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DIREITO PROCESSUAL PENAL PROGRAMA TJDFT 2013 DIREITO PROCESSUAL PENAL: 1 Fontes do direito processual penal. 1.1 Princípios aplicáveis ao direito processual penal. 2 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas. 2.1 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 3 Inquérito policial. 4 Processo, procedimento e relação jurídica processual. 4.1 Elementos identificadores da relação processual. 4.2 Formas do procedimento. 4.3 Princípios gerais e informadores do processo. 4.4 Pretensão punitiva. 4.5 Tipos de processo penal. 4.6 Jurisdição. 5 Ação penal. 6 Ação civil. 7 Competência. 8 Questões e processos incidentes. 9 Prova. 9.1 Lei 9.296/1996 (interceptação telefônica). 10 Juiz, Ministério Público, acusado e defensor. 10.1 Assistentes e auxiliares da justiça. 10.2 Atos de terceiros. 11 Prisão, medidas cautelares e liberdade provisória. 11.1 Lei nº 7.960/1989 (prisão temporária). 12 Citações e intimações. 13 Sentença e coisa julgada. 14 Processos em espécie. 14.1 Processo comum. 14.2 Processos especiais. 15 Lei nº 9.099/1995 e Lei nº 10.259/2001 e alterações (juizados especiais criminais). 16 Prazos. 16.1 Características, princípios e contagem. 17 Nulidades. 18 Recursos em geral. 19 Habeas corpus e seu processo. 20 Lei nº 7.210/1984 e alterações (execução penal). 21 Relações jurisdicionais

Direito Processual Penal - Aula 1

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

PROGRAMA TJDFT 2013DIREITO PROCESSUAL PENAL: 1 Fontes do direito processual penal. 1.1 Princípios aplicáveis ao direito processual penal. 2 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas. 2.1 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 3 Inquérito policial. 4 Processo, procedimento e relação jurídica processual. 4.1 Elementos identificadores da relação processual. 4.2 Formas do procedimento. 4.3 Princípios gerais e informadores do processo. 4.4 Pretensão punitiva. 4.5 Tipos de processo penal. 4.6 Jurisdição. 5 Ação penal. 6 Ação civil. 7 Competência. 8 Questões e processos incidentes. 9 Prova. 9.1 Lei nº 9.296/1996 (interceptação telefônica). 10 Juiz, Ministério Público, acusado e defensor. 10.1 Assistentes e auxiliares da justiça. 10.2 Atos de terceiros. 11 Prisão, medidas cautelares e liberdade provisória. 11.1 Lei nº 7.960/1989 (prisão temporária). 12 Citações e intimações. 13 Sentença e coisa julgada. 14 Processos em espécie. 14.1 Processo comum. 14.2 Processos especiais. 15 Lei nº 9.099/1995 e Lei nº 10.259/2001 e alterações (juizados especiais criminais). 16 Prazos. 16.1 Características, princípios e contagem. 17 Nulidades. 18 Recursos em geral. 19 Habeas corpus e seu processo. 20 Lei nº 7.210/1984 e alterações (execução penal). 21 Relações jurisdicionais com autoridade estrangeira. 22 Disposições gerais do Código de Processo Penal. 23 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

CONCEITOS INICIAIS

PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS

LEI PROCESSUAL NO TEMPO E NO ESPAÇO

DO INQUÉRITO POLICIAL

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CONCEITOS INICIAISO Direito processual penal é ramo autônomo da Ciência Jurídica, que estuda as normas destinadas a regular o exercício do jus puniendi do Estado por intermédio dos seus órgãos constituídos com tal finalidade, assegurando a realização da pretensão punitiva no caso concreto

Autônomo

Positivo

Instrumental

DIREITO PROCESSUAL PENAL

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PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL

Duplo grau de jurisdição (art, 5º, LIV, CF)

Dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF)

Princípios Regentes Concernentes ao

indivíduo•presunção de inocência (art. 5º, LVII, CF)

•Ampla defesa (art. 5º, LV, CF)

•Plenitude de defesa (art. 5º, XXXVIII, CF)Concernentes à

relação processual•Contraditório (art. 5º, LV, CF)

Concernentes à atuação do Estado• Juiz natural (art. 5º, LIII, CF)• Publicidade (art. 5º, XXXIII, LX e 93, IX, CF)

• Vedação de provas ilícitas (art. 5º, LVI, CF)

• Economia processual• Razoável duração do processo

• Tribunal do Júri• Legalidade estrita da prisão cautelar

Princípios Constitucion

ais processuais explícitos

Concernentes à relação processual•Duplo grau de jurisdição

Concernentes à atuação do Estado•Promotor natural•Obrigatoriedade e indivisibilidade

•Oficialidade

Princípios Constitucion

ais processuais implícitos

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LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO

• A lei processual é aplicada imediatamente. • TEMPUS REGIT ACTUM

REGRA GERAL

• Respeita-se o transcurso de prazo já iniciado sob a lei anterior

EXCEÇÃO

• Normas que possuam caráter híbrido podem ser aplicadas retroativamente, desde que beneficiem o réu.

NORMAS PROCESSUAIS PENAIS MATERIAIS

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LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO

• Aplica-se a lei processual brasileira a todo crime ocorrido em território nacional.

REGRA GERAL

• Tratados e convenções subscritos pelo Brasil podem excepcionar a aplicação da lei brasileira. EXEMPLO: Convenção de Viena (imunidades diplomáticas).

EXCEÇÃO

• Por entender que o tratado é norma supralegal, o STF declara que o tratado prevalece sobre as leis.

CONFLITO ENTRE TRATADO E DIREITO INTERNO

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SISTEMAS DE PROCESSO PENAL

Sistema inquisitivo• Concentração de poderes nas mãos da

autoridade.• Sigiloso• Sem garantias de contraditório e de ampla

defesaSistema acusatório• Separação entre órgão acusador e julgador• Isonomia e publicidade

Sistema misto• Divide-se em duas fases: uma instrutória e uma

processual.

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INQUÉRITO POLICIAL

CONCEITO• É procedimento administrativo,

inquisitório e preparatório, consistente em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa, cujo objetivo é a apuração da autoria e da materialidade da infração penal. É presidido pela autoridade policial e tem por escopo o oferecimento de elementos de informação para que o titular da ação penal possa dar início à persecução penal em juízo.

Page 9: Direito Processual Penal - Aula 1

TERMO CIRCUNSTANCIADO

CONCEITO

• Criado pela Lei nº 9.099/95• utilizado para apurar as infrações de menor potencial ofensivo (contravenções penais e crimes

cuja máxima pena cominada é de até dois anos, cumulada ou não com multa, sujeitos ou não a procedimento especial).

ELEMENTOS (art. 69, Lei nº 9.099/95)

• Qualificação do pretenso autor.• Qualificação da vítima.• Descrição dos fatos• Qualificação das testemunhas.• Exames requisitados (não necessariamente realizados).

Page 10: Direito Processual Penal - Aula 1

INQUÉRITO POLICIALINDICIAMENTO

• indiciar significa atribuir a autoria de uma infração penal a uma determinada pessoa. Consiste em ato privativo da autoridade policial.

Os pressupostos para o indiciamento:

• prova da existência do crime (materialidade) e indícios de autoria.

QUEM PODE SER INDICIADO

• EM REGRA: Qualquer pessoa pode ser alvo de inquérito policial.

EXCEÇÕES

• Lei nº 8.625/93 (Membros do Ministério Público)• Pessoas com foro por prerrogativa de função. (STF, Pet 3825 QO, Relator (a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal

Pleno, julgado em 10/10/2000)

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INQUÉRITO POLICIAL

NATUREZA JURÍDICA

• O inquérito tem natureza jurídica de procedimento administrativo. • Não há, portanto, que se falar em nulidade no curso do inquérito.

ATRIBUIÇÃO E DIREÇÃO

• Compete à polícia investigativa e dependerá do local de cometimento da infração (ratione loci) ou em razão da matéria (ratione materiae)

• Quem dirige o inquérito é a autoridade policial (Delegado)

Page 12: Direito Processual Penal - Aula 1

INQUÉRITO POLICIALATRIBUIÇÃO DO INQUÉRITO

COMPETÊNCIA (JURISDICIONAL)

ATRIBUIÇÃO (INQUÉRITO)

Justiça Militar da União Forças Armadas

Justiça Militar estadual Polícia Militar (Inquérito Policial Militar)

Justiça federal ou eleitoral Polícia Federal

Justiça estadual Polícia Civil ou Polícia Federal (ver art. 144, § 1º, I, segunda parte, CF).

Page 13: Direito Processual Penal - Aula 1

INQUÉRITO POLICIALCaracterísticas

Escrito

• Ver art. 405, § 1º, CPP

Instrumental

• Destinado à colheita de elementos informativos

Obrigatório

• Não compete à autoridade policial dispensá-lo quando que houver indícios suficientes para indicar a existência de uma infração penal.• Em caso de indeferimento por parte do delegado, caberá recurso ao Chefe de Polícia.

Dispensável

• não há necessidade de prévia instauração do inquérito policial para que seja ajuizada a ação penal.

Page 14: Direito Processual Penal - Aula 1

INQUÉRITO POLICIALCaracterísticas

Sigiloso

• o acesso aos autos do inquérito é facultado ao juiz, ao Ministério Público e ao advogado, mesmo sem procuração nos autos.• O advogado tem acesso às informações constantes nos autos, mas não às diligências em andamento.

Inquisitivo

• não há exigência de contraditório ou de ampla defesa.

Indisponível

• A autoridade policial não pode determinar o arquivamento do inquérito policial.

Discricionário

• Cabe à autoridade que dirige o inquérito decidir quanto a necessidade e adequação das diligências a serem realizadas.

Informativo

• tem por objetivo a colheita de elementos de informação quanto à autoria e à materialidade da infração penal.

Page 15: Direito Processual Penal - Aula 1

INQUÉRITO POLICIAL

ELEMENTOS INFORMATIVOS PROVAColhidos na fase investigatória Colhidas na fase judicial

Sistema inquisitivo Sistema acusatórioNão há contraditório Contraditório asseguradoNão há ampla defesa Ampla defesa garantida

Prestam-se à decretação de medidas cautelares e para a formação da opinio

delicti

Servem para formar a convicção do magistrado, no sentido de absolver ou

condenar.Não podem, exclusivamente,

fundamentar a decisão do juiz. (Art. 155, do CPP)

Livremente apreciadas, são utilizadas para fundamentar as decisões do juiz.

PROVAS PRODUZIDAS DURANTE O INQUÉRITO POLICIAL

•Provas cautelares•Provas irrepetíveis•Provas antecipadas (Ex.: art. 225, CPP)

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FIM DA AULA I

Próxima aula: Inquérito Policial (Continuação)

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QUESTÕES

(CESPE/Defensor Público da União/2010) O direito processual brasileiro adota o sistema do isolamento dos atos processuais, de maneira que, se uma lei processual penal passa a vigorar estando o processo em curso, ela será imediatamente aplicada, sem prejuízo dos atos já realizados sob a vigência da lei anterior.CORRETO. Adota-se, no Brasil, o sistema de isolamento dos atos processuais, que impede que lei nova alcance atos processuais já exauridos, aplicando-se, contudo, aos atos subsequentes. Art. 2º do CPP

(CESPE/Promotor MPE-RO/2010) A lei penal e a lei processual penal observam o princípio da territorialidade absoluta em razão de a prestação jurisdicional ser uma função soberana do Estado, que só pode ser exercida nos limites do território nacional.ERRADO. Há hipóteses em que a incidência da lei processual penal brasileira é afastada, tal como ocorre quando da incidência de tratados ou convenções internacionais.

(CESPE/Juiz Federal Substituto-TRF 2ª/2009) Buscando concretizar os preceitos previstos na Convenção Americana de Direitos Humanos, a Emenda Constitucional nº 45/2004 introduziu na CF uma nova modalidade de recurso inominado, de modo a conferir eficácia ao duplo grau de jurisdição.ERRADO. Não obstante o fato de que o princípio do duplo grau de jurisdição tenha sido internalizado no direito brasileiro, em julgado relatado pelo Min. Joaquim Barbosa, o STF já reconheceu que o duplo grau de jurisdição não é uma garantia absoluta, podendo ser excepcionada em algumas hipóteses.

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QUESTÕES

(CESPE/Juiz Federal Substituto-TRF 2ª/2009) Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.CORRETO. Diz a Súmula nº 704 do STF: “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados”.

(CESPE/Polícia Civil-TO/2008) Impera no processo penal o princípio da verdade real e não da verdade formal, próprio do processo civil, em que, se o réu não se defender, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pelo autor.CORRETO. No âmbito do Direito Processual Penal impera o princípio da verdade real.

(CESPE/Juiz Federal Substituto TRF 2ª/2009) Não há contraditório no inquérito policial, procedimento eminentemente inquisitório, de forma que o defensor, ainda que no interesse do representado, não tem direito a acesso amplo aos elementos de prova já documentados nos autos e que digam respeito ao direito de defesa; poderá ele, sobre tais documentos, exercer o contraditório diferido.ERRADO. De fato, não há contraditório em sede de inquérito policial, que é essencialmente inquisitivo. Entretanto, a Lei nº 8.906/94 reza que o advogado tem direito de “examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos”.

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QUESTÕES

(CESPE/AGU/2010) Embora o inquérito policial tenha natureza de procedimento informativo, e não de ato de jurisdição, os vícios nele existentes podem contaminar a ação penal subsequente, com base na teoria norte-americana dos frutos da árvore envenenada, ou “fruits of the poisonous tree”.ERRADO. Irregularidades havidas na fase inquisitiva, não obstante possam, em determinados casos, ensejar a revogação do decreto prisional, não têm o condão de contaminar o processo.(RHC 13756, Min. José Arnaldo, DJ 21/3/05).

(CESPE/Promotor MPE-RO/2010) A prova pericial, apesar de colhida durante o IP, é prova técnica e se submete ao contraditório diferido, razão pela qual tem valor probatório absoluto e não pode ser desconsiderada pelo juiz no momento da sentença.ERRADO. As provas colhidas no inquérito têm valor probatório relativo (não absoluto). No processo penal a prova pericial, de regra, é oficial e sujeita ao contraditório diferido (postergado).