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Apostila de Penal II
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APOSTILA
DE
PROCESSO
PENAL II
Prof. Rodrigo Rolli
DISCIPLINA DIREITO PROCESSUAL PENAL II
Aula de incidente de insanidade mental
>Introdução:
Preceitua o artigo 149 do Código de Processo Penal que: quando
surgir dúvida quanto à integridade mental do indiciado ou do acusado, deverá ser
instaurado o incidente de insanidade mental, a fim de submetê-lo a exame médico
legal.
Este incidente é de suma importância tendo em vista que será ele
imprescindível para demonstrar se o acusado/indiciado possui capacidade civil,
penal, processual e capacidade de se submeter à execução de uma pena.
>Quem pode pleitear a abertura do incidente?
No próprio caput do artigo acima mencionado há o esclarecimento de
tal indagação. Podendo o incidente de insanidade mental ser determinado:
De oficio pelo juiz da causa;
Mediante requerimento de qualquer das partes;
Requerimento do MP, curador, ascendente, descendente, irmão ou cônjuge
do acusado e;
Representação do Delegado de polícia (autoridade policial).
Observação: 1) o juiz ante o pedido de instauração do incidente não fica
vinculado a este pedido, que poderá denegá-lo caso entenda ser desnecessário por
protelatório ou tumultuário (o pedido tem que trazer um mínimo de suspeita de
perturbação psíquica do réu).
2) da decisão que determina ou não a instauração do incidente não
cabe recurso (pode ser atacada por Hábeas corpus ou correição parcial).
>Como se dará a instauração:
Será feita mediante portaria judicial em autos apartados, que somente
poderá ser apensado aos autos do processo principal depois de apresentado o
laudo pericial que tiver chegado a uma conclusão quanto à sanidade ou não do
acusado (artigo 153 do CPP)
>Momento em que pode ser argüido: (Artigo 149, § 1º do CPP)
Poderá ser argüido no decorrer do inquérito policial ou do processo
penal. Contudo este incidente não poderá ser instaurado no decorrer da fase
recursal, pois neste caso se considera que se estaria suprimindo um grau de
jurisdição (Este posicionamento encontra respaldo no STF e STJ).
>Procedimento:
A instauração do procedimento por determinação judicial (em autos
apartados) mediante portaria, sendo nomeado neste momento um curador ao réu
ou indiciado.
Ficará suspensa a ação principal, salvo a possibilidade de realização
de atos processuais que possam ser prejudicados em razão do adiamento (artigo
149, §2º do CPP). Se for instaurado no curso do Inquérito policial, este não será
suspenso, portanto, tramitará normalmente.
Cabe observa se o réu/indiciado se encontra preso ou não. Se estiver
preso o mesmo deverá ser internado em manicômio judiciário. Se estiver solto,
poderá ser solicitada pelos peritos a internação em estabelecimento adequado
(exemplo uma clínica médica psiquiátrica) – conforme artigo 150 do CPP-.
Importante destacar o momento da instauração do procedimento,
uma vez que se este tiver sido instaurado no decorrer do Inquérito policial
somente poderão ser feitos quesitos por parte do juiz e do MP já que o indiciado
ainda não é considerado parte. Se for instaurado já na fase processual deve-se
abrir a possibilidade da defesa elaborar quesitos.
Logo em seguida os peritos irão realizar os exames, possuindo para
tanto um prazo previsto no artigo 150, § 1º do CPP, qual seja: 45 dias, salvo
necessidade de ampliação de prazo.
Entrega do laudo com as conclusões dos peritos. Deverá ser
elaborado por dois peritos oficiais (artigo 159 do CPP), que deverão fundamentar
o laudo, bem como responder aos quesitos que porventura existam. (caso assim
não se apresente, deverá ser refeito).
Cabe uma observação: a de que o juiz não fica vinculado ao laudo,
que poderá rejeitá-lo no todo ou em parte, conforme artigo 182 do CPP.
>Efeitos do laudo pericial:
Encontram-se nos artigo 151 e 152 do CPP.
Os peritos podem concluir que o réu era inimputável ou semi-
imputável em razão de doença mental ao tempo da ação ou omissão, motivo que
ensejará a retomada do processo principal. Portanto, caso fique comprovado no
laudo o acima descrito o processo retomará o seu curso normal, entretanto com a
presença de um curador (artigo 151 do CPP).
Já se os peritos concluírem que o réu/indiciado somente veio a
adquirir a doença mental após a prática do crime, o processo ficará suspenso. E
somente poderá ser reativado (retornar a ter andamento) quando o réu/indiciado
se restabelecer. (devendo-se atentar para o prazo prescricional).
> insanidade mental no curso da execução da pena:
Prevista no artigo 154 do CPP.
Entretanto, não se deve mais observar o artigo 682 do CPP (que
determina a internação do condenado em manicômio judicial); mas deve ser
observado sim o artigo 41 do CP (que foi reformulado pela lei 7209/84, posterior
ao CPP) que determina que neste caso será recolhido a hospital de custódia e
tratamento ou em estabelecimento adequado.
Pode o juiz também, determinar a conversão da pena privativa de
liberdade em medida de segurança, conforme artigo 183 da LEP.
DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL PENAL II
Aula de Habeas Corpus
1) Histórico:
No mundo o Habeas corpus teve sua origem no direito romano, uma vez que
todo cidadão poderia reclamar a exibição do homem livre detido ilegalmente. Existia uma ação
especifica para esta apresentação conhecida por interdictum de libero homine exhibend.
Outros doutrinadores entendem que o habeas corpus surgiu por meio da Carta
Magna, outorgada pelo rei João Sem Terra em junho de 1215. Prevista no artigo 48 da Magna
Carta que assim prescrevia: “Ninguém poderá ser detido, preso ou despojado de seus bens,
costumes e liberdade, senão em virtude de julgamento por seus pares, de acordo com as leis do
país.”.
Governos autoritários, que tinham a idéia de administração sem lei, e sem o
apoio inclusive da nobreza, acabaram por despertar represálias, dentre elas foi criada a
chamada Petition of Rights (petição de direito) em face do governante Carlos I. Esta petição de
direitos tinha por objetivo reafirmar as liberdades públicas fundamentais e o respeito às leis de
habeas corpus. Acabou por ser reconhecida em 1628.
Mesmo após este reconhecimento, arbitrariedades e prisões ilegais continuaram
a ocorrer, razão pela qual foi instituído o Habeas Corpus act que veio a consagrar o Writ of
habeas corpus, como o remédio jurídico eficiente para a soltura de indivíduos detidos de forma
ilegal.
Passou-se a utilizá-lo então em razão de prisões ocorridas em face de pessoas
acusadas de crimes.
Em 1789 foi o habeas corpus inserido na Declaração universal do direitos do
homem e do cidadão.
No Brasil, a despeito da proibição de prisões arbit6ra´rias prevista na
Constituição Imperial de 1824, a primeira vez que o Habeas corpus foi previsto legalmente foi
no Código de Processo Criminal de 1832, em seu artigo 40 que assim previa: “Todo cidadão
que entender que ele ou outrem sofre uma prisão ou constrangimento ilegal em sua liberdade,
tem direito de pedir uma ordem de habeas corpus em seu favor”.
Foi ampliado ao estrangeiro em 1871. Ganhando status constitucional por meio
da constituição da república de 1891, sendo previsto no artigo 72, §2º.
A partir de então passou a ser prtevisto em todas as constiutições até ganhar o
contorno atual, na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no artigo 5º inciso
LXVIII.
2) Conceito:
O Habeas Corpus é um remédio jurídico constitucional destinado a proteger a
liberdade de locomoção do indivíduo ameaçado por qualquer ilegalidade ou abuso de poder.
O significado de Habeas Corpus, hoje, se baseia na idéia de ordem de libertação,
ou ordem de cessação de constrangimento ilegal.
Vislumbra-se que referido remédio, na atualidade, não serve apenas para garantir
a liberdade de locomoção do individuo, mas também serve para tutelar atos jurisdicionais que
porventura possam influenciar no exercício da liberdade do cidadão. Toma-se como exemplo a
utilização deste remédio heróico para trancamento de inquérito policial, ação penal sem justa
causa, etc.
3) Natureza jurídica:
O habeas corpus encontra-se previsto no Código de Processo Penal pátrio dentro
do título que cuida dos recursos em geral. Apesar de ali se encontrar, o Habeas Corpus não
pode ser considerado recurso, mas sim uma verdadeira ação. Portanto sua natureza jurídica é de
ação.
Ao se impetrar este remédio jurídico constitui-se uma nova relação processual
com o escopo de restabelecer ou manter a liberdade mediante uma sentença de mérito.
Não pode se caracterizar como simples recurso uma vez que ele pode ser
impetrado não só durante a existência de um processo já em curso, mas também pode ser
pleiteado em processos já findos e quando ainda nem existe qualquer procedimento judicial.
Segundo Mougenot: “o habeas corpus representa verdadeira ação constitucional
autônoma de garantia individual da liberdade de locomoção. Assim se posiciona a doutrina
majoritária”.
Pode ser uma ação cautelar, declaratória, constitutiva, executória ou recisória, de
acordo com o mérito da questão versada. Exemplo:
nos incisos II a V do artigo 648 do CPP figura como ação cautelar;
nos incisos VI e VII como ação recisória se a sentença já transitou em julgado ou como
ação declaratória se o processo está em andamento e
no caso do inciso I pode ser uma ação cautelar declaratória ou constitutiva como se verá
mais pra frente.
4) Espécies:
Quanto ao mérito o habeas corpus pode ser Liberatório ou repressivo e o
preventivo.
a) Liberatório ou repressivo é voltado a afastar o constrangimento à liberdade já
consumado, com vista a restituir o estado de liberdade de alguém.
b) Preventivo, por sua vez, busca afastar o constrangimento à liberdade antes
mesmo de se consumar, Visa afastar uma ameaça à liberdade de locomoção.
Neste caso, expede-se um salvo-conduto.
Existe, ainda, o habeas corpus de oficio. È portanto possível a concessão de
habeas corpus de oficio, sendo pertinente sempre que o juiz ou tribunal venham a verificar que
alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal (conforme previsto no artigo 654, §
2º do CPP).
Observação: Pergunta-se: ao se afirmar que a natureza do Habeas corpus é de
uma ação, seria possível que esta medida seja concedida ex oficio pelo poder judiciário?
Sim, é possível; haja vista a finalidade do remédio jurídico
constitucional ser a proteção da liberdade individual, que possui relevância social.
5) Legitimidade:
a) Legitimidade ativa:
Por força do artigo 654, caput do CPP qualquer pessoa poderá impetrar o habeas
corpus, em seu favor ou de outrem. Observa-se que a lei possibilita que o pleito do remédio
jurídico constitucional seja o mais amplo possível, permitindo que se pleiteie para terceiros. Tal
possibilidade se justifica pelo fato de que a pessoa que necessita do pedido esteja preso
impossibilitado de assim o fazer.
Não há a necessidade de que o impetrante possua capacidade postulatória, sendo
dispensável o auxilio de advogado para se pedir o habeas corpus. O próprio estatuto da OAB
(lei 8906/94) permite o pleito do Habeas corpus sem a participação do advogado, conforme
artigo 1º § 1º da referida lei.
Analfabeto, pessoa jurídica em favor de pessoa física, o promotor de justiça
todos estes podem impetrar o habeas corpus.
Observação: 1) deve-se fazer uma distinção entre impetrante e paciente.
Impetrante corresponde a pessoa que faz o pedido de concessão da ordem, pleiteia em
nome de outrem.
Paciente: é aquele que sofre o constrangimento à sua liberdade ou se encontra na
iminência de sofrê-lo.
Nada impede que se confunda a pessoa do impetrante com a do paciente. Isto ocorre
quando o próprio paciente é quem pleiteia o HC.
2) somente pessoa física é que pode se apontada como paciente da violência.
b) legitimidade passiva:
É a chamada pessoa coatora.
Pode ser pessoa coatora tanto uma autoridade pública, como Delegado de
polícia, promotor de justiça e juiz de direito; quanto pode ser qualquer pessoa do povo.
No primeiro caso, quando o coator for autoridade, fala-se em autoridade coatora,
quando for qualquer do povo fala-se apenas em coator.
Exemplo de qualquer pessoa que pode ser considerado coator: HC contra filhos
que internam pais em clinicas psiquiátricas, contra pessoas que impedem o ingresso de outra
em supermercados, para conseguir retirar o paciente que não pagou despesas hospitalares de
um hospital.
6) Competência:
Determina-se a competência para julgar Habeas corpus por meio de dois
critérios:
a) pela territorialidade: local onde ocorreu ou irá ocorrer a coação.
b) pela hierarquia: existirá no caso previsto no artigo 650, §1º do CPP. Portanto,
em razão deste artigo. O HC deverá ser impetrado perante autoridade superior àquela de quem
partiu a coação.
6.1) competência do STF:
Processar e julgar originariamente nos casos previstos no artigo 102, inciso I
alíneas “d” e “i”.
Ver súmula 690 do STF.
Ver Súmula 691 do STF.
6.2) competência do STJ:
Processar e julgar originariamente os casos previstos no artigo 105, inciso I,
alínea “c”.
6.3) competência do TRF:
Se a autoridade coatora for juiz federal ou procurador da república e membros
do MP federal que atua perante a primeira instância. (artigo 108, inciso I, aliena “d”.
6.4) Tribunais de Justiça dos Estados:
A Constituição de cada Estado membro é que vai determinar a competência do
Tribunal de Justiça.
Exemplo: quando a autoridade coatora for o MP que determina a instauração de
inquérito policial sem justa causa no Estado de São Paulo.
Por exemplo, pode se observar a Constituição Estadual quando determina que o
Habeas Corpus terá seu julgamento no TJ nos casos em que a autoridade coatora ou paciente
for: vice governador, os Secretários de Estado, os deputados estaduais, o procurador geral de
justiça, o procurador geral de Estado, o Defensor Público Geral o Chefe da Polícia Civil, dentre
outros mais.
6.5) Juizes monocráticos (juiz de direito de primeira instância)
O que não for da competência do Tribunal de Justiça caberá ao juiz monocrático.
Será o juiz da comarca onde ocorrer a coação ou ameaça à liberdade de
locomoção o julgamento das ações de habeas corpus. Exemplo coação exercida por delegado
de polícia (autoridade policial).
7) Cabimento:
As hipóteses de cabimento encontram-se elencadas no artigo 648 do CPP,
cabendo salientar que tais hipóteses não podem ser consideradas numerus clausulus, ante a
previsão constitucional expressa no artigo 5º LXVIII: “...para toda e qualquer tipo de ameaça
ou restrição de liberdade...”.
Passaremos a observar cada uma das hipóteses previstas no artigo 648 do CPP.
Inciso I – ausência de justa causa:
Justa causa significa ausência de razão (de respaldo legal) para a imposição de
constrangimento ou violência.
Falta de requisitos legais que fundamentem o ato constritivo da liberdade.
Falta de justa causa para a prisão, para o inquérito e para o processo.
>Na prisão pena existirá a ausência de justa causa quando não houver o trânsito
em julgado da sentença penal condenatória.
>Na prisão cautelar não existirá justa causa para a sua imposição se não
estiverem preenchidos os requisitos legais que autorizam a coação.
> No inquérito policial existirá a ausência de justa causa quando o fato for
atípico ou estiver extinta a punibilidade.
> No processo penal: ausência de mínimo de prova da materialidade e indícios
da autoria.
Inciso II- quando alguém estiver preso por mais tempo do que a lei determina.
Esta hipótese se aplica aos casos de excesso de prazo na prisão provisória (prisão
em flagrante, preventiva, decorrente de pronúncia e de sentença condenatória recorrível)
Em regra o processo de réu preso deve estar findo no período de 81 (oitenta e
um) dias.
Veja-se a regra: 10 dias para a conclusão do IP
05 dias para a denúncia
03 dias para a defesa prévia
20 dias para a oitiva das testemunhas
02 dias para as diligências do artigo 499 do CPP
10 dias para o despacho de requerimento (art.. 499)
06 dias para as alegações finais
05 dias para as diligências ex officio
20 dias para a sentença
TOTAL: 81 DIAS
Já quanto a prisão temporária deve-se observar os prazos de 05 dias e 30 dias
(hediondos) e suas possíveis prorrogações (passados este período ocorre a ilegalidade).
Neste momento devem ser observadas as Súmulas do STJ.
Súmula 21 do STJ: no caso de crimes afetos ao Tribunal do Júri, pronunciado o
réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo.
Súmula 52 do STJ: encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de
constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo.
Súmula 64 do STJ: Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na
instrução provocada pela defesa
È possível o HC em excesso de prazo na prisão por crimes hediondos (Súmula
697 do STF).
Inciso III - incompetência do coautor
O artigo 5º LXI da CF/88 prevê que a prisão somente poderá ocorrer por meio
de auto de prisão em flagrante ou de ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente.
Se a ordem de prisão não advier de autoridade judiciária competente a constrição
da liberdade será ilegítima.
Inciso IV- cessação do motivo que autorizou a coação
Exemplo ocorre nos caso de que o condenado já cumpriu sua pena, mas continua
preso, ou do termino dos motivos ensejadores do prisão cautelar (lembrar da característica de
rebus sic standibus da cautelar- enquanto durar as causas).
Inciso V- Inadmissão de fiança, nos casos em que a lei autoriza.
Artigo 5º, LXVI da CF/88: onde ninguém será levado à prisão ou nela mantido
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.
Ora, se o crime praticado pelo individuo permite a liberdade provisória com
fiança e a autoridade não arbitra a fiança ou demora para fazer, deverá impetrar o remédio
constitucional a fim de que a autoridade assim proceda (arbitrando a fiança).
Inciso VI- Processo manifestamente nulo.
A nulidade pode advir de qualquer causa. Como falta de condições de
procedibilidade (representação e requisição nos crimes de APPública condicionada),
ilegitimidade ad causam (querelante propõe ação penal pública ou MP propõe ação penal
privada,) Incompetência do juízo, etc.
Inciso VII- Extinção da Punibilidade.
Não existindo mais a pretensão punitiva ou executória do Estado em face da
existência de uma das causa previstas no artigo 107 do CPP e artigo 312, § 3º do CP, não se
poderá mais ter qualquer constrição da liberdade sobre o indivíduo.
8) Prisão disciplinar militar e administrativa:
O artigo 142 da CF/88 preceitua que não caberá habeas corpus em relação a
punições disciplinares militares. Tal regra não é absoluta, podendo sofre delimitação em razão
de possível ilegalidade do ato disciplinar. Não há como se discutir sobre a conveniência ou
oportunidade do ato disciplinar, mas pode-se discutir sobre a ausência de disciplina legal para
se justificar a prisão, sobre o excesso de prazo da punição, incompetência da autoridade
coatora, dentre outras causa legais.
Vide artigo 647 do CPP
Prisão administrativa, hoje é vedada constitucionalmente (artigo 5º LXI) e caso
ocorra será passível o Habeas corpus, como remédio jurídico competente.
9) Processamento e impetração:
9.1) impetração:
Pode ser feita por qualquer pessoa, devendo a petição do remédio constar todos
os requisitos previstos no artigo 654, § 1º do CPP.
Esclarecemos que hoje é admitido a impetração por meio de telegrama,
radiograma ou telex, até por telefone, fac-símile (com posterior remessa dos originais), até por
meio eletrônico (e-mail) vide STJ AgRgAI nº s 389.941 e 500.050.
9.2) Processamento:
Após receber a petição, estadno preenchidos os requisitos do artigo 654, poderá
o juiz:
a) conceder liminarmente o Habeas corpus, fazendo cessar a coação
imediatamente. Esta concessão de liminar não possui previsão legal, mas é aceita na
jurisprudência, desde que preenchidos os requisitos das cautelares (fumus boni iuris e
periculum in mora) – artigo 660, §2º do CPP;
b) estando o réu preso, poderá o juiz determinar a imediata apresentação do
preso, em dia e hora por ele determinado (artigo 656 do CPP), existindo a obrigação de se
apresentar o paciente, e caso assim não seja procedido poderá responder pelo crime de
desobediência (artigo 330 do CP)
Pode o paciente do HC não se apresentado, fato que somente ocorrerá se estiver
dentro de uma das modalidades do artigo 657 do CPP.
Ressalta-se que esta modalidade está em desuso, uma vez que sempre ocorreu
grande demora e custo para a apresentação do paciente, sendo hoje adotado a apresentação de
informações;
c) recebida a petição pode o juiz determinar a apresentação de informações por
parte da autoridade coatora (artigo 662 do CPP) em prazo a ser fixado, após o juiz decidirá no
prazo de 24 horas.
Esta hipótese é a mais freqüente.
Observação: o MP não intervém no processo de HC em primeiro grau, só quando for impetrado
em tribunal
10) Efeitos:
Estando o paciente preso, o Habeas corpus liberatório for concedido será o
mesmo colocado imediatamente em liberdade (artigo 660, §1º do CPP);
Se for para evitar possível ameaça de violência ou coação ilegal, será expedido
salvo conduto (artigo 660, §4º do CPP);
Se for para trancar ação penal ou Inquérito policial, estes serão imediatamente
trancados;
Se for para anular processo penal, este será renovado a partir do momento em
que ocorreu a nulidade (artigo 652 do CPP)
11) Recursos:
Da decisão que julgar habeas corpus caberá:
a) recurso em sentido estrito da decisão do juiz que conceder ou negar ordem de
HC (artigo 581, X do CPP)
b) recurso de oficio (artigo 574, I do CPP) no caso de concessão por juiz
monocrático
c) recurso ordinário constitucional para o STF (artigo 102, II da CF) da decisão
dos tribunais superiores que julgam em única instância o HC que foi negado.
d) Recurso ordinário constitucional para o STJ (artigo 105, II, alínea b da CF)
de decisão que nega o HC, proferida em única ou última instância pelos
TRF’S, ou pelos TJ’S
DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL PENAL II
AULA DE CITAÇÃO E INTIMAÇÃO
(artigos 351 a 372 do CPP)
1) DA CITAÇÃO:
a) Introdução:
Trata-se de um ato processual que tem por objetivo chamar o réu ao processo,
para fins de conhecer a demanda. Portanto, a citação possui duas finalidades: primeiro a
cientificação do inteiro teor da acusação que lhe foi imposta e segundo o chamamento do
acusado para que apresente a sua defesa.
È importante destacar que a citação tem o objetivo de dar conhecimento da
acusação ao réu para que ele possa saber do fato que ora lhe é imputado. Se não atingir este
objetivo a citação será nula uma vez que se ferirá o princípio constitucional da ampla defesa.
Observação: É muito importante que com a citação seja entregue uma cópia da denuncia ou
queixa.
Quem determina a citação:
é a autoridade judicial (Juiz de Direito), sendo que a citação, via de regra, será
feita por meio de oficial de justiça.
Observação quanto à citação viva voz que existe no juizado especial criminal, conforme artigo
66 da lei 9099/95.
Princípio que regem a citação:
-princípio da unidade (ou da unicidade): uma vez que no processo penal só existe uma única
citação. (só na pena de multa é que deve ocorrer também uma citação na fase de execução).
-princípio da personalidade: (pessoalidade): onde o réu deve ser citado na sua pessoa
(pessoalmente, inclusive o menor de 21 anos)
Exceção a este princípio ocorrerá em duas hipóteses: réu comprovadamente ininputável e no
caso de citação por edital.
Ausência de citação:
A citação é indispensável, mesmo no caso de conhecimento anterior da
existência do processo contra ele (acusado). No caso de ausência (ou falta) de citação dá ensejo
a causa de nulidade absoluta do processo, conforme se observa no artigo 564, III, alínea e do
CPP).
A ausência fere os princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa
Dever-se observar o artigo 570 do CPP que fala que a falta ou ausência de
citação “ficará sanada caso o interessado compareça antes do ato consumar-se, embora o
declare que o faz para o único fim de arguí-la”.
Neste sentido o STF decidiu que caso ocorra o acima descrito fica afastada a
falta ou defeito da citação.
Entretanto deve se ressaltar que a citação possui dois objetivos chamar o acusado
ao processo e dar inteiro conhecimento da acusação que lhe é imposta a fim de se defender.
Sendo que no caso apresentado pelo artigo 570 não se atinge o segundo objetivo.
Não atendimento da citação:
Em decorrência da citação o acusado/réu fica vinculado, devendo comparecer
em todos os atos processuais.
Se o mesmo não comparecer, ou seja não atender ao chamado ocorrerá a
contumácia, que significa a ausência injustificada. O efeito imediato da contumácia é a revelia,
conforme se observa o artigo 367 do CPP, que assim está descrito: “o processo seguirá sem a
presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de
comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o
novo endereço ao juízo”.
A revelia significa que o réu não será mais comunicado dos atos processuais
posteriores. Cabe ressaltar que não recairá sobre o réu a presunção da veracidade dos fatos que
lhe são imputados tendo em vista que no processo penal vigora o princípio da verdade real.
Das Espécies de citação:
A citação pode se dar através de duas formas: a citação pessoal e a citação
presumida.
a) citação pessoal, também chamada de citação real ou in faciem é aquela feita
na pessoa do próprio acusado. Esta espécie de citação traz uma certeza quanto a sua realização.
A citação pessoal pode se dar por meio de mandado, carta precatória, carta de
ordem, carta rogatória e requisição. Passaremos a estudar cada uma delas:
a.1) citação por mandado:
A citação por mandado será feita quando a pessoa a ser citada encontra-se na
mesma comarca ou local em que o juiz da causa exerça a jurisdição. Esta citação se dará por
meio de oficial de justiça, onde ele deverá proceder a leitura do mandado para o acusado e este
receberá a contrafé (cópia integral do instrumento).
Todo o procedimento do oficial de justiça será certificado nos autos, inclusive se
o acusado negar a receber a citação. (artigo 357 do CPP).
O mandado possui requisitos intrínsecos e extrínsecos.
Os requisitos intrínsecos encontram-se no artigo 352 do CPP. Com relação a
estes requisitos deve-se apenas se salientar quanto ao chamado mandado apócrifo (aquele sem a
assinatura do escrivão ou do juiz, que não possui qualquer valor.
Os requisitos extrínsecos (artigo 357 do CPP) são a leitura do mandado ao
citando, a entrega da contrafé, a certificação feita pelo oficial de justiça quanto ao cumprimento
dos dois requisitos acima. Salienta-se que gerará nulidade apenas a ausência do segundo
requisito.
A citação poderá ser feita a qualquer dia e hora. Pode ser feita nos dias úteis,
sábado domingo e feriados. Pode ser feita de dia ou a noite.
A citação deve ser feita com antecedência mínima de 24 horas.
a.2) citação por carta precatória:
Também é uma modalidade de citação pessoal, prevista no artigo 353 do CPP;
sendo que neste caso a citação será feita em face de uma pessoa que não se encontra residindo
na local ou comarca do juiz da causa. Para tanto o juiz da causa (deprecante) pede ao juiz
deprecado (aquele em que reside o citando) o cumprimento do ato processual citatório.
Na precatória o juiz deprecante já designará uma data para o interrogatório,
devendo observar uma data razoável para o cumprimento do ato processual.
No juízo deprecado deverá o oficial de justiça da comarca realizar o
cumprimento do mandado.
A carta precatória possui requisitos intrínsecos (conforme artigo 354 do CPP)
Observação: precatória intinerante>> neste caso o juiz deprecado, ao d]tomar conhecimento de
que o citando encontra-se em outra comarca que a não a dele, deverá encaminhar a precatória
para a comarca onde se encontra de fato a pessoa a ser citada.
Atenção deve ter quanto ao prazo para o interrogatório, pois se estiver muito
próximo e perceber que não haverá tempo para a citação do acusado, deverá então remeter a
precatória de volta para o juiz deprecante, para que adote as medidas necessárias (expedir uma
nova .precatória para a comarca em que estiver residindo o acusado).
a.3) citação por carta rogatória:
Espécie de citação pessoal que ocorrerá quando o acusado se encontrar no
estrangeiro ou em sede de legações estrangeiras (embaixadas e consulados).
Neste caso o juiz ou tribunal que pede a realização do ato processual citatório
encaminha o pedido ao Ministro da Justiça que irá encaminhar por meio da via diplomática, a
citação às autoridades estrangeiras competentes.
A carta rogatória encontra-se no artigo 368 do CPP.
Vide também artigos 780, 783 e seguintes do CPP.
a.4) citação por carta de ordem:
Neste caso são as citações determinadas pelos tribunais nos processos de sua
competência originária. Nestes casos o tribunal determina ao juiz de instância inferior que cite
o acusado que se encontra em sua comarca. O mesmo pode ocorrer entre os tribunais superiores
e tribunais de segundo grau.
a.5) citação do militar:
Encontra-se previsto no artigo 358 do CPP.
“A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço”.
Neste caso o juiz da causa expede um ofício requisitório ao chefe imediato do
militar a ser citado, cabendo ao chefe do militar proceder a citação. Não será feita por oficial de
justiça.
A citação neste caso será feita por meio de requisição.
Cabe ressaltar que a deverão ser observados os mesmos requisitos intrínsecos e
extrínsecos do mandado.
Se o militar estiver residindo ou prestando serviço em outra comarca deverá o
juiz da causa expedir precatória ao juiz deprecante para este expedir ofício requisitório ao chefe
imediato do militar.
a.6) citação do funcionário público:
A citação do funcionário público civil será feita por mandado.
A única observação que se faz é que deve o chefe da repartição do citando ser
notificado a fim de que possa liberar o funcionário do serviço no dia e hora do interrogatório.
Fazendo então a substituição do funcionário citado, com escopo de não causar assim, prejuízo
ao serviço público.
a.7) citação do preso:
O artigo 360 do CPP foi alterado pela lei nº 10.792/03, que passou a determinar
que a citação do réu preso será sempre feita pessoalmente.
Com esta lei, todo réu preso, esteja ele onde estiver, deverá ser citado
pessoalmente, seja por mandado (quando estiver preso na mesma comarca) ou por meio de
precatória (quando estiver preso em outra comarca)
Com esta lei afastou-se de vez a suposta citação do réu preso por meio da
requisição à autoridade do estabelecimento prisional. O réu tem que ser citado pessoalmente,
somente para os atos seguintes do processo e que deverá ser apenas requisitado.
a.8) citação do incapaz (ininputável):
Será feita perante um curador designado pelo juiz criminal ou que já estiver no
exercício da curatela
b) citação presumida:
Esta citação é também chamada de citação ficta. Acontece por meio de
publicação ou afixação em locais certos de editais contendo a ordem de citação, estando
prevista no CPP no artigo 361 e seguintes.
Tal expediente tem por fim impedir a paralisação da ação penal, quando o
acusado não for encontrado nos endereços disponíveis.
Na verdade tal procedimento trata-se de uma ficção, uma vez que a lei admite
que o réu possa tomar conhecimento da existência de uma acusação penal face a uma simples
publicação da citação por meio de afixação dela na sede do fórum da comarca ou por meio de
uma publicação da citação em jornais ou periódicos de circulação regional.
Deve-se destacar que a citação por meio editalício somente ocorrerá em caráter
excepcional, devendo ser adotada apenas depois de esgotado todos os meios de se encontrar o
acusado. Portanto, deve-se procurar encontrar um possível endereço para citação do acusado
através dos sistemas de informações do TER, Receita Federal , ministério do Trabalho,
CESAMA, CEMIG e SPC (estes são os mais comuns).
Existem diversas hipótese que tornam possível a citação por edital, são elas:
(vide alterações ao final trazida pela lei 11.719/08) 1) quando o réu está em local incerto e não sabido: neste caso não se sabe a
cidade, Estado, país, nem muito menos o endereço onde o acusado pode ser encontrado.
Esta situação de incerteza e desconhecimento deverá ser certificado por meio de
certidão expedida por oficial de justiça responsável pelo cumprimento do mandado de citação
pessoal. (Esta é a prova necessária para declarar o acusado em lugar incerto e não sabido).
Quando a procura do acusado junto a órgãos públicos, no caso de réu em local
incerto ou não sabido, já existem decisões judiciais no sentido de que não é necessário a
pesquisa em todos os locais que possam ter informações sobre o acusado (porém deve existir
nos autos que foram realizadas busca a fim de encontra-lo).
O presente exemplo encontra-se elencado no artigo 361 do CPP.
O prazo do edital neste caso é de 15 dias
2) o réu que se oculta para não ser citado, neste caso o réu deverá ser citado por
meio de edital, uma vez que não existe citação com hora certa em processo penal, tudo
conforme artigo 362 do CPP.
Prazo do edita é de 05 dias.
3) Terceira hipótese é a do caso previsto no artigo 363, inciso I do CPP, quando
o acusado se encontra em local inacessível. Local inacessível seria locais em que estejam
ocorrendo guerra, calamidade pública ou qualquer outro derivado de caso fortuito ou força
maior..
Neste caso o prazo do edital será um prazo judicial uma vez que o juiz poderá
fixar entre 15 dias a 90 dias, ficando a critério do juiz, devendo analisar o grau de
inacessibilidade.
4) por ultimo temos os casos de acusado sem identificação (identidade incerta),
previsto no artigo 363, inciso II do CPP. Muito se discute sobre a possibilidade de citação por
edital neste caso, uma vez que não haveria como identificar o acusado e este por sua vez nunca
teria uma ampla defesa. Somente se admitiria nos caso em relação a pessoas que são
conhecidas publicamente na comunidade, embora desconhecidas são as suas verdadeiras e reais
identidade civil. Poderia ocorrer como nos caso de pessoas com codinomes conhecidos no meio
policial e judicial, como escadinha, luz vermelha, etc).
Prazo do edital de 30 dias.
Estudo do edital de citação:
Neste momento faremos um estudo dos requisitos intrínsecos, extrínsecos, dos
prazos de edital e por fim o procedimento.
Os requisitos intrínsecos do edital encontram-se elencados no artigo 365 caput e
nos seus incisos.
Já os requisitos extrínsecos encontram-se no parágrafo único do mesmo artigo
(365 do CPP).
Prazos estão descriminados acima (5/15/15-90/30 dias).
Observação final sobre citação:
O que é Citação circunduta? È a citação que foi anulada. O ato que torna nula ou
sem nenhuma eficácia a citação é chamado de circundução.
Como visto uma falta ou defeito da citação é causa de nulidade absoluta, que não
pode ser convalidada.
2) DA INTIMAÇÃO:
Intimação é um meio procedimental que visa noticia a existência de um ato
processual, a fim de possibilitar às partes o exercício de suas faculdade e ônus processuais.
Tem por escopo também efetivar o cumprimento do dever legal de
comparecimento e participação de terceiros no processo penal.
Intimação do advogado constituídos pelo réu tanto na ação penal pública quanto
na privada ( e assistentes da acusação) será feita pela imprensa onde houver.
Não havendo órgão de publicação oficial dos atos judiciais, a intimação será
feita diretamente pelo escrivão, por mandado ou via postal devendo haver comprovante de
recebimento (artigos 370 § § 1º e 2º do CPP)
Intimação do advogado dativo deve ser feita de forma pessoal (via mandado e
não por meio de imprensa).
A intimação do ministério Público (conforme lei 8265/93 LOMP para o Mp
estadual e Lei complementar 75/93 – referente ao MP Federal) a intimação tem que ser feita de
forma pessoal nos autos, e não por meio de mandado.
A intimação de ato futuro pode ser feita na própria audiência (artigo 372 do
CPP).
Observações:
Das alterações referente ao tema citação trazidas pela lei 11.719/2008
(de 20 de junho de 2008).
No que diz respeito à citação os artigo 351 a 361 não tiveram qualquer alteração.
Artigo 362 do CPP
O artigo passou a ter a seguinte redação:
Caput:
“ Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos artigos
227 a 229 do CPC.”
Parágrafo único:
“completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser lhe-á
nomeado defensor dativo.”
Até antes desta reforma, casa o réu estivesse se ocultando para não ser citado,
seria realizada a sua citação por meio de edital (citação presumida), com prazo de cinco dias.
Desta forma, utilizando as regras do CPC o direito processual penal passou a
aceitar a citação com hora certa.
Para tanto deverá ser observada pelo meirinho (oficial de justiça) no
cumprimento das diligências as regras do artigo 227 a 229 do CPC (ler estes artigos).
Artigo 363 do CPP:
Nova redação:
Caput:
“O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do
acusado.”
Desta forma, vislumbra-se que é através da citação valida que se instaura a
relação processual (actum trium personarum).
Somente a citação válida e que completa a formação do processo, mesmo nos
caso de procedimentos em que existe uma previa notificação ao acusado para que ele se
manifeste sobre a acusação. Exemplo crime de drogas (lei 11.343/06) e crimes de
responsabilidade dos funcionários públicos (artigo 514 do CPP), e crimes de competência dos
tribunais (lei 8038/90 e 8658/93).
Os incisos do antigo 363 (incisos I e II) também foram revogados, portanto não
existe mais a citação por edital (citação presumida) nos seguintes casos:
>> quando inacessível o local em que se encontra o réu em razão de epidemia,
guerra ou por outro motivo de força maior.
No que tange a este inciso não existe discussão quanto a sua revogação.
>> quando incerta a pessoa a ser citada.
Já quanto a este muito foi discutido, uma vez que a lei autoriza o recebimento da
denuncia neste moldes, porque então não seria possível a citação? (vide artigo 41 do CPP)
A doutrina, ainda iniciante ante a mudança, se fundamenta no fato de que nunca
chegaram a ver uma denúncia nestes moldes, e também caso existisse ela seriam muito
temerária.
Foi acrescentado ao novo artigo 363 um parágrafo 1º, com a seguinte redação:
§ 1º “Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital.”
È o que preceituava o artigo 361 do CPP (em seu modelo antigo).
§§ 2º e 3º foram vetados e dispunha sobre a produção antecipada de provas com a presença de
um representante do MP e defensor em um dos parágrafos e. no outro, a suspensão do prazo
prescricional.
Portanto estaria havendo a cisão do artigo 366 do CPP.
Foram, conforme dito acima vetados.
§ 4º “comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer tempo, o processo observará o
disposto nos artigo 394 e seguintes deste Código”.
Portanto, uma vez comparecendo o citado, o processo continuará em seus
ulteriores atos. (conforme preceituava o § 2º do artigo 366).
Artigo 364 do CPP deixou de ter aplicação ante a revogação dos incisos i e II do artigo 363.
Artigo 365 do CPP continua com a mesma redação do CPP (não sendo alterado pela lei
11.719/08).
Artigo 366 do CPP:
Caput continua com a mesma redação (não foi alterado)
§ 1º foi revogado: esta revogação na verdade foi um erro no momento da redação final da lei
11.719/08, haja visto a impossibilidade de sua revogação. Por quê?
Simplesmente pelo fato de que na redação final não foi aprovada os §§ 2º e 3º do
artigo 364 que vinha justamente a dizer sobre a produção das provas antecipadas na presença
do MP e do defensor.
Ante a revogação do § 1º do artigo 366 e o veto dos §§2º e 3º do 364, conclui-se
de forma absurda que a produção antecipada de provas não necessita da presença do MP ou do
defensor dativo (ferindo destarte os princípios do contraditório e da ampla defesa).
§ 2º foi revogado (passando a estar previsto no § 4º do artigo 363 do CPP
Os artigos 367 ao 369 não tiveram alteração.
DIREITO PROCESSUAL PENAL II
DOS PROCEDIMENTOS
1ª PARTE
1) INTRODUÇÃO
1.1) distinção entre processo e procedimento:
A priori é muito importante se fazer uma distinção entre processo e
procedimento, que apesar de se encontraram ligados de forma peculiar, não podem ser
considerados, de forma alguma como sinônimos.
Processo se diferencia de procedimento.
Processo deve ser entendido como um termo muito mais amplo, é um conjunto
de procedimento e relação jurídica processual. Portanto, é o somatório de procedimento (que é
o conjunto de atos que se desenvolve por todo o processo) mais a relação jurídica (que é o
vinculo existente entre duas ou mais pessoas por meio do qual se estabelecem obrigações,
ônus, direitos e deveres), salientando-se que esta relação se dá entre os sujeitos processuais
(juiz, autor e réu).
PROCESSO = RELAÇÃO JURIDICA + PROCEDIMENTO
Procedimento por sua vez nada mais é do que o conjunto de atos que se
desenvolve por todo o processo pelos sujeitos processuais, cujo objetivo é a decisão judicial.
Cabe ressaltar, que apesar desta distinção o CPP não é muito didático, uma vez
que não é preciso nesta distinção.
1.2) Processo seu inicio e seu fim:
Segundo o CPP o processo se inicia com o oferecimento da denúncia ou queixa,
entendimento doutrinário como Fernando da costa tourinho filho e Mougenot. Por sua vez, os
tribunais superiores (STJ e STF) entendem que a ação penal se inicia a partir do momento do
recebimento da denuncia ou queixa.
Vide sumula 707 do STF
1.3) Fases procedimentais:
O procedimento penal apresenta quatro fases. Vejamos:
Fase postulatória: se dá com a apresentação da peça inicial acusatória, que é a
denuncia ou queixa, transcorrendo até o oferecimento da resposta escrita (defesa prelimiar);
Fase instrutória (ou probatória): nesta fase encontram-se os atos processuais de
produção probatória (provas trazidas aos autos, alegações e argumentos lançados pelas partes
na audiência de instrução e julgamento);
Fase decisória: competindo ao magistrado apresentar solução ao caso
apresentado, pondo termo ao processo.
Fase executória:ocorre após o transito em julgado da decisão judicial penal
condenatória, dando inicio a execução da sanção penal imposta.
1.4) espécies de procedimentos:
Preceitua o novo artigo 394 do CPP que o procedimento poderá ser comum e
especial.
Do Procedimento comum:
Ressalta-se que o procedimento comum anterior à lei 11.719/08 era bipartido em
ordinário e sumário, sendo o ordinário para os crimes apenados com reclusão e o procedimento
comum sumário para os crimes apenados com detenção. Portanto apresentava como critério
para a fixação do procedimento comum a espécie de sanção penal e não no limite máximo da
pena em abstrato.
Com o advento da lei acima mencionada, acabou-se por adotar um critério mais
preciso, qual seja o da pena em abstrato cominada para a infração penal.
Para demonstrar o que foi dito no parágrafo anterior basta a simples leitura do
artigo 394 e seus parágrafos.
Hoje o procedimento comum apresenta três formas: ordinário, sumário e
sumaríssimo conforme artigo 394, §1º do CPP.
Nos §§ 1º e seus incisos vem a demonstrar o critério de pena cominada para
fixar o procedimento comum, sendo ajustado da seguinte forma:
-procedimento comum ordinário: para os crimes com pena máxima em abstrato igual ou
superior a quatro anos;
- procedimento comum sumário: para os crimes com pena máxima em abstrato inferior a quatro
anos e
- procedimento comum sumaríssimo: para os crimes de menor potencial ofensivo (crimes cuja
pena máxima em abstrata não ultrapassa a 2 anos e contravenções penais).
Observações:
Ressalta-se, ainda, que o procedimento comum deve ser considerado como
regra, somente não sendo aplicado para os casos em que exista disposição expressa em
contrário, conforme se vê no §2º do artigo 394.
Desta forma, o próprio CPP e leis extravagantes podem dispor de forma diversa,
adotando procedimentos especiais.
Dos procedimentos especiais:
Serão considerados procedimentos especiais todos aqueles em que o CPP assim
dispuser ou leis esparsas também afirmarem neste sentido.
Dentre os procedimentos especiais previstos no CPP podemos apresentar: os
procedimentos dos crimes contra a honra, dos crimes contra a propriedade imaterial, de
restauração de autos extraviados ou destruídos e o procedimento do tribunal do júri (que é um
procedimento especial, apesar de estar disposto dentro do procedimento comum no CPP).
Em legislação extravagante, apresentamos dentre vários os procedimentos
especiais a seguir enumerados: procedimento da lei Antidrogas (lei 11.343/06), lei dos crimes
de abuso de autoridade (lei 4898/65), lei de imprensa (lei 5250/67), dos procedimentos para
ações penais originarias no STJ e STF (lei 8038/90) dentre outras.
Vale lembrar também os crimes eleitorais tem rito próprio do código eleitoral; os
crimes militares tem rito próprio do código de processo penal militar, etc.
2) DOS PROCEDIMENTOS COMUNS
2.1) DO PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO
Este procedimento, conforme visto anteriormente, será o correto para os crimes
apenados com a pena máxima em abstrato igual ou superior a 4 anos de pena privativa de
liberdade
Apresentação resumida do procedimento:
1- remessa do inquérito para o Poder judiciários;
2- vistas ao MP, para oferecimento da inicial acusatória (ou querelante na APPrivada);
3- recebimento ou rejeição da inicial acusatória (denuncia ou queixa crime);
4- uma vez recebida a inicial acusatória, será determinada a citação do réu para
apresentar a defesa preliminar (prazo de 10 dias);
5- apresentação da resposta (defesa preliminar)
neste caso é possível a absolvição sumária com o julgamento antecipado da lide, face a
um dos motivos: certeza quanto a atipicidade do fato, presença de excludente de
ilicitude, excludente de culpabilidade (salvo inimputabilidade) e causas de extinção da
punibilidade;
6- audiência de instrução e julgamento, que será realizada no prazo máximo de 60 dias.
Na audiência ocorreram os atos processuais a saber:
declarações do ofendido,
inquirição de testemunhas de acusação e depois da defesa,
esclarecimento dos peritos,
acareações,
reconhecimento de pessoas e coisas,
interrogatório do acusado,
possíveis diligências requeridas que venha a ser necessárias no decorrer da audiência,
alegações orais finais –debates- (caso não exista diligências)
sentença
observação: 1) caso tenha sido requeridas diligências na audiência e estas
deferidas pelo magistrado, deverá o debate oral (alegações finais) serem substituídos por
memoriais;
2) Pode também o debate oral ser substituído por memoriais se
assim o juiz determinar, sendo nos casos de alta complexidade do fato a ser julgado, ou
por pluralidade de réus. Devendo o memorial ser apresentado no prazo de 5 dias.
3) no caso de apresentação de memorial a sentença deverá ser
dada no prazo de 10 dias, prorrogáveis por mais 10 dias
1) apresentação do IP à justiça
Relembrando: primeiro devemos relatar que ocorrida a infração penal, será feita
uma fase investigativa, por meio do inquérito policial, cujo objetivo e trazer provas da
materialidade e autoria da conduta criminosa, encaminhando o feito a justiça e logo em seguida
analise do inquérito policial pelo titular da ação penal (que pode ser o Ministério Público no
caso de ação penal pública ou o querelante no caso de ação penal privada).
2) oferecimento da peça acusatória
Oferecida a denuncia ou queixa, poderá ela ser recebida ou rejeitada.
Pode ser rejeitada com base em uma das motivações do artigo 395 (já estudadas
no decorrer do tópico ação penal, como por exemplo falta das condições da ação, ausência de
justa causa, etc), onde o único recurso cabível da decisão que rejeita será o: recurso em sentido
estrito.
Caso seja recebida a denuncia ou queixa (cabendo apenas o Hábeas corpus, caso
aceita a peça iniciadora da ação penal), teremos o inicio da relação jurídica processual (inicia-
se então o procedimento). ARTIGO 396 DO CPP
É o recebimento da peça acusatória que deflagra o processo, devendo então
considerar a que a decisão do juiz em que recebe a peça acusatória deve ser fundamentada (vide
artigo 93, inciso IX da CF/88)
3) citação e apresentação da defesa preliminar
Com a nova ordem processual penal inicia-se uma fase preliminar de defesa, em
que o réu deverá ser citado para apresentar resposta.
ARTIGO 396 A DO CPP
É importante ressaltar que a a resposta da defesa à inicial possui caráter
obrigatório, sendo completamente diferente da antiga defesa prévia, haja vista que a defesa
previa tinha apenas o intuito de apresentar o rol de testemunhas.
O artigo 396-A §2º prevê que caso o acusado não apresente a resposta no prazo
legal (10 dias), ou não constituir defensor, tem que o magistrado nomear defensor, abrindo
novo prazo de 10 dias para que este apresente a defesa preliminar
Nesta defesa preliminar poderá o magistrado julgar antecipadamente a lide com
base no artigo 397 do CPP (fazer uma leitura doa artigo em questão). Será o caso de absolvição
sumária do réu com base em um dos incisos do artigo 397 do CPP. Para tanto é imprescindível
que o magistrado possua um juízo de certeza.
È uma inovação trazida pela lei 11.719/08, uma vez que antes, mesmo existindo a certeza
quanto a possibilidade de absolver sumariamente o acusado, tri o juiz que prosseguir com o
feito uma vez que não possuía esta previsão legal.
Observação: 1) muito cuidado com a defesa preliminar, uma vez que pode a defesa
apresentar todos os argumentos a fim de se ver o processo findo de forma antecipado, mas caso
o juiz não aceite os argumentos o processo continuará e a acusação já terá conhecimento de
toda a tese da defesa, acabando com o elemento surpresa. Desta forma, deverá a defesa ter
cautela na apresentação desta peça, podendo optar por uma defesa mais evasiva, superficial.
2) após apresentação desta defesa preliminar deverá ser aberta vista para
a acusação (MP ou querelante), no prazo de 5 dias, principalmente pelo fato de poder julgar
extinta a lide com base no artigo 397 (caso não abra vista, estaria cerceando a acusação, indo
em sentido oposto ao do principio do contraditório).
4) audiência de instrução e julgamento:
Não havendo a rejeição da denuncia, nem muito menos a absolvição sumária,
tem o juiz que designar a audiência de instrução e julgamento; tendo a reforma no CPP ocorrida
pela lei 11.719/08 trazido a audiência una (consagrando o principio da concentração dos atos
processuais). Apesar desta previsão, já existem posicionamentos de divisão da audiência (seu
desmembramento), em face de excessiva quantidade de atos e sua realização em um só dia.
Portanto, apresentada a defesa, não ocorrendo a absolvição sumária do rei, será
designada audiência de instrução e julgamento, havendo a intimação de acusado, defensor e da
acusação (MP ou querelante).
Observação: questão importante a ser destacada é a previsão do artigo 399, §2 do CPP, onde
veio a consagrar, com a alteração da lei suso mencionada, o principio da identidade física do
juiz no processo penal (antes prevista apenas no processo civil,) em que se obriga o juiz que
instruiu o processo venha a proferir a sentença. Tem como escopo dar maior celeridade ao
processo.
Prevê o artigo 400 do CPP que a audiência deverá ser agendada no prazo de 60
dias (contados da data do recebimento da denuncia ou queixa).
Nesta audiência serão produzidas as seguintes provas:
-declaração do ofendido: que será tomada pelo juiz, mas poderá as partes realizar
reperguntas, que serão feitas diretamente.. o ofendido tem que comparecer, sob pena de
condução coercitiva.
Observação: se a ação for penal privada, o não comparecimento do ofendido, de
forma injustificada, acarretará a perempção.
- oitiva das testemunhas de acusação e defesa.
Tem que ser feita nesta ordem, salvo caso de impossibilidade de testemunhas
justificada ou que será feita mediante carta precatória.
As testemunhas no procedimento comum ordinário serão em número de oito
tanto para a defesa quanto para acusação. Artigo 401 do CPP
Primeiro serão feitas as perguntas do magistrado e depois as reperguntas da
acusação e da defesa, que serão feitas diretamente, não havendo mais o sistema
presidencialista. (nada impede que o magistrado venha a indeferir uma repergunta, e caso
ocorra poderá a parte pedir para constar no termo de audiência).
- esclarecimento da perícia (dos peritos)
Os peritos deverão ser requeridos previamente pelas partes (poderão ser ouvidos
pessoalmente, ou por meio de laudo complementar)
- acareações e reconhecimento de pessoas e coisas, caso seja necessário.
- por fim, o interrogatório do acusado (s)
Importante alteração trazida pela lei 11.719/08, onde o réu apenas se pronunciara
após tomar conhecimento de todo conteúdo probatório (trazendo maior força para a autodefesa
ou para valer-se do direito ao silêncio).
Observação: quanto a videoconferência - lei 11.900/2009 que trouxe a possibilidade de realizar
o interrogatório, declarações do ofendido e depoimento das testemunhas por este meio
tecnológico (muita discussão quanto a constitucionalidade desta lei).
5) requisição de diligências
Conforme preceitua o ARTIGO 402 do CPP, ao final da audiência, logo após
produzidas as provas poderão as partes solicitar diligências, que tornaram-se necessárias face as
provas produzidas na audiência.
Se poderia ter sido pleiteada antes da audiência (fato antigo) e não o foi por
displicência da parte, não será autorizada a diligência pelo magistrado.
6) oferecimento das alegações finais:
Não ocorrendo diligências, ou não sendo autorizadas pelo juiz, será aberto o
debate, com o oferecimento das alegações finais orais por 20 minutos para acusação e depois
20 minutos para a defesa, prorrogáveis por mais 10 minutos para cada. ARTIGO 403 DO CPP.
OBSERVAÇÃO QUANTO AOS ASSISTENTES (§2º DO ARTIGO 403).
As alegações finais orais poderão ser convertias em memoriais (escritos) nos
casos do artigo 403 § 3º do CPP.
Portanto, caso sejam requeridas pelas partes e acatadas pelo juiz as diligências, estas serão
realizadas e as alegações orais serão substituídas por memoriais, tendo as partes o prazo
sucessivo de 5 dias para apresentar os memoriais, após a realização das diligências
Observações: 1) tido que ocorrer na audiência deverá ser lavrado em termo
próprio, conforme artigo 405e seus §§ do CPP.
2)ocorre alteração no procedimento quando for autorizada as
diligências, onde deverá ser observadas as regras do artigo 404 e 405 do CPP.
2.2) DO PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO
Na regra anterior, aplicava-se o procedimento comum sumários para os crimes
apenados com pena privativa de liberdade de detenção; porém com o advento da lei nº.
11.719/08, que reformou os procedimentos penais, o critério para fixação do rito comum
sumário passou a ser a quantidade de pena, sendo que os crimes com pena máxima cominada
for inferior a quatro anos de pena privativa de liberdade (conforme artigo 394, §1º,II do CPP).
Deve-se ressaltar que existe outra possibilidade da fixação do rito comum
sumários, sendo esta prevista no artigo 538 do CPP, quando ocorrerá?
Ela ocorrerá quando o crime for de menor potencial ofensivo , estando
transcorrendo o procedimento no juizado especial criminal, mas o magistrado vier a
encaminhar os autos ao juiz comum para a adoção de outro procedimento. Este
encaminhamento pode acontecer quando: devido a complexidade da causa assim o determinar
ou quando o acusado não for encontrado para ser citado pessoalmente, haja vista o fato de que
não se admite citação edilitalícia no JEC.
O procedimento comum sumários encontra-se estipulado nos artigos 513 a 540
do CPP.
Atenção deve ser dada ao seguinte fato: o de que o procedimento comum
sumários pouco se distingue do ordinário (já estudado); sendo as diferenças as abaixo
enumeradas:
a) A pena máxima prevista para o crime _ no sumário é para os crimes com
pena máxima inferior a quatro anos, já quanto ao ordinário é de pena máxima
igual ou superior a quatro anos.;
b) Quanto ao número de testemunhas a serem arroladas pelas partes: sendo no
ordinários o número de até oito testemunhas, já no sumário de até 5
testemunhas;
c) O prazo para a audiência de instrução e julgamento é de 30 dias contados da
data do recebimento da peça acusatória, já no ordinário o prazo é de 60 dias;
d) Não há a previsão de requerimento de diligências em razão de fato surgido
na audiência, entretanto existe a possibilidade de um excepcional adiamento
do ato processual quando imprescindível à prova faltante (nos termos do
artigo 535 do CPP).
Apresentação resumida do procedimento comum sumário:
1-apresentação e remessa do inquérito para o Poder judiciários;
2-vistas ao MP, para oferecimento da inicial acusatória- denuncia (ou querelante na
APPrivada);
3-recebimento ou rejeição da inicial acusatória (denuncia ou queixa crime);
4-uma vez recebida a inicial acusatória, será determinada a citação do réu para
apresentar a defesa preliminar (prazo de 10 dias);
5-apresentação da resposta (defesa preliminar)
neste caso é possível a absolvição sumária com o julgamento antecipado da lide, face a
um dos motivos: certeza quanto a atipicidade do fato, presença de excludente de
ilicitude, excludente de culpabilidade (salvo inimputabilidade) e causas de extinção da
punibilidade;
6-audiência de instrução e julgamento, que será realizada no prazo máximo de 30 dias.
Na audiência ocorreram os atos processuais a saber:
declarações do ofendido,
inquirição de testemunhas de acusação e depois da defesa, (5 para cada parte)
esclarecimento dos peritos,
acareações,
reconhecimento de pessoas e coisas,
interrogatório do acusado,
alegações orais finais –debates-
sentença
Destarte, a regra do procedimento sumário é basicamente igual ao do
procedimento ordinário, salvo as acima mencionadas.
2.3) DO PROCEDIMENTO COMUM SUMARISSIMO
O procedimento em epígrafe se aplica aos crimes de menor potencial ofensivo,
quais sejam: os crimes cuja pena privativa de liberdade máxima cominada seja igual ou inferior
a dois anos (lei nº. 9099/95).
O estudo dest4e procedimento ficará a cargo do professor Aloisio, no decorrer
da disciplina dos juizados especiais cíveis e criminais, a ser ministrado no 8º período do curso.
3) DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
Conforme visto anteriormente, os procedimentos especiais se encontram
espalhados não só pelo código de Processo Penal (como os crimes do tribunal do júri, contra a
honra, funcionais ou contra a propriedade intelectual) , mas também por diversas leis
extravagantes (como por exemplo os crimes da lei antidrogas, eleitorais, etc).
3.1) DO PROCEDEIMENTO DOS CRIMES DE FALÊNCIA
Os crimes falimentares tinham previsão no decreto lei 7661/45, porém agora se
encontram previstos na nova lei de falências, lei 11.101/05.
O procedimento a ser aplicado na instrução criminal de tais crimes era prevista
nos artigos 503 a 512 do CPP, mas tais artigos foram revogados pela nova lei de falências.
Hoje, o procedimento de crimes falimentares encontra-se regrado pela nova lei
de falências.
Entretanto, deve-se observar o seguinte: os crimes falimentares praticados após a
nova lei, terão a vigência da nova lei 9procedimento da lei 11.101/05; já os crimes falimentares
praticados antes da vigência da nova lei (09 de junho de 2005) onde já se tinha instaurado o
processo falimentar antes desta data, o procedimento criminal será o previsto nos artigos 503 a
512 do CPP.
3.2) DO PROCEDIMENTO DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
Apresentam previsão nos artigos 513 a 518 do CPP, onde os crimes funcionais
são aqueles crimes praticados por funcionários no exercício de suas funções.
Observação inicial deve ser feita quanto a diferenciação entre crimes funcionais
próprios e impróprios.
Funcionais próprios são aqueles que podme ser praticados apenas por
funcionários públicos, já os impróprios são aqueles que podem ser praticados por qualquer
pessoa, mas quando praticados por funcionário público receberão uma qualificação jurídica
própria 9exemplo o peculato).
O procedimento em estudo se aplica aos crimes capitulados nos artigos 312 a
326 do código Penal, e se aplicam apenas aos crimes afiançáveis, sendo aqueles crimes cuja
pena mínima cominada não exceda a 02 (dois) anos.
Dos crimes acima descritos (dos crimes praticados por funcionários públicos
contra a administração em geral) somente os crimes de excesso de exação (artigo 316, §1º) e a
facilitação de contrabando e descaminho (artigo 318) são considerados inafiançáveis, e
portanto, seguirão o procedimento comum ordinário, e não o especial em estudo.
Características especificas deste procedimento:
a- primeiro encontra-se previsto no artigo 513 do CPP que determina que a
queixa ou denuncia deverão ser instruídas com documentos que comprovem a existência
delitiva ou com uma justificação que faça presumir a existência delitiva (ou até mesmo um
declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação das provas).
b- outra diferenciação se encontra no artigo 514 do CPP, em que o magistrado
antes de receber a peça acusatória (denuncia ou queixa) deverá ordenar a notificação do
acusado para respoender por escrito, no prazo de 15 dias. Portanto, o funcionário público tem
que apresentar uma defesa preliminar 9resposta preliminar).
Observação deve ser feita quanto a não observância do que preceitua o artigo 514 do CPP, onde
alguns doutrinadores entendem que ocorrerá uma nulidade relativa, que deve ser alegada pela
parte; já outra parte da doutrina entende que é caso de nulidade absoluta, já que se não for
observado o procedimento estipulado, estaria violando, desta forma, uma norma de ordem
pública.
Esta especificação não se estende ao co-autor ou participe que sejam particulares
(não funcionários públicos).
c- após a resposta do acusado, irá o juiz receber a denuncia ou rejeita-la, sempre
em despacho fundamentado.
A rejeição ocorrerá sempre que o magistrado tenha convencimento da
inexistência do crime ou da improcedência da ação 9artigo 516 do CPP).
O recebimento da denuncia ou queixa, fará com que o acusado seja citado,
seguindo-se depois todos os tramites do procedimento comum ordinários.
3.3) DO PROCEDIMENTO DOS CRIMES CONTRA HONRA
Encontram-se previstos nos artigo 519 a 523 do CPP e são aplicados para os
crimes contra a honra – calúnia, injuria e difamação. Ressalta-se que somente para os crimes
contra a honra previstos no CP, haja vista que os demais crimes contra honra, previstos em
outras legislações terão procedimentos próprios, como por exemplo na lei de imprensa, código
eleitoral, código penal militar, etc.
Salienta-se, contudo, que a lei 9099/95 acabou por trazer uma perda de aplicação
do procedimento em estudo, existindo apenas quando houver concurso de crimes dessa
natureza (crimes contra a honra), em que a pena máxima supere 2 anos. (portanto, os delitos
contra a honra passaram a ser processados perante o juizado especial criminal federal ou
estadual).
Para esclarecimento, informamos que o procedimento previstos nos artigo 519 a
523 trazem as seguintes peculiaridades:
Primeiro: A existência de uma audiência de conciliação antes do recebimento da
peça acusatória (denuncia ou queixa). Onde nesta audiência o juiz deve ouvir ambas as partes,
separadamente sem a presença de seus advogados, em que após ouvi-los, sem reduzir a termo,
percebendo da possibilidade de uma conciliação, promoverá o entendimento entre eles, e se a
conciliação se efetivar será arquivada a peça acusatória (tudo isto se encontra discriminado nos
artigos 520 e seguintes.
Entendimento dominante diz que o não comparecimento nesta audiência de
conciliação por parte do querelante ocorrerá a perempção (STJ por meio do Resp 45743/Rj
entende ao contrário, dizendo que não se pode falar em perempção uma vez que não se deu
inicio a ação penal, já que a ação só inicia com o recebimento da peça acusatória, o que de fato
ainda não ocorreu.
Segundo: onde depois de recebida a peça acusatória o réu será citado para
apresentar defesa preliminar e possível exceção de verdade 9que os fatos atribuídos ao ao
querelante são verdadeiros) ou a exceção de notoriedade (que os fatos alegados contra o
querelante são de domínio público – conhecimento de todos) e caso isso ocorra ao querelante se
abre a possibilidade de apresentar contestação, no prazo de dois dias, logo após se dará o
julgamento da exceção apresentada, e não havendo absolvição sumária, seguirá o rito do
procedimento sumário (AIJ).
Seqüência do procedimento dos crimes contra a honra:
Apresentação do IP na justiça
Oferecimento da peça acusatória
Audiência de conciliação
Recebimento ou rejeição da peça acusatória
Citação
Defesa preliminar, momento em que se poderá apresentar as exceções da verdade e da
notoriedade
Contestação do querelante em dois dias, onde poderá complementar o rol de
testemunhas
A exceção será julgada, com a possibilidade de se absolver sumáriamente o acusado
(réu)
Não sendo absolvido sumariamente o procedimento segue o rito sumario.
3.4) PROCESSO DOS CRIMES DE ENTORPECENTES:
A legislação referente aos crimes afetos a entorpecentes se encontra na lei nº.
11.343/06, que em seu artigo 75 revogou expressamente as leis anteriores, quais sejam a lei
6368/76 e a lei 10409/02.
Hoje tanto a parte material (definição de crimes) quanto a parte processual
encontram-se exclusivamente prevista na lei anti-drogas (11.343/06).
O delito de porte para uso de substância entorpecente 9artigo 28 da lei
11.343/06) segue o procedimento sumaríssimo (da lei 9099/95).
Já os demais crimes relativos a entorpecente seguem o procedimento previsto na
lei, que passaremos a comentar:
A lei 11.343/06 preconiza em seu artigo 48 e seguintes o procedimento referente
a drogas, onde se pode ver que o capítulo III do titulo IV, recebeu a titulação de: “Dos
procedimento penal”, que se subdividiu em duas seções: Da investigação e a da Instrução
criminal.
Da investigação, fase pré-processual, já estuda no semestre anterior, cabe
ressaltar quanto ao prazo de conclusão do IP que será de 30 dias para réu preso e 90 para réu
solto, podendo haver a duplicação do prazo a ser deferida pelo juiz, devidamente fundamentada
( a investigação se encontra nos artigos 50 a 53)
No que diz respeito a instrução criminal deve-se observar:
O Ministério Público possui prazo único para oferecer a denuncia (ou outra
medida prevista no artigo 54) seja réu preso ou solto de 10 dias a partir da data do recebimento
do processo (rol de testemunhas em número de 5).
Após oferecimento da denuncia o juiz determinará a notificação do réu para
apresentar defesa previa, no prazo de 10 dias , esta defesa possui natureza obrigatória, devendo
citar as provas que pretende produzir, bem como arrolar as testemunhas em número de 5. Esta
defesa é uma forma de contraditório e ampla defesa antes mesmo do juiz receber a denuncia,
tentando convencer o magistrado de que o mesmo deve rejeitar a denuncia (ou mesmo pedindo
pela desclassificação do trafico para o porte de uso. Se não apresentar advogado o juiz tem que
nomear defensor para o acusado. (se o juiz rejeitar e assim acatar pelo porte de uso deverá
remeter os autos ao juizado especial criminal).
Contudo, se receber a denuncia como trafico, deverá de imediato agendar a
audiência de instrução e julgamento, mandando citar o acusado e intimar o MP, assistentes e se
for o caso solicitar laudos periciais que estejam faltando (artigo 56 da lei 11.343/06).
CONTUDO deve-se observar, segundo entendimento doutrinário existente, que uma vez citado
o réu por um juiz singular deverá seguir as regras do artigo 395 a 397 do CPP, onde deverá
apresentar nova defesa preliminar e se possível haver o julgamento antecipado da lide, por
meio da absolvição sumária. Se não for aceita aí sim, serra agendada a audiência.
Audiência no prazo de 30 dias contados da data do recebimento da denuncia,
conforme artigo 56, §2º da lei. (só não será assim se o se surgir duvidas quanto a dependência
química do acusado, em que se determinará a realização de avaliação médica do mesmo, sendo
então a audiência agendada no prazo de 90 dias).
No decorrer da audiência, segundo a lei anti-drogas, será feito primeiro o
interrogatório, e depois a oitiva das testemunhas de acusação e defesa (porém existe
entendimento de que se deve seguir a ordem nova da lei 11.719/08) e assim passar o
interrogatório para o ultimo momento como preceitua a nova lei.
Em seguida passasse para as alegações orais em conformidade com os artigo 57
a 59 da lei anti-drogas.
Seqüência:
Remessa do IP para a justiça Pública - artigos 50 a 53
Manifestação do ministério público – artigo 54
Notificação do acusado 9antes de receber a denuncia) abrindo prazo de 10 dias para apresentar
defesa
Possibilidade de diligência ex officio pelo juiz no prazo de 10 dias
Rejeição ou recebimento da peça acusatória, e caso receba será marcada AIJ no prazo de 30
dias (salvo exceção quanto a natureza de dependência química do acusado – 90 dias)
Nova defesa escrita, no prazo de 10 dias, para possível julgamento antecipado da lide (artigo
396 A do CPP)
Diligências complementares
AIJ: oitiva das testemunhas de acusação e defea, interrogatório, debates orais
Sentença
DIREITO PROCESSUAL PENAL II
DOS PROCEDIMENTOS DO TRIBUNAL DO JURI
1) INTRODUÇÃO
A instituição do Júri, grande polemica possui sobre a mesma quanto a sua
preservação ou não, não só na legislação brasileira, mas também em outros
países, existindo posicionamentos dos mais diversos, sejam eles contrários ou
favoráveis a instituição acima mencionada.
Trata-se de um sistema jurídico em que há participação popular dando
contornos democráticos ao processo penal.
A participação popular dos julgamentos de crimes de maior potencial ofensivo
é o instrumento utilizado desde os primórdios na Grécia sendo contemplado
em diversos países de 1º Mundo, como Austrália, Canadá, E.UA, França,
Itália, dentre outros. Para conhecimento outros paises em tempos recentes vem
retornando o sistema jurídico do júri como a Espanha em 1995, a Rússia
existindo inclusive na atualidade a discussão no Japão a fim de instaurá-lo
novamente como procedimento.
2) POSICIONAMENTOS CONTRÁRIOS E FAVORÁVEIS AO JURI
2.1) FAVORÁVEIS
Os doutrinadores de paises que admitem o tribunal do júri utilizam alguns dos
argumentos abaixo transcritos, para mantê-lo ou re-inserir o procedimento do
júri. Vejamos:
a) O júri não está em extinção, muito pelo contrário, vem se expandindo em
vários países.
b) Traz uma garantia á liberdade individual e ao regime democrático.
c) O julgamento é melhor quando feito por 07 pessoas distintas.
d) Dá maior legitimidade ao Estado e a Justiça, haja vista que quem é o
julgador é próprio povo.
e) O julgamento feito pelo júri não se atém á frieza do texto legal, mas sim de
acordo com a consciência de cada um dos jurados, havendo desta forma
maior sensibilidade do julgamento.
f) No júri há um julgamento além do fato, pois na verdade se está julgando
também o homem.
g) A maior aproximação da sociedade para com a justiça.
2.2) DESFAVORÁVEIS
a) Não há fundamentação na decisão do júri.
b) Julgamento é feito em segredo.
c) Falta de experiência e conhecimento jurídico por parte dos jurados.
d) Imprevisibilidade quantos aos resultados do julgamento.
e) Influencia da mídia no veredicto.
f) Decisões são tomadas em face da persuasão do operador do direito perante
os jurados e não na razão.
g) Constancia de erro no momento de votar por parte dos jurados.
h) Grande quantidade de decisões absurdas, onde há uma freqüência na
absolvição.
i) Possibilidade dos jurados de serem intimidados, dentre outros.
Estes são apenas alguns dos argumentos favoráveis e desfavoráveis ao tribunal do
júri.
3) FUNDAMENTOS DO TRIBUNAL DO JÚRI
Conforme dito acima muita divergência existe quanto ao Júri, não sendo diferente
no que diz respeito à origem do mesmo em nosso país, no Brasil, atualmente, a
constituição de 1988 assegura o tribunal popular do júri nos crimes doloso contra
vida. Art. 5º, XXXVIII da CRFB/88.
Desde a constituição de 1828 (constituição do império), já havia previsão do
tribunal popular que tinha competência para julgar crimes praticados contra bens
jurídicos relevantes, em especial os contra a vida, a única constituição brasileira
que não veio a prever o tribunal popular foi a de 1937. Conforme dito acima, a
constituição de 88 preveu o tribunal popular como um direito e garantia
fundamental do cidadão.
4) PRINCIPIOS CONSTITUICIONAIS ATINENTES AO TRIBUNAL DO
JURI.
Tais princípios se encontram elencados no art. 5º, XXXVIII da CF 88, sendo eles:
1º) A Plenitude de Defesa: mais do que reconhecer a ampla defesa, tal principio
traz uma concepção mais abrangente sendo ela não só a de ter uma defesa ampla,
mas a possibilidade do acusado participar da escolha de jurados que comporão o
conselho de sentença, este conselho de Juizes Populares vem a ser integrados por
classe sociais diversas, bem como face o reconhecimento por parte do Juiz
Presidente de que no caso o Réu possa estar indefeso, este Juiz venha a dissolver
o conselho de sentença e nomear outro defensor, marcando outro julgamento.
2º) Sigilo das Votações: a votação realizada pelos jurados será feita em sala
especial denominada sala secreta, conforme Art. 485 do CPP, em que os jurados
recebem cédulas de papel contendo palavras SIM e NÃO e estes de forma
secretamente vêm a apresentar os votos em uma urna. Tal princípio tem por fim
salvaguardar a pessoa do jurado, evitando desta forma possíveis intimidações em
face do mesmo.
Há um sigilo tanto no que diz respeito ao voto, quanto no que diz respeito ao
local do voto, ambos os sigilos acima demonstrados, seja por meio da Sala
Secreta (local do voto), seja por meio das cédulas de papel colocadas em urnas (o
voto em si), na sala secreta a presença apenas de pessoas indispensáveis a este ato
processual, sendo eles: o Juiz de Direito, jurados, Membros do MP, Advogados e
Auxiliares de Justiça, conforme preconiza o Art. 485 do CPP.
A título de ilustração o Parágrafo 1º do citado artigo, descreve que na ausência de
sala especial em uma comarca o Juiz determinará a retirada do público,
permanecendo apenas as pessoas indispensáveis.
Grande preocupação quanto ao sigilo do voto, também se encontra no Art. 483
em seus parágrafos 1º e 2º, dados pela nova redação advinda com a lei 11.689/08,
justamente para se evitar o conhecimento de uma possível votação unânime dos
jurados. Tal princípio do tribunal popular apresenta-se como uma exceção ao
principio constitucional da publicidade dos atos processuais, previsto no Art. 93,
IX da CF/88 (vide artigo 5º LX da CF).
3º) Soberania Dos Veredictos: A soberania dos veredictos diz respeito ao
julgamento do fato (elementos que integram o crime), onde uma vez decididos
pelos jurados não poderá haver modificação destes julgamentos dos fatos seja
pelo Juiz Togado, seja pelo tribunal em um eventual recurso. A soberania do
veredicto não importa em que haja um novo julgamento, ou seja, haverá um novo
júri quando houver um julgamento por parte dos jurados completamente contrário
à prova dos autos (deverá haver uma apelação com escopo de anular o julgamento
e mandar o acusado a um novo júri).
Não há como mudar a decisão dos jurados quanto à materialidade do crime, a
autoria, qualificadoras, dentre outras, uma vez que são questões fáticas recaindo
sobre elas o principio da soberania dos veredictos.
Tal princípio, contudo não é absoluto sendo possível a absolvição do réu que
tenha sido condenado injustamente pelo júri por meio de uma ação de revisão
criminal a ser julgada pelo tribunal de justiça.
4º) A Competência Para Julgamento De Crimes Dolosos Contra A Vida: Tal
competência mínima do júri não pode ser retirada por legislação
infraconstitucional.
Conforme dito acima tal competência é mínima, havendo, portanto a
possibilidade do legislador vir a ampliar a competência do tribunal do júri
incluindo desta forma outras condutas delitivas a serem julgadas por esse tribunal.
São crimes dolosos contra vida:
a) Homicídio Doloso em todas as suas formas (simples, privilegiada ou
qualificada).
b) Induzir, instigar ou auxiliar o suicídio.
c) Infanticídio
d) Aborto em todas as suas modalidades
Os Crimes acima serão julgados pelo tribunal do júri tanto na forma consumada
quanto na forma tentada.
Observação deve ser feita quanto a sumula 603 do STF.
A própria constituição federal prevê exceções quanto a competência do
tribunal do júri, tem-se como exemplo quando o autor dos fatos gozar do foro
por prerrogativa de função.
5) A REFORMA OCORRIDA NO PROCEDIMINTO DO TRIBUNAL DO
JURI
Muito se discutiu quanto a reforma trazida ao procedimento do tribunal do
júri pela lei 11689/2008 de 9 de junho de 2008.
A doutrina discuti dizendo que pouca, ou quase nada foi alterada, tendo
sido na verdade apenas mais um caso de “inflação legislativa”, conforme
questionado pelo processualista Mougenot.
Poucas foram as alterações que vieram a trazer maior celeridade processual
ao procedimento em questão.
6) PROCEDIMENTO BIFÁSICO
Trata-se de um rito escalonado, isto é bifásico, composto por duas etapas
(fases) completamente distintas uma da outra; sendo elas: fase preliminar
(preparatória) e uma fase definitiva.
A primeira fase chamada de judicium accusationis, juízo de
admissibilidade, sumário de culpa; sendo esta fase muito parecida com o do
procedimento comum ordinário.
Nesta fase, que se inicia com o recebimento da denuncia (com sua rejeição
ou recebimento), logo em seguida o réu será citado para apresentar defesa
preliminar – alegações escritas preliminares), e depois a audiência de instrução e
julgamento (AIJ) com a oitiva da vitima/ofendido se possível, testemunhas de
acusação, testemunhas de defesa, esclarecimento dos peritos, acareações,
reconhecimentos, diligências (se necessárias) e interrogatório do acusado (s).
Posteriormente vem a sentença que pode ser a de pronuncia, momento em que
será encaminhado o processo para a segunda e última fase.
A segunda fase chamada de judicium causae, que se inicia com a preclusão
da decisão de pronuncia, e termina com a sentença após votação do questionário.
Ambas as fases serão estudadas oportunamente mais para frente.
7)“JUDICIUM ACCUSATIONIS” – PRIMEIRA FASE
Conforme informado acima o procedimento dos crimes dolosos contra a
vida iniciam-se com o recebimento da denuncia, que é a peça inicial acusatória.
Recebida a denuncia o juiz determinará a citação do acusado para
apresentar reposta a acusação (defesa preliminar), em conformidade com o artigo
406 do CPP.
Aberto o prazo de 10 dias para apresentar a defesa preliminar, que é
considerada imprescindível, onde uma vez o acusado não apresentando no prazo
legal será nomeado defensor para o mesmo (vide artigo 408 do CPP).
Nesta defesa preliminar poderá o réu argüir todo tipo de preliminar e
exceções conforme redação do artigo 407 do CPP e artigo 406 §3º também do
CPP.
Apresentará documentos e pleiteará provas a serem produzidas, dentre elas
as testemunhas de defesa em número máximo de 08 (oito).
Após a defesa preliminar abre-se vista o MP, com prazo de 05 dias para se
manifestar a respeito desta defesa preliminar (artigo 409 do CPP).
Em seguida será marcada a audiência de instrução e julgamento, em
conformidade com o artigo 411 do CPP.
Procede-se aos debates orais e prolação da sentença tudo como preceituado
no artigo acima descrito.
Prazo de encerramento do procedimento é de 90 dias (artigo 412 do CPP).
Das decisões a serem dadas ao final do juízo de admissibilidade, encontram-se
elencadas nos artigos 413 a 421 do CPP, sendo elas: decisão de pronúncia,
impronúncia absolvição sumária e desclassificação.
a) Da decisão de pronúncia:
Caso o juiz se convença da existência do crime e de indícios de autoria
delitiva, dará os motivos pelos quais o reconhece, pronunciando o réu.
Nota-se que se fala em indícios suficientes de autoria, sendo mais do que
mero indicio. Portanto, basta que se reconheça a presença de indícios sobre a
responsabilidade do acusado na ação delitiva, para que o juiz pronuncie o réu,
fazendo-o encaminhar o feito ao tribunal do Júri.
Salienta-se que nesta fase, caso o juiz possua dúvida, deverá ele pronunciar
o réu, remetendo-o ao plenário, vigorando, portanto, a máxima do in dúbio pro
societate.
A decisão de pronuncia encontra-se no artigo 413 do CPP, onde se vê o
seguinte:
“o juiz fundamentadamente, pronunciará o acusado,se o convencido da
materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação.”
A decisão de pronúncia é uma decisão interlocutória mista, ou seja, encerra
apenas uma fase do procedimento, fazendo-se remeter o feito à fase do plenário.
Nesta decisão, como diz o artigo 413, §1º do CPP, deverá o juiz indicar os
dispositivos legais em que achar incurso o réu, apresentando os elementos do
tipo, qualificadoras, causas especiais de aumento de pena.
Deve ainda dizer se o crime foi tentado ou consumado; contudo o juiz não
deve dizer sobre as causas de diminuição, nem sobre agravantes e atenuantes,
nem a possível concurso de crimes., tudo conforme prevê o §1º do artigo acima.
Ver também o que preceitua o artigo 413 em seus §§ 2º e 3º no que tange a
fiança crime e liberdade provisória, em caso de réu preso, e possível decretação
de prisão no caso de réu solto.
Observação importante a ser feita diz respeito ao teor desta decisão
proferida pelo juiz ao final do judicium accusationis. Nesta decisão o juiz não
deve se aprofundar nas provas, onde ao pronunciar deve apenas trazer um juízo
de suspeita, e não um juízo de certeza, pois se nesta decisão ele trouxer firmeza
quanto a analise do fato, acabará por violara a clausula do devido processo legal,
e assim trazer nulidade ao feito.
Quer se ressaltar neste ponto que esta decisão é meramente interlocutória,
ou seja apenas põem fim a uma parte do procedimento, fazendo com que o réu
seja encaminhado ao plenário.
Como se expressa o doutrinador Mugenot: “...uma vez que sua decisão tem
caráter interlocutório e sua parte final tem natureza meramente classificatória e
provisória, não podendo ultrapassar os limites do artigo 413 do CPP.”
Outra observação a ser feita diz respeito a quem deve ser intimado da
decisão de pronúncia, sendo elas as pessoas do acusado, do defensor nomeado,
membro do MP (intimação pessoal); já no caso de defensor constituído,querelante
e o assistente da acusação serão intimados por meio de diário oficial. VIDE
ARTIGO 420 DO CPP.
Terceira observação é quanto ao recurso cabível da decisão de pronúncia: é
o recurso em sentido estrito (artigo 581, IV do CPP).
A jurisprudência diz que esta decisão não produz coisa julgada, haja vista
encerrar apenas um juízo de admissibilidade de imputação penal.
b) Da decisão de impronúncia:
A decisão de impronúncia se encontra no artigo 414 do CPP, sendo que
esta ocorrerá quando o juiz não tiver o convencimento da existência do crime ou
de indícios suficientes de autoria, julgando, desta forma, improcedente a
denúncia.
Esta decisão é uma decisão terminativa, uma vez que, conforme dito acima,
julga improcedente a pretensão acusatória do Estado acusador em fazer levar o
réu a julgamento pelo tribunal do júri.
Salienta-se que esta decisão não vem a analisar o mérito da causa, desta
forma, nada impede que, surgindo novas provas e ainda não tenha ocorrido uma
causa de extinção da punibilidade, seja instaurado um novo processo; tudo
conforme artigo 414, parágrafo único.
Nesta decisão não se está julgando a pretensão punitiva do estado acusação,
mas está ocorrendo sim uma absolvição de instância.
Surgindo novas provas nada impede que o MP ofereça nova denuncia
O Recurso cabível contra a decisão de impronúncia é a apelação (artigo
416 do CPP).
C) da decisão de absolvição sumária
Neste caso, a decisão proferida acaba por julgar o mérito da ação penal,
sendo desta forma um julgamento antecipado.
A decisão em estudo acaba por decidir que a denúncia é improcedente,
trazendo força de coisa julgada material, impedindo, desta forma que seja uma
nova demanda iniciada.
Esta decisão além de encerrar a primeira fase, impede que o réu seja
encaminhada para a segunda fase (do plenário), haja vista ter sido o réu absolvido
sumariamente.
Antes de reforma procedimental deste rito do tribunal do júri pela lei
11.689/08, somente se poderia falar em absolvição sumária quando ficasse
comprovada que o fato em julgamento fora praticado sob uma das hipótese de
excludente de ilicitude ou em situação de inimputabilidade do acusado (doença
mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado e no caso de
embriaguez não voluntária).
Com a reforma, trazida pela lei acima mencionada, o procedimento do júri,
no que tange a absolvição sumária ocorrerá nas hipóteses do artigo 415 do CPP,
sendo adotadas as seguintes possibilidades de reconhecimento da absolvição
sumária:
1- Provada a inexistência do fato;
2- Comprovação de não ser o acusado o autor ou participe do
fato: é a prova da negativa de autoria ou participação;
3- O fato não constituir uma infração penal: onde fica
demonstrado que apesar do fato ter ocorrido, o mesmo não
constitui crime. Como por exemplo, esta sendo acusado pelo
crime de aborto (em tese criminoso), mas durante a fase do
judicium accusationis fica comprovado que o aborto foi
espontâneo;
4- Comprovada uma causa de insenção de pena ou de exclusão
do crime, ou seja a presença de uma excludente de ilicitude
ou de culpabilidade
Da decisão que absolve sumariamente cabe recurso de oficio, na verdade
reexame necessários, com previsão do artigo 575, inciso II do CPP.
Vide artigo 416 do CPP.
d) da decisão de desclassificação:
Esta desclassificação ocorrerá quando for dada uma nova classificação
jurídica ao fato, sendo que esta nova classificação ocorrerá para uma infração
penal que não seja de competência constitucional do tribunal do júri.
Portanto, ao término da primeira fase do procedimento do júri, no judicium
accusationis, o juiz singular ao se convencer que o fato em julgamento não se
trata de um crime doloso contra a vida, fará a remessa do mesmo para o juiz
competente.
Cabe ressaltar que nesta decisão o juiz não poderá dar definição jurídica de
qual crime foi o praticado, mas apenas deve se ater a dizer que o fato não é um
crime contra a vida.
A desclassificação apresenta uma natureza de decisão interlocutória
modificadora de competência, estando prevista no artigo 419 do CPP.
Antes do processo ser encaminhado para aquele juiz para qual foi
declinado, ou setor de distribuição, torna-se necessário aguardar o decurso do
prazo para recurso, uma vez que é possível o recurso em sentido estrito da decisão
que desclassifica
8) A ORGANIZAÇÃO DO JURI
A fim de darmos inicio ao estudo do procedimento em si, devemos
primeiro esclarecer como será organizado o formará o júri.
a) A existência de listas:
A seleção dos jurados será feita por meio de listas, como preceitua o artigo
425 do CPP
Primeiro será formada uma lista anual em conformidade com o artigo
acima de acordo com o número da população de cada cidade.
Depois será feita uma lista para cada sessão, onde será feito um sorteio com
os nomes das pessoas previamente alistadas, formando-se o corpo de jurados da
reunião para a qual serão convocados para o Tribunal do Júri.
Por fim será formada a lista definitiva que forma o conselho de sentença.
Fazer a leitura do artigo 425 e 426 do CPP.
b) Dos jurados:
1- caráter obrigatório - Primeiro deve-se dizer que o serviço de jurado é
obrigatório, conforme se vê no artigo 436 caput do CPP, devendo-se esclarecer
quais são os requisitos para ser jurado, sendo eles:
Ser cidadão maior de 18 anos – novidade trazida pela reforma processual
ocorrida em junho de 2008, já que o legislador baixou a idade do serviço do júri
de 21 anos para 18 anos;
Ser pessoa de notória idoneidade (muito criticado pela doutrina tal
requisito, uma vez que não é possível que uma pessoa de 18 anos tenha notória
idoneidade, haja vista estar iniciando a sua vida);
Ser alfabetizado
Possuir saúde física e mental para a função
Observação deve ser feita quanto a alteração da idade, baixando para 18
anos, uma vez que pode trazer um risco para a constituição do conselho de
sentença por demais jovem, composto por pessoas sem experiência de vida, com
pouco contato com os problemas da vida e do mundo
-2- recusa ao serviço do jurado: se encontra nos artigo 438 e 436 §2º do
CPP.
-3-direitos dos jurados ( artigo 439, 440 e 441 do CPP).
-4- Não comparecimento do jurado (artigo 442 e 443 do CPP)
-5- dispensa do jurado (artigo 444 do CPP)
6- isenção do serviço de jurado (artigo 437 do CPP)
7- Proibições e impedimentos
As mesmas previstas para o juiz togado (artigo 252, 253 e 254 do
CPP)
Artigo 448 I a VI do CPP
Artigo 449 do CPP
9) Do judicium causae: segunda fase do tribunal do júri
1) introdução
Tendo sido o acusado pronunciado ao final da primeira fase do tribunal do
júri, será o mesmo remetido a esta segunda fase que ocorrerá a partir do momento
da preclusão da pronúncia, ou seja, com a certidão dessa decisão, precluiu tanto
para o MP quanto para a defesa, haja vista a ausência de recurso.
Torna-se necessário ressaltar que caso processo possua dois ou mais
acusados o ideal é que todos sejam julgados em um único júri, contudo a exceção
pode ocorrer tendo então cada acusado ser julgado por um júri em separado, este
fato pode acontecer em razão de diversas causas, toma-se como exemplo no caso
de dois acusados serem pronunciados, mas apenas um deles recorrer da decisão
de pronúncia para este então o processo prosseguirá sendo submetido ao júri,
enquanto o outro não até a decisão do recurso.
Da decisão de pronúncia, será o réu preso, intimado pessoalmente já o réu
solto será intimado por edital, previa o CPP anterior a alteração da lei 11.689/08 a
existência denominada libelo que era a petição inicial que dava inicio à segunda
fase do júri, fixando a amplitude da acusação, onde também eram arroladas as
testemunhas pelas partes, contudo a lei acima explicitada veio a retirar (suprimir)
o libelo. O libelo era um peça que já trazia dentro das regras legais uma divisão
do relato dos fatos parte a parte passando pelo fato principal qualificadoras causas
de aumento e se houvesse circunstâncias agravantes, desta forma com o libelo
havia o desmembramento fático delimitando a acusação a fim de torna-la mais
compreensível para os jurados, bem como servir de parâmetro para a elaboração
dos quesitos.
Com a reforma do procedimento do júri, sendo desta forma o mesmo sido
simplificada, suprimindo-se o libelo, passando então a pronúncia a servir,
justamente como parâmetro de todo o desenrolar da segunda fase do júri,
inclusive para a elaboração dos quesitos (que também foram simplificados). A
presença do contra-libelo, ou seja, da resposta ao libelo crime acusatório por parte
da defesa também tinha previsão anterior ao procedimento sendo uma faculdade,
também com a reforma, tal peça foi suprimida, sendo a mesma substituída pelo
requerimento de oitiva das testemunhas por parte da defesa, que poderá ainda
pleitear diligencias e acostar documentos, tudo isso no prazo de 05 dias, sendo
que a apresentação deste requerimento é mera faculdade.
Conforme preceitua o art. 421 do CPP, preclusa a decisão de pronúncia os
autos serão encaminhados ao Juiz Presidente do Tribunal do Júri, logo em
seguida determinara o mesmo a intimação do MP ou do querelante bem como do
defensor para que em 05 dias ofereça um rol de testemunhas, no máximo 05 que
irão depor no plenário, podendo ainda ser juntado documentos e ser requerida
diligencias.
Já o art. 423 do CPP, nos instrui no sentido de que o Juiz devera deliberar
sobre as provas requeridas a serem produzidas ou exibidas no plenário e com isso
sanar qualquer nulidade ou esclarecer fatos de interesse, tomando logo em
seguida a conduta de elaborar um relatório sucinto e ordenando a inclusão do
processo em pauta de reunião do tribunal do júri.
Deve-se observar o que preceitua o art. 424 do CPP
2) Do Desaforamento:
Previsto no art. 427 e 428 do CPP, tal instituto tem por natureza deslocar a
competência dos processos dos crimes dolosos contra a vida para uma comarca
mais próxima, possui caráter excepcional e necessidade de preenchimento de um
dos pressupostos previsto em lei, seu procedimento se dará nas formas dos artigos
acima mencionados.
3) Da organização da pauta do Júri (arts. 429 a 431 do CPP):
Em comarcas onde haja uma grande quantidade de julgamentos pelo júri a
serem realizadas alguns julgamentos terão preferências conforme estipulados no
art. 429 do CPP onde dentre estes terá a preferência o julgamento dos acusados
que se encontram presos e assim por diante conforme incisos do referido artigo.
Caso exista interesse de haver assessoramento à acusação este deverá
requerer sua habilitação no prazo de até 05 dias, conforme art. 430 do CPP.
4)Do sorteio e convocação dos jurados (arts. 432 a 435 do CPP):
Da formação da reunião periódica (composta por 25 jurados)
5) Da instalação da sessão do Júri:
Até o momento do inicio da sessão deverá o juiz: analisar sobre os pedidos
de isenção e dispensa dos jurados, bem como de adiamentos consignando tudo
em ata, logo após serem adotadas as medidas previstas no artigo 454 a 462 do
CPP.
Conforme preceitua o art. 463 do CPP, no dia e hora designados para
reunião do Júri presente o órgão do MP, o Juiz Presidente considerará instalada a
sessão, anunciando o processo que será submetido a julgamento desde que
tenham comparecido pelo menos 15 jurados, o oficial de justiça logo em seguida
apregoará as partes.
Caso não haja a presença dos 15 jurados procederá ao sorteio dos suplentes
quantos forem necessários, designando nova data para a sessão do júri, art. 464 do
CPP, onde tudo será consignado em ata, conforme art. 465 do CPP.
Observações devem ser feitas quanto:
a) Não comparecimento do órgão do MP Art. 455 do CPP.
b) Não comparecimento do defensor art. 456 do CPP.
c) Não comparecimento do réu art. 457 do CPP
d) Não comparecimento da testemunha art. 458 ao 461 do CPP
Antes da constituição do conselho de sentença as testemunhas de acusação
e defesa serão separadas e recolhidas em local de onde não se poderão ouvir os
debates e depoimentos umas das outras.
Logo em seguida o juiz informará aos jurados a cerca das hipóteses de
suspeição, impedimento e incompatibilidade do art. 448 e 449 do CPP, serão
ainda advertidos antes do sorteio para a formação do conselho de sentença de que
os mesmos uma vez sorteados não poderão se comunicar entre si, nem manifestar
sua opinião quanto ao processo; desta forma iniciará um sorteio do conselho de
sentença onde o juiz ao verificar que as cédulas se encontram na urna relativa aos
jurados presentes sendo então sorteados sete dentre os jurados com o nome nas
urnas para a formação do conselho de sentença.
Podem as partes, primeiro a defesa e depois o MP, à medida que as cédulas
forem sendo retiradas da urna e lidas pelo Juiz, recusar os jurados sorteados até
três por cada uma das partes sem que haja justificação quanto ao motivo da
recusa.
Ressalta-se que o sorteio dos sete jurados para a formação do conselho de
sentença se dará nome por nome possibilitando as recusas que podem ser com ou
sem justificativas e caso seja dado uma justificativa a parte que recusou deverá
apresentar provas de sua alegação, as recusas sem justificativa se limitam a 03
para cada parte, já quanto às recusas justificadas não há limite.
Conseguindo se formar o conselho de sentença, com sete jurados, o juiz
presidente levantar-se-á e com ele todos os presentes devendo os jurados prestar o
compromisso que se encontra no art. 472 do CPP, posteriormente cada jurado
receberá cópia da pronúncia na forma do parágrafo único do art. 473 do CPP.
6) Da instrução em plenário (artigos 473 a 481 do CPP)
Formado o conselho de sentença, dá-se lugar a instrução em plenário.
No passado iniciava-se esta fase por meio do ato de se apregoar e qualificar
o réu, contudo com a nova lei (lei nº. 11.689/08), deixou de ser o interrogatório o
primeiro ato instrutório a ser realizado, haja vista a inversão do rito, em que se
acabou por dar maior ênfase ao direito da ampla defesa e contraditório (o
interrogatório do réu é o ultimo ato antes de se iniciar os debates orais.
A instrução do plenário se iniciará na forma prevista no artigo 473 do CPP,
quando o juiz presidente, o MP, o assistente, o querelante e o defensor do acusado
irão tomar diretamente e de forma sucessiva a declaração do ofendido (se
possível, é claro).
Após as declarações da vitima/ofendido, inicia-se a oitiva das testemunhas
de acusação e depois da defesa, devendo-se ressaltar que os depoimentos deverão
ser tomados de forma que uma testemunha não venha a ouvir o depoimento das
outras.
Primeiro a testemunha de acusação, depois as testemunhas de defesa.
As partes deverão formular perguntas para as testemunhas na ordem pré-
estabelecida no caput do artigo 473, ou seja: deverão ser formuladas as perguntas
para as testemunhas nesta ordem: Juiz, MP, assistente, querelante e depois o
defensor do acusado.
Contudo, conforme estabelecido no § 1º do artigo 473 do CPP, no caso das
testemunhas de defesa esta ordem será alterada da seguinte forma: primeiro serão
formuladas as perguntas pelo defensor do acusado para depois serem feitas as
perguntas pelo MP, assistente e querelante.
Os jurados poderão formular perguntas, mas deverão ser feitas por
intermédio do juiz presidente (§ 2º do artigo 473 do CPP).
Observação deve ser feita quanto a possibilidade dos jurados solicitarem o
depoimento de pessoas citadas no decorrer da sessão do julgamento, mas que não
foram arroladas, neste caso sendo necessário, poder[á ocorrer inclusive a
suspensão do julgamento a fim de se conseguir identificar o paradeiro do
depoente, até mesmo pode ocorrer o caso de dissolução do conselho de sentença
(artigo 481 do CPP).
Atenção deve ser dada ao artigo 473 §3º do CPP, em que as partes os
jurados poderão solicitar diligências, acareações, reconhecimentos, etc.
Ato continuo será feito o interrogatório do acusado nos moldes do
procedimento comum, aliada as especificidades do que se encontra previsto no
artigo 474 do CPP.
Dos debates:
Começa com a sustentação oral por parte da acusação, que terá uma hora e
meia , podendo ser acrescida por mais uma hora se existir mais de um acusado.
Cabe ressaltar que os parâmetros (limites) da acusação oral se encontram
nos termos da pronuncia (e ao mais o libelo acusatório, uma vez que este não
mais existe).
Deve-se observar também que o MP em sustentação no plenário pode
pleitear agravantes, e inclusive pedir menos do que estiver contido na pronuncia,
até mesmo requerer absolvição.
Logo depois se manifestará o assistente.
Finda acusação falará a defesa (artigo 476 do CPP), no mesmo tempo dado
para a acusação.
Após poderá ocorrer a replica por parte da acusação, pelo período de uma
hora (o dobro se existir mais de um réu).
Havendo replica a defesa fará jus a treplica, pelo mesmo período
Juiz presidente e jurados não podem se ausentar durante os debates.
O juiz presidente é quem disciplina o procedimento, inclusive no que diz
respeito aos apartes.
Encerrado os debates o juiz presidente indagará aos jurados se eles se
encontram aptos para julgar os fatos.
Da formulação de Quesitos:
Previsto nos arts. 482 a 491 do CPP fica estipulado em tais artigos que o
questionário apresentado no artigo 482 e 483 nada mais é do que um conjunto de
quesitos a serem respondidos pelos jurados no que tange ao crime em julgamento.
Deve-se esclarecer que os quesitos devem ser formulados em uma
linguagem simples, não contendo ambigüidades, nem devem ser apresentados na
forma de perguntas negativas (exemplo: o autor não veio a praticar tal conduta?).
Preceitua o artigo 482 §Único que estes quesitos deverão ser propostos
com base nos termos da pronuncia ou de outra decisão posterior que julgar
admissíveis a acusação.
A disposição dos quesitos encontra-se afixados no art. 483 do CPP devendo
ser seguido essa disposição, quais seriam elas: a) materialidade; b) autoria ou
participação; c) possível absolvição; d) causas de diminuição; e) circunstâncias
qualificadoras ou causas de aumento de pena.
No parágrafo primeiro do art. 483, nos esclarece que se houver respostas
negativa s de mais de 03 jurados aos quesitos “a” e “b” a votação estará encerrada
e o acusado absolvido. No parágrafo segundo por sua vez, se as respostas aos
mesmos quesitos acima, na mesma forma também, ou seja, mais de três se dando
de forma afirmativa, será obrigatoriamente formulado outro quesito: “O jurado
absolve o acusado?”.
Diante do parágrafo segundo do art. 483 ocorre-se a condenação do autor
passando-se a dar continuidade ao julgamento argüindo aos jurados as causas de
diminuição alegadas pela defesa, bem como das qualificadoras com causas de
aumento de pena, conforme art. 483 §3º do CPP. Deve-se esclarece que caso o
julgamento envolva um crime doloso contra a vida, também outro crime, primeiro
se fará uma analise do crime doloso contra a vida, para depois serem julgados os
crimes conexos (exemplo: crime de ocultação de cadáver).
Após a formulação dos quesitos conforme preceitua os arts. 484 e 485 o
Juiz presidente, jurados, MP, assistentes, querelantes, defensor do acusado, oficial
de justiça e escrivão, dirigir-se-ão a sala especial a fim de proceder a votação, nas
observâncias do art. 485 §§1º e 2º.
A tomada dos votos ocorrera de quesito por quesito, onde o juiz distribuirá
cédulas opacas, 07 delas com palavra sim e 07 com palavra não (Art. 486 do
CPP). A fim de assegurar o sigilo das votações preceitua o art. 487 do CPP que o
oficial de justiça recolhera em urna separadas as cédulas utilizadas no voto em
uma urna e as não utilizadas em outra urna.
Já o art. 488 nos esclarece que a votação de cada quesito será reduzida a
termo juntamente com a conferencia das cédulas. Ao final da votação o referente
termo com todos os quesitos votados serão assinados pelo presidente pelos
jurados e pelas partes. Art. 491 do CPP. Devendo esclarecer que a decisão do
tribunal do júri se dá por meio da maioria dos votos.
A sentença:
Primeiro importante esclarecer que todas as ocorrências existentes deverão
ser registradas em ata.
A Sentença a ser proferida no procedimento do tribunal do Júri poderá ser
absolvição, de condenação ou de desclassificação do crime doloso.
A decisão do júri é uma decisão denominada subjetivamente complexa,
uma vez que cabe ao Juiz presidente elaborar a sentença de acordo com a votação
feita pelos jurados, devendo a sentença após sua confecção ser lida em plenário
pelo Juiz, saindo as partes já intimadas e encerrando-se a sessão do julgamento.
A sentença do tribunal do Júri prevista no arts. 492 e 493 do CPP, devendo
ter pór norte, no caso da condenação o que se encontra previsto nas alíneas do
inciso I do art. 492 CPP, já no caso de absolvição se encontram nas alíneas do
inciso II do mesmo artigo e no parágrafo segundo no caso da desclassificação.
Da ata dos trabalhos (Art. 494 ao 496 do CPP)
Das atribuições do Juiz Presidente (Art. 497 do CPP)
DISCPLINA: DIREITO PROCESSUAL PENAL II
AULA DE SENTENÇA
1) DOS ATOS PROCESSUAIS:
A pratica de atos processuais é que faz o processo penal se
desenvolver. O processo penal somente poderá transcorrer por meio dos atos
processuais.
Os atos processuais são divididos em postulatórios, instrutórios e
decisórios.
Atos postulatórios dizem respeito aos requerimentos feitos pelas
partes, em sobretudo pela autor da ação penal, conforme preceitua Pacelli, já que
segundo ele “a defesa, a rigor, não postula, e sim contesta e refuta as imputações
e alegações feitas na denúncia ou queixa.
Atos instrutórios são aqueles desenvolvidos em toda a atividade
probatória que é praticada pelas partes processuais, sendo praticados no decurso
da instrução criminal.
Atos decisórios são privativos do juiz, e em sua regra são praticados
após toda a fase instrutória (sentenças). Mas deve-se ressaltar que o juiz pode
praticar diversos atos de conteúdo decisório não só na fase final da instrução
criminal, mas também na fase pré-processual (decretação de uma prisão
preventiva) e mesmo antes do inicio da fase instrutória (se existir uma causa de
extinção da punibilidade, vide artigo 61 do CPP).
Observações finais:
a) Atos processuais pode ser praticados em qualquer tempo e hora no
processo penal, desde que as partes estejam devidamente intimadas (artigo 797 do
CPP);
b) os atos processuais em sua regra são públicos (publicidade do
processo), que somente poderá ser excepcionada quando a pratica do ato
processual colocar em risco a perturbação da ordem local ou preservação da
dignidade do acusado (artigo 794 do CPP);
c) Lei 9800/99> referida lei permite a utilização de sistemas de
transmissão de dados para a pratica de atos processuais.
Tal eli permite a utilização de transmissão de dados ou imagens via
fac símile ou por meio de transmissões eletrônicas operadas pelos computadores
(isto para atos que dependem de petição escrita).
Proceder uma leitura da lei 9800/99.
2) DA SENTENÇA:
2.1) Classificação das decisões
Antes do estudo em especifico da sentença, importante é a
observação dos atos judiciais como um todo.
Os atos judiciais podem ser: a) os meros despachos em que o juiz
não faz o exame de qualquer questão controvertida (aqueles em que o juiz
determina apenas o prosseguimento do feito, dando continuidade ao curso das
fases procedimentais) e b) as decisões judiciais (em que o juiz deverá decidir
questão de relevância , e que existe controvérsia sobre a mesma).
Passemos então ao estudo de cada uma delas. Antes, entretanto
devemos ressaltar que a divisão dos atos judiciais na seara do processo civil não
possui qualquer dificuldade (sendo divididos em despachos, decisões
interlocutórias e sentenças), porém no processo penal não é fácil esta
sistematização.
Expressamente o artigo 800 do CPP, ao cuidar dos prazos para a
pratica de atos judiciais, prevê a existência de três atos judiciais: despachos de
expediente (inciso III), decisão interlocutória simples (inciso II) e decisão
interlocutória mista (inciso I), sendo que neste inciso ainda cita as decisões
definitivas.
Questão extremamente polêmica, que pode ter a divisão de acordo
com o ponto de vista a ser adotado, como por exemplo, as que encerram ou não o
processo.
a)despacho de expediente ou decisões interlocutórias simples: são
aqueles que se destinam apenas a dar a movimentação ao processo, dar
continuidade ao feito processual.
Tais decisões não penetram no mérito da causa.
Exemplo: recebimento da denúncia, decretação da prisão preventiva,
etc.
As interlocutórias simples resolvem questões processuais e não
extinguem o processo
Desta decisão na cabe qualquer recurso, salvo a possibilidade de uma
correição (para regularizar questões meramente procedimentais).
b) Interlocutórias mistas; são aquelas em tem força de definitiva,
podendo encerrar uma fase do procedimento processual ou encerrar o próprio
processo sem o julgamento de mérito. Também não penetram no mérito da causa.
Esta espécie de decisão interlocutória comporta uma subdivisão;
b.1) interlocutória mista não terminativa: onde se encontram as
decisões que encerram apenas uma fase (ou etapa) do procedimento (exemplo
clássico é a decisão de pronúncia nos processo do júri popular);
b.2) interlocutória mista terminativa: sendo que nesta espécie
encontram-se as decisões que acabam por extinguir o processo, entretanto sem
julgamento do mérito. Por exemplo decisão que rejeita a denúncia – que encerra o
processo sem a solução da lide penal).
c) definitivas também chamadas de sentença em sentido estrito (ou
em sentido próprio), está é a decisão em que o juiz soluciona a causa.
A sentença pode ser em sentido amplo: que abrange as decisões
interlocutórias simples e mistas e a sentença em sentido estrito que é a decisão
definitiva.
As sentenças em sentido estrito pode ser dividias em: condenatórias,
absolutórias e terminativas de mérito.
Condenatórias> quando acolhem, total ou parcialmente, a pretensão
punitiva. Ou seja, julgam procedente a ação penal.
Absolutórias> quando não acolhem a pretensão punitiva. Estas se
dividem em: absolutórias próprias e impróprias.
Absolutória próprias são aquelas em que o juiz não aceita a pretensão
punitiva proposta pela acusação, acabam por não impor qualquer sanção ao
acusado;
Absolutória imprópria são aquelas que também não acolhem a
pretensão punitiva, mas acabam por reconhecer a pratica da infração penal,
impondo ao réu uma medida de segurança.
Terminativas de mérito (definitivas em sentido estrito), são aquelas
em que julgam o mérito, mas não condenam nem absolvem o acusado, São as
sentenças que declaram a extinção da punibilidade- exemplo: prescrição.
Observação:
sentenças subjetivamente simples: proferidas por um juiz singular (uma
pessoa apenas).
Sentenças subjetivamente plurimas: são as proferidas por órgãos colegiados
homogêneos (câmara dos tribunais)
Sentenças subjetivamente complexas:são as proferidas por mais de um
órgãos. É a que ocorre nos tribunais do júri, em que o corpo de jurado
decide sobre o crime e a autoria e ao juiz togado cabe a aplicação da pena a
ser dada.
2.2) Requisitos formais da sentença:
Os requisitos formais da sentença são: Relatório, motivação e
conclusão (ou parte dispositiva).
Passemos a estudar cada um dos elementos intrínsecos da sentença a
seguir.
2.2.1) Do relatório: é também, chamado de parte expositiva ou
histórica da sentença. Sendo que nesta parte o juiz fará um resumo histórico do
que ocorreu nos autos. Entretanto deve se preocupar com o que ocorreu de
importante no processo, devendo se abster de fatos periféricos ou irrelavantes..
Pontes de Miranda se manifestou a esta parte da sentença como “a
história relevante do processo”.
Tal requisito encontra-se previsto no artigo 381, incisos I e II do
CPP.
Observação deve ser feita quanto a lei 9099/95 que preceitua em seu artigo 81, §
3º da referida lei que informa ser desnecessária o relatório nas sentenças
proferidas em processos de sua competência (logo é uma exceção ao artigo acima
mencionado do CPP).
2.2.2) Da motivação: também chamada de fundamentação.
Encontra-se previsto no artigo 381, inciso III do CPP.
Neste requisito deve o juiz expor, indicar os motivos de fato e de
direito que o levaram a tomar a decisão.
È importante destacar que nesta fase da sentença o juiz sentenciante
encontra-se obrigado a examinar todas as matérias trazidas aos autos pelas partes
(acusação/defesa) sob o perigo de nulidade caso assim não o faça. Logo tem o
juiz que examinar todos os fundamentos de relevância trazidos pelas partes.
Por fim, é de bom tom relembrar que a Constituição Federal em seu
artigo 93, inciso IX prevê que toda decisão judicial seja fundamentado, sob pena
de nulidade.
2.2.3) Da conclusão: também chamada parte dispositiva.
Esta parte da sentença é que diz respeito a decisão propriamente dita,
sendo nela que o juiz julga o acusado. É neste ponto que o juiz presta a tutela
jurisdicional.
Encontra-se prevista nos inciso IV e V do artigo 381 do CPP.
Neste ponto o juiz tem que mencionar a indicação dos artigos
aplicados e o dispositivo.
Nula é a sentença em que o juiz não indica os arigos de lei (artigo
564, III, alínea “m” do CPP).
2.3) Efeitos da sentença:
O juiz responsável pelo feito (processo) esgota a sua jurisdição após
proferir a sentença ao caso apresentado, não podendo mais, desta forma, praticar
qualquer ato jurisdicional, com a devida exceção de correções de erros materiais
que por ventura existirem. (tudo conforme artigo 382 do CPP).
Observação: o artigo 382 prevê o chamado embargos de declaração: em que as
partes podem suscitar qualquer dúvida quanto a possível obscuridade,
ambigüidade ou contradição.
Assim se dá uma vez que caso haja recurso da sentença, o órgão
responsável do Estado que irá participar será tribunal ad quem.
Observa-se também o artigo 252, II do cPP, que impede a
participação do juiz que prolatou aquela decisão no recurso desta decisão no
tribunal, caso ele tenha sido nomeado juiz para a instância superior.
2.4) a correlação entre pedido e sentença
É de suma importância destacar que no processo penal o autor da
ação penal (MP na ação penal pública e querelante na ação penal privada) cabe
apenas delimitar a chamada causa petendi, ou seja, descrever o fato merecedor de
reprimenda penal.
Destarte, afirma-se que o pedido na seara processual penal deve ser
genérico, a fim de que viabilize a correta aplicação da lei penal, pouco
importando a alegação do direito cabível trazido no processo pelas partes.
Vislumbra-se, portanto, que o juiz criminal esta apenas atrelado ao
fato narrado, e após reconhecido o mesmo no decorrer do processo, caberá a ele
(juiz) imputar as conseqüências jurídicas que achar adequada. Cabe ao juiz fazer
o juízo de adequação típica, o enquadramento jurídico do fato, bem como a
dosimetria da pena a ser aplicada.
Observa-se que será o juiz responsável pela classificação (juízo de
tipicidade), o quanto da pena a ser imposta.
Segundo Pacelli: “O pedido no processo penal, rigorosamente
falando, portanto, seria o de condenação. Nada mais.”
O doutrinador diz mais ainda, ao expor que o pedido de condenação
não precisa ser feito de forma expressa para que o pedido inicial seja considerado
apto; uma vez que o CPP em seu artigo 41 dispõe apenas que deve existir no
pedido: a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado e a classificação do crime. E quanto a esta última
(classificação do crime) é de pouca importância a sua existência uma vez que
poderá ser mudada (emendatio libelli).
Neste ponto é de suma relevância destacar a existência do princípio
da correlação, uma vez que será este princípio o garantidor do acusado ao devido
processo legal (contraditório e ampla defesa). O presente princípio veda a
possibilidade do réu ser condenado por pratica de fato não constante da denúncia
ou queixa, ou por fato diverso daquele ali mencionado (somente o poderá se
realizada for a correição da inicial como se estudará nos próximos pontos da
matéria).
Diz Capez: “ No processo penal, o réu se defende de fatos, sendo
irrelevante a classificação jurídica constante da denúncia ou queixa. Segundo o
princípio da correlação, a sentença está limitada apenas à narrativa feita na peça
inaugural, pouco importando a tipificação legal dada pelo acusador”.
2.5) “emendatio libelli”
O que importa na peça processual (denúncia ou queixa) é a narração
do fato, pouco importando a conseqüência jurídica que os autores da ação
tiveram, ou seja pouco importa a classificação jurídica dada pelos autores da ação
penal em sua peça inicial.
O juiz não fica vinculado a esta capitulação feita pela parte na peça
inicial, onde vigora os velhos brocardos latinos: Narra-me os fatos que te darei o
direito (narra mihi factum dabo tibi jus) e o juiz conhece o direito (jura novit
curia).
Na emendatio libelli prevista no artigo 383 do CPP assim está
previsto: “o juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da que constar da
queixa ou da denuncia, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais
grave”.
Na emendatio libelli o que ocorre é a alteração da capitulação
jurídica do fato narrado na peça inicial feita pelo juiz no final do processo, na
sentença. Altera a capitulação, já o fato é o mesmo.
A emendatio libelli pode ser considerada um prejuízo para a defesa?
Resposta: Não. Porque no momento em que o juiz altera a
capitulação jurídica do fato narrado na peça inicial, ele não está mudando a fato
narrado na inicial, fato este que foi a base da defesa (uma vez que a defesa deve
ocorrer sobre os fatos e não sobre a capitulação). Mesmo que da nova capitulação
resulte pena mais grave.
Desta forma, o juiz ante ao evento delituoso narrado na peça inicial
pode dar qualquer classificação jurídica que entender mais correta, ainda que
venha a agravar a pena, sem necessidade de qualquer vista prévia à defesa, que
não poderá alegar surpresa (porque a defesa tem que ser feita sobre os fatos e não
sobre a capitulação.
Toma-se como exemplo: o autor empurra a vítima e subtraí-lhe uma
pulseira do braço, sendo que o MP qualifica tal fato como furto na denúncia. Pode
ser proferida uma sentença condenando o autor pelo crime de roubo, sem
qualquer tipo de ofensa ao devido processo legal (contraditório e ampla defesa),
uma vez que a defesa tem que ser feita sobre o fato do autor estar sendo acusado
de ter empurrado a vítima e subtraído uma pulseira.
Se a condenação foi feita sobre o crime de roubo ocorreu apenas as
emendatio libelli.
Por fim cabe descrever sobre a aplicação da emendatio libelli em
segunda instância. Nada impede que isto ocorra, salvo no caso de que houve
apenas recurso exclusivo da defesa, e o tribunal venha a alterar a classificação
penal do fato para crime com pena mais grave, porque neste caso ocorrerá uma
afronta ao princípio que veda a reformatio in pejus
2.6) “Mutatio Libelli”: 1) conceito:
Caso diferente do anteriormente visto (emendatio libelli), neste o que
ocorrerá é que no decorrer da instrução criminal fica demonstrado que o fato
narrado na peça inicial não corresponde ao fato apurado na instrução.
Ocorre uma necessidade de mudança da narrativa acusatória, ou seja,
a mudança (alteração) da própria causa petendi.
Capez descreve da seguinte forma: “Assim, a mutatio libelli implica
o surgimento de uma nova prova, desconhecida ao tempo do oferecimento da
ação penal, levando a uma readequação dos episódios delituosos relatados na
denúncia ou queixa.”.
Surgindo circunstâncias ou elementos do crime que deveriam fazer
parte da peça inicial mas não fizeram, deverá haver a alteração da mesma. Quais
são estas circunstâncias e elementos?
Elementos que integram a descrição legal do fato
Circunstâncias qualificadoras
Causas de aumento e diminuição
Observação: se aparecerem circunstâncias agravantes e atenunates, não se tornam
necessário a alteração da inicial, uma vez que estas poderão ser reconhecidas de
ofício pelo juiz, na hora da decisão.
Exemplo que pode ser dado é o da denúncia feita em face de uma
mulher por homicídio doloso pela morte de um recém nascido qualquer.
Entretanto, no decorrer da instrução criminal fica demonstrado que o recém
nascido era filho desta mulher (acusada) e que a mesma agiu sob efeito do estado
puerperal; logo a peça inicial tem que ser alterada não só em sua classificação,
tendo que ocorrer verdadeira modificação do contexto fático.
2) Modalidades:
Pelo que se encontra preceituado no artigo 384 do CPP, pode-se
vislumbrar duas espécies de mutatio libelli: a que requer aditamento da peça
inicial e a que não requer aditamento da peça inicial.
Estudaremos cada uma delas a seguir.
a) Mutatio libelli sem aditamento (aditamento facultativo):
Encontra-se prevista no caput do artigo 384 do CPP. Neste caso se
surgir elemento ou circunstância nova durante a instrução criminal que enseja a
alteração na descrição jurídica do fato, mas tal alteração não vai mudar a pena a
ser aplicada, ou a modifique para menos (reduzindo-a), o juiz deverá apenas
baixar os autos, oferecendo oportunidade para a defesa, no prazo de 8 dias, se
manifestar, e caso queira produzir provas (podendo inclusive requerer a oitiva de
até três pessoas).
Destarte, não se torna obrigatória o aditamento da peça inicial
Exemplo: pessoa denunciada no artigo 157 (pena de 4-10 anos), no
decorrer da insturção fica demonstrada que o fato praticado é do artigo 155 (pena
de 1-4 anos), neste caso a pena é menor devendo o juiz adotar o procedimento
acima descrito, porém nada impede que ele abra vista para a acusação aditar
(hipótese de desnecessidade de aditamento ou aditamento facultativo).
Exemplo de penas iguais: denuncia por furto simples , mas fica
demonstrado no decorrer da instrução que o crime é de recpetação simples (pena
inferior). Neste caso adotada-se o mesmo procedimento.
A providência prevista no artigo em estudo é obrigatória, ou seja, o
juiz tem que assim proceder sob pena de nulidade.
b) Mutatio Libelli com aditamento:
Encontra-se previsto no artigo 384 CPP, em seu parágrafo único.
Neste caso, surgindo novas circunstâncias ou elementos durante a instrução
criminal que acaba por ensejar a alteração da qualificação jurídica e em
conseqüência um aumento na pena (pena mais grave) o juiz deverá adotar as
medidas previstas no parágrafo único do artigo 384; qual seja:
Primeiro deverá abrir vistas ao MP a fim d e que o mesmo adite a
denúncia no prazo de 3 dias. Terá, portanto, o MP amoldar a acusação aos novos
termos, acrescentando circunstâncias e elementos na peça inicial.
Posteriormente deverá o juiz abrir vistas para a defesa, no prazo de
três dias, com o escopo de oferecer provas e arrolar até três testemunhas.
Ressalta-se que a sentença condenatória será nula em caso de mutatio
libelli quando não se procede ao aditamento, uma vez que estará se ferindo o
principio da ampla defesa.
Se o juiz baixar os autos para o MP e este entender que não é caso de
aditamento, o que ocorrerá? Neste caso o juiz remeterá os autos para o Procurador
Geral de Justiça que decidirá se faz ou não o aditamento, ou se nomeia outro
promotor para tanto (conforme artigo 28 do CPP).
Pode o MP proceder aditamento sem necessidade de provocação, a
todo tempo, caso ele julgar necessário.
3) Mutatio libelli em segunda instância:
Não cabe mutatio libelli em segunda instância ao contrário do
previsto para o caso de emendatio libelli
Para tanto deve-se observar e estudar a Súmula 453 do STF.
Se no decorrer da apelação, ficar reconhecida como necessária a
adoção das providências contidas no artigo 384 parágrafo único, o Tribunal não
poderá anular mais a decisão. Devendo neste caso apenas decretar a absolvição
4) irrecorribilidade da decisão que reconhece a mutatio libelli:
A decisão do juiz que reconhece a mutatio libelli, seja com ou sem
aditamento, não é passível de recurso.
5) cabe aditamento na ação penal privada exclusiva?
Maior parte da doutrina não aceita. Entretanto existe entendimento
contrário.
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA
Neste caso o juiz ao sentenciar acaba por não acolher a pretensão
punitiva.
O Código de Processo Penal, em seu artigo 386 prevê sentença
absolutória em seis hipóteses; onde passa-se a observar cada uma desta hipóteses
em seguida.
Artigo 386, inciso I – provada a inexistência do fato
Neste caso, no decorrer da instrução criminal fica demonstrada a
inocorrência do fato, trazendo uma importante repercussão na seara cível, uma
vez que fica impedida a propositura da ação civil ex delicto. Como pode se
observar o artigo 66 do CPP, ao dispor que a declaração da inexistência do fato
obsta por completo a postulação da indenização na esfera civil.
Artigo 386, inciso II- Não haver prova da existência do fato.
Neste caso o fato pode ter existido, mas não há provas de sua
ocorrência. È passível de ajuizamento na área cível de reparação de perdas e
danos. FALTAM PROVAS.
Artigo 386, inciso III- não constituir o fato infração penal. Se
somente no momento de proferir a sentença o juiz observar que o fato analisado
no processo não constitui crime deverá absolver o réu com base neste inciso.
Observação: Se que o juiz pode julgar extinto o processo sem julgamento de
mérito a qualquer momento, se ele constatar a inexistência da infração penal no
curso do processo.
Se o juiz verificar a atipicidade no momento da propositura da peça
inicial, deverá rejeitá-la com fulcro no artigo 43, I do CPP.
A absolvição com base neste inciso não impede a propositura da
ação de indenização, tudo com base no artigo 67, inciso III do CPP; uma vez que
um fato pode não ser crime, mas ser um ilícito civil.
Artigo 386, inciso IV- Não ter prova de ter o réu concorrido para a
infração penal.
Não existem provas de que o réu tenha participado na infração penal.
É passível de ação de reparação de perdas e danos. FALTAM PROVAS.
Artigo 386, inciso V- existir circunstância que exclua o crime ou
isente o réu de pena.
Neste caso ocorrem as chamadas excludentes de ilicitude e de
culpabilidade.
O artigo 65 do CPP determina que faz coisa julgada na seara cível a
sentença que penal que reconhece a excludentes de ilicitude (justificantes).
Observação deve ser feita quanto ao chamado terceiro inocente, onde caberá a
indenização contra o autor do fato, que depois poderá regressar posteriormente
contra o individuo provocador. Exemplo é o caso do motorista do veículo que
para evitar um atropelamento de um pedestre imprudente, acaba por danificar um
outro veículo estacionado. Neste caso o motorista não responde penalmente, uma
vez que agiu em estado de necessidade, mas deverá reparar o dano civil, e depois
entrar em regresso contra o pedestre.
Artigo 386, inciso VI- não existir provas suficientes para a
condenação.
Ocorre a aplicação do principio do favor rei. Onde as provas
carreadas aos autos não são suficientes para gerar um decreto condenatório, não
se tento certeza do que realmente aconteceu.
Observações:
1) o rol do artigo 386 é taxativo
2) O réu pode apelar da própria sentença que o absolveu a fim de
que seja mudado o fundamento legal de sua absolvição.
Efeitos da sentença absolutória:
Encontram-se previstos no artigo 386 parágrafo único do CPP
DIREITO PROCESSUAL PENAL II
AULA DE NULIDADES
Noções introdutória
Ato inexistente
Ato irregular
Nulidade relativa
Nulidade absoluta
Princípios referentes as nulidade
Estudo do artigo 564
Convalidação (saneamento)
1) Noções introdutórias
A princípio é importante ressaltar que todos os atos processuais-
sejam das partes, do juiz e de terceiros- são realizados com o fim de se chegar à
decisão judicial final. Para tanto existem os ritos processuais que servem como
um intinerário definido em lei.
São justamente os ritos procedimentais que organizam a participação
dos sujeitos do processo com o escopo de edificar o provimento jurisdicional.
Mougenot assim descreve: “Com efeito a lei processual, ao tipificar
os procedimentos e atos processuais, o faz de modo a colocar em favor das partes
o aparato necessário à tutela de seus direitos e, ao mesmo tempo, a delimitar o
modo do exercício da jurisdição.”
Quando o ato processual praticado não é realizado de acordo com as
condições de validade, sobre ele poderá recair uma nulidade.
Nulidade, desta forma, é um vício decorrente da inobservância de
exigências legais, que por sua vez podem gerar a invalidação do processo em sua
totalidade ou parte.
Para o estudo da nulidade deve-se atentar que a mesma deve ser
estudada sob a luz do princípio da instrumentalidade das formas (pas de nullité
sans grief)- princípio atinente aos atos e formas processuais-; onde um ato
processual somente deverá ser declarado nulo se ele puder causar prejuízo para as
partes ou para o regular exercício da jurisdição.
Portanto, para que um ato processual seja reconhecido como nulo,
não basta que ele esteja em desconformidade com a forma delineada em lei, pois
deverá, ainda, causar prejuízo para qualquer das partes, ou influir na apuração da
verdade e consequentemente na decisão da causa.
Adota-se o sistema da instrumentalidade das formas e não mais o
sistema formalista ou da legalidade das formas. – vide artigo 563 do CPP.
Outro ponto a ser observado é de que a nulidade deve ser analisada
sob duplo aspecto, quais sejam: como vício e como sanção.
Como vício a nulidade é vista como um defeito do ato processual,
isto é foi realizado em desconformidade com a preceituação legal;
E como sanção, onde a nulidade surge como uma forma de invalidar
o ato processual, retirando-lhe determinados efeitos jurídicos.
Por último cabe ressaltar que a nulidade, no direito processual,
somente poderá ser reconhecida por meio de decisão judicial. Portanto a
invalidade de um ato processual ou mesmo do processo estará sujeito sempre de
manifestação judicial.
Diante da irregularidade na prática do ato processual, os atos poderão
ser nulos, irregulares e inexistentes.
2) Atos irregulares:
Pode ocorrer que o vício do ato praticado em dissonância com a
forma legal é insignificante, não sendo capaz de gerar a sua invalidação. Não vai
gerar sua nulidade desde que o vício não causa prejuízo.
Isto vem a demonstrar o desapego ao formalismo exarcebado por
parte do legislador, e isto ocorrerá quando apesar de praticado em desacordo com
a forma legal, o ato atingir a finalidade visada pela lei.
Os atos irregulares não precisam ser renovados, nem retificados, uma
vez que são plenamente válidos e eficazes.
Observação importante pode ser retirada do artigo 564, IV do CPP ao
dizer que a nulidade somente ocorrerá se ocorrer uma omissão de formalidade
relativa a elemento essencial do ato. Ora, se a formalidade não atendida não era
essencial, ocorrerá apenas uma irregularidade e não uma nulidade.
Exemplo de ato irregular se encontra no termo de interrogatório sem
assinatura do escrevente.
3) Atos inexistentes:
Ato inexistente é aquele ato que não está apto para produzir efeitos
jurídicos.
Ato inexistente não são considerados atos jurídicos simplesmente
pelo fato de não possuírem requisitos essenciais exigidos em lei.
Para que um ato jurídico exista é indispensável a existência de alguns
elementos essenciais- Ato inexistente é chamado de “não ato”.
A inexistência pode ser material e jurídica.
Inexistência material ocorrerá quando o ato não possui sequer uma
realidade palpável.
Inexistência jurídica ocorrerá quando o ato é realizado
materialmente, porém sem os elementos essenciais.
Exemplo: uma folha de papel que contém uma sentença assinada por
um escrivão (inexistência jurídica)- porque assinada por uma pessoa que não é
investida na função jurisdicional.
Se esta folha nem existe fala-se em inexistência material.
A inexistência do ato não vem especificada em um texto legal,
caberá sim ao intérprete observar e reconhecer os caso de total desconformidade
do ato com o modelo legal o que o impossibilita de adquirir existência jurídica.
4) Espécies de nulidade:
Como visto acima nulidade pode ser vista como vício (defeito de que
sofre o ato processual), bem como sanção jurídica decorrente deste vício.
Visto também que o reconhecimento desta nulidade somente pode se
dar por meio de uma decisão judicial, onde o ato somente perderá sua eficácia
quando for declarado nulo judicialmente.
A nulidade pode ser classificada de acordo com o grau de interesse
produzido pela norma, podendo ser absoluta e relativa.
4.1) Nulidade relativa ocorrerá quando existir violação de exigência
estabelecida pelo ordenamento legal (no caso infraconstitucional), há interesse
das partes e não da ordem pública.
Nesta espécie de nulidade deverá haver a argüição da mesma pela
parte prejudicada, que deverá esclarecer e demonstrar o prejuízo causado pelo ato
viciado. Eta argüição deverá ser feita em momento oportuno, conforme estipula o
artigo 571 do CPP, já que não argüida no momento, será sanada a irregularidade
(vício).
Portanto, vislumbra-se que a nulidade relativa é sanável, pode ser
convalidada.
Tem que haver a comprovação do prejuízo (não há a presunção).
Exemplo: inversão da ordem das testemunhas, deficiência da defesa
(# da ausência de defesa, que gera nulidade absoluta).
4.2) Nulidade absoluta neste caso ocorre uma violação a
formalidades previstas em texto constitucional, e não meramente estabelecida em
lei infraconstitucional. Há uma violação a preceitos/princípios constitucionais
(como o do devido processo legal, contraditório, ampla defesa, publicidade,
motivação das decisões, juiz natural, dentre outros mais).
Nesta espécies o prejuízo é presumido, uma vez que as exigências
não observadas visam a garantir o interesse da ordem pública e não mero
interesse das partes.
A nulidade absoluta pode ser reconhecida e alegada a qualquer
tempo, não havendo a possibilidade de convalidação (não pode ser sanada).
Ponto importante a ser observado diz respeito ao fato de que a
nulidade absoluta pode ser reconhecida ex officio pelo juiz, em qualquer fase do
processo.
Por último oportuno dizer que o prejuízo é presumido, não havendo
necessidade de comprovação.
Observação: súmula 160 do STF >> proibido é o reconhecimento de nulidade,
tanto absoluta quanto relativa, de oficio pelo Tribunal quando esta causar prejuízo
ao réu.
5) Princípios referentes as nulidades:
a) princípio da instrumentalidade dos atos processuais:
Previsto no artigo 566 do CPP, segundo ele “não será declarada a
nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade
substancial ou na decisão da causa.”
Neste caso praticado o ato e este venha a alcançar o seu objetivo
legal, deverá prevalecer, ainda que praticado em desacordo do estipulado em lei, e
desde que não tenha havido prejuízo para as partes.
Mesmo sentido está o artigo 572, II do CPP ao prever que deverá se
relevar determinadas irregularidades, caso o ato tenha sido praticado de outra
forma, mas alcançado o seu fim.
b) Princípio do interesse:
Previsto no artigo 565 do CPP, dispõe que: “nenhuma das partes
poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou
referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.”
Deste princípio se observa: 1º) que veda-se de modo absoluto a
invocação da nulidade por parte de quem tenha dado causa a mesma. Existe com
escopo de se evitar que a parte que deu causa a nulidade venha a tirar proveito da
própria má-fé ou malícia;
2º) para argüir a nulidade a parte tem
que ter interesse na mesma (para invocar nulidade deve a parte possuir interesse
em sua decretação).
Observação dever ser feita quanto ao artigo 251 do CPP em que o
juiz poderá reconhecer de oficio nulidade existente no feito, seja absoluta ou
relativa, uma vez que ele possui o dever de prover à regularidade do processo.
c) princípio do prejuízo:
Também chamado de princípio da transcedência, possui previsão
legal no artigo 563 do CPP.
Este princípio vem a declarar que a nulidade somente poderá ser
decretada em atos irregulares praticados que vierem a causar prejuízo a qualquer
das partes.
Só existirá a nulidade frente a prejuízo.
No caso de nulidade absoluta o prejuízo é presumido.
No caso de nulidade relativa o prejuízo tem que ser comprovado.
Vislumbra-se claramente esta distinção ao se analisar a súmula 523
do STF.
d) princípio da causalidade:
Previsto no artigo 573 § 1º ao dispor que: “ a nulidade de um ato,
uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam
conseqüência”.
Serão atingidos, desta forma, apenas os atos dependentes ou
conseqüentes do ato viciado.
Exemplo dado pela doutrina clássica se encontra naquele fato em
que se procede a oitiva de uma testemunha de defesa, ainda no decorrer da prova
oral acusatória. Desta forma basta anular a prova testemunhal de defesa, não
sendo necessário a anulação de todas as testemunhas de acusação já ouvidas.
No momento em que o juiz declara a nulidade, deverá também dizer
a quais atos elas se estende.
e) Princípio da conservação:
Correlacionado ao princípio anterior, onde os atos processuais que
não tenham correlação (dependência ou conseqüência) com o ato anulado,
deverão ser mantidos, ou seja, aproveitados.
Vide artigo 567 do CPP: a incompetência do juízo anula somente os
atos decisórios.
f) princípio da convalidação:
Somente aplicável aos casos de nulidade relativa. Onde as nulidade
relativas poderão ser sanadas, se não forme argüidas em tempo oportuno, de
acordo com o artigo 572, inciso I do CPP.
Em atenção ao princípio da economia processual, a lei permite que
haja o saneamento de atos viciados mediante determinados remédios.
O CPP em seu artigo 571 estabelece os momentos em que as
nulidades relativas devam ser alegadas, sob a pena de convalidação do ato
viciado.
Também há os casos dos artigo 569 e 570
g) princípio da não preclusão e do pronunciamento ex officio.
As nulidades absolutas não são passiveis de preclusão, bem como
podem ser reconhecidas independentemente da argüição da parte.
A nulidade absoluta pode ser reconhecida até o momento anterior ao
trânsito em julgado da decisão.
Exceção encontra-se na súmula 160 do STF, em que prevê a
possibilidade em que a nulidade absoluta somente poderá ser reconhecida por
expressa argüição da parte contrária (não pode ser reconhecida de oficio).
Exceção a esta exceção existe no caso da incompetência absoluta,
uma vez que neste caso o vício é tão grave, que não há como deixar de reconhecê-
lo. (mesmo que haja prejuízo para o acusado e a acusação não tenha falado em
recurso).
6) Das nulidades do artigo 564 do CPP:
As nulidades previstas no artigo 564 são meramente
exemplificativas, podendo existir outras nulidades em razão de descumprimento
de preceito constitucional, ou outras nulidades previstas em normas jurídicas
diversas.
O artigo 564 do CPP dispõe que ocorrerá nulidade nos seguintes
casos:
Inciso I- Por incompetência, suspeição ou suborno do juiz.
1) Incompetência pode ser absoluta ou relativa.
Na incompetência absoluta que será nos casos de rationae materiae e
rationae personae, o processo será nulo, não sendo possível se aproveitar
quaisquer atos já realizados – todos os atos processuais, sejam atos decisórios,
postulatórios ou instrutórios.
Na incompetência relativa que ocorrerá no caso de rationae loci, de
acordo com o artigo 567 do CPP somente serão anulados os atos decisórios, onde
todos os demais atos processuais continuaram valendo (postulatórios e
instrutórios) e o processo ser remetido a juiz competente.
2) suspeição e impedimento
Trata-se de caso de nulidade absoluta, sendo considerado nulos os
atos praticados pelo juiz suspeito.
Apesar de não haver previsão para o impedimento, a maioria da
doutrina entende ser caso de nulidade absoluta.
3) suborno do juiz.
Caso de nulidade absoluta, sendo os seus atos considerados nulos.
Inciso II- Por ilegitimidade de parte:
Primeiro deve-se observar quanto a ilegitimidade ad causam (para a
causa). Neste caso a nulidade será absoluta.
Exemplo: no caso de ação penal proposta contra menor de 18
anos- que é um caso de ilegitimidade passiva
No caso dede ação publica ter sido iniciada por queixa-
ilegitimidade ativa.
Em segundo plano deve ser analisada a ilegitimidade para o processo
– ilegitimidade ad processum-. Ocorrerá a nulidade relativa é o que se pode
observa da análise do artigo 568 do CPP, onde poderá ocorrer a convalidação dos
atos irregularmente praticados
Inciso III- Por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
È importante destacar o seguinte: “fórmula” é igual regra e “termo” é
igual a ato.
Os atos elencados nas alíneas deste inciso são considerados essências
e suas ausências terão como sanção a nulidade absoluta. Já os atos não
mencionados neste inciso não são considerados essências, e, portanto, sua
ausência apenas acarretará a nulidade se vierem a causar prejuízo para as partes.
“A”- ausência da denúncia, queixa e representação.
Neste caso se estiverem ausentes quaisquer requisitos considerados
essências em uma denúncia ou queixa ocorrerá a nulidade absoluta.
A ausência de representação ou da requisição do Ministro da justiça
(condições de procedibilidade) acarretará a nulidade do feito.
Se a ausência for de pontos de menos importância, poderá haver a
supressão a qualquer tempo, antes da sentença final conforme preceitua o artigo
569 do CPP
Por fim, quanto a “portaria e auto de prisão em flagrante nos
processos de contravenção”, não há mais a aplicação mais a parte final desta
alínea ante a constituição federal não permitir mais os procedimentos de oficio.
“B”- ausência do corpo de delito nos crimes que deixam vestígio,
salvo hipótese do artigo 167 do CPP.
Nos casos em que o crime deixa vestígios a ausência do exame de
corpo de delito é causa de nulidade absoluta (pois não há como se provar a
materialidade do delito).
A exceção diz respeito aos casos em que é possível que a prova
testemunhal venha a suprir a ausência do corpo de delito face a impossibilidade
deste ser realizado ante o desaparecimento dos vestígios.
Ver Súmula 361 do STF: onde diz que o processo penal é nulo se a
perícia for realizado por um só perito. Discussão existe quanto à possibilidade de
ser realizado por um só perito se este for perito oficial.
“C”- Nomeação de defensor ao réu presente, que não o tiver, ou ao
ausente, e de curador para o menor de 21 anos.
A ampla defesa, conforme preceitua a Constituição Federal,
ambrange a autodefesa e defesa técnica. A defesa a ser realizada por um
advogado tecnicamente habilitado é condição indeclinável para o processo penal
verdadeiro. Portanto a ausência de defesa é causa de nulidade absoluta, vide
artigo 261 do CPP.
Vide também súmula 523 do STF
Quanto ao menor de 21 anos as necessidade de curador já não mais
existe, ante o novo Código civil de 2002.
“D”- intervenção do MP em todos os termos da ação por ele
intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de ação pública.
Tem o MP o dever de intervir em todos os atos da ação que ele
propôs, sob pena de nulidade absoluta.
Entretanto, quando se tratar de ação penal privada (subsidiária,
personalíssima e exclusiva) a nulidade é apenas realtiva.
Não existe a possibilidade de o juiz nomear promotor ad hoc para
determinado ato ante a ausência injustificada do representante do MP.
“E”- ausência de citação do réu para ver-se processar, o seu
interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa.
A ausência de citação é causa de nulidade absoluta já que ocorre a
quebra por total do princípio constitucional do contraditório. Entretanto deve ser
observado o artigo 570 do CPP.
A ausência do interrogatório quando presente o réu, gera nulidade
(que varia de acordo com doutrinadores, podendo ser absoluta ou relativa). Pois o
interrogatório é tanto meio de prova quanto meio de defesa.
A supressão ou diminuição dos prazos concedidos para a defesa ou
acusação gera nulidade. (pode ser absoluta ou relativa de acordo com
doutrinadores).
“F”- ausência da sentença de pronúncia, do libelo e da entrega da
respectiva cópia com o rol de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do
Júri.
A ausência da sentença de pronúncia (que reconhece a
admissibilidade da acusação e remete o réu ao julgamento perante o Tribunal do
júri) é causa de nulidade absoluta.
A ausência do libelo (que é a exposição da acusação baseada na
decisão de pronúncia) gera a nulidade absoluta.
A apresentação do libelo em desacordo com o artigo 417 do CPP
também é causa de nulidade absoluta.
Deve existir um libelo para cada réu.
A falta da entrega de cópia do libelo ao réu também é causa de
nulidade, entretanto neste caso surge divergência quanto ao fato desta nulidade
ser absoluta ou relativa.
“G”- a ausência da intimação do réu para a sessão de julgamento
pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia.
Nos crimes inafiançáveis não pode haver o julgamento do réu -no
tribunal do júri- a revelia (tem que estar presente), necessário, destarte, a
intimação do acusado.
Se houver o julgamento a revelia ocorrerá a nulidade absoluta.
Entretanto, se o réu comparecer, mesmo não tendo sido intimado, a ausência será
sanada.
“H”- a ausência da intimação das testemunhas arroladas no libelo e
na contrariedade do libelo, nos termos estabelecidos pela lei.
È causa de nulidade relativa, cabendo a parte argüir a nulidade e
demonstrar o prejuízo.
Observação quanto as testemunhas que residem fora da comarca em
que se realiza o julgamento, uma vez que não estão obrigadas comparecer em
juízo.
“I”- a presença de pelo menos 15 jurados para a constituição do júri.
È causa de nulidade absoluta a instalação da sessão do tribunal do
júri sem a presença de pelo menos 15 do total de 21 jurados sorteados para a
sessão.
“J”- o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e
a incomunicabilidade.
A ausência de sorteio para a composição do conselho de sentença
gera a nulidade absoluta do julgamento.
A incomunicabilidade dos jurados (entre si e com o mundo exterior)
é imprescindível, caso haja a quebra desta incomunicabilidade deverá o jurado ser
excluído e o conselho deve ser dissolvido.
“K”- ausência dos quesitos e as respectivas respostas.
A ausência de quesitos obrigatórios ou a inversão da ordem
constituída em lei ocasionará a nulidade absoluta.
Vide Súmula 156 do STF.
“L”- ausência de acusação e defesa na sessão de julgamento.
A lei exige que o acusador e defensor estejam presentes e se
manifestarem sobre o caso apresentado, devendo, desta forma, apresentar
argumentos que considerem importantes.
A acusação, em regra representada pelo ministério Público, cabe
sustentar a acusação, pleiteando a condenação do réu. Contudo, poderá o MP,
caso não exista elementos suficientes para a condenação, ou caso esteja
convencido da inocência do réu, pedir a absolvição do acusado (acordo 385 do
CPP).
Para a defesa não existe esta possibilidade, devendo defender o os
interesses do acusado, de forma alguma pode pedir a condenação.
Defesa ausente gera nulidade absoluta, defesa deficiente gera
nulidade relativa, devendo ficar demonstrado o prejuízo.
“M”- falta de sentença.
A ausência de sentença ou a existência de uma sentença que não
contenha os requisitos essenciais previstos em lei, será causa de nulidade
absoluta.
A sentença, para ser válida, deve conter o relatório, a fundamentação,
dispositivo e a data e assinatura do juiz que a prolata.
“N”- ausência do recurso de oficio, nos casos estabelecidos em lei.
A lei prevê em alguns casos a necessidade de que uma sentença
proferida em primeiro grua seja submetida, necessariamente, a apreciação de um
tribuna de segunda instância, para que possa a decisão transitar em julgado
È o chamado recurso de oficio, necessário ou obrigatório.
È uma condição para que ocorra o trânsito em julgado da decisão.
Observa-se que a ausência do recurso de oficio não anula a sentença
proferida em primeiro grau de jurisdição, mas apenas impede que ocorra o
trânsito em julgado da mesma.
Vide Súmula 423 do STF
Último ponto a ser observado diz respeito que caso ocorra o recurso
voluntário, suprida estará a ausência do recurso necessário (de oficio).
“O”- A ausência de intimação, nas regras estabelecidas em lei, para a
ciência de decisões e despachos de que caiba recurso.
Intimar significa dar ciência a alguém de atos e termos do processo, a
fim de que esta pessoa faça ou deixe de fazer alguma coisa (artigo 234 do CPC).
A ausência de intimação causa cerceamento da acusação ou defesa,
logo leva a nulidade. Dar ciência de determinados atos processuais é condição
indispensável para o exercício do contraditório.
Entendimento doutrinário existe quanto a nulidade ser absoluta, bem
como existem entendimentos de que o caso é de nulidade relativa.
Vide artigo 370, § 1º do CPP.
“P”- ausência de quorum legal nos julgamentos do STF e nos
tribunais de apelação.
Portanto, nos julgamentos, deve haver o número mínimo de
integrantes de um órgão colegiado para que se possa instalar a sessão de
julgamento.
O não respeito ao quorum legal gera nulidade absoluta.
Artigo 654 inciso IV-
Por omissão de formalidades que constitua elemento essencial do ato.
Logo se observa que existem formalidades essências e não
essenciais.
Essenciais são as formalidades caso não observadas que vão gerar a
nulidade do ato processual, presumindo-se o prejuízo.
Não essenciais ou acidentais são as formalidades que uma vez não
observadas podem gerar a nulidade relativa do ato processual, porém deverá ser
provado o prejuízo (é passível de convalidação).
No parágrafo único do artigo 564:
A nulidade poderá ocorrer, ainda, em face de deficiência dos quesitos ou de suas
respostas ou em razão da contradição das repostas.
No tribunal do júri a deficiência ou inversão da ordem legal dos
quesitos gera a nulidade do julgamento.
Geram a nulidade do julgamento também a deficiência das respostas
ou a contradição entre elas.
Vide súmula 162 do STF
Por fim cabe salientar que além dos casos enumerados no artigo
acima estudado é possível a existência da nulidade quando os atos processuais
forem praticados sob a violação de princípios constitucionais ou processuais,
mesmo que não exista previsão legal para esta nulidade.
7) Convalidação dos atos atípicos:
O princípio da convalidação, que vigora nas nulidades relativas,
prevê que é possível que um ato processual irregularmente praticado venha a ser
convalidado, sanando-se desta forma os seus vícios.
São formas de saneamento:
7.1) Preclusão: onde existe um tempo certo para que haja a argüição
da nulidade relativa. Não sendo argüida no momento oportuno, as nulidades
relativas serão sanadas. (artigo 572, inciso I do CPP).
Os momentos encontram-se no artigo 571 do CPP
7.2) ratificação dos atos processuais praticados por representante
ilegítimo da parte (artigo 568 do CPP).
7.3) suprimento das omissões da denuncia, queixa ou representação,
desde que realizado antes da sentença final (artigo 569 do CPP);
7.4)quando o ato atingir a sua finalidade, ainda que praticado de
outra forma (572, II do CPP);
7.5) Comparecimento do interessado ao ato para qual deveria ter sido
citado, intimado ou notificado (artigo 570 do CPP) e
7.6) Transito em julgado da sentença desde que não seja nulidade
absoluta que favoreça o réu.
DIREITO PROCESSULA PENAL II
DOS RECURSOS
1ª PARTE
DA TEORIA GERAL DOS RECURSOS
1) Conceito:
Trata-se de uma tarefa difícil a conceituação de recurso, recebendo uma
definição, segundo o doutrinador Nestor Távora, em sua obra curso de direito Processual penal,
como sendo: “é o meio voluntariosos destinado à impugnação das decisões, afigurando-se
como remédio de combater a determinado provimento, dentro da mesma relação jurídica
processual, propiciando a sua re-análise.”
A palavra recurso advém do latim re currere, que nos trás a idéia de retrocesso,
volta. Voltar ao caminho percorrido, dentre outras.
2) das características:
Da conceituação acima explicitada podemos observar os seguintes características
dos recursos, quais sejam:
a) São voluntários: trata-se de uma ação voluntariosa, ficando, desta forma, a critério das
parte interporem ou não o recurso, de acordo com a conveniência de cada qual; (é um
direito e não uma obrigação).
Observação de faz quanto ao fato de que não pode ser considerado como recurso os casos
de reexame necessário (exemplo: recurso de oficio)
b) ocorre dentro da mesma relação jurídica processual, ou sejam não criam uma nova
relação processual. Não podendo ser considerado como recurso as seguintes ações
autônomas: hábeas corpus, mandado de segurança e revisão criminal (apesar de
objetivarem impugnar uma decisão).
c) possui a finalidade de invalidar, esclarecer ou reformar a decisão questionada.
3) da natureza jurídica:
Muito se discute quanto a natureza jurídica do recurso, ou seja, saber o qual a
sua essência, conteúdo.
Três são as teorias quanto a natureza jurídica do recurso:
- uma entende que recurso nada mais é do que um desdobramento do direito de ação, enfim,
trata-se de uma continuidade da relação processual, em fase recursal, face ao inconformismo de
uma das partes para com a decisão proferida em primeiro grau (sendo esta primeira entendida
como majoritária pela doutrina pátria)
- outra entende que o recurso é uma ação nova que vai existir dentro do mesmo processo, onde
a primeira ação se baseia em um fato, já a segunda ação (recurso ) se baseia em uma decisão;
- a última teoria dá ao recurso uma idéia de meio de se obter a reforma de uma decisão
proferida, o que se visa nele é mudar a decisão. Contudo deve-se salientar que alguns recursos
não visam alterar a decisão, mas sim anular ou substituir a decisão anterior.
4) dos fundamentos:
De forma universal os doutrinadores têm citado como fundamento dos recursos:
1- a necessidade psicológica do vencido, ou seja, a necessidade que o ser
humano possui de ver reapreciada uma decisão que lhe foi desfavorável;
2- a falibilidade humana, que também se encontra presente no julgador;
3- a coação psicológica que existe sobre o juiz de instancia inferior, ressaltando
que ele melhor julgará sabendo da possibilidade de que sua decisão será reapreciada;
4- possibilidade de julgamento por um órgão colegiado, composto por
magistrados mais experientes e de maior saber jurídico e por fim,
5- razões históricas
Cabe ressaltar que existem vários argumentos contrários aos recursos, mas que
não possuem força de atacar e derrubar, por conseguinte a legitimidade dos recursos, que
inclusive possuem previsão constitucional, basta a leitura do artigo 5º inciso LV da CF/88
São argumentos desfavoráveis ao recurso: a) de que são uma afronta o princípio
da economia processual (já que prolongam a manifestação judicial); b)não possui o recurso o
condão de garantir, por derradeiro, a justiça ao provimento final; c) ante a possibilidade de
existirem decisões conflitantes, pode vir a trazer descrédito para o poder judiciário e, d) podem
ser considerados inócuos, ou seja, sem qualquer beneficio quando o juízo ad quem se restringe
apenas a confirmar a decisão dada pelo juízo inferior.
5) dos princípios:
São princípios que regem o sistema recursal pátrio:
a) Principio da voluntariedade dos recursos:
Ponto controvertido quanto a este principio, haja vista que alguns doutrinadores vêem a
voluntariedade como característica do recurso e não como principio.
Faremos sua análise como principio, estando previsto no artigo 574 do CPP, ao dispor que “os
recursos serão voluntários”. Isto quer dizer que o recurso deve ser entendido como uma ato
volitivo, que decorre da manifestação de vontade da parte que queira ver reformada ou anulada
uma decisão.
b) Principio da taxatividade dos recursos
Prevê este principio que para a utilização de um recurso torna-se necessário que o
mesmo esteja previsto no ordenamento jurídico de forma expressa.
Desta forma, observa-se que o rol de recursos existentes no CPP é numerus clausus, um
rol taxativo e não meramente exemplificativo
c) `Principio da unirrecorribilidade das decisões
O principio em analise descreve que para cada decisão judicial, em regra, caberá um
único recurso, ficando a parte responsável pela escolha do recurso adequado para o reexame
Comporta duas exceções, no caso de previsão expressa da legislação processual penal,
em que prevê a hipótese de se utilizar dois recursos ao mesmo tempo, no caso do recurso
especial ao STJ e do recurso extraordinário ao STF, quando uma decisão ofende a constituição
federal e a legislação infraconstitucional
A segunda exceção decorre do principio da variabilidade dos recursos
d) principio da variabilidade dos recursos:
preve este principio que a parte recorrente vir a desistir de um
recurso anteioremente interposto para que possa interpor um novo recurso,
sempre dentro do prazo legal (ou seja desde que o faça dentro do prazo estipulado
em lei).
È importante ressaltar que parte da doutrina brasileira entende que este principio
não possui mais aplicação, haja vista a chamada preclusão consumativa, siginificadndo isto que
uma vez interposto um recurso a parte recorrente perde a possibilidade de exercitar novamente
o direito ao recurso, ainda que interponha este outro recurso de forma tempestiva (ou seja
dentro do prazo legal).
e) principio da fungibilidade:
também chamada de teoria do recurso indiferente.
Neste principio vislumbra-se que caso a parte recorrente venha a interpor um
recurso de forma equivoca, e não tenha agido de má fé ou seja o caso de um erro grosseiro, é
possível que o juiz venha a reconhecer esta impropriedade, mandar processar o recurso
interposto em conformidade com o rito do recurso cabível para o caso, tudo conforme artigo
579 do CPP.
Desta forma, a parte que interpôs o recurso não seria prejudicada por ter
interposto um recurso ao invés do outro, contudo deve se atentar para que não fique
caracterizado erro grosseiro ou má fé.
f) principio da vedação da reformatio in pejus
Prevê o presente principio que fica proibida uma nova decisão que venha a
piorar a situação da parte recorrente.
Enfim, caso a defesa apresente um recurso, haja vista se encontrar insatisfeita
com o provimento jurisdicional proferido, enquanto a acusação na tenha recorrido, não poderá
esta nova decisão (a do recurso) vir a piorar a situação do réu.
g)Principio da conversão
consiste o princípio em analise dizer que caso a parte recorrente venha a propor
um recurso em um órgão jurisdicional incompetente para a sua apreciação, deverá este órgão
jurisdicional que foi equivocadamente endereçado o recurso proceder a remessa dos autos para
o órgão jurisdicional competente.
6) impedimentos:
Alguns fatores podem vir a impedir o recebimento ou a normal tramitação do
recurso, ou seja existem casos em que o recurso fica impedido de ser processado ou conhecido,
sendo eles:
a) desistência: quando o réu, acompanhado de seu defensor, não deseja mais persistir no
seu incorformisomo para com a decisão, solicitando que o recurso cesse seu tramite.
b) Renuncia: se caracteriza pela manifestação da parte no sentido de que não deseja
recorrer da decisão, antes mesmo de impugna-la
Observação: desistência e renuncia são vedadas para o MP
c) deserção ocorre nos casos do: 1)artigo 595 do CPP: quando o réu foge, quando na
verdade deveria se recolher na prisão para recorrer (neste caso o STF vem entendo não
ser mais caso de deserção e deve ser dado prosseguimento ao recurso; 2) do artigo
806,§2º do CPP – quando não paga as custas devidas.
7) pressupostos ou requisitos de admissibilidade recursal:
Pressuposto é entendido como uma condição anterior necessária para que se
admita e atribua eficácia a determinado instituto.
No estudo do recurso para que o mesmo seja conhecido pelo órgão Ad quem,
torna-se necessário o preenchimento dos requisitos previstos em lei sob pena do recurso não ser
recebido.
Estamos falando do juízo de prelibação ou de admissibilidade do recurso juízo
este feito pelo próprio juízo recorrido (aquele juiz que prolatou a decisão impugnada). Esta
decisão tem caráter meramente declaratório sendo ela positiva ou negativa, será positiva
quando preenchidas os requisitos e caso não seja preenchido será negativa.
Portanto primeiro, em caso de recurso, observa-se se existe um “direito ao
recurso”, para depois analisar se existe o “direito em recurso” (análise da questão de mérito).
Quando estamos falando de juízo de prelibação, estamos falando no que tange ao
recurso ser ou não conhecido ou admitido e somente assim o será se estiverem presentes seus
pressupostos de admissibilidade.
Dos pressupostos:
Dos pressupostos objetivos:
a) Previsão legal
b) Forma prescrita em lei
c) Tempestividade
Farmeos uma analise de cada um deles a partir deste momento.
Quanto a autorização ou previsão legal (cabimento) devemos ressaltar que para
que um recurso seja utilizado, mister que este esteja previsto em lei, além de ser o adequado
para impugnar a decisão questionada, portanto dentre os inúmeros recursos previstos em lei,
deve o recorrente observar qual é o indicado para impugnar a decisão (observação quanto ao
principio da fungibildiade que rege o recurso).
Quanto ao segundo pressuposto, sendo este a tempestividade, este consiste no
fato de que parte, que se considera prejudicada pela decisão dada, deva observar o prazo legal
para interpor o mesmo, sob pena de preclusão do direito de recorrer, haja vista que uma vez não
observada o prazo se encontrará precluso o recorrente o direito de recorrer. Cabe salientar
quanto a este pressuposto que os prazos processuais são contínuos e conectórios, ou seja, não se
interrompem em nenhuma hipótese e uma vez exauridos privam a oportunidade de realização
do ato processual.
Quanto a contagem de prazo observação deve ser feita quanto art. 798 §5º do
CPP, no que diz respeito aos marcos iniciais à contagem de prazo, quais sejam: da intimação,
da audiência ou cessão que se proferiu a decisão ou do dia em que a parte se manifestar nos
autos quanto a ciência inequívoca da decisão.
A contagem dos prazos processuais não há computação do dia do começo
incluindo-se a do dia do vencimento, vide súmula 310 do STF, 216 do STJ , 428, 448 e 710
todas do STF.
Observação também necessária quanto o art. 757 do CPP.
Por fim face à análise do terceiro pressuposto objetivo, qual seja a observância
das formas legais (a regularidade formal do recurso), devendo o interessado interpor o recurso,
nas formas estabelecidas em lei.
Estabelece o art. 578 caput do CPP que o recurso deverá ser interposto por
petição ou por termos nos autos, assinado pelo recorrente ou por seu representante (ressalta-se a
lei 9.800/99 que passou a permitir as partes a utilização do sistema de transmissão de dados e
imagens tipo fac símile ou outro simular para a prática de atos processuais que dependam de
petição escrita, devendo os originais ser entregues em juízo até 05 dias da data do término do
prazo).
Outro requisito é a ausência de fatos impedidos e extintivos, para que um recurso
seja admitido, além dos pressupostos acima especificados, torna-se necessária não presença de
qualquer fato que impeça o direito de recorrer ou que venha extinguir o recurso já admitido.
Fatos impeditivos:
São eles:
É a renúncia feita de forma expressa pela parte em não querer interpor ao recurso
ocasionando desta forma o transito em julgado e consequentemente a formação da coisa
julgada.
Fatos Extintivos:
Por sua vez, fatos extintivos são aqueles que obstam a apreciação de um recurso
já interposto em virtude da desistência ou da deserção.
Dos pressupostos subjetivos, temos entre eles:
a) o interesse da parte
b) legitimidade
Quanto ao primeiro, qual seja, o interesse, este se encontra previsão legal no art.
577 §único do CPP, em que preceitua o seguinte:
Não se admitirá recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou
modificação da decisão
Quanto ao segundo pressuposto, a legitimidade, podemos visualizá-la no art. 577
caput do CPP, que dispõe da seguinte forma:
Que o recurso poderá ser interposto pelo MP, pelo querelante, pelo réu ou seu
procurador.
8) Efeitos do recurso.
Conforme visto anteriormente para que um recurso possa ser aceito e julgado, presente
devem estar os pressupostos recursais, sejam objetivos sejam subjetivos, bem como ausentes os
fatos impeditivos e extintivos.
Sendo positivo o juízo de prelibação, ou seja, admitindo-se o recurso, conseqüências
advirão com a espécie de recurso interposto, sendo eles impedir a preclusão, postergar o
transito em julgado, devolver a matéria impugnada ao órgão ad quem (efeito devolutivo),
estender o efeito da decisão benéfica a co-réu não recorrente, ou seja, efeito extensivo estão
presentes em todos os recursos, já os efeitos suspensivos, extensivo e regressivo são afetos
apenas alguns dos recursos, onde cada um desses efeitos são analisados de per si durante os
estudo dos recursos em espécie.
Impedir a preclusão: a lei processual prevê prazos para que haja interposição do recurso
e para que o mesmo seja aceito necessário é que vem interpor o recurso cabível
tempestivamente sob pena da ocorrência do fenômeno processual da preclusão, qual seja a
perda da oportunidade de praticar o ato pelo decurso do tempo. Desta forma interposto o
recurso este conhecido surge o efeito de afastar a preclusão.
Postergar o transito em julgado: transito em julgado como é de conhecimento significa
dizer que as decisões judiciais em determinado momento acabam por adquirir caráter
irreversíveis, ou seja, ocorre a insuscetibilidade de alteração do decisium. Logo o recurso uma
vez admitido faz com que evite que a decisão venha a transitar em julgado, haja vista a
continuidade do conflito em grau recursal.
Devolutivo: estabelece o efeito devolutivo a imediata transferência da matéria decidida
ao órgão ad quem, a fim de reapreciá-las nos exatos limites do pedido de reforma. O recurso
em seu efeito devolutivo, portanto faz com que a matéria recorrida seja apreciada por um órgão
com grau de jurisdição superior.
Efeito suspensivo: efeito suspensivo impede que a decisão seja executada até o
julgamento do recurso trata-se de um efeito de caráter excepcional e, portanto a presença deste
efeito na espécie de um recurso deve estar previamente consignada em lei. Desta forma os
efeitos da decisão impugnada ficam suspensos enquanto o processo segue seus tramits normais.
Regressivo: encontra-se previsto no art 589 do CPP e prevê que somente poderá ter esse
efeito os recursos em sentido estrito e no agravo em execução, consistindo este efeito na
possibilidade do juiz que prolatou a decisão, reformar seu ato total ou parcialmente (chamado
de juízo de retratação) ou manter a sua decisão (chamado de juízo de sustentação), antes
mesmo de que os autos sejam remetidos ao tribunal.
Este juízo de retratação permite ao julgador reconhecer eventual injustiça ou erro que
vier a cometer.
Desta forma com efeito regressivo a lei permite que o mesmo órgão que proferiu a
decisão judicial exerça juízo de retratação, modificando-a.
Efeito extensivo: Art. 580 do CPP recebe o nome também de efeito interativo,
consistindo no caso em que haja mais de um réu o aproveitamento de uma decisão a co-réu não
recorrente, desde que essa decisão seja favorável e os motivos que a ensejarem não forem de
caráter exclusivamente pessoal, observa-se que o efeito extensivo é aplicável a todos os
recursos e ações impugnativas autônomas, sendo elas o Hábeas-Corpus e a decisão criminal.
Aponta a doutrina que o efeito extensivo não seria um efeito propriamente dito do
recurso, mas mera conseqüência da decisão.
DIREITO PROCESSULA PENAL II
DOS RECURSOS
1ª PARTE
DA TEORIA GERAL DOS RECURSOS
1) Conceito:
Trata-se de uma tarefa difícil a conceituação de recurso, recebendo uma
definição, segundo o doutrinador Nestor Távora, em sua obra curso de direito Processual penal,
como sendo: “é o meio voluntariosos destinado à impugnação das decisões, afigurando-se
como remédio de combater a determinado provimento, dentro da mesma relação jurídica
processual, propiciando a sua re-análise.”
A palavra recurso advém do latim re currere, que nos trás a idéia de retrocesso,
volta. Voltar ao caminho percorrido, dentre outras.
2) das características:
Da conceituação acima explicitada podemos observar os seguintes características
dos recursos, quais sejam:
d) São voluntários: trata-se de uma ação voluntariosa, ficando, desta forma, a critério das
parte interporem ou não o recurso, de acordo com a conveniência de cada qual; (é um
direito e não uma obrigação).
Observação de faz quanto ao fato de que não pode ser considerado como recurso os casos
de reexame necessário (exemplo: recurso de oficio)
e) ocorre dentro da mesma relação jurídica processual, ou sejam não criam uma nova
relação processual. Não podendo ser considerado como recurso as seguintes ações
autônomas: hábeas corpus, mandado de segurança e revisão criminal (apesar de
objetivarem impugnar uma decisão).
f) possui a finalidade de invalidar, esclarecer ou reformar a decisão questionada.
3) da natureza jurídica:
Muito se discute quanto a natureza jurídica do recurso, ou seja, saber o qual a
sua essência, conteúdo.
Três são as teorias quanto a natureza jurídica do recurso:
- uma entende que recurso nada mais é do que um desdobramento do direito de ação, enfim,
trata-se de uma continuidade da relação processual, em fase recursal, face ao inconformismo de
uma das partes para com a decisão proferida em primeiro grau (sendo esta primeira entendida
como majoritária pela doutrina pátria)
- outra entende que o recurso é uma ação nova que vai existir dentro do mesmo processo, onde
a primeira ação se baseia em um fato, já a segunda ação (recurso ) se baseia em uma decisão;
- a última teoria dá ao recurso uma idéia de meio de se obter a reforma de uma decisão
proferida, o que se visa nele é mudar a decisão. Contudo deve-se salientar que alguns recursos
não visam alterar a decisão, mas sim anular ou substituir a decisão anterior.
4) dos fundamentos:
De forma universal os doutrinadores têm citado como fundamento dos recursos:
1- a necessidade psicológica do vencido, ou seja, a necessidade que o ser
humano possui de ver reapreciada uma decisão que lhe foi desfavorável;
2- a falibilidade humana, que também se encontra presente no julgador;
3- a coação psicológica que existe sobre o juiz de instancia inferior, ressaltando
que ele melhor julgará sabendo da possibilidade de que sua decisão será reapreciada;
4- possibilidade de julgamento por um órgão colegiado, composto por
magistrados mais experientes e de maior saber jurídico e por fim,
5- razões históricas
Cabe ressaltar que existem vários argumentos contrários aos recursos, mas que
não possuem força de atacar e derrubar, por conseguinte a legitimidade dos recursos, que
inclusive possuem previsão constitucional, basta a leitura do artigo 5º inciso LV da CF/88
São argumentos desfavoráveis ao recurso: a) de que são uma afronta o princípio
da economia processual (já que prolongam a manifestação judicial); b)não possui o recurso o
condão de garantir, por derradeiro, a justiça ao provimento final; c) ante a possibilidade de
existirem decisões conflitantes, pode vir a trazer descrédito para o poder judiciário e, d) podem
ser considerados inócuos, ou seja, sem qualquer beneficio quando o juízo ad quem se restringe
apenas a confirmar a decisão dada pelo juízo inferior.
5) dos princípios:
São princípios que regem o sistema recursal pátrio:
d) Principio da voluntariedade dos recursos:
Ponto controvertido quanto a este principio, haja vista que alguns doutrinadores vêem a
voluntariedade como característica do recurso e não como principio.
Faremos sua análise como principio, estando previsto no artigo 574 do CPP, ao dispor que “os
recursos serão voluntários”. Isto quer dizer que o recurso deve ser entendido como uma ato
volitivo, que decorre da manifestação de vontade da parte que queira ver reformada ou anulada
uma decisão.
e) Principio da taxatividade dos recursos
Prevê este principio que para a utilização de um recurso torna-se necessário que o
mesmo esteja previsto no ordenamento jurídico de forma expressa.
Desta forma, observa-se que o rol de recursos existentes no CPP é numerus clausus, um
rol taxativo e não meramente exemplificativo
f) Principio da unirrecorribilidade das decisões
O principio em analise descreve que para cada decisão judicial, em regra, caberá um
único recurso, ficando a parte responsável pela escolha do recurso adequado para o reexame
Comporta duas exceções, no caso de previsão expressa da legislação processual penal,
em que prevê a hipótese de se utilizar dois recursos ao mesmo tempo, no caso do recurso
especial ao STJ e do recurso extraordinário ao STF, quando uma decisão ofende a constituição
federal e a legislação infraconstitucional
A segunda exceção decorre do principio da variabilidade dos recursos
Disciplina: direito Processual Penal II
DOS RECURSOS
2ª PARTE
DOS RECURSOS EM ESPÉCIE
1) DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
Noção: previsto no art. 382 do CPP, conhecido vulgarmente por embarguinhos, onde
prevê que: “qualquer das partes poderá no prazo de dois dias pedir ao juiz que declare a
sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade, contradição ou omissão”.
Muito se discute a cerca da natureza jurídica dos embargos de declaração onde parte da
doutrina entende que o mesmo seja de fato um recurso outra parte entende ser mero meio de
correição, contudo a doutrina majoritária prevê que se trata de um recurso a fim de clarear ou
completar decisão judicial já proferida.
Tal recurso não visa rediscutir o mérito da causa, mas tão somente conforme dito, dar a
oportunidade do órgão prolator da decisão impugnada, melhor esclarecer o decidido.
Cabimento: Cabível contra ato judicial com conteúdo decisório, caso a mesma contenha
qualquer dos vícios enumerados na lei do CPP art. 382 e 619, quais sejam eles, ambigüidade
(termos de dupla acepção) obscuridade (falta de clareza) e por ultimo contradição, ou seja,
afirmações que se opõe de tal maneiro no mesmo arrazoado.
Interposição: será feita por intermédio de petição dirigida ao mesmo órgão que proferiu
a decisão a qual se atribui.
Prazo: dois dias, prevista no CPP, contudo nos juizados especiais criminais o prazo é de
05 dias.
Processamento: a petição será endereçada ao próprio juiz que prolatou a sentença,
devendo conter os pontos em que a sentença apresente ambigüidade, obscuridade, contradição
ou omissão. Os embargos interpostos não apresentam efeitos regressivos ou suspensivos.
Julgamento: o juiz de primeiro grau proferira a sentença ou decisão acolhendo ou
rejeitando os embargos, devendo-se ressaltar o art. 620 caput do CPP que diz o seguinte: se não
forem preenchidas as condições enumeradas no caso de embargo de declaração, realizada junto
aos tribunais o relator indeferirá monocrática e preliminarmente os embargos de declaração.