2012.1.LFG.ParteGeral_03

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    MATERIAL DE APOIO

    DIREITO CIVIL

    PARTE GERAL

    Apostila 03

    Prof. Pablo Stolze Gagliano

    Temas: Bens Jurdicos (noes gerais), o Tratamento Legal e

    Jurisprudencial do Bem de Famlia: Viso Jurdica aplicada aos

    Concursos Pblicos

    1. Bens Jurdicos: Conceito

    Os bens jurdicos podem ser definidos como toda a utilidade fsica ou ideal, que seja

    objeto de um direito subjetivo.

    Preferimos, na linha do Direito Alemo, identificar a coisa sob o aspecto de sua

    materialidade, reservando o vocbulo aos objetos corpreos1.

    Os bens, por sua vez, compreenderiam os objetos corpreos ou materiais (coisas) e os

    ideais (bens imateriais). Dessa forma, h bens jurdicos que no so coisas: a liberdade, a

    honra, a integridade moral, a imagem, a vida.

    Ressaltamos, no entanto, que tal questo no pacfica na doutrina, dependendo do

    pensamento de cada autor.

    2. Reviso de Alguns Conceitos Bsicos

    BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS

    1 De fato, nos termos do 90 do Cdigo Civil alemo (BGB), s os objetos corpreos so coisas emsentido jurdico: Begriff der Sache. Sachen im Sinne des Gesetzes sind nur krperlicheGegenstnde.

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    Bens imveisso aqueles que no podem ser transportados de um lugar para outro sem alterao

    de sua substncia (um terreno).

    Bens mveisso os passveis de deslocamento, sem quebra ou fratura (um computador, v.g.). Os

    bens suscetveis de movimento prprio, enquadrveis na noo de mveis, so chamados de

    semoventes (um cachorro, v.g.).

    No Cdigo Civil:

    Art. 79. So bens imveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.

    Art. 80. Consideram-se imveis para os efeitos legais:

    I os direitos reais sobre imveis e as aes que os asseguram;

    II o direito sucesso aberta.

    OBS.:

    Importantes efeitos derivam da natureza imobiliria do direito sucesso aberta, a exemplo da

    necessidade, apontada por parcela respeitvel da doutrina, de se exigir a autorizao do cnjuge do

    renunciante, no bojo do inventrio, por se considerar que a renncia, no caso, opera-se de forma

    semelhante alienao de um imvel, exigindo-se a vnia daqueles que no casaram no regime da

    separao absoluta de bens (art. 1647). Sobre o tema, tivemos a oportunidade de escrever:

    Outro aspecto a considerar que respeitvel parcela da doutrina sustenta a necessidade do

    consentimento do outro cnjuge do renunciante2.

    Nesse sentido, FRANCISCO CAHALI preleciona que:

    Tratando a sucesso aberta como imvel (CC-16, art. 44, III) a renncia herana

    depende do consentimento do cnjuge, independentemente do regime de bens

    2 GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civilv. I, cit., p. 289-290.

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    adotado (CC-16, arts. 235, 242, I e II). Considera-se que a ausncia do

    consentimento torna o ato anulvel, uma vez passvel de ratificao (RT 675/102)3.

    Embora se possa imaginar que essa autorizao do cnjuge necessria para todo tipo

    de renncia inclusive a abdicativa, em que o herdeiro se despoja de seu quinho em benefcio de todo o

    monte partvel, indistintamente , entendemos que tal formalidade s necessria em se tratando da

    renncia translativa, analisada acima, hiptese em que o herdeiro renuncia em favor de determinada

    pessoa, praticando, com o seu comportamento, verdadeiro ato de cesso de direitos. E tanto assim

    que, como dissemos, nesta ltima hiptese, incidiro dois tributos distintos: o imposto de transmisso

    mortis causa (em face da transferncia dos direitos do falecido para o herdeiro/cedente) e o imposto de

    transmisso inter vivos (em face da transferncia dos direitos do herdeiro/cedente para outro herdeiro ou

    terceiro/cessionrio). Deve, pois, nesse particular, estar o juiz atento, para evitar sonegao tributria.

    Cumpre registrar ainda haver entendimento no sentido de no ser exigvel a autorizao

    do outro cnjuge para a renncia de direitos hereditrios.

    a posio de MARIA HELENA DINIZ, para quem, a pessoa casada pode aceitar ou renunciar herana

    ou legado independentemente de prvio consentimento do cnjuge, apesar do direito sucesso aberta

    ser considerado imvel para efeitos legais, ante a redao dada ao art. 242 do Cdigo Civil pela Lei n.4.121/62 (RT, 605:38, 538:92, 524:207).

    Entretanto, considerando que o direito sucesso aberta tratado como sendo de

    natureza imobiliria (art. 44, III), foroso convir assistir razo a FRANCISCO CAHALI, quando demonstra a

    necessidade da outorga4.

    Posto isso, voltemos anlise do Cdigo Civil:

    Art. 81. No perdem o carter de imveis:

    3 CAHALI, Francisco Jos e HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Curso avanado de direitocivil, v. 6, cit., p. 102.4 GAGLIANO, Pablo Stolze. O Contrato de Doao Anlise Crtica do Atual Sistema Jurdico e os seusEfeitos no Direito de Famlia e das Sucesses. Saraiva, 2007.

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    I as edificaes que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro

    local;

    II os materiais provisoriamente separados de um prdio, para nele se reempregarem.

    Art. 82. So mveis os bens suscetveis de movimento prprio, ou de remoo por fora alheia, sem

    alterao da substncia ou da destinao econmico-social.

    Art. 83. Consideram-se mveis para os efeitos legais:

    I as energias que tenham valor econmico;

    II os direitos reais sobre objetos mveis e as aes correspondentes;

    III os direitos pessoais de carter patrimonial e respectivas aes.

    Art. 84. Os materiais destinados a alguma construo, enquanto no forem empregados, conservam sua

    qualidade de mveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolio de algum prdio.

    Bens fungveis so aqueles que podem ser substitudos por outros da mesma espcie,

    qualidade e quantidade (dinheiro por ex.).

    Bens infungveis por sua vez, so aqueles de natureza insubstituvel. Exemplo: uma obra de arte.

    No Cdigo Civil:

    Art. 85. So fungveis os mveis que podem substituir-se por outros da mesma espcie, qualidade e

    quantidade.

    Bens consumveis so os bens mveis cujo uso importa destruio imediata da prpria

    substncia, bem como aqueles destinados alienao (um sanduche).

    Bens inconsumveisso aqueles que suportam uso continuado (um avio, um carro).

    No Cdigo Civil:

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    Art. 86. So consumveis os bens mveis cujo uso importa destruio imediata da prpria substncia,

    sendo tambm considerados tais os destinados alienao.

    OBS.:

    O Cdigo de Defesa do Consumidor adotou a classificao de bens durveis e no-durveis, para

    efeito de se exercer o direito potestativo de reclamar pelos vcios de qualidade do produto ou do servio (art.

    26 para os durveis, prazo de 90 dias; para os no-durveis, prazo de 30 dias)5.

    Bens divisveis so os que se podem repartir em pores reais e distintas, formando cada uma

    delas um todo perfeito (uma saca de caf).

    Bens indivisveisno admitem diviso cmoda sem desvalorizao ou dano (um cavalo).

    No Cdigo Civil:

    Art. 87. Bens divisveis so os que se podem fracionar sem alterao na sua substncia, diminuio

    considervel de valor, ou prejuzo do uso a que se destinam.

    Art. 88. Os bens naturalmente divisveis podem tornar-se indivisveis por determinao da lei ou por

    vontade das partes.

    Bens singulares so coisas consideradas em sua individualidade, representadas por uma unidade

    autnoma e, por isso, distinta de quaisquer outras (um lpis, um livro).

    Bens coletivos ou universalidades so aqueles que, em conjunto, formam um todo homogneo

    (universalidade da fato um rebanho, uma biblioteca; universalidade de direito o patrimnio, a

    herana).

    No Cdigo Civil:

    Art. 89. So singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos

    demais.

    5 Sobre a interessante questo envolvendo os prazos decadenciais do CDC, confira o artigo quepublicamos, disponvel no http://www.pablostolze.com.br/upload/121911842_139071_178599.pdf

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    Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes mesma

    pessoa, tenham destinao unitria.

    Pargrafo nico. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relaes jurdicas

    prprias.

    Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relaes jurdicas, de uma pessoa, dotadas de

    valor econmico.

    BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS

    Principal- o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente (a rvore em relao ao fruto).

    Acessrio o bem cuja existncia supe a do principal (fruto em relao rvore)

    OBS.:

    Vale lembrar que, regra geral, pelo princpio da gravitao jurdica o bem acessrio segue o principal.

    So bens acessrios:

    a) os frutos trata-se das utilidades renovveis, ou seja, que a coisa principal periodicamenteproduz, e cuja percepo no diminui a sua substncia (caf, soja, laranja).6

    Classificam-se em:

    Quanto sua natureza:

    a) naturais so gerados pelo bem principal sem necessidade da intervenohumana direta (laranja, caf);

    b) industriais so decorrentes da atividade industrial humana (bensmanufaturados);

    6 Voltaremos ao tema, especialmente no que tange classificao dos frutos, em nossas aulas deDireitos Reais.

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    c) civis so utilidades que a coisa frugfera periodicamente produz,viabilizando a percepo de uma renda (juros, aluguel).

    Quanto ligao com a coisa principal:

    a) colhidos ou percebidos so os frutos j destacados da coisa principal, masainda existentes;

    b) pendentes so aqueles que ainda se encontram ligados coisa principal,no tendo sido, portanto, destacados;

    c) percipiendos so aqueles que deveriam ter sido colhidos mas no o foram;d) estantes so os frutos j destacados, que se encontram estocados e

    armazenados para a venda;

    e) consumidos: que no mais existem.

    b) os produtos trata-se de utilidades no-renovveis, cuja percepo diminui a substncia dacoisa principal (carvo extrado de uma mina esgotvel).

    c) os rendimentos - so frutos civis, como os juros e o aluguel.d) as pertenas trata-se das coisas que, sem integrarem a coisa principal, facilitam a sua

    utilizao, a exemplo do aparelho de ar condicionado (art. 93 do CC).

    e) as benfeitorias trata-se de toda obra realizada pelo homem na estrutura de uma coisa,com o propsito de conserv-la (benfeitoria necessria ex.: reforma em uma viga),

    melhor-la (benfeitoria til abertura do vo de entrada da casa) ou embelez-la

    (benfeitoria volupturia uma escultura talhada na parede de pedra do imvel). Vide arts.

    96 e 97 do CC.

    IMPORTANTE:

    No se confundem, tecnicamente, com as acesses, tema que ser desenvolvido nas aulas

    de Direitos Reais.

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    f) as partes integrantes integra a coisa principal de maneira que a sua separao prejudicara fruio do todo, ou seja, a utilizao do bem jurdico principal (ex.: a lmpada em relao

    ao lustre).

    BENS PBLICOS7 E PARTICULARES

    Quanto ao titular do domnio, os bens podero ser pblicos (uso comum do povo, uso especial e

    dominiais) ou particulares.

    Os bens pblicos so estudados pelo Direito Administrativo.

    No Cdigo Civil:

    Art. 98. So pblicos os bens do domnio nacional pertencentes s pessoas jurdicas de direito pblico

    interno; todos os outros so particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

    Art. 99. So bens pblicos:

    I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praas;

    II - os de uso especial, tais como edifcios ou terrenos destinados a servio ou estabelecimento da

    administrao federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;

    III - os dominicais, que constituem o patrimnio das pessoas jurdicas de direito pblico, como objeto de

    direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

    Pargrafo nico. No dispondo a lei em contrrio, consideram-se dominicais os bens pertencentes s

    pessoas jurdicas de direito pblico a que se tenha dado estrutura de direito privado.

    Art. 100. Os bens pblicos de uso comum do povo e os de uso especial so inalienveis, enquanto

    conservarem a sua qualificao, na forma que a lei determinar.

    7 Tema desenvolvido no Direito Administrativo.

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    Art. 101. Os bens pblicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigncias da lei.

    Art. 102. Os bens pblicos no esto sujeitos a usucapio.

    Art. 103. O uso comum dos bens pblicos pode ser gratuito ou retribudo, conforme for estabelecido

    legalmente pela entidade a cuja administrao pertencerem.

    Questo de Concurso:

    admissvel a posse de bem pblico?

    Responde-nos, com erudio, o professor ARRUDA ALVIM8:

    preciso ter presente que, ao afirmar-se que o objeto da posse est limitado s coisas

    corpreas, no quer isso dizer ----- em alguns sistemas jurdicos ----- que todas as coisas

    corpreas, 9 inclusive as sediadas no plano do direito pblico, afetadas a pessoas jurdicas de

    direito pblico, so suscetveis de posse por particulares ou no plano do direito privado.

    No direito brasileiro, todavia, essa afirmao no verdadeira, de que no pode haver posse

    de particulares sobre bem/coisa pblica. 10 O que se deve remarcar----- como assunto correlato

    ----- que pela Constituio Federal de 1988 os imveis pblicos so insuscetveis de

    usucapio (art. 191, pargrafo nico; no mesmo texto, com o mesmo sentido, art. 183, 3).

    8 Texto que nos foi gentilmente cedido, de obra em elaborao. Trata-se de matria de altacomplexidade (ver, em sentido diverso, o Resp. 489.732/DF). Esta temtica dever ser revistano mdulo de Direitos Reais.

    9 V., com profundidade, Moreira Alves, Posse Estudo Dogmtico, 2. ed., 1. tiragem, Rio deJaneiro, Forense, 1991, vol. II, tomo I, n 13, a respeito do que pode ser objeto de posse,especialmente pp. 160 e ss (As coisas que podem ser objeto de posse).

    10 V. Moreira Alves, ob ult. cit., vol. II, tomo I, n 13, pp. 168-171, especialmente, onde estreferida legislao em que , expressamente, admitida a posse de determinados bens pblicos,dentro do contexto do sistema constitucional anterior, i.e., Emenda Constituio 1/69.

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    Ou seja, o que se passa a inaptido do imvel pblico para ser objeto de usucapio, ainda

    que possa existir ou ter existido posse de particular sobre esse imvel.

    3. O Bem de Famlia

    O bem de famlia voluntrio, disciplinado a partir do art. 1711 do CC, aquele institudo por ato de

    vontade do casal, da entidade familiar ou de terceiro11, mediante registro pblico.

    J o bem de famlia legal reconhecido pela Lei n. 8009 de 1990, independentemente de inscrio em

    cartrio.

    Essa espcie legal, disciplinada pela Lei n. 8009/90, traduz a impenhorabilidade do imvel residencial

    prprio do casal, ou da entidade familiar, isentando-o de dvidas civil, comercial, fiscal, previdenciria ou

    de qualquer natureza, contrada pelos cnjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietrios e nele

    residam, ressalvadas as hipteses previstas em lei.

    Tal iseno compreende o imvel sobre o qual se assentam a construo, as plantaes, as benfeitorias

    de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou mveis que

    guarneam a casa, desde que quitados(art. 1, pargrafo nico).

    O STJ, no entanto, tem admitido o desmembramento do bem de famlia, para efeito de penhora

    (consoante jurisprudncia selecionada, item 4 desta apostila).

    Visando proteo do constitucional direito moradia e tutela do patrimnio mnimo, as regras do

    bem de famlia protegem o devedor, pouco importando se ele integra ncleo conjugal ou unio estvel:

    Segundo a recente smula 364 do STJ, O conceito de impenhorabilidade de bem de famlia

    abrange tambm o imvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e vivas .

    11O pargrafo do art. 1711 traz outra novidade para o ordenamento jurdico brasileiro,inspirada no Cdigo Civil Italiano de 1942. Concede ele a possibilidade de terceiro instituir o bemde famlia por meio de doao ou disposio testamentria, a depender, a eficcia do ato, daexpressa aceitao de todos os beneficiados (RITONDO, Domingos Pietrangelo. Bem de Famlia.Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, pg. 50).

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    A impenhorabilidade, como dispe o art. 3 da Lei n. 8009/90, oponvel em qualquer processo de

    execuo civil, fiscal, previdenciria, trabalhista, ou de outra natureza, salvo se movido (excees

    impenhorabilidade legal):

    a) em razo de crditos de trabalhadores da prpria residncia e das respectivascontribuies previdencirias;

    b) pelo titular do crdito decorrente do financiamento destinado construo ou aquisio do imvel, no limite dos crditos e acrscimos constitudos em funo do

    respectivo contrato;

    c) pelo credor de penso alimentcia;d) para a cobrana de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuies devidas em

    funo do imvel familiar;

    e) para a execuo de hipoteca sobre o imvel, oferecido como garantia real pelo casalou pela entidade familiar;

    f) por ter sido adquirido com produto de crime ou para a execuo de sentena penalcondenatria a ressarcimento, indenizao ou perdimento de bens;

    g) por obrigao decorrente de fiana concedida em contrato de locao.Sobre a penhorabilidade do bem de famlia em virtude de cobrana de despesa condominial, h

    entendimendo do STF no sentido de que:

    RE 439003 / SP - SO PAULO

    RECURSO EXTRAORDINRIO

    Relator(a): Min. EROS GRAU

    Julgamento: 06/02/2007 rgo Julgador: Segunda Turma

    Publicao

    DJ 02-03-2007

    Parte(s)

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    RECTE.(S) : ANA MARIA BRAGA DE NARDI

    ADV.(A/S) : ONEI RAPHAEL PINHEIRO ORICCHIO E OUTRO(A/S)RECDO.(A/S) : CONDOMNIO EDIFCIO BRAGANA

    ADV.(A/S) : MILTON MARTINS MALVASI E OUTRO(A/S)

    Ementa

    EMENTA: RECURSO EXTRAORDINRIO. BEM DE FAMLIA. PENHORA. DECORRNCIA DE DESPESAS

    CONDOMINIAIS. 1. A relao condominial , tipicamente, relao de comunho de escopo. O

    pagamento da contribuio condominial [obrigao propter rem] essencial conservao da

    propriedade, vale dizer, garantia da subsistncia individual e familiar --- a dignidade da pessoa

    humana. 2. No h razo para, no caso, cogitar-se de impenhorabilidade. 3. Recurso extraordinrio a

    que se nega provimento.

    Vale lembrar ainda que o plenrio do STF reputou, lamentavelmente - data venia - em nosso sentir

    (conforme veremos em sala de aula), constitucional a penhora do bem de famlia do fiador na locao:

    RE 352.940-4 So Paulo, contrariando a posio do Min. CARLOS VELLOSO, em deciso monocrtica, no

    bojo do referido processo.

    E tal entendimento tem se fortalecido, na Corte Suprema:

    RE-AgR 477953 / SP - SO PAULO

    AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINRIO

    Relator(a): Min. EROS GRAU

    Julgamento: 28/11/2006 rgo Julgador: Segunda Turma

    Ementa

    EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINRIO. PENHORA. FIADOR. BEM DE

    FAMLIA. LEGITIMIDADE. 1. O Plenrio do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE n. 407.688, decidiu

    pela possibilidade de penhora do bem de famlia de fiador, sem violao do art. 6 da Constituio do

    Brasil. Agravo regimental a que se nega provimento.

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    Recentemente, o STJ:

    AGRAVO INTERNO. LOCAO. FIANA. BEM DE FAMLIA. PENHORA. POSSIBILIDADE (PRECEDENTES). EsteSuperior Tribunal de Justia, na linha do entendimento do Supremo Tribunal Federal, firmou

    jurisprudncia no sentido da possibilidade de se penhorar, em contrato de locao, o bem de famlia do

    fiador, ante o que dispe o art. 3, VII da Lei 8.009/90. 2. Agravo ao qual se nega provimento. (AgRg no

    Ag 923.763/RJ, Rel. Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA

    TURMA, julgado em 02/06/2009, DJe 22/06/2009)

    4. Jurisprudncia Selecionada

    BEM DE FAMLIA E DEVEDOR SOLTEIRO

    "PROCESSUAL EXECUO - IMPENHORABILIDADE IMVEL - RESIDNCIA DEVEDOR SOLTEIRO E

    SOLITRIO LEI 8.009/90.

    - A interpretao teleolgica do Art. 1, da Lei 8.009/90, revela que a norma no se limita ao resguardo

    da famlia. Seu escopo definitivo a proteo de um direito fundamental da pessoa humana: o direito

    moradia. Se assim ocorre, no faz sentido proteger quem vive em grupo e abandonar o indivduo que

    sofre o mais doloroso dos sentimentos: a solido.

    - impenhorvel, por efeito do preceito contido no Art. 1 da Lei 8.009/90, o imvel em que reside,

    sozinho, o devedor celibatrio."(EREsp 182.223-SP, Corte Especial, DJ de 07/04/2003).

    (REsp 450989/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em

    13.04.2004, DJ 07.06.2004 p. 217)

    BEM DE FAMLIA E IMVEL LOCADO

    AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE LOCAO. EXECUO.

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    PENHORA SOBRE IMVEL DO FIADOR. POSSIBILIDADE. APLICAO DO 3, VII, DA LEI 8.009/90. RECURSO

    IMPROVIDO.

    I - Este Superior Tribunal de Justia, na linha do entendimento do Supremo Tribunal Federal, firmou

    jurisprudncia no sentido da possibilidade de se penhorar, em contrato de locao, o bem de famlia do

    fiador, ante o que dispe o art. 3, VII da Lei 8.009/90.

    II - Agravo Regimental improvido.

    (AgRg no REsp 1088962/DF, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/06/2010, DJe

    30/06/2010)

    PROCESSO CIVIL PENHORA BEM DE FAMLIA LEI N. 8.009/90 REEXAME DE PROVA SMULA 7/STJ

    AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

    1. Esta Corte Superior assentou entendimento de que possvel a afetao da impenhorabilidade do

    imvel em razo da Lei n. 8.009/90, ainda que o imvel esteja locado a terceiros.

    2. Todavia, in casu, o Tribunal de origem destacou que o agravante 'no demonstra que utilize

    efetivamente a renda de seu imvel, locado para fins comerciais, para pagamento de seu aluguel

    residencial. Incumbia-lhe, alm do nus da alegao do fato na petio inicial, o nus da prova de sua

    veracidade'.

    3. Documento comprobatrio da situao jurdica do imvel (contrato de locao) juntado aos autosapenas por ocasio da interposio do recurso especial, operando-se a precluso temporal.

    4. Aferir a destinao dada ao imvel demanda a reanlise do contexto ftico-probatrio dos autos, o

    que defeso a este Tribunal em vista do bice da Smula 7/STJ: A pretenso de simples reexame de

    prova no enseja recurso especial.

    Agravo regimental improvido.

    (AgRg no REsp 975858/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em

    27/11/2007, DJ 07/12/2007 p. 356)

    BEM DE FAMLIA IMVEL LOCADO IMPENHORABILIDADE INTERPRETAO TELEOLGICA DA LEI N

    8.009/90.

    O fato de o nico imvel residencial vir a ser alugado no o desnatura como bem de famlia, quando

    comprovado que a renda auferida destina-se subsistncia da famlia.

    Recurso especial provido.

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    (REsp 439920/SP, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 11.11.2003, DJ

    09.12.2003 p. 280)

    PROCESSUAL CIVIL. EXECUO POR TTULO EXTRAJUDICIAL. BEM DE FAMLIA.

    IMVEL LOCADO. PENHORA. JURISPRUDNCIA DO STJ. IMPOSSIBILIDADE.

    PROVIMENTO.

    I. A orientao predominante nesta Corte no sentido de que a impenhorabilidade prevista na

    Lei n. 8.009/90 se estende ao nico imvel do devedor, ainda que este se ache locado a terceiros, por

    gerar frutos que possibilitam famlia constituir moradia em outro bem alugado ou utilizar o valor

    obtido com a locao desse bem como complemento da renda familiar.

    II. Recurso especial conhecido e provido.

    (REsp 714.515/SP, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em

    10/11/2009, DJe 07/12/2009)

    APLICAO DA LEI 8009/90 A DVIDAS ANTERIORES

    A LEI 8.009/90 APLICA-SE A PENHORA REALIZADA ANTES DE SUA VIGENCIA.

    (SMULA 205, STJ - CORTE ESPECIAL, julgado em 01.04.1998, DJ 16.04.1998 p. 43)

    RE497850 / SP - SO PAULO

    RECURSO EXTRAORDINRIO

    Relator(a): Min. SEPLVEDA PERTENCE

    Julgamento: 26/04/2007 rgo Julgador: Primeira Turma

    Ementa

    EMENTA: I. Bem de famlia: impenhorabilidade legal (L. 8.009/90): aplicao dvida constituda antes da

    vigncia da L. 8.009/90, sem ofensa de direito adquirido ou ato jurdico perfeito: precedente (RE

    136.753, 13.02.97, Pertence, DJ 25.04.97). 1. A norma que torna impenhorvel determinado bem

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    desconstitui a penhora anteriormente efetivada, sem ofensa de ato jurdico perfeito ou de direito

    adquirido do credor. 2. Se desconstitui as penhoras efetivadas antes da sua vigncia, com maior razo a

    lei que institui nova hiptese de impenhorabilidade incide sobre a que se pretenda realizar sob a sua

    vigncia, independentemente da data do negcio subjacente ao crdito exeqendo. II. Recurso

    extraordinrio: descabimento: a caracterizao ou no do imvel como bem de famlia questo de fato,

    decidida pelas instncias de mrito luz da prova, a cujo reexame no se presta o RE: incidncia da

    Smula 279. III. Alegaes improcedentes de negativa de prestao jurisdicional e inexistncia de

    motivao do acrdo recorrido.

    RENNCIA DA IMPENHORABILIDADE LEGAL DO BEM DE FAMLIA12

    AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. BEM DE FAMLIA. PENHORA. RENNCIA AO

    BENEFCIO ASSEGURADO PELA LEI N. 8.009/90. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. I -

    Esta Corte possui entendimento firmado no sentido de que A proteo legal conferida ao bem de famlia pela

    Lei n. 8.009/90 no pode ser afastada por renncia ao privilgio pelo devedor, constituindo princpio de

    ordem pblica, prevalente sobre a vontade manifestada, que se tem por viciada ex vi legis (REsp 805.713/DF,

    Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 15/03/2007, DJ 16/04/2007 p. 210).

    Agravo Regimental improvido. (AgRg no Ag 1114259/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA,

    julgado em 26/05/2009, DJe 08/06/2009)

    PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTRIO. EXECUO FISCAL. BEM DE FAMLIA OFERECIDO PENHORA.

    RENNCIA AO BENEFCIO ASSEGURADO PELA LEI.

    8.009/90. IMPOSSIBILIDADE.

    12 Recentemente, fora veiculada notcia de acrdo do TJDFT admitindo a renncia do bem de famlia:Ao proferir seu voto, a relatora da 1 Turma Cvel do TJ-DFT, desembargadora Vera Andrighi registraquea Lei n 8.009/90 no constitui norma de ordem pblica - natureza atribuda apenas ao direitosocial de moradia, assegurado pela Constituio". Refere mais que "a legislao se trata, portanto, dedireito disponvel da parte, no qual vlido o exerccio do direito de renncia impenhorabilidade,inexistindo bice penhora efetivada sobre o imvel.O acrdo afirma que no momento da formao do negcio jurdico, a contratante, de acordo comseus interesses ou necessidades para efetivao do contrato, renunciou impenhorabilidade,atribuindo ao outro contratante a garantia para a negociao. A deciso foi unnime (confira a ntegrada notcia no http://www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?idnoticia=12149, acessado em 17 deagosto de 2008).

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    1. A indicao do bem de famlia penhora no implica em renncia ao benefcio conferido pela

    Lei 8.009/90, mxime por tratar-se de norma cogente que contm princpio de ordem pblica, consoante a

    jurisprudncia assente neste STJ.

    2. Dessarte, a indicao do bem penhora no produz efeito capaz de elidir o benefcio

    assegurado pela Lei 8.009/90. Precedentes: REsp 684.587 - TO, Relator Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR,

    Quarta Turma, DJ de 13 de maro de 2005; REsp 242.175 - PR, Relator Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR,

    Quarta Turma, DJ de 08 de maio de 2.000; REsp 205.040 - SP, Relator Ministro EDUARDO RIBEIRO, Terceira

    Turma, DJ de 15 de abril de 1.999) 3. As excees impenhorabilidade devem decorrer de expressa previso

    legal.

    4. Agravo Regimental provido para dar provimento ao Recurso Especial.

    (AgRg no REsp 813.546/DF, Rel. Ministro FRANCISCO FALCO, Rel. p/ Acrdo Ministro LUIZ

    FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 10.04.2007, DJ 04.06.2007 p. 314)

    PROCESSUAL CIVIL. EXECUO. EMBARGOS. RECURSO ESPECIAL.

    PREQUESTIONAMENTO INSUFICIENTE. SMULA N. 211-STJ. BEM DE FAMLIA.

    NICO BEM. RENNCIA INCABVEL. PROTEO LEGAL. NORMA DE ORDEM PBLICA. LEI N.

    8.009/90.

    I. "Inadmissvel recurso especial quanto questo que, a despeito da oposio de embargosdeclaratrios, no foi apreciada pelo tribunal a quo" - Smula n. 211-STJ.

    II. A proteo legal conferida ao bem de famlia pela Lei n. 8.009/90 no pode ser afastada por

    renncia ao privilgio pelo devedor, constituindo princpio de ordem pblica, prevalente sobre a vontade

    manifestada, que se tem por viciada ex vi legis.

    III. Recurso especial no conhecido.

    (REsp 805.713/DF, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em

    15.03.2007, DJ 16.04.2007 p. 210)

    AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. BEM DE FAMLIA.

    IMPENHORABILIDADE. RENNCIA. PRECEDENTES. No perde o benefcio da impenhorabilidade

    quem indica bem de famlia penhora, pois a proteo da Lei 8.009/90 no tem por alvo o devedor, mas a

    entidade familiar, que goza de amparo especial da Carta Magna.

    Agravo regimental a que se nega provimento.

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    (AgRg no Ag 426.422/PR, Rel. Ministro PAULO FURTADO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO

    TJ/BA), TERCEIRA TURMA, julgado em 27/10/2009, DJe 12/11/2009)

    Mas se o bem dado em garantia hipotecria, decidiu o mesmo Tribunal:

    AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. PENHORA.

    BEM DE FAMLIA. IMPENHORABILIDADE. EXCEO. ART. 3, V, DA LEI 8.009/90.

    1. Conforme artigo 3, inciso V, da Lei 8.099/90, autorizada a a penhora do bem de famlia

    quando dado, pelo casal ou entidade familiar, em garantia hipotecria da dvida exequenda.

    2. Hiptese em que o acrdo recorrido no se manifestou a respeito do beneficirio do

    emprstimo e no houve interposio de embargos de declarao a esse respeito.

    3. Agravo Regimental improvido.

    (AgRg no Ag 1333436/MG, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em

    19/10/2010, DJe 03/11/2010)

    BEM DE FAMLIA E DESMEMBRAMENTO

    Civil e processo civil. Recurso especial. Bem de famlia. Impenhorabilidade. Andar inferior daresidncia ocupado por estabelecimento comercial e garagem. Desmembramento. Possibilidade. Smula

    7/STJ. Embargos declaratrios. Objetivo de prequestionamento. Carter protelatrio. Ausncia. Smula

    98/STJ. Multa. Afastamento. - A jurisprudncia desta Corte admite o desmembramento do imvel protegido

    pela Lei 8.009/90, desde que tal providncia no acarrete a descaracterizao daquele e que no haja

    prejuzo para a rea residencial. - Na presente hiptese, demonstrou-se que o andar inferior do imvel

    ocupado por estabelecimento comercial e por garagem, enquanto a moradia dos recorrentes fica restrita ao

    andar superior. - Os recorrentes no demonstraram que o desmembramento seria invivel ou implicaria em

    alterao na substncia do imvel. Smula 7/STJ. - pacfica a jurisprudncia do STJ de que os embargos

    declaratrios opostos com intuito de prequestionar temas de futuro recurso especial no tm carter

    protelatrio. Smula 98 do STJ. Afastamento da multa. Recurso especial parcialmente provido. (REsp

    968.907/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/03/2009, DJe 01/04/2009)

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    PROCESSO CIVIL - IMPENHORABILIDADE - BEM DE FAMLIA - INVIABILIDADE DE

    FRACIONAMENTO DO IMVEL - REEXAME DE PROVA - SMULA 7/STJ - DISSDIO JURISPRUDENCIAL -

    INEXISTNCIA - CONTEXTO FTICO DIVERSO

    1. A impenhorabilidade do bem de famlia, trazida pela Lei 8.009/90, se estende ao imvel em

    que se encontra a residncia familiar, nos termos do art. 1, pargrafo nico da lei. O fracionamento do

    imvel para efeito de penhora, que a princpio se admite, se afigura invivel no presente caso, conforme

    atestaram as instncias ordinrias.

    2. No se admite o recurso especial amparado em pressuposto ftico diverso do revelado pelos

    juzos ordinrios, cuja constatao dependa do reexame do conjunto ftico-probatrio, a teor do que dispe

    o enunciado n. 7 da Smula do STJ.

    3. Dissdio jurisprudencial no verificado.

    4. Recurso especial no conhecido.

    (REsp 510.643/DF, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUARTA TURMA, julgado em 17.05.2005,

    DJ 30.05.2005 p. 383)

    Execuo. Bem de famlia. Precluso. Penhora de parte comercial do imvel. Precedentes da

    Corte.

    1. A Corte j assentou que indeferida a impenhorabilidade em deciso no atacada por recurso,sobre esta desce o manto da precluso.

    2. possvel a penhora da parte comercial do imvel, guardadas as peculiaridades do caso,

    mesmo sem que haja matrculas diferentes.

    3. Recurso especial conhecido e provido.

    (REsp 515.122/RS, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado

    em 16.12.2003, DJ 29.03.2004 p. 233)

    BEM DE FAMLIA E TRABALHADORES DA RESIDNCIA

    PROCESSUAL CIVIL. BEM IMPENHORVEL. ARTIGO 3, INCISO I DA LEI 8.009/90. MO DE OBRA

    EMPREGADA NA CONSTRUO DE OBRA. INTERPRETAO EXTENSIVA. IMPOSSIBILIDADE.

    1. A impenhorabilidade do bem de famlia, oponvel na forma da lei execuo fiscal previdenciria,

    consectrio do direito social moradia.

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    2. Consignada a sua eminncia constitucional, h de ser restrita a exegese da exceo legal.

    3. Consectariamente, no se confundem os serviais da residncia, com empregados eventuais que

    trabalham na construo ou reforma do imvel, sem vnculo empregatcio, como o exercido pelo diarista,

    pedreiro, eletricista, pintor, vale dizer, trabalhadores em geral.

    4. A exceo prevista no artigo 3, inciso I, da Lei 8.009, de 1990, deve ser interpretada restritivamente.

    5. Em conseqncia, na exceo legal da "penhorabilidade" do bem de famlia no se incluem os dbitos

    previdencirios que o proprietrio do imvel possa ter, estranhos s relaes trabalhistas domsticas.

    6. cedio em sede doutrinria que: "Os trabalhadores a que a Lei se refere so aqueles que exercem

    atividade profissional na residncia do devedor, includos nessa categoria os considerados empregados

    domsticos - empregados mensalistas, governantas, copeiros, mordomos, cozinheiros, jardineiros e

    mesmo faxineiras diaristas se caracterizado o vnculo empregatcio, bem como os motoristas particulares

    dos membros da famlia. No se enquadram nessa categoria pessoas que, embora realizem atividade

    profissional na residncia do devedor, no so seus empregados, exercendo trabalho autnomo ou

    vinculado a empregador. Nesse contexto esto os pedreiros, pintores, marceneiros, eletricistas,

    encanadores, e outros profissionais que trabalham no mbito da residncia apenas em carter eventual.

    Tambm no esto abrangidos pela exceo do inc.I, os empregados dos condomnios residenciais -

    entre os quais, porteiros, zeladores, manobristas - por no trabalharem propriamente no mbito das

    residncias, e, principalmente, porque so contratados pelo prprio condomnio, representado pelosndico ou por empresas administradoras."(comentrios de Rita de Cssia Corra de Vasconscelos em

    artigo de revista intitulado "A impenhorabilidade do Bem de Famlia e as novas entidades familiares).

    Destaque-se ainda a posio do professor Rainer Czajkowski, no sentido que "quanto aos dbitos

    previdencirios, previstos na segunda parte do inc. I, a referncia s contribuies devidas para a

    Previdncia Social, pblica, no tocante aos dbitos daquelas relaes trabalhistas domsticas. No se

    incluem na exceo cobranas de empresas de previdncia privada, e nem outros dbitos previdencirios

    que o proprietrio do imvel possa ter estranhos s relaes trabalhistas domsticas.(in "A

    Impenhorabilidade do Bem de Famlia - Comentrios Lei 8.009/90", 4 edio, Editora Juru, pgina

    153).

    Sobre o thema confira-se o recente posicionamento monocrtico do ilustre Ministro Carlos Mrio

    Velloso, no RE 352.940-4/SP, deciso julgada em 25/04/2005, que se transcreve, in litteris: "A Lei 8.009,

    de 1990, art. 1, estabelece a impenhorabilidade do imvel residencial do casal ou da entidade familiar e

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    determina que no responde o referido imvel por qualquer tipo de dvida, salvo nas hipteses previstas

    na mesma lei, art. 3, inciso I a VI.

    Acontece que a Lei 8.245, de 18.10.91, acrescentou o inciso VII, a ressalvar a penhora "por obrigao

    decorrente de fiana concedida em contrato de locao.' dizer, o bem de famlia de um fiador em

    contrato de locao teria sido excludo da impenhorabilidade. Acontece que o art. 6 da C.F., com a

    redao da EC n 26, de 2000, ficou assim redigido: "Art. 6. So direitos sociais a educao, a sade, o

    trabalho, a moradia, a segurana a previdncia social, a proteo maternidade e infncia, a

    assistncia aos desamparados, na forma desta Constituio." Em trabalho doutrinrio que escrevi - "Dos

    Direitos Sociais na Constituio do Brasil", texto bsico de palestra que proferi na Universidade de Carlos

    III, em Madri, Espanha, no Congresso Internacional de Direito do Trabalho, sob o patrocnio da

    Universidade Carlos III e da ANAMATRA, em 10.3.2003, registrei que o direito moradia, estabelecido no

    art. 6, C.F., um direito fundamental de 2 gerao e o direito social, que veio a ser reconhecido pela EC

    26, de 2000.

    O bem de famlia, a moradia do homem e sua famlia justifica a existncia de sua impenhorabilidade: Lei

    8.009/90, art. 1. Essa impenhorabilidade decorre de constituir a moradia um direito fundamental. Posto

    isso, veja-se a contradio: a Lei 8.245, de 1991, excepcionando o bem de famlia do fiador, sujeitou o

    seu imvel residencial, imvel residencial prprio do casal, ou da entidade familiar penhora. No h

    dvida que a ressalva trazida pela Lei 8.245, de 1991. no inciso VII do art. 3 feriu de morte o princpioisonmico, tratando desigualmente situaes iguais, esquecendo-se do velho brocardo latino: ubi eadem

    ratio, ibi eadem legis dispositio, ou em vernculo: onde existe a mesma razo fundamental, prevalece a

    mesma regra de Direito. Isto quer dizer que, tendo em vista o princpio isonmico, o citado dispositivo,

    inciso VII do art. 3, acrescentado pela Lei 8.245/91, no foi recebido pela EC 26, de 2000. Essa no

    recepo mais se acentua diante do fato de a EC 26, de 2000, ter estampado, expressamente, no art. 6,

    C.F., o direito moradia como direito fundamental de 2 gerao, direito social. Ora, o bem de famlia da

    Lei 8.009/90, art.

    1 encontra justificativa, foi dito linha atrs, no constituir o direito moradia um direito fundamental

    que deve ser protegido e por isso mesmo encontra garantia na Constituio. Em sntese, o inciso VII do

    art. 3 da Lei 8.009, de 1990, introduzido pela Lei 8.245, de 1991, no foi recebido pela CF, art. 6,

    redao da EC 26/2000. Do exposto, conheo do recurso e dou-lhe provimento, invertidos os nus da

    sucumbncia. Publique-se. Braslia, 25 de abril de 2005. Ministro CARLOS VELLOSO - Relator." 7. A Corte

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    j assentou que "a exceo prevista no artigo 3, inciso I da Lei 8.009, de 1990, deve ser interpretada

    risca" (Resp n 187052/SP, Relator Ministro Ari Pargendler, publicado no DJ 22.10.2001).

    8. A hermenutica e a aplicao do Direito, impe obedincia a certas regras, no dizer do maior exegeta

    brasileiro que foi Carlos Maximiliano. Consoante as suas insuperveis lies, expressas em seu livro

    "Hermenutica e Aplicao do Direito", publicado pela Editora Forense, 19 Edio, s pginas 191/193,

    in litteris "(...) 271 - O Cdigo Civil explicitamente consolidou o preceito clssico - 'Exceptiones sunt

    strictissimoe interpretationis' ("interpretam-se as excees estritissimamente") no art. 6 da antiga

    Introduo, assim concebido: "A lei que abre exceo a regras gerais, ou restringe direitos, s abrange os

    casos que especifica, , 265 O).

    O princpio entronca nos institutos jurdicos de Roma, que proibiam estender disposies excepcionais, e

    assim denominavam as do Direito exorbitante, anormal ou anmalo, isto , os prceitos estabelecidos

    contra a razo de Direito; limitava-Ihes o alcance, por serem um mal, embora mal necessrio (2).

    Eis os mais prestigiosos brocardos relativos ao assunto:'Quod vero contra rationem, juris receptum est,

    non est producendum ad consequentias' (Paulo, no Digesto, liv. 1, tt. 3, frag. 14) - "o que, em verdade,

    admitido contra as regras gerais de Direito, no se estende a espcies congneres".

    'In his quoe contra rationem, juris constituta sunt, non possumus sequi regulam juris' (Juliano, em o

    Digesto, liv. 1 , t. 3, frag.

    15) - "no tocante ao que estabelecido contra as normas comuns de Direito, aplicar no podemos regrageral".

    'Quoe propter necessitatem recepta sunt, non debent in argumentum trahi' (Paulo, no Digesto, liv. 50,

    tt. 17, frag. 162) -"o que admitido sob o imprio da necessidade, no deve estender-se aos casos

    semelhantes".

    Os trs apotegmas faziam saber que as regras adotadas contra a razo de Direito, sob o imprio de

    necessidade inelutvel, no se deviam generalizar: no firmavam precedente, no se aplicavam a

    hipteses anlogas, no se estendiam alm dos casos expressos, no se dilatavam de modo que

    abrangessem as conseqncias lgicas dos mesmos.

    Os sbios elaboradores do Codex Juris Canonici (Cdigo de Direito Cannico) prestigiaram a doutrina do

    brocardo, com inserir no Livro I, ttulo I, cnon 19, este preceito translcido: "Leges quoe poenam

    statuunt, aut liberum jurium exercitium crctant, aut exceptionem a lege continent, strictae subsunt

    interpretation" ("As normas positivas que estabelecem pena restringem o livre exerccio dos direitos, ou

    contm exceo a lei, submetem-se a interpretao estrita").

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    Menos vetusta a parmia - Permittitur quod non, prohibetur: "presume-se permitido tudo aquilo que a

    lei no probe".

    Hoje se no confunde a lei excepcional com a exorbitante, a contrria razo de Direito (contra

    rationem, juris), aquela cujo fundamento jurdico se no pode dar ('cujus, fatia reddi non potest'). O

    Direito Excepcional subordinado a uma razo tambm, sua, prpria, original, porm reconhecvel, s

    vezes, at evidente, embora diversa da razo mais geral sobre a ual se baseia o Direito comum (3).A

    fonte mediata do art. 6 da antiga Lei de Introduo, do repositrio brasileiro, deve ser o art. 4 do Titulo

    Prelimina do Cdigo italiano de 1865, cujo preceito decorria das leis civis de Npoles (4) e era assim

    formulado: "As leis penais as que restringem o livre exerccio dos direitos, ou formam excees a regras

    gerais ou a outras leis, no se estendem alm dos casos e tempos que especificam".

    (...) 272 - As disposies excepcionais so estabelecidas por motivos ou consideraes particulares,

    contra outras normas jurdicas, ou contra o Direito comum; por isso no se estendem alm dos casos e

    tempos que designam expressamente. Os contemporneos preferem encontrar o fundamento desse

    preceito no fato de se acharem preponderantemente do lado do princpio geral as foras sociais que

    influem na aplicao de toda regra positiva, como sejam os fatores sociolgicos, a Werturteil dos

    tedescos, e outras.

    O art. 6 da antiga Lei de Introduo abrange, em seu conjuntos, as disposies derrogatrias do Direito

    comum; as que confinam a sua operao a determinada pessoas, ou a um grupo dehomens parte;atuam excepcionalmente, em proveito, ou prejuzo, do menor nmero.

    No se confunda com as de alcance geral, aplicveis a todos, porm suscetveis de afetar duramente

    alguns indivduos por causa da sua condio particular. Refere-se o preceito quela que, executadas na

    ntegra, s atingem a poucos, ao passo que o resto da comunidade fica isenta (3).

    Impe-se tambm a exegese estrita norma que estabelece uma incapacidade qualquer, ou comina a

    decadncia de um direito: esta designada pelas expresses legais - "ou restringe direitos" (4).

    286 - Parece oportuna a generalizao da regra exposta acerca de determinadas espcies de preceitos,

    esclarecer como se entende e aplica uma norma excepcional. de Direito estrito; reduz-se hiptese

    expressa: na dvida, segue-se a regra geral. Eis porque se diz que a exceo confirma a regra nos casos

    no excetuados.

    287 - O processo de exegese das leis de tal natureza sintetizado na parmia clebre, que seria

    imprudncia eliminar sem maior exame - 'interpretam-se restritamente as disposies derrogatrias do

    Direito comum'. No h efeito sem causa: a predileo tradicional pelos brocardos provm da manifesta

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    utilidade dos mesmos. Constituem snteses esclarecedoras, admirveis smulas de doutrinas

    consolidadas. Os males que lhes atribuem so os de todas as regras concisas: decorrem no do uso, e sim

    do abuso dos dizeres lacnicos.

    O exagero encontra-se antes na deficincia de cultura ou no temperamento do aplicador do que no

    mago do apotegma. Bem compreendido este, conciliados os seus termos e a evoluo do Direito, a letra

    antiga e as idias modernas, ressaltar ainda a vantagem atual desses comprimidos de idias jurdicas,

    auxiliares da memria, amparos do hermeneuta, fanais do julgador vacilante em um labirinto de regras

    positivas.

    Quanta dvida resolve, num relmpago, aquela sntese expressiva - interpretam-se restritivamente as

    disposies derrogatrias do Direito comum! Responde, em sentido negativo, primeira interrogao: o

    Direito Excepcional comporta o recurso analogia? (2). Ainda enfrenta, e com vantagem, a segunda:

    ele compatvel com a exegese extensiva? Neste ltimo caso, persiste o adgio em amparar a recusa;

    acompanham-no reputados mestres (3); outros divergem (4), porm mais na aparncia do que na

    realidade: esboam um sim acompanhado de reservas que o aproximam do no. Quando se pronunciam

    pelo efeito extensivo, fazem-no com o intuito de excluir o restritivo, tomado este na acepo tradicional.

    Timbram em evitar que se aplique menos do que a norma admite; porm no pretendem o oposto - ir

    alm do que o texto prescreve. O seu intento tirar da regra tudo o que na mesma se contm, nem

    mais, nem menos. Essa interpretao bastante se aproximada que os clssicos apelidavam declarativa;denomina-se estrita: busca o sentido exato; no dilata, nem restringe (5).

    Com as reservas expostas, a parmia ter sempre cabimento e utilidade. Se fora lcito retocar a forma

    tradicional, substituir-se-ia apenas o advrbio: ao invs de restritiva, estritamente. Se prevalecer o

    escrpulo em emendar adgios, de leve sequer, bastar que se entenda a letra de outrora de acordo

    com as idias de hoje: o brocardo sintetiza o dever de aplicar o conceito excepcional s espcie que ele

    exprime, nada acrescido, nem suprimido ao que a norma encerra, observada a mesma, portanto, em

    toda a sua plenitude (6).

    288 - Releva advertir que todo preceito tem valor apenas relativo. A regra do art. 6 da antiga Lei de

    Introduo ao Cdigo Civil consolida o velho adgio - interpretam-se restritivamente as disposies

    derrogatrias do Direito comum, brocardo este correspondente ao dos romanos - exceptiones sunt

    strictissimoe interpretationis. Qualquer dos trs conceitos aplica-se com a maior circunspeo e reserva,

    e comporta numerosas excees (1): da a divergncia na maneira de o entender, at entre pontfices

    das letras jurdicas.

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    289 - As palavras - que especifica, do Cdigo brasileiro, parfrase de - in esse espressi, do repositrio

    italiano, no se interpretam no sentido literal, de exigir individuao precisa, completa, de cada caso a

    incluir na exceo. Comporta esta as hipteses todas compatveis com o esprito do texto. Exclui-se a

    extenso propriamente dita; porm no a justa aplicao integral dos dispositivos.

    Restries ao uso ou posse de qualquer direito, faculdade ou prerrogativa no se presumem: isto que o

    preceito estabelece.

    Devem ressaltar dos termos da lei, ato jurdico, ou frase de expositor.

    Cumpre opinar pela inexistncia da exceo referida, quando esta se no impe evidncia, ou dvida

    razovel paira sobre a sua aplicabilidade a determinada hiptese .(...)" 9. Voto pelo improvimento do

    recurso especial interposto pelo Instituto Nacional de Seguridade Social, divergindo do Relator.

    (REsp 644.733/SC, Rel. Ministro FRANCISCO FALCO, Rel. p/ Acrdo Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA

    TURMA, julgado em 20.10.2005, DJ 28.11.2005 p. 197)

    BEM DE FAMLIA E ALIMENTOS DECORRENTES DE ATO ILCITO

    AGRAVO INTERNO - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - BEM DE FAMLIA - IMPENHORABILIDADE - OBRIGAO

    ALIMENTCIA - ATO ILCITO - EXCEO.

    A exceo ao regime de impenhorabilidade do bem de famlia prevista no artigo 3, III, da Lei 8.008/90em favor do credor de penso alimentcia compreende o crdito originrio de indenizao por ato ilcito.

    Precedentes.

    Agravo improvido.

    (AgRg no Ag 772.614/MS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 13.05.2008, DJe

    06.06.2008 )

    BEM DE FAMLIA E VAGA DE GARAGEM

    AGRAVO REGIMENTAL. BEM DE FAMLIA. VAGA AUTNOMA DE GARAGEM.

    PENHORABILIDADE.

    1. Est consolidado nesta Corte o entendimento de que a vaga de garagem, desde que com

    matrcula e registro prprios, pode ser objeto de constrio, no se lhe aplicando a impenhorabilidade da Lei

    n 8.009/90.

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    2. Agravo regimental desprovido.

    (AgRg no Ag 1058070/RS, Rel. Ministro FERNANDO GONALVES, QUARTA TURMA, julgado em

    16/12/2008, DJe 02/02/2009)

    E mais recentemente:

    A vaga de garagem que possui matrcula prpria no registro de imveis no constitui bem de

    famlia para efeito de penhora.

    (Smula 449, CORTE ESPECIAL, julgado em 02/06/2010, DJe 21/06/2010)

    BEM DE FAMLIA E NICO IMVEL EM QUE NO RESIDE A FAMLIA

    PROCESSUAL CIVIL. BEM DE FAMLIA. IMPENHORABILIDADE.

    1. O STJ pacificou a orientao de que no descaracteriza automaticamente o instituto do bem

    de famlia, previsto na Lei 8.009/1990, a constatao de que o grupo familiar no reside no nico imvel de

    sua propriedade.

    2. Agravo Regimental no provido.

    (AgRg no REsp 404.742/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em25/11/2008, DJe 19/12/2008)

    BEM DE FAMLIA E ALEGAO EM EXECUO

    PROCESSUAL CIVIL. EXECUO DE HONORRIOS ADVOCATCIOS. PENHORA DE IMVEL. BEM DE

    FAMLIA. IMPENHORABILIDADE ABSOLUTA. ALEGAO A QUALQUER TEMPO. PRECEDENTES DA CORTE. I - A

    impenhorabilidade do bem de famlia pode ser alegada a qualquer tempo, at mesmo por petio nos autos

    da execuo. Recurso Especial provido. (REsp 1114719/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA,

    julgado em 23/06/2009, DJe 29/06/2009)

    IMPENHORABILIDADE DE IMVEL DESOCUPADO

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    CIVIL. BEM DE FAMLIA. IMVEL DESOCUPADO. AUSNCIA DE CONDIES DE MORADIA. FATO

    DE TERCEIRO.

    1. No pode ser objeto de penhora o nico bem imvel do devedor que no destinado sua

    residncia ou mesmo locao em face de circunstncia alheia sua vontade, tais como a impossibilidade de

    moradia em razo de falta de servio estatal.

    2. Recurso especial provido.

    (REsp 825.660/SP, Rel. Ministro JOO OTVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em

    01/12/2009, DJe 14/12/2009)

    IMPENHORABILIDADE E BEM J ARREMATADO

    PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO PARA SUBIDA DE

    RECURSO ESPECIAL. BEM DE FAMLIA. IMPENHORABILIDADE.

    ARREMATAO CONCLUDA. IMPOSSVEL A INVOCAO DO BENEFCIO.

    PRECLUSO. LEI 8.009/1990. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

    I - assente neste Superior Tribunal o entendimento segundo o qual arrematado o bem

    penhorado, se torna impossvel a invocao do benefcio contido na Lei 8.009/1990.

    II - Os agravantes no apresentaram argumentos suficientes para a alterao da deciso

    recorrida, pelo que entende-se que ela deve ser mantida, na ntegra.

    III - Agravo regimental improvido.

    (AgRg no Ag 458.869/RJ, Rel. Ministro PAULO FURTADO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO

    TJ/BA), TERCEIRA TURMA, julgado em 13/10/2009, DJe 29/10/2009)

    IMPENHORABILIDADE E EMBARGOS DE TERCEIRO

    PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO.

    LEGITIMIDADE ATIVA. ESPOSA DEVEDORA. FILHA.

    1 - No reconhecimento de legitimidade para oposio de embargos de terceiro parte que

    figura como executada por ser tambm devedora indicada no ttulo executivo. Precedentes.

    2 - O filho, integrante da entidade familiar, parte legtima para opor embargos de terceiro,

    discutindo a condio de bem de famlia do imvel onde reside com os pais.

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    3 - Garantia da funo social do imvel, preservando uma das mais prementes necessidade do

    ser humano, protegida constitucionalmente, que o direito moradia.

    RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO PARA RECONHECER A

    LEGITIMIDADE DA RECORRENTE EMANUELLE FERNANDA SOUZA DE LIMA.

    (REsp 473.984/MG, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado

    em 26/10/2010, DJe 08/11/2010)

    5. Fique por Dentro

    Como fizemos em material de apoio anterior, neste tpico apresentaremos outras importantes notcias

    para voc estar afinado com a jurisprudncia do STJ.

    Vale a pena conferir.

    O Supremo Tribunal Federal reconheceu repercusso geral na constitucionalidade da penhora do bem

    de famlia do fiador, na linha do que fora dito acima:

    CONSTITUCIONALIDADE DA PENHORA DO BEM DE FAMLIA DO FIADOR. RATIFICAO DAJURISPRUDNCIA FIRMADA POR ESTA SUPREMA CORTE. EXISTNCIA DE REPERCUSSO GERAL.

    (RE 612360 RG, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, julgado em 13/08/2010, DJe-164 DIVULG 02-09-2010

    PUBLIC 03-09-2010 EMENT VOL-02413-05 PP-00981 LEXSTF v. 32, n. 381, 2010, p. 294-300 )

    Veja, no acrdo abaixo citado, que o reconhecimento do bem de familia legal (disciplinado pela Lei n.

    8009 de 1990) independe do seu valor:

    RECURSO ESPECIAL - DIREITO CIVIL - QUESTO PRELIMINAR - JULGAMENTO PROFERIDO POR CMARA

    COMPOSTA MAJORITARIAMENTE POR JUZES CONVOCADOS - POSSIBILIDADE, DESDE QUE OBSERVADOS

    PARMETROS LEGAIS - PRECEDENTES - EXISTNCIA DE VCIO REDIBITRIO E O PROSSEGUIMENTO DA

    EXECUO DA FORMA MENOS ONEROSA AO DEVEDOR - PREQUESTIONAMENTO - AUSNCIA -

    INCIDNCIA DA SMULA 211/STJ - PENHORA - PARTE IDEAL DE IMVEL - POSSIBILIDADE - PRECEDENTES

    - BEM DE FAMLIA - AVALIAO - JUZO DINMICO - BEM IMVEL DE ELEVADO VALOR - IRRELEVNCIA,

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    PARA EFEITOS DE IMPENHORABILIDADE - NDICE DE CORREO MONETRIA - DIVERGNCIA

    JURISPRUDENCIAL - DEMONSTRAO - INEXISTNCIA - EMBARGOS DE DECLARAO - MULTA -

    IMPOSSIBILIDADE - INTUITO PROCRASTINATRIO - AUSNCIA - INCIDNCIA DA SMULA 98/STJ -

    RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSO, PARCIALMENTE PROVIDO.

    I - A jurisprudncia desta Corte Superior j teve oportunidade de indicar que possvel o julgamento por

    Turmas ou Cmaras constitudas, em sua maioria, por juzes convocados, desde que a convocao se d

    dentro dos parmetros legais e que observadas as disposies estabelecidas pela Constituio Federal.

    II - As questes concernentes existncia de vcio redibitrio, bem como quanto ao prosseguimento da

    execuo da forma menos gravosa ao devedor, no foram objeto de debate ou deliberao no acrdo

    recorrido, no obstante a oposio de embargos declaratrios, o que atrai a incidncia da Smula

    211/STJ.

    III - possvel a penhora de parte do imvel, caracterizado como bem de famlia, quando for possvel o

    desmembramento sem sua descaracterizao. Precedentes.

    IV - A avaliao da natureza do bem de famlia, amparado pela Lei n 8.009/90, por ser questo de ordem

    pblica e no se sujeitar precluso, comporta juzo dinmico. E essa circunstncia moldada pelos

    princpios basilares dos direitos humanos, dentre eles, o da dignidade da pessoa humana, um dos

    fundamentos do nosso Estado Democrtico, nos termos do 1, inciso III, da Constituio da Repblica.

    V - Para que seja reconhecida a impenhorabilidade do bem de famlia, de acordo com o artigo 1, da Lein 8.009/90, basta que o imvel sirva de residncia para a famlia do devedor, sendo irrelevante o valor

    do bem.

    VI - O art. 3 da Lei n 8.009/90, que trata das excees regra da impenhorabilidade, no faz traz

    nenhuma indicao concernente ao valor do imvel. Portanto, irrelevante, para efeitos de

    impenhorabilidade, que o imvel seja considerado luxuoso ou de alto padro. Precedente da eg. Quarta

    Turma.

    VII - Acerca do ndice de correo monetria, impe-se reconhecer que, no se admite recurso especial

    pela alnea "c" quando ausente a demonstrao, pelo recorrente, das circunstncias que identifiquem os

    casos confrontados.

    VIII - Os embargos de declarao foram opostos com o intuito de prequestionamento, vedando-se, por

    lgica, a imposio de multa procrastinatria, nos termos do que dispe o enunciado da Smula 98/STJ.

    IX - Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extenso, parcialmente provido.

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    (REsp 1178469/SP, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/11/2010, DJe

    10/12/2010)

    Vamos agora a outras noticias.

    Aparelho de TV e mquina de lavar so impenhorveis03/03/2011

    Aparelho de televiso e mquina de lavar, bens usualmente encontrados em uma residncia, no podem

    ser penhorados para saldar dvidas. A deciso da Segunda Seo do Superior Tribunal de Justia (STJ),

    em julgamento de reclamao contra deciso de Turma Recursal de juizado especial. Todos os processos

    no pas sobre esse tema que estavam suspensos aguardando a deciso do STJ j podem ser retomados.

    A reclamao foi ajuizada por um morador de Mato Grosso do Sul, contra deciso da Segundo Turma

    Recursal Mista do estado. Condenado a pagar R$ 570 por atraso no pagamento do aluguel e das contas

    de gua e luz, ele teve a TV e um tanquinho penhorados. Na reclamao, alegou que a penhora afronta

    entendimento consolidado no STJ, que tem competncia para resolver divergncia entre acrdo de

    Turma Recursal e a jurisprudncia da Corte Superior.

    O relator, ministro Sidnei Beneti, verificou a divergncia. Ele ressaltou que a Lei n. 8.009/1990, que trata

    da impenhorabilidade do bem de famlia, protege no apenas o imvel, mas tambm os bens mveis,

    com exceo apenas de veculos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos.

    Com base nessa lei, o STJ j decidiu que so impenhorveis televisores, mquinas de lavar, micro-ondas,

    aparelhos de som e de ar-condicionado, computadores e impressoras, entre outros.

    Siga@STJnoticiase fique por dentro do que acontece no Tribunal da Cidadania.

    Processos: Rcl 4374

    http://www.stj.jus.br/portal_stj/objeto/texto/impressao.wsp?tmp.estilo=&tmp.area=398&tmp.texto=10

    0978acessado em 09 de maro de 2011.

    http://bit.ly/stjnoticiashttp://bit.ly/stjnoticiashttp://bit.ly/stjnoticiashttp://www.stj.jus.br/portal_stj/objeto/texto/impressao.wsp?tmp.estilo=&tmp.area=398&tmp.texto=100978http://www.stj.jus.br/portal_stj/objeto/texto/impressao.wsp?tmp.estilo=&tmp.area=398&tmp.texto=100978http://www.stj.jus.br/portal_stj/objeto/texto/impressao.wsp?tmp.estilo=&tmp.area=398&tmp.texto=100978http://www.stj.jus.br/portal_stj/objeto/texto/impressao.wsp?tmp.estilo=&tmp.area=398&tmp.texto=100978http://www.stj.jus.br/portal_stj/objeto/texto/impressao.wsp?tmp.estilo=&tmp.area=398&tmp.texto=100978http://bit.ly/stjnoticias
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    Seleleo especial de notcias do STJ sobre o tema bem de famlia:

    STJ decide o que essencial em processos envolvendo penhora de bens

    As decises do Superior Tribunal de Justia mostram que a apreenso judicial de bens, valores, dinheiro,

    direitos, pertencentes ao devedor executado, a penhora, no pode ser feita sobre qualquer propriedade

    do devedor.

    A lei garante a impenhorabilidade do bem de famlia, o que significa que o imvel residencial do casal ou

    da entidade familiar impenhorvel e no serve para pagar qualquer tipo de dvida civil, comercial,

    fiscal, previdenciria ou de outra natureza, feita pelos proprietrios. Resta, ento, promover a penhora

    sobre outros bens que no estejam resguardados pela lei. A questo sobre quais seriam esses bens

    frequentemente analisada em processos que chegam ao Superior Tribunal de Justia.

    Tendo em vista que a lei protege tambm os mveis e utenslios necessrios ao bem-estar da famlia,

    inclusive os de uso profissional, desde que quitados e permite que apenas os veculos de transporte, se

    no forem usados para fins profissionais, as obras de arte e os objetos suntuosos sejam penhorados, em

    cada caso os ministros do STJ tm que analisar o que considerado suprfluo.

    Fonte:

    http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=90634&tmp.area_a

    nterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20famlia

    Smula 364 amplia a proteo dada ao bem de famlia

    A smula nmero 364, aprovada pela Corte Especial amplia os casos em que se pode usar a proteo do

    Bem de Famlia, definido por lei como o imvel residencial do casal ou unidade familiar que se torna

    impenhorvel para pagamento de dvida.

    O projeto, que deu origem nova smula, foi relatado pela ministra Eliana Calmon e estendeu a

    proteo contra a penhora para imveis pertencentes a solteiros, vivos ou descasados.

    http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=90634&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=90634&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=90634&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=90634&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=90634&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADlia
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    Entre os precedentes usados para a criao da nova smula est o recurso de relatoria do ministro Ari

    Pargendler considerando que o imvel de uma pessoa ainda solteira no momento em que a ao de

    cobrana foi proposta e que veio a casar-se depois era protegido contra a penhora. O ministro defendeu

    que no momento da penhora j haveria uma unidade familiar no imvel, justamente o alvo da proteo

    do Bem de Famlia.

    Segundo a smula 364, O conceito de impenhorabilidade de bem de famlia abrange tambm o imvel

    pertencente a pessoas solteiras, separadas e vivas .

    Fonte:

    http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=89632&tmp.area_a

    nterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20famlia

    Terceira Turma esclarece a lei do Bem de Famlia

    A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justia esclareceu que a lei do Bem de Famlia , de 1990,

    impede a penhora do imvel usado como moradia para proteger a famlia, e que se for estendida para

    o caso de imveis de pessoas separadas de fato, mas sem ter havido homologao judicial, pode facilitar

    fraudes. A relatora do acrdo de um processo de Rondnia sobre essa matria foi a ministra Nancy

    Andrighi.

    Segundo Nancy Andrighi, a lei do Bem de famlia pode ser estendida para solteiros, vivos, divorciados e

    separados judicialmente. Conforme a ministra, no caso especfico, que envolve um casal que ocupa dois

    imveis, a situao diferente, j que a separao apenas de fato, isto , sem ter havido homologao

    judicial. A ministro explicou que a separao de fato no acaba com a sociedade conjugal, j que ela

    somente se dissolve com a morte, com a decretao da nulidade, com o divrcio ou com a separao

    judicial. De acordo com a deciso da Terceira Turma, apenas o imvel ocupado pela mulher e filhos

    impenhorvel.

    Fonte:

    http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=89328&tmp.area_a

    nterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20famlia

    DECISO

    http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=89632&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=89632&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=89632&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=89328&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=89328&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=89328&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=89328&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=89328&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=89632&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=89632&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADlia
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    Dvida de material de construo no gera penhora do imvel

    Foge ao escopo da Lei n. 8.900/90 a penhorabilidade de imvel destinado moradia da famlia em razo

    de compras de material de construo no comrcio ou, ainda, em razo da aquisio de servios sem as

    formalidades do Sistema Financeiro de Habitao. Com esse entendimento, a Quarta Turma do Superior

    Tribunal de Justia rejeitou agravo regimental contra a deciso que garantiu a impenhorabilidade do bem

    de famlia para o pagamento de financiamento de material destinado construo do imvel.

    De acordo com os autos, a Justia do Rio Grande do Sul aceitou a penhora e rejeitou embargos ajuizados

    pela proprietria do imvel contra a execuo do bem de famlia para o pagamento de dvida contrada

    na aquisio de material de construo. Ao rejeitar os embargos, a Justia gacha entendeu que, por

    tratar-se de uma casa construda com padres de alto nvel, era de se esperar que os proprietrios

    tivessem planejado a forma de pagamento do material utilizado para valorizar seu imvel.

    A proprietria recorreu, sustentando que a regra contida no artigo 3, II, da Lei n. 8.009/9 aplicvel

    somente aos agentes financeiros oficiais, o que no o caso dos autos, j que o recorrente

    comerciante de materiais de construo, no tendo, como fim ou objetivo social, a concesso de

    financiamento para aquisio ou construo de imveis. O recurso especial no foi admitido na origem,

    com o argumento de que tal norma no se dirige apenas aos agentes financeiros, mas a qualquer titularde crditos decorrentes de financiamento de material destinado construo.

    A questo chegou ao STJ em agravo de instrumento relatado pelo ministro Aldir Passarinho Junior, que o

    acolheu e deu provimento ao recurso especial para desconstituir a penhora do imvel que serve de

    residncia familiar. O comerciante, ento, interps agravo regimental para reformar a deciso e afastar a

    impenhorabilidade do bem.

    O agravo foi negado por unanimidade. Segundo o relator, a norma contida na lei restritiva, no

    podendo ser interpretada extensivamente: no sendo o recorrido agente financeiro, mas firma

    individual que vende material de construo e executa servios, no h que se aplicar a exceo de

    penhorabilidade prevista na lei.

    Aldir Passarinho Junior reiterou que a impenhorabilidade do bem de famlia regra, cabendo somente as

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    excees legalmente previstas em lei e que devem ser interpretadas risca. Com efeito, a insistncia do

    agravante no merece prosperar, concluiu o relator em seu voto.

    Fonte:

    http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=88182&tmp.area_a

    nterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20famlia

    DECISO

    Lavadora, secadora de roupas e aparelho de ar-condicionado so impenhorveis

    Lavadora, secadora de roupas e aparelhos de ar-condicionado no podem ser objetos de penhora. Com

    essa concluso, a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justia (STJ), deu ganho de causa a

    uma devedora que teve penhorados bens mveis que guarnecem sua residncia.

    Ela recorreu ao STJ aps ter seu pedido de reparao de danos negado no primeiro e no segundo grau do

    Poder Judicirio. A sentena negou o pedido entendendo que a penhora de mquinas de lavar, passar

    roupas e ar-condicionado no viola a dignidade familiar.

    Em segunda instncia, a sentena foi mantida. Para o Tribunal dentre os bens que guarnecem a

    residncia da devedora, so penhorveis apenas aqueles que no retiram a dignidade da moradia, como

    lavadora, secadora de roupas e aparelhos de ar-condicionado.

    A defesa alegou haver violaes dos artigos 1 e 2 da Lei n. 8.009/90 (que dispe sobre a

    impenhorabilidade do bem de famlia), pois foram penhorados bens mveis de sua residncia.

    Ao analisar a questo, a ministra Nancy Andrighi destacou que, no que diz respeito penhorabilidade

    dos bens que guarnecem a residncia, vale destacar que o STJ, j h algum tempo, firmou o

    entendimento de serem impenhorveis os bens mveis do imvel do devedor, a includos aqueles que

    no podem ser inseridos na categoria de adornos suntuosos.

    A relatora enumerou vrios precedentes no mesmo sentido da concluso deque so impenhorveis

    todos os mveis guarnecedores de um imvel de famlia, recaindo a proteo do pargrafo nico do

    artigo 1 da Lei 8.009/90 no s sobre aqueles indispensveis habitabilidade de uma residncia, mas

    tambm sobre os usualmente mantidos em um lar comum.

    http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=88182&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=88182&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=88182&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=88182&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=88182&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADlia
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    Fonte:

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    nterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20famlia

    DECISO

    possvel penhora da piscina e churrasqueira desde que preservada a residncia

    A impenhorabilidade da residncia, prevista em lei, no se presta para proteger rea de lazer da casa.

    Por isso, um devedor da Caixa Econmica Federal (CEF) ter penhorados os lotes em que foram

    construdas a piscina e a churrasqueira, ao lado da casa. A deciso da Terceira Turma do Superior

    Tribunal de Justia (STJ), baseada em voto do ministro Humberto Gomes de Barros.

    O proprietrio do imvel, que fica na cidade de Timb (SC), contestou judicialmente a penhora da CEF. A

    dvida, poca da contestao, em 1996, estava em R$ 14,5 mil. Ele sustentou que os cinco lotes em que

    reside constituiriam um todo, com benfeitorias e construes onde mora com a famlia. Da, a alegao

    de que os 2.713,5 m estariam protegidos da penhora, conforme a Lei n. 8.009/1990, que protege o bem

    de famlia. Alm da casa propriamente dita, a rea comporta, sem separao de muros, piscina,

    churrasqueira, horta, quadra de vlei e pomar.

    O executado obteve sucesso na primeira instncia, e a execuo foi suspensa. A CEF apelou ao TribunalRegional Federal da 4 Regio (TRF/4), mas o posicionamento foi mantido. Para o TRF/4, o padro do

    imvel no exerceria qualquer influncia sobre sua impenhorabilidade, j que a lei que trata do tema

    no fez distino entre residncias grandes ou pequenas, luxuosas ou modestas, exigindo apenas que

    sejam utilizadas como moradia permanente da entidade familiar.

    O banco recorreu, ento, ao STJ, onde o processo foi relatado pelo ministro Gomes de Barros. A CEF

    argumentou que a residncia ocupa mais de um lote, e em dois deles estariam localizadas a piscina e a

    churrasqueira, construes que se enquadrariam em excees previstas na lei e passveis de penhora.

    O relator acolheu a argumentao. O ministro Gomes de Barros destacou que a lei no tem o propsito

    de permitir que o devedor se locuplete injustamente do benefcio da impenhorabilidade, sendo que tal

    benefcio deve ser temperado. No caso, os lotes, embora contguos, constituiriam imveis distintos,

    sendo possvel o desmembramento e a penhora.

    http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=86419&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=86419&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=86419&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=86419&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=86419&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADlia
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    Fonte:

    http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=84149&tmp.area_a

    nterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20famlia

    Noticias acessadas em: 14 de Fevereiro de 2009

    6. Bibliografia e Contato

    Bibliografia: Novo Curso de Direito Civil Parte Geral Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo

    Pamplona Filho, Ed. Saraiva (www.editorajuspodivm.com.brewww.saraivajur.com.br).Confira tambm: Bem de Famlia lvaro Villaa Azevedo, RT.

    Planto de Dvidas:www.lfg.com.br

    Consulte outros textos interessantes no site:www.pablostolze.com.br

    7. Mensagem

    MENSAGEM:

    O telefone pode ser um indesejvel adversrio.

    Concentrao muito importante: trs horas de estudo em concentrao valem mais do que cinco,

    seis ou sete horas com interrupes constantes.

    Desligue o telefone. No permita, na medida do possvel, que o interrompam. E sempre d uma pausa

    entre uma matria e outra, ou aps ler por muito tempo.

    Tenha certeza de que o seu sucesso questo de tempo!E nunca esquea: F em Deus acima de tudo!

    Um abrao!

    O amigo,

    Pablo.

    C D S 2012 1 Revisado ok

    http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=84149&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=84149&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=84149&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.editorajuspodivm.com.br/http://www.editorajuspodivm.com.br/http://www.editorajuspodivm.com.br/http://www.saraivajur.com.br/http://www.saraivajur.com.br/http://www.saraivajur.com.br/http://www.lfg.com.br/http://www.lfg.com.br/http://www.lfg.com.br/http://www.pablostolze.com.br/http://www.pablostolze.com.br/http://www.pablostolze.com.br/http://www.pablostolze.com.br/http://www.lfg.com.br/http://www.saraivajur.com.br/http://www.editorajuspodivm.com.br/http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=84149&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADliahttp://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=84149&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=bem%20de%20fam%C3%ADlia