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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ FLÁVIA WERNER DA ROCHA JESUINO EFEITOS DO Synadenium grantii SOBRE AS ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS E NOCICEPTIVAS EM CAMUNDONGOS SUBMETIDOS AO MODELO DE DISMENORREIA Itajaí (SC) 2017

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

FLÁVIA WERNER DA ROCHA JESUINO

EFEITOS DO Synadenium grantii SOBRE AS

ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS E NOCICEPTIVAS EM

CAMUNDONGOS SUBMETIDOS AO MODELO DE

DISMENORREIA

Itajaí (SC)

2017

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

FLÁVIA WERNER DA ROCHA JESUINO

EFEITOS DO Synadenium grantii SOBRE AS

ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS E NOCICEPTIVAS EM

CAMUNDONGOS SUBMETIDOS AO MODELO DE

DISMENORREIA

Dissertação submetida à Universidade do

Vale do Itajaí como parte dos requisitos

para a obtenção do grau de Mestre em

Ciências Farmacêuticas.

Orientadora: Prof.ª. Dr.ª Nara Lins Meira

Quintão

Itajaí (SC)

Março, 2017

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FICHA CATALOGRÁFICA

Irene Albino – CRB 14ª/1114

J499e Jesuino, Flávia Werner da Rocha, 1980-

Efeitos do Synadenium grantii sobre as alterações inflamatórias e

nociceptivas em camundongos submetidos ao modelo de dismenorreia.

[manuscrito] / Flávia Werner da Rocha Jesuino. – Itajaí, 2017.

91 f. : il., color.

Inclui lista de figuras, gráficos, abreviaturas e siglas.

Referências: p. 83-91.

Dissertação (mestrado) – Universidade do Vale do Itajaí, Programa de Pós-

Graduação em Ciências Farmacêuticas, Área de Concentração em produtos

naturais e substâncias sintéticas bioativas, 2017.

“Orientadora: Prof.ª Dr.ª Nara Lins Meira Quintão”.

1. Dismenorreia. 2. Plantas medicinais. 2. Ginecologia - Distúrbios

menstruais. 3. Soluções farmacêuticas. I. Quintão, Nara Lins Meira. II. Título.

CDU: 618.175

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EFEITOS DO Synadenium grantii SOBRE AS

ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS E NOCICEPTIVAS EM

CAMUNDONGOS SUBMETIDOS AO MODELO DE

DISMENORREIA

Flávia Werner da Rocha Jesuino

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Ciências

Farmacêuticas, Área de Concentração Produtos Naturais e Substâncias Bioativas e

aprovadas em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências

Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí.

______________________________________

Doutor Clóvis Antônio Rodrigues

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

Apresentado perante a Banca Examinadora composta pelos Professores:

______________________________________

Doutora Nara Lins Meira Quintão (UNIVALI)

Presidente orientador

______________________________________

Doutora Edineia de Andrade (UFSC)

Membro

______________________________________

Doutora Fátima de Campos Buzzi (UNIVALI)

Membro Interno

____________________________________

Titulação Nome do Membro da Banca (Univali)

Membro Interno

Itajaí (SC), 17 de março de 2017.

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Dedicatória

Ao meu marido Alexsandro e aos meus

pais, que sempre me apoiaram em

todos os momentos, ajudando-me a

chegar a este ponto do caminho. Ao

meu irmão Ricardo que teve uma

participação especial nesta pesquisa.

As minhas filhas, Alice e Helena, que

espero que tenham sempre muito

orgulho de sua mãe...

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus por me permitir aproveitar as oportunidades da vida

com saúde e disposição;

Agradeço à professora Nara Lins Meira Quintão, por sua dedicação,

preocupação e disponibilidade, pelo seu tempo e por todo o conhecimento

transmitido a mim;

Aos meus pais, meus maiores incentivadores neste projeto e no meu

desenvolvimento pessoal e profissional;

Ao meu marido, Alexsandro, por me apoiar em cada decisão e me

tranquilizar nos momentos mais difíceis, por todo o amor e carinho que

compartilhamos;

As minhas filhas, que estiveram e estão ao meu lado, me ajudando e

me fazendo uma pessoa mais feliz;

Aos técnicos do laboratório do Programa de Pós-Graduação, pela

inestimável colaboração no meu aprendizado;

A todos aqueles que, direta ou indiretamente, participaram da

elaboração deste trabalho, contribuindo para a sua conclusão.

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EPÍGRAFE

“Só se aprende aquilo

que faz sentido, o que

é significativo para a

nossa vida”

Paulo Freire

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EFEITOS DO Synadenium grantii SOBRE AS

ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS E NOCICEPTIVAS EM

CAMUNDONGOS SUBMETIDOS AO MODELO DE

DISMENORREIA

Flávia Werner da Rocha Jesuino Março/2017

Orientador: Dra. Nara Lins Meira Quintão.

Área de concentração: Produtos Naturais e Substâncias Sintéticas Bioativas

Número de Páginas: 91.

A dismenorreia primária é a desordem ginecológica mais frequente nas mulheres jovens.

Sua fisiopatologia ainda não está totalmente elucidada e um modelo animal é crucial

para a determinação dos processos inflamatórios teciduais envolvidos. A Synadenium

grantii é conhecida no Brasil como “cola-nota”, “janaúba” e é usada no tratamento de

distúrbios gástricos, como úlcera péptica, gastrite, e doenças neoplásicas. O objetivo do

estudo foi avaliar os efeitos do extrato metanólico da S. grantii e seu composto isolado

(3,4,12,13- tetraacetilforbol-20-fenilacetato (1) sobre as alterações inflamatórias e

nociceptivas em camundongos submetidos ao modelo de dismenorreia. Foram utilizados

camundongos Swiss fêmeos entre 6 a 8 semanas de idade. Os mesmos foram

selecionados conforme o período do ciclo estral por método de análise microscópica do

lavado vaginal, e os animais que se encontravam no proestro foram tratados por 3 dias

consecutivos com benzoato de estradiol (0,01 mg/kg, intraperitoneal; i.p.). No quarto

dia, os animais foram divididos em quatro grupos: grupo controle negativo; grupo

tratado com o extrato da S. grantii nas doses de 1, 3, 10 30 e 100 mg/Kg; grupo tratado

com o composto isolado nas doses de 0,1, 1, 10 e 40 mg/Kg; grupos controle-positivo

tratamentos com dois fármacos de referência da prática clínica: Ibuprofeno (7,5 mg/kg)

ou Buscopan composto® (1,2 mg/kg). Todos receberam os tratamentos por via oral.

Todos os grupos foram submetidos ao tratamento prévio com benzoato de estradiol por

3 dias, no quarto dia receberam ocitocina (0,4 UI/animal, i.p.) 1 h após os respectivos

tratamentos e analisados individualmente quanto ao número de contorções abdominais

num intervalo de 45 min. O tecido uterino de cada animal foi pesado, fotografado e

fixado em parafina para posterior análise histológica. Todos os protocolos experimentais

foram previamente aprovados pelo CEUA da Univali, sob nº de protocolo 027/2015. O

tratamento prévio com o extrato foi capaz de causar uma inibição dose dependente do

número de contorções abdominais induzidas pela ocitocina, com inibição máxima de

77.7 ± 5.6% e DI50 de 25.8 (12.5 – 49.3) mg/kg. Resultados semelhantes foram obtidos

com o composto 1, com inibição máxima de 65.2 ± 4.6% e DI50 de 15,01 (8,58-26,29)

mg/kg. Os resultados obtidos com as maiores doses do extrato e do composto 1 foram

semelhantes aos obtidos com os fármacos controle-positivo Ibuprofeno e Buscopan

composto®, que apresentaram inibições de 69,13 ± 5,84% e 63,19 ± 10,90%,

respectivamente. Foram observadas alterações significativas quanto ao volume do útero

dos animais nos diferentes grupos, mas não quanto ao peso dos mesmos. Entretanto, a

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análise histológica demonstrou diferença significativa quanto à presença de edema e

infiltrado leucocitário característico de processo inflamatório entre os grupos controle-

negativo e tratados com o extrato ou composto isolado. Diante do exposto, podemos

concluir que o extrato apresenta atividade promissora contra o principal sintoma da

dismenorreia (dor pélvica), indicando importante atividade anti-inflamatória. O

composto isolado 1 parece ser, ao menos em parte, responsável por este efeito.

Palavras-chave: Dor visceral. Dismenorreia primária. Plantas medicinais. Roedores.

Synadenium grantii.

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EFFECTS OF Synadenium grantii ON INFLAMMATORY

AND NOCCEPTIVE CHANGES IN MICE SUBMITTED TO

THE MODEL OF DYSMENORRHEA

Flávia Werner da Rocha Jesuino

March 2017

Advisor: Drª. Nara Lins Meira Quintão.

Area of concentration: Natural Products and Bioactive Synthetic Substances

Number of Pages: 91.

Primary dysmenorrhoea is the most common gynecological disorder in young women.

Its pathophysiology is not yet fully elucidated, and an animal model is crucial to

determine the inflammatory tissue processes involved. Synadenium grantii is known in

Brazil as "cola-nota" or "janaúba", and is used to treat gastric disorders, such as peptic

ulcer, gastritis, and neoplastic diseases. The aim of the study was to evaluate the effects

of the methanolic extract of S. grantii and its compound (3, 4, and 12, 13-

tetraacetylforbol-20-phenylacetate (1) on inflammatory and nociceptive changes in mice

submitted to the dysmenorrhoea model. Female Swiss mice between 6 and 8 weeks of

age were used. They were selected according to the period of the estrous cycle by

microscopic analysis of vaginal lavage, and the animals that were in proestrus were

treated for 3 consecutive days with estradiol (00.01 mg / kg, intraperitoneal; i.p.). The

animals were divided into four groups: negative control group, group treated with S.

grantii extract at doses of 1, 3, 10, 30 and 100 mg Kg/kg, group treated with the

compound isolated at the doses of 0.1, 1, 10 and 40 mg/kg, control-positive treatments

with two reference drugs of clinical practice, ibuprofen (7.5 mg/kg) or buscopan

compound (1.2 mg/kg). All received oral treatment. All groups were pretreated with

estradiol benzoate and oxytocin (0.4 IU / animal, i.p.) 1 h after the respective treatments

and individually analyzed for the number of abdominal writhes in a 45 min interval. The

uterine tissue of each animal was weighed, photographed and fixed in paraffin for later

histological analysis. All the experimental protocols were previously approved by the

Univali CEUA under protocol number 027/2015. Pretreatment with the extract was able

to cause dose - dependent inhibition of oxytocin - induced abdominal writhing, with

maximum inhibition of 77.7 ± 5.6% and DI 50 of 25.8 (12.5 - 49.3) mg/kg. Similar

results were obtained with compound 1, with inhibition 65.2 ± 4.6% and DI 50 of 15.01

(8.58-26.29) mg/kg. The results obtained with the highest doses of the extract and

compound were similar to those obtained with the control-positive drugs ibuprofen and

buscopan compound®, which presented inhibitions of 69.13 ± 5.84% and 63.19 ±

10.90%, respectively. Significant changes were obtained in the uterus volume of the

animals in the different groups, but not in their weight. However, histological analysis

showed a significant difference in the presence of edema and leukocyte infiltrate

characteristic of inflammatory process between the control-negative groups and those

treated with the extract or isolated compound. In view of the above, we can conclude

that the extract shows promising activity against the main symptom of dysmenorrhea

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(pelvic pain), indicating an important anti-inflammatory activity. Isolated compound 1

appears to be, at least in part, responsible for this effect.

Key words: Visceral pain. Primary dysmenorrhea. Medicinal plants. Rodents.

Synadenium grantii.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Inervação dos órgãos pélvicos............................................................35

Figura 2 Representação dos níveis de estrógeno e progesterona durante o ciclo

menstrual...................................................................................... ......................39

Figura 3 Fisiopatologia da dismenorreia...........................................................40

Figura 4 Visão geral dos eventos associados à ativação dos mastócitos..........41

Figura 5 Mecanismo de transdução de sinal para o receptor de ocitocina no

miométrio...........................................................................................................43

Figura 6 Partes aéreas da S. grantii...................................................................50

Figura 7 Estrutura química do composto isolado 3,4,12,13- tetraacetilforbol-

20-fenilacetato (1) .............................................................................................52

Figura 8 Representação do peso dos animais do experimento.........................54

Figura 9 Demonstração do camundongo em contorção abdominal, patas

traseiras em extensão, rotação do quadril..........................................................55

Figura 10 Esfregaço vaginal de camundongos, representação de cada fase do

ciclo....................................................................................................................56

Figura 11 Efeito antinociceptivo do extrato de S. grantii.................................60

Figura 12 Efeito antinociceptiva do composto isolado de S. grantii................61

Figura 13 Efeito do extrato e do composto 1 de S. grantii sobre a área de

superfície do útero..............................................................................................62

Figura 14 Fotomicrografia dos tecidos uterinos dos animais do experimento

corados com H. E.......................................................................................... .....64

Figura 15 Número de mastócitos por campo....................................................65

Figura 16 Fotomicrografia dos tecidos uterinos dos animais do experimento

corados com azul de Toluidina..........................................................................66

Figura 17 Detalhe dos mastócitos em aumento de 1000x, no grupo controle.66

Figura 18 Representação do peso do útero dos animais nas diferentes doses do

extrato e do composto de S. grantii....................................................................67

Figura 19 Efeito do extrato de S. grantii sobre a atividade locomotora...........68

Figura 20 Relação do peso absoluto dos órgãos dos animais...........................69

Figura 21 Relação do peso relativo dos órgãos dos animais............................69

Figura 22 Estrutura química do composto isolado 3,4,12,13- tetraacetilforbol-

20-fenilacetato (1) .............................................................................................73

Figura 23 Estrutura química do butilbrometo de escopolamina.......................73

Figura S1 Representação da amplitude de contração de tiras de útero no

equipamento de órgão isolado............................................................................81

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LISTA DE ABREVIATURAS

ACO – anticoncepcional oral.

AINES – anti-inflamatórios não esteroidais.

DP – dismenorreia primária.

GM-CSF – Fator estimulador de colônias de granulócitos macrófagos.

H & E – hematoxilina e eosina.

IMC – índice de massa corporal.

i.p. – intraperitoneal.

LT – leucotrienos.

MPO – migração de neutrófilos.

OTR – receptores de ocitocina.

PAF – fator ativador de plaquetas.

PGI2 – prostaciclina.

PGs – prostaglandinas.

Proteína quinase – PKC.

SCF – Fator de células tronco.

SNC – Sistema Nervoso Central.

TNF-α – Fator de necrose tumoral.

v.o. – via oral.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................29

2 OBJETIVOS..................................................................................................33

2.1 Objetivo Geral............................................................................................33

2.2 Objetivos Específicos.................................................................................33

3 REVISÃO DE LITERATURA....................................................................35

3.1 Dor pélvica..................................................................................................35

3.2 Dismenorreia primária..............................................................................36

3.2.1 Fisiopatologia da dismenorreia primária................................................38

3.3 Papel da ocitocina na contração miometrial............................................42

3.4 Medicamentos em uso para dismenorreia primária...............................44

3.4.1 Antiinflamatórios não esteroidais............................................................44

3.4.2 antiespasmódicos......................................................................................46

3.4.3 anticoncepcionais hormonais orais.........................................................47

3.4.4 métodos alternativos.................................................................................47

3.5 Busca de novos medicamentos..................................................................48

3.5.1 Synadenium grantii..................................................................................48

4 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................53

4.1 Material vegetal..........................................................................................53

4.2 Animais.......................................................................................................53

4.3 Modelo de dismenorreia............................................................................54

4.3.1 Determinação do ciclo estral no grupo experimental.............................55

4.4 Avaliação da atividade inflamatória........................................................57

4.5 Avaliação do peso e área dos úteros.........................................................57

4.6 Avaliacao da atividade locomotora através do Modelo do Campo

Aberto (open field)............................................................................................57

4.7 Análise estatística.......................................................................................58

5 RESULTADOS..............................................................................................59

5.1 Efeito anti-nociceptivo do extrato e composto isolado............................59

5.2 Análise morfométrica do útero de animais submetidos ao modelo de

dismenorreia.....................................................................................................61

5.3 Avaliação da histológica do útero com coloração H & E.......................62

5.4 Avaliação histológica do útero com coloração de azul de toluidina......65

5.5 Relação do peso do útero dos animais .....................................................67

5.6 Efeito do extrato de S. grantii sobre a atividade locomotora.................67

5.7 Apresentação dos pesos dos órgãos dos animais tratados com S. grantii

comparados com controles..............................................................................68

6 DISCUSSÃO................................................................................................. .71

7 CONCLUSÃO...............................................................................................79

8 PERSPECTIVAS..........................................................................................81

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10 REFERÊNCIAS..........................................................................................83

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29

1 INTRODUÇÃO

A dor pélvica é uma das queixas mais desafiadoras que o profissional

de saúde enfrenta (RAPKIN; HOWE, 2008). Na área da Ginecologia, as dores

pélvicas mais prevalentes são: as vesicais provenientes de infecções do trato

urinário inferior, destacando-se a cistite intersticial na sua complexidade e,

portanto, de difícil terapêutica e as dores provenientes do útero com maior

destaque para a endometriose e a dismenorreia pela sua alta prevalência

(GUYTON; HALL, 2011).

Aproximadamente 80% das mulheres terão algum grau de

dismenorreia de acordo com a Autoridade Médica Britânica (PROCTOR;

FARQUHAR, 2006). Esta prevalência pode chegar até 95% segundo Osuga et

al. (2005) e até 90% de acordo com Chen e Kwekkeboom (2015). Percebe-se

que em 10 anos a prevalência permaneceu similar. É considerada a desordem

mais frequente na mulher jovem, possuindo grande correlação com desordens

como a depressão e a ansiedade (GAGUA et al., 2013; ZAHRADNIK et al.,

2010).

A dismenorreia é classificada em primária e secundária, sendo a última

dependente de outras desordens pélvicas. A primária é a mais frequente e

ocorre sem uma patologia pélvica evidente (PU et al., 2015). Apesar de não

estar associada a uma doença orgânica pélvica, certamente se relaciona a um

processo patogênico em nível bioquímico (BORGES; RAMOS et al, 2007). A

dismenorreia é caracterizada por intensa dor pélvica aguda durante o primeiro

ou segundo dia do ciclo menstrual (YANG et al., 2015).

Algumas vezes a dismenorreia pode vir associada à dor de cabeça,

náuseas e vômitos, desconforto digestivo, como diarréia ou constipação,

desmaios, mastalgia e edema abdominal que podem permanecer por todo o

período menstrual (GIRALDO et al., 2008). Sintomas como fadiga, dor lombar,

nervosismo, tonturas e cefaleia, os quais se manifestam algumas horas antes do

fluxo menstrual ou, mais frequentemente, nas primeiras 24 horas também são

descritos (FRARE; TOMADON; SILVA, 2014).

Há uma classificação quanto à intensidade da dor, em leve, moderada

ou severa, esta última representa 15% dos casos (CHEN et al., 2013). Desta

forma a dor causada pela dismenorreia, interfere nas atividades laborais e não

permite o desempenho normal no trabalho, nos estudos e no adequado

relacionamento familiar, sendo possível causa de alterações vasculares e

gastrointestinais (FRARE; TOMADON; SILVA, 2014).

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30

Como uma forma de diminuir os sintomas citados acima e assim

melhorar a qualidade de vida de quem apresenta tais sintomas, os anti-

inflamatórios não esteroidais são os fármacos mais comumente utilizadas no

tratamento da dismenorreia (CHEN et al., 2013; PU et al., 2015). Possuem a

vantagem de alívio rápido dos sintomas, porém, apresentam efeitos colaterais

como o desconforto gastrointestinal e o impacto na função renal (CHEN et al.,

2014). Efeitos mais graves são observados com o uso crônico ou altas doses da

medicação (HAIDAR et al., 2012). Por estas razões, vários países preocupam-

se com a necessidade de novas terapias (CHEN et al., 2014).

Outras medicações também muito comercializadas na prática clínica

são os antiespasmódicos, sendo o principal representante deste grupo é o

"Buscopan composto", medicamento que contém dipirona sódica e brometo de

N-butilescopolamina. Um estudo analisou seus efeitos no alívio da dor

menstrual em pacientes, e os resultados foram baseados na escala numérica de

dor. Houve diferença importante no porcentual de melhora da dor nas pacientes

que receberam o comprimido ou a solução deste fármaco (KAARI et al., 2006).

A maioria dos estudos sobre o tema envolvem experimentos in vitro,

os quais se tornam restritos à análise dos efeitos uterinos locais e o

esclarecimento mais amplo do processo doloroso. O devido entendimento desta

patologia contribuirá para a formulação de novas terapias mais direcionadas

obtendo-se assim menos efeitos colaterais.

A Medicina Tradicional Chinesa, com compostos à base de plantas,

apresenta resultados positivos para o controle da dor da dismenorreia. Neste

contexto é importante ressaltar o Brasil como uma fonte rica destes compostos,

considerando sua altíssima biodiversidade, possuindo 22% das espécies de

plantas do planeta, e imensa variedade de animais e espécies de

microorganismos (BORGES et al., 2007).

A Synadenium grantii é conhecida popularmente no Brasil como

“cola-nota”, “janaúba”, “tiborna”, “leiterinha”, ou “cega-olho” e é utilizada sob

a forma de preparado do látex (diluído em água) para o tratamento de distúrbios

gástricos, como úlcera péptica, e gastrite, além de doenças neoplásicas

(MACHADO, 2008; VALADARES; CASTRO; CUNHA, 2007).

Na literatura não se encontrou estudos da atividade anti-nociceptiva

desta espécie, somente a planta S. umbellatum Pax, apresentou atividades

antinociceptiva (atuação no sistema opioide) e anti-inflamatória (redução de

edema e formação leucocitária), de acordo com o trabalho publicado por

Oliveira et al. (2013). Esta descoberta gera uma hipótese acerca da atividade

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antinociceptiva e anti-inflamatória da S. grantii, já que pertence ao mesmo

gênero: Synadenium. Portanto este trabalho teve como objetivo analisar os

efeitos da S. grantii sobre as alterações inflamatórias e nociceptivas em

camundongos submetidos ao modelo de dismenorreia.

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33

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral:

Analisar os efeitos do extrato metanólico obtido das partes aéreas da

Synadenium grantii e do composto isolado 1 sobre as alterações inflamatórias e

nociceptivas em camundongos submetidos ao modelo de dismenorreia.

2.2 Objetivos Específicos:

Avaliar o efeito do tratamento oral com o extrato da S. grantii sobre as

contorções abdominais induzidas pela injeção de ocitocina em camundongos

fêmeos estrogenizados;

Avaliar o efeito do tratamento oral com o composto 3,4,12,13-

tetraacetilforbol-20-fenilacetato (1) isolado da S. grantii sobre as contorções

abdominais induzidas pela injeção de ocitocina em camundongos

estrogenizados;

Avaliar o efeito do extrato e do composto isolado sobre o volume e

peso do útero de animais submetidos ao modelo de dismenorreia.

Analisar o efeito do extrato e do composto isolado sobre achados

histológicos indicativos de processo inflamatório.

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35

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Dor pélvica:

A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), descreve

dor como uma experiência angustiante associada a uma lesão real ou potencial

dos tecidos com componentes sensoriais, emocionais, cognitivas e sociais

(WILLIAMS e CRAIG, 2016).

A patogênese da dor pélvica envolve estímulos nocivos ou

potencialmente nocivos para induzir o dano tecidual. Desta forma há a ativação

de nociceptores especializados localizados nas terminações nervosas das fibras

aferentes como demonstrado na figura 1 (ORIGONI et al., 2014). Modelos

animais de dor nociceptiva são usados desde o século 19 para o melhor

entendimento desse processo (GREGORY et al., 2013). Esses estudos

anteriores demostraram a ativação da fibra A delta (rápida, mielinizada) e fibras

C (lentas, não mielinizadas) em neurônios no gânglio da raiz dorsal da medula

espinhal, como sinapses dentro do cordão espinhal, principalmente via plexo

hipogástrico e nervo pudendo (ORIGONI et al., 2014).

Figura 1 - Inervação dos órgãos pélvicos.

Nervo pudendo

Nervo hipogástrico

GRD

GRD

Nervo pélvico

Sínfise púbica reto

bexiga

útero

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36 Nota: Os nociceptores sensoriais que inervam a pelve estão em neurônios no gânglio da

raiz dorsal da medula espinhal, com sinapses dentro do cordão espinhal, principalmente

via plexo hipogástrico e nervo pudendo. A região em torno do colo do útero representa

uma zona de transição e é inervada por fibras em ambos os nervos.

GRD: gânglio da raiz dorsal.

Fonte: Adaptado de ORIGONI et al., 2014.

Vísceras localizadas na pelve são as responsáveis pela dor visceral

provenientes de estímulos transmitidos pelas fibras sensoriais destes órgãos

para os feixes nervosos autônomos, e as sensações são referidas para as áreas

da superfície do corpo longe do órgão doloroso (GUYTON; HALL, 2011). Este

tipo de sensação de dor pode ser aguda, cíclica ou crônica. A dor aguda tem

início abrupto, possui aumento de intensidade e é de curta duração, porém

muitas vezes está associada a respostas reflexas autônomas profundas como

náusea, vômito, diaforese bem como apreensão (RAPKIN; HOWE, 2008).

Estudos mais recentes utilizam a neuroimagem por ressonância

nuclear magnética para demonstrar as mudanças na morfologia cerebral

frequentemente acompanhada nos casos de dor pélvica crônica, especialmente

nas áreas de percepção e modulação de dor. Entretanto, os biomarcadores

sensíveis e específicos para a dor pélvica ainda não foram identificados

adequadamente (BAGARINAO et al., 2014). Muitas são as causas de dor

pélvica crônica, entre as condições descritas acima, a dismenorreia destaca-se

neste contexto pela sua elevada prevalência nas mulheres em idade reprodutiva

(ORIGONI et al., 2014).

3.2 Dismenorreia primária:

A dor é uma modalidade sensorial que, em muitos casos, representa o

único sintoma para o diagnóstico de várias doenças, portanto frequentemente

tem uma função protetora (ALMEIDA et al., 2012). No caso da dismenorreia

primária, há ausência de patologia pélvica associada (DAWOOD, 2006).

Dismenorreia, palavra derivada do grego, significa “menstruação

difícil” e caracteriza-se por uma dor na região abdominopélvica, crônica e

cíclica, associada à menstruação, comumente chamada de cólica menstrual

(FRARE; TOMADON; SILVA, 2013). Geralmente tem início após dois ou três

anos da menarca, quando os ciclos tornam-se ovulatórios

(DELIGEOROGLOU, 2006). A prevalência da dor diminui com a idade e a

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paridade, sendo mais algumas particularidades para relacionar a um mecanismo

hormonal na patogênese da doença (OSUGA et al., 2005).

Outros fatores envolvidos são o tabagismo, a menarca precoce, o

fluxo menstrual intenso ou prolongado, os distúrbios psicológicos e a influência

genética (FRARE; TOMADON; SILVA, 2014). Outras doenças também

podem estar relacionadas, como a síndrome do intestino irritável e a

fibromialgia (CHEN; KWEKKBOOM, 2015). Além disso, deve-se citar o

nervosismo, a depressão, a irritabilidade e a insônia como sintomas associados

ao processo de dor. Essas queixas foram citadas por pacientes participantes de

estudos sobre a apresentação clínica da dismenorreia primária

(DELIGEOROGLOU, 2006).

As mulheres com dismenorreia têm a qualidade do sono, a qualidade

de vida, a atividade física reduzidas e mau humor quando estão com dor. Ao

longo de ciclos menstruais, essas mulheres, em um processo conhecido como

sensibilização à dor visceral, podem iniciar o reflexo da dor viscerossomática e

dor referida, resultando em dor somática crônica e hipersensibilidade de

nociceptores à inflamação (JARRELL; ARENDT-NIELSEN, 2016). Nas

regiões pélvicas ocorre um aumento da sensibilidade para estímulos dolorosos,

no entanto, é desconhecido se o aumento da sensibilidade à dor é a causa ou

efeito da dor menstrual recorrente, mas pode predispor outras condições

crônicas dolorosas a longo prazo (IACOVIDES et al., 2015).

Um estudo recente associou a presença de dismenorreia primária

(DP) em pacientes diagnosticadas com fibromialgia. A DP foi estabelecida em

41% dos pacientes com fibromialgia e em 28% no grupo controle. Uma

diferença significativa foi encontrada na DP entre os dois grupos, comprovando

que há uma maior frequência de dismenorreia nestes pacientes (TERZI;

TERZI; KALE, 2015).

Principalmente nas pacientes com nível mais severo de dismenorreia,

o número absoluto de dias de absenteísmo é maior, mas varia de meio dia a 3

dias por mês, e praticamente todas, independentemente do nível de sintomas,

relatam uma redução clara na produtividade. Evidentemente, o panorama da

dismenorreia com suas características menstruais afeta a capacidade das

mulheres (OMIDVAR; BAKOUEI et al., 2016). Em um estudo no Canadá,

51% das mulheres afetadas com dismenorreia relataram comprometimento nas

atividades e 17% referiram absenteísmo (DAWOOD, 2006). Esta é a principal

causa de absenteísmo ao trabalho e redução da qualidade de vida (ABADIAN

et al., 2016). Nos Estados Unidos estima-se perda de 1 a 3 dias no mês de

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trabalho, com perda de 6 bilhões de horas por ano e perda econômica

aproximada de 200 milhões de dólares (HSU, YANG, YANG, 2004).

3.2.1 Fisiopatologia da dismenorreia primária:

A dor observada na dismenorreia primaria ocorre devido à atividade

uterina aumentada ou anormal caracterizada pela liberação de mediadores

químicos como prostaglandinas, demonstrado em estudos prévios (CHEN et al.,

2013). A dor é semelhante à contratilidade uterina induzida por prostaglandinas

ou seus análogos para o trabalho de parto ou aborto (DAWOOD, 2006). O

mecanismo da dismenorreia primaria é atribuído a este alto nível sérico de

prostaglandinas E₂ (PGE₂), PGF₂α e leucotrienos, levando não só à contração

miometrial severa, mas também à vasoconstrição com consequente isquemia

resultante da liberação de citocinas (CHEN et al., 2014; DELIGEOROGLOU,

2006). Este é um mecanismo para a dor visceral verdadeira, pois estas citocinas

estimulam diretamente as fibras nervosas nociceptivas uterinas (GUYTON;

HALL, 2011).

Mulheres com dismenorreia têm níveis mais elevados do que as não-

dismenorreicas de prostaglandinas endometriais (PGF₂α e PGE₂) e

leucotrienos, resultando em aumento do tônus do músculo liso uterino,

contrações uterinas mais fortes e mais frequentes, bem como modificações do

fluxo sanguíneo local, que, em conjunto, são responsáveis pelas cólicas

abdominais dolorosas (TJANDRAWINATA et al., 2011). Verificou-se um

número duas vezes superior dessas prostaglandinas em fluido menstrual de

mulheres com dismenorreia comparado com as sem dismenorreia (OMIDVAR;

BAKOUEI et al., 2016). Principalmente os leucotrienos C4 e o D4 possuem

níveis nos fluidos menstruais superiores demonstráveis nos locais de ligação

para leucotrieno C4 nas células miometriais, portanto é provável que os

leucotrienos contribuam para a hipercontratilidade uterina na DP (DAWOOD,

2006).

É o endométrio secretor pós ovulatório, quando não ocorre a

concepção, que produz grande quantidade de PGF₂α que atuam promovendo a

luteólise e consequentemente diminuição brusca da concentração de

progesterona (HAREL, 2006). Existe uma excelente correlação entre a

quantidade de prostaglandinas liberada e a intensidade da dor durante esse

período (HSU, YANG, YANG, 2006). O endométrio humano de fase lútea de

mulheres dismenorreicas mostrou, em experimentos in vitro, produzir sete

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vezes mais PGF₂α do que o endométrio de fase lútea de mulheres sem a

patologia (DAWOOD, 2008). Este processo estimulado pelo metabólito do

ácido araquidônico, via cicloxigenase, leva à hipertonia, causando isquemia e

dor, e assim dificultando o fluxo menstrual (PARK; WATANUKI, 2005). A

hipertonia concentrada no istmo uterino provoca estenose do canal cervical,

provocando o acúmulo de sangue na cavidade uterina e assim aumento ainda

maior dos níveis de prostaglandinas, gerando um ciclo vicioso e causando mais

dor (BORGES; RAMOS et al., 2007).

Além disso, a queda da progesterona antes do início do ciclo menstrual

deflagra a liberação de ácido araquidônico (figura 2), potencializando a ação

das citocinas locais na contração miometrial (CHEN et al., 2014). Isto ocorre

pelo acúmulo de ácidos graxos nos fosfolipídios das membranas celulares

resultantes da alta ingestão dessas substâncias na dieta ocidental, e antes da

menstruação, estes ácidos graxos particularmente o ácido araquidônico, são

liberados, e uma cascata de prostaglandinas (PG) e leucotrienos (LT) é iniciada

no útero (HAREL, 2006). Este esquema é demonstrado conforme a figura 3.

Figura 2: Representação dos níveis de estrógeno e progesterona durante o ciclo

menstrual.

Nota: Observar a queda de progesterona no início do ciclo. Adaptado de Lee et al., 2015.

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40 Figura 3: Fisiopatologia da dismenorreia.

Diminuição Progesterona

Fosfolipase A2

FosfolipídeosNa parede celular

ω3 ω6

Ácido aracdônicoω6

Leucotrieno A4Lipooxigenase 5

Edndoperóxidos cíclicos

ciclooxigenase

PGE2PGF2α

PGI2(prostaciclina)

TXA2(Tromboxano A2)

Contração miometrialVasocosntricção dor

DOR

LT-B4 LT-C4

LT-D4

LT-E4

Fonte: Harel: Dysmenorrhea in Adolescents and Young Adults, 2006.

Possível envolvimento desses potentesvasoconstrictores e mediadores inflamatóriosem mediar os sitomas de dismenorreia emadolescentes.

Fonte: Adaptação de Harel: Dysmenorrhea in Adolescents and Young Adults.

Os mastócitos também foram identificados no endométrio durante

todo o ciclo menstrual, mas sem flutuação durante o mesmo (LEE et al., 2015).

Estas células desempenham um papel primordial nas reações inflamatórias

agudas e um importante mediador pró-inflamatório é o fator de necrose tumoral

(TNF), encontrado dentro de mastócitos granulados e liberados na ativação

mastocitária (MENZIES et al., 2015). Outros mediadores pré-formados incluem

a histamina, serotonina, proteinases e proteoglicanos e mediadores lipídicos

neoformados, como o fator ativador de plaquetas (PAF) e derivados do ácido

araquidônico, como os leucotrienos e as prostaglandinas. Os mastócitos

também sintetizam uma série de interleucinas e fatores de crescimento, como

IL-3, IL-4, IL-5, IL-6, IL-8, IL-10, IL-13, IL-14, IL-16, fator de crescimento de

fibroblastos, TNF, Fator estimulador de colônias de granulócitos macrófagos

(GM-CSF) e Fator de células tronco (SCF), estes mediadores estão descritos na

figura 4 (MESQUITA JR et al., 2011).

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Figura 4: Visão geral dos eventos associados à ativação dos mastócitos.

Nota: As consequências biológicas da ativação dos mastócitos variam conforme os

subtipos dos mastócitos, estímulo ativador e tecidos adjacentes FGF: fator do

crescimento de fibroblastos VEGF: fator de crescimento do endotélio vascular SCF:

fator de célula-tronco TGF-b: fator do crescimento transformador-b TNF-α: fator de

necrose tumoral a IL: interleucina LT: leucotrieno PAF: fator ativador de plaquetas PG:

prostaglandina MHC: complexo de histocompatibilidade principal GM-CSF: fator

estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos. Fonte MESQUITA et al., 2011.

O tipo e a intensidade dos sintomas mudam para cada mulher e de

ciclo para ciclo na mesma mulher. Os sintomas podem durar horas ou vários

dias, porém, na maioria das vezes o desaparecimento das cólicas ocorre após 48

horas do início da menstruação (FRARE; TOMADON; SILVA, 2014). Foi

observada uma associação significativamente positiva entre os níveis séricos de

marcadores inflamatórios e a severidade dos sintomas menstruais em mulheres

jovens, incluindo IL-12 e Interferon-γ (IFN-γ), e esta associação persistiu

depois de ajustes como: IMC, tabagismo, álcool utilizados com outros fatores

para inflamação crônica (BERTONE-JOHNSON et al., 2014).

Observa-se em mulheres dismenorreicas elevação significativa de

estradiol na fase lútea do ciclo menstrual, acarretando desbalanço entre os

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hormônios ovarianos e níveis de PGF₂α endometrial até quatro vezes maior

(HAREL, 2006). Isto poderia também contribuir para o aumento da atividade

uterina e, consequentemente, dor menstrual. Esse predomínio estrogênico

poderia aumentar a secreção de PGs e hormônio antidiurético, que, por sua vez,

provocariam aumento de atividade uterina, isquemia e dor. Outro hormônio

recentemente relacionado com a dismenorreia é a ocitocina (IKEDA;

SALOMÃO; RAMOS, 2016).

3.3 Papel da ocitocina na contração miometrial:

O papel da ocitocina na contração do miométrio ocorre pela ativação

dos receptores de ocitocina (OTR) na presença do estrogênio. O estrogênio

apresenta tanto efeito estimulatório para a síntese de ocitocina como para o

aumento da concentração de OTR (MITCHELL et al., 1998). Relatos clínicos

sugerem que a expressão de OTR está aumentada em pacientes com DP, pois as

vias de sinalização do OTR também estão envolvidas nesse processo de dor

(SUN et al., 2016). A ativação do OTR (receptor acoplado a proteína G)

mediará a ação da ocitocina no miócito. A ligação da ocitocina ao OTR na

membrana plasmática dissocia a subunidade da proteína G, o que acaba por

liberar IP₃, que então mobiliza o cálcio armazenado no retículo endoplasmático

e também de locais extracelulares resultando numa resposta contrátil

(PHANEUF et al., 1993).

O receptor de ocitocina é um receptor de membrana clássico com sete

domínios transmembranares ligados através de um complexo de proteína G a

um sistema de transdução de sinal de fosfolipase C-proteína quinase C

(PHANEUF et al., 1993). As proteínas de acoplamento incluem subunidades αq

e α11. Em segundos de estimulação com ocitocina, há concentrações

intracelulares expressivamente mais elevadas de IP₃ e Ca²⁺. O aumento de Ca²⁺

e calmodulina aumenta a quinase de cadeia leve de miosina, que catalisa a

resposta de contração (MITCHELL et al., 1998).

Mudanças na sinalização do cálcio dentro do miométrio tem

importante consequência funcional para determinar a contratilidade. Agentes

bloqueadores do canal de cálcio diminuem a contratilidade miometrial (LIU et

al., 2011). Além disso, a ocitocina possui um importante efeito constritor nas

artérias uterinas, o que favorece isquemia e dor (CHEN et al., 2013).

A ocitocina pode também estimular células de endométrio a

produzirem prostaglandinas e elas próprias podem ser uterotônicas. Além disso,

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as prostaglandinas são estimulantes importantes da síntese de receptores de

ocitocina, portanto, é possível que haja um sistema de feedback positivo entre

os receptores de ocitocina e as prostaglandinas (MITCHELL et al., 1998).

Soloff e colaboradores em 1975, demonstraram que o estrogênio

aumenta o número de receptores de ocitocina em úteros de rato. Assim, o

preparo anterior com estrogenioterapia nos animais submetidos ao modelo de

dismenorreia explica-se por esta ativação estrogênica e o número de OTR

eleva-se durante a fase folicular do ciclo, refletindo também o efeito positivo do

estrogênio.

Figura 5: Mecanismo de transdução de sinal para o receptor de ocitocina no miométrio.

Nota: Mecanismo de transdução de sinal para o receptor de ocitocina no miométrio.

Este receptor é um receptor com 7 domínios transmembranares clássico ligado através

de uma proteína G à fosfolipase C. Após a estimulação do receptor com ocitocina (OT),

a subunidade α da proteína G heterotrimérica hidrolisa GTP e libera a subunidade βy

para estimular a fosfolipase C. Esta enzima converte bisfosfato (PIP2) em diacilglicerol

(DAG) e trifosfato de inositol (IP3). O DAG estimula a atividade da proteína quinase C

(PKC) provocando a fosforilação de substratos que caracterizarão a resposta do tipo de

célula específica. O IP3 estimula o fluxo de Ca²⁺ no citoplasma através dos canais de

cálcio, principalmente a partir do retículo sarcoplasmático, mas também do espaço

Membrana celular

Fosfatidil inositol

Diacilglicerol

Proteína G

calmodulina

Retículo

endoplasmático

Proteína quinase C

Fosfolipase C

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44 extracelular. O Ca²⁺ aumentado irá combinar com calmodulina para estimular a quinase

de cadeia leve da miosina (MLCK) a produzir contração miometrial.

Fonte: Adaptado de MITCHELL et al., 1998.

A ocitocina também é utilizada para indução de contrações em

modelos in vitro, por ser considerada uma forma rápida e estável, e adequada

para triagem de drogas de terapia para dismenorreia (HUA et al., 2008). Nesta

pesquisa também se testou o efeito da ocitocina em útero isolado através da

técnica de órgão/tecido isolado. Esses resultados ficaram como preliminares,

pois até o momento foi realizada apenas a padronização da técnica, ficando os

testes com o extrato e composto utilizados nesta pesquisa para uma continuação

da mesma.

3.4 Medicamentos em uso para dismenorreia primária:

A abordagem geral da dismenorreia inclui o manejo adequado dos

fatores psicológicos e comportamentais e da farmacoterapia específica. A

eficácia da farmacoterapia e outras formas de terapia podem ser reforçadas pela

psicoterapia simples que acompanha o diálogo médico-paciente os

medicamentos mais eficazes são os contraceptivos orais e os anti-inflamatórios

não esteroidais (AINES), que são, na sua maioria, inibidores da síntese de

prostaglandina. O fármaco de escolha para o alívio da DP é um AINE conforme

dados de literatura estrangeira. No Brasil não encontramos estudos sobre a

primeira medicação de escolha para esta condição, mas acredita-se ser o

buscopan® o fármaco mais utilizado. No entanto, a escolha da medicação

depende se a mulher prefere um contraceptivo oral para suas necessidades de

controle de natalidade e se há qualquer contraindicação para o uso do

contraceptivo oral combinado ou não com AINE (DAWOOD, 2008).

3.4.1 Anti-inflamatórios não esteroidais

Várias modalidades de tratamento vêm sendo utilizadas no tratamento

da DP. As medicações em uso na atualidade, como os (AINEs), além dos

efeitos colaterais já descritos, não promovem o controle adequado dos sintomas

(CHEN et al., 2014). Setenta e três triagens randomizadas controladas foram

incluídas em uma revisão para avaliar os efeitos dos AINES comparados com o

analgésico comum, como paracetamol. Concluiu-se que os AINEs são os mais

efetivos, porém indigestão, cefaleia e sonolência foram descritas pelas

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45

participantes após o uso desta medicação (MARJORIBANKS; PROCTOR;

DERKS, 2010).

Os AINES inibem a via do ácido araquidônico, inibindo a COX e

bloqueando a síntese de PGs, reduzindo a atividade miometrial (HAIDAR;

DARDES; NAVARRO, 2012). Alguns fármacos inibem a enzima redutase,

permitindo a formação de endoperóxidos e evitando a síntese de PGs

(TJANDRAWINATA et al., 2011). Deve-se, no entanto, evitar o uso de tais

fármacos, uma vez que os endoperóxidos também têm ação uterotônica

(IKEDA; SALOMÃO; RAMOS, 2016). Além de inibir a síntese de

prostaglandina, reduzem a secreção de vasopressina (PARK et al., 2014), esta

possui ação contrátil uterina e reduz o fluxo sanguíneo durante o período

menstrual (LIEDMAN; HANSSON; HOWE, 2008).

O ibuprofeno também é um AINE largamente utilizado na prática

clínica para o controle da dor menstrual. Possui ação anti-inflamatória,

analgésica e antipirética. O comprometimento das atividades diárias durante o

ciclo menstrual foi minimizado com o uso de ibuprofeno, apresentando maior

eficácia com menos efeitos colaterais, sendo superior dentre os principais

AINEs utilizados rotineiramente (ACQUA; BENDLIN, 2015). Recomenda-se

seu uso antes do início do ciclo menstrual para melhor resposta terapêutica

(HAIDAR; DARDES; NAVARRO, 2012).

Os fármacos aprovados pelo Food and Drug Administration (FDA) e

pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para dismenorreia

são: ácido acetilsalicílico, ibuprofeno, ácido mefenâmico, naproxeno e

naproxeno sódico (IKEDA et al., 2016).

Dentre os AINEs, há relato de melhora em 17 a 95% das mulheres em

diferentes estudos, e 10 a 25% não respondem ao tratamento (PARK et al.,

2014) ou optam por não os usar em razão dos efeitos gastrintestinais, não sendo

indicados em mulheres com úlcera gástrica, com nível de evidência A. Não está

claro por que o restante 15% a 20% das pacientes não apresentam resposta

adequada (ACQUA; BENDLIN, 2015). Além dos efeitos gastrointestinais, há

relatos de comprometimento hepático e renal com o longo tempo de uso dessas

medicações (HSU, YANG, YANG, 2004).

Muitos fatores podem contribuir para isso, incluindo o diagnóstico

incorreto de DP e a presença de fatores bioquímicos que podem ter papel mais

dominante na patogênese da dor menstrual (IKEDA et al., 2016). Como

demonstrado na figura 1, sabe-se que algumas pacientes produzem mais

leucotrienos do que PGF₂α. Os leucotrienos, derivados do ácido araquidônico

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pela via da lipoxigenase (LOX) também induzem contração uterina, produzindo

dismenorreia através de um mecanismo semelhante ao das PGs (SUN et al.,

2016). Como os agentes mais comumente usados bloqueiam somente a

conversão de ácido araquidônico em endoperóxidos cíclicos (via da COX),

estes fármacos são incapazes de inibir a produção excessiva de leucotrieno. O

papel da prostaciclina (PGI₂), outro derivado do ácido araquidônico, também

deve ser considerado (relaxa o útero e causa vasodilatação), já que os AINEs

que inibem a COX irão bloquear também a produção de PGL₂ (HAREL, 2006).

O uso de fármacos da classe dos salicilatos como anti-inflamatórios,

apesar de apresentarem melhora da dor, por sua atividade de diminuição dos

fatores de coagulação de origem hepática e inibição da agregação plaquetária,

aumentam o fluxo menstrual (HAIDAR; DARDES; NAVARRO, 2012).

3.4.2 Antiespasmódicos

Uma medicação muito utilizada é a associação do brometo de N-

butilescopolamina com dipirona sódica (Buscopan composto®), devido aos

seus efeitos anticolinérgicos sobre a musculatura lisa, além da analgesia.

Entretanto uma desvantagem do uso dos antiespasmódicos é a distensão

abdominal e a obstipação intestinal, razão pela qual algum serviço tem

preconizado o uso isolado de analgésicos, como a dipirona. A dipirona é a

droga não opioide mais popularmente usada para analgesia em vários países, à

exceção de alguns, como os Estados Unidos e a Inglaterra, que baniram o seu

uso em função do raro aparecimento de agranulocitose. (KORKES; GOMES;

HEILBERG, 2009).

O uso da dipirona, também considerado um AINE, associado a

antiespasmódico também é muito comum na clínica, pois ambas as substâncias

têm comprovada ação terapêutica. O brometo de butilescopolamina exerce uma

ação espasmolítica sobre a musculatura lisa, ou seja, relaxa a musculatura lisa

quando esta está contraída de forma não fisiológica (espasmo), resultando no

alívio da dor. E, a dipirona possui propriedades analgésicas que funcionam

como complemento dos efeitos do brometo de butilescopolamina. É um

medicamento indicado no alívio de dor ou desconforto abdominal associado a

espasmos transitórios e moderados do trato gastrointestinal e na DP. Admite-se

que o efeito analgésico da dipirona ocorra principalmente por supressão do

mecanismo de percepção da dor no sistema nervoso central, e ainda por uma

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47

inibição da síntese de prostaglandinas, impedindo o aparecimento da

hiperalgesia (KAARI, 2006).

3.4.3 Anticoncepcionais hormonais orais

Os contraceptivos orais (ACOs) também são usados para o alívio da

dor, mas possuem efeitos indesejáveis como náuseas e retenção hídrica, os

quais não se podem ignorar (CHEN et al., 2014). As pacientes que não fazem

contracepção e têm vida sexual ativa são aconselhadas a iniciar o tratamento no

primeiro dia do fluxo menstrual, pois os efeitos dos AINEs sobre o embrião não

são bem conhecidos. Além disso, sabe-se que as PGs têm papel importante na

maturação folicular e na ovulação, o que sugere que prejuízos fetais podem

ocorrer no caso de uma gestação precoce (IKEDA; SALOMÃO; RAMOS,

2016).

Os ACOs inibem a ovulação, diminuindo a proliferação endometrial e,

consequentemente, a produção das prostaglandinas. Há também a diminuição

do fluxo menstrual, o que reduz a intensidade da dor (HAIDAR; DARDES;

NAVARRO, 2012). Houve maior beneficio com os ACOs de terceira geração,

(baixa dose de estrogênio, associado a progestagênio de terceira geração, como

desogestrel e gestodeno).

3.4.4 Métodos alternativos

A Medicina Tradicional Chinesa utilizando substâncias a base de

plantas, demonstra efeitos benéficos no tratamento da dismenorreia descrito em

vários estudos ao longo da história e é bem aceita (LIU et al., 2014; PU et al.,

2015). Na Coreia, muitas pacientes com falha na resposta aos tratamentos

convencionais, são direcionadas aos compostos à base de plantas (PARK et al.,

2014). Outras possibilidades terapêuticas têm sido empregadas, como a

prescrição de magnésio, vitaminas B6, B1 e E, ácidos graxos e ômega-3.

Acredita-se que estes tratamentos possam reduzir a produção de

prostaglandinas e leucotrienos, atenuando os sintomas menstruais observados

em adolescentes (HAREL, 2006). Além disso, há ainda métodos alternativos

como repouso, calor local, dieta leve, acupuntura e atividade física (ACQUA;

BENDLIN, 2015). Entretanto, não se verificou diferença significativa na

prevalência da DP entre as praticantes de atividade física quando comparadas

às não praticantes (OMIDVAR; BAKOUEI et al., 2016). Há dados que

apontam que a interrupção cirúrgica da inervação pélvica pode ser utilizada em

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mulheres que não respondem ao tratamento medicamentoso, mas não há

evidências para suportar a eficácia a longo prazo deste método (PARK et al.,

2014).

3.5 Busca de novos medicamentos

Na China o modelo de dismenorreia com ocitocina é reconhecido

como padrão para testes pré-clínicos. Estudos comparativos de modelos in vivo

mimetizando as características clínicas possuem poucas publicações na

literatura. Embora os níveis anormais de prostanóides sejam os responsáveis

atualmente pela dor da dismenorreia, ainda faltam conhecimentos mais

específicos sobre sua fisiopatologia, os quais possivelmente propiciarão uma

terapêutica mais eficaz (YANG et al., 2015).

Para o tratamento de dores crônicas, cada vez mais a farmacologia

busca fontes naturais com o objetivo de obtenção de fármacos com menos

efeitos colaterais quando comparado com as terapias sintéticas tradicionais

(COSTA, 2011). Assim, as plantas medicinais apresentam um papel importante

na terapêutica, representando claramente uma janela de oportunidades na

indústria de medicamentos e hoje, são frequentemente utilizadas com o intuito

de substituir ou auxiliar as terapias convencionais no tratamento de várias

doenças (OLIVEIRA et al. 2008). A antiga medicina herbal chinesa citada na

literatura a 4.000 anos atrás, é hoje uma alternativa promissora muito

considerável (ALOTAIBI, 2016).

As plantas possuem uma abrangente diversidade de metabólitos

secundários com diferentes atividades biológicas (BORGES et al., 2012). Uma

revisão sobre produtos naturais como fontes de novas terapias aponta os

produtos naturais como representantes de um alto potencial no processo de

descoberta e desenvolvimento de fármacos. A área de oncologia é a que mais

contribui com pesquisas neste assunto, seguida da anti-infecciosa (NEWMAN;

CRAGG, 2014).

3.5.2 Synadenium grantii

Além das designações de “leitosinha” e “janaúba”, como descrito

anteriormente (COSTA et al., 2012), a S. grantii também é conhecida como

Euphorbia umbellata, e outros nomes populares são: "cola-nota", "avelós",

"milagrosa", "cancerola”, “tiborna”, “leiterinha”, ou “cega-olho”, é uma planta

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medicinal que cresce em regiões tropicais da América e África e atinge de 3 a 5

metros (COSTA, 2011). O látex desta planta, diluído em água, tem sido

utilizado no tratamento de várias doenças, principalmente distúrbios gástricos,

como úlcera péptica, e gastrite, diabetes mellitus, hanseníase, tripanossomíases,

leucemia e vários tumores malignos (MELO-REIS et. al., 2010).

Este látex também é empiricamente recomendado para o tratamento de

várias outras enfermidades tais como alergia, câncer, doença de Chagas,

diabetes, gripe, hemorragias internas, impotência sexual, obesidade, úlcera de

estresse, cólicas menstruais e dores no corpo (BADGUJAR, 2014).

A S. grantii (Figura 6) pertence à família das Euphorbiaceae, a qual

possui cerca de 300 gêneros e 8.900 espécies identificadas (BITTNER et al.,

2001). Quando os ramos são removidos, a planta libera um látex branco

altamente irritante (COSTA et al., 2012). Causa toxicidade imediata ou

irritação tardia (queimadura, vermelhidão, bolhas, edema) da pele e dos olhos

após o contato com o látex; a ingestão causa a irritação dos lábios, da língua, e

da garganta sendo que o princípio ativo comumente encontrado são ésteres de

diterpenos (KINGHORN, 1980).

Em relação à nocicepção na dismenorreia primária, alguns estudos

demonstraram os mecanismos pelos quais os compostos a base de plantas

fornecem nocicepção, os mecanismos foram variados e incluíram: associação

com a redução nos níveis de PGs; supressão da COX₂; ativação de superóxido

dismutase; redução de óxido nítrico incluindo óxido nítrico sintetase e redução

do fator nuclear kappa B (NFĸB); estimulação de receptor de somatostatina;

redução de Ca²⁺ intracelular e o restabelecimento do metabolismo de

fosfolipídeos (PARK et al., 2014).

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50 Figura 6: Partes aéreas da S. grantii.

A origem de seu nome significa: “syn” = úmido, “aden” = glândula,

referentes as glândulas que são vistas nas inflorescências. E “grantii” ao George

Barnard Grant (1849-1917), botânico e seu explorador (FRANCO, 2012).

Estudos prévios isolaram diterpenos, triterpenos, compostos

polifenólicos, ácidos orgânicos e ácidos graxos neste látex. Todos estes

compostos possuem propriedades medicinais: molucida, fibrinolíticas,

proteolíticas e hemoaglutinação (COSTA et al., 2012). No Brasil, a espécie S.

grantii apresentou atividade moluscicida promissora contra o caramujo

Biomphalaria glabrata Say, principal vetor hospedeiro intermediário do

helminto trematódeo Schistosoma mansoni (agente etiológico da

esquistossomose), sendo este o primeiro relato desta atividade para espécie

(HARTMANN; MARIM et al., 2011). Outras propriedades são mencionadas na

literatura, tais como antitumourais, anti-inflamatórias e para imunorregulação

(OLIVEIRA et al., 2013). Também foram observadas atividades

antiangiogênica, antiparasitária e antiasmática. Possivelmente estas atividades

biológicas da S. grantii estão associadas à presença de flavonoides e terpenos

(MUNHOZ; MINOZZO et al., 2014).

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Estudos da atividade biológica da planta S. grantii foram realizados

em diversas partes do mundo. Porém, a formação dos metabólitos secundários e

ativos parece estar ligada ao ambiente em que se coleta a espécie vegetal,

ocorrendo uma variabilidade de constituintes químicos nas plantas

(OLIVEIRA, 2008). As plantas produzem metabólicos secundários de acordo

com a exigência ambiental onde vivem, resgatando assim, a conceituada teoria

da adaptação das espécies de Charles Darwin (CECHINEL-FILHO; YUNES,

1998). Esta variabilidade de constituintes químicos de plantas relaciona-se

com a sazonalidade, embora uma planta possa conter centenas de metabólitos

secundários, apenas os compostos presentes em maior concentração são

geralmente isolados e estudados pela fitoquímica clássica. A análise de

substâncias ativas é muito mais complexa e longa, já que geralmente os

compostos presentes em menor proporção na planta são os que apresentam

melhores efeitos biológicos (CECHINEL-FILHO; YUNES, 1998).

A utilização da S.grantii na medicina popular é evidente, em diferentes

tipos de patologias. Porém, existem poucos trabalhos científicos para a

comprovação dos efeitos bem como para a relação entre dosagens e respostas

biológicas.

Um dos princípios ativos desta planta foi identificado como um raro

éster diterpeno forbol, encontrado no caule, denominado como 3,4,12,13-

tetraacetilforbol-20-fenilacetato (figura 7).

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52 Figura 7: Estrutura química do composto isolado 3,4,12,13- tetraacetilforbol-20-

fenilacetato (1).

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53

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Material vegetal:

Foram utilizadas o extrato metanólico de caules e folhas e o composto

do caule de S. grantii provenientes de plantas coletadas na cidade de Itajaí (SC-

Brasil) nos meses de agosto de 2013 e março de 2014. Após a coleta,

receberam identificação pelo Dr. Oscar B. Iza (Universidade do Vale do Itajaí).

Um comprovante da amostra foi depositado no Herbário Barbosa Rodrigues em

Itajaí, Santa Catarina sob o número de escicata VC Filho 118.

Os procedimentos de extração e isolamento do composto foram

realizados por Adriana Campos, sob supervisão do Prof. Valdir Cechinel Filho.

O material vegetal (caule e folhas) foi moído e submetido a um processo de

maceração com metanol a temperatura ambiente, por um período de uma

semana. Após, o solvente foi removido por destilação em rotaevaporador sob

pressão reduzida, para obtenção do extrato metanólico bruto, este extrato foi

solubilizado com os solventes de polaridade crescente: acetona e metanol

(CAMPOS et al., 2016).

Procedimentos cromatográficos usuais como cromatografia em

camada delgada, cromatografia em coluna e cromatografia líquida de alta

eficiência (CECHINEL FILHO; YUNES, 1998; MALHEIROS et al., 2010);

para isolar e purificar possíveis princípios ativos nesta espécie. O composto

isolado foi obtido da fração do caule (CAMPOS et al., 2016).

4.2 Animais:

Foram utilizados camundongos Swiss fêmeos (pesando entre 20 e 30 g

e com 6 a 8 semanas de vida) criados no Biotério Central da Universidade do

Vale do Itajaí. Os animais foram mantidos em ambiente com temperatura e

umidade controladas (22 ± 1 °C, 60 a 80% de umidade), em ciclo 12 h claro/12

h escuro, com água e ração fornecidos ad libitum. Os experimentos foram

conduzidos de acordo com as diretrizes atuais de cuidados com os animais de

laboratório e com as diretrizes éticas para investigações de dor experimental em

animais conscientes (ZIMMERMANN, 1983). Os experimentos foram

realizados após a aprovação do Comitê de Ética da Univali (nº de protocolo

027/2015) e o processo de obtenção de material de estudo obedeceu a

protocolos que orientam os cuidados na investigação experimental em animais

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submetidos ao estresse físico e mental de acordo com as recomendações do

CONCEA e Lei 11.974 que regulamenta o inciso VII do § 1º do art. 225 da

Constituição Federal, estabelecendo procedimentos para uso científico de

animais. Os animais foram mantidos no biotério dos laboratórios de

Farmacologia por uma semana antes da realização dos experimentos.

Não houve diferença entre o peso dos animais incluídos nas amostras,

conforme demonstrado na figura 8. Em todos os grupos, os animais pesavam

entre 20 e 30 g. Isto já era esperado, já que todos foram retirados do biotério

obedecendo rigorosamente a data de nascimento, sempre selecionados animais

entre 6 a 8 semanas de vida.

Figura 8: Representação do peso dos animais do experimento.

C e1 e3 e10 e30 e100 co0,1 co1 co10 co40 bus ibu0

10

20

30

40

S. grantii (mg/kg, v.o.)

peso

do

an

imal

(g)

Nota: Entre o grupo controle negativo, nas diferentes doses do extrato e do composto de

S. grantii, e nos grupos controles positivos. C: controle, ext: extrato (1, 3, 10, 30 e 100

mg/kg), c: composto 1 0,1, 1, 10, 40 mg/kg) BUS: controle positivo: buscopan

composto® e IBUP: controle positivo com ibuprofeno. Ausência de significância, total

de 119 animais.

4.3 Modelo de dismenorreia:

Para a indução do modelo de dismenorreia em camundongos, os

mesmos foram selecionados quanto ao ciclo estral em que se apresentavam em

proestro foram tratados com benzoato de estradiol. Benzoato de estradiol (0,01

g/kg/dia) (Zoetis, gonadiol® uso veterinário, licenciado no Ministério

Agricultura sob o número 8821/04, 100mg/100ml), intraperitonealmente (i.p.),

por 3 dias consecutivos. Após o último tratamento, no quarto dia de

experimento, os animais foram desafiados com Ocitocina sintética (UCB Saúde

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animal licenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento sob

o número 0697, 0,4UI/animal) para indução do quadro dismenorreico

caracterizado por contorções abdominais. Os animais foram então observados

individualmente por 45 minutos, e o número de contorções abdominais foram

tomados como indicativo de nocicepção.

Os animais tratados após este preparo com estradiol, receberam o

extrato nas doses de 1, 3, 10 30 ou 100 mg/Kg; no grupo tratado com o

composto isolado, estes animais receberam doses de 0,1, 1, 10 ou 40 mg/Kg;

grupos controle-positivo tratados com o ibuprofeno na dose de 7,5 mg/kg ou

com o buscopan composto® na dose de 1,2 mg/kg. A escolha das doses para

cada dia foi aleatória, no mesmo dia foi testado diferentes doses e todos os dias

de teste com o desafio de ocitocina foram incluídos também animais controles,

sempre para ter a certeza da correta padronização do modelo.

Figura 9: (A –D) Demonstração do camundongo em contorção abdominal.

Nota: patas traseiras em extensão, rotação do quadril.

4.3.1 Determinação do ciclo estral no grupo experimental:

Às 08h00min da manhã do primeiro dia de experimento, após a

pesagem e identificação dos animais, ocorreu a coleta do muco vaginal com

auxílio de uma pipeta automática, onde 30 µL de solução salina 0,9% foi

instilado na vagina dos animais e imediatamente coletados para posterior

A B

C D

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observação em microscópio para determinar o período do ciclo estral e seleção

dos que estavam em proestro para iniciar o tratamento com estradiol. Aqueles

que não estavam em proestro, no dia seguinte, o procedimento de análise do

muco vaginal foi repetido para seleção de novos animais para alocação no

experimento.

A escolha do proestro foi devido ao fato de que neste período ocorrer o

pico de estrogênio, com o desenvolvimento dos folículos ovarianos, ao final

desta fase ocorre a ovulação graças ao pico de LH e logo após o período

menstrual, portanto com a utilização de mais hormônios este período é

potencializado provocando a cólica menstrual. O ciclo estral completo nos

camundongos dura de 4-6 dias (SILVA; SANTOS; DIAS JÚNIOR, 2014).

A determinação do ciclo estral baseou-se na metodologia descrita por

VILELA; SANTOS JÚNIOR; CASTRO E SILVA (2007) e está representada

na figura 10.

Figura 10: Esfregaço vaginal de camundongos, representação de cada fase do

ciclo.

Fonte: Prof.ª. Dra. Cristina Maria Henrique Pinto, CFS/CCB.UFSC, set. /2007.

http://player.slideplayer.com.br/10/2697549/data/images/img3.jpg

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4.4 Avaliação da atividade inflamatória:

Foi realizada a análise histológica do tecido uterino dos grupos

controles e tratados com extrato de S. grantii e composto 1 para a avaliação das

alterações inflamatórias induzidas pelo processo de dismenorreia. Esta etapa do

trabalho contou com o auxílio da Técnica Cláudia Fernanda da Silva do

laboratório de Histologia do Curso de Odontologia da Univali para o corte das

peças e da Prof.ª. Maria Verônica D`Ávila Pastor para análise das lâminas.

Inicialmente, os tecidos uterinos de animais selecionados de cada

grupo experimental foram isolados por dissecação logo após o experimento,

fixado em formalina tamponada (10%). Após 24 horas, trocou-se o banho para

álcool 70% v/v. Após alguns dias, os órgãos foram desidratados com etanol

graduado em série (100, 95 e 90%, nesta sequencia) e diafanizados em xilol e

então embebidos em parafina para confecção dos blocos para corte. Os tecidos

uterinos foram em seguida, seccionados em cortes não seriados de 5 mm de

espessura utilizando micrótomo, montados em lâminas e corados com

hematoxilina e eosina (H & E). Também realizam-se cortes para o corante de

azul de Toluidina com o intuito de verificar o número de mastócitos. A

avaliação dos tecidos corados foi realizada com um microscópio de luz

(Olympus CBA, Japão), nos aumentos de 100x, 200x e 400x.

Cada corte do tecido uterino cortado de forma transversal e fixado na

lâmina foi considerado um campo, realizaou-se a contagem de 10 cortes de

cada grupo de animais do estudo. No total realizou-se a observacação de 40

campos.

4.5 Avaliação do peso e área dos úteros

Animais escolhidos aleatoriamente, tendo representantes de todos os

tipos de grupos, tiveram os úteros retirados após o término do experimento in

vivo para aferição do peso do órgão em mg e análise da área em mm2. Para a

análise da área os úteros foram posicionados sobre papel milimetrado e

posteriormente fotografados. As imagens foram então analisadas utilizado o

programa Image J.

4.6 Avaliação da atividade locomotora através do Teste do Campo Aberto

(Open Field)

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O teste de campo aberto, open field, visa investigar entre outras

coisas, a possível influência dos compostos sobre o Sistema Nervoso Central

(SNC) dos animais, especificamente efeitos depressores ou ansiolíticos. Na

prática experimental é utilizado para avaliar substâncias estimulantes ou

depressoras do SNC (DE SOUZA et al., 2003). Para excluir a possibilidade de

o extrato de S. grantii atuar sobre o sistema locomotor dos animais, este

modelo foi utilizado para avaliação. Para isto, foi utilizado um aparato de

acrílico transparente, com 60 cm de diâmetro e borda de 50 cm de altura, com a

parte inferior dividida em 12 quadrantes de igual área (CRUZ et al., 1997;

RODRIGUES et al., 2002; DE SOUZA et al., 2003). Para a realização do

experimento, um grupo de animais foi pré tratado com o extrato S. grantii

30mg/Kg v.o. (n:4) e comparado com controles (n:4). A dose de 30mg/Kg foi

escolhida por ser a dose de resposta eficaz na inibição das contorções no

animal. Após 1h da administração, os animais foram avaliados individualmente

durante 6 min, sendo o número de cruzamentos realizados com as quatro patas

entre as divisões, o parâmetro de análise.

Como um início de pesquisa de parâmetros tóxicos, realizou-se a

pesagem de alguns órgãos desses mesmos animais que participaram do estudo

do teste open Field.

4.7 Análise estatística

Os resultados foram apresentados como a média ± erro padrão da

média (E.P.M., 95%), exceto os valores das DI50 (doses da substância que

produziram a resposta em 50% em relação ao grupo controle), que são

apresentadas como a média geométrica acompanhada de seus respectivos

limites de confiança, em nível de 95%. As porcentagens de inibição foram

citadas como a média ± o erro padrão da média da diferença (em porcentagem)

entre as áreas sob as curvas obtidas para cada experimento individual em

relação ao grupo controle correspondente. A análise estatística dos dados foi

realizada por meio de análise de variância (ANOVA) de uma via seguida pelos

testes de Dunnett ou Newman-Keuls. Valores de p menores que 0,05 foram

considerados como indicativos de significância. Todas as análises citadas acima

representadas graficamente através do GraphPad Prism Instat® ou GraphPad

PRISM® version 7.0 program. Software, Inc., SanDiego, CA, USA.

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5 RESULTADOS

5.1 Efeito anti-nociceptivo do extrato e composto isolado.

A resposta de contorção induzida pela ocitocina ocorreu com maior

frequência entre 5 e 30 min após a injeção de ocitocina nas fêmeas pré-tratadas

com estrogênio. As contorções abdominais consistiram principalmente em

contrações da parede abdominal, rotação pélvica, seguida por membros

posteriores em extensão. Observou-se também piloereção, ptose palpebral,

atitude de “freezing”, quando o animal fica em posição estática.

Como se pode observar na figura 7, o extrato metanólico de S. grantii

reduziu significativamente o número de contorções induzidas por ocitocina nos

animais previamente tratados com estrogênio comparado com o grupo controle

(p < 0,001). Este efeito foi dependente da dose, com porcentagens de inibição

de 34,85 ± 9,89 %, 27,29 ± 8,38 %, 62,07 ± 7,19 %, 70,87 ± 6,81 % e 77,71 ±

5,67 % para as doses de 1, 3, 10, 30 e 100 mg/Kg, respectivamente. A DI50 do

extrato calculada foi de 25.8 (12.5 – 49.3) mg/kg.

Os fármacos utilizados como controles-positivos, Buscopan

composto® e Ibuprofeno, utilizados na clínica para processos dolorosos

viscerais, reduziram o comportamento nociceptivo de maneira semelhante, com

inibições de 63,19 ± 10,90 % e 69,13 ± 5,84 %, respectivamente.

A figura 6 B demonstra a estratificação dos resultados das diferentes

doses de extrato comparadas ao grupo controle. Em cada dia de experimento,

escolhia-se diferentes doses a serem testadas, contendo de três a quatro animais

para cada dose escolhida e sempre incluia-se animais controle para a garantia

da correta execucação do modelo de dor.

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60 Figura 11 – Efeito anti-nociceptivo do extrato de S. grantii.

C 1 3 10 30 100 BUS IBUP0

5

10

15

20

******

S. grantii (mg/kg, v.o.)

******

***

mero

de c

on

torç

ões

C 1 3 10 30 100 BUS IBUP0

10

20

30

S. grantii (mg/kg, v.o.)

******

**

***

***

mero

de c

on

torç

ões

A B

Nota: Em A: Efeito do extrato de S. grantii, administrado oralmente nas doses de 1

mg/Kg (n=10), 3 mg/Kg (n=14), 10 mg/Kg (n=15), 30 mg/Kg (n=12) e 100 mg/Kg

(n=13), sobre o número de contorções abdominais induzidas pela ocitocina. Comparação

desses efeitos com o grupo controle negativo (C) e com o efeito de buscopan

composto® (BUS) (1,2 mg/kg) e ibuprofeno (IBUP) (7,5 mg/kg), controles positivos.

(B) Representação dos valores individuais do resultado apresentado em (A). C: controle,

BUS: controle positivo buscopan, IBUP: controle positivo ibuprofeno. Valores são

média ± E.P.M. diferem significativamente do grupo controle `C` ** p < 0,01 e ***:

p<0,001 (ANOVA de uma via seguida do teste post-hoc de Dunnett).

O composto 1 reduziu significativamente o número de contorções

induzidas por ocitocina nos animais previamente tratados com estrogênio.

Efeito inibitório significativo foi observado em 49,42 ± 10,34%, 61,32 ±

6,64%, 62,19 ± 10% e 65,23 ± 4,59% nas doses de 0,1, 1, 10 e 40 mg/Kg,

respectivamente, administrados por via oral, conforme demonstrado na figura

12. O valor de DI50 foi de 15,01 (5,58-26,29) mg/kg.

A figura 12 B demonstra a estratificação dos resultados das diferentes

doses do composto administrados comparados aos controles, conforme

demonstrado em A.

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61

Figura 12 – Efeito antinociceptivos do composto 1.

C 0,1 1 10 400

5

10

15

20

Composto 1 (mg/kg, v.o.)

******

*

**

mero

de c

on

torç

ões

C 0,1 1 10 400

10

20

30

Composto 1 (mg/kg, p.o.)

***

*****

*

mero

de c

on

torç

ões

A B

Nota: O composto 1 da planta foi administrado em doses diferentes de 0,1 mg/kg (n=4),

1 mg/kg (n=7), 10 mg/kg (n=5) ou 40 mg/Kg (n=5) 1h antes do desafio com ocitocina e

comparado com o grupo controle negativo (C). B: A estratificação dos resultados. Efeito

do composto de S. grantii em diminuir contorções em animais submetidos ao modelo de

dor tipo DP. Representação do número de contorções sofridas pelo animal após receber

o Estradiol e Ocitocina. C: controle. * p < 0,05, ** p < 0,01 e *** p < 0,01. (ANOVA de

uma via seguida pelo teste post-hoc de Dunnett).

5.2 Análise morfométrica do útero de animais submetidos ao modelo de

dismenorreia.

Demostrou-se que neste modelo de dor nos camundongos, a ocitocina

aumentou significativamente a espessura do miométrio e consequentemente

diminuiu a área do miométrio uterino, em resposta a contração. Esta redução de

tamanho demonstra que os não tratados com o extrato e composto isolado

contraíram mais e por isso tiveram suas áreas diminuídas e comprova que os

animais tratados tinham seus úteros mais relaxados. Como demonstrado na

figura 9, o extrato a partir da dose de 10mg/Kg e o composto 1 a partir já da

primeira dose de 0,1mg/Kg, aumentaram significativamente a área uterina dos

animais. Esta diferença também pode ser observada na macroscopia pelas fotos

dos órgãos uterinos (figura 9) capturadas imediatamente após a retirada desses

órgãos dos animais, para a fixação em formol e confecção das lâminas de

histologia.

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62 Figura 13 – Efeito do extrato e do composto 1 de S. grantii sobre a área de superfície do

útero.

C 1 3 10 30 1000

50

100

150

S. grantii (mg/kg, v.o.)

**

***

Áre

a d

o ú

tero

(m

m2)

C 0,1 1 10 400

50

100

150

***

*****

Composto 1 (mg/kg, v.o.)

**

Áre

a d

o ú

tero

(m

m2)

A B

Nota: O extrato administrado oralmente nas doses de 1, 3, 10, 30 e 100 mg/Kg, após a

administração de ocitocina, causou aumento significativo de área de superfície do útero

após a dose de 10 mg/Kg. (B) Efeito do composto de S. grantii, administrado oralmente

nas doses de 0,1, 1, 10 e 40 mg/Kg, sobre a área de superfície do útero após a

administração de ocitocina, este causou aumento significativo a partir da dose de 0,1

mg/Kg. C: controle. Valores são média ± E.P.M. diferem significativamente do grupo

controle `C` ** p < 0,01 e ***: p < 0,001 (ANOVA de uma via seguida do teste post-

hoc de Dunnett). Em anexo estão representadas as fotos dos órgãos uterinos para análise

de área macroscópica em papel milimetrado. Um total de noventa e nove animais

tiveram seus úteros pesados e calculados conforme a área.

5.3 Avaliação histológica do útero com coloração H & E:

Como mostrado na figura 10, o estudo da histomorfologia do útero de

grupos de naïve apresenta a anatomia microscópica normal do tecido uterino de

camundongos, enquanto o grupo controle negativo apresentou edema moderado

a pronunciado na lâmina própria do endométrio, desorganização importante da

arquitetura tecidual com perda de definição da junção das camadas de

endométrio e miométrio, desarranjo de distribuição das glândulas endometriais,

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63

até diminuição destas. Observou-se também a presença de células inflamatórias

e mastócitos.

A contração anormal e processo inflamatório uterino também foram

corfirmados pela histopatologia. Houve presença de mastócitos que

posteriormente foi confirmada com a coloração de azul de toluidina das

mesmas peças.

Nos animais tratados com o extrato de S. grantii e nos tratados com o

composto da mesma planta, houve melhora no aspecto celular, observa-se o

endométrio revestido por epitélio cilíndrico simples bem definido nos dois

casos. Estroma preservado, apresenta células com núcleos heterocromáticos

com pouca substância intercelular no asterisco, as glândulas endometriais são

corretamente revestidas por epitélio cilíndrico. Nota-se a definição das camadas

miometriais nestes grupos controles. O endométrio revestido por epitelio

cilíndrico simples está desconfigurado no grupo controle negativo e o estroma

normal apresenta células com núcleos heterocromáticas com pouca substância

intercelular, as glândulas endometriais sao revestridas por epitélio cilíndrico.

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64 Figura 14: Fotomicrografia dos tecidos uterinos dos animais do experimento corados

com H.E.

Nota: Nos animais naïve observa-se ausência de edema na lâmina própria,

arquitetura celular preservada com ausência de células inflamatórias. Nos animais

estrogenizados, desafiados com ocitocina e não tratados (grupo controle negativo),

observa-se o edema na lâmina própria, arquitetura celular comprometida com

desarranjo das camadas celulares, perda no número de camadas de células epiteliais,

perda da definição da camada epitelial e entre as camadas endometrial e miometrial,

presença de células inflamatórias e mastócitos. Nos animais tratados com o extrato

de S. grantii e nos tratados com o composto da mesma planta, houve melhora no

aspecto celular, na seta preta observa-se o endométrio revestido por epitélio

cilíndrico simples bem definido nos dois casos. Estroma preservado, apresenta

células com núcleos heterocromáticos com pouca substância intercelular no

asterisco, as glândulas endometriais são corretamente revestidas por epitélio

cilíndrico seta vasada. O miométrio está identificado com M e nota-se a definição

desta camada nestes grupos controles. Na seta preta, observa-se o endométrio

revestido por epitelio cilindrico simples, este está desconfigurado no grupo controle

negativo. Estroma normal, apresenta células com núcleos heterocromáticas com

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65

pouca substância intercelular no asterisco, as glândulas endometriais sao revestridas

por epitélio cilíndrico, seta vasada. Aumento de 100x e 400x, este último mostra o

detalhe do edema lâmina própria e mastócitos.

5.4 Avaliação histológica do útero com coloração de azul de Toluidina:

Para a confirmação da existência do processo inflamatório, realizou-se

a contagem de mastócitos por campo nos grupos controle, naive e entre os

grupos tratados com o extrato de S. grantii na dose de 30 mg/kg ou

composto 1 na dose de 1 mg/kg, como estratificado na figura 15 e ilustrado

na figura 16. Realizou-se a contagem dos 10 cortes por grupo de animais,

portanto contou-se 40 cortes no total. Para o realce dos mastócitos no tecido

utilizou-se a coloração de azul de Toluidina.

Figura 15: Número de mastócitos por campo.

0

5

10

15

20

C S. grantii C1 Naïve

***

***Nú

mero

de m

astó

cit

os

Nota: nos cortes dos úteros de animais controle, naive e tratados com o extrato de S.

grantii na dose de 30mg/Kg, v.o. e os tratados com o composto 1 na dose de 1mg/Kg,

v.o. Os asteriscos representam: ***: p<0,001 (ANOVA de uma via seguida do teste

post-hoc de Dunnett).

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66 Figura 16: Fotomicrografia dos tecidos uterinos dos animais do experimento corados

com azul de Toluidina.

Nota: A região da lâmina própria apresenta intenso infiltrado inflamatório no grupo

controle, maior ampliacão coradas com azul de toluidina apresentam numerosos

mastócitos ativos, setas (400X).

Figura 17: Detalhe dos mastócitos em aumento de 1000x, no grupo controle.

Nota: Setas indicam os mastócitos.

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67

5.5 Relação do peso do útero dos animais

Não houve diferença significativa entre o peso do útero de noventa e

nove animais incluídos nas amostras, conforme demonstrado no Figura 18.

Figura 18: Representação do peso do útero dos animais nas diferentes doses do extrato

e do composto de S. grantii.

C e1 e3 e10 e30 e100 co0,1 co1 co10 co40 bus ibu0

40

80

120

160

S. grantii (mg/kg, v.o.)

peso

do

úte

ro (

mg

)

Nota: C: controle negativo (n=11). Extrato S. grantii: e1 (1mg/Kg, n=10), e3 (3mg/Kg,

n=14), e10 (10mg/Kg, n=14), e30 (30mg/Kg, n=8), e100 (100mg/Kg, n=13). Composto

1: co 0,1 (0,1mg/Kg, n=4), co1 (1mg/Kg, n=7), co10 (10mg/Kg, n=5), co40 (40mg/Kg,

n=5), bus (buscopan, n=3) e ibu (ibuprofeno, n=3). Sem diferença significativa, total de

97 animais com seus órgãos pesados (ANOVA de uma via seguida do teste post-hoc de

Dunnett).

5.6 Efeito do extrato de S. grantii sobre a atividade locomotora

Quando avaliados no teste do campo aberto, o tratamento oral dos

animais com o extrato (30 mg/Kg) comparado com os controles, não foi capaz

de afetar de maneira significativa a atividade locomotora dos animais quando

avaliados 1h após o tratamento como demonstrado na figura 19.

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68 Figura 19: Efeito do extrato de S. grantii sobre a atividade locomotora.

0

50

100

150

0

50

100

150

C CS. grantii S. grantii

Controle

S. grantii (30 mg/kg, v.o.)

mero

de e

levaçõ

es

mero

de c

ruzam

en

tos

Nota: Observa-se ausência de diferença no comportamento dos animais tanto em

número de elevações do corpo, quanto em número de vezes que estes atravessaram os

campos durante o período determinado.

5.7 Apresentação dos pesos dos órgãos dos animais tratados com S. grantii

comparado com controles

Os órgãos: coração, útero, pulmão, rins, fígado e baço foram

pesados de forma absoluta e relativa. Esses resultados estão representados nas

figuras 20 e 21. Não houve diferença entre os pesos relativos e absolutos,

exceto com relação ao peso do fígado tanto na forma absoluta ou relativa

apresentou-se menor no grupo controle, por ser uma pesquisa preliminar com

pequeno número de animais na amostra, não se pode afirmar que isto seja

conclusivo.

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69

Figura 20: Relação do peso absoluto dos órgãos dos animais.

0.0

0.5

1.0

1.5

Controle

S. grantii (30 mg/kg, v.o.)

*

Coração Útero Pulmões Rins Fígado Baço

Peso

ab

so

luto

(g

)

Nota: Efeito do extrato de S. grantii na dose de 30 mg/Kg, v. o., sobre o peso absoluto

dos órgãos dos animais. Cada coluna representa a média estatística de oito animais. As

barras verticais indicam os erros padrões. Efeito * p < 0,05 (ANOVA de uma via

seguida do teste post-hoc de Dunnett).

Figura 21: Relação do peso relativo dos órgãos dos

animais

0.00

0.02

0.04

0.06

Controle

S. grantii (30 mg/kg, v.o.)

*

Coração Útero Pulmões Rins Fígado Baço

Peso

rela

tivo

(g

)

Nota: Efeito do extrato de S. grantii na dose de 30 mg/Kg, v. o., sobre o peso relativo

dos órgãos dos animais. Cada coluna representa a média estatística de oito animais. As

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70 barras verticais indicam os erros padrões. Observar o peso do fígado com * p < 0,05

(ANOVA de uma via seguida do teste post-hoc de Dunnett).

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71

6 DISCUSSÃO

A DP é uma condição de elevada prevalência, com incidência maior

nas mulheres mais jovens e surpreendentemente pouca atenção científica foi

dada à dismenorreia primária na comunidade da dor (IACOVIDES et al.,

2015). Sendo assim, é importante causa de perda da produtividade e

absenteísmo escolar, interferindo na vida cotidiana, principalmente nos

primeiros dias da menstruação (OMIDVAR et al., 2016).

O modelo de dismenorreia, utilizado neste estudo, foi proposto

incialmente por Yang et al. (2015) e consiste na estrogenização prévia de

camundongos fêmeos e posterior administração de ocitocina para indução de

contorções abdominais. Neste estudo de Yang; Cao, e colaboradores, 2015,

demonstraram que a dor induzida pela ocitocina em camundongos fêmeos com

estrogenização prévia promoveu um modelo experimental para o estudo da dor

da dismenorreia. Os níveis de Ca²⁺ e NO no útero, bem como a contratilidade

do útero in vitro e os tempos de contorção in vivo são usualmente utilizados

para a avaliação de eficácia de substâncias, sendo o estradiol comumente

utilizado como agente sensibilizador e ocitocina como agente indutor de

contração (LIU et al., 2011). Entretanto, no mesmo estudo de padronização do

modelo de Yang et al., estes compreendem ser impossível observar

características farmacocinéticas em testes com fármacos por este modelo, por

ser um modelo agudo, observando a resposta nociceptiva somente por 30

minutos.

Contrações uterinas induzidas por ocitocina em camundongos

estrogenizados são um modelo comum em estudos in vivo para avaliação de

resposta nociceptiva (SUN et al., 2016). O modelo animal é o ideal para

reproduzir de forma sistêmica as características da dor. Assim a

reprodutibilidade clínica do método é alcançada de forma mais direta quando

comparado com modelos de órgão isolado ou análises in vitro. Estas últimas

são importantes para o complemento do modelo in vivo.

Na China, o modelo de contorção induzida pela ocitocina é um modelo

de dor frequentemente utilizado em camundongos. Este foi usado para avaliar

os efeitos anti-dismenorreia da fitoterapia chinesa, utilizada para prevenir e

tratar a DP desde os tempos antigos (YANG et al, 2015). Este é o primeiro

estudo a avaliar a atividade antinociceptiva de S. grantii em um modelo de dor

visceral. Mesmo amplamente utilizada na medicina popular brasileira, nenhum

relato sobre a atividade antinociceptiva visceral desta planta está registrada na

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72

literatura. O estudo de plantas e espécies tradicionalmente utilizadas para o

alívio de dor ainda deve ser visto como uma estratégia de pesquisa lógica na

busca de novos fármacos analgésicos. Em 2006, Hsu, Yang e Yang, analisaram

o mecanismo fisiológico de compostos ativos in vivo e in vitro usualmente

utilizados na medicina Chinesa, e demonstraram possuir efeito antagônico para

a prostaglandina F₂α e acetilcolina. Esta é uma demonstração da comprovação

da eficácia de compostos derivados de plantas para a contrações induzidas em

animais com seu respectivo mecanismo de ação.

O presente estudo demonstrou, pela primeira vez, que S. grantii possui

propriedades anti-nociceptivas. Esses resultados foram comparados com duas

das medicações de uso de referência, o buscopan composto® e o ibuprofeno, e

os resultados foram similares. Estes resultados foram favoráveis para

considerar o extrato metanólico bruto de caules e folhas de S. grantii como uma

importante ferramenta no controle de dor de dismenorreia.

Diante desse resultado pode-se considerar a hipótese de que o extrato

metanólico de S. grantii pode atuar inibindo a síntese de prostaglandinas, uma

vez que este parecer ser o principal mecanismo pelo qual se dá a DP induzida

por ocitocina. O fato da S. grantii ser usada na medicina popular para o

tratamento de doenças inflamatórias corrobora para esta hipótese. Ademais,

estudos demonstram que o extrato bruto da casca apresentou elevada atividade

antioxidante sobre vários sistemas, bem como redução in vitro da atividade da

mieloperoxidase (MPO) humana e um sistema de hemólise ex vivo (MUNHOZ

et al., 2014). Além disso, a administração oral do extrato bruto de casca foi

capaz de reduzir o edema da pata de rato induzido por carragenina de forma

semelhante ao ibuprofeno. Estas atividades biológicas podem estar associadas

com a presença de flavonóides e terpenos. As investigações fitoquímicas

resultaram no isolamento da friedelina e 3β-friedelinol pela primeira vez,

enquanto eufol e lanosterol também foram isolados (MUNHOZ et al., 2014).

O mesmo extrato metanólico de caule e folhas de S. grantii

demonstrou atividade antiproliferativa, com efeito citostático promissor contra

várias linhagens de células tumorais humanas (glioma, mama, rim e pulmão).

Um dos princípios ativos desta planta foi identificado como um éster de

diterpeno de forbol raro, designado por 3,4,12,13-tetraacetil forbol-20-

fenilacetato (1). Resultados demonstraram que as hastes de S. grantii produzem

princípios ativos com potencial ação antiproliferativa (CAMPOS et al., 2016).

O raro éster diterpeno forbol, encontrado no caule, um dos princípios

ativos desta planta identificado e denominado como 3,4,12,13-tetraacetilforbol-

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73

20-fenilacetato (figura 22), possui uma porção farmacofórica similar ao

butilbrometo de escopalamina, antiespasmódico utilizado na terapêutica para

dismenorreia (figura 23).

Figura 22: Estrutura química do composto isolado 3,4,12,13- tetraacetilforbol-20-

fenilacetato (1), em destaque a porção similar presente também no butilbrometo de

escopolamina.

Figura 23: Estrutura química do butilbrometo de escopolamina, em destaque a porção

similar presente também no composto 1.

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74

Mesmo diante deste dados, as informações biológicas a respeito de

atividade antinociceptiva da planta são escassas. Há relatos sobre algumas

espécies do genêro Synadenium como potentes inibidores da síntese de

prostaglandinas, como a S. cupularis, utilizada como agente antiinflamatório e

como analgésico. Muitas outras plantas pertencentes à família Euphorbiaceae

mostraram atividades farmacológicas, como a Euphorbia kansu, com

propriedades analgésicas e antitumorais, e Euphorbia splendens, que

apresentaram potente atividade anti-inflamatória (OLIVEIRA et al., 2012).

S. grantii Hook é uma planta popularmente conhecida no sudeste do

Brasil. Na medicina popular, seu látex é utilizado para o tratamento de

neoplasias e desordens gástricas como úlceras pépticas (COSTA et al., 2012).

Este látex apresenta potente efeito antiulceroso, além do extrato das folhas ter

demonstrado atividade citotóxica e antiparasitária (CAMPOS, et al., 2016).

Da família Euphorbiaceae são isolados ésteres de forbol, os quais são

membros da família dos diterpenos de tigliane. Estes são compostos

policíclicos nos quais dois grupos hidroxila em átomos de carbono vizinhos são

esterificados em ácido graxos, algumas vezes empregados em pesquisas

biomédicas para ativar a transdução de sinal da enzima proteína quinase C

(PKC) (OSKOUEIAN; ABDULLAH; AHMAD 2012). A PKC desempenha

um papel central na transdução de sinais gerados através do aumento do

turnover de fosfatidilinositol ou de outras vias que produzem níveis elevados de

1,2-diacilglicerol. Estes sinais desempenham um papel importante na regulação

fisiológica de quase todas as células e estão intimamente envolvidos no

processo de câncer. O papel central da PKC na transdução de sinal e na

regulação da diferenciação e proliferação celular aumenta a possibilidade de

que ativadores ou inibidores seletivos de PKC possam ter como potenciais

agentes terapêuticos na terapia do câncer (SZALLASI; KRAUSZ;

BLUMBERG, 1992). A ligação de esteres de forbol é o primeiro passo na

ativação de PKC. Esta ligação é saturada e ocorre através de interações

específicas dentro do domínio C1 na região reguladora da proteína. As

atividades biológicas dos esteres de forbol são estritamente dependentes da

estrutura, com base nos grupos funcionais presentes. Deste modo, ésteres de

forbol diferentes podem ativar diferentes isoenzimas de PKC nas células e

assim desencadear caminhos diferentes conduzindo a várias respostas incluindo

a formação de tumores, inflamação, diferenciação e apoptose nos tecidos

animais (OSKOUEIAN; ABDULLAH; AHMAD 2012).

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75

Os resultados de Munhoz, Minozzo e colaboradores em 2014 mostram

que a casca do caule de S. grantii tem atividade inibitória sobre a enzima MPO

e ação contra oxidantes graves, tais como O²⁻ e HCl, estes associados à

patogênese de diversas doenças e também à dismenorreia, estudos sugerem que

a oxidação de lipídeos e o estresse oxidativo participa da sua patogênese

(CHEN, 2010). Isto sugere que as propriedades medicinais relatadas por

utilização tradicional pode ser associada aos compostos presentes na S. grantii

e o fato de que estes compostos poderem atuar como reguladores de várias

espécies reativas de oxigênio e também pariciparem da regulação negativa da

resposta inflamatória (BERTONE-JOHNSON et al., 2014). O envolvimento da

inflamação na promoção do tumor tem sido sugerido por vários artigos. Sabe-se

há muito tempo que a aplicação de agentes anti-inflamatórios reduz

significativamente o número de papilomas e carcinomas no modelo clássico de

carcinogênese de pele em camadas múltiplas. Várias linhas de evidência

sugerem que os leucócitos polimorfonucleares podem desempenhar um papel

importante na promoção tumoral (OSKOUEIAN, ABDULLAH, AHMAD,

2012).

Os resultados de exames histopatológicos deste estudo mostraram a

grande diminuição do edema e do processo inflamatório relacionado ao

processo de dismenorreia nos grupos tratados com a S. grantii e a contagem de

mastócitos acrescentou dados mais palpáveis em relação a este aspecto de

proteção anti-inflamatória. Pesquisas relacionadas com mastócitos criam fontes

adicionais de conhecimento que permitem entender a patogenia das doenças

onde essas células são detectadas (RECH; GRAÇA, 2006).

Os mastócitos foram descritos pela primeira vez por de Paul Ehrlich

no século XIX e participam da indução da inflamação aguda e da reparação

tecidual na fase crônica do processo (MENZIES, et al., 2011). Os mastócitos

além de mediarem o processo inflamatório, também podem contribuir com a

dor, isso já foi observado na dor neuropática da endometriose. Acredita-se ser o

resultado de comunicações cruzadas entre mastócitos e neurônios. Assim, seus

mediadores, incluindo a histamina, fator de necrose tumoral (TNF), triptase,

PGs, serotonina, IL-1 e fator de crescimento neuronal (NGF) podem

sensibilizar ou ativar neurônios nociceptivos primários, enquanto que os

neurotransmissores, tais como a substância P ou NGF, podem desencadear a

degranulação de mastócitos. A ativação de mastócitos pode também levar ao

desenvolvimento da dor pelo recrutamento de neutrófilos e macrófagos, que

também liberam mediadores álgicos (MENZIES et al., 2011).

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O processo completo da fisiopatologia da dismenorreia não é

totalmente compreendido, e consequentemente, a dismenorreia primária

permanece uma desordem mal compreendida e muitas mulheres simplesmente

aceitam como uma parte normal de seu ciclo menstrual (IACOVIDES et al.,

2015; CHEN, 2010). Porém, já está bem estabelecido ser o resultado da

isquemia tecidual causada pela contração do músculo uterino. E todo este

processo é resultante da resposta inflamatória gerada pela liberação de ácido

araquidônico, metabólito da via da cicloxigenase (HAREL, 2006).

O ácido araquidônico é liberado após a queda de progesterona no fim

do ciclo ovulatório, antes da menstruação, e com isto, uma cascata de

prostaglandinas e leucotrienos é iniciada, ocasionando uma elevada produção

de prostaglandinas E₂ e F₂α no útero que, por sua vez, causam vasoconstrição e

contração muscular (GIRALDO; ELEUTERIO JUNIOR; LINHARES, 2008).

Quadros de dismenorreia mais severos têm sido associados a maior quantidade

de níveis de prostaglandinas, principalmente nos primeiros dois dias de

menstruação (PROCTOR; FARQUHAR, 2006).

O uso de plantas medicinais tem sido muito significativo em várias

populações, especialmente no Nordeste do Brasil. Evidência descrevem que

hoje, de todos os fármacos prescritos no mundo, 25% são direta ou

indiretamente obtidos de plantas, e aproximadamente, 49% dos fármacos

desenvolvidos entre os anos 1981 e 2002 foram obtidos de produtos naturais

(BORGES et al., 2012). No entanto, o uso popular ou utilizações tradicionais

não são suficientes para validar medicamentos à base de plantas de forma

eficaz e segura. Por isto é necessário a realização de estudos toxicológicos para

avaliar os parâmetros de segurança.

Em 1976 Roger Short, observou que na sociedade contemporânea, as

mulheres terão muito mais ciclos menstruais do que nas populações ancestrais.

Isso poderia ser pela precocidade da idade na menarca graças à dieta moderna

com maior oferecimento de gorduras, pelo aumento da expectativa de vida e

também pelo menor número de gestações. Uma visão evolutiva aponta este fato

como um importante papel no desenvolvimento da dor pélvica visceral crônica

e deve-se lembrar que a dismenorreia grave é comum na população com dor

pélvica crônica, particularmente entre aquelas com sensibilização a dor

(JARRELL; ARENDT-NIELSEN, 2016). Esta relação explica-se pela

prevalência da dismenorreia primária diminuir de acordo com a paridade de

forma inversa. O mecanismo para tal fato permanece incerto, uma possibilidade

seria pelos nervos adrenérgicos que inervam a musculatura miometrial

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desaparecerem quase completamente durante a gestação, e pós gestação

somente parte deles regeneram-se (OSUGA et al., 2005).

Esses resultados podem reduzir o prejuízo econômico decorrente do

absenteísmo incapacitante da dismenorreia, bem como fornecer informações

sobre a fisiologia do processo de dor e no futuro melhorar a qualidade da vida

humana.

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79

7 CONCLUSÃO

O modelo in vivo de dismenorreia em camundongos obtido através da

indução com ocitocina em animais pré-tratados com estrogênio recapitula a

fisiopatologia e características clínicas da DP, fornecendo um modelo

experimental para estudar a dor abdominal dismenorreica.

Os parâmetros nociceptivos dos animais submetidos ao modelo

puderam ser avaliados e houve diferença significativa entre os grupos tratados e

controles.

Quanto aos parâmetros inflamatórios teciduais entre camundongos

com ou sem o desenvolvimento da dismenorreia, não houve diferença

estatística no infiltrado leucocitário quanto a mieloperoxidase. Isto pode ser

pelo modelo agudo do processo de tratamento e sacrificação dos animais

imediata.

As características morfológicas do útero de camundongos submetidos

ao modelo de dismenorreia através de análise histológica, demonstrou grande

diferença na análise microscópica, principalmente em relação ao edema e

processo inflamatório caracterizado de forma mais pronunciada no grupo não

tratado com o extrato. A contagem de mastócitos por campo comprovou a

diminuição do processo inflamatório obtido com o tratamento de S. grantii.

Com estes dados demonstrou-se que houve diferença no padrão deste

importante marcador inflamatório.

Estes resultados, apontam a S. grantii como uma promissora planta

para o alívio da dismenorreia. Porém, novos estudos são necessários para

entender melhor seu mecanismo de ação.

No entanto, os modelos experimentais de doença têm pontos fracos e o

de DP não é exceção. O modelo experimental usado é um modelo animal agudo

e a resposta de contorção apenas permanece por cerca de 40 min. É impossível

observar as características farmacocinéticas dos fármacos no teste por este

modelo. Portanto, existem limitações para este estudo e no futuro estas poderão

ser solucionadas com o uso de métodos complementares.

Com a conclusão dos testes de orgão isolado, onde serão testados as

doses do extrato e composto em questão, poderemos fornecer mais respostas

sobre o efeito famacológico.

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81

8 PERSPECTIVAS

Como dados preliminares, demonstrou-se a contratilidade uterina

através do estímulo com ocitocina em animais estrogenizados. Este estímulo foi

repetido após a lavagem das preparações de útero isolado e no segundo

momento também se obteve a mesma resposta de contratilidade uterina. A

ocitocina foi capaz de aumentar as contrações tanto em amplitude como em

frequência, conforme demonstrado na figura S1.

0

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

2 .0

2 .5

Am

pli

tud

e d

e o

nd

a (

g)

LB

Co

nt.

Ocit

. 1

Ocit

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. 2 L

B

Lav.

Co

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Ocit

. 1

Ocit

. L

B

Ocitocina 1 Lavagem

Ocitocina 2

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Figura S1: Representação da resposta contrátil de preparações de útero no equipamento

de órgão isolado. Início em repouso, primeiro aumento de linha de base (LB), primeira

administração de ocitocina (Ocito 1) no banho de órgão isolado, amplitude máxima de

contração está representado em Ocito 2. Após 15 min. da administração de ocitocina as

preparações foram lavadas (Lav.), as amplitudes de ondas diminuíram e após 15min. as

preparações foram reexpostas à ocitocina administração de ocitocina foi adicionada ao

banho e novamente o miométrio respondeu aumentando a amplitude de onda

representando contração.

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