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Linguagem: qualquer meio de expressão de sentimentos e pensamentos. Gestos, desenhos, expressões faciais, impulsos elétricos, formas de escrita constituem códigos que podem ser utilizados na comunicação. Código é todo conjunto de sinais e de regras de combinação desses sinais, utilizados na comunicação. O aceno de alguém que parte, o desenho de um crânio sobre duas tíbias cruzadas colado em um vidro, a sirene de um carro de bombeiro comunicam-se, respectivamente, “tchau”, “veneno” e “incêndio”, por meio de linguagens não-verbais. A linguagem pode ser verbal e não-verbal. Qualquer linguagem que não utilize a palavra é não-verbal. A linguagem não é uma faculdade específica do homem: as abelhas, os golfinhos, etc. também se comunicam. Mas os homens são os únicos seres dotados de linguagem verbal: as línguas, que variam de acordo com as nacionalidades. A linguagem por ser verbal: utiliza-se de palavras (faladas ou escritas) para transmitir uma mensagem; não-verbal: qualquer código em que não se utilizam palavras. Signos verbais: são palavras que constituem uma língua. Signos não-verbais: qualquer outro signo que não seja a palavra escrita (desenhos, fotos, sons, imagens, cores, faixas, etc.). Língua: é um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social, para permitir o exercício da linguagem. É um código, um sistema de signos; é o produto da fala. Reflete as idéias, os comportamentos de uma sociedade, a cultura de um povo. Como conjunto de símbolos, é um CÓDIGO como qualquer outro. Entretanto, enquanto um código técnico (Morse, Braile) é criado por um indivíduo, sofre pequenas modificações no tempo e no espaço e está obrigado a obedecer a normas rígidas de uso, a língua se caracteriza pela possibilidade de se modificar através de várias gerações. A língua é um fenômeno dinâmico que apresenta elementos estáveis e instáveis. Elementos estáveis: são estáveis as características básicas de cada língua. Graças a essa estabilidade no tempo, conseguimos entender hoje, ainda que com alguma dificuldade, um texto escrito há muito tempo numa língua que conhecemos. O fato de um brasileiro de Porto Alegre comunicar-se com um brasileiro de Manaus

Apostila de Lingua Portuguesa

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Page 1: Apostila de Lingua Portuguesa

Linguagem: qualquer meio de expressão de sentimentos e pensamentos.

Gestos, desenhos, expressões faciais, impulsos elétricos, formas de escrita constituem códigos que podem ser utilizados na comunicação.

Código é todo conjunto de sinais e de regras de combinação desses sinais, utilizados na comunicação. O aceno de alguém que parte, o desenho de um crânio sobre duas tíbias cruzadas colado em um vidro, a sirene de um carro de bombeiro comunicam-se, respectivamente, “tchau”, “veneno” e “incêndio”, por meio de linguagens não-verbais.

A linguagem pode ser verbal e não-verbal. Qualquer linguagem que não utilize a palavra é não-verbal. A linguagem não é uma faculdade específica do homem: as abelhas, os golfinhos, etc. também se comunicam. Mas os homens são os únicos seres dotados de linguagem verbal: as línguas, que variam de acordo com as nacionalidades.

A linguagem por ser verbal: utiliza-se de palavras (faladas ou escritas) para transmitir uma mensagem; não-verbal: qualquer código em que não se utilizam palavras.

Signos verbais: são palavras que constituem uma língua.

Signos não-verbais: qualquer outro signo que não seja a palavra escrita (desenhos, fotos, sons, imagens, cores, faixas, etc.).

Língua: é um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social, para permitir o exercício da linguagem. É um código, um sistema de signos; é o produto da fala. Reflete as idéias, os comportamentos de uma sociedade, a cultura de um povo. Como conjunto de símbolos, é um CÓDIGO como qualquer outro. Entretanto, enquanto um código técnico (Morse, Braile) é criado por um indivíduo, sofre pequenas modificações no tempo e no espaço e está obrigado a obedecer a normas rígidas de uso, a língua se caracteriza pela possibilidade de se modificar através de várias gerações. A língua é um fenômeno dinâmico que apresenta elementos estáveis e instáveis.

Elementos estáveis: são estáveis as características básicas de cada língua. Graças a essa estabilidade no tempo, conseguimos entender hoje, ainda que com alguma dificuldade, um texto escrito há muito tempo numa língua que conhecemos. O fato de um brasileiro de Porto Alegre comunicar-se com um brasileiro de Manaus sem dificuldade, por exemplo, demonstra a estabilidade da língua no espaço geográfico.

Elementos instáveis: são elementos da língua que se modificam no tempo e no espaço. Televisor só passou a fazer parte do vocabulário no início de 1931. Ocorrem mudanças também de acordo com o local em que se emprega a língua.

Ao comunicar-se, o indivíduo seleciona os elementos da língua que deseja usar, combinando-os de acordo com determinadas regras gramaticais. Existe coletivamente e se concretiza através da fala. A língua é um tipo de linguagem; é a única modalidade de linguagem que utiliza palavras.

Língua falada: culta, coloquial, vulgar, regional, grupal (técnica e gíria).

Língua escrita: padrão e literária.

Língua culta: é a língua falada pelas pessoas de instrução. È a aplicação mais cuidada da língua comum.Obedece á gramática da língua-padrão. É considerada língua nacional nos países independentes. Paralelamente à língua comum, podem aparecer

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alterações regionais como os dialetos e os falares. Falares são línguas de certas regiões, geralmente faladas exclusivamente, e que se opõem à língua comum apenas superficialmente. Dialetos Já são variedades mais fortes, pois prevêem modificações na sintaxe e na semântica, que não são compreensíveis sem aprendizado, por indivíduos de outra região.

Língua coloquial ou familiar: língua espontânea, sem muita preocupação com as formas lingüísticas. Emprega vocabulário e sintaxe da linguagem cotidiana.

Língua vulgar ou inculta: própria das pessoas sem instrução. Natural, colorida, expressiva, livre de convenções sociais. Infringe totalmente as convenções gramaticais.

Língua regional: circunscrita a regiões geográficas. É a soma das qualidades físicas do som (altura, timbre, intensidade). Patrimônio vocabular próprio, típico de cada região.

Língua grupal: língua hermética, pertence a grupos fechados de pessoas. Pode ser técnica: desloca-se para a escrita (a língua da medicina, do direito, etc.); gíria (gíria policial, a dos jovens, surfistas e outras).

Língua padrão: obedece a todos os parâmetros gramaticais.

Língua literária: utilizada pelos escritores.

Fala: é a utilização individual da língua.

Signo lingüístico. Ao ouvirmos ou lermos a palavra avó (significante), forma-se em nossa mente, entre outras imagens, a de uma velha senhora, de cabelos grisalhos (significado) . A palavra avó é um signo.

Signo: suporte material (significante); imagem mental (significado).

Ao processo de seleção e combinação dos signos dá-se o nome de codificação.

Ao processo de identificação e compreensão dos signos que compõem a mensagem, dá-se o nome de decodificação.

Comunicação: uma ligação, uma transmissão de sentimentos e idéias. Comunicar significa a busca de entendimento, compreensão e contato.

Textos

Não literários: bula farmacêutica: “Mioflex é um novo tratamento não hormonal das doenças reumáticas agudas e crônicas.”

Receita culinária: “Um quilo de carne de porco salgada.”

Literário:Soneto da separação: “De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto.”

Texto literário: conotação e subjetividade.

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Texto não literário: denotação, objetividade, simplicidade, formalidade, impessoalidade, precisão, clareza, concisão, cortesia, harmonia. Obs.: “A descrição técnica deve esclarecer, convencendo, a literária deve impressionar, agradando.”

Estilo: maneira pessoal do homem expressar-se dentro de uma determinada época, seja ela através da pintura, música ou literatura.

Qualidades do estilo:

Harmonia: mensagem elegante, que soa bem aos nossos ouvidos.

Clareza: para que a comunicação se faça clara, é preciso que o pensamento de quem se comunica também seja claro. Exemplos de falta de clareza: “Vendem-se cobertores para casal de lã.”; “O velhinho tomou aquele remédio dentro do vidrinho.”; “Precisa-se de babá para cuidar de criança de 17 a 25 anos.” ; “Estamos liquidando pijamas para homens brancos.”

Concisão: numa época como a nossa, em que a rapidez e a praticidade devem imperar, é necessário que a comunicação seja lingüisticamente econômica.

O que prejudica a harmonia

Aliteração: repetição do mesmo fonema. Ex.: “Na certeza de que seria bem sucedido, o sucessor fez a seguinte asserção...

Cacofonia: repetição desagradável provocada pela junção de duas ou mais palavras na cadeia da frase. Ex.: “Na boca dela estava a marca da agressão.” “Vou-me já, porque a aula vai começar.” ; “Má mão a sua, o bolo ficou murcho.”

Rima: embora seja bom recurso literário, é inaceitável numa redação oficial. Ex.: “O diretor chamou com muita dor, o assessor.”

Repetição de palavras: a redundância, quando enfática, é um excelente recurso. É o caso da publicidade: “Viaje bem, viaje Vasp.” Num texto não literário é deselegante. Ex.: “O presidente da companhia é primo daquela empresa sendo um presidente muito ativo.”

Excesso de “que” (queísmo): “Solicitei-lhe que me remetesse a mercadoria que me prometera a fim de que...”.

Períodos excessivamente longos: os estilos longos tornam o texto monótono e cansativo e provocam a maioria dos erros de concordância, dada a costumeira distância entre sujeito e verbo. Ex.: “Se todo esse dinheiro gasto em vôos espaciais tivesse sido usado para se pesquisar a cura de diversas doenças que ainda matam milhares de indivíduos pelo nosso planeta, ou aplicado em prol de projetos agropecuários que garantissem a alimentação de toda a população mundial, ou sob outro aspecto, porque não se gasta em projetos científicos em nosso próprio planeta, palco de mistérios até hoje inexplicáveis, enfim, que se gastasse todo volume de dinheiro em benefício de soluções para os problemas críticos que afligem o nosso mundo”.

Princípios de dissertações banais ou infantis: “Nos primórdios do tempo...”; “Eu poderia escrever vários volumes sobre tão fecundo tema...”

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Lugares comuns, frases feitas, chavões: denotam ausência de originalidade, falta de imaginação e de bom gosto. Ex.:”Nos píncaros da glória”, “subir os degraus da glória”, “fazer das tripas coração”, “mergulhadas num mar de lágrimas”, “chorar amargamente”, “do fundo do coração”, “encerrar com chave de ouro”, “era um preto de alma branca”, “a esperança é a última que morre”, “com a voz embargada pela emoção...”, “neste momento solene”, “ficou profundamente abalado com a notícia”, etc.

Expressões vulgares: a redação não é conversa familiar nem discussão, entre amigos, de algum problema. Ex.: “Não sei se o futuro do Brasil será assim ou assado”, “o futuro é uma dureza”.

Predominância do gerúndio: “Entendendo dessa maneira, o problema vai-se pondo, numa perspectiva melhor, ficando mais claro.”

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Elementos essenciais do processo de comunicação

Comunicação: uma ligação, uma transmissão de sentimentos e idéias. Comunicar significa a busca de entendimento, compreensão e contato.

Fonte: É a origem da mensagem. Ex.: Ao enviar um telegrama, será fonte o redator do mesmo.

Emissor: É quem envia a mensagem através da palavra oral ou escrita, gestos, expressões, desenhos etc. Pode ser também uma organização informativa como rádio, televisão, etc. Ex.: Ao enviar um telegrama, será emissor o telegrafista que codifica a mensagem. Observação: geralmente, a fonte coincide com o emissor.Ex.: Num diálogo, o falante é fonte e emissor ao mesmo tempo.

Mensagem: É o que a fonte deseja transmitir, é o conteúdo de uma informação. Para que o receptor (destinatário) a compreenda, é necessário que domine o mesmo código do emissor (remetente). Pode ser: Visual, auditiva e audiovisual. A mensagem serve-se de um código que deve ser estruturado e decifrado. É preciso que a mensagem tenha conteúdo objetivo e use canal apropriado. Ex.: No telegrama, a mensagem é o texto.

Receptor: É o elemento mais importante do processo. Pode ser a pessoa que lê, que ouve, um pequeno grupo, um auditório ou uma multidão. Ao receptor cabe decodificar a mensagem e dele dependerá, em termos, o êxito da comunicação. Ex.: Ao enviar um telegrama, o receptor será o telegrafista que decodifica a mensagem.

Destino: É a quem se dirige a mensagem. Ex.: Ao enviar o telegrama, o destino será o destinatário. Observação: geralmente, o destino coincide com o receptor. Ex.: Num diálogo, o ouvinte é o destino e receptor ao mesmo tempo.

Canal: É a forma utilizada pela fonte para enviar a mensagem. Ele deve ser escolhido cuidadosamente, para assegurar a eficiência e o bom êxito da comunicação. O canal pode ser: natural (órgãos sensoriais, como mãos, boca, etc.) e tecnológico (espacial e temporal).

Canal tecnológico espacial: é o que leva a mensagem de um lugar para outro como o rádio, telefone, telex, televisão, etc.

Canal tecnológico temporal: é o que transporta a mensagem de uma época para outra, como os livros, discos, fotografias, fitas gravadas, etc.

Código: é um conjunto de sinais estruturados. O código pode ser:

Verbal: é o que utiliza a palavra falada ou escrita. EX.: a língua portuguesa.

Não-verbal: é o que não utiliza a palavra. Ex.: gestos, sinais de trânsito, expressão facial, etc.

O que interfere na comunicação:

Ruído: é toda interferência indesejável na transmissão de uma mensagem. Ex.: Um borrão na mensagem escrita, uma sirene durante um diálogo, má dicção etc.

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Entropia: é a desorganização da mensagem. Ex.: Eu menina uma vi.

Redundância: é a repetição, objetivando clareza. Ex.: Aqui, neste.

Funções da linguagem

Função: todos os objetos úteis possuem uma função definida. A função de um livro de português: fornecer conhecimentos de nossa língua para serem usados na vida prática.

A linguagem também possui as suas funções.

Função referencial, informativa, cognitiva ou denotativa: é a comunicação pura e simples, centrada no assunto. A maior preocupação é a mensagem. Não há preocupação com estilo; sua intenção é unicamente informar. Cognitiva: conhecimento que temos do mundo, as referências que temos da realidade. É a linguagem das redações escolares, principalmente das dissertações, narrações não-fictícias e descrições objetivas. Caracteriza também o discurso científico, o jornalístico e a correspondência comercial. Quem fala, amaneira como fala, quem lê e a linguagem em si são questões deixadas em segundo plano. O objetivo é transmitir informações a respeito de uma realidade.É como se a realidade falasse por si própria, sem a interferência das impressões do autor.

Função emotiva ou expressiva: centrada no emissor da mensagem, veicula sentimentos, emoções e julgamentos. O texto é crítico, subjetivo, expressa sentimentos, emoções. Ela é lingüisticamente representada por interjeições, adjetivos, signos de pontuação (tais como exclamações, reticências) e agressão verbal (insultos, termos de baixo calão) que representam a marca subjetiva de quem fala. Pois o objetivo principal do texto é transmitir ou registrar os sentimentos, pensamentos e emoções de uma pessoa. No entanto, nos vestibulares e concursos, nas teses e dissertações, a expressão subjetiva explícita, ou seja, a predominância da função expressiva é geralmente considerada inadequada e dá lugar à impessoalidade, à neutralidade, à discussão teórica e abstrata em que o EU não se expõe com tanta evidência. Ela é a linguagem dos livros autobiográficos, de poesias líricas, de bilhetes e cartas de amor. Prevalece a primeira pessoa do singular. Ex.: Só uma coisa me entristece

O beijo de amor que não roubei A jura secreta que não fiz A briga de amor que não causei (Abel Silva) .

Função conativa ou apelativa: centrada no receptor da mensagem, visa a uma atitude ou tomada de posição por parte do interlocutor ou receptor. O texto é geralmente persuasivo, sedutor. Função apelativa, de apelo, de pedido. Busca mobilizar a atenção do receptor. Está presente em textos cujo objetivo é influenciar a atitude de quem lê, alterando o seu comportamento. Geralmente é uma instrução de procedimentos, uma ordem, uma súplica, uma orientação, uma sugestão.

Função fática: centrada no contato (canal). Usa certas expressões visando a estabelecer e manter o contato com o interlocutor. Ex.: Alô, alô marciano, aqui quem fala é da Terra.

Função metalinguística: centrada no código, traz sempre uma explicação, definir o que não está claro. Portanto é a função pela qual a linguagem fala da própria linguagem. Os exemplos mais claros são os textos da gramática, dos livros didáticos de língua portuguesa e do dicionário. Ex.: Gastei uma hora pensando um verso

Que a pena não quer escrever

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No entanto ele está cá dentro Inquieto, vivo. Ele está cá dentro E não quer sair. Mas a poesia deste momento Inunda minha vida inteira. (Carlos Drummond de Andrade).

Função Poética: encontramos a função poética da linguagem quando a intenção do autor de um texto é extrair da linguagem as suas mais altas possibilidades expressivas, jogar com as potencialidades latentes das palavras e criar combinações novas e originais. Essa elaboração provoca no leitor uma espécie de experiência estética prazerosa, de estranhamento agradável, ou seja, chama a atenção para a organização e estruturação do texto, mais que para a informação, o apelo ou a confissão. Centrada na própria mensagem, valoriza a informação pela forma como é veiculada. O ritmo, a sonoridade e a estrutura da mensagem têm importância igual à do conteúdo das informações. Ex.: Eu venho da minha terra

Da casa branca da serra E do luar do sertão Venho da minha Maria Cujo nome principia Na palma da minha mão. E aí me dá uma inveja dessa gente... (Chico

Buarque)

Não adianta nem tentar Me esquecer Durante muito tempo em sua vida eu vou viver ( Roberto e Erasmo Carlos)

Quando citamos um poema não podemos resumi-lo, alterá-lo ou transformá-lo, como fazemos com um texto de jornal, por exemplo. A leitura frequente de textos literários é também muito importante na formação de uma pessoa, porque a obra de arte oferece interpretações do mundo que estimulam a reflexão e o conhecimento.

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Como escrever O assunto é mais abrangente. Ex.: Violência.

Delimitar o assunto – restringi-lo – escolher um só aspecto para ser analisado.

Ao delimitar: estará escolhendo o tema da sua redação. Ex.: Violência (genérico).

Temas:

Causas da violênciaA violência no trânsitoA criança vítima da violência

Objetivo: é a posição que você levantará diante do problema.

Fazer:Ex.: Assunto Tema Objetivo Explosão A explosão Mostrar como a população demográfica demográfica no Brasil brasileira tem crescido nas últimas décadas.

GrevesDemocraciaEducação sexualUsinas nuclearesAmizadeAmor

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Estruturação do parágrafo

O parágrafo é uma unidade redacional. Serve para dividir o texto (que é um todo) em partes menores, tendo em vista os diversos enfoques.Quando se muda o parágrafo, não se muda o assunto. O assunto, a rigor, deve ser o mesmo, do princípio ao fim da redação. A abordagem pode mudar. E é aqui que o parágrafo entra em ação. A cada novo enfoque, a cada nova abordagem, haverá novo parágrafo.Formalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e de um afastamento da margem esquerda.Funcionalmente, a compreensão da estrutura do parágrafo é o melhor caminho para a segura compreensão do texto.Divisão:

Tópico frasal: é a idéia-núcleo extraída, de maneira clara e concisa, do interior do parágrafo.Detectar a idéia principal de cada parágrafo é assegurar um caminho seguro que o levará à compreensão do texto, ajudando-o também a elaborar uma síntese do mesmo.

Desenvolvimento: através do qual o tópico frasal recebe uma carga informativa onde, muitas vezes, se agregam idéias secundárias.

Conclusão: nem sempre presente, serve para resumir o conteúdo do parágrafo, sublinhando o seu ponto de interesse e localizando-se no final do mesmo.

Elemento relacionador: não obrigatório, mas geralmente presente a partir do segundo parágrafo, visa a estabelecer um encadeamento lógico entre as idéias, servindo de “ponte” entre o parágrafo em si e o tópico que o antecede.

Exemplo de um parágrafo e suas divisões:

“Com efeito, considerar-se-á o emissor como uma consciência que transmite uma mensagem para outra consciência que é o receptor. Portanto, a mensagem será elaborada por uma consciência e será igualmente assimilada por outra consciência. Deverá, então, ser, antes de mais nada, pensada e depois transmitida. Mas para ser transmitida, deve ser antes mediatizada, já que a comunicação entre as consciências não pode ser feita diretamente, ela pressupõe sempre a mediatização de sinais simbólicos. Tal é, com efeito, a função da linguagem.”

Elemento relacionar: com efeito.

Tópico frasal: a comunicação se faz entre uma consciência (transmissor) e outra consciência (receptor), pressupondo mediatização.

Desenvolvimento: toda explicação constante no resto do parágrafo com exceção da conclusão.

Conclusão: tal é, com efeito, a função da linguagem.

Tópico frasal: algumas vezes o tópico frasal vem no fim do parágrafo, constituindo desta forma a sua conclusão, mas na maioria dos parágrafos o tópico frasal aparece no início.A utilização do tópico frasal facilita o resumo, porque basta destacá-lo de cada parágrafo.

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Como desenvolver o parágrafo

Desenvolver é explanar a idéia principal do parágrafo, fundamentando de maneira clara e convincente as idéias que defende ou expõe. O desenvolvimento do parágrafo dependerá, obviamente, da macroestrutura do texto. Há certos tipos de desenvolvimento mais adequados ao texto argumentativo. Outros, ao discurso narrativo.

Enumeração ou descrição de detalhes: o desenvolvimento por enumeração ou descrição de detalhes é dos mais comuns, ocorre de preferência quando há trópico frasal inicial explícito. Exemplo: Era um dia abafadiço e aborrecido, a pobre cidade de São Luiz do Maranhão parecia entorpecida pelo calor.

Confronto: consiste em estabelecer o confronto entre idéias, seres, coisas, fatos ou fenômenos. Suas formas habituais são o contraste (baseado nas diferenças) e o paralelo (nas semelhanças). Contraste – Ex.: Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, malária dos povos de moralidade estragada.

Paralelo – Exemplo: Oração e trabalho são os recursos mais poderosos na criação moral do homem.

Analogia e comparação: a analogia é uma semelhança parcial que sugere uma semelhança oculta, mais completa. Na comparação, as semelhanças são reais, sensíveis, expressas numa forma verbal própria. Na analogia as semelhanças são apenas imaginárias. Ex.”: O sol é muitíssimo maior do que a Terra, e está ainda tão quente que é como uma enorme bola incandescente, que inunda o espaço em torno com a luz e calor...”

Citação de exemplos: a citação de exemplos não constitui, propriamente, o desenvolvimento, mas uma espécie de comprovante ou elucidante. Ex.: As consoantes duplas, dobradas ou germinadas constituíam, em latim, dois sons distintos. Assim, uma palavra como, por exemplo, gutta pronunciava-se gut-ta... “

Vamos exemplificar algumas possibilidades de desenvolvimento do parágrafo, a partir de um único tópico, o seguinte: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração.

Desenvolvimento por detalhes: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. O tráfego imenso, o ruído do tráfego, as preocupações geradas pela pressa, o almoço corrido...

Desenvolvimento por definição: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. Vida agitada é aquela em que o indivíduo não tem tempo para cuidar de si próprio...

Desenvolvimento por exemplo específico: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. Imaginemos um chefe de família que deixa sua casa às 6h30, logo de início, tem de enfrentar a fila da condução.

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Desenvolvimento por fundamentação da proposição: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. Somente na última década, segundo informações da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, o paulistano se infartou vinte vezes mais do que no decênio anterior.

Desenvolvimento por comparação: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. Imagine o leitor, por exemplo, um automóvel dirigido suavemente, com trocas de marcha em tempo exato, sem freadas bruscas ou curvas violentas. A vida útil desse veículo tende a prolongar-se bastante. Imagine agora o contrário...

Qualidades do parágrafo

As principais qualidades do parágrafo são:- Unidades: uma só idéia predominante- Coerência: relação entre essa idéia predominante e as secundárias- Ênfase: a idéia predominante não apenas aparece sob a forma de

oração principal mas também se coloca em posição de relevo.

Como conseguir unidade: use tópico frasal explícito sempre que possível. A idéia central deve ser enunciada claramente no tópico frasal, que não precisa vir obrigatoriamente no início do parágrafo, mas essa escolha facilita na obtenção de um parágrafo uno, claro, coerente e objetivo. Ex.: O silogismo divide-se em silogismo simples e silogismo composto.

Outros modos de iniciar o parágrafo

Alusão histórica: recurso que desperta sempre a atenção do leitor é o da alusão a fatos históricos, lendas, tradições, crendices, anedotas.

Interrogação: às vezes, o parágrafo começa com uma interrogação, seguindo-se o desenvolvimento sob a forma de resposta ou de esclarecimento.

Tópico frasal implícito ou diluído no parágrafo: ocorre quando o parágrafo é formado pelo desenvolvimento e constituído de tal forma que se possa deduzir, ou induzir, claramente a idéia central.

Evite pormenores impertinentes, acumulações e redundâncias: os pormenores em excesso e não pertinentes não reforçam nem esclarecem a idéia central do parágrafo, e acabam prejudicando a unidade, a concisão e, conseqüentemente, o entendimento. Ex.: “O assassino do presidente Kennedy, naquela triste tarde de novembro, quando percorrria a cidade de Dallas, aclamado por uma numerosa multidão...”

Um parágrafo para cada idéia central: o desenvolvimento da mesma idéia central não deve fragmentar-se em vários parágrafos. Ex.: Diversos fatores têm sido responsáveis pelas transformações que se estão verificando na região de colonização estrangeira. O rádio é um deles; o cinema, outro; a facilidade de transportes, com estradas e veículos, igualmente.

Como conseguir ênfase – ordem de colocação: a ordem natural dos termos e orações dentro do período é: sujeito, verbo e complementos. Entretanto, a inversão dessa ordem pode ser usada para dar à frase mais vigor e mais energia (ênfase). Ganha ênfase o elemento que inicia o período. Ex1. O Sr. Zé Croinha recebe das mãos do Magnífico Reitor o seu diploma de bacharel em Direito. Dessa forma, a ênfase recai sobre o elemento que inicia o período. Se, entretanto, desejássemos evidenciar o Reitor, faríamos: Ex2. O

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Magnífico Reitor entrega ao Sr. Zé Croinha o seu diploma de bacharel em Direito. Ordem gradativa: a gradação consiste em dispor as idéias em ordem crescente ou decrescente de importância. Ex.1: Anda, corre, voa, se não perdes o trem.” (crescente). Ex2.: Uma palavra, um gesto, um olhar bastava.” (decrescente). Repetições intencionais: representa um dos recursos mais férteis de que se dispõe a linguagem para realçar idéias. Ex.: Tudo se encadeia, tudo se prolonga, tudo se continua no mundo... ”(Olavo Bilac).

Desenvolvimento do parágrafo

O desenvolvimento do parágrafo dependera, obviamente, da macroestrutura do texto. Há certos tipos de desenvolvimento mais adequados ao texto argumentativo. Outros, ao discurso narrativo. Vou, entretanto, exemplificar algumas possibilidades de desenvolvimento do parágrafo, a partir de um único tópico, o seguinte: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração.

Desenvolvimento por detalhes: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. O trafico intenso, o ruído do trafego, as preocupações geradas pela pressa...

Desenvolvimento por definição: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. Vida agitada é aquela em que o indivíduo não tem tempo para cuidar de si próprio...

Desenvolvimento por exemplo especifico: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. Imaginemos um chefe de família que deixa sua casa as 6h30 da manha...

Desenvolvimento por fundamentação da proposição: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. Somente na ultima década, segundo informações da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, o paulistano se enfartou vinte vezes mais do que no decênio anterior...

Desenvolvimento por comparação: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. Imagine o leitor, por exemplo, um automóvel dirigido suavemente, com trocas de marcha em tempo exatas, sem freadas bruscas ou curvas violentas. A vida útil desse veículo tende a prolongar-se bastante.

Fazer: Desenvolva o seguinte tópico de parágrafo por detalhes, exemplo especifico e comparação: Viajar de avião, segundo os entendidos, e desfrutar do meio de transporte mais seguro e confortável que existe.

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Denotação e conotação

Uma mensagem não é tão simples como nos parece. Além de possuir significados diversos para diversas pessoas, tem também formas diferentes de significados.

Denotação: é o significado real da palavra. Dizemos que a linguagem é denotativa quando permite apenas uma interpretação, é o caso de textos científicos, técnicos, que devem primar pela objetividade.

Conotação: significado emocional ou avaliativo de acordo com as experiências de cada um. Sentido subjetivo. Permite mais de uma interpretação, como ocorre com textos literários, pois o autor usa as palavras de acordo com sua vontade e não de acordo com a norma lingüística.

Ex.: Estrela A estrela brilha no céu (denotação). Ela é a estrela da turma (conotação).

Evite as tautologias

A tautologia é um dos vícios de linguagem. Consiste em repetir uma idéia, de forma viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido. Portanto, evite-a. O exemplo clássico é o famoso subir para cima ou descer para baixo. Mas há outros, como prova a lista a seguir: elo de ligação, certeza absoluta, nos dias 8,9 e 10, inclusive, como prêmio extra, em duas metades iguais, sintomas indicativos, há anos atrás, vereador da cidade, detalhes minuciosos, anexo junto à carta, todos foram unânimes, conviver junto, fato real, encarar de frente, multidão de pessoas, amanhecer o dia, criação nova, retornar de novo, empréstimo temporário, surpresa inesperada, planejar antecipadamente, abertura inaugural, comparecer em pessoa, gritar bem alto, a seu critério pessoal, exceder em muito. O entrelaçamento das idéias

Como vimos, um texto não é uma simples justaposição de frases corretas, uma após a outra. Exige um entrelaçamento rigoroso das idéias que estão sendo expostas para que o leitor não se perca e consiga interpreta-lo corretamente. Assim é muito importante que a coesão textual esteja bem tecida, para que o leitor acompanhe a seqüência, reconheça a progressão das informações e identifique as referências no texto.

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Mecanismos de coesão textual

Quando escrevemos um texto, uma das maiores preocupações é como amarrar a frase seguinte à anterior. Isso só é possível se dominarmos os princípios básicos de coesão. A cada frase enunciada devemos ver se ela mantém um vínculo com a anterior ou anteriores para não perdemos o fio do pensamento. De outra forma, teremos uma seqüência de frases sem sentido, sucedendo-se umas às outras sem muita lógica, sem nenhuma coerência. A coesão, no entanto, não é só esse processo de olhar constantemente para trás. É também o de olhar para adiante. Um termo pode esclarecer-se somente na frase seguinte. Se minha frase for PEDRO TINHA UM GRANDE DESEJO, estou criando um movimento para adiante. Só vamos saber de que desejo se trata na próxima frase: ELE QUERIA SER MÉDICO. O importante é cada enunciado estabelecer relações escritas com os outros a fim de tornar sólida a estrutura do texto.

Recursos de coesão

Coesão por epítetos: epíteto é a palavra ou frase que qualifica pessoa ou coisa. Ex.: Glauber Rocha fez filmes memoráveis. Pena que o cineasta mais famoso do cinema brasileiro tenha morrido tão cedo.

Coesão por nominalizações: ocorre quando se emprega um substantivo que remete a um verbo enunciado anteriormente. Ex.: Eles foram testemunhar sobre o caso. O juiz disse, porém, que tal testemunho, não era válido por serem parentes do assassino.

Coesão por palavras ou expressões sinônimas ou quase-sinônimas: ex.: Os quadros de Van Gogh não tinham nenhum valor e sua época. Houve telas que serviram até de porta de galinheiro.

Coesão por repetição de uma palavra: podemos repetir uma palavra quando não for possível substituí-la por outra. Ex.: A propaganda está sempre ligada aos interesses da classe dominante. A propaganda sempre mostra...

Coesão por um termo-síntese: ex.: O país é cheio de entraves burocráticos. Depois, pagar uma infinidade de taxas. Todas essas limitações acabam prejudicando o importador.

Coesão por pronomes: ex.: Vitaminas fazem bem à saúde. Mas não devemos tomá-las ao acaso.

Coesão por numerais: ex.: Não se pode dizer que toda a turma esteja mal preparada. Um terço pelo menos parece estar dominando o assunto.

Coesão por advérbios pronominais (aqui, ali, lá, aí): ex.: Não podíamos deixar de ir ao Louvre. Lá está a obra-prima de Leonardo da Vinci: a “Mona Lisa”.

Coesão por elipse: ex.: O ministro foi o primeiro a chegar. (Ele) Abriu a sessão às oito em ponto e (ele) fez então seu discurso emocionado.

Coesão por metonímia: metonímia é o processo de substituição de uma palavra por outra, fundamentada numa relação de contigüidade semântica. Ex.: Santos Dumont chamou a atenção de toda Paris. O Sena curvou-se diante de sua invenção.

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Coesão referencial: na elaboração de um texto, a coesão referencial se realiza pela citação de elementos do próprio texto. Para efetivar essas citações são utilizados pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos etc. Ex.: A explosão da informação é uma das causas do stress do homem moderno. Ela pode provocar diversas formas de ansiedade.

Coesão lexical: a manutenção da unidade temática de um texto exige uma certa carga de redundância. Assim, estabelecemos uma corrente de significados retornando as mesmas idéias e partes de idéias. Essa corrente é formada pela reutilização intencional de palavras, pelo uso de sinônimos, ou ainda pelo emprego de expressões equivalentes para substituir elementos que já são conhecidos do leitor, como no seguinte exemplo:

O Doutor Fulano de Tal falou ao nosso repórter no intervalo do congresso. O cientista entrevistado reconhece que a partir do emprego dos conhecimentos científicos foi possível racionalizar os sistemas de produção. Agora esse estudioso quer contribuir para a democratização do saber.

Coesão por elipse: a estrutura gramatical dos períodos na língua portuguesa permite a omissão de elementos facilmente identificáveis ou que já foram citados anteriormente. Ex.: A metodologia científica é um conjunto de atividades sistematizadas. Implica a concepção das idéias quanto à delimitação do problema...

Coesão por substituição: pode-se substituir substantivos, verbos, períodos ou longas parcelas de texto por conectivos ou expressões que resumem e retornam o que já foi dito. Alguns exemplos de expressões que servem a esse objetivo são: Diante do que foi exposto; A partir dessas considerações; Diante desse quadro; Em vista disso; Tudo o que foi dito...

Prática de entrelaçamento: escreva um texto expositivo acerca de um autor de sua preferência. Identifique outras formas de se referir a ele, após a apresentação, de modo que o nome próprio não seja utilizado mais de uma vez.

Para cada frase, redija uma segunda, utilizando-se o recurso de coesão sugerido entre parênteses.

Um dos graves problemas das metrópoles são os meios de locomoção. (palavra sinônima)

Ayrton Senna foi um dos maiores esportistas brasileiros. (epíteto)

Não se pode comparar São Paulo com o Rio de Janeiro. (uso de pronomes)

O crescimento desordenado degrada qualquer cidade. (nominalização)

Para cada item do exercício anterior, acrescente uma terceira frase que dê continuidade ao seu pensamento, utilizando um recurso de coesão a sua escolha.

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Os tipos de leitura e seus objetivos

O objetivo da leitura determina de que forma lemos:- por prazer, em busca de diversão, de emoção estética ou de

evasão;- para obter informações gerais, esclarecimentos, em busca de

atualização;- para obter informações precisas e exatas, analisa-las e escrever

um texto relativo ao tema;- para estudar, desenvolver o intelecto, em busca de qualificação

profissional;- para seguir instruções;- para comunicar um texto a um auditório;- para revisar um texto etc.

Procedimentos estratégicos de leitura

Estabelecer um objetivo claro: sempre que temos um objetivo para a leitura vamos mais atentos para o texto. Estabelecer previamente um objetivo nos ajuda a escolher e a controlar o tipo de leitura necessário: detalhada, lenta, minuciosa ou rápida e superficial. É´ importante construir previamente algumas perguntas que ajudam a controlar o objetivo e a atenção, como, por exemplo:

- qual é a opinião do autor?- quais são as informações novas que o texto veicula?- O que este autor pensa desse assunto? Em que discorda dos que

já conheço? O que acrescenta a discussão?- Como ocorreu esse fato? Onde? Quando? Quais são suas

causas? Quais são suas conseqüências? Quem estava envolvido?

- O que é mais importante nesse texto? O que eu devo anotar para utilizar depois no meu trabalho?

Quando começamos uma leitura sem nenhuma pergunta prévia, temos mais dificuldade em identificar aspectos importantes, distinguir partes do texto, hierarquizar as informações.

Identificar e sublinhar as palavras-chave: as palavras que sustentam a maior carga de significado em um texto são chamadas de palavras-chave. Sem elas o texto perde totalmente o sentido. Por meio delas podemos reconstituir o sentido de um texto, elaborar um esquema ou síntese. Normalmente são os substantivos, verbos e certos adjetivos. Não são artigos, conectivos, pronomes, preposições ou advérbios.

Tomar notas: a partir das palavras-chave, o leitor pode ir destacando e anotando pequenas frases que resumem o pensamento principal dos períodos, dos parágrafos e do texto.

Estudar o vocabulário: durante a leitura de um texto, temos que decidir a cada palavra nova que surge se é melhor consultar o dicionário, o glossário, ou se podemos adiar essa consulta, aceitando nossa interpretação temporária da palavra a partir do contexto.

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Destacar divisões no texto para agrupa-las posteriormente: é importante compreender essas divisões para estabelecer mentalmente um esquema do texto. Muitas vezes o autor não insere gráficos, esquemas, nem explicita por meio de enumerações as divisões que faz das idéias. Preste bem atenção quando o texto apresenta estruturas assim: em primeiro lugar... em seguida... em terceiro lugar; inicialmente... a seguir... finalmente; primeiramente... em prosseguimento... por último; por um lado... por outro lado...; num primeiro momento... num segundo momento; a primeira questão é... a segunda... a terceira... Por meio da identificação dessas estruturas é possível reconstuir o raciocínio do autor e torna-se mais fácil elaborar esquemas e resumos.

Simplificação: um dos recursos mais produtivos durante a leitura de textos complexos é fazer constantemente paráfrases mentais mais simples daquilo que está no texto, ou seja, fazer traduções em palavras próprias, dizer mentalmente com suas próprias palavras o que entendeu do texto. O procedimento de tradução mental simplificadora é muito útil para conferir se entendemos mesmo o texto ou não.

Identificação da coerência textual: diante de cada novo texto temos de identificar as estruturas básicas para compreender seu funcionamento. Assim, identificamos imediatamente o que é um poema, o que é uma fábula, o que é um texto dissertativo. Isto significa que a leitura para apreensão de informações deve ser uma leitura pausada, desacelerada, que vai do particular para o geral e volta do geral para o particular constantemente. Durante a leitura é preciso conferir as interpretações, fazendo perguntas ao texto. Para isso fazemos perguntas elementares:

- Quem escreve? Autor- Que tipo de texto? Gênero.- A quem se destina? Público.- Onde é veiculado? Suporte editorial.- Qual o objetivo? Intenções.- Com que autoridade? Papel social do autor.- O que eu já sei sobre o tema? Conhecimentos prévios do leitor.- Quais são os outros textos que estão sendo citados?

Intertextualidade.- Quais são as idéias principais? Informações.- Quais são as partes do texto que apresentam objetivos,

conceitos, definições, conclusões? Quais são as relações entre essas partes? Estrutura textual.

- Com que argumentos as idéias são defendidas? Provas.- Quais são as outras vozes que perpassam o texto? Distribuição

da responsabilidade pelas idéias.- Quais são os testemunhos utilizados? Depoimentos.- Quais são os exemplos citados? Fatos, dados.- Como são tratadas as idéias contrárias? Rebatimento ou

antecipação de oposições.

Percepção da intertextualidade: um texto traz em si marcas de outros textos, explícitas ou implícitas. A este fenômeno chamamos intertextualidade.

Monitoramento e concentração: fidelidade e concentração – antes de começar a ler um texto sempre estabelecemos consciente ou inconsciente, uma espécie de roteiro: como vamos ler? Para que vamos ler? Esse roteiro deve ser controlado e reavaliado durante a leitura. Algumas vezes pode merecer reorientação. Estou mesmo perseguindo meu objetivo? Já me distraí? Mudei o meu trajeto de leitura? Criei outro objetivo no percurso? Detecção de erros no processo de leitura – algumas vezes lemos muito rapidamente enquanto pensamos em outra coisa e, quando percebemos a distração, temos

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que voltar e reler aquele trecho. Essa capacidade de avaliar constantemente a própria leitura precisa ser desenvolvida. Ajuste de velocidade – o leitor deve controlar a velocidade de leitura de acordo com as dificuldades que o texto oferece e com os objetivos da leitura. Às vezes, podemos ler mais rapidamente: quando o assunto é conhecido, quando o trecho é fácil ou quando a leitura tem por objetivo a simples distração. Outras vezes, temos que ler desaceleradamente: quando estudamos assuntos desconhecidos. Tolerância e paciência – muitas vezes, desistimos da leitura de um texto no primeiro parágrafo. Esse procedimento é precipitado. É preciso mergulhar profundamente no texto para dar-lhe uma chance de ser bem sucedido. A primeira leitura, com freqüência, não é satisfatória e é preciso empreender uma segunda leitura, já com alguma informação sobre o texto e com mais atenção e concentração.

Conhecendo melhor o processo de leitura: Como vimos, a escrita depende de nosso conhecimento do assunto, da língua e dos modelos de texto; para isso, a leitura é fundamental. Pela leitura interiorizamos as estruturas da língua, os gêneros, os tipos de texto, os recursos estilísticos com mais eficácia que pelas aulas e exercícios gramaticais. Assim, naturalmente, a leitura ajuda a escrever melhor.

BIBLIOGRAFIA

MARTINS, Dileta Silveira, Lúbia Scliar Zilberknop. Português instrumental. São Paulo: Atlas, 2004.

FIORIN, José Luiz, Francisco Platão Savioli. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2007.

GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem escrever. São Paulo: Martins Fontes, 2001.