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Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 20

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Explicar as metáforas de Isabel Leal (aliás, da cronista) através de novas metáforas (e semelhantes).

Evitem nas vossas explicações retomar (a não ser citando-as, entre aspas) as expressões conotativas dos textos que comentam.

Usar palavras vossas, formais (não figurativas nem populares).

«Pensar de mais» é até pensar de menos, deixarmo-nos conduzir pelas emoções, contrarie-dades, obsessões, ou sermos levados por rea-ções primárias, em vez de raciocinarmos (no sen-tido, conotativo, de ‘reagir friamente’). Reencon-tramos a dicotomia que preocupava o eu do Pes-soa ortónimo, para quem pensar impedia sentir, mas agora num sucedâneo em que quem sente e pensa corre o risco de pensar mal porque o faz constrangido, ou apressado, pelo sentir.

É essa a «correria» a que alude a cronista; e o «desconforto» — uma angústia simétrica da de Pessoa —, o de nos apercebemos de que pode-ríamos pensar melhor se sentíssemos menos.

Critérios para distinguir funções sintáticas

O SUJEITO concorda com o verbo. Se experimentarmos alterar o número ou pessoa do sujeito, isso refletir-se-á no verbo que é núcleo do predicado:

Caiu a cadeira. → Caíram as cadeiras

(Para se confirmar que «a cadeira» não é aqui o complemento direto: → *Caiu-a.)

O PREDICADO pode ser identificado se se acrescentar «e» + grupo nominal + «também» (ou «também não») à oração:

O Egas partiu para o Dubai. → O Egas partiu para o Dubai e o Ivo também (também partiu para o Dubai).

O VOCATIVO distingue-se do sujeito porque fica isolado por vírgulas e não é com ele que o verbo concorda. Antepor-lhe um «ó» pode confirmar que se trata de vocativo.

Tu, Teresa, não percebes nada disto! → Tu, ó Teresa, não percebes nada disto!

Para distinguir o MODIFICADOR DE FRASE do modificador do grupo verbal, pode ver-se que as construções que ponho à direita (a interrogar ou a negar) são possíveis com o modificador do grupo verbal mas não com o advérbio que incide sobre toda a frase.

Evidentemente, a Uber tem razão. → *É evidentemente que a Uber tem razão?Talvez Portugal ganhe. → *Não talvez Portugal ganhe.

Com um modificador de grupo verbal o resultado seria gramatical:

Ele come alarvemente. → É alarvemente que ele come?

O COMPLEMENTO DIRETO é substituível pelo pronome «o» («a», «os», «as»):

Dei mil doces ao diabético. → Dei-os ao diabético.

O COMPLEMENTO INDIRETO, introduzido pela preposição «a», é substituível por «lhe»:

Ofereci uma sopa de nabiças ao arrumador. → Ofereci-lhe uma sopa de nabiças.

O COMPLEMENTO OBLÍQUO, e mesmo quando usa a preposição «a» (uma das várias que o podem acompanhar), nunca é substituível por «lhe»:

Assistiu ao jogo contra as Ilhas Faroé. → *Assistiu-lhe.

Para identificarmos um MODIFICADOR DO GRUPO VERBAL, podemos fazer a pergunta «O que fez [sujeito] + [modificador]?» e tudo soará gramatical:

Marcelo fez um discurso na segunda-feira. Que fez Marcelo na segunda-feira? Fez um discurso.

 Se se tratar de um complemento oblíquo, o resultado já será agramatical:

Dona Dolores foi à Madeira. *Que fez Dona Dolores à Madeira? Foi.

O COMPLEMENTO AGENTE DA PASSIVA começa com a preposição «por», precedida por verbo na passiva, e podemos adotá-lo como sujeito da mesma frase na voz ativa:

A casa foi comprada por Monica Bellucci. → Monica Bellucci comprou a casa.

As joias de Kim foram roubadas pelos ladrões. → Os ladrões roubaram as joias de Kim.

O PREDICATIVO DO SUJEITO é uma função sintática associada a verbos copulativos (como «ser», «estar», «parecer», «ficar», «permanecer», «continuar», mas também «tornar-se», «revelar-se», «manter-se», etc.). Atribui uma qualidade ao sujeito ou localiza-o no tempo ou no espaço.

Os taxistas andam revoltados.A Violeta está em casa.

O PREDICATIVO DO COMPLEMENTO DIRETO é uma função sintática associada a verbos transitivos-predicativos (como «achar», «considerar», «eleger», «nomear», «designar» e poucos mais), os que selecionam um complemento direto e, ao mesmo tempo, lhe atribuem uma qualidade / característica.

A ONU elegeu Guterres secretário-geral. (Para confirmar que «Guterres» é o complemento direto e «secretário-geral», o predicativo do complemento direto: → A ONU elegeu-o secretário-geral.)

Eles deixaram a porta aberta. (→ Eles deixaram-na aberta.)

 

O COMPLEMENTO DO NOME, quando tem a forma de grupo preposicional, é selecio-nado pelo nome (ou seja, é obrigatório, mesmo se, em alguns casos, possa ficar apenas implícito). Os nomes que selecio-nam complemento são muitas vezes deri-vados de verbos.

A absolvição do réu desagradou-me. (Seria aceitável «A absolvição desagradou-me» num contexto em que a referência ao absolvido ficasse implícita.)A necessidade de estudar gramática é uma balela. (*A necessidade é uma balela.)

Quando tem a forma de grupo adjetival, o complemento do nome constitui uma unidade com o nome, ficando tão intimamente ligado a ele, que, na sua ausência, aquele parece ter já outro sentido. (Reconheça-se que estes casos não são fáceis de distinguir de certos modificadores restritivos do nome.)

A previsão meteorológica falhou.Os conhecimentos informáticos são úteis.

O MODIFICADOR RESTRITIVO DO NOME restringe a realidade que refere, mas não é selecionado pelo nome (não é «obrigató-rio»).

Comprei o casaco azul.Cão que ladra não morde.

O MODIFICADOR APOSITIVO DO NOME, sempre isolado por vírgulas, travessões ou parênteses, não restringe a realidade a que se refere nem é selecionado pelo nome (a sua falta não prejudicaria o sentido da frase).

O filme de que te falei, Birdman, está a acabar.O Renato Alexandre, que é amigo do seu amigo, conhece o Busto.

O COMPLEMENTO DO ADJETIVO é selecionado por um adjetivo (embora seja, frequentemente, opcional).

Ela ficou radiante com os presentes. (Ela ficou radiante.)Isso é passível de pena máxima. (*Isso é passível.)

Complemento direto

A Marlene vendeu o barco na semana passada.Os velejadores perderam a regata.O nadador-salvador atirou a boia ao náufrago. [complemento indireto]As focas comem peixe. 

Complemento oblíquo

Não te aconselho a fugir.Ele bateu ao irmão. [complemento indireto]Gosto de passear.Duvido disso.

Complemento agente da passiva

O Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral.O Porfírio anseia pelo teu regresso.

[complemento oblíquo]O barco foi desviado da rota pelo vento.Os papéis foram organizados pela secretária. 

Predicativo do complemento direto

A Luana continua na mesma empresa. [predicativo do sujeito]

Os padrinhos estimavam-no como filho.O juiz considerou-o inocente.Os vizinhos tinham-no por caloteiro.

1. Vestiste a tua camisola lilás.

A — Na frase 1, o constituinte destacado desempenha a função sintática de modificador restritivo do nome.

 

2. D. Maria I, a Piedosa, foi a primeira rainha reinante de Portugal.

B — Na frase 2, o constituinte destacado é um complemento do nome. [modificador apositivo/explicativo] 

3. A minha mãe, que está de férias, vai para o Algarve amanhã.

C — Na frase 3, o constituinte destacado é um modificador restritivo [explicativo/apositivo] do nome. 

4. A ideia da Ana Alice é interessante.

D — Na frase 4, o constituinte destacado desempenha a função sintática de complemento do nome.

[cfr. valor possessivo: «A sua ideia»] 

5. O meu irmão mais novo magoou-se.

E — Na frase 5, o constituinte destacado é um modificador explicativo [restritivo] do nome.  

6. Não te esqueças de trazer leite, Rolando.

F — Na frase 6, o constituinte destacado desempenha a função sintática de vocativo.

a) O Alão e a Iva chegaram agora.

sujeito 

b) O filme era muito emocionante.

predicativo do sujeito

c) Ofereceram-me um livro muito interessante.

complemento indireto 

d) O juiz declarou-o culpado.

predicativo do complemento direto

e) O texto foi entregue pela minha aluna.

complemento agente da passiva

f) A venda das camisolas foi um sucesso.

complemento do nome 

Cfr. vender camisolas V Comp

venda de camisolas N Comp

g) O Marciano, que é um excelente dançarino, venceu o concurso.

modificador apositivo 

h) Prometemos que regressaríamos daí a dois anos.

complemento direto 

i) É fantástico que venhas connosco.

sujeito

= Que venhas connosco é fantástico Sujeito Predicado Vires connosco

a) O sujeito da frase «Fala-se na entrada no mercado de carros mais ecológicos.» classifica-se como...

3. sujeito nulo indeterminado. 

b) Na frase «Naquela noite, chegámos cansadíssimos a casa.», o constituinte destacado desempenha a função sintática de...

6. modificador do grupo verbal. 

c) Na frase «A casa parecia muito sossegada.», o constituinte destacado desempenha a função sintática de...

1. predicativo do sujeito. 

d) Na frase «Ele encaixou a peça no puzzle.», o constituinte destacado desempenha a função sintática de...

5. complemento oblíquo. 

e) Na frase «Eles deram-nos informações muito úteis.», o constituinte destacado desempenha a função sintática de...

7. complemento indireto. 

f) O sujeito da frase «Há quadros muito interessantes neste museu.» classifica-se como...

4. sujeito nulo expletivo. 

g) Na frase «Eles entraram na casa amarela.», o constituinte destacado desempenha a função sintática de...

2. modificador restritivo do nome. 

h) Na frase «A Fátima, a melhor aluna da turma, teve uma nota excelente.», o constituinte destacado desempenha a função sintática de...

8. modificador apositivo do nome.

TPC — Em Gaveta de Nuvens, vai consultando «Funções sintáticas», reprodução de páginas da Nova gramática didática de português.