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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DALINY CINTYA PINHEIRO DIÓGENES FRANKLIN RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE DO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL FORTALEZA-CE 2014

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: UMA ANÁLISE A … · Responsabilidade Socioambiental, o histórico das questões ambientais e o perfil da instituição Banco do Nordeste. O tipo

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

DALINY CINTYA PINHEIRO DIÓGENES FRANKLIN

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: UMA ANÁLISE A

PARTIR DOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE

DO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL

FORTALEZA-CE

2014

DALINY CINTYA PINHEIRO DIÓGENES FRANKLIN

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: UMA ANÁLISE A

PARTIR DOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE

DO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL

Monografia submetida à aprovação da

Coordenação do Curso de Administração de

Empresas do Centro de Ensino Superior do

Ceará, como requisito para obtenção do grau

de Graduação.

Orientador: Prof.º Hamilton Teixeira dos

Santos Júnior

FORTALEZA-CE

2014

A Deus, meu guia e protetor,

A minha família, meu chão e apoio.

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus que me guiou em todos os momentos de estudo

e escrita, por esse sonho realizado e por mais uma missão cumprida.

A minha mãe Glaucia Diógenes, meu pai Roberto Franklin, meus irmãos Daianne

Diógenes e Flaubert Diógenes, base da minha existência e que sempre me deram apoio nos

estudos.

As minhas amigas da FaC que estiveram ao meu lado durante todo o período da

faculdade.

Ao meu orientador Hamilton Teixeira pelo apoio, compreensão e ensinamentos

para a realização da monografia.

A todos os professores que contribuíram para o meu aprendizado.

Enfim, obrigada a todos que puderam contribuir de alguma forma, com a

conquista desse objetivo.

“A menos que modifiquemos a nossa maneira de

pensar, não seremos capazes de resolver os problemas

causados pela forma como nos acostumamos a ver o

mundo.”

(Albert Einstein)

RESUMO

O presente trabalho pretende analisar a importância da publicação dos Relatórios de

Sustentabilidade da instituição Banco do Nordeste do Brasil S.A. para o seu público interno e

externo. Serão analisados os Relatórios de Sustentabilidade baseados nas diretrizes GRI de

2010 a 2012, bem como o significado de Relatório de Sustentabilidade e a relação das

instituições financeiras com a sustentabilidade. Abordará, ainda, alguns conceitos de

Responsabilidade Socioambiental, o histórico das questões ambientais e o perfil da instituição

Banco do Nordeste. O tipo de pesquisa utilizada foi à bibliográfica, no qual foram utilizados

livros, publicações do Banco do Nordeste, sites, monografias e os relatórios de

sustentabilidade do BNB como instrumento de coleta de dados. A monografia demonstra que

o BNB tende a aderir, cada vez mais, a causa social e ambiental, que através dos relatórios de

sustentabilidade, podem mostrar ao público, tanto interno quanto externo, suas ações e

projetos voltados para a Responsabilidade Socioambiental.

Palavras-chave: Responsabilidade Socioambiental. Sustentabilidade. Relatórios de

Sustentabilidade. Instituições Financeiras. Banco do Nordeste do Brasil.

ABSTRACT

This paper discusses the importance of the publication of the Sustainability Reporting

institution Banco do Nordeste do Brasil SA for its internal and external audiences.

Sustainability Reports will be analyzed based on the GRI guidelines from 2010 to 2012 as

well as the meaning of the Sustainability Report and the financial institutions with respect to

sustainability. Also address some concepts for Environmental Responsibility, the history of

environmental issues and the profile of the institution Banco do Nordeste. The type of

research used was the literature, in which books, publications of the Banco do Nordeste,

websites, monographs and sustainability reports of the BNB as an instrument of data

collection were used. The monograph demonstrates that the BNB tends to stick , increasingly,

social and environmental causes , that through sustainability reports can show the audience,

both internal and external, their actions and projects for Environmental Responsibility.

Keywords: Environmental Responsibility. Sustainability. Sustainability Reports. Financial

Institutions. Banco do Nordeste do Brasil.

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Indicadores de desempenho econômico nas diretrizes GRI...................36

TABELA 2: Indicadores de desempenho ambiental nas diretrizes GRI.....................36

TABELA 3: Indicadores de desempenho social nas diretrizes GRI............................37

TABELA 4: Informações de perfil G3.........................................................................48

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADCE Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

BNB Banco do Nordeste do Brasil S.A.

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CEPRAM Conselho Estadual de Proteção Ambiental

CERES Coaliton for Environmentally Responsible Economies

CMMAD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

ETENE Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste

FEBRABAN Federação Brasileira de Bancos

FNE Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste

FUNDECI Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

GRI Global Reporting Iniciative

IBASE Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

ISO International Organization for Standardization

NEPA International Environmental Policy Act

ONU Organização das Nações Unidas

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PRODETUR/NE Programa de Desenvolvimento do Turismo do Nordeste

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

RSA Responsabilidade Socioambiental

RSE Responsabilidade Sócio-Empresarial

SEMA Secretaria Especial do Meio Ambiente

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................ .........................................

12

1RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL .......................................................... 16

1.1 Conceito............................................................................................... ....................... 16

1.1.1Histórico.....................................................................................................................

1.1.2 Responsabilidade Sócio-Empresarial........................................................................

19

24

1.2 Sustentabilidade X Instituições Financeiras............................................................ 28

1.2.1 Sustentabilidade .......................................................................... .............................

1.2.2 Relação das instituições financeiras com a sustentabilidade....................................

1.2.3 Relatório de sustentabilidade....................................................................................

28

31

34

2 METODOLOGIA.......................................................................................................... 40

2.1 Quanto aos objetivos................................................................................................... 40

2.2 Quanto à abordagem do problema........................................................................... 40

2.3 Quanto aos procedimentos técnicos.......................................................................... 41

2.4 Método de Pesquisa.................................................................................................. ..

41

3 BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S.A. ............................................................ 42

3.1 Perfil da Instituição.................................................................................................. .. 42

3.1.1 Histórico da Instituição............................................................................................. 43

3.2 Relatório de Sustentabilidade do Banco do Nordeste baseado nas Diretrizes

GRI.....................................................................................................................................

45

3.2.1 Elaboração dos relatórios GRI do Banco do Nordeste.............................................

3.2.2 Análise geral dos relatórios GRI do Banco do Nordeste (2010 a 2012)...................

3.2.2.1 Relatório de sustentabilidade do BNB - 2010........................................................

3.2.2.2 Relatório de sustentabilidade do BNB - 2011........................................................

3.2.2.3 Relatório de sustentabilidade do BNB 2012..........................................................

3.2.3 Indicadores de desempenho.......................................................................................

46

47

48

50

50

51

4 IMPORTÂNCIA DO RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE DO BANCO

DO NORDESTE...............................................................................................................

55

CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................

57

REFERÊNCIAS........................................................................................................ ......

59

ANEXOS...................................................................................................................... ..... 62

12

INTRODUÇÃO

A partir da década de 1960, percebe-se o aumento da preocupação da sociedade e

das organizações em serem socialmente responsáveis. Fatores como: o aumento da pobreza, a

extinção de várias espécies de animais, o aumento do buraco na camada de ozônio, a poluição

ambiental, o derretimento cada vez mais acelerado das geleiras, a devastação das florestas, a

redução da água potável, fizeram com que empresas começassem a se preocupar não somente

com o lucro e seus próprios interesses, mas com questões sociais e ambientais, como ajudar

ao próximo, proteger o meio ambiente, trazendo, assim, melhorias para a sociedade.

Cobra (1986, p. 453) fala sobre essa preocupação das organizações com a

sociedade e o meio ambiente, quando cita que:

Em 1970, surge o impacto da qualidade de vida; o marketing passou a preocupar-se

com a comunidade, os problemas sociais, a redução da pobreza, a oportunidade para

desenvolver o capital humano em toda a sua potencialidade, a saúde, a educação e

treinamento, a redução da poluição e proteção ambiental, a provisão para melhores

oportunidades de trabalho etc.

Recentemente, as organizações vêm adquirindo essa preocupação, percebendo que

além do lucro é necessário pensar na sociedade e no meio que o rodeia, pois quem faz o lucro

das empresas são os consumidores, que compram produtos que a empresa “retira da natureza”

(transformação natural em produto para venda).

Empresas que estão no mercado e deixam essas questões de lado, podem perder

clientes. Ao pensar nisso, as empresas, inclusive as financeiras, como bancos, estão cada vez

mais adotando práticas socialmente responsáveis e implementando projetos voltados à

sociedade e ao meio ambiente.

De acordo com Pringle e Thompson (2000, p. 42) “se as organizações querem

realmente se tornar um ponto de atração para os consumidores, então a causa por elas adotada

precisa ser bastante divulgada, mesmo que seja controvertida por natureza”. Isso demonstra

que as organizações precisam mostrar aos consumidores e divulgar através de propagandas

socioambientais, que se preocupam com seus direitos e sua satisfação, mesmo que a maior

responsabilidade da empresa seja a econômica.

Percebe-se que há nas pessoas maior sensibilidade para problemas como:

poluição, bem-estar da sociedade, utilização de recursos naturais, isto é, com o planeta em

geral. A partir disso, surgem as novas responsabilidades sociais por parte das empresas. Estas

têm essa consciência de preocupação com o meio ambiente e com a sociedade, buscando

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adotar ações sociais, como ajudar ao próximo, diminuir a poluição ambiental, evitar o gasto

desnecessário de água, o consumo excessivo de papel, fazer doações para crianças carentes

etc.

A preocupação com a sustentabilidade pode melhorar a imagem das empresas,

influenciando na decisão de cada consumidor, entendendo que atualmente essa é uma opção

de conquistar clientes, tendo em vista a enorme preocupação que as pessoas vêm dando à

causa social e ambiental.

Através do relatório de sustentabilidade as organizações podem mostrar suas

ações, seus projetos voltados à responsabilidade socioambiental e aos resultados alcançados

com os mesmos.

O relatório de sustentabilidade é importante para qualquer empresa, pois mostra o

desempenho da organização na área econômica, ambiental e social, além de passar

transparência e maior confiança aos stakeholders1.

O presente trabalho destina-se em mostrar a importância da publicação dos

relatórios de sustentabilidade, baseados nas diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI)2,

da instituição Banco do Nordeste do Brasil S.A. para o seu público interno e externo, bem

como falar sobre Responsabilidade socioambiental e a relação das instituições financeiras

com a sustentabilidade.

A Empresa foi escolhida devido ao interesse em saber como o Banco do Nordeste,

que, muitas vezes, é visto pela sociedade como uma instituição que prioriza o crescimento

econômico e o lucro, mostra a preocupação socioambiental aos seus clientes. A partir desse

pressuposto, foi analisada a importância dos relatórios de sustentabilidade do BNB dos anos

2010 a 2012. O Banco do Nordeste preocupa-se com o tema há mais tempo, no entanto, a

análise desse período foi em decorrência de corresponder aos anos que o Relatório de

Sustentabilidade foi elaborado, de acordo com as normas da Global Reporting Initiative

(GRI), instituição sediada na Holanda que objetiva elevar os níveis dos relatórios de

sustentabilidade das instituições de todo o mundo. Como os relatórios de um ano são

1 Os stakeholders são os funcionários, clientes, fornecedores, governo, comunidade, acionistas, meio ambiente,

concorrentes de uma organização, ou seja, são todos aqueles que estão interligados à organização (ALESSIO,

2008, p. 121). 2 A Global Reporting Initiative (GRI) é uma instituição não governamental que promove a elaboração de

relatórios de sustentabilidade que podem ser adotados por todas as organizações. A GRI foi criada em 1997 por

iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Coalizão por Economias Ambientalmente

Responsáveis (CERES) para ajudar as organizações a elaborarem relatórios de sustentabilidade, baseados em

princípios econômicos, ambientais e sociais. (Disponível em: www.globalreporting.org).

14

preparados no ano seguinte, não será analisada a publicação de 2013, pois ainda está em fase

de finalização.

O tema foi escolhido devido à preocupação com o meio ambiente e o futuro do

planeta e da humanidade, bem como, pelo interesse em saber cada vez mais como as empresas

tratam a questão socioambiental atualmente, se realmente há essa preocupação em ter ações e

projetos voltados para essa área, transparecendo a preocupação socioambiental.

A empresa escolhida facilitou a análise do presente trabalho e o acesso às

informações, devido ao tempo de trabalho na mesma e ao conhecimento em ações e projetos

sustentáveis, como também, o entendimento de como essas ações são repassadas aos seus

stakeholders.

O Banco do Nordeste do Brasil S.A. é uma instituição financeira que atua nos 9

(nove) Estados da Região Nordeste, no Norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, visando

desenvolver essa região, trazendo, assim, melhoria na qualidade de vida e do meio ambiente,

através de ações e projetos sustentáveis.

Para disseminar a cultura da responsabilidade socioambiental entre seu público

interno e externo, a Instituição elabora anualmente, desde 2010, o seu Relatório de

Sustentabilidade baseado nas diretrizes da GRI, tornando-se assim, uma das ferramentas de

disseminação das ações e projetos de Responsabilidade socioambiental do Banco do Nordeste

do Brasil S.A.

O desenvolvimento de ações e projetos voltados para área socioambiental permeia

pela empresa. O Banco busca sempre apoiar projetos voltados para essa área. Internamente,

propostas ecológicas são repassadas aos seus funcionários, ressaltando a preocupação com a

sociedade e o meio ambiente, adotando medidas como: a utilização de papel reciclável, fazer

impressão frente e verso, enviar e-mails aos seus colaboradores com os projetos voltados para

a responsabilidade socioambiental, ajudando a combater a poluição ambiental, buscando a

melhor forma de diminuir esse impacto, ajudando a sociedade e o planeta.

O trabalho é composto por quatro capítulos. O primeiro abordará as definições da

responsabilidade socioambiental na visão de alguns autores e um breve histórico, trazendo

uma explanação sobre a responsabilidade sócio-empresarial, ou seja, como as empresas tratam

essa questão. Abordará a definição de sustentabilidade, bem como a relação das instituições

financeiras com o tema, finalizando com um breve conceito de Relatório de Sustentabilidade.

15

No segundo capítulo, será explicado o método de pesquisa bibliográfica, no qual

foram utilizados livros, publicações do Banco do Nordeste, sites, monografias e os relatórios

de sustentabilidade do BNB publicados na internet, que é estudo da presente pesquisa, como

instrumento de coleta de dados.

O terceiro capítulo explanará o perfil, a história do Banco do Nordeste e uma

análise geral dos Relatórios de Sustentabilidade GRI de 2010 a 2012 da Instituição.

O último capítulo mostrará a importância dos Relatórios de Sustentabilidade

baseados nas diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI) do Banco do Nordeste.

Por fim, serão feitas as considerações finais e a conclusão do aprendizado obtido

durante a pesquisa.

16

1 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

1.1 Conceito

Muitas pessoas ainda não entendem o conceito de ser socialmente responsável,

continuam a praticar atos como: jogar lixo na rua, desperdiçar água, não se importar com o

outro, poluir a cidade sem se importar com a quantidade de gases tóxicos no ambiente, ser

indiferente à pobreza, não ter ética com o colega de trabalho, pensar somente no lucro. Não

percebem que suas ações estão arriscando o seu futuro e de toda a humanidade. Para mudar

isto, é necessária uma nova postura frente à questão socioambiental.

Muito tem se falado sobre Responsabilidade Socioambiental (RSA), mas afinal,

qual o significado dessa palavra que tem gerado tanta discussão e preocupação por parte das

empresas e da sociedade? Para melhor entendimento dessa pergunta abaixo, conceitua-se

responsabilidade socioambiental na visão de alguns autores.

De acordo com Neto e Froes (2001, p. 27) “responsabilidade social consiste na

sua decisão de participar mais diretamente das ações comunitárias na região em que está

presente e minorar possíveis danos ambientais decorrentes do tipo de atividade que exerce”.

Uma empresa pode ser considerada atuante em termos de responsabilidade social se

desenvolve iniciativas voluntárias, além das exigências legais; atua articulada com

os seus stakeholders; integra em sua gestão preocupações sociais e ambientais, além

das econômicas; adota transparência nas informações sobre os resultados obtidos e

submete a avaliação externa para confirmá-los (DIAS, 2012, p. 6).

Uma sociedade e uma empresa consciente buscam se engajar nos problemas da

comunidade, pensam no futuro, procuram não poluir o meio ambiente, fazem a diferença.

Exemplos que se pode citar são: não jogar garrafas plásticas ou papéis na rua; utilizar somente

o necessário de água; ajudar alguém que necessita, seja fazendo doações, dando esmolas ou

prestando serviços voluntários; fazer impressões frente e verso para economizar papel;

indústrias buscarem uma forma de poluir menos o ambiente; ser ético, tanto no trabalho como

na vida pessoal; economizar energia; evitar a caça de animais e a devastação de florestas;

dentre outras coisas. Ser socialmente responsável é ter atitudes diferentes, pensando na

comunidade e no meio ambiente como um só; é não pensar somente no hoje, mas nas

consequências que as atitudes atuais gerarão amanhã. Braun (2005) enfatiza essa necessidade

de uma maior conscientização de toda a sociedade:

17

A situação ideal seria que todas as pessoas, instituições e sociedade em geral

pudessem ter consciência disso atuando de forma imediata e espontânea em

benefício de uma economia estável, de uma sociedade justa e de um meio ambiente

sustentável. Mas, por inúmeros motivos de diferentes naturezas, a maioria das

pessoas ainda não está disponível e preparada para esse tipo de atitude. Por isso

torna-se necessário incentivar mudanças de valores e atitudes rumo a uma

consciência coletiva visando o desencadeamento de um novo processo de

desenvolvimento (BRAUN, 2005, p. 11).

Algumas pessoas ainda não tem uma consciência social e ecológica, apesar dos

inúmeros problemas que vem acontecendo no planeta que afetam não somente o meio

ambiente, mas toda a sociedade; já outras sabem dos problemas socioambientais, mas não

procuram agir de maneira diferente para melhoria dessa situação, no entanto, é necessária uma

nova postura frente a essas questões, rumo à consciência socioambiental.

Para ser socialmente responsável é necessária uma mudança de atitude, é ter uma

consciência mais coletiva, deixando de priorizar o lucro ou pensar somente em si mesmo,

dando mais importância à qualidade de vida da sociedade, como não agredir o meio ambiente,

pois o que se faz hoje reflete no futuro; se hoje não se pensar no desenvolvimento sustentável

corre-se o risco de comprometer as gerações futuras.

O modelo de gestão ambiental e de responsabilidade social está centrado na filosofia

de proteger e promover a saúde e segurança de seus empregados, preservando a

qualidade do ambiente de trabalho, visando, com especial atenção, à preservação do

meio ambiente e da relação com a comunidade (TACHIZAWA, 2004, p. 168).

Tachizawa (2004, p. 86) diz, ainda, que “responsabilidade social relaciona-se ao

conceito da governança corporativa3 e da gestão empresarial em situações cada vez mais

complexas, nas quais questões ambientais e sociais são crescentemente mais importantes para

o êxito e a sobrevivência nos negócios”.

A responsabilidade socioambiental pode ser vista como um sistema que visa à

inclusão social e a preservação do meio ambiente. Com a adoção de práticas socialmente

responsáveis, as organizações prezam o meio ambiente em que atuam e mostram à sociedade

a importância dada a ela.

3 “A estrutura de governança especifica a distribuição de direitos e obrigações entre as diferentes partes

(conselho, dirigentes, acionistas e outros grupos de interesse) e estabelece as regras para a tomada de decisões na

organização” (Dias, 2012, p. 192-193).

18

A responsabilidade socioambiental é conhecida por vários termos, pois tudo

depende do ramo de atuação, ou seja, alguns chamam filantropia4, ações voluntárias,

socialmente responsável, sustentável. Mas, apesar dos vários termos utilizados, sabemos que

todos estão relacionados à preocupação com a melhoria da qualidade de vida da sociedade e a

redução do impacto no meio ambiente.

As definições encontradas estão relacionadas a diferentes proposições, tais como as

contribuições sociais voluntárias e filantrópicas, o comportamento ético e

socialmente responsável, responsabilidade legal, entre outras possibilidades.

Dependendo do contexto, o conceito é aplicado de acordo com a vontade e a

necessidade daquele que quer se colocar em evidência como socioambientalmente

responsável. [...] Todas as ações que visem a promover a melhoria da qualidade de

vida e da qualidade ambiental de forma conjunta e integrada às necessidades e

expectativas humanas, como proteção ao meio ambiente, proteção social, saúde,

educação, lazer, organização do trabalho, são ações que se caracterizam como

transformadoras e, por isso, socialmente responsáveis (NASCIMENTO; LEMOS E

MELLO, 2008, p. 182-183).

Apesar dos vários termos utilizados ao longo dos anos, a responsabilidade

socioambiental pode ser compreendida pelas atitudes de respeito ao ser humano e ao meio

ambiente, a preocupação com os impactos que as atitudes atuais do homem trarão às futuras

gerações, a harmonia entre homem e natureza, ou seja, é tudo aquilo que traz melhorias para

se viver de forma harmônica e sustentável.

Os vários termos foram mudando ao longo do tempo, no início da preocupação

social muitos chamavam Filantropia, no qual empresas faziam doações a entidades ou pessoas

carentes; havia voluntários que trabalhavam para alguma entidade sem o interesse de receber

dinheiro por tal ato. Com o passar do tempo e com a maior preocupação com problemas

sociais, passou a ser chamado de responsabilidade social e atualmente, o termo mais

conhecido é sustentabilidade, que será explanado mais adiante.

Para o Banco do Nordeste, a “responsabilidade socioambiental significa um

modelo de gestão pautado na ética, no respeito e na promoção do desenvolvimento integrado

e sustentável” (BANCO DO NORDESTE, 2012 p. 15). Isto significa atuar de maneira

transparente em tudo que faz e agindo com respeito aos funcionários, clientes, meio ambiente,

fornecedores, dentre outros que estão interligados à organização.

4 A Filantropia significa ajudar ao próximo, fazer doações, caridade, sem procurar receber nada em troca por

isso. No início da preocupação social, as empresas faziam filantropia, ou seja, doavam parte de seus lucros à

instituições.

19

Percebe-se aqui, após o conceito de alguns autores, que a definição de

responsabilidade socioambiental pode ser entendida como a preocupação que as empresas têm

com os impactos que suas ações podem produzir na sociedade e meio ambiente. Conceito que

foi evoluindo e que deve ser entendido e praticado cada vez mais pelas organizações, se

quiser continuar a atuar em uma sociedade mais entendida e preocupada com os danos que

cada empresa provoca à natureza e à própria comunidade.

A preocupação com a responsabilidade socioambiental é algo recente, suas

definições foram mudando ao longo dos acontecimentos no meio ambiente e na sociedade.

Várias iniciativas foram colocadas em prática para uma melhor relação entre ser humano e

ecologia. A seguir, será explanado um pouco mais quando e por que o assunto começou a

ganhar destaque e como vem sendo tratado até os dias atuais.

1.1.1 Histórico

No início da Idade Média, já havia reflexos do que aconteceria na atualidade.

Naquele tempo, eram feitas caçadas aos animais, em virtude disso muitos foram extintos; o

desmatamento era constante e já se podiam notar alterações climáticas. No final da Idade

Média, conhecida como era das catástrofes, as cidades que não tinham saneamento foram

densamente povoadas. As doenças aumentaram nesse período, principalmente as contraídas

por ratos, em virtude da falta de saneamento. Além disso, pragas destruíram colheitas e as

condições meteorológicas não eram as melhores (REICHHOLF, 2008).

Segundo Veiga e Zatz (2008, p. 18) “desde a Civilização Maia, a sociedade vem

utilizando os recursos naturais, sem pensar no esgotamento dos mesmos”. Templos eram

construídos, florestas derrubadas, matança constante de animais, dentre outros. Isso mostra

que a destruição ambiental não é recente, no entanto, a consciência socioambiental é. Mas, em

virtude dessa degradação, os recursos naturais estão praticamente esgotados, motivos que

geraram impactos na atualidade.

No século XIX, durante a Revolução Industrial, período de muita poluição por

parte das fábricas, péssimas condições de trabalho, o pensamento somente na maximização do

lucro, o crescimento das populações urbanas, o abuso do trabalho infantil, logo, pode-se notar

indícios da preocupação social por parte de alguns empresários. Alguns exemplos foram: a

criação de cooperativas para melhoria das condições de trabalho, planos de saúde, moradia e

educação para os funcionários pelo precursor do socialismo utópico Robert Owen; os

20

Vanderbilt, Rockefeller e Ford que destinaram parte de suas riquezas à criação de teatros,

museus e à criação das universidades mais conceituadas do mundo como Yale, Harvard,

Princeton (DIAS, 2012).

Em 1953, foi escrito, por Howard Bowen, o Pai da Responsabilidade Corporativa,

o livro Social responsibilities of the businessme (Responsabilidades sociais dos homens de

negócios), que fala que as organizações não podem importar-se somente consigo mesmas,

mas precisam preocupar-se, também, com a causa social; que um empresário deve pensar nos

funcionários, no bem-estar da comunidade e no uso correto dos recursos naturais. O seu livro

marca o debate sobre responsabilidade social (DIAS, 2012). Após a publicação do mesmo,

vários outros autores deram suas contribuições a respeito do tema.

A preocupação socioambiental surgiu com maior impulso na década de sessenta,

nos EUA e na Europa em consequência do aumento do consumo, da urbanização no qual

muitas pessoas migraram do interior para a cidade e da industrialização. Fatores como esses,

só fizeram aumentar os desastres ecológicos e sociais, como a pobreza, o aumento do buraco

na camada de ozônio, a diminuição dos recursos naturais, a poluição, as desigualdades sociais,

dentre outros.

O primeiro grande debate que assinala o início da consciência ambiental

contemporânea ocorreu na década de 60, em plena Guerra Fria, motivado pelo temor

nuclear, seja com uma guerra atômica, seja com as consequências dos testes que estavam sendo realizados com armas nucleares. (VEIGA E ZATZ, 2008, p. 11).

Ainda de acordo com Veiga e Zatz (2008, p. 15) “nos anos 1960, outros

problemas afloraram a consciência socioambiental, entre eles a preocupação com o aumento

da população dos países pobres e o subdesenvolvimento”. Com isso, houve o aumento da

pobreza e das desigualdades sociais, do consumo e da poluição, a diminuição dos recursos

naturais, refletindo no meio ambiente, através do aquecimento global, a destruição de

florestas, dentre outros.

Percebe-se que os problemas ambientais causados pelo próprio homem vêm

trazendo grandes impactos ao Planeta e que isso não é algo recente. O crescimento da

urbanização, do consumo e de indústrias elevou a poluição e o aquecimento global. O

aumento do número de habitantes no planeta e outras coisas, com o passar do tempo, tem

gerado mais danos, tanto a sociedade quanto ao meio ambiente.

21

Segundo Dias (2012), foi na década de oitenta, quando as empresas buscavam o

máximo lucro, sem se importar com as consequências de suas ações, demissões em massa,

precárias condições de trabalho, corrupções, o trabalho infantil etc., que surgiram campanhas

em defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, as denúncias sociais contra empresas

que não agiam de forma sustentável, passaram a ser frequentes, e a própria comunidade

começou a cobrar que as organizações tivessem atitudes socialmente responsáveis.

Muitas organizações, após as denúncias e campanhas publicitárias contra as

mesmas, foram afetadas financeiramente, e começaram a perceber que não podiam mais

importar-se somente com a maximização dos seus lucros, ou seja, além de cumprir suas

responsabilidades com os acionistas, tinham que preocupar-se com os impactos que suas

ações poderiam causar à sociedade e ao meio ambiente, pois a comunidade começou a cobrar

que atitudes socialmente responsáveis fossem adotadas. Após perceberem isso, para não

perder clientes, começaram a adotar algumas práticas responsáveis, como atividades

filantrópicas (doações, por exemplo).

A questão socioambiental passou por algumas fases, estas foram mudando ao

longo do tempo com as transformações ocorridas na sociedade e nas empresas, conforme

pode-se verificar na visão de Barbieri (2004):

No início do século XX, ano de 1972, não havia tanta preocupação com o meio

ambiente, nem com a sociedade. Nessa época, muitos demonstravam, através de atividades

filantrópicas, como doações, caridade, por exemplo, preocupar-se com a causa

socioambiental, mas sua verdadeira intenção era lucrar. Com isso a filantropia não garantia

que as empresas estavam respeitando a sociedade ou o meio ambiente, pois podiam fazer

doações para uma instituição e ao mesmo tempo poluir, sem preocupação nenhuma, a cidade

com a fumaça de sua indústria ou utilizar o trabalho infantil, ou ainda não dar boas condições

de trabalho aos seus funcionários.

Entre 1972 a 1992, aflorou uma consciência socialmente responsável. Foi

realizada em 1972, Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente

Humano, na qual foi aprovada a Declaração sobre o Meio Ambiente, com princípios para

orientar os países quanto às questões socioambientais, ou seja, serviam para melhorar a

relação entre o meio ambiente e desenvolvimento.

Em 1992, foi realizada a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento. O evento, que aconteceu no Rio de Janeiro, contou com a participação de

179 países, visava falar sobre os problemas ambientais globais e o estabelecimento do

22

desenvolvimento sustentável como uma das metas a serem alcançadas. Dentre um de seus

importantes documentos para melhorar os problemas socioambientais foi aprovada a Agenda

215, que visava contribuir para um desenvolvimento mais sustentável, nessa ação

predominavam o equilíbrio ecológico e humano.

A conscientização sustentável fez com que os consumidores ficassem mais atentos

à preocupação das empresas com a sustentabilidade, e as próprias empresas começaram a

adotar atitudes sustentáveis para não perder mercado. Diante dessa conscientização, observa-

se algumas iniciativas criadas para se ter uma sociedade mais socioambientalmente

responsável (BARBIERI, 2009; DIAS, 2012; ALESSIO, 2008; ALMEIDA, 2002):

1961 – Fundação da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas6 (ADCE);

1962 – Publicação, nos EUA, do livro Primavera Silenciosa, que denunciava a

contaminação do meio ambiente por resíduos tóxicos decorrentes do uso de pesticidas

químicos (ALMEIDA, 2002);

1965 – Início da preocupação com a responsabilidade social no Brasil e, é

criada a Carta de Princípios dos Dirigentes Cristãos de Empresas7 para conscientizar o

empresário quanto à Responsabilidade Social;

1968 – Criação, nos EUA, do International Environmental Policy Act (NEPA),

primeira lei de proteção ambiental que obrigava as empresas a apresentarem um relatório

sobre os impactos ambientais de suas operações (ALESSIO, 2008);

1972 - Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, em

Estocolmo, na qual foi aprovada a Declaração sobre o Meio Ambiente, com princípios

para orientar os países quanto às questões socioambientais, ou seja, serviam para

melhorar a relação entre o meio ambiente e desenvolvimento;

1973 – Criação, no Brasil, da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) e

do Conselho Estadual de Proteção Ambiental (CEPRAM);

1977 – Criação do Balanço Social, na França, com o objetivo de tornar as

ações e projetos sociais das empresas mais transparentes para a sociedade;

5 A agenda 21 estabelece as bases do desenvolvimento sustentável em um plano de ação mundial, no qual

propunha 2.500 tópicos visando encontrar soluções para os problemas sociais e ambientais. Tal compromisso foi

firmado durante a Rio-92 e contou com a contribuição de 179 países. Cada país deveria elaborar a sua Agenda

21 de acordo com a sua própria realidade (MATTAROZZI E TRUNKL, 2008). 6 Grupo de empresários cristãos que buscavam conscientizar outros empresários quanto à responsabilidade social

das empresas. 7 A carta clama ao empresariado que não preocupe-se somente com a atividade econômica e o lucro da

organização, mas participe ativamente na vida da comunidade, preocupando-se com as responsabilidades sociais,

em ter boas ações para a sociedade (ADCE, 1965 apud DIAS, 2012).

23

1984 – Realização do primeiro Balanço Social de uma empresa no Brasil;

1989 – Criação da Diretoria de Defesa dos Direitos Humanos da Criança

(Nessa época buscava-se aprovar o Estatuto da Criança e do Adolescente);

1991 – Elaborada a Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, na

qual foram criados dezesseis princípios para nortear as organizações quanto ao

desenvolvimento sustentável;

1992 - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento ou Eco-92;

1997 – Proposto o Protocolo de Protocolo de Kyoto, no Japão, que estabeleceu

que os países reduzissem em aproximadamente 5% a quantidade de seis gases causadores

do efeito estufa em relação aos níveis de 1990, de 2008 a 2012 (ALESSIO, 2008, p. 90);

1998 – Criação do Instituto Ethos8, para disseminar a responsabilidade social

nas empresas;

1999 – Lançamento do Pacto Global9 pelas Nações Unidas, em Nova York –

EUA, uma iniciativa proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) para

incentivar as empresas a adotar políticas de responsabilidade social e sustentabilidade,

que incluam os princípios universais agrupados nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho,

Meio Ambiente e Combate à Corrupção. O Objetivo é servir de referência sobre

responsabilidade social para todo o mercado mundial (DIAS, 2012);

2001 – Lançamento, pela Comissão das Comunidades Europeias, do Livro

Verde: promover um quadro europeu para a responsabilidade social das empresas, que

visa debater sobre as opiniões da Responsabilidade Social das empresas nacionais,

europeias e internacionais;

8 O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, com atual sede em São Paulo, é uma organização

não-governamental, criada no Brasil em 1998, com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a

gerir seus negócios de forma socialmente responsável. Desde 1999, é realizada anualmente a Conferência Ethos,

para refletir sobre a preocupação com a sustentabilidade. (Disponível em: www.ethos.org.br) 9 O Pacto Global é uma iniciativa voluntária que procura fornecer diretrizes para a promoção do crescimento

sustentável e da cidadania, através de lideranças corporativas comprometidas e inovadoras. Atualmente 5.200

organizações são signatárias do Pacto Global, que conta com a participação de agências das Nações Unidas,

empresas, sindicatos, ONGs e demais parceiros necessários para a construção de um mercado global mais

inclusivo e igualitário. (Disponível em: http://www.pactoglobal.org.br/artigo/70/O-que-eh).

24

2004 – Conferência Internacional em Estocolmo, na Suécia, para elaborar a

Norma Internacional de Responsabilidade Social, a ISO 2600010

. A mesma foi lançada

em 2010, em Genebra, na Suíça, no qual visa nortear as empresas, ONGs e

administrações públicas sobre o comportamento socialmente responsável.

Na atualidade, os consumidores cobram das empresas uma postura de

transparência, de mostrar que estão realmente preocupados com a sociedade e o meio

ambiente. As empresas que querem melhorar sua imagem e ter um diferencial competitivo

procuram ser ecologicamente corretas, fazem marketing verde para atrair clientes, mostram ao

seu público externo e aos seus próprios funcionários ações e práticas sustentáveis, seja por

meio de e-mails, pela Internet ou outros meios de comunicação.

1.1.2 Responsabilidade Sócio-Empresarial (RSE)

As transformações que vêm ocorrendo no mundo envolvem, também, as empresas

que precisam assumir novas posturas frente a uma sociedade mais antenada, mais sábia dos

acontecimentos e de seus direitos, que cobram muito mais das organizações por uma postura

social, ética, humanitária e sustentável, que sejam socialmente responsáveis.

A Responsabilidade Sócio-Empresarial é um tema novo que vem sendo estudado

pelo meio acadêmico e praticado pelas empresas. A sua definição é ampla, conforme

Rosimeri Alessio (2008):

A responsabilidade social das empresas, por ser um conceito amplo e recente, bem

como uma área nova nos ambientes acadêmico e empresarial, embora tratada de

diferentes maneiras, em sua essência traz elementos como atitude e comportamento

empresarial ético, transparente e socialmente responsável, refletindo em decisões e

ações que preservem e atendam a interesses de todas as partes direta e indiretamente

relacionadas com a empresa. Remete, assim, a um conjunto de valores éticos

associados à transparência e à preservação de interesses comuns no relacionamento

com os stakeholders, ao desenvolvimento comunitário, à promoção da cidadania, à

inclusão social, à preservação e à sustentabilidade do meio ambiente e,

consequentemente, ao desenvolvimento econômico, social e humano e à sustentabilidade da sociedade e, consequentemente, do próprio negócio (ALESSIO,

2008, p. 107).

10

A ISO 26000 consolida um processo de evolução na norma de Responsabilidade Social. A primeira

preocupação foi com a qualidade dos produtos, sintetizada na ISO 9000; em segundo lugar, a questão da relação

das empresas com o meio ambiente, de que cuida a ISO 14000 e, atualmente com a nova norma ISO 26000 se

completa o tripé da sustentabilidade com a inclusão de aspectos sociais na cadeia de valor das empresas. A

norma, que oferece elementos que podem ser incorporados a sistemas de gestão já existentes, indicando

diferentes formas de integrar a responsabilidade social com as atividades cotidianas da organização, poderá ser

aplicada por todas as organizações, independente de seu tipo, tamanho, propósito ou localização, no entanto, não

poderá ser utilizada como barreira comercial (DIAS, 2012).

25

A RSE tornou-se conhecida nos EUA, em 1919, após o caso Dodge x Ford, em

que os Dodge processaram a Ford, este perdeu a causa na Justiça, pois queria utilizar parte de

seus lucros para fins filantrópicos. Naquele período, a única função de uma empresa era a

maximização do lucro. O caso recebeu severas críticas e tornou-se o marco da

responsabilidade sócioempresarial (ALESSIO, 2008).

Os primeiros estudos sobre RSE surgiram na década de cinquenta, ganhando

destaque a partir da década de setenta, no entanto, foi em 1980, com a retomada do

liberalismo econômico, quando surgiram as organizações não governamentais (ONGs), que a

sociedade começou a cobrar, de fato, das empresas atitudes socialmente responsáveis. Em

1990, a RSE começou a fazer parte do desenvolvimento sustentável, ganhando o respeito dos

stakeholders da organização pela sustentabilidade nos negócios, ou seja, a empresa passou a

ganhar a admiração da sociedade e dos funcionários, por mostrar a preocupação não somente

com o crescimento econômico, mas também com o desenvolvimento da sociedade e o

respeito ao meio ambiente. (TENÓRIO, 2006).

No Brasil, as reflexões sobre RSE iniciaram, quando alguns dirigentes cristãos de

empresas brasileiras começaram a preocupar-se com a gravidade dos problemas sociais. Foi

fundada em 1961, em São Paulo, a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE),

que elaborou em 1965, a Carta de Princípios dos Dirigentes Cristãos de Empresas para

orientar o empresário quanto às questões sociais e econômicas. Em 1977, os primeiros debates

sobre o Balanço Social foram lançados, sendo publicado em 1997. Em 1981, foi criado o

Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), que lançou o Selo do Balanço

Social em 1997, visando a uma maior aderência das organizações ao Balanço Social. Em

1982, foi instituído o Prêmio Eco-Empresa pela Câmara Americana de Comércio de São

Paulo para reconhecer e divulgar esforços realizados por empresas que desenvolviam projetos

sociais em promoção da cidadania. Em 1998, foi criado o Instituto Ethos, uma associação de

empresas interessadas em desenvolver suas atividades de forma socialmente responsável, em

permanente processo de avaliação e aperfeiçoamento (ALESSIO, 2008).

Tenório (2006) divide a responsabilidade sócioempresarial em Período Industrial

(século XX – 1950) e Pós-Industrial (1950 aos dias atuais). O 2º Período composto por uma

sociedade pós-industrial, que se pode chamar também de contemporânea. Logo, organizações

começaram a colocar em seus objetivos não somente a maximização do lucro, mas a

preocupação com o social. Pode-se entender melhor nas explicações de Tenório:

26

[...] A base conceitual contemporânea da responsabilidade social empresarial está

associada aos valores requeridos pela sociedade pós-industrial. Nessa nova

concepção do conceito, há o entendimento de que as companhias estão inseridas em

ambiente complexo, onde suas atividades influenciam ou têm impacto sobre

diversos agentes sociais, comunidade e sociedade. Consequentemente, a orientação

do negócio visando atender apenas aos interesses dos acionistas torna-se

insuficiente, sendo necessária a incorporação de objetivos sociais no plano de

negócios, como forma de integrar as companhias à sociedade (TENÓRIO, 2006,

p.20).

As organizações adotaram um novo estilo de gerenciar seus negócios, ou seja, ao

planejá-los, verificavam o impacto que seus produtos e serviços causariam na sociedade e no

meio ambiente. O negócio não visa mais somente atender aos interesses de acionistas, mas a

sociedade em geral; não se pode mais montar uma empresa pensando somente em lucrar, em

poluir, em agir sem ética, pois essas atitudes têm impacto direto na comunidade e no meio

ambiente.

Pode-se visualizar uma breve descrição sobre os fatores que deram origem à

sociedade contemporânea citada, que impulsionaram a responsabilidade sócioempresarial na

visão de DIAS (2012):

Acidentes causados pela displicência de empresas no trato com produtos e

resíduos perigosos, ou seja, as empresas utilizavam produtos e jogavam fora sem o

devido cuidado, e sem se importar com o outro, matando pessoas que tocavam nesses

produtos/resíduos, sem saber do que se tratava;

Denúncias de escândalos financeiros e corrupções, envolvendo executivos de

grandes empresas;

Abuso da utilização de um marketing não ético, ou seja, as empresas

utilizavam-se de propagandas com cunho sustentável, sendo que na verdade queriam

lucrar com isso, enganando consumidores, pois não havia toda essa preocupação em ser

socialmente responsável;

Maior exigência dos consumidores por um comportamento ético das empresas,

ou seja, os consumidores, e até mesmo outras empresas, passaram a cobrar que as

organizações mostrassem de forma transparente uma maior preocupação social e

ambiental, exigindo que elas não se preocupassem somente em lucrar, mas com o bem-

estar da comunidade, tratar bem o funcionário, preocupar-se com o nível de poluição

gerada pela empresa etc.;

27

Importância da boa reputação das empresas para viabilização de negócios, para

mostrar aos consumidores que estavam agindo de forma sustentável, e que se

preocupavam com os impactos que suas atitudes podiam causar ao meio que estavam

vinculadas.

Após vários desastres ecológicos que aconteceram por causa das atividades

industriais; a poluição gerada pelas empresas; o uso indiscriminado de recursos naturais como

a madeira, ocasionando a devastação das florestas; a cobrança da comunidade por melhorias

no ambiente de trabalho, por menos poluição, por práticas socialmente responsáveis, as várias

denúncias de empresas corruptas e a perda de clientes para os concorrentes que se

importavam com as partes que estão vinculadas a ela (stakeholders), fizeram com que as

organizações, que não tinham essa preocupação, começassem a perceber que precisavam ter

uma consciência sustentável, preocupando-se não somente em lucrar, caso não quisessem

perder clientes ou deixar de atuar no mercado. Pode-se entender melhor na explicação de

Dias:

O verdadeiro motor da responsabilidade social nos últimos anos é que muitas

empresas compreenderam que suas estratégias de competitividade num ambiente

global não podem se basear na degradação ambiental, nem no desrespeito às

cláusulas sociais, nem na resistência ao cumprimento de normas internacionais em

matéria de direitos humanos, mas que ao contrário, é o atendimento das exigências

da sociedade o que incrementa a competitividade, pois incorpora padrões de

excelência que cada vez mais são levados em consideração pelos consumidores,

reforçando junto a esses setores sua reputação corporativa, ativo intangível que não

pode ser replicado por seus concorrentes (DIAS, 2012, p. 5).

A conscientização social e ambiental das organizações fez com que adotassem a

responsabilidade socioambiental nas pautas de suas reuniões e em seus ambientes de trabalho,

ou seja, passaram a mostrar que eram responsáveis pelos impactos de suas ações produziadas

na sociedade e no meio ambiente. Empresas que não têm essa conscientização podem perder

mercado para os concorrentes, pois a sociedade, cada vez mais, envolvida na causa social e

ambiental, visa e cobra que as organizações preocupem-se com o seu bem-estar, com o

funcionário, em não prejudicar o meio ambiente, em fazer caridade ou filantropia, doando

parte de seu lucro para instituições que necessitam, em agir com ética, dentre outras atitudes

que demonstrem que realmente há essa preocupação.

As empresas que têm somente o crescimento econômico e o interesse dos

acionistas como objetivos, que não demonstram transparência com os seus stakeholders, que

não mostram a preocupação com o desenvolvimento social e o equilíbrio ecológico, estão

28

fadadas a falir, pois com essa nova sociedade mais consciente do atual papel que a empresa

precisa seguir, denuncia e cobra atitudes socialmente responsáveis (DIAS, 2012).

Atitudes socialmente responsáveis podem parecer custos para uma organização.

No entanto, em longo prazo, a preocupação social faz com que uma empresa melhore sua

imagem perante a comunidade, aumentando o desempenho econômico e melhorando a

sustentabilidade nos negócios. Algumas atitudes como: reconhecimento do funcionário,

melhores condições de trabalho, a preocupação com a satisfação do cliente, o uso adequado

dos recursos naturais, agir sempre com ética, dentre outras, podem ser um diferencial

competitivo de uma empresa, atraindo assim, a fidelidade de clientes, funcionários satisfeitos,

maior produtividade, fortalecimento das relações com fornecedores.

1.2 Sustentabilidade X Instituições Financeiras

1.2.1 Sustentabilidade

A busca incessante pelo crescimento econômico através da maximização do lucro,

sem a preocupação com o meio social e ambiental, só fez com que fossem desencadeados

graves desequilíbrios ambientais e vários problemas sociais. Para minimizar os impactos de

tais problemas, como foi visto nos tópicos acima: a partir da década de sessenta, após a

cobrança e denúncias da sociedade, empresas começaram a se utilizar da filantropia. No

entanto, só a filantropia não fazia com que as organizações reduzissem os impactos de suas

atitudes, pois muitos não sabiam como aliar economia e preocupação social, foi então que

surgiu o termo responsabilidade socioambiental, cuja definição e histórico foram

demonstrados no início do capítulo.

Após o entendimento e uma maior preocupação da sociedade contemporânea em

conciliar economia, meio social e meio ambiental, minimizar os problemas socioambientais

que afligiam o planeta na década de noventa, após a Conferência das Nações Unidas sobre o

Meio Ambiente e Desenvolvimento ou Eco-92, o termo que passou a ser utilizado foi

sustentabilidade, quando foram adotadas várias iniciativas como o Protocolo de Kyoto, a

criação do Instituto Ethos e o Pacto Global, visando ao desenvolvimento sustentável.

A expressão “desenvolvimento sustentável” teve sua origem em 1983, com a

criação pela ONU, da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

(CMMAD) ou Comissão de Brundtland, formada por 21 membros, que propôs uma agenda

29

global visando capacitar a humanidade a enfrentar os problemas ambientais, a fim de

assegurar o progresso humano sem comprometer as gerações futuras. Após os vários

problemas ambientais relacionados às instâncias sociais e econômicas ocorridos no período, a

Comissão convocou, em 1992, a realização da II Conferência das Nações Unidas sobre o

Meio Ambiente e Desenvolvimento ou Rio-92, a qual ficou estabelecida a Agenda 21,

tornando-se pública e colocando em prática o desenvolvimento sustentável (ALMEIDA,

2002).

Com a publicação em 1987, do Relatório de Brundtland11 ou Nosso Futuro

Comum, surgiu a definição de Desenvolvimento Sustentável: “[...] aquele que satisfaz as

necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem

as suas próprias necessidades” (CMMAD apud ALMEIDA, 2002, p. 56).

O conceito de desenvolvimento sustentável trata da relação entre o meio

econômico, social e ambiental, no qual para se chegar ao crescimento econômico, é

necessário verificar se não haverá impactos no desenvolvimento social e no equilíbrio

ecológico, visando atender às necessidades humanas sem comprometer os recursos naturais e

a vida das gerações atuais e futuras.

Segundo Fialho et al. (2007, p. 47) “desenvolvimento sustentável implica o

crescimento econômico do meio ambiente e o reflexo positivo desse crescimento na qualidade

de vida da população em geral”.

Veiga (2010) fala que não há uma resposta definitiva para a definição de

sustentabilidade, mas algumas atitudes mostram que está sendo feito um esforço para se

chegar a essa direção, no entanto, esse comportamento não garante ser realmente sustentável.

O que o autor quer dizer é que muitas entidades procuram mostrar-se sustentáveis em suas

ações, mas adotam atitudes que ferem o social e o ambiental, por exemplo, evitam o gasto

desnecessário de papel, entretanto não procuram fornecedores que forneçam papéis

recicláveis; em seu código de ética tem o respeito ao funcionário, mas, muitas vezes, não

oferecem condições dignas de trabalho a esse funcionário, fazem um marketing verde para

mostrar que são sustentáveis, porém, matam animais para confeccionarem seus produtos,

dentre outras.

11

O Relatório de Brundtland ou Nosso Futuro Comum define as premissas do que seria o desenvolvimento

sustentável, o qual contém dois conceitos-chave: primeiro, o conceito de ‘necessidades’, particularmente aquelas

que são essenciais à sobrevivência dos pobres e que devem ser prioridade na agenda de todos os países; segundo,

o de que o estágio atingido pela tecnologia e pela organização social impõe limitações ao meio ambiente, que o

impedem consequentemente de atender às necessidades presentes e futuras (DIAS, 2012, p. 47).

30

A sustentabilidade não é mais um assunto restrito a ambientalistas, a partir do

aparecimento do desenvolvimento sustentável, empresas, governo e a sociedade em geral

tiveram que adotar uma série de medidas, modificando a sua forma de atuar. Foi necessário

aliar economia ao social e ambiental, revendo o impacto de suas atividades na natureza e na

comunidade para que atitudes sustentáveis fossem adotadas.

Esse novo paradigma voltado para a sustentabilidade promove uma integração

entre o econômico, o social e o ambiental, estão interligados por uma mesma causa, ou seja,

um pensar comum em um crescimento econômico consciente, para que não haja danos à

sociedade, nem ao meio ambiente, mas, sim, benefícios, bem como a promoção de boas

condições para as gerações futuras. Com essa concepção, o tripé da sustentabilidade, também

chamado triple bottom line, configura -se, pois a empresa deixa de pensar somente na parte

financeira, importando-se também com a área social e ambiental, chegando a um equilíbrio

(ZYLBERSZTAJN e LINS, 2010).

O desenvolvimento sustentável fez com que organizações adotassem novas

posturas frente à questão social e ambiental. Não se pode mais pensar no crescimento

econômico, sem relacioná-lo, antes, ao equilíbrio ecológico e ao bem-estar da sociedade. No

início, quando o termo foi colocado em prática, havia uma dificuldade por parte das empresas

e da própria sociedade em serem sustentáveis, continuavam a poluir o planeta, produtos

químicos e radioativos eram jogados fora sem nenhuma preocupação, havia um consumismo

exagerado, dentre outras coisas. Os empresários pensavam que iriam ter mais gastos adotando

atitudes sustentáveis, no entanto, com a cobrança da sociedade, as denúncias através da mídia,

as demonstrações de “fúria” da natureza pelos impactos causados pelo próprio homem, a

escassez de recursos naturais, a partir dessas demandas, eles perceberam que se importar com

esses problemas trariam lucro à empresa e o respeito de seus stakeholders.

Vive-se em uma época de extrema urgência à prática de atitudes sustentáveis por

parte das empresas, do governo, das escolas, de toda a sociedade. As mudanças climáticas, o

efeito estufa, o derretimento das geleiras estão cada vez mais perceptíveis e se não for feito

algo, a partir de agora, para se combater ou diminuir esses acontecimentos, fada-se a viver em

um planeta com precárias condições de sobrevivência, com falta de recursos naturais, em um

clima com um sol “escaldante”, sem energia, ou, até mesmo, de deixar de existir.

Através de atitudes como não jogar lixo na rua, levar sacolas recicláveis ao

supermercado, evitar o consumismo exagerado, utilizar papel reciclável, economizar energia,

o consumo racional da água, respeitar o próximo, boas condições de trabalho ao funcionário,

31

diminuir a violência, ajudar os pobres e necessitados, a redução das desigualdades sociais e da

pobreza, adotar medidas para diminuir as emissões de carbono, evitar a destruição de animais,

através da caça predatória, aliar a economia ao social e ambiental, pode-se angariar um

desenvolvimento sustentável e, consequentemente, dar boas condições de vida às gerações

futuras. Ao adotar comportamentos sustentáveis, evita-se uma maior destruição da natureza e,

concomitantemente, zela-se por uma sociedade e um planeta mais digno e melhor para se

viver.

1.2.2 Relação das instituições financeiras com a sustentabilidade

Antigamente, até a década de 1970, era difícil pensar na relação das instituições

financeiras com o meio social e ambiental, pois eram vistas como organizações que visavam

somente ao lucro. Com o tempo, isso foi mudando. A necessidade de mudança se deu pelas

enormes transformações que vinham acontecendo no planeta, onde a urgência em se adotar

ações sustentáveis chegou às instituições financeiras e exigiu mudanças.

O sistema financeiro é um dos mais importantes agentes do desenvolvimento

econômico das instituições financeiras, considerando que na atual fase em que se vive não se

pode deixar de se importar com questões como os problemas sociais e ambientais. Essas

instituições, ao reconhecer o seu papel nessa causa, mais precisamente a partir da década de

noventa, perceberam que tais problemas poderiam interferir em seus negócios, iniciativas

foram criadas para melhorar a relação das instituições financeiras com o desenvolvimento

sustentável.

Em 1992, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) criou

um fórum nacional de finanças, a UNEP-FI12

, visando integrar todas as recomendações sobre

aspectos ambientais nas operações e serviços do setor financeiro, bem como orientar

investimentos em tecnologia e serviços voltados para o meio ambiente (TOSINI, 2009).

No ano de 1995, bancos oficiais, como os Bancos Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal, do Brasil, da Amazônia e o do

Nordeste do Brasil, assinaram o Protocolo Verde, primeira iniciativa brasileira, com o intuito

de firmar compromissos com as instituições financeiras. Essas ofereceriam linhas de

12

A UNEP-FI (United Nations Environment Programme Finance Initiative) reúne atualmente cerca de 160

instituições signatárias e diversas organizações parceiras, e oferece acesso às informações sobre as práticas de

investimentos sustentáveis. O fórum tornou-se principal referência global em termos de finanças sustentáveis

(MATTAROZZI e TRUNKL, 2008, p. 28).

32

financiamento e programas para inserir a preocupação ambiental na concessão de crédito. No

mesmo ano, os bancos citados acima assinaram a Carta de Princípios para o Desenvolvimento

Sustentável (Anexo 1), no qual se propunham a empreender políticas e práticas bancárias,

visando ao bem-estar da sociedade e ao equilíbrio ambiental das gerações atuais e futuras. Em

2008, as mesmas instituições financeiras citadas acima juntamente com o Ministério do Meio

Ambiente e a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) lançaram a segunda versão do

Protocolo, no qual eram oferecidos financiamentos com taxas e prazos diferenciados para

projetos ou atividades que promovessem o desenvolvimento sustentável (ZYLBERSZTAJN e

LINS, 2010; ALMEIDA, 2012; TOSINI, 2009).

Em 1997, uma das iniciativas sustentáveis criadas pelo Programa das Nações

Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) para analisar os impactos das questões ambientais e

sociais no desempenho financeiro foi a Iniciativa Financeira. Esta reuniu mais de 180

instituições, entre bancos, seguradoras e fundos, visando identificar e promover a adoção de

práticas sustentáveis em todos os níveis das operações das instituições financeiras

(ZYLBERSZTAJN e LINS, 2010).

Em 1999, o grupo Dow Jones lançou o Índice Dow Jones Sustainability Index13,

primeiro índice global de ações de empresas consideradas sustentáveis. Atualmente fazem

parte desse índice às empresas brasileiras Petrobrás, Itaú, Bradesco, dentre outras

(MATTAROZZI e TRUNKL, 2008).

No ano 2003, foram lançados em Londres - os Princípios do Equador para

identificar e avaliar os riscos sociais e ambientais para projetos financiados em valores

superiores a US$ 10 milhões. Existem 73 (setenta e três) bancos aderentes a esses Princípios,

dentre eles estão Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica, além dos

bancos internacionais que atuam no país (ALMEIDA, 2012).

Em 2007, a Serasa lançou o Relatório de Responsabilidade Ambiental, visando

mensurar o comprometimento das empresas com as questões socioambientais. O primeiro

banco a utilizá-lo foi o BicBanco com o objetivo de avaliar o desempenho socioambiental dos

seus clientes através de uma ferramenta de análise de crédito (MATTAROZZI e TRUNKL,

2008).

13

Para fazer a avaliação da sustentabilidade na organização e decidir quais empresas farão parte do índice Dow

Jones são analisados fatores sociais, econômicos, ambientais, dentre os quais podemos citar gestão de riscos,

códigos de conduta, políticas de reciclagem adotadas pelas organizações, o envolvimento social das

comunidades em seu entorno (DIAS, 2012).

33

Essas iniciativas fizeram com que instituições financeiras, pressionadas pela

sociedade para adotarem políticas ambientalmente corretas em suas operações de crédito,

analisassem riscos e impactos à natureza e à sociedade em seus financiamentos, e isso gerou

uma boa reputação para as instituições.

O setor financeiro vem procurando se adequar às novas exigências de incorporar

uma produção mais sustentável a sua estratégia de negócio. Mesmo que sua missão seja o

lucro. Um banco, por exemplo, entende que sua incorporação a práticas sustentáveis

melhoram sua imagem frente aos seus stakeholders, ganhando vantagem competitiva e

criando oportunidades de negócio.

Apesar de muitas instituições financeiras ainda não colocarem em seu processo

decisório, além do lucro, a preocupação com o impacto de suas atividades no meio social e

ambiental, existem algumas organizações que têm essa preocupação e procuram adotar

atitudes sustentáveis, visando à melhoria da qualidade de vida do ser humano e a minimização

do desequilíbrio ambiental.

Dentre as atitudes sustentáveis das instituições financeiras, podem ser citadas as

de alguns bancos brasileiros como o Real (atual Santander), conhecido pelo pioneirismo no

desenvolvimento sustentável no país por adotar critérios socioambientais na concessão de

empréstimos; O Banco Bradesco, que desde o início dos anos 2000, além de buscar

fornecedores que tenham metas sustentáveis, procura aderir a princípios, protocolos, acordos

voltados para sustentabilidade, criou um Comitê e um ambiente de Responsabilidade

socioambiental para conciliar desenvolvimento econômico com sustentável; outro Banco que

é exemplo de sustentabilidade é a empresa de estudo do presente trabalho, o Banco do

Nordeste, que além de fomentar o desenvolvimento sustentável, através de projetos e ações

voltados para a sociedade e meio ambiente, de toda a região Nordeste, é responsável pelo

maior programa de microcrédito da América do Sul, o Crediamigo, visando melhorias para

micro, pequenos e médios empresários. (MATTAROZZI e TRUNKL, 2008).

As instituições financeiras citadas acima procuram analisar, sempre, os impactos

socioambientais em seus financiamentos, isso faz com que os clientes sejam impulsionados a

adotar práticas socioambientais. Fornecedores também são analisados e isso gera atitudes

sustentáveis em todo o ciclo, desde quem fornece até o consumidor final, Isso repercute em

melhorias para toda a sociedade e a minimização dos desequilíbrios ambientais. Gera,

portanto, exemplo para outras instituições financeiras, que ainda não perceberam a

importância de conciliar economia ao social e ao ambiental, mas que, ao mesmo tempo, veem

34

como as organizações que dão atenção a essa causa estão tendo sucesso, atraindo clientes e

ultrapassando a concorrência.

De acordo com Tosini (2009), a reputação de instituições financeiras pode ser

abalada e gerar sérias perdas, caso as empresas que conseguiram acordos com essas

instituições agridam o meio ambiente ou a comunidade:

Os bancos, como parceiros financeiros das empresas, dependem do retorno

financeiro destas. Assim, o risco ambiental das empresas afeta indiretamente o

desempenho econômico das instituições financeiras, na medida em que esse risco

pode vir a comprometer o valor dos ativos financeiros das empresas, sua capacidade

de honrar seus empréstimos, bem como sua própria reputação junto à sociedade

(TOSINI, 2009, p. 31)

As atividades próprias do setor financeiro apresentam pouco risco ao causar danos

ambientais, no entanto, o maior risco está nas empresas com as quais mantém relação de

negócios. Por isto, é de fundamental importância que instituições financeiras analisem os

riscos socioambientais que os seus tomadores de crédito poderão causar, evitando, assim, o

comprometimento de sua reputação.

As instituições financeiras devem integrar o desenvolvimento sustentável a sua

missão e estratégias e, para isso, precisam pensar no produto a ser lançado no mercado, na

relação que o fornecedor tem com a preocupação socioambiental, nos riscos sociais e

ambientais na concessão de créditos e financiamentos. Atitudes assim geram valor às

instituições financeiras, que minimizam os riscos de crédito e criam uma boa imagem perante

os stakeholders e, dão o exemplo às outras instituições que ainda não aderiram às práticas

sustentáveis.

1.2.3 Relatório de sustentabilidade

A cobrança feita pela sociedade para que as organizações divulgassem suas ações,

atividades e projetos, voltados à comunidade e ao meio ambiente, balanço financeiro para

saber se uma parte dos lucros destina-se a projetos sociais, os quais fizeram com que as

empresas passassem a ser mais transparentes ao seu público interno e externo.

O modo utilizado para mostrar transparência foi através da publicação de

relatórios. O mais atual é o Relatório de Sustentabilidade baseado nas diretrizes da Global

Reporting Initiative (GRI), que padroniza os relatórios sobre a atuação ambiental, social e

35

econômica das empresas, visando promover a responsabilidade socioambiental nos processos

de tomada de decisão.

Abaixo, há um pouco do histórico da publicação dos relatórios no mundo e no

Brasil, quando começou e como foi se modificando ao longo do tempo.

Em Julho de 1977, a França implementou através da Lei 77.769, o primeiro

normativo que deveria ser obrigatoriamente publicado pelas empresas, o Balanço Social,

visando tornar transparentes as atividades sociais das organizações. Além da França, países

internacionais como Alemanha, Holanda, Estados Unidos, Bélgica, Grã-Bretanha, Portugal,

dentre outros, também aderiram ao Balanço Social (TINOCO, 2001).

No Brasil, a partir de 1984, poucas empresas passam a elaborar relatórios de

cunho social. Em 1997, surgiu efetivamente o debate sobre a implantação do Balanço Social

nas organizações, visando chamar a atenção da sociedade para questões empresariais,

comunitárias e sociais, como a melhoria das condições de vida e a redução da pobreza. O

sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, publicou no jornal Folha de São Paulo um artigo,

intitulado “Empresa pública e cidadã”, iniciando uma campanha pela divulgação do Balanço

Social das empresas, no Brasil. No mesmo ano, o IBASE, em parceria com entidades públicas

e privadas, lança o primeiro modelo brasileiro de balanço social (TINOCO, 2001).

No ano de 1997, visando aperfeiçoar e evoluir os balanços sociais, a organização

CERES14

, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA),

lançou as diretrizes para elaboração de relatórios de sustentabilidade GRI. Em 2000, foi

elaborada a primeira versão desse relatório. No ano de 2002, o relatório de sustentabilidade

GRI foi atualizado e, em 2006, foi lançada a versão G3, que é composta por 121 indicadores

(DIAS, 2012).

A GRI tem sua sede na Holanda, e visa criar um padrão internacional na

elaboração de relatórios de sustentabilidade, com um padrão equivalente aos relatórios

financeiros, que possa ser utilizado por várias organizações independente de seu tamanho,

setor ou localização, para informar o desempenho econômico, ambiental e social de suas

atividades.

Houve um grande número de organizações em todo o mundo que aderiu as

diretrizes GRI. No ano de 2001, empresas do Brasil também aderiram aos relatórios de

sustentabilidade, baseados nas diretrizes GRI. A primeira empresa a aderir foi a Natura, além

14

O grupo CERES (Coalition for Environmentally Responsible Economies) foi fundado em 1989 por uma rede

de mais de 80 investidores ambientais que promovem a sustentabilidade (DIAS, 2012).

36

desta, aderiram outras como o Banco Real, Petrobrás, Bradesco, Banco do Brasil, Banco Itaú

etc. (DIAS, 2012).

O relatório de sustentabilidade baseado nas diretrizes da GRI deve conter: Perfil

(Informações sobre estratégias, relação da organização com a sustentabilidade, missão, visão,

qual a sua função, principais impactos, riscos e oportunidades); Forma de Gestão (Modo

como a organização trata determinado conjunto de temas) e Indicadores de Desempenho

(Informações sobre o desempenho econômico, ambiental e social da organização)

(DIRETRIZES GRI, 2006 apud GUIMARÃES, 2012).

De acordo com Guimarães (2012), as diretrizes GRI foram baseadas no tripple

botton line, ou seja, a interligação do meio econômico com o social e ambiental, esse tripé são

dividido em 79 (setenta e nove) indicadores (nove econômicos, trinta ambientais e quarenta

sociais), todos visam identificar como e quanto está se investindo no meio social e ambiental,

quais indicadores são aplicados e considerados relevantes pelas organizações. Os indicadores

fornecem orientações para que as organizações possam interpretá-los:

Aspecto Indicadores de Desempenho Econômico - Diretrizes GRI

Desempenho

Econômico

EC1-Valor econômico gerado e distribuído (receitas, custos,

remunerações, pagamentos); EC2-Riscos e oportunidades devido às

mudanças climáticas; EC3- Cobertura das obrigações do plano de pensão

que a organização oferece; EC4-Ajuda financeira recebida do governo.

Presença de

Mercado

EC5-Relação dos salários mais baixos comparados ao salário mínimo;

EC6-Políticas de gastos com fornecedores locais; EC7-Procedimento para

contratação local e proporção de membros de alta gerência recrutados.

Impactos

Econômicos

Indiretos

EC8-Desenvolvimento e impactos de investimentos em infraestrutura e

serviços oferecidos; EC9-Identificação e descrição de impactos econômico

indiretos.

Tabela 1: Indicadores de Desempenho Econômico nas diretrizes GRI

Fonte: Adaptado de Guimarães, 2012; Diretrizes GRI, 2006.

Aspecto Indicadores de Desempenho Ambiental – Diretrizes GRI

Materiais EN1-Materiais utilizados; EN2-Materiais reciclados.

Energia EN3-Consumo direto por fonte primária; EN4-Consumo indireto por

fonte primária; EN5-Economia de energia; EN6-Fornecimento de

produtos e serviços com baixo consumo de energia ou que utilizem

37

recursos renováveis; EN7-Iniciativas para redução do consumo de

energia.

Água EN8-Retirada por fonte; EN9-Fontes hídricas afetadas; EN10-Volume de

água reutilizada.

Biodiversidade EN11-Áreas possuídas com alto índice de biodiversidade; EN12-Impactos

em áreas de proteção; EN13-Habitats protegidos; EN14-Estratégias atuais

e futuras para gerir impactos.

Emissões,

Efluentes e

Resíduos

EN16-Total de emissões de gases de efeito estufa; EN18-Iniciativas para

redução do efeito estufa; EN21-Descarte total de água com qualidade e

destinação; EN22-Peso total de resíduos, etc.

Produtos e

Serviços

EN26-Iniciativas de mitigação de impactos ambientais; EN27-

Recuperação de produtos e embalagens.

Conformidade EN28-Multas e sanções não monetárias para o não cumprimento das leis

ambientais.

Transporte EN29-Impactos significativos no transporte de produtos, bens, materiais e

trabalhadores.

Geral EN30-Total de investimentos e gastos em proteção ambiental.

Tabela 2: Indicadores de Desempenho Ambiental nas diretrizes GRI

Fonte: Adaptado de Guimarães, 2012; Diretrizes GRI, 2006

Indicadores de Desempenho Social – Diretrizes GRI

Prá

tica

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ra

ba

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tas

e E

mp

reg

o D

ecen

te

Emprego – LA1-Total de trabalhadores por tipo de emprego ou região; LA2-

Rotatividade por faixas etárias, gênero, região; LA3-Diferenças entre benefícios

para empregados de tempo registrados ou temporários.

Relação entre Trabalhadores e Governança – LA4-Percentual de acordos

coletivos; LA5-Prazo mínimo para notificações referentes a mudanças

operacionais dos empregados.

Saúde e segurança no trabalho – LA6-Empregados representados em comitês

de saúde e segurança; LA7-Taxas de lesões, doenças ocupacionais; LA8-

Programas de prevenção e controle de risco; LA9-Temas relativos à segurança do

trabalho e à saúde com acordos formais.

Treinamento e educação – LA10-Média de horas de treinamentos com

discriminação por categoria funcional; LA11-Programas de gestão de

38

competências; LA12-Programas de análise de desempenho e carreira.

Diversidade e igualdade de oportunidade – LA13-Composição dos

responsáveis pela governança corporativa e discriminação de funcionários;

LA14-Diferença de salário entre homens e mulheres.

Dir

eit

os

Hu

ma

no

s

Práticas de investimento e de processos de compras – HR1-Quantidade de

contratos com cláusulas referentes a direitos humanos; HR2-Percentual de

fornecedores submetidos a avaliações sobre direitos humanos e medidas; HR3-

Treinamento a empregados em políticas de direitos humanos.

Não discriminação – HR4-Total de discriminações e medidas tomadas.

Liberdade de associação e negociação coletiva – HR5-Medidas de apoio a esse

direito de liberdade.

Trabalho Infantil – HR6-Identificação de operações com risco de ocorrência de

trabalho infantil e medidas adotadas para a aboli-lo.

Trabalho forçado ou análogo ao escravo – HR7-Identificação de operações

com risco de ocorrência de trabalho forçado e medidas adotadas para erradicação.

Práticas de segurança – HR8-Percentual de treinamento de pessoal de

segurança relativo a aspectos de direitos humanos.

Direitos Indígenas – HR9-Total de violação dos direitos indígenas e medidas

tomadas.

So

cie

da

de

Comunidade – SO1-Programas para avaliar impactos das atividades nas

comunidades.

Corrupção – SO2-Percentual de negócios submetidos a avaliações de riscos

relativos à corrupção; SO3-Percentual de treinamentos anticorrupção; SO4-

Medidas tomadas em respostas a casos ocorridos.

Políticas Públicas – SO5-Posição quanto a políticas públicas e participações na

elaboração das mesmas; SO6-Relações incluindo contribuição financeira para

partidos políticos ou instituições relacionadas.

Concorrência Desleal – SO7-Total de ações judiciais por concorrência desleal.

Conformidade – SO8-Multas e sanções não monetárias resultantes de não

conformidade com a lei.

Resp

on

sab

il

ida

de p

elo

Pro

du

to Saúde e segurança do cliente – PR1-Casos de impactos causados por produtos

na saúde do cliente.

Rotulagem de produtos e serviços – PR5-Resultado de pesquisas que medem a

39

satisfação do cliente.

Comunicação de marketing – PR6-Programa de adesão às leis relacionadas ao

marketing da empresa.

Conformidade – PR8-Número de reclamações comprovadas relativas à

privacidade e à perda de dados de clientes.

Compliance – PR9-Valor monetário de multas por não conformidade no

fornecimento de produtos.

Tabela 3: Indicadores de Desempenho Social nas diretrizes GRI

Fonte: Adaptado de Guimarães, 2012; Diretrizes GRI, 2006

Os relatórios de sustentabilidade GRI também são divididos por níveis de

aplicação (A, B, C), que vai desde o menos até o mais exigente, e dependem de quantos

elementos da estrutura de relatórios da GRI foram aplicados na elaboração do relatório. O

nível C, por abranger um menor número de indicadores e de respostas, é o menos exigente e

é o mais utilizado por iniciantes no assunto, enquanto que o nível A é o mais exigente e

avançado. Esses níveis são declarados pelos responsáveis pela execução do relatório em seu ,

no final, visando mostrar aos leitores qual o nível de aplicação das diretrizes GRI foi utilizado

nos relatórios. Estes podem ser auditados ou avaliados pela própria GRI e, em casos de

verificação externa poderá se autodeclarar com um + ao lado do nível (GUIMARÃES, 2012).

Através das informações expostas nos relatórios de sustentabilidade, as empresas

prestam contas aos seus stakeholders sobre as ações econômico-financeiras e socioambientais,

tornando-se mais transparentes, melhorando sua imagem perante toda a sociedade.

Mais adiante, o trabalho mostrará como a instituição financeira, Banco do

Nordeste do Brasil S.A., divulga seus relatórios de sustentabilidade baseados nas diretrizes

GRI para os seus stakeholders, como são elaborados e quando foram instituídos,e como será

mostrado - no são constituídos e sua importância.

40

2 METODOLOGIA

Para delinear a tipologia da pesquisa abordada, Otani e Fialho (2011), ela foi

dividida em algumas categorias: quanto aos objetivos, que aborda a pesquisa exploratória,

descritiva e explicativa; quanto à abordagem do problema, que contempla a pesquisa

quantitativa e qualitativa; e quanto aos procedimentos técnicos, que abordam a pesquisa

bibliográfica, documental, experimental, estudo de corte, levantamento, estudo de campo,

estudo de caso, pesquisa ação e pesquisa participante.

2.1 Quanto aos objetivos

Como o objetivo do trabalho é entender a importância dos relatórios de

sustentabilidade, baseados nas diretrizes GRI, da instituição financeira, Banco do Nordeste,

pode-se caracterizar a pesquisa do tipo exploratória. “A pesquisa exploratória consiste em

explorar o tema buscando criar familiaridade em relação a um fato ou fenômeno, geralmente

feita através de um levantamento bibliográfico” (Otani e Fialho, 2011, p. 36).

[...] São finalidades de uma pesquisa exploratória, sobretudo quando bibliográfica,

proporcionar maiores informações sobre determinado assunto; facilitar a delimitação

de um tema de trabalho; definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou descobrir novo tipo de enfoque para o trabalho que se tem em mente.

Através das pesquisas exploratórias avalia-se a possibilidade de desenvolver uma

boa pesquisa sobre determinado assunto (ANDRADE, 2011, p. 114).

Baseado nesse conceito, foi feito um levantamento bibliográfico através de livros,

monografias, relatórios do Banco, sites que explanassem sobre o assunto para desenvolver

uma boa pesquisa sobre o tema.

2.2 Quando à abordagem do problema

O estudo tem uma abordagem qualitativa, tendo em vista que o objetivo da

pesquisa é a análise dos relatórios publicados pelo Banco, não podendo ser quantificado. Na

visão de Otani e Fialho (2011), a pesquisa qualitativa não utiliza métodos estatísticos, sendo o

pesquisador o instrumento-chave para a coleta de dados.

41

2.3 Quanto aos procedimentos técnicos

Os procedimentos adotados para a coleta de dados foram primeiramente, a

pesquisa bibliográfica, através da consulta em livros, sites, publicações, monografias que

contemplassem a Responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento sustentável.

Posteriormente, foi feita uma análise dos relatórios de sustentabilidade do Banco do Nordeste,

que são publicados na Internet e intranet.

A Pesquisa Bibliográfica consiste da obtenção de dados através de fontes

secundárias, utiliza como fontes de coleta de dados materiais publicados, como

livros, periódicos científicos, revistas, jornais, teses, dissertações, materiais

cartográficos e meio audiovisuais, etc. (OTANI e FIALHO, 2011).

2.4 Método de Pesquisa

Segundo Otani e Fialho (2011), métodos de pesquisa são técnicas e instrumentos

que determinam a forma de proceder em um projeto de pesquisa. Os métodos de pesquisa

podem ser classificados em: Dedutivo, Indutivo, Hipotético-dedutivo, Dialético e

Fenomenológico.

Para o presente trabalho foi utilizado o método dedutivo, pois a pesquisa foi feita

através dos conceitos e interpretações dos autores estudados.

42

3 BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S.A.

3.1 Perfil da Instituição

O Banco do Nordeste do Brasil S.A. é uma instituição financeira organizada sob a

forma de economia mista e capital aberto, tendo mais de 90% de seu capital sob o controle do

Governo Federal. Atua em cerca de 1990 municípios, que são atendidos por 262 agências,

abrangendo os 9 (nove) Estados da Região Nordeste, o norte de Minas Gerais e do Espírito

Santo.

O Banco do Nordeste tem sua sede na Avenida Silas Monguba, 5700, Bairro

Passaré, Fortaleza/CE e, é representado atualmente pelo Presidente interino Nelson Antônio

de Souza.

Considerada maior instituição da América Latina voltada para o desenvolvimento

regional, o Banco opera como órgão executor de políticas públicas para promover os

municípios de sua área de atuação, bem como fomentar o desenvolvimento da região

Nordeste. O BNB, além de conceder crédito, operacionaliza programas como o Fundo

Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e o Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), dentre outros, sendo essas citadas as

principais fontes de recursos operacionalizadas pela Empresa. Esses programas demonstram a

importância que a Empresa dar à região onde atua, pois vem ajudando milhares de pessoas,

que assoladas pelas constantes secas da Região Nordeste, encontram no BNB a facilidade de

financiamentos para montar seus negócios (SANTOS e GOIS, 2012).

Dentre suas atividades, o Banco do Nordeste concede créditos e financiamentos,

presta serviços de assessoria, consultoria e gerenciamento de atividades econômicas e

financeiras, de políticas públicas, de previdência e de outras matérias relacionadas com sua

área de atuação, diretamente ou mediante convênios e termos de parceria com outras

entidades ou empresas. Estimula pesquisas científicas, econômicas e sociais e apoia ações e

projetos voltados para a área socioambiental e cultural.

São clientes do Banco micro, pequenas, médias e grandes empresas, associações e

cooperativas, entidades governamentais e não governamentais, os produtores rurais (agricultor

familiar, mini, pequeno, médio e grande produtor) e o empreendedor informal.

O Banco do Nordeste tem como missão de atuar na promoção do

desenvolvimento regional sustentável como banco público, competitivo e rentável; e visão ser

43

o Banco preferido na região Nordeste, reconhecido pela excelência no atendimento e

efetividade na promoção do desenvolvimento sustentável. O BNB procura levar sempre

consigo valores que são importantes para uma empresa, como justiça, honestidade,

democracia, cooperação, disciplina, governança, sustentabilidade (RELATÓRIO DE

SUSTENTABILIDADE, 2012, p. 6).

Com o intuito de se sistematizar como instituição, o BNB instituiu, em 2003, o

seu Código de Ética, que atua de acordo com a sua missão e seus valores. Dentre alguns de

seus princípios, são citados os principais relacionados ao tema do trabalho em questão, ou

seja, aqueles voltados para a área socioambiental: certificar-se de que suas corporações não

sejam cúmplices de abusos em direitos humanos; favorecer a erradicação efetiva do trabalho

infantil; adotar abordagem preventiva para os desafios ambientais; tomar iniciativas para

promover maior responsabilidade socioambiental; por fim, incentivar o desenvolvimento e a

difusão de tecnologias ambientalmente sustentáveis.

O desenvolvimento de ações e projetos voltados para a responsabilidade

socioambiental permeia em toda a empresa. O BNB busca sempre apoiar projetos voltados

para área social e ambiental e, internamente, procura mostrar a seus funcionários a

importância de sua preocupação com a sociedade e o meio ambiente. Para isso, estabelece em

sua Política Geral de Responsabilidade Social Empresarial atuar de maneira socialmente

responsável, com base na transparência, nos valores morais e éticos, nos relacionamentos com

os públicos de interesse da Empresa.

Para disseminar ações e projetos de Responsabilidade socioambiental da Empresa

ao seu público interno e externo, o Banco do Nordeste disponibiliza, desde 2010, em seu site,

os Relatórios de Sustentabilidade baseados nas normas da GRI. Antes desse período, também

era demonstrado seus projetos e ações, mas através do Balanço Social.

3.1.1 Histórico da Instituição

O Banco do Nordeste teve seu início na década de 50. Em 1951, uma grande seca

assolava o Nordeste, percebendo os estragos ocorridos, o Ministro da Fazenda, no período -

Horário Láfer, apresentou ao Presidente Getúlio Vargas inúmeros motivos para a criação do

Banco, dentre eles, a carência de crédito bancário para atender às necessidades dos produtores

regionais e a necessidade de uma instituição especializada em financiar as atividades

produtivas da Região (SANTOS e GOIS, 2012).

44

Em 19 de julho de 1952, foi aprovada a criação do Banco do Nordeste, através da

Lei nº 1649, visando desenvolver a região Nordeste que, assolada pelas constantes secas e

pela escassez de recursos estáveis, carecia de um organismo financeiro capaz de estruturar sua

economia.

Em 7 de junho de 1954, foi inaugurada em Fortaleza, a primeira agência do Banco

do Nordeste entre as 9 (nove) autorizadas pela assembleia. Em abril do mesmo ano, foi

realizado o 1º concurso do BNB e, no segundo semestre começaram as atividades do primeiro

órgão da Empresa, o Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE), que

possui a maior base de dados sobre a economia e outros aspectos do Nordeste.

Em 03 de agosto de 1961, o Banco do Nordeste contraiu seu primeiro empréstimo

estrangeiro junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no valor de US$ 10

milhões, que possibilitou a implementação de programas voltados para a modernização da

indústria têxtil da região Nordeste. Ainda na década de 60, o BNB iniciou o seu programa de

financiamento a serviços básicos como água potável e esgotos nas capitais, chamado de

Programa de Financiamento de Serviços Básicos (SANTOS e GOIS, 2012).

Em 1971, criou o Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(FUNDECI), para apoiar projetos de pesquisas econômicas e agronômicas em busca de

alternativas tecnológicas para o Nordeste.

Na década de 80, mais precisamente em 1984, foi inaugurado o Centro

Administrativo Presidente Getúlio Vargas, no bairro Passaré, em Fortaleza-CE. Em 27 de

setembro de 1988, foi criado o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE),

que contempla financiamentos nos setores agropecuário, industrial e agroindustrial, de

turismo, comércio, serviços, cultural e infraestrutura, visando reduzir as desigualdades sociais

e desenvolver a região Nordeste.

Em 1997, o Banco criou o Crediamigo que facilita o acesso ao crédito a milhares

de microempreendedores e o Programa de Financiamento à conservação e Controle do Meio

Ambiente (FNE-Verde), financiamento voltado para o controle do meio ambiente.

Santos e Gois (2012, p. 512), falam que uma das iniciativas empresariais mais

notáveis do BNB dos últimos anos, pelo pioneirismo e resultados alcançados, foi a introdução

do microcrédito no mix de produtos da Instituição. O Crediamigo é até os dias atuais

considerado um dos maiores e melhores programas de financiamento para

microempreendedores urbanos.

45

Em 2000, lançou importantes ações e projetos relacionados à questão social, dos

quais se destacam: o Programa Trainee, o CrediArtesão, o Jovem Empreendedor, os

treinamentos da Comunidade Virtual de Aprendizagem e o lançamento do Prêmio Banco do

Nordeste Empreendimento XXI.

Em 2005, foi criado o Projeto de Responsabilidade Social Empresarial do Banco

do Nordeste com o intuito de gerir a responsabilidade social da Empresa e, em 2007, criou-se

o Ambiente de Responsabilidade socioambiental para planejar, implementar, controlar e

avaliar programas e ações de responsabilidade socioambiental com foco na sustentabilidade

empresarial.

Em 2012, o Banco do Nordeste aderiu ao Pacto Global, uma iniciativa das

Organizações das Nações Unidas que visa mobilizar a comunidade empresarial internacional,

ao mostrar sua preocupação e respeito aos direitos humanos, no que diz respeito às relações

de trabalho, à proteção ambiental e ao combate à corrupção.

Em 2013, aderiu ao Pacto Empresarial pela Integridade e contra Corrupção,

iniciativa do Instituto Ethos, com o objetivo de promover políticas de integridade e combate à

corrupção, visando à ética nos negócios (Disponível em: <

http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/o_banco/resp_socioambiental/gerados/governanca_transparencia_etica.

asp> Acesso em 12 abr. 2014).

3.2 Relatório de Sustentabilidade do Banco do Nordeste baseado nas Diretrizes GRI

O Banco do Nordeste como instituição financeira, que visa ao desenvolvimento

sustentável da região onde atua, tem como política geral atuar de maneira socialmente

responsável, com base na transparência no relacionamento com o seu público de interesse.

Para isso, desde 2011, publica anualmente o seu Relatório de Sustentabilidade baseado nas

diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI), modelo reconhecido internacionalmente e que

através de indicadores de desempenho econômico, ambiental e social, demonstra a

importância dada pela instituição à sustentabilidade.

O Relatório disponibiliza informações acerca dos programas, projetos e ações de

responsabilidade socioambiental ao seu público de relacionamento (stakeholders) e, utiliza os

princípios de equilíbrio, comparabilidade, confiabilidade, exatidão, periodicidade e clareza

como base para a sua elaboração. Além desses, são observados o combate à corrupção, a

proteção ambiental, as relações de trabalho e os direitos humanos.

46

Como o objetivo do presente trabalho é fazer uma análise e mostrar a importância

da publicação dos relatórios de sustentabilidade baseados nas diretrizes GRI da instituição

financeira Banco do Nordeste como forma de mostrar suas ações e projetos de

responsabilidade socioambiental, voltados ao seu público interno e externo, inicialmente será

mostrado como os relatórios são elaborados. Posteriormente, será feita uma análise geral dos

relatórios, explanando o histórico das publicações, bem como será demonstrado o nível de

aplicação, quais os indicadores de desempenho baseados nas diretrizes GRI utilizados e a

comparação de alguns indicadores de desempenho incomuns presentes nos relatórios de 2010

a 2012.

Por fim, será relatada a importância da publicação dos Relatórios de

Sustentabilidade do Banco do Nordeste baseados nas diretrizes GRI.

3.2.1 Elaboração dos relatórios GRI do Banco do Nordeste

Para o processo de elaboração dos relatórios de sustentabilidade do Banco do

Nordeste baseados nas diretrizes GRI, inicialmente são realizadas dinâmicas em grupo e testes

com o público interno de diferentes áreas do Banco, bem como são efetuados contatos por

telefone e enviados questionários via e-mail para o público externo (fornecedores, clientes,

governo, colaboradores, indústria bancária, instituições de desenvolvimento, investidores,

sociedade e comunidade), abordando temas econômicos, ambientais e sociais a fim de definir

os assuntos que os stakeholders da instituição consideram importantes para constarem no

relatório.

Os relatórios são construídos pelos Ambientes de Responsabilidade

socioambiental, Comunicação Social, Marketing e de Relacionamento com Investidores e

Mercado Financeiro, no entanto, toda a organização é envolvida durante o processo de

elaboração.

Após um período de até 40 dias, os questionários respondidos são recebidos, as

respostas tabuladas, consolidadas e analisadas, verificando, assim, quais os assuntos de maior

relevância deverão constar no relatório e, definidos os temas e indicadores de desempenho.

Durante a elaboração do relatório, este passa por um processo de asseguração por parte de

uma Auditoria Externa, que para os relatórios de 2012 efetuou esse serviço, a partir de

47

comprovações e evidências nas informações prestadas. Após a finalização, o relatório é

encaminhado para área de Comunicação, onde é revisado ortograficamente e diagramado.

O relatório de sustentabilidade é enviado ao Gabinete da Presidência do BNB para

ser aprovado e finalmente publicado, tanto interno, na intranet, como externamente, no site do

Banco (www.bnb.gov.br), sendo enviada comunicação por e-mail para os principais

stakeholders.

3.2.2 Análise geral dos relatórios GRI do Banco do Nordeste (2012 A 2012)

O Banco do Nordeste publicou seu primeiro relatório de sustentabilidade baseado

nas diretrizes GRI no ano de 2011, referente ao ano de 2010. Desde então, vem se

aperfeiçoando e demonstrando, cada vez mais, transparência em suas publicações.

Os relatórios são elaborados de um ano para o outro, ou seja, as informações do

ano atual são publicadas somente no ano posterior e é por isso que o BNB tem apenas três

publicações baseadas nas diretrizes GRI (2010, 2011 e 2012). A publicação de 2013 ainda

está em fase de elaboração este ano, devendo ser publicado até o dia 19 de julho de 2014.

Os 10 (dez) temas de maior relevância, escolhidos pelos stakeholders do BNB,

após uma análise feita antes da elaboração, que constituem os três relatórios de

sustentabilidade GRI são: Uso eficiente de recursos naturais; Diversidade e igualdade de

oportunidades; Critérios socioambientais para concessão de crédito; Ética nos negócios;

Relações de trabalho; Transparência; Fundos de investimento com critérios socioambientais;

Desenvolvimento regional; Práticas responsáveis na cadeia de fornecedores; Investimentos

em projetos sociais.

Todos os relatórios do BNB baseados nas diretrizes GRI falam sobre assuntos que

envolvem: Mensagem do presidente; Perfil da Instituição; Governança Corporativa,

Relacionamento com os stakeholders; Programas que visam ao desenvolvimento sustentável;

os Indicadores de desempenho utilizados pela instituição; e há um breve comentário sobre o

próprio relatório (quem foi o verificador: a própria GRI ou auditores externos, o nível

utilizado etc.).

Em todos os relatórios, há uma comparação anual do que foi desembolsado para

os programas de financiamento, bem como são traçadas metas para o ano seguinte. Nos casos

em que não acontecem mudanças, aparecem assuntos repetidos de um ano para o outro.

48

Ao final dos relatórios, são informados, caso sejam verificados, quem foi o

verificador externo, bem como um quadro que mostra quais os indicadores de desempenho

utilizados de forma parcial ou integral, o conteúdo da GRI que foi relatado durante o relatório

com suas respectivas páginas e o contato, caso haja dúvidas sobre o relatório.

Maiores informações sobre o Relatório de Sustentabilidade do Banco do Nordeste

podem ser obtidas no site da instituição: www.bnb.gov.br.

Abaixo, será feito um breve resumo dos Relatórios de Sustentabilidade baseados

nas diretrizes GRI do Banco do Nordeste nos anos 2010, 2011 e 2012.

3.2.2.1 Relatório de sustentabilidade do Banco do Nordeste 2010

O Relatório de Sustentabilidade do BNB de 2010 foi o primeiro baseado nas

diretrizes GRI e compreende os meses de janeiro a dezembro de 2010. O relatório foi

publicado em 2011 e é composto por 142 (cento e quarenta e duas) páginas que se dividem

em: Apresentação; Mensagem do Presidente; Perfil da Instituição; Governança Corporativa;

Estratégias e Perspectivas; Programas de Fomento Regional; Desenvolvimento,

Sustentabilidade e Inovação; Sistema de Gestão Ambiental; Relacionamento com os Públicos

de Interesse da Instituição (público interno, clientes, investidores, fornecedores, governo e a

sociedade); Desempenho Social e apoio à cultura.

No relatório, constam os quesitos básicos da GRI para se encaixar no nível de

aplicação para iniciantes (ANEXO 2), o nível C, no qual foram respondidos 29 (vinte e nove)

itens de forma integral referentes ao perfil da G3 (TABELA 4), e a 23 (vinte e três)

indicadores de desempenho, sendo 17 (dezessete) de forma integral e 6 (seis) de forma

parcial.

INFORMAÇÕES DE PERFIL G3

Indicador Descrição

1.1 Mensagem do Presidente

2.1 Nome da Organização

2.2 Principais marcas, produtos e/ou serviços

2.3 Estrutura operacional da organização

2.4 Localização da sede da organização

2.5 Países em que a organização opera e em que suas principais operações estão

49

localizadas

2.6 Tipo e natureza jurídica da propriedade

2.7 Mercados atendidos

2.8 Porte da organização

2.9 Principais mudanças durante o período coberto pelo relatório

2.10 Prêmios recebidos no período coberto pelo relatório

3.1 Período coberto pelo relatório para as informações apresentadas

3.2 Data do relatório anterior mais recente

3.3 Ciclo de emissão de relatórios

3.4 Dados para contato em caso de perguntas relativas ao relatório ou seu conteúdo

3.5 Processo para definição do conteúdo do relatório

3.6 Limite do relatório

3.7 Declaração sobre quaisquer limitações específicas quanto ao escopo ou ao limite

do relatório

3.8 Base para a elaboração do relatório

3.10 Reformulações de informações fornecidas em relatórios anteriores

3.11 Mudanças significativas de escopo, limite ou métodos de medição aplicados no

relatório

3.12 Tabela que identifica a localização das informações no relatório

4.1 Estrutura de governança da organização, incluindo comitês do alto órgão de

governança

4.2 Indicação caso o presidente do mais alto órgão de governança também seja um

diretor executivo

4.3 Membros independentes ou não-executivos do mais alto órgão de governança

4.4 Mecanismos para que acionistas e empregados façam recomendações

4.8 Declarações de missão e valores, códigos de conduta e princípios internos

4.14 Relação de grupos de stakeholders engajados pela organização

4.15 Base para a identificação e seleção de stakeholders com os quais se engajar

Tabela 4: Informações de Perfil G3

Fonte: Adaptado de Relatório de Sustentabilidade 2010, p. 136 e 137 (Disponível em:

<http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/o_banco/relacao_acionistas/docs/BNB_Relat_Sustentabilidade2010.p

df>. Acesso em: 04 maio 2014)

O relatório foi verificado por auditores independentes da Deloitte Touche

Tohmatsu.

50

3.2.2.2 Relatório de sustentabilidade do Banco do Nordeste 2011

O Relatório de Sustentabilidade do BNB de 2011 compreende os meses de janeiro

a dezembro de 2011. O relatório foi publicado em 2012 e é bem menor que o Relatório de

2010, pois é composto por 59 (cinquenta e nove) páginas que se dividem em: Apresentação;

Mensagem do Presidente; Perfil da Instituição; Prêmios de reconhecimento; Governança

Corporativa; Estratégias de Responsabilidade socioambiental; Desenvolvimento Sustentável e

Inovação; Programas de Fomento Regional; Gestão Ambiental; Relacionamento com

Públicos de Interesse da Instituição; Demonstração de informações de natureza social e

ambiental. Os temas são os mesmos, mudando apenas alguns programas, valores de

desembolso para financiamentos e algumas melhorias.

O relatório continua em nível de aplicação C, no qual foram respondidos a

mesma quantidade de itens referentes ao perfil da G3 no ano de 2010, e dessa vez foram 24

9vinte e quatro) indicadores de desempenho, sendo 18 (dezoito) de forma integral e 6 (seis) de

forma parcial.

O relatório 2011 foi verificado pelos mesmos auditores independentes que

verificaram o relatório de sustentabilidade de 2010.

Como forma de divulgação, foram utilizados jornais institucionais, a Intranet e

Internet do Banco. Além destes meios, foram disponibilizados pen drives com todo o

conteúdo, além de folders reunindo as principais informações do relatório, evitando, assim,

um maior gasto de papel em impressões e o impacto na natureza. (RELATÓRIO DE

SUSTENTABILIDADE 2011, p. 55)

3.2.2.3 Relatório de sustentabilidade do Banco do Nordeste 2012

O Relatório de Sustentabilidade do BNB de 2012 compreende os meses de janeiro

a dezembro de 2012. O relatório foi publicado em 2013, é composto por 90 (noventa e seis)

páginas que se dividem em: Mensagem do Presidente; Perfil da Instituição; Prêmios de

reconhecimento; Gestão Estratégica e Sustentabilidade; Governança Corporativa;

Relacionamento com Públicos de Interesse da Instituição; Desenvolvimento Sustentável e

Inovação; Programas de Fomento Regional; Gestão Ambiental e, Pacto Global. Os temas são

os mesmos, mudando apenas alguns programas, valores de desembolso para financiamentos e

51

o assunto Pacto Global, o qual o Banco aderiu em 2012, que leva consigo os princípios do

Pacto que são: Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e o Combate à corrupção.

O relatório continua em nível de aplicação C, no qual foram respondidos 30

(trinta) itens referentes ao perfil da G3 (1 item a mais do que nos relatórios 2010 e 2011, que

se refere à Política e Prática atual de busca pela verificação externa do relatório, ou seja, à

mudança dos auditores independentes), e dessa vez houve um aumento para 27 (vinte e sete)

indicadores de desempenho, sendo20 ( vinte) de forma integral e 7 (sete) de forma parcial.

O relatório 2012 foi verificado por auditores independentes diferentes dos anos

anteriores. Dessa vez, os verificadores eram auditores da Empresa Ernst & Young Terco.

3.2.3 Indicadores de desempenho

Os indicadores de desempenho GRI servem para avaliar o desempenho

econômico, ambiental e social de uma organização.

No relatório 2010, foram reportados 20 (vinte e três) indicadores de desempenho,

divididos em: 3(três) econômicos (EC1, EC5 e EC8, todos de forma integral), 5 (cinco)

ambientais (EN4, EN10, EN22 de forma integral e EN8, E30 de forma parcial) e 15 (quinze)

sociais (LA4, LA8, LA9, LA10, LA11, LA12, HR4, S04, SO6, PR5, PR8 de forma integral e

LA6, LA7, LA13, HR6 de forma parcial). Além desses, o Banco do Nordeste decidiu

acrescentar 6 (seis) indicadores de desempenho financeiro.

No relatório 2011 foram 24 (vinte e quatro) indicadores de desempenho, divididos

em: 3 (três) econômicos (EC1, EC5 e EC8, todos de forma integral), 6 (seis) ambientais

(EN4, EN10, EN22 e EN30 de forma integral e EN8 forma parcial) e, 15(quinze) sociais

(LA4, LA8, LA9, LA10, LA11, LA12, HR3, S04, SO6, PR5, PR8 de forma integral e LA6,

LA7, LA13, HR4 e HR6 de forma parcial). Além desses, o BNB decidiu acrescentar 7 (sete)

indicadores de desempenho financeiro.

Já no relatório de 2012, houve um aumento para 27 (vinte e sete) indicadores de

desempenho, divididos em: 4 (quatro) econômicos (EC1, EC3, EC5 e EC8, todos de forma

integral), 7 (sete) ambientais (EN1, EN4, EN8, EN22, EN28 e EN30 de forma integral e EN6

forma parcial) e 16 (dezesseis) sociais (LA4, LA8, LA9, LA11, LA12, HR4, S03, SO6, PR5 e

PR8 de forma integral e LA1, LA6, LA7, LA13, HR6 e HR7 de forma parcial). Neste ano, o

BNB acrescentou 8 (oito) indicadores de desempenho financeiro.

52

Abaixo será comparado o desempenho de alguns indicadores incomuns reportados

nos relatórios de sustentabilidade do Banco do Nordeste nos anos 2010 a 2012.

ECONÔMICO

Aspecto Presença de Mercado) EC5 – Relação dos salários mais baixos comparados ao

salário mínimo: Todos os colaboradores do Banco recebem remuneração mensal superior

ao salário mínimo. Em 2010, 722 (setecentos e vinte e dois) funcionários que ocupam o

nível mais baixo para analista bancário I, receberam remuneração por volta de R$ 1,6 mil.

Nos anos seguintes, houve o aumento desse valor por conta do reajuste salarial dos

bancários, mas sempre são valores maiores que um salário mínimo.

Aspecto Impactos Econômicos Indiretos) EC8 – Desenvolvimento e impactos de

investimentos em infraestrutura e serviços oferecidos para benefício público: Em 2010, o

BNB investiu R$ 152.891.478, 78 milhões, beneficiando 49 (quarenta e nove) projetos,

nas áreas de infraestrutura e outros serviços públicos nos estados da Bahia, Ceará,

Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Minas Gerais, através do PRODETUR/NE15

;

Em 2011, foram investidos R$ 82.012.093,45, beneficiando 44 (quarenta e quatro)

projetos, no mesmo programa e nos mesmos estados. Em 2012, foi feito um investimento

de R$ 5.087.119,63, beneficiando 12 (doze) Projetos do Prodetur/NE.

AMBIENTAL

Aspecto Energia) EN4 – Consumo de energia indireta por fonte primária: Em 2010, a

fonte de energia utilizada era exclusivamente hidrelétrica, foram totalizados 153.483,00

GJ, houve um aumento de 6,2% em relação a 2009. Em 2011, houve uma redução no

consumo em relação à 2010, para 149.034, 31 GJ (Isso se deve às mudanças no contrato

de fornecimento e à troca de luminárias e reatores). No ano de 2012 houve o maior

consumo de energia por fonte primária em relação aos dois anos anteriores, 159.683,56

GJ, correspondendo a um custo anual de R$ 20.681.391,71.

Aspecto Emissões, Efluentes e Resíduos) EN22 – Peso total de resíduos: O Banco opera

com dois tipos de resíduos: os não-perigosos (sólidos não recicláveis, sólidos recicláveis,

entulhos e podas) e os perigosos (óleo lubrificante, lâmpadas fluorescentes, embalagens

de produtos químicos, óleo de fritura). Em 2010, o primeiro totalizou 8.742 toneladas,

15

PRODETUR/NE (Programa de Desenvolvimento do Turismo do Nordeste) viabiliza crédito para o setor

turístico, bem como financia obras de infraestrutura como saneamento, transporte, urbanização, dentre outros;

projetos de proteção ambiental e do patrimônio histórico cultural e projetos de capacitação profissional, visando

a melhoria da qualidade de vida dos residentes nas áreas beneficiadas (Disponível em:

<http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/o_banco/relacao_acionistas/docs/BNB_Relat_Sustentabilidade2010.p

df>. Acesso em: 04 maio 2014).

53

enquanto o segundo, 300 litros de óleo mineral, sendo o restante doado para a Rede de

Catadores. Em 2011, os resíduos não perigosos totalizaram em torno de 2.520 toneladas.

No ano de 2012, o BNB fez uma doação de 127,5 toneladas de resíduos recicláveis para

associações e cooperativas de catadores, beneficiando diretamente 763 pessoas.

Aspecto Geral) EN30 – Total de investimentos e gastos em proteção ambiental: Dentre as

práticas de proteção ambiental utilizadas pelo Banco está o reuso dos efluentes da estação

de tratamento de esgoto em sua matriz, coleta e destinação de resíduos não perigosos e

perigosos, dentre outras. Em 2010, foram gastos R$ 2,2 milhões com controle ambiental;

Em 2011, houve um aumento para R$ 6.339.737,58. No ano de 2013, foram investidos

R$ 1.884.158,70 em proteção ambiental.

SOCIAL

Práticas trabalhistas e Trabalho decente - Aspecto Saúde e Segurança no Trabalho) LA8 –

Programas de prevenção e controle de risco: O BNB busca, sempre, incentivar hábitos

saudáveis entre seus colaboradores e, para a prevenção de riscos trabalhistas, o Banco

disponibiliza atendimentos ambulatoriais em sua sede, anualmente são realizados exames

médicos periódicos e há alguns programas, como Melhoria da Qualidade de Vida,

Controle Médico da Saúde Ocupacional, campanhas também são realizadas, visando

prevenir e combater acidentes de trabalho.

Direitos Humanos - Aspecto Não-Discriminação) HR4 – Total de discriminações e

medidas tomadas: O BNB vem desenvolvendo ações de combate ao preconceito nas

dimensões de gênero, etnia, orientação sexual e pessoas com deficiência. Cada caso é

analisado, e naqueles que envolvem denúncias de assédio moral são encaminhados para

análise e providências da Comissão de Ética. Em 2010, registraram-se 12 (doze) casos de

discriminação. Esse número diminuiu consideravelmente em 2011 para apenas 1 (um)

caso, que foi apurado e considerado infundado. Em 2012, a Ouvidoria do Banco não

recebeu nenhuma denúncia envolvendo casos de discriminação.

Sociedade - Aspecto Políticas Públicas) SO6 – Contribuição financeira para partidos

políticos ou instituições relacionadas: O BNB não faz doações de qualquer natureza a

partidos políticos, candidatos ou instituições relacionadas.

Responsabilidade pelo Produto – Aspecto Rotulagem de produtos e serviços) PR5 –

Resultado de pesquisas que medem a satisfação do cliente: O BNB adota algumas

estratégias para medir a satisfação do cliente, como os Sistemas de Gerenciamento do

Atendimento, que através de um software verifica o tempo de espera do cliente e de

54

atendimento dos caixas; Programa Conte Comigo, que orienta os clientes na utilização

dos canais de atendimento; Cliente Consulta, que orienta, esclarece dúvidas, acata

sugestões, reclamações e denúncias, e aplica pesquisas de satisfação e de mercado. As

pesquisas avaliam rede de agências, atendimento, canais de atendimento, produtos e

serviços. Em 2010, foram feitas pesquisas de satisfação, as quais apontaram uma média

de satisfação de 81,2%; já, em 2011, houve uma redução para 80%,e que foi mantida em

2012.

55

4 IMPORTÂNCIA DO RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE DO BANCO DO

NORDESTE

O relatório de sustentabilidade do Banco do Nordeste é um meio de tornar

transparentes as ações e projetos socioambientais da instituição aos seus stakeholders, bem

como mostrar o seu desempenho no âmbito econômico, social e ambiental.

Principal ferramenta de disseminação das ações de responsabilidade

socioambiental da instituição, o Relatório de Sustentabilidade aproxima-a do seu público de

relacionamento, fazendo com que, internamente, muitos funcionários passem a conhecer uma

diversidade de informações que não teriam acesso se não tivessem a oportunidade de explorar

o documento, e externamente, clientes, fornecedores, sociedade e entidades com as quais a

empresa se relaciona, tenham um maior conhecimento de como, quanto e para onde a

instituição destina seus recursos.

O Relatório identifica o perfil de atuação social e ambiental da instituição, a

interação com os funcionários, clientes, fornecedores, governo, sociedade, o relatório mostra

que a instituição sempre avalia os riscos de crédito, operacional e financeiro em suas

operações, analisando, assim, o impacto social e ambiental em seus financiamentos. Além

disso, é possível se ter conhecimento do desempenho que a organização vem tendo ao longo

dos anos e o que tem feito de melhorias para a sociedade e para o meio ambiente.

Através do Relatório, percebe-se que a instituição cumpre com a sua missão, que

é atuar de forma sustentável na região onde atua, região essa, que sofre com a pobreza e a

desigualdade social.

Todos os anos, os stakeholders do Banco colaboram com informações sobre os

assuntos relevantes que deverão constar no relatório, isso faz com que a instituição se

aproxime do público com o qual se relaciona, além de melhorar continuamente e tornar-se,

cada vez mais, transparente.

Como se pode ver ao longo do texto, o Banco utiliza uma ferramenta de nível

internacional, consagrada mundialmente - a GRI - para elaborar os seus relatórios, desde

2010. Isso passa uma maior credibilidade e confiança aos stakeholders da organização,

tornando-se um diferencial competitivo, já que a sociedade valoriza, cada vez mais,

instituições que se comprometem e mostram sua preocupação com o social e ambiental.

56

Os relatórios de sustentabilidade do Banco do Nordeste divulgam e prestam

contas, anualmente, ao seu público interno e externo, do seu desenvolvimento organizacional,

demonstrando os impactos econômicos, sociais e ambientais.

Ao publicar os seus relatórios de sustentabilidade, o BNB demonstra que é uma

instituição financeira socialmente responsável e que, apesar do lucro ser um dos seus

importantes objetivos, preocupa-se também com a qualidade de vida do público com o qual se

relaciona e os impactos que essa “qualidade de vida” causa no meio ambiente.

57

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento sustentável tornou-se importante à interligação entre meio

econômico, social e ambiental. Durante o texto, percebe-se que o tema meio ambiente não

era tão comentado até os anos 1990, após isso foi de extrema necessidade inseri-lo nas

tomadas de decisão da organização e na educação da própria sociedade.

A consciência sobre os problemas socioambientais evoluiu muito desde o início

da preocupação com o assunto, no entanto, ainda há muito que se fazer para diminuir os

impactos causados pelo próprio homem à natureza. Há uma necessidade de uma maior

educação socioambiental, tendo em vista que muitos percebem as catástrofes que vêm

ocorrendo no planeta, mas não procuram mudar hábitos que impactam na sociedade e no

meio ambiente.

Com as profundas transformações que vêm ocorrendo no clima, na sociedade e

no planeta e as inúmeras cobranças da sociedade por práticas sustentáveis, as organizações,

inclusive as financeiras, começaram a adotar algumas atitudes bem diferentes do seu

principal objetivo, que é o econômico, visando à vantagem competitiva e a uma boa

reputação. Apesar da necessidade de inserção do tripé economia-sociedade-meio ambiente

nas tomadas de decisão das instituições, principalmente as financeiras, que são vistas como

empresas que visam somente ao lucro, há ainda aquelas que não se conscientizaram sobre o

assunto e continuam com atitudes que impactam no meio ambiente, perdendo, dessa forma,

um lugar no mercado, chegando muitas vezes a falência.

A transparência nos negócios da organização foi algo que também gerou

cobrança por parte da sociedade. Foram então, adotados os Relatórios de Sustentabilidade,

que dão um maior respaldo à organização que os elabora, além de mostrar a toda sociedade

o desempenho das organizações nas áreas econômica e socioambiental, o perfil da

instituição e os projetos e ações sustentáveis.

Com a pesquisa foi possível entender melhor como uma instituição financeira

como o Banco do Nordeste trata a sustentabilidade e divulga essa informação aos seus

stakeholders, além de saber qual o desempenho da organização nas áreas econômica, social

e ambiental e como consegue fazer a interligação entre elas.

Os Relatórios de Sustentabilidade do Banco do Nordeste permitiram uma maior

aproximação com o público com o qual se relaciona, pois muitos só vieram a saber de ações

e projetos de responsabilidade socioambiental da instituição quando leram o documento. Os

58

relatórios demonstram transparência nas ações e projetos sustentáveis do BNB, e mostra que

a instituição atua de acordo com a sua missão que é promover o desenvolvimento

sustentável da região onde atua. Apesar dos Relatórios de Sustentabilidade baseados nas

diretrizes GRI do Banco do Nordeste está em sua terceira publicação, ainda há muito que

melhorar e são necessárias mais informações sobre o desempenho da organização, pois é

perceptível que algumas das informações não são repassadas de forma completa, além de

uma melhor divulgação ao público externo.

A pesquisa para elaboração do presente trabalho possibilitou um melhor

entendimento de como as organizações financeiras, em especial o Banco do Nordeste, lidam

com a responsabilidade socioambiental. Além disso, houve uma melhor compreensão sobre

o motivo pelo qual as empresas começaram a se preocupar com o desenvolvimento

sustentável e em ser transparentes aos seus stakeholders, e como se elabora e o que consta

em um relatório de sustentabilidade GRI.

As organizações devem se conscientizar cada vez mais sobre a importância do

desenvolvimento sustentável, de adotar atitudes socioambientais, de mostrar a preocupação

com a comunidade, em reduzir os impactos ambientais e, de repassar tudo isso ao público

com o qual se relaciona através dos relatórios de sustentabilidade.

Organizações que não procuram ter uma conscientização socioambiental e serem

transparentes em seus negócios tendem a perder para a concorrência e ficar para trás em um

mercado cada vez mais competitivo, no qual consumidores estão bem antenados e cobrando

muito mais atitudes socioambientalmente responsáveis.

59

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62

ANEXOS

63

ANEXO 1 - CARTA DE PRINCÍPIOS PARA O DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL

Os bancos abaixo-assinados reconhecem que podem cumprir um papel

indispensável na busca de um desenvolvimento sustentável que pressuponha uma contínua

melhoria no bem estar da sociedade e da qualidade do meio ambiente. Para tanto, propõem-se

a empreender políticas e práticas bancárias que estejam sempre e cada vez mais em harmonia

com o objetivo de promover um desenvolvimento que não comprometa as necessidades das

gerações futuras.

Princípios Gerais do Desenvolvimento Sustentável:

1. A proteção ambiental é um dever de todos que desejam melhorar a qualidade de vida no

planeta e extrapola qualquer tentativa de enquadramento espaço-temporal.

2. Um setor financeiro dinâmico e versátil é fundamental para o desenvolvimento

sustentável.

3. O setor bancário deve privilegiar de forma crescente o financiamento de projetos que não

sejam agressivos ao meio ambiente ou que apresentem características de sustentabilidade.

4. Os riscos ambientais devem ser considerados nas análises e nas condições de

financiamento.

5. A gestão ambiental requer a adoção de práticas que antecipem e previnam degradações do

meio ambiente.

6. A participação dos clientes é imprescindível na condução da política ambiental dos

bancos.

7. As leis e regulamentações devem ser aplicadas e exigidas, cabendo aos bancos participar

da sua divulgação.

8. A execução da política ambiental nos bancos requer a criação e treinamento de equipes

específicas dentro de seus quadros.

9. A eliminação de desperdícios, a eficiência energética e o uso de materiais reciclados são

práticas que devem ser estimuladas em todos os níveis operacionais.

10. Os princípios aqui assumidos devem constituir compromisso de todas as instituições

financeiras.

64

Assinam,

Banco do Brasil S.A.

Caixa Econômica Federal

Banco do Nordeste do Brasil S.A.

Banco da Amazônia S.A

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

65

ANEXO 2 - NÍVEL DE APLICAÇÃO DO RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE

GRI

Anexo 2: Nível de Aplicação do Relatório de Sustentabilidade GRI Fonte: Relatório de Sustentabilidade BNB 2010, p. 135 (Disponível em:

<http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/o_banco/relacao_acionistas/docs/BNB_Relat_Sustentabilidade2010.p

df>. Acesso em: 04 maio 2014).