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A pós a primeira greve geral dos trabalhadores em teleatendimento, em 17/12/2014, que foi um sucesso e que contou com a adesão maciça da categoria, as empresas, ao invés de recuarem da posição intransigente e reabrirem as negociações, preferiram partir para o terrorismo barato e para retaliação, amea- çando com o corte do dia parado, do descanso semanal remunerado (DSR) e o não pagamento da variável. Ao fazerem isso, as empresa querem, por um lado, intimidar os trabalhadores e assim deter a mobilização crescente da categoria, e por outro, minar a confiança dos trabalhadores nas suas lideranças sindicais e no próprio Sindicato. Nessa investida mesquinha, as em- presas assumem uma postura claramente anti-sindical e mentem para a categoria ao afirmarem que a greve foi ilegal. E ainda que houve acordo com o Sinttel-Rio autorizando o desconto, uma mentira deslavada. O Sindicato jamais assinaria um acordo em prejuízo para os trabalhadores. A GREVE FOI LEGAL O Sindicato mais uma vez alerta os trabalhadores a não confiarem em conversa de patrão, especial- mente, quando estes acusam e caluniam o Sindicato. A greve de 24 horas, realizada em 17 de dezembro, foi absolutamente legal. O Sindicato seguiu todos os trâmites jurídicos previstos, tais como: realização de assembleias, onde a categoria rejeitou amplamente a proposta vergonhosa das empresas, publicação de editais de convocação da assembleia e de greve em jornais de grande circulação, etc. Ilegal sim é a atitude das empresas, que numa clara retaliação aos grevistas demitiram algumas lideranças e ameaçam com o corte do dia parado, desconto do DSR e o não pagamento da remuneração variável. Isso é ilegal e abusivo e não será tolerado pelo Sinttel-Rio. CAMPANHA DE TELEATENDIMENTO Sinttel-Rio cobra a reabertura das negociações Numa comunicação oficial (ver fac- simile) enviada ontem, dia 06, às empresas de teleatendimento e o sindicato patronal (Sinterj), a diretoria do Sinttel-Rio exige a imediata reabertura de negociações salariais para pôr fim ao impasse que culminou com a greve de 24 horas, deflagrada no dia 17 de dezembro último. Se isso não ocorrer vamos preparar a greve geral por tempo indeterminado. Embratel negligencia Cipa O Sindicato foi informado que a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), prédio da Rua Camerino, está vencida há três meses e a empresa não está nem aí para convocar eleições dos novos representantes. Quem procurou o setor de Engenharia de Segurança da Embratel para cobrar a abertura de inscrições foi informado que a empresa está esperando a fusão com a Claro e a Net para formar uma Cipa centralizada. Isso é um absurdo. A fusão Claro-Embratel-Net já é uma realidade e mesmo durante todo o processo nenhuma das três empresas parou quaisquer de suas atividades, não deixaram de vender seus produtos, por exemplo, para esperar o fim da fusão. Claro que não. Mas quando se trata de viabi- lizar algo que protege o trabalhador, prevendo, inclusive, estabilidade provisória de dois anos, o negócio é diferente, tem que esperar o fim do processo de fusão. O Sindicato vai procurar o setor de Recursos Humanos da Embratel ainda esta semana para exigir a convocação de eleições imediatas da Cipa Camerino, bem como de outras unidades nas mesmas condições. GVT muda jornada Trabalhadores da GVT denuncia- ram que, durante o período de festas de final do ano, foram abordados pelos supervisores dos cargos de re- parador e instalador para efetuarem mudanças nos horários de trabalho. A empresa mantém a carga horária de 40 horas semanais, porém ao invés das mesmas serem distribuídas em 8 horas diárias, de segunda à sexta, a empresa quer oferecer duas horas de almoço por dia, obrigando os traba- lhadores a cumprirem a jornada aos sábados. Com isso, as horas extras que deveriam ser pagas pelo trabalho aos sábados seriam abolidas e os trabalhadores perderiam o direito ao complemento. Esta prática ocorreu em Mato Grosso, Bahia e Rio de Janeiro, onde os trabalhadores vêm sendo pressionados a assinar o documento que formaliza as mudanças. O Sinttel repudia qualquer decisão unilateral e sem negociação com a categoria com relação a mudança de jornada em prejuízo dos trabalhadores. O Sindicato vai cobrar do setor de Recursos Humanos da GVT ex- plicações sobre esta arbitrariedade e alerta aos trabalhadores para não assinarem nenhum documento antes de qualquer negociação. Sinttel tem hoje, dia 7, audiência com o vice-prefeito O Sinttel-Rio terá hoje, dia 7, às 15h, audiência como o vice-prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Adilson Pires. Na ocasião os dirigentes da entida- de vão cobrar o pagamento do piso regional aos teleatendentes que prestam serviços em órgãos municipais. A audiência, intermediada pelo ex- deputado Gilberto Palmares, será na prefeitura. Quando candidato, o prefeito Eduardo Paes, em visita ao Sindicato garantiu que se eleito pagaria o piso regional dos teletendentes do município, mas a até agora não cumpriu com o prometido. Na audiência vamos lembrar a promessa e cobrar seja efetivada. NÃO ADMITIMOS RETALIAÇÃO O fim de todo e qualquer tipo de retaliação aos gre- vistas será o pré-requisito na retomada das negociações salariais com as empresas. A proposta patronal de pagar apenas o salário mínimo e reajustar em R$0,50 o tíquete foi rejeitada, a negociação volta à estaca zero. O Sindicato mantém a nossa Pauta (ver abaixo) e espera bom senso das empresas para negociar com base nisso e pôr fim ao impasse que não interessa aos trabalhadores. Lembramos que a data base da categoria é 1º de janeiro e que o setor conta no Rio de Janeiro com cerca de 60 mil trabalhadores, a maior parte deles concentrados nas duas gigantes do setor: a Contax e a Atento. A nossa pauta . Piso de R$ 1.099,00 . VR de R$ 11,00 para jornada de 180 horas e de R$ 22,00 para as demais jornadas . Redução das jornadas de trabalho de 220 para 200 horas semanais . Redução dos descontos . Fim das metas abusivas . Fim da exigência de entrega de atestado médico em 72 horas . Cumprimento da pausa de 10 minutos de descanso a cada 50 trabalhados FOTOS CAMILA PALMARES Contax Mauá Atento Madureira Contax Mackenzie Fac-símile da carta enviada às empresas

Jornal do Sinttel-Rio Nº 1.445

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Campanha de Teleatendimento: Sinttel-Rio cobra reabertura das negociações

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Page 1: Jornal do Sinttel-Rio Nº 1.445

Após a primeira greve geral dos trabalhadores em teleatendimento, em 17/12/2014, que foi um sucesso e que contou com a adesão maciça da

categoria, as empresas, ao invés de recuarem da posição intransigente e reabrirem as negociações, preferiram partir para o terrorismo barato e para retaliação, amea-çando com o corte do dia parado, do descanso semanal remunerado (DSR) e o não pagamento da variável.

Ao fazerem isso, as empresa querem, por um lado, intimidar os trabalhadores e assim deter a mobilização crescente da categoria, e por outro, minar a confiança dos trabalhadores nas suas lideranças sindicais e no próprio Sindicato. Nessa investida mesquinha, as em-presas assumem uma postura claramente anti-sindical e mentem para a categoria ao afirmarem que a greve foi ilegal. E ainda que houve acordo com o Sinttel-Rio autorizando o desconto, uma mentira deslavada. O Sindicato jamais assinaria um acordo em prejuízo para os trabalhadores.

A GREVE FOI LEGALO Sindicato mais uma vez alerta os trabalhadores

a não confiarem em conversa de patrão, especial-mente, quando estes acusam e caluniam o Sindicato. A greve de 24 horas, realizada em 17 de dezembro, foi absolutamente legal. O Sindicato seguiu todos os trâmites jurídicos previstos, tais como: realização de assembleias, onde a categoria rejeitou amplamente a proposta vergonhosa das empresas, publicação de editais de convocação da assembleia e de greve em jornais de grande circulação, etc.

Ilegal sim é a atitude das empresas, que numa clara retaliação aos grevistas demitiram algumas lideranças e ameaçam com o corte do dia parado, desconto do DSR e o não pagamento da remuneração variável. Isso é ilegal e abusivo e não será tolerado pelo Sinttel-Rio.

CAMPANHA DE TELEATENDIMENTO

Sinttel-Rio cobra a reabertura das negociaçõesNuma comunicação oficial (ver fac-simile) enviada ontem, dia 06, às empresas de teleatendimento e o sindicato patronal (Sinterj), a diretoria do Sinttel-Rio exige a imediata reabertura de negociações salariais para pôr fim ao impasse que culminou com a greve de 24 horas, deflagrada no dia 17 de dezembro último. Se isso não ocorrer vamos preparar a greve geral por tempo indeterminado.Embratel

negligencia Cipa

O Sindicato foi informado que a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), prédio da Rua Camerino, está vencida há três meses e a empresa não está nem aí para convocar eleições dos novos representantes. Quem procurou o setor de Engenharia de Segurança da Embratel para cobrar a abertura de inscrições foi informado que a empresa está esperando a fusão com a Claro e a Net para formar uma Cipa centralizada. Isso é um absurdo.

A fusão Claro-Embratel-Net já é uma realidade e mesmo durante todo o processo nenhuma das três empresas parou quaisquer de suas atividades, não deixaram de vender seus produtos, por exemplo, para esperar o fim da fusão. Claro que não. Mas quando se trata de viabi-lizar algo que protege o trabalhador, prevendo, inclusive, estabilidade provisória de dois anos, o negócio é diferente, tem que esperar o fim do processo de fusão.

O Sindicato vai procurar o setor de Recursos Humanos da Embratel ainda esta semana para exigir a convocação de eleições imediatas da Cipa Camerino, bem como de outras unidades nas mesmas condições.

GVT muda jornada

Trabalhadores da GVT denuncia-ram que, durante o período de festas de final do ano, foram abordados pelos supervisores dos cargos de re-parador e instalador para efetuarem mudanças nos horários de trabalho. A empresa mantém a carga horária de 40 horas semanais, porém ao invés das mesmas serem distribuídas em 8 horas diárias, de segunda à sexta, a empresa quer oferecer duas horas de almoço por dia, obrigando os traba-lhadores a cumprirem a jornada aos sábados. Com isso, as horas extras que deveriam ser pagas pelo trabalho aos sábados seriam abolidas e os trabalhadores perderiam o direito ao complemento.

Esta prática ocorreu em Mato Grosso, Bahia e Rio de Janeiro, onde os trabalhadores vêm sendo pressionados a assinar o documento que formaliza as mudanças. O Sinttel repudia qualquer decisão unilateral e sem negociação com a categoria com relação a mudança de jornada em prejuízo dos trabalhadores.

O Sindicato vai cobrar do setor de Recursos Humanos da GVT ex-plicações sobre esta arbitrariedade e alerta aos trabalhadores para não assinarem nenhum documento antes de qualquer negociação.

Sinttel tem hoje, dia 7, audiência com o vice-prefeito

O Sinttel-Rio terá hoje, dia 7, às 15h, audiência como o vice-prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Adilson Pires. Na ocasião os dirigentes da entida-de vão cobrar o pagamento do piso regional aos teleatendentes que prestam serviços em órgãos municipais. A audiência, intermediada pelo ex-deputado Gilberto Palmares, será na prefeitura.

Quando candidato, o prefeito Eduardo Paes, em visita ao Sindicato garantiu que se eleito pagaria o piso regional dos teletendentes do município, mas a até agora não cumpriu com o prometido. Na audiência vamos lembrar a promessa e cobrar seja efetivada.

NÃO ADMITIMOS RETALIAÇÃOO fim de todo e qualquer tipo de retaliação aos gre-

vistas será o pré-requisito na retomada das negociações salariais com as empresas. A proposta patronal de pagar apenas o salário mínimo e reajustar em R$0,50 o tíquete foi rejeitada, a negociação volta à estaca zero. O Sindicato mantém a nossa Pauta (ver abaixo) e espera bom senso das empresas para negociar com base nisso e pôr fim ao impasse que não interessa aos trabalhadores.

Lembramos que a data base da categoria é 1º de janeiro e que o setor conta no Rio de Janeiro com cerca de 60 mil trabalhadores, a maior parte deles concentrados nas duas gigantes do setor: a Contax e a Atento.

A nossa pauta.Piso de R$ 1.099,00.VR de R$ 11,00 para jornada de 180 horas e de R$ 22,00 para as demais jornadas .Redução das jornadas de trabalho de 220 para 200 horas semanais.Redução dos descontos.Fim das metas abusivas.Fim da exigência de entrega de atestado médico em 72 horas.Cumprimento da pausa de 10 minutos de descanso a cada 50 trabalhados

FOTOS CAMILA PALMARES

Contax Mauá

Atento Madureira

Contax Mackenzie

Fac-símile da carta enviada às empresas

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humor 1.445

Rua Morais e Silva, 94 - Maracanã - RJ - CEP 20271-030 - Tel.: 2204-9300E-mail Geral [email protected] - Site http://www.sinttelrio.org.br

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DIRETOR DE IMPRENSAMarcello Miranda

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EDIÇÃO Socorro Andrade

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REDAÇÃOSocorro Andrade e

Simone Kabarite - Reg. 0035866/RJ

ILUSTRAÇÃO Alexandre Bersot

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DIAGRAMAÇÃOL&B Comunicação Ltda

IMPRESSÃOGráfica do SINTTEL-Rio:Jorge Motta Reg. 17.924 DRT /RJ (prod. gráfica)

Valdir Tedesco (impressor)

CIRCULAÇÃO Semanal

TIRAGEM 12 mil exemplares

Oi Praia sem arO Sinttel recebeu denúncias de que

trabalhadores da recepção do prédio da Oi da Praia de Botafogo sofrem com o calor intenso pela falta de ar condicionado nas dependências de trabalho. Essa situação vem se prolongando há muito tempo e o Sindicato cobra da empresa uma solução imediata. A situação é insalubre para os seguranças , que usam terno e gravata, para as recepcionistas e até mesmo o público em geral, atendido no prédio, que só pode contar com o uso de ventilador.

Eleição da Cipa A partir de hoje, dia 7, a Contax Mobi-

tel S/A, matriz Botafogo, abre processo eleitoral para a escolha de membros da Comissão Interna de Acidente de Trabalho (Cipa), gestão 2015/2016. Os trabalhado-res interessados podem se inscrever até o dia 21 de janeiro, na Praia de Botafogo, 374 - 13° andar, no horário de 8h às12h ou de 13h às 17h. A eleição está marcada para o dia 2 de fevereiro, de 09h às 16h, e será realizada com urna Itinerante.

Sorteio de CarnavalAs inscrições de sócios para sorteio

para vagas nas colônias de férias do Sinttel para o Carnaval vão até sexta, dia 9. O sorteio está marcado para o dia 13, às 18 horas, no auditório do Sinttel. Os pacotes são para as colônias Graham Bell, em Miguel Pereira, na Região Serrana, e Barra de São João, na Região dos Lagos, e incluem pensão completa (café, almoço e jantar). O pagamento pode ser parcelado em até 5 cheques: o primeiro para 6 de fevereiro e os demais para 10 de março, 10 de abril, 10 de maio e 10 de junho (A partir de R$ 1.200,00 pode parcelar c/ 6 cheques). Informações e reservas pelos tels: 2568-0572 e 2204-9300.

Projeto Pêlo Próximo realiza pet terapia

O projeto Pêlo Próximo é formado por um grupo de voluntários, que realiza, desde 2010, um trabalho de pet terapia, com visitas a instituições que cuidam de crianças, idosos, portadores de necessida-des especiais e escolas. Entre as principais atividades desenvolvidas pelo projeto estão a TAA (Terapia Assistida por Animais), AAA (Atividade Assistida por Animais) e EAA ( Educação Assistida por Animais).

A Pêlo Próximo é uma associação sem fins lucrativos, que conta com uma equipe multidisciplinar de profissionais da área de saúde e de voluntários, que realizam diversas atividades com pacientes, como exercícios para estimular o raciocínio e a motricidade dos pacientes, como: escova-ção; arco; de estimulação com boliche e futebol; além de apresentação de agility e show dog.

Atualmente, o projeto possui um staff de 23 cães e uma calopsita, para promover a interação homem-animal e proporcionar os benefícios dos efeitos terapêuticos dos animais para melhoria da saúde física, emocional e mental dos assistidos. O Pêlo Próximo é o único projeto de pet terapia no Rio, que realiza um trabalho em hos-pitais públicos do estado em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde.Entre as instituições atendidas estão: o Hospital Universitário Pedro Ernesto, o Solar Bezerra de Menezes, a APAE de Nova Iguaçu, o Asilo da Legião do Bem, o Solar da Gávea etc. Para solicitar uma visita do projeto é preciso enviar um email para: [email protected], e para cola-borar com a causa há informações sobre doação e produtos à venda no site( www.peloproximo.com.br).

Para os especialistas, o Brasil ainda “enxuga gelo” na área de doenças trabalhistas e, segundo eles, isso acontece porque é muito mais barato tratar a doença do que atacar as suas causas. Alguns chegaram a colocar o dedo na ferida ao acusarem o Estado e a sociedade de serem tolerantes com esse descuido com a saúde do traba-lhador, exposto a todo tipo de risco.

O representante do Fórum Mundial da Saúde (FSMS), Armando de Negri, em uma das mesas de discussão foi bastante enfático ao dizer que "é muito mais barato manter o trabalhador na britadeira do que pensar em novas tecnologias, até porque o custeio do tratamento do dano causado será dividido com toda a sociedade".

Fica claro na denúncia de Negri a falta de empenho do empresariado em melhorar as condições de trabalho e investir em tecnologia para minimizar os danos à saúde e na prevenção das doenças do trabalho. Negri criticou também a “enorme tolerância” do país aos trabalhadores expostos ao agrotóxico.

SEGURIDADE SOCIALNegri participou do debate coorde-

nado pela secretária de Saúde da CUT, Juneia Batista, que tratou da proteção social e dos desafios da seguridade e

Segundo ele, ao criar este instru-mento que impede a terceirização de atividades-fim, o TST assegurou "a igualdade de condições de trabalho e de salários" e ajudou a solucionar conflitos trabalhistas.

A Associação Brasileira do Agrone-gócio (Abag) move uma ação contra a súmula 331 e quer que o STF declare inconstitucional a interpretação de que serviços terceirizados só podem ocorrer em três situações específicas - trabalho temporário, segurança e conservação e limpeza - e em uma hipótese geral- quando os serviços se relacionam à atividade-meio do empregador.

da reabilitação.Para ele, a sociedade brasileira não

compreende a seguridade social como direito humano e aspecto fundamental da cidadania. Entenda-se por seguri-dade o amplo espectro que engloba políticas de combate à miséria e de inclusão social, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida.

"Numa sociedade como a nossa, que tem origem discriminatória, escravocrata e violentamente reati-va a qualquer projeto socializante, temos 75% de brasileiros que uti-lizam exclusivamente um sistema universal de saúde, mas mantemos um subsistema onde está a oligarquia operária e o funcionalismo público quase total: o seguro privado. Com isso, a proteção social amparada pelo texto constitucional, quando não está vinculada ao trabalho, incorpora a ideia hegemônica do pobre como vagabundo, inclusive por parte dos beneficiados", disse.

Para ele, se não houver uma ideia clara de que a seguridade social é uma construção coletiva com aspiração solidária, não teremos novos critérios para discutir política econômica, re-forma política, na democratização dos meios de comunicação e reformulação da política tributária que financia a seguridade.

"Por mais que o sistema econômi-co permita distribuir a riqueza pela apropriação do produzido por meio do salário, num país tão desigual como o nosso, o compromisso obrigatório de redistribuição de renda é da seguri-dade social. Fala-se em desoneração, mas Estado que não arrecada não consegue fazer políticas públicas. Por isso é um erro comparar Brasil a países com sistema de seguridade inferior. Porque aqueles que têm segu-ridade forte, têm também tributação semelhante", ressaltou.

Ainda na avaliação de Negri, muito dessa mudança depende da retomada da educação política que foi abando-nada pelos movimentos sindicais e sociais. "Não vamos nos enganar, o Estado e sociedade são conservadores e vão defender seus privilégios, e por isso teremos pela frente anos de conflito político e ideológico."

PERITO SÓ NEGAAo tratar do retorno das vítimas de

acidente ocupacional ao trabalho, a professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Mônica de Lima, destacou que os obstáculos para a vítima não estão exclusivamente na Previdência. E ressaltou “mais de 70% das pessoas em reabilitação no Brasil não conseguem voltar ao trabalho em menos de 240 dias e isso incapacita permanentemente para o mercado, porque ela permanece por muito tem-po fora. Nosso sistema cria a síndrome da incapacidade prolongada e temos que lidar com isso de uma forma téc-nica, inteligente e com integralidade de atenção que decidimos para esse sistema e não conseguimos operar".

Mônica lembrou que a demora não se resume ao tratamento, mas também à dificuldade em chegar à Previdên-cia, depois em comprovar a dor ou as sequelas de um ambiente de trabalho degradante.

Esse cenário, segundo ela, provoca a demora em procurar ajuda no siste-ma de saúde para uma incapacidade de trabalho que é construída durante ano e transforma um problema so-cial em um drama individual. No centro desse cenário estão os peri-tos médicos, muito criticados pelos trabalhadores.

"No mundo inteiro vivemos um momento de restrição de benefícios, seja no acesso a eles, seja por meio de medidas como aumento do tem-po para a aposentadoria. O médico perito, por sua vez, é treinado e ide-ologicamente convencido a negar o benefício para "salvar" a Previdência. Treinado para dizer que doença é questão física, deve ser medida e faz com que o trabalhador passe a vida tentando provar dor. Quando isso não ocorre, ouve que é psicológica e o que é psicológico é problema individual", relatou.

As situações relacionadas pela professora Mônica são denunciadas constantemente pelo Sinttel-Rio, que através do seu departamento de saúde acompanha a via crucis dos teleaten-dentes e dos prestadores de serviços de telecom quando vítimas de acidentes de trabalho. A omissão das empresas é tamanha que na maioria das vezes cabe ao Sindicato abrir o Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT) junto ao INSS. Depois disso, vão para a queda de braço com o perito.

DOENÇA DO TRABALHO Brasil ainda enxuga geloO destaque da 4ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, realizada em Brasília, em dezembro de 2014, foi para os debates e trabalhos em grupo sobre 24 temas que abordavam desde as mortes no ambiente de trabalho até os impactos causados pela precarização das condições trabalhistas.

Presidente do TST é contra terceirizaçãoEm resposta aos questionamentos do Supremo Tribunal Federal sobre a súmula 331 que limita a prática da terceirização, o Presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Barros Levenhagen, a defendeu categoricamente.

Não podemos esperar outra coisa do agronegócio, bem como do empresa-riado em geral. Eles querem a todo custo aprovar o PL 4330 que escancara a terceirização para todos os setores da atividade econômica e produtiva, inclusive serviços públicos. O projeto só não foi aprovado até agora devido à luta sem trégua do movimento sindical, particularmente os setores liderados pela CUT. A entidade conseguiu im-pedir a votação por pelos menos duas vezes e continua em estado de alerta.

O Sinttel- Rio que vive o drama da terceirização e da precarização do tra-balho (redução de salários e benefícios, jornadas exaustivas e muita pressão)

nos diversos setores da categoria, inclu-sive, em atividades fins, luta junto com a CUT para conseguir que o PL 4330 seja rejeitado. Uma luta de Davi contra Golias, mas o movimento sindical tem o apoio de grande parte dos tribunais regionais e de vários juristas.

A SÚMULAA Súmula 331 foi editada em 1994.

É o único instrumento legal que trata a terceirização trabalhista e traça limites jurídicos para as relações e os direitos trabalhistas. O relator do caso é o ministro do STF, Luís Roberto Bar-roso, que, em dezembro, solicitou que o TST justificasse a aplicação da tese, e a resposta do presidente do órgão, ministro Levenhagen, foi protocolada no final de dezembro.

Para Levenhagen , a súmula tem o objetivo de preservar princípios

constitucionais como do valor social do trabalho e da isonomia laboral."A terceirização de serviços se qualifica como fenômeno genuinamente eco-nômico, em que o seu indisfarçável objetivo é o de proporcionar maior rendimento para as empresas, com a confessada redução dos custos de mão de obra", declarou o presidente do TST.

Além do processo movido pela Abag, a corte ainda reconheceu repercussão geral de um processo sobre a terceiri-zação de call center em empresas de telefonia (ARE 791.932).

A Procuradoria Geral da República já classificou como fraude a terceiriza-ção de atividades-fim. Segundo parecer do órgão, países como Alemanha, Espanha e França consideram que só existe a relação empregatícia direta entre quem presta o trabalho e quem se beneficia dele.

FOTOS SOCORRO ANDRADE