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[email protected] @jornallona Ano XIII - Número 730 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Curitiba, terça-feira, 5 de junho de 2012 O único jornal-laboratório DIÁRIO do Brasil Ippuc / SMCS lona.redeteia.com PERFIL PROJETO Projeto Ficha Limpa é aprovado na Câmara de Vereadores de Curitiba Depois de um ano de paralisação, a carta que protocolava o projeto teve de ser reescrita pela prefeitura para ser aprovada por unanimidade na Câmara Municipal Pág. 3 Jogadores estrelas geram problemas para clubes brasileiros Pág. 7 ESPORTE Conheça mais sobre o cantor e compositor paranaense K-tito Pág. 8 Saiba mais sobre teste em animais Págs. 4 e 5 ESPECIAL Duas empresas se apresentaram para gerir a Ópera de Arame, Pedreira e o Parque Náutico Pág. 2

LONA 730 - 05/06/2012

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, terça-feira, 5 de junho de 2012

[email protected] @jornallona

Ano XIII - Número 730Jornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade PositivoCuritiba, terça-feira, 5 de junho de 2012

O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

Ippu

c /

SMCS

lona.redeteia.com

PERFIL

PROJETO Projeto Ficha Limpa é aprovado na Câmara de Vereadores de Curitiba

Depois de um ano de paralisação, a carta que protocolava o projeto teve de ser reescrita pela

prefeitura para ser aprovada porunanimidade na Câmara Municipal

Pág. 3

Jogadores estrelas geram problemas

para clubesbrasileiros

Pág. 7

ESPORTE

Conheça mais sobre o cantor e compositor

paranaense K-tito

Pág. 8

Saiba mais sobre

teste em animais

Págs. 4 e 5

ESPECIAL

Duas empresas seapresentaram para

gerir a Ópera de Arame, Pedreira e o Parque

Náutico

Pág. 2

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Curitiba, terça-feira, 5 de junho de 2012

Nos anos 1950, os Estados Unidos viviam a era de seus primeiros problemas de tráfego, com vias congestiona-das, leis permissivas e necessidade premente de regula-rização da circulação. Em uma captura antológica do es-pírito do tempo, Walt Disney filmou Pateta no Trânsito, desenho em que Pateta que vive um personagem gentil, o Sr. Walker, que não fazia mal nem a uma mosca enquanto pedestre, porém, quando pegava o carro, se transformava em um motorista perigoso, o Sr. Weelings. A obra, ainda hoje utilizado em autoescolas e reciclagens de motoristas, é emblemática do comportamento humano no trânsito.

Segundo o estudo nacional Mapa da Violência 2012, do Instituto Sangari, o Paraná é o quinto estado com o trân-sito mais violento entre 2000 e 2010. Só em 2010 foram 3400 mortes. No Brasil, forma 40,9 mil mortes. Das cem cidades apontadas como detentoras do trânsito mais caó-tico e violento, 15 são paranaenses, sendo duas delas en-tre as dez primeiras: Campina Grande do Sul, em segundo lugar, e Tibagi, em sétimo. (O caso de Campina Grande do Sul, a 40 km de Curitiba é um tanto mais peculiar: a cidade, que não tem sequer um semáforo, tem um dos principais hospitais particulares do país em traumatolo-gia, o Hospital Angelina Caron, e muitos acidentados são dirigidos para cirurgias delicadas na cidade, aumentando consideravelmente as estatísticas de violência no trânsito. Tibagi, por sua vez, é entrecortada por três rodovias: a BR-376, a BR-153 e a PR-340.)

O dado animador é que Curitiba, por sua vez, conse-guiu reduzir as mortes (foram 400 mortes em 2010, 13,6% a menos que em 2000) através de campanhas e ações edu-cativas, além da fiscalização eletrônica ostensiva.

Uma coisa é evidente: o trânsito é assunto de seguran-ça pública, que exige das autoridades públicas o máximo de empenho. Entretanto, é preciso ponderar também que o indivíduo tem um papel preponderante na diminuição destas estatísticas – e o aspecto cultural do veículo como balança de sucesso pessoal também tem que ser conside-rado.

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ExpedienteReitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Adminis-tração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Consentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editora-chefe: Suelen Lorianny |Repórter: Vitória Peluso | Pauteira: Renata Pinto| Edi-torial: Daniel Zanella

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Univer-sidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conec-tora 5. Campo Comprido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 3317-3044.

OpiniãoEditorial

Maximilian Rox

Pode ser seu pai, ou mesmo aquela pessoa que inicia a luta pelos direitos de um grupo. Pode ser aquele jogador cheio de habilidade que não para-mos de admirar, ou mesmo um simples cidadão. Mas sempre temos ídolos, aquelas pessoas que sempre demonstram valores frente aos nossos olhos.

E assim fascinou-me a ação de uma pessoa em particular, em um evento único, timidamente noticiado pelas mídias nesse final de semana. Nesse evento, encaixou-se em minha lista de ídolos - recheada por jogadores pro-fissionais de esporte eletrônico - um simples motorista de ônibus. Em uma viagem de serviço, o motorista foi atingido no peito por um objeto metálico que atravessou o para-brisa de seu ônibus. Naquele estado, aquele chinês ainda estacionou o ônibus e pediu para que nenhum dos passageiros saísse sem que o veículo estivesse estacionado em segurança. Uma hora depois, ele não resistiu e faleceu no hospital. A China comoveu-se, e os passageiros o chamaram de herói.

Superestimamos a imagem do herói clássico e esquecemos que eles não carregam mais espadas ou lutam em odisséias - mas hoje eles continuam salvando vidas. E muitos são pessoas comuns, elevados a esse status por uma ação admirável e comovente.

Não precisamos de heróis elevados somente pela fama. Precisamos deles como pessoas que pensem no bem-estar das demais. De heróis estrelados, as novelas e filmes já estão saturados.

Que nossos heróis saiam dos gibis e telas de cinema.

Sr. Walker Herói

Isabelle Santos Kolb, aluna do 1º perído do curso de Jornalismo da Universidade Positivo

Carta do Leitor

Nessa quinta-feira, 31/05, estive em Chapecó para conhecer o Intercom Sul, embora não tivesse nenhum trabalho para apresentar, pois estou no primeiro período. Do primeiro ano, só havia eu e mais uma colega.

Além de ter a oportunidade de conhecer os veteranos e, sabendo que seremos nós, calouros, a fazer o mesmo nos anos seguintes, pudemos presenciar a exibição dos projetos dos alunos, compartilhar alguns momentos de nervosismo e frustração.

Ouvi de vários colegas que seria aquela a primeira vez que estariam presenciando o evento, e que a nossa iniciativa de tentar ter uma visão prévia daquela angústia, daquela correria, era “muito legal!”. Alguns comentários frustrados sobre a organização do congresso também nos levaram à preparação antecipada para o caso de certos imprevistos, ou algumas “injustiças”.

Num panorama geral, mesmo não podendo fazer parte das oficinas oferecidas, nem participar do evento em si, vale a pena conhecer antes do tempo o que virá a nos preocupar num futuro próximo, ganhar novos companheiros e nos aproximar de quem poderá nos ajudar.

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Curitiba, terça-feira, 5 de junho de 2012 3

Após mais de um ano, Lei da “Ficha Limpa” é aprovada em Curitiba

Rodolpho RoncaglioGustavo VazOsmar Junior

Depois de mais de um ano de espera, foi votada na manhã de ontem, na Câma-ra Municipal de Curitiba, a Lei da Ficha limpa para co-missionados. O projeto foi apresentado pelo vereador Professor Galdino em mar-ço de 2011 e, devido a “um certo descaso”, como dito

pelo vereador, o projeto en-trou em votação hoje e foi aprovado por unanimidade por todos os 28 vereadores que compareceram à sessão na Câmara Municipal de Curitiba.

“Fomos pioneiros no Pa-raná. Apresentamos esse projeto mais de um ano atrás, inspirados na Lei da Ficha Limpa nacional, que foi fruto de uma grande mo-bilização popular e da qual temos o orgulho de dizer que participamos, assinan-

do e colhendo assinaturas. Aguardamos pacientemen-te por mais de um ano para que a proposta fosse ao Ple-nário, mas fomos vencidos pela lentidão desse proces-so”, informou o vereador ao LONA.

Paralisado na comissão de Legislação, Justiça e Re-dação até semana passada, um novo texto, praticamen-te igual ao que Galdino ha-via entregue em 2011, teve de ser redigido, desta vez pela prefeitura, para entrar

em vigor, ainda segundo a assessoria de imprensa do parlamentar. “Tive que re-tirar meu pedido de entrada do projeto para que o da pre-feitura pudesse ser votado”, admitiu o parlamentar em entrevista ao Lona, afirman-do, entretanto, que o projeto era de sua autoria.

O texto do vereador Gal-dino e o da prefeitura ti-nham algumas diferenças, entre elas a de que no texto da prefeitura não está dito que os cargos comissiona-

dos sejam enquadrados na exigência do ficha limpa, fato que fez com que o ve-reador pedisse a inserção de mais duas emendas no texto da prefeitura.

“A primeira incluiu os comissionados da Câma-ra Municipal no projeto e a segunda impõem que no ato da nomeação, ou seja, da apresentação no serviço, uma comprovação seja feita para conferir se o contrata-do realmente tem ficha lim-pa”, concluiu Galdino.

Duas empresas apresentaram projeto para a Ópera de Arame e o Parque NáuticoRodolpho RoncaglioGustavo VazOsmar Junior

Aconteceu ontem a abertura dos envelopes com as empresas inscri-tas na licitação que in-dicará quem vai admi-nistrar espaços turísticos importantes de Curitiba, no caso, a Pedreira Pau-

lo Leminski, a Opera de Arame e o Parque Náuti-co.

“Somente as empresas Parnaxx e DC Set Even-tos se apresentaram para o edital. Agora serão ava-liadas as partes das pro-postas por uma comissão técnica, e dia 18/06 sairá o resultado dessa fase”, confirmou o membro da comissão da licitação, Cristiano Pantarotti. A

partir daí ainda acontecerá uma apresentação das pro-postas econômicas e em setembro o resultado final da licitação deverá ser di-vulgado.

A prefeitura irá seguir nestes espaços o mesmo modelo que foi empregado no Parque Barigui, onde o consórcio Positivo/J. Malucelli ganhou a licita-ção. Wilson Justus, supe-rintendente de concessões

da prefeitura afirmou que: “Não se trata de uma ven-da, ou privatização, mas sim uma construção. Os espaços continuarão pú-blicos, apenas com uma gestão privada”.

“A gente espera o mes-mo sucesso que está ha-vendo no Parque Barigui, nesta licitação da Pedrei-ra, Ópera de Arame e Par-que Náutico”, afirmou Justus.

O projeto de terceiri-zação na administração desses espaços prevê um contrato de 25 anos com a empresa que ganhar os di-reitos de gerenciamento.

Um protesto de pessoas que são contra o processo havia sido marcado pelo Facebook para tentar im-pedir o edital, entretanto nenhuma movimentação foi registrada, segundo a Guarda Municipal.

Projeto já havia sido apresentado pelo vereador Professor Galdino em março de 2011, mas aguardava aprovação

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Curitiba, terça-feira, 5 de junho de 20124

ESPECIAL

Testes podem substituir o uso de animais por métodos alternativosAline LimaElisa Schneider

O uso de animais em pesquisas não é uma atividade recente. Gra-ças a essa prática, centenas de do-enças foram estudadas e a cura foi descoberta para muitas delas. Sem os testes, a observação do progres-so da doença, a disponibilidade de várias tentativas, os acertos e erros envolvidos, milhares de pessoas continuariam sem saber como cui-dar de doenças que, hoje, são con-sideradas de simples tratamento.

Além de aplicação de vírus, tumores, remédios e outras ex-periências físicas feitas nesses animais, testes psicológicos e de comportamento são, também, fre-quentemente realizados. Milhares de pesquisadores ainda utilizam animais como processo principal para suas pesquisas, mas a refle-xão sobre a aplicação dessa prática passa a ser um exercício contínuo.

A professora de Anatomia dos Animais Domésticos da Univer-sidade Federal do Paraná, Maria Fernanda Torres, considera de extrema importância o uso de ani-mais em pesquisas, mas defende que cada caso deve ser analisado com critério.

“A importância do uso de ani-mais é inquestionável. A história da medicina e áreas afins mostra os benefícios da experimentação animal. No entanto, devemos levar em consideração que a relevância social de uma pesquisa depende do delineamento experimental e de métodos bem aplicados, assim como uma análise séria e respon-sável dos resultados obtidos”.

Maria Fernanda destaca que não basta apenas usar o animal para pesquisar, é preciso preocu-par-se com ele. “Infelizmente, tem muita gente que usa animal, faz qualquer coisa e inventa resulta-dos. Para trazer benefício, a ex-perimentação deve ser conduzida de forma ética e os animais devem

receber todos os cuidados para a manutenção do seu bem-estar”.

Na prática

A pesquisadora e cirurgiã den-tista Moira Pedroso Leão, da Uni-versidade Positivo, desenvolve um trabalho com células tronco e uti-liza roedores para testar e buscar novos resultados.

Ela conta que se preocupa com os animais e procura usar maneiras diferentes de fazer os testes para sua pesquisa, mas que acredita ser complicado não utilizá-los durante o processo experimental.

“Acho muito difícil hoje a gente fazer qualquer nova terapia sem o uso de animais. Apesar de a gente morrer de pena dos animais, querer que nada aconteça com eles e desaprovar qualquer tipo de mal-dade, acredito que maldade maior seria usar uma droga nova, ou uma técnica cirúrgica nova em um ser humano, em uma criança ou pes-soa debilitada. Isso é uma temeri-dade”.

Moira destaca que antes de aplicar uma pesquisa e testá-la é preciso analisar se ela não está sendo repetida desnecessariamen-te. “Veja, eu não preciso repetir pesquisas com animais que foram feitas em outros locais do mundo. Se for um trabalho já clássico, um trabalho bem estabelecido, não tem lógica repetir. Mas a partir do momento que eu desenvolvi uma técnica nova ou estou usando uma droga nova, aí sim tenho que testar em animais”.

Comitê de ética

Um núcleo responsável pela análise criteriosa da viabilidade da pesquisa e também da proposta de uso desses animais é o Comitê de Ética. Existem centenas de comi-tês distribuídos pelo país, e cada um tem a função de estudar cada proposta apresentada pelos pes-quisadores. “A principal função do Comitê de Ética do Uso de Ani-mais é verificar a formulação dos

projetos que entram aqui na universidade. O que a gente procura avaliar é o aspecto psicológico dos animais e de que maneira isso afeta na saúde deles”, esclarece a médica veterinária e dire-tora do Comitê de Ética no Uso de Animais da Univer-sidade Positivo, Thais Costa Casagrande.

A diretora também conta que os parâmetros seguidos pelo comitê são para evi-tar o mal-estar das cobaias utilizadas. “Na verdade, a gente analisa pontos impor-tantes para evitar o sofri-mento desses animais, para que eles não sintam dor e estejam dentro daquilo que pode significar a pesquisa”, diz.

A estudante de Ciências Bioló-gicas Renata Molinari também faz parte do Comitê de Ética da UP e confessa que, mesmo sendo contra o uso de animais em pesquisas, ela procura analisar os experimen-tos com neutralidade: “No comitê é diferente, pois você não pode ser muito radical. Então, por mais que você seja contra o uso de animais, tem que manter a cabeça aberta porque ainda não é lei no Brasil ter que buscar meios alternativos”, conta.

Por outro lado, a estudante re-vela que muitos projetos têm res-ponsabilidade na área de testes e são aprovadas para aplicações em animais: “Existem pesquisas e projetos onde o animal não vai ter um sofrimento, o pós-cirúrgico é adequado, a anestesia é adequa-da, nesses casos a gente autoriza. Fico com o coração na mão, não vou negar. Mas uma vez que você entra no Comitê de Ética, é preciso ser ético e seguir as normas e leis, também não estou lá para ser con-tra tudo e todos”, confessa.

Renata participa do Comitê porque ela é membro de uma Or-ganização Não Governamental de proteção animal e uma das exigên-cias desses comitês é a presença de filiados às essas entidades.

Salas de aula

O uso de animais não se res-tringe às pesquisas. Esse exercí-cio também é frequente em salas de aula, onde diversas graduações utilizam os animais para ensinar práticas diferentes. Mas apesar de ser comum, a professora Maria Fernanda não acredita que seja tão necessário.

“O uso de animais para o en-sino é mais difícil de justificar, na minha opinião. Acho desnecessá-rio distribuir animais para os alu-nos utilizarem em aula quando os resultados podem ser mostrados em vídeo, animações ou, até mes-mo, serem explicados de outra for-ma”.

Ainda assim, ela explica que muitos colegas de profissão conti-nuam com a mesma técnica. “Al-guns professores têm essa consci-ência de buscar outras maneiras de ensinar, outros continuam fazendo o que os seus professores faziam no passado. As exigências das co-missões de ética têm forçado essa postura mais consciente dos pro-fessores e pesquisadores”, ressal-ta.

Thais Casagrande, que também é professora de Biomedicina na Universidade Positivo, aposta em métodos alternativos para levar o conhecimento até seus alunos: “Existem vários métodos e a gente

não precisa mais utilizar animais na maioria das aulas práticas. Al-gumas aulas são mais difíceis de substituir, mas outras são fáceis. Para eu ensinar um aluno de medi-cina a dar um ponto, podemos trei-nar em esponjas, língua de vaca e tecidos alternativos”.

Apesar de buscar maneiras de substituir os animais e levar o con-teúdo para a sala de aula, Thais aponta que existem aulas nas quais ter o fator “vida” é necessário. “Na sala de aula existem métodos substitutivos sim, mas isso depen-de muito do curso e da aplicação que vai ser realizada. Em casos de cirurgias é um pouco mais com-plicado, pois a gente precisa ter o momento do sangramento, a respi-ração, os batimentos cardíacos.”

Para Renata Molinari, que não assiste às aulas práticas com ani-mais em sua graduação de Ciên-cias Biológicas, esse exercício é desnecessário, pois existem méto-dos que substituem isso facilmen-te. “Você já tem modelos que são réplicas do corpo humano, réplicas do corpo de animais. Ainda são ca-ros no Brasil, mas a longo prazo é vantajoso, você acaba economi-zando em outros aspectos, como o custo com os biotérios, por exem-plo.”

Mesmo sendo contra as práti-cas que o curso oferece, Renata se sente pressionada pelos professo-

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Curitiba, terça-feira, 5 de junho de 2012

Algumas das empresas nacionais de cosméticos quenão testam seus produtos em animais

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Como saber se um rímel está pronto para ser usado por milhares de mulheres? É só retirar as pálpebras de um coelho, porque assim ele não pode piscar e lubrificar a sua retina, pingar o princípio ativo em seus olhos e esperar para ver se ele fica cego ou não. Se ficar, o produto precisa de alguns ajustes. Caso contrário, o rímel já pode ser fabricado em larga escala e o coelho pode se preparar para mais algumas sessões de tortura.

Esse é apenas um dos métodos que foi usado durante muitos anos pelas fábricas de cosméticos. Isso garantia aos consumidores que não teriam irritação cutânea ou uma corrosão ocular por sim-plesmente usar um rímel para alongar os cílios.

A indústria de produtos de beleza já esteve na mira de um mega movimento contra o uso de animais para testar seus produtos. Todas as leis que protegem animais partiram da sensibilização da socie-dade, que passou a discutir de maneira ética o que era moralmente permitido pelo pensamento de especismo. Isto é, do julgamento hu-mano de ser superior, em direitos, aos animais.

A maior arma que pode ser usada contra os testes em animais está, nesse caso, na mão dos consumidores. Pode ser difícil abrir mão de usar alguns produtos porque se descobriu que porquinhos da índia, coelhos, peixes e roedores dos mais diversos tipos são usa-dos como cobaias. Mas é possível procurar produtos que estejam livres do uso de animais em testes.

Tem gente que aderiu completamente à compra de “produtos do bem”, como são chamados pelos mais engajados, como a estudante Bruna Cardoso, de 19 anos, que mora em Joinville. Ela se recusa a comprar produtos que não estejam livres de testes com animais e diz ainda que tais testes não garantem a segurança ao homem. “Os testes em animais são desnecessários, muitos cientistas já admitem que um ser humano é tão biologicamente semelhante com um rato

res a participar das aulas. “Já não é mais obrigatório que o aluno se submeta a uma exposição prática com animais, mas existe sempre uma pressão. Porque é aquele ne-gócio: Você não assiste aula, mas eu vou cobrar isso em prova; vou passar trabalho e te dar falta. En-tende?”

Renata conta que, além dos animais sofrerem com as aulas práticas, muitas vezes os próprios alunos sofrem distúrbios psicoló-gicos, pois eles se sentem ansio-sos e estressados com a situação. “Ano passado tivemos aula com ratinhos e só de saber que iríamos ter aquela aula eu vim para a uni-versidade tensa, pois, por mais que eu não fosse participar da aula, eu sabia que ela ia acontecer e isso me incomodava”. Além disso, a estudante acredita que forçar a situação prejudica os acadêmicos envolvidos: “Tiveram pessoas que saíram chorando da aula e isso é traumático, sabe? Vai contra os princípios e afeta a ética e a moral dos alunos que são contra”.

Para a estudante de Psicologia da Pontifícia Universidade Cató-lica do Paraná (PUC-PR) Barbara Prado Zerbatto, o uso de animais para as aulas práticas não chega a ser um problema. “O tratamento que eu vi e tive com os ratinhos era de excelente qualidade. Claro, tinha procedimentos que exigiam que a gente os deixasse sem beber água por algumas horas, mas nada que colocasse a saúde do bichinho em risco”, diz.

Barbara ressalta que não vê desrespeito na utilização de ani-mais e que isso só poderia ser notado caso eles fossem prejudi-cados, como forçá-los a fazer algo que não estão aptos ou deixá-los sem comida. “Acho que quando é feito com integridade e para o bem da ciência, o uso dos animais não é antiético. Uma maneira antiética seria quando não existe respeito com o limite e a saúde do animal”, completa.

Mas, apesar da estudante ter pena de usar animais e ter sofri-do quando se separou do ratinho em que estava fazendo testes de comportamento, ela ressalta que é necessário. “Eu não vejo outra ma-neira de aprender isso na prática senão com os animais. Tudo que a gente aprende no laboratório, na prática, a gente também vê na teo-ria, mas na prática fica muito mais evidente e palpável”, completa.

Empresas utilizam métodos alternativos para testes de cosméticos

Água de CheiroAkla

Allumé/Sunshine All Vida

Atelier do BanhoAvora

Bel Col Bioderm

Bio ExtratusBio ManthusBuonaVitaBonyplus

CassiopéiaClass

Condor Contém 1g

Copra

DaveneDr. TozziEcologie

Éh CosméticosEmbelleze

Essence de La VieEsthetic

Extrato da Amazônia/Natuphitus ExtratophloraFarmaervasFlorestas

Gotas Verdes GranadoImpala

Jeune FleurKorai

Lavalma

L’aqua di FioriLeite de Rosas

LudovigMahogany

Nasha Natura

NatustratoNazcaNiasi

O BoticárioOX

RahdaRacco Shizen

Surya HennaVita Derm

Yamá

do que com uma espiga de milho.” Bruna diz que não é difícil saber se os produtos que as pessoas

estão acostumadas a comprar usam ou não esse tipo de teste. Existe uma lista das empresas de cosméticos, em que elas são classificadas de acordo com os experimentos que realizam em laboratório.

Os produtos que ficaram de fora desta lista ganharam valor co-mercial e viraram os preferidos dos mais adeptos à proteção dos animais.

Enquanto isso, outra lista demonstra um grande número de em-presas que baniram completamente o uso deles em suas pesquisas. “A lista do PETA (organização não governamental fundada em 1980 People for the Ethical Treatment of Animals) é muito confi-ável. Mas as pessoas podem tirar suas dúvidas também pelo servi-ço de atendimento ao cliente (SAC) da marca do produto, eles são obrigados a passar esse tipo de informação. Na lista do PETA estão os nomes dos fabricantes.”

Além de cosméticos, ela busca também saber se os produtos de limpeza que utiliza em sua casa seguem meios alternativos para tes-tes. Esclarece que esses produtos podem ser encontrados facilmente nas mesmas prateleiras do supermercado, disputando espaço com aqueles da marca mais conhecida, e que nem por isso não custam mais caro.

Bruna é capaz de listar uma infinidade de marcas que seguem uma linha de testes alternativos e que se aproveitam dos resultados de pesquisas anteriores para o desenvolvimento de novas formula-ções, evitando assim, a repetição de procedimentos desnecessários.

E ela complementa dizendo que existem alternativas para todos os gostos e bolsos, já que as empresas de produtos de beleza mais sofisticados também aderiram a testes menos agressivos aos ani-mais e comprovadamente seguros para os seres humanos.

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Uma Canção de Gelo e FogoSÉRIES DE TV

Lá em 2010, a estreante ‘Game of Thrones’ parecia, no mínimo, uma aposta se-gura: uma série de fantasia, baseada na série de livros ‘A Song of Ice and Fire’, escrita por George R. R. Martin que já fazia moderado sucesso em todo o mundo. Levada ao ar por uma das mais respeita-das emissoras de TV à cabo, a HBO, Game of Thrones, já em sua primeira temporada, eu diria até em seu primeiro episódio, não decepcionou.

Game of Thrones cum-priu o que prometia: muito sangue, muita fantasia e uma dose um tanto quanto gene-rosa de sexo. O enredo de Game of Thrones é um dos mais complicados que exis-tem, mas vou tentar simpli-ficar. A história se passa nos

deiros legítimos, frutos de seu casamento com Catelyn Stark, mas como nem só de honra são feitos os Stark, Eddard ainda tem mais um filho bastardo, Jon Snow, que passa boa parte da primeira temporada tentando entrar para a Patrulha da Noite, uma ordem militar dedicada à proteção da Muralha, uma imensa construção ao norte dos Sete Reinos, considerada a última defesa de Westeros contra os perigos existentes no norte. Snow é bem inú-til nos primeiros episódios, sendo só uma carinha bonita e “emo” ao longo da primei-ra temporada, mas ele acaba matando um zumbi no final, e zumbis sempre deixam tudo mais interessante.

Outra coisa que sempre deixam tudo mais interessan-tes são dragões. E eles estão bem representados pela fa-mília Targaryen, ou melhor dizendo, por seus dois sobre-viventes, os irmãos Viserys e Daenerys. Os Targaryen detinham o Trono de Ferro, até que este foi tomado por Robert Baratheon. Exilados, o que Viserys e Daenerys mais almejam é retomar o trono que lhes pertence por direito hereditário. Para isso, Viserys vende sua irmã em troca de um exército podero-so o suficiente para retomar sua herança, o exército Do-thraki. Mas o líder Dothraki, e agora marido de Daenerys, Khal Drogo, não está com a mínima vontade de começar uma guerra que não é sua. Isso causa complicações para o plano de Viserys.

Outros que merecem ser citados são os Lannister. É a família mais rica dos Sete Reinos. Cersei Lannister é casada com Robert Barathe-on, sendo a rainha e mãe do herdeiro de Westeros. Bom, herdeiro no papel, pois Jo-ffrey se parece muito mais

Luciana Cristina dos [email protected]

Sete Reinos de Westeros, e começa quando o rei dos Sete Reinos, Robert Baratheon, viaja até Winterfell, uma for-taleza localizada ao norte de seu reino, com a finalidade de fazer do senhor de Winterfell, que também é seu amigo de infância, o honrado Eddard Stark, a ‘Mão do Rei’, uma espécie de governador, que administra o reino enquanto o rei faz seja lá o que os reis fazem quando não estão rei-nando. Para selar o tratado, e unir suas famílias, Robert e Eddard decidem casar seus filhos, no caso, o herdeiro do trono Joffrey e a filha mais velha dos Stark, Sonsa, quero dizer, Sansa.

Stark tem outros 5 filhos além de Sansa. Robb, Arya, Bran, e Rickon são seus her-

com seu tio Jaime Lannis-ter do que com seu pai. As práticas incestuosas são co-muns na família Lannister, e acabam se tornando um dos motivos que ajudam a de-sencadear uma guerra entre Lannister e Starks. Mas aí já é spoiler demais. Outra coisa que você precisa saber sobre os Lannister é que pertence à família deles o personagem mais legal dos Sete Reinos: Tyrion Lannister, irmão da rainha. Um anão, razão pela qual é ocasionalmente cha-mado de ‘Duende’ e ‘Meio-Homem’.

Game of Thrones é cons-tantemente comparado com outra série de fantasia, ‘O Senhor dos Anéis’, não só por suas tramas complicadas, mais também pelo teor fan-tástico de sua história. A série acabou de encerrar sua segun-da temporada nos EUA, e já

tem a terceira confirmada. Se você gosta de uma boa fanta-sia e ainda não assiste Game of Thrones, é melhor começar a correr atrás do prejuízo.

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Curitiba, terça-feira, 5 de junho de 2012 7

Esporte

Astros do futebol que demandam grandes salários se tornam problemas para clubes

Rodolpho RoncaglioGustavo VazOsmar Junio

Na semana passada, Ro-naldinho Gaúcho entrou em rota de colisão com a dire-toria do Flamengo e bancou sua saída do clube. Após os vários problemas entre o clube e o empresário Assis Moreira, que cuida da car-reira de Ronaldo, ele conse-guiu uma liminar e seu con-trato, que iria até dezembro de 2014, foi rescindido ju-dicialmente.

O craque cobra R$ 40 milhões entre direitos de imagem e salários atrasa-dos do clube rubro-negro, que recorrerá. Na tarde de ontem, o Clube Atlético Mi-neiro confirmou a contrata-ção de Ronaldinho Gaúcho.

Recentemente, o jogador Adriano “Imperador” tam-bém entrou na justiça con-tra seu clube, o Corinthians, que o despediu por justa causa. O Corinthians ale-ga que Adriano faltou entre treinamentos e sessões de fisioterapia, 67 vezes no CT Joaquim Grava.

Em uma audiência, o jo-gador cobrou R$ 50 milhões do clube paulista por danos morais, porém o acordo foi fechado em seis parcelas de R$ 300 mil, totalizando R$ 1,8 milhão.

Além disso, outros R$

Personalidades como Adriano e Ronaldinho estão ganhando mais destaque por confusões do que por performances

800 mil foram cobrados por salários atrasados. Em nota oficial, o Sport Club Corin-thians Paulista confirmou que não há mais vínculo entre Adriano e o clube, e o acordo será firmado na data

prevista. Agora, o Flamengo ten-

ta o retorno do “craque” Adriano (o mesmo que foi despedido do Corinthians) para a gávea, mas desta vez, propondo um contrato de produtividade.

A última vez que Adriano

conseguiu obter algum des-taque como jogador foi exa-tamente no Flamengo, onde conquistou o campeonato brasileiro no ano de 2009.

Depois disso, passou sem sucesso por Roma-ITA e

Corinthians, sendo que no último, foram apenas oito jogos em quase um ano de serviços prestados ao clube.

Esses casos são exemplos de jogadores que muitas ve-zes acabam se preocupando demais com outras coisas do que com o futebol que deve-

ria apresentar ao seu clube. O flamengo alega que

Ronaldo faltava aos trei-nos matinais, e que chegou a levar uma mulher para uma concentração. Já o Corinthians, confirma que

A d r i a n o faltava às s e s s õ e s de fisio-terapias, e quando presente, não se es-f o r ç a v a suficien-temente. Q u a n d o um jo-gador de alto ní-vel e de tanta in-f luênc ia como es-ses dois, p o d e deixar de ser uma s o l u ç ã o para vi-rar um g r a n d e p r o b l e -ma? Até

que ponto vale a pena ter eles no clube?

João Ricardo Cozac, es-pecializado em psicologia esportiva e criador da em-presa C.E.P.P.E (Consul-toria, Estudo e Pesquisa da psicologia do Esporte) de São Paulo, disse que os

atletas costumam agir de maneira displicente porque, geralmente, não foram pre-parados para agir com res-ponsabilidade social apesar de, assim como todo cida-dão, possuírem esta respon-sabilidade com a sociedade e com o meio em que vivem.

“Casos como esse do Ro-naldinho são mais comuns do que parecem, mas como esse é um caso de jogador famoso, rodado e ainda por se tratar de um grande clu-be, a repercussão é imensa.”

Em um clube mais orga-nizado, como o Corinthians, ficou claro que todos os jo-gadores recebem os mesmos tratamentos, ninguém tem maiores vantagens.

Adriano tentou enganar o clube várias vezes, e mesmo assim os dirigentes foram pacientes o suficiente para ir levando essa situação de faltas a treinos e sessões de fisioterapia.

No Flamengo, onde a coisa é bem mais bagunça-da, Ronaldinho e Assis fize-ram o que bem entenderam com todos. Irritado com os atrasos de pagamento do clube, Assis chegou a entrar na loja oficial do Flamengo para pegar produtos como “parte da dívida”.

Foi nesse momento que a ferida se abriu, e ficou a mostra toda a desorganiza-ção que é o Clube de Rega-tas do Flamengo nos dias de hoje.

Ronaldinho Gaúcho em campo pelo Flamengo

Alexandre Vidal/FlaImagem

Page 8: LONA 730 - 05/06/2012

Curitiba, terça-feira, 5 de junho de 20128

Metamorfose: a transformação deum bancário em músicoJuliana Cordeiro

“É um virginianoperfeccionista, quer tudo

certo e perfeito esofre pelas injustiças”

Um bebê pequeno, magro que, devido ao seu ta-manho e magreza, recebeu do irmão o apelido de K-quito. Filho de lavrador e de funcionária do Estado, K-quito trabalhou desde os 7 anos. Seu nome é Del-vair de Assis Prado Sabino, sua essência, a música.

A mãe sempre aconselhou K-quito a estudar. O menino, que gostou de música desde pequeno, her-dou da família o gosto artístico; os pais o ensinaram a ouvir Gonzaguinha. Os nove irmãos, assim como ele, viveram a infância e a adolescência na cidade de Cambará, norte do Paraná. Imagens da mãe fazendo comida e do samba que rolava no quintal da casa, cantado e tocado pelo pai junto com tios, viraram letra de música anos mais tarde.

Em 1968, a vinda do apresentador Bolinha para Cambará fez K-tito sonhar. Incentivado pelos ami-gos, o adolescente resolveu se inscrever no concurso de cantor mirim do Bolinha. Já com a sensibilidade musical aguçada, escolheu cantar uma música de Antônio Marcos. Apesar de ficar em primeiro lugar, não o levaram para São Paulo como haviam prome-tido, mas aquele episódio o marcara. A música can-tada ali foi inserida em seu repertório por diversas vezes.

Um paranaense nato, que ao chegar ao colegial aos 15 anos transformou a confusão do amigo, no seu nome artístico. “Ao invés de dizer K-quito, ele me chamou de K-tito e assim ficou, mas para a famí-lia ainda é K-quito”, relata o músico.

Outra fase importante do cantor foi vivida em Londrina em 76, ao receber o convite para tocar percussão na casa de show “Senhor Bar” frequen-tada por grandes músicos da MPB. “Eu trabalhava na Ford naquela época e era percussionista, os caras chegaram e disseram: K-tito pagamos cinco vezes mais o salário que você recebe aqui, te registramos e damos estudo para você tocar na boate” lembra. Foi nesse trabalho que ele pode “trocar ideia” com Vinicius de Morais, Fafá de Belém, Toquinho, entre outros.

K-tito chegou a Curitiba em 1977, transferido pelo banco no qual trabalhava de Guarapuava para a capital. Na época ele temia mencionar sua outra ati-vidade. “No banco o cara não poderia falar que era músico porque falavam que mandavam embora”. Mesmo assim, o músico tocou nas noites curitiba-nas. Hoje, aos 58 anos, aposentado, dedica o todo o tempo à música: “Eu almoço e janto música”, brinca ele.

Compositor “Quando você descobre o poder do K-tito você fica fã dele,

personalidade forte, marcante. Ao ver a performance musical dele é uma emoção maior que a outra, a gente ama!”, com esta descrição Melissa Reinehr faz de suas palavras a confirmação de quem o conhece e se encanta com sua simplicidade, humildade e timidez.

Apesar de tocar em Curitiba desde que chegou aqui, K-tito passou a compor música a partir de 2007. Mas a criatividade, a delicadeza e sensibilidade do artista fazem de suas letras canções completas, despertando risos, não há como se conter. Para quem ouve as músicas de K-tito fica difícil não se identificar com algo que elas falam. Talvez seja porque ele canta com leveza, além de permitir que elas sejam histórias, ficção ou realidade. De alguma forma quando você as ouve, algo desperta: “Eu não faço nada sobrenatural, só conto minha história de vida”, afirma K-tito.

Atualmente o compositor tem 140 músicas registradas e é difícil imaginar que ainda seja desconhecido para muitos. “Eu procuro não ouvir muito rádio, muita música, para não ter muita influência, para ter minha criação própria”.

Se para muitos artistas o improviso é algo impossível, para K-tito é o ideal; o grande problema é ser previsível. “Se eu sair de casa sabendo o que vou cantar, não presta, pois, sou o cara do improviso, sou aquela pessoa que vai tocar em uma casa e escolhe o repertório de acordo com a faixa etária, o público que está ali”.

O zelador cultural Candiero, amigo e fã de K-tito, garante: “Ele é um artista completo, se você vai no show dele uma vez e depois volta, já vai ser outra coisa. Toda vez que você senta na mesa, ganha um show diferente, único”. O artista canta em alguns bares de Curitiba e já fez show para cinco pessoas, o que difícil de acreditar depois de conhecer o nível musical de K-tito. “Me assusta ele não ter um CD gravado. Descobri um gênio, irmão, que vai ser reconhecido depois que for embora”, lamenta Candiero.

Mas a obra musical de K-tito vai demorar para virar um CD e isto se deve à dificuldade do compositor de cantar o mesmo re-pertório. “Eu não sei saí daqui pronto para entrar em um estúdio para gravar 20 músicas, porque às vezes eu escolhi 20 músicas hoje e quando chega lá amanhã a inspiração é outra, o momento é outro”, reconhece o compositor.

A essência deste homem, que não é somente um cantor, mas compositor e percussionista é a música. Suas composições pas-

sam por metamorfoses de acordo com a energia e o momento que K-tito se encontra. Ele transporta a realidade para a ficção, para a música. O artista con-ta que um dia estava na Praça Rui Barbosa e visua-lizou um cadeirante, logo pensou: “Vou transportar este homem na cadeira lá pra minha terra, Cambará, assim surgiu a música do rapaz na praça”.

As letras sempre têm uma mensagem de supe-ração, de persistência e Deus, indicando que ele é religioso. Mas a família é, com certeza, algo sagrado é o maior prêmio da sua vida, tanto que ele diz ter ganhado 150 vezes na loto, por ter dois filhos mara vilhosos: “Não quero fazer sucesso, quero fazer his-tória, quero que amanhã meu neto possa dizer para o colega, meu avô fez isso aqui”

Espaço de músico

O quarto de K-tito, seu único espaço na república em que mora, demonstra o quanto a música está na sua vida. Nas paredes fotos, charges e instrumentos compõem um cenário extraordinário, mas que, se-gundo ele, seria inaceitável em uma casa normal.

Afinal, quem é K-tito?“É um virginiano perfeccionista, quer tudo certo

e perfeito. Sofre pelas injustiças, quer concertar o mundo; sei que não vou conseguir, mas faço minha parte. Sem pretensão de ser melhor que ninguém, procuro ajudar o próximo sempre que posso”, de-fine.

Paula Nishizima