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89ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(ÍZA) DE DIREITO DA ___ VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE GOIÂNIA-GO. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, pela Promotora de Justiça que esta subscreve, titular da 89ª Promotoria de Justiça de Goiânia, no uso de suas atribuições constitucionais, com fulcro no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, artigo 5º, inciso I, da Lei n. 7.347/85, no artigo 25, inciso IV, alínea b, da Lei n. 8.625/93, no artigo 46, inciso VI, alínea “b”, da Lei Complementar Estadual n. 25/98, vem, perante Vossa Excelência, propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA em desfavor do(a): ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito público, inscrita no C.N.P.J. com n. 01.409.580/001-38, representada pelo Procurador-Geral do Estado, Alexandre Eduardo Tocantins, com sede na Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, n. 03, Setor Central, Goiânia-GO, C.E.P.: 74.003-010, _________________________________________________________________ _________________________________________________________________1 Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208 URGENTE

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO … · do Estado, Alexandre Eduardo Tocantins, com sede na Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, n. 03, Setor Central, Goiânia-GO,

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Page 1: EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO … · do Estado, Alexandre Eduardo Tocantins, com sede na Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, n. 03, Setor Central, Goiânia-GO,

89ª PROMOTORIADE JUSTIÇA

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(ÍZA) DE DIREITO DA ___ VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE GOIÂNIA-GO.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, pela Promotora de Justiça que esta subscreve, titular da 89ª Promotoria de Justiça de Goiânia, no uso de suas atribuições constitucionais, com fulcro no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, artigo 5º, inciso I, da Lei n. 7.347/85, no artigo 25, inciso IV, alínea b, da Lei n. 8.625/93, no artigo 46, inciso VI, alínea “b”, da Lei Complementar Estadual n. 25/98, vem, perante Vossa Excelência, propor

AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

em desfavor do(a):

ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito público, inscrita no C.N.P.J. com n. 01.409.580/001-38, representada pelo Procurador-Geral do Estado, Alexandre Eduardo Tocantins, com sede na Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, n. 03, Setor Central, Goiânia-GO, C.E.P.: 74.003-010,__________________________________________________________________________________________________________________________________11

Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

URGENTE

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89ª PROMOTORIADE JUSTIÇA

AGÊNCIA GOIANA DO SISTEMA DE EXECUÇÃO PENAL – AGSEP, pessoa jurídica de direito público, inscrita no C.N.P.J. sob o n. 13.199.944/0001–81, representada pelo presidente Edemundo Dias de Oliveira Filho, com sede na Avenida 1ª Radial, n. 586, bloco 1 e 2, 2º Andar, Setor Pedro Ludovico, Goiânia-GO, C.E.P.: 74.820-900,

pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas:

1. DO OBJETO

A presente ação civil pública tem por objeto obrigação de fazer para o Estado de Goiás e para a AGSEP:

− nomear aprovados no Concurso Público/Edital n. 003/2009, de 10 de setembro de 2010, pelo fato de existirem vagas a serem providas para o cargo de Agente de Segurança Prisional, cujas atribuições estão sendo desenvolvidas por contratados temporariamente;

− prorrogar o prazo de validade do certame, cujo vencimento ocorrerá no próximo domingo, dia 22 de abril de 2012, porquanto existam vagas a serem preenchidas ao tempo em que aprovados aguardam nomeação.

2. DOS FATOS

No ano de 2009 o Estado de Goiás, por intermédio das Secretarias de Segurança Pública e de Ciência e Tecnologia, realizou Concurso Público/Edital n. 003/2009 (doc. 01) para provimento efetivo de 400 vagas destinadas ao cargo de Agente de Segurança Prisional, as quais foram distribuídas

__________________________________________________________________________________________________________________________________22Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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dentre as regiões metropolitana, norte, noroeste, nordeste, sudeste, sudoeste, entorno de Brasília e centro-oeste do território estadual.

O certame se amoldou aos ditames insertos no artigo 37, II, da Constituição Federal e nas Leis Estaduais n. 14.237/2002 e n. 15.507/2005, consoante Edital n. 003/2009, de 10 de setembro de 2009 (doc. 01).

Além das 400 vagas oferecidas, o Edital também previu a formação de cadastro de reserva para o cargo de Agente de Segurança Prisional.

As provas foram aplicadas durante o mês de novembro de 2009 e a homologação do resultado final do referido Concurso deu-se em 22 de abril de 2010. Cumpre registrar ainda que, conforme previsto no subitem 11.1 do Edital, o certame teria a validade de dois (02) anos, a contar da data da publicação oficial da homologação do resultado final no Diário Oficial do Estado de Goiás, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da Administração.

Foram nomeados todos os aprovados dentro do número de vagas especificado no Edital, bem como parte daqueles que se classificaram dentro da reserva técnica. Ao todo remanescem sessenta e quatro (64) aprovados a serem nomeados, dos quais doze (12) estão em condição sub judice.

2.1. A AGÊNCIA GOIANA DO SISTEMA DE EXECUÇÃO PENAL E O ESTADO DE GOIÁS CONFESSAM A EXISTÊNCIA DE VINTE E NOVE (29) VAGAS A SEREM PROVIDAS POR AGENTES DE SEGURANÇA PRISIONAL, COM REGISTRO DE NECESSIDADE A SER SUPRIDA IMEDIATAMENTE

A Gerência de Ensino da AGSEP, na data de 07 de março de 2012, informou à Direção de Gestão, Planejamento e Finanças daquela Agência sobre a existência de vinte e nove (29) vagas destinadas ao provimento efetivo de Agentes de Segurança Prisional (doc. 02):

“(…) __________________________________________________________________________________________________________________________________33

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alcançamos o número de 29 (vinte e nove) vagas devido aos candidatos que não tomaram posse, Agentes Prisionais que foram reposicionados em classes e níveis superiores, assim como as exonerações a pedido.(…)”.

O Estado de Goiás, por intermédio da Secretaria de Gestão e Planejamento – SEGPLAN, em notícia publicada no dia 17/04/2012 no endereço eletrônico referente àquela Secretaria, faz alusão à nomeação de vinte e nove (29) aprovados no concurso da AGSEP (doc. 03):

“(...)A Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan) publicou hoje (17/04) no site www.seplan.go.gov.br a lista de convocação dos 29 aprovados no concurso da Agência Goiana do Sistema de Execução Penal (Agsep). O decreto de nomeação está na Secretaria da Casa Civil para assinatura do governador Marconi Perillo e publicação no Diário Oficial do Estado.(...)”

Resta, portanto, incontroversa a existência de vinte e nove (29) vagas ainda não providas, embora cinquenta e dois (52) candidatos aprovados na reserva técnica estejam clamando por nomeação.

2.2. A AGÊNCIA GOIANA DO SISTEMA DE EXECUÇÃO PENAL CONFESSA A EXISTÊNCIA DE QUINHENTOS E NOVENTA E TRÊS (593) CONTRATADOS A TÍTULO PRECÁRIO EM DETRIMENTO DOS APROVADOS DENTRO DO CADASTRO DE RESERVA

__________________________________________________________________________________________________________________________________44Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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A partir da listagem elaborada pela Agência Goiana do Sistema de Execução Penal, verifica-se a existência de quinhentos e noventa e três (593) vigilantes contratados temporariamente (doc. 04).

Importa registrar que a atribuição desenvolvida por um vigilante temporário é idêntica àquela desempenhada por um agente de segurança prisional. Essa conclusão é auferida pela própria AGESEP no momento em que descreve as atividades intrínsecas ao cargo de vigilante temporário na lista remetida a esta promotoria (doc. 04).

A par dessa premissa, contemple-se o quadro comparativo das funções inerentes ao cargo de agente de segurança prisional, bem como de vigilante, objeto de contratações temporárias:

Edital n. 003/2009, de 10 de setembro de 2009 (Anexo II:

Descrição sintética das atribuições de Agente de

Segurança Prisional)

Listagem remetida pela AGESEP que contém todos os servidores

contratados - Vigilantes Temporários - e as respectivas

atribuições do cargo (doc. )1) zelar pela disciplina e segurança dos presos, evitando fugas e conflitos;

1) zelar pela disciplina e segurança dos presos, evitando fugas e conflitos;

2) fiscalizar o comportamento da população carcerária, observando os regulamentos e normas em vigor;

2) fiscalizar o comportamento da população carcerária, observando os regulamentos e normas em vigor;

3) providenciar a necessária assistência aos presos, em casos de emergências;

3) providenciar a necessária assistência aos presos, em casos de emergências;

4) fiscalizar a entrada e saída de pessoas e veículos nas Unidades Prisionais;

4)fiscalizar a entrada e saída de pessoas e veículos nas Unidades Prisionais;

5) fazer triagem de presos de acordo com a Lei de Execução Penal;

5) fazer triagem de presos de acordo com a Lei de Execução Penal;

6) conduzir e acompanhar, em 6) conduzir e acompanhar, em

__________________________________________________________________________________________________________________________________55Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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custódia, os presos entre as Unidades Prisionais Integradas do Complexo Penitenciário do Estado de Goiás e, em casos emergenciais, aos deslocamentos para fora do referido Complexo Penitenciário, com o auxílio da Polícia Militar, para melhor segurança do trabalho;

custódia, os presos entre as Unidades Prisionais Integradas do Complexo Penitenciário do Estado de Goiás e, em casos emergenciais, aos deslocamentos para fora do referido Complexo Penitenciário, com o auxílio da Polícia Militar, para melhor segurança do trabalho;

7) realizar trabalhos em grupo e individuais com o objetivo de instruir os presidiários, neles incutindo hábitos de higiene e boas maneiras;

7) realizar trabalhos em grupo e individuais com o objetivo de instruir os presidiários, neles incutindo hábitos de higiene e boas maneiras;

8) executar outras atividades correlatas

8) executar outras atividades correlatas

9) Verificar as condições de segurança da Unidade em que trabalha;10) elaborar relatório das condições da Unidade;11) encaminhar solicitações de assistência médica, jurídica, social e material ao preso;

Sob esse contexto fático, ainda que o Governo do Estado tapasse os olhos para a problemática que envolve os contratados a título precário na AGESEP, o fato é que há candidatos aprovados na reserva técnica sendo menosprezados pela Administração Pública Estadual, que insiste em manter servidores temporários no exercício das tarefas privativas de cargos de provimento efetivo.

2.3. DA ATESTADA NECESSIDADE DE PROVER NOVOS AGENTES DE SEGURANÇA PRISIONAL

No dia 1º de fevereiro de 2012 a AGSEP informou a realização de concurso público para preenchimento de 610 vagas destinadas ao cargo de

__________________________________________________________________________________________________________________________________66Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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Agente de Segurança Prisional, conforme matéria publicada no próprio site da Agência (doc. 05):

“O presidente da Agência Goiana de Execução Penal (AGSEP), Edemundo Dias de Oliveira Filho, informa aos servidores da instituição, nesta quarta-feira, 01/02, que a Comissão de Concursos da Secretaria de Gestão e Planejamento do Estado (Segplan) acatou a solicitação do órgão em abrir concurso público para 610 Agentes de Segurança Prisional e 15 técnicos agrícolas. O concurso da AGSEP deverá ser anunciado pelo Governo do Estado junto com os outros certames da Segurança Pública, que também estão em estudo. De acordo com Dias, a novidade é a contratação de quadro técnico para a área rural para trabalhar na implantação e execução do Projeto Fazenda Esperança, que prevê a existência de atividades agropastoris nas oito regionais da AGSEP em Goiás, atendendo as 76 unidades prisionais da instituição. A ideia é estabelecer a autossustentabilidade do sistema prisional e gerar mais postos de trabalho para detentos nessas localidades”.

É no mínimo desrespeitoso anunciar a abertura de um concurso público quando aprovados em certame anterior, para o mesmo cargo, aguardam por nomeação e veem escoar o prazo de validade sem que o Poder Público manifeste intenção em renová-lo.

Nada obstante, a notícia postada corrobora o fato de existir demanda de trabalho relativa ao cargo de agente de segurança prisional, a qual poderia ser suprida por meio da nomeação de aprovados, mas, ao revés, o que se vê é a contratação de temporários para exercerem atividades privativas de cargo de ingresso efetivo.__________________________________________________________________________________________________________________________________77

Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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A própria AGSEP roga pela nomeação dos aprovados ao cargo de Agente de Segurança Prisional (doc. 02):

A nomeação dos referidos candidatos ao cargo de Agente de Segurança Prisional, se faz necessária pelo enorme déficit de servidores efetivos em nosso quadro, pois temos unidades prisionais em que estão laborando apenas 1 (um) servidor por plantão, e em alguns estabelecimentos penais contêm mais de 100 (cem) custodiados.

2.4. DA IMPRESCINDIBILIDADE DA PRORROGAÇÃO DO PRAZO DE VALIDADE DO CONCURSO PÚBLICO

A presente ação também tem como escopo prorrogar o prazo de validade do concurso público realizado pelo Estado de Goiás, regido pelo Edital n. 003/2009, cujo resultado foi homologado no dia 22 de abril de 2010, consoante se vê no Diário Oficial do Estado de Goiás n. 20.844 (doc. 06).

A prorrogação por mais dois (02) anos é medida impositiva tendo-se em vista que o prazo de validade do certame finaliza-se no dia 22 de abril de 2012, próximo domingo, e conforme demonstrado no corpo desta peça exordial, está materializada a existência de vagas a serem providas por aprovados que aguardam nomeação, além do enorme quantitativo de temporários no exercício de atributos afetos ao cargo de Agente de Segurança Prisional.

A verdade é que o subitem 11.1 do Edital prevê a possibilidade de prorrogar o prazo de validade do concurso por mais 02 (dois) anos, a depender da necessidade da Administração Pública.

Dadas tais circunstâncias, não subsiste motivo que possa obstar a prorrogação do prazo de validade do certame, pois, caso houvesse, o Poder Público Estadual não estaria contratando servidores temporários para

__________________________________________________________________________________________________________________________________88Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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atuarem como se fossem agentes de segurança prisional, nem tampouco manteria as contratações já existentes. Relembre-se, também, as vinte e nove (29) vagas ainda não preenchidas pelos aprovados no concurso público.

Ora, até mesmo o Presidente da AGSEP reconhece a imprescindibilidade de se proceder a dilação do prazo de validade do concurso para a nomeação de todos os aprovados. Nesse sentido, é o teor do Ofício n. 212/2012, datado de 1ª de fevereiro de 20121, encaminhado ao Secretário de Gestão e Planejamento, cujo trecho se transcreve a seguir (doc. 07):

Ao apraz de cumprimentá-lo, solicito os bons préstimos de Vossa Excelência gestões no sentido de viabilizar a prorrogação do concurso público de provimento efetivo de Agentes de Segurança Prisional, Edital n.º 003/2009, de 10/03/2009, homologado através da Portaria n.º 122/10-GABS, de 19/04/2010 e publicado no Diário Oficial n.º 20.844, de 22/04/2010 (anexo).

2.3. DAS VACÂNCIAS QUE SURGIRÃO PELO FATO DA PROMOÇÃO DE AGENTES DE SEGURANÇA PRISIONAL DE CLASSE I PARA CLASSE II

A Gerência de Ensino da AGSEP confirma a futura ocorrência de cento e vinte e quatro (124) promoções de Agentes Prisionais da Classe I para Classe II (doc's. 02 e 08):

“(…) Acrescentamos também o número de 124 (cento e vinte e quatro) promoções de Agentes Prisionais da Classe I para Classe II, que ocorrerão nos próximos dias, perfazendo assim o quantitativo de 153 (cento e cinquenta e três) vagas aberta na

1 Tal pedido resultou na instauração de processo registrado sob o n. 201200005001288, no âmbito da SEGPLAN.

__________________________________________________________________________________________________________________________________99Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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Classe Inicial do cargo de Agente de Segurança Prisional (Classe I).(…)”.

Isso significa dizer que em breve irão vagar outros cento e vinte e quatro (124) cargos de agente de segurança prisional.

2.4. INSUFICIÊNCIA DE QUANTITATIVOS DE CARGOS

Nos casos de inexistência de cargo, deverá o Estado ser forçado a enviar projeto de lei para a criação, porque conforme apurado, há demanda de trabalho que vem sendo compensada pela contratação de servidores temporários.

3. DO DIREITO

3.1 DA TEMPESTIVIDADE DA PRESENTE DEMANDA

Consoante salientado outrora, o prazo de validade do certame extinguir-se-á no próximo domingo, dia 22 de abril de 2012.

Rememorado esse acontecimento, se faz prudente registar o escorreito entendimento de que a simples propositura da demanda é suficiente para afastar o instituto da decadência. Assim, na hipótese de a ação ter sido ajuizada dentro do prazo de validade da seleção pública, eventual formalidade no procedimento judicial que por ventura acarrete na demora do julgamento da lide, jamais poderia ensejar a extinção do processo sem julgamento do mérito.

A par desse raciocínio, comungue-se a orientação esposada pela jurisprudência pátria:

__________________________________________________________________________________________________________________________________1010Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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AGRAVO DE INSTRUMENTO - Concurso público para o cargo de fiscal de obras do município de Votorantim - Categoria deficientes físicos - Decadência afastada pelo ajuizamento da ação dentro do prazo de validade do concurso e inocorrência de prescrição, pois interrompida com o ajuizamento da ação - Formação deficiente do instrumento - Ausência de peças essenciais e necessárias à compreensão da controvérsia - Aplicabilidade da Súmula nº 288, do STF- Precedentes do STJ e deste Egrégio Tribunal de Justiça - Recurso não conhecido.2 (negritou-se).

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DIREITO ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. CONCURSO PÚBLICO. AÇÃO AJUIZADA DENTRO DO PRAZO DE VALIDADE. AUSÊNCIA DE INTERESSE. INOCORRÊNCIA. 1. Decididas as questões suscitadas, de forma bem fundamentada e nos termos em que proposta a lide, não há falar em violação do artigo 535 do Código de Processo Civil, à ausência de omissão qualquer. Código de Processo Civil 2. Ajuizada a ação civil pública antes, inclusive, do prazo de validade do concurso, não há falar em ausência de interesse processual, mormente porque questionados os atos da Administração relacionados à nomeação dos candidatos aprovados.

2 Agravo de Instrumento n. 5838366220108260000, SP 0583836-62.2010.8.26.0000, Relatora Desembargadora Maria Laura Tavares, Data de Julgamento: 17/01/2011, 11ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 04/02/2011.

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Precedentes. 3. Agravo regimental improvido.3 (referendou-se o destaque).

Diante disso, é clarividente que o direito de nomeação dos candidatos aprovados na reserva técnica devem ser resguardados, pois os escoamento da validade do concurso só traria prejuízos ao interesse público e ofensa ao princípio da moralidade pelo fato de o Estado não socorrer os efeitos legítimos do concurso.

3.2. DA VIOLAÇÃO AO DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO DOS CANDIDATOS APROVADOS PARA AS VAGAS PREVISTAS NA RESERVA TÉCNICA

A Administração Pública é livre para fazer as opções administrativas, mas o exercício da discricionariedade encontra limites na própria Constituição Federal, circunstância presente neste caso. Ao permitir que temporários exerçam tarefas próprias de cargo de preenchimento efetivo, a Agência Goiana do Sistema de Execução Penal – AGSEP lesa o direito subjetivo à nomeação dos aprovados para as vagas da reserva técnica.

Lesa, ainda, os princípios da impessoalidade, legalidade e moralidade administrativa ao menoscabar o direito dos aprovados no concurso, porquanto cria impedimento ou retardo à imediata nomeação daqueles que foram aprovados.

É consabido que a aprovação em concurso público dentro do cadastro de reserva gera mera expectativa de direito, estando a nomeação adstrita ao exercício do poder discricionário da Administração Pública.

Em outras palavras, a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás e dos Tribunais Superiores é pacífica ao afirmar que somente a

3 Agravo Regimento no Agravo de Instrumento n. 1294216 GO 2010/0054901-1, Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO, Data de Julgamento: 28/09/2010, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/11/2010

__________________________________________________________________________________________________________________________________1212Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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aprovação em concurso público dentro do número de vagas previsto no Edital gera direito à nomeação, vinculando a Administração após a homologação do certame. A classificação além daquele quantitativo enseja apenas expectativa de direito.

Entretanto, verificada a preterição de aprovados em concurso público em benefício de outras pessoas, in casu temporários, a expectativa de direito convola-se em direito líquido e certo, eis que tal circunstância atesta a necessidade do serviço público.

A corroborar tais acepções, contemple-se o teor dos seguinte julgados do Tribunal de Justiça local:

MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. AGANP. AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. NÃO VERIFICAÇÃO. CANDIDATOS CLASSIFICADOS NA RESERVA TÉCNICA. MERA EXPECTATIVA DE DIREITO À NOMEAÇÃO. CONTRATAÇÃO PRECÁRIA DE COMISSIONADOS E TEMPORÁRIOS EM DETRIMENTO DOS CANDIDATOS. APROVADOS NO CONCURSO. ILEGALIDADE. DIREITO LÍQUIDO E CERTO À NOMEAÇÃO E POSSE NO CONCURSO.I. Manifestamente insubsistente a alegação de ausência de prova préconstituída, quando a petição inicial foi instruída com os documentos necessários à comprovação da pretensa violação a direito líquido e certo. II. Como regra, institui-se a sistemática de que a aprovação em concurso público fora do número de vagas originariamente previstas, integrando os classificados o chamado "cadastro de reserva técnica", também gera mera expectativa de direito a nomeação, competindo à

__________________________________________________________________________________________________________________________________1313Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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administração pública decidir acerca da oportunidade e conveniência em prover os cargos que porventura fiquem disponíveis durante o prazo de validade do certame. III. Contudo, essa expectativa se convola em direito subjetivo, impondo-se a administração o dever de nomear, caso tenha havido preterição na ordem classificatória ou contratação a título precário, de servidores comissionados e temporários, para o preenchimento de vagas existentes, em detrimento da nomeação de candidatos aprovados na reserva técnica em certame ainda válido. Nestes casos, a nomeação e a posse, que seriam, a princípio, discricionárias, tornam-se verdadeiros atos vinculados, gerando em contrapartida, direito subjetivo para o candidato aprovado dentro de tal previsão.

IV. Restando comprovado nos autos, a classificação dos impetrantes no concurso público, e estando incontroverso que houve a contratação, em caráter precário, de comissionados, para suprir a carência de pessoal, haja vista a existência de cargos vagos, no prazo de validade do certame, nasce, assim, o direito líquido e certo de exigir da autoridade competente a nomeação, pois demonstrada, inequivocadamente, a necessidade de servidores para integrar o quadro de pessoal da administração.

V. Constatada a ilegalidade da conduta da administração, revela-se inquestionável o direito líquido e certo dos impetrantes a nomeação e posse nos cargos para os quais foram classificados no cadastro de reserva técnica, desde que

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seja observada a ordem de classificação. Segurança concedida.4 (destacou-se).

MANDADO DE SEGURANÇA. AGANP. CLASSIFICAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO NO CADASTRO DE RESERVA. AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL. PERDA DO OBJETO. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. INOCORRÊNCIA. CONTRATAÇÃO PRECÁRIA DE SERVIDORES EM DETRIMENTO DAQUELES APROVADOS EM CERTAME PÚBLICO. EXISTÊNCIA DE VAGAS DISPONÍVEIS NOS QUADROS DA ADMINISTRAÇÃO. PRETERIÇÃO DA ORDEM CLASSIFICATÓRIA DOS CANDIDATOS APROVADOS NO CADASTRO DE RESERVA. DIREITO LÍQUIDO E CERTO À NOMEAÇÃO.1. Não há falar em perda do objeto da ação, tampouco ausência de interesse processual do autor quando este interpõe a ação dentro do prazo legal, ou seja, no prazo de validade do concurso, demonstrando a necessidade e utilidade da tutela jurisdicional. 2. 'É juridicamente possível o pedido quando autorizado ou não vedado pelo ordenamento. Nesse sentido, a existência de outros candidatos classificados no cadastro de reserva em melhores posições que a do impetrante não impede que este utilize a via judicial visando a defesa de seus direitos, não podendo a inércia daqueles prejudicar a pretensão autoral.

4 TJGO, 1ª Câmara Cível, Mandado de Segurança n. 17373-0/101, Rel. Des. Luiz Eduardo de Sousa, DJ n. 356, de 17/06/09.__________________________________________________________________________________________________________________________________1515

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3. Não possui respaldo a alegação de ausência de prova préconstituída quando a petição inicial encontra-se instruída com os documentos necessários à comprovação do direito líquido e certo invocado. 4. Consoante orientação doutrinária e jurisprudencial, a classificação em concurso público em cadastro de reserva gera mera expectativa de direito, contudo, exceção a esta regra dará se, existindo cargos vagos, ao invés de nomear os aprovados em concurso, a administração proceder com a contratação de servidores comissionados/temporários em detrimento daqueles classificados em seleção pública. Neste caso, a nomeação e a posse que seriam em princípio discricionárias, tornam-se atos vinculados, gerando direito subjetivo para o candidato. 5. Constatada a ilegalidade da conduta da Administração, revela-se inquestionável o direito líquido e certo dos Impetrantes à nomeação e posse para os cargos pretendidos que foram classificados no cadastro de reserva técnica, observando-se o quantitativo de vagas existentes e a ordem de classificada de cada candidato. 6. Segurança concedida.5 (grifou-se).

MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. AGANP. CARGO DE ANALISTA DE GESTÃO ADMINISTRATIVA – ÁREA GERAL. INTERESSE PROCESSUAL EXISTENTE. OFENSA DIREITO LÍQUIDO E CERTO. CONTRATAÇÃO DE

5 TJGO, Corte Especial, Mandado de Segurança n. 384005-07.2010.8.09.0000, Rel. Des. Kisleu Dias Maciel Filho, Julgado em 13/07/2011, DJE n. 874, de 04/08/2011.__________________________________________________________________________________________________________________________________1616

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SERVIDORES EM COMISSÃO NO PRAZO DE VALIDADE DO CERTAME. PRETERIÇÃO. I – À luz de posicionamento do STJ, há interesse no julgamento do writ, pois ainda que tivesse sido impetrado após expirada a validade do concurso, '... não se questiona atos da Administração relacionados à realização do concurso público, mas sim atos referentes à nomeação dos candidatos' (STJ, 5ª Turma, RMS 24690, Rel. Min. Félix Fisher, DJ de 12/05/2008). II – Evidencia-se o direito líquido e certo das impetrantes de serem nomeados para os cargos em que obtiveram aprovação em concurso público, quando há, pela Administração Pública, quebra da ordem classificatória ao contratar comissionados para exercerem as mesmas funções em vacância, a título precário, dentro da validade do certame. A existência de vagas, a realização de concurso e a inequívoca necessidade de contratação somados ao ato omissivo da Administração em não proceder às nomeações das candidatos aprovadas, impõem a concessão da ordem de segurança pleiteada. Segurança concedida.6 (negritou-se).

A Suprema Corte brasileira asseverou em diversos julgados que “a ocupação precária, por comissão, terceirização, ou contratação temporária, de atribuições próprias do exercício de cargo efetivo vago, para o qual há candidatos aprovados em concurso público vigente, configura ato administrativo eivado de desvio de finalidade, equivalente à preterição da ordem de classificação no certame, fazendo nascer para os concursados o

6 TJGO, Corte Especial, Mandado de Segurança n. 361781-75.2010.8.09.0000, Rel. Des. Walter Carlos Lemes, Julgado em 08/06/2011, DJE n. 851, de 01/07/2011.__________________________________________________________________________________________________________________________________1717

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direito à nomeação, por imposição do artigo 37, inciso IV, da Constituição Federal”7.

No mesmo termo, cita-se, entre outros, as seguintes ementas dos julgados proferidos pelo Supremo Tribunal Federal:

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRARODINÁRIO. CF/88, ART. 37, IX. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA PARA O MAGISTÉRIO MUNICIPAL. PRETERIÇÃO DE APROVADOS EM CONCURSO PÚBLICO.1. A regra constitucional é o provimento de cargo público mediante concurso.2. Comprovada a necessidade de contratação de pessoal, os candidatos aprovados em concurso público serão nomeados em detrimento de contratações temporárias. Precedentes.3. Agravo regimental a que se nega provimento.8 (realçou-se).

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONCURSO PÚBLICO. TERCEIRIZAÇÃO DE VAGA. PRETERIÇÃO DE CANDIDATOS APROVADOS. DIREITO À NOMEAÇÃO. REEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO.

1. Uma vez comprovada a existência da vaga, sendo esta preenchida, ainda que precariamente, fica

7 STF, 2ª Turma, AI n. 776.070-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE de 22/03/2011.8 STF, 2ª Turma, RE n. 555.141-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE de 24/02/2011.__________________________________________________________________________________________________________________________________1818

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caracterizada a preterição do candidato aprovado em concurso.2. Reexame de fatos e provas. Inviabilidade do recurso extraordinário. Súmula n. 279 do Supremo Tribunal Federal. Agravo regimental a que se nega provimento.9 (relevou-se).

SERVIDOR PÚBLICO. CONCURSO PÚBLICO. CARGO. NOMEAÇÃO. PRETERIÇÃO DA ORDEM DE CLASSIFICAÇÃO E CONTRATAÇÃO PRECÁRIA. FATOS NÃO DEMONSTRADOS. SEGURANÇA CONCEDIDA EM PARTE. SUSPENSÃO. INDEFERIMENTO. INEXISTÊNCIA DE LESÃO À ORDEM PÚBLICA. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

Não há risco de grave lesão à ordem pública na decisão judicial que determina seja observada a ordem classificatória em concurso público, a fim de evitar preterição de concursados pela contratação de temporários, quando comprovada a necessidade do serviço.10 (salientou-se).

Dessarte, reitera-se que, não obstante o entendimento jurisprudencial no sentido de que a classificação em certame público em cadastro de reserva gera mera expectativa de direito, configura-se exceção a essa regra quando, existindo cargos vagos, ao invés de nomear os aprovados em concurso, a Administração contrata ou mantém servidores comissionados/temporários em detrimento daqueles classificados em seleção pública.

9 STF, 2ª Turma, AI n. 777.644-AgR, Rel. Min. Eros Grau, DJE de 14/05/2010.10 STF, Pleno, SS n. 4.196-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, DJE de 27/08/2010.__________________________________________________________________________________________________________________________________1919

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Em casos tais, a nomeação e a posse que, em princípio, seriam discricionárias, tornam-se atos vinculados, gerando direito subjetivo para os candidatos aprovados.

3.3. DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE LIMINAR

3.3.1. DA PRESENÇA DOS REQUISITOS

A Lei de Ação Civil Pública prevê que:

Art. 12 Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.

Além disso, regula o artigo 273, inciso I, do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou (…)

O caput do artigo 273 do CPC estabelece, como requisitos para a antecipação dos efeitos da tutela, a existência de prova inequívoca e de verossimilhança das alegações.

Por prova inequívoca deve entender-se que não se trata de prova irrefutável, inafastável – senão conduziria a uma tutela satisfativa definitiva, fundada em cognição exauriente –, mas de prova robusta, contundente, que dê, por si só, maior segurança possível ao magistrado sobre a existência ou inexistência dos fatos afirmados.

A seu turno, o juízo de verossimilhança deve ser entendido

__________________________________________________________________________________________________________________________________2020Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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como “aquele que permite chegar a uma verdade provável sobre os fatos, a um elevado grau de probabilidade da versão apresentada pelo autor”, e refere-se não somente à matéria de fato, como também à plausibilidade da subsunção dos fatos à norma invocada. Em suma, o magistrado precisa avaliar se há probabilidade de ter acontecido o que foi narrado e quais as chances de êxito do demandante. Trata-se de demonstrar ao juízo que, à luz das provas carreadas aos autos, é bem provável que a solução mais justa seja aquela pretendida pelo autor.

Com efeito, a verossimilhança das alegações do MINISTÉRIO PÚBLICO encontra guarida nos princípios e comandos constitucionais e infraconstitucionais já tratados, cabalmente violados, conforme deduzido na presente inicial. Desse modo, evidentes os requisitos da prova inequívoca e da verossimilhança das alegações, resta comprovar a existência de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

Neste ponto, são cabíveis algumas distinções. A irreparabilidade absoluta é aquela em que a indenização é absolutamente inidônea para satisfazer plenamente a vítima. Os efeitos do dano são irreversíveis.

Já o dano de difícil reparação é aquele que provavelmente não será revertido, seja porque as condições econômicas do réu não autorizam supor sua restauração, seja porque esse dano seria dificilmente individualizado ou quantificado com precisão. Abrange, essa segunda hipótese, os direitos difusos e coletivos, neles incluído o patrimônio público.

De tal sorte, o deferimento da tutela antecipada com base no inciso I do artigo 273 do Codex Processual Civil, justifica-se caso a demora do processo puder causar à parte um dano irreversível ou de difícil reversibilidade, isto é, quando não for possível aguardar pelo término do processo para a entrega da tutela jurisdicional.

__________________________________________________________________________________________________________________________________2121Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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No presente caso, a demora do processo causa prejuízo ao interesse público, porquanto o Estado de Goiás, por meio da Secretaria de Gestão e Planejamento, permanecerá omisso diante do dever de nomear, ao mesmo tempo em que existem vagas para o cargo de Agente de Segurança Prisional a serem preenchidas por aprovados no concurso público.

A bem da verdade, a existência de cargos vagos conjugada à atestada necessidade de prover novos servidores efetivos implicam na nomeação dos aprovados em certame público, sob pena de violação aos princípios constitucionais da eficiência, legalidade e moralidade administrativa.

Desta feita, a situação de ilicitude apresentada nesta inicial deve ser contida de imediato, para que não se ampliem os danos causados.

É justamente por isso que o Ministério Público invoca a necessidade da concessão de liminar, salientando a incidência, no presente caso, dos indispensáveis requisitos do fumus boni juris e do periculum in mora.

O fumus boni juris sobressai:

a) da previsão constitucional que garante acesso aos cargos públicos por meio de concurso público, conforme artigo 37, inciso II, da Constituição Federal, pelo qual a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos (…), ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;

b) da existência de contratos temporários celebrados pelo Estado de Goiás para efetivação de serviço de vigilância, cuja atividade, neste caso, é própria do cargo de agente de segurança prisional;

c) do enorme déficit de servidores efetivos nos quadros da AGSEP, pois, conforme destacado por aquela agência, existem unidades prisionais __________________________________________________________________________________________________________________________________2222

Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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em que estão laborando apenas 1 (um) servidor por plantão, e em alguns estabelecimentos penais contêm mais de 100 (cem) custodiados.

O periculum in mora é patente, pois:

a) já chegou ao conhecimento desta Promotoria de Justiça que o Estado de Goiás, por intermédio da SEGPLAN, não pretende prorrogar o prazo de validade do concurso, cujo vencimento se aproxima (22/04/2012);

b) existem vários candidatos aprovados no concurso realizado pela AGSEP aguardando nomeação, ao mesmo tempo em que dezenas de vagas estão aptas a serem preenchidas (29 vagas).

A concessão da medida liminar é imperiosa, tendo-se em vista que o prazo de validade do certame finaliza-se em 20 de julho de 2009, e conforme demonstrado no corpo desta ação, está materializada a existência de vagas, as contratações temporárias realizadas em detrimento dos aprovados e a possibilidade de prorrogação do prazo de validade do concurso, conforme explícito no edital.

Importante ressaltar que nenhum prejuízo experimentará o Estado, eis que poderá a qualquer tempo valer-se dos candidatos aprovados que compõem o cadastro de reserva para o bom funcionamento da Agência Goiana do Sistema de Execução Penal.

3.3.2. É IMPERIOSA A CONCESSÃO DE LIMINAR SEM A OITIVA DO ESTADO DE GOIÁS E DA AGÊNCIA GOIANA DO SISTEMA DE EXECUÇÃO PENAL

Caso a tutela não seja antecipada, o prejuízo para o interesse público é certo, pois tornaria inútil a prestação jurisdicional. Assim, a situação de ilicitude apresentada na inicial deve ser contida de imediato, para que não se ampliem ou tornem-se irreversíveis os danos causados à coletividade.

__________________________________________________________________________________________________________________________________2323Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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O artigo 2º da Lei n. 8.437/92 dispõe que na ação civil pública, a liminar será concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de setenta e duas horas.

Ocorre que, o Superior Tribunal de Justiça e o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás têm firmado o entendimento pela relativização do referido dispositivo em face da possibilidade de graves danos decorrentes da demora no cumprimento da liminar em caso do cumprimento da referida norma. Assim, depreende-se que tal norma não deve ser interpretada restritiva e isoladamente. Senão, vejamos:

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCESSÃO DE LIMINAR SEM OITIVA DO PODER PÚBLICO. ART. 2° DA LEI N. 8.437/1992. POSSIBILIDADE. PRAZO DECADENCIAL DE 120 DIAS. IMPETRAÇÃO PREVENTIVA. INAPLICABILIDADE.1. No caso dos autos, o Tribunal a quo, ao indeferir o pedido de suspensão da segurança, concluiu que não se afigurava o risco de grave lesão aos bens protegidos pela Lei n. 8.437/1992, mas, por outro lado, afirmou que a plausibilidade do direito se encontrava presente na ação em razão de sustentada interferência direta nas atividades do recorrido, já que este determinou a prestação de serviços sem interesse dos estabelecimentos afetados e o ato impugnado influiria na livre iniciativa das empresas.2. Sobre a alegada ofensa ao art. 2º da Lei n. 8.437/92, cumpre observar que esta Corte Superior tem mitigado, com base em uma interpretação sistemática, a aplicação do citado dispositivo, sobretudo quando o Poder Público, embora não tenha sido ouvido antes da concessão da

__________________________________________________________________________________________________________________________________2424Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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medida liminar, deixa de comprovar prejuízo. Precedentes. (...)4. Recurso especial não provido.11 (deu-se destaque ao texto).

ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONCESSÃO DE LIMINAR SEM OITIVA DO PODER PÚBLICO. ART. 2° DA LEI 8.437/1992. AUSÊNCIA DE NULIDADE.1. O STJ, em casos excepcionais, tem mitigado a regra esboçada no art. 2º da Lei 8437/1992, aceitando a concessão da Antecipação de Tutela sem a oitiva do poder público quando presentes os requisitos legais para conceder medida liminar em Ação Civil Pública.2. No caso dos autos, não ficou comprovado qualquer prejuízo ao agravante advindo do fato de não ter sido ouvido previamente quando da concessão da medida liminar .3. Agravo Regimental não provido.12 (atribuiu-se saliência).

RECURSO ESPECIAL. AUDIÊNCIA PRÉVIA. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. LIMINAR. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ART. 2º DA LEI N.º 8.437/92. PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE. PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. MITIGAÇÃO. PODER GERAL DE CAUTELA.1. A medida liminar foi requerida em ação civil pública, em face do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, quando ainda tramitava o processo perante a justiça estadual, ocasião na qual a

11 REsp 1052430/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/04/2011, DJe 27/04/2011.12 AgRg no Ag 1314453/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/09/2010, DJe 13/10/2010

__________________________________________________________________________________________________________________________________2525Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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autarquia federal, após ser devidamente intimada, nos termos do art. 2º da Lei n.º 8.437/92, preferiu manifestar-se apenas sobre a incompetência absoluta daquele juízo.2. À luz dos princípios da eventualidade e da impugnação específica, informadores do sistema processual brasileiro, o recorrente não suscitou toda a matéria de defesa, disponível no momento em que foi chamado a manifestar-se nos autos, deixando de impugnar os fatos alegados pelo autor, que serviram de fundamento para a concessão da cautelar, acarretando a preclusão consumativa do direito processual que lhe foi outorgado, por força do art. 2º da Lei n.º 8.437/92. Precedentes.3. O Superior Tribunal de Justiça tem flexibilizado o disposto no art. 2º da Lei n.º 8.437/92 a fim de impedir que a aparente rigidez de seu enunciado normativo obste a eficiência do poder geral de cautela do Judiciário. Precedentes.4. Recurso especial não provido.13 (realçou-se).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PERMUTA DE IMÓVEIS. LEI MUNICIPAL Nº 1483/2008. PRELIMINAR. AUSÊNCIA DE OITIVA PRÉVIA DO ENTE PÚBLICO. VIOLAÇÃO DO ART. 2º DA LEI Nº 8437/92. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DO REPRESENTANTE LEGAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. APRESENTAÇÃO DAS CONTRARRAZÕES ATEMPADAMENTE. NULIDADE NÃO CONFIGURADA. DECISÃO ULTRA PETITA CONFIGURADA. I- Não é ilegal a decisão judicial proferida na ação civil

13 REsp 1130031/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/06/2010, DJe 03/08/2010.

__________________________________________________________________________________________________________________________________2626Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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pública sem a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público para pronunciamento no prazo de setenta e duas (72) horas, pois tal ordem encontra-se mitigada no nosso ordenamento jurídico em face da possibilidade de ocorrer graves danos decorrente da demora no cumprimento da liminar, mormente se há nos autos provas suficientemente fortes. II - É de se rejeitar a arguição de nulidade de intimação do órgão ministerial ante a ausência de intimação pessoal se a sua representante legal ofertou, dentro do prazo legal, a peça de defesa, fato que supriu a suposta falha sem que houvesse prejuízo a quaisquer das partes. III- Em sendo a decisão recorrida proferida além da quantificação indicada na petição inicial pelo autor, deve-se reconhecer a sua nulidade em relação ao excesso, cabendo ao órgão recursal extirpá-lo, adequando-a ao pleito inicial. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E PROVIDO.14 (negritou-se).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ACAO CIVIL PUBLICA. LIMINAR CONTRA O PODER PUBLICO. INAUDITA ALTERA PARS. EXCEPCIONALIDADE. PERIGO DE DANO IRREVERSIVEL. PRESENCA DO FUMUS BONI IURIS. EMBORA O ARTIGO 2 DA LEI N. 8.437/92 ESTABELECA QUE A CONCESSAO DE LIMINAR EM ACAO DE MANDADO DE SEGURANCA COLETIVO E EM ACAO CIVIL PUBLICA ESTA CONDICIONADA A PREVIA AUDIENCIA DO REPRESENTANTE DA PESSOA JURIDICA DE DIREITO PUBLICO, QUE DEVERA PRONUNCIAR-SE NO PRAZO DE SETENTA E DUAS HORAS, NAO TEM A REGRA

14 TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 260359-57.2010.8.09.0000, Rel. DES. JEOVA SARDINHA DE MORAES, 6A CAMARA CIVEL, julgado em 05/04/2011, DJe 800 de 14/04/2011.

__________________________________________________________________________________________________________________________________2727Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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CARATER ABSOLUTO, DEVENDO SER INTERPRETADA EM CONFORMIDADE COM O ARTIGO 12 DA LEI N. 7347/85, SENDO QUE A LEI N. 8.437/92 VISOU APENAS COIBIR ABUSO NO MANEJO DE MEDIDAS CAUTELARES CONTRA A ADMINISTRACAO PUBLICA, MAS NAO TEM O EFEITO DE SOBREPOR-SE A PROPRIA EFICIENCIA DA TUTELA JURIDICA QUE O ESTADO REALIZA POR MEIO DO PROCESSO. AGRAVO DE INSTRUMENTO IMPROVIDO.15 (grifou-se).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA. NULIDADE DE ATO LEGISLATIVO. PEDIDO LIMINAR. OITIVA DO ÓRGÃO PÚBLICO MUNICIPAL. DESNECESSIDADE. PRESSUPOSTOS. EVIDENCIAÇÃO. 1. Comprovada a possibilidade de dano irreparável e/ou de difícil reparação (periculum in mora) e relevante o fundamento do recurso (fumus boni iuris), em face da situação concreta dos fatos relatados nos autos, impõe-se a concessão da medida liminar independentemente de prévia oitiva do órgão público municipal. 2. Omissis. 3. Omissis. Recurso conhecido e improvido.16 (salientou-se).

À vista da linha seguida por tais julgados, impera o raciocínio de que a apreciação do pedido liminar deverá ocorrer mediante dispensa da oitiva do Estado de Goiás e da Agência Goiana do Sistema de Execução Penal.

Tudo considerado, requer a concessão de liminar para que o

15 TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 69490-0/180, Rel. DES. CARLOS ESCHER, 4A CAMARA CIVEL, julgado em 23/04/2009, DJe 337 de 20/05/2009.16 TJGO, 4ª Câmara Cível, DJ 272 de 09/02/2009, acórdão de 27/11/2008, AI 65512-0/180, reator DES. STENKA I. NETO.

__________________________________________________________________________________________________________________________________2828Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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Estado de Goiás, por meio da Secretaria de Gestão e Planejamento – SEGPLAN, nomeie os candidatos aprovados para o cargo de Agente de Segurança Prisional no qual há vacâncias, bem também, prorrogue o prazo de validade do concurso público em debate.

4. DOS PEDIDOS

Em face de todo o exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS requer a Vossa Excelência:

1. Seja recebida e autuada a presente inicial, juntamente com os documentos que a acompanham, seguindo o rito ordinário e as disposições estabelecidas pela Lei n. 7.347/85;

2. A dispensa da notificação do Estado de Goiás, por meio do Procurador-Geral do Estado, Dr. Alexandre Eduardo Tocantins, no prazo de 72 horas, conforme determina o artigo 2º da Lei n. 8.437/92, pelas razões fáticas e jurídicas alinhavadas em momento oportuno;

3. Requer liminarmente em antecipação de tutela (Lei n. 7.347/85, artigo 12) que o Estado de Goiás e a AGSEP, conforme as respectivas competências, sejam compelidos a:

3.1. nomear todos os vinte e nove (29) aprovados no concurso, porquanto é exatamente esse o número de cargo vagos;

3.2. nomear os aprovados do quadro de reserva técnica, na medida do surgimento das vacâncias;

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3.3. prorrogar o prazo de validade do concurso público por mais dois (02) anos, conforme permitido pelo subitem 11.1 do Edital;

3.4. remeter Projeto de Lei para criação dos cargos necessários, pois ficou apurado que inexistem cargos suficientes para o desenvolvimento dos objetivos da AGSEP;

3.5. deixar de promover a contratação de temporários em detrimento dos aprovados no concurso público;

4. A citação dos requeridos para, querendo, contestar o feito no prazo legal, sob pena de confissão quanto à matéria de fato e sob os efeitos da revelia;

5. A comunicação dos atos processuais a este representante do Ministério Público, nos termos do artigo 236, § 2º, do Código de Processo Civil, e do artigo 41, inciso IV, da Lei n. 8.625/93;

6. Sejam, ao final e definitivamente, condenados o Estado de Goiás e à AGSEP, conforme as respectivas competências, à obrigação de fazer:

3.1. nomear todos os vinte e nove (29) aprovados no concurso, porquanto é exatamente esse o número de cargo vagos;

3.2. nomear os aprovados do quadro de reserva técnica, na medida do surgimento das vacâncias;

__________________________________________________________________________________________________________________________________3030Rua 23 esq. c/Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100, fone (062) 3243-8208

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3.3. prorrogar o prazo de validade do concurso público por mais dois (02) anos, conforme permitido pelo subitem 11.1 do Edital;

3.4. remeter Projeto de Lei para criação dos cargos necessários, pois ficou apurado que inexistem cargos suficientes para o desenvolvimento dos objetivos da AGSEP;

3.5. deixar de promover a contratação de temporários em detrimento dos aprovados no concurso público.

Em tempo, e por oportuno, relativamente aos documentos anexados aos autos, o Ministério Público declara/atesta que tais são cópias reprográficas fiéis dos originais.

Para provar o alegado, o Ministério Público protesta pela produção de todas as provas admitidas em direito e, em especial, pela juntada dos documentos que compõem o procedimento administrativo.

Dá-se à presente causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), para efeitos legais.

Termos em que pede deferimento.

Goiânia-GO, 20 de abril de 2012.

MARLENE NUNES FREITAS BUENOPromotora de Justiça

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