12
BULLYING: A intervenção do Assistente Social no âmbito escolar RESUMO O bullying tornou-se um problema endêmico nas escolas de todo o mundo, essa palavra ainda é pouco conhecida do grande público. De origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é utilizada para qualificar comportamentos violentos no âmbito escolar. O presente trabalho traz uma reflexão sobre o assunto, pretendendo conhecer o que é o bullying, como acontece, seus efeitos, as consequências causadas nas crianças e jovens e se possível indicar meios de impedir que esse mal se alastre no meio educacional. O artigo aqui apresentado tem como objetivo mostrar a importância do assistente social nas escolas, como ele pode interferir para prevenir formas de violência no âmbito escolar, evitando os atritos entre alunos, professores e demais funcionários da escola. O trabalho do Assistente Social na Educação deve levar estratégias aos discentes superando a subalternidade, e entendendo o que é respeitar e ser respeitado. Palavras-Chave: Bullying . Violência . Jovens . Serviço Social . Escola 1. INTRODUÇÃO Na televisão, nos telejornais, estão estampados todos os dias inúmeros casos de violência, na Internet, os sites de notícia estão repletos de acontecimentos que envolvem a violência. Então nos perguntamos, em que mundo estamos vivendo? Se a toda hora somos surpreendidos por fatos marcantes que mostram a violência dentro de casa, nas ruas, em todos os lugares. Podemos pensar que na escola nos filhos estão seguros, um ambiente em que eles aprendem o respeito mútuo, a valorização do ser humano. Deveria ser assim, se

Bullying

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Bullying

BULLYING: A intervenção do Assistente Social no âmbito escolar

RESUMO

O bullying tornou-se um problema endêmico nas escolas de todo o mundo, essa palavra ainda é pouco conhecida do grande público. De origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é utilizada para qualificar comportamentos violentos no âmbito escolar. O presente trabalho traz uma reflexão sobre o assunto, pretendendo conhecer o que é o bullying, como acontece, seus efeitos, as consequências causadas nas crianças e jovens e se possível indicar meios de impedir que esse mal se alastre no meio educacional. O artigo aqui apresentado tem como objetivo mostrar a importância do assistente social nas escolas, como ele pode interferir para prevenir formas de violência no âmbito escolar, evitando os atritos entre alunos, professores e demais funcionários da escola. O trabalho do Assistente Social na Educação deve levar estratégias aos discentes superando a subalternidade, e entendendo o que é respeitar e ser respeitado.

Palavras-Chave: Bullying . Violência . Jovens . Serviço Social . Escola

1. INTRODUÇÃO

Na televisão, nos telejornais, estão estampados todos os dias inúmeros casos de violência, na Internet, os sites de notícia estão repletos de acontecimentos que envolvem a violência. Então nos perguntamos, em que mundo estamos vivendo? Se a toda hora somos surpreendidos por fatos marcantes que mostram a violência dentro de casa, nas ruas, em todos os lugares. Podemos pensar que na escola nos filhos estão seguros, um ambiente em que eles aprendem o respeito mútuo, a valorização do ser humano. Deveria ser assim, se não houvesse também a violência entre os colegas, alunos e professores.

O que se vê é a agressão por todos os lados, se em casa há violência, porque na escola não haveria? Diante desses questionamentos, o presente trabalho pretende mostrar a violência escolar, bullying, como ela acontece, quais as medidas que podem ser tomadas para amenizar a situação em que se encontram as crianças e jovens em sala de aula, avaliando os efeitos e consequências que esse mal pode causar na vida de um jovem, as lembranças ele pode levar para o futuro. E buscar meios para evitar que tal abuso aconteça nas escolas, tanto entre os alunos, como também entre alunos e professores, e os demais funcionários da escola.

O bullying tornou-se um problema endêmico nas escolas de todo o mundo, essa palavra ainda é pouco conhecida do grande público. De origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é utilizada para qualificar comportamentos violentos no âmbito escolar.

Page 2: Bullying

Um dos responsáveis pela violência explícita e que tem tido um crescimento expressivo nos últimos anos. Está presente no nosso dia-a-dia há muito tempo, apesar de não percebermos e de não darmos a ele, a atenção merecida, até mesmo por falta de informação e por encarar essas atitudes como uma simples brincadeira.

No mundo inteiro essa brincadeira tem causado sérios problemas, não apenas nas escolas, mas até em casa, como o crescimento e avanço tecnológico, o bullying chegou à Internet (cyber bullying), hoje diversos jovens usam sites de relacionamento para agredir os colegas, insultá-los e expô-los ao ridículo.

A falta de respeito é muito grande, esse mal está afetando não apenas as crianças e adolescente, mas já está atingindo a classe adulta. É necessário que medidas sejam tomadas para combater o bullying, antes que mais pessoas sejam atingidas.

O papel do assistente social é de grande relevância no combate ao bullying nas escolas, pois o profissional que assumir esse papel deverá junto aos responsáveis pela educação escolar, buscar meios para resolver as divergências surgidas na sala de aula, evitando que as mesmas tomem proporção maior, fora da escola.

Todavia, o Assistente Social por ser um profissional que tem em suas ações mecanismos para desafiar conjunturas, e construir viabilidades em um cotidiano contraditório, levando a justiça com ações e não com discursos. Na inclusão dos direitos sócio-educacionais que pode construir novas identidades, frente à fragilidade dos discentes em uma instituição e na inter-relação discente-docente e família-comunidade.

2. BULLYING

Tão antigo quanto à instituição Escola, o bullying só passou a ser objeto de estudo na década de 70 na Suécia. A sociedade demonstrou uma preocupação maior com a violência praticada entres os estudantes e as consequências causadas no ambiente escolar. Em pouco tempo essa onda de violência tomou conta de diversas escolas no mundo inteiro, trazendo essa preocupação para todos os envolvidos com educação, pais, professores, funcionários e até mesmo os alunos.

Por muito tempo, em diversos países da Europa, o bullying foi motivo de apreensão entre pais e professores que se utilizavam dos meios de comunicação para expressar seus temores e angústias diante dos acontecimentos. Porém as autoridades educacionais, não deram relevância às ocorrências relatadas pelos educadores.

Após muitos acontecimentos fatídicos, como suicídio, assassinato, entre outros, é que se deu a verdadeira importância ao caso, tomando como ponto de partida estudar o que realmente acontecia com as crianças e adolescentes nas escolas.

Como relata Silva,

Page 3: Bullying

No final de 1982, um acontecimento dramático começou a reescrever a história do bullying naquele país: três crianças, com idade entre 10 e 14 anos, haviam se suicidado no norte da Noruega. As investigações do caso apontaram, como principal motivação da tragédia, as situações de maus-tratos a que tais jovens foram submetidos por seus colegas de escola. Em resposta à grande mobilização nacional diante dos fatos, o Ministério da Educação da Noruega realizou, em 1983, uma campanha em larga escala, visando ao combate efetivo do bullying escolar. (SILVA, 2010, p. 111)

Pesquisas ao redor do mundo relatam o crescimento do problema, cerca de 5% a 35% das crianças em idade escolar estão envolvidas em atitudes violentas na escola. Nessa estatística estão inclusos tanto os jovens vítimas da violência, quanto os agressores.

No Brasil, as pesquisas e a atenção voltadas ao tema ainda se dão de forma rudimentar. A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA) se dedica a estudar, pesquisar e divulgar o fenômeno bullying desde 2001.

2.1 Origem da palavra

Bullying é uma palavra de origem inglesa, que foi adotada por diversos países, para conceituar alguns comportamentos agressivos e anti-sociais, e é um termo muito utilizado nos estudos realizados sobre a problemática da violência escolar.

De acordo com Fante,

Bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro (s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do "comportamento bullying" (FANTE, 2005, p. 28 e 29).

A palavra é definida como um comportamento cruel intrínseco nas relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de diversão e prazer, através de “brincadeiras” que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar. Como não existe um só termo na Língua Portuguesa que seja capaz de manifestar todas as situações de bullying possíveis de ocorrer, a ABRAPIA nos traz um quadro, onde estão relacionadas algumas ações que podem estar presentes no fenômeno. São elas: colocar apelidos, ofender, gozar, encanar, humilhar, aterrorizar, tiranizar, fazer sofrer, discriminar, isolar, ignorar, intimidar, perseguir, amedrontar, agredir, bater, chutar, empurrar, ferir, roubar, quebrar pertences, dominar, assediar, entre outras.

Assim, no Brasil a termologia bullying, é adotada como na maioria dos países. Portanto, a expressão é compreendida como um subconjunto de comportamentos agressivos, sendo

Page 4: Bullying

caracterizado por sua natureza repetitiva e por desequilíbrio de poder, onde a vítima fica impossibilitada de se defender.

Cleo Fante (2005, p. 28) esclarece que “bully, enquanto nome é traduzido como: valentão, tirano, e como verbo: brutalizar, tiranizar, amedrontar”.

2.2 Quem pratica e quem pode sofrer com o bullying

Tanto meninas quanto meninos se envolvem nos comportamentos de bullying, porém as meninas tendem a praticar agressões na forma de terror psicológico e na manipulação de outras meninas contra as “colegas-alvo”. Enquanto as meninas fazem bullying na base dos mexericos e intrigas, os meninos tendem a utilizar a força física para firmarem seu poder sobre os demais.

É interessante ressaltar que, tanto entre os meninos, quanto entre as meninas, o cabeça ou líder do grupo de agressores, geralmente é o mais esperto, observador e frio. Na maioria dos casos não é o líder que espanca ou agride verbalmente a vítima, mas induz nos outros que necessitam de aceitação da turma a fazer o serviço sujo.

As vítimas da violência se tornam reféns do jogo de poder instituído pelos líderes dos agressores. Dificilmente pedem ajuda às autoridades escolares ou aos pais. Pensando que agindo dessa forma vão conseguir diminuir a retaliação dos seus agressores.

3. BULLYING: a problemática nas escolas

Se a maioria das agressões ocorre no ambiente escolar, principalmente dentro da sala de aula, os professores e as demais autoridades da instituição educacional estão falhando na identificação do problema. Essa atitude pode ocorrer por dois motivos: desconhecimento dos fatos ou negação do fenômeno bullying em sua sala de aula.

O bullying ocorre em todas as escolas, independentemente de sua tradição, localização ou poder aquisitivo dos alunos. Podemos afirmar que o fenômeno está presente democraticamente em 100% das escolas em todo o mundo, sejam elas públicas ou particulares. Tendo como variantes os índices encontrados em cada realidade escolar. Isso depende do conhecimento da situação e da postura que cada instituição segue, ao se defrontar com casos de violência entre os alunos.

A realidade presenciada nas escolas é impregnada de diversas formas de violência, às vezes oculta, onde os alunos passam por situações de humilhação, gozações, ameaças, imputação de apelidos constrangedores, chantagens, intimidações. Quando isso ocorre, na maioria dos casos, os alunos, vítimas do Bullying ficam em silêncio, por se sentirem envergonhados ou com medo de novos ataques, por parte dos agressores. (FANTE, 2005, p. 16)

O bullying tornou-se um problema endêmico nas escolas do mundo todo. O abuso de poder, a intimidação e a prepotência são algumas das estratégias adotadas pelos praticantes de bullying (os bullies) para impor sua autoridade e manter suas vítimas sob total domínio.

Page 5: Bullying

Infelizmente esse contexto não é aplicado apenas nas escolas, de acordo com Silva (2010), “Os ‘valentões’ não estão somente nas escolas, eles podem ser encontrados em qualquer segmento da sociedade”.

Para a autora,

Os bullies juvenis também crescem e serão encontrados em versões adultas ou amadurecidas (ou melhor, apodrecidas). No contexto familiar, os bullies crescidos e mais experientes podem ser identificados na figura de pais, cônjuges ou irmãos dominadores, manipuladores e perversos, capazes de destruir a saúde física e mental, a autoestima de seus alvos prediletos. No território profissional, costumam ser chefes ou colegas tiranos, “mascarados” e impiedosos. Suas atitudes agressoras (ou transgressoras) estão configuradas na corrupção, na coação, no uso indevido do dinheiro público, na imprudência arbitrária no trânsito, na negligência com os enfermos, no abuso de poder de lideranças, no sarcasmo de quem se utiliza da “lei da esperteza”, no descaso das autoridades, no prazer em ver o outro sofre... (SILVA 2010, p. 22)

Dessa maneira, o termo bullying pode ser adotado para explicar todo tipo de comportamento agressivo, cruel, proposital e sistemático inerente às relações interpessoais.

Nas escolas, algumas atitudes podem se configurar em formas diretas ou indiretas de praticar a violência, porém, dificilmente a vítima receberá apenas um tipo de muas-tratos, geralmente, os comportamentos desrespeitosos vêm em “bando”.

Essa versatilidade de atitudes maldosas contribui não somente para a exclusão social da vítima, como também para muitos casos de evasão escolar, e pode se expressar das mais variadas formas: verbal, físico e material, psicológico e moral, sexual, virtual. Trazendo para as vítimas consequências psíquicas e comportamentais como: sintomas psicossomáticos, transtorno do pânico, fobia escolar, transtorno de ansiedade social (TAS), transtorno de ansiedade generalizada (TAG), depressão, anorexia e bulimia, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transstorno de estresse pós-traumático (TEPT) e em quadros menos freqüentes a esquizofrenia, suicídio e homicídio.

Portanto, o bullying além de ser uma prática inaceitável nas relações interpessoais, pode levar a quadros clínicos que exijam cuidados médicos e psicológicos para que sejam superados.

As escolas mais sensíveis e atentas às mudanças globais de nosso tempo já estão procurando iniciar processos de inovação e de reforma que poderão dar conta dos novos desafios. É importante modificar não apenas a organização escolar, os conteúdos programáticos, os métodos de ensino e estudo, mas, sobretudo, a mentalidade da educação formal.

Essas mudanças devem redefinir papéis, funções e expectativas de todas as partes envolvidas no contexto educacional.

4. O ASSISTENTE SOCIAL COMO AGENTE FUNDAMENTAL NA EDUCAÇÃO

Page 6: Bullying

As escolas, os pais, todos os responsáveis pela educação das crianças e adolescentes devem estar atentos ao comportamento das mesmas, para identificar o problema o quanto antes. Quanto mais cedo o bullying for identificado, melhor será de resolvê-lo, seja a criança o agressor ou a vítima.

As crianças têm uma facilidade muito grande em expandir suas idéias, portanto é de suma importância que as atitudes agressivas sejam rapidamente percebida pelos adultos, também o medo que algumas crianças desenvolvem, o pavor de ir à escola, ou até mesmo de se aproximar das pessoas.

No Brasil, o atraso em identificar e enfrentar o problema foi enorme, apenas no ano de 2000, “quando Cleo Fante e José Augusto Pedra realizaram uma pesquisa séria e bastante abrangente sobre o assunto” (SILVA, 2010, p. 161). Com esse trabalho foi desenvolvido um programa de combate ao bullying, que recebeu o nome de “Educar para a Paz”. A partir daí o tema começou a ser discutido em debates públicos e ganhou espaço no país.

Como relata Silva,

Nessa luta épica, cujo cenário principal é a escola e os atores principais são os profissionais de educação, estão em jogo os bens mais preciosos da humanidade: a solidariedade, o respeito às diferenças, à tolerância, a cooperação, a justiça, a dignidade, a honestidade, a amizade e o amor ao próximo. (SILVA, 2010, p. 174)

A escola é um dos principais equipamentos sociais, de tal maneira tem sido desafiada diariamente em articular o conhecimento que é trabalhado no contexto escolar com a realidade social do aluno, ou seja, seus problemas e necessidades sociais. Neste sentido, se torna essencial e fundamental que a escola comece a conhecer a realidade social dos seus alunos, podendo também encurtar a distância que a separa do universo familiar.

Desta maneira, a inserção do Serviço Social na escola, deve contribuir para com ações que tornem a educação como uma prática de inclusão social, de formação da cidadania e emancipação dos sujeitos sociais. Ambos, tanto a escola como o Serviço Social, trabalham diretamente com a educação, com a consciência, com a oportunidade de possibilitar as pessoas que se tornem conscientes e sujeitas de sua própria história.

Amaro (1997) reflete que Educadores e Assistentes Sociais compartilham desafios semelhantes, e tem na escola como ponto de encontro para enfrentá-los. Tem-se a necessidade de fazer algo em torno dos problemas sociais que repercutem e implicam de forma negativa no desempenho do aluno e leva o educador pedagógico a recorrer ao Assistente Social.

É importante ressaltar que o profissional de Serviço Social, inserido na escola, não desenvolve ações que substituem aquelas desempenhadas por profissionais tradicionais da área de Educação. Sua contribuição se concretiza no sentido de subsidiar, auxiliar a escola, e seus demais profissionais, no enfrentamento de questões que integram a pauta da formação e do fazer profissional do Assistente Social, sobre as quais, muitas vezes a escola não sabe como intervir.

Desta forma, pode-se afirmar:

Page 7: Bullying

O campo educacional torna-se para o assistente social hoje não apenas um futuro campo de trabalho, mas sim um componente concreto do seu trabalho em diferentes áreas de atuação que precisa ser desvelado, visto que encerra a possibilidade de uma ampliação teórica, política, instrumental da sua própria atuação profissional e de sua vinculação às lutas sociais que expressam na esfera da cultura e do trabalho, centrais nesta passagem de milênio (ALMEIDA, 2000, p.74).

Nesse sentido, a contribuição que o Assistente Social tem a oferecer dá-se também na atuação em equipes interdisciplinares, no âmbito das quais, os distintos saberes, vinculados às distintas formações profissionais, possibilitam uma visão mais ampliada, e compreensões mais consistentes em torno dos mesmos processos sociais. Assim, o profissional do Serviço Social pode articular propostas de ações efetivas, a partir do resgate da visão de integralidade humana e do real significado histórico-social do conhecimento.

Para Amaro (1997), a interdisciplinaridade, no contexto escolar, representa estágios de superação do pensar fragmentado e disciplinar, resultando-se na idéia de complementaridade recíproca entre as áreas e seus respectivos saberes.

Segundo o CFESS (2001),

Os problemas sociais a serem combatidos pelo assistente social na área da educação são: Baixo rendimento escolar; Evasão escolar; Desinteresse pelo aprendizado; Problemas com disciplina; Insubordinação a qualquer limite ou regra escolar; Vulnerabilidade às drogas; Atitudes e comportamentos agressivos e violentos (CFESS, 2001, p.23).

Para Martins (1999),

Os objetivos da prática profissional do Serviço Social no setor educacional são: Contribuir para o ingresso, regresso, permanência e sucesso da criança e adolescente na escola; Favorecer a relação famíla-escola-comunidade ampliando o espaço de participação destas na escola, incluindo a mesma no processo educativo; Ampliar a visão social dos sujeitos envolvidos com a educação, decodificando as questões sociais; Proporcionar articulação entre educação e as demais políticas sociais e organizações do terceiro setor, estabelecendo parcerias, facilitando o acesso da comunidade escolar aos seus direitos (MARTINS, 1999, p.60).

Neste contexto compreende-se que são muitas as contribuições que o Assistente Social, se encontra apto e capacitado para intervir, complementando o trabalho que já é desenvolvido na escola por outros profissionais conhecidos da área, como: professores, orientadores educacionais e pedagógicos, dentre outros. É importante salientar que o Assistente Social no âmbito da educação não se insere neste espaço para substituir outro profissional ali existente, mas sim se tem como objetivo o trabalho dos conhecimentos interdisciplinariamente, no intuito de superação das demandas emergentes ao contexto educacional.

Page 8: Bullying

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Serviço Social Escolar tem o objetivo de contribuir com a problemática social que é perpassada no cotidiano da comunidade escolar – alunos, professores, pais – seja com encaminhamentos, orientações, informações, projetos de cunho educativo, que possam promover a cidadania, ações e projetos voltados para as famílias, etc. Desse modo, entende-se que para atingir a criança e o adolescente de forma integral, é necessário intervenções no contexto familiar, seja em âmbito sócio-educativo, como também de momentos de ensino-aprendizagem e reflexão, em um viés de participação, autonomia e cidadania.

Perceber a importância da contribuição e ao mesmo tempo, a extrema urgência do desempenho do exercício profissional do Assistente Social junto às escolas, é o objetivo da presente pesquisa. Sabendo-se que este é ainda um campo de atuação muito novo para o Serviço Social, como campo de atuação e de intervenção vendo as necessidades, a real demanda e problemática social que é apresentada no setor educacional.

Acredita-se assim, que a implantação do Serviço Social nas escolas, tanto na rede pública como na privada, é uma das medidas que pode criar condições para o efetivo exercício da cidadania, o que certamente contribuirá para a inclusão social das crianças e adolescentes e refletirá nas relações sociais familiares.

O bullying é um problema sério, a atuação do Assistente Social nas escolas só tem a contribuir para a resolução desse problema que vem aterrorizando cada vez mais as crianças, os adolescentes, os pais e professores.

É de extrema urgência das escolas e da sociedade, que sejam tomadas medidas capazes de combater ou ao menos prevenir o alastramento desse mal. Quando descrevemos sobre a atribuição de competências e responsabilidades, podemos dizer que é necessário que se encare com seriedade o desafio de não mais se restringir a uma atitude passiva, mas sim, que se tenha uma postura ativa, que contemple e procure realizar um trabalho profundo.

Organizar ações de formação para todos os setores envolvidos sobre a temática e todas as suas implicações é também um vetor de combate e prevenção do bullying.

A solução é criar um ambiente escolar seguro e sadio, onde a escola possa trabalhar valores fundamentais, como respeito, amizade, solidariedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAPIA. Bullying. Disponível em: http://www.bullying.com.br. Acesso em setembro/2010.

ALMEIDA, Ney Luiz Teixeira. O Serviço Social na educação. In: Revista Inscrita, nº 6. Brasília, 2000.

Page 9: Bullying

AMARO, Sarita Teresinha Alves. Serviço Social na escola: o encontro da realidade com a educação. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1997.

BRASIL. Lei 8.069/90. Estatuto da Criança e do Adolescente. ECA. Porto Alegre: CRESS, 2000.

CFESS. Serviço Social na Educação. Grupo de estudos sobre o Serviço Social na Educação. Brasília: 2001.

FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying – Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2ª edição. Campinas SP: Veros Editora, 2005.

MARTINS, Eliana Bolorino Canteiro. O Serviço Social na área da Educação. In: Revista Serviço Social & Realidade. V 8 Nº 1. UNESP, Franca: São Paulo, 1999.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas ESCOLAS. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.