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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ JOELIR EDINEI LOURENÇO MARTINS A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DOS EMPREGADOS DOMÉSTICOS E A EC 72/2013 CURITIBA 2013

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

JOELIR EDINEI LOURENÇO MARTINS

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DOS EMPREGADOS

DOMÉSTICOS E A EC 72/2013

CURITIBA

2013

JOELIR EDINEI LOURENÇO MARTINS

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DOS EMPREGADOS

DOMÉSTICOS E A EC 72/2013.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Felipe Augusto da Silva Alcure.

CURITIBA

2013

TERMO DE APROVAÇÃO

JOELIR EDINEI LOURENÇO MARTINS

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DOS EMPREGADOS

DOMÉSTICOS E A EC 72/2013.

Esta monografia foi julgada e aprovada para obtenção do grau de Bacharel em Direito no Curso de

Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba/PR., _______ de _____________ de 2013.

__________________________________

Professor Doutor Eduardo de Oliveira Leite

Coordenador do Núcleo de Monografia

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: __________________________

Prof. Felipe Augusto da Silva Alcure

Faculdade de Ciências Jurídicas

Professor: _________________________________

Professor: __________________________________

DEDICATÓRIA

À minha esposa e filhos.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelos dons da vida e por todas as oportunidades que me oferece.

À minha família pelo incentivo, apoio e suporte.

À Universidade Tuiuti do Paraná, aos meus professores, em especial, ao meu

orientador professor Felipe Augusto da Silva Alcure.

Aos meus colegas de graduação, pelo fraterno convívio, e todas as pessoas que, de

uma forma ou de outra, colaboraram na minha história de formação acadêmica.

“O trabalho é a melhor e a pior das coisas:

a melhor, se for livre; a pior, se for

escravo.”

(Émile-Auguste Chartier, “Alain”)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11

2 EMPREGADO DOMÉSTICO .......................................................................... 13

2.1 HISTÓRIA DO EMPREGADO DOMÉSTICO NO BRASIL .............................. 13

2.2 CONCEITO DE EMPREGADO E EMPREGADOR DOMÉSTICO .................. 13

2.2.1 Empregado Doméstico ................................................................................... 13

2.2.2 Empregador Doméstico .................................................................................. 14

2.3 ESPÉCIES DE EMPREGADOS DOMÉSTICOS ............................................ 14

2.3.1 Empregados Domésticos Propriamente Ditos ................................................ 14

2.3.2 Empregados a serviço de pessoas ou família proprietárias de sítios ou

fazendas, que trabalhem no âmbito residencial. ....................................................... 15

2.3.3 Empregados de casa de praia e veraneio ou chácara de lazer. ..................... 15

2.3.4 Pilotos de aeronaves e marinheiros de lanchas ou embarcações. ................. 15

2.3.5 Diarista ............................................................................................................ 15

3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA E ALTERAÇÕES DA LEI 5.859/1972 .................. 16

4 DIREITOS TRABALHISTAS DO EMPREGADO DOMÉSTICO ..................... 18

4.1 REGISTRO NA CARTEIRA DE TRABALHO E O CONTRATO ...................... 18

4.2 SALÁRIO MÍNIMO FIXADO EM LEI ............................................................... 19

4.3 IRREDUTIBILIDADE SALARIAL .................................................................... 19

4.4 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO ..................................................................... 20

4.5 DESCANSO SEMANAL REMUNERADO ....................................................... 20

4.6 FERIADOS CIVIS E RELIGIOSOS ................................................................. 20

4.7 FÉRIAS ........................................................................................................... 21

4.8 LICENÇA MATERNIDADE ............................................................................. 21

4.9 LICENÇA-PATERNIDADE .............................................................................. 22

4.10 AVISO PRÉVIO .............................................................................................. 22

4.11 APOSENTADORIA ......................................................................................... 24

4.12 VALE TRANSPORTE ..................................................................................... 25

4.13 AUXILIO-DOENÇA ......................................................................................... 25

4.14 ACIDENTE DE TRABALHO ........................................................................... 25

4.15 EXTINÇÃO DO CONTRATO DE EMPREGO ................................................. 25

5 DEVERES DO EMPREGADO DOMÉSTICO ................................................. 27

5.1 CTPS – CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL ................... 27

5.2 ASO – ATESTADO MÉDICO OCUPACIONAL ............................................... 27

5.3 INSCRIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E FUNDIÁRIA ............................................. 27

6 DIREITOS ASSEGURADOS AO DOMÉSTICO PELA EC 72/2013 .............. 29

6.1 GARANTIA DE SALÁRIO NUNCA INFERIOR AO MÍNIMO ........................... 29

6.2 RETENÇÃO DOLOSA DO SALÁRIO TIDA COMO CRIME ........................... 29

6.3 JORNADA DE TRABALHO ............................................................................ 29

6.4 HORA EXTRA COM 50% DE ACRÉSCIMO .................................................. 29

6.5 NORMAS DE SAÚDE HIGIENE E SEGURANÇA .......................................... 30

6.6 DIREITO COLETIVO DE TRABALHO ............................................................ 30

6.7 PROIBIÇÃO DE ADMISSÃO DISCRIMINATÓRIA ......................................... 31

6.8 PROIBIÇÃO DISCRIMINATÓRIA PELA DEFICIÊNCIA ................................. 31

6.9 PROIBIÇÃO TRABALHO NOTURNO E INSALUBRE A MENORES ............. 32

7 DIREITOS ASSEGURADOS AOS DOMÉSTICOS E QUE DEPENDEM DE ....

REGULAMENTAÇÃO .............................................................................................. 33

7.1 DESPEDIDA ARBITRÁRIA ............................................................................. 33

7.2 SEGURO DESEMPREGO .............................................................................. 33

7.3 FGTS – FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO ....................... 33

7.4 ADICIONAL NOTURNO ................................................................................. 35

7.5 SALÁRIO-FAMÍLIA ......................................................................................... 35

7.6 CRECHES E PRÉ-ESCOLAS ........................................................................ 36

7.7 SEGURO CONTRA ACIDENTES DE TRABALHO ........................................ 36

8 DIREITOS DOS DEMAIS TRABALHADORES CELETISTAS NÃO

ASSEGURADOS AO EMPREGADO DOMÉSTICO ................................................. 38

8.1 PISO PROPORCIONAL À EXTENSÃO E COMPLEXIDADE DO TRABALHO ..

........................................................................................................................ 38

8.2 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS .................................................................... 38

8.3 JORNADA DE SEIS HORAS .......................................................................... 38

8.4 PROTEÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO PARA A MULHER .................. 39

8.5 INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE ....................................................... 40

8.6 PROTEÇÃO EM FACE DA AUTOMAÇÃO ..................................................... 41

8.7 PRAZO PRESCRICIONAL EM AÇÕES TRABALHISTAS .............................. 41

8.8 PROIBIÇÃO DE QUALQUER DISCRIMINAÇÃO ........................................... 42

8.9 IGUALDADE DE DIREITO ENTRE TRABALHO COM VINCULO E AVULSO ..

........................................................................................................................ 42

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 43

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45

ANEXOS: .................................................................................................................. 47

ANEXO I – CONTRATO DE TRABALHO ................................................................ 47

ANEXO II – CONTRATO DE EXPERIENCIA ............................................................ 49

ANEXO IV – RECIBO DE VALE TRANSPORTE ...................................................... 51

ANEXO V – RECIBO DE FÉRIAS ............................................................................. 52

ANEXO VI – AVISO PRÉVIO EMPREGADOR ......................................................... 53

ANEXO VII – AVISO PRÉVIO EMPREGADO ........................................................... 54

ANEXO VIII – RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO .................................... 55

RESUMO

O presente trabalho traduz-se no interesse em demonstrar a evolução histórica e as

mudanças que certamente deverão ocorrer, provocadas pela recente aprovação no

Congresso da EC 72 nos serviços tidos como domésticos e que a partir de agora

amplia os direitos trabalhistas das domésticas, babás, motoristas particulares, vigias,

caseiros, jardineiros e cuidadores de idosos dentre outros. Como afirma reportagem

da (revista Veja ed 2315 pg 75), “o novo ordenamento vai mudar um bocado a rotina

das famílias brasileiras”. Mas não é só isso. Este trabalho visa mostrar a ampliação

que estes direitos terão num primeiro momento no mercado de trabalho e vai alterar

desde a impalpável relação empregada-patroa até a reorganização das famílias no

sentido de se adaptarem à lei, vez que expressivos são os reflexos econômicos que

a medida trouxe ao bolso dos patrões domiciliares, além da necessidade de se

organizarem administrativamente para uma melhor gestão residencial no tocante aos

empregados. Trazendo ainda, as inconsistências jurídicas, onde corrente de

especialistas já concluem não haver dúvidas de que no âmbito residencial as

domésticas trabalham em condições peculiares, e não podem ser colocadas num

mesmo balaio igual ao ambiente das fábricas, dos bancos ou dos hospitais onde

trabalham as operárias, bancárias e enfermeiras onde o ponto é supervisionado ou

não existem possibilidades de ver televisão durante a jornada, enquanto o trabalho

doméstico é marcado pela flexibilidade. Visa ainda demonstrar que a tradicional

incompatibilidade sistêmica que havia entre as modalidades, emprego formal x

emprego doméstico, com o novo ordenamento que bate as portas do empregador

doméstico, tende a minorar. O estudo será desenvolvido tendo como objetivo o

conhecimento necessário sobre esta relação, no que diz respeito ao empregador e

empregado doméstico, seus questionamentos sobre deveres e direitos diante da

nova realidade postos a mesa com a aprovação da EC 72. Por fim, este trabalho

busca a resposta a seguinte indagação: Como as famílias empregadoras estão se

reorganizando para se adaptar à norma que melhora a vida de seus empregados

domésticos? E estes! Foram beneficiados pela recente conquista?

Palavras-chave: Empregado doméstico. Emenda Constitucional nº 72/2013.

Evolução histórica dos direitos dos empregados domésticos.

11

1 INTRODUÇÃO

Vindo do latim “domesticus”, está entre nós a palavra “doméstico” que se

refere à vida familiar, a casa, sendo que aquele que presta serviços à família no

âmbito da casa ou lar é então o trabalhador doméstico.

Já Empregados Domésticos amplia-se e compreendem os que prestam

serviços de forma contínua e sem finalidade lucrativa à família ou em propriedades

desta, a exemplo dos caseiros em chácara de laser particular. Doutrinadores se

posicionam que tais expressões “trabalhador em domicilio” e “empregado doméstico”

não possuem o mesmo significado, entende que trabalhador em domicílio é aquele

que com seu trabalho mantém com o tomador domiciliar uma relação de trabalho

com existência de atividade lucrativa. Já ao contrário, o empregado doméstico

mantém em favor do outro, uma relação de trabalho, porém subordinado ou sob

dependência da outra pessoa sem fins do lucro. De qualquer sorte, apenas o

empregado doméstico se enquadra como doméstico vez que neste tipo de relação

não há premissa de auferir lucro pelo patrão.

A norma que regula a atividade do empregado doméstico é a Lei nº 5.859/72

e na atual Constituição da República Federativa do Brasil, o assunto está

disciplinado no parágrafo único do artigo 7º.

Por fim pretendemos com este trabalho trazer a evolução histórica deste

segmento que a muito foi considerado como trabalho de segunda classe e que

agora no Brasil se vislumbra através de recente aprovação pelo Congresso da

Emenda Constitucional número 72, a possibilidade de estes empregados serem

igualados em direitos aos trabalhadores da iniciativa privada regidos pela CLT.

Somos sabedores que é uma categoria mal organizada, com pouca

representação sindical até então, embora somem milhares pelo país afora e

representam uma parcela considerável de emergentes consumidores.

Essa é uma realidade que tem despertado interesse dos juristas, sociólogos

e intelectuais que, abordam dentro de suas atividades, as dificuldades vivenciadas

por empregados domésticos nesse difícil relacionamento com seus patrões.

Nosso principal objetivo é trazer a luz o que sejam empregados domésticos,

seus direitos e suas obrigações, bem como, uma análise histórica de como surgiu.

Por fim, discutiremos as transformações que doravante hão de ocorrer na

contratação do trabalho doméstico frente às recentes conquistas, especialmente aos

12

incisos, do Artigo 7º da CR/1988 que através da aprovação da EC 72/2013 se

incorporaram ao Parágrafo Único do mesmo artigo e que asseguram aos

empregados domésticos a extensão das garantias trabalhistas.

Antes da Emenda Constitucional 72/2013 os empregadores domésticos

podiam tratar seus empregados como se verdadeiros familiares fossem a seus

serviços, que sem previsão legal da maioria dos direitos trabalhistas ficavam os

domésticos a mercê de benesses do patrão que podiam ditar regras como melhor

lhes conviesse, por entender que no âmbito residencial cuja atividade não está o

lucro, imperava como no poder patriarcal, entendendo que nenhum dano sofria seu

empregado por desfrutar de seu “conforto familiar”. Diante desta controvérsia a

Emenda Constitucional 72/2013, pacificou o assunto ao incluir no parágrafo Único do

artigo 7º da Constituição Federal da República, outros direitos afetos aos

trabalhadores da iniciativa privada regidos pela CLT, o que quase os nivela em

direitos a todos os empregados formais.

13

2 EMPREGADO DOMÉSTICO

2.1 HISTÓRIA DO EMPREGADO DOMÉSTICO NO BRASIL

Desde a colonização do Brasil com a vinda de negros da África para

servirem como escravos, o trabalho doméstico foi surgindo, pois estes negros

também foram usados para fazer as tarefas domésticas, notadamente as mulheres

que eram utilizadas como criadas, cozinhando, lavando ou passando roupas nos

grandes casarões de senhores de engenho.

Preconizam (PAMPLONA; VILLATORRE, 2011, p. 50 e seguintes) que o

legislador brasileiro, já algum tempo preocupa-se com a criação de regramentos

para o trabalhador doméstico, cuja progressão se observa desde o Código Civil de

2016, passando pelo Decreto 16.107/1923; Decreto-Lei 3078/1941; Decreto Lei

5.452/1943 que trata da CLT; Decreto-Lei 7.036/1944; Lei 2.757/1956; Lei

5.859/1972; CRFB/1988; Lei Complementar 103/2000; Lei 10.208/2001 e Lei

11.324/2006.

Restando por último a PEC 478/2010 aprovada pela EC 72 de 02 abr. 2013,

trazida na íntegra por (LIMA, 2013, p. 152).

2.2 CONCEITO DE EMPREGADO E EMPREGADOR DOMÉSTICO

2.2.1Empregado Doméstico

Nos termos do artigo 7º, alínea “a” da Consolidação das Leis do Trabalho,

empregados domésticos são aqueles que prestam serviços de natureza não

econômica à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas.

Mauricio Godinho DELGADO1 (2013, p. 371) complementa afirmando que:

“Tecnicamente, empregado doméstico é a pessoa física que presta, com pessoalidade, onerosidade e subordinadamente, serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, em função do âmbito residencial destas”.

Neste mesmo sentido o artigo 1º da Lei 5.859/72 também define empregado

doméstico como “aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade

não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas”.

14

Por fim, destaca-se que o empregado doméstico é a pessoa física que tem

função no âmbito residencial do tomador pessoa física ou família.

Conclui (DELGADO 2013, p. 380), conforme previsto no artigo 7º letra “a” da

CLT, “os preceitos contidos na CLT salvo disposição em contrário, não se aplicam

aos domésticos, constituindo-os assim em uma categoria diferenciada de

trabalhadores”.

2.2.2 Empregador Doméstico

Empregador doméstico é aquela família ou mesmo uma única pessoa física

que recebe a prestação de serviços de finalidade não lucrativa e de natureza

contínua por parte do empregado doméstico em seu âmbito residencial.

O inciso II do artigo 3º do Decreto nº 71.885/1973 traz que empregador

doméstico é “pessoa ou família que admita a seu serviço empregado doméstico”.

A palavra “pessoa” que se refere o artigo 1º da Lei 5.859/1972, é a pessoa

física, porquanto a pessoa jurídica na grande maioria das vezes tem intuito uma

atividade que visa lucro. Já o termo “família” entende-se que são todas as pessoas

que vivam naquela residência sendo parentes ou não.

Cabe destacar aqui que o trabalho doméstico prestado a pessoa jurídica

decai a condição de doméstico, passando a ter vínculo regido pela CLT2, pois a

condição de empregador doméstico só pode ser pessoa física ou família, desde que

não explorem atividade econômica em seu âmbito residencial.

2.3 ESPÉCIES DE EMPREGADOS DOMÉSTICOS

2.3.1 Empregados Domésticos Propriamente Ditos

É o caso das governantas, copeiras, arrumadeiras, cozinheiras, lavadeiras,

babás, jardineiros, porteiros, enfermeiros, vigias ou motoristas particulares dentre

outros, que prestam serviços de natureza contínua a pessoas ou família no âmbito

residencial destas e que não visam atividade econômica.

1 Maurício Godinho Delgado, é Ministro do TST desde 2007, foi professor da UFMG por 22 anos.

2 CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas – instituída pelo Decreto-Lei 5.452, de 1º mai. 1943

15

2.3.2 Empregados a serviço de pessoas ou família proprietárias de sítios ou

fazendas, que trabalhem no âmbito residencial.

Aqueles empregados que prestam serviços exclusivamente na casa de

proprietários rurais, a exemplo de cozinheiro, copeiro, jardineiros são considerados

Domésticos, desde que não executem outras tarefas no âmbito rural com intuito de

atividade econômica, neste caso passariam de domésticos para a categoria de

rurais.

2.3.3 Empregados de casa de praia e veraneio ou chácara de lazer.

Estes empregados também se enquadram na categoria de domésticos, vez

que trabalham para pessoas ou família que, mesmo não residindo nestas casas de

veraneio ou chácara de laser, as mantém para prática de laser nos fins de semana

ou férias, sem nenhum objetivo econômico.

2.3.4 Pilotos de aeronaves e marinheiros de lanchas ou embarcações.

Serão enquadradas na categoria de domésticos as funções acima, desde

que sirvam exclusivamente a família durante viagens ou laser, sem propósito

econômico. O piloto de embarcação deixaria de ser considerado doméstico se fosse

usado para pilotar barco com o intuito de pescaria comercial, mesmo sendo o barco

de propriedade de pessoa física, assim como o piloto de aeronave usado para

transportar pessoas com cobrança de horas de vôo ou frete.

2.3.5 Diarista

A expressão é usada pelo fato da pessoa trabalhar e receber por dia. É um

trabalho eventual. É o tipo de vínculo em que não deve existir a habitualidade, para

a não caracterização do vínculo empregatício.

O trabalho eventual, portanto não pode estar inserido nas atividades

finalísticas do empregador doméstico, pois as atividades finalísticas são sempre

habituais. Restam então ao eventual no caso o Diarista, as atividades acessórias e

16

meio desde que sem habitualidade. O trabalhador eventual assim compreendido os

diaristas, não podem sofrer subordinação.

Dentre as atividades do Diarista de forma não habitual, podem estar

inserido, por exemplo, o comparecimento uma ou duas vezes por semana para fazer

faxina geral nos vidros das janelas da residência ou limpeza geral da garagem que

se faz periodicamente, ou ainda a limpeza e poda do jardim. Se o diarista for

contratado para confecção de refeições à família, mesmo que uma vez por semana

na folga da cozinheira titular, deixará de ser um empregado eventual, ainda que uma

vez por semana, vez que alimentação é rotineiro, embora permaneça na qualidade

de empregado doméstico se a prestação ocorrer no âmbito residencial sem fins do

lucro.

3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA E ALTERAÇÕES DA LEI 5.859/1972

Muito antes da Lei 5.859/1972 que dispôs sobre a profissão de empregado

doméstico no Brasil, já existiam mundo a fora os desprestigiados empregados

domésticos, conforme destaca (MARTINS 2013, p.1) onde o trabalho era feito pelos

escravos. Já na Roma antiga os servos dividiam-se em rústicos e urbanos e dentre

os urbanos encontravam-se os servos que auxiliavam os familiares. No Feudalismo

e Idade Média este trabalho doméstico era feito por escravos. No século XVII

ficaram conhecidos como “aias, amas, amas-secas e damas de companhia”. O

Código Civil Português de 1867, afirma (MARTINS 2013, P.1) foi o primeiro a

disciplinar o contrato de trabalho doméstico, impondo obrigações ao empregador

para casos de doença de seu empregado doméstico.

No Brasil, a Lei 5.859/1972 é bem verdade que foi editada e promulgada

durante o regime militar que vigorou no Brasil desde o início da década de 60

(sessenta) até o inicio da década de 80 (oitenta) e ela sofreu alterações e inclusões

ao longo do tempo, sendo que as principais modificações foram introduzidas pelas

Leis 10.208/2001 que facultou a inclusão do empregado doméstico ao regime do

FGTS e pela Lei 11.324/2006, onde se destacam os seguintes direitos que foram

acrescidos aos domésticos:

a) Foi vedado o desconto no salário do empregado doméstico a título de

alimentação, vestuário, higiene e moradia no local;

b) Passou a ter direito a férias de 30 dias acrescidas do terço constitucional;

17

c) passou a ser vedada a dispensa arbitrária da empregada gestante até 5

(cinco) meses após o parto;

d) Instituído o seguro desemprego pago por 3 (três) meses àqueles que

fossem dispensados e que lhe fossem oferecidos o benefício do FGTS.

Destaca ainda (MARTINS, 2013, p. 2) que antes mesmo da preocupação

advinda pela lei 5.859/72 no Brasil em 1830 uma lei do Império, regulou os serviços

feitos por Brasileiros e estrangeiros, abrangendo os empregados domésticos que em

sua grande maioria eram de escravos, e que um pequeno sobre salto ocorreu pelo

Decreto 16.107 de 30-07-1923 que regulamentou os serviços domésticos no Distrito

Federal.

Posteriormente em 1941 pelo Decreto-Lei 3.078 considerou-se como

empregado doméstico todo aquele que de certa forma prestasse serviços em

residências particulares.

Depois em 1943, a CLT que trouxe a consolidação trabalhista ao setor

privado, deixou claro no artigo 7º não ser aplicável aos empregados domésticos.

O Descanso Semanal disciplinado pela Lei 605 de 1949 mais uma vez

deixou claro não ser aplicável ao empregado doméstico que continuou sem direito

ao descanso semanal remunerado.

A lei Orgânica da Previdência Social de 1960 em seu artigo 161 facultava ao

empregado doméstico filiar-se à Previdência.

Segundo (MARTINS 2013, p. 4) somente se resolveu de vez a situação do

empregado doméstico em 1972 com a edição da Lei 5.859.

Seguindo na escalada, em 1984 a Lei 7.195 previa a responsabilidade civil

das agencias angariadoras de empregados domésticos no que concerne aos atos

ilícitos praticados por estes.

Com a CRFB/1988 a categoria dos empregados domésticos ficou bem

definida com relação a seus direitos no parágrafo único do artigo 7º.

Agora em abril de 2013 através da EC 72, nova redação ao parágrafo único

do artigo 7º estendeu a categoria dos trabalhadores domésticos novos direitos como

mostrado ao longo deste trabalho.

18

4 DIREITOS TRABALHISTAS DO EMPREGADO DOMÉSTICO

Existem pelo menos três correntes de doutrinadores em relação aos direitos

trabalhistas.

Uma corrente entende que embora estes pudessem ficar marginalizados ou

desamparados na questão trabalhista, seria necessária a separação das leis do

trabalho em geral daquelas aplicadas aos domésticos.

Uma segunda corrente entende que não deveria existir distinção entre

empregados tidos como normais e os domésticos, embora reconheça que certos

direitos seriam de difícil aplicação, a exemplo da participação nos lucros, vez que no

âmbito residencial, isto não seria possível por não existir a atividade econômica.

Já a terceira corrente preconiza aquilo que na prática se vê nos dias atuais,

defendem uma legislação especial aos domésticos, com inserções de determinados

direitos básicos aplicados aos empregados regidos pela CLT.

O previsto pela terceira corrente, na prática é o que se verifica nos dias

atuais, onde o Constituinte de 1988 reservou um parágrafo único no artigo 7º da

Constituição da Republica para tratar dos direitos dos empregados domésticos, e a

medida que a sociedade evolui, ou novas leis são promulgadas, mais incisos do

mesmo artigo 7º são incorporados no parágrafo único como direitos da classe

trabalhadora no âmbito residencial.

Mormente com a aprovação da EC 72/2013 o legislador deixou claro ainda

entender que deve haver certa distinção entre o empregado regido pela CLT e o

empregado doméstico, quando por ocasião da aprovação da referida EC deixou de

revogar o parágrafo único do artigo 7º da Constituição o que daria igualdade de

direitos a ambas as categorias e sim achou por bem incluir novos incisos no

parágrafo único daquele artigo como direitos a serem garantidos aos domésticos.

4.1 REGISTRO NA CARTEIRA DE TRABALHO E O CONTRATO

O Empregado doméstico tem o direito assegurado pela CLT ao registro na

CTPS e o empregador o dever de efetuar as anotações, para lhe assegurar dentre

outros direitos a aposentadoria, a assistência no auxilio doença, ao salário

maternidade bem como ao empregador lhe garante a dedução do INSS pago em

19

sua declaração de renda pessoa física, além de minimizar custos em uma eventual

reclamação trabalhista.

Além da anotação da Carteira de trabalho, é aconselhável a elaboração de

um contrato de trabalho, onde se podem determinar as obrigações das partes como

remuneração, horário, descontos e outras regras específicas que as partes queiram

noticiá-la.

4.2 SALÁRIO MÍNIMO FIXADO EM LEI

Disposição constitucional em seu artigo 7º, IV garante o direito ao salário

mínimo ao trabalhador doméstico de forma expressa, tornando-se ilegal pagamento

inferior. Todavia em determinados Estados da Federação existe a instituição do

Salário Mínimo Regional, que é sempre valor maior que o estipulado nacionalmente,

e que deve ser aplicado às categorias inorganizadas. Até então aos domésticos é

aplicado o direito ao salário mínimo regional.

Por força do § 1º do artigo 459 da CLT, o empregador sob pena de multa,

terá até o quinto dia útil do mês subsequente para efetuar o pagamento do salário

mensal, que deverá ser feito contra recibo em moeda corrente do país, salvo se

depósito bancário que terá força de recibo consoante § único do artigo 464 da CLT.

Em relação aos descontos sobre os salários, estes só poderão ser efetuados

em relação aos prejuízos causados por dolo independentemente de estipulação em

contrato, no entanto se o dano foi causado sem intenção, o desconto só poderá se

operar se previsto em contrato. Poderá ainda o empregado doméstico sofrer outros

descontos legais como INSS, IRRF, adiantamentos, faltas e o percentual de até 6%

do salário básico a título de Vale transporte caso venha a usufruir deste benefício.

Com relação de desconto de moradia, está somente será permitida se referir

a local diverso da prestação de serviço e desde que tenha sido acordada entre as

partes, consoante previsão do artigo 2º-A, § 1º, Lei 5.859/1972. Aquela empregada

doméstica que pernoita no emprego, não poderá sofrer desconto de habitação.

4.3 IRREDUTIBILIDADE SALARIAL

Em regra é vedada a modificação no contrato de trabalho de qualquer

trabalhador quando esta trouxer prejuízo direto ou indireto. Com a garantia

20

reconhecida ao empregado doméstico do inciso XXVI do artigo 7º da CR/88 através

da aprovação da EC 72/2013, existe agora a possibilidade de redução salarial

através de negociação coletiva, vez que o inciso retro foi inserido no parágrafo único

do artigo 7º que reconhece como direito do doméstico das convenções coletivas e

agora possibilita esta regra de redução salarial desde que através de negociação

coletiva.

4.4 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO

O Empregado doméstico já fazia jus à gratificação natalina que deve ser

paga anualmente em duas parcelas, a primeira parcela que corresponde a metade

do salário do mês anterior, entre os meses de fevereiro e Novembro de cada ano. E

a segunda parcela do saldo deve se paga até o dia 20 de dezembro de cada ano.

Sobre a segunda parcela haverá incidência de IRRF e INSS, bem como poderá ser

deduzido o valor adiantado da primeira parcela. O valor arrecadado a título de INSS,

somado a cota patronal deve ser repassado à Previdência até o dia 20 de dezembro.

A primeira parcela, a pedido do empregado que deverá requerer no mês de

janeiro, poderá ser paga juntamente com o pagamento das férias.

Em caso de rescisão contratual no decorrer do ano, tem o empregado

doméstico direito de receber o décimo terceiro salário proporcionalmente, salvo se

dispensado por justa causa quando perderá este direito.

4.5 DESCANSO SEMANAL REMUNERADO

Nos termos do artigo 7º, XV, CRFB/1988, o trabalhador doméstico tem

direito ao Repouso Semanal Remunerado, preferencialmente aos domingos. Caso o

descanso semanal não seja concedido, terá o empregado doméstico o direito de

receber este dia em dobro.

4.6 FERIADOS CIVIS E RELIGIOSOS

A remota Lei 605/1949 já previa em seu artigo 9º, que o trabalho em dias de

feriados civis ou religiosos devia ser remunerado em dobro caso não houvesse uma

folga compensatória em outro dia da semana. No entanto o artigo 5º desta lei excluiu

21

o empregado doméstico deste direito. Posteriormente com o advento da Lei

11.324/2006, os empregados domésticos passaram a também ter direito a descanso

remunerado nos feriados civis e religiosos ou direito de receber em dobro caso

trabalhem nestes dias sem uma folga compensatória em outro dia da semana.

4.7 FÉRIAS

A Lei 11324/2006 estendeu aos domésticos o direito a férias anuais de 30

(trinta) dias com pelos menos 1/3 (um terço) a mais que o salário normal após cada

período de 12 (doze) meses de trabalho, prestado à mesma pessoa ou família. O

terço constitucional de férias está previsto no artigo 7º inciso XVII da CRFB/1988.

Antes da Lei 11324/2006 o empregado doméstico tinha direito a descanso de férias

anuais de apenas 20 dias úteis após 12 (doze) meses de serviço, consoante artigo

2º da Lei 5.859 de 11 de dezembro de 1972.

4.8 LICENÇA MATERNIDADE

A Licença maternidade é de 120 dias e é um benefício previdenciário, devido

a mulher empregada doméstica desde o advento da Constituição de 1988. O salário

maternidade é pago à empregada doméstica diretamente pela Previdência mediante

requerimento, podendo ser pela internet no sitio www.previdenciasocial.gov.br e o

benefício corresponderá ao seu último salário-de-contribuição, dispositivo este

constante do artigo 73 da Lei 8.213/1991 e convalidado pela Lei 8.861/1994 e é

devido independentemente de carência nos termos do artigo 30, II, do Decreto

3.048/1999. Neste caso o contrato de trabalho ficará suspenso até o retorno ao

trabalho, fazendo com que apenas a cota patronal do INSS seja recolhida pelo

Empregador. O início do afastamento da gestante se dará por atestado fornecido por

médico público ou particular. Também nos termos do Decreto 3.048/1999, será

devido a licença maternidade proporcional a empregada doméstica que vier a

adotar. Se a criança contar de 4 (quatro) a 8 (oito) anos de idade, a licença será de

30 (trinta) dias, se contar de 1 (um) a 4 (quatro) anos de idade, a licença será de 60

(sessenta) dias e integral se a criança adotada tiver menos de 1(um) ano de idade

na data da adoção. Na mesma esteira, o benefício será concedido àquela que

22

abortar de forma não criminosa e será de duas semanas se a gravidez estiver até o

sexto mês e integral a partir do sexto mês de gravidez.

Nos termos da Lei 11.324/2006 as empregadas domésticas passaram a ter

direito a estabilidade no emprego, desde a confirmação da gravidez até 5 (cinco)

meses após do parto. É bom que se diga aqui que a estabilidade por gravidez

independe de estar ou não a empregada no período de experiência ou contratada

por tempo determinado, nos termos da súmula 244, II e OJ-SDC n.º 30 do TST, tal

disciplinamento veio regular o artigo 10, inciso II, alínea “b”, do ADCT – Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias.

4.9 LICENÇA-PATERNIDADE

A licença-paternidade é de 5 (cinco) dias contados do dia do nascimento da

criança, e consiste num afastamento do trabalho do pai, sem prejuízo da sua

remuneração, para acompanhar e dar apoio a grávida na hora ou no pós-parto.

Este benefício constante no Artigo 7º, XIX da Constituição da República de

1988 é extensivo aos empregados domésticos desde sua promulgação.

O legislador deixou para lei complementar que definiria o número de dias

que o benefício contemplaria. Constou no artigo 10, § 1º do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias da CR/1988 que a licença-paternidade provisoriamente

será de 5 (cinco) dias o que permanece até os dias atuais.

4.10 AVISO PRÉVIO

O empregado doméstico tem direito e dever de no mínimo 30 (trinta) dias em

relação ao aviso prévio, consoante artigo 7º, XXI da Constituição da República e por

analogia ao artigo 487, II da CLT, vez que a lei 5.859 silenciou-se a este respeito.

A falta do Aviso prévio por parte do Empregador dá ao empregado

doméstico o direito de ser indenizado pelo prazo respectivo (§ 1º do artigo 487 da

CLT).

Da mesma forma, a falta do aviso prévio do empregado caso venha pedir

demissão do emprego, dará ao empregador o direito de descontar os salários do

prazo respectivo (§ 2º do artigo 487 da CLT).

23

Para (DELGADO, Curso de Direito do Trabalho, 12ª ed, Ltr 2013) a inovação

ao instituto do aviso prévio veio pela Lei 12.506/2011. O legislador pressionado pelo

judiciário (STF) que ao julgar vários Mandados de Injunção reunidos, sinalizou ser

devido aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, isto instigou o parlamento a

definir através da Lei 12.506/2011 que serão acrescidos 3 (três) dias por ano de

serviço prestado na empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um

total de até 90 (noventa) dias.

Têm surgido muitas discussões a este tema. O próprio Ministério do

Trabalho através de nota técnica 184 em análise administrativa da Lei 12.506/2011

entendeu que apenas o empregado tem direito ao aviso prévio proporcional, vez que

a alteração ocorreu no artigo 7º da CR/88 que trata de direitos apenas do

“empregado”, e que este estaria desobrigado em conceder aviso ao empregador

superior a 30 (dias). Sindicatos de Trabalhadores se negando a homologar rescisões

contratuais, entendendo que o empregado deva em caso de dispensa, cumprir

apenas 30 (dias) de aviso prévio e que o direito a mais 3 (três) dias por ano

trabalhado deva receber em forma de indenização.

A controvérsia se instaurou no tocante ao aviso prévio e na Revista

Eletrônica TRT da 9ª Região3. Edição Julho de 2013. Site www.trt9.jus.br acessado

em 27/08/2013 consta interpretação da Lei feita através de sentença proferida pelo

Juiz Federal do Trabalho, Dr. Rafael Gustavo Palumbo4 da Vara do Trabalho de

Curitiba, in verbis:

“O aviso prévio nada mais é do que uma preparação para que nenhuma das partes seja surpreendida com a rescisão contratual. É proporcional porque à medida que o tempo transcorre, as relações se estabilizam cada vez mais, para ambos os lados. Não prospera o fato do (...) autor interpretar a lei 12.506/2011 como sendo exclusivamente indenizatório o período acrescido de aviso prévio e somente para beneficiar o trabalhador, pois a lei não discrimina o aviso prévio diferente para o empregado e para o empregador, ao contrário, trata o rompimento contratual penoso para ambas as partes: se empregador, paga; se empregado, cumpre ou desconta o valor correspondente. A legislação não alterou a forma de cumprimento do aviso prévio, mas somente seu prazo máximo de cumprimento ou indenização. Com todo respeito a interpretação do Ministério do Trabalho e Emprego esposado em sua nota técnica 186, mas é apenas uma interpretação administrativa de uma lei federal. Portanto, não há que se falar em período de cumprimento (previsto na CLT) e indenizatório (na lei), pois a modalidade “aviso prévio” não foi alterada pela nova legislação e muito menos diferencia demissão “sem justa causa” de “pedido de demissão”. Perfeitamente possível exigir do empregado que pede demissão que cumpra o período de

3 TRT – Tribunal Regional do Trabalho

4 Rafael Gustavo Palumbo é juiz federal da 5ª Vara do Trabalho de Curitiba PR. A fundamentação

supra referida foi publicada na Revista TRT 9º Região, edição de Julho/2013, site www.trt9.jus.br

24

aviso prévio corretamente, ou permita o desconto em valores, conforme já determinado pela CLT desde 1943, ano de sua criação”.

A decisão do eminente Juiz do Trabalho restou claro que a Lei 12.506/2011

apenas e tão somente acrescentou três dias ao prazo do aviso prévio para cada ano

trabalhado, tanto para um lado como para outro, em nada alterando os acessórios

do artigo 487 da CLT no tocante ao aviso prévio. Cita, no entanto equivocadamente

o eminente juiz em sua fundamentação a nota técnica número “186” do Ministério do

Trabalho e Emprego, quando a numeração correta é “1845”.

Entretanto, diverge (DELGADO 2013, p. 388) para Ele, exigir a regra da

proporcionalidade do trabalhador que pede demissão e conta com muitos anos de

trabalho, seria retornar ao período selvagem da civilização ocidental, pois se

converteria numa pena e impediria a desvinculação imediata do contrato de

emprego. Para (MARTINS 2013, p. 99) cabem apenas 30 (trinta) dias de aviso

prévio, entendendo que ao doméstico a proporção da Lei 12.506/11 não se aplica.

4.11 APOSENTADORIA

O empregado doméstico encontra-se inserido na legislação do Direito

Previdenciário e uma vez inscrito na Previdência Social tem direito a aposentadoria

por invalidez, por idade ou tempo de contribuição, exceto a especial. Para a

aposentadoria por invalidez, se sujeita a uma carência de 12 (doze) contribuições

mensais e dependerá de exame médico pericial pelo INSS para verificação de sua

condição de incapacidade. Quanto a aposentadoria por idade, o doméstico terá que

comprovar idade de 65 (sessenta e cinco) anos para o homem e 60 (sessenta) se for

mulher e ambos terão que ter contribuído em pelo menos 180 (cento e oitenta )

contribuições, ou seja, 15 (quinze) anos. Já para aposentar-se por tempo de

contribuição o homem terá que comprovar pelo menos 35 (trinta e cinco) anos de

contribuição e a mulher 30 (trinta) anos.

5 A nota técnica nº 184/2012, do Ministério do Trabalho e Emprego, traz orientação sobre a

irretroatividade do aviso prévio proporcional. O documento, que norteia tanto homologações de rescisões nas superintendências do trabalho como fiscalização também esclarece sobre a contagem dos dias adicionais. A nota reforça ainda que a proporcionalidade se aplica exclusivamente ao empregado e que a nova regra em nada altera o direito previsto na CLT de o trabalhador ter a jornada diária reduzida em duas horas ou, facultativamente, ausentar-se por sete dias consecutivos durante o período de pré-aviso.

25

4.12 VALE TRANSPORTE

Nos termos do Decreto 95.247/1987 que regulamentou a Lei 7.418/1985, é

devido ao empregado doméstico o vale-transporte para suprir as despesas de

locomoção em transporte público, exclusivamente para seu deslocamento

residência/trabalho e vice versa. O empregador poderá descontar do empregado

doméstico até o montante de 6% (seis) por cento do salário básico mensal para

concorrer ao custeio do vale-transporte consoante artigo 9º do Decreto 95.247/1987.

4.13 AUXILIO-DOENÇA

No caso de doença, o empregado doméstico deverá ser afastado de

imediato, por quanto comprovado o tempo de carência, é a Previdência que paga o

benefício a requerimento, desde o primeiro dia de afastamento consoante previsão

do inciso II, artigo 72 do decreto 3.048/1999.

4.14 ACIDENTE DE TRABALHO

O empregado doméstico não foi contemplado com o auxílio acidente que

independe de carência e é o benefício pago pela Previdência ao trabalhador regido

pela CLT que sofre um acidente. Todavia, comprovado o tempo de carência, poderá

o doméstico nesta condição receber o auxílio doença.

4.15 EXTINÇÃO DO CONTRATO DE EMPREGO

Para o empregado doméstico conforme preceitua (DELGADO 2013, p. 389),

por força da alínea “a” e caput do artigo 7º da CLT, algumas peculiaridades são

observadas na extinção do contrato de trabalho, como a não aplicação do rito da

homologação administrativa formal, em face da não incidência do artigo 477, §§ 1º e

3º da CLT que justamente trata dos entes possíveis para prestar a assistência na

homologação da rescisão contratual no momento do desligamento do empregado

regido pela norma consolidada e que contar com mais de um ano de trabalho,

todavia na extinção do contrato de trabalho, há de ser observada ao doméstico, a

forma quanto ao pedido de demissão por sua própria iniciativa com ou sem justa

26

causa ou dispensa pelo empregador sem ou com justa causa. Em qualquer hipótese

deve-se assegurar no termo rescisório, os direitos do doméstico quanto as verbas

salariais, que dará quitação dos valores recebidos, e em contra partida o

empregador assinará e oporá a data de baixa na carteira de trabalho do doméstico.

Em relação ao prazo para pagamento das verbas rescisórias, a Lei

5.859/1972 silenciou-se a este respeito. Entende (FARIÑA 2007, p. 66) que é

prudente que o empregador doméstico observe não aquele do artigo 477, § 6º da

CLT (afeto ao regidos pela CLT), para a quitação das verbas rescisórias de seu

empregado doméstico, e sim o artigo 332 do Código Civil Brasileiro, que determina

que o prazo para pagamento das verbas decorrentes da ruptura do contrato será no

próprio dia da extinção contratual, idéia comungada também por (MARTINS 2013, p.

97).

27

5 DEVERES DO EMPREGADO DOMÉSTICO

5.1 CTPS – CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL

Ao ser contratado no emprego, o empregado doméstico deverá apresentar o

principal documento, a carteira de trabalho e previdência social, que nos termos do

artigo 13 e seguintes da CLT, disciplina sua obtenção e utilização, sendo necessário

para obtê-la, apresentar ao órgão emissor, um documento de identificação do

interessado que deve contar com dezesseis ou mais anos de idade.

A emissão da Carteira de Trabalho está disciplinada no artigo 14 da CLT, e

os principais órgãos emissores da carteira de trabalho são as DRT’s Delegacias

Regionais do Trabalho; Agências de Atendimento ao Trabalhador ; Sistema Nacional

e Emprego; Sindicatos e Prefeituras conveniadas.

5.2 ASO – ATESTADO MÉDICO OCUPACIONAL

O atestado médico admissional se exigido pelo empregador doméstico,

deverá assumir suas expensas.

O Empregador doméstico não está obrigado ao exigido pela NR-7 – Norma

Regulamentadora número 7 do Ministério do Trabalho e Emprego, no tocante ao

PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional, nos termos do item

7.2 Diretrizes, que prevê no item 7.2.1 que: “O PCMSO é parte integrante do

conjunto mais amplo de iniciativas da empresa”. Como empregador doméstico não

se equipara a empresa, entendemos estar desobrigado desta atribuição, sem,

contudo deixar de lembrar a EC 72/2013 que inseriu, entre outros, direito do

empregado doméstico no que tange o inciso XXII do Artigo 7º da CF/2008 “redução

dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e

segurança”.

5.3 INSCRIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E FUNDIÁRIA

O empregado doméstico deverá possuir ainda o chamado NIT, Número de

Identificação do Trabalhador, composto de onze algarismos. Possuindo o NIT,

também conhecido como PIS, é dispensável a inscrição do trabalhador doméstico

28

perante a Previdência, vez que é através do NIT que o empregador doméstico

identificará o empregado por ocasião do recolhimento das contribuições

previdenciárias que é feito através de guia denominada GPS e Fundiárias que o

identificará na GFIP/FGTS, desde que o empregador tenha acordado pelo

recolhimento. O NIT virá intrínseco nas novas carteiras de trabalho emitidas pelos

órgãos oficiais como DRT e SINE para aqueles trabalhadores que procuram seu

primeiro emprego ou que ainda não possuem a inscrição no PIS.

29

6 DIREITOS ASSEGURADOS AO DOMÉSTICO PELA EC 72/2013

6.1 GARANTIA DE SALÁRIO NUNCA INFERIOR AO MÍNIMO

Artigo 7.º, inciso VII da CRFB/1988: “Preceitos tratados no item 2.4.2

garantem ao empregado doméstico perceber salário nunca inferior ao salário mínimo

nacional àqueles que recebem remuneração variável”.

6.2 RETENÇÃO DOLOSA DO SALÁRIO TIDA COMO CRIME

Artigo 7.º, inciso X da CRFB/1988: “proteção do salário na forma da lei,

constituindo crime sua retenção dolosa”.

A retenção dolosa do salário quer pelo empregador ou instituição bancária

para cobrir empréstimo de mútuo é aplicável o inciso X da CRFB/1988 sendo punido

como crime.

6.3 JORNADA DE TRABALHO

Artigo 7.º, inciso XIII da CRFB/1988: “duração do trabalho normal não

superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a

compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção

coletiva de trabalho”.

Aprovado pela EC 72/2013, a jornada do empregado doméstico passou a

compreender 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanal. Todo

estrapolamento deste limite será considerado como trabalho extraordinário.

Talvez este tenha sido a maior conquista verificada na aprovação da EC

72/2013, vez que a categoria sofria de forma geral, excesso de jornada sem ter a

contra partida pelo trabalho realizado além das 44 horas semanais.

6.4 HORA EXTRA COM 50% DE ACRÉSCIMO

Artigo 7.º, inciso XVI da CRFB/1988: “remuneração do serviço extraordinário

superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal”.

30

A partir da aprovação da EC 72/2013, todo estrapolamento de jornada de

trabalho além de 44 (quarenta e quatro) horas semanais ou 8 (oito) diárias, deverão

ser remuneradas com acréscimo de pelo menos 50% (cinquenta) por cento sobre o

valor da hora normal consoante previsão constitucional acima. Vale lembrar que será

permitido a compensação de jornada para extinção de trabalhos aos sábados, neste

caso podendo exceder das 8 diárias, desde que não ultrapasse a 10 (dez) horas

diárias.

6.5 NORMAS DE SAÚDE HIGIENE E SEGURANÇA

Artigo 7.º, inciso XXII da CRFB/1988: “redução dos riscos inerentes ao

trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”.

Tem-se que por cautela no âmbito residencial deva o empregador

preocupar-se em relação a normas de saúde, higiene e segurança do trabalho. A NR

7 (PCMSO) e NR 9 (PPRA) do Ministério do Trabalho tratam destes regramentos no

âmbito empresarial e dele não está isento o empregador doméstico que deve

acautelar-se em relação a seus empregados.

6.6 DIREITO COLETIVO DE TRABALHO

Artigo 7.º, inciso XXVI da CRFB/1988: “reconhecimento das convenções e

acordos coletivos de trabalho”.

O Direito Coletivo do Trabalho não deve ser confundido com negociação

coletiva de trabalho. São regras, institutos e princípios que regulam as relações

trabalhistas de modo coletivo. Um ente como o Sindicato obreiro poderá

coletivamente requerer em forma de substituição processual a garantia em juízo de

determinado grupo de operários que estão sendo agredidos em seus direitos, sem

nominá-los.

Até a aprovação da EC 72/2013 os empregados domésticos não tinham

reconhecido o direito a Convenção Coletiva de Trabalho, e agora já possuem este

direito, embora há de se frisar que uma CCT para existir, deve haver o lado patronal

que concorde com os termos da Convenção e notadamente no Brasil existem

raríssimos sindicados patronais de empregadores domésticos, o que inviabiliza

31

inclusive a suscitação de dissídio coletivo, até porque o empregador doméstico não

se enquadra como categoria econômica.

Por outro lado o empregado doméstico nos termos do artigo 8º, V da

CRFB/1988 poderá livremente sindicalizar-se no Sindicato de sua representação.

6.7 PROIBIÇÃO DE ADMISSÃO DISCRIMINATÓRIA

Artigo 7.º, inciso XXX da CRFB/1988: “proibição de diferença de salários, de

exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou

estado civil”.

Atos discriminatórios de salários ou de admissão em face de sexo, idade, cor

ou estado civil, pode ensejar ação perante a justiça especializada com propósito de

reparar danos morais pelos atos discriminatórios.

6.8 PROIBIÇÃO DISCRIMINATÓRIA PELA DEFICIÊNCIA

Artigo 7.º, inciso XXXI da CRFB/1988: “proibição de qualquer discriminação

no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência”.

Idem ao item anterior, não poderá o portador de necessidades especiais, ser

discriminado nos critérios de admissão sob pena de responsabilização do

empregador.

Ressalte-se aqui a imposição da do artigo 93 da lei 8.213/1991 que prevê

cotas de portadores de necessidades especiais em “empresas” com mais de 100

empregados na seguinte proporção:

a) até 200 empregados 2%

b) de 201 a 500 empregados 3%

c) de 501 a 1000 empregados 4%

d) de 1001 em diante 5%

Estando o empregador doméstico desobrigado desta obrigação.

32

6.9 PROIBIÇÃO TRABALHO NOTURNO E INSALUBRE A MENORES

Artigo 7.º, inciso XXXIII da CRFB/1988: “proibição de trabalho noturno,

perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de

dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos”.

Este inciso aplica-se ao empregado doméstico, em face da proibição de

trabalho noturno, perigoso ou insalubre a qualquer trabalhador, incluindo o

doméstico.

Ao menor de dezesseis anos também fica vedado o trabalho doméstico, por

disposição constitucional que veda inclusive a obtenção de Carteira de Trabalho ao

menor de dezesseis anos.

Tem-se que em relação a aprendiz no âmbito doméstico, não se aplicam,

vez que estes devem estar matriculados em cursos específicos de profissionalização

e que estejam como aprendizes, na prática trabalhando na atividade em que se

matricularam.

33

7 DIREITOS ASSEGURADOS AOS DOMÉSTICOS E QUE DEPENDEM DE

REGULAMENTAÇÃO

7.1 DESPEDIDA ARBITRÁRIA

Artigo 7.º, inciso I da CRFB/1988: “relação de emprego protegida contra

despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que

preverá indenização compensatória, dentre outros direitos”.

O Artigo 10, II das Disposições Transitórias da CF/88 prevê a vedação a

dispensa arbitrária ou sem justa causa. Esta cláusula depende de regulamentação e

enquanto isto não ocorre, fica provisoriamente penalizado o empregador que

dispensar sem justo motivo o empregado, no montante de 40% do saldo do FGTS

depositado em conta vinculada, é a chamada multa de 40%. Ao empregado

doméstico, tal direito se efetiva desde que tenha sido acordado quanto aos

depósitos do FGTS.

7.2 SEGURO DESEMPREGO

Artigo 7.º, inciso II da CRFB/1988: “seguro-desemprego, em caso de

desemprego involuntário”.

Em consequência da não obrigatoriedade efetiva do doméstico no regime do

FGTS, ficou esta categoria sem este benefício do seguro-desemprego, por previsão

da lei 10.208/2001 que previu: “o benefício do seguro-desemprego será concedido

ao empregado inscrito no FGTS que houver trabalhado por período mínimo de 15

meses nos últimos 24 meses contados da dispensa sem justa causa”.

Agora com a aprovação da EC 72/2013 foi estendido o direito previsto no

item II do Artigo 7º da CRFB/1988, embora está na dependência de regulamentação

pelo Congresso Nacional, que irá disciplinar como será o fornecimento das guias e o

efetivo recebimento do benefício pelo empregado doméstico.

7.3 FGTS – FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO

Artigo 7.º, inciso III da CRFB/1988: “fundo de garantia do tempo de serviço”.

34

A respeito do FGTS tem-se que os empregados domésticos tiveram duas

grandes evoluções. A primeira deu-se com a Lei 10.208/2001 que estendeu este

benefício aos empregados domésticos embora de forma opcional, ou seja, dependia

da boa vontade do empregador estender tal benefício ao doméstico a seu serviço.

Todavia, tal benefício não teve grande aceitação voluntária, vez que alguns

fatores dificultam e oneram o empregador doméstico quando da concessão do

benefício, quais sejam:

a) É um encargo apenas patronal, onde o empregador doméstico havia de

desembolsar o montante de 8% (oito) por cento da remuneração de seu empregado;

b) Existia a dificuldade operacional deste encargo, vez que o empregador

sem experiência, dependia de alguém especializado nesta questão fundiária para

desenrolar o trabalho burocrático de confecção de GFIP em formulário para recolher

o montante na conta vinculada do empregado;

c) Havia ainda o risco de mudadas nas condições econômicas do

empregador, e este não poder voltar a trás e parar de recolher o FGTS, consoante

previsão da Lei;

d) Havia ainda a questão burocrática em que o empregador doméstico para

oferecer e recolher o FGTS de seus empregados dependia de requerimento ao

órgão gestor e matricular-se perante a Previdência Social ou Receita Federal do

Brasil, para obter o chamado número de CEI – Cadastro Específico no INSS, uma

espécie de CNPJ obrigatório para aqueles empregadores domésticos que

desejassem voluntariamente recolher o FGTS de seus empregados.

e) Em recolhendo o FGTS voluntariamente, o empregador doméstico teria

ainda o encargo adicional do recolhimento da multa de 40% sobre o saldo da conta

vinculada daquele seu empregado, caso viesse a despedi-lo sem justa causa, além

do encargo de fornecer as guias para o seguro desemprego, vez que previsto em Lei

esta garantia para aqueles empregados que contassem com o FGTS e estavam no

emprego a pelo menos 15 (quinze) meses.

O Segundo momento de up-grade do FGTS ao empregado doméstico,

ocorreu com a aprovação da Emenda Constitucional 72/2013 que estendeu aos

domésticos o benefício previsto no inciso III do Artigo 7.º da Constituição Federal de

1988.

O empregado doméstico aguarda ainda um terceiro momento que será a

regulamentação em relação ao recolhimento do FGTS em conta vinculada, para que

35

possa finalmente ver o depósito sendo realizado em conta vinculada. Esta discussão

está bem adiantada no Congresso Nacional.

7.4 ADICIONAL NOTURNO

Artigo 7.º, inciso IX da CRFB/1988: “remuneração do trabalho noturno

superior à do diurno”.

Item incluído pela EC 72/2013, depende de regulamentação para na prática

fazer jus o empregado doméstico a este direito.

A Regulamentação irá discorrer sobre o percentual para “mais” a ser

aplicado na hora trabalhada noturna sobre a diurna.

Também a regulamentação irá disciplinar entre quais horários noturnos de

trabalho, será considerado para cálculo do adicional noturno.

Nos trabalhos regidos pela CLT na iniciativa privada urbana, este horário em

regra, compreende os trabalhos executados entre 22h00 e 05h00 e o valor da hora

noturna é de 20% (vinte) por cento superior ao valor hora diurna.

7.5 SALÁRIO-FAMÍLIA

Artigo 7.º, inciso XII da CRFB/1988: “salário-família pago em razão do

dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei”.

A Lei n.º 8.213/91 no artigo 65 assegura que o salário-família será devido,

mensalmente, ao segurado empregado, “exceto ao doméstico”.

Assim, assegurado o direito ao doméstico pela EC 72/2013, este ainda não

vem usufruindo deste benefício por falta de regulamentação.

A regulamentação ao direito do salário-família, se faz necessária para o

âmbito do doméstico, em virtude da operacionalização do pagamento e

compensação desta verba.

No âmbito empresarial, o salário família é pago diretamente pelo

empregador no recibo de pagamento de seu empregado de baixa renda, e

posteriormente este valor relativo ao salário família é deduzido em forma de

compensação na guia GPS por ocasião do repasse da contribuição previdenciária

ao órgão gestor.

36

Desta forma, tem-se que o salário família é um benefício previdenciário no

valor atual (ago./2013) de R$33,16 ou R$23,36 repassados ao trabalhador ou

trabalhadora que possui filhos até a idade de 14 (quatorze) anos e que aufere

rendimento bruto mensal de até R$646,55 ou R$971,78 respectivamente.

Lembrando que, para o empregado possa ter acesso a este benefício do

salário-família, deve apresentar ao empregador, cópia da certidão de nascimento

dos filhos com idade inferior a quatorze anos, ainda, assinar um termo de

responsabilidade, onde se compromete a informar ao empregador qualquer evento

que possa ocorrer para a perda do benefício, como morte, por exemplo, além da

obrigatoriedade de apresentar ao empregador, cópia atualizada do cartão de

vacinação dos menores de sete anos de idade e comprovação de matrícula escolar

anual dos filhos maiores de sete anos até o limite de 14 anos de idade, quando

então cessa o benefício do salário-família.

7.6 CRECHES E PRÉ-ESCOLAS

Artigo 7.º, inciso XXV da CRFB/1988: “assistência gratuita aos filhos e

dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-

escolas”.

Ao empregado doméstico resta aguardar regulamentação deste inciso

constitucional para que possa usufruir deste direito. Embora doutrinadores entendam

que este benefício já se encontra assegurado pelo inciso IV do artigo 208 da

CRFB/1988 que reza: “art 208 (...), IV – educação infantil, em creche e pré-escola,

às crianças até 5 (cinco) anos de idade.

Este direito constitucional previsto no artigo 208 refere-se ao dever do

estado em garantir que filhos menores de cinco anos possam ficar em creches para

que suas mães possam trabalhar.

7.7 SEGURO CONTRA ACIDENTES DE TRABALHO

Artigo 7.º, inciso XXVIII da CRFB/1988: “seguro contra acidentes de

trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está

obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa”.

37

Este benefício foi estendido aos domésticos através da aprovação da

Emenda Constitucional 72/2013, porém depende de regulamentação, vez não ser de

fácil aplicação no âmbito residencial.

Discute-se atualmente no Congresso Nacional, a melhor maneira de

implementar esse benefício, e a fórmula de melhor aceitação até agora, está sendo

aquela que o empregador doméstico repassaria um valor para a Previdência,

juntamente com a guia de recolhimento do INSS, um determinado percentual a título

de seguro acidente.

Quando isto ocorrer, o empregado doméstico passará a também usufruir dos

benefícios auxílio-acidente, auxílio-doença acidentário, podendo aposentar-se por

invalidez acidentária.

38

8 DIREITOS DOS DEMAIS TRABALHADORES CELETISTAS NÃO

ASSEGURADOS AO EMPREGADO DOMÉSTICO

8.1 PISO PROPORCIONAL À EXTENSÃO E COMPLEXIDADE DO TRABALHO

Artigo 7.º, inciso V da CRFB/1988: “Piso proporcional à extensão e a

complexidade do trabalho”.

Não se aplica ao empregado doméstico, porquanto a este tem garantido o

mínimo legal previsto no inciso IV do artigo 7º da CF/88 tratados no item 2.4.2 e para

aquelas categorias inorganizadas, o piso Estadual quando fixado.

Quando a carta magna trouxe a expressão “extensão e complexidade do

trabalho”, veio em manifesta tendência substituir o salário profissional que até então

era fixado por lei, deixando ao arbítrio das partes o direito de fixar sua remuneração

de acordo com a capacidade e complexidade do trabalho contratado, dando aqui

uma singela alfinetada ao não totalitarismo político onde a complexidade ou não do

trabalho é tratada de forma igualitária.

8.2 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS

Artigo 7.º, inciso XI da CRFB/1988: “participação nos lucros, ou resultados,

desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da

empresa, conforme definido em lei”.

Não faz jus o empregado doméstico a este benefício, em face do âmbito

residencial não estar vinculado à finalidade lucrativa.

A Lei 10.101/2000 que regulamentou o inciso XI do artigo 7.º da CRFB/1988

e dispôs sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados, cita

explicitamente em seu artigo 1º, “ (...) trabalhadores nos lucros e resultados da

empresa”. Sendo assim excluído o empregado doméstico por não participar da

cadeia de produtividade ali prevista.

8.3 JORNADA DE SEIS HORAS

Artigo 7.º, inciso XIV da CRFB/1988: “jornada de seis horas para o trabalho

realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva”.

39

Ao empregado doméstico não se aplica à obrigatoriedade deste inciso da

CRFB/1988, face não estar o doméstico na linha de produção, que foi o quis dizer o

texto constitucional onde empresas operam suas atividades ininterruptas durante as

vinte e quatro horas do dia, geralmente alternando seus turnos de serviço, e desta

forma, o ordenamento jurídico impôs uma limitação de carga horária não superior a

seis horas, tendo em vista o maior desgaste sofrido pelo operário.

Nada obsta, porém, que em acordo contratual entre as partes, a jornada do

doméstico não possa ser de seis horas diárias, perfazendo trinta e seis ou quarenta

e duas horas semanais sem prejuízo da remuneração estipulada, fazendo jus neste

caso a um intervalo de 15 (quinze) minutos após jornada de quatro horas, consoante

parágrafo 1º do artigo 71 da CLT.

8.4 PROTEÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO PARA A MULHER

Artigo 7.º, inciso XX da CRFB/1988: “proteção do mercado de trabalho da

mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei”.

Aos empregados domésticos, não são aplicados às regras da CLT, são

regidos por lei específica. Todavia não sofre o setor deste mal, vez que o grande

contingente de empregados domésticos são mulheres, não lhe faltando trabalho.

Conforme nos diz FARIÑA, (2006, p. 19) que 94% (noventa e quatro) por

cento do contingente de empregados domésticos são mulheres.

Todavia, mesmo em assim sendo, não estando amparadas pelo Inciso XX

de nossa lei maior, em alguns aspectos as empregadas domésticas possuem

garantias, senão vejamos:

a) O próprio inciso XX do Artigo 7º da CF/88 igualou homens e mulheres em

direitos e deveres;

b) O inciso XXX do Artigo 7º da CF/88 proíbe a diferença salarial entre

homens e mulheres;

c) Assim como o artigo 5º da CLT que proíbe discriminação em critérios de

admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

d) A lei 5.473/68 prevê sanção onde houver discriminação contra mulher no

provimento de emprego;

40

e) A Convenção Internacional n.º 45 que foi ratificada pelo Brasil em 1938,

prevê a proibição de trabalho da mulher em empresas mineradoras, especialmente

em minas subterrâneas;

f) O artigo 391 da CLT prevê a proteção a maternidade, ao matrimônio ou

estado de gravidez;

g) O artigo 392 da CLT diz que é proibido o trabalho da mulher no período

de 4 semanas antes e oito depois do parto sendo-lhe garantido a licença gestante de

120 dias consoante artigo 7.º inciso XVIII da CRFB/1988. No caso das empregadas

domésticas este benefício é pago diretamente pela Previdência Social, não

onerando o empregador.

h) Vedação prevista na CRFB/1988 da dispensa da empregada que se

encontrar grávida pelo período desde a confirmação da gravidez até cinco meses

após o parto;

i) O artigo 394 da CLT garante mediante atestado médico, à mulher grávida

a faculdade em romper o compromisso resultante de qualquer contrato de trabalho,

desde que este seja prejudicial à gestação. Também em caso de aborto não

criminoso, desde que comprovado por atestado médico oficial, a mulher terá um

repouso remunerado de duas semanas, ficando-lhe assegurado o direito de retornar

à função que ocupava antes de seu afastamento.

j) O artigo 396 da CLT estatui que para a mulher possa amamentar seu

filho até os seis meses de idade, ela tem o direito a dois descansos especiais de

meia hora cada um, e se a saúde de seu filho exigir, esse período poderá ser

dilatado a critério da autoridade competente;

k) O artigo 400 da CLT diz que os locais destinados à guarda dos filhos das

operárias, durante o período da amamentação, deverão possuir, no mínimo, um

berçário, uma saleta de amamentação, uma cozinha dietética e uma instalação

sanitária.

8.5 INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE

Artigo 7.º, inciso XXIII da CRFB/1988: “adicional de remuneração para as

atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei”.

41

A insalubridade corresponde a 10, 20 ou 40% (por cento) do salário mínimo

nacional, e é devido ao trabalhador que concorre em serviços prejudiciais a sua

saúde.

A Periculosidade corresponde a 30% (trinta) por cento do salário base do

empregado.

Todavia estes dois direitos não foram objetos de discussão na EC 72/2013

vez que não aplicável ao empregado doméstico o artigo 192 e 193 da CLT que trata

de insalubridade e periculosidade.

De modo geral, tem se que o ambiente domiciliar encontra-se enquadrado

no grau 1 e 2 e não comporta este tipo de risco, quer insalubre ou periculoso, caso

contrário o próprio empregador estaria exposto.

8.6 PROTEÇÃO EM FACE DA AUTOMAÇÃO

Artigo 7.º, inciso XXVII da CRFB/1988: “proteção em face da automação, na

forma da lei”.

Não amparados os empregados domésticos por este inciso da CRFB/1988,

sempre se beneficiam com as automações e avanços tecnológicos, vez que sempre

haverá um empregado para a operação destes equipamentos. Acredita-se que este

regramento constitucional deu-se em face da indústria automobilística e em nada

afeta a classe dos domésticos.

8.7 PRAZO PRESCRICIONAL EM AÇÕES TRABALHISTAS

Artigo 7.º, inciso XXIX da CRFB/1988: “ação, quanto aos créditos resultantes

das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os

trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato

de trabalho”.

Esta omissão em relação a prescrição contida no artigo 7º parágrafo único

da CRFB/1988, persiste com a aprovação da EC 72/2013, ou seja, ao doméstico

não ficou explicito o direito de em dois anos findo a relação contratual, poder

ingressar em juízo e pleitear possíveis direitos sonegados dos últimos cinco anos.

Todavia tem-se que ao doméstico aplica-se o instituto Constitucional em

relação ao prazo prescricional geral aplicável aos trabalhadores urbanos e rurais,

42

considerando que os empregados domésticos são urbanos ou rurais e a estes,

aplicável o inciso XXIX do artigo 7.º da CRFB/1988.

8.8 PROIBIÇÃO DE QUALQUER DISCRIMINAÇÃO

Artigo 7.º, inciso XXXII da CRFB/1988: “proibição de distinção entre trabalho

manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos”.

Não amparados pelo referido inciso constitucional, os domésticos na grande

maioria das vezes exercem trabalhos manuais e em raras vezes técnico. Encontram-

se amparados pelo artigo 461 da CLT “sendo idêntica a função, a todo trabalho de

igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá

igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade”.6

8.9 IGUALDADE DE DIREITO ENTRE TRABALHO COM VINCULO E O AVULSO

Artigo 7.º, inciso XXXIV da CRFB/1988: “igualdade de direitos entre o

trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso”.

Inciso não aplicável ao empregado doméstico.

A CRFB/1988 igualou estas duas categorias, “com vínculo permanente e

avulso” tendo em vista principalmente os trabalhos portuários, onde trabalhadores

avulsos ligados a seus sindicatos respondem chamadas e ficam a disposição para

trabalhos que surgirem naquele dia, tendo os mesmos direitos que o trabalhador

normal como férias, fgts etc.

6 CLT organizada, 3ª ed, LTr, 2013

43

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O intuito deste trabalho foi esclarecer de forma simples, o que seja

empregado doméstico, a evolução histórica de seus direitos, suas obrigações, uma

comparação entre seus direitos e os outros empregados regidos pela CLT, bem

como uma rápida análise histórica de como surgiu o trabalho doméstico no Brasil.

Na atual conjuntura de mudanças e progresso que a sociedade está

atravessando, ou seja, numa época em que a tecnologia invade estabelecimentos

industriais, comerciais, bancários, de serviços e a própria moradia das pessoas

como, por exemplo, lavadora e secadora de roupas, forno microondas, lavadora de

louças, secretária eletrônica e outros serviços, indaga-se se o trabalho doméstico

subordinado tem perspectiva de sobrevivência, o que diante de todo esse aparato

eletrônico podemos responder que não se vislumbra, em longo prazo, essa

sobrevida.

Não bastasse o inexorável avanço tecnológico, outro fator anuncia a agonia

da relação de trabalho doméstico subordinado. Registros diversos da Carteira de

Trabalho e Previdência Social, recolhimentos de contribuições previdenciárias, de

FGTS, arquivamento durante muitos anos de recibos de salários, de décimo terceiro

salário, de férias, etc., que é o objetivo da formalização do trabalho doméstico, exige

a contrapartida: a organização empresarial da família, para a qual não está

vocacionada.

Portanto, é importante que através de palavreado simples e direto o

legislador trabalhista procure esclarecer os direitos que podem ser exercitados por

empregados e empregadores domésticos, assim como as obrigações que há de ser

cumpridas por uns e outros.

Diante do que foi exposto, cabe, mais uma vez afirmar que a legislação que

regula esta atividade está contida na Lei 5.859/72, no Decreto 71.885/73, Lei nº

11.324/2006 e no art. 7.º parágrafo único da Constituição Federal, que procura

buscar com objetivo e clareza evidenciar não só direitos, mas também obrigações de

empregados e empregadores domésticos a fim de possibilitar uma harmônica

sobrevivência entre os sujeitos dessa relação do trabalho, para que se chegue a um

consenso comum nas decisões dos Tribunais Trabalhistas em consonância com a

Carta Magna.

44

Concluindo, pode-se dizer que os empregados domésticos vivem uma

realidade nos dias de hoje de espera e suspense de verem consagrados e

regulamentados efetivamente seus direitos como o direito ao FGTS, Seguro

desemprego e a outros direitos trabalhistas que as outras categorias já possuem.

Por outro lado estão os empregadores domésticos, vivendo a expectativa de

terem que desembolsar ainda mais em virtude dos novos direitos concedidos a seus

empregados domésticos. Num primeiro momento, destaca (VEJA, p. 81) “acredita-

se, haverá o risco de diminuição de empregos formais. Aparentemente, o efeito

psicológico é que a contratação ficou mais difícil e pode vir a gerar o desemprego”.

Para o bem e para o mal, a aprovação da PEC dos empregados domésticos

é um marco histórico para a sociedade brasileira. É uma oportunidade para o Brasil

se livrar de uma poeira que a muito ficou sob o tapete. E quem sabe como medida

salutar seria prosseguir com a contínua regulamentação infraconstitucional para a

desoneração contínua dos empregadores domésticos e a estimulação à

formalização dos contratos de trabalho doméstico.

45

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 5.859/72, de 11 de dezembro de 1972. Dispõe sobre a profissão de empregado doméstico e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União, de 12 dez. 1972. ______. Consolidação das Leis Trabalhistas, Decreto-Lei 5.452, de 1º de maio de 1943. Diário Oficial da União de 09 ago. 1943. ______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Publicada no Diário Oficial da União de 05 out. 1988. ______. Decreto. nº 3.361, de 10 de fevereiro de 2000. Regulamenta dispositivos da lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972, que dispõe sobre a profissão de empregado doméstico, para facultar o acesso do empregado doméstico ao Fundo de garantia do tempo de Serviço – FGTS e o programa do Seguro Desemprego. Publicada no Diário Oficial da União, de 11 fev. 2000. ______. Decreto. nº 16.107, de 30 de jul.1923 – Aprova o Regulamento de locação dos Serviços domésticos. ______. Decreto. nº 71.885, de 9 de março de 1973. Aprova o regulamento da Lei nº 5859, de 11 de dezembro de 1972, que dispõe sobre a profissão de empregado doméstico, e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União, de 09 mar. 1973. ______. Decreto nº 95.247 de 17 de nov. 1987 – Regulamenta a concessão do vale transporte instituído pela Lei 7.418/1985. ______. Decreto-Lei. nº 3.078, de 27 fev. 1941 – conceitua trabalhos domésticos. ______. Decreto-Lei. nº 5.452, de 01 mai. 1943 institui a CLT. ______. Decreto-Lei. nº 7.036, de 10 nov.1944 – atribui expressamente a qualidade de “empregador” ao “empregador doméstico”. ______. Emenda Constitucional nº 72 de 02 abr.2013. Altera o parágrafo único do artigo 7º da Constituição Federal de 1988. ______. Lei nº 2.757, de 23 abr.1956 – exclui a exceção do art. 7º da CLT. ______. Lei nº 7.418, de 16 dez. 1985 – Institui a obrigatoriedade do fornecimento do vale transporte ao trabalhador para deslocamento residência trabalho e vice versa. ______. Lei nº 10.101 de 19 de dez. 2000 – Institui a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados. ______. Lei nº 10.208, de 23 mar. 2001 – estende a possibilidade do FGTS ao doméstico.

46

______. Lei nº 11.324, de 19 de julho de 2006. Altera dispositivos das Leis nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, 8.212, de 24 de julho de 1991, e 5.859, de 11 de dezembro de 1972; e revoga dispositivo da lei nº 605, de 5 de janeiro de 1949. Publicada no Diário Oficial da União, de 20 jul. 2006. ______. Lei Complementar nº 103, de 14 jun. 2000 – Autoriza o salário mínimo regional no Brasil. COELHO, Luciano Augusto de Toledo. Revista Bonijuris. Maio 2013, Ano XXV, n. 594. A Relação de emprego doméstico e a EC 72 – primeiras impressões.

DELGADO, Maurício Godinho. Curso do Direito do Trabalho. 12. ed. São Paulo: Ltr, 2013. DINIZ, Laura. Revista VEJA. Abril 2013, edição 2315, editora Abril. Nada será como antes. FARIÑA, José Maurício Fernandes. Empregados Domésticos em Debate, Rio de Janeiro: Kades Editora, 2007. GRAVATÁ, Isabelli. CLT Organizada, 3.ed, São Paulo: LTr, 2013. LIMA, Dílson Machado de. A nova lei da empregada(o) doméstica(o) e sua aplicação. 4.ed, Belo Horizonte: Líder, 2013. MARTINS, Sergio Pinto, Manual do Trabalho Doméstico. 12 ed, São Paulo: Atlas, 2013. PAMPLONA, Rodolfo Filho; VILLATORE, Marco Antônio César. Direito do Trabalho Doméstico. 4.ed, São Paulo: LTr, 2011. PASTORE, José. Jornal, O Estado de São Paulo. Edição 23 abr. 2013. Domésticas, inconsistências jurídicas. SILVESTRE, Marcos. Jornal Metro. Edição de 27 mar. 2013. Empregadas Domésticas: enfim, luxo para poucos.

47

ANEXOS

ANEXO I – CONTRATO DE TRABALHO

Contrato de Trabalho - Empregado Doméstico

Pelo presente instrumento particular, a Srª. ____________, brasileira, casada, empresária, residente e domiciliada à ______________________________________________, portadora do CIC nº ____________ e da Cédula de Identidade RG nº __________, CEI nº ____________, doravante denominado empregador, e a Srª. ______________________________________, brasileira, solteira, portadora do CIC nº _____________, Cédula de Identidade RG nº ___________ e Carteira profissional nº _____Série _____ NIT nº ___________, residente e domiciliada à ____________________________________________, doravante designado empregado , celebram o presente Contrato Individual de Trabalho, com arrimo na Lei nº 5.859 de 11 de dezembro de 1972, e regido pelas cláusulas abaixo transcritas e demais disposições legais vigentes:

1ª - O empregado trabalhará para o empregador na função de empregado doméstico (CBO-5121-05), desempenhando as funções que vierem a ser objeto de ordens verbais, cartas ou avisos, segundo as necessidades do empregador desde que compatíveis com as suas atribuições, não podendo delegar para terceiros as suas atribuições para auxiliá-lo, salvo quando haja concordância por escrito do empregador;

2ª - O local da prestação dos serviços será na residência do empregador , situado à ___________________________________a cidade de: ___________________

3ª - O empregado perceberá a remuneração mensal de R$ _______ (__________________), podendo o empregador fazer os seguintes descontos no seu salário: 8% referente à contribuição previdenciária (INSS) e 6% referente ao vale-transporte;

4ª - O empregador concederá ao empregado, no início de cada mês, a quantidade de 48 (quarenta e oito) vales-transporte, para o deslocamento residência/trabalho/residência, sendo-lhe facultado o direito de descontar o percentual de 6% (seis por cento) do salário do empregado;

5ª - O prazo deste contrato é por tempo indeterminado, ficando, porém, os primeiros 30 (trinta) dias a título de experiência, podendo ser prorrogado por mais (30 ou 60) dias, podendo as partes rescindi-lo, após expiração deste prazo, sem cumprimento ou indenização do aviso prévio. Permanecendo o empregado a serviço do empregador após o término do período de experiência, continuarão em vigor por prazo indeterminado as cláusulas constantes deste contrato;

6ª - Além dos descontos previstos na cláusula 3ª, reserva-se ao empregador o direito de descontar do empregado as importâncias correspondentes aos danos causados por ele quando praticado por dolo, bem como os adiantamentos salariais;

7ª - Fica desde já acertado que o empregado, em caso de viagens a serem realizadas pelo empregador, se convocado, deverá acompanhá-lo, cumprindo normalmente as suas atribuições, ficando o empregador responsável pela sua hospedagem, alimentação e hora extra em caso de ultrapassar a sua jornada semanal de trabalho de 44 horas semanais;

8ª - Caso o empregado não seja convocado a acompanhar o empregador em viagens, poderá continuar normalmente prestando seus serviços, ficando à disposição da família do empregador, de acordo com as normas e condições preestabelecidas, como também poderá ficar em casa com a percepção integral de seu salário sem ficar à disposição da família do empregador, e estas horas não trabalhadas e percebidas integralmente pelo empregado poderão ser compensadas posteriormente com horas extras, domingos ou feriados trabalhados.

9ª - O empregado terá direito ao seu repouso semanal remunerado, que será concedido preferencialmente aos domingos, como também ao gozo dos feriados civis e religiosos (1º de janeiro, Sexta-feira da Paixão, 21 de abril, 1º de maio, 7 de setembro, 12 de outubro, 2 de novembro, 15 de novembro, 25 de dezembro e os feriados municipais ou estaduais declarados obrigatoriamente por lei), sem prejuízo de sua remuneração, podendo ser compensado por outro dia da semana caso venha a trabalhar em um dos dias acima mencionados;

10ª - O empregador deve recolher em dia o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a contribuição previdenciária (INSS) do empregado;

48

11ª - A jornada de trabalho será de 44 (quarenta e quatro) horas semanais, não superior a 08 (oito) horas diárias, sendo facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo celebrado entre as partes ou convenção coletiva de trabalho;

12ª - Caberá ao empregador definir qual vai ser o horário de trabalho de seu empregado, bem como o horário de intervalo e local para as refeições, intervalo este que não será computado como jornada de trabalho;

13ª - Poderá haver a compensação das horas excedentes com as horas do dia em que o empregado deixou de trabalhar injustificadamente e o empregador não efetuou o respectivo desconto no seu salário;

14ª - O pagamento do adicional noturno só será devido ao empregado quando a prestação do serviço ocorrer efetivamente das 22 (vinte e duas) horas as 05 (cinco) horas da manhã do dia seguinte;

Tendo assim justo e contratado, assinam as partes o presente instrumento em duas vias, na presença das testemunhas abaixo.

Curitiba, __ de ________ de _____.

Assinatura do Empregador Assinatura do Empregado(a)

Testemunhas: ___________________ _______________________

49

ANEXO II – CONTRATO DE EXPERIENCIA

CONTRATO DE TRABALHO A TÍTULO DE EXPERIÊNCIA EMPREGADORA...:

CEI/CPF.......:

ENDEREÇO......: NÚMERO.:

COMPLEMENTO...:

BAIRRO........: CIDADE.: BIGORRILHO CURITIBA PR

EMPREGADO.....: CTPS NR:

SERIE:........: UF.....:

VIGÊNCIA......: DIAS, PERIODO:___/___/___ A ___/___/___ FUNÇÃO.:

REMUNERAÇÃO...: POR: HORÁRIO:

HORÁRIO ......: DAS___ às ___ / ___ às ___HRS.

HORAS SEMANAIS: DESCANSO SEMANAL:

Pelo presente instrumento particular, as partes supra identificadas,

doravante denominado Empregador e Empregado, celebram o presente Contrato

Individual de Trabalho, regido pelas cláusulas abaixo transcritas e demais

disposições legais vigentes:

1ª - O(A) empregado(a) trabalhará para o (a) empregador(a) na função de

empregado(a) doméstico(a), no âmbito da propriedade particular deste,

desempenhando a função acima descrita ou na qual demonstre melhor capacidade de

adaptação em quaisquer dos turnos e ainda as que vierem a ser objeto de

ordens verbais ou avisos, segundo as necessidades do(a)empregador(a) desde que

compatíveis com as suas atribuições, não podendo delegar para terceiros as

suas atribuições para auxiliá-lo(a), salvo quando haja concordância por escrito do

empregador(a);

2ª - O(A) empregado(a) exercerá sua função no horário supra estabelecido,

anotando em controle de ponto e perceberá a remuneração mensal acima com os

acréscimos legais, podendo a empregador(a) fazer os descontos previstos em Lei;

3ª - O prazo deste contrato é por prazo indeterminado, ficando, porém, os

primeiros 45 (quarenta e cinco) dias a título de experiência, podendo ser

prorrogado por mais 45 dias.

Permanecendo o(a) empregado(a) a serviço do(a) empregador(a), continuarão

em vigor as cláusulas constantes deste contrato;

4ª - Além dos descontos previstos na cláusula 2ª, reserva-se o(a) empregador(a) o

direito de descontar do(a) empregado(a) as importâncias correspondentes aos danos

causados por ele(a);

5ª - O(A) empregado(a) terá direito ao seu repouso semanal remunerado, que

será gozado conforme escala predeterminada. Os feriados civis e religiosos,

caso trabalhado serão remunerados de acordo com a legislação em vigor;

Tendo assim justo e contratado, assinam as partes o presente instrumento em

duas vias, na presença das testemunhas abaixo.

______________, ___ de _________ de _____

ASS. do empregado Ass. do Empregador

Testemunhas:

_________________________ _________________________

50

ANEXO III – RECIBO DE SALÁRIO

51

ANEXO IV – RECIBO DE VALE TRANSPORTE

RECIBO DE VALE TRANSPORTE

RECEBI DA EMPRESA EMPREGADOR ______________________________________________

OS VALES TRANSPORTE DESCRITOS ABAIXO, QUE UTILIZAREI PARA DESLOCAMENTO

ENTRE RESIDÊNCIA E TRABALHO NO PERÍODO DE __/__/____ A __/__/____, ESTOU

CIENTE QUE A EMPRESA PODERÁ DESCONTAR ATÉ 6% DO MEU SALÁRIO.

DESCRIÇÃO DA LINHA QTD. VLR.UNIT. VLR.TOTAL

LINHA DO ONIBUS

TOTAL DE VALES 43,20

CURITIBA, ____/____/____

________________________________________________

Funcionário.:

52

ANEXO V – RECIBO DE FÉRIAS

RECIBO DE FÉRIAS EMPRESA :............................................

CNPJ/CEI .............................................:

CÓDIGO DO FUNCIONÁRIO ..............:

REGISTRO NA EMPRESA ..................:

NOME COMPLETO .............................:

CARTEIRA PROFISSIONAL/SÉRIE ....:

PERÍODO AQUISITIVO .......................:

PERÍODO DE GOZO DE FÉRIAS .......:

SALÁRIO BASE ...................................:

FALTAS NÃO JUSTIFICADAS ............:

CÓD DESCRIÇÃO DO EVENTO VENCIMENTOS DESCONTOS 00121 FERIAS NORMAIS

00122 INT. H.E. FERIAS

00128 ADICIONAL 1/3 S/FERIAS

00080 DESCONTO I.N.S.S.

VALOR LÍQUIDO A RECEBER 176,45 1.784,16 RECEBI DE _____________________ A IMPORTÂNCIA ABAIXO: VALOR: VALOR POR EXTENSO: (.................................................)

PAGO ADIANTADAMENTE POR MOTIVO DE MINHAS FÉRIAS REGULARES, ORA CONCEDIDAS E QUE VOU GOZAR

DE ACORDO COM A DESCRIÇÃO ACIMA. TUDO CONFORME AVISO QUE RECEBI EM TEMPO, AO QUAL DEI MEU

CIENTE.

PARA CLAREZA E DOCUMENTO, FIRMO O PRESENTE RECIBO, DANDO A FIRMA PLENA E GERAL QUITAÇÃO.

CURITIBA, __ de ______ de ____ ____________________________ FUNC: DATA DO PAGAMENTO: ___/__/____ DATA DO RETORNO AO SERVIÇO: __/__/___

53

ANEXO VI - AVISO PRÉVIO EMPREGADOR

Aviso Prévio do Empregador para Dispensa do Empregado Nome do Empregado: ____________________________

Pela presente o notificamos que a ______ dias do início deste Aviso,

não serão utilizados os seus serviços pela nossa empresa, e por isso vimos

avisá-lo, nos termos e para efeitos do disposto no Artigo 487, item II, Capítulo VI,

Decreto Lei nr. 5.452 de 01 de Maio de 1943 da Consolidação das Leis do

trabalho.

Solicitamos a devolução da presente com o seu CIENTE e OPÇÃO.

[ ] Redução de 2 horas diárias [ ] Redução de 7 dias corridos

CURITIBA, ___/___/_____.

______________________________

Ciente:

54

ANEXO VII - AVISO PRÉVIO EMPREGADO

Aviso Prévio do Empregado para Retirar-se da Empresa

Nome do Empregado: ____________________________

Pelo presente notifico que a ______ dias da data de entrega deste

Aviso prévio, deixarei os serviços desta empresa por minha livre e espontânea

vontade, por isso venho avisá-los, nos termos e para os efeitos do disposto no

Artigo 487 Decreto Lei nr. 5.452, de 01 de Maio de 1943 da Consolidação das

Leis do Trabalho.

Solicito o favor de mandarem confirmar o recebimento para meu

governo.

.

________, ____de ________ de______

Nome do Empregado Assinatura.

55

ANEXO VIII - RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO

TERMO DE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO IDENTIFICAÇÃO DO EMPREGADOR

01 CNPJ/CEI 02 Razão Social/Nome

03 Endereço (logradouro, nº, andar, apartamento) 04 Bairro

05 Município 06 UF 07 CEP 08 CNAE 09 CNPJ/CEI Tomador/Obra

IDENTIFICAÇÃO DO TRABALHADOR 10 PIS/PASEP 11 Nome

12 Endereço (logradouro, nº, andar, apartamento) 13 Bairro

14 Município 15 UF 16 CEP 17 CTPS (nº, série, UF) 18 CPF

19 Data de Nascimento 20 Nome da Mãe

DADOS DO CONTRATO 21 Tipo de Contrato

22 Causa do Afastamento

23 Remuneração Mês Ant. 24 Data de Admissão 25 Data do Aviso Prévio 26 Data de Afastamento 27 Cód. Afastamento

28 Pensão Alim. (%) (TRCT)

29 Pensão Alim. (%) (FGTS) 30 Categoria do Trabalhador

31 Código Sindical 32 CNPJ e Nome da Entidade Sindical Laboral

DISCRIMINAÇÃO DAS VERBAS RESCISÓRIAS

VERBAS RESCISÓRIAS

Rubrica Valor Rubrica Valor Valor

50 Saldo de /dias Salário (líquido de /faltas e DSR) 51 Comissões 52 Gratificação

53 Adic. de Insalubridade 54 Adic. de Periculosidade % 55 Adic. Noturno Horas a %

56.1 Horas Extras horas %

57 Gorjetas 58 Descanso Semanal Remunerado (DSR)

59 Reflexo do DSR sobre Salário Variável 60 Multa Art. 477, § 8º/CLT 62 Salário-Família

63 13º Salário Proporcional /12 avos

64.1 13º Salário–Exerc. - /12 avos

65 Férias Proporc /12 avos

66.1 Férias Venc. Per. Aquisitivo a

68 Terço Constituc. de Férias 69 Aviso Prévio Indenizado

70 13º Salário (Aviso Prévio Indenizado) 71 Férias (Aviso Prévio Indenizado)

99 Ajuste do saldo devedor TOTAL BRUTO

DEDUÇÕES

Desconto Valor Desconto Valor Desconto Valor

100 Pensão Alimentícia 101 Adiantamento Salarial 102 Adiantamento 13º Salário

103 Aviso Prévio Indenizado dias

112.1 Previdência Social 112.2 Prev Social - 13º Salário

114.1 IRRF 114.2 IRRF sobre 13º Salário

TOTAL DEDUÇÕES R$

VALOR LÍQUIDO R$