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APOSTILA DE PROCESSO PENAL II Prof. Rodrigo Rolli

Apostila de P. Penal II

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Apostila de Penal II

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Page 1: Apostila de P. Penal II

APOSTILA

DE

PROCESSO

PENAL II

Prof. Rodrigo Rolli

Page 2: Apostila de P. Penal II

DISCIPLINA DIREITO PROCESSUAL PENAL II

Aula de incidente de insanidade mental

>Introdução:

Preceitua o artigo 149 do Código de Processo Penal que: quando

surgir dúvida quanto à integridade mental do indiciado ou do acusado, deverá ser

instaurado o incidente de insanidade mental, a fim de submetê-lo a exame médico

legal.

Este incidente é de suma importância tendo em vista que será ele

imprescindível para demonstrar se o acusado/indiciado possui capacidade civil,

penal, processual e capacidade de se submeter à execução de uma pena.

>Quem pode pleitear a abertura do incidente?

No próprio caput do artigo acima mencionado há o esclarecimento de

tal indagação. Podendo o incidente de insanidade mental ser determinado:

De oficio pelo juiz da causa;

Mediante requerimento de qualquer das partes;

Requerimento do MP, curador, ascendente, descendente, irmão ou cônjuge

do acusado e;

Representação do Delegado de polícia (autoridade policial).

Observação: 1) o juiz ante o pedido de instauração do incidente não fica

vinculado a este pedido, que poderá denegá-lo caso entenda ser desnecessário por

protelatório ou tumultuário (o pedido tem que trazer um mínimo de suspeita de

perturbação psíquica do réu).

2) da decisão que determina ou não a instauração do incidente não

cabe recurso (pode ser atacada por Hábeas corpus ou correição parcial).

>Como se dará a instauração:

Será feita mediante portaria judicial em autos apartados, que somente

poderá ser apensado aos autos do processo principal depois de apresentado o

laudo pericial que tiver chegado a uma conclusão quanto à sanidade ou não do

acusado (artigo 153 do CPP)

>Momento em que pode ser argüido: (Artigo 149, § 1º do CPP)

Poderá ser argüido no decorrer do inquérito policial ou do processo

penal. Contudo este incidente não poderá ser instaurado no decorrer da fase

Page 3: Apostila de P. Penal II

recursal, pois neste caso se considera que se estaria suprimindo um grau de

jurisdição (Este posicionamento encontra respaldo no STF e STJ).

>Procedimento:

A instauração do procedimento por determinação judicial (em autos

apartados) mediante portaria, sendo nomeado neste momento um curador ao réu

ou indiciado.

Ficará suspensa a ação principal, salvo a possibilidade de realização

de atos processuais que possam ser prejudicados em razão do adiamento (artigo

149, §2º do CPP). Se for instaurado no curso do Inquérito policial, este não será

suspenso, portanto, tramitará normalmente.

Cabe observa se o réu/indiciado se encontra preso ou não. Se estiver

preso o mesmo deverá ser internado em manicômio judiciário. Se estiver solto,

poderá ser solicitada pelos peritos a internação em estabelecimento adequado

(exemplo uma clínica médica psiquiátrica) – conforme artigo 150 do CPP-.

Importante destacar o momento da instauração do procedimento,

uma vez que se este tiver sido instaurado no decorrer do Inquérito policial

somente poderão ser feitos quesitos por parte do juiz e do MP já que o indiciado

ainda não é considerado parte. Se for instaurado já na fase processual deve-se

abrir a possibilidade da defesa elaborar quesitos.

Logo em seguida os peritos irão realizar os exames, possuindo para

tanto um prazo previsto no artigo 150, § 1º do CPP, qual seja: 45 dias, salvo

necessidade de ampliação de prazo.

Entrega do laudo com as conclusões dos peritos. Deverá ser

elaborado por dois peritos oficiais (artigo 159 do CPP), que deverão fundamentar

o laudo, bem como responder aos quesitos que porventura existam. (caso assim

não se apresente, deverá ser refeito).

Cabe uma observação: a de que o juiz não fica vinculado ao laudo,

que poderá rejeitá-lo no todo ou em parte, conforme artigo 182 do CPP.

>Efeitos do laudo pericial:

Encontram-se nos artigo 151 e 152 do CPP.

Os peritos podem concluir que o réu era inimputável ou semi-

imputável em razão de doença mental ao tempo da ação ou omissão, motivo que

ensejará a retomada do processo principal. Portanto, caso fique comprovado no

laudo o acima descrito o processo retomará o seu curso normal, entretanto com a

presença de um curador (artigo 151 do CPP).

Já se os peritos concluírem que o réu/indiciado somente veio a

adquirir a doença mental após a prática do crime, o processo ficará suspenso. E

somente poderá ser reativado (retornar a ter andamento) quando o réu/indiciado

se restabelecer. (devendo-se atentar para o prazo prescricional).

Page 4: Apostila de P. Penal II

> insanidade mental no curso da execução da pena:

Prevista no artigo 154 do CPP.

Entretanto, não se deve mais observar o artigo 682 do CPP (que

determina a internação do condenado em manicômio judicial); mas deve ser

observado sim o artigo 41 do CP (que foi reformulado pela lei 7209/84, posterior

ao CPP) que determina que neste caso será recolhido a hospital de custódia e

tratamento ou em estabelecimento adequado.

Pode o juiz também, determinar a conversão da pena privativa de

liberdade em medida de segurança, conforme artigo 183 da LEP.

Page 5: Apostila de P. Penal II

DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL PENAL II

Aula de Habeas Corpus

1) Histórico:

No mundo o Habeas corpus teve sua origem no direito romano, uma vez que

todo cidadão poderia reclamar a exibição do homem livre detido ilegalmente. Existia uma ação

especifica para esta apresentação conhecida por interdictum de libero homine exhibend.

Outros doutrinadores entendem que o habeas corpus surgiu por meio da Carta

Magna, outorgada pelo rei João Sem Terra em junho de 1215. Prevista no artigo 48 da Magna

Carta que assim prescrevia: “Ninguém poderá ser detido, preso ou despojado de seus bens,

costumes e liberdade, senão em virtude de julgamento por seus pares, de acordo com as leis do

país.”.

Governos autoritários, que tinham a idéia de administração sem lei, e sem o

apoio inclusive da nobreza, acabaram por despertar represálias, dentre elas foi criada a

chamada Petition of Rights (petição de direito) em face do governante Carlos I. Esta petição de

direitos tinha por objetivo reafirmar as liberdades públicas fundamentais e o respeito às leis de

habeas corpus. Acabou por ser reconhecida em 1628.

Mesmo após este reconhecimento, arbitrariedades e prisões ilegais continuaram

a ocorrer, razão pela qual foi instituído o Habeas Corpus act que veio a consagrar o Writ of

habeas corpus, como o remédio jurídico eficiente para a soltura de indivíduos detidos de forma

ilegal.

Passou-se a utilizá-lo então em razão de prisões ocorridas em face de pessoas

acusadas de crimes.

Em 1789 foi o habeas corpus inserido na Declaração universal do direitos do

homem e do cidadão.

No Brasil, a despeito da proibição de prisões arbit6ra´rias prevista na

Constituição Imperial de 1824, a primeira vez que o Habeas corpus foi previsto legalmente foi

no Código de Processo Criminal de 1832, em seu artigo 40 que assim previa: “Todo cidadão

que entender que ele ou outrem sofre uma prisão ou constrangimento ilegal em sua liberdade,

tem direito de pedir uma ordem de habeas corpus em seu favor”.

Foi ampliado ao estrangeiro em 1871. Ganhando status constitucional por meio

da constituição da república de 1891, sendo previsto no artigo 72, §2º.

A partir de então passou a ser prtevisto em todas as constiutições até ganhar o

contorno atual, na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no artigo 5º inciso

LXVIII.

2) Conceito:

O Habeas Corpus é um remédio jurídico constitucional destinado a proteger a

liberdade de locomoção do indivíduo ameaçado por qualquer ilegalidade ou abuso de poder.

O significado de Habeas Corpus, hoje, se baseia na idéia de ordem de libertação,

ou ordem de cessação de constrangimento ilegal.

Vislumbra-se que referido remédio, na atualidade, não serve apenas para garantir

a liberdade de locomoção do individuo, mas também serve para tutelar atos jurisdicionais que

porventura possam influenciar no exercício da liberdade do cidadão. Toma-se como exemplo a

Page 6: Apostila de P. Penal II

utilização deste remédio heróico para trancamento de inquérito policial, ação penal sem justa

causa, etc.

3) Natureza jurídica:

O habeas corpus encontra-se previsto no Código de Processo Penal pátrio dentro

do título que cuida dos recursos em geral. Apesar de ali se encontrar, o Habeas Corpus não

pode ser considerado recurso, mas sim uma verdadeira ação. Portanto sua natureza jurídica é de

ação.

Ao se impetrar este remédio jurídico constitui-se uma nova relação processual

com o escopo de restabelecer ou manter a liberdade mediante uma sentença de mérito.

Não pode se caracterizar como simples recurso uma vez que ele pode ser

impetrado não só durante a existência de um processo já em curso, mas também pode ser

pleiteado em processos já findos e quando ainda nem existe qualquer procedimento judicial.

Segundo Mougenot: “o habeas corpus representa verdadeira ação constitucional

autônoma de garantia individual da liberdade de locomoção. Assim se posiciona a doutrina

majoritária”.

Pode ser uma ação cautelar, declaratória, constitutiva, executória ou recisória, de

acordo com o mérito da questão versada. Exemplo:

nos incisos II a V do artigo 648 do CPP figura como ação cautelar;

nos incisos VI e VII como ação recisória se a sentença já transitou em julgado ou como

ação declaratória se o processo está em andamento e

no caso do inciso I pode ser uma ação cautelar declaratória ou constitutiva como se verá

mais pra frente.

4) Espécies:

Quanto ao mérito o habeas corpus pode ser Liberatório ou repressivo e o

preventivo.

a) Liberatório ou repressivo é voltado a afastar o constrangimento à liberdade já

consumado, com vista a restituir o estado de liberdade de alguém.

b) Preventivo, por sua vez, busca afastar o constrangimento à liberdade antes

mesmo de se consumar, Visa afastar uma ameaça à liberdade de locomoção.

Neste caso, expede-se um salvo-conduto.

Existe, ainda, o habeas corpus de oficio. È portanto possível a concessão de

habeas corpus de oficio, sendo pertinente sempre que o juiz ou tribunal venham a verificar que

alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal (conforme previsto no artigo 654, §

2º do CPP).

Observação: Pergunta-se: ao se afirmar que a natureza do Habeas corpus é de

uma ação, seria possível que esta medida seja concedida ex oficio pelo poder judiciário?

Sim, é possível; haja vista a finalidade do remédio jurídico

constitucional ser a proteção da liberdade individual, que possui relevância social.

5) Legitimidade:

a) Legitimidade ativa:

Page 7: Apostila de P. Penal II

Por força do artigo 654, caput do CPP qualquer pessoa poderá impetrar o habeas

corpus, em seu favor ou de outrem. Observa-se que a lei possibilita que o pleito do remédio

jurídico constitucional seja o mais amplo possível, permitindo que se pleiteie para terceiros. Tal

possibilidade se justifica pelo fato de que a pessoa que necessita do pedido esteja preso

impossibilitado de assim o fazer.

Não há a necessidade de que o impetrante possua capacidade postulatória, sendo

dispensável o auxilio de advogado para se pedir o habeas corpus. O próprio estatuto da OAB

(lei 8906/94) permite o pleito do Habeas corpus sem a participação do advogado, conforme

artigo 1º § 1º da referida lei.

Analfabeto, pessoa jurídica em favor de pessoa física, o promotor de justiça

todos estes podem impetrar o habeas corpus.

Observação: 1) deve-se fazer uma distinção entre impetrante e paciente.

Impetrante corresponde a pessoa que faz o pedido de concessão da ordem, pleiteia em

nome de outrem.

Paciente: é aquele que sofre o constrangimento à sua liberdade ou se encontra na

iminência de sofrê-lo.

Nada impede que se confunda a pessoa do impetrante com a do paciente. Isto ocorre

quando o próprio paciente é quem pleiteia o HC.

2) somente pessoa física é que pode se apontada como paciente da violência.

b) legitimidade passiva:

É a chamada pessoa coatora.

Pode ser pessoa coatora tanto uma autoridade pública, como Delegado de

polícia, promotor de justiça e juiz de direito; quanto pode ser qualquer pessoa do povo.

No primeiro caso, quando o coator for autoridade, fala-se em autoridade coatora,

quando for qualquer do povo fala-se apenas em coator.

Exemplo de qualquer pessoa que pode ser considerado coator: HC contra filhos

que internam pais em clinicas psiquiátricas, contra pessoas que impedem o ingresso de outra

em supermercados, para conseguir retirar o paciente que não pagou despesas hospitalares de

um hospital.

6) Competência:

Determina-se a competência para julgar Habeas corpus por meio de dois

critérios:

a) pela territorialidade: local onde ocorreu ou irá ocorrer a coação.

b) pela hierarquia: existirá no caso previsto no artigo 650, §1º do CPP. Portanto,

em razão deste artigo. O HC deverá ser impetrado perante autoridade superior àquela de quem

partiu a coação.

6.1) competência do STF:

Processar e julgar originariamente nos casos previstos no artigo 102, inciso I

alíneas “d” e “i”.

Ver súmula 690 do STF.

Ver Súmula 691 do STF.

6.2) competência do STJ:

Page 8: Apostila de P. Penal II

Processar e julgar originariamente os casos previstos no artigo 105, inciso I,

alínea “c”.

6.3) competência do TRF:

Se a autoridade coatora for juiz federal ou procurador da república e membros

do MP federal que atua perante a primeira instância. (artigo 108, inciso I, aliena “d”.

6.4) Tribunais de Justiça dos Estados:

A Constituição de cada Estado membro é que vai determinar a competência do

Tribunal de Justiça.

Exemplo: quando a autoridade coatora for o MP que determina a instauração de

inquérito policial sem justa causa no Estado de São Paulo.

Por exemplo, pode se observar a Constituição Estadual quando determina que o

Habeas Corpus terá seu julgamento no TJ nos casos em que a autoridade coatora ou paciente

for: vice governador, os Secretários de Estado, os deputados estaduais, o procurador geral de

justiça, o procurador geral de Estado, o Defensor Público Geral o Chefe da Polícia Civil, dentre

outros mais.

6.5) Juizes monocráticos (juiz de direito de primeira instância)

O que não for da competência do Tribunal de Justiça caberá ao juiz monocrático.

Será o juiz da comarca onde ocorrer a coação ou ameaça à liberdade de

locomoção o julgamento das ações de habeas corpus. Exemplo coação exercida por delegado

de polícia (autoridade policial).

7) Cabimento:

As hipóteses de cabimento encontram-se elencadas no artigo 648 do CPP,

cabendo salientar que tais hipóteses não podem ser consideradas numerus clausulus, ante a

previsão constitucional expressa no artigo 5º LXVIII: “...para toda e qualquer tipo de ameaça

ou restrição de liberdade...”.

Passaremos a observar cada uma das hipóteses previstas no artigo 648 do CPP.

Inciso I – ausência de justa causa:

Justa causa significa ausência de razão (de respaldo legal) para a imposição de

constrangimento ou violência.

Falta de requisitos legais que fundamentem o ato constritivo da liberdade.

Falta de justa causa para a prisão, para o inquérito e para o processo.

>Na prisão pena existirá a ausência de justa causa quando não houver o trânsito

em julgado da sentença penal condenatória.

>Na prisão cautelar não existirá justa causa para a sua imposição se não

estiverem preenchidos os requisitos legais que autorizam a coação.

> No inquérito policial existirá a ausência de justa causa quando o fato for

atípico ou estiver extinta a punibilidade.

> No processo penal: ausência de mínimo de prova da materialidade e indícios

da autoria.

Inciso II- quando alguém estiver preso por mais tempo do que a lei determina.

Esta hipótese se aplica aos casos de excesso de prazo na prisão provisória (prisão

em flagrante, preventiva, decorrente de pronúncia e de sentença condenatória recorrível)

Page 9: Apostila de P. Penal II

Em regra o processo de réu preso deve estar findo no período de 81 (oitenta e

um) dias.

Veja-se a regra: 10 dias para a conclusão do IP

05 dias para a denúncia

03 dias para a defesa prévia

20 dias para a oitiva das testemunhas

02 dias para as diligências do artigo 499 do CPP

10 dias para o despacho de requerimento (art.. 499)

06 dias para as alegações finais

05 dias para as diligências ex officio

20 dias para a sentença

TOTAL: 81 DIAS

Já quanto a prisão temporária deve-se observar os prazos de 05 dias e 30 dias

(hediondos) e suas possíveis prorrogações (passados este período ocorre a ilegalidade).

Neste momento devem ser observadas as Súmulas do STJ.

Súmula 21 do STJ: no caso de crimes afetos ao Tribunal do Júri, pronunciado o

réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo.

Súmula 52 do STJ: encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de

constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo.

Súmula 64 do STJ: Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na

instrução provocada pela defesa

È possível o HC em excesso de prazo na prisão por crimes hediondos (Súmula

697 do STF).

Inciso III - incompetência do coautor

O artigo 5º LXI da CF/88 prevê que a prisão somente poderá ocorrer por meio

de auto de prisão em flagrante ou de ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária

competente.

Se a ordem de prisão não advier de autoridade judiciária competente a constrição

da liberdade será ilegítima.

Inciso IV- cessação do motivo que autorizou a coação

Exemplo ocorre nos caso de que o condenado já cumpriu sua pena, mas continua

preso, ou do termino dos motivos ensejadores do prisão cautelar (lembrar da característica de

rebus sic standibus da cautelar- enquanto durar as causas).

Inciso V- Inadmissão de fiança, nos casos em que a lei autoriza.

Artigo 5º, LXVI da CF/88: onde ninguém será levado à prisão ou nela mantido

quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.

Ora, se o crime praticado pelo individuo permite a liberdade provisória com

fiança e a autoridade não arbitra a fiança ou demora para fazer, deverá impetrar o remédio

constitucional a fim de que a autoridade assim proceda (arbitrando a fiança).

Inciso VI- Processo manifestamente nulo.

A nulidade pode advir de qualquer causa. Como falta de condições de

procedibilidade (representação e requisição nos crimes de APPública condicionada),

ilegitimidade ad causam (querelante propõe ação penal pública ou MP propõe ação penal

privada,) Incompetência do juízo, etc.

Page 10: Apostila de P. Penal II

Inciso VII- Extinção da Punibilidade.

Não existindo mais a pretensão punitiva ou executória do Estado em face da

existência de uma das causa previstas no artigo 107 do CPP e artigo 312, § 3º do CP, não se

poderá mais ter qualquer constrição da liberdade sobre o indivíduo.

8) Prisão disciplinar militar e administrativa:

O artigo 142 da CF/88 preceitua que não caberá habeas corpus em relação a

punições disciplinares militares. Tal regra não é absoluta, podendo sofre delimitação em razão

de possível ilegalidade do ato disciplinar. Não há como se discutir sobre a conveniência ou

oportunidade do ato disciplinar, mas pode-se discutir sobre a ausência de disciplina legal para

se justificar a prisão, sobre o excesso de prazo da punição, incompetência da autoridade

coatora, dentre outras causa legais.

Vide artigo 647 do CPP

Prisão administrativa, hoje é vedada constitucionalmente (artigo 5º LXI) e caso

ocorra será passível o Habeas corpus, como remédio jurídico competente.

9) Processamento e impetração:

9.1) impetração:

Pode ser feita por qualquer pessoa, devendo a petição do remédio constar todos

os requisitos previstos no artigo 654, § 1º do CPP.

Esclarecemos que hoje é admitido a impetração por meio de telegrama,

radiograma ou telex, até por telefone, fac-símile (com posterior remessa dos originais), até por

meio eletrônico (e-mail) vide STJ AgRgAI nº s 389.941 e 500.050.

9.2) Processamento:

Após receber a petição, estadno preenchidos os requisitos do artigo 654, poderá

o juiz:

a) conceder liminarmente o Habeas corpus, fazendo cessar a coação

imediatamente. Esta concessão de liminar não possui previsão legal, mas é aceita na

jurisprudência, desde que preenchidos os requisitos das cautelares (fumus boni iuris e

periculum in mora) – artigo 660, §2º do CPP;

b) estando o réu preso, poderá o juiz determinar a imediata apresentação do

preso, em dia e hora por ele determinado (artigo 656 do CPP), existindo a obrigação de se

apresentar o paciente, e caso assim não seja procedido poderá responder pelo crime de

desobediência (artigo 330 do CP)

Pode o paciente do HC não se apresentado, fato que somente ocorrerá se estiver

dentro de uma das modalidades do artigo 657 do CPP.

Ressalta-se que esta modalidade está em desuso, uma vez que sempre ocorreu

grande demora e custo para a apresentação do paciente, sendo hoje adotado a apresentação de

informações;

c) recebida a petição pode o juiz determinar a apresentação de informações por

parte da autoridade coatora (artigo 662 do CPP) em prazo a ser fixado, após o juiz decidirá no

prazo de 24 horas.

Esta hipótese é a mais freqüente.

Page 11: Apostila de P. Penal II

Observação: o MP não intervém no processo de HC em primeiro grau, só quando for impetrado

em tribunal

10) Efeitos:

Estando o paciente preso, o Habeas corpus liberatório for concedido será o

mesmo colocado imediatamente em liberdade (artigo 660, §1º do CPP);

Se for para evitar possível ameaça de violência ou coação ilegal, será expedido

salvo conduto (artigo 660, §4º do CPP);

Se for para trancar ação penal ou Inquérito policial, estes serão imediatamente

trancados;

Se for para anular processo penal, este será renovado a partir do momento em

que ocorreu a nulidade (artigo 652 do CPP)

11) Recursos:

Da decisão que julgar habeas corpus caberá:

a) recurso em sentido estrito da decisão do juiz que conceder ou negar ordem de

HC (artigo 581, X do CPP)

b) recurso de oficio (artigo 574, I do CPP) no caso de concessão por juiz

monocrático

c) recurso ordinário constitucional para o STF (artigo 102, II da CF) da decisão

dos tribunais superiores que julgam em única instância o HC que foi negado.

d) Recurso ordinário constitucional para o STJ (artigo 105, II, alínea b da CF)

de decisão que nega o HC, proferida em única ou última instância pelos

TRF’S, ou pelos TJ’S

DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL PENAL II

AULA DE CITAÇÃO E INTIMAÇÃO

(artigos 351 a 372 do CPP)

1) DA CITAÇÃO:

a) Introdução:

Trata-se de um ato processual que tem por objetivo chamar o réu ao processo,

para fins de conhecer a demanda. Portanto, a citação possui duas finalidades: primeiro a

cientificação do inteiro teor da acusação que lhe foi imposta e segundo o chamamento do

acusado para que apresente a sua defesa.

È importante destacar que a citação tem o objetivo de dar conhecimento da

acusação ao réu para que ele possa saber do fato que ora lhe é imputado. Se não atingir este

objetivo a citação será nula uma vez que se ferirá o princípio constitucional da ampla defesa.

Observação: É muito importante que com a citação seja entregue uma cópia da denuncia ou

queixa.

Quem determina a citação:

é a autoridade judicial (Juiz de Direito), sendo que a citação, via de regra, será

feita por meio de oficial de justiça.

Page 12: Apostila de P. Penal II

Observação quanto à citação viva voz que existe no juizado especial criminal, conforme artigo

66 da lei 9099/95.

Princípio que regem a citação:

-princípio da unidade (ou da unicidade): uma vez que no processo penal só existe uma única

citação. (só na pena de multa é que deve ocorrer também uma citação na fase de execução).

-princípio da personalidade: (pessoalidade): onde o réu deve ser citado na sua pessoa

(pessoalmente, inclusive o menor de 21 anos)

Exceção a este princípio ocorrerá em duas hipóteses: réu comprovadamente ininputável e no

caso de citação por edital.

Ausência de citação:

A citação é indispensável, mesmo no caso de conhecimento anterior da

existência do processo contra ele (acusado). No caso de ausência (ou falta) de citação dá ensejo

a causa de nulidade absoluta do processo, conforme se observa no artigo 564, III, alínea e do

CPP).

A ausência fere os princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa

Dever-se observar o artigo 570 do CPP que fala que a falta ou ausência de

citação “ficará sanada caso o interessado compareça antes do ato consumar-se, embora o

declare que o faz para o único fim de arguí-la”.

Neste sentido o STF decidiu que caso ocorra o acima descrito fica afastada a

falta ou defeito da citação.

Entretanto deve se ressaltar que a citação possui dois objetivos chamar o acusado

ao processo e dar inteiro conhecimento da acusação que lhe é imposta a fim de se defender.

Sendo que no caso apresentado pelo artigo 570 não se atinge o segundo objetivo.

Não atendimento da citação:

Em decorrência da citação o acusado/réu fica vinculado, devendo comparecer

em todos os atos processuais.

Se o mesmo não comparecer, ou seja não atender ao chamado ocorrerá a

contumácia, que significa a ausência injustificada. O efeito imediato da contumácia é a revelia,

conforme se observa o artigo 367 do CPP, que assim está descrito: “o processo seguirá sem a

presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de

comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o

novo endereço ao juízo”.

A revelia significa que o réu não será mais comunicado dos atos processuais

posteriores. Cabe ressaltar que não recairá sobre o réu a presunção da veracidade dos fatos que

lhe são imputados tendo em vista que no processo penal vigora o princípio da verdade real.

Das Espécies de citação:

A citação pode se dar através de duas formas: a citação pessoal e a citação

presumida.

a) citação pessoal, também chamada de citação real ou in faciem é aquela feita

na pessoa do próprio acusado. Esta espécie de citação traz uma certeza quanto a sua realização.

A citação pessoal pode se dar por meio de mandado, carta precatória, carta de

ordem, carta rogatória e requisição. Passaremos a estudar cada uma delas:

a.1) citação por mandado:

Page 13: Apostila de P. Penal II

A citação por mandado será feita quando a pessoa a ser citada encontra-se na

mesma comarca ou local em que o juiz da causa exerça a jurisdição. Esta citação se dará por

meio de oficial de justiça, onde ele deverá proceder a leitura do mandado para o acusado e este

receberá a contrafé (cópia integral do instrumento).

Todo o procedimento do oficial de justiça será certificado nos autos, inclusive se

o acusado negar a receber a citação. (artigo 357 do CPP).

O mandado possui requisitos intrínsecos e extrínsecos.

Os requisitos intrínsecos encontram-se no artigo 352 do CPP. Com relação a

estes requisitos deve-se apenas se salientar quanto ao chamado mandado apócrifo (aquele sem a

assinatura do escrivão ou do juiz, que não possui qualquer valor.

Os requisitos extrínsecos (artigo 357 do CPP) são a leitura do mandado ao

citando, a entrega da contrafé, a certificação feita pelo oficial de justiça quanto ao cumprimento

dos dois requisitos acima. Salienta-se que gerará nulidade apenas a ausência do segundo

requisito.

A citação poderá ser feita a qualquer dia e hora. Pode ser feita nos dias úteis,

sábado domingo e feriados. Pode ser feita de dia ou a noite.

A citação deve ser feita com antecedência mínima de 24 horas.

a.2) citação por carta precatória:

Também é uma modalidade de citação pessoal, prevista no artigo 353 do CPP;

sendo que neste caso a citação será feita em face de uma pessoa que não se encontra residindo

na local ou comarca do juiz da causa. Para tanto o juiz da causa (deprecante) pede ao juiz

deprecado (aquele em que reside o citando) o cumprimento do ato processual citatório.

Na precatória o juiz deprecante já designará uma data para o interrogatório,

devendo observar uma data razoável para o cumprimento do ato processual.

No juízo deprecado deverá o oficial de justiça da comarca realizar o

cumprimento do mandado.

A carta precatória possui requisitos intrínsecos (conforme artigo 354 do CPP)

Observação: precatória intinerante>> neste caso o juiz deprecado, ao d]tomar conhecimento de

que o citando encontra-se em outra comarca que a não a dele, deverá encaminhar a precatória

para a comarca onde se encontra de fato a pessoa a ser citada.

Atenção deve ter quanto ao prazo para o interrogatório, pois se estiver muito

próximo e perceber que não haverá tempo para a citação do acusado, deverá então remeter a

precatória de volta para o juiz deprecante, para que adote as medidas necessárias (expedir uma

nova .precatória para a comarca em que estiver residindo o acusado).

a.3) citação por carta rogatória:

Espécie de citação pessoal que ocorrerá quando o acusado se encontrar no

estrangeiro ou em sede de legações estrangeiras (embaixadas e consulados).

Neste caso o juiz ou tribunal que pede a realização do ato processual citatório

encaminha o pedido ao Ministro da Justiça que irá encaminhar por meio da via diplomática, a

citação às autoridades estrangeiras competentes.

A carta rogatória encontra-se no artigo 368 do CPP.

Vide também artigos 780, 783 e seguintes do CPP.

a.4) citação por carta de ordem:

Neste caso são as citações determinadas pelos tribunais nos processos de sua

competência originária. Nestes casos o tribunal determina ao juiz de instância inferior que cite

Page 14: Apostila de P. Penal II

o acusado que se encontra em sua comarca. O mesmo pode ocorrer entre os tribunais superiores

e tribunais de segundo grau.

a.5) citação do militar:

Encontra-se previsto no artigo 358 do CPP.

“A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço”.

Neste caso o juiz da causa expede um ofício requisitório ao chefe imediato do

militar a ser citado, cabendo ao chefe do militar proceder a citação. Não será feita por oficial de

justiça.

A citação neste caso será feita por meio de requisição.

Cabe ressaltar que a deverão ser observados os mesmos requisitos intrínsecos e

extrínsecos do mandado.

Se o militar estiver residindo ou prestando serviço em outra comarca deverá o

juiz da causa expedir precatória ao juiz deprecante para este expedir ofício requisitório ao chefe

imediato do militar.

a.6) citação do funcionário público:

A citação do funcionário público civil será feita por mandado.

A única observação que se faz é que deve o chefe da repartição do citando ser

notificado a fim de que possa liberar o funcionário do serviço no dia e hora do interrogatório.

Fazendo então a substituição do funcionário citado, com escopo de não causar assim, prejuízo

ao serviço público.

a.7) citação do preso:

O artigo 360 do CPP foi alterado pela lei nº 10.792/03, que passou a determinar

que a citação do réu preso será sempre feita pessoalmente.

Com esta lei, todo réu preso, esteja ele onde estiver, deverá ser citado

pessoalmente, seja por mandado (quando estiver preso na mesma comarca) ou por meio de

precatória (quando estiver preso em outra comarca)

Com esta lei afastou-se de vez a suposta citação do réu preso por meio da

requisição à autoridade do estabelecimento prisional. O réu tem que ser citado pessoalmente,

somente para os atos seguintes do processo e que deverá ser apenas requisitado.

a.8) citação do incapaz (ininputável):

Será feita perante um curador designado pelo juiz criminal ou que já estiver no

exercício da curatela

b) citação presumida:

Esta citação é também chamada de citação ficta. Acontece por meio de

publicação ou afixação em locais certos de editais contendo a ordem de citação, estando

prevista no CPP no artigo 361 e seguintes.

Tal expediente tem por fim impedir a paralisação da ação penal, quando o

acusado não for encontrado nos endereços disponíveis.

Na verdade tal procedimento trata-se de uma ficção, uma vez que a lei admite

que o réu possa tomar conhecimento da existência de uma acusação penal face a uma simples

publicação da citação por meio de afixação dela na sede do fórum da comarca ou por meio de

uma publicação da citação em jornais ou periódicos de circulação regional.

Page 15: Apostila de P. Penal II

Deve-se destacar que a citação por meio editalício somente ocorrerá em caráter

excepcional, devendo ser adotada apenas depois de esgotado todos os meios de se encontrar o

acusado. Portanto, deve-se procurar encontrar um possível endereço para citação do acusado

através dos sistemas de informações do TER, Receita Federal , ministério do Trabalho,

CESAMA, CEMIG e SPC (estes são os mais comuns).

Existem diversas hipótese que tornam possível a citação por edital, são elas:

(vide alterações ao final trazida pela lei 11.719/08) 1) quando o réu está em local incerto e não sabido: neste caso não se sabe a

cidade, Estado, país, nem muito menos o endereço onde o acusado pode ser encontrado.

Esta situação de incerteza e desconhecimento deverá ser certificado por meio de

certidão expedida por oficial de justiça responsável pelo cumprimento do mandado de citação

pessoal. (Esta é a prova necessária para declarar o acusado em lugar incerto e não sabido).

Quando a procura do acusado junto a órgãos públicos, no caso de réu em local

incerto ou não sabido, já existem decisões judiciais no sentido de que não é necessário a

pesquisa em todos os locais que possam ter informações sobre o acusado (porém deve existir

nos autos que foram realizadas busca a fim de encontra-lo).

O presente exemplo encontra-se elencado no artigo 361 do CPP.

O prazo do edital neste caso é de 15 dias

2) o réu que se oculta para não ser citado, neste caso o réu deverá ser citado por

meio de edital, uma vez que não existe citação com hora certa em processo penal, tudo

conforme artigo 362 do CPP.

Prazo do edita é de 05 dias.

3) Terceira hipótese é a do caso previsto no artigo 363, inciso I do CPP, quando

o acusado se encontra em local inacessível. Local inacessível seria locais em que estejam

ocorrendo guerra, calamidade pública ou qualquer outro derivado de caso fortuito ou força

maior..

Neste caso o prazo do edital será um prazo judicial uma vez que o juiz poderá

fixar entre 15 dias a 90 dias, ficando a critério do juiz, devendo analisar o grau de

inacessibilidade.

4) por ultimo temos os casos de acusado sem identificação (identidade incerta),

previsto no artigo 363, inciso II do CPP. Muito se discute sobre a possibilidade de citação por

edital neste caso, uma vez que não haveria como identificar o acusado e este por sua vez nunca

teria uma ampla defesa. Somente se admitiria nos caso em relação a pessoas que são

conhecidas publicamente na comunidade, embora desconhecidas são as suas verdadeiras e reais

identidade civil. Poderia ocorrer como nos caso de pessoas com codinomes conhecidos no meio

policial e judicial, como escadinha, luz vermelha, etc).

Prazo do edital de 30 dias.

Estudo do edital de citação:

Neste momento faremos um estudo dos requisitos intrínsecos, extrínsecos, dos

prazos de edital e por fim o procedimento.

Os requisitos intrínsecos do edital encontram-se elencados no artigo 365 caput e

nos seus incisos.

Já os requisitos extrínsecos encontram-se no parágrafo único do mesmo artigo

(365 do CPP).

Page 16: Apostila de P. Penal II

Prazos estão descriminados acima (5/15/15-90/30 dias).

Observação final sobre citação:

O que é Citação circunduta? È a citação que foi anulada. O ato que torna nula ou

sem nenhuma eficácia a citação é chamado de circundução.

Como visto uma falta ou defeito da citação é causa de nulidade absoluta, que não

pode ser convalidada.

2) DA INTIMAÇÃO:

Intimação é um meio procedimental que visa noticia a existência de um ato

processual, a fim de possibilitar às partes o exercício de suas faculdade e ônus processuais.

Tem por escopo também efetivar o cumprimento do dever legal de

comparecimento e participação de terceiros no processo penal.

Intimação do advogado constituídos pelo réu tanto na ação penal pública quanto

na privada ( e assistentes da acusação) será feita pela imprensa onde houver.

Não havendo órgão de publicação oficial dos atos judiciais, a intimação será

feita diretamente pelo escrivão, por mandado ou via postal devendo haver comprovante de

recebimento (artigos 370 § § 1º e 2º do CPP)

Intimação do advogado dativo deve ser feita de forma pessoal (via mandado e

não por meio de imprensa).

A intimação do ministério Público (conforme lei 8265/93 LOMP para o Mp

estadual e Lei complementar 75/93 – referente ao MP Federal) a intimação tem que ser feita de

forma pessoal nos autos, e não por meio de mandado.

A intimação de ato futuro pode ser feita na própria audiência (artigo 372 do

CPP).

Observações:

Das alterações referente ao tema citação trazidas pela lei 11.719/2008

(de 20 de junho de 2008).

No que diz respeito à citação os artigo 351 a 361 não tiveram qualquer alteração.

Artigo 362 do CPP

O artigo passou a ter a seguinte redação:

Caput:

“ Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça

certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos artigos

227 a 229 do CPC.”

Parágrafo único:

“completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser lhe-á

nomeado defensor dativo.”

Page 17: Apostila de P. Penal II

Até antes desta reforma, casa o réu estivesse se ocultando para não ser citado,

seria realizada a sua citação por meio de edital (citação presumida), com prazo de cinco dias.

Desta forma, utilizando as regras do CPC o direito processual penal passou a

aceitar a citação com hora certa.

Para tanto deverá ser observada pelo meirinho (oficial de justiça) no

cumprimento das diligências as regras do artigo 227 a 229 do CPC (ler estes artigos).

Artigo 363 do CPP:

Nova redação:

Caput:

“O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do

acusado.”

Desta forma, vislumbra-se que é através da citação valida que se instaura a

relação processual (actum trium personarum).

Somente a citação válida e que completa a formação do processo, mesmo nos

caso de procedimentos em que existe uma previa notificação ao acusado para que ele se

manifeste sobre a acusação. Exemplo crime de drogas (lei 11.343/06) e crimes de

responsabilidade dos funcionários públicos (artigo 514 do CPP), e crimes de competência dos

tribunais (lei 8038/90 e 8658/93).

Os incisos do antigo 363 (incisos I e II) também foram revogados, portanto não

existe mais a citação por edital (citação presumida) nos seguintes casos:

>> quando inacessível o local em que se encontra o réu em razão de epidemia,

guerra ou por outro motivo de força maior.

No que tange a este inciso não existe discussão quanto a sua revogação.

>> quando incerta a pessoa a ser citada.

Já quanto a este muito foi discutido, uma vez que a lei autoriza o recebimento da

denuncia neste moldes, porque então não seria possível a citação? (vide artigo 41 do CPP)

A doutrina, ainda iniciante ante a mudança, se fundamenta no fato de que nunca

chegaram a ver uma denúncia nestes moldes, e também caso existisse ela seriam muito

temerária.

Foi acrescentado ao novo artigo 363 um parágrafo 1º, com a seguinte redação:

§ 1º “Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital.”

È o que preceituava o artigo 361 do CPP (em seu modelo antigo).

§§ 2º e 3º foram vetados e dispunha sobre a produção antecipada de provas com a presença de

um representante do MP e defensor em um dos parágrafos e. no outro, a suspensão do prazo

prescricional.

Portanto estaria havendo a cisão do artigo 366 do CPP.

Page 18: Apostila de P. Penal II

Foram, conforme dito acima vetados.

§ 4º “comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer tempo, o processo observará o

disposto nos artigo 394 e seguintes deste Código”.

Portanto, uma vez comparecendo o citado, o processo continuará em seus

ulteriores atos. (conforme preceituava o § 2º do artigo 366).

Artigo 364 do CPP deixou de ter aplicação ante a revogação dos incisos i e II do artigo 363.

Artigo 365 do CPP continua com a mesma redação do CPP (não sendo alterado pela lei

11.719/08).

Artigo 366 do CPP:

Caput continua com a mesma redação (não foi alterado)

§ 1º foi revogado: esta revogação na verdade foi um erro no momento da redação final da lei

11.719/08, haja visto a impossibilidade de sua revogação. Por quê?

Simplesmente pelo fato de que na redação final não foi aprovada os §§ 2º e 3º do

artigo 364 que vinha justamente a dizer sobre a produção das provas antecipadas na presença

do MP e do defensor.

Ante a revogação do § 1º do artigo 366 e o veto dos §§2º e 3º do 364, conclui-se

de forma absurda que a produção antecipada de provas não necessita da presença do MP ou do

defensor dativo (ferindo destarte os princípios do contraditório e da ampla defesa).

§ 2º foi revogado (passando a estar previsto no § 4º do artigo 363 do CPP

Os artigos 367 ao 369 não tiveram alteração.

Page 19: Apostila de P. Penal II

DIREITO PROCESSUAL PENAL II

DOS PROCEDIMENTOS

1ª PARTE

1) INTRODUÇÃO

1.1) distinção entre processo e procedimento:

A priori é muito importante se fazer uma distinção entre processo e

procedimento, que apesar de se encontraram ligados de forma peculiar, não podem ser

considerados, de forma alguma como sinônimos.

Processo se diferencia de procedimento.

Processo deve ser entendido como um termo muito mais amplo, é um conjunto

de procedimento e relação jurídica processual. Portanto, é o somatório de procedimento (que é

o conjunto de atos que se desenvolve por todo o processo) mais a relação jurídica (que é o

vinculo existente entre duas ou mais pessoas por meio do qual se estabelecem obrigações,

ônus, direitos e deveres), salientando-se que esta relação se dá entre os sujeitos processuais

(juiz, autor e réu).

PROCESSO = RELAÇÃO JURIDICA + PROCEDIMENTO

Procedimento por sua vez nada mais é do que o conjunto de atos que se

desenvolve por todo o processo pelos sujeitos processuais, cujo objetivo é a decisão judicial.

Cabe ressaltar, que apesar desta distinção o CPP não é muito didático, uma vez

que não é preciso nesta distinção.

1.2) Processo seu inicio e seu fim:

Segundo o CPP o processo se inicia com o oferecimento da denúncia ou queixa,

entendimento doutrinário como Fernando da costa tourinho filho e Mougenot. Por sua vez, os

tribunais superiores (STJ e STF) entendem que a ação penal se inicia a partir do momento do

recebimento da denuncia ou queixa.

Vide sumula 707 do STF

1.3) Fases procedimentais:

O procedimento penal apresenta quatro fases. Vejamos:

Fase postulatória: se dá com a apresentação da peça inicial acusatória, que é a

denuncia ou queixa, transcorrendo até o oferecimento da resposta escrita (defesa prelimiar);

Fase instrutória (ou probatória): nesta fase encontram-se os atos processuais de

produção probatória (provas trazidas aos autos, alegações e argumentos lançados pelas partes

na audiência de instrução e julgamento);

Fase decisória: competindo ao magistrado apresentar solução ao caso

apresentado, pondo termo ao processo.

Page 20: Apostila de P. Penal II

Fase executória:ocorre após o transito em julgado da decisão judicial penal

condenatória, dando inicio a execução da sanção penal imposta.

1.4) espécies de procedimentos:

Preceitua o novo artigo 394 do CPP que o procedimento poderá ser comum e

especial.

Do Procedimento comum:

Ressalta-se que o procedimento comum anterior à lei 11.719/08 era bipartido em

ordinário e sumário, sendo o ordinário para os crimes apenados com reclusão e o procedimento

comum sumário para os crimes apenados com detenção. Portanto apresentava como critério

para a fixação do procedimento comum a espécie de sanção penal e não no limite máximo da

pena em abstrato.

Com o advento da lei acima mencionada, acabou-se por adotar um critério mais

preciso, qual seja o da pena em abstrato cominada para a infração penal.

Para demonstrar o que foi dito no parágrafo anterior basta a simples leitura do

artigo 394 e seus parágrafos.

Hoje o procedimento comum apresenta três formas: ordinário, sumário e

sumaríssimo conforme artigo 394, §1º do CPP.

Nos §§ 1º e seus incisos vem a demonstrar o critério de pena cominada para

fixar o procedimento comum, sendo ajustado da seguinte forma:

-procedimento comum ordinário: para os crimes com pena máxima em abstrato igual ou

superior a quatro anos;

- procedimento comum sumário: para os crimes com pena máxima em abstrato inferior a quatro

anos e

- procedimento comum sumaríssimo: para os crimes de menor potencial ofensivo (crimes cuja

pena máxima em abstrata não ultrapassa a 2 anos e contravenções penais).

Observações:

Ressalta-se, ainda, que o procedimento comum deve ser considerado como

regra, somente não sendo aplicado para os casos em que exista disposição expressa em

contrário, conforme se vê no §2º do artigo 394.

Desta forma, o próprio CPP e leis extravagantes podem dispor de forma diversa,

adotando procedimentos especiais.

Dos procedimentos especiais:

Serão considerados procedimentos especiais todos aqueles em que o CPP assim

dispuser ou leis esparsas também afirmarem neste sentido.

Dentre os procedimentos especiais previstos no CPP podemos apresentar: os

procedimentos dos crimes contra a honra, dos crimes contra a propriedade imaterial, de

restauração de autos extraviados ou destruídos e o procedimento do tribunal do júri (que é um

procedimento especial, apesar de estar disposto dentro do procedimento comum no CPP).

Em legislação extravagante, apresentamos dentre vários os procedimentos

especiais a seguir enumerados: procedimento da lei Antidrogas (lei 11.343/06), lei dos crimes

de abuso de autoridade (lei 4898/65), lei de imprensa (lei 5250/67), dos procedimentos para

ações penais originarias no STJ e STF (lei 8038/90) dentre outras.

Vale lembrar também os crimes eleitorais tem rito próprio do código eleitoral; os

crimes militares tem rito próprio do código de processo penal militar, etc.

Page 21: Apostila de P. Penal II

2) DOS PROCEDIMENTOS COMUNS

2.1) DO PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO

Este procedimento, conforme visto anteriormente, será o correto para os crimes

apenados com a pena máxima em abstrato igual ou superior a 4 anos de pena privativa de

liberdade

Apresentação resumida do procedimento:

1- remessa do inquérito para o Poder judiciários;

2- vistas ao MP, para oferecimento da inicial acusatória (ou querelante na APPrivada);

3- recebimento ou rejeição da inicial acusatória (denuncia ou queixa crime);

4- uma vez recebida a inicial acusatória, será determinada a citação do réu para

apresentar a defesa preliminar (prazo de 10 dias);

5- apresentação da resposta (defesa preliminar)

neste caso é possível a absolvição sumária com o julgamento antecipado da lide, face a

um dos motivos: certeza quanto a atipicidade do fato, presença de excludente de

ilicitude, excludente de culpabilidade (salvo inimputabilidade) e causas de extinção da

punibilidade;

6- audiência de instrução e julgamento, que será realizada no prazo máximo de 60 dias.

Na audiência ocorreram os atos processuais a saber:

declarações do ofendido,

inquirição de testemunhas de acusação e depois da defesa,

esclarecimento dos peritos,

acareações,

reconhecimento de pessoas e coisas,

interrogatório do acusado,

possíveis diligências requeridas que venha a ser necessárias no decorrer da audiência,

alegações orais finais –debates- (caso não exista diligências)

sentença

observação: 1) caso tenha sido requeridas diligências na audiência e estas

deferidas pelo magistrado, deverá o debate oral (alegações finais) serem substituídos por

memoriais;

2) Pode também o debate oral ser substituído por memoriais se

assim o juiz determinar, sendo nos casos de alta complexidade do fato a ser julgado, ou

por pluralidade de réus. Devendo o memorial ser apresentado no prazo de 5 dias.

3) no caso de apresentação de memorial a sentença deverá ser

dada no prazo de 10 dias, prorrogáveis por mais 10 dias

1) apresentação do IP à justiça

Relembrando: primeiro devemos relatar que ocorrida a infração penal, será feita

uma fase investigativa, por meio do inquérito policial, cujo objetivo e trazer provas da

materialidade e autoria da conduta criminosa, encaminhando o feito a justiça e logo em seguida

analise do inquérito policial pelo titular da ação penal (que pode ser o Ministério Público no

caso de ação penal pública ou o querelante no caso de ação penal privada).

Page 22: Apostila de P. Penal II

2) oferecimento da peça acusatória

Oferecida a denuncia ou queixa, poderá ela ser recebida ou rejeitada.

Pode ser rejeitada com base em uma das motivações do artigo 395 (já estudadas

no decorrer do tópico ação penal, como por exemplo falta das condições da ação, ausência de

justa causa, etc), onde o único recurso cabível da decisão que rejeita será o: recurso em sentido

estrito.

Caso seja recebida a denuncia ou queixa (cabendo apenas o Hábeas corpus, caso

aceita a peça iniciadora da ação penal), teremos o inicio da relação jurídica processual (inicia-

se então o procedimento). ARTIGO 396 DO CPP

É o recebimento da peça acusatória que deflagra o processo, devendo então

considerar a que a decisão do juiz em que recebe a peça acusatória deve ser fundamentada (vide

artigo 93, inciso IX da CF/88)

3) citação e apresentação da defesa preliminar

Com a nova ordem processual penal inicia-se uma fase preliminar de defesa, em

que o réu deverá ser citado para apresentar resposta.

ARTIGO 396 A DO CPP

É importante ressaltar que a a resposta da defesa à inicial possui caráter

obrigatório, sendo completamente diferente da antiga defesa prévia, haja vista que a defesa

previa tinha apenas o intuito de apresentar o rol de testemunhas.

O artigo 396-A §2º prevê que caso o acusado não apresente a resposta no prazo

legal (10 dias), ou não constituir defensor, tem que o magistrado nomear defensor, abrindo

novo prazo de 10 dias para que este apresente a defesa preliminar

Nesta defesa preliminar poderá o magistrado julgar antecipadamente a lide com

base no artigo 397 do CPP (fazer uma leitura doa artigo em questão). Será o caso de absolvição

sumária do réu com base em um dos incisos do artigo 397 do CPP. Para tanto é imprescindível

que o magistrado possua um juízo de certeza.

È uma inovação trazida pela lei 11.719/08, uma vez que antes, mesmo existindo a certeza

quanto a possibilidade de absolver sumariamente o acusado, tri o juiz que prosseguir com o

feito uma vez que não possuía esta previsão legal.

Observação: 1) muito cuidado com a defesa preliminar, uma vez que pode a defesa

apresentar todos os argumentos a fim de se ver o processo findo de forma antecipado, mas caso

o juiz não aceite os argumentos o processo continuará e a acusação já terá conhecimento de

toda a tese da defesa, acabando com o elemento surpresa. Desta forma, deverá a defesa ter

cautela na apresentação desta peça, podendo optar por uma defesa mais evasiva, superficial.

2) após apresentação desta defesa preliminar deverá ser aberta vista para

a acusação (MP ou querelante), no prazo de 5 dias, principalmente pelo fato de poder julgar

extinta a lide com base no artigo 397 (caso não abra vista, estaria cerceando a acusação, indo

em sentido oposto ao do principio do contraditório).

4) audiência de instrução e julgamento:

Não havendo a rejeição da denuncia, nem muito menos a absolvição sumária,

tem o juiz que designar a audiência de instrução e julgamento; tendo a reforma no CPP ocorrida

pela lei 11.719/08 trazido a audiência una (consagrando o principio da concentração dos atos

processuais). Apesar desta previsão, já existem posicionamentos de divisão da audiência (seu

desmembramento), em face de excessiva quantidade de atos e sua realização em um só dia.

Page 23: Apostila de P. Penal II

Portanto, apresentada a defesa, não ocorrendo a absolvição sumária do rei, será

designada audiência de instrução e julgamento, havendo a intimação de acusado, defensor e da

acusação (MP ou querelante).

Observação: questão importante a ser destacada é a previsão do artigo 399, §2 do CPP, onde

veio a consagrar, com a alteração da lei suso mencionada, o principio da identidade física do

juiz no processo penal (antes prevista apenas no processo civil,) em que se obriga o juiz que

instruiu o processo venha a proferir a sentença. Tem como escopo dar maior celeridade ao

processo.

Prevê o artigo 400 do CPP que a audiência deverá ser agendada no prazo de 60

dias (contados da data do recebimento da denuncia ou queixa).

Nesta audiência serão produzidas as seguintes provas:

-declaração do ofendido: que será tomada pelo juiz, mas poderá as partes realizar

reperguntas, que serão feitas diretamente.. o ofendido tem que comparecer, sob pena de

condução coercitiva.

Observação: se a ação for penal privada, o não comparecimento do ofendido, de

forma injustificada, acarretará a perempção.

- oitiva das testemunhas de acusação e defesa.

Tem que ser feita nesta ordem, salvo caso de impossibilidade de testemunhas

justificada ou que será feita mediante carta precatória.

As testemunhas no procedimento comum ordinário serão em número de oito

tanto para a defesa quanto para acusação. Artigo 401 do CPP

Primeiro serão feitas as perguntas do magistrado e depois as reperguntas da

acusação e da defesa, que serão feitas diretamente, não havendo mais o sistema

presidencialista. (nada impede que o magistrado venha a indeferir uma repergunta, e caso

ocorra poderá a parte pedir para constar no termo de audiência).

- esclarecimento da perícia (dos peritos)

Os peritos deverão ser requeridos previamente pelas partes (poderão ser ouvidos

pessoalmente, ou por meio de laudo complementar)

- acareações e reconhecimento de pessoas e coisas, caso seja necessário.

- por fim, o interrogatório do acusado (s)

Importante alteração trazida pela lei 11.719/08, onde o réu apenas se pronunciara

após tomar conhecimento de todo conteúdo probatório (trazendo maior força para a autodefesa

ou para valer-se do direito ao silêncio).

Observação: quanto a videoconferência - lei 11.900/2009 que trouxe a possibilidade de realizar

o interrogatório, declarações do ofendido e depoimento das testemunhas por este meio

tecnológico (muita discussão quanto a constitucionalidade desta lei).

5) requisição de diligências

Conforme preceitua o ARTIGO 402 do CPP, ao final da audiência, logo após

produzidas as provas poderão as partes solicitar diligências, que tornaram-se necessárias face as

provas produzidas na audiência.

Page 24: Apostila de P. Penal II

Se poderia ter sido pleiteada antes da audiência (fato antigo) e não o foi por

displicência da parte, não será autorizada a diligência pelo magistrado.

6) oferecimento das alegações finais:

Não ocorrendo diligências, ou não sendo autorizadas pelo juiz, será aberto o

debate, com o oferecimento das alegações finais orais por 20 minutos para acusação e depois

20 minutos para a defesa, prorrogáveis por mais 10 minutos para cada. ARTIGO 403 DO CPP.

OBSERVAÇÃO QUANTO AOS ASSISTENTES (§2º DO ARTIGO 403).

As alegações finais orais poderão ser convertias em memoriais (escritos) nos

casos do artigo 403 § 3º do CPP.

Portanto, caso sejam requeridas pelas partes e acatadas pelo juiz as diligências, estas serão

realizadas e as alegações orais serão substituídas por memoriais, tendo as partes o prazo

sucessivo de 5 dias para apresentar os memoriais, após a realização das diligências

Observações: 1) tido que ocorrer na audiência deverá ser lavrado em termo

próprio, conforme artigo 405e seus §§ do CPP.

2)ocorre alteração no procedimento quando for autorizada as

diligências, onde deverá ser observadas as regras do artigo 404 e 405 do CPP.

2.2) DO PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO

Na regra anterior, aplicava-se o procedimento comum sumários para os crimes

apenados com pena privativa de liberdade de detenção; porém com o advento da lei nº.

11.719/08, que reformou os procedimentos penais, o critério para fixação do rito comum

sumário passou a ser a quantidade de pena, sendo que os crimes com pena máxima cominada

for inferior a quatro anos de pena privativa de liberdade (conforme artigo 394, §1º,II do CPP).

Deve-se ressaltar que existe outra possibilidade da fixação do rito comum

sumários, sendo esta prevista no artigo 538 do CPP, quando ocorrerá?

Ela ocorrerá quando o crime for de menor potencial ofensivo , estando

transcorrendo o procedimento no juizado especial criminal, mas o magistrado vier a

encaminhar os autos ao juiz comum para a adoção de outro procedimento. Este

encaminhamento pode acontecer quando: devido a complexidade da causa assim o determinar

ou quando o acusado não for encontrado para ser citado pessoalmente, haja vista o fato de que

não se admite citação edilitalícia no JEC.

O procedimento comum sumários encontra-se estipulado nos artigos 513 a 540

do CPP.

Atenção deve ser dada ao seguinte fato: o de que o procedimento comum

sumários pouco se distingue do ordinário (já estudado); sendo as diferenças as abaixo

enumeradas:

a) A pena máxima prevista para o crime _ no sumário é para os crimes com

pena máxima inferior a quatro anos, já quanto ao ordinário é de pena máxima

igual ou superior a quatro anos.;

Page 25: Apostila de P. Penal II

b) Quanto ao número de testemunhas a serem arroladas pelas partes: sendo no

ordinários o número de até oito testemunhas, já no sumário de até 5

testemunhas;

c) O prazo para a audiência de instrução e julgamento é de 30 dias contados da

data do recebimento da peça acusatória, já no ordinário o prazo é de 60 dias;

d) Não há a previsão de requerimento de diligências em razão de fato surgido

na audiência, entretanto existe a possibilidade de um excepcional adiamento

do ato processual quando imprescindível à prova faltante (nos termos do

artigo 535 do CPP).

Apresentação resumida do procedimento comum sumário:

1-apresentação e remessa do inquérito para o Poder judiciários;

2-vistas ao MP, para oferecimento da inicial acusatória- denuncia (ou querelante na

APPrivada);

3-recebimento ou rejeição da inicial acusatória (denuncia ou queixa crime);

4-uma vez recebida a inicial acusatória, será determinada a citação do réu para

apresentar a defesa preliminar (prazo de 10 dias);

5-apresentação da resposta (defesa preliminar)

neste caso é possível a absolvição sumária com o julgamento antecipado da lide, face a

um dos motivos: certeza quanto a atipicidade do fato, presença de excludente de

ilicitude, excludente de culpabilidade (salvo inimputabilidade) e causas de extinção da

punibilidade;

6-audiência de instrução e julgamento, que será realizada no prazo máximo de 30 dias.

Na audiência ocorreram os atos processuais a saber:

declarações do ofendido,

inquirição de testemunhas de acusação e depois da defesa, (5 para cada parte)

esclarecimento dos peritos,

acareações,

reconhecimento de pessoas e coisas,

interrogatório do acusado,

alegações orais finais –debates-

sentença

Destarte, a regra do procedimento sumário é basicamente igual ao do

procedimento ordinário, salvo as acima mencionadas.

2.3) DO PROCEDIMENTO COMUM SUMARISSIMO

O procedimento em epígrafe se aplica aos crimes de menor potencial ofensivo,

quais sejam: os crimes cuja pena privativa de liberdade máxima cominada seja igual ou inferior

a dois anos (lei nº. 9099/95).

O estudo dest4e procedimento ficará a cargo do professor Aloisio, no decorrer

da disciplina dos juizados especiais cíveis e criminais, a ser ministrado no 8º período do curso.

Page 26: Apostila de P. Penal II

3) DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

Conforme visto anteriormente, os procedimentos especiais se encontram

espalhados não só pelo código de Processo Penal (como os crimes do tribunal do júri, contra a

honra, funcionais ou contra a propriedade intelectual) , mas também por diversas leis

extravagantes (como por exemplo os crimes da lei antidrogas, eleitorais, etc).

3.1) DO PROCEDEIMENTO DOS CRIMES DE FALÊNCIA

Os crimes falimentares tinham previsão no decreto lei 7661/45, porém agora se

encontram previstos na nova lei de falências, lei 11.101/05.

O procedimento a ser aplicado na instrução criminal de tais crimes era prevista

nos artigos 503 a 512 do CPP, mas tais artigos foram revogados pela nova lei de falências.

Hoje, o procedimento de crimes falimentares encontra-se regrado pela nova lei

de falências.

Entretanto, deve-se observar o seguinte: os crimes falimentares praticados após a

nova lei, terão a vigência da nova lei 9procedimento da lei 11.101/05; já os crimes falimentares

praticados antes da vigência da nova lei (09 de junho de 2005) onde já se tinha instaurado o

processo falimentar antes desta data, o procedimento criminal será o previsto nos artigos 503 a

512 do CPP.

3.2) DO PROCEDIMENTO DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS

FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS

Apresentam previsão nos artigos 513 a 518 do CPP, onde os crimes funcionais

são aqueles crimes praticados por funcionários no exercício de suas funções.

Observação inicial deve ser feita quanto a diferenciação entre crimes funcionais

próprios e impróprios.

Funcionais próprios são aqueles que podme ser praticados apenas por

funcionários públicos, já os impróprios são aqueles que podem ser praticados por qualquer

pessoa, mas quando praticados por funcionário público receberão uma qualificação jurídica

própria 9exemplo o peculato).

O procedimento em estudo se aplica aos crimes capitulados nos artigos 312 a

326 do código Penal, e se aplicam apenas aos crimes afiançáveis, sendo aqueles crimes cuja

pena mínima cominada não exceda a 02 (dois) anos.

Dos crimes acima descritos (dos crimes praticados por funcionários públicos

contra a administração em geral) somente os crimes de excesso de exação (artigo 316, §1º) e a

facilitação de contrabando e descaminho (artigo 318) são considerados inafiançáveis, e

portanto, seguirão o procedimento comum ordinário, e não o especial em estudo.

Características especificas deste procedimento:

a- primeiro encontra-se previsto no artigo 513 do CPP que determina que a

queixa ou denuncia deverão ser instruídas com documentos que comprovem a existência

delitiva ou com uma justificação que faça presumir a existência delitiva (ou até mesmo um

declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação das provas).

b- outra diferenciação se encontra no artigo 514 do CPP, em que o magistrado

antes de receber a peça acusatória (denuncia ou queixa) deverá ordenar a notificação do

Page 27: Apostila de P. Penal II

acusado para respoender por escrito, no prazo de 15 dias. Portanto, o funcionário público tem

que apresentar uma defesa preliminar 9resposta preliminar).

Observação deve ser feita quanto a não observância do que preceitua o artigo 514 do CPP, onde

alguns doutrinadores entendem que ocorrerá uma nulidade relativa, que deve ser alegada pela

parte; já outra parte da doutrina entende que é caso de nulidade absoluta, já que se não for

observado o procedimento estipulado, estaria violando, desta forma, uma norma de ordem

pública.

Esta especificação não se estende ao co-autor ou participe que sejam particulares

(não funcionários públicos).

c- após a resposta do acusado, irá o juiz receber a denuncia ou rejeita-la, sempre

em despacho fundamentado.

A rejeição ocorrerá sempre que o magistrado tenha convencimento da

inexistência do crime ou da improcedência da ação 9artigo 516 do CPP).

O recebimento da denuncia ou queixa, fará com que o acusado seja citado,

seguindo-se depois todos os tramites do procedimento comum ordinários.

3.3) DO PROCEDIMENTO DOS CRIMES CONTRA HONRA

Encontram-se previstos nos artigo 519 a 523 do CPP e são aplicados para os

crimes contra a honra – calúnia, injuria e difamação. Ressalta-se que somente para os crimes

contra a honra previstos no CP, haja vista que os demais crimes contra honra, previstos em

outras legislações terão procedimentos próprios, como por exemplo na lei de imprensa, código

eleitoral, código penal militar, etc.

Salienta-se, contudo, que a lei 9099/95 acabou por trazer uma perda de aplicação

do procedimento em estudo, existindo apenas quando houver concurso de crimes dessa

natureza (crimes contra a honra), em que a pena máxima supere 2 anos. (portanto, os delitos

contra a honra passaram a ser processados perante o juizado especial criminal federal ou

estadual).

Para esclarecimento, informamos que o procedimento previstos nos artigo 519 a

523 trazem as seguintes peculiaridades:

Primeiro: A existência de uma audiência de conciliação antes do recebimento da

peça acusatória (denuncia ou queixa). Onde nesta audiência o juiz deve ouvir ambas as partes,

separadamente sem a presença de seus advogados, em que após ouvi-los, sem reduzir a termo,

percebendo da possibilidade de uma conciliação, promoverá o entendimento entre eles, e se a

conciliação se efetivar será arquivada a peça acusatória (tudo isto se encontra discriminado nos

artigos 520 e seguintes.

Entendimento dominante diz que o não comparecimento nesta audiência de

conciliação por parte do querelante ocorrerá a perempção (STJ por meio do Resp 45743/Rj

entende ao contrário, dizendo que não se pode falar em perempção uma vez que não se deu

inicio a ação penal, já que a ação só inicia com o recebimento da peça acusatória, o que de fato

ainda não ocorreu.

Segundo: onde depois de recebida a peça acusatória o réu será citado para

apresentar defesa preliminar e possível exceção de verdade 9que os fatos atribuídos ao ao

querelante são verdadeiros) ou a exceção de notoriedade (que os fatos alegados contra o

querelante são de domínio público – conhecimento de todos) e caso isso ocorra ao querelante se

Page 28: Apostila de P. Penal II

abre a possibilidade de apresentar contestação, no prazo de dois dias, logo após se dará o

julgamento da exceção apresentada, e não havendo absolvição sumária, seguirá o rito do

procedimento sumário (AIJ).

Seqüência do procedimento dos crimes contra a honra:

Apresentação do IP na justiça

Oferecimento da peça acusatória

Audiência de conciliação

Recebimento ou rejeição da peça acusatória

Citação

Defesa preliminar, momento em que se poderá apresentar as exceções da verdade e da

notoriedade

Contestação do querelante em dois dias, onde poderá complementar o rol de

testemunhas

A exceção será julgada, com a possibilidade de se absolver sumáriamente o acusado

(réu)

Não sendo absolvido sumariamente o procedimento segue o rito sumario.

3.4) PROCESSO DOS CRIMES DE ENTORPECENTES:

A legislação referente aos crimes afetos a entorpecentes se encontra na lei nº.

11.343/06, que em seu artigo 75 revogou expressamente as leis anteriores, quais sejam a lei

6368/76 e a lei 10409/02.

Hoje tanto a parte material (definição de crimes) quanto a parte processual

encontram-se exclusivamente prevista na lei anti-drogas (11.343/06).

O delito de porte para uso de substância entorpecente 9artigo 28 da lei

11.343/06) segue o procedimento sumaríssimo (da lei 9099/95).

Já os demais crimes relativos a entorpecente seguem o procedimento previsto na

lei, que passaremos a comentar:

A lei 11.343/06 preconiza em seu artigo 48 e seguintes o procedimento referente

a drogas, onde se pode ver que o capítulo III do titulo IV, recebeu a titulação de: “Dos

procedimento penal”, que se subdividiu em duas seções: Da investigação e a da Instrução

criminal.

Da investigação, fase pré-processual, já estuda no semestre anterior, cabe

ressaltar quanto ao prazo de conclusão do IP que será de 30 dias para réu preso e 90 para réu

solto, podendo haver a duplicação do prazo a ser deferida pelo juiz, devidamente fundamentada

( a investigação se encontra nos artigos 50 a 53)

No que diz respeito a instrução criminal deve-se observar:

O Ministério Público possui prazo único para oferecer a denuncia (ou outra

medida prevista no artigo 54) seja réu preso ou solto de 10 dias a partir da data do recebimento

do processo (rol de testemunhas em número de 5).

Após oferecimento da denuncia o juiz determinará a notificação do réu para

apresentar defesa previa, no prazo de 10 dias , esta defesa possui natureza obrigatória, devendo

citar as provas que pretende produzir, bem como arrolar as testemunhas em número de 5. Esta

defesa é uma forma de contraditório e ampla defesa antes mesmo do juiz receber a denuncia,

Page 29: Apostila de P. Penal II

tentando convencer o magistrado de que o mesmo deve rejeitar a denuncia (ou mesmo pedindo

pela desclassificação do trafico para o porte de uso. Se não apresentar advogado o juiz tem que

nomear defensor para o acusado. (se o juiz rejeitar e assim acatar pelo porte de uso deverá

remeter os autos ao juizado especial criminal).

Contudo, se receber a denuncia como trafico, deverá de imediato agendar a

audiência de instrução e julgamento, mandando citar o acusado e intimar o MP, assistentes e se

for o caso solicitar laudos periciais que estejam faltando (artigo 56 da lei 11.343/06).

CONTUDO deve-se observar, segundo entendimento doutrinário existente, que uma vez citado

o réu por um juiz singular deverá seguir as regras do artigo 395 a 397 do CPP, onde deverá

apresentar nova defesa preliminar e se possível haver o julgamento antecipado da lide, por

meio da absolvição sumária. Se não for aceita aí sim, serra agendada a audiência.

Audiência no prazo de 30 dias contados da data do recebimento da denuncia,

conforme artigo 56, §2º da lei. (só não será assim se o se surgir duvidas quanto a dependência

química do acusado, em que se determinará a realização de avaliação médica do mesmo, sendo

então a audiência agendada no prazo de 90 dias).

No decorrer da audiência, segundo a lei anti-drogas, será feito primeiro o

interrogatório, e depois a oitiva das testemunhas de acusação e defesa (porém existe

entendimento de que se deve seguir a ordem nova da lei 11.719/08) e assim passar o

interrogatório para o ultimo momento como preceitua a nova lei.

Em seguida passasse para as alegações orais em conformidade com os artigo 57

a 59 da lei anti-drogas.

Seqüência:

Remessa do IP para a justiça Pública - artigos 50 a 53

Manifestação do ministério público – artigo 54

Notificação do acusado 9antes de receber a denuncia) abrindo prazo de 10 dias para apresentar

defesa

Possibilidade de diligência ex officio pelo juiz no prazo de 10 dias

Rejeição ou recebimento da peça acusatória, e caso receba será marcada AIJ no prazo de 30

dias (salvo exceção quanto a natureza de dependência química do acusado – 90 dias)

Nova defesa escrita, no prazo de 10 dias, para possível julgamento antecipado da lide (artigo

396 A do CPP)

Diligências complementares

AIJ: oitiva das testemunhas de acusação e defea, interrogatório, debates orais

Sentença

Page 30: Apostila de P. Penal II

DIREITO PROCESSUAL PENAL II

DOS PROCEDIMENTOS DO TRIBUNAL DO JURI

1) INTRODUÇÃO

A instituição do Júri, grande polemica possui sobre a mesma quanto a sua

preservação ou não, não só na legislação brasileira, mas também em outros

países, existindo posicionamentos dos mais diversos, sejam eles contrários ou

favoráveis a instituição acima mencionada.

Trata-se de um sistema jurídico em que há participação popular dando

contornos democráticos ao processo penal.

A participação popular dos julgamentos de crimes de maior potencial ofensivo

é o instrumento utilizado desde os primórdios na Grécia sendo contemplado

em diversos países de 1º Mundo, como Austrália, Canadá, E.UA, França,

Itália, dentre outros. Para conhecimento outros paises em tempos recentes vem

retornando o sistema jurídico do júri como a Espanha em 1995, a Rússia

existindo inclusive na atualidade a discussão no Japão a fim de instaurá-lo

novamente como procedimento.

2) POSICIONAMENTOS CONTRÁRIOS E FAVORÁVEIS AO JURI

2.1) FAVORÁVEIS

Os doutrinadores de paises que admitem o tribunal do júri utilizam alguns dos

argumentos abaixo transcritos, para mantê-lo ou re-inserir o procedimento do

júri. Vejamos:

a) O júri não está em extinção, muito pelo contrário, vem se expandindo em

vários países.

b) Traz uma garantia á liberdade individual e ao regime democrático.

c) O julgamento é melhor quando feito por 07 pessoas distintas.

d) Dá maior legitimidade ao Estado e a Justiça, haja vista que quem é o

julgador é próprio povo.

e) O julgamento feito pelo júri não se atém á frieza do texto legal, mas sim de

acordo com a consciência de cada um dos jurados, havendo desta forma

maior sensibilidade do julgamento.

f) No júri há um julgamento além do fato, pois na verdade se está julgando

também o homem.

g) A maior aproximação da sociedade para com a justiça.

Page 31: Apostila de P. Penal II

2.2) DESFAVORÁVEIS

a) Não há fundamentação na decisão do júri.

b) Julgamento é feito em segredo.

c) Falta de experiência e conhecimento jurídico por parte dos jurados.

d) Imprevisibilidade quantos aos resultados do julgamento.

e) Influencia da mídia no veredicto.

f) Decisões são tomadas em face da persuasão do operador do direito perante

os jurados e não na razão.

g) Constancia de erro no momento de votar por parte dos jurados.

h) Grande quantidade de decisões absurdas, onde há uma freqüência na

absolvição.

i) Possibilidade dos jurados de serem intimidados, dentre outros.

Estes são apenas alguns dos argumentos favoráveis e desfavoráveis ao tribunal do

júri.

3) FUNDAMENTOS DO TRIBUNAL DO JÚRI

Conforme dito acima muita divergência existe quanto ao Júri, não sendo diferente

no que diz respeito à origem do mesmo em nosso país, no Brasil, atualmente, a

constituição de 1988 assegura o tribunal popular do júri nos crimes doloso contra

vida. Art. 5º, XXXVIII da CRFB/88.

Desde a constituição de 1828 (constituição do império), já havia previsão do

tribunal popular que tinha competência para julgar crimes praticados contra bens

jurídicos relevantes, em especial os contra a vida, a única constituição brasileira

que não veio a prever o tribunal popular foi a de 1937. Conforme dito acima, a

constituição de 88 preveu o tribunal popular como um direito e garantia

fundamental do cidadão.

4) PRINCIPIOS CONSTITUICIONAIS ATINENTES AO TRIBUNAL DO

JURI.

Tais princípios se encontram elencados no art. 5º, XXXVIII da CF 88, sendo eles:

1º) A Plenitude de Defesa: mais do que reconhecer a ampla defesa, tal principio

traz uma concepção mais abrangente sendo ela não só a de ter uma defesa ampla,

mas a possibilidade do acusado participar da escolha de jurados que comporão o

conselho de sentença, este conselho de Juizes Populares vem a ser integrados por

classe sociais diversas, bem como face o reconhecimento por parte do Juiz

Page 32: Apostila de P. Penal II

Presidente de que no caso o Réu possa estar indefeso, este Juiz venha a dissolver

o conselho de sentença e nomear outro defensor, marcando outro julgamento.

2º) Sigilo das Votações: a votação realizada pelos jurados será feita em sala

especial denominada sala secreta, conforme Art. 485 do CPP, em que os jurados

recebem cédulas de papel contendo palavras SIM e NÃO e estes de forma

secretamente vêm a apresentar os votos em uma urna. Tal princípio tem por fim

salvaguardar a pessoa do jurado, evitando desta forma possíveis intimidações em

face do mesmo.

Há um sigilo tanto no que diz respeito ao voto, quanto no que diz respeito ao

local do voto, ambos os sigilos acima demonstrados, seja por meio da Sala

Secreta (local do voto), seja por meio das cédulas de papel colocadas em urnas (o

voto em si), na sala secreta a presença apenas de pessoas indispensáveis a este ato

processual, sendo eles: o Juiz de Direito, jurados, Membros do MP, Advogados e

Auxiliares de Justiça, conforme preconiza o Art. 485 do CPP.

A título de ilustração o Parágrafo 1º do citado artigo, descreve que na ausência de

sala especial em uma comarca o Juiz determinará a retirada do público,

permanecendo apenas as pessoas indispensáveis.

Grande preocupação quanto ao sigilo do voto, também se encontra no Art. 483

em seus parágrafos 1º e 2º, dados pela nova redação advinda com a lei 11.689/08,

justamente para se evitar o conhecimento de uma possível votação unânime dos

jurados. Tal princípio do tribunal popular apresenta-se como uma exceção ao

principio constitucional da publicidade dos atos processuais, previsto no Art. 93,

IX da CF/88 (vide artigo 5º LX da CF).

3º) Soberania Dos Veredictos: A soberania dos veredictos diz respeito ao

julgamento do fato (elementos que integram o crime), onde uma vez decididos

pelos jurados não poderá haver modificação destes julgamentos dos fatos seja

pelo Juiz Togado, seja pelo tribunal em um eventual recurso. A soberania do

veredicto não importa em que haja um novo julgamento, ou seja, haverá um novo

júri quando houver um julgamento por parte dos jurados completamente contrário

à prova dos autos (deverá haver uma apelação com escopo de anular o julgamento

e mandar o acusado a um novo júri).

Não há como mudar a decisão dos jurados quanto à materialidade do crime, a

autoria, qualificadoras, dentre outras, uma vez que são questões fáticas recaindo

sobre elas o principio da soberania dos veredictos.

Tal princípio, contudo não é absoluto sendo possível a absolvição do réu que

tenha sido condenado injustamente pelo júri por meio de uma ação de revisão

criminal a ser julgada pelo tribunal de justiça.

Page 33: Apostila de P. Penal II

4º) A Competência Para Julgamento De Crimes Dolosos Contra A Vida: Tal

competência mínima do júri não pode ser retirada por legislação

infraconstitucional.

Conforme dito acima tal competência é mínima, havendo, portanto a

possibilidade do legislador vir a ampliar a competência do tribunal do júri

incluindo desta forma outras condutas delitivas a serem julgadas por esse tribunal.

São crimes dolosos contra vida:

a) Homicídio Doloso em todas as suas formas (simples, privilegiada ou

qualificada).

b) Induzir, instigar ou auxiliar o suicídio.

c) Infanticídio

d) Aborto em todas as suas modalidades

Os Crimes acima serão julgados pelo tribunal do júri tanto na forma consumada

quanto na forma tentada.

Observação deve ser feita quanto a sumula 603 do STF.

A própria constituição federal prevê exceções quanto a competência do

tribunal do júri, tem-se como exemplo quando o autor dos fatos gozar do foro

por prerrogativa de função.

5) A REFORMA OCORRIDA NO PROCEDIMINTO DO TRIBUNAL DO

JURI

Muito se discutiu quanto a reforma trazida ao procedimento do tribunal do

júri pela lei 11689/2008 de 9 de junho de 2008.

A doutrina discuti dizendo que pouca, ou quase nada foi alterada, tendo

sido na verdade apenas mais um caso de “inflação legislativa”, conforme

questionado pelo processualista Mougenot.

Poucas foram as alterações que vieram a trazer maior celeridade processual

ao procedimento em questão.

6) PROCEDIMENTO BIFÁSICO

Trata-se de um rito escalonado, isto é bifásico, composto por duas etapas

(fases) completamente distintas uma da outra; sendo elas: fase preliminar

(preparatória) e uma fase definitiva.

Supervisor
Realce
Page 34: Apostila de P. Penal II

A primeira fase chamada de judicium accusationis, juízo de

admissibilidade, sumário de culpa; sendo esta fase muito parecida com o do

procedimento comum ordinário.

Nesta fase, que se inicia com o recebimento da denuncia (com sua rejeição

ou recebimento), logo em seguida o réu será citado para apresentar defesa

preliminar – alegações escritas preliminares), e depois a audiência de instrução e

julgamento (AIJ) com a oitiva da vitima/ofendido se possível, testemunhas de

acusação, testemunhas de defesa, esclarecimento dos peritos, acareações,

reconhecimentos, diligências (se necessárias) e interrogatório do acusado (s).

Posteriormente vem a sentença que pode ser a de pronuncia, momento em que

será encaminhado o processo para a segunda e última fase.

A segunda fase chamada de judicium causae, que se inicia com a preclusão

da decisão de pronuncia, e termina com a sentença após votação do questionário.

Ambas as fases serão estudadas oportunamente mais para frente.

7)“JUDICIUM ACCUSATIONIS” – PRIMEIRA FASE

Conforme informado acima o procedimento dos crimes dolosos contra a

vida iniciam-se com o recebimento da denuncia, que é a peça inicial acusatória.

Recebida a denuncia o juiz determinará a citação do acusado para

apresentar reposta a acusação (defesa preliminar), em conformidade com o artigo

406 do CPP.

Aberto o prazo de 10 dias para apresentar a defesa preliminar, que é

considerada imprescindível, onde uma vez o acusado não apresentando no prazo

legal será nomeado defensor para o mesmo (vide artigo 408 do CPP).

Nesta defesa preliminar poderá o réu argüir todo tipo de preliminar e

exceções conforme redação do artigo 407 do CPP e artigo 406 §3º também do

CPP.

Apresentará documentos e pleiteará provas a serem produzidas, dentre elas

as testemunhas de defesa em número máximo de 08 (oito).

Após a defesa preliminar abre-se vista o MP, com prazo de 05 dias para se

manifestar a respeito desta defesa preliminar (artigo 409 do CPP).

Em seguida será marcada a audiência de instrução e julgamento, em

conformidade com o artigo 411 do CPP.

Procede-se aos debates orais e prolação da sentença tudo como preceituado

no artigo acima descrito.

Prazo de encerramento do procedimento é de 90 dias (artigo 412 do CPP).

Das decisões a serem dadas ao final do juízo de admissibilidade, encontram-se

elencadas nos artigos 413 a 421 do CPP, sendo elas: decisão de pronúncia,

impronúncia absolvição sumária e desclassificação.

Supervisor
Realce
Page 35: Apostila de P. Penal II

a) Da decisão de pronúncia:

Caso o juiz se convença da existência do crime e de indícios de autoria

delitiva, dará os motivos pelos quais o reconhece, pronunciando o réu.

Nota-se que se fala em indícios suficientes de autoria, sendo mais do que

mero indicio. Portanto, basta que se reconheça a presença de indícios sobre a

responsabilidade do acusado na ação delitiva, para que o juiz pronuncie o réu,

fazendo-o encaminhar o feito ao tribunal do Júri.

Salienta-se que nesta fase, caso o juiz possua dúvida, deverá ele pronunciar

o réu, remetendo-o ao plenário, vigorando, portanto, a máxima do in dúbio pro

societate.

A decisão de pronuncia encontra-se no artigo 413 do CPP, onde se vê o

seguinte:

“o juiz fundamentadamente, pronunciará o acusado,se o convencido da

materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de

participação.”

A decisão de pronúncia é uma decisão interlocutória mista, ou seja, encerra

apenas uma fase do procedimento, fazendo-se remeter o feito à fase do plenário.

Nesta decisão, como diz o artigo 413, §1º do CPP, deverá o juiz indicar os

dispositivos legais em que achar incurso o réu, apresentando os elementos do

tipo, qualificadoras, causas especiais de aumento de pena.

Deve ainda dizer se o crime foi tentado ou consumado; contudo o juiz não

deve dizer sobre as causas de diminuição, nem sobre agravantes e atenuantes,

nem a possível concurso de crimes., tudo conforme prevê o §1º do artigo acima.

Ver também o que preceitua o artigo 413 em seus §§ 2º e 3º no que tange a

fiança crime e liberdade provisória, em caso de réu preso, e possível decretação

de prisão no caso de réu solto.

Observação importante a ser feita diz respeito ao teor desta decisão

proferida pelo juiz ao final do judicium accusationis. Nesta decisão o juiz não

deve se aprofundar nas provas, onde ao pronunciar deve apenas trazer um juízo

de suspeita, e não um juízo de certeza, pois se nesta decisão ele trouxer firmeza

quanto a analise do fato, acabará por violara a clausula do devido processo legal,

e assim trazer nulidade ao feito.

Quer se ressaltar neste ponto que esta decisão é meramente interlocutória,

ou seja apenas põem fim a uma parte do procedimento, fazendo com que o réu

seja encaminhado ao plenário.

Como se expressa o doutrinador Mugenot: “...uma vez que sua decisão tem

caráter interlocutório e sua parte final tem natureza meramente classificatória e

provisória, não podendo ultrapassar os limites do artigo 413 do CPP.”

Outra observação a ser feita diz respeito a quem deve ser intimado da

decisão de pronúncia, sendo elas as pessoas do acusado, do defensor nomeado,

Page 36: Apostila de P. Penal II

membro do MP (intimação pessoal); já no caso de defensor constituído,querelante

e o assistente da acusação serão intimados por meio de diário oficial. VIDE

ARTIGO 420 DO CPP.

Terceira observação é quanto ao recurso cabível da decisão de pronúncia: é

o recurso em sentido estrito (artigo 581, IV do CPP).

A jurisprudência diz que esta decisão não produz coisa julgada, haja vista

encerrar apenas um juízo de admissibilidade de imputação penal.

b) Da decisão de impronúncia:

A decisão de impronúncia se encontra no artigo 414 do CPP, sendo que

esta ocorrerá quando o juiz não tiver o convencimento da existência do crime ou

de indícios suficientes de autoria, julgando, desta forma, improcedente a

denúncia.

Esta decisão é uma decisão terminativa, uma vez que, conforme dito acima,

julga improcedente a pretensão acusatória do Estado acusador em fazer levar o

réu a julgamento pelo tribunal do júri.

Salienta-se que esta decisão não vem a analisar o mérito da causa, desta

forma, nada impede que, surgindo novas provas e ainda não tenha ocorrido uma

causa de extinção da punibilidade, seja instaurado um novo processo; tudo

conforme artigo 414, parágrafo único.

Nesta decisão não se está julgando a pretensão punitiva do estado acusação,

mas está ocorrendo sim uma absolvição de instância.

Surgindo novas provas nada impede que o MP ofereça nova denuncia

O Recurso cabível contra a decisão de impronúncia é a apelação (artigo

416 do CPP).

C) da decisão de absolvição sumária

Neste caso, a decisão proferida acaba por julgar o mérito da ação penal,

sendo desta forma um julgamento antecipado.

A decisão em estudo acaba por decidir que a denúncia é improcedente,

trazendo força de coisa julgada material, impedindo, desta forma que seja uma

nova demanda iniciada.

Esta decisão além de encerrar a primeira fase, impede que o réu seja

encaminhada para a segunda fase (do plenário), haja vista ter sido o réu absolvido

sumariamente.

Antes de reforma procedimental deste rito do tribunal do júri pela lei

11.689/08, somente se poderia falar em absolvição sumária quando ficasse

comprovada que o fato em julgamento fora praticado sob uma das hipótese de

excludente de ilicitude ou em situação de inimputabilidade do acusado (doença

Supervisor
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Supervisor
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Page 37: Apostila de P. Penal II

mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado e no caso de

embriaguez não voluntária).

Com a reforma, trazida pela lei acima mencionada, o procedimento do júri,

no que tange a absolvição sumária ocorrerá nas hipóteses do artigo 415 do CPP,

sendo adotadas as seguintes possibilidades de reconhecimento da absolvição

sumária:

1- Provada a inexistência do fato;

2- Comprovação de não ser o acusado o autor ou participe do

fato: é a prova da negativa de autoria ou participação;

3- O fato não constituir uma infração penal: onde fica

demonstrado que apesar do fato ter ocorrido, o mesmo não

constitui crime. Como por exemplo, esta sendo acusado pelo

crime de aborto (em tese criminoso), mas durante a fase do

judicium accusationis fica comprovado que o aborto foi

espontâneo;

4- Comprovada uma causa de insenção de pena ou de exclusão

do crime, ou seja a presença de uma excludente de ilicitude

ou de culpabilidade

Da decisão que absolve sumariamente cabe recurso de oficio, na verdade

reexame necessários, com previsão do artigo 575, inciso II do CPP.

Vide artigo 416 do CPP.

d) da decisão de desclassificação:

Esta desclassificação ocorrerá quando for dada uma nova classificação

jurídica ao fato, sendo que esta nova classificação ocorrerá para uma infração

penal que não seja de competência constitucional do tribunal do júri.

Portanto, ao término da primeira fase do procedimento do júri, no judicium

accusationis, o juiz singular ao se convencer que o fato em julgamento não se

trata de um crime doloso contra a vida, fará a remessa do mesmo para o juiz

competente.

Cabe ressaltar que nesta decisão o juiz não poderá dar definição jurídica de

qual crime foi o praticado, mas apenas deve se ater a dizer que o fato não é um

crime contra a vida.

A desclassificação apresenta uma natureza de decisão interlocutória

modificadora de competência, estando prevista no artigo 419 do CPP.

Antes do processo ser encaminhado para aquele juiz para qual foi

declinado, ou setor de distribuição, torna-se necessário aguardar o decurso do

prazo para recurso, uma vez que é possível o recurso em sentido estrito da decisão

que desclassifica

Supervisor
Realce
Page 38: Apostila de P. Penal II

8) A ORGANIZAÇÃO DO JURI

A fim de darmos inicio ao estudo do procedimento em si, devemos

primeiro esclarecer como será organizado o formará o júri.

a) A existência de listas:

A seleção dos jurados será feita por meio de listas, como preceitua o artigo

425 do CPP

Primeiro será formada uma lista anual em conformidade com o artigo

acima de acordo com o número da população de cada cidade.

Depois será feita uma lista para cada sessão, onde será feito um sorteio com

os nomes das pessoas previamente alistadas, formando-se o corpo de jurados da

reunião para a qual serão convocados para o Tribunal do Júri.

Por fim será formada a lista definitiva que forma o conselho de sentença.

Fazer a leitura do artigo 425 e 426 do CPP.

b) Dos jurados:

1- caráter obrigatório - Primeiro deve-se dizer que o serviço de jurado é

obrigatório, conforme se vê no artigo 436 caput do CPP, devendo-se esclarecer

quais são os requisitos para ser jurado, sendo eles:

Ser cidadão maior de 18 anos – novidade trazida pela reforma processual

ocorrida em junho de 2008, já que o legislador baixou a idade do serviço do júri

de 21 anos para 18 anos;

Ser pessoa de notória idoneidade (muito criticado pela doutrina tal

requisito, uma vez que não é possível que uma pessoa de 18 anos tenha notória

idoneidade, haja vista estar iniciando a sua vida);

Ser alfabetizado

Possuir saúde física e mental para a função

Observação deve ser feita quanto a alteração da idade, baixando para 18

anos, uma vez que pode trazer um risco para a constituição do conselho de

sentença por demais jovem, composto por pessoas sem experiência de vida, com

pouco contato com os problemas da vida e do mundo

-2- recusa ao serviço do jurado: se encontra nos artigo 438 e 436 §2º do

CPP.

-3-direitos dos jurados ( artigo 439, 440 e 441 do CPP).

-4- Não comparecimento do jurado (artigo 442 e 443 do CPP)

Page 39: Apostila de P. Penal II

-5- dispensa do jurado (artigo 444 do CPP)

6- isenção do serviço de jurado (artigo 437 do CPP)

7- Proibições e impedimentos

As mesmas previstas para o juiz togado (artigo 252, 253 e 254 do

CPP)

Artigo 448 I a VI do CPP

Artigo 449 do CPP

9) Do judicium causae: segunda fase do tribunal do júri

1) introdução

Tendo sido o acusado pronunciado ao final da primeira fase do tribunal do

júri, será o mesmo remetido a esta segunda fase que ocorrerá a partir do momento

da preclusão da pronúncia, ou seja, com a certidão dessa decisão, precluiu tanto

para o MP quanto para a defesa, haja vista a ausência de recurso.

Torna-se necessário ressaltar que caso processo possua dois ou mais

acusados o ideal é que todos sejam julgados em um único júri, contudo a exceção

pode ocorrer tendo então cada acusado ser julgado por um júri em separado, este

fato pode acontecer em razão de diversas causas, toma-se como exemplo no caso

de dois acusados serem pronunciados, mas apenas um deles recorrer da decisão

de pronúncia para este então o processo prosseguirá sendo submetido ao júri,

enquanto o outro não até a decisão do recurso.

Da decisão de pronúncia, será o réu preso, intimado pessoalmente já o réu

solto será intimado por edital, previa o CPP anterior a alteração da lei 11.689/08 a

existência denominada libelo que era a petição inicial que dava inicio à segunda

fase do júri, fixando a amplitude da acusação, onde também eram arroladas as

testemunhas pelas partes, contudo a lei acima explicitada veio a retirar (suprimir)

o libelo. O libelo era um peça que já trazia dentro das regras legais uma divisão

do relato dos fatos parte a parte passando pelo fato principal qualificadoras causas

de aumento e se houvesse circunstâncias agravantes, desta forma com o libelo

havia o desmembramento fático delimitando a acusação a fim de torna-la mais

compreensível para os jurados, bem como servir de parâmetro para a elaboração

dos quesitos.

Com a reforma do procedimento do júri, sendo desta forma o mesmo sido

simplificada, suprimindo-se o libelo, passando então a pronúncia a servir,

justamente como parâmetro de todo o desenrolar da segunda fase do júri,

inclusive para a elaboração dos quesitos (que também foram simplificados). A

Page 40: Apostila de P. Penal II

presença do contra-libelo, ou seja, da resposta ao libelo crime acusatório por parte

da defesa também tinha previsão anterior ao procedimento sendo uma faculdade,

também com a reforma, tal peça foi suprimida, sendo a mesma substituída pelo

requerimento de oitiva das testemunhas por parte da defesa, que poderá ainda

pleitear diligencias e acostar documentos, tudo isso no prazo de 05 dias, sendo

que a apresentação deste requerimento é mera faculdade.

Conforme preceitua o art. 421 do CPP, preclusa a decisão de pronúncia os

autos serão encaminhados ao Juiz Presidente do Tribunal do Júri, logo em

seguida determinara o mesmo a intimação do MP ou do querelante bem como do

defensor para que em 05 dias ofereça um rol de testemunhas, no máximo 05 que

irão depor no plenário, podendo ainda ser juntado documentos e ser requerida

diligencias.

Já o art. 423 do CPP, nos instrui no sentido de que o Juiz devera deliberar

sobre as provas requeridas a serem produzidas ou exibidas no plenário e com isso

sanar qualquer nulidade ou esclarecer fatos de interesse, tomando logo em

seguida a conduta de elaborar um relatório sucinto e ordenando a inclusão do

processo em pauta de reunião do tribunal do júri.

Deve-se observar o que preceitua o art. 424 do CPP

2) Do Desaforamento:

Previsto no art. 427 e 428 do CPP, tal instituto tem por natureza deslocar a

competência dos processos dos crimes dolosos contra a vida para uma comarca

mais próxima, possui caráter excepcional e necessidade de preenchimento de um

dos pressupostos previsto em lei, seu procedimento se dará nas formas dos artigos

acima mencionados.

3) Da organização da pauta do Júri (arts. 429 a 431 do CPP):

Em comarcas onde haja uma grande quantidade de julgamentos pelo júri a

serem realizadas alguns julgamentos terão preferências conforme estipulados no

art. 429 do CPP onde dentre estes terá a preferência o julgamento dos acusados

que se encontram presos e assim por diante conforme incisos do referido artigo.

Caso exista interesse de haver assessoramento à acusação este deverá

requerer sua habilitação no prazo de até 05 dias, conforme art. 430 do CPP.

4)Do sorteio e convocação dos jurados (arts. 432 a 435 do CPP):

Da formação da reunião periódica (composta por 25 jurados)

Page 41: Apostila de P. Penal II

5) Da instalação da sessão do Júri:

Até o momento do inicio da sessão deverá o juiz: analisar sobre os pedidos

de isenção e dispensa dos jurados, bem como de adiamentos consignando tudo

em ata, logo após serem adotadas as medidas previstas no artigo 454 a 462 do

CPP.

Conforme preceitua o art. 463 do CPP, no dia e hora designados para

reunião do Júri presente o órgão do MP, o Juiz Presidente considerará instalada a

sessão, anunciando o processo que será submetido a julgamento desde que

tenham comparecido pelo menos 15 jurados, o oficial de justiça logo em seguida

apregoará as partes.

Caso não haja a presença dos 15 jurados procederá ao sorteio dos suplentes

quantos forem necessários, designando nova data para a sessão do júri, art. 464 do

CPP, onde tudo será consignado em ata, conforme art. 465 do CPP.

Observações devem ser feitas quanto:

a) Não comparecimento do órgão do MP Art. 455 do CPP.

b) Não comparecimento do defensor art. 456 do CPP.

c) Não comparecimento do réu art. 457 do CPP

d) Não comparecimento da testemunha art. 458 ao 461 do CPP

Antes da constituição do conselho de sentença as testemunhas de acusação

e defesa serão separadas e recolhidas em local de onde não se poderão ouvir os

debates e depoimentos umas das outras.

Logo em seguida o juiz informará aos jurados a cerca das hipóteses de

suspeição, impedimento e incompatibilidade do art. 448 e 449 do CPP, serão

ainda advertidos antes do sorteio para a formação do conselho de sentença de que

os mesmos uma vez sorteados não poderão se comunicar entre si, nem manifestar

sua opinião quanto ao processo; desta forma iniciará um sorteio do conselho de

sentença onde o juiz ao verificar que as cédulas se encontram na urna relativa aos

jurados presentes sendo então sorteados sete dentre os jurados com o nome nas

urnas para a formação do conselho de sentença.

Podem as partes, primeiro a defesa e depois o MP, à medida que as cédulas

forem sendo retiradas da urna e lidas pelo Juiz, recusar os jurados sorteados até

três por cada uma das partes sem que haja justificação quanto ao motivo da

recusa.

Ressalta-se que o sorteio dos sete jurados para a formação do conselho de

sentença se dará nome por nome possibilitando as recusas que podem ser com ou

sem justificativas e caso seja dado uma justificativa a parte que recusou deverá

Page 42: Apostila de P. Penal II

apresentar provas de sua alegação, as recusas sem justificativa se limitam a 03

para cada parte, já quanto às recusas justificadas não há limite.

Conseguindo se formar o conselho de sentença, com sete jurados, o juiz

presidente levantar-se-á e com ele todos os presentes devendo os jurados prestar o

compromisso que se encontra no art. 472 do CPP, posteriormente cada jurado

receberá cópia da pronúncia na forma do parágrafo único do art. 473 do CPP.

6) Da instrução em plenário (artigos 473 a 481 do CPP)

Formado o conselho de sentença, dá-se lugar a instrução em plenário.

No passado iniciava-se esta fase por meio do ato de se apregoar e qualificar

o réu, contudo com a nova lei (lei nº. 11.689/08), deixou de ser o interrogatório o

primeiro ato instrutório a ser realizado, haja vista a inversão do rito, em que se

acabou por dar maior ênfase ao direito da ampla defesa e contraditório (o

interrogatório do réu é o ultimo ato antes de se iniciar os debates orais.

A instrução do plenário se iniciará na forma prevista no artigo 473 do CPP,

quando o juiz presidente, o MP, o assistente, o querelante e o defensor do acusado

irão tomar diretamente e de forma sucessiva a declaração do ofendido (se

possível, é claro).

Após as declarações da vitima/ofendido, inicia-se a oitiva das testemunhas

de acusação e depois da defesa, devendo-se ressaltar que os depoimentos deverão

ser tomados de forma que uma testemunha não venha a ouvir o depoimento das

outras.

Primeiro a testemunha de acusação, depois as testemunhas de defesa.

As partes deverão formular perguntas para as testemunhas na ordem pré-

estabelecida no caput do artigo 473, ou seja: deverão ser formuladas as perguntas

para as testemunhas nesta ordem: Juiz, MP, assistente, querelante e depois o

defensor do acusado.

Contudo, conforme estabelecido no § 1º do artigo 473 do CPP, no caso das

testemunhas de defesa esta ordem será alterada da seguinte forma: primeiro serão

formuladas as perguntas pelo defensor do acusado para depois serem feitas as

perguntas pelo MP, assistente e querelante.

Os jurados poderão formular perguntas, mas deverão ser feitas por

intermédio do juiz presidente (§ 2º do artigo 473 do CPP).

Observação deve ser feita quanto a possibilidade dos jurados solicitarem o

depoimento de pessoas citadas no decorrer da sessão do julgamento, mas que não

foram arroladas, neste caso sendo necessário, poder[á ocorrer inclusive a

suspensão do julgamento a fim de se conseguir identificar o paradeiro do

depoente, até mesmo pode ocorrer o caso de dissolução do conselho de sentença

(artigo 481 do CPP).

Supervisor
Realce
Page 43: Apostila de P. Penal II

Atenção deve ser dada ao artigo 473 §3º do CPP, em que as partes os

jurados poderão solicitar diligências, acareações, reconhecimentos, etc.

Ato continuo será feito o interrogatório do acusado nos moldes do

procedimento comum, aliada as especificidades do que se encontra previsto no

artigo 474 do CPP.

Dos debates:

Começa com a sustentação oral por parte da acusação, que terá uma hora e

meia , podendo ser acrescida por mais uma hora se existir mais de um acusado.

Cabe ressaltar que os parâmetros (limites) da acusação oral se encontram

nos termos da pronuncia (e ao mais o libelo acusatório, uma vez que este não

mais existe).

Deve-se observar também que o MP em sustentação no plenário pode

pleitear agravantes, e inclusive pedir menos do que estiver contido na pronuncia,

até mesmo requerer absolvição.

Logo depois se manifestará o assistente.

Finda acusação falará a defesa (artigo 476 do CPP), no mesmo tempo dado

para a acusação.

Após poderá ocorrer a replica por parte da acusação, pelo período de uma

hora (o dobro se existir mais de um réu).

Havendo replica a defesa fará jus a treplica, pelo mesmo período

Juiz presidente e jurados não podem se ausentar durante os debates.

O juiz presidente é quem disciplina o procedimento, inclusive no que diz

respeito aos apartes.

Encerrado os debates o juiz presidente indagará aos jurados se eles se

encontram aptos para julgar os fatos.

Da formulação de Quesitos:

Previsto nos arts. 482 a 491 do CPP fica estipulado em tais artigos que o

questionário apresentado no artigo 482 e 483 nada mais é do que um conjunto de

quesitos a serem respondidos pelos jurados no que tange ao crime em julgamento.

Deve-se esclarecer que os quesitos devem ser formulados em uma

linguagem simples, não contendo ambigüidades, nem devem ser apresentados na

forma de perguntas negativas (exemplo: o autor não veio a praticar tal conduta?).

Preceitua o artigo 482 §Único que estes quesitos deverão ser propostos

com base nos termos da pronuncia ou de outra decisão posterior que julgar

admissíveis a acusação.

Page 44: Apostila de P. Penal II

A disposição dos quesitos encontra-se afixados no art. 483 do CPP devendo

ser seguido essa disposição, quais seriam elas: a) materialidade; b) autoria ou

participação; c) possível absolvição; d) causas de diminuição; e) circunstâncias

qualificadoras ou causas de aumento de pena.

No parágrafo primeiro do art. 483, nos esclarece que se houver respostas

negativa s de mais de 03 jurados aos quesitos “a” e “b” a votação estará encerrada

e o acusado absolvido. No parágrafo segundo por sua vez, se as respostas aos

mesmos quesitos acima, na mesma forma também, ou seja, mais de três se dando

de forma afirmativa, será obrigatoriamente formulado outro quesito: “O jurado

absolve o acusado?”.

Diante do parágrafo segundo do art. 483 ocorre-se a condenação do autor

passando-se a dar continuidade ao julgamento argüindo aos jurados as causas de

diminuição alegadas pela defesa, bem como das qualificadoras com causas de

aumento de pena, conforme art. 483 §3º do CPP. Deve-se esclarece que caso o

julgamento envolva um crime doloso contra a vida, também outro crime, primeiro

se fará uma analise do crime doloso contra a vida, para depois serem julgados os

crimes conexos (exemplo: crime de ocultação de cadáver).

Após a formulação dos quesitos conforme preceitua os arts. 484 e 485 o

Juiz presidente, jurados, MP, assistentes, querelantes, defensor do acusado, oficial

de justiça e escrivão, dirigir-se-ão a sala especial a fim de proceder a votação, nas

observâncias do art. 485 §§1º e 2º.

A tomada dos votos ocorrera de quesito por quesito, onde o juiz distribuirá

cédulas opacas, 07 delas com palavra sim e 07 com palavra não (Art. 486 do

CPP). A fim de assegurar o sigilo das votações preceitua o art. 487 do CPP que o

oficial de justiça recolhera em urna separadas as cédulas utilizadas no voto em

uma urna e as não utilizadas em outra urna.

Já o art. 488 nos esclarece que a votação de cada quesito será reduzida a

termo juntamente com a conferencia das cédulas. Ao final da votação o referente

termo com todos os quesitos votados serão assinados pelo presidente pelos

jurados e pelas partes. Art. 491 do CPP. Devendo esclarecer que a decisão do

tribunal do júri se dá por meio da maioria dos votos.

A sentença:

Primeiro importante esclarecer que todas as ocorrências existentes deverão

ser registradas em ata.

Page 45: Apostila de P. Penal II

A Sentença a ser proferida no procedimento do tribunal do Júri poderá ser

absolvição, de condenação ou de desclassificação do crime doloso.

A decisão do júri é uma decisão denominada subjetivamente complexa,

uma vez que cabe ao Juiz presidente elaborar a sentença de acordo com a votação

feita pelos jurados, devendo a sentença após sua confecção ser lida em plenário

pelo Juiz, saindo as partes já intimadas e encerrando-se a sessão do julgamento.

A sentença do tribunal do Júri prevista no arts. 492 e 493 do CPP, devendo

ter pór norte, no caso da condenação o que se encontra previsto nas alíneas do

inciso I do art. 492 CPP, já no caso de absolvição se encontram nas alíneas do

inciso II do mesmo artigo e no parágrafo segundo no caso da desclassificação.

Da ata dos trabalhos (Art. 494 ao 496 do CPP)

Das atribuições do Juiz Presidente (Art. 497 do CPP)

Supervisor
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Page 46: Apostila de P. Penal II

DISCPLINA: DIREITO PROCESSUAL PENAL II

AULA DE SENTENÇA

1) DOS ATOS PROCESSUAIS:

A pratica de atos processuais é que faz o processo penal se

desenvolver. O processo penal somente poderá transcorrer por meio dos atos

processuais.

Os atos processuais são divididos em postulatórios, instrutórios e

decisórios.

Atos postulatórios dizem respeito aos requerimentos feitos pelas

partes, em sobretudo pela autor da ação penal, conforme preceitua Pacelli, já que

segundo ele “a defesa, a rigor, não postula, e sim contesta e refuta as imputações

e alegações feitas na denúncia ou queixa.

Atos instrutórios são aqueles desenvolvidos em toda a atividade

probatória que é praticada pelas partes processuais, sendo praticados no decurso

da instrução criminal.

Atos decisórios são privativos do juiz, e em sua regra são praticados

após toda a fase instrutória (sentenças). Mas deve-se ressaltar que o juiz pode

praticar diversos atos de conteúdo decisório não só na fase final da instrução

criminal, mas também na fase pré-processual (decretação de uma prisão

preventiva) e mesmo antes do inicio da fase instrutória (se existir uma causa de

extinção da punibilidade, vide artigo 61 do CPP).

Observações finais:

a) Atos processuais pode ser praticados em qualquer tempo e hora no

processo penal, desde que as partes estejam devidamente intimadas (artigo 797 do

CPP);

b) os atos processuais em sua regra são públicos (publicidade do

processo), que somente poderá ser excepcionada quando a pratica do ato

processual colocar em risco a perturbação da ordem local ou preservação da

dignidade do acusado (artigo 794 do CPP);

c) Lei 9800/99> referida lei permite a utilização de sistemas de

transmissão de dados para a pratica de atos processuais.

Tal eli permite a utilização de transmissão de dados ou imagens via

fac símile ou por meio de transmissões eletrônicas operadas pelos computadores

(isto para atos que dependem de petição escrita).

Proceder uma leitura da lei 9800/99.

Page 47: Apostila de P. Penal II

2) DA SENTENÇA:

2.1) Classificação das decisões

Antes do estudo em especifico da sentença, importante é a

observação dos atos judiciais como um todo.

Os atos judiciais podem ser: a) os meros despachos em que o juiz

não faz o exame de qualquer questão controvertida (aqueles em que o juiz

determina apenas o prosseguimento do feito, dando continuidade ao curso das

fases procedimentais) e b) as decisões judiciais (em que o juiz deverá decidir

questão de relevância , e que existe controvérsia sobre a mesma).

Passemos então ao estudo de cada uma delas. Antes, entretanto

devemos ressaltar que a divisão dos atos judiciais na seara do processo civil não

possui qualquer dificuldade (sendo divididos em despachos, decisões

interlocutórias e sentenças), porém no processo penal não é fácil esta

sistematização.

Expressamente o artigo 800 do CPP, ao cuidar dos prazos para a

pratica de atos judiciais, prevê a existência de três atos judiciais: despachos de

expediente (inciso III), decisão interlocutória simples (inciso II) e decisão

interlocutória mista (inciso I), sendo que neste inciso ainda cita as decisões

definitivas.

Questão extremamente polêmica, que pode ter a divisão de acordo

com o ponto de vista a ser adotado, como por exemplo, as que encerram ou não o

processo.

a)despacho de expediente ou decisões interlocutórias simples: são

aqueles que se destinam apenas a dar a movimentação ao processo, dar

continuidade ao feito processual.

Tais decisões não penetram no mérito da causa.

Exemplo: recebimento da denúncia, decretação da prisão preventiva,

etc.

As interlocutórias simples resolvem questões processuais e não

extinguem o processo

Desta decisão na cabe qualquer recurso, salvo a possibilidade de uma

correição (para regularizar questões meramente procedimentais).

b) Interlocutórias mistas; são aquelas em tem força de definitiva,

podendo encerrar uma fase do procedimento processual ou encerrar o próprio

processo sem o julgamento de mérito. Também não penetram no mérito da causa.

Esta espécie de decisão interlocutória comporta uma subdivisão;

b.1) interlocutória mista não terminativa: onde se encontram as

decisões que encerram apenas uma fase (ou etapa) do procedimento (exemplo

clássico é a decisão de pronúncia nos processo do júri popular);

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Page 48: Apostila de P. Penal II

b.2) interlocutória mista terminativa: sendo que nesta espécie

encontram-se as decisões que acabam por extinguir o processo, entretanto sem

julgamento do mérito. Por exemplo decisão que rejeita a denúncia – que encerra o

processo sem a solução da lide penal).

c) definitivas também chamadas de sentença em sentido estrito (ou

em sentido próprio), está é a decisão em que o juiz soluciona a causa.

A sentença pode ser em sentido amplo: que abrange as decisões

interlocutórias simples e mistas e a sentença em sentido estrito que é a decisão

definitiva.

As sentenças em sentido estrito pode ser dividias em: condenatórias,

absolutórias e terminativas de mérito.

Condenatórias> quando acolhem, total ou parcialmente, a pretensão

punitiva. Ou seja, julgam procedente a ação penal.

Absolutórias> quando não acolhem a pretensão punitiva. Estas se

dividem em: absolutórias próprias e impróprias.

Absolutória próprias são aquelas em que o juiz não aceita a pretensão

punitiva proposta pela acusação, acabam por não impor qualquer sanção ao

acusado;

Absolutória imprópria são aquelas que também não acolhem a

pretensão punitiva, mas acabam por reconhecer a pratica da infração penal,

impondo ao réu uma medida de segurança.

Terminativas de mérito (definitivas em sentido estrito), são aquelas

em que julgam o mérito, mas não condenam nem absolvem o acusado, São as

sentenças que declaram a extinção da punibilidade- exemplo: prescrição.

Observação:

sentenças subjetivamente simples: proferidas por um juiz singular (uma

pessoa apenas).

Sentenças subjetivamente plurimas: são as proferidas por órgãos colegiados

homogêneos (câmara dos tribunais)

Sentenças subjetivamente complexas:são as proferidas por mais de um

órgãos. É a que ocorre nos tribunais do júri, em que o corpo de jurado

decide sobre o crime e a autoria e ao juiz togado cabe a aplicação da pena a

ser dada.

2.2) Requisitos formais da sentença:

Os requisitos formais da sentença são: Relatório, motivação e

conclusão (ou parte dispositiva).

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Page 49: Apostila de P. Penal II

Passemos a estudar cada um dos elementos intrínsecos da sentença a

seguir.

2.2.1) Do relatório: é também, chamado de parte expositiva ou

histórica da sentença. Sendo que nesta parte o juiz fará um resumo histórico do

que ocorreu nos autos. Entretanto deve se preocupar com o que ocorreu de

importante no processo, devendo se abster de fatos periféricos ou irrelavantes..

Pontes de Miranda se manifestou a esta parte da sentença como “a

história relevante do processo”.

Tal requisito encontra-se previsto no artigo 381, incisos I e II do

CPP.

Observação deve ser feita quanto a lei 9099/95 que preceitua em seu artigo 81, §

3º da referida lei que informa ser desnecessária o relatório nas sentenças

proferidas em processos de sua competência (logo é uma exceção ao artigo acima

mencionado do CPP).

2.2.2) Da motivação: também chamada de fundamentação.

Encontra-se previsto no artigo 381, inciso III do CPP.

Neste requisito deve o juiz expor, indicar os motivos de fato e de

direito que o levaram a tomar a decisão.

È importante destacar que nesta fase da sentença o juiz sentenciante

encontra-se obrigado a examinar todas as matérias trazidas aos autos pelas partes

(acusação/defesa) sob o perigo de nulidade caso assim não o faça. Logo tem o

juiz que examinar todos os fundamentos de relevância trazidos pelas partes.

Por fim, é de bom tom relembrar que a Constituição Federal em seu

artigo 93, inciso IX prevê que toda decisão judicial seja fundamentado, sob pena

de nulidade.

2.2.3) Da conclusão: também chamada parte dispositiva.

Esta parte da sentença é que diz respeito a decisão propriamente dita,

sendo nela que o juiz julga o acusado. É neste ponto que o juiz presta a tutela

jurisdicional.

Encontra-se prevista nos inciso IV e V do artigo 381 do CPP.

Neste ponto o juiz tem que mencionar a indicação dos artigos

aplicados e o dispositivo.

Nula é a sentença em que o juiz não indica os arigos de lei (artigo

564, III, alínea “m” do CPP).

2.3) Efeitos da sentença:

O juiz responsável pelo feito (processo) esgota a sua jurisdição após

proferir a sentença ao caso apresentado, não podendo mais, desta forma, praticar

qualquer ato jurisdicional, com a devida exceção de correções de erros materiais

que por ventura existirem. (tudo conforme artigo 382 do CPP).

Page 50: Apostila de P. Penal II

Observação: o artigo 382 prevê o chamado embargos de declaração: em que as

partes podem suscitar qualquer dúvida quanto a possível obscuridade,

ambigüidade ou contradição.

Assim se dá uma vez que caso haja recurso da sentença, o órgão

responsável do Estado que irá participar será tribunal ad quem.

Observa-se também o artigo 252, II do cPP, que impede a

participação do juiz que prolatou aquela decisão no recurso desta decisão no

tribunal, caso ele tenha sido nomeado juiz para a instância superior.

2.4) a correlação entre pedido e sentença

É de suma importância destacar que no processo penal o autor da

ação penal (MP na ação penal pública e querelante na ação penal privada) cabe

apenas delimitar a chamada causa petendi, ou seja, descrever o fato merecedor de

reprimenda penal.

Destarte, afirma-se que o pedido na seara processual penal deve ser

genérico, a fim de que viabilize a correta aplicação da lei penal, pouco

importando a alegação do direito cabível trazido no processo pelas partes.

Vislumbra-se, portanto, que o juiz criminal esta apenas atrelado ao

fato narrado, e após reconhecido o mesmo no decorrer do processo, caberá a ele

(juiz) imputar as conseqüências jurídicas que achar adequada. Cabe ao juiz fazer

o juízo de adequação típica, o enquadramento jurídico do fato, bem como a

dosimetria da pena a ser aplicada.

Observa-se que será o juiz responsável pela classificação (juízo de

tipicidade), o quanto da pena a ser imposta.

Segundo Pacelli: “O pedido no processo penal, rigorosamente

falando, portanto, seria o de condenação. Nada mais.”

O doutrinador diz mais ainda, ao expor que o pedido de condenação

não precisa ser feito de forma expressa para que o pedido inicial seja considerado

apto; uma vez que o CPP em seu artigo 41 dispõe apenas que deve existir no

pedido: a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a

qualificação do acusado e a classificação do crime. E quanto a esta última

(classificação do crime) é de pouca importância a sua existência uma vez que

poderá ser mudada (emendatio libelli).

Neste ponto é de suma relevância destacar a existência do princípio

da correlação, uma vez que será este princípio o garantidor do acusado ao devido

processo legal (contraditório e ampla defesa). O presente princípio veda a

possibilidade do réu ser condenado por pratica de fato não constante da denúncia

ou queixa, ou por fato diverso daquele ali mencionado (somente o poderá se

realizada for a correição da inicial como se estudará nos próximos pontos da

matéria).

Supervisor
Realce
Supervisor
Realce
Page 51: Apostila de P. Penal II

Diz Capez: “ No processo penal, o réu se defende de fatos, sendo

irrelevante a classificação jurídica constante da denúncia ou queixa. Segundo o

princípio da correlação, a sentença está limitada apenas à narrativa feita na peça

inaugural, pouco importando a tipificação legal dada pelo acusador”.

2.5) “emendatio libelli”

O que importa na peça processual (denúncia ou queixa) é a narração

do fato, pouco importando a conseqüência jurídica que os autores da ação

tiveram, ou seja pouco importa a classificação jurídica dada pelos autores da ação

penal em sua peça inicial.

O juiz não fica vinculado a esta capitulação feita pela parte na peça

inicial, onde vigora os velhos brocardos latinos: Narra-me os fatos que te darei o

direito (narra mihi factum dabo tibi jus) e o juiz conhece o direito (jura novit

curia).

Na emendatio libelli prevista no artigo 383 do CPP assim está

previsto: “o juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da que constar da

queixa ou da denuncia, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais

grave”.

Na emendatio libelli o que ocorre é a alteração da capitulação

jurídica do fato narrado na peça inicial feita pelo juiz no final do processo, na

sentença. Altera a capitulação, já o fato é o mesmo.

A emendatio libelli pode ser considerada um prejuízo para a defesa?

Resposta: Não. Porque no momento em que o juiz altera a

capitulação jurídica do fato narrado na peça inicial, ele não está mudando a fato

narrado na inicial, fato este que foi a base da defesa (uma vez que a defesa deve

ocorrer sobre os fatos e não sobre a capitulação). Mesmo que da nova capitulação

resulte pena mais grave.

Desta forma, o juiz ante ao evento delituoso narrado na peça inicial

pode dar qualquer classificação jurídica que entender mais correta, ainda que

venha a agravar a pena, sem necessidade de qualquer vista prévia à defesa, que

não poderá alegar surpresa (porque a defesa tem que ser feita sobre os fatos e não

sobre a capitulação.

Toma-se como exemplo: o autor empurra a vítima e subtraí-lhe uma

pulseira do braço, sendo que o MP qualifica tal fato como furto na denúncia. Pode

ser proferida uma sentença condenando o autor pelo crime de roubo, sem

qualquer tipo de ofensa ao devido processo legal (contraditório e ampla defesa),

uma vez que a defesa tem que ser feita sobre o fato do autor estar sendo acusado

de ter empurrado a vítima e subtraído uma pulseira.

Se a condenação foi feita sobre o crime de roubo ocorreu apenas as

emendatio libelli.

Page 52: Apostila de P. Penal II

Por fim cabe descrever sobre a aplicação da emendatio libelli em

segunda instância. Nada impede que isto ocorra, salvo no caso de que houve

apenas recurso exclusivo da defesa, e o tribunal venha a alterar a classificação

penal do fato para crime com pena mais grave, porque neste caso ocorrerá uma

afronta ao princípio que veda a reformatio in pejus

2.6) “Mutatio Libelli”: 1) conceito:

Caso diferente do anteriormente visto (emendatio libelli), neste o que

ocorrerá é que no decorrer da instrução criminal fica demonstrado que o fato

narrado na peça inicial não corresponde ao fato apurado na instrução.

Ocorre uma necessidade de mudança da narrativa acusatória, ou seja,

a mudança (alteração) da própria causa petendi.

Capez descreve da seguinte forma: “Assim, a mutatio libelli implica

o surgimento de uma nova prova, desconhecida ao tempo do oferecimento da

ação penal, levando a uma readequação dos episódios delituosos relatados na

denúncia ou queixa.”.

Surgindo circunstâncias ou elementos do crime que deveriam fazer

parte da peça inicial mas não fizeram, deverá haver a alteração da mesma. Quais

são estas circunstâncias e elementos?

Elementos que integram a descrição legal do fato

Circunstâncias qualificadoras

Causas de aumento e diminuição

Observação: se aparecerem circunstâncias agravantes e atenunates, não se tornam

necessário a alteração da inicial, uma vez que estas poderão ser reconhecidas de

ofício pelo juiz, na hora da decisão.

Exemplo que pode ser dado é o da denúncia feita em face de uma

mulher por homicídio doloso pela morte de um recém nascido qualquer.

Entretanto, no decorrer da instrução criminal fica demonstrado que o recém

nascido era filho desta mulher (acusada) e que a mesma agiu sob efeito do estado

puerperal; logo a peça inicial tem que ser alterada não só em sua classificação,

tendo que ocorrer verdadeira modificação do contexto fático.

2) Modalidades:

Pelo que se encontra preceituado no artigo 384 do CPP, pode-se

vislumbrar duas espécies de mutatio libelli: a que requer aditamento da peça

inicial e a que não requer aditamento da peça inicial.

Estudaremos cada uma delas a seguir.

a) Mutatio libelli sem aditamento (aditamento facultativo):

Supervisor
Realce
Page 53: Apostila de P. Penal II

Encontra-se prevista no caput do artigo 384 do CPP. Neste caso se

surgir elemento ou circunstância nova durante a instrução criminal que enseja a

alteração na descrição jurídica do fato, mas tal alteração não vai mudar a pena a

ser aplicada, ou a modifique para menos (reduzindo-a), o juiz deverá apenas

baixar os autos, oferecendo oportunidade para a defesa, no prazo de 8 dias, se

manifestar, e caso queira produzir provas (podendo inclusive requerer a oitiva de

até três pessoas).

Destarte, não se torna obrigatória o aditamento da peça inicial

Exemplo: pessoa denunciada no artigo 157 (pena de 4-10 anos), no

decorrer da insturção fica demonstrada que o fato praticado é do artigo 155 (pena

de 1-4 anos), neste caso a pena é menor devendo o juiz adotar o procedimento

acima descrito, porém nada impede que ele abra vista para a acusação aditar

(hipótese de desnecessidade de aditamento ou aditamento facultativo).

Exemplo de penas iguais: denuncia por furto simples , mas fica

demonstrado no decorrer da instrução que o crime é de recpetação simples (pena

inferior). Neste caso adotada-se o mesmo procedimento.

A providência prevista no artigo em estudo é obrigatória, ou seja, o

juiz tem que assim proceder sob pena de nulidade.

b) Mutatio Libelli com aditamento:

Encontra-se previsto no artigo 384 CPP, em seu parágrafo único.

Neste caso, surgindo novas circunstâncias ou elementos durante a instrução

criminal que acaba por ensejar a alteração da qualificação jurídica e em

conseqüência um aumento na pena (pena mais grave) o juiz deverá adotar as

medidas previstas no parágrafo único do artigo 384; qual seja:

Primeiro deverá abrir vistas ao MP a fim d e que o mesmo adite a

denúncia no prazo de 3 dias. Terá, portanto, o MP amoldar a acusação aos novos

termos, acrescentando circunstâncias e elementos na peça inicial.

Posteriormente deverá o juiz abrir vistas para a defesa, no prazo de

três dias, com o escopo de oferecer provas e arrolar até três testemunhas.

Ressalta-se que a sentença condenatória será nula em caso de mutatio

libelli quando não se procede ao aditamento, uma vez que estará se ferindo o

principio da ampla defesa.

Se o juiz baixar os autos para o MP e este entender que não é caso de

aditamento, o que ocorrerá? Neste caso o juiz remeterá os autos para o Procurador

Geral de Justiça que decidirá se faz ou não o aditamento, ou se nomeia outro

promotor para tanto (conforme artigo 28 do CPP).

Pode o MP proceder aditamento sem necessidade de provocação, a

todo tempo, caso ele julgar necessário.

Page 54: Apostila de P. Penal II

3) Mutatio libelli em segunda instância:

Não cabe mutatio libelli em segunda instância ao contrário do

previsto para o caso de emendatio libelli

Para tanto deve-se observar e estudar a Súmula 453 do STF.

Se no decorrer da apelação, ficar reconhecida como necessária a

adoção das providências contidas no artigo 384 parágrafo único, o Tribunal não

poderá anular mais a decisão. Devendo neste caso apenas decretar a absolvição

4) irrecorribilidade da decisão que reconhece a mutatio libelli:

A decisão do juiz que reconhece a mutatio libelli, seja com ou sem

aditamento, não é passível de recurso.

5) cabe aditamento na ação penal privada exclusiva?

Maior parte da doutrina não aceita. Entretanto existe entendimento

contrário.

SENTENÇA ABSOLUTÓRIA

Neste caso o juiz ao sentenciar acaba por não acolher a pretensão

punitiva.

O Código de Processo Penal, em seu artigo 386 prevê sentença

absolutória em seis hipóteses; onde passa-se a observar cada uma desta hipóteses

em seguida.

Artigo 386, inciso I – provada a inexistência do fato

Neste caso, no decorrer da instrução criminal fica demonstrada a

inocorrência do fato, trazendo uma importante repercussão na seara cível, uma

vez que fica impedida a propositura da ação civil ex delicto. Como pode se

observar o artigo 66 do CPP, ao dispor que a declaração da inexistência do fato

obsta por completo a postulação da indenização na esfera civil.

Artigo 386, inciso II- Não haver prova da existência do fato.

Neste caso o fato pode ter existido, mas não há provas de sua

ocorrência. È passível de ajuizamento na área cível de reparação de perdas e

danos. FALTAM PROVAS.

Artigo 386, inciso III- não constituir o fato infração penal. Se

somente no momento de proferir a sentença o juiz observar que o fato analisado

no processo não constitui crime deverá absolver o réu com base neste inciso.

Page 55: Apostila de P. Penal II

Observação: Se que o juiz pode julgar extinto o processo sem julgamento de

mérito a qualquer momento, se ele constatar a inexistência da infração penal no

curso do processo.

Se o juiz verificar a atipicidade no momento da propositura da peça

inicial, deverá rejeitá-la com fulcro no artigo 43, I do CPP.

A absolvição com base neste inciso não impede a propositura da

ação de indenização, tudo com base no artigo 67, inciso III do CPP; uma vez que

um fato pode não ser crime, mas ser um ilícito civil.

Artigo 386, inciso IV- Não ter prova de ter o réu concorrido para a

infração penal.

Não existem provas de que o réu tenha participado na infração penal.

É passível de ação de reparação de perdas e danos. FALTAM PROVAS.

Artigo 386, inciso V- existir circunstância que exclua o crime ou

isente o réu de pena.

Neste caso ocorrem as chamadas excludentes de ilicitude e de

culpabilidade.

O artigo 65 do CPP determina que faz coisa julgada na seara cível a

sentença que penal que reconhece a excludentes de ilicitude (justificantes).

Observação deve ser feita quanto ao chamado terceiro inocente, onde caberá a

indenização contra o autor do fato, que depois poderá regressar posteriormente

contra o individuo provocador. Exemplo é o caso do motorista do veículo que

para evitar um atropelamento de um pedestre imprudente, acaba por danificar um

outro veículo estacionado. Neste caso o motorista não responde penalmente, uma

vez que agiu em estado de necessidade, mas deverá reparar o dano civil, e depois

entrar em regresso contra o pedestre.

Artigo 386, inciso VI- não existir provas suficientes para a

condenação.

Ocorre a aplicação do principio do favor rei. Onde as provas

carreadas aos autos não são suficientes para gerar um decreto condenatório, não

se tento certeza do que realmente aconteceu.

Observações:

1) o rol do artigo 386 é taxativo

2) O réu pode apelar da própria sentença que o absolveu a fim de

que seja mudado o fundamento legal de sua absolvição.

Efeitos da sentença absolutória:

Encontram-se previstos no artigo 386 parágrafo único do CPP

Page 56: Apostila de P. Penal II

DIREITO PROCESSUAL PENAL II

AULA DE NULIDADES

Noções introdutória

Ato inexistente

Ato irregular

Nulidade relativa

Nulidade absoluta

Princípios referentes as nulidade

Estudo do artigo 564

Convalidação (saneamento)

1) Noções introdutórias

A princípio é importante ressaltar que todos os atos processuais-

sejam das partes, do juiz e de terceiros- são realizados com o fim de se chegar à

decisão judicial final. Para tanto existem os ritos processuais que servem como

um intinerário definido em lei.

São justamente os ritos procedimentais que organizam a participação

dos sujeitos do processo com o escopo de edificar o provimento jurisdicional.

Mougenot assim descreve: “Com efeito a lei processual, ao tipificar

os procedimentos e atos processuais, o faz de modo a colocar em favor das partes

o aparato necessário à tutela de seus direitos e, ao mesmo tempo, a delimitar o

modo do exercício da jurisdição.”

Quando o ato processual praticado não é realizado de acordo com as

condições de validade, sobre ele poderá recair uma nulidade.

Nulidade, desta forma, é um vício decorrente da inobservância de

exigências legais, que por sua vez podem gerar a invalidação do processo em sua

totalidade ou parte.

Para o estudo da nulidade deve-se atentar que a mesma deve ser

estudada sob a luz do princípio da instrumentalidade das formas (pas de nullité

sans grief)- princípio atinente aos atos e formas processuais-; onde um ato

processual somente deverá ser declarado nulo se ele puder causar prejuízo para as

partes ou para o regular exercício da jurisdição.

Portanto, para que um ato processual seja reconhecido como nulo,

não basta que ele esteja em desconformidade com a forma delineada em lei, pois

deverá, ainda, causar prejuízo para qualquer das partes, ou influir na apuração da

verdade e consequentemente na decisão da causa.

Adota-se o sistema da instrumentalidade das formas e não mais o

sistema formalista ou da legalidade das formas. – vide artigo 563 do CPP.

Page 57: Apostila de P. Penal II

Outro ponto a ser observado é de que a nulidade deve ser analisada

sob duplo aspecto, quais sejam: como vício e como sanção.

Como vício a nulidade é vista como um defeito do ato processual,

isto é foi realizado em desconformidade com a preceituação legal;

E como sanção, onde a nulidade surge como uma forma de invalidar

o ato processual, retirando-lhe determinados efeitos jurídicos.

Por último cabe ressaltar que a nulidade, no direito processual,

somente poderá ser reconhecida por meio de decisão judicial. Portanto a

invalidade de um ato processual ou mesmo do processo estará sujeito sempre de

manifestação judicial.

Diante da irregularidade na prática do ato processual, os atos poderão

ser nulos, irregulares e inexistentes.

2) Atos irregulares:

Pode ocorrer que o vício do ato praticado em dissonância com a

forma legal é insignificante, não sendo capaz de gerar a sua invalidação. Não vai

gerar sua nulidade desde que o vício não causa prejuízo.

Isto vem a demonstrar o desapego ao formalismo exarcebado por

parte do legislador, e isto ocorrerá quando apesar de praticado em desacordo com

a forma legal, o ato atingir a finalidade visada pela lei.

Os atos irregulares não precisam ser renovados, nem retificados, uma

vez que são plenamente válidos e eficazes.

Observação importante pode ser retirada do artigo 564, IV do CPP ao

dizer que a nulidade somente ocorrerá se ocorrer uma omissão de formalidade

relativa a elemento essencial do ato. Ora, se a formalidade não atendida não era

essencial, ocorrerá apenas uma irregularidade e não uma nulidade.

Exemplo de ato irregular se encontra no termo de interrogatório sem

assinatura do escrevente.

3) Atos inexistentes:

Ato inexistente é aquele ato que não está apto para produzir efeitos

jurídicos.

Ato inexistente não são considerados atos jurídicos simplesmente

pelo fato de não possuírem requisitos essenciais exigidos em lei.

Para que um ato jurídico exista é indispensável a existência de alguns

elementos essenciais- Ato inexistente é chamado de “não ato”.

Page 58: Apostila de P. Penal II

A inexistência pode ser material e jurídica.

Inexistência material ocorrerá quando o ato não possui sequer uma

realidade palpável.

Inexistência jurídica ocorrerá quando o ato é realizado

materialmente, porém sem os elementos essenciais.

Exemplo: uma folha de papel que contém uma sentença assinada por

um escrivão (inexistência jurídica)- porque assinada por uma pessoa que não é

investida na função jurisdicional.

Se esta folha nem existe fala-se em inexistência material.

A inexistência do ato não vem especificada em um texto legal,

caberá sim ao intérprete observar e reconhecer os caso de total desconformidade

do ato com o modelo legal o que o impossibilita de adquirir existência jurídica.

4) Espécies de nulidade:

Como visto acima nulidade pode ser vista como vício (defeito de que

sofre o ato processual), bem como sanção jurídica decorrente deste vício.

Visto também que o reconhecimento desta nulidade somente pode se

dar por meio de uma decisão judicial, onde o ato somente perderá sua eficácia

quando for declarado nulo judicialmente.

A nulidade pode ser classificada de acordo com o grau de interesse

produzido pela norma, podendo ser absoluta e relativa.

4.1) Nulidade relativa ocorrerá quando existir violação de exigência

estabelecida pelo ordenamento legal (no caso infraconstitucional), há interesse

das partes e não da ordem pública.

Nesta espécie de nulidade deverá haver a argüição da mesma pela

parte prejudicada, que deverá esclarecer e demonstrar o prejuízo causado pelo ato

viciado. Eta argüição deverá ser feita em momento oportuno, conforme estipula o

artigo 571 do CPP, já que não argüida no momento, será sanada a irregularidade

(vício).

Portanto, vislumbra-se que a nulidade relativa é sanável, pode ser

convalidada.

Tem que haver a comprovação do prejuízo (não há a presunção).

Exemplo: inversão da ordem das testemunhas, deficiência da defesa

(# da ausência de defesa, que gera nulidade absoluta).

4.2) Nulidade absoluta neste caso ocorre uma violação a

formalidades previstas em texto constitucional, e não meramente estabelecida em

lei infraconstitucional. Há uma violação a preceitos/princípios constitucionais

Page 59: Apostila de P. Penal II

(como o do devido processo legal, contraditório, ampla defesa, publicidade,

motivação das decisões, juiz natural, dentre outros mais).

Nesta espécies o prejuízo é presumido, uma vez que as exigências

não observadas visam a garantir o interesse da ordem pública e não mero

interesse das partes.

A nulidade absoluta pode ser reconhecida e alegada a qualquer

tempo, não havendo a possibilidade de convalidação (não pode ser sanada).

Ponto importante a ser observado diz respeito ao fato de que a

nulidade absoluta pode ser reconhecida ex officio pelo juiz, em qualquer fase do

processo.

Por último oportuno dizer que o prejuízo é presumido, não havendo

necessidade de comprovação.

Observação: súmula 160 do STF >> proibido é o reconhecimento de nulidade,

tanto absoluta quanto relativa, de oficio pelo Tribunal quando esta causar prejuízo

ao réu.

5) Princípios referentes as nulidades:

a) princípio da instrumentalidade dos atos processuais:

Previsto no artigo 566 do CPP, segundo ele “não será declarada a

nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade

substancial ou na decisão da causa.”

Neste caso praticado o ato e este venha a alcançar o seu objetivo

legal, deverá prevalecer, ainda que praticado em desacordo do estipulado em lei, e

desde que não tenha havido prejuízo para as partes.

Mesmo sentido está o artigo 572, II do CPP ao prever que deverá se

relevar determinadas irregularidades, caso o ato tenha sido praticado de outra

forma, mas alcançado o seu fim.

b) Princípio do interesse:

Previsto no artigo 565 do CPP, dispõe que: “nenhuma das partes

poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou

referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.”

Deste princípio se observa: 1º) que veda-se de modo absoluto a

invocação da nulidade por parte de quem tenha dado causa a mesma. Existe com

escopo de se evitar que a parte que deu causa a nulidade venha a tirar proveito da

própria má-fé ou malícia;

2º) para argüir a nulidade a parte tem

que ter interesse na mesma (para invocar nulidade deve a parte possuir interesse

em sua decretação).

Page 60: Apostila de P. Penal II

Observação dever ser feita quanto ao artigo 251 do CPP em que o

juiz poderá reconhecer de oficio nulidade existente no feito, seja absoluta ou

relativa, uma vez que ele possui o dever de prover à regularidade do processo.

c) princípio do prejuízo:

Também chamado de princípio da transcedência, possui previsão

legal no artigo 563 do CPP.

Este princípio vem a declarar que a nulidade somente poderá ser

decretada em atos irregulares praticados que vierem a causar prejuízo a qualquer

das partes.

Só existirá a nulidade frente a prejuízo.

No caso de nulidade absoluta o prejuízo é presumido.

No caso de nulidade relativa o prejuízo tem que ser comprovado.

Vislumbra-se claramente esta distinção ao se analisar a súmula 523

do STF.

d) princípio da causalidade:

Previsto no artigo 573 § 1º ao dispor que: “ a nulidade de um ato,

uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam

conseqüência”.

Serão atingidos, desta forma, apenas os atos dependentes ou

conseqüentes do ato viciado.

Exemplo dado pela doutrina clássica se encontra naquele fato em

que se procede a oitiva de uma testemunha de defesa, ainda no decorrer da prova

oral acusatória. Desta forma basta anular a prova testemunhal de defesa, não

sendo necessário a anulação de todas as testemunhas de acusação já ouvidas.

No momento em que o juiz declara a nulidade, deverá também dizer

a quais atos elas se estende.

e) Princípio da conservação:

Correlacionado ao princípio anterior, onde os atos processuais que

não tenham correlação (dependência ou conseqüência) com o ato anulado,

deverão ser mantidos, ou seja, aproveitados.

Vide artigo 567 do CPP: a incompetência do juízo anula somente os

atos decisórios.

f) princípio da convalidação:

Somente aplicável aos casos de nulidade relativa. Onde as nulidade

relativas poderão ser sanadas, se não forme argüidas em tempo oportuno, de

acordo com o artigo 572, inciso I do CPP.

Em atenção ao princípio da economia processual, a lei permite que

haja o saneamento de atos viciados mediante determinados remédios.

Page 61: Apostila de P. Penal II

O CPP em seu artigo 571 estabelece os momentos em que as

nulidades relativas devam ser alegadas, sob a pena de convalidação do ato

viciado.

Também há os casos dos artigo 569 e 570

g) princípio da não preclusão e do pronunciamento ex officio.

As nulidades absolutas não são passiveis de preclusão, bem como

podem ser reconhecidas independentemente da argüição da parte.

A nulidade absoluta pode ser reconhecida até o momento anterior ao

trânsito em julgado da decisão.

Exceção encontra-se na súmula 160 do STF, em que prevê a

possibilidade em que a nulidade absoluta somente poderá ser reconhecida por

expressa argüição da parte contrária (não pode ser reconhecida de oficio).

Exceção a esta exceção existe no caso da incompetência absoluta,

uma vez que neste caso o vício é tão grave, que não há como deixar de reconhecê-

lo. (mesmo que haja prejuízo para o acusado e a acusação não tenha falado em

recurso).

6) Das nulidades do artigo 564 do CPP:

As nulidades previstas no artigo 564 são meramente

exemplificativas, podendo existir outras nulidades em razão de descumprimento

de preceito constitucional, ou outras nulidades previstas em normas jurídicas

diversas.

O artigo 564 do CPP dispõe que ocorrerá nulidade nos seguintes

casos:

Inciso I- Por incompetência, suspeição ou suborno do juiz.

1) Incompetência pode ser absoluta ou relativa.

Na incompetência absoluta que será nos casos de rationae materiae e

rationae personae, o processo será nulo, não sendo possível se aproveitar

quaisquer atos já realizados – todos os atos processuais, sejam atos decisórios,

postulatórios ou instrutórios.

Na incompetência relativa que ocorrerá no caso de rationae loci, de

acordo com o artigo 567 do CPP somente serão anulados os atos decisórios, onde

todos os demais atos processuais continuaram valendo (postulatórios e

instrutórios) e o processo ser remetido a juiz competente.

2) suspeição e impedimento

Page 62: Apostila de P. Penal II

Trata-se de caso de nulidade absoluta, sendo considerado nulos os

atos praticados pelo juiz suspeito.

Apesar de não haver previsão para o impedimento, a maioria da

doutrina entende ser caso de nulidade absoluta.

3) suborno do juiz.

Caso de nulidade absoluta, sendo os seus atos considerados nulos.

Inciso II- Por ilegitimidade de parte:

Primeiro deve-se observar quanto a ilegitimidade ad causam (para a

causa). Neste caso a nulidade será absoluta.

Exemplo: no caso de ação penal proposta contra menor de 18

anos- que é um caso de ilegitimidade passiva

No caso dede ação publica ter sido iniciada por queixa-

ilegitimidade ativa.

Em segundo plano deve ser analisada a ilegitimidade para o processo

– ilegitimidade ad processum-. Ocorrerá a nulidade relativa é o que se pode

observa da análise do artigo 568 do CPP, onde poderá ocorrer a convalidação dos

atos irregularmente praticados

Inciso III- Por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:

È importante destacar o seguinte: “fórmula” é igual regra e “termo” é

igual a ato.

Os atos elencados nas alíneas deste inciso são considerados essências

e suas ausências terão como sanção a nulidade absoluta. Já os atos não

mencionados neste inciso não são considerados essências, e, portanto, sua

ausência apenas acarretará a nulidade se vierem a causar prejuízo para as partes.

“A”- ausência da denúncia, queixa e representação.

Neste caso se estiverem ausentes quaisquer requisitos considerados

essências em uma denúncia ou queixa ocorrerá a nulidade absoluta.

A ausência de representação ou da requisição do Ministro da justiça

(condições de procedibilidade) acarretará a nulidade do feito.

Se a ausência for de pontos de menos importância, poderá haver a

supressão a qualquer tempo, antes da sentença final conforme preceitua o artigo

569 do CPP

Por fim, quanto a “portaria e auto de prisão em flagrante nos

processos de contravenção”, não há mais a aplicação mais a parte final desta

alínea ante a constituição federal não permitir mais os procedimentos de oficio.

Page 63: Apostila de P. Penal II

“B”- ausência do corpo de delito nos crimes que deixam vestígio,

salvo hipótese do artigo 167 do CPP.

Nos casos em que o crime deixa vestígios a ausência do exame de

corpo de delito é causa de nulidade absoluta (pois não há como se provar a

materialidade do delito).

A exceção diz respeito aos casos em que é possível que a prova

testemunhal venha a suprir a ausência do corpo de delito face a impossibilidade

deste ser realizado ante o desaparecimento dos vestígios.

Ver Súmula 361 do STF: onde diz que o processo penal é nulo se a

perícia for realizado por um só perito. Discussão existe quanto à possibilidade de

ser realizado por um só perito se este for perito oficial.

“C”- Nomeação de defensor ao réu presente, que não o tiver, ou ao

ausente, e de curador para o menor de 21 anos.

A ampla defesa, conforme preceitua a Constituição Federal,

ambrange a autodefesa e defesa técnica. A defesa a ser realizada por um

advogado tecnicamente habilitado é condição indeclinável para o processo penal

verdadeiro. Portanto a ausência de defesa é causa de nulidade absoluta, vide

artigo 261 do CPP.

Vide também súmula 523 do STF

Quanto ao menor de 21 anos as necessidade de curador já não mais

existe, ante o novo Código civil de 2002.

“D”- intervenção do MP em todos os termos da ação por ele

intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de ação pública.

Tem o MP o dever de intervir em todos os atos da ação que ele

propôs, sob pena de nulidade absoluta.

Entretanto, quando se tratar de ação penal privada (subsidiária,

personalíssima e exclusiva) a nulidade é apenas realtiva.

Não existe a possibilidade de o juiz nomear promotor ad hoc para

determinado ato ante a ausência injustificada do representante do MP.

“E”- ausência de citação do réu para ver-se processar, o seu

interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa.

A ausência de citação é causa de nulidade absoluta já que ocorre a

quebra por total do princípio constitucional do contraditório. Entretanto deve ser

observado o artigo 570 do CPP.

A ausência do interrogatório quando presente o réu, gera nulidade

(que varia de acordo com doutrinadores, podendo ser absoluta ou relativa). Pois o

interrogatório é tanto meio de prova quanto meio de defesa.

Page 64: Apostila de P. Penal II

A supressão ou diminuição dos prazos concedidos para a defesa ou

acusação gera nulidade. (pode ser absoluta ou relativa de acordo com

doutrinadores).

“F”- ausência da sentença de pronúncia, do libelo e da entrega da

respectiva cópia com o rol de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do

Júri.

A ausência da sentença de pronúncia (que reconhece a

admissibilidade da acusação e remete o réu ao julgamento perante o Tribunal do

júri) é causa de nulidade absoluta.

A ausência do libelo (que é a exposição da acusação baseada na

decisão de pronúncia) gera a nulidade absoluta.

A apresentação do libelo em desacordo com o artigo 417 do CPP

também é causa de nulidade absoluta.

Deve existir um libelo para cada réu.

A falta da entrega de cópia do libelo ao réu também é causa de

nulidade, entretanto neste caso surge divergência quanto ao fato desta nulidade

ser absoluta ou relativa.

“G”- a ausência da intimação do réu para a sessão de julgamento

pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia.

Nos crimes inafiançáveis não pode haver o julgamento do réu -no

tribunal do júri- a revelia (tem que estar presente), necessário, destarte, a

intimação do acusado.

Se houver o julgamento a revelia ocorrerá a nulidade absoluta.

Entretanto, se o réu comparecer, mesmo não tendo sido intimado, a ausência será

sanada.

“H”- a ausência da intimação das testemunhas arroladas no libelo e

na contrariedade do libelo, nos termos estabelecidos pela lei.

È causa de nulidade relativa, cabendo a parte argüir a nulidade e

demonstrar o prejuízo.

Observação quanto as testemunhas que residem fora da comarca em

que se realiza o julgamento, uma vez que não estão obrigadas comparecer em

juízo.

“I”- a presença de pelo menos 15 jurados para a constituição do júri.

È causa de nulidade absoluta a instalação da sessão do tribunal do

júri sem a presença de pelo menos 15 do total de 21 jurados sorteados para a

sessão.

Page 65: Apostila de P. Penal II

“J”- o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e

a incomunicabilidade.

A ausência de sorteio para a composição do conselho de sentença

gera a nulidade absoluta do julgamento.

A incomunicabilidade dos jurados (entre si e com o mundo exterior)

é imprescindível, caso haja a quebra desta incomunicabilidade deverá o jurado ser

excluído e o conselho deve ser dissolvido.

“K”- ausência dos quesitos e as respectivas respostas.

A ausência de quesitos obrigatórios ou a inversão da ordem

constituída em lei ocasionará a nulidade absoluta.

Vide Súmula 156 do STF.

“L”- ausência de acusação e defesa na sessão de julgamento.

A lei exige que o acusador e defensor estejam presentes e se

manifestarem sobre o caso apresentado, devendo, desta forma, apresentar

argumentos que considerem importantes.

A acusação, em regra representada pelo ministério Público, cabe

sustentar a acusação, pleiteando a condenação do réu. Contudo, poderá o MP,

caso não exista elementos suficientes para a condenação, ou caso esteja

convencido da inocência do réu, pedir a absolvição do acusado (acordo 385 do

CPP).

Para a defesa não existe esta possibilidade, devendo defender o os

interesses do acusado, de forma alguma pode pedir a condenação.

Defesa ausente gera nulidade absoluta, defesa deficiente gera

nulidade relativa, devendo ficar demonstrado o prejuízo.

“M”- falta de sentença.

A ausência de sentença ou a existência de uma sentença que não

contenha os requisitos essenciais previstos em lei, será causa de nulidade

absoluta.

A sentença, para ser válida, deve conter o relatório, a fundamentação,

dispositivo e a data e assinatura do juiz que a prolata.

“N”- ausência do recurso de oficio, nos casos estabelecidos em lei.

A lei prevê em alguns casos a necessidade de que uma sentença

proferida em primeiro grua seja submetida, necessariamente, a apreciação de um

tribuna de segunda instância, para que possa a decisão transitar em julgado

È o chamado recurso de oficio, necessário ou obrigatório.

È uma condição para que ocorra o trânsito em julgado da decisão.

Observa-se que a ausência do recurso de oficio não anula a sentença

proferida em primeiro grau de jurisdição, mas apenas impede que ocorra o

trânsito em julgado da mesma.

Page 66: Apostila de P. Penal II

Vide Súmula 423 do STF

Último ponto a ser observado diz respeito que caso ocorra o recurso

voluntário, suprida estará a ausência do recurso necessário (de oficio).

“O”- A ausência de intimação, nas regras estabelecidas em lei, para a

ciência de decisões e despachos de que caiba recurso.

Intimar significa dar ciência a alguém de atos e termos do processo, a

fim de que esta pessoa faça ou deixe de fazer alguma coisa (artigo 234 do CPC).

A ausência de intimação causa cerceamento da acusação ou defesa,

logo leva a nulidade. Dar ciência de determinados atos processuais é condição

indispensável para o exercício do contraditório.

Entendimento doutrinário existe quanto a nulidade ser absoluta, bem

como existem entendimentos de que o caso é de nulidade relativa.

Vide artigo 370, § 1º do CPP.

“P”- ausência de quorum legal nos julgamentos do STF e nos

tribunais de apelação.

Portanto, nos julgamentos, deve haver o número mínimo de

integrantes de um órgão colegiado para que se possa instalar a sessão de

julgamento.

O não respeito ao quorum legal gera nulidade absoluta.

Artigo 654 inciso IV-

Por omissão de formalidades que constitua elemento essencial do ato.

Logo se observa que existem formalidades essências e não

essenciais.

Essenciais são as formalidades caso não observadas que vão gerar a

nulidade do ato processual, presumindo-se o prejuízo.

Não essenciais ou acidentais são as formalidades que uma vez não

observadas podem gerar a nulidade relativa do ato processual, porém deverá ser

provado o prejuízo (é passível de convalidação).

No parágrafo único do artigo 564:

A nulidade poderá ocorrer, ainda, em face de deficiência dos quesitos ou de suas

respostas ou em razão da contradição das repostas.

No tribunal do júri a deficiência ou inversão da ordem legal dos

quesitos gera a nulidade do julgamento.

Geram a nulidade do julgamento também a deficiência das respostas

ou a contradição entre elas.

Page 67: Apostila de P. Penal II

Vide súmula 162 do STF

Por fim cabe salientar que além dos casos enumerados no artigo

acima estudado é possível a existência da nulidade quando os atos processuais

forem praticados sob a violação de princípios constitucionais ou processuais,

mesmo que não exista previsão legal para esta nulidade.

7) Convalidação dos atos atípicos:

O princípio da convalidação, que vigora nas nulidades relativas,

prevê que é possível que um ato processual irregularmente praticado venha a ser

convalidado, sanando-se desta forma os seus vícios.

São formas de saneamento:

7.1) Preclusão: onde existe um tempo certo para que haja a argüição

da nulidade relativa. Não sendo argüida no momento oportuno, as nulidades

relativas serão sanadas. (artigo 572, inciso I do CPP).

Os momentos encontram-se no artigo 571 do CPP

7.2) ratificação dos atos processuais praticados por representante

ilegítimo da parte (artigo 568 do CPP).

7.3) suprimento das omissões da denuncia, queixa ou representação,

desde que realizado antes da sentença final (artigo 569 do CPP);

7.4)quando o ato atingir a sua finalidade, ainda que praticado de

outra forma (572, II do CPP);

7.5) Comparecimento do interessado ao ato para qual deveria ter sido

citado, intimado ou notificado (artigo 570 do CPP) e

7.6) Transito em julgado da sentença desde que não seja nulidade

absoluta que favoreça o réu.

Page 68: Apostila de P. Penal II

DIREITO PROCESSULA PENAL II

DOS RECURSOS

1ª PARTE

DA TEORIA GERAL DOS RECURSOS

1) Conceito:

Trata-se de uma tarefa difícil a conceituação de recurso, recebendo uma

definição, segundo o doutrinador Nestor Távora, em sua obra curso de direito Processual penal,

como sendo: “é o meio voluntariosos destinado à impugnação das decisões, afigurando-se

como remédio de combater a determinado provimento, dentro da mesma relação jurídica

processual, propiciando a sua re-análise.”

A palavra recurso advém do latim re currere, que nos trás a idéia de retrocesso,

volta. Voltar ao caminho percorrido, dentre outras.

2) das características:

Da conceituação acima explicitada podemos observar os seguintes características

dos recursos, quais sejam:

a) São voluntários: trata-se de uma ação voluntariosa, ficando, desta forma, a critério das

parte interporem ou não o recurso, de acordo com a conveniência de cada qual; (é um

direito e não uma obrigação).

Observação de faz quanto ao fato de que não pode ser considerado como recurso os casos

de reexame necessário (exemplo: recurso de oficio)

b) ocorre dentro da mesma relação jurídica processual, ou sejam não criam uma nova

relação processual. Não podendo ser considerado como recurso as seguintes ações

autônomas: hábeas corpus, mandado de segurança e revisão criminal (apesar de

objetivarem impugnar uma decisão).

c) possui a finalidade de invalidar, esclarecer ou reformar a decisão questionada.

3) da natureza jurídica:

Muito se discute quanto a natureza jurídica do recurso, ou seja, saber o qual a

sua essência, conteúdo.

Três são as teorias quanto a natureza jurídica do recurso:

- uma entende que recurso nada mais é do que um desdobramento do direito de ação, enfim,

trata-se de uma continuidade da relação processual, em fase recursal, face ao inconformismo de

uma das partes para com a decisão proferida em primeiro grau (sendo esta primeira entendida

como majoritária pela doutrina pátria)

Page 69: Apostila de P. Penal II

- outra entende que o recurso é uma ação nova que vai existir dentro do mesmo processo, onde

a primeira ação se baseia em um fato, já a segunda ação (recurso ) se baseia em uma decisão;

- a última teoria dá ao recurso uma idéia de meio de se obter a reforma de uma decisão

proferida, o que se visa nele é mudar a decisão. Contudo deve-se salientar que alguns recursos

não visam alterar a decisão, mas sim anular ou substituir a decisão anterior.

4) dos fundamentos:

De forma universal os doutrinadores têm citado como fundamento dos recursos:

1- a necessidade psicológica do vencido, ou seja, a necessidade que o ser

humano possui de ver reapreciada uma decisão que lhe foi desfavorável;

2- a falibilidade humana, que também se encontra presente no julgador;

3- a coação psicológica que existe sobre o juiz de instancia inferior, ressaltando

que ele melhor julgará sabendo da possibilidade de que sua decisão será reapreciada;

4- possibilidade de julgamento por um órgão colegiado, composto por

magistrados mais experientes e de maior saber jurídico e por fim,

5- razões históricas

Cabe ressaltar que existem vários argumentos contrários aos recursos, mas que

não possuem força de atacar e derrubar, por conseguinte a legitimidade dos recursos, que

inclusive possuem previsão constitucional, basta a leitura do artigo 5º inciso LV da CF/88

São argumentos desfavoráveis ao recurso: a) de que são uma afronta o princípio

da economia processual (já que prolongam a manifestação judicial); b)não possui o recurso o

condão de garantir, por derradeiro, a justiça ao provimento final; c) ante a possibilidade de

existirem decisões conflitantes, pode vir a trazer descrédito para o poder judiciário e, d) podem

ser considerados inócuos, ou seja, sem qualquer beneficio quando o juízo ad quem se restringe

apenas a confirmar a decisão dada pelo juízo inferior.

5) dos princípios:

São princípios que regem o sistema recursal pátrio:

a) Principio da voluntariedade dos recursos:

Ponto controvertido quanto a este principio, haja vista que alguns doutrinadores vêem a

voluntariedade como característica do recurso e não como principio.

Faremos sua análise como principio, estando previsto no artigo 574 do CPP, ao dispor que “os

recursos serão voluntários”. Isto quer dizer que o recurso deve ser entendido como uma ato

volitivo, que decorre da manifestação de vontade da parte que queira ver reformada ou anulada

uma decisão.

b) Principio da taxatividade dos recursos

Prevê este principio que para a utilização de um recurso torna-se necessário que o

mesmo esteja previsto no ordenamento jurídico de forma expressa.

Page 70: Apostila de P. Penal II

Desta forma, observa-se que o rol de recursos existentes no CPP é numerus clausus, um

rol taxativo e não meramente exemplificativo

c) `Principio da unirrecorribilidade das decisões

O principio em analise descreve que para cada decisão judicial, em regra, caberá um

único recurso, ficando a parte responsável pela escolha do recurso adequado para o reexame

Comporta duas exceções, no caso de previsão expressa da legislação processual penal,

em que prevê a hipótese de se utilizar dois recursos ao mesmo tempo, no caso do recurso

especial ao STJ e do recurso extraordinário ao STF, quando uma decisão ofende a constituição

federal e a legislação infraconstitucional

A segunda exceção decorre do principio da variabilidade dos recursos

d) principio da variabilidade dos recursos:

preve este principio que a parte recorrente vir a desistir de um

recurso anteioremente interposto para que possa interpor um novo recurso,

sempre dentro do prazo legal (ou seja desde que o faça dentro do prazo estipulado

em lei).

È importante ressaltar que parte da doutrina brasileira entende que este principio

não possui mais aplicação, haja vista a chamada preclusão consumativa, siginificadndo isto que

uma vez interposto um recurso a parte recorrente perde a possibilidade de exercitar novamente

o direito ao recurso, ainda que interponha este outro recurso de forma tempestiva (ou seja

dentro do prazo legal).

e) principio da fungibilidade:

também chamada de teoria do recurso indiferente.

Neste principio vislumbra-se que caso a parte recorrente venha a interpor um

recurso de forma equivoca, e não tenha agido de má fé ou seja o caso de um erro grosseiro, é

possível que o juiz venha a reconhecer esta impropriedade, mandar processar o recurso

interposto em conformidade com o rito do recurso cabível para o caso, tudo conforme artigo

579 do CPP.

Desta forma, a parte que interpôs o recurso não seria prejudicada por ter

interposto um recurso ao invés do outro, contudo deve se atentar para que não fique

caracterizado erro grosseiro ou má fé.

f) principio da vedação da reformatio in pejus

Prevê o presente principio que fica proibida uma nova decisão que venha a

piorar a situação da parte recorrente.

Enfim, caso a defesa apresente um recurso, haja vista se encontrar insatisfeita

com o provimento jurisdicional proferido, enquanto a acusação na tenha recorrido, não poderá

esta nova decisão (a do recurso) vir a piorar a situação do réu.

g)Principio da conversão

Page 71: Apostila de P. Penal II

consiste o princípio em analise dizer que caso a parte recorrente venha a propor

um recurso em um órgão jurisdicional incompetente para a sua apreciação, deverá este órgão

jurisdicional que foi equivocadamente endereçado o recurso proceder a remessa dos autos para

o órgão jurisdicional competente.

6) impedimentos:

Alguns fatores podem vir a impedir o recebimento ou a normal tramitação do

recurso, ou seja existem casos em que o recurso fica impedido de ser processado ou conhecido,

sendo eles:

a) desistência: quando o réu, acompanhado de seu defensor, não deseja mais persistir no

seu incorformisomo para com a decisão, solicitando que o recurso cesse seu tramite.

b) Renuncia: se caracteriza pela manifestação da parte no sentido de que não deseja

recorrer da decisão, antes mesmo de impugna-la

Observação: desistência e renuncia são vedadas para o MP

c) deserção ocorre nos casos do: 1)artigo 595 do CPP: quando o réu foge, quando na

verdade deveria se recolher na prisão para recorrer (neste caso o STF vem entendo não

ser mais caso de deserção e deve ser dado prosseguimento ao recurso; 2) do artigo

806,§2º do CPP – quando não paga as custas devidas.

7) pressupostos ou requisitos de admissibilidade recursal:

Pressuposto é entendido como uma condição anterior necessária para que se

admita e atribua eficácia a determinado instituto.

No estudo do recurso para que o mesmo seja conhecido pelo órgão Ad quem,

torna-se necessário o preenchimento dos requisitos previstos em lei sob pena do recurso não ser

recebido.

Estamos falando do juízo de prelibação ou de admissibilidade do recurso juízo

este feito pelo próprio juízo recorrido (aquele juiz que prolatou a decisão impugnada). Esta

decisão tem caráter meramente declaratório sendo ela positiva ou negativa, será positiva

quando preenchidas os requisitos e caso não seja preenchido será negativa.

Portanto primeiro, em caso de recurso, observa-se se existe um “direito ao

recurso”, para depois analisar se existe o “direito em recurso” (análise da questão de mérito).

Quando estamos falando de juízo de prelibação, estamos falando no que tange ao

recurso ser ou não conhecido ou admitido e somente assim o será se estiverem presentes seus

pressupostos de admissibilidade.

Dos pressupostos:

Dos pressupostos objetivos:

a) Previsão legal

b) Forma prescrita em lei

c) Tempestividade

Farmeos uma analise de cada um deles a partir deste momento.

Page 72: Apostila de P. Penal II

Quanto a autorização ou previsão legal (cabimento) devemos ressaltar que para

que um recurso seja utilizado, mister que este esteja previsto em lei, além de ser o adequado

para impugnar a decisão questionada, portanto dentre os inúmeros recursos previstos em lei,

deve o recorrente observar qual é o indicado para impugnar a decisão (observação quanto ao

principio da fungibildiade que rege o recurso).

Quanto ao segundo pressuposto, sendo este a tempestividade, este consiste no

fato de que parte, que se considera prejudicada pela decisão dada, deva observar o prazo legal

para interpor o mesmo, sob pena de preclusão do direito de recorrer, haja vista que uma vez não

observada o prazo se encontrará precluso o recorrente o direito de recorrer. Cabe salientar

quanto a este pressuposto que os prazos processuais são contínuos e conectórios, ou seja, não se

interrompem em nenhuma hipótese e uma vez exauridos privam a oportunidade de realização

do ato processual.

Quanto a contagem de prazo observação deve ser feita quanto art. 798 §5º do

CPP, no que diz respeito aos marcos iniciais à contagem de prazo, quais sejam: da intimação,

da audiência ou cessão que se proferiu a decisão ou do dia em que a parte se manifestar nos

autos quanto a ciência inequívoca da decisão.

A contagem dos prazos processuais não há computação do dia do começo

incluindo-se a do dia do vencimento, vide súmula 310 do STF, 216 do STJ , 428, 448 e 710

todas do STF.

Observação também necessária quanto o art. 757 do CPP.

Por fim face à análise do terceiro pressuposto objetivo, qual seja a observância

das formas legais (a regularidade formal do recurso), devendo o interessado interpor o recurso,

nas formas estabelecidas em lei.

Estabelece o art. 578 caput do CPP que o recurso deverá ser interposto por

petição ou por termos nos autos, assinado pelo recorrente ou por seu representante (ressalta-se a

lei 9.800/99 que passou a permitir as partes a utilização do sistema de transmissão de dados e

imagens tipo fac símile ou outro simular para a prática de atos processuais que dependam de

petição escrita, devendo os originais ser entregues em juízo até 05 dias da data do término do

prazo).

Outro requisito é a ausência de fatos impedidos e extintivos, para que um recurso

seja admitido, além dos pressupostos acima especificados, torna-se necessária não presença de

qualquer fato que impeça o direito de recorrer ou que venha extinguir o recurso já admitido.

Fatos impeditivos:

São eles:

É a renúncia feita de forma expressa pela parte em não querer interpor ao recurso

ocasionando desta forma o transito em julgado e consequentemente a formação da coisa

julgada.

Fatos Extintivos:

Page 73: Apostila de P. Penal II

Por sua vez, fatos extintivos são aqueles que obstam a apreciação de um recurso

já interposto em virtude da desistência ou da deserção.

Dos pressupostos subjetivos, temos entre eles:

a) o interesse da parte

b) legitimidade

Quanto ao primeiro, qual seja, o interesse, este se encontra previsão legal no art.

577 §único do CPP, em que preceitua o seguinte:

Não se admitirá recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou

modificação da decisão

Quanto ao segundo pressuposto, a legitimidade, podemos visualizá-la no art. 577

caput do CPP, que dispõe da seguinte forma:

Que o recurso poderá ser interposto pelo MP, pelo querelante, pelo réu ou seu

procurador.

8) Efeitos do recurso.

Conforme visto anteriormente para que um recurso possa ser aceito e julgado, presente

devem estar os pressupostos recursais, sejam objetivos sejam subjetivos, bem como ausentes os

fatos impeditivos e extintivos.

Sendo positivo o juízo de prelibação, ou seja, admitindo-se o recurso, conseqüências

advirão com a espécie de recurso interposto, sendo eles impedir a preclusão, postergar o

transito em julgado, devolver a matéria impugnada ao órgão ad quem (efeito devolutivo),

estender o efeito da decisão benéfica a co-réu não recorrente, ou seja, efeito extensivo estão

presentes em todos os recursos, já os efeitos suspensivos, extensivo e regressivo são afetos

apenas alguns dos recursos, onde cada um desses efeitos são analisados de per si durante os

estudo dos recursos em espécie.

Impedir a preclusão: a lei processual prevê prazos para que haja interposição do recurso

e para que o mesmo seja aceito necessário é que vem interpor o recurso cabível

tempestivamente sob pena da ocorrência do fenômeno processual da preclusão, qual seja a

perda da oportunidade de praticar o ato pelo decurso do tempo. Desta forma interposto o

recurso este conhecido surge o efeito de afastar a preclusão.

Postergar o transito em julgado: transito em julgado como é de conhecimento significa

dizer que as decisões judiciais em determinado momento acabam por adquirir caráter

irreversíveis, ou seja, ocorre a insuscetibilidade de alteração do decisium. Logo o recurso uma

vez admitido faz com que evite que a decisão venha a transitar em julgado, haja vista a

continuidade do conflito em grau recursal.

Devolutivo: estabelece o efeito devolutivo a imediata transferência da matéria decidida

ao órgão ad quem, a fim de reapreciá-las nos exatos limites do pedido de reforma. O recurso

em seu efeito devolutivo, portanto faz com que a matéria recorrida seja apreciada por um órgão

com grau de jurisdição superior.

Page 74: Apostila de P. Penal II

Efeito suspensivo: efeito suspensivo impede que a decisão seja executada até o

julgamento do recurso trata-se de um efeito de caráter excepcional e, portanto a presença deste

efeito na espécie de um recurso deve estar previamente consignada em lei. Desta forma os

efeitos da decisão impugnada ficam suspensos enquanto o processo segue seus tramits normais.

Regressivo: encontra-se previsto no art 589 do CPP e prevê que somente poderá ter esse

efeito os recursos em sentido estrito e no agravo em execução, consistindo este efeito na

possibilidade do juiz que prolatou a decisão, reformar seu ato total ou parcialmente (chamado

de juízo de retratação) ou manter a sua decisão (chamado de juízo de sustentação), antes

mesmo de que os autos sejam remetidos ao tribunal.

Este juízo de retratação permite ao julgador reconhecer eventual injustiça ou erro que

vier a cometer.

Desta forma com efeito regressivo a lei permite que o mesmo órgão que proferiu a

decisão judicial exerça juízo de retratação, modificando-a.

Efeito extensivo: Art. 580 do CPP recebe o nome também de efeito interativo,

consistindo no caso em que haja mais de um réu o aproveitamento de uma decisão a co-réu não

recorrente, desde que essa decisão seja favorável e os motivos que a ensejarem não forem de

caráter exclusivamente pessoal, observa-se que o efeito extensivo é aplicável a todos os

recursos e ações impugnativas autônomas, sendo elas o Hábeas-Corpus e a decisão criminal.

Aponta a doutrina que o efeito extensivo não seria um efeito propriamente dito do

recurso, mas mera conseqüência da decisão.

Page 75: Apostila de P. Penal II

DIREITO PROCESSULA PENAL II

DOS RECURSOS

1ª PARTE

DA TEORIA GERAL DOS RECURSOS

1) Conceito:

Trata-se de uma tarefa difícil a conceituação de recurso, recebendo uma

definição, segundo o doutrinador Nestor Távora, em sua obra curso de direito Processual penal,

como sendo: “é o meio voluntariosos destinado à impugnação das decisões, afigurando-se

como remédio de combater a determinado provimento, dentro da mesma relação jurídica

processual, propiciando a sua re-análise.”

A palavra recurso advém do latim re currere, que nos trás a idéia de retrocesso,

volta. Voltar ao caminho percorrido, dentre outras.

2) das características:

Da conceituação acima explicitada podemos observar os seguintes características

dos recursos, quais sejam:

d) São voluntários: trata-se de uma ação voluntariosa, ficando, desta forma, a critério das

parte interporem ou não o recurso, de acordo com a conveniência de cada qual; (é um

direito e não uma obrigação).

Observação de faz quanto ao fato de que não pode ser considerado como recurso os casos

de reexame necessário (exemplo: recurso de oficio)

e) ocorre dentro da mesma relação jurídica processual, ou sejam não criam uma nova

relação processual. Não podendo ser considerado como recurso as seguintes ações

autônomas: hábeas corpus, mandado de segurança e revisão criminal (apesar de

objetivarem impugnar uma decisão).

f) possui a finalidade de invalidar, esclarecer ou reformar a decisão questionada.

3) da natureza jurídica:

Muito se discute quanto a natureza jurídica do recurso, ou seja, saber o qual a

sua essência, conteúdo.

Três são as teorias quanto a natureza jurídica do recurso:

- uma entende que recurso nada mais é do que um desdobramento do direito de ação, enfim,

trata-se de uma continuidade da relação processual, em fase recursal, face ao inconformismo de

uma das partes para com a decisão proferida em primeiro grau (sendo esta primeira entendida

como majoritária pela doutrina pátria)

- outra entende que o recurso é uma ação nova que vai existir dentro do mesmo processo, onde

a primeira ação se baseia em um fato, já a segunda ação (recurso ) se baseia em uma decisão;

Page 76: Apostila de P. Penal II

- a última teoria dá ao recurso uma idéia de meio de se obter a reforma de uma decisão

proferida, o que se visa nele é mudar a decisão. Contudo deve-se salientar que alguns recursos

não visam alterar a decisão, mas sim anular ou substituir a decisão anterior.

4) dos fundamentos:

De forma universal os doutrinadores têm citado como fundamento dos recursos:

1- a necessidade psicológica do vencido, ou seja, a necessidade que o ser

humano possui de ver reapreciada uma decisão que lhe foi desfavorável;

2- a falibilidade humana, que também se encontra presente no julgador;

3- a coação psicológica que existe sobre o juiz de instancia inferior, ressaltando

que ele melhor julgará sabendo da possibilidade de que sua decisão será reapreciada;

4- possibilidade de julgamento por um órgão colegiado, composto por

magistrados mais experientes e de maior saber jurídico e por fim,

5- razões históricas

Cabe ressaltar que existem vários argumentos contrários aos recursos, mas que

não possuem força de atacar e derrubar, por conseguinte a legitimidade dos recursos, que

inclusive possuem previsão constitucional, basta a leitura do artigo 5º inciso LV da CF/88

São argumentos desfavoráveis ao recurso: a) de que são uma afronta o princípio

da economia processual (já que prolongam a manifestação judicial); b)não possui o recurso o

condão de garantir, por derradeiro, a justiça ao provimento final; c) ante a possibilidade de

existirem decisões conflitantes, pode vir a trazer descrédito para o poder judiciário e, d) podem

ser considerados inócuos, ou seja, sem qualquer beneficio quando o juízo ad quem se restringe

apenas a confirmar a decisão dada pelo juízo inferior.

5) dos princípios:

São princípios que regem o sistema recursal pátrio:

d) Principio da voluntariedade dos recursos:

Ponto controvertido quanto a este principio, haja vista que alguns doutrinadores vêem a

voluntariedade como característica do recurso e não como principio.

Faremos sua análise como principio, estando previsto no artigo 574 do CPP, ao dispor que “os

recursos serão voluntários”. Isto quer dizer que o recurso deve ser entendido como uma ato

volitivo, que decorre da manifestação de vontade da parte que queira ver reformada ou anulada

uma decisão.

e) Principio da taxatividade dos recursos

Prevê este principio que para a utilização de um recurso torna-se necessário que o

mesmo esteja previsto no ordenamento jurídico de forma expressa.

Desta forma, observa-se que o rol de recursos existentes no CPP é numerus clausus, um

rol taxativo e não meramente exemplificativo

f) Principio da unirrecorribilidade das decisões

Page 77: Apostila de P. Penal II

O principio em analise descreve que para cada decisão judicial, em regra, caberá um

único recurso, ficando a parte responsável pela escolha do recurso adequado para o reexame

Comporta duas exceções, no caso de previsão expressa da legislação processual penal,

em que prevê a hipótese de se utilizar dois recursos ao mesmo tempo, no caso do recurso

especial ao STJ e do recurso extraordinário ao STF, quando uma decisão ofende a constituição

federal e a legislação infraconstitucional

A segunda exceção decorre do principio da variabilidade dos recursos

Disciplina: direito Processual Penal II

DOS RECURSOS

2ª PARTE

DOS RECURSOS EM ESPÉCIE

1) DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Noção: previsto no art. 382 do CPP, conhecido vulgarmente por embarguinhos, onde

prevê que: “qualquer das partes poderá no prazo de dois dias pedir ao juiz que declare a

sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade, contradição ou omissão”.

Muito se discute a cerca da natureza jurídica dos embargos de declaração onde parte da

doutrina entende que o mesmo seja de fato um recurso outra parte entende ser mero meio de

correição, contudo a doutrina majoritária prevê que se trata de um recurso a fim de clarear ou

completar decisão judicial já proferida.

Tal recurso não visa rediscutir o mérito da causa, mas tão somente conforme dito, dar a

oportunidade do órgão prolator da decisão impugnada, melhor esclarecer o decidido.

Cabimento: Cabível contra ato judicial com conteúdo decisório, caso a mesma contenha

qualquer dos vícios enumerados na lei do CPP art. 382 e 619, quais sejam eles, ambigüidade

(termos de dupla acepção) obscuridade (falta de clareza) e por ultimo contradição, ou seja,

afirmações que se opõe de tal maneiro no mesmo arrazoado.

Interposição: será feita por intermédio de petição dirigida ao mesmo órgão que proferiu

a decisão a qual se atribui.

Prazo: dois dias, prevista no CPP, contudo nos juizados especiais criminais o prazo é de

05 dias.

Processamento: a petição será endereçada ao próprio juiz que prolatou a sentença,

devendo conter os pontos em que a sentença apresente ambigüidade, obscuridade, contradição

ou omissão. Os embargos interpostos não apresentam efeitos regressivos ou suspensivos.

Julgamento: o juiz de primeiro grau proferira a sentença ou decisão acolhendo ou

rejeitando os embargos, devendo-se ressaltar o art. 620 caput do CPP que diz o seguinte: se não

forem preenchidas as condições enumeradas no caso de embargo de declaração, realizada junto

aos tribunais o relator indeferirá monocrática e preliminarmente os embargos de declaração.