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C NT LEIA ENTREVISTA COM O DOUTOR EM TRANSPORTES LUIS ANTONIO LINDAU EDIÇÃO INFORMATIVA DO SISTEMA CNT ANO XV NÚMERO 176 ABRIL 2010 TRANSPORT E ATUAL Viagem segura Novidades tecnológicas avançam em ritmo acelerado, de forma a criar controle absoluto do caminhão, por meio de informações eficientes que auxiliam o motorista TRA NSPORTE ATUAL

Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

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Novidades tecnológicas na indústria de caminhões surgem em ritmo acelerado, tornando o veículo cada vez mais seguro. Os novos equipamentos geram informações eficientes e automáticas que auxiliam o motorista.

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CNT

LEIA ENTREVISTA COM O DOUTOR EM TRANSPORTES LUIS ANTONIO LINDAU

EDIÇÃO INFORMATIVADO SISTEMA CNT

ANO XV NÚMERO 176ABRIL 2010

T R A N S P O R T E A T U A L

Viagem seguraNovidades tecnológicas avançam em ritmo acelerado, de forma a criar controle

absoluto do caminhão, por meio de informações eficientes que auxiliam o motorista

T R A N S P O R T E A T U A L

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 20104

CoNselho ediToRiAlBernardino Rios PimBruno BatistaEtevaldo Dias Lucimar CoutinhoTereza PantojaVirgílio Coelho

ediToR RespoNsável

Vanessa Amaral

[[email protected]]

ediToR-exeCuTivo

Americo Ventura

[[email protected]]

FAle Com A RedAção(61) 3315-7000 • [email protected] SAUS, quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20 Edifício CNT • 10º andar CEP 70070-010 • Brasília (DF)

esTA RevisTA pode seR ACessAdA viA iNTeRNeT:www.cnt.org.br | www.sestsenat.org.br

ATuAlizAção de eNdeReço:[email protected]

Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do

1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053.

Tiragem: 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

EDIÇÃO INFORMATIVA DO SISTEMA CNT

REPORTAGEM DE CAPA

ANO XV | NÚMERO 176 | ABRIL 2010

CNTT R A N S P O R T E A T U A L

CAPA SCANIA LATIN AMERICA/DIVULGAÇÃO

Luis Antonio Lindauquer prioridade aotransporte coletivo

PÁGINA 10

ENTREVISTA

Um dos principaisdramas do setorresiste no país

PÁGINA30

ROUBO DE CARGAS

A rotina do taxistanas cidades dointerior do Brasil

PÁGINA38

TÁXI

Veja quais foram as personalidadeshomenageadas

PÁGINA20

MEDALHA JK

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

CNT elabora sugestões para oPlano Nacional

PÁGINA50

ACERVO • Museu Eduardo André Matarazzo nasceuda paixão do industrial pelos carros antigos e guardarelíquias que ajudam a entender a história

PÁGINA 24

Novidades tecnológicas na indústria de caminhões surgemem ritmo acelerado, tornando o veículo cada vez mais seguro.Os novos equipamentos geram informações eficientes eautomáticas que auxiliam o motorista

Página44

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 5

T R A N S P O R T E A T U A L

Canal de diálogo coma Anvisa busca solucionar problemas

PÁGINA60

AQUAVIÁRIO

FERROVIAS • Indústria ferroviária está otimista com a retomada do crescimento econômico e a projeção deinvestimentos das concessionárias após a crise

PÁGINA 56

Alexandre Garcia 6

Humor 7

Mais Transporte 14

PAC 2 62

Boletins 72

Debate 78

Opinião 81

Cartas 82

Seções

SUSTENTABILIDADE

O transporte urbanofoi destaque emevento em Curitiba

PÁGINA64

INAUGURAÇÕES

Pernambuco recebeumais duas unidadesdo Sest/Senat

PÁGINA68

CICLO DE PALESTRAS

Saúde da mulher ecidadania são algunstemas de 2010

PÁGINA70

FUTEBOL SOCIETY

As modalidades de recreaçãoe atividades esportivas caracterizam-se pela interação, convívio social einformalidade. Causam prazere bem-estar. Confira algumasdessas atividades que as unidades do Sest/Senat oferecem e como participar.

o Sest/Senat oferece dezcursos on-line que são desenvolvidos em umambiente virtual de aprendizagem, de fácil navegação e interação e que possibilita aos alunos um aprendizado completo e dinâmico.

Despoluir• Projeto do programas• Noticiário sobre meio ambiente

Canal de Notícias• Pesquisas e Sala de Imprensa•Noticiário do Brasil e do mundo

Escola do transporte• Cursos• Estudos e pesquisas

Sest/Senat

• Cursos e palestras• Voluntariado e colocação no mercado de trabalho

ESPORTE

CURSOS ON-LINE

O portal disponibiliza todas as ediçõesda revista CNT Transporte Atual

E MAIS

Veja como participar da Copa

www.cnt.org.br

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rasília (Alô) – O Conselho Nacional deTrânsito passou a exigir, a partir de maio,que as autoescolas ministrem aulas à noite.Muitos apostam que a resolução não vaipegar, mas nada mais necessário. Pode serque diminua, pelo menos entre as novas

gerações de motoristas, a ignorância em relação àsluzes do veículo. Hoje, pelo que se observa, umagrande quantidade de gente que se senta atrás dovolante não tem a menor ideia para que servem osinterruptores que estão à sua disposição. Pelomenos é o que se observa no asfalto brasileiro. Nãosabem sequer para que servem os faróis. Vamos daruma recordada?

A principal luz do veículo é o farol baixo. Temduas serventias, de igual importância: ver e servisto. Deve ser usado sempre durante a noite e paraaumentar a segurança, na estrada, durante o dia.Deve estar ligado quando o sol estiver no horizonte,pela manhã ou à tarde, pois esse é um momento degrande perigo, já que o sol ofusca diretamente omotorista, de todos os lados, inclusive pelos espe-lhos retrovisores, e serve para que os veículossejam vistos. Farol alto só quando não houver veícu-lo em sentido contrário.

Uma praga no asfalto, em estrada ou na cidade,é o farol auxiliar, que só deve ser ligado quando nãohouver visibilidade, ou seja, o veículo estiver envol-to por neblina. Ele foi feito para ofuscar, pela frenteou por trás, para sinalizar que há um veículo nanévoa. Não é feito para ver, mas para ser visto. Nãotem facho baixo. Apenas um facho, que ofusca atéquem estiver numa janela do quarto andar. Quandoé ligado, acende mais um filamento nas lanternastraseiras, correspondente à luz do freio. Jamaisdeve ser acionado quando há boa visibilidade, por-

que ofusca todos, inclusive os pedestres e os moto-ristas que vêm atrás ou trafegam à frente. Como eudisse, o mau uso desses faróis auxiliares ou deneblina tem sido uma praga e um perigo, a cegarnas ruas e estradas. Poucas montadoras alertampara seu uso nos manuais do proprietário.

Outra praga é o uso errado das luzes de estacio-namento ou posição, também conhecidas como lan-ternas. Como ensina o Código de Trânsito, servempara sinalizar o veículo momentaneamente parado.Não devem ser usadas para o veículo em movimen-to, porque estariam dando informação errada paraos outros motoristas. Em país sério, veículo trafe-gando com luzes de estacionamento é multado.Aqui, tenho observado que os policiais rodoviários efiscais do Detran são indiferentes ao mau uso dasluzes do veículo. Carros e caminhões passam pelospoliciais com luzes excessivas ou insuficientes enada acontece. É possível que nem mesmo a políciasaiba para que servem as luzes do veículo; só mul-tam quando um farol ou lanterna esteja inoperante.

A obrigação de dar aulas à noite vai exigir queos instrutores ensinem a serventia das luzes.Podem aproveitar para ensinar também quemotorista de verdade aciona a luz de direçãoinconscientemente, sempre que pense em mudara trajetória do veículo. Dar seta tem que ser umato reflexo, não importa se há outro veículo indoou vindo. E já que vão ensinar a dirigir à noite,também poderiam ensinar a sair de uma derrapa-gem, a salvar a vida de um pedestre imprudente,a se defender de outro veículo desgovernado e,enfim, ensinar a dirigir em estrada. O que, comosabemos, é bem mais complicado que dirigir emcidade. A novidade precisa pegar e estimularoutros avanços para formar bons motoristas.

B

“Uma grande quantidade de gente que se senta atrás do volante não temideia para que servem os interruptores que estão à sua disposição”

Uma luz na escuridão

AlexANdRe gARCiA

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 7

Duke

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eNTRevisTA LUIS ANTONIO LINDAU

Pensar nas cidadestendo o transportecoletivo como o grandeestruturador e para

isso contar com o apoio nãoapenas dos governos, mas detoda a população. É dessa formaque o presidente do CTS-Brasil(Centro de TransporteSustentável), Luis AntonioLindau, avalia as possibilidadesde desenvolvimento dos municí-pios brasileiros. “Precisamossair de uma administração con-vencional. Muda-se o governo,mas não o pensamento sobre acidade”, afirmou ele duranteentrevista concedida por e-mailà revista CNT Transporte Atual.

Lindau é doutor emTransportes pela University ofSouthampton, na Inglaterra, pro-fessor da UFRS (Universidade

Federal do Rio Grande do Sul), pes-quisador do CNPq (ConselhoNacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico) e membrodo comitê de transportes para paí-ses em desenvolvimento do TRB(Transportation Research Board).Ele também foi presidente daAnpet (Associação Nacional dePesquisa e Ensino em Transportes),da qual é um dos fundadores.

Em março, Lindau partici-pou da CI-CI 2010 (ConferênciaInternacional de CidadesInovadoras), realizada em Curitiba,para trocar experiências sobre pro-jetos de cidades que caminhampara a sustentabilidade em todo omundo. No evento, assim como naentrevista, ele defendeu novas polí-ticas que priorizem o coletivo parao desenvolvimento do país comoum todo. Veja os principais trechos.

gostaria que o senhor expli-casse o que é uma cidade sus-tentável, se há exemplos noBrasil e o que falta para que issoseja uma realidade no país?

É muito difícil dizer que cidade ésustentável por natureza. O que agente precisa entender é quaiscidades estão tentando tornar oseu transporte mais sustentável.Temos centenas de boas práticasespalhadas pelo mundo e, portan-to, não é por falta de exemplos quenão seja possível ser sustentável.Talvez o que falte é um conheci-mento disso tudo. Falta uma maiordifusão das medidas que estãosendo adotadas, particularmenteno Brasil, e políticos comprometi-dos em perseguir essa meta.Faltam posicionamento e decisõespolíticas no sentido de transformaras cidades em sustentáveis.

Perseguir uma coisa dessas signifi-ca sair do convencional, sair deuma administração convencional,onde muda-se o governo, mas nãoo pensamento sobre a cidade. Umbom exemplo é Curitiba, com oIppuc (Instituto de Pesquisa ePlanejamento Urbano de Curitiba),que existe há várias gestões e pos-sibilita que a cidade planeje seufuturo. Trocam os governos, mascontinua lá um grupo de técnicosreconhecidos no âmbito interna-cional pensando a cidade.

Como deve ser a cidade sus-tentável no futuro e como a sus-tentabilidade deve ser trabalha-da na área do transporte?

Podemos citar as caracterís-ticas de uma cidade que buscaa sustentabilidade. É precisoenxergar o sistema viário de

“Existe uma iniquidade grande. Falta a sociedade clamar por seus direitos e os políticos entenderem que, aopromover o transporte coletivo e o não motorizado, eles estão se endere çando a dois terços da população”

POR liviA CeRezoli

“Congestionamento é doença”

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“Existe uma iniquidade grande. Falta a sociedade clamar por seus direitos e os políticos entenderem que, aopromover o transporte coletivo e o não motorizado, eles estão se endere çando a dois terços da população”

forma diferente. No passado,não existiam veículos. As pes-soas circulavam pelas vias a péou de outras formas. Depoisvieram os veículos e eles foramgradativamente tomando todoo espaço viário disponível.Infelizmente, o automóvel émuito ineficiente. Ele, emmédia, leva 1,5 passageiro.Então, uma faixa de 3 metros delargura destinada aos automó-veis possibilita mais ou menosumas 1.500 pessoas por hora. Amesma faixa utilizada no trans-porte coletivo eleva esse núme-ro para 15 mil pessoas. Ou seja,dez vezes mais bem utilizada.Então, se nós reclamamos que acidade é um grande congestio-namento de carros, que estátudo misturado, com tráfegomisto, por que não separar esse

tráfego por diferentes catego-rias? Em seguida, é preciso terboas calçadas para um bomdeslocamento de pessoas. Umtransporte não motorizado quese complemente, por exemplo,por meio de bicicletas, masnum espaço fisicamente desti-nado a elas. Depois podemospensar no transporte coletivo e,por fim, em veículos particula-res. Tem que ser nessa ordem. Eisso é absolutamente o inversodo que nós vivenciamos hojenas cidades brasileiras, de umaforma geral.

mas muitas cidades brasilei-ras já repensam suas políticas detransporte urbano. As atitudestomadas estão corretas? o queainda falta fazer?

Hoje, as cidades com mais de

500 mil habitantes já têm aincumbência de desenvolveremplanos de mobilidade que, a prin-cípio, deveriam ser planos demobilidade sustentável. Isso éum requerimento legal. Aodesenvolverem esses planos, ascidades estarão, de certa forma,discutindo essa questão. Quantoa isso virar realidade...

Como implantar novos sis-temas de transporte públicoseficientes e sustentáveis semcausar grandes problemas jáque a grande maioria das cida-des está pronta, com traçadosde ruas já definidos e em ope-ração há anos?

A cidade está lá construída sim,mas ela é capenga, porque nãoestá bem estruturada. A mobilida-de não está com seu espaço bem

definido. As calçadas são mal dese-nhadas, a prioridade para bicicletasé inexistente e, para ônibus, emtodo o Brasil, existem apenas 500km de vias prioritárias ou segrega-das, o que é uma quantidade muitopequena. Nós estamos com umadoença que é o congestionamentoe precisamos fazer cirurgias. Écerto que toda cirurgia causatranstorno. A grande questão équanto tempo as obras vão durar.Por aqui as coisas demoram muitopara serem feitas. Nós precisamoster um belo equacionamento egerenciamento do que deve serfeito. Precisamos ter a questãofinanceira já toda resolvida. Nãoadianta começar uma obra para opróximo governo resolver depois.Essa é a pior decisão que existe. Aobra precisa também ser bem pla-nejada para, depois de começada,

CTS-BRASIL/DIVULGAÇÃO

“Congestionamento é doença”

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terminar logo. Isso já é uma belarecomendação.

o que a sociedade podefazer para que o transportecoletivo tenha prioridade naocupação do espaço público,e não o automóvel?

Do que nós transportamos hojenas cidades brasileiras, um terço énão motorizado. Estou falando emuma média geral das grandes cida-des. Nesse grupo estão basicamen-te os pedestres, que realizam via-gens de mais de 500 metros a pé. Ooutro terço é motorizado privado,fundamentalmente constituído deautomóveis. O último terço é moto-rizado coletivo. Sendo assim, nóssó temos dois terços dos desloca-mentos urbanos sendo realizadosou por ônibus ou não motorizados,que não são igualmente contem-plados no uso do espaço urbano,onde predominam automóveis.Então, existe uma iniquidade aímuito grande. O que acho que aspessoas deveriam fazer é clamarpelos seus direitos. Falta a socieda-de se dar conta disso, e os políticosentenderem que ao promover otransporte coletivo e o não motori-zado, eles estão se endereçando adois terços da população.

Qual seria o modelo de trans-porte ideal para o Brasil?

Um que seja sustentávelambientalmente, economicamentee financeiramente. Quando fala-

mos em sustentabilidade ambien-tal, o metrô e o BRT (Ônibus deTrânsito Rápido, da sigla em inglês)podem ser viáveis. Mas quandoentramos na questão financeira,começamos a fazer cortes. Não dápara dizer que o metrô é recomen-dado para todas as cidades. Eleestá focado em corredores dealtíssima demanda, que são pou-quíssimos no país. Uma enormequantidade de corredores de altademanda pode ser resolvida deoutra forma. O transporte nasuperfície ainda tem muito a evo-luir. Hoje, nos ônibus, pensando emcombustíveis, predomina a propul-são a diesel, mas há muitas evolu-ções visíveis, como o diesel maislimpo, os híbridos ou os movidos ahidrogênio e gás natural. Alémdisso, esses ônibus devem coman-dar o semáforo de forma que elesparem apenas nos pontos de para-da. São apenas exemplos, não dápara dizer que exista uma soluçãopara tudo. Não podemos dizer quala solução para todas as cidades,cada corredor ou cada eixo detransporte precisa ser pensadoindividualmente.

pensando na redução dapoluição, o gás natural e os bio-combustíveis já são uma realida-de brasileira. mesmo assim, osmotores de automóveis no Brasilpoderiam ser melhorados paraevitar um consumo excessivo decombustível? usar motores

híbridos ou elétricos pode seruma saída? o que falta para suaimplantação?

A tecnologia dos veículos híbri-dos ainda não apareceu no Brasil.Por aqui, nós estamos muito las-treados ao etanol que, do ponto devista ambiental, é bem interessan-te. Também já trabalhamos no bio-diesel misturado ao diesel, masainda estamos falando de motoresconvencionais, e não de tecnolo-gias de veículos híbridos. Essesmodelos apresentam um potencialenorme de redução de poluição etambém podem ser abastecidoscom combustíveis mais limpos. Nóstemos motores flex e até triflex(movidos a gasolina, etanol e GNV),mas sempre focamos no combustí-vel. Falta ainda avançar em outrastecnologias que devem predominarno planeta, antes de no futuro apa-

meTRópole Lindau defende a adoção de combustíveis mais limpos nos ônibus

“Não podemosdizer qual asolução paratodas as

cidades, cadacorredor oueixo de

transporteprecisa serpensado deforma

individual”

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ser a oportunidade para desenvol-ver projetos, como os sistemasintegrados de alta produtividadetipo BRT. Uma vez isso implantado,o que tem que se buscar é umasérie de medidas complementares,como, por exemplo, integrar essesistema e facilitar ao máximo oacesso de pedestres. Tudo deve serpensado em função desse sistemade alta capacidade. Depois, com otempo, é importante pensar emmedidas para o automóvel deforma a impedir que os congestio-namentos continuem crescendo.Nós ainda temos muita motoriza-ção pela frente a ser enfrentada emnossas cidades. E aí é importantepensar em formas de restringir ouso de carros. Estamos falando demais cobrança de estacionamento,mais restrição em vagas e também,eventualmente, taxação de conges-

tionamento. Se o sujeito quisermesmo usar aquela via em perío-dos mais críticos, ele deverá pagarpor isso e o valor deverá ser repas-sado para o transporte coletivo.

e o Rio, que além da Copa,recebe a olimpíada em 2016.Como aproveitar a chance deter dois grandes eventos e setransformar numa cidade mais“amigável”?

O caso do Rio é muito pon-tual. Muitos problemas têm a vercom a geografia da cidade e aforma como ela se consolidou.Há coisas muito específicas e,por isso, imaginar a realizaçãodas Olimpíadas como solução detudo é complicado. A gente podeimaginar, no campo do transpor-te, que esta é uma ótima oportu-nidade para consolidar sistemascomo o BRT. O projeto aindaprevê a ampliação de linhas demetrô, mas é claro que tudo issovai depender da quantidade derecursos que estarão disponí-veis. Vejo o problema da Copamais fácil de ser resolvido doque o das Olimpíadas. Na Copa,vai ser preciso pensar em solu-ções para levar as pessoas doaeroporto para os hotéis e des-ses para os estádios ou centrosde grande circulação. Enquantonas Olimpíadas o problema émúltiplo. Serão muitas ativida-des distintas acontecendo emdiversos lugares simultanea-

mente. Vai ser preciso deslocarmuitos atletas e garantir que afamília olímpica tenha condiçõesespeciais de circulação para nãoatrasar nos eventos ou ser obri-gada a ficar muito tempo paradaem congestionamento, o quepode interferir até no desempe-nho durante as competições.

um bom sistema de trans-porte pode garantir melhoriasna questão da segurança do Riode Janeiro, a exemplo do queaconteceu em Bogotá, naColômbia, com a implantaçãodo sistema de BRT?

Bogotá teve um trabalho desen-volvido nos bairros que não neces-sariamente dependeu apenas doBRT. Em algumas regiões forammelhoradas as condições da infra-estrutura para pedestres e ciclis-tas. Veja que ainda falamos detransporte, mas agora do nãomotorizado. Por lá, foram introduzi-das boas calçadas, boas ciclovias,bibliotecas e áreas de lazer. Tudoisso tem reflexo positivo na ques-tão de segurança. No Rio, se foremfeitas essas revoluções nas áreasde menor renda, é claro que trarábenefícios para a cidade. Issogarante o resgate da cidadania,mas o pacote tem que ser comple-to. Não adianta facilitar o acessoem um só local. l

leia mais sobre cidades sus-tentáveis na página 64

meTRópole Lindau defende a adoção de combustíveis mais limpos nos ônibus

VAGNER CAMPOS/FUTURA PRESS

recerem os carros movidos a hidro-gênio. Existe o fator preço. Os veí-culos híbridos são mais caros equem compra deve ter uma belaconsciência ambiental. Eu não seise alguém no Brasil estaria dispos-to a pagar mais por um veículohíbrido que tem a mesma cara deoutro para dizer para o vizinho queo seu carro polui menos. A indús-tria, antes de lançar um produto,faz essa leitura de mercado. Talvezos consumidores sejam muito res-tritos e isso dificulte as vendas.

o Brasil irá receber a Copa em2014, em 12 cidades-sede. Comotransformar o projeto de ade-quação de cada uma delas numprojeto de cidade sustentável?

O esqueleto de uma cidade sus-tentável passa por um bom sistemade transporte coletivo. A Copa pode

“A tecnologiados veículoshíbridos aindanão apareceuno Brasil”

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201014

MAIS TRANSPORTE

Sest/Senat firma parceria com governo de São Paulo

QUALIFICAÇÃO

As unidades do Sest/Senatinstaladas no Estado deSão Paulo passaram a

integrar o Programa Estadual deQualificação Profissional 2010,desenvolvido pela Secretaria deEstado do Emprego e Relaçõesdo Trabalho.

A assinatura do contratoaconteceu no dia 17 de março, noPalácio dos Bandeirantes, e con-tou com a presença do governa-dor José Serra, do secretário deEstado do Emprego e Relaçõesdo Trabalho, Guilherme AfifDomingos, e do presidente doConselho Regional São Paulo doSest/Senat e da Fetcesp(Federação das Empresas deTransporte de Cargas do Estadode São Paulo), Flávio Benatti.

O programa oferece cursosgratuitos de qualificação pro-fissional em todo o Estado,com o objetivo de preparar ecapacitar o trabalhador para asnovas exigências do mercadode trabalho e o exercício dacidadania. O Sest/Senat aten-derá 5.460 alunos em 23 cida-des, oferecendo os cursos delogística básica e operação decarga com habilitação em ope-rador de empilhadeira.

Os treinamentos de 230horas cada serão ministrados

nas unidades Sest/Senat do ABC,Araçatuba, Araraquara, Bauru,Campinas, Cubatão, Guarulhos,Jacareí, Limeira, Marília,Piracicaba, Presidente Prudente,Registro, Ribeirão Preto, RioClaro, São José do Rio Preto, SãoPaulo (Fernão Dias, Vila Jaguarae Parque Novo Mundo), SãoVicente, Sorocaba e Taubaté.Também haverá turmas emSantos.

Os interessados podem fazera inscrição pelo site do Emprega

São Paulo (www.empregasao-paulo.sp.gov.br), comparecer aum PAT (Posto de Atendimentoao Trabalhador) munidos de RG,CPF e carteira de trabalho. Asunidades do Acessa SP,Telecentros e Poupatempo detodo o Estado disponibilizamacesso gratuito à internet.

O programa do governopaulista é desenvolvido para ostrabalhadores desempregados,pequenos e microprodutores etrabalhadores autônomos que,

além da formação, recebembolsa-auxílio de R$ 210 e vale-transporte. Neste ano, aSecretaria vai oferecer 60.282vagas em 154 cursos de qualifi-cação nas áreas de transporte,comércio, indústria, constru-ção civil, turismo, administra-ção, atendimento, informáticae telemarketing em parceriascom diversas instituições. Oinvestimento previsto é de R$140 milhões.

(Livia Cerezoli)

ACoRdo Flávio Benatti cumprimenta o governador José Serra; Afif Domingos assina a parceria

REALCE/DIVULGAÇÃO

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 15

O caminhão pesado do ano O Volvo FH 440cv ganhou oPrêmio Lótus 2009 na categoriaveículos pesados e foi agraciadocom o título de “CaminhãoPesado do Ano”. O troféu foientregue em março durante cerimônia em São Paulo. O veículo teve 3.935 unidadescomercializadas em 2009,

egundo levantamento da Anfavea(Associação Nacional dosFabricantes de VeículosAutomotores). O FH 440cv é produzido na fábrica da Volvo de Curitiba, no Paraná, mas ébasicamente o mesmo veículofabricado na Europa, que é umdos mercados mais exigentes.

Congresso debate transporteSerá realizado no período de 11 a13 de junho, na UniversidadeFederal do Paraná, em Curitiba, oCongresso Interamericano deTrânsito e Transporte “Trânsito eTransporte Sustentável – umdesafio para o desenvolvimento”.O evento acolherá o CongressoInteramericano de Psicologia doTrânsito e Transporte, o EncontroParanaense de Medicina de

Tráfego e a Mostra Brasileira deProjetos de Educação para oTrânsito. O congresso promoveráuma oportunidade única paratroca de informações entre profissionais de diversos países,que atuam na área. Já confirmarampresença especialistas da área,entre eles Heikki Summala(Finlândia), Linda Steg (Holanda),Bryan Porter (Estados Unidos).

Foi estabelecido pela ONU(Organização das Nações Unidas),durante sua Assembleia Geral emmarço, que a Década de Açõespara a Segurança no Trânsito será de 2011 a 2020. Essa medidatem como meta estabilizar e reduzir acidentes de trânsito emtodo o mundo. Os 192 países membros da organização solicitaram à OMS (Organização

Mundial da Saúde) a elaboraçãode um plano diretor para guiar as ações nessa área durante operíodo. Segundo a OMS, o número de mortes em consequência de acidentes notrânsito chega a 1,3 milhão ao ano,e se medidas não forem tomadaspelos governos, a perspectiva éque em 2020 esse número possaaumentar para 2 milhões.

Década da segurança no trânsito

TRoFéu Caminhão da Volvo premiado na categoria pesado

VOLVO/DIVULGAÇÃO

Etiqueta de espaço nos aviões Com o objetivo de auxiliar ospassageiros na hora de escolhera companhia aérea, a Anac(Agência Nacional de AviaçãoCivil) criou um selo e uma etiqueta que mostrarão o espaço entre os assentos nosaviões usados em cada voo. Osindicadores serão exibidos nossistemas de vendas de passagensaéreas e colados nos aviões dasempresas. Todas as companhiasaéreas que possuem voos

regulares com aviões acima de 20 assentos serão obrigadas a utilizar a etiqueta. As empresasterão até setembro deste anopara enviar as medidas das suasaeronaves e até março de 2011para adotar a etiqueta no seu sistema de reservas de passagens. As companhias com o nível máximo de espaço eceberão o Selo Anac, que atesta o melhor espaço útil oferecido no mercado.

pRAzo Aéreas devem adotar sistema até março de 2011

ANAC/DIVULGAÇÃO

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201016

História e contra-história – Perfis e ContrapontosO livro traz diversos formatos de textospublicados entre 1973 e 2007 em jornaise revistas sobre a história brasileira e osprincipais nomes que trataram do tema.Organização de Carlos Guilherme Mota.ed. globo, 405 págs, R$ 64,90

Amazônia de EuclidesO autor refaz a viagem que Euclides daCunha realizou em 1905 pelo extremooeste da Amazônia. O livro comparaainda as duas épocas, traz os textos originas do escritor e fotos de TiagoQueiroz.de daniel piza. ed. leya, 192 págs, R$ 39,90

MAIS TRANSPORTE

Centro de apoio em Santa CatarinaA Fetrancesc (Federação das Empresas de Transportee Logística de Santa Catarina) e a concessionáriada BR-101 – trecho Norte –,OHL/Autopista Litoral Sul, apresentaram projetopara a implantação do primeiro Centro de Apoio ao Transporte deProdutos Perigosos em

Geral às margens de umarodovia. O projeto é pioneiro,porque mesmo previsto em lei, ainda não foi contemplado a uma estrada concedida à iniciativa privada. O presidenteda Fetrancesc, Pedro Lopes,afirmou que o centro deveser construído ainda nesteano. Segundo ele, está mais

do que na hora de se tratar desse assunto, já que hoje os veículos decarga perigosa estacionam e param em postos de combustíveis, ao lado de veículos que transportamalimentos, e muitos motoristas até fazem suas refeições nesses caminhões.

O programa de inclusão bancária do Bradesco criou o primeiro banco barco do mundo, o Voyager3. A agência flutuante liga Manaus a Tabatinga pelo rio Solimões e atende a 11 municípios e 50comunidades ribeirinhas. Em quatro meses de atuação, foram abertas 300 contas bancárias.

Agência flutuante atende a 11 municípios

EGBERTO NOGUEIRA/IMÃ FOTOGALERIA/DIVULGAÇÃO

A nova política econômica - A Sustentabilidade AmbientalEnsaios sobre o governo Lula desde2003 sob os temas economia e meioambiente. Fazem parte da coletâneaMarina Silva, Ricardo Amorim e outros. org. de elói pietá. ed. Fundaçãoperseu Abramo, 268 págs, R$ 35

Page 17: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 17

Novo caminhão da Iveco promete economia

LANÇAMENTO

AIveco apresentou, emFlorianópolis (SC), anova família de cami-

nhões extrapesados StralisNR, em três versões: 460 NR,410 NR e 380 NR, com potên-cias de 460 cv, 415 cv e 380 cvrespectivamente, e a promes-sa de maior economia decombustível.

O novo Stralis “surgiu defora para dentro, pois foramos clientes quem propuseramas melhores soluções paraatender à sua realidade”,disse o presidente da IvecoLatin America, Marco Mazzu,no lançamento, em março.

Entre os diferenciais danova linha estão os motoresmais potentes e novasembreagem e alavanca decâmbio. Além disso, o siste-ma de troca de marchas foiredesenhado e ficou 40%mais macio que o anterior. AIveco também mudou a con-dição para manutenção doscaminhões, que passa a serde 30 mil quilômetros, e nãomais de 10 mil quilômetros.

“Os testes confirmam quepassamos a concorrência emeconomia de combustível e,consequentemente, emmenor emissão de poluen-

tes”, afirma o engenheiro egerente da plataforma de veí-culos pesados da Iveco,Luciano Cafure. De acordocom o engenheiro RicardoCoelho, a embreagem é inédi-ta, desenvolvida no Brasil e játem pedido de patente mun-dial em andamento.

Outra novidade na linhaestá no sistema de telemetria

aberta, chamado Frota Fácil,que permite o monitoramen-to do caminhão e do desem-penho do motorista. Os pre-ços dos novos Stralis variamentre R$ 280 mil (versão bási-ca) a R$ 390 mil (mais com-pleta), e o volume de vendasprevisto para 2010 é de 4.000a 4.500 unidades.

(Katiane Ribeiro)

sTRAllis Linha traz soluções propostas pelos clientes

IVECO/DIVULGAÇÃO

Bombeiros A Ford forneceu para o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo dez caminhões Cargo 1722E que vãoequipar a frota da corporação em municípios do interior. Os veículos, que possuem autobombae tanque de 5.000 litros, foramentregues durante a solenidadecomemorativa dos 31 anos doCentro de Suprimento eManutenção de MaterialOperacional dos Bombeiros, localizado na Vila Maria, na capital. A frota do Corpo de Bombeiros do Estado conta hoje com 2.154 veículos, de diversos tipos e marcas.

Solução trativa A Michelin apresentou o novopneu XDH33, desenvolvido para o segmento de transporte decana-de-açúcar, madeira, mineração, construção civil eindústria de celulose. O modeloproporciona mais produtividade e economia ao veículo. Essas vantagens são graças à tecnologia recém-aplicada nabanda de rodagem, que é maislarga e robusta, e o novo composto de borracha utilizadona sua produção. Isso faz com que o XDH33 tenha mais resistência, aumento na tração em solos inconsistentes e uma capacidade de carga de 3.550 kg por pneu.

Page 18: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201018

MAIS TRANSPORTE

Pacto para por fim a acidentesPara cumprir a meta de conseguir reduzir, no período de três anos, em até 40% os acidentes comcaminhões em Minas Gerais,a Fetcemg (Federação dasEmpresas de Transportes deCarga do Estado de MinasGerais) e o Instituto Cuidandodo Futuro lançaram, em BeloHorizonte, o Pacto RodoviárioMineiro. O principal objetivo

é desenvolver ações educativas para conseguirmudar o triste título do país,considerado o campeão emacidentes na América Latina,gerando prejuízo estimadoem 28 bilhões. De acordocom levantamento, o Estado de Minas, sozinho, éresponsável por 21% dessetotal, com 22% das vítimas e 4% dos roubos de cargas.

Nova catraca para ônibusA UFMG (Universidade Federal deMinas Gerais), com o apoio daViação Euclásio, elaborou umacatraca para os ônibus urbanoscom um sistema de contagem eengrenagens completamente inovador. A catraca não girarásobre as pernas do cobrador, oque facilita a vida do trabalhadore ao mesmo tempo amplia a área

de trânsito do passageiro. O autor do projeto, Igor Batista, é também o autor do ProjetoBagageiro, que implantou umbagageiro interno nos ônibusvisando aumentar o espaço para os passageiros e diminuir o incômodo dos que precisamviajar com mochilas, pastas e bolsas grandes.

Universo das estradas O fotógrafo Leo Drumond lançou em março o livro“Beira de Estrada”, resultadode um projeto que, em 2007,percorreu 25 mil quilômetrosno Estado de Minas Gerais.Drumond fotografou as principais estradas mineiras,seu entorno, o cotidiano demoradores e viajantes, a geografia e o meio ambiente.

O projeto, realizado comapoio da Lei Estadual deIncentivo a Cultura, foi patrocinado pela Usiminas e resultou em duas exposições: em Ipatinga (MG) e na rodoviária de Belo Horizonte. Agora, o projeto foi transformadoem livro com o patrocínio da Iveco.

A exploração de petróleo nopré-sal já provoca mudançasno mercado offshore. Três helicópteros de grande porte,modelo S92, fabricados pela norte-americana Sikorsky, recém-adquiridos pela BHS, jáestão sendo usados pelaPetrobras para transporte offshore até o Campo de Tupi,na Bacia de Santos, a 300 kmda costa. Além desses, outros

três grandes helicópteros EC-225 SuperPuma da francesaEurocopter estão em operaçãona Bacia de Campos. As cincoaeronaves da BHS, contratadaspela Petrobras, já ultrapassarama marca de 500 horas de voo.Até junho, mais três aeronavesadquiridas pela BHS chegam ao Brasil, completando a frota de nove contratadas pela Petrobras.

Helicópteros operam no pré-sal

iNovAção Proposta de catraca elaborada pela UFMG

FoTogRAFiA Autor percorreu 25 mil quilômetros em Minas

DIVULGAÇÃO

LEO DRUMOND/DIVULGAÇÃO

Page 19: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 19

Maiores ônibus do mundoA encarroçadora de ônibusCaio Induscar fez a entregadas primeiras unidades dos urbanos Topbus para o Grupo Ruas, de São Paulo.Com projeto totalmente novo,os veículos, sobre chassiVolvo B9Salf recentementelançado no Brasil, são 100%piso baixo e, com 26,5 metrosde comprimento, possuemlotação para 48 pessoas sentadas e 147 em pé e umcadeirante. O Topbus conta

com oito portas, sendo setepara entrada de passageirose uma de serviço exclusivapara acesso do motorista.Ainda em março, a empresaassinou contrato com a VolvoMéxico para a fabricação decarrocerias urbanas, piso altoe baixo, modelos Mondego eMillennium. A operação jáiniciou e as primeiras unidades em CKD, parcialmentedesmontadas, produzidas em Botucatu (SP).

Codefat aprova créditoO Codefat (ConselhoDeliberativo do Fundo deAmparo ao Trabalhador)aprovou em março crédito de R$ 160 milhões para investimento e de R$ 100milhões para capital de giro, destinado ao transportecoletivo de passageiros. Os recursos vão beneficiarexclusivamente empresaspermissionárias e

concessionárias de transporte complementarque operam com micro-ônibuse vans. Os conselheiros também aprovaram alteraçãona linha FAT Taxista, queprevê liberação de crédito no valor de R$ 100 milhõespara financiamento da conversão de motores movidosa gasolina e a álcool paraGNV (gás natural veicular).

gRANdezA Topbus conta com oito portas

DESIGN CAIO INDUSCAR/DIVULGAÇÃO

Vacinação vai até 21 de maio

INFLUENZA A

ACampanha Nacional deVacinação contra agripe Influenza A

(H1N1), este ano, começou nodia 8 de março e vai até 21 demaio, em todos os municípiosdo Brasil. As fases da campa-nha consistem em realizar avacinação para grupos especí-ficos (veja calendário abaixo).Em abril, começa a segundaetapa da campanha, para pes-soas de 20 a 29 anos.

Em cada uma das etapas, ospontos de vacinação serãodefinidos pelas secretariasestaduais e municipais desaúde. As vacinas serão distri-buídas pelo Ministério daSaúde ao longo do período de

campanha, de acordo comcada etapa. Por isso, é impor-tante o comparecimento aospostos de vacinação, especifi-camente nas datas estabeleci-das por grupo.

Ao todo, o Ministério daSaúde adquiriu 113 milhões dedoses para vacinar 91 milhõesde pessoas contra a gripe pan-dêmica. A meta é imunizar80% do público-alvo.

Aqueles que quiserem rece-ber um e-mail com lembrete dadata em que deve se vacinarpodem se cadastrar no Portaldo Ministério da Saúde(www.saude.gov.br). Mais infor-mações pelo Disque Saúde:0800.61.1997.

CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO

22/3 a 23/4 Gestantes, crianças de 6 meses a 2 anos e população com doença crônica*

5/4 a 23/4 População saudável de 20 a 29 anos

24/4 a 7/5 Pessoas com 60 anos ou mais – portadores de doenças crônicas

10/5 a 21/5 População saudável de 30 a 39 anos

* Exceto pessoas com mais de 60 anos

período Quem deve se vacinar

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medAlhA JK

Personalidades com dife-rentes perfis profissionaise uma história comum decontribuição ao desenvol-

vimento do setor de transportes nopaís foram homenageadas no últi-mo dia 10 de março, na sede da CNT(Confederação Nacional doTransporte), em Brasília, com amedalha Ordem do Mérito doTransporte Brasileiro. Conhecidacomo Medalha JK, a honraria foiconferida a 19 agraciados, em ceri-mônia na qual o presidente da CNT,Clésio Andrade, destacou a trajetó-ria do patrono da condecoração, oex-presidente Juscelino Kubitschek,responsável por abrir estradas parainterligar o país. “JK deve ser con-siderado por todos como o presi-dente que redescobriu o Brasil paraos brasileiros”, afirmou o dirigente,após entregar as medalhas aoshomenageados ao lado do presi-dente de honra da instituição,Thiers Fattori Costa.

Outorgada desde 1992 como umreconhecimento ao esforçoempreendido por lideranças empre-sariais, políticas e sindicais em favordo transporte, a Medalha JK é conce-dida anualmente a um homenageadona categoria Grã-Cruz, seis no grauGrande Oficial e 12 no Oficial. Entreos agraciados em 2009 está o advo-gado, ex-ministro da Justiça e ex-parlamentar Bernardo Cabral, conde-corado com a medalha Grã-Cruz peloapoio ao setor de transporte.

A relação dos condecorados comos graus Grande Oficial e Oficial(veja quadro com a lista completa)

Lideranças políticas e em presariais homenageadas

Luís Wagner Chieppe e o presidente da CNT, Clésio Andrade

George A. Takahashi e o presidente de honra da CNT, Thiers Fattori Costa

Sílvio Campos e o presidente de honra da CNT, Thiers Fattori CostaO ex-ministro Bernardo Cabral e o presidente da CNT, Clésio Andrade

Thiers Fattori Costa cumprimenta Salomão Pereira da Silva

POR sueli moNTeNegRo

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201020

Page 21: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

Lideranças políticas e em presariais homenageadas

José Roque e o presidente da CNT, Clésio Andrade

Thiers Fattori Costa entrega medalha a José Nolar SchaedlerGeorge A. Takahashi e o presidente de honra da CNT, Thiers Fattori Costa

Sílvio Campos e o presidente de honra da CNT, Thiers Fattori Costa

Martinho Ferreira Moura e o presidente de honra da CNT, Thiers Fattori Costa

Eduardo Caldas de Lira e o presidente de honra da CNT, Thiers Fattori Costa

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 21

FOTOS JULIO FERNANDES/NCI-CNT

Page 22: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

inclui lideranças empresariais esindicais, como o presidente daFetransportes (Federação dasEmpresas de Transportes do Estadodo Espírito Santo) e diretor da CNT,Luís Wagner Chieppe; o presidente-executivo da Fetranspor (Federaçãodas Empresas de Transportes dePassageiros do Estado do Rio deJaneiro), Lélis Marcos Teixeira; odiretor da CNT e presidente daCâmara Brasileira de Contêineres,Transporte Ferroviário eMultimodal, Sílvio Campos; e o pre-sidente do Sindicam-SP (Sindicatodos Transportadores RodoviáriosAutônomos de Bens do Estado deSão Paulo), Norival de AlmeidaSilva.

Ao citar JK como um exemplo aser seguido por todos os brasilei-ros, Clésio Andrade lembrou que adeterminação na busca do cresci-mento econômico foi o que ajudouo país a superar a crise econômicamundial de 2008 e 2009. Disse quea grandeza do setor de transportee logística – que tem mais de 70 milempresas – é composto por 1,9milhão de autônomos (taxistas ecaminhoneiros), emprega 3 milhõesde trabalhadores e representa maisde 15% do PIB (Produto InternoBruto – a soma de tudo o que é pro-duzido no Brasil) – mostra correla-ção entre o desenvolvimento dotransporte e o crescimento do país.“Um transporte forte e eficiente é oreflexo imediato de uma economiaigualmente forte e saudável.”

Além dos homenageados, a 18ªedição da entrega da medalha daOrdem do Mérito do Transporte foiprestigiada por parlamentares epelo ex-presidente do TCU (Tribunalde Contas da União) e presidenteda Academia Brasileira de Letras,Marcos Vilaça. l

Thiers Fattori Costa cumprimenta Natal Aparecido Brunhol

Thiers Fattori Costa cumprimenta Lélis Marcos Teixeira

Tufi Daher Filho e o presidente de honra da CNT, Thiers Fattori Costa

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201022

Page 23: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

GRÃ-CRUZ

• Bernardo Cabral

GRANDE OFICIAL

• Luís Wagner Chieppe

• Salomão Pereira da Silva

• Sílvio Campos

• Eduardo Salles Bartolomeo

• Maria Cláudia Oliveira Amaro

• Martinho Ferreira Moura

• Manoel Ferreira de Azevedo

(Post Mortem)

• Mariano Costa – (Post Mortem)

OFICIAL

• Lélis Marcos Teixeira

• Eduardo Caldas de Lira

• Nelson Ziehlsdorff

• Norival de Almeida Silva

• Natal Aparecido Brunholi

• George A. Takahashi

• Marcello Magistrini Spinelli

• José Roque

• Tufi Daher Filho

MENÇÃO HONROSA

• José Nolar Schaedler

Norival de Almeida Silva e Thiers Fattori Costa

Antonio Ferreira de Azevedo e Thiers Fattori Costa

Marcelo Magistrini Spinelli e Thiers Fattori Costa

Paula Costa e o presidente de honra da CNT, Thiers Fattori Costa

VEJA QUEM SÃO OS AGRACIADOS

Thiers Fattori Costa cumprimenta Eduardo Salles Bartolomeo

FOTOS JULIO FERNANDES/NCI-CNT

Page 24: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

Apaixão por máquinase veículos acompa-nhou o industrialEduardo André

Matarazzo por toda a sua vida.Aficionado não só pelo designde automóveis, mas tambémpor seu desempenho,Matarazzo tinha como hobbyreconstruir carros antigos queadquiria em ferros velhos deSão Paulo. Seu amor o levou ainstalar, sob a garagem dacasa onde morava, uma ofici-na. Era nesse local que elepassava suas noites, rodeadopor mecânicos, eletricistas,funileiros e pintores para tra-balhar na reconstrução dos

veículos. De reforma em refor-ma, o industrial chegou a umamplo acervo. Em 1964, inau-gurou o Museu de VeículosMotorizados Antigos, que,quatro anos depois, foi trans-ferido para Bebedouro, nointerior paulista. O museu éuma referência, já que aindahoje é um dos poucos locaisque contempla o transporteem mais de um modal.

O primeiro museu deEduardo Matarazzo funcionouem uma das fábricas dasIndústrias Reunidas FranciscoMatarazzo, na rua Joli, emSão Paulo. Em 1968, por incen-tivo da mulher, natural de

Bebedouro, e com o objetivode elevar o turismo da cidade,decidiu transferir suas peçaspara o município do interiorpaulista. Vinte e dois anosdepois, o industrial assumiu apresidência de uma fábrica desuco de laranja em Bebedouroe levou para a fazenda ondepassou a morar as ferramen-tas e o maquinário necessá-rios para a restauração dosautomóveis e das peças anti-gas. A essa altura, sua cole-ção havia ganhado ainda maisequipamentos, indo de loco-motivas e aviões a tanques deguerra e outras peças bélicas.Com novos itens no acervo, o

PaixãopreservadaMuseu Eduardo André Matarazzo nasceu doamor do industrial pelos carros antigos

POR leTiCiA simÕes

“Meu pai tinhagrande amorpela história epor objetos queajudassem aentendê-la”

hisTóRiA

pATRíCiA mATARAzzo, FILHA

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201024

Page 25: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

FOTOS MUSEU EDUARDO ANDRE MATARAZZO/DIVULGAÇÃO

delahaye mod 38 ano 1912 Caminhão saurer ano 1904

gardner ano 1928Ford T ano 1924

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 25

Page 26: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

local passou a se chamarMuseu de Armas, Veículos eMáquinas.

Com sua morte em 2002, afamília decidiu homenagear opatriarca alterando o nomepara “Museu Eduardo AndréMatarazzo – Armas, Veículos eMáquinas”. Atualmente, aspeças estão divididas entre92 carros, 18 aviões, um heli-cóptero, 28 locomotivas,caminhões e tratores, além doacervo de peças bélicas, queconta com um tanque deguerra, um carro anfíbio, trêscanhões, uma mina de guerra,um torpedo e diversos tipos

de munição. Objetos antigoscomo motores de carro e deaviões, telefones, teares emáquinas de modelos varia-dos contemplam o acervo domuseu, totalizando mais de230 itens expostos.

Patrícia Matarazzo, filhade Eduardo, é a responsávelpelo museu. “Meu pai foi umdos precursores do antigo-mobilismo no Brasil. Ele tinhagrande amor pela história epor objetos que ajudassem aentendê-la. Um de seus gran-des méritos está no fato deque sempre quis dividir seuconhecimento com as pes-

soas, abrindo sua coleçãoparticular a visitação públi-ca”, orgulha-se.

O museu está instalado emum prédio doado pelaPrefeitura de Bebedouro àépoca em que EduardoMatarazzo o transferiu para acidade. “O edifício foi cedidopor meio de um convênio noqual a associação que cuidado museu se responsabilizapelo acervo. À prefeitura cabea manutenção e a segurançado edifício e de seu entorno”,explica Patrícia.

Apesar do acordo, a famíliaMatarazzo tem trabalhado

São mais de

200itens

expostos,entre motoresde carros,aviões,máquinase outros

Bomba de combustível dadécada de 30

Page 27: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

muito para manter todo oacervo. O Museu EduardoAndré Matarazzo foi fechadodiversas vezes em virtude decalamidades naturais e à faltade manutenção do edifício.“Toda restauração, manuten-ção e conservação do patri-mônio tem sido feita pelaassociação, sem nenhumaajuda externa. Em 1984, omuseu sofreu uma inundação.Água e lama chegaram a maisde um metro de altura, danifi-cando seriamente as peças”,afirma Patrícia. Em 2006, oacervo do museu sofreu nova-mente com outra enchente.

masserati gT 3500 ano 1961

Adler Typ 10 ano 1939helicóptero Westland Aircraft ano 1946

locomotiva a vapor henschel & sohn Cassel ano 1912

Page 28: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

“Nessa oportunidade, umaparede foi derrubada pelaságuas e todo o acervo foidanificado”, diz. Nesse episó-dio, os carros do primeiropavilhão foram arrastadospelas águas e empilhados unssobre os outros. “Mais umavez a família reagiu semnenhuma ajuda externa. Emtrês meses o museu foi rea-berto. A família vem, aos pou-cos, fazendo melhorias ecolocando as peças em per-feito estado novamente”,comenta.

No acervo, os visitantespodem conferir quatro veícu-los que Eduardo André

O ACERVO

Relação de peças

• 92 Carros• 1 Tanque de guerra• 1 Carro anfíbio• 3 Canhões• 1 Mina de guerra• 1 Torpedo• 18 Aviões• 1 Helicóptero• 6 Motocicletas• 28 Locomotivas, caminhõese tratores

• 1 Bonde• 90 Peças antigas, comotelefones, teares, motoresde carro e de aviões e outras máquinas de diversos tipos

Cord mod 810 conversivel ano 1937

Romi-iseta ano 1960

Alfa Romeu mod 2500 cc conversível ano 1947

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201028

Page 29: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

Matarazzo deixou em proces-so de restauração em sua ofi-cina – um Ford Falcon, umVolvo, um Keiser Henry J eum Aero Willys. Todos elestiveram a restauração con-cluída. Porém, com asenchentes que danificaram oacervo, esses veículos eoutros objetos continuamsendo reformados. SegundoPatrícia, 70% das peçasexpostas sofreram algum tipode dano. “Estamos trabalhan-do para colocá-las no mesmoestado em que meu pai asdeixou.”

O Museu Eduardo AndréMatarazzo conta atualmente

com quatro funcionários quese dividem na administraçãoe na recepção aos visitantesque chegam de todo o Brasil.O museu é aberto à visitaçãode quinta a domingo. A equipeorganiza excursões para gru-pos, agendadas previamentepor telefone. Para escolaspúblicas, a visitação é gratui-ta, também com agendamen-to prévio.

Para Patrícia Matarazzo,não há no acervo um objetoque se distinga do outro. “Meupai sabia escolher o que eraimportante para a época, inde-pendente do valor ou status dapeça. Por isso, não acredito

que exista alguma que tenhamaior destaque. É maravilhosodar sequência a um sonhoidealizado por ele.” l

Das peçasexpostas nomuseu,

70%sofreram

algum danocom

enchentes

Cadillac (são das décadas de 30/40/50/60) moto harley davidson ano 1951

SERVIÇO

Museu Eduardo André MatarazzoPraça Santos Dumont, s/nº, Centro – Bebedouro (SP)

Funcionamento Quintas e sextas-feiras: das 9h às12h e das 13 às 17h.sábados e domingos: das 9h às 17hentrada: R$ 5 (aposentados e estudantes: R$ 2,50)Contato: (17) 3342.2255

Canhão Fred Kupper 1939

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 29

Page 30: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201030

seguRANçA

Quatro anos depois desancionada a lei nº 121,em fevereiro de 2006,que determinava a cria-

ção do Sistema Nacional dePrevenção, Fiscalização eRepressão ao Furto e Roubo deVeículos e Cargas no país, a realida-de nas estradas brasileiras ainda épreocupante.

A Lei Negromonte, como éconhecida, em alusão ao deputadofederal Mário Negromonte (PP-BA),que propôs a matéria, ainda não foiregulamentada – apenas o artigoque dispõe sobre a instalação deequipamento antifurto está sendocumprido (veja mais na página 34)– e a situação no país permanece a

Medo naestrada

Lei que cria o Sistema Nacional de Fiscalização eRepressão ao Roubo de Carga não foi regulamentada

mesma de anos anteriores. Onúmero de roubos de cargas man-tém um crescimento constante equem precisa trafegar diariamentepelas rodovias convive com omedo e a insegurança.

Em 2008, na edição 150 da revis-ta CNT Transporte Atual, líderes deentidades ligadas ao transporte jácobravam das autoridades a regula-mentação e tentavam evitar que,mais uma vez, a decisão se arras-tasse por anos a fio. Infelizmente, delá para cá, nada mudou.

A falta de regulamentação dalei impede a criação do sistemanacional que, por sua vez, impos-sibilita a geração de mecanismosde levantamento de números ofi-

POR liviA CeRezoli

Page 31: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

ALEX DE JESUS/O TEMPO/FUTURA PRESS

Page 32: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

se. Pelo Estado circulam, em média,entre 50% e 55% das cargas trans-portadas no país. De acordo comlevantamento do Setcesp(Sindicato das Empresas deTransportes de Carga de São Pauloe Região), baseados em dados dasecretaria, no ano passado, onúmero de roubos em todo oEstado chegou a 7.776, 16,8% maiordo que os números de 2008, quan-do foram registrados 6.653 casos.Em valores reais, foram subtraídosR$ 281,97 milhões. O prejuízo dasempresas cresceu 21% no período.

ciais de ocorrências no país. Osdados mais atualizados são de2008 e foram levantados pelaNTC&Logística (AssociaçãoNacional do Transporte de Cargase Logística), com algumas secre-tarias estaduais de SegurançaPública. Naquele ano, o número deocorrências de roubo de carga noBrasil foi de 12.441, contra 11.856em 2007. A região com a maiorincidência é a Sudeste, com con-centração de 79,82% dos casos.

Porém, esses números podemnão refletir a realidade do país,

uma vez que nem todos os Estadostêm o interesse em divulgar osdados, segundo o coronel reforma-do do Exército Paulo Roberto deSouza, assessor de segurança daNTC&Logística. “Divulgar dadosnegativos é sempre ruim e háquem prefira omitir a informaçãopara não causar desgaste da admi-nistração local”, diz Souza.

Para o assessor, a Secretaria deSegurança Pública de São Paulo é aúnica do país que fornece às enti-dades do setor informações com-pletas sobre os roubos para análi-

O coronel explica que o levanta-mento e a divulgação de dadospodem auxiliar no trabalho de pre-venção ao crime. “Os números indi-cam os locais onde a polícia deveagir e de que forma as empresasdevem se proteger.”

Para o vice-presidente da CNT,Newton Gibson, as esferas gover-namentais não têm feito sua partepara prevenir, combater ou repri-mir o roubo de cargas no Brasil. Naavaliação dele, que também é pre-sidente da ABTC (AssociaçãoBrasileira de Logística e Transporte

Rio e SP são os mais visados RISCOS

A teoria de que luga-res desertos são maispropensos a assaltos nãoé uma realidade quandoo assunto é roubo de car-gas. Geralmente, as rodo-vias mais movimentadassão as mais visadas pelasquadrilhas.

De acordo com aNTC&Logística, as estra-das que cortam osEstados de São Paulo eRio de Janeiro lideram osíndices de casos deroubo no país, com quase75% das ocorrências.Minas Gerais e RioGrande do Sul vêm logoem seguida, com umamédia de 3% do total decasos. Os demais Estadosmantêm a média de até1% cada.

“São Paulo e Rio sãoos dois maiores centroseconômicos do país. Acirculação de veículosnesses locais é intensa.Por isso, a incidência deassaltos é maior”, diz oassessor de segurança

da NTC&Logística, PauloRoberto de Souza.

De acordo com aPolícia RodoviáriaFederal, a malha federalnão é o alvo preferidodos criminosos. Em nota,a assessoria da PRF afir-ma que a maioria dasocorrências no Brasil seconcentra na regiãometropolitana de SãoPaulo, principalmentenas rodovias estaduaispróximas à capital. Paraa PRF, isso se explica, emparte, pelo tipo de cargamais visado pelas quadri-lhas, como alimentos,remédios, eletrodomésti-cos e eletrônicos.

Em geral, os crimino-sos revendem as merca-dorias roubadas na pró-pria região onde o crimefoi praticado. Segundo aPRF, nas rodovias fede-rais, até setembro de2009, foram registradas303 ocorrências. Em2008, foram 342 e em2007, 282 casos.

Alvo A região com a maior incidência de roubo de cargas é a Sudeste, com quase 80% dos casos

“A região é visada justamente pela sua posição estratégica”

PRODUTOS MAIS VISADOS

Dados do Estado de

São Paulo (em %)

Eletroeletrônicos 21,6

Carga fracionada 13,79

Alimentícios 11,94

Metalúrgicos 9,57

Medicamento s 8,19

Autopeças 7,19

Têxteis 7,06

Químicos 3,98

Cigarro/fumo 3,47

Combustível 2,33

Outros 10,88

Fonte: NTC&Logística

ARi de sousA, PRESIDENTE DO SETTRIM

Page 33: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

de Carga) e da Fetracan (Federaçãodas Empresas de Transporte deCargas do Nordeste), faltam açõesmais enérgicas e, principalmente,uma legislação mais bem estrutu-rada para combater esse crime einibir a receptação de cargas rou-badas. “O receptador é a raiz detodo o problema do roubo de car-gas. A forte atuação da receptaçãoé incentivada, além do lucro, porpenas brandas previstas peloCódigo Penal brasileiro. A penapara o roubo de cargas no Brasilestá vigente desde os anos 40,

quando ainda não se conhecia ocrime organizado nem a estruturaorganizada do roubo de cargas”,afirma.

O delegado da Divisão deRepressão a Crimes contra oPatrimônio da Polícia Federal, AlanCordeiro de Souza, compartilha daopinião de Gibson. Segundo ele, afacilidade da receptação de produ-tos roubados e a baixa pena atri-buída ao crime têm contribuídopara o aumento das ocorrências noBrasil. O delegado ainda cita a faltade um sistema integrado de comu-

nicação nas estradas e o aumentoda malha rodoviária sem o propor-cional incremento de efetivo poli-cial como fatores que também con-tribuem para os altos índices deroubo de cargas no país.

Para o presidente da seção detransportadores autônomos, depessoas e de bens da CNT e daAbcam (Associação Brasileira dosCaminhoneiros), José da FonsecaLopes, o problema não está somen-te na falta de fiscalização nasestradas, mas sim no desenvolvi-mento de mecanismos de investi-

gação que acabem de forma defini-tiva com o crime. “Faltam delega-cias especializadas no país quemontem uma rede de fiscalização”,diz ele.

Em Minas Gerais, por exemplo,as delegacias especializadas emroubo de carga foram desativadashá mais de cinco anos, segundo aFetcemg (Federação das Empresasde Transportes de Carga do Estadode Minas Gerais). No TriânguloMineiro, região com a maior inci-dência de roubo de carga noEstado, também falta fiscalização.

LUIZ GUARNIERI/FUTURA PRESS

Alvo A região com a maior incidência de roubo de cargas é a Sudeste, com quase 80% dos casos

“A região é visada justamente pela sua posição estratégica”

7,81

79,82

2,237,962,18

ROUBO DE CARGA NO PAÍSDados nacionais*

OCORRÊNCIAS

VALORES SUBTRAÍDOS (R$ MILHÕES)

OCORRÊNCIAS POR REGIÃO (% EM 2008)NorteNordesteCentro-OesteSudesteSul

MORTE DE MOTORISTAS E AJUDANTES2003 182004 192005 102006 92007 72008 9

* Rodovias e áreas urbanasFontes: NTC&Logística, Fetcesp e Setcesp

2003 2004 2005 2006 2007 2008

12.44112.20011.90011.85611.54911.401

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

805735710700630575

Page 34: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

“A região é visada justamente pelasua posição estratégica no país.Aqui temos o encontro de váriasrodovias e a cidade é um polo ata-cadista. Precisamos de mais segu-rança”, afirma Ari de Sousa, presi-dente do Settrim (Sindicato dasEmpresas de Transportes deCargas do Triângulo Mineiro).

Autor da lei, o deputado MárioNegromonte cobra da Casa Civil acriação de um grupo de trabalhopara definir os parâmetros daregulamentação e garante, quatroanos depois, que fará pressão como governo para tornar o processomais rápido.

A Casa Civil, por sua vez, afirma

que o assunto em questão é decompetência dos ministérios daJustiça e das Cidades, não cabendoao órgão a proposta de criação deum grupo de trabalho específicopara aprofundamento do tema,sem que surja essa demanda.Segundo a assessoria do Ministériodas Cidades, a responsabilidade doórgão se resume a atender à exi-gência expressa na lei para aimplantação dos sistemas de dis-positivos antifurto nos veículos.Procurado, o Ministério da Justiçanão retornou aos contatos dareportagem.

Enquanto a lei não é colocadaem prática, alguns Estados traba-

lham de forma isolada no levanta-mento de dados sobre esse tipo deocorrência e procuram estabelecerparcerias com as polícias locais.

No Rio de Janeiro, o Sindicarga(Sindicato das Empresas deTransporte Rodoviário de Carga eLogística do Rio de Janeiro) iniciouhá um mês um novo trabalho delevantamento das ocorrências deroubos de carga na região. Mas, porenquanto, ainda não há estatísticasoficiais. Um canal de denúnciasestá disponível na página do sindi-cato na internet. De acordo com oassessor tributário da entidade,Erhard Bruns, as maiores incidên-cias de roubos de carga estão na

BR-101, no sentido Espírito Santo.“Nas vias concedidas, a fiscaliza-ção é maior e a existência de fisca-lização nas balanças inibe ocrime”, diz.

O Setcergs (Sindicato dasEmpresas de Transporte de Cargase Logística no Estado do RioGrande do Sul), sediado em PortoAlegre, pretende implantar umbanco de dados integrado com aspolícias Civil, Militar e RodoviáriaFederal e a Secretaria da Fazenda,além da criação de um disquedenúncia. “Nem todo mundodenuncia por medo da exposição,mas os dados são necessários paraa identificação do tipo de carga

Na proposta original, alei nº 121 apresentava 12artigos, mas cinco delesforam vetados e até omomento apenas o artigo7 está sendo cumprido.Nele, o Contran (ConselhoNacional de Trânsito) écitado como responsávelpela implantação do sis-tema de instalação de dis-positivos antifurto nosveículos novos, saídos defábrica, produzidos nopaís ou no exterior.

Pela resolução nº 245,editada pelo Contran emjulho de 2007, em atendi-mento à lei que criou oSistema Nacional dePrevenção, Fiscalização eRepressão ao Furto eRoubo de Veículos eCargas, os equipamentosdeveriam ser instaladosnos veículos a partir defevereiro deste ano, mas oórgão alterou o calendário.

De acordo com a deli-beração nº 90, de janeirodeste ano, a instalaçãodeve começar em 1º dejulho. O prazo final termi-na em dezembro, quando100% da frota de veículosnovos deverá ter o equi-pamento (veja calendáriocompleto no quadro aolado).

O equipamento teráum sistema que possibili-te o bloqueio e a localiza-ção do veículo. Para utili-zar a função de bloqueionão será necessário qual-quer tipo de contrataçãode serviço, pois a funçãojá virá de fábrica disponí-vel para uso. Em relação àlocalização, a ativaçãodessa função não seráobrigatória e caberá aoproprietário decidir sobrea habilitação do equipa-mento com os prestado-res de serviço.

Contran altera calendárioANTIFURTO

EQUIPAMENTOS ANTIFURTOCronograma de instalação definido pelo Contran

• AuTomóveis, CAmioNeTAs, CAmiNhoNeTese uTiliTáRios

A partir de Quantidade (% da produção total)1°/7/10 201°/10/10 401°/12/10 100

• CAmiNhÕes, ÔNiBus e miCRo-ÔNiBus

A partir de Quantidade (% da produção total)1°/7/10 301°/10/10 601°/12/10 100

• CAmiNhÕes-TRAToRes, ReBoQues e semiRReBoQues

A partir de Quantidade (% da produção total)1°/12/10 100

• CiClomoToRes, moToNeTAs, moToCiCleTAs,TRiCiClos e QuAdRiCiClos

A partir de Quantidade (% da produção total)1°/8/10 151°/10/10 501°/12/10 100

Fonte: Contran

“É importante não fugir das rotas e parar só em locais confiáveis”pAulo RoBeRTo de souzA, ASSESSOR DE SEGURANÇA DA NTC&LOGÍSTICA

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mais visado e as rotas onde asocorrências acontecem com maisfrequência. Só assim vai ser possí-vel ter um gerenciamento mais efi-ciente”, afirma Jaime Krás Borges,vice-presidente do sindicato ecoordenador da Comissão deRoubo de Carga e Seguro.

Segundo estimativas do sindi-cato, no primeiro semestre de2009, no Rio Grande do Sul, foramregistrados pelo menos 185 c asosde roubos de carga, com prejuízosde R$ 22 milhões. Em 2008, foram420 ocorrências, que resultaramem prejuízos estimados em R$ 51milhões. As rotas mais críticas sãoa BR-116 na região do Vale dos Sinos

iNiCiATivA Estados trabalham de forma isolada até a regulamentação da lei

Lideranças do setor epoliciais são unânimes emafirmar que é preciso reforçona fiscalização das rodoviasbrasileiras, mas algumasorientações podem auxiliarna prevenção dos roubos.

Empresas e autônomosdevem realizar um gerencia-mento de risco antes dequalquer viagem, segundo oassessor de segurança daNTC&Logística, coronel PauloRoberto de Souza. Para asempresas, é importantemanter o sistema de monito-ramento da carga em movi-mento e armazenado emdepósitos, selecionar deforma criteriosa os colabora-dores da empresa, treiná-lospara agir em situações deemergência e manter sem-pre atualizado o controle deinformações do sistema detransporte.

Para os caminhoneiros,contratados ou autônomos,

a orientação é seguir sem-pre as determinações daempresa na montagem doroteiro da viagem. “Éimportante não fugir dasrotas traçadas e pararsomente em locais confiá-veis”, afirma Souza.

O delegado da Divisão deRepressão a Crimes contra oPatrimônio da PolíciaFederal, Alan Cordeiro deSouza, explica ainda que omotorista não deve esboçarreação, evitando gestosbruscos que ameacem oscriminosos. Para o delegado,guardar na memória todosos detalhes possíveis, como,por exemplo, quantidade decriminosos, característicasfísicas, veículos e tipos dearmamento utilizados naação, bem como as conver-sas entre eles, podem auxi-liar na localização da carga eaté mesmo na identificaçãodos assaltantes.

Motoristas devem evitar reaçãoORIENTAÇÕES

PAULO ASSIS/FUTURA PRESS

• Cria o Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização eRepressão ao Furto e Roubo de Veículos e Cargas

• Obriga todos os órgãos integrantes do sistema a fornecerinformações relativas a roubo e furto de veículos e cargas

• Estabelece que a União, os Estados e o Distrito Federalpoderão estabelecer planos, programas e estratégias deação para o combate a esse tipo de crime

• Determina a implantação de dispositivos antifurto obrigatórios nos veículos novos, saídos de fábrica, produzidos no país ou no exterior

• Obriga todo condutor de veículo comercial de cargaportar, quando esse não for de sua propriedade, autorização para conduzi-lo fornecida pelo proprietárioou arrendatário

• Estabelece que as seguradoras reduzam o valor do prêmiodo seguro contratado para veículos dotados de dispositivoopcional de prevenção contra furto e roubo

• Obriga as autoridades fazendárias a fornecer à autoridadepolicial cópia dos autos de infração referentes a veículos emercadorias desacompanhados de documento regular deaquisição

LEI NEGROMONTEConfira os principais pontos

“É importante não fugir das rotas e parar só em locais confiáveis”pAulo RoBeRTo de souzA, ASSESSOR DE SEGURANÇA DA NTC&LOGÍSTICA

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201036

e a BR-486 em Lajeado e no trechoTabaí-Canoas.

O Paraná, por ser uma regiãode passagem e de ligação entreoutros Estados, vivencia umasituação diferenciada com rela-ção ao roubo de carga. Mesmoassim, o Estado mantém umamédia de nove a 11 ocorrênciaspor mês, segundo o coronelreformado do Exército SérgioMalucelli, também diretor-exe-cutivo da Fetranspar (Federaçãodas Empresas de Transporte deCargas do Estado do Paraná).“Não é que por aqui as coisasestejam tranquilas. Nós sofre-mos sim os ataques de quadri-lhas, mas os números do Paranárepresentam apenas 1,5% dasestatísticas nacionais”, diz ele.

De acordo com Malucelli, asrotas mais perigosas são a liga-ção entre Curitiba e Foz doIguaçu para o transporte de ele-trônicos, a região Centro-Oeste,onde são registrados roubos decouro e confecções em geral, ea região entre Londrina,Maringá e Cascavel, para otransporte de fertilizantes.

Para o diretor da Fetranspar, sóé possível coibir o roubo de cargacom fiscalização e policiamentoostensivo integrado em todo opaís. “Não existe outra mágicapara isso.” A federação pleiteiacom o governo do Estado e àspolícias rodoviárias Estadual eFederal a criação de uma delega-cia especializada em roubo e des-vio de carga na região. l

Devido ao crescimentono número de ocorrênciasde roubos de cargas nopaís, as seguradorasaumentaram as taxas dosseguros e ficaram muitomais restritivas para aaceitação dos mesmos.

A afirmação é do mem-bro da Comissão deTransporte da FenSeg(Federação Nacional deSeguros Gerais) e diretor-executivo da Unidade deSeguros Gerais da Mapfre,Artur Santos. De acordocom ele, o número desinistros registrados pordesaparecimento de car-gas cresceu de 2008 para2009 mais de 30%.

A FenSeg não dispõede estatísticas nacionaissobre a ocorrência deroubos de cargas no país,mas a entidade estádesenvolvendo um bancode dados que será ali-mentado com informa-ções sobre sinistros, asquais serão fornecidaspelas seguradoras queoperam os seguros detransportes.

Entre as exigênciaspara a contratação de umseguro de cargas está oplano de gerenciamentode riscos, com definiçãode locais de parada, rotase horários para a viagemcom o objetivo de minimi-zar a frequência doscasos relacionados aoroubo de carga. “A empre-sa segurada que nãoseguir as regras podeperder o direito à indeni-zação”, diz Santos.

Porém, a elaboraçãode um plano de gerencia-mento de riscos não ésuficiente para evitar asocorrências nas estradasbrasileiras. O diretor daMapfre afirma que a fisca-lização nas estradas nãotem produzido qualquerefeito no sentido de repri-mir o roubo de cargas.“Nem sempre esses pla-nos, ainda que sejam one-rosos para os segurados,são eficazes. O roubo decargas é um crime organi-zado praticado por gentealtamente especializada”,afirma ele.

Roubos encarecem taxasSEGUROS

CuidAdos Motoristas devem evitar reagir ao assalto

DIRCEU PORTUGAL/FUTURA PRESS

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Táxi

Ser taxista fora das gran-des cidades proporcionaalgumas peculiaridades.Em alguns municípios

pequenos, com no máximo 15 milhabitantes, o número de clientespode não ser tão atraente igual aode alguns centros urbanos. Mas apossibilidade de se trabalhar commais segurança, em um ambienteintimista e tranquilo, é o que tornaa profissão mais interessante emalguns desses locais.

O perfil do trabalho varia con-forme o município, mas, em todoseles, grande parte dos clientesacaba sendo o amigo, o familiar, ovizinho ou mesmo um conhecidoantigo da cidade. Sebastião Lucasde Freitas, 48, nasceu emInconfidentes e hoje é um dosquatro taxistas dessa cidade depouco mais de 7.000 habitantes,no sul de Minas Gerais.

Para ele, a principal diferençaentre o trabalho no interior e nacapital é a segurança. “Nossocliente é o amigo, o vizinho oualguém com quem temos umarelação próxima. Isso é muito bomporque há uma confiança. Colocarno carro alguém que a gente nãoconhece é bem pior”, considera.

Quando precisa ir a São

Segurança etranquilidadeProfissionais relatam vantagens e desvantagens

de se trabalhar em cidades pequenas

POR CyNThiA CAsTRo

Paulo, capital mais próxima domunicípio mineiro, há um certoestranhamento em relação aotrabalho em uma cidade gran-de. “Percebo que os taxistas delá não conversam com osclientes. E só para entrar nocarro já são mais de R$ 3. Étudo muito diferente.”

Em Inconfidentes, não hábandeirada. O preço é combina-do. E a concorrência com oscolegas de profissão funcionaharmoniosamente. Os taxistastrabalham de forma integrada,diz Freitas. “Às vezes, quando acorrida é mais distante, até

outra cidade, a gente cobra porquilometragem.”

Além das corridas dentro domunicípio, muitas vezes os taxis-tas de lugares com baixa popula-ção concentram o trabalho emlevar os moradores para algumacidade maior, mais próxima. LuizIdélio Aretz, 48, de Sobradinho(RS), conta que é comum fazer via-gens para Santa Maria, por exem-plo, que fica a 150 km de distância.

“Frequentemente, algunsmoradores precisam de atendi-mento médico e a alternativa ébuscar outro município”, comenta.Sobradinho tem 14.744 moradores,

conforme a estimativa de 2009, doIBGE (Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística). São 14taxistas em atividade.

Mas não é todo dia que essaspequenas viagens acontecem. Aalternativa encontrada por Aretz etambém por outros colegas deprofissão é tentar fazer uma clien-tela fixa, que sempre precisa doserviço de um taxista.

Em Sobradinho, já está acer-tado com uma empresa daregião que ele faça o transportediário de alguns funcionáriosaté Ibarama, durante todos osdias úteis. “São cerca de 13 km

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moNTe veRde (mg) Na cidade mineira, taxistas dividem o trabalho com outras atividades para melhorar rendimento

WWW.MONTEVERDE.COM.BR/DIVULGAÇÃO

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para ir e mais 13 para voltar.Temos que buscar clientes fixospara poder compensar.”

Sobre a segurança, Aretzconsidera que é um diferen-cial de cidades pequenas.Entretanto, ele afirma que,mesmo em Sobradinho, quetem quase 15 mil moradores,há uma preocupação com aviolência. “Não é tão comum,mas de vez em quando algumassalto acontece”, comenta.

Em cidades turísticas, ondehá um fluxo grande de pes-soas de outras regiões, o mer-cado de trabalho para o taxis-ta oferece mais uma alternati-va para conseguir aumentar onúmero de passageiros. Aindaassim, em alguns locais, hátemporadas melhores eoutras em que não há tantaspessoas de fora.

E, muitas vezes, não é pos-sível permanecer somentecom um tipo de atividade. EmMonte Verde, distrito deCamanducaia (MG), MiguelEmiliano da Silva, 63, dividealguns momentos ao volantede um táxi com o trabalho emuma pousada da família dele.

Há 14 anos ele começou a tra-balhar com táxi. Durante oitoanos, essa era a sua profissão. Masdepois ele decidiu se concentrarmais na pousada. “Agora, trabalhocom táxi só de vez em quando.

Não é sempre que o número depassageiros é suficiente.”

O distrito, no sul de Minas, apouco mais de 100 km de Camposdo Jordão (SP), é famoso poratrair turistas que querem curtir oinverno. Nos meses mais frios edurante os feriados o número declientes aumenta. “Mas não temmovimento grande o ano todonão. Então, é difícil viver somentecomo taxista.”

Em Pirenópolis, no interior deGoiás, a maior parte dos clientesdos taxistas é formada por turis-tas que viajam para a cidade his-tórica famosa também por reunirvárias cachoeiras. Aos finais de

semana e feriados, dezenas demoradores do Estado de Goiás ede Brasília (DF) vão para o municí-pio aproveitar as belezas naturais.

Valdomiro Fleury Lobo, 59,taxista há seis anos, descobriu notáxi uma forma de conseguir com-plementar a aposentadoria. Eleconta que trabalhava para o servi-ço público, operando máquinasem obras. Ao se aposentar, decidiubuscar outro trabalho.

Nascido e criado emPirenópolis, como faz questão defalar, a opção foi mesmo o volantede um táxi. “É mais tranquilo tra-balhar com táxi no interior. Agente conhece todo mundo. Não

dá muito movimento não, mas éum serviço interessante.”

Mas, mesmo com toda a tran-quilidade, Lobo prefere traba-lhar durante o dia. “Não dá paraficar dando bobeira não. Emtodo lugar há alguns malandri-nhos.” Em Pirenópolis, conta,não é usado o taxímetro. Se acorrida for dentro da cidade,geralmente, custa R$ 8.

Se for um passeio para algu-ma cachoeira ou outro pontoturístico da região, o preço écombinado dependendo da dis-tância. Uma queixa que ele fazquestão de ressaltar é em rela-ção à concorrência. Mas não a

piReNópolis (go) Taxistas dizem que segurança é uma das vantagens de se trabalhar no interior

“Nosso cliente é o vizinho ou alguém com quem temos uma re lação próxima”seBAsTião luCAs de FReiTAs, TAXISTA

O POPULAR/FUTURA PRESS

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com outros taxistas, colegas deprofissão. “Tem muito mototáxiaqui. Isso acaba prejudicando decerta forma o nosso trabalho.”

A necessidade de se ter umsegundo trabalho para conse-guir sobreviver como taxista nointerior é uma desvantagemapontada pelo presidente daFencavir (Federação Nacionaldos Taxistas e TransportadoresAutônomos de Passageiros),Edgar Ferreira de Sousa. Ele tam-bém é vice-presidente da seçãode transportadores autônomos,de pessoas e de bens da CNT.

“O táxi acaba sendo a ativida-de complementar. O profissional é

alguma coisa e, também, taxista”,diz Sousa. Outra situação que cos-tuma trazer transtornos em algu-mas cidades, conforme o presi-dente da Fencavir, é em relaçãoao posicionamento político.“Dependendo do lugar, quandoo Executivo ou o Legislativo temalguma desavença política como taxista, ele vai acabar sendoperseguido por quatro anos.”

Sobre a maior segurança emrelação a assaltos e outros pro-blemas e também a proximida-de com os clientes, ele conside-ra serem os principais pontospositivos para o taxista do inte-rior, o que proporciona um tra-

balho com mais tranquilidade.“A partir do momento em queele conhece todos os clientes,vai perceber quem é estranho epoder avaliar se quer ou nãofazer a corrida.”

No Brasil, são cerca de 900mil taxistas e 300 mil veículosusados para essa finalidade,conforme informações daFencavir. Não há um númeropreciso de quantos profissio-nais atuam no interior ou nascapitais. As cidades do Rio deJaneiro e São Paulo concentrama maior parte do serviço – sãoquase 70 mil táxis e aproxima-damente 150 mil taxistas.

Segundo o presidente dafederação, uma estimativa éque pelo menos 60% dos pro-fissionais estejam nas gran-des cidades. E nos municípiosmenores, onde há um melhormercado de trabalho, são osturísticos. “A população flu-tuante dessas cidades émuito grande. Ouro Preto(MG), Poços de Caldas (MG),Angra dos Reis (RJ) e CaboFrio (RJ), por exemplo, sãocidades onde o número detaxistas é bem maior do quedeveria, ao levar em conside-ração o tamanho da cidade ea população.” l

Trabalho especial em locais paradisíacosPRAIAS

Trabalhar como taxista emlugares paradisíacos queatraem turistas o ano inteirodá um charme especial à pro-fissão e pode proporcionarem alguns casos uma remu-neração maior do que emoutras cidades pequenas. Empraias como as da ilha deFernando de Noronha (PE) eJericoacoara (CE), o veículoutilizado na maioria das corri-das é o bugue.

“É uma mutação do traba-lho do taxista. Fugimos darotina comum dessa profis-são”, diz Emerson Nilson 35,ao descrever o dia a dia nailha que tem o mar cristalinomais famoso do Brasil. Nilsoné presidente da AssociaçãoNoronhense de Taxista. São60 associados. Ele afirma queem Noronha não falta traba-lho. E o preço não é dos maisbaratos, conforme reconhece.

O cliente pode optar poruma corrida simples, saindoda Vila dos Remédios (área

principal da ilha) e seguindoaté uma praia. A tarifa mínimaé R$ 12. Outra opção é com-prar o Ilha Tour, que custa R$250 e o táxi fica o dia todo àdisposição. Mas o presidenteda associação informa que agasolina na ilha custa R$ 3,78,o litro, e não há opção porálcool ou gás. “Então, acabaque a gente gasta muito.”

Como já era de se imagi-nar, Nilson afirma que traba-lhar como taxista em uma ilhacomo Fernando de Noronhacontribui também paramelhorar a saúde do profis-sional e para ampliar os hori-zontes culturais. “Temosclientes de toda parte doBrasil e do mundo, trazendohistórias diferentes das maisdiversas regiões e países.Geralmente, as pessoas estãofelizes, com um estado deespírito muito interessante. Ébom trabalhar ao lado delas.”

Em Noronha, a maioria dostaxistas utiliza o bugue. Mas,

segundo o presidente daassociação, há também veícu-los convencionais. Em altatemporada, são registradaspelo menos 150 saídas pordia, no total, conforme infor-mações da associação.

Alex de Freitas, 36, quemora em Jericoacoara, defineo trabalho como muito “zen”,bem tranquilo. Na realidade,ele diz ser bugueiro e contaque faz passeios com os turis-tas que visitam a praia paradi-síaca do litoral cearense. Mas,há cerca de dois anos, Freitasconta que acabou inventandoo nome táxi-bugue para expli-car um outro tipo de trabalhorealizado no local.

“Além de fazer o trabalhode bugueiro, nas praias, mui-tas vezes, transportamos osclientes em pequenos tre-chos. Buscamos no hotel elevamos até um restauranteou até o lugar onde eles irãopegar o ônibus para Fortaleza(CE). É o táxi-bugue”, diz.

piReNópolis (go) Taxistas dizem que segurança é uma das vantagens de se trabalhar no interior

“Nosso cliente é o vizinho ou alguém com quem temos uma re lação próxima”

O POPULAR/FUTURA PRESS

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Futuro sem acidente

Novos sistemas, com tecnologia avançada, oferecem cada vez mais segurança ao tráfego de caminhão

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 45

Dentro da cabine do caminhão em movimen-to, um sinal sonoro avisa que o veículo pas-sou pela faixa central da pista sem sinalizar,o que pode indicar sonolência do motorista.

Outro alarme é acionado automaticamente, caso adireção, em ziguezague, aponte que o nível de aten-ção está baixando. E durante a ultrapassagem, sehouver qualquer objeto no chamado ponto cego doveículo, é acesa uma luz posicionada bem na linha doretrovisor, para alertar quem está na direção.

As novidades tecnológicas na indústria de cami-nhões têm surgido em ritmo acelerado, tornando oveículo cada vez mais seguro. Os novos equipamen-tos geram informações eficientes e automáticas queauxiliam o motorista a antecipar suas atitudes etomar decisões na direção. Mas será que é possívelfalar que estamos próximos de um futuro sem aci-dentes? Para alguns profissionais que atuam nessaárea, pelo menos no que depender do uso da tecno-logia, o caminho é esse.

A tendência é que os veículos se tornem cada vezmais confiáveis, a ponto de suprir algumas limitaçõesdo ser humano, trazendo soluções que permitamuma condução extremamente segura, na avaliaçãodo analista técnico do Cesvi Brasil (Centro deExperimentação e Segurança Viária), Felício Félix.“Acredito que caminhamos nessa direção. A tecnolo-gia, a serviço do homem, vai conseguir, juntamentecom outros recursos, identificar nossas carências elimitações e as razões pelas quais os acidentes acon-tecem. Essa tecnologia tende a estar disponível nãosó nos veículos, mas nas pistas, na sinalização e nosistema de fiscalização mais eficiente”, diz.

Entretanto, Félix salienta que é imprescindívelnão desprezar o fator humano. O motorista continuae continuará sendo a principal variável para evitaracidentes. Por mais desenvolvidas que estejam astecnologias, isso não deve ser motivo para incentivar

POR CyNThiA CAsTRo

RepoRTAgem de CApA

Futuro sem acidente

MAN LATIN AMERICA/DIVULGAÇÃO

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201046

uma dirigibilidade inconsequente.“A pessoa não pode jamais pensarque vai entrar em um veículo e eleirá fazer tudo. O bom comporta-mento do condutor e a tecnologiadisponível tendem a levar a umasituação ideal.”

O engenheiro de venda daVolvo do Brasil, Roberto Gribosi,considera que a indústria caminhapara um dia atingir inteligênciasuficiente para evitar cada vezmais acidentes. Ele também des-taca que os equipamentos auxi-liam muito a condução segura,mas a peça fundamental nessabusca pelo acidente zero sempreserá o motorista, bem treinado ecom uma postura consciente.

No Brasil, já há no mercadomuita tecnologia voltada para asegurança em caminhões. Masgrande parte dos itens só é possí-vel como opcional. O uso é bemmais disseminado nos países daEuropa, nos Estados Unidos e noJapão. De qualquer forma, investirem segurança veicular já é umaquestão de mercado, principal-mente para as empresas queatuam na área de caminhões, emque grande parte dos clientes éformada por frotistas que queremimplantar uma direção commenos risco em seus negócios.

A Volvo do Brasil é uma dasmontadoras que se destaca nessaárea. Segundo Gribosi, segurança

sempre foi um valor fundamental,que está “no DNA da empresa”.Nesse contexto, há um trabalhopara o desenvolvimento de produ-tos e soluções que protegem ocaminhão, evitando acidentes, etambém para proteger mais ocondutor, caso o acidente ocorra.

No ano passado, foram lan-çados no Brasil os caminhõesdas linhas FH e FM, que ofere-cem sofisticadas opções de tec-nologia embarcada de seguran-ça. Uma delas é o ACC – pilotoautomático inteligente. Na fren-te do caminhão, uma espécie deradar manda um sinal e identifi-ca se há algum objeto, comocarro ou moto. Se for detectado

Curso do Sest/Senat atualiza uso da tecnologia

QUALIFICAÇÃO

Com as tecnologias que sur-gem a cada dia no mercado decaminhões, aumentam as exi-gências de atualização dosprofissionais que conduzemesses veículos. Com isso, oSest/Senat (Serviço Social doTransporte/Serviço Nacional deAprendizagem do Transporte)tem desenvolvido iniciativaspara preparar os motoristas decaminhão.

No segundo semestredeste ano, está programado olançamento de um novo trei-namento a ser difundido pelasunidades de todo o país. Ocurso virtual novas tecnolo-gias vai abordar os mais dife-rentes tipos de tecnologiaembarcada, como sensor deabertura das portas da cabine,tacógrafo digital, bloqueador,botão de pânico e computadorde bordo.

O curso será desenvolvidoem 20 horas/aula. A proposta

é atender às necessidadesdos profissionais que atuamnas rodovias brasileiras. Ocondutor poderá simular einterpretar as mais modernastecnologias utilizadas noscaminhões brasileiros.

Durante as aulas, será usadoo computador. Cada aluno irávivenciar, dentro de uma cabinevirtual de caminhão, diferentessituações que podem serenfrentadas no dia a dia de tra-balho: suspeita de uma açãocriminosa, pneu furado, vaza-mento no sistema de óleo,entre outras.

Com a metodologia, oaluno terá a oportunidade deaprender, além da parte teóri-ca, as atitudes necessáriaspara a utilização de todos osrecursos tecnológicos dispo-níveis na cabine do veículo,que podem servir tanto parasegurança pessoal e do patri-mônio como também para a

seguRANçA Sensor de ponto cego na coluna direita interna

VOLVO/DIVULGAÇÃO

“É importanteque o

motoristaesteja treinadoe atualizadocom as novastecnologias”

ReNATA peRuCCi, GERENTE DA SCANIA

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 47

um objeto próximo, o equipa-mento ajusta a velocidade docaminhão à velocidade dessecarro ou moto à frente.

Um dos pontos em que esseequipamento pode ser bem eficazé em anéis rodoviários de grandescidades, que misturam o tráfegourbano com o tráfego rodoviário,conforme destaca Gribosi.

Outro exemplo de tecnolo-gia para a segurança oferecidapelo Volvo é o sensor de pontocego, chamado de LCS. Nesseequipamento, uma luz é acesadentro do caminhão, caso hajaalgum veículo no chamadoponto cego. “São vários equi-pamentos que auxiliam na con-

dução mais segura”, diz oengenheiro de venda.

A Mercedes-Benz apresentouno ano passado algumas tecnolo-gias inovadoras de segurança, dis-poníveis no novo Actros, paratransporte rodoviário de cargas.Em uma delas, o sistema de orien-tação de faixa de rodagem, umacâmera é acoplada no para-brisa edetecta a posição do caminhãoem relação às faixas da estrada, àdireita e à esquerda.

Um alerta sonoro avisa omotorista se o veículo está semovendo para fora da via,aumentando a segurança da cir-culação. Outro equipamentodesse caminhão é o bloqueio de

Curso do Sest/Senat atualiza uso da tecnologia

melhoria do desempenho ope-racional das frotas.

Segundo a coordenadora depromoção social e desenvolvi-mento profissional doSest/Senat, Cláudia Moreno, anecessidade de atualizaçãodos motoristas de caminhãoem relação às novas tecnolo-gias disponíveis no mercado “éuma demanda já levantadapelos empresários do setor”.“Estar atualizado com essesnovos sistemas já se tornouuma exigência do mercado. Éum caminho sem volta. Osmotoristas de caminhão preci-sam saber como usar essastecnologias”, diz Cláudia.

Em 2008, o Ciclo de Palestrasdo Sest/Senat abordou o temaNovas Tecnologias no Setor deTransporte, em que foram pas-sadas noções básicas sobre osprincipais equipamentos de tec-nologia embarcada.

O assunto tecnologia embar-

cada em caminhões também fazparte dos cursos chamados iti-nerários formativos. São quatrocursos distintos voltados paratransporte de cargas, produtosperigosos, taxistas e passagei-ros. Em cada um desses cursos,o aluno percorre um caminhodividido em módulos até a suacapacitação completa.

No conteúdo de cada umdesses cursos há temas volta-dos para a tecnologia. No deprodutos perigosos, por exem-plo, são abordados os equipa-mentos de segurança e controleoperacional embarcado, roteiri-zação e gerenciamento de riscoe noções de segurança emsituações de emergência.

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Para saber mais sobre os cursos oferecidos peloSest/Senat, acesse www.sestsenat.org.br

TECNOLOGIAveja alguns sistemas que aumentam a segurança em caminhões*

esp (controle eletrônico de estabilidade)• Dispositivo de segurança ativa que reduz a possibilidade de derrapageme capotagem em curvas. Quando o caminhão entra em uma curva comvelocidade maior que a necessária, o sistema reduz o torque do motor efaz uma aplicação individual dos freios nas rodas

ACC (piloto automático inteligente)• Permite o controle eletrônico de velocidade, auxiliando o motorista amanter o caminhão a uma distância constante e segura do veículo quese encontra à frente. Utilizando um radar, o ACC age na frenagem e naaceleração. Toda vez que o caminhão se aproximar demais de outroveículo, o equipamento emite sinais sonoros. Se for necessário, o freiomotor e os freios de serviço serão acionados

monitoramento da faixa de rodagem• Alerta o motorista, caso o veículo saia da faixa de rodagem em virtudede um descuido ou desatenção. É muito útil para evitar acidentescasuais, mas muito graves. Uma câmera especialmente montada no para-brisa detecta a posição do caminhão em relação às faixas. Um alerta sonoro avisa o motorista se o veículo se move para fora dessa via

detector de nível de atenção• O equipamento é acionado automaticamente, com um sinal sonoro, quando o motorista apresenta um estilo de condução irregular,ziguezagueando o veículo na pista, por exemplo, comportamento característico de fadiga e sono

sensor de ponto cego• Utiliza um radar que informa se há um objeto na lateral direita do caminhão quando o veículo está trocando de faixa. Se tiver, acenderáuma luz no display instalado na coluna interna direita do caminhão.Funciona com velocidade acima de 35 km/h e seta ligada

Freio ABs• Evita que as rodas travem em uma freada brusca. Sensores de velocidademonitoram as rodas. Se uma delas ameaçar travar, o ABS interfere ereduz a pressão até o ponto que o travamento possa ser evitado

Alcolock• Espécie de bafômetro. Toda vez que o motorista ligar o caminhão, é obrigado a soprar. Se estiver alcoolizado, o caminhão não dará partida.Qualquer teor alcoólico detectado ficará gravado no equipamento

* Os nomes podem variar de uma montadora para outra

Fonte: Montadoras

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201048

deslocamento para partida emrampa. O dispositivo mantém oveículo parado por algunssegundos, sem necessitar doacionamento do freio de esta-cionamento, até que o motoris-ta arranque com suavidade, evi-tando que o veículo desça emmarcha a ré.

O Stralis NR, da Iveco, lançadoem março, traz um grande avançona potência de frenagem, garan-tindo assim maior segurança aquem está na direção. O freiomotor passa de 347 cavalos depotência, no motor anterior, para415, o que aumenta em 20% apotência de frenagem.

Na opinião do gerente de enge-nharia avançada e inovações daIveco Latin America, AlexandreCapelli, a tecnologia irá ajudarcada vez mais a reduzir considera-velmente o índice de acidentesenvolvendo caminhões e outrosveículos. Mas ele também fazquestão de ressaltar que, como a

Apoio Piloto automático inteligente ajuda a manter distância segura do veículo à frente

Brasileiro está em constante amadurecimento

OPINIÃO

A indústria automobilísticabrasileira comparada aos paí-ses do hemisfério norte eEuropa é relativamente nova.Fabricamos (como preferemos puristas) ou montamosnossos carros há aproximada-mente 50 anos. Não há dúvidade que estamos em constanteamadurecimento, prova maioré que caminhamos a passoslargos para ultrapassarmos atradicional Alemanha na pro-dução mundial de veículos.Vale ressaltar que o país ger-mânico é o berço industrial daEuropa. Seremos, se tudocaminhar como o planejado,ao fim deste ano, o quartomaior fabricante de automó-veis do planeta.

Números nas alturas,pátios lotados e concessioná-rias que não conseguematender a tanta demanda.Mas, e como anda a funda-mental questão da segurançaem nossos carros? É fora dequestão o lançamento de umautomóvel que não venhaequipado com freios dotadoscom sistema antiblocante dosfreios (ABS) e bolsas infláveis(airbag) na Europa ou nosEstados Unidos. Aliás – é sem-pre bom ressaltar – não existelei que obrigue os carroseuropeus a saírem de fábricacom as bolsas infláveis, aindaassim é 100% a demanda peloequipamento.

Estamos evoluindo a cadaano, e como a tecnologia estácada vez mais democratizada,nossos "tops de linha" sãotão bem equipados como seussimilares produzidos em suasmatrizes. No entanto, o brasi-leiro continua não se impor-tando com a segurança, pre-ferindo ter em seu veículoacessórios como o DVD, rodasde liga-leve ou um equipa-mento de som sofisticado. Oairbag ou freios com sistemaABS não estão listados nositens da preferência. Por seuturno, as montadoras tambémnão faziam força para queseja invertida a escolha.

A legislação, até então, eraomissa e o governo não semanifestava quanto ao assun-to. Os carros continuam sain-do de fábrica "pelados" em setratando de equipamentos desegurança. O ideal, claro,seria que todos os veículossaíssem de fábrica com omaior número possível dessesitens. Mas como a economiade escala é imperativa em setratando de cadeia produtiva,o consumidor que deseja terum automóvel "com maissegurança embarcada" teráde desembolsar mais.

Mas esse cenário estámudando. A partir de 2014, atotalidade de nossa frota teráde sair da linha de montagemequipada com freios ABS e

airbag. Na verdade, o proces-so gradativo de implementa-ção dos equipamentos jácomeçou em janeiro.Conforme a resolução nº 311 enº 312 do Denatran, 8% daprodução de carros, seja eleimportado ou nacional, devevir com os dois dispositivosde segurança como itens desérie. Para projetos novos, oprocesso de implantar o ABS eairbag começa a valer em2011. De olho nesse cronogra-ma, muitas montadoras já seantecipam à obrigatoriedadee desde o ano passado come-çaram a oferecer os dois itenscomo equipamento de fábricaem modelos não tão luxuososcomo é o caso do RenaultSymbol.

Aliás, a montadora france-sa chegou a inovar nesse sen-tido, no final dos anos 90. Naocasião de seu lançamento, oRenault Clio foi o primeirocarro nacional a oferecer air-bag duplo como item de série.O sucesso não foi tão grande.À época, os brasileiros não seligavam tanto à questão dasegurança. Como o item enca-recia o valor do automóvel,anos depois a Renault decidiuvoltar a oferecer o item comoopcional.

Raimundo Couto é editorde veículos do jornal “oTempo”

POR RAimuNdo CouTo

“São vários os equipamentos (disponíveis)que auxiliam na condução mais segura”RoBeRTo gRiBosi, ENGENHEIRO DE VENDA DA VOLVO DO BRASIL

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conversão e sensor de pontocego custa R$ 11 mil (preço nofechamento desta edição).

O alcolock, bafômetro acopla-do ao caminhão, custa R$ 7.000.Antes de dar partida no caminhão,o motorista precisa soprar o equi-pamento. Se for detectado álcoolno organismo, o veículo não liga.

Além da importância dessessistemas de alta tecnologia quetêm o objetivo de reduzir os aci-dentes, quando o assunto é segu-rança, é “imprescindível pensartambém em ergonomia”, confor-me afirma a gerente de cami-nhões da Scania na AméricaLatina e Angola, Renata Perucci.Ergonomia se refere ao estudodas relações entre o homem e amáquina, visando melhorar ascondições de trabalho e o conse-quente aumento da produtividade.

“Já é comprovado que a gran-de causa de acidentes é a desa-tenção dos motoristas. Nesseponto, temos trabalhado cada vez

atividade sempre terá o fatorhumano envolvido, não é possívelpensar em conseguir eliminar orisco totalmente.

De forma geral, entre as tecno-logias de segurança, o freio ABS éuma que está mais difundida noBrasil. O sistema antitravamentode rodas costuma estar presentenos mais variados modelos decaminhão de diferentes montado-ras, mas, na maior parte deles,como opcional.

Nos países europeus, ondeestá a matriz da Iveco, a montado-ra já disponibiliza no mercado oque há de mais moderno em tec-nologia de segurança, como o ESP,que controla eletronicamente aestabilidade, e o piloto automáticointeligente. Entretanto, porenquanto, não há uma previsãopara esses ou outros equipamen-tos estarem disponíveis nos cami-nhões comercializados no Brasil.

De acordo com o gerente deengenharia avançada e inovações,

tecnicamente, em um ou doisanos, a Iveco poderia trazer maistecnologias disponíveis na Europa.Mas Capelli considera que, pelomenos nos próximos quatro anos,não deverá haver no mercado bra-sileiro uma demanda significativapelos equipamentos mais sofisti-cados. “Podemos trazer esses sis-temas que estão na Europa em umperíodo relativamente rápido. Massó iremos fazer isso quando tiver - mos certeza da demanda”, diz.Capelli comenta ainda que o clien-te do segmento de veículoscomerciais busca o balanço finan-ceiro do equipamento e só costu-ma investir ao estar certo de queterá o retorno.

Para se ter uma ideia doinvestimento necessário para aaquisição de alguns dessesequipamentos de segurança, naVolvo do Brasil um kit que incluisistemas como monitoramentode faixa de rodagem, detectorde atenção, farol auxiliar de

mais para valorizar nossas cabi-nes”, diz Renata. O painel de ins-trumentos da montadora, porexemplo, onde estão todos oscomandos, é pensado de formaque o motorista tenha que semovimentar menos dentro dacabine, mantendo assim a atençãona direção.

Renata também reforça queo treinamento do motorista éfundamental para garantir maissegurança, e a Scania desenvol-ve um forte trabalho nesse sen-tido. “Esse treinamento se dáem nível mundial, inclusive noBrasil. É importante que omotorista esteja treinado eatualizado com as novas tecno-logias”, diz a gerente da Scania.Ela salienta ainda que o cami-nhão é um equipamento de altovalor agregado, que lida comvidas. “Com isso, além da ofertada tecnologia, é importanteinvestir no profissional queopera esse veículo.” l

MAN LATIN AMERICA/DIVULGAÇÃO

Apoio Piloto automático inteligente ajuda a manter distância segura do veículo à frente

DICAS E CURIOSIDADES • Estudos na Europa e EUA mostram que o ESP (controle eletrônico deestabilidade) reduz até 75% o risco de capotamento em caminhões

• Segurança ativa visa reduzir o risco de acidentes, colocando no caminhão alguns itens que colaboram para oferecer mais segurança,como o ABS e o piloto automático inteligente

• Segurança passiva visa minimizar os impactos dos acidentes, comoairbag, cinto de segurança, célula de sobrevivência (que deforma a estrutura do caminhão em uma batida para proteger a pessoa que está lá dentro)

• Os cintos de segurança devem ser sempre usados, mesmo em veículoscom airbags. O cinto evita que o contato do ocupante com a bolsa ocorra antes do momento ideal (quando a bolsa está inflando, sem ocinto, há o risco de causar ferimentos graves ou até fatalidades)

• Andar muito tempo com o combustível na reserva pode prejudicar abomba de combustível e as válvulas injetoras, em função das impurezasdo combustível, depositadas no fundo do tanque

• Em dias chuvosos, é fundamental que as palhetas dos limpadorescumpram sua função, assegurando a preservação da visibilidade. Para isso, precisam estar sempre em bom estado

“São vários os equipamentos (disponíveis)que auxiliam na condução mais segura”RoBeRTo gRiBosi, ENGENHEIRO DE VENDA DA VOLVO DO BRASIL

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CNT elabora sugestões para integrar o Plano Nacional de Eficiência Energética

meio AmBieNTe

Consumointeligente

POR CyNThiA CAsTRo

Ouso inteligente dasfontes de energia,com redução do con-sumo e combate ao

desperdício, é uma práticaque se torna cada vez maisurgente quando se pensa emmeio ambiente, economia derecursos financeiros e desen-volvimento sustentável. Nestesemestre, o Ministério deMinas e Energia vai lançar oPNEF (Plano Nacional deEficiência Energética), quecontém recomendações eações para que seja feito ouso racional das fontes deenergia no país.

Esse plano está sendo ela-borado com a colaboração de

órgãos públicos, privados euniversidades. Um dos parcei-ros é a CNT (ConfederaçãoNacional do Transporte). Nosegundo semestre do ano pas-sado, a confederação entre-gou as sugestões do setor,indicando as medidas sobreonde é possível aplicar o con-ceito de eficiência energética.

Investimento nos modaisferroviário e aquaviário,melhoria do transporte públi-co e priorização de um proje-to de renovação da frota bra-sileira a diesel são algumasdas ações principais sugeri-das pela CNT.

O transporte de carga noBrasil está concentrado no

modal rodoviário, responsávelpor 58% do total de bensmovimentados no país. Compercentuais bem menores,estão o ferroviário (25%) e oaquaviário (13%) – que emi-tem menos poluentes e conso-mem menos combustíveis.

O documento da CNT, ela-borado no âmbito doDespoluir – ProgramaAmbiental do Transporte, citaque, para transportar 1.000toneladas por 1 km, o consu-mo aproximado de combustí-vel é da ordem de 4 litros se omeio for por uma hidrovia. Porferrovia, esse consumo sobepara 6 litros e por rodovia,para 15 litros.

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201050

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Outra medida sugerida é amelhoria da infraestruturarodoviária. Além de contribuirpara a redução de acidentes,uma rodovia com boa pavi-mentação e traçado propor-ciona menor gasto de com-bustível, sendo assim de fun-damental importância quandoo assunto é eficiência energé-tica. Pela Pesquisa CNT deRodovias 2009, 69% dasestradas brasileiras estão emsituação regular, ruim ou pés-sima.

E ainda em relação aotransporte rodoviário, a CNTreafirma a necessidade daimplantação da renovação dafrota a diesel, por meio daestruturação de um programaque facilite o crédito ao cami-nhoneiro autônomo e dodesenvolvimento de açõesque permitam o sucateamentoe a reciclagem de veículos.

Hoje, o Brasil possui umafrota de caminhões compostamajoritariamente por veículosmuito antigos, com tecnologiaobsoleta que consome maiscombustível e lança grandequantidade de poluentesatmosféricos, mesmo com adisponibilização de combustí-veis de melhor qualidade.

Do total de 1,3 milhão decaminhões, 20% têm mais de30 anos e 44%, mais de 20. As

tecnologias de motores atuaisdisponíveis no mercado sãoenergeticamente mais eficien-tes que os da geração dessesmotores com mais de duasdécadas.

Em relação ao transportede passageiros, a CNT sugereque a eficiência energéticaestá relacionada ao desestí-mulo ao uso do transporteindividual motorizado, àmelhoria do transporte coleti-vo e ao planejamento integra-do de transportes e uso dosolo.

Além da CNT, pelo menosoutros 41 órgãos participamdo grupo de trabalho que ela-bora o Plano Nacional deEficiência Energética, comouniversidades federais, empre-sas de energia, associações ecentros de pesquisa. Asembaixadas do Reino Unido edo Japão também fazem partedo grupo.

Na proposta que estásendo finalizada, além dotransporte, há medidas suge-ridas nas áreas de oferta deenergia, indústria, educação,saneamento, edificação, ilumi-nação, entre outras. É um planoque mistura recomendações ealgumas ações, conforme infor-ma o diretor do Departamentode Desenvolvimento Energéticodo MME, Hamilton Moss. “Na

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FRANKIE MARCONE/FUTURA PRESS

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oferta de energia, por exem-plo, algumas ações que são daresponsabilidade do governoserão tomadas”, diz Moss, aoressaltar que há medidas quedependem de diferenciadasesferas do poder público(incluindo os governos muni-cipais e estaduais) e tambémda iniciativa privada.

O PNEF integra o Plano deEnergia 2030, que prevê aimplantação de ações paraque haja redução do consumode energia no país. SegundoMoss, sob o ponto de vistatécnico, o texto do PNEF está

praticamente pronto. Faltaainda passar pela aprovaçãoda secretaria-executiva doMME e do ministro EdisonLobão.

Por enquanto, segundoMoss, o plano está em umpatamar mais qualitativo, comas ações primordiais sugeri-das. A ideia é que se caminhedepois do lançamento para opatamar quantitativo, com adefinição de algumas metasque atendam à eficiênciaenergética. “O importante éusar menos combustíveis,menos eletricidade para aten-

CoNTRole Inspeção contribui para reduzir poluição

Aplicação em diferentes áreasEFICIÊNCIA ENERGÉTICA

O termo eficiência ener-gética remete à ideia do usode alguma forma de energiada melhor maneira possível,ou seja, gasta-se menosenergia para executar umamesma tarefa. Isso se aplicanas mais diferentes áreas,desde simples atividades dodia a dia a complicados pro-cessos industriais.

“Você pode fazer umaviagem de 100 km gastandouma certa quantidade decombustível. Se utilizar ummotor mais eficiente, irápercorrer a mesma distân-cia e gastar menos combus-tível”, diz o diretor doDepartamento deDesenvolvimento Energéticodo Ministério de Minas eEnergia, Hamilton Moss.

O diretor reforça queaplicar a eficiência energé-tica em algum processo nãosignifica deixar de fazeralgo necessário, mas simusar a energia da melhorforma, deixando de gastardesnecessariamente. “Éuma das formas maisimportantes de se conse-guir o desenvolvimentosustentável. Você usa aenergia para o desenvolvi-mento, para o conforto,mas sem desperdiçar.”

Moss cita que cada vezmais o ser humano temnecessidade de utilizarenergia. Com isso, o usoeficiente torna-se primor-dial. “Na prática, a maiorvenda de equipamentoseletrônicos, o uso crescen-te do carro, ter uma televi-são em cada cômodo dacasa. Tudo isso demandaenergia. Se não tiver o usoeficiente, o planeta nãoconsegue suprir.”

Um edifício que aproveitamais a luz natural e tem umaarquitetura que permiteventilação, por exemplo,está aplicando o conceito daeficiência energética. Assim,é possível deixar menoslâmpadas acesas e não fazeruso do ar-condicionado.

Na indústria, o uso deequipamentos com tecno-logias mais avançadas,que gastam menos ener-gia, e o reaproveitamentode calor gerado em algunssistemas são formas deeconomizar. O diretor doMME lembra que, quandose aplica a eficiênciaenergética, há uma enor-me contribuição para omeio ambiente, pois tam-bém haverá redução dasemissões.

“O importante é usar menos combustíveis sem comprometer o desenvolvimento econômico. Isso é ser eficiente”hAmilToN moss, DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE DESENVOLVIMENTO ENERGÉTICO DO MME

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MARCIO SOARES/FUTURA PRESS

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der às necessidades do país,sem comprometer o desenvol-vimento econômico. Isso é sereficiente.”

Moss cita que na área detransportes uma medidaimportante que o plano pre-tende incentivar é a ampliaçãodo processo de etiquetagemde veículos, com a indicaçãodo fabricante sobre qual é oconsumo de combustível decada modelo. O programa, lan-çado no ano passado, aindanão ganhou a abrangência quemerece, conforme o própriodiretor do MME (leia mais na

edição 165, de maio de 2009).“Por enquanto, poucas fábri-cas aderiram. Essa é uma par-ceria importante. Queremostrabalhar com as montadoras.A ideia é ampliar o número deveículos leves com etiqueta eestender a medida para ospesados”, afirma.

Depois que for lançado ofi-cialmente, o PNEF terá de pas-sar de plano estratégico paraplano operacional, conformedestaca o doutor em planeja-mento energético JamilHaddad, coordenador doExcen (Centro de Excelência

Ação Aproveitamento de energia solar é alternativa

SUGESTÕES DO TRANSPORTEveja algumas propostas da CNT para a eficiência energética

matriz de transporte• Incentivar os modais ferroviário e aquaviário• Investir na intermodalidade

Transporte rodoviário• Melhorar a infraestrutura das rodovias• Investir em programa de renovação da frota, prioritariamente para autônomos e microempresas com até dois veículos

Transporte coletivo• Redução de custos e/ou maior subsídio ao transporte coletivo por ônibus• Desestímulo ao uso do transporte individual motorizado• Dotar o transporte coletivo de superfície de mais medidas prioritáriaspara livrá-lo do congestionamento

• Diversificação do uso do solo e adensamento das cidades, condicionado pelo transporte coletivo

veículos e motores eficientes• Estimular o desenvolvimento tecnológico de veículos híbridos e elétricos•Melhorar a eficiência energética de motores a combustão com novastecnologias

Combustíveis limpos• Aumentar a fiscalização da qualidade dos combustíveis

inspeção veicular• Implantar programa de inspeção veicular que garanta a manutenção correta e preventiva

Capacitação• Treinar motoristas para a correta condução e a utilização eficiente dosrecursos do veículo e orientá-los sobre técnicas de condução econômica

Fonte: CNT/Despoluir

“O importante é usar menos combustíveis sem comprometer o desenvolvimento econômico. Isso é ser eficiente”

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 53

ANTONIO TRIVELIN/FUTURA PRESS

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em Eficiência Energética) daUnifei (Universidade Federalde Itajubá). A Unifei, localiza-da no sul de Minas Gerais, éuma das entidades que com-põem o grupo de trabalho doPNEF.

O plano define quais asgrandes demandas de cadasetor, e como o país podeavançar nas mais diferentesáreas, em termos de eficiênciaenergética. Depois, seránecessário o maior detalha-mento das ações para que elepossa ser de fato um planoexecutivo. “Nesse detalha-mento deve constar, porexemplo, como as grandesdiretrizes definidas serãotransformadas em realidade.

Precisa ser estabelecido umplano executivo de alocaçãode recursos”, diz Haddad.

Para isso, conformeHaddad, o governo terá dedefinir quais serão as priori-dades. Ele considera que, se oplano de implementação dasmedidas for benfeito nesteano, provavelmente o próximogoverno dará continuidade aotrabalho, colocando as açõesprioritárias em prática.

Haddad comenta que, emoutros países, principalmentena Comunidade Europeia, jáhá planos nacionais de ener-gia bem desenvolvidos. Elecita que, nesses países, asações de eficiência energéti-ca estão sempre associadas

eCoNomiA Lâmpada fluorescente é mais eficiente em relação às convencionais

Plano nacional tem apoio da CNTMUDANÇA CLIMÁTICA

Há mais de dois anos emeio, desde o lançamento doDespoluir – ProgramaAmbiental do Transporte, aCNT tem intensificado suaatuação com o poder públicoe participado cada vez maisde fóruns de discussão comtemas voltados para meioambiente e transporte.

Um resultado positivodesse trabalho foi a inclusãode sugestões da CNT no PNMC(Plano Nacional sobreMudança do Clima), lançadono final de 2008. A CNT suge-riu ao Ministério do MeioAmbiente que na área detransporte era fundamentalincluir medidas como o incen-tivo ao transporte coletivo e anecessidade de investimentoem um programa nacional derenovação de frota a diesel.

No ano passado, a CNT e oCTS Brasil (Centro deTransporte Sustentável) reali-zaram uma oficina com repre-sentantes do setor transpor-tador e coletaram sugestõessobre medidas fundamentaisa serem tomadas na área dotransporte, sob a ótica dodesenvolvimento sustentável.

Foi elaborado então oCaderno Oficina NacionalTransportes e MudançasClimáticas, entregue aogoverno como uma sugestãodo setor sobre as medidas aserem apresentadas na con-

ferência climática mundial,em Copenhague, naDinamarca, realizada no finalde 2009.

A coordenadora doDespoluir, Marilei Menezes,destaca que a participaçãoda CNT na elaboração deplanos como o do clima eagora o de energia reforçao reconhecimento da enti-dade como referência nosetor de transporte. Marileicomenta ainda que a imple-mentação das medidas deeficiência energética, pro-postas no plano em elabo-ração pelo MME, contribuipara ajudar de forma signi-ficativa o meio ambiente.

Na avaliação do diretor-presidente do CTS-Brasil,Luis Antonio Lindau, para aárea de transporte, o planode eficiência energéticadeve contemplar tantoquestões de tecnologia (decombustível, por exemplo)como também de troca demodal (investir mais noaquaviário e ferroviário) eracionalização de operação.“Dar prioridade à circula-ção de ônibus e acabar coma sobreposição de linhasurbanas são alguns exem-plos. Há várias linhas queandam na mesma rota. Épreciso implantar medidasque reduzem os engarrafa-mentos”, diz.

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201054JULIO COSTA/FUTURA PRESS

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ao combate ao aquecimentoglobal.

Em Portugal, por exemplo,foi criado um imposto para aslâmpadas incandescentescomo forma de incentivar oconsumo das fluorescentes(mais eficientes). “Quem quercomprar as incandescentespaga imposto maior. Nessetipo de lâmpada, mais de 90%da energia elétrica é transfor-mada em calor, não em luz”,diz. O valor a mais cobrado doconsumidor é direcionadopara um fundo de eficiênciaenergética.

Para que no Brasil o planodê certo, é imprescindível aadoção de medidas efetivascontra o desperdício de ener-

gia, na opinião do diretor-geral do Inee (InstitutoNacional de Energia Elétrica),Jayme Buarque de Hollanda. OInee é uma organização nãogovernamental criada com oobjetivo de promover oaumento da eficiência natransformação e na utilizaçãode todas as modalidades deenergia em benefício da eco-nomia, do meio ambiente e dasegurança. “Joga-se muitaenergia fora no Brasil”, diz odiretor-geral. Um exemplocitado por ele é em relação aopotencial da cana-de-açúcar,da qual um terço de sua ener-gia está no “caldo” que viraetanol após ser processado.Dois terços estão no bagaço,nas folhas – chamados de bio-massa. Entretanto, conformeHollanda, a energia dessa bio-massa é subaproveitada namaioria das usinas brasileiras.Esse material tem um grandepotencial para a geração deenergia elétrica.

Hollanda destaca, entreoutras medidas, que uma polí-tica de eficiência energéticatem necessariamente que pre-ver o uso intensivo da cogera-ção – aproveitamento do calorproduzido nos processos. “Háalguns temas fundamentaispara se alcançar a eficiênciaenergética. O governo deveidentificar e investir para evi-tar os grandes desperdícios deenergia no Brasil.” l

eCoNomiA Lâmpada fluorescente é mais eficiente em relação às convencionais

EM ELABORAÇÃOConheça alguns temas em discussão do plano Nacional de eficiência energética

oferta de energia• Desenvolvimento de ferramentas que possibilitem a incorporação deinformações meteorológicas nos estudos elétricos

• Estímulo ao monitoramento das linhas de transmissão existentes• Intensificação de esforços para viabilizar técnica e economicamente oaumento da disponibilidade do gás natural nacional, em especial da novafronteira petrolífera do pré-sal

• Ampliação dos investimentos para aumentar a participação de biocombustíveis na matriz energética

indústria, micro e pequenas empresas• Estudo da criação de incentivos fiscais/tributários para modernizaçãoindustrial e eficiência energética

• Fomento à utilização de resíduos industriais, em processos de cogeraçãode energia

• Investimento na formação de especialistas em eficiência na indústria• Incentivo à realização de oficinas com agentes bancários para apresentaro tema eficiência energética como produto/serviço a ser financiado

Transportes• Apoio ao Plano Nacional de Logística e Transporte• Apoio a investimentos em ferrovias e vias aquaviárias• Apoio à implantação de projetos de transporte de massa em grandescentros urbanos (metrôs, vias expressas para ônibus etc)

• Estímulo à renovação da frota nacional de veículos transportadores• Consolidação de programas de inspeção veicular no transporte rodoviário• Ampliação da abrangência do programa de etiquetagem de veículos parao maior número de tipos e modelos, incluindo os veículos pesados

• Promoção do desenvolvimento tecnológico para melhoria dos motoresde veículos, incluindo as opções motores híbridos e elétricos

educação• Estabelecimento de parcerias com agentes como CNPq, FinepP, CNI, CNT,CNC, entre outros

• Ampliar a articulação com instituições de ensino para inserção do temanos currículos de cursos técnicos, engenharia, arquitetura e outros compotencial para desenvolver o tema

habitação• Estimular a instalação de sistemas de aquecimento solar por meio deincentivos econômicos e financeiros

• Estimular a inserção de conceitos de eficiência energética em edificaçõesde projetos de interesse social financiados por agentes dos governosfederal, estadual e municipal

“Joga-se muita energia fora no Brasil”JAyme BuARQue de hollANdA, DIRETOR-GERAL DO INEE

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 55JULIO COSTA/FUTURA PRESS

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201056

Aindústria ferroviárianacional, depois de umbreve período de baixaem virtude da crise eco-

nômica que eclodiu em 2008, dásinais de que dias melhores virão.O setor, que entre os anos de 2003e 2007 comemorou altos índicesde produtividade, planeja-se paraatender a uma nova demanda fer-roviária, com projetos que pre-veem a abertura de ramais eexpansão da malha.

O cenário atual é de otimismo.Vicente Abate, presidente daAbifer (Associação Brasileira daIndústria Ferroviária), afirma quea demanda reprimida de 2009 não

voltará à tona nos próximos anos.“A indústria previu a produção de2.000 a 2.500 vagões para esteano, vislumbrando atingir a mar-gem mais baixa. Devido aos incen-tivos de financiamento, o setor játrabalha com o patamar mais altoda estimativa, apreciando produ-zir um nível de 2.500 vagões em2010.” Segundo o dirigente, em2009, foram produzidos pelaindústria ferroviária brasileira1.022 vagões, número bem inferioraos 7.249 de 2005.

Na opinião de Abate, aslinhas de financiamento ofereci-das pelo BNDES (Banco Nacionalde Desenvolvimento Econômico

e Social) estimularam o merca-do durante o período de crise.“O programa do BNDES com bai-xas taxas de juros para equipa-mentos, incluindo os da indús-tria ferroviária, foi muito favo-rável para o setor. As concessio-nárias aproveitaram e fizeramsuas encomendas”, diz.

O BNDES trabalha atualmen-te com três linhas de financia-mento para a aquisição de com-ponentes ferroviários. Umadelas é o PSI (Programa deSustentação do Investimento),criado para a produção e a aqui-sição isolada de máquinas eequipamentos novos. De acordo

com Antônio Carlos Tovar,gerente do departamento detransporte e logística do banco,o PSI é um programa emergen-cial, colocado em prática justa-mente para manter o mercadoaquecido. Por isso, segundo ele,suas taxas de juros são atrati-vas, chegando a 4,5% ao ano.No caso da indústria ferroviária,vagões produzidos no Brasilpodem ser adquiridos via PSI.

Um segundo programa definanciamento é executado viaFiname (por intermédio de insti-tuições financeiras credenciadas).“É um financiamento indireto feitocom os agentes financeiros que

POR leTiCiA simÕes

FeRRoviAs

Futuropromissor

Passada a crise, indústria ferroviária vislumbra dias melhores com a retomada do crescimento econômico

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 57

operam com o BNDES. O fabrican-te ou empresa que vai adquirir oequipamento financia-o com obanco comercial de sua preferên-cia, desde que sejam equipamen-tos nacionais cadastrados peloFiname”, afirma Tovar. Nessemodo, não há uma taxa de jurosfixa. “Cada banco faz uma classifi-cação de risco e chega-se a umataxa de juros associada. O bancofornece a TJLP (taxa de juros delongo prazo), que atualmente é de6% ao ano, e estabelece a taxa dejuros. A taxa final é a somatória daTJLP e da avaliação de risco calcu-lada pelo agente financeiro”,explica o gerente.

A indústria ferroviária contaainda com uma terceira linha, cha-mada Finem – financiamento aempreendimentos de valor igualou superior a R$ 10 milhões. “Essalinha financia equipamentos numprojeto mais amplo. Caso umaconcessionária queira adquirir umnúmero grande de vagões ou aindústria queira produzir um mon-tante alto do equipamento, oBNDES apoia diretamente. A defi-nição da taxa de juros passa a serdo BNDES. Só entram no Finemprojetos com escopo mais amplo,como, por exemplo, investimentosque considerem, além dos equipa-mentos, a expansão da malha”,

afirma Tovar. Os financiamentosdo BNDES para o setor ferroviáriocontemplam vagões, locomotivase implementos de fabricaçãonacional.

O material rodante e os imple-mentos utilizados pelos usuáriosdas ferrovias nacionais são, emquase sua totalidade, fabricadosno Brasil. “Vagões e equipamentostêm aproximadamente 100% denacionalização. O setor conseguesuprir a demanda, por isso, não hámovimento de importação. Jálocomotivas com maior potênciaeram importadas. Hoje, estãosendo produzidas no Brasil, mas aindústria nacional ainda não tem

maturidade para a fabricação ealguma importação é feita”, afir-ma Abate.

Além dos financiamentos, aindústria se ampara também narecuperação da economia paraestimar o aumento da produção.De acordo com Abate, a retomadados setores de minério e siderur-gia fez com que a projeção daindústria fosse maior do que oesperado para 2010. “O estímulovia financiamentos e o aumentoda demanda nesses setores foifundamental para que as conces-sionárias adquirissem equipamen-tos com melhores condições.”

Contudo, o setor ainda esperamitigar os gargalos existentespara que a indústria ferroviária semantenha aquecida e o modaltenha sustentação para crescer.“Com a expansão e a correção damalha e a eliminação dos garga-los, teremos uma velocidadecomercial melhor. Quanto menostempo se leva nas viagens, maistransporte se faz, gerando novasaquisições. Tudo isso acarretaráem uma necessidade maior devagões”, acredita o dirigente.

O diretor-industrial e de tec-nologia da Randon Implementos,Celso Santa Catarina, concordacom Abate. “A partir de 2010, ademanda de novos vagões ficamuito dependente da expansãoda malha atual, bem como daresolução de gargalos da malhaexistente.”

Na opinião do executivo, aindústria ferroviária nacionalabastece plenamente a demanda

GUILHERME POLETTI/DIVULGAÇÃO

Page 58: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201058

está em franca expansão. “Ademanda do setor vai correspon-der à capacidade instalada se osprojetos vingarem. Finalmente, osetor está sendo visto como umdos principais meios de transpor-te, sobretudo, para as cidades.”

Segundo Ramos, aBombardier está preparada paraatender às necessidades domodal, assim como toda a indús-tria. “Os investimentos nãopodem parar. O crescimento vaiacontecer e a Bombardier acom-panha esse volume de desenvol-vimento. À medida que a empre-sa ganha contratos, os investi-

tria tem uma capacidade bemacima da demanda atual. De acor-do com ele, investimentos sãonecessários para promover ocrescimento do modal. “O governodeve acreditar no setor. As empre-sas trabalham para aumentar aextensão das linhas e acredito quepodemos superar os 29.000 km damalha atual. Essa ampliação émuito bem-vinda. A indústria estámais que preparada para isso.”

Luís Ramos, diretor de comuni-cação da BombardierTransportation, fabricante deequipamentos ferroviários, acre-dita que a indústria ferroviária

do setor e, mesmo com novosinvestimentos e expansão damalha, não haverá falta de mate-rial. “Hoje, a capacidade instaladada indústria nacional é de aproxi-madamente 12 mil vagões por ano.Se considerarmos os dados histó-ricos da última década e as previ-sões para os próximos anos, per-cebemos que a indústria ferroviá-ria supre tranquilamente essademanda, abrindo possibilidadepara exportar vagões ferroviáriosde carga para outros países.”

Para Ricardo Chuahy, presiden-te da Amsted Maxion, fabricantede vagões e locomotivas, a indús-

mentos para atender à demandaestimada são realizados.”

Celso Santa Catarina, daRandon, enfatiza que a ampliaçãoda malha é essencial para dar aomodal a sustentação necessária.Ele afirma que a Randon tambémestá preparada para essa expan-são. “A empresa trabalha com aflexibilidade da capacidade produ-tiva. As linhas podem ser rapida-mente adaptadas às demandas demercado, inclusive para vagõesferroviários.” Segundo ele, investi-mentos estão previstos. “ARandon pretende investir aproxi-madamente R$ 200 milhões em

oTimismo Indústria ferroviária se anima com a perspectiva de investimento das concessionárias

INDÚSTRIAFERROVIÁRIA

Evolução da produção

brasileira de vagões

Ano unidades

2002 294

2003 2.399

2004 4.740

2005 7.249

2006 3.668

2007 1.327

2008 5.118

2009 1.022

2010 2.500*

*EstimativaFonte: Abifer

AMSTED MAXION/DIVULGAÇÃO

Page 59: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

2010, sendo que parte será desti-nada para a área ferroviária.”

As concessionárias tambémestimam investimentos. A Vale,por meio de sua assessoria, afir-ma que a empresa investiu, entre2004 e 2008, US$ 5,15 bilhões emlogística. Entre 2003 e 2007, foramUS$ 722 milhões em novos vagões,adquirindo 80% da capacidade deprodução do Brasil. Ainda segundoa assessoria, o programa de inves-timentos da empresa para esteano contempla o montante de US$12,894 bilhões, dos quais estãoprevistos US$ 2,654 milhões(20,6%) para a logística, ficando o

restante divido entre as demaisáreas de negócio da empresa.

A assessoria da ALL (AméricaLatina Logística) afirma que a con-cessionária também vem, aolongo dos anos, alocando recursosno setor. Segundo os dados, aempresa investiu mais de R$ 3bilhões e tem registrado cresci-mento médio de 10% a 12% aoano. A empresa afirma que aindústria ferroviária brasileira temacompanhado o desempenho dosetor e atendido positivamente àdemanda, principalmente no quese refere à fabricação de compo-nentes, locomotivas e vagões. De

acordo com a ALL, o crescimentodo modal permitiu a ampliação daoferta do mercado nacional ferro-viário. Com isso, segundo aempresa, as concessionárias têmfornecedores no Brasil e no exte-rior, o que oferece mais opções.

Para Rodrigo Vilaça, diretor-executivo da ANTF (AssociaçãoNacional dos TransportadoresFerroviários) e presidente daseção de transporte ferroviário daCNT, a indústria ferroviária atendeàs necessidades do setor e não háporque temer falta de material. “Agrande preocupação é com acarga tributária envolvida no

modo de transporte. É preciso queo setor seja desonerado para quea matriz do transporte seja altera-da.” Atualmente, o setor ferroviá-rio é responsável por 25% dotransporte nacional.

Vilaça afirma que o modelode concessão para novosramais deve priorizar a deso-neração tributária, tanto para aindústria como para as conces-sionárias. “Espero que essenovo modelo de concessãofacilite a aquisição de novosusuários do material rodante,com incentivos para que ademanda aumente”, diz. l

PROJETOS DE MELHORIA E EXPANSÃO FERROVIÁRIA

Ferrovia Nova Transnordestina

1. Característica: Vai integrar o município deEliseu Martins (PI) aos portos de Pecém (CE) eSuape (PE)

2. Tipo da obra: Privada, administrada pelaTransnordestina Logística

3. Situação: Obras em andamento,4. Investimento previsto: R$ 5,4 bilhões

Extensão Ferrovia Norte-Sul

1.Característica: Ligará a ferrovia aos portos deBarcarena (PA) e Rio Grande2. Tipo da obra: Privada3. Situação: Em fase de planejamento.4. Investimento previsto: O orçamento ainda

não está delimitado

Extensão Ferrovia Norte-Sul – Trecho Norte e Sul

1.Característica: Ligará Açailândia (MA) a Estrelad’Oeste (SP) (2.253 km)2. Tipo de obra: Pública, administrada pela Valec3. Situação: Em andamento4. Investimento previsto: R$ 6,52 bilhões

Ferrovia de Integração Oeste-Leste

1. Característica: Integração Bahia-Oeste a partir

de Ilhéus (BA) a Figueirópolis (TO) (1.490 km )

2. Tipo da obra: Pública, administrada pela Valec

3. Situação:As concorrências estão em andamento

4. Investimento previsto: R$ 6 bilhões

Extensão da Ferronorte

1. Característica: Trecho Alto Araguaia a

Rondonópolis (MT) (260 km)

2. Tipo da obra: Privada, administrada pela ALL

3. Situação: Em construção

4. Investimento previsto: R$ 714,60 milhões

Litorânea Sul

1. Característica: Interligará a Estrada de Ferro

Vitória-Minas ao porto de Ubu (ES) (165 km)

2. Tipo da obra: Privada, administrada pela Vale

3. Situação: Licenciada

4. Investimento previsto: R$ 770 milhões

Expansão da Ferroeste

1. Característica: Expansão do acesso da

ferrovia até Foz do Iguaçu (PR)

2. Tipo da obra: Pública

3. Situação: em fase de planejamento.

4. Investimento previsto: não definido

Ferrovia Leste - Oeste (do Frango)

1. Característica: Ligará o leste ao oeste de

Santa Catarina. O projeto inclui ainda uma

conexão com a Ferrosul

2. Tipo de obra: Privada

3. Situação: Em fase de planejamento

4. Investimento previsto: O orçamento ainda

não está delimitado

Trem de Alta Velocidade (TAV)

1. Característica: Ligação entre Rio de Janeiro e

São Paulo

2. Tipo da obra: Concessão pública

3. Situação: Governo pretende licitar a obra em

2010

4. Investimento previsto: R$ 34,6 bilhões

Ferrovia Transcontinental (Corredor Bioceânico)

1. Característica: Ligação com o litoral peruano

(4.400 km)

2. Tipo de obra: Pública

3. Situação: Em fase de planejamento

4. Investimento previsto: O orçamento ainda

não está delimitado

Fontes: Abifer/Valec/Vale/Ministério dos Transportes

Page 60: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

Busca de en tendimentoCanal de diálogo com a Anvisa busca solucionar os problemas referentes ao setor aquaviário

POR sueli moNTeNegRo

NAvegAção

Atentativa de entendi-mento em torno de nor-mas que facilitem aatuação das empresas

nas diferentes atividades ligadas ànavegação e à operação marítimareuniu pela segunda vez, emmenos de quatro meses, represen-tantes da Anvisa (AgênciaNacional de Vigilância Sanitária),de armadores e de agências denavegação. Ainda não há consen-so no órgão regulador quanto àviabilidade de se produzir normasespecíficas para cada segmentoeconômico – uma das reivindica-ções do setor. “Essa é uma dificul-dade que temos. Precisamos fazeruma regra para o Brasil. Ela temque ser genérica, e isso não étarefa fácil”, reconhece o diretor-adjunto da Anvisa, Pedro Ivo.

A afirmação contrasta com opleito dos empresários, que suge-rem tratamento regulatório dife-renciado, dadas as peculiaridadesde atividades como a navegaçãointerior (rios e lagos), a oceânica(internacional e ao longo dacosta) e o agenciamento maríti-mo. “A norma que se aplica àcabotagem e ao longo curso nãose aplica integralmente à navega-ção interior”, afirmou o secretá-rio-executivo da Fenavega(Federação Nacional das

encontro ocorra até o finaldeste semestre.

Para reforçar posições apre-sentadas no início de dezembro, naprimeira reunião de representan-tes do setor com a diretoria daagência, dirigentes de entidadescomo a Fenavega e a Fenamar(Federação Nacional das Agênciasde Navegação Marítima) relaciona-ram por escrito alguns dos princi-pais problemas que, na opinião dosempresários, dificultam e encare-cem a operação das empresas.

Os problemas levantados pelos

agentes marítimos e formalizadosem carta apresentada pelaFenamar em dezembro passadoabrangem itens como multas apli-cadas às agências marítimas porirregularidades constatadas emembarcações representadas poresses agentes; cobrança da taxade emissão de livre prática emtodos os portos da escala de umnavio, e não apenas no primeiroporto; e cobrança da taxa de AFE(Autorização de Funcionamentode Empresa), que alcança valoresentre R$ 600 e R$ 6.000 e está

Empresas de Navegação Marítima,Fluvial, Lacustre e de TráfegoPortuário), Marcos Soares.

De ambos os lados existe,porém, o reconhecimento deque há esforço e boa vontadeem contribuir e em aceitar con-tribuições para um eventualentendimento em torno de pon-tos levantados nos dois primei-ros contatos entre as entidadesprivadas do setor aquaviário e oórgão regulador. A ideia é queessa agenda de discussões setorne periódica e um próximo

deBATe Direção da Anvisa e representantes do setor aquaviário estiveram reunidos em Brasília discutindo normas que facilitem a atuação das empresas

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entraves que dificultam o desen-volvimento da atividade, que temespecificidades até mesmo entreoperadores de diferentes regiõesdo país. O documento assinadopelo presidente da entidade, AlcyHagge Cavalcante, e entregue arepresentantes da Anvisa sugere aregionalização de normas em vigorde acordo com peculiaridades dasbacias hidrográficas de diferentesregiões, além da simplificação deprocedimentos burocráticos.

Os empresários ligados àFenavega pleiteiam a isenção doCertificado de Livre Prática paratoda a navegação interior e a con-cessão do Certificado Nacional deIsenção de Controle Sanitário deBordo para as barcaças que trans-portam apenas derivados depetróleo. Segundo o documento,existe, nesse último caso, exigên-cia em duplicidade, uma vez queos armadores contratam periodi-camente empresas credenciadaspela Anvisa e especializadas emcontrole de vetores e roedores. Alista de reivindicações incluiainda maior interação comoutros órgãos fiscalizadores e ofim da obrigatoriedade de “ratei-ras” e da proibição do despejo daágua de lastro das embarcaçõesque circulam em uma mesmabacia hidrográfica. l

Busca de en tendimentoCanal de diálogo com a Anvisa busca solucionar os problemas referentes ao setor aquaviário

sujeita a pagamentos em duplici-dade caso ocorra a atualização dedados do agente.

Glen Gordon Findlay, presiden-te da entidade, considera a ques-tão das multas um dos temas maiscandentes a serem resolvidospela Anvisa. O executivo lembraque as penalidades são aplicadasa agentes marítimos independen-tes, não vinculados a empresas denavegação regulares, e propõeque o navio seja autuado porintermédio do agente, ao qualcaberia solicitar ao armador carta

de garantia ou pagamento imedia-to da multa, desde que o órgãoregulador estabeleça o valor dapenalidade no ato da infração. “Senós não concorremos para isso,entendemos que não somos res-ponsáveis”, afirma Findlay, aolembrar que existe jurisprudência(entendimento reiterado daJustiça) quanto a não reconhecero agente marítimo como passívelde cobrança.

O procurador-chefe da Anvisa,Maxiliano de Souza, admitiu nareunião a fragilidade do argu-

mento do regulador e informouque o assunto está em discussãona procuradoria da agência.Souza argumentou, porém, queexiste um limite legal para a atua-ção da Anvisa. “Eu consigo arbi-trar a multa, mas não tenhopoder de prender o navio”, expli-cou o procurador, ao acrescentarque isso só pode ser feito comautorização judicial.

As sugestões da Fenavega paraos temas relacionados ao trans-porte hidroviário interior reforçama necessidade de retirada dos

deBATe Direção da Anvisa e representantes do setor aquaviário estiveram reunidos em Brasília discutindo normas que facilitem a atuação das empresas

JULIO FERNANDES/NCI-CNT

Page 62: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201062

Oplanejamento das obrasde infraestrutura emtransportes considera-das necessárias para

que o Brasil supere os gargalosque ameaçam o crescimento eco-nômico e o sucesso de eventoscomo a Copa de 2014 e asOlimpíadas de 2016 tem comofoco principal a expansão e amodernização dos sistemas rodo-viário e ferroviário. Juntos, osdois segmentos devem concen-trar, entre 2011 e 2014, 88,3% (R$92,3 bilhões) dos R$ 104,5 bilhõesem investimentos previstos nasegunda etapa do PAC (Programade Aceleração do Crescimento).

PrioridadesdefinidasRodovias e ferrovias concentram

investimentos em transporte até 2014POR sueli moNTeNegRo

pAC 2

O programa, anunciado nomês passado pelo governofederal, prevê investimentototal de R$ 958,9 bilhões nesseperíodo em projetos de infra-estrutura urbana (saneamen-to, habitação, mobilidade,pavimentação de ruas, saúde,entre outros), energia (eletrici-dade, petróleo e gás e com-bustíveis renováveis) e trans-porte. Outros R$ 631,6 bilhõespoderiam ser acrescidos a par-tir de 2014 ao chamado PAC 2,que atingiria então R$ 1,590trilhão. Desse acréscimo, R$4,5 bilhões seriam destinadosao setor de transportes.

Com previsão de investimentode R$ 48,4 bilhões de 2011 a 2014e perspectiva de atingir R$ 50,4bilhões após essa data, o plane-jamento do PAC para o sistemarodoviário inclui obras de expan-são, manutenção e segurançanas rodovias, elaboração deestudos e projetos de infraestru-tura integrada a outros modais ede concessões de estradas comelevado fluxo de tráfego. A pro-posta abrange pavimentação,construção de rodovias, melho-rias de acessos a áreas urbanase a instalações portuárias, ade-quação e duplicação de trechosem todas as regiões do país.

Para o sistema ferroviário, osrecursos previstos chegam a R$43,9 bilhões até 2014 e podematingir R$ 46 bilhões nos anossubsequentes. Os projetos lista-dos preveem construção de fer-rovias modernas em bitola larga,com ligação das áreas produto-ras agrícolas e de minérios paraportos, indústrias e mercadoconsumidor; revisão do modeloregulatório do setor; elabora-ção de estudos e projetos paraintegração multimodal e estu-dos de viabilidade para a insta-lação de TAVs (Trens de AltaVelocidade) nas ligações SãoPaulo, Paraná e Minas Gerais.

lANçAmeNTo A segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento prevê investimentos para o período de 2011 a 2014

Page 63: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 63

um dos grandes gargalos docrescimento, terão R$ 3 bilhõespara expansão de capacidade.Está previsto ainda R$ 1,8 bilhãopara a compra de máquinas eequipamentos destinados à recu-peração de estradas vicinais porprefeituras. A própria lógicado PAC 2 reflete a corrida dosplanejadores contra o tempoem relação a demandasurgentes. “Vamos receber aCopa de 2014 e as Olimpíadasde 2016 quando nossa capaci-dade logística será testada nolimite”, admitiu a então minis-tra-chefe da Casa Civil, DilmaRousseff, em sua última apre-

sentação como coordenadorado programa.

Os projetos envolvem par-cerias do governo federalcom governos estaduais eprefeituras, além da partici-pação da iniciativa privada.Até junho deste ano, o núcleocoordenador do PAC deve sereunir com prefeitos e gover-nadores para definir priorida-des e destrinchar os projetos.

Tantos atores envolvidos, noentanto, não garantem a rapideznecessária à execução dosempreendimentos, como mos-tram os números do PAC 1 eadmitiu o próprio presidenteLuiz Inácio Lula da Silva durantea apresentação do PAC 2. Lulareconheceu as dificuldades deandamento do programa ao afir-mar que, entre o anúncio de umaobra, a inclusão no orçamento ea execução, é necessário enfren-tar muitos transtornos. Elegarantiu que os recursos exis-tem, mas é preciso ter bons pro-jetos. “O que libera dinheiro nãoé discurso, pressão política,emenda parlamentar, o Estadoser mais rico ou mais pobre. Oque libera dinheiro é o cidadãoque governa uma cidade ou umEstado, um ministro que governauma pasta trazer um projetoconsistente, com cumprimentodas exigências legais.” l

Na área portuária, o PAC 2relaciona 48 empreendimen-tos de ampliação, recupera-ção e modernização de insta-lações com obras de draga-gem, infraestrutura, inteligên-cia logística e terminais depassageiros para a Copa. Osinvestimentos até 2014 seriamde R$ 4,8 bilhões, com possi-bilidade de acréscimo de R$300 milhões após essa data.

As hidrovias terão R$ 2,7bilhões (R$ 2,6 bilhões até 2014)em ampliações e melhorias decorredores e terminais hidroviá-rios, enquanto os aeroportos,que podem se transformar em

lANçAmeNTo A segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento prevê investimentos para o período de 2011 a 2014

ANTÔNIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL/DIVULGAÇÃO

“Vamos receber aCopa e asOlimpíadasquando nossacapacidadelogística serátestada nolimite”

dilmA RousseFF, ENTÃO MINISTRA

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201064

Como desenvolver ascidades de forma sus-tentável nos próximosanos? Que soluções

dar ao transporte, à educação eao consumo de energia? Todasessas perguntas fizeram parteda CI-CI 2010 (ConferênciaInternacional de CidadesInovadoras), que aconteceuentre os dias 10 e 13 de marçono Cietep (Centro Integrado dosEmpresários e Trabalhadores doEstado do Paraná), em Curitiba.

O evento, realizado pela Fiep(Federação das Indústrias doEstado do Paraná), contou como apoio institucional da CNT eteve a copromoção das prefei-turas de Londres (Inglaterra),Lyon (França), Bengaluru (Índia),Austin (EUA) e Curitiba, além deapoio das Nações Unidas e doBanco Mundial.

Em quatro dias, aproxima-damente 3.500 pessoas parti-ciparam de 15 conferênciassimultâneas com a participa-

ção de 105 conferencistas detodo o mundo. O evento tevecomo objetivo principal reu-nir experiências positivas dediversas cidades para ques-tões relacionadas à mobilida-de urbana, alternativas ener-géticas, destinação do lixo,inclusão social, acesso à edu-cação e ao trabalho.

“Nós oferecemos espaçode aprendizagem para os ato-res brasileiros que se interes-sam pela elaboração de políti-

cas de longo prazo relaciona-das à produção de conheci-mento para garantir melho-rias nas cidades brasileiras”,disse Rodrigo da RochaLoures, presidente da Fiep.

De acordo com ele, a grandemaioria das cidades brasileirastem capacidade para desenvol-ver inovações nas mais diversasáreas de atuação e, dessaforma, garantir a sustentabili-dade de suas ações. Porém,Loures ressalta que é importan-

Inovaçãourbana

POR liviA CeRezoli

susTeNTABilidAde

Os novos caminhos a serem seguidos pelas cidadesnos próximos anos foram discutidos em Curitiba. O transporte urbano teve lugar de destaque

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 65

te não se restringir ao debate.“A partir de agora, é fundamen-tal que haja uma mobilizaçãodas redes que abraçam a inicia-tiva das cidades inovadoras,pois essa é uma causa que visao bem-estar de todos.”

Erik Camarano, consultor doMBC (Movimento BrasilCompetitivo), que também par-ticipou do evento, define a cida-de inovadora como criativa,dinâmica, competitiva e plane-jada a partir das tendências e

necessidades do futuro.Segundo ele, as cidades são ino-vadoras não só porque seusdirigentes o são, mas, principal-mente, porque existe a mesmacultura entre os cidadãos. “É ummodelo construído com foco noconhecimento, nos investimen-tos em infraestrutura, educaçãoe crescimento econômico parao seu desenvolvimento susten-tável, permitindo antecipar asconsequências do longo prazocom as decisões de agora.”

Hoje, metade da populaçãomundial vive em cidades, esegundo o Fundo de Populaçãodas Nações Unidas, até 2030, onúmero de habitantes urbanosdeverá chegar a quase 5bilhões, ou 60% da populaçãomundial.

No Brasil, esse índice já chegaa 70%, de acordo com a coorde-nadora do Lasus (Laboratório deSustentabilidade em Arquiteturae Urbanismo) da UnB(Universidade de Brasília), Marta

Adriana Bustos Romero. “Omodelo de urbanização criadohá mais de 50 anos por aqui émuito perverso. Ao invés de darcondições e infraestrutura paraas pessoas no campo, oferecen-do educação, trabalho decente eopções de lazer e cultura, elasforam deixadas de lado, e a únicasolução foi vir para as cidades”,explica ela, que é pós-doutoraem arquitetura da paisagem.

Marta acredita na necessida-de de propor mudanças comqualidade e ousadia para que ascidades não fiquem estagnadase percam a oportunidade de ali-nhamento com a qualidade devida sonhada pela população.Segundo ela, buscar a sustenta-bilidade é o caminho. “Quandofalamos em cidade sustentável,não estamos apenas relacio-nando ao meio ambiente, mas aquestões sociais e econômicastambém.”

O primeiro conceito de sus-tentabilidade, segundo a profes-sora, passa pela forma como apopulação se relaciona com omeio onde ela vive, e os siste-mas de transporte têm papelfundamental nisso. Ela defendeque as cidades sejam menosextensas, que as distâncias dedeslocamentos sejam reduzi-das, assim como o gasto comcombustível e, consequente-

FOTOS FIEP/DIVULGAÇÃO

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201066

mente, a poluição, além do des-gaste físico das pessoas.

“A primeira coisa a fazerpara se obter isso é ter umtransporte de massa eficien-te, seguro e decente. Um bomsistema de transporte trans-forma a sociedade. Até asrelações humanas começam aser mudadas. As pessoas inte-ragem mais umas com asoutras durante os desloca-mentos em grupo”, diz Marta.

A diretora do Iclei(Conselho Internacional paraIniciativas Ambientais Locais,

da sigla em inglês) paraAmérica Latina e Caribe,Laura Valente de Macedo,acredita que a busca pela sus-tentabilidade melhora deforma significativa a qualida-de de vida das pessoas. Lauratambém defende a necessida-de de se realizar melhorias nainfraestrutura do sistema detransporte público das cida-des para reduzir a dependên-cia do automóvel. “É precisooferecer boa qualidade de cir-culação para os pedestres,com boas calçadas, ilumina-

Mobilidade foi tema em BrasíliaALIANÇA DAS CAPITAIS

A mobilidade urbanatambém foi debatida emBrasília, entre os dias 22 e25 de março, durante a 7ªedição da Aliança dasCapitais, um fórum de dis-cussão e troca de expe-riências formado por capi-tais nacionais planejadas.Além de Brasília, uma dascidades fundadoras dogrupo, Ottawa (Canadá),Canberra (Austrália) eWashington (EstadosUnidos) também integramo fórum.

O evento, que aconteceuno Museu Nacional daRepública, faz parte dascomemorações aos 50 anosda capital brasileira e teveorganização da Secretaria deEstado de DesenvolvimentoUrbano e Meio Ambiente doDistrito Federal.

Este ano, além das cida-des fundadoras da aliança,estiveram presentes AbuDhabi (Emirados ÁrabesUnidos), Abuja (Nigéria),Cidade do México (México),Copenhague (Dinamarca) eParis (França).

As discussões procura-ram atender às necessida-des, suprir as deficiênciase trabalhar para o aprimo-

ramento da gestão dascapitais federais, buscan-do o desenvolvimentosustentável, o crescimen-to ordenado e inteligentee a discussão sobre osdesafios na gestão dascapitais com relação aotransporte público, ao pla-nejamento urbano, aomeio ambiente, à seguran-ça e aos problemassociais de maneira geral.

A iniciativa de criação dogrupo, em 2001, partiu doentão dirigente da NCC(National Capital Commission)de Ottawa, Marcel Beaudryque, identificando as seme-lhanças entre as quatro cida-des e as necessidades ineren-tes às capitais nacionais, con-vidou seus gestores paracomporem o grupo.

Essa é a segunda vezque Brasília sedia a Aliançadas Capitais. A primeira foiem 2004. A última reunião,em 2008, foi emWashington e reuniu maisde 15 cidades. Entre elasCanberra (Austrália),Helsink (Finlândia), Moscou(Rússia), Paris (França),Bogotá (Colômbia), Viena(Áustria), Brasília, entreoutras.

deBATe Conferência em Curitiba teve como um dos objetivos reunir experiências de diversas cidades para questões relacionadas à mobilidade urbana

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ção e ruas seguras também.”Em algumas cidades, esses

itens já fazem parte da reali-dade do transporte público.As experiências positivasforam apresentadas durante aconferência em Curitiba.Oscar Diaz, diretor do ITDP(Instituto de Políticas deDesenvolvimento eTransporte, da sigla eminglês), falou sobre os proje-tos e iniciativas de Bogotá, naColômbia. Lá, a intervençãourbana, com parques, escolase rede de esgoto, mudou radi-

calmente a face de um dosbairros da periferia da capi-tal, considerado um dos maisviolentos do mundo. SegundoDiaz, ciclovias e medidas desegurança no trânsito resul-taram numa adesão em massapelo uso da bicicleta e, hoje,350 mil pessoas vão ao traba-lho usando esse meio detransporte.

As bicicletas também sãosucesso em Lyon, na França. Acidade obteve reduçãoexpressiva no uso de carros,nos últimos cinco anos, com a

deBATe Conferência em Curitiba teve como um dos objetivos reunir experiências de diversas cidades para questões relacionadas à mobilidade urbana

ainda se destaca pela utiliza-ção dos veículos elétricos emseu transporte público. Deacordo com Gilles Vesco,representante da empresaque gerencia o sistema detransporte na cidade, hoje,73% dos metrôs, ônibus, bon-des e trolebus são movidos aenergia elétrica.

Curitiba também deu a suacontribuição com a apresen-tação do projeto Curitiba2030, um conjunto de açõesde curto, médio e longo pra-zos voltadas ao desenvolvi-mento local. O projeto fazparte do programa CidadesInovadoras, uma iniciativa doSistema Fiep, com objetivo decriar ambientes urbanos pro-pícios à inovação e negóciossustentáveis. “Sabemos quecada cidade requer uma pro-posta própria, mas a expe-riência de Curitiba pode sermotivadora”, acredita Loures,da Fiep. Segundo ele, as solu-ções inovadoras de uma cida-de podem ser inspiração paraas transformações necessá-rias em outra.

Desenvolvido em parceriacom a prefeitura e a FundaçãoOPTI (Observatório deProspectiva TecnológicaIndustrial da Espanha), o proje-to tem potencial para influen-ciar o planejamento da cidadeno longo prazo e criar umambiente urbano que atraia,retenha e desenvolva pessoas,empresas e investimentos (vejamais no quadro ao lado). l

implantação de um sistemade aluguel de bicicleta, oVelo’v. O sistema foi apresen-tado pelo vice-prefeito JeanMichel Daclin no painel“Experiências notáveis deinovações em planejamentourbano, gestão de políticas eprogramas inovadores”. Acidade tem 4.000 bicicletasdisponíveis para alugar e,como a primeira meia hora deuso não é cobrada, 95% dosistema são gratuitos para osusuários. Com pouco mais de400 mil habitantes, Lyon

CURITIBA 2030O projeto• Piloto do programa “CidadesInovadoras”

• Constituído por um conjuntode ações de curto, médio elongo prazos, que visa criar ambientes urbanos propíciosà inovação e negócios sustentáveis

• Desenvolvido pelo SistemaFiep, em parceria com aprefeitura e a Fundação OPTI

• Teve início em 2009

Temas prioritários• Transporte e mobilidade• Meio ambiente e biodiversidade

• Saúde e bem-estar• Governança• Cidade em rede• Cidade do conhecimento (educação e inovação)

• Coexistência em uma cidadeglobal

Fonte: Fiep

Page 68: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201068

OSest/Senat (Serviço Socialdo Transporte/ServiçoNacional de Aprendizagemdo Transporte) tem agora

mais duas unidades no Estado dePernambuco. As inaugurações acon-teceram em março – no dia 25, emCaruaru, e no dia 26, em Cabo deSanto Agostinho.

Com as novas sedes, o sistemapassa a contar com 134 unidadesem todas as regiões do país. EmPernambuco, além de Caruaru eCabo de Santo Agostinho, tambémestão em funcionamento os espa-ços de Recife e Petrolina.

O presidente da CNT(Confederação Nacional doTransporte) e do ConselhoNacional do Sest/Senat, ClésioAndrade, destacou a importância

dessas unidades para o trabalha-dor em transporte e também paraa comunidade e disse ainda que osistema está chegando à marca de100 milhões de atendimentos emtodo o país.

As unidades oferecem atendi-mentos médicos e odontológicospara os trabalhadores em trans-porte, além de capacitação profis-sional. A população em geral tam-bém pode utilizar os serviços.Cada uma das novas unidades temcapacidade mensal para realizar1.500 atendimentos médicos, 1.800atendimentos odontológicos evagas para 600 alunos nos cursosde qualificação.

Durante as cerimônias emCaruaru e Cabo de SantoAgostinho, Clésio Andrade des-

tacou a necessidade do preparodos profissionais para atuaremno setor de transporte no país.“Existem caminhões paradosesperando por mão de obraqualificada. O Sest/Senat tem amissão de preparar esses pro-fissionais e oferecer a eles ser-viços que proporcionemmelhor qualidade de vida.”

O governador de Pernambuco,Eduardo Campos (PSB), estevepresente na inauguração de Cabode Santo Agostinho e tambémdestacou que um enorme desafiodo Brasil se refere à necessidadede melhoria da educação e daqualificação profissional. “Essebelíssimo equipamento (a novaunidade do Sest/Senat) vai ajudarnesse grande desafio brasileiro.”

De acordo com o governador,a unidade de Cabo de SantoAgostinho é de fundamentalimportância, principalmentedevido à proximidade com oPorto de Suape.

Eduardo Campos ressaltouque a nova unidade terá umpapel crucial na formação demão de obra e também no aten-dimento dos trabalhadores emtransporte que atuam nesseponto estratégico do Estado.

O prefeito de Cabo de SantoAgostinho, Lula Cabral (PTB),parabenizou o presidente daCNT e o vice-presidente,Newton Gibson, também presi-dente do Conselho Regional doSest/Senat Nordeste 3, pela ini-ciativa.

Mais 2 sedesinauguradas

POR CyNThiA CAsTRo e liviA CeRezoli

sesT/seNAT

Pernambuco recebeu em março as unidades de Caruaru e Cabo de Santo Agostinho

CARuARu O presidente da CNT, Clésio Andrade, discursa na inauguração da unidade

Page 69: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 69

“Estou aqui como prefeitoe como transportador. Atuo notransporte rodoviário decarga há mais de 20 anos e seique agora o Sest/Senat vemcontemplar tudo que temosdiscutido. Para mim, essainauguração é a realização deum sonho, como prefeito ecomo transportador”, disseLula Cabral.

O prefeito fez questão deressaltar que a nova unidadeserá fundamental para capa-citar a mão de obra nessacidade polo e assim promovermais geração de emprego erenda. E também destacouque é importante para acomunidade local, principal-mente a população carente,

saber que pode agora contarcom mais esse espaço.

Durante a inauguração deCaruaru, o prefeito José Queiroz(PDT) também agradeceu peloinvestimento na cidade e ressal-tou a importância do Sest/Senatpara a população de forma geral.“O Sest/Senat reúne uma tríadecomposta pela capacitação profis-sional e os atendimentos na áreade saúde e lazer, que convergemdiretamente para a sociedade.”

Também estiveram presentesna cerimônia em Caruaru o vice-governador de Pernambuco,João Lira Neto, o secretário deDesenvolvimento Econômico doEstado, Fernando BezerraCoelho, entre outras autorida-des. Cabo de Santo Agostinho

também contou com a presençade Bezerra, do presidente da CNI(Confederação Nacional daIndústria), Armando MonteiroNeto, e outras autoridades.

Para Newton Gibson, a inaugu-ração da nova unidade em Caboreflete a posição de destaque quePernambuco ocupa hoje comopolo logístico responsável peloabastecimento de Estados vizi-nhos. “Cabo abriga uma das maisestratégicas instalações portuá-rias do território brasileiro.”

A infraestrutura das sedes doSest/Senat conta também comquadras poliesportivas, auditóriocom capacidade para 150 pessoas,salão de festas, salas de aulaequipadas com TV e vídeo, salapolivalente, campo de futebol

soçaite, oficina pedagógica, par-que infantil, biblioteca, laborató-rio de informática, salão de jogose churrasqueiras. l

FOTOS JULIO FERNANDES/NCI-CNT

CARuARu O presidente da CNT, Clésio Andrade, discursa na inauguração da unidade CABo Clésio Andrade e Newton Gibson inauguram sede

SERVIÇOEndereço das unidadesSest/Senat CaruaruAvenida Frei Damião deBozzano, bairro Indianópolis,Caruaru (PE)

Sest/Senat Cabo de SantoAgostinhoPE-60, s/n, Distrito Industrialdo Suape, Cabo de SantoAgostinho (PE)

Page 70: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201070

Aberta aetapa 2010Temas como saúde da mulher, cidadania, melhoridade e frete serão apresentados em todo o país

POR KATiANe RiBeiRo

CiClo de pAlesTRAs

Saúde da Mulher e doHomem, Cuidados coma Saúde Mental, Viva aMelhor Idade,

Prevenção de Incêndios,Manutenção Básica de VeículosPesados, Cidadania noTransporte Urbano e Cálculo deFrete são os temas que estãosendo trabalhados no Ciclo dePalestras, este ano, nas unida-des do Sest/Senat em todo país.

Desde 2007, quando foi cria-do, “o projeto vem cumprindoseu objetivo, que é contribuirpara a disseminação de informa-ções sobre atividades do setorde transporte, saúde e questões

Miranda Braga Lemos, que parti-cipou do vídeo sobre o temaSaúde do Homem, o mais rele-vante de todo esse trabalho doSest/Senat é a disseminaçãodas informações. “Uma questãoem que nós, fisioterapeutas,insistimos sempre é na preven-ção de doenças do trabalho,reumatológicas e músculo-esqueléticas. Para que o homemtrabalhador do transportepossa desenvolver suas funçõescom plenitude e excelência épreciso que um amplo trabalhoinformativo e preventivo sejaexecutado”, diz Flávia.

De acordo com a fisiotera-

peuta, iniciativas como o Ciclode Palestras utilizam “lingua-gem objetiva e orientações apa-rentemente simples, mas derelevante importância paraganho de qualidade de trabalhoe vida”. “A fisioterapia modernaé uma arma não só contra malesjá estabelecidos, mas tambémcontribui para alcançar a exce-lência em qualidade de vida tãobuscada atualmente”, afirma.

Para a diretora da unidadede Goiânia (GO), Joabete Xavierde Souza Costa, “o projeto éfundamental, pois por meiodele o Sest/Senat realiza açõeseducativas que contribuem

sociais e éticas”, afirma a coor-denadora de Promoção Social eDesenvolvimento Profissional doSest/Senat, Cláudia Moreno. Deacordo com a coordenadora,mais de 680 mil pessoas jáassistiram ao Ciclo de Palestras.

As palestras têm duraçãomédia de 1h30 e são apresenta-das, nas mais de 130 unidades doSest/Senat no Brasil, por espe-cialistas nos temas abordados.Os assuntos são selecionadosconsiderando a relevância, atua-lidade e interesse do público dosetor e da comunidade em geral.

Para a fisioterapeuta doSest/Senat de Brasília, Flávia

iNTeResse geRAl Objetivo do Ciclo de Palestras é contribuir para disseminar informações essenciais para o trabalhador

Page 71: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 71

rimenta processo de envelheci-mento demográfico bastantecélere. “Já temos populaçãoidosa significativa. Esse processocoloca desafios para toda a socie-dade. Teremos cada vez maisoctogenários e mesmo centená-rios em nossa população.Portanto, se não quisermos queessas pessoas sofram o isola-mento social, toda a nossa infra-estrutura urbana e social deveráser adaptada para melhor acessi-bilidade e possibilidades de novasredes de apoio social”, afirmaTelles. Segundo dados do diretor,quase 11% da população geral,aproximadamente 12 milhões depessoas, possuem 60 anos oumais. “Com o Ciclo de Palestras, oSest/Senat vem prestar um traba-lho de relevância pública paratodos nós brasileiros”, diz.

Ao final de cada palestra, oparticipante recebe uma carti-lha específica sobre o tema,visando a propagação e a fixa-ção das informações apresen-tadas. As cartilhas são valida-das por especialistas no assun-to abordado. O Sest/Senat levatambém o Ciclo de Palestras aoutras instituições, empresas esindicatos. l

para aumentar o nível deconhecimento do trabalhadorem transporte e consequente-mente a melhoria da sua quali-dade de vida”.

Entre os 32 temas já traba-lhados pelo Ciclo de Palestrasestão álcool e drogas, doaçãode órgãos, prevenção ao roubode cargas, planejamento eorçamento familiar, logísticaintegrada, depressão, direçãopreventiva, etiqueta profissio-nal e novas tecnologias nosetor de transporte.

De acordo com a diretora daunidade de Curitiba (PR), JuçaraMarques de Negreiros, os temas

abordados no projeto são “sem-pre atuais, de natureza preventi-va e que fazem parte do cotidia-no do profissional do transpor-te”. “Alguns deles foram tão per-tinentes, como alimentação sau-dável e obesidade, que passa-ram a fazer parte permanentedo conteúdo de alguns cursosda unidade, como Condutores deVeículos de Passageiros,Produtos Perigosos, Escolar eEmergência”, diz Juçara.

Para complementar a ação,durante as palestras é exibidoum vídeo com depoimentos dequem já vivenciou, tem ou játeve alguma ligação com o

assunto abordado, além das par-ticipações de profissionais.

Um dos temas deste ano,Viva a Melhor Idade, trata doenvelhecimento de forma sau-dável. “O Brasil avançou muitoem suas políticas e, principal-mente, na legislação, com des-taque para o Estatuto do Idoso,de 2003. Entretanto, é precisofazer muito mais”, afirma JoséLuiz Telles, diretor doDepartamento de AçõesProgramáticas e Estratégicasde Saúde do Ministério daSaúde, que participou do vídeoexibido na palestra.

Segundo Telles, o Brasil expe-

iNTeResse geRAl Objetivo do Ciclo de Palestras é contribuir para disseminar informações essenciais para o trabalhador

ARQUIVO CNT

Para obter mais informações,ligue para 0800.7282891 ouacesse www.sestsenat.org.br

8

Page 72: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201072

Omodo rodoviário decargas apresentouestabilidade no mêsde fevereiro, com

variação de –0,82% na movi-mentação mensal. A tonela-gem industrial por terceirosapresentou, no mês, variaçãode 0,38%. Comparando osvalores com os números obti-dos ano passado, nota-seaumento de 6,96% na varia-ção de 12 meses e 2,90% noacumulado anual. Contudo, épreciso lembrar que o cresci-mento estava consideravel-mente acentuado antes dacrise, e no começo de 2009estava em seu estágio final. Atonelagem de outros produ-tos apresentou variação de -1,88% na movimentação men-sal. Comparado com feverei-ro/2009 tem-se uma variaçãode 1,38%.

Quanto ao transporte fer-roviário de cargas, em janei-ro, a tonelagem útil transpor-tada – TU - somou 35,95milhões, enquanto a produ-ção de tonelagem por quilô-metros úteis - TKU - registrou

19,97 bilhões, variações emrelação ao mês de janeiro de2009 de 18,30% e 11,85%, res-pectivamente. Continua umajanela de tempo em que osmeses correntes se sobre-põem aos piores períodos domodo ferroviário no ano pas-sado, o que acentua as varia-ções anuais. As tonelagenstransportadas, no entanto,encontram-se em patamaresmelhores, aproximando-sedos de 2008.

O transporte aquaviárioapresentou em janeiro quedade 15,78% na movimentaçãomensal. Cabe lembrar quealguns portos não informa-ram o total de cargas trans-portadas e que oportunamen-te será feita uma retificaçãodos valores apresentados.

Em 2010, o transporterodoviário intermunicipalregistrou em fevereirodecréscimo de 7,57% no volu-me de passageiros. O seg-mento rodoviário interesta-dual apresentou queda de17,41% nos passageiros trans-portados. Comparando feve-

Movimento estável

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS - TOTAL

Fonte: Idet CNT/Fipe-USP

Acumulado do ano - janeiro a fevereiro

Milhões de Toneladas

205

185

190

195

200

180

175

1702008 2009 2010

ideT

Modo rodoviário de cargas mostra pequena variação mensal

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO DE CARGAS

Fonte: Idet CNT/Fipe-USP

Milhões de Toneladas

50

202530354045

1015

05

TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGAS

Fonte: IDET CNT/FIPE-USP

Milhões de Toneladas

15

25

20

30

35

10

5

0

40

183,0

187,6

Acumulado mês de janeiro

Acumulado mês de janeiro

38,1

30,4

35,9

2008 2009 2010

27,3

38,2

46,6

2008 2009 2010

199,0

Page 73: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 73

TRANSPORTE INTERESTADUAL DE PASSAGEIROS

Fonte: Idet CNT/Fipe-USP

Milhões de Passageiro

s

13,6

12,212,412,612,813,013,213,4

12,011,6

TRANSPORTE DE PASSAGEIROS - COLETIVO URBANO

Milhões de Passageiro

s

1.780

1.680

1.700

1.720

1.740

1.760

1.660

1.640

Fonte: Idet CNT/Fipe-USP

reiro de 2009 com fevereirode 2010, verifica-se que nosegmento intermunicipalhouve elevação de 12,03% nospassageiros transportados eo segmento interestadualtambém registrou aumentode 5,04%.

No modo de transportecoletivo urbano por ônibusregular, sazonalmente o mêsde fevereiro apresenta amaior queda, pois é o mêsmais curto do ano, marcadopelo Carnaval e final de férias.Entretanto, em 2010, fevereironão apresentou redução tãoacentuada, pois houve quedaforte em janeiro. Assim, acomparação com um mês deforte baixa amenizou a varia-ção negativa característica domês. O número absoluto depassageiros transportados nomês de fevereiro totalizou854,51 milhões, havendo

variações de 11,80% em rela-ção a fevereiro de 2009.

O modo aeroviário de pas-sageiros teve queda em feve-reiro: -11,49% na movimenta-ção doméstica e -14,87% nainternacional. De forma maisdesagregada, a movimentaçãonacional representou 97,99%do total doméstico, enquantoa movimentação regionalrepresentou 2,01%. O acumu-lado anual – janeiro a feverei-ro - apresentou aumentoexpressivo de 35,07%.

O Idet CNT/Fipe-USP é umindicador mensal do nível deatividade econômica do setorde transporte no Brasil. l

TRANSPORTE AÉREO DE PASSAGEIROS

Fonte: Idet CNT/Fipe-USP

Milhões de Passageiro

s

12

8

10

0

4

6

2

8

Para a versão completa daanálise, acesse www.cnt.org.br.Para o download dos dados,www.fipe.org.br

esTABilidAde Transporte de cargas varia -0,82%

GRIZAR JUNIOR/FUTURA PRESS

1.767

1.686

1.742

2008 2009 2010

Acumulado do ano - janeiro a fevereiro

Acumulado do ano - janeiro a fevereiro

12,5

12,9

13,5

2008 2009 2010

Acumulado do ano - janeiro a fevereiro

7,5 7,6

9,8

2008 2009 2010

Page 74: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201074

BoleTim esTATísTiCo

RODOVIÁRIO

MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM

TIPO PAVIMENTADA NÃO PAVIMENTADA TOTAL

Federal 61.920 13.775 75.695 Estadual Coincidente 17.197 6.224 23.421 Estadual 111.375 111.474 222.849 Municipal 27.342 1.236.128 1.263.470Total 217.834 1.367.601 1.585.435

Malha rodoviária concessionada 15.809Adminstrada por concessionárias privadas* 14.745Administrada por operadoras estaduais 1.064

FROTA DE VEÍCULOS - UNIDADESCaminhão 2.016.493Cavalo mecânico 363.717Reboque 674.451Semi-reboque 584.083Ônibus interestaduais 13.907Ônibus intermunicipais 40.000Ônibus fretamento 25.120Ônibus urbanos 105.000

Nº de Terminais Rodoviários 173

AQUAVIÁRIO

INFRAESTRUTURA - UNIDADESTerminais de uso privativo 42Portos 40

FROTA MERCANTE - UNIDADESEmbarcações de cabotagem e longo curso 141

HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTARede fluvial nacional 44.000Vias navegáveis 29.000Navegação comercial 13.000Embarcações próprias 1.148

AEROVIÁRIO

AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais 33Domésticos 33Pequenos e aeródromos 2.498

AERONAVES - UNIDADESA jato 820 Turbo Hélice 1.700Pistão 9.354Total 11.874

FERROVIÁRIO

MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KMTotal Nacional 29.817Total Concedida 28.314Concessionárias 11Malhas concedidas 12

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KMCompanhia Vale do Rio Doce/FCA 9.863MRS Logística S.A. 1.674ALL do Brasil S.A. 7.304Outras 9.473Total 28.314

MATERIAL RODANTE - UNIDADESVagões 87.150Locomotivas 2.624 Carros (passageiros urbanos) 1.670

PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total 12.273Críticas 2.611

VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONALBrasil 25 km/h EUA 80 km/h

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGASMODAL MILHÕES (TKU) PARTICIPAÇÃO (%)

Rodoviário 485.625 61,1

Ferroviário 164.809 20,7

Aquaviário 108.000 13,6

Dutoviário 33.300 4,2

Aéreo 3.169 0,4

Total 794.903 100

Page 75: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 75

BoleTim eCoNÔmiCo

INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTESinvestimentos liquidados por modal (R$ 252,2 milhões) - governo Federal(Fevereiro/2010)

investimentos Federais em Transportes (Fevereiro/2010)

CONJUNTURA MACROECONÔMICA - FEVEREIRO/2010

Inflação 4,28 1,54(1) 4,83(1) 4,99IPCA (%)

Câmbio1,74 1,79(2) 1,81(R$/US$)

Selic (%a.a.) 8,75 8,75(3) 11,25PIB(% cresc. ao ano)

-0,2 5,50

BalançaComercial 25,3 0,228(5) 24,3(5) 10,00(US$ bilhões)

Reservas InternacionaisCâmbio (US$ bilhões)Observações:1 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até fevereiro/20102 - Câmbio de fim de período fevereiro/2010, média entre compra e venda.3 - Meta Taxa Selic conforme Copom 17/03/20104 - Dados de 2010 ainda não disponíveis.5 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até Mar/20106- Reservas Internacionais Posição Março/2010

Fontes: Receita Federal, COFF - Câmara dos Deputados (acumulados até 05/03/2010), IBGE eFocus - Relatório de Mercado (05/03/10), Banco Central do Brasil.

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br

Rodoviário

Autorizado Investimento liquidado Total pagoObs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagarpagos do ano anterior.

Arrecadação Acumulada

Cide - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. Atualmente écobrada sobre a comercialização de gasolina (R$ 0,23/liltro) e diesel (R$ 0,07/litro) e a destinaçãodos recursos engloba o subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em transportes.

NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS DO SETOR DE TRANSPORTES BRASILEIRO: R$ 280 BILHÕES (PLANO CNT DE LOGÍSTICA BRASIL - 2008)

Investimento Pago Acumulado

1412

864

R$

bilh

ões

20

16

10

0,3

14,9

0,9

Arrecadação x investimentos pagos: Recursos da Cide

60

403020R

$ bi

lhõe

s

100

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

70

50

23,3

82009

valoresacumulados

em 2010

Nos últimos12 meses

expectativapara 2010

CIDE (R$ MILHÕES)Arrecadação no mês Fevereiro/2010) 680*

Arrecadação no ano (2010) 1.370,0

Total acumulado desde 2002 57.981,0Investimentos em transportes pagos com CIDE 23.267,5

(desde 2002) (39,8%)

CIDE não utilizada em transportes (desde 2002) 34.713,5

(60,2%)

até março/2010 (6) 243,33

(4)-

(4)-

58,0

Page 76: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201076

BoleTim AmBieNTAl do despoluiR

EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL

SETOR CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Mudança no uso da terra 776,33 75,4%Transporte 94,32 9,2%Industrial 74,07 7,2%Outros setores 42,51 4,1%Energia 25,60 2,5%Processos industriais 16,87 1,6%Total 1.029,71 100%

VEÍCULO CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Caminhões 36,65 44%Veículos leves 32,49 39%Comerciais leves - Diesel 8,33 10%Ônibus 5,83 7%Total 83,30 100%

MODAL CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Rodoviário 83,30 88,3%Aéreo 6,20 6,6%Marítimo 3,56 3,8%Ferroviário 1,26 1,3%Total 94,32 100%

EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE

EMISSÕES DE CO2 NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO POR TIPO DE VEÍCULO

QUALIDADE DO ÓLEO DIESELTEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL*Japão 10 ppm de SEUA 15 ppm de SEuropa 50 ppm de S

Frotas cativas de ônibus urbanos das cidades do Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, BeloHorizonte e Salvador, e regiões metropolitanasde São Paulo, Belém, Fortaleza e Recife Diesel metropolitano (grandes centros urbanos) 500 ppm de SDiesel interior (substituição de 11% por Diesel 500 ppm de S)

Brasil

* Em partes por milhão de S - ppm de S

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DASEMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS

NÚMEROS DE AFERIÇÕES

100.837 127.935 21.590 250.362

2007 E 2008 2009JANEIRO A FEVEREIRO

DE 2010 TOTAL

83,87% 86,99% 88,62% -

Federações participantes 21Unidades de atendimento 67Empresas atendidas 4.584Caminhoneiros autônomos atendidos 4.747

Aprovação no período

ESTRUTURA DO DESPOLUIR

(EM MILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA)EMISSÕES DE CO2 POR SETOR

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASILCONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE*MODAL MILHÕES DE m3 PARTICIPAÇÃO (%)Rodoviário 32,71 96,6%Ferroviário 0,69 2%Hidroviário 0,48 1,4%Total 33,88 100%

TIPO 2006 2007 2008 2009 2010 (JANEIRO)

Diesel 39,01 41,56 44,76 44,29 3,34

Gasolina 24,01 24,32 25,17 25,40 2,44

Álcool 6,19 9,37 13,29 16,47 0,95

CONSUMO POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (EM MILHÕES m3)

* Geração de eletricidade.

ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADOS - FEVEREIRO 2010

AL AM

% NC

AP BA CE DF ES GO MA

MG MS

MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

Brasil

5,8

1,9

0

3,6

0,8 1,7 0,

8 1,8

6,5

1,9

2,4

0

1,5

2,8

2,1

5,9

3,7

AC

Trimestre Anterior

Trimestre Atual

NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - FEVEREIRO 2010

0

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

8

0,2

2,3

2,53,1

0

1,4

2,8

876543

0

21

109

7

0

Corante 7,2%

6,1%

5,4%

Aspecto 20,4%

Pt. Fulgor 18,6%

Enxofre 5,4%

Teor de Biodiesel 42,3%Outros 6,1%

42,3%

20,4%

18,6%

7,2%

1,1

50 ppm de S

1.800 ppm de S

Page 77: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010
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Nossos aeroportostêm investimentosem fluxos contí-nuos, assim como

empregam a mais alta tecno-logia em processamento depassageiros. Os terminais depassageiros dos aeroportosmais importantes são dota-dos de design e arquiteturaultramodernos, assim comoempregam projetos de “way-finding” com total foco nosseus mais diversos clientesinternos (funcionários, par-ceiros, fornecedores etc) eexternos (passageiros, acom-panhantes e visitantes).

Os aeroportos empregamo que há de mais avançado etestado no que diz respeito àadministração estratégica,ao marketing por segmenta-ção, marketing e informaçãopelas redes sociais e de rela-cionamento via internet,assim como na administra-ção participativa com ascomunidades vizinhas.

Nossos aeroportos são oestado da arte em softwaresde gerenciamento de pátio epistas, assim como em equi-pamentos de pouso por ins-trumentos.

RespiCio A. espiRiTo sANTo JR.

Sem dúvida, as linhasacima se referem a aeropor-tos de outros países que nãoo Brasil.

Nos últimos anos, autori-dades dos Poderes Executivoe Legislativo têm se esqueci-do do quanto essenciais sãoos aeroportos para o bem-estar da sociedade e para ocrescimento da economia.

De fato, quanto melhoressão os aeroportos de umpaís, mais bem posicionadoesse país está para fazerfluir e deixar fluir o seucomércio interno e o seucomércio exterior.

Neste último, exportaçõese importações vão e vêm tor-nando nossas vidas maisprazerosas, mais dinâmicas,assim como tornam nossasatividades produtivas muitomais eficientes e com opor-tunidades de crescimento, degeração de empregos, deriquezas e de impostos.

Como se não bastasse, aCopa do Mundo de 2014 e aOlimpíada de 2016 se aproxi-mam a passos largos.

São eventos esportivosmundiais e não apenas brasi-leiros. O mundo inteiro se

envolve e é envolvido poresses megaeventos esporti-vos. Entretanto, são eventospontuais.

Dessa forma, não bastamapenas alguns terminais pro-visórios, pois tanto a autoes-tima da sociedade como anecessidade e a vontade decrescimento da economiabrasileira estão muito longede serem provisórias.

Enganam-se os que pen-sam que os aeroportos brasi-leiros precisam estar prepa-rados para a Copa do Mundode 2014, que acontecerá em12 cidades, e a Olimpíada de2016, que ocorrerá no Rio deJaneiro.

Os aeroportos precisamestar preparados, precisamser muito mais eficientes,ágeis, modernos e confortá-veis em primeiríssimo lugarpara os brasileiros e para umpaís chamado Brasil.

deBATe Os aeroportos vão suportar a demanda atual mais Copa do Mundo e Olimpíadas?

RespiCio A. espiRiTo sANTo JR.Professor-adjunto de Transporte Aéreo da Escola Politécnica da UFRJ e presidente do Cepta (Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos e de Políticas Públicas em Transporte Aéreo)

Esqueceram que aeroportossão essenciais para o país

“Quanto melhores os aeroportos de um país, melhor posicionado essepaís está para fazer fluir e deixar fluir seu comércio interno e externo”

Page 79: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

Os aeroportos vão suportar a demanda atual mais Copa do Mundo e Olimpíadas?

Prover infraestruturaaeroportuária é a missãoprincipal da Infraerodesde sua criação, em

1972. Há 38 anos, a empresa está àfrente da administração dos prin-cipais aeroportos brasileiros,equipamentos fundamentais paraaproximar um país com a impo-nência e vastidão do Brasil.

Ciente dessa importante res-ponsabilidade e também do contí-nuo crescimento do setor aéreo, aInfraero possui um cronogramade investimentos permanente,que visa atender à toda a deman-da atual e futura do setor aéreo,não apenas a eventos pontuais –como a Copa de 2014 e aOlimpíada de 2016.

Na última década, a Infraeroinvestiu cerca de R$ 5,3 bilhões naconstrução e modernização deaeroportos. Em 2009, por exem-plo, foram entregues as obras dosnovos terminais de passageirosde Cruzeiro do Sul (AC) e Boa Vista(RR) – empreendimentos que valo-rizaram o potencial econômico eturístico da região Norte. Até 2014,a empresa possui uma série deinvestimentos que vai garantir oconforto e a segurança dos passa-geiros.

O cronograma proposto pela

Imperatriz e Santarém, o que vaireforçar a capacidade de passa-geiros desses terminais enquantoas obras definitivas estiverem emandamento. Depois disso, podemser reutilizados em outros aero-portos, aproveitando o investi-mento feito. Vários grandes even-tos mundiais têm se utilizadodessa alternativa. No Brasil, aInfraero já implantou o modeloem Florianópolis.

A Infraero já assinou as ordensde serviço para a instalação dosMódulos Operacionais nos aero-portos de Brasília, Goiânia eVitória. Nesses três aeroportos, oinvestimento com os MOs será deR$ 11,3 milhões.

Portanto, a missão da Infraerode promover a infraestruturaaeroportuária nos 67 aeroportospor ela administrados está sendocumprida. Todos estão cientes dopapel fundamental que os aero-portos exercem em eventos comoa Copa do Mundo e as Olimpíadas,e, se depender dos esforços daInfraero, o Brasil já se consagrarácampeão antes mesmo da forma-ção dos pódios.

JAime heNRiQue CAldAspARReiRA Diretor de Engenharia e MeioAmbiente da Infraero

Investimento visa atender à toda a demanda nacional

“A missão da Infraero de promover a infraestrutura aeroportuária nos 67 aeroportos por ela administrados está sendo cumprida”

Infraero está sendo cumprido eparte significativa dos serviçosestá em execução – como amodernização do Terminal 1 econclusão do Terminal 2 doAeroporto Internacional do Rio deJaneiro/Galeão – Antonio CarlosJobim (RJ). Vários projetos e lici-tações encontram-se em anda-mento, como as ampliações dosterminais de passageiros dosaeroportos de Brasília, Fortaleza,Confins e Manaus.

Além do conjunto de obrasprevisto, a Infraero está implan-tando Módulos Operacionais emalguns aeroportos, com a finalida-de de prover melhor nível de ser-viço, de forma mais rápida,enquanto as instalações definiti-vas estão em projeto ou em fasede início de obra. São instalaçõestemporárias e desmontáveis,capazes de ampliar a capacidadede embarque e desembarque depassageiros e proporcionar todasas condições de conforto e segu-rança necessárias a um terminal.

Para 2010 e 2011, a implantaçãovisa a demanda imediata. Mas, aotodo, serão 12 aeroportos quereceberão os módulos: Brasília,Guarulhos, Campinas, Goiânia,Vitória, Macapá, Juazeiro doNorte, Cuiabá, Ilhéus, Teresina,

JAime heNRiQue CAldAs pARReiRA

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opiNião

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CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 2010 81

JOSÉ FIORAVANTIopiNião

ualquer compêndio de economia revela queempregos são gerados a partir de investimen-tos, seja por expansão da capacidade produti-va, por implantação de novas unidades,aumento na demanda ou pelas exportações.

Em síntese, aumento no nível de empregos estácondicionado a um ciclo de crescimento, desen-volvimento e de prosperidade de uma economia.

Imaginar que um dispositivo legal que reduza ajornada de trabalho poderá aumentar artificialmentepostos de trabalho é, no mínimo, um contrassensoem relação às regras de mercado. Deve-se levar emconta, ainda, o fato de que essa proposta pode esti-mular a geração de impactos negativos sobre os cus-tos de produção, que produzirão reflexos amargos,especialmente para micro e pequenas empresas.

Trata-se de uma interferência sem preceden-tes na livre negociação que está presente nasrelações capital-trabalho em qualquer parte domundo globalizado e um retrocesso em relaçãoaos países industrializados.

Estamos diante de uma medida legal que mostra-rá seu lado reverso, não analisado pelos legisladoresque apoiam tal proposição, e de efeitos desastrosospara o país, a partir de consequências que serãogeradas para a sociedade em termos de aumentos depreços, desemprego, queda de produtividade, perdade competitividade pelo aumento do custo Brasil,redução do investimento estrangeiro, aumento dasimportações, entre outros impactos.

Ainda não é possível de imediato estimar o custofinanceiro e social que a medida imporá às empresas,principalmente considerando que a economia brasi-leira possui uma diversidade de formas de produção,na agricultura, na indústria, no comércio e, de formaparticularmente relevante, no setor de transporte,

que é intensivo em mão de obra qualificada de acor-do com as especificidades de cada modal.

No curto prazo, a desestruturação impelida pelaredução da jornada poderá ter repercussões dramá-ticas sobre a organização da produção do transporte.Onde buscar pessoas qualificadas e com as devidascompetências profissionais para operar veículos decarga, bitrens, locomotivas, aviões, navios e ônibus?

O setor de transporte investe muito em prepara-ção profissional, em qualidade e na produtividade deseus colaboradores. Seria uma irresponsabilidade eum retrocesso colocar veículos com tecnologiaembarcada, cargas valiosas, cargas perigosas e vidashumanas em mãos de pessoas sem preparo e qualifi-cação que as habilitem a exercerem, com qualidade esegurança, a sua profissão.

Estamos falando não só de motoristas e conduto-res, mas também de técnicos em segurança, opera-dores de tráfego, agentes logísticos, responsáveistécnicos de empresas de carga e operadores demáquinas de alta complexidade.

Como será absorvido pela economia o aumentode custos de transporte que impactam todos os seto-res produtivos? Quem arcará com esse ônus social?

Cabe aos legisladores, ao analisar esta maté-ria, a grande responsabilidade de verificar osimpactos sociais, econômicos e políticos de suasdecisões, tecendo as redes de conexão de unscom outros, verificando e respeitando a complexi-dade econômica e social da nação e reconhecen-do a existência do efeito reverso das leis.

Além disso, para finalizar, cabe destacar que oBrasil não precisa de redução de horas de trabalho. OBrasil precisa é de qualificação profissional.

José Fioravanti é presidente em exercício da CNT

QO reverso da lei

“Aumento no nível de empregos está condicionado a um ciclode crescimento e de desenvolvimento de uma economia”

Page 82: Revista CNT Transporte Atual - Abr/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL ABRIL 201082

ESQUADRILHA DA FUMAÇA

O Esquadrão de DemonstraçãoAérea, a Esquadrilha daFumaça, agradece à equipe darevista CNT Transporte Atualpela oportunidade de divulgaro nosso trabalho. Acreditamosque parcerias como essa nosfazem atingir nossos objetivos.Parabéns pelo trabalho.

equipe esquadrilha da Fumaça.Pirassununga (SP)

SUGESTÃO

Escrevo à revista para proporaos senhores a inclusão dematérias do setor portuário.Um exemplo de matéria é ofechamento da estatística demovimentação de carga em2009 nos portos brasileiros,onde foi detectado um decréscimo de 4,61% em relaçãoao ano de 2008.

Bruno de oliveira pinheiroGerente de Gestão eDesempenho PortuárioAntaq (Agência Nacional deTransportes Aquaviários), Brasília (DF)

MARIA BUZINA

A reportagem publicada narevista CNT Transporte Atual,edição 175, de março de 2010,sobre a artista plásticaGabriela Gonçalves Pereira,

que utiliza lonas de caminhãopara produzir bolsas femininascom a marca Maria Buzina é muito interessante. A criatividade e espíritoempreendedor do brasileiro é realmente surpreendente,como demonstra a reportagem. Estão de parabéns a artista plásticapela iniciativa e a revista por nos brindar com essamatéria tão agradável e que, ao mesmo tempo, nos faz pensar na capacidadeinventiva do povo brasileiro.

lucas RomoniBauru (SP)

CAPA

A reportagem da revista CNTTransporte Atual sobre a reciclagem de veículos mostraque o Brasil ainda tem muito o que fazer em termos ambientais. A falta de uma legislação específica é umademonstração de que o país pecana definição de suas prioridades.

lucas RomoniBauru (SP)

DOS LEITORES

Escreva para CNT TRANspoRTe ATuAlAs cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes

CARTAS PARA ESTA SEÇÃO

SAUS, quadra 1, bloco JEdifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar70070-010 - Brasília (DF)E-mail: [email protected]

Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes

[email protected]

CNTCoNFedeRAção NACioNAl do TRANspoRTe

pResideNTe em exeRCíCioJosé Fioravanti

pResideNTe de hoNRA dA CNTThiers Fattori Costa

viCe-pResideNTes dA CNTTRANspoRTe de CARgAs

Newton Jerônimo Gibson Duarte RodriguesTRANspoRTe AQuAviáRio, FeRRoviáRio e AéReo

Meton Soares JúniorTRANspoRTe de pAssAgeiRos

Marco Antonio GulinTRANspoRTAdoRes AuTÔNomos, de pessoAs e de BeNs

José Fioravanti

pResideNTes de seção e viCe-pResideNTes de seçãoTRANspoRTe de pAssAgeiRos

Otávio Vieira da Cunha Filho Ilso Pedro Menta TRANspoRTe de CARgAs

Flávio BenattiAntônio Pereira de SiqueiraTRANspoRTAdoRes AuTÔNomos, de pessoAs e de BeNs

José da Fonseca LopesEdgar Ferreira de Sousa

TRANspoRTe AQuAviáRio

Glen Gordon Findlay

Hernani Goulart Fortuna

TRANspoRTe FeRRoviáRio

Rodrigo Vilaça

TRANspoRTe AéReo

Urubatan Helou

José Afonso Assumpção

CoNselho FisCAl (TiTulARes)

David Lopes de Oliveira

Éder Dal’lago

Luiz Maldonado Marthos

José Hélio Fernandes

CoNselho FisCAl (supleNTes)

Waldemar Araújo

André Luiz Zanin de Oliveira

José Veronez

diReToRiA

TRANspoRTe RodoviáRio de pAssAgeiRos

Luiz Wagner Chieppe

Alfredo José Bezerra Leite

Jacob Barata Filho

José Augusto Pinheiro

Marcus Vinícius Gravina

Tarcísio Schettino Ribeiro

José Severiano ChavesEudo Laranjeiras CostaAntônio Carlos Melgaço KnitellAbrão Abdo IzaccFrancisco Saldanha BezerraJerson Antonio PicoliJosé Nolar SchedlerMário Martins

TRANspoRTe RodoviáRio de CARgAs

Luiz Anselmo Trombini

Eduardo Ferreira Rebuzzi

Paulo Brondani

Irani Bertolini

Pedro José de Oliveira Lopes

Oswaldo Dias de Castro

Daniel Luís Carvalho

Augusto Emílio Dalçóquio

Geraldo Aguiar Brito Viana

Augusto Dalçóquio Neto

Euclides Haiss

Paulo Vicente Caleffi

Francisco Pelúcio

TRANspoRTAdoRes AuTÔNomos, de pessoAs e de BeNs

Edgar Ferreira de Sousa

José Alexandrino Ferreira Neto

José Percides Rodrigues

Luiz Maldonado Marthos

Sandoval Geraldino dos Santos

Dirceu Efigenio Reis

Éder Dal’ Lago

André Luiz Costa

José da Fonseca Lopes

Claudinei Natal Pelegrini

Getúlio Vargas de Moura Braatz

Nilton Noel da Rocha

Neirman Moreira da Silva

TRANspoRTe AQuAviáRio, FeRRoviáRio e AéReo

Paulo Duarte Alecrim

André Luiz Zanin de Oliveira

Moacyr Bonelli

José Carlos Ribeiro Gomes

Paulo Sergio de Mello Cotta

Marcelino José Lobato Nascimento

Ronaldo Mattos de Oliveira Lima

José Eduardo Lopes

Fernando Ferreira Becker

Pedro Henrique Garcia de Jesus

Jorge Afonso Quagliani Pereira

Eclésio da Silva

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