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    PROFESSOR RENATO FENILI

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    Prezado(a) amigo(a) concursando(a),

    Espero que o perodo de estudos tenha sido bastante proveitoso.Estamos a pouco mais de trs semanas da data de realizao da prova.

    o momento de acelerar seus estudos e intensificar sua dedicao, de modo

    a possibilitar uma reviso nos dias que antecederem o certame.

    Chegamos hoje ao nosso ltimo encontro, com uma notcia boa: trata-

    se de uma aula com pouco contedo, sendo a mais leve de nosso curso. Eis

    a programao:

    AULA CONTEDO11 10. Conflito de interesses. 10.1. Lei n 12.813/2013

    Conflito de interesses um tpico que guarda grande proximidade com

    o tema tica no servio pblico, visto na ltima aula.

    Tudo pronto? Vamos ao trabalho!

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    I. CONFLITO DE INTERESSES

    1.1.O conceito de conflito de interesse no servio pblico

    Um dos princpios que regem a atuao da Administrao Pblica,por fora constitucional, o da Impessoalidade Tal princpio confunde-secom o Princpio da Finalidade Administrativa, conforme nos ensina Hely

    Lopes Meirelles:

    o princpio da impessoalidade, referido na Constituio de 1988 (art. 37,caput), nada mais que o clssicoprincpio da finalidade, o qual impe aoadministrador pblico que s pratique o ato para o seu fim legal. E o fimlegal unicamente aquele que a norma de direito indica expressa ouvirtualmente, de forma impessoal.

    Dessa forma, o ato administrativo no deve visar a interesses doagente que o pratica ou de terceiros, mas sim ao cumprimento da letra da

    lei que, por regra, tem por objetivo a defesa do interesse pblico. O agente,assim, apenas um veculo de manifestao da vontade do Estado.

    H o entendimento da doutrina de que o Princpio da Impessoalidadedecorre do Princpio da Isonomia ou da Igualdade, tendo em vista que nocorromper o ato administrativo pelo atendimento a interesses de particularessignifica oferecer oportunidades iguais queles que so alcanados pelo ato.

    Em desacordo com a observncia ao Princpio da Finalidade, conflitode interesse refere-se situao na qual a conduta funcional de umservidor pblico possa ser influenciada por interesses privados.

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    Preliminarmente, vejamos o conceito que a Organizao para aCooperao e Desenvolvimento Econmico1 (OCDE) traz para conflito deinteresse:

    Um conflito de interesseenvolve um conflito entre o dever pblicoe interesses privados de um agente pblico, no qual o agente pblicopossui um potencial de interesses privados que podem, de formainapropriada, influenciar o desempenho de seus deveres eresponsabilidades pblicas.

    No contexto do ordenamento jurdico brasileiro, vrios so os

    normativos que definem conflito de interesse. Em termos histricos, um dosprimeiros esforos em se tratar o conflito de interesse como uma questoespecfica consta do Cdigo de Conduta da Alta Administrao Federal,publicado em 2000. Na exposio de motivos que submeteu este Cdigo apreciao do Presidente da Repblica, Pedro Parente, ento chefe da CasaCivil, faz a seguinte exposio:

    [...] de notar que a insatisfao social com a conduta tica do governo Executivo, Legislativo e Judicirio no um fenmeno exclusivamente brasileiro ecircunstancial. De modo geral, todos os pases democrticos desenvolvidos,conforme demonstrado em recente estudo da Organizao para Cooperao eDesenvolvimento Econmico - OCDE, enfrentam o crescente ceticismo da opinio

    pblica a respeito do comportamento dos administradores pblicos e da classepoltica. Essa tendncia parece estar ligada principalmente a mudanas estruturaisdo papel do Estado como regulador da atividade econmica e como poderconcedente da explorao, por particulares, de servios pblicos antes sob regimede monoplio estatal.

    Em consequncia, o setor pblico passou a depender cada vez mais do

    recrutamento de profissionais oriundos do setor privado, o que exacerbou apossibilidade de conflito de interesses e a necessidade de maior controle sobre asatividades privadas do administrador pblico. [...]

    Na realidade, grande parte das atuais questes ticas surge na zonacinzenta cada vez mais ampla que separa o interesse pblico do

    1 A Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) uma entidade internacional de mais

    de 50 anos de histria, voltada ao estudo e disseminao de prticas de gesto em prol da prosperidade

    governamental, da estabilidade financeira e do desenvolvimento social.

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    interesse privado. Tais questes, em geral, no configuram violao denorma legal mas, sim, desvio de conduta tica. Como esses desvios no so

    passveis de punio especfica, a sociedade passa a ter a sensao de impunidade,que alimenta o ceticismo a respeito da licitude do processo decisrio

    governamental.

    Dessa forma, entre as finalidades do Cdigo de Conduta da AltaAdministrao Federal, constam:

    Art.1 Fica institudo o Cdigo de Conduta da Alta Administrao Federal,

    com as seguintes finalidades:

    IV estabelecerregras bsicas sobre conflitos de interesses pblicos eprivados e limitaes s atividades profissionais posteriores ao exerccio de cargopblico;

    Vminimizar a possibilidade de conflito entre o interesse privado e o deverfuncional das autoridades pblicas da Administrao Pblica Federal;

    Art.3 No exerccio de suas funes, as autoridades pblicas devero pautar-se

    pelos padres da tica, sobretudo no que diz respeito integridade, moralidade, clareza de posies e ao decoro, com vistas a motivar o respeito e a confiana dopblico em geral.

    Pargrafo nico. Os padres ticos de que trata este artigo so exigidos daautoridade pblica na relao entre suas atividades pblicas e privadas, de modo a

    prevenir eventuais conflitos de interesses.

    A Portaria MTE n 2.973/2010, estudada na ltima aula, nos traz a

    seguinte definio de conflito de interesses:

    Art. 4 Para fins deste Cdigo, consideram-se:

    I conflito de interesses: situao gerada pelo confronto entre interessespblicos e privados, que possa comprometer o interesse pblico ou influenciar odesempenho imparcial da funo pblica;

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    Uma definio muito prxima a essa apresentada pela Lei n 12.813, de16 de maio de 2013, objeto de estudo deste encontro:

    Art. 3o Para os fins desta Lei, considera-se:

    I - conflito de interesses: a situao gerada pelo confronto entre interessespblicos e privados, que possa comprometer o interesse coletivo ou influenciar, demaneira imprpria, o desempenho da funo pblica;

    A Lei n 12.813, de 16 de maio de 2013, dispe sobre o conflito deinteresses no exerccio de cargo ou emprego no Poder Executivo federal eimpedimentos posteriores ao exerccio do cargo ou emprego. Na prximaseo, veremos os principais contedos deste normativo.

    1.2. Principais aspectos da Lei n 12.813, de 16 de maio de 2013

    A Lei n 12.813/13 inova ao passar a prever, em um texto legal,determinadas condutas antiticas reprovveis.

    De modo geral, as condutas antiticas reprovveis j so disciplinadas

    no mbito da Lei n 8.429/12 (Lei de Improbidade Administrativa), sobre aqual se discorreu brevemente na ltima aula. Apenas para relembrar, oCaptulo II desta norma (Sees I, II e III), considera trs hipteses para aconsecuo de um ato de improbidade administrativa. So elas:

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    Tais hipteses so contempladas nos art. 9, 10 e 11 da Lei n 8.429/12,respectivamente.

    De modo geral, o agente cuja atuao desvirtuada em decorrncia deconflito de interesses fere, de incio, o Princpio Administrativo da Finalidade.Desta forma, atenta, de antemo, contra os Princpios da AdministraoPblica (art. 11 da Lei de Improbidade Administrativa). Logicamente adepender dos desdobramentos da situao concreta (cujas hipteses solistadas nos arts. 5 e 6 da Lei n 12.813/13, existe a possibilidade de aconduta ser classificada nos outros dois casos:

    Enriquecimento Ilcito implica sempre uma vantagem pessoal($$) para o agente que pratica o ato (art. 9 da Lei de ImprobidadeAdministrativa);

    Prejuzo ao Errio quem se d mal o Estado, que sofre um danoem seu patrimnio (art. 10 da Lei de Improbidade Administrativa);

    Atentado contra os Princpios Administrativos so os outroscasos. No h vantagem pessoal para o agente, e nem prejuzo

    financeiro ao Estado, mas apenas o descumprimento de princpioscomo a finalidade, a legalidade, a impessoalidade etc. (art. 11 da Leide Improbidade Administrativa).

    O fato que aLei n 12.813/13 frisa o fato de que no necessariamentea ocorrncia de conflito de interesses implica enriquecimento ilcio ouprejuzo ao errio, podendo simplesmente constituir um atentado contra osPrincpios Administrativos:

    Art. 4, 2o

    A ocorrncia de conflito de interesses independe da existncia deleso ao patrimnio pblico, bem como do recebimento de qualquer vantagem ouganho pelo agente pblico ou por terceiro.

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    Este entendimento ainda corroborado pelo art. 12 da Lei n 12.813/13:

    Art. 12. O agente pblico que praticar os atos previstos nos arts. 5o e 6o desta

    Leiincorre em improbidade administrativa, na forma do art. 11 da Lei no 8.429,de 2 de junho de 1992, quando no caracterizada qualquer das condutas descritasnos arts. 9o e 10 daquela Lei.

    A seguir, sero pontuados os principais aspectos da Lei n 12.813/13.

    O QUE NORMATIZA

    A Lei n 12.813/13 versa sobre o conflito de interesses no setor pblico.Mais especificamente, podemos listar as facetas reguladas por esta norma:

    situaes de conflito de interesses no mbito do Poder Executivofederal;

    requisitos e restries a servidores e empregados pblicos que tenhamacesso a informaes privilegiadas;

    impedimentos posteriores ao exerccio de cargo ou emprego pblico; competncias para avaliao e fiscalizao de conflitos de interesses.

    Tal a previso do art. 1 da norma em anlise:

    Art. 1o As situaes que configuram conflito de interesses envolvendo ocupantesde cargo ou emprego no mbito do Poder Executivo federal, os requisitos erestries a ocupantes de cargo ou emprego que tenham acesso a informaes

    privilegiadas, os impedimentos posteriores ao exerccio do cargo ou emprego e

    as competncias para fiscalizao, avaliao e preveno de conflitos deinteresses regulam-se pelo disposto nesta Lei.

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8429.htm#art11http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8429.htm#art11http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8429.htm#art11http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8429.htm#art11
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    ABRANGNCIA DA LEI

    O art. 2 da Lei em anlise explicita os agentes pblicos que se submetem

    ao seu regime:

    Art. 2o Submetem-se ao regime desta Lei os ocupantes dos seguintescargos e empregos:

    I - de ministro de Estado;

    II - de natureza especial ou equivalentes;

    III - de presidente, vice-presidente e diretor, ou equivalentes, de autarquias,fundaes pblicas, empresas pblicas ou sociedades de economia mista; e

    IV - do Grupo-Direo e Assessoramento Superiores - DAS, nveis 6 e 5 ouequivalentes.

    Pargrafo nico. Alm dos agentes pblicos mencionados nos incisos I a IV,sujeitam-se ao disposto nesta Lei os ocupantes de cargos ou empregos cujoexerccio proporcione acesso a informao privilegiada capaz de trazervantagem econmica ou financeira para o agente pblico ou para terceiro, conformedefinido em regulamento.

    Com relao ao pargrafo nico do artigo acima, pertinente a meno

    definio do conceito de informao privilegiada, segundo o inciso II do art.3 da mesma Lei:

    Art. 3o Para os fins desta Lei, considera-se:

    II - informao privilegiada: a que diz respeito a assuntos sigilosos ouaquela relevante ao processo de deciso no mbito do Poder Executivo federal quetenha repercusso econmica ou financeira e que no seja de amplo conhecimento

    pblico.

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    CONFLITO DE INTERESSES NO EXERCCIO DO CARGO OU DOEMPREGO

    O art. 5 da Lei n 12.813/132 apresenta o conjunto de situaes queconfiguram conflito de interesses no exerccio de cargo ou emprego nombito do Poder Executivo federal:

    Art. 5o Configura conflito de interesses no exerccio de cargo ouemprego no mbito do Poder Executivo federal:

    I - divulgar ou fazer uso de informao privilegiada, em proveito prprioou de terceiro, obtida em razo das atividades exercidas;

    II - exercer atividade que implique a prestao de servios ou a manutenode relao de negcio com pessoa fsica ou jurdica que tenha interesse em decisodo agente pblico ou de colegiado do qual este participe;

    III - exercer, direta ou indiretamente, atividade que em razo da suanatureza seja incompatvel com as atribuies do cargo ou emprego,considerando-se como tal, inclusive, a atividade desenvolvida em reas ou matriascorrelatas;

    IV - atuar, ainda que informalmente, como procurador, consultor,assessor ou intermedirio de interesses privados nos rgos ou entidades

    da administrao pblica direta ou indireta de qualquer dos Poderes da Unio,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios;

    V - praticar ato em benefcio de interesse de pessoa jurdica de que participe oagente pblico, seu cnjuge, companheiro ou parentes, consanguneos ou afins, emlinha reta ou colateral, at o terceiro grau, e que possa ser por ele beneficiada ouinfluir em seus atos de gesto;

    VI - receber presente de quem tenha interesse em deciso do agentepblico ou de colegiado do qual este participe fora dos limites e condiesestabelecidos em regulamento; e

    VII - prestar servios, ainda que eventuais, empresa cuja atividadeseja controlada, fiscalizada ou regulada pelo ente ao qual o agente pblicoest vinculado.

    Pargrafo nico. As situaes que configuram conflito de interessesestabelecidas neste artigo aplicam-se aos ocupantes dos cargos ou empregos

    2 Os arts. 5 e 6 so centrais Lei em anlise. Recomendo o estudo das situaes neles expostas com muita ateno.

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    mencionados no art. 2o ainda que em gozo de licena ou em perodo deafastamento.

    CONFLITO DE INTERESSES APS O EXERCCIO DO CARGO OU DOEMPREGO

    Por sua vez, o art. 6 da Lei n 12.813/13 apresenta o conjunto desituaes que configuram conflito de interesses aps o exerccio de cargoou emprego no mbito do Poder Executivo federal:

    Art. 6o Configura conflito de interesses aps o exerccio de cargo ou emprego

    no mbito do Poder Executivo federal:

    I - a qualquer tempo, divulgar ou fazer uso de informao privilegiada obtidaem razo das atividades exercidas; e

    II - no perodo de 6 (seis) meses, contado da data da dispensa, exonerao,destituio, demisso ou aposentadoria, salvo quando expressamente autorizado,conforme o caso, pela Comisso de tica Pblica ou pela Controladoria-Geral daUnio:

    a) prestar, direta ou indiretamente, qualquer tipo de servio a pessoa fsica ou

    jurdica com quem tenha estabelecido relacionamento relevante em razo doexerccio do cargo ou emprego;

    b) aceitar cargo de administrador ou conselheiro ou estabelecer vnculoprofissional com pessoa fsica ou jurdica que desempenhe atividade relacionada rea de competncia do cargo ou emprego ocupado;

    c) celebrar com rgos ou entidades do Poder Executivo federal contratos deservio, consultoria, assessoramento ou atividades similares, vinculados, ainda queindiretamente, ao rgo ou entidade em que tenha ocupado o cargo ou emprego;ou

    d) intervir, direta ou indiretamente, em favor de interesse privado perantergo ou entidade em que haja ocupado cargo ou emprego ou com o qual tenhaestabelecido relacionamento relevante em razo do exerccio do cargo ou emprego.

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    FISCALIZAO E AVALIAO DO CONFLITO DE INTERESSES

    O art. 8 da Lei n 12.813/13 apresenta as responsabilidades sobre o

    conflito de interesses, no que concerne competncia para oestabelecimento de normas, para a avaliao e fiscalizao em situaes deconflito de interesses, entre outros:

    Art. 8o Sem prejuzo de suas competncias institucionais, compete Comisso de tica Pblica, instituda no mbito do Poder Executivo federal, e Controladoria-Geral da Unio, conforme o caso:

    I - estabelecer normas, procedimentos e mecanismos que objetivem prevenirou impedir eventual conflito de interesses;

    II - avaliar e fiscalizar a ocorrncia de situaes que configuram conflito deinteresses e determinar medidas para a preveno ou eliminao do conflito;

    III - orientar e dirimir dvidas e controvrsias acerca da interpretao dasnormas que regulam o conflito de interesses, inclusive as estabelecidas nesta Lei;

    IV - manifestar-se sobre a existncia ou no de conflito de interesses nasconsultas a elas submetidas;

    V - autorizar o ocupante de cargo ou emprego no mbito do Poder Executivo

    federal a exercer atividade privada, quando verificada a inexistncia de conflito deinteresses ou sua irrelevncia;

    VI - dispensar a quem haja ocupado cargo ou emprego no mbito do PoderExecutivo federal de cumprir o perodo de impedimento a que se refere o inciso IIdo art. 6o, quando verificada a inexistncia de conflito de interesses ou suairrelevncia;

    VII dispor, em conjunto com o Ministrio do Planejamento, Oramento eGesto, sobre a comunicao pelos ocupantes de cargo ou emprego no mbito doPoder Executivo federal de alteraes patrimoniais relevantes, exerccio de atividade

    privada ou recebimento de propostas de trabalho, contrato ou negcio no setorprivado; e

    VIII - fiscalizar a divulgao da agenda de compromissos pblicos, conformeprevista no art. 11.

    Pargrafo nico. A Comisso de tica Pblica atuar nos casos queenvolvam os agentes pblicos mencionados nos incisos I a IV do art. 2o e a

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    Controladoria-Geral da Unio, nos casos que envolvam os demais agentes,observado o disposto em regulamento.

    A Comisso de tica Pblica foi criada pelo Decreto de 26 de maio de19993, integrando atualmente o Sistema de Gesto de tica do GovernoFederal. Vejamos o seu art. 1:

    Art 1 Fica criada a Comisso de tica Pblica, vinculada ao Presidente daRepblica, competindo-lhe proceder reviso das normas que dispem sobreconduta tica na Administrao Pblica Federal, elaborar e propor a instituio doCdigo de Conduta das Autoridades, no mbito do Poder Executivo Federal.

    1.3. Questes propostas

    A fim de bem sedimentarmos o contedo exposto nesta aula, faremosuma srie de questes inditas, apresentadas a seguir.

    1.(Indita) A Lei n 12.813/2013 o instrumento normativovigente que rege as situaes de conflito de interesses apenasno mbito do Poder Executivo federal.

    O Poder e a esfera de aplicao da Lei em pauta so apresentados no seuart. 1:

    Art. 1o As situaes que configuram conflito de interesses envolvendo ocupantes de

    cargo ou emprego no mbito do Poder Executivo federal, os requisitos erestries a ocupantes de cargo ou emprego que tenham acesso a informaes

    privilegiadas, os impedimentos posteriores ao exerccio do cargo ou emprego e ascompetncias para fiscalizao, avaliao e preveno de conflitos de interessesregulam-se pelo disposto nesta Lei.

    3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/dnn/Dnnconduta.htm

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/dnn/Dnnconduta.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/dnn/Dnnconduta.htm
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    A questo est correta.

    2.(Indita) Ministros de Estado e presidentes de autarquias

    submetem-se Lei n 12.813/13. Para tais agentes pblicos, aavaliao e a fiscalizao de situaes de conflito de interessesficam sob a tutela da Controladoria-Geral da Unio.

    A primeira parte da assertiva est correta, conforme consta do art. 2 daLei n 12.813/13, j visto nesta aula.

    J a segunda parte mostra-se incorreta, por fora do pargrafo nico doart. 8 da mesma norma. Conforme vimos, cabe Comisso de ticaPblicaatuar nos casos que envolvam os agentes pblicos mencionados nosincisos I a IV do art. 2o, que contemplam os agentes citados no enunciado.

    A assertiva est errada.

    3.(Indita) O conceito de informao privilegiada, assiminsculpido na Lei n 12.813/13, refere-se exclusivamente a

    assuntos sigilosos.Como vimos, o conceito de informao privilegiada mais abrangente,

    extrapolando o de informaes sigilosas:

    Art. 3o Para os fins desta Lei, considera-se:

    II - informao privilegiada: a que diz respeito a assuntos sigilosos ouaquela relevante ao processo de deciso no mbito do Poder Executivo federal

    que tenha repercusso econmica ou financeira e que no seja de amploconhecimento pblico.

    Assim, a questo est errada.

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    4.(Indita) Conflito de interesses a situao gerada peloconfronto entre interesses pblicos e privados, que possacomprometer o interesse coletivo ou influenciar, de maneira

    imprpria, o desempenho da funo pblica. Sempre que hconflito de interesses, h leso ao patrimnio pblico.

    O erro do enunciado est apenas no ltimo perodo. Veja o que nos traz o2 do art. 4 da Lei em anlise:

    Art. 4, 2o A ocorrncia de conflito de interesses independe da existncia deleso ao patrimnio pblico, bem como do recebimento de qualquer vantagem ou

    ganho pelo agente pblico ou por terceiro.

    O fato que, de modo geral, o conflito de interesses , em si, umatentado aos princpios administrativos. No necessariamente, ocorre lesoao errio, ou enriquecimento ilcito.

    A assertiva est errada.

    5.(Indita) Paulo, Auditor-Fiscal do Trabalho, lotado naSuperintendncia Regional do Trabalho e Emprego dePernambuco, passou a prestar servios eventuais deconsultoria Empresa X, fiscalizada periodicamente por estaSuperintendncia. Neste caso, Paulo incorreu em conflito deinteresses no exerccio de seu cargo.

    A situao exposta est prevista no inciso VII do art. 5 da Lei n12.813/13:

    Art. 5o Configura conflito de interesses no exerccio de cargo ou emprego nombito do Poder Executivo federal:

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    VII - prestar servios, ainda que eventuais, a empresa cuja atividade sejacontrolada, fiscalizada ou regulada pelo ente ao qual o agente pblico estvinculado.

    Assim, a questo est correta.

    6.(Indita) Paulo, Auditor-Fiscal do Trabalho, lotado naSuperintendncia Regional do Trabalho e Emprego dePernambuco, foi licenciado de seu cargo para tratar deinteresses particulares. Quando licenciado, passou a prestarservios eventuais de consultoria Empresa X, fiscalizada

    periodicamente por esta Superintendncia. Neste caso, mesmoestando licenciado, Paulo incorreu em conflito de interesses.

    A nica diferena desta questo para a anterior o fato de Paulo estar,agora, licenciado. Neste contexto, aplica-se o preconizado pelo pargrafonico do art. 5 da Lei em anlise:

    Art. 5, Pargrafo nico. As situaes que configuram conflito de interesses

    estabelecidas neste artigo aplicam-se aos ocupantes dos cargos ou empregosmencionados no art. 2oainda que em gozo de licena ou em perodo deafastamento.

    Dessa forma, a questo est correta.

    7.(Indita) Maria foi presidente da Comisso Permanente deLicitao do rgo pblico Y por 20 anos, quando, em dezembrode 2012, aposentou-se. Em agosto de 2013, veio, na figura de

    representante da Empresa Z, solicitar que uma multa por atrasona entrega de material no fosse aplicada. Neste caso, asituao no configura conflito de interesses.

    A situao exposta pode ser analisada luz da alnea ddo inciso II doart. 6 da Lei n 12.813/13:

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    Art. 6o Configura conflito de interesses aps o exerccio de cargo ou empregono mbito do Poder Executivo federal:

    II - no perodo de 6 (seis) meses, contado da data da dispensa, exonerao,

    destituio, demisso ou aposentadoria, salvo quando expressamente autorizado,conforme o caso, pela Comisso de tica Pblica ou pela Controladoria-Geral daUnio:

    d) intervir, direta ou indiretamente, em favor de interesse privado perantergo ou entidade em que haja ocupado cargo ou emprego ou com o qual tenhaestabelecido relacionamento relevante em razo do exerccio do cargo ou emprego.

    Apesar de a conduta de Maria estar prevista na alnea d, apegadinhaest no fato de ela ter se aposentado h mais de 6 (seis) meses. Assim, noh de se falar em configurao de conflito de interesses.

    A questo est errada.

    8.(Indita) O agente pblico que se submete Lei n 12.813/13e que pretenda aceitar uma proposta de trabalho oriunda deuma entidade privada, deve, previamente, comunicar porescrito esta inteno Comisso de tica Pblica ou unidadede recursos humanos de seu rgo.

    A orientao apresentada no enunciado espelhada no inciso II do art.9 da Lei em anlise:

    Art. 9o Os agentes pblicos mencionados no art. 2o desta Lei, inclusiveaqueles que se encontram em gozo de licena ou em perodo de afastamento,devero:

    II - comunicarpor escrito Comisso de tica Pblica ou unidade derecursos humanos do rgo ou entidade respectivo, conforme o caso, o exerccio de

    atividade privada ou o recebimento depropostas de trabalho que pretende aceitar,contrato ou negcio no setor privado, ainda que no vedadas pelas normasvigentes, estendendo-se esta obrigao ao perodo a que se refere o inciso II do art.6o.

    A questo est, assim, correta.

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    Esta foi a ltima aula de nosso curso. Fomos capazes de cobrir um

    contedo extenso e diversificado, no mbito da Administrao Geral e

    Pbllica.

    Agradeo pela oportunidade e pela confiana. Fique vontade para postar

    dvidas ou outros comentrios no frum.

    Toro pelo seu sucesso e pela conquista de seu objetivo, e

    permanecerei junto a voc nesta caminhada.

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    QUESTES APRESENTADAS NESTA AULA

    1.(Indita) A Lei n 12.813/2013 o instrumento normativovigente que rege as situaes de conflito de interesses apenasno mbito do Poder Executivo federal.

    2. (Indita) Ministros de Estado e presidentes de autarquiassubmetem-se Lei n 12.813/13. Para tais agentes pblicos, aavaliao e a fiscalizao de situaes de conflito de interessesficam sob a tutela da Controladoria-Geral da Unio.

    3.(Indita) O conceito de informao privilegiada, assiminsculpido na Lei n 12.813/13, refere-se exclusivamente aassuntos sigilosos.

    4.(Indita) Conflito de interesses a situao gerada peloconfronto entre interesses pblicos e privados, que possacomprometer o interesse coletivo ou influenciar, de maneiraimprpria, o desempenho da funo pblica. Sempre que h

    conflito de interesses, h leso ao patrimnio pblico.

    5. (Indita) Paulo, Auditor-Fiscal do Trabalho, lotado naSuperintendncia Regional do Trabalho e Emprego dePernambuco, passou a prestar servios eventuais deconsultoria Empresa X, fiscalizada periodicamente por estaSuperintendncia. Neste caso, Paulo incorreu em conflito deinteresses no exerccio de seu cargo.

    6. (Indita) Paulo, Auditor-Fiscal do Trabalho, lotado naSuperintendncia Regional do Trabalho e Emprego dePernambuco, foi licenciado de seu cargo para tratar deinteresses particulares. Quando licenciado, passou a prestarservios eventuais de consultoria Empresa X, fiscalizadaperiodicamente por esta Superintendncia. Neste caso, mesmoestando licenciado, Paulo incorreu em conflito de interesses.

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    7. (Indita) Maria foi presidente da Comisso Permanente deLicitao do rgo pblico Y por 20 anos, quando, em dezembro

    de 2012, aposentou-se. Em agosto de 2013, veio, na figura derepresentante da Empresa Z, solicitar que uma multa por atrasona entrega de material no fosse aplicada. Neste caso, asituao no configura conflito de interesses.

    8.(Indita) O agente pblico que se submete Lei n 12.813/13e que pretenda aceitar uma proposta de trabalho oriunda deuma entidade privada, deve, previamente, comunicar porescrito esta inteno Comisso de tica Pblica ou unidade

    de recursos humanos de seu rgo.

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    GABARITO

    1-C 2-E

    3-E 4-E5-C 6-C7-E 8-C

    Sucesso!