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Jornal -laboratório diário do curso de jornalismo da Universidade Positivo
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Curitiba, sábado a segunda-feira, 17 a 19 de setembro de 2011
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lona.up.com.br
O único jornal-laboratório
DIÁRIOdo Brasil
Ano XII - Número 645Jornal-Laboratório do Curso de
Jornalismo da Universidade Positivo
Futuro do Jornalismo em debate na UPCuritiba, sábado a segunda-feira, 17 a 19 de setembro de 2011 Jornal Lona
Marcos Monteiro
InfânciaCrianças e os efeitos da mídia e do mer-cado de consumoPág. 5 e 6
Cultura
Era construtor de estradas e agora vende livros
Pág. 6
Ofi cinaBalanço do último dia das ofi cinas da Semana de Comu-nicação.Pág. 3
ProgramaçãoDe cinema a HQs, a programação cultural do fi nal de semana Pág. 2
caderno especial | EDUCAÇÃO
Nesta noite de quinta-feira, 15, a Universidade Positivo recebeu diversos profi ssionais de Comuni-cação para um debate sobre as perspectivas e tendências do mercado da informação. Mira Graçano, apresentadora da RPC, discursou sobre a importância do jornalismo local. Pág. 3
Marcos Montero
Curitiba, sábado a segunda-feira, 17 a 19 de setembro de 2011 2 2
Expediente
Editorial
Reitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Con-sentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientado-res: Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editores-chefes: Daniel Zanella, Laura Beal Bordin, Priscila Schip
O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jorna-lismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 -Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba -PR CEP 81280-30 Fone: (41) 3317-3044.
Opinião
Do meio ambiente ao romantismoFelipe Gollnick
O principal desafio do atual jornalismo impresso não é somente escrever o que fuja da simplificação e do senso comum: é des-cobrir a leitura que o leitor imprime sobre suas páginas, entender os mecanismos que podem levá-lo a uma relação afetiva com o periódico (ou não).
O dilema de circulação dos grandes jor-nais atuais é o viés dessa preocupação, pe-riódicos que se assemelham, de certa for-ma, a grandes máquinas burocráticas em que o leitor parece ser o último utensílio a ser consultado – como prova cabal disso podemos aferir a inexistência de ombuds-men nas redações. Afinal, para quê um de-fensor dos leitores se para a maioria dos jornalistas o próprio leitor não passa de uma entidade de tentáculos invisíveis?
Nós, enquanto acadêmicos em processo de dominação das técnicas e em formação para o exercício posterior da profissão, po-demos sentir o abismo que há entre o mun-do aparentemente perfeito da teoria jorna-lística e a realidade das redações, infladas de profissionais com sérias dificuldades de descer ao rés-do-chão da vida comum.
(Também, muitas vezes, sem o devido aparato e apoio financeiro e de tempo para desempenhar um trabalho mais amplo.)
Temos que abrir o diálogo, conhecer nossas cercanias e escrever fugindo do pedestal: o leitor como nosso confidente – também nossa razão de ser.
Uma boa leitura a todos.
DrOps
Atente os olhos ao andar por parques, shoppings, bi-bliotecas ou até praias. Ain-da são raros, mas é possível encontrar cada vez mais pes-soas manuseando aparelhos eletrônicos com certo aspec-to de livros. Um olhar mais demorado e essas pessoas, de tempos em tempos, fazem gestos que lembram as mu-danças de páginas de um li-vro impresso.
Esses aparelhos são os leitores de e-books, os livros digitalizados. Computado-res portáteis como o iPad, o Kindle e o Alpha permitem a leitura de romances, poemas, artigos, jornais e todos os ti-pos de publicações impressas que possuem versões digi-tais.
Basta comprar um apare-lho e fazer o download dos livros – que podem sair por preços baixos ou até de gra-ça.
O portal de vendas on-line Amazon, fabricante do Kindle, anunciou já em abril do ano passado que vende mais livros online do que im-pressos. O fato deixa em evi-dência a popularização dos e-books nos Estados Unidos e mostra uma tendência que já começa a se espalhar pelos outros países.
Há diversos pontos a se-rem considerados. O primei-ro (e talvez o mais importan-te) é o aspecto ambiental: se o grosso da população mu-dar seu hábito da leitura aos poucos para o consumo dos e-books, a intensa derrubada de árvores necessárias para a confecção de livros impres-sos poderá ser diminuída. Estima-se que o que uma pessoa consome de papel durante um ano inteiro seja equivalente ao produzido por uma árvore derrubada. A devastação pode ser efetiva-mente diminuída se o papel tiver seu consumo reduzido.
Outro ponto importante é o custo. Apesar de os apa-
relhos leitores ainda terem preços altos no Brasil, os bai-xos valores pagos em cada e-book podem facilitar o acesso a um número maior de obras literárias. Um programa do governo de fornecimento desses aparelhos em escolas, por exemplo, poderia solu-cionar o problema do custo inicial.
A boa notícia é que neste mês foi aprovada na Câmara dos Deputados uma Medi-da Provisória que reduz os impostos sobre a venda de tablets fabricados no Brasil (tablets são computadores portáteis com tela sensível a toque que também podem ser utilizados como leitores de e-books). A MP ainda pre-cisa passar pelo Senado.
Olhando pelo ponto de vista romântico, no entanto, e-books são só desvantagens: fazer o download de um li-vro novo é um ato que nunca chegará perto do ritual de ir até uma livraria e procurar o título desejado pelas lomba-das. Um livro digital também não tem cheirinho de papel novo, nem páginas para pe-garmos nas pontas dos de-dos. Não dá para rabiscar, sublinhar, anotar ou mesmo escrever uma dedicatória para alguém a ser presente-ado.
No final das contas, pa-rece haver mais pontos po-sitivos do que negativos na mudança do hábito de lei-tura para os e-books. Salta aos olhos a possibilidade de reduzir a derrubada de árvo-res – embora os componen-tes eletrônicos dos aparelhos possam contaminar o solo se não forem corretamente des-tinados após seu uso. Há be-nefícios culturais se pensar-mos na iminente queda dos preços, que podem, em um longo prazo, facilitar o aces-so da população à literatu-ra. Mas a relação leitor-livro nunca terá a mesma força do que em um livro “real”.
Programação culturalTodo cuidado é pouco
Estreia neste final de semana o remake de Conan, o Bárbaro, com direção de Marcus Nis-pel e protagonizado por Jason Momoa, tentando interpretar o papel que um dia já coube a Arnold Schwarzenegger, ex-governador da Flórida.Tem também a estreia de Cow-boys & Aliens. Sinopse: Arizo-na. Criaturas vindas do céu pas-sam a atacar pequena cidade.
Coisa linda
O grupo de pagode Sorriso Maroto se apresenta neste sá-bado no Curitiba Master Hall, a partir da meia-noite. Ingres-sos custando R$84,00 e meia a R$44. Como o Master Hall dá meia-entrada também para quem leva um kg de alimento, desconsidere o valor cheio. Para quem quer conhecer mais da banda, no site oficial [www.sorrisomaroto.com.br]o voca-lista Bruno parabeniza o Exal-ta pela conquista do Troféu de Melhor Grupo no Prêmio Mul-tishow de Música Brasileira de 2011.Imperdível.
Para quem gosta de teatro
No domingo, o Teatro Lala Schneider apresenta o monó-logo “Macho não ganha flor”, de Marino Jr, baseado em obra de Dalton Trevisan. Às 20h.
MON
O Museu Oscar Niemeyer abre este final de semana para a apresentação das exposições do fotógrafo paulista Gaspar Gasparian, determinante fi-gura da história da fotografia brasileira do século XX.Ingressos? R$4 e R$2 com car-teirinha de estudante.
Biblioteca afetiva
Para quem não estiver interes-sado em sair de casa, evitando, assim, o delicado e frondoso trânsito curitibano, a sugestão de leitura de final de semana é o livro “Benett Apavora!”, do cartunista da Gazeta do Povo e do Le Monde Diplomatique Benett.O livro é diagramado pela edi-tora Juruá, Garantia de extensos momen-tos de humor e prazer.
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Debora Alves
“Futuro do jornalismo é a informação local”, afirma Mira GraçanoJornalistas de quatro meios de comunicação participaram de palestra sobre as tendências
O último dia da Sema-na de Comunicação da UP contou com quatro ofici-nas gratuitas abertas ao público. Às 14h começa-ram as oficinas de “Apri-moramento em Língua Portuguesa, com ênfase no emprego de crase e pon-
com a jornalista e profes-sora universitária Rosia-ne Freitas, fechou a tarde. Para Rosiane, as oficinas foram uma valiosa oportu-nidade de capacitação para a comunidade e, principal-mente, para os estudantes de Jornalismo. “O domínio de noções de matemática, que foi o objetivo da ofici-na que apresentei, amplia
o próprio trabalho dos es-tudantes de Jornalismo e o qualifica ainda mais para o futuro mercado de traba-lho”, completa.
No período da noite aconteceu o Debate sobre Movimento Estudantil, organizado pela estudan-te de 6° período de Jorna-lismo Suelen Lorianny. O enfoque do debate foi a
S
conscientização sobre a ne-cessidade da mobilização e engajamento estudantil. “É preciso reconhecer que um ambiente universitário, in-dependente de ser público ou privado, precisa da dis-cussão de temas de inte-resse dos estudantes, uma organização para cobrar e fiscalizar o ensino que lhe é repassado”.
Kauana Bechtloff
SEMANA DE COMUNICAÇÃO
Último dia de oficinas na UP
tuação”, ministrada pela jornalista Ana Paula Mira, também professora de Jor-nalismo da Universidade Positivo e criadora do site Toda Letra, que oferta cur-sos de capacitação em Lín-gua Portuguesa, e a oficina de “Tratamento de ima-gem”, ministrada pelo jor-nalista Marcio Farias. “Ma-temática para jornalistas”,
Quatro eventos gratuitos fecharam a Semana de Comunicação
Daniel Zanella
Na noite de quinta-feira (15), jornalistas dos quatro meios par-ticiparam da palestra sobre pers-pectivas e tendências do mercado de trabalho em jornalismo, no au-ditório do bloco amarelo da UP.
Mira Graçano, apresentado-ra do Paraná TV 1ª edição, Mar-ta Feldens, editora-executiva do jornal Metro, Sérgio Wesley, diretor-presidente da NQM Co-municação, e Denise Mello, che-fe de redação da Rádio Banda B e do portal Banda B, contribuí-ram com dicas e apresentaram suass experiências para os estu-dantes de Jornalismo.
Entre as tendências apre-sentadas pelos profissionais está a regionalização dos jor-nais. Mira Graçano, anunciou em primeira mão aos universi-tários que a partir de segunda-feira (19), o primeiro bloco do Paraná TV será aberto com re-portagens locais.
O diretor-presidente da NQM Comunicação declarou que teve total apoio dos colegas de profissão presentes: “Jorna-lista tem que saber todas as edi-torias, dominar o máximo possí-vel de assuntos. Onde tem um veículo de comunicação, tem trabalho.”
Marta Feldens destacou a importância da utilização das redes sociais na hora de fechar o jornal: “Eu não consigo fechar uma edição do Metro sem che-
car o twitter”, declarou a edito-ra-executiva do periódico, que ainda acrescentou a rapidez de informação encontrada nas re-des, mas que precisa ser checada com o máximo de cuidado. “A internet pauta os outros meios sim”, declarou.
Denise Mello destacou a agilidade do radio em conjunto com o imediatismo da internet: “A informação é em tempo real, então acontece de escrever no início da matéria que havia um refém, por exemplo, e no decor-
rer da matéria, descobrirmos que tem três reféns. O repórter chega já com celular falando ao vivo o que está acontecendo, esse mes-mo aparelho tem câmera que repórter já fotografa, envia por email e nós colocamos no site.”
O que chama a audiência hoje, segundo os profissionais, é o jornalismo local, próximo ao povo: “Jornalista tem que ser humilde, tem que andar de ônibus”, ressalta Mira Graçano. Serviços prestados ao cidadão também fazem parte das ten-
dências da profissão para um futuro próximo. “IPVA, buracos nas ruas, isso interessa a comu-nidade local,” completaram.
Para o jornal impresso, Mar-ta Feldens acredita que o mode-lo de jornal rápido e de graça do Metro é o que vai sobreviver: “É o chamado jornal de dez minu-tos, que vai ser lido de forma rá-pida, por várias classes sociais”.
“O que falta nos jornalistas de hoje é o tesão que nós tínha-mos pela profissão. Jornalista hoje é motivado pelo salário,
pra nós a maior satisfação era ganhar uma capa, ter a matéria comentada nas ruas. Jornalista hoje, bate cartão às seis. Odeio profissional que bate cartão às seis e tem horário de almoço” , declarou Sérgio Wesley e concor-daram todos os presentes.
Para Mira Graçano, a com-petição entre as emissoras lo-cais é algo saudável, benéfico porque faz com que os jornais busquem o aprimoramento diário, garantindo cada vez a mais a qualidade
Televisão, rádio, jornais e portais de comunicação estiveram na palestra que discutiu inovações do mercado
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A apresentação de dan-ça já havia começado há algum tempo. Um novo grupo entrou no palco: 12 crianças dançando hip-hop. Na plateia, uma me-nina de aproximadamen-te sete anos aponta uma das crianças que dançam: “Mãe, olha aquela, que gorda!”
Costuma-se dizer que o bom de ser criança é que não se tem grandes preo-cupações. A estudante do ensino médio, Kawany Estevam não concorda com essa afirmação. Em-bora ela nunca tenha sido apontada no palco, ela cresceu sendo identifica-da como a gordinha da turma. Cansou de ouvir a musiquinha “gorda ba-leia, saco de areia” e aos oito anos ela não queria mais ir pra escola. Ela se sentia deslocada do gru-po e sabia que seus cole-gas a tinham como infe-rior. Não demorou para que Kawany passasse a se preocupar com a estética.
Há alguns anos era comum comentar que determinada menina ou menino ficou mais vai-doso com a chegada da puberdade. Porém, essa preocupação com a be-leza deixou de ser uma preocupação adolescente, cada vez mais as crianças se preocupam com a estética.
A primeira preocupa-ção quase sempre é refe-rente ao peso, mas segun-do a nutricionista Raissa Koslowski é difícil que uma criança tome a ini-ciativa de fazer um regi-me sozinha – a não ser em casos de anorexia – geral-
mente a vontade de ini-ciar um regime parte dos pais. É comum que apare-çam pais em consultórios levando seus filhos e já informando que eles pre-cisam de regime, sem que o profissional tenha feito um diagnóstico. Em ca-sos assim, o nutricionista deve alertar os pais que a dieta só será feita se for diagnosticada a necessi-dade. “Para isso usamos os gráficos de crescimen-to para mostrar que não é necessário. Colocamos idade, peso, altura e o IMC, e mostramos onde no gráfico a criança se en-contra. Usamos do visual para que seja entendido, normalmente dá certo”.
Mas nem todos os pais levam os seus filhos ao nutricionista, nesse caso o que pode acontecer são as dietas por conta, que
Priscila Schip
Crianças se preocupam com o corpo, usando roupas de adultos e inseridas no mundo do consumo
Departamento de foto
GÊNERO
em qualquer idade po-dem ser perigosas, mas na infância o caso é ain-da mais sério. Segundo Raissa, um regime preco-ce pode trazer problemas no desenvolvimento da criança. “Com a falta de vitamina A, por exemplo, a criança pode desenvol-ver anemia, má formação dos ossos e dentes e atra-so no crescimento”.
Criança odeia ganhar roupa
Com a vaidade preco-ce, essa premissa de que presentear crianças com roupa não faz sucesso cai por terra. Roupas na moda, acessórios, sapa-to, não é difícil vermos crianças vestidas como mini adultos. A princÍ-pio essa vaidade não tem nada de negativo, porém alguns aspectos precisam
ser pensados.O ortopedista Marco
Antonio Pedroni alerta que o uso de salto alto na infância pode trazer danos irreversíveis. “O uso de sapatos de salto na infância muda a bio-mecânica do apoio do pé, alterando a sensação do corpo no espaço e o equi-líbrio. Além de influen-ciar no crescimento por vezes desordenado do pé, sobrecarregando áreas onde se tem mais apoio”. Segundo ele os sapatos infantis devem ser con-fortáveis e de materiais com absorção de impacto e de bom desenho, para prevenir lesões e auxiliar no desenvolvimento dos ossos e cartilagens ain-da em desenvolvimento. Mas Pedroni, como pai de duas meninas - uma de sete e outra de 11 – aponta
que é muito difícil encon-trar sapatos infantis na moda que correspondam a essas exigências e ainda brinca “elas querem sapa-tos na moda, querem usar salto”.
Mas se os sapatos de salto prejudicam tanto no crescimento das crianças, por que os estilistas con-tinuam criando? A estilis-ta Dóia Vilela trabalha em Terra Roxa (PR) – capital da Moda Bebê -, e embo-ra nunca tenha entrado para a criação de sapa-tos infantis, ela defende os estilistas que criam os saltos. Segundo Dóia, os estilistas sabem dos ma-les que o saltos causam na criança, mas não podem limitar sua criação por causa disso. “O contro-le do que a criança deve ou não usar, deve ser dos pais” completa a estilista.
Preocupação com a estética
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caderno especial | EDUCAÇÃO
Diego Silva
EducomunicaçãoENEMSustentabilidadeSemana de Comunicação
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Opinião
Comunicar e educar na graduaçãoLaura Beal Bordin
Há tempos que se discute o papel que a produção midi-ática tem na educação da po-pulação. Muito se fala, mas muito pouco se faz. É ainda que entra a educomunicação, que busca uma leitura críti-cada comunicação e coloca a população como agente pro-dutor do conteúdo midiático.Um educomunicador não só faz comunicação, mas faz do processo comunicativo um aprendizado coletivo e so-cial.
Todos têm o direito à co-municação garantido por lei, o direito a uma comunica-ção socialmente responsável, com informação de qualida-de. A comunicação ofertada mistifica, preconiza, esconde e torna invisível o que dese-ja tornar. Essa mídia tem que ser mudada e a educomuni-cação é uma forma de resga-tar o direito de liberdade de expressão de todo o cidadão. É essa produção coletiva de comunicação que pode fazer esse resgate, dando o direito de todas as pessoas, indepen-
dente de formação, dizerem como pensam sobre deter-minados assuntos discutidos pela mídia. Essa mídia, que-representa os indivíduos da sociedade, não aprendemos a construir. Não aprendemos a educar ao comunicar.
São quatro anos forman-do profissionais jornalistas, comunicadores que saem dos bancos universitários pron-tos para o mercado de traba-lho feroz que os aguarda. A formação é ampla e se volta para os grandes veículos que um dia, por ventura, os for-mados possam vir a traba-lhar. E aprender a educar? Isso nos falta. Não se formam comunicadores que conhe-çam a importância da edu-comunicação como conceito transformador da sociedade. Isso, mais uma vez nos fal-ta. Faltam profissionais para atuar tanto nas comunida-des, levando o conceito de uma comunicação com a par-ticipação popular.
É de extrema importância que se forem comunicadores
A educação no Brasil sem-pre esteve presente em dis-cussões, pois é um assunto de interesse geral da população. Segundo o Relatório da Or-ganização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômi-co (OCDE), desta terça-feira, o Brasil mostrou um avanço com relação à educação, po-rém, este estudo provou que o Brasil esta abaixo da média em relação ao investimento por aluno.
Na educação básica, o Brasil investe cerca de R$3.600 por ano, já os paí-ses desenvolvidos chegam a investir R$12.200. Como o Brasil ainda esta em processo de crescimento para se tornar desenvolvido, ainda levará
que não saiam das univer-sidades sabendo tudo sobre como fazer a comunicação tradicional apenas, mas que tenham novas ideias e con-dições de modificar a comu-nicação, transformando-a em um processo feito por todos e não só pelos detentores do conhecimento.
A universidade é um local depensar e repensar e não só reproduzir. É a oportunidade de temos de criar um concei-to diferenciado de comuni-cação, e o mais importante, pessoas com o conhecimen-to necessário para colocar a educomunicação em prática.
Quem se interessa deve procurar esses conhecimen-tos fora da sala de aula. Edu-comunicação é um conceito que deve ser praticado não só por quem se interessa, mas por todos, para que a mídia pare de mistificar, de preco-nizar e de tornar invisível a opinião de quem quer ser visto e ouvido. E a educomu-nicação é um dos caminhos para conseguirmos a comunicação plu-ral que queremos e precisamos.
algum tempo para chegar-mos a esse número.
O resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2010 é um bom exem-plo para verificar como esta a educação no Brasil. Segun-do o Ministério da Educação (MEC) houve uma melhora nas notas do exame, mas a média continua a ser baixa. Essa melhora se deve a evo-lução que esta acontecendo hoje no Brasil, com o governo tentando melhorá-la apesar de muitas vezes ser falho, e por etapas esse processo vai acontecer.
Outro problema presente na educação é a diferença de ensino entre as escolas públi-cas e privadas. Essa diferen-ça é bem visível com as no-
tas das cem melhores escolas do país, comprovando que nenhuma escola estadual ou municipal aparece entre es-sas cem primeiras do Enem. E as escolas públicas que se destacaram são colégios de aplicação a universidades, de escolas federais e técnicas.
O maior causador dessa diferença é má distribuição de profissionais capacitados e materiais de qualidade que possam ser utilizados pelos jovens. Há diferença entre as escolas públicas e privadas, vem desde a 1ª série e é leva-da até o ensino médio, onde é comprovado que esse sistema de educação é falho e precisa ser tratado de uma forma me-lhor para que haja igualdade na educação do país.
Mudança para melhorar a educação Barbara Zem
Douglas MoreiraGestor, jornalista e oordenador da Central de Notícias dos Direi-tos da Infância e Adolescência (CIRANDA)
Por Suelen Lorianny
Como se tornar um educomunicador, quando há interesse do estudante universitário , mas ele não está envolvido diretamente a uma ONG que realiza esse trabalho?
Os grupos que atuam com a educomunicação são abertos e democráticos. Quem tem interesse, pode vir até a Ciranda que nós pensamos estratégias para que essa pessoa possa nos acompanhar e possa pensar outras atividades. A nossa proposta é jessa, que cada vez mais pessoas consigam per-ceber a educomunicação como uma ferramenta para demo-cratizar o acesso e a produção de comunicação.
Como as universidades podem contribuir no processo de formação de educomunicadores?
As universidades já começam a perceber a educomunicação como um campo de atuação profissional e estão começan-do a abrir espaço para esse tipo de atividade e refletir so-bre esse campo. Desta forma, existe mais espaço para que a educomunicação possa, de fato, acontecer. Mas é mais im-portante que a pessoa aja de forma autônoma. Se a pessoa perceber a comunicação muito além de uma mera tecnolo-gia, mas sim como um dispositivo social que pode ajudar as pessoas a refletir sobre a sua vida e a participar. Quando falamos no direito à comunicação, estamos falando em par-ticipação efetiva.
Como a educomunicação pode ajudar na formação do jo-vem?
Dentro de casa, muitas vezes a criança e o adolescente não conseguem ter uma participação na decisão das coisas. Na escola, menos ainda. Imagine em uma escala maior, que é a sociedade, sua cidade, seu estado, seu país. Acreditamos que os adolescentes, sujeitos de direitos, como está dito na Constituição e no Estatuto da Criança e doAdolescente (ECA), devem ter esse espaço para colocar as questões que pensam. A educomunicação é um caminho para isso.
Como é o “Projeto Educomunicação e meio ambiente”?
O projeto se chama Ambientação e está sendo desenvolvi-do em três escolas municipais aqui de Curitiba. É um proje-to financiado através do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente. São dois eixos: um deles é um ciclo de ofici-nas dessas três escolas passando pelas diversas linguagens, aprendendo o jornal impresso, a revista, o audiovisual, a fo-tografia e o rádio, conhecendo essas diversas linguagens e como elas podem contribuir para a educação ambiental.Também fazemos debates sobre as questões mais diversifi-cadas envolvendo o meio ambiente. Utilizando essas ferra-mentas, o grupo pensa o conceito de comunicação e, no final do projeto, as turmas,formadas por 90 adolescentes, elabo-ram uma campanha de educação ambiental na sua escola. É uma forma de interferir diretamente na sociedade e tor-ná-la melhor.
ENTREVISTA
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“A educomunicação é uma prática de em-poderamento coletivo”, diz Ismar SoaresA educomunicação através do profissional mostra seu conceito e aplicação
A nomenclatura “edu-comunicação” é recente, mas a prática é usada há tempos e já está familia-rizada entre os comunica-dores. O conceito é antigo no Brasil, afirma o coor-denador da Licenciatura em Educomunicação da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP e co-ordenador do Núcleo de Comunicação e Educação da ECA/USP, Ismar de Oliveira Soares. “Em 1999 foi concluída uma pesqui-sa nossa com o apoio da Fapesp que identificou e analisou ações conjuntas de comunicação e educa-ção em 12 países da Amé-rica Latina, além de Por-tugal e Espanha”, disse.
Foi preciso delinear uma carreira nessa área porque a demanda so-bre questões ambientais, de etnia e gênero, prin-cipalmente nos países emergentes estava au-mentando, mas utilizan-do mídias alternativas e implementando projetos sem nenhum profissional especializado, até porque não existia. Com a neces-sidade de desenvolver programas que tratassem destes temas de maneira mais próxima do indiví-duo, surgiu o conceito de educomunicação.
O Núcleo de Comuni-cação e Educação com-preende a educomunica-ção como um conjunto de ações direcionadas ao planejamento, implemen-tação e avaliação de pro-cessos. São programas e produtos destinados
a criar ou desenvolver ecossistemas comunicati-vos abertos e criativos em espaços educativos, sendo formais ou informais, me-diante a gestão democrá-tica dos recursos da infor-mação.
A importância da edu-comunicação está na construção de habilidades comunicativas de educa-dores e educandos. Com isso, o conceito se mos-tra aliado no processo de gestão pedagógica. Ismar Soares afirma que a uni-versidade não pode for-mar educomunicadores se não abrir espaços para a prática de imersão na so-ciedade.
A meta desta prática é alcançar o pleno exercício da cidadania, garantido pelo reconhecimento do direito à expressão. “Essa meta é uma utopia, algo que sempre sonhamos em alcançar e é isso que nos move. Com essa utopia da educomunicação continua-mos querendo ir atrás e as-sim não paramos”, afirma.
O educomunicadorPara se tornar um edu-
comunicador não existe formação. A universida-de não possui capacidade para elaborar uma traje-tória com direito a diplo-ma para educomunicação. O papel acadêmico é de sistematizar e transmitir o conhecimento, incenti-vando o aluno a ter um olhar externo, aprender a percebera pessoa que está ao lado.
Nada supera as experiências que o edu-comunicador pode vi-venciar para aprender a ser um profissional dessa
área. “Tornar-se educo-municador vai depender da imersão que este indi-víduo terá na sociedade. A partir deste conceito de imersão externa, criou-se a perspectiva de imersão interna. Com a vivência ele consegue perceber a necessidade dos educan-dos e cria modelos ade-quados para aplicar o conhecimento. Com isso, os próprios alunos apren-dem e depois apresentam workshops para seus co-legas e assim o conheci-mento é disseminado”, explica Ismar Soares.
O educomunicador é reconhecido pelos pares como alguém que está sin-tonizado com a sociedade na perspectiva de uma co-municação participativa e democrática. O profissio-nal precisa sair da univer-sidade disposto a prestar serviços para a sociedade.
A educomunicadora e jornalista da Central
de Notícias da Infância e Adolescência, Ariane Ro-drigues, acredita na edu-comunicação como um método apaixonante, pois “ela dá voz ao jovem, cria a oportunidade de ter ou-tra visão, conhecer o mun-do do outro indivíduo, se tornar uma pessoa mais crítica e saber que além de poder comunicar e apren-de a ouvir”.
A aplicação do conceitoA educomunicação
pode ser aplicada das mais diversas formas. Por mais que na maioria das vezes ela seja realizada nas es-colas, não foi exatamente na escola que a educomu-nicação começou, é um dos últimos lugares que ela está chegando. Ela co-meçou na sociedade civil, nas lutas sociais referen-tes aos direitos humanos, questões ambientais, gê-nero, etnias.
Os lugares que hoje
dão abrigo a educomuni-cação tanto em estrutura quanto em conteúdo sãos as Organizações Não-Go-vernamentais, universi-dades e comunidades. Lá o conceito pode ser apli-cado em formato de ofi-cinas, workshops, deba-tes, conferências e fóruns. Cada grupo organiza da maneira mais apropriada à comunidade que irá par-ticipar.
“O caminho da educo-municação é um só: a se-dução. E é esta sedução que nos apaixona, somos todos apaixonados por-que estamos envolvidos no processo. Educomuni-cação não é um conceito que se pode aplicar à dis-tância, é preciso estar jun-to”, afirma Ismar Soares. “O Paraná é um dos pólos promotores dessa prática, esse estado ainda vai lide-rar e ter muito o que ensi-nar para o Brasil”, conclui.
Suelen Lorianny
EDUCOMUNICAÇÃO
Marcelo Fontinele
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A educomunicação pode ser aplicada tanto em escolas quanto em outros segmentos da sociedade
Curitiba, sábado a segunda-feira, 17 a 19 de setembro de 2011
Thomas Mayer Rieger
Projetos de sustentabilidade envolvem bases
educacionais e novas diretrizes sociaisTomada de consciência sobre sustentabilidade passa por educação e formação escolar
Ciranda Arquivo
SUSTENTABILIDADE
No ano 2000, a Organiza-ção das Nações Unidas esta-beleceu os oito Objetivos do Milênio. Com isso, países ao redor do mundo iniciaram processos de adaptação de suas políticas públicas para que, assim, alinhassem-se com as propostas da ONU. Dentre esses objetivos, des-tacam-se três: “Atingir o ensino básico universal”, “Garantir a sustentabilidade ambiental” e “Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento”.
Com a conjugação des-sas três metas existe uma relação de consequência: se o ensino básico propuser a discussão de temas ligados à sustentabilidade ambien-tal, surge consequentemente uma consciência internacio-nal da importância dessa pauta. Em outras palavras, os países passam a formar parcerias espontâneas para um desenvolvimento sus-tentável.
DefiniçãoJá se escuta o termo “sus-
tentabilidade” há bastante tempo, desde que se tomou consciência de que o mo-dus vivendi do ser humano vinha entrando em conflito com o planeta Terra. Confe-rências mundiais como o Rio 92 e COP 15 e acordos como o Tratado de Kyoto, por exemplo, trazem essa pau-ta para uma discussão em nível mundial, para que os países, unidos, possam en-contrar soluções para o des-compasso homem-natureza.
De acordo com a advo-gada e gestora ambiental Bettina Amorim, a sustenta-bilidade é um termo utiliza-do para representar um con-junto de práticas de gestão pública que tem o intuito de equilibrar os interesses com a proteção do meio ambien-
te. A advogada conta, inclu-sive, que o ensino da susten-tabilidade é consagrado pela Constituição Federal brasi-leira: “A Constituição de-termina, no artigo 225, que é obrigação do poder público e também dos particulares tomar consciência das ques-tões ambientais. Para que isso ocorra, as pessoas preci-sam ser educadas. A educa-ção ambiental é obrigatória para o ensino fundamental, médio e gradativamente será inserida no ensino su-perior e em todos os níveis da sociedade”.
Se isso se concretizar, será possível uma tomada de consciência generalizada, o que fará com que o mundo caminhe para um equilíbrio e manutenção na qualidade de vida. É necessário um pri-meiro passo para que essas ações se tornem realidade, e isso já vem acontecendo.
Movimento Paraná Edu-cando na Sustentabilidade
O projeto lançado em agosto é uma iniciativa do Conselho Paranaense de Ci-dadania Empresarial (CPCE) da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, a Fiep. De acordo com a vice-coor-denadora do Núcleo de Ins-tituições Educacionais, Mari Regina Anastácio, a ideia para o movimento surgiu do momento em que a humani-dade vive hoje: “Nós nunca estivemos numa crise que nos levasse à possibilidade de não existência daqui al-gumas décadas. A educação é chamada a contribuir para fazer com que as pessoas tenham consciência desse fato”, diz.
Mari também ressalta que pensar na sustentabilidade não é apenas falar no meio ambiente, mas também na formação de um indivíduo que saiba conviver consigo mesmo de forma harmo-niosa. “O indivíduo preci-sa conseguir se harmonizar
consigo e com outros seres humanos, para daí atingir uma harmonização com a natureza”, ressalta.
O Movimento Paraná Educando na Sustentabi-lidade tem como objetivo sensibilizar os educadores para essa questão e também fornecer instrumentos para que eles possam intervir nas escolas onde atuam. Quem participar vai ser acompa-nhado e orientado por um profissional que vai auxi-liar no estabelecimento de conexões e correlações im-portantes entre as diversas abordagens vistas no curso. Os educadores interessados podem se inscrever até o dia 26 de setembro, e os encon-tros começam no dia cinco de outubro.
Projeto AmbientAçãoO AmbientAção é de-
senvolvido pela Central de Notícias dos Direitos da In-fância e da Adolescência, a CIRANDA, ONG paranaen-se. Esse projeto é desenvol-vido em três escolas munici-pais de Curitiba, e tem dois eixos: o ciclo de oficinas e o cineclube. O coordenador da CIRANDA Douglas Mo-reira explica que o Ambien-tAção busca ensinar através da educomunicação, e que isso significa ter como obje-tivo aproximar os temas am-bientais à vida de cada um: “Não adianta a gente ficar pensando somente no que está longe. Não adianta falar do círculo polar e da floresta se não falarmos do lixo que está na casa da pessoa”.
O ciclo de oficinas pro-põe a geração de debates sobre questões diversas do meio ambiente. Depois, com o uso de ferramentas de di-versas linguagens, como o jornal impresso, revistas, au-diovisual, fotografia e rádio, busca-se refletir e criar peças de comunicação. Os grupos, formados por noventa ado-lescentes, reúnem-se e ela-
boram campanhas de edu-cação ambiental. Os alunos utilizam esses materiais ao longo de todo o ano, e têm como objetivo principal bus-car sensibilizar os colegas para que haja uma mudança de comportamento dentro do âmbito escolar.
O Cineclube do Ambien-tAção promove a exibição de filmes com a temática so-cioambiental., cujo público pretendido é composto por crianças e membros das fa-
mílias delas. É promovida uma sessão por mês em cada uma das três escolas parti-cipantes do projeto. A ideia por trás dessa ação é criar outro espaço para ampliar a reflexão ambiental discu-tida no ambiente escolar, além de estimular as pesso-as para que elas consigam refletir sobre o assunto e eventualmente transformar seus hábitos e costumes para construir um universo sus-tentável.
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Ações conjuntas podem melhorar o bem-estar social
Curitiba, sábado a segunda-feira, 17 a 19 de setembro de 2011
Compre batomOs pais controlam, só
compram roupas e sapa-tos adequados, al imen-tos saudáveis e brin-quedos que eles julgam educativos. Mas aÍ vem a publicidade e mostra que aquela sandália com salto é a mais legal , que aquele lanche é o que os seus amigos comem e que aquele brinquedo violen-to vai te divertir . Muitas vezes a publicidade para criança vai de encontro com a educação dos pais , principalmente quando ela é mais apelativa.
O publicitário Carlos Mallmann acredita que publicidade para criança deve ser também educa-t iva. “Aquele comercial do ‘compre batom’ que hipnotiza a criança, não é legal . A propaganda, além de criat iva, cha-mativa e interessante, tem que ser educativa”. O publicitário ainda de-fende a ideia que propa-ganda de produtos e/ou serviços infantis devem ser dirigidas aos pais , já que eles é que tem o po-der de compra e devem ter o poder de decisão do que comprar para os seus f i lhos.
Mas o controle da pu-blicidade infanti l é uma polêmica. Projetos de leis em tramitação nos órgãos públicos querem restringir vários t ipos desta publicidade, como a de al imentos com alto teor de gordura trans e outros projetos que que-rem exigir mensagens educativas e de alertas nas embalagens, como se faz com cigarros.
Pequena Miss Sunshine
Se por um lado existem crianças que são destaca-das por seus “defeitos” estéticos, há aquelas que têm na beleza o seu des-taque. A Mini Miss Curi-tiba 2010 Hellen Stelle (6 anos) passeava com a mãe pelo centro de Curitiba quando um fotógrafo de uma Agência as abordou dizendo que Hellen ti-nha uma beleza incomum e que poderia ser mode-lo. A mãe, Elaine Eschio-nato, resolveu confiar e hoje, um ano depois, além do título de Mini Miss Curitiba 2010, Hellen já possui a DRT de modelo e tem contrato com três agências.
A ideia de colocar a fi-lha em um concurso de be-leza no começo assustou Elaine. “Há pouco tempo tinha visto um progra-ma na TV em que a mãe
colocou dente postiço na criança para participar do concurso, era visível que a mãe queria ganhar mais que a criança”. Mas aos poucos ela foi conhe-cendo as regras, segundo ela as crianças só podem trabalhar como modelo com a liberação do Sindi-cato de Modelos e Mane-quins, sem essa liberação o trabalho é classificado como exploração infan-til . Com essa carteirinha do Sindicato fica acorda-do que quando a criança completar 16 anos, ao fa-zer a carteira de trabalho, todos os trabalhos feitos como modelo devem ser registrados e a mãe deve declarar uma prestação de contas discriminando quanto a criança recebeu nesses anos e a poupança acumulada deve passar para o nome da criança.
Elaine é uma mãe de miss que apoia a carreira da filha enquanto isso faz bem a menina. Ela conta que é comum em concur-so ver mães que querem tanto que suas filhas ga-nhem que esquecem que são apenas crianças. “Já vi mãe fazendo a filha desfilar de pé quebrado, como o vestido do desfile era longo, os jurados não conseguiam ver o gesso”.
O filme Pequena Miss Sunshine é uma crítica a concursos de beleza in-fantil . No filme, Oliver, uma garotinha de ape-nas sete anos se inscreve em um concurso, porém quando sua família chega ao local se depara com um mundo totalmente desco-nhecido. As crianças não parecem crianças, os ca-belos são produzidos, as maquiagens são de nível
profissional, as roupas exuberantes e em um mo-mento até se pode ver que há meninas recebendo co-loração artificial.
Os concursos no Bra-s i l fe l izmente não che-gam a esse nível . Aqui é respei tado que cr ian-ça deve parecer cr iança, a inda que use a lgumas coisas consideradas pre-coces . A Mini Miss Curi -t iba 2010 usa roupas de cr iança, come normal e recebe acompanhamento psicológico. Ela é vai -dosa e tem uma preocu-pação estét ica maior que as outras meninas da sua idade, mas a inda há a l -gum controle e segundo Elaine Eschionato , mãe da Mini Miss Curi t iba 2010, esse controle tem que part ir dos pais . “En-quanto for bom pra e la , eu apoio”.
além dos limites da infância
Departamento de foto
Curitiba, sábado a segunda-feira, 17 a 19 de setembro de 2011
Estradas da cultura PERFIL
Ao seguirem para a Casa de Cultura Letrinhas, as crianças já pensam no que escreverão naquela manhã. Seus pais, ao mes-mo tempo, agradecem à pessoa que criou um mé-todo tão inovador para despertar em seus filhos o gosto pela literatura. “É uma ideia fantástica. Não sei como ninguém pensou nisso antes” diz a mãe da pequena Luíza, de 8 anos, uma entre as várias crian-ças que freqüentam o lo-cal.Talvez eles nem saibam que o idealiza-dor de tudo isso p a s s o u q u a s e 40 anos de sua vida de-d i c a d o s à enge-nharia, o que dei-xa tudo isso ain-da mais i m p r e s -sionante.
H a -milton Vilela de Maga-lhães é o proprietário da Casa de Cultura Letrinhas e juntamente com seu ir-mão, o jornalista Manoel Vilela de Magalhães, criou o projeto “Letrinhas – Es-crevendo meu Primeiro Livro”. Hoje, com 75 anos, Hamilton, engenheiro apo-sentado, que dedicou mais da metade de sua vida à construção de estradas, hoje passa os dias na casa
de cultura e aprecia a ex-pressão de cada criança que ali entra, seja para escrever o seu livro ou somente en-contrar algum para ler. O senhor de cabelos brancos passou, depois de aposen-tado, a construir cultura e pequenos escritores. Ha-milton conta que não saiu da engenharia e entrou para o ramo cultural e literário por um simples acaso e sim por vir de uma família mui-to rica culturalmente. “Um de meus irmãos foi dono da primeira grande livraria de Londrina. Outros três são jornalistas. Meu pai falava latim. Sempre estive, desde pequeno, em contato com o mundo das letras”.
N a t u r a l de Santo Antônio da Platina, no interior do Paraná, Ha-milton foi d e p u t a d o e senador, sempre de-f e n d e n d o a educação básica. Mas por que essa p r e o c u p a -ção? Só um engenheiro sabe a im-portância de
uma base bem estruturada. Para Hamilton, muito se pensa na formação supe-rior. “A iniciativa privada investe cada vez mais nos cursos universitários e pou-co se pensa na formação básica, que é tudo”. O en-genheiro explica que a in-tenção dos projetos da casa de cultura é dar uma base estrutural de educação. “Queremos que elas sigam em frente”, complementa.
Por vivermos hoje em um mundo completamente vol-tado ao exterior, Hamilton acredita que o exercício que o projeto “Escrevendo meu primeiro livro” faz com as crianças é muito importan-te para desviar o olhar do mundo material e começar a olhar para dentro dela mesma. Desta maneira a criança encontra a inspira-ção para escrever sua histó-ria e a criatividade para fa-zer a ilustração (sim, são os próprios autores que ilus-tram suas histórias). “Di-zem por aí que adultos não deveriam escrever literatu-ra infantil. Elas [as crianças] é que sabem”. O engenheiro mostra a satisfação em ver a felicidade das crianças com seus livros somente com um olhar, cheio de lá-grimas. Para ele, é lindo ver como a criança fica orgu-lhosa de seu trabalho, de-senvolvido durante meses.
As crianças que participam do projeto recebem, além dos exemplares de seu livro e o direito a uma tarde de autógrafos, a carteirinha de membro da Academia Bra-sileira de Letrinhas. Hoje, já são mais de 20 crianças for-madas pelo projeto. “Não sabemos quem serão estas crianças daqui a vinte anos. Mas sabemos que esse pe-queno livrinho fará diferen-ça”. Diferença que o projeto também proporciona para crianças do Brasil inteiro, já que o método é comerciali-zado para escolas de todo o país por um preço aces-sível. O intuito é que cada vez mais crianças sejam be-neficiadas pela arte de es-crever. Há também projetos como o “Uma biblioteca em cada escola” onde a editora de Hamilton, a Letternet, proporciona descontos para as escolas do país adquiram cada vez mais exemplares
de livros da literatura infan-til e juvenil.
Apesar de, hoje, a Casa de Cultura Letrinhas dedi-car-se ao ensino do portu-guês com base da teoria li-terária – “Não ensinamos a gramática, pois isso a escola tradicional já faz”, brinca Hamilton –, há a vontade de expandir o projeto para o ensino também de mate-mática. Nada surpreenden-te, vindo de um engenheiro certo?
Ao entrar na casa de cul-tura, seu Hamilton faz ques-tão de mostrar a frase que estampa a parede: “Livro, o caminho da vida”. Depois de tantos anos projetando e construindo os caminhos concretos que nos levam de um canto a outro do país, Hamilton Vilela de Maga-lhães continuará ajudan-do as crianças brasileiras a construir o caminho de suas vidas.
Laura Beal Bordin
Hamilton Vilela de Magalhães é proprietário da Casa de Cultura Letrinhas que atua na formação de novos leitores
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“Dizem por aí que adultos não deveriam escrever literatura infantil. Elas [as cri-anças] é que sabem”
Hamilton Vilela de Magalhães _____________
Laura Beal Bordin
Engenheiro deixou de construir estradas para ser proprietário de livraria
Curitiba, sábado a segunda-feira, 17 a 19 de setembro de 2011
Curitiba, sábado a segunda-feira, 17 a 19 de setembro de 2011
Futuro da InformaçãoPor Marcelo Fontinele
Durante a Semana de Comunicação da UP, di-versas escolas e colégios de Curitiba e Região Me-tropolitana trouxeram seus estudantes para co-nhecer a estrutura da Rede Teia.
Neste pequeno ensaio, quis mostrar um pouco da integração entre a universidade e os futuros jornalistas.
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ENSAIO FOTOGRÁFICO