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Tribunal de Contas do Município de São Paulo Nº 33 Outubro - Dezembro/2006 www.tcm.sp.gov.br ISO 9001 TCMSP REALIZA SEMINÁRIO SOBRE URBANISMO E MEIO AMBIENTE Para marcar os cinco anos da criação do Estatuto da Cidade, o Tribunal de Contas do Município de São Paulo realizou, entre os dias 2 e 5 de outubro, o Seminário Nacional Sobre Urbanismo e Meio Ambiente. Durante os quatro dias do encontro, os palestrantes abordaram temas relacionados ao Planejamento, Controle e Gestão do Desenvolvimento Urbano. O Seminário foi encerrado com a conferência “Direito à Informação e Meio Ambiente”, proferida pelo professor Paulo Affonso Leme Machado, um dos mais importantes nomes do Direito Ambiental no Brasil que, no final do evento, foi homenageado pelo colegiado do Tribunal. Na foto, o presidente Antonio Carlos Caruso (à dir.) e o secretário geral João Alberto Guedes (à esq.) entregam o troféu para o professor Paulo Affonso Leme Machado. Pág. 2 SECRETÁRIO DE FINANÇAS REALIZA PALESTRA NO TCMSP O secretário municipal de Finanças, Mauro Ricardo Costa, esteve presente no TCM, dia 28 de novembro, quando discorreu sobre “Planejamento Es- tratégico e Finanças Municipais” para servidores da instituição. Na ocasião, apresentou as ações implementadas e os principais resultados obtidos durante sua gestão. Pág. 23 Na foto (da esq. para a dir.), o chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Finanças, Celso Tadeu de Azevedo, o presidente do TCM, Antonio Carlos Caruso, o secretário municipal de Finanças, Mauro Ricardo Costa, o conselheiro vice-presidente do TCM, Edson Simões, e o subsecretário de Fiscalização e Controle do TCM, Lívio Mário Fornazieri. VIII ENCONTRO DE CORAIS NO TCMSP O Coral dos Servidores do TCM organizou e participou do VIII Encontro de Corais realizado no plenário do Tribunal, em novembro. Estiveram presentes, o Coral da Guarda Civil Metropolitana, o Coral do Departamento da Polícia Federal de São Paulo, o Coral Canto em Cena do SESC-SP e Coral e Camerata da Polícia Militar de São Paulo. PROFESSORES DA ESCOLA DE CONTAS LANÇAM “GUIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA” Coral dos Servidores do TCMSP Presidente doTCM, Antonio Carlos Caruso (à dir.), e o superintendente da PF de São Paulo, Geraldo José de Araújo, na abertura do encontro. Coral do Departamento da Polícia Federal de São Paulo Pág. 6 Pág. 24

SECRETÁRIO DE FINANÇAS REALIZA PALESTRA NO TCMSP · conferência “Direito à Informação e Meio Ambiente”, proferida pelo professor Paulo Affonso Leme Machado, um dos mais

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Tribunal de Contas do Município de São Paulo Nº 33 Outubro - Dezembro/2006

www.tcm.sp.gov.br

ISO 9001TCMSP REALIZA SEMINÁRIO SOBRE URBANISMO E MEIO AMBIENTEPara marcar os cinco anos da criação do Estatuto da Cidade, o Tribunal de Contas do Município de São Paulo realizou, entre os dias 2 e 5 de outubro, o Seminário Nacional Sobre Urbanismo e Meio Ambiente. Durante os quatro dias do encontro, os palestrantes abordaram temas relacionados ao Planejamento, Controle e Gestão do Desenvolvimento Urbano. O Seminário foi encerrado com a conferência “Direito à Informação e Meio Ambiente”, proferida pelo professor Paulo Affonso Leme Machado, um dos mais importantes nomes do Direito Ambiental no Brasil que, no final do evento, foi homenageado pelo colegiado do Tribunal. Na foto, o presidente Antonio Carlos Caruso (à dir.) e o secretário geral João Alberto Guedes (à esq.) entregam o troféu para o professor Paulo Affonso Leme Machado.

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SECRETÁRIO DE FINANÇAS REALIZA

PALESTRA NO TCMSP

O secretário municipal de Finanças, Mauro Ricardo Costa, esteve presente no TCM, dia 28 de novembro, quando discorreu sobre “Planejamento Es-tratégico e Finanças Municipais” para servidores da instituição. Na ocasião, apresentou as ações implementadas e os principais resultados obtidos durante sua gestão.

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Na foto (da esq. para a dir.), o chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Finanças, Celso Tadeu de Azevedo, o presidente do TCM, Antonio Carlos Caruso, o secretário municipal de Finanças, Mauro Ricardo Costa, o conselheiro vice-presidente do TCM, Edson Simões, e o subsecretário de Fiscalização e Controle do TCM, Lívio Mário Fornazieri.

VIII ENCONTRO DE CORAIS NO TCMSP

O Coral dos Servidores do TCM organizou e participou do VIII Encontro de Corais realizado no plenário do Tribunal, em novembro. Estiveram presentes, o Coral da Guarda Civil Metropolitana, o Coral do Departamento da Polícia Federal de São Paulo, o Coral Canto emCena do SESC-SP e Coral e Camerata da Polícia Militar de São Paulo.

PROFESSORES DA ESCOLA DE CONTAS LANÇAM “GUIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA”

Coral dos Servidores do TCMSP

Presidente do TCM, Antonio Carlos Caruso(à dir.), e o superintendente da PF de

São Paulo, Geraldo José de Araújo, na abertura do encontro. Coral do Departamento da Polícia Federal de São Paulo

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Para marcar os cinco anos da criação do Estatuto da Cidade - uma lei federal que estabelece regras jurídicas para a reforma urbana -, o Tribunal de

Contas do Município de São Paulo promoveu o Seminário Nacional sobre Urbanismo e Meio Ambiente. Realizado no plenário da instituição, entre os dias 2 e 5 de outubro, o Seminário reuniu 14 palestrantes, especialistas nas áreas de planejamento, controle e gestão do desenvolvimento urbano, que ministraram palestras para um público de aproximadamente 270 profissionais, entre técnicos das administrações direta, indireta e do Tribunal. Na ocasião, o professor e um dos mais importantes nomes do Direito Ambiental, Paulo Affonso Leme machado, foi homenageado pelo colegiado com um troféu em bronze.O evento foi oficialmente aberto pelo presidente do TCM, Antonio Carlos Caruso, na manhã do dia 2. Também estiveram presentes, o conselheiro vice-presidente Edson Simões, o conselheiro-corregedor Roberto Braguim, o conselheiro Maurício Faria, o procurador chefe da Fazenda Municipal, Gianfrancesco Genoso e o secretário de Controle Externo do Tribunal de Contas da União em São Paulo, Luiz Akutsu.A abertura foi seguida da palestra “Princípios do Direito Ambiental Brasileiro”, proferida pelo advogado e professor da Universidade Federal do Espírito Santo, Marcelo Abelha Rodrigues, que falou sobre a importância do reconhecimento de uma ciência jurídica voltada ao meio ambiente.

Na seqüência, a mestre em Geociências e Meio Ambiente e diretora da Divisão de Planejamento Ambiental da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, Patrícia Marra Sepe, abordou o tema “Geo-Cidade de São Paulo – Indicadores e Sua Função na Gestão Urbanística e Ambiental da Cidade”. Na oportunidade, discorreu sobre o desafio da gestão urbana e ambiental nas grandes cidades e as estratégias do poder público para o enfrentamento da crise ambiental existente.O último palestrante do dia, Bernard Anton Fuldauer, especialista em Direito Ambiental e em Política e Estratégia, fez a palestra “Instrumentos do Estatuto da Cidade”, enfocando o direito urbanístico e os instrumentos de planejamento contemplados pelo Estatuto.O segundo dia foi aberto com a palestra “Política Ambiental e Urbanística no Município – Meio Ambiente É Meio”, realizada pelo secretário municipal da Secretaria do Verde e Meio Ambiente de São Paulo , Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho. Na ocasião, o secretário falou sobre a importância do trabalho intersetorial, para que a questão do meio ambiente possa ser inserida nos projetos das várias secretarias. Também ressaltou que a tarefa mais importante da Secretaria de Meio Ambiente é a educação ambiental. A segunda palestra do dia foi realizada pelo secretário municipal de Planejamento, Francisco Vidal Luna, com o tema “Gestão Democrática da Cidade”. O secretário falou sobre a definição de gestão democrática e discorreu sobre

TCMSP REALIZA SEMINÁRIOSOBRE URBANISMO E MEIO AMBIENTE

N O T A S

Daniel Fink Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho

Bernard Anton Fuldauer Carlos Alberto Martinelli

Da esq. para a dir.: O secretário geral do TCM, João Alberto Guedes; o palestrante homenageado, Paulo Affonso Leme Machado; a chefe de gabinete da presidência do TCM, Yara do Nascimento Tacconi; o conselheiro do TCM,

Maurício Faria e o presidente do Tribunal, Antonio Carlos Caruso

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o sistema de planejamento, sobre a revisão do plano diretor e também sobre a lei de zoneamento. Os trabalhos do dia foram encerrados com a palestra “Visão do Ministério Público sobre a Gestão Democrática”, do doutor em Direito do Estado e Promotor de Justiça em São Paulo, Wallace Paiva Martins. Segundo o promotor, a transparência na administração pública é alcançada com a ampla participação dos cidadãos no governo.A palestra de abertura do terceiro dia do seminário foi realizada pelo conselheiro do TCM, Maurício Faria, sobre “Os Tribunais de Contas em Face dos Instrumentos de Política Urbana do Estatuto da Cidade”. Ao falar sobre o papel dos tribunais, o conselheiro ressaltou que, além das funções tradicionais de fiscalizar licitações, contratos, execução contratual, Lei de Responsabilidade Fiscal, estes órgãos têm atuado nas questões que envolvem novas receitas públicas, já que as dificuldades financeiras do estado brasileiro têm levado os agentes públicos a pensar novas fontes de receita pública.Na seqüência, os engenheiros, agentes de fiscalização e membros do grupo ambiental do TCM, Marcos Tadeu Barros de Oliveira e Carlos Alberto Martinelli, realizaram palestras sobre “Fiscalização Ambiental no Âmbito do TCMSP”, relatando casos práticos vivenciados no trabalho da instituição.No último dia do evento, a advogada, professora e mestre

na área de cooperação internacional, Elci Camargo, proferiu palestra sobre “O Papel da Sociedade Civil Organizada nas Questões Ambientais”. Focou a sociedade civil organizada privada e seus aspectos históricos. A segunda palestra do dia, a cargo do professor e procurador de justiça, Daniel Fink, trouxe à discussão o tema “Conflitos Urbanísticos e Ambientais”. Na oportunidade, o procurador abordou o assunto segundo a visão do Ministério Público. O professor e especialista em Direito Administrativo, Urbanístico e Ambiental, Toshio Mukai foi o terceiro palestrante do dia e discorreu sobre “Competências Ambientais do Município”, fazendo uma breve abordagem da legislação vigente que norteia os planejamentos urbanos. O encontro, que contou com o apoio do Banco Santander Banespa, foi encerrado com a conferência “Direito à Informação e Meio Ambiente”, proferida pelo professor Paulo Affonso Leme Machado, que considerou salutar o Estatuto da Cidade apoiar a necessidade da informação.O professor Paulo Affonso Leme Machado foi homenageado durante o encerramento do seminário.Na ocasião, recebeu das mãos do presidente do Tribunal de Contas, Antonio Carlos Caruso, e do secretário geral, João Alberto Guedes, um troféu construído em bronze para homenageá-lo, em reconhecimento à sua notável carreira na área do Direito Ambiental.

N O T A S

Wallace Paiva MartinsToshio MukaiRossella RossettoPaulo Affonso Leme MachadoPatrícia Marra Sepe

Maurício FariaMarcos Tadeu Barros de OliveiraMarcelo Abelha RodriguesFrancisco Vidal LunaElci Camargo

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O c o n s e l h e i r oc o r r e g e d o r ,Roberto Braguim,

em comunicação feita na sessão plenária realiza-da no dia 25 de outubro, levou ao conhecimento do plenário a sentença do juiz de Direito da 8ª Vara da Fazenda Pública, Luiz Sérgio Fernandes de Souza, proferida no dia 31 de julho, onde o tra-balho técnico e a decisão do colegiado do TCM são citados na decisão do magistrado que condenou a empresa Emtel Recur-sos Humanos e Serviços

Terceirizados a ressarcir a municipalidade.“Eu gostaria de partilhar com Vossas Excelências a satisfação que emanou do resultado do trabalho desenvolvido por esta Corte, especialmente em face da atenção que o Poder Judiciário dispensou-lhe ao confirmar a qualidade do seu conteúdo”, disse o conselheiro Braguim. Ele destacou, na ocasião, a qualidade dos estudos desenvolvidos sobre o tema por sua assessoria e pelas áreas técnicas do Tribunal no encaminhamento do TC 1512/96. O relatório e acórdão do TCM foram utilizados como um dos fundamentos da decisão judicial.O contrato, no valor de R$ 860.034,00, julgado irregular pelo Tribunal de Contas, havia sido celebrado entre a Secretaria Municipal da Saúde e a Emtel para a prestação de limpeza e higienização técnico-hospitalar, desinsetização, descupinização, desratização e jardinagem nas dependências da então Administração Regional de Saúde de Campo Limpo e no Hospital Dr. Fernando Mauro Pires Rocha. Em sua sentença, que condenou a empresa Emtel Recursos Humanos e Serviços Terceirizados Ltda. ao ressarcimento de R$ 425.148,00, com os acréscimos devidos, o juiz Luiz Sérgio Fernandes de Souza registrou, entre outras coisas, o seguinte: “Sucede que o Tribunal de Contas do Município de São Paulo, exercendo função de relevo constitucional, constatou a discrepância de valores, se comparados os preços objeto do contrato e aqueles na época praticados no mercado. Várias diligências foram feitas, inclusive com o pronunciamento da assessoria técnica daquele órgão municipal, que concluiu no sentido de que efetivamente nada justificava a diferença entre o preço que se pagou à contratada e aquele vigente no mercado. Na base de lição da doutrina, concluiu-se que caracterizado ficou o preço excessivo, o que justificaria, inclusive, desclassificação da proposta. De qualquer forma, o contrato foi firmado e, segundo parecer técnico dos assessores de economia do Tribunal de Contas, as diferenças apuradas implicaram prejuízo da ordem de R$ 425.148,00, que tem de ser ressarcidos por quem, evidentemente, retirou proveito do excesso, conforme

dispõe o artigo 70 da Lei Federal 8.666/93.É certo que poderá ter havido, quando menos, culpa dos servidores públicos envolvidos no processo de licitação. Todavia, a apuração desses fatos, objeto do procedimento administrativo, não impede a adoção de providências por parte da municipalidade, a fim de que a contratada pague pela quantia que recebeu a mais, se considerados forem os comparativo da época da contratação, inclusive o preço médio praticado no Estado de São Paulo, na base do qual o prejuízo se mostraria ainda maior. Assim, considerando o que foi apurado pelo Tribunal de Contas do Município, ao qual compete a fiscalização contábil e financeira, operacional e patrimonial da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade e economicidade, e mais, levando em consideração os termos do relatório, cuja cópia está às folhas 231 e 235, seguido do venerando acórdão, datado de 13 de fevereiro de 2002, inegável que a empresa haverá de pagar o prejuízo apurado à municipalidade de São Paulo, até porque não se opôs à proteção exercida em juízo. Diga-se que embora a empresa contratada tivesse recebido os valores de período anterior ao reconhecimento da ilegalidade do ajuste, à altura, adotou aqui, critério que é mais favorável ao particular, que por isso nada tem a reclamar. Os juros de mora, em se tratando de ilícito, são devidos a partir dos fatos, até vigência do novo Código, de acordo com percentual previsto no artigo 1.062 da Lei Federal 3.071 e, a partir daí, na forma do artigo 406 do Código Civil atual. Isto posto, julgo procedente a presente ação ordinária, proposta pela Municipalidade de São Paulo, em face de Emtel Recursos Humanos e Serviços Terceirizados Ltda., condenando a requerida ao pagamento da quantia de R$ 425.148,00, de acordo com o corrigido, de acordo com os índices da tabela vigente na época da liquidação deste, desde dezembro de 2001 e incidente de juros de mora, desde a data, artigo 398 do Código Civil, à taxa de meio por cento ao mês, de 10 de janeiro de 2002, juros esses, que a partir daí, serão devidos à taxa prevista no artigo 406 do Código Civil vigente. Sem prejuízo, condena a requerida ao pagamento de custas e despesas contratuais, tanto quanto ao pagamento de honorários advocatícios, esses fixados em R$ 5 mil reais, nos termos do disposto no artigo 20, parágrafo IV Código de Processo Civil.” Após a apresentação dessa sentença judicial, que teve como uma de suas razões o acórdão do TCM, o conselheiro-corregedor Roberto Braguim cumprimentou os órgãos técnicos e o Colegiado da instituição pelo trabalho realizado. “Esse trabalho de fôlego resultou na condenação da ré ao pagamento, a título de ressarcimento, da quantia de R$ 425.148,00, com os acréscimos devidos, importância esta a ser incorporada aos cofres públicos, sendo certo que fôra esta uma das determinações constante do acórdão proferido por este Tribunal. Constata-se, assim, que o reconhecimento do qualificado desempenho dos técnicos desta Casa, como já ressaltado inúmeras vezes, ultrapassou uma vez mais nossos limites, infiltrando-se, com sucesso, em outras searas, sempre com profundos ganhos para toda a sociedade paulistana, alvo final de nossas preocupações”, afirmou o conselheiro.

Estudos técnicos e acórdão do TCMSPsão citados em condenação judicial

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Ocorreu, entre os dias 22 a 24 de novembro, o XVI Congresso da Fe-deração Nacional das Entidades dos Servidores dos Tri-bunais de Contas do Brasil - FENAS-TC, no plenário do TCM. O evento, que é uma realiza-ção da Associação dos Servidores do Tribunal de Contas

do Município de São Paulo-ASTCOM-SP e da FENASTC, contou o apoio do Tribunal de Contas do Município. A abertura foi feita pelo presidente da ASTCOM-SP, Antonio José Nunes, pelo presidente do TCM, Antonio Carlos Caruso e pelo presidente da FENASTC, Amilson Carneiro de Araújo. A mesa foi composta também pelo conselheiro do TCM e vice-presidente da ATRICON Sudeste, Maurício Faria; conselheiro-corregedor do TCE- RR, Essen Pinheiro Filho; presidente do Sindicato dos Servidores da Câmara Municipal de São Paulo e do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, Antonio Carlos Fernandes Júnior; vice-presidente da FENASTC, Marcos José Cabral; subsecretário de Fiscalização e Controle do TCMSP, Lívio Mário Fornazieri; diretora do Sindicato da Assembléia Legislativa de São Paulo, Débora Pavarino; promotor de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Antonio Ayrton

Florentino de Barros, que foi o palestrante da abertura do VXI Congresso da FENASTC. O promotor de justiça discorreu sobre o tema “Fiscalização Popular das Contas Públicas”. No início de sua palestra, destacou: “A fiscalização popular das contas públicas considera alguns pontos importantes: a publicidade dos atos da administração, a realização de audiências públicas e a formação de conselhos populares e, por fim, a própria estrutura do Estado de maneira profissional”. Ao final da palestra, os visitantes de outros estados conheceram as dependências do prédio do Tribunal. Na tarde do primeiro dia, o Congresso teve continuidade no salão de convenções do Hotel Íbis São Paulo Congonhas, onde houve palestra do professor Odilon Guedes sobre o tema “Ação dos Tribunais de Contas e da Sociedade em Relação à Cidadania e à Corrupção”, e da agente de fiscalização do TCM, Mara Regina Fregonezi que falou sobre “Traduzindo o Orçamento para Fins de Controle Social”. O evento contou com as palestras do Cláudio Weber Abramo sobre ”Corrupção: Muito Além do Formalismo”; do professor da Escola de Contas “Conselheiro Eurípedes Sales”, Valmir Leôncio da Silva que abordou “O Terceiro Setor e a Administração Pública”, e do senador Eduardo Matarazzo Suplicy.No último dia do evento, foram tratados os seguintes assuntos: Alteração do Estatuto para adaptá-lo às regras da CLT e para definir forma e valor de contribuição; Definição de estratégias para o encaminhamento da PEC e abertura do debate sobre os TCs; Reavaliação do encontro técnico e sua próxima sede; Prestação de contas; Eleição e posse da diretoria, conselhos deliberativos e fiscal.

TCMSP apóia XVI Congresso da federação Nacional das Entidades dos Servidores dos Tribunais de Contas do Brasil

N O T A S

Professores da Escola de Contas ministram palestra no Congresso de Contabilistas e Orçamentistas Públicos

O diretor e professor da Escola de Contas, Moacir Marques da Silva, e o coordenador técnico e também professor da instituição de ensino,

Valmir Leôncio da Silva, representaram o TCM no “XXVII Congresso de Técnicos Contabilistas e Orçamentistas Públicos”, realizado entre os dias 7 e 10 de novembro, no Espaço Educacional e Cultural Governador Mário Covas, em Caraguatatuba. Os servidores ministraram as palestras de abertura do Congresso e abordaram temas relativos à Lei de Responsabilidade Fiscal. O Congresso, organizado anualmente pela Associação

dos Contabilistas e Orçamentistas Públicos - ACOPESP, promove debates sobre temas públicos de interesse nacional, como gastos com pessoal, lei de responsabilidade fiscal, licitação, contratos e planejamento público, com o objetivo de uniformizar a linguagem contábil e orçamentária do setor público.A ACOPESP, que pela segunda vez convida os dois professores para participar do Congresso, reconhece a contribuição que a Escola de Contas tem dado à melhoria dos serviços públicos prestados à população.

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Professores da Escola de Contas lançam “Guia Municipal de Administração Pública”

Municipal de Administração Pública”, estiveram presentes na noite de autógrafos, que aconteceu na livraria Sobrado, em Moema, zona Sul da Capital, no dia 24 de novembro.

A obra de 334 páginas, publicada pela editora Nova Di-mensão Jurídica, servirá como um importante manual para os gestores públicos municipais de todo o Brasil.

O prefácio foi escrito pelo conselheiro dirigente da Escola de Contas, Eurípedes Sales, que empresta o nome ao cen-tro de ensino e que incentivou a publicação do livro, escrito com base na experiência dos autores como auditores do TCM e professores da Escola de Contas.

Entre os presentes no lançamento da obra, esteve o profes-sor-doutor da Universidade de São Paulo, Valmor Slomski, um dos grandes nomes da atualidade na área de Conta-bilidade Pública. “Existem poucas obras na área pública e uma publicação deste gênero atende às necessidades do administrador público que conhece a lei, mas muitas vezes precisa da contribuição da interpretação de um especialis-ta. Este guia, que ensina como fazer, será de grande valia para a administração pública brasileira”, afirmou o professor.

Escola de Contas “Conselheiro Eurípedes Sales” inicia cursos na São Paulo Turismo

Iniciada com o curso de Desenvolvimento Gerencial, ministrado nas dependências da SPTuris, nos meses de novembro e dezembro, já está em funcionamento a

parceria entre aquela empresa e a Escola de Contas do TCM. A iniciativa concretizou-se após visita de diretores da São Paulo Turismo à Escola de Contas “Conselheiro Eurípedes Sales”. O diretor administrativo da Empresa, Domério Nassar de Oliveira, solicitou ao presidente do TCM, Antonio Carlos Caruso, que os cursos fossem ministrados na própria instituição, devido ao grande número de funcionários interessados. Cerca de 540 pessoas pretendem participar das aulas. A proposta de criação de um programa de duração continuada para a SPTuris foi imediatamente apoiada tanto pelo presidente do TCM quanto pelo conselheiro dirigente da Escola de Contas, Eurípedes Sales. Ainda não há uma previsão de quantos cursos serão ministrados nas dependências da SPTuris, mas de acordo com o diretor da Escola de Contas, Moacir Marques da Silva, será feito um acompanhamento mensal para verificação das carências e interesse dos alunos. “Nós tentamos conciliar a demanda da empresa com o trabalho da escola. Temos um planejamento de ministrar um curso por vez, de modo que não coincida com os cursos ministrados aqui”, garantiu o diretor.

A professora Irlandina Macedo assinalou que os cursos externos divulgam o trabalho da Escola de Contas. “Divulgar essa imagem positiva dá, a nós docentes, um comprometimento ainda maior com a Escola”, afirmou a professora. Segundo o professor Valmir Leôncio da Silva, esse novo trabalho representa um desafio porque envolve não só o nome da Escola de Contas, mas também do TCM. “Quem ministra o curso não vai apenas como professor. São funcionários do Tribunal que levarão para a SPTuris ou para outra empresa, o conhecimento adquirido no trabalho que nós realizamos aqui dentro”, explicou Leôncio. O diretor da Escola de Contas “Conselheiro Eurípedes Sales” complementou lembrando que um dos objetivos da Escola é contribuir para ampliar a imagem da instituição: “Nós temos que reforçar a imagem do TCM, mostrando-o não como um órgão que pune, mas como um órgão que ensina, que previne gastos desnecessários, evita erros e, com isso, melhora os gastos públicos em prol da sociedade”.Anteriormente, professores da Escola de Contas do Tribunal de Contas do Município já ministraram aulas na Câmara Municipal de São Paulo. Os cursos foram de Práticas Administrativas, voltado ao planejamento e controle da execução orçamentária, e Introdução à Contabilidade Governamental. Cada curso recebeu 30 alunos.

N O T A S

Os professores da Escola de Contas “Conselheiro Eurípedes Sales”, Abrão Blumen, Izabel Camargo Lopes Monteiro, Moacir Marques da Silva, Valmir

Leôncio da Silva e Wagner Dal Médico, autores do livro “Guia

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Representantes do TCMSP participam do XI SINAOP

Entre os dias 6 e 10 de novembro aconteceu, em Foz de Iguaçu, no Paraná, o XI Simpósio Nacional

de Obras Públicas. Estiveram presentes, o coordenador-chefe da Coordenadoria VI, João Carlos Chimara, o coordena-dor-chefe da Coordenadoria VII, Marcos Vicente Arrivabene Sanches, o coorde-nador-chefe da Coordenadoria V, Mário Masanao Nishimoto e os agentes de fiscalização Manuel Vitor dos Santos e Néli Aparecida Loçasso de Paula. Neste ano, o tema do Simpósio foi “A Impor-tância do Controle Interno no Combate à Corrupção em Obras Públicas”. Na oportunidade, o coordenador-chefe da Coordenadoria VI, João Carlos Chima-ra, apresentou um trabalho realizado em conjunto com a engenheira da Secre-taria Municipal de Infra-Estrutura Urba-na - SIURB, Valéria Paiva Tiveron, que contribuiu decisivamente para correções importantes nas duas principais tabelas de custos de obras do município, usa-

das como parâmetros das contratações. “Além de demonstrar a importância de as tabelas de custos oficiais refletirem, o mais próximo da realidade, o que é efeti-vamente utilizado na execução de obras públicas, este trabalho também mostrou que, quando há uma efetiva parceria entre os agentes envolvidos no trato da coisa pública, grandes avanços são pos-síveis”, explicou ChimaraSegundo Chimara, o aprimoramento da Tabela de Custos Unitários, promovido pela SIURB, aconteceu após interven-ções de servidores da área técnica do TCM em diversos processos examina-dos e de reuniões com representantes da Prefeitura.“Apresentei este trabalho em parceria com a engenheira Valéria, da SIURB”, explicou Chimara. “Foi inédito no Sim-pósio. Nas edições anteriores, nenhum trabalho que resultou de parceria e entrosamento havia sido apresentado”, concluiu o coordenador.

TCMSPmantém CertificaçãoISO 9001:2000

O Tribunal de Contas do Municí-pio de São Paulo obteve a re-comendação da continuidade

da certificação ISO 9001:2000, após auditoria externa realizada pela Bri-tish Standards Instituition - BSI, nos dias 30 e 31 de outubro. A visita esta-va prevista no calendário de auditorias contínuas, realizadas semestralmente com o objetivo de avaliar a conformi-dade do Sistema de Gestão certificado. Na ocasião, foram avaliados os proces-sos de Gestão do Sistema, Aquisição e as Coordenadorias de Contas, Transpor-te, Meio Ambiente e Infra-Estrutura. Os resultados da auditoria foram apresenta-dos pelo auditor Luiz Antonio Haruo Yo-chikawa, em reunião com o presidente do TCM, Antonio Carlos Caruso, o Escri-tório da Qualidade - ETQC e a Alta Dire-ção da instituição. Yochikawa registrou, em seu relatório, oito oportunidades de melhoria, entre elas, a conveniência de se revisar al-

guns indicadores relacionados a retraba-lho e à saúde dos servidores, a neces-sidade de um programa de reciclagem sobre o Sistema de Gestão da Quali-dade e a possibilidade de se intercalar as auditorias internas e as de acompa-nhamento. A auditoria foi focada, fun-damentalmente, no fluxo de processo. O presidente Antonio Carlos Caruso agradeceu as recomendações da audito-ria. “A BSI sempre nos alerta sobre vários aspectos relevantes e que nos auxiliam na busca da melhoria da qualidade dos nossos serviços”, afirmou o presidente. Yochikawa agradeceu a colaboração e elogiou o comprometimento de todos os funcionários envolvidos no processo, bem como a transparência do Sistema de Gestão da Qualidade do TCM. A próxima auditoria acontecerá em mar-ço de 2007, oportunidade em que se-rão avaliados o processo de Gestão e a Coordenadoria de Educação.

N O T A S

O coordenador-chefe da Coordenadoria VI, João Carlos Chimara, apresentou trabalho no XI SINAOP

Participaram da reunião de encerramento da auditoria externa o presidente do TCM, Antonio

Carlos Caruso, os servidores do ETQC e os membros da Alta Diretoria da instituição

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O c o n s e l h e i r o a p o s e n t a d o, ex-presidente

do Tribunal de Contas do Município de São Paulo e escritor, José Altino Machado, fez um lançamento especial de seu livro de contos, Reencontros, dia 7 de novembro, no plenário do TCM.

Entre os presentes, estiveram muitos servi-dores que conviveram com o conselheiro Alti-

no Machado durante os anos em que se dedicou ao trabalho

Conselheiro aposentado Altino Machadolança livro de contos no TCMSP

na instituição. Muito emocionado, ele agradeceu ao presidente Antonio Carlos Caruso pela oportunidade de voltar ao TCM para lançar o seu livro. “O Tribunal é um prolongamento da minha casa, afinal, durante 25 anos trabalhei aqui. Estou grato pela cessão deste espaço para lançar a minha obra”, falou o conselheiro Altino Machado.

Reencontros é a quinta obra do autor que, assim como as anteriores, traz contos que são retratos de uma época ou re-metem às memórias de infância. As cinco obras do autor reú-nem mais de cem contos.

O prefácio do livro é de Antonio Penteado Mendonça, da Academia Paulista de Letras, que escreve: “Altino Machado nasceu para escrever contos. Ele tem o talento e o domínio da língua que o habilitam para escrever contos. E como domina integralmente este gênero literário, ele tem a capacidade de usar o conto para finalidades diferentes, conforme sua vonta-de e a intenção da mensagem que pretende passar”.

O Tribunal de Contas do Município de São Paulo sediou o Seminário “Ajustes entre os Setores Público e Priva-do”, em parceria com o Instituto Brasileiro de Estudos

Especializados- IBRAE. O evento, que aconteceu entre os dias 16 e 18 de outubro, teve a coordenação técnica do professor Toshio Mukai, jurista, mestre e doutor em Direito do Estado e especialista em Direito Administrativo, Urbanístico e Ambiental.

O seminário, patrocinado pela Editora Consulex e pela Uni-versidade do Estado do Rio de Janeiro- UERJ, destinou-se

TCM sedia seminário sobre ajustes entre os setores público e privado

à atualização de juristas, advogados, consultores jurídicos, procuradores, assessores, executivos, dirigentes, administra-dores e funcionários de órgãos públicos federais, estaduais e municipais, assessores jurídicos e administradores de empre-sas privadas que mantêm ou procuram estabelecer contratos com o poder público.

O TCM sediou o encontro com a contrapartida da inscri-ção gratuita de seus servidores, dentro da orientação de per-manente aperfeiçoamento do quadro técnico da instituição.

N O T A S

O Programa de Visitação do Tribunal de Contas do Município de São Paulo recebeu a visita de estu-dantes de diversas faculdades de Direito e Admi-

nistração Pública durante o segundo semestre de 2006. Em todas as visitas, a abertura foi realizada pelo secretário geral do órgão, João Alberto Guedes. Estiveram presen-tes, alunos das faculdades Radial, UNIB, Damásio de Je-sus, UNESP Araraquara e Universidade Cruzeiro do Sul.

Por meio de palestras, proferidas por técnicos do Tribunal, os alunos receberam informações so-bre a composição e função do órgão. Na seqüência, os estudantes visitaram as dependências do Tribunal.

Criado em 2003, o Programa de Visitação tem proporciona-do aos participantes a oportunidade de conhecer o TCMSP,

sua função e rotina de trabalho. Nas palestras, os visitantes são informados sobre os mecanismos de controle dos gas-tos públicos da cidade de São Paulo, o funcionamento dos tribunais de contas em geral, a administração pública, além de conhecer o trabalho dos conselheiros e servidores do TCMSP.

Todo participante recebe um certificado e a carga horária pode ser somada às horas de estágio do estudante e horas trabalhadas ou pontuação para progressão funcional de servidores públicos.

Para participar do Programa de Visitação, desenvolvi-do pelo Cerimonial da Presidência, basta formar um gru-po e agendar com antecedência pelos telefones (11) 5080-1138 e 5080- 1014 ou e-mail: [email protected]. As visitas acontecem sempre às quintas-feiras, às 14h30.

Alunos conhecem TCMSP durante programa de visitação

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A R T I G O S

O urbanista Can-dido Malta Cam-pos Filho, em

palestra no Tribunal de Contas do Município de São Paulo, apresentou soluções para os princi-pais problemas de nos-sa cidade, com desta-que para os estudos de impacto de vizinhança.

Uma primeira pergunta está na cabeça de mui-tos: A cidade de São Paulo tem salvação?

Tem. Cada um dos pro-blemas tem solução. O primeiro, que considero

mais grave, é o excesso de veículos. Quando há um feriado ou estamos nas férias de janeiro, nós percebemos que São Paulo melhora. Isso porque há uma redução de 30% do número de ve-ículos em circulação. Então, o sistema viário fica bem proporcio-nado, pode-se dirigir rápido de um lado para o outro. A solução para o excesso de veículos seria, à primeira vista, a ampliação do complexo viário. Só que, fazendo as contas, isso custaria o dobro do valor da ampliação do metrô. Exigiria, por exemplo, a imple-mentação do pedágio urbano, com o seu valor convertido para a construção do metrô, que custaria menos à cidade.

Mas seria necessário que se cobrasse uma taxa de quanto?

Em Londres, são cobradas 5 libras no pedágio urbano para circu-lação no seu centro, o que dá uns 8 dólares (cerca de R$ 17,00). Para São Paulo, eu proponho 1 dólar para circular o dia todo no Centro Expandido, o que daria para construir uns 150 quilômetros de metrô, criando uma malha parecida com a de Londres e de Paris – o que possibilita que se vá de metrô a qualquer lugar.Essa obra custaria por volta de 15 bilhões de dólares. Dentro dis-so, há também o fato de que para construir um metrô na Europa se gasta um terço do que se gasta aqui. Mas essa é uma questão que teria de ser aprofundada. Em São Paulo, com o pedágio de um dólar, para chegar a 15 bilhões de dólares, em 20 anos, seria necessário arrecadar 750 milhões por ano. Para isso seria pre-ciso que a cidade tivesse 3,5 milhões de carros em circulação, cada um pagando 1 dólar. E hoje, em São Paulo, existem quase 6 milhões de carros cadastrados e pelo menos 3,5 milhões de-les andam pelo chamado centro expandido da cidade. Com isso se equaciona a solução, desde que os cidadãos aceitem pagar pelo pedágio urbano. Muitos dirão que aceitariam se o transporte coletivo fosse eficaz, porque aí eles teriam a alternativa de não pagar o pedágio. Mas para isso também existe saída, algo que já foi feito em Porto Alegre. O uso de microônibus de qualidade, com

ar condicionado, e tarifa também diferenciada 80% a 100% mais elevada do que para os ônibus usuais. Isso valeria para o centro expandido.

O trânsito, considero o maior problema de São Paulo.

É o grande problema. a viabilidade da cidade depende da comu-nicação, em termos econômicos, sociais etc, quer dizer, o funda-mento da cidade é esse. Se ele é posto em xeque pelos congestio-namentos, a cidade perde sua competitividade. Para aumentá-la, temos de ter a solução. Competitividade é fundamental, sem ela o futuro da cidade, como base econômica e social, está em risco.O meu parecer em relação a esse cenário é o de se as autorida-des não buscarem tais soluções haverá uma decadência social e econômica da cidade. Existe um “custo” São Paulo decorrente da má organização do espaço e do sistema de circulação. É um problema de planejamento urbano. Ou seja, essa relutância dos políticos em enfrentá-lo é muito perigosa para nós.

Defendo, por isso, a implantação de um pedágio urbano que sei que é, digamos, polêmica, não?

Eu não tenho medo de falar do pedágio urbano. Sempre me res-pondem que ninguém concordaria com a cobrança, mas então me apontem outra solução! Dizem também que o dinheiro arre-cadado seria desviado. Realmente esse risco sempre existiu e sempre existirá. Mas nós temos de nos precaver, exigindo certas condicões para aprovar o pedágio. Por exemplo, que seja aberta uma conta bancária que tenha transparência, para que qualquer cidadão possa fiscalizar a entrada e a saída de dinheiro através da Internet, “on line”. Com esse tipo de medida, acho que pode-mos ter confiança de que não haverá desvio de dinheiro.

Acompanho, desde a adolescência, os problemas de São Paulo, quando, como cidadão, comecei a tomar con-sciência dos mesmos. Como técnico e estudioso desde os anos �0, quando comecei a estudá-los como arquiteto em formação.

Sou nascido aqui, minha família é paulistana de longa data e ve-nho acompanhando, como planejador, toda essa trajetória, nos últimos 30 e tantos anos. E minhas previsões foram frustradas quando, por exemplo, eu disse que não seria mais aceitável o nível de congestionamento do tráfego. Fiquei surpreendido de haver aceitação. As pessoas têm uma tendência muito grande a aceitar as coisas, mas há uma perda real. Não é só uma questão psicológica, de você aceitar ficar preso no trânsito. Existe um li-mite, porque seu tempo está sendo perdido ali. E qual será esse limite? Os paulistanos estão suportando o aumento das más con-dições de trabalho e de vida. Acho que vai chegar um momento em que as pessoas irão embora de São Paulo – alguns já estão indo e muitas empresas deixam de vir. Já há perda, mas é difícil mensurar isso. Muitas pessoas, que são ainda a maioria, estão iludidas de que as autoridades darão sempre um jeito para que seja possível colocar sempre mais carros em circulação. Eu afir-mo que isso não é possível. A decadência do centro histórico é

Candido Malta Campos Filho [*]

Os projetos e seu impacto de vizinhança - Os estudos de impacto de vizinhança Sua importância nas soluções urbanísticas para São Paulo

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A R T I G O So resultado dessa falsa esperança, e isso começa a se alastrar pelo centro expandido. O que produz esse efeito é um excesso de veículos nas ruas, sem que haja condições de expandir o sis-tema viário, na proporção requerida dos 500 automóveis a mais no trânsito a cada dia útil que passa. Uma Avenida Faria Lima, por exemplo, suporta 3.600 veículos por hora em uma direção ou 7200 veículos nas duas mãos na hora de pico. Como são acres-cidos 500 automóveis a mais por dia, cada nova avenida desse porte atenderia ao crescimento de 7.200 ÷ 500 = 15 dias apenas! Ou seja, seriam necessárias duas avenidas a mais por mês só para o acréscimo de 500 veículos por dia útil!Se supuséssemos, o que é muito improvável, que ela estaria cheia na hora de pico nas duas direções, ela dobraria sua capacidade de atendimento para o acréscimo de tráfego referente a 30 dias úteis, ou seja, 1.500 veículos, ou cerca de 1,5 meses corridos.Conclusão: com o acréscimo de 500 veículos por dia útil teríamos que ter ao ano pelo menos mais 8 avenidas desse porte, ape-nas para não piorar ainda mais os congestionamentos, ou seja, mantendo o seu nível atual! Isso é completamente inviável de ser construído, como sabemos!

Como esse fenômeno não é só paulistano, precisamos de uma reforma urbana para o país.

Fui um dos que batalharam pelo Estatuto da Cidade desde 1978, quando era secretário do Planejamento do Prefeito Olavo Setú-bal – uma lei federal que estabelece as regras jurídicas do que seria a reforma urbana. Hoje, temos um arcabouço jurídico para enfrentar a reforma urbana. Temos a possibilidade de instituir o IPTU progressivo no tempo, para quem retém terrenos para valo-rização. A finalidade desse instrumento é o barateamento do pre-ço dos terrenos para todos, mas é claro, quem for mais pobre vai ser mais beneficiado. No plano diretor de 2002, foi aprovado o seu princípio, mas foi postergada a sua implantação, para uma outra lei ainda a ser aprovada. Por outro lado, a outorga onerosa, um mecanismo pelo qual as construtoras pagam um preço para po-der construir prédios acima de um determinado limite, está sendo aplicada, e ela inibe a especulação. A especulação adensa mais do que a capacidade existente e mesmo a planejada, de supor-te. Isso porque o atual zoneamento nem os que o antecederam nunca foram coerentes com a capacidade de suporte do sistema de circulação, nem a existente nem a planejada! Assim, para con-tinuarmos a produzir um tecido urbano com alta densidade temos que ampliar substancialmente a correspondente capacidade de suporte. O dinheiro advindo disso pode ajudar a aumentá-la, e para atingir essa finalidade, ajudando principalmente a financiar o metrô em São Paulo.

Historicamente, caminhamos em uma direção errada para chegar ao ponto que chegamos. Quando as coisas come-çaram a sair do controle?

A partir dos anos 30, quando a metropolização de São Paulo se intensificou. Até o início dos anos 20, São Paulo era uma cidade pequena. Depois disso, teve início uma expansão enorme de loteamentos periféricos. Fotos aéreas e mapas mostram cla-ramente a dispersão da mancha urbana. Vieram os ônibus, per-mitindo o loteamento em locais distantes. No caso do Centro de São Paulo, o Plano de Avenidas do Prestes Maia (Francisco Pres-tes Maia, engenheiro, que foi prefeito da cidade de 1938 a 1945 e de 1961 a 1965), facilitou a expansão do núcleo central; entretan-to, não tinha zoneamento. Então, a cidade crescia sem controle

efetivo do uso do solo, o que gerou um superadensamento. O zoneamento foi instituído tardiamente em São Paulo, somente em 1972. Nos anos 70, começou o esvaziamento do Centro porque as pessoas estavam fugindo dos congestionamentos. É aí que o centro se desloca do Centro histórico da cidade e vai para a Paulista. Agora, nós estamos vivendo a complicação do tráfego nessa região. Muitos já foram para a região da Av. Faria Lima e Av. Berrini/Chácara Santo Antonio, perto de Santo Amaro. Não há muito mais lugar para onde fugir. Alguns foram morar em Al-phaville/Tamboré. Mesmo assim, pegam trânsito para ir trabalhar. Hoje, estamos numa posição muito favorável para revermos esse planejamento. O Governo do Estado assumiu a tarefa de rever o plano de transporte metropolitano, o PITU, e a está terminando nesse momento. Precisamos, pois, modernizar a cidade.

Quais são as forças que seguram a modernização e a re-gulamentação adequada da cidade?

A força do atraso político é que beneficia, em curto prazo, o en-tupimento do espaço urbano. Grupos sociais, que não têm visão de futuro, só pensam o dia de hoje e quando muito o depois de amanhã, constroem muito mais do que se deveria, o que não se vê em cidades de Primeiro Mundo. Em todos os extratos sociais acontece isso. Por exemplo, quando um cidadão tem um terreno e faz um “puxado” contra a lei, ou um empresário constrói vários andares a mais, também contra a lei, eles estão tendo um bene-fício específico, mas prejudicando a cidade. Quando pressionam para que a lei não seja bem elaborada, pior ainda. Agravando isso, temos tido, como conjunto de população, um posiciona-mento, com relação ao estilo de vida, favorável ao automóvel. Mas não medimos as conseqüências. Então, esse modelo, que entendo ser norte-americano, pressupõe uma estrutura viária norte-americana. Morei na Califórnia quando fazia mestrado em Berkeley, área metropolitana de São Francisco, e conheço mui-to bem como eles organizam o espaço urbano. O sistema viário que existe nessas cidades e os espaços para estacionamento não se comparam com os do Brasil. Não deveríamos adotar o padrão norte-americano de uso de automóveis porque não temos espaço para fazê-los andar e estacioná-los. Não suportaremos o custo financeiro e social para consegui-lo. É muito caro. O metrô é muito mais barato! As pessoas têm de perceber isso. A solução seria acabar com a indústria automobilística? Claro que não. Mas seria sim, basear-se no modelo europeu, por exemplo. Lá, eles compram um automóvel e o usam pouco no dia- a-dia. Utilizam os veículos mais nas férias, feriados e fins-de-semana. A solução dos congestionamentos das grandes cidades brasileiras, como as da Europa, está no uso intenso do transporte coletivo na vida cotidiana.

Todos nós acabamos contribuindo para esse estado de coisas. Porém, nas campanhas políticas, os políticos e a população não discutem isso. Por que a escamoteação da discussão?

É o medo de enfrentar as opiniões contrárias estabelecidas. É necessário o esclarecimento das coisas, pois do jeito que está não dá para continuar. Existem muitos políticos que não têm in-formação técnica. Por isso, eles não têm capacidade própria de análise e dependem de técnicos, como eu, que possam asses-sorá-los e levantar argumentações. Tenho exercido esse papel para muitos candidatos. Percebo que, quando eles vão enfrentar a opinião pública, os marqueteiros dizem que o tema é polêmico,

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A R T I G O Sque é melhor não comentar, porque há um grande risco de perder votos. Então, as campanhas políticas não contribuem em nada para o esclarecimento da população. A mídia também tem dado pouco espaço. Esse tipo de medo envolve a própria mídia, que receia perder leitores, ouvintes, telespectadores e anunciantes. Tenho defendido, para superar essas barreiras, o uso de jornais de bairro. Mas é difícil porque são publicações que enfocam as-suntos de áreas restritas. Às vezes conseguimos levantar uma problemática mais ampla em um ou outro veículo. O Diário do Grande ABC, por exemplo, é um jornal que tem dado espaço, para essas questões.

Os urbanistas falam pouco publicamente sobre esses pro-blemas.

A mídia reduziu o nosso espaço. Tínhamos um espaço muito mais amplo até uns cinco anos atrás. Há também muitos urbanis-tas que só fazem jogo de bastidor, não dão nenhuma entrevista porque preferem fazer o jogo do poder e de quem está no poder. Não têm uma visão comunitária e social ou, se têm, escondem a opinião com medo de perder trabalho. Mas há muitos que falam. Não sou o único. Talvez tenha me dedicado mais a essa tare-fa que outros. Não perco, de fato, nenhuma oportunidade. Com esse afã de tentar contribuir, publiquei dois livros, Cidades Bra-sileiras: Seu controle ou caos, (Studio Nobel,1992) que tem todo esse conceito básico, e Reinvente seu Bairro (Editora 34, 2003). Estou tentando levar essas idéias às lideranças de bairros para que elas, aos poucos, desenvolvam uma consciência crítica para pressionar a sociedade, o poder público e a mídia.

Existe na sociedade civil um crescente empenho nessas grandes questões sociais.

A Igreja, através das Comissões de Justiça e Paz, se mobiliza em torno dessas questões, às vezes também atreladas a questões apenas pontuais. Da mesma forma, as organizações ligadas a profissões liberais como o IAB, dos arquitetos, a OAB, dos advo-gados, o IE, dos engenheiros etc reclamam uma maior participa-ção ao setor empresarial nas questões urbanas. Só as entidades ligadas do mercado imobiliário como o SECOVI e a AELO têm tido uma participação constante, com o viés próprio de seus inte-resses empresariais, como é natural.

Mas uma questão que afeta a todos é uma generalizada insegurança jurídica que decorre do processo social e político em curso.

Sobre isso queria afirmar como a insegurança jurídica na legis-lação urbanística solapa o Estado Democrático de Direito, como solapa a própria organização das cidades, prejudicando a todos. E também compreendê-la como forma de acumulação primitiva capitalista, um capitalismo arcaico, que temos que superar.Toda vez que se busca encontrar brechas na Legislação atenden-do a um ditado italiano “Fatta la legge trovatto L’engano”, estará sendo gerada uma insegurança jurídica.Toda vez em que se enviesar a redação de um texto legal bus-cando atender a interesses especulativos imobiliários se estará gerando insegurança jurídica, pois se estará afrontando normas básicas da Constituição Federal e sua lei complementar, o Esta-tuto da Cidade.Toda vez que se definir uma redação com uma interpretação dú-bia, capaz de atender a gregos e troianos, estará essa redação se constituindo em fonte de insegurança jurídica. Existem entre

nós brasileiros, infelizmente em muitas prefeituras, urbanistas es-pecialistas em redação dúbia, ambígua, para que se transformem em intérpretes defensores de quaisquer interesses, mediante propina, ou às vezes, apenas para a obtenção de posição política ou de um emprego.Toda vez que o Poder Legislativo delegar a definição de zonea-mento para o Poder Executivo - a menos que tecnicamente não seja possível o estabelecimento de normas gerais e a decisão tiver que ser baseada em estudo de caso - estará infringindo a Cons-tituição. A lei, assim aprovada, poderá ser considerada inconstitu-cional, gerando insegurança jurídica. Assim como ocorreu já com as chamadas Operações Interligadas no Município de São Paulo.Toda vez que uma norma legal de nível hierárquico inferior con-trariar ou se contrapor a uma de nível superior, estará se criando uma insegurança jurídica.Agora, acredito que, como vem acontecendo de uns anos para cá e esta é a experiência do Movimento Defenda São Paulo, do qual sou fundador e seu atual Diretor Executivo, uma norma le-gal, mesmo atendendo formalmente a todas as questões ante-riores, mas que produza conseqüências sociais claramente inde-sejáveis, decisões nela fundamentadas podem ser contestadas no Poder Judiciário e pelo Poder a ele complementar que é a Promotoria Pública, significando que mesmo a lei formalmente obedecida pode gerar insegurança jurídica. Torna-se assim im-portante que as leis emanem de uma real participação social em sua elaboração, para que seu conteúdo responda às reais ne-cessidades sociais. A legislação urbanística do município de São Paulo é muito falha, ao definir, por exemplo, regras insuficientes para evitar as conseqüências maléficas produzidas ou por pólos geradores de tráfego ou pela soma de usos de pequeno porte que em conjunto atraem e produzem viagens em número exces-sivo, sua cumulatividade criando grandes congestionamentos em uma rua e muitas vezes em uma extensa região de influência e as degradando ambientalmente. Assim a lei formalmente correta, mesmo que obedecida, gera insegurança para os cidadãos en-volvidos com decisões nelas baseadas, que, ao pleitearem junto ao Poder Judiciário a reparação de danos, têm crescentemente obtido ganho de causa.

Obviamente que a desobediência à lei, sendo uma afronta ao Estado de Direito deveria resultar na punição dos infra-tores. Uma exceção a essa regra fundamental para um Es-tado que queira ser democrático, que pressupõe o império da lei, é aquela quando o Sistema Judiciário reconhece em um cidadão o Estado de Necessidade Social.

É o caso claro do famélico que está autorizado a roubar comida para não morrer de fome. Às vezes os saques são coletivos, como ocorre em situações de extrema penúria, a exemplo de uma seca persistente que possa destruir em uma região uma base econô-mica agrícola de subsistência. O Direito à Moradia pode e deve ser, entendo, reconhecido como um direito básico do cidadão. Se a sociedade em sua or-ganização não consegue fornecer via mercado ou através do Es-tado tal bem básico, está indiretamente autorizando a invasão, ao menos provisoriamente, como está regulamentado legalmen-te, através da Concessão de Uso, de área pública não utilizada, para atender a essa necessidade vital social. As anistias aos lo-teamentos irregulares podem atender também a esses cidadãos “famélicos de moradia”. As anistias significam, assim, um perdão a uma desobediência legal dada aos loteadores.Está se dando a esse cidadão alguma segurança jurídica quanto

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ao direito de moradia, reconhecendo-lhe a posse quando se trate de um bem dominial público ou assegurando-lhe uma concessão de uso, quando for o caso de um bem de uso comum do povo, ou seja, uma área invadida originalmente destinada pelo loteador a ser área de lazer dos moradores do bairro ou seria destinada para escolas, creches, postos de saúde, bibliotecas etc., como manda a legislação federal, estadual e municipal, reguladoras dos loteamentos.Porém, quando a anistia é dada a quem não é necessitado social, isto é, a um aproveitador ou caronista dessa situação de extrema injustiça social, produz-se para os demais cidadãos, obedientes à lei, uma insegurança jurídica. Certos de que haveria uma praça, uma escola, um posto de saúde em seu bairro, as anistias indevi-das que sejam aprovadas, indevidas pois dadas a invasores apro-veitadores que podem ser empresas, profissionais de todo o tipo e mesmo trabalhadores que tenham plena capacidade aquisitiva para obterem no mercado o que precisam, e portanto, os seus re-cipientes sendo aproveitadores sociais que delas se beneficiam, os cidadãos honestos, obedientes à lei, são menosprezados, pre-judicados, o que poderá produzir neles grande revolta.A anistia dada sem distinção da situação social real, que iguala necessitados a aproveitadores, pela injustiça que produz, abala a crença no Estado de Direito e, por isso, nas instituições democrá-ticas, que pressupõem o respeito à Lei emanada do Legislativo, posta em prática pelo Executivo e com as disputas legais resol-vidas no Judiciário, com apoio crescente do Ministério Público, como instrumentos defensores da segurança jurídica. Essa anis-tia dada a quem não as merece, mesmo que com base legal, po-derá ser contestada na justiça, gerando insegurança jurídica para quem a obteve. Note-se que foi uma insegurança jurídica gerada pela desobediência à lei que estará gerando outra insegurança jurídica pelos que contestem a validade jurídica da anistia a quem não as merece socialmente.

Temos que eliminar essas fontes de insegurança jurídica no campo da legislação urbanística, uma vez que nossas cidades vêm sofrendo com uma crescente anomia social decorrente de um desrespeito crescente às normas legais e produzindo uma descrença generalizada na capacidade do Estado de agir em benefício coletivo, que está fazendo com que cada um busque individualmente soluções, mui-tas vezes e crescentemente, à margem da lei. Assim, uma violência generalizada vem ganhando corpo.

Todos os cidadãos, em todos os níveis sociais, se beneficiarão com a formulação a mais clara possível da lei e da sua prática es-trita, mas especialmente os mais necessitados, pois no vale tudo da desobediência legal, os que ganham mais são os que têm mais poder político, pois enquanto os primeiros recebem ninha-rias como o direito de morar em favelas, ou em loteamentos pre-cários com ruas muito estreitas sem área verde, e sem áreas para equipamentos sociais essenciais à sua vida cotidiana como cre-ches, escolas, postos de saúde, os aproveitadores, mais graúdos, se apropriam de terrenos públicos que valem fortunas. Exemplos concretos? Existem milhares por esse Brasil afora. Inclusive em nossa metrópole paulistana. Inclusive em nosso município de São Paulo. Como na Estrada de Itapecerica, no Jardim Dom José, na divisa com Embu e Itapecerica da Serra.São grandes prejudicados com essa insegurança jurídica os ci-dadãos proprietários e/ou usuários de imóveis e os seus produ-tores, que muitas vezes de boa fé, têm seus projetos imobiliários aprovados e se vêem inesperadamente à frente da Justiça, por

ação civil pública ou por ação ordinária, impetrada por vizinhos que se sentem justamente prejudicados em seus direitos.Uma estranha e extremamente deletéria aliança ocorre quando necessitados sociais se aliam a espertos aproveitadores da des-graça social para obterem, ambos, votos suficientes para conse-guirem uma anistia legal. Ao assim agirem, mesmo que de boa fé, os necessitados sociais estarão reforçando os mecanismos sociais que os mantêm como excluídos de nossa sociedade.Uma aliança política positiva e extremamente necessária de ser levada adiante será aquela feita no país entre os cidadãos que são prejudicados com toda essa insegurança jurídica, em todos os níveis sociais, pois só alcançaremos mais justiça e paz com um sólido estado democrático que terá que ser fundado nos di-reitos humanos claramente formulados e praticados pela grande maioria e, idealmente, por todos.

Neste quadro social caótico que estamos vivendo avulta a importância de instrumentos de análise de impacto am-biental e os de vizinhança que são entre si muito asseme-lhados e interconectados.

Um dos principais aspectos a serem considerados, refere-se à capacidade de suporte do sistema de circulação.Há 30 anos a Prefeitura de São Paulo, na gestão do Prefeito Ola-vo Setúbal já defendia e levava adiante uma iniciativa então inédi-ta de desenvolver uma metodologia de cálculo dessa capacidade de suporte, sendo eu, seu Secretário do Planejamento e Coorde-nador Técnico desse projeto.Gastamos, nesse projeto, 1,5 milhão de dólares da época, o que representa hoje, pelo menos o dobro desse valor. Deixamo-lo pronto para ser utilizado em 1981. O que fizeram os prefeitos e secretários de planejamento que me sucederam? Mantiveram-lhe devidamente engavetado. Foi mantida, assim, a incoerência histórica entre zoneamento e sistema de circulação. Essa é uma insegurança vital à continuidade da metrópole como organização social produtiva.As ditas inseguranças jurídicas agravam ou ajudam a produzir as falhas de planejamento e de sua execução, na medida em que até as poucas normas estabelecidas em lei são sistematicamente desobedecidas e anistiadas independentemente de atenderem a aproveitadores ou a necessitados sociais.Assim, concluímos que tão importante como obedecer e respeitar as leis em vigor, não aceitando anistias a quem não as merece, é termos um planejamento dessas normas que sejam capazes tecnicamente de avaliar os seus impactos sociais, econômicos e ambientais, incluídas aí também as dimensões urbanísticas que envolvem a importante questão simbólico-estética, orientando os cidadãos para uma tomada de decisões democráticas, assegu-rando segurança jurídica e ambiental ao mesmo tempo.São Paulo, tem muito ainda a caminhar. Por isso, temos que ace-lerar o passo andando para frente. O que não podemos é ficar marcando o passo no mesmo lugar, e até andando para trás em certas administrações.

[*] Candido Malta Campos Filho é doutor em Arquitetura e Urbanis-mo e atualmente exerce o magistério como professor do Departa-mento de Projetos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Uni-versidade de São Paulo. É Diretor Executivo do Movimento Defenda São Paulo.

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O mês de outubro de 2006 tornou-se uma referên-

cia para o planejamen-to das cidades brasi-leiras. Sinaliza cinco anos da promulgação da Lei federal n°10.257 de 2001 - Estatuto da Cidade, que regula-mentou, por sua vez, os artigos de política urbana da Constituição (art. 182 e 183), e mar-cou também, o término do prazo para que os 1.740 municípios brasi-leiros com mais de 20

mil habitantes e/ou os integrantes de regiões metropolita-nas, além daqueles considerados de interesse turístico e os inseridos no perímetro de influência de empreendimentos com significativo impacto ambiental (de âmbito regional ou federal), elaborassem ou atualizassem seus planos direto-res sob a égide dos princípios e instrumentos da lei federal. Após o Estatuto da Cidade, o plano diretor tornou-se elemento indispensável na regulação urbana, uma vez que lhe cabe definir quando a propriedade urbana cumpre a função social, determinar onde e em que condições se aplicam os mais importantes instrumentos de gestão urba-na criados pela legislação federal e dar as diretrizes para o orçamento plurianual, para a LDO e para os Orçamentos Programas anuais. No caso do Município de São Paulo, o Plano Diretor foi aprovado em agosto de 2002 (Lei n° 13.430/02), tornando-se o mais importante instrumento de planejamento urbano e de gestão da cidade. É peça fundamental em que se es-tabelecem os objetivos de estruturação urbana de médio e longo prazo (até 2012) e define um conjunto de princípios e regras orientadoras da ação dos agentes que constroem e utilizam o espaço urbano. Para alcançar esses objetivos, o PDE previu, localizou espacialmente, e quando possível, regulamentou os novos instrumentos urbanísticos criados pelo Estatuto da Cidade que visam fazer cumprir a função social da propriedade e estimular a produção habitacional; estabeleceu também regras para a atuação dos agentes imobiliários; criou mecanismos para extrair do processo imobiliário recursos para viabilizar a urbanização da cida-de; definiu diretrizes para o novo sistema de transporte co-letivo e instituiu um sistema de planejamento para ordenar o desenvolvimento urbano, com controle social e descen-tralização.

Sua elaboração partiu de uma leitura da cidade exis-tente, articulando os temas e questões relativos aos as-pectos urbanos, sociais, econômicos e ambientais para embasar a formulação de hipóteses realistas sobre as op-ções de desenvolvimento e os modelos de territorialização. Alguns aspectos inovadores do PDE merecem ser aqui ressaltados.Nova estratégia de gestão O PDE incorpora uma nova estratégia de gestão ba-seada na idéia de participação direta do cidadão, de asso-ciações representativas dos vários segmentos econômicos e sociais e da definição de canais institucionais de participa-ção. Essa participação, que muitos consideram ainda insu-ficiente, se dá no processo de elaboração e, sobretudo, na implementação e no acompanhamento das decisões sobre o destino da cidade. É importante lembrar que, além de ser um processo novo, nunca, em nosso município, um Plano Diretor foi aprovado após um amplo processo de debate de-mocrático e com a participação ativa da Câmara Municipal. O primeiro Plano Diretor de São Paulo foi o de 1971, seguido da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (Lei do Zoneamento) em 1972. Naquele período as liberda-des democráticas estavam suspensas e nem o Legislativo, ou os munícipes tinham possibilidades de interferir na pro-posta. Em 1988, quando se processava a transição para o regime democrático, um novo Plano Diretor foi submetido à Câmara sob o regime do decurso de prazo, expediente au-toritário que possibilitou sua aprovação sem qualquer par-ticipação, quer seja da Câmara ou de instituições da socie-dade civil o que, inclusive, provocou contestação na Justiça. Outras propostas de Plano Diretor, encaminhadas pelo Exe-cutivo em 1985, 1991 e 1998, não chegaram a ser votadas, de modo que a metrópole, malgrado o intenso crescimento e agravamento de seus problemas urbanos, não dispunha até 2002 de instrumentos compatíveis com sua realidade e adequados para planejar seu desenvolvimento urbano. Além da participação direta por meio de assembléias, audiências públicas e conferências municipais, foi instituí-do o Conselho de Política Urbana, órgão propositivo e de acompanhamento das questões urbanísticas, formado por um colegiado tripartite com representação das regiões da cidade, de entidades de base setorial representativas dos setores econômicos, de profissionais, de movimentos so-ciais e do poder público municipal. Esse colegiado tem se reunido periodicamente, desde que foi aprovado no PDE. O PDE é parte de um processo de planejamento municipalCom o PDE, foi instituído um processo de planejamen-to, que permite reavaliá-lo periodicamente e detalhar um amplo conjunto de aspectos relacionados com a política urbana. No texto da Lei n°13.430/02 ficou então prevista uma segunda etapa do processo de planejamento, que foi

Rossella Rossetto [*]

Plano Diretor Estratégico e o Desafio Para São Paulo no Século XXI

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A R T I G O Scumprida em 2004 com a Lei n° 13.885/04 que dispõe de Planos Regionais para cada uma das 31 Subprefeituras e que está articulada com a nova Lei de Uso e Ocupação do Solo, o Plano de Circulação Viária e Transportes e o Plano de Habitação. Visando o planejamento do território com um foco ainda menor, estão previstos os planos de bairro, que detalhariam cada setor (bairro) de uma Subprefeitura. Do ponto de vista territorial o planejamento de São Paulo par-tiu da proposta para a cidade como um todo (PDE), para depois planejar cada Subprefeitura e ainda, cada bairro. O processo prevê, ainda, uma revisão do Plano Diretor Estratégico em 2006, prazo esse que se mostrou insufi-ciente para avaliar os efeitos dos instrumentos propostos em relação aos objetivos que se pretende atingir e às transformações concretizadas no período. Estabelece por fim, 2012 como o prazo no qual os objetivos estabelecidos devem estar cumpridos e a cidade deverá definir novas es-tratégias e metas para seu desenvolvimento. Pretende-se assim, instituir na cidade um processo arti-culado e contínuo de planejamento que dê conta de respon-der à complexidade da realidade de São Paulo mas que, ao mesmo tempo, possa absorver mudanças, superar possí-veis distorções e corrigir rumos se isto se fizer necessário. Outro aspecto importante que caracteriza o processo de planejamento da cidade é que, por força da lei federal do Estatuto da Cidade, o plano diretor deve estar articulado com os instrumentos de planejamento econômico munici-pal, dando-lhes as diretrizes e prioridades para a elabora-ção do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual. Desta maneira, ficam regidos sob o mesmo enfoque, tanto as ações para o desenvolvimen-to urbano quanto as prioridades de investimentos públicos inerentes à concretização das ações. O PDE, a partir de leitura da realidade associa instru-mentos para ação A nova concepção de intervenção no território afasta-se também da ficção tecnocrática dos velhos Planos Diretores de Desenvolvimento Integrado, que tiveram seu período áureo na década de 70. Eles tudo prometiam e nenhum instrumento possuíam para induzir a implementação do modelo idealizado proposto. Uma leitura sintética de São Paulo no final do século XX mostra uma cidade que aprofundava a desigualdade urbana e social1. Embora a migração para a cidade tenha diminuído e a população geral do município tenha crescido, na última década, a taxas muito mais baixas do que apre-sentou entre 1950 e 1980, a análise de evolução demográ-fica mostra um fenômeno trágico do ponto de vista urbano e social: enquanto os distritos centrais e localizados nas áreas consolidadas da cidade perdem população, nos dis-tritos periféricos ou localizados nas áreas de proteção am-biental o crescimento demográfico mantém índices muito elevados, o que acontece também com muitos municípios periféricos da Região Metropolitana. Na década de 1990, dos 96 distritos que compõem o município, mais da metade (53), os mais dotados de equi-pamentos e empregos, tiveram sua população reduzida.

Até mesmo os distritos de classe média, que atraem em-preendimentos imobiliários e vêm se verticalizando, como Pinheiros, Jardins, Moema, Santana e Tatuapé, surpreen-dentemente se desadensaram. Os dez distritos mais cen-trais perderam 230 mil habitantes nas duas últimas déca-das (o Pari, por exemplo, perdeu 46% da sua população). A diferença foi compensada pelo acréscimo de população em Grajaú e Parelheiros, distritos inteiramente situados na área de proteção de mananciais, que receberam mais 200 mil habitantes – comprometendo gravemente a qualidade de água aduzida para o consumo. Além disso, Cidade Tira-dentes, localizado na extrema periferia da zona leste, teve um acréscimo demográfico de 2.114%. A população vem se concentrando exatamente nas regiões menos dotadas de infra-estrutura, urbanização, transportes, equipamentos e emprego. O processo é socialmente injusto, ilógico do ponto de vista urbano e antieconômico para o poder público, mas as políticas setoriais que foram implementadas pela própria administração municipal, desarticuladas de qualquer visão de planejamento, são, ao menos em parte, responsáveis por isto. No último quartel do século XX (com exceção do período Erundina), todos os conjuntos habitacionais da prefeitura foram implantados na extrema periferia, o que explica o crescimento de Cidade Tiradentes, onde eles se concentraram. Por outro lado, o impacto da operação de re-moção das favelas ao longo da avenida Águas Espraiadas, realizada no período Maluf nos anos 90, fez com que cerca de 7 mil famílias migrassem para a região dos mananciais, intensificando o crescimento das regiões que deveriam ser protegidas. Assim, a cidade vem perdendo as vantagens que teria pelo fato de o crescimento demográfico geral ser mais re-duzido, o que, em tese, seria um fator positivo. Áreas dota-das de infra-estrutura e oportunidades de emprego, cultu-ra, consumo e lazer se esvaziam enquanto, o poder público é forçado a investir em obras em outros locais. Outro fenômeno de distribuição de atividades no espaço que tem agravado as condições urbanas é a concentração de emprego nas zonas central e sudoeste, regiões que têm perdido população. Distritos do centro chegam a oferecer mais de três empregos por morador, índice que cai na Ci-dade Tiradentes para 0,08 explicando o intenso tráfego e a sobrecarga do sistema viário e de transportes coletivos. Na zona leste, que concentra a maior quantidade de “bairros dormitórios”, os meios de deslocamento, inclusive o metrô, ficam superlotados no início da manhã na direção do cen-tro, enquanto que no final da tarde ocorre o mesmo proces-so no sentido contrário, tornando a viagem uma das mo-dalidades mais praticadas de “esporte radical” da cidade. Por outro lado, os investimentos da promoção imobi-liária privada, setor que gera emprego e sobrecarrega o uso do solo e o sistema viário, concentram-se nas áreas já privilegiadas, sobretudo na zona sudoeste. Em 1999, 64% dos lançamentos de prédios se restringiram a 19 dos 96 distritos do município, em regiões que já apresentam um grau de saturação do sistema viário e da paisagem.

1. A análise dos problemas urbanos atuais de São Paulo baseia-se no texto “Os grandes desafios do século XXI” do prof. Arq. Nabil Bonduki ainda sem publicação.

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Com o deslocamento das principais atividades terciárias para esta região, em empreendimentos mais modernos, o centro histórico passou a dispor de uma grande quantida-de de edifícios de escritórios vazios ou subutilizados, que apresentam um grau avançado de obsolescência. Isto não quer dizer que ele perdeu vitalidade, mas sim que se po-pularizou, ao mesmo tempo em que passou a apresentar também altos índices de ociosidade nos edifícios residen-ciais. Fenômeno semelhante, embora marcado por outra paisagem, ocorreu nas antigas áreas industriais e na cha-mada orla ferroviária, que apresentam alta taxa de ociosi-dade, sobretudo em galpões e armazéns. Para finalizar esta rápida leitura da cidade, é necessário citar a degradação do meio ambiente, do espaço público e patrimônio cultural, marcados por uma tolerância ou inca-pacidade de coibir usos e ocupações irregulares do solo. Mais de um milhão de pessoas habitam irregularmente nas regiões de proteção ambiental. Áreas verdes destinadas ao lazer e recreação, faixas de saneamento de córregos, encostas íngremes e outras áreas públicas perderam seu uso original e foram ocupadas pelas cerca de 2 mil favelas, cuja população cresceu, nas duas últimas décadas, em ín-dices muito superiores aos da população geral. A redução das áreas com permeabilidade, sobretudo com a ocupação dos fundos de vale, ao lado de escassa arborização, tem contribuído para ampliar o problema das enchentes. O descaso com o espaço público, marcado por calçadas estreitas, obstruídas, descontínuas ou semides-truídas e pela poluição do espaço aéreo. Frente a tantas questões estruturais que determinam a qualidade de vida em São Paulo, o PDE definiu objetivos a serem buscados segundo Macro-áreas, identificando a diversidade de ocupação do território e como base de refe-rência para a utilização de alguns instrumentos. São elas2:• A Macro-área de Reestruturação e Requalificação - in-clui áreas que foram urbanizadas e consolidadas há mais de meio século e que passam, por várias razões, por pro-cessos de esvaziamento populacional (como é o caso da área central, composta pelos distritos Sé e República e pelo anel dos bairros centrais circundantes) ou de declínio de atividades econômicas (como toda a orla ferroviária e antigos distritos predominantemente industriais). O Plano Diretor identifica para esta área a necessidade de alcançar transformações urbanísticas estruturais obtendo melhor aproveitamento das privilegiadas condições de localização e de acessibilidade. Para tanto foram pensados instrumen-tos que estimulam uso habitacional de interesse social e intensificam a promoção imobiliária, como é o caso das ZEIS 3, da edificação e utilização compulsórias e da trans-ferência do direito de construir. Foram também previstas várias operações urbanas nesta macro-área com o objeti-vo de revigorar e reorganizar a infra-estrutura e o transpor-te coletivo da região.• A Macro-área de Urbanização Consolidada é habitada por população de renda média e alta, apresenta alta taxa de emprego e, embora venha ganhando densidade construti-va com a verticalização intensa de parte de seu território,

tem simultaneamente sofrido esvaziamento populacional. As boas condições de urbanização acabam sendo supe-radas pelas péssimas condições de trânsito e a quase sa-turação da malha viária. Nesta área está grande parte das zonas exclusivamente residenciais para as quais o Plano Diretor propõe regras de proteção enquanto expande para toda a macro-área o objetivo de conter o adensamento construtivo. Para este fim a expansão da produção imobi-liária se dará por meio do pagamento da outorga onerosa do direito de construir utilizando-se em seu cálculo um fator mais alto do que em outras partes da cidade com o intuito de desestimular o adensamento construtivo. Propõem-se também os planos de bairro e a requalificação de centros de bairro através de projetos estratégicos.• A Macro-área de Urbanização em Consolidação é uma área que já alcançou um grau básico de urbanização, re-quer qualificação urbanística, tem condições de atrair in-vestimentos imobiliários e apresenta taxa de emprego e condições socioeconômicas intermediárias em relação à Macro-área de Urbanização Consolidada e à Macro-área de Urbanização e Qualificação. Nesta macro-área objetiva-se estimular a ocupação integral do território, ampliando a urbanização existente e as oportunidades de emprego por meio do estímulo à promoção imobiliária para população de baixa e média renda e a promoção de atividades pro-dutivas e terciárias não incômodas localizadas junto aos eixos estruturadores de transporte coletivo. Nela deverão ser utilizados prioritariamente os instrumentos do parce-lamento e edificação compulsórios; IPTU progressivo no tempo; outorga onerosa do direito de construir com fator de planejamento inferior ao utilizado na macro-área de urbani-zação consolidada em contenção; ZEIS 1 e 2 com planos de urbanização; direito de preempção e projetos estraté-gicos.• A Macro-área de Urbanização e Qualificação, ocupada majoritariamente pela população de baixa renda, caracteri-za-se por apresentar infra-estrutura básica incompleta, de-ficiência de equipamentos sociais e culturais, comércio e serviços, forte concentração de favelas e loteamentos irre-gulares, baixas taxas de emprego e uma reduzida oportuni-dade de desenvolvimento humano para os moradores. Os objetivos estabelecidos no plano Diretor para essa macro-área são: promover a urbanização e regularização fundiá-ria dos assentamentos habitacionais populares dotando-os de infra-estrutura completa e estimulando a construção de HIS; completar a estrutura viária, melhorar as condições de acessibilidade por transporte coletivo e garantir a qua-lificação urbanística com a criação de novas centralidades e espaços públicos, implantando equipamentos e serviços. Para tanto, podem ser utilizados, prioritariamente, os se-guintes instrumentos: ZEIS 1 e 2, outorga onerosa do direito de construir com os menores valores da cidade nos fatores de planejamento e interesse social; definição de áreas de Intervenção Urbana e criação de novas centralidades que permitam diminuir a distância entre local de emprego, local onde estão estabelecidos os principais serviços e a moradia.

2. A descrição das macro-áreas está baseado no Parecer que acompanhou o substitutivo ao Plano Diretor Estratégico aprovado pela Câmara Municipal de São Paulo em 2002

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O PDE e o pacto para garantir o futuro de São Paulo Há cinqüenta anos, quando São Paulo tinha 2,5 mi-lhões de habitantes, os paulistanos se orgulhavam de viver na “cidade que mais crescia no mundo”, e o desenvolvi-mento que movia a cidade era marcado por uma visão de “progresso” a qualquer custo e comandado por interesses econômicos vinculados a serviços ou à ocupação da terra urbana, sem controle público. Para não continuar repetindo os mesmos erros e estratégias que geraram essa cidade que tantos gostariam de abandonar, é necessário estabe-lecer um pacto entre os diferentes setores da sociedade em torno de objetivos estratégicos capazes de garantir um desenvolvimento sustentável para São Paulo, que compati-bilize crescimento econômico com a melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente e que possa superar a profun-da desigualdade urbana herdada. Este “pacto”, uma espécie de acordo para garantir um futuro para São Paulo, deve se consubstanciar na imple-mentação de um conjunto de reformas estruturais para a cidade: administrativa, com a descentralização da gestão; política, com a criação de instâncias de controle social e participação, os Conselhos de Representantes, eleitos di-retamente em todas as subprefeituras; fiscal, recuperando

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Tive a grata sa-tisfação de pro-nunciar a pa-lestra de en-

cerramento do Semi-nário Nacional Sobre Obras e Serviços de Engenharia, atenden-do ao honroso convite que me foi feito pelo Conselheiro Antonio Carlos Caruso - D.D. Presidente do TCMSP.

No evento, também fui homenageado por essa colenda Corte de Contas, fato que me

sensibilizou sobremaneira e representou um dos pontos altos de minha longa carreira no Serviço Público do Muni-cípio de São Paulo.

Pelo ensejo que me confere esta oportunidade de reno-var minha profunda gratidão, gostaria de registrar e dar ên-fase a alguns pontos que abordei naquela palestra.

Acredito ser de necessidade e previdência pensarmos nos nossos grandes problemas, cujas soluções só podem ser alcançadas a médio e longo prazo. Devemos estudar em profundidade cada um desses problemas tais como transporte coletivo, sistema viário, saneamento básico,

a capacidade de investimento da cidade; urbana, implemen-tando o Plano Diretor Estratégico e os instrumentos urbanís-ticos e ações estratégicas (obras, programas, intervenções) nele definidas para as políticas setoriais. Uma parte importante destas reformas, cujos efeitos so-mente serão percebidos pela população a médio prazo, já foram aprovadas nas leis do PDE e Planos Regionais/ Uso ocupação, requerendo, em alguns casos, legislação comple-mentar para sua implementação. No entanto, a base legal e instrumentos territoriais, embora necessários, são condições insuficientes para o sucesso destas transformações estrutu-rais. Implementar com sucesso estas reformas é o grande de-safio para São Paulo no próximo período, tarefa que depende de um enorme conjunto de agentes públicos municipais na gestão cotidiana destas reformas na próxima década.

[*] Rosella Rossetto é Arquiteta. Doutora pela USP. Membro da equipe de relatoria dos PDE e Planos regionais. Atualmente é assessora da Co-missão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo.

Nelson Betti de Oliviera [*]

Transporte Coletivo, Sistema Viário, Saneamento Básico - Importância de Estudos e Prazos

drenagem, desenvolvimento e tantos outros.Estabelecer um prazo para sua execução - cinco, dez,

vinte anos - e fixar metas, programas e principalmente or-çamentos - programas impositivos, de tal forma que se crie uma diretriz - sujeita a possíveis e necessárias revisões ao longo do tempo, mas que sirva de baliza obrigatória para as gestões dos governos municipais, de modo que uma após outra trabalhem com o mesmo objetivo, não mais à mercê da iniciativa e vontade de cada uma delas.

Além disso - e com mais ênfase - acredito que para trans-formar essa nação em um país voltado para o futuro que se abre agora, a educação plena, no sentido lato e obrigatório do termo, seja premissa obrigatória para os próximos governos.

Educação esta que não se atém a ensinar a ler, escre-ver e fazer contas, mas que antes de tudo forme cidadãos com consciência crítica, participantes, que tenham ciência de seus deveres e direitos.

Desta forma acredito que o Brasil irá se projetar como grande nação e terá, por certo, dirigentes capazes e pro-bos que representarão milhões de brasileiros conscientes e aptos a julgar seus atos.

[*] Nelson Betti de Oliviera é engenheiro Mecânico/Eletricista forma-do na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e autor de inú-meros trabalhos técnicos publicados. Foi professor da Escola Poli-técnica. Ocupou diversos cargos no serviço público, destacando-se o de diretor- fundador do Departamento de Rodagem do Município de São Paulo – DERMU/SP. Foi assessor técnico de engenharia no TCM. Atualmente, é membro de várias associações técnicas de engenharia.

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1. Participação, transparência e democracia. No Estado Democrático de Direito adotado pela Constituição brasileira de 1988, a participa-ção popular na gestão pública é subprincípio ou princípio constitu-cional especial, ao lado de motivação e publi-cidade, do princípio constitucional geral da transparência adminis-trativa decorrente, por sua vez, do princípio

fundamental estruturante democrático. A transparência é exigência da legitimidade formal-ma-terial da atividade administrativa. Consiste não só na infor-mação ao povo do que a Administração Pública executa, planeja ou realiza, mas também na explicação do porquê assim atua e na avaliação do grau de influência do próprio povo no processo de tomada de decisão, repercutindo no próprio processo decisório a ponderação objetiva e racio-nal de todos os interesses envolvidos e do resultado da instrução processual aberta a qualquer portador de legíti-mo interesse, subsídios para uma decisão mais adequada ao interesse público. A visibilidade e a explicação dos atos, processos e decisões da Administração Pública proporcio-na e pressupõe a participação popular na Administração Pública, atuando em conjugação como num círculo virtu-oso. Essa concepção supera o modelo de Administração Pública formalista, burocrático, distante e isolado, preso à tradicional opacidade. Trata-se da reformulação do poder estatal como medida de sound governance1. No que tange à participação popular, ele é partilhado na perspectiva da afirmação dos direitos à informação e ao pluralismo como direitos de quarta geração. A transparência, para além da publicidade, só prevalece com ampla participação do povo no governo. Como num círculo virtuoso, o conhecimento do fato (acesso, publicidade) e de suas razões (motivação) permite o controle, a sugestão, a defesa, a consulta, a de-liberação (participação). No direito brasileiro para além de previsões constantes da Constituição há leis que presti-giam a transparência como a Lei n. 9.784/99 (Processo Ad-ministrativo), Lei n. 101/00 (Responsabilidade Fiscal) e Lei n. 10.257/01 (Estatuto das Cidades). No direito comparado há rica experiência de instrumentos participativos como a enquete, concertation, referendo consultivo, audiências pú-blicas, conselhos ou comitês colegiados, na Europa Conti-nental, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos da América.

Na América Latina, pouco propícia à participação popular na gestão pública2, há exemplos na legislação mexicana, uruguaia, argentina e boliviana.

1. A respeito, vide: José Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1990, pp. 99-10; Paulo Bonavi-des. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros Editores, 1996, pp. 524-526; Carlos R. S. Milani. Governança global e meio ambiente: como compatibilizar economia, política e ecologia in Pesquisas: Governança Global, São Paulo: Centro de Estudos Konrad-Adenauer-Stiftung, 1999, n. 16, pp. 97-128; Augustí Cerrillo I Martinez. La transparencia adminis-trativa: Unión Europea y Médio Ambiente. Valencia: Tirant lo blanch, 1998, pp. 28-35; Fausto Quadros. A nova dimensão do Direito Administrativo (O Direito Administrativo português na perspectiva comunitária). Coimbra: Al-medina, 1999, p. 20; Umberto Allegretti. Legge generale sui procedimenti e moralizzazione amministrativa, in Scritti in onore di Massimo Severo Giannini. vol. III Milano: Dott. A Giuffrè Editore, 1988, pp. 03-04. 2. Agustín Gordillo. Ideas sobre participación en America Latina in Revista de Direito Público. ns. 57-58, São Paulo: jan./jun. 1981, pp. 29-38.

2. Institutos brasileiros de participação popular. A participação popular na Administração Pú-blica compreende múltiplas expressões de associação das forças econômicas, políticas e sociais na tomada de decisões administrativas, ou seja, de intervenção de ele-mentos exteriores ao exercício da função pública em di-ferentes graus, compreendendo: a) gestão associada ou colaboração de particulares no exercício de funções públi-cas para a satisfação de interesses públicos (concessão e permissão de serviços públicos, convênios, comissões de especialistas); b) publicidade administrativa (publica-ções, direito de informação e de certidão); c) influência no processo decisório (processo administrativo, audiência pública e consulta pública, direito de petição para provoca-ção da atuação dos órgãos de controle interno e externo, iniciativa popular, participação orgânica consultiva ou de representação de interesses em conselhos, órgãos cole-giados e comissões); d) co-gestão (participação orgânica corporativa em conselhos, órgãos colegiados ou comis-sões); e) autogestão (autarquias corporativas), f) partilha no processo decisório (participação orgânica deliberativa em conselhos, comissões ou órgãos colegiados); g) coope-ração (fomento de atividades privadas de interesse público mediante contratos de gestão, termos de parceria etc.); h) concerto (solução negociada do adimplemento de obriga-ções legais e inclusive discricionárias); i) substituição da titularidade da competência decisória (plebiscito adminis-trativo: submissão prévia de projeto de ato à aprovação ou rejeição popular; referendo administrativo: atribuição pos-terior de eficácia a ato adotado subordinada à ratificação ou rejeição popular). Esses institutos variam conforme o grau de influência no processo decisório (consultiva ou deliberativa), a composi-ção na instância decisória (paritária ou minoritária), a titu-

Wallace Paiva Martins Junior [*]

Participação popular no Estatuto das Cidades

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laridade do interesse (individual direto ou indireto; coletivo ou difuso), a obrigatoriedade (essencial ou dispensável), as prerrogativas (simples ou qualificadas), a vinculação do resultado (vinculante ou não vinculante), o momento (an-terior ou posterior), a natureza da atividade (autogestão, colaboração ou cooperação), a exterioridade (orgânica e não orgânica), e a substituição da representação político-administrativa no processo decisório.

3. Estatuto das Cidades e participação popular. A Lei n. 10.257/01 representa uma sensível evolução pelas diretrizes gerais de participação popular ou gestão democrática em relação às políticas públicas urba-nísticas e à gestão orçamentária. Especialmente, a partici-pação da população e de associações representativas de vários segmentos da comunidade na formulação, execu-ção e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano, e a audiência do poder públi-co municipal e da população interessada nos processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da popu-lação (art. 2º, II e XIII). A participação popular nas decisões públicas requer prévia informação. A tanto, aperfeiçoada a ampla previsão de publicidade na Lei n. 10.257/01 (arts. 40, § 4º, e 43). De qualquer modo, instaura um novo devido processo legal, com abertura também à valorização das definições técni-cas, como proporciona o estudo de impacto de vizinhança (arts. 36 a 38, Lei n. 10.257/01).

4. Participação no planejamento urba-no (plano diretor). Entre os princípios específicos do plano diretor há a garantia de ampla transparência no processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais, mediante a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de associa-ções representativas dos vários segmentos da comunida-de, a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos e o acesso de qualquer interessado aos docu-mentos e informações produzidos (art. 40 § 4º, incisos I, II e III). Trata-se de um dever imposto pela lei geral, que, em razão do princípio da simetria das formas, se aplica à sua revisão decenal ou outras alterações episódicas. A inob-servância de quaisquer dos incisos do § 4º do art. 40 (ou a imperfeição de seu processo ou de sua convocação) con-duzirá a nulidade do plano diretor (independentemente do veto do § 5° do art. 40), máxime a da participação popular expressa no inciso I, cuja observância é obrigatória. À mín-gua de preceitos mais detalhados, a lei local deve dispor, sem desatender às prescrições gerais e aos seus fins, para a realização de audiências públicas e debates públicos, a partir da ampla acessibilidade de interessados, as for-mas e prazos de convocação (com publicidade extensiva por publicações na imprensa oficial, convites, intimações e outros meios de divulgação), especialmente as organi-zações não governamentais, associações etc. direta ou indiretamente envolvidas em razão de seus objetivos so-ciais (com admissão a participação ulterior), aumentar os

institutos participativos (consultas públicas, por exemplo) e regular seu procedimento e seus efeitos (que, no silêncio, presumem-se não vinculantes), bem como a necessidade de fundamentação das escolhas. Nesta tarefa, a lei local deverá primar pela observância dos princípios jurídico-ad-ministrativos e pelas premissas da lei geral do processo administrativo e da participação popular urbanística, aco-lhendo medidas de aperfeiçoamento do direito nacional e do direito comparado. Cumpre assinalar, por oportuno, que a frustração da transparência no processo de elaboração, aprovação e execução do plano diretor, e a inexistência de plano diretor ou a supressão de sua revisão, além de outras conseqüên-cias (nulidade, impedimento de empreendimentos e obras, desorganização urbana etc.), podem caracterizar improbi-dade administrativa (art. 52, VI, VII).

�. Participação e gestão democrática da cidade. Completando o esforço de transparência da gestão pública, prevê a Lei n. 10.257 a gestão democrática da cidade (bem como as regiões metropolitanas e os aglo-merados urbanos, segundo o art. 45) pelo uso dos instru-mentos previstos no rol exemplificativo do art. 43 e que são de emprego obrigatório e vinculado: órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal (inciso I), debates, audiências e consultas públicas (inciso II), conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal (inciso III) e iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano (inciso IV). São institutos de participação orgânica não corporativa (consultiva ou deliberativa), de influência no processo de-cisório e de provocação e se complementam aos demais especificamente previstos para o plano diretor, abarcando todas as matérias relacionadas ao desenvolvimento urba-no, ordenação do uso e ocupação do solo urbano, polí-ticas urbanas, serviços públicos relacionados (transporte público, fornecimento de água e energia, por exemplo) etc. Valem para esses institutos participativos as mesmas ob-servações anteriores. Lei específica deverá regular o fun-cionamento e a composição dos órgãos colegiados (parti-cipação orgânica) de política urbana, a natureza consultiva ou deliberativa de suas funções, expedientes para impedir ofensa à imparcialidade e à moralidade (“quarentenas”, acesso a informações privilegiadas etc.). Também deverá dispor sobre audiências, consultas e debates públicos, com as ponderações acima expendidas, e a nota da concorrên-cia desses institutos participativos que poderão ter finalida-de específica para determinadas matérias (por exemplo, as consultas públicas para exame, crítica e sugestões sobre anteprojetos de leis ou regulamentos).

6. Participação e orçamento. O incentivo à participação popular durante os processos de elaboração e de discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos, assegura a transparência da gestão fiscal. Mas, avançando sobre a abertura facultativa do art. 48, pa-rágrafo único, da Lei Complementar n. 101/00, o Estatuto das Cidades prevê, no âmbito municipal, a gestão orça-mentária participativa (art. 4º, III, f). Ela compreende a rea-lização de debates, audiências e consultas públicas sobre

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as propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes orça-mentárias e do orçamento anual, como condição obriga-tória para sua aprovação pela Câmara Municipal (art. 44). A cláusula legal “condição obrigatória para sua aprovação pela Câmara Municipal” demonstra a obrigatoriedade da observância desses instrumentos participativos. Deste modo, a falta de realização de debates públicos, de audiências públicas, e de consultas públicas (e a imper-feição de seu processo ou de sua convocação), invalidará a produção normativa, pois a participação popular por esses instrumentos preconizada é dever estatal e requisito pro-cedimental essencial. A lei local deverá disciplinar a ampla acessibilidade de interessados (com publicidade extensiva

por publicações na imprensa oficial, convites, intimações e outros meios de divulgação), as formas de convocação e seus prazos (convocando especialmente as organizações não governamentais, associações etc. direta ou indireta-mente envolvidas em razão de seus objetivos sociais, com admissão à participação ulterior), e regular seu procedi-mento e seus efeitos (que, no silêncio, presumem-se não vinculantes), bem como a motivação das escolhas.

[*] Wallace Paiva Martins Junior é doutor em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo e Promotor de Justiça da Cidadania do Ministério Publico do Estado de São Paulo.

Climatério é o período em que a mulher passa da

fase reprodutiva para a fase não reprodutiva de sua vida, apresentando alterações hormonais com conseqüências bastante peculiares. Ocorrem transtornos orgânicos e psicológi-cos devido à redução dos estrógenos e pro-gesterona, hormônios estes que são produ-

zidos pelas gônadas femininas, isto é, os ovários. Nesse período “acontece” a menopausa, que é a última mens- truação da vida da mulher. Estes dois termos, climatério e menopausa, são confundidos e muitas vezes usados como sinônimos, embora não o sejam: a mulher pode ter, por exemplo, a menopausa cirúrgica, com a retirada do útero por qualquer motivo, sem a retirada dos ovários e, portan-to, preservando a produção dos hormônios femininos.O climatério ocorre, habitualmente, entre os 45 e 55 anos, podendo ocorrer antes ou depois, em muitos casos. Já ob-servamos mulheres com menos de 40 anos apresentando sinais e sintomas desse período (climatério precoce) e ou-tras os apresentam somente por volta do 60 anos (clima-tério tardio). Porém, o mais comum é ocorrer entre os 45 e 55 anos.A falta ou diminuição significativa desses hormônios femi-ninos leva a sintomas que variam de paciente para pacien-te, mas sempre estão presentes em maior ou menor inten-sidade: calores (fogachos), sudorese, ansiedade, estado depressivo, angústia, irritabilidade, distúrbios da cognição,

transtornos da menstruação, queda ou perda da libido e, tardiamente, dores às relações sexuais por diminuição ou falta de lubrificação do canal vaginal, pele seca, distúrbios urinários, osteoporose, aterosclerose, hipertensão arterial, coronariopatias, diabete e, além de tudo isso, ocorre um declínio das funções do sistema imune, ensejando um au-mento do aparecimento de infecções e tumores. Todos es-ses acontecimentos trazem prejuízos consideráveis à vida familiar, social e laborativa da mulher.Fica claro que é preciso monitorar, com o maior rigor, as alterações conhecidas, com os recursos existentes, como o exame clínico-ginecológico, exames laboratoriais e de imagem (pouco invasivos), que nos permitem fazer diag-nósticos precoces e tratamentos eficientes.A terapia de reposição hormonal ocupa um lugar de desta-que para esses casos. Deve ser utilizada sempre que não houver contra-indicação. Quando não for possível utilizá-la, lançamos mão de outras alternativas (fitohormônios, tranqüilizantes, antidepressivos, complexos vitamínicos e protéicos) e até cirurgias, como nos casos de hemorragia incoercíveis.Todas as ações para o diagnóstico e para os tratamentos devem ser acompanhadas pelo médico ginecologista que, em interação com a paciente, poderá solicitar a colabora-ção de outros especialistas se for necessário. É fundamental não se negligenciar com os exames preven-tivos, tão facilmente ao alcance de todas.Ter sempre em mente que o diagnóstico precoce é a chave para o melhor tratamento e para alcançar a cura. “Cuidar-se melhor para viver e conviver melhor.”

[*]Luiz Carlos Machado Mourão é médico ginecologista há 38 anos. Foi assistente de ensino na disciplina de cirurgia da Faculdade OSEC, atual UNISA- Universidade de Santo Amaro. Desde 2002, exer-ce a função de assistente médico no Tribunal de Contas do Município

de São Paulo.

Luiz Carlos Machado Mourão [*]

Atenção ao Climatério

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As cidades do século XXI se revelam como novos

espaços de desenvol-vimento, inovação e conflito, resultado das profundas transforma-ções das dinâmicas econômicas, sociais e políticas no território urbano.

No caso das gran-des metrópoles dos chamados países em desenvolvimento, em particular, da cidade de

São Paulo, o estado atual do meio ambiente evidencia um quadro de extrema precariedade e vulnerabilidade social, urbana e ambiental.

Resultado de sucessivas e intensas transformações im-postas ao seu território ao longo de sua história, em São Paulo coexistem hoje duas cidades: uma global e outra lo-cal. A primeira se estrutura a partir de uma lógica própria e de ação de mercado, em particular, do mercado imobiliário. A segunda mantém–se estagnada, quando não em deca-dência ou degradação (SEMPLA, 2000).

Sua gestão, tanto urbana como ambiental, representa um desafio sem precedentes, sendo necessária à adoção de novas estratégias e instrumentos que orientem o desa-fio de conciliar o interesse privado, articulado em torno da competitividade e do crescimento econômico e por outro, os interesses social e ambiental, centrados em alcançar uma melhor qualidade de vida, sem exclusão e que garan-tam a sustentabilidade da metrópole.

A seguir, propõe-se apresentar de forma sucinta, a es-tratégia que vem sendo desenvolvida pela Secretaria Mu-nicipal do Verde e Meio Ambiente, da Prefeitura Municipal de São Paulo, nos últimos cinco anos, para avaliar as con-dições atuais do meio ambiente, as pressões e fenômenos atuantes, seus impactos e as respostas, quer sejam do Poder Público ou da sociedade, para o enfrentamento da grave crise socioambiental existente.

Tendo como pressupostos a democratização e o acesso universal da informação, a equipe de técnicos da SVMA, como forma de atender a exigência legal da elaboração do Relatório de Qualidade Ambiental do Município- RQMA, estruturou a partir de 2002, um trabalho permanente de or-ganização de informações socioeconômicas e ambientais,

a partir da metodologia de um sistema de indicadores.Esta metodologia se estrutura a partir da proposta pelo

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, denominada de GEO – Global Environment Ou-tlook. Inicialmente elaborada para a avaliação contínua do estado do meio ambiente global, com a edição em 1999, do GEO-1 - Relatório de Qualidade Ambiental Global - a me-todologia GEO vem sendo sucessivamente aplicada para outras escalas de avaliação: regional, com o GEO América Latina e Caribe e nacional, com o GEO Brasil, GEO Chile, GEO Cuba, GEO Uruguai, entre outros. A partir de 2002, com a elaboração do GEO Manaus e GEO Rio de Janeiro, a metodologia passou a ser adaptada e utilizada para a avaliação de cidades, sendo hoje aplicada em dezenas de cidades da América Latina e Caribe, entre elas: São Pau-lo, Santiago, Lima, Montevideo, Cidade do México, Buenos Aires, Havana, Bogotá e Guayaquil.

O modelo se fundamenta na aplicação da estrutura de avaliação ambiental PEIR – Pressão, Estado, Impacto e Resposta, a partir da metodologia da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, orga-nismo internacional de cooperação entre países. Pressu-põe a compreensão dos problemas e fenômenos urbano-ambientais, por meio da identificação e caracterização de indicadores e suas relações com os recursos ambientais (ar, água, solo, vegetação, etc).

Partindo-se de um conjunto de 53 indicadores básicos ou fundamentais, que reuni indicadores econômicos, sociais e ambientais “clássicos” associados a outros indicadores, a metodologia GEO é flexível, permitindo adaptar este con-junto as especificidades e realidades locais de cada cida-de.

Em São Paulo, a primeira fase do processo de constru-ção de indicadores se iniciou no final de 2002, a partir da contratação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, que atuou como parceiro da SVMA e da Comissão Espe-cial de Indicadores, do Conselho Municipal de Meio Am-biente e Desenvolvimento Sustentável – CADES. Após a etapa de oficinas entre especialistas da Prefeitura de São Paulo e demais órgãos estaduais e federais, universidades e organizações não governamentais – ONGs, chegou-se a um conjunto de 83 indicadores urbano-ambientais.

Dos 83 indicadores, 23 são indicadores de pressão, 19 de estado, 19 de impacto e 22 de resposta. A título exem-plificativo, pode-se listar alguns indicadores: indicadores de pressão: crescimento e densidade populacional, índice de exclusão social, consumo de combustível, consumo de água, expansão da área urbanizada - indicadores de es-tado: qualidade da água, qualidade do ar, áreas de risco

Patrícia Marra Sepe [*]

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Novas Estratégias e Instrumentos de Gestão Ambiental das Cidades - Indicadores Urbano-Ambientais no Município de São Paulo - GEO Cidade de São Paulo

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geológico, áreas de erosão, cobertura vegetal, arborização urbana, patrimônio histórico – indicadores de impacto: inci-dências de enfermidades associadas à poluição do ar, óbi-tos associados à poluição do ar, incidência de zoonoses, rebaixamento do nível do lençol freático, despesas com saúde pública associada a doenças de veiculação hídrica e indicadores de resposta: plano diretor municipal, agenda 21, investimentos em saúde pública, controle de emissões atmosféricas, ampliação da cobertura vegetal, criação e manutenção de unidades de conservação.

No final de 2004, a SVMA editou a publicação “GEO Ci-dade de São Paulo: Panorama do Meio Ambiente“, dispo-nível na internet, no site da SVMA.

O Geo Cidade de São Paulo (2004) mostra que a metró-pole apresenta um grave quadro de degradação ambiental e vulnerabilidade social, resultante das intensas e contí-nuas pressões sobre os recursos naturais ao longo de todo o seu processo histórico de urbanização. A crise ambiental de São Paulo não pode ser dissociada das crises econô-micas e sociais e deve ser analisada como uma resultante das dinâmicas demográficas, econômicas e territoriais.

A cidade, desde a sua fundação até o final do século XIX pouco se desenvolveu, alternando períodos de modesto crescimento com períodos de estagnação econômica e di-minuição de população. Sempre se caracterizou como uma cidade de “passagem”, do litoral para o interior do país, nos mais diferentes ciclos econômicos do Brasil: ouro, cana e café. A partir de 1867, com a implantação da estrada de ferro e a migração da cultura cafeeira do Vale do Paraíba para o interior de São Paulo, a cidade mudou definitiva-mente seu perfil, até se constituir hoje, em um pouco mais de cem anos, em uma das grandes metrópoles globais, com quase 11 milhões de habitantes.

Este processo, intensificado a partir da década de 40 do século passado e vigente até os dias atuais, pressionou de forma irreversível os recursos naturais: água, ar, solo, ve-getação, comprometendo a sustentabilidade da metrópole e exigindo soluções técnicas e recursos financeiros cada vez mais vultuosos.

As últimas três décadas evidenciam uma tendência de queda no crescimento populacional. Entre 1940 – 1950, a taxa de crescimento populacional situava-se na faixa de 5,18 % ao ano. Entre 1990 – 2000, a taxa foi de 0,91 % ao ano e atualmente a cidade cresce cerca de 0,6 %. Em nú-meros absolutos, o crescimento - ainda que muito menor que o verificado no auge da industrialização paulistana – é expressivo, sendo observado no período de 2000 a 2004, o crescimento absoluto de 378.483 novos habitantes.

Atualmente, a dinâmica demográfica mais importante que vem sendo observada não só na cidade de São Paulo, como em toda a sua região metropolitana é a da migração interna de população. Esta dinâmica apresenta forte im-pacto ambiental, já que se caracteriza pelo esvaziamento populacional das regiões centrais e pericentrais da cidade, dotadas de maior infra-estrutura em oposição a intenso

crescimento populacional nos distritos periféricos.Nestas regiões localizam-se os últimos remanescentes

de vegetação e importantes reguladores climáticos, as áreas permeáveis, produtoras de água e mantenedoras da biodiversidade. Estas áreas caracterizam-se como as prin-cipais prestadoras dos chamados “serviços ambientais” e vem sendo fortemente pressionadas pela ocupação urba-na, em geral de baixo padrão e com elevada carência de serviços básicos de saneamento e assistência social.

Potencializam-se assim a exclusão social e ambiental nas áreas de periferia. Processo este identificado também nas demais cidades da RMSP, caracterizando as chama-das fronteiras urbanas, que segundo o Centro de Estudos Ambientais – CEM crescem seis vezes mais que qualquer outra região destas cidades.

O estudo de SVMA também comprova as extremas de-sigualdades sociais e ambientais existentes em São Paulo. Na medida do possível, os indicadores são coletados por distrito administrativo (96 distritos, distribuídos nas 31 Sub-prefeituras), já que a cidade apresenta padrões de renda e desenvolvimento díspares, tendo distritos muito próxi-mos às médias européias (no chamado padrão Bélgica) em oposição ao IDH – Índice de Desenvolvimento Humano dos distritos periféricos (próximos ao padrão África).

Este quadro exige a adoção de estratégias e instrumen-tos de análise que permitam observar as diferenças e es-pecificidades locais e a proposição de políticas públicas específicas para cada região.

Atualmente, a equipe da Divisão de Planejamento Am-biental – DPA/SVMA, em parceria com o Centro de Estu-dos da Metrópole – CEM vem trabalhando na atualização dos dados, na validação conceitual e estatística dos in-dicadores e na construção de índices sintéticos urbano-ambientais. Pretende-se editar uma nova publicação no 1º semestre de 2007, apresentando os novos resultados e análises atualizadas.

Para um aprofundamento das informações aqui apresen-tadas, sugere-se acessar os sites: www.prefeitura.sp.gov.br; www.pnuma.org/dewalac/esp; www.cem.org.br; www.ocde.org.

[*] Patrícia Marra Sepe é Geóloga, Mestre em Geociências e Meio Ambiente pela UNESP/Rio Claro, Diretora da Divisão de Planejamento Ambiental da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente – SVMA, da Prefeitura de São Paulo.

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2.2�3ª Sessão Ordinária – 31/0�/20061) TC 4.225.03-702) Interessadas: Subprefeitura de Campo Limpo e ELA – Empreendimentos, Locação e Administração Imobiliários Ltda. – Contr. de 16/06/2003 R$ 3.250.000,003) Objeto: Locação do imóvel localizado na Av. Nossa Se-nhora do Bom Conselho, 5.965, destinada à instalação da sede da Subprefeitura.4) Resultado: Acolhido o Contrato s/nº, de 16/06/2006, ce-lebrado pela Subprefeitura de Campo Limpo, com dispen-sa de licitação, nos termos do artigo 24, inciso X, da Lei Federal 8.666/93.Unanimidade5) Relator: Conselheiro Maurício Faria

2.2�4ª Sessão Ordinária – 14/06/20061) TC 3.259.05-182) Interessadas: Prodam e Computer Associates Pro-gramas de Computador Ltda. – Contr. CO-05.03/05 R$ 2.128.140,72 est.3) Objeto: Licença de uso e manutenção de programas de computador.4) Resultado: Acolhido o Contrato CO-05.03/05, e deter-minado o arquivamento dos autos, após cumpridas as de-mais formalidades.Unanimidade5) Relator: Conselheiro Roberto Braguim

2.2��ª Sessão Ordinária - 21/06/20061) TC 3.575.03-462) Interessadas: SGM e Fundação de Desenvolvimen-to da Pesquisa – Fundep – Contr. 14/2003-SGM R$ 1.900.995,633) Objeto: Serviços técnicos especializados para formação e capacitação dos Delegados e Conselheiros do Orça-mento Participativo, assessoria, consultoria e coordenação acadêmica e técnica para a realização de seminários so-bre democracia participativa e realização de levantamento do perfil dos participantes do OP 2003/2004 e de censo dos delegados e delegadas eleitos(as) no processo do OP 2003/2004.4) Resultado: Julgado regular o Contrato 14/2003-SGM.Unanimidade5) Relator: Conselheiro Eurípedes Sales

2.2��ª Sessão Ordinária - 2�/06/20061) TC 1.805.05-952) Interessadas: SME e Centro Social Nossa Senhora da Penha – Cenha – Acompanhamento da Execução do Con-vênio 002/20043) Objeto: Atendimento aos portadores de necessidades

educacionais especiais, objetivando verificar se o ajuste está sendo realizado de acordo com o estabelecido.4) Resultado: Aprovada a Execução Contratual do Convê-nio 002/2004, atinente ao período examinado e ao valor pago de R$ 452.049,79 (quatrocentos e cinqüenta e dois mil quarenta e nove reais e setenta e nove centavos) e de-terminado à Coordenadora de Convênios, da Secretaria Municipal de Educação, que observe com rigor todas as providências necessárias, para que haja maior acompa-nhamento e efetiva fiscalização dos convênios celebrados.Unanimidade5) Relator: Conselheiro Edson Simões

2.2��ª Sessão Ordinária - 0�/0�/20061) TC 6.486.96-232) Interessadas: Siurb e Construtora Gomes Lourenço Ltda. – TAs 133 e 160/2001 (prorrogações de prazo) e 182/2001 (aprovação de preços extracontratuais)3) Objeto: Construção de galerias de águas pluviais, por processo não destrutivo, poço de bombas e reservatório de regularização, nas marginais do Rio Tietê, sob a ponte da Rodovia Anhangüera.4) Resultado: Julgado regular o Termo Aditivo 133/2001. Por maioria, pelos votos dos Conselheiros Edson Simões – Relator, Eurípedes Sales – Revisor e Roberto Braguim, jul-gados irregulares os Termos Aditivos 160/2001 e 182/2001, em razão de ter o primeiro extrapolado o limite legal de 60 (sessenta) meses e, o outro, por sucedê-lo e também por ter sido lavrado dentro do período da extrapolação contra-tual, contrariado o disposto no inciso II do artigo 57 da Lei Federal 8.666/93, não tendo sido aceitos seus efeitos fi-nanceiros. Vencido, em parte, o Conselheiro Maurício Faria que, consoante voto apresentado em separado, julgou re-gulares os Termos Aditivos 160/2001 e 182/2001. Vencido, também em parte, o Conselheiro Edson Simões – Relator, que aplicou, ao signatário dos aditamentos julgados irre-gulares, a multa de R$ 381,00 (trezentos e oitenta e um reais), com fundamento nos artigos 52, inciso II, e 53 da Lei Municipal 9.167/80.Unanimidade/ Maioria5) Relator: Conselheiro Edson Simões

2.2�0ª Sessão Ordinária - 12/0�/20061) TC 1.538.05-002) Interessadas: Cooperativa de Serviços Múltiplos – Coo-persemo – SME3) Objeto: Representação contra ato da Secretaria, em face da contratação de empresa, através da ATA de RP 008/SE-MAB-DAS/2004, para prestação de serviços de locação de caminhões com baú, destinados ao transporte de materiais para as Unidades da Rede Municipal de Ensino

DECISÕES DO TCMSP

Decisões do Tribunal de Contas do Município de São Paulo

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A palestra proferida pelo secretário muni-cipal de Finanças de

São Paulo, Mauro Ricardo Machado Costa, no dia 28 de novembro, sobre “Plane-jamento Estratégico e Finanças Públicas” foi assistida por cerca de 140 servidores do TCM, no plenário da instituição. O presidente do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, Antonio Carlos Caruso, na abertura do encontro, agradeceu o secretário que, com sua palestra, compareceu ao Tribunal para levar ao conhecimento dos técnicos da instituição, o trabalho desenvolvido em sua gestão frente a Secretaria Municipal das Finanças. O presidente Caruso disse acreditar terem sido muitas as dificuldades enfrentadas por Machado Costa durante o tempo em que dirigiu a secretaria, diante do tamanho do município de São Paulo, com um orçamen-to que supera o da maioria dos estados brasileiros, destinado a atender as suas também gigan-tescas carências. Destacou ainda o presidente que o secretário re-velou, ao longo de sua administra-ção, ser profundo conhecedor de economia, com uma visão muito realista das questões paulistanas e que promoveu profundas trans-formações em sua secretaria. O vice-presidente do TCM, Ed-son Simões, o subsecretário de Fiscalização e Controle, Lívio Mário Fornazieri, o chefe de gabinete da secretaria municipal de Finanças, Celso Tadeu de Azevedo, o subsecretário do Tesouro Municipal, Walter Fazterra e o chefe da assessoria econômica da secretaria de Finanças Walter Aluisio, também prestigiaram o evento.No início de sua palestra, o secretário de Finanças exter-nou sua satisfação em ministrar palestra no TCM e disse nutrir uma grande admiração pelo trabalho técnico de con-trole externo e interno, essenciais, segundo destacou, para o sucesso de qualquer administração.

Para o secretário, a expe-riência frente a secretaria municipal de Finanças lhe proporcionou uma visão muito próxima das priori-dades que a cidade tem

e da imensidão de problemas que a envolvem. “Aqui na prefeitura a gente está muito mais próximo da população e de seus problemas. Nós temos a oportunidade de obser-var, inclusive, reação imediata da população em relação às decisões que são tomadas pelo município”, explicou o secretário. Machado, que assume a partir do próximo mês de janeiro, a Secretaria de Finanças do governo do Estado, indicado pelo governador José Serra, disse que sua inten-ção é promover a integração cada vez maior entre o estado e o município e assim proporcionar ajuda principalmente

para a infra-estrutura da cidade e para melhorar a qualidade de vida dos paulistanos. Em sua palestra Ricardo Costa discorreu sobre a importância de se ter um planejamento estraté-gico para que se possa prever com exatidão como o município pode prover os recursos financei-ros necessários ao atendimento das necessidades dos cidadãos. O secretário lembrou que, antes de tudo, é essencial haver com-patibilidade entre o compromis-so e a disponibilidade financeira para honrar este compromisso.

O secretário apresentou, ao longo de duas horas de pa-lestra e de debates, quais foram as ações implementa-das pela municipalidade e quais os resultados obtidos até agosto deste ano. Para isto, detalhou a situação financeira encontrada quando o então prefeito José Serra assumiu a Prefeitura, o ajuste fiscal realizado, ações para a redução de despesas, para renegociação de dívidas e para a am-pliação da receita e os resultados alcançados, assim como os desafios que ainda se apresentam para a administração municipal.

Secretário Municipal faz palestra sobre finanças públicas no TCMSP

N O T A S

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É uma publicação do Tribunal de Contas do Município de São Paulo. Av. Prof. Ascendino Reis, 1.130 • CEP: 04027-000 • Tel: (11) 5080-1012 Site: www.tcm.sp.gov.br • E-mail: [email protected]• Presidente: Cons. Antonio Carlos Caruso • Vice-presidente: Cons. Edson Simões • Conselheiro-Corregedor: Roberto Braguim• Conselheiros: Eurípedes Sales e Maurício Faria• Reportagem, fotos e revisão: Viviane Batista e Nadia Carlin• Edição: Assessoria de Imprensa do TCMSP. Jornalista Responsável: José Fernando Lefcadito Alvares - MTB 11.897• Impressão: CompanyGraf e Gráfica do TCMSP

Em 1993, um grupo de servidores do Tribunal, interessado em promover uma integração entre os colegas das várias áreas da instituição, teve a idéia de criar um coral. A servidora da Coor-denadoria VI, Maria Dolores Gonçalves, que participa do Coral dos Servidores do TCM desde o seu início, lembra que o grupo buscava uma atividade cultural que pudesse acontecer durante o horário de almoço e aproximasse os colegas. “Assim surgiu o nosso coral, com a finalidade de descontrair, relaxar e integrar pessoas”, afirmou Maria Dolores.Treze anos depois, o coral alcançou uma qualidade musical que lhe permite participar, sempre com atuações muito aplaudidas, de diversos eventos dentro e fora da instituição. Há oito anos or-ganiza um encontro de corais que se reúnem no plenário do TCM uma vez por ano, com o objetivo de promover um intercâmbio entre grupos vocais de nível. O maestro William Guedes, formado em composição e regência pela UNESP e dirigente do Coral dos Servidores do TCM desde a sua criação, lembra que os objetivos de descontrair e integrar ainda permanecem os mesmos, mas a técnica vocal e a percep-

Grandes apresentações marcaram o VIII Encontro de Co-rais, que ocorreu no dia 23 de novembro. Todos os corais foram muito aplaudidos apresntando repertório variado,

com músicas clássicas e populares. A abertura foi feita pelo pre-sidente Antonio Carlos Caruso, acompanhado do Superintenden-te do Departamento da Polícia Federal de São Paulo, Geraldo José de Araújo. O presidente do TCM agradeceu a presença de todos os grupos e destacou a importância da música na vida das instituições e das pessoas. O primeiro coral a se apresentar foi o dos servidores do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, sob a regência de William

VIII Encontro deCorais do TCMSP

Coral e Camerata da Polícia Militar do Estado de São Paulo Coral da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo

Coral Canto em Cena do SESC-SP

Guedes. Logo em seguida, apresentaram-se o coral dos servidores do departamento da Polícia Federal de São Paulo, com a regência de Fábio Maciel da Silva e Alessandra Mesquita Freddi como pianis-ta; coral da Guarda Civil Metropolitana, tendo como regentes, José Carlos Milanez e Davi Bastos; coral Canto em Cena, com Sheila e Solange Assumpção e o Coral e Camerata da Polícia Militar de São Paulo, sob regência do segundo tenente músico, PM Ismael Alves de Oliveira.Ao final do encontro, houve a entrega de certificados de participa-ção a todos os grupos, seguido de um coquetel de encerramento.

CORAL DO TRIBUNAL DE CONTAS EXISTE HÁ 13 ANOSção musical do grupo evoluíram muito, o que possibilita a apresen-tação em eventos e a participação em encontros. “Atualmente, o coral tem um trabalho musical que lhe permite desempenhar um repertório variado que inclui músicas de Natal, canções populares e música sacra”, explicou o maestro.Segundo Guedes, o desenvolvimento do coral se explica principal-mente por dois fatores. O primeiro está relacionado ao horário de almoço comum do grupo, o que facilita a freqüência para ensaios. O segundo ponto refere-se ao apoio, ao respeito e à valorização por parte dos funcionários e da presidência do Tribunal.“Entre as minhas experiências como regente, essa é uma das mais bem sucedidas porque o grupo tem um horário fixo para o ensaio e, principalmente, porque a presidência e os servidores nos apóiam e incentivam. O coral existe e tem essa trajetória ininterrupta de tre-ze anos graças ao empenho das pessoas e ao ambiente propício e de muito respeito”, afirmou o maestro. “A presidência nos convi-da para diversos eventos e temos a condição técnica para assumir esse compromisso com a instituição e também de representá-la em eventos fora daqui”.