de

Amônia 9:1 - 6,00 6,01 6,02 6,03 6,05 6,06 6,07

1,85

Mistura mineral - 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 1,17

Glicerina - - 4,00 8,00 12,00 16,00 20,00 24,00 -

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 - aSM- Suplemento mineral comercial: Níveis de garantia: cálcio 198g; fósforo 87g; sódio 97,6g; magnésio 5,1g;

enxofre 12g; iodo 17,7mg; ferro 280mg; selênio 18mg; cobalto 80mg; manganês 527mg; flúor 870mg; cobre

1.250mg e zinco 3.500mg.%; 1

Níveis de substituição parcial do milho pela glicerina: 0, 10, 20, 30, 40, 50 e

60%, respectivamente.

Os animais foram pesados no início e final do experimento após serem submetidos a

jejum de sólidos de 14 horas. Após a pesagem inicial os animais foram estratificados com

base no peso corporal (PC) e distribuídos em lotes com pesos semelhantes.

O experimento foi estruturado em um delineamento inteiramente casualizado (DIC),

sendo constituído de quatro períodos experimentais de 28 dias cada, perfazendo um total de

112 dias, sendo que o ganho médio diário e o ganho de peso corporal foram determinados

pela diferença entre o peso final e o inicial, com jejum prévio. A cada 28 dias foi realizada

pesagem sem jejum dos animais.

No primeiro dia de cada período experimental foram realizadas coletas de amostras de

forragem nos diferentes piquetes, através do corte, a 5 cm do solo, de três áreas delimitadas

por um quadrado metálico de 0,5 x 0,5 m, escolhidos na altura média da forragem (50 pontos

em cada diagonal, totalizando 100 pontos de altura mensurados por piquete) para a estimação

da massa de forragem e a matéria seca potencialmente digestível (MSpD), conforme

recomendações do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Ciência Animal

(INCT - CA).

Após a coleta, as amostras de cada piquete foram pesadas e homogeneizadas, e a partir

dessas retiradas duas alíquotas compostas: uma para avaliação da MF/ha e a outra para

fracionamento dos componentes estruturais da planta e posterior análise das disponibilidades

por hectare de matéria seca de lâmina foliar verde, lâmina foliar seca, pseudocolmo verde e

pseudocolmo seco. A amostragem da forragem consumida pelos animais foi obtida via

simulação manual do pastejo, realizada no 1º dia de cada período experimental. As amostras

foram imediatamente pesadas após as coletas e congeladas a -20ºC, e posteriormente,

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descongeladas e secas em estufa de ventilação forçada a 65 oC, moídas em moinho tipo

Willey (com peneira de malha de 1,0 mm), para posterior analises químico-bromatológicas.

Das amostras destinadas à estimativa da MF, foi determinado o resíduo insolúvel em

detergente neutro avaliado após incubação in situ das amostras por 240 horas (FDNi)

(Casali et al. 2008), para cálculo do percentual de MS potencialmente digestível (MSpD)

disponível aos animais.

As amostras dos ingredientes, suplementos e forragens foram analisadas para

determinação dos teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), matéria orgânica

(MO), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) de acordo com Silva e Queiroz (2002). As

avaliações da fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente neutro corrigida para

cinzas e proteína (FDNcp), fibra em detergente ácido (FDA) seguiram o protocolo descrito

por Van Soest et al. (1991).

Os carboidratos totais (CT) das amostras foram calculados segundo metodologia

descrita por Sniffen et al. (1992), em que CT(%) = 100 - (%PB + %EE + %Cinzas). A

quantificação dos carboidratos não fibrosos (CNF) dos suplementos foi realizada de acordo

com adaptação de Hall (2000), em virtude da inclusão de uréia na composição dos

suplementos.

Os teores de nutrientes digestíveis totais (NDT) foram estimados segundo o

NRC (2001) com base na composição químico-bromatológica dos alimentos, por intermédio

da equação: NDT (%) = (PBD + CNFD + FDNpD + EED x 2,25) – 7, onde a constante 7

refere-se ao valor metabólico fecal. Os valores de proteína bruta digestível (PBD), ácidos

graxos digestíveis (AGD), fibra em detergente neutro corrigida para proteína digestível

(FDNpD) e carboidratos não fibrosos digestíveis (CNFD) foram estimados de acordo com as

seguintes equações (NRC, 2001):

A avaliação econômica do desempenho animal foi realizada tendo em vista a

remuneração do capital investido, dividindo-se a margem de lucro pelas despesas envolvidas

no processo de suplementação. A receita foi obtida através da multiplicação do ganho em

equivalente carcaça (@) pelo valor da arroba na região, e as despesas foram obtidas através do

custo total com suplemento. Todas as cotações empregadas foram tomadas no Estado de Mato

Grosso e no período em que se conduziu este experimento.

Depois de obtidos os resultados da avaliação econômica em seguida foram simulados

possíveis cenários para estes indicadores a partir do coeficiente de variação de algumas

variáveis.

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Foi feita uma simulação de possíveis cenários que podem ocorrer considerando a

variação de preço da arroba do boi de R$ 55,00 a R$ 110,00, visto que a série histórica dos

preços praticados entre os anos de 2007 a 2013 variaram de R$ 53,03 a R$ 102,00; e variação

no preço do suplemento (kg) de R$ 0,45 a R$ 1,30, na região onde foi desenvolvida a pesquisa,

por ser estas as variáveis que mais impactam no resultado da avaliação econômica nesta

pesquisa.

A partir dos resultados da avaliação econômica para os suplementos em função dos

resultados das médias de desempenho dos animais submetidos a cada dieta experimental,

obtiveram-se as médias gerais, as quais foram submetidas às simulações dos possíveis

cenários, substituindo o valor da arroba e do suplemento encontrados para cada cenário

gerando assim, seis simulações de viabilidade econômica para cada cenários, sendo eles o

melhor, pior, médio, mais provável, otimista e pessimista.

O cenário melhor foi gerado considerando-se o máximo preço praticado no mercado pela

arroba do boi e o mínimo preço do suplemento (kg);

O pior cenário foi gerado considerando-se o mínimo preço praticado pela arroba e o

máximo preço do suplemento (kg);

O cenário médio foi gerado considerando-se as médias dos preços de ambas variáveis.

O cenário mais provável foi gerado considerando-se os o preço das variáveis que

ocorrem com maior frequência;

O cenário otimista foi gerado considerando-se as médias do preço da variável arroba do

boi, adicionado do percentual do coeficiente de variação (+21,85%) obtido a partir da série de

preços coletados e ainda subtraído do coeficiente de variação (-30,51%) da série de preços

referente ao suplemento.;

O cenário pessimista foi gerado considerando-se as médias do preço da variável arroba

do boi, subtraído do percentual do coeficiente de variação (-21,85%) obtido a partir da série de

preços coletados e ainda adicionado o percentual do coeficiente de variação (+30,51%) da

série de preços referente ao suplemento;

O lucro dos cenários foi obtido a partir do lucro dos animais suplementados subtraído ao

lucro dos animais controle (suplemento mineral).

O experimento foi estruturado em um delineamento inteiramente casualizado (DIC), em

que primeiramente foi empregado a ANOVA para verificar efeito de tratamento. Observando-

se efeito de tratamento foi realizado o Teste de Tukey. Os procedimentos estatísticos foram

realizados por intermédio do programa SAS (Versão 9,2), adotando

0,05 como nível crítico de probabilidade.

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Resultados e Discussão

A massa de forragem (MF) média foi de 3775,81 kg/ha. Com o avanço do período seco

a MF foi reduzida, associada à diminuição acentuada do crescimento e avanço na maturidade

das gramíneas, efeito do pastejo exercido pelos animais e senescência de componentes do

dossel forrageiro. No entanto, o último período experimental observou-se um aumento de

15% na massa de forragem em relação ao período anterior, em decorrência das condições

climáticas favoráveis (Tabela 1). A MF (Figura 1) encontra-se superior aos valores de 2.500 a

3.000 kg/MS/ha, considerados como adequado para o período seco (Euclides et al., 2000).

Figura 1: Valores médios para a massa de forragem (MF), matéria seca potencialmente

digestível (MSpD), MS de lâmina foliar verde (MLFV), MS de lâmina foliar seca

(MLFS), MS de pseudocolmo verde (MPCV) e MS de pseudocolmo seco (MPCS)

para a Brachiaria brizantha cv. Marandu nos períodos experimentais.

De acordo com Mertens (1994) o desempenho animal depende do consumo de

nutrientes digestíveis totais e metabolizáveis, sendo assim, pastagens com menor massa de

forragem dificultam a apreensão e a seletividade, pois o animal não tem a capacidade de

colhê-la com eficiência, e isso, acarreta em desempenho insatisfatório. Isto não foi verificado

neste estudo, uma vez que a MF não suprimiu a seletividade animal, pois disponibilizou

elevada quantidade de nutrientes passíveis de utilização pelas bactérias ruminais, e

consequentemente, proporcionaram efeito positivo no desempenho dos animais, ou seja, não

limitou a resposta produtiva.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

1° Período 2° Período 3° Período 4° Período

Kg d

e M

S/h

a

Períodos Experimentais

MF MSpD MLFV MLFS MPCV MPCS

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Apesar da elevada relação folha:colmo (0,70) observada na forragem, as amostras de

pasto obtida via simulação manual de pastejo apresentaram a quantidade de PB de 46,47g/kg

de MS (Tabela 3) aquém do considerado como nível crítico para satisfazer as exigências

microbianas em compostos nitrogenados (7% PB na dieta basal) que permitem a fermentação

dos carboidratos fibrosos no rúmen (Reis et al. (2005).

Tabela 3 – Composição nutricional dos suplementos e da forragem

Item Suplementos

Forragem G0 G10 G20 G30 G40 G50 G60

Matéria seca2 843,6 808,1 772,6 737,2 701,7 666,3 630,8 535,0

Matéria orgânica3 959,7 960,5 961,3 962,0 962,8 963,6 964,4 89,3

Matéria mineral3 40,3 39,5 38,7 38,0 37,2 36,4 35,6 910,6

Proteína bruta3 446,3 443,0 439,7 436,4 433,4 430,1 426,8 46,47

Extrato etéreo3 23,6 22,2 20,7 19,3 17,9 16,4 15,0 20,2

Carboidratos totais3 528,8 494,5 460,2 426,0 391,6 357,3 323,1 844,0

FDN3 190,6 186,6 182,6 178,7 174,7 170,7 166,7 699,

FDA3 111,2 109,9 108,6 107,3 106,0 104,7 103,4 520,0

FDNcp3 160,7 157,0 153,4 149,8 146,1 142,5 138,8 631,1

FDNi3 22,7 21,9 21,1 20,4 19,6 18,8 18,1 222,2

NIDN4 64,6 60,5 56,4 52,3 48,2 44,1 40,1 479,0

NIDA4 27,1 25,4 23,8 22,1 20,4 18,7 17,0 386,8

CNF3 331,4 302,2 272,9 243,6 214,3 185,0 155,7 212,8

NDT estimados3 470,3 479,0 487,7 496,5 505,1 513,8 522,6 537,9

1 (g/kg de matéria natural);

2 (g/kg de matéria seca);

3 (g/kg de nitrogênio total);

4Estimado segundo NRC (2001).

Segundo Paulino et al. (2004), a digestão da parede celular das gramíneas requer uma

microbiota com capacidade para digerir seus constituintes. Sendo assim, em situações em que

a proteína é o principal nutriente limitante para a utilização de forrageiras tropicais de baixa

qualidade, a suplementação com compostos nitrogenados é recomendada para promover

condições favoráveis para o desenvolvimento e proliferação de microrganismos ruminais e

melhorar a eficiência de utilização dos constituintes fibrosos da forragem

(Van Soest et al., 1994).

Devido às características qualitativas (Tabela 3) e quantitativas (Figura 1) apresentadas

pelo pasto, os animais responderam ao uso de suplementos múltiplos (P<0,0001), o que

correspondeu ao incremento médio de 333g/animal/dia em comparação àqueles que

consumiram apenas suplemento mineral (223 g/dia) (Tabela 4).

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Tabela 4 - Peso corporal inicial (PCi), peso corporal final (PCf), ganho médio diário (GMD) e

ganho de peso corporal adicional (PCA) de novilhos na seca

Suplementos

SMª G01 G10

1 G20

1 G30

1 G40

1 G50

1 G60

1

PCi (kg) 198,6 202,8 203,6 203,8 204,2 204,2 204 203,8

PCf (kg) 223,6 263,9 260,6 256,2 272,4 270,1 266,8 272,2

GMD (kg/dia) 0,223c 0,546ab 0,509ab 0,468b 0,609a 0,588a 0,561ab 0,611a

PCA (kg/dia)2 - 0,32 0,29 0,24 0,39 0,36 0,34 0,39

Médias seguidas de letras iguais na mesma linha não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey ao

nível de 5% de probabilidade

aSuplemento mineral;

1 Níveis de substituição parcial do milho pela glicerina: 0, 10, 20, 30, 40, 50 e 60%,

respectivamente. 2Ganho diferencial em relação ao animais do suplemento mineral.

A inclusão de glicerina potencializou o desempenho dos animais suplementados, os

quais apresentaram valor médio de 557 g/dia. Estes resultados provavelmente estão

relacionados ao consumo de MS total, o qual possivelmente não foi influenciado pela inclusão

de glicerina, tendo em vista que, a ingestão de MS é considerada o ponto determinante de

aporte de nutrientes necessários para atendimento das exigências de mantença e de ganho de

peso dos animais (Sniffen et al., 1993).

Adicionalmente, San Vito et al. (2012) avaliaram o desempenho de novilhos Nelore

(279 kg) recriados a pasto de Brachiaria brizantha cv Xaraés no período da seca,

suplementados com 0; 7; 14; 21 e 28% de glicerina na MS do suplemento em substituição ao

milho, concluíram que o aumento nos níveis de glicerina bruta pode aumentar o ganho de

peso médio diário e peso corporal final dos animais.

Em contrapartida a estes resultados, Farias et al. (2012) avaliaram o desempenho de

novilhas (13 meses e 226 kg) recriadas a pasto de Brachiaria brizantha cultivar Marandu

suplementadas com níveis de inclusão de glicerina de 0; 2,8; 6,1 e 9,0% na MS total na dieta,

e verificaram redução linear no GMD e peso corporal final dos animais, e concluíram que a

redução no desempenho animal pode ser explicada pela qualidade da glicerina utilizada, a

qual apresentava uma coloração mais escura, pouco adocicada e adstringente ao paladar e

aspecto oleoso, o que caracteriza a glicerina de baixa pureza.

Adicionalmente, o peso corporal final dos animais que receberam suplementação

concentrada (Tabela 4) foi 18,97% superior ao daqueles do grupo controle (SM) (P<0,05), o

que pode acelerar o retorno do capital total investido, devido ao menor tempo que os animais

permanecerão na fase de recria.

O melhor desempenho foi obtido para os níveis de 30, 40, 50 e 60% de substituição do

milho pela glicerina. Sendo assim, a melhor resposta produtiva e o menor custo diário com a

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suplementação destacaram-se para a estratégia de 60% de substituição do milho pela

glicerina, como sendo a mais viável economicamente (Tabela 5).

Tabela 5 – Indicadores econômicos de produção por animal para os diferentes suplementos

Suplementos

SMª G0

1 G101 G20

1 G301 G40

1 G501 G60

1 Consumo de Suplementos (kg)

2 0,07 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 Custo do suplemento R$/kg 1,17 0,57 0,56 0,54 0,53 0,51 0,50 0,48 Custos dos suplementos (R$/dia) 0,078 0,571 0,556 0,542 0,527 0,513 0,498 0,483 Custos suplementação (R$/112dias) 8,78 63,92 62,28 60,65 59,02 57,40 55,77 54,14 Peso corporal inicial (kg) 198,6 202,8 203,6 203,8 204,2 204,2 204 203,8 Peso corporal final (kg) 223,6 264 260,6 256,2 272,4 270 266,8 272,2 Ganho de peso corporal

(kg/112dias) 25,00 61,20 57,00 52,40 68,20 65,80 62,80 68,40 Ganho médio diário (kg/dia) 0,223 0,546 0,509 0,468 0,609 0,588 0,561 0,611 Peso corporal adicional (kg/dia)

3

0,32 0,29 0,24 0,39 0,36 0,34 0,39 Receita (R$) (RC) por kg de PCA

4

3,14 3,14 3,14 3,14 3,14 3,14 3,14 Receita (R$) do PCA em 112 dias

5

113,6 100,4 85,96 135,5 128,0 118,6 136,2 Resposta produtiva (RP) (kg/kg)

6

0,32 0,29 0,24 0,39 0,36 0,34 0,39 PMS (R$)

7

1,01 0,90 0,77 1,21 1,14 1,06 1,22 Custo suplemento/animal/dia (R$)

8

1,01 0,90 0,77 1,21 1,14 1,06 1,22 Retorno relativo (R$)

9 1,78 1,61 1,42 2,30 2,23 2,13 2,52 aSuplemento mineral;

1 Níveis de substituição parcial do milho pela glicerina: 0, 10, 20, 30, 40, 50 e 60%,

respectivamente. 2Máteria natural;

3Ganho diferencial em relação ao animais do suplemento mineral;

4Rendimento de carcaça de 52% e preço da arroba (15 kg) de R$ 90,50, sendo RC= (90,50/15)*0,52;

5Retorno=(RC*Peso Corporal Adicional (PCA)*112 dias);

6RP=PCA/consumo de suplemento;

7Preço máximo

do suplemento (PMS)=RC*RP; 8(Consumo de suplemento*PMS);

9Retornorelativo em todo o período

experimental= Retorno do PCA/custos da suplementação.

Todos os níveis de substituição parcial do milho pela glicerina proporcionaram retorno

relativo positivo (Tabela 5), visto que os custos totais com o fornecimento desses suplementos

foram inferiores ao preço máximo do suplemento, acima do qual inviabiliza a suplementação.

Deste modo, os ganhos adicionais diários obtidos com a substituição do milho pela glicerina

foram efetivos em reduzir os custos diários da suplementação.

O ganho de peso corporal proporcionado pelo fornecimento de suplemento múltiplos

com 60% de substituição do milho pela glicerina (Tabela 4) demonstra a viabilidade

econômica (Tabela 5) de se promover abate mais precoce de animais em pastejo no período

seco do ano, redirecionando, portanto os gastos com medicamentos, nutrição, recuperação das

pastagens, aluguel de pastos, promovendo desocupação das mesmas para outras categorias ou

para descanso da área e acarretando posteriormente em maior giro do capital.

A partir dos resultados da avaliação econômica foi feito simulações dos possíveis

cenários, substituindo o valor da arroba e do suplemento encontrados para cada cenário,

gerando assim, seis simulações de viabilidade econômica para cada cenário: melhor, pior,

médio, mais provável, otimista e pessimista (Tabelas 6 e 7).

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Tabela 6 Cenários dos possíveis preços pagos ao produtor na arroba da vaca e suplemento

Cenários Valores em R$

@ Boi Suplemento (kg)

Melhor 110,00 0,40

Pior 55,00 1,30

Médio 82,50 0,88

Mais provável 75,00 0,80

Otimista 100,53 0,61

Pessimista 64,47 1,14

Tabela 7 Análises econômicas dos resultados do experimento em função dos cenários

simulados referentes à variação nos preços da arroba do boi e do suplemento

G01 G10

1 G20

1 G30

1 G40

1 G50

1 G60

1

Cenários Lucro2 R$

Melhor 112,44 99,47 82,69 144,47 135,32 123,12 143,71

Pior -59,79 -66,27 -74,66 -43,77 -48,35 -54,45 -44,16

Médio 26,32 16,60 4,02 50,35 43,48 34,33 49,78

Mais provável 32,63 22,61 9,64 57,38 50,31 40,88 56,79

Otimista 81,26 69,41 54,07 110,53 102,17 91,01 109,83

Pessimista -28,61 -36,21 -46,04 -9,83 -15,20 -22,35 -10,28 1

Níveis de substituição parcial do milho pela glicerina: 0, 10, 20, 30, 40, 50 e 60%, respectivamente.2Lucro dos

animais suplementados subtraído do lucro dos animais controle

De acordo com os resultados obtidos pode-se considerar que o cenário que mais se

aproximou das médias obtidas nesta pesquisa foi o cenário Melhor, devido ao baixo preço do

suplemento (média de R$ 0,53) e do elevado preço da arroba do boi (R$ 90,50) durante a

pesquisa. No entanto, a atividade pode ser considerada como muito sensível a variações de

preço.

Os cenários Pior e Pessimistas de todas as estratégias apresentaram resultados negativos,

ou seja, o lucro dos animais controle (sal mineral) foi maior que o dos animais suplementados.

Sendo assim, a atividade apresenta incapacidade de pagamento dos custos obtidos com o

fornecimento de suplementos.

Contudo, os cenários Melhor e Otimista apresentaram uma similaridade em relação às

médias nesta pesquisa, inferindo-se que nesta ocasião, os preços contribuíram para que a

atividade fosse lucrativa de acordo com a avaliação econômica estabelecida.

De acordo com Simões e Moura (2005) este método de avaliação comparativa de

diferentes cenários permite fazer inferências sobre possíveis situações futuras. No entanto, não

são consideradas todas as possibilidades de ocorrência dos valores para as variáveis de entrada,

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bem como não se pode prever a probabilidade de ocorrência de cada um deles, ou seja, a

análise mostra o que pode ocorrer, mas não “garante” que um dos cenários vai ocorrer.

A comparação entre os cenários mostram certa oscilação dos resultados, ou seja, positiva

quando os cenários foram o Melhor e Otimista, cobrindo os custos com o fornecimento de

suplemento com certa margem favorável à atividade, e negativa quando os cenários foram os

Pior e o Pessimista, ou seja, nestas ocasiões considera-se desfavorável a atividade, pois os

custos com o fornecimento de suplementos são superiores a receita gerada.

Porém, deve-se considerar que esta é uma avaliação econômica referente apenas aos

custos com fornecimento de suplemento, e receitas sobre o ganho obtido no período

experimental. Se avaliado em um sistema completo, a suplementação maior ganho em arroba

por hectare, aumento da capacidade de suporte da propriedade ao tempo que os animais são

retirados das pastagens, consequentemente aumento no número de animais vendidos no ano,

aumentando-se a produtividade.

Além disso, a substituição de uma fonte energética tradicional (milho) pela glicerina

serve como alternativa sustentável de reaproveitamento de um dos principais produtos

gerados na produção de biodiesel, evitando o acúmulo deste no meio ambiente, com

consequente contaminação ambiental (solo e água), colaborando com a preservação dos

recursos naturais e com a produção animal sustentável.

Conclusões

O fornecimento de suplementos múltiplos contendo até 60% de glicerina para novilhos

em pastejo no período da seca proporciona desempenho produtivo e retorno financeiro

positivo, demonstrando, portanto o potencial uso de suplementos com inclusão de glicerina

para sistemas intensivos de produção de carne bovina em pastejo.

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4. Conclusão Geral

O fornecimento de suplementos múltiplos para bovinos em pastejo no período da seca

proporciona desempenho produtivo e retorno financeiro positivo, demonstrando, portanto o

potencial uso de suplementos múltiplos com inclusão de casca de soja e glicerina para

sistemas intensivos de produção de carne bovina em pastejo.