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Versão Publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS Rua dos Andradas, 1270/133 - CEP 90.020-008 Ano 22 - Nº 142 - Novembro/Dezembro de 2014 - Porto Alegre dos Jornalistas www.jornalistas-rs.org.br TELEVISÃO PÚBLICA Qualificação de pessoal e parcerias no atual momento da TVE Lauro Hagemann: a voz do rádio e dos trabalhadores nos sindicatos Entidade denuncia terceirização, demissões e prática irregular de estágio PERFIL SINDICATO Página 6 Página 3 O que fazer na hora de parar? APOSENTADORIA FOTO: REPRODUÇÃO/SXC.HU FOTO: ANSELMO CUNHA FOTO: ARQUIVO PESSOAL Matéria esclarece dúvidas sobre o tema. Projeto de lei prevê aposentadoria especial para repórteres fotográficos e cinematográficos. Na foto (E) colete nowbomb, usado para distribuir o peso da câmera e das lentes pelo corpo Página 7 Páginas 4 e 5

Versão dos Jornalistas - Edição 142

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A última edição de 2014 do Versão dos Jornalistas traz como matéria principal o tema aposentadoria, explicando alguns tópicos que geram dúvidas nos trabalhadores e informações específicas para jornalistas, como a antiga aposentadoria especial e um projeto de lei que tramita na Câmara Federal propondo mudanças no regime para repórteres fotográficos e cinematográficos. Na página do Sindicato há informações sobre processos e denúncias contra empresas de comunicação e homenagem ao reconhecimento da sociedade a duas diretoras da entidade. A edição tem também uma matéria sobre a TVE e FM Cultura e a concepção quanto ao caráter das emissoras, ligadas ao governo estadual. E no perfil, o resgate da história de Lauro Hagemann, importante jornalista, locutor e sindicalista gaúcho.

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Novembro/Dezembro de 2014 1

Versão Publicação do Sindicato dos Jornalistas Profi ssionais do RSRua dos Andradas, 1270/133 - CEP 90.020-008Ano 22 - Nº 142 - Novembro/Dezembro de 2014 - Porto Alegre

dos Jornalistaswww.jornalistas-rs.org.br

televisão pública

Qualifi cação de pessoal e parcerias no atual momento da TVE

Lauro Hagemann:a voz do rádio e dos trabalhadores nos sindicatos

Entidade denuncia terceirização, demissões e prática irregular de estágio

perFilsindicato

Página 6Página 3

O que fazer na hora de parar?APOSENTADORIA

Foto: reproduÇÃo/sXC.Hu

Foto: anselmo CunHa

Foto: arQuiVo pessoal

Matéria esclarece dúvidas sobre o tema. Projeto de lei prevê aposentadoria especial para repórteres fotográficos e cinematográficos. Na foto (E) colete nowbomb, usado para distribuir o peso da câmera e das lentes pelo corpo

Página 7

Páginas 4 e 5

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Novembro/Dezembro de 20142

Versão dos Jornalistas é uma publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS). Rua dos Andradas, 1270/133 – Centro Histórico – Porto Alegre, RS – CEP 90020-008Fones: (51) 3226-0664 - www.jornalistas-rs.org - [email protected]

Edição: Jorge CorreaEdição executiva e reportagem: Bruna Fernanda SuptitzEdição de Fotografia: Robinson EstrásulasDiagramação: Luís Gustavo Schuwartsman Van OndheusdenImpressão: Gráfica PioneiroTiragem: 5 mil exemplares

Diretoria ExecutivaPresidente - Milton Simas1º Vice Presidente - Luiz Armando Vaz2ª Vice Presidenta - Vera Daisy Barcellos1º Secretário – Ludwig Larré2ª Secretária – Márcia de Lima Carvalho1º Tesoureiro – Robinson Luiz Estrásulas2º Tesoureiro - Renato BohuschSuplente - José Maria Rodrigues NunesSuplente – Luiz Salvador Machado Tadeo

Diretoria GeralCelso Antonio Sgorla, Fernando Marinho Tolio, Carlos Alberto Machado Goulart, Cláudio Fachel Dias, Elson Sempé Pedroso, Mauro Roberto Lopes Saraiva Junior, Léo Flores Vieira Nuñez, Alan da Silva Bastos, Jeanice Dias Ramos, Jorge Luiz Correa da Silva, Márcia Fernanda Peçanha Martins, Ana Rita Marini, Clarissa Leite Colares, Neusa Teresinha Nunes, Pedro Luiz da Silveira Osório

Conselho FiscalCelso Augusto Schröder, José Carlos de Oliveira Torves, Antonio Eurico Ziglioli Barcellos, Adroaldo Bauer Spindola Correa, Cláudio Garcia Machado

Comissão de ÉticaAntônio Silveira Goulart, Antônio Carlos Hohlfeldt, Carlos Henrique Esquivei Bastos, Cristiane Finger Costa, Flávio Antônio Camargo Porcello, José Antônio Dios Vieira da Cunha, Celestino Meneghini, Edelberto Behs, Sandra de Fátima Batista de Deus, Marcos Emilio Santuário, Moisés dos Santos Mendes

Versãodos Jornalistas

Filiado:

orçamento

editorial

Um ano de lutas e conquistas

Foi realizada no dia 11 de dezembro assembleia geral de previsão orçamentária para 2015 do Sindicato dos Jornalis-tas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS). No en-contro, a diretoria apresentou o balanço financeiro de 2014 e a projeção de investimentos para o próximo ano em áreas como estrutural, pessoal e campanha de negociação coletiva.

Na ocasião colocou-se em pauta a cláusula 40ª do acordo coletivo dos jornalistas (contribuição confederativa), abrin-do votação para a possibilidade de jornalistas sindicalizados optarem por aceitar ou não esse aporte. Para o presidente do Sindicato, Milton Simas, a medida valoriza os colegas as-sociados. “Julgamos que o sindicalizado já contribui para a entidade e queremos que ele possa ter essa oportunidade de decidir se deseja ou não manter essa contribuição”.

Aprovada por unanimidade, a mudança passa a valer a partir do próximo período de contribuição previsto, que será em 2015 em data a ser divulgada com antecedência em nossos veículos de comunicação.

Sindicalizado pode optar por contribuição confederativa

humor de santiago

Estamos encerrando um ano em que a luta pe-los direitos da categoria esteve além da questão salarial. As conquistas podem ser observadas nas cláusulas econômicas e sociais do nosso acordo coletivo, onde os profissionais das redações, asses-sorias de imprensa e serviço público garantiram, além do reajuste da inflação e aumento real, a re-posição do INPC para adicional de viagem e auxí-lio creche, subsídio para fotógrafos que utilizarem equipamento próprio para atividades profissionais e a possibilidade para que jornalista com mais de 50 anos possam dividir as férias em dois períodos.

O ano de 2014 também foi marcado pelo enfren-tamento, por parte do Sindicato dos Jornalistas e de sua base, a graves situações que atingem a cate-goria no dia a dia. Os estudantes, importantes par-ceiros na construção da entidade, tiveram uma rei-

vindicação atendida. O abuso cometido pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação com os estagiários agora é alvo de um processo movido pela entida-de, que pretende com isso garantir que a empresa ofereça condições aos alunos para conciliar a prá-tica profissional com a atividade acadêmica, ambas essenciais para a formação dos bons profissionais que ocuparão o mercado de trabalho no futuro.

Denunciamos a prática da pejotização, realiza-da pelas empresas de comunicação para iludir com a falsa ideia de um avanço salarial sem esclarecer que, com isso, o profissional deixa de ser protegi-do por todos os direitos trabalhistas previstos em lei e também pelo acordo coletivo da categoria. Ao se tornar empresa, o jornalista passa a manter um vínculo de prestador de serviço com quem o con-tratou. Seguir trabalhando como empregado nessa

condição constitui uma prática ilegal.Igualmente preocupante é a situação das demis-

sões de jornalistas realizadas em grande quantida-de por grupos de comunicação do nosso Estado. Para todos os casos, o Sindicato reitera seu com-promisso em defesa dos interesses da categoria e se coloca a disposição para prestar os esclareci-mentos que for preciso para o início de uma nova fase profissional na vida destes colegas.

Para 2015, a diretoria e os funcionários do SINDJORS desejam a todos um ano de conquis-tas e união da categoria, para que juntos possamos avançar ainda mais na valorização dos profissio-nais de comunicação.

Milton SimasPresidente do SindjorS

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sindicato

Uma denúncia contra o Grupo RBS de Co-municação foi protocolada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) junto à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no início de dezembro. No ofício são informadas as demis-sões imotivadas e a terceirização do trabalho de jornalistas. A maioria dos casos é coagida a pedir desligamento da sua função e passa a prestar serviço para a empresa como Pessoa Jurídica (PJ).

O presidente do SINDJORS, Milton Simas, aponta essa situação como prejudicial para a categoria e para as relações trabalhistas, pois os profissionais sem carteira assinada per-dem direitos básicos como 13º salário, férias e FGTS. “O sindicato não é contrário ao trabalho como pessoa jurídica, mas é contra o artifício utilizado pelas empresas para burlar os direi-tos trabalhistas e precarizar o serviço do jor-

nalista”, afirma Simas. Em agosto, o Sindicato já havia tratado do tema quando, através de representação junto ao Ministério Público do Trabalho, se manifestou contrário às arbitrá-rias demissões praticadas pelo grupo.

No mês de novembro, o presidente do SINDJORS participou de audiência no Mi-nistério do Trabalho, em Brasília, acompa-nhado de representantes do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina e da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). Foi pedi-do o corte das isenções fiscais de empresas que promovem demissões sem justa causa. Segundo estudos do Dieese, a lei de deso-neração da folha de pagamento representou uma redução de custos média de 8,48% pelas empresas jornalísticas. Também foi solicita-do que o Ministério do Trabalho e Emprego convoque a direção do Grupo RBS para dar explicações.

Demissões no Grupo Sinos

Em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, a diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissio-nais do Rio Grande do Sul, Jeanice Dias Ramos (foto), foi homenageada pela Assembleia Legisla-tiva do Estado com o Prêmio Zumbi dos Palmares 2014, concedido personalidades e entidades reco-nhecidas por suas atuações em prol das comunida-des afrodescendentes.

Jornalista diplomada, Jeanice recebeu o desta-que na categoria Área Social por sua relevante atu-ação no fomento das discussões étnico-raciais junto à categoria, bem como no campo social, com ênfa-se na área de comunicação, culminando em ações de promoção de igualdade racial. Uma delas foi a criação do Núcleo de Jornalistas Afrobrasileiros.

Entidade denuncia terceirização

A nova diretoria do Conselho Municipal dos

Direitos das Mulheres (Comdim) de Porto Alegre

tomou posse no dia 10 de dezembro, Dia Internacio-nal dos Direitos Humanos. A presidenta é Vera Daisy

Barcellos, segunda vice-presidenta do Sindicato

dos Jornalistas Profissio-nais do Rio Grande do Sul. A representação do Sindi-

cato se estende até 2016.O Comdim é um órgão

de caráter permanente, com competência propo-

sitiva, consultiva, fisca-lizadora, normativa e

deliberativa em relação a matérias pertinentes aos

Direitos das Mulheres. Instituído em 1995, o Con-

selho é constituído por sete integrantes do governo e 14 de órgãos e entidades

não-governamentais.

No mês de novembro, o Grupo Editorial Sinos demitiu jornalistas e extinguiu funções, alegando reestruturação da empresa. Agora, os cinco jornais que pertencem ao grupo pas-sam a contar com um único editor-chefe, que atuará na sede da empresa e circulará pelas demais redações. O mesmo esquema foi ado-tado pelo setor de fotografia, que agora tem um profissional em cada jornal e uma central

de imagens com base em Novo Hamburgo. A direção do grupo não confirmou a ocorrên-

cia de novas demissões, e informou que os es-tudos da reforma estão em andamento. Diante deste cenário, o Sindicato dos Jornalistas Pro-fissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) se coloca à disposição dos demitidos para oferecer toda a assistência disponível, e ficará atento ante a possibilidade de novas demissões.

O descumprimento de acordo firmado com o Sindicato dos Jornalistas Profissio-nais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) no que diz respeito ao estágio motivou a enti-dade a mover uma ação contra a Rede Ban-deirantes de Comunicação. Uma audiência de conciliação, realizada em novembro, na 17ª Vara do Trabalho de Porto Alegre, não chegou a um acordo entre as partes por falta de interesse da empresa. O Sindicato reuniu provas que comprovam a prática irregular de estágio e apresentou ao Ministério Públi-co do Trabalho. A entidade aguarda a agen-da de uma nova audiência com o grupo de comunicação.

Ação contra prática irregular de estágio

Vera Daisy preside o ComdimFoto: Jorge Correa

Foto: rita esCobar

Trabalho reconhecido

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direitos do trabalhador

APOSENTADORIA

CaRêNCIa

Para ter direito ao benefício da aposentadoria e adquirir a condição de segurado, o trabalhador precisa ter realizado 180 contribuições mensais seguidas, chamada de carên-cia. Caso o profissional fique sem trabalhar por um ano ou mais, é permitido que nesse período ele realize a contribuição como facultativo, a fim de não perder o vínculo com a previdência. O mesmo vale para jornalistas que trabalham como autônomos. Nestes casos, cada um pode escolher sobre qual valor irá contribuir, considerando os valores do mínimo e do teto da previdência. Se a interrupção passar de um ano, será preciso voltar a somar os 180 meses de contribuição para requisitar a aposentadoria. As contribuições anteriores e o tempo de serviço não perdem a validade para o cálculo, mas o período dei-xa de ser somado à condição de segurado necessária para solicitar a aposentadoria.

JORNalISTaS Em SITuaçãO ESPECIal

Os jornalistas, que hoje contribuem para o re-gime geral do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pertenciam até 1997 a um grupo que con-tribuía para receber aposentadoria especial, pois o Jornalismo era considerado uma atividade com atribuições específicas. Desde então, algumas ações foram movidas na justiça por profissionais que co-meçaram a contribuir antes da alteração da lei, considerando para isso o período de transição para a sua aplicação.

A partir deste quadro, observam-se casos de jornalistas que estão se aposentando agora e que contribuíram antes da revogação da lei anterior, datada de 1959. Porém, não com o tempo conside-rado suficiente para que sejam atendidos pelo an-tigo regime (período de contribuição pelo menos três vezes maior do que o período que falta para se aposentar). Conforme Anna, profissionais que exerciam funções consideradas insalubres ou pe-rigosas, caso de fotógrafos que trabalhavam com revelação, podem requisitar hoje a aposentadoria especial devido ao tipo de atividade exercida.

PiSo E tEto

O regime geral do INSS pre-vê o salário mínimo nacional como piso para a aposentadoria e um teto que hoje está em R$ 4.390,24, reajustado anualmen-te com base no INPC. Portanto, para o profissional que recebe um salário acima desse valor e quiser manter o mesmo padrão de vida após a aposentadoria, a orientação da Anna é buscar um plano de aposentadoria comple-mentar. Já quem recebe menos que o teto pode complementar a renda da aposentadoria contri-buindo como facultativo para o próprio INSS. “Isso mostra que o jornalista está cuidando dos seus interesses, ainda mais nessa ati-vidade em que é muito comum o profissional atuar como freelan-cer”, explica a advogada.

mODalIDaDES DE aPOSENTaDORIa

Os caminhos para a

- Por tempo de contribuição/serviço: período de 25 anos de contribuição para mulheres e 30 anos para homens, desde que tenham cumprido a carência (180 contribuições seguidas). Se, além do tempo míni-mo de serviço, o segurando cumprir o requisito de ida-de (60 anos para mulheres e 65 para homens), pode

solicitar a aposentadoria com provento integral.- Por idade: homens com 65 anos de idade e mu-

lheres com 60 anos de idade, desde que tenham cum-prido a carência (180 contribuições seguidas). Os se-gurados que não conseguirem completar o tempo de contribuição para a aposentadoria por contribuição

poderão se aposentar por idade.- Invalidez – é quando acontece um acidente de

qualquer natureza e a pessoa se torna incapaz para atu-ar naquela atividade. Não importa a idade nem o tempo de contribuição e é a mais flexível justamente para com-pensar a perda que a pessoa tem na vida pessoal.

O assunto é de interesse de todos os trabalhadores. Pode parecer difícil de entender para alguns, outros podem pensar que não têm necessidade de se preocupar com o tema, com o argumento de que a responsabilidade é do empregador. Porém, a

aposentadoria atinge diretamente a vida profissional e pessoal de todos e merece atenção especial para algumas informações que interferem no valor do benefício e tempo de contribuição do segurado. Para esclarecer alguns pontos que geram

dúvidas em muitos colegas, o Versão do Jornalistas ouviu a advogada trabalhista Anna Marimon, assessora jurídica do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, e divide com a categoria as orientações sobre o tema.

Anna explica que aposentadoria espeial considera fragilidades da profissão

Foto: bruna Fernanda suptitz

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Na campanha eleitoral de 2008, o repórter-fo-tográfico Mauro Vieira viu repetir-se uma cena que já havia acontecido pelo menos duas vezes antes. O deputado federal Marco Maia (PT) pediu sua câme-ra emprestada para registrar o trabalho da impren-sa. Ao devolver, fez um comentário sobre o peso da máquina.Vieira então colocou a bolsa com o restan-te do equipamento em seu ombro para que ele per-cebesse que o peso é ainda maior. “A categoria tinha que pressionar sobre essa questão, então aproveitei para dar essa direta”, comenta o profissional.

O político gaúcho entendeu o pedido do jornalis-ta. “Em uma das minhas atividades no Rio Grande do Sul pude pegar um desses equipamentos e perce-

bi o quão pesados são”, declarou Marco Maia sobre o episódio. A partir dessa situação, foi elaborado o Projeto de Lei 6781/2010, que prevê, entre outros pontos, a aposentadoria especial após 30 anos de serviço, pagamento de adicional para fotógrafos, cinegrafistas e outros funcionários de empresas de comunicação que, em atividade externa, precisem carregar ou apoiar sobre os ombros equipamentos que pesem acima de três quilos e avaliações de saú-de periódicas. “Este projeto de lei foi apresentado para reparar uma injustiça, pelo peso dos equipa-mentos e pelas horas que são carregados nos om-bros”, destaca.

Fotojornalista há 17 anos, Luciano Lannes conta

que logo no início da carreira percebeu a necessida-de de praticar algum esporte para corrigir os possí-veis problemas causados pelo peso do equipamen-to. “Não me desfaço do equipamento em nenhum momento durante a pauta. Às vezes chego a passar o dia inteiro com a câmera no pescoço”, conta. A colega no setor de fotografia na Prefeitura de Porto Alegre, Cristine Rochol, utiliza um colete especial chamado nowbomb, criado para que estes profissio-nais possam equilibrar o peso do equipamento pelo corpo. “O kit básico do fotógrafo pesa em torno de seis quilos. Infelizmente nem todas as pessoas têm condições de praticar algum tipo de exercício”, co-menta.

EstabilidadE dE 30 mEsEsA convenção coletiva de trabalho do Sindicato dos Jornalistas

Profissionais do Rio Grande do Sul prevê que, no período de 30 meses que precedem a data de obtenção da aposentadoria por tempo de serviço, o empregado tem garantido seu emprego ou sua remuneração. Para isso, é necessário apresentar ao setor de recursos humanos da empresa, durante os primeiros 30 dias deste período, a documentação que comprove o preenchimento desta condição.

atEnçãoPassado o primeiro mês que precede os dois anos e meio da

estabilidade prevista, não há mais como solicitar esse direito. Portanto, o ideal é que o trabalhador organize os documentos antes mesmo deste período.

PaRa quE SERvE E COmO É CalCulaDO O FaTOR PREvIDENCIáRIO

O fator previdenciário é aplicado para cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição e por idade, sendo opcional no segundo caso. Leva em consideração questões financeiras e atuariais contextualizadas e foi cria-do com o objetivo de equiparar a con-tribuição do segurado ao valor do be-nefício. A lógica da fórmula de cálculo do fator previdenciário leva em conta 80% dos maiores salários de contri-buição de cada pessoa, e os salários mais baixos são descartados.

REvISãO DE bENEFíCIO

Caso a pessoa não con-corde com o cálculo que foi feito, o prazo para discutir revisão da apo-sentadoria é de dez anos, a partir da data de conces-são do benefício.

Projeto prevê regime especial pararepórteres fotográficos e cinematográficos

O repórter-fotográfico Mauro Vieira (E) foi porta-voz dos colegas de profissão e alertou o deputado federal Marco Maia (D) para o peso do equipamento que carrega no dia a dia

Foto: Fabiano amaral

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entrevista

A descendência de portugueses ajudou a jor-nalista Isabel Vincent, recém-formada, a conc-quistar, no início dos anos 1990, a vaga de cor-respondente internacional no Brasil pelo jornal The Globe and Mail, de circulação nacional no Canadá, onde trabalhava como estagiária. Desta-que da Feira do Livro de Porto Alegre deste ano, atualmente ela é repórter investigativa no diário americano New York Post e publicou alguns li-vros sobre investigações que realizou.

Dividida por entrevistas, palestras e rodas de conversa com profissionais da comunicação durante sua passagem pela capital gaúcha, Isabela brincou: “aqui sou celebridade, mas quando voltar aos Esta-dos Unidos serei só mais uma jornalista de novo”. Autora de obras de destaque, como GildedLily: Lily Safra, a Formação de uma das Viúvas mais Ricas do Mundo (Harper, 2010), e Uma Questão de Jus-tiça (Editora Record, 1995), Isabel chamou atenção dos colegas brasileiros por realizar seus trabalhos sem deixar de se identificar como jornalista.

Após uma atividade realizada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul com a participação de Isabel e jornalistas gaú-chos, a canadense respondeu a algumas pergun-tas sobre sua carreira.

versão dos Jornalistas - Como iniciou a

carreira no Jornalismo?Isabel vincent - Na faculdade de Toronto eu

produzia o jornal da Universidade e, no penúltimo ano da faculdade, fui redatora-chefe. Era trabalho, e não estágio. Eram 25 mil exemplares que circula-vam duas vezes por semana. Por muitas vezes deixei de ir à aula, porém aprendi muito. Nessa época eu era responsável pelo jornal inteiro, pelas editorias, tinha que vigiar toda a redação. Eu chegava para o trabalho às 8h da manhã e às vezes ficava até 6h da manhã do dia seguinte. Quando pensava em des-cansar lembrava que não podia, pois eu era respon-sável também por entregar o jornal.

vJ - Como chegou ao trabalho com re-portagem investigativa?

Isabel - Depois de um tempo trabalhando na faculdade, tive a sorte de conseguir um estágio no The Globe and Mail, jornal nacional do Canadá. Trabalhei lá por um ano e meio e depois vim ao Brasil como enviada especial. Como meus pais são portugueses e fiz estudos sobre a América Latina, já tinha conhecimento do idioma e da história. Lembro que alguns colegas ficaram com ciúmes por eu logo ter conseguido a vaga de correspon-dente internacional, pois geralmente primeiro o jornalista trabalha por muito tempo e depois vai passar um tempo em outro país. Comigo foi o contrário. Iniciei trabalho com jornalismo inves-tigativo aqui no Brasil. Cheguei e tive a oportuni-dade de acompanhar toda a situação envolvendo o Collor, a instabilidade da economia e a inflação, e relatei essa situação nas matérias. Pesquisei al-guns casos famosos que resultaram em grandes reportagens e livros. Também escrevi muito sobre cultura e aspectos da vida brasileira. Lembro que fiz a última entrevista com Tom Jobim, e foi uma ótima experiência.

vJ - qual sua percepção quanto ao uso da câmera oculta no tipo de trabalho que você realiza?

Isabel - Nunca usei a câmera oculta. Pode ser que haja situações em que ela seja necessária, en-tão tem que se avaliar cada caso. Eu nunca usei e nunca pensei em usar. Nós, jornalistas, não temos que fazer esse trabalho, temos que informar.

vJ - qual o seu recado para profissio-nais que pretendem iniciar a carreira no jornalismo investigativo?

Isabel - Todo tipo de jornalismo deve ser investi-gativo. É constantemente verificando que se apren-de. Nenhuma matéria é pequena, isso não existe. Você aprende a fazer coisas grandes fazendo coisas pequenas. O importante é a experiência. Aprendo sempre com pessoal mais jovem do jornal.

Jornalista canadense condena uso de

câmERA OcUlTA

Isabel acredita que todo jornalismo deve ser investigativo

Foto: mariana Fontoura/Crl 2014

Entidade tem novas opções de pagamentosDurante o ano de 2014, o Sindicato dos Jornalis-

tas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) realizou importantes ações administrativas que re-fletem na maneira como a entidade se relaciona com os associados. Estas medidas pretendem enaltecer a importância de fortalecer a união entre os profissio-nais que congrega.

Entre as ações que mais se destacaram neste ano está o novo modelo de pagamento das mensalida-des. Agora, o associado pode optar pelo PagSeguro, sistema online através do qual é possível verificar sua situação financeira junto a entidade. Esta fer-ramenta está disponível na página do Sindicato na internet.

Outra importante mudança diz respeito ao des-conto em folha da mensalidade de sócio. Antes re-

presentando 1% do salário de qualquer valor, hoje o desconto atende ao teto de R$ 25,00 para profissio-nais que recebem acima de R$ 2.500,00. Com isso, o jornalista pode optar por esta modalidade de pa-gamento sem se sentir prejudicado em relação aos colegas que utilizam outras opções.

Além destas, seguem em vigência as opções de pagamento presencial, na sede do Sindicato ou nas Delegacias Regionais, o pagamento através de DOC, enviado para o endereço do associado, o pagamento da anuidade (com desconto) ou parcelado. A novida-de agora é o pós-atendimento, que irá acompanhar os associados para verificar a necessidade de serviço ou apoio do Sindicato, a partir da compreensão que esse trabalho deve ser realizado mesmo quando não há débito por parte do jornalista com a entidade.

Convênios com prestadores de serviço e lojas diversas em Porto Alegre e no interior do Estado.Atendimento jurídico e descontos com advogado traba-lhista e previdenciário.Convênios médicos e com a UNIMED (plano à parte da mensalidade).Cursos de qualificação profissional gratuitos e com des-conto.Jornal do Sindicato entregue mensalmente em casa.Encaminhamento da Carteira Nacional e Internacional de jornalista.Materiais e documentos de interesse dos jornalistas, como tabela de serviços, modelos de contratos de traba-lho e convenções coletivas.Distribuição de camisetas e outros brindes para associa-dos em dia.

Benefícios em ser associadosindicalização

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televisão pública

Pública, educativa e estatal. Estas três definições se confundem ao falarmos sobre a TVE, canal de televisão da Fundação Cultural Piratini. A concepção quanto ao caráter da programação da emissora que está no ar há 40 anos tem sido alterada devido a fatores como a troca do governo ou a entrada e saída de novos profissionais, especialmente jornalistas.

A TVE e FM Cultura contam hoje com 251 profissio-nais, quadro próximo do que muitos consideram o ide-al. Com os investimentos realizados nos últimos anos, especialmente em novas tecnologias e equipamentos, a estrutura de pessoal pôde ser reorganizada. As áreas que hoje podem atuar com uma equipe menor cederam pro-fissionais para setores que antes estavam defasados.

O conteúdo produzido para as Diretorias de Jornalis-mo e de Programação tem melhores condições de aten-der ao interesse do público que acompanha o canal. Para o coordenador de produção, Luciano Alfonso, essa divi-são é positiva por possibilitar que cada setor tenha auto-nomia e condições de se dedicar àquilo que se propõe.

Atuando na TV há mais de 20 anos, Alfonso desta-ca a capacitação dos funcionários como um diferencial, que pode ser atribuído ao fato de jornalistas com mais

experiência acadêmica e de trabalho terem conquistado vagas no último concurso e também porque a Fundação tem oferecido, através de parcerias, cursos de aperfeiço-amento a atualização aos profissionais, especialmente quanto ao uso de novas tecnologias.

Um desses exemplos é a parceria realizada com a uni-dade da Unisinos em Porto Alegre. Ainda sem estúdios de rádio e televisão na capital, os alunos utilizam a estru-tura da TVE e FM Cultura para as aulas dessa disciplina e, em troca, a faculdade oferece créditos em cursos para profissionais da Fundação. Assim, os coordenadores apresentam as demandas que precisam ser atendidas e a universidade habilita professores que possam contem-plar essas carências.

Também as empresas que fornecem equipamentos para a reestruturação das emissoras ministram aulas sobre como utilizar as novas tecnologias. O “Sucedâneo tecnológico”, conforme Alfonso, é justamente essa ne-cessidade de acompanhar as novas exigências do mer-cado. “Observamos certa resistência no início, por parte de alguns, mas aos poucos todos observam a importân-cia da atualização. É um enfrentamento necessário para não parar no tempo”, destaca.

Porto Alegre coordena pesquisa nacional

Qualificação marca atual momento da

TvE e fm cultura

Porto Alegre está no centro de uma pesquisa na-cional para desenvolver um medicamento de comba-te à Hepatite C. Com isso, o país poderá se tornar au-tossuficiente nessa linha de produção e não precisará mais importar esse biofármaco, processo que hoje gera aos governos federal e estaduais uma despesa em torno de R$ 1 milhão por dia. Sem poder prever de quanto será a redução de gastos caso se desenvolva o remédio, os pesquisadores afirmam que os avanços vão além do dinheiro economizado. Não será preciso importar mais medicamentos.

A pesquisa é coordenada pelo médico Paulo Dor-nelles Picon, que trabalha com medicamentos de alto custo do Ministério da Saúde. Objeto do estudo, o In-

terferon Peguilado pertence a uma política de estado que prevê investir em tecnologias capazes de produ-zir outros remédios biológicos no futuro, a exemplo do que foi realizado há alguns anos com os genéricos. A pesquisa iniciou em maio de 2013 e está vinculada ao Laboratório Biomanguinhos, um braço da Funda-ção Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde. Em três anos, a expectativa é que o Brasil tenha produzido o seu primeiro biológico de labora-tório público, em uma decisão estratégica de incenti-vo à pesquisa e produção nacional a custo inferior.

“O Brasil está atrasado uns 30 anos em relação ao resto do mundo. É um grande consumidor de medi-camento e baixo produtor”, explica Paulo Picon. Por

esse motivo é importante captar pacientes voluntá-rios para a pesquisa, que abrange 19 centros em todo o país. Este trabalho, além de beneficiar quem tem a doença, acelera o trabalho, aumenta a produção do medicamento e reduz o seu custo. Como não existe vacina para prevenir, a alternativa é buscar medica-mentos mais eficientes para o tratamento.

Voluntários que queiram participar da pesquisa podem procurar o centro de coordenação, que fica no Hospital de Clinicas de Porto Alegre. Para participar é preciso ter entre 18 e 70 anos, ser portador do vírus não ter recebido nenhum outro tipo de tratamento. Informações pelos telefones (51) 3359.6363/8753 ou e-mail: [email protected].

saúde

questão de semânticaA Televisão Educativa é geralmente entendida pelo

público como aquela que vai ensinar. Por sua vez, a TV Pública busca atender aos interesses do público, não apenas na questão de ensino, mas também oferecendo conteúdos de outras áreas do conhecimento. Por esse motivo, Alfonso acredita que pode existir um núcleo da TV Educativa dentro de uma emissora que atende aos princípios da televisão pública. “É essa discussão que se quer e deve ser levada para a sociedade. A mis-tura destes dois modelos de televisão existe também em outros lugares”, observa.

Outro ponto deste debate é a autonomia da TVE e da FM Cultura. Por ter gerência estatal, cada gestão decide como vai realizar os investimentos no setor. Nesse quesito, uma das principais preocupações é a permanência no atual prédio, que não pertence ao governo do Estado, onde foi realizada a maior parte dos investimentos estruturais dos últimos anos, com a reforma da estrutura e aquisição de grandes equipa-mentos.

“Também merece atenção a identidade da progra-mação”, destaca o jornalista e radialista José Alencar Diniz, há 32 anos trabalhando na Fundação. As trocas de governo geralmente vêm acompanhadas de uma re-organização da grade de programas, horários ou apre-sentadores. Com isso, ele acredita que o público acaba por não se fidelizar à emissora. “Existe o interesse em colocar funcionários do quadro na linha de frente des-ses programas, identificados com a linha editorial que rege a TV Pública” comenta.

Para atender aos principais interessados na produ-ção de conteúdo de qualidade, Alfonso e Diniz acredi-tam que o jornalista deve se dispor a trabalhar, junto à sociedade, a temática da democratização da comunica-ção. “Precisamos aprender a lidar com temas contun-dentes e polêmicos. A televisão pública tem esse papel de instigar e trazer à tona temas escondidos”, acredita Alfonso. “Os novos funcionários estão se inteirando do processo. Para se tornar pública, é preciso que a TV tenha funcionários identificados com esse modelo de gestão”, complementa Diniz.

Novos estúdios e redação de jornalismo foram entregues dentro do projeto de melhoria da estrutura

Foto CaCo argemi/paláCio piratini

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Novembro/Dezembro de 20148

CONVÊNIOS

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O rosto pode não ser familiar para os mais jovens, mas a voz de Lauro Hagemman foi companheira dos gaúchos durante os noticiários do Repórter Esso en-tre os anos 1950 e 1964. Filho de sindicalista da re-gião de Santa Cruz do Sul, adquiriu o interesse pela informação ao lado das lutas pelas melhores condi-ções de emprego das categorias que representava. Lauro presidiu dois sindicatos na área da comunica-ção: participou da criação da instituição que reúne os jornalistas profi ssionais do Rio Grande do Sul e é o sócio número um da entidade que abriga os radia-listas gaúchos. Também seguiu carreira na política, sendo vereador e deputado estadual pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo lutado contra o regime militar no Brasil.

Hoje com 84 anos de idade, o jornalista profi ssio-nal compartilha com estudantes e colegas interes-sados em conhecer a história de momentos impor-tantes da imprensa brasileira, como a comunicação através da voz no poste e o trabalho sob censura.

“Como jornalista me interessei pela formação das entidades de classe. É uma tradição familiar de ativi-dade sindical. Herdei isso do meu pai”, conta Lauro em uma conversa na casa de repouso onde vive, na Zona Sul de Porto Alegre. Durante todos os momen-tos da entrevista, o famoso radialista fez questão de destacar a importância da luta de classe para os profi ssionais de qualquer área de atuação. O entre-vistado explica a relação dessa situação com o caso dos jornalistas, que até o início dos anos 1940 eram considerados comerciários. Lauro destaca o decreto de Getúlio Vargas, datado de 1938, que dispõe sobre as condições de trabalho para jornalistas. “Essa le-gislação custou para ser concebida e respeitada, mas fi nalmente conseguimos reconhecimento”, conta.

Esse foi, no entendimento de Lauro, um impor-tante impulso para o movimento sindical e um res-paldo para a categoria. Ele enxerga o jornalista como um elo de ligação entre vários setores da sociedade e acredita que a conquista de um sindicato próprio, em 1942, fez com que esses profi ssionais passassem a ser vistos com outros olhos. “Tivemos que lutar muito para que tivéssemos o reconhecimento da so-ciedade”, recorda.

Conhecido especialmente pelo trabalho em rá-dio, Lauro Hagemann também gosta de destacar a estreita relação que manteve, durante a juventude, com o movimento estudantil. Ele foi um dos primei-ros alunos da Faculdade de Jornalismo da UFRGS, no fi m dos anos 1940, e defende que a prática profi s-sional caminhe lado a lado com a formação acadê-mica. “A necessidade do diploma é o reconhecimen-to maior de um estágio profi ssional”, destaca.

Lauro Hagemann trabalhou também em ou-tras áreas do jornalismo, mas, conforme conta, deu preferência ao falado. “O Jornalismo escrito é mais analítico, mais contundente. Um jornalis-ta de rádio atua muito na base da emoção, que não é a melhor conselheira. Atua sobre os senti-dos e não sobre a razão”, entende.

Ele exemplifi ca essa citação com a passagem que considera ter sido a mais difícil de toda sua carreira. No noticiário da morte de Getúlio Var-gas, recorda o comunicador, “afl oraram todos os sentimentos capazes de atingir a espécie hu-mana”. É possível, através de sua fala, perceber como a situação inusitada havia mexido com ele não apenas profi ssionalmente. “Foi um período muito difícil para os jornalistas. Ninguém tinha

preparo psicológico para enfrentar esse desafi o”, recorda.

Lauro fi ca feliz em saber que será assunto no jornal do Sindicato. “Considero muito importan-te os jornalistas conhecerem a opinião dos seus colegas”, comenta. Ele, que teve em sua traje-tória profi ssional o refl exo da atividade sindical e política, considera um atraso para a atividade quando os trabalhadores não se enxergam como categoria. “Nós queremos todos do mesmo lado”, conclama, ao falar da percepção que teve do sig-nifi cado da atividade intersindical para a socie-dade. Para quem busca em sua história uma ins-piração, o recado de Lauro é para não fazer nada de improviso. “Vamos estudar todo o contorno social que a gente vive”, conclui.

líder de dois sindicatos

O desafi o de noticiar a morte de Getúlio

Lauro Hagemann aprendeu a lutar pela categoria com o exemplo do pai, também sindicalista. Hoje, com 84 anos, lembra do rádio como o veículo que permite aos jornalistas trabalharem com emoção e continua enxergando os interesses dos trabalhadores como importantes para o avanço da sociedade

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