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Cadernos de a C O L E Ç Ã O Globalização e Trabalho CA02_eja_iniciais.qxd 13.12.06 12:01 Page 1

Coleção Cadernos EJA - 05 Globalização e Trabalho

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C a d e r n o s d e

aCO

LE ÇÃO

Globalização e Trabalho

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A o longo de sua história, o Brasil tem enfrentado o problema da exclusão social que

gerou grande impacto nos sistemas educacionais. Hoje, milhões de brasileiros ainda

não se beneficiam do ingresso e da permanência na escola, ou seja, não têm acesso a um

sistema de educação que os acolha.

Educação de qualidade é um direito de todos os cidadãos e dever do Estado; garantir o

exercício desse direito é um desafio que impõe decisões inovadoras.

Para enfrentar esse desafio, o Ministério da Educação criou a Secretaria de Educação

Continuada, Alfabetização e Diversidade – Secad, cuja tarefa é criar as estruturas necessárias

para formular, implementar, fomentar e avaliar as políticas públicas voltadas para os grupos

tradicionalmente excluídos de seus direitos, como as pessoas com 15 anos ou mais que não

completaram o Ensino Fundamental.

Efetivar o direito à educação dos jovens e dos adultos ultrapassa a ampliação da oferta

de vagas nos sistemas públicos de ensino. É necessário que o ensino seja adequado aos que

ingressam na escola ou retornam a ela fora do tempo regular: que ele prime pela qualidade,

valorizando e respeitando as experiências e os conhecimentos dos alunos.

Com esse intuito, a Secad apresenta os Cadernos de EJA: materiais pedagógicos para o

1.º e o 2.º segmentos do ensino fundamental de jovens e adultos. “Trabalho” será o tema da

abordagem dos cadernos, pela importância que tem no cotidiano dos alunos.

A coleção é composta de 27 cadernos: 13 para o aluno, 13 para o professor e um com

a concepção metodológica e pedagógica do material. O caderno do aluno é uma coletânea

de textos de diferentes gêneros e diversas fontes; o do professor é um catálogo de ativi-

dades, com sugestões para o trabalho com esses textos.

A Secad não espera que este material seja o único utilizado nas salas de aula. Ao con-

trário, com ele busca ampliar o rol do que pode ser selecionado pelo educador, incentivan-

do a articulação e a integração das diversas áreas do conhecimento.

Bom trabalho!

Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – Secad/MEC

Apresentação

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Sumário

TEXTO Subtema

1. Parabolicamará Religiões e costumes 6

2. A carta de Pêro Vaz de Caminha A luta dos negros 8

3. A globalização como perversidade Diversidades regionais 12

4. Trabalhadores sindicalizados nos EUA Maturidade social 14

5. A globalização da língua Miscigenação 15

6. Samba do approach Crítica social 19

7. El mapa del español Trabalhadores 20

8. Os chineses na OMC Cultura suburbana 21

9. Meu coração em Faluja a luta dos negros 25

10. A era da incerteza Ambiente de trabalho 27

11. Gastos mundiais com a guerra Identidade nacional 29

12. O abismo que separa os fóruns social e econômico Ambiente de trabalho30

13. Um outro mundo é possível Índios do Brasil 32

14. Entenda a decisão da BolíviaImigração e culinária 34

15. Illegal in Miami Direitos civis 36

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16. Um dia sem imigrantes Origens dos trabalhadores 38

17. A logística cria o produto mundialÍndios do Brasil 39

18. A integração norte-americana 40

19. Metade da América do Sul já está ligada ao bloco Olhos da alma 42

20. Aldeia global Arte culinária 45

21. Próximos e distantesArte culinária 46

22. OIT afirma que há cada vez mais escravos da globalizaçãoArte culinária47

23. As mãos invisíveis do mercado Arte culinária 48

24. Escravos urbanos Arte culinária 49

25. Empregabilidade, globalização e futuro profissionalArte culinária 50

26. A nova ordem mundial 54

27. Na média, ou Bill Gates no restaurante 55

28. Bulhufas 57

29. Os caminhos do Novo Mundo 60

30. Flagelos humanos 61

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• Globalização e Trabalho6

Interação de cul turasTEXTO 1

PARA

BOLI

CAM

ARÁ Antes mundo era pequeno

Porque Terra era grandeHoje mundo é muito grande

Porque Terra é pequenaDo tamanho da antena parabolicamaráÊ, volta do mundo, camaráÊ, ê, mundo dá volta, camará

Antes longe era distantePerto, só quando davaQuando muito, ali defronteE o horizonte acabavaHoje lá trás dos montes, “den” de casa, camaráÊ, volta do mundo, camaráÊ, ê, mundo dá volta, camará

De jangada leva uma eternidade De saveiro leva uma encarnação

Mús

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Globalização e Trabalho • 7

Pela onda luminosaLeva o tempo de um raioTempo que levava RosaPra aprumar o balaioQuando sentia que o balaio ia escorregarÊ, volta do mundo, camaráÊ, ê, mundo dá volta, camará

Esse tempo nunca passaNão é de ontem nem de hojeMora no som da cabaça Nem tá preso nem fogeNo instante que tange o berimbau, meu camaráÊ, volta do mundo, camaráÊ, ê, mundo dá volta, camará

De jangada leva uma eternidade De saveiro leva uma encarnaçãoDe avião, o tempo de uma saudade

Esse tempo não tem rédeaVem nas asas do ventoO momento da tragédiaChico, Ferreira e BentoSó souberam na hora do destino apresentarÊ, volta do mundo, camaráÊ, ê, mundo dá volta, camará

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Interação de cul turasTEXTO 2

Caravelas no Porto de Lisboa, gravura de livro de Hans Staden.

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• Globalização e Trabalho8

A CARTA DE

PÊRO VAZ DE CAMINHA

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A partida de Belém foi, como Vossa Alteza sabe, segunda-feira, 9 de março.

Globalização e Trabalho • 9

(...)E dali avistamos homens que anda-

vam pela praia, uns sete ou oito, segun-do disseram os navios pequenos quechegavam primeiro. Pardos, nus, semcoisa alguma que lhes cobrisse suas ver-gonhas. Traziam arcosnas mãos, e suas setas.Vinham todos rijamen-te em direção ao batel.E Nicolau Coelho lhesfez sinal que pousas-sem os arcos. E eles osdepuseram. Mas nãopôde deles haver falanem entendimento queaproveitasse, por o marquebrar na costa.

(...)O Capitão, quando eles vieram, es-

tava sentado em uma cadeira, aos pésuma alcatifa por estrado; e bem vesti-do, com um colar de ouro, mui gran-de, ao pescoço. E Sancho de Tovar, eSimão de Miranda, e Nicolau Coelho,

e Aires Corrêa, e nós outros que aquina nau com ele íamos, sentados nochão, nessa alcatifa. Acenderam-setochas. E eles entraram. Mas nemsinal de cortesia fizeram, nem de que-rer falar ao Capitão; nem a alguém.

Todavia um deles fi-tou o colar do Capi-tão, e começou a fazeracenos com a mão emdireção à terra, e de-pois para o colar, comose quisesse dizer-nos quehavia ouro na terra. Etambém olhou para umcastiçal de prata e as-sim mesmo acenava pa-ra a terra e novamentepara o castiçal, como

se lá também houvesse prata!Mostraram-lhes um papagaio par-

do que o Capitão traz consigo; toma-ram-no logo na mão e acenaram paraa terra, como se os houvesse ali.

Mostraram-lhes um carneiro; nãofizeram caso dele.

Nau portuguesa do século 14,gravura de livro de Hans Staden.

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• Globalização e Trabalho10

Texto 2 / Interação de cul turas

Nau portuguesado século 14,gravura de livrode Hans Staden.

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rafia

Mostraram-lhes uma galinha; qua-se tiveram medo dela, e não lhe que-riam pôr a mão. Depois lhe pegaram,mas como espantados.

Deram-lhes ali de comer: pão epeixe cozido, confeitos, fartes, mel, fi-gos passados. Não quiseram comer da-quilo quase nada; e se provavam algu-ma coisa, logo o lançavam fora.

Trouxeram-lhes vinho em uma ta-ça; mal puseram a boca; não gostaramdele nada, nem quiseram mais.

Trouxeram-lhes água em uma abar-rada, provaram cada um o seu boche-cho, mas não beberam; apenas lavaramas bocas e lançaram-na fora.

Viu um deles umas contas de rosá-rio, brancas, fez sinal que lhes dessem,e folgou muito com elas, e lançou-as aopescoço; e depois tirou-as e meteu-asem volta do braço, e acenava para a ter-ra e novamente para o colar do Capitão,como se dariam ouro por aquilo.

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Isto tomávamos nós nesse sentido,por assim o desejarmos! Mas se ele que-ria dizer que levaria as contas e mais ocolar, isto não queríamos nós entender,porque lho não havíamos de dar.

(...)Andariam na praia, quando saí-

mos, oito ou dez deles; e de aí a poucocomeçaram a vir mais. E parece-meque viriam este dia à praia quatrocen-tos ou quatrocentos e cinqüenta. Al-guns deles traziam arcos e setas; e de-ram tudo em troca de carapuças e porqualquer coisa que lhes davam. Comi-am conosco do que lhes dávamos, ealguns deles bebiam vinho, ao passoque outros o não podiam beber. Masquer-me parecer que, se os acostuma-rem, o hão de beber de boa vontade!

Contudo, o melhor fruto que delase pode tirar parece-me que será salvaresta gente. E esta deve ser a principalsemente que Vossa Alteza em ela develançar. E que não houvesse mais do queter Vossa Alteza aqui esta pousada paraessa navegação de Calicute (isso) basta-va. Quanto mais, disposição para senela cumprir e fazer o que Vossa Altezatanto deseja, a saber, acrescentamentoda nossa fé!

(...)Beijo as mãos de Vossa Alteza.Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha

de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primei-ro dia de maio de 1500.

Pêro Vaz de Caminha

Extraído de www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/carta.html

“Pêro Vaz de Caminha foi nomeado, em 1500,como escrivão da feitoria a ser erguida emCalicute, na Índia, razão pela qual se encon-trava na nau capitânia da armada de PedroÁlvares Cabral. No mês de abril, do mesmoano, quando esta aportou no Brasil, Pêroeternizou-se como o autor da carta, datadade 1.° de maio de 1500, ao soberano.”

Globalização e Trabalho • 11

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A GLOBALIZAÇÃO COMO PERVERSIDADE

Contrastes da g lobal izaçãoTEXTO 3

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E

• Globalização e Trabalho12

O muro entre prédios caros do bairro Morumbi e os barracos da favela Parai-sópolis, em São Paulo, ao mesmo tempo separa e aproxima dois mundos bemdistintos, mas cada vez mais interdependentes.

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A visão de Carlos Lessa*

(...) “A outra forma de fazer a globali-zação é a partir dos países, e é para essaforma que já estamos marchando. Porqueo período histórico atual está morrendo.Esse período da globalização está morren-do. Então, o que nós vamos ter é uma ou-tra globalização produzida a partir dosterritórios, de suas culturas, das aspira-ções do que Carlos Lessa chamou (...) depovo. E que eu preferiria chamar de po-bres, porque são os que têm força realhoje, do ponto de vista da criatividade, enão nós. Então, há essas duas coisas.”

(...) “Essa nova forma de organiza-ção da Federação partiria dos de baixo,

dos excluídos pelo processo da globali-zação. Quem se comunica pela Internetnão são os de baixo. Essa comunicaçãodistante não é própria deles. Os lugaressão feitos, sobretudo, pelos de baixo, sãoeles que se comunicam nos lugares, sãoeles que estão reclamando alimentaçãocorreta, saúde, educação para os filhos,lazer, informação e consumo político –que é uma reclamação também não muitoclara, mas que vai aparecer daqui a pouco,a partir de uma base local.”

* Carlos Lessa é economista e foi presidente do BNDES – Banco Nacional

de Desenvolvimento Econômico e Social.

Texto adaptado por Página Viva de entrevista com o professor Milton Santos para www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/geografia/geo23b.htm (acesso em 15 de maio de 2006).

Conseqüências indesejáveis dauniformização do planeta

(...) “de fato, para a maior parte dahumanidade, a globalização está se im-pondo como uma fábrica de perversida-des. O desemprego crescente torna-secrônico. A pobreza aumenta e as clas-ses médias perdem em qualidade devida. O salário médio tende a baixar. Afome e o desabrigo se generalizam emtodos os continentes. Novas enfermida-

des como a Aids se instalam e velhasdoenças, supostamente extirpadas, fa-zem seu retorno triunfal. A mortalidadeinfantil permanece a despeito dos pro-gressos médicos e da informação. Aeducação de qualidade é cada vez maisinacessível. Alastram-se e aprofundam-se males espirituais e morais, como osegoísmos, os cinismos, a corrupção.”

Texto adaptado por Página Viva de Por uma Outra Globalização– Do Pensamento Único à Consciência Universal, de MiltonSantos. Ed. Record/2000, págs. 19-20.

Globalização e Trabalho • 13

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EUA (por hora) Japão (por pessoa) Alemanha (por pessoa)

1960-1973 1973-1979 1979-1990 1990-2000

5,40

2,50

1,00 0,95

7,70

2,80

1,60

0,50

2,80

0,30 0,40

1,10

• Globalização e Trabalho14

TRABALHADORES SINDICALIZADOS

NOS EUA

Mudanças no mercado de t rabalhoTEXTO 4

Proporção da mão-de-obra sindicalizada do setor privadoda economia americana, 1950-2000

1952 1956 1960 1964 1968 1972 1976 1980 1984 1988 1992 1996 2000

40%

32%

24%

26%

8%

0

Nas últimas décadas, o mundo observouuma redução do número de trabalha-dores sindicalizados, especialmente

nos países industrializados. Nos Estados Uni-dos, a queda é evidente, conforme se observano gráfico abaixo. Ao mesmo tempo em queos sindicatos perdem representatividade, osníveis salariais despencam, pois os trabalhado-res ficam fragilizados na defesa de seus direi-tos antigos e na conquista de novos.Texto adaptado por Página Viva

Extraído do livro O Boom e a Bolha, de Robert Brenner, Ed. Record.

Crescimento dos salários (variação anual média percentual)

Arte

:A+

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John Naisbitt, festejado consultor de Cam-bridge, em seu Paradoxo Global, dedicaum capítulo inteiro à questão do idio-

ma, demonstrando como, ao mesmo tempoem que o inglês se torna instrumento dedominação econômica e cultural sobre oplaneta, povos e nações adotam a defesa doidioma como instrumento de resistência

contra a globalização asfixiante e empobre-cedora. Vale a pena transcrever o trecho noqual ele fala da Islândia:

“Alguns vão bastante longe na defesade seu idioma. Ninguém vai mais longe doque o povo da Islândia. Todo islandês falao inglês como o segundo idioma e a maio-ria também fala outros idiomas. Contudo,

Globalização e Trabalho • 15

Interação entre cu l turasTEXTO 5

L Í N G U AL Í N G U A

A GLOBALIZAÇÃOda

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N

ISLÂNDIAISLÂNDIA

GRIMSEY

HEIMAEYSURTSEY

Estreito daDinamarcaEstreito daDinamarca

BreioafjörourBreioafjörour

FaxaflóiFaxaflói

OceanoAtlânticoOceano

Atlântico

Reykjavík

0 48

km

• Globalização e Trabalho16

Texto 5 / Interação entre cu l turas

eles protegem ferrenhamente a pureza doidioma islandês. Caso surja uma palavranova, como software ou nanossegundo,um comitê decide que palavras e sonsislandeses devem ser reunidos para repre-sentar o objeto novo ou a idéia nova. Ine-xistem sons não-islandeses no idioma des-se povo. É digno de menção que a Islândiapossui, também, o mais antigo governodemocrático do mundo e a taxa de alfabe-tização mais elevada.”

Em qualquer idioma, as palavras nascem,morrem, mudam de sentido, reúnem-se eseparam-se em locuções, são substituídas,cortadas, ampliadas. A língua acompanha aeconomia, a ciência, a organização da socie-dade, os costumes, a política, os movimen-tos sociais, as revoluções. A RevoluçãoFrancesa forjou termos como jacobino erestaurante, entre outros. As transforma-ções que impôs ao mundo foram acompa-nhadas pelas palavras que lhes deram exis-tência. Como o mundo e todas as coisas, osidiomas estão em permanente mudança. É

só atentar no passado para perceber que dapresença muçulmana na antiga Lusitâniaherdamos centenas de palavras, como ar-roz, açúcar, azeite, alfândega, almirante,refém e Oxalá. Dos germânicos, mais umtanto de palavras, e ainda dos franceses,ingleses, italianos, chineses, sem esquecerdos indígenas e africanos. Defender o idio-ma não é imunizá-lo dos empréstimos eincorporações necessários à sua renovação.Mas é, ao mesmo tempo, cuidar de sua per-manência e continuidade. A língua portu-guesa padece atualmente do excesso deestrangeirismo e do relaxamento das nor-mas para inclusão de palavras e expressõesno vocabulário nacional. É hora de aban-donar o protesto silencioso e erguer o movi-mento nacional para exaltação e defesa doidioma.

Trecho extraído do texto de Aldo Rebelo publicado na revista Teoria eDebate, ano 14, n.° 48 jun./jul./ago., 2001, págs. 68 a 70, ediçãoFundação Perseu Abramo, São Paulo.

Info

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Globalização e Trabalho • 17

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Preservação cultural

De acordo com o artigo 210 da Constituição Bra-sileira promulgada em 1988, além de reafirmar aimposição do ensino da língua portuguesa aos indí-genas, lhes assegura o direito de utilizar nas esco-las as suas línguas maternas e processos própriosde aprendizagem.Assim, a União deve desenvolver programas de ensi-no e pesquisa para oferecer educação escolar eintercultural em ambas as línguas, com o objetivode lhes proporcionar a recuperação de suas memó-rias históricas, a reafirmação de suas identidadesétnicas e a valorização de suas línguas e conheci-mentos tradicionais.

2.500 línguas indígenas correm risco de extinção

Índio catucina Alberto Rosa da Silva, "Tamã-kayã", de 30 anos, professor da escola de suaaldeia, no Acre.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente alerta: mais de 2.500 línguas indígenas que contêm informação vital sobre a natureza correm o risco de se extinguir imediatamente

NAIRÓBI - Aproximadamente 2.500 línguas indíge-nas estão em perigo de extinção imediata, alertam aspesquisas divulgadas pelo Programa das NaçõesUnidas para o Meio Ambiente, PNUMA. Das quase7.000 línguas existentes no planeta, entre 4.000 e5.000 estão classificadas como indígenas. O maiornúmero de idiomas é falado em Papua Nova Guiné,onde se distinguem 847 línguas diferentes. A seguirvêm Indonésia, com 655, Nigéria, 376, Índia, 309,Austrália, 261, México, 230, Camarões, 201, Brasil,185, e Zaire, com 158. Os idiomas mais ameaçadossão os falados por menos de mil habitantes. Mais de

mil línguas são faladas por entre 101 e mil pessoas.Outras 553 são faladas por apenas cem pessoas oumenos. De acordo com o estudo, 231 línguas já mor-reram. Alguns observadores calculam que nos próxi-mos cem anos 90% dos idiomas do mundo terão seextinguido ou estarão por se extinguir. A perda deuma língua e de seu contexto cultural representa aqueima de um livro de consulta único do mundo natu-ral, segundo o PNUMA.

Trecho adaptado de www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u2441.shtml

Texto editado e adaptado por Página Viva do sitehttp://comciencia.br/reportagens

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Eversíngue is gânna bi ouráite!

• Globalização e Trabalho18

Agora, que finalmente assumi um minis-tério, terei um jóbi importante e inadiável aconcretizar: acabar com os estrangeirismosno governo e no Brasil, de um modo geral.

Parecer ter virado uma comóditi essahistória de falar e escrever as coisas como sefôssemos gringos. Isso aqui é uma nação, nãoum chópim center. Há que colocar o idiomanacional num nosocômio, ou ele perecerá.

Para tanto, influenciarei meus colegasministros e, bái de uêi, o presidente. Chegueimesmo a mencionar esse fato, no párquin-gue do Alvorada, para o Zé Dirceu.

Sei que passarei vários dias e náites namaior váibe – comendo fésti-fude, despa-chando documentos através de moto-rapa-zes, escrevendo no lépi-tópi, mas mudarei orárdi-disque deste país!

Pretendo fazer um marqueting páuer. Játenho até um brífingue pronto. Contactarei,além do Duda, o ministro da Cultura e lhepedirei um rélpi de pópi-estárs.

Outrossim, criaremos (com os melhoresuébe-disáineres do país) um sítio de milhõesde megabáites na Grande Rede Mundialcom informações on-láine.

Ali, dados sobre os efeitos nefastos do

estrangeirismo em nosso português pode-rão ser retirados via dáunloude da rome-pêige.

Tudo deverá ser rapidamente printadopelo internauta, enquanto ele toma um míl-que-chêiquezinho.

Os que não forem atingidos pelo sítio oserão através dessa poderosa ferramenta tec-nológica hodierna chamada missivaeletrônica.

Milhões de e-missivas devem ser dispa-radas de um cérebro eletrônico central.

Enfim, teremos um material com mudeoriginal, na linha do i-bízines, mas social-mente cul.

Claro que todo esse esforço deve aca-bar numa grande rêive, comandada pordijêis comprovadamente brasucas, num am-biente nacionalista-câlti.

Na verdade, se o tal jóbi for um suces-so, ele deverá mesmo é ser transformadonum sófitiuér e exportado, uordiuáide, paratodas as nações lusófonas.

É como diz o Gil: “Eversíngue is gânnabi ouráite!”

Fonte P Publicada na revista Caros Amigos n.º 83

O escritor e humorista Carlos Castelo Branco, o Castelo, despeja bile sobre o selvagem ataque

do inglês sobre o idioma pátrio

Texto 5 / Interação entre cu l turas

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Globalização e Trabalho • 19

Interação entre cu l turasTEXTO 6

Venha provar meu brunchsaiba que eu tenho approachna hora do luncheu ando de ferryboateu tenho savoir-fairemeu temperamento é lightminha casa é hi-tec

toda hora rola um insightjá fui fã do jethro tullhoje me amarro no Slashminha vida agora é coolmeu passado é que foi trashfica ligada no linkque eu vou confessar my lovedepois do décimo drinksó um bom e velho engoveu tirei o meu green carde fui pra Miami Beachposso não ser pop starmas já sou um noveau richeeu tenho sex-appealsaca só meu backgroundveloz como Damon Hilltenaz como Fittipaldinão dispenso um happy endquero jogar no dream teamde dia um macho mane de noite um drag queen

SAMBA DO APPROACH

Foto: Divulgação

(Zeca Baleiro) • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Compositor e cantor, maranhense

Zeca Baleiro compôso satírico Samba

do Approachem 2003.

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CUBACUBA

PANAMÁPANAMÁEL SALVADOREL SALVADOR

ESPAÑAESPAÑAEE UUEE UU

MÉXICOMÉXICO

GUATEMALAGUATEMALAHONDURASHONDURAS

NICARAGUANICARAGUA

COSTA RICACOSTA RICA

REP. DOMINICANAREP. DOMINICANA

PUERTO RICOPUERTO RICO

ARGENTINAARGENTINA

BOLIVIABOLIVIA

COLOMBIACOLOMBIAVENEZUELAVENEZUELA

PERÚPERÚ

CHILECHILE

ECUADORECUADOR

PARAGUAYPARAGUAY

URUGUAYURUGUAY

GUINEA ECUATORIALGUINEA ECUATORIAL

Lengua oficial

0 1412

km

Oceano AtlánticoOceano Atlántico

Oceano ÍndicoOceano Índico

Oceano PacíficoOceano Pacífico

400 millonesde personas hablanespañol en el mundo

N

• Globalização e Trabalho20

Interação entre cu l turasTEXTO 7

DELEL MAPA

Info

graf

e

En todo el mundo, alrededor de 400millones de personas hablan español.Es la cuarta lengua en número de

hablantes y la segunda como lengua decomunicación internacional. Se hablaespañol en cuatro continentes y es lenguaoficial en 21 países: Argentina, Bolivia,Chile, Colombia, Costa Rica, Cuba, Ecuador,El Salvador, España, Guatemala, Guinea

Ecuatorial, Honduras, Nicaragua, México,Panamá, Paraguay, Perú, Puerto Rico,República Dominicana, Uruguay, Venezuela.

Muchos extranjeros también hablanespañol por diferentes motivos: estudios,trabajo, o porque viven en un país de hablahispana.

Texto produzido por Página Viva

ESPAÑOL

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Globalização e Trabalho • 21

OS CHINESESna OMC

Comérc io internac ionalTEXTO 8

Estive na China. Queria ver de perto como

é o trabalho lá. Afinal, o paísvai entrar na OMC, que, indiretamente, exercerá

pressões no campo trabalhista.

A China consegueproduzir a preços

inacreditáveis. Para os chineses,uma camisa custa o equivalente a 1 dólar; uma calça, 3 dólares; meio quilo de carne, 1 dólar;

um quilo de arroz, 0,25; 1 litro de gasolina,

0,40.

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Comprei em Pequim uma seda maravi-lhosa e, na própria loja, mandei fazerum paletó esporte, que foi entregue

no dia seguinte, com excelente acabamen-to, por cerca de 57 dólares – incluindofazenda e feitio! Achei um bom negócio atéchegar em Xangai, onde, longe dos turistas,podia ter pago 35 dólares. A China tem pre-ços imbatíveis.

Fiz questão de visitar a oficina do“alfaiate”: era uma salinha, longe da loja,onde duas mocinhas, funcionárias públicas,trabalham à noite, para reforçar a renda.Milhões de chinesas fazem a mesma coisa.É duro competir com esse sistema.

A população economicamente ativa éde quase 700 milhões de pessoas – 450 mi-lhões no campo (onde não há dados fide-dignos), e o restante nas cidades.

Na China urbana, o trabalho é exercidoem órgãos do governo, empresas estatais,

Foto: Jakob Montrasio-Fan

Para compreender o trabalho na China, chegueicom uma enorme lista de

perguntas. Saí com outra maior. A realidade é complexa.

A abertura da economia, apesardo tempero chinês, estámudando o trabalho.

Texto 8 / Comérc io internac ional

• Globalização e Trabalho22

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Globalização e Trabalho • 23

firmas coletivas, joint-ventures, companhiasestrangeiras, empresas familiares e ativida-de autônoma. É uma teia de relações com-plexas, bem diferente da homogeneidadedos tempos de Mao, quando todos os chi-neses eram empregados do Estado.

Hoje há uma mistura indecifrável. Alegislação trabalhista foi reformada em1994. Tem uma feição moderna. O trabalhoinfantil é crime; a jornada de trabalho é deoito horas por dia e quarenta por semana;os sindicatos, além de negociarem com asempresas, denunciam os administradoresque violam a lei. O salário mínimo é fixadopor localidades. Em Pequim é cerca de 30dólares por mês; em Xangai, 32 dólares; emGuangzhou, 45 dólares.

No setor público, nas joint-ventures e nasempresas estrangeiras, a lei é seguida à risca.Ali, além do salário, os empregados recebemvários benefícios.

Mas, ao lado disso, há cerca de 60 mi-lhões de pessoas que, anualmente, saem docampo para as cidades, onde passam a tra-balhar doze, catorze e até dezesseis horas

por dia, na informalidade, em empresasfamiliares ou como autônomos. Comoninguém pode mudar sem ter um empre-go garantido no local de destino, essasmultidões se acomodam ilegalmente nossubúrbios, e pedalam suas bicicletas, to-dos os dias, até os locais de trabalho, nasáreas mais centrais. É uma imensidãoincalculável.

Para complicar o quadro, muitos chi-neses trabalham uma parte do tempo nomercado formal, e outra no mercado infor-mal, como as costureiras do meu paletó.

A estabilidade de emprego começa aacabar. As decisões centralizadas do comu-nismo inicial estão sendo substituídas porações dos administradores das empresas,que passaram a levar em conta o desem-penho dos funcionários e do empreendi-mento. Milhões de chefes e subordinadosfazem cursos de atualização; os concursospassaram a ser condição para recrutar, pre-miar e promover os funcionários mais pro-dutivos. Há uma febre de racionalidade nouso do fator trabalho.

Desde que o regime comunista decidiu abrir a China para investimentos estran-geiros, em 1978, o país se tornou uma das economias que mais crescem nomundo, além de estar entre as dez maiores. Mas, com as taxas de crescimentoem cerca de 9%, alguns analistas alertam para um superaquecimento e para ofato de que o resto do mundo pode sofrer o impacto de possível recessão nopaís. Nos últimos anos, a China também se tornou um gigante do comércio,conquistando o quinto lugar em exportações. O boom econômico, no entanto,trouxe ao país problemas sociais e ambientais.

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Os chineses são muito adaptáveis, etrabalham com muito afinco. O respeito àhierarquia é total. Os conflitos são raros. Aeducação garante a aprendizagem dasnovas tecnologias. Trabalho barato, disci-plinado e de boa qualidade tem sido oponto de atração das 60.000 empresasestrangeiras que estão na China.

A economia chinesa é dinâmica, vi-brante e animada. O país esbanja otimis-mo. Nos últimos vinte anos, a China cres-ceu 9%, em média. Este ano crescerá 8%.O comércio internacional (exportações eimportações) é da ordem de 350 bilhões dedólares. O país está investindo 365 bi-lhõesde dólares em infra-estrutura. As grandescidades são modernas e atraentes. Contam-se aos milhares os prédios com mais de cin-qüenta andares. No interior, o investimen-to nas pequenas cidades é maciço, à esperados camponeses que serão eliminados pelacrescente pobreza do solo e pela entradadas tecnologias agrícolas.

O problema que mais atormenta os chi-neses é a perspectiva de faltar comida paraalimentar 1,3 bilhão de habitantes. Eles

não escondem a inveja que têm da abun-dância de terra fértil, sol e água, quepodem tornar o Brasil o celeiro do mundo.Afinal, a China terá de importar cerca de300 milhões de toneladas de alimentos noano 2010. Que oportunidade para o Brasil!

Voltando à questão do trabalho, quan-do perguntei o que farão os chineses, dian-te de exigências internacionais para, pelomenos, respeitarem os direitos humanos nocampo trabalhista, eles disseram ser esseum problema doméstico, e que, do Oci-dente, desejam importar bens e serviços, enão valores sociais ou filosofia de vida!

Foi um choque. Concluí que os chinesesna OMC vão esquentar ainda mais a guerracomercial atual.

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• OMC – Organização Mundial do Comércio.

• Joint-ventures – Empresas fundadas por outrasduas, já existentes, com o objetivo de realizar umempreendimento que individualmente não seriapossível.

• Mao Tsé-tung (1893-1976) – dirigente revolucio-nário comunista, proclamado presidente da NovaRepública Popular da China em 1949. Tem o méri-to de haver transformado a China, de país subser-viente aos estrangeiros, numa das maiores potên-cias do mundo.

Templo em Po-lin, China.Os anos de comunismo não apagaram a devoção ao Buda.

Foto

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José Pastore é sociólogo especializado em relações do trabalho edesenvolvimento institucional. Site: http://www.josepastore.com.br/artigos/relacoestrabalhistas/119.htm

• Globalização e Trabalho24

Perfil da organização

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Meu coração está em Faluja. Está com os homens,mulheres, crianças, idosos, que resistem, bombardeados,cercados pelas tropas invasoras do seu país.

Meu coração está com os que defendem em Faluja suasmesquitas, suas casas, suas praças, suas plantações, suasescolas, sua cidade.

Meu coração está com os que choram, gritam, se deses-peram, em Faluja.

Meu coração está em Faluja, onde iraquianos defendemdesesperadamente seu direito de viver na sua cidade, noseu país, em paz, decidindo pelo futuro que desejem.

Meu coração está em Faluja, contra os adultos brancosque elegeram Bush, para tentar exterminar a identidadedos iraquianos, aniquilar sua memória e sua capacidade deauto-estima.

Meu coração está em Faluja, como já esteve no Vietnã,como já esteve na Argélia, como já esteve em Bagdá, meucoração com os bombardeados, com os humilhados, comos ofendidos, com os discriminados, em Faluja.

Globalização e Trabalho • 25

MEU CORAÇÃO EM FALUJA

Presença mi l i tar norte-amer icanaTEXTO 9

Emir Sader

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• Globalização e Trabalho26

Meu coração, nessas noites em que as luzes denunciambombas, em que os aviões são os portadores do terror, emque a covardia dos pilotos massacra inocentes, destrói cora-ções e vidas, meu coração com os que têm medo à noiteem Faluja.

Meu coração de manhã em Faluja, com os que se pre-pararam para resistir, para morrer, para sobreviver, paralutar, para poder dormir uma noite mais em suas casas, emseus quartos, em suas camas, com seus filhos, com seusnetos, com seus pais, com sua mulher, com sua vida.

Meu coração com ódio dos agressores, dos assassinos,dos invasores, dos adultos brancos estadunidenses que pedi-ram com seus votos que as águias imperiais executem todosos que julgam que ameaçam sua tranqüilidade, suas pro-priedades, suas bandeiras, seus ódios, suas frustrações.

Meu coração com os palestinos, em Ramalah, com osafegãos, com os invadidos, com os ameaçados, com os per-seguidos, com os expropriados, com os despossuídos, comos desprotegidos, com os abandonados.

Meu coração em Faluja, nesta e em todas as noites edias em que houver corações que batem pela esperança,pela solidariedade, pela vida.

Texto publicado na revista Caros Amigos.

Foto: Anja Niedriginhaus / AP/ AE

Fumaça escura ergue-sedas construções dacidade de Faluja, no Iraque.

Texto 9 / Presença mi l i tar norte-amer icana

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Contrastes da g lobal izaçãoTEXTO 10

Renato Pompeu

Aglobalização é um conceito muito com-plicado, mas cujos efeitos atingem todasas pessoas do mundo. Por exemplo,

se alguém, numa rua de comércio popularde uma cidade brasileira, compra uma calçaou blusa de fabricação chinesa, por ser maisbarata do que as nacionais, isso significaque, além do lojista ou ambulante, quemvai lucrar é uma empresa lá na China, adezenas de milhares de quilômetros doBrasil. A empresa chinesa é possivelmentede propriedade americana ou européia, demodo que o dinheiro dessa simples compravai rodar o mundo várias vezes. As roupaschinesas são mais baratas fundamental-

mente porque os operários chineses ganhammuito pouco e, para concorrer com elas, asfirmas brasileiras têm de cortar os salários eautomatizar a produção, diminuindo osempregos em nosso país. Ou mesmo asfábricas brasileiras têm de se mudar parapaíses em que os salários sejam mais baixose os impostos menos pesados do que noBrasil. Isto é apenas um exemplo de comoa globalização afeta a todos os habitantesdo planeta.

Globalização é um termo erudito, istoé, não é usado pelo povo. Vem da palavra“globo”, que significa, no que interessa aqui,“globo terrestre”, ou seja, o planeta Terra.Significa que todas as pessoas do mundovão tendo suas vidas cada vez mais interli-

A ERA DA INCERTEZAA globalização imposta pelos países ricos só aprofundou, desde o início dos anos 1980, o abismo entre ricos e pobres.

Globalização e Trabalho • 27

Viagem Nova York – LondresAno Meio de transporte Tempo gasto

1900 Barco 7 dias

1940 Barco 4,5 dias

1950 Avião 18 horas

1990 Avião 3 horas

Fonte: Vesentini, J. W., Sociedade e Espaço, Ed. Ática, 2003.Fonte: Harvey, D., Condição Pós-Moderna, Ed. Loyola, 1989.

Os veículos e suas velocidades, em km/h

Período Tipo Velocidade

1500 - 1850 Carruagens e barcos a vela 16

1850 - 1930 Locomotivas a vapor 100

Barcos a vapor 57

1950 Aviões de propulsão a hélice 480 - 640

1960 Jatos de passageiros 800 - 1100

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gadas; o que acontece numa determinadacidade em algum país, imediatamente temrepercussões para todas as pessoas de todosos países. Isso cria uma incerteza muitogrande, pois cada vez adianta menos ten-tar fazer planos: as condições em que osplanos se basearam podem ser drastica-mente alteradas em segundos. Por exem-plo, uma queda na cotação das ações naBolsa de Nova York pode levar instantanea-mente à falência empresas no mundo todo;um aumento da taxa de juros na UniãoEuropéia pode fazer aumentar a dívidaexterna brasileira, reduzindo ainda maisnossos recursos para saúde e educação.

A globalização tem duas origens rela-cionadas entre si: uma é a crescente interli-gação entre as economias de todos os países,principalmente por meio dos investimentosprovenientes dos países mais ricos e quesão aplicados nos países mais pobres. Aoutra origem é a crescente aceleração dascomunicações. Há 150 anos, demorava

quinze dias para uma notícia chegar daEuropa ao Brasil, levada pelos passageirosdos navios de então; hoje, qualquer notíciaimportante, como o atentado contra as Tor-res Gêmeas em Nova York em 2001, levamenos de quinze segundos para sair de seuponto de origem e chegar aos quatro can-tos da Terra.

Uma das dimensões da globalização éa crescente desigualdade entre as pessoas.

As estatísticas internacionais indicamque, em 1960, os 20 por cento de pessoasmais ricas do mundo tinham renda trintavezes maior do que os 20 por cento de pes-soas mais pobres; quatro décadas depois,por volta do ano 2000, os 20 por cento maisricos tinham renda oitenta vezes maior doque os 20 por cento mais pobres. Em suma,a era da globalização é a era da incerteza eda desigualdade crescentes.

Foto: Jonne Roriz / AE

Fábrica do novo pólocalçadista de São João Batista, Santa Catarina,onde o Sebrae consta-tou taxa zero de desem-prego. As confecçõeslocais trabalham paramarcas internacionais.

28 • Globalização e Trabalho

Renato Pompeu é escritor e jornalista.

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Globalização e Trabalho • 29

GASTOS MUNDIAIS COM A GUERRA

Educação básica para todo o mundo

Cosméticos nos Estados Unidos

Água e higiene para todo o mundo

Congelados na Europa

Perfumes na Europa e Estados Unidos

Saúde e alimentação

Comida para animais domésticosna Europa e Estados Unidos

Setor de lazer no Japão

Cigarros na Europa

Bebidas alcoólicas na Europa

Drogas e narcóticos no mundo

Gasto militar no mundo

6

8

9

11

12

13

17

35

50

105

400

839

Prioridades nos gastos mundiais(em bilhões de dólares)

Extraído da publicação Euromonitor, ONU, Worldwide Research Advisory and Business Intelligence Service.

Depois de um período de estabilidade, que sucedeu

o fim da chamada guerra fria,os gastos militares mundiaisvoltaram a subir e parecem

estar numa escalada sem fim com a guerra

Os gastos militares mundiais aumenta-ram 2% em 2001 e chegaram a 839 bi-lhões de dólares, que representam

2,6% do produto interno mundial e 137 dóla-res por habitante no mundo. As cifras dos gas-tos militares cresceram pelo terceiro ano con-secutivo depois de um longo período de quedaem conseqüência do fim da guerra fria.

Nos três últimos anos foi registrado umaumento de 7%. Nos próximos anos se prevêum forte crescimento nos gastos militares,devido ao aumento das verbas do exércitoque o governo Bush tem solicitado.

Somente no ano de 2002, o gasto mili-tar aumentou em 7%. No ano de 2001, osgastos militares aumentaram em todas asregiões do mundo. Os Estados Unidos enca-beçam a lista de regiões com o maior gastomilitar, seguidos da Europa central e orien-tal, sul da Ásia e Oriente Médio.

Presença mi l i tar norte-amer icanaTEXTO 11

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30 • Globalização e Trabalho

Asociedade civil organizada, nos di-versos países, no final dos anos 90,iniciou um processo de articulação

mundial para se contrapor ao modelo eco-nômico e social praticado pelo capitalismo.O marco dessa resistência está no grandeprotesto realizado em l999, na cidade deSeattle, EUA, contra decisões da Organiza-ção Mundial do Comércio (OMC). A partir

daí sucederam-se diversas manifestações eatos contra o Fórum Econômico Mundial,sediado em Davos, Suíça. Esse eventoreúne, desde l970, grandes empresários edirigentes econômicos para discutir odesenvolvimento mundial sob o prismacapitalista e, por essa razão, tornou-se umsímbolo de protesto da resistência globali-zada. É nesse contexto que foi criado o

O ABISMO QUE SEPARA OS FÓRUNS

SOCIAL EECONÔMICO

Criado como contraponto aoFórum Econômico Mundial, oFórum Social Mundial busca

alternativas à globalizaçãoeconômica vigente

Sérgio Leitão

Foto: Ricardo Giusti / AE

Manifestaçõesdurante oFórum SocialMundial, emPorto Alegre.

Uma outra g lobal izaçãoTEXTO 12

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Globalização e Trabalho • 31

Fórum Social Mundial, a partir de iniciati-vas de organizações brasileiras. Progra-mado para ocorrer sempre em um país doTerceiro Mundo e no mesmo período doFórum de Davos, tem como objetivo reunirdiversas nações, ativistas e líderes de movi-mentos populares em busca de soluções,longe das propostas capitalistas, para osproblemas socioeconômicos do mundo.

O I Fórum Social Mundial ocorreu emPorto Alegre-RS, de 25 a 30 de janeiro de2001, tendo os seus organizadores o defi-nido como um espaço de deba-te democrático de idéias, apro-fundamento de reflexões,formulação de propostas, tro-ca de experiências e articulaçãode movimentos sociais, redes,ONGs e outras organizações.Na ocasião, o Fórum reunido proclamou-secomo um espaço permanente de busca econstrução de alternativas para construir“uma globalização solidária, que respeiteos direitos humanos, bem como os de todosos cidadãos e cidadãs em todas as nações eo meio ambiente, apoiada em sistemas einstituições internacionais democráticos aserviço da justiça social, da igualdade e dasoberania dos povos”.

Desde então, o Fórum Social Mundialé organizado por um conjunto de oitoorganizações que integram a sua secreta-ria tendo sido definido que os encontrosdo Fórum ocorrerão alternadamente no

Brasil e em outros países que ofereçamcondições para sediá-lo. A operacionaliza-ção das atividades se dá a partir da suaSecretaria Executiva, localizada na cidadede São Paulo, além de contar com umConselho Internacional, ao que cabe dis-cutir os seus rumos.

Em 2002 e 2003, o Fórum Social Mun-dial ocorreu em Porto Alegre, tendo iniciadoa alternância em 2004, quando foi sediadopela Índia. Em 2005 volta mais uma vez paraPorto Alegre. No seu primeiro encontro o

Fórum conseguiu reunir 20.000pessoas. Em 2002, 60.000, em2003, 100.000 e em 2004, 70.000.Ou seja, no seu segundo ano, oFórum já estava reunindo o triplode participantes do primeiro, numevento do qual participam perso-

nalidades e organizações de todo o mundo.O Fórum Social Mundial, com o lema

“Um outro mundo é possível”, tem servidopara reanimar o espaço de construção dasutopias e alternativas, apagando, com o fimdo socialismo do Leste Europeu e com aqueda da União Soviética, experiências an-tes imaginadas com as soluções para ummundo melhor.

O Fórum tem como objetivo reunir diversasnações, ativistas

e líderes

Texto de Sérgio Leitão extraído do Almanaque Brasil Socioambientale Instituto Socioambiental, 2004

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Tirando proveito de uma humanidadecarente de referências históricas bem-sucedidas, o neoliberalismo deu ver-

niz de modernidade e espalhou pelo plane-ta uma série de palavras com alto poder desedução: globalização, nova ordem mundi-al, aldeia global... Não durou muito. Osmuitos mitos erguidos à sombra do adven-to neoliberal começaram a perder sua cre-dibilidade em 1997, com a eclosão da crisedo Sudeste Asiático. Uma onda de choquesabalou os grandes mercados do planeta: aRússia, em agosto de l998, e o Brasil, al-guns meses depois. A turbulência da econo-

mia mundial e suas conseqüências devas-tadoras para a maior parte dos seres hu-manos acabaram sendo o estopim de umadas mais surpreendentes reações po-pu-lares de todos os tempos: o movimentoantiglobalização econômica, que teve ummarco em Seattle, em novembro de 1999.Já no ano seguinte, os protestos ganhavamas ruas em várias partes do mundo e ini-ciavam articulações mundiais contras aspolíticas neoliberais. Entre elas, a cam-panha pela anulação da dívida dos paísesdo Terceiro Mundo, por ocasião do chama-do ano jubilar de 2000, a Marcha Mundial

• Globalização e Trabalho32

UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL O mito da aldeia global esbarra no

direito dos povos à autodeterminação.

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Uma outra g lobal izaçãoTEXTO 13

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Globalização e Trabalho • 33

das Mulheres, a campanha contra a desre-gulação do comércio, o questionamentodas políticas do FMI e do Banco Mundial, acampanha pela segurança alimentar e ocombate à utilização de organismos geneti-camente modificados – os transgênicos –na agricultura. Todo esse movimento cul-minou com a realização do 1.º Fórum SocialMundial, em Porto Alegre, no mês dejaneiro de 2001. Em menos de dois anos, anova ordem mundial e seu mito da aldeiaglobal estavam dando lugar à utopia que,de lá para cá, vem disputando corações ementes nos quatro cantos do mundo: aidéia (sintetizada no slogan do FSM) de queum outro mundo é possível..

Antiglobalização econômicaConsenso que une milhões de pessoas

do mundo todo. Os ativistas do movimentoantiglobalização econômica vêm demons-

trando, em diversos protestos, sua insatis-fação com o neoliberalismo, que só apro-funda a miséria e a exclusão social em nos-so planeta. Em 1999, na cidade de Seattle,EUA, inaugurou-se o estilo rebelde e irre-verente que caracteriza as ações do movi-mento antiglobalização. A idéia é tirar osono dos representantes do capital finan-ceiro internacional. Por isso, em todas asreuniões do FMI, do Banco Mundial, do G8(países mais ricos do mundo) e de outrasinstâncias de decisão dos capitalistas, láestá o coro dos descontentes, levando paraas ruas sua indignação e inconformidadecom a espoliação dos mais pobres e com adestruição do meio ambiente.

Texto adaptado por Págna Viva de O Mundo das Alternativas, deJéferson Assunção e Zaira Machado. Veraz 2001. “O Papel do FMI eo processo de desenvolvimento”. CNT/Veraz, 2002

Caminhada do movimento dasmulheres do Uruguai pelas ruas

de Porto Alegre, no Fórum SocialMundial, em 2005.

Foto: Gaby de Cicco

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• Globalização e Trabalho34

Foto: Jonne Roriz / AE

Integração lat ino-amer icanaTEXTO 14

ENTENDA A DECISÃODA BOLÍVIA

Soldados bolivianos guardam a refinariada Petrobras em Palmasola, na cidade

de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia.

Decreto nacionalizou aexploração de petróleo e gás

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Em 1.º de maio, Dia Internacional doTrabalho, o presidente da Bolívia,Evo Morales, assinou um decreto que

nacionalizou a exploração dos hidrocarbo-netos, recursos do subsolo boliviano, comoo petróleo e o gás.

O anúncio da promulgação do decre-to foi feito em uma refinaria da Petrobrasque acabara se ser ocupada por homensdas forças armadas bolivianas, assim co-mo todas as outras instalações de empre-sas internacionais que exploram petróleoe gás ali.

O decreto determina que o governoboliviano passa, a partir de agora, a do-minar a exploração de gás e petróleo nopaís, estabelecendo por que preço deveráser produzido em cada unidade e reali-zando a comercialização dessa produção,

por intermédio da estatal de petróleoYPFB (Yacimientos Petrolíferos FiscalesBolivianos).

As empresas do setor, em sua grandemaioria estrangeiras, passam ao controledo Estado boliviano, também na figura daYPFB, que terá 50% mais uma das açõesdessas companhias.

As empresas estrangeiras terão 180dias para negociar as adaptações à novalegislação. Terminado esse prazo, aquelasque não se enquadrarem terão de deixaro país.

Além disso, o imposto sobre a explora-ção de gás, que era de 50%, passa a 82%.

Extraído de www.universia.com.brPublicado em 05/05/2006 – Universia Brasil

O gasoduto Bolívia–Brasil teve seu marcoinicial na Carta de Intenções sobre oProcesso de Integração Energética entreBolívia e Brasil (1991) assinada entre aPetrobras e Yacimientos Petrolíferos Fis-cales Bolivianos (YPFB) com participaçãodo Ministério de Energia e Hidrocar-bonetos da Bolívia, em La Paz.

Info

graf

e

Globalização e Trabalho • 35

Gasoduto Bolívia-Brasil

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Ivisited a little of Miami, not as a tourist,interested in the beauty of the city and the enthusiasm of consumerism. What I

discovered was the underworld of illegalimmigrants. Brazilians and Hispanics sear-ching frenetically for dollars. My adventurestarted one day on the streets of São Paulo,when I encountered a good friend. Hementioned that he was living in Miami andreturned to visit his family. We had aconversation and he invited me to go toMiami with him. I accepted.

In Miami, I was shocked. A lot of illegalBrazilian immigrants have two or threejobs and it is very difficult to sleep and eatproperly, because they are obsessed withthe idea of earning dollars (“La Plata”, asthe Latinos usually say). The working dayis frequently of 10 hours, Saturdays andSundays are not free. The situation makesthese people exhausted and irritated. TheAmerican Dream transforms their lives innightmares.In conversation with Brazilians working in

• Globalização e Trabalho36

Many Brazilians try their luck in the called Capital of Latin America. For the ones withmoney and a green card the chances are reasonable. But for the ones who go only with“courage”, the situation means a lot of work, some money and great loneliness. They alsoquestion themselves: did I do the right thing? We went there to discover.

ILLEGAL IN MIAMI

MigraçõesTEXTO 15

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Globalização e Trabalho • 37

Miami, it is normal to listen: “In Miami Ihave a big TV, surround sound system, etc.In Brazil, it is impossible.” They thinktechnology can make them happy.

An enormous quantity of money is spenton phone calls to Brazil. It’s impossible todescribe the sensation of depression andwhat it is to miss your family and your realfriends. But usually they don’t admit thisduring the phone calls to Brazil. They wantto show a perfect happy life.

Friendship here is frequently to obtainadvantages. There is no ethics or scruples.That’s why the Brazilians end up isolated.The beautiful Brazilian women continue inBrazil. In general the girls who are in theU.S. are not very attractive and the firstquestion they ask you is if you have a green card. If the answer is NO, the conversation ends.

In Miami, everybody has a car. It is possible to obtain one for 2,000 dollars.The buses are really slow, and the routesare confusing and badly planned. Some-times the bus drivers, the majority African-Americans, don’t stop if you are white.They don’t like the Latinos, because theyare in direct competition with them for thelow-class jobs.

After three months of frustration andwith many debts in dollars on my creditcard, I decided to return to Brazil. I imaginedthat if I continued there I would end up becoming extremely materialistic as the

majority of illegal workers. Brazil is a difficult place to live in, but I prefer to continuehere with my family and my friends.

Trecho extraído da revista Speak Up, edição 155

GLOSSARY

As. comoUnderworld. submundoSearching. procurandoEarning. receber/ ganhar (salário)Free. livreAmerican Dream. Sonho americano (é uma expressão muito utilizada parafalar do sonho de obter uma casaprópria, de trabalhar e enriquecer, de obter fartura)Nightmare. pesadeloTo make. fazer Happy. felizSpent. gastoTo miss. sentir falta/ ter saudadeTo show. mostrarFriendship. amizadeTo end up. terminarFirst. primeiro(a)Green card. documento que permite umestrangeiro viver legalmente nos EUASlow. devagarLow-class. classe baixa (pobre)Here. aqui

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Foto

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Arro

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Manifestação de imigrantes nos Estados Unidos.

Frase pichada num muro de Amsterdã, Holanda.

Centenas de pessoas participam de uma marcha em Allentown, Pensilvânia. Imigrantes ilegais eseus aliados se concentraram para participar depasseatas, missas e manifestações em todos osEstados Unidos, quando realizarão boicoteseconômicos, faltarão ao trabalho e à escola, a fimde mostrar a importância que têm para o país.(1/5/2006)

UM DIA SEM IMIGRANTES

A visão de Fernando PessoaPatriota? Não: só português.Nasci português como nasci louro e de olhos azuisSe nasci para falar, tenho que falar uma língua.(...)Falaram-me em homens, em humanidademas eu nunca vi homens, nem vi humanidade.Vi vários homens assombrosamente diferentes entre sicada um separado do outro por um espaço sem homens.

“Nenhum ser humano é ilegal”

Extraído dos Poemas Completos de Alberto Caeiro.

• Globalização e Trabalho38

MigraçõesTEXTO 16

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Globalização e Trabalho • 39

Comérc io internac ionalTEXTO 17

Novas formas de relações internacionais, como a produção industrial no sistemaem que os produtos são montados com peças provenientes de vários países,fizeram da logística um componente essencial dos sistemas produtivos.

A LOGÍSTICA CRIA O PRODUTO MUNDIAL

Foto: Antonio Costa / Gazeta do Povo / AE

Vista do terminal de contêiner do Porto

de Paranaguá, no Paraná

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• Globalização e Trabalho40

AAo fim da Segun-da Guerra Mun-dial, os Estados

Unidos surgiram comoa principal potênciaeconômica do planeta.Seu território não haviasido afetado pela guer-ra, enquanto a Europa,o Japão e a União Sovié-tica tinham tido suasestruturas produtivasdevastadas pelas bata-lhas terrestres e pelos bombardeios aére-os. Com isso, em meados dos anos 1950,os Estados Unidos detinham 50 por centoda produção industrial mundial. Seus arti-gos, seus filmes, sua música popular, pas-saram a dominar o mundo. Mas dali pordiante a proporção do poderio americanopassou a se reduzir.

Deixando de lado a União Soviética,

que sempre teve poucaparticipação no comér-cio internacional, cons-tituindo-se numa eco-nomia autárquica, istoé, que procurava serauto-suficiente e nãodepender de relaçõescom o Exterior, as razõesdo progressivo declíniodos Estados Unidos nocomércio mundial po-dem ser buscadas exa-

tamente na devastação que a Europa e oJapão tinham sofrido durante a guerra.

Isso porque, com seus parques in-dustriais destruídos durante os bombar-deios, o Japão e, na Europa, principalmentea Alemanha tiveram de começar pratica-mente do zero, o que levou esses países ainstalarem fábricas bem mais modernas doque as que continuavam a funcionar nos

A INTEGRAÇÃONORTE-AMERICANA

Comércio internac ionalTEXTO 18

Ilust

raçã

o:Al

cy

Estados Unidos, Canadá e México tentam criar mercado comum

Renato Pompeu

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Estados Unidos, não afetadas pela guerra.Com isso a Europa e o Japão, com

produtos melhores, mais baratos e maisinovadores, passaram a conquistar fatiascada vez maiores do mercado mundial,reduzindo a participação dos EstadosUnidos primeiro a um terço e depois amenos do que isso; europeus e japonesestambém lideraram os investimentos noTerceiro Mundo, acirrando a concorrên-cia com os americanos.

Os Estados Unidos passaram a sofrer deum déficit comercial crônico, isto é, impor-tavam muito mais do que exportavam. Paramelhorar sua situação, os americanos en-traram em contato com o Canadá e o México,para em 1992 formarem a Área de LivreComércio da América do Norte (ALCAN, ou,na sigla em inglês, NAFTA), com o fim de

criarem um mercado comum semelhanteao que já existia na Europa Ocidental. Emtoda a América do Norte, os produtosamericanos, canadenses e mexicanos, pas-saram a fluir livremente, sem maiores tari-fas alfandegárias, enquanto os produtosdos demais países do mundo, principal-mente da Europa e do Japão, sofriamimpostos de importação mais pesados.

Paupérrimo. extremamente pobre; pobríssimo.Zona de Livre Comércio. conjunto dos países queorganizam entre si a livre circulação das mercadoriasproduzidas nos seus territórios sem nenhum paga-mento de taxas para atravessar as fronteiras

Globalização e Trabalho • 41

Outubro de 2003. O secretário de Comércio americano Robert Zoellick, na foto com ministros dos países centro-americanos – Costa Rica, El Salvador, Guatemala,Honduras e Nicarágua, nas negociações para trazer esses países para o âmbito do Nafta,firmado 10 anos antes entre os países da América do Norte – EUA, México e Canadá.

Foto

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alda

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Texto de Renato Pompeu, jornalista e escritor

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Integração lat ino-amer icanaTEXTO 19

OMercosul (em português: MercadoComum do Sul; em castelhano: Mer-cado Común del Sur, Mercosur) é o

programa de integração econômica de cincopaíses da América do Sul. Em sua formaçãooriginal, o bloco era composto por quatropaíses: Argentina, Brasil, Paraguai e Uru-guai. Entretando, em julho de 2006, a Ve-nezuela aderiu ao bloco. O bloco também échamado de Cone Sul porque sua formaçãooriginal abrangia as nações do sul do conti-nente, formando um cone.

Reunião dos chefes de Estado dos paí-ses que integram o Mercosul, em 4 de julhode 2006. As discussões para a constituiçãode um mercado econômico regional para aAmérica Latina remontam ao tratado queestabeleceu a Associação Latino-Americanade Livre Comércio (ALALC) desde a décadade 1960. Esse organismo foi sucedido pelaAssociação Latino-Americana de Integração

METADE DA AMÉRICA

DO SUL JÁESTÁ LIGADA

AO BLOCOVenezuela foi o último

país a aderir plenamente; Chile e Bolívia ainda são

“membros associados”

• Globalização e Trabalho42

O presidente Lula e demais presidentes durante foto oficial da Reunião do Conselho do Mercado Comum do Sul (Mercosul), em Montevidéu, Uruguai.

Foto

:Ed

Ferre

ira /

AE

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Globalização e Trabalho • 43

na década de 1980. À época, a Argentina eo Brasil fizeram progressos na matéria, assi-nando a Declaração de Iguaçu (1985), queestabelecia uma comissão bilateral, à qualse seguiu uma série de acordos comerciaisno ano seguinte. O Tratado de Integração,Cooperação e Desenvolvimento, assinadoentre ambos os países em 1988, fixou comometa o estabelecimento de um mercadocomum, ao qual outros países latino-ameri-canos poderiam se unir.

Com a adesão do Paraguai e do Uru-guai, os quatro países se tornaram signatá-rios do Tratado de Assunção (1991), queestabelecia o Mercado Comum do Sul, umaaliança comercial visando dinamizar a eco-nomia regional, movimentando entre simercadorias, pessoas, força de trabalho ecapitais.

Inicialmente foi estabelecida uma zonade livre comércio, onde os países signatá-rios não tributariam ou restringiriam asimportações um do outro. A partir de 1.º dejaneiro de 1995, essa zona de livre comér-cio converteu-se em uma união aduaneira,na qual todos os signatários poderiam co-brar as mesmas alíquotas nas importaçõesdos demais países (tarifa externa comum).No ano seguinte, a Bolívia e o Chile adqui-riram o status de membros associados. OChile encontra-se em processo de aquisiçãodo status de membro pleno depois de resol-ver alguns problemas territoriais com aArgentina. Outras nações latino-america-

Oceano PacíficoOceano Pacífico

Oceano AtlânticoOceano Atlântico

Oceano AtlânticoOceano Atlântico

N

0 553

km

Países Membros

Países Associados

Países não participantes

Ilhas Falklands (Malvinas)

PERUPERU

Lima

Bogotá

Quito

EQUADOREQUADOR

COLÔMBIACOLÔMBIA

VENEZUELAVENEZUELACaracas Georgetown

ParamariboCaiena

BrasíliaLa Paz(capital administrativa)

Sucre(capital

legislativa)

MontevidéuBuenos Aires

Santiago

Assunção

BRASILBRASIL

BOLÍVIA

ARGENTINAARGENTINA

PARAGUAIPARAGUAI

CHILECHILE

URUGUAIURUGUAI

GUIANAGUIANA

SURINAMESURINAMEGUIANA

FRANCESAGUIANA

FRANCESA

FormaçãoTratado de Assunção, assinado em 26 de março de 1991

Área total13.000.000 km2 (2.º maior)

População total (2006)232,9 milhões (4.º mais populoso)

PIB por PPC (total 2006)U$ 2.284.723.000.000(4.º maior depois do Nafta, UE e Japão)

Infografe

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Texto 19 / Integração lat ino-amer icana

nas, como a Venezuela, manifestaram inte-resse em entrar para o grupo, o que se con-cretizou no dia 9 de dezembro de 2005.

As instituições integrantes do Mercosul,definidas pelo Tratado de Assunção, foramrevistas pelo Protocolo de Ouro Preto, em1994. Por ele, cada país-membro tem umvoto e as decisões necessitam ser unânimes.Três são as instâncias decisórias: um con-selho (com funções políticas), um grupo(com funções executivas) euma comissão técnica.

O Mercosul foi significati-vamente enfraquecido pelocolapso da economia argen-tina em 2002. Alguns críticosacreditam que a negativa deajuda do governo Bush àque-le país à época foi baseada emum desejo de enfraquecer oMercosul, já que, teoricamen-te, os EUA percebem a iniciativa desse mer-cado como um problema para a sua estra-tégia político-econômica para a AméricaLatina. No entanto, é mais provável que osEstados Unidos tenham deixado de ajudara Argentina uma vez que esse país latino-americano não transmitia confiabilidadeaos mercados internacionais, tendo deixa-do de honrar seus compromissos financei-ros em diversas ocasiões.

Em 2004 entrou em vigor o Protocolo de

Olivos (2002), que criou o Tribunal ArbitralPermanente de Revisão do Mercosul, comsede na cidade de Assunção (Paraguai). Umadas fontes de insegurança jurídica nessebloco de integração era a falta de um tribu-nal permanente.

Nova rodada de negociações ocorreu apartir de julho de 2004, entre outros tópi-cos, discutindo-se a entrada do México nogrupo. Como resultado, em 8 de dezembro

de 2004, os países membrosassinaram a Declaração deCuzco, que lançou as bases daComunidade Sul-Americanade Nações, entidade que uniráo Mercosul e o Pacto Andinoem uma zona de livre comér-cio continental.

Em dezembro de 2005, aVenezuela protocolou seu pe-dido de adesão ao Mercosul,

e em 4 de julho de 2006 seu ingresso aobloco econômico foi formalizado, emCaracas.

Muitos sul-americanos vêem o Mer-cosul como uma arma contra a influênciados Estados Unidos na região, tanto na for-ma da Área de Livre Comércio das Américasquanto na de tratados bilaterais.

Extraído de www.contestado.com.br/wik/Mercosul

• Globalização e Trabalho44

O Mercosul foi significativamenteenfraquecido pelo

colapso da economiaargentina no ano de2002. Há quem digaque os EUA queriamque isso ocorresse.

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Globalização e Trabalho • 45

Contrastes da g lobal izaçãoTEXTO 20

ALDEIA GLOBAL Claudius

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• Globalização e Trabalho 46

Contrastes da g lobal izaçãoTEXTO 21

Foto

:Grim

an

Lixão Araruama, RJ, o quadroque se repete no país, com lixo,homens e urubus.

Seção de mostruário deaparelhos de televisão daloja FNAC em Pinheiros,

São Paulo.

PRÓXIMOS E DISTANTES

Foto

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Globalização e Trabalho • 47

TEXTO 12

Com a aceleração do desenvolvimentotecnológico em todo o mundo, porcausa da globalização, com sua inter-

penetração das economias nacionais numaúnica totalidade econômica mundial, amão-de-obra passou a ser cada vez mais dis-pensável. Reduzindo-se, não só a proporçãode pessoas com empregos, mas também ossalários que os empregados podiam reivin-dicar. Quem queria emprego precisava acei-tar salários cada vez mais baixos, porquesempre havia quem pedisse menos parapoder ter um trabalho.

No limite, essa situação pode chegar aosalário zero ou próximo de zero, ou seja, aorenascimento do trabalho forçado e da es-cravidão em larga escala e em nova forma. EmNova York ou São Paulo, trabalhadores de ou-tros países são atraídos por empresários queprometem enganosamente bons salários e boascondições de trabalho e de vida, mas que, quan-do chegam ao seu destino, descobrem que tra-balham 14 ou 16 horas por dia e dormem noemprego, ficando confinados sem saírem de lá– e tendo descontados dos salários, mais fictí-cios do que reais, os gastos com a viagem e coma alimentação e higiene, de modo que os tra

balhadores ficam sempre devendo, “em con-dições análogas à da escravidão”.

Em relatório de maio de 2005, a Orga-nização Internacional do Trabalho calculavaque havia mais de 12 milhões de traba-lhadores escravos, inclusive mulheres e crian-ças, principalmente na prostituição. Essa situ-ação gerava cerca de 30 bilhões de dólaresanuais de lucros para os senhores de escravos– mas pesquisadores independentes, em estu-dos pioneiros não confirmados, calculavamque os trabalhadores escravos já atingiam acasa das dezenas de milhões de pessoas.

OIT AFIRMA QUE HÁ CADA VEZ MAIS

Contrastes da g lobal izaçãoTEXTO 22

ESCRAVOSDA GLOBALIZAÇÃO

Foto: Clayton de Souza / AE

Bolivianos ilegais fazem fila na Pastoral do Imigrante, no bairro Glicério, no centro de São Paulo.

Texto escrito por Renato Pompeu, escritor e jornalista.

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Sugestão de arte:Trocar esta chargepor uma nova do Alcysobre o mesmo tema.

por fora, bela viola

1 agasalho “jogging”, de marca:

R$ 600,00

2 tênis passeio, de marca:

R$ 400,00

3 tênis atletismo, de marca:

R$ 550,00

• Globalização e Trabalho48

Contrastes da g lobal izaçãoTEXTO 23

AS MÃOS INVISÍVEIS DO MERCADO Alcy

POR DENTRO...

_______________

TRABALHO ESCRAVO, OUQUASE, PARA PRODUzIR ESSAS PEÇAS: NÃO TEM PREÇO

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Globalização e Trabalho • 49

Uma reportagem publicada na revistaObservatório Social (na edição 10, dejunho de 2006) revela que uma mul-

tinacional de origem holandesa, com maisde 100 unidades instaladas no Brasil, sebeneficia do trabalho degradante de imi-grantes na cidade de São Paulo.

Os trabalhadores são trazidos ao Brasilpor intermediários conhecidos como “coio-tes”, que ganham dinheiro contrabandean-do gente de um país para outro. Pelo menos

100.000 bolivianos estão nessa situação nacapital paulista.

Segundo o Ministério Público do Tra-balho, podem chegar a oitenta os forne-cedores suspeitos de usar as malhariasclandestinas para a confecção de roupas.Centenas de etiquetas com marcas damultinacional foram encontradas nesseslocais pelas autoridades.

Fonte P www.observatoriosocial.org.br/portal/content/ view/870/89/

ESCRAVOS URBANOS

Relações de t rabalhoTEXTO 24

Costureiras trabalhando em máquinas de costura em uma confecção no bairro do Bom Retiro, São Paulo

Confecções vendem roupas produzidas em malharias clandestinas, que exploram a mão-de-obra de imigrantes irregulares

Foto: Sebastião Moreira / AE

24•CA03TXT16P4.qxd 13.12.06 10:39 Page 49

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• Globalização e Trabalho50

Lincoln Amaral

Anoção de emprego estava, até poucasdécadas atrás, associada à de estabili-dade, previsibilidade e certeza. O

empregado ficava décadas no mesmo em-prego, com garantias como emprego portempo definido, férias e fim-de-semana remu-nerados, indenização em caso de demissãosem justa causa, seguro de saúde e aposenta-doria. Com o avanço tecnológico, o empregomigrou da indústria, que precisava de menos

mão-de-obra, para os serviços, formais ouinformais. Nesse novo mercado, não há maisempregos permanentes e plenos direitos tra-balhistas: ou os trabalhadores são contrata-dos temporariamente ou trabalham por contaprópria, com apenas a remuneração pelassuas tarefas, correndo o risco de ficarem semtrabalho e sem renda por tempo indefinido.As empresas estatais são privatizadas, ocor-rendo demissões em massa, e os serviços pú-blicos são terceirizados, juntando-se a outrossetores em que ocorre a precarização doemprego.

Mudanças no mercado de t rabalhoTEXTO 25

Uma dúvida crucial: é possível fazer o que segosta e ainda assim ter sucesso profissional,

com bom retorno financeiro?

EMPREGABILIDADE,GLOBALIZAÇÃO E

FUTURO PROFISSIONAL

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Globalização e Trabalho • 51

À medida que avança o século XXI, asanálises e previsões feitas durante a décadade 1980 de que, no ano 2000, o avanço tec-nológico levaria à substituição dos traba-lhadores por máquinas inteligentes nas ativi-dades que demandavam esforços físicos, eque se trabalhariam somente trinta horaspor semana, sendo o restante do tempo des-tinado ao lazer, soa como algo duvidoso eaté um paradoxo. Por outro lado, os queestão sendo demitidos e voltam a trabalharpassam a receber um salário em média 30%menor do que o salário anterior.

O trabalho temporário, por tempo deter-minado e de meio período, está aumentandosua importância no índice total de crescimen-to dos empregos. Esses tipos de trabalhoenvolvem tipicamente salários mais baixos,alguns benefícios a menos e menor segurançaque o emprego mais tradicional. Isso, por suavez, está levando a uma polarização da forçade trabalho: trabalhadores de tempo integralcomparativamente produzem mais resultados,enquanto trabalhadores com menos segu-rança produzem comparativamente menos.

Esse fato traz como resultado vários pro-

Foto: Oslaim Brito / AE

Na foto, barraca de camelô no viaduto do Chá, no centro de São Paulo.

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• Globalização e Trabalho52

Texto 25 / Mudanças no mercado de t rabalho

blemas sociais. Numa época em que o gover-no está tentando reduzir sua responsabilidadequanto aos benefícios sociais, como a seguri-dade na terceira idade, um segmento cadavez maior da população perde acesso aostipos de pensão privada e aos planos de bene-fício que poderiam tornar os cidadãos auto-suficientes na aposentadoria.

O surgimento de uma classe de traba-lhadores sub-empregados e mal pagos afetaindevidamente aqueles que já consideramsuas oportunidades de emprego restritas,aumentando os problemas de discrimina-ção por sexo, raça, idade e também aos defi-cientes.

Por outro lado, gera preconceito contraaqueles que estão organizados, que passam aser vistos por alguns como felizardos, benefi-ciários da polarização de empregos. Aqueles

que vivenciam oportunidades desoladorasde emprego podem desenvolver um ressen-timento perturbador contra os que vivemuma realidade diferente.

Segundo dados do Cadastro Geral deEmpregados e Desempregados – CAGED doMinistério do Trabalho do Brasil, no setorformal do mercado de trabalho, onde estãoos trabalhadores protegidos por contratosde trabalho e pelos estatutos públicos,foram eliminados cerca de 2,560 milhõesde empregos, entre janeiro de 1990 e de-zembro de 1997. A geração de emprego nosetor formal tem uma tendência declinantea partir de 1990, explicada, em grandeparte, pela queda do emprego industrial.Entre 1989 e 1997, o emprego formal comoum todo declinou 8,4%.

Os estudos sobre a questão do mercadode trabalho evidenciam que nos últimos anosocorreu um aumento no perfil educacionalda mão-de-obra. Entre 1994 e o início de1998, a proporção de ocupados com nível de

Artigos pirateados, como CDs e aparelhos eletrônicos são abertamente oferecidos porcamelôs na rua 25 de Março, que tem o comércio mais movimentado de São Paulo

25•CA02T20P4.qxd 13.12.06 11:08 Page 52

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Globalização e Trabalho • 53

escolaridade entre 0 e 4 anos de estudo caiude 37% para 29% (queda de 8 pontos per-centuais), enquanto a parcela de trabalha-dores com mais de 9 anos de estudo seelevou de cerca de 36% para 44% (aumentode idênticos 8 pontos percentuais).

No Brasil, também, por volta da metadedos excedentes são oriundos da agriculturae da economia competitiva. As grandescidades já estão convivendo com pessoasque procuram por conta própria garantir suasobrevivência, principalmente os biscateiros(profissionais sem definição, que se adap-tam a qualquer atividade), os camelôs e osque optam pela prestação de serviços emdomicílio (encanador, eletricista, etc.). Alémdo mais, alastra-se o entendimento, porparte de um segmento populacional de queé preciso voltar-se para o "faça você mesmo".Surgem profissões novas, baseadas nosserviços de alta tecnologia, como o telemar-keting e os serviços de suporte de informáti-ca, computadorização e robotização. Com a

alta concentração de renda, com cada vezmenos pessoas dispondo de cada vez maisrenda, surge um mercado de luxo, atendi-do, por exemplo, por cozinheiros de altaqualificação (os chamados chefes), acom-panhantes, personal trainers, etc. Cresce onúmero de pessoas que trabalham em casa,com computadores.

Fotos: Fernando Dall'Acqua

Adaptado de estudo de Maria Ester Menegasso, da Universidade Federal de Santa Catarina, em www.eps.ufsc.br/teses98/ester/cap3.html

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• Globalização e Trabalho54

ConcentraçãoTEXTO 26

Sugestão de arte:Trocar esta chargepor uma nova do Alcysobre o mesmo tema.

Publicado em http://resistir.info/

A NOVA ORDEM MUNDIAL Angeli

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Page 55: Coleção Cadernos EJA - 05 Globalização e Trabalho

Globalização e Trabalho • 55

Meu saldo bancário junto com o do Antônio Ermírio deMorais seria um dos mais altos do Brasil. O fato de oAntônio Ermírio ser responsável por 98,2% do saldo

não afetaria a exatidão da frase. Se eu estivesse num restau-rante com outras quinze pessoas e o Bill Gates chegasse parajantar, a renda média dos presentes – a soma da renda de cadaum dividida por dezessete – se multiplicaria automaticamentee eu estaria matematicamente rico, pelo menos até o Bill Gatesir embora. Antes de me entusiasmar e gritar “Garçom, sus-pende a Coca Diet e traz um Château Petrus2!”, no entanto, eudeveria meditar sobre os perigos do dado mal examinado e daestatística enganosa.

Concentração de rendaTEXTO 27

NA MÉDIA, OU BILL GATES1

NO RESTAURANTELuis Fernando Verissimo,

17 de julho, 2003

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Só uma ilusão parecida com a que nos tornaria mais ricospela simples companhia do Bill Gates explica que, em meio àrevolta generalizada com a reforma da Previdência – em boaparte procedente e justa – categorias inteiras se indignem coma diminuição de tetos de proventos que só afetaria uma mino-ria, entre elas os “marajás” tão execrados na retórica desdeque o Collor se elegeu prometendo eliminá-los, há catorzeanos. Entre os erros e acertos da sua reforma, o governo podemuito bem lamentar que, com o tempo, a caça a marajás tenhaperdido seu charme político, ou caído de moda. Ganhos altosimexíveis se misturam com a causa legítima de servidorespúblicos que, na maioria, ganham uma miséria. Mais umaprova que, como no caso da reforma agrária, que todos apói-am desde que não seja preciso fazê-la, o grande desafio paraquem quer mudar o Brasil é conseguir transformar retóricaem fato.

De certa maneira, o fator Bill Gates no restaurante, ou oraciocínio pela média ilusória, é o que tem mantido a pazsocial no Brasil. Entre os grandes produtores rurais que nuncaproduziram e ganharam tanto, e as hordas de despossuídosno campo, na média estão todos bem. Entre os bancos quenunca lucraram tanto e o comércio e a indústria que penam,na média todos progridem. Entre a décima economia domundo e a pior distribuição de renda do mundo, na médianão está tão ruim assim. Entre os poucos que vivem a docevida brasileira e os milhões que padecem da nossa desigual-dade histórica, na média somos felizes. Entre uma Bélgica euma Botsuana, na média somos, sei lá... um Brasil. E AntônioErmírio e eu, na média, não temos do que nos queixar.

1 Bill Gates – Dono da Microsoft, considerado o homem mais rico do mundo.2 Château Petrus – Vinho francês da região de Pomerol de alta qualidade e preço acima da média.

Extraído do site www.comciencia.net/2003

• Globalização e Trabalho56

Texto 27 / Concentração de renda

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Interação de cul turasTEXTO 28

Globalização e Trabalho • 57

Jurandir chega mais cedo aquele dia em casa, talvez aindapegue Kauê acordado. Em vão.Ao entrar na sala, a esposa posta o indicador sobre os lá-

bios pedindo silêncio. Jurandir faz um pequeno muxoxo.Afrouxa a gravata, joga o paletó sobre uma cadeira e tira ossapatos.

Penalizada, a esposa pega a mão de Jurandir e o leva, péante pé, até o bercinho do filho, que naquela semana comple-tara duas primaveras.

BULHUFASIlu

stra

ção:

Alcy

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Os dois ficam mirando o rebento rosado ressonando, comgrande orgulho, por algum tempo.

Em seguida, Kauê começa a se mexer. Vira-se de um ladopara o outro, aninhando-se. Mas, no meio de um desses movi-mentos, abre os olhos e vê o pai.

Imediatamente a fisionomia do bebê ganha uma alegriasem par. Então ele abre um sorriso franco e diz:

– Hi, daddy...Jurandir lança um olhar esbugalhado para a mulher.– Marta, ele está falando comigo em...A esposa completa:– Sim, meu amor, ele está falando com você em inglês.

Não é uma coisinha?Kauê então completa a frase:– ...let’s play football in the garden with me?O casal se abraça, emocionado. Kauê insiste:– Daaaaddy! Come with me, pleaaaase!São interrompidos pela buzina da perua escolar. Ela traz

Diogo, o mais velho, de 6 anos. Mamãe deixa Jurandir e Kauêno quarto e vai até o portão receber o outro filho.

Pega-o no colo, enche-o de beijos. Mas o menino vemcheio de mau humor.

– Oh, mammy, leave me alone! I just want a warm bathwith my toys. Is it possible?

Parece roteiro de filme hollywoodiano. Mas o fenômeno sealastra por todo o Brasil. São as escolas de educação infantilcom opção bilíngüe.

Uma montanha de autidóres aponta a nova tendência.São ursinhos, cachorrinhos, elefantinhos (ou funny bears,happy dogs and small elephants) – todos mostrando a possibili-dade de falar facilmente o idioma de Shakespeare.

Os argumentos a favor são repetidos à larga. O mundoglobalizado, a necessidade de um idioma comum, a compe-

Texto 28 / Interação de cul turas

• Globalização e Trabalho58

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titividade cada vez maior no mercado. Ou o batido “seu filhoprecisa estar preparado para o futuro”.

Para ajudar no debate, que tal um parecer não tão favorá-vel assim?

Pois bem. Recentemente, uma universidade norte-americana adqui-

riu por 69 milhões de dólares o controle acionário de 61% datradicional universidade privada paulista Anhembi-Morumbi.

É o caso de pensar com calma no momento das futurasmatrículas.

Afinal, a happiness do seu filho está diretamente ligada àfreedom do seu país, isn’t it?

Aboboral

– Se o dinheiro é a mola do mundo, o Brasil está com asuspensão quebrada.

– Algo não vai bem quando se troca as sessões de análisepelas de diálise.

– O país que precisa de um Conselho de Ética está roubado.– Sem querer ser do contra, mas não estava na hora de

botar alguém na cadeia?

Texto de Castelo publicado na revista Caros Amigos, nº- 110

59Globalização e Trabalho •

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Os mesmos avanços que propicia-ram a globalização da economiafacilitaram também a migração en-

tre países. O Fundo de População das Na-ções Unidas (UNFPA) estima que, em1990, 120 milhões de pessoas viviam forado país natal. No continente americano, ofenômeno não foi diferente. O número demigrantes dentro da América Latina sal-tou de 1,5 milhão em 1960 para 11 mi-lhões em 1990. A Comissão Econômicapara a América Latina e o Caribe (Cepal)traçou o perfil dos movimentos migrató-rios na América e comprovou que, cadavez mais, os americanos se mudam parapaíses dentro do próprio continente. OBrasil é um bom exemplo. O número deestrangeiros que vivem aqui diminui aolongo dos anos, mas a participação deamericanos (das três Américas) na popu-lação brasileira é crescente.

Trecho extraído do texto de Andréa Wolffenbüttel, publicado narevista Desafios do Desenvolvimento – IPEA, edição 15 , 1/10/2005

MigraçõesTEXTO 29

• Globalização e Trabalho60

OS CAMINHOS DO NOVO

MUNDOAndréa Wolffenbüttel

América Latinatem 11 milhõeslonge de casa

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FLAGELOSHUMANOS

Mais de 9 milhões de refugiados se amontoam em campos do mundo inteiro: a metade vem da África e da Ásia

MigraçõesTEXTO 30

Globalização e Trabalho • 61

Da esquerda para a direita, refugiadosda Palestina, Sudão, Vietnã e Ruanda.

Foto: Farfuglinn Foto: Adele Booysen Foto: Philippe Tarbouriech Foto: Kresta King Cutcher

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* Exceto o norte africano ** Sul, oeste e centro da Ásia

598.400AMÉRICA

Principais países de origem dos refugiados em 2004

População refugiada de acordo com o comitê daACNUR em 2004(Alto Comissariado das Nações Unidas para refugiados)

XXX

62 • Globalização e Trabalho

Texto 30 / migrações

De acordo com a Convenção sobre oEstatuto dos Refugiados de 1951, orefugiado é uma pessoa que, "obede-

cendo ao temor devidamente fundado de serperseguido por motivos raciais, religiosos,de nacionalidade, ou de opinião política,pertencente a um grupo social em particu-lar, encontra-se fora de seu país de origem,que não lhe oferece segurança".

A emigração, isto é, a saída de um cida-dão do seu lugar de origem com intenção

de viver em outro também está condiciona-da a outras circunstâncias. Consideram-serefugiados ambientais aquelas pessoas quese vêem obrigadas a ir embora ou porquelhes é negado o acesso à terra, ou porque asua região é muito abandonada ou porqueo sistema econômico não lhes permite satis-fazer suas necessidades básicas.

Os países mais afetados pelas corren-tes de migrações forçadas são, ao mesmotempo, os mais pobres do mundo. As vinte

Família palestinarefugiada (acima);no Sudão, outrasfamílias enfrentamo mesmo drama(ao lado).

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OS REFUGIADOS NO MUNDO

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N

0 1412

km

2.084.900Afeganistão

730.600Sudão

462.200Congo

389.300Somália

349.800Vietnã

335.500Libéria

311.800Iraque

485.800Burundi485.800Burundi

350.600Palestina

250.600Sérvia e Montenegro

1.267.700África Central e grandes lagos

465.100 Oeste africano

245.100 Sul africano

770.50Leste africano

2.748.400TOTAL DA ÁFRICA*

9.236.500TOTAL GERAL

2.317.800EUROPA

836.700ÁSIA E PACÍFICO

2.735.200ÁSIA**, ORIENTE MÉDIO E NORTE AFRICANO

nações com maior proporção de refugiadosapresentam uma renda per capita em tornode 700 dólares anuais.

O problema dos refugiados adquiriu talmagnitude nos anos 1990, que os sistemasde ajuda internacional e local foram inca-pazes de resolver todas as situações. Oendurecimento de leis sobre admissão deestrangeiros e concessão de asilo nos paí-ses mais procurados pelos emigrantes fezcom que ficasse cada vez mais difícil para

os refugiados conseguirem abrigo em ou-tros países.

O desafio para o século 21 será, para asnações, garantir a segurança do indivíduo.

Enciclopédia do Mundo Contemporâneo, editoras Terceiro Milênio e Publifolha, 1999.

63Globalização e Trabalho •

Fonte: Relatórios de tendências de refugiados no mundo

de 2004 da UNHCR (Agência de Refugiados das Nações Unidas)

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ExpedienteComitê Gestor do ProjetoTimothy Denis Ireland (Secad – Diretor do Departamento da EJA)Cláudia Veloso Torres Guimarães (Secad – Coordenadora Geral da EJA)Francisco José Carvalho Mazzeu (Unitrabalho) – UNESP/UnitrabalhoDiogo Joel Demarco (Unitrabalho)

Coordenação do ProjetoFrancisco José Carvalho Mazzeu (Coordenador Geral)Diogo Joel Demarco (Coordenador Executivo)Luna Kalil (Coordenadora de Produção)

Equipe de Apoio TécnicoAdan Luca ParisiAdriana Cristina SchwengberAndreas Santos de AlmeidaJacqueline BrizidaKelly MarkovicSolange de Oliveira

Equipe PedagógicaCleide Lourdes da Silva Araújo Douglas Aparecido de CamposEunice RittmeisterFrancisco José Carvalho MazzeuMaria Aparecida Mello

Equipe de ConsultoresAna Maria Roman – SPAntonia Terra de Calazans Fernandes – PUC-SPArmando Lírio de Souza – UFPA – PACélia Regina Pereira do Nascimento – Unicamp – SPEloisa Helena Santos – UFMG – MGEugenio Maria de França Ramos – UNESP Rio Claro – SPGiuliete Aymard Ramos Siqueira – SPLia Vargas Tiriba – UFF – RJLucillo de Souza Junior – UFES – ESLuiz Antônio Ferreira – PUC-SPMaria Aparecida de Mello – UFSCar – SPMaria Conceição Almeida Vasconcelos – UFS – SPMaria Márcia Murta – UNB – DFMaria Nezilda Culti – UEM – PROcsana Sonia Danylyk – UPF – RSOsmar Sá Pontes Júnior – UFC – CERicardo Alvarez – Fundação Santo André – SPRita de Cássia Pacheco Gonçalves – UDESC – SCSelva Guimarães Fonseca – UFU – MGVera Cecilia Achatkin – PUC-SP

Equipe editorialPreparação, edição e adaptação de texto: Editora Página Viva

Revisão:Ivana Alves Costa, Marilu Tassetto, Mônica Rodrigues de Lima, Sandra Regina de Souza e Solange Scattolini

Edição de arte, diagramação e projeto gráfico: A+ Desenho Gráfico e Comunicação

Pesquisa iconográfica e direitos autorais: Companhia da Memória

Fotografias não creditadas: iStockphoto.com

Apoio

Editora Casa Amarela

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro. SP, Brasil)

Globalização e trabalho / [coordenação do projeto

Francisco José Carvalho Mazzeu, Diogo Joel Demarco,

Luna Kalil]. -- São Paulo : Unitrabalho-Fundação

Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho ;

Brasília, DF : Ministério da Educação. SECAD-Secretraria de

Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2007,

-- (Coleção Cadernos de EJA)

Vários colaboradores.

Bibliografia.

ISBN 85-296-0058-4 (Unitrabalho)

ISBN 978-85-296-0058-1 (Unitrabalho)

1. Globalização 2. Livros-texto (Ensino Fundamental)

3. Trabalho I. Mazzeu, Francisco José Carvalho.

II. Demarco, Diogo Joel. \III. Kalil, Luna. IV. Série.

07-0403 CDD-372.19

Índices para catálogo sistemático:

1. Ensino integrado : Livros-texto :

Ensino fundamental 372.19

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