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www.movimentoambiental.org Edição Nº 03 - Ano 2009 - R$ 5,00 • História da Legislação Ambiental Brasileira • Política Nacional do Meio Ambiente • Lei de Crimes Ambientais

Revista Movimento Ambiental

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Revista Movimento Ambiental, uma publicação especial da IPSO FACTO Editora destinada a promover a mobilização social para a conscientização ambiental.

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Edição Nº 03 - Ano 2009 - R$ 5,00

• História da Legislação Ambiental Brasileira

• Política Nacional do Meio Ambiente

• Lei de Crimes Ambientais

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Expediente EditorialEditorial

ÍndiceÍndice

IPSO FACTO EDITORA LTDA.CNPJ: 10.666.734/0001-68

AdministraçãoTravessa Campo Grande, 138

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OBS.: A Revista Movimento Ambiental é uma publicação especial da IPSO FACTO Editora destinada a promover a mobilização social para a conscientização ambiental. Colaboração na forma de artigos, denúncias e sugestões, enviar para:[email protected]

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Diretor ExecutivoAnderson Jean [email protected] 9975-0553

Diretor FinanceiroDouglas Kalebe Oliveira da [email protected] 9608-5085

Editor ChefeMarcos Dias de Oliveira [email protected]

Gerente ComercialEdberto [email protected]

Departamento ComercialAriovaldo Alves Ribeiro Carlos Roberto da SilvaMizael Fernandes

Projeto Gráfico e DiagramaçãoFabio Junior [email protected] 9921-7513

Departamento JurídicoJuliano AzambujaOAB/SC 24.84747 9948-2545

Sandra FischerOAB/SC 931/200447 9911-2006 Otávio HoepfnerOAB/SC 2226247 9911-1998

ColaboradoresThiago DiasDr. Fabiano SantangeloAntonio Inagê de Assis OliveiraThiago RomeroTibério AlloggioAmália Safatle

A legislação ambiental brasileira divide-se em dois momentos bem distintos: antes e depois de 1981. Até 1981 eram havidas como “poluição”, para todos os efeitos, as emissões das indústrias que não estivessem de acordo com os padrões estabelecidos por leis e normas técnicas. Nessa época, sob o pressuposto de que toda a atividade produtiva causa um certo impacto ao meio ambiente, eram plenamente toleradas as emissões poluentes que atendessem a determinados parâmetros. A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, conhecida como Política Nacional do Meio Ambiente introduziu uma diferença conceitual que serviu como um divisor de águas. Não há mais dano ambiental a salvo da respectiva reparação; a rigor, não há mais emissão poluente tolerada. A nova legislação baseia-se na idéia de que mesmo o resíduo poluente, tolerado pelos padrões estabelecidos, poderá causar um dano ambiental e, portanto, sujeitar o causador do dano ao pagamento de indenização. É o conceito da responsabilidade objetiva, ou do risco da atividade, segundo o qual os danos não podem ser partilhados com a comunidade. Complementando essa nova idéia de tutela do meio ambiente, a mesma Lei nº 6.938/81 conferiu ao Ministério Público (os Promotores) legitimidade para atuar em defesa do meio ambiente. Como o meio ambiente é algo que pertence a todos mas a ninguém individualmente, nada mais adequado do que atribuir a proteção desse interesse, que se tem como “difuso”, a um órgão afeito à tutela dos interesses públicos. Com a Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, estendeu-se essa legitimidade também às entidades ambientalistas (as “ONG”) e criou-se uma ação própria para a defesa judicial do meio ambiente, a ação civil pública. A Lei de Crimes Ambientais (Lei n° 9.605, de 12/02/1998) reordena a legislação ambiental brasileira no que se refere às infrações e punições. A partir dela, a pessoa jurídica, autora ou co-autora da infração ambiental, pode ser penalizada, chegando à liquidação da empresa, se ela tiver sido criada ou usada para facilitar ou ocultar um crime ambiental. Por outro lado, a punição pode ser extinta quando se comprovar a recuperação do dano ambiental e – no caso de penas de prisão de até 4 anos – é possível aplicar penas alternativas. A lei criminaliza os atos de pichar edificações urbanas, fabricar ou soltar balões, maltratar as plantas de ornamentação (prisão de até um ano), dificultar o acesso às praias, ou realizar um desmatamento sem autorização prévia. As multas variam de R$ 50 a R$ 50 milhões.

Preservar é o futuro!

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História da legislação ambiental brasileiraPolítica Nacional do Meio AmbienteLei de Crimes AmbientaisLEI Nº 6.905 - Cap. V - Dos Crimes contra o Meio Ambiente Chefe da ONU alerta para futuro terrível sem acordo climáticoLegislação ambiental não incorpora descobertas científicasTemperatura da terra pode subir 4ºC em apenas 50 anosSeminário Estadual de Serviços Ambientais 1ª Seminário Municipal de Consciência AmbientalDia de quem?Desnecessidade de ADA para isenção de ITRAMAE conquista reconhecimento técnico internacionalA força mundial do movimento ambientalistaA nova face do movimento ambientalista

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Desde os tempos coloniais, a legislação brasileira preocupava-se com a proteção da natureza, especialmente recursos naturais, florestais e

pesqueiros. Contudo, era sempre uma preocupação setorial voltada para os interesses econômicos imediatos. Basta lembrar que, nos primeiros tempos, a exploração da madeira e de seus subprodutos representavam a base colonial e se constituíam em Monopólio da Coroa.

Ainda depois da Independência, este espírito continuou presente, protegendo-se sempre setores do meio ambiente tendo em vista prolongar sua exploração. Mesmo já neste século, a partir da década de 30, quando o país sofreu profundas modificações políticas, o velho Código Florestal, o Código de Águas (ambos de 1934), assim como o Código de Caça e o de Mineração, tinham seu foco voltado para a proteção de determinados recursos ambientais de importância econômica. O Código de Águas, por exemplo, muito mais que a proteção a este recurso natural, privilegiava, a sua exploração para geração de energia elétrica.

Foi no ciclo de governos inaugurados pela auto denominada Revolução de 1964, que apareceram as primeiras preocupações referentes a utilização dos recursos naturais de forma racional, pela compreensão que se atingiu de que tais recursos só se transformariam em riquezas se explorados de forma racional e de que se deveria dar múltiplos usos a esses recursos, de tal forma que sua exploração para uma determinada finalidade, não impedisse sua exploração para outros fins, nem viesse em detrimento da saúde da população e de sua qualidade de vida. Desse período datam, dentre outras, a Lei nº4.504, de 30.12.1964 (Estatuto da Terra), o novo Código Florestal (Lei nº 4.771, de 15.09.1965), a Lei de Proteção à Fauna (Lei nº 5.197, de 03.01.1967), Decreto-lei nº 221 (Código de Pesca), Decreto-lei nº 227 (Código de Mineração), Decreto-lei nº 289, (todos de 28.02.1967), que criam o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, com incumbência expressa de”cumprir e fazer cumprir” tanto o Código Florestal, como a Lei de Proteção à Fauna). Também foram instituídas reservas indígenas, criados Parques Nacionais e Reservas Biológicas.

Marco decisivo e que repercutiu de forma notável sobre a legislação ambiental brasileira foi a Conferência

das Nações Unidas para o Meio Ambiente realizada em Estocolmo em 1972. A participação brasileira nesta Conferência foi muito importante para os seus rumos, influindo fortemente nas recomendações da Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente, mas, no nível da mídia influindo na opinião pública, nacional e internacional, foi bastante mal compreendida, gerando-se conceito distorcido de que o Brasil preconizava o desenvolvimento econômico a qualquer custo, mesmo devendo pagar o preço da poluição em alto grau. Na verdade, o que a posição oficial brasileira defendia era que o principal sujeito da proteção ambiental deveria ser o Homem, sendo tão danosa para ele a chamada “poluição da pobreza” (falta de saneamento básico e de cuidados com a saúde pública - alimentação e higiene) como a “poluição da riqueza” (industrial). Esse mal entendido, entretanto, acabou por ser benéfico. A necessidade de dar uma prova pública de que o Governo Brasileiro tinha também preocupações com a poluição e com o uso racional dos recursos ambientais resultou na criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente. Foi ela criada pelo Decreto nº 73.030, de 30 de outubro de 1973, como “órgão autônomo da Administração Direta” no âmbito do Ministério do Interior “orientada para a conservação do meio ambiente e uso racional dos recursos naturais”.

As competências outorgadas à SEMA lhe deram condições de encarar o meio ambiente de uma forma integrada, cuidando das transformações ambientais adversas por vários instrumentos, inclusive influindo nas normas de financiamentos e na concessão de incentivos fiscais. Essas competências representaram uma verdadeira guinada na forma que a União vinha encarando a utilização dos recursos naturais e o controle da poluição ambiental. A primeira delas já é emblemática dessa nova visão: “acompanhar as transformações do ambiente através de técnicas de aferição direta e sensoriamento remoto, identificando as ocorrências adversas e atuando no sentido de sua correção”. As demais também representam notável progresso, basta ver que entre suas competências estava a de “promover a elaboração e o estabelecimento de normas e padrões relativos à preservação do meio ambiente, especialmente dos recursos hídricos, que assegurem o bem-estar das populações e o seu desenvolvimento econômico”.

História da legislaçãoPor Antônio Inagê

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Pela primeira vez é acentuada a íntima ligação existente entre a necessidade da conservação ambiental com o desenvolvimento econômico e o bem-estar das populações e é outorgado a um órgão ambiental a missão de “atuar junto aos agentes financeiros para concessão de financiamento a entidades públicas e privadas com vistas a recuperação dos recursos naturais afetados por processos predatórios ou poluidores” e de “assessorar órgãos e entidades incumbidas da conservação do meio ambiente, tendo em vista o uso racional dos recursos ambientais”. Também a necessidade de se promover a educação ambiental em escala nacional assim como a formação e o treinamento de técnicos e especialistas em assuntos relativos a preservação ambiental não foram esquecidos. A escolha do Dr. PAULO NOGUEIRA NETO para implantar e dirigir o novo órgão também se revelou extraordinariamente acertada. Talvez mais até que os instrumentos legais que inspiraram e fizeram implantar a ação pessoal deste bacharel em direito, com pós-graduação em biologia, é que influiu decisivamente sobre a ação dos demais órgãos públicos, em nível federal, estadual e até municipal, permeando-os de uma nova maneira de abordar as questões referentes ao meio ambiente, que influi, até hoje, em toda a legislação.

Oriunda de uma mensagem do Poder Executivo, elaborada pela SEMA e amplamente discutida no Congresso Nacional, foi, em 31 de outubro de 1981, sancionada a Lei nº 6.938, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente, consolidando e ampliando as conquistas já obtidas em nível estadual e federal. A principal qualidade desta legislação foi o reconhecimento, ditado pela experiência, de que a execução de uma Política Nacional do Meio Ambiente, em um país com as dimensões geográficas do Brasil, não seria possível se não houvesse uma descentralização de ações, acionando-se os Estados e Municípios como executores de medidas e providências que devem estar solidamente embasadas no postulado que o meio ambiente representa “um patrimônio a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo”. O advento da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente alterou completamente o enfoque legal que, até então, contemplava a utilização dos recursos naturais. A Constituição promulgada em 1988, ao contrário das anteriores, em todo o seu texto

demonstra séria preocupação ambientalista e, na prática, acolheu sob seu manto toda a moderna legislação ambiental editada a partir de 1975, vigente quando de sua promulgação.

Essa preocupação é muito bem sintetizada em seu artigo 225: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Dessa forma, a Constituição recebeu e avaliou toda a legislação ambiental no país, inclusive, e principalmente a necessidade da intervenção da coletividade, ou seja, participação da sociedade civil, nela compreendida o empresariado na co-gestão da Política Nacional do Meio Ambiente. Foi acolhida praticamente toda a legislação vigente, mesmo a de âmbito estadual, uma vez que, ainda seguindo o espírito da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, determinou que essa legislação passasse a ser concorrente com a federal (CF, art. 24, VI). Os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente são bem mais ambiciosos que a simples proteção de recursos naturais para fins econômicos imediatos, visam a utilização racional do meio ambiente como um todo, consoante determina o artigo 2º da Lei:

A legislação mais recente, como a Lei dos Recursos Hídricos, mostra que estes princípios vêm sendo bem assimilados, tendo como objetivo o desenvolvimento sustentável, para a consecução do qual é indispensável a consciência de ser imprescindível a parceria do Governo e dos usuários dos recursos ambientais para sua utilização racional e conservação.

História da legislação ambiental brasileira

*Antonio Inagê de Assis Oliveira é membro do Instituto dos Advogados Brasileiros, ex-presidente da Seção Brasileira da International Association for Impact Assessment - IAIA, atual Presidente da Associação Brasileira dos Advogados Ambien-talistas - ABAA e consultor da Câmara Temática de Legislação Ambiental do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desen-volvimento Sustentável - CEBDS. Dentre vários trabalhos pub-licados destaca-se o livro O Licenciamento Ambiental e mais recentemente, “Introdução à legislação ambiental brasileira e licenciamento ambiental”.

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Em linhas gerais, a lei que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente foi concebida em 1981 - Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981 - e

assegurada, sete anos mais tarde, pela Constituição de 1988 - Art. 225. Trata-se de uma legislação complexa e sua aplicação depende de ajustes que garantam a interpretação correta de seus instrumentos e a sua operacionalização eficiente e eficaz.

A década de 1990 foi marcada pela renovação dos instrumentos de intervenção sobre o meio ambiente, sempre em processo de discussão, debate e participação dos diversos segmentos envolvidos. Foi assim com a formulação da Lei das Águas (lei 9.433, de 1997), que reestrutura a gestão dos recursos hídricos no país, estabelecendo como fundamentos o uso múltiplo das águas; o reconhecimento desse recurso como bem finito e vulnerável, dotado de valor econômico; a bacia hidrográfica como unidade de planejamento; e a gestão descentralizada e participativa, com a instituição dos comitês de bacias. Com base nessa legislação, foi criada, em 2000, a Agência Nacional de Águas, semelhante às existentes para o petróleo, a energia elétrica e as telecomunicações.

Em 1997, o CONAMA também revisou os procedimentos e critérios utilizados no licenciamento ambiental através da Resolução 237, de forma a efetivar a utilização do sistema de licenciamento como instrumento de gestão ambiental. Esta Resolução se teve a vantagem de incluir em seus dispositivos algumas regras que necessariamente devem constar de norma geral federal, como o prazo das licenças e para a análise dos requerimentos, por outro lado, reconhecidamente, tem enfrentado em sua implementação sérios questionamentos quanto à constitucionalidade de vários de seus dispositivos.

Política Nacional• Da Política Nacional do Meio Ambiente• Dos Objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente• Do Conselho Nacional do Meio Ambiente • Dos Instrumentos da Política Nacional do Meio

Ambiente

O artigo 2º identifica os objetivos gerais,são 10 incisos com a seguinte redação:

Artigo 2° - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso nacional e

a proteção dos recursos ambientais;VII - acompanhamento do estado da qualidade

ambiental;VIII - recuperação de áreas degradadas;IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;X - educação ambiental a todos os níveis de ensino,

inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.

A Lei 6.938, POLítiCA NACiONAL dO MeiO AMBieNte,se divide em 4 capítulos e 21 artigos, que são:

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Política Nacional do Meio Ambiente Em 1998, a nova Lei de Crimes Ambientais (lei 9.605) fez do Brasil um dos poucos países do mundo a dar caráter criminal ao dano ambiental, estendendo as sanções penais às pessoas jurídicas. Contudo essa legislação vem, ao mesmo tempo, sofrendo críticas quanto à sua efetiva aplicabilidade e ao fato de misturar no mesmo diploma legal crimes e infrações administrativas.

No campo dos resíduos industriais, vale mencionar a regulamentação da lei 9.974, de 06 de junho de 2000, que trata da devolução, recolhimento e destinação final de embalagens vazias e restos de produtos agrotóxicos. Merecem registro também as duas resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), ambas de 1999, que tratam do recolhimento e destinação final de pilhas e baterias e de pneus usados. Mas são medidas que ainda estão em fase de implementação e encontram grandes dificuldades práticas.

Com o advento da Lei 9.985, de 18/07/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, a compensação ambiental passou a ser obrigatória para empreendimentos causadores de significativo impacto ambiental, obrigando o empreendedor a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral (Art. 36).

Recentemente, em 22 de agosto de 2002, o Decreto no 4.340 veio regulamentar vários artigos da Lei 9.985, entre eles o artigo específico sobre compensação ambiental. Este Decreto determina em seu Capítulo VIII os principais fundamentos da compensação ambiental.

Estabelecidos os contornos do novo tratamento legal dado ao meio ambiente, a Constituição Federal promulgada em outubro de 1988 dedicou um capítulo inteiro à proteção ao meio ambiente (Capítulo VI - Do Meio Ambiente; Título VIII - Da Ordem Social), e no seu todo possui 37 artigos relacionados ao Direito Ambiental e outros cinco atinentes ao Direito Urbanístico.

O texto constitucional estabeleceu uma série de obrigações às autoridades públicas, incluindo:

1- a preservação e recuperação das espécies e dos ecossistemas;

2- a preservação da variedade e integridade do patrimônio genético, e a supervisão das entidades engajadas em pesquisa e manipulação genética;

3- a educação ambiental em todos os níveis escolares e a orientação pública quanto à necessidade de preservar o meio ambiente;

4- a definição das áreas territoriais a serem especialmente protegidas;

5- a exigência de estudos de impacto ambiental para a instalação de qualquer atividade que possa causar significativa degradação ao equilíbrio ecológico.

Outro aspecto que mereceu especial atenção do texto constitucional foi o da competência legislativa da União, dos Estados e Municípios, quanto à matéria ambiental.

É concorrente a competência entre a União e os Estados para legislar sobre a defesa do meio ambiente, cabendo à União estabelecer normas gerais e aos Estados suplementá-las.

A CONstituiçãO FederAL

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Sanções CriminaisA Lei nº 9.605, sancionada com alguns vetos pelo

Presidente da República em 12.2.1998, estabelece as sanções criminais aplicáveis às atividades lesivas ao meio ambiente. Com esse objetivo básico, a Lei nº 9.605/98 pretende substituir todas as sanções criminais dispostas de forma esparsa em vários textos legais voltados à proteção ambiental, tais como o Código Florestal, o Código de Caça, o Código de Pesca, a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 (art.15) etc.

O objetivo da lei é a responsabilização criminal do poluidor ou do degradador do meio ambiente, sem qualquer pretensão de derrogar a Lei nº 6.938/81, que regula as reparações civis decorrentes de atos danosos ao meio ambiente.

O artigo 2º da lei deixa claro que a responsabilização criminal se dará segundo o grau de culpa do agente, descartada, portanto a idéia de responsabilidade objetiva também para efeitos criminais. Esse mesmo artigo inclui entre os imputáveis criminalmente não só o responsável

Lei de crimes ambientaisLEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998 - Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas

ao meio ambiente, e dá outras providências.

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direto pelo dano, como também outros agentes que, sabendo da conduta criminosa, se omitiram ao impedir a sua prática mesmo estando ao seu alcance evitá-la. Entre tais agentes co-responsabilizados pela lei se incluem o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica. Nos termos literais desse preceito, assessores técnicos, auditores e advogados de empresas poderão vir a responder criminalmente pelos danos ambientais produzidos com o seu conhecimento, provado que poderiam de alguma forma evitá-los e não o fizeram.

O artigo 3º consagra a responsabilização criminal da pessoa jurídica, sem excluir a possível penalização das pessoas físicas que possam ser havidas como autoras ou co-autoras do mesmo fato danoso ao meio ambiente.

O artigo 4º positiva outro conceito já cogitado em termos de responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente, que é o da desconsideração da personalidade jurídica. Esse princípio visa tornar sem efeito qualquer artifício societário que se idealize para criar obstáculos formais ao pleno ressarcimento dos danos. A transferência de ativos a pessoa jurídica que sabidamente não possui condições de ressarcir os danos ambientais causados por esses ativos é um desses

artifícios visados pela lei. A lei comina às pessoas físicas penas privativas de liberdade – prisão ou reclusão – bem como penas restritivas de direitos, permitindo expressamente que estas últimas substituam as primeiras desde que atendidos os pressupostos estabelecidos pelo artigo 7º. O primeiro pressuposto é o de que se trate de crime culposo ou cuja pena privativa de liberdade seja inferior a quatro anos. O segundo pressuposto, que ficará a critério do Juiz, diz respeito a condições subjetivas do agente e a características do ato danoso, que venham a indicar que a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos será suficiente para servir de reprovação e de prevenção ao crime.

As penas restritivas de direitos são a prestação de serviços à comunidade; interdição temporária de direitos; suspensão parcial ou total de atividades; prestação pecuniária e recolhimento domiciliar.

As sanções aplicáveis especificamente às pessoas jurídicas, segundo o artigo 21, são a multa; as restritivas de direitos; e prestação de serviços à comunidade. Para as pessoas jurídicas as penas restritivas de direitos consistem em suspensão parcial ou total de atividades; interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; e proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. Está expressamente previsto, e isto será de capital importância para a defesa das pessoas jurídicas, que a suspensão de atividades será aplicada quando não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares relativas à proteção do meio ambiente, ao passo que a pena de interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando

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sem a devida autorização – leia-se sem as licenças prévias, de instalação e de operação preconizadas pela legislação ambiental – ou em desacordo com as licenças obtidas ou, ainda, em violação à disposição legal ou regulamentar.

A ação penal, diz o artigo 26, é pública incondicionada, o que significa dizer que sua instauração independe da iniciativa do ofendido. A nova lei manteve, com algumas alterações, a sistemática prevista pela Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099, de 26.9.1995),

que permite a transação penal desde que obedecidas determinadas condições. Nos crimes havidos como de menor potencial ofensivo processados pela Justiça Estadual, cuja máxima pena privativa de liberdade prevista seja de até um ano (artigo 61, da Lei nº 9.099/95), e nos crimes que tramitam na Justiça Federal cuja pena máxima seja de até dois anos (artigo 2º, parágrafo único da Lei nº 10.259, de (12.7.2001), é possível celebrar uma transação penal com o Ministério Público, mediante a imediata aplicação de pena restritiva de direitos, desde que haja prévia composição dos danos causados ao meio ambiente (artigo 27 da Lei nº 9.605/98).

Nos crimes cuja pena mínima prevista seja igual ou inferior a um ano, é possível a suspensão condicional do processo criminal por dois a quatro anos e, caso nesse período o dano seja reparado e o agente não venha a cometer outras irregularidades, é extinta a punibilidade pelo crime cometido (artigo 89, da Lei nº 9.099/95). Ainda, a pena imposta ao infrator poderá ser suspensa nos casos em que a pena privativa de liberdade não for superior a três anos (artigo 16,da Lei nº 9.605/98).

A nova lei consolida as sanções criminais previstas no Código de Caça, no Código de Pesca e no Código Florestal (Seção I e Seção II). A seguir, o texto legal abrange as várias formas de degradação ambiental causadas por poluição, incluindo ainda os danos causados pelas atividades mineradoras (Seção III). Não escapam do alcance da lei irregularidades meramente administrativas (ausência de licenciamento ambiental, por exemplo) e problemas crônicos concernentes à ocupação do solo urbano (áreas de mananciais). A lei também prevê a aplicação de multas, entre o mínimo de R$ 50,00 e máximo de R$ 50 milhões.

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Sanções AdministrativasO Decreto nº 3.179 de 21.9.1999 regulamentou a

Lei nº 9.605 de 12.2.1998 e atualizou o rol de sanções administrativas aplicável às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Nos termos do artigo 2º do Decreto, as empresas infratoras podem ser punidas com as penalidades de advertência; multa simples ou diária, que podem variar entre R$ 50,00 e R$ 50milhões; apreensão, destruição, inutilização ou suspensão da venda dos produtos utilizados na infração; embargo, suspensão ou demolição da obra ou atividade irregular; reparação do dano e restritivas de direito. As penas restritivas de direito previstas são a suspensão ou o cancelamento do registro, licença, permissão ou autorização da empresa irregular; perda, restrição ou suspensão de incentivos e benefícios fiscais e de linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; e proibição de contratar com a Administração Pública pelo período de até três anos.

Muito embora o Decreto inclua a reparação aos danos causados como sanção administrativa, na verdade esse item não possui o caráter de penalidade administrativa a ser aplicada pelos órgãos de fiscalização federal, estaduais ou municipais, tais como as demais penalidades previstas no Decreto. A obrigação de reparar constitui, em realidade, decorrência da responsabilização civil prevista na Lei nº 6.938/81.

As sanções administrativas previstas no Decreto nº 3.179/99, portanto, podem ser complementadas pela ação do Ministério Público visando à reparação do dano causado ao meio ambiente e à responsabilização criminal do infrator, nos termos das Leis nºs 6.938/81 e 9.605/98. Com a peculiaridade de que as infrações administrativas e a responsabilização criminal regem-sepela responsabilidade subjetiva, que depende da demonstração de culpa ou dolo por parte do infrator, enquanto o dever de reparar dispensa a prova de culpa e depende exclusivamente do estabelecimento de um nexo causal entre a ação ou omissão do infrator e o dano causado (strict liability).

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Seção IDos Crimes contra a Fauna

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migra-tória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas: I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transpor-ta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou

sem a devida permissão, licença ou autorização da auto-ridade competente. Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autori-dade ambiental competente: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente: Pena - detenção, de três meses a um ano, e mul-ta. Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e mul-ta.§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiên-cia dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

LEI Nº 9.605 - Capítulo V DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE

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LEI Nº 9.605 - Capítulo V DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE

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Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, la-goas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.

Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competen-te:

Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:I - pesca espécies que devam ser preservadas ou es-

pécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;II - pesca quantidades superiores as permitidas, ou me-

diante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;

III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proi-bidas.

Art. 35. Pescar mediante a utilização de:I - explosivos ou substancias que, em contato com a

água, produzam efeito semelhante;II - substancias tóxicas, ou outro meio proibido pela au-

toridade competente:Pena - reclusão de um ano a cinco anos. Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pes-

ca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidrobios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

Art. 37. não é crime o abate de animal, quando realizado:

I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;

II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;

IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracte-rizado pelo órgão competente.

Seção IIDos Crimes contra a Flora

Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do De-creto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independente-mente de sua localização: Pena - reclusão, de um a cinco ano§ 1 . Entende-se por Unidades de conservação as Reser-vas Biológicas, Reservas Ecológicas, estações ecológi-cas, Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, Flores-tas Nacionais, Estaduais e Municipais, áreas de proteção Ambiental, áreas de Relevante Interesse Ecológico e Re-servas Extrativistas ou outras a serem criadas pelo Poder Publico.§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas

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de extinção no interior das Unidades de Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância agra-vante para a fixação da pena. Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mi-nerais: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra explora-ção, econômica ou não, em desacordo com as determi-nações legais: Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa. Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de ori-gem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autorida-de competente. Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de lo-gradouros públicos ou em propriedade privada alheia: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de do-mínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente: Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. § 1o Não é crime a conduta praticada quando ne-cessária à subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família. § 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será aumentada de 1 (um) ano por

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APOIO:

milhar de hectare. Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação con-duzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos flores-tais, sem licença da autoridade competente: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Seção IIIDa Poluição e outros Crimes Ambien-tais

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a des-truição significativa da flora: Pena - reclusão, de um a qua-tro anos, e multa. § 2º Se o crime: I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause da-nos diretos à saúde da população; III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade; IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 3º Incorre nas mesmas penas previstas no pa-

rágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversí-vel. Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, per-missão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente. Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, ex-portar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabeleci-das em leis ou nos seus regulamentos: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem abandona os pro-dutos ou substâncias referidos no caput, ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança. § 2º Se o produto ou a subs-tância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço. Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcio-nar, em qualquer parte do terri-tório nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou auto-rização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as

normas legais e regulamentares pertinentes: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

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Chefe da ONU alerta parafuturo terrível sem acordo climático

SEUL - O fracasso em agir rapi-damente para combater as mu-danças climáticas pode provocar

o aumento da violência e uma grande instabilidade no mundo, uma vez que os padrões climáticos globais mudam dras-ticamente, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

“Se nós falharmos em agir, a mudança climática vai intensificar as se-cas, as enchentes e outros desastres na-turais”, disse Ban em um fórum próximo de Seul que aconteceu semanas antes de uma conferência do próprio secretá-rio-geral sobre as mudanças climáticas, em setembro.

“A falta de água vai afetar cente-nas de milhões de pessoas. A subnutri-ção vai tragar grandes partes do mundo em desenvolvimento.

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Chefe da ONU alerta parafuturo terrível sem acordo climático

As tensões vão piorar. A insta-bilidade social -- incluindo a violência -- pode acontecer”, afirmou Ban no evento em Incheon.

As emissões de gases causado-res do efeito estufa são consideradas a principal causa para o aquecimento glo-bal. Os países vão se reunir em Cope-nhague em dezembro para trabalhar em um novo acordo climático global para re-duzir as emissões que substituirá o Pro-tocolo de Kyoto, que termina em 2012. Ban, que considerou a mudança climática um tema fundamental para a humanidade, pediu que líderes mundiais atuem rapidamente para que um acordo possa ser alcançado em Copenhague.

Em agosto representantes de 180 países se reuniran em Bonn, Ale-manha, para negociar sobre o clima, em meio a alertas de que o tempo está passando para que um acordo bastante completo seja concretizado até o fim do ano.

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A legislação brasileira que regulamenta os parâme- tros de emissão de gases

poluidores na atmosfera foi criada no início da década de 1990, mas 70% do conhecimento científico em poluição e saúde no país foi produzido após essa data.

A preocupante con-tradição foi apontada por Paulo Afonso de André, pesquisador do Laboratório de Poluição Atmos-férica Experimental da USP.

“Ao pesquisarmos em publicações científicas, focando no tema da poluição e saúde, concluímos, pelo número de ar-tigos encontrados, que a legisla-ção ambiental atual, que precisa de atualização, foi produzida com o conhecimento gerado até o fim da década de 1980, que repre-senta menos de um terço do que se sabe hoje sobre o assunto”, disse André à Agência FAPESP, logo após proferir a palestra “Meteorologia ur-bana e saúde.”

Partículas inaláveis A legislação ambiental em vigor no país, segun-do ele, determina os parâmetros de qualidade do ar que devem ser monitorados, entre os quais a exposição ao material particulado (PM, na sigla em inglês), uma mis-tura de partículas líquidas e sólidas em suspensão no ar classificadas de acordo com o seu diâmetro. A norma am-biental determina como máxima a exposição a partículas inaláveis PM 10, que têm diâmetro inferior a 10 mícrons.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), por outro lado, recomenda o monitoramento da qualidade do ar nas grandes cidades por meio de partículas em con-centrações PM 2,5, entre outros parâmetros. “Esse valor ainda não é considerado pela legislação brasileira, ape-sar de, para a comunidade científica, ser uma realidade há mais de dez anos”, apontou.

André explicou que a maioria dos estudos de monitoramento ambiental no país já segue a concentra-ção PM 2,5, pois se sabe que essa é a fração de polu-ição do ar capaz de penetrar no aparelho respiratório, podendo atingir os brônquios e os alvéolos pulmonares e causar doenças como asma, bronquite e enfisema pul-monar.

Legislação ambiental não incorpora descobertas científicas dos últimos 20 anos18 www.movimentoambiental.org

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Legislação ambiental não incorpora descobertas científicas dos últimos 20 anos

Thiago Romero

“Por outro lado, sabemos que boa parte das partículas inaláveis de PM 10 é retida pelos sistemas de defesa do organismo humano. Hoje, o PM 2,5 é man-datório nas pesquisas em saúde e, dependendo da re-vista científica, não é nem permitida a publicação de re-sultados de estudos com PM 10”, afirmou.

Cálculos científicos dos riscos da poluição O pesquisador lembrou que, enquanto os cálcu-los científicos de risco da poluição do ar para a saúde hu-mana são feitos com base em PM 2,5, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), ligada à Secretaria do Meio Ambiente do governo de São Paulo, tem como base os instrumentos legais e segue o PM 10 como parâmetro de monitoramento da qualidade do ar das cidades.

“A Cetesb tem feito monitoramentos exploratórios em nível de aprendizado com base no PM 2,5, uma vez que todos sabem que aí mora um grave problema ambi-ental e que, esperamos em breve, a legislação brasileira deve mudar. Mas, por enquanto, a obrigação é monitorar seguindo o padrão legal de PM 10”, disse.

Segundo André, calcula-se que o PM 2,5 repre-sente cerca de 50% das partículas inaláveis de PM 10. “A legislação ambiental precisa ser atualizada para que o monitoramento do ar seja realizado apenas com base nessa concentração prejudicial de interesse. Hoje, os resultados são mascarados em parte porque os órgãos competentes devem medir o elefante inteiro, enquanto apenas seu rabo causa o efeito prejudicial”, comparou.

Monitoramento ambiental Os pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP desenvolvem uma série de estudos sobre o assunto a partir do monitoramento das principais regiões metro-politanas do país. “São áreas que, invariavelmente, têm um perfil de poluição urbana devido à participação signifi-cativa da frota de veículos automotivos”, apontou.

Estima-se que a exposição à matéria particulada, mesmo em níveis considerados seguros pela legislação ambiental, esteja associada a aproximadamente 800 mil mortes anuais causadas por doenças cardiorrespiratórias em todo o mundo, principalmente em crianças e idosos, das quais 35 mil ocorrem na América Latina.

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APOIO:

Um relatório do principal centro de pesquisas sobre mudanças climáticas da Grã-Bretanha alertou para um aumento de 4ºC na temperatura do planeta em apenas 50 anos caso as emissões de carbono não sejam reduzidas em breve.

O estudo do Centro Hadley, financiado pelo governo britânico, constitui o alerta mais grave já divulgado sobre o aquecimento global desde que o Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC), órgão científico da ONU, estimou em 2007 que a

temperatura do planeta pode subir entre 1,8ºC e 4ºC até o fim deste século.

Utilizando novos dados a partir de análises sobre o ciclo do carbono e de observações atualizadas de emissões de países emergentes, como China e Índia, as conclusões não apenas reforçam a possibilidade do pior cenário do IPCC como reduzem pela metade o tempo disponível para ação.

Segundo o Centro Hadley, em um cenário de altas emissões, o derretimento de neve e gelo no Ártico poderia elevar a absorção de raios solares e elevar a temperatura ártica em até 15,2 ºC.

Secas atingiriam severamente o oeste e sul da África, afetando a disponibilidade de água, segurança alimentar e saúde da população.

O estudo diz que “todos os modelos” indicam reduções na precipitação de chuvas também na América Central, no Mediterrâneo e partes da costa australiana. Em outras áreas, o aumento da temperatura em 50 anos poderia ser de 7º C, disse o estudo.

Já o padrão das chuvas seria severamente afetado na Índia - onde o nível de precipitações poderia aumentar 20% ou até mais, piorando o risco de enchentes.

Não bastasse o cenário consideravelmente pior do que os cientistas pensavam, o estudo alerta ainda que, em um cenário de emissões altas, a previsão de aumento de 4º C pode ser “adiantada em 10 anos, ou até 20 anos em casos extremos”.

Entretanto, concedem os cientistas, ainda há tempo de evitar o pior cenário se as emissões de carbono começarem a baixar de nível dentro da próxima década.

Temperatura da TeRra pode subir 4ºC

em apenas 50 anos

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O estudo foi apresentado em uma conferência sobre a mudança climática na cidade inglesa de Oxford, e sai a público no mesmo dia (28 de setembro) em que delegados de 190 países se reúnem em Bangcoc, na Tailândia, para uma nova rodada de negociações antes da reunião da ONU em Copenhague, na qual espera-se um novo acordo de emissões de carbono em substituição ao Protocolo de Kyoto, vigente até 2012.

Líderes mundiais têm reiterado a necessidade de limitar a elevação da temperatura global nas próximas décadas em 2º C. Mas, como aponta o analista de ambiente da BBC Roger Harrabin, a questão tem esbarrado nos recursos que serão necessários para “limpar” a matriz energética global.

Um dos pontos fundamentais, diz o especialista, é que países em desenvolvimento querem ajuda para arcar com os custos de tal empreitada. O premiê britânico, Gordon Brown, tem falado em uma cifra de US$ 100 bilhões para conter o aquecimento global através do combate à pobreza. A União Européia tem concordado.

No entanto, o presidente americano, Barack Obama, que preside a nação que mais polui em termos

per capita, tem encontrado dificuldades para aprovar leis de controle de emissões no Congresso americano, ainda que reafirme a “determinação” do seu país para agir e assumir suas “responsabilidades” em relação ao aquecimento global.

A China anunciou que vai redobrar os investimentos em eficiência energética para reduzir as suas emissões de CO2 em uma “margem notável” - porém ainda não precisada - até 2020.

Tanto a China como os EUA respondem por cerca de 20% das emissões de dióxido de carbono provenientes da queima de carvão, gás natural e petróleo. A União Européia produz 14% do total, seguida por China e Rússia, cada qual com 5%.

AÇÃO

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Aconteceu em Joinville nos dias 18 e 19 de agosto, o Seminário Estadual sobre Pagamentos de Servi-ços Ambientais, promovido pelo Projeto PRAPEM/

Microbacias 2, com apoio da Gerência Regional da Epagri e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional (SDR) - Joinville . O evento foi realizado no Restaurante Rudnick, no Distrito de Pirabeiraba, em Joinville.

Durante dois dias, mais de 150 técnicos da área ambiental de todo o Estado estiveram reunidos para dis-cutir e propor diretrizes, ações e programas que possam balizar a nova visão de política pública ambiental catari-nense. Os resultados obtidos neste encontro vão servir de subsídio técnico para o Governo do Estado na propos-ta de regulamentação do Artigo 288 do Código Ambiental do Estado de Santa Catarina.

O objetivo do encontro foi conhecer, esclarecer e compreender tecnicamente o que é o Serviço Ambiental. Neste evento, técnicos discutiram como estes serviços úteis oferecidos pelos ecossistemas podem ser

revertidos economicamente em novas fontes de renda.

Durante o seminário foram apresentadas experi-ências dos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Paraná em relação à regulação de gases (produ-ção de oxigênio e sequestro de carbono), belezas cêni-cas, conservação da biodiversidade, proteção de solos e regulação das funções hídricas.

Segundo o coordenador Técnico do Seminário e do Projeto PRAPEM/Microbacias 2, Valdemar Hercílio de Freitas, o evento esclareceu e subsidiou a formulação de uma política ambiental eficiente de preservação e con-servação, incentivando diretamente a não degradação dos ecossistemas, através do pagamento destes servi-ços.

seminário estadual de serviços Ambientais reuniu mais de 150 técnicos em Joinville

Thiago DiasAssessoria de Comunicação SDR-Joinville

(47) 3431-2825 / 2805 / 9992-9247Acesse: www.sc.gov.br

www.costadoencanto.sc.gov.br

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1º Seminário Municipal de Consciência AmbientalSeminário aborda questão do tratamento de esgoto em Joinville

O objetivo principal do evento é ampliar a consciência da comunidade sobre a necessidadeurgente da ampliação da rede de captação e tratamento de esgoto sanitário

Joinville - A criação, por iniciativa do vereador profes-sor Alodir Cristo, do 1º Seminário Municipal de Cons-ciência Ambiental, que acontecerá nos dias 24,25

e 26 de novembro próximo, tem como principal objetivo reunir formadores de opinião e educadores em torno da idéia da necessidade urgente da ampliação da rede mu-nicipal de esgoto. O Seminário será, basicamente, edu-cacional, buscando a participação efetiva de professores das redes de ensino municipal, estadual e particular, em todos os segmentos educacionais, do ensino fundamental ao superior. Além disso, O Seminário irá envol-ver técnicos das áreas de meio am-biente e saúde, que também serão ótimos multiplicadores das mensa-gens apresentadas no evento. Muitos imaginam que sa-neamento tem pouco apelo para os políticos porque é uma obra que fica enterrada e ninguém vê. Mas, surpreendentemente, pes-quisas recentes mostram que este serviço está em primeiro lugar na prioridade de obras para os brasi-leiros. Segundo estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil (organização que reúne gran-des empresas), em parceria com o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Opinião Pública e Estatística (Ibope), 54% dos entrevistados consideraram o serviço esgoto como obra prioritária em seu bairro. Foram ouvidas 1.008 pes-soas de 79 cidades acima de 300 mil habitantes. As ou-tras prioridades foram: serviços de água (28%, coleta de lixo (15%), limpeza pública (14% e pavimentação (8%). Tal prioridade se dá porque a falta de esgoto afe-ta, principalmente, a saúde das pessoas. Anualmente, mais de 5 milhões de crianças entre 0 e 14 anos morrem

no mundo por doenças relacionadas ao ambiente onde vivem. No Brasil, 15 crianças morrem diariamente por do-enças causadas pela falta de esgoto sanitário. Cerca de 87 milhões de brasileiros não têm acesso à rede de esgo-to. Essas pessoas normalmente estão na periferia das ci-dades, onde a população jovem predomina. O resultado é o alto índice de internações devido às contaminações. A ONG Água e Cidade calcula que para cada R$ 1 investido no setor de saneamento, economiza-se R$ 4

na área de medicina curativa. Joinville tem um dos piores índi-ces relativos ao saneamento bási-co. Na pesquisa do Instituto Trata Brasil, entre as 79 cidades pesqui-sadas ela aparece em 63º lugar (se fosse verificado apenas a cobertura da rede de esgoto, a cidade esta-ria em último lugar). Nos próximos cinco anos a Companhia Águas de Joinville pretende ampliar a rede coletora de esgoto dos atuais 12% para 52% das moradias, o que de-verá ter um significativo reflexo na área de saúde. Portanto, este se-minário poderá contribuir para que

a população tenha uma maior consciência sobre a real importância deste serviço público na comunidade.

Ficha TécnicaO que: 1º Seminário Municipal de Consciência AmbientalQuando: 24, 25 e 26 de novembro de 2009Onde: Plenário da Câmara de Vereadores de JoinvilleHorário: a partir das 19h30Público-Alvo: Formadores de opinião, educadores etécnicos ligados a esfera ambiental

Rede de captação de esgoto sanitário, em Joinville, precisa de ampliação urgente

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O último dia internacional do meio ambiente merece certa reflexão. Não só a que devemos nos preocupar, mas com o caminho que tudo

esta tomando. Diga-se da legislação cada vez mais restritiva. Das quedas de braço entre os ministérios, envolvendo o meio ambiente. Das decisões judiciais que por vezes atinge um, em igual situação a muitos. Do progresso muitas vezes obstaculizado pelos interesses ambientais. Da atuação do ministério público, e do conflito de interesses entre o homem e meio ambiente. Da posição muitas vezes xiita de

algumas ONGs. Dos conflitos entre ministérios. Enfim, de nosso papel e do papel da administração pública como um todo.

Homem como parte do meio ambiente, e sendo o único que pensa no reino animal, é o que deve estar mais empenhado. Comparemos a preocupação com o meio ambiente, parecida com preocupação com o telhado de sua casa. Se não cuidar, o telhado cai. E sem telhado, “a casa cai”.

DIA DE QUEM?

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DIA DE QUEM?

Não se trata aqui de uma transferência de responsabilidade (sendo esta uma tendência do ser humano), mas de uma distribuição correta de responsabilidades e atribuições. Por exemplo: O cidadão que guarda seu óleo de cozinha e separa seu lixo doméstico reciclável enquanto a prefeitura de sua cidade não oferece sistema de tratamento de esgoto, ou adequado aterro industrial. E o mesmo cidadão não pode tomar banho de mar.

Essa mesma administração pública (aqui incluindo o legislativo) que permite (através de leis amplamente restritivas), que seja discutido situações consolidadas a décadas, no benefício do meio ambiente, e em detrimento da condição de vida.

Sim, o meio ambiente deve ser protegido por lei. Mas a atual confusão de competências e de normas de todo o tipo, tornam o direito ambiental um grande mistério para o operador do direito, que se utiliza do equilíbrio, contra os excessos interpretativos da legislação.

Mas de quem é a responsabilidade? Da administração pública em primeiríssimo lugar.

Afinal esta representa o coletivo, e deve oferecer o melhor exemplo. Não é mais tempo de ações individualizadas, mas sim, coletivas.

Não é mais tempo de buscar a demolição de uma casa ou outra, mas de obrigar os municípios a cumprirem em definitivo a lei. É tempo de interpretar

(e legislar) levando em conta o homem como parte do meio ambiente.

Ao contrário do que declara o Ministro Minc, não importa “se a ONU elogia o Brasil e sua legislação ambiental”, mas sim se o brasileiro consciente está satisfeito com o rumo que tudo está tomando.

Enquanto o judiciário, guardador da democracia, aplica a confusão legislativa atual, devemos saber o que a Administração pública anda fazendo, na prática. Já é hora de entender que aumentar penas de crimes sem efetiva fiscalização deixou de agradar ao Cidadão.

Mas onde isso tudo se inicia? No seu legislador, aquele que com sua procuração (voto) está aprovando ou não leis no Distrito Federal. E que por vezes se submete aos interesses de ministérios. Falando em ministérios recentes quedas de braço entre os mesmos, só nos aproximam da insegurança jurídica.

Preocupa-me que meus governantes (ilusão

pensar que seja somente um), estejam satisfeito com a opinião mundial, pois isso nos leva a preocupar-se com números, e não com pessoas. Mas temos o salvador judiciário, sem o qual, já estaríamos bem próximo de outro regime político.

Este texto não visa esgotar o assunto e os pontos de vista. Mas chama a atenção para a origem do problema, cujos sintomas nos leva a caminhos cada vez mais impositores, restritivos e confrontante com os direitos humanos e com a insegurança jurídica.

Dr. Fabiano Santangelo

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DESNECESSIDADE DE ADA PARA ISENÇÃO DE ITR

Em recente decisão do TRF 4ª Região o Des. Federal Otávio Roberto Pamplona proferiu notável decisão sobre a desnecessidade de ADA – Ato

declaratório Ambiental para fins de isenção de ITR em áreas declaradas de preservação (e interesse ecológico) pelo órgão ambiental estadual.

O ponto controvertido era a isenção prevista no art. 10, II, alínea “b” e “c” da Lei 9.393/96, obtida através da declaração do órgão estadual FATMA – Fundação do Meio Ambiente (SC) de área rural como de interesse ecológico.

A decisão do TRF 4ª Região prestigia a situação real de improdutividade da área rural, quando esta ocorre, sobre a formalidade da apresentação do ADA. É bem vinda a postura que observa a realidade ao invés da formalidade. Foi prestigiado o conteúdo em detrimento sobre a sua forma.

Sabe-se que a Receita Federal está com olhos voltados aos proprietários rurais, especialmente aqueles com áreas mais de 1,0 mil hectares, impugnando as declarações de ITR desde 2001 entendendo que seu conteúdo não estaria correspondendo com a verdadeira possibilidade de utilização da área do ponto de vista ambiental.

A legislação ambiental não está em sintonia com a tributária, ou pelo menos, com o entendimento oferecido ao ITR. A restrição sobre a vegetação é ampliada e cada vez mais restritiva, enquanto é igualmente tributável aos olhos do fisco.

Esse caminho legislativo é um típico conflito de princípios e interesses.

Apesar da previsão legal expressa (alíneas “b” e “c” do inciso II, art. 10 da Lei 9.393/96: declaradas de interesse ecológico por “ato do órgão competente, federal ou estadual”), o imposto é lançado como se somente o órgão federal (IBAMA) pudesse dispor sobre o assunto.

O termo “competente” da lei refere-se ao órgão inscrito no SISNAMA, e não à mesma esfera arrecadadora.

Ademais a restrição não atinge somente áreas cobertas de florestas, pois o art. 7ª do Decreto Federal 750/93, por exemplo, (revogado pela Lei 6.660 de 20/11/2008), impedia a exploração de áreas vegetadas ou não, desde que tivessem “a função de proteger espécies da flora e fauna silvestre ameaçadas de extinção” e outras situações.

Ou seja, a isenção de ITR não está restrita à área de preservação permanente, ou á reserva legal prevista no Código Florestal como se entendia antigamente. Basta que o impedimento de utilização do imóvel devido à fauna, localização, tipo de solo ou a função da vegetação que o cobre, para que a não regular utilização do imóvel o isente de ITR.

Mas a legislação tributária não possui a previsão de isenção de ITR compatível com as novas restrições ambientais, enquanto que a legislação ambiental não atende ao princípio da anterioridade.

Fabiano SantangeloOAB/SC 15.388

[email protected]

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Page 27: Revista Movimento Ambiental

DESNECESSIDADE DE ADA PARA ISENÇÃO DE ITR

27www.movimentoambiental.org

A engenheira Marcele Figueiredo Andrade de Luca, servidora efetiva da AMAE - Agência Municipal de Regulação dos Serviços de Água e Esgotos de

Joinville, foi escolhida – dentre técnicos de diferentes países – para um estágio de uma semana na Itália, oferecido pela Hydroaid - Water for Development Management Institute, sediada em Turim. “A servidora teve a oportunidade de trazer experiências italianas em saneamento, para que Joinville possa melhorar a sua atuação no setor, e consequentemente

A Agência Municipal de Regulação dos Serviços de Água e Esgotos de Joinville - AMAE atende a

população através da sua Ouvidoria, que atua na mediação de conflitos entre os usuários e o prestador dos serviços de água e esgoto – Companhia Águas de Joinville. O objetivo da Ouvidoria é chegar a soluções satisfatórias para as demandas ou expectativa não atendida, buscando sempre o aprimoramento da prestação do serviço público de abastecimento de água e esgotamento sanitário.

Os usuários dos serviços de água e esgoto devem entrar em contato com a Ouvidoria da AMAE, somente depois de esgotadas todas as possibilidades de atendimento e solução das suas demandas pela Companhia Águas de Joinville. Ao procurar a Ouvidoria da AMAE, o usuário

deve apresentar o número do protocolo fornecido pela Companhia, referente ao registro da sua reclamação ou solicitação de serviço, motivo da reclamação.

A AMAE interage com as partes envolvidas, encaminhando a solução dos problemas, valendo-se para isto da legislação e normas vigentes.

Neste ano de 2009 a Ouvidoria da AMAE recebeu 261 reclamações contra os serviços de água e esgotos.

A AMAE passa por um processo de aprimoramento contínuo, estando planejado a certificação da sua Ouvidora para o mês de novembro/2009 e

participação em seminários de aperfeiçoamento.

AMAe conquista reconhecimento técnico internacional

Ouvidoria dos serviços de água e esgoto

melhorar a qualidade de vida no município”, afirmou o Gerente Técnico da AMAE, Adriano Stimamiglio.

Marcele, que atua na Coordenadoria do Sistema de Abastecimento de Água da AMAE, participou de um processo seletivo para o curso à distância de “Gestão Integrada em Saneamento – Cooperação Brasil-Itália, com prática sobre a Gestão do Saneamento no Brasil”. O curso de três meses foi oferecido pela Hydroaid, em parceria com a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades do Brasil, e custeado pela Cooperação Brasil-Itália em Saneamento. No final do curso, oito alunos foram pré-selecionados para desenvolver trabalhos, que foram avaliados pelos tutores e professores. Após a avaliação dos trabalhos, Marcele foi selecionada para uma das três vagas disponibilizadas para o estágio, que ocorreu em outubro de 2009.

Assim como o curso, todas as despesas para a realização do estágio foram pagos pela Hydroaid, sem custos para o município de Joinville. O enfoque dos trabalhos foi na área de resíduos sólidos, água e esgotos. Para Stimamiglio, a Agência ganha reconhecimento internacional. “Sabemos também que essa é uma conseqüência em razão de uma política de investimento intelectual nos técnicos”, disse o gerente.

A Ouvidoria da AMAE atende de segunda a sexta-feira das 8 às 14 horas, pelo número 47 3433-1158, ou no endereço: Rua Paraná nº 420, bairro Anita Garibaldi, Joinville – SC. O encaminhamento das reclamações pode também ser feito através do site www.amae.sc.gov.br, ou pelo e-mail [email protected].

Jeane Regina SilvaOuvidoria • [email protected]

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Foi na velha Europa, no início da década de 80, que o movimento ambientalista, até então restrito à imagem de protetor dos bichos e dos parques, ganhou

notoriedade e força política, irrompendo como protagonista no cenário mundial.

Os efeitos sócio-ambientais negativos, do processo de globalização, detonaram o surgimento de um movimento, que rapidamente ganhou as primeiras páginas dos jornais, atravessando de forma horizontal o sistema político tradicional, até então dividido pelas ideologias de Direita e Esquerda.

Junto aos novos sujeitos sociais como: movimentos dos consumidores, de gênero, das minorias étnicas, religiosas e sociais, os ambientalistas incluíram a “natureza” como sujeito fundamental com direito à cidadania.

As gritantes desigualdades entre O “Norte” e o “Sul” do Planeta, pela primeira vez foram identificadas com a exploração predatória dos recursos naturais perpetradas pelas nações ricas à custa dos países pobres. As crises mundiais, políticas, sociais, energéticas, e ambientais começaram a ser lidas como uma conseqüência desse modelo desigual, aonde os paises ricos podiam consumir o 80% dos recursos naturais e os países pobres (a grande maioria), consumirem apenas o 20% desses recursos.

O modelo de desenvolvimento global, seus mecanismos perversos, os modelos de consumo, o uso democrático e sustentável dos recursos naturais começaram a ser discutidos numa ótica global, superando o “nacionalismo tradicional”, até porque a questão ambiental transcende os tradicionais limites territoriais das nações. O aquecimento global que afeta todo o planeta é provocado, principalmente, pela demasiada emissão de gases de uma minoria de nações ricas. A destruição das florestas tropicais tem efeitos deletérios para o clima de toda comunidade internacional, uma ação ambientalmente irresponsável de um nosso vizinho terá um reflexo negativo direto na vida de todos nós.

Ao identificar as Nações Desenvolvidas como principal imputado desse modelo perverso, os ambientalistas começaram a pressionar o Grupo das Nações mais Ricas (G-7), que para garantir seu padrão de consumo e de vida, usam o capital financeiro e a ação das empresas multinacionais, para perpetuar a exploração econômica e ambiental dos países pobres, que possuem abundância de recursos naturais. Com tamanho desafio os ambientalistas reorganizaram suas ações, justamente na mesma escala das multinacionais: a escala global, aonde se joga a partida

do futuro do Planeta e da humanidade. Nesse cenário o movimento ambientalista perdeu as características nacionais e tornou-se um movimento mundial.

Se perguntar hoje para um ativista do WWF internacional, ou do Greenpeace, onde está sua matriz. Se estiver no Brasil responderá que é no Brasil, mas dado que a Entidade tem presença em quase todos os países do mundo, poderá dizer que sua organização tem sede central naquela tal Cidade daquele tal País. Que congrega tantos milhões de aderentes no mundo todo, que no Brasil têm tantos adeptos e que seu movimento é mais forte na Europa e menos na Ásia, e lá vai.

Assim sabemos que a Sede Central do WWF Internacional está na Suíça, como sabemos que o Greenpeace tem base central na Holanda, assim como os Amigos da Terra, mas todos eles agem no mundo todo, sem restrições nacionais, e quando se trata de agir em favor da causa ambiental, ninguém se faz problema de participar, seja aonde for, seja onde estiver.

A Multinacional Cargill é propriedade de uma Família Americana, mas ela atua em grandes partes dos países do Mundo afora criando problemas sociais e ambientais, e não é de hoje que está sendo enfrentada pelos ambientalistas e movimentos sociais dos respectivos países. Na década de 90, na Índia, a Cargill passou pelos mesmos problemas que está passando agora em Santarém. Naquele País, teve que recuar ressarcindo financeiramente os prejuízos ambientais e sociais que provocou.

Entender o tabuleiro onde se joga a questão global é fundamental, isso para não cair no “provincianismo” que grupos trogloditas locais tentam insuflar na cabeça das pessoas, especialmente quando os interesses em jogo são grandes, e envolvem conflitos que podem ter sim, o seu ponto agudo em Santarém, mas que na verdade se jogam na mesa dos interesses globais.

A ação dos movimentos sociais e do Greenpeace contra a Cargill em Santarém, é apenas um dos lugares onde a Multinacional está sendo encurralada, e a pressão maior está sendo conduzida lá fora, com o mercado da soja e os seus clientes.

Quando a Cargill perceber, como já está percebendo, que com sua presença conflituosa em Santarém, perderá mercado global, não pensará duas vezes em migrar em outras direções, abandonando o campo, e dando um chute na bunda dos seus esquentados aliados locais. Eticamente isso é até discutível, mas todos sabem que no fundo, o mercado não tem alma.

A FORÇA MUNDIAL DO MOVIMENTO AMBIENTALISTATibério Alloggio - Sociólogo

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Se confirmado, trata-se de um fenônemo capaz de mudar profundamente o alcance

do movimento ambientalista no Brasil: uma pesquisa realizada pelos ministérios da Educação e do Meio Ambiente entre jovens integrantes do movimento identificou que a maioria não advém da classe média ou das elites, mas emerge das classes mais populares e com níveis de escolaridade mais baixos. Segundo Fábio Delboni e Soraia Mello, técnicos da Coordenação-Geral de Educação Ambiental do Ministério da Educação, esse fenômeno poderia contribuir para a popularização da questão ambiental no Brasil, necessária para que o movimento se fortaleça, integre as questões ambientais à problemática social e tenha maiores condições de influenciar os rumos das políticas públicas. Até então, a história do movimento ambientalista no País tinha sido caracterizada pela participação dominante das classes da elite e com alta escolaridade, como mostra a série histórica “O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável”, pesquisa coordenada pelo Instituto de Estudos da Religião (Iser). Os dados, portanto, representam uma novidade e indicam que começa a haver uma renovação nos quadros do movimento. Na última pesquisa do Iser, a coordenadora e pesquisadora Samyra Crespo já havia identificado uma mudança na percepção do conceito que o brasileiro

A NOVA FACE DO MOVIMENTOAMBIENTALISTA

Amália Safatletem sobre o meio ambiente. Uma parte crescente dos entrevistados deixou de acreditar que esse é apenas um sinônimo de fauna e flora, e passou a relacioná-lo a seu dia-a-dia, aos problemas urbanos, do bairro e da comunidade. Para explicar a adesão dos jovens de classes mais baixas ao movimento ambientalista, os técnicos do MEC levantam a hipótese de que essas pessoas estão cada vez mais expostas a problemas como enchentes, desabamentos e falta de saneamento, e começam a entender essa realidade social à luz da questão ambiental. Os técnicos ponderam, entretanto, que essa é uma análise preliminar, e que seriam necessários novos estudos e um tempo maior de acompanhamento e análise para reforçar ou refutar essas hipóteses. A pesquisa realizada pelos

ministérios coletou dados e ouviu 241 jovens em todo o Brasil. Os resultados estão detalhados no livro Juventude, Cidadania e Meio Ambiente - Subsídios para a elaboração de políticas públicas. Eis alguns deles:

56% são mulheres 55% se declaram pardos

80% concluíram o ensino médio em escola pública 95% moram em áreas urbanas

51% pertencem a famílias com renda mensal de até 5 salários-mínimos

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Um sonho que virou realidade, uma reali-dade que vai despertar o potencial de auto-cura de muitas pessoas. Santuário de tera-pias curativas diversificadas e apropriada para situações específicas, com uma estru-tura de conforto para oferecer o máximo de bem-estar, assim é o Revitacentri.

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