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1 APOSTILA DE DIREITO PENAL – 3º PERÍODO. 1º BIMESTRE Conceito de Direito Penal: É um ramo do direito que se preocupa em definir quais são as condutas que são consideradas crimes, que culmina em uma sanção. (conjunto de normas condensadas em um diploma legal que visa definir crime, proibindo ou impondo condutas) Função do Direito Penal: proteger bens jurídicos essenciais (a vida, a dignidade, fé pública) para manter a ordem e a paz social (para tornar possível a vida em sociedade) exercendo o controle social (o direito penal representa um pedaço da vida em sociedade e sempre onde houve agrupamento de pessoas há crime). Ubi societas ibi crimen” = Onde há sociedade há crime. Há dois tipos de controle social na sociedade: Controle social formal : através do Estado. Controle social informal (mais eficaz) : Família (ex: castigo para o filho que pegou um celular); Escola ( suspender aluno por cola); Igreja. Características: -Preventivo: Antigamente o Direito Penal era considerado repressivo, depois com novas condutas a pena vai ser considerado uma intimidação, ou seja, o direito penal será considerado preventivo. A teoria mais aceita diz que o Direito Penal deve reeducar o “criminoso”. Ressocialização -> teoria moderna/ preventivo + ressocializador. -Normativo : a norma como objeto - Valorativo : estabelece uma escala própria de valor para definir as normas. - Finalista: tem o fim/objetivo que é a proteção dos bens jurídicos e o controle social. - Fragmentário : não tutela todas as condutas indesejadas pelo homem. -Imperativo : impõe a você uma conduta// ex.: matar alguém é crime, conduz a conduta (ação/omissão) de não matar. -Sancionatório : impõe sanções/penas as condutas consideradas criminosas. Fontes do Direito Penal: -Materias; substancias ou produção : quer saber quem é que produz as normas (ex.: União). CF, art. 22. Estado pode produzir, caso a união por meio da lei complementar incubir tal função. -Formais; conhecimento ou cognição (duas) : Imediatas: é a lei (federal) em obediência ao principio da reserva legal (art. 5º, parag. 39, CF)(art. 1º, CP),ou seja, “não há crime/pena sem ser prescrita antes como tal por meio da lei.” A lei é a única fonte do Direito Penal quando se quer proibir ou impor conduta sob sanção Mediatas: são os costumes (comportamento uniforme e constante pela convicção de sua obrigatoriedade- ex: trote de calouros), os princípios gerais do direito, a jurisprudência, doutrina e tratados internacionais (direitos humanos). Costumes revogam crimes? Há quem diga que sim (desuso da lei) e não (leis revogam leis- Costume Ab-Rogativo) Princípio do Direito Penal O sistema jurídico-normativo: são espécies de normas jurídicas Princípios: Os princípios são a “expressão primeira de valores fundamentais expressos pelo ordenamento jurídico, fornecendo a inspiração para as demais normas”- André Estefam. São abstrações que orientam/vetores o legislador a fazer lei Regras -Os princípios hierarquicamente superiores as regras constituem sua base e sua razão mais maleáveis do que as regras (interpretação) -Conflito entre regras: solução radical.// Conflito entre princípios: ponderação, qual for de maior valor.

Apostila de Direito Penal

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Apostila de Direito Penal parte geral

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APOSTILA DE DIREITO PENAL – 3º PERÍODO. 1º BIMESTRE

Conceito de Direito Penal: É um ramo do direito que se preocupa em definir quais são as condutas que são consideradas crimes, que culmina em uma sanção. (conjunto de normas condensadas em um diploma legal que visa definir crime, proibindo ou impondo condutas)Função do Direito Penal: proteger bens jurídicos essenciais (a vida, a dignidade, fé pública) para manter a ordem e a paz social (para tornar possível a vida em sociedade) exercendo o controle social (o direito penal representa um pedaço da vida em sociedade e sempre onde houve agrupamento de pessoas há crime).“Ubi societas ibi crimen” = Onde há sociedade há crime.Há dois tipos de controle social na sociedade: Controle social formal : através do Estado. Controle social informal (mais eficaz) : Família (ex: castigo para o filho que pegou um celular); Escola ( suspender aluno por cola); Igreja.Características: -Preventivo: Antigamente o Direito Penal era considerado repressivo, depois com novas condutas a pena vai ser considerado uma intimidação, ou seja, o direito penal será considerado preventivo. A teoria mais aceita diz que o Direito Penal deve reeducar o “criminoso”. Ressocialização -> teoria moderna/ preventivo + ressocializador.-Normativo: a norma como objeto- Valorativo: estabelece uma escala própria de valor para definir as normas.- Finalista: tem o fim/objetivo que é a proteção dos bens jurídicos e o controle social.- Fragmentário: não tutela todas as condutas indesejadas pelo homem.-Imperativo: impõe a você uma conduta// ex.: matar alguém é crime, conduz a conduta (ação/omissão) de não matar.-Sancionatório: impõe sanções/penas as condutas consideradas criminosas.

Fontes do Direito Penal:-Materias; substancias ou produção: quer saber quem é que produz as normas (ex.: União). CF, art. 22. Estado pode produzir, caso a união por meio da lei complementar incubir tal função.-Formais; conhecimento ou cognição (duas): Imediatas: é a lei (federal) em obediência ao principio da reserva legal (art. 5º, parag. 39, CF)(art. 1º, CP),ou seja, “não há crime/pena sem ser prescrita antes como tal por meio da lei.”A lei é a única fonte do Direito Penal quando se quer proibir ou impor conduta sob sanção Mediatas: são os costumes (comportamento uniforme e constante pela convicção de sua obrigatoriedade- ex: trote de calouros), os princípios gerais do direito, a jurisprudência, doutrina e tratados internacionais (direitos humanos).Costumes revogam crimes? Há quem diga que sim (desuso da lei) e não (leis revogam leis- Costume Ab-Rogativo)

Princípio do Direito PenalO sistema jurídico-normativo: são espécies de normas jurídicas Princípios: Os princípios são a “expressão primeira de valores fundamentais expressos pelo ordenamento jurídico, fornecendo a inspiração para as demais normas”- André Estefam. São abstrações que orientam/vetores o legislador a fazer lei Regras-Os princípios hierarquicamente superiores as regras constituem sua base e sua razão mais maleáveis do que as regras (interpretação)-Conflito entre regras: solução radical.// Conflito entre princípios: ponderação, qual for de maior valor.- E quando há conflito entre regras e princípios? PRINCÍPIOS.

Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos.A lei só protege bens jurídicos que foram reconhecidos. Esse princípio não compete ao direito penal.Tutelar valores puramente morais, éticos, ou religiosos Intervenção mínimaO direito Penal deve ser aplicado apenas se os meios extra penais de controle social se esgotarem, ou seja, será apenas aplicado quando estritamente necessário (ultimo momento-ultima ratio) mantendo-se subsidiário e fragmentário (dá preferência aos outros ramos de direito).O Estado sabe dos efeitos negativos da pena: o uso excessivo do Direito Penal condena o sistema penal a uma função meramente simbólica, banalizando o direito penal. (perdendo sua eficácia), prezando pela discriminalização.SubsidiaridadeSó atua em abstrato (tipifica comportamentos) em condutas não abrangidas/ ineficazes em outros ramos do Direito (quando falha os outros meios de solução social dos problemas)“Direito Penal derradeira trincheira o combate do crime” - Paulo José

FragmentariedadeO direito penal tutela todos os bens jurídicos, mas nem todas as condutas, logo o Direito Penal só intervém no caso concreto quando houver relevante lesão ou perigo. (Roubo do bombom e Michael Jackson)

Originando Insignificância / Bagatela

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Se a conduta não é de relevante perigo ou lesão ela é insignificante. Seu objetivo para a doutrina é criar um excedente atípico(atipicidade material > conglobante > não há crime), uma desconsideração ou é da culpabilidade (a sociedade não culpa alguns atos)O que é insignificante? (segundo STF e STJ)-mínima ofensividade da conduta: compara a ofensividade com o bem > lesão-corporal-nenhuma periculosidade da ação: reincidência -reduzindo grau de reprovabilidade: “opinião humana”-inexpressiva lesão jurídica: remete ao valorCritério de avaliação de valor:Segundo o STF é de acordo com realidade econômica do país.Segundo o STJ é de acordo com a significância da conduta para a vítima. Aplica-se aos crimes com administração pública.

Princípio exteriorização ou materializaçãoO Direito Penal só pode incriminar de acordo com os fatos, não o autor.Direito Penal do fato é diferente do Direito Penal do autor.Antigamente se punia a vadiagem, sendo essa contravenção bastante criticada.Contravenções Penais ou Vias de Fato: são fatos que aparentam crime, mas com vários graus

Princípio da ofensividade ou lesividadeHá delito só quando houver lesão efetiva ou perigo de lesão ao bem jurídico. Não devemos ser expostos a perigosCom base nesse princípio o STF não reconhece crime na parte de arma desmuniciada.Algumas doutrina inconstitucionais os crimes perigo abstrato, diferente dos crimes de perigo concreto.

Princípio da responsabilidade pessoalO Direito Penal não pode responsabilizar alguém pelo fato de outem. Impede-se a punição por fato alheio desde que não tenha participação Ex: sanção a todos os sócios da empresa// sanção a todos os presos por queima de colchões.

Princípio da responsabilidade subjetivaAgente só será responsabilizado quando o fato for querido: dolo direto, eventual; culpa consciente, inconsciente.-Crime : Doloso Direto: quer o resultado Dolo Eventual: é um fato não querido mas é previsto/aceita o risco (“Dane-se”) Culpa Consciente: é um fato não querido mas não aceita o risco (“Danou-se”) Culpa Inconsciente: causou o resultado por negligencia, imperícia, imprudência.Obs: Imprudência :Excesso Imperícia: Falta de habilidade ou conhecimento para realizar a contento determinado ato. Negligência : Descuido baseado na indolência, desleixo em relação ao ato praticado.Evita-se a RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA, tem que haver culpa ou dolo.Os tribunais tem decidido que alta velocidade é DOLO EVENTUAL.

Princípio da culpabilidadeNão pode ser aplicado uma pena sem que haja naquela conduta uma culpabilidade, ou seja, uma grau de reprovabilidade daquela conduta por parte da sociedade. Não se encontra na CF, mas se enquadra no princípio da dignidade humana. Ex: deficiente mental causa um dano ao veículoPode causa uma medida de segurança, como a sanção.O Direito Penal só prevê pena para aquelas pessoas que tem capacidade ou seja: os iniputáveis (sanidade mental, menor), sem potencial conhecimento da ilicitude e inexigibilidade de conduta diversa não são relevantes.Evita-se a RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA.Princípio da Igualdade ou IsonomiaPossui guarida constitucional previsto no art. 5, CF “Todos são iguais perante a lei”. Fala-se mais da igualdade material “Tratar os iguais, iguais e os desiguais, desiguais na medida da sua desigualdade” Ex.: presídios femininos.Princípio da presunção de inocência.Art. 5º, LVII – CF “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”Para alguns doutrinadores o verdadeiro nome deveria ser Presunção de não culpa.

Princípio da dignidade da pessoa humana.Art. 1º, III- CF. É o destaque no plano normativo constitucional. Nossos direitos devem ser mantidos mesmo após a prisão, como exemplo, o da dignidade da pessoa humana, sendo a ausência dela um ato inconstitucionalEm conseqüência disso surge o :Princípio da Humanidade.No Brasil há a proibição de penas cruéis. As penas de privação deveria ser feita de forma resocializadora (não há perpetuas).A forma como é feita a prisão aqui no Brasil agride esse princípio

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*Princípio da individualização de pena: A pena não pode ser padronizada. A cada delinquente cabe a exata medida punitiva pelo que fez. Não se pode igualar os desiguais.Regime Disciplinar Diferenciado (RDD): quando uma pessoa não demonstra resultados resocializador. A pessoa fica num local pequeno isolado. Esse regime fere o princípio da dignidade humana. À pessoas que dentro da prisão por crimes dolosos, subversão à ordem interna e externa, alto crime de segurança. (art 52, da Lei de execução penal).

Princípio da Alteridade ou TranscendentalidadeClans Roxin: O Direito Penal só pode interferir em conduta que lesem bens de terceiros. Ex: tentativa de suicídio- não é crime Auxílio ao suicídio- é crimeUso de drogas?? Condutas em conseqüência do uso da droga??

Princípio da adequação socialWelzel: O Direito Penal não deve interferir em condutas socialmente aceitasAtos obsceno em público é crime -> não especificado o que seria ato obsceno. O que é obsceno para um não é para outroJogo do Bicho?? A reprovação da sociedade é pequena.

Princípio do Non bis in idemNinguém pode punido/processado duas vezes ou mais pelo mesmo crime/fatoUm fato não pode ser considerado duas vezes. Ex.: art 121, parag. 4 = homicídio, a vítima sendo menor que 14 anos a pena será aumentada Art 61 = agravantes genéricasPara chegar a pena final: 1. Fixa pena base2. Caso de aumento de pena3. Caso de agravantes genéricasOu seja, ao considerar o 2 e 3 no caso de homicídio de um menor de 14 anos ocorrerá bis in idem.

Princípio da proporcionalidadeA Declaração dos Diretos Humanos- 1789: A pena deve ser proporcional da gravidade da conduta e Serve como um limite do poder estatal.Crimes hediondos: maior reprovaçãoCrimes de menor potencial ofensivo: a pena não é superior a 2 anos

Princípio da RazoabilidadeÉ um controlador da proporcionalidade. Ex: a Lei de Talião era proporcional, mas não era razoável. Ou seja, o princípio vai controlar a proporcionalidade.Afronta a esse princípio: falsificação de produtos medicinais tem pena altíssima. Mas a falsificação de cosmético foi incluída nessa categoria, então quem falsifica batom recebe a mesma pena de quem falsificou um remédio, o que não é proporcional.Outra : É considerado estupro tanto ter relação sexual obrigando a pessoa como beijar alguém lacivamente (violentamente) contra a sua vontadePrincípio da confiançaUma pessoa não pode ser punida quando age corretamente na confiança de que o outro também agirá assim. Ex: uma enfermeira que dá medicamento errado para o médico que esta realizando uma cirurgia, levando à morte do paciente. O médico não pode ser responsabilizado, apenas a enfermeira.Obs: se não há dolo sem culpa não há crime.Princípio da Legalidade -> Reserva Legal Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia condenação legal. (Art 5, XXXIX). Nasceu do anseio de estabelecer na sociedade regras permanentes que sejam legais formalmente e materialmente (válidas), obras da razão e que abrigue os indivíduos.Cláusula Pétrea: são limitações materiais ao poder de reforma da constituição de um estadoLimite do poder punitivo do Estado: o estado só pode punir condutas consideradas crimes por lei.Esse princípio funciona como segurança jurídica para a pessoa ser punida só quando cometer uma conduta tida por lei (não expressamente proibido = permitido)A lei tem que ser anterior à conduta permitida.Desdobramentos do princípio da legalidade:a) Anterioridade da lei: lei deve ser anterior ao delito b) Lei com sentido forma (ordinária) -> reserva legal ps: medida provisória, decreto, portaria e etc. jamais poderá criar crime.c) As leis penais devem ser interpretadas restritivamente ps: pode-se usar analogia in bonam partem -> SÓ PARA ISSO!d) Lei tenha conteúdo determinado: Tipos penais devem ser claros para evitar que saem dadas interpretações diferentes a determinadas condutas.

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Funções do Princípio da Legalidade:a) Proibir retroatividade da lei penal, salvo em benefício b) Proibir criação de crime e pena pelo costume, já que lei é fonte imediata c) Proibir analogia de lei penal, já que se deduz/compara coisas ao caso d) Proibir condenação vaga e indeterminada Princípio da taxatividadeAs leis devem ser claras.Obs: Diferença em prima legalidade e prima reserva legal.Na prima reserva legal, a lei esta prevendo que esse crime tem que ser a lei em sentido formal.

Lei penal do tempo/Direito intertemporalEm regra uma lei penal rege os fatos ocorridos durante a sua vigência (princípio da atividade –“ tempus regit actum”)Lei pode retroagir desde que seja para beneficiar o réuEntretanto temos como exceção nos tempos a extratividade (lei penal que rege os fatos já ocorridos)Regra: atividade -> durante sua vigênciaExceção: Extratividade(fora do período de vigência) -> retroatividade (antes da vigência) ->ultratividade (posterior à vigência)Assim, as leis penais podem ser ativos e extrativos.Até 2006, em relação as drogas tínhamos a lei 6368/76 dizia que quem porta droga para consumo pessoal, prévia prisão. Em 2006, surgiu a lei 11343/06 que aboliu a pena de prisãoQuem foi preso por causa disso poderá ser solto porque a lei retroage para benefício do réu -> retroatividade: antes da vigência só quando beneficiar o réuArt 2º, CP “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penas de sentença condenatória”

Princípio da extratividadePermite aplicação de uma norma fora do seu tempo de vigênciaSubdivisão: Retroatividade: a lei retroage para atingir condutas abres de sua vigência. Ex: a lei de drogas Ultratividade: lei antiga atinge fatos ocorridos após vigência de nova lei

RetroatividadeLei de Drogas: 6368/76 : prisão 11343/06: aboliu esta pena Lei Penal mais benéfica: beneficio ao réuNovatio Legis in Melluis: a lei mais nova continua declarando a conduta como crime, porém a pena é mais branda/benéfica. Ex: porte de drogas.Abolitio criminis: a lei vem para abolir um crime. Ex: adutério. Lei penal mais grave: prejudicar o réuNovatio Legis in pejus: nova lei acarreta em prejuízo mais gravoso ao já condenado (aplicado em crimes continuados ou permanentes desde que a vigência dessa seja anterior a cessão da continuidade ou permanência)Novatio legis incuminadora: nova lei determina um novo crime. Ex: assedio sexual.-Acompanhado pelo advogado para poder utilizar a lei mais benéfica* O Juiz pode combinar uma nova com uma mais velha (lei)? Polêmica, alguns doutrinadores acha errado, pois estaria criando uma terceira norma, legislando. Porém o STF acredita que é possível, pois seria um exercício de interpretação integrativa. Ou seja, não há vetação nessa combinaçãoUltratividadeLeis penais: destinada a uma determinada época. Excepcionais: nascem para reger um comportamento enquanto houver (ex: época de guerra) Temporárias :rege por um período determinado ex: eleição. Art 3°,CP : A lei pode ser utilizada após sua época de vigência, pois a conduta foi realizada na época de vigência, mas não foi descoberta. Isso pode ser utilizado mesmo em prejuízo ao réu.-Os doutrinadores, penalistas consideram esse princípio da ultratividade como inconstitucional. Enquanto outro considera constitucional, pois permite a eficácia da norma.

Ex: Guto deu um tiro numa pessoa e a pena nesse período é de 10 anos, porém a vitima só foi falecer depois quando já tava em vigor outra lei com pena menor. Adota o tempo da conduta/ação ou o resultado? DÚVIDA, para isso há 3 teoriasTeorias: Teoria da Atividade: considera tempo do crime o tempo da ação. (Brasil Adota) Art 4°, CP “considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado” Teoria do Resultado: considera tempo do crime o tempo do resultado. Teoria Mista ou ubiqüidade: considera tempo do crime o tempo da ação ou resultado.Ex: 07/09/94 -> editada a lei de crimes hediondos.05/09/94 -> conduta de tiro fútil08/09/94 -> morreu a vítima

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A pessoa responderá por crimes hediondos? Não, pois no período da conduta a lei de crimes hediondos não vigia, porém se a lei fosse mais benéfica a lei de crimes hediondos pode retroagir. Ex: Crimes permanentes –seqüestro (que se prolongam no decorrer do tempo)-A lei de homicídio: a conduta é consumado na hora da conduta-Sequestro: a ofensa tem um período de consumação. Enquanto durar a ofensa ao bem, dura enquanto durar o crime.Sequestro: Guto inicia seqüestro com 17 anos (regido pelo ECA) Termina o seqüestro com 18 anos (regido pelo CP)Qual utilizar? Nos crimes permanentes prevalece a norma do fim da conduta, mesmo que seja maléfico.Ex: Crimes continuados- habituais (Art 71°, CP “ Quando o agente mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes de mesma espécie e, pela condição do tempo, lugar, maneira de execução e outros semelhantes, devem os subseqüentes se havidos como continuação do primeiro, aplicar-se-á a pena de um só crime, se identificar ou a mais grave...”Aquele crime que em razão das circunstâncias eles acontecem de forma que seja um mesmo crime com diferentes vitimas. Ex: assalto no posto do Calhau- norma antiga [...] Assalto no posto do Bequimão- norma novaQual utilizar? A mais nova, mesmo que seja em malefício do réuCritica: fere o princípio da retroatividade.Para o STF: a lei mais nova.-Para que seja considerado crime continuado deve ser realizado várias vezes e durante 1 mêsCrimes Habituais: praticado 1 vez não é crime, para ser crime tem que acontecer várias vezes. (Aplica-se lei recente,mesmo que pior) Ex: falso médico.Continuado: praticado varias vezes.Súmula 711 “ A lei penal mais grave aplicar-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior a cessação da continuação ou da pertinência”

Conflito Aparente de Normas: duas ou mais normas sobre o mesmo assunto “aparentemente” aplicáveis ao mesmo fato é um conflito, porque mais de uma pretende regular o fato. É aparente porque com efeito só uma será aplicada-Solução: princípios.a) Princípio da Especialidade: Lei Especial (norma que possui todos elementos da geral e mais alguns) prevalecem sob leis gerais, mesmo que mais graves.Ex: homicídioArt. 121-matar alguém; infanticídio.Art. 123-matar sob influencia do estado puerperal o próprio filhoO infanticídio tem tudo do homicídio e mais: próprio filho+logo após o parto+estado puerperalEx: trafico internacional drogas-> é a espécie X crime de contrabando-> gêneroEx: estupro X constrangimentoArt. 146 : constranger alguém mediante violação ou grave ameaça fazer o que a lei não manda -> estuproArt. 213: constranger alguém mediante violação ou grave ameaça a ter conjunção carnal.*A lei especial prevalece sobre a geral, podendo ser mais grave ou mais branda.b) Princípio da Subsidiariedade: Subsidiária é a norma que descreve um grau menor de violação do bem jurídico. Prevalece a nomais mais primária (já que a subsidiária cabe na primária)Só serão aplicados quando uma conduta não for considerada mais grave.-Ela não é especial, é mais ampla.Ex: Sequestro: Subsidiária = privar liberdade Ex: Extorsão mediante seqüestro: Primária = privar de liberdade+ dinheiro*A norma subsidiaria passa a funcionar como um soldado de reserva (Hungria).Espécie: Subsidiária Expressa ou explícita : sempre vem expressa na pena (maior) Subsidiária Tácita ou implícita: verifica-se diante do caso concreto.Diferença entre subsdiariedade e especialidade Ex: 2 caixas de presenteEspecialidade: laços diferentesSubsdiariedade: tamanhos diferentesc) Princípio da Consunção: quando uma conduta for meio para a consulmação de um crime fim. Este ultimo absolve o crime meio.Ex: direção perigosa e homicídio culposoO primeiro será absorvido evitando-se o bis in idemEx: Subtração de cadáver (fim) e violação de sepultura (meio). Para subtrair o cadáver necessariamente tem-se a violação da sepultura. Por qual responderá? Os dois? Não, apenas por subtração de cadáver, se responde pelo crime fim*Hipóteses de consunçãoa) crimes progressivo: o agente objetiva o resultado mais grave mas comete outros crimes para alcançá-lo. Ex: homicídio e lesão corporal; furto e invasão de domicilio.b) crime complexo: composto de dois crimes. Ex: roubo e homicídio =latrocínio. Os demais crimes serão absorvidos.Latrocínio: derivado do crime de roubo — o crime-fim —, onde o homicídio é o crime-meio, ou seja, mata-se para roubar

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c) progressão criminosa: agente deseja alcançar um fato e depois de conseguir prossegue.Ex: alguém quer lesão e depois resolve homicídio. Só responde pelo homicídio, a lesão será ante factum impunível. Ex: Furtar e depois destruir , o dano é post factum impunível.Diferença deste com a subsidiaridade: a subsidiariedade há comparação de normas enquanto a consunção há comparação do caso concreto.d) Princípio da Alternatividade: A norma descreve várias formas de realização do crime. A realização de uma ou todas: crime único.São os crimes mistos alternativos e cumulativos-Alternativos: Perturbar ou Impedir cerimônia religiosa (se responde por crime único)-Comulativo: Importar e armazenar drogas ilícitas (responderá pelos dois)Crítica: não há conflito entre normas.

Lei Penal no EspaçoPrincípio da Territorialidade -> para resolver conflitoAplica-se a lei do local onde ocorreu o crime, não importa a nacionalidade do agente ou bem jurídico.Princípio da nacionalidade ativaAplica-se a lei da nacionalidade do sujeito ativo, não importa a nacionalidade da vítima ou local do crime. Se o agente for um chinês, aplica-se a lei da China-Aplica-se a lei nacional ao cidadão que comete crime no estrangeiro independentemente da nacionalidade do sujeito passivo

Princípio da nacionalidade passivaAplica-se a lei da nacionalidade do sujeito passivo somente quando atinge direito de um concidadão(cidadãos de mesma nacionalidade). Não importa o lugar do crime.- Exige que o fato praticado pelo nacional no estrangeiro atinja um bem jurídico do seu próprio Estado ou de um co-cidadão (Chinês mata chinês = lei chinesa)Princípio da defesa ou realAplica-se a lei da nacionalidade do sujeito passivo ou do bem jurídico lesado, não importa o lugar do crime ou nacionalidade do agente.Princípio da justiça penal universalO agente fica sujeito à lei do país onde for encontrado, não importa o lugar do crime e nacionalidade dos sujeitos- Preconiza o poder de cada Estado de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do delinqüente e da vítima, ou local de sua prática.Princípio da representação subsidiariedade ou da bandeiraA lei penal nacional será aplicada a crimes praticados em:-aeronaves e embarcações privadas-quando no estrangeiro e aí não são julgadosQual o Brasil adotou?Como regra: Principio. da TerritorialidadeArt 5, CP “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções , tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional”-Territorialidade absoluta? NÃO, tem exceções. Trata-se de territorialidade relativa ou temperada sem prejuízos de convenções, tratados, regras de direito internacional. São as exceções a exemplo da imunidade diplomática.Logo, trata-se de uma territorialidade relativa/temperada ou mitigada.

Três exemplos de lei penal: Crimes cometidos no Brasil: aplica-se a lei brasileira (princípio da Territorialidade) Crimes cometidos fora do Brasil: aplica-se também a lei brasileira (princípio da Extraterritorialidade). Crimes cometidos no Brasil, mas é a estrangeira que é aplicada: imunidade diplomática (princípio da Intraterritorialidade).*Princípio da Intraterritorialidade: há crimes que ocorrem no Brasil e a eles não podemos (ou não iremos) aplicar a lei penal brasileira. Incide, nesse caso, ou o Direito de um país estrangeiro (é o caso dos embaixadores, ou do crime ocorrido dentro de embarcação ou aeronave pública estrangeira) ou o Direito internacional penal (TPI). Ou seja, um crime ocorrido no Brasil vai ter incidência um Direito penal que não é nosso, que será aplicado por juiz estrangeiro de acordo com o devido processo do respectivo país.Resumindo: O Brasil adotou a territorialidade excepcionada pela extra e intraterritorialidade.Mas o que é território nacional?-Espaço físico e espaço jurídico Espaço físico: a superfície terrestre (solo e subsolo), as águas territoriais (fluvias, lacustre) e o espaço aéreo.Espaço jurídico: por ficção equiparação, flutuante ou extensãoArt 5º, parag 1º e 2º, CP. “Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar”

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As embarcações ou aeronaves publicas a serviço do governo são consideradas extensão do território nacional, onde quer que se encontrem, não importa a nacionalidade dos sujeitos, se estão sobrevoando ou atracados no Brasil, sempre serão território nacional, logo é lei brasileira.As embarcações privadas ou mercantes só são consideradas extensão território nacional se corresponde ao alto-mar, fora daí aplica-se a lei estrangeiraE as embaixadas? Não são extensão do território que representam, mas são invioláveis. Ex: embaixada brasileira em Lisboa na extensão do território brasileiro.Se o Brasil considera como extensão seu território as suas embarcações aeronaves publicas, deve respeitar isso em relação a outros países. A isso se chama Princípio da Reciprocidade (art.5, parag. 2º)” É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso ou em vôo no espaço aéreo correspondente ao território nacional” Assim, em embarcações e aeronaves publicas estrangeiras não se aplica a lei brasileira, interpretação contrário sensu.Obs: Em alto-mar, nenhum país exerce sua soberaniaSe o Brasil adotou o P. da Territorialidade, em regra. Depois conceituou o que considera território nacional.Imprescindível definir o que entende-se lugar do crime? Assim, se o agente atira em alguém no Uruguai e este só vem a morrer no Brasil o crime foi cometido no território nacional.

Lugar do CrimeHungria: Basta uma pincelada para execução do crime no Brasil para aplicação da lei brasileiraObs: só a lei brasileira se no território físico ou jurídico ocorrer inicio ou execução ou resultado. Atos preparatórios, cogitação exaurimento não interessa o Brasil. Logo não se aplica nossa lei se o navio particular sai de Portugal para Argentina e de passagem pela água brasileira ocorre um crime no seu interior. Lei brasileira, pelo art. 6º CP- SIM. “Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado” (Teoria da Ubiquidade)Pelo tratado internacional, o principio da passagem inocente, a lei brasileira não será aplicada pois não é amplamente praticada pelo Brasil, é apenas estendido para aeronaves.ExtraterritorialidadeUm país não pode impor suas regras a outro país. Existem fatos excepcionais em que a lei brasileira os alcança ainda que tenha ocorrido fora do Brasil. Isto porque existe regra permissiva (direito internacional)Art 7º, CP, inc. I” Ficam sujeitos a lei brasileira embora cometidos no estrangeiro: os crimes, a) contra a vida ou a liberdade do presidente da República b)contra o patrimônio ou fé pública da União, do DF, de Estado, de território, de município, de empresa publica, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação intituída pelo poder publico (princípio da defesa ou real)c) contra a administração publica por quem está a seu serviço (princípio da defesa ou real)d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil (princípio da justiça penal universal)

Qual princípio adotado?1ª Corrente: Justiça Penal Universal, ou seja, o agente fica sujeito à lei penal do país onde for encontrado.2ª Corrente: só aplico a lei brasileira se o genocídio atingir interesses do Brasil. Ex: genocídio contra brasileiros3ª Corrente: Princípio da nacionalidade ativa -> está erradoOu seja, qualquer nacionalidadeA doutrina tem se inclinado para a 1ª corrente, devido a importância que os tribunais superiores estão dando aos tratados internacionais.Todas essas alíneas são o princípio da extraterritoriedade incondicionada, assim o sujeito pode responder por 2 processos (um no Brasil outro no estrangeiro), assim é uma excessão no Non bis in idem para fazer valer a soberania nacional. Art 7°, parag 1, CP “O agente é punido segundo a lei brasileira ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro”Art. 8º, CP “A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada quando idênticas” (Atenua a Non Bis in Idem)- Se na Argentina for condenado a 10 anos e no Brasil, paga 10 anos na Argentina e mais 5 no Brasil. Se no estrangeiro foi condenado a reclusão e no Brasil a multa, a multa será atenuada.Art. 7º, CP, inc. II – os crimesa) Que por tratado ou convenção, o Brasil obrigou a reprimir*Principio da Justiça Penal Universal b) praticados por brasileiros *Principio da Nacionalidade Ativa c)praticado em aeronaves [...] *Principio da Representação Subsidiariedade ou da BandeiraNesta alínea ‘c’ a nossa lei é subsdiaria. Nete inc II está presente a extraterrotorialidade condicionada. -A lei penal brasileira para alcançar fatos ocorridos fora do Brasil depende de algumas condições-Analisemos tais condições, ou seja, quando a lei brasileira é aplicada a um brasileiro que praticou um crime na Suécia. a) entrar o agente no território nacionalNão precisa permanecer. Colocou o pé em território brasileiro e saiu em seguida já é o bastante para a lei alcançá-lo, mas tem que haver o concurso das outras condições. São cumulativas.

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b) Ser o fato punível também no pai em que foi praticado “ se o fato é crime só aqui e no estrangeiro onde foi praticado não, a nossa lei não o alcança” . ex: bigamiac) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição Temos que ver na lei de extradição quais são esses crimes. Ex: homicídio é.d) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter ai cumprido a pena Se foi absolvido ou si já cumpriu a pena a lei brasileira não o alcança.e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorávelA lei brasileira não alcança, só preenchidas todas as condições é que a lei brasileira alcançará;Art. 7º, parag 3º “A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil se reunidas as condições previstas no parágrafo anterior”Qual principio adotado?Para Luis Flávio Gomes: Nacionalidade Passiva-Mas a nacionalidade passiva não é brasileiro contra brasileiroMais 2 condições:a) Não foi pedida ou foi negada a extradiçãob) Houve requisição do Ministro da Justiça- Por isso é classificada como extraterritorialidade hipercondicionada.- Há ainda uma discursão que diz ser o Princípio da Defesa

Validade da Lei Penal em relação às pessoas- imunidadesExistem pessoa que são imunes à nossa Lei? Não fere o principio da isonomia? (art 5º, CF)-Há pessoas que em razão de suas funções ou de regras internacionais desfrutam de imunidades, não se trata de uma garantia pessoa, um privilégio, mas de uma necessária prerrogativa funcional.

Imunidade Diplomática.São imunidades de D. Publico Internacional de que desfrutam:a) Os chefes de governo ou Estado estrangeiro, sua família e membros da comitivab) A embaixada e sua famíliac) Os funcionários do corpo diplomático e sua famíliad) Os funcionários das organizações internacionais (ONU), quando em serviço.O que significa imune? Não devem obediência à lei brasileira?Devem obediência SIM, apenas não ficam sujeitos às conseqüências jurídicas da lei brasileira, mas as da lei do seu país. Essa imunidade abrange qualquer crime, seja comum ou funcional. Consul tem imunidade mais estrita, apenas aos crimes funcionais (praticados no exercício da função ou em razão dela). Imunidade diplomática não impede investigação policial. Não se pode ser renunciada pelo diplomata, pois não é garantia pessoal, mas do cargo. Pode ser eliminada pelo Estado de origem, já aconteceu no caso de um diplomata que nos EUA, bêbado, matou alguém no transito. O país retirou sua imunidade e foi processado conforme a lei americana.Embaixada inviolável, não haverá inviolabilidade se o crime for cometido por estranho à legação.Não se estende aos empregados particulares ainda que sejam da mesma nacionalidade.

Imunidades ParlamentaresDuas espécies: absoluta e relativaAbsoluta: Sinônimos: material, real, substancial, inviolabilidade, indenidade (zaffaroni)Previsão legal: art. 53, caput, CF.STF amplia as conseqüências para as áreas, administrativa e política.Limite da imunidade material: O parlamentar não tem carta branca, deve haver um nexo entre a função de congressista e suas palavras, opiniões e voto.A imunidade não existe só dentro do caso legislativo.Quando a ofensa ocorrer no seu interior o nexo funcional é presumido, quando ocorrer fora depende de provas .Relativa: Também chamada de imunidade formal1) Imunidade quanto ao foro-foro competente é o STF (art. 53, parag. 1º, CF). 2) Imunidade quanto à prisão - os congressistas não poderão ser presos, salvo se em flagrante (autorização da casa respectiva) (art. 53, parag. 2º, CF). 3) Imunidade quanto ao processo -O STF comunica à casa que pode sustar o andamento. (art.53, parag. 3º,4º e 5º, CF). 4) Imunidade quanto à produção de prova - Não obrigados a testemunhar sobre informações que obtiverem em razão do mandato. (art. 53, parag. 6º, CF).Observações:

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Deputados e senadores que se licenciam para exercer cargo no executivo perdem ambas imunidades (STF).Deputados estaduais imunes. Princípio da simetria. Prerrogativa do foro do TJ.Vereadores só gozam das imunidades absolutas, e mesmo assim restrita ao município em que exercem a vereança.Const. Estadual pode prever prerrogativa do foro, TJ-Rio e Piauí.

Teoria do CrimeSistema Dualista/Binario: utilizado no Brasil para poder definir quais condutas são crimes ou não.-infrações penais- gênero - crime(espécie) -contravenções penais (espécie)A diferença entre elas esta no grau.Diferença entre crime (pena até 30 anos) X contrav. Penal (pena até 5 anos) = grau axiológica (gravidade/lesão), não ontológica (não é conceitual).Vias de fato: não é um crime, mas uma contrav. Penal Ex: empurrão (contrav.) -> lesão corporal (crime)Contrav. Penal : uma conduta que não é considerada crime, mas não é permitida pelo sistema penal. Não tem pena de reclusão ou detenção.Pena de contravenções: prisão simples e/ou multa.Pena de crime: privativas da liberdade (reclusão ou detenção), restritivas (prestação de serviço a comunidade) e multa.Crime (conceito):-Formal: toda conduta que estiver em lei definida como crime, estipulando uma pena-Material: busca a essência da conduta, para que uma conduta ser considerada crime. Crime: - fato humano - propósito (dolo)/ descuido (culpa) - resultado: lesão ou perigo - bens jurídicos.- Analítico : elementos estruturais do crime -No Brasil: 3 teorias -Teoria Bipartite ou Bipartida: crime é um fato: típico e ilícito (ou antijurídico) - Teoria Tripartite: Crime/fato: típico, ilícito(antijurídico) e culpável. - Teoria Quatripartite: crime: típico, ilícito (antijurídico), culpável e punível.Típico: tem como elementos: conduta,resultado, nexo causalidade, tipicidade (formal e material).Conduta: 7 teorias1- Causalista - sec. XIX/XX- positivismo-o que vale é o que ta escrito, não vale a interpretação do jurista-conduta descrita(lei) como crime-não analisa culpa ou dolo-interessa o resultado 2- Finalista (Brasil) – 1920 -questiona-se o desvalor da conduta(reprovação da conduta) Ex: homicídio: matou o home que abusou a filha ou matou o homem que devia 10 reais (motivo fútil). - todo comportamento humano consc. e voluntário dirigido a uma finalidade, devendo-se analisar dolo e culpa. - Art. 18, CP 3- Social da ação -conduta criminosa: todo comportamento voluntário dirigido a um fim socialmente relevante, ainda dirigido a um fim socialmente relevante, ainda que haja dolo ou culpa a conduta será atípica se ela não tiver relevância. Ex: Um soco: praticado em um esporte e na rua. - O Brasil não adotou essa teoria expressamente, porem o juiz deve levar em consideração, a partir da sua valoração se é relevante ou não. 4- Funcionalistas - qual real função do direito penal - criado pelo penalista alemão- Claus Roxim -todo comportamento humano voluntario, relevante e intolerável que expõem a dano ou perigo os bens jurídicos. 5- Funcionalismo Sistémico - Günter Jackoles: todo comportamento humano voluntario causador de um resultado do que viola o sistema, frustrando as expectativas normativas - Não adota o Princípio da InsignificânciaCrime: típico (conduta, resultado, nexo causalidade e tipicidade), ilícito, culpável.

CONDUTA:-Causas de exclusão: caso fortuito (força maior), coação física irresistível, atos reflexos (obs: embriaguez).-espécies: doloso, culposo, comissivo, omissivo.Teorias do dolo : -Teoria da vontade: vontade livre e consciente de querer um resultado.

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-Teoria da representação: prevendo resultado e prossegue na conduta. -Teoria do assentimento: prevê o resultado e prossegue na conduta, assumindo o risco.

DOLOSO: - cumulativo: querendo 2 resultado, progressão criminosa. - quis resultado: direto -> 1º grau: determinado, fim específico 2º grau: abrange da conduta principal a conduta secundaria.

-assumir o risco de produzi-lo: indireto-> eventual: não quis resultado mas assumiurisco.

Alternativo: prevê 2 ou mais resultados e assume o risco de produzir qualquer um deles.-Dolo genérico: não requer uma finalidade especifica, agente tem que querer praticar os elementos do crime -Dolo genérico: existência do fim especifico. - fim especial agiu - elemento subjetivo especial tipo - elemento subjetivo especial injustoDolo deste crime consiste na vontade livre e consciente de querer, acrescido de elemento subjetivo especial injusto que seria com o fim de cometer crimes.(ESSES 5 TIPOS DE DOLO A SEGUIR A PROFESSORA APENAS CITOU).-Dolo dano: agente quer ou assume o risco, lesão de um bem jurídico penalmente tutelado. ex: lesão corporal : consciência e vontade de ofender a saúde corporal de outrem-Dolo perigo: o agente quer ou assume o risco, expor a perigo lesão a bem jurídico. Ex: exposição de alguém a contágio de moléstia venérea -Dolo antecedente: é o que subsiste desde o inicio da execução do crime. Esse dolo é suficiente para fixar a responsabilidade criminal do agente. -Dolo concomitante: é o que subsiste durante todo o desenrolar dos atos executórios. -Dolo subsquente: ocorre quando o agente, tendo empreendido uma ação com intuito honesto, passa, em seguida, a proceder com má-fé e pratica um crime. Ex: indivíduo vem a saber que a cédula com que em boa-fé pagou o seu credor é falsa, e não cuida de substitui-la, mantendo-se reticente.

Descriminantes Putativas: alguns detalhes que exclui o crimeArt. 20, parag. 1º: “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.”Descriminantes: - legítima defesa - estrito cumprimento do dever legal -exercício regular do direito -estado necessidadePutativa: putare- engano -erro (A PROFESSORA NÃO DEU ESSA PARTE, MAS PRA FACILITAR O ENTENDIMENTO TA AI)- Putativo (do latim putare) significa algo que se supõe verdadeiro, embora, na verdade, não o seja. Há uma incongruência ou contradição entre representação fática do agente e a situação objetiva ou real. No momento da conduta, o autor imagina ser esta não-ilícita, pois há a suposição de da existência de uma situação falsa, fora da realidade fática. No entanto, se tal situação existisse, a conduta do agente tornar-se-ia lícita.- Portanto, dois pontos extremos são as chaves para a compreensão das descriminantes putativas: o mundo real e o mundo imaginário. As condutas praticadas na realidade das coisas apresentam sua ilicitude. Porém, no plano das idéias, as mesmas teriam seu caráter lícito.

"descriminante putativa é uma causa excludente de ilicitude erroneamente imaginada pelo agente. Ela não existe na realidade, mas o agente pensa que sim, porque está errado"

- 3 hipóteses de erro nas descriminantes putativas: a) erro sobre os pressupostos fáticos (supor situações de fato) b) limites da causa de justificação c) existência da causa de justificação (supor estar autorizado).

2º BIMESTRE Crime:

Crime culposo: Art. 15, II, CP “Diz-se o crime: culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”. Aplica-se a mesma pena a culpa por imprudência, negligencia ou imperícia e critica-se esse artigo, pois o juiz deve interpretar essas modalidades de culpa, dando assim uma margem de pessoal, o que fere o princípio da taxatividade. Assim os tipos que definem os crimes culposos, em regra são abertos. Não se descreve as condutas, apenas a prevê. A culpa não é descrita na lei, não dizendo essa em que consiste a conduta culposa, pois é impossível prever na lei todas as modalidades de culpa. A adequação típica é feita mediante um juízo de valores sobre a conduta, comparando com a conduta do homo medius. O juiz aplica uma valoração da conduta do agente. A culpa é elemento normativo da conduta.

Típico : Conduta, Resultado, Nexo de Causalidade, TipicidadeIlícito (antijurídico)Culpável

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Elementos típicos de culpa: conduta voluntária; resultado involuntário; nexo causal entre ambos; tipicidade; previsibilidade objetiva - só existe culpa quando o evento for previsível, com relação ao padrão médio de comportamento humano; ausência de previsão - este elemento não está presente apenas na culpa consciente; quebra do dever objetivo de cuidado - é imposta a todas as pessoas, dentro dos padrões de comportamento mediano do ser humano. É quebrado de 3 maneiras, que são as modalidades de culpa.Compensação de culpas - não há em direito penal a compensação de culpas entre a conduta do agente e da vítima. Somente pode-se admitir a culpa exclusiva da vítima, onde desta forma não há que se falar em culpa do autor, uma vez que nesta hipótese ela está excluída.Graus de culpa: levíssimo, leve, grave.

-Culpa Consciente: é aquela em que o agente prevê o resultado. Tanto aqui quanto no dolo eventual o agente prevê o resultado. A diferença é que no dolo eventual o agente não se importa com a ocorrência do resultado e na culpa consciente o agente se importa com a produção do resultado, não aceitando sua ocorrência, achando que não poderá ocorrer.A pessoa não deseja o resultado da ação/omissão mas sabia previamente que o resultado poderia acontecer, apesar de não acreditar que o mesmo fosse ocorrer.Ex: Veneno na embalagem do remédio: não queria nem acreditava que iria acontecer

-Culpa inconsciente: a pessoa não quer o resultado e também não o prevê/cogita um fato que é previsívelEx: Veneno na embalagem do remédio: nem cogitou que iria acontecer

Obs: Previsibilidade é elemento de culpa. Para ser admitido a forma culposa o artigo deve expressar a possibilidade (no silêncio não é admitido) e o crime culposo não admite participação, pois não existe o tipo principal previsto na lei, de forma a admitir apenas a co-autoria.Todos os crimes admitem a forma dolosaImprudência (conduta ativa, precipitada, desnecessária no ato); Negligencia (conduta omissiva, descuido antes da ação);Imperícia (falta de habilidade em arte ou profissão)

-Culpa concorrente: quando duas ou mais pessoas tem culpa no crime mas em níveis diferentesEx:Atravessar sinal fechado e bater em carro na contra-mão

- Crime preterdoloso ou preterintencional – art. 19, CP “Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em caso de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direitoA pessoa age com dolo no crime antecedente e em culpa no crime conseqüente. O agente tem sua intenção voltada para a produção de um determinado resultado, mas por culpa, acaba ocasionando outro, mais grave. Se ele quiser os 2 efeitos ele responderá pelos 2 e a pena será somada.Ex: Lesão corporal seguida de morte ou Estupro seguido de morte

Conduta comissiva: Quando o agente faz (conduta ativa) alguma coisa que estava proibido. Ex: matar alguém.

Conduta omissa: Quando deixa de fazer alguma coisa a que estava obrigado. Ex: deixar de prestar socorro.Art. 13, §2 “A omissão é penalmente relevante quando o omitente deveria e podia agir para evitar o resultado”

-Omissivos impróprios (também chamados de comissivos por omissão): só determinadas pessoas podem praticar (art. 13, § 2º -> tem o dever de agir por lei). Garantidores ou garante. Assumir a responsabilidade.São aqueles em que, para sua configuração, é preciso que o agente possua um dever de agir para evitar o resultado. Esse dever de agir não é atribuído a qualquer pessoa, mas tão-somente àquelas que gozem do status de garantidoras e de não-ocorrência do resultado.Ex: Aqueles que deve cuidar, proteger e vigiar –Polícial (se não tentar parar o homicídio, responderá por ele), Babá/Pais ou Trote de Calouro (criou o risco do resultado) – Respondendo por crime próprio – Homicídio Omissivo, por exemplo.

-Omissivos próprios: o núcleo do tipo (verbo) requer um não fazer. São os que objetivamente são descritos com uma conduta negativa, de não fazer o que a lei determina, consistindo a omissão na transgressão da norma jurídica e não sendo necessário qualquer resultado posterior. Para a existência do crime basta que o autor se omita quando deve agir.

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ERRO : São condutas que a pessoa tem falsa percepção da realidade/ ignorância e pode retirar ou não a responsabilidade penal. Há dois tipos de erro: erro de tipo e erro de proibição.

Erro de tipo: erro sobre uma situação de fato ou sobre uma relação jurídica, que estão descritas em um tipo penal. Podem aparecer de várias formas. É uma distorção da realidade por parte do agente, que vê uma situação mas imagina ser outra, se confundindo em relação ao fato.Ex: do notebook. Uma pessoa esta com seu notebook e ao lado senta outra pessoa com o notebook aparentemente semelhante porém com qualidade melhor, ao se levantar leva por engano o notebook melhor. Há uma falsa percepção da realidade. Ele pode interferir na responsabilidade penal.Quando que ele se livra de qualquer responsabilidade?-Responsabiliza o agente de forma diferente.-Recai sobre a realidade, a pessoa se confunde diante dos fatos, confunde sobre os elementos do crimeSão 2 tipos:-Erro de tipo essencial: Ocorre o erro essencial quando ele recai sobre elementares, qualificadoras, causas de aumento de pena e agravantes, ficando-as excluídas se o erro foi escusável. Portanto, nesta forma, o agente não tem plena consciência ou nenhuma de que esta praticando uma conduta típica.. Art 20, CP “O erro sobre elemento constitutivo no tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se prevista em lei”Pode ser inevitável/invencível/escusável (quando o resultado ocorre, mesmo que o agente tenha praticado toda diligencia necessária, ou seja, qualquer pessoa causaria a situação) e inescusável/vencível/evitável (quando o agente, no caso concreto, em não agindo com a cautela necessária e esperada, acaba atuando abruptamente cometendo o crime que poderia ter sido evitado, excluindo o dolo mas não a culpa.Ex.: O caçador experiente na noite acaba atirando acreditando ser um animal e na hora era uma pessoa -> não responde nada.O caçador inexperiente na noite, próximo a residência e sem preparo mata alguém- > evitável, responde por culpa.

-Erro de tipo acidental: O erro acidental, que recai sobre circunstâncias secundárias/ periférica do crime. Não impede o conhecimento sobre o caráter ilícito da conduta, o que por consectário lógico não obsta a responsabilização do agente, devendo responder pelo crime em culpa ou dolo. Podendo ser: - erro sobre o objeto: atinge um objeto material que não deseja, responde pelo crime cometido. Ex: Quer furtar anel de outro e levou biju (Doutrina – responde pelo pretendido/ Zaffaroni – responde pelo efetuado) - erro sobre pessoa ou aberratio persona: Art. 20, §3 “O erro quando à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, sinão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime”. Assim ele atinge a pessoa errada, respondendo pela vitima pretendida. Ex: Quer matar pai, mas acaba matando o vigia -> responde por parricídio. Ou suponha-se que o médico, desejando matar o paciente, entrega à enfermeira uma injeção contendo veneno, afirma que se trata de um anestésico e fez com que ela aplique". Conclui-se que a enfermeira não agiu dolosamente, mas por um erro que terceiro determinou, neste caso apenas o médico responde pelo crime de homicídio. - erro sobre a execução ou aberratio ictus: falha na execução e acaba atingindo um terceiro, respondendo assim pela pessoa pretendida. Art 13, CP: “Quando por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa pretendida, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado crime contra aquela” Ex: Quer matar o pai, erra a pontaria e mata vigia -> responde por parricídio, se acerta as duas, aplica-se regra de concurso formal.Obs :A aberratio criminis (desvio do crime) muito se assemelha a aberratio ictus. O fator diferencial é que na aberratio criminis, ocorre resultado diverso, ou seja, crime diverso. Há, portanto, ofensa a bem jurídico diverso. -erro sobre nexo causal ou aberratio causae: alguém da uma facada na outra, acreditando que esteja morta tenta esconder um corpo jogando em um precipício porém a vitima só vai morrer na queda e não na facada, responde por homicídio e não ocultação de cadáver (responde pelo resultado do crime). - erro sobre resulto diverso do pretendido ou aberratio delicti: erro que leva à lesão de um bem ou interesse diverso daquele que o agente procurava atingir. O agente atinge outro bem jurídico, sem ser o desejado, ex: alguém tenta com um pedra atingir uma janela porém atinge a cabeça de alguém, responde por culpa (caso tenha possibilidade em lei) absorvendo a tentativa de dolo. Caso atinja também o pretendido, aplica-se o concurso formal. - erro causado por terceiro: Art.20, §2 “Responde pelo crime o terceiro que determina o erro”. Deve-se analisar culpa ou dolo - erro de proibição: Art.21, CP “O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de 1/6 à 1/3” PU “ Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude de fato, quando lhe era possível, nas circunstancias, ter ou agir essa consciência”. Assim há erro no conhecimento da proibição, a pessoa não sabe que tal conduta é proibida por conhecer parcialmente a lei ou interpretá-la errado, mas sabe o que faz.Obs: o erro de proibição é um juízo contrário aos preceitos emanados pela sociedade, que chegam ao conhecimento de outrem na forma de usos e costumes, da escolaridade, da tradição, família, etc.Obs: -Erro de proibição direto: Este erro abrange a situação do autor desconhecer a existência da norma proibitiva, ou, se o conhecimento obtiver, considera a norma não vigente ou a interpreta de forma errônea, conseqüentemente, não reputa aplicável a norma proibitiva. -Erro de proibição indireto: Neste caso, o autor possui o conhecimento da existência da norma proibitiva, porém acredita que, em caso concreto, existe uma causa que, justificada em juízo, autoriza a conduta típica.- Erro de proibição escusável: Aqui não se deve reprovar a conduta do autor, pois, este não se encontra em situação de conhecimento do injusto do fato. Sendo assim, o erro de proibição invencível deve ser, sempre, desculpável.

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- Erro de proibição inescusável: Neste caso, o agente também desconhece o injusto do fato, porém, possui por completo a condição de chegar à consciência da ilicitude do fato por conta própria. Aqui o agente responde pelo crime doloso e há somente a possibilidade de atenuação da pena.

Resultado: Para que exista o crime e, portanto, possa haver imposição da pena, é preciso que haja resultado normativo, ou seja, todos os crimes provocam uma modificação no mundo do direito, dado que ferem a ordem jurídica e fazem nascer para o Estado o jus puniendi em concreto. Entretanto, no tocante a existência de resultado naturalístico (modificação no mundo fático), os delitos se dividem em 3 categorias (Teoria naturalísticas):- crimes materiais - são aqueles que só se consumam com a produção do resultado naturalístico. O tipo penal coloca o resultado naturalístico como seu elemento, e só estará completo o crime se preenchido este elemento (possuem os 4 elementos do fato típico). Assim para que ocorra a consumação, é preciso além da ação do agente, a ocorrência do resultado/ a pretensão do crime (a não-ocorrencia do resultado é punida a título de tentativa

- crimes formais (ou de consumação antecipada) - são aqueles que até admitem o resultado naturalístico, no entanto é irrelevante para seu aperfeiçoamento, pois o crime se consuma antes e independentemente de sua produção, bastando a simples conduta para a sua consumação.Ex.: extorsão mediante seqüestro - consuma-se quando é feito o seqüestro; se será pago o resgate não tem relevância para a consumação do delito. Ou seja, o tipo também descreve um resultado, porém este não precisa ocorrer efetivamente para que se caracterize a consumação, bastando a ação do agente e sua vontade de alcançar o resultadoEx.: crime de ameaça - a intenção é intimidar a vítima, e consuma-se independente de ter conseguido tal fato. A vontade do agente vai além do tipo legal. São os chamados tipos incongruentes.

- crimes de mera conduta - são aqueles em que o resultado material é impossível, não alterando o mundo concreto. Assim o crime não descreve nenhum resultado natural da ação e a consumação se dá com a simples ação ou omissão Ex.: crime de desobediência, violação de domicílio etc.

Resultado jurídico ou Teoria Jurídica – Resultado é toda lesão ou ameaça de lesão a um interesse penalmente relevante, todo crime tem resultado jurídico porque sempre violação/agride a ordem jurídica. Quando não houver resultado jurídico não existe crime para estes adeptos da teoria, todo crime produz um dano (real ou efetivo), ou um perigo de dano (relevante possibilidade de dano, dano potencial) isto é, cria uma alteração do mundo externo que afeta a existência/segurança do bem. Ou seja diz que não precisa haver alteração física e sim que o resultado seja apenas um perigo.

Diferença entre evento e resultado - para a maioria da doutrina não há, porém podemos identificá-los: evento - é qualquer acontecimento, fatos corriqueiros que acontecem todos os dias; resultado - é a conseqüência da conduta.

Obs: Dolo = quer o resultado/ Perigo = exposição de bem jurídico a perigo.

Nexo de Causalidade: é um liame subjetivo, um elo de ligação físico (material, natural) que se estabelece entre conduta do agente e resultado naturalistico. Não tem aferição a relação juridica. É simples constatação de ordem fenomênica, detectáveis pelas leis da causa e do efeito. O CPB, em seu artigo 13, adotou a teoria da “conditio sine qua non” (ou teoria da equivalência dos antecedentes), onde causa é toda ação ou omissão anterior sem a qual o resultado não teria ocorrido. Aplica-se, para que se releve a causa de determinado evento, o processo hipotético de eliminação, por meio do qual se suprime mentalmente uma a uma as situações, sendo, então, possível verificar aquela sem a qual não eclodiria o evento.Obs: Teoria da “conditio sine qua non” (ou teoria da equivalência dos antecedentes) é toda e qualquer conduta que de algum modo ainda que minimamente, tiver contribuído para a produção do resultado de contribuído para a produção do resultado deve ser considerado sua causa.

Obs: Essa teoria serve como freio a teoria da imputação objetivaPara Clauss Roxin, devemos seguir 3 passos para verificar o nexo de casualidade:1° Deve-se analisar a casualidade objetiva: nexo de pessoa e criminoso2° Analisa-se o nexo normativo: se a conduta está dentro dos riscos permitidos (loja de armas) ou proibidos (trafico de armas)3° Verificar se houve os elementos subjetivo (dolo ou culpa)Obs: Se falta um desses requisitos, analisa-se os outros tipos de classificação de crime.

Espécies de causa ou Concausas (mais de uma causa contribuindo para um resultado), se subdividem-se em:

a) causas dependentes - são aquelas que se encontram dentro da linha de desdobramento causal da conduta. É conseqüência previsível e esperada da conduta. A conduta permanece atada ao resultado, mantendo o elo de ligação.

b) causas independentes - são aquelas que se separam da conduta, e produzem resultados por si próprias. Não são conseqüência previsível e esperada da conduta. Não se encontram nas linhas de desdobramento causal da conduta. É algo totalmente inusitado e para sabermos qual sua relação com o resultado, devemos utilizar o critério da eliminação hipotética. Podendo ser:

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- causas absolutamente independentes: possuem origem totalmente diversa da conduta, não havendo qualquer relação entre causa e resultado e produzem por si só o resultado. Há em todas as hipóteses a ruptura do nexo de causalidade entre a conduta e o resultado, de modo que se a excluíssemos, ainda assim teríamos o resultado e o agente só responde pelos atos até então praticados. Há sempre alguém que responde por tentativa.

- causa absolutamente independente preexistente - uma pessoa tenta matar outra por envenenamento no jantar, porém essa morre pois foi envenenada no almoço por outra pessoa, que foi a verdadeira causa da morte, absolutamente independente e anterior ao ato praticado pelo agente. Rompe-se aqui o nexo causal entre conduta e resultado, e caso fosse excluído, ainda assim resultaria na morte da vítima. Responde aqui essa pessoa por tentativa de homicídio.

A Envenena -> responde por homicídioB Atira -> responde por tentativa de homicídioC (morre efetivamente do veneno)Ou seja é pré-existente pois a causa da morte é prévia ao outro atentado- causa absolutamente independente concomitante - durante o jantar, comendo a comida envenenada, há um assalto, onde a vítima leva tiro e morre. Também há a ruptura do nexo de causalidade, pois independentemente da comida estar envenenada e come-la, a vítima morreria com o tiro levado. Responde aqui o agente por tentativa de homicídio.Obs: Concomitante = acontece simultaneamente

- causa absolutamente independente superveniente - depois de ingerir a comida, mas ainda sem surtir qualquer efeito o veneno, o lustre da sala desprende do teto e mata a vítima. Também há a ruptura do nexo de causalidade, respondendo aqui também o agente por tentativa de homicídio.Obs: Superveniente = a causa da morte é posterior ao outro atentado

b) Causa relativamente independentes: originam-se da conduta, havendo relação de causalidade entre a conduta e o resultado . Produz por si só o resultado; Podendo ser

- causa relativamente independente preexistente - pessoa corta braço de hemofílico, de modo que instala-se a patologia na vítima e ela morre por hemorragia aguda provocada pelo corte. Há nexo de causalidade entre a conduta e o resultado, pois sem o corte não teria a vítima morrido. Para imputarmos um delito ao agente devemos analisar o seguinte: -se souber que a vítima era portadora da patologia - homicídio doloso;-se não souber, mas deveria, pois haviam meios e fatos para tal, pois era previsível - lesão corporal doloso seguido de morte culposa (preterdosolo); -se não sabia e não tinha como saber - lesão corporal dolosa.

- causa relativamente independente concomitante - um agente pratica um assalto, não sabendo da condição de cardíaco da vítima, e essa vem a morrer por um mal súbito e inesperado, não previsto pelo agente. Devemos mais uma vez fazer a análise do caso:-se percebeu que estava passando mal e continuou em sua ameaça, com finalidade de matar a vítima - não configura latrocínio, e sim roubo combinado com homicídio doloso.-se a morte decorreu de culpa do agente, pois não tinha esta intenção - roubo combinado com homicídio culposo.- se não houve dolo nem culpa do agente - apenas roubo.

- causa relativamente independente superveniente - vítima que leva um tiro, mas ambulância capota no caminho do hospital, sendo causa da morte os ferimentos oriundos do acidente automobilístico, e não o tiro, ainda assim há o nexo de causalidade entre conduta e resultado, pois caso não tivesse tomado o tiro, não estaria na ambulância. Porém aqui o legislador, pelo artigo 13, parágrafo 1º do CP, por questões de política criminal manda desprezar o nexo causal existente, não respondendo o agente pelo resultado, mas tão somente por sua intenção.

POR SI SÓ = causa efetiva não está na linha de desdobramento da causa inicialComo o caso da ambulância (responde por crime tentado)

NÃO POR SI SÓ = causa efetiva está na linha de desdobramento da causa inicialSe ele chega ao médico, é socorrido, mas morre por erro médico/infecção hospitalar, o efeito está dentro da linha de desdobramento (responde por crime consumado).

Tipicidade: É a adequação entre o fato concreto e a norma jurídica. Só será responsabilizado criminalmente aquele que praticar fato descrito em lei penal incriminadora (relação de subsunção/ enquadramento entre a conduta e o tipo penal).Ex: Empregada pega colar e joga no mar -> não cabe furto (“subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel), mas cabe dano.

Tipo penal = moldeConduta = deve se encaixar no molde direitinho para ter tipicidade

- Evolução da tipicidade

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a) Tipicidade Formal: é a mera subsunção da conduta ao tipo penal abstrato de forma direta (o ajuste entre a conduta e o tipo penal ocorre de forma direta – matar-) ou indireta (o ajuste da conduta ao tipo penal depende de outra norma – homicídio e concurso de pessoa). Ou seja, a conduta encaixou no tipo penal = é crime. Esse conceito não mais usado atualmente

a) Tipicidade Formal e Material: além de encaixe da conduta na pena, é o relevante dano ou perigo ao bem jurídico e que haja subsunção da conduta ao tipo penal. Essa teoria é a predominante.

b) Tipicidade Forma, Material e Conglobante: visão atual, criada por Zaffaroni e além da análise dos dois primeiros, deve-se averiguar se a mesma conduta é tipificada em outros ramos do direito.Ex: Luta de boxe -> Há tipicidade formal: lesão a outroHá tipicidade material: relevante perigo Não há tipicidade conglobanteLogo não pode ser culpável. Zaffaroni implica que haja uma universalização em todos os ramos do direito para haver tipicidade.

Ilicitude ou Antijuridiciadade: além de típico, para ser considerado crime, o fato deve ser também ser antijurídico (contra a lei).Ex: Não confundir com tipicidade -> Matar alguém nem sempre é crime, como no caso de autotutela.

- Excludente de ilicitude: condutas que sejam um fato típico, mas não ilícito. O artigo 23, CP dispõe que não há crime quando o agente pratica o fato nos seguintes casos

a) Estado de Necessidade: Art.24,CP “Considera-se em estado de necessidade aquele quem pratica o fato para salvar de perigo atual que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo, evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício nas circunstancias, não era razoável exigir-se”. É uma conduta lesiva praticada pelo agente para afastar uma situação de perigo. Há uma situação colocando em perigo 2 bens jurídicos, onde 1 será sacrificado em detrimento do outro. Não é qualquer conduta que o autoriza, bem como não é qualquer situação.

Requisitos objetivos para o enquadramento:- deve estar todo enquadrado no artigo- deve ter perigo atual/real (ação humana, natural ou animal)- perigo deve ser iminente- não é causado pela vontade- conduta como único meio de sair da situação- direito próprio ou de terceiros envolvidos- inexigibilidade de conduta diversa (razoabilidade da conduta)

Segundo a teoria diferenciadora: Se o bem salvo é mais importante que o bem sacrificado, haverá um estado de necessidade justificante e se exclui ilicitude. Porém caso os bens sejam de mesma relevância, há um estado de necessidade exculpante (exclui culpa).Obs: Para algumas doutrinas, o perigo iminente deve ser criticado, pois seria criado um “perigo do perigo”

Art.24, §2 “Embora razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de 1 à 2/3”. Isso quando o bem jurídico salvo for de menor valor em sacrifício de um de maior valor.

Requisitos subjetivos de enquadramento: - agente deve ter plena consciência que age em estado de necessidade - Art 24, §1 “Não pode alegar estado de necessidade quem tem o dever de enfrentar o perigo”.

b) Legítima Defesa: Art 25,CP “ Entende-se em legitima defesa quem usando moderadamente dos meios necessários repele injusta agressão atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. Assim, deve-se ter agressão (não perigo), por homem (animal é estado de necessidade) de forma atual ou iminente (não se considera provocações) para si ou terceiro. A ação não pode exceder a proporcionalidade pois foge ao caso de legitima defesa, respondendo por culpa ou dolo.Ex: Se o cara puder fugir, mas fica e enfrenta? Ainda está em legitima defesaPode-se falar em legitima defesa em caso de honra? Não, pois a vida é um bem jurídico maior.

c) Exercício regular de um direito: ocorre quando o agente age dentro dos limites autorizadores pelo ordenamento jurídico. Assim posso defender um direito (de qualquer ramo) quando aparado, devendo haver a proporcionalidade.Ex: Lesão corporal decorrente de violência desportiva; Pai dar palmadas no filho; Médio; Turbação

d) Estrito cumprimento do dever legal: consiste na excludente na existência de dever, proveniente da lei, a obrigar o agente a determinada conduta típica. Enquadra-se a atividade policial, ao executar mandado de prisão, podem pode ser estendido ao privado, como o pai em educação com o filho causar lesão corporal no intuito de educá-lo. Essa exclusão de ilicitude não se apresenta no CP, pois são normas penais em branco (o conteúdo definitivo das normas não sai da cabeça, elas são deduzidas a partir de outras normas penais).

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Outro exemplo de norma penal em branco é o art. 33, CP cujo não explica que é droga, mas em leitura complementar ao art.1°, por exemplo, diz-se que são substancias que causam dependência física. E para descobrir as que causam dependência recorre-se a portaria da ANVISA.

Crime:

Culpabilidade: é o juízo de reprovação social que recai sobre o autor da conduta típica e ilícita. Para a teoria finalista da ação (ou bipartitie- crime é típico e ilícito), a culpabilidade não é elemento do crime, mas um pressuposto para imposição de pena.Ex: um crime que foi cometido mas não responde – não será nem culpável

Para Capez, a culpabilidade é o grau de reprovação diante de uma conduta, a sociedade, por exemplo, não culpa a conduta de um doente mental.

Integram a culpabilidade a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa. Na falta de qualquer um desses elementos, o fato não deixa de ser típico, mas passa a ser inculpado o agente, merecendo sentença absolutória.

-Elementos da Culpabilidadea) Imputabilidade penal: é a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com esse entendimento. Em regra todo o agente é imputável, salvo se não puder ocorrer causa excludente da imputabilidade (levando em conta a maturidade e a sanidade mental).Obs: Imputável = culpável Iniputável = não cupável

As causas legais da imputabilidade são: a doença mental, a embriaguez e a menoridade

- > Doença mental: art.26, CP “É isento de pena o agente que por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado era ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito de fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”

Os semi-iniputáveis: PU “ A pena pode ser reduzida de 1 à 2/3 se o agente, em virtude de pertubarção de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era INTEIRAMENTE capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”Deve ter requisito causal (só é gerada por uma das causas previstas para a inimputabilidade (doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado e embriaguez), requisito cronológico (a causa deve estar presente ao tempo da ação ou omissão) e requisito conseqüência - é a única diferença. Aqui a conseqüência é a perda parcial (e não total) da capacidade de entender ou querer.

Obs: desenvolvimento mental incompleto - ocorre quando a pessoa não atingiu a plena potencialidade, por estar em fase de desenvolvimento. Ex.: menores de 18 anos, silvícolas inadaptados à civilização, etc. desenvolvimento mental retardado - está com desenvolvimento em atraso, em relação ao que seria normal. Ex.: surdos mudos que não conseguem se comunicar, oligofrênicos (pessoas de reduzidíssima capacidade intelectual, e se subdividem em: débeis mentais, imbecis e idiotas, dependendo do grau).

- > Embriaguez: Art.28, §1 “É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito e força maior era, no tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”§2 “E pena pode ser reduzida de 1 à 2/3 se o agente, por embriaguez proveniente de caso fortuito e força maior era, no tempo da ação ou omissão, a PLENA CAPACIDADE de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”

Entende-se que embriaguez é a intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool ou substancia de efeito análogo, cujas conseqüências variam de ligeira excitação até o estado de paralisia e coma.

Tipos de embriaguez: - embriaguez não acidental - não decorre de acidente, é voluntária (doloso) ou não voluntária (culposa), podendo ser completa ou incompleta. Independente disso, jamais exclui o delito, respondendo o agente pelo delito. Responderá pelo delito de forma dolosa, como se não estivesse embriagado. É a “actio libera in causa”, onde presume-se que o agente estivesse em estado normal, desprezando a embriaguez, pois tinha opção em escolher se beberia ou não.

Típico : Conduta, Resultado, Nexo de Causalidade, Tipicidade OKIlícito (antijurídico) OKCulpável

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- acidental - decorre de caso fortuito ou força maior (esse decorre de força externa, como a coação moral irresistível). Não se aplica a “actio libera in causa”, não se desprezando o estado de embriaguez. Se for completa exclui o delito, e se forma incompleta diminui a pena de 1/3 a 2/3. - psicológica - alcoólatra ou dependente de drogas em geral.

- preordenada - o sujeito se embriaga para cometer o delito. Além de não excluir o imputabilidade, agrava a pena, conforme o artigo 61, II, “l” do CP.

- > Menor de Idade: os menores de 18 anos não tem maturidade pra entender o caráter ilícito.

b) Potencial conhecimento da ilicitude: 2o elemento da culpabilidade - não tem nada a ver com o conhecimento da lei. Segundo o artigo 21 do CP, o desconhecimento da lei é inescusável. O artigo 3o da LICC repete a máxima, onde ninguém se exime de cumprir a lei alegando que não a conhece, pois a lei traz uma presunção “jure et de jure” (absoluta) de que todos a conhecem. A consciência da ilicitude nada mais é que o conhecimento profano do injusto. É a consciência de que a conduta fere o sentimento social de justiça; de que a conduta é anti normativa; de que o fato é errado. O elemento da culpabilidade então é a potencial consciência da ilicitude, pois se pudesse ser alegado o não conhecimento da ilicitude para a exclusão normativa do tipo, haveria estado de caos perante a impunidade que reinaria soberana.Assim releva-se a cultura e o conhecimento do agente. O que acontece é o erro de proibição (a pessoa interpreta mal ou entende mal algum detalhe da lei), e como foi dito: erro = ignorância = excludente. Porém se evitável o erro haverá responsabilidade penal mas a pena será diminuída de 1/6 à 1/3.

c) Exigibilidade de Conduta Diversa: surgiu a partir da teoria da normalidade das circunstâncias concomitantes, onde somente pode-se julgar alguém que pratica o crime em condições normais. Segundo o artigo 22, CP “Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a norma, não manifestadamente ilegal, de superior hierarquico, só é punível o autor da coação ou da ordem”. Assim há 2 causas que levam a uma anormalidade de situação, e fazem com que o réu não seja julgado. Estas causas excluem a exigibilidade de conduta diversa. São:

- > coação física – exclui a conduta e o fato passa a ser atípico (não há de se falar em crime)

- > coação moral irresistível - é o emprego de grave ameaça. Subsiste a vontade, não sendo eliminada, sendo o fato típico e ilícito, porém sendo excluída a culpabilidade quando a coação moral for irresistível. É aquela que um homem normal “homo medius” normalmente não resiste. O agente não responde pelo delito, sendo excluída a culpabilidade.

- > coação moral resistível - o fato é típico, ilícito e culpável, não excluindo a culpabilidade, mas funcionando com uma circunstância atenuante genérica.

- > obediência hierárquica - é situação da anormalidade, que também exclui a culpabilidade. Para que se configure, é necessário: alguém que legalmente pode dar ordens a outro; um subordinado; um vínculo legal de natureza pública - não há entre patrão e empregado privados, pois o poder hierárquico é eminentemente público; uma ordem emitida do superior para o subordinado; ilegalidade da ordem

Obediência de ordem legal: se o subordinado cumpre a ordem legal, está no estrito cumprimento do dever legal. Não pratica crime, uma vez que está acobertado por causa da exclusão de ilicitude.

Obediência ilegal: se a ordem é manifestamente ilegal, e qualquer pessoa média normal conseguisse perceber, responde o executor pelo delito, onde o superior sempre responde pelo crime. Se a ordem for aparentemente legal, responderá o superior por autoria mediata, agravando-se pelo artigo 62, I do CP.

Concurso de Pessoas: é a reunião de duas ou mais pessoas que cometeu crime. Classifica-se quanto ao número de pessoas em:

a) Monossubjetivo: são os crimes que podem ser cometidos tanto por 1 pessoa quanto por mais pessoas. Ex: Estupro

b) Plurisubjetivo ou Concurso Necessário: só pode ser cometido por mais de duas pessoas, essas pessoas podem responder por co-autoria ou participação. Ex: Quadrilha ou Bando (art. 288).

Teorias sobre o Concurso de Pessoas:a) Monista: É adotada pelo CP, art.29 “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas e estes cominadas, na medida da sua culpabilidade”. Monista = 1 só crime.

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b) Dualista: também foi recepcionada na CP mas como exceção. Nessa teoria cada um responde por um crime.Ex: Corrupção -> Corrupção ativa (art. 333): Oferecer ou prometer - > Corrupção passiva (art. 317): Solicitar ou receber Aborto -> Por si mesma - > Por outra pessoa

Requisitos para Concurso de Pessoas:a)Pluralidade de conduta: há mais de uma conduta que contribuiu/participou/ajudou no crime.

b)Relevância da conduta: há nexo de casualidade relevante na conduta. Ex:vender pão sabendo que vão envenenar alguém (não é crime); emprestar arma para matar (há nexo).

c)Vínculo de pessoas: é o acordo entre os agentes do crime.Esse vínculo não requer que o acordo seja prévio, por exemplo, um guarda que colabora no crime porque quer que o banco quebre (poderá responder como partícipe)

d)Colaboração anterior à consunção de crime: um acordo e colaboração anterior ao crime

e)Homogeneidade do elemento subjetivo: só há participação dolosa em crime doloso.Ex: Médico – culpa Enfermeira – dolosaNão há homogeneidade do elemento subjetivo, assim os 2 não se responsabilizarão pelo mesmo crime: o médico responderá por homicídio culposo e a Enfermeira responderá por homicídio doloso – não há concurso de pessoas.

Obs: Autor : é aquele que realiza o núcleo verbal (tipo penal) Co-autor: age de forma cooperativa na execução Participação: induz ou instiga (moral) ou empresta arma (material)

Obs: Autor e co-autor são núcleos do tipo

Teoria do domínio final do fato (Hans Welzel): segundo essa teoria o autor é aquele que embora núcleo do tipo, tinha total domínio da situaçãoEx: Mandante de um crime e o pistoleiro (O mandante é autor mediato e pistoleiro autor imediato)

Art.31, CP “ O ajuste, a determinação ou instigação e auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chegar, pelo menos, a ser tentado”.§2 “O participe que agir para uma crime mas o crime final for outro diverso, ele responderá pelo pretendido, salvo se for previsível”

Autoria Colateral: há dois autores para o mesmo fato, cada um responderá pelo seu ato. Ex: Duas pessoas atiram em uma pessoa – uma responderia por homicídio e outra por lesão/tentativa.

Alguns crimes contem dados:a)Elementares: são dados essenciais que caracterizam o crime.Ex: Art. 123 “Matar sob influencia de estado puerperal, o próprio filho” – é um dado essencial, sem ele muda o sentido.

O concurso de pessoas está ligado, por exemplo, no art.30,CP “Não se comunicam as circunstancias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”. Assim se a empregada ajudar a mãe em estado puerperal matar o filho, as duas responderão por infanticídio – tal posição é polemica.Ex: Art.312,CP “ Apropriar-se o funcionário publico de um bem móvel que não tenha posse” – O peculato e apropriação indébita, somente feita por funcionário publico, representa a mesma situação passada, mas por pessoa privada.

b)Circunstanciais: são condições periféricas, dados acessórios do tipo penalEx: Art.121,CAPUT, CP :Matar alguém§1, Homicídio Privilegiado: “Aqueles sob domínio de violenta emoção” – O domínio violento é um dado circunstancial, pessoal e não altera o tipo penal.

Concurso de Crime: a) Concurso Material: Art.69,CP “Quando o agente mediante de mais de uma ação ou omissão pratica um ou mais crimes, identicos ou não, aplicam-se cumulativos as penas, privativas de liberdade em que haja incorrido...”No caso de aplicação cumulativa da pena de reclusão e detenção, executa-se primeiro aquelaEx: Guto -> furto (5 anos) + homicídio (15 anos) = 20 anos de detenção

b) Concurso Formal: são devididos em 2

Morte

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- Próprios: Art.70, CP “ Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica um ou mais crimes idênticos ou não, aplica-se-a a mais grave nas penas cabíveis ou se iguais somente uma delas, mas aumentada em qualquer caso, de 1/6 à 1/2. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente se a ação ou omissão for dolosa e os crimes concorrentes, resultam de desígnios autônomos, consoante aos disposto no artigo 69”

O sistema de aplicação de pena é de exasperação: pegar a pena e acrescentar 1/6 à ½.

-Impróprio: com uma ação ou omissão quis os resultados. Embora seja formal, o sistema de aplicação é cumulativo

Consumação e tentativaCrime consumado: é aquele no qual foram realizados todos os elementos do tipo penal. É percorrido todo o iter criminis, que é o percurso do crime até chegar ao momento consumativo. Art.14, CP “Diz-se o crime: I- consumado quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; II- tentando, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstancia alheias à vontade do agente”Ex: Crime de Homicídio = consuma com a morte. Furto = se consuma na posse de coisa alheia, para alguns doutrinadores é se consuma quando sai da vigilância enquanto para outros, quando se tem a posse tranqüila da coisa (mais aplicada).Em caso de tentativa: reduzida de 1 à 2/3, salvo se expresso em condição contrária.

Inter Criminis ou Trajetória de crime: são os caminhos de um crime, são eles:a)Cogitação - pensa, idealiza a prática do crime. É um irrelevante penal, não havendo fato típico e reprovável apenas moralmente

b)Preparação - consiste na prática de todos os atos anteriores necessários ao início da execução, ainda não havendo fato típico e portanto o direito penal não interfere nessa fase.

c)Execução - começa o ataque ao bem jurídico (realização do núcleo do tipo). Os elementos do tipo legal começam a ser realizados. Interrompida nessa fase, pune-se a tentativaOs critérios para a doutrina para encontrar, diante da dificuldade,descobrir o início da ação-Critério Material: considera os atos que põe em risco o bem jurídico (conceito bastante amplo)-Critério Formal-Objetivo: considera o momento da execução alguma conduta que se amolde ao verbo (conceito demasiado restritivo).-Critério Geral: são os atos imediatamente anteriores à consumação.

d)Consumação - todos os elementos do tipo penal são realizados.

Crime Consumado: é aquele em que se reúnem todos os elementos de sua definição legal (art.14, CP). Nos crimes materiais, a consumação se dá com a ocorrência do resultado descritos no tipo; admite-se tentativa. Nos crimes formais e de mera conduta, a consumação se dá com a prática da ação proibida. Nos crimes permanentes, a consumação se prolonga no tempo, até que o agente resolva interrompê-la; o agente encontra-se em permanente estado de flagrância.

e)Exaurimento - não é mais relevante ao fato típico. É uma agressão ou uma destinação posterior à consumação, feita contra o bem jurídico. Tem importância como regra na aplicação da pena, podendo ser na 1º fase de fixação, como também pode se encontrar em outras fases, nos crimes que prevêem conseqüência mais grave pelo exaurimento. Ex:Art. 317,CP -corrupção passiva (crime próprio de funcionário público). Só se consuma com a solicitação, mas pode haver o recebimento – isso é o exaurimento. Conseqüência: aumenta de 2 à 12 anos a pena.

Crime exaurido: são aqueles que depois de consumar, prova novas agressões ao bem jurídico.

Crime tentado ou conatus: são aqueles que é iniciada a execução mas não se consuma por circunstancias alheias à vontade do agente. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de 1 à 2/3 (art. 14,II, e PU). Não há tentativa nos crimes culposo nos crimes de mera conduta, nos omissivos próprios e nos pretedolosos. Não é punível a tentativa de contravenção (art.4°,LCP).São espécies de crime tentado:

-Tentativa perfeita ou acabada (crime falho ou frustrado): o agente consegue praticar todos os atos necessários à consumação (esgota o inter criminis), embora esta acabe não ocorrendoEx: A atira em B para matar, acerta mas não mata = tentativa cruenta.

-Tentativa imperfeita ou inacabada: a ação do agente é interrompida por meios alheios a sua vontade no meio do caminho. O agente não chega a esgotar sua capacidade ofensiva contra o bem jurídico visado.Ex: Alguém interrompe o tiro = tentativa incruenta

Obs: tentativa branca ou incruenta - quando a vítima não é atingida, não sofrendo ferimentos.

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tentativa cruenta - quando a vítima sofre ferimentos. Obs: Crimes que não admitem foram tentada: - Crimes Orais (unissubsistente): se consumam no atoEx: Difamação- Crimes Omissivos Próprios: a omissão só se consuma no ato. Ex: não prestar socorro- Crimes Habituais: só se consumam na pratica diversas vezes. Ex: Crime de curandeirismo

Desistência voluntária: espécie de tentativa abandonada, como descrito no art.15, CP “O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza só responde pelos atos já praticados”Na desistência voluntária o agente voluntariamente interrompe a execução do crime, impedindo sua consumação. A lei quer, com tal medida, estimular o agente a retroceder e responde pelos crimes até então feitos. Não é possível em crimes de mera conduta, em que a execução é a mera execução. Ex: Arma munido de 5 balas, atira 1 e desisteArrependimento eficaz: o agente esgota todo o inter criminis, arrepende-se e age para evitar a consumação, respondendo apenas os atos até então praticados.Ex: Atira e acerta, se arrepende e faz de tudo pra salva – se morrer = atenuante genérica - se não morrer = lesão

Arrependimento posterior: art.16 “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparando o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denuncia ou queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 1 à 2/3”. Tratando-se de causas objetivas de diminuição de pena, o arrependimento posterior não se restringe à esfera particular de quem o realiza, estendendo-se aos coautores e participes condenados pelo mesmo fato.

Obs: Diferenças entre arrependimento eficaz e arrependimento posterior.- arrependimento eficaz: - ocorre antes da consumação, tanto que a impede.- pode ocorrer em todos os crimes, menos nos formais e os de mera conduta.- é causa de exclusão da tentativa.- arrependimento posterior: - ocorre após a consumação.- só ocorre nos crimes sem violência ou grave ameaça contra a pessoa.- é causa de diminuição da pena, que ocorre com a reparação do dano após a produção do resultado.

Crime impossível, tentativa inidônea, quase crime ou tentativa inadequada: É aquele cuja consumação é absolutamente impossível, quer pela impropriedade absoluta do objeto, que pela ineficácia absoluta do meio empregado. Art. 17,CP “Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”Pode ser:a) Impropriedade absoluta do objeto: é a total incapacidade do objeto material (pessoa ou coisa) para receber a ação delituosa. O agente pensa que pratica um crime, mas é um irrelevante penal. É um delito putativo ou imaginário, por erro de tipo.Ex.: compra de talco no lugar de cocaína, rés furtiva sem valor econômico; matar cadáver, ingerir substancia abortiva sem estar grávida.Ex: Arma de brinquedo - depende do crime: homicídio - não é objeto apto a produzir o resultado, sendo impossível; roubo - é idôneo, pois serve para intimidar a vítima que não tem conhecimento se é ou não de verdade a arma que está sendo utilizada para intimida-la.

b) Ineficácia absoluta do meio empregado: o instrumento ou meio empregado pelo agente jamais poderá levar à produção do resultado. Ex.: falsificação grosseira de documento; usar palito de dente para matar um adulto

PenasTipos de pena no Código Penal: 1) Privativas de liberdade: No Brasil não passam de 30 anosReclusão: é a pena aplicada aos crimes mais graves. Em regra, cumpre-se a pena de reclusão em regime fechado, mas há exceções.Detenção: aplicada aos crimes menos graves. Já começa no regime semi-abertoPrisão simples: aplicada as contravenções penais. OBS: diferenças entre reclusão e detenção: o crime punido com reclusão segue o procedimento ordinário do CPP, o sancionado com detenção observa o sumário, a reclusão admite interceptação telefônica, a detenção não admite; a reclusão pode ser iniciada em qualquer regime; a detenção só pode ter início no regime semi-aberto ou aberto (jamais no fechado ainda que se trate de reincidente). Regime de cumprimento das penas: Fechado Semi-abertoAbertoNem sempre a privação de liberdade foi tida como autônoma, por exemplo, na época da vingança privada predominava as penas cruéis. A provação de liberdade servia para que a pessoa aguardasse a pena cruel. Com a evolução, a chegada do iluminismo, houve abolição das penas cruéis e a privação de liberdade passou a ser a pena principal. Atualmente: sistema iniciado na Irlanda,

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adotado pelo Brasil, chamado de “marxista”: diz que durante o cumprimento de uma pena há várias etapas. É também chamado de sistema progressista, é o sistema de méritos e deméritos mediante o comportamento (tem que demonstrar bom comportamento e a reeducação). Mudança de regime: acontece quando cumprir 1/6 da pena ou quando apresentar um bom comportamento. Disciplina é sinônimo de recuperação? Nem sempre, as vezes a disciplina é maquiada. Regime Fechado: é cumprido nas penitenciárias, ambiente ostensivo. A penitenciária é um estabelecimento pena de segurança máxima ou média. Durante o dia pode trabalhar mas nem sempre há trabalho. Poderá o criminoso trabalhar fora do presídio, segundo a LEP, mas este deve ser executado mediante vigilância e tem que ser em obras públicas. Por isso, em regra, não tem como trabalhar mediante a situação de falta de vigilância para todos. A importância do trabalho é: preenche a mente do indivíduo, é remunerado, aprende uma profissão e conta para a diminuição da pena (a cada 3 dias trabalhados, diminui 1 dia da pena). Durante a noite deve ser recolhido em cela individual. Os benefícios não só são esses, porém na prática isso não funciona...regime fechado é fechado mesmo. Regime Semi-aberto: são cumpridos em colônias que podem ser agrícolas ou industriais. Durante o dia pode trabalhar e não existe vigilância. O trabalho é realizado em empregos públicos ou privados destinados ao público. Durante a noite voltam para dormir na colônia, só que podem ser agora celas coletivas. A maioria dos benefícios estão no semi-aberto. Ex: 4 vezes no ano pode sair para visitar durante 8 dias, geralmente nas datas festivas. Isso é saída temporária e não indulto de natal, este quer dizer “perdoado o crime não precisa voltar mais”. Regime aberto: vida livre durante o dia, vida normal e durante a noite se recolhe para dormir na casa do albergado. Este lugar não tem muro nem grade para não lembrar uma penitenciária.

2) Restritivas de direitoPrestação pecuniária Perda de bens e valoresPrestação de serviço a comunidadeLimitação do final de semanaIntervenção temporária de direitos

Prestação pecuniária: pagamento em dinheiro(de uma só vez ou em parcelas). Em favor de quem: da vítima ou entidade social. Não pode ser a favor do Poder Judiciário. Quanto: de 1 a 360 salários mínimos. Art 59 CP => critérios que o juiz vai utilizar: Art.

59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena,se cabível.Perda de bens e valores: é constitucional (art. 5, XLVI,b). Diferença com o confisco: este só cabe contra instrumentos proibidos ou produto do crime. Individualização dos bens e valores: sim. Passa aos herdeiros: sim. A quem se destina os bens: FUPEN. Limites: prejuízo causado ou provento obtido. Prestação de serviço a comunidade: é obrigação personalíssima. O serviço é gratuito. Não cria vínculo empregatício e é constitucional. O serviço é compatível com cada condenado e quem fixa isso concretamente é o juiz das execuções. Só cabe 1quando a pena de prisão for superior a 6 meses. Cálculo: para cada dia de prisão, 1 dia de serviço. É feito 1 hora por dia pelo tempo que duraria a pena privativa de liberdade. O réu pode encurtar a execução e o limite do encurtamento é até a metade da pena.Limitação do final de semana: 5 h no sábado e 5h no domingo na casa do albergado, durante este tempo deve ser ministrada alguma atividade para que não sirva como passatempo para o indivíduo. Intervenção temporária do direito: são obrigações de não fazer, sempre temporária. A intervenção está ligada com o tipo de crime cometido, deve ter relação com o crime. Ex: proibição de exercer a profissão pelo crime de abuso de autoridade; não dirigir por causa do crime de trânsito; proibição de freqüentar certos lugares, como no caso do bêbado que fora proibido de freqüentar bares (mas para isso não existe fiscalização). Critérios para a substituição da pena: Doloso: igual ou inferior a 4 anos.Culposo: qualquer caso.

3) Pena de multa:A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário FUNPEN, mediante guia própria, da quantia em dinheiro fixada na sentença. A multa pode ser recolhida ao fundo penitenciário nacional ou estadual (depende de cada estado). Em regra, a multa está contemplada no próprio tipo legal, exceção art. 44 §2º. A multa pode ser culminada isoladamente (algumas contravenções), cumulativamente (crimes patrimoniais, por exemplo) ou alternativamente (art. 135, por exemplo). Critério de cominação da pena de multa: em valor fixo, em dias-multa, parte do salário do condenado. Na fixação da pena de multa segue-se o método ou sistema bifásico.

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Fixação do número de dias-multa: entre 1/30 do salário mínimo de até 5 salários mínimos por dia. Leva-se em conta a situação econômica do acusado (art. 60). Para a dosimetria da pena de multa, deve o juiz passar por três etapas:a) 1a fase: fixação do número de dias-multa com base em todas as circunstâncias (judiciais, legais agravantes e atenuantes e causas de aumento e diminuição) – mínimo de 10 e máximo de 360.b) 2a fase: valor do dia-multa, tendo em vista a situação econômica do réu (art. 49 e §§) – min. De 1/30 do maior salário mínimo vigente e máximo de 5 vezes esse salário;c) 3a fase: se a multa for ineficaz, em virtude da situação econômica do réu, pode o juiz triplicar o valor (art. 60, §1o).OBS: Elevação da multa máxima é possível quando a situação econômica do condenado permite (até o triplo).Total da multa: multiplica-se o número de dias-multa pelo valor de cada dia-multa. (art. 59)Atenuantes genéricas (art. 65)Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta)anos, na data da sentença;II - o desconhecimento da lei;III - ter o agente:a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparadoo dano;c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento deordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocadapor ato injusto da vítima;d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.Agravantes genéricas (art. 61)Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:I - a reincidência;II - ter o agente cometido o crime:a) por motivo fútil ou torpe;b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagemde outro crime;c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso quedificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso oucruel, ou de que podia resultar perigo comum;e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, decoabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da leiespecífica;g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ouprofissão;h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública,ou de desgraça particular do ofendido;l) em estado de embriaguez preordenada.

ReincidênciaPrática de um novo crime após condenação definitiva em crime anterior. Decorrido 5 anos, é julgado como primário. Pode ser genérica ou específica. Genérica: crimes que não são da mesma espécie. Específica: crimes da mesma espécie.Efeitos da reincidência no Brasil:- é circunstância agravente- no concurso entre agravantes e atenuantes, é circunstância que prepondera- impede a concessão do sursis quando se trata de reincidente em crime doloso.- aumenta o prazo de cumprimento da pena para efetivo do livramento condicional- interrompe a prescrição da pretensão executória.- interfere na fixação do regime inicial do cumprimento da pena- é causa de revogação da reabilitação-aumenta em um terço o prazo da prescrição da pretensão executóriaHá bis in idem? Quando se aumenta a pena pela reincidência, o agente está sendo apenado pelo fato anterior. É a segunda punição pelo mesmo crime. Mas a jurisprudência brasileira admite a reincidência sem questionamentos, ou seja, NÃO há bis in idem. Sursis ou suspensão condicional de pena: é uma forma de suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade. Art. 77, CP “A execução de pena privativa de liberdade, não superior a dois anos, poderá ( não é uma faculdade é um dever) ser

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suspensa, por dois a quatro anos, desde de que: I o condenado não seja reincidência de crime doloso; II a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstancias autorizem a concessão do beneficio; III- não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44”§1° A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão o benefício.§2° A execução de pena privativa de libe...

Art.78,CP “ Durante o prazo de suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento das condição estabelecidas pelo juiz”§1° - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade ou submeter-se à limitação de fim de semana.

A pessoa comete um crime, ocorre todo o processo. No final o juiz sentencia com 1 ano de prisão, se preencher todos os requisitos do art.77 ele suspende a pena por 2 à 4 anos (já vem na própria sentença) - é o chamado sursis. É um voto de confiança a aqueles que cometeram crimes de menor potencial lesivo. O sursis praticamente perdeu sua aplicabilidade porque outras leis surgiram de forma mais completa.

A suspensão condicional da pena é um instituto que tem por fim evitar que o condenado a uma pena de curta duração e que não tenha personalidade tendente à criminalidade seja recolhido a estabelecimento penitenciário. Trata-se de direito publico subjetivo do sentenciado.

Livramento condicional: é o beneficio que permite ao condenado à pena privativa de liberdade superior a dois anos a liberdade antecipada, desde que o condenado se sujeite ao cumprimento de condições durante o período de prova.Aqui ele já está cumprido a pena

O juiz que percebeu que o preso anda cumprindo a pena de forma a seCondições: não pode sair da cidade, não pode viajar sem autorização, não se envolver em nenhum crime.Se em livramento condicional, se ele descumprir as condições ele voltará a construir a pena em prisão, e o tempo que ele ficou em liberdade terá de cumprir em cárcere.

Medida de segurança: os inimputáveis (por idade ou doença mental) não são aplicados penas. Assim ele não ficará sem sanção, aplica-se a medida de segurança. A medida de segurança são sanções penais à semelhança da pena e diferem destas por sua natureza e fundamento. Enquanto as penas tem caráter retribuitivo-preventivo e se baseiam na culpabilidade, as medidas de segurança tem natureza só preventiva e se fundamentam na periculosidade do indivíduo.Nosso código penal adotou o sistema vicariante, sendo impossível a aplicação cumulativa da pena e medida de segurança.

Características:- A medida de segurança não tem duração máxima (dura até a periculosidade provida da “perigosidade” da suas condutas), mas tem duração mínima de 1 a 3 anos, podendo ser renovado apenas 1 ano (caso ele não melhorem)

-Não são aplicáveis aos agentes plenamente imputáveis, mas apenas aos inimputáveis e aos semi-iniputáveis.

Requisitos: é necessário a coexistência de dois requisitos- Pratica de fato típico punível- Periculosidade

Espécies:-Internação: consiste na internação hospitalar de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta dele, em outro estabelecimento adequado. Em geral, aplica-se aos crimes apenados com reclusão.

-Tratamento ambulatorial: consiste na sujeição a tratamento ambulatorial, pelo qual são cuidados médicos à pessoas submetidas a tratamentos, mas sem internação. Em regra aplica-se aos crimes apenados com detenção.

Aos de menor idade são aplicados medidas sócio-educativas. Aos doentes mentais cabe a medida de segurança. A medida de segurança são cumpridas em internações hospitalares sob custodia e tratamento psiquiátrico ou em tratamento ambulatorial.

Ação Penal: o processo penal está atrelado

Ação penal pública: É promovida pelo Ministério Publico (é o titular da ação) como o oferecimento da denuncia, que é a petição inicial desta ação penal. Podendo ser incondicionada ou condicionada - Incondicionada: quando seu exercício não depende da manifestação da vontade de quem quer que seja. A lei não leva em conta a vontade da vitima em propor ou não a ação. Art.24,CPP Ex: homicídio, aborto, furto, roubo

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-Condicionada: quando a propositura da ação penal depende de uma manifestação de vontade pela vitima (a chamada ação condicionada por representação) ou quando o Ministro da Justiça expressa a vontade (a chamada ação condicionada por requisição do Ministro da Justiça).

Seqüência do processo na ação penal pública: Crime – Investigação – Polícia – Promotor (manda pro juiz “a denuncia” é a peça que dá inicio ao processo,) – Juiz - Ministério Público

Obs: Como saber se é condicionada ou incondicionada? Verifica-se no artigo da leiEx: Art. 176, CP “Tomar refeição em restaurante ou alojar-se em hotel ou usar transporte sem ter dinheiro” PU = Somente se procede mediante representaçãoAssim ele deveria esperar o gerente do estabelecimento para representar uma ação

Art.145, CP “Nos crimes previstos nesse capitulo, só se procede mediante queixa” PU = Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça o inciso I.

Quando a lei é omissa/silenciar = condição pública incondicionada.

Ação penal privada: É movida pelo particular o e só se procede mediante queixa. Sua peça inicial é a queixa-crime oferecida ou seu representante legal (o queixoso ou o seu advogado são os titulares da ação).

Extinção de Punibilidade: são determinadas situações que ocorrem em que o criminoso não cumpre toda a pena ou nem chega a cumprir. A extinção se refere a fatos ou atos que impedem o Estado de punir. As causas de extinção de punibilidade extinguem a pena aplicável. São exteriores ao crime e também, em regra, posteriores a ele. Estão elencadas tanto na parte geral do CP, art. 107 como em disposições esparsas na parte especial.

Ex: A prescrição, por exemplo, é causa de extinção de punibilidade São tipos de extinção de punibilidade:a) Morte do agente: o juiz, à visita da certidão de óbito do agente, ouvido o MP, declarará extintiva a punibilidade. Essa causa extintiva pode ocorrer em qualquer momento da persecução penal, desde a instauração do inquérito policial até o termino da execução da pena. Trata-se de causa personalíssima que não se comunica a coautores.

b) Anistia: é o esquecimento de certas infrações penais. Exclui o crime, apagando a infração. É concedida por lei, abrangendo fatos e não pessoas (art.48,VIII,CF). Rescinde a condenação, ainda que transitada em julgado, e afasta a reincidência. Pode ser geral, restrita, condicionada ou incondicionada. Aplica-se, em regra, a crimes político, sendo de uso exclusivo da União e privativa do Congresso Nacional, só podendo ser cedida via lei federal.

c) Graça: é individual e extingue apenas a punibilidade, persistindo os efeitos do crime. O condenado que a recebe não retorna à condição de primário. Cabe ao presidente da República conceder a graça, que é em regra um benefício individual e deve ser solicitada.

d) Indulto: é coletivo e exclui apenas a punibilidade e não o crime. Pressupõe condenação com transito em julgado. Compete ao Presidente da República (art.84,XII,CF), abrangendo um grupo de sentenciados. Não afasta a reincidência, se já houve sentença com transito julgado. Persistem os efeitos do crime.

Obs: A graça e o indulto podem ser dados na forma de comutação de pena (substituição de pena por outra mais leve). Não cabem graça, anistia e indulto em crimes de tortura, terrorismo, tráfico de entorpecentes e drogas afins, bem como nos crimes definidos como hediondos (art.5°,XLIII,CF)

1° Questão: Eram 4 alternativas de V ou F sobre concurso formal e material2° Questão: Eram 5 alternativas de V ou F sobre concurso de pessoas, medida de segurança, coação e erro3° Explicar Autor mediato, co-autor e participe4° Dava um caso pra descobrir o tipo de crime (no nosso caso era crime impossível)