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CEBs - Informação e Formação para animadores 1 Formação e Informação para animadores Dia 11 de Junho Solenidade do Coração de Jesus e Encerramento do Ano Sacerdotal Diocese de São José dos Campos - SP - Informativo das CEBs - Ano VI - Junho de 2010 - Nº 57 Página 02 Palavra do Assessor Página 04 Mensangem ao Povo de Deus sobre as Comunidade Eclesiais de BAse Página 06 A Bíblia nos Interpela Página 07 Aconteceu Página 08 Irá Acontecer :: Índice :: “O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus” “Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina”. (Cura D’Ars) Leia o artigo de Dom Moarcir Silva na página 03 Foto: Bernadete Mota

Informativo das CEBs junho 2010 - nº 57

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Informativo das CEBs junho 2010 - nº 57 diocese de São José dos Campos e-mail:[email protected]

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Page 1: Informativo das CEBs   junho 2010 - nº 57

CEBs - Informação e Formação para animadores 1

Formação e Informação para animadores

Lá vem o Trem das CEBs...

Dia 11 de JunhoSolenidade do Coração de Jesus e Encerramento do Ano Sacerdotal

Diocese de São José dos Campos - SP - Informativo das CEBs - Ano VI - Junho de 2010 - Nº 57

Página 02Palavra do Assessor

Página 04Mensangem ao Povo

de Deus sobre as Comunidade Eclesiais

de BAse

Página 06A Bíblia nos Interpela

Página 07Aconteceu

Página 08Irá Acontecer

:: Índice ::

“O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus”“Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a

uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina”. (Cura D’Ars)

Leia o artigo deDom Moarcir Silva

na página 03

Foto

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nade

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ota

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Palavra do Assessor

Religiosidade Popular

Estimado(a) Animador(a) de Comuni-dade, olá!

Neste mês celebramos muitas festas, tanto em nível popular quanto litúrgi-cas. Quero ressaltar uma delas, a cele-bração do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo (Corpus Christi), que acontecerá no dia 03. Na formação permanente en-tre nós padres, uma afirmação de nosso assessor, Pe. Flávio, me chamou muita a atenção. Entre outras palavras, ele disse: “Jesus Cristo na Eucaristia não nos pro-voca tanto como Jesus Cristo na pessoa humana”. De fato, sendo o mesmo Jesus Cristo, mas de formas diferentes, quando o encontramos em cada pessoa humana algo mexe com a gente, sobretudo, se o outro é alguém excluído da sociedade e, até mesmo, da comunidade cristã. A vida dessas pessoas nos interpela para a solidariedade e para o amor concreto.

Mês de junho, Festas Juninas; nosso povo faz memória de Santo Antonio, São João Batista e São Pedro, santos popula-res e de grande devoção em nossa Igreja.

A santidade destes homens seguido-res de Jesus Cristo, absorvidos pela reli-giosidade popular são sem dúvida ao lon-go de tanto tempo motivo de agregação de comunidades, famílias, evangelização e conversão de muita gente.

Quem de nós neste mês não volta ao tempo de criança, adolescência e ju-ventude, e faz aquela lembrança gostosa destas festas: brincadeiras, cantigas de roda, recadinhos do coração, quadrilhas, pau de sebo, comidas típicas, batata doce assada, canjiquinha, canjicão, quentão,

Sem deixar-nos levar pelo paternalismo (“carregar os outros nas costas”), somos convidados a contemplar o rosto de Cristo nos ex-cluídos.

Adorar Jesus na Eu-caristia tem seu valor, e enorme, especialmente se esta adoração levar à cele-bração da mesma (Euca-ristia). No entanto, ao con-templar nosso semelhante vemos Cristo nele e fica impossível não querer ser irmão de fato. Mas, corre-mos o risco em não per-ceber Cristo no excluído e muito menos perceber o próprio excluído. Justificamos sempre a questão dos excluídos com a ideia de que são pessoas que não querem traba-

lhar, são acomodadas... Será? É bom sa-ber que em muito dos casos não lhes são

dadas oportunidades de emprego e muito menos condições de buscar/lutar pelos seus direitos.

Ouvi há muito tempo uma historinha: uma igreja teve o Santíssimo Sacra-mento violado. Pelo ocor-rido, o padre responsável interditou o uso desta igre-ja (o que é normal que se faça) e marcou uma missa em desagravo pelo sacri-légio realizado. Esta missa foi presidida pelo bispo da Diocese. Ao final da missa,

ele elogiou a atitude da presença de tanta gente naquela celebração. Era uma igre-ja tão distante, mas o amor à Eucaristia

Eucaristia, verdade de fé e convite para a doação

Os padroeiros do nosso povo

MarchinhaJunina

Isto é lá com Santo AntonioAutor : Lamartine Azeredo Babo

Eu pedi numa oração/Ao querido São João/Que me desse um matrimônio

São João disse que não!/São João disse que não!/Isto é lá com Santo Antônio!Eu pedi numa oração/Ao querido São João/Que me desse um matrimônio

Matrimônio! Matrimônio!/Isto é lá com Santo Antônio!

Implorei a São João/Desse ao menos um cartão/Que eu levava a Santo AntônioSão João ficou zangado/São João só dá

cartão/Com direito a batizado.Implorei a São João/Desse ao menos um

cartão/Que eu levava a Santo AntônioMatrimônio! Matrimônio!/

Isso é lá com Santo Antônio!São João não me atendendo/A São Pe-

dro fui correndo/Nos portões do paraísoDisse o velho num sorriso:/ Minha gente,

eu sou chaveiro!/Nunca fui casamenteiro!/

São João não me atendendo/A São Pedro fui correndo/Nos portões do para-

íso/Matrimônio! Matrimônio!Isso é lá com Santo Antonio!

levou cada pessoa a não medir esforços para esta participação. Mas... (aqui vem a moral da história), o bispo não deixou de falar sobre Jesus Cristo presente nas pessoas, sobretudo, as mais pobres da comunidade. Ele convidava à reflexão: quem dera que a mesma admiração, a mesma fé e o mesmo amor estivessem presentes no coração de todos, quando irmãos nossos são violados em sua digni-dade, também!!!???

Finalizando, lembro-me de que foi numa festa dessa (Corpus Christi) que nossa diocese assumiu uma atitude de superação da fome e da miséria, como resposta coerente do que é celebrar a Eu-caristia em nossas comunidades...

Um forte abraço, e boas festas!!!

Pe. RonildoAssessor Diocesano das CEBs

vinho quente, bolinho caipira, doces os mais variados e, vai por aí afora, depen-dendo de cada região deste nosso Brasil com suas diversidades.

Esta tradição faz parte de nossas raí-zes culturais, que precisam ser mantidas para que não se percam, e as novas ge-rações deem continuidade, a exemplo do nosso Nordeste.

Santo Antonio – 13 de JunhoEste Santo se destacou por sua humil-

dade, levava uma vida de doação, dedi-cou-se a servir os pobres e necessitados. Daí a tradição do “pão de Santo Antonio” que permanece até hoje e também a tra-dição dos pedidos de casamento. Santo Antonio continua sendo este elo de nos-so povo mantendo viva esta fé.

São João Batista – 24 de junhoSegundo a tradição, a mãe de São

João, Isabel, acendeu uma fogueira no deserto, para anunciar o nascimento do seu filho a sua prima Maria, mãe de Je-

sus, que assim veria a fumaça ao longe. Por isso, a fogueira.

“Quem nunca fez uma fogueira?” Pu-lar fogueira, passar descalço por cima das brasas à meia noite (esta para pessoas de fé). Balões, fogos de artifício, lanterni-nhas iluminadas, bandeirinhas... também fazem parte desta data, pois acredita-se que nesta noite o Santo visite as casas ilu-minadas e em festa.

São João pregava e batizava às mar-gens do rio Jordão, hoje ainda perma-nece em muitas cidades nordestinas o costume na madrugada do dia 24, tomar banho no rio ou mergulhar a imagem deste Santo como forma de purificação.

São Pedro -29 de junhoSão Pedro, antes chamado Simão, o

pescador, teve seu nome mudado por Je-sus ao receber a incumbência de assumir a sua Igreja como primeiro Papa. Segun-do a crença popular, São Pedro guarda as chaves do céu, lava-nos quando chove e

arrasta os móveis quando troveja. Patrono dos pescadores é homena-geado por eles nas procissões dos barcos levando sua imagem.

Santo Antonio, São João e São Pedro, rogai por nossas comuni-dades, nossas famílias, nosso país. Amém!

Rosana de Paula RosaPar. Santuário São Judas Tadeu

Foto: Maria Matsutacke

Fotos: Divulgação

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Dia de Oração pela Santificação dos Sacerdotes

Informativo “Lá Vem o Trem das CEBs”

Na carta aos sacerdotes, por ocasião da Quinta-feira Santa de 1995, o Papa João Paulo II instituiu a Jornada Mun-dial pela Santificação dos Sacerdotes. Acolhendo a orientação do Santo Padre, nossa Diocese estabeleceu que a Jorna-da pela santificação dos sacerdotes fosse celebrada a cada ano, na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, que neste ano será no dia 11 de junho.

Neste ano o Dia de Oração pela San-tificação dos Sacerdotes reveste-se de um significado especial, pois será o en-cerramento do Ano Sacerdotal. Ano que pretendeu contribuir para fomentar o empenho de renovação interior de todos os sacerdotes para um seu testemunho evangélico mais vigoroso e incisivo (cf Bento XVI – Carta para proclamação do Ano Sacerdotal).

Pensando no encerramento do Ano Sacerdotal acho muito interessante o que disse o Cardeal Dom Cláudio Hummes, Prefeito da Congregação para o Clero: “O encerramento do Ano Sacerdotal não constituirá propriamente um encerra-mento, mas um novo início. Nós, o povo de Deus e os pastores, queremos agrade-cer a Deus por este período privilegiado

de oração e de reflexão sobre o sacerdó-cio. Ao mesmo tempo, propomo-nos de estar sempre atentos ao que o Espírito Santo quer nos dizer. Entretanto, voltare-mos ao serviço de nossa missão na Igreja e no mundo com ale-gria renovada e com a convicção de que Deus, o Senhor da história, fica conos-co, seja nas crises seja nos novos tem-pos”.

De fato, o Ano Sacerdotal foi um período privilegiado de oração e de re-flexão sobre o sacer-dócio; e isso precisa continuar seja nas comunidades, seja entre os sacerdotes.

Oração e refle-xão. Quando dou posse canônica a um novo pároco, sem-pre deixo como um compromisso para a comunidade a oração diária pelo seu pá-roco; o padre tem necessidade de contar

Nasceu assim!Tudo começou em 28 de março de

2004 na Comunidade Santa Clara, em Ja-careí, onde costumeiramente nos reuní-amos, aproveitando aquele espaço cheio história para contar de nossa caminhada. Estavam reunidos 260 companheiros e companheiras para participar de uma grande assembleia para definir nossa ação na Igreja e na comunidade. E, assim, nos reunimos em muitos grupos, dentro e fora da capela, para pensarmos sob a ação do Espírito de Deus, que nos indicou caminhos a seguir.

Esta assembleia gerou as Diretrizes que foram aprovadas e postas em práti-ca dentro de nossa Diocese. Desse modo, o nosso jornal nasceu do Projeto Subsí-dios como orientação para as lideranças “animadores(as) e coordenadores(as). A princípio seria uma apostila em forma de fichas, mas evoluiu para um jornal. O nome “Lá vem o Trem das CEBs” - Infor-mativo foi pensado e escolhido por trazer

tudo o que pudesse melhorar à comuni-cação entre as comunidades e torná-las mais dinâmicas.

Hoje, o jornal das comunidades tem uma tiragem de 6.200 exemplares, sen-do que para cada jornal distribuído mais quatro pessoas tem acesso à leitura, possibilitando a 24.800 pessoas tomar contato com seu conteúdo. Sem contar os acessos via internet. Construído por voluntários(as), que acreditam que os meios de comunicação são ferramentas que contribuem para incluir e anun-

com a oração dos seus fiéis. A Solenidade do Sagrado Coração de Jesus é um dia especial de oração pelos sacerdotes; por isso exorto os fiéis de todas as comunida-des a colocarem no coração de Deus uma

oração bem fervoro-sa pela santificação dos nossos sacerdo-tes.

O santo Cura d’Ars (São João Ma-ria Vianney) costu-mava dizer que “o sacerdócio é o amor do Coração de Je-sus”; isso deve nos levar a refletir sobre o ministério sacerdo-tal. Ele também di-zia: “Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode con-ceder a uma paró-quia e um dos dons

mais preciosos da misericórdia divina”. Por isso, rezemos, especialmente nesta Solenidade do Sagrado Coração de Jesus,

mas também em outras oportunidades, para que nossos padres sejam cada vez mais esses tesouros e esses dons para nossas comunidades paroquiais.

Oração de São João Maria Vianney pelos sacerdotes:

Ó Jesus, sumo e eterno Sacerdote, conservai todos os vossos sacerdotes sob a proteção de vosso coração. Conservai ilibadas suas mãos ungida, puros os seus lábios, e desapegados dos bens da terra os seus corações.

Fazei-os crescer no amor e na fide-lidade para convosco e preservai-os do contágio do mundo. Que sejam, no meio do vosso povo, defensores da justiça, mi-nistros de paz e de comunhão, guia para os jovens e amparo dos pobres.

Dai-lhes, juntamente com o poder que têm de transformar o pão e o vinho, em vosso Corpo e Sangue, o poder de transformar os corações dos homens. Abençoai os seus trabalhos com copiosos frutos e concedei-lhes um dia a coroa da vida eterna. Amém.

Dom Moacir Silva

Bispo Diocesano

Ano Sacerdotal

Memória da Caminhada

ciar a verdade do mestre Jesus “Eu sou o caminho a verdade e a vida” (Jo, 14-6), ensinamento que os motiva a seguir em frente levando sua mensagem a todos.

O jornal cresceu; é como semente boa lançada em solo fértil! Já saiu mundo afora levando notícias nossas para outras comunidades e nos trazendo notícias de outras comunidades. Assim, vamos fa-zendo com que a comunicação nos una cada vez mais, criando laços de solida-riedade para podermos continuar cons-truindo novas comunidades para que o

Reino de Deus aconteça.O desafio continua. O Espírito de

Deus que nos iluminou naquele dia con-tinua agindo em todos nós que participa-mos das Comunidades Eclesiais de Base. Por isso, mãos à obra e muita criatividade para novas etapas, pois tudo é Graça e Bondade de Deus.

Amém, Axé, Aleluia.

Luiz MarinhoEquipe de Comunicação Diocesana

Foto: Bernadete Mota

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res das gerações anteriores, inclusive a fé e o modo de vivê-la? Só uma Igreja com diferentes jeitos de viver a mesma Fé será capaz de dialogar relevantemente com a sociedade contemporânea.

O século XX foi, sem dúvida, o sécu-lo da globalização. Suas consequências para a vida cotidiana são tantas que hoje se fala que o mundo vive não mais uma época de mudanças, mas “uma mudança de época, cujo nível mais profundo é o cultural” (DAp 44). De fato, “a ciência e a técnica quando colocadas exclusivamen-te a serviço do mercado (...) criam uma nova visão da realidade” (DAp 45), mas isso não significa um passo em direção ao desenvolvimento integral proposto pela encíclica Populorum progressio e reafir-mado pelo Papa Bento XVI em Caritas in Veritate, porque a lógica do mercado cor-rói a estrutura de sociabilidade básica que se expressa nas relações de tipo comuni-tário. À medida que ele avança, expulsa as relações de cooperação e solidarieda-de e introduz relações de competição nas quais o mais forte é quem leva vantagem.

Desta forma, é preciso valorizar as experiências de sociabilidade básica: as relações fundadas na gratuidade que se expressa na dinâmica de oferecer-rece-ber-retribuir. O cultivo da reciprocidade tem como espaço primeiro aquele onde a vizinhança territorial é importante para a vida cotidiana, como em áreas rurais, bairros de periferia e favelas. É a solidarie-dade entre vizinhos – melhor dizendo, en-tre vizinhas – que assegura o cuidado com crianças, idosos e doentes, por exemplo. Não por acaso, esses espaços periféricos favorecem o desenvolvimento de asso-ciações de vizinhança e movimentos que reivindicam melhorias de equipamento urbano, bem como das próprias Comu-nidades Eclesiais de Base (CEBs). São as relações de reciprocidade que, promo-vendo a solidariedade que é a força dos pobres e pequenos, permite que se diga que “gente simples, fazendo coisas pe-quenas, em lugares pouco importantes, consegue mudanças extraordinárias”.O percurso histórico das CEBs no Brasil

A experiência das CEBs não surgiu de um planejamento prévio, mas de um im-pulso renovador, como um sopro do Espí-

rito, já presente na Igreja no Brasil. Esse impulso renovador se manifesta de forma crescente nos anos 50 e 60 do século 20. Na verdade, os tempos se tornaram ma-duros para uma nova consciência histó-rica e eclesial: primeiro, pela emergência de um novo sujeito social na sociedade brasileira, o sujeito popular, que ansiava à participação; segundo, pela emergência de um novo sujeito eclesial, portador de uma nova consciência na Igreja. Ele ansia-va participar ativa e corresponsavelmente da vida e da missão da Igreja. Esse sujeito provoca novas descobertas e conversões pastorais (CNBB 25,7).

Nelas se revigoravam ou restauravam as relações de reciprocidade, de modo a favorecer a reconstrução das estruturas da vida cotidiana, do mundo da vida, em um contexto social adverso. A interação entre a CEB enquanto organismo eclesial e a comunidade local de vizinhos é uma das grandes contribuições da Igreja à con-quista dos direitos de cidadania em nosso País. Ao acolher pastoralmente a popula-ção rural ou migrante em capelas e salões improvisados nos quais elas se sentissem “em casa”, a Igreja lhes ofereceu uma possibilidade de organizar-se autonoma-mente, quando as empresas e os poderes públicos só viam nela o potencial de mão-de-obra a ser empregada no processo de industrialização.

A experiência dos IntereclesiaisOs Encontros Intereclesiais das CEBs

são patrimônio teológico e pastoral da Igreja no Brasil. Desde a realização do pri-meiro, em 1975 (Vitória – ES), reúnem di-versas dioceses para troca de experiência e reflexão teológica e pastoral acerca da caminhada das CEBs. Foram doze encon-tros nacionais, diversos encontros de pre-paração em várias instâncias (paróquias, dioceses, regionais) e, desde a realização do 8º Intereclesial ocorrido em Santa Ma-ria – RS (1992), são realizados seminários de preparação e aprofundamento dos te-mas ligados ao encontro.

Manifestação visível da eclesialida-de das CEBs, os Encontros Intereclesiais congregam bispos, religiosos e religiosas, presbíteros, assessores e assessoras, ani-madores e animadoras de comunidades, bem como convidados de outras igrejas

cristãs e tradições religiosas. Neles se ex-pressa a comunhão entre os fiéis e seus pastores.

Espiritualidade e vivência eucarística“O Concílio Vaticano II, eminentemen-

te pastoral, provocou um grande impacto na Igreja. Suas grandes idéias-chaves trou-xeram a fundamentação teológica para a intuição, já sentida na prática, de que a re-novação pastoral deve se fazer a partir da renovação da vida comunitária e de que a comunidade deve se tornar instrumento de evangelização”. (CNBB 25,11)

A exigência do Vaticano II é de razão estritamente teológica, de ordem trini-tária. A essência íntima de Deus não é a solidão, mas a comunhão de três divinas Pessoas. A comunhão – koinonia, commu-nio – constitui a realidade e a categoria fundamental que permeia todos os seres e que melhor traduz a presença do Deus-Trindade no mundo. É a comunhão que faz a Igreja ser “comunidade de fiéis”. Por isso, o Vaticano II faz derivar a união do Povo de Deus da unidade que vigora entre as três divinas Pessoas (LG 4).

A Trindade nos coloca, desde o início, no coração do mistério de comunhão. O Papa João Paulo II, falando aos bispos em Puebla, em 28 de janeiro de 1979, procla-mou: “Nosso Deus em seu mistério mais íntimo não é uma solidão, mas uma famí-lia... e a essência da família é o amor”. A comunhão e a comunidade devem estar presentes em todas as manifestações hu-manas e em todas as concretizações ecle-siais.

Por isso mesmo, a Eucaristia está no centro da vida de nossas comunidades de base. É o sacramento que expressa comunhão e participação de todos e to-das, como numa grande família, ao redor da Mesa do Pai. Há comunidades que re-cebem a comunhão eucarística graças a presença do Santíssimo no local ou pelo serviço de um ministro extraordinário da sagrada comunhão. Como nossas CEBs, em sua maioria, “não têm oportunidade de participar da Eucaristia dominical”, por falta de ministros ordenados, “elas po-dem alimentar seu já admirável espírito missionário participando da ‘celebração dominical da Palavra’, que faz presente o mistério pascal no amor que congrega

MENSAGEM AO POVO DE DEUS SOBRE AS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE

Introdução“As Comunidades Eclesiais de Base”,

dizíamos em 1982, constituem “em nosso país, uma realidade que expressa um dos traços mais dinâmicos da vida da Igreja (...)” (Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do Brasil, CNBB, doc. 25,1). Após a Conferência de Aparecida (2007) e o 12º Intereclesial (Porto Velho-2009), quere-mos oferecer a todos os nossos irmãos e irmãs uma mensagem de animação, em-bora breve, para a caminhada de nossas CEBs.

Queremos reafirmar que elas continu-am sendo um “sinal da vitalidade da Igre-ja” (RM 51). Os discípulos e as discípulas de Cristo nelas se reúnem para uma aten-ta escuta da Palavra de Deus, para a busca de relações mais fraternas, para celebrar os mistérios cristãos em sua vida e para assumir o compromisso de transformação da sociedade. Além disso, como afirma Medellín, as comunidades de base são “o primeiro e fundamental núcleo eclesial (...), célula inicial da estrutura eclesial e foco de evangelização e, atualmente, fa-tor primordial da promoção humana (...)” (Medellín 15).

Por isso, “Como pastores, atentos à vida da Igreja em nossa sociedade, que-remos olhá-las com carinho, estar à sua escuta e tentar descobrir através de sua vida, tão intimamente ligada à história do povo no qual elas estão inseridas, o cami-nho que se abre diante delas para o futu-ro”. (CNBB 25,5)

Os desafios postos às CEBs hoje: a sociabilidade básica no clima cultural

contemporâneoCom as grandes mudanças que estão

acontecendo no mundo inteiro e em nos-so país, as CEBs enfrentam hoje novos desafios: numa sociedade globalizada e urbanizada, como viver em comunidade? Nascidas num contexto ainda em grande parte rural, serão capazes de se adaptar aos centros urbanos, que têm um ritmo de vida diferente e são caracterizados por uma realidade plural? Dentro desse con-texto, há outro desafio: como transmitir às novas gerações as experiências e valo-

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL48ª Assembleia Geral da CNBB - Brasília, 4 a 13 de maio de 2010

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CEBs - Informação e Formação para animadores 5geográficas e populacionais, a comunida-de eclesial de base requer que as relações sejam de fraternidade, partilha de vida, de bens e da própria experiência de fé. Ela deve provocar um encontro permanente com a Palavra de Deus e celebrar na litur-gia, na alegria e na festa, a salvação que Jesus Cristo nos trouxe.

A experiência da fé e da participação faz amadurecer a comunidade eclesial de base, e lhe confere características próprias de modo a levá-la a um relacionamento fraterno de igualdade com as demais co-munidades pertencentes à mesma paró-quia. Com isso, a matriz-paroquial ganha maior relevância pastoral na medida em que passa a exercer a função de articula-dora das comunidades.

Exortamos que a paróquia procure se transformar em “rede de comunidades e grupos, capazes de se articular conseguin-do que seus membros se sintam realmen-te discípulos missionários de Jesus Cristo em comunhão” (DAp 172), tendo por modelo as primeiras comunidades cristãs retratadas nos Atos dos Apóstolos (At 2 e 4). Assim, a paróquia será mais viva, junto com suas comunidades, coordenadas por leigos ou leigas, por diáconos permanen-tes, animadas por religiosos e religiosas, e que tenham no Conselho Pastoral Paro-quial, presidido pelo pároco, seu principal articulador pastoral.

ConclusãoEm comunhão com outras células vi-

vas da Igreja, comunidades de discípulos e discípulas geradas pelo encontro com Jesus Cristo, Palavra feito carne (cf. Jo 1,14), como são os movimentos, as novas comunidades, as pequenas comunidades, que integram a rede de comunidades que a paróquia é chamada a ser, reafirmamos aqui o que está escrito no Documento 25 da CNBB: “Ao concluir estas reflexões, de-sejamos agradecer a Deus pelo dom que as CEBs são para a vida da Igreja no Bra-sil, pela união existente entre os nossos irmãos e seus pastores, e pela esperança de que este novo modo de ser Igreja vá se tornando sempre mais fermento de reno-vação em nossa sociedade”. (94)

Brasília-DF, 12 de maio de 2010

Dom Geraldo Lyrio RochaArcebispo de Mariana

Presidente da CNBB

Dom Luiz Soares Vieira Arcebispo de Manaus

Vice-Presidente da CNBB

Dom Dimas Lara BarbosaBispo Auxiliar do Rio de Janeiro

Secretário-Geral da CNBB

Fonte: CNBB

(cf. 1 Jo 3, 14), na Palavra acolhida (cf. Jo 5, 24-25) e na oração comunitária (cf. Mt 18,20)” (DAp 253).

A realidade das CEBs se expressa na liturgia e também na diaconia e na pro-fecia. A diaconia educa, cura as feridas, multiplica e distribui o pão e chama para a solidariedade e a comunhão. A profecia anuncia o desígnio de Deus e denuncia os abusos, a mentira, a injustiça, a explora-ção e exige a conversão. Por isso, sofre perseguição, difamação, morte.

Temos duas testemunhas recentes desse duplo ministério dos discípulos e discípulas de Jesus Cristo: Dra. Zilda Arns e Irmã Dorothy Stang. Há muito conhecidas por nossas comunidades pobres pelo Bra-sil afora, elas inspiraram a ação das CEBs. Elas entregaram a vida e nos deixaram seu testemunho de fé e amor aos pobres, fra-cos, desamparados e discriminados.

Esta espiritualidade também possibili-tou a produção de uma rica manifestação artística em nossas comunidades – músi-cas, poesias, pinturas, símbolos – típicos da prática religiosa e cultural de nosso povo, e que também são instrumentos de evangelização e de missão.

Vivência e Anúncio da Palavra deDeus e o Testemunho de fé

“A Palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1, 14). A acolhida da Palavra de Deus e a vivência comunitária da fé são indissociáveis nas CEBs. A Bíblia faz parte do dia-a-dia da comunidade, estando pre-sente nos grupos e pastorais, nas liturgias e na formação, na reza e nas ações que vi-sam superar as desigualdades e injustiças da sociedade brasileira.

São espaços privilegiados de leitura bíblica nas CEBs os círculos bíblicos e gru-pos de reflexão. Neles o povo se coloca como sujeito eclesial, assume seu lugar na comunidade e na sociedade. O prota-gonismo dos leigos nas CEBs é expressão viva de uma Igreja que se renova animada pelo Espírito Santo, é também um sinal de que no discipulado estão surgindo novos ministérios e serviços.

“O ministério da Palavra exige o minis-tério da catequese a todos porque ‘forta-lece a conversão inicial e permite que os discípulos missionários possam perseve-rar na vida cristã e na missão em meio ao mundo que os desafia’” (DGAE 64; DAp 278c). A vida em comunidade já é uma forma de catequese. Ela predispõe para o aprofundamento da fé e da vida cristã por meio do ministério da catequese e tam-bém pelo testemunho fraterno de seus membros.

Solidariedade e serviçoAlimentadas pela Palavra de Deus e

pela vivência de comunhão, as CEBs pro-movem solidariedade e serviço. Reunindo pessoas humildes, as CEBs ajudam a Igreja a estar mais comprometida com a vida e o sofrimento dos pobres, como fez Jesus. Elas manifestam, mais claramente, que “o serviço dos pobres é medida privilegiada, embora não exclusiva, do seguimento de Cristo” (DP 1145).

Mais ainda, o surgimento das CEBs, junto com o compromisso com os mais necessitados, ajudou a Igreja a “descobrir o potencial evangelizador dos pobres”, primeiro, porque interpelam a Igreja, cha-mando-a à conversão; segundo, porque “realizam em sua vida os valores evangé-licos da solidariedade, serviço, simplicida-de e disponibilidade para acolher o dom de Deus” (DP 1147). As vocações religio-sas e sacerdotais despertadas pelas CEBs sinalizam vitalidade espiritual, comunhão eclesial e um novo estímulo de consagra-ção a Deus.A formação dos discípulos missionários

Na sua experiência já amadurecida, as CEBs querem ser Igreja como o Con-cílio Vaticano II desejou: uma Igreja toda ministerial a serviço do Reino de Deus. A formação do discípulo missionário come-ça dentro delas pela experiência de um encontro feliz e alegre com a pessoa de Jesus, sua vida e seu destino. Como Jesus convocou discípulos e discípulas para es-tarem com ele, do mesmo modo, ele con-voca também hoje discípulos e discípulas para estarem com ele e dele aprenderem o amor ao Pai, a fidelidade ao Espírito e o compromisso para a transformação do mundo em mundo de irmãos e irmãs.

Por sua capacidade de cuidar da for-mação da própria comunidade e de olhar, com compaixão, a realidade, as CEBs po-dem e devem ser cada vez mais escolas que ajudam “a formar cristãos compro-metidos com sua fé; discípulos e missio-nários do Senhor, como o testemunha a entrega generosa, até derramar o sangue, de muitos de seus membros” (DAp 178).

A participação nos movimentos so-ciais, de cidadania, de defesa do meio ambiente em vista da construção do Rei-no de Deus

No que diz respeito à relação das CEBs com a dimensão sociopolítica da evan-gelização, o Sínodo sobre A Justiça no Mundo, de 1971, já tinha afirmado que “a ação pela justiça e a participação na trans-formação do mundo nos aparecem clara-mente como uma dimensão constitutiva da pregação do Evangelho, isto é, da mis-são da Igreja pela redenção do gênero hu-mano e a libertação de toda situação de opressão” (introd.). Em vista disso, a Igre-

ja no Brasil exorta as CEBs e demais co-munidades eclesiais a se manterem fiéis à própria fé, no conteúdo e nos métodos, na busca da libertação plena, superando a tentação “de reduzir a missão da Igreja às dimensões de um projeto puramente temporal” (CNBB 25,64ss; Cf. EN 32).

Em relação à aproximação das CEBs com os movimentos populares na luta pela justiça, o documento 25 da CNBB afirmava que elas “não podem arrogar-se o monopólio do Reino de Deus”. Na ver-dade, a CEB deve tomar consciência de que, “como Igreja, é sinal e instrumento do Reino, é aquela pequena porção do povo de Deus onde a Palavra de Deus é acolhida e celebrada nos sacramentos ... sobretudo na Eucaristia” (70ss). As CEBs buscam, sim, a “colaboração fraterna com pessoas e grupos que lutam pelos mes-mos valores” (73).

As CEBs têm despertado em muitos dos seus membros a espiritualidade do cuidado para com a vida dos seres huma-nos, de todas as formas de vida e a vida do Planeta Terra. A espiritualidade do cuida-do tem motivado o surgimento de gestos e atitudes éticas de respeito, de venera-ção, de ternura, de cooperação solidária, de parceria, que promovam a inclusão de todos e de tudo no mistério da vida.

As CEBs promovem a participação ativa de seus membros nos grupos de economia popular solidária, resgatando o sentido originário da economia como a atividade destinada a garantir a base material da vida pessoal, familiar, social e espiritual. Contribui assim para que o tra-balho humano, além de ser o lugar de edi-ficação da dignidade humana e promoção da justiça social, seja também responsá-vel pela promoção do desenvolvimento sustentável.

Espírito de abertura ecumênica ediálogo interreligioso

Uma das dimensões da espiritualida-de cultivadas pelas CEBs é a do diálogo ecumênico e interreligioso, que se dá pela abertura ao mundo do outro, promoven-do a unidade na diversidade e buscando as semelhanças na diferença. Esta espi-ritualidade dialogal tem sido assumida pelas CEBs como uma missão de frater-nidade cristã, numa atitude de profundo respeito às demais manifestações religio-sas, em busca da comunhão universal. Essa espiritualidade nasce do desejo ex-presso por Jesus: “Que todos sejam um!” (Jo 17,21)

Formação de rede de comunidadesOs membros das CEBs são discípulos

de Cristo e ajudam a formar outras comu-nidades. Em meio a grandes extensões

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CEBs - Informação e Formação para animadores6

Formação: Leitura Popular da Bíblia

A Bíblia nos Interpela

Carlos MestersFrancisco Orofino

Neste artigo abordamos a leitura po-pular da Bíblia que se faz nas Comunida-des Eclesiais da Base da América Latina. É bom lembrar que elas são apenas uma minoria. A grande maioria dos cristãos e a maior parte das igrejas têm outro jeito de olhar a Bíblia. Muitos deles fazem uma leitura mais tradicional e mais fundamen-talista. Porém, o impacto e a irradiação da leitura feita nas Comunidades Eclesiais de Base são grandes e significativos para a vida das igrejas e para a caminhada do movimento popular.

Este artigo é como uma fotografia que fixa a posição de uma pessoa num deter-minado momento da sua vida. Uma vez feita, a fotografia não muda mais. Mas a pessoa fotografada continua mudando e crescendo. Ela não para. Talvez nem se lembre mais da fotografia. Pode até ser que, depois de alguns anos, ela nem se reconheça mais nesta fotografia que aqui apresentamos com muito respeito e ca-rinho.

1ª PARTEDEZ CARACTERÍTICAS DA LEITURA PO-PULAR DA BÍBLIA NA AMÉRICA LATINA

Como entrada no nosso assunto apre-sentamos aqui dez pontos que, de certo modo, oferecem uma visão global da lei-tura popular e são um resumo de tudo que vamos dizer.

1. A Bíblia é reconhecida e acolhida pelo povo como Palavra de Deus. Esta fé já existia antes da chegada da leitura popular da Bíblia. É nesta raiz ou tronco bem firme da fé popular, que enxertamos todo o nosso trabalho em torno da Bíblia. É o que caracteriza a leitura que fazemos da Bíblia na América Latina. Sem esta fé, todo o processo e todo o método teriam de ser diferentes. “Não es tu que susten-tas a raiz, mas a raiz sustenta a ti” (Rm 11,18).

2. Ao ler a Bíblia, o povo das Comuni-dades traz consigo a sua própria história e tem nos olhos os problemas que vem da realidade dura da sua vida. A Bíblia aparece como um espelho, sím-bolo (Heb 9,9; 11,19), daquilo que ele mesmo vive hoje.

Estabelece-se, assim, uma ligação profunda entre Bíblia e vida que, às ve-zes, pode dar a impressão aparente de

um concordismo superficial. Na realida-de, é uma leitura de fé muito semelhante à leitura que faziam as comunidades dos primeiros cristãos (At 1,16-20; 2,29-35; 4,24-31) e os Santos Padres nos primeiros séculos das igrejas.

3. A partir desta nova ligação entre Bí-blia e vida, os pobres fazem a descoberta, a maior de todas: “Se Deus esteve com aquele povo no passado, então Ele está também conosco nesta luta que fazemos para nos libertar. Ele escuta também o nosso clamor!” (cf. Ex 2,24; 3,7). Assim vai nascendo, imperceptivelmente uma nova experiência de Deus e da vida que se torna o critério mais determinante da

leitura popular e que menos aparece nas suas explicitações e interpretações. Pois o olhar não se enxerga a si mesmo.

4. Antes de o povo ter esse contato mais vivido com a Palavra de Deus, para muitos, sobretudo na igreja católica, a Bí-blia ficava longe. Era o livro dos “padres”, do clero.

Mas agora ela chegou perto! O que era misterioso e inacessível, começou a fazer parte da vida quotidiana dos po-bres. E junto com a sua Palavra, o próprio Deus chegou perto! “Vocês que antes es-tavam longe foram trazidos para perto!” (Ef 2,13)

Difícil para um de nós avaliar a expe-riência de novidade e de gratuidade que tudo isto representa para os pobres.

5. Assim, aos poucos, foi surgindo uma nova maneira de se olhar a Bíblia e a sua interpretação. A Bíblia já não é vis-ta como um livro estranho que pertence ao clero, mas como nosso livro, “escrito

para nós que tocamos o fim dos tempos” (1 Cor 10,11).

Às vezes, para alguns, ela chega a ser o primeiro instrumento para uma análi-se mais crítica da realidade que hoje vi-vemos. Por exemplo, a respeito de uma empresa opressora do povo, o pessoal da comunidade dizia: “É o Golias que temos que enfrentar!”

6. Está em andamento uma descober-ta progressiva de que a Palavra de Deus não está só na Bíblia, mas também na vida, e de que o objetivo principal da lei-tura da Bíblia não é interpretar a Bíblia, mas sim interpretar a vida com a ajuda da Bíblia.

Descobre-se que Deus fala hoje, atra-vés dos fatos. Por exemplo, no ano de 2001, em que as comunidades re-fletiram sobre os Atos dos Apósto-los, percebe-se um entusiasmo muito grande. Não é tanto por causa das coisas novas que eles des-cobrem em Atos, mas muito mais por causa da confirma-ção que Atos lhes oferece de que a ca-

minhada que estão fazendo é uma cami-nhada bíblica. A Bíblia ajuda a descobrir que a Palavra de Deus, antes de ser lida na Bíblia, já existia na vida. “Na verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não o sa-bia” (Gn 28,16)!

7. A Bíblia entra por uma outra porta na vida do povo: não pela porta da im-posição autoritária, mas sim pela porta da experiência pessoal e comunitária. Ela se faz presente não como um livro que impõe uma doutrina de cima para bai-xo, mas como uma Boa Nova que revela a presença libertadora de Deus na vida e na luta do povo.

A Bíblia confirma a caminhada que o povo está fazendo e, assim, o anima na sua esperança. Os que participam dos grupos bíblicos, eles mesmos se encarre-gam de divulgar esta Boa Notícia e atraem outras pessoas para participar. “Venham ver um homem que me contou toda a minha vida!” (Jo 4,29). Por isso, ninguém

sabe quantos grupos bíblicos existem. Só Deus mesmo!

8. Para que se produza esta ligação profunda entre Bíblia e vida, é impor-tante: a) Ter nos olhos as perguntas reais que vêm da vida e da realidade sofrida de hoje, e não perguntas artificiais que nada têm a ver com a vida do povo. Aqui aparece a importância de o estudioso da Bíblia tem convivência e experiência pas-toral inserida no meio do povo. b) Des-cobrir que se pisa o mesmo chão, ontem e hoje. Aqui aparece a importância do uso da ciência e do bom senso tanto na análise crítica da realidade de hoje como no estudo do texto e seu contexto social. c) Ter uma visão global da Bíblia que en-volva os próprios leitores e leitoras e que esteja ligada com a situação concreta das suas vidas. Lendo assim a Bíblia, produz-se uma iluminação mútua entre Bíblia e vida. O sentido e o alcance da Bíblia apa-recem e se enriquecem à luz do que se vive e sofre na vida, e vice-versa.

9. A interpretação que o povo faz da Bíblia é uma atividade envolvente que compreende não só a contribuição in-telectual do exegeta, mas também e so-bretudo todo o processo de participação da Comunidade: trabalho e estudo de grupo, leitura pessoal e comunitária, te-atro, celebrações, orações, recreios, “en-fim, tudo que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso ou que de qualquer maneira merece louvor” (Fl 4,8). Aqui aparecem a riqueza da criativi-dade popular e a amplidão das intuições que vão nascendo.

10. Para uma boa interpretação, é muito importante o ambiente de fé e de fraternidade, através de cantos, orações e celebrações. Sem este contexto do Es-pírito, não se chega a descobrir o sentido que o texto tem para nós hoje. Pois o sen-tido da Bíblia não é só uma idéia ou uma mensagem que se capta com a razão e se objetiva através de raciocínios; é também um sentir, uma consolação, um conforto que é sentido com o coração, “para que, pela perseverança e pela consolação que nos proporcionam as Escrituras, tenha-mos esperança” (Rm 15,4).

Fonte: Centro de Estudos Bíblicos

Continua no próximo Informativocom a 2ª Parte.

Foto: Bernadete Mota

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CEBs - Informação e Formação para animadores 7

Ficha Limpa é aprovado pelo Senado

Fique Ligado!

Os senadores aprovaram, por unani-midade, o projeto de lei da Ficha Limpa no plenário, encerrando a tramitação da proposta de iniciativa popular no Con-gresso Nacional. O próximo passo será a sanção presidencial. O texto aprovado é o mesmo encaminhado pela Câmara dos Deputados, sem emendas.

“Hoje é um dia histórico. Eu me sin-to emocionado por presidir esta sessão”, disse o deputado goiano, Marconi Perillo, depois de uma série de discursos a favor do projeto e após anunciar o resultado da votação nominal (em que os nomes são registrados com o teor dos votos).

O projeto de lei, entregue a deputado Michel Temer, em setembro do ano pas-sado, pelo Movimento de Combate à Cor-rupção Eleitoral (MCCE), passou por duas

alterações, a primeira no grupo de traba-lho coordenado pelo deputado Miguel

Martini, com relatoria de Índio da Costa, e a segunda com a relatoria de José Edu-

ardo Cardozo, na Comissão de Constitui-ção e Justiça (CCJ) da Câmara dos Depu-

tados. Nos dois casos, o MCCE acredita que o projeto foi aperfeiçoado e permanece de encon-tro aos anseios da so-ciedade, expressos em 1,6 milhão de assinatu-ras coletadas em todo o país. Além destas, a instituição parceira da MCCE, Avaaz, coletou virtualmente mais de 2 milhões de adesões à iniciativa.

De acordo com a diretora do MCCE, Jovita José Rosa, a aprovação do PLP no Senado Federal re-

No dia 21 de março aconteceu na Pa-

róquia Nossa Senhora de Fátima - Altos

de Santana, a 3ª Caminhada pela Paz,

com o tema da CF 2010: “Vocês não po-

dem servir a Deus e ao Dinheiro”.

Aconteceu!

TENDA DOS MARTIRES 2010Foi levantada uma nova tenda no mesmo espaço onde aconteceu a Tenda dos Mártires durante a 5ª Conferência do Episcopado

Latino Americano e do Caribe em 2007, com o objetivo de celebrar os 3 anos e construir a utopia de nosso dia a dia. Fizeram-se presentes o pessoal da Pastoral Operária e das CEBs.

De 19 a 21 de maio, na Comunidade São Geraldo, foi um tempo de Graça, para reviver aquele período histórico, fazer memória, partilhar o que aconteceu no decorrer destes três anos, trocar experiências, e manter viva a mensagem e o compromisso de discí-pulos e missionários!

Todos os dias aconteceram: celebração do Oficio Divino das Comunidades, Oração do Terço, Celebração da Santa Missa, visita às pessoas doentes e que não podiam comparecer na Tenda. Cada dia, um tema foi trabalhado e também celebrado os 100 anos de Dom Helder, os 30 anos do martírio de Dom Oscar Romero, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos e memória aos Mártires da Caminhada Latino Americana.

Celebraram na Tenda Pe. Miguel Pipolo, Pe. Luis Carlos Tierney, Pe. José Beozzo, Frei Alamiro de Andrade e Pe. João Baresi. Uma grande alegria a presença de Ir. Alberta Girardi, Ir. Ernesto, Pe. Geraldo de Paula Sousa, Conceição Aparecida de Souza.

No dia 21/05, aconteceu uma Oficina de Música para as crianças da comunidade, assessorada pelo pessoal da Casa da Solida-riedade de São Paulo.

Inesquecível a acolhida que tivemos pelas pessoas da comunidade, com o imenso amor de sempre! Estamos unidos e assim seguimos por uma historia que está sendo construída no dia a dia de nossas comunidades, para que sejam expressões vivas do povo de Deus, com a Tenda dos Mártires que permanece erguida em nossos corações.

Maria Matsutacke Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe

presenta a vitória da sociedade e das 44 entidades que lutaram pela tramitação da lei. “No início, a Ficha Limpa parecia uma utopia, mas logo todo o Brasil se envolveu com o tema e hoje só pode-mos comemorar, porque é uma vitória do povo”, afirmou.

Além da sanção presidencial, outro aspecto que deverá ser abordado é a va-lidade da lei já nestas eleições. O MCCE entende que não é preciso o prazo de um ano antes do pleito, para que a legislação passe a vigorar. No entanto, outras inter-pretações entendem que a lei seria apli-cada a partir de 2012. A decisão ficará a cargo do Tribunal Superior Eleitoral.

Fonte: CNBB

Foto: Divulgação

Fotos: Maria Matsutacke

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Sugestões, críticas, artigos, envie para Bernadete.Av. Ouro Fino, 1.840 - Bosque dos Eucalíptos CEP 12.233-401 - S. J. Campos - SP

E-mail do informativo: [email protected] Esperamos seu contato!

Fale com a Redação...

Expediente: Publicação Mensal das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Diocese de São José dos Campos – Diretor: Dom Moacir Silva – Diretor Técnico: Pe.Ronildo Aparecido da Rosa - Jornalista Responsável: Ana Lúcia Zombardi - Mtb 28496 – Equipe de Comunicação: Coordenador: Luis Mario Marinho - Integrantes: Celso Corrêa, Maria Aparecida Matsutacke e Rosana de Paula Rosa - Colaboradora: Madalena das Graças Mota - Diagramação: Maria Bernadete de Paula Mota Oliveira - Correção: Sandra Memari Trava - Revisão: Pe. Ronildo - Arte Final, Editoração e Impressão: Katú Editora Gráfica - Tiragem: 6.200 Exemplares

Ingredientes:1 dente de alho 1 colher (sopa) de cebola 1 colher(sopa) de margarina 100 g de carne moída 1 tablete de caldo de carne 6 tomates maduros Sal e Orégano a gosto 5 berinjelas pequenas 2 xícara (chá) de talos picados 6 unidades de pão amanhecido 2 colheres(sopa) de queijo raladoModo de Preparo:Pique o alho e a cebola e frite-os na margarina derretida. Acrescente a carne moída e o caldo de carne. Refo-gue. Bata os tomates no liquidificador, peneire e acrescente à carne moída. Deixe engrossar. Tempere com sal, orégano e acrescente os talos picados. Reserve. Corte as berinjelas em cubos. Reserve. Descasque o pão, corte em fatias, umedeça levemente e abra com o rolo. Reserve. Coloque em um refratário, alternadamente, uma cama de pão, uma outra de molho, uma de berinjela e finalize com uma de pão e uma de molho. Polvilhe queijo ralado e leve ao forno até que a berinjela fique assada completamente. Sirva quente. Tempo de Preparo: 40 minutosCalorias (porção): 206,44 Kcal Dica: Substitua a berinjela por abobri-nha.

Fonte: Cozinha Brasil – SESI

Mãos na Massa!

Lasanha de Pão

Paróquia São João BatistaA Novena a São João Batista será celebrada de

18 a 26 de junho. Com o tema: “Com o olhar em Aparecida a missão da Igreja é Evangelizar”.

No dia 27, acontecerá a Procissão do Padroeiro São João Batista às 16h30.

A procissão percorrerá algumas ruas dos bairros São João e Jardim Didinha com destino a Paróquia onde será celebrada a Santa Missa às 19h pelos padres Dimas Cornélio e Carlos Alberto(Beto).

Data: 18/06/2010 - Local: Paróquia São João Batista - Informações: (12) 3951-2906

Baile das CEBsDia 30 Julho

Local: Nova EraVila Maria

Convites à venda com as equipes

da CEBs Valor: R$ 10,00

Ordenação Diaconal - Dia 25 JunhoSem Fabiano Kleber e Luciano Barbosa

Local: Paróquia São José OperárioVila Paiva - Horário: 19h30

A novena e festa de Nossa Se-nhora do Perpétuo Socorro acon-tecerá de 18 a 27 de junho, com o tema central: “Fidelidade de Cris-to, fidelidade do sacerdote”

Todos os dias haverá Novena Perpétua (reza do terço), 30 mi-nutos antes do horário da mis-

sa. Além da novena e da festa, haverá um baile no dia 19 de junho, na Faculdade Anhanguera, em prol do Centro de Promoção Humana Dom Oscar Romero. Os convites custam R$ 10,00. Informações pelo telefone (12) 3018-2499.

Data: 18/06/2010 - Local: Av. Ângelo Belmiro Pintus, 320, Campo dos Alemães, Informações: (12) 3966-1081

Paróquia Coração de JesusNeste ano, a Paróquia Coração de Jesus comemora 25

anos e celebrará a festa de seu padroeiro com uma trezena que acontece de 3 a 16 de junho. O tema central é: “No ano Sacerdotal, com o Coração de Jesus, proclamamos o tempo da Graça em nossa Paróquia” - “O Senhor realizou grandes obras em nosso favor”. (Lc 1,49)

No dia 13, será feito um almoço festivo às 12h e, em seguida, grande show com Padre Zezinho, às 20h.

No dia 16, a Festa de aniversário da Paróquia acontecerá no pátio do Santuário com Missa Solene do Jubileu de Prata às 19h30 e Festa de aniversário com queima de fogos.

No dia 19 de junho acontecerá o Baile do Jubileu de Prata, no Clube de Campo Luso Brasileiro. Os convites estão à venda na secretaria paroquial que funciona de segunda a sexta, das 8h às 19h e das 8h às 12h aos sábados.

Data: 03/06/2010 - Local: Paróquia Coração de JesusInformações: (12) 3916-4101

Encontro de Assessores das CEBs Regional Sul 1

18 a 20 de junho 2010 Casa de Retiro Betsaída

End.: Av. Tivoli, 276 - Vila Betânia São José dos Campos

Acolhida: dia 18 à noiteLevar: toalha de banho, objetospessoais, Bíblia, caneta e papel

para anotações.Taxa: R$ 50,00

Informações e atendimento: Silvia (12) 8142-0622

Hamilton (12) 8808-4690Inscrição até 8 de junho

Irá Acontecer!