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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
PELO CONTROLE SOCIAL DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO.
TACIANE LETICIA ALVES DA SILVA
MÉLKER QUEIROS
DANILO AMORIM
2010/1
INTRODUÇÃO
Nenhum assunto na atualidade causa mais discussão e recebem mais críticas que a Democratização
dos meios de comunicação. No entanto, tal assunto é tratado apenas como assunto de discussão em
congressos e encontros governamentais, nada é feito para mudar o quadro atual.
Nunca foi tão importante que a sociedade como um todo, una-se para exigir que um real controle seja
feito nos meios de comunicação em massa.
Apenas quando todos nós, entendermos que esse papel é individual e que a união de todos fará a
diferença, só assim poderemos exigir uma reformulação do programas e atrativos que esses meios nos
proporciona.
Neste trabalho iremos discutir um pouco de como colocarmos em pratica esse controle e como,
enquanto cidadãos, exigir qualidade nas informações que nos são fornecidas através dos meios de
comunicação.
Definindo Controle social dos meios de comunicação.
Controle social: é a capacidade de uma sociedade em regular os temas que para ela são
essenciais. Para isso, ela precisa de mecanismos formais e processos sociais amplos. É
participação social na concepção, gestão e fiscalização das políticas públicas da área,
regidas por um marco legal coerente e construído de forma transparente e democrática.
O controle parte da sociedade e tem incidência no padrão de intervenção do Estado nos temas da
comunicação, com vistas a regular também a relação dos setores privados com a sociedade em geral.
É falso dizer que Controle Social é feito em espaços criados por iniciativa publica, como Conselhos ou
Ministérios, pois a formalidade restringe e reduz a possibilidade de entender o que se precisa ser
controlado.
Controle Social não é apenas classificar as emissoras acusando se a emissora A, B ou C tem
vinculado cenas de corpos nus, ou se a propaganda vinculada é própria ou não. É muito alem disso,
esta relacionado com o conjunto de idéias que circulam nos meios de comunicação e que podem
atravessar a constituição autônoma dos sujeitos democráticos.
A estética de referência da nossa sociedade é ditada pela mídia. A sociedade pode questionar que
sejam os meios de comunicação que assumam este papel. O desafio não é apenas dizer às grandes
emissoras de TV que têm de produzir um número de horas de programação nacional. O desafio mais
importante é fazer com que a mídia esteja a serviço da construção do país. É legítimo que uma
sociedade queira acompanhar o que é veiculado nos meios de comunicação social, percebendo os
efeitos desse conteúdo na produção de existência da sociedade e as implicações desse conteúdo no
cotidiano brasileiro.
Controle social é o exercício de organização da sociedade para que, como sociedade, faça com que os
meios de comunicação possam desenvolver caminhos estéticos, representacionais, que tenham a ver
com as nossas vidas.
Definindo “Meios”
“Meios” é um termo antigo em muitos sentidos. Um “meio” é um agente de transmissão em sentido
estrito. Os antigos achavam que o universo era formado por meio do éter. Para que se entenda melhor:
o ar ou a água é um meio. Nesse sentido, um meio de transmissão - ou comunicação - é um agente
neutro.
O uso moderno apropriou-se do termo com o significado de meios de comunicação. Ainda que
atualmente considerássemos o livro ou a imprensa como meios, o termo tomou relevância com o
surgimento da comunicação a longa distância mediante a tecnologia - ou a telecomunicação. A
telegrafia foi o primeiro meio de comunicação verdadeiramente moderno, depois rapidamente vieram a
telefonia, o rádio, a televisão, a transmissão por cabo e satélite e, obviamente, a Internet. Todo este
desenvolvimento aconteceu nos últimos 150 anos; a maior parte durante o último século e a Internet na
década passada.
No decorrer do avanço da tecnologia, cada nova geração de meios de comunicação trouxe consigo sua
carga de utopias de criação de espaços públicos de interação participativa entre cidadãos informados
usando o direito à palavra. Todo novo meio de comunicação constitui, ao mesmo tempo, o ponto de
disputas entre lógicas sociais a cargo do Estado, do mercado e da sociedade civil.
Historicamente, as lutas pela liberdade de imprensa, e a liberdade de expressão que ela implicava
nesse momento, estimularam e participaram das grandes batalhas democráticas contra a censura, os
direitos humanos, a escravidão, etc. Estas lutas contribuíram em grande medida à elaboração e à
fundação de nossas democracias e dos princípios e legislações que prevalecem atualmente em termos
de direitos à informação e à comunicação. Ao mesmo tempo, conseguiram modelar uma intersecção
de espaços mediáticos na qual coexistem diversas formas de meios de comunicação e instituições
mediáticas.
Hoje, consideramos os meios de comunicação como instâncias da comunicação em massa, ou seja, a
imprensa, a rádio e a televisão em suas acepções públicas, privadas ou comunitárias. Trata-se de
mecanismos que permitem a disseminação em massa de informação facilitando a construção de
consensos sociais, a construção e a reprodução do discurso público e certos níveis de interação,
principalmente dos novos meios independentes, alternativos e comunitários.
Mitos e equívocos
Ao contrario do que a maioria acredita Controle social não é censura! Questionamentos às demandas
por controle social costumam chamá-lo de censura.
Rejeitamos esta visão, pois alguém sempre toma decisões sobre o comportamento dos meios e o que
se quer com o controle social é que as decisões sejam públicas e permeáveis à sociedade.
No Brasil, até agora, essas decisões vêm sendo tomadas em caráter privado e sem maior
obrigatoriedade de prestação de contas. Uma instância social reconhecível e com credibilidade terá
condições de examinar a relação dos meios com a circulação de informações e verificar a adequação
do comportamento desses meios tendo parâmetros de avaliação construídos publicamente, em
processos transparentes de negociação.
Além do mais, estamos tratando de instância que vão atuar depois disso, o que não poderia ser
considerado censura. Controle social não interfere na prática dos profissionais!
Os Conselhos de Psicologia também rejeitam a tese de que o controle social vá interferir na prática dos
profissionais envolvidos na produção e circulação de informação e bens culturais. O controle será
exercido de forma sistêmica e não sobre o comportamento de cada profissional. Do mesmo modo que
no Sistema Único de Saúde não há interferência sobre o processo de diagnóstico em cada consulta
realizada ou sobre a forma de prestação de serviços de qualquer um dos profissionais da área da
saúde.
Não é aceitável que o interesse comercial dos proprietários dos meios seja o mais valioso no processo
de circulação de informação. O caráter de necessidade social que reveste a produção e a circulação da
informação obriga a que o interesse social prevaleça nesse espaço. O interesse comercial, ainda que
possa ser aceito como parte do processo, não pode sobrepujar o interesse social. Pelo contrário, o
interesse comercial precisa ser subordinado ao interesse social, o que será também papel das
instâncias de controle social garantir.
Mas como fazer o Controle Social Acontecer de Fato?
Essa resposta ainda está sem resposta, ainda necessita muito estudo e debate, mas temos algumas
idéias que podem funcionar...
É preciso garantir a diversidade de formas de organização do controle social, segundo as
características da população interessada e do meio em questão.
Instâncias de controle são necessárias para a efetividade de qualquer política pública.
Precisaremos estabelecer instâncias socialmente reconhecíveis e com credibilidade. No Brasil
contemporâneo, essas instâncias têm tomado a forma de conselhos. Quaisquer conselhos
deverão atender à norma de participação majoritária da sociedade civil em sua concepção. Isto
não significa restringir o papel do Estado nesse processo, mas apontar um norte para sua
atuação como gestor e mediador desses processos.
As instâncias criadas deverão ter como atribuição a produção de debate social sobre as formas
adequadas de exercer controle social sobre cada tipo de meio de comunicação.
As instâncias precisam ter garantia legal para uso de formas alternativas para acompanhar o
comportamento dos veículos de comunicação e das diferentes dimensões percebidas pela
sociedade no tema da comunicação. Por exemplo, a campanha “Quem financia a baixaria é
contra a cidadania” deveria ser considerada organismo vinculado à instância de controle social
e manter suas atividades e autonomia. Outro exemplo: a instância definida deveria ter em seu
regimento a abertura continuada para mobilizações organizadas no seio da sociedade civil,
mesmo que voltadas a temas pontuais no tema da comunicação.
Será preciso ir além do formalismo de mecanismos que corram o risco de se tornarem
engessados.
Qual o papel do CONAR?
Existe um órgão de fiscalização que faz uso do “controle social” das mídias, porém sua atuação se restringe na propaganda comercial vinculada dos meios de comunicação em massa.
O CONAR – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária – tem como principal objetivo impedir que a publicidade enganosa ou abusiva cause constrangimento ao consumidor ou as empresas.
Constituído por publicitários e profissionais de outras áreas, o CONAR é uma organização não-governamental que visa promover a liberdade de expressão publicitária e defender as prerrogativas constitucionais da propaganda comercial. Sua missão inclui principalmente o atendimento a denúncias de consumidores, autoridades, associados ou formuladas pelos integrantes da própria diretoria. As denúncias são julgadas pelo Conselho de Ética, com total e plena garantia de direito de defesa aos responsáveis pelo anúncio. Quando comprovada a procedência de uma denúncia, é sua responsabilidade recomendar alteração ou suspender a veiculação do anúncio. O CONAR não exerce censura prévia sobre peças publicitárias, já que se ocupa somente do que está sendo ou foi veiculado. Mantido pela contribuição das principais entidades da publicidade brasileira e seus filiados, anunciantes, agências e veículos.
Objetivos sociais do CONARArtigo 5º
I. Zelar pela comunicação comercial, sob todas as formas de propaganda, fazendo observar as normas do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, que prevalecerão sobre quaisquer outras. II. Funcionar como órgão judicante nos litígios éticos que tenham por objeto a indústria da propaganda ou questões a ela relativas. III. Oferecer assessoria técnica sobre ética publicitária aos seus associados, aos consumidores em geral e às autoridades públicas, sempre que solicitada. IV. Divulgar os princípios e normas do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, visando a esclarecera opinião pública sobre a sua atuação regulamentadora de normas éticas aplicáveis à publicidade comercial, assim entendida como toda a atividade destinada a estimular o consumo de bens e serviços, bem como promover instituições, conceitos e ideias. V. Atuar como instrumento de concórdia entre veículos de comunicação e anunciantes, e salvaguarda de seus interesses legítimos e dos consumidores. VI. Promover a liberdade de expressão publicitária e a defesa das prerrogativas constitucionais da propaganda comercial.
Muito embora o órgão trabalhe pela regulamentação dos meios de comunicação, seu principal foco não é o controle social na visão ampla do assunto, pois atua apenas na regulamentação das propagandas comerciais vinculadas nas grandes mídias.
Comunicação é um direito, um instrumento de cidadania.
No Brasil, a informação sempre foi tratada como um item de consumo não essencial. Essa visão fez
com que o acesso à comunicação fosse visto como algo individual: os interessados deveriam assumir a
responsabilidade de ter acesso; de avaliar o “produto” que recebem e, individualmente, decidir se
querem ou não mudar de canal ou desligar a TV, o rádio; e a comunicação é vista a partir do seu
interesse comercial.
Essa perspectiva necessariamente muda quando a informação e o acesso a ela são percebidos como
uma necessidade, essenciais para a formação dos cidadãos, para a circulação de conhecimento e
idéias nas sociedades contemporâneas, para a produção de parâmetros e referências de vida e, em
algumas situações limite, como condição para garantir a sobrevivência dos cidadãos.
A necessidade de acesso à informação tem maior semelhança com a necessidade de acesso à saúde
ou à educação do que com o acesso a bens ou a produtos que encontramos à venda no
supermercado. A informação é tão essencial como a água potável, que não pode ser tratada do mesmo
modo que um produto sem o qual se possa viver.
Se o acesso à informação corresponde a uma efetiva necessidade humana e cidadã, e se esse acesso
é reconhecido como tal na sociedade ocidental contemporânea, parece justo que ocorra controle da
sociedade sobre as suas fontes e modos de circulação. Não se pode admitir que o critério de sua
adequação seja a satisfação imediata e individualizada. Não se pode admitir que sua circulação seja
enquadrada de forma restrita aos limites dos interesses comerciais dos diretamente envolvidos.
É nesse momento que o Controle Social entra desempenhando seu papel, fazendo com que a
informação fornecida por esses meios de comunicação, tenha realmente a importância que todos
necessitam. Que essas informação, lhes tragam conscientização daquilo que realmente faz parte do
seu cotidiano, que lhes mostre a vida da forma como se é vivida in loco, não da forma que hoje é
mostrado nas novelas e filmes, uma realidade distante e aquém daquela que se vê nas ruas por onde
andam.
Conclusão
O sucesso do Controle Social e sua implantação de fato na cultura brasileira, depende única e
exclusivamente de todos os cidadãos desse país, bastando apenas que levantem sua voz e gritem
unidos por uma reformulação dos meios de comunicação.
Porem não se deve eximir o governo de prover maior educação, saúde e bem estar à população para
que tenha seu nível social elevado, pois apenas assim poderá discernir o que deve ou não ser
vinculado nas mídias.
Oferecer ao Brasileiro a oportunidade de conhecer seu próprio país, em todas as suas belezas e
qualidades, poder conhecer as culturas que enriquecem a sua própria individualidade, poder ser um
brasileiro de fato.
A oportunidade de ter voz ativa e poder ser ouvido é a maior vitória que um cidadão poderá conseguir
em um país culturalmente controlado por minorias. Isso seria Controle Social – a sociedade fazendo o
controle daquilo que ela mesma quer ou não consumir, ver, ouvir e ler.
Referencias:
Paula, Eliane Silva de. Publicidade e controle social: o papel do Conselho Nacional de
AutoRegulamentação Publicitária. Soc. Estado (online). 2005,
Ambrosi, Alain – Peugeot, Valérie – Pimenta, Daniel – Desafios de Palavras – enfoques multiculturais
sobre as sociedades da informação, C&F editions – 2005.
http://vecam.org/article684.html
http://comunicacao.pol.org.br/controle-social.html