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Direito penal 9ª apostila

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Page 1: Direito penal 9ª apostila

LUGAR DO CRIME

Existem três teorias acerca do lugar do crime

a) Teoria da atividade: o lugar do crime é aquele em que ocorreu a ação ou omissão, a conduta (atos executórios), sendo irrelevante o local da produção do resultado.

b) Teoria do resultado: o lugar do crime é aquele em que ocorreu a produção do resultado, sendo irrelevante o local da conduta.

c) Ubiquidade ou Mista: o lugar do crime é aquele em que ocorreu qualquer dos momentos do iter críminis (fases da execução), será tanto no lugar da prática dos atos executórios quanto à consumação.

O nosso Código Penal adotou a teoria da ubiquidade ou mista no art. 6 o . O Código Penal aceita tanto o lugar da atividade quanto o lugar do resultado.

Essa regra tem aplicação nos denominados crimes à distância ou de espaço máximo, em que um crime tem início no Brasil e consumado no exterior ou vice-versa.

No caso da conduta e resultado ocorrerem dentro do território nacional, mas em locais diferentes (delito plurilocal), aplica-se o art. 70 do Código de Processo Penal... o local onde ocorreu a consumação, ou no caso de tentativa, no local em que for praticado o último ato de execução.

A atira em B em Mato Grosso, mortalmente, ferido e trazido para São Paulo, onde morre no hospital após uma semana. Aplica-se quanto ao lugar do crime a teoria mista ou da ubiquidade, o local do crime seria Mato Grosso e São Paulo, art. 6 o do Cód. Penal. (O crime é considerado praticado no lugar em que ocorreu a ação ou omissão (Mato Grosso), no todo ou em parte - teoria da ubiquidade; bem como onde se produziu ou deveria produzir o resultado São Paulo).

Em relação ao tempo do crime, considera-se o momento da ação -princípio da atividade.

Crime ocorrido inteiramente no território nacional, de acordo com o art. 70 do Código de Processo Penal, a competência será ditada pelo lugar em que ocorreu a consumação (São Paulo). Mas, a jurisprudência tem entendido que em caso da conveniência da colheita da prova, a competência é ditada pelo local onde ocorreu a atividade criminosa.

Tempo do crime = teoria da atividade Lugar do crime= teoria da ubiquidade ou mista

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O local onde se verifica a consumação delitiva, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que foi praticado o último ato de execução.

A Lei dos Juizados Especiais Criminais (crime de menor potencial ofensivo), Lei n. 9099/95, no art. 63, estipula que a competência será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal.

Lei penal no espaço

Território, juridicamente, trata-se do espaço em que o Brasil exerce sua soberania. Nele estão compreendidos os espaços terrestre, marítimo (mar territorial brasileiro) e o aéreo correspondente - art. 5 o do Código Penal.

Mas, o próprio dispositivo registra sua aplicação, salvo convenções, tratados e regras de direito internacional. Por isso, se fala que o princípio da territorialidade é temperado migado, relativo, porque podem ocorrer situações, em território brasileiro, em que a lei penal brasileira não será aplicada, por força de convenções, tratados e regras de direito internacional. Ex: diplomata estrangeiro que praticar crime de furto no Brasil, ele responderá pela lei de seu país, por força da imunidade intraterritorialidade e, vice-versa, se o brasileiro diplomata praticar um crime no exterior responde pela lei brasileira, ocorrerá o fenómeno da extraterritorialidade.

Territorialidade por extensão (art.5°,§1° do Código Penal).

Há situações em que o legislador, por extensão, considera que os crimes foram cometidos em território nacional, aplicando-se a lei penal brasileira (aeronaves, embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada), que estejam no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

Crime ocorrido no interior em um avião público ou privado (a serviço do governo), estando a aeronave pousada em território estrangeiro, aplica-se a lei penal brasileira (art.5°, §1° do Cód. Penal). Se a aeronave fosse privada, o crime seria praticado em território estrangeiro, e a única possibilidade de se aplicar a lei brasileira seria pelo princípio da extraterritorialidade (art. 7 o do Cód. Penal).

O ART. 5°,§2° DO Código Penal se aplica a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeira de propriedade privada, estando em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

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Extraterritorialidade

É possível, ainda que alguém tenha praticado crime no território brasileiro (representante diplomáticos), nas respondendo pela lei penal brasileira. A este fenómeno se dá o nome de intraterritorialidade.

Ao contrário, poderá ocorrer que alguém, cometendo crime fora do território nacional, poderá responder pela lei brasileira, isto é, dá-se o nome de extraterritorialidade.

As hipóteses estão presentes no art. 7 o do Cód. Penal, aplica-se a lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro.

A lei brasileira, porém, para ser aplicada ao crime praticado no estrangeiro, há necessidade de atendimento de vários requisitos, previstos no art. 7 o , inc. II, §§2° e 3 o do Cód. Penal. Trata-se da denominada extraterritorialidade condicionada.

De acordo com o inciso I do art. 7 o prevê as hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, ou seja, situações em que a lei penal brasileira será aplicada ao caso independentemente de ter o autor do fato sido absolvido ou condenado no estrangeiro. É o que determina o §1°, ficando sujeitos à lei brasileira, incondicionalmente, os crimes.

a) Vida e liberdade do Presidente da República; b) Contra o patrimônio publico ou fé pública da União, Estados,

Municípios, empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia e fundação pública;

c) Contra a administração pública, por quem está a serviço e. d) Genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no

Brasil.

No inciso II - situação de extraterritorialidade condicionada, a saber:

a) Crimes que por tratado ou convenção o Brasil se obrigou a reprimir;

b) Praticados por brasileiros; c) Praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes

ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

Em todas essas situações, a aplicação da lei brasileira depende das condições previstas no §2° do art. 7 o , os quais tem que coexistir cumulativamente:

a) O agente deve entrar no território nacional; b) O fato deve ser também punível no país em que foi praticado; c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira

autoriza a extradição;

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d) O agente não pode ter sido perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, estar extinta sua punibilidade segundo a lei mais favorável.

Ex: brasileiro pratica homicídio na Inglaterra (extraterritorialidade condicionada, inc.ll, alínea b, ao art. 7 o), para que seja processado aqui é necessário:

a) Ingressar no país (caso contrário jamais será processado aqui); b) Ingressando o agente no país. Verificar se o fato é também

punível no país em que foi praticado. Se o fato é considerado crime no Brasil, porém é lícito no país onde ocorreu, não poderá ser processado no Brasil;

c) O agente não pode ter sido absolvido, nem tampouco já ter cumprido a pena no estrangeiro.

De acordo com o Decreto-lei n. 3688/41 - Leis das Contravenções Penais, não se aplica o princípio da extraterritorialidade às contravenções penais cometidas no estrangeiro. A lei brasileira só é aplicável á contravenção praticada no território nacional.

Princípios: alguns princípios são usados para orientar os casos em que se pode aplicar a lei penal de um país a fatos que ocorreram no exterior:

a) Princípio real ou de proteção - art. 7 o, I, a, b, e c do Cód. Penal; b) Princípio da justiça universal - art. °, I, d do Cód. Penal; c) Princípio da justiça universal - art. 7 o, II, a do Cód. Penal; d) Princípio da personalidade ativa - art. 7 o , II, b do Cód. Penal; e) Princípio da representação - art. 7 o, II, c do Cód. Penal e f) Princípio real ou de proteção - art. 7 o, § 3 o do Cód. Penal.

Princípio da ne bis in idem ou non bis in idem

O agente poderá ser processado e condenado no Brasil, ainda que tenha sido processado e condenado no estrangeiro (caso de extraterritorialidade incondicionada). Deverá o agente cumprir duas penas?

Poderá, também, ocorrer de o agente, embora processado e condenado no estrangeiro, fugir antes de cumprir integralmente a pena e entrar em nosso território, quando então poderá ser processado e condenado (extraterritorialidade condicionada). Uma vez que cumprir parte da pena no estrangeiro deverá o agente cumprir integralmente a pena imposta em nosso país?

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Em ambos os casos, a resposta é negativa; porque ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato - art. 8 o do Cód. Penal (non bis in idem). O art. 8 o ainda prevê:

a) pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas - diversidade qualitativa e

b) pena privativa de liberdade tanto no estrangeiro como no Brasil, cabe ao juiz abater a pena já cumprida da imposta no Brasil -diversidade quantitativa.

Contagem de prazo

O art. 10 do Cód. Penal estabelece a regra de contagem de prazo: toda vez que o prazo foi considerado de natureza penal deve-se incluir necessariamente o dia do começo.

A contagem dos dias, meses e anos será feita pelo calendário comum.

A tinha 1 ano de pena para cumprir, foi preso e 05.02.2007, às 23h50'. Terá cumprido pena no dia 04.02.2008, após um ano será solto.

Frações não computáveis da pena: com fundamento no art. 11 do Cód. Penal as penas privativas de liberdade, bem como as penas de multas, desprezam-se as frações de dia, como as frações de real (centavos).