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FICHA PARA CATÁLOGO

PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICO

Título: A TRANSIÇÃO DA 4ª PARA A 5ª SÉRIE, UM DESAFIO A MAIS NA ESCOLA

Autor NEUSA ARANTES DE CAMPOS

Escola de Atuação COLÉGIO ESTADUAL TRAJANO GRÁCIA – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Município da escola IRATI

Núcleo Regional de Educação IRATI

Orientador PROFESSORA DRª MARIA RITA KAMINSKI LEDESMA

Instituição de Ensino Superior UNICENTRO – CAMPUS IRATI

Disciplina/Área PEDAGOGIA

Produção Didático-pedagógica CADERNO PEDAGÓGICO

Relação Interdisciplinar

ESTE CADERNO DE INTERVENÇÃO TEM COMO OBJETIVO TRABALHAR COM TODOS OS PROFESSORES e INTERDISCIPLINARMENTE

Público Alvo

PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS

Localização COLÉGIO ESTADUAL TRAJANO GRÁCIA – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Apresentação:

Esta pesquisa, na área de Pedagogia, tem como objetivo principal buscar através de revisão documental bibliográfica, refletir sobre as possibilidades de ações pedagógicas efetivas diante dos problemas apresentados pelos alunos do Ensino Fundamental, na transição da 4ª para a 5ª série do Colégio Estadual Trajano Grácia. Investigará a transição da Rede Municipal para a Rede Estadual de ensino e suas implicações; a passagem da infância para a adolescência que coincide com esta fase; a mudança de unidocência para a plurodocência, bem como a subjetividade da diversidade das práticas pedagógicas que surgem nesse período, resultando em um momento muito conflituoso para os alunos e seus professores.

Palavras - chave PALAVRAS-CHAVE: Transição, ensino fundamental, unidocência/pluridocência, 5ª série, passagem da 4ª para a 5ª série

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CADERNO PEDAGÓGICO

“Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram no corpo do

outro. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, indaguei porque

indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo.

Pesquiso para conhecer o que ainda não conheco e comunicar ou anunciar a novidade”. (Paulo

Freire)

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Secretaria de Estado da Educação – SEED

Superintendência da Educação – SUED

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE

A TRANSIÇÃO DA 4.ª PARA A 5.ª SÉRIE DO ENSINO

FUNDAMENTAL, UM DESAFIO A MAIS NA ESCOLA

Área: Pedagogia

Profª: Neusa Arantes de Campos

Orientadora: Dr.Maria Rita Kaminski Ledesma

NRE: Irati

Disciplina: Pedagogia

IES: UNICENTRO

IRATI

2010/2011

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 5

UNIDADE I – TEMA: APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

NA ESCOLA ............................................................................................................... 7

UNIDADE II – TEMA: O ENSINO FUNDAMENTAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA ...... 22

UNIDADE III – TEMA: A ESCOLA E O FAZER PEDAGÓGICO .............................. 44

UNIDADE IV – TEMA: OS PROFESSORES E SUAS COMPETÊNCIAS ................ 51

UNIDADE V – TEMA: OS ALUNOS E SUAS DIFICULDADES NA TRANSIÇÃO

DA 4ª PARA A 5ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL ......................................... 58

UNIDADE VI – TEMA: A PASSAGEM DA INFÂNCIA PARA A ADOLESCÊNCIA . 67

UNIDADE VII – TEMA: ESTUDO DA PROPOSTA PEDAGÓGICA

CURRICULAR DA 4ª E Rª SÉRIE – mais ruptura do que continuidade... ........... 76

UNIDADE VIII – REFLEXÃO E AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO

PEDAGÓGICA NA ESCOLA .................................................................................... 80

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 86

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A TRANSIÇÃO DA 4.ª PARA A 5.ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL, UM

DESAFIO A MAIS NA ESCOLA

Maria Rita Kaminski Ledesma1

Neusa Arantes de Campos2

“Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram no

corpo do outro. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco,

indaguei porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho,

intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheco e comunicar

ou anunciar a novidade”. (Paulo Freire)

APRESENTAÇÃO

O presente trabalho é o resultado de uma das etapas propostas pelo

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, ofertado pela Secretaria de

Estado da Educação do Paraná. Programa inovador que tem por objetivo a

formação continuada dos profissionais da educação, em parceria com as Instituições

de Ensino Superior.

O programa está organizado em três eixos: atividades de pesquisa,

atividades de aprofundamento teórico-prático e atividades didático-pedagógicas com

a utilização de suporte tecnológico. Dentro da pesquisa, foi elaborado um projeto de

intervenção pedagógica a ser implementado na escola de atuação do profissional.

No momento está sendo elaborado a produção didático pedagógica – Caderno

Pedagógico, que direcionará essa implementação junto aos professores e

funcionários do Colégio Estadual Trajano Grácia – Ensino Fundamental e Médio,

onde a pesquisadora atua e, posteriormente, será escrito um artigo científico sobre

os resultados da implementação.

O Caderno Pedagógico constitui-se em um material composto por textos e

atividades, e está dividido em oito unidades para discussão na escola, em forma de

Grupo de Estudos, na área de Pedagogia, tendo como objetivo principal buscar

1 Profª Drª do Departamento de Pedagogia da Unicentro – Campus de Irati.

2 Professora Pedagoga - Quadro próprio do Magistério - PDE- Núcleo de Irati.

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através de revisão documental bibliográfica, refletir sobre as possibilidades de ações

pedagógicas efetivas diante dos problemas apresentados pelos alunos do Ensino

Fundamental, na transição da 4ª para a 5ª série do Colégio Estadual Trajano Grácia.

O objeto da discussão no Grupo de Estudos é investigar a transição da Rede

Municipal para a Rede Estadual de ensino e suas implicações; a passagem da

infância para a adolescência que coincide com esta fase; a mudança de unidocência

para a plurodocência, bem como a subjetividade da diversidade das práticas

pedagógicas que surgem nesse período, resultando em um momento muito

conflituoso para os alunos e seus professores.

É um verdadeiro salto para o desconhecido, os alunos nesta fase, possuem

muitas expectativas e medos e nem sempre são tratados com o devido cuidado pela

equipe escolar, podendo resultar em sérios comprometimentos futuros. A transição

da quarta para a quinta série se constitui num estrangulamento dessa permanência,

apresentando-se como momento onde novos elementos complexificam as práticas

vivenciadas por alunos e professores. Não basta promover o acesso de todos à

educação é preciso que se dê condições para que, aqueles que nela se inseriram,

nela permaneçam e obtenham sucesso.

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UNIDADE I

TEMA: APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO NA ESCOLA

“Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina.” (Paulo Freire, 1996)

Este caderno é uma produção didático-pedagógica, resultado da

participação no PDE, Programa de Desenvolvimento Educacional, para a Formação

Continuada de professores em rede, da Secretaria de Estado da Educação do

Paraná, que visa a formação continuada e a progressão na carreira dos professores

do Quadro Próprio do Magistério.

Neste programa o professor é liberado da carga horária para dedicar-se

exclusivamente às atividades de estudo, sob orientação de professores das

Instituições de Ensino Superior e, constitui sem dúvida, fator diferencial na sua

capacitção. Esta formação é imprescindível e necessária à formação dos

professores que atuam na Rede Pública Estadual de Ensino, possibilitando desta

forma o seu crescimento individual através da oportunidade de absorver

conhecimentos necessaries à sua formação, assegurando assim, sucesso em todo o

processo educacional.

A pretensão é que este documento sirva como ponto de reflexão e espera-se

que os professores encontrem aqui fundamentação teórica para subsidiar suas

ações pedagógicas, visando maior compreensão quanto aos alunos da 5ª série e

suas dificuldades.

Neste primeiro encontro será apresentado aos cursistas o cronograma e os

temas das reflexões a serem desenvolvidos durante a intervenção pedagógica para

que os participantes conheçam e analisem questões como: Justificativa,

Problematização, Fundamentação Teórica, Objetivos e Estratégias, propostos pelo

projeto.

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ATIVIDADE N° 1

PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA

A) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

PROFESSOR: NEUSA ARANTES DE CAMPOS

ÁREA: PEDAGOGIA

NRE: IRATI

ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: C. E. TRAJANO GRÁCIA - ENSINO FUNDAMENTAL E

MÉDIO

PÚBLICO ALVO DA INTERVENÇÃO: PROFESSORES ENVOLVIDOS COM A 5ª SÉRIE

B) TEMA DE ESTUDO

SÉRIES ESCOLARES

C) TÍTULO

“A TRANSIÇÃO DA 4ª PARA A 5ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL, UM DESAFIO A

MAIS NA ESCOLA”

D) JUSTIFICATIVA

Esta pesquisa busca através de revisão documental bibliográfica refletir sobre as

possibilidades de ações pedagógicas efetivas diante dos problemas apresentados pelos

alunos do Ensino Fundamental, na transição da 4ª para a 5ª série, do Colégio Trajano

Grácia, onde a pesquisadora atua.

Toda e qualquer transição prevê mudanças e requer adaptações. De acordo com o

dicionário Aurélio (1988, p.644-645), a palavra transição entre outros significados, pode ser

entendida como mudança de uma fase para a outra num sistema. E, ao constatar este

período escolar de transição, da 4ª para a 5ª série, percebe-se que há muitos reflexos e que

o processo de construção dos conhecimentos merece ser estudado por ser marcante e

acontecer em uma fase de muitas transições. Começando pela passagem da Educação

Infantil para a 1ª série do Ensino Fundamental, depois da 8ª para o Ensino Médio e, por fim,

do 3º ano do Ensino Médio para o Ensino Superior.

Com base na minha prática pedagógica na rede pública, há mais de 25 anos, como

professora de 1ª à 4ª série e Ensino Médio, pedagoga, diretora de escola de Ensino

Fundamental, Médio e Profissionalizante, trabalhei também no Núcleo Regional de

Educação de Irati, na Equipe de Ensino e atualmente como professora de Formação de

Docentes numa escola e Pedagoga em outra, o que me dá segurança em afirmar que nunca

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percebi ação efetiva da escola quanto ao fenômeno educacional que ocorre nesta

passagem escolar e o meu interesse por esse tema decorre, justamente, de uma constante

preocupação com os efeitos dessa transição no processo pedagógico e de aprendizagem,

que redundam em altos índices de fracasso escolar e se materializa como evasão e

reprovação na escola.

A revisão bibliográfica revelou que o tema da transição da 4ª para a 5ª série é

pouco pesquisado, encontrando-se pouca referência e experimentos científicos para

embasar ações pedagógicas na escola, possivelmente, essa escassez tenha relação direta

com a emergência de outros problemas considerados mais importantes no Ensino

Fundamental, esquecendo-se que a 5ª série é a precursora de boas ou más experiências

para o aluno em sua vida, atual e futura, como também, na particular e escolar, levando-se

em conta a diversidade de experiências que vivenciará.

Na revisão de literatura é possível destacar alguns estudos que tratam desta

questão, embora com enfoques diferentes, mas com a mesma preocupação, sendo que a

Política Educacional e o regime de colaboração entre Estado e Município na passagem de

um ciclo para o outro em Curitiba é analisado por BARBOSA, 2008; ESCHILETTI PRATI &

ELZERIK, 2006, em escola de Porto Alegre na área de Psicologia, analisa a subjetividade

da diversidade de práticas pedagógicas que surgem na passagem para a 5ª série do Ensino

Fundamental, com enfoque nos “atores” que compõem esta diversidade: pais, professores e

alunos; DIAS-DA-SILVA, M.H.G.F. explica melhor esta transição e a conseqüente ruptura

percebida nessa série, que requer dos professores uma postura didática diferente daquela

da professora da 4ª série, passando da unidocência para a pluridocência e toda a

problemática que a envolve.

Supõe-se que a partir deste projeto, de tornar a 5ª série mais transparente e seus

alunos mais visíveis perante a comunidade escolar, haja um olhar mais aprofundado sobre o

cotidiano destes alunos que passam de uma condição de “os mais maduros e melhores, de

grandinhos do primário” nas séries iniciais e, nas séries finais de “imaturos, indisciplinados,

sem base e os pequenininhos da 5ª série”. Em poucos meses passam, às vezes dentro de

uma mesma escola, nas mesmas salas, convivendo com os mesmos colegas e funcionários,

com a mesma diretora, de “grandinhos do primário” (responsáveis por muitas tarefas e

atividades na própria escola) a “pequenininhos da 5ª série” (já que os grandes são os da 7ª

e 8ª série).

E) PROBLEMATIZAÇÃO

Atualmente a escola brasileira enfrenta grandes desafios: alta taxa de repetência,

evasão e baixa qualidade de ensino, conforme dados do IDEB, SAEB e Prova Brasil. O

professor não sabe mais o que fazer para dar conta de sua principal função que é a de

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ensinar o aluno a ler, escrever com clareza, fazer cálculos, a refletir, a raciocinar, a

argumentar, enfim, colaborar para a formação de um cidadão de posse de todos os seus

direitos e conhecedor/cumpridor de seus deveres e capazes de transformar a sociedade em

que vivem.

O Ensino Fundamental é legalmente compreendido em oito anos contínuos, mas

mascara ou desconsidera a ruptura evidente que se dá nessa passagem da 4ª para a 5ª

série, até as circunstâncias em que se dá essa transição: a mudança da unidocência para a

plurodocência, mudança de escola, novas exigências pedagógicas, a relação aluno e

professores, professor e aluno, entre outros.

Os alunos apontados nesta pesquisa apresentam muitas expectativas em relação à

nova etapa iniciada, ou seja, a quinta série, e os professores também ficam desorientados

quanto às metodologias e ações pedagógicas a serem utilizadas para eles. Esses alunos

enfrentam um verdadeiro rito de passagem, no qual vão ocupar novos espaços, novos

professores, novos amigos, nova grade curricular, novas exigências e, especialmente, uma

mudança profunda, a entrada na adolescência, bem como, mudanças sócio

comportamentais e emocionais, alterando assim, todo o relacionamento entre professores e

alunos, alunos entre si e com toda a escola, modificando a sua dinâmica escolar e familiar.

Denota-se que, a escola é uma instituição com múltiplas funções. O que não se

pode esquecer, contudo, é que transmitir conteúdos e proporcionar condições para que os

alunos aprendam é uma das principais e o período escolar em que a pesquisa busca refletir

é justamente onde se conclui a etapa das séries iniciais e o começo das séries finais do

Ensino Fundamental, época de muitas incertezas diante de fatos novos para os alunos.

A passagem da 4ª para a 5ª série, embora seja uma questão relevante

preocupando os pedagogos e professores, principalmente os que atuam na respectiva série,

é um tema pouco explorado na pesquisa acadêmica.

Estes são alguns dos ingredientes de uma das mais importantes fases da vida e da

escolaridade das crianças, transição que pode se constituir tanto em um problema para

alunos de escolas da rede privada quanto para os da escola da rede pública, mas também

poderá ser superado em ambas, dependendo do tipo de ação pedagógica realizado pelos

envolvidos.

Diante disso, como buscar ações pedagógicas para auxiliar os professores no

enfrentamento dos problemas dos alunos na transição da 4ª para a 5ª série do Ensino

Fundamental, da escola pública?

Para que isso ocorra será realizado um trabalho de mediação da autora junto aos

professores, visando uma maior sensibilidade para com o aluno que se encontra nesta série

e evidentemente, a escola como um todo também será motivada a ser partícipe neste

projeto.

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F) OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL:

Buscar na literatura apoio pedagógico para o enfrentamento dos problemas da

fase de transição do aluno da 4ª para a 5ª série do Ensino Fundamental.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Discutir com os professores novas práticas pedagógicas a partir do

conhecimento adquirido.

Ajudar os alunos nesta fase de mudança em sua vida escolar, com base na

pesquisa realizada.

Elaborar o CADERNO PEDAGÓGICO para orientação dos professores que

trabalham com 5ª série no Colégio Estadual Trajano Grácia.

G) FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA / REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O ENSINO FUNDAMENTAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Ensino Fundamental, segunda etapa da Educação Básica, tem sua obrigatoriedade

garantida desde a década de 1970 com a edição da Lei 5692/71 (Art.20) que já indicava a

obrigatoriedade da oferta de ensino do 1º Grau, assim denominado, para todos os cidadãos

dos sete aos quatorze anos num continuum de oito anos. Dessa forma, ficaram extintas as

denominações “primário” e “ginásio”, bem como o “diploma” do Curso Primário e o Exame

de Admissão ao Ginásio usado até então como instrumento de seleção para a continuidade

dos estudos a partir da 4ª série, uma vez que o número de vagas disponível na escola

pública era infinitamente menor do que as do curso “primário” público e constata-se

também que as escolas particulares tiveram papel importante na educação por oferecer uma

alternativa de acesso a essa etapa escolar (BARBOSA, 2008). Nesta Lei também, sugeria-

se um ensino sem fronteiras, sem dicotomia entre as duas etapas do ensino de 1º grau.

Com a universalização da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino

Fundamental e Ensino Médio), expressa desde 1996, na Lei de Diretrizes e Bases da

Educação nº. 9394/96, ficou garantida a gratuidade e a obrigatoriedade do Ensino

Fundamental em seu art. 4º. Inciso II; e a Lei 11.114/2005 ampliou para nove anos sua

duração, transformando o último ano da Educação Infantil no 1º ano do Ensino Fundamental

(séries iniciais) ficando a cargo dos Municípios a sua gestão, e os últimos quatro anos

(séries finais) sob a responsabilidade da Rede Estadual de Ensino no modelo de

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colaboração, explicitado também na atual LDB, sendo que no Paraná a particularidade do

modelo de municipalização se constitui em uma política de Estado desde 1970.

BARBOSA ressalta que:

Esse modelo de municipalização cria duas redes distintas, articuladas apenas por critérios técnicos e com medidas de enfrentamento unilaterais, longe de dar ao Ensino Fundamental uma unidade como sistema. Por isso, as alternativas acabam por expressar um caráter localista, fragmentado e unilateral, Indicando a necessidade da construção de políticas educacionais articuladoras na passagem da 4ª para a 5ª série, uma vez que são formatadas em duas redes distintas, bem como se materializa no binômio municipalização/estadualização do Ensino Fundamental. (Barbosa, 2008, p.16).

O Parecer do CNE/CEB nº. 04/1998 normatiza as Diretrizes Curriculares para o

Ensino Fundamental e a resolução CNE/CEB nº. 02/1998 institui as Diretrizes e Bases do

Ensino Fundamental para todo o território nacional. É de fundamental importância destacar

que o Ensino Fundamental embora se apresente com características próprias e distintas nas

suas etapas iniciais e finais se constitui numa única etapa de ensino que deve dar ao

cidadão o “pleno domínio da leitura, da escrita, do cálculo, da compreensão do ambiente

natural, sistema político, da tecnologia, das artes.” (LDB Art.32). Ainda no mesmo artigo, nos

Incisos I, II, III, e IV, diz que “o seu objetivo é a formação básica do cidadão”.

BARBOSA (2008) reforça a necessidade de construir uma unidade pedagógica,

destacando a importância desta fase de vida do aluno e que, de alguma forma, por motivos

diversos, os professores de 1ª a 4ª séries e os de 5ª a 8ª séries não executam um trabalho

pedagógico integrado por causa da formação acadêmica de cada disciplina, tornando as

práticas docentes bem distintas. A rede educacional forma professores para as séries

iniciais, para a 4ª série, professores alfabetizadores, mas não existem professores de 5ª

série e sim, professores de 5ª à 8ª série, isto é, professores de história, geografia,

português, ciências... e de outras disciplinas. Nas séries iniciais os professores podem

escolher (em sua grande maioria) sua série de preferência e o mais freqüente é passar boa

parte de suas carreiras lecionando por opção para uma única série, enquanto nas séries

finais os professores passam toda a sua vida profissional dando aulas para 5ª, 6ª, 7ª, 8ª e

Ensino Médio, somente na disciplina de sua formação e concurso.

Há que se repensar toda a prática pedagógica para estes alunos em sua passagem

de 4ª para a 5ª série, uma vez que, historicamente, a 5ª série vem sendo apontada como um

dos momentos mais difíceis de transição no Ensino Fundamental, simbolizando a ruptura

entre o antigo “primário e ginásio” e centralizando as maiores dificuldades para seus

professores.

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Nesse sentido, a atual passagem da 4ª para a 5ª série, indica a transição da Rede

Estadual para a Municipal de Ensino no campo financeiro-administrativo e no aspecto

técnico-formal (BARBOSA, 2008), havendo uma ruptura das políticas educacionais e dos

processos pedagógicos nas duas redes distintas com programas e currículos também

diferenciados, deixando o Ensino Fundamental separado em dois blocos, com medidas

políticas pedagógicas unilaterais, dificultando o trabalho pedagógico no interior da escola.

Considerando a especificidade do ensino fundamental e as características próprias das duas fases que o constituem, valeria a pena recorrer a idéia de unidade na diversidade. Categoria esta que encerra o conceito de totalidade desta etapa da educação básica, como síntese de múltiplas determinações. Nesse sentido, a idéia de unidade se distingue radicalmente da idéia de único, uniforme, é antes de tudo uma unidade, na diversidade, por isso indissolúvel do ponto de vista da totalidade; assim, impõe a necessidade de ações coordenadas, visando aos objetivos comuns. (BARBOSA, 2008. p 128/129).

Os professores, pais, a escola, enfim, se preocupam mais com a adaptação da

criança na Educação Infantil, porém vemos que os cuidados deveriam ser redobrados nesta

fase de transição escolar. Muitos alunos que nunca apresentaram dificuldades passam a ter

devido a um verdadeiro choque cultural que existe entre estas etapas. “É um momento

emblemático que envolve mudanças principalmente nas funções de pais, professores e

alunos” (ESCHILETTI PRATI & ELZIRIK, 2006.p 295).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a adolescência compreende um

período de 11 a 19 anos de idade, desencadeado por mudanças corporais e fisiológicas.

Destaca-se neste processo o fato dos alunos estarem vivendo uma fase muito importante

em suas vidas: a passagem da infância para a adolescência que não deixa de ser

problemática e emblemática. O período de desenvolvimento entre a infância e a fase adulta

é caracterizado pelo intenso desenvolvimento no campo biológico, psíquico e social. Inicia-

se um drama profundo: a ruptura com o universo infantil e o surgimento de um indivíduo

desorientado de quem se requer uma série de novas adaptações. Segundo a Teoria

Psicossocial de Erikson (1971, p.238-240) esta fase é marcada pelo início do contato com o

trabalho e com as exigências produtivas do mundo adulto, nota-se a preocupação dos

estudantes com a execução dos trabalhos propostos pelos professores. É um período

marcante na vida do jovem, neste momento passa a ter uma vida escolar mais complexa,

encontra novas referências e novas estruturações e, nessa transição entre infância e a

idade adulta, pode resultar, ou não, em problemas futuros para o desenvolvimento de um

determinado indivíduo.

Com isso, busca-se desenvolver a autonomia e a responsabilidade dos alunos

frente às novas exigências da 5ª série. Para evitar a “Síndrome da 5ª série”, como coloca o

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professor Joseph Razouk Júnior (2001), do ponto de vista psicossocial e suas implicações

no cotidiano escolar, a escola deve buscar a formação, além da informação, desde a

Educação Infantil, contrariando a idéia de que é a partir da 5ª série que deve haver

responsabilidade:

(...) a família acha que agora é a hora de levar a coisa a sério. Então, até a 4ª série não era, agora é! Até a 4ª série qualquer escola serve, qualquer ensino serve porque é só para brincar, para aprender as coisas básicas! Esse é um erro dos maiores que poderia existir. A escola mais importante teria que ser a Educação Infantil, a 2ª mais importante a de 1ª a 4ª e assim perdendo seu grau de importância porque automaticamente são períodos assim, bastante formativos, onde a informação aparece, mas aparece também, muito mais forte, a questão da formação, quer dizer, formação e informação acabam caminhando juntas. E à medida que a criança vai crescendo, vai se tornando mais autônoma, adolescente e até chegar à vida adulta, a questão da informação ela já consegue buscar sozinha, mas precisa ter respaldo da formação que ficou lá atrás, que teria que ter acontecido na educação infantil e de 1ª a 4ª. (RAZOUK, 2004).

Confirma-se, então, um fato, a escola apresenta a 5ª série como uma continuidade

do processo educativo, entretanto, na prática pedagógica ela se constitui como o começo de

uma nova fase.

Segundo ESCHILETTI PRATI & ELZIRIK, ao abordarem o tema a partir da

investigação da subjetividade da diversidade de práticas que surgem na passagem da 4ª

para a 5ª série do Ensino Fundamental em duas turmas de quarta série e três turmas de

quinta série em duas escolas públicas da rede estadual de ensino em Porto Alegre, tratam a

época como sendo um momento emblemático que envolve mudanças principalmente nas

funções que pais, professores e alunos assumem, mesmo quando a instituição permanece a

mesma, precisando encontrar outras formas de conviver.

Ao entrar na 5ª série, o espaço escolar assume vários significados. A troca de

períodos, os pais não sendo os responsáveis pelo aproveitamento dos filhos e,

consequentemente uma maior apropriação do processo de aprendizagem pelos alunos são

algumas das alterações que compõem esse momento escolar. Tais mudanças se refletem

nas práticas, compondo novas exigências e novos desafios. A 5ª série não é

necessariamente uma série mais difícil, mas uma série na qual os alunos e pais são

desafiados a corresponderem com expectativas diferentes. O convívio entre alunos e

professores com formação específica gera um campo de estranhamento e criação que logo

é compreendido e vivenciado pelos personagens da passagem como um campo de desafio

e crescimento, (SCHILETTI PRATI &ELZIRIK, 2006. p 297).

No entanto, para que ocorra a construção dos conhecimentos, é necessária uma

organização escolar adequada, cumpridora de suas funções educativas e socializadoras,

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além da preparação do jovem para a complexidade da vida moderna e sua inserção no

mundo do trabalho.

A educação escolar tem a tarefa de promover a apropriação de saberes, procedimentos, atitudes e valores por parte dos alunos, pela ação mediadora dos professores e pela organização e gestão da escola. A principal função social e pedagógica da escola é a de assegurar o desenvolvimento das capacidades cognitivas, operativas, sociais e morais pelo seu empenho na dinamização do currículo, no desenvolvimento dos processos do pensar, na formação da cidadania participativa e na formação ética. Para isso, faz-se necessário superar as formas conservadoras de organização e gestão, adotando formas alternativas, criativas, de modo que aos objetivos sociais e políticos correspondam estratégias adequadas e eficazes de organização e gestão. (LIBÂNEO, 2004, p.137).

Acreditamos que a escola é lugar de compartilhamento de valores e de

aprendizagens, de desenvolver capacidades intelectuais, sociais, afetivas, éticas, estéticas,

dentre outras, mas, principalmente, desenvolver atitudes e valores para uma

atuação/participação mais consciente, ética e ativa na sociedade a qual pertence.

PAROLIN (2005, p.74) acrescenta que:

A escola tem papel importante e singular na construção do sujeito, papel, aliás, que tem aumentado significativamente ao longo dos tempos, já que cada vez mais crianças ficam mais tempo na escola aos cuidados dos professores. A escola é parceira na família na construção do cidadão, pois é ela a instituição que tem a peculiaridade de ser fortemente socializadora, tanto do conhecimento quanto das experiências e entre pessoas.

A instituição de ensino terá que ter um projeto de escola definido por toda a

comunidade escolar com a finalidade de desenvolver nos alunos competências básicas e

transmitir conhecimentos relevantes para a sua formação social e cultural. De acordo com a

Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 (LDB). O art. 12, inciso I, dispõe que “cabe ao

estabelecimento de ensino elaborar e executar sua proposta pedagógica”, bem como no

Art.13, inciso I que, “os docentes incumbir-se-ão de participar na elaboração da proposta

pedagógica do estabelecimento de ensino”.

Como se denomina esse projeto? Projeto educativo, projeto político pedagógico,

projeto pedagógico curricular, projeto curricular, plano de escola? Não há uma denominação

que tenha unanimidade entre os educadores. A rigor, o que importa é o processo de ação

reflexão ação que instaura na escola envolvendo todos os seus integrantes.

Quando se fala de educação não se pode deixar de incluir o professor que será o

desencadeador de toda a ação pedagógica na sala de aula. Na LDB /9394/96, TÍTULO VI,

DOS PROFISSIOANAIS DA EDUCAÇÃO, do Art.61 ao Art.67, a Lei normatiza sobre a

formação dos docentes para atuarem na Educação Básica de qualidade, atendendo aos

objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e as características de cada fase do

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desenvolvimento do educando, tendo como fundamentos a associação entre teorias e

práticas, inclusive mediante capacitação em serviço e aproveitamento da formação e

experiências anteriores para o melhor desempenho profissional.

Percebe-se, assim, a preocupação da Lei com a qualidade da atuação dos

profissionais que estão vinculados às escolas. Há uma lei, uma escola, um Projeto Político

Pedagógico e profissionais supostamente preparados... E o que ensinar na escola para que

realmente se efetive toda a ação pedagógica e o aluno alcance o sucesso proposto,

principalmente na fase de transição/passagem da 4ª para a 5ª série do Ensino

Fundamental? Quais os conhecimentos trazidos por esses alunos para a 5ª série? Quais os

efeitos das práticas que constituem os sujeitos na passagem da 4ª para a 5ª série do Ensino

Fundamental?

A ESCOLA E O FAZER PEDAGÓGICO

Na história da humanidade o domínio da cultura não se faz repentinamente e a

escola, afinal, é responsável por grande parte da aprendizagem do ser humano, ou seja,

através da aprendizagem o sujeito é inserido de forma mais organizada no mundo cultural e

simbólico que o incorpora à sociedade.

Acreditamos que a escola é lugar de compartilhamento de valores e de

aprendizagens, de desenvolver capacidades intelectuais, sociais, afetivas, éticas, estéticas,

dentre outras mas, principalmente, lugar em que se desenvolve atitudes e valores para uma

atuação/participação mais consciente, ética e ativa na sociedade a qual pertence.

PAROLIN (2005, p.74), acrescenta que:

A escola tem papel importante e singular na construção do sujeito, papel, aliás, que tem aumentado significativamente ao longo dos tempos, já que cada vez mais crianças ficam mais tempo na escola aos cuidados dos professores. A escola é parceira da família na construção do cidadão, pois é ela a instituição que tem a peculiaridade de ser fortemente socializadora, tanto do conhecimento quanto das experiências e entre pessoas.

Uma das possibilidades para que estas práticas se efetivem de fato é “a construção

de um projeto de escola elaborado por toda a comunidade escolar”, segundo LIBÂNEO

(2004, p.161).

No Colégio Estadual “Trajano Grácia”, onde atuo, utiliza-se a denominação Projeto

Político Pedagógico ao documento que detalha objetivos, diretrizes e ações do processo

educativo a ser desenvolvido na escola e que se constitui numa proposta de construção

coletiva. Nele estão definidas as finalidades e necessidades dos alunos, professores,

funcionários e comunidade escolar, como um todo, dentro de um contexto próprio.

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Conforme LIBÂNEO (2004, P.160), “O Projeto, numa perspectiva progressista, é o

meio pelo qual os agentes diretos da escola tornam-se sujeitos históricos, isto é, sujeitos

capazes de intervir conscientemente e coletivamente nos objetivos e nas práticas de sua

escola, na produção social do futuro da escola, da comunidade e da sociedade”. Assim,

pode-se dizer que a construção do Projeto Político Pedagógico é tarefa instigadora e

exercício desafiante da construção coletiva, o que evidentemente não é uma tarefa das mais

simples, pois requer tempo, implica avanços e retrocessos, erros e acertos, um desafiante

exercício democrático da construção coletiva e toda a comunidade escolar precisa aprender

a praticar.

Ainda, conforme o professor LIBÂNEO, 2004, p.160 “a autonomia fortalece as

escolas, acentua o espírito de equipe, envolvendo os professores e demais educadores na

responsabilidade em assumir um papel na organização do trabalho escolar não apenas de

sala de aula, mas da escola como um todo”.

Para VEIGA (2004, p.13):

O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é também um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico. Com interesses reais e coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade.

Sendo assim, o político e o pedagógico são indissociáveis, de maneira que o

projeto político pedagógico deve ser considerado um processo de constante discussão e

reflexão dos problemas vivenciados pelas instituições de ensino, além de possibilitar a

busca de alternativas para efetivar a sua real intenção.

O art. 26 da LDB 9394/96, dispõe que: “os currículos para o Ensino Fundamental e

Médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de

ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características

regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.” Destacando que

currículo é o conjunto de disciplinas de um curso, a projeção e desdobramento do projeto

pedagógico aplicado na sala de aula em forma de conteúdos escolares e estabelecidas as

diretrizes que deverão “orientar os conteúdos curriculares da educação básica que envolve:

valores, direitos e deveres e orientação para o trabalho”, bem como sugere “flexibilização

dos conteúdos na medida em que se admite a incorporação de disciplinas que podem ser

escolhidas levando em conta o contexto local”, isto é, um currículo apropriado às reais

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necessidades e interesses dos alunos. Ainda, conforme a mencionada Lei, no art.13, inciso

II, considera que o planejamento das atividades escolares é essencial e de competência do

professor e que deve estar de acordo com o Projeto Político Pedagógico do estabelecimento

de ensino; realizado para equilibrar os meios e fins e melhorar o funcionamento da escola. O

planejamento não ocorre em um só momento do ano, mas deverá ser avaliado e

implementado sempre que houver necessidade, com base nas dificuldades apresentadas

pelos alunos em suas atividades diárias, como consta na LDB no Art. 24, inciso 24, “a

avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos

qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de

eventuais provas finais”.

Contudo, o planejamento não se reduz a um mero facilitador do trabalho em sala de

aula, ou somente uma atividade burocrática que se limite ao preenchimento de formulários

para serem entregues na secretaria como cumprimento a uma exigência. Necessita ser

planejado e vivenciado no cotidiano escolar como processo de reflexão buscando sempre o

melhoramento das práticas escolares em favor do aluno que apresenta dificuldades de

aprendizagem e do combate à evasão e reprovação que é uma constante na 5ª série das

escolas de Ensino Fundamental conforme dados já citados anteriormente neste trabalho.

O ALUNO E A TRANSIÇÃO

Com a intenção de compreender por que a transição da 4ª para a 5ª série é

apresentada pela literatura como “um momento de dificuldades, não alegrias, e fragilidade

no desempenho escolar” (RANGEL, 2001, p.64), tentou capturar os elementos que aí se

articulam em sua pesquisa da prática docente na perspectiva da transição unidocência para

a pluridocência a fim de se construir um referencial teórico capaz de contribuir para

minimizar, tanto para o professor como para o aluno os conflitos desse momento escolar.

Dias-da-Silva (1997), em sua pesquisa sobre a passagem da 4ª para 5ª série, diz

que é muito comum o argumento recorrente sobre a alteração do número de professores,

bem como a fragmentação entre as disciplinas, quando se discute o fracasso escolar nesta

série. Isso porque, segundo essa autora, por trás do número de professores está embutida a

diversidade de ações pedagógicas que realizam em sala de aula e a mudança de

unidocência para a plurodocência em si é um aspecto que requer do aluno uma adaptação

mais ou menos imediata, já que a cada cinqüenta minutos, um novo professor com

personalidade distinta, com matérias diferentes e heterogeneidade didática adentrará na

sala de aula, levando os alunos a freqüentes e inevitáveis comparações.

A dinâmica da 5ª série, segundo DIAS-DA-SILVA (1997), requer dos professores

uma postura didática diferente daquela da professora da 4ª série. Os professores entram e

saem das classes e turmas diferentes, dão suas aulas, cumprem seus programas e, na

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maioria das vezes, não lhes sobra tempo para sequer saber o nome de todos os alunos

durante o ano. O que não acontece com a professora de 4ª série, visto que neste caso, a

flexibilidade de seu horário de trabalho favorece uma rotina de aula mais próxima da turma,

as trocas afetivas são constantes através de muito diálogo com os alunos, garantidas pelo

maior tempo de permanência em sala de aula, nas correções dos cadernos de tarefas, na

apresentação das atividades de classe.

No início do ano letivo é muito comum os alunos da 5ª série sentirem certo

saudosismo da série anterior e principalmente da professora, embora se trate “apenas de

uma passagem”, como é visto pela escola. Os alunos esperam encontrar professores que os

tratem com individualidade e que possibilitem o estabelecimento de relações de afetividade

e empatia, facilitando, assim, sua adaptação à nova realidade para ele desconhecida, como

horários, disciplinas, material a ser trazido para a escola, provas, vários professores, entre

outros aspectos relevantes.

Essa transição representa uma ruptura na vida do aluno e refletirá no seu dia a dia

e possivelmente nas séries restantes do Ensino Fundamental e, por isso, justifica-se um

olhar mais atento sobre seu cotidiano escolar.

H) ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

Este trabalho será desenvolvido com os professores da 5ª série A do C.E.Trajano

Grácia, Ensino Fundamental e Médio.

Teve início com uma revisão documental bibliográfica, relacionada à temática em

questão para aprofundamento do tema abordado e culminará na construção de um Caderno

Temático para professores de 5ª série e que, posteriormente, será apresentado para leitura

e debate na Semana Pedagógica e em encontros do Grupo de Estudo. Após o

conhecimento adquirido, o conteúdo do Caderno Temático poderá ser aplicado na ação

pedagógica dos professores envolvidos com a série em destaque.

Trabalhar-se-á, também, no Grupo de Trabalho em Rede (GTR) com temas

voltados ao objeto de estudo.

Após a intervenção pedagógica será elaborado um artigo final onde estarão

sistematizadas as experiências e as considerações finais.

I) ETAPAS

As etapas de trabalho serão realizadas dentro dos seguintes períodos:

1º Período – de 11/08/2010 a 22/12/2010

2º Período – de 28/02/2011 a 30/07/2011

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3º Período – de 01/08/2011 a 22/12/2011

4º Período - de 02/2012 a 30/07/2012

J) CRONOGRAMA

Atividades 1ºPeríodo 2ºPeríodo 3ºPeríodo 4ºPeríodo

Revisão Bibliográfica. X X

Orientação X X X X

Elaboração do Projeto de Intervenção

X X

Apresentação do projeto na escola

X X

Tutoria do GTR X X

Produção didático- Pedagógica

X X

Entrega da produção didático-pedagógica

X

Intervenção pedagógica na escola

X

Elaboração do artigo científico

X

Entrega do artigo X

K) REFERÊNCIAS

BARBOSA, Aparecida Reis (20008) A Relação Estado/Município na passagem da 4ª para a 5ª série em Curitiba. Dissertação de Mestrado. UFPR – Educação. Curitiba/PR

BRASIL. LDB 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. MEC. Brasília.

DIAS-DA-SILVA, M.H.G.F. PASSAGEM SEM RITO: AS 5ª SÉRIES E SEUS PROFESSORES. Campinas: Papirus, Série Pedagógica, 1997.

ESCHILETTI PRATI, Laíssa. ELZIRIK, Marisa Faermann (2006) Da diversidade na passagem para a 5ª série do ensino fundamental. Estudos de Psicologia Campinas, 23 (3) – 289-298. Julho – setembro, 2006. Disponível em http://pepsic.bvs-psi.org.br/pdf/v23n3/v23n3a08.pdf

HAUSER, S.D.R. A transição da 4ª para a 5ª série do Ensino Fundamental: uma revisão bibliográfica (1987-2004). Dissertação de Mestrado em Psicologia da Educação no Stricto Sensu da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. PUC – SP, 2007.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola. Teoria e Prática. 5ª ed. Goiânia, Editora Alternativa, 2004.

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PADILHA, P. R. Planejamento dialógico: Como construir o projeto político pedagógico da escola. São Paulo: Cortez, Instituto Paulo Freire, 2001.

PAROLIN, Isabel. Professores formadores: a relação entre a família, a escola e a aprendizagem. 1ª ed. Curitiba: Positivo, 2005.

RANGEL, Z.A. O processo de transição da unidocência para a pluridocência em classes de quarta para a quinta série do ensino fundamental: olhando a realidade e apontando caminhos. Dissertação de mestrado, Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2001.

RAZOUK JÚNIOR, Joseph. A síndrome da 5ª série. Disponível em <www.educacional.com.br/articulistas>.

REVISTA ESCOLA, Novidade na série. Dezembro de 2009, Editora Abril, Edição 228 http://revistaescola.abril.com.br.

VASCONCELLOS, C.S. Planejamento: plano de ensino – aprendizagem e Projeto Educativo. São Paulo, Libertad, 1995.

VEIGA, Ilma Passos A. (org) Projeto Político-Pedagógico da Escola: Uma construção possível. Campinas: SP. Papirus, 2004.

ATIVIDADE Nº 2

De acordo com a leitura de apresentação do projeto no Grupo de Estudos, para

análise e discussão da importância da aplicação do mesmo na Intervenção

Pedagógica da escola, será proposto algumas reflexões para futuros

encaminhamentos.

a) Como esse projeto poderá ajudar o aluno em suas dificuldades, nessa fase de

transição, a ser percebido pelos professores e os demais envolvidos no trabalho

pedagogico?

b) É possível torná-lo visível perante a comunidade escolar?

c) Vocês gostariam de acrecentar algo mais neste trabalho para ser refletido ao

longo da Intervenção Pedagógica?

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UNIDADE II

TEMA: O ENSINO FUNDAMENTAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA

“Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina ensina alguma coisa a alguém”. (Paulo Freire, 1996)

Neste encontro será apresentada aos cursistas as Diretrizes Curriculares do

Ensino Fundamental para leitura e discussão quanto à efetivação da mesma em sala

de aula.

O Ensino Fundamental, segunda etapa da Educação Básica, tem sua

obrigatoriedade garantida desde a década de 1970 com a edição da Lei 5692/71

(Art.20) que já indicava a obrigatoriedade da oferta de ensino do 1º Grau, assim

denominado, para todos os cidadãos dos sete aos quatorze anos num continuum de

oito anos. Dessa forma, ficaram extintas as denominações “primário” e “ginásio”,

bem como o “diploma” do Curso Primário e o Exame de Admissão ao Ginásio usado

até então como instrumento de seleção para a continuidade dos estudos a partir da

4ª série, uma vez que o número de vagas disponível na escola pública era

infinitamente menor do que as do curso “primário” público e constata-se também

que as escolas particulares tiveram papel importante na educação por oferecer uma

alternativa de acesso a essa etapa escolar (Barbosa, 2008). Nesta Lei também,

sugeria-se um ensino sem fronteiras, sem dicotomia entre as duas etapas do ensino

de 1º grau.

O Parecer do CNE/CEB nº. 04/1998 normatiza as Diretrizes Curriculares

para o Ensino Fundamental e a resolução CNE/CEB nº. 02/1998 institui as Diretrizes

e Bases do Ensino Fundamental para todo o território nacional. É de fundamental

importância destacar que o Ensino Fundamental embora se apresente com

características próprias e distintas nas suas etapas iniciais e finais se constitui numa

única etapa de ensino que deve dar ao cidadão o “pleno domínio da leitura, da

escrita, do cálculo, da compreensão do ambiente natural, sistema político, da

tecnologia, das artes.” (LDB Art.32). Ainda no mesmo artigo, nos Incisos I, II, III, e IV,

diz que “o seu objetivo é a formação básica do cidadão”.

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Com a universalização da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino

Fundamental e Ensino Médio), expressa desde 1996, na Lei de Diretrizes e Bases

da Educação nº. 9394/96 ficou garantida a gratuidade e a obrigatoriedade do Ensino

Fundamental em seu art. 4º. Inciso II.

É indicação do Ministério da Educação, através da Lei 11.114/2005, a

inclusão de mais um ano de escolarização no Ensino Fundamental, passando para

nove anos sua duração, transformando o último ano da Educação Infantil no 1º ano

do Ensino Fundamental (séries iniciais) ficando a cargo dos Municípios a sua

gestão, e os últimos quatro anos (séries finais) sob a responsabilidade da Rede

Estadual de Ensino no modelo de colaboração, explicitado também na atual LDB,

sendo que no Paraná a particularidade do modelo de municipalização se constitui

em uma política de Estado desde 1970.

Barbosa (2008) ressalta que esse modelo de municipalização cria duas

redes distintas, articuladas apenas por critérios técnicos e com medidas de

enfrentamento unilaterais, longe de dar ao Ensino Fundamental uma unidade como

sistema. Por isso, as alternativas acabam por expressar um caráter localista,

fragmentado e unilateral, Indicando a necessidade da construção de políticas

educacionais articuladoras na passagem da 4ª para a 5ª série, uma vez que são

formatadas em duas redes distintas, bem como se materializa no binômio

municipalização/estadualização do Ensino Fundamental.

A atual passagem da 4ª para a 5ª série indica também, a transição da Rede

Estadual para a Municipal de Ensino no campo financeiro-administrativo e no

aspecto técnico-formal, havendo uma ruptura das políticas educacionais e dos

processos pedagógicos nas duas redes distintas com programas e currículos

também diferenciados, deixando o Ensino Fundamental separado em dois blocos,

com medidas políticas pedagógicas unilaterais, dificultando o trabalho pedagógico

no interior da escola.

Considerando a especificidade do ensino fundamental e as características próprias das duas fases que o constituem, valeria a pena recorrer a idéia de unidade na diversidade. Categoria esta que encerra o conceito de totalidade desta etapa da educação básica, como síntese de múltiplas determinações. Nesse sentido, a idéia de unidade se distingue radicalmente da idéia de único, uniforme, é antes de tudo uma unidade, na diversidade, por isso indissolúvel do ponto de vista da totalidade; assim, impõe a necessidade de ações coordenadas, visando aos objetivos comuns. (BARBOSA, 2008, p. 128-129).

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Barbosa (2008) reforça a necessidade de construir uma unidade

pedagógica, destacando a importância desta fase de vida do aluno. Os professores

de 1ª a 4ª séries e os de 5ª a 8ª séries não executam um trabalho pedagógico

integrado por causa da formação acadêmica de cada disciplina, tornando as práticas

docentes bem distintas. A rede educacional forma professores para as séries

iniciais, para a 4ª série, professores alfabetizadores, mas não existem professores

de 5ª série e sim, professores de 5ª à 8ª série, isto é, professores de história,

geografia, português, ciências... e de outras disciplinas. Nas séries iniciais os

professores podem escolher (em sua grande maioria) sua série de preferência e o

mais freqüente é passar boa parte de suas carreiras lecionando por opção para uma

única série, enquanto nas séries finais os professores passam toda a sua vida

profissional dando aulas para 5ª, 6ª, 7ª, 8ª e Ensino Médio, somente na disciplina de

sua formação e concurso.

O ingresso no Ensino Fundamental marca, definitivamente, o vínculo com a

vida estudantil. Mais do que aprender determinados conteúdos e conceitos, o aluno

enfrenta o desafio de se adaptar à vida e à dinâmica de estudo, colocando-se

disponível ao conhecimento. Importante destacar que, ao longo dos anos de

escolaridade, muitas crianças que ingressaram nas séries iniciais, curiosas,

interessadas e com muita expectativa de aprendizado, ao fazerem a passagem para

a 5ª série aos 11 anos de idade, tem sua vida marcada por interferências que

acabam por redimensionar sua vida estudantil e as perspectivas pessoais.

A partir da segunda série, as crianças percebem a “escola novidade”, como

afirma Collelo (1997, p.2):

A concepção da “escola novidade”, vista em bloco como um bem em si mesma, vai sofrendo alterações, obrigando a criança criar vínculos com as diferentes atividades escolares, em uma dinâmica de trabalho que, seja pela natureza, seja pela diretividade com que é conduzida, difere das práticas da Educação Infantil. Mais cedo ou mais tarde, a criança descobre que os períodos de recreação diminuíram, assim como a flexibilidade da rotina em sala de aula. Descobre também que a busca do conhecimento tem o seu preço, impondo formas de trabalho nem sempre lúdicas e prazerosas. (COLELLO, 1997, p.2)

A consideração desse primeiro período sugere a necessidade de uma

intervenção educativa capaz de minimizar o ainda inevitável choque na passagem

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da educação Infantil para o Ensino Fundamental. E nos anos seguintes, Colello

reafirma:

Para os alunos de terceira e quarta séries, (9 a 10 anos), a escola consagra-se como aspecto central da vida, em uma crescente tomada de consciência de si em face das atividades, dos conteúdos e dos companheiros. Nesse período, o aluno já é capaz de perceber os desafios da aprendizagem, a partir de suas facilidades e dificuldades. O comportamento dos outros (colegas e professores) funciona como o reconhecimento do “status” da criança na escola, um importante “feed back” que situa o sujeito no contexto escolar, determinando, em grande parte, suas possibilidades de aprendizagem, sucesso e realização. (COLELLO, 1997, p.3)

É importante destacar que ao longo dos anos de escolaridade muitas

crianças que ingressaram nas séries iniciais curiosas, interessadas e com muita

expectativa de aprendizado, ao fazerem a passagem para a 5ª série aos 11 anos de

idade, sofrem grandes mudanças e um novo redimensionamento para sua vida,

estudantil e perspectivas pessoais.

No plano escolar, a nova conformação do funcionamento institucional exige

do sujeito a consolidação da autonomia estudantil já anunciada em anos anteriores.

Contudo, a despeito das crescentes exigências escolares, o aluno projeta-se

progressivamente para fora das “instâncias estritamente pedagógicas tal é a força

dos focos de desenvolvimento, o impacto das recentes descobertas e o conflito de

sentimentos ai envolvidos. Os processos de luto gerados pelas sucessivas perdas (o

“status” de criança, os brinquedos e fantasias, o crescente interesse por temas não

considerados pela escola, a busca de identidade, o desejo de responder a perguntas

como “quem sou” e “o que quero” são, segundo Oliveira e Chakur (in Collelo,1997,

p.3) elementos desestruturantes da pessoa que se configura simultaneamente como

elementos constituintes do amadurecimento e inserção na vida adulta

Nesse sentido, há que se repensar toda a prática pedagógica para estes

alunos em sua passagem de 4ª para a 5ª série, uma vez que, historicamente, a 5ª

série vem sendo apontada como um dos momentos mais difíceis de transição no

Ensino Fundamental, simbolizando a ruptura entre o antigo “primário e ginásio” e

centralizando as maiores dificuldades para seus professores.

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ATIVIDADE Nº 1

Serão realizados recortes para leitura e dicussão da Diretriz Curricular do

Ensino Fundamental e em seguida será proposto reflexões para futuros

encaminhamentos da Proposta Pedagógica Curricular dos professores envolvidos

neste Grupo de Estudo.

CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA

Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental

PARECER CEB, aprovado em 29/1/98 (Processo 23001.000062/98-76)

I - RELATÓRIO

Introdução

A nação brasileira através de suas instituições, e no âmbito de seus entes

federativos vem assumindo, vigorosamente, responsabilidades crescentes para que

a Educação Básica demanda primeira das sociedades democráticas, seja prioridade

nacional como garantia inalienável do exercício da cidadania plena.

A conquista da cidadania plena, fruto de direitos e deveres reconhecidos na

Constituição Federal depende, portanto, da Educação Básica, constituída pela

Educação Infantil, Fundamental e Média, como exposto em seu Artigo 6º.

Reconhecendo previamente a importância da Educação Escolar para além

do Ensino Fundamental, a Lei Maior consigna a progressiva universalização do

Ensino Médio (Constituição Federal, art. 208, II), e a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (Lei 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996), afirma a progressiva

extensão da obrigatoriedade e gratuidade do mesmo.

Assim, a Educação Fundamental, segunda etapa da Educação Básica, além

de co-participar desta dinâmica é indispensável para a nação. E o é de tal maneira

que o direito a ela, do qual todos são titulares (direito subjetivo), é um dever, um

dever de Estado (direito público). Daí porque o Poder Público é investido de

autoridade para impô-la como obrigatória a todos e a cada um.

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Por isto o indivíduo não pode renunciar a este serviço e o poder público que

o ignore será responsabilizado, segundo o art. 208, §2º da CF.

A magnitude da importância da Educação é assim reconhecida por envolver

todas as dimensões do ser humano: o singulus, o civis, o socius ou seja, a pessoa

em suas relações individuais, civís e sociais.

O exercício do direito à Educação Fundamental supõe, também todo o

exposto no art. 3º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no qual os

princípios da igualdade, da liberdade, do reconhecimento do pluralismo de idéias e

concepções pedagógicas, da convivência entre instituições públicas e privadas

estão consagrados. Ainda neste art. 3º, as bases para que estes princípios se

realizem estão estabelecidas na proposição da valorização dos professores e da

gestão democrática do ensino público com garantia de padrão de qualidade.

Ao valorizar a experiência extra-escolar dos alunos e propor a vinculação

entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais, a LDB é consequente

com os arts. 205 e 206 da Constituição Federal, que baseiam o fim maior da

educação no pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Nestas perspectivas, tanto a Educação Infantil, da qual trata a LDB, arts. 29

a 31, quanto a Educação Especial, arts. 58 a 60, devem ser consideradas no âmbito

da definição das Diretrizes Curriculares Nacionais, guardadas as especificidades de

seus campos de ação e as exigências impostas pela natureza de sua ação

pedagógica.

Um dos aspectos mais marcantes da nova LDB é o de reafirmar, na prática,

o caráter de República Federativa, por colaboração.

Desta forma, a flexibilidade na aplicação de seus princípios e bases, de

acordo com a diversidade de contextos regionais, está presente no corpo da lei,

pressupondo, no entanto, intensa e profunda ação dos sistemas em nível Federal,

Estadual e Municipal para que, de forma solidária e integrada possam executar uma

política educacional coerente com a demanda e os direitos de alunos e professores.

Antecedentes das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino

Fundamental

O art. 9º, inciso IV, da LDB assinala ser incumbência da União:...

"estabelecer, em colaboração com os Estados, Distrito Federal e os Municípios,

competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino

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médio, que nortearão os currículos e os seus conteúdos mínimos, de modo a

assegurar a formação básica comum".

Logo, os currículos e seus conteúdos mínimos (art. 210 da CF/88),

propostos pelo MEC (art. 9º da LDB), terão seu norte estabelecido através de

diretrizes. Estas terão como foro de deliberação a Câmara de Educação Básica do

Conselho Nacional de Educação (art. 9º, § 1º, alínea "c" da Lei nº 9.131, de 24 de

novembro de 1995).

Dentro da opção cooperativa que marcou o federalismo no Brasil, após a

Constituição de 1988, a proposição das diretrizes será feita em colaboração com os

outros entes federativos (LDB, art. 9º).

Ora, a federação brasileira, baseada na noção de colaboração, supõe um

trabalho conjunto no interior do qual os parceiros buscam, pelo consenso, pelo

respeito aos campos específicos de atribuições, tanto metas comuns como os meios

mais adequados para as finalidades maiores da Educação Nacional. Esta noção

implica, então, o despojamento de respostas e caminhos previamente prontos e

fechados, responsabilizando as Secretarias e os Conselhos Estaduais do Distrito

Federal e Municipais de Educação, pela definição de prazos e procedimentos que

favoreçam a transição de políticas educacionais ainda vigentes, encaminhando

mudanças e aperfeiçoamentos, respaldados na Lei 9394/96, de forma a não

provocar rupturas e retrocessos, mas a construir caminhos que propiciem uma

travessia fecunda.

Desta forma, cabe à Câmara de Educação Básica do CNE exercer a sua

função deliberativa sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais, reservando-se aos

entes federativos e às próprias unidades escolares, de acordo com a Constituição

Federal e a LDB, a tarefa que lhes compete em termos de implementações

curriculares.

Tal compromisso da Câmara pressupõe, portanto, que suas "funções

normativas e de supervisão" (Lei 9131/95), apoiem o princípio da definição de

Diretrizes Curriculares Nacionais, reconhecendo a flexibilidade na articulação entre

União, Distrito Federal, Estados e Municípios como um dos principais mecanismos

da nova LDB. No entanto, a flexibilidade por ela propiciada não pode ser reduzida a

um instrumento de ocultação da precariedade ainda existente em muitos segmentos

dos sistemas educacionais. Assim flexibilidade e descentralização de ações devem

ser sinônimos de responsabilidades compartilhadas em todos os níveis.

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Ao definir as Diretrizes Curriculares Nacionais, a Câmara de Educação

Básica do CNE inicia o processo de articulação com Estados e Municípios, através

de suas próprias propostas curriculares, definindo ainda um paradigma curricular

para o Ensino Fundamental, que integra a Base Nacional Comum, complementada

por uma Parte Diversificada (LDB, art. 26), a ser concretizada na proposta

pedagógica de cada unidade escolar do País.

Em bem lançado Parecer do ilustre Conselheiro Ulysses de Oliveira

Panisset, o de nº 05/97 da CEB, aprovado em 07/05/97 e homologado no DOU de

16/95/97, é explicitada a importância atribuída às escolas dos sistemas do ensino

brasileiro, quando, a partir de suas próprias propostas pedagógicas, definem seus

calendários e formas de funcionamento, e, por conseqüência, seus regimentos tal

como disposto na LDB, arts. 23 a 28.

As propostas pedagógicas e os regimentos das unidades escolares devem,

no entanto, observar as Diretrizes Curriculares Nacionais e os demais dispositivos

legais.

Desta forma, ao definir suas propostas pedagógicas e seus regimentos, as

escolas estarão compartilhando princípios de responsabilidade, num contexto de

flexibilidade teórico/metodológica de ações pedagógicas, em que o planejamento, o

desenvolvimento e a avaliação dos processos educacionais revelem sua qualidade e

respeito à equidade de direitos e deveres de alunos e professores.

Ao elaborar e iniciar a divulgação dos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN), o Ministério da Educação propõe um norteamento educacional às escolas

brasileiras, "a fim de garantir que, respeitadas as diversidades culturais, regionais,

étnicas, religiosas e políticas que atravessam uma sociedade múltipla, estratificada e

complexa, a educação possa atuar, decisivamente, no processo de construção da

cidadania, tendo como meta o ideal de uma crescente igualdade de direitos entre os

cidadãos, baseado nos princípios democráticos. Essa igualdade implica

necessariamente o acesso à totalidade dos bens públicos, entre os quais o conjunto

dos conhecimentos socialmente relevantes".

Entretanto, se os Parâmetros Curriculares Nacionais podem funcionar como

elemento catalisador de ações, na busca de uma melhoria da qualidade da

educação, de modo algum pretendem resolver todos os problemas que afetam a

qualidade do ensino e da aprendizagem.

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A busca da qualidade impõe a necessidade de investimentos em diferentes frentes, como a formação inicial e continuada de professores, uma política de salários dignos e plano de carreira, a qualidade do livro didático, recursos televisivos e de multimídia, a disponibilidade de materiais didáticos. Mas esta qualificação almejada implica colocar, também, no centro do debate, as atividades escolares de ensino e aprendizagem e a questão curricular como de inegável importância para a política educacional da nação brasileira. (PCN, Volume 1, Introdução, pp.13/14).

Além disso, ao instituir e implementar um Sistema de Avaliação da

Educação Básica, o MEC cria um instrumento importante na busca pela eqüidade,

para o sistema escolar brasileiro, o que deverá assegurar a melhoria de condições

para o trabalho de educar com êxito, nos sistemas escolarizados. A análise destes

resultados deve permitir aos Conselhos e Secretarias de Educação a formulação e o

aperfeiçoamento de orientações para a melhoria da qualidade do ensino.

A proposta de avaliação nacional deve propiciar uma correlação direta entre

a Base Nacional Comum para a educação, e a verificação externa do desempenho,

pela qualidade do trabalho de alunos e professores, conforme regula a LDB, Art. 9º.

Os esforços conjuntos e articulados de avaliação dos sistemas de educação,

Federal, Estaduais, Municipais e do Distrito Federal propiciarão condições para o

aperfeiçoamento e o êxito da Educação Fundamental.

Isto acontecerá na medida em que as propostas pedagógicas das escolas

reflitam o projeto de sociedade local, regional e nacional, que se deseja, definido por

cada equipe docente, em colaboração com os usuários e outros membros da

sociedade, que participem dos Conselhos/Escola/Comunidade e Grêmios

Estudantis.

A elaboração deste Parecer, preparatório à Resolução sobre as Diretrizes

Curriculares Nacionais, é fruto do trabalho compartilhado pelos Conselheiros da

Câmara de Educação Básica, e, em particular do conjunto de proposições

doutrinárias, extraídas dos textos elaborados, especialmente, pelos Conselheiros

Carlos Roberto Jamil Cury, Edla Soares, João Monlevade e Regina de Assis.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental

Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjunto de definições doutrinárias

sobre princípios, fundamentos e procedimentos na Educação Básica, expressas pela

Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientarão as

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escolas brasileiras dos sistemas de ensino, na organização, na articulação, no

desenvolvimento e na avaliação de suas propostas pedagógicas.

Para orientar as práticas educacionais em nosso país, respeitando as

variedades curriculares já existentes em Estados e Municípios, ou em processo de

elaboração, a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação

estabelece as seguintes Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental:

I - As escolas deverão estabelecer, como norteadores de suas ações pedagógicas:

a) os Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do

Respeito ao Bem Comum;

b) os Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do exercício da

Criticidade e do respeito à Ordem Democrática;

c) os Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, e da Diversidade de

Manifestações Artísticas e Culturais.

Estes princípios deverão fundamentar as práticas pedagógicas das escolas,

pois será através da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do

Respeito ao Bem Comum, que a Ética fará parte da vida cidadã dos alunos.

Da mesma forma os Direitos e Deveres de Cidadania e o Respeito à Ordem

Democrática, ao orientarem as práticas pedagógicas, introduzirão cada aluno na

vida em sociedade, que busca a justiça, a igualdade, a equidade e a felicidade para

o indivíduo e para todos. O exercício da Criticidade estimulará a dúvida construtiva,

a análise de padrões em que direitos e deveres devam ser considerados, na

formulação de julgamentos.

Viver na sociedade brasileira é fundamentar as práticas pedagógicas, a

partir dos Princípios Estéticos da Sensibilidade, que reconhece nuances e variações

no comportamento humano. Assim como da Criatividade, que estimula a

curiosidade, o espírito inventivo, a disciplina para a pesquisa e o registro de

experiências e descobertas. E, também, da Diversidade de Manifestações Artísticas

e Culturais, reconhecendo a imensa riqueza da nação brasileira em seus modos

próprios de ser, agir e expressar-se.

II- Ao definir suas propostas pedagógicas, as escolas deverão explicitar o

reconhecimento da identidade pessoal de alunos, professores e outros profissionais

e a identidade de cada unidade escolar e de seus respectivos sistemas de ensino.

O reconhecimento de identidades pessoais é uma diretriz para a Educação

Nacional, no sentido do reconhecimento das diversidades e peculiaridades básicas

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relativas ao gênero masculino e feminino, às variedades étnicas, de faixa etária e

regionais e às variações sócio/econômicas, culturais e de condições psicológicas e

físicas, presentes nos alunos de nosso país. Pesquisas têm apontado para

discriminações e exclusões em múltiplos contextos e no interior das escolas, devidas

ao racismo, ao sexismo e a preconceitos originados pelas situações sócio-

econômicas, regionais, culturais e étnicas. Estas situações inaceitáveis têm deixado

graves marcas em nossa população infantil e adolescente, trazendo conseqüências

destrutivas. Reverter este quadro é um dos aspectos mais relevantes desta diretriz.

Estas variedades refletem-se, ainda, na própria Identidade das escolas e sua

relação com as comunidades às quais servem. Assim, desde concepções

arquitetônicas, história da escola, algumas vezes centenária, até questões

relacionadas com calendário escolar e atividades curriculares e extra-curriculares, a

diretriz nacional deve reconhecer essas identidades e suas conseqüências na vida

escolar, garantidos os direitos e deveres prescritos legalmente. Neste sentido, as

propostas pedagógicas e os regimentos escolares devem acolher, com autonomia e

senso de justiça, o princípio da identidade pessoal e coletiva de professores, alunos

e outros profissionais da escola, como definidor de formas de consciência

democrática. Portanto, a proposta pedagógica de cada unidade escolar, ao

contemplar seja os Parâmetros Curriculares Nacionais, seja outras propostas

curriculares, deverá articular o paradigma curricular proposto na Quarta Diretriz ao

projeto de sociedade que se deseja instituir e transformar, a partir do

reconhecimento das identidades pessoais e coletivas do universo considerado.

III - As escolas deverão reconhecer que as aprendizagens são constituídas na

interação entre os processos de conhecimento, linguagem e afetivos, como

conseqüência das relações entre as distintas identidades dos vários participantes do

contexto escolarizado, através de ações inter e intra-subjetivas; as diversas

experiências de vida dos alunos, professores e demais participantes do ambiente

escolar, expressas através de múltiplas formas de diálogo, devem contribuir para a

constituição de identidades afirmativas, persistentes e capazes de protagonizar

ações solidárias e autônomas de constituição de conhecimentos e valores

indispensáveis à vida cidadã.

As evidências de pesquisas e estudos nas áreas de Psicologia,

Antropologia, Sociologia e Linguística, entre outras Ciências Humanas e Sociais,

indicam a necessidade imperiosa de se considerar, no processo educacional, a

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indissociável relação entre conhecimentos, linguagem e afetos, como constituinte

dos atos de ensinar e aprender. Esta relação essencial, expressa através de

múltiplas formas de diálogo, é o fundamento do ato de educar, concretizado nas

relações entre as gerações, seja entre os próprios alunos ou entre eles e seus

professores. Desta forma os diálogos expressos através de múltiplas linguagens

verbais e não verbais, refletem diferentes identidades, capazes de interagir consigo

próprias e com as demais, através da comunicação de suas percepções,

impressões, dúvidas, opiniões e capacidades de entender e interpretar a ciência, as

tecnologias, as artes e os valores éticos, políticos e estéticos.

Grande parte do mau desempenho dos alunos, agravado pelos problemas

da reprovação e da preparação insatisfatória, prévia e em serviço, dos professores,

é devida à insuficiência de diálogos e metodologia de trabalhos diversificados na

sala de aula, que permitam a expressão de níveis diferenciados de compreensão, de

conhecimentos e de valores éticos, políticos e estéticos. Através de múltiplas

interações entre professores/alunos, alunos/alunos, alunos/livros, vídeos, materiais

didáticos e a mídia, desenvolvem-se ações inter e intra-subjetivas, que geram

conhecimentos e valores transformadores e permanentes. Neste caso, a diretriz

nacional proposta, prevê a sensibilização dos sistemas educacionais para

reconhecer e acolher a riqueza da diversidade humana desta nação, valorizando o

diálogo em suas múltiplas manifestações, como forma efetiva de educar, de ensinar

e aprender com êxito, através dos sentidos e significados expressos pelas múltiplas

vozes, nos ambientes escolares.

Por isso ao planejar suas propostas pedagógicas, seja a partir dos PCN´s

seja a partir de outras propostas curriculares, os professores e equipes docentes,

em cada escola, buscarão as correlações entre os conteúdos das áreas de

conhecimento e o universo de valores e modos de vida de seus alunos.

Atenção especial deve ser adotada, ainda, nesta Diretriz, para evitar que as

propostas pedagógicas sejam reducionistas ou excludentes, levando aos excessos

da "escola pobre para os pobres", ou dos grupos étnicos e religiosos apenas para si.

Ao trabalhar a relação inseparável entre conhecimento, linguagem e afetos, as

equipes docentes deverão ter a sensibilidade de integrar estes aspectos do

comportamento humano, discutindo-os e comparando-os numa atitude crítica,

construtiva e solidária, dentro da perspectiva e da riqueza da diversidade da grande

nação brasileira, como previsto no art. 3º, inciso I, da LDB.

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Neste ponto seria esclarecedor explicitar alguns conceitos, para melhor

compreensão do que propomos:

a) Currículo: atualmente este conceito envolve outros três, quais sejam: currículo

formal (planos e propostas pedagógicas), currículo em ação (aquilo que

efetivamente acontece nas salas de aula e nas escolas), currículo oculto (o não dito,

aquilo que tanto alunos, quanto professores trazem carregado de sentidos próprios

criando as formas de relacionamento, poder e convivência nas salas de aula). Neste

texto quando nos referimos a um paradigma curricular estamos nos referindo a uma

forma de organizar princípios Éticos, Políticos e Estéticos que fundamentam a

articulação entre Áreas de Conhecimentos e aspectos da Vida Cidadã.

b) Base Nacional Comum: refere-se ao conjunto de conteúdos mínimos das Áreas

de Conhecimento articulados aos aspectos da Vida Cidadã de acordo com o art. 26.

Por ser a dimensão obrigatória dos curriculos nacionais – certamente âmbito

privilegiado da avaliação nacional do rendimento escolar – a Base Nacional Comum

deve preponderar substancialmente sobre a dimensão diversificada.

É certo que o art. 15 indica um modo de se fazer a travessia, em vista da

autonomia responsável dos estabelecimentos escolares. A autonomia, como objetivo

de uma escola consolidada, saberá resumir em sua proposta pedagógica (art. 12 da

LDB) a integração da Base Nacional Comum e da Parte Diversificada, face às

finalidades da Educação Fundamental.

c) Parte Diversificada: envolve os conteúdos complementares, escolhidos por cada

sistema de ensino e estabelecimentos escolares, integrados à Base Nacional

Comum, de acordo com as características regionais e locais da sociedade, da

cultura, da economia e da clientela, refletindo-se, portanto, na Proposta Pedagógica

de cada Escola, conforme o art. 26.

d) Conteúdos Mínimos das Áreas de Conhecimento: refere-se às noções e conceitos

essenciais sobre fenômenos, processos, sistemas e operações, que contribuem

para a constituição de saberes, conhecimentos, valores e práticas sociais

indispensáveis ao exercício de uma vida de cidadania plena.

Ao utilizar os conteúdos mínimos, já divulgados inicialmente pelos

Parâmetros Curriculares Nacionais, a serem ensinados em cada área de

conhecimento, é indispensável considerar, para cada segmento (Educação Infantil,

1ª. à 4ª. e 5ª. a 8ª. séries), ou ciclos, que aspectos serão contemplados na

intercessão entre as áreas e aspectos relevantes da cidadania, tomando-se em

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conta a identidade da escola e seus alunos, professores e outros profissionais que aí

trabalham.

O espaço destas intercessões é justamente o de criação e recriação de cada

escola, com suas equipes pedagógicas, a cada ano de trabalho.

Assim, a Base Nacional Comum será contemplada em sua integridade, e

complementada e enriquecida pela Parte Diversificada, contextualizará o ensino em

cada situação existente nas escolas brasileiras. Reiteramos que a LDB prevê a

possibilidade de ampliação dos dias e horas de aula, de acordo com as

possibilidades e necessidades das escolas e sistemas.

Embora os Parâmetros Curriculares propostos e encaminhados às escolas

pelo MEC sejam Nacionais, não têm, no entanto, caráter obrigatório, respeitando o

princípio federativo de colaboração nacional. De todo modo, cabe à União, através

do próprio MEC o estabelecimento de conteúdos mínimos para a chamada Base

Nacional Comum (LDB, art. 9º).

IV- Em todas as escolas, deverá ser garantida a igualdade de acesso dos

alunos a uma Base Nacional Comum, de maneira a legitimar a unidade e a

qualidade da ação pedagógica na diversidade nacional; a Base Nacional Comum e

sua Parte Diversificada deverão integrar-se em torno do paradigma curricular, que

visa estabelecer a relação entre a Educação Fundamental com:

a. a Vida Cidadã, através da articulação entre vários dos seus aspectos como:

1. a Saúde;

2. a Sexualidade;

3. a Vida Familiar e Social;

4. o Meio Ambiente;

5. o Trabalho;

6. a Ciência e a Tecnologia;

7. a Cultura;

8. as Linguagens; com,

a. as Áreas de Conhecimento de:

1. Língua Portuguesa;

2. Língua Materna (para populações indígenas e migrantes);

3. Matemática;

4. Ciências;

5. Geografia;

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6. História;

7. Língua Estrangeira;

8. Educação Artística;

9. Educação Física;

10. Educação Religiosa (na forma do art. 33 da LDB).

Assim, esta articulação permitirá que a Base Nacional Comum e a Parte

Diversificada atendam ao direito de alunos e professores terem acesso a conteúdos

mínimos de conhecimentos e valores, facilitando, desta forma, a organização, o

desenvolvimento e a avaliação das propostas pedagógicas das escolas, como

estabelecido nos arts. 23 a 28, 32 e 33, da LDB.

A Educação Religiosa, nos termos da Lei, é uma disciplina obrigatória de

matrícula facultativa no sistema público (art. 33 da LDB).

Considerando que as finalidades e objetivos dos níveis e modalidades de

educação e de ensino da Educação Básica são, segundo o Art. 22 da LDB:

desenvolver o educando;

assegurar-lhe a formação comum indispensável ao exercício da cidadania;

fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.

E, considerando, ainda, que o Ensino Fundamental, ( art. 32), visa à

formação básica do cidadão mediante:

o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o

pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia,

das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade, desenvolvimento da

capacidade de aprendizagem, do fortalecimento dos vínculos de família, dos

laços de solidariedade humana e de tolerância, situados no horizonte da

igualdade, mais se justifica o paradigma curricular apresentado para as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental.

A construção da Base Nacional Comum passa pela constituição dos saberes

integrados à ciência e à tecnologia, criados pela inteligência humana. Por mais

instituinte e ousado, o saber terminará por fundar uma tradição, por criar uma

referência. A nossa relação com o instituído não deve ser, portanto, de querer

destruí-lo ou cristalizá-lo. Sem um olhar sobre o instituído, criamos lacunas,

desfiguramos memórias e identidades, perdemos vínculo com a nossa história,

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quebramos os espelhos que desenham nossas formas. A modernidade, por mais

crítica que tenha sido da tradição, arquitetou-se a partir de referências e paradigmas

seculares. A relação com o passado deve ser cultivada, desde que se exerça uma

compreensão do tempo como algo dinâmico, mas não simplesmente linear e

seqüencial. A articulação do instituído com o instituinte possibilita a ampliação dos

saberes, sem retirá-los da sua historicidade e, no caso do Brasil, de interação entre

nossas diversas etnias, com as raízes africanas, indígenas, européias e orientais.

A produção e a constituição do conhecimento no processo de aprendizagem,

dá muitas vezes, a ilusão de que podemos seguir sozinhos com o saber que

acumulamos. A natureza coletiva do conhecimento termina sendo ocultada ou

dissimulada, negando-se o fazer social. Nada mais significativo e importante, para a

construção da cidadania, do que a compreensão de que a cultura não existiria sem a

socialização das conquistas humanas. O sujeito anônimo é, na verdade, o grande

artesão dos tecidos da história. Além disso, a existência dos saberes associados aos

conhecimentos científicos e tecnológicos nos ajuda a caminhar pelos percursos da

história, mas sua existência não significa que o real é esgotável e transparente.

Por outro lado, costuma-se reduzir a produção e a constituição do

conhecimento no processo de aprendizagem, à dimensão de uma razão objetiva,

desvalorizando-se outros tipos de experiências ou mesmo expressões outras da

sensibilidade.

Assim, o modelo que despreza as possibilidades afetivas, lúdicas e estéticas

de entender o mundo tornou-se hegemônico, submergindo no utilitarismo que

transforma tudo em mercadoria. Em nome da velocidade e do tipo de mercadoria,

criaram-se critérios para eleger valores que devem ser aceitos como indispensáveis

para o desenvolvimento da sociedade. O ponto de encontro tem sido a acumulação

e não a reflexão e a interação, visando à transformação da vida, para melhor. O

núcleo da aprendizagem terminaria sendo apenas a criação de rituais de passagem

e de hierarquia, contrapondo-se, inclusive, à concepção abrangente de educação

explicitada nos arts. 205 e 206, da CF.

No caso, pode-se, também, recorrer ao estabelecido no art. 1º, da LDB

quando reconhece a importância dos processos formativos desenvolvidos nos

movimentos sociais, nos organismos da sociedade civil e nas manifestações

culturais, apontando, portanto, para uma concepção de educação relacionada com a

invenção da cultura; e a cultura é, sobretudo, o território privilegiado dos

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significados. Sem uma interpretação do mundo, não podemos entendê-lo. A

interpretação é uma leitura do pensar, do agir e do sentir dos homens e das

mulheres. Ela é múltipla e revela que a cultura é uma abertura para o infinito, e o

próprio "homem é uma metáfora de si mesmo". A capacidade de interpretar o mundo

amplia-se com a criação contínua de linguagens e a possibilidade crescente de

socializá-las, mas não pode deixar de contemplar a relação entre as pessoas e o

meio ambiente, medida pelo trabalho, espaço fundamental de geração de cultura.

Ora, a instituição de uma Base Nacional Comum com uma Parte

Diversificada, a partir da LDB, supõe um novo paradigma curricular que articule a

Educação Fundamental com a Vida Cidadã.

O significado que atribuímos à Vida Cidadã é o do exercício de direitos e

deveres de pessoas, grupos e instituições na sociedade, que em sinergia, em

movimento cheio de energias que se trocam e se articulam, influem sobre múltiplos

aspectos, podendo assim viver bem e transformar a convivência para melhor.

Assim as escolas com suas propostas pedagógicas, estarão contribuindo

para um projeto de nação, em que aspectos da Vida Cidadã, expressando as

questões relacionadas com a Saúde, a Sexualidade, a Vida Familiar e Social, o Meio

Ambiente, o Trabalho, a Ciência e a Tecnologia, a Cultura e as Linguagens, se

articulem com os conteúdos mínimos das Áreas de Conhecimento.

Menção especial deve ser feita à Educação Infantil, definida nos arts. 29 a

31 da LDB que, dentro de suas especificidades, deverá merecer dos sistemas de

ensino as mesmas atenções que a Educação Fundamental, no que diz respeito às

Diretrizes Curriculares Nacionais. A importância desta etapa da vida humana, ao ser

consagrada na LDB, afirmando os direitos das crianças de 0 aos 6 anos, suas

famílias e educadores, em creches e classes de educação infantil, deve ser acolhida

pelos sistemas de ensino dentro das perspectivas propostas pelas DCN, com as

devidas adequações aos contextos a que se destinam.

Recomendação análoga é feita em relação à Educação Especial, definida e

regida pelos arts. 58 a 60 da LDB, que inequivocamente, consagram os direitos dos

portadores de necessidades especiais de educação, suas famílias e professores. As

DCN dirigem-se também a eles que, em seus diversos contextos educacionais,

deverão ser regidos por seus princípios.

Assim, respeitadas as características regionais e locais da sociedade, da

cultura, da economia e da população servida pelas escolas, todos os alunos terão

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direito de acesso aos mesmos conteúdos de aprendizagem, a partir de paradigma

curricular apresentado dentro de contextos educacionais diversos e específicos.

Esta é uma das diretrizes fundamentais da Educação Nacional.

Dentro do que foi proposto, três observações são especialmente importantes:

a) A busca de definição, nas propostas pedagógicas das escolas, dos conceitos

específicos para cada área de conhecimento, sem desprezar a interdisciplinaridade

e a transdisciplinaridade entre as várias áreas. Neste sentido, as propostas

curriculares dos sistemas e das escolas devem articular fundamentos teóricos que

embasem a relação entre conhecimentos e valores voltados para uma vida cidadã,

em que, como prescrito pela LDB, o ensino fundamental esteja voltado para o

desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno

domínio da leitura, da escrita e do cálculo; compreensão do ambiente natural e

social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se

fundamenta a sociedade, desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,

fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de

tolerância.

Os sistemas de ensino, ao decidir, de maneira autônoma, como organizar e

desenvolver a Parte Diversificada de suas propostas pedagógicas tem uma

oportunidade magnífica de tornarem contextualizadas e próximas, experiências

educacionais consideradas essenciais para seus alunos.

b) A compreensão de que propostas curriculares das escolas e dos sistemas, e das

propostas pedagógicas das escolas, devem integrar bases teóricas que favoreçam a

organização dos conteúdos do paradigma curricular da Base Nacional Comum e sua

Parte Diversificada: Tudo, visando ser conseqüente no planejamento,

desenvolvimento e avaliação das práticas pedagógicas. Quaisquer que sejam as

orientações em relação a organização dos sistemas por séries, ciclos, ou

calendários específicos, é absolutamente necessário ter claro que o processo de

ensinar e aprender só terá êxito quando os objetivos das intenções educacionais

abrangerem estes requisitos.

Assim, para elaborar suas propostas pedagógicas, as Escolas devem examinar,

para posterior escolha, os Parâmetros Curriculares Nacionais e as Propostas

Curriculares de seus Estados e Municípios, buscando definir com clareza a

finalidade de seu trabalho, para a variedade de alunos presentes em suas salas de

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aula. Tópicos regionais e locais muito enriquecerão suas propostas, incluídos na

Parte Diversificada, mas integrando-se à Base Nacional Comum.

c) A cautela em não adotar apenas uma visão teórico-metodológica como a única

resposta para todas as questões pedagógicas. Os professores precisam de um

aprofundamento continuado e de uma atualização constante em relação às

diferentes orientações originárias da Psicologia, Antropologia, Sociologia, Psico e

Sócio-Linguística e outras Ciências Humanas, Sociais e Exatas para evitar os

modismos educacionais, suas frustrações e resultados falaciosos.

O aperfeiçoamento constante dos docentes e a garantia de sua autonomia, ao

conceber e transformar as propostas pedagógicas de cada escola, é que permitirão

a melhoria na qualidade do processo de ensino da Base Nacional Comum e sua

Parte Diversificada.

V – As escolas deverão explicitar, em suas propostas curriculares, processos de

ensino voltados para as relações com sua comunidade local, regional e planetária,

visando à interação entre a Educação Fundamental e a Vida Cidadã; os alunos, ao

aprender os conhecimentos e valores da Base Nacional Comum e da Parte

Diversificada, estarão também constituindo suas identidades como cidadãos em

processo, capazes de ser protagonistas de ações responsáveis, solidárias e

autônomas em relação a si próprios, às suas famílias e às comunidades.

Um dos mais graves problemas da educação em nosso país é sua distância em

relação à vida e a processos sociais transformadores. Um excessivo academicismo

e um anacronismo em relação às transformações existentes no Brasil e no resto do

mundo, de um modo geral, condenaram a Educação Fundamental, nestas últimas

décadas, a um arcaísmo que deprecia a inteligência e a capacidade de alunos e

professores e as características específicas de suas comunidades. Esta diretriz

prevê a responsabilidade dos sistemas educacionais e das unidades escolares em

relação a uma necessária atualização de conhecimentos e valores, dentro de uma

perspectiva crítica, responsável e contextualizada. Esta diretriz está em consonância

especialmente com o Art. 27 da LDB.

Desta forma, através de possíveis projetos educacionais regionais dos sistemas de

ensino, através de cada unidade escolar, transformam-se as Diretrizes Curriculares

Nacionais em currículos específicos e propostas pedagógicas das escolas.

VI - As escolas utilizarão a Parte Diversificada de suas propostas curriculares, para

enriquecer e complementar a Base Nacional Comum, propiciando, de maneira

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específica, a introdução de projetos e atividades do interesse de suas comunidades

(arts. 12 e 13 da LDB)

Uma auspiciosa inovação introduzida pela LDB refere-se ao uso de uma Parte

Diversificada a ser utilizada pelas escolas no desenvolvimento de atividades e

projetos, que as interessem especificamente.

É evidente, no entanto, que as decisões sobre a utilização desse tempo, se façam

pela equipe pedagógica das escolas e das Secretarias de educação, em conexão

com o paradigma curricular que orienta a Base Nacional Comum.

Assim, projetos de pesquisa sobre ecossistemas regionais, por exemplo, ou

atividades artísticas e de trabalho, novas linguagens (como da informática, da

televisão e de vídeo) podem oferecer ricas oportunidades de ampliar e aprofundar os

conhecimentos e valores presentes na Base Nacional Comum.

VII - As Escolas devem, através de suas propostas pedagógicas e de seus

regimentos, em clima de cooperação, proporcionar condições de funcionamento das

estratégias educacionais, do espaço físico, do horário e do calendário escolar, que

possibilitem a adoção, a execução, a avaliação e o aperfeiçoamento das demais

Diretrizes, conforme o exposto na LDB arts 12 a 14.

Para que todas as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental

sejam realizadas com êxito, são indispensáveis o espírito de equipe e as condições

básicas para planejar os usos de espaço e tempo escolar.

Assim, desde a discussão e as ações correlatas sobre interdisciplinaridade e

transdisciplinaridade, decisões sobre sistema seriado ou por ciclos, interação entre

diferentes segmentos no exercício da Base Nacional Comum e Parte Diversificada,

até a relação com o bairro, a comunidade, o estado, o país, a nação e outros países,

serão objeto de um planejamento e de uma avaliação constantes da Escola e de sua

proposta pedagógica.

II - VOTO DA RELATORA

À luz das considerações anteriores, a Relatora vota no sentido de que este conjunto

de Diretrizes Curriculares Nacionais norteiem os rumos da Educação Brasileira,

garantindo direitos e deveres básicos de cidadania, conquistados através da

Educação Fundamental e consagrados naquilo que é primordial e essencial:

aprender com êxito, o que propicia a inclusão numa vida de participação e

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transformação nacional, dentro de um contexto de justiça social, equilíbrio e

felicidade.

Brasília-DF, 29 de janeiro de 1998.

(a) Conselheira Regina Alcântara de Assis - Relatora

III - DECISÃO DA CÂMARA

A Câmara de Educação Básica acompanha o Voto da Relatora.

Sala das Sessões, em 29 de janeiro de 1998.

(aa) Conselheiros Carlos Roberto Jamil Cury - Presidente

Hermengarda Alves Ludke - Vice-Presidente

ATIVIDADE Nº2

Para finalizar esta unidade, será passado recortes de um filme que trata da

história de um menino no ensino fundamental vivenciando as alegrias e descobertas

desta fase de transição, envolvendo-se em muitas confusões.

Recortes do filme: “DIÁRIO DE UM BANANA”

Título Original: Diary of a Wimpy Kid

Gênero: Comédia

Tempo de Duração: 94 min

Ano de Lançamento: 2010

Qualidade: DVDRip – Rmvb

Áudio: Inglês – Legendado(Pt-BR)

Distribuidora: Fox Film

Direção: Thor Freudenthal

Tamanho: 310 mb

Sinopse: Greg Heffley é um garoto metido a esperto, que considera a fase escolar

de ensino fundamental a coisa mais idiota do mundo. Para ele, tudo aquilo é uma

área minada, povoada por crianças estúpidas e sem graça. Para sobreviver a isso,

Greg tenta fazer algo que chame a atenção de todos e receba o reconhecimento que

ele acredita merecer. Por isso registra todos os acontecimentos num diário – que ele

oportunamente chama de jornal.

Curiosidades: Adaptação live-action do romance ilustrado de Jeff Kinney.

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ATIVIDADE Nº3

A partir do texto e do filme, os participantes do Grupo de Estudo terão

algumas questões para serem debatidas:

a) A passagem/transição para uma nova fase de vida causa-nos ansiedade e

preocupação? Por quê?

b) Você percebe algumas dificuldades de aprendizagem, relacionamento

interpessoal, psicológico e emocional dos alunos na transição da 4ª para a 5ª série?

c) Dê a sua opinião ou conte a sua experiência na passagem da Educação

Infantil para o Ensino Fundamental, especialmente da 4ª para a 5ª série, para o

Ensino Médio e depois para a Universidade.

REFERÊNCIAS:

BARBOSA, Aparecida Reis (20008) A Relação Estado/Município na passagem da

4ª para a 5ª série em Curitiba. Dissertação de Mestrado. UFPR – Educação.

Curitiba/PR

BRASIL. LDB 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. MEC. Brasília.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais. MEC, Brasília.

COLELLO, Sílvia de Mattos Gasparian. Educação e Intervenção Escolar. Artigo realizado após sondagem com alunos de 1ª a 5ª sérieª na Escola de Aplicação da FEUSP em 1997. www.hottopos.com/rih4/silvia.htm - Consultado em 15/07/20

PARANÁ – SEED - Diretrizes Curriculares da Educação Básica- 2008

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UNIDADE III

TEMA: A ESCOLA E O FAZER PEDAGÓGICO

“Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo”. (Paulo Freire, 1996)

A escola pública brasileira, segundo o texto de apresentação das Diretrizes

Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná, (SEED-PR. 2008) nas

últimas décadas, passou a atender um número cada vez maior de estudantes

oriundos das classes populares. Ao assumir esta função, que historicamente justifica

a existência da escola pública, intensificou-se a necessidade de discussões

contínuas sobre o papel do ensino básico no projeto de sociedade que se quer para

o país.

Se depender das políticas públicas em vigor, o papel da escola define-se de

forma muito diferenciada. Da perspectiva das teorias críticas da educação, as

primeiras questões que se apresentam são: Quem são os sujeitos da escola

pública? De onde eles vêm? Que referências sociais e culturais trazem para a

escola?

Ainda, nas Diretrizes Curriculares, define-se o sujeito como fruto de seu

tempo histórico, das relações sociais em que está inserido, mas é também um ser

singular, que atua no mundo a partir do modo como o compreende e como dele lhe

é possível participar. Propõe-se assim, uma reorientação na política curricular com o

objetivo de construir uma sociedade justa, onde as oportunidades sejam iguais para

todos.

Devem ter acesso ao conhecimento produzido pela humanidade todos os

sujeitos da Educação Básica, crianças, jovens e adultos em geral oriundos das

classes assalariadas, urbanas e rurais, de diversas regiões e com diferentes origens

étnicas e culturais e que na escola, é veiculado pelos conteúdos curriculares das

disciplinas escolares.

Para Saviani, (1991, p.84), “O povo precisa da escola para ter acesso ao

saber erudito, ao saber sistematizado e, em conseqüência, para expressar de forma

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elaborada os conteúdos da cultura popular que correspondem aos seus interesses.”

Desta forma, a função social da escola é a de promover o acesso aos

conhecimentos socialmente produzidos pela humanidade a fim de possibilitar ao

educando condições de emancipação. A função essencial da escola pública consiste

na socialização do saber sistematizado, indispensável ao exercício da cidadania,

assim como na produção e sistematização de um novo saber, nascido da prática

social.

A escola não pode ser apenas um espaço onde sejam implementados

projetos desconectados da realidade da comunidade na qual está inserida, mas que

sejam relevantes para a formação do aluno, fazendo dela um espaço primordial no

processo de humanização, principalmente daqueles que não possuem outro espaço,

além deste, para ter acesso ao conhecimento organizado e sistematizado.

Para Pimenta,

A finalidade da educação escolar é a transmissão sistemática dos conteúdos de ensino, ou seja, os conhecimentos produzidos e acumulados no movimento histórico da humanidade – de modo a assegurar que os alunos deles se apropriem ativamente e possam reelaborar novos conhecimentos com base na compreensão científica do real. (PIMENTA, 2000, p. 23)

Face ao exposto, o cotidiano escolar deve ser organizado em função da

aprendizagem e do sucesso escolar do aluno, que se concretiza com base em

diferentes práticas educativas decorrentes da proposta pedagógica curricular da

disciplina pedagógica.

Ao longo da história, a escola consagrou-se como a instituição especializada

em ensinar. No entanto, para que ocorra a construção dos conhecimentos é

necessária uma organização escolar adequada, cumpridora de suas funções

educativas e socializadoras, além da preparação do jovem para a complexidade da

vida moderna e sua inserção no mundo do trabalho.

A educação escolar tem a tarefa de promover a apropriação de saberes,

procedimentos, atitudes e valores por parte dos alunos, pela ação mediadora dos

professores e pela organização e gestão da escola. A principal função social e

pedagógica da escola é a de assegurar o desenvolvimento das capacidades

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cognitivas, operativas, sociais e morais pelo seu empenho na dinamização do

currículo, no desenvolvimento dos processos do pensar, na formação da cidadania

participativa e na formação ética. Para isso, faz-se necessário superar as formas

conservadoras de organização e gestão, adotando formas alternativas, criativas, de

modo que aos objetivos sociais e políticos correspondam estratégias adequadas e

eficazes de organização e gestão. (LIBÂNEO, 2004, p.137).

Acreditamos que a escola é lugar de compartilhamento de valores e de

aprendizagens, de desenvolver capacidades intelectuais, sociais, afetivas, éticas,

estéticas, dentre outras, mas, principalmente, desenvolver atitudes e valores para

uma atuação/participação mais consciente, ética e ativa na sociedade a qual

pertence.

Parolin acrescenta que:

A escola tem papel importante e singular na construção do sujeito, papel, aliás, que tem aumentado significativamente ao longo dos tempos, já que cada vez mais crianças ficam mais tempo na escola aos cuidados dos professores. A escola é parceira na família na construção do cidadão, pois é ela a instituição que tem a peculiaridade de ser fortemente socializadora, tanto do conhecimento quanto das experiências e entre pessoas. PAROLIN (2005, p.74)

Na história da humanidade o domínio da cultura não se faz repentinamente e

a escola, afinal, é responsável por grande parte da aprendizagem do ser humano, ou

seja, através da aprendizagem o sujeito é inserido de forma mais organizada no

mundo cultural e simbólico que o incorpora à sociedade.

Uma das possibilidades para que estas práticas se efetivem de fato é “a

construção de um projeto de escola elaborado por toda a comunidade escolar”,

segundo LIBÂNEO (2004, p.161).

No Colégio Estadual “Trajano Grácia”, local desta Intervenção Pedagógica o

Projeto Político Pedagógico é o documento que detalha objetivos, diretrizes e ações

do processo educativo a ser desenvolvido na escola e se constitui numa proposta de

construção coletiva. Nele estão definidas as finalidades e necessidades dos alunos,

professores, funcionários e comunidade escolar, como um todo, dentro de um

contexto próprio.

De acordo com Libâneo,

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O Projeto, numa perspectiva progressista, é o meio pelo qual os agentes diretos da escola tornam-se sujeitos históricos, isto é, sujeitos capazes de intervir conscientemente e coletivamente nos objetivos e nas práticas de sua escola, na produção social do futuro da escola, da comunidade e da sociedade. LIBÂNEO (2004, p.160),

Assim, pode-se dizer que a construção do Projeto Político Pedagógico é

tarefa instigadora e exercício desafiante da construção coletiva, o que

evidentemente não é uma tarefa das mais simples, pois requer tempo, implica

avanços e retrocessos, erros e acertos, um desafiante exercício democrático da

construção coletiva e toda a comunidade escolar precisa aprender a praticar.

Ainda, conforme o professor Libâneo,

A autonomia fortalece as escolas, acentua o espírito de equipe, envolvendo os professores e demais educadores na responsabilidade em assumir um papel na organização do trabalho escolar não apenas de sala de aula, mas da escola como um todo. (LIBÂNEO, 2004, p.160

Na mesma direção, Veiga aponta que o projeto:

Busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é também um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico. Com interesses reais e coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade. (VEIGA, 2004, p.13)

Sendo assim, o político e o pedagógico são indissociáveis, de maneira que o

projeto político pedagógico deve ser considerado um processo de constante

discussão e reflexão dos problemas vivenciados pelas instituições de ensino, além

de possibilitar a busca de alternativas para efetivar a sua real intenção.

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O art. 26 da LDB 9394/96, dispõe que: “os currículos para o Ensino

Fundamental e Médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada,

em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada,

exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da

economia e da clientela.” Destacando que currículo é o conjunto de disciplinas de

um curso, a projeção e desdobramento do projeto pedagógico aplicado na sala de

aula em forma de conteúdos escolares e estabelecidas as diretrizes que deverão

“orientar os conteúdos curriculares da educação básica que envolve: valores,

direitos e deveres e orientação para o trabalho”, bem como sugere “flexibilização dos

conteúdos na medida em que se admite a incorporação de disciplinas que podem

ser escolhidas levando em conta o contexto local”, isto é, um currículo apropriado às

reais necessidades e interesses dos alunos.

Ainda, conforme a mencionada Lei, no art.13, inciso II, considera que o

planejamento das atividades escolares é essencial e de competência do professor e

que deve estar de acordo com o Projeto Político Pedagógico do estabelecimento de

ensino; realizado para equilibrar os meios e fins e melhorar o funcionamento da

escola. O planejamento não ocorre em um só momento do ano, mas deverá ser

avaliado e implementado sempre que houver necessidade, com base nas

dificuldades apresentadas pelos alunos em suas atividades diárias, como consta na

LDB no Art. 24, inciso 24, “a avaliação contínua e cumulativa do desempenho do

aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos

resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais”.

Contudo, o planejamento não se reduz a um mero facilitador do trabalho em

sala de aula, ou somente uma atividade burocrática que se limite ao preenchimento

de formulários para serem entregues na secretaria como cumprimento a uma

exigência. Necessita ser planejado e vivenciado no cotidiano escolar como um

processo de reflexão, buscando sempre o melhoramento das práticas escolares em

favor do aluno que apresenta dificuldades de aprendizagem e do combate à evasão

e reprovação, que é uma constante na 5ª série das escolas de Ensino Fundamental.

Para isso, Gasparin (2003) orienta para uma nova dimensão que deve ser

questionada: qual a finalidade social dos conteúdos escolares? O autor responde

que os conteúdos escolares devem ser integrados e aplicados teórica e

praticamente no dia-a-dia do educando.

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Desta forma, a responsabilidade do professor aumentou, assim como a do

aluno. Ambos são co-autores do processo ensino-aprendizagem. Juntos devem

descobrir a que servem os conteúdos científico-culturais propostos pela escola.

(GASPARIN, 2003, p.2)

Assim, é necessário um posicionamento diferente tanto do professor quanto

dos alunos em relação ao conteúdo da escola e aos problemas sociais que

vivenciam em seu cotidiano. O conteúdo passa a ser teórico-prático, exigindo uma

atitude de mudança social.

ATIVIDADE Nº 1

Recortes do Vídeo do professor Vitor Henrique Paro que falou no chat do SPTV, no

dia 11/12/2008 sobre a educação e os problemas com o atual sistema de ensino.

Disponível em www.youtube.com/watch?v=GZgYygq0WnQ

ATIVIDADE Nº 2

Com base no texto e no vídeo, reflita:

a) Quem são os sujeitos da escola pública? De onde eles vêm? Que referências

sociais e culturais trazem para a escola?

b) Para Saviani, (1991, p.84), “O povo precisa da escola para ter acesso ao saber

erudito, ao saber sistematizado e, em conseqüência, para expressar de forma

elaborada os conteúdos da cultura popular que correspondem aos seus

interesses” Como você interpreta esta citação?

c) Qual a função social da escola?

d) Qual a importância de se construir um Projeto de Escola pela comunidade

escolar?

e) Quais os efeitos das práticas que constituem os sujeitos na passagem da 4ª para

a 5ª série do Ensino Fundamental? Qual a finalidade social dos conteúdos

escolares?

f) Como a escola percebe os sujeitos na passagem da 4ª para a 5ª série do Ensino

Fundamental?

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REFERÊNCIAS

BRASIL. LDB 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. MEC. Brasília.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais. MEC, Brasília.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia, Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo, SP. Ed.Paz e Terra, 1996, 12ª Ed. Coleção leitura.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola. Teoria e Prática. 5ª ed. Goiânia, Editora Alternativa, 2004.

PARANÁ – SEED - Diretrizes Curriculares da Educação Básica- 2008

PARO. Vitor Henrique. Recortes do Vídeo que falou no chat do SPTV, no dia 11/12/2008 sobre a educação e os problemas com o atual sistema de ensino. Disponível em www.youtube.com/watch?v=GZgYygq0WnQ

PAROLIN, Isabel. Professores formadores: a relação entre a família, escola e a aprendizagem. 1ª ed. Curitiba: Positivo, 2005.

PIMENTA, Selma Garrido. Saberes Pedagógico e atividade docente. (org.) 2ª Ed.

São Paulo, SP. Cortez, 2000.

SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. 6ª Ed. Cortez. São Paulo, SP. 2000.

________. Pedagogia Histórico Crítica primeiras aproximações. 2ª Ed. Ed. Cortez. São Paulo, SP. 1991.

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UNIDADE IV

TEMA: OS PROFESSORES E SUAS COMPETÊNCIAS

“Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade”. (Paulo Freire, 1996, p.102)

Na LDB /9394/96, TÍTULO VI, DOS PROFISSIOANAIS DA EDUCAÇÃO, do

Art.61 ao Art.67, a Lei normatiza sobre a formação dos docentes para atuarem na

Educação Básica de qualidade, atendendo aos objetivos dos diferentes níveis e

modalidades de ensino e as características de cada fase do desenvolvimento do

educando, tendo como fundamentos a associação entre teorias e práticas, inclusive

mediante capacitação em serviço e aproveitamento da formação e experiências

anteriores para o melhor desempenho profissional.

De acordo com Libâneo

O trabalho sempre esteve presente na escola, já que esta se constitui o pólo do trabalho intelectual por excelência, o que nos leva afirmar que os professores e alunos trabalham. Os primeiro, na transmissão dos conhecimentos acumulados historicamente e os últimos na apropriação destes conhecimentos. Juntos, professor e aluno constroem a produção de novos conhecimentos. (LIBÂNEO, 1990, p.45)

Vemos assim que a ação escolar é marcada pelo fazer. Na escola os

professores e os alunos estão sempre ocupados com seus afazeres pedagógicos,

muitas vezes fragmentados. Podemos observar no interior da escola algumas

realidades adversas: professores que dominam conteúdos escolares, mas não

conseguem socializar com os alunos seu conhecimento; outros são democráticos,

acessíveis, mas não detém o saber escolar necessário para ensinar; outros sabem

como fazer, mas se isolam por não serem democráticos, tornando frágil o processo

pedagógico.

Falar em competência significa falar em saber fazer bem o dever. Apesar

das diferenças entre as diversas concepções de educação e de escolas presentes

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entre nós, elas sem dúvida concordam em definir desse modo a competência. Ela

está ligada a várias tendências educacionais, faz parte do discurso da maioria dos

professores, onde todos se colocam como competentes, mas na prática, a

competência ainda não se efetivou.

O momento atual exige profissionais competentes, tanto em termo de título

como em prática. São convidados a contribuir teórica, prática e eticamente nos

espaços educacionais, entretanto, tal quadro assinala a necessidade do profissional

do ensino estar instrumentado para desenvolver a sua práxis em conformidade com

as exigências sociais mais amplas, ou seja, é preciso que esteja preparado em sua

prática pedagógica para ministrar um ensino que corresponda à formação do

educando, de modo que esta esteja compatível com os avanços que se descortinam

nas múltiplas atuações sociais.

Mello ressalta que:

Ensinar é uma atividade relacional; altamente indeterminada ou altamente determinada por fatores que escapam ao controle de quem ensina. O projeto educativo e a ação cotidiana, a intenção e o resultado na sala de aula, na escola, no sistema e na política educacional sempre guardarão alguma distância, maior ou menor. Ensinar, portanto, exige aprender a inquietar-se e a indignar-se com o fracasso escolar, sem deixar destruir-se por ele. E essas competências traçam o perfil do professor denominado reflexivo pela literatura recente: um profissional cuja atuação é inteligente e flexível, situada e reativa, produto de uma mistura integrada de ciência, técnica e arte, caracterizada por uma sensibilidade de artista. (MELLO 1992, p.25)

Mello (1992) reafirma que, a competência profissional envolve várias

dimensões, que vale indicar: em primeiro lugar, o domínio adequado do saber

escolar a ser transmitido, juntamente com a habilidade de organizar e transmitir esse

saber de modo a garantir que ele seja efetivamente apropriado pelo aluno. Em

segundo lugar, uma visão relativamente integrada e articulada dos aspectos

relevantes mais imediatos de sua própria prática, ou seja, um entendimento das

múltiplas relações entre aos vários aspectos da escola, desde a organização dos

períodos de aulas, passando por critérios de matrícula e agrupamentos de classes,

até o currículo e os métodos de ensino. Em terceiro, uma compreensão das relações

entre o preparo técnico que recebeu, a organização da escola e os resultados de

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sua ação. Em quarto lugar, uma compreensão mais ampla das relações entre escola

e a sociedade, que passa necessariamente pelas questões de suas condições de

trabalho e de remuneração.

Em face da amplitude que envolve a competência do professor, deverá

possuir o saber, ter conhecimento sobre o que ensina, por que ensina e para quem

ensina. Deve ter objetivos educativos bem definidos, tais como: que homem e que

sociedade pretende transformar. Deve também, conhecer os meios, as estratégias

necessárias e adequadas para atingir seus objetivos. Necessita de coerência entre o

que fala e o que pratica.

Como todos os profissionais, o professor precisa fazer ajustes permanentes

em suas ações. Mas do professor é exigido que as realize em tempo real ou em

intervalos muito curtos de minutos ou horas, por lidar com situações que não se

repetem e nem podem ser cristalizadas no tempo e correr o risco de passar a

oportunidade de intervenção no processo de ensino e aprendizagem.

Isto requer certamente que o educador esteja atento, aberto e partícipe a

todas e a quaisquer oportunidades que o levem a ascender tanto no plano pessoal,

profissional, cognitivo e quanto humano de sua atuação. Em especial tratamento a

docência, a formação continuada e aos conhecimentos compartilhados, contribuindo

significativamente para a melhoria na qualidade da prática educativa, visto as

grandes mudanças e transformações que passa o mundo atual e junto com ele, a

escola, a sala de aula.

Saviani (1991), denuncia o romantismo no interior da escola, quando cita a

fase romântica da defesa do compromisso político em educação. Nessa fase, os

elementos da luta contra a concepção técnico-pedagógica restrita e supostamente

apolítica se dilataram morbidamente por causa do contraste e da polêmica. É

necessário passar à fase clássica, encontrando nos fins a atingir, a fonte para a

elaboração das formas adequadas de realizá-los. A identificação dos fins implica

imediatamente competência técnica. A elaboração dos métodos para atingi-los

implica por sua vez, imediatamente, competência técnica e competência política,

logo sem competência técnica e política não é possível sair da fase romântica.

A realidade de nossas escolas hoje aponta nitidamente, em alguns casos, a

situação do fazer pedagógico atual. Existe muito professor preocupado em fazer

sem levar em conta o saber bem ou fazer bem. Isto explica a situação do professor

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“bonzinho” que mantém um ótimo relacionamento com seus alunos, mas não ensina

os conteúdos necessários e significativos.

Diante destas discussões, cabe ao professor articular a competência, a

técnica e a política existente no seu trabalho docente para transformar a escola que

temos em escola que queremos. Esse resgate de competências se faz necessário

porque sabemos que um profissional qualificado e comprometido, atuando em um

sistema de educação organizado e dentro de um contexto de liberdade e

consciência crítica, contribuirá para a qualidade na educação e a conquista da

cidadania dos usuários da escola.

Em contrapartida ao romantismo, Libâneo (2007) cita que a escola está a

serviço da produção capitalista forçada a atender a todas as mazelas da sociedade,

reproduzindo o consumo exacerbado, o legado da empregabilidade e que há

urgência em medidas políticas e de uma pedagogia que trabalhe a teoria-prática-

teoria promovendo a consciência crítica real nas salas de aula que indubitavelmente

se perdeu nos anos 90 com o neoliberalismo.

Não cabe mais em nosso século uma visão tradicionalista, mas uma visão

com credibilidade científica, com o professor ensinando e o aluno aprendendo de

fato. “É mister abalar as certezas, desautorizar o senso comum”. (SAVIANI, 2007)

Nesta reflexão é imprescindível citarmos a globalização, a nova mola do

capitalismo que interfere consideravelmente na educação. A globalização na visão

de Libâneo (2007) é uma nova roupagem do capitalismo, que adquire maior força na

chamada sociedade do conhecimento.

Podemos compreender que se a Educação Brasileira ainda não possui um

Sistema Nacional de Educação, logo o jogo de poder do capitalismo continua sua

manipulação. O que devemos compreender é que temos que trabalhar no espaço

que temos. Fazemos parte desse contexto e como tal temos o dever político e

profissional de atuar na transformação dessa realidade e deixar nosso legado para a

Educação brasileira como educadores não só atuantes, mas pensantes e

transformadores.

Buscamos em Tardif (2005) o entendimento de que a diversidade e a

pluralidade que afloram à escola tornam essa tarefa cada vez mais desafiadora ao

professor. O que vemos no cotidiano de nossas escolas são profissionais com os

nervos à flor da pele, sem tempo, sobrecarregados de tarefas cotidianas como

corrigir, avaliar, registrar.

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A carga de trabalho do professor aumentou, não no número de horas, mas em dificuldade e complexidade. A docência tornou-se um trabalho mais extenuante e difícil, sobretudo no plano emocional com alunos muito difíceis no relacionamento, empobrecimento das famílias, desmoronamento dos valores tradicionais, entre outras dificuldades. E os cognitivos que se manifestam na heterogeneidade da clientela, com necessidade de diversificação das estratégias pedagógicas, multiplicação das fontes de conhecimento e exigem muito mais informação. (TARDIF, 2005, p.160)

Constatamos que as relações dos professores com os alunos tanto podem

ser enriquecedoras quanto difíceis. Os professores investem muito, emocionalmente

falando, em seu trabalho: Trata-se de um trabalho consumidor de boa dose de

energia afetiva, e decorrente da natureza interpessoal das relações professor /

aluno. Dificilmente os professores podem ensinar se os alunos não gostarem dele,

ou pelo menos o respeitarem, provocar esse sentimento nos alunos é uma parte

importante do trabalho. É claro que só a afetividade não determina o sucesso da

aprendizagem.

Temos observado professores que fazem da aula um divertimento só, os

alunos adoram, mas não aprendem, ao contrário o professor sisudo domina o

conteúdo, mas não consegue empatia com os alunos e eles também não aprendem.

Em nosso dia a dia na escola, observamos que os alunos querem um professor que

domine o conteúdo, tenha autoridade sem ser autoritário e que também esteja

aberto a discutir os problemas que afligem adolescentes e jovens na atualidade.

Segundo Zagury (2006) temos que desfazer o mito que com um bom

professor os alunos aprendem sem qualquer esforço. Não podemos esquecer que o

aluno é parte ativa no processo ensino-aprendizagem Se ele não se dispuser a

dedicar tempo e esforço para as atividades escolares, só o esforço do professor e da

instituição de ensino não basta.

Zagury acrescenta:

A supervalorização da relação professor/aluno tornou-se uma faca de dois gumes. Sem dúvida foi um avanço acabar com o autoritarismo dando vez ao entendimento e ao diálogo nas escolas, mas a distorção na interpretação do que seja uma boa relação professor / aluno abriu caminho para o desrespeito e até agressões físicas a professores. (ZAGURY, 2006, p. 68)

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Que esta relação é importante não se pode negar, preferencialmente ela

deve ser amigável, o que não se pode querer é que seja o mais importante dentro da

escola. Temos que ter bem definido para o aluno que o professor é a autoridade e

este não deve abrir mão dela em hipótese alguma. Em outras palavras, significa não

delegar a outrem o que é sua responsabilidade. Coordenadores e pedagogos

existem para auxiliar, é claro, mas o professor precisa ter claro que a sala de aula é

o seu espaço de atuação, e é ele que determina as regras.

Será que alguém poderia condenar um profissional de qualquer área, por

ficar desmotivado, trabalhando numa situação próxima a que vive hoje o professor

brasileiro? Mesmo assim, a motivação é grande, verdadeiro milagre, face às

barreiras e dificuldades que enfrentam. Muitos estão adoecendo, estão descrentes,

deprimidos com a chamada síndrome de Burnout3. Há também os que migram para

outras profissões e os que apesar de tudo resistem. Estão motivados e prontos para

assumir mais tarefas educacionais, lotam auditórios participando de cursos,

seminários e congressos para discutir problemas, inventar hipóteses, tentar

soluções, socializar experiências, bem ou mal sucedidas e, cheio de teorias para

fazer os ajustes necessários na intervenção pedagógica da sala de aula.

Assim como Dias-da-Silva: “Sou e respeito os professores. Quis ser um

deles. Valorizo o seu trabalho e a escola. Identifico-me com eles”. Esta identificação

é coerente com este estudo, uma vez que faço parte dessa realidade e de todo o

processo vivido pela escola, a sala de aula, os professores, a 5ª série e suas

dificuldades.

.

ATIVIDADE Nº 1

Neste encontro haverá palestra com a Professora Gabriele Sandy

Bittencourt de Sá, com o tema: O PROFESSOR NA ATUALIDADE, onde os

cursistas poderão aprofundar seus conhecimentos sobre o papel do professor no

mundo atual e suas dificuldades para realizar uma ação pedagógica coerente com o

que se espera dele.

3 Segundo a Wikipédia: síndrome de Burnout (do inglês to burn out, queimar por completo), também

chamada de síndrome do esgotamento profissional, foi assim denominada pelo psicanalista nova-iorquino, Freudenberger, após constatá-la em si mesmo, no início dos anos 70

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ATIVIDADE Nº 2

Após a palestra e leitura do texto será fomentada uma discussão sobre a

questão: EU ESCOLHI OU FUI ESCOLHIDO PARA SER PROFESSOR DE 5ª

SÉRIE?

A reflexão deverá ser encaminhada no sentido de se situar quem é esse

aluno, quem são seus professores, como a equipe escolar os trata, se os pais são

parceiros nesta fase de vida de seus filhos, dentre outras questões, que podem ser

analisadas e aproveitadas para futuros encaminhamentos pedagógicos e

metodológicos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. LDB 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. MEC. Brasília.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais. MEC, Brasília.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia, Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo, SP. Ed.Paz e Terra, 1996, 12ª Ed. Coleção leitura.

MELLO, Guiomar Namo de. Entrevista para o Jornal Rio Branco – Informativo do Colégio Rio Branco, p.5, nº 62, nov.2003. Acesse www.riobranco. Ou www.crb.g12.br/site/acontece/Na.../crb_midia_2010.aspx - Em cache

PARANÁ – SEED - Diretrizes Curriculares da Educação Básica- 2008

SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. 6ª Ed. Cortez. São Paulo, SP. 2000.

________. Pedagogia Histórico Crítica primeiras aproximações. 2ª Ed. Ed. Cortez. São Paulo, SP. 1991

TARDIF, M. Saberes Docentes e Formação profissional. 2ª Ed. Petrópolis, RJ. Vozes. 2002.

ZAGURY, Tânia. O professor refém. 9ª Ed. Ed. Record. Rio de Janeiro, RJ.

________. A passagem para a 5ª série. Artigo da Revista do Colégio Opet de

10/03/2010. http://www.opetonline.com.br/main.asp?View=%7B6C3EEFA6-FC6E-

45D0-B008-A Consultado em 21/11/2010.

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UNIDADE V

TEMA: OS ALUNOS E SUAS DIFICULDADES NA TRANSIÇÂO DA 4ª PARA 5ª SÉRIE

DO ENSINO FUNDAMENTAL

“Ensinar exige respeito aos saberes do educando. Exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação”. (Paulo Freire, 1996)

O CAOS APARENTE

Bate o sinal... Em fila até o corredor, os alunos correm quando ultrapassam a porta da sala vazia. Gritos, empurrões, burburinho, movimento. Todos arrastam carteiras, com pé de metal atritando no chão (que amplificador!). E haja empurra- empurra! Livros e cadernos são jogados no chão ou na carteira. Movimento... Alguns alunos formam rodinhas (em pé) para “acabar o papo”, outros perguntam: “Será que a dona veio?”. Meninos sentados entreolhando-se competindo em equilibrar o livro sobre o dedo indicador. Há meninas que pegam pente na bolsa, ou arrumam os cabelos da colega da frente. Mesmo os que sentam, mantêm as pernas para o lado e conversa com algum colega. Há sempre um grupo parado próximo à porta, espiando o corredor, mexendo com quem passa... Há os que apontam lápis no cesto de lixo. Quando há giz, quatro ou cinco crianças acotovelam-se na lousa disputando um minúsculo pedaço e desenham ou escrevem. Lá do fundo alguém urra como um grande urso, ou late como cachorro. Tudo ao mesmo tempo. Impossível descrever adequadamente, só mesmo por meio de um roteiro cinematográfico. Há quem troque de lugar porque alguém não veio, o da frente reclama porque quem sentou é muito grande; há quem confira os exercícios que o professor vai corrigir, ou copie o resultado porque esqueceu de fazer; há quem mostre o gibi novo ou um pedaço de jornal que achou na rua; há quem comente o Fantástico ou a novela de ontem. Somente algumas poucas meninas da frente estão sentadas, quietas, voyeristicamente participando do caos. De repente, os decibéis explodem com um grito: “Ói a dona!” Correria, empurrões, atropelo. Atrito das carteiras no chão. Mochilas abertas. Livros e cadernos jogados sobre as carteiras. Professora na porta. A professora na porta, quieta, com o olhar sisudo e mãos nos quadris. Burburinho entre as crianças – lápis cai no chão, estojo aberto, “empresta a caneta?” conversa sobre os ombros, “Vão cala a boca, meu?”, “a dona chegou!” “Todo dia é a mesma coisa até vocês sentarem...”

(DIAS-DASILVA -1997, p.11)

Este caos aparente exige uma compreensão mais aprofundada sobre o

cotidiano desta série. Ao entrar na 5ª série, o espaço escolar assume vários

significado para esse aluno. A troca de períodos, jornada diária de cinco horas-aula,

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troca de professores a cada 50 minutos, os pais não sendo mais tão presentes e

responsáveis pelo aproveitamento dos filhos e, a necessidade de uma maior

apropriação do processo de aprendizagem pelos alunos, são algumas das

alterações que compõem esse momento escolar.

Entrar numa classe de 5ª série é uma experiência peculiar desde o primeiro

momento. Crianças baixinhas e miúdas nas primeiras carteiras, parecendo alunos

de 1ª e 2ª séries, mas para o fundo os grandões, crianças com 11 ou 12 anos de

idade, cuja altura corresponde a alunos do Ensino Médio e também, alunos

repetentes que já atingiram mais idade e altura, considerados “moços” da turma.

Nesta realidade meninos e meninas, brincam (e brigam) como moleques, sentam-se

de pernas abertas, correm, gargalham e xingam. Meninas com ares de mocinha,

com maquiagem e baton nos lábios que lançam olhares dengosos para os meninos

de 8ª série, alguns meninos e meninas “até já tem namorados”. É um clima de febril

e ruidosa interação, 40 crianças destinadas a passar quatro horas em um espaço

que, talvez, apenas comportasse 20 delas. Um verdadeiro caos aparente, cuja

compreensão exige um olhar mais aprofundado sobre o cotidiano desta série e, se

pudesse, nenhum professor pegava para dar aula! Que redunda em altos índices de

fracasso escolar, camuflada na evasão, que se originam na reprovação sistemática.

Dias-da-Silva (1997), em sua pesquisa sobre a passagem da 4ª para 5ª

série, diz que é muito comum o argumento recorrente sobre a alteração do número

de professores, bem como a fragmentação entre as disciplinas, quando se discute o

fracasso escolar nesta série. Isso porque, segundo essa autora, por trás do número

de professores está embutida a diversidade de ações pedagógicas que realizam em

sala de aula e a mudança de unidocência para a plurodocência em si é um aspecto

que requer do aluno uma adaptação mais ou menos imediata, já que a cada

cinqüenta minutos, um novo professor com personalidade distinta, com matérias

diferentes e heterogeneidade didática adentrará na sala de aula, levando os alunos

a freqüentes e inevitáveis comparações.

“Os alunos passam da condição de “os mais maduros e melhores” das

séries iniciais, já que o filtro é bastante seletivo nesse processo, para uma condição

de “imaturos, indisciplinados e sem base”. Em três meses, eles passam, muitas

vezes dentro da mesma escola, nas mesmas salas, convivendo com os mesmos

colegas, funcionários e com a mesma diretora, de “grandinhos do primário”

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(responsáveis por muitas tarefas e atividades na própria escola) a ”pequenininhos da

5ª série” (já que os grandes são os da 7ª e 8ª série).

A dinâmica da 5ª série, segundo Dias-da-Silva (1997), requer dos

professores uma postura didática diferente daquela da professora da 4ª série. Os

professores entram e saem das classes e turmas diferentes, dão suas aulas,

cumprem seus programas e, na maioria das vezes, não lhes sobra tempo para

sequer saber o nome de todos os alunos durante o ano. O que não acontece com a

professora de 4ª série, visto que neste caso, a flexibilidade de seu horário de

trabalho favorece uma rotina de aula mais próxima da turma, as trocas afetivas são

constantes através de muito diálogo com os alunos, garantidas pelo maior tempo de

permanência em sala de aula, nas correções dos cadernos de tarefas, na

apresentação das atividades de classe.

No início do ano letivo é muito comum os alunos da 5ª série sentirem certo

saudosismo da série anterior e principalmente da professora, embora se trate

“apenas de uma passagem”, como é vista pela escola. Os alunos esperam encontrar

professores que os tratem com individualidade e que possibilitem o estabelecimento

de relações de afetividade e empatia, facilitando, assim, sua adaptação à nova

realidade para ele desconhecida, como horários, disciplinas, material a ser trazido

para a escola, provas, vários professores, entre outros aspectos relevantes.

Os professores, pais, a escola, enfim, se preocupam mais com a adaptação da criança na Educação Infantil, do que nesta fase, porém vemos que, os cuidados deveriam ser redobrados neste período de transição escolar. Muitos alunos que nunca apresentaram dificuldades passam a ter devido a um verdadeiro choque cultural que existe entre estas etapas. “É um momento emblemático que envolve mudanças principalmente nas funções de pais, professores e alunos Tais mudanças se refletem nas práticas, compondo novas exigências e novos desafios. A 5ª série não é necessariamente uma série mais difícil, mas uma série na qual os alunos e pais são desafiados a corresponderem com expectativas diferentes. O convívio entre alunos e professores com formação específica gera um campo de estranhamento e criação que logo é compreendido e vivenciado pelos personagens da passagem como um campo de desafio e crescimento, (SCHILETTI PRATI &ELZIRIK, 2006. p 297).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a adolescência

compreende um período de 11 a 19 anos de idade, desencadeado por mudanças

corporais e fisiológicas. Destaca-se neste processo o fato dos alunos estarem

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vivendo uma fase muito importante em suas vidas: a passagem da infância para a

adolescência que não deixa de ser problemática e emblemática. O período de

desenvolvimento entre a infância e a fase adulta é caracterizado pelo intenso

desenvolvimento no campo biológico, psíquico e social. Inicia-se um drama

profundo: a ruptura com o universo infantil e o surgimento de um indivíduo

desorientado de quem se requer uma série de novas adaptações. Esta fase é

marcada pelo início do contato com o trabalho e com as exigências produtivas do

mundo adulto, nota-se a preocupação dos estudantes com a execução dos trabalhos

propostos pelos professores, sendo um período marcante na vida do jovem. Neste

momento passa a ter uma vida escolar mais complexa, encontra novas referências e

novas estruturações e, nessa transição entre infância e a idade adulta, pode resultar,

ou não, em problemas futuros para o desenvolvimento do indivíduo.

Com isso, busca-se desenvolver a autonomia e a responsabilidade dos

alunos frente às novas exigências da 5ª série. Para evitar a “Síndrome da 5ª série”,

como coloca o professor Joseph Razouk Júnior (2001), do ponto de vista

psicossocial e suas implicações no cotidiano escolar, a escola deve buscar a

formação, além da informação, desde a Educação Infantil, contrariando a idéia de

que, é só a partir da 5ª série que deve haver responsabilidade:

(...) a família acha que agora é a hora de levar a coisa a sério. Então, até a 4ª série não era, agora é! Até a 4ª série qualquer escola serve, qualquer ensino serve porque é só para brincar, para aprender as coisas básicas! Esse é um erro dos maiores que poderia existir. A escola mais importante teria que ser a Educação Infantil, a 2ª mais importante a de 1ª a 4ª e assim perdendo seu grau de importância porque automaticamente são períodos assim, bastante formativos, onde a informação aparece, mas aparece também, muito mais forte, a questão da formação, quer dizer, formação e informação acabam caminhando juntas. E à medida que a criança vai crescendo, vai se tornando mais autônoma, adolescente e até chegar à vida adulta, a questão da informação ela já consegue buscar sozinha, mas precisa ter respaldo da formação que ficou lá atrás, que teria que ter acontecido na educação infantil e de 1ª a 4ª série. (RAZOUK, 2004, p.3).

Confirma-se, então, um fato, a escola apresenta a 5ª série como uma

continuidade do processo educativo, entretanto, na prática pedagógica ela se

constitui como o começo de uma nova fase.

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Barbosa ressalta que:

Esse modelo de municipalização cria duas redes distintas, articuladas apenas por critérios técnicos e com medidas de enfrentamento unilaterais, longe de dar ao Ensino Fundamental uma unidade como sistema. Por isso, as alternativas acabam por expressar um caráter localista, fragmentado e unilateral, Indicando a necessidade da construção de políticas educacionais articuladoras na passagem da 4ª para a 5ª série, uma vez que são formatadas em duas redes distintas, bem como se materializa no binômio municipalização/estadualização do Ensino Fundamental. (BARBOSA, 2008, p.16).

Nesse sentido, a atual passagem da 4ª para a 5ª série, indica a transição da

Rede Estadual para a Municipal de Ensino no campo financeiro-administrativo e no

aspecto técnico-formal (Barbosa, 2008), havendo uma ruptura das políticas

educacionais e dos processos pedagógicos nas duas redes distintas com programas

e currículos também diferenciados, deixando o Ensino Fundamental separado em

dois blocos, com medidas políticas pedagógicas unilaterais, dificultando o trabalho

pedagógico no interior da escola.

Considerando a especificidade do ensino fundamental e as características

próprias das duas fases que o constituem, valeria a pena recorrer a idéia de unidade

na diversidade. Categoria esta que encerra o conceito de totalidade desta etapa da

educação básica, como síntese de múltiplas determinações. Nesse sentido, a idéia

de unidade se distingue radicalmente da idéia de único, uniforme, é antes de tudo

uma unidade, na diversidade, por isso indissolúvel do ponto de vista da totalidade;

assim, impõe a necessidade de ações coordenadas, visando aos objetivos comuns.

Barbosa (2008), reforça a necessidade de se construir uma unidade

pedagógica, destacando a importância desta fase de vida do aluno e que, de alguma

forma, por motivos diversos, os professores de 1ª a 4ª séries e os de 5ª a 8ª séries

não executam um trabalho pedagógico integrado por causa da formação acadêmica

de cada disciplina, tornando as práticas docentes bem distintas. A rede educacional

forma professores para as séries iniciais, para a 4ª série, professores

alfabetizadores, mas não existem professores de 5ª série e sim, professores de 5ª à

8ª série, isto é, professores de história, geografia, português, ciências... e de outras

disciplinas. Nas séries iniciais os professores podem escolher (em sua grande

maioria) sua série de preferência e o mais freqüente é passar boa parte de suas

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carreiras lecionando por opção para uma única série, enquanto nas séries finais os

professores passam toda a sua vida profissional dando aulas para 5ª, 6ª, 7ª, 8ª e

Ensino Médio, somente na disciplina de sua formação e concurso.

Segundo Eschiletti Prati & Elzirik (2006), ao abordar o tema a partir da

investigação da subjetividade da diversidade de práticas que surgem na passagem

da 4ª para a 5ª série do Ensino Fundamental em duas turmas de quarta série e três

turmas de quinta série em duas escolas públicas da rede estadual de ensino em

Porto Alegre, tratam a época como sendo um momento emblemático que envolve

mudanças principalmente nas funções que pais, professores e alunos assumem,

mesmo quando a instituição permanece a mesma, precisando encontrar outras

formas de conviver.

No entanto, para que ocorra a construção dos conhecimentos, é necessária

uma organização escolar adequada, cumpridora de suas funções educativas e

socializadoras, além da preparação do jovem para a complexidade da vida moderna

e sua inserção no mundo do trabalho.

A educação escolar tem a tarefa de promover a apropriação de saberes, procedimentos, atitudes e valores por parte dos alunos, pela ação mediadora dos professores e pela organização e gestão da escola. A principal função social e pedagógica da escola é a de assegurar o desenvolvimento das capacidades cognitivas, operativas, sociais e morais pelo seu empenho na dinamização do currículo, no desenvolvimento dos processos do pensar, na formação da cidadania participativa e na formação ética. Para isso, faz-se necessário superar as formas conservadoras de organização e gestão, adotando formas alternativas, criativas, de modo que aos objetivos sociais e políticos correspondam estratégias adequadas e eficazes de organização e gestão. (LIBÂNEO, 2004, p.137).

Acreditamos que a escola é lugar de compartilhamento de valores e de

aprendizagens, de desenvolver capacidades intelectuais, sociais, afetivas, éticas,

estéticas, dentre outras, mas, principalmente, desenvolver atitudes e valores para

uma atuação/participação mais consciente, ética e ativa na sociedade a qual

Com a intenção de compreender por que a transição da 4ª para a 5ª série é

apresentada pela literatura como “um momento de dificuldades, não alegrias, e

fragilidade no desempenho escolar” (Rangel, 2001) tentou capturar os elementos

que aí se articulam em sua pesquisa da prática docente na perspectiva da transição

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unidocência para a pluridocência a fim de se construir um referencial teórico capaz

de contribuir para minimizar, tanto para o professor como para o aluno os conflitos

desse momento escolar.

Essa transição representa uma ruptura na vida do aluno e refletirá no seu dia

a dia e possivelmente nas séries restantes do Ensino Fundamental e, por isso,

justifica-se um olhar mais atento sobre seu cotidiano escolar.

ATIVIDADE Nº 1

Nesta atividade será abordada a questão da transição dos alunos da 4ª

para a 5ª série do Ensino Fundamental, no que se refere às expectativas do aluno

em relação a esta nova realidade escolar que se caracteriza por uma ruptura e

descontinuidade, afim de demonstrar aos professores a necessidade de uma

postura diferenciada, sensibilizá-los quanto ao desenvolvimento social e afetivo dos

alunos e ver quais ações coletivas são necessárias para tentar reverter esta

situação de modo a garantir que o processo de socialização do conhecimento

científico e de construção do saber se efetive através de contribuições com

encaminhamentos metodológicos em torno de uma prática comum articulda com a

concepção de escola pública, uma vez que esta época vem sendo apontada como

um dos momentos mais difíceis no Ensino Fundamental.

Quadro comparativo

4ª série Unidocência 5ª série plurodocência

“tia”, “dona” +afetividade e contato direto Professor (as), + disciplinas, baixa afetividade

+ tempo de aula, rotina linear-única Menos tempo de aula, rotatividade curricular

+autonomia dos professores, +interação, +obs. e troca de experiências entre binômio prof.X aluno

Rotatividade de professores, docentes mais acessíveis (regente de turma)

Estímulo para a imobilidade é maior e + controlada

+ liberdade, mas não há participação efetiva dos alunos, discussões vistas como inoportunas

Avaliação – o professor tem mais autonomia e mais tempo para avaliar o aluno

Avaliação em um contexto maior, o aluno é mais1, maior divergência cada professor Impõe a sua regra

Pouco diálogo e disciplina rígida na realização de atividades propostas – causando intimidação.

Exigência de um desempenho comparativo, estímulo a imobilidade X a uma integração maior

Aluno “mais velho” na 4ª série, mais dependente da professor

O aluno tem a falsa idéia de desorganização até se adaptar a nova rotina, agora é o aluno “mais novo”

Professores de 1ª a 4ª serie - formação para Formação específica do professor-

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as séries iniciais – (pedagoga, magistério) fragmentação das disciplinas, heterogeneidade didática

Falta de comunicação entre os professores de 4ª e 5ª série

Insegurança dos alunos com a itinerância e rotatividade dos professores/ regras diferentes

O professor geralmente escolhe a turma (série), processo de entrada na adolescência, seus passos são delimitados, determinando o que pode e o que não pode ser feito

Mudanças de atitudes sócio-comportamentais e educacionais desequilíbrio–adaptação com o novo, surgimento de um indivíduo desorientado e de quem se exige uma série de novas adaptações

Corte na sequência dos conteúdos da 4ª série Baixo desempenho escolar, evasão, repetência

ATIVIDADE Nº 2

Os cursistas deverão analisar as questões do quadro acima e em seguida farão

pequenos grupos para debate e socialização do conhecimento adquirido.

ATIVIDADES COMPLEMENTARES PARA SEREM DISCUTIDAS NESTA UNIDADE:

a) Quais os conhecimentos trazidos por esses alunos para a 5ª série?

b) O que ensinar na escola para que realmente se efetive toda a ação pedagógica e

o aluno alcance o sucesso proposto, principalmente na fase de

transição/passagem da 4ª para a 5ª série do Ensino Fundamental?

c) Professor o que você sabe sobre “o aluno da 5ª série”?

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Aparecida Reis (20008) A Relação Estado/Município na passagem da

4ª para a 5ª série em Curitiba. Dissertação de Mestrado. UFPR – Educação.

Curitiba/PR

BRASIL. LDB 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. MEC. Brasília.

DIAS-DA-SILVA, M.H.G.F. Passagem sem rito: as 5ª séries e seus professores. Campinas: Papirus, Série Pedagógica, 1997.

ESCHILETTI Prati, Laíssa. ELZIRIK, Marisa Faermann (2006) Da diversidade na passagem para a 5ª série do ensino fundamental. Estudos de Psicologia

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Campinas, 23 (3) – 289-298. Julho – setembro, 2006. Disponível em http://pepsic.bvs-psi.org.br/pdf/v23n3/v23n3a08.pdf

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia, Saberes Necessários à Prática

Educativa. São Paulo, SP. Ed.Paz e Terra, 1996, 12ª Ed. Coleção leitura São Paulo,

SP. Cortez, 2000.

RANGEL, Z.A. O processo de transição da unidocência para a pluridocência em classes de quarta para a quinta série do ensino fundamental: olhando a realidade e apontando caminhos. Dissertação de mestrado, Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2001.

RAZOUK JÚNIOR, Joseph. A síndrome da 5ª série. Disponível em <www.educacional.com.br/articulistas>.

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UNIDADE VI

TEMA: A PASSAGEM DA INFÂNCIA PARA A ADOLESCÊNCIA

“Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando” (Paulo Freire, 1996)

Nossas vidas são marcadas por diversas e significantes mudanças: ser

criança, virar adolescente e tornar-se adulto. São situações inevitáveis e que

acontecem juntamente com o processo de escolaridade. Em todas as passagens a

mudança existe: da Educação Infantil para o Ensino Fundamental e depois para o

Ensino Médio em seguida para a Faculdade. Todas as passagens são pródigas de

experiências, nem todas prazerosas, mas necessárias, De acordo com a

Organização Mundial de Saúde a adolescência compreende um período entre os 11

e 19 anos de idade e é desencadeado por mudanças corporais e fisiológicas

advindas da maturação fisiológica e o ingresso na 5ª série por volta dos 11 anos

acontece nesse período. Ele é marcado pela fase que corresponde a puberdade, ou

seja, o início da adolescência, que é considerada o período de desenvolvimento,

entre a infância e a idade adulta, na qual há muitas transformações, tanto física

como psicológica, devido ao aumento da produção hormonal, o que pode provocar

alterações das emoções, explicando assim a perda de controle e desequilíbrio

psicológico do adolescente. Surgindo, neste período, comportamentos irreverentes e

desafiantes para com os outros e questionamentos de modelos, de padrões, tão

necessários para o próprio crescimento, mas tão incompreendidos, até mesmo pelo

próprio adolescente.

Culturas do mundo todo têm adotado ao longo dos séculos os ritos de

passagem, rituais que acompanham as mudanças de lugar, de idade, de estado e

posição na sociedade, com o objetivo de reduzir as perturbações nocivas que tais

mudanças podem ocasionar.

Rituais de iniciação de todos os tipos ainda existem em todos os

continentes, em algumas sociedades estas passagens são solenizadas através de

ritos próprios que servem para marcar certos momentos como nascimento,

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casamento e morte. A circuncisão nas sociedades da África Ocidental, seções de

tatuagens nas sociedades da Indonésia, ritos de passagem nas tribos indígenas

brasileiras, onde são submetidos a provas violentas, dolorosas. A sua principal

função é ajudar os jovens a superar a crise psicológica que frequentemente

acompanha a mudança de uma idade para outra, ou seja, fazer crescer.

A perda dos rituais e a complexidade do mundo atual exigem amadurecimento mais individualizado e problemático. Mas as dificuldades não são apenas dos jovens. Afinal a “aborrecência” existe ou o termo serve apenas para estigmatizar os adolescentes. (RANNÂ, Revista MENTE, CÉREBRO, Ed.155, p.2, dez.2005)

Desde o nascimento, ou até antes dele, o sujeito irá se constituir a partir

daquilo que experimenta enquanto vivências reais, imaginárias e simbólicas. Um

efeito dessa historicidade do desenvolvimento humano é percebido nas evidentes

mudanças nas suas etapas ao longo dos últimos três séculos, a ponto de podermos

localizar a origem do conceito de infância no século XVII e a origem da adolescência

no século XX.

As transformações sociais, culturais e psicológicas da vida humana ao longo do século XX vão alongar o tempo de passagem da infância à maturidade. Desse processo, emerge um sujeito meio criança, meio adulto, e demorou muito tempo para que a própria ciência passasse a reconhecê-lo. Adolescente, adolescência e adolescer, etapas pela qual todos os homens contemporâneos passam. (RANNÃ, Revista MENTE CÉREBRO, Ed.155, dez.2005, p.3)

Parece que a cada dia fica mais difícil abandonar a infância e a adolescência

e tornar-se adulto. Tão difícil que muitos jovens esticam a adolescência até 30, 40

anos de idade com medo de sair do confortável ninho da casa dos pais e cair num

mundo duro de enfrentar. Uma passagem muito difícil, mas que se tornou ainda

mais complicada com o desaparecimento dos ritos de passagem que exigiam

provações e garantiam uma transição firme e segura

Ainda, na Revista MENTE Cérebro, o editor diz que “o adolescer é um dos

eventos cheios de emboscadas que temos que enfrentar na vida moderna” e quando

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nos deparamos com as crises relacionadas às transformações, vemos que têm

muitos envolvidos: pais, educadores e profissionais da saúde também fazem parte

dela e frequentemente manifestam sintomas de angústia ao enfrentar a convivência

com os jovens, revivendo suas próprias adolescências.

A partir das relações estabelecidas na escola, o jovem vai aprendendo a

estabelecer as relações de poder e submissão que regem a sociedade mais ampla e

refletem na sociedade em que vive exigindo do professor uma atuação diferenciada..

Desta forma o aprofundamento dos conhecimentos do professor em relação

ao processo de socialização do ser humano, especificamente na idade escolar,

tornará mais clara a compreensão quanto ao comportamento dos seus alunos e

consequentemente sua forma de agir sera diferenciada.

Na relação, aprendizagem e desenvolvimento, o suiço Jean Piaget (1896-

1980), formado em Biologia e Filosofia, buscou compreender como o conhecimento

humano se constrói ao longo da vida através de estudos de psicanálise e filosofia,

fazendo interessante trabalho científico para avaliar a inteligência através da

observação meticulosa de seus três filhos e de crianças francesas, elaborou sua

teoria sobre o desenvolvimento cognitivo. Ele considerou que se estudasse

cuidadosa e profundamente a maneira pela qual as crianças constroem as noções

fundamentais de conhecimento lógico – tais como as de tempo, espaço, objeto,

causalidade, etc. – poderia compreender a gênese, ou seja, o nascimento e a

evolução do conhecimento humano. Para ele o desenvolvimento do pensamento é

adaptação do indivíduo ao meio físico e social em que vive. Atribui a criança um

papel ativo no processo de aquisição do conhecimento, onde as atividades

espontâneas da criança, a criatividade, a autonomia na resolução de situações-

problemas e os erros infantis ganham relevo dentro do processo educativo.

Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo passa por quatro etapas

distintas: a sensoriomotora, que vai do nascimento até os dois anos de idade, nela a

criança baseia-se exclusivamente em percepções sensoriais e em esquemas

motores para resolver seus problemas; a etapa pré-operatória, dos dois aos sete

anos e é marcada pelo aparecimento da linguagem oral, tem a possibilidade de

desevolver esquemas representatives simbólicos, que é quando a criança exterioriza

ações mentais; etapa operatório concreta, dos sete aos doze anos, período que

coincide com a entrada da criança no Ensino Fundamental, adquire pensamento

lógico objetivo, podendo fazer a reversibilidade (retornar mentalmente ao ponto de

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partida), seu pensamento é menos egocêntrico e é capaz de de construir um

conhecimento mais compatível com o mundo que a rodeia, o real e o fantástico não

mais se misturarão em sua percepção; a etapa opertório formal, que vai acontecer

em torno dos onze anos em diante, caracteriza-se pela capacidade de raciocinar

logicamente mesmo se o conteúdo do seu raciocício for falso, acontece a libertação

do pensamento das amarras do mundo concreto, adquirido no operatório formal,

pewrmitirá ao adolescente pensar e trabalhar não só com a realidade concreta, mas

também copm a realidade possível.

Assim, o período que vai dos 11 aos 15 anos de idade se caracteriza por

profundas transformações intelectuais, que de acordo com Piaget, tem origem em

estruturas intelectuais anteriores. Enquanto a criança de até 11 anos

aproximadamente, ao usar seu raciocínio lógico, permanecia presa aos objetos e

eventos concretos (classificando-os, seriando-os, enumerando-os, etc), o

adolescente ao contrário, pode subordinar o real ao possível.

Desta propriedade Piaget retira todas as demais que caracterizam o

pensamento formal, isto é, uma criança só pode se apropriar de um conhecimento

se compreender seu modo de construção, se puder reconstruí-lo. E o pensamento

formal é a propriedade que o indivíduo adulto adquire após passar pelo processo de

escolarização, sendo capaz de fazer a inversão da direção entre a realidade e a

possibilidade, em lugar de derivar um tipo rudimentar de teoria dos dados empíricos,

como é feito nas inferências concretas, o pensamento formal começa com uma

síntese teórica, concluindo que certas relações são necessárias e, assim,

prosseguindo na direção oposta. Portanto, agindo assim no mundo, a criança

experimenta situações que desafiam seu raciocínio e é a partir desse desiquilíbrio

cognitivo que ocorre a verdadeira aprendizagem, privilegiando a maturação

biológica.

O russo Lev Seminovitch Vygotski (1896-1934), procurou compreender

como o funcionamento psicológico do ser humano é fundamentado nas relações

sociais e afirma que a aprendizagem começa muito antes da entrada da criança na

escola. Destacou também a importância dos sistemas de representação simbólica,

especialmente a linguagem, para a psicologia humana. Entende que há uma

transformação do homem enquanto ser biológico em homem ser social,

transformação esta que ocorre através de processos de internalização de suas

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atividades, de seu comportamento e dos símbolos que adquire ao longo de sua

relação com a cultura.

Nesta perspectiva, Vygotsky chama a atenção para a rapidez do processo

histórico, que exige constante adaptação e renovação das ações humanas para

acompanhar as condições da vida social. Em contraste, as fixações biológicas da

experiência seguem um rítmo muito mais lento, o que provoca uma discussão

quanto ao papel da aprendizagem no desenvolvimento mental da criança. Ele

considera a inteligência como habilidade para aprender, desprezando teorias que

concebem a inteligência como resultante de aprendizagens prévias. Usou o termo

“zona de desenvolvimento proximal” ao se referir ao nível de desenvolvimento atual

- determinado pela capacidade de solução, sem ajuda, de problemas – e o nível

potencial de desenvolvimento – medido através da solução de problemas sob a

orientação ou em colaboração com as crianças mais experientes.

Vygotsky dá maior destaque ao papel da escola ao afirmar que o

aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento na criança

quando ela interage com as pessoas de seu ambiente. Sendo assim, a qualidade

dessas interações ganha uma dimensão de destaque porque as características de

cada indivíduo vão sendo formadas a partir das inúmeras e constantes interações do

indivíduo com o meio, compreendido como contexto físico e social que inclui as

dimensões interpessoal e cultural. Nesse processo, o indivíduo estabelece, desde o

seu nascimento e durante toda a sua vida, trocas recíprocas com o meio, já que, ao

mesmo tempo em que internalize as formas culturais, as transforma e intervém no

universe que o cerca. Daí a importância da escola no desenvolvimento social,

afetivo e intelectual do jovem, uma vez que a escola é o lugar onde a criança entra

em contato com uma série de conhecimentos que pode não vivenciar diretamente,

mas que lhe possibilitam uma compreensão mais ampla do mundo que a rodeia.

Na internalização, todos os processos intrapsíquicos - as formas de funcionamento cognitivo dentro do sujeito se constroem a partir dos processos interpsíquicos, ocorridos pela vivência entre sujeitos do mesmo grupo cultural. O que faz com que, paulatinamente, haja um processo de construção de estruturas lingüísticas e cognitivas pelo sujeito o que é mediado pelo grupo os fatores sócios culturais tem umpeso acertadamente significativo no pensamento intelectual do sujeito. (SILVA, 2005, p.8, in Tomito)

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As características do funcionamento psicológico assim como o

comportamento de cada ser humano são formados ao longo da vida, através de um

processo de interação com o meio social, que possibilita a apropriação da cultura

elaborada pelas gerações passadas.O processo de desenvolvimento nada mais é do

que apropriação ativa do conhecimento disponível na sociedade em que a criança

nasceu e que variando esse ambiente, o desenvolvimento também variará A criança

já nasce num mundo social e, desde o nascimento vai formando uma visão desse

mundo através da interação com adultos e crianças mais experientes, privilegiando o

ambiente social.

Na teoria freudiana (Sigismund Schlomo Freud -1856-1939), o indivíduo por

volta dos onze anos, está saindo do período de latência que vai do fm da fase

edipiana em torno dos seis anos até o início da puberdade e o começo da

sexualidade genital, própria desta fase: a puberdade, que se caracteriza pelo

rompimento da relativa tranquilidade adquirida ao colocar o sujeito frente ao mais

forte dos impulsos enfrentados até então, o indivíduo está saindo do período de

latência e iniciando o desabrochar da sexualidade própria desta fase. Este período

vai do fim da fase edipiana em torno de seis anos até o início da puberdade e o

começo da sexualidade genital.

O período de desenvolvimento entre a infância e a fase adulta é a

adolescência, em torno dos onze anos de idade e na cultura ocidental se estende

até aos dezessete ou dezoito anos. A adolescência, fase da vida que medeia a

infância e a idade adulta é caracterizada por intenso desenvolvimento no campo

biológico, psíquico e social, além disso inaugura um drama profundo: a ruptura com

o universo infantil e o surgimento de um indivíduo desorientado de quem se requer

uma série de novas adaptações. E um dado marcante acontece neste momento na

vida do jovem, é que passa a ter uma vida escolar mais complexa, com muitas

matérias de estudo, professores de ambos os sexos e múltiplos contatos com

meninos e meninas. Ele está numa boa fase de desenvolvimento cognitivo, de

linguagem e social e se interessando muito pelo mundo dos adultos. Todas os

processos intrapsíquicos e as formas de funcionamento cognitivo dentro do sujeito

estão se construindo.

Até a 4ª série as crianças aprendem a se relacionar sob a supervisão de um

adulto, geralmente uma professora, e isto vai acontecendo de um modo mais suave,

ela está mais protegida devido a sua fragilidade e a professora é mais maternal.

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Neste momento de transição, o jovem não é mais visto como criança – perde

principalmente na questão do apego ao professor. Os vínculos, que se estabelecem

a cada ano, às vezes mais de amor em outras mais de ódio, ligava-os

necessariamente à figura de um mestre. Agora são vários, um para cada matéria,

sem contar as frequentes trocas no decorrer do ano letivo. Assim resta ao aluno

controlar as emoções, controlar o corpo e se dedicar com afinco à esfera mental e

assimilar conteúdos muitas vezes neutros. Essa descentralização que acontece na

pré adolescência tem a função de liberar o pensamento infantil do concreto e

imediato e direcioná-lo para o abstrato e o futuro, ou seja, transformando o

pensamento em instrumento científico

O jovem quintanista é um ser em transformação, suas referências

necessitam de novas estruturações. Ele perdeu a referência familiar e encontra-se

mais voltado para os aspetos sociais e dos grupos de amigos. Por isso, a

necessidade de estabelecer mecanismos que ajudem na passagem da infância para

a adolescência, período que apesar de conflitivo é necessário para o

desenvolvimento cognitivo.

Neste momento, estabelece-se um impasse, o adolescente perde suas

referências infantis, desestrutura-se e necessita que a escola supra esta lacuna. O

tempo de meninice, tempo de descobertas e de prazer no aprender e apreender a si

e ao mundo, como o equilíbrio – andar de bicicleta, ou a dor de cair e a alegria de se

levantar. Nesta fase, mesmo a escola pode ser mais uma experiência de ampliação

de horizontes, aprender a ler e a escrever, a se relacionar com um mundo mais

amplo e conhecer novas pessoas.

Conforme todas as considerações colocadas anteriormente, percebe-se que

a 5ª série exige dos professores uma atuação diferenciada, um suporte técnico-

pedagógico direcionado para o desenvolvimento emocional/psicológico e social dos

alunos. Nesse processo de socialização do ser humano, especificamente na idade

escolar, tornará mais clara à compreensão quanto ao comportamento dos seus

alunos e consequentemente sua forma de agir será diferenciada.

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PARA SABER MAIS – LEIA E COMENTE COM SEUS PARES

AS FASES DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL, SEGUNDO FREUD:

Fase oral: (nascimento a 1 ano): principal ponto de tensão e gratificação é a

boca, a língua e lábios - inclui o morder e a sucção, o desejo e o prazer

localizam-se primordialmente na boca e na ingestão de alimentos e o seio

materno, a mamadeira, a chupeta, os dedos são objetos do prazer;

Fase anal: (1 - 3 anos): ânus e área vizinha são a maior fonte de interesse;

aquisição de controle voluntário de esfincter (treinamento da toalete). quando o

desejo e o prazer se localizam primordialmente nas exercesse e as fezes, brincar

com massas e com tintas, amassar barro ou argila, comer coisas cremosas,

sujar-se são os objetos do prazer;

Fase fálico-edipiana: (3-5 anos): Foco genital de interesse, estimulação e

excitação; pênis é o órgão de interesse de ambos os sexos; masturbação genital

é comum; Intensa preocupação com ansiedade de castração ( temor de perda ou

danos aos genitais); inveja do pênis (insatisfação com os próprios genitais e

desejo de possuir genitais masculinos), vista em meninas, nesta fase; Complexo

de Édipo é universal. Criança deseja ter relações sexuais e casar com o membro

parental do sexo oposto e, simultanea livrar-se do membro do mesmo sexo. O

desejo e o prazer se localizam primordialmente nos órgãos genitais e nas partes

do corpo que excitam tais órgãos. Nessa fase, para os meninos, a mãe é o objeto

do desejo e do prazer; para as meninas, o pai.

Fase de latência: ( dos 5-6 anos a 11 - 12 anos): Estado de relativa inatividade

da pulsão sexual, com resolução do complexo de Édipo; Pulsões sexuais

canalizadas para objetivos mais apropriados socialmente; Formação do

superego; uma das três estruturas psiquicas da mente responsável pelo

desenvolvimento moral e ético, incluindo a consciência; a criança está em

processo de aquisição de habilidades, valores morais e papeis culturalmente

aceitos, transferindo assim o impulso sexual para um segundo plano, devido à

prática de outras atividades – a leitura, a escrita, atividades artísticas; enfim, é o

período escolar, onde o impulso sexual é impedido de se manifestar devido aos

papeis morais impostos pela educação

Fase genital: (dos 11-12 anos em diante): Estágio final do desenvolvimento

sexual - começa com a puberdade e a capacidade para a verdadeira intimidade,

o indivíduo domina todas as suas pulsões parciais pela genitalidade, seja com

fins orgásticos, seja com fins de procriação.

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ATIVIDADE Nº 1

Palestra: “DESENVOLVIMENTO PSICOEMOCIONAL DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE”, com a professora e psicóloga ROSEMARY POTTKER,

UNICENTRO, com o objetivo de aprofundar os conhecimentos/ entendimento de

quem é essa criança que está na 5ª série do Ensino Fundamental, e por

coincidência: meu aluno.

ATIVIDADE Nº 2

Após a leitura dos textos e da palestra, será realizado um debate com o grupo sobre

as questões vistas, procurando desvendar quem é esse aluno da 5ª série dentro do

seu desenvolvimento psicoemocional e aprendizagem.

REFERÊNCIAS

As fases do desenvolvimento infantil segundo Freud - Publicado em: 24

outubro,2007Fonte:http://pt.shvoong.com/books/1693901-desenvolvimento-infantil-

segundo-freud/#ixzz1UXjrMhrP

DAVIS, CLÀUDIA & OLIVEIRA, Zilma de. Psicologia na educação. São Paulo, Ed. Cortez, 1994, 2ª edição

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia, Saberes Necessários à Prática

Educativa. São Paulo, SP. Ed.Paz e Terra, 1996, 12ª Ed. Coleção leitura

REVISTA MENTE CÉREBRO, Os desafios da adolescência. Editor Wagner Ranña, p.1, Dezembro 2005, ed.155.Disponível em http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/os_desafios_da_adolescencia_impri... consultado em 21/11/2010

TOMITA, Elza de Souza e; SANTOS, Maria da Glória. 5ª série – uma questão escolar. O drama da transição. texto adaptado de http://www.webartigos.com/articles/3027/1/5-serie--uma-questao-escolar-o-drama-da-transicao/pagina1.html

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UNIDADE VII

TEMA: ESTUDO DA PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA 4ª e 5 SÉRIE -

mais ruptura do que continuidade...

“Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática” (Paulo Freire, 1996)

O que é proposta pedagógica ou curricular?

Sonia Kramer, assim a define:

Uma proposta pedagógica é um caminho, não é um lugar. Uma proposta pedagógica é construída no caminho, no caminhar. Toda proposta pedagógica tem uma história que precisa ser contada. Toda proposta contémuma aposta. Nasce de uma realidade que pergunta e é também buscade uma resposta. Toda proposta é situada, traz consigo o lugar de onde fala e a gama de valores que a constitui; traz também as dificuldades queenfrenta, os problemas que precisam ser superados e a direção que a orienta. E essa sua fala é a fala de um desejo, de uma vontade eminentemente política no caso de uma proposta educativa, e sempre humana, vontadeque, por ser social e humana, nunca é uma fala acabada, não aponta “o”lugar, “a” resposta, pois se traz “a” resposta já não é mais uma pergunta. Aponta, isto sim, um caminho também a construir. (KRAMER, 1997, p.21)

De acordo com o Parecer 4/98, da Câmara da Educação Básica, que orienta

quanto às Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental, no Inciso I: “Viver na

sociedade brasileira é fundamentar as práticas pedagógicas a partir dos Princípios

Estéticos da Sensibilidade, que reconhece nuances e variações no comportamento

humano. Assim como da Criatividade, que estimula a curiosidade, o espírito

inventivo, à disciplina para a pesquisa e o registro de experiências e descobertas. E,

também, da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais, reconhecendo a

iomensa riqueza da nação brasileira em seus modos próprios de ser, agir e

expressar-se.”

E no Inciso II da mesma lei, orienta que: “Ao definir suas propostas

pedagógicas, as escolas deverão explicitar o reconhecimento da identidade pessoal

dos alunos, professores e outros profissionais e a identidade de cada unidade

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escolar e de seus respectivos sistemas de ensino. Nesse sentido ao planejar suas

propostas pedagógicas os professores e equipes docentes, em cada escola,

deverão buscar as correlações entre os conteúdos das áreas de conhecimento e o

universo de valores e modos de vida de seus alunos, evitando que sejam

reducionistas ou excludentes “da escola pobre para os pobres”, ou dos grupos

étnicos e religiosos apenas para si. Ao trabalhar a relação inseparável entre

conhecimento, linguagem e afetos, as equipes docentes deverão ter a sensibilidade

de integrar estes aspectos do comportamento humano, discutindo-os e comparando-

os numa titude crítica, construtiva e solidária, dentro da perspectiva e da riqueza da

diversidade da grande nação brasileira, como previsto no art.3º, inciso I, da LDB.

E se é função de uma política pública indicar diretrizes, ela precisa garantir

as condições de implementá-la, assumindo que não há uma única saída,

pretensamente melhor, mas múltiplas alternativas possíveis; e, além disso, contestar

a busca desmedida e ilusória do futuro como superação, posto que seu preço tem

sido o esquecimento da história, o congelamento do presente e a anulação das

experiências vividas, desmobilizando as possibilidades de efetiva mudança,de

transformação radical das condições que engendrariam, a partir do velho, o novo. E,

assim sendo, o que se pode propor? Uma nova proposta para a educação; um novo

currículo é um convite, um desafio, uma aposta. Uma aposta porque, sendo parte de

uma dada política pública, contém um projeto político de sociedade e um conceito de

cidadania, de educação e de cultura.

Portanto, não pode trazer respostas prontas apenas para serem

implementadas, se tem em mira contribuir para a construção de uma sociedade

democrática, onde a justiça social seja de fato um bem distribuído igualitariamente a

toda coletividade. Uma proposta pedagógica expressa sempre os valores que a

constituem, e precisa estar intimamente ligada à realidade a que se dirige,

explicitando seus objetivos de pensar criticamenteesta realidade, enfrentando seus

mais agudos problemas. Uma proposta pedagógica precisa ser construída com a

participação efetiva de todos os sujeitos – crianças e adultos, alunos, professores e

profissionais não-docentes, famílias e população em geral –, levando em conta suas

necessidades, especificidades, realidade.

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ATIVIDADE Nº 1

Serão realizados recortes para leitura e dicussão da Diretriz Curricular do

Ensino Fundamental e em seguida será proposto reflexões para futuros

encaminhamentos da Proposta Pedagógica Curricular dos professors envolvidos

com as quintas séries.

ATIVIDADE Nº 2

Neste encontro os professores, das séries iniciais e finais, que fazem parte

do Grupo de Estudos, deverão levar suas Propostas Pedagógicas Curriculares para

serem analisadas, possibilitando assim, “que a reflexão e a crítica ocorram e

possam alterar esses afazeres e saberes, com o objetivo da construção de um

olhar alternativo ao cotidiano escolar das 5as séries”. (DIAS-DA-SILVA, 1997)

Sugestões para análise das propostas pedagógicas curriculares:

os conteúdos propostos no PPC das séries iniciais estão coerentes com os das

séries finais?

Tem sequência curricular?

Existe possibilidade de um diálogo pedagógico entre as séries de transição?

Como tornar essa passagem menos agressiva para o aluno?

O que ensinar na escola para que realmente se efetive toda a ação pedagógica e

o aluno alcance o sucesso proposto, principalmente na fase de

transição/passagem da 4ª para a 5ª série do Ensino Fundamental?

REFERÊNCIAS

BRASIL. LDB 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. MEC. Brasília

DIAS-DA-SILVA, M.H.G.F. Passagem sem rito: as 5ª séries e seus professores. Campinas: Papirus, Série Pedagógica, 1997.

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FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia, Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo, SP. Ed.Paz e Terra, 1996, 12ª Ed. Coleção leitura.

SOUZA, Solange Jobim e; KRAMER, Sonia. O debate Piaget/Vygotsky e as políticas educacionais. Cad. Pesqui., São Paulo, n. 77, maio 1991 . Disponível em <http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15741991000200008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 19 jul. 2011.

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UNIDADE VIII

REFLEXÃO E AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA

“Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível. Ensinar exige ética e estética. Ensinar exige compreender que a educção é uma forma de intervenção no mundo.” (Paulo Freire, 1996)

De acordo com as leituras realizadas e análises feitas, os professores que

lecionam para as 5as séries até reconhecem as diferenças pedagógicas entre a 4ª e

a 5ª série, mas nem todos sabem lidar com elas, desconhecem a trajetória dos

alunos e os conhecimentos e expectativas trazidas por eles e citando ainda, Dias–

da-Silva (1997), em que, concluindo um trabalho de pesquisa ela descreve como a

prática pedagógica se desenvolve nas salas de aula e nos corredores, procurando

também identificar um saber que norteie o fazer docente cotidiano, tendo como pano

de fundo o compromisso com a qualidade do ensino e a democratização da escola

pública. Seu objetivo era discutir alternativas para a prática docente na 5ª série que

possibilitassem a superação de tal ruptura.

Parece que as 5as

séries explicitam para os professores suas contradições profissionais. As 5

as séries parecem sínteses dos dilemas cotidianos de

seus professores, que envolvem algo muito mais enraizado que a alteração de procedimentos didáticos isolados. Dilemas porque implicariam também a alteração de seu saber sobre o trabalho, a própria concepção de seu papel e de sua função na escola. Dilemas porque, mesmo que reconhecendo que os alunos trazem “vícios” das séries anteriores, eles não podem (mais) ser tratados como crianças dependentes e nem há tempo para repor a “base” pressuposta. Dilema porque, mesmo que criticando a organização didática imposta pela escola, os professores precisam manter o ritmo e a quantidade de matéria por causa dos “bons” alunos presentes. (DIAS-DA-SILVA, 199, p.124)

Por outro lado, a convivência com a 5ª série parece confirmar para o

professor as grandes contradições entre esse saber e a realidade da sala de aula.

Convivência com a classe evidencia muito mais confronto do que adequação de

expectativas.

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Destacando como empecilho para desenvolver o fazer pedagógico do

professor, primeiramente o livro didático restritivo, em seguida o sinal a cada 50

minutos, sua base pedagógica pessoal, os alunos que interagem verbalmente o

tempo todo, seja com o professor ou entre si, vários alunos que sequer dominam a

tabuada ou sabem escrever “corretamente”. São ainda considerados,

preconceituosamente, de imaturos, desorganizados e indisciplinados

constantemente. A importância de o aluno ser maduro e independente confronta-se

diariamente com questões indesejáveis como “pula linha”, “escreve a lápis”, “pode

fazer já” ou “dá pra vira a página”. Por não terem mais a vigilância de uma única

professora como acontecia na 4ª série, muitos alunos comportam-se como se não

tivessem limites. Desconhecem as novas regras escolares e percebem cedo a

heterogeneidade didática e pessoal entre seus vários professores. Descobrem os

professores que lhes dão maior ou menor liberdade, os que fazem mais ou menos

cobranças nas atividades escolares e com quais se relaciona melhor.

O cotidiano nessas classes expõe aos professores a impotência perante os

dilemas do cotidiano escolar. Dilemas porque, mesmo que criticando a organização

didática imposta pela escola, os professores precisam manter o ritmo e a quantidade

de matéria por causa dos “bons” alunos presentes na sala de aula. Dilemas porque

confrontam

O papel e a função atribuídos ao professor – seu saber fazer – com sinais que a realidade lhe impõe. Muitas vezes afirmar um implica negar o outro. Assim, se não se pode mudar a escola ou negar seu trabalho, que mudem os alunos. Em geral, os professores ficam num impasse – ou afirmam seu papel e executam a tarefa que se propuseram ou atendem às demandas dos alunos. E, muitas vezes, apenas reproduzem o fracasso. (DIAS-DA-SILVA, 1997, p.125)

Não há como negar a existência da ruptura na 5ª série, uma passagem sem

rito. Na escola, no nível do discurso, todos sabem o que deve e não deve ser feito. A

escola é cheia se “slogans” pedagógicos. A grande questão é, como fazer que o

melhor seja concretizado através do Projeto Político Pedagógico da escola e da

Proposta Pedagógica Curricular da disciplina.

A escola também pode mudar o seu fazer pedagógico, através de pesquisas

sobre o seu cotidiano escolar, para deixar claro os entraves que impedem o bom

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andamento das atividades escolares. Estes questionamentos levariam a uma maior

reflexão da gestão escolar e do fazer pedagógico, podendo exercer papel decisivo

no processo, já que a cristalização da rotina impede, muitas vezes, a análise das

contradições ou o enfrentamento dos problemas.

Parece até fácil fazer uma lista de procedimentos que podem estar

comprometendo o desenvolvimento das crianças, ou mesmo a escola ter um projeto

pedagógico político pedagógico democrático, mas qualquer tentativa de intervenção

na escola e nessas séries, precisa incluir um questionamento conseqüente sobre a

ruptura, as práticas pedagógicas cotidianas e as concepções dos professores sobre

seu fazer docente. Sem a quebra do isolamento do trabalho dos professores, sem

tempo para reestruturar o pedagógico, sem forças para acreditar na importância do

seu trabalho, dificilmente pode-se esperar qualquer transformação mais efetiva, mais

crítica.

A 5ª série não é necessariamente uma série mais difícil, mas uma série na

qual alunos, pais e professores são desafiados a corresponderem com expectativas

diferentes.

Diante do exposto citaremos algumas considerações (propostas) que podem

ser observadas e aproveitadas no trabalho com as 5as séries pelos envolvidos com o

trabalho pedagógico nas escolas. Dessa forma, trabalhar para que isso se

concretize significa:

a) Iintegrar as duas etapas do Ensino Fundamental, pois se a transição entre a 4ª e

a 5ª série, não for uma preocupação constante entre os professores e demais

envolvidos, seus efeitos serão vividos diariamente;

b) Realizar a análise conjunta e o planejamento coletivo visando à elaboração de

práticas pedagógicas que possibilitem reconhecimento do caráter social e

coletivo do conhecimento, ao mesmo tempo em que explicita a especificidade

das áreas que compõe o currículo escolar, qualificando a intervenção do

professor no processo de ensino e aprendizagem;

c) Perceber que:

Na 4ª série, a professora única é fonte de segurança, a metodologia é sempre

igual, o ritmo da aula e o ensino é mais lento na 4ª série (unidocência), sem a

rigidez e o atropelo do tempo; na 5ª série, (pluridocência) cada professor

possui forma de trabalho e até mesmo concepções diversas sobre

metodologia, avaliação e objetivos a alcançar.

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Que existe maior cobrança de mais independência dos alunos na realização

das atividades, na 4ª série “os mais grandinhos” e na 5ª série “os

pequenininhos”, perdem o “status”;

Que a presença do autoritarismo na relação professor-aluno, provoca um

distanciamento entre ambos, que apesar de conflitiva é tida como uma fase

de amadurecimento dos educandos e a relação que estabelecem com os

mesmos é definitiva para encaminhar e auxiliar o seu desenvolvimento, “o que

mais marca mesmo as crianças, primeiro de tudo é a relação dela com o

professor é outra totalmente diferente. Eu não sei dizer ainda, pelo menos, se

o professor de 4ª série que vai mantendo um maternalismo excessivo, ou

paternalismo excessivo, ou se são os professores de 5ª série que vão

mantendo uma distância excessiva”. (RAZOUK, 2004);

Que existe um maior número de professores (pluridocência) e de disciplinas

cujos conteúdos quase sempre não apresentam sequência, metodologias

diversas;

Que existe o Mito da série anterior: Os alunos trazem consigo medos e

angústias em relação a essa série e que são adquiridos ou impostos pelos

pais e professores anteriores e persiste também com alguns professores que

esperam o aluno com pensamento estereotipado, não se “legitimam

professores de 5ª série”. Hauser (2007);

Que a prática pedagógica repetitiva e acrítica, demonstrada através de

práticas avaliativas e confirmadas através de instrumentos aplicados por

alguns professores;

Que há necessidade dos professores se atualizarem, não só através de

cursos de pós graduação, mas por meio de seminários, encontros, palestras,

filmes, debates e reflexões nas reuniões pedagógicas.

Que os professores da 4ª série solicitavam mais o acompanhamento dos

filhos e na 5ª série os professores estimulam maior autonomia e os pais ficam

mais distantes, afastando-se do contato com os professores;

Que as qualidades como infra-estrutura, perfil dos professores, alunos e as

possibilidades de trabalho educativo que a escola oferece e quais as

possibilidades de superação desta realidade escolar;

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Que existe a necessidade de trabalhar através de projetos, junto aos alunos

da 4ª série e 5ª série na construção da autonomia para que as mudanças

aconteçam tranquilamente;

Quadro de sugestões de como a escola pode ajudar em cada momento da

transição (Revista Escola, Dezembro de 2009)

Dificuldades Série Ações

Insegurança quanto à dificuldades das aulas e das provas da 5ª série. Medo de repetir de série.

4ª série

-apresentar os futuros professores e deixar que expliquem o conteúdo e as formas de avaliação. -Preparar dinâmicas entre os alunos da 4ª e 5ª série

Medo de se perder dentro da nova escola ou nas instalações das séries finais do Ensino Fundamental.

4ª série Mostrar as salas de aulas, os laboratórios e outros espaços comuns com antecipação. Dentro da mesma escola, fazer isso mais de uma vez para avançar na ambientação.

Desorganização do material didático.

4ª e 5ª Ensinar o uso do horário de aulas e da agenda individual já na 4ª série. Reforçar essa explicação dos conteúdos na 5ª série. Adotar uma agenda coletiva (cartaz ou blog)

Dificuldade de se organizar para estudar e realizar trabalhos.

4ª e 5ª série

Evitar pedir muitas tarefas para o mesmo dia. Reforçar a importância da agenda individual. Com a ajuda dos pais, criar um horário de estudos para os que estiverem com dificuldades.

Insegurança em se abrir para relatar problemas. Não saber a quem recorrer.

5ª série Eleger um aluno representante de classe. Escolher um educador responsável pela turma. Incentivar a troca de idéias sobre estratégias de ensino entre os professores, coordenadores e orientadores.

Desempenho irregular em algumas disciplinas (a criança vai bem em Ciências e mal em História).

5ª série Discutir o desempenho de todos em reuniões. Incentivar a troca de idéias sobre estratégias de ensino entre os professores. Se for o caso, organizar aulas de reforço.

ATIVIDADE Nº 1

Cada professor deverá trazer sua Proposta Pedagógica Curricular para

refletir sobre as seguintes questões:

A minha Proposta Pedagógica Curricular está de acordo com as Diretrizes

Curriculares para o Ensino Fundamental? E os conteúdos têm sequência com a

série anterior (4ª série) ou a posterior (6ª série)?

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Que conteúdos precisam ser reforçados na 4ª e na 5ª série para um melhor

rendimento da aprendizagem?

O que podemos fazer de concreto para que se efetive a intenção da intervenção

pedagógica na escola?

PARA SABER MAIS

O que você pensa sobre:

O ensino centrado no professor, lousa e giz;

A presença, quase sempre, ditatorial do livro didático;

A organização rígida da escola – seus tempos restritos e espaços limitados;

Os rótulos e as notas;

A rotatividade e a “itinerância” dos professores;

O ensino centrado nos “bons alunos”;

A formação pessoal para o trabalho pedagógico;

A ruptura entre os dois segmentos do Ensino Fundamental;

A repetência... o fracasso escolar;

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