EDO Ordem 1

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  • 8/18/2019 EDO Ordem 1

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    Universidade de Pernambuco

    Escola Politécnica de Pernambuco

    Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de

    Primeira Ordem

    Rodrigo Cavalcante6 de abril de 2016

    1 Existência e Unicidade

    Uma equação diferencial diferencial linear de primeira ordem é uma equação do tipo

    d

    dxy(x) = f (x, y).   (1.1)

    O problema de resolver uma equação diferencial cuja função solução passa por um dado pontoé conhecido como problema de valor inicial (PVI). A existência de soluções para este poblema égarantida sob determinadas condições, descritas no teorema da Existência e Unicidade.

    Seja  R  uma região rectangular do plano  xy,{(t, y) :  x  ∈  [a, b], y  ∈  [c, d]}, (a < bec < d)

    que contém o ponto  (x0, y0) no seu interior. Se as funções f (x, y) e  ∂f (x,y)

    ∂y   são contínuas

    em  R, então existe algum intervalo  I 0  = (x0?h, x0 + h), (h > 0)  contido em  [a, b]  e umaúnica função definida em  I 0  que é solução do seguinte PVI.

    d

    dxy(x) = f (x, y)

    y(x0) = y0(1.2)

    Exemplos:

    •  d

    dxy  =  x; (0, 1)

    •  d

    dxy  = 3y; (1, e5)

    •  d

    dxy  = 5y4/5; (0, 0)

    •  d

    dxy  = (x2 − a2)

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    1

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    A solução de 1.1 depende da forma funcional de f (x, y). Em condições específicas, algumas técni-cas especiais podem ser utilizadas, como veremos a seguir.

    2 Método da Separação de Variáveis

    Suponha que 1.1 pode ser escrita na forma

    dy(x)

    dx  =

      P (x)

    Q(y).   (2.1)

    Podemos escrever

    P (x)dx =  Q(y)dy   (2.2)

    A solução da equação diferencial é obtida integrando ambos os lados de 2.2,   P (x) dx =

       Q(y) dy   (2.3)

    Exemplos:

    1.  dy(x)

    dx  =

      x

    1 + y(x)

    2.   mdv(t)

    dt  = mg − b v(t)

    3.

      dy

    (x

    )

    dx   =  1

    x2 (1 + x)

    Este método pode ser utilizado também em equações diferenciais ordinárias de ordem superior,assim como em equações diferenciais parciais.

    Aplicando o método ao Exemplo 1.

    •  Começamos por separar as variáveis

    x dx = (1 + y) dy   (2.4)

     Integrar os dois lados de 2.4    x dx =

       (1 + y) dy   (2.5)

    x2

    2  = y  +

     y2

    2  + C  (2.6)

    x2 − y2 − 2y  =  C    (2.7)

    •  A solução pode ser dada em termos de uma relação geral entre   x   e   y   ou através de uma

    expressão do tipo  y (x)  (ambas as formas são igualmente aceitas)

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    3 Equações Exatas: Método da Função Potencial

    Suponha que 1.1 não possa ser escrita como 2.1, mas possa ser escrita na forma

    P (x, y) dx + Q(x, y) dy = 0,   (3.1)

    de forma que

    ∂P (x, y)

    ∂y  =

      ∂Q(x, y)

    ∂x  .   (3.2)

    Diz-se que 3.1 é uma equação exata. Nestas condições, seja  F (x, y)  um potencial para o campode vetores  (P (x, y), Q(x, y)), então as soluções da equação 3.1 são dadas pelas curvas de nível docampo de vetores

    F (x, y) = C.   (3.3)

    Exemplos:

    1.  dy

    dx  =

     −yexy + y sin xy

    xexy − x sin xy

    2.  dy

    dx  = −

    x

    y

    3.  dy

    dx  = −

    ax + by

    bx + cy

    Para encontrar a função potencial podemos, por exemplo:

    •   Identificar P (x, y)  com a derivada parcial de  F (x, y) em relação a  x, isto é,

    ∂F (x, y)

    ∂x  = P (x, y)   (3.4)

    •  Integrar 3.4 na variável  x, obtendo  F (x, y  a menos de uma função apenas de  y

    F (x, y) =

       P (x, y) dx + g(y)   (3.5)

    •  Derivar 3.5 na variável  y  e identificar o resultado como Q(x, y)

    ∂F (x, y)

    ∂y  =

      ∂ 

    ∂y

       P (x, y) dx + g(y)

     =  Q(x, y)   (3.6)

    •   Integrar a expressão obtida para  g (y)

    Vamos aplicar este método na resolução do Exemplo 1.

    •   Primeiramente escrevemos esta equação na forma da equação 3.1:

    (yexy − y sin xy) dx + (xexy − x sin xy) dy = 0   (3.7)

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    •   Identificar P (x, y)  e  Q(x, y)

    P (x, y) = yexy − y sin xy   (3.8)

    Q(x, y) = xexy − x sin xy   (3.9)

    •   Calcular as derivadas parciais

    ∂P (x, y)

    ∂y  = exy + xyexy − sin xy − xy sin xy   (3.10)

    ∂Q(x, y)

    ∂x  = exy + xyexy − sin xy − xy sin xy   (3.11)

    Logo,   ∂P (x,y)∂y   =  ∂Q(x,y)

    ∂x   , o que prova que 3.7 é uma equação exata.

    •   Identificar  P (x, y)  como derivada parcial da função potencial   F (x, y),   ∂F (x,y)∂x   =  P (x, y)  eintegrar essa expressão na variável  x

    F (x, y) =

       (yexy − y sin xy) dx + g(y)

    = exy + cos xy + g(y)   (3.12)

    •   Derivar 3.12 em relação a  y  e identificar com a função Q(x, y)

    ∂F (x, y)

    ∂y  = xexy − x sin xy + g(y)

    = xexy − x sin xy.   (3.13)

    De onde concluímos que

    g(y) = 0,   (3.14)

    isto é,  g (y)  é uma função constante.

    •  A função potencial é então:

    F (x, y) = exy + cos xy + C 0,   (3.15)

    em que  C 0  é uma constante qualquer.

    •  A solução geral da equação 3.7 é dada por

    exy + cos xy + C 0 =  C ,   (3.16)

    ou ainda,

    exy + cos xy =  C.   (3.17)

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    4 Fator Integrante

    Suponha que a equação diferencial

    P (x, y)dx + Q(x, y)dy  = 0   (4.1)

    não satisfaça à condição 3.2, isto é, que a equação não seja exata. O método do fator integranteconsiste em buscar uma função  µ(x, y) = 0, chamada fator integrante, tal que

    µ(x, y)P (x, y)dx + µ(x, y)Q(x, y)dy = 0   (4.2)

    é uma equação diferencial exata. Sendo 4.2 exata, é verdade que

    ∂ 

    ∂y [µ(x, y)P (x, y)] =

      ∂ 

    ∂x [µ(x, y)Q(x, y)] .   (4.3)

    Aplicando a regra do produto em 4.3 obtemos

    P (x, y)  ∂ 

    ∂yµ(x, y) + µ(x, y)

     ∂ 

    ∂yP (x, y) = Q(x, y)

      ∂ 

    ∂xµ(x, y) + µ(x, y)

      ∂ 

    ∂xQ(x, y)   (4.4)

    Resolvendo 4.4 para  µ(x, y)  é possível determinar a solução de 4.2, cuja resposta é identica à daequação original 4.1. Entretanto, resolver 4.4, em geral, é tão ou mais complicado que resolver4.1. Veremos alguns casos onde µ(x, y) é uma função simples ou quando conseguimos sugerir umaforma para essa função.Exemplo 1. Considere a equação diferencial

    x2y + (1 − x2)y2 = 0   (4.5)

    Note que esta equação é não linear. Na forma da equação 4.1, esta equação se escreve:

    (1 − x2)y2 dx + x2 dy  = 0.   (4.6)

    Verifiquemos que 4.6 não é exata

    ∂ 

    ∂y

    (1 − x2)y2

     = 2y(1 − x2)   (4.7)

    ∂ 

    ∂x[x2] = 2x   (4.8)

    Logo, a equação não é exata. Buscamos então um fator integrante  µ(x, y) tal que

    µ(x, y)(1 − x2)y2 dx + µ(x, y)x2 dy = 0.   (4.9)

    é uma equação exata, isto é, a condição 4.3 é atendida.

    Para este problema em específico, devido ao fato de que as funções  P (x, y) e  Q(x, y) só envolvempotências de x e y, buscaresmos um fator integrante da forma

    µ(x, y) = xαyβ (4.10)

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    Substituindo 4.10 em 4.3

    ∂ 

    ∂yxαyβ(1 − x2)y2 =   ∂ 

    ∂xxαyβx2

    (β  + 2)yβ+1xα(1 − x2) = (α + 2)xα+1yβ

    (β  + 2)y(1 − x2) = (α + 2)x

    (β  + 2)yx2 + (α + 2)x − (β  + 2)y  = 0

    Para que essa expressão seja válida para qualquer valor de  x  e  y  os coeficientes da soma devemser nulos, isto é,

    α + 2 = 0 ⇒  α  =  −2,   (4.11)

    β  + 2 = 0  ⇒  β  =  −2.   (4.12)

    De onde vem

    µ(x, y) = x−2y−2.   (4.13)

    Verifiquemos que  x−2y−2 é, de fato, um fator integrante de 4.6.

    ∂ 

    ∂y

    x−2y−2(1 − x2)y2

     =

      ∂ 

    ∂y

    x−2(1 − x2)

    = 0

    e∂ 

    ∂x[x−2y−2x2] =

      ∂ 

    ∂x[y−2]

    = 0.

    Logo,   x−2y−2 é fator integrante de 4.6. Agora podemos resolver 4.9 pelo método das equaçõesexatas.

    Note que, neste exemplo, conseguimos encontrar o fator integrante utilizando uma função tenta-tiva. De forma geral, é bastante complicado encontrar o fator integrante quando este dependede   x   e de   y. O problema é bastante simplificado quando somos capazes de encontrar um fatorintegrante que depende apenas de  x  ou apenas de  y . Verifiquemos em que casos isso acontece.

    •   µ(x, y) = µ(x)

    Suponhamos que o fator integrante seja apenas função de  x. Neste caso, a derivada parcialem relação a  y  na expressão 4.4 é nula. Desta forma

    µ(x)∂P 

    ∂y  = Qµ(x) + µ(x)

    ∂Q

    ∂x

    Qµ(x) =

    ∂P 

    ∂y  −

     ∂ Q

    ∂x

    µ(x)

    µ(x)

    µ(x)   =  1

    Q∂P 

    ∂y   − ∂ Q

    ∂x

      (4.14)

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    Note que, o lado esquerdo de 4.14 é uma função apenas de  x. Isso implica que, se o fatorintegrante é uma função apenas de x, então

    1

    Q ∂P 

    ∂y −

     ∂Q

    ∂x  ⇒  Função apenas de  x   (4.15)Note que, se fizermos

    f (x) =  1

    Q

    ∂P 

    ∂y  −

     ∂Q

    ∂x

      (4.16)

    podemos integrar a expressão 4.14 e obter a forma funcional de  µ(x).

    µ(x)

    µ(x)  = f (x) 

      d ln µ(x)

    dx  dx =

       f (x) dx

    ln µ(x) = 

      f (x) dx

    ln µ(x) =

       f (x) dx

    exp{ln µ(x)} = exp

       f (x) dx

    µ(x) = exp

       f (x) dx

    = exp

       1

    Q

    ∂P 

    ∂y  −

     ∂Q

    ∂x

     dx

      (4.17)

      µ(x, y) = µ(y)

    Neste caso, a derivada parcial em relação a  x  na expressão 4.4 é nula. Desta forma

    µ(y)∂Q

    ∂x  = P µ(y) + µ(y)

    ∂P 

    ∂y

    P µ(y) = −

    ∂P 

    ∂y  −

     ∂ Q

    ∂x

    µ(y)

    µ(y)

    µ(y)  = −

     1

    ∂P 

    ∂y  −

     ∂ Q

    ∂x

      (4.18)

    Note que, o lado esquerdo de 4.18 é uma função apenas de  y. Isso implica que, se o fator

    integrante é uma função apenas de y , então

    − 1

    ∂P 

    ∂y  −

     ∂Q

    ∂x

     ⇒  Função apenas de  y   (4.19)

    Se fizermos

    g(y) = − 1

    ∂P 

    ∂y  −

     ∂Q

    ∂x

      (4.20)

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    podemos integrar a expressão 4.18 e obter a forma funcional de  µ(y).

    µ(y)

    µ(y)  = g(y)

       d ln µ(y)dy   dy =

       g(y) dy

    ln µ(y) =

       g(y) dy

    ln µ(y) =

       g(y) dy

    exp{ln µ(y)} = exp

       g(y) dy

    µ(y) = exp

       g(y) dy

    = exp−   1

    P  ∂P 

    ∂y  −

     ∂ Q

    ∂x  dy   (4.21)Exemplos:

    •   xy + x2 + 1 + (x2 + x)y;

    •   y cos x + (y + 2)(sin x)y;

    •   (cos y + x + 1)  dx − sin y  dy.

    5 Solução Geral de uma EDO Linear de Primeira ordem

    Uma EDO linear de primeira ordem pode sempre ser escrita na forma

    y + p(x)y =  q (x).   (5.1)

    Escrevendo essa expressão na forma de campo de vetores obtemos

    [yp(x) − q (x)] dx +  dy = 0.   (5.2)

    Verifiquemos que essa equação admite um fator integrante que depende apenas de x. Começamospor calcular

    1

    Q

    ∂P 

    ∂y  −

     ∂Q

    ∂x

    ,   (5.3)

    em que

    P (x, y) = yp(x) − q (x)   (5.4)

    e

    Q(x, y) = 1.   (5.5)

    8

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    Obtemos então

    1

    Q ∂P 

    ∂y −

     ∂ Q

    ∂x  =

      1

    1 ∂yp(x) − q (x)

    ∂y  −

     ∂ 1

    ∂x = 1 · [ p(x) − 0]

    = p(x).

    De onde concluimos que 5.2 admite um fator integrante que depende apenas de   x, e este fatorintegrante é dado por

    µ(x) = exp

       1

    Q

    ∂P 

    ∂y  −

     ∂ Q

    ∂x

     dx

    = exp

     

      p(x) dx

      (5.6)

    A equação 5.2 pode então ser escrita na forma de uma equação exata multiplicando por  µ(x). Isto é,

    µ(x)[yp(x) − q (x)] dx + µ(x) dy = 0   (5.7)

    é exata, e pode ser resolvida pelo método da função potencial.

    Seja F (x, y)  a função potencial da equação 5.7, as derivadas parciais de  F (x, y)  são dadas por

    ∂F (x, y)

    ∂x  = µ(x)[yp(x) − q (x)]   (5.8)

    ∂F (x, y)

    ∂y   = µ(x)   (5.9)

    Integrando 5.9 na variável  y  obtemos:

       ∂F (x, y)

    ∂y  dy =

       µ(x) dy

    F (x, y) = µ(x)

       dy

    = µ(x) · y + g(x).   (5.10)

    Derivando em relação a  x  e igualando à expressão 5.8 obtemos:

    ∂F (x, y)

    ∂x  = µ(x)[yp(x) − q (x)]

    ∂ 

    ∂x[µ(x) · y + g(x)] = µ(x) · yp(x) − µ(x)q (x)

    µ(x) · y + g(x) = µ(x) · yp(x) − µ(x)q (x).

    Agora note que:

    9

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    µ(x) =  dµ(x)

    dx

    =  d

    dx exp   p(x) dx

    = exp

       p(x) dx

    ·

      d

    dx

       p(x) dx

    = p(x)exp

       p(x) dx

    = µ(x) p(x).

    De onde vem

    µ(x) · y + g(x) = µ(x) · yp(x) − µ(x)q (x)

    µ(x) p(x) · y + g(x) = µ(x) · yp(x) − µ(x)q (x)

    g(x) = −µ(x)q (x)   g(x) dx =  −

       µ(x)q (x) dx

    g(x) = −

       µ(x)q (x) dx.

    Concluimos então que a função potencial é dada por

    F (x, y) = µ(x) · y −

       µ(x)q (x) dx.   (5.11)

    E a solução geral da EDO linear de primeira ordem é

    µ(x) · y − 

      µ(x)q (x) dx =  C, C  ∈ R.   (5.12)

    Expressando o  y  como função de  x  temos:

    y(x) =  1

    µ(x)

    C  +

       µ(x)q (x) dx

    , C  ∈ R.   (5.13)

    Exemplo: Aplique a expressão 5.13 para resolver a seguinte equação diferencial

    y + 1

    xy  =  x3 .   (5.14)

    Neste caso temos

     p(x) =  1

    x  e  q (x) = x3.   (5.15)

    O fator integrante de 5.14 é dado por

    µ(x) = exp

       p(x) dx

    = exp

       1

    x dx

    = exp {ln |x|}

    = |x|   (5.16)

    10

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    De onde vem

    y(x) =  1

    µ(x)C  +    µ(x)q (x) dx

    =  1

    |x|

    C  +

       |x|x3 dx

    =  1

    x

    C  +

       x4 dx

    =  1

    x

    C  +

     x5

    5

    = C 

    x  +

     x4

    5  , C  ∈ R

    6 Aproximações Numéricas pelo Método de Euler

    As situações em que somos capazes de determinar uma relação geral entre   y   e   x   que sãosolução da equação

    y(x) = f (x, y)   (6.1)

    são muito escassas no mundo real. O que se faz, geralmente, é encontrar aproximações numéricaspara y(x). O mais simples dos métodos que permite obter estas aproximações numéricas é conhe-cido como método de Euler.

    Considere o seguinte problema de valor inicialy = f (x, y)

    y(x0) = y0(6.2)

    Seja y (x) a solução exata (desconhecida) de 6.2. A equação da reta tangente a  y(x) em  (x0, y0) é

    y − y0 =  y(x0)(x − x0)

    = f (x0, y0)(x − x0),

    ou, na forma reduzida,y =  y0 + f (x0, y0)(x − x0).   (6.3)

    Em que, 6.3 só é válida para nas proximidades de  x0. Seja então

    L(x) = y0 + f (x0, y0)(x − x0)   (6.4)

    uma solução aproximada de 6.2 num intervalo [x−, x+]. O método de Euler consiste em aumen-tar a extensão deste intervalor, às custas de um afastamento entre  y(x) e  L(x). Dizemos que   é oincremento dado em x (ou o tamanho do passo) e L(x0+) é a aproximação numérica para y(x0+).

    INCLUIR FIGURA

    Seja h > 0  um incremento em  x, tal que

    x1

     =  x0

     + h.   (6.5)

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    A aproximação de  y (x) em x1  é

    L(x1) = y0 + f (x0, y0)(x1 − x0)

    = y0 + hf (x0, y0).   (6.6)

    O tamanho do incremento  h  é determinante na precisão da aproximação  L(x1). De modo geral,com exceção apenas para casos fortuitos, quanto menor o valor de   h   menor é a diferença entreL(x1) e  y (x1).

    Uma maneira de aumentar a precisão consiste em dividir o intervalo  x1−x0 em  n  partes e calcularo valor de  L(x) para cada um dos pontos que fazem parte do conjunto formado por essa subdivi-são. Por exemplo, uma maneira de aumentar a precisão (e por consequência diminuir o erro) deL(x0 + h), consiste em tomar h1 =  h/2, encontrar L(x0 + h1), usar L(x0 + h1) como se fosse o valorexato y(x0 +h1) e, então, calcular a nova aproximação L((x0 +h1)+h1) = L(x0 +2h1) = L(x0 +h).

    Em tese, quanto menor for o tamanho do passo, mais preciso será o valor da aproximação  L(x).Entretanto, valores muito pequenos de h geram instabilidades numéricas que podem causar grande

    perda na precisão (ou até não convergência).

    Se desejarmos dar vários passos (de modo a atingir um ponto  x0 + H ) podemos obter uma apro-ximação para cada ponto  xn  através da expressão

    L(xn+1) = L(xn) + (xn+1 − xn)f (xn, L(xn))   (6.7)

    Se todos os passos entre x0 e  x0 +H  tiverem o mesmo tamanho, dado por  H/N , onde N   representao número de passos, então 6.7 reduz-se a

    L(xn+1) = L(xn) + hf (xn, L(xn)).   (6.8)

    A aplicação do método de Euler segue o seguinte roteiro:

    1. Determinar a função f (x, y)  e identificar o ponto inicial;

    2. Identificar o ponto  xN  onde se deseja calcular a função  y (x);

    3. Calcular o tamanho do passo, dado em função do número de passos   N  que se deseja darentre  x0  e x1,  h  =

      xN −x0N    ;

    4. Aplicar 6.8 N  vezes, partindo do ponto x0, obtendo ao fim do processo  L(xN ) = L(x0 + H ).

    Exemplo: Seja  y = 0, 2xy  e y (1) = 1. Determine, pelo método de Euler,  y (1, 5).

    Embora seja possível resolver esta equação de forma analítica, resultando em  y(x) =  e0,1(x2−1),

    vamos utilizar o método de Euler para estimar  y(1, 5) e ao fim comparamos com o resultado exato.

    Faremos isso usando dois tamanhos diferentes de passo:

    •   N   = 5

    Seguindo os passos descritos anteriormente

    1.   f (x, y) = 0, 2xy  e (x0, y0) = (1, 1)

    2.   x1 = 1, 5

    3.   h =   xN −x0N    =  1,5−1

    5   = 0, 1

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    4. Aplicando 6.8  N  vezes obtemos

    –   L(x1) = L(x0) + hf (x0, L(x0)) ⇒  L(1, 1) = 1 + 0, 1 · 0, 2 · 1 · 1 = 1, 02

    –   L(x2) = L(x1) + hf (x1, L(x1)) ⇒  L(1, 2) = 1, 02 + 0, 1 · 0, 2 · 1, 1 · 1, 02 = 1, 04244

    –   L(x3) =  L(x2) +  hf (x2, L(x2))  ⇒  L(1, 3) = 1, 04244 + 0, 1 ·  0, 2 · 1, 2 · 1, 04244 =1, 06746

    –   L(x4) =  L(x3) +  hf (x3, L(x3))  ⇒  L(1, 4) = 1, 06746 + 0, 1 ·  0, 2 · 1, 3 · 1, 06746 =1, 09521

    –   L(x5) =  L(x4) +  hf (x4, L(x4))  ⇒  L(1, 5) = 1, 09521 + 0, 1 ·  0, 2 · 1, 4 · 1, 09521 =1, 12588

    A aproximação para  y (1, 5)  é dada então por  L5(1, 5) = 1, 12588.

    •   N   = 10   Neste caso os itens 1. e 2. são os mesmos do problema anterior. O tamanho dopasso é dado por

    h = 1, 5 − 1

    10= 0, 05

    E os valores de L(xn) são dados por:

    –   L(1, 05) = 1, 01000

    –   L(1, 10) = 1, 02060

    –   L(1, 15) = 1, 03183

    –   L(1, 20) = 1, 04370

    –   L(1, 25) = 1, 05622

    –   L(1, 30) = 1, 06942

    –   L(1, 35) = 1, 08332

    –   L(1, 40) = 1, 09795

    –   L(1, 45) = 1, 11332

    –   L(1, 50) = 1, 12947

    A aproximação para  y (1, 5) é dada então por  L10(1, 5) = 1, 12947.

    Comparando essas apeoximações com o valor exato  y(1, 5) = e1,52−1 = 1, 13315, podemos identi-

    ficar o erro cometido por cada um dos dois procedimentos:

    δ 5 =  |y(1, 5) − L5(1, 5)| = 0, 00727 ⇒  δ 5 = 0, 64%

    δ 10 =  |y(1, 5) − L10(1, 5)| = 0, 00368 ⇒  δ 10 = 0, 32%

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    Problemas Propostos

    1. Resolva as seguintes equações diferenciais separáveis e os problemas de valor inicial.

    a)   x−2 dx =  y−2 dy

    b)   (1 + y) dx − (1 + x) dy  = 0

    c)   y =  x2/[y(1 + x3)]

    d)   y =  xex

    /2y

    e)   sin x dx + y dy  = 0; y(0) = −2

    f)   (x2 + 1) dx + y−1 dy = 0; y(−1) = 1

    g)   xex2

    dx + (y5 − 1) dy  = 0; y(0) = 0

    h)   y =  x2y  −  y/y + 1; y(3) = 1

    2. Verifique se as seguintes equações diferenciais são exatas, e resolva as que forem.

    a)   (2xy + x) dx + (x2 + y) dy = 0

    b)   yexy dx + xexy dy  = 0

    c)   xexy dx + yexy dy  = 0

    d)   y dx + x dy = 0

    e)   (x − y) dx + (x + y) dy = 0

    f)   (y sin x + xy cos x) dx + (x sin x + 1) dy = 0

    3. Mostre que as equações a seguir não são exatas, mas tornam-se exatas quando multiplicadaspelo fator integrante  µ()x, y  dado. Resolva as equações exatas assim obtidas.

    a)   x2y3 + x(1 + y2)y = 0; µ(x, y) =  1/(xy3)

    b)

    sin yy   − 2e

    −x sin x

     dx +

    cosy+2e−x cosxy

     = 0;  µ(x, y) = yex

    4. Mostre que cada equação a seguir possui um fator integrante que depende de apenas umavariável. Determine esse fator e resolva a equação.

    a)   (3x2y + 2xy + y3) dx + (x2 + y2) dy = 0

    b)   y

    = e2x + y − 1 = 0c) dx + (x/y − sin y) dy = 0

    d)   ex dx + (ex cotan y + 2y cossec y) dy = 0

    5. Resolva as seguintes equações diferenciais lineares e os problemas de valor inicial.

    a)   y − 7y = sin 2x

    b)   y + x2y =  x2

    c)   y + 2y/x =  x;  y (1) = 0

    d)   y + 6xy = 0;  y (π) = 5

    e)   y + 2xy = 2x3;  y (0) = 1

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